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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO DARLEN ANDRADE COSTA Variáveis determinantes na decisão de compras: um estudo de caso Belo Horizonte 2014

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO … · DARLEN ANDRADE COSTA Variáveis determinantes na decisão de compras: um estudo de caso Dissertação apresentada ao Mestrado

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

DARLEN ANDRADE COSTA

Variáveis determinantes na decisão de compras: um estudo de caso

Belo Horizonte

2014

DARLEN ANDRADE COSTA

Variáveis determinantes na decisão de compras: um estudo de caso

Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional

em Administração do Centro Universitário UNA

como requisito parcial à obtenção do título de

Mestre.

Área de concentração: Inovação e Dinâmica

Organizacional.

Linha de pesquisa: Redes Empresariais, Inovação

e Competitividade.

Orientador: Prof. Dr. Poueri do Carmo Mário

Co-orientador: Prof. Dr. Luiz Rodrigo Cunha Moura

Belo Horizonte

2014

Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras

C837v Costa, Darlen Andrade

Variáveis determinantes na decisão de compras: um estudo de caso. / Darlen

Andrade Costa. – 2014.

249fl.

Orientador: Prof. Dr. Poueri do Carmo Mário.

Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2014. Programa de

Mestrado Profissional em Administração.

Bibliografia f. 176-193.

1. Compras. 2. Metalurgia. 3. Comportamento do consumidor. I. Mário, Poueri

do Carmo. II. Centro Universitário UNA. III. Título.

CDU: 658

DEDICATÓRIA

À minha irmã Débora, que lutou bravamente até os últimos instantes de sua vida!

Aos meus pais, Antônio Gabriel e Terezinha Paula que respeitaram as minhas decisões com

relação aos meus estudos!

À minha esposa Elaine, por compreender os momentos de ausência durante a elaboração deste

trabalho!

AGRADECIMENTOS

Agradeço meu orientador, Prof. Dr. Poueri do Carmo Mário, por acreditar no meu projeto, por

guiar meus passos durante a minha pesquisa. Obrigado por acreditar que a pesquisa na área de

Compras das organizações pode contribuir para o aumento da competitividade das industriais

nacionais. Obrigado por contribuir para formação de um aluno, que há poucos anos atrás não

tinha nenhuma perspectiva favorável com relação à continuidade de seus estudos, e que hoje

conclui sua dissertação de mestrado.

Agradeço os professores do mestrado, em especial a Prof.ª Dra. Iris Goulart pela ajuda na

formulação inicial da metodologia de pesquisa; a Prof.ª Dra. Cristiana Trindade Ituassu por me

fazer perceber que Administração de Empresas não se restringe a aperfeiçoar processos e

alcançar resultados; ao Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki pelos momentos de esclarecimento em

relação à escolha do tema de pesquisa; ao Prof. Dr. Luiz Rodrigo Cunha Moura e a Prof.ª Dra.

Gisele Tessari Santos pelas importantes orientações durante a banca de qualificação.

Agradeço o Prof. Dr. Sérgio Evangelista Silva por participar da banca examinadora e contribuir

com minha pesquisa.

Ao Centro Universitário UNA por abrir as portas do curso de Administração de Empresas, no

ano de 2006, a um aluno bolsista, de periferia, sem perspectivas positivas com relação à

continuidade de seus estudos. Hoje este aluno, Administrador de Empresas, Pós-graduado por

duas importantes instituições de ensino, retorna a casa para se tornar Mestre em Administração

de Empresas.

Agradeço aos participantes desta pesquisa, em especial a direção da Empresa Alpha por

permitirem sua execução e disponibilizarem tempo para realização da mesma.

EPÍGRAFE

“O tomador de decisões na área de Compras assemelha-se a um

equilibrista, tentando manter diversas bolas no ar ao mesmo tempo, pois

o comprador deve atingir diversas metas simultaneamente”

(LAMBERT, STOCK E VANTINE, 1999, p.490)

RESUMO

COSTA, Darlen Andrade. Variáveis determinantes na decisão de compras: um estudo de

caso. 2014. 249 f. Dissertação (Mestrado) – Mestrado Profissional em Administração, Centro

Universitário UNA, Belo Horizonte, 2014.

A Função Compras desempenha um papel crucial para garantir o crescimento sustentado das

organizações. Sua atuação influencia significativamente o alcance dos objetivos estratégicos e

das metas organizacionais, logo a tomada de decisão com relação a compra de produtos e/ou

contratação de serviços torna-se extremamente importante. Ambientes altamente competitivos

aumentam a complexidade da tomada de decisão nos departamentos de Compras das

organizações, principalmente no que tange a identificação e análise das Variáveis de Decisão

capazes de determinar uma aquisição. Neste contexto, por meio de uma abordagem qualitativa

com fins descritivos, este estudo de caso visa identificar quais as variáveis determinantes da

decisão de compras em uma empresa metalúrgica fornecedora de materiais para os segmentos

de Linhas de Transmissão e Redes de Distribuição de Energia Elétrica no Brasil. A metodologia

aplicada consistiu na realização de entrevistas semiestruturadas com os responsáveis pelas

decisões em compras na empresa pesquisada, atrelada a realização das pesquisas documental e

bibliográfica, seguidas da pesquisa de campo pautada na observação não participante das

atividades executadas no setor de Compras da empresa. Em suma, a metodologia utilizada

permitiu identificar que a estruturação do processo de compras na organização pesquisada visa

elevar a Função Compras a um posicionamento estratégico, alinhando seus objetivos com o

planejamento estratégico da empresa conforme recomenda a literatura especializada. As

seguintes Variáveis de Decisão determinantes do processo de compras da organização foram

identificadas e acompanhadas, são elas: organização de compras, tempo (prazo de entrega),

fonte de suprimentos, preço, assistência técnica e treinamento, especificações de compra,

qualidade, quantidade, timing, tipo de produto a ser comprado, validade dos produtos, nível de

estoque, negociação de compras, restrições financeiras, frete, e prazo de pagamento. Das

dezessete Variáveis de Decisão determinantes de compras preconizadas pela literatura

especializada utilizada neste estudo, chama atenção à não utilização da variável “custo total de

aquisição” por parte da organização pesquisada. Constatou-se também a ocorrência de inovação

no processo de compras da empresa decorrente da reestruturação de sua Função Compras;

atrelada ao desenvolvimento, implementação e efetiva utilização de uma ferramenta

computacional capaz de gerenciar as atividades de compras via sistema de gestão integrada

(ERP) com potencial para tornar a empresa mais competitiva. Por fim, das variáveis

determinantes de compras preconizadas pela literatura e consideradas no processo de decisão da

empresa pesquisada, dez delas (qualidade, quantidade correta, fontes de suprimentos, preço,

organização de compras, tipo de produto a ser comprado, frete, prazo de pagamento, validade

de produtos e níveis de estoque) são semelhantes às encontradas em outro estudo análogo

realizado por Chaves (2002), entretanto com origens e estruturas distintas por ter sido realizado

em empresas do comércio varejista de alimentos de auto-serviço (supermercados) no Brasil.

Palavras-chave: Compras. Decisão em Compras. Variáveis determinantes de compras.

Competitividade. Inovação. Setor Metalúrgico.

ABSTRACT

COSTA, Darlen Andrade. Determining variables in the purchase decision: a case study.

2014. 249 f. Thesis (Master) - Master in Professional Management, University Center UNA,

Belo Horizonte, 2014.

The Purchases function plays a crucial role in ensuring the sustained growth of the

organizations. His performance significantly influences the achievement of strategic objectives

and organizational goals, so the decision making regarding the purchase of products and / or

contracting of services becomes extremely important. Highly competitive environments

increase the complexity of decision making in the purchasing departments of organizations,

especially regarding the identification and analysis of decision variables able to determine an

acquisition. In this context, by means of a qualitative approach with descriptive purposes, this

case study aims to identify the determinants of the decision variables of purchasing in a

metallurgical company supplying materials for the segments of Transmission Lines and

Networks Electricity Distribution in Brazil. The methodology consisted of semi-structured

interviews with decision makers in purchasing the company researched, linked to achievement

of documents and literature, followed the research fieldwork based in the non-participant

observation of the activities performed in the purchasing company sector. In short, the

methodology identified that the structuring of the procurement process in the researched

organization aims to raise the Purchases function to a strategic positioning, aligning your goals

with the company's strategic planning as recommended in the literature. The following variables

Decision determinants of the purchasing process of the organization were identified and

followed, they are: purchasing organization, time (delivery), source of supply, price, technical

assistance and training, purchase specifications, quality, quantity, timing, type of product to be

purchased, life of products, stock level, negotiating purchases, financial restrictions, freight and

payment term. Seventeen variables Decision determinants purchasing advocated by the

literature used in this study draws attention to not use the variable "total acquisition cost" by the

company studied. We also observed the occurrence of innovation in the procurement process of

the company resulting from the restructuring of your Purchases Function; linked to the

development, implementation and effective use of a computational tool able to manage

purchasing activities via integrated management (ERP) system with the potential to make the

company more competitive. Finally, the determinant variables of purchases recommended by

the literature and considered in the decision process of the company studied, ten of them

(quality, right quantity, sources of supply, price, purchasing organization, type of product to be

purchased, freight, term payment, valid for products and stock levels) are similar to those found

in other analogous study by Chaves (2002), however with different origins and structures have

been performed by companies in the retail trade of food self-service (supermarkets) in Brazil .

Keywords: Purchasing. Decision in Purchasing. Variables determining of purchasing.

Competitiveness. Innovation. Metallurgical sector.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Processo de compras - Arnold (1999) .......................................................................... 47

Figura 2 - Processo de compras - Lambert, Stock e Vantine (1999) ........................................... 48

Figura 3 – Processo de compras - Baily et al. (2000) ................................................................... 49

Figura 4 - Processo de compras - Gaiher e Frazier (2005) ........................................................... 50

Figura 5 - Processo de compras - Lopes, Souza e Moraes (2006) ............................................... 51

Figura 6 - Processo de compras - Martins e Alt (2009) ................................................................ 52

Figura 7 - Processo de compras - Slack et al. (2009) ................................................................... 53

Figura 8 - Processo de compras - Gonçalves (2010) .................................................................... 54

Figura 9 - Processo de compras - Pozo (2010) ............................................................................. 55

Figura 10 - Processo de compras - Dias e Costa (2012) ............................................................... 56

Figura 11 - Organograma - Empresa Alpha ................................................................................ 115

Figura 12 - Fluxograma de compras - Empresa Alpha ............................................................... 116

Figura 13 - ERP Módulo Compras - Indicadores ....................................................................... 124

Figura 14 - Planilha ABC de materiais comprados - Empresa Alpha ........................................ 124

Figura 15 - Relatório de requisições de compras urgentes (ano 2013). ..................................... 125

Figura 16 - Requisição de compras - Empresa Alpha ................................................................ 127

Figura 17 - Módulo de Compras - ERP Empresa Alpha ............................................................ 130

Figura 18 - Especificações para realização de compra - Empresa Alpha .................................. 132

Figura 19 - Eventos e Histórico de compra - Empresa Alpha .................................................... 135

Figura 20 - Gerenciamento de compras efetuadas por fornecedor - Empresa Alpha ................ 136

Figura 21 - Base de dados fornecedores - Empresa Alpha ......................................................... 137

Figura 22 – Planilha ABC por fornecedores ............................................................................... 137

Figura 23 - Pedido de compra - Empresa Alpha ......................................................................... 139

Figura 24 - Controle de compras - preço, impostos e frete ........................................................ 142

Figura 25 - Requisição de compras - Empresa Alpha ................................................................ 143

Figura 26 - Compras realizadas por nota fiscal........................................................................... 147

Figura 27 - Tela controle de pedidos de compra - Empresa Alpha ............................................ 148

Figura 28 - Tela de Elaboração de pedido de compra ................................................................ 149

Figura 29 - Eventos e históricos da compra realizada ................................................................ 149

Figura 30 - Curva ABC por materiais comprados (anos 2013) .................................................. 151

Figura 31 - Custo frete por unidade de compra - 2013 ............................................................... 153

Figura 32 - Tela pedido de compras (em destaque prazo de pagamento) .................................. 154

Figura 33 – Etiquetas de controle do fornecedor – Validade dos produtos ............................... 156

Figura 34 - Requisição de compra (destaque para prazo de validade) ....................................... 156

Figura 35 - Relatórios módulos “Estoques” - ERP Empresa Alpha .......................................... 158

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Volume de compras em relação ao faturamento ........................................................ 20

Gráfico 2 - Brasil - Número de consumidores (ligações) residenciais ......................................... 23

Gráfico 3 - Brasil – Consumo médio por consumidor residencial (kwh/mês) ............................ 24

Gráfico 4 - Brasil – Estrutura do consumo de eletricidade na rede, por classe (%) .................... 25

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Estudos sobre a atividade de compras nas organizações ........................................... 16

Quadro 2 - Evolução da Função Compras nos Estados Unidos da América ............................... 31

Quadro 3 - Estágios Estratégicos de desenvolvimento da Função Compras ............................... 33

Quadro 4 - Posicionamento da Função Compras.......................................................................... 34

Quadro 5 - Etapas do processo de compras .................................................................................. 35

Quadro 6 - Compras reativas versus Compras proativas .............................................................. 36

Quadro 7 - Objetivos de Compras ................................................................................................. 38

Quadro 8 - Atividades executadas nos departamentos de Compras............................................. 41

Quadro 9 - Vantagens das Compras centralizadas e Compras descentralizadas ......................... 42

Quadro 10 - Aspectos relacionados a custos em produzir ou comprar ........................................ 44

Quadro 11 - Prioridades competitivas em Compras ..................................................................... 61

Quadro 12 - Perfil do comprador nas organizações ...................................................................... 65

Quadro 13 - Passado e presente das atividades de Compras nas organizações ........................... 66

Quadro 14 - Critérios de mensuração para a Função Compras. ................................................... 69

Quadro 15 - Indicadores que podem compor um sistema de mensuração de Compras .............. 70

Quadro 16 - Indicadores de desempenho em Compras ................................................................ 71

Quadro 17 - Alguns meios comumente usados para mensurar o desempenho em Compras ...... 71

Quadro 18 - Sugestões para um processo de negociação ............................................................. 82

Quadro 19 - Tipos de Inovação ..................................................................................................... 95

Quadro 20 - Regras para conduzir a Inovação nas organizações ................................................. 98

Quadro 21 - Relação das variáveis de Compras ......................................................................... 105

Quadro 22 - Relação de variáveis associadas às perguntas da entrevista .................................. 108

Quadro 23 - Modelo analítico para análise dos dados da pesquisa ............................................ 109

Quadro 24 - Perfil das atividades de compra na Empresa Alpha ............................................... 113

Quadro 25 - Etapas processo de compras da Empresa Alpha relacionadas às etapas preconizadas

na literatura especializada. ........................................................................................................... 118

Quadro 26 - Variáveis de compras - Chaves (2002) e o presente estudo. ................................. 163

Quadro 27 - Variáveis de compras equivalentes e não equivalentes Chaves (2002) e o presente

estudo ........................................................................................................................................... 163

Quadro 28 - Variáveis de compras não equivalentes - Costa (2014) e o presente estudo ......... 164

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMPLA Ampla Energia e Serviços S/A

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ANPAD Encontro da Associação Nacional de pós-graduação e pesquisa em

administração

ANPEI Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das

Empresas Inovadoras

CAPS Center for advanced purchasing studies

CELESC Centrais Elétricas de Santa Catarina

CELG Companhia Energética de Goiás

CELPE Companhia Energética de Pernambuco

CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais

COELBA Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia

CONSAD Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração

COPEL Copel Distribuição S.A.

CPFL Companhia Paulista de Força e Luz

EDI Eletronic Data Exchange

ELEKTRO Elektro Eletricidade e Serviços

ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras S.A.

ELETROSUL Eletrosul Centrais Elétricas S/A

EMA Encontro de Marketing da ANPAD

ENAPG Encontro de Administração Pública e Governo

ENADI Encontra da Administração da Informação

EPE Empresa de Pesquisa Energética

ERP Enterprise Resource Planning

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre

prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de

comunicação.

INPI Instituto Nacional de Propriedade Industrial

IPI Imposto sobre produtos industrializados

JIT Just in Time

MBA Master Business Administration

MERCOSUL Mercado Comum do Sul

MRP Materials Requirements Planning

OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PCP Planejamento e controle da produção

PEAD Polietileno de alta densidade

PINTEC Pesquisa de Inovação Tecnológica

PLP Preformed Line Products company

P&D Pesquisa e desenvolvimento

RFQ Request for quotation

SGE Sistema de Gestão Empresarial

SWOT Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats

TCO Total Cost of Ownership

T.I. Tecnologia da Informação

TIC Tecnologias da Informação e da Comunicação

TPP Technological Product and Process

UV Radiação Ultravioleta

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 14

1.1 Problema de pesquisa .......................................................................................................... 18

1.2 Objetivo geral ...................................................................................................................... 19

1.3 Objetivos específicos ........................................................................................................... 19

1.4 Justificativa .......................................................................................................................... 19

2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................................... 29

2.1 Conceito de Compras nas organizações .............................................................................. 29

2.1.1 O desenvolvimento da Função Compras ..................................................................... 30

2.1.1.1 Visões tradicional e estratégica de Compras ............................................................ 34

2.1.2 Objetivos da Função Compras ..................................................................................... 37

2.1.3 Estruturação da Função Compras ................................................................................ 40

2.1.3.1 Fluxo básico de compra ............................................................................................ 45

2.1.4 Relacionamento com fornecedores .............................................................................. 57

2.1.4.1 Fatores importantes para formação da base de fornecedores ................................... 58

2.2 Função Compras como estratégia competitiva ................................................................... 59

2.3 Decisão de compras ............................................................................................................. 62

2.4 O papel do profissional de Compras ................................................................................... 64

2.5 Indicadores de desempenho em Compras ........................................................................... 67

2.6 Variáveis determinantes de Compras .................................................................................. 72

2.6.1 Qualidade ...................................................................................................................... 74

2.6.2 Quantidade correta ....................................................................................................... 76

2.6.3 Tempo ........................................................................................................................... 76

2.6.4 Fonte de suprimentos ................................................................................................... 77

2.6.5 Preço ............................................................................................................................. 79

2.6.6 Negociação ................................................................................................................... 81

2.6.7 Custo total de aquisição................................................................................................ 83

2.6.8 Especificações de compra ............................................................................................ 83

2.6.9 Organização de Compras ............................................................................................. 85

2.6.10 Restrições financeiras ................................................................................................. 85

2.6.11 Timing ......................................................................................................................... 86

2.6.12 Tipo de produto a ser comprado ................................................................................ 86

2.6.13 Frete ............................................................................................................................ 87

2.6.14 Assistência Técnica e treinamentos ........................................................................... 88

2.6.15 Prazo de pagamento ................................................................................................... 89

2.6.16 Validade dos produtos ................................................................................................ 89

2.6.17 Níveis de estoque........................................................................................................ 90

2.7 Compras e Inovação ............................................................................................................ 91

2.8 Um estudo semelhante ......................................................................................................... 98

3 METODOLOGIA ..................................................................................................................... 101

3.1 Caracterização da pesquisa ................................................................................................ 101

3.2 Unidade de análise e sujeitos de pesquisa......................................................................... 103

3.3 Coleta de dados: técnicas e fontes de pesquisa ................................................................. 104

3.4 Técnicas de interpretação dos resultados .......................................................................... 108

3.5 Relatório do estudo de caso ............................................................................................... 110

3.6 Protocolo do estudo de caso .............................................................................................. 110

4 ANÁLISE DE RESULTADOS ............................................................................................... 111

4.1 Caracterizar o processo de compras em uma indústria metalúrgica identificando suas

etapas. ....................................................................................................................................... 111

4.2 Identificar as variáveis que estão sendo selecionadas para efetivação das compras ....... 122

4.3 Acompanhar a evolução dessas variáveis no processo de decisão de compras ............... 129

4.3.1 Variável de compra: qualidade .................................................................................. 131

4.3.2 Variável de compra: quantidade ................................................................................ 133

4.3.3 Variável de compra: tempo ........................................................................................ 134

4.3.4 Variável de compra: fonte de suprimento .................................................................. 135

4.3.5 Variável de compra: preço ......................................................................................... 138

4.3.6 Variável de compra: negociação de compra .............................................................. 140

4.3.7 Variável de compra: custo total de aquisição ............................................................ 141

4.3.8 Variável de compra: especificação de compra. ......................................................... 142

4.3.9 Variável de compra: organização de Compras .......................................................... 144

4.3.10 Variável de compra: restrição financeira ................................................................. 145

4.3.11 Variável de compra: timing ...................................................................................... 146

4.3.12 Variável de compra: tipo de produto a ser comprado ............................................. 150

4.3.13 Variável de compra: frete ......................................................................................... 151

4.3.14 Variável de compra: assistência técnica e treinamento ........................................... 153

4.3.15 Variável de compra: prazo de pagamento ............................................................... 154

4.3.16 Variável de compra: validade dos produtos ............................................................ 155

4.3.17 Variável de compra: níveis de estoque .................................................................... 157

4.4 Identificar a utilização de alguma inovação no processo de compras que possa tornar a

empresa mais competitiva ....................................................................................................... 158

4.5 Comparar as variáveis de compras identificadas nesta pesquisa com as de Chaves (2002)

.................................................................................................................................................. 161

5 SÍNTESE DOS ACHADOS .................................................................................................... 165

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 168

REFERENCIAL .......................................................................................................................... 176

APÊNDICES ............................................................................................................................... 194

APÊNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA .................................................................... 194

APÊNDICE B – PROTOCOLO DE ESTUDO DE CASO ................................................... 196

APÊNDICE C – ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS – MATRIZ PARA ANÁLISE

DE DADOS ............................................................................................................................. 206

ANEXOS ..................................................................................................................................... 222

ANEXO A – DESCRIÇÃO FUNCIONAL ÁREA DE COMPRAS EMPRESA ALPHA . 222

ANEXO B – PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS E

APRIMORAMENTO DE MATÉRIAS PRIMAS. ................................................................ 224

ANEXO C – MÓDULO DE COMPRA – GESTÃO DE FORNECEDORES - ERP

EMPRESA ALPHA ................................................................................................................ 228

ANEXO D – ANÁLISE SWOT SUPRIMENTOS (COMPRAS) ........................................ 228

ANEXO E – BANCO DE DADOS NOTAS FISCAIS EMPRESA ALPHA ...................... 229

ANEXO F – RELATÓRIO DE DISPONIBILIDADE EM ESTOQUE ............................... 230

ANEXO G – DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO – EMPRESA ALPHA .................. 236

ANEXO H – CERTIFICADOS DE ANÁLISE E NOTAS FISCAIS .................................. 239

ANEXO I – AVALIAÇÃO PARA QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES ................. 245

ANEXO J – CERTIFICADO DE GARANTIA ..................................................................... 247

14

1 INTRODUÇÃO

O processo de industrialização teve seu início marcado pela participação dos artesões nas etapas

de fabricação. Os itens comprados para serem utilizados na produção tinham baixa

representatividade no custo final dos produtos, cerca de 10% a 20% segundo esclarecem

(MARTINS; ALT, 2009). Com o passar do tempo, a substituição do trabalho artesanal para a

produção industrial mecanizada, e em grande parte voltada para produção em massa, faz com

que a compra de materiais e componentes a serem utilizados nos processos de fabricação cresça

continuamente.

Handfield et al. (2009) apresentam as etapas históricas da evolução da Função Compras e

Cadeia de Suprimentos nos Estados Unidos da América, país de destaque no desenvolvimento

da Função de Compras no mundo. Esta evolução abrange sete principais períodos que

evidenciam a passagem de Compras de um conjunto de atividades altamente previsíveis,

reativas e independentes; para uma Função que caminha em direção ao trabalho focado nas

necessidades dos clientes, proativa e capaz de contribuir para a formulação e execução das

estratégias competitivas das organizações. Os autores destacam que, no período compreendido

entre os anos de 1994 a 2009, a Função Compras nas organizações passou por uma verdadeira

revolução na busca pelo melhor gerenciamento de sua base de fornecedores. O quadro 2 da

seção 2.1.1 apresenta cada um dos períodos da evolução da Função Compras.

Ainda conforme os autores supracitados, vale destacar que a literatura a respeito da Função

Compras nas organizações tem definido os vários termos associados a este conceito de formas

diferentes, tornando confuso sua compreensão. Então, para este trabalho, Compras nas

organizações é tida como uma Função “Função Compras”, também conhecida somente pelo

termo “Compras” e algumas vezes como “Suprimentos”, composta por um conjunto de

atividades que formam os processos necessários para aquisição de bens e serviços nas

organizações.

De acordo com Braga (2008), no Brasil, por muito tempo a Função Compras nas organizações

foi considerada de caráter tático e de cunho administrativo, tendo sempre perfil reativo às

decisões tomadas por outros setores, em especial ao departamento de produção. A crise do

petróleo ocorrida na década de 1970 foi marcante para atuação de Compras, tendo em vista os

novos desafios encontrados pelas organizações para abastecer suas linhas de produção e reduzir

custos de aquisição de matérias primas.

15

Gaither e Frazier (2005) defendem que, da perspectiva da administração de operações, a

dinâmica do sistema de produção também influencia a atuação da Função Compras nas

organizações, principalmente no que diz respeito à sua participação na administração da cadeia

de suprimentos. Corroborando com tal pensamento, Neto (2008) esclarece que o

aperfeiçoamento dos sistemas de produção também determina uma nova dinâmica para atuação

da Função Compras, agora com maior participação na construção de vantagens competitivas

relacionadas à redução de custos e melhoria de qualidade.

A busca da indústria automobilística brasileira por práticas modernas de gestão de suprimentos

e relacionamento com fornecedores apresentada por Lima (2004), também revela a significativa

evolução da Função no decorrer da década de 1990. Compras deixa de ser voltada tipicamente

para aquisições e passa a participar juntamente com outras áreas (engenharia, qualidade,

finanças, logística, marketing, dentre outras) de um processo complexo e integrado de

planejamento de operações e tomada de decisão.

Rodrigues, Fernandes e Martins (2006), em sua pesquisa sobre o papel estratégico de Compras,

atestam que as transformações na natureza da concorrência industrial também implicam em

maiores exigências para as organizações se manterem competitivas. Nesta perspectiva, a gestão

de compras pode ser utilizada na busca por altos níveis de qualidade, entregas rápidas e redução

de custos, criando possibilidade de elevar a área a um posicionamento estratégico.

Contribuindo com os autores supracitados, Benito (2006) defende que as atividades de compras

nas organizações, se bem planejadas, apresentam alternativas e opções estratégicas capazes de

alterar consideravelmente a capacidade de obter e manter vantagens competitivas. Alguns

ganhos relacionados a custos, qualidade, entrega e flexibilidade de produção, podem ser obtidos

com sucesso por meio do planejamento adequado das atividades de compra.

Resende et al. (2011) realizaram estudo em 166 empresas atuantes nos segmentos da indústria

e prestação de serviços no Brasil, objetivando avaliar a abrangência da adoção da gestão

estratégica de compras nas organizações. O foco estava em compreender quais as práticas de

compras mais importantes para as empresas brasileiras, em qual grau de extensão elas são

implantadas nos negócios e qual o impacto da adoção das práticas no desempenho dos

negócios. A conclusão da pesquisa aponta evolução na gestão estratégica de compras,

entretanto, evidenciou-se a necessidade de desenvolvimento da Função Compras no sentido

de aprimorar suas técnicas, tornando-a mais participativa nos resultados da empresa no que se

16

refere ao gerenciamento da base de fornecedores e, principalmente, na elaboração de

estratégias formais em compras.

Pesquisas sobre a Função Compras nas organizações são realizadas em diversos setores, tais

como: automotivo, supermercadista, alimentício, varejista, logístico, industrial, hospitalar,

farmacêutico, dentre outros. O quadro 1 apresenta estudos relacionados à Compras tanto em

organizações privadas, quanto em organizações públicas.

Quadro 1 - Estudos sobre a atividade de compras nas organizações

Base de dados Autores e/ou instituição responsável

ENANPAD Almeida, Machado e Costa (2002); Rodrigues e Oliveira (2002); Ritter, Marchetti

e Prado (2002); Sáfadi e Reinhard (2002); Barros et al (2003); Néri e Hoppen

(2003); Silva, Filho, Barbosa (2003); Menezes, Silva e Linhares (2004); Pereira,

Tontini e Silveira (2004); Filho e Biderman (2005); Luchi (2006); Costa e Freitas

(2007); Melo (2007); Esper (2009); Façanha et al. (2009); Moreira (2009);

Moreira e Vargas (2009); Araújo e Medeiros (2010); Moreira e Vargas (2010);

Silva e Vieira (2010); Souza e Olivero (2010); Camargos e Moreira (2011);

Soares e Vicente (2011); Tacconi et al. (2012); Tridapalli e Borinelli (2012);

Araújo e Jesus (2013); Junior e Olave (2013); Mondini et al. (2013); Reis, Cabral

e Sampaio (2013).

ENAPG Alves e Dufloth (2004); Campos (2008); Frossard e Câmara (2010); Mendonça et

al. (2012).

EMA Costa e Freitas (2006).

ENADI Aires et al. (2013); Queiroz e Cogan (2013).

SCIELO Vasconcellos (1983); Gómez (2001); Colin (2006); Menezes, Silva e Linhares

(2007); Batista e Maldonado (2008); Moori, Ghobril e Marcondes (2009);

Sigulem e Zucchi (2009); Waning et al. (2009); Vanalle e Salles (2011); Tacconi

et al. (2011); Inamine, Erdmann e Marchi (2012); Moreira e Vargas (2012).

CENGAGE Gibson, Mundy e Sink (1995); Herbig e O'Hara (1995); Forker (1997); Chapman,

Gupta e Mango (1998); Carter, Kale e Grimm (2000); Kennedy e Deeter-

Dchmelz (2001); Ferrin e Plank (2002); Hunter, Bunn e Perreault (2006).

CAPS - CENTER FOR

ADVANCED

PURCHASING STUDIES

CAPS (1989); CAPS (1990); CAPS (1991); CAPS (1994); CAPS (1994b); CAPS

(1995); CAPS (1995b); CAPS (1995c); CAPS (1995d); CAPS (1995e); CAPS

(1997); CAPS (1997b); CAPS (1998); CAPS (1999); CAPS (1999b); CAPS

(2000); CAPS (2001); CAPS (2002); CAPS (2003); CAPS (2004); CAPS (2005);

CAPS (2008); CAPS (2009); CAPS (2011).

OUTROS*

Copley e Callom (1971); Kraljic (1983); Anderson, Chu e Weitz (1987); Ellram e

Pearson (1993); Weele e Rozemeijer (1996); Correia (1997); Brookshaw e

Terziovski (1997); Farmer (1997); Min e Galle (1997); Ellram (1998); Trent e

Monczka (1998); Carr e Smeltzer (1997); Carr e Smeltzer (1999); Carter, Kale e

Grimm (2000); Narasimhan e Das (2001); Stanley e Wisner (2001); Tan (2001);

Croom e Giannakis (2002); Stanley e Wisner (2002); Denslow e Giunipero

(2003); Carter (2004); Chen, Paulraj e Lado (2004); Trent (2004); Gelderman e

Weele (2005); Nollet, Ponce e Campbell (2005); Agndai (2006); Benito (2006);

Matthyssens, Pauwels e Quintens (2006); Rodrigues, Fernandes e Martins (2006);

Tan (2007); Németh (2008); Peltola (2008); Kibbeling et al. (2009); Driedonks,

Driedonks e Weele (2010); Schotanus, Telgen e Boer (2010); Weele e Rietveld

(2010); Su, Hilsdorf e Sampaio (2010; Björklund (2011); Thrulogachanta e

Zailani (2011); Akenroye, Ojo e Aju (2012); Barney (2012); Coban (2012);

Foerstl et al. (2013); Pereira (2013); Monteiro e Tinoco (2013); Noonan, et al.

(2013); Rocha et al. (2013); Rodriguez e Gouveia (2013); Spina (2013); Tracey e

Neuhaus (2013).

Fonte: Elaborado pelo autor

17 Nota:

*Trabalhos publicados em: Acta Technica Jaurinensis Series Logistica; Benchmarking for Quality Management &

Technology; Biennial Conference of the Academy of World Business; European Journal of Business and

Management; European Journal of Purchasing and Supply Management; Fundação Getúlio Vargas; Harvard

Business Review; Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra; Ingeniería Industrial;

International Journal of Business and Globalisation; Industrial Marketing Management; International Journal of

Business and Social Science; International Journal of Purchasing and Materials Management; Journal of

Marketing; Journal of Public Health Policy; Journal of Operations Management; Journal of Purchasing & Supply

Management; Journal of Manufacturing Technology Management, Marketing and Management Development;

Journal of Operations & Production Management; lappeenranta University of technology; PRACTIX - Best

Practices in Purchasing and Supply Chain Management; Proceedings of the Second Annual Conference of the

Association for Consumer Research, Transportation Research Part E: Logistics and Transportation Review; The

Journal of Supply Chain Management; Universia Business Review; 88 th Annual International Conference

Proceedings; VI Congresso CONSAD de Gestão Pública.

O estudo realizado por Chaves (2002) sobre as Variáveis de Decisão envolvidas no processo

de compras nas organizações supermercadistas pode ser considerado um exemplo de

pesquisas nesta área. Seu estudo busca identificar quais as variáveis utilizadas no modelo de

decisão de compras em empresas do comércio varejista de alimentos de auto-serviço

(supermercado), tendo em vista propor um rol de variáveis a serem utilizadas pelos gestores

no modelo de decisão de tais empresas. Utilizando uma abordagem qualitativa por meio de

estudo caso, com uso de entrevistas semiestruturadas em uma amostra intencional de três

redes de supermercados da região nordeste do Brasil, a pesquisadora teve como resultado um

rol de dezessete variáveis a serem consideradas no processo de compras no comércio varejista

de auto-serviço supermercado, sendo: frequência de compras, volume de compras, natureza

da demanda, preço, tipo de produtos, estoques, distribuição dos produtos, fornecedor,

organização de compras, estilo do comprador, sistemas de informações, prazo de pagamento,

qualidade, mix de produtos, frete e seguro, impostos, e por fim validade dos produtos.

Nesta perspectiva, Chen, Paulraj e Lado (2004) alertam que, cada vez mais, Compras assume

um papel estratégico fundamental nas organizações, entretanto tal Função ainda necessita de

rigoroso exame teórico e empírico. Da mesma forma, Thrulogachanta e Zailani (2011)

defendem a importância de se realizar estudos voltados para a análise das atividades de compras

e sua contribuição estratégica sobre o desempenho das organizações, principalmente no que se

refere à priorização da Função Compras como componente chave para as empresas.

Novos estudos sobre o comportamento de Compras nas organizações, como este em questão,

podem contribuir para evolução da Função, tornando-a mais integrada as necessidades dos

clientes, bem como com as operações, logística, recursos humanos, finanças, contabilidade,

marketing e sistemas de informação conforme sugerem Handfield et al. (2009).

18

1.1 Problema de pesquisa

O ambiente altamente dinâmico e competitivo leva as empresas a buscarem novas alternativas

para aumentar seu desempenho. Atuar em mercados cada vez mais competitivos, como

ocorre, por exemplo, no fornecimento de materiais para segmentos de Linhas de Transmissão

e Redes Aéreas de Distribuição de Energia Elétrica (segmento de atuação da empresa alvo da

pesquisa, aqui denominada como Empresa Alpha), aumenta a pressão pela redução de preços

e excelência no processo de compras conforme defende PIRES (2009).

O trabalho integrado entre Compras e demais áreas da empresa contribui significativamente

para o alcance dos objetivos estratégicos e das metas das organizacionais (BAILY et al.,

2000; COLETTI et al., 2002; BALLOU, 2006; SLACK et al., 2009; MARTINS e ALT, 2011;

DIAS e COSTA, 2012, BARNEY, 2012; COBAN, 2012). Partindo dessa premissa

desenvolvida nos estudos indicados, pesquisar métodos que possam contribuir para o aumento

do desempenho da Função Compras, levando em consideração um direcionamento estratégico

único para todos os setores da empresa ganha importância na busca por competitividade.

Pesquisas relacionadas a Compras (WEELE E RIETVELD, 2010; BJÖRKLUND, 2011;

THRULOGACHANTA E ZAILANI, 2011; AKENROYE, OJO E AJU, 2012; COBAN, 2012;

TRIDAPALLI E BORINELLI, 2012; AIRES ET AL., 2013; FOERSTL ET AL., 2013; MONTEIRO E

TINOCO, 2013; NOONAN ET AL., 2013; RODRIGUEZ E GOUVEIA, 2013; SPINA, 2013; TRACEY

E NEUHAUS, 2013), além de evidenciaram o esforço em prol do desenvolvimento da área, apontam que

Departamentos de Compras focados em atividades rotineiras de baixo valor agregado, podem

comprometer o alcance dos objetivos estratégicos das organizações. Sendo assim, pesquisas em torno

das variáveis determinantes do processo de tomada de decisão de compras nas organizações

pode contribuir positivamente para evolução da Função.

A partir destas considerações, emerge o seguinte problema de pesquisa, que constitui a questão

norteadora do trabalho: “Quais as variáveis utilizadas na decisão de compras em uma empresa

metalúrgica fornecedora de materiais para os segmentos de Linhas de Transmissão e Redes de

Distribuição de Energia Elétrica determinantes do processo de compra?”

Por meio desta pergunta, caracteriza-se o problema desta pesquisa em busca de uma alternativa

capaz de aumentar a contribuição da Função Compras nas organizações considerando variáveis

a serem utilizadas no modelo de decisão de compras. Tais variáveis podem dar suporte ao

19

processo de tomada de decisões de compras nas indústrias fornecedoras de materiais para

segmentos de Linhas de Transmissão e Redes Aéreas de Distribuição de Energia Elétrica, a

partir do estudo do caso de uma empresa do setor.

1.2 Objetivo geral

Identificar as variáveis utilizadas na decisão de compras de uma empresa metalúrgica

fornecedora de materiais para os segmentos de Linhas de Transmissão e Redes de Distribuição

de Energia Elétrica, determinantes do processo de compra.

1.3 Objetivos específicos

a) Caracterizar o processo de compras em uma indústria metalúrgica identificando suas

etapas.

b) Identificar as variáveis que estão sendo selecionadas para efetivação das compras.

c) Acompanhar a evolução dessas variáveis no processo de decisão de compras.

d) Identificar a utilização de alguma inovação no processo de compras que possa tornar a

empresa mais competitiva.

e) Comparar as variáveis identificadas nesta pesquisa com as de Chaves (2002).

1.4 Justificativa

O processo de globalização acirrou a disputa em diversos setores industriais, aumentando a

pressão por redução de preços e por excelência nas atividades realizadas pela Função Compras

nas organizações (PIRES, 2009). A constante busca por lucratividade faz com que organizações

procurem novas alternativas para obter, manter ou aumentar sua competitividade. Neste novo

cenário, a gestão eficiente da Função Compras (também denominada Suprimentos), pode trazer

resultados positivos.

Para Bowersox, Closs e Cooper (2006, p. 123) “Toda organização, seja fabricante, atacadista ou

varejista, compra materiais, serviços e suprimentos de um fornecedor externo, a fim de apoiar

suas operações”. Os autores evidenciam que Compras, antes considerada uma Função gerencial

burocrática dentro das organizações, agora foca na manutenção de relacionamentos entre

compradores e vendedores, aliando os objetivos departamentais à estratégia da organização.

20

Ramos (2002, p.30) defende que “A função compras desempenha desta forma um papel

crucial para garantir o crescimento sustentado da organização”. Corroborando com tal

pensamento, Coletti et al. (2002) argumentam que aquisições de matérias primas, suprimentos e

componentes, representam um fator decisivo na atividade de uma organização.

Já que grande parte do dinheiro de vendas é pago a fornecedores por

materiais comprados, reduções pequenas na aquisição dos materiais podem

gerar melhorias consideráveis nos lucros. Dessa forma, pode-se dizer que a

gestão de compras é de vital importância para o sucesso da empresa.

(COLETTI et al., 2002, p. 2)

Para Pozo (2010), a Função Compras não é um fim em si mesma, mas uma atividade de apoio

indispensável ao processo produtivo. A visão moderna de Compras está relacionada à atuação

de forma integrada com outros setores em busca do objetivo comum de operação lucrativa, que

para o autor trata-se de manter uma posição competitiva no mercado.

Resende et al. (2011) apontam que 64% das empresas atuantes nos segmentos da indústria e

prestação de serviços no Brasil possuem o volume de compras em relação ao faturamento maior

que 30%, conforme pode-se observar no gráfico 1.

Gráfico 1 - Volume de compras em relação ao faturamento

Fonte: Resende, et al. (2011, p. 3)

Segundo Ballou (2006, p. 357), em geral, peças, componentes e suprimentos podem representar

entre 40 a 60% do valor final das vendas de qualquer produto, logo isto significa que “[...]

reduções de custos relativamente baixas, conquistadas no processo de aquisição de materiais

podem ter um impacto bem maior sobre os lucros do que aperfeiçoamentos semelhantes em

outras áreas de custos e vendas da organização”.

21

De acordo com Baily et al. (2000), a interferência direta das práticas de compras nos resultados

das áreas produtiva e financeira não pode ser ignorada. Reduzir custos e agregar valor a

produtos e serviços tomam proporções imperativas no mercado. Slack et al. (2009, p. 393)

defendem que “A função compras pode ter um impacto significativo nos custos operacionais de

qualquer operação”. Desta forma, cada vez mais envolvida na tomada de decisão estratégica,

Compras ganha importância como Função capaz de agregar valor, alinhando redução de custo

com maior potencial de lucratividade, conforme apontam Simões e Michel (2004).

Obter menor preço possível nas negociações de compra, respeitando determinado nível de

qualidade exigida para o processo produtivo, passa de missão nos antigos departamentos de

Compras para atividade básica dentro do novo escopo desta Função. Reduzir custos continua

como um dos objetivos básicos, entretanto a literatura relacionada ao tema, (BAILY et al.,

2000; COLETTI et al., 2002; BALLOU, 2006; SLACK et al., 2009; GONÇALVES, 2010;

MARTINS e ALT, 2011; MONCZA et al., 2011; DIAS e COSTA, 2012), aponta nitidamente

a necessidade de redesenhar processos de compras levando em consideração as diversas

variáveis utilizadas no modelo de decisão de compras, alinhando-os com os objetivos

estratégicos da organização.

Anderson, Chu e Weitz (1987) sugerem que grande parte da compra e venda nas economias

avançadas está entre as organizações industriais, base destes mercados, portanto entender o

comportamento de compra destas organizações torna-se importante.

Wind e Webster (1972), já à época, concluíram que o processo de compra não pode ser

considerado como fato isolado, mas sim como matéria multidisciplinar dentro das

organizações. Funções executadas de forma isolada não conseguirão mais atingir resultados

desejados, conforme propõem Tadeu e Nascimento (2013). Portanto, planejamento

coordenado das atividades empresariais, em especial o processo de compra, torna-se

necessário.

Dias e Costa (2012) concordam com a importância da área de Compras para o bom desempenho

de uma instituição, entretanto ponderam que tal importância é relativa em diversos fatores, tais

como a natureza da organização ou o seu grau de dependência de terceiros. Os autores reforçam

“A importância relativa da área de Compras de uma grande indústria metalúrgica é diferente

daquela reservada à instituição financeira ou à empresa especializada em serviços de vigilância,

por exemplo” (DIAS e COSTA, 2012, p. 15).

22

Considerando as particularidades de cada organização, operar com base apenas em novas

propostas de atuação para os departamentos de Compras como sugere a literatura sobre o

tema, pode não ser suficiente para integrar efetivamente seus objetivos ao planejamento

estratégico da organização. Neste sentido, considerar um rol de variáveis a serem utilizadas

para o processo de decisão de compras nas organizações, pode contribuir favoravelmente para

o planejamento coordenado das atividades de aquisição de bens e contratação de serviços. A

ideia central está em proporcionar ao setor de Compras uma operação efetiva como Função

empresarial alinhada com as estratégias da organização.

É importante esclarecer que as Variáveis de Decisão de interesse deste estudo são definidas

como sendo as condições específicas envolvidas na ação de adquirir determinado produto ou

contratação de serviço, que estão sob o domínio do gestor ou que pelo menos ele tenha

influência e responsabilidade nas suas consequências e são utilizadas para subsidiar o processo

de tomada de decisão de compras (ALMEIDA, 1996). Variáveis externas e não controláveis,

tais como às utilizadas na análise Swot (ambientais, culturais/sociais, demográficas,

econômicas, jurídicas/politicas, psicológicas e tecnológicas), não são alvo deste estudo. Sendo

assim, a revisão bibliográfica realizada apontou somente o estudo de Chaves (2002) abordando

estes tipos de variáveis, o que sugere uma lacuna na teórica a ser preenchida com novos

estudos.

A realização desta pesquisa deverá ter reflexos no ambiente organizacional (no âmbito da

empresa pesquisada e extensivo, ressalvadas as limitações pertinentes, a outras empresas), no

atendimento ao interesse do autor e no meio acadêmico. Apresenta-se também a importância do

estudo nos âmbitos econômico, social e empresarial.

Âmbito econômico: Conforme estudo da Empresa de Pesquisa Energética - EPE (2012), a crise

na Europa impactou negativamente a economia mundial, e por consequência o comportamento

da indústria brasileira, principalmente nos segmentos mais diretamente relacionados à produção

de commodities, em especial metais básicos. Vários segmentos da metalurgia básica passaram a

se defrontar com condições de competitividade desfavoráveis, dentre eles os principais

fornecedores de matérias primas utilizadas no processo produtivo da empresa pesquisada, aqui

denominada Empresa Alpha, tais como: a cadeia do alumínio (incluindo a produção de alumina

e a extração de bauxita); a siderurgia (produção de aço bruto); a produção de ferro ligas e

também a indústria petroquímica. Por consequência, a disputa por preços, prazos de entrega,

prazos de pagamentos em relação aos insumos fornecidos por estas indústrias (ferro ligas, liga

23

de alumínio primário e plásticos de engenharia) torna-se acirrada e diretamente envolvida nos

processos de negociação do setor de Compras da empresa pesquisada.

Em relação à distribuição de energia elétrica, a ANEEL (2008) esclarece que o setor elétrico

brasileiro está em permanente evolução, fruto tanto de mudanças legais e normativas, quanto do

avanço tecnológico. O desafio é levar energia elétrica a mais de 61 milhões de consumidores,

espalhados num território de dimensões continentais. Desta forma, em relação à evolução do

consumo residencial de eletricidade no Brasil, a EPE (2012) aponta que, a expansão média

anual de 4,3% prevista para o período 2012-2022, pode ser vista como o efeito combinado de

um crescimento médio de 2,4% ao ano do número de consumidores (gráfico 2) e de um

consumo por consumidor expandindo a um ritmo de 1,9% ao ano, conforme ilustrado no gráfico

3.

Gráfico 2 - Brasil - Número de consumidores (ligações) residenciais

Fonte: EPE (2012, p.69)

24 Gráfico 3 - Brasil – Consumo médio por consumidor residencial (kwh/mês)

Fonte: EPE (2012, p.69)

O aumento no número de consumidores residenciais e do consumo de eletricidade pelo setor

comercial brasileiro indicam a necessidade de melhorias na infraestrutura de distribuição de

energia elétrica em território nacional, por consequência gera o aquecimento nas vendas de

componentes para linhas de transmissão e redes de distribuição de energia elétrica. O gráfico 4

apresenta a projeção e evolução do consumo de energia elétrica na rede até o ano de 2022.

25 Gráfico 4 - Brasil – Estrutura do consumo de eletricidade na rede, por classe (%)

Fonte: EPE (2012, p.55)

As projeções do consumo industrial, comercial e residencial de energia elétrica, tornam-se

importantes para a atividade comercial da Empresa Alpha tendo em vista as oportunidades de

desenvolvimento e fornecimento de equipamentos utilizados nas linhas de transmissão de

energia elétrica em território nacional. Quanto maior o nível de vendas dos equipamentos

fornecidos pela Empresa Alpha, maior a responsabilidade do setor de Compras no que se refere

à aquisição e disponibilização de insumos para linha de produção da empresa.

O fornecimento de produtos acabados utilizados para construção, manutenção, expansão e

modernização de redes de distribuição de energia elétrica tanto em território nacional, quanto no

Mercosul, rendem um faturamento bruto aproximado de 8 milhões de reais por ano para a

empresa alvo desta pesquisa. Considerando, com base em Ballou (2006), que os custos com

compras de peças, componentes, suprimentos podem representar entre 40% e 60% do valor

final das vendas de qualquer produto, estima-se que os custos com compras da Empresa Alpha

sejam em torno de R$3,2 a R$4,8 milhões por ano.

26

O planejamento estratégico da Empresa Alpha prevê para os anos de 2014, 2015 e 2016 a

estruturação da sua linha de produção, de seus setores administrativos e, principalmente, o

lançamento de nova linha de produtos no mercado. Tendo em vista, além de outros fatores

econômicos, a evolução do consumo de energia elétrica e o aumento de unidades consumidoras

em território nacional, a perspectiva está em alcançar faturamento aproximado de R$30 milhões

por ano a partir do ano de 2017.

Âmbito social: A eletricidade é considerada a principal fonte de luz, calor e força utilizada no

mundo moderno. Ela está presente no cotidiano das pessoas, no simples ato de assistir

televisão ou de navegar na internet. Fábricas, escolas, creches, supermercados, shoppings, e

uma infinidade de outros lugares funcionam hoje por consequência da existência da energia

elétrica. Determinados avanços tecnológicos são possíveis a partir da utilização da energia

elétrica (ELETROBRÁS, 2013).

De que adianta existir energia elétrica se ela não puder contribuir para uma vida em sociedade

com mais segurança, conforto, inclusão social e desenvolvimento? Então, imagine a

existência da energia elétrica, sem haver equipamentos capazes de distribuí-la, de fazer com

que ela chegue até as unidades consumidoras. Nesta perspectiva, o desenvolvimento e

fornecimento de componentes utilizados nas redes de transmissão de energia fornecidos pela

Empresa Alpha apresentam sua contribuição para o funcionamento da sociedade como a

conhecemos. Por consequência, a tomada de decisão no setor de Compras da empresa pode

influenciar diretamente a capacidade de fornecimento de seus equipamentos, o que impactaria

o fornecimento de energia em determinada situação.

Âmbito empresarial: a relevância do estudo no âmbito empresarial está na importância

estratégica da Função Compras para as organizações. “[...] está comprovado que muito pode ser

feito de positivo em uma empresa com base no desempenho da área de Compras bem

estruturada” (DIAS; COSTA, 2012, p. 15). A utilização de processos de aquisição estruturados,

tendo um rol de Variáveis de Decisão adequadas às atividades de compras da empresa, seria

então uma alternativa para promover integração entre os objetivos do setor de Compras e os

objetivos e metas estratégicas da organização. Empresas do setor industrial terão oportunidade

de analisar a o setor de Compras sob o prisma estratégico, refletindo sobre suas práticas atuais,

bem como suas possibilidades a partir do caso exposto neste trabalho.

