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5 B. Cent. Estud. B. Cent. Estud. B. Cent. Estud. B. Cent. Estud. B. Cent. Estud., São Paulo, 29 29 29 29 29(1):5-8, jan./fev. 2005 Editorial A minuta de agravo de instrumento aqui publicada, produzida em 2004 pelo Conselho Gestor de Ações Conjuntas de Combate à Evasão Fiscal - CEVAF - com o acórdão que lhe deu provimento, traz uma significativa vitória, ao definir a possibilidade de indisponibilizar bens de devedora de ICMS e seus sócios, por meio de cautelar fiscal, em hipótese centrada no inadimplemento contumaz do contribuinte, sem as exigências inicialmente feitas pelo Juízo de primeiro grau da Capital, que inviabilizariam provimentos do tipo requerido. O recurso aqui publicado era só para que o Juízo de primeiro grau apreciasse a inicial da Fazenda, o que ocorreu, com indeferimento da liminar, provimento modificado em sede de outro agravo, após quase um ano do ajuizamento da tutela emergencial. O CEVAF foi criado pelo Decreto n. 46.614, de 19 de março de 2002, e instalado pela Portaria Conjunta n. 1 do Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda e do Procurador Geral do Estado de São Paulo, em 13 de outubro de 2003. O Conselho responde a uma demanda pela concentração de esforços em casos de evasão fiscal de maior impacto orçamentário, sobretudo quando o contribuinte utiliza-se das vicissitudes do quadro tradicional de repartição de atribuições e competências do Estado, na realização de receitas tributárias. A percepção de que o contribuinte utiliza-se dos “vazios” entre as atribuições administrativas não é nova. Realmente, por exemplo, entre um lançamento de ofício de ICMS, levado a efeito pela Secretaria da Fazenda, a sua cobrança aparelhada na Justiça patrocinada pela Procuradoria do Estado e a execução propriamente dita presidida pelo Judiciário, permeia um tempo grande o suficiente para tornar possível a fuga total de bens, quando não do próprio devedor e seus sócios. Isso é decorrência direta dos problemas ou efeitos colaterais de nosso sistema de lançamento do crédito tributário, do controle de sua legalidade, e ainda do sistema de cobrança judicial da dívida ativa, a permitirem um caminho excessivamente moroso e complexo, que envolve instâncias administrativas e judiciais, por vezes concomitantes, tempo esse que vai da notificação da constituição inicial do crédito, passando pelo trânsito em julgado da decisão administrativa, até o provimento judicial de conhecimento, desaguando afinal, por vezes após mais de uma década, na execução definitiva, que acaba sem efeito prático algum. Nos casos de lançamento por homologação, a atual demora do provimento judicial, bem como sua implementação, tornam ainda possível uma evasão baseada exclusivamente no inadimplemento contumaz. A segurança, único valor que justificaria esse sistema, acaba gerando sua total ineficiência; o Estado deixa de arrecadar valores fundamentais às suas necessidades orçamentárias; o contribuinte que se mantém em dia com as obrigações tributárias vê-se frente a uma carga tributária elevadíssima que, por seu turno, provoca maior evasão, num círculo vicioso que só pode ser enfrentado, ao menos inicialmente, conferindo maior eficiência ao sistema existente. Esses vazios ou ineficiências, aproveitados pelo contribuinte de forma a minimizar a carga tributária, são a preocupação fundamental do CEVAF. A criação de Setor de Devedores Selecionados, há mais de dez anos, já previa a atuação diferenciada do Procurador, inclusive com o auxílio eventual do agente fiscal de rendas. A experiência, entretanto, revelou que, para cumprir plenamente com tais objetivos, ambas as instituições precisavam criar canais mais afinados com resultados práticos, como o efetivo aumento de arrecadação ou o encerramento de negócios fraudulentos. O setor foi desativado por motivos que fogem a este editorial, mas não apagou a conjugação concentrada de esforços entre Procuradores de Estado e agentes fiscais de rendas, que então passaram a ser mais episódicos, segundo a determinação e boa vontade dos envolvidos, no âmbito das bancas na Procuradoria Geral do Estado ou, de forma emergencial, por provocação da SEFAZ, perante o Gabinete da Procuradoria Fiscal, dada a sua especialização. CEVAF: CONQUISTAS E DESAFIOS

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Editorial

A minuta de agravo de instrumento aqui publicada, produzida em 2004 peloConselho Gestor de Ações Conjuntas de Combate à Evasão Fiscal - CEVAF - com oacórdão que lhe deu provimento, traz uma significativa vitória, ao definir apossibilidade de indisponibilizar bens de devedora de ICMS e seus sócios, por meiode cautelar fiscal, em hipótese centrada no inadimplemento contumaz do contribuinte,sem as exigências inicialmente feitas pelo Juízo de primeiro grau da Capital, queinviabilizariam provimentos do tipo requerido. O recurso aqui publicado era só paraque o Juízo de primeiro grau apreciasse a inicial da Fazenda, o que ocorreu, comindeferimento da liminar, provimento modificado em sede de outro agravo, após quaseum ano do ajuizamento da tutela emergencial.

O CEVAF foi criado pelo Decreto n. 46.614, de 19 de março de 2002, e instaladopela Portaria Conjunta n. 1 do Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda e doProcurador Geral do Estado de São Paulo, em 13 de outubro de 2003.

O Conselho responde a uma demanda pela concentração de esforços em casosde evasão fiscal de maior impacto orçamentário, sobretudo quando o contribuinteutiliza-se das vicissitudes do quadro tradicional de repartição de atribuições ecompetências do Estado, na realização de receitas tributárias. A percepção de que ocontribuinte utiliza-se dos “vazios” entre as atribuições administrativas não é nova.Realmente, por exemplo, entre um lançamento de ofício de ICMS, levado a efeitopela Secretaria da Fazenda, a sua cobrança aparelhada na Justiça patrocinada pelaProcuradoria do Estado e a execução propriamente dita presidida pelo Judiciário,permeia um tempo grande o suficiente para tornar possível a fuga total de bens,quando não do próprio devedor e seus sócios.

Isso é decorrência direta dos problemas ou efeitos colaterais de nosso sistemade lançamento do crédito tributário, do controle de sua legalidade, e ainda do sistemade cobrança judicial da dívida ativa, a permitirem um caminho excessivamente morosoe complexo, que envolve instâncias administrativas e judiciais, por vezes concomitantes,tempo esse que vai da notificação da constituição inicial do crédito, passando pelotrânsito em julgado da decisão administrativa, até o provimento judicial deconhecimento, desaguando afinal, por vezes após mais de uma década, na execuçãodefinitiva, que acaba sem efeito prático algum. Nos casos de lançamento porhomologação, a atual demora do provimento judicial, bem como sua implementação,tornam ainda possível uma evasão baseada exclusivamente no inadimplementocontumaz. A segurança, único valor que justificaria esse sistema, acaba gerando suatotal ineficiência; o Estado deixa de arrecadar valores fundamentais às suasnecessidades orçamentárias; o contribuinte que se mantém em dia com as obrigaçõestributárias vê-se frente a uma carga tributária elevadíssima que, por seu turno, provocamaior evasão, num círculo vicioso que só pode ser enfrentado, ao menos inicialmente,conferindo maior eficiência ao sistema existente. Esses vazios ou ineficiências,aproveitados pelo contribuinte de forma a minimizar a carga tributária, são apreocupação fundamental do CEVAF.

A criação de Setor de Devedores Selecionados, há mais de dez anos, já previa aatuação diferenciada do Procurador, inclusive com o auxílio eventual do agente fiscalde rendas. A experiência, entretanto, revelou que, para cumprir plenamente com taisobjetivos, ambas as instituições precisavam criar canais mais afinados com resultadospráticos, como o efetivo aumento de arrecadação ou o encerramento de negóciosfraudulentos. O setor foi desativado por motivos que fogem a este editorial, mas nãoapagou a conjugação concentrada de esforços entre Procuradores de Estado e agentesfiscais de rendas, que então passaram a ser mais episódicos, segundo a determinaçãoe boa vontade dos envolvidos, no âmbito das bancas na Procuradoria Geral doEstado ou, de forma emergencial, por provocação da SEFAZ, perante o Gabinete daProcuradoria Fiscal, dada a sua especialização.

CEVAF: CONQUISTAS E DESAFIOS

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Editorial

O Conselho foi criado para institucionalizar essa atuação conjunta, que semostrava necessária e promissora, sendo composto por sete Procuradores do Estadoe sete agentes fiscais de rendas, responsáveis pela coordenação e implementação demedidas destinadas ao combate à evasão fiscal e pela gestão e exibição dos resultadosobtidos. Essa atividade se destina a melhor aferir resultados, de forma quantitativa equalitativa, conferindo maior precisão na projeção de objetivos e metas para aarrecadação. Considerando-se que a identidade de interesses é o fundamento daintegração entre agentes fiscais e Procuradores do Estado, o CEVAF se propõe a serum espaço de produção e organização de idéias destinadas a viabilizar essa integração.

Os primeiros passos do Conselho foram direcionados para ajuizamento decautelares fiscais, expressamente previstas no Decreto n. 46.614/2002, e para aimposição de regimes especiais de ofício no campo administrativo, sempre em contextode discussão coletiva, já que as decisões colegiadas só podem ser adotadas se foremunânimes.

No caso das medidas cautelares, apesar da utilização de relatórios produzidospela fiscalização demonstrando fatos de forma clara e objetiva, o Judiciário da Capitalnão se mostrou muito receptivo a dispensar um tratamento diferente aos casosselecionados, condicionando a apreciação das iniciais das cautelares a uma sérieinterminável de exigências formais e não passíveis de cumprimento, ao menos naquelemomento. Inicialmente, as ações foram frustradas do ponto de vista judicial. Aindaassim, provocaram uma alteração de postura dos contribuintes que, inquietos,procuraram parcelar dívidas e pagar parte mais substancial do tributo corrente.

O resultado relativamente desfavorável das medidas ajuizadas decorre menosde aspectos técnicos e mais de questões administrativas. Como se sabe, o PoderJudiciário enfrenta grave crise decorrente da quantidade de processos pendentes dedecisão, acúmulo gerado principalmente, no nosso entender, pela complexidade dalegislação processual, erigida em verdadeiro castelo de vento, sobre o qual nenhumaquestão real, da vida, poderia se apoiar. Dessa complexidade surge o despreparopatente de todos os envolvidos; ela é também maliciosamente usada pelos devedores,como caminho eficaz para o não pagamento de dívidas. O agravo aqui publicado éum exemplo da possibilidade de reverter esse quadro e discutir certas questõestributárias de forma menos tradicional e portanto mais ligada ao resultado práticodo provimento pleiteado. Daí a sua importância para o CEVAF.

Quanto aos regimes especiais, nota-se que os contribuintes vêm se conformandocom sua imposição, passando a recolher o tributo mensal e, assim, deixando deaumentar seu passivo tributário. Para esse resultado, é importante salientar amantença de regime especial imposto em Guarulhos. A Fazenda colheu êxito pormeio de agravo regimental, contra efeito suspensivo ativo dado pelo Tribunal deJustiça, em sede de agravo de instrumento tirado contra indeferimento de liminar emwrit impetrado pelo contribuinte. A esse precedente se seguiu mais uma vitória daProcuradoria Geral do Estado em caso semelhante, agora na comarca de Araraquara,no final de 2004. Registre-se que a jurisprudência sumulada sobre o assunto era, atéentão, francamente desfavorável à Fazenda.

A atuação concreta do Conselho, caso a caso, como se vê, acaba por provocarresultados positivos, registrando-se, por exemplo, a prisão de grande sonegador daárea de bebidas no Estado de Pernambuco, após intenso combate pela responsabilizaçãode sócios realizado perante as Varas de Execuções Fiscais aqui na Capital e emGuarulhos, em trabalho que envolveu agentes fiscais, Procuradores e o Ministério Públicodaquela comarca. Destacam-se ainda nessa atuação executiva a orientação prestadaà fiscalização para diligência em concessionária de energia elétrica ou a recentecentralização da atuação judicial nos mandados de segurança advindos da “Operação

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Arrocho”, destinada a coibir a sonegação fiscal e adulteração de combustíveis, levadaa efeito pelo Governo do Estado na área de Paulínia, Grande São Paulo e Capital, ouainda a busca e apreensão de documentos de terceiros em posse de contribuinte, paraconstituição de créditos tributários contra aqueles.

Além dessa atuação concreta, o Conselho propôs durante o ano importantesinovações legislativas. Duas delas destacaram-se, sendo a primeira as “Rotinas CEVAF”,voltadas primordialmente para nortear a atuação do agente fiscal, por ocasião dasdiligências que realiza nas empresas, buscando obter dados reputados mais relevantespara a futura atuação judicial. As Rotinas, aprovadas em junho passado, têm o fim desimplificar investigações normalmente não realizadas ou não pensadas, de forma atornar mais clara a situação do contribuinte em juízo. Só a sua implantação, que ensejouprocedimentos de fiscalização diferenciados dos habituais, induziu uma grandepreocupação nos contribuintes, com relação aos seus passivos tributários, o que revelaa importância desse trabalho de elaboração conjunta, que é a tônica do Conselho.

Registre-se ainda, nessa forma de atuação, minuta de ato regulamentar que ensejoua edição da Portaria Conjunta CAT/Sub-G n. 2, de 15 de fevereiro passado, parapriorizar casos de maior relevância no âmbito administrativo, de forma a tornar oseu andamento mais rápido e, portanto, mais eficiente. Não faz sentido dispensar acontribuintes devedores de somas muito expressivas o mesmo tratamento dispensadoaos que se encontram momentaneamente inadimplentes. Daí o levantamento de todosos prazos que medeiam a primeira investida da fiscalização até o ajuizamento daexecução fiscal e a análise das possibilidades de diminuição do tempo gasto com asprovidências administrativas correlatas, visando a eliminação de gargalos e interrup-ções indesejadas. A proposta elaborada pelos integrantes da CEVAF encampou suges-tões e críticas advindas de todos os setores envolvidos.

Além disso, foram realizadas viagens a diversas regiões do Estado pelos integrantesdo Conselho, para tentar estimular e orientar atitudes conjuntas. Foram feitas tambémreuniões com o Ministério Público do Estado, para tentar verificar a postura dainstituição com relação aos crimes de sonegação fiscal.

O CEVAF vem se esforçando para produzir alguns estudos sobre temas daatualidade, como a obrigatoriedade do esgotamento da instância administrativa paraa remessa de representação ao Ministério Público, por crime de sonegação fiscal, aquebra de sigilo fiscal e de sigilo bancário e a própria medida cautelar fiscal.

Procuradores ou agentes fiscais de rendas que acessem a página eletrônica doCEVAF se deparam com um espaço que concentra os temas afetos à evasão fiscal,aglutinados sob aspectos administrativos e judiciais: ali é possível conferir os nomesdos maiores devedores de autos de infração recentes, o que estimula priorizar oscasos de grande valor ou repercussão; é possível ainda observar a atuação dosagentes públicos envolvidos em matéria fiscal, que informam a adoção de medidasdiferenciadas; ou ainda colher subsídios para atuação conjunta ou tradicional. Apágina CEVAF vem se mostrando instrumento de grande valia no gerenciamento dosplanos e na divulgação das informações sobre os casos produzidos, além de possibilitara análise da arrecadação por áreas, tornando a implantação das metas maistransparente.

No primeiro ano de atividades, o CEVAF preocupou-se bastante com a implanta-ção dos planos de trabalhos conjuntos para 2004, que totalizaram 266 atividadesconjuntas previstas, das quais foram concretizadas 222. A arrecadação total resultantefoi, até o momento, de R$ 101.000.000,00.

Essa atividade de planejamento é novidade tanto para fiscais quanto paraprocuradores, e as críticas recebidas têm-nos convencido do acerto dos rumosadotados e estimulado a persistir na implantação de uma filosofia de compromisso

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Editorial

com resultados, que consiste, na nossa visão, um dos maiores objetivos da modernaadministração pública.

Essa forma de atuação pretende somar-se ao exercício tradicional das atribuiçõesda Procuradoria Geral do Estado e da Secretaria da Fazenda e, ainda que seusresultados devam ser permanentemente repensados, já é possível verificar umaprimoramento da filosofia que norteia o CEVAF. O trabalho está só começando,talvez de forma diferente de sua idealização. Ainda assim, suas possibilidades sãoenormes e podem gerar benefícios inusitados para a sociedade e, naturalmente, paraas Instituições envolvidas. Esse é o desafio.

João Carlos PietropaoloProcurador do Estado Gestor Judicial na Presidência do CEVAF

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Pareceres

Questões de Direito Intertemporal sobre aAlteração da Lei Orgânica da Polícia Civil

Processo: Exp. GPG n. 10.890/2002

Interessado: Polícia Civil do Estado de SãoPaulo

Assunto: Processo administrativo disciplinar.Alterações na Lei Orgânica da PolíciaCivil introduzidas pela Lei Comple-mentar estadual n. 922, de 2 de julhode 2002. Ampliação do prazo de pres-crição para apuração da falta punidacom pena de advertência. Questão dedireito intertemporal. Autonomia dodireito administrativo disciplinar quenão autoriza a importação incondicio-nada dos princípios de direito penal.Não aplicação à espécie do princípioda retroação da lei mais benéfica.Aplicação imediata do texto legal.

PARECER PA n. 257/2003

1. Vem o presente feito a esta ProcuradoriaAdministrativa por sugestão da ConsultoriaJurídica da Secretaria da Segurança Pública,para que seja respondida consulta formuladano âmbito da Polícia Civil, acerca da aplicaçãoda Lei Complementar estadual n. 922, de 2 dejulho de 2002.

2. A dúvida que surgiu no âmbito da Pastarefere-se à “viabilidade da aplicação do incisoI do artigo 80 da Lei Orgânica da Polícia, comnova redação dada pela Lei Complementar n.922/2002, que dilatou o prazo da prescriçãoda pretensão punitiva da Administração para 2(dois) anos nos casos de infração punida compena de advertência, aos atos praticados antesda vigência da aludida Lei”.

3. A Consultoria Jurídica da Pasta exarouentão o Parecer CJ/SSP n. 2.062/2002. Nos ter-mos do despacho de aditamento de sua chefia,o órgão fixou o entendimento de que “consi-derando que o prazo prescricional traçado peloartigo 80, I da Lei Complementar n. 207/79 (um

ano) é mais benéfico aos eventuais acusados,entendo que relativamente aos casos pendentesquando da edição da Lei Complementar n. 922/2002, deve prevalecer o estatuído pelo sobreditoartigo 80, I da Lei Complementar n. 207/79,em face do princípio constitucional da irretro-atividade da norma menos benéfica”.

4. Invoca o despacho de aditamento emquestão o artigo 5º, inciso XL da ConstituiçãoFederal, que prevê a retroação da lei penal ape-nas em benefício do réu, aplicável aos processosdisciplinares, nos termos da doutrina de RégisFernandes de Oliveira.1

É o relatório. Opino.

5. A Lei Complementar estadual n. 207, de5 de janeiro de 1979, em sua redação original,no artigo 80, inciso I, previa a extinção da puni-bilidade pela prescrição da falta sujeita à penade advertência em 1 (um) ano.

6. A Lei Complementar estadual n. 922, de 2de julho de 2002, ao traçar novas regras para oprocesso disciplinar no âmbito da polícia, alteroua norma do citado artigo 80, inciso I, da LeiComplementar estadual n. 207/79, dilatando oprazo prescricional, ao dispor que “extingue-sea punibilidade pela prescrição: I - da falta sujeitaà pena de advertência, repreensão, multa oususpensão, em 2 (dois) anos; (...)”.

7. A regra que prevalece em matéria de direitointertemporal, nos termos da Lei de Introduçãoao Código Civil, é a da aplicação imediata dalei, respeitados o ato jurídico perfeito, o direitoadquirido e a coisa julgada (art. 6º do Dec.-Lein. 4.657, de 4.9.1942).

8. O princípio da aplicação imediata estáconsagrado nas Disposições Transitórias da LeiComplementar estadual n. 922/2002, ao prever

1 Régis Fernandes de Oliveira, Infrações e sanções adminis-trativas, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1985, p. 44.

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que “a nova tipificação acrescentada aos artigos74 e 75 da Lei Complementar n. 207, de 5 dejaneiro de 1979, só se aplica aos atos praticadosapós a entrada em vigor desta lei complemen-tar” (art. 1º). E que “as demais disposições (...)aplicam-se imediatamente, sem prejuízo da vali-dade dos atos realizados na vigência da legisla-ção anterior” (art. 2º).

9. Por efeito imediato da lei, observa JoséEduardo Martins Cardozo, deve-se entender“aquele que atinge fatos e situações no exatomomento temporal em que entra esta em vigor,não importando juridicamente se tais fatos esituações remontam ou não no seu nascimentoa um antigo diploma legislativo por esta novalei substituído”.2

10. O princípio da retroação da lei penal maisbenéfica ao réu está estabelecido no artigo 5º,inciso XL da Constituição Federal, sendo igual-mente agasalhado pelo artigo 2º do Código Penal.

11. Quando da análise do Parecer PA n. 191/2002, fixou-se a orientação de que referidoprincípio não alcançaria o processo disciplinar“porque os princípios da lei penal não devemser aplicados sem reservas à esfera disciplinar”.Nesse sentido a decisão do Tribunal de Justiçade São Paulo proferida no Mandado de Segu-rança n. 87.308-0/2. Ademais, entendeu-se quetambém não poderia a lei nova, ainda que maisbenéfica, “retroagir para alcançar fatos já consu-mados na vigência da lei derrogada, quais sejam,o início do prazo prescricional, sua interrupçãoe a decisão punitiva”. Nesse sentido as decisõesdo Supremo Tribunal Federal proferidas nos HCns. 74.856-2/SP, 74.356-1/SP e 74.305-6/SP.

12. A partir dessa orientação, devidamenteaprovada pelo Senhor Procurador Geral doEstado, não há que se falar em retroação da leidisciplinar mais benéfica, nem, por via de con-seqüência, no caso concreto, na impossibilidadede dar à lei nova aplicação imediata, de formaa fazê-la incidir sobre os efeitos futuros de atospraticados anteriormente à sua vigência.

13. A questão é em si mesma complexa,razão pela qual merece considerações teóricasque mais detalhadamente explicitem os funda-mentos da orientação aprovada.

14. A idéia de que o direito administrativodisciplinar rege-se pelos mesmos e idênticosprincípios aplicados ao direito penal, relativamentedifundida, deve ser objeto de temperamentos.

15. Discute-se em teoria se há ou não identi-dade ontológica entre o ilícito penal e o ilícitocivil. A tese da identidade é defendida, porexemplo, por Régis Fernandes de Oliveira3 .Edmir Netto de Araújo4 , acolhendo lição deJosé Cretella Júnior5 , sustenta a existência dediferenças substanciais entre as duas categoriasjurídicas. A tese da unidade do poder punitivoestatal, no entanto, é majoritária na doutrinaeuropéia, como noticia Fábio Medina Osório.6

16. De qualquer forma, a tese de que opoder-dever do Estado de aplicar punição aostransgressores das normas de conduta previa-mente fixadas tem a mesma natureza, quer anorma infringida seja de cunho penal ou decaráter extrapenal, não leva à conclusão imedia-ta de que são idênticos os princípios regedoresda matéria. Na verdade, reconhece-se a existên-cia de regimes jurídicos diversos.7

17. A aplicação de princípios próprios dodireito penal ao direito administrativo sanciona-tório é muitas vezes justificada e explicada pelainvocação da analogia. Não obstante, parecemais preciso afirmar que se deve buscar regraspróprias de um direito sancionatório de carátergeral, gênero do qual o direito penal e o direitoadministrativo disciplinar seriam espécies.

2 José Eduardo Martins Cardozo, Da retroatividade da lei,São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995, p. 281.

3 Régis Fernandes de Oliveira, Infrações e sanções adminis-trativas, cit., p. 6-7.

4 Edmir Netto de Araújo, O ilícito administrativo e seu processo,São Paulo: Revista dos Tribunais, 1994, p. 25.

5 José Cretella Júnior, O Estado e a obrigação de indenizar,São Paulo: Saraiva, 1980, p. 47.

6 Fábio Medina Osório, Direito administrativo sancionador,São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 102.

7 Nesse sentido: Régis Fernandes de Oliveira, Infrações esanções administrativas, cit., p. 7; Fábio Medina Osório,Direito administrativo sancionador, cit., p. 117.

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18. Nessa linha, observa Romeu FelipeBacellar Filho que é “curial evidenciar a auto-nomia do Direito Administrativo sancionatórioem face do Direito Penal. A questão é constitu-cional. Não haveria sentido na previsão consti-tucional de linhas gerais de um regime adminis-trativo sancionatório, se este não contasse comfundamentos diversos do Direito Penal”.8

19. Idêntico raciocínio leva Alejandro Nietoa afirmar que, embora na prática seja correntea idéia de prevalência do direito penal sobre odireito administrativo sancionador, como am-bos são manifestações iguais e paralelas de umdireito punitivo comum, não é correto afirmara prevalência dos princípios de direito penalsobre os de direito administrativo sancionador.Na visão do autor, a transposição normativa de-ve se dar nas duas direções, como um mecanis-mo de vasos comunicantes.9

20. Essa questão fica clara, por exemplo,quando o Tribunal Constitucional e o TribunalSupremo de Espanha, em reiteradas decisões,sustentam que a aplicação dos princípios penaisao direito administrativo deve ser matizada.

21. Nesse sentido, como observa AlejandroNieto, aquelas Cortes têm decidido com freqüên-cia, já há algum tempo, que a aplicação dospreceitos penais ao direito administrativosancionatório deve ser dar com matizes queconsiderem a estrutura diversa de ambos osordenamentos. Decidiu o Tribunal Supremo que“a existência de princípios comuns a todo Direitode caráter sancionador não pode significar odesconhecimento das singularidades concorren-tes nos ilícitos tipificados nos distintos ordena-mentos, porque não oferecem os mesmos pro-blemas a maioria dos delitos compreendidos den-tro do Código Penal em relação à maioria dasinfrações correspondentes ao chamado DireitoPenal Administrativo”.10

22. Dessa forma, ainda que se reconheça aexistência de uma base principiológica comumdecorrente da expressão do poder punitivo esta-tal, não se pode singelamente transplantar osprincípios de direito penal e aplicá-los ao direitoadministrativo sancionador, sem que se consi-derem as características próprias e peculiaresde cada um desses ramos jurídicos.

23. Tanto assim é que em matéria de direitoadministrativo disciplinar não se dá aplicaçãoao princípio da tipicidade com os idênticos pa-râmetros aplicáveis ao direito penal.

24. Se para o direito penal tipicidade implicanecessária e circunstanciada descrição da açãoreputada ilícita, com expressa previsão da san-ção a ela correspondente, no direito administra-tivo admite-se a definição genérica da conduta,mediante a adoção de conceitos jurídicos inde-terminados, que tornam possível a avaliaçãodiscricionária da Administração acerca dacaracterização do ilícito e de sua pena.

25. Tanto assim que Alejandro Nieto, emconclusão, afirma não ter dúvida de que os prin-cípios de direito penal não são aplicáveis aodireito administrativo sancionador de maneiraautomática, mas sim com matizes, de forma aadaptá-los a outra realidade. Assim os preceitosinvocáveis – legalidade, reserva de lei, tipifica-ção, culpabilidade, non bis in idem e prescrição– têm um alcance diferenciado quando trans-plantados para o direito administrativo disci-plinar11. A importação das regras penais se fazno limite necessário para preservação de valoresessenciais, existindo mesmo princípios geraisque apenas ao direito penal são aplicáveis.12

26. Também no Brasil o Supremo TribunalFederal já reconheceu a necessidade de tempe-ramentos na invocação subsidiária do direito pe-nal ao direito administrativo disciplinar. Lê-seem voto do Ministro Rodrigues Alckmin:

“(...) outro postulado assente na doutrina éa independência do direito administrativo e

8 Romeu Felipe Bacellar Filho, Princípios constitucionais doprocesso administrativo disciplinar, São Paulo: MaxLimonad, 1998, p. 32-33.

9 Alejandro Nieto, Derecho administrativo sancionador, 2.ed. Madrid: Tecnos, 2000, p. 169.

10 Alejandro Nieto, Derecho administrativo sancionador, cit.,p. 171.

11 Alejandro Nieto, Derecho administrativo sancionador, cit.,p. 173-174.

12 Nesse sentido a lição de Manuel Rebollo, apud AlejandroNieto, Derecho administrativo sancionador, cit., p. 175.

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34 B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):31-42, jan./fev. 2005

Pareceres

do seu ramo disciplinar. Por mais pontos decontato que se apontem, entre o direito penale o direito disciplinar, as diferenças serãotais e tantas, pela natureza jurídica das penase em razão das pessoas e órgãos estataisenvolvidos, que sempre faltará aquelasemelhança e razão suficiente necessáriaspara a aplicação da analogia legis ou mesmoda analogia juris, antes de um exame emprofundidade de cada questão omissa quecom a analogia se queira recorrer.

Caio Tácito foi, nesse sentido, muito cla-ro: ‘Não colhe invocar, a esse respeito, asistemática penal, que obedece a outrospressupostos e obedece a bens jurídicosdiversos. A autonomia do direito discipli-nar é tema pacífico em matéria adminis-trativa, não se conformando, em seusdelineamentos essenciais, aos ditames daresponsabilidade penal’ (Pena disciplinar,Revista de Direito Administrativo n. 45,p. 482).”13

27. É necessário bem compreender o campode ação de cada um dos ramos do Direito paratraçar as suas diferenças normativas.

28. Se o direito administrativo de caráter san-cionatório tem seu campo de incidência deli-mitado pelo próprio direito administrativo, refle-tindo ofensa a bens jurídicos que digam respeitoao exercício da função administrativa, o direitopenal destina-se a proteger valores jurídicos degrau superior, tutelando bens jurídicos funda-mentais, como vida, integridade física e mental,honra, liberdade, patrimônio, costumes, pazpública, etc.14

29. No direito penal, a aplicação da regraconstitucional prevista no artigo 5º, inciso XLda Lei Maior de que “a lei penal não retroagirá,salvo para beneficiar o réu”, é regra geral quese justifica pela própria natureza desse ramodo Direito.

30. As infrações à lei penal, previamentedefinidas pela legislação, são extremamentegravosas à ordem social, razão pela qual sãoapenadas com severidade maior, levando, emgeral, à cominação de penas privativas daliberdade.