27

Âmbito acadêmico: a contribuição do estudo está na perspectiva de abordar o setor de

Compras com foco em uma unidade de negócios capaz de gerar resultados positivos para as

empresas. A literatura aponta a necessidade de integração dos processos de compras com

planejamento estratégico da empresa em busca de competitividade. Neste sentido, este estudo

abordando as variáveis utilizadas por uma empresa metalúrgica no processo de decisão de

compras, abre espaço para discutir a importância da Função Compras para as organizações. Esta

pesquisa também contribui para elaboração de um rol de Variáveis de Decisão capaz de reduzir

os riscos envolvidos no processo de decisão de compras das indústrias fabricantes de

equipamentos para redes de distribuição de energia elétrica, bem como contribui para realização

de pesquisas mais abrangentes, tanto de caráter qualitativo quanto quantitativo, relacionadas a

Função Compras nas organizações.

Para o mestrando: este estudo revela-se como uma importante oportunidade de

aprofundamento no tema: comparar conceitos e direcionamentos contidos na literatura com

práticas reais em uma empresa em plena operação. O mercado cada vez mais competitivo exige

executivos de Compras que consigam pensar holisticamente e agir pontualmente. Profissionais

de Compras apenas com visão operacional apresentam poucas chances de sucesso em suas

carreiras. Ter conhecimentos das variáveis envolvidas em um processo de compra contribui

para reduzir os riscos nos processos de aquisição dentro das organizações. Este estudo também

possibilitará a evolução do pesquisador em busca do estágio avançado de desenvolvimento

referente ao perfil do comprador proposto por Baily et al. (2000).

A dissertação está dividida em seis seções principais:

1) primeira seção de introdução apresenta o problema de pesquisa, objetivos e justificativas

da pesquisa (capítulos 1 à 1.4);

2) segunda seção aborda a sustentação teórica da pesquisa. Nesta seção está contida a

apresentação dos conceitos básicos de Compras (capítulos 2.1 à 2.1.4.1); Compras e sua

relação com a estratégia competitiva (capítulo 2.2); Processo de decisão em compras e o

papel do comprador (capítulos 2.3 e 2.4); Indicadores de desempenho em compras

(capítulo 2.5.); Variáveis chaves envolvidas no processo de decisão em compras

(capítulos 2.6 a 2.6.17); Compras e Inovação (capítulo 2.7); Estudo realizado por

Chaves (2002) (capítulo 2.8).

3) terceira seção aborda a Metodologia proposta para realizar a pesquisa (capítulos 3 a 3.6);

4) quarta seção aborda o Estudo de caso e seus resultados (capítulos 4 à 4.5);

28

5) quinta seção contêm a Síntese dos achados (capítulo 5);

6) sexta seção destina-se as Considerações finais (capítulo 6).

Por último, são listadas as referências usadas na elaboração do projeto, seguidas dos apêndices,

onde consta o roteiro de entrevista, protocolo de estudo de caso utilizado na pesquisa,

transcrição das entrevistas realizadas, bem como os anexos.

29

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Conceito de Compras nas organizações

Para Baily et al. (2000), a Função Compras é tratada como um procedimento pelo qual as

empresas determinam os itens a serem comprados, identificam e comparam os fornecedores

disponíveis, negociam com as fontes de suprimentos, firmam contratos, elaboram ordens de

compras e finalmente, recebem e pagam os bens e serviços comprados. Tal pensamento vai ao

encontro da definição de compras exposta por Moncza et al. (2011) que se referem ao termo

Compras como gerenciamento das atividades diárias do fluxo de materiais.

Dias (2005) define Compras como um conjunto de atividades voltadas para obtenção e

coordenação do fluxo contínuo de suprimentos, a fim de atender os programas de produção;

comprar os materiais pelos melhores preços, não fugindo aos parâmetros qualitativos e

quantitativos, além de procurar as melhores condições para a empresa. Por sua vez, Ballou

(2006) completa informando que as atividades de Compras devem considerar alguns fatores,

tais como: a seleção e qualificação de fornecedores; avaliação de desempenho de fornecedores;

negociação de contratos; comparação de preços, qualidade e serviços; pesquisa de bens e

serviços; a programação de compras; prever mudanças de preços, serviços e, às vezes, da

demanda.

Chaves (2002, p. 62), em sua definição para Compras nas organizações, aponta algumas

variáveis que podem estar envolvidas no processo de tomada de decisão em relação a algum

tipo de aquisição:

[...] a ação de comprar pode ser explicada como: a ação de adquirir um

produto/serviço dentro de condições específicas de: tamanho, qualidade,

preço, prazo de entrega, quantidade, acondicionamento, validade, dentre

outras; todas negociadas, previamente, pelo comprador e vendedor.

Slack et al. (2009) dispensam atenção para definição de Compras sob a ótica de sua influência

na gestão de materiais da empresa, já que consideram Compras uma Função responsável pela

gestão de materiais e serviços junto aos fornecedores da organização. Desta forma, as atividades

de Compras nas organizações também estão voltadas inicialmente para obtenção de materiais,

produtos e serviços respeitando algumas condições negociadas previamente, tais como: prazos

de entrega, níveis de qualidade, preços competitivos, quantidade, validade, acondicionamento,

dentre outras.

30

A importância estratégica da Função Compras é acrescentada por Martins e Alt (2011) ao

evidenciarem que os objetivos de Compras devem estar alinhados aos objetivos estratégicos da

empresa como um todo, buscando o melhor atendimento aos clientes internos e externos da

organização. Desta forma, a definição dos componentes de decisão de Compras deve envolver a

participação de outras áreas da organização, tais como Vendas, Marketing e Produção. Gaither e

Fraizer (2005, p. 430), que também defendem a importância do setor de Compras para a

Administração da Produção e Operação, argumentam que diversos fatores aumentam a

importância da Função Compras nas organizações, tais como: “[...] o enorme impacto dos

custos de materiais sobre os lucros, a crescente importância da manufatura automatizada, a

popularidade da manufatura JIT e a crescente competição global”.

Cada vez mais envolvida na tomada de decisão estratégica, Compras ganha importância como

Função capaz de agregar valor, alinhando redução de custo com maior potencial de

lucratividade, conforme defendem Coletti et al. (2002). Desta forma, a gestão de Compras

torna-se fundamental para o desempenho da empresa como um todo, logo deve ser analisada,

estudada estrategicamente e modificada conforme a necessidade mercadológica.

2.1.1 O desenvolvimento da Função Compras

O desenvolvimento da Função Compras no Brasil tem sua base nos estudos acadêmicos e

modelos de organização de Compras de empresas sediadas nos Estados Unidos da América.

Desta forma, o conhecimento da evolução de Compras ocorrida em território norte americano

torna-se importante para compreender o desenvolvimento desta Função no Brasil. O quadro 2

apresenta cada um dos períodos da evolução da Função Compras descritos por Handfield et al.

(2009).

31 Quadro 2 - Evolução da Função Compras nos Estados Unidos da América

Período 1 – Os primeiros anos (1850 – 1900)

Ocorre maior interesse e desenvolvimento de Compras impulsionado pelo crescimento das ferrovias nos Estados

Unidos. No ano de 1887, o controlador da Chicago e Northwestern Railroad, escreve o livro “The Handling of

Railway Supplies - Their Purchase and Disposition”, discutindo a necessidade de conhecimentos técnicos para

trabalhar com compras nas organizações. As principais contribuições para história de Compras durante este

período consistem em reconhecimento precoce do processo de Compras e sua contribuição para rentabilidade

global das organizações.

Período 2 – Crescimento dos fundamentos de compras (1900 – 1939)

Artigos que tratam especificamente a Função de Compras na industrial começaram a aparecer com maior

regularidade, principalmente em revistas de engenharia que chamavam atenção para necessidade de qualificação

do pessoal de Compras. A Função Compras ganha importância na aquisição de materiais de guerra durante o

período da primeira guerra mundial, principalmente no que diz respeito à aquisição de matérias primas.

Período 3 – A guerra (1940-1946)

A Segunda Guerra Mundial introduziu um novo período na história da Compra, a ênfase estava na busca por

fontes de suprimentos tendo em vista a escassez de materiais. Baixa especificação para compra ou estipulação de

marca.

Período 4 – Os anos tranquilos (1947 a meados de 1960)

Compras ainda não recebe em plena medida a atenção e ênfase que merece, muitas vezes sendo vista como um

custo inevitável para os negócios, uma função com pouca contribuição positiva e negligenciada na maioria das

organizações por não ser considerada importante para resolução dos principais problemas das empresas à época.

Apesar disso, artigos descrevendo as práticas de compras de várias empresas como, por exemplo, Ford Motor

Company e General Eletric começam a ser divulgados. A ênfase deste período estava voltada para a demanda

satisfatória do consumidor, bem como a existência de uma estabilidade na concorrência atrelada à

disponibilidade de materiais diversos.

Período 5 – Gestão de matérias (meados de 1960 ao final de 1970)

Alto crescimento do conceito de gestão de materiais na década de 1960. Eventos externos, tais como a guerra do

Vietnã, resultaram em pressões de preços e escassez de materiais. A indisponibilidade de petróleo no mercado

ocorrido na década de 1970 mudou o panorama da Função Compras no mundo. A resposta da indústria veio com

a corrida por eficiência na compra e controle de materiais. Setores de Compras buscavam por múltiplas fontes

de fornecimento estabelecendo relações de curto prazo, raramente valorizando parcerias de fornecimento. A

concorrência de preços foi o principal fator determinante dos contratos de fornecimento. Em geral, a Função foi

relegada a segundo plano em muitas empresas americanas durante a crise de 1980 e o surgimento de

concorrentes globais.

Período 6 – A era global (final dos anos 1970 – 1999)

A era global e seu efeito sobre a importância, a estrutura e o comportamento de Compras incluem

principalmente: i) intensa concorrência jamais vista na história industrial; ii) empresas globais ganham cada vez

mais participação no mercado mundial enfatizando diferentes estratégias, estruturas organizacionais e técnicas de

gestão; iii) propagação e velocidade das mudanças tecnológicas durante este período, atreladas aos ciclos de vida

cada vez mais curtos dos produtos; e iv) emerge a capacidade de coordenar a atividade de compras em todo o

mundo usando redes de dados internas e internacionais: World Wide Web.

Este período de intensa competição testemunhou o crescimento da gestão da cadeia de suprimentos. As empresas

começaram a ter uma visão mais coordenada de administração do fluxo de mercadorias, serviços, recursos e

informação desde os fornecedores até o cliente final.

Período 7 – Gestão da cadeia de suprimentos integrada (a partir de 2000)

Compras e Supply Chain Management refletem uma ênfase crescente na importância do estabelecimento de

parcerias com fornecedores selecionados. Desenvolvimento de fornecedores, parcerias para desenvolvimento de

projetos, relacionamento com fornecedores de longo prazo, gestão estratégica de custos, sistemas integrados de

gestão (ERP – Enterprise Resource Planning) e uso da internet e dos bancos de dados compartilhados são agora

vistos como formas de criar um novo valor na cadeia de suprimentos. O comportamento de Compras está

mudando dramaticamente para apoiar os requisitos da nova era de desempenho. É possível chegar a três

conclusões sobre Compras no século XXI: i) a reformulação do papel de Compras na econômica global está em

curso como resposta aos desafios apresentados pela concorrência à nível mundial, rápida mutação tecnologia e

expectativas do cliente; ii) aumento da importância da função do comprador principalmente para as organizações

que competem em setores muito concorridos; e iii) Compras deve continuar evoluindo para se tornar mais

integrada com as necessidades dos clientes, bem como com as operações, logística, recursos humanos, finanças,

contabilidade, marketing e sistemas de informação. Os autores afirmam que esta evolução vai levar tempo para

ocorrer totalmente, mas a integração é inevitável.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Handfield et al. (2009).

32

Segundo Braga (2006), por muito tempo a Função Compras foi considerada uma atividade de

caráter tático e de cunho administrativo, tendo perfil reativo às decisões tomadas por outros

departamentos. O cenário começa a mudar a partir da crise do petróleo 1973-1974:

O surgimento da crise do petróleo de 1973-1974 foi marcante para a atuação

de compras ou suprimentos, porque a redução de matéria-prima no cenário

mundial, decorrente da crise, demandou dessa função uma atitude mais ativa

para o ressuprimento das necessidades internas das empresas. (BRAGA, 2006,

p.1)

O autor também aponta que o uso das ferramentas de planejamento de controle e produção, uso

da tecnologia computacional tais como EDI - Eletronic Data Exchange, e-purchase, introdução

de conceitos como Just in Time (JIT), gerenciamento da qualidade total, redução do ciclo de

produção de novos produtos, dentre outros, também levaram a Função Compras a adotar novas

práticas de gerenciamento do setor, elevando sua participação na construção de vantagens

competitivas para as organizações.

Outro fator importante a ser considerado no desenvolvimento da Função Compras trata-se da

evolução dos sistemas de produção e dos sistemas de planejamento e controle a partir da década

de 1970, conforme esclarece Neto (2008, p. 29) “Com a evolução dos sistemas de produção e

dos sistemas de planejamento e controle, a área de Compras precisa adequar-se a um cenário

muito mais dinâmico”.

De acordo com Baily et al. (2000), alguns fatores básicos são considerados no aumento pelo

interesse das atividades executadas pela Função Compras nas organizações, são eles:

a) a crescente busca de fornecedores externos que adotam práticas gerencias mais eficazes;

b) a maior especialização tem contribuído para o aumento dos gastos externos;

c) o foco no core business aumentou a terceirização de alguns serviços realizados

internamente;

d) a qualidade, responsividade e eliminação de desperdício na cadeia de suprimentos;

e) a maior ênfase estratégica nos suprimentos por parte de algumas organizações;

f) a maior interação entre organizações (compradores) e fornecedores (vendedores);

g) a maior utilização do intercâmbio eletrônico de dados (EDI – Electronic data

interchange);

h) a tecnologia da informação possibilitando visão clara da contribuição proporcionada

pelas compras e suprimentos.

33

Os autores destacam também alguns fatores externos que afetam o desenvolvimento da Função

Compras nas empresas: mudanças dos padrões comerciais; intervenção governamental;

concorrência acirrada, demandas do consumidor; inovação e tecnologia. Apesar do exposto,

deve-se considerar que “[...] não há dúvida de que há outras variáveis externas, no entanto,

específicas a cada organização” (BAILY et al., 2000, p.100). Como fatores internos podem-se

citar: níveis e percentagens de gastos em materiais, sistemas integrados, mudanças estruturais

nas empresas e mensuração de desempenho.

Sendo assim, baseados em Reck e Long (1988), Baily et al. (2000) apresentam quatro estágios

estratégicos de desenvolvimento da Função Compras:

Quadro 3 - Estágios Estratégicos de desenvolvimento da Função Compras

Estágio Características

Passivo A Função Compras não apresenta direção estratégica, trabalha passivamente atendendo

solicitações de outras Funções. As principais características desses estágios estão voltadas

para elevado gasto de tempo com operações rotineiras, pouca comunicação interfuncional,

preço e disponibilidade são as bases das negociações de aquisição.

Independente Apesar de adotar técnicas e práticas mais recentes, a direção estratégica de Compras é

independente da estratégia competitiva da empresa. Redução de custos e medidas de

eficiência são as bases do desempenho da área de Compras. Função Compras é

reconhecida como importante para alcançar a rentabilidade.

Apoiador A Função Compras fortalece a posição competitiva da empresa ao adotar técnicas e

práticas voltadas para este fim. Fornecedores são desenvolvidos, constante monitoramento

e análise de mercados, produtos e fornecedores.

Integrativo A Função Compras possui estratégia totalmente integrada com a estratégia competitiva da

empresa e faz parte de um esforço conjunto entre os funcionários para formular e

implementar um plano estratégico. Comunicação permanente entre as outras áreas

funcionais e desempenho mensurado em termos de contribuições para o sucesso da

empresa.

Fonte: Adaptado de Baily et al. (2000).

Este modelo recebe críticas por apresentar apenas quatro estágios e as variáveis não serem

operacionais, entretanto oferece oportunidade em termos gerais para indicar os estágios de

desenvolvimento da Função Compras nas organizações.

Baily et al. (2000) esclarecem que a Função Compras é muito afetada pelo estágio de

desenvolvimento que atingiu na organização. A mensuração do estágio de desenvolvimento de

uma organização de Compras pode indicar se ela está preparada para as necessidades do

mercado. Quanto mais desenvolvida, maior a probabilidade de Compras ser uma Função

estratégica interfuncional que agrega valor e cria vantagem competitiva para a organização.

34

Por sua vez, apoiado em Person e Gritzmacher (1990), Braga (2006) contribui ao expor que o

perfil das atividades desenvolvidas nos setores de Compras pode indicar seu posicionamento

dentro da organização conforme indica o quadro 4:

Quadro 4 - Posicionamento da Função Compras

Posicionamento Tático (operacional) Posicionamento Estratégico

Estrutura

organizacional

Baixa visibilidade, extensa cadeia de

comando onde a informação trafega por

diversos níveis até chegar aos altos

gerentes.

Alta visibilidade, direta subordinação à alta

gerência.

Percepção da

organização

Grande tráfego de papel, processo

burocrático, baixa comunicação com

outros setores, atividades ineficientes.

Função proativa, importante para a

competitividade da empresa, gerenciamento

eficaz do suprimento de materiais.

Acesso à

informação

Exposição limitada a relatórios críticos e

reuniões.

Acesso amplo ao banco de informações

geradas internamente e externamente.

Fatores

empregados na

decisão sobre

escolha de

fornecedores

Função administrativa em que a tomada de

decisão é principalmente baseada em

preço.

Os profissionais do setor são treinados para

efetuar análises a respeito da saúde financeira

dos fornecedores, capacidade técnica e

possibilidade de se tornar um parceiro com

fornecimento de longo prazo.

Rede e

relacionamento

com fornecedores

Trabalho com muitos fornecedores e

relacionamento antagônico, do tipo “queda

de braço”.

Trabalho com poucos fornecedores e

relacionamento estreito em ambiente

cooperativo.

Gerenciamento

estratégico

Inexistência de iniciativa de direção à

classificação das categorias (famílias) dos

materiais e serviços adquiridos. Todos os

itens são tratados da mesma forma.

O gerente é um estrategista sobre os materiais

adquiridos, considerando a disponibilidade do

mercado fornecedor, importância do item e

volume de recursos empregados na aquisição.

Tecnologia de

informação

Baixo índice do emprego de tecnologia na

condução das práticas de aquisição.

Utilização dos recursos de transmissão

eletrônica de dados, usos de sistemas ERP

(Enterprise Resource Planning), de Internet

para pesquisa, uso de leilão online, de portais

de compras, uso de intranet para agilizar a

comunicação interna e extranet para contato

com fornecedores chaves.

Fonte: Braga (2006, p.3)

2.1.1.1 Visões tradicional e estratégica de Compras

O desenvolvimento da Função Compras revela duas visões: tradicional e estratégica.

A Função Compras na visão tradicional, está ligada a um processo com foco voltado apenas

para o ato de comprar, sempre privilegiando a relação maior volume pelo menor custo. Neste

processo, a relação entre vendedores e compradores torna-se predominantemente competitiva,

pouco duradoura, desvirtuando o conceito de negociação. De acordo com Mello (2007) e Junior

(2011), relacionamentos competitivos podem levar a relações do tipo perde/ganha, ou seja, para

um negociador ganhar outro deve perder. As atividades executadas para realizar compras na

visão tradicional podem favorecer este tipo de negociação, principalmente por valorizar

extremamente a redução de custos de aquisição, independente da importância do fornecedor

35

para a organização. Compras na perspectiva tradicional reforça o caráter reativo de suas

atividades. Algumas etapas tradicionais do processo de compras podem ser citadas, tais como:

receber e analisar requisições de compras; selecionar fornecedores; negociar preços; emitir

pedidos de compra; acompanhar pedidos; receber mercadorias; baixar pedidos atendidos.

Por sua vez, conforme evidencia Dias (2005), trabalhar com foco estratégico na aquisição de

materiais para angariar maiores retornos ganha importância nas organizações a partir da década

de 1980 quando a competitividade dos mercados se torna acirrada. Martins e Alt (2011, p. 86)

afirmam “Os objetivos de compras devem estar alinhados aos objetivos estratégicos da empresa

como um todo, visando o melhor atendimento ao cliente externo e interno”. Nesta perspectiva,

Junior (2011) avalia que relacionamentos duradouros geralmente decorrem de relações

cooperativas, em que deve imperar a colaboração em prol do estabelecimento de negociações

do tipo ganha/ganha, logo, negociadores buscam acordos mutuamente satisfatórios para as

partes. Algumas etapas na visão estratégica do processo de compras podem ser citadas, tais

como: contribuir para o planejamento da demanda; planejar aquisições; promover parcerias e

desenvolver fornecedores; estabelecer negociações cooperativas; gerenciar custos de aquisições;

gerenciar emissão de requisições de compra; participar do processo de tomada de decisão. As

etapas do processo de compras na visão tradicional e estratégica estão descritas no quadro 5.

Quadro 5 - Etapas do processo de compras

Principais etapas do processo de compras

Visão Tradicional Visão Estratégica

Receber e analisar requisições de compras Contribuir para o planejamento da demanda

Selecionar fornecedores Planejar aquisições

Negociar preços Promover parcerias e desenvolver fornecedores

Emitir pedidos de compra Estabelecer negociações cooperativas

Acompanhar pedidos Gerenciar custos de aquisições

Receber mercadorias Gerenciar emissão de requisições de compra

Baixar pedidos atendidos Participar do processo de tomada de decisão

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Baily et al. (2000)

As visões tradicional e estratégica do processo de compras remetem a atividades exercidas de

forma reativa e proativa, respectivamente. Baily et al. (2000) apontam que a Função Compras

tem evoluído nas organizações, passando de uma área reativa, focada no atendimento das

necessidades de outros setores, para uma posição proativa, plenamente integrada na estratégia

competitiva da empresa.

O papel reativo de Compras caracteriza um relacionamento meramente transacional, voltado

para a simples negociação de compra e venda muitas vezes pautada em processos de

36

negociação do tipo ganha/perde, onde uma das partes envolvidas na negociação obtém maior

vantagem sobre a outra. Gonçalves (2010) aponta que nos órgãos de Compras há uma

carência de atitudes com visão estratégica, já que, frequentemente, o departamento de

Compras vive apagando “incêndios” ao invés de estudar e analisar a evolução dos mercados,

seus impactos conjunturais, com vistas a dominar a dinâmica dos eventos futuros.

Por sua vez, o papel proativo de Compras representa um relacionamento mútuo, alinhado

estrategicamente aos objetivos da empresa, uma interação entre comprador e fornecedor que

tem por base ações que promovam o relacionamento de longo prazo, tais como cooperação,

compartilhamento de tecnologias, desenvolvimento de novos produtos e projetos, consórcios,

dentre outros. Baily et al. (2000, p. 38) afirmam: “Uma operação de compras estratégica

proativa pode dar à organização uma vantagem competitiva ao reduzir o desperdício na cadeia

de valor”.

Quadro 6 - Compras reativas versus Compras proativas

Compra Reativa Compra Proativa

Compra é um centro de custo Compras pode adicionar valor

Compra recebe especificações Compras (e fornecedores) contribuem para as

especificações

Compra rejeita materiais defeituosos Compras evita materiais defeituosos

Compras subordina-se a finanças ou à produção Compras é importante função gerencial

Os compradores respondem as condições do

mercado

Compras contribui para o desenvolvimento de mercado

Os problemas são de responsabilidade do

fornecedor

Os problemas são responsabilidade compartilhada

Preço é variável-chave O custo total e o valor são variáveis-chaves

Ênfase no hoje Ênfase estratégica

Sistema independente de fornecedores O sistema pode ser integrado ao sistema dos fornecedores

As especificações são feitas por designers ou

usuários

Compradores e fornecedores contribuem para as

especificações

Negociações ganha-perde Negociações ganha-ganha

Muitos fornecedores = segurança Muitos fornecedores = perda de oportunidades

Estoque Excessivo = segurança Excesso de estoque = desperdício

Informação é poder A informação é valiosa se compartilhada

Fonte: Baily et al. (2000, p. 20)

Lima (2004) pondera ao defender que Compras reativas e proativas não são excludentes tendo

em vista que a área de Compras nas organizações adota, pelo menos em parte, uma postura

reativa. O autor cita exemplo das montadoras de automóveis quando da aquisição de produtos

ou serviços de fornecedores pré-estabelecidos pela matriz mundial, e também no caso em que

as especificações técnicas de peças e componentes fazem com que a área de Compras se

submeta à área de engenharia que tem poder para vetar o fornecedor. Entretanto, a dinâmica

37

do relacionamento com o compartilhamento de informações entre a montadora e o fornecedor

no processo faz com que as características do papel proativo de Compras sejam mantidas.

2.1.2 Objetivos da Função Compras

Baily et al. (2000) afirmam que os objetivos de Compras podem diferir de uma organização

para outra. Tal fato é reforçado pelos diferentes objetivos de Compras expostos na literatura e

por afirmações como a proferida por Gonçalves (2010, p. 248), “É evidente que as

características específicas de cada empresa vão definir organizacionalmente onde Compras

ficará situada dentro da estrutura da empresa”. Nota-se que os objetivos do setor de Compras

nas organizações podem revelar algumas variáveis a serem consideradas no processo de

decisão, tais como o preço e qualidade.

Tendo os objetivos como fim que se deseja atingir, e/ou a meta que se pretende alcançar,

Leenders et al. (2006) apresentam o que, de forma geral, seriam os principais objetivos de

Compras nas organizações em prol do fluxo contínuo de materiais e favorecimento do

posicionamento competitivo da organização. Por sua vez, Gonçalves (2010) sugere que os

objetivos de Compras devem garantir que materiais e serviços exigidos sejam fornecidos nas

quantidades corretas, com qualidade, no tempo desejado. Pozo (2010) apresenta uma visão de

Compras como suporte à logística atrelada aos objetivos estratégicos da empresa, em que os

seus objetivos devem contribuir para a empresa vencer e dominar mercados. Dias (2005)

defende que os objetivos do departamento de Compras, por si só, apresentam a importância da

Função Compras como fator de obtenção de vantagem competitiva. Baily et al. (2000)

apresentam uma definição ampla dos objetivos de Compras voltada para aspectos gerais que

contribuem para o posicionamento estratégico da atividade, bem como uma definição especifica

de objetivos de Compras voltada para as atividades cotidianas do setor. O quadro 7 a seguir

agrupa os objetivos de Compras defendidos por cada autor:

38 Quadro 7 - Objetivos de Compras

(continua)

Baily et al. (2000) Dias (2005) Leenders et al.

(2006)

Gonçalves

(2010) Pozo (2010)

DE

FIN

IÇÃ

O A

MP

LA

- A

PL

ICA

DA

SO

ME

NT

E P

AR

A B

AY

LE

et

al.

(2000)

Suprir a organização

com um fluxo seguro de

materiais e serviços

para atender suas

necessidades.

Atender os

programas de

produção com

fluxo contínuo de

suprimentos.

Negociar menores

preços possíveis

na aquisição de

bens e serviços.

Comprar de

forma eficiente,

maximizando o

ganho para a

empresa, dentro

dos padrões

éticos.

Permitir

continuidade de

suprimentos

para o perfeito

fluxo de

produção.

Assegurar continuidade

de suprimento para

manter relacionamentos

efetivos com fontes

existentes,

desenvolvendo outras

fontes de suprimentos

alternativas, ou para

atender a necessidades

emergentes ou

planejadas.

Coordenar o fluxo

de forma que seja

aplicado um

mínimo de

investimento que

afete a

operacionalidade

da empresa.

Promover a

padronização dos

itens adquiridos.

Garantir o

suprimento dos

materiais, nas

quantidades e

nos prazos

exigidos pelos

usuários.

Coordenar os

fluxos com

mínimo de

investimentos

em estoques e

adequado

cumprimento

dos programas.

Comprar eficiente e

sabiamente, obtendo

por meios éticos o

melhor valor por

centavo gasto.

Comprar matérias

e insumos aos

menores preços,

obedecendo a

padrões de

quantidade e

qualidade

definidos.

Investir no

desenvolvimento

e capacitação da

mão de obra

envolvida na área

de Compras.

Criar e

desenvolver de

forma

permanente e

intensiva um

cadastro de

fontes de

suprimentos que

dê garantias

quanto ao fluxo

de materiais e

serem

abastecidos nas

empresas.

Compras

materiais e

produtos aos

mais baixos

custos, dentro

das

especificações

predeterminadas

em qualidade,

prazos e preços.

Administrar estoques

para proporcionar o

melhor serviço possível

aos usuários e ao menor

custo.

Negociar de

forma justa e

honrada as

melhores

condições para a

empresa,

principalmente

em condições de

prazos de

pagamento.

Zelar pelo padrão

de qualidade.

Manter uma boa

articulação tanto

internamente

nas empresas,

quanto com o

mercado em

geral e,

especialmente,

com o mercado

fornecedor dos

insumos e

produtos

exigidos pela

empresa.

Evitar

desperdícios e

obsolescência de

materiais por

meio de

avaliação e

percepção do

mercado.

39 Quadro 7 - Objetivos de Compras

(conclusão)

Baily et al. (2000) Dias (2005) Leenders et al.

(2006)

Gonçalves

(2010) Pozo (2010)

DE

FIN

IÇÃ

O

AM

PL

A

- A

PL

ICA

DA

SO

ME

NT

E P

AR

A B

AY

LE

et

al.

(2000)

Manter

relacionamentos

cooperativos sólidos

com outros

departamentos,

fornecendo

informações e

aconselhamentos

necessários para

assegurar a operação

eficaz de toda a

organização.

- Estabelecer

fluxo

ininterrupto de

materiais e

serviços

utilizados na

operação da

empresa.

Criar rotinas e

procedimentos

dentro dos

processos de

aquisição que

sejam ágeis e

que permitam

um efetivo

controle de todo

o processo.

Permitir à

empresa uma

posição

competitiva,

mediante

negociações

justas e

credibilidade.

Desenvolver

funcionários, políticas,

procedimentos e

organização para

assegurar o alcance dos

objetivos previstos.

- Estoque e

desperdício

devem ser

mantidos em

níveis mínimos.

- Manter

Parcerias com

os fornecedores

para crescer

junto com a

empresa.

DE

FIN

IÇÃ

O E

SP

EC

ÍFIC

A -

AP

LIC

AD

A S

OM

EN

TE

PA

RA

BA

YL

E e

t a

l.

(2000)

Selecionar os melhores

fornecedores do

mercado.

- Promover

integração nos

relacionamentos

com outras áreas

da organização.

- -

Ajudar a gerar o

desenvolvimento eficaz

de novos produtos.

- Elevar

posicionamento

competitivo da

organização.

- -

Proteger a estrutura de

custo da empresa.

- Alcançar os

objetivos de

compras com

menor custo

administrativo

possível.

- -

Manter o equilíbrio

correto de

qualidade/valor.

- - - -

Monitorar as

tendências do mercado

de suprimentos.

- - - -

Negociar eficazmente

para trabalhar com

fornecedores que

buscarão benefício

mútuo por meio de

desempenho

economicamente

superior.

- - - -

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Baily et al. (2000), Dias (2005), Leenders et al. (2006), Gonçalves (2010)

e Pozo (2010).

Diferentes enfoques quantos aos objetivos de Compras são apresentados, mas que em suma

visam à redução do custo de aquisição; maior integração com demais áreas e com fornecedores;

alinhamento estratégico; e aumento de competitividade da empresa. Assim como as

40

organizações, os objetivos de Compras também evoluem e podem evidenciar variáveis a serem

analisadas no processo de decisão de compra.

2.1.3 Estruturação da Função Compras

Gonçalves (2010) informa que o setor de Compras nas organizações deve operar com processos

de compras bem estruturados a fim de realizar aquisições de bens e serviços dentro dos padrões

esperados, reduzindo o desperdício e o custo de não conformidades, bem como promover

economia no processo de produção, na operação e na manutenção de uma empresa competitiva.

Segundo o autor é imperativo reestruturar objetivos e rever estratégias de Suprimentos. Esta

reestruturação deve levar em conta o tamanho e estrutura da empresa, pressões externas e

internas, bem como ameaças naturais, políticas, financeiras, dos mercados, tecnológicas e dos

avanços industriais.

Para Dias e Costa (2012), a falta de um processo de compras com regras claras, com

atividades bem definidas, adequadamente monitorado e alinhado com as estratégias, pode

prejudicar a empresa em relação ao alcance de seus objetivos.

Trabalhar sem planejamento, contudo, é tarefa impraticável, que não tem

lugar em empresas efetivamente vencedoras. Por conseguinte, os

profissionais de compras, além de planejar as próprias ações, precisam fazer

com que elas sejam inseridas também no planejamento global da instituição.

(DIAS; COSTA, 2012, p. 25)

Corroborando com o pensamento dos autores supracitados, Pozo (2010, p. 139) afirma “Para

que haja sucesso no processo de aquisição, é necessário que a empresa tenha uma eficaz

condução do setor de compras”. O autor ainda defende que:

A organização do setor de compras ou suprimentos visa não só a seu

desempenho como um sistema mas também, principalmente, a sua interação

com os demais setores da empresa e com o mercado; fornecedores, entidades

governamentais, públicas, privadas e classes sociais. (POZO, 2010, p. 139)

Para o autor, o atendimento às especificações de qualidade, comprar na quantidade desejada,

preços baixos, assistência técnica garantida, prazos de entrega e condições de pagamento que

permitam a maximização dos lucros e a redução dos custos da empresa tratam-se de alguns dos

procedimentos normais de compras. Algumas atividades frequentemente executadas no

41

departamento de Compras e que devem ser consideradas para sua estruturação são elencadas no

quadro 8.

Quadro 8 - Atividades executadas nos departamentos de Compras

Informação Básica

Controle e registro de fornecedores

Controle e registro de compras

Controle e registro de preço

Controle e registro de especificações

Controle e registro de estoques

Controle e registro de consumo

Controle e registro de catálogo

Controle e registro de econômicos

Pesquisa de suprimentos

Estudo de mercado

Especificações de materiais

Análise de custos

Análise financeira

Desenvolvimento de novos fornecedores

Desenvolvimento de novos materiais

Qualificação de fornecedores

Administração de materiais

Garantir atendimento das requisições

Manutenção de estoques

Evitar excesso de estoques

Melhorar giro de estoques

Garantir transferência de materiais

Padronizar embalagens

Elaborar relatórios

Sistema de aquisição

Negociar Contratos

Efetivar as compras

Analisar cotações

Analisar requisições

Analisar condições dos contratos

Verificar recebimento dos materiais

Conferir fatura de compra

Contatar vendedores

Negociar redução de preços

Relacionamento interdepartamental

Atividades compartilhadas com outros setores

Padronização

Normatização

Projetos de produção

Controle de estoques

Testes de novos produtos

Diretrizes de reciprocidade

Especificação de fornecedores

Definir entre comprar e fabricar

Contratar seguros e sistema de transportes

Fonte: Adaptado de Pozo (2010)

O estabelecimento de responsabilidades e grau de autoridade funcional são as primeiras

questões a serem discutidas em um processo de estruturação de Compras, seja ele industrial,

pública, empresa de serviços, dentre outras. Gonçalves (2010) aponta a existência de grande

variação no contexto organizacional em relação a Função Compras. Em muitas empresas

Compras está subordinada à área administrativa financeira, entretanto pode ser um

departamento subordinado a área de Produção, Logística, Diretoria Industrial. Essa posição de

subordinação impacta diretamente na forma e abrangência de atuação da Função Compras,

42

principalmente em relação à integração dos seus objetivos específicos e objetivos de longo

prazo das organizações.

O processo de estruturação da Função Compras nas organizações deve considerar a

possibilidade de centralização e descentralização. Para Dias e Costa (2012), a existência de

várias unidades da empresa em diferentes locais físicos, com razoável distância geográfica entre

elas, levanta a discussão em torno de dispor de somente um departamento de Compras

centralizado em uma das unidades da empresa ou dispor de microssetores de compras em cada

unidade.

Baily et al. (2000, p. 75) afirmam: “A dois grupos de empresas ou grandes organizações que

operam vários estabelecimentos adotam algum compromisso entre a compra centralizada e a

compra local, visando balancear as vantagens da força dessa flexibilidade”. Para os autores as

empresas têm três alternativas: descentralizar totalmente as compras; centralização total das

compras em um único escritório; uma combinação das duas. Cada alternativa apresenta suas

vantagens e desvantagem; e o tamanho da organização, ramo de atuação e volume de atividades

influenciará diretamente nesta escolha:

Quadro 9 - Vantagens das Compras centralizadas e Compras descentralizadas

(continua)

Autor Vantagens

Compras Centralizadas Compras Descentralizadas

Baily et al.

(2000)

A economia obtida pela consolidação dos

pedidos melhora o poder de negociação da

área de Compras e facilita os relacionamentos

com os fornecedores.

Evita as anomalias de preços entre as

unidades do grupo e a concorrência entre elas

por materiais escassos;

Melhor administração global de estoques e

utilização de materiais.

Menor número de funcionários envolvidos

com compras, uniformidade de

procedimentos, formulários, padrões e

especificações.

O comprador local conhece mais as

necessidades de sua fábrica ou unidade

específica, os fornecedores locais, o transporte

e as instalações de estocagem.

Ele está em condições de responder mais

rapidamente às emergências, parcialmente em

razão de linhas de comunicação mais simples e

por conhecer mais as circunstâncias locais do

que alguém que esteja há muitos quilômetros

de distância.

A responsabilidade direta do comprador local

perante seu chefe imediato permite maior

vínculo e controle da alta administração local,

principalmente quando se opera com um centro

de custo.

43 Quadro 9 - Vantagens das Compras centralizadas e Compras descentralizadas

(conclusão)

Autor Vantagens

Compras Centralizadas Compras Descentralizadas

Gonçalves

(2010)

Permite manter um melhor controle global;

A econômica de escala é obtida em compras

centralizadas mediante negociações para a

contratação de fornecimentos de grande vulto.

É possível otimizar a utilização do pessoal

por meio da redução do quadro funcional.

Evita a concorrência danosa entre os

compradores regionais e as disparidades de

preços de aquisição de um mesmo material

por compradores diversos.

Permite uma maior autonomia funcional das

unidades regionais.

Permite uma maior flexibilidade e sensibilidade

na solução dos problemas regionais, pelo

conhecimento abrangente do problema pela

regional interessada, assim como melhor

conhecimento das fontes de suprimento, meios

de transporte e armazenamento mais próximos

da região.

Permite responder mais rapidamente às

necessidades de aquisição emergencial.

Exerce um melhor gerenciamento de suas

funções e suas necessidades, além de permitir

um melhor controle.

Dias e Costa

(2012)

O aumento do volume a ser adquirido

proporciona maior poder de negociação para

o comprador, principalmente em decorrência

dos benefícios de economia de escala, na

fabricação e na venda dos produtos.

A centralização das aquisições implica um

único preço para cada item

independentemente da localização geográfica,

garantindo uniformidade nesse quesito.

Oferecer melhor gestão dos estoques, garantia

pelo maior controle sobre o volume global

dos materiais.

Assegurar melhor condição de atendimento

em situações de escassez do mercado

fornecedor.

Estabelecer homogeneidade nos

procedimentos gerais da empresa.

A presença física do comprador na unidade

propicia maior afinidade do profissional com os

problemas locais de abastecimento.

Garante maior agilidade no atendimento das

necessidades da sua própria unidade.

Apresenta resposta mais rápida nas aquisições

em condição de urgência ou emergência.

Impõe maior autoridade e responsabilidade

para a administração local.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Baily et al. (2000), Gonçalves (2010) e Dias e Costa (2012)

Outra questão importante que também deve ser considerada na estruturação da Função Compras

na organização está na decisão de fabricar ou comprar. “As decisões de fabricar ou comprar

referem-se ao suprimento de materiais, bens ou serviços. Envolvem a escolha entre produzir os

materiais e os bens e serviços internamente, ou comprá-los de uma fonte externa à organização”

(BAILY et al., 2000, p. 269). Estas decisões podem ser tomadas tanto no âmbito operacional,

tático ou estratégico. Em alguns casos, tal decisão pode significar o sucesso ou fracasso da

organização já que podem afetar profundamente a natureza do negócio, as habilidades e o

número de funcionários, o estilo gerencial e a posição competitiva da organização.

44

“Há métodos consagrados para a busca da melhor decisão em termos de fabricar ou comprar

materiais?” (DIAS; COSTA, 2012, p. 180). Os autores, após a análise de vasta literatura,

defendem que tal decisão deve respeitar alguns fatores que vão além da análise pura e simples

financeira, são eles:

a) importância estratégica do material e/ou serviço;

b) capacidade instalada do mercado fornecedor comparativamente à da empresa

compradora;

c) necessidade de curto, médio e longo prazo;

d) tendência do mercado nacional e internacional;

e) política governamental;

f) alteração na legislação concernente ao produto e/ou mercado em questão;

g) constante variação de preços;

h) ofensiva contra práticas abusivas de monopólios ou cartéis;

i) concentração da energia interna no negócio de sua competência;

j) estratégia contra espionagem industrial.

Alguns aspectos gerais e relacionados a custos também devem ser analisados antes da decisão

entre produzir ou comprar:

Quadro 10 - Aspectos relacionados a custos em produzir ou comprar

(continua)

AS

PE

CT

OS

GE

RA

IS

Fatores que contribuem para a decisão de fabricar matérias internamente

Custo menor que o do mercado fornecedor.

Desejo de integrar a operação de plantas industriais da empresa.

Uso de excesso da capacidade produtiva de uma planta, como forma de absorver custos fixos.

Necessidade de exercer controle direto sobre a produção e/ou qualidade.

Necessidade de segredo de design.

Desconfiança em relação aos fornecedores.

Desejo de manter a estabilidade da força de trabalho (em períodos de declínio de vendas).

Fatores que contribuem para decisão de comprar os materiais no mercado fornecedor

Utilização do trabalho de pesquisa e do conhecimento especializado dos fornecedores.

Custo menor que o de fabricar o material internamente.

Necessidade de pequenos volumes do item.

Recurso limitado de produção.

Desejo de manter a estabilidade da força de trabalho (em períodos de aumento de vendas).

Desejo de manter várias fontes de abastecimento.

Possibilidade de manter controle indireto sobre o gerenciamento.

Consideração sobre as compras e os estoques.

45 Quadro 10 - Aspectos relacionados a custos em produzir ou comprar

(conclusão)

AS

PE

CT

OS

RE

LA

CIO

NA

DO

S

AO

CU

ST

O

Fatores de custo a serem analisados em relação a Fabricar

Custos diretos envolvidos na fabricação.

Custos decorrentes da paralisação causada por qualidade e outros problemas.

Custos de estocagem em ascensão.

Custos fixos de fabricação.

Custos de gerenciamento da operação.

Custos do capital envolvido.

Fatores de custo a serem analisados em relação a Comprar

Custos de compra dos itens.

Custo de transporte.

Custo de recebimento e inspeção.

Custos decorrentes da qualidade ou do serviço associado.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Dias e Costa (2012).

“Independente da decisão tomada, cabe ressaltar que a participação da área de Compras é de

vital importância para o sucesso da empreitada” (DIAS; COSTA, 2012). Caso a área/setor de

Compras não seja envolvida neste processo, as chances de fracasso serão enormes.

2.1.3.1 Fluxo básico de compra

Como visto, fatores como tamanho da empresa, mercado de atuação, volume de atividades são

determinantes para a estruturação dos processos em um setor de Compras, sendo assim, Dias e

Costa (2012, p. 57) defendem que:

A realização das atividades concernentes à aquisição de bens e serviços

precisa obedecer a uma dinâmica comum. Não é admissível que cada

profissional de compras conduza os processos sob seus cuidados em

conformidade com o seu senso ou seu julgamento particular.

Os autores supracitados apontam que a uniformidade dos procedimentos de compra está

vinculada à definição de uma sequência lógica ideal, capaz de garantir agilidade às aquisições,

sem comprometer as necessidades de garantia de segurança e probidade na condução dos

processos. Este fluxo de atividades deve considerar as necessidades de cada empresa e

estabelecer as atividades que cada área envolvida no processo deve executar para que a

aquisição de bens e serviços possa ser executada com eficácia. Ressalta-se que em cada fase de

um fluxo de compra envolve determinada competência de decisão por partes dos profissionais

envolvidos no processo.

A utilização e divulgação de um fluxo básico de compra bem definido permite eliminar dúvidas

entre os envolvidos na consecução da aquisição, desde os clientes internos aos responsáveis

pela compra. Tal fluxo deve ser de conhecimento de todas as áreas da empresa, descrevendo as

46

etapas indispensáveis ao atendimento da solicitação, bem como as responsabilidades de cada

agente do processo. Dias e Costa (2012, p. 59) ainda afirmam:

Essa providência poupa a área de Compras de diversos desgastes em relação

àqueles solicitantes que consideram insatisfatório o trabalho desenvolvido na

área, mas, na prática, desconhecem o caminho a ser seguido para a realização

de compra ou contratação de serviço.

Diante do exposto, Dias e Costa (2012) apresentam oito medidas básicas para ordenar os

procedimentos de compra, desde o instante da detecção da necessidade de compra até o

atendimento do pedido e posterior pagamento ao fornecedor. Tais medidas não tomam

proporção de leis na literatura, mas contribuem para iniciar o fluxo de compras de forma

simples e eficiente, além de contribuir favoravelmente para o processo de análise das variáveis

envolvidas no processo de compra, são elas:

1) identificação da necessidade de aquisição: o próprio setor de Compras identifica a

necessidade de aquisição de um bem ou serviço, ou é comunicado de tal necessidade por

outros setores;

2) consulta ao mercado: considerando as especificações do bem ou serviço a ser adquirido,

o profissional de compras consulta o mercado fornecedor em relação as condições gerais

de fornecimento (preço, prazo de entrega, especificações técnicas, etc.);

3) efetivação da aquisição ou contratação: a proposta que melhor atender as exigências de

fornecimento é selecionada, e são colhidas às aprovações de compras necessárias;

4) emitir pedido de compra ou contrato de fornecimento: ocorre o envio do pedido de

compra ao fornecedor, bem como a documentação necessária para o início do

fornecimento ou prestação de serviço;

5) realizar follow up ou diligenciamento: acompanhar se o bem ou serviço está sendo

entregue ou prestado conforme as condições de fornecimento negociadas;

6) realização do fornecimento: trata-se da finalização da entrega do bem ou serviço

prestado, inspeção final garante o atendimento das condições contratuais;

7) colocar o material a disposição dos interessados: uma vez inspecionado e aprovado o

material;

8) realizar pagamento ao fornecedor: encerramento do processo após o pagamento dos

valores estabelecidos no pedido, dentro dos prazos de estabelecidos.

47

A literatura especializada (ARNOLD, 1999; LAMBERT, STOCK e VANTINE, 1999; BAILY

et al., 2000; GAITHER e FRAZIER 2005; LOPES, SOUZA e MORAES, 2006; MARTINS e

ALT, 2009; SLACK et al., 2009; GONÇALVES, 2010; POZO, 2010; DIAS e COSTA, 2012)

não aponta um fluxo rígido, único e universal de processos de compras que seja capaz de suprir

as necessidades de toda e qualquer empresa independente do seu ramo de atuação. Os autores

propõem alternativas e apresentam conceitos que devem ser considerados na definição da

estratégia de compra e do fluxo operacional das atividades, dando oportunidade para que cada

organização possa adaptar seus objetivos e procedimentos de compras à sua realidade.

Arnold (1999, p. 209) defende que a Função Compras “[...] é responsável pelo estabelecimento

do fluxo de materiais na firma, pelo seguimento junto ao fornecedor, e pela agilização da

entrega”. Segundo o autor o ciclo de compras consiste nas seguintes etapas contidas na figura 1:

Figura 1 - Processo de compras - Arnold (1999)

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Arnold (1999).

48

Lambert, Stock e Vantine (1999) apontam não ser necessário passar por todas as etapas do

processo de compra a não ser que a decisão seja totalmente nova. Se tratar de uma compra de

rotina, várias etapas podem ser eliminadas. Os autores sugerem as seguintes etapas para o

processo de compra:

Figura 2 - Processo de compras - Lambert, Stock e Vantine (1999)

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Lambert, Stock e Vantine (1999).

O estabelecimento de critérios de compra e uso (etapa 2), usar (etapa 8) e realizar a avaliação

pós compra (etapa 9), foram alocados no próprio setor de Compras, tendo em vista que os

autores não informam a participação de outros departamentos nas etapas de compras.

49

Para Baily et al. (2000), encontrar a fonte de suprimentos adequada é fundamental. Desta forma

apresenta um fluxo de compra que privilegia a seleção correta da fonte de suprimento, tendo em

vista que a partir da emissão do pedido de compra o fluxo das atividades deve considerar as

particularidades da empresa.

Figura 3 – Processo de compras - Baily et al. (2000)

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Baily et al. (2000, p. 188).

50

Gaither e Frazier (2005) apresentam o fluxo de aquisição de materiais com base em sistemas de

produção enfatizando a interação entre os departamentos de Produção, Compras e

Fornecedores. Os autores alertam para existência de certa variação desses procedimentos entre

as organizações e entre diferentes tipos de produtos.

Figura 4 - Processo de compras - Gaiher e Frazier (2005)

Fonte: Gaither e Frazier (2005, p. 434).

51

O processo de aquisição é a rotina diária da Função Compras, que pode ser apoiado por um

ERP (Enterprise Resource Planning), logo deve estar estruturada de forma a permitir um fluxo

contínuo de atividades que se inicia com uma solicitação de compra e termina com o pagamento

da compra. Lopes, Souza e Moraes (2006) propõem um fluxo com as principais atividades no

ciclo de compras, conforme apresentado na figura 5.

Figura 5 - Processo de compras - Lopes, Souza e Moraes (2006)

Fluxograma de atividades para compras

Setor de comprasUsuário

FIM

Receber a Ordem de compra.

Realizar a solicitação de cotação nos

fornecedores A, B, C.

Acompanhar Ordem de compra.

Comparar as cotações.

Escolher o fornecedor.

Selecionar fornecedores para cotação

de preços.

Emite requisição de compra.

INÍCIO

Emitir ordem de compra.

Autorizar pagamento junto ao

financeiro.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Lopes, Souza e Moraes (2006).

52

Para Martins e Alt (2009, p. 107) “É evidente que para algumas empresas o suprimento de

materiais é mais importante que para outras [...] uma empresa industrial média gasta mais da

metade de seu faturamento em compras de matérias ou serviços”. Desta forma, segundo os

autores, toda empresa tem seus procedimentos de compra que podem ser representados pelo

fluxograma típico de compras apresentado na figura 6.

Figura 6 - Processo de compras - Martins e Alt (2009)

Fonte: Martins e Alt (2009, p. 131).

53

Slack et al. (2009) destacam em seu trabalho a importância da interação entre a empresa

compradora e seus fornecedores. Os autores enfatizam que a Função Compras é a responsável

por promover essa interação. Uma sequência de atividades, mesmo que simplificada, deve ser

seguida como forma de realizar a gestão eficaz das compras, como pode ser observado na figura

7.

Figura 7 - Processo de compras - Slack et al. (2009)

Fonte: Slack et al. (2009, p. 308).