31. Em conseqüência desse maior rigorpunitivo, o direito penal se caracteriza por vol-tar-se com acentuado destaque para os direitosdo acusado, enquanto o direito administrativosancionador, embora igualmente salvaguardeas garantias individuais, destina-se primordial-mente a proteger e fomentar os interesses geraise coletivos.15

32. Júlio Comadira, citado por Romeu FelipeBacellar Filho, assinala que o direito penal disci-plinar não persegue a prevenção ou a repressãoda delinqüência, mas a proteção da ordem edisciplina necessários para o correto exercíciodas funções administrativas, e por isso nãointegra o exercício da jurisdição criminal pro-priamente dita, nem o poder originário de imporpenas.16

33. Nesse contexto, justifica-se a superve-niência de lei penal mais branda beneficiar oréu, potencialmente atingido em sua liberdade.Note-se no entanto que, mesmo na esfera penal,se reconhece a existência de condicionamentosà aplicação do princípio. Nesse sentido, a juris-prudência do Supremo Tribunal Federal, citadano despacho do Procurador do Estado AntônioJoaquim Ferreira Custódio, que reconheceu aexistência de limites à aplicação retroativa dalei mais benéfica, em função da “impossibilidadematerial de sua aplicação ao passado”; da invia-bilidade de lei posterior incidir na situação con-creta por “falta de correspondência entre aanterior situação do fato e a hipótese normativaa que subordinada a sua aplicação”, ou aindaquando “a situação de fato no momento em que

13 STF - RE n. 78.949-SP, 1ª T., rel. Min. Rodrigues Alckmin,j. 23.5.1975

.

14 Júlio Mirabete, Manual de direito penal, 6. ed., São Paulo:Atlas, 1991, v. 1, p. 23.

15 Nesse sentido, a observação de Alejandro Nieto, Derechoadministrativo sancionador, cit., p. 22-23.

16 Julio Comadira, Derecho administrativo, Buenos Aires:Abeledo Perrot, 1996, p. 77-78, apud Romeu Felipe BacellarFilho, Princípios constitucionais do processo administrativodisciplinar, cit., p. 32.

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essa lei entra em vigor não mais condiz com anatureza jurídica do instituto mais benéfico e,portanto, com a finalidade para a qual foi insti-do” (voto do Ministro Moreira Alves).17

34. Não se justifica que a aplicação do prin-cípio ao processo disciplinar possa conduzir, porabsurdo, à reintegração ao serviço público deservidor há muito tempo apenado, pela circuns-tância de lei nova ter, de qualquer modo, favore-cido aos infratores, notadamente quando a ques-tão se refere à forma de contagem do prazoprescricional.

35. Afastada a automática aplicação do prin-cípio próprio do direito penal de retroação ape-nas da lei penal mais benéfica, resta retomar oprincípio da aplicação imediata da lei.

36. Em matéria de prescrição, prevalece aregra, de assento doutrinário e jurisprudencial,de que “a prescrição em curso não origina direi-to adquirido, podendo ser seu prazo aumenta-do ou reduzido por norma posterior”18 . Até por-que “o Pretório Excelso sempre considerou,pacificamente, atingidos pela lei nova os prazosprescricionais em curso”.19

37. Decorre da regra de aplicação imediataa proteção ao direito adquirido, ao ato jurídicoperfeito e à coisa julgada. Destarte, se na vi-gência da lei anterior a prescrição já estava con-sumada, não pode a lei nova alterar situaçãojuridicamente consolidada.

38. De outra forma, se o prazo prescricionalestava em curso quando da edição da lei novaque o dilata, tem a nova legislação aplicaçãoimediata ao caso concreto, atingindo “os efeitosfuturos de fatos passados”.

39. Nessa linha, o Supremo Tribunal Federal,em acórdão relatado pelo Ministro Moreira Al-ves, já decidiu que a prescrição “é causa extin-tiva da pretensão e não do direito abstrato deação. Por isso é instituto de direito material, a

ela se aplicando a lei do tempo em que teriaocorrido, e não sendo alcançada, portanto, porpreceito constitucional posterior, cuja aplicaçãoimediata implica apenas que este alcança osefeitos futuros de fatos passados, e não os fatosjá consumados no passado”.20

40. Por todo o exposto, afastando a invocaçãodo princípio da retroação da lei mais benéfica aoacusado, nos termos do precedente Parecer PA n.191/2002, e com fundamento no artigo 2º dasDisposições Transitórias da Lei Complementarestadual n. 922/2002, conclui-se que a regra doartigo 80, inciso I da Lei Complementar estadualn. 207/1979, com a redação introduzida pelacitada Lei Complementar estadual n. 922/2002,tem aplicação imediata às relações em curso,atingindo os prazos prescricionais ainda nãoconsumados na vigência da lei anterior.

41. São essas as considerações que se enten-de cabíveis, lembrando que a consulta foi feitaem tese. A aplicação às situações concretas deve-rá levar em conta, por óbvio, as circunstânciasde cada caso.

É o parecer, sub censura.

São Paulo, 7 de agosto de 2003

DORA MARIA DE OLIVEIRA RAMOSProcuradora do Estado

____________________

De acordo com o judicioso Parecer PA n.257/2003, que está arrimado em respeitáveldoutrina e em importante jurisprudência.

Transmitam-se os autos à elevada conside-ração da Subprocuradora Geral do Estado –Consultoria.

PA, em 11 de agosto de 2003

MARIA TERESA GHIRARDIMASCARENHAS NEVESProcuradora do EstadoChefe da Procuradoria Administrativa

____________________

17 STF – HC 74.305-6/SP, rel. Min. Moreira Alves, j.9.12.1996, DJU, de 5.5.2000.

18 Maria Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, 15.ed., São Paulo: Saraiva, 1999, p. 253.

19 STF – 1ª T., rel. Min. Djaci Falcão, j. 2.5.1972, RevistaForense, v. 129, p. 144.

20 STF –AGRAGI n. 143.714-7/RJ, 1ª T., j. 15.9.1995, DJU,de 26.4.1996.

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Pareceres

Trata-se de ofício subscrito pelo SenhorDelegado de Polícia Diretor da Assessoria Téc-nica da Polícia Civil, solicitando elaboração deparecer sobre a viabilidade de aplicação do incisoI do artigo 80 da Lei Orgânica da Polícia Civil,com a nova redação introduzida pela Lei Com-plementar n. 922, de 2 de junho de 2002, aosatos praticados antes da vigência da aludida lei.

A Consultoria Jurídica da Pasta elaborou oParecer n. 2.062/2002, concluindo que a LeiComplementar n. 922/2002, no tocante aosprazos prescricionais, somente tem aplicação aosfatos ocorridos após sua vigência e, relativamenteaos casos pendentes, deve prevalecer o estatuídopelo sobredito artigo 80, inciso I da Lei Com-plementar n. 207/79, em atenção ao princípioconstitucional da irretroatividade da norma penalmenos benéfica.

Encaminhados os autos à apreciação da D.Procuradoria Administrativa, foi exarado oParecer PA n. 257/2003, acolhido pela D. Chefiada Especializada. Amparado em respeitáveldoutrina nacional e estrangeira, e em decisõesda Suprema Corte, enfrenta a questão do direitointertemporal de forma correta, ao asseverar quea autonomia do direito administrativo disciplinarnão autoriza a aplicação incondicionada dosprincípios regentes do direito penal.

Conclui ainda que não se aplica à situaçãoem análise o princípio da retroação da lei maisbenéfica, apontando a necessidade de aplicaçãoimediata do mencionado texto legal e, porconseguinte, a proteção ao direito adquirido,ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada, asse-verando o seguinte:

“(...) Destarte, se na vigência da lei ante-rior a prescrição já estava consumada,não pode a lei nova alterar situaçãojuridicamente consolidada.

38. De outra forma, se o prazo prescri-cional estava em curso quando da ediçãoda lei nova que o dilata, tem a novalegislação aplicação imediata ao casoconcreto, atingindo “os efeitos futuros defatos passados (...).

(...)

40. Por todo o exposto, afastando ainvocação do princípio da retroação dalei mais benéfica ao acusado, nos termosdo precedente Parecer PA n. 191/2002, ecom fundamento no artigo 2º das Dispo-sições Transitórias da Lei Complementarestadual n. 922/2002, conclui-se que aregra do artigo 80, inciso I da Lei Com-plementar estadual n. 207/1979, com aredação introduzida pela citada Lei Com-plementar estadual n. 922/2002, tem apli-cação imediata às relações em curso,atingindo os prazos prescricionais aindanão consumados na vigência da leianterior.”

Manifesto minha integral concordância comas conclusões da referida peça opinativa porseus próprios e jurídicos fundamentos, esubmeto a matéria à superior deliberação doSenhor Procurador Geral do Estado, comproposta de aprovação do Parecer PA n. 257/2003, e de que seu conteúdo seja divulgado àsSecretarias de Estado, por intermédio das D.Consultorias Jurídicas, e às respectivas Comis-sões Processantes Permanentes.

Subg/Cons., em 15 de setembro de 2003

ANA MARIA OLIVEIRADE TOLEDO RINALDISubprocuradora Geral do EstadoÁrea de Consultoria

Nos termos da manifestação da Senhora Sub-procuradora Geral do Estado – Área de Consul-toria, aprovo o Parecer PA n. 257/2003. Encami-nhe-se cópia da peça opinativa às Secretarias deEstado, por intermédio das D. Consultorias Jurí-dicas, e às Comissões Processantes Permanentes.

Após, restitua-se o processo à Secretaria daSegurança Pública, por intermédio de sua D.Consultoria Jurídica.

São Paulo, 17 de setembro de 2003

ELIVAL DA SILVA RAMOSProcurador Geral do Estado

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Pareceres

Processo: PGE n. 504/2003Interessado: Secretaria da Saúde – 2ª Comissão

Processante PermanenteAssunto: Processo administrativo disciplinar.

Alterações na Lei estadual n. 10.261,de 2 de outubro de 1968 – Estatutodos Funcionários Públicos do Estado– introduzidas pela Lei Complementarestadual n. 942, de 6.7.2003. Termoinicial para cômputo do prazo de pres-crição. Questão de direito intertem-poral. Autonomia do direito adminis-trativo disciplinar que não autoriza aimportação incondicionada dos prin-cípios de direito penal. Não aplicaçãoà espécie do princípio da retroação dalei mais benéfica. Aplicação imediatado texto legal. Precedentes PareceresPA ns. 191/2002 e 257/2003.

PARECER PA N. 306/2003

1. Vem o presente feito a esta ProcuradoriaAdministrativa por provocação do Procuradordo Estado Presidente da 2ª Comissão ProcessantePermanente da Secretaria de Estado da Saúde,para que seja analisada questão de direito in-tertemporal envolvendo a aplicação da lei nova(LCE n. 942, de 6.7.2003) aos prazos pres-cricionais em curso.

2. A questão proposta pelo consulente temorigem nas alterações introduzidas pela Lei Com-plementar estadual n. 942, de 6.7.2003, aoEstatuto dos Funcionários Públicos Civis do Esta-do, Lei estadual n. 10.261, de 28.10.1968. Den-tre as mudanças operadas, alterou-se o termo ini-cial do cômputo do prazo de prescrição da pre-tensão punitiva do Estado em matéria de infraçãodisciplinar, que passou a ser a data da ocorrênciado fato ou o dia em que tenha cessado a conti-nuação ou a permanência, nas faltas continuadasou permanentes, e não mais o dia em que aAdministração tomou conhecimento da infração.

3. Em face dessa nova sistemática legal, per-gunta-se na consulta formulada se “essa novaregra a respeito do termo inicial da prescriçãoretroage”.

4. Na colocação do tema proposto, o con-sulente distingue normas de caráter processualde normas de caráter material, alinhando o temaproposto, em matéria de prescrição, na seara dasnormas materiais. Assim sendo, invoca princípiode direito penal relativo à retroação da lei maisbenéfica ao acusado, defendendo sua aplicaçãotambém no âmbito do direito administrativo dis-ciplinar, porque igualmente representa o exer-cício do jus puniendi estatal.

5. Invocando o “cunho nitidamente garantis-ta” do Texto Constitucional, conclui que “a novaregra a respeito do dies a quo dos prazos pres-cricionais possui efeito retroativo, pois tal qualo regramento penal, toda legislação posterior quede alguma forma venha a beneficiar acusadosem geral deve retroagir”.

6. Afirma-se na consulta que “a utilizaçãodessa regra levaria ao reconhecimento da pres-crição em todas as hipóteses em que, entre ofato e a portaria inicial, já tivesse decorrido lapsode tempo superior a cinco anos”, observados osprazos do Código Penal “nos casos de ilícitospenais”. Observa-se, ainda, que “portarias ini-ciais baixadas antes da ocorrência da prescrição,por se tratar de ato jurídico perfeito, tambémteriam o condão de interrompê-la. Contudo, noscasos em que o lapso de tempo entre a data dofato e a portaria inicial exceda (...) o respectivoprazo prescricional, operar-se-á a prescrição”.

7. Aventando situação concreta em trâmiteno órgão consulente, em que o fato ocorreu em1990, e até agosto de 2003 não há portaria ins-taurada, indaga “como juridicamente seria possí-vel defender a inocorrência da causa extintivade punibilidade?”, já excetuada pelo consulentesituação em há “também a ocorrência de ilícitopenal”.

8. Para uniformização do entendimento ju-rídico, pede a oitiva desta Procuradoria Admi-nistrativa, o que restou determinado pela SenhoraSubprocuradora Geral do Estado, Área daConsultoria.

É o relatório. Opino.

9. A Lei estadual n. 10.261, de 28.10.1968,em sua redação original, no artigo 261, parágrafo

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único, previa que “o prazo da prescrição inicia-se no dia em que a autoridade tomar conhe-cimento da existência da falta e interrompe-se pelaabertura de sindicância ou, quando for o caso,pela instauração do processo administrativo”.

10. A Lei Complementar estadual n. 942, de6.7.2003, ao traçar novas regras para o processodisciplinar, alterou a norma do citado artigo 261da Lei estadual n. 10.261/68, fixando que “aprescrição começa a correr: 1. do dia em que afalta for cometida; 2. do dia em que tenha ces-sado a continuação ou a permanência, nas faltascontinuadas ou permanentes” (art. 261, § 1º, nostermos da redação trazida pela LCE n. 942/2003). Na mesma linha da lei alterada, o novotexto legal prevê que “interrompem a prescriçãoa portaria que instaura sindicância e a queinstaura processo administrativo”.

11. A alteração operada pela lei nova comrelação ao termo a quo do prazo prescricionaltraz questão controvertida, no que se refere àsfaltas cometidas na vigência da lei anterior. Atese sustentada pela consulta, importada dodireito penal, é a da retroação da lei nova porquemais benéfica ao infrator, o que levaria ao reco-nhecimento da prescrição em grande número deprocessos.

12. Essa questão específica, no entanto, jáfoi enfrentada nesta Procuradoria Administrativanos precedentes Pareceres PA ns. 191/2002 e257/2003, que concluíram, nas diferentes situa-ções enfrentadas, não ser hipótese de aplicaçãoincondicionada do princípio da retroação da leipenal mais favorável ao acusado.

13. Com o objetivo de facilitar a sistemati-zação da matéria, pede-se vênia para repetir nesteparecer os mesmos pontos já assinalados noParecer PA n. 257/2003.

14. A regra que prevalece em matéria dedireito intertemporal, nos termos da Lei deIntrodução ao Código Civil, é a da aplicação ime-diata da lei, respeitados o ato jurídico perfeito, odireito adquirido e a coisa julgada (art. 6º doDec.-Lei n. 4.657, de 4.9.1942).

15. Por efeito imediato da lei, observa JoséEduardo Martins Cardozo, deve-se entender

“aquele que atinge fatos e situações no exatomomento temporal em que entra esta em vigor,não importando juridicamente se tais fatos esituações remontam ou não no seu nascimentoa um antigo diploma legislativo por esta novalei substituído”.1

16. O princípio da retroação da lei penal maisbenéfica ao réu está previsto no artigo 5º, incisoXL, da Constituição Federal, sendo igualmenteagasalhado pelo artigo 2º do Código Penal.

17. Quando da análise do Parecer PA n. 191/2002, fixou-se a orientação, aprovada pelo Se-nhor Procurador Geral do Estado, de que referidoprincípio não alcançaria o processo disciplinar,“porque os princípios da lei penal não devemser aplicados sem reservas à esfera disciplinar”.Nesse sentido a decisão do Tribunal de Justiçade São Paulo proferida no MS n. 87.308-0/2.

18. A questão está sujeita a divergência deopiniões, como bem evidencia a consulta ora emexame. Não obstante, o entendimento ora susten-tado, em consonância com os precedentes exa-minados nesta Procuradoria Administrativa, e comfundamento em doutrina e jurisprudência, é de quemerece temperamentos a idéia de que o direitoadministrativo disciplinar rege-se pelos mesmos eidênticos princípios aplicados ao direito penal.

19. Como já assinalado no precedente ParecerPA n. 257/2003, discute-se se há ou não iden-tidade ontológica entre o ilícito penal e o ilícitocivil. A tese da identidade é defendida, por exem-plo, por Régis Fernandes de Oliveira2. EdmirNetto de Araújo3, acolhendo lição de José Cre-tella Júnior4, sustenta a existência de diferençassubstanciais entre as duas categorias jurídicas.A tese da unidade do poder punitivo estatal, noentanto, é majoritária na doutrina européia, comonoticia Fábio Medina Osório.5

1 José Eduardo Martins Cardozo, Da retroatividade da lei, SãoPaulo: Revista dos Tribunais, 1995, p. 281.

2 Régis Fernandes de Oliveira, Infrações e sanções adminis-trativas, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1985, p. 6-7.

3 Edmir Netto de Araújo O ilícito administrativo e seu processo.São Paulo: Revista dos Tribunais, 1994, p. 25

4 José Cretella Júnior, O Estado e a obrigação de indenizar, SãoPaulo: Saraiva, 1980, p. 47.

5 Fábio Medina Osório, Direito administrativo sancionador,São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 102.

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Pareceres

20. De qualquer forma, ainda que se acolhaa tese da identidade do jus puniendi estatal, nãose pode concluir que são idênticos os princípiosregedores da matéria. Nesse sentido, reconhecea doutrina que estão eles submetidos a regimesjurídicos diversos.6

21. No lugar da simples e cômoda invocaçãoda analogia para explicar a aplicação de prin-cípios próprios do direito penal ao direito ad-ministrativo sancionatório, é necessário buscarregras próprias de um direito sancionatório decaráter geral, gênero do qual o direito penal e odireito administrativo disciplinar são espécies.

22. Em abono a essa tese, importa considerara observação de Romeu Felipe Bacellar Filhode que é “curial evidenciar a autonomia dodireito administrativo sancionatório em face dodireito penal. A questão é constitucional. Nãohaveria sentido na previsão constitucional delinhas gerais de um regime administrativo san-cionatório, se este não contasse com funda-mentos diversos do Direito Penal”.7

23. Idêntico raciocínio leva Alejandro Nietoa afirmar que, embora na prática seja corrente aidéia de prevalência do direito penal sobre o direi-to administrativo sancionador, como ambos sãomanifestações iguais e paralelas de um direitopunitivo comum, não é correto afirmar a preva-lência dos princípios de direito penal sobre osdo direito administrativo sancionador. Na visãodo autor, a transposição normativa deve se darnas duas direções, como um mecanismo de vasoscomunicantes.8

24. Nesse sentido, como observa AlejandroNieto, o Tribunal Constitucional e o Tribunal Su-premo de Espanha têm decidido com freqüência,já há algum tempo, que a aplicação dos preceitospenais ao direito administrativo sancionatório

deve ser dar com matizes que considerem a estru-tura diversa de ambos os ordenamentos. Decidiuo Tribunal Supremo que “a existência de prin-cípios comuns a todo Direito de caráter san-cionador não pode significar o desconhecimentodas singularidades concorrentes nos ilícitostipificados nos distintos ordenamentos, porquenão oferecem os mesmos problemas a maioriados delitos compreendidos dentro do CódigoPenal em relação à maioria das infrações cor-respondentes ao chamado Direito Penal Ad-ministrativo”.9

25. Dessa forma, ainda que se reconheça aexistência de uma base principiológica comumdecorrente da expressão do poder punitivo esta-tal, não se pode singelamente transplantar osprincípios de direito penal e aplicá-los ao direitoadministrativo sancionador, sem que sejam con-sideradas as características próprias e peculiaresde cada um desses ramos jurídicos.

26. Exemplo dessa diversidade de regime éque, em matéria de direito administrativo disci-plinar, não se dá aplicação ao princípio da tipici-dade com os idênticos parâmetros aplicáveis aodireito penal.

27. Se para o direito penal tipicidade implicanecessária e circunstanciada descrição da açãoreputada ilícita, com expressa previsão da sançãoa ela correspondente, no direito administrativoadmite-se a definição genérica da conduta, me-diante a adoção de conceitos jurídicos indeter-minados, que tornam possível a avaliação discri-cionária da Administração acerca da caracte-rização do ilícito e de sua pena.

28. Tanto assim que Alejandro Nieto, em con-clusão, afirma não ter dúvida de que os prin-cípios de direito penal não são aplicáveis ao di-reito administrativo sancionador de maneira auto-mática, mas sim com matizes, de forma a adaptá-los a outra realidade. Assim, os preceitos invocá-veis – legalidade, reserva de lei, tipificação,culpabilidade, non bis in idem e prescrição – têmum alcance diferenciado quando transplantados

6 Nesse sentido: Régis Fernandes de Oliveira, Infrações e sançõesadministrativas, cit., p. 7; Fábio Medina Osório, Fábio MedinaOsório, cit., p. 117.

7 Romeu Felipe Bacellar Filho, Princípios constitucionais doprocesso administrativo disciplinar, São Paulo: Max Limonad,1998, p. 32-33.

8 Alejandro Nieto, Derecho administrativo sancionador, 2. ed.,Madri: Tecnos, 2000, p. 169.

9 Alejandro Nieto, Derecho administrativo sancionador, cit.,p. 171.

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para o direito administrativo disciplinar10. Aimportação das regras penais se faz no limitenecessário para preservação de valores essen-ciais, existindo mesmo princípios gerais queapenas ao direito penal são aplicáveis.11

29. Também no Brasil o Supremo TribunalFederal já reconheceu a necessidade de tem-peramentos na invocação subsidiária do direitopenal ao direito administrativo disciplinar. Lê-se em voto do Ministro Rodrigues Alckmin:

“(...) outro postulado assente na doutrinaé a independência do direito administrativoe do seu ramo disciplinar. Por mais pontosde contato que se apontem, entre o direitopenal e o direito disciplinar, as diferençasserão tais e tantas, pela natureza jurídicadas penas e em razão das pessoas e órgãosestatais envolvidos, que sempre faltaráaquela semelhança e razão suficiente,necessárias para a aplicação da analogialegis ou mesmo da analogia juris, antesde um exame em profundidade de cadaquestão omissa que com a analogia sequeira recorrer.

Caio Tácito foi, nesse sentido, muito claro:‘Não colhe invocar, a esse respeito, a siste-mática penal, que obedece a outrospressupostos e obedece a bens jurídicosdiversos. A autonomia do direito discipli-nar é tema pacífico em matéria adminis-trativa, não se conformando, em seus deli-neamentos essenciais, aos ditames daresponsabilidade penal. (Pena disciplinar,Revista de Direito Administrativo, n. 45,p. 482)’.”12

30. Direito administrativo e direito penal têmcampos próprios de ação que justificam a exis-tência de diferenças normativas entre eles.

31. Se o direito administrativo de caráter san-cionatório tem seu campo de incidência

delimitado pelo próprio direito administrativo,refletindo ofensa a bens jurídicos que digamrespeito ao exercício da função administrativa,o direito penal destina-se a proteger valores jurí-dicos de grau superior, tutelando bens jurídicosfundamentais, como vida, integridade física emental, honra, liberdade, patrimônio, costumes,paz pública, etc.13

32. No direito penal, a aplicação do artigo5º, inciso XL da Lei Maior, de que “a lei penalnão retroagirá, salvo para beneficiar o réu”, éregra geral que se justifica pela própria naturezadesse ramo do Direito.

33. As infrações à lei penal são extremamentegravosas à ordem social, razão pela qual são ape-nadas com severidade maior, levando, em geral,à cominação de penas privativas da liberdade.

34. Em conseqüência desse maior rigorpunitivo, o direito penal se caracteriza por voltar-se com acentuado destaque para os direitos doacusado, enquanto o direito administrativo san-cionador, embora igualmente salvaguarde as ga-rantias individuais, destina-se primordialmentea proteger e fomentar os interesses gerais ecoletivos.14

35. O direito penal disciplinar não perseguea prevenção ou a repressão da delinqüência, masa proteção da ordem e disciplina necessárias parao correto exercício das funções administrativas,e por isso não integra o exercício da jurisdiçãocriminal propriamente dita, nem o poder origi-nário de impor penas. Nesse sentido a obser-vação de Julio Comadira, citado por RomeuBacellar Filho.15

36. Nesse contexto, justifica-se a super-veniência de lei penal mais branda beneficiar oréu, potencialmente atingido em sua liberdade.Note-se, no entanto, que mesmo na esfera penalse reconhece a existência de condicionamentos

10 Alejandro Nieto, Derecho administrativo sancionador, cit.,p. 173-174.

11 Nesse sentido, a lição de Manuel Rebollo, apud AlejandroNieto, Derecho administrativo sancionador, cit., p. 175.

12 STF -– RE n. 78.949-SP, 1ª T., rel. Min. Rodrigues Alckminj. 23.5.1975.

13 Júlio Mirabete, Manual de direito penal, 6. ed., São Paulo:Atlas, 1991, v. 1, p. 23.

14 Nesse sentido a observação de Alejandro Nieto, Derechoadministrativo sancionador, cit., p. 22-23.

15 Julio Comadira, Derecho administrativo, Buenos Aires:Abeledo Perrot, 1996, p. 77-78, apud Romeu Felipe BacellarFilho, Princípios constitucionais do processo administrativodisciplinar, p. 32.

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à aplicação do princípio. Nesse sentido, a juris-prudência do Supremo Tribunal Federal quereconheceu a existência de limites à aplicaçãoretroativa da lei mais benéfica em função da“impossibilidade material de sua aplicação aopassado”; da inviabilidade de lei posterior incidirna situação concreta por “falta de correspondên-cia entre a anterior situação do fato e a hipótesenormativa a que subordinada a sua aplicação”,ou ainda quando “a situação de fato no momentoem que essa lei entra em vigor não mais condizcom a natureza jurídica do instituto mais benéficoe, portanto, com a finalidade para a qual foiinstituído” (voto do Ministro Moreira Alves).16

37. Afastada a automática aplicação do prin-cípio próprio do direito penal de retroação da leimais benéfica, resta retomar o princípio daaplicação imediata da lei.

38. Em matéria de prescrição, prevalecea regra, de assento doutrinário e jurispruden-cial, de que “a prescrição em curso não originadireito adquirido, podendo ser seu prazoaumentado ou reduzido por norma poste-rior”17. Até porque, “o Pretório Excelso sempreconsiderou, pacificamente, atingidos pela leinova os prazos prescricionais em curso”.18

39. Decorre da regra de aplicação imediata aproteção ao direito adquirido, ao ato jurídico per-feito e à coisa julgada. Destarte, se na vigênciada lei anterior a prescrição já estava consumada,não pode a lei nova alterar situação juridicamenteconsolidada.

40. De outra forma, se o prazo prescricionalestava em curso quando da edição da lei novaque o dilata, tem a nova legislação aplicação ime-diata ao caso concreto, atingindo “os efeitos fu-turos de fatos passados”.

41. Nessa linha o Supremo Tribunal Federal,em acórdão relatado pelo Ministro Moreira Alvesjá decidiu que a prescrição “é causa extintiva dapretensão e não do direito abstrato de ação. Por

isso é instituto de direito material, a ela se apli-cando a lei do tempo em que teria ocorrido, enão sendo alcançada, portanto, por preceito cons-titucional posterior, cuja aplicação imediata im-plica apenas que este alcança os efeitos futurosde fatos passados, e não os fatos já consumadosno passado”.19

42. Por todo o exposto, afastando a invocaçãodo princípio da retroação da lei mais benéficaao acusado, nos termos dos precedentes Parece-res PA ns. 191/2002 e 257/2003, conclui-se quea regra do artigo 261, parágrafo 1º, “1” e “2”,da Lei estadual n. 10.261/68, com a redação in-troduzida pela citada Lei Complementar estadualn. 942/2003, tem aplicação imediata às relaçõesem curso, atingindo os efeitos futuros de atospraticados anteriormente à sua vigência.

43. Nessa linha exegética, com relação às in-frações cometidas anteriormente à alteração le-gislativa, importa considerar que a edição daportaria relativa à sindicância ou ao processo ad-ministrativo disciplinar antes da lei nova inter-romperá a prescrição, contado como termo ini-cial desta a data em que a Administração tomouconhecimento da falta, como regido pelo textooriginal do artigo 261, parágrafo único da Leiestadual n. 10.261/68. Nessa hipótese, a apli-cação imediata da lei não poderá alterar asituação jurídica já consolidada com a ediçãoda portaria, qual seja, a interrupção do prazoprescricional.

44. Nas situações em que a portaria dasindicância ou do processo administrativodisciplinar é posterior à Lei Complementar esta-dual n. 942/2003, devem ser consideradas paracômputo do termo inicial do prazo prescricionalas regras da lei nova, consubstanciadas na re-dação dada ao artigo 261, parágrafo 1º, “1” e“2” da Lei n. 10.261/68, pela Lei Complementarestadual n. 942/2003.

45. São essas, em tese, as considerações quese entende cabíveis para solução da consultaformulada. Nunca é demais lembrar que a apli-cação dos conceitos aqui exarados às situações

16 STF – HC 74.305-6/SP, rel. Min. Moreira Alves, j. 9.12.1996,DJU, de 5.5.2000.

17 Maria Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, 15. ed.,São Paulo: Saraiva, 1999, v. 1, p. 253.

18 STF – 1ª T., rel. Min. Djaci Falcão, j. 2.5.1972, Revista Forense,v. 129, p. 144.

19 STF – AGRAGI n. 143.714-7/RJ, 1ª T., j. 15.9.1995, DJU,de 26.4.1996.

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Pareceres

concretas deverá levar em conta, por óbvio, ascircunstâncias de cada caso.

É o parecer, sub censura.

São Paulo, 3 de setembro de 2003

DORA MARIA DE OLIVEIRA RAMOSProcuradora do Estado

____________________

De acordo com o Parecer PA n. 306/2003 porseus próprios e jurídicos fundamentos.

Transmitam-se os autos à elevada conside-ração da Subprocuradora Geral do Estado –Consultoria.

PA, em 3 de setembro de 2003

MARIA TERESA GHIRARDIMASCARENHAS NEVESProcuradora do EstadoChefe da Procuradoria Administrativa

____________________

Trata-se de consulta apresentada pelo SenhorProcurador do Estado Presidente da 2ª ComissãoProcessante Permanente da Secretaria da Saúde,solicitando seja analisada questão relativa àaplicação da Lei Complementar n. 942, de 6 dejunho de 2003, aos prazos prescricionais em curso.

Encaminhados os autos à apreciação da D.Procuradoria Administrativa, foi exarado oParecer PA n. 306/2003, acolhido pela D. Chefiada Especializada. Referido parecer enfrenta aquestão do direito intertemporal e a aplicaçãoda nova legislação amparado em respeitáveldoutrina nacional e estrangeira, e em decisõesda Suprema Corte, salientando que a autonomiado direito administrativo disciplinar não autorizaa aplicação incondicionada dos princípiosregentes do direito penal.

Com efeito, sustenta que não se aplica àsituação em análise o princípio da retroação dalei mais benéfica, apontando a necessidade deaplicação imediata do mencionado texto legale, por conseguinte, a proteção ao direito adqui-rido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada,concluindo o seguinte: (i) se na vigência da leianterior a prescrição já estava consumada, nãopode a lei nova alterar situação juridicamente

consolidada; (ii) se o prazo prescricional estavaem curso quando da edição da lei nova que odilata, tem a nova legislação aplicação imediataao caso concreto, atingindo os efeitos futurosde fatos passados; (iii) a edição de portaria antesda vigência da lei nova interrompe a prescriçãocomo regido pelo texto original do artigo 261,parágrafo único, da Lei n. 10.261/68, pois jáconsolidada a interrupção do prazo prescri-cional; (iv) a regra do artigo 261, parágrafo 1º,“1” e “2” da Lei estadual n. 10.261/68, com aredação conferida pela Lei Complementar n.942/2003, tem aplicação imediata às relaçõesem curso, para cômputo do termo inicial dolapso prescricional, nas situações em que aportaria seja posterior à edição da Lei Com-plementar estadual n. 942/2003.

Entendo que a matéria foi bem analisada pelaEspecializada e manifesto minha integral concor-dância com as conclusões da referida peça opi-nativa, por seus próprios e jurídicos fundamentos.Tratando-se de questão de interesse de toda aAdministração pública, submeto o presente àelevada consideração do Senhor Procurador Geraldo Estado, com proposta de aprovação do ParecerPA n. 306/2003, e que seu conteúdo seja divulgadoàs demais Secretarias de Estado, por intermédiodas D. Consultorias Jurídicas e das respectivasComissões Processantes Permanentes.

Subg. Cons., em 15 de setembro de 2003

ANA MARIA OLIVEIRADE TOLEDO RINALDISubprocuradora Geral do EstadoÁrea de Consultoria

____________________

Nos termos da manifestação da Senhora Sub-procuradora Geral do Estado – Área de Consul-toria, aprovo o Parecer PA n. 306/2003.

Encaminhe-se cópia do parecer às Secretariasde Estado, por intermédio das D. ConsultoriasJurídicas, e às respectivas Comissões Processan-tes Permanentes. Após, arquive-se o processo.

GPG, 17 de setembro de 2003

ELIVAL DA SILVA RAMOSProcurador Geral do Estado

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Peças e Julgados

Custas e Emolumentos – Serviços Afetosàs Atividades da Justiça. Destinação.

Ação Direta de Inconstitucionalidade contraa Resolução n. 196/2005* do Tribunal de

Justiça do Estado de São PauloExcelentíssimo Senhor Ministro Nelson Jobim– DD. Presidente do Supremo Tribunal Federal.

Geraldo Alckmin, Governador do Estado deSão Paulo, assistido pelo Procurador Geral doEstado, vem, com amparo no artigo 103, incisoV, da Constituição Federal e na Lei n. 9.868,de 10.11.1999, propor a presente ação diretade inconstitucionalidade, com pedido de con-cessão de medida cautelar de suspensão da efi-cácia, em face da Resolução n. 196, de19.1.2005, editada pelo Órgão Especial do E.Tribunal de Justiça deste Estado, com funda-mento nas razões ora deduzidas.

I – O ato normativo impugnado

1. Publicada na edição do Diário Oficial doEstado, Poder Judiciário, de 28 de janeiro últi-mo, a supracitada Resolução n. 196/2005 dis-pôs, em seu artigo 1º, que o “recolhimento dosemolumentos relativos aos atos praticados pe-los serviços notariais e de registros, dirigido aoFundo Especial de Despesa do Tribunal de Jus-tiça, passa de 3,289473% para 21,052633%”(meu o destaque), absorvendo, destarte, parcelade 17,763160% que, nos termos reconhecidosna motivação mesma do ato ora impugnado,constitui receita do Estado – vale dizer, PoderExecutivo –, à luz de legislação local. Tal coman-do, segundo se lê logo a princípio na sobreditaResolução, visaria a dar cumprimento ao dispostono parágrafo 2º do artigo 98 da Constituição daRepública (com a redação que vem de lhe serdada pela EC n. 45, de 8.12.2004), segundo o

qual as “custas e emolumentos serão destinadosao custeio dos serviços afetos às atividadesespecíficas da Justiça”. Como evidenciarei logoem seguida, o artigo transcrito da indigitada Re-solução, ao invés de observar a norma constitu-cional invocada, contrariou-a agressivamente.

Em seu artigo 2º, outrossim, dispôs a Reso-lução em mira que o “recolhimento da taxa judi-ciária, anteriormente (sic) procedido na Guiade Arrecadação Estadual – GARE, doravanteserá efetuado em GUIA DE RECOLHIMENTOprópria do FUNDO ESPECIAL DE DESPESADO TRIBUNAL DE JUSTIÇA (...), observan-do-se os novos códigos de receita” (destacadono original) em seguida especificados. A moti-vação do ato normativo ora impugnado é, aquitambém, elucidativa. Cuida-se, segundo se lêno quinto parágrafo de seus consideranda, deabsorver, em detrimento da Fazenda do Estado,60% do montante arrecadado do aludido tri-buto, atualmente destinado ao Poder Executivo,nos termos de legislação local. Consoante igual-mente evidenciarei adiante, o dispositivo porúltimo transcrito padece de gritante inconstitu-cionalidade, agredindo o artigo 167, incisos VIe IX, da Carta Política de 1988.

Posto isso, demonstro a seguir o cabimentodesta ação.

II – Natureza do ato impugnado

2. É assente a jurisprudência dessa SupremaCorte ao admitir o ingresso de ação direta deinconstitucionalidade contra ato normativo es-tadual infralegal, contrário à Constituição Federal,desde que dotado de caráter impessoal, genérico

* A Resolução TJ/SP n. 196, de 12.1.2005 está publicada nap. 165.

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Peças e Julgados

e abstrato. Confiram-se, nesse exato sentido, asADIn ns. 962-1/MC (DJU, de 11.2.1994) e1.088-PI/MC (RTJ 155/430)1 . Especificamenteno que tange à impugnação de resoluções re-vestidas dos atributos recém-indicados, editadaspor Tribunais ou órgãos colegiados destes, éigualmente firme o entendimento desse ExcelsoPretório na direção de sua admissibilidade: ADInns. 870-DF (RTJ 151/423), 942-PR/MC (RTJ 151/842) e 664-SP/MC (RTJ 152/779), dentre outras.2

Ora, a propósito da natureza do ato norma-tivo aqui guerreado, não há espaço para hesi-tações. Cuida-se de ato administrativo editadopor órgão do Poder Judiciário, contendo preci-samente as características assinaladas no pará-grafo precedente: o diploma não possui efeitosconcretos, vale dizer, seu raio de incidência nãoestá delimitado por um número definido dedestinatários. Note-se ainda, como também jádecidido pelo Plenário desse Tribunal Supremo,que “a determinabilidade dos destinatários danorma não se confunde com a sua individua-lização, que, esta sim, poderia convertê-lo emato de efeitos concretos, embora plúrimo”(ADIn n. 2.137-RJ/MC, RTJ 173/490).3

Não se impugna aqui, C. Supremo TribunalFederal, determinada destinação de recursos,como sói ocorrer – exemplifico – em leis dediretrizes orçamentárias. Os alvos desta açãodireta são, antes, dispositivos que conferem, ge-nericamente, (i) equivocada e inconstitucionalnatureza a emolumentos oriundos de atividadenotarial e de registro e (ii) inconstitucional trans-ferência de recursos, porque desacompanhadade autorização legislativa.

Evidenciado o cabimento desta ação diretade inconstitucionalidade, passo agora a aduziras razões que estão a impor seu acolhimento.

III – As incompatibilidades com a Consti-tuição Federal

3. Com a Emenda Constitucional n. 45/2004,passou o artigo 98, parágrafo 2º da Lei Maior a

dispor – seja-me lícito reiterar – que “as custase emolumentos” sejam “destinados exclusiva-mente ao custeio dos serviços afetos às ativi-dades específicas da Justiça”.

Pois bem. Cuidando-se de artigo inserto emcapítulo intitulado “Do Poder Judiciário”, a maissingela interpretação sistemática indica que ascustas e emolumentos referidas pelo constituintederivado são as custas processuais e os emolu-mentos judiciais. Esses últimos, como é bem sa-bido, correspondem à taxa devida pela presta-ção de certos serviços que, por seu turno, nãoemanam diretamente da prática de atos proces-suais. É o que sucede, por exemplo, quando daexpedição de certidões (v.g., de objeto e pé), dareprodução de peças do processo, da auten-ticação de determinadas comunicações (ofíciosrequisitórios, dentre outros). A existência de emo-lumentos judiciais, de resto, é reconhecidarepetidamente pelo legislador processual (cf., p.exemplo, CPC, arts. 585, V, e 1.212, parágrafoúnico; Lei Federal n. 6.830/80, art. 39, caput).

Ora, esses emolumentos judiciais nada, emabsoluto, têm a ver com os emolumentos extra-judiciais que, por seu turno constituem, comoé igualmente sabido de todos, contraprestaçãodos atos praticados pelos serviços notariais ede registro (CR, art. 236, § 2º, CR). Os serviçospor último referidos – não custa recordar – sãoexercidos em caráter privado, embora por de-legação do Poder Público (CR, art. 236, caput),estando reservada ao Poder Judiciário tão-só afiscalização desses atos (idem, § 1º). A ninguémhaverá de ocorrer, pois, que notários e registra-dores, ao garantirem a publicidade, autenti-cidade, segurança e eficácia de atos jurídicos,exerçam atividade específica da Justiça, isto é,a jurisdição. Deveria ser suficiente, aliás, atentarpara o discrímen de que se serviu o constituinteoriginário, não incluindo os serviços notariaise de registro no Capítulo III do Título IV daCarta Magna.

A fiscalização exercida pelo Poder Judiciáriosobre os preditos serviços não infirma, natural-mente, o que se vem de expor. A ninguém ocor-rerá que os emolumentos extrajudiciais visemexclusivamente a remunerar tal atividade. Bem

1 Antonio Joaquim Ferreira Custódio, Constituição Federalinterpretada pelo STF, 8. ed., São Paulo: Juarez de Oliveira,2004, p. 159.

2 Idem, ibidem, p. 161.3 Idem, ibidem, p. 160.

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Peças e Julgados

ao contrário, a própria Resolução impugnadaindica que cerca de 79% da receita provenientedos emolumentos em exame destina-se a remu-nerar os próprios serviços de notários e regis-tradores, sendo certo que a fração restante(aproximadamente 21%) tem como destina-tários o Poder Público, responsável pela delega-ção do serviço, e o Poder Judiciário, encarre-gado de sua fiscalização.

O artigo 1º da Resolução n. 196/2005, edi-tada pelo Órgão Especial do E. Tribunal deJustiça do Estado de São Paulo, perpetrou acin-tosa inconstitucionalidade ao se apropriar detoda a receita de emolumentos extrajudiciaisdevida ao Poder Público, pretextando, para tan-to, o cumprimento do artigo 98, parágrafo 2ºda Lei Maior, que em verdade reserva ao Judi-ciário a receita (custas processuais e emolu-mentos judiciais) tão-só de suas próprias eespecíficas atividades. Essa agressão ao TextoConstitucional consiste, pois, em emprestar aovocábulo “emolumentos”, quando surge no arti-go 98, parágrafo 2º, extensão que ele absoluta-mente não possui. Há mais, porém. Ao assimproceder, a Resolução vergastada transforma aatividade notarial e de registro em “serviçosafetos à atividade específica da Justiça” (artigoe parágrafo citado), o que contraria frontalmen-te o artigo 236, caput e parágrafo 1º da CartaPolítica: nenhuma atividade específica da Jus-tiça é exercida em caráter privado e nenhumafiscalização do Poder Judiciário é capaz demetamorfosear a natureza do objeto sobre oqual incide.

Peço vênia, ao arrematar este tópico, pararegistrar que à Resolução hostilizada não esca-pou inteiramente a audaciosa inconsistência deseu artigo 1º, pois, se os emolumentos contem-plados pelo artigo 98, parágrafo 2º da Cons-tituição Federal fossem efetivamente os extra-judiciais, o produto integral de sua arrecadação– e não apenas 21% dessa receita – deveria sercanalizado ao Judiciário, o que aniquilaria porcompleto, em escala nacional, a atividade no-tarial e de registro. Não foi esse, obviamente, odesiderato do constituinte derivado.

Passemos agora à segunda inconstitucio-nalidade.

4. Nos termos do artigo 167, VI da Consti-tuição da República, são vedados “a transposi-ção, o remanejamento ou a transferência derecursos (...) de um órgão para o outro, semprévia autorização legislativa”. Dispõe aindaesse mesmo artigo, em seu inciso IX, ser vedada“a instituição de fundos de qualquer natureza,sem prévia autorização legislativa”. Tendo emmente esses parâmetros constitucionais, pareceevidente que a modificação da destinação dareceita auferida com a cobrança da taxajudiciária, incluindo o quantum devido a dife-rentes fundos, é matéria sujeita a estrita reservalegal. A Resolução impugnada reconheceexpressamente, de resto, a necessidade de leipara esse fim, confirmando, no quinto pará-grafo de seus consideranda, que a distribui-ção do montante da taxa judiciária arrecadadaé hoje objeto de disciplina por parte de legis-lação local.

Ora, dita Resolução, em seu artigo 2º, con-trariou ostensivamente a reserva legal incidentesobre a matéria ao modificar, sem prévia au-torização legislativa, a destinação da receitamencionada no parágrafo precedente, supri-mindo inteiramente a parcela que, por lei, cabeà Fazenda do Estado. E, também aqui, o pre-texto foi o de dar cumprimento ao novel pará-grafo 2º, do artigo 98 da Lei Maior, segundo oqual custas e emolumentos destinam-se a cus-tear os serviços afetos a atividades específicasda Justiça.

Pois bem. O fim a que se destinam as so-breditas custas e emolumentos não implica, emabsoluto, que devam elas ser recolhidas direta-mente ao caixa do Poder Judiciário. Note-se que,mesmo após a Emenda Constitucional n. 45/2004,permanece vigente, embora com nova redação,o artigo 168 da Constituição Federal, segundoo qual os recursos correspondentes às dotaçõesorçamentárias do Poder Judiciário ser-lhe-ãoentregues, até o dia 20 de cada mês, emduodécimos.

O artigo 98, parágrafo 2º da Carta Políticanão comporta pois interpretação isolada, a ex-pensas do que dispõe o mesmo Texto em seusartigos 167, VI e IX, e 168. A instituição e mo-

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Peças e Julgados

dificação de fundo, assim como a transposição,o remanejamento ou transferência de recursos,é matéria sujeita a reserva legal, sendo irrele-vante, para esse fim, que a Lei Maior tenha agoradisposto, expressamente, que a receita da taxajudiciária pertence ao Judiciário. Não se contro-verte a este último respeito, naturalmente. To-davia, os recursos obtidos com a arrecadaçãodesse tributo integram o conjunto de receitas doJudiciário, já constantes da peça orçamentáriaaprovada para o exercício de 2005, que lhedevem ser entregues em duodécimos, na formado artigo 168 da Carta Magna. Sob esse últimoaspecto, cabe ainda uma derradeira ponderação.

A Emenda Constitucional n. 45 foi publicada,como é notório, a 31 de dezembro transato,quando já ultrapassadas todas as etapas atinen-tes à tramitação das leis (i) orçamentária e (ii) dediretrizes orçamentárias. Os Poderes Executivoe Judiciário já tinham pois, em 31.12.2004, pre-vista sua receita e fixada sua despesa, e isso porforça de lei. É absolutamente óbvio, assim, quesomente por força de lei nova poderia haver mo-dificação na receita desses Poderes, diploma esseque também haveria de apontar a respectiva anu-lação de despesa. Vê-se, em síntese, que preten-deu o E. Tribunal de Justiça, em pleno curso doexercício financeiro, modificar – vale dizer,majorar – sua dotação orçamentária, conside-rando despicienda a prévia aprovação legislativa.Daí a inconstitucionalidade aqui argüida.

Por todo o exposto, o artigo 2º da Resoluçãosempre aludida contrariou o artigo 167, VI eIX da Constituição da República, impondo-sesua extirpação do ordenamento jurídico.

IV – A indispensável medida cautelar

5. A Resolução impugnada, prevista paraentrar em vigor em 10 de fevereiro próximo, pro-duzirá, caso mantida sua eficácia, efeitos verda-deiramente devastadores no Estado de São Pau-lo. E não há demasia nessa assertiva. Vejamos.

A parcela de cerca de 17,73% referida noartigo 1º da Resolução citada, que confessada-mente constitui receita do Estado por força delegislação local, destina-se majoritariamente

(74%) ao Fundo de Assistência Judiciária doEstado. Este montante de recursos, correspon-dente a cerca de R$ 200 milhões ao ano, é em-pregado para a remuneração dos serviços pres-tados por aproximadamente 42 mil advogados,conveniados pelo Estado para o fim de que tratao artigo 5º, LXXIV da Constituição da Repú-blica. Se se considerar que no Estado de SãoPaulo, com assento no artigo 10 do ADCTE, asatividades da Defensoria Pública vêm sendoexercidas pela Procuradoria de AssistênciaJudiciária e pelos 42 mil advogados recém-cita-dos, não há alarmismo ao se afirmar que o atoguerreado (i) desorganiza inteiramente essafunção essencial à Justiça, deixando à mínguaa orientação jurídica e a defesa dos necessita-dos, bem como (ii) extingüe de pronto a fontede sustento de dezenas de milhares de opera-dores do Direito.

De outro lado, os recursos que, nos termosdo artigo 2º da Resolução em comento, nãomais seriam arrecadados pelo Tesouro do Estadoascendem a cerca de R$ 400 milhões ao ano.Se se considerar que tal quinhão seria acrescidoà receita orçamentária já atribuída por lei aoJudiciário para o exercício de 2005, não é difícilentrever a desordem das finanças públicas daídecorrente, com irracional exuberância de re-cursos em um dos Poderes do Estado, ao ladode sensível redução noutro. Cuida-se de expres-siva parcela da receita do Estado a ser desviadaem proveito de um único Poder, comprometen-do serviços públicos essenciais a cargo doExecutivo, como segurança, educação e saúde.

Desse modo, estão dados os pressupostospara a concessão da liminar suspensiva da Re-solução censurada, independentemente de oitivados órgãos e autoridades previstas no artigo 10,parágrafo 3º da Lei federal n. 9.868/99: (a) ofumus boni iuris emergente da transgressão aotexto da Lei Maior e (b) o agudo periculum inmora decorrente dos danos que a eficácia de Re-solução nitidamente conflitante com o EstatutoSupremo impõe à sociedade em geral e, em espe-cial, aos hipossuficientes, seus advogados e àAdministração pública, que se verá compelidaa agir em desconformidade com o modeloconstitucional em vigor.

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Peças e Julgados

6. Concluindo, é a presente para, à luz dodever constitucional, detido pelo C. SupremoTribunal Federal, de cumprir e fazer cumprir oEstatuto Máximo da Federação e defender seusmais sadios princípios, requerer:

a) digne-se Vossa Excelência, na qualidadede Presidente desse Pretório Excelso e tendoem conta as férias forenses ora em curso (RISTF,artigo 13, VIII), conceder a medida liminarsuspensiva da eficácia da Resolução que se lêcomo documento n. 1, em conformidade como disposto no artigo 102, inciso I, letra “p”, daConstituição Federal e artigo 11 da Lei federaln. 9.868/99;

b) após regular processamento, vindas asinformações, ouvindo-se o Procurador-Geral daRepública e o Advogado-Geral da União (CF,art. 103, §§ 1° e 3°), seja esta ação julgada pro-cedente, com a declaração de inconstitucio-nalidade da Resolução n. 196/2005, do E. Tri-bunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Termos em que,

p. deferimento.

São Paulo, 31 de janeiro de 2005.

GERALDO ALCKMINGovernador do Estado de São Paulo

ELIVAL DA SILVA RAMOSProcurador Geral do Estado de São Paulo

__________________

RELATÓRIO

O Senhor Ministro Gilmar Mendes (Relator):O Governador do Estado de São Paulo ajuíza apresente ação direta de inconstitucionalidade,com pedido de medida cautelar de suspensãoda vigência, em face da Resolução n. 196, de19.1.2005, editada pelo órgão Especial do E.Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

A referida Resolução n. 196/2005 dispôs,em seu artigo 1º, que o “recolhimento dosemolumentos relativos aos atos praticados pelos

serviços notariais e de registros, dirigido aoFundo Especial de Despesa do Tribunal deJustiça, passa de 3,289473% para 21,52633%”.Com isto, segundo o requerente, estaria o PoderJudiciário absorvendo “parcela de 17,763160%que, nos termos reconhecidos na motivaçãomesma do ato ora impugnado, constitui receitado Estado – vale dizer, Poder Executivo – à luzde legislação local”.

Nos termos da inicial, “tal comando, segun-do se lê logo a princípio na sobredita Resolução,visaria a dar cumprimento ao disposto no pará-grafo 2º do artigo 98 da Constituição da Repú-blica (com a redação que vem de lhe ser dadapela Emenda Constitucional n. 45, de 8.12.2004),segundo o qual as ‘custas e emolumentos serãodestinados ao custeio dos serviços afetos àsatividades específicas da Justiça’.”

E ainda, continua o requerente, “em seu arti-go 2º, (...) dispôs a Resolução em mira que o‘recolhimento da taxa judiciária, anteriormente(sic) procedida na Guia de Arrecadação Esta-dual – GARE, doravante será efetuado emGUIA DE RECOLHIMENTO própria do FUN-DO ESPECIAL DE DESPESA DO TRIBUNALDE JUSTIÇA (...), observando-se os novos có-digos de receita” (destacado no original) emseguida especificados”. A motivação do atonormativo, nesse artigo 2º, segundo o reque-rente, seria a seguinte:

“Cuida-se, segundo se lê no quinto pará-grafo de seus considerando, de absorver,em detrimento da Fazenda do Estado, 60%do montante arrecadado do aludido tribu-to, atualmente destinado ao Poder Execu-tivo nos termos de legislação local”. Quan-to ao cabimento da ação direta, afirma orequerente:“2. É assente a jurisprudência dessa Su-prema Corte ao admitir o ingresso deação direta de inconstitucionalidade con-tra ato normativo estadual infralegal, con-trário à Constituição Federal, desde quedotado de caráter impessoal, genérico eabstrato. Confiram-se, nesse exato senti-do, as ADIn ns. 962-1/MC (DJU, de11.2.1994) e 1.088-PI/MC (RTJ 155/430).

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Peças e Julgados

Especificamente no que tange àimpugnação de resoluções revestidas dosatributos recém-indicados, editadas porTribunais ou órgãos colegiados destes, éigualmente firme o entendimento desseExcelso Pretório na direção de suaadmissibilidade: ADIn ns. 870-DF (RTJ151/423), 942-PR/MC (RTJ 151/842) e664-SP/MC (RTJ 152/779), dentre outras.

Ora, a propósito da natureza do ato nor-mativo aqui guerreado, não há espaço pa-ra hesitações. Cuida-se de ato adminis-trativo editado por órgão do Poder Judi-ciário, contendo precisamente as carac-terísticas assinaladas no parágrafo pre-cedente: o diploma não possui efeitosconcretos, vale dizer, seu raio de inci-dência não está delimitado por um nú-mero definido de destinatários. Note-seainda, como também já decidido pelo Ple-nário desse Tribunal Supremo, que ‘adeterminabilidade dos destinatários danorma não se confunde com a sua indivi-dualização, que, esta sim, poderia con-vertê-lo em ato de efeitos concretos, em-bora plúrimo’ (ADIn n. 2.137-RJ/MC,RTJ 173/490).

Não se impugna aqui, C. Supremo Tribu-nal Federal, determinada destinação derecursos, como sói ocorrer – exemplifico– em leis de diretrizes orçamentárias. Osalvos desta ação direta são, antes, dis-positivos que conferem, genericamente,(i) equivocada e inconstitucional naturezaa emolumentos oriundos de atividadenotarial e de registro e (ii) inconstitucionaltransferência de recursos, porque desa-companhada de autorização legislativa.”

Em seguida, o requerente expõe os funda-mentos da ação direta. O primeiro argumentotem como foco a interpretação conferida peloTribunal de Justiça do Estado de São Paulo aoartigo 98, parágrafo 2º da Constituição, nos ter-mos da Emenda Constitucional n. 45, de 2004.Consta da inicial:

“3. Com a Emenda Constitucional n. 45/2004, passou o artigo 98, parágrafo 2º

da Lei Maior a dispor – seja-me lícitoreiterar – que ‘as custas e emolumentos’sejam ‘destinados exclusivamente aocusteio dos serviços afetos às atividadesespecíficas da Justiça’.

Pois bem. Cuidando-se de artigo insertoem capítulo intitulado ‘Do Poder Judi-ciário’, a mais singela interpretação sis-temática indica que as custas e emolu-mentos referidas pelo constituinte deri-vado são as custas processuais e os emo-lumentos judiciais. Esses últimos, como ébem sabido, correspondem à taxa devidapela prestação de certos serviços que, porseu turno, não emanam diretamente daprática de atos processuais. É o que suce-de, por exemplo, quando da expedição decertidões (v.g., de objeto e pé), da repro-dução de peças do processo, da autenti-cação de determinadas comunicações(ofícios requisitórios, dentre outros). Aexistência de emolumentos judiciais, deresto, é reconhecida repetidamente pelolegislador processual (cf., p. exemplo,CPC, arts. 585, V, e 1.212, parágrafo úni-co; Lei Federal n. 6.830/80, art. 39, caput).

Ora, esses emolumentos judiciais nada,em absoluto, têm a ver com os emolumen-tos extrajudiciais que, por seu turnoconstituem, como é igualmente sabido detodos, contraprestação dos atos praticadospelos serviços notariais e de registro (CR,art. 236, § 2º, CR). Os serviços por últimoreferidos – não custa recordar – são exerci-dos em caráter privado, embora por de-legação do Poder Público (CR, art. 236,caput), estando reservada ao Poder Judi-ciário tão-só a fiscalização desses atos(idem, § 1º). A ninguém haverá de ocorrer,pois, que notários e registradores, ao ga-rantirem a publicidade, autenticidade, se-gurança e eficácia de atos jurídicos, exer-çam atividade específica da Justiça, istoé, a jurisdição. Deveria ser suficiente, aliás,atentar para o discrímen de que se serviuo constituinte originário, não incluindo osserviços notariais e de registro no CapítuloIII do Título IV da Carta Magna.

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Peças e Julgados

A fiscalização exercida pelo PoderJudiciário sobre os preditos serviços nãoinfirma, naturalmente, o que se vem deexpor. A ninguém ocorrerá que os emo-lumentos extrajudiciais visem exclusi-vamente a remunerar tal atividade. Bemao contrário, a própria Resolução impug-nada indica que cerca de 79% da receitaproveniente dos emolumentos em examedestina-se a remunerar os próprios servi-ços de notários e registradores, sendocerto que a fração restante (aproxima-damente 21%) tem como destinatários oPoder Público, responsável pela dele-gação do serviço, e o Poder Judiciário,encarregado de sua fiscalização.

O artigo 1º da Resolução n. 196/2005,editada pelo Órgão Especial do E.Tribunal de Justiça do Estado de SãoPaulo, perpetrou acintosa inconstitu-cionalidade ao se apropriar de toda areceita de emolumentos extrajudiciaisdevida ao Poder Público, pretextando,para tanto, o cumprimento do artigo 98,parágrafo 2º da Lei Maior, que emverdade reserva ao Judiciário a receita(custas processuais e emolumentos judi-ciais) tão-só de suas próprias e específicasatividades. Essa agressão ao Texto Cons-titucional consiste, pois, em emprestar aovocábulo ‘emolumentos’, quando surgeno artigo 98, parágrafo 2º, extensão queele absolutamente não possui. Há mais,porém. Ao assim proceder, a Resoluçãovergastada transforma a atividade notariale de registro em ‘serviços afetos à ati-vidade específica da Justiça’ (artigo eparágrafo citado), o que contraria fron-talmente o artigo 236, caput e parágrafo1º da Carta Política: nenhuma atividadeespecífica da Justiça é exercida em caráterprivado e nenhuma fiscalização do PoderJudiciário é capaz de metamorfosear anatureza do objeto sobre o qual incide.”

Conclui o requerente, nesse ponto:

“Peço vênia, ao arrematar este tópico,para registrar que à Resolução hostilizadanão escapou inteiramente a audaciosa

inconsistência de seu artigo 1º, pois, seos emolumentos contemplados peloartigo 98, parágrafo 2º da ConstituiçãoFederal fossem efetivamente os extraju-diciais, o produto integral de sua arreca-dação – e não apenas 21% dessa receita– deveria ser canalizado ao Judiciário, oque aniquilaria por completo, em escalanacional, a atividade notarial e de re-gistro. Não foi esse, obviamente, o desi-derato do constituinte derivado.”