54

Gonçalves (2010), também enfatiza que as atividades de um processo de compra podem ser

realizadas através do suporte da tecnologia da informação, mais especificamente por meio do

uso de ERP. Em linhas gerais, o processo de compra se desenvolve seguindo uma rotina

preestabelecida conforme fluxo de atividades proposto pelo autor.

Figura 8 - Processo de compras - Gonçalves (2010)

Fluxograma de atividades para compras

Setor de comprasOrgão requisitante

INÍCIO

Emissão da requisição de compra

que reflita as necessidades de

reposição de material.

Buscar por autorização para compra

segundo normas da empresa.

Realiza pedido automático para materiais

padronizados; emite pedido de compra para

fornecedores previamente contratados ou

solicita coleta de preço no mercado.

Analisa cotações recebidas e escolhe o

fornecedor que deverá ser contratado

respeitando preços, acondicionamento,

transporte, etc).

Emitir contrato de fornecimento para

fabricação, expedição, despacho do

material.

Recebe o material com a respectiva nota

fiscal; realiza inspeção de qualidade e

contagem do material; e comunica ao

usuário do material e/ou gestão de

estoques.

Autoriza o pagamento junto ao

departamento financeiro.

FIM

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Gonçalves (2010).

55

Pozo (2010) trata a administração de recursos materiais e patrimoniais sobre uma abordagem

logística. Desta forma, defende que a visão moderna de Compras está relacionada com sistema

logístico empresarial que trabalha com vistas a obter uma operação lucrativa e manutenção de

uma posição competitiva no mercado. O autor defende que o setor de Compras tem

responsabilidade preponderante nos resultados de uma empresa no que diz respeito a suprir a

organização com recursos materiais necessários a manutenção de suas atividades, entretanto

defende um fluxo de atividades de compras extremamente simplificado.

Figura 9 - Processo de compras - Pozo (2010)

Fluxograma de atividades para compras

Setor de compras

Pedido de compras.

Solicitação de compras.

FIM

Acompanhamento do

pedido.

Análise dos preços.

Coleta de preços.

INÍCIO

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Pozo (2010).

56

Por sua vez, retomando Dias e Costa (2012, p. 57), a garantia da uniformidade dos

procedimentos de compra está associada à “definição de uma sequência lógica ideal de

atividades, capaz de assegurar agilidade às aquisições sem, contudo, comprometer as

necessidades de garantia de segurança e probidade na condução dos processos”. Sendo assim, as

medidas básicas para ordenar os procedimentos de compra encontram-se ordenadas conforme

segue na figura 10.

Figura 10 - Processo de compras - Dias e Costa (2012)

Fluxograma de atividades para compras

Setor de comprasÁrea requisitante

INÍCIO

Etapa1

Identificação da necessidade de

aquisição e comunicação ao

departamento de compras.

Etapa 2

Realização de consulta ao mercado

fornecedor sobre as condições gerais de

fornecimento.

Etapa 3

Efetivação da aquisição ou contratação da

proposta selecionada conforme exigencias

de fornecimento e aprovada.

Etapa 4

Emissão do pedido de compra ou contrato

autorizando a entrega do material ou

prestação do serviço.

Etapa 5

Realização do Follow up ou diligenciamento

da entrega.

Etapa 6

Recebimento do material comprado ou

serviço contratado e realização da inspeção.

Etapa 7

O material inspecionado e aprovado é

colocado a disposição dos interessados.

Etapa 8

É realizado o pagamento ao fornecedor

conforme valores e prazo de pagamento

estabelecido.

FIM

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Dias e Costa (2012).

57

Os fluxogramas de compra apresentados ratificam a inexistência de um fluxo rígido, único e

universal para conduzir a compra de produtos e serviços nas organizações. A utilização de

determinado fluxo, remete a tentativa de estabelecer procedimentos que visão garantir a

realização de uma compra respeitando determinadas etapas pré-determinadas conforme a

necessidade de cada organização. A comparação entre os fluxos apresentados revela o

pensamento de cada um dos autores em relação aos principais pontos a serem observados em

um processo de compras, com destaque para a realização de cotações, negociação com

fornecedores e estabelecimento do pedido de compra. Chama atenção a orientação de Lambert,

Stock e Vantine (1999) para possibilidade de eliminação de algumas etapas do fluxo de

compras no caso de realização de compras rotineiras.

2.1.4 Relacionamento com fornecedores

O relacionamento com fornecedores deve ser considerado no planejamento das atividades de

Compras. “Um dos principais responsáveis pela eficácia do departamento de Compras é o

fornecedor” (DIAS, 2005, p. 320). A correta seleção de fornecedores considerando algumas

variáveis chaves como a qualidade, prazos de entrega, confiabilidade e, principalmente, preços,

torna-se primordial para o desempenho global da empresa.

Para Porter (2004), um dos principais fatores para obter estabilidade e competitividade em

termos de bens e serviços está na escolha dos fornecedores. Baily et al. (2000, p. 116) vai ao

encontro deste pensamento ao alegar que “Sem dúvida, pode-se argumentar que encontrar o

fornecedor correto é, realmente, a única responsabilidade fundamental da Função Compras, e

que, se isso for bem feito, todas as demais atribuições são classificadas como subsidiárias”.

De acordo com Studart (2007), algumas questões em relação ao relacionamento com

fornecedores têm crescido bastante, tais como: redução na base de fornecedores, parcerias,

alianças estratégicas, fornecedores preferenciais e desenvolvimento de fornecedores.

A lógica nos mostra que os relacionamentos entre fornecedores e compradores

podem fazer diferença estratégica para uma organização, já que eles

promovem uma melhoria contínua na satisfação do cliente, oriunda da procura

por novas e melhores maneiras de gerenciar estas relações entre compradores

e vendedores. (STUDART, 2007, p. 47)

58

Gonçalves (2010, p. 262) afirma: “Com raras exceções, temos verificado que pouco tem sido

reservado para o planejamento das aquisições e prospecção de fornecedores tanto de materiais

quanto de serviços”. A procura de fornecedores somente no momento em que a necessidade de

um determinado material ou serviço se faz presente nas organizações deve ceder espaço para o

estudo antecipado do mercado fornecedor em prol da formação de parcerias de longo prazo,

talvez com impactos insignificantes no curto prazo, mas com alta rentabilidade no futuro.

O autor vai além e afirma:

É necessário desmistificar da administração de compras a crença de que a

eficácia de sua atuação se baseia no impacto de operações espetaculares, em

que se obtêm preços aparentemente mais vantajosos. [...] Comprar pelo menor

preço muitas vezes é um ato ilusório [...]. (GONÇALVES, 2010, p. 262)

A mudança na estrutura dos órgãos de compras e das empresas em geral torna-se fator

primordial para escolha de fontes de suprimentos adequadas, que possam maximizar os

resultados da empresa, (BARNEY, 2012).

2.1.4.1 Fatores importantes para formação da base de fornecedores

Baily et al. (2000) expõem alguns fatores que devem ser observados para escolha de uma base

de fornecedores adequada, sempre respeitando os objetivos e particularidades de cada

organização:

a) atributos de um bom fornecedor: alguns atributos devem ser considerados como

desejáveis em uma fonte de suprimentos, tais como pontualidade na entrega;

qualidade consistente; bom preço; bons antecedentes de fornecimento;

responsividade às necessidades dos clientes; fornecer apoio técnico; permitir o fluxo

de informações, dentre outras;

b) tipo de compra que será realizada: o processo de tomada de decisão de fontes de

suprimentos será impactado pelo tipo de compra a ser realizada. Os tipos de compra

podem ser diversos, dentre eles temos as compras de suprimentos de consumo;

materiais e componentes de produção; compras de bens de capital; propriedade

intelectual; subcontratações; serviços. Cada tipo de compra envolve variáveis de

decisão ligadas ao fornecedor que devem ser consideradas;

59

c) seleção das fontes de suprimentos: o processo tradicional de tomada de decisão

sobre fontes de suprimentos envolve captação de fornecedores em potencial

conforme o tipo de compra a ser realizado; seleção de uma lista curta de

fornecedores disponíveis; envio de um pedido de cotação para cada um deles;

seleção do melhor fornecedor de acordo com sua oferta de venda; realização do

pedido especificando os termos como volume, programação, entrega, preço,

qualidade exigida. Grandes compras exigem a ampliação desses procedimentos e

maior envolvimento dos fornecedores;

d) identificação dos fornecedores corretos: em geral, compradores buscam

fornecedores com os quais possam estabelecer parcerias de longo prazo.

Fornecedores chave são selecionados após criteriosa avaliação pautada em fatores

técnicos e comerciais específicos a cada empresa compradora. Os critérios de

seleção dos fornecedores corretos devem ser adequados com as necessidades

específicas de cada organização e conforme o tipo de compra a ser realizado,

entretanto a qualidade, quantidade, timing, serviço e preço são variáveis chave. A

localização nas proximidades das fábricas dos compradores trata-se de um fator

importante para estabelecimento de parcerias para fornecimento;

e) avaliação de fornecedores: processo contínuo nos Departamentos de Compras das

empresas. Qualidade, quantidade, timing, serviço e preço são variáveis que

determinam a escolha do fornecedor, logo são critérios de avaliação dos mesmos. A

elaboração de um checklist de itens a serem vistoriados no fornecedor pode ser

utilizado.

Alguns atributos dos fornecedores devem ser avaliados como forma de classificar os

fornecedores, tais atributos podem se reverter em variáveis determinantes para o processo de

decisão de compra, tais como: qualidade dos materiais entregues, pontualidade, preço e

tecnologia.

2.2 Função Compras como estratégia competitiva

Porter (2004) defende a ideia de que qualquer tipo de empresa que pretenda conquistar espaço e

eficácia no seu mercado de atuação deve necessariamente conhecer o potencial de

competitividade da Função Compras. Simões e Michel (2004) complementam ao apontar que a

gestão de compra eficaz pode contribuir significativamente para o alcance dos objetivos

estratégicos e das metas organizacionais, e a gestão de compra eficiente pode trazer maior

60

agilidade nas operações e qualidade das aquisições, já que pode aumentar a produtividade,

qualidade dos produtos e satisfação dos clientes, vindo a ser um diferencial altamente

competitivo.

Abordagens de vantagem competitiva na administração de materiais representam a adoção de

práticas relacionadas à integração entre compras e estratégia corporativa, valorizando o papel

estratégico e integrado de compras nas organizações (CARR; SMELTZER, 1999). Sendo

assim, uma forma de alcançar vantagem competitiva está na integração entre os objetivos da

Função Compras com o planejamento estratégico da organização. O setor de Compras deve

participar da tomada de decisões táticas e estratégicas, colaborando com o processo de

formulação das estratégias. Baily et al. (2000, p. 38) afirmam: “[...] as estratégias de compras

não podem ser desenvolvidas isoladamente. Elas precisam estar integradas à estratégia

corporativa para ser bem-sucedidas”.

Os autores também apresentam algumas razões para o crescimento do envolvimento de

compras na tomada de decisões estratégicas:

a) a Função Compras é vista como área de agregação de valor, não simplesmente redução

de custo;

b) a rapidez da inovação de produto exige uma equipe gerencial mais integrada, que

envolva todas as funções;

c) visão holística em relação à integração de fluxos de materiais e de informações ganha

importância nas organizações;

d) redução de custos através do envolvimento ativo de fornecedores;

e) empenho com custos estratégicos de suprimentos em detrimento dos preços a curto

prazo;

f) benchmarking em relação a empresas japonesas que viram a atividade como importante

fator estratégico;

g) maior consciência do crescimento do gasto em materiais e do potencial de lucro das

compras.

Dias e Costa (2012, p. 11-12) defendem que “[...] as compras são fundamentais instrumentos de

vantagem competitiva das organizações. [...] para sobreviver e prosperar, as empresas

necessitam adquirir vantagens competitivas em relação à concorrência”. Os autores

61

argumentam que a análise das prioridades competitivas em Compras confirma sua capacidade

de afetar tanto positivamente quanto negativamente o desempenho da empresa.

Quadro 11 - Prioridades competitivas em Compras

Qualidade

A qualidade dos produtos produzidos por uma empresa é diretamente afetada pelos materiais e/ou serviços que a

sua área de Compras contrata no dia a dia. É óbvio que a escolha certa dos fornecedores tenderá a fazer que os

materiais sejam entregues conforme a qualidade desejada pela empresa

Entrega

O prazo de entrega de uma empresa afetará diretamente o lead time de seus clientes. Assim, ele deve ser

rigorosamente cumprido e, para tanto, a área de Compras deve incumbir-se de fazer a sua parte, de forma que o

produto final seja produzido dentro do prazo desejado.

Flexibilidade

Muitas empresas perdem negócios em razão da baixa flexibilidade que dispõem para realizar qualquer tipo de

mudança em sua produção ou sua operação. A área de Compras bem equipada e dimensionada poderá ajudar

sobremaneira para que a empresa opere com alta flexibilidade.

Atendimento

Uma empresa bem-sucedida tem de possuir excelente atendimento em todas as fases do processo de

relacionamento; ou seja, antes, durante e depois de receber a encomenda de seus clientes. Um comportamento

ainda muito comum, infelizmente, é o bom atendimento somente antes e durante o recebimento da encomenda.

Mais uma vez, a área de Compras pode ajudar para que o atendimento aos seus clientes seja excelente. Quantas

vezes uma empresa deixa de prestar serviços de garantia apropriadamente porque seu departamento de Compras

atrasa a entrega do pedido de materiais?

Preço

Não há o que discutir sobre a importância da área de Compras para a formação do preço dos produtos da

empresa, principalmente se ela for de comércio ou indústria. Sem dúvida, se uma empresa comprar por preços

baixos, poderá praticar preços de venda altamente competitivos.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Dias e Costa (2012)

Por sua vez, Gonçalves (2010) aponta que o mais importante na Função Compras, não está na

crença de que a sua eficácia está baseada no impacto de operações espetaculares relacionada

unicamente a aquisição com menor preço possível, mas sim em construir uma eficácia de longo

prazo, talvez menos visível no começo, porém mais rentável e sustentável.

Segundo Hamel e Prahalad (1990), vantagem competitiva derivadas de preços e desempenho

de produtos perduram apenas no curto prazo. Competências desenvolvidas internamente (core

competence) capazes de criar produtos novos, ao menor custo e mais rapidamente que os

concorrentes, são consideradas responsáveis pela obtenção de vantagem competitiva no longo

prazo. Nesta perspectiva, Compras poderá contribuir decisivamente para o alcance de

vantagens competitivas sustentáveis ao longo prazo (COBAN, 2012), já que questões

relacionadas a custo, controle de fornecimento, agilidade em compras, relacionamento com

fornecedores fazem parte do seu escopo.

62

2.3 Decisão de compras

Tendo em vista os objetivos determinados para esta pesquisa, alguns pontos referentes à ciência

da decisão devem ser abordados, mas sem a pretensão de esgotamento do tema. A intenção aqui

está em evidenciar determinados aspectos relacionados ao processo de tomada de decisão de

compra nas organizações. Desta forma, pretende-se compreender a dinâmica do processo de

decisão a fim de fornecer subsídios necessários para explorar o estudo de caso.

A tomada de decisão está presente no cotidiano do ser humano. A todo momento decisões são

tomadas, das mais simples às mais complexas e importantes. “Mesmo quando para solucionar

um problema temos uma única ação a tomar, temos as alternativas de tomar ou não esta ação”

(PERDIGÃO, 2012, p. 4). Conforme Garcia e Fadel (2010, p. 100), “O processo decisório se

insere entre os mais importantes aspectos da vida do indivíduo e das organizações [...]”.

De acordo com Zamarioli (2003), tomar uma decisão trata-se de escolher uma opção, dentre as

disponíveis, seguindo etapas determinadas antecipadamente com intuito de obter uma solução

adequada para o problema em questão, sempre considerando os objetivos que se pretende

alcançar. Guimarães e Évora (2004, p.74) reforçam:

Independentemente do aspecto da decisão, esta atitude deve ser fruto de um

processo sistematizado, que envolve o estudo do problema a partir de um

levantamento de dados, produção de informação, estabelecimento de

propostas de soluções, escolha da decisão, viabilização e implementação da

decisão e análise dos resultados obtidos.

O processo decisório é passível de várias abordagens em relação a modelos existentes para sua

condução, evidenciar cada um deles foge ao foco do propósito desta pesquisa. Entretanto, Bispo

(1998) aponta em seu trabalho de pesquisa que, basicamente, o processo de decisão deve seguir

uma linha lógica e racional contendo: identificação do problema; levantamento das variáveis

envolvidas com o problema; elaboração de alternativas ao problema; comparação das

alternativas obtidas; escolha da alternativa de maior viabilidade para resolução do problema;

implementação da alternativa escolhida; acompanhamento e análise dos resultados obtidos;

avaliação e registro de lições positivas e negativas decorrentes do processo decisório; avaliação

e utilização do modelo gerado para solucionar outros problemas iguais ou semelhantes.

No âmbito das organizações, o processo de decisão deve contemplar, dentro do possível, todas

as variáveis a serem consideradas pelo tomador de decisão já que estas poderão influenciar

63

suas decisões. Objetivos operacionais, financeiros e econômicos devem ser respeitados. Bispo

(1998), defende que para tomar uma decisão o gestor deve basear em um rol de informações

confiáveis como forma de delimitar o problema, e optar pela melhor escolha possível. Choo

(2003), aponta ser necessário buscar alternativas suficientemente boas, já que a melhor

alternativa pode não ser possível, tendo em vista o princípio da racionalidade limitada.

Wind e Webster (1972) já apontavam que o comportamento de compra industrial trata-se de

um processo complexo que não pode ser analisado somente por uma única variável, ou fluxo

rígido a ser seguido. Os autores defendem que um modelo de compra industrial deve ser

capaz de lidar com a complexidade das decisões de compras industriais já que envolvem

pessoas, aspectos técnicos, tempo e fatores ambientais. Em resumo, o modelo de decisão de

compra organizacional deve ser multidisciplinar e não um fenômeno isolado.

O trabalho de análise realizado por Wind e Thomas (1996) evidencia a inexistência de um

fluxo rígido, único e universal de processo de compras capaz de suprir as necessidades de toda e

qualquer organização. Desta forma, seria imprudente afirmar a existência de um processo único

de decisão de compras corporativas capaz de atender integralmente todas às necessidades de

qualquer tipo de organização. Basta lembrar que a adoção de um modelo de decisão em

compras organizacionais deve considerar uma série de fatores, tais como: globalização, acesso

a informação, tecnologia, práticas de negócios, cultura organizacional, dentre outras

(GÓMEZ, 2013).

Chaves (2002, p.93) defende que “Quando se estabelece um modelo de decisão específico,

para cada evento, considera-se a melhor maneira de decidir, ou seja, aquela que leve o gestor

a obter resultados econômicos otimizados”. A melhor maneira de decidir fazendo uso de

determinado modelo de decisão está intimamente ligada à adoção de regras que guiarão os

passos do tomador de decisão. Choo (2003) aponta que a utilização de regras torna-se

importante à medida que, juntamente com adoção de procedimentos, especificam papéis,

métodos e normas, sendo capaz de promover a coerência e coordenação entre o trabalho das

diversas áreas da empresa.

Lambert, Stock e Vantine (1999), defendem que a complexidade do processo de compra está na

variedade de fatores a serem considerados ao se tomar esse tipo de decisão. Uma decisão torna-

se complexa à medida que aumenta o número de alternativas disponíveis. “Compra complexa

implica um maior nível de risco e importância na decisão de compra” (ALEJANDRO et al.,

64

2011, p.12). No rol das informações consistentes, especificamente nos setores de Compras das

organizações, as variáveis necessárias para determinar uma compra devem ser contempladas,

caso contrário, corre-se o risco de não obter objetividade e assertividade nas decisões tomadas,

prejudicando assim o desempenho da empresa. Ferramentas computacionais podem ser

utilizadas como suporte ao processo de tomada de decisão em compras nas organizações.

Perdigão et al. (2012), realizam estudo com objetivo de investigar como se dá o processo de

tomada de decisão em três organizações de segmentos distintos (industrial, hospitalar e

educacional). Como resultado, tem-se que o processo decisório, mesmo sem estar formalizado,

apresenta em sua práxis fundamentos contidos na literatura. A dificuldade no processo de

decisão foi evidenciada por Perdigão et al. (2012, p.16) “É notório que o ato de decidir não é

fácil e exige dos gestores uma capacidade analítica profunda e apurada, visando evitar

decisões equivocadas e que tragam consequências desastrosas para a empresa e para a

sociedade como um todo”.

Especificamente, em relação à atividade de compras, Dias e Costa (2012, p.52) afirmam:

O processo de compras encerra decisões em cada fase, desde o início dos

procedimentos até o momento da autorização do pagamento ao fornecedor.

A importância dessas decisões é reforçada pelo fato de elevadas somas

estarem associadas a muitas das aquisições, aumentando, sobretudo, a

responsabilidade de quem responde pelas autorizações.

Angeloni (2003) esclarece que cada vez mais a tomada de decisão nas organizações exige

intenso trabalho em equipe, trabalho este pautado na correta compreensão do papel de cada

profissional dentro do processo de tomada de decisão. Especificamente sobre o papel do

comprador nas organizações, Baily et al. (2000, p. 341) apontam que “Os compradores

precisam decidir sobre o que comprar, em que quantidade, preços, condições de entrega e

forma e prazo de pagamento”. Com esta afirmação, o autor confirma a existência de

determinadas variáveis envolvidas no processo de tomada de decisão em compras dentro das

organizações, tais como qualidade, quantidade, preço e prazo de pagamento.

2.4 O papel do profissional de Compras

Sheth (1973) realizou ampla pesquisa na tentativa de estabelecer um modelo realista e

abrangente de comportamento do comprador organizacional. O autor aponta que, semelhante ao

comportamento do consumidor, os compradores industriais também podem decidir com base

65

em outros fatores diferentes do racional ou realista. Esta constatação deve ser considerada tendo

em vista que o comportamento do comprador poderá influenciar diretamente à compreensão e

análise das diversas variáveis chave envolvidas em uma decisão de compra. Alejandro et al.

(2011) evidenciam que a decisão de compra, embora voltada para racionalidade, pode também

tender a depender de características pessoais e necessidades dos tomadores de decisão.

Deste modo, faz-se necessário compreender o perfil e qualificações exigidas para um

comprador organizacional, bem como as atividades inseridas em seu escopo de trabalho.

Não será possível para as organizações se beneficiarem da vantagem

competitiva proporcionada por uma Função Compras desenvolvida, a menos

que tenham funcionários com conhecimento, habilidades e competências

apropriadas para colocar ideias em prática. (BAILY et al., 2000, p. 424)

A compreensão do papel do profissional de Compras nas organizações passa pela evolução

desta Função e pela compreensão dos objetivos da compra organizacional. Para Ramos (2002,

p. 29), “O comprador organizacional procede a compra como meio de alcançar objetivos

organizacionais e não para obter qualquer tipo de autogratificação”. Ainda para a autora, os

compradores industriais são influenciados por uma série de fatores internos ou externos à

empresa e que vão afetar o seu processo de decisão de compra. A importância da aquisição a

ser realizada determinará o tipo de rotina a ser adotada.

Com base em diferentes estágios de desenvolvimento da Função Compras nas organizações,

Baily et al. (2000) ilustram a evolução do perfil do comprador:

Quadro 12 - Perfil do comprador nas organizações

Estágio de

desenvolvimento

Características gerais e responsabilidades do responsável por compras

Primitivo Sem qualificações especiais; abordagem burocrática; cerca de 80% do tempo é dedicado

às atividades burocráticas.

Conscientização Sem qualificações especiais; algumas rotinas básicas de compras; 60-79% do tempo é

dedicado às atividades burocráticas.

Desenvolvimento Qualificações acadêmicas formais exigidas; envolvimento em negociações;

reconhecimento da função compras e suprimentos; 40-59% do tempo é dedicado às

atividades burocráticas.

Maturação Qualificação gerencial exigida; compradores especializados em commodities integrados

com as áreas funcionais; envolvimento com todos os aspectos do desenvolvimento de

novos produtos; maior parte do trabalho dedicado à negociação e à redução do

custo/desenvolvimento de fornecedores; 20/30% do tempo é dedicado às atividades

burocráticas.

Avançado É necessária qualificação profissional ou pós-graduada; o comprador está mais

envolvido com os assuntos mais estratégicos do trabalho; mais dedicado ao custo total

de aquisição, à administração da base de fornecedores etc.; menos de 20% de seu tempo

é dedicado às atividades operacionais.

Fonte: Baily et al. (2000, p. 425).

66

Lima (2004, p. 40-41), em seu estudo sobre a evolução de Compras nas empresas montadoras

de automóveis no Brasil, identifica que o desempenho do comprador na indústria automotiva

requeria:

[...] o aprimoramento de suas competências e qualificações, envolvendo um

upgrade no nível de escolaridade (geralmente superior com MBA),

conhecimento de idiomas (inglês, espanhol e alemão), conhecimento

internacional (em função das compras serem locais e globais), capacidade de

liderança intergrupal (para saber trabalhar em equipes complexas) e visão

holística (tanto da organização com da cadeia de suprimentos como um

todo), de forma a buscar oportunidades competitivas.

Gaither e Frazier (2005) evidenciam algumas obrigações voltadas à atividade de comprador em

organizações: devem ser especializados conforme certas commodities; conhecer o processo de

manufatura tanto de sua própria empresa, quanto dos seus fornecedores; conhecer muito bem os

mercados; controlar custos; saber negociar; conhecer a legislação; e dominar a execução das

atividades rotineiras (processar requisições de compra, selecionar fornecedores, emitir ordem de

compra, negociar preços e condições de pagamento, dentre outras ações operacionais).

Dias e Costa (2012) analisam a evolução da Função Compras para determinar o perfil do

profissional da área. Para os autores, a evolução desta função torna-se a base para

compreensão da evolução do perfil do comprador ao longo do tempo. Segue quadro

comparativo entre as atividades de compras no passado e no presente.

Quadro 13 - Passado e presente das atividades de Compras nas organizações

No passado No presente

Era um mal necessário. É vantagem competitiva.

Era uma Função isolada, normalmente vinculada a

produção.

É uma Função integrada, normalmente vinculada à

alta direção.

Objetivava redução de custos. Objetiva otimização de custos.

Gerenciava crises. Antevê problemas e procura soluções.

Operava manualmente ou usava o computador

precariamente.

Opera com sistemas integrados de gestão, muitos

deles ligados aos fornecedores.

Trabalhava com muitos fornecedores. Trabalha com poucos fornecedores.

Utilizava inspeções de qualidade. Utiliza qualidade assegurada.

Denominava o público interno como usuário. Denomina o público interno como cliente interno.

Efetuava pedidos de compras isolados. Efetua contratos de longo prazo.

Considerava profissional: comprador. Considera profissional: empreendedor.

Possuía informações dispersas. Possui gerenciamento das informações.

Fonte: Dias e Costa (2012, p. 11-12).

Foram muitas as mudanças ocorridas na área, desta forma “[...] o perfil dos profissionais que

nela atuam também sofreu enormes transformações” (DIAS; COSTA 2012, p. 12). Os autores

ainda completam:

67

Os profissionais de compras devem, entre outras atividades, participar do

desenvolvimento de novos produtos, cuidar das fontes de abastecimento, do

gerenciamento de custos e das parcerias de longo prazo. O perfil desse

profissional mudou tanto que, já existem empresas que adotam remuneração

variável para eles; com um salário fixo que pode ser acrescido de vários

tipos de bônus, dependendo do desempenho que venham a ter em relação às

metas prefixadas. (DIAS; COSTA, 2012, p.12).

Ter pessoal adequado e saber motivá-lo são essenciais para o sucesso na atividade de

Compras nas organizações. “[...] é essencial entender os papeis que estão sendo

desempenhados, os padrões que devem ser atingidos e como o desempenho será avaliado”

(BAILY et al., 2000, p. 428). Serão esses profissionais os responsáveis por analisar as

diversas variáveis chaves envolvidas no processo de compra e tomar a melhor decisão cabível

para cada situação.

Com relação à autonomia de decisão dos profissionais em Compras, Dias e Costa (2012, p.

51) afirmam “Seus limites de autonomia para decisão tendem a se ampliar em consonância

com esse desenvolvimento das responsabilidades, crescerá também no nível de exigências nas

avaliações de desempenho desses profissionais”.

2.5 Indicadores de desempenho em Compras

O propósito deste capítulo está em esclarecer ao leitor que os parâmetros selecionados para

medir o desempenho da área de Compras (os indicadores de desempenho em Compras) podem

ter sua origem em determinadas Variáveis envolvidas na decisão de compra nas organizações.

Inicialmente, torna-se importante evidenciar que as peculiaridades de cada organização devem

ser consideradas antes de estabelecer qualquer forma de mensuração de desempenho da

atividade de Compras, logo “[...] não há uma única abordagem geralmente aplicável que possa

ser usada para mensurar o desempenho da Função Compras” (BAILY et al., 2000, p. 399). Dias

e Costa (2012, p.198) complementam afirmando que “[...] é preciso que se faça uma análise

prévia do que deve ser realmente medido em cada organização”.

68

Para Gomes, Marcelino e Espada (2000, p. 10) indicadores são:

[...] parâmetros selecionados e considerados isoladamente ou combinados

entre si, sendo de especial pertinência para refletir determinadas condições

dos sistemas em análise (normalmente são utilizados com pré-tratamento,

isto é, são efetuados tratamentos aos dados originais, tais como médias

aritméticas simples, percentis, medianas, entre outros).

Os autores esclarecem que os indicadores podem ser aplicados com vários objetivos e podem

derivar de uma série de dados (parâmetros ou variáveis) adequados ao que se quer medir.

Resende (2004, p.222) observa que:

[...] indicadores de desempenho atuam como instrumento de planejamento,

gerenciamento e mobilização, pois concretizam objetivos, organizam ações e

conferem visibilidade dos resultados alcançados, podendo apresentar

medidas de produtividade, qualidade, resultados financeiros e vários outros

aspectos fundamentais.

Neste contexto, Baily et al. (2000) sugerem que a mensuração do desempenho em Compras

deve envolver atividades e objetivos relacionados, tanto a dados técnicos, quanto estratégicos da

atividade compras. Os indicadores envolvidos nas medições da atividade de suprimentos nas

organizações podem revelar variáveis importantes a serem utilizadas no processo de tomada de

decisão em compras.

Alguns critérios de mensuração no desenvolvimento da função Compras são apresentados no

quadro 14.

69 Quadro 14 - Critérios de mensuração para a Função Compras.

Posição da Função

Compras

Status Mensuração do

desempenho da função

Compras

Foco em:

As compras são

fragmentadas e

realizadas,

principalmente, pelas

áreas funcionais; a área

de Compras dedica-se

mais ao trabalho

burocrático.

Baixo. Muito pouca; limita-se aos

orçamentos.

Obtenção dos bens.

A Função Compras é

estabelecida; trabalho

principalmente

burocrático; as áreas

funcionais ainda estão

envolvidas nas compras.

Baixo, mas melhorando;

reporta-se via outra

função à alta

administração.

Mensuração da eficiência

do trabalho burocrático;

isto é, das rotinas de

pedidos e das requisições.

Eficiências do trabalho

burocrático.

A Função Compras

exerce papel mais

comercial.

A função é reconhecida e

seu gerente reporta-se a

um diretor, por exemplo,

ao diretor financeiro;

todas as aquisições são

feitas pelo departamento

de Compras.

Eficiência do trabalho

burocrático de compras,

isto é, economias, redução

de custos, eficiência na

negociação.

Eficiência do trabalho

burocrático.

Envolvimento de

trabalho estratégico.

O gerente de Compras

reporta-se diretamente ao

principal executivo.

Como no estágio anterior,

maior desempenho de

fornecedores e da

interface organizacional.

Como no estágio anterior,

mas início de mensuração

da eficácia global em

prazo mais longo.

A área de Compras é

uma Função estratégica

do negócio.

A Função é dirigida por

um diretor de compras.

Como no estágio anterior,

mas maior preocupação

como o desenvolvimento

estratégico, JIT, etc.;

mensuração do “custo

total de suprimento”.

Eficácia estratégica.

Fonte: Baily et al. (2000, p. 402).

Corroborando com Baily et al. (2000), Dias e Costa (2012) esclarecem que através da análise

dos próprios objetivos de Compras de cada organização é possível perceber alguns pontos

principais a serem mensurados e identificar parâmetros que poderão fazer parte de um sistema

de avaliação de Compras. Os autores sugerem alguns indicadores que podem compor um

sistema capaz de mensurar a atividade de Compras:

70 Quadro 15 - Indicadores que podem compor um sistema de mensuração de Compras

Elemento Indicadores

Departamento de Compras como um todo Custo do pedido.

Tempo de atendimento de requisições.

Número de fornecedores exclusivos.

Número médio de propostas por aquisição.

Compras em caráter de emergência.

Os fornecedores Assistência prestada pelos fornecedores.

Controle de entregas e pontualidade.

Qualidade dos materiais recebidos

Rotatividade de pessoal de empresas terceirizadas

O desempenho econômico-financeiro do

departamento

Desempenho econômico-financeiro propriamente dito.

Valor das aquisições

Valor das aquisições e número de itens adquiridos.

Valor das aquisições e receitas da empresa.

Ciclo financeiro

A eficiência de Compras em relação à política de

estocagem e administração de materiais

Giro de estoque.

Recebimento de materiais excedentes.

Valor do estoque.

Obsolescência.

Requisições internas com estoque zero.

Evolução do consumo.

Os compradores Avaliação técnica.

Avaliação pessoal

Fonte: Adaptado de Dias e Costa (2012).

Libonati e Miranda (2004) afirmam que há necessidade de identificar critérios de avaliação de

desempenho da área de Compras ou Suprimentos que contemplem o resultado global da

empresa. Os critérios utilizados para medir desempenho de Compras das organizações podem

estar vinculados a determinadas variáveis que devem ser consideras no processo de decisão,

sendo as principais relacionadas à qualidade, quantidade, tempo de entrega e preço (TELGEN E

BOER (2010).

Em pesquisa realizada com 33 empresas atuantes em território brasileiro, com destaque para

empresas de atividade industrial, Libonati (2002) investiga os critérios utilizados para medir

desempenho da área de Compras ou Suprimentos (Gestão de Compras e Fornecedores). Para

tal, investigou as principais informações geradas pelos sistemas de informações destas

organizações, bem com a sua relevância para o desempenho da área de Suprimentos. Os

resultados indicam a falta de instrumento de avaliação de desempenho das decisões de compras

e de estocagem na maioria das empresas entrevistadas. Como fatores para esta situação foram

encontrados: falta de modelos de avaliação de compras, cultura organizacional da empresa dos

fornecedores, qualificação de pessoal e indisponibilidade de informações relevantes ao

planejamento de compras e estocagem. Libonati e Miranda (2004, p.92), após análise detalhada

da pesquisa em questão, afirmam “Nesta pesquisa, não se verificou um caso que utilizasse a

área de Suprimentos como centro de resultado”.

71

O quadro 16 contêm os 17 indicadores pesquisados. Tais indicadores pesquisados por Libonati

(2002) contribuem para evidenciar algumas variáveis relacionadas ao processo de decisão em

compras, tais como: preço, custo do frete, condição de pagamento, níveis de estoque, tipo de

item a ser adquirido, qualidade, prazo de entrega, orçamento de compras.

Quadro 16 - Indicadores de desempenho em Compras

Informações disponíveis para suporte nas decisões de suprimentos

Cotação de preço junto a um número suficiente de fornecedores

Simulação entre as alternativas de transporte (frete)

Simulação entre as alternativas de comprar a prazo ou à vista

Prazo de rotação dos estoques de produtos adquiridos

Prazo de rotação dos estoques da cadeia de suprimentos

Custos do financiamento do capital de giro investido nos estoques

Variação dos preços dos estoques de insumos entre períodos

Pedidos atendidos em desacordo com o solicitado

Mercadorias com avarias ou fora da qualidade solicitada

Serviços executados por fornecedores em desacordo com o solicitado

Prazo de entrega ou atendimentos dos pedidos

Margem de contribuição (rentabilidade) das mercadorias e ou serviços vendidos

Valor das compras realizadas no mês

Valor das compras pagas no mês

Prazo médio de pagamento a fornecedores (dias)

Apuração do resultado da área de suprimentos

Informações para projetos de desenvolvimento de novos fornecedores/parceiros

Fonte: Adaptado de Libonati (2002).

Baily et al. (2000) e Dias e Costa (2012) defendem que qualidade, quantidade, timing, preço e

custos operacionais podem gerar indicadores a serem utilizados para mensurar o desempenho

em compras conforme apresentado no quadro 17.

Quadro 17 - Alguns meios comumente usados para mensurar o desempenho em Compras

Área Mensuração

Qualidade Porcentagem de rejeições dos bens recebidos.

Porcentagem de peças rejeitadas na produção.

Porcentagem de matérias primas rejeitadas na produção.

Quantidade Porcentagem do estoque que não se movimentou em um período específico.

Número de interrupções da produção por falta de material.

Número de pedidos de pequeno valor.

Número de pedidos de emergência.

Comparação do estoque com o estoque alvo.

Timing Desempenho de entrega do fornecedor em relação ao prometido

Tempo exigido para processa as requisições

Tempo empregado com ação remediadora

Preço Preços pagos em relação ao padrão.

Preços pagos por itens-chaves comparados com os índices de mercado.

Preços pagos em relação ao orçamento.

Preço no momento de uso em relação ao preço no momento da compra.

Custos

operacionais

Custo de processamento dos pedidos.

Custos periódicos como porcentual do custo total.

Custos operacionais (incluindo telefone, internet, etc).

Fonte: Baily et al. (2000, p.406).

72

Barros (2010), em sua pesquisa sobre a utilização de indicadores de desempenho para avaliar a

área de Suprimentos realizada com base na pesquisa anterior de Libonati (2002), obteve

resultados que apontam a possibilidade de inferir que os indicadores utilizados para medir o

desempenho da área de Suprimentos não estão totalmente relacionados com porte, com

nacionalidade e a posição hierárquica da área de suprimentos dentro das organizações

pesquisadas.

[...] rejeita-se parcialmente a hipótese geral da pesquisa baseando-se nos

testes estatísticos, ou seja, a utilização de indicadores para medir o

desempenho da área de suprimentos não está totalmente relacionada com o

porte, à nacionalidade do capital social e a posição hierárquica desta área nas

organizações estudadas. (BARROS, 2010, p.25)

As pesquisas de Libonati (2002) e Barros (2010), demonstram que algumas variáveis utilizadas

na decisão de compras nas organizações, podem gerar indicadores relacionados ao desempenho

desta área, tais como a qualidade do produto adquirido, a quantidade comprada e sua relação

com os custos de manutenção de estoques, o timing exigido para processas as requisição de

compras em tempo hábil para que não ocorram paralisações na linha de produção, os preços

pagos em relação ao orçamento, custos totais de aquisição, dentre outras.

2.6 Variáveis determinantes de Compras

A pesquisa em torno do comportamento de Compras nas organizações realizada por Wind e

Webster (1972), revela a importância da identificação das variáveis que afetam as decisões de

compra de bens e serviços, bem como a necessidade de se estabelecer uma estrutura para

analisar e interpretar tais variáveis.

Corroborando com os autores supracitados, Santos e Ponte (1998, p.6) defendem que o impacto

da decisão leva em consideração “as variáveis relevantes para a avaliação de cada alternativa,

visando à escolha daquela que melhor atenda aos objetivos da empresa”. Os autores reforçam:

Os modelos de decisão permitem que as consequências das várias alternativas

sejam avaliadas antes de tomar a decisão, possibilitando ao decisor escolher

aquela que apresente os melhores resultados. Constituem, assim, um

procedimento estruturado, no qual as diversas variáveis que impactam a

decisão podem ser organizadas e examinadas de modo sistemático e

consistente. (SANTOS; PONTE, 1998, p. 6)

73

Segundo Fernandes (1998), modelos de decisão são compostos por variáveis pré-determinadas,

tais variáveis devem ser relevantes para análise e elaboração prévia de possíveis alternativas, ou

seja, devem ser específicas o suficiente para serem consideradas pelo gestor no momento de sua

tomada de decisão, pelo fato de influenciaram estas decisões e impactarem no resultado de cada

evento.

De acordo com Chaves (2002), em se tratando da atividade de compras nas organizações, a

elaboração de alternativas só é possível com base na análise de determinadas Variáveis de

Decisão (neste estudo representadas pelas variáveis determinantes de compras). De acordo com

Almeida (1996), tais Variáveis de Decisão podem ser explicadas como as condições específicas,

envolvidas na ação de adquirir determinado produto ou contratação de serviço, que estão sob o

domínio do gestor ou que pelo menos ele tenha influência e responsabilidade nas suas

consequências e são utilizadas para subsidiar o processo de tomada de decisão de compras.

Variáveis externas e não controláveis, tais como às utilizadas na análise Swot (ambientais,

culturais/sociais, demográficas, econômicas, jurídicas/politicas, psicológicas e tecnológicas),

não são alvo deste estudo.

Conforme Garcia (2003), a definição das Variáveis de Decisão devem considerar a realidade

operacional da organização, integrando um modelo específico capaz fornecer subsídios

suficientes para auxiliar o gestor na escolha da alternativa que otimiza os resultados, ou

possibilitam vislumbrar o resultado mais próximo da realidade, dando-lhe condições de decidir,

criteriosamente, qual a alternativa mais adequada para a empresa naquele espaço temporal.

Desta forma, o rol de variáveis que compõem um modelo específico de decisão podem variar

conforme o tipo de organização pesquisada; setor de atuação; nível de desenvolvimento da

Função Compras na organização pesquisa; objetivos, estratégias e políticas da organização.

É importante salientar que as variáveis envolvidas no processo de decisão de compra nas

organizações não devem ser analisadas isoladamente, tendo em vista que determinada

variável pode impactar diretamente outra variável de compra qualquer. A afirmação de

Ballou (2006, p. 359), a respeito das quantidades e momentos dos pedidos, exemplifica

claramente esta situação, “As quantidades de cada compra e seu momento afetam os preços a

serem pagos, os custos de transporte e de manutenção de estoques”. Somente nesta afirmativa

é possível constatar cinco diferentes variáveis envolvidas no processo de decisão de compras:

quantidade, tempo, preço, custo de transporte (frete) e nível de estoque.

74

Prazos de entrega, valor de frete, tipo de produto, condições de pagamento e desconto,

negociação, qualidade correta, preço-custo são citados por Dias (2005) como variáveis

importantes a serem analisadas no processo de compra. Chaves (2002), considerando a

realidade do setor supermercadista, aponta algumas variáveis que impactam na decisão de

compra: frequência, volume de compras, natureza da demanda do produto, preço dos produtos,

tipo dos produtos, estoque, distribuição dos produtos, fornecedores, organização de compras,

estilo do comprador, sistema de informações, prazo de pagamento, qualidade, mix de produtos,

frete e seguro, impostos, validade dos produtos.

Atenção especial deve ser dada ao estudo das variáveis preconizadas na literatura especializada,

tendo em vista que as mesmas podem estar contidas em afirmações como a proferida por

Gaither e Frazier (2005, p. 432) a respeito da missão dos departamentos de compras:

A missão do departamento de compras é perceber as prioridades

competitivas necessárias para cada produto/serviço importante (baixos

custos de produção, entregas rápidas e no tempo certo, produtos/serviços de

alta qualidade e flexibilidade) e desenvolver planos de compra para cada

produto/serviço importante que sejam coerentes com as estratégias de

operações.

A análise da afirmação dos autores permite identificar variáveis que podem afetar as compras

organizacionais, tais como: custo total de compra, tempo, qualidade e flexibilidade dos

fornecedores.

Para Baily et al. (2000), seis variáveis críticas devem ser consideradas antes da seleção de

fornecedores e sua administração. A observância destas variáveis poderá evitar ineficiências no

processo produtivo relacionados ao suprimento de materiais, além de minimizar os riscos

durante o processo de decisão em compra. São elas: qualidade, quantidade correta, tempo, fonte

de suprimento, preço e processo de negociação.

As variáveis apresentadas a seguir foram selecionadas a partir da literatura utilizada neste

estudo, desta forma não há caráter impositivo ou intensão de esgotar o tema.

2.6.1 Qualidade

A qualidade pode ser vista com vários significados e conotações. Para Compras, a qualidade

“[...] pode ser apropriadamente definida ou especificada como o conjunto amplo de

75

características de um produto ou serviço relevantes para atender às exigências” (BAILY et al.,

2000, p. 118). Neste sentido, qualidade pode ser vista como função preventiva que visa

antecipar-se para que não haja defeitos no momento da entrega do produto ou serviço (DIAS;

COSTA, 2012).

Para Baily et al. (2000, p. 118), “A qualidade para determinada aplicação pode ser muito baixa

ou muito alta”. Desta forma, a qualidade na área de Compras está ligada a duas abordagens para

a especificação do item a ser comprado:

a) especificação de desempenho: indicar claramente o propósito, função, aplicação e

desempenho esperados do material ou serviço comprado. Especificar

detalhadamente permite maior concorrência e possibilita novas maneiras do

fornecedor atender às exigências do cliente;

b) especificação de conformidade: são especificações em que a organização

compradora deixa bem claro o que deve ser atendido. A especificação é do produto,

não da aplicação. Como exemplo, temos a compra de um produto químico

específico a ser aplicado em determinado processo produtivo.

A padronização é uma alternativa viável para obtenção/manutenção da qualidade. Trata-se da

formulação e adoção sistemática de padrões, geralmente acompanhada por redução nas opções

de: número de itens usados, estocados, comprados ou fabricados. Não se recomenda padronizar

tomando como base o menor preço, tendo em vista que “O objetivo da padronização não é

selecionar a versão mais barata ou a mais cara, mas a qualidade certa para atender à

necessidade” (BAILY et al., 2000, p. 128).

Lambert, Stock e Vantine (1999) defendem que o nível da qualidade deve ser especificado de

diversas maneiras, tais como: padrões especiais; especificações de design; projetos de

engenharia; especificações de desempenho, de funções, adequação de materiais e métodos de

fabricação; marcas comerciais; amostras; e graduações de mercados. Por sua vez, Dias e Costa

(2012) apontam alguns fatores relacionados à qualidade dos produtos, tais como: desempenho,

características, confiabilidade, durabilidade, conformidade e serviço.

76

2.6.2 Quantidade correta

A definição da quantidade correta de compras deve considerar o planejamento e controle de

estoque, bem como o planejamento e controle da produção. Algumas políticas de pedidos

impactam na quantidade a ser solicitada aos fornecedores, bem como podem proporcionar a

redução de custos globais. Para Baily et al. (2000), estas políticas, aplicadas à área de Compras,

podem alterar as quantidades a serem compradas. Geralmente incluem:

a) pedidos em aberto que agrupam vários pequenos itens;

b) condições de fazer pedidos reservas com contratação da capacidade de produção

de um fornecedor;

c) contratos para fornecimentos periódicos. Podem envolver datas de entrega,

quantidades totais estimadas por período e o preço;

d) contratos spot e contratos futuros;

e) sistema de liberdade de compras e sistemas de reposição automática;

f) lote econômico.

Especificamente, em relação ao controle dos níveis de estoque, temos algumas formas de

determinar a quantidade a ser comprada, tais como: lote econômico de compra, giro de estoque,

nível de serviço, quebras de preços e descontos por quantidade. Ao privilegiar as necessidades

de produção, a quantidade de itens a serem pedidos pode ser gerenciada por meio de

ferramentas como o MRP (Materials Requirements Planning - sistema-padrão para calcular as

quantidades de componentes, submontagem e materiais para execução de um programa de

fabricação de produtos); e o sistema Just in Time que foca na eliminação do desperdício na

produção em conjunto com planejamento das compras.

2.6.3 Tempo

O tempo está relacionado à necessidade de minimizar o desperdício na cadeia de suprimentos,

ocasionados por atrasos nas entregas dos produtos adquiridos e evitar compras em contingência.

Baily et al. (2000) associam o tempo à vantagem competitiva tendo em vista que o sucesso das

empresas está ligado a capacidade de reagir de imediato e rigorosamente às necessidades do

mercado. “O reconhecimento do “tempo” como variável chave e a necessidade de minimizar

seu desperdício na cadeia de suprimentos têm aumentado o grau de preocupação da empresa em

anos recentes” (BAILY et al., 2000, p. 161). Dias e Costa (2012) defendem que todos devem

77

ficar atentos a qualquer tipo de ocorrência que possa prejudicar os prazos de entregas. Ideias

como responsividade, compressão de tempo e momento de vender corretamente ganham

prioridade nas estratégias gerenciais das organizações.

Dias e Costa (2012, p. 173) exemplificam a importância do prazo de entrega:

[...] se a empresa compradora necessita do material para o dia 15, não há por

que ele chegar no dia 11, pois, dessa forma, o prazo de pagamento começa a

correr com quatro dias de antecedência. À primeira vista, essa ação pode

parecer insignificante, mas, se tal fato incidir sobre grande parte das milhares

aquisições realizadas pelo departamento de compras, anualmente, o valor

desperdiçado será de grande ordem.

Ainda para Dias e Costa (2012), a administração do tempo de entrega no processo de compras

pode ser exercida com maior eficácia, sem esgotar o tema, se os departamentos usuário tiverem

a compreensão do processo de compras, se o acompanhamento dos pedidos for devidamente

realizado junto aos fornecedores e se alguns pontos puderem ser assegurados, tais como:

1) conhecimento e acordo em torno dos lead times;

2) trabalho em conjunto entre comprador e vendedor;

3) compartilhamento de informações entre comprador e vendedor;

4) não ocorrer reprogramação frequentes de pedidos já realizados;

5) evitar intervenções desnecessárias;

6) chegar a capacidade produtiva e condições de entrega dos fornecedores antes de fechar o

contrato;

7) especificações devem ser claras, compreendidas e de acordo com a capacidade técnica

do fornecedor;

8) não alterar especificações com frequência;

9) especificar corretamente as condições de entrega;

10) a situação real de fornecimento deve ser esclarecida pelo vendedor.

2.6.4 Fonte de suprimentos

Para Baily et al. (2000), a seleção correta das fontes de suprimentos figura entre as decisões de

Compras mais difíceis e importantes, tendo em vista que as necessidades de compra das

organizações devem ser atendidas em sua plenitude.

78

[...] o suprimento envolve muito mais do que simplesmente escolher

isoladamente um fornecedor ou contratado para cada exigência. Envolve

relacionamentos contínuos com fontes preferenciais que estejam realmente

fornecendo bens e serviços e com fontes potenciais que possam ter sido

evitadas no presente, mas que ainda não foram descartadas. Envolve decisões

sobre como alocar os negócios disponíveis e em que condições eles devem ser

feitos. (BAILY et al., 2000, p. 181)

A escolha de uma fonte de suprimentos confiável envolve os atributos de um bom fornecedor,

quantidade de fornecedores, históricos de fornecimento, parcerias, conhecimento do mercado.

Slack et al. (2009) reforçam o pensamento de Baily et al. (2000) ao defenderem que a escolha

de fornecedores adequados deve considerar a negociação de atributos alternativos (Trade-offs),

como a reputação, prazo de entrega, confiabilidade, capacidade financeiras, atendimento, dentre

outros. Chaves (2002) aponta a reputação, a localização, os serviços, a disponibilidade,

experiência e flexibilidade como alguns dos fatores a serem considerados na escolha adequada

de um fornecedor.