O segundo argumento formulado na inicialrefere-se à potencial invasão, pelo ato impug-nado, de matéria sujeita a reserva legal. Diz orequerente:

“4. Nos termos do artigo 167, VI daConstituição da República, são vedados‘a transposição, o remanejamento ou atransferência de recursos (...) de um órgãopara o outro, sem prévia autorização le-gislativa’. Dispõe ainda esse mesmoartigo, em seu inciso IX, ser vedada ‘ainstituição de fundos de qualquer natu-reza, sem prévia autorização legislativa’.Tendo em mente esses parâmetros cons-titucionais, parece evidente que a mo-dificação da destinação da receita aufe-rida com a cobrança da taxa judiciária,incluindo o quantum devido a diferentesfundos, é matéria sujeita a estrita reservalegal. A Resolução impugnada reconheceexpressamente, de resto, a necessidadede lei para esse fim, confirmando, noquinto parágrafo de seus consideranda,que a distribuição do montante da taxajudiciária arrecadada é hoje objeto dedisciplina por parte de legislação local.

Ora, dita Resolução, em seu artigo 2º,contrariou ostensivamente a reserva legalincidente sobre a matéria ao modificar,sem prévia autorização legislativa, a des-tinação da receita mencionada no pará-grafo precedente, suprimindo inteira-mente a parcela que, por lei, cabe à Fa-zenda do Estado. E, também aqui, o pre-texto foi o de dar cumprimento ao novelparágrafo 2º, do artigo 98 da Lei Maior,segundo o qual custas e emolumentos

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Peças e Julgados

destinam-se a custear os serviços afetosa atividades específicas da Justiça.

Pois bem. O fim a que se destinam assobreditas custas e emolumentos nãoimplica, em absoluto, que devam elas serrecolhidas diretamente ao caixa do PoderJudiciário. Note-se que, mesmo após aEmenda Constitucional n. 45/2004, per-manece vigente, embora com nova reda-ção, o artigo 168 da Constituição Federal,segundo o qual os recursos correspon-dentes às dotações orçamentárias doPoder Judiciário ser-lhe-ão entregues, atéo dia 20 de cada mês, em duodécimos.

O artigo 98, parágrafo 2º da Carta Políticanão comporta pois interpretação isolada,a expensas do que dispõe o mesmo Textoem seus artigos 167, VI e IX, e 168. Ainstituição e modificação de fundo, assimcomo a transposição, o remanejamentoou transferência de recursos, é matériasujeita a reserva legal, sendo irrelevante,para esse fim, que a Lei Maior tenha agoradisposto, expressamente, que a receita dataxa judiciária pertence ao Judiciário.Não se controverte a este último respeito,naturalmente. Todavia, os recursos obti-dos com a arrecadação desse tributo inte-gram o conjunto de receitas do Judiciário,já constantes da peça orçamentáriaaprovada para o exercício de 2005, quelhe devem ser entregues em duodécimos,na forma do artigo 168 da Carta Magna.”

O requerente assim conclui esse ponto:

“Sob esse último aspecto, cabe ainda umaderradeira ponderação. A Emenda Cons-titucional n. 45 foi publicada, como é no-tório, a 31 de dezembro transato, quandojá ultrapassadas todas as etapas atinentesà tramitação das leis (i) orçamentária e (ii)de diretrizes orçamentárias. Os PoderesExecutivo e Judiciário já tinham pois, em31.12.2004, prevista sua receita e fixadasua despesa, e isso por força de lei. Éabsolutamente óbvio, assim, que somentepor força de lei nova poderia havermodificação na receita desses Poderes,

diploma esse que também haveria deapontar a respectiva anulação de despesas.Vê-se, em síntese, que pretendeu o E. Tri-bunal de Justiça, em pleno curso do exer-cício financeiro, modificar – vale dizer,majorar – sua dotação orçamentária, con-siderando despicienda a prévia aprovaçãolegislativa. Daí a inconstitucionalidadeaqui argüida. Por todo o exposto, o artigo2º da Resolução sempre aludida contra-riou o artigo 167, VI e IX da Constituiçãoda República, impondo-se sua extirpaçãodo ordenamento jurídico.”

Especificamente quanto aos requisitos paraa concessão da cautelar, o requerente faz asseguintes considerações:

“5. A Resolução impugnada, previstapara entrar em vigor em 10 de fevereiropróximo, produzirá, caso mantida suaeficácia, efeitos verdadeiramente devas-tadores no Estado de São Paulo. E nãohá demasia nessa assertiva. Vejamos.

A parcela de cerca de 17,73% referidano artigo 1º da Resolução citada, queconfessadamente constitui receita doEstado por força de legislação local,destina-se majoritariamente (74%) aoFundo de Assistência Judiciária do Es-tado. Este montante de recursos, cor-respondente a cerca de R$ 200 milhõesao ano, é empregado para a remuneraçãodos serviços prestados por aproxima-damente 42 mil advogados conveniadospelo Estado para o fim de que trata oartigo 5º, LXXIV da Constituição daRepública. Se se considerar que no Es-tado de São Paulo, com assento no artigo10 do ADCTE, as atividades da Defen-soria Pública vêm sendo exercidas pelaProcuradoria de Assistência Judiciária epelos 42 mil advogados recém-citados,não há alarmismo ao se afirmar que o atoguerreado (i) desorganiza inteiramente es-sa função essencial à Justiça, deixando àmíngua a orientação jurídica e a defesados necessitados, bem como (ii) extingüede pronto a fonte de sustento de dezenasde milhares de operadores do Direito.

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Peças e Julgados

De outro lado, os recursos que, nostermos do artigo 2º da Resolução emcomento, não mais seriam arrecadadospelo Tesouro do Estado ascendem a cercade R$ 400 milhões ao ano. Se seconsiderar que tal quinhão seria acrescidoà receita orçamentária já atribuída por leiao Judiciário para o exercício de 2005,não é difícil entrever a desordem das fi-nanças públicas daí decorrente, com irra-cional exuberância de recursos em umdos Poderes do Estado, ao lado de sen-sível redução noutro. Cuida-se de expres-siva parcela da receita do Estado a serdesviada em proveito de um único Poder,comprometendo serviços públicos essen-ciais a cargo do Executivo, como segu-rança, educação e saúde.

Desse modo, estão dados os pressupostospara a concessão da liminar suspensivada Resolução censurada, independen-temente de oitiva dos órgãos e autori-dades previstas no artigo 10, parágrafo3º da Lei federal n. 9.868/99: (a) o fumusboni iuris emergente da transgressão aotexto da Lei Maior e (b) o agudo peri-culum in mora decorrente dos danos quea eficácia de Resolução nitidamenteconflitante com o Estatuto Supremo im-põe à sociedade em geral e, em especial,aos hipossuficientes, seus advogados e àAdministração pública, que se verá com-pelida a agir em desconformidade com omodelo constitucional em vigor.”

Por fim, postula o requerente, além da con-cessão da cautelar, seja a ação julgada pro-cedente, com a declaração de inconstitucio-nalidade da Resolução n. 196/2005 do Tribunalde Justiça do Estado de São Paulo.

É o relatório.

Voto

O Senhor Ministro Gilmar Mendes (Relator):Entendo presentes os requisitos para dispensara oitiva do órgão responsável pela edição doato, tendo em vista a urgência da matéria. Enão vejo qualquer obstáculo ao conhecimento

desta ação direta. O ato impugnado enquadra-se na definição da alínea “a” do inciso I doartigo 102 da Constituição. Trata-se de ato nor-mativo estadual de caráter “impessoal, genéricoe abstrato”, tal como afirma o requerente. Passoa analisar as questões relativas ao mérito,considerando, todavia, os limites desse juízocautelar. O primeiro argumento desenvolvidopelo requerente refere-se basicamente à incon-sistência da interpretação adotada pelo Tribunalde Justiça do Estado de São Paulo em relaçãoao novo parágrafo 2º do artigo 98 da Constitui-ção, tendo em vista a apropriação, pelo Judi-ciário paulista, de toda a receita oriunda dosemolumentos extrajudiciais atualmente desti-nados ao Poder Público.

As objeções formuladas pelo requerentepossuem plausibilidade jurídica. Da leitura doreferido parágrafo 2º fica difícil extrair uma nor-ma absoluta, no sentido de que a totalidade dosemolumentos destinados ao Poder Público devaser dirigida exclusivamente ao Poder Judiciário.

Nessa primeira alegação de inconstituciona-lidade, impressiona o seguinte argumentotrazido pelo requerente. Caso se entendesse queo parágrafo 2º do artigo 98 abrange os emolu-mentos extrajudiciais, a conseqüência seria ade que o produto integral de sua arrecadaçãodeveria ser canalizado para o Poder Judiciário,o que parece absurdo.

O outro argumento trazido pelo requerenterefere-se ao potencial vício formal, uma vez quea resolução impugnada teria invadido camporeservado à lei.

Esse segundo argumento também impres-siona. O artigo 167, VI, da Constituição, veda“a transposição, o remanejamento ou a trans-ferência de recursos de uma categoria de pro-gramação para outra ou de um órgão para outro,sem prévia autorização legislativa”.

De fato, em termos práticos, as normasimpugnadas implicam remanejamento deverbas do Executivo para o Judiciário.

Quando tratamos de verbas destinadas aoPoder Público, por certo não podemos ignorar

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essa realidade orçamentária. E as verbas destina-das ao Judiciário não fogem a essa regra, con-forme fica explícito da leitura do artigo 168 daConstituição, ao dispor sobre o mecanismo derepasse das dotações orçamentárias destinadasaos Poderes Legislativo, Judiciário e ao Minis-tério Público.

Apenas para argumentar, ainda que chegás-semos à conclusão de que os emolumentos aque se refere a resolução impugnada destinam-se tão-somente ao Judiciário, penso que seriadifícil, sob o prisma constitucional, excluir taisrecursos do ritual legislativo que caracteriza oorçamento público.

Nessa perspectiva orçamentária, também im-pressiona o seguinte argumento, formulado pe-lo requerente. A Emenda Constitucional n. 45foi publicada em 31 de dezembro de 2004, apósa elaboração da lei orçamentária e da lei de dire-trizes orçamentárias do Estado de São Paulo.

Ou seja, quando da publicação da EmendaConstitucional n. 45, os Poderes Executivo eJudiciário do Estado de São Paulo já estavamsujeitos, por meio de lei formal, às regras doorçamento de 2005.

Assim, neste juízo liminar, tenho como plau-sível a tese do requerente, no sentido de que oTribunal de Justiça do Estado de São Paulo teria,indevidamente, invadido esfera reservada à lei.

Para fins de apreciação desta cautelar, tam-bém considero relevantes os fatos expostos pelorequerente.

Com o início da vigência da resolução im-pugnada, estará de imediato prejudicada a atua-ção da Procuradoria de Assistência Judiciáriado Estado de São Paulo, fato que possuirá umarepercussão social significativa, tanto em rela-ção aos aproximadamente 42 mil advogadosconveniados pelo Estado, quanto em relação àpopulação carente que utiliza tais serviços.

Considero, portanto, presentes os requisitospara a concessão da cautelar.

Vejo o sinal do bom direito, tendo em vistaespecialmente o potencial vício formal da

Resolução n. 196/2005 do Tribunal de Justiçado Estado de São Paulo.

E o periculum in mora afigura-se manifesto,haja vista o imediato efeito da Resolução im-pugnada em serviço essencial à administraçãoda Justiça, qual seja a defesa judicial da popu-lação mais necessitada. E, nesse ponto relativoao periculum in mora, tenho como oportunoavaliar a conveniência política da suspensão devigência do ato impugnado.

Tal como já consolidado na jurisprudênciado Egrégio Supremo Tribunal Federal, faz-semister, para a concessão de medida liminar, que,ao lado da plausibilidade jurídica do pedido,possa o Tribunal fazer, igualmente, um juízopositivo sobre a conveniência da suspensão davigência da norma questionada. Mencionem-se, a propósito, alguns exemplos.

Na ADIn n. 409, julgada em 6.12.1990, estaCorte concedeu a liminar em face de normaconstitucional estadual, que atribuía competên-cia ao Tribunal de Justiça para o controle abs-trato de atos normativos municipais confronta-dos com a Constituição Federal. Eis a parteconclusiva do douto voto do relator, eminenteMinistro Celso de Mello:

“Devo salientar, ainda, que o Plenáriodesta Corte, para deferir o pedido de sus-pensão cautelar formulado no recenteprecedente a que já aludi (ADIn n. 347-DF), pautou-se na relevância do tema,bem assim em juízo de conveniência,ditado pela gravidade que envolve a dis-cussão sobre a extensão da competênciadeste Tribunal no seu papel de guardiãosupremo da Constituição Federal. Por es-sas mesmas razões, defiro o pedido demedida liminar ora formulado, para sus-pender a eficácia da expressão ‘e a Cons-tituição Federal’, que integra o artigo 95,inciso XII, ‘d’ da Constituição do Estadodo Rio Grande do Sul.” (Lex-Jur. STF,148/26).

Com o mesmo sentido, norma constitucionalmineira, que foi suspensa cautelarmente em16.4.1991 (ADIn n. 508, Lex-Jur. STF, 154/97,relator o eminente Ministro Octávio Gallotti).

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Na ADIn n. 474, de 4.4.1991, suspendeu-se cautelarmente lei fluminense que permitia amaiores de 16 e menores de 18 anos a habili-tação para dirigir veículos automotores, ha-vendo argumentado o relator, eminente Mi-nistro Sepúlveda Pertence:

“A inconstitucionalidade formal suscita-da é de plausibilidade inequívoca. Deoutro lado, são evidentes os riscos sociaisou individuais, de várias ordens, que aexecução provisória da lei questionadagera imediatamente, na medida em queamplia a faixa de descoincidência tem-poral entre o termo inicial de respon-sabilidade penal e civil e a autorizaçãopara dirigir veículos automotores Defiroa suspensão cautelar: é o meu voto.” (Lex-Jur. STF, 150/147).

Na ADIn n. 532, de 1º.8.1991, lei maranhen-se idêntica foi cautelarmente suspensa pela mes-ma fundamentação, como se vê do douto votodo relator, eminente Ministro Octavio Gallotti(Lex-Jur. STF, 154/100). Na ADIn n. 718, de3.8.1992, relator o eminente Ministro Celso deMello, DJU, de 12.2.1993, Seção I, p. 1.451,que cuidou de criação de municípios no Mara-nhão, foi lançada expressiva ementa, de que setranscreve esta parte:

“A Suprema Corte já proclamou, aindaque por deliberação majoritária, que se re-vela conveniente a suspensão cautelar deeficácia de leis ordinárias que, em ano deeleições, criam municípios, em face das pro-váveis repercussões desse ato no processoeleitoral. Precedente: ADIn n. 704-PR. Acriação de novas pessoas municipais – apartir do desmembramento dos municípiosque constituem as unidades matriciais –implica, ante as graves conseqüências quedaí derivam, o comprometimento inegávelda organização político-administrativa eda integridade jurídico-territorial dascomunidades locais interessadas. A juris-prudência do Supremo Tribunal Federaltem considerado que a iminência da reali-zação de plebiscito caracteriza, objetiva-mente, o requisito do periculum in mora,

para efeito de concessão de medidacautelar em processo de controlenormativo abstrato. Precedentes.”

Na ADIn n. 804, de 27.11.1992, DJU, de5.2.1993, Ementário n. 1.690-1, concedeu-seliminar para suspender a eficácia de lei doDistrito Federal, que criara a respectiva JuntaComercial, aduzindo o relator, eminente Minis-tro Sepulveda Pertence:

“E, sendo relevante, a questão constitu-cional proposta, a petição inicial demons-trou iniludivelmente a conveniência desustar provisoriamente a eficácia da leiquestionada.

Desse modo, defiro a suspensão cautelar.”

Na ADIn n. 173, de 9.3.1990, Lex-Jur. STF,141/73, relator o eminente Ministro MoreiraAlves, foi suspensa exigência de lei federalquanto a prova de quitação fiscal por estamotivação:

“Ora, com a devida vênia do eminenteMinistro Carlos Madeira, que indeferiu aliminar ad referendum deste Plenário, en-tendo que a liminar deve ser concedida,uma vez que é indubitável a relevânciada fundamentação da argüição de in-constitucionalidade, além da ocorrênciade periculum in mora, tais os entraves àatividade econômica que o artigo 1º dacitada Lei acarreta, bem como, em de-corrência disso, o impedimento ao acessoao Judiciário, sujeito, por vezes – comoem caso de mandado de segurança –, aprazos fatais. Note-se, ainda – o quecorrobora também a conveniência da con-cessão liminar – que as restrições impos-tas pelo dispositivo legal em causa, járegulamentado e, portanto, com plena vi-gência, se tiverem sua aplicação suspen-sa, não impedirão a atuação do Estadona cobrança de seus créditos fiscais, judi-cial ou extrajudicialmente.”

Foi igualmente o requisito da conveniênciada suspensão cautelar que levou a Corte Su-prema a adotar tal providência nos seguintes

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precedentes: ADIn n. 417, de 20.2.1991, Lex-Jur. STF, 148/27, relator o eminente MinistroPaulo Brossard; ADIn n. 425, de 4.4.1991, Lex-Jur. STF, 152/30, do mesmo relator; ADIn n. 270,de 8.5.1990, Lex-Jur. STF, 144/5, do mesmorelator; ADIn n. 401, de 30.11.1990, Lex-Jur. STF,146/47, do mesmo relator; ADIn n. 102, de25.10.1989, Lex-Jur. STF, 136/28, do mesmorelator; ADIn n. 391, de 5.12.1990, Lex-Jur. STF,149/14, do mesmo relator; ADIn n. 308, de21.6.1990, Lex-Jur. STF, 144/38, relator oeminente Ministro Octávio Gallotti; ADIn n. 467,de 3.4.1991, Lex-Jur. STF, 149/23, do mesmorelator; ADIn n. 666, de 12.3.1992, Lex-Jur. STF,167/79, relator o eminente Ministro MoreiraAlves; ADIn n. 462, de 19.6.1991, Lex-Jur. STF,154/70, do mesmo relator; ADIn n. 138, de14.2.1990, Lex-Jur. STF, 146/7, relator oeminente Ministro Sydney Sanches.

Ao adotar o conceito jurídico indeterminadode conveniência política da suspensão da eficá-cia, procurou o Tribunal desenvolver um con-ceito geral que lhe outorgue maior liberdadepara avaliar a necessidade ou não de suspensãocautelar da lei ou do ato normativo. É certo,por outro lado, que a utilização desse conceitopermite que o Supremo Tribunal desenvolva ummodelo diferenciado para o processo cautelarda ação direta de inconstitucionalidade, tantoquanto possível distinto do processo cautelarconvencional.

No caso, não tenho dúvida da conveniênciapolítica da suspensão do ato, tendo em vista oconteúdo desagregador da medida adotada pelo

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, comimediata repercussão na relação entre ospoderes daquele Estado.

Meu voto, portanto, ressalvado melhor juízoquando da apreciação do mérito desta açãodireta, é no sentido do deferimento da cautelarpara o fim de suspender a vigência da Reso-lução n. 196 de 2005.

EMENTA: Ação direta de inconstitu-cionalidade contra a Resolução n. 196,de 19.1.2005, editada pelo órgão Espe-cial do Tribunal de Justiça do Estado deSão Paulo, que alterou a destinação deemolumentos relativos aos atos pratica-dos pelos serviços notariais e de registros.2. Redução de parcela destinada ao PoderExecutivo. 3. Violação aos artigos 98,parágrafo 2º (com a redação da EmendaConstitucional n. 45 de 2004), 167, VI eIX, todos da Constituição Federal. 4.Dispensa da oitiva do órgão responsávelpela edição do ato, tendo em vista aurgência da matéria. 5. Plausibilidade ju-rídica do pedido. 6. Alegação de equívo-co na interpretação que possibilita que oparágrafo 2º do artigo 98 alcance os emo-lumentos extrajudiciais. 7. Matéria orça-mentária e reserva legal: ofensa ao artigo167, VI e IX, tendo em vista a potencialinvasão, pelo ato impugnado, de matériareservada à lei. 8. Presença de sinal debom direito e de periculum in mora. 9.Conveniência política na suspensão doato. 10. Liminar deferida para o fim desuspender a vigência do ato.

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Excelentíssimo Senhor Desembargador Presi-dente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estadode São Paulo

Processo: n. 000.03.158155-2(Medida Cautelar)Vara das Execuções Fiscais daFazenda Pública

Autora: Fazenda do Estado de São Paulo

Réus: Ecafix Indústria e Comércio Ltda.e Henrique Marin Munhoz Junior

A Fazenda do Estado, por seus procurado-res, vem, respeitosamente, à presença de VossaExcelência, nos termos do artigos 522 e seguin-tes do Código de Processo Civil, interpor agravode instrumento contra a decisão que determinouemenda da petição inicial nos autos da medidacautelar em epígrafe, requerendo seja atribuídoefeito suspensivo ao presente recurso, nos ter-mos do artigo 527, III do Código de ProcessoCivil, bem como, ao final, seja o agravo inte-gralmente provido.

Termos em que, nos termos do artigo 525do Código de Processo Civil, e conforme asrazões em anexo, cujo processamento se requer,

P. Deferimento.

São Paulo, 9 de janeiro de 2004

JOÃO CARLOS PIETROPAOLOProcurador do Estado

MARCELO ROBERTO BOROWSKIProcurador do Estado

CRISTINA M. W. MASTROBUONOProcuradora do Estado

SÉRGIO DE CASTRO ABREUProcurador do Estado

Conselho Gestor de Ações Conjuntas deCombate à Evasão Fiscal (CEVAF) – Agravo

de Instrumento em Medida Cautelar

VALDIR CAZULLIProcurador do Estado

ARNALDO BILTON JR.Procurador do Estado

ANA LUCIA C.FREIRE PIRES O. DIASProcuradora do Estado

MINUTA DE AGRAVO DEINSTRUMENTO

Doutos Julgadores,

Trata-se de agravo que se interpõe de decisãodo MM. Juiz do Anexo das Execuções Fiscaisda Fazenda Pública que, em medida cautelarfiscal ajuizada em face de Ecafix Indústria eComércio Ltda. e Henrique Marin Munhoz Jú-nior, determinou a emenda da petição inicial ecomplementação de documentos, no prazo dedez dias, sob pena de indeferimento.

A Fazenda do Estado tomou ciência dadecisão ora atacada em 30 de dezembro de2003, pelo que resta comprovada a tempesti-vidade do recurso oferecido.

Inicialmente, cumpre esclarecer que o funda-mento para a propositura da medida cautelarfiscal é aquele estampado no inciso VI do artigo2º da Lei n. n. 8397/92, abaixo transcrito, comocuidou de ressaltar a autora, conforme se obser-va numa rápida leitura dos termos da inicial.

“Artigo 2º - A medida cautelar fiscal po-derá ser requerida contra o sujeito passivode crédito tributário ou não tributário,quando o devedor:

(..)

VI - possui débitos, inscritos ou não emDívida Ativa, que somados ultrapassem

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trinta por cento do seu patrimônioconhecido.”

De fato, o inciso VI é uma das hipóteses con-templadas pela lei para concessão da medidacautelar fiscal. E o artigo subseqüente (art. 3º)determina que a concessão da medida cautelarfiscal só se verificará com o cumprimento deduas exigências, quais sejam, a prova literal daconstituição do crédito fiscal e a prova docu-mental de algum dos casos mencionados noartigo antecedente.

Dito isso, observa-se que a Fazenda do Esta-do fez prova das duas situações elencadas pelalei como necessárias e suficientes para conferira obtenção do provimento judicial que concedea cautelar fiscal, que se consubstancia em decre-tação de indisponibilidade de bens e que seviabiliza com o regular registro nos órgãoscompetentes.

De fato, o relatório fiscal juntado aos autoscomprovou literalmente a constituição docrédito tributário advinda da declaração mensaldo contribuinte e do abatimento dos ínfimosvalores efetivamente recolhidos.

Por outro lado, o conceito de “patrimônioconhecido”, constante do referido diploma, nãoé reconhecido pela contabilidade, pelo queafigura-se razoável empregá-lo tendo em menteum resultado que implique menor ônus para odetentor daquele patrimônio. Conforme desta-cado às fls., esse foi o norte adotado pela fisca-lização, ao promover a análise da documenta-ção da empresa bem como diligências que cul-minaram na constatação de que o patrimônioencontrado era superado pelo montante de im-postos devidos, em proporção bastante superior(75%) àquela escolhida como mínima pelolegislador (30%).

Porém, ao invés de proferir decisão conces-siva ou denegatória do pedido ofertado, estabe-leceu o Juízo de primeiro grau uma série decondições para apreciação do pedido, condi-ções essas que refogem completamente à hipó-tese escolhida pela autora, dentre aquelas legal-mente previstas, para ajuizamento da ação.

De fato, grande parte das exigências formu-ladas pelo Juízo para proceder ao exame dopedido tem a ver com a situação processual deações executivas já em curso, sendo certo quea providência buscada na medida cautelar – de-creto de indisponibilidade de bens – só seriadirecionada para aqueles procedimentos de for-ma subsidiária e secundária, estando a Fazendainteressada na garantia das execuções que aindanão foram ajuizadas, como bem se lê dos termosda inicial. Assim sendo, incompreensível queas providências que serão eventualmente toma-das, em momento oportuno e futuro, sejam exi-gidas pelo Juízo antes da apreciação do pedidoprincipal.

Repise-se que a medida cautelar intentada,que encontra previsão nos dispositivos da Lein. 8.397/92, foi ajuizada em caráter prepara-tório, nos exatos termos do artigo 11 daquelediploma, que prevê:

“Artigo 11 - Quando a medida cautelarfor concedida em procedimento prepara-tório, deverá a Fazenda Pública propor aexecução judicial da Dívida Ativa no pra-zo de sessenta dias, contados da data emque a exigência se tornar irrecorrível naesfera administrativa.”

Subsidiariamente, requereu-se que as medi-das e diligências ali adotadas pudessem ter seusefeitos aproveitados nos executivos fiscais jáajuizados, conforme se verifica textualmente àsfls. da inicial.

Assim sendo, são totalmente descabidas asexigências concernentes às execuções jáajuizadas.

O despacho ora atacado não merece preva-lecer, pois, por ter o Juízo inferior adotado paraa medida cautelar um rol de condições incom-patível com o instrumento processual escolhido,o que culminou, efetivamente, numa determina-ção de impossível cumprimento para o autor, queatenta contra seu legítimo direito de acesso aoJudiciário garantido pela Constituição Federal.

Tendo dado efetivo cumprimento às exi-gências legais para utilização de instrumento

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previsto para obter provimento acautelatório deseus interesses, a Fazenda se vê impedida de ob-ter pronunciamento judicial a respeito, pela in-transigente imposição de condições estranhastanto ao procedimento escolhido como ao res-pectivo fundamento, ambos legalmenteprevistos, moti-vo por que a total reforma dojulgado é de se impor.

A Lei n. n. 8.397/92 prevê tal ação nos mol-des em que foi proposta, cabendo destacar queela tem por finalidade a tutela cautelar do créditofazendário por meio de uma ordem de indis-ponibilidade, de caráter genérico, dos bens daempresa e de seus sócios controladores.

Importa ressaltar, neste ponto, despacho pro-ferido pelo Ministro Neri da Silveira, onde é ana-lisada a natureza jurídica do presente instituto:

“Despacho: Vistos. Trata-se de recursoextraordinário interposto com funda-mento no artigo 102, III, alínea ‘a’, daConstituição Federal, em face de acórdãoda Segunda Turma do Tribunal RegionalFederal da 5ª Região, assim ementado:

‘Tributário. Medida Cautelar Fiscal. In-constitucionalidade não acolhida. Ape-lação improvida.

1. A Lei n. 8.397, de 6.1.1992, que instituia medida cautelar fiscal, não contém víciode inconstitucionalidade.

2. O procedimento por ela adotado estáem consonância com as regras acolhidaspelo nosso ordenamento jurídico formalpara a ação cautelar.

3. A sua finalidade é, apenas, de assegurara eficácia da tutela jurisdicional, garan-tidos os efeitos da atividade processualexercida pelo Estado.

4. Presentes os requisitos da fumaça dobom direito e do periculum in mora, nãohá de se prestigiar sentença monocráticaque deferiu medida cautelar fiscal.

5. Apelação improvida.’2. Em suas razões recursais, sustenta arecorrente, em síntese, que o respeitável

acordão negou vigência aos incisosXXXV, LIV e LV, do artigo 5º e ao incisoIX do artigo 93 de nossa Super Lei. E aofinal, requer que esta Corte declare ainconstitucionalidade dos seguintesdispositivos da Lei n. 8.397/92: a) artigo1º, por agredir o princípio constitucionaldo devido processo legal insculpido noinciso LIV do artigo 5º da Lei Magna; b)inciso IV do artigo 2º, por assegurar anão decretação da medida cautelar fiscal,somente aos contribuintes que tenhamgarantido a instância em processo admi-nistrativo ou judicial, numa ofensa diretaao disposto no inciso LV do artigo 5º daConstituição Federal; c) artigo 7º, por im-pedir o magistrado de examinar o méritoda questão, da existência efetiva da dívidae se na constituição do crédito tributáriofoi observado o devido processo legal.3. As fls., admitido o apelo extraordináriopelo ilustre Presidente do Tribunal a quo.4. Entretanto, o recurso não comportaseguimento.5. A douta Procuradoria-Geral da Repú-blica, em seu parecer de fls., opinou pelonão conhecimento do apelo, com basenos seguintes fundamentos, verbis:‘(...) Alega o recorrente, em suma, que osditames da Lei n. 8.397, de 6 de janeirode 1992, agridem as garantiasconstitucionais do devido processo legal,do contraditório e da ampla defesa, bemcomo o princípio da inafastabilidade docontrole jurisdicional. Por outro lado,atribui à decisão recorrida haver ofendi-do o princípio da motivação das decisõesjudiciais. Afaste-se, de plano, o exame dacontrovérsia da ótica do artigo 93, IX daConstituição, dado carecer do indispen-sável prequestionamento do tema. Quantoao mais, não procede a irresignação. A to-da a evidência, como, aliás, bem enfatizouo tribunal de origem, a medida cautelarfiscal, instituída pela Lei n. 8.397/92, emtudo se assemelha a outras da mesmaespécie, existentes no ordenamento jurí-dico brasileiro. E sua concessão liminar

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não encerra, absolutamente, lesão às ga-rantias do contraditório e da ampla defesa:seguem-se a ela a citação do requeridopara contestar e, se for o caso, a produçãode provas em audiência. É forçoso con-cluir que o processo cautelar, cujo traçocaracterístico é a instrumentalidade – valedizer, assegurar a eficácia do provimentojudicial definitivo, o resultado útil do pro-cesso principal – não contrariando o pos-tulado do devido processo legal, antes lherende homenagem. Ademais, o recorrentenão se viu privado de seus bens, verdadei-ramente. Em rigor, apenas o direito de de-les dispor, e ainda assim de forma restrita,foi-lhe retirado, temporária e provisoria-mente. Acrescente-se, por fim, que ‘deci-são contrária ao interesse da parte’ – comoa proferida, fundamentalmente, nestes au-tos – ‘não configura negativa de prestaçãojurisdicional’ (AGRGRE n. 226.887/PE,Min. Carlos Velloso, DJU, de 11.12.1998).Diante dessas considerações, opino quenão se conheça do apelo extremo.’6. Com efeito, o recurso não tem condi-ções de prosperar. Isso face a inocorrênciadas alegadas violações a disposiçõesconstitucionais.7. Se o aresto impugnado não atendeu arecorrente nas suas pretensões, não sig-nifica isso afronta ao artigo 5º, incisosXXXV e LV da Constituição Federal, poisa prestação jurisdicional foi propor-cionada, embora de modo contrário à suaexpectativa. Quanto à alegada ausência defundamentação, improcede a referidatransgressão, uma vez que o Tribunal aquo devidamente emitiu as razões de seuconvencimento. Cumpre observar, no quetoca à questão concernente à exigênciaconstitucional de fundamentação dasdecisões judiciais, a orientação destaSuprema Corte: o que a Constituição exigeno artigo 93, IX é que a decisão judicialseja fundamentada; não que a funda-mentação seja correta na solução dasquestões de fato ou de direito da lide: de-clinadas no julgado as premissas, corre-tamente assentadas ou não, mas coerente

com o dispositivo do acórdão, está satis-feita a exigência constitucional. (RTJ 150/269, Rel. Min. Sepúlveda Pertence).

8. Ressalte-se, ainda, que está nas pró-prias razões recursais, às fls.: ‘O v. acór-dão recorrido, na esteira da Lei n. 8.397/92, nega vigência ao disposto nos incisosXXXV, LIV e V do artigo 5º e tambémao que determina o inciso IX do artigo93, ambos da Constituição Federal (...).’E às fls. reafirma: ‘O v. acórdão deve serreformado por esse Pretório Excelso,posto que, na esteira do que dispõe a Lein. 8.397, de 6.1.1992, especialmente,nos seus artigos 1º, 2º, inciso IV e 7º,negou vigência a princípios fundamen-tais da Constituição Federal, no artigo 5º,incisos XXXV, LIV e LV (...).’

9. Observa-se, portanto, que a questãodecidida no aresto recorrido tratou denorma infraconstitucional (Lei n. 8.397/92), cingindo-se a controvérsia à verifi-cação do alcance, conteúdo e eficácia detal Lei. Desta forma, pretende o recorrentealcançar o Supremo Tribunal Federal porvia reflexa, uma vez que indigitada viola-ção seria de norma infraconstitucional.Na admissibilidade do recurso extraor-dinário, exige-se haja ofensa direta, peladecisão recorrida, a norma constitucional,não podendo essa vulneração verificar-se por via oblíqua, ou em decorrência dese violar norma infraconstitucional. Nãoé assim bastante a fundamentar o apeloextremo alegação de ofensa a preceitoconstitucional, como conseqüência decontrariedade a lei ordinária. Se para de-monstrar violência à Constituição é mister,por primeiro, ver reconhecida violação ànorma ordinária, é esta última o que con-ta, não se cuidando, pois, de contrarie-dade direta e imediata à Lei Magna, qualdeve ocorrer com vistas a admitir recursoextraordinário, ut artigo 102, III, doEstatuto Supremo.

10. Do exposto, com base no artigo 38,da Lei n. 8.038, de 28 de maio de 1990,combinado com o artigo 21, ‘1’ do RISTF,

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e na conformidade do parecer da Procu-radoria Geral da República, nego segui-mento ao recurso. Publique-se. Brasília-DF, 14 de maio de 1999. Ministro Néri daSilveira, Relator.” (STF – RE n. 210729/AL – Recorrente: EPC – Empresa de Parti-cipações e Construções Ltda – Recorrida:União Federal – grifamos)

Assim, a pretensão da ora agravante de quea cautelar seja ajuizada para decretar a indis-ponibilidade de bens, a fim de que tal medidaseja inicialmente aproveitada nas execuções queserão ajuizadas, para tentar estancar o pro-cedimento de cobranças altamente custosas quese arrastam sem conclusão e, após, em pedidosubsidiário, que o patrimônio encontrado fosseaproveitado em execuções já ajuizadas, encon-tra pleno amparo na lei e no caráter eminente-mente instrumental da medida.

Reitera-se que o artigo 3º da Lei n. 8397/92refere que, para a concessão da cautelar, é indis-pensável comprovação de algum dos casos men-cionados nos incisos do artigo precedente, e nãocomprovação cumulativa de “várias” das situa-ções ali referidas, como parece ter sido a inter-pretação adotada pelo Juízo inferior. Isso porqueo longo despacho cuidou minuciosamente de re-ferir necessidade de comprovação de atos quecaracterizem fraude à satisfação do crédito (itemb), comprovação de status das execuções fiscaisem andamento (item e), dentre outras curiosi-dades, tais como o item “j”, que indaga qual seráo número da certidão de dívida ativa para finsde definição de competência interna (sic) ou oitem “k”, que indaga da eventual existência deprocedimento de arrolamento de bens que, comoé cediço, não pode e não foi adotado, a umaporque tal procedimento não é condição para aconcessão da medida cautelar e a duas porquenão foi ainda editada a lei estadual que regula-menta o instituto.

Outra curiosidade é o item “l”, em que secobra cabal demonstração de notificação docontribuinte, sendo que o próprio Juízo reco-nhece que, em caso de débito declarado, tal noti-ficação é dispensável, sem deslembrar que, ain-da assim, a Fazenda comprovou ter promovidoa notificação.

Por fim, de se notar que o Juízo inferior tam-bém não parece ter dado crédito à observaçãode que a empresa é dirigida pelo sócio HenriqueMarin Munhoz Júnior, que participa da empresadesde junho de 1994, sempre ocupando a ge-rência da pessoa jurídica, e detendo atualmentea quase totalidade das quotas sociais. Alémdisso, na própria Declaração de Imposto sobrea Renda da empresa, tal pessoa é apresentadacomo o representante da empresa em questão.

Verifica-se que o r. despacho atacado de-dica-se apenas en passant ao ponto fulcral emdebate, qual seja a discrepância superior a trintapor cento entre dívida constituída e patrimônioconhecido, hipótese expressamente constantedo inciso VI do artigo 2º da Lei n. 8.397/92,fundamento expressamente adotado pela auto-ra para ajuizar a medida cautelar fiscal.

Aduz o d. Juízo que “carecem de compro-vação e esclarecimentos as alegações de que arequerida possui débitos que, somados, ultra-passariam seu patrimônio conhecido”.

Ora, exibiu o sujeito passivo do débito tributá-rio à fiscalização a demonstração contábil de queseu patrimônio é de cerca de R$ 12.000.000,00.Comprovou a fiscalização que os débitos que sepretende sejam oportunamente garantidos nosexecutivos fiscais a serem ajuizados montam R$30.000,00 e que o estoque de dívida existente éde cerca de R$ 9.000.000,00. A proporção entretais valores é representada por quase setenta ecinco pontos percentuais.

Incompreensível a determinação de que aFazenda deve exibir prova negativa dessa dis-crepância, em total inversão do cometimento doônus probatório. Quem deve exibir provas deque não se configura a previsão legal do artigo2º, inciso VI são os réus, apontando a existênciade patrimônio desembaraçado e suficiente, emesmo promovendo a prestação de garantiaprevista no artigo 10 da Lei n. 8.397/92.

Ademais, considera o Juízo um “disparate”comparar, para efeitos de conferir o equilíbriona proporção patrimônio/dívida, valores cons-tantes do balanço da empresa, publicado noinício do ano, com os apurados em novembro

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do mesmo ano. É com esforço de imaginaçãoque se poderia pensar em outro instrumentopara aferir o patrimônio que não a análise dosúltimos balanços de uma empresa. Ademais,ainda que se considerasse o argumento de queo valor da dívida teria crescido por influênciada inflação verificada no período, o fato é queesta jamais promoveria alteração significativana discrepância de 75% encontrada.

Os demais incisos constantes do artigo 2ºda Lei n. 8.397/92, pertinentes a condutas efatos imputáveis ao requerido, não constituemo fundamento da ação senão de forma comple-mentar, pois preocupou-se a autora, quase queexclusivamente, em demonstrar a ocorrência dahipótese verificada no inciso sexto, ou seja, aexistência de descompasso entre patrimônioconhecido e dívida tributária apurada, bem co-mo fundado receio de que inexista patrimôniosuficiente para garantia das execuções fiscaisque serão ajuizadas no prazo previsto pelaprópria lei.

Surpreendeu-se a autora com o teor do des-pacho lançado, que promoveu verdadeira con-fusão com os termos da inicial, e culminou coma insólita determinação de cumprimento devariadas condições, sendo digno de nota que adecisão interlocutória mais se assemelha à peçacontestatória, tais os obstáculos erigidos peloJuízo para o simples recebimento da inicial.

De fato. Elencou o Juízo doze itens quepretende ver cumpridos antes da apreciação dopedido de liminar, nos termos dos artigos 283e 284 do Código de Processo Civil.

De se lembrar que a cognição sumária doprocesso cautelar não se coaduna com as am-plas exigências de cunho comprobatório for-muladas pelo Juízo inferior. Por outro lado, asmedidas cautelares de urgência, dentre as quaisse enquadra a nominada medida cautelar fiscal,regida por lei específica, atendem aos reclamosdo ordenamento no sentido de controlar otempo como fator de corrosão dos direitos.

Cândido Rangel Dinamarco, com apoio nosensinamentos de Carnelutti, discrimina três

casos em que se verifica que o decurso do tempopode ser nocivo:

“A primeira hipótese é a do processo quechega ao fim e o provimento de mérito éemitido, quando o mal temido já estáconsumado e nada mais se pode fazer (..).O segundo grupo de situações é repre-sentado pela tutela jurisdicional demo-rada que chega depois de uma esperaalém do razoável e muito sofrimento dotitular de direitos (...). O terceiro caso é odo processo que deixa de dispor dosmeios externos indispensáveis para suacorreta realização ou para o exercícioútil da jurisdição.” (A reforma do Códigode Processo Civil, 5. ed., São Paulo: Ma-lheiros, 2001, p. 334-337, grifamos).

Aqui, o mestre cita textualmente o “exemplodo desaparecimento do bem que poderia serpenhorado para futura satisfação do credor. (...)Neste caso, ter-se-á um processo incapaz deoferecer a tutela justa ao sujeito que tiver razão,porque a execução sem a penhora do bem nadaproduzirá”. E prossegue asseverando:

“Quando um bem é penhorado, o exe-qüente não está ainda, automática e ime-diatamente, recebendo uma tutela juris-dicional. A penhora limita-se a pôr o bemà disposição do Juízo, para futura alie-nação e obtenção do dinheiro, sabendo-se que a consumação da tutela só ocor-rerá no momento em que este vier a serentregue ao credor. Por isso, nos casosem que o bem penhorável desaparecerou vier a ser destruído, é o processo quemsofre diretamente um mal e não o sujei-to.” (destaque no original)

E, ao diferençar as hipóteses de distinçãoentre medidas úteis a proteger o processo (cau-telares) de medidas destinadas a resguardar pes-soas (antecipação de tutela), o ilustre professorensina que “a lei não estabelece, nem seriapossível, o grau de probabilidade suficiente paraantecipar a tutela jurisdicional. Como se tratade atuar sobre a esfera jurídica das pessoas,favorecendo uma com sacrifício de outra comosucede em toda tutela jurisdicional, recomenda-

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se prudência maior (para a antecipação da tute-la) do que para a concessão de medidas queatuam simplesmente sobre o processo (caute-lares); na prática, deve ser exigido ‘fumus bonijuris’ qualificado, sem contudo levar a exi-gência a pontos de exagero, que neutralizassema intenção do legislador e inviabilizassem atutela.”(grifamos).

Dinamarco discorre sobre a suficiência deuma cognição sumária, de menor profundidadedo que aquela exigida para a tutela definitiva“porque obviamente, se se exigissem todos ostrâmites da cognição plena, isso tomaria tempoe as medidas de urgência deixariam de serurgentes. Associada à suficiência da cogniçãosumária figura a da mera probabilidade, dispen-sando-se a certeza como requisito para a con-cessão das medidas de urgência – e isso tantoem relação às medidas cautelares quanto àsantecipatórias”.

Ora, no caso dos autos, parece ter escapadoao Juízo inferior que a cautelar fiscal promoverátão somente a decretação de indisponibilidadedos bens encontrados e que, somente ao depois,poder-se-ão promover as medidas de efetivaconstrição do patrimônio. Sendo incontroversoque o contribuinte sistematicamente não recolheos valores declarados, tampouco busca a alter-nativa do parcelamento, a urgência da medidase justifica pelo fundado receio de que, dado oelevado grau de comprometimento do patrimô-nio, restariam sem qualquer garantia as execu-ções que seriam oportunamente ajuizadas, afi-gurando-se urgente estancar procedimento alta-mente lesivo ao bem comum, inclusive em ter-mos concorrenciais, bem como prevenir medi-das tendentes a dilapidar o patrimônio existente.

Por esse motivo, aliás, por que o provimentojurisdicional a ser obtido com a medida cautelarfiscal é uma declaração de indisponibilidade debens, é que o valor atribuído à causa não obe-dece ao parâmetro do artigo 259 do Código deProcesso Civil. O valor da causa principal, emúltima análise, é o valor que constará da certidãode dívida ativa que será oportunamente ajuiza-do, restando igualmente equivocado o enten-dimento de que a inicial mereceria emenda paramodificação daquele valor.

A respeito do tema é firme a jurisprudência:

“Medida cautelar – Valor da causa – Nãoincidência do artigo 259, I do Código deProcesso Civil – Pleito de declaração deindisponibilidade dos bens da apelante,e não de cobrança de dívida – Aplicaçãodo artigo 261 e parágrafo único do Có-digo de Processo Civil – Desprovimentodo apelo.” (TJRJ – Apelação Cível n.2003.001.19818, 13ª Câm. Cível, rel.Des. Ernani Klausner, j. em 8.10.2003).

No mesmo sentido: TJRJ – AI n.2003.002.01020, 16ª Câm., rel. Des. RonaldValladares, j. 27.5.2003.

Diante do exposto, requer a Fazenda doEstado:

a) com fundamento no artigo 527, III do Có-digo de Processo Civil, seja dado efeito suspen-sivo ao presente recurso, para evitar que o pro-cesso seja extinto por indeferimento da inicial,uma vez que as providências requisitadas sãoimpossíveis de serem atendidas no prazo fixado,bem como desnecessárias ao rito cautelar;

b) com fundamento no mesmo dispositivolegal, seja deferida antecipadamente a pretensãorecursal, para a concessão da liminar da açãocautelar, por estarem cristalinos e bem delinea-dos o fumus boni iuris e o periculum in mora epreenchidos os requisitos legais para suaconcessão.

Esclarece-se que os procuradores da agra-vante respondem intimações na ProcuradoriaFiscal do Estado de São Paulo (...) e que, pornão ter sido instaurada a relação jurídica litigio-sa, eis que o despacho agravado foi lançadoantes da citação, os agravados não têm advo-gado constituídos nos autos. Indicam-se entre-tanto os endereços dos agravados (...).

São Paulo, 9 de janeiro de 2004

JOÃO CARLOS PIETROPAOLOProcurador do Estado

MARCELO ROBERTO BOROWSKIProcurador do Estado

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Peças e Julgados

CRISTINA M. W. MASTROBUONOProcuradora do Estado

SÉRGIO DE CASTRO ABREUProcurador do Estado

VALDIR CAZULLIProcurador do Estado

ARNALDO BILTON JR.Procurador do Estado

ANA LUCIA C.FREIRE PIRES O. DIASProcuradora do Estado

____________________

ACÓRDÃO

LIMINAR – Medida cautelar fiscal pre-paratória ajuizada pela Fazenda do Estadode São Paulo – Procedimento visandoobstar dilapidação do patrimônio dedevedora do ICMS – Necessária demons-tração de bens alegadamente alienadosfraudulentamente e dos terceiros que te-riam participação dessa transação – Im-posição de obrigações não constantes daLei n. 8.397/92 – Impossibilidade – Ma-gistrado que deve limitar-se a deferir ounão a medida requerida – Recurso par-cialmente provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos deAI n. 362.222-5/2, da Comarca de São Paulo,sendo agravante Fazenda do Estado de SãoPaulo e agravados Ecafix Indústria e ComércioLtda. e Henrique Marin Munhoz Júnior.

Acordam, em Oitava Câmara de DireitoPúblico de “Janeiro/2004” do Tribunal de Jus-tiça do Estado de São Paulo, por votação unâ-nime, dar provimento parcial ao recurso.

Trata-se de agravo de instrumento tiradocontra a r. decisão xerocopiada às fls. que, nosautos da ação cautelar fiscal proposta pelaFazenda do Estado de São Paulo contra EcafixIndústria e Comércio Ltda. e Henrique MarinMunhoz Júnior, objetivando a decretação da

indisponibilidade dos bens dos requeridos etambém daqueles “eventualmente alienadosfraudulentamente a terceiros”, nos termos doartigo 4º, parágrafos 1º e 2º da Lei n. 8.397/92,determinou a requerente que emendasse a inicialda ação, bem como complementasse “adocumentação que a acompanhou, no prazo dedez dias, sob pena de indeferimento, para: a)atribuir correto valor à causa; b) indicar quemsão os terceiros em relação aos quais pretende aextensão dos efeitos da medida e quais os atospor eles praticados e que caracterizariam a fraudeà satisfação do crédito fazendário, comprovandoo alegado documentalmente, tal como exige oartigo 3º, II da Lei n. 8.397/92; c) informar osfundamentos fáticos que levaram à pretendidaresponsabilização do sócio nesta cautelar e nasexecuções fiscais que a ela pretende vincular,com a correspondente prova documental ajustificar o pedido; d) trazer cópias da certidãode dívida ativa dos créditos já constituídos, cujacobrança ainda pretende ajuizar; e) trazer aosautos certidão de inteiro teor de cada um dosexecutivos fiscais em curso contra a empresarequerida, indicando aqueles em que houvepedido e deferimento de inclusão de sócios,especificando em quais o Juízo já se encontragarantido ou há pagamento parcial, acordo ouembargos em curso, bem como informando osbens penhorados e se há depositário nomeado;f) indicar a quais processos pendentes pretendedistribuir a presente por dependência, uma vezque também dá à demanda caráter incidental; g)aferir corretamente o patrimônio da executada eo débito em aberto, não garantido ou suspenso,pelo qual pretende a concessão da tutela cautelar,e para tanto deve a requerente discriminar o atualpatrimônio da empresa, considerando o ativocirculante e o imobilizado, e o patrimônio dosócio, bem como anexar documento hábil acomprovar a existência do alegado patrimônioou de pesquisas feitas nesse sentido; h) com-provar documentalmente a existência dos bensque alega terem sido alienados em fraude à exe-cução e a existência de aludida transação irregu-lar; i) esclarecer se todas ou algumas das certi-dões de dívida ativa anexadas aos autos já sãoobjeto de cobrança judicial em andamento e, dasque não estão ajuizadas, se o caso, especificar o

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Peças e Julgados

número da certidão de dívida ativa, o valor docrédito, bem como anexar o respectivo título, seassim não procedeu; j) informar se todos ostítulos serão objeto de uma única execução fiscale, em caso positivo, o número da primeira certi-dão de dívida ativa, para eventual definição dacompetência interna para apreciação desta caute-lar; k) esclarecer se a autoridade fiscal procedeuao arrolamento de bens e direitos do sujeitopassivo, consoante dispõe o artigo 64 da Lei n.9.532/97 e, em caso negativo, justificar a opçãofeita, uma vez que o artigo 620 do Código deProcesso Civil determina que a cobrança execu-tiva se faça da forma menos gravosa para odevedor; l) demonstrar de forma cabal a remessae recebimento da notificação para pagamentodos débitos relacionados com a presente cautelar,atendendo, assim, ao disposto no artigo 3º, incisoII da Lei n. 8.397/92, postergando a apreciaçãoda medida liminar requerida.

Sustenta a agravante, em apertada síntese, oque segue: a ação foi ajuizada com fundamentono inciso VI, do artigo 2º, da Lei n. 8.397/92,tendo sido comprovada a ocorrência dessa si-tuação na inicial da demanda, bem como jun-tada a prova literal da constituição do créditofiscal, razão pela qual foram cumpridas asexigências constantes dos incisos I e II do artigo3º da mesma Lei. O conceito de “patrimônioconhecido”, constante do artigo 2º, inciso VI,retro mencionado, deve-se ter por satisfeito,uma vez que a documentação apresentadademonstra que os débitos existentes remontama 75% do patrimônio dos réus, incumbindo aosagravados a demonstração de que esse fato nãocorresponde à realidade. O juiz não pode esta-belecer condições que refogem completamenteàs hipóteses legalmente previstas, devendoapenas proferir decisão concessiva ou dene-gatória do pedido ofertado. A medida cautelarintentada tem caráter preparatório, e apenassubsidiariamente incidental, sendo incompre-ensível a determinação de providências quedeveriam ser tomadas em momento oportunoe futuro, e não antes da apreciação do pedidoprincipal. A cognição sumária do processocautelar não se coaduna com as amplas exi-gências de cunho comprobatório formuladas

pelo Juízo inferior, visando a impedir a corrosãode direito pelo decurso temporal. A cautelarfiscal promoverá tão-somente a indisponibi-lidade dos bens encontrados, relegando-se paramomento posterior as medidas de constriçãodo patrimônio devedor. O valor da causa nãoobedece ao parâmetro do artigo 259 do Códigode Processo Civil, em face da natureza do pro-cedimento intentado. Pede o provimento dorecurso, para que seja deferida a liminar da açãocautelar.

Formado o instrumento, dispensável a inti-mação dos agravados, por não representadosnos autos principais até o presente momento.

A antecipação da tutela recursal foi indefe-rida, concedendo-se, porém, em parte, opretendido efeito suspensivo ao recurso.

É o breve relatório.

A apreciação do recurso far-se-á pontual-mente, relativamente a cada um dos itens inseri-dos na decisão monocrática impugnada, deforma a permitir a exata compreensão das ques-tões postas em juízo e para que não se alegue,futuramente, eventual omissão do julgado.

Inicialmente, o valor da causa não comportaalteração. Em linha de princípio, no processocautelar esse não é o mesmo da demandaprincipal e deve corresponder ao benefíciopatrimonial pretendido pela requerente.

No caso sub examine, o que se busca é obtera indisponibilidade dos bens da empresa e dosócio devedores, cujos valores ainda não estãodevidamente definidos, devendo destarte pre-valecer o valor atribuído à causa pela agravante.

Deveras, não se subsume o caso vertente anenhuma das hipóteses elencadas no artigo 259do Código de Processo Civil. Assim, qualquervalor atribuído à causa seria aleatório, o queimplicaria, em tal caso, a substituição de umvalor estimado por outro igualmente estimado,não se podendo dizer que qualquer deles sejamais correto, ou que o valor atribuído à causade R$ 10.000,00 se mostre inadequado.

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Peças e Julgados

Já decidiu este E. Tribunal de Justiça que: “Naimpossibilidade de se aferir exatamente o valorpatrimonial discutido é de se manter a estimativafeita pelos autores” (AI n. 044.768-5/4, rel. Des.Paulo Shintate).

Não se fazia necessário “informar os funda-mentos fáticos que a levaram à pretendida res-ponsabilização do sócio nesta cautelar e nas exe-cuções fiscais que a ela pretende vincular, coma correspondente prova documental a justificaro pedido” (item c), uma vez que as razões pelasquais a requerente pretende responsabilizar osócio da empresa devedora estão expostas nainicial da ação, na qual expressamente invoca-dos os artigos 135, inciso III do Código Tribu-tário Nacional e 4º, inciso V e parágrafos 2º e3º da Lei n. 6.830/80, como fundamentos dareferida responsabilização.

Ademais, essa questão, e também aquelasrelativas a “trazer cópias da certidão de dívidaativa dos créditos já constituídos cuja cobrançaainda pretende ajuizar” (item d), “trazer aos autoscertidão de inteiro teor de cada um dosexecutivos fiscais em curso contra a empresarequerida, indicando aqueles em que houvepedido e deferimento de inclusão de sócios,especificando em quais o Juízo já se encontragarantido ou há pagamento parcial, acordo ouembargos em curso, bem como informando seos bens penhorados foram oferecidos pelaexecutada ou penhorados livremente pelo oficial,com menção a eventual substituição de penhorase há depositário nomeado” (item e) e “escla-recer se todas ou algumas das certidões da dívidaativa anexadas aos autos já são objeto decobrança judicial em andamento e, das que nãoestão ajuizadas, se o caso, especificar o númeroda certidão de dívida ativa, o valor do crédito,bem como anexar o respectivo título, se assimnão procedeu” (item i) são matérias sem maioresrelevâncias para o deslinde da pendência,passíveis de serem apresentadas no curso doprocesso e que não têm o condão de obstar aapreciação da medida liminar requerida, razãopela qual totalmente dispensáveis na espécie.

Na mesma senda, também as determinaçõespara a recorrente “indicar a quais processo

pendentes pretende distribuir a presente pordependência, uma vez que também dá à de-manda caráter incidental” (item f) e “informarse todos os títulos serão objeto de uma únicaexecução fiscal e, em caso positivo, o númeroda primeira certidão de dívida ativa, para even-tual definição da competência interna paraapreciação desta cautelar” (item j) não merecemremanescer.

Apesar de haver 46 execuções fiscais emcurso, as quais pretende a Fazenda incidental-mente ver garantidas ou com reforço da pe-nhora, a medida cautelar fiscal ajuizada tevecaráter essencialmente preparatório de umaúnica execução fiscal a ser proposta oportu-namente, afirmando textualmente a autora que“esta ação preparatória deverá ser posterior-mente vinculada à execução que será ajuizadano prazo do artigo 11 da Lei n. 8.397/92. Re-quer-se cumulativamente que os frutos das dili-gências aqui levadas a cabo sejam aproveita-dos, por economia, para garantia das execu-ções fiscais ajuizadas e ainda sem garantia parasubstituição e reforço das cobranças jágarantidas”.

Desta feita, não há que se falar em dis-tribuição por dependência, o que, aliás, depen-deria do reconhecimento de que cabível o pedi-do cumulativo expendido, e assim antecipaçãodo mérito, mostrando-se, ainda uma vez,dispensáveis as providências determinadas,podendo-se relegá-las para momento futuro,quando e se acolhida a pretensão da recorrente.

No que tange a se “aferir corretamente opatrimônio da executada e o débito em aberto,não garantido ou suspenso, pelo qual pretendea concessão da tutela cautelar e para tanto devea requerente discriminar o atual patrimônio daempresa, considerando o ativo circulante e oimobilizado, e o patrimônio do sócio, bemcomo anexar documento hábil a comprovar aexistência do alegado patrimônio ou de pes-quisas feitas nesse sentido” (item g), a docu-mentação colacionada às fls. mostra-se sufi-ciente à demonstração dos requisitos neces-sários ao deferimento da liminar pretendida,prescindindo-se da cabal comprovação do

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Peças e Julgados

direito invocado num juízo de cognição pri-mária, devendo-se postergar à fase instrutória,a se entender necessária, a apresentação demaiores elementos probatórios, com vistas aoacolhimento da lide.

Com efeito, o material apresentado pelarequerente junto à inicial da ação cautelar bas-tava à comprovação da relação entre os débi-tos existentes e o “patrimônio conhecido” dodevedor, sendo presumida verdadeira aquelaapuração, até que se demonstre o contrário, nãosendo exigível nesta oportunidade prova ro-busta a esse respeito.

Por outro lado, incabível a determinação deque deveria a Fazenda “esclarecer se a autorida-de fiscal procedeu ao arrolamento de bens edireitos do sujeito passivo, consoante dispõe oartigo 64 da Lei n. 9.532/97 e, em casonegativo, justificar a opção feita, uma vez queo artigo 620 do Código de Processo Civildetermina que a cobrança executiva se faça daforma menos gravosa para o devedor” (itemk), porquanto não incumbe à parte declinar asrazões pelas quais optou por determinadoprocedimento, inserindo-se nas atribuições doJuízo sentenciado o exame da adequação dorito escolhido, em face da pretensão esposada.

Não se há olvidar, ademais, a inexistência dequalquer prova nos autos a indicar que o pro-cedimento eleito pela requerente será necessa-riamente mais gravoso ao devedor, em ofensaao artigo 620 do Código de Processo Civil.

Do mesmo modo, mostra-se dispensável adeterminação de se “demonstrar de forma cabala remessa e recebimento da notificação parapagamento dos débitos relacionados com apresente cautelar, atendendo, assim, ao dispostono artigo 3º, inciso II da Lei n. 8.397/92” (item1), uma vez que a Fazenda ajuizou a medidacautelar fiscal com fundamento no artigo 2º,inciso VI da Lei supra citada, e não no inciso V,como quer fazer crer a decisão monocrática im-pugnada, sendo, pois, despicienda a compro-vação exigida.

Como bem alega a agravante em suas razõesde recurso, “(...) o inciso VI é uma das hipóteses

contempladas pela lei para concessão damedida cautelar fiscal. E o artigo subseqüente(art. 3º) determina que a concessão da medidacautelar fiscal só se verificará com o cum-primento de duas exigências, quais sejam, aprova literal da constituição do crédito fiscal ea prova documental de algum dos casos men-cionados no artigo antecedente”.

“Dito isto, observa-se que a Fazenda doEstado fez prova das duas situações elencadaspela lei como necessárias e suficientes paraconferir a obtenção do provimento judicial queconcede a cautelar fiscal (...)”.

Desta forma, também esse comando nãodeve prosperar.

Ora, se o magistrado entendia incabível atutela reclamada, deveria tê-la indeferido desdelogo, não se mostrando pertinente impor àrequerente obrigações desnecessárias e nãoprevistas em lei, para o deferimento do provi-mento jurisdicional invocado.

Apenas num ponto, contudo, a decisão mo-nocrática merece ser mantida.