O desenvolvimento de fornecedores, a qualificação dos mesmos, a seleção de fornecedores

adequados, a solicitação de propostas e, por fim, a avaliação das propostas e escolha das fontes

de suprimentos compõem o escopo básico da determinação e manutenção das fontes de

suprimento.

A fonte de suprimentos é tão importante para a atividade de compras que, para Gaither e Frazier

(2005), o escopo das responsabilidades dos gerentes de compras deve conter: i) manter um

banco de dados de fornecedores; ii) selecionar fornecedores para suprir cada material, iii)

negociar contratos de suprimentos com fornecedores, e por fim, iv) agir como intermediário

entre a empresa e seus fornecedores.

Em uma Função Compras mais desenvolvida nas organizações (nível estratégico) existe

tendência de trabalhar com menor número de fornecedores, entretanto a escolha de uma ou mais

fontes de suprimentos deve ser criteriosamente analisada, tendo em vista que cada organização

está imersa em uma realidade particular (CAPS, 2011; BARNEY, 2012; BJÖRKLUND, 2012).

A abordagem de fonte única de suprimentos pode trazer algumas vantagens, entretanto nem

sempre é a decisão mais prudente a ser tomada. Algumas considerações devem ser feitas antes

de se optar por uma ou mais fontes de suprimentos: Qual o efeito sobre o preço unitário do item

a ser comprado? Qual o efeito sobre a segurança dos suprimentos? Qual o efeito sobre a

motivação, disposição, inovação de design do fornecedor? Qual será o efeito sobre a estrutura

de mercado?

79

2.6.5 Preço

Concorrência, valor percebido pelos clientes e custo de produção são fatores que afetam as

decisões de preço. A busca pelo menor preço é uma realidade nos departamentos de Compras,

logo, tais fatores, atrelados à análise das demais variáveis chaves de compras pode significar a

redução nos custos de aquisição. “Provavelmente, o preço de compra é o fator mais

frequentemente associado às responsabilidades de compras”. (BAILY et al., 2000, p.23). Deve-

se ficar atento para que o menor preço não acarrete problemas de tal modo que torne o custo

total da aquisição muito elevado.

O comprador organizacional deve considerar a influência da relação oferta e demanda na

determinação do preço de equilíbrio/mercado, ou seja, qual preço em que a oferta se iguala a

demanda e, consequentemente, determinará o que será ou não produzido e disponibilizado no

mercado. A decisão de produzir ou não determinado item poderá afetar consideravelmente os

preços, bem como impactar negativamente a estrutura de custos da organização compradora. O

ciclo de vida dos produtos deve ser observado, tendo em vista que os preços podem sofrer

variação conforme o estágio em que o produto se encontra (desenvolvimento, introdução,

crescimento, saturação, declínio).

Segundo Baily et al. (2000), para muitos compradores, a formação de parcerias com

fornecedores trata-se de um fator capaz de eliminar custos desnecessários da cadeia de

suprimentos, consequentemente reduzindo o preço dos itens a serem adquiridos. Alguns meios

podem ser adotados para redução dos custos desnecessários, tais como:

a) redução do número de fornecedores da cadeia de suprimentos;

b) desenvolvimento conjunto de novos produtos;

c) trabalho com fornecedores responsivos;

d) uso de bancos de dados integrados;

e) orientação de fornecedores-chave.

[...] a parceria de suprimentos correta e o trabalho em conjunto com os

fornecedores durante determinado período de tempo proporcionam redução de

preços pela eliminação de custos e de práticas ineficientes que não agregam

valor para o cliente. (BAILY et al., 2000, p. 216)

Muito comum em atividades industriais está a determinação do preço em decorrência do custo

de produção. O preço Mark-up obtido através do acréscimo de uma porcentagem sobre o custo

80

de compra ou produção para chegar ao preço de venda; o preço-alvo determinado sobre uma

porcentagem de retorno desejado sobre um investimento; e as possibilidades de tratamento do

custo de produção são fatores que devem ser considerados pelos compradores em uma

negociação de compra.

Preço pelo valor percebido dos clientes também deve ser considerado. “O preço de valor

percebido está baseado na percepção do cliente sobre o valor relativo e não do custo. [...]

clientes diferentes tem ordens de prioridade diferentes e alguns estão dispostos a pagar mais do

que outros por determinado produto” (BAILY et al., 2000, p. 222). Confiabilidade,

durabilidade, bons serviços, pronta entrega são alguns dos fatores que podem ser interpretados

com vantagem para alguns clientes, o que pode impactar no preço de venda de determinado

produto, consequentemente afetar diretamente as compras organizacionais.

Outro fator importante a se considerar na determinação de preço está no índice que mede a

sensibilidade às mudanças de preço, ou seja, elasticidade preço. Este índice reflete a extensão

pela qual as mudanças de preço afetam a quantidade vendida. Pode ser obtido ao se dividir a

variação da quantidade vendida, pela mudança do preço, ambas em porcentagem.

Os impostos também devem ser considerados para análise do preço de venda. Os compradores

nas organizações devem considerar o impacto dos impostos em seu processo de compra, de

forma a beneficiar a empresa com incentivos previstos na legislação. Ribeiro (2002, p.67)

afirma que “Devem ser excluídos dos valores dos materiais adquiridos os valores dos

impostos que forem recuperáveis por ocasião da venda dos produtos fabricados com esses

materiais”. Todavia devem compor o custo de aquisição os valores dos impostos e taxas que

incidirem sobre as compras dos materiais, cujos tais impostos e taxas não sejam recuperáveis no

momento da venda dos produtos com eles fabricados. O enquadramento fiscal das empresas

fornecedoras e compradoras, atrelado ao tipo de produto que esta sendo comprado, devem ser

observados com vistas a aproveitar ao máximo os benefícios fiscais que possam existir,

principalmente no que se refere a compensação de impostos.

Por fim, ainda discutindo a variável preço dentro do processo de decisão em compras, Baily et

al. (2000) esclarecem que qualquer tentativa de evidenciar e descrever os descontos estaria

sujeita a erros. Entretanto, para os autores, as principais categorias são:

1) prazo de pagamento: à vista, à vista em cheque, prazo menores;

81

2) quantidade: quantidade de produtos, valor ou quantidade acumulada em determinado

período;

3) tipo de cliente: revendedor, produtor/montador, cliente preferencial;

4) especiais: sazonais, promocionais e liquidação.

Atenção especial deve ser dispensada aos preços de compra de commodities. Ocorrem grandes

flutuações de preços neste mercado, o que representa real desafio para os compradores que

necessitam de grandes quantidades de commodities, principalmente no que tange a estipulação

das frequências de compras de determinados itens. Em certas empresas metalúrgicas, uma das

principais commodities trata-se do alumínio, que tem sua produção controlada por poucas

empresas (Alcan, Kaiser, Reynolds e Alcoa) conforme apontam Baily et al. (2000).

2.6.6 Negociação

Trata-se de uma competência chave para o executivo de Compras. Envolve relacionamentos

com fontes de suprimentos, intermediação de conflitos de interesse corporativos e pessoais,

obtenção de vantagem competitiva. Impacta diretamente nos resultados das aquisições nas

corporações. Para Junior (2011, p. 17):

A negociação pode ser definida, portanto, como um processo através do qual

os grupos ou as pessoas envolvidas, com o objetivo de construir uma relação

duradoura, se deslocam de suas posições originais no sentido de alcançar a

satisfação percebida de suas mútuas necessidades.

Neste sentido, as negociações, para Baily et al. (2000, p. 237):

[...] não estão necessariamente confinadas ao relacionamento comprador-

vendedor; muitas negociações de compras ocorrem em base intra-

organizacional, envolvendo a conciliação das visões de funcionários e colegas

dos fornecedores.

Ainda conforme o autor supra citado, o processo de negociação apresenta algumas alternativas

para se chegar a um acordo:

a) persuasão: estimular o outro lado a aceitar os méritos de uma situação específica sem

fazer nenhuma concessão;

b) aceitação: concordar totalmente com o que o outro lado oferece;

82

c) coerção: insistir que o outro lado atenda suas demandas caso contrário incorrerá em

algum tipo de prejuízo;

d) solução de problema: remover a diferença, de forma que não haja necessidade de

negociação.

Junior (2011) ainda considera pertinente conceituar negociação, sem esgotar o tema e muito

menos divulgar a excelência do seu modelo sobre outros, como processo composto de três

fases:

a) preparatória: quanto a informação é analisada, os objetivos estabelecidos e as estratégias

desenvolvidas;

b) reunião: envolve o processo de discussão, coleta e análise de informações;

c) implementação do acordo entre as partes e entre as organizações.

Além de considerarem os assuntos corporativos e os assuntos humanos envolvidos no processo,

os compradores necessitam de habilidades de negociação, “[...] precisam estar conscientes das

muitas variáveis que podem estar presentes em uma negociação” BAILY et al. (2000, p.243).

Como sugestão, devem: planejar bem, saber ouvir e agir sob pressão, observar e saber conhecer

bem as pessoas, saber lidar com a confrontação, ter julgamento sólido sobre o negócio, evitar

excessos, ter comprometimento e ideias criativas, saber lidar com riscos, habilidade para

responder perguntas, aspirações elevadas, saber lidar com o tempo.

O quadro 18 apresenta algumas sugestões práticas apresentadas por Baily et al. (2000) e Dias e

Costa (2012) à serem utilizadas em um processo de negociação.

Quadro 18 - Sugestões para um processo de negociação

Baily et al. (2000) Dias e Costa (2012)

Troque sempre algo por algo. Esteja bem preparado.

Discipline a outra parte colocando preço para suas

exigências.

Saiba ouvir.

Não minta, mas não há necessidade de revelar assuntos

que lhe deixará em posição de desvantagem.

Faça concessões com calma e não prometa o que não

pode ser cumprido.

Evite aceitar a primeira oferta. Não aceite a primeira oferta.

Teste suposições. Importe-se com a satisfação do vendedor.

Não mude o preço, mude o acordo. Diferenças pessoais não podem interferir na negociação.

Valorize cada item em negociação. Evite apresentar a primeira oferta.

Identifique seus objetivos estratégicos. Identifique a real causa do problema.

Anote os detalhes da negociação e peça aprovação da

outra parte.

Desenvolva alternativas durante a negociação,

utilizando o tempo a seu favor.

Utilize limites como forma de pressão.

Coloque-se no lugar da outra parte.

Não se atenha às fraquezas da outra parte.

Cuidado com relacionamentos afetivos com o vendedor.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Baily et al. (2000) e Dias e Costa (2012)

83

Em relação à Baily et al. (2000), Dias e Costa (2012) traz importante contribuição ao alertar

para não deixar que diferenças pessoais e relacionamentos afetivos entre comprador e vendedor

interfira na negociação.

2.6.7 Custo total de aquisição

Trata-se do “[...] total que você realmente paga pelos bens e serviços, incluindo coisas como

ferramentaria, impostos alfandegários, estocagem, inspeção, conserto ou retificação e assim por

diante. [...] assim que os materiais são adquiridos, eles podem agregar custos adicionais durante

seu uso” (BAILY et al., 2000, p.24).

Os preços são afetados pelos custos, desta forma os compradores devem trabalhar no sentido de

erradicar custos desnecessários decorrentes, por exemplo, de especificações incorretas e

excessivas, embalagens desnecessárias, custos com transportes. O preço, na maioria das

aquisições, é o custo mais evidente, entretanto pode estar acompanhado de vários outros “[...]

custos ocultos que devem ser considerados no processo de tomada de decisão” (BAILY et al.,

2000, p.24). Tais custos ocultos podem ser: entrega, apoio, negligência no trabalho, bens

consumíveis, treinamento, custos de estoque, atrasos, inspeção, custos de manipulação, etc.

Lambert, Stock e Vantine (1999), já à época, apontavam o preço de compra como apenas um

elemento do custo total.

Bowersox, Closs e Cooper (2006, p.125) chamam atenção para o Custo Total de Propriedade

(TCO – Total Cost of Ownership): “Profissionais de compras reconhecem que, apesar do preço

de compra de um material ou item continuar sendo muito importante, é apenas uma parte da

equação de custo total em suas organizações”.

2.6.8 Especificações de compra

A Função Compras tem grande responsabilidade em encontrar a especificação ótima, ou seja,

contribuir para que as especificações de compra possibilitem à aquisição de serviços, materiais

ou componentes que sejam econômicos para se comprar. Para Dias e Costa (2012), a Função

Compras deve analisar os objetivos das diversas áreas solicitantes de forma a não perder

oportunidades de contribuir para o processo, muito menos trazer qualquer tipo de prejuízo para

a organização por não avaliar adequadamente o que os demais setores estão solicitando em suas

requisições de compra.

84

[...] caberá ao departamento de compras fazer criteriosa análise com relação

aos dados fornecidos, por ser essencial a sua correta elaboração, como forma

de não causar dúvidas quanto ao desejado pelos solicitantes, relativamente a

especificações, prazos, quantidades e demais detalhes necessários à compra.

(DIAS; COSTA, 2012, p. 62)

O tipo de produto ou serviço a ser adquirido deve ser considerado, tendo em vista que impactará

diretamente no preenchimento das requisições de compras, sejam elas eletrônicas ou não.

Gaither e Frazier (2005) defendem que as requisições de compra se originam com os

departamentos que usarão os materiais. As requisições geralmente incluem uma identificação

daquilo que deve ser comprado, a quantidade a ser comprada, a data ou programa de entrega

solicitado, de quem o custo da compra deve ser cobrado, onde os produtos ou serviços

comprados devem ser entregues, e a aprovação do gerente que possui autoridade para aprovar a

compra.

Dias e Costa (2012) evidenciam os dados mínimos necessários que devem constar em uma

requisição de compras:

a) identificação da área solicitante;

b) identificação numérica ou alfanumérica da requisição;

c) quantidade a ser adquirida;

d) prazo desejado para entrega do material;

e) unidade de aquisição (metro, litro, barra, dúzia, cento, kg, etc.);

f) código do material (próprio ou do fabricante);

g) descrição detalhada do material;

h) data da requisição;

i) unidade orçamentária ou centro de custo;

j) estimativa de custo;

k) aplicação ou destinação do material;

l) identificação do responsável pela requisição.

Especificações incorretas levam os compradores a perder muito tempo interpretando e

realizando correções. As principais falhas na elaboração das especificações de compras, na

visão de Dias e Costa (2012), são: descrição incompleta do material, fornecimento de códigos

errados de materiais e erro nas unidades ou padrões de medida.

85

2.6.9 Organização de Compras

A estrutura de Compras em uma organização está relacionada com a interação de Compras com

as demais áreas da empresa. Baily et al. (2000, p.70-71) afirmam:

Para se determinar qual a estrutura mais apropriada em uma situação

específica, é essencial ter em mente o ponto sugerido de que uma estrutura

organizacional de aplicação geral não existe. Em vários aspectos cada empresa

é diferente de outra. Assim, vários fatores precisam ser levados em

consideração ao se examinar um caso específico. Por exemplo, o tamanho da

organização, o tipo de mercado a que ela atende, a tecnologia e os processos

envolvidos, o tipo de pessoas empregadas, a volatilidade dos mercados em que

ela opera e sua idade.

A definição das alternativas de Compras (descentralizar totalmente as compras; centralização

total das compras em um único escritório; uma combinação das duas) deve considerar o

alinhamento no nível estratégico entre os objetivos e metas do setor de Compras e da

organização como um todo.

Para se montar uma área de compras em uma empresa, primeiro devem ser

fixados os objetivos e direcionar as ações para alcançá-los, esses devem estar

de acordo com os da empresa. Depois, deve se estabelecer o tipo de

organização de compras que mais atende as necessidades da empresa.

(CHAVES, 2002, p.129)

Baily et al. (2000), Gonçalves (2010), Pozo (2010), Dias e Costa (2012), consideram

imprescindível adotar um fluxo básico de compra como forma de realizar as aquisições de bens

e contratação de serviços conforme os padrões esperados.

2.6.10 Restrições financeiras

Antes da realização de qualquer compra, deve-se observar a existência de restrições financeiras

que possam impedir a aquisição. Conforme aponta Dias e Costa (2012), caso haja alguma

restrição financeira, o setor de Compras, no que se refere à necessidade de materiais, deve agir

de forma proativa, direcionando recursos e buscando apoio interno para que não ocorra o

desabastecimento de itens essenciais na linha de produção. Mesmo com orçamento de compras

baseado nos orçamentos de vendas e de produção, canais de comunicação para troca de

informações e mecanismos de controles devem ser estabelecidos no intuito de não prejudicar as

negociações com fornecedores. Compradores devem ficar atentos com relação às condições de

86

pagamento de forma a evitar falta de fluxo de caixa e consequentemente futuras restrições

financeiras decorrentes de protestos de títulos não quitados.

2.6.11 Timing

O timing em compras está relacionado à agilidade do setor de Compras em atender as

necessidades de suprimentos da organização em tempo hábil, bem como aproveitar as

oportunidades de mercado. Timing em Compras impacta diretamente o fluxo de caixa das

organizações conforme defende Baily et al. (2000, p.418) “O timing das compras é vital para a

Administração de caixa, que precisa controlar o dinheiro exigido durante cada período”. A

mensuração de desempenho com relação ao timing em compras está atrelada a algumas

medidas, dentre elas: desempenho de entrega do fornecedor em relação ao prometido; tempo

exigido para processar as requisições; tempo empregado com ação remediadora.

2.6.12 Tipo de produto a ser comprado

De acordo com Baily et al. (2000, p.445), “O envolvimento da função compras no suprimento e

em outras decisões parece depender do tipo de produto ou serviço envolvido”.

Deve-se avaliar o tipo de produto a ser comprado considerando suas características de

suprimento de gargalo, suprimento rotineiro, suprimento de alavancagem ou suprimento crítico.

Cada tipo de suprimento, principalmente na montagem de produtos para transmissão de energia

elétrica em redes de alta tensão, deve ser cuidadosamente analisado não só em sua curva ABC

(princípio de Pareto) de custo de aquisição, mas também considerando a posição de cada item a

ser comprado dentro da matriz XYZ1 de posicionamento de materiais apresentada por Dias e

Costa (2012).

Na visão de Arnold (2012), são quatro os tipos principais de produtos que devem ser

considerados em uma negociação de compras:

1 Classificação XYZ tem como critério a criticalidade ou imprescindibilidade do material no desempenho das

atividades realizadas. Itens classificados com “Z” possuem máxima criticalidade, sendo imprescindíveis para a

organização. Os itens classificado como “Y” apresentam grau de criticalidade médio ou intermediário entre os

imprescindíveis e os de baixa criticalidade. Classe “X”, são os materiais que sua falta não acarreta em paralisações,

nem riscos à segurança pessoal, ambiental e patrimonial. (LOURENÇO E CASTILHO, 2007; DIAS E COSTA,

2012)

87

a) as commodities tais como o carvão, trigo, cobre, metais ferrosos e não ferrosos;

b) produtos com padronização, que devido as suas características, são ofertados por

diversas fontes de suprimentos e com pouca margem de negociação para compras em

pequenas quantidades;

c) produtos de pequeno valor que não demanda grande esforço de negociação de preços.

Busca-se manter os preços em nível baixo e estabelecer contratos de fornecimento;

d) materiais específicos feitos sob medida engloba itens que são produzidos mediante

determinadas especificações.

De acordo Ballou (2006), diferente dos produtos de consumo que estão dirigidos

especificamente aos usuários finais, os produtos industriais são dirigidos para indivíduos ou

organizações que os utilizam na elaboração de outros bens. Desta forma, o setor de Compras

deve manter atenção nos tipos de produtos que estão sendo comprados já que as oscilações no

mercado tanto de preço, escassez, frete, embalagem, sazonalidade, podem comprometer seu

planejamento.

2.6.13 Frete

A decisão de compra deve considerar o custo de frete nas aquisições realizadas. Empresas que

possuem frota própria devem considerar a possibilidade de realizar o transporte das mercadorias

compradas pela organização como forma de redução do custo total de aquisição. Para Dias e

Costa (2012, p. 174), “[...] antes de qualquer decisão, deverão ser apurados os custos do

transporte próprio e comparados aos do fornecedor”.

Slack et al. (2009) consideram os custos de transportes uma importante variável a ser analisada

na decisão de compra, tendo em vista que neles estão inclusos os preços de combustível e outros

custos de movimentar os produtos ou serviços de sua origem até seu destino. Em operações de

compra global, por exemplo, o frete pode ser a principal variável determinante no processo de

decisão de compra.

Para Ballou (2006), “O transporte normalmente representa o elemento mais importante em

termos de custos logísticos para inúmeras empresas”. Nesta perspectiva, o setor de Compras nas

organizações devem buscar por transportes com menor custo possível como forma de contribuir

diretamente para redução dos preços dos produtos finais. Cinco modalidades de transporte

oferecem serviços diretos aos usuários, são eles: ferroviário, rodoviário, aéreo, aquaviário e

88

dutoviário. Cada modalidade incorre em custos de frete específicos, também considerando o

tipo e quantidade de carga a ser transportada.

Para Reis (2001), a rapidez, disponibilidade, confiabilidade, capacidade e frequência são alguns

dos fatores que devem ser considerados para selecionar o meio de transporte e,

consequentemente, impactam no custo do frete.

2.6.14 Assistência Técnica e treinamentos

Para Borgmann (2002), a utilização da assistência técnica como forma de manter relações

firmes e duradouras com seus clientes mostra-se uma estratégia comum entre empresas

fornecedoras. Urdan e Zuñiga (2001) apontam em seu estudo a importância da assistência

técnica para o sucesso das estratégias de fidelização e lealdade à marca na indústria

automobilística brasileira. Sendo assim, a assistência técnica e treinamento podem agregar

valor ao bem quando o comprador leva em consideração, além do desempenho técnico, o

suporte de assistência técnica (como manutenção, garantia e peças de reposição) nas compras

a serem realizadas.

Marques (2006) aponta que, principalmente para empresas do ramo tecnológico, a excelência

nos serviços de assistência técnica e treinamento podem representar um diferencial

competitivo importante para empresa vendedora, em especial no que se refere à fidelização de

clientes. Por sua vez, empresas compradoras analisam a oferta de assistência técnica e

treinamento como meio de precaução frente a futuras necessidades de manutenção e reparos

em aparelhos, bem como necessidade de treinamentos e cursos de aperfeiçoamento referentes

a algum tipo de conhecimento necessário à sua atividade produtiva.

Conforme Dias e Costa (2012), em determinado tipo de compra, a assistência técnica, garantia e

até mesmo treinamentos podem ser variáveis determinantes na decisão de compras nas

organizações. Para os autores, os compradores devem, sempre que possível, negociar a extensão

dos prazos de garantia, exigir assistência técnica em loco e treinamentos que forem necessários.

Todo esforço deve ser feito para que a empresa compradora não sofra impactos negativos

derivados de produtos que apresentem irregularidades de funcionamento ou mesmo serviços

que necessitem constante atualização de conhecimentos.

89

2.6.15 Prazo de pagamento

Negociar adequadamente o prazo de pagamento das mercadorias adquiridas pode representar o

sucesso para a administração do fluxo de caixa da organização. Dias e Costa (2012, p. 173)

afirmam “Trata-se, no entanto, de um procedimento capaz, inclusive, de alterar o próprio fluxo

financeiro da organização”.

Baily et al. (2000) descrevem que a variável prazo de pagamento está atrelada, dentre outras

variáveis, ao preço. Os prazos de pagamento são de suma importância para equilibrar o fluxo de

caixa das organizações. Não basta apenas comprar produtos de qualidade, com menor preço e

prazos de entregas adequados se não há níveis de caixa que suportem os prazos de pagamentos

estabelecidos nas negociações de compra.

Chaves (2002) aponta três condições para a definição da variável prazo de pagamento em uma

operação de compra:

1) disponibilidade do capital de giro: o nível de caixa da organização será determinante

para negociar os prazos de pagamento juntos aos fornecedores, sob pena de impactar

negativamente a estrutura financeira da empresa;

2) o valor a prazo deve ser trazido ao valor presente para comparação com preço à vista

tendo como base uma determinada taxa de aplicação;

3) capacidade de negociação tendo em vista o volume a ser negociado.

2.6.16 Validade dos produtos

A validade dos itens comprados também deve ser observada conforme afirma Chaves (2002,

p.144) “Os produtos possuem um período de duração, no qual suas características e a qualidade

permanecem inalteradas. Esse período é denominado validade e tem como início a data da

produção e um determinado período contado a partir dessa data”. Filho (2007) complementa:

Uma matéria quando exposta, está sujeita à ação de agentes externos como

luz, calor e umidade, e quando esta se trata de um composto compreendido

por dois ou mais componentes, somam-se a estes agentes externos, as

interações químicas entre estes próprios componentes, que possibilitam

transformações químicas que vão desde aquelas nitidamente visíveis, até

aquelas transformações que mesmo sem percepção visual acarretam no

comprometimento de algumas de suas características originais. (FILHO,

2007, p. 19)

90

Trata-se de uma variável de simples observação, entretanto altamente restritiva a determinadas

situações de compras. A não observação dessa variável pode trazer grandes prejuízos

financeiros para as organizações, principalmente no que diz respeito à qualidade dos produtos

derivados de matérias primas com prazo de validade ultrapassado.

2.6.17 Níveis de estoque

Slack et al. (2009) definem estoque como acumulação armazenada de recursos materiais em um

sistema de transformação. Ballou (2006, p. 272) trabalha com uma definição mais completa

para estoque: “Estoques são acumulações de matérias-primas, suprimentos, componentes,

materiais em processo e produtos acabados que surgem em numerosos pontos do canal de

produção e logística das empresas [...]” Normalmente, o estoque está em lugares como pátios,

galpões, armazéns, chão de fábrica, equipamentos de transporte. Os materiais e produtos que

compõem o estoque são basicamente matéria-prima, material auxiliar, itens de manutenção,

material de escritório, material e peças em processo e produtos acabados. Desta forma, a

quantidade de materiais mantida em estoque está relacionada com os custos associados tanto ao

processo como aos custos de estocagem e frequência de compras.

Ballou (2006) defende que o estoque possui grande influência na Função Compras, assim como

a Função Compras pode afetar profundamente a movimentação e estocagem de mercadorias.

Para Pozo (2010), o controle dos níveis de estoque é vital para o resultado da organização tendo

em vista que desempenham e afetam de maneira bem definida o resultado da empresa.

Baily et al. (2000) e Dias (2005) apontam que o comprador deve considerar tanto a redução de

custos em decorrência da compra ou produção de quantidades ótimas, bem como a necessidade

de adquirir menores quantidades como forma de reduzir o impacto financeiro decorrente dos

custos de estocagem. O comprador deve ficar atento com relação ao valor do capital investido e

juros perdidos decorrentes de alto nível de estoque.

Slack et al. (2009, p. 362) afirmam que na tomada de decisão de quanto comprar, os gerentes

tentam identificar os custos que serão afetados por sua decisão. Desta forma, alguns custos de

manutenção de estoques devem ser considerados, tais como: volume estocado, armazenagem,

manuseio, seguro, depreciação, obsolescência, custos de oportunidade do capital de giro, custos

de falta de estoque, dentre outros.

91

2.7 Compras e Inovação

Carvalho (2009, p.1), ao discutir o termo inovação, observa que “[...] dada a abundância de

artigos e livros disponíveis na literatura, ou devido a ela, as fronteiras desse conceito se tornam

difusas e proliferam as tipologias de inovação”. O interesse crescente das organizações pela

busca de diferentes roteiros gerenciais para identificar a abordagem adequada capaz de

viabilizar projetos de inovação com características distintas, fortalece a proliferação de

diferentes tipologias relacionadas à inovação. Este capítulo objetiva dar o suporte teórico

necessário para a identificação de algum tipo de inovação no processo de compra da Empresa

Alpha que contribua para o aumento de competitividade da empresa. A análise das inúmeras

tipologias de inovação encontradas na literatura não é alvo de estudo neste momento.

Baily et al. (2000), ao discutir o tema inovação inserido no ambiente de Compras das

organizações, defendem que as organizações devem estar preparadas para desenvolver novas

práticas e produtos de maneira rápida e eficaz como forma de se manterem competitivas no

mercado. Nesta perspectiva, melhorias significativas na interface interna entre a Função

Compras e entre outros setores como produção, marketing e finanças deve existir. A redução do

ciclo de vida dos produtos força a Função Compras a trabalhar de forma proativa para que possa

ajudar a dar início a novas ideias e desenvolvimentos. “Os novos produtos não podem ser

desenvolvidos e vendidos rapidamente sem uma função compras proativa” (BAILY et al. 2000,

P.100).

Segundo Gonçalves (2010), muitas empresas mantêm processos antigos em seus modelos de

negócios para produzir materiais, analisar custos, desenvolver estratégias de suprimentos,

selecionar fornecedores e também comprar materiais e serviços. Desta forma, as empresas “[...]

não conseguem se tornar competitivas o que resulta em um processo paralisante em inovação

com sucessivas perdas em competitividade diante de um mercado infiel, volátil e extremamente

exigente [...]” (GONÇALVES, 2010, p. 302). Uma das principais causas para falta de inovação

no processo de compra das organizações está na incapacidade de agir de forma proativa, de

analisar seus processos de aquisição de materiais e serviços e promover significativas reduções

nos custos por meio do aumento da produtividade e da inovação em tecnologia operacional e

melhorias dos processos.

92

“Entre as atividades inovadoras que levam as empresas a se tornarem mais

competitivas é ter em mente que os processos de aquisição de materiais e

serviços assim como a manutenção de um excelente nível de relacionamento

com os fornecedores rigorosamente selecionados são fatores de alavancagem

nos negócios e vetores de crescente aumento da eficiência operacional e

financeira”. (GONÇALVES, 2010, p. 302)

A inovação da Função Compras das organizações passa pela utilização de um processo de

compras otimizado, com suporte da tecnologia da informação, tendo os objetivos, a atuação, o

gerenciamento e o controle das atividades de compras em conformidade com metas e

prioridades da organização. Para isso, há necessidade de um suporte adequado através de uma

estrutura organizacional apropriada em recursos e pessoal qualificado; uso de políticas e

procedimentos relacionados às melhores práticas de compras, principalmente no que diz

respeito à escolha de fornecedores e monitoramento da performance de cada fornecedor; bem

como o processo de negociação. A utilização de ferramentas estratégicas de e-procurement, tais

como solicitação de cotação de preço (RFQ) e Leilão Reverso, integrados a um sistema ERP

pode ser entendido como iniciativa de inovação nos processos de compras de determinadas

organizações.

Para Davila, Espsten e Shelton (2007), a inovação para as organizações, além de ser uma

oportunidade de crescer e sobreviver, também pode influenciar decisivamente os rumos da

indústria em que se insere. Inovação é vista como elemento-chave para a concretização do

crescimento das receitas, bem como aumento dos lucros das organizações, sendo considerada

como fator realmente capaz de garantir o futuro próspero de qualquer empresa. Os autores

defendem que:

“[...] é pela adoção da inovação que qualquer empresa passa a estar em

condições de redefinir os setores em que atua, de criar novas indústrias, e de

conquistar uma liderança que venha a estabelecer as regras da concorrência –

em seu próprio benefício, é lógico”. (DAVILA, ESPSTEN E SHELTON,

2007, p. 46)

Lastres e Albagli (1999, p. 124), afirmam que “A compreensão do processo de inovação está

estreitamente influenciada pelas características dominantes de contextos histórico e econômicos

específicos”. As autoras apontam que as noções lineares sobre o processo inovativo; como

aquelas que o tratavam como resultado das atividades realizadas na esfera da ciência, que

evoluiria unidirecionalmente para a tecnologia, até chegar à produção e ao mercado; já não se

colocam mais no centro do debate. Basta analisar as diversas fontes de geração de inovação

consideradas pelas autoras: ciência; experiência cotidiana de produção, design, gestão,

93

comercialização e marketing dos produtos. Desta forma, aspectos antes negligenciados passam

a ter importante papel para o sucesso do processo inovativo, impactando diretamente na

evolução do conceito de inovação.

Combinados, tanto os conhecimentos adquiridos com os avanços na pesquisa

científica, quanto as necessidades oriundas do mercado levam a inovações em

produtos e processos e a mudanças na base tecnológica e organizacional de

uma empresa, setor ou país, que podem se dar tanto de forma radical como

incremental. (LASTRES E ALBAGLI, 1999, p.125)

Desta forma, deve-se considerar que uma empresa não inova sozinha, tendo em vista que as

fontes de informação, conhecimento e inovação podem estar dentro ou fora dela. A interação

entre os vários níveis e departamentos da mesma organização, entre organizações distintas e

com outras organizações, de ensino e pesquisa torna o processo de inovação interativo, com

participação de vários agentes econômicos e sociais detentores de informações e

conhecimentos. Atrelada a essas características, tem-se as novas tecnologias de informações e

comunicação que revolucionaram a troca de informações em uma nova economia informacional

e global, conectada em rede conforme esclarecido por Castell (1999).

Para Bensanko et al. (2012), a inovação é considerada um dos fatores que originam a vantagem

competitiva. A ANPEI (2006), já alertava para o fato de que, em sua maioria, as empresas

brasileiras não consideram o devido valor estratégico à inovação, limitando-se a difusão de

tecnologias bem conhecidas voltadas para redução de custo e aumento da produtividade.

Atrelado a este fato, tem-se o acanhamento das políticas públicas de estímulo à inovação frente

ao desafio de elevar a produtividade e a capacidade competitiva da indústria brasileira.

Alvarenga Neto (2013) corrobora com pensamento de Lastres e Albagli (1999) sobre a

importância do contexto histórico e econômico para o processo de inovação, ao esclarecer que o

Brasil não apresenta contexto favorável para inovação.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresenta a

evolução do conceito de inovação por meio do Manual de Oslo, tido como uma referência para

os trabalhos de pesquisa e inovação. O Manual tem como objetivo a orientação e padronização

dos conceitos, metodologias e construção de estatísticas e indicadores de pesquisa de P&D de

países industrializados. A Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) recomenda que as

empresas brasileiras utilizem o manual como referência para suas iniciativas de inovação

tecnológica em prol do desenvolvimento do País.

94

A OCDE (1997) manteve seu foco na inovação tecnológica, de produto e de processo (TPP),

conforme apresenta a definição de inovação à época:

Inovações Tecnológicas em Produtos e Processos (TPP) compreendem as

implantações de produtos e processos tecnologicamente novos e substanciais

melhorias tecnológicas em produtos e processos. Uma inovação TPP é

considerada implantada se tiver sido introduzida no mercado (inovação de

produtos) ou usada no processo de produção (inovação de processo). Uma

inovação TPP envolve uma série de atividades científicas, tecnológicas,

organizacionais, financeiras e comerciais. (OCDE, 1997, p.32, tradução nossa)

Entretanto, conforme observado por Carvalho (2009), a importância do setor de serviços na

economia mundial, atrelado às inovações organizacionais decorrentes da maior volatilidade dos

mercados e das mudanças tecnológicas com redução do ciclo de vida dos produtos, ocasionou

uma evolução no conceito de inovação. Foram adicionados dois novos tipos de inovação não

tecnológica na terceira edição do manual publicado no ano de 2005; as inovações

organizacional e de marketing:

Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou

significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de

marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na

organização do local de trabalho ou nas relações externas. (OCDE, 2005, 46,

tradução nossa)

Uma inovação deve apresentar como requisito mínimo um produto, processo, método de

marketing ou método organizacional que sejam novos (ou significativamente melhorados) para

a empresa. A característica geral de uma inovação está em sua implementação, seja por meio da

introdução de um produto novo no mercado; bem como a utilização efetiva nas operações das

empresas de novos processos, métodos de marketing e métodos organizacionais. Há empresas

que focam no desenvolvimento e implementação de produtos totalmente novos, enquanto outras

realizam melhoramentos contínuos em seus produtos, processos e operações, entretanto

“Empresas de ambos os tipos podem ser inovadoras: uma inovação pode consistir na

implementação de uma única mudança significativa, ou em uma série de pequenas mudanças

incrementais que podem, juntas, constituir uma mudança significativa” (OCDE, p. 47, tradução

nossa).

Uma empresa pode realizar vários tipos de mudanças em seus métodos de trabalho, no uso de

fatores de produção e os tipos de resultados que aumentam sua produtividade e/ou seu

desempenho comercial. OCDE (2005) propõe no Manual de Oslo quatro tipos de inovações que

95

encerram um amplo conjunto de mudanças nas atividades das empresas: inovações de produto,

inovações de processo, inovações organizacionais e inovações de marketing.

Quadro 19 - Tipos de Inovação

(continua)

Inovação Características

Inovação de

produto

Trata-se da introdução de um bem ou serviço novo ou consideravelmente melhorado no que

diz respeito a suas características ou usos previstos. Incluem-se aperfeiçoamentos

significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados,

facilidade de uso ou outras características funcionais.

Novos produtos são bens ou serviços que diferem significativamente em suas características

ou usos previstos dos produtos previamente produzidos pela empresa.

As inovações de produtos no setor de serviços podem incluir melhoramentos importantes no

que diz respeito a como elas são oferecidas, como por exemplo: eficiência ou de velocidade, a

adição de novas funções ou características em serviços existentes, ou a introdução de serviços

inteiramente novos.

Inovação de

processo

Diz respeito à implementação de um método de produção ou distribuição novo ou

significativamente melhorado. Incluem-se mudanças significativas em técnicas, equipamentos

e/ou softwares.

Os métodos de produção envolvem as técnicas, equipamentos e softwares utilizados para

produzir bens e serviços. Exemplo: introdução de novos equipamentos de automação em uma

linha de produção e a implementação de design auxiliado por computador para o

desenvolvimento de produto.

Os métodos de distribuição dizem respeito à logística da empresa e seus equipamentos,

softwares e técnicas para fornecer insumos, alocar suprimentos, ou entregar produtos finais.

Exemplo: um novo método de distribuição e a introdução de um sistema de rastreamento de

bens por código de barras ou de identificação ativa por frequência de rádio.

As inovações de processo também abarcam técnicas, equipamentos e softwares novos ou

substancialmente melhorados em atividades auxiliares de suporte, como compras,

contabilidade, computação e manutenção, bem como a implementação de tecnologias da

informação e da comunicação (TIC) novas ou significativamente melhoradas que vise

melhorar a eficiência e/ou a qualidade de uma atividade auxiliar de suporte.

Inovação de

marketing

Refere-se à implementação de um novo método de marketing com mudanças significativas na

concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua

promoção ou na fixação de preços. A característica distintiva de uma inovação de marketing

está na implementação de um método de marketing que não tenha sido utilizado previamente

pela empresa.

Inovações de marketing compreendem mudanças significativas no design do produto,

constituindo um novo conceito de marketing. Novos métodos de marketing em

posicionamento de produtos envolvem principalmente a introdução de novos canais de

vendas. Por sua vez, os novos métodos de marketing em promoção de produtos envolvem o

uso de novos conceitos para promover produtos ou serviços de uma empresa. As inovações

em fixação de preços compreendem o uso de novas estratégias de fixação de preços para

comercializar os bens ou serviços de uma empresa.

96 Quadro 19 - Tipos de Inovação

(conclusão)

Inovação Características

Inovação

organizacional

Trata-se da implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da

empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas.

Podem visar a melhoria do desempenho de uma empresa por meio da redução de custos

administrativos ou de custos de transação, estimulando a satisfação no local de trabalho (e por

consequência a produtividade do trabalho), ganhando acesso a ativos não transacionáveis

(como o conhecimento externo não codificado) ou reduzindo os custos de suprimentos.

Os aspectos distintivos da inovação organizacional, comparada com outras mudanças

organizacionais em uma empresa, é a implementação de um método organizacional (em

práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas) que não

tenha sido usado anteriormente na empresa e que seja o resultado de decisões estratégicas

tomadas pela gerência.

As inovações organizacionais em práticas de negócios compreendem a implementação de

novos métodos para a organização de rotinas e procedimentos para a condução do trabalho.

As inovações na organização do local de trabalho envolvem a implementação de novos

métodos para distribuir responsabilidades e poder de decisão entre os empregados na divisão

de trabalho existente no interior das atividades da empresa (e unidades organizacionais) e

entre essas atividades, e por sim novos métodos organizacionais nas relações externas de uma

empresa compreendem a implementação de novos meios para organizar as relações com

outras firmas ou instituições públicas.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em (OCDE, 2005, p. 47-52).

Tigre (2006) contribui para o tema ao realizar duas importantes distinções, a primeira diz

respeito tecnologias e técnicas. A tecnologia pode ser definida como conhecimento sobre as

técnicas, enquanto as técnicas envolvem aplicações desse conhecimento em produtos, processos

e métodos organizacionais. A segunda diz respeito à invenção e inovação. Invenção está

relacionada à criação de um processo, técnica ou produto inédito, podendo ser divulgado por

meio de artigos técnicos e científicos, patentes, protótipos e plantas piloto, sem, contudo, ter

uma aplicação comercial efetiva. Por sua vez, a inovação acontece por meio da efetiva

aplicação prática de uma invenção.

Com relação a inovações incrementais e inovações radicais, Tigre (2006) esclarece que as

inovações incrementais ocorrem de forma contínua nas indústrias, abrangendo melhorias no

design ou na qualidade dos produtos, aperfeiçoamento em layout e processos, novos arranjos

logísticos e organizacionais, bem como novas práticas de suprimentos e vendas, sem alteração

da estrutura industrial. Por sua vez, a inovação radical ocorre quando rompe as trajetórias

existentes, inaugurando uma nova rota tecnológica. Trata-se do desenvolvimento e introdução

de um novo produto, processo ou forma de organização da produção inteiramente nova. Possui

caráter descontínuo no tempo e nos setores, rompe os limites da inovação incremental, trazendo

um saldo de produtividade e iniciando uma nova trajetória incremental. Esse tipo de inovação

pode representar uma ruptura estrutural com o padrão tecnológico anterior, originando novas

97

indústrias, setores e mercados ocasionando redução de custos e aumento da qualidade em

produtos já existente (LASTRES; ALBAGLI, 1999).

A pesquisa PINTEC ano base 2011, aborda no Brasil o comportamento inovador da empresa,

através do monitoramento de três tipos de inovação: (i) produto, (ii) processos; e (iii) mudanças

organizacionais:

a) produto: produto tecnologicamente novo apresenta suas características fundamentais

significativamente diferentes de todos os produtos já produzidos pela empresa.

Incluindo aperfeiçoamento tecnológico substancial em produtos existentes e excluídas

as mudanças de caráter estético ou de estilo e a comercialização de produtos novos

produzidos e desenvolvidos e produzidos por outras empresas;

b) processo: formas de operação tecnologicamente novas ou substancialmente

aprimoradas, obtidas pela introdução de novas tecnologias de produção, assim como

de métodos novos ou substancialmente aprimorados de manuseio e entrega de

produtos que resultem em aumento no nível de qualidade do produto e dos custos de

produção e entrega;

c) inovações organizacionais: mudanças que ocorrem na estrutura gerencial da empresa,

incluindo a articulação entre suas diferentes áreas, especialização dos trabalhadores,

relacionamento com fornecedores e clientes e múltiplas técnicas de organização dos

processos de negócios.

Para Tigre (2006), o setor de atividade industrial apresenta padrão de competitividade setorial

que representam características estruturais próprias capazes de explicar a inovação nas

organizações do setor, tais como: intensidade de competição, grau de concentração da produção,

barreiras de entrada, exposição à competição internacional e regulamentações.

A habilidade de fazer relações, visualizar oportunidades e tirar vantagens destas oportunidades

devem ser os orientadores da inovação nas organizações (TIDD; BESSANT, 2009). Desta

forma, o ambiente organizacional deve ser trabalhado para que não seja um inibidor interno de

inovação conforme aponta Mattos e Guimarães (2005). Davila, Espstein e Shelton (2007)

defendem que a inovação depende de uma boa gestão, portanto propõem sete regras,

interdependentes, da inovação para conduzir a organização até o ponto desejado:

98 Quadro 20 - Regras para conduzir a Inovação nas organizações

Sete regras da inovação Descrição

Exercer sólida liderança sobre os

rumos e as decisões de inovação

O comando executivo da empresa deve orientar claramente, motivar,

sustentar e recompensar as atividades voltadas para a inovação, bem

como as inovações em si.

Integrar a inovação à mentalidade do

negócio

Inovação deve fazer parte integral do processo operacional diária da

empresa.

Alinhar a inovação com a estratégia

da empresa

É preciso determinar os tipos e a quantidade de inovação, necessários

para dar suporte à estratégia do negócio.

Administrar a tensão entre

criatividade e capitação de valor

A empresa deve ser forte tanto para criar quanto para transformar a

inovação em lucros.

Neutralizar os anticorpos

organizacionais

Inovação exige mudança, e a mudança desperta rotinas e normas

culturais explícitas que agem para bloquear ou rejeitar a transformação.

Cultivar uma rede de inovação além

dos limites da organização

Fundir os recursos internos da organização com partes selecionadas dos

imensos recursos da economia do mundo capitalista.

Criar os indicadores de desempenho

e as recompensas adequadas à

inovação

Estimular as pessoas a atingir o nível necessário de inovação.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Dávila, Espstein e Shelton (2007).

Uma importante colocação de Davila, Espsten e Shelton (2007) está no fato de que cada

companhia apresenta seus próprios processos, organização, cultura, indicadores, estratégia de

inovação, portanto os produtos da inovação de cada uma delas serão igualmente diferentes.

Inovação requer gestão proativa, deve-se também observar a maneira pela qual a empresa inova,

como ela trabalha com os elementos da inovação citados pelos autores: liderança, estratégia,

processos, recursos, indicadores de desempenho, mensuração e incentivos, bem como a sua

estrutura e cultura organizacional.

A inovação deve ser vista como processo operacional diário do negócio sendo parte integral da

mentalidade de um negócio compreendendo as atividades tecnológicas e estratégicas

trabalhadas em conjunto em prol do alcance de inovação de sucesso.

2.8 Um estudo semelhante

Esta seção apresenta uma visão geral da pesquisa realizada por Flávia Alcântara Rocha Chaves

– Chaves (2002), mestre em Controladoria e Contabilidade pela Faculdade de Economia,

Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. A pesquisa intitulada “Estudo

das variáveis utilizadas na decisão de compras no comércio varejista de alimentos de auto-

serviço-supermercado”, analisou a utilização de variáveis de decisão, previamente selecionadas

pela autora, no processo de compras no setor de varejo de alimentos de auto-serviço

(supermercados). O estudo de Chaves (2002), parte da seguinte premissa:

99

“[...] para que seja otimizado o resultado da área de compras é necessário que

o gestor escolha a alternativa que contribui com o maior montante ao resultado

da empresa. A elaboração das alternativas só é possível com base na análise

das variáveis de decisão, que são aquelas que estão sob o domínio do gestor ou

que pelo menos ele tenha influência e responsabilidade nas suas

consequências”. Chaves (2002, p.13)

O setor pesquisado por Chaves (2002) abrange o varejo de auto-serviço (supermercado) no qual

o consumidor possui a liberdade de escolher os produtos a serem adquiridos sem o auxílio

direto de vendedores, ou seja, sozinho; dirigindo-se aos check-out após efetuada a escolha para

realizar o pagamento. Em empresas deste setor, Compras trata-se de uma Função necessária não

só para aquisição dos produtos, mas também para movimentação, armazenamento e distribuição

dos produtos às lojas.

Seu problema de pesquisa foi: “Quais as variáveis utilizadas no modelo de decisão que podem

dar suporte ao processo de tomada de decisão de compras no comércio varejista de alimentos de

auto-serviço – supermercados?” Tendo como objetivos i) a identificação das variáveis utilizadas

no modelo de decisão de compras de empresas do comércio varejista de alimentos de auto-

serviço (supermercado); ii) propor um rol de variáveis que podem ser utilizadas no modelo de

decisão de tais empresas.

Em relação ao referencial utilizado na pesquisa, Chaves (2002), logo nas considerações gerais

da introdução de sua pesquisa, alerta o leitor para o fato de que seu trabalho está voltado

exclusivamente para o comércio varejista, em específico os supermercados. Desta forma, sua

revisão bibliográfica sobre Compras, Gestão de Compras, Processo Decisório, Informação,

Sistema de Informação e, principalmente, as Variáveis de Compras selecionadas para o estudo é

realizada atrelando os conceitos apresentados pela literatura especializada às características do

comércio varejista, especificamente no ramo supermercadista brasileiro.

Em relação à metodologia de pesquisa, Chaves (2002) determina por amostragem intencional

ou por conveniência três redes de supermercados do estado de Fortaleza/CE para realização da

pesquisa de cunho qualitativo. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com diretores,

gestores e analistas. Tais entrevistas foram transcritas e analisadas com vistas a coletar

informações e identificar variáveis utilizadas no processo de decisão de compras, bem como

propor um rol de variáveis capaz de otimizar as decisões de compras da empresa.

100

Os resultados da pesquisa apontam um rol de dezessete variáveis a serem consideradas no

processo de compras no comércio varejista de auto-serviço supermercado, sendo: frequência

de compras, volume de compras, natureza da demanda, preço, tipo de produtos, estoques,

distribuição dos produtos, fornecedor, organização de compras, estilo do comprador, sistemas

de informações, prazo de pagamento, qualidade, mix de produtos, frete e seguro, impostos, e

por fim validade dos produtos.

As principais recomendações realizadas pela autora ao final de sua pesquisa são: i) a decisão

de compras deve estar embasada em um modelo de decisão que utilize as dezessete variáveis;

ii) o sistema de informação deve ser capaz de analisar todas as variáveis de modo isolado e

em conjunto; iii) a área de Compras deve participar nas decisões de definição do mix junto

com a área de marketing; iv) a área de Compras deve trabalhar em conjunto com a área de

venda.

101

3 METODOLOGIA

Yin (2010, p.31) defende que “A definição das questões de pesquisa é provavelmente o passo

mais importante a ser dado no processo de pesquisa [...]”. O ponto inicial para a pesquisa está

em um tipo de problema, um questionamento. Marconi e Lakatos (2010, p.2) esclarecem que,

partindo de um problema, a pesquisa “[...] vai responder às necessidades de conhecimento de

certo problema ou fenômeno”. As autoras defendem que pesquisar, além de procurar a verdade,

trata de encontrar respostas para questões propostas utilizando métodos científicos.

Santos (2012, p.196), com base em revisões de literatura a respeito do tema, entende pesquisa

como “[...] o processo, a forma, a maneira, o caminho, seguidos para alcançar resposta para uma

dúvida sobre um problema, um fato, obedecendo a princípios, normas e técnicas”.

3.1 Caracterização da pesquisa

Quanto à abordagem, esta pesquisa é considerada qualitativa. Neves (1996, p.1) esclarece que

pesquisa qualitativa “Compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam

descrever e decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Tem por

objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social [...]”.

Assim, com base na revisão bibliográfica apresentada, pretendeu-se através de uma abordagem

qualitativa do objeto, identificar quais são as variáveis determinantes do processo de decisão de

compras em uma indústria fornecedora de componentes aplicados na construção, expansão,

manutenção e modernização de linhas de transmissão e redes de distribuição de energia elétrica

no Brasil.