As determinações para que a Fazenda viessea “indicar quem são os terceiros em relação aosquais pretende a extensão dos efeitos da medidae quais os atos por eles praticados e que carac-terizariam a fraude à satisfação do créditofazendário, comprovando o alegado documen-talmente, tal como exige o artigo 3º, II da Lein. 8.397/92” e ainda “comprovar documental-mente a existência dos bens que alega teremsido alienados em fraude à execução e a exis-tência de aludida transação irregular” mostram-se pertinentes à realidade apresentada na de-manda intentada.

Ora, na medida em que a agravante afirmaque “(...) a indisponibilidade deverá atingir,também, além dos bens já alienados em fraude,não se permitindo que terceiros, por sua vez,alienem os mesmos (...)”, ela deve indicarquem são os “terceiros” a que faz referência, ebem assim quais o bens alienados fraudulen-tamente, porquanto totalmente omissa a inicial

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Peças e Julgados

a esse respeito, não sendo possível a emissãode comando genérico acerca de fatos nãodemonstrados.

Daí porque se dá provimento parcial aorecurso, nos exatos termos supra assentados.

O julgamento teve a participação dos De-sembargadores Toledo Silva (Presidente) e JoséSantana, com votos vencedores.

São Paulo, 18 de fevereiro de 2004

CELSO BONILHARelator

____________________

ACÓRDÃO

AÇÃO CAUTELAR FISCAL – Medida cau-telar indeferida – Soma dos débitos inscritosou não em dívida ativa superior a 30% do patri-mônio conhecido do devedor – Existência deprova literal da constituição do crédito fiscal(art. 3º da Lei n. 8.397/92) – Agravo de ins-trumento provido para a concessão da liminar,alcançando a indisponibilidade dos bens dogerente, incluído no pólo passivo.

Vistos, relatados e discutidos estes autos deAI n. 383.336.5/6, da Comarca de São Paulo,sendo agravante Fazenda do Estado de SãoPaulo e agravados Ecafix – Indústria e Co-mércio Ltda. e outro.

Acordam, em Oitava Câmara “Julho/2004”de Direito Público do Tribunal de Justiça doEstado de São Paulo, por votação unânime, darprovimento ao recurso.

Trata-se de agravo de instrumento tirado con-tra a r. decisão xerocopiada às fls. que, nos autosda ação cautelar fiscal ajuizada pela Fazenda doEstado de São Paulo contra Ecafix Indústria eComércio Ltda. e Henrique Marin MunhozJúnior, objetivando a decretação de indispo-nibilidade dos bens dos requeridos, indeferiu aliminar pleiteada. Relata a agravante ter propostoação cautelar fiscal contra os agravados, comfundamento na Lei n. 8.397/92, com as

alterações da Lei n. 9.582/97, ficando compro-vado na diligência procedida pela fiscalizaçãoda Secretaria da Fazenda de São Paulo que opatrimônio conhecido da empresa requeridamontava em R$ 12.457.321,16, enquanto seusdébitos somavam R$ 9.174.505,23, corres-pondendo o passivo de ICMS a aproximadamentecerca de 75% de seu patrimônio. O patrimônioda pessoa jurídica é e será insuficiente paragarantir integralmente seus débitos; em dezem-bro do ano passado, tramitavam contra ela 47execuções fiscais, considerado o período desde1997; grande parte das execuções está arqui-vada, por não terem sido localizados bens penho-ráveis ou levados a leilão com sucesso. A cau-telar intentada tem por finalidade preservar aeficácia das execuções fiscais já em curso edaquelas que serão ajuizadas, encontrando bensna posse do devedor e dos responsáveis tribu-tários. Todos os requisitos para a concessão daliminar se encontravam presentes, mas o des-pacho impugnado houve por bem indeferir a pre-tensão. Sustenta, em síntese, que os créditostributários inadimplidos são certos e defini-tivamente constituídos e a dívida da empresa sóde ICMS já representa quase 75% do patrimônioconhecido. A medida acautelatória apenasimpedirá a executada de dispor livremente dosbens, estendendo-se aos bens do sócio essa indis-ponibilidade. A finalidade da cautelar é evitar-se o perigo da não percepção de seu crédito como contínuo endividamento da empresa.

Pediu que fosse imprimido efeito suspensivoativo ao recurso e o seu provimento.

Formado o instrumento, dispensável a inti-mação dos agravados para resposta.

É o relatório.

A medida cautelar fiscal está prevista naLei n. 8.397/92, podendo ser requerida contrao sujeito passivo de crédito tributário ou nãotributário, quando o devedor, dentre os casosenumerados neste dispositivo legal, possuidébitos inscritos ou não em dívida ativa, quesomados ultrapassam 30% de seu patrimônioconhecido.

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Peças e Julgados

Consoante dispõe o artigo 3º da aludida lei,para a concessão da medida cautelar fiscal éessencial a prova literal da constituição do cré-dito fiscal e a prova documental de algum doscasos mencionados no artigo antecedente.

No caso sub examine, a documentação queinstrui o agravo demonstra a existência de inú-meros créditos fiscais regularmente constituídos,havendo também elementos a indicar que odébito da empresa executada ultrapassa o limitede 30% de seu patrimônio conhecido. Comefeito, conforme se verifica do relatório de fls.,o balanço da empresa em 31.12.2002 dava contade um ativo da ordem de R$ 12.444.158,57, aopasso que a dívida da devedora, consideradosos débitos não inscritos e mais os inscritos nadívida ativa, alcançava o valor de R$9.174.505,23, valor esse correspondente a 75%do patrimônio conhecido.

No julgamento de anterior agravo de instru-mento interposto naquela mesma demanda prin-cipal (AI n. 362.222-5/2), já se havia anotadoque a documentação colacionada pela reque-rente junto à inicial da ação cautelar “bastava àcomprovação da relação entre os débitos exis-tentes e o ‘patrimônio conhecido’ do devedor,sendo presumida verdadeira aquela apuraçãoaté que se demonstre o contrário, não sendo

exigível nessa oportunidade prova robusta arespeito”.

Assim, estando a cautelar fiscal devidamenteinstruída e satisfeitos integralmente os requisitosnela previstos, era de rigor a concessão damedida liminar, alcançando a indisponibilidadeos bens do gerente, incluído no pólo passivo,que seria o responsável pelo cumprimento dasobrigações fiscais, a teor do que prescreve oartigo 4º, parágrafo 1º, letras “a” e “b” da Lein. 8.397/92.

Em suma, evidenciada a plausibilidade dodireito invocado pela agravante, num primeirojuízo de mera verossimilhança e o fundadoreceio de que seja frustrado o direito da Fazendado Estado em receber o seu crédito, a liminar émedida que se impõe.

Daí porque dá-se o provimento ao recursopara conceder a liminar, decretando a indis-ponibilidade dos bens dos agravados.

O julgamento teve a participação dos De-sembargadores Toledo Silva (Presidente) e JoséSantana, com votos vencedores.

São Paulo, 6 de outubro de 2004

CELSO BONILHARelator

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Peças e Julgados

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69B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):69-78, jan./fev. 2005

Ementário

Consultoria

1) Aposentados - Imposto de renda retido nafonte. Liminar em mandado de segurança. Cas-sação. Cobrança retroativa. Ilegalidade

Não é lícito à Fazenda Estadual cobrar retroati-vamente do próprio aposentado o Imposto de Ren-da que deveria ter sido retido na fonte (e recolhidoaos cofres estaduais, por força do artigo 157, I daConstituição da República), e não o foi em virtudede liminar concedida initio litis em ação manda-mental. Na hipótese, o pronunciamento do Juízo queobsta a retenção implica, de per si, ou que ocontribuinte recolha o Imposto de Renda à União,após declaração anual efetuada segundo as normasde regência (caso esteja impugnando a própria re-tenção), ou que o recolha por inteiro depois de revo-gada a decisão judicial, se tal ocorrer (caso o temaem debate seja isenção, imunidade ou qualquer outrahipótese de inexigibilidade do imposto) – valendolembrar que a relação tributária se dá entre ocontribuinte e a União, não entre o contribuinte e oEstado –, de sorte que nova cobrança, desta feitapelo Estado, resultaria em dupla oneração, e da partede quem não tem legitimidade para cobrar,procedimento esse que não encontra amparo naeficácia, conquanto retroativa, da decisão ulteriorque revoga a liminar. Em conseqüência, o máximoque se poderá reconhecer ao Estado – credor nãodo tributo, mas do produto da arrecadação do tributo– é o direito de demandar diretamente da União,observado o prazo prescricional, quantia equivalenteà que teria sido retida à época em que vigeu a liminar,com base no princípio que proíbe o enriquecimentosem causa. (Procuradoria Administrativa – ParecerPA n. 305/2004 – Parecerista Mauro de MedeirosKeller) Aprovado pelo PGE em 30.12.2004.

2) Assessoria Jurídica – Responsabilidade so-lidária. Impossibilidade

O Pleno retomou julgamento de mandado de se-gurança impetrado contra ato do Tribunal de Contasda União que determinara a audiência de procu-radores federais para apresentarem, como respon-sáveis, as respectivas razões de justificativas sobreocorrências apuradas na fiscalização de convênio

firmado pelo INSS, em razão da emissão de pare-ceres técnico-jurídicos no exercício profissional (...).Em voto-vista, o Ministro Gilmar Mendes,ressaltando a possibilidade de os procuradores seremouvidos em procedimento administrativo, a fim deelucidar eventuais dúvidas acerca de determinadoato administrativo, concedeu o writ por considerar,com base em precedente da Corte (MS n. 24.073/DF, DJU, de 31.10.2003), que os pareceres emquestão seriam, quando muito, meros atos deadministração consultiva, não havendo como seextrair dos mesmos a responsabilidade solidária pelamá execução do convênio ou pela falta de prestaçãode contas por parte do convenente. Após o voto doMinistro Eros Grau, acompanhando o MinistroGilmar Mendes, e do voto do Ministro Carlos Britto,acompanhando o relator, pediu vista dos autos oMinistro Cezar Peluso. (STF – MS n. 24.584/DF –Rel. Min. Marco Aurélio – j. 16.2.2005) InformativoSTF, n. 376, fev. 2005 – Disponível em:<www.stf.gov.br>.

3) Autarquia de Regime Especial (Faenquil) –Instituto isolado de ensino superior. Corpodocente

Inexistência de norma legal criando quadro depessoal. Passagem do regime celetista para o regi-me estatutário por opção do docente, conforme pre-visto em resolução da autarquia. Inconstitucio-nalidade da medida, conforme precedentes juris-prudenciais assentados pelo Supremo Tribunal Fe-deral e pelo Tribunal de Justiça do Estado de SãoPaulo. Nulidade das alterações de regime jurídicooperadas no seio da autarquia. A incorporação daFaenquil ao sistema estadual de ensino superior, nostermos do Projeto de Lei n. 630 de 2004 não sesobrepõe à nulidade precedente dos atos admi-nistrativos impugnados. A manutenção do regimejurídico dos servidores, assegurada no texto da alte-ração legislativa, pressupõe sua higidez jurídica.(Procuradoria Administrativa – Parecer PAn. 455/2004 – Parecerista Dora Maria deOliveira Ramos) Aprovado pelo PGE em27.12.2004.

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70 B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):69-78, jan./fev. 2005

Ementário

4) Cálculo de Contribuição – Acumulação deproventos. Base de cálculo e limite deimunidade

Consulta sobre a viabilidade de cálculo da contri-buição considerando-se, para fins de imunidade, cadaum dos proventos isoladamente ou a soma de todos.Parecer pela necessidade de somarem-se os valoresdos proventos acumulados, abatendo-se do resultadoo valor da imunidade constitucionalmente previsto etributando-se o excedente. (Procuradoria Adminis-trativa – Parecer PA n. 427/2004 – PareceristaAntonio Joaquim Ferreira Custódio) Aprovado peloPGE em 13.12.2004.

5) Contrato Administrativo – Revisão depreços. Possibilidade

Contrato de prestação de serviços firmado antesde 31 de outubro de 2003. Majoração da alíquotada Contribuição para o Financiamento da Seguri-dade Social (COFINS), pela Lei n. 10.833, de 29 dedezembro de 2003. Pedido da empresa contratadapara revisão dos preços pactuados, com fundamentono artigo 65, parágrafo 5º da Lei n. 8.666, de 21 dejunho de 1993. Proposta de indeferimento do pleito.Aplicação, ao caso, do artigo 10, inciso XI, alínea“c” da Lei n. 10.833/2003. Estipulação de reajusteperiódico do preço não descaracteriza sua“predeterminação”, como exigido na norma legal.(Procuradoria Administrativa – Parecer PA n. 461/2004 – Parecerista Dora Maria de Oliveira Ramos)Aprovado pelo PGE em 27.1.2005.

6) Licença-prêmio – Conversão em pecúnia.Incompetência

Pedido formulado por Delegado de Polícia ematividade, de conversão em pecúnia de período delicença-prêmio, nos termos do artigo único dasDisposições Transitórias da Lei Complementar n.857/99 e do artigo 1º do Decreto n. 48.750, de24.6.2004. Vedação legal. Incidência das conclusõessobre a aplicabilidade da Lei Complementarn. 857/99, contidas no Ofício Circular CRHEn. 11/99. Proposta de indeferimento do pedido. Pleitoque tem por objeto matéria não inserida na

competência delegada, pelo Decreto n. 48.750/2004,ao Secretário da Fazenda. Competência do CRH/SSP para a decisão do pedido. (Procuradoria Admi-nistrativa – Parecer PA n. 475/2004 – PareceristaMaria Lúcia Pereira Moióli) Aprovado pelo PGEem 27.1.2005.

7) Licença-prêmio – Falecimento. Indenização.Despesa pública

Indenização. Beneficiária viúva. Pretensão acolhidaem parte. Falecimento no curso do gozo dos trintadias. Período remanescente não passível de indeni-zação. Competência do Secretário da Fazenda.(Procuradoria Administrativa – Parecer PA n. 425/2004 – Parecerista Maria Beatriz Amaral SantosKöhnen) Aprovado pelo PGE em 28.1.2005.

8) Magistratura – Cumulação com magistério

O Tribunal, por maioria, referendou liminar concedidapelo Ministro Nelson Jobim, Presidente, em açãodireta ajuizada pela Associação dos Juízes Federaisdo Brasil (AJUFE), em face da Resolução n. 336/2003 do Conselho da Justiça Federal, para suspendera eficácia da expressão “único(a)” constante doartigo 1º da norma impugnada (Res. n. 336/2003:“Artigo 1º - Ao magistrado da Justiça Federal deprimeiro e segundo graus, ainda que em disponi-bilidade, é defeso o exercício de outro cargo oufunção, ressalvado(a) um(a) único(a) de magistério,público ou particular”). Entendeu-se que a fixaçãoou a imposição de que haja apenas uma “única”função de magistério não atende, a princípio, aoobjetivo da Constituição Federal que, ao usar naressalva constante do inciso I do parágrafo únicodo seu artigo 95 a expressão “uma de magistério”,visa apenas impedir que a cumulação autorizadaprejudique, em termos de horas destinadas aomagistério, o exercício da magistratura, sendo aquestão, portanto, de compatibilização de horários,a ser resolvida caso a caso. Vencidos, em parte,os Ministros Marco Aurélio e Carlos Britto, queindeferiam a liminar. (STF – ADI n. 3126MC/DF – Rel. Min. Gilmar Mendes) Informativon. 376, fev. 2005 – Disponível em: <www.stf.gov.br>.

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Ementário

9) Procurador do Estado – Designação paraprestar serviços no Gabinete. Pedido deincorporação de 1/10 aos vencimentos. Im-possibilidade

Vantagem pecuniária. Incorporação prevista noartigo 133 da Constituição Estadual. Procurador doEstado nível III, aposentado, que pleiteia aincorporação, com fundamento no artigo 133 daConstituição Estadual, de 1/10 (um décimo) dadiferença entre o número de quotas do cargo queera titular e o de Procurador do Estado assistente.O interessado não exerceu o cargo de Procuradordo Estado assistente propriamente dito, apenas foidesignado para prestar serviços no gabinete doProcurador Geral do Estado, em razão do que lheforam atribuídas o número de quotas do cargo deProcurador do Estado assistente. Situação fática quenão se enquadra nas disposições do artigo 133 daConstituição Estadual, do artigo 1º da Lei Comple-mentar n. 924/2002 e do artigo 2º, inciso III, alínea“a” do Decreto n. 35.200/92. Declaração deinconstitucionalidade, pelo Supremo TribunalFederal, do artigo 133 da Constituição Estadual,apenas na parte em que permite a incorporação “aqualquer título” de décimos da diferença entre aremuneração do cargo de que o servidor seja titulare a do cargo ou função que ele venha a exercer(EDRE n. 219.934/SP). Proposta de indeferimentodo pedido, por falta de embasamento constitucionale legal. (Procuradoria Administrativa – Parecer PAn. 430/2004 – Parecerista Maria Lúcia PereiraMoióli) Aprovado pelo PGE em 7.12.2004.

10) Servidores – Cartórios extrajudiciais.Aposentadoria

Os prepostos (escreventes e auxiliares) que conti-nuaram após a Lei federal n. 8.935, de 18.11.1994,submetidos ao regime jurídico estatutário ou especial,conservaram a condição de servidores públicos.Também o são os que optaram pela transformaçãode seu regime jurídico, mas tiveram assegurada aaposentadoria, de acordo com a legislação pre-cedente. Ambos sujeitam-se à aposentadoriacompulsória. Diversa a situação dos notários eoficiais de registro, bem como dos prepostosadmitidos após essa lei, pelo menos enquantoperdurar o entendimento expresso em decisão

cautelar da Suprema Corte na ADIN n. 2.602/MG.(Procuradoria Administrativa – Parecer PAn. 150/2004 – Parecerista Antonio Joaquim FerreiraCustódio) Aprovado pelo PGE Adjunto em3.12.2004.

11) Vantagens Pecuniárias – Diárias

Dúvida quanto à aplicabilidade do parágrafo 1º doartigo 5º do Decreto n. 48.292/2003, nas situaçõesde deslocamento do servidor que exige pernoite forada sede de exercício, sem que tenham ocorridogastos com pousada. Conclusões do Parecer PA-3n. 102/2000, que embora tenha analisado o assuntosob a vigência do Decreto n. 28.962/88, alteradopelo Decreto n. 34.664/92, permanecem válidas, emface da nova disciplina da matéria. Servidores, nahipótese dos autos, que fazem jus ao percebimentode diária integral, nos termos do referido dispositivoregulamentar. (Procuradoria Administrativa –Parecer PA n. 417/2004 – Parecerista Maria LúciaPereira Moióli) Aprovado pelo PGE em 4.1.2005.

12) Vantagens Pecuniárias – Pagamento dediárias

Vantagens pecuniárias. Diárias. Pedido depagamento de diárias, com base no Decreto n.28.962/88, com as alterações introduzidas peloDecreto n. 34.664/92, formulado por Carcereiro,classificado no DEINTER 2 – Campinas edesignado para ter exercício, no período de 9.5 a7.6.2003, na Cadeia Pública de Jundiaí.Preenchimento dos requisitos regulamentares.Deferimento do pedido. Ato jurídico perfeito,insuscetível de ser modificado pelo advento doDecreto n. 48.298/2003. Questão relativa ao cálculodo valor das diárias: se pela somatória de todas asdiárias devidas no período de designação ou pelocálculo mês a mês, suscitada pela CJ/SSP. Cálculodo valor das diárias deve ser feito mês a mês,conforme dedução lógica das disposições regula-mentares que estabelecem como base de cálculodo referido valor a retribuição mensal do servidorou policial militar. Proposta de oitiva da UCRHE,para fins de estabelecimento de orientação geral.(Procuradoria Administrativa – Parecer PAn. 418/2004 – Parecerista Maria Lúcia PereiraMoióli) Aprovado pelo PGE em 20.12.2004.

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Ementário

Contencioso

13) Administrativo – Agravo regimental. Pre-videnciário. Contagem de tempo de serviçode trabalhador rural menor de 14 anos. Ques-tão nova

A Turma manteve decisão do Superior Tribunal deJustiça que reconhecera o cômputo do tempo deserviço prestado por trabalhador rural menor dequatorze anos para fins previdenciários, indepen-dentemente do recolhimento das contribuiçõescorrespondentes a esse período. Considerou-se queo acórdão recorrido está em consonância com ajurisprudência do Supremo Tribunal Federal, nosentido de que a regra proibitiva de trabalho ao menor(CF, art. 8º, XXXIII) não deve ser interpretada emdetrimento deste. Por conseguinte, o recorrido fazjus aos benefícios previdenciários, ainda que decor-rentes de relação de trabalho declarada inválida, hajavista a inaplicabilidade de efeitos retroativos para ocaso de declaração de nulidade de contratos traba-lhistas. Precedentes citados: AGRAI n. 105.794/SP(DJU, de 2.5.1986); RE n. 104.654/SP (DJU, de25.4.1986). (STF – AI n. 529.694/RS – Rel. Min.Gilmar Mendes) Informativo, n. 376, fev. 2005 –Disponível em: <www.stf.gov.br>. A íntegra do votocondutor está na Seção Transcrições do Informativo.

14) Civil – Ação. Indenização. Danos morais emateriais. Incapaz

Em se tratando de ação proposta por pessoa incapaz(CC/1916, art. 5º) em face do Estado, as disposiçõesdo artigo 1º do Decreto n. 20.910/32 sofre a exceçãoprevista no artigo 169, I do referido código. Sendo opólo ativo da ação indenizatória composto por duaspessoas; uma, maior e capaz, e, a outra, absoluta-mente incapaz; a ressalva contida no artigo 169, Ido Código Civil de 1916 não aproveita à parte que,desde o tempo do fato violador do direito, tem plenacapacidade de fato e direito, se os direitos materiaisde ambas forem distintos, não obrigando a presençado litisconsórcio necessário. A Turma, prosseguindoo julgamento, conheceu do recurso e deu-lhe provi-mento. (STJ – RESP n. 203.631/SP – Rel. Min.João Otávio de Noronha, j. 3.2.2005) InformativoSTJ n. 234, de 1° a 4.2.2005.

15) Civil - Desapropriação. Execução provisó-ria contra a Fazenda Pública. Embargos opostospela Fazenda rejeitados. Decisão que negouseguimento aos recursos especial e extraor-dinário interpostos pela Fazenda ainda nãotransitada em julgado, impossibilitando a ex-pedição de precatório. Recurso improvido

É viável a execução provisória contra a FazendaPública, mas adstrita à expedição de precatório aotrânsito em julgado da decisão exeqüenda. Entre-tanto, no caso sub examine, como informam os agra-vantes, os embargos opostos pela Fazenda do Esta-do já foram rejeitados, razão pela qual, para a expe-dição do precatório, terão de aguardar o trânsito emjulgado da decisão, objeto do recurso especial. E dadecisão que nega seguimento aos recursos especiale extraordinário ainda cabe recurso de agravo deinstrumento (art. 544 do CPC), não havendo aqui aprova do trânsito em julgado a autorizar a expediçãode precatório. Daí porque negam provimento ao re-curso. (TJSP AI n. 326.173.5/4 – Rel. Celso Bonilha– j. 6.8.2003) Disponível em: <www.tj. sp.gov.br>.(Colaboração do Dr. Alexandre Moura de Souza)

16) Férias Coletivas – Emenda Constitucionaln. 45/2004. Prejudicialidade

Em virtude da superveniência da Emenda Consti-tucional n. 45/2004 que, ao incluir o inciso XII aoartigo 93 da Constituição Federal (“a atividade juris-dicional será ininterrupta, sendo vedado férias cole-tivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcio-nando, nos dias em que não houver expediente foren-se normal, juízes em plantão permanente;”), alterousubstancialmente o citado artigo que serviria de pa-drão de confronto com o ato impugnado, o Tribunaljulgou prejudicado pedido de ação direta de inconstitu-cionalidade ajuizado pela Associação dos Magistra-dos Brasileiros (AMB) contra o artigo 253 da Lein.. 12.342/94 do Estado do Ceará (Código de Divisãoe de Organização Judiciária), que restringe o direitodos magistrados de se ausentarem de suas comarcasdurante o período de férias coletivas. (STF – ADIn. 3085/CE – Rel. Min. Eros Grau) Informativo, n.376, fev. 2005 – Disponível em: <www.stf.gov.br>.

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Ementário

17) Precatório Complementar – Juros de mo-ra. Incidência, se o pagamento ocorre fora doprazo constitucional

É incabível a imposição de juros de mora e, a fortiori,precatório complementar para consagrá-los, caso opagamento do precatório originariamente expedidose realize no prazo constitucional (art. 100, § 1º daredação anterior à EC n. 30/2000), ou seja, o finaldo exercício seguinte ao da apresentação do mesmo.Desatendendo a Fazenda o mencionado prazo, apartir do dia seguinte ao término deste é que incidirãoos juros moratórios (1º de janeiro subseqüente). Oegrégio Superior Tribunal de Justiça havia firmadoentendimento no sentido da incidência de juros demora na conta de atualização de precatóriocomplementar. Entretanto, em 17.9.2002, a PrimeiraTurma do Colendo Supremo Tribunal Federal adotouposicionamento contrário, ao julgar o REn. 305.186-5/SP, assim decidindo: Constitucional.Crédito de natureza alimentar. Juros de mora entrea data da expedição do precatório e a do efetivopagamento. Constituição Federal, artigo 100,parágrafo 1º (redação anterior à EC n. 30/2000).Hipótese em que não incidem juros moratórios, porfalta de expressa previsão no Texto Constitucionale ante a constatação de que, ao observar o prazo aliestabelecido, a entidade de direito público não podeser tida por inadimplente (...). (STJ – RESPn. 649.282/SP – Rel. Min Luiz Fux) DJU, Seção 1,Boletim AASP, n. 2.401, jan. 2005. Disponível em:<www.stj.gov.br>.

18) Precatório – Pagamento. Dez parcelasiguais. Violação. Artigos 471 e 473 do Códigode Processo Civil

Em agravo de instrumento interposto quando dopagamento da primeira parcela do precatório, otribunal de origem definiu que o pagamento do débitoseria feito em dez prestações iguais, somente sendopossível a apuração de eventual saldo remanescente,oriundo de depósito inferior, ao final do pagamento.Ao dispor de maneira diversa, determinando acomplementação do depósito da segunda parcelaem agravo de instrumento posterior, a Corte a quoviolou os artigos 471 e 473 do Código de ProcessoCivil. (STJ – RESP n. 705.997/SP – Rel. Min. ElianaCalmon – j. 3.2.2005) Informativo STJ, n. 234, de1° a 4.2.2005.

19) Processo Civil – Decisão. Liminar. Manda-do de segurança. Recurso cabível. Agravo deinstrumento

A questão cinge-se ao cabimento ou não de agravode instrumento contra decisão que concede ouindefere liminar em mandado de segurança. A CorteEspecial, ao prosseguir o julgamento, decidiu, pormaioria, que, após o advento da Lei n. 9.139/1995,cabe agravo de instrumento contra a decisãoconcessiva ou indeferitória em liminar de mandadode segurança. Precedentes citados: RESP ns.258.131-SP, DJU, de 14.6.2004; 264.555/MG, DJU,de 19.2.2001 e 438.915/MG, DJU, de 17.2.2003.(STJ – ERESP n. 471.513/MG – Rel. originário Min.Fernando Gonçalves – Rel. para acórdão Min.Gilson Dipp – j. 2.2.2005) Informativo STJ, n. 234,de 1° a 4.2.2005.

20) Processo Civil – Execução. Título extraju-dicial. Apelação. Caráter Definitivo

A Corte Especial reafirmou ser definitiva a execuçãofundada em título extrajudicial (art. 587 do CPC),ainda que pendente a apreciação de apelaçãointerposta contra a decisão que julgou improcedentesos embargos à execução. Precedentes citados: REsp117.610-SP, DJ 6/10/1997; REsp 264.938-RJ, DJ28/5/2001; Ag 355.501-SP, DJ 11/6/2001; REsp109.499-RS, DJ 23/11/1998, e EREsp 195.742-SP,DJ 4/8/2003. (STJ – EREsp 440.823-RS, Rel. Min.Peçanha Martins – j. 2.2.2005) Informativo STJn. 234, de 1° a 4.2.2005.

21) Processo Civil – Embargos. Execução pro-visória. Fazenda Pública. Impossibilidade.Emenda Constitucional n. 30/2000, que deunova redação ao artigo 100 da Constituição daRepública. Prevalência do direito constitucio-nal superveniente. Artigo 462 do Código deProcesso Civil. Pagamento, mediante precató-rio, após o trânsito em julgado da decisão.Sentença de procedência confirmada, descons-tituindo o título executório. Recurso nãoprovido

A Fazenda do Estado de São Paulo ingressou comestes embargos à execução, envolvendo a ação

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Ementário

expropriatória ajuizada contra R.T. O reclamo daembargada improcede. Não há de se falar emfenômeno da preclusão, nem em malferição aoprincípio da irretroatividade da lei. O direito vigenteà época da decisão deve ser aplicado pelo magis-trado, ainda que posterior à propositura da ação,sempre que a lei nova não ressalte os efeitos da leianterior. Em que pese posicionamento diverso, quea apelante se esforça em sustentar, não se mostraviável a execução provisória contra a FazendaPública, presente o modelo constante do artigo 100da Constituição Federal, que estabelece a execuçãopor precatórios, a teor da Emenda Constitucional n.30. Com a nova redação do parágrafo 1º do artigo100, portanto, vislumbra-se, sem sombra de dúvida,que qualquer pagamento de débito deve ser feitomediante precatório, incluindo-se a correspondenteverba no orçamento da entidade de direito público.Daí porque a execução encontra-se desvestida desuporte legal. Enfim, inocorreu negativa de vigênciaao comando constitucional ou dispositivos dalegislação infraconstitucional. Nego provimento aorecurso. (TJSP – Apelação Cível n. 287.469.5/2 –Rel. Soares Lima – j. 17.10.2002) Disponível em:<www.tj.sp.gov.br>. (Colaboração do Dr. Ale-xandre Moura de Souza).

22) Recurso Especial – Alínea “a”. Tributário.ICMS. Isenção. Decreto estadual n. 40.643/96.Importação de máquinas e equipamentos porempresa prestadora de serviços. Pretendida

isenção do ICMS por equiparação a estabele-cimento industrial. Impossibilidade. Conces-são de isenções. Interpretação literal. Artigo111 do Código Tributário Nacional

A empresa recorrente, que se dedica à prestaçãode serviços de locação de bens móveis relacionadoscom diversões públicas, ajuizou ações cautelar eordinária, a fim de que lhe fosse reconhecido o direitoà isenção do ICMS prevista pelo Decreto estadualn. 40.643/96, em relação aos equipamentos por elaimportados e elencados na petição inicial. Preceituao artigo 111 do Código Tributário Nacional que“interpreta-se literalmente a legislação tributária quedisponha sobre a outorga de isenções”. O Decretoestadual n. 40.643/96, que aprovou os termos doConvênio n. 132/95, concedeu a isenção unicamentepara os estabelecimentos industriais. A circunstânciade que a Lei federal n. 4.502/64 que, para os finsnela previstos, tenha equiparado o estabelecimentoindustrial ao importador, em nada interfere na soluçãodada à presente demanda, ao contrário do quepretende a recorrente. O referido diploma normativofederal, que trata do extinto imposto sobre oconsumo, não serve de parâmetro para a concessãode isenções de imposto de competência estadual,em nome do primado da isenção autonômica, quesomente autoriza a cada ente federativo a concessãode isenções de tributos de sua competência. (STJ –RESP n. 329.328/SP – Rel. Min. Franciulli Netto)DJU, Seção 1, Boletim AASP, n. 2.401, jan. 2005 –Disponível em: <www.stj.gov.br>.

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Ementário

Assistência Judiciária

23) Civil – Direito de vizinhança. Nunciaçãode obra nova. Cumulação com pedido demoli-tório. Substituição da ordem de demolição porperdas e danos. Construção. Invasão do ter-reno vizinho. Loteamento popular. Má-fé. Au-sência. Admissibilidade

A demolição determinada pelo r. julgado mono-crático mostra-se medida radical no caso em tela,diante da constatação de que a construção erguidapelo réu, sem malícia, em área invadida de proprie-dade da autora, é sua moradia, classificada de pa-drão simples, segundo laudo pericial, e pratica-mente concluída. Tal medida causaria prejuízo aoréu muito superior ao sofrido pela autora. A soluçãomais equânime, portanto, é reparar o dano sofridopela autora em perdas e danos, cujos valores serãoapurados em liquidação por arbitramento, tomandopor base o valor da área invadida, somado ao daárea perdida e ao da desvalorização da área rema-nescente. (STAC – Ap. c/ Rev. n. 725.635-00/9 –Rel. Juiz Amorim Cantuária). Ementário n. 1, jan.2005 – Disponível em: <www.stac.sp.gov.br>.

24) Civil – Responsabilidade civil. Prisão combase em flagrante forjado. Confissão de outrodelito após espancamento por parte de poli-ciais. Imputação inverídica. Exposição à mídiae perda de emprego. Dano moral. Ocorrência

Prisão decretada com base em flagrante forjadode porte ilegal de arma de fogo, com sentençaabsolutória decretada. Espancamento durante otempo da prisão, para obtenção de confissão decrime de homicídio, que comoveu a comunidadecarioca. Oitivas de policiais apontados como auto-res dos fatos narrados pelo autor. Interesse jurídicodas testemunhas em verem afastada a responsa-bilidade estatal, para fugir da ação regressivacabível por força do artigo 37, parágrafo 6º daConstituição Federal. Indeferimento correto dasoitivas, com base no art. 405, parágrafo 3º, IV, doCódigo de Processo Civil. Improvimento do agravoretido. Exposição à mídia, perda de emprego ecerceio de liberdade com base em fatos que não

cometeu. Majoração da verba moral paraR$ 100.000,00 (cem mil reais), em homenagem aoprincípio da razoabilidade e proporcionalidade,quantum que compreende o dano à imagem, comcorreção monetária e juros de 0,5% (meio porcento) ao mês, a partir do fato lesivo, bem comolucro cessante, corrigido da data da sentença ejuros moratórios, a partir de cada vencimento.Verba honorária que merece reajuste para 20%(vinte por cento) do valor da condenação, tendoem conta o trabalho desenvolvido na causa. Provi-mento parcial do primeiro recurso para essas fina-lidades e improvimento do segundo. Unânime.(TJRJ - 3ª Câm. Cível – AC n. 2003.001.23660-RJ – Rel. Des. Murilo Andrade de Carvalho – j.2/3/2004 – v.u.).

25) Competência Recursal – Recursos do Jui-zado Especial Criminal. Julgamento pelasTurmas Recursais. Entendimento

A partir da edição do Provimento n. 806/03 doConselho Superior da Magistratura, que regula-mentou as Turmas Recursais dos Juizados Espe-ciais Criminais – criadas pelas Constituições Fede-ral e Estadual –, cessou a competência do Tribunalde Alçada Criminal para processar e julgar osrecursos interpostos contra decisões daquelesjuizados. Por exceção, não se aplica a perpetuatiojurisdictionis se o órgão judiciário for suprimidoou quando alterada sua competência em razão damatéria. (TACRIM – Apelação n. 1.381.681/1-SP– Rel. Euvaldo Chaid) Ementário n. 61, jan. 2005– Disponível em: <www.tacrim.sp.gov.br>.

26) Consumidor – Competência. Foro. Arren-damento mercantil. Leasing. Cláusula deeleição. Nulidade. Fundamento no Código deDefesa do Consumidor (Lei n. 8078/90). Pes-soa jurídica não qualificada como consumidora.Não reconhecimento

Tratando-se de pessoa jurídica empresária que,nessa qualidade, negociou aquisição de maquinário

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Ementário

para utilizá-lo na execução de suas atividadescomerciais, não se há caracterizá-la como desti-natária final, inexistindo relação de consumo amerecer proteção do Código de Defesa do Consu-midor. Assim, não se pode cogitar de nulidade decláusula de eleição de foro com fundamento nalegislação consumerista. (STAC – Ap. s/ Rev. n.814.307-00/0 – Rel. Juiz Andrade Neto) Emen-tário n. 1, jan. 2005. Disponível em: <www.stac.sp.gov.br>.

27) Estatuto da Criança e do Adolescente –Agente que submete criança sob sua guardae vigilância a vexame e constrangimento, de-vido ao excesso do meio empregado para cor-rigi-la. Configuração

Configura o delito previsto no artigo 232 da Lei n.8.069/90 a conduta do agente que submete criançasob sua guarda e vigilância a vexame e constran-gimento diante de seus companheiros de escola,devido ao excesso do meio empregado pelo agentepara corrigi-la. Tal conduta expõe a saúde física emental do menor a perigo concreto. (TACRIM –Apelação n. 1.433.637/6-SP – Rel. SalvadorD’Andréa) Ementário, n. 61, jan. 2005 – Disponívelem: <www.tacrim.sp.gov.br>.

28) Estatuto da Criança e do Adolescente –Descumprimento da matéria sócio-educativaaplicada pela prática do ato infracional, em tese,não sujeito à medida de internação e cometi-mento de novo ato infracional mediante graveameaça ou violência à pessoa, apurado em pro-cesso diverso. Substituição da medida aplicadapor outra de internação, com fundamento noartigo 113 do Estatuto da Criança e do Adoles-cente (Lei n. 8.069/90). Impossibilidade

A prática de ato infracional “mediante graveameaça ou violência a pessoa” ou a reiteração “nocometimento de outras infrações graves” (art. 122,I e II, respectivamente), embora justifiquem, persi – após o procedimento de apuração do ato infra-cional, com as garantias previstas –, a aplicaçãoda medida de internação de que trata o artigo 121,não servem para fundamentar a substituição da

medida já aplicada a ela de internação. De outrolado, descumprida a medida de semiliberdade poruma única vez, sequer caberia invocar a regressãoprevista no artigo 122, III, aplicável apenas àshipóteses de “descumprimento reiterado e injusti-ficado”. Também não há falar em “internação-substituição” com fundamento no artigo 113 da Lein. 8.069/90, tendo em vista que a substituição - nalinha da tese adotada no HC n. 74.715, 2ª Turma,relator Ministro Maurício Corrêa, DJU, de16.5.1997 – somente é aplicável quanto às medidasespecíficas de proteção (arts. 101 e 112, VII). (STF– HC n. 84.603/SP – Rel. Min. SepúlvedaPertence) Contribuição da Procuradoria Geral doEstado de São Paulo em Brasília.

29) Processual Civil - Alienação fiduciária.Prisão civil. Desconsideração do devedor co-mo depositário infiel. Precedente da CorteEspecial do Superior Tribunal de Justiça(EDRE n. 149.518). Descabimento

Está muito mais de acordo com o princípioconsagrado na Constituição Federal, que veda aprisão por dívidas em nosso país, a não ser noscasos dos devedores de alimentos e depositárioinfiel, o entendimento firmado pelo Egrégio Supe-rior Tribunal de Justiça, segundo o qual não cabe aimposição de prisão civil do devedor que descumprecontrato garantido por alienação fiduciária. Nessaóptica, a equiparação do devedor a depositáriodecorrente do Decreto-Lei n. 911/69 não pode maisprevalecer. (STAC – Ap. c/ Rev. n. 684.022-00/0– Rel. Juiz Sá Duarte) Ementário n. 1, jan. 2005 –Disponível em: <www.stac.sp.gov.br>.

30) Processual Civil – Assistência judiciária.Concessão. Pedido posterior à sentença.Retroação do benefício. Impossibilidade. Sub-sistência da condenação na verba honorária.Recurso desprovido

A concessão dos benefícios da justiça gratuita nãotem o condão de afastar a condenação ao paga-mento de honorários advocatícios da parte, vistoque os efeitos do deferimento operam-se ex nunc,vale dizer, a partir da decisão concessiva, não

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Ementário

alcançando atos pretéritos. (STAC – Ap. c/ Rev.n. 752.958-00/8 – Rel. Juiz Andreatta Rizzo)Ementário n. 1, jan. 2005 – Disponível em:<www.stac.sp.gov.br>.

31) Processual Civil – Perito. Salário. Depósi-to prévio. Requerimento da prova por ambasas partes. Autor beneficiário da assistênciajudiciária. Depósito da metade do salário.Imposição ao réu. Inadmissibilidade. Ônus doEstado. Reconhecimento

Sendo o autor beneficiário da gratuidade pro-cessual, dispensado está do adiantamento doshonorários periciais. Como a prova foi requeridapor ambas as partes, a verba honorária, emprincípio, deverá ser postulada ao Estado, uma vezque, nos termos do artigo 33 do Código de ProcessoCivil, não cabe ao réu o aludido adiantamento. Operito apresenta o trabalho e, com certidão, postulao recebimento do Estado, se vencido o autor, oucobra do réu, se este for o vencido. (STAC – AIn. 836.076-00/0 – Rel. Juiz Gil Coelho) Ementárion. 1, jan. 2005 – Disponível em: <www.stac.sp.gov.br>.

32) Processual Civil – Recurso. Apelação.Preparo. Deserção. Assistência judiciária. Pe-dido indeferido na sentença. Questão a serdiscutida em segundo grau

Tendo sido indeferida a concessão dos benefíciosda assistência judiciária gratuita na sentença, mos-tra-se razoável que o recurso de apelação inter-posto, no qual também está em debate essa ques-tão, seja processado sem o recolhimento do pre-

paro, viabilizando, assim, a apreciação da matériapelo Tribunal ad quem. (STAC – AI n. 858.651-00/2 – Rel. Juiz Gilberto dos Santos) Ementárion. 1, jan. 2005 – Disponível em: <www.stac.sp.gov.br>.

33) Processual Civil – Recurso especial.Porte ilegal e disparo de arma de fogo. Artigo61 da Lei n. 9.099/95 derrogado pelo pará-grafo único do artigo 2º da Lei n. 10.259/2001.Subsunção da pena privativa de liberdadeestabelecida no artigo 10 da Lei 9.437/97 aoconceito de crime de menor potencial ofen-sivo. Irrelevância da alternatividade ou comu-tatividade da pena de multa. Competência doJuizado Especial Criminal.

A Lei n. 10.259/2001, que instituiu os JuizadosEspeciais Criminais na Justiça Federal, por meiode seu artigo 2º, parágrafo único, ampliou o rol dosdelitos de menor potencial ofensivo, por via daelevação da pena máxima abstratamente cominadaao delito, não especificando as exceções previstasno artigo 61 da Lei n. 9.099/95. Devem ser consi-derados delitos de menor potencial ofensivo, paraefeito do artigo 61 da Lei n. 9.099/95, aqueles aque a lei comine pena máxima não superior a doisanos, ou somente pena de multa, sem exceção,conceito em que se subsume o crime em questão.O fato de, ao crime, ser cominada pena máximanão superior a dois anos e multa, não altera acompetência para o julgamento, devendo oaplicador do direito ater-se à mens legis do caso,e não ao celeuma em torno das partículas ou/eirrelevantes. Recurso desprovido. (STJ – RESPn. 623.617/SP – Rel. Min. Paulo Medina) Colabo-ração da Procuradoria Geral do Estado de SãoPaulo em Brasília.

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Ementário

PROCURADORAcesse o site www.saesp.sp.gov.br

e saiba mais sobre a política arquivística adotada peloEstado, propondo normas e procedimentos para a

organização de arquivos, bem com a produção,tramitação e eliminação de documentos.

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Legislação

Legislação Federal

Lei Complementar

CÓDIGO TRIBUTÁRIO – Alteração e Acréscimos de Dispositivos. Interpretação do inciso I doArtigo 168

LEI COMPLEMENTAR N. 118, DE 9 DE FEVEREIRO DE 2005

Altera e acrescenta dispositivos à Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966 – CódigoTributário Nacional, e dispõe sobre a interpretação do inciso I do artigo 168 da mesmaLei.

O Presidente da República. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono aseguinte Lei:

Artigo 1º - A Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, passa avigorar com as seguintes alterações:

“Artigo 133 - (...)

§ 1º - O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação judicial:

I - em processo de falência;

II - de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial.

§ 2º - Não se aplica o disposto no parágrafo 1º deste artigo quando o adquirente for:

I - sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada pelo devedorfalido ou em recuperação judicial;

II - parente, em linha reta ou colateral até o 4º (quarto) grau, consangüíneo ou afim, do devedorfalido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus sócios; ou

III - identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial com o objetivode fraudar a sucessão tributária.

§ 3º - Em processo da falência, o produto da alienação judicial de empresa, filial ou unidadeprodutiva isolada permanecerá em conta de depósito à disposição do juízo de falência peloprazo de 1 (um) ano, contado da data de alienação, somente podendo ser utilizado para opagamento de créditos extraconcursais ou de créditos que preferem ao tributário. (NR)

(...)

Artigo 155-A - (…)

(...)

§ 3º - Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários dodevedor em recuperação judicial.

§ 4º - A inexistência da lei específica a que se refere o parágrafo 3º deste artigo importa naaplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperaçãojudicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela leifederal específica. (NR)

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Legislação

(...)

Artigo 174 - (...)

Parágrafo único - (...)

I - pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (NR)

(...)

Artigo 185 - Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo,por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmenteinscrito como dívida ativa.

Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados,pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. (NR)

Artigo 186 - O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempode sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidentede trabalho.

Parágrafo único - Na falência:

I - o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis derestituição, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valordo bem gravado;

II - a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes dalegislação do trabalho; e

III - a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados. (NR)

Artigo 187 - A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ouhabilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento. (NR)

Artigo 188 - São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridosno curso do processo de falência. (NR)

(...)

Artigo 191 - A extinção das obrigações do falido requer prova de quitação de todos ostributos.” (NR)

Artigo 2º - A Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, passa avigorar acrescida dos seguintes artigos 185-A e 191-A:

“Artigo 185-A - Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentarbens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará aindisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meioeletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmenteao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercadode capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial.

§ 1º - A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor total exigível,devendo o juiz determinar o imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valoresque excederem esse limite.

§ 2º - Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o caput deste artigoenviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidadehouverem promovido.”

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Legislação

“Artigo 191-A - A concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova dequitação de todos os tributos, observado o disposto nos artigos 151, 205 e 206 desta Lei.”

Artigo 3º - Para efeito de interpretação do inciso I do artigo 168 da Lei n. 5.172, de 25 deoutubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso detributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata oparágrafo 1º do artigo 150 da referida Lei.

Artigo 4º - Esta Lei Complementar entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação,observado, quanto ao artigo 3º, o disposto no artigo 106, inciso I, da Lei n. 5.172, de 25 de outubrode 1966 – Código Tributário Nacional.

(DOU, Seção 1, Edição Extra, de 10.2.2005, p. 1)

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Leis Ordinárias

UNIVERSIDADE PARA TODOS – Programa. Instituição

LEI N. 11.096, DE 13 DE JANEIRO DE 2005

Institui o Programa Universidade para Todos – PROUNI, regula a atuação de entidadesbeneficentes de assistência social no ensino superior; altera a Lei n. 10.891, de 9 dejulho de 2004, e dá outras providências.

O Presidente da República. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono aseguinte Lei:

Artigo 1º - Fica instituído, sob a gestão do Ministério da Educação, o Programa Universidadepara Todos – PROUNI, destinado à concessão de bolsas de estudo integrais e bolsas de estudo parciaisde 50% (cinqüenta por cento) ou de 25% (vinte e cinco por cento) para estudantes de cursos degraduação e seqüenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior, com ousem fins lucrativos.

§ 1º - A bolsa de estudo integral será concedida a brasileiros não portadores de diploma decurso superior, cuja renda familiar mensal per capita não exceda o valor de até 1 (um) salário-mínimo e 1/2 (meio).

§ 2º - As bolsas de estudo parciais de 50% (cinqüenta por cento) ou de 25% (vinte e cinco porcento), cujos critérios de distribuição serão definidos em regulamento pelo Ministério da Educação,serão concedidas a brasileiros não-portadores de diploma de curso superior, cuja renda familiar mensalper capita não exceda o valor de até 3 (três) salários-mínimos, mediante critérios definidos peloMinistério da Educação.

§ 3º - Para os efeitos desta Lei, bolsa de estudo refere-se às semestralidades ou anuidadesescolares fixadas com base na Lei n. 9.870, de 23 de novembro de 1999.

§ 4º - Para os efeitos desta Lei, as bolsas de estudo parciais de 50% (cinqüenta por cento) ou de25% (vinte e cinco por cento) deverão ser concedidas, considerando-se todos os descontos regulares

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Legislação

e de caráter coletivo oferecidos pela instituição, inclusive aqueles dados em virtude do pagamentopontual das mensalidades.

Artigo 2º - A bolsa será destinada:

I - a estudante que tenha cursado o ensino médio completo em escola da rede pública ou eminstituições privadas na condição de bolsista integral;

II - a estudante portador de deficiência, nos termos da lei;

III - a professor da rede pública de ensino, para os cursos de licenciatura, normal superior epedagogia, destinados à formação do magistério da educação básica, independentemente da renda aque se referem os parágrafos 1º e 2º do artigo 1º desta Lei.

Parágrafo único - A manutenção da bolsa pelo beneficiário, observado o prazo máximo para aconclusão do curso de graduação ou seqüencial de formação específica, dependerá do cumprimentode requisitos de desempenho acadêmico, estabelecidos em normas expedidas pelo Ministério daEducação.

Artigo 3º - O estudante a ser beneficiado pelo PROUNI será pré-selecionado pelos resultados epelo perfil socioeconômico do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM ou outros critérios aserem definidos pelo Ministério da Educação, e, na etapa final, selecionado pela instituição de ensinosuperior, segundo seus próprios critérios, à qual competirá, também, aferir as informações prestadaspelo candidato.

Parágrafo único - O beneficiário do PROUNI responde legalmente pela veracidade e autentici-dade das informações socioeconômicas por ele prestadas.

Artigo 4º - Todos os alunos da instituição, inclusive os beneficiários do PROUNI, estarãoigualmente regidos pelas mesmas normas e regulamentos internos da instituição.

Artigo 5º - A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativosnão beneficente, poderá aderir ao PROUNI mediante assinatura de termo de adesão, cumprindo-lheoferecer, no mínimo, 1 (uma) bolsa integral para o equivalente a 10,7 (dez inteiros e sete décimos)estudantes regularmente pagantes e devidamente matriculados ao final do correspondente períodoletivo anterior, conforme regulamento a ser estabelecido pelo Ministério da Educação, excluído onúmero correspondente a bolsas integrais concedidas pelo PROUNI ou pela própria instituição, emcursos efetivamente nela instalados.

§ 1º - O termo de adesão terá prazo de vigência de 10 (dez) anos, contado da data de suaassinatura, renovável por iguais períodos e observado o disposto nesta Lei.

§ 2º - O termo de adesão poderá prever a permuta de bolsas entre cursos e turnos, restrita a1/5 (um quinto) das bolsas oferecidas para cada curso e cada turno.

§ 3º - A denúncia do termo de adesão, por iniciativa da instituição privada, não implicará ônuspara o Poder Público nem prejuízo para o estudante beneficiado pelo PROUNI, que gozará do benefícioconcedido até a conclusão do curso, respeitadas as normas internas da instituição, inclusivedisciplinares, e observado o disposto no artigo 4º desta Lei.

§ 4º - A instituição privada de ensino superior com fins lucrativos ou sem fins lucrativos nãobeneficente poderá, alternativamente, em substituição ao requisito previsto no caput deste artigo,oferecer 1 (uma) bolsa integral para cada 22 (vinte e dois) estudantes regularmente pagantes edevidamente matriculados em cursos efetivamente nela instalados, conforme regulamento a serestabelecido pelo Ministério da Educação, desde que ofereça, adicionalmente, quantidade de bolsas

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Legislação

parciais de 50% (cinqüenta por cento) ou de 25% (vinte e cinco por cento) na proporção necessáriapara que a soma dos benefícios concedidos na forma desta Lei atinja o equivalente a 8,5% (oitointeiros e cinco décimos por cento) da receita anual dos períodos letivos que já têm bolsistas doPROUNI, efetivamente recebida nos termos da Lei n. 9.870, de 23 de novembro de 1999, em cursosde graduação ou seqüencial de formação específica.

§ 5º - Para o ano de 2005, a instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou semfins lucrativos não beneficente, poderá:

I - aderir ao PROUNI mediante assinatura de termo de adesão, cumprindo-lhe oferecer, nomínimo, 1 (uma) bolsa integral para cada 9 (nove) estudantes regularmente pagantes e devidamentematriculados ao final do correspondente período letivo anterior, conforme regulamento a serestabelecido pelo Ministério da Educação, excluído o número correspondente a bolsas integraisconcedidas pelo PROUNI ou pela própria instituição, em cursos efetivamente nela instalados;

II - alternativamente, em substituição ao requisito previsto no inciso I deste parágrafo, oferecer1 (uma) bolsa integral para cada 19 (dezenove) estudantes regularmente pagantes e devidamentematriculados em cursos efetivamente nela instalados, conforme regulamento a ser estabelecido peloMinistério da Educação, desde que ofereça, adicionalmente, quantidade de bolsas parciais de 50%(cinqüenta por cento) ou de 25% (vinte e cinco por cento) na proporção necessária para que a somados benefícios concedidos na forma desta Lei atinja o equivalente a 10% (dez por cento) da receitaanual dos períodos letivos que já têm bolsistas do PROUNI, efetivamente recebida nos termos da Lein. 9.870, de 23 de novembro de 1999, em cursos de graduação ou seqüencial de formação específica.

§ 6º - Aplica-se o disposto no parágrafo 5º deste artigo às turmas iniciais de cada curso e turnoefetivamente instaladas a partir do 1º (primeiro) processo seletivo posterior à publicação desta Lei,até atingir as proporções estabelecidas para o conjunto dos estudantes de cursos de graduação eseqüencial de formação específica da instituição, e o disposto no caput e no parágrafo 4º deste artigoàs turmas iniciais de cada curso e turno efetivamente instaladas a partir do exercício de 2006, atéatingir as proporções estabelecidas para o conjunto dos estudantes de cursos de graduação e seqüencialde formação específica da instituição.

Artigo 6º - Assim que atingida a proporção estabelecida no parágrafo 6º do artigo 5º desta Lei,para o conjunto dos estudantes de cursos de graduação e seqüencial de formação específica dainstituição, sempre que a evasão dos estudantes beneficiados apresentar discrepância em relação àevasão dos demais estudantes matriculados, a instituição, a cada processo seletivo, oferecerá bolsasde estudo na proporção necessária para estabelecer aquela proporção.

Artigo 7º - As obrigações a serem cumpridas pela instituição de ensino superior serão previstasno termo de adesão ao PROUNI, no qual deverão constar as seguintes cláusulas necessárias:

I - proporção de bolsas de estudo oferecidas por curso, turno e unidade, respeitados os parâmetrosestabelecidos no artigo 5º desta Lei;

II - percentual de bolsas de estudo destinado à implementação de políticas afirmativas deacesso ao ensino superior de portadores de deficiência ou de autodeclarados indígenas e negros.

§ 1º - O percentual de que trata o inciso II do caput deste artigo deverá ser, no mínimo, igual aopercentual de cidadãos autodeclarados indígenas, pardos ou pretos, na respectiva unidade da Federação,segundo o último censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

§ 2º - No caso de não-preenchimento das vagas segundo os critérios do parágrafo 1º desteartigo, as vagas remanescentes deverão ser preenchidas por estudantes que se enquadrem em um doscritérios dos artigos 1º e 2º desta Lei.

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Legislação

§ 3º - As instituições de ensino superior que não gozam de autonomia ficam autorizadas aampliar, a partir da assinatura do termo de adesão, o número de vagas em seus cursos, no limite daproporção de bolsas integrais oferecidas por curso e turno, na forma do regulamento.

§ 4º - O Ministério da Educação desvinculará do PROUNI o curso considerado insuficiente,sem prejuízo do estudante já matriculado, segundo os critérios de desempenho do Sistema Nacionalde Avaliação da Educação Superior – SINAES, por 3 (três) avaliações consecutivas, situação em queas bolsas de estudo do curso desvinculado, nos processos seletivos seguintes, deverão ser redistribuídasproporcionalmente pelos demais cursos da instituição, respeitado o disposto no artigo 5º desta Lei.

§ 5º Será facultada, tendo prioridade os bolsistas do PROUNI, a estudantes dos cursos referidosno parágrafo 4º deste artigo a transferência para curso idêntico ou equivalente, oferecido por outrainstituição participante do Programa.

Artigo 8º - A instituição que aderir ao PROUNI ficará isenta dos seguintes impostos e contribui-ções no período de vigência do termo de adesão: (Vide Medida Provisória n. 235, de 2005*)

I - Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas;

II - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, instituída pela Lei n. 7.689, de 15 de dezembrode 1988;

III - Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social, instituída pela Lei Comple-mentar n. 70, de 30 de dezembro de 1991; e

IV - Contribuição para o Programa de Integração Social, instituída pela Lei Complementar n. 7,de 7 de setembro de 1970.

§ 1º - A isenção de que trata o caput deste artigo recairá sobre o lucro nas hipóteses dos incisosI e II do caput deste artigo, e sobre a receita auferida, nas hipóteses dos incisos III e IV do caput desteartigo, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduaçãoou cursos seqüenciais de formação específica.

§ 2º - A Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda disciplinará o disposto nesteartigo no prazo de 30 (trinta) dias.

Artigo 9º - O descumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão sujeita a instituiçãoàs seguintes penalidades:

I - restabelecimento do número de bolsas a serem oferecidas gratuitamente, que será determinado,a cada processo seletivo, sempre que a instituição descumprir o percentual estabelecido no artigo 5ºdesta Lei e que deverá ser suficiente para manter o percentual nele estabelecido, com acréscimo de1/5 (um quinto);

II - desvinculação do PROUNI, determinada em caso de reincidência, na hipótese de faltagrave, conforme dispuser o regulamento, sem prejuízo para os estudantes beneficiados e sem ônuspara o Poder Público.

§ 1º - As penas previstas no caput deste artigo serão aplicadas pelo Ministério da Educação,nos termos do disposto em regulamento, após a instauração de procedimento administrativo, asseguradoo contraditório e direito de defesa.

§ 2º - Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, a suspensão da isenção dos impostos econtribuições de que trata o artigo 8º desta Lei terá como termo inicial a data de ocorrência da faltaque deu causa à desvinculação do PROUNI, aplicando-se o disposto nos artigos 32 e 44 da Lein. 9.430, de 27 de dezembro de 1996, no que couber.

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Legislação

§ 3º - As penas previstas no caput deste artigo não poderão ser aplicadas quando o descumprimentodas obrigações assumidas se der em face de razões a que a instituição não deu causa.

Artigo 10 - A instituição de ensino superior, ainda que atue no ensino básico ou em áreadistinta da educação, somente poderá ser considerada entidade beneficente de assistência social seoferecer, no mínimo, 1 (uma) bolsa de estudo integral para estudante de curso de graduação ouseqüencial de formação específica, sem diploma de curso superior, enquadrado no parágrafo 1º doartigo 1º desta Lei, para cada 9 (nove) estudantes pagantes de cursos de graduação ou seqüencial deformação específica regulares da instituição, matriculados em cursos efetivamente instalados, e atenderàs demais exigências legais.

§ 1º - A instituição de que trata o caput deste artigo deverá aplicar anualmente, em gratuidade,pelo menos 20% (vinte por cento) da receita bruta proveniente da venda de serviços, acrescida dareceita decorrente de aplicações financeiras, de locação de bens, de venda de bens não integrantes doativo imobilizado e de doações particulares, respeitadas, quando couber, as normas que disciplinama atuação das entidades beneficentes de assistência social na área da saúde.

§ 2º - Para o cumprimento do que dispõe o parágrafo 1º deste artigo, serão contabilizadas, alémdas bolsas integrais de que trata o caput deste artigo, as bolsas parciais de 50% (cinqüenta por cento)ou de 25% (vinte e cinco por cento) para estudante enquadrado no parágrafo 2º do artigo 1º desta Leie a assistência social em programas não decorrentes de obrigações curriculares de ensino e pesquisa.

§ 3º - Aplica-se o disposto no caput deste artigo às turmas iniciais de cada curso e turnoefetivamente instalados a partir do 1o (primeiro) processo seletivo posterior à publicação desta Lei.

§ 4º - Assim que atingida a proporção estabelecida no caput deste artigo para o conjunto dosestudantes de cursos de graduação e seqüencial de formação específica da instituição, sempre que aevasão dos estudantes beneficiados apresentar discrepância em relação à evasão dos demais estudantesmatriculados, a instituição, a cada processo seletivo, oferecerá bolsas de estudo integrais na proporçãonecessária para restabelecer aquela proporção.

§ 5º - É permitida a permuta de bolsas entre cursos e turnos, restrita a 1/5 (um quinto) dasbolsas oferecidas para cada curso e cada turno.