Quanto aos fins, foi utilizada a pesquisa descritiva, o que significa que ela pretendeu descrever

os comportamentos e características de determinada população, bem como suas variáveis,

conforme indica Santos (2012). Quanto aos meios, foi realizado um estudo de caso por

viabilizar uma análise em profundidade de um ou mais fatos com vistas à obtenção de um

grande conhecimento com riqueza de detalhes do objeto estudado.

Yin (2010) afirma que estudo de caso surge como método potencial da pesquisa quando se

deseja investigar um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto de vida real, dado que

fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente visíveis. O estudo de caso permite

102

aprofundamento da análise do assunto, possui foco na compreensão dos fatos e na sua

mensuração, proporcionam que investigadores retenham as características holísticas e

significativas dos eventos da vida real. A essência do estudo de caso está na tentativa de

esclarecer uma decisão ou conjunto de decisões, tendo em vista o motivo da tomada de tal

decisão, sua implementação, bem como os resultados obtidos. É preferido no exame dos

eventos contemporâneos, mas quando os comportamentos relevantes não podem ser

manipulados. O estudo de caso conta com muitas técnicas como documentos primários,

documentos secundários, artefatos culturais e físicos, observação direta e indireta dos eventos

em estudo, entrevistas das pessoas envolvidas nos eventos. Para Gil (2008), estudo de caso

envolve um estudo exaustivo de um ou poucos objetos de maneira a permitir seu amplo e

detalhado conhecimento. Um caso mostra-se como uma unidade de análise delimitada com

partes integradas onde características podem estar dentro, nos limites ou fora do mesmo.

O projeto de caso único é apropriado sob várias circunstâncias. Uma das justificativas

apontadas por Yin (2010) para utilização de estudo de caso único está no seu caráter

representativo ou caráter típico. O objetivo é captar as circunstâncias e as condições de uma

situação diária ou de um lugar-comum.

O estudo de caso pode representar um "projeto típico" entre muitos projetos

diferentes, uma empresa de manufaturas considerada típica de muitas outras

empresas de manufaturas na mesma indústria, um bairro urbano típico, ou uma

escola representativa, como exemplos. As lições aprendidas desses casos são

presumidamente informativas sobre as experiências da pessoa ou instituição

média. (YIN, 2010, p. 72)

A unidade de pesquisa em questão trata-se de uma empresa típica do setor. A especificidade dos

produtos fornecidos pela empresa, bem como as exigências de homologações de materiais em

cada uma das concessionárias de energia elétrica do Brasil, a colocam, juntamente com alguns

outros competidores, em um mercado de difícil acesso para novos entrantes. A linha específica

de produtos fornecidos pela Empresa Alpha apresenta características técnicas e projetos de

produção que exigem rigorosos trâmites para homologação em cada uma das concessionárias de

energia elétrica no Brasil antes de receberem autorização para comercialização. Tais exigências

técnicas e nível de burocracia, atrelado ao domínio de patentes por parte de algumas empresas,

podem desestimular a entrada de competidores neste mercado.

O Know How na parte de engenharia, desenvolvimento de produtos, bem como a excelência na

fabricação e montagem dos componentes são considerados primordiais para homologação dos

produtos nos clientes finais, principalmente nas concessionárias de energia elétrica no Brasil. O

103

longo tempo decorrido entre o desenvolvimento de um produto até a sua homologação em cada

concessionária de energia elétrica no território brasileiro pode ser considerado uma das

principais barreiras de entrada neste mercado.

3.2 Unidade de análise e sujeitos de pesquisa

Com base no critério por número de empregados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística - IBGE, a unidade de análise desta pesquisa pode ser classificada como uma indústria

brasileira de pequeno porte, contendo 50 funcionários diretos, com faturamento anual bruto

aproximado entre R$ 7 milhões e R$ 9 milhões, sede no estado de Minas Gerais, fornecedora de

materiais para os segmentos de Linhas de Transmissão e Redes Aéreas de Distribuição de

Energia Elétrica com atuação em todo território brasileiro e alguns países do Mercosul. Sua

linha de produtos é composta por itens como Espaçadores Losangulares, Grampos de

Ancoragem, Braços de Suspensão, Carretilha Dupla Ação, dentre outros. Possui mais de 300

empresas nacionais cadastradas em sua base de fornecedores, tendo suas compras concentradas

em empresas localizadas nos estados de São Paulo e Minas Gerais.

O objeto de pesquisa abrange as práticas de compras, bem como as variáveis utilizadas no

processo de decisão de compras (Variáveis de Decisão) da referida organização. Conforme

Almeida (1996), Variáveis de Decisão podem ser divididas com base em sua controlabilidade

em i) variáveis que estão sob controle do tomador de decisão, tais como determinação de níveis

internos de estoque; e ii) variáveis que não estão sob controle, mas que o tomador de decisão

tem influência e responsabilidade nas suas consequências para a empresa, como a validade dos

produtos comprados. No contexto desta pesquisa serão consideradas Variáveis de Decisão

determinantes de compras, as condições específicas que estão sob o domínio do gestor ou que

pelo menos ele tenha influência e responsabilidade nas suas consequências e são efetivamente

utilizadas para subsidiar o processo de tomada de decisão de compras. Variáveis externas e não

controláveis pela empresa, tais como: ambientais, culturais/sociais, demográficas, econômicas,

jurídicas/politicas, psicológicas e tecnológicas não são alvo deste estudo.

As práticas de compras são consideradas grandes responsáveis pelo desempenho da organização

alvo deste estudo. Elas contribuem para o controle de custos de produção e consequente sucesso

das vendas, principalmente via pregões eletrônicos realizados por concessionárias de

distribuidoras de energia elétrica no Brasil com alto grau de exigências, sejam ambientais,

técnicas e de custo, tais como: AMPLA (Ampla Energia e Serviços S/A), COPEL (Copel

104

Distribuição S.A.), CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), ELEKTRO (Elektro

Eletricidade e Serviços), CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais), COELBA

(Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia), CELESC (Centrais Elétricas de Santa

Catarina), CELG (Companhia Energética de Goiás), CELPE (Companhia Energética de

Pernambuco), ELETROSUL (Eletrosul Centrais Elétricas S/A), dentre outras.

Esta pesquisa foi realizada com a utilização de sujeitos de pesquisa que representam bem o

fenômeno estudado. Os fatores determinantes para esta escolha foram: acessibilidade à unidade

de pesquisa, custo da pesquisa, suporte para realização da pesquisa e o tempo disponível para

execução dos trabalhos de pesquisa.

3.3 Coleta de dados: técnicas e fontes de pesquisa

A seleção do instrumental metodológico está diretamente relacionada com o problema a ser

estudado, logo dependerá dos vários fatores relacionados com a pesquisa: fenômenos, objeto

da pesquisa, recursos financeiros, equipe humana, dentre outros elementos proveniente do

campo da investigação. Para Marconi e Lakatos (2010), a organização dos instrumentos de

investigação constitui uma etapa importante no planejamento da pesquisa. Podem ser

formulários, questionários, roteiros de entrevistas, escalas de opinião ou de atitude dentre

outros.

As pesquisas documental e bibliográfica foram utilizadas como técnicas para coleta de dados. A

pesquisa documental teve como fonte os arquivos particulares de instituições de ordem privada

(neste caso obtidos diretamente na organização pesquisada), sendo utilizados, quando

necessário, para ratificar determinados dados coletados que mereçam maior atenção por parte

do pesquisador. Por sua vez, a pesquisa bibliográfica abordou a teoria já tornada pública em

relação ao tema de estudo (Compras/Suprimentos/Inovação) relacionada aos objetivos desta

pesquisa, incluindo publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,

monografias, teses, dentre outros devidamente descritos nas referências desta pesquisa. As

variáveis de decisão em compras encontradas nesta pesquisa foram comparadas com as

variáveis de compras recomendadas no estudo conduzido por Chaves (2002).

A pesquisa de campo e observação não participante das atividades executadas pela área de

Compras da empresa pesquisada foram outras técnicas utilizadas. O trabalho de pesquisa de

campo por meio da observação não participante foi realizado no período de dezembro de 2013

105

a março de 2014, objetivando conseguir informações e/ou conhecimento em relação ao

problema desta pesquisa. Marconi e Lakatos (2010, p. 69) apontam que a pesquisa de campo

“Consiste na observação dos fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta

de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presumem relevantes, para analisá-

los”. Foram utilizadas as fases sugeridas pelas autoras: realização de pesquisa bibliográfica

sobre o tema, elencar as técnicas a serem utilizadas na coleta de dados, estabelecer as técnicas

de registro dos dados coletados, bem como as técnicas que serão utilizadas em sua análise

posterior.

Entrevistas semiestruturadas também foram aplicadas a 1 (um) comprador e aos 2 (dois)

diretores envolvidos diretamente com as decisões de compras com intuito de extrair

informações relevantes a respeito do tema investigado. O foco foi realizar questionamentos

básicos apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema de pesquisa. Para Marconi e

Lakatos (2010), este modelo de pesquisa dá oportunidade ao entrevistado de responder a

questão proposta e acrescentar sua visão do problema. Confecciona-se um roteiro com

perguntas principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias

momentâneas à entrevista. A entrevista tem relativa flexibilidade já que as questões não

precisam seguir a ordem prevista no roteiro e poderão ser formuladas novas questões no

decorrer da entrevista, entretanto, em geral, a entrevista seguirá um planejamento.

A construção do roteiro de perguntas para realização das entrevistas teve como base o

arcabouço teórico apresentado sobre o tema. O quadro 21 apresenta a relação das variáveis de

compras a serem pesquisadas, bem como os autores utilizados.

Quadro 21 - Relação das variáveis de Compras

(continua)

Nº Variável Diz respeito à: Alternativas de decisão

com relação a esta

variável

Determinantes das decisões de

compra

1 Qualidade

Baily et al.

(2000) e Dias e

Costa (2012)

Conjunto de

características de um

produto ou serviço

relevantes para

atender às exigências.

Verificar níveis de

qualidade exigidos.

Especificações de desempenho e

especificações de conformidade de

acordo com o determinado.

2 Quantidade

correta

Baily et al.

(2000)

Quantidade dos

produtos a serem

adquiridos.

Quantidade a ser

comprada por produto.

Nível de estoque; necessidades da

área da produção; fluxo de caixa

disponível para compra;

promoções; política de pedidos.

106 Quadro 21 – Relação das variáveis de Compras

(continuação) Nº Variável Diz respeito à: Alternativas de decisão

com relação a esta

variável

Determinantes das decisões de

compra

3 Tempo

Baily et al.

(2000) e Dias e

Costa (2012)

Prazo de entrega. Prazo de entrega

negociado por compra

realizada; prazo de

entrega determinado em

contrato; prazo de

entrega determinado pelo

fornecedor.

Necessidades da área de produção.

4 Fonte de

suprimentos

Baily et al.

(2000), Chaves

(2002), Gaither

e Fraizer (2005)

e Slack et al

(2009)

Seleção de

fornecedores

adequados.

Escolher isoladamente

um fornecedor; contratar

conforme exigências;

reduzir base de

fornecedores; aumentar

base de fornecedores.

Atributos de um bom fornecedor;

quantidade de fornecedores;

histórico de fornecimento;

parcerias estabelecidas;

conhecimento do mercado;

(reputação, prazo de entrega,

confiabilidade, capacidade

financeira); redução ou ampliação

da base de fornecedores da

empresa.

5 Preço

Baily et al.

(2000),

Lambert, Stock

e Vantine

(1999)

Valor negociado para

os produtos.

Menor preço possível;

preço de mercado.

Orçamento disponível para

compra; acordos pré-determinados

com fornecedores; prazos para

pagamento concedidos; restituição

de impostos.

6 Negociação

Baily et al.

(2000), Junior

(2011) e Dias e

Costa (2012).

Negociar a compra

dos produtos ou

contratação de serviço

com os fornecedores.

Realizar acordo para

compra; não realizar

acordo para compra.

As variáveis envolvidas na decisão

da compra; objetivos da

negociação (ganha-ganha, perde-

ganha, perde-perde).

7 Custo total de

aquisição

Baily et al.

(2000) e

Bowersox,

Closs e Cooper

(2006)

Custo total envolvido

na compra de

produtos e

contratação de

serviços.

Negociar redução do

preço da compra;

identificar e reduzir custo

ocultos, tais como: custo

de estocagem, de entrega,

de apoio, treinamento,

atrasos, inspeção,

manipulação, dentre

outros.

Estrutura de custo da empresa.

8 Especificações

de compra

Gaither e

Fraizer (2005) e

Dias e Costa

(2012)

Requisitos

necessários para

realização da compra.

Realizar compra

conforme especificações

contidas na requisição de

compra; não realizar a

compra por erros de

especificação; realizar a

compra após retificação

da requisição de compra.

Correto preenchimento e

compreensão das especificações

necessárias para compra;

especificações para compra.

9 Organização de

compras

Baily et al.

(2000), Chaves

(2002),

Gonçalves

(2010), Pozo

(2010) e Dias e

Costa (2012)

Estruturação do

processo de compras.

Centralizada;

descentralizada;

combinação das duas.

Estrutura organizacional da

empresa; posicionamento do setor

de compra; compras centralizadas

e descentralizadas; decisão de

fabricar ou comprar.

107 Quadro 21 – Relação das variáveis de Compras

(conclusão) Nº Variável Diz respeito à: Alternativas de decisão

com relação a esta

variável

Determinantes das decisões de

compra

10 Restrições

financeiras

Dias e Costa

(2012)

Restrições financeiras

que possam impedir a

área de Compras de

efetuar uma

aquisição.

Realizar compra à vista;

realizar compra à prazo

mediante autorização do

fornecedor; não realizar a

compra.

Existência de restrições

financeiras que possam impedir a

aquisição.

11 Timing

Baily et al.

(2000)

Atender às

necessidades de

compra da

organização em

tempo hábil.

Atender em tempo hábil;

não atender em tempo

hábil.

Normas da área de Compras; fluxo

de caixa disponível para compra;

desempenho de entrega do

fornecedor em relação ao

pactuado; tempo exigido para

processar as requisições; tempo

empregado com ação

remediadora.

12 Tipo de produto

a ser comprado

Baily et al.

(2000), Ballou

(2006), Dias e

Costa (2012) e

Arnold (2012).

Produtos quem devem

ser comprados

conforme descrito nas

especificações de

compra.

Commodities; produtos

com padronização;

produtos de pequeno

valor; materiais

específicos feitos sob

encomenda.

Suprimento de gargalo;

suprimento rotineiro; suprimento

de alavancagem; suprimento

crítico.

13 Frete

Reis (2001),

Ballou (2006),

Slack et al

(2009) e Dias e

Costa (2012)

Custo do transporte

nas compras

efetuadas.

Ferroviário, rodoviário,

aéreo, aquaviário e

dutoviávio.

Rapidez, disponibilidade,

confiabilidade, capacidade,

frequência, seguro, custo.

14 Assistência

técnica e

treinamento

Borgmann

(2002),

Marques

(2006) e Dias e

Costa (2012)

Serviços de reparos

em defeitos sob

garantia e realização

de treinamento para

utilização do produto

adquirido.

Realizar compra com

prazo de garantia previsto

na legislação vigente;

realizar compra com

contratação de prazo de

garantia estendida.

Orçamento de compra, prazo da

garantia, assistência técnica em

loco, localização para realizar

treinamentos.

15 Prazo de

pagamento

Baily et al.

(2000), Chaves

(2002) e Dias e

Costa (2012)

Prazo estabelecido

para pagar o

fornecedor.

A vista, a prazo, entrada

e restante a prazo.

Taxa de captação e aplicação do

dinheiro no mercado;

disponibilidade de caixa.

16 Validade dos

produtos

Chaves (2002)

e Filho (2007)

Período de duração de

um produto no qual

suas características e

a qualidade

permanecem

inalteradas.

Horas, dias, meses, anos,

indeterminado.

Tipo de produto a ser comprado.

17 Níveis de

estoque

Baily et al.

(2000), Dias

(2005), Ballou

(2006), Slack et

al. (2009)

Acumulações de

matérias primas,

suprimentos,

componentes,

materiais em processo

e produtos acabados

em um sistema de

transformação.

Comprar conforme

necessidade da produção;

comprar para compor

estoque; comprar

conforme necessidade

das vendas.

Custos de estocagem (volume

estocado, armazenagem,

manuseio, seguro, depreciação,

obsolescência, custos de

oportunidade do capital de giro,

custos de falta de estoque).

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos objetivos da pesquisa e no referencial teórico.

108

Pretendeu-se com a utilização de questões orientadas conforme os objetivos traçados, em função das

respostas dos entrevistados, extrair informações relevantes a respeito das variáveis utilizadas na

decisão de compras pela empresa pesquisada. Após transcritas, as respostas da entrevista foram

comparadas com a bibliografia apresentada sobre o tema, permitindo, assim, a adequada

compreensão das informações relativas à estruturação do processo de compras na empresa

pesquisada e, consequentemente, apoiar a investigação e análise das variáveis envolvidas no

processo de decisão de compras da organização.

O quadro 22 relaciona cada uma das variáveis pesquisadas às perguntas constantes no roteiro de

entrevista do apêndice A.

Quadro 22 - Relação de variáveis associadas às perguntas da entrevista

Variável Pergunta Número

Qualidade 23

Quantidade correta 13

Tempo 22

Fonte de suprimentos 14

Preço 13

Negociação 10

Custo total de aquisição 18

Especificações de compra 16

Organização de compras 1

Restrições financeiras 21

Timing 19

Tipo de produto a ser comprado 12

Frete 20

Assistência técnica e treinamento 12

Prazo de pagamento 13 e 17

Validade dos produtos 12

Níveis de estoque 12

Fonte: Elaborado pelo autor.

As demais perguntas constantes no roteiro de entrevista dizem respeito aos dados gerais da atividade

de compras na organização pesquisada, desta forma não estão apresentadas no quadro 22.

3.4 Técnicas de interpretação dos resultados

Para Yin (2010, p. 154), “A análise dos dados consiste no exame, na categorização, na

tabulação, no teste ou nas evidências recombinadas [...] toda análise de estudo de caso deve

seguir uma estratégia analítica geral”. Com base nas proposições defendidas pelo autor, a

análise dos dados coletados neste estudo de caso será realizada comparando a prática

empresarial com aquilo que vem sendo preconizado na teoria sobre Compras. Desta forma,

109

optou-se por utilizar a técnica de “Combinação Padrão” por proporcionar a comparação de um

padrão baseado empiricamente, com um padrão previsto (na literatura de Compras, neste caso).

A coincidência de padrões pode ajudar o estudo de caso a fortalecer sua validade interna.

Sendo assim, tendo por base o levantamento e revisão da literatura apresentados anteriormente

sobre o tema, foi elaborado o modelo analítico tomado como padrão para esta pesquisa. Este

modelo foi construído associando os objetivos geral e específico da pesquisa com as variáveis

escolhidas para condução da presente investigação. Desta forma, este modelo serviu para

auxiliar tanto na fase de coleta dos dados quanto na fase de análise dos resultados.

Quadro 23 - Modelo analítico para análise dos dados da pesquisa

Objetivos da pesquisa Descrição

Geral Identificar as variáveis utilizadas na decisão de compras de uma empresa

metalúrgica fornecedora de materiais para os segmentos de Linhas de

Transmissão e Redes de Distribuição de Energia Elétrica, determinantes do

processo de compra.

Específicos Variáveis e definições Base teórica a ser utilizada

a) Caracterizar o processo de

compras em uma indústria

metalúrgica identificando

suas etapas.

Organização das atividades de compras

na Empresa Alpha.

Capítulos:

2.1; 2.1.1; 2.1.1.1; 2.1.2; 2.1.3;

2.1.3.1; 2.1.4; 2.1.4.1; 2.2.

b) Identificar as variáveis que

estão sendo selecionadas

para efetivação das compras.

Variáveis determinantes na decisão de

compras na Empresa Alpha.

Capítulos:

2.5; 2.6; 2.6.1; 2.6.2; 2.6.3;

2.6.4; 2.6.5; 2.6.6; 2.6.7; 2.6.8;

2.6.9; 2.6.10; 2.6.11; 2.6.12;

2.6.13; 2.6.14; 2.6.15; 2.6.16;

2.6.17.

c) Acompanhar a evolução

dessas variáveis no processo

de decisão de compras.

Utilização das variáveis identificadas no

processo de decisão da Empresa Alpha.

Capítulos:

2.3; 2.4; 2.6; 2.6.1; 2.6.2; 2.6.3;

2.6.4; 2.6.5; 2.6.6; 2.6.7; 2.6.8;

2.6.9; 2.6.10; 2.6.11; 2.6.12;

2.6.13; 2.6.14; 2.6.15; 2.6.16;

2.6.17.

d) Identificar a utilização de

alguma inovação no

processo de compras que

possa tornar a empresa mais

competitiva.

Utilização de inovações no processo de

compras da Empresa Alpha.

Capítulos:

2,2; 2.7.

e) Comparar as variáveis

identificadas nesta pesquisa

com as de Chaves (2002).

Comparação das variáveis identificadas

na Empresa Alpha com as variáveis

identificadas por Chaves (2002).

Capítulos:

2,8; 4.1; 4.2; 4.3; 4.3.1; 4.3.2;

4.3.3; 4.3.4; 4.3.5; 4.3.6; 4.3.7;

4.3.8; 4.3.9; 4.3.10; 4.3.11;

4.3.12; 4.3.13; 4.3.14; 4.3.15;

4.3.16; 4.3.17.

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos objetivos da pesquisa e no referencial teórico.

Considerando Yin (2010), torna-se adequado julgar a qualidade deste estudo de caso descritivo

por meio da:

110

a) validade do construto: definições conceituais e operacionais dos principais termos e

variáveis do estudo devem ser estabelecidas com objetivo de saber o que será estudado.

Buscar por múltiplas fontes de evidência para uma mesma variável como forma de

estabelecer um teste;

b) validade externa: dominar qual descoberta é passível de generalização. Atenção para

coerência entre os achados do estudo e resultados de pesquisas assemelhadas;

c) confiabilidade: considerando o protocolo do estudo de caso e a base de dados utilizada,

o estudo deve ser passível de repetição obtendo-se resultados assemelhados.

3.5 Relatório do estudo de caso

Para Yin (2010, p.194), relatar um estudo de caso significa “[...] trazer seus resultados e

constatações ao encerramento”. Desta forma, deve refletir ênfases, detalhes, formas

composicionais e até mesmo o comprimento adequado às necessidades do público potencial.

Levando em consideração a composição do estudo de caso único para esta pesquisa, seu

relatório foi estruturado de forma analítico-linear, por ser considerada, conforme aponta Yin

(2010), a abordagem padrão para a composição de relatórios de pesquisa e mais adequada para

quando o público principal do estudo de caso consiste em pesquisadores de banca de tese ou

dissertação.

3.6 Protocolo do estudo de caso

Conforme Yin (2010), a escolha do estudo de caso remete a utilização de um protocolo

contendo as regras e os procedimentos a serem seguidos ao se utilizar os instrumentos de

coleta de dados. Para Guerra (2010), “[...] o protocolo exerce forte influência sobre a

eficiência (utilização correta dos recursos empregados durante a pesquisa de campo) e a

eficácia (alcance dos objetivos esperados com a pesquisa de campo) do processo de coleta de

dados”.

Desta forma, o apêndice B da presente pesquisa, apresenta o protocolo de estudo de caso da

Empresa Alpha utilizado como maneira de aumentar a confiabilidade da pesquisa e orientar o

investigador na realização da coleta de dados. Permitiu manter o alvo sobre o tópico do estudo

de caso, bem como antecipar vários problemas, incluindo a maneira pela qual os relatórios do

estudo devem ser completados.

111

4 ANÁLISE DE RESULTADOS

Esta seção apresenta a análise dos dados organizados de acordo com os objetivos específicos

determinados para esta pesquisa. Desta forma, conforme descrito na capítulo 3, foi utilizada em

um primeiro momento a entrevista semiestrutura voltada para coleta de dados referentes a

organização de Compras, decisão de compras e a atividade de compras atreladas às variáveis de

decisão. Em seguida, foi realizada a pesquisa de campo apoiada por pesquisa documental e

observação não participante com vistas a obter informações com riqueza de detalhes capazes de

atender os objetivos propostos deste estudo.

Busca-se apresentar um cenário sobre a Função Compras a fim de prover contexto aos

resultados da pesquisa e construir respostas ao objetivo geral proposto. As inferências realizadas

seguem as recomendações da literatura especializada (NEVES, 1996; YIN, 2010; MARCONI E

LAKATOS, 2010; BARDIN, 2012; SANTOS, 2012) no que se refere a abordagem, coleta e

análise de dados da pesquisa.

4.1 Caracterizar o processo de compras em uma indústria metalúrgica identificando suas

etapas.

A observação não participante, seguida da análise documental permitiram comprovar que a

rotina de Compras, também denominada Suprimentos, da Empresa Alpha tem seu foco no

gerenciamento das atividades diárias do fluxo de materiais, sendo tal processo uma das

definições de Compras encontrada em Moncza et al. (2011). A Função Compras da empresa

privilegia a obtenção e coordenação do fluxo contínuo de suprimentos a fim de atender os

programas de produção; comprar materiais e/ou contratar serviços pelos menores preços

possíveis; além de procurar as melhores condições para a empresa no que se refere a prazo de

entrega de materiais e custo de frete, estando assim alinhadas com algumas ações em Compras

defendidas por Dias (2005) e Slack (2009). Identificou-se que o comprador da Empresa Alpha

perde muito tempo realizando retrabalhos, ou seja, apagando “incêndios” conforme aponta

Gonçalves (2010) em relação à carência de atitudes com visão estratégica nos departamentos de

Compras.

O processo de aquisição de produtos e contratação de serviços na Empresa Alpha estão

centralizadas em sua área de Compras. A maior parte dos materiais, bens e serviços necessários

é adquirida de fontes externas à empresa; entretanto alguns materiais e serviços são produzidos

112

internamente como forma de reduzir custos, tais como: montagem de componentes em metal,

serviços de soldas e manutenção predial.

Apesar de ser considerada uma das ferramentas capazes de contribuir positivamente em um

processo de negociação, bem como contribuir para manter as projeções financeiras da empresa

em patamares pré-determinados conforme indicam (BAILY ET AL., 2000), não foram

encontrados indícios de utilização de orçamento de compras na Empresa Alpha. Entretanto, a

empresa demonstra ter conhecimento de sua importância e pretende implantá-lo:

“Não possui orçamento, na verdade a gente até pretende implementar isso,

mas hoje a gente vai comprando à medida que vai entrando pedido, se existem

metas específicas ou previsões anuais”. E1

“Não, não trabalhamos não, está no planejamento, está adequando a empresa

para isso, mas atualmente não tem”. E3

Com base nos estágios estratégicos de desenvolvimento de Compras proposto por Baily et al.

(2000), o esforço para aumentar a participação desta Função na tomada de decisões estratégicas

na Empresa Alpha revela um processo de transição entre o estágio passivo para um

posicionamento integrativo da Função Compras na organização. Tal constatação é comprovada

pelas características dos estágios de desenvolvimento da Função Compras encontradas na

Empresa Alpha:

a) passivo: comprador da Empresa Alpha gasta muito tempo com operações rotineiras,

tais como realizar cotações, conferir requisições de compras, lançar notas fiscais,

realizar follow up, responder e-mails internos, dentre outras. As negociações de

compra têm como base o preço do produto a ser adquirido, custo do frete e prazo de

entrega;

b) independente: o corpo diretor da empresa reconhece a Função Compras como

importante para alcançar os objetivos de rentabilidade da empresa e trabalha para

alinhar a direção estratégica de Compras com a estratégia competitiva da organização;

c) apoiador: Compra vem adotando técnicas e práticas voltadas para o fortalecimento da

posição competitiva da empresa, tais como novo posicionamento no organograma da

empresa (subordinação direta à diretoria), uso de ERP, participação em reuniões para

tomada de decisões estratégicas, monitoramento da concorrência e de seus produtos,

bem como de novos fornecedores.

113

A comparação entre o perfil das atividades desenvolvidas no setor de Compras da Empresa

Alpha, frente ao defendido por Braga (2006), ratifica este momento de transição de um

posicionamento tático (operacional) para um posicionamento estratégico:

Quadro 24 - Perfil das atividades de compra na Empresa Alpha

Características do Posicionamento

Tático (operacional) em compras, Braga

(2006).

Característica encontrada na Empresa

Alpha.

Fatores

empregados na

decisão sobre

escolha de

fornecedores

Função administrativa em que a tomada de

decisão é principalmente baseada em

preço.

O preço é tido como um dos balizadores para

realizar a compra, sendo considerado como

variável determinante na maioria das

negociações observadas. Forte característica

do papel tradicional de compras: comprar,

sempre privilegiando a relação maior volume

pelo menor custo.

Rede e

relacionamento

com fornecedores

Trabalho com muitos fornecedores e

relacionamento antagônico, do tipo “queda

de braço”.

Negociações conflitantes com determinados

fornecedores de matéria prima e prestadores

de serviço.

Características do Posicionamento

Estratégico em compras, Braga (2006).

Característica encontrada na Empresa

Alpha.

Estrutura

organizacional

Alta visibilidade, direta subordinação à

alta gerência.

O setor de Compras encontra-se subordinado

diretamente a vice-presidência, que na

Empresa Alpha responde pelos

departamentos Comercial, Financeiro,

Administrativo, Compras, Operações e

Desenvolvimento de novos produtos.

Percepção da

organização

Função proativa, importante para a

competitividade da empresa,

gerenciamento eficaz do suprimento de

materiais.

A observação não participante possibilitou

constatar a interação do comprador com os

demais setores, em especial Produção e

Estoque, em busca de oportunidades para

promover melhor gerenciamento do

abastecimento de materiais.

Acesso à

informação

Acesso amplo ao banco de informações

geradas internamente e externamente.

Através do ERP, o comprador tem acesso a

informações dos demais setores da empresa,

bem como disponibiliza em tempo real todas

as informações relacionadas aos processos de

compra na organização.

Gerenciamento

estratégico

O gerente é um estrategista sobre os

materiais adquiridos, considerando a

disponibilidade do mercado fornecedor,

importância do item e volume de recursos

empregados na aquisição.

Os materiais e serviços adquiridos são

classificados em famílias, para que possam

ser tratados de forma diferenciada. Uso da

classificação ABC dos materiais é processada

automaticamente via sistema. São analisadas:

a disponibilidade do mercado fornecedor

considerando o item a ser comprado, bem

como o volume de recursos empregados nas

aquisições. Todo histórico de compras

registrado digitalmente via ERP.

Tecnologia de

informação

Utilização dos recursos de transmissão

eletrônica de dados, usos de sistemas ERP

(Enterprise Resource Planning), de

Internet para pesquisa, uso de leilão

online, de portais de compras, uso de

intranet para facilitar a comunicação

interna e extranet com fornecedores

chaves.

Utilização de ERP e internet nas atividades

de compras; uso do serviço web Neotriad.com

para controle das atividades do setor, agendas

e comunicações internas: as informações são

disponibilizadas instantaneamente para todos

dos setores da empresa, incluindo agenda de

atividades mensais do setor de Compras,

otimizando o processo de tomada de decisão.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Braga (2006).

114

A Empresa Alpha apresenta todas as etapas do processo de compras na visão tradicional como

era de se esperar de uma Função Compras em evolução. Mas tal fato não representa um fator

negativo para a organização tendo em vista que processar requisições, selecionar fornecedores,

negociar preços, emitir pedidos de compra, realizar follow up, receber mercadorias compradas e

baixar pedidos atendidos são atividades básicas nos setores de compras das organizações,

conforme apontam Baily et al (2000). Em contra partida, a visão estratégica do processo de

compras começa a tomar forma, em especial, por meio das tentativas de estabelecer parcerias

com fornecedores em seu processo de negociação, conforme recomendado por Mello (2007),

gerenciamento das compras por meio de ERP e participação em reuniões para tomada de

decisões de cunho estratégico.

A análise de diálogos registrados em e-mails (divulgação não autorizada), bem como a

observação não participante das atividades rotineiras do setor de Compras, evidenciou a

presença simultânea do papel reativo e proativo do trabalho desenvolvido pelo respectivo setor.

Relacionamentos meramente transacionais foram identificados com vários fornecedores,

entretanto o papel proativo torna-se visível por meio do esforço em prol do alinhamento

estratégico com os objetivos da empresa; estabelecimento de parcerias com alguns fornecedores

para o desenvolvimento de novos produtos e projetos; cooperação para melhoria no processo

produtivo e consequente redução de preços. Operar de forma reativa e proativa

concomitantemente é plenamente possível para a Empresa Alpha, tendo em vista que, mesmo

em organizações com a atividade de compra bem desenvolvida, os dois modos de operação são

utilizados conforme aponta Lima (2004).

Inicialmente, os objetivos de Compra da Empresa Alpha não foram claramente identificados

por meio das entrevistas realizadas; entretanto, a observação das atividades rotineiras de

compras, bem como a análise da descrição funcional do setor de Compras na empresa

pesquisada (anexo A desta pesquisa), permitiram identificar que os principais objetivos estão

voltados para: privilegiar o fluxo seguro de materiais e serviços na linha de produção;

negociação de compra de matérias aos mais baixos custos dentro das especificações

predeterminadas em termos de quantidade, qualidade, prazos e preços; manter relacionamentos

cooperativos com fornecedores; administrar níveis de estoque; criar e aperfeiçoar rotinas e

procedimentos para os processos de aquisição.

A posição de subordinação impacta diretamente na forma e abrangência de atuação da Função

Compras, principalmente com relação à integração dos seus objetivos específicos e objetivos de

115

longo prazo das organizações. Desta forma, o setor de Compras da Empresa Alpha, antes

subordinado ao setor de operações, passou a ser subordinado diretamente à diretoria da empresa

com o propósito de favorecer o processo de integração entre a estratégia de Compras com a

estratégia competitiva da empresa. A partir do organograma disponibilizado para divulgação

pode-se observar o atual posicionamento do setor de Compras.

Figura 11 - Organograma - Empresa Alpha

Fonte: Disponibilizado por Empresa Alpha.

Após identificar o posicionamento do setor de Compras na Empresa Alpha, tornou-se

necessário analisar seu fluxo básico de compras para melhor compreensão do processo. Quando

questionados sobre as etapas do processo de compras, os entrevistados apresentaram respostas

parcialmente divergentes para um processo que deve seguir um fluxo padrão de atividades

conforme apontam Dias e Costa (2012):

Primeira etapa na verdade é o input de outra área que é a de vendas ao notificar um

pedido a ser atendido; a partir daí o departamento de produção calcula as

quantidades de insumos necessárias para atender esse pedido de venda; depois ainda

na produção o PCP analisa qual a forma de entrega deste pedido para saber a

periodicidade de compra; ai vai o input para o comprador que começa a fazer

cotação no sentido de atualização de preço de custo e análise de prazos de entrega;

caso estejam dentro dos pressupostos dos pedidos antigos realizados ele já tem

autonomia para fazer o pedido, mas caso tenha aumentado ele lança uma solicitação

no sistema pedindo para diretoria autorizar um aumento no preço do insumo, a

diretoria analisa e autoriza ou não a situação; é enviada a ordem de compra para o

fornecedor; daí pra frente o comprador acompanha junto ao fornecedor e a

transportador a entrega do material. E1

Primeiro a necessidade de cada setor, cada setor pode fazer um pedido de compra

[...]; depois compras faz o orçamento, passa para o sistema, depois tem a aprovação

no sistema e depois a compra, pagamento e recebimento. E2

116

Tenho um fluxo de compra. [...] Pedido, pagamento, acompanhamento na

transportadora e chegada da mercadoria e baixa da nota fiscal no sistema. [...]

Confere com a nota fiscal se a quantidade esta correta, se o produto é o mesmo que

compramos, a partir dai eles carimbam a nota, assinam, passam para o estoque, do

estoque dá o ok, ai eu baixo.Quando eu faço a baixa o sistema carrega o estoque. E3

Como foram encontradas divergências quanto ao fluxo padrão para realização de uma compra,

fez-se necessário utilizar a observação não participante e análise documental para, enfim,

encontrar o fluxo de compras utilizado pela Empresa Alpha conforme figura 12:

Figura 12 - Fluxograma de compras - Empresa Alpha

(continua)

117 Figura 12 - Fluxograma de compras - Empresa Alpha

(conclusão)

Fonte: Elaborado pelo autor com base na análise documental e observação não participante do processo de

compras na Empresa Alpha.

118

A interação com o ambiente externo ocorre por meio das cotações e do processo de negociação

junto aos fornecedores. As principais etapas do fluxo de compra da Empresa Alpha são:

1) emissão da requisição de compra (solicitação de compra);

2) análise da requisição de compra;

3) realização das cotações e negociações junto aos fornecedores considerandos as variáveis

de compra;

4) lançamento e aprovação do pedido de compra no sistema;

5) solicitação ao financeiro para realizar pagamento à vista quando for o caso;

6) realização do pedido de compra junto ao fornecedor;

7) follow up do pedido de compra;

8) recebimento do material;

9) providenciar troca ou cancelamento da compra caso necessário;

10) baixa da nota fiscal no sistema.

O quadro 25 apresenta as principais etapas encontradas no processo de compras da Empresa

Alpha, relacionadas às etapas preconizadas na literatura especializada:

Quadro 25 - Etapas processo de compras da Empresa Alpha relacionadas às etapas preconizadas na literatura

especializada.

(continua)

Pri

nci

pai

s et

apas

do p

roce

sso d

e co

mpra

s da

Em

pre

sa

Alp

ha

1 Empresa Alpha - Emissão da requisição de compra (solicitação de compra)

Autores Etapas proposta pelos autores:

Gaiher e

Frazier (2005)

Emissão da requisição de material.

Lopes, Souza

e Moraes

(2006)

Emite requisição de compra.

Martins e Alt

(2009)

Solicitação de compras (emite solicitação de compras).

Slack et al.

(2009)

Requisições de produtos ou serviços.

Gonçalves

(2010)

Emissão da requisição de compra que reflita as necessidades de reposição de material.

Pozo (2010) Solicitação de compras.

Dias e Costa

(2012)

Identificação da necessidade de aquisição e comunicação ao departamento de

Compras.

2 Empresa Alpha - Análise da requisição de compra

Autores Etapas proposta pelos autores:

Arnold (1999) Receber e analisar as requisições de compra.

Baily et al.

(2000)

Receber requisição de compra e avaliar se a compra é regular.

Martins e Alt

(2009)

Solicitação de compras (analisa e agrupa solicitações).

119 Quadro 25 - Etapas processo de compras da Empresa Alpha relacionadas às etapas preconizadas na literatura

especializada. (continuação)

Pri

nci

pai

s et

apas

do p

roce

sso d

e co

mpra

s da

Em

pre

sa A

lpha

3 Empresa Alpha - Realização das cotações e negociações junto aos fornecedores considerando

as variáveis de compras

Autores Etapas proposta pelos autores:

Arnold (1999) Selecionar fornecedores. Encontrar potenciais fornecedores, emitir solicitações para

cotação, receber e analisar cotações, selecionar o fornecimento certo.

Lambert, Stock

e Vantine

(1999)

Avaliar alternativas de compras.

Negociar com os fornecedores.

Baily et al

(2000)

Faça cotações de preço e obtenha outras informações.

Selecione o fornecedor e confirme o preço e condições.

Gaiher e

Frazier (2005)

Pedido de cotações (Especificações, Desenho, Descrição, Programa).

Seleciona o melhor fornecedor.

Lopes, Souza e

Moraes (2006)

Selecionar fornecedores para cotação.

Realizar a solicitação de cotação nos fornecedores A, B e C.

Comparar as cotações.

Escolher o fornecedor.

Martins e Alt

(2009)

Cotação ou proposta (emite quadro comparativo e analisa).

Slack et al.

(2009)

Prepara solicitações de cotações.

Seleciona o fornecedor preferencial.

Gonçalves

(2010)

Realiza pedido automático para materiais padronizados; emite pedido de compra para

fornecedores previamente contratados ou solicita coleta de preço no mercado.

Analisa cotações recebidas e escolhe o fornecedor que deverá ser contratado

respeitando preços, acondiciomento, transporte, etc.

Pozo (2010) Coleta de preços.

Análise de preços.

Dias e Costa

(2012)

Realização de consulta ao mercado fornecedor sobre as condições gerais de

fornecimento.

4 Empresa Alpha - Lançamento e aprovação do pedido de compra no sistema

Autores Etapas proposta pelos autores:

Martins e Alt

(2009)

Aprova quadro comparativo.

5 Empresa Alpha - Solicitação ao financeiro para realizar pagamento à vista quando for o

caso

Autores Etapas proposta pelos autores:

- -

6 Empresa Alpha - Realização do pedido de compra junto ao fornecedor

Autores Etapas proposta pelos autores:

Arnold (1999) Emitir pedido de compra.

Lambert, Stock

e Vantine

(1999)

Comprar.

Baily et al.

(2000)

Emitir o pedido.

Gaiher e

Frazier (2005)

Emitir ordem de compra.

Lopes, Souza e

Moraes (2006)

Emitir ordem de compra.

Martins e Alt

(2009)

Pedido de compra (emite pedido de compra).

Slack et al.

(2009)

Prepara o pedido de compra.

Gonçalves

(2010)

Emitir contrato de fornecimento para fabricação, expedição, despacho do material.

Pozo (2010) Pedido de compras.

Dias e Costa

(2012)

Emissão do pedido de compra ou contrato autorizando a entrega do material ou

prestação do serviço.

120 Quadro 25 - Etapas processo de compras da Empresa Alpha relacionadas às etapas preconizadas na literatura

especializada.

(conclusão)

7 Empresa Alpha - Follow up do pedido de compra

Autores Etapas proposta pelos autores:

Arnold (1999) Fazer um acompanhamento para garantir que os prazos de entrega sejam cumpridos.

Lopes, Souza e

Moraes (2006)

Acompanhar ordem de compra.

Gonçalves

(2010)

Acompanhamento do pedido.

Dias e Costa

(2012)

Realização do Follow up ou diligenciamento da entrega.

8 Empresa Alpha - Recebimento do material

Autores Etapas proposta pelos autores:

Arnold (1999) Receber e aceitar as mercadorias.

Gaiher e

Frazier (2005)

Notificação de que produtos aceitáveis foram recebidos.

Lopes, Souza e

Moraes (2006)

Receber a ordem de compra.

Gonçalves

(2010)

Recebe o material com a respectiva nota fiscal; realiza inspeção de qualidade e

contagem de material; e comunica ao usuário do material e/ou gestão de estoque.

Dias e Costa

(2012)

Recebimento do material comprado ou serviço contratado e realização da inspeção. /

Material inspecionado e aprovado é colocado a disposição dos interessados.

9 Empresa Alpha - Providenciar troca ou cancelamento da compra caso necessário

Autores Etapas proposta pelos autores:

- -

10 Empresa Alpha - Baixa da nota fiscal no sistema

Autores Etapas proposta pelos autores:

Arnold (1999) Aprovar a fatura para pagamento do fornecedor.

Fonte: Elaborado pelo autor

Das principais etapas executadas no processo de compras da Empresa Alpha, que também

constam nas sugestões preconizadas pela literatura especializada conforme observa-se no

quadro 25, merecem destaque as etapas 3 (realização das cotações e negociações juntos aos

fornecedores considerandos as variáveis de compras) e 6 (realização do pedido de compras

junto ao fornecedor) por serem tratadas por grande número de autores. Tal constatação, além de

reforçar o caráter básico destas duas etapas em um processo de compra, demonstra a

necessidade de análise prévia das variáveis que possam estar envolvidas em um processo de

negociação de compras antes da tomada de decisão, ou seja, da realização do pedido junto ao

fornecedor.

O quadro comparativo também possibilita evidenciar que as etapas 5 (solicitação ao financeiro

para realizar pagamento à vista quando for o caso) e 9 (providenciar troca ou cancelamento da

compra caso necessário) não estão claramente evidenciadas nas sugestões preconizadas pela

literatura especializada. Em relação à etapa 9, apesar de não estar claramente descrita na

literatura analisada, é possível inferir que esteja englobada dentro do processo de recebimento

de material descrito nos fluxos de compras sugeridos por Arnold (1999), Gaither e Frazier

(2005), Lopes, Souza e Moraes (2006); Gonçaves (2010); e Dias e Costa (2012).

121

Por sua vez, a etapa 5 (solicitação ao financeiro para realizar pagamento à vista quando for o

caso) do processo de compras da Empresa Alpha reflete a influência da variável de compra

“restrições financeiras” sobre a atuação da Função Compras. Como determinados fornecedores

não aprovam a ficha cadastral da empresa para compra faturadas, o fluxo de compras teve que

ser adaptado considerando uma etapa em que o comprador deve solicitar o pagamento à vista

para o setor financeiro, antes de realizar a compra, tendo em vista que o comprovante de

pagamento deve ser remetido ao fornecedor para que ocorra a liberação do produto ou

execução do serviço negociado. Nos processos de compras preconizados na literatura, o setor de

Compras já realizaria o pedido de compra ao fornecedor e, posteriormente, liberaria o

pagamento após a conferência do produto ou serviço entregue. Tal fato afeta outras variáveis de

compras, tais como preço e timing conforme constado na observação não participante durante a

pesquisa de campo.

Apesar do relacionamento com fornecedores ser considerado um dos principais responsáveis

pelos resultados do departamento de Compras (DIAS, 2005), bem como ser considerada a única

responsabilidade fundamental da Função Compras (BAILY ET AL., 2000), não foram

encontrados manual ou normativo contendo parâmetros para selecionar, avaliar, qualificar e

desenvolver fornecedores. Entretanto foram encontrados documentos que comprovam a

interação entre o setor de Compras da empresa Alpha e seus fornecedores estratégicos para a

empresa no que diz respeito a negociações de parcerias para desenvolvimento de novos

produtos e aprimoramento de matérias primas, conforme consta no anexo B.

O gerenciamento do banco de dados de fornecedores é realizado por meio de um Módulo de

Compras do ERP da empresa contendo informações cadastrais, pedidos de compras realizadas

por fornecedor, materiais comprados por fornecedor, controle de itens em estoque rastreados

por fornecedor, dentre outros (anexo C). A redução da base de fornecedores é apontada pela

literatura como característica de uma Função Compras estratégica, entretanto a análise Swot

realizada na empresa Alpha em 2013 (anexo D) evidencia como um dos pontos fracos da

organização ter poucos fornecedores para as suas principais matérias primas (plásticos de

engenharia e ligas de alumínio para injeção). Tal fato reforça a necessidade de adoção de

critérios por parte da empresa Alpha que, além de respeitarem os fatores observados por Baily

et al., (2000) para escolha e desenvolvimento de uma boa base de fornecedores devem também

considerar suas características e necessidades.

122

A estruturação da atividade de compras na Empresa Alpha segue o recomendado por Gaither e

Fraizer (2005) no que se refere a tomar decisões de compras mediante participação de outras

áreas da organização, tais como Vendas e Produção, conforme apontam relatórios de

consultorias e constatado em reunião para definição das prioridades de compras para

atendimento de pedidos de vendas. Tal procedimento pode favorecer o alinhamento dos

objetivos de compras com os objetivos estratégicos da organização como um todo, conforme

sugere Martins e Alt (2011).

4.2 Identificar as variáveis que estão sendo selecionadas para efetivação das compras

A caracterização do processo de compras realizado no capítulo anterior permitiu compreender

como se dá a organização das atividades de compras na Empresa Alpha, sendo esta uma das

variáveis de decisão em compras preconizadas na literatura. A partir de então, buscou-se

identificar as demais variáveis utilizadas na decisão de compras da organização.

Considerando que as variáveis utilizadas no processo de decisão de compras podem ser tomadas

como critérios para medir o desempenho da área de suprimentos (LIBONATI 2002; BARROS,

2010); os critérios para avaliação das atividades de compras na Empresa Alpha revelaram a

utilização de quatro variáveis em conformidade com a literatura especializada, são elas: tempo,

fonte de suprimentos, preço e assistência técnica.

Inicialmente, quando perguntados sobre os indicadores utilizados para acompanhar o

desempenho da área de Compras, os diretores entrevistados responderam não existir processo

efetivo de avaliação do desempenho da área de Compras, fato este que dificultaria a

identificação de variáveis utilizadas no processo de decisão em compras na organização,

conforme apontam os diálogos a seguir:

A gente não tem uma meta nem mesmo de redução de custos, o que a

gente faz é controle apenas se os custos estão aumentando. Metas por

exemplo, se compramos “X” e agora vamos comprar “2X” então

deveríamos ter um decréscimo, não temos políticas desse tipo. E1

Na verdade a gente faz isso por mês conforme os pedidos que a gente

tem para entregar. E a meta a gente tenta ficar dentro do mesmo valor

que a gente vem comprando. E2

123

Levando em consideração o pensamento de Dias e Costa (2012) sobre a falta de condições de

algumas organizações de avaliarem corretamente a performance de tão importante área, este

seria um fato possível dentro da realidade da Empresa Alpha. Entretanto, a pesquisa realizada

no banco de dados das notas fiscais de compras do período compreendido entre novembro 2011

à março de 2014 (anexo E), bem como a observação não participante realizadas em reuniões

concernentes ao desenvolvimento dos moldes de injeção plástica para fabricação de dois novos

produtos, apontam a existência de metas de compras – não parametrizadas e formalizadas em

normas ou manuais - relacionadas à:

a) fonte de suprimento: desenvolvimento de novos fornecedores, em tempo hábil, tanto

para construção dos moldes, quanto para fornecimento da matéria prima a ser utilizada

na produção da peça. Tais fornecedores devem ser selecionados para que os novos

produtos sejam lançados no mercado dentro dos parâmetros técnicos especificados e

respeitando os prazos determinados;

b) tempo: prazo de entrega dos itens a serem comprados e/ou serviços de construção dos

moldes a serem realizados. Este prazo deve respeitar o cronograma estabelecido para

início da injeção dos corpos de prova a serem enviados para testes em laboratório;

c) preço: valor dos itens a serem adquiridos e/ou serviços a serem contratados não podem

extrapolar o orçamento aprovado para desenvolver os novos produtos;

d) assistência técnica e treinamento: exigência de suporte técnico para os principais

insumos a serem comprados ou desenvolvidos, atrelados a exigência de treinamento

para operar o novo molde a ser construído caso necessário.

Tal constatação foi reforçada por meio da análise das principais informações geradas pelo

Módulo de Compras do ERP utilizado pela empresa, e tomadas como base para o

acompanhamento do trabalho do setor de Compras pelos seus clientes interno, tais como:

históricos de compras realizadas, curva ABC de materiais comprados, controle de preço de

compra, comparativo entre data da compra e data de entrega do material adquirido. A figura 13

(da tela principal do Módulo de Compras da Empresa Alpha) aponta a possibilidade de

parametrizar indicadores de compras para acompanhar o desempenho da área:

124 Figura 13 - ERP Módulo Compras - Indicadores

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – Módulo Compras – Empresa Alpha

A planilha com dados para construção da curva ABC apresentada na figura 14 revela a

capacidade de estabelecer e acompanhar indicadores de compras relacionados ao controle de

gastos por fornecedor durante novembro/2011 a março/2013.

Figura 14 - Planilha ABC de materiais comprados - Empresa Alpha

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – Módulo Compras – Empresa Alpha.

Outra evidência que remete a capacidade de estabelecer e acompanhar indicadores da atividade

de Compras na organização, além de revelar a existência da variável “especificação de compra”,

está no relatório de controle de requisições urgentes. Tal relatório monitora a quantidade de

125

requisições de compras solicitadas via ERP em caráter de urgência, ou seja, essas requisições de

compra devem ser atendidas pelo setor de Compras prioritariamente.

Figura 15 - Relatório de requisições de compras urgentes (ano 2013).

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha.

As especificações de compras possibilitam que as aquisições de serviços, materiais ou

componentes sejam processadas e realizadas adequadamente pelo setor de Compras, sendo

importante fator de interação entre o setor e seus clientes internos. Considerando as

particularidades da Empresa Alpha, determinados dados mínimos necessários devem constar

em uma requisição de compras, conforme apontam os depoimentos dos entrevistados E1 e E3:

Código e descrição do insumo ou item a ser comprado, dados do fornecedor,

dados da nossa empresa, o preço unitário, os impostos incidentes no produto,

o prazo de entrega, e a data da requisição. E1

Nome do produtos, se tiver medidas, as medidas, se tiver alguma

especificação técnica, especificação técnica (Se tem anti UV, se precisa de

masterizar, se precisa de aguentar carga “x” para materias primas) e

quantidade. E3

126

Tendo em vista que nas requisições de compra constam detalhes necessários à compra (DIAS E

COSTA, 2012; GAITHER E FRAZIER, 2005), foram analisadas as especificações de compras

contidas nas requisições enviadas ao setor de Compra da Empresa Alpha durante os anos de

2011, 2012 e 2013. A análise destes documentos mostrou-se extremamente importante para

evidenciar as seguintes variáveis de compras utilizadas pela empresa em seu processo de

tomada de decisão em compras:

a) qualidade: representada por especificações de desempenho e especificações de

conformidade contidas nas requisições de compra;

b) quantidade: requisições de compra obrigatoriamente preenchidas com a quantidade de

itens a serem adquiridos;

c) especificações de compra: descrição dos materiais a serem adquiridos. Quando a compra

refere-se a itens comprados regularmente, como o Polietileno de alta densidade (matéria

prima básica para fabricação de determinados produtos), percebe-se menor número de

informações necessárias para compra. Entretanto, quando se trata de novo produto a ser

adquirido, as especificações de compra, em sua maioria, foram preenchidas com riqueza

de detalhes;

d) timing: em determinadas requisições de compra foram encontradas exigências de tempo

entre o recebimento da requisição de compra e a data em que o item a ser adquirido

deveria estar disponibilizado para produção;

e) tipo de produto: especificação do tipo de produto que deve ser adquirido pelo setor de

Compras, tais como produtos padronizados ou materiais feitos sobre encomenda;

f) assistência técnica e treinamento: ratifica a existência desta variável para determinadas

compras, tais como computadores, ar condicionado, prestação de serviços;

g) validade dos produtos: em determinadas requisições de compra são especificadas o

prazo de validade mínimo necessário para o item a ser adquirido, principalmente quando

se trata de insumos a serem utilizados para o desenvolvimento de novos produtos. O

prazo de validade de um insumo pode influenciar nos resultados dos testes de tração,

capacidade de carga, trilhamento elétrico, envelhecimento de material e absorção de

umidade que devem ser realizados, em laboratórios autorizados, para homologação de

novo produto para venda junto às concessionárias de energia elétrica em território

nacional.

127 Figura 16 - Requisição de compras - Empresa Alpha

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – Módulo Compras – Empresa Alpha.

Por meio da observação não participante e análise de documentos eletrônicos gerados pelo ERP

da empresa, foi identificada a conferência dos “níveis de estoque” antes da realização de

qualquer compra solicitada. O comprador, antes de dar início à busca por fornecedores e

posterior processo de negociação de compra, também uma das variáveis de decisão, verifica os

níveis de estoque referente ao item solicitando conforme anexo F. A constatação de níveis

satisfatórios em estoque faz com que o comprador procure o solicitante da compra para maiores

esclarecimentos sobre a necessidade de aquisição do item solicitado, quando este não consta na

própria requisição de compra.

Por meio da observação não participante das etapas do processo de compras, pode-se constatar

também a existência de restrição financeira, de cunho bancário, proveniente de desacordo

comercial, identificada previamente através das entrevistas semiestruturadas:

Acredito que nos últimos dezoito meses a empresa possui algum tipo de

restrição que ou inviabilizava ou dificultava a aquisição de insumos a prazo.

[...] Prejudica não em relação ao custo, pois a vista você consegue uma

situação melhor, mas prejudica com relação a fluxo de caixa e logística para

atendimento de pedidos de venda. Às vezes não tenho fluxo de caixa

suficiente para “estartar” todas as compras simultaneamente. É feito um

crivo conforme cada pedido de venda. [...] Atualmente a gente consegue

128

comprar parte a prazo e parte continua sendo a vista, mas o grosso hoje

conseguirmos comprar com prazo de pagamento. E1

Tal situação afeta negativamente duas variáveis de decisão do processo de compras na Empresa

Alpha: a negociação de compras e prazo de pagamento. Por inúmeras vezes, o comprador da

empresa pesquisada teve solicitações de compras à prazo negadas em determinados

fornecedores, restando apenas à opção de compra à vista, conforme demonstra a fala do

entrevistado 2 (dois):

“[...] não estamos conseguindo comprar a prazo ainda por causa de

restrições”. E2

Apesar disso, negociações cooperativas e até mesmo parcerias com alguns fornecedores foram

encontradas, como é o caso da compra de serviço de injeção de peças plásticas, serviços de

ferramentaria e principalmente nos serviços de transporte de mercadorias adquiridas de outros

estados, ou seja, variável de compra frete.

Conforme apontado nas entrevistas realizadas, não há indicação de avaliação dos custos totais

de aquisição por parte da Empresa Alpha. Quando perguntado na questão número 2 (dois) da

entrevista se os custos da operação de compra são analisados em sua totalidade, um dos

diretores respondeu da seguinte maneira:

Não, olho o custo isolado mesmo. Isoladamente preço unitário, e não o

frete sim, ele é incluso porque ele é praticamente um agregador no

preço. Só até ai mesmo, custo direto mais o frete. E1

Tal resposta foi confirmada na questão número 18 quando o mesmo foi questionado novamente

sobre quais os custos são avaliados pela empresa em uma compra:

Custo direto do produto, custos de frete sobre esse insumo e os custos

tributários (ICMS, IPI, Isenção, restituição, medida complementar dos

governos). E1

O comprador quando questionado sobre o mesmo tema aponta que a diretoria realiza análises de

custo de tempo e de pessoal com relação às compras efetuadas, entretanto tal afirmação foi

refutada pela pesquisa documental realizada.

129

Num primeiro momento os impostos são avaliados pela área de

Compras. [...] Custo de transporte e o restante seria feito pela diretoria...

questão de pessoal, tempo eles é que avaliam. E3

As entrevistas, a observação não participante e análise documental realizada no período de

dezembro/2013 a março de 2014 não apontaram variáveis utilizadas nas decisões de compras da

Empresa Alpha diferentes das encontradas na literatura utilizada como base para esta pesquisa.

4.3 Acompanhar a evolução dessas variáveis no processo de decisão de compras

Nesta seção, procurou-se um entendimento em profundidade das variáveis selecionadas pela

Empresa Alpha para efetivação de suas compras. Desta forma, foi realizada a análise das

variáveis no processo de decisão de compras, detalhando cada uma individualmente, mas sem

desconsiderar a relação de interdependência entre algumas delas. Ressalta-se, em especial, a

importância da observação não participante seguida da análise documental para concretização

desta etapa da pesquisa.

Ao encontro do pensamento de Guimarães e Évora (2004), estão presentes no processo de

decisão de compras da Empresa Alpha: a análise das especificações constantes na requisição de

compra, estabelecimento de alternativas de compras, escolha da melhor alternativa de compra,

implementação da decisão de compra por meio do pedido junto ao fornecedor e em alguns

casos a análise dos resultados obtidos. A sistematização do processo ocorre por meio de um

fluxo de atividades anteriormente representado pela figura 12 e seu gerenciamento por meio do

módulo de compra do ERP da empresa conforme figura 17.

130 Figura 17 - Módulo de Compras - ERP Empresa Alpha

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha.

Os botões de comando da tela “Manter Pedido de Compras” (figura 17) foram construídos de

forma a proporcionar o gerenciamento do processo de decisão de compras na Empresa Alpha:

a) botão “Novo”: abertura de novo pedido de compra realizado após análise das

especificações de compra, contidas nas requisições previamente aprovadas e posterior

negociação junto ao fornecedor do item a ser adquirido;

b) botão “Salvar”: salvar o pedido de compra registrado no sistema pelo comprador;

c) botão “Salvar Novo”: utilizado somente para duplicar algum pedido de compra já

realizado em períodos anteriores. Otimiza o trabalho de digitação e registros cadastrais

de fornecedores e itens de estoque;

d) botão “Editar”: realizar alterações em algum pedido de compra que ainda não tenha sido

aprovado para aquisição;

e) botão “Excluir”: excluir um pedido de compra caso seja necessário;

f) botão “Pesquisar”: localizar algum pedido de compra, seja por meio do nome do

fornecedor, ou nome do item adquirido em períodos anteriores;

g) botão “Solicitar”: solicitar aprovação de compra do novo pedido lançado no sistema;

h) botão “Em aprovação”: este comando possibilita ao responsável pela aprovação de

compras optar por duas situações distintas, i) aprovar o pedido de compra, deixando-o

em aprovação financeira (comprar somente quando o financeiro realizar o pagamento),

ii) em aprovação comercial (a empresa aprova a compra entretanto irá aguardar o

momento oportuno para efetuar a aquisição);

131

i) botão “Aprovar”: aprovar um pedido de compra por definitivo, ou seja, o comprador já

pode solicitar a compra junto ao fornecedor;

j) botão “Reprovar”: reprovar um pedido de compra;

k) botão “Cancelar”: cancelar um pedido de compra;

l) botão “Comprar”: significa que o pedido de compra foi realizado junto ao fornecedor

selecionado;

m) botão “Atender”: significa que os itens comprados foram entregues na empresa,

conferidos, aprovados e a nota fiscal de compra será registrada no sistema;

n) botão “Imprimir”: imprimir um pedido de compra qualquer.

O botão de comando “Novo” na tela “Manter Pedido de Compras”, representa bem a etapa de

implementação da alternativa de decisão escolhida conforme aponta Bispo (1998), ou seja, o

início do registro de uma compra no sistema após as variáveis de compra serem contempladas.

O registro de compras via sistema representa parte do processo de decisão de compras na

Empresa Alpha. Foi desenvolvido e construído internamente para melhor adequação às

necessidades da organização, o que reforça a inexistência de fluxo rígido, único e universal de

processo de decisão em compras conforme evidenciado no estudo de Wind e Thomas (1996). A

utilização do módulo de compra via sistema ERP confirma o uso de ferramentas

computacionais como suporte ao processo de tomada de decisão em compras nas organizações,

conforme defendem Alejandro et al (2011).

4.3.1 Variável de compra: qualidade

A variável qualidade trata-se do conjunto de características de um produto ou serviço

necessárias para atender às exigências de compra. Por meio de análise documental, foi

confirmado em determinadas especificações de compra a exigência de detalhes destinados a

garantir o nível mínimo de qualidade para aceitação do item comprado ou serviço contratado.

A figura 18 representa tal situação.

132 Figura 18 - Especificações para realização de compra - Empresa Alpha

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha.

A análise documental também revelou que as principais matérias primas utilizadas na linha de

produção são previamente padronizadas, preservando a qualidade por meio dos padrões

específicos de materiais conforme testes de laboratório, bem como as especificações de

desempenho contidas nos projetos de engenharia previamente aprovados conforme sugerem

Lambert, Stock e Vantine (1999).

Para dirimir qualquer dúvida, foram analisadas documentações, aqui representadas pelo anexo

G, referente ao desenvolvimento de produto na Empresa Alpha. Foram constatadas

especificações de desempenho e especificações de conformidade, tanto para o produto em

desenvolvimento quanto para a matéria prima a ser utilizada para construção dos mesmos. A

análise documental (Anexo H) comprovou o recebimento de matérias primas com nível de

qualidade previamente padronizado para os seguintes itens considerados como os principais

insumos na linha de produção: Polietileno de alta densidade; liga de alumínio 305 e 306

padronizadas conforme norma SAE (Society of Automotive Engineers).

Vale ressaltar que, quando perguntados sobre quais itens são avaliados quando o produto

comprado ou o serviço contratado é finalizado, os entrevistados E1 e E2 demonstraram em

133

suas respostas não haver, no ato de recebimento dos produtos, um procedimento padronizado

para conferências dos itens comprados no que se refere ao quesito qualidade:

Apenas se a quantidade que chegou confere com a quantidade comprada ou

está sendo financeiramente cobrada. [...] se der algum problema é verificado

na linha de produção. E1

Hoje tem que verificar na nota fiscal se chegou conforme o pedido, mas a

gente não confere se chegou realmente com a qualidade que foi aprovada ou

a quantidade. Quando está na linha de produção, que está fazendo é que a

gente vê se está tendo algum problema ou não. E2

Desta forma, para afastar qualquer dúvida, foi realizada observação não participante em

relação ao processo de recebimento de itens comprados na Empresa Alpha, onde foi

comprovado o recebimento das principais matérias primas com qualidade garantida por meio

de padronização, conforme apontam os certificados de análises contidos no anexo H.

Entretanto, verificou-se também que, diversos itens comprados tiveram somente a quantidade

e preço conferidos junto ao pedido de compra realizado ao fornecedor. Tal fato revela que o

setor de Compras negocia junto a seus fornecedores considerando as especificações de

qualidade exigidas nas especificações de compra, mas no ato de recebimento a variável

qualidade fica resumida, em determinadas situações, em apenas conferência de quantidades e

preço de compra, o que ratifica a respostas dos entrevistados E1 e E2.

4.3.2 Variável de compra: quantidade

Esta variável refere-se à quantidade dos produtos a serem adquiridos considerando o volume

de vendas, o planejamento e controle de estoque, bem como o planejamento e controle da

produção.

A quantidade a ser comprada é considerada uma das variáveis básicas utilizadas no processo

de decisão de compras da Empresa Alpha, estando presente em todas as requisições de

compras analisadas durante a pesquisa documental, conforme apontam as figuras 16 e 18

anteriormente apresentadas.

Quando questionados sobre o critério de definição das quantidades a serem compradas, os

entrevistados E1 e E2 focaram na compra de produtos conforme as necessidades dos clientes

e níveis de estoque respectivamente, conforme apontam respostas à questão 13 do

questionário de entrevista:

134

Na verdade pode ser respondido junto, pois o critério é o mesmo, que é a

tomada de decisão em relação à necessidade do cliente. Quando não é a

necessidade de atendimento do cliente passa a ser a de possibilidade de

atendimento do cliente. E1

A quantidade a gente confere o estoque, eu faço, por exemplo, um pedido

desses maiores eu faço uma vez por semana. Eu olho o que tem vendido que

eu tenho que entregar na semana, o que eu tenho no estoque e o que eu tenho

que pedir. E2

A análise de documentos físicos e eletrônicos, confirmaram que as quantidades a serem

adquiridas são definidas conforme a entrada de novos pedidos de vendas (pedidos estes que

determinam a programação de produção), conferência dos pedidos de venda ainda em aberto e

posterior conferência dos níveis em estoque conforme recomenda Baily et al. (2000). O

controle de estoque é realizado por simples conferência dos itens disponíveis em estoque, via

módulo “Estoque” no ERP da empresa conforme aponta o anexo F.

A conferência de estoques para determinação da quantidade de itens a serem comprados,

conforme identificado na análise documental, refuta a inexistência de estoque alegada pelo

entrevistado E3 em resposta a questão 13 do questionário de entrevista:

[...] Quando eu vejo que a quantidade é exorbitante, tanto para baixo quanto

para cima eu procuro saber se está correto. Não temos estoque, não temos

condição de manter estoque, então temos que trabalhar desse jeito. [...]

alguns fornecedores conseguimos prazo.

Constatou-se que, na realidade, não há a quantidade adequada de determinados itens em

estoque capaz de proporcionar menores números de compras durantes o mês, o que ocasiona

aumento no número de processos de compra efetuados pelo comprador.

4.3.3 Variável de compra: tempo

A variável tempo, está relacionada ao prazo de entrega dos itens comprados e/ou dos serviços

contratados junto aos fornecedores.

Por meio da análise documental realizada no histórico de compras contido no ERP da

Empresa Alpha, foi constatado a existência de controle com relação às datas de lançamento do

pedido no sistema e a posterior entrega do item comprado pelo fornecedor conforme revela o

histórico de compra contido na figura 19:

135 Figura 19 - Eventos e Histórico de compra - Empresa Alpha

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha.

Em todas as negociações de compra, e conforme representado no pedido de compra da figura

19, a data prevista para entrega do pedido realizado é negociada. A existência de follow up

das compras realizadas na Empresa Alpha, confirmadas pelos entrevistados via questão 22 do

questionário de entrevista, exemplifica a importância do prazo de entrega, conforme apontam

Dias e Costa (2012).

4.3.4 Variável de compra: fonte de suprimento

A variável fonte de suprimento foi analisada na decisão de compras em função da seleção de

fornecedores adequados. Para tal foram pesquisadas as exigências impostas pelo setor de

Compras da Empresa Alpha junto aos seus fornecedores.

A Empresa Alpha possui uma estratégia de seleção e avaliação, não explicita, documentada por

meio de dossiês individualizados para cada fornecedor e não divulgada a toda organização. A

análise de documentos, em especial troca de mensagens eletrônicas com seus fornecedores,

bem como observação participante de reunião para aprovação de novo reajuste de preços e

novos prazos de entrega executados por um de seus fornecedores, permite inferir que a

Empresa Alpha foca sua seleção e avaliação de fornecedores em torno da pontualidade de

entrega, preço praticado e qualidade previamente negociada. Tal constatação é confirmada

136

através das respostas dos entrevistados em relação as principais exigencias impostas pela área

de Compras da empresa junto aos fornecedores:

Boa pergunta: como não temos política eu imagino que seja a pontualidade

porque a gente parte do princípio que a qualidade dos produtos já está

garantida via normas, que a princípio as empresas tem que estar cumprindo

regularmente. [...] Acho que o departamento de Compras está focado nisso.

Claro que o departamento de Compras tem o preço também, mas como eu já

disse o preço como já foi dito é uma exigência da qual “necessita-se” de uma

aprovação, então acredito que o departamento específico de compra está

interessado na pontualidade para que ele não seja penalizado pela diretoria.

[...] Além de preço e prazo, a homogeneidade no material. O material tem que

ter sempre o mesmo padrão de qualidade já aprovado. E1

Qualidade, preço e prazo. E2

Parceria, respeito ao que foi acordado, respeito a negociação. Isso influencia

preço, prazo de entrega, até mesmo o atendimento acho que influencia um

tanto ai também. E3

Sobre a escolha de uma fonte de suprimento confiável, uma das sugestões de Slack et al.

(2009) está em manter os históricos de fornecimento. Na Empresa Alpha, o histórico de

fornecimento das fontes de suprimentos são mantidos em dossiês individualizados, bem como

gerenciados por meio do Módulo de Compras do ERP da empresa conforme aponta a figura

20:

Figura 20 - Gerenciamento de compras efetuadas por fornecedor - Empresa Alpha

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha.

137

Ainda conforme sugerem Gaither e Frazier (2005), além de funcionarem como intermediária

entre a empresa e seus fornecedores, O setor de Compras da Empresa Alpha mantêm um banco

de dados onde são mantidos cerca de 362 fornecedores ativos, ou seja, selecionados para o

fornecimento conforme consta na figura 21:

Figura 21 - Base de dados fornecedores - Empresa Alpha

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha.

A figura 22 contêm dos dados necessários para elaboração da curva ABC das compras

realizadas pela Empresa Alpha em seus fornecedores nos últimos 29 meses (novembro/2011 a

março/2014).

Figura 22 – Planilha ABC por fornecedores

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha.

138

O documento intitulado “Avaliação para qualificação de fornecedores de material crítico”,

exposto no anexo I, foi encontrado nos controles a serem implantados pelo setor de Compras

em cumprimento ao planejamento estratégico da organização para o período de 2013 à 2017.

Este documento monstra que a Empresa Alpha pretende avaliar seus fornecedores em termos

de: controle de produção, planejamento, instalações, controle de fornecedores do próprio

fornecedor avaliado, controle de documentos e por fim armazenamento. Tal documento ratifica

o momento de transição da Função Compras da Empresa Alpha de um posicionamento tático

(operacional) para um posicionamento estratégico.

4.3.5 Variável de compra: preço

A variável de compra preço representa o valor monetário para compra de determinado

produto acrescidos dos impostos incidentes. Trata-se de uma das variáveis de compras de

análise obrigatória pelo setor de Compras da Empresa Alpha, reforçando o pensamento de

Baily et al. (2000) ao apontar tal variável como fator mais frequentemente associado às

responsabilidades de compras.

Por meio da observação não participante, foi possível constatar que o comprador da Empresa

Alpha realiza pesquisa de preços de produtos iguais ou semelhantes no mercado antes de

iniciar o processo de negociação junto aos fornecedores selecionados. Também são

verificados os dados históricos disponíveis no Módulo de Compras do ERP da Empresa

Alpha com relação ao preço praticado em compras anteriores. A verificação de dados

históricos é confirmada pelo entrevistado E2 em resposta a questão 13 da entrevista

semiestruturada realizada “[...] Com relação a preço na verdade a gente olha o que está no

sistema, os últimos preços e prazos”.

139

Em relação aos impostos, foi constado conforme figura 23 a discriminação dos mesmos em

cada compra realizada.

Figura 23 - Pedido de compra - Empresa Alpha

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha.

A resposta do entrevistado E1 quando perguntado sobre quais os custos e impostos são

analisados no setor de Compras da Empresa Alpha, confirma que os impostos são

considerados para efetivação das compras já incorporados ao preço negociado:

Custo direto do produto, custos de frete sobre esse insumo e os custos

tributários (ICMS, IPI, Isenção, restituição, medida complementar dos

governos). [...] Existe uma planilha onde jogo os valores e ela gera o

resultado do custo equalizado dos produtos retirando os impostos. E1

140

4.3.6 Variável de compra: negociação de compra

Esta variável está relacionada ao processo de negociação para compra de produtos e/ou

contratação de serviços juntos aos fornecedores, considerando o papel do profissional de

compras neste processo.

A análise detalhada das etapas do fluxograma de operação para compras apresentado

anteriormente no capitulo 4.1 por meio da figura 12, comprova a existência de um processo de

negociação para realização das compras na Empresa Alpha. A observação não participante do

processo de compra, seguindo o fluxograma supracitado, ratifica que o comprador estabelece

processos de negociação junto a seus clientes internos e fornecedores para realização de

determinadas aquisições. Por diversas vezes durante o processo de negociação de compra, o

comprador negociou interna e externamente para conciliar as visões de funcionários e

fornecedores conforme sugere por Baily et al. (2000). Durante as negociações de compra,

foram frequentemente utilizadas: trocas de e-mails, contatos telefônicos, acessos à Internet e

consulta ao Módulo de Compras do ERP da empresa.

Não foi identificado adoção de modelos para negociações de compras na empresa pesquisada,

entretanto foram encontradas as fases preparatórias de reunião e implementação sugeridas por

Junior (2011). A persuasão, aceitação, coerção e solução do problema também foram

encontradas no processo de negociação de compras na Empresa Alpha, apontando influência

do fator humano no processo de negociação, principalmente com relação às habilidades de

negociação do comprador.

Conforme discutido nos capítulos 2.3 (Decisão de compras) e 2.4 (O papel do profissional de

compras) o comprador tem importante participação nas negociações de compras dentro das

organizações. Na Empresa Alpha não é diferente, ao estabelecer relacionamentos com as

fontes de suprimentos, o comprador, em diversos momentos, realizou a intermediação de

interesses corporativos com pessoais, como no caso de recebimento de mercadorias

compradas e recebidas após seu horário de trabalho, sem autogratificações conforme sugerido

por Ramos (2002).

A formação e/ou experiência na área de Compras, fator que pode contribuir favoravelmente

para o sucesso em determinados processos de negociação, não é exigida pela Empresa Alpha

conforme aponta o depoimento a seguir:

141

Na verdade escolaridade, idade e mesmo formação a gente coloca hoje como

pretendido, mas não exigido, não exige como um item desclassificatório

porque há uma escassez de mão obra qualificada, então a gente acaba tendo

que afrouxar um pouco os critérios. E1

A falta de profissionais de compras com conhecimento, habilidades e competências

apropriadas pode prejudicar a organização de se beneficiar da vantagem competitiva

proporcionada por uma Função Compras desenvolvida, conforme aponta Baily et al. (2000).

4.3.7 Variável de compra: custo total de aquisição

Esta variável abrange a apuração do custo total envolvido na compra de um produto ou

contratação de um serviço. Apesar de ser considerada uma importante variável a ser analisada

(BAILY ET AL., 2000), a Empresa Alpha não realiza a apuração dos custos totais de suas

operações de compra.

A análise dos documentos de compras disponibilizados, bem como dos módulos de Compras

e Financeiro do ERP da empresa, não permitiram constatar existência da apuração de todos os

custos envolvidos nos processos de compras. Mesmo o preço sendo considerado apenas um

dos elementos do custo total (LAMBERT, STOCK E VANTINE, 1999), o foco da análise do

diretor responsável pela análise dos custos de produção gira em torno do mesmo, acrescido

apenas do custo do frete e apuração dos impostos, conforme justificado em sua resposta sobre

quais custos eram apurados pela empresa em um processo de compras:

Custo direto do produto, custos de frete sobre esse insumo e os custos

tributários (ICMS, IPI, Isenção, restituição, medida complementar dos

governos). E1

142

A figura 24 comprova a preocupação apenas com preço do item comprado, impostos e custo

do frete:

Figura 24 - Controle de compras - preço, impostos e frete

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha.

Para ratificar a inexistência da apuração dos custos totais envolvidos em um processo de

compra, o entrevistado E1 foi questionado se existiria um controle individual de cada tipo de

custo do processo de compras, tais como custo por requisição, custo hora do comprador, etc.

Sua resposta negativa, “Não, atualmente não temos isso”, confirma a inexistência da apuração

do custo total de aquisição.

4.3.8 Variável de compra: especificação de compra.

As especificações de compra indicam os requisitos necessários para realização da compra.

Especificações incorretas provocam retrabalho e prejuízos à operação da empresa, levando os

compradores a perderem muito tempo interpretando e realizando correções. Desta forma, em

conformidade com as recomendações de Dias e Costa (2012), o comprador da Empresa Alpha

analisa criteriosamente cada especificação contida nas requisições de compras eletrônicas

representadas pela figura 25:

143 Figura 25 - Requisição de compras - Empresa Alpha

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha.

Em conformidade com sugerido por Gaither e Frazier (2005) e Dias e Costa (2012), nota-se

claramente a necessidades de preenchimento de alguns dados mínimos necessários para gerar

corretamente uma requisição de compra no ERP da Empresa Alpha:

a) código da requisição: código gerado automaticamente para identificação da requisição;

b) identificação do requisitante;

c) data do lançamento;

d) data da solicitação;

e) centro de custo onde deve ser debitada a compra do produto ou contratação do serviço

solicitado;

f) marcar a opção de compra urgente se for o caso;

g) observações: campo destinado ao preenchimento de todas as especificações, caso

necessárias, para efetivação correta da compra (descrição detalhada do material), tais

como medidas, propriedades físicas e químicas, cor, dureza de materiais, modelo, etc.

Ressalta-se que é autorizado ao solicitante descrever qualquer tipo de informação que

contribui positivamente com o trabalho do setor de Compras, aplicação ou destinação

do material, prazo desejado para entrega, estimativa de custo, se possui indicação de

algum fornecedor, etc;

h) itens da requisição: espaço destinado para informar qual o nome do item a ser

comprado;

144

i) unidade de medida;

j) quantidade a ser comprada;

k) comunicação interna: o sistema utilizado pela Empresa Alpha permite a comunicação

entre o comprador e o solicitante da compra via sistema, deixando todas as

informações registradas no banco de dados da empresa, tais como o motivo da

reprovação da requisição de compra, solicitação para melhorar as especificações do

item a ser comprado, etc;

l) anexos: o sistema permite incluir qualquer tipo de anexo, desde documentos em Word,

Excel, PDF, imagem, foto e inclusive vídeo que possa contribuir positivamente para o

processo de compra do item solicitado. Tudo fica registrado diretamente no banco de

dados da empresa.

Conforme indicado no fluxo de compra (figura 12 - capítulo 4.1), a emissão da requisição de

compra trata-se da primeira atividade a ser realizada para início de todas as operações

necessárias para concretização da aquisição. Desta forma, seu preenchimento deve ser

minucioso e sua conferência e posterior aprovação por parte do setor de Compras da Empresa

Alpha é realizada rigorosamente conforme constatado por meio da observação não

participante.

4.3.9 Variável de compra: organização de Compras

A variável organização de Compras está relacionada à estruturação do processo de compras na

organização, envolvendo principalmente a estrutura organizacional da empresa; posicionamento

do setor de Compras; centralização, descentralização das compras; decisão de fabricar ou

comprar os itens a serem utilizados na linha de produção. O capítulo 4.1 apresentado

anteriormente contribui consideravelmente para compreender a forma de organização de

Compras da Empresa Alpha.

A Função Compras da Empresa Alpha privilegia o fluxo diário de materiais, ou seja, a obtenção

e coordenação do fluxo contínuo de suprimentos a fim de atender os programas de produção.

Passa por um momento de transição de um posicionamento tático (operacional) para um

posicionamento estratégico, sendo necessário seu reposicionamento no organograma da

empresa (antes subordinada à área de operações, passa a responder diretamente a diretoria da

empresa).

145

A observação não participante seguida da análise documental permitiu constatar que o processo

de compras na empresa ocorre de forma centralizada. Atualmente não trabalha com orçamento

de compras, entretanto demonstra ter conhecimento de sua importância e pretende implantá-lo.

Com relação à decisão de fabricar ou comprar determinados produtos, constatou-se que a

Empresa Alpha opta pela compra da maioria dos itens utilizados em sua linha de produção,

entretanto desenvolve internamente e detêm o domínio dos moldes de injeção dos seus

produtos.

Os principais objetivos de Compras estão voltados para: o fluxo seguro de materiais e serviços

na linha de produção; redução de preços de compra; estabelecimento de relacionamentos

cooperativos com fornecedores; administração dos níveis de estoque; criação e aperfeiçoamento

de rotinas e procedimentos para os processos de aquisição. Seu fluxograma de compras

apresenta as etapas sugeridas pela literatura especializada, apesar de sofrer adaptação em

decorrência da restrição financeira existente. Não foram encontrados manual ou normativo

contendo parâmetros para selecionar, avaliar, qualificar e desenvolver fornecedores o que pode

prejudicar a manutenção de parcerias no longo prazo.

4.3.10 Variável de compra: restrição financeira

Variável relacionada à existência de restrições financeiras que possam impedir o setor de

Compras de efetuar as aquisições necessárias.

Em consonância com Dias e Costa (2012), o comprador da Empresa Alpha observa a existência

de restrições financeiras que possam impedir uma aquisição. A análise documental não foi

suficiente para revelar como tal conferência ocorre, entretanto a observação de inúmeros

processos de compras sendo realizados durante o período de coleta de dados permitiu constatar

que o comprador consulta periodicamente o departamento financeiro via telefone ou e-mail para

verificar a existência de pendências financeiras relacionadas ao não pagamento de compras

realizadas a prazo.

Foram constatadas restrições financeiras decorrentes de desacordo comercial em relação a

financiamento de máquinas e equipamentos junto a determinado banco; restrições estas não

relacionadas a compras de produtos corriqueiramente utilizados na linha de produção. Tal fato

prejudica a Empresa Alpha no processo de negociação de compra junto a determinados

fornecedores, conforme confirma o depoimento do entrevistado E1

146

[...] Acredito que nos últimos dezoito meses a empresa possui algum tipo de

restrição que ou inviabilizava ou dificultava a aquisição de insumos a prazo.

[...] Prejudica não em relação ao custo, pois a vista você consegue uma

situação melhor, mas prejudica com relação a fluxo de caixa e logística para

atendimento de pedidos de venda. Às vezes não tenho fluxo de caixa

suficiente para “estartar” todas as compras simultaneamente. É feito um

crivo conforme cada pedido de venda.

Em contraponto, em determinadas negociações de compra, foram concedidos prazos de

pagamento sem nenhum tipo de empecilho, inclusive junto a novos fornecedores. Tal fato

confirmado pelo entrevistado E1:

[...] Atualmente a gente consegue comprar parte a prazo e parte continua

sendo a vista, mas o grosso hoje conseguirmos comprar com prazo de

pagamento.

Aprofundando na pesquisa para descobrir o motivo de tal fato, verificou-se que, conforme

recomendado por Dias e Costa (2012), a atitude proativa do comprador frente a necessidade de

suprimentos, atrelado ao processo de negociação junto aos fornecedores trazem bons

resultados para a empresa, tendo em vista que determinadas aquisições foram realizadas com

prazo de pagamento de 28, 35 e 42 dias. Essa situaçao revela a importância do direcionamento

estratégico do departamento de Compras, em busca de alternativas para manter o fluxo

continuo de suprimentos nas organizacoes independe das dificuldades existentes.

4.3.11 Variável de compra: timing

A variável timing está relacionada à agilidade do setor de Compras em atender as necessidades

de suprimentos da organização em tempo hábil.

As análises documentais realizadas confirmam a inexistência de parâmetros formalizados com

relação ao controle do tempo decorrido para atendimento dos pedidos de compras, o que

poderia remeter a falta de controle de tal variável, conforme identificado nas entrevistas

realizadas. Entretanto, através da análise das requisições de compras seguidas dos pedidos de

compras realizados no ERP da empresa, é possível concluir que, apesar da inexistência de

parâmetros formais relacionados ao timing em compras, o comprador da Empresa Alpha

controla o tempo de atendimento para determinadas solicitações de compra.

147

O Módulo de Compras utilizado pela empresa permite o completo monitoramento do tempo

decorrido entre o recebimento de uma requisição de compras até a entrada do item comprado

em estoque e/ou finalização do serviço contratado. Como não há metas estipuladas, o

comprador dispensa atenção ao controle do tempo das compras que ele considera importante ou

que são solicitadas em caráter de urgência.

Considerando a afirmação de Baily et al. (2000) de que o timing das compras é vital para a

Administração de caixa, que precisa controlar o dinheiro exigido durante cada período, foi

realizada ampla pesquisa na documentação eletrônica disponibilizada pelo Módulo de Compras

da empresa. Tal análise permitiu identificar que o sistema está preparado para monitorar o

tempo entre o recebimento da requisição de compra via sistema e a finalização do pedido de

compra através do registro dos dados da nota fiscal no Módulo de Compras do ERP e entrada

dos itens comprados em estoque, conforme figura 26.

Figura 26 - Compras realizadas por nota fiscal

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha.

O controle de data de lançamento da requisição no sistema, data do pedido de compra e data da

chegada do item na empresa comprovam a existência de ferramentas necessárias para controle o

timing das compras realizadas na Empresa Alpha. Tal fato é reforçado pela figura 27.

148 Figura 27 - Tela controle de pedidos de compra - Empresa Alpha

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha.

A figura 27 também apresenta situações de entrega A (cor verde), B (cor amarela), C (cor

vermelha), tal legenda representa os seguintes parâmetros confirmados junto ao desenvolvedor

do sistema:

A (cor verde): indica que o pedido de compra está dentro do prazo negociado para

recebimento, além de respeitar margem de segurança de dois dias antes da data

estipulada para entrega;

B (cor amarela): indica que o pedido ainda encontra-se dentro do prazo negociado

para recebimento, entretanto está a apenas dois dias da data prevista para

entrega;

C (cor vermelha): indica que o pedido de compra superou a data prevista para

entrega.

No ato do lançamento do pedido no sistema, o comprador informa obrigatoriamente, a data do

pedido, data do lançamento do pedido e a data de entrega prevista, comprovando assim a

possibilidade de monitorar os tempos de atendimento dos pedidos de compra na Empresa

Alpha, conforme indica a figura 28.

149 Figura 28 - Tela de Elaboração de pedido de compra

Fonte: ERP – SGE (Sistema de Gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha.

Por fim, a figura 29 apresenta o histórico da compra realizada, o que ratifica a eficácia do

sistema em relação às possibilidades de utilização da variável timing na empresa, tendo em vista

que possibilita o monitoramento diário do tempo gasto entre a requisição de compra e o

atendimento do pedido.

Figura 29 - Eventos e históricos da compra realizada

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha.

150

Diante de todas as evidências apresentadas, conclui-se que a Empresa Alpha não possui

parâmetros ou metas formalizadas e divulgadas internamente para controle do timing em

compras, entretanto seu Módulo de Compras do ERP mostrou-se capaz de gerenciar tal

variável de forma satisfatória. A observação dos processos de compras realizados durante a

pesquisa de campo comprovam que o tempo decorrido para realização de uma compra é

monitorado de forma intuitiva, conforme a experiência de compras passadas, tanto pelo

comprador, quanto pelo solicitante da compra. A lacuna está na falta de parâmetros para

determinar qual seria o tempo adequado para realizar a compra de determinado tipo de produto

ou serviço.

4.3.12 Variável de compra: tipo de produto a ser comprado

Esta variável refere-se aos produtos que devem ser comprados conforme descrito nas

especificações de compra. Seguindo as recomendações de Arnold (2012), os tipos de produtos

podem ser classificados em commodities, produtos com padronização, produtos de pequeno

valor e materiais específicos feitos sob encomenda.

A investigação sobre quais seriam os principais tipos de produtos comprados na Empresa

Alpha, apontou a compra de produtos conforme classificação sugerido por Arnold (2012):

a) Produtos Padronizados: lingotes de alumínio padronizados pela norma SAE 306 e SAE

305, plásticos de engenharia.

b) Produtos de pequeno valor: itens de manutenção, material de escritório, material de

limpeza, porcas, parafusos, fixadores, etc.

c) Materiais específicos feitos sob encomenda: contratação do serviço de injeção de peças

técnicas e elaboração de projetos e moldes para construção de novos produtos.

Os principais tipos de produtos adquiridos estão entre os plásticos de engenharia, liga de

alumínio e serviço de injeção de peças técnicas sob medida, conforme comprovam os

depoimentos dos entrevistados E1 e E2 quando questionados sobre os principais tipos de

produtos comprados pela Empresa Alpha.

Plásticos industriais de vários tipos, a grande maioria de material virgem,

metal liga de alumínio e transformação de ambos esses insumos que é tanto a

injeção de plástico quanto a injeção de alumínio. Acredito que dentro disso

daí, "estão" mais de 80% das compras. E1

151

PEAD, injeção das peças de plástico e de alumínio (serviço). Esses são os

maiores. Plástico a gente tem que comprar a matéria prima e a injeção, de

alumínio é somente a injeção. E2

Por meio da pesquisa documental foi possível ratificar os depoimentos prestados, bem como

apresentar os principais tipos de produtos comprados no ano de 2013, bem como o custo de

compras por tipo de produto adquirido, conforme nota-se no relatório base para curva ABC de

materiais comprados na figura 30.

Figura 30 - Curva ABC por materiais comprados (anos 2013)

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – Módulo Compras – Empresa Alpha.

4.3.13 Variável de compra: frete

A variável frete, está relacionada aos custos do transporte nas compras realizadas,

principalmente fora do estado de Minas Gerais, podendo envolver frota própria ou terceirizada.

Quando questionados sobre a existência de parcerias com alguma transportadora (entende-se

parceria como o fechamento de contrato de prestação de serviço de transporte com

determinação de tabela de custos de frete previamente acordada entre as partes), obteve-se

152

respostas conflitantes entre os entrevistados E1 e E2, frente ao depoimento do entrevistado E3,

conforme segue:

Não, não temos parceria com nenhuma transportadora. Cada caso é feito

cotações e o que estiver mais barato para a situação específica é contratada. E1

Não, ultimamente nós temos tentado fazer más atualmente não. Tem

algumas que fazemos, mas porque está estreitando esse relacionamento, mas

ainda não fechamos. Pretende-se fazer isso porque fica mais barato fora o

trabalho que diminui. E2

Sim, M2000 [...] Tabela de preços deles, tava dentro dos parametros e um

pouco abaixo do mercado e o prazo de entrega deles. E3

Para dirimir qualquer tipo de dúvida, aprofundou-se na pesquisa de campo via análise

documental das notas fiscais de compra realizadas fora do estado de Minas Gerais, tendo custo

de frete por conta da Empresa Alpha, análise dos respectivos conhecimentos de transportes,

análise de faturas para pagamento a prazo emitidas pela transportadora citada pelo entrevistado

E3 e por fim ligações para determinadas transportadoras a fim de confirmar informações sobre

tabela de preços.

Observou-se que o transporte rodoviário trata-se da modalidade de transporte

predominantemente utilizada pela Empresa Alpha, bem como a inexistência de contratos

firmados ou mesmo tabelas de preços fixos com empresas transportadoras. A afirmação de

existência de parceria realizada pelo entrevistado E3, na verdade trata-se de compras de serviços

de frete realizadas com prazo para pagamento, tendo os custos dos fretes com preço similares

entre as cargas transportadas considerando a origem e destino das mesmas (São Paulo/Capital

para Belo Horizonte/MG). O preço constante do serviço de frete fazia crer a existência de uma

tabela fixa de preço para Empresa Alpha, o que não foi comprovado.

A Empresa Alpha busca por transportes com menor custo possível como forma de contribuir

diretamente para redução dos preços dos produtos finais conforme sugere Ballou (2006). Desta

forma, são realizadas cotações em várias transportadoras, comparando prazos de entrega,

requisitos para coleta e transporte, bem como o custo do frete. Constatou-se que o preço

cobrado pelo frete é o fator determinante para a escolha da transportadora.

Foi possível levantar o custo do frete por unidade de compra do produto transportado conforme

figura 31:

153 Figura 31 - Custo frete por unidade de compra - 2013

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha.

4.3.14 Variável de compra: assistência técnica e treinamento

Neste caso, a assistência técnica e treinamento está relacionada ao suporte de manutenção,

garantia, peças de reposição e treinamento para utilização do produto adquirido.

Assim como ocorrido na variável frete, quando perguntados sobre a exigência de assistência

técnica e treinamento para realização da compra, houve divergência nas respostas dos

entrevistados E1 e E2 que confirmaram não haver exigência de assistência técnica e treinamento

para as compras realizadas, frente à resposta do entrevistado E3 que confirmou a

obrigatoriedade desta variável para aquisição de determinados produtos.

A análise documental realizada nas notas fiscais de compra, notas fiscais de serviços,

requisições de compras solicitadas via Módulo de Compras do ERP da empresa, pedidos de

compra registrado no sistema pelo comprador, e por fim a observação não participante de vários

processos de compras permitiu concluir que há exigência de assistência técnica e treinamento

por parte do comprador junto a seus fornecedores, entretanto tal exigência dependerá de outras

duas variáveis determinantes de compras já discutidas: o tipo de produto a ser adquirido e a

especificação de compra.

A depender do tipo de produto que estiver em negociação, ou da necessidade de assistência

técnica anotada nas especificações para compra, o comprador da Empresa Alpha somente

154

realiza a aquisição do produto caso o fornecedor garanta formalmente suporte de manutenção,

garantia, peças de reposição e treinamento para utilização do produto adquirido conforme

sugerem Urdan e Zuñiga (2001). Tal procedimento é necessário para que a Empresa Alpha

possa precaver-se frente a futuras necessidades de manutenção ou treinamentos em relação ao

produto ou serviço contratado adquirido. Anexo J aponta o certificado de garantia exigido em

uma das compras realizadas, bem como sua requisição de compra onde consta a exigência de

garantia para concretização da compra.

4.3.15 Variável de compra: prazo de pagamento

Prazo negociado junto ao fornecedor para pagamento das compras realizadas. Influencia

diretamente a administraçao de fluxo de caixa da Empresa Alpha.

A pesquisa em torno da variável determinante de compra “restrição financeira” revelou que,

apesar das dificuldades em relação as negociações de prazo de pagamento junto a

determinados fornecedores, a restrição financeira existente não inviabiliza determinadas

compras à prazo na Empresa Alpha. O processo de negociação junto aos fornecedores trazem

bons resultados para a empresa, tendo em vista que determinadas aquisições foram realizadas

com prazo de pagamento conforme revelado anteriormente. A figura 32 comprova a realização

das compras à prazo.

Figura 32 - Tela pedido de compras (em destaque prazo de pagamento)

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha.

155

Ressalta-se que através dos processos de negociação conduzidos pelo comprador da Empresa

Alpha, compras à prazo são realizadas em determinados fornecedores, tais como V.R

Ferramentaria, Posto São Paulo Atlântida, Logpack, Polyfast, Tecno Matiz, Microfund, dentre

outras.

4.3.16 Variável de compra: validade dos produtos

A validade dos produtos está relacionada ao período de duração de um produto no qual suas

características e a qualidade permanecem inalteradas. As entrevistas realizadas indicaram que

não há procedimento padronizado com relação à exigência de prazo de validade dos produtos

comprados pela empresa pesquisada.

Filho (2007) argumenta que os produtos possuem um período de duração, no qual suas

características e a qualidade permanecem inalteradas. Sendo assim, adquirir matérias primas

sem levar em consideração o prazo de validade pode gerar o comprometimento do isolamento

elétrico dos produtos comercializados pela Empresa Alpha utilizados nas redes de transmissão

de energia elétrica.

Em uma segunda etapa de pesquisa de campo, após análises dos documentos de compras (notas

fiscais, certificados de qualidade e processo de recebimento de materiais), seguida da

observação de determinadas negociações de compra junto a alguns fornecedores, foi constatado

que as variáveis de compra “tipo de produto a ser comprado” e “especificação de compra” irão

determinar o rigor em relação à exigência do prazo de validade. Em processos de negociação de

compras que envolvem aquisição dos insumos básicos de produção da Empresa Alpha, tais

como plásticos de engenharia e derivados de silicone, o comprador não fez exigências com

relação ao prazo de validade dos produtos comprados. Ao contrário da exigência feita para

compra dos itens de alimentação, tais como pó de café e leite para o lanche dos funcionários da

fábrica.

156

A validade é conferida diretamente nas embalagens dos produtos recebidos conforme figura 33.

Figura 33 – Etiquetas de controle do fornecedor – Validade dos produtos

Fonte: Setor de qualidade da Empresa Alpha.

A figura 34, de uma requisição de compra, contêm nas especificações a exigência de observar

o prazo de validade do produto a ser comprado, portanto é possível concluir que a variável de

compra “validade dos produtos comprados” é observada conforme sugere Chaves (2002),

entretanto não há um procedimento normatizado para conduzir tal ação.

Figura 34 - Requisição de compra (destaque para prazo de validade)

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – Módulo Compras – Empresa Alpha.

157

4.3.17 Variável de compra: níveis de estoque

Os níveis de estoque tratam das acumulações de matérias primas, suprimentos, componentes,

materiais em processo e produtos acabados; normalmente estando em lugares como pátios,

galpões, armazéns, chão de fábrica, equipamentos de transporte.

O controle dos níveis de estoque são realizados rigorosamente, conforme depoimento do

entrevistao E2:

A quantidade a gente confere o estoque, eu faço, por exemplo, um pedido

desses maiores eu faço uma vez por semana. Eu olho o que tem vendido que

eu tenho que entregar na semana, o que eu tenho no estoque e o que eu tenho

que pedir. E2

Por meio da análise documental seguida da observação de determinados processos de compras é

possível concluir que os níveis de estoque são conferidos em cada nova compra a ser realizada.

O comprador da Empresa Alpha tem a sua disposição, via módulo de estoques do sistema ERP

da empresa, os níveis em estoque de cada tipo de produto comprado na empresa. O relatório

intitulado “Relatório de Disponibilidade em Estoque” (anexo F), apresenta informações

importantes, além do código e descrição do item, tais como: quantidade em estoque, valor

unitário, valor total em estoque, estoque mínimo que deve ser mantido, quantos dias necessários

para reposição do item. O sistema ainda sugere se a compra de determinado item deve ou não

ser realizada.

Uma série de outros relatórios disponíveis para consulta via sistema comprovam a atenção

dispensada aos níveis de estoque na Empresa Alpha, conforme observa-se na figura 35.

158 Figura 35 - Relatórios módulos “Estoques” - ERP Empresa Alpha

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Estoques – Empresa Alpha.

A afirmação de inexistência de estoque proferida pelo entrevistado E3, foi totalmente refugada,

tendo em vista a apresentação das informações anteriores. Aprofundando a pesquisa sobre esta

afirmação, verificou-se que na realidade não há a quantidade de itens em estoque que o

comprador considera adequado para ter seu timing de compras estendido. O próprio comprador

consulta os níveis de estoque via sistema, portanto não há sustentação para defesa da

inexistência de estoques.

4.4 Identificar a utilização de alguma inovação no processo de compras que possa tornar a

empresa mais competitiva

Conforme modelo analítico desenvolvido para esta pesquisa, a base teórica sugerida para

responder este objetivo específico destina-se a dar suporte necessário à identificação de algum

tipo de inovação no processo de compras da Empresa Alpha que contribua para o aumento de

competitividade da empresa. Desta forma, buscou-se verificar se a empresa inovou de alguma

maneira em seu processo de compras, atrelando inovação ao desenvolvimento do seu potencial

competitivo.

As abordagens de vantagem competitiva em suprimentos passam pela valorização do papel

estratégico da Função Compras obtido por meio de práticas relacionadas à integração entre tal

área com a estratégia corporativa. Neste contexto, o processo de transição de Função Compras

159

primitiva para integrativa vem ocorrendo na Empresa Alpha, demonstrando a intenção de

aumentar sua competitividade por meio da estruturação de seus processos de aquisição.

Ações como as desenvolvidas na Empresa Alpha podem integrar os objetivos da Função

Compras ao planejamento estratégico da organização, tornando a função mais participativa em

relação ao processo de tomada de decisões e formulação das estratégias da empresa. As

principais ações giram em torno do reposicionamento do setor no novo organograma da

empresa; registro de todos os processos de compras via sistema ERP conforme mostrado nas

análises anteriores; consultoria externa sendo realizada na empresa para acompanhamento do

planejamento estratégico 2013-2017.

Como sugerido por Lastres e Albagli (1999), a experiência cotidiana de produção, da gestão, e

do próprio trabalho de Compras foram fontes geradoras de inovação nos processos de compra

da Empresa Alpha. O processo de compras, anteriormente fragmentado entre os setores da

empresa, passa a partir do ano de 2012 a ser gerenciado de forma centralizada unicamente pelo

setor de Compras. Tal alteração mudou consideravelmente a forma como as aquisições vinham

sendo realizadas, tendo em vista que o fluxo de compras foi determinado e a hierarquia de

decisões para execução das compras foi estabelecida, juntamente com o início do processo de

reestruturação das atividades de compras iniciadas em 2013. A inovação no processo de

compras da Empresa Alpha está representada pelo gerenciamento de todo o processo por meio

do “Módulo de Compras” contido no software de gestão integrada (ERP) desenvolvido

internamente, onde todas as etapas de compras devem ser executadas respeitando o fluxo

estabelecido no sistema.

O Módulo de Compras da empresa não foi adquirido de fontes externas, foi desenvolvido e

construído internamente, por meio da área de T.I. em parceria com o setor de Compras da

empresa. Todas as opções do módulo foram estruturadas de forma a promover melhorias

significativas nos métodos de coordenação de todo o fluxo de compras em conformidade com

as atividades de produção, financeiras e comerciais. O objetivo está em estabelecer um novo

método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho e nas

relações externas conforme sugere a OCDE (2005).

De acordo com OCDE (2005), a característica geral de uma inovação está em sua

implementação, ou seja, passa pela utilização efetiva nas operações das empresas de novos

processos, métodos de marketing e métodos organizacionais. Desta forma, a construção e

160

efetiva utilização de um Módulo de Compras integrado em um ERP, pode ser considerada uma

inovação no processo de compras da Empresa Alpha. O foco da inovação da empresa está no

melhoramento contínuo em seus processos de compra, com suporte do módulo de compra

desenvolvido internamente e que passa por um processo de registro junto ao INPI (Instituto

Nacional de Propriedade Industrial) e continua sendo aprimorado tendo em vista possibilidade

de comercialização futura.

Outro fator que ratifica a identificação de inovação no processo de compra da Empresa Alpha

está na orientação de inovação de processos da própria OCDE (2005), quando esta i) informa

que em inovação de processos incluem-se mudanças significativas em técnicas, equipamentos

e/ou softwares; ii) inovações de processo também abarcam técnicas, equipamentos e softwares

novos ou substancialmente melhoradas em atividades auxiliares de suporte, como compras, bem

como a implementação de tecnologias da informação e da comunicação (TIC) novas ou

significativamente melhoradas que vise melhorar a eficiência e/ou a qualidade de uma atividade

auxiliar de suporte. Vale ressaltar que, segundo a PINTEC ano base 2011, métodos novos ou

substancialmente melhorados de gerenciar que resultem em aumento no nível de qualidade do

produto e dos custos de produção e entrega, conforme vem ocorrendo com a Função Compras

da Empresa Alpha, caracterizam uma inovação em processo.

A efetiva aplicação prática de uma invenção, explica Tigre (2006), neste caso representada por

meio do processo de compras, suportado por um software desenvolvido exclusivamente para a

Empresa Alpha em atendimento as suas demandas internas e externas, reforçam a identificação

de uma inovação no processo de compras.

Davila, Espsten e Shelton (2007) explicam que os produtos da inovação de cada empresa serão

igualmente diferentes, pois cada companhia apresenta seus próprios processos, organização,

cultura, indicadores e estratégia de inovação. Neste contexto, ações como: centralização de

todas as compras unicamente no setor de Compras da empresa; posicionar a área junto à

diretoria; estruturar o processo de compras com apoio da ferramenta computacional

desenvolvido internamente que atende às exigências internas e externas em conformidade com a

legislação brasileira, também ratificam a utilização de inovação no processo de compras da

empresa pesquisada.

161

4.5 Comparar as variáveis de compras identificadas nesta pesquisa com as de Chaves

(2002)

Esta seção trata da comparação das variáveis de compras identificadas através da pesquisa

realizada na Empresa Alpha, em relação às variáveis encontradas por Chaves (2002). Neste

momento, torna-se necessário esclarecer que tal comparação entre as variáveis encontradas em

cada estudo é realizada considerando determinados pontos de diferenciação em relação ao setor

pesquisado, bem como das variáveis utilizadas pelas organizações nas decisões de compras

selecionadas para os estudos.

Na pesquisa de Chaves (2002), as variáveis de compras foram selecionadas exclusivamente

com foco nas peculiaridades do comércio varejista, em específico os supermercados, tendo em

vista a necessidade de comprar produtos para revenda de diversas categorias, tais como

mercearia seca, líquidos, bazar, higiene e limpeza, hortifruti, perecíveis.

A identificação das variáveis do referencial teórico é decorrente da

análise da operação de compras sob a ótica das peculiaridades do ramo

varejista de alimentos de auto serviço supermercados [...] Chaves

(2002, p.177)

Tais peculiaridades influenciam o processo de decisão de compra, principalmente neste setor

altamente disputado, revelando a necessidade de análise de determinadas variáveis para tomar a

decisão que melhor otimiza o resultado de Compras.

Por sua vez, com base na literatura especializada em compras, por vezes diferentes do estudo de

Chaves (2002), a pesquisa realizada na Empresa Alpha trabalha com variáveis sugeridas para

utilização no processo de decisão de compras, sem necessariamente serem exclusivas de

aplicação em determinado ramo de atuação. O desenvolvimento da pesquisa em uma empresa

metalúrgica fornecedora de materiais para segmentos de Linhas de Transmissão e Redes Aéreas

de Distribuição de Energia Elétrica surge da oportunidade de observar com clareza de detalhes,

em uma empresa não supermercadista, o uso de variáveis de compras a serem consideradas

durante o processo de decisão sobre aquisições de produtos e contração de serviços. Desta

forma, não foi pretensão do estudo restringir a aplicação das variáveis sugeridas pela literatura

unicamente a empresas do setor metalúrgico. As variáveis de compras utilizadas nesta pesquisa

são capazes de contribuir para a formulação e execução das estratégias competitivas de qualquer

organização, alinhando objetivos da área de Compras ao planejamento estratégico.

162

Chaves (2002) aponta dezessete variáveis utilizadas na decisão de compras no comércio

varejista de auto-serviço supermercados para criação das alternativas de decisão, sendo estas o

rol de variáveis proposto pela autora para o modelo de decisão destinado a empresas deste

setor. São elas: frequência de compras, volume de compras, natureza da demanda, preço, tipo

de produtos, estoques, distribuição dos produtos, fornecedor, organização de compras, estilo

do comprador, sistemas de informações, prazo de pagamento, qualidade, mix de produtos,

frete e seguro, impostos, e por fim validade dos produtos. A pesquisa revela que a utilização

das variáveis pelas três redes de supermercados selecionadas, algumas vezes são

convergentes, em outras divergentes. Das 17 variáveis propostas, 76% (treze variáveis) são

utilizadas por toda a amostra e os outros 24% (quatro variáveis) por 67% da amostra, ou seja,

duas redes de supermercados. Dentre as variáveis utilizadas por toda a amostra apenas 38%

(cinco variáveis) possuem um comportamento convergente entre duas redes, sendo o restante

diferenciado em todas as redes.

Por sua vez, os principais resultados encontrados na pesquisa realizada na Empresa Alpha

apontam para as seguintes variáveis de decisão em compras que podem contribuir para o melhor

desempenho da área suprimentos: a organização de compras, tempo (prazo de entrega), fonte de

suprimentos, preço, assistência técnica e treinamento, especificações de compra, qualidade,

quantidade, timing, tipo de produto a ser comprado, validade dos produtos, nível de estoque,

negociação de compras, restrições financeiras, frete, e prazo de pagamento. São dezesseis

variáveis utilizadas, tendo em vista que a variável de compras “custo total de aquisição”

sugerida pela literatura utilizada não é considerada nas avaliações de compras realizadas pela

organização pesquisada.

O quadro 26 apresenta a relação das variáveis de decisão de compras pesquisadas por Chaves

(2002) e as pesquisadas no presente estudo.

163 Quadro 26 - Variáveis de compras - Chaves (2002) e o presente estudo.

Chaves (2002) Presente estudo

Freqüência de Compras

Volume de compras

Natureza da demanda

Preço

Tipos de Produtos

Estoques

Distribuição dos produtos

Fornecedor

Organização de compras

Estilo do comprador

Sistema de informações

Prazo de pagamento

Qualidade

Mix dos produtos

Frete e seguro

Impostos

Validade dos produtos

Qualidade

Quantidade correta

Tempo

Fonte de suprimentos

Preço

Negociação

Custo total de aquisição

Especificações de compra

Organização de compras

Restrições financeiras

Timing

Tipo de produto a ser comprado

Frete

Assistência técnica e treinamento

Prazo de pagamento

Validade dos produtos

Níveis de estoque

Elaborado pelo autor com base em Chaves (2002) e o presente estudo

O quadro 27 apresenta as variáveis de Compras equivalentes entre a pesquisa realizada por

Chaves (2002) e o Presente estudo

Quadro 27 - Variáveis de compras equivalentes e não equivalentes Chaves (2002) e o presente estudo

Variáveis equivalentes entre Chaves (2002) e o presente estudo

Variáveis Chaves (2002) Variáveis pesquisadas no Presente estudo

A - Qualidade A - Qualidade

B - Volume de compras B - Quantidade correta

C - Fornecedor C - Fontes de suprimentos

D - Preço D - Preço

E - Organização de compras E - Organização de compras

F - Tipos de produtos F - Tipo de produto a ser comprado

G - Frete e seguro G - Frete

H - Prazo de pagamento H - Prazo de pagamento

I - Validade dos produtos I - Validade dos produtos

J - Estoques J - Níveis de estoque

Elaborado pelo autor com base em Chaves (2002) e o presente estudo

As variáveis equivalentes entre os estudos (qualidade; volume de compras/quantidade correta;

fornecedor/fontes de suprimentos; preço; organização de compras; tipo de produto a ser

comprado; frete e seguro; prazo de pagamento; validade dos produtos; e estoques/níveis de

estoques) apresentaram as mesmas características, sendo comuns ao processo de decisão de

compras nas organizações pesquisadas. Desta forma, para os estudos em questão, tais Variáveis

de Decisão abrangem as peculiaridades de empresas atuantes tanto no comércio varejista de

auto serviço, em específico os supermercados, quanto no setor metalúrgico voltadas para

desenvolvimento, fabricação e comercialização de materiais para os segmentos de Linhas de

Transmissão e Redes Aéreas de Distribuição de Energia Elétrica.

164

Por fim, O quadro 28 apresenta as variáveis de Compras não equivalentes entre a pesquisa

realizada por Chaves (2002) e o presente estudo, bem como a caracterização de cada uma delas.

Quadro 28 - Variáveis de compras não equivalentes - Costa (2014) e o presente estudo

Variáveis não equivalentes entre Costa (2014) e o presente estudo

Variáveis Chaves (2002) Variáveis pesquisadas no presente estudo

Freqüência de compras: frequência em relação a

periodicidade das compras.

Tempo: diz respeito ao prazo de entrega dos produtos

adquiridos e/ou serviços contratados.

Natureza da demanda: determinantes da demanda do

produto que influenciam na sensibilidade do produto

ao aumento/redução dos preços.

Negociação: negociar a compra dos produtos ou

contratação de serviço com os fornecedores. Envolve

relacionamentos com fontes de suprimentos,

intermediação de conflitos de interesse corporativos e

pessoais, obtenção de vantagem competitiva

Distribuição dos produtos: tipos de distribuição com

a participação ou não do fornecedor.

Custo total de aquisição: custo total envolvido na

compra de produtos e contratação de serviços, ou seja,

total que realmente é paga pelos bens e serviços,

incluindo itens como ferramentaria, impostos

alfandegários, estocagem, dentre outros custos.

Estilo do comprador: perfil do comprador,

características do modo de efetuar as compras.

Especificações de compra: requisitos necessários para

que uma compra seja realizada adequadamente.

Sistema de informações: sistema utilizado para dar

suporte ao processo de tomada de decisão.

Restrições financeiras: restrições financeiras que possam

impedir a área de Compras de efetuar uma aquisição.

Mix dos produtos: definição dos produtos a serem

comercializados pelos supermercados.

Timing: está relacionado à agilidade do departamento de

Compras em atender as necessidades de suprimentos da

organização em tempo hábil, bem como aproveitar as

oportunidades de mercado.

Impostos: tributação incidente sobre a

comercialização de produtos alimentícios.

Assistência técnica e treinamento: serviços de reparos

em defeitos sob garantia e realização de treinamento

para utilização do produto adquirido e/ou serviço

contratado.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Chaves (2002) e o presente estudo

Considerando que as pesquisas aqui discutidas não têm caráter exaustivo, a não equivalência de

determinadas variáveis pode estar associada ao setor pesquisado, bem como a literatura

utilizada por cada um dos estudos. Percebe-se que algumas variáveis de decisão são tão

importantes para empresas do setor supermercadistas, tais como os Impostos e o Mix de

Produtos, que não foram consideradas como já pertencentes as variáveis de decisão Preço e

Tipo de Produto respectivamente conforme ocorre neste estudo. Chaves (2002) considera o

Estilo do Comprador como uma variável chave de compra, entretanto na literatura base da

presente pesquisa a influência e capacidade de negociação do comprador nas organizações está

inserida na variável de compra Negociação. A variável Frequência de Compra evidenciada por

Chaves (2002), está atrelada, principalmente, as variáveis Preço e Níveis de estoque

evidenciadas no presente estudo. Por fim Chaves (2002) considera a Natureza da demanda, a

Distribuição dos produtos e os Sistemas de informação como variáveis chaves de decisão de

compras em supermercados, diferente do presente estudo, que aborda o Tempo (prazo de

entrega), o Custo total de aquisição, Especificações de compra, Timing e Assistência técnica e

treinamento como variáveis determinantes da decisão de Compras nas organizações.

165

5 SÍNTESE DOS ACHADOS

Este capítulo sintetiza por meio de uma análise qualitativa os principais achados e percepções

relacionados a este estudo. As descobertas aqui descritas levam em considerando os objetivos

geral e específicos da pesquisa.

Partindo para uma análise qualitativa, a visão que se teve das práticas de compras da Empresa

Alpha, bem como das variáveis utilizadas no processo de decisão de compras, foi que a empresa

conseguiu sistematizar suas atividades por meio da i) reestruturação de seus processos de

aquisição, ii) reposicionamento do setor de Compras no organograma funcional da empresa e

iii) também por meio do desenvolvimento, construção e implantação de software capaz de

gerenciar suas atividades de compra. Entretanto problemas ainda existem, o que justifica seu

processo de transição de uma atividade meramente operacional para um posicionamento

estratégico na organização.

Um dos problemas encontrados está na falha de comunicação entre os setores. Mesmo com os

canais de comunicação disponível (Intranet, ERP, formulários internos, reuniões), há um sério

problema de comunicação e transmissão de informações entre as áreas. Foram encontradas

respostas divergentes entre os entrevistados para processos que deveriam seguir um padrão

rígido e formalizado. Esta falha na comunicação leva a linhas de pensamento diferentes para

processos que devem ser padronizados, como por exemplo o fluxograma de compras da

empresa. Atrelada a esta falha de comunicação, foi constatado a falta de acompanhamento dos

custos totais nos processos de aquisição, fator crítico para uma empresa que pretende aumentar

seu faturamento nos próximos anos. Recomenda-se dar tratamento adequado a estes itens sob o

risco de resultar em prejuízos financeiros para a organização.

A variável de compra “restrição financeira” encontrada na Empresa Alpha influencia todo o

processo de compras no que se refere à negociação com fornecedores, prazo de pagamento,

preço e fluxo de caixa. Até mesmo o estabelecimento de metas formais para o setor de Compras

fica comprometida em decorrência da existência de restrição financeira.

O trabalho do comprador, em grande parte, está focado em conseguir menores preços possíveis,

com entrega dentro do menor prazo com menor custo de frete. O foco nestas variáveis força o

profissional de compras a trabalhar sob grande pressão, concentrando seus esforços em

166

atividades rotineiras, não associadas ao esforço necessários para posicionar estrategicamente a

Função Compras na organização.

O desenvolvimento das fontes de suprimentos é outro fator crítico na organização pesquisada.

Os critérios para seleção, avaliação, qualificação e desenvolvimento das fontes de suprimentos

não foram efetivamente implantados, o que prejudica a cooperação da empresa com seus

diversos fornecedor. Recomenda-se tratar com maior atenção tal variável de compra, tendo em

vista que, a correta administração das fontes de suprimentos é considerada pela literatura

especializada como fator primordial para uma Função Compras estratégica, principalmente no

que se refere ao trabalho cooperativo entre a empresa compradora e seus fornecedores. A

consolidação do estágio de desenvolvimento apoiador proposto por Baily et al. (2000), e

atualmente almejado pela empresa dentro do processo de amadurecimento da sua Função

Compras, dependente em grande parte das estratégias adotadas com relação a gestão de seu

relacionamento com suas fontes de suprimentos.

O Módulo de Compras do sistema integrado de gestão desenvolvido internamente pela

organização pesquisada, mostra-se extremamente eficiente no que se refere a estruturação de

toda a atividade de compras da empresa. Possui mecanismos de controle que extrapolam os

recursos de um módulo de compras convencional, principalmente em relação ao controle de

níveis de estoque e apuração dos impostos envolvidos nas compras. Entretanto, o sistema

encontra-se sub aproveitado tendo em vista que o setor de Compras não utiliza todas as

ferramentas disponibilizadas no mesmo, tais como: registro de negociação interna de compras,

mapa de compras e indicadores de desempenho.

De certa forma, os problemas encontrados não inviabilizaram a reestruturação das atividades de

compras da Empresa Alpha, bem como o desenvolvimento, construção e implantação de um

“Módulo de Compras” extremamente funcional, que organizou toda gama de dados antes

dispersos por toda a estrutura da empresa. Tal ação favoreceu o estabelecimento de novas

práticas de compras para a empresa, tornando-a mais eficiente em relação a suas decisões de

compras, reduzindo o volume financeiro dispendido nas aquisições, e principalmente

provocando melhora contínua nos processos de outros setores.

Torna-se necessário o investimento em qualificação profissional para que os objetivos da

Empresa Alpha possam ser alcançados. Há pontos em que o investimento em qualificação

profissional poderá trazer bons resultados, principalmente no que tange à administração geral do

167

processo de compras, implantação de políticas de compras, estabelecimento de regras para

relacionamento com as fontes de suprimentos. O investimento em qualificação, não só para os

profissionais envolvidos no processo de compras mas também para as demais áreas da empresa,

torna-se necessário. Não há como se pensar em Planejamento Estratégico, Integração e uma

Função Compras estratégica com profissionais despreparados ou desatualizados.

168

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa investigou as variáveis envolvidas no processo de decisão de compras de uma

indústria metalúrgica fornecedora de materiais para os segmentos de Linhas de Transmissão e

Redes de Distribuição de Energia Elétrica. Os objetivos específicos investigados contemplam o

i) processo de compras organizacionais; ii) a identificação de variáveis de compras; iii) a análise

das variáveis de compras identificadas; iv) inovação no processo de compras; e v) comparação

de resultados entre pesquisas.

A análise de dados foi direcionada de forma a contemplar o objetivo geral e, consequentemente,

atender à seguinte problemática de estudo: Quais as variáveis utilizadas na decisão de compras

em uma empresa metalúrgica fornecedora de materiais para os segmentos de Linhas de

Transmissão e Redes de Distribuição de Energia Elétrica determinantes do processo de compra?

Direcionado por um protocolo de estudo de caso, buscou-se investigar e analisar por meio de

uma abordagem qualitativa, as práticas de compras, bem como as variáveis utilizadas no

processo de decisão de compras da organização pesquisada. Para isso, o referencial teórico

contemplou práticas, estratégia competitiva e decisão em Compras; o papel do profissional de

Compras e os indicadores de desempenho da área; as Variáveis de Decisão em compras; e

inovação no processo de Compras. A combinação padrão proposta por Yin (2010) foi utilizada

no processo de análise dos dados, tendo os resultados apontados passíveis de confirmação por

meio da validade do construto, validade externa e confiabilidade.

O primeiro objetivo específico avaliado tratou da caracterização do processo de compras da

organização pesquisada. Foi identificado que a Função Compras na Empresa Alpha privilegia a

obtenção e coordenação do fluxo contínuo de suprimentos a fim de atender os programas de

produção, com foco em três Variáveis de Decisão em compras: preço, tempo (prazo de entrega)

e frete (custo do frete).

Os principais objetivos de Compras identificados por meio de análise documental (anexo A)

remetem a sete variáveis de decisão em compras (negociação de compra, quantidade, qualidade,

prazo de entrega, preço, fonte de suprimentos e níveis de estoque), tendo em vista que os

mesmos privilegiam: i) fluxo seguro de materiais e serviços na linha de produção; ii)

negociação de compra de matérias aos mais baixos custos dentro das especificações

predeterminadas em termos de quantidade, qualidade, prazos e preços; iii) estabelecer

169

relacionamentos cooperativos com fornecedores; iv) administrar níveis de estoque; v) criar e

aperfeiçoar rotinas e procedimentos para os processos de aquisição.

Considerando que objetivos de Compras podem diferir de uma organização para outra (BAILY

et al., 2000), e que as características específicas de cada empresa vão definir

organizacionalmente onde a Função ficará posicionada dentro da estrutura da empresa

(GONÇALVES, 2010); o esforço para integrar totalmente a estratégia de Compras com a

estratégia competitiva da empresa pode ficar comprometido caso não sejam definidos

adequadamente; formalizados; comunicados; e internalizados objetivos que respeitem as

características da Empresa Alpha. Um dos objetivos de Compras defendidos por Baily et al.

(2000) está justamente em desenvolver funcionários, políticas, procedimentos e organização

para assegurar o alcance dos objetivos previstos, o que remete a orientação para que a empresa

pesquisada continue trabalhando este aspecto internamente.

A análise comparativa do fluxo básico de compras da Empresa Alpha, apoiado pela análise do

processo de compras via sistema ERP da empresa, reforçam a inexistência de fluxo rígido,

único e universal de processo de decisão em compras conforme evidenciado no estudo de Wind

e Thomas (1996). O quadro 25 anteriormente apresentado, evidencia que as principais etapas do

fluxo estão em conformidade com a literatura especializada, ao mesmo tempo em que atendem

às características especificas da empresa, em especial, no que diz respeito a variável de decisão

de compras “restrição financeira”. Tal variável mostrou-se capaz de interferir no potencial

competitivo da organização, principalmente no que tange ao processo de negociação junto aos

fornecedores, especificamente em relação à variável de compra “prazo de pagamento”.

Recomenda-se dar tratamento a esta questão.

Apesar do reposicionamento do setor de Compras no organograma da empresa, agora

subordinada diretamente a diretoria executiva, foi identificado que a consolidação da visão

estratégica para o processo de compras proposto por Baily et al. (2000) está comprometida,

principalmente, por: i) inexistência de orçamento de compras; ii) ausência de comunicação e

internalização dos objetivos de Compras; iii) indefinição de metas claras para o setor de

Compras da empresa; iv) falhas de comunicação, e v) ausência de manual ou normativo

contendo parâmetros para selecionar, avaliar, qualificar e desenvolver fornecedores. Mesmo

tendo o relacionamento cooperativo com fornecedores como um dos objetivos de Compras

identificados, verificou-se a ausência de manual ou normativo contendo parâmetros para

selecionar, avaliar, qualificar e desenvolver fornecedores. Entretanto, conforme demonstra o

170

anexo I, a Empresa Alpha pretende implantar procedimentos para avaliar e qualificar seus

fornecedores de materiais críticos, o que representa um passo importante para o alcance do

estágio integrativo de desenvolvimento da Função Compras proposto por Baily et al. (2000).

Concluindo as considerações para esse primeiro objetivo específico, tendo como base os

estágios estratégicos de desenvolvimento da Função Compras propostos por Baily et al. (2000),

bem como o perfil das atividades desenvolvidas de Compras apresentado por Braga (2006), é

possível inferir que a Empresa Alpha passa por um processo de transição entre o estágio passivo

(posicionamento meramente tático – operacional), para um posicionamento estratégico dentro

da organização, considerando o exposto no quadro 4 apresentado no capítulo 2.1.1. Apesar de

manter comunicação entre as áreas funcionais, o estágio estratégico de Compras na empresa

pesquisada ainda não foi alcançado, o que remete a uma Função não integrada totalmente com a

estratégia competitiva da empresa, sendo tal integração vista como um dos pilares a serem

construídos para sustentar o planejamento estratégico da organização no período 2013-2017.

Em resposta ao segundo objetivo dessa pesquisa – identificar as variáveis que estão sendo

selecionadas para efetivação das compras na Empresa Alpha – a metodologia de pesquisa

aplicada permitiu identificar as seguintes variáveis utilizadas no processo de decisão de compras

da organização: organização de compras, tempo (prazo de entrega), fonte de suprimentos,

preço, assistência técnica e treinamento, especificações de compra, qualidade, quantidade,

timing, tipo de produto a ser comprado, validade dos produtos, nível de estoque, negociação de

compras, restrições financeiras, frete, e prazo de pagamento.

Em detalhamento sobre as variáveis utilizadas para efetivação das compras na Empresa Alpha,

o terceiro objetivo específico procurou acompanhar a utilização das variáveis identificadas no

processo de decisão de compra da organização. A observação não participante seguida da

análise documental realizada após entrevistas semiestruturas foram de fundamental importância

para responder este objetivo.

Além do preço, tempo (prazo de entrega) e frete (custo do frete), as variáveis utilizadas no

processo de decisão de compras da Empresa Alpha tratadas com maior rigor por parte da área

de Compras, são: i) quantidade dos produtos a serem adquiridos considerando o planejamento e

controle de estoque; ii) especificação de compras, iii) restrições financeiras, iv) prazo de

pagamento, v) níveis de estoque, e vi) negociação de compra. Considerando as seis variáveis

chaves de compras propostas por Baily et al. (2000) para realização das compras, a Empresa

171

Alpha foca sua atenção em quatro delas (quantidade, tempo, preço e negociação), ficando de

fora de uma análise mais criteriosa as variáveis qualidade e fonte de suprimentos conforme

revelam as análises documental e observação não participante realizadas.

Tal constatação torna-se importante tendo em vista que a qualidade dos produtos comprados,

bem como a seleção, avaliação, qualificação e desenvolvimento de fornecedores compõem

atividades básicas de uma área de Compras posicionada estrategicamente na organização. Desta

forma, além de ser necessário considerar a definição, formalização, comunicação e

internalização dos objetivos de Compras, a Empresa Alpha deve tratar com maior rigor a

escolha das suas fontes de suprimentos e consequentemente a qualidade dos produtos recebidos.

A transição de Compras para um posicionamento estratégico na empresa, tendo seus objetivos

alinhados com os objetivos organizacionais e consequente integração com a estratégia

competitiva da empresa, deve passar pela análise rigorosa das variáveis de compra “fonte de

suprimentos” e “qualidade” dos produtos adquiridos, conforme indicam Baily et al. (2000).

Das dezessete variáveis de compras preconizadas pela literatura especializada utilizada nesta

pesquisa (quadro 21), chama atenção à ausência do controle sobre a variável “custo total de

aquisição” por parte da Empresa Alpha. O total pago pelos bens e serviços de ferramentaria,

impostos alfandegários, estocagem, inspeção, conserto ou retificação (BAILY ET AL., 2000),

atrelados aos custos ocultos relacionados à entrega, apoio, negligência no trabalho, bens

consumíveis, treinamento, custos de estoque, atrasos, inspeção, custos de manipulação, etc

(LAMBERT, STOCK E VANTINE, 1999) devem ser considerados por afetarem diretamente o

preço dos produtos. É razoável considerar que a área de Compras das organizações deve avaliar

o custo total dos produtos adquiridos, sob o risco de não alcançarem um posicionamento

proativo, plenamente integrado na estratégia competitiva da empresa.

Com base na pesquisa bibliográfica, atrelada à observação não participante e análises

documentais realizadas, as demais variáveis de compras identificadas (organização de compra,

assistência técnica e treinamento, timing, tipo de produto, validade do produto) são consideradas

no processo de tomada de decisão de compra da Empresa Alpha. Entretanto constatou-se que, a

depender das necessidades da organização, determinadas variáveis podem tornar-se decisivas

para concretização da aquisição, como por exemplo, a necessidade de assistência técnica

evidenciada na especificação de compra contida na figura 16.

172

Concluindo o terceiro objetivo específico, a identificação da variável de compra restrição

financeira na Empresa Alpha, permite inferir que, conforme defende Ballou (2009),

determinada variável de compra pode impactar diretamente em outra, logo não devem ser

analisadas isoladamente. Foi constatado que a variável restrição financeira interfere no poder de

negociação do comprador principalmente com relação a preço, prazos de pagamento na compra

das mercadorias e até mesmo na contratação de frete.

Em relação ao quarto objetivo específico da pesquisa – identificar a utilização de alguma

inovação no processo de compras que possa tornar a empresa mais competitiva – verifica-se a

ocorrência de uma inovação no processo de compras da Empresa Alpha.

A reestruturação dos processos de Compras iniciada no ano de 2013, atrelada ao

desenvolvimento, implementação e utilização de um módulo de compras capaz de gerenciar as

atividades via sistema de gestão integrada, representam uma inovação no processo de compras

capaz de tornar a Empresa Alpha mais competitiva. A administração das compras via

ferramenta computacional possibilitou estabelecer autoridades para aprovação das aquisições,

coordenar os esforços do comprador, integrar definitivamente a área de Compras com a

administração de estoques, controlar o fluxo de recursos utilizado nas aquisições, otimizar

processos, contribuir para a interação entre os vários níveis e departamentos da organização,

apurar impostos, monitorar preços e prazos de entrega, possibilitar a gestão de sua base de

fornecedores, dentre outros fatores que atendem as demandas específicas da organização.

Conseguiu-se estabelecer um novo método organizacional nas práticas de compras da empresa,

na organização do local de trabalho, bem como nas relações externas conforme orientação da

OCDE (2005). A implementação e efetiva utilização de um novo método organizacional

voltado para o gerenciamento de compras, tendo como base uma nova estrutura de processos e

efetiva utilização de uma ferramenta computacional extremamente funcional, mostra-se capaz

de proporcionar um melhoramento contínuo nos processos de compra da Empresa Alpha, o que

ratifica a identificação de uma inovação no processo. O “Modulo de Compras” desenvolvido

exclusivamente pela Empresa Alpha passa por registro de patente no INPI como etapa inicial

para futura comercialização do software para pequenas e médias empresas.

Em atendimento ao quinto e último objetivo específico, foram comparadas as variáveis

identificadas nesta pesquisa com as de Chaves (2002). Relembra-se que tal comparação entre as

pesquisas é realizada considerando determinados pontos de diferenciação com relação ao setor

173

pesquisado, bem como das variáveis utilizadas pelas organizações nas decisões de compras

selecionadas para os estudos.

Através da análise comparativa entre as duas pesquisas estabelecida no capítulo 4.5, é possível

inferir que a literatura utilizada; o ramo de atuação da organização pesquisada; as características

internas da empresa, bem como o foco dado em cada estudo resultam na seleção de algumas

variáveis de decisão de compra divergentes entre as pesquisas. Como exemplo, temos a

Variável de Decisão em compras “distribuição dos produtos” elencada no estudo de Chaves

(2002), mas não considerada nesta pesquisa por não ser apresentada como uma variável de

compra pela literatura utilizada e não encontrada na pesquisa de campo realizada. Apesar disso

os resultados encontrados apontam que dez das dezessete variáveis pesquisadas nos dois

trabalhos apresentam as mesmas características. Estudos desse tipo ajudam a compreender o

comportamento em relação ao processo de decisão em compras de diferentes empresas, em

diferentes ramos de atuação, pesquisadas sobre diferentes enfoques, abrindo oportunidades para

novas descobertas.

Avaliados os cinco objetivos específicos estabelecidos nesta dissertação e em resposta à

pergunta de pesquisa, afirma-se que as variáveis utilizadas na decisão de compras da Empresa

Alpha determinantes do processo de compra são: a organização de compras, tempo (prazo de

entrega), fonte de suprimentos, preço, assistência técnica e treinamento, especificações de

compra, qualidade, quantidade, timing, tipo de produto a ser comprado, validade dos produtos,

nível de estoque, negociação de compras, restrições financeiras, frete e prazo de pagamento.

Tais variáveis apresentam-se em conformidade com a literatura utilizada neste estudo, ficando

em segundo plano apenas a variável de compras “custo total de aquisição” já que a organização

tem conhecimento da mesma, entretanto não há considera em seu processo de compras.

Para tomar uma decisão, evidenciou-se que o gestor deve ter acesso a um rol de informações

confiáveis como forma de delimitar o problema e optar pela melhor escolha possível. A

análise das variáveis determinantes da decisão de compras, torna-se uma alternativa para

administrar a complexidade do processo de aquisição. Desta forma, empresas, em especial do

setor metalúrgico, devem elencar e considerar as diversas Variáveis de Decisão envolvidas na

ação de adquirir determinado produto ou contratação de serviço que estão sob o domínio do

gestor ou que pelo menos ele tenha influência e responsabilidade nas suas consequências e são

utilizadas para subsidiar o processo de tomada de decisão de compras conforme esclarece

Almeida (1996).

174

Apesar da informalidade e desestruturação em algumas atividades encontradas na Empresa

Alpha, há processos sistematizados e indícios que justificam a transição de uma Função

Compras operacional para um posicionamento estratégico dentro da organização. Tendo em

vista a especificidade do ramo de atuação da organização pesquisada principalmente no que se

refere aos tipos de produtos fabricados; aos critérios para comercialização exigidos pelos

clientes em território nacional; e a pressão por redução de custos e otimização de processos, é

razoável que a organização continue aperfeiçoando seus processos de compras, abrindo

oportunidade para que novas variáveis possam ser consideradas.

O desenvolvimento, implementação e utilização de um software (Módulo de Compras)

direcionado ao atendimento das necessidades de uma indústria metalúrgica, considerando a

legislação vigente em território nacional, mostrou-se extremamente eficiente na coordenação

das atividades de compra na empresa. A ferramenta apresenta-se como um dos principais

fatores utilizados na busca pela total integração dos objetivos de Compras com a estratégica

competitiva da empresa.

A generalização de resultados para outras empresas não foi alvo deste estudo, sendo assim

sugere-se obter informações passíveis de confrontação por meio de realização de outros estudos

em empresas assemelhadas. A pesquisa de variáveis utilizadas no processo de decisão de

compras em empresas diferentes do setor metalúrgico pode contribuir para a compreensão do

tema, sendo passível de comparação com este estudo desde que consideradas as características

específicas de cada ramo de atuação.

Ser um estudo de caso único; bem como apresentar apenas uma abordagem qualitativa com fins

descritivos, direcionada para identificação de quais são as variáveis determinantes do processo

de decisão de compras de uma indústria, podem ser considerados fatores de limitações da

pesquisa. Ressalta-se também que a possibilidade de erro do entrevistado e do pesquisador em

relação a compreensão de termos não padronizados e seus significados pode representar outra

limitação desta pesquisa.

Acrescentam-se sugestões para realização de pesquisas futuras que possam contribuir para o

aperfeiçoamento do processo de decisão em compras nas organizações:

a) realizar pesquisa de caráter quantitativo com foco no estabelecimento de um rol de

variáveis a serem utilizadas nas decisões de compras;

175

b) pesquisar e sugerir indicadores de desempenho baseados nas variáveis utilizadas nas

decisões de compras das organizações;

c) investigar e analisar processo de decisão em compras de outras organizações do setor

metalúrgico com objetivo de generalização de resultados;

d) pesquisar e analisar a contribuição do uso de ferramentas computacionais para o

aprimoramento da atividade de compras;

e) mensurar o impacto da utilização das variáveis determinantes de compras no resultado

das organizações;

176

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194

APÊNDICES

APÊNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Entrevistado:

Cargo/Função:

Tempo de empresa:

Telefone:

E-mail:

Organização das atividades de compra

1. Como é a organização de Compras na empresa (organograma)? A quem se subordina?

Como é a organização do trabalho (em grupos, hierarquia rígida, etc)? Possui orçamento?

2. Como são definidas as metas de Compras?

3. Que indicadores são utilizados para acompanhar o desempenho da área de Compras?

Porque?

4. Como a área de Compras desta empresa contribui ou pode contribuir para obtenção de

vantagens competitivas? Descreve e explique.

Decisão em compras

5. Existe algum sistema de informação que dá suporte ao processo de decisão em compras?

O sistema está interligado como as outras áreas? Quais as informações disponibilizadas?

6. Quais são os parâmetros utilizados nas decisões de compra? Estão formalizados em algum

tipo de Manual de Normas e Precedimentos? Como e porque isso ocorre?

7. O(s) compradore(s) possue(m) autonomia para decisões individuais? Descreva. Quem

toma as decisões relacionadas ao que deve ser comprado na Empresa Alpha?

8. Do que eles dependem para fechar as aquisições com os fornecedores? Explique.

Atividade de compras

9. Perfil dos compradores exigidos para trabalhar na Empresa Alpha (escolaridade, idade,

formação)? Qual sua formação e/ou experiência na área de Compras?

10. Enumere as etapas do processo de compras? Descreva cada uma.

11. Quais são os principais fatores observados em um processo de compra nesta empresa?

Descreve porque eles são os mais importante. Justifique.

195

12. Quais os principais tipos de produtos comprados? Há produtos perecíveis? O nível de

estoque é consultado antes da compra? É exigida assistência técnica ou treinamento? Por

que?

13. Como são tomadas as decisões em relação a preço, quantidade e prazo de pagamento das

compras?

14. Quais são as principais exigências impostas pela área de Compras da empresa junto aos

fornecedores?

15. Além de compras, quais áreas participam do processo de seleção e avaliação de

fornecedores? Quais os principais parâmetros de avaliação de desempenho do fornecedor?

16. A requisição de compra da empresa deve ser preenchida com quais informações? O que

ocorre com requisições de compras preenchidas incorretamente?

17. Há alguma determinação com relação a prazos para pagamentos das compras?

18. Quais os custos são avaliados pela empresa em uma compra? Os impostos são analisados

pela área de Compras?

19. Existe um tempo determinado para atendimento das requisições de compras?

20. A empresa possui parceria com alguma transportadora? Por quê? Quais os preços

cobrados?

21. Existe ou já existiu algum tipo de restrição que impedisse a realização de compras a prazo

junto aos fornecedores?

22. Existe algum controle com relação ao acompanhamento (follow up) das compras

realizadas?

23. Que itens são avaliados quando o produto comprado ou o serviço contratado é finalizado?

24. Você gostaria de comentar ou acrescentar alguma coisa que não foi perguntada?

196

APÊNDICE B – PROTOCOLO DE ESTUDO DE CASO

PROTOCOLO DO ESTUDO DE CASO: EMPRESA ALPHA

1 PROCEDIMENTOS ADOTADOS NO TRABALHO DE CAMPO

1.1 Aspectos metodológicos

Quanto à abordagem, esta pesquisa será qualitativa. Quanto aos fins, esta pesquisa terá caráter

descritivo realizada por meio de Estudo de Caso único.

1.2 Unidade de pesquisa

A unidade de análise desta pesquisa pode ser classificada como uma indústria brasileira de

pequeno porte, contendo 50 funcionários diretos, com faturamento anual bruto aproximado

entre R$ 7 milhões e R$ 9 milhões, sede no estado de Minas Gerais, fornecedora de materiais

para os segmentos de Linhas de Transmissão e Redes Aéreas de Distribuição de Energia

Elétrica com atuação em todo território brasileiro e alguns países do Mercosul. Sua linha de

produtos é composta por itens como Espaçadores Losangulares, Grampos de Ancoragem,

Braços de Suspensão, Carretilha Dupla Ação, dentre outros. Possui mais de 300 empresas

nacionais cadastradas em sua base de fornecedores, tendo suas compras concentradas em

empresas localizadas nos estados de São Paulo e Minas Gerais.

Alguns dos seus clientes são: AMPLA (Ampla Energia e Serviços S/A), COPEL (Copel

Distribuição S.A.), CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), ELEKTRO (Elektro

Eletricidade e Serviços), CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais), COELBA

(Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia), CELESC (Centrais Elétricas de Santa

Catarina), CELG (Companhia Energética de Goiás), CELPE (Companhia Energética de

Pernambuco), ELETROSUL (Eletrosul Centrais Elétricas S/A), dentre outras.

1.3 Coleta de dados

Serão utilizadas a pesquisa de campo por meio da observação não participante das atividades

executadas pelo setor de Compras da empresa pesquisada, apoiadas por pesquisa documental

e bibliográfica. Entrevistas semiestruturadas serão aplicadas aos compradores, ao gestor de

197

compras e diretores envolvidos com as decisões de compras com intuito de extrair

informações relevantes a respeito do tema investigado.

1.3.1 Profissionais da Empresa Alpha envolvidos nas diretrizes do processo de

compras a serem entrevistados são: Diretor Administrativo, Diretora da área

Financeira, Comprador.

1.4 Fontes de dados

a) fontes primárias: profissionais envolvidos nas atividades de compras, bem como no

processo de decisão das aquisições dentro da Empresa Alpha.

b) fontes secundárias:

a. internas: documentos, arquivos e registros da Empresa Alpha.

b. extrenas: abrange a bibliografia já tornada pública em relação ao tema de

estudo (Compras/Suprimentos/Inovação), incluindo publicações avulsas,

boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, dentre outros.

1.5 Observações gerais para coleta de dados

As entrevistas, quantas forem necessárias, deverão ser agendadas e formalizadas via e-mail

com 72 duas horas de antecedência, gravadas ou filmadas, em sala reservada na sede da

Empresa Alpha, com duração máxima de 2 (duas) horas cada entrevista. Deverá ocorrer a

transcrição das respostas da entrevista para análise dos pesquisadores e arquivamento por

parte do entrevistado. A Empresa Alpha não autoriza a divulgação do seu nome e endereço

por questões concorrenciais, bem como o nome dos entrevistados que poderão ser

identificados somente pelo cargo de ocupação e/ou nome fictício.

Os pesquisadores terão acesso às dependências da Empresa Alpha para realização das

entrevistas e/ou observação não participante das atividades de compras somente após

apresentação da autorização para entrada previamente recebida via e-mail.

Os pesquisadores estão autorizados a pesquisar em qualquer tipo de documento que esteja

disponível no departamento de Compras, tanto em papel quanto em meio digital, com exceção

de documentos considerados confidenciais. Caso necessário, demais departamentos da

empresa poderão ser consultados durante a pesquisa de campo. Está previamente autorizada a

198

utilização de qualquer tipo de tecnologia para coleta de dados, tais como computadores,

tablets, celulares e pen drives. Fotos poderão ser tiradas e divulgadas mediante autorização

dos responsáveis pela Empresa Alpha.

Para inícios dos trabalhos de pesquisa de campo e entrevistas, será necessária apresentação de

carta de recomendação, em papel timbrado da instituição de ensino, assinada pelo professor

orientador.

Todos os custos decorrentes da pesquisa ficam a cargo do pesquisador. A Empresa Alpha

disponibilizará acesso aos banheiros, cozinha, estacionamento, sala de reunião e demais

setores que ser fizerem necessários para o trabalho de campo. Os pesquisados estão

autorizados, caso necessário, a participar do café da manhã e café da tarde oferecido pela

empresa aos seus funcionários.

2 ROTEIRO DE ENTREVISTA

A construção do roteiro de perguntas para realização das entrevistas foi desenvolvido com base

no arcabouço teórico apresentado sobre o tema. O quadro 21 apresenta a relação das variáveis

de compras a serem pesquisadas, bem como os autores utilizados.

Quadro 21 – Relação das variáveis de compras

(continua)

Nº Variável Diz respeito à: Alternativas de decisão

com relação a esta

variável

Determinantes das decisões de

compra

1 Qualidade

Baily et al.

(2000) e Dias e

Costa (2012)

Conjunto de

características de um

produto ou serviço

relevantes para

atender às exigências.

Verificar níveis de

qualidade exigidos.

Especificações de desempenho e

especificações de conformidade de

acordo com o determinado.

2 Quantidade

correta

Baily et al.

(2000)

Quantidade dos

produtos a serem

adquiridos.

Quantidade a ser

comprada por produto.

Nível de estoque; necessidades da

área da produção; fluxo de caixa

disponível para compra;

promoções; política de pedidos.

3 Tempo

Baily et al.

(2000) e Dias e

Costa (2012)

Prazo de entrega. Prazo de entrega

negociado por compra

realizada; prazo de

entrega determinado em

contrato; prazo de

entrega determinado pelo

fornecedor.

Necessidades da área de produção.

199 Quadro 21 – Relação das variáveis de compras

(continuação)

Nº Variável Diz respeito à: Alternativas de decisão

com relação a esta

variável

Determinantes das decisões de

compra

4 Fonte de

suprimentos

Baily et al.

(2000), Chaves

(2002), Gaither

e Fraizer (2005)

e Slack et al

(2009)

Seleção de

fornecedores

adequados.

Escolher isoladamente

um fornecedor; contratar

conforme exigências;

reduzir base de

fornecedores; aumentar

base de fornecedores.

Atributos de um bom fornecedor;

quantidade de fornecedores;

histórico de fornecimento;

parcerias estabelecidas;

conhecimento do mercado;

(reputação, prazo de entrega,

confiabilidade, capacidade

financeira); redução ou ampliação

da base de fornecedores da

empresa.

5 Preço

Baily et al.

(2000),

Lambert, Stock

e Vantine

(1999)

Valor negociado para

os produtos.

Menor preço possível;

preço de mercado.

Orçamento disponível para

compra; acordos pré-determinados

com fornecedores; prazos para

pagamento concedidos; restituição

de impostos.

6 Negociação

Baily et al.

(2000), Junior

(2011) e Dias e

Costa (2012).

Negociar a compra

dos produtos ou

contratação de serviço

com os fornecedores.

Realizar acordo para

compra; não realizar

acordo para compra.

As variáveis envolvidas na decisão

da compra; objetivos da

negociação (ganha-ganha, perde-

ganha, perde-perde).

7 Custo total de

aquisição

Baily et al.

(2000) e

Bowersox,

Closs e Cooper

(2006)

Custo total envolvido

na compra de

produtos e

contratação de

serviços.

Negociar redução do

preço da compra;

identificar e reduzir custo

ocultos, tais como: custo

de estocagem, de entrega,

de apoio, treinamento,

atrasos, inspeção,

manipulação, dentre

outros.

Estrutura de custo da empresa.

8 Especificações

de compra

Gaither e

Fraizer (2005) e

Dias e Costa

(2012)

Requisitos

necessários para

realização da compra.

Realizar compra

conforme especificações

contidas na requisição de

compra; não realizar a

compra por erros de

especificação; realizar a

compra após retificação

da requisição de compra.

Correto preenchimento e

compreensão das especificações

necessárias para compra;

especificações para compra.

9 Organização de

compras

Baily et al.

(2000), Chaves

(2002),

Gonçalves

(2010), Pozo

(2010) e Dias e

Costa (2012)

Estruturação do

processo de compras.

Centralizada;

descentralizada;

combinação das duas.

Estrutura organizacional da

empresa; posicionamento do setor

de compra; compras centralizadas

e descentralizadas; decisão de

fabricar ou comprar.

10 Restrições

financeiras

Dias e Costa

(2012)

Restrições financeiras

que possam impedir a

área de Compras de

efetuar uma

aquisição.

Realizar compra à vista;

realizar compra à prazo

mediante autorização do

fornecedor; não realizar a

compra.

Existência de restrições

financeiras que possam impedir a

aquisição.

200 Quadro 21 – Relação das variáveis de compras

(conclusão)

Nº Variável Diz respeito à: Alternativas de decisão

com relação a esta

variável

Determinantes das decisões de

compra

11 Timing

Baily et al.

(2000)

Atender às

necessidades de

compra da

organização em

tempo hábil.

Atender em tempo hábil;

não atender em tempo

hábil.

Normas da área de Compras;

fluxo de caixa disponível para

compra; desempenho de entrega

do fornecedor em relação ao

pactuado; tempo exigido para

processar as requisições; tempo

empregado com ação

remediadora.

12 Tipo de produto

a ser comprado

Baily et al.

(2000), Ballou

(2006), Dias e

Costa (2012) e

Arnold (2012).

Produtos quem devem

ser comprados

conforme descrito nas

especificações de

compra.

Commodities; produtos

com padronização;

produtos de pequeno

valor; materiais

específicos feitos sob

encomenda.

Suprimento de gargalo;

suprimento rotineiro; suprimento

de alavancagem; suprimento

crítico.

13 Frete

Reis (2001),

Ballou (2006),

Slack et al

(2009) e Dias e

Costa (2012)

Custo do transporte

nas compras

efetuadas.

Ferroviário, rodoviário,

aéreo, aquaviário e

dutoviávio.

Rapidez, disponibilidade,

confiabilidade, capacidade,

frequência, seguro, custo.

14 Assistência

técnica e

treinamento

Borgmann

(2002),

Marques

(2006) e Dias e

Costa (2012)

Serviços de reparos

em defeitos sob

garantia e realização

de treinamento para

utilização do produto

adquirido.

Realizar compra com

prazo de garantia previsto

na legislação vigente;

realizar compra com

contratação de prazo de

garantia estendida.

Orçamento de compra, prazo da

garantia, assistência técnica em

loco, localização para realizar

treinamentos.

15 Prazo de

pagamento

Baily et al.

(2000), Chaves

(2002) e Dias e

Costa (2012)

Prazo estabelecido

para pagar o

fornecedor.

A vista, a prazo, entrada

e restante a prazo.

Taxa de captação e aplicação do

dinheiro no mercado;

disponibilidade de caixa.

16 Validade dos

produtos

Chaves (2002) e

Filho (2007)

Período de duração de

um produto no qual

suas características e

a qualidade

permanecem

inalteradas.

Horas, dias, meses, anos,

indeterminado.

Tipo de produto a ser comprado.

17 Níveis de

estoque

Baily et al.

(2000), Dias

(2005), Ballou

(2006), Slack et

al. (2009)

Acumulações de

matérias primas,

suprimentos,

componentes,

materiais em processo

e produtos acabados

em um sistema de

transformação.

Comprar conforme

necessidade da produção;

comprar para compor

estoque; comprar

conforme necessidade

das vendas.

Custos de estocagem (volume

estocado, armazenagem,

manuseio, seguro, depreciação,

obsolescência, custos de

oportunidade do capital de giro,

custos de falta de estoque).

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos objetivos da pesquisa e no referencial teórico.

201

O quadro 22 relaciona cada uma das variáveis pesquisadas às perguntas constantes no roteiro de

entrevista do apêndice A.

Quadro 22 – Relação de variáveis associadas às perguntas da entrevista

Variável Perguntas

Qualidade 23

Quantidade correta 13

Tempo 22

Fonte de suprimentos 14

Preço 13

Negociação 10

Custo total de aquisição 18

Especificações de compra 16

Organização de compras 1

Restrições financeiras 21

Timing 19

Tipo de produto a ser comprado 12

Frete 20

Assistência técnica e treinamento 12

Prazo de pagamento 13 e 17

Validade dos produtos 12

Níveis de estoque 12

Fonte: Elaborado pelo autor.

ROTEIRO DE ENTREVISTA COMENTADO

Entrevistado:

Cargo/Função:

Tempo de empresa:

Telefone:

E-mail:

Organização das atividades de compra

1. Como é a organização de Compras na empresa (organograma)? A quem se

subordina? Como é a organização do trabalho (em grupos, hierarquia rígida, etc)?

Possui orçamento? Objetivo da pergunta 1: identificar e analisar a existência da variável “Organização de

compras”.

2. Como são definidas as metas de compras? Objetivo da pergunta 2: Verificar se há alinhamento entre as metas do setor de Compras e os

objetivos estratégicos da organização, bem como identificar possíveis variáveis que possam estar

presentes no processo de decisão de compra da Empresa Alpha.

202

3. Que indicadores são utilizados para acompanhar o desempenho da área de

Compras? Porque?

Objetivo da pergunta 3: identificar possíveis variáveis que possam estar presentes no processo de

decisão de compra da Empresa Alpha, bem como analisar sua importância para os resultados

financeiros do setor e da empresa.

4. Como a área de Compras desta empresa contribui ou pode contribuir para obtenção

de vantagens competitivas? Descreva e explique. Objetivo da pergunta 4: identificar se a área de Compras possui atuação estratégica dentro da

organização.

Decisão em compras

5. Existe algum sistema de informação que dá suporte ao processo de decisão em

compras? O sistema está interligado como as outras áreas?

Quais as informações disponibilizadas?

Objetivo da pergunta 5: identificar a existência de ferramentas utilizadas para processamentos

dos dados envolvidos na atividade de compras que possam dar suporte a análise das possíveis

variáveis envolvidas na decisão de compras da organização, bem como identificar variáveis que

já possam estar sendo tratadas pelo sistema.

6. Quais são os parâmetros utilizados nas decisões de compra? Estão formalizados em

algum tipo de Manual de Normas e Precedimentos? Como e porque isso ocorre? Objetivo da pergunta 6: identificar regras gerais que norteiam o processo de decisão de compras

na Empresa Alpha, bem como verificar a existencia de variáveis que possam estar presentes no

processo de decisão de compra da organização.

7. O(s) compradore(s) possue(m) autonomia para decisões individuais? Descreva. Quem

toma as decisões relacionadas ao que deve ser comprado na Empresa Alpha? Objetivo da pergunta 7: identificar a(s) fonte(s) tomadora(s) de decisão em relação as atividade

de compras na organização.

8. Do que eles dependem para fechar as aquisições com os fornecedores? Explique.

Objetivo da pergunta 8: identificar a dinâmica do processo de decisão de compras (é

formalizado, aleatório, segue um fluxo pré-determinado, ocorre por tipo de produto a ser

comprado).

Atividade de compras

9. Perfil dos compradores exigidos para trabalhar na Empresa Alpha (escolaridade,

idade, formação)? Qual sua formação e/ou experiência na área de Compras?

Objetivo da pergunta 9: identificar o grau de instrução exigido para o cargo de comprador na

emprasa Alpha como forma de conduzir adequadamente a entrevista semi estruturada obtendo o

máximo de informações a respeitos do processo de compra e das variáveis envolvidas na decisão

de compra.

203

10. Enumere as etapas do processo de compras? Descreva cada uma.

Objetivo da pergunta 10: compreender a rotina de compras na Empresa Alpha, bem como

identificar e analisar a existência da variável “Negociação”.

11. Quais são os principais fatores observados em um processo de compra nesta

empresa? Descreva porque eles são os mais importantes. Justifique.

Objetivo da pergunta 11: identificar possíveis variáveis que possam estar presentes no processo

de decisão de compra da Empresa Alpha que possam ter passado desapercebidas até este

momento da entrevista.

12. Quais os principais tipos de produtos comprados? Há produtos perecíveis? O nível

de estoque é consultado antes da compra? É exigida assistência técnica ou

treinamento? Por que?

Objetivo da pergunta 12: identificar e analisar a existência das variáveis “Tipo de produto”,

“Validade dos produtos”, “Níveis de estoque”, “Assistência técnica ou treinamento”.

13. Como são tomadas as decisões em relação a preço, quantidade e prazo de pagamento

das compras?

Objetivo da pergunta 13: identificar e analisar a existência das variáveis “Preço”, “Quantidade

correta” e “Prazo de pagamento”.

14. Quais são as principais exigências impostas pela área de Compras da empresa junto

aos fornecedores?

Objetivo da pergunta 14: identificar e analisar a existência da variável “Fonte de suprimento”.

15. Além de compras, quais áreas participam do processo de seleção e avaliação de

fornecedores? Quais os principais parâmetros de avaliação de desempenho do

fornecedor? Objetivo da pergunta 15: identificar e analisar possíveis variáveis a serem consideradas na

tomada de decisão de compras da Empresa Alpha por meio dos parâmetros que são utilizados

para avaliar seus fornecedores.

16. A requisição de compra da empresa deve ser preenchida com quais informações? O

que ocorre com requisições de compras preenchidas incorretamente?

Objetivo da pergunta 16: identificar e analisar a existência da variável “Especificações de

compra”.

17. Há alguma determinação com relação a prazos para pagamentos das compras?

Objetivo da pergunta 17: identificar e analisar a existência da variável “Prazo de pagamento”.

18. Quais os custos são avaliados pela empresa em uma compra? Os impostos são

analisados pela área de Compras?

204

Objetivo da pergunta 18: identificar e analisar a existência da variável “Custo total de

aquisição”.

19. Existe um tempo determinado para atendimento das requisições de compras?

Objetivo da pergunta 19: identificar e analisar a existência da variável “Timing”.

20. A empresa possui parceria com alguma transportadora? Por quê? Quais os preços

cobrados?

Objetivo da pergunta 20: identificar e analisar a existência da variável “frete”.

21. Existe ou já existiu algum tipo de restrição que impedisse a realização de compras a

prazo junto aos fornecedores?

Objetivo da pergunta 21: identificar e analisar a existência da variável “Restrição financeiras”.

22. Existe algum controle com relação ao acompanhamento (follow up) das compras

realizadas?

Objetivo da pergunta 22: identificar e analisar a existência da variável “Tempo”.

23. Que itens são avaliados quando o produto comprado ou o serviço contratado é

finalizado?

Objetivo da pergunta 23: identificar e analisar a existência da variável “Qualidade”.

24. Você gostaria de comentar ou acrescentar alguma coisa que não foi perguntada?

Objetivo da pergunta 24: dar oportunidade para que o entrevistado apresente alguma

informações que possa identificar outras variáveis envolvidas na decisão de compras que não

foram identificadas nas questões anteriores.

3 ANÁLISE DE DADOS

A análise dos dados coletados neste estudo de caso será realizada através de Combinação

Padrão proposta por Yin (2010), ou seja, comparar a prática empresarial com aquilo que vem

sendo preconizado na teoria sobre compras nas organizações.

Sendo assim, baseado no levantamento e revisão da literatura apresentada anteriormente sobre o

tema, foi elaborado o modelo analítico a ser tomado como padrão para esta pesquisa. Este

modelo foi construído associando os objetivos geral e específico da pesquisa com as variáveis

escolhidas para condução da presente investigação. Desta forma, este modelo servirá para

auxiliar tanto na fase de coleta dos dados quanto na fase de análise dos resultados.

205

Quadro 23 – Modelo analítico para análise dos dados da pesquisa

Objetivos da pesquisa Descrição

Geral Identificar as variáveis utilizadas na decisão de compras de uma empresa

metalúrgica fornecedora de materiais para os segmentos de Linhas de

Transmissão e Redes de Distribuição de Energia Elétrica, determinantes do

processo de compra.

Específicos Variáveis e definições Base teórica a ser utilizada

a) Caracterizar o processo de

compras em uma indústria

metalúrgica identificando suas

etapas.

Organização das atividades de compras

na Empresa Alpha.

Capítulos:

2.1; 2.1.1; 2.1.1.1; 2.1.2; 2.1.3;

2.1.3.1; 2.1.4; 2.1.4.1; 2.2.

b) Identificar as variáveis que

estão sendo selecionadas para

efetivação das compras.

Variáveis determinantes na decisão de

compras na Empresa Alpha.

Capítulos:

2.5; 2.6; 2.6.1; 2.6.2; 2.6.3;

2.6.4; 2.6.5; 2.6.6; 2.6.7; 2.6.8;

2.6.9; 2.6.10; 2.6.11; 2.6.12;

2.6.13; 2.6.14; 2.6.15; 2.6.16;

2.6.17.

c) Acompanhar a evolução

dessas variáveis no processo

de decisão de compras.

Utilização das variáveis identificadas no

processo de decisão da Empresa Alpha.

Capítulos:

2.3; 2.4; 2.6; 2.6.1; 2.6.2; 2.6.3;

2.6.4; 2.6.5; 2.6.6; 2.6.7; 2.6.8;

2.6.9; 2.6.10; 2.6.11; 2.6.12;

2.6.13; 2.6.14; 2.6.15; 2.6.16;

2.6.17.

d) Identificar a utilização de

alguma inovação no processo

de compras que possa tornar a

empresa mais competitiva.

Utilização de inovações no processo de

compras da Empresa Alpha.

Capítulos:

2,2; 2.7.

e) Comparar as variáveis

identificadas nesta pesquisa

com as de Chaves (2002).

Comparação das variáveis identificadas

na Empresa Alpha com as variáveis

identificadas por Chaves (2002).

Capítulos:

2,8; 4.1; 4.2; 4.3; 4.3.1; 4.3.2;

4.3.3; 4.3.4; 4.3.5; 4.3.6; 4.3.7;

4.3.8; 4.3.9; 4.3.10; 4.3.11;

4.3.12; 4.3.13; 4.3.14; 4.3.15;

4.3.16; 4.3.17.

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos objetivos da pesquisa e no referencial teórico.

3.1 Relatório do estudo de caso

Para Yin (2010, p.194), relatar um estudo de caso significa “[...] trazer seus resultados e

constatações ao encerramento”. Desta forma, deve refletir ênfases, detalhes, formas

composicionais e até mesmo o comprimento adequado às necessidades do público potencial.

Levando em consideração a composição do estudo de caso único para esta pesquisa, seu

relatório foi estruturado de forma analítico-linear, por ser considerada, conforme aponta Yin

(2010), abordagem padrão para a composição de relatórios de pesquisa e mais adequada para

quando o público principal do estudo de caso consiste em pesquisadores de banca de tese ou

dissertação.

206

APÊNDICE C – ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS – MATRIZ PARA ANÁLISE

DE DADOS

Entrevistas semiestruturadas - Matriz para análise de dados

Definição das Siglas

E1: Entrevistado 1 Q11: Questão nº 11

E2: Entrevistado 2 Q12: Questão nº 12

E3: Entrevistado 3 Q13: Questão nº 13

ES: Entrevista semiestruturada Q14: Questão nº 14

P: Pesquisador Q15: Questão nº 15

Q1: Questão nº 1 Q16: Questão nº 16

Q2: Questão nº 2 Q17: Questão nº 17

Q3: Questão nº 3 Q18: Questão nº 18

Q4: Questão nº 4 Q19: Questão nº 19

Q5: Questão nº 5 Q20: Questão nº 20

Q6: Questão nº 6 Q21: Questão nº 21

Q7: Questão nº 7 Q22: Questão nº 22

Q8: Questão nº 8 Q23: Questão nº 23

Q9: Questão nº 9 Q24: Questão nº 24

Q10: Questão nº 10

Bloco I - Organização das atividades de compra

Q1

ES

Como é a organização de compras na empresa (organograma)? A quem se

subordina? Como é a organização do trabalho (em grupos, hierarquia

rígida, etc)? Possui orçamento?

Objetivo da pergunta 1: identificar e analisar a existência da variável

“Organização de compras”.

E1

Compras hoje é uma das diretorias abaixo da presidência e da vice-presidência,

ela é subordinada ao vice-presidente e ao presidente para aprovação dos

processos. Não possui orçamento, na verdade a gente até pretende implementar

isso, mas hoje a gente vai comprando à medida que vai entrando pedido, se

existem metas específicas ou previsões anuais. [...] os pedidos de venda que

vão gerando aleatoriamente e esporadicamente as necessidades de compra.

E2

P: Como é a organização de compras na empresa (organograma)? A quem

se subordina?

A mim. [...] Na verdade a gente não tem divisão. Seria o Rodrigo e vice eu,

diretoria Geral. [...]

P: Então posso afirmar que a organização do trabalho é flexível?

Sim

P: Possui orçamento?

Não

E3 [...] subordinado a diretoria. [...] Financeira, Patrícia é financeira. [...] Algumas

207

compras eu autorizo, agente só formaliza para dar a ela o conhecimento, outras

tem que passa por ela Mesmo. [...] Mais na questão da matéria prima porque

ela que tem o controle da necessidade da matéria prima. [...]

P:Atualmente você trabalha com orçamento?

Não, não trabalhamos não, está no planejamento, está adequando a empresa

para isso, mas atualmente não tem.

P: Então se não tem o orçamento de compras, como funciona para você no

compras saber o quanto você pode pagar em determinada compra?

Dê acordo com o fluxo de caixa do dia, não tem outra forma.

Q2

ES

Como são definidas as metas de compras?

Objetivo da pergunta 2: Verificar se há alinhamento entre as metas da área de

Compras e os objetivos estratégicos da organização, bem como identificar

possíveis variáveis que possam estar presentes no processo de decisão de

compra da Empresa Alpha.

E1

Advém de pedidos de clientes mesmo. A gente não tem uma meta nem mesmo

de redução de custos, o que a gente faz é controle apenas se os custos estão

aumentando. Metas por exemplo, se compramos “X” e agora vamos comprar

“2X” então deveríamos ter um decréscimo, não temos políticas desse tipo.

P: Essa questão do custo: você olha somente o custo relacionado à sua área

de Compras (preço que esta comprando, frete) ou você olha o custo de toda

operação (desde há entrada da matéria prima, até a venda do material,

folha de pagamento).

E1: Não, olho o custo isolado mesmo. Isoladamente preço unitário, e não o frete

sim, ele é incluso porque ele é praticamente um agregador no preço. Só até ai

mesmo, custo direto mais o frete.

E2

Na verdade a gente faz isso por mês conforme os pedidos que a gente tem para

entregar. E a meta a gente tenta ficar dentro do mesmo valor que a gente vem

comprando.

E3

P: Trabalha com alguma meta de compra?

Não

P: Então como se dá o alinhamento da sua atividade de compras com o

planejamento estratégico da empresa?

Acho que são dois aspectos fundamentais: um é o preço, e outro a questão

fiscal, impostos, aproveitamento de impostos. outra coisa que poderiamos

colocar seria um fluxo de caixa mais flexível. Do jeito que a gente compra aqui

tem dia que é “bravo”.

208

Q3

ES

Que indicadores são utilizados para acompanhar o desempenho da área de

Compras? Por quê?

Objetivo da pergunta 3: identificar possíveis variáveis que possam estar

presentes no processo de decisão de compra da Empresa Alpha, bem como

analisar sua importância para os resultados financeiros do setor e da empresa.

E1

Na verdade hoje nós não temos indicadores para acompanhar a área de

Compras. O único controle realmente que a gente faz é se os preços estão

aumentando eles precisam de uma autorização para ser feita nova compra, mas

não temos indicadores que acompanham a trajetória até mesmo porque estaria

atrelado às metas que nós também não temos.

E2

Nós não usamos, mas tem que usar. Depois que colocar o sistema vai dar para

fazer esses indicadores. Agora não.

P: Esse sistema será somente para compras ou para todos os setores?

Será para todos os setores.

E3

O único indicador é consulta mesmo, consulta a diversos fornecedores e sempre

acompanhando principalmente a variação cambial. Um exemplo disso: há

pouco tempo agente compra de fornecedor que quando o dolar subiu ele

aumentou o preço, mas quando o dolar baixou ele manteve o preço lá em cima,

e os outros baixaram o preço.(risos).

P: E dessa materia prima, a variação cambial, ela seria derivada de

alguma commodities?

Petróleo, principamente petróleo.

P: Se fosse pra você utilizar ali no seu serviço do compras alguns

indicadores de compra para você saber se sua compra esta sendo boa ou

não, por exemplo: o que você comprava no segundo trimestre do ano

passado foi maior do que eu comprei no segundo trimestre deste ano?

Atualmente você usa esse tipo de comparativo?

Não.

Q4

ES

Como a área de Compras desta empresa contribui ou pode contribuir para

obtenção de vantagens competitivas? Descreva e explique.

Objetivo da pergunta 4: identificar se a área de Compras possui atuação

estratégica dentro da organização.

E1

Contribui diretamente de forma significativa porque como estamos no ramo da

indústria, a margem está relacionada à minha qualidade compras mais que o

preço de venda, porque o preço de venda praticamente é o mercado que define,

não sou eu, então onde eu tenho como melhorar minha situação é comprando

bem.

E2

Eu acho que pode ter uma vantagem quando a gente conseguir fazer um

planejamento mais com antecedência, pois ultimamente estamos fazendo muito

de urgência e a gente tem pedidos que dá para fazer isso que são das

concessionárias. A gente já sabe quando que vai atender, ai eu acho que se

209

fechasse anual, por exemplo, a gente consegue uma vantagem grande.

P: Então as concessionárias é que dão o input para o planejamento de

compras?

Isso, porque os outros vamos comprando de vez em quando, não temos um

contrato. Agora às concessionárias não, dá pra fazer uma programação de

compras.

P: Como você vende para concessionárias?

É por concorrências, depois fecha o contrato.

P: Com esse contrato você tem informações suficientes para planejar suas

compras?

Isso.

E3

No caso de compras aqui, seria ter um preço competitivo, pois na maioria das

vezes nos trabalhamos é com registro de preço. A maioria dos nossos

compradores, é registro de preço, logo eu tenho que trabalhar em cima de uma

matéria prima que dá suporte pra gente ter preço final. [...]Tem a questão fiscal.

[...] A partir do momento que a gente conseguir ter prazo, ai a gente tem

condição de trabalhar melhor esse preço final e ter um fluxo que permita até

uma venda com prazo maior também.

Bloco II - Decisão em compras

Q5

ES

Existe algum sistema de informação que dá suporte ao processo de decisão

em compras? O sistema está interligado como as outras áreas?

Quais as informações disponibilizadas?

Objetivo da pergunta 5: identificar a existência de ferramentas utilizadas para

processamentos dos dados envolvidos na atividade de compras que possam dar

suporte a análise das possíveis variáveis envolvidas na decisão de compras da

organização, bem como identificar variáveis que já possam estar sendo

tratadas pelo sistema.

E1

Existe [...] É o SGE que é um sistema que foi desenvolvido internamente pela

própria empresa através da contratação de uma pessoa de TI, e atualmente o

que está sendo implementado é um software chamado CIGAM que é um dos

principais concorrentes no mercado de Tecnologia de Informação hoje, e está

começando a ser implementado na área financeira e manufatura, mas ainda não

está funcional.

E2 Hoje utilizamos o sistema SGE.

E3

Tem, nós trabalhamos hoje com dois sistemas paralelos, com o SGE “sistema

de informação gerencial” e CIGAM que está em fase final de implantação. [...]

P: Esses sistemas estão interligados com outras áreas?

Sim, são ligados ao financeiro, ao estoque, a fiscal, vendas e o compras né.

P: Quais as informações disponibilizadas? Que informações ele te dá, que

210

relatório ele retorna?

Relatórios quem usa mais é a diretoria, mas ele me da informação com relação

a fiscal, o que eu tenho de imposto, ele me da informação de estoque,

quantidade de matéria prima em estoque, me da informação de preço é lógico,

no caso do SGE é rígido, eu não altero o preço, somente a direção da empresa

que altera. No CIGAM é flexível, eu mesmo altero.

P: Tem mais algum relatório que ele te dá?

Pedido pendente de pagamento ou de entrega.

Q6

ES

Quais são os parâmetros utilizados nas decisões de compra? Estão

formalizados em algum tipo de Manual de Normas e Procedimentos?

Como e porque isso ocorre?

Objetivo da pergunta 6: identificar regras gerais que norteiam o processo de

decisão de compras na Empresa Alpha, bem como verificar a existencia de

variáveis que possam estar presentes no processo de decisão de compra da

organização.

E1

Eles não estão formalizados e os parâmetros atualmente seriam preço e quando

eu digo preço seria o preço com o frete incluso e o prazo de entrega, não sendo

necessariamente sempre nessa ordem, quer dizer, às vezes o prazo de entrega é

tão importante que ele faz com que eu adquira algo com preço um pouco acima

para atender alguma urgência de momento.

P: Os pedidos dos seus clientes te dão o input para compras conforme já

relatado, então seria a particularidade de cada pedido de venda que

determinará a priorização entre preço e prazo de entrega?

Tem compras que o principal critério é preço e tem compras que o principal

critério é prazo.

E2

Não, não está. Nós temos que fazer até pela consultoria do Ciociorowisk nós

temos que fazer.

P: E quais parâmetros utilizados para tomar as decisões de compras?

Preço, qualidade na verdade a gente já está com esses fornecedores que a gente

já sabe que tem uma qualidade né, porque tem material por ai que se não for

aquele não dá pra gente fazer, então já nem olha mais qualidade agora é mais

preço mesmo. Prazo de entrega, porque a maioria das compras agora é tudo a

vista.

P: Tem algum motivo especial para você focar mais em preço, qualidade e

prazo de entrega?

Porque a gente está comprando tudo a vista né, e tem que ser assim, tipo Just in

time né, pois não estamos com capital de giro, então pra gente é importante,

mas acho que até o meio de 2014 isso já não vai ser tão importante para nós,

porque ai poderemos pedir prazo, pode ter um prazo maior para entregar, acho

até que vamos negociar melhor (risos).

E3 Qualidade, custo benefício, se tiver condição olho o prazo de pagamento e

211

prazo de entrega. [...]

P: Estão formalizados em algum tipo de Manual de Normas e

Precedimentos?

Não.

P: Com esse trabalho que vocês estão fazendo de consultoria vocês estão

trabalhando para este tipo de formalização ou ainda não foi discutido?

Já está trabalhando isso ai.

Q7

ES

O(s) compradore(s) possue(m) autonomia para decisões individuais?

Descreva. Quem toma as decisões relacionadas ao que deve ser comprado

na Empresa Alpha?

Objetivo da pergunta 7: identificar a(s) fonte(s) tomadora(s) de decisão em

relação as atividade de compras na organização.

E1

Ele tem autonomia para tomar decisões de compra desde que não extrapole o

preço de custo superior ao preço médio comprado.

P: Se for um item de manutenção (pequenas compras vinculadas ao dia a

dia não sendo matéria prima), ele tem autonomia para comprar ou

também esses pedidos tem que passar pela diretoria?

Tem que passar pela diretoria, más não necessariamente a minha, poderia ser

uma diretoria técnica porque às vezes pode ser um insumo ou algum item de

manutenção do qual a própria diretoria desconheça e pode ser um produto que

não tem histórico como uma peça que nunca foi comprada antes porque nunca

deu problema, então é submetida à análise do pessoal técnico para posterior

aprovação.

E2 Ele tem autonomia. Tem algumas compras que ele já tem o preço e que já são

básicas que ele já faz. Só quando é um valor mais alto ai passa na diretoria.

E3

Sim, além de tomar essas decisões agente pode aconselhar ou opinar com

relação ao que está sendo comprado. [...] Sim, pode participar

P: A falta do fluxo de caixa te atrapalha? Em que sentido?

Muito, eu chego na empresa hoje, por exemplo, e não sei qual a disponibilidade

eu tenho para pagamento das compras.

Q8

ES

Do que eles dependem para fechar as aquisições com os fornecedores?

Explique.

Objetivo da pergunta 8: identificar a dinâmica do processo de decisão de

compras (é formalizado, aleatório, segue um fluxo pré-determinado, ocorre por

tipo de produto a ser comprado).

E1

As únicas situações que estou me lembrando, que fogem de preço e prazo de

entrega, são quando necessita de algum aval técnico do setor responsável,

alguma peça que nunca foi comprada ou mesmo algum material que está em

212

falta no mercado, sendo necessário um contratipo equivalente é submetido a

uma parte técnica para ver se aquele material embora não usado atenderia as

exigências mínimas do produto final.

E2

Mesma questão de antes, quando é valor menor ele já faz, só quando é valor

maior que ai ele pede autorização.

P: Esses valores maiores de compras vocês têm estipulados?

Não, cada caso é um caso. Ele coloca no sistema e espera a avaliação.

E3

Tenho um fluxo de compra. [...] Pedido, pagamento, acompanhamento na

transportadora e chegada da mercadoria e baixa da nota fiscal no sistema.

P: Especificamente neste procedimento de recebimento, qual a coisa

específica que o departamento de compra olha?

Confere com a nota fiscal se a quantidade está correta, se o produto é o mesmo

que compramos, a partir dai eles carimbam a nota, assinam, passam para o

estoque, do estoque dá o ok, ai eu baixo. Quando eu faço a baixa o sistema

carrega o estoque (Cigam). O estoque não acessa do Cigam porque a mão de

obra deixa a desejar logo eu faço este lançamento.

Bloco III - Atividade de compras

Q9

ES

Perfil dos compradores exigidos para trabalhar na Empresa Alpha

(escolaridade, idade, formação)? Qual sua formação e/ou experiência na

área de Compras?

Objetivo da pergunta 9: identificar o grau de instrução exigido para o cargo

de comprador na emprasa Alpha como forma de conduzir adequadamente a

entrevista semiestruturada obtendo o máximo de informações a respeitos do

processo de compra e das variáveis envolvidas na decisão de compra.

E1

Na verdade escolaridade, idade e mesmo formação a gente coloca hoje como

pretendido, mas não exigido, não exige como um item desclassificatório porque

há uma escassez de mão obra qualificada, então a gente acaba tendo que

afrouxar um pouco os critérios.

P: Essa escassez de mão de obra ela é realmente real na sua empresa?

E1: Sim, em todos os escalões, hoje em 2013 não está tão ruim como em 2008,

2010. Já foi pior porque a economia deu uma pequena desacelerada, uma

estabilizada, más continua muito complicado.

P: Então qual seria a maior deficiência, em sua opinião com relação à mão

de obra?

E1: Deficiência na parte humana, habilidade de lidar com pessoas, gente,

negociação, situações.

E2

Na verdade agora que estão com exigências, não necessariamente ele precisa

ter experiências, mas ele já tem que estar caminhando para aquilo acontecer,

que esteja pelo menos em desenvolvimento. Tem que ter superior cursando ou

experiência para estar aqui e desenvolver. Não tenho restrição com relação à

213

idade.

E3

Vou colocar com experiência que eu tive. Quando eu fui entrevistado o nível

era superior, e eu fui admitido pela experiência que eu tenho, não

expecificamente na área de Compras, mas na área administrativa como um

todo. Minha experiência em compras não era grande. [...] Superior incompleto

em Direito. [...] Fui comprador em uma escola técnica, onde as compras eram

completamente diferentes daqui. [...] Eu tive um treinamento de 30 dias

praticamente e a receptividade foi muito boa, me adaptei facilmente a empresa,

tranquilo.

Q10

ES

Enumere as etapas do processo de compras? Descreva cada uma.

Objetivo da pergunta 10: compreender a rotina de compras na Empresa

Alpha, bem como identificar e analisar a existência da variável “Negociação”.

E1

Primeira etapa na verdade é o input de outra área que é a de vendas ao notificar

um pedido a ser atendido; a partir daí o departamento de produção calcula as

quantidades de insumos necessárias para atender esse pedido de venda; depois

ainda na produção o PCP analisa qual a forma de entrega deste pedido para

saber a periodicidade de compra; ai vai o input para o comprador que começa a

fazer cotação no sentido de atualização de preço de custo e análise de prazos de

entrega; caso estejam dentro dos pressupostos dos pedidos antigos realizados

ele já tem autonomia para fazer o pedido, mas caso tenha aumentado ele lança

uma solicitação no sistema pedindo para diretoria autorizar um aumento no

preço do insumo, a diretoria analisa e autoriza ou não a situação; é enviada a

ordem de compra para o fornecedor; daí pra frente o comprador acompanha

junto ao fornecedor e a transportador a entrega do material.

P: Então se o preço e o prazo de entrega estiverem dentro do estabelecido

no sistema, neste caso em específico, o comprador já pode enviar a ordem

de compra para o fornecedor sem passar pela diretoria?

E1: Sim, já sem passar pela diretoria.

E2

Primeiro a necessidade de cada setor, cada setor pode fazer um pedido de

compra né; depois compras faz o orçamento, passa para o sistema, depois tem a

aprovação no sistema e depois a compra, pagamento e recebimento.

E3 Pedido, pagamento, acompanhamento na transportadora e chegada da

mercadoria e baixa da nota fiscal no sistema. (respondida na questão 8).

Q11

ES

Quais são os principais fatores observados em um processo de compra

nesta empresa? Descreva porque eles são os mais importantes? Justifique.

Objetivo da pergunta 11: identificar possíveis variáveis que possam estar

presentes no processo de decisão de compra da Empresa Alpha que possam ter

passado despercebidas até este momento da entrevista.

E1

Bom, a gente analisa se estamos conseguindo atender nossos pedidos de venda

dentro dos prazos combinados; atualmente não temos metas e indicadores

específicos para o departamento de Compras, não sei se teriam outros fatores a

serem observados no processo de compras para saber se ele está sendo eficiente

214

ou não.

P: Então retirando a questão da eficiência do processo de compras, o que

incomoda o Rodrigo no processo de compras?

Aumento de preço de insumo e prazo de entrega prometidos e não cumpridos.

E2

Eu acho que igual eu falei, qualidade já temos os fornecedores “X” que tem que

ser aquele, nós não podemos sair disso, então hoje em dia a gente nem olha

tanto qualidade, pois tem que ser isso. Depois é preço e prazo.

E3 Já respondemos anteriormente (preço, qualidade, custo benefício, prazo de

pagamento, prazo de entrega).

Q12

ES

Quais os principais tipos de produtos comprados? Há produtos perecíveis?

O nível de estoque é consultado antes da compra? É exigida assistência

técnica ou treinamento? Por quê?

Objetivo da pergunta 12: identificar e analisar a existência das variáveis “Tipo

de produto”, “Validade dos produtos”, “Níveis de estoque”, “Assistência

técnica ou treinamento”.

E1

Plásticos industriais de vários tipos, a grande maioria de material virgem, metal

liga de alumínio e transformação de ambos esses insumos que é tanto a injeção

de plástico quanto a injeção de alumínio. Acredito que dentro disso daí, "estão"

mais de 80% das compras.

P: Há produtos perecíveis?

Não.

P: O nível de estoque é consultado antes da compra?

Sim, é consultado sim.

P: É exigida assistência técnica ou treinamento? Por quê?

Não

E2

PEAD, injeção das peças de plástico e de alumínio (serviço). Esses são os

maiores. Plástico a gente tem que comprar a matéria prima e a injeção, de

alumínio é somente a injeção.

P: Esses produtos são perecíveis?

Não.

P: Vocês consultam nível de estoque antes da compra?

Consulta.

P: É exigida assistência técnica ou treinamento? Por quê?

Não.

E3 De forma geral vão desde compra para cozinha, material de limpeza até

suprimentos para informática, equipamentos para informática.

215

P: Nestes itens comprados você compra produtos perecíveis?

Somente para cozinha.

P: Seu nível de estoque, você consulta ele antes de fazer a compra?

Sim

P: Você exige Assistência técnica ou algum tipo de treinamento?

Dependendo do que for comprado sim.

Se for comprado, por exemplo, uma célula de carga vamos precisar de um

treinamento, uma balança precisão, de contagem, vamos ter que treinar alguém.

[...] Compramos o CIGAM e ele teve que ter o treinamento.

Q13

ES

Como são tomadas as decisões em relação a preço, quantidade e prazo de

pagamento das compras?

Objetivo da pergunta 13: identificar e analisar a existência das variáveis

“Preço”, “Quantidade correta” e “Prazo de pagamento”.

E1

Na verdade pode ser respondido junto, pois o critério é o mesmo, que é a

tomada de decisão em relação à necessidade do cliente. Quando não é a

necessidade de atendimento do cliente passa a ser a de possibilidade de

atendimento do cliente. Às vezes ele exige “vou colocar esse pedido e preciso

que seja entregue desta forma”, quando ele não exige a possibilidade nasce da

tentativa de entregar o pedido o mais rápido possível todo o pedido

integralmente. Quer dizer, sempre baseado no cliente.

P: Isso influenciaria conjuntamente o seu preço, quantidade e prazo de

pagamento das compras?

E1: Sim, exatamente.

E2

Com relação a preço na verdade a gente olha o que está no sistema, os últimos

preços e prazos. A quantidade a gente confere o estoque, eu faço, por exemplo,

um pedido desses maiores eu faço uma vez por semana. Eu olho o que tem

vendido que eu tenho que entregar na semana, o que eu tenho no estoque e o

que eu tenho que pedir.

P: O pedido de venda que te dá o input para o processo de compra?

Isso.

P: E com relação ao prazo de pagamento?

Compra mais a vista, poucos a gente tem prazo. Prazo de sete dias pra mim é a

vista, então...

P: Qual o motivo de vocês estarem comprando a vista?

Porque não estamos conseguindo comprar a prazo ainda por causa de

restrições.

P: Essas restrições podem ou estão te prejudicando com relação a prazo de

216

pagamento?

É, na negociação mesmo porque a gente acaba não tendo muita opção mesmo.

E3

Independente da Patrícia determinar o que irá comprar, se eu tiver três

fornecedores com variação de preço serei eu a decidir. Não tenho um número

mínimo de cotação a fazer. [...] Quando eu vejo que a quantidade é exorbitante

tanto para baixo quanto para cima eu procuro saber se está correto. Não temos

estoque, não temos condição de manter estoque, então temos que trabalhar

desse jeito. [...] alguns fornecedores conseguimos prazo.

Q14

ES

Quais são as principais exigências impostas pela área de Compras da

empresa junto aos fornecedores?

Objetivo da pergunta 14: identificar e analisar a existência da variável “Fonte

de suprimento”.

E1

Boa pergunta: como não temos política eu imagino que seja a pontualidade

porque a gente parte do princípio que a qualidade dos produtos já está garantida

via normas, que a princípio as empresas tem que estar cumprindo regularmente.

[...] Acho que o departamento de Compras está focado nisso. Claro que o

departamento de Compras tem o preço também, mas como eu já disse o preço

como já foi dito é uma exigência da qual “necessita-se” de uma aprovação,

então acredito que o departamento específico de compra está interessado na

pontualidade para que ele não seja penalizado pela diretoria. [...] Além de preço

e prazo, a homogeneidade no material. O material tem que ter sempre o mesmo

padrão de qualidade já aprovado.

E2 Qualidade, preço e prazo.

E3

Parceria, respeito ao que foi acordado, respeito a negociação. Isso influencia

preço, prazo de entrega, até mesmo o atendimento acho que influencia um tanto

ai também. Vamos colocar o tratamento. Basicamente isso ai.

Q15

ES

Além de compras, quais áreas participam do processo de seleção e

avaliação de fornecedores? Quais os principais parâmetros de avaliação de

desempenho do fornecedor?

Objetivo da pergunta 15: identificar e analisar possíveis variáveis a serem

consideradas na tomada de decisão de compras da Empresa Alpha por meio

dos parâmetros que são utilizados para avaliar seus fornecedores.

E1

Tem a área técnica industrial. [...] Capacidade dele entregar um produto

constante, logo é analisado a estrutura da empresa, os equipamentos, o

maquinário, o sistema de qualidade e indicadores de processos internos do

fornecedor. [...] apenas verificamos se ele tem ou não.

E2 Atualmente só compras. [...] Tem que atender isso: qualidade, prazo e preço se

não a gente passa para outro.

E3 Nenhum outro setor participa, eles passam o que precisam e a gente corre atrás.

[...] Não, participa não. Passa o produto que quer, que precisa e a gente corre

217

atrás.

P: O que você usa para avaliar os seus fornecedores? (Q14)

Não uso, mais no dia a dia.

P: Então você não os parâmetros de avaliação de fornecedores

formalizados? (Q14)

Não, não tenho.

Q16

ES

A requisição de compra da empresa deve ser preenchida com quais

informações? O que ocorre com requisições de compras preenchidas

incorretamente?

Objetivo da pergunta 16: identificar e analisar a existência da variável

“Especificações de compra”.

E1

Código e descrição do insumo ou item a ser comprado, dados do fornecedor,

dados na nossa empresa, o preço unitário, os impostos incidentes no produto, o

prazo de entrega, e a data da requisição. Acredito que estes sejam os itens

principais.

P: Qual o procedimento para requisições de compras preenchidas

incorretamente?

Não tem.

E2

Na verdade tem lá no sistema para preencher. Nem sei quais são na verdade.

P: O que ocorre com requisições de compras preenchidas incorretamente?

Algumas coisas lá eu acho que nem consegue fazer a requisição se for errado,

mas se for item errados pode até fazer a compra errada. Vai depende de quando

eu for lá e enxergar o erro. [...] eu passo para o setor de Compras. Na verdade

eu reprovo e falo o que está ali. Isso acontece: tinha uma peça que era pra ser

de nylon ou ABS ai eu pego errado, ou a quantidade errada, ai eu reprovo.

E3

Nome do produtos, se tiver medidas, as medidas, se tiver alguma especificação

técnica, especificação técnica (Se tem anti UV, se precisa de masterizar, se

precisa de aguentar carga X para materias primas) e quantidade.

P: O que é importante ter nessa especificação técnica?

Se tem anti UV, se precisa de masterizar, se precisa de aguentar carga X para

materias primas.

Q17

ES

Há alguma determinação com relação a prazos para pagamentos das

compras?

Objetivo da pergunta 17: identificar e analisar a existência da variável “Prazo

de pagamento”.

E1 Não existe uma determinação. A gente vai comprando à medida que o pedido

de venda entra e com a eficiência máxima que o comprador consegue com sua

218

habilidade de negociar. Passamos mais de um ano comprando tudo à vista,

agora que a empresa está tendo alguma possibilidade de compras com prazo

diferentes de à vista.

E2 Não.

E3 Não, de acordo com o fornecedor.

Q18

ES

Quais os custos são avaliados pela empresa em uma compra? Os impostos

são analisados pela área de Compras?

Objetivo da pergunta 18: identificar e analisar a existência da variável “Custo

total de aquisição”.

E1

Custo direto do produto, custos de frete sobre esse insumo e os custos

tributários (ICMS, IPI, Isenção, restituição, medida complementar dos

governos).

P: Quem avalia a questão dos impostos, fica a cargo do seu comprador?

Existe uma planilha onde jogo os valores e ela gera o resultado do custo

equalizado dos produtos retirando os impostos.

P: Aqui na empresa há uma rotina para verificar os possíveis benefícios

fiscais decorrentes das compras de materiais?

Não há, seria para contabilidade fazer, mas ela não realizar este serviço e não

temos um controle de acompanhamento sobre este tipo de situação.

P: Sobre o custo total de aquisição, você tem o controle individual de cada

tipo de custo que você tem em um processo de compras, como custo por

requisição, custo hora do comprador, etc.?

Não, atualmente não temos isso.

E2 Na verdade quem olha isso é o Rodrigo. E alguma coisa de imposto se gera ou

não gera, isso ai é ele quem sabe.

E3

Num primeiro momento os impostos são avaliados pela área de Compras. [...]

Custo de transporte e o restante seria feito pela diretoria, questão de pessoal,

tempo eles é que avaliam.

Q19

ES

Existe um tempo determinado para atendimento das requisições de

compras?

Objetivo da pergunta 19: identificar e analisar a existência da variável

“Timing”.

E1

Não temos essa informação atualmente, pois com a ausência do sistema, não

temos como controlar essa situação. [...] Requisições recebidas fora do sistema

acabam gerando uma dificuldade, quase impossibilidade de enxergar isso.

P: Com a implantação do novo sistema todas as compras irão passar pelo

sistema?

219

Sim, 100% delas. O financeiro somente terá autorização para pagamento para

fazer pagamento através do título que esteja no sistema. Ai que vai ser feito a

trava, o fornecedor irá “gritar” se ele não receber o dinheiro e ai vai aparecer no

sistema. Não vou ter que ficar correndo atrás pedindo pelo amor de Deus para

colocar no sistema.

P: A implantação do CIGAM você eliminará o excesso de papelório e a

informalidade no processo de compras?

Sim, consigo controlar digitalmente.

E2 Na verdade não existe.

E3 Não. [...] a Patrícia passa pra gente quando é matéria prima. [...] Quando não é

matéria prima é de acordo com o fluxo de caixa.

Q20

ES

A empresa possui parceria com alguma transportadora? Por quê? Quais

os preços cobrados?

Objetivo da pergunta 20: identificar e analisar a existência da variável

“frete”.

E1 Não, não temos parceria com nenhuma transportadora. Cada caso é feito

cotações e o que estiver mais barato para a situação específica é contratada.

E2

Não, ultimamente nós temos tentado fazer más atualmente não. Tem algumas ai

que fazemos mais porque está estreitando esse relacionamento, mas ainda não

fechamos. Pretende-se fazer isso porque fica mais barato fora o trabalho que

diminui.

P: Por que não tem uma parceria com transportadora?

Na verdade antes eram pelas restrições, hoje já está na hora de fazer essas

parcerias.

P: O que você acha do seu custo de frete hoje?

Acho que está alto, por isso acho que vai ser importante fechar um parceiro.

E3 Sim, M2000 [...] Tabela de preços deles, tava dentro dos parametros e um

pouco abaixo do mercado e o prazo de entrega deles.

Q21

ES

Existe ou já existiu algum tipo de restrição que impedisse a realização de

compras a prazo junto aos fornecedores?

Objetivo da pergunta 21: identificar e analisar a existência da variável

“Restrição financeiras”.

E1

Sim, existiu. Acredito que nos últimos dezoito meses a empresa possui algum

tipo de restrição que ou inviabilizava ou dificultava a aquisição de insumos a

prazo.

P: Essa situação te prejudica atualmente?

Prejudica não em relação ao custo, pois a vista você consegue uma situação

220

melhor, mas prejudica com relação a fluxo de caixa e logística para

atendimento de pedidos de venda. Às vezes não tenho fluxo de caixa suficiente

para “estartar” todas as compras simultaneamente. É feito um crivo conforme

cada pedido de venda. [...] Atualmente a gente consegue comprar parte a prazo

e parte continua sendo a vista, mas o grosso hoje conseguirmos comprar com

prazo de pagamento.

P: Esta melhora ocorre em decorrência de algum planejamento ou ocorreu

melhora ao acaso?

E1: Foi via planejamento financeiro.

E2 Sim.

E3 Sim restrição bancária. Restrição de compra não, temos restrição de pagamento.

Comprar, eu compro a vista.

Q22

ES

Existe algum controle com relação ao acompanhamento (follow up) das

compras realizadas?

Objetivo da pergunta 22: identificar e analisar a existência da variável

“Tempo”.

E1

Ele faz esporadicamente. Algumas ele faz outras não. Algumas dão problemas

outras não.

P: Qual o meio que ele mais usa para fazer isso?

E1: Telefone.

P: No CIGAM há possibilidade de fazer esse acompanhamento?

E1: Nós não chegamos nessa etapa, mas eu acredito que sim, esperamos que

tenha.

E2

Ai é o que tem no sistema na verdade. Quando é um material que eu preciso,

desses que eu preciso que são mais urgentes eu mesmo verifico se comprou,

pagou e já saiu.

P: Qual o principal instrumento utilizado.

Acho que mais no telefone.

E3

Uso o CIGAM (o sistema), Skype, e-mail, telefone. Acompanhamento bem

junto mesmo. [...] Quando eu emito a ordem de compra e ela é aprovada, eu

vou lá nela e vejo se eu já baixei a nota fiscal. Se ela não tive baixada alguma

coisa aconteceu, não chegou, esta parada no estoque, alguma coisa aconteceu,

então eu tenho que procurar.

Q23 ES

Que itens são avaliados quando o produto comprado ou o serviço

contratado é finalizado?

Objetivo da pergunta 23: identificar e analisar a existência da variável

“Qualidade”.

221

E1

Apenas se a quantidade que chegou confere com a quantidade que comprada ou

esta sendo financeiramente cobrada. Deveria ser analisado outras coisas

conforme questão de imposto, mas atualmente não é analisado.

P: Com relação às características dos produtos recebidos, há alguma

rotina?

Rotina não, se der algum problema é verificado na linha de produção.

E2

Hoje tem que verificar na nota fiscal se chegou conforme o pedido, mas a gente

não confere se chegou realmente com a qualidade que foi aprovada ou a

quantidade. Quando esta na linha de produção, que esta fazendo é que a gente

vê se esta tendo algum problema ou não. [...] Na verdade a gente precisa de

mais gente, porque chega muita quantidade, conferir tudo, toda a quantidade,

toda a qualidade para liberar o cara, o tempo disso é muito grande. Na linha de

produção que faz a conferência. Quando está na produção e acontece alguma

coisa é que vamos no fornecedor.

E3

No caso de matéria prima elas são todas específicas, então tem que ter todo

aquele processo de avaliação junto ao laboratório. As outras que não são

matérias primas é qualidade mesmo de durabilidade, garantia, custo benefício,

o que vai me trazer de retorno.

Q24

ES

Você gostaria de comentar ou acrescentar alguma coisa que não foi

perguntada?

Objetivo da pergunta 24: dar oportunidade para o que entrevista apresenta

alguma informações que possa identificar outras variáveis envolvidas na

decisão de compras que não foram identificadas nas questões anteriores.

E1

Acredito que seria de utilidade para empresa alguma forma de análise

econômica global que pudesse afetar a compra. Por exemplo: a gente teria que

ter alguma forma de verificar aqui quando um setor ou segmento de insumos

anunciam aumento, se a justificativa que eles estão dando são comprovadas de

acordo com alguma evidência concreta que mostre se não é um simples

interesse de aumentar o preço. [...] exemplo: Se o dólar subir faz sentido? Se o

dólar subir é significante para o aumento do preço? Houve uma escassez deste

insumo no mercado? Realmente houve de forma que impactasse o preço? Saber

se os critérios são realmente plausíveis.

E2 Não, acho que esta tudo ai.

E3 Não, está tranquilo, acho que foi bem abrangência.

222

ANEXOS

ANEXO A – DESCRIÇÃO FUNCIONAL ÁREA DE COMPRAS EMPRESA ALPHA

6. Área Suprimentos (Compras)

6.1. Resumo dos principais objetivos:

A partir do planejamento estratégico, buscar constantemente a ampliação da

competitividade da empresa no mercado e da melhoria de resultados.

Obter e coordenar fluxo contínuo de suprimentos a fim de atender aos programas de

produção; comprando os materiais pelos melhores preços, a partir de parâmetros

qualitativos e quantitativos, bem como identificar, comparar e desenvolver

fornecedores, negociando com as fontes de suprimentos e firmando contratos.

6.2. Principais Papéis e Responsabilidades da Área de Suprimentos

Controlar as atividades dos compradores, definindo a atuação de cada membro da

equipe;

Tratar do relacionamento com fornecedores (avaliação, seleção, qualificação e

desenvolvimento);

Negociação em compras;

Elaborar análises de mercado fornecedor;

Estabelecer políticas de compras voltadas para redução de custos e integração com

políticas estratégicas da empresa;

Manter constante comunicação com demais setores da empresa;

Elaborar relatórios gerenciais de compras monitorando resultados X metas

estabelecidas;

Visitar fornecedores estratégicos;

Monitorar níveis de estoque;

Antecipar necessidades de compras tendo em vista o planejamento de vendas e

operações (PVO);

Aprovar propostas de fornecimento;

Acompanhar o desempenho dos fornecedores com a colaboração dos responsáveis

pela qualidade no processo produtivo;

Estabelecer canais formais de atendimento aos fornecedores;

Atualizar e negociar menores preços de compras de matérias primas, serviços,

máquinas e equipamento;

Criar e desenvolver indicadores compras;

Promover a redução de custos de aquisição;

Apoiar projetos de desenvolvimento de novos produtos e serviços;

Estabelecer, divulgar e fazer cumprir internamente as diretrizes operacionais para

realização das compras na empresa;

Buscar redução de custos logísticos relacionados às aquisições;

Realizar inputs de compras no sistema empresa;

Conferência de notas fiscais e posterior envio para o departamento financeiro;

Autorizar pagamento a fornecedores;

223

Monitorar as grandes tendências no mercado de fornecimento e implantar planos de

ação;

Assegurar que os fornecedores atendam os requisitos de qualidade e de segurança.

Fonte: Diretrizes para reestruturação da área de Compras – Empresa Alpha

224

ANEXO B – PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS E

APRIMORAMENTO DE MATÉRIAS PRIMAS.

225

226

227

Fonte: Base de dados de e-mail área de Compras – Empresa Alpha

228

ANEXO C – MÓDULO DE COMPRA – GESTÃO DE FORNECEDORES - ERP

EMPRESA ALPHA

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha

ANEXO D – ANÁLISE SWOT SUPRIMENTOS (COMPRAS)

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha

229

ANEXO E – BANCO DE DADOS NOTAS FISCAIS EMPRESA ALPHA

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha

230

ANEXO F – RELATÓRIO DE DISPONIBILIDADE EM ESTOQUE

231

232

233

234

235

Fonte: ERP – SGE (Sistema de gestão Empresarial) – módulo Compras – Empresa Alpha

236

ANEXO G – DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO – EMPRESA ALPHA

237

238

Fonte: Engenharia de produto – Empresa Alpha

239

ANEXO H – CERTIFICADOS DE ANÁLISE E NOTAS FISCAIS

240

241

242

243

244

245

ANEXO I – AVALIAÇÃO PARA QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES

CNPJ

Contato E-mail

Peso Nota Total

2

2

3

1

2

1

3

3

3

3

1

2

3

2

2

14.2 - Existe registro dos fornecedores

qualificados?

4.1 - É monitorado o desempenho dos

fornecedores?

AVALIAÇÃO PARA QUALIFICAÇÃO DE

FORNECEDORES MATERIAL CRÍTICO

Observação

DADOS DO FORNECEDOR

Estado:

Razão Social

Código

2.1 - Estão definidas as responsabilidades do

pessoal que gerencia a produção?

2.4 - Atrasos de produçào são registrados para

efeito de prioridade de produção e entrega?

CONTROLE DE PRODUÇÃO

NOTA: 3 - ATENDE TOTALMENTE 2 - NECESSITA MELHORIAS 1 - EM IMPLANTAÇÃO 0 - INEXISTENTE

Endereço: Cidade:

PLANEJAMENTO

Telefones

1.1 - As áreas de inspeção e produção são

adequadamente mantidas?

CONTROLE DE

FORNECEDORES

TOTAL

2.3 - Existe uma sistemática documentada para

analisar a capacidade de atendimento de um

pedido de um cliente antes de aceitá-lo?

PQ 7.04.01

Categoria Perguntas

2.2 - São mantidos registros de controle de

produção?

1.2 - Os produtos não-conformes são identificados

e segregados?

1.3 - As intruções de trabalho e outros

documentos (ex: guias de montagem) estão

disponíveis nos locais de trabalho?

1.4 - São mantidos registros diários de produção?

Resultado

3.1- Existe procedimento documentado para

qualificação de fornecedores?

3.5 - Existe plano de calibração para intrumentos

de inspeção, medição e ensaio?

INSTALAÇÕES

3.1 - Estão disponíveis equipamentos necessários

para a produção e atividades de inspeção?

3.4 - Os equipamentos são controlados atráves de

identificação apropriada?

3.2 - Existe plano de manutenção preventiva

para tais equipamentos?

3.3 - São mantidos registros de manutenção?

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ANEXO J – CERTIFICADO DE GARANTIA

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