Artigo 11 - As entidades beneficentes de assistência social que atuem no ensino superior poderão,mediante assinatura de termo de adesão no Ministério da Educação, adotar as regras do PROUNI,contidas nesta Lei, para seleção dos estudantes beneficiados com bolsas integrais e bolsas parciais de50% (cinqüenta por cento) ou de 25% (vinte e cinco por cento), em especial as regras previstas noartigo 3º e no inciso II do caput e parágrafos 1º e 2º do artigo 7º desta Lei, comprometendo-se, peloprazo de vigência do termo de adesão, limitado a 10 (dez) anos, renovável por iguais períodos, erespeitado o disposto no artigo 10 desta Lei, ao atendimento das seguintes condições:

I - oferecer 20% (vinte por cento), em gratuidade, de sua receita anual efetivamente recebidanos termos da Lei n. 9.870, de 23 de novembro de 1999, ficando dispensadas do cumprimento daexigência do parágrafo 1º do artigo 10 desta Lei, desde que sejam respeitadas, quando couber, asnormas que disciplinam a atuação das entidades beneficentes de assistência social na área da saúde;

II - para cumprimento do disposto no inciso I do caput deste artigo, a instituição:

a) deverá oferecer, no mínimo, 1 (uma) bolsa de estudo integral a estudante de curso degraduação ou seqüencial de formação específica, sem diploma de curso superior, enquadrado noparágrafo 1º do artigo 1º desta Lei, para cada 9 (nove) estudantes pagantes de curso de graduação ouseqüencial de formação específica regulares da instituição, matriculados em cursos efetivamenteinstalados, observado o disposto nos parágrafos 3º, 4º e 5º do artigo 10 desta Lei;

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Legislação

b) poderá contabilizar os valores gastos em bolsas integrais e parciais de 50% (cinqüenta porcento) ou de 25% (vinte e cinco por cento), destinadas a estudantes enquadrados no parágrafo 2º doartigo 1º desta Lei, e o montante direcionado para a assistência social em programas não decorrentesde obrigações curriculares de ensino e pesquisa;

III - gozar do benefício previsto no parágrafo 3º do artigo 7o desta Lei.

§ 1º - Compete ao Ministério da Educação verificar e informar aos demais órgãos interessadosa situação da entidade em relação ao cumprimento das exigências do PROUNI, sem prejuízo dascompetências da Secretaria da Receita Federal e do Ministério da Previdência Social.

§ 2º - As entidades beneficentes de assistência social que tiveram seus pedidos de renovaçãode Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social indeferidos, nos 2 (dois) últimos triênios,unicamente por não atenderem ao percentual mínimo de gratuidade exigido, que adotarem as regrasdo PROUNI, nos termos desta Lei, poderão, até 60 (sessenta) dias após a data de publicação destaLei, requerer ao Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS a concessão de novo Certificado deEntidade Beneficente de Assistência Social e, posteriormente, requerer ao Ministério da PrevidênciaSocial a isenção das contribuições de que trata o artigo 55 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991.

§ 3º - O Ministério da Previdência Social decidirá sobre o pedido de isenção da entidade queobtiver o Certificado na forma do caput deste artigo com efeitos a partir da edição da Medida Provisórian. 213, de 10 de setembro de 2004, cabendo à entidade comprovar ao Ministério da PrevidênciaSocial o efetivo cumprimento das obrigações assumidas, até o último dia do mês de abril subseqüentea cada um dos 3 (três) próximos exercícios fiscais.

§ 4º - Na hipótese de o CNAS não decidir sobre o pedido até o dia 31 de março de 2005, aentidade poderá formular ao Ministério da Previdência Social o pedido de isenção, independentementedo pronunciamento do CNAS, mediante apresentação de cópia do requerimento encaminhando aeste e do respectivo protocolo de recebimento.

§ 5º - Aplica-se, no que couber, ao pedido de isenção de que trata este artigo o disposto noartigo 55 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991.

Artigo 12 - Atendidas as condições socioeconômicas estabelecidas nos parágrafos 1º e 2º doartigo 1º desta Lei, as instituições que aderirem ao PROUNI ou adotarem suas regras de seleçãopoderão considerar como bolsistas do programa os trabalhadores da própria instituição e dependentesdestes que forem bolsistas em decorrência de convenção coletiva ou acordo trabalhista, até o limitede 10% (dez por cento) das bolsas PROUNI concedidas.

Artigo 13 - As pessoas jurídicas de direito privado, mantenedoras de instituições de ensinosuperior, sem fins lucrativos, que adotarem as regras de seleção de estudantes bolsistas a que serefere o artigo 11 desta Lei e que estejam no gozo da isenção da contribuição para a seguridade socialde que trata o parágrafo 7º do artigo 195 da Constituição Federal, que optarem, a partir da data depublicação desta Lei, por transformar sua natureza jurídica em sociedade de fins econômicos, naforma facultada pelo artigo 7º-A da Lei n. 9.131, de 24 de novembro de 1995, passarão a pagar aquota patronal para a previdência social de forma gradual, durante o prazo de 5 (cinco) anos, narazão de 20% (vinte por cento) do valor devido a cada ano, cumulativamente, até atingir o valorintegral das contribuições devidas.

Parágrafo único - A pessoa jurídica de direito privado transformada em sociedade de finseconômicos passará a pagar a contribuição previdenciária de que trata o caput deste artigo a partir do1º dia do mês de realização da assembléia geral que autorizar a transformação da sua natureza jurídica,respeitada a gradação correspondente ao respectivo ano.

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Legislação

Artigo 14 - Terão prioridade na distribuição dos recursos disponíveis no Fundo de Financiamentoao Estudante do Ensino Superior – FIES as instituições de direito privado que aderirem ao PROUNIna forma do artigo 5º desta Lei ou adotarem as regras de seleção de estudantes bolsistas a que serefere o artigo 11 desta Lei.

Artigo 15 - Para os fins desta Lei, o disposto no artigo 6º da Lei n. 10.522, de 19 de julho de2002, será exigido a partir do ano de 2006 de todas as instituições de ensino superior aderentes aoPROUNI, inclusive na vigência da Medida Provisória n. 213, de 10 de setembro de 2004.

Artigo 16 - O processo de deferimento do termo de adesão pelo Ministério da Educação, nostermos do artigo 5º desta Lei, será instruído com a estimativa da renúncia fiscal, no exercício dedeferimento e nos 2 (dois) subseqüentes, a ser usufruída pela respectiva instituição, na forma doartigo 9º desta Lei, bem como o demonstrativo da compensação da referida renúncia, do crescimentoda arrecadação de impostos e contribuições federais no mesmo segmento econômico ou da préviaredução de despesas de caráter continuado.

Parágrafo único - A evolução da arrecadação e da renúncia fiscal das instituições privadas deensino superior será acompanhada por grupo interministerial, composto por 1 (um) representante doMinistério da Educação, 1 (um) do Ministério da Fazenda e 1 (um) do Ministério da PrevidênciaSocial, que fornecerá os subsídios necessários à execução do disposto no caput deste artigo.

Artigo 17 - (Vetado).

Artigo 18 - O Poder Executivo dará, anualmente, ampla publicidade dos resultados do Programa.

Artigo 19 - Os termos de adesão firmados durante a vigência da Medida Provisória n. 213, de10 de setembro de 2004, ficam validados pelo prazo neles especificado, observado o disposto noparágrafo 4º e no caput do artigo 5º desta Lei.

Artigo 20 - O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei.

Artigo 21 - Os incisos I, II e VII do caput do artigo 3º da Lei n. 10.891, de 9 de julho de 2004,passam a vigorar com a seguinte redação:

“Artigo 3º - (...)

I - possuir idade mínima de 14 (quatorze) anos para a obtenção das Bolsas Atleta Nacional,Atleta Internacional Olímpico e Paraolímpico, e possuir idade mínima de 12 (doze) anos paraa obtenção da Bolsa-Atleta Estudantil;

II - estar vinculado a alguma entidade de prática desportiva, exceto os atletas que pleitearem aBolsa-Atleta Estudantil;

(...)

VII - estar regularmente matriculado em instituição de ensino pública ou privada, exclusivamentepara os atletas que pleitearem a Bolsa-Atleta Estudantil.” (NR)

Artigo 22 - O Anexo I da Lei n. 10.891, de 9 de julho de 2004, passa a vigorar com a alteraçãoconstante do Anexo I desta Lei.

Artigo 23 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

(DOU, Seção 1, de 14.1.2005, p. 7)

* O texto da Medida Provisória n. 235/2005 está publicado na página 135.

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Legislação

LEI DE FALÊNCIAS – Alteração

LEI N. 11.101, DE 9 DE FEVEREIRO DE 2005

Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedadeempresária.

O Presidente da República. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono aseguinte Lei:

CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Artigo 1º - Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência doempresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor.

Artigo 2º - Esta Lei não se aplica a:

I - empresa pública e sociedade de economia mista;

II - instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade deprevidência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora,sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.

Artigo 3º - É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir arecuperação judicial ou decretar a falência o Juízo do local do principal estabelecimento do devedorou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.

Artigo 4º - (Vetado)

CAPÍTULO II – DISPOSIÇÕES COMUNS À RECUPERAÇÃO JUDICIAL E À FALÊNCIA

Seção I – Disposições Gerais

Artigo 5º - Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência:

I - as obrigações a título gratuito;

II - as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência,salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor.

Artigo 6º - A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicialsuspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusiveaquelas dos credores particulares do sócio solidário.

§ 1º - Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandarquantia ilíquida.

§ 2º - É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificaçãode créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive asimpugnações a que se refere o artigo 8º desta Lei, serão processadas perante a justiça especializadaaté a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro geral de credores pelo valordeterminado em sentença.

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Legislação

§ 3º - O juiz competente para as ações referidas nos parágrafos 1º e 2º deste artigo poderádeterminar a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e,uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria.

§ 4º - Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótesenenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento doprocessamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credoresde iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial.

§ 5º - Aplica-se o disposto no parágrafo 2º deste artigo à recuperação judicial durante o períodode suspensão de que trata o parágrafo 4º deste artigo, mas, após o fim da suspensão, as execuçõestrabalhistas poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja inscrito no quadrogeral de credores.

§ 6º - Independentemente da verificação periódica perante os cartórios de distribuição, asações que venham a ser propostas contra o devedor deverão ser comunicadas ao Juízo da falência ouda recuperação judicial:

I - pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial;

II - pelo devedor, imediatamente após a citação.

§ 7º - As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperaçãojudicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e dalegislação ordinária específica.

§ 8º - A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição paraqualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor.

Seção II – Da Verificação e da Habilitação de Créditos

Artigo 7º - A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base noslivros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe foremapresentados pelos credores, podendo contar com o auxílio de profissionais ou empresasespecializadas.

§ 1º - Publicado o edital previsto no artigo 52, parágrafo 1º, ou no parágrafo único do artigo 99desta Lei, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suashabilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados.

§ 2º - O administrador judicial, com base nas informações e documentos colhidos na forma docaput e do parágrafo 1º deste artigo, fará publicar edital contendo a relação de credores no prazo de45 (quarenta e cinco) dias, contado do fim do prazo do parágrafo 1o deste artigo, devendo indicar olocal, o horário e o prazo comum em que as pessoas indicadas no artigo 8º desta Lei terão acesso aosdocumentos que fundamentaram a elaboração dessa relação.

Artigo 8º - No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no artigo 7º,parágrafo 2º, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o MinistérioPúblico podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausênciade qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação decrédito relacionado.

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Legislação

Parágrafo único - Autuada em separado, a impugnação será processada nos termos dos artigos13 a 15 desta Lei

Artigo 9º - A habilitação de crédito realizada pelo credor nos termos do artigo 7º, parágrafo 1º,desta Lei deverá conter:

I - o nome, o endereço do credor e o endereço em que receberá comunicação de qualquer atodo processo;

II - o valor do crédito, atualizado até a data da decretação da falência ou do pedido de recuperaçãojudicial, sua origem e classificação;

III - os documentos comprobatórios do crédito e a indicação das demais provas a seremproduzidas;

IV - a indicação da garantia prestada pelo devedor, se houver, e o respectivo instrumento;

V - a especificação do objeto da garantia que estiver na posse do credor.

Parágrafo único - Os títulos e documentos que legitimam os créditos deverão ser exibidos nooriginal ou por cópias autenticadas se estiverem juntados em outro processo.

Artigo 10 - Não observado o prazo estipulado no artigo 7º, parágrafo 1º, desta Lei, as habilitaçõesde crédito serão recebidas como retardatárias.

§ 1º - Na recuperação judicial, os titulares de créditos retardatários, excetuados os titulares decréditos derivados da relação de trabalho, não terão direito a voto nas deliberações da assembléiageral de credores.

§ 2º - Aplica-se o disposto no parágrafo 1o deste artigo ao processo de falência, salvo se, nadata da realização da assembléia geral, já houver sido homologado o quadro geral de credores contendoo crédito retardatário.

§ 3º - Na falência, os créditos retardatários perderão o direito a rateios eventualmente realizadose ficarão sujeitos ao pagamento de custas, não se computando os acessórios compreendidos entre otérmino do prazo e a data do pedido de habilitação.

§ 4º - Na hipótese prevista no parágrafo 3º deste artigo, o credor poderá requerer a reserva devalor para satisfação de seu crédito.

§ 5º - As habilitações de crédito retardatárias, se apresentadas antes da homologação do quadrogeral de credores, serão recebidas como impugnação e processadas na forma dos artigos 13 a 15desta Lei.

§ 6º - Após a homologação do quadro geral de credores, aqueles que não habilitaram seucrédito poderão, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de ProcessoCivil, requerer ao juízo da falência ou da recuperação judicial a retificação do quadro geral parainclusão do respectivo crédito.

Artigo 11 - Os credores cujos créditos forem impugnados serão intimados para contestar aimpugnação, no prazo de 5 (cinco) dias, juntando os documentos que tiverem e indicando outrasprovas que reputem necessárias.

Artigo 12 - Transcorrido o prazo do artigo 11 desta Lei, o devedor e o Comitê, se houver, serãointimados pelo juiz para se manifestar sobre ela no prazo comum de 5 (cinco) dias.

Parágrafo único - Findo o prazo a que se refere o caput deste artigo, o administrador judicialserá intimado pelo juiz para emitir parecer no prazo de 5 (cinco) dias, devendo juntar à sua manifestação

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Legislação

o laudo elaborado pelo profissional ou empresa especializada, se for o caso, e todas as informaçõesexistentes nos livros fiscais e demais documentos do devedor acerca do crédito, constante ou não darelação de credores, objeto da impugnação.

Artigo 13 - A impugnação será dirigida ao juiz por meio de petição, instruída com os documentosque tiver o impugnante, o qual indicará as provas consideradas necessárias.

Parágrafo único - Cada impugnação será autuada em separado, com os documentos a elarelativos, mas terão uma só autuação as diversas impugnações versando sobre o mesmo crédito.

Artigo 14 - Caso não haja impugnações, o juiz homologará, como quadro geral de credores, arelação dos credores constante do edital de que trata o artigo 7º, parágrafo 2º, desta Lei, dispensadaa publicação de que trata o artigo 18 desta Lei.

Artigo 15 - Transcorridos os prazos previstos nos artigos 11 e 12 desta Lei, os autos deimpugnação serão conclusos ao juiz, que:

I - determinará a inclusão no quadro geral de credores das habilitações de créditos nãoimpugnadas, no valor constante da relação referida no parágrafo 2º do artigo 7º desta Lei;

II - julgará as impugnações que entender suficientemente esclarecidas pelas alegações e provasapresentadas pelas partes, mencionando, de cada crédito, o valor e a classificação;

III - fixará, em cada uma das restantes impugnações, os aspectos controvertidos e decidirá asquestões processuais pendentes;

IV - determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento,se necessário.

Artigo 16 - O juiz determinará, para fins de rateio, a reserva de valor para satisfação do créditoimpugnado.

Parágrafo único - Sendo parcial, a impugnação não impedirá o pagamento da parte incontroversa.

Artigo 17 - Da decisão judicial sobre a impugnação caberá agravo.

Parágrafo único - Recebido o agravo, o relator poderá conceder efeito suspensivo à decisãoque reconhece o crédito ou determinar a inscrição ou modificação do seu valor ou classificação noquadro geral de credores, para fins de exercício de direito de voto em assembléia geral.

Artigo 18 - O administrador judicial será responsável pela consolidação do quadro geral decredores, a ser homologado pelo juiz, com base na relação dos credores a que se refere o artigo 7º,parágrafo 2º, desta Lei e nas decisões proferidas nas impugnações oferecidas.

Parágrafo único - O quadro geral, assinado pelo juiz e pelo administrador judicial, mencionaráa importância e a classificação de cada crédito na data do requerimento da recuperação judicial ou dadecretação da falência, será juntado aos autos e publicado no órgão oficial, no prazo de 5 (cinco)dias, contado da data da sentença que houver julgado as impugnações.

Artigo 19 - O administrador judicial, o Comitê, qualquer credor ou o representante do MinistérioPúblico poderá, até o encerramento da recuperação judicial ou da falência, observado, no que couber,o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, pedir a exclusão, outra classificaçãoou a retificação de qualquer crédito, nos casos de descoberta de falsidade, dolo, simulação, fraude,erro essencial ou, ainda, documentos ignorados na época do julgamento do crédito ou da inclusão noquadro geral de credores.

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Legislação

§ 1º - A ação prevista neste artigo será proposta exclusivamente perante o Juízo da recuperaçãojudicial ou da falência ou, nas hipóteses previstas no artigo 6º, parágrafos 1º e 2º, desta Lei, peranteo Juízo que tenha originariamente reconhecido o crédito.

§ 2º - Proposta a ação de que trata este artigo, o pagamento ao titular do crédito por ela atingidosomente poderá ser realizado mediante a prestação de caução no mesmo valor do crédito questionado.

Artigo 20 - As habilitações dos credores particulares do sócio ilimitadamente responsávelprocessar-se-ão de acordo com as disposições desta Seção.

Seção III – Do Administrador Judicial e do Comitê de Credores

Artigo 21 - O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado,economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada.

Parágrafo único - Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á, notermo de que trata o artigo 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do processode falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz.

Artigo 22 - Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além deoutros deveres que esta Lei lhe impõe:

I - na recuperação judicial e na falência:

a) enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o inciso III do caputdo artigo 51, o inciso III do caput do artigo 99 ou o inciso II do caput do artigo 105 desta Lei,comunicando a data do pedido de recuperação judicial ou da decretação da falência, a natureza, ovalor e a classificação dada ao crédito;

b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores interessados;

c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem defundamento nas habilitações e impugnações de créditos;

d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer informações;

e) elaborar a relação de credores de que trata o parágrafo 2º do artigo 7º desta Lei;

f) consolidar o quadro geral de credores nos termos do artigo 18 desta Lei;

g) requerer ao juiz convocação da assembléia geral de credores nos casos previstos nesta Leiou quando entender necessária sua ouvida para a tomada de decisões;

h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas para, quandonecessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções;

i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei;

II - na recuperação judicial:

a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial;

b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano derecuperação;

c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor;

d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o inciso III docaput do artigo 63 desta Lei;

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Legislação

III - na falência:

a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à sua disposiçãoos livros e documentos do falido;

b) examinar a escrituração do devedor;

c) relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa falida;

d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não for assuntode interesse da massa;

e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo de compromisso,prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias que conduziram à situaçãode falência, no qual apontará a responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o dispostono artigo 186 desta Lei;

f) arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de arrecadação, nos termosdos artigos 108 e 110 desta Lei;

g) avaliar os bens arrecadados;h) contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, para a avaliação

dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a tarefa;i) praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos credores;j) requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou sujeitos a considerável

desvalorização ou de conservação arriscada ou dispendiosa, nos termos do artigo 113 desta Lei;

l) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a cobrança de dívidas edar a respectiva quitação;

m) remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens apenhados, penhoradosou legalmente retidos;

n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado, cujos honoráriosserão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de Credores;

o) requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o cumprimento destaLei, a proteção da massa ou a eficiência da administração;

p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10º (décimo) dia do mês seguinte ao vencido,conta demonstrativa da administração, que especifique com clareza a receita e a despesa;

q) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu poder, sob pena deresponsabilidade;

r) prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou renunciar ao cargo.§ 1º - As remunerações dos auxiliares do administrador judicial serão fixadas pelo juiz, que

considerará a complexidade dos trabalhos a serem executados e os valores praticados no mercadopara o desempenho de atividades semelhantes.

§ 2º - Na hipótese da alínea “d” do inciso I do caput deste artigo, se houver recusa, o juiz, arequerimento do administrador judicial, intimará aquelas pessoas para que compareçam à sede doJuízo, sob pena de desobediência, oportunidade em que as interrogará na presença do administradorjudicial, tomando seus depoimentos por escrito.

§ 3º - Na falência, o administrador judicial não poderá, sem autorização judicial, após ouvidoso Comitê e o devedor no prazo comum de 2 (dois) dias, transigir sobre obrigações e direitos da massafalida e conceder abatimento de dívidas, ainda que sejam consideradas de difícil recebimento.

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Legislação

§ 4º - Se o relatório de que trata a alínea “e” do inciso III do caput deste artigo apontarresponsabilidade penal de qualquer dos envolvidos, o Ministério Público será intimado para tomarconhecimento de seu teor.

Artigo 23 - O administrador judicial que não apresentar, no prazo estabelecido, suas contas ouqualquer dos relatórios previstos nesta Lei será intimado pessoalmente a fazê-lo no prazo de 5 (cinco)dias, sob pena de desobediência.

Parágrafo único - Decorrido o prazo do caput deste artigo, o juiz destituirá o administradorjudicial e nomeará substituto para elaborar relatórios ou organizar as contas, explicitando asresponsabilidades de seu antecessor.

Artigo 24 - O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administradorjudicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho eos valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes.

§ 1º - Em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5% (cinco porcento) do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dosbens na falência.

§ 2º - Será reservado 40% (quarenta por cento) do montante devido ao administrador judicialpara pagamento após atendimento do previsto nos artigos 154 e 155 desta Lei.

§ 3º - O administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao trabalhorealizado, salvo se renunciar sem relevante razão ou for destituído de suas funções por desídia,culpa, dolo ou descumprimento das obrigações fixadas nesta Lei, hipóteses em que não terá direito àremuneração.

§ 4º - Também não terá direito a remuneração o administrador que tiver suas contasdesaprovadas.

Artigo 25 - Caberá ao devedor ou à massa falida arcar com as despesas relativas à remuneraçãodo administrador judicial e das pessoas eventualmente contratadas para auxiliá-lo.

Artigo 26 - O Comitê de Credores será constituído por deliberação de qualquer das classes decredores na assembléia geral e terá a seguinte composição:

I - 1 (um) representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 (dois) suplentes;

II - 1 (um) representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ouprivilégios especiais, com 2 (dois) suplentes;

III - 1 (um) representante indicado pela classe de credores quirografários e com privilégiosgerais, com 2 (dois) suplentes.

§ 1º - A falta de indicação de representante por quaisquer das classes não prejudicará aconstituição do Comitê, que poderá funcionar com número inferior ao previsto no caput deste artigo

§ 2º - O juiz determinará, mediante requerimento subscrito por credores que representem amaioria dos créditos de uma classe, independentemente da realização de assembléia:

I - a nomeação do representante e dos suplentes da respectiva classe ainda não representada noComitê; ou

II - a substituição do representante ou dos suplentes da respectiva classe.

§ 3º - Caberá aos próprios membros do Comitê indicar, entre eles, quem irá presidi-lo.

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Legislação

Artigo 27 - O Comitê de Credores terá as seguintes atribuições, além de outras previstas nesta Lei:

I - na recuperação judicial e na falência:

a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial;

b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei;

c) comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos credores;

d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados;

e) requerer ao juiz a convocação da assembléia geral de credores;

f) manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei;

II - na recuperação judicial:

a) fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 (trinta) dias,relatório de sua situação;

b) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial;

c) submeter à autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor nas hipótesesprevistas nesta Lei, a alienação de bens do ativo permanente, a constituição de ônus reais e outrasgarantias, bem como atos de endividamento necessários à continuação da atividade empresarialdurante o período que antecede a aprovação do plano de recuperação judicial.

§ 1º - As decisões do Comitê, tomadas por maioria, serão consignadas em livro de atas, rubricadopelo juízo, que ficará à disposição do administrador judicial, dos credores e do devedor.

§ 2º - Caso não seja possível a obtenção de maioria em deliberação do Comitê, o impasse seráresolvido pelo administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, pelo juiz.

Artigo 28 - Não havendo Comitê de Credores, caberá ao administrador judicial ou, naincompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuições.

Artigo 29 - Os membros do Comitê não terão sua remuneração custeada pelo devedor ou pelamassa falida, mas as despesas realizadas para a realização de ato previsto nesta Lei, se devidamentecomprovadas e com a autorização do juiz, serão ressarcidas atendendo às disponibilidades de caixa.

Artigo 30 - Não poderá integrar o Comitê ou exercer as funções de administrador judicialquem, nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício do cargo de administrador judicial ou de membro doComitê em falência ou recuperação judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas dentrodos prazos legais ou teve a prestação de contas desaprovada.

§ 1º - Ficará também impedido de integrar o Comitê ou exercer a função de administradorjudicial quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o 3º (terceiro) grau com o devedor, seusadministradores, controladores ou representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente.

§ 2º - O devedor, qualquer credor ou o Ministério Público poderá requerer ao juiz a substituiçãodo administrador judicial ou dos membros do Comitê nomeados em desobediência aos preceitosdesta Lei.

§ 3º - O juiz decidirá, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, sobre o requerimento do parágrafo2º deste artigo

Artigo 31 - O juiz, de ofício ou a requerimento fundamentado de qualquer interessado, poderádeterminar a destituição do administrador judicial ou de quaisquer dos membros do Comitê de Credores

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Legislação

quando verificar desobediência aos preceitos desta Lei, descumprimento de deveres, omissão,negligência ou prática de ato lesivo às atividades do devedor ou a terceiros.

§ 1º - No ato de destituição, o juiz nomeará novo administrador judicial ou convocará ossuplentes para recompor o Comitê.

§ 2º - Na falência, o administrador judicial substituído prestará contas no prazo de 10 (dez)dias, nos termos dos parágrafos 1º a 6º do artigo 154 desta Lei.

Artigo 32 - O administrador judicial e os membros do Comitê responderão pelos prejuízoscausados à massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa, devendo o dissidente emdeliberação do Comitê consignar sua discordância em ata para eximir-se da responsabilidade.

Artigo 33 - O administrador judicial e os membros do Comitê de Credores, logo que nomeados,serão intimados pessoalmente para, em 48 (quarenta e oito) horas, assinar, na sede do juízo, o termode compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo e assumir todas as responsabilidades a eleinerentes.

Artigo 34 - Não assinado o termo de compromisso no prazo previsto no artigo 33 desta Lei, ojuiz nomeará outro administrador judicial.

Seção IV – Da Assembléia Geral de Credores

Artigo 35 - A assembléia geral de credores terá por atribuições deliberar sobre:

I - na recuperação judicial:

a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelodevedor;

b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição;

c) (Vetado)

d) o pedido de desistência do devedor, nos termos do parágrafo 4º do artigo 52 desta Lei;

e) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor;

f) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores;

II - na falência:a) (Vetado)b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição;c) a adoção de outras modalidades de realização do ativo, na forma do artigo 145 desta Lei;d) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores.

Artigo 36 - A assembléia geral de credores será convocada pelo juiz por edital publicado noórgão oficial e em jornais de grande circulação nas localidades da sede e filiais, com antecedênciamínima de 15 (quinze) dias, o qual conterá:

I - local, data e hora da assembléia em 1ª (primeira) e em 2ª (segunda) convocação, não podendoesta ser realizada menos de 5 (cinco) dias depois da 1ª (primeira);

II - a ordem do dia;

III - local onde os credores poderão, se for o caso, obter cópia do plano de recuperação judiciala ser submetido à deliberação da assembléia.

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Legislação

§ 1º - Cópia do aviso de convocação da assembléia deverá ser afixada de forma ostensiva nasede e filiais do devedor.

§ 2º - Além dos casos expressamente previstos nesta Lei, credores que representem no mínimo25% (vinte e cinco por cento) do valor total dos créditos de uma determinada classe poderão requererao juiz a convocação de assembléia geral.

§ 3º - As despesas com a convocação e a realização da assembléia geral correm por conta dodevedor ou da massa falida, salvo se convocada em virtude de requerimento do Comitê de Credoresou na hipótese do parágrafo 2º deste artigo

Artigo 37 - A assembléia será presidida pelo administrador judicial, que designará 1 (um)secretário dentre os credores presentes.

§ 1º - Nas deliberações sobre o afastamento do administrador judicial ou em outras em quehaja incompatibilidade deste, a assembléia será presidida pelo credor presente que seja titular domaior crédito.

§ 2º - A assembléia instalar-se-á, em 1ª (primeira) convocação, com a presença de credorestitulares de mais da metade dos créditos de cada classe, computados pelo valor, e, em 2ª (segunda)convocação, com qualquer número.

§ 3º - Para participar da assembléia, cada credor deverá assinar a lista de presença, que seráencerrada no momento da instalação.

§ 4º - O credor poderá ser representado na assembléia geral por mandatário ou representantelegal, desde que entregue ao administrador judicial, até 24 (vinte e quatro) horas antes da data previstano aviso de convocação, documento hábil que comprove seus poderes ou a indicação das folhas dosautos do processo em que se encontre o documento.

§ 5º - Os sindicatos de trabalhadores poderão representar seus associados titulares de créditosderivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de trabalho que não comparecerem,pessoalmente ou por procurador, à assembléia.

§ 6º - Para exercer a prerrogativa prevista no parágrafo 5º deste artigo, o sindicato deverá:

I - apresentar ao administrador judicial, até 10 (dez) dias antes da assembléia, a relação dosassociados que pretende representar, e o trabalhador que conste da relação de mais de um sindicatodeverá esclarecer, até 24 (vinte e quatro) horas antes da assembléia, qual sindicato o representa, sobpena de não ser representado em assembléia por nenhum deles; e

II - (Vetado)

§ 7º - Do ocorrido na assembléia, lavrar-se-á ata que conterá o nome dos presentes e as assinaturasdo presidente, do devedor e de 2 (dois) membros de cada uma das classes votantes, e que seráentregue ao juiz, juntamente com a lista de presença, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.

Artigo 38 - O voto do credor será proporcional ao valor de seu crédito, ressalvado, nasdeliberações sobre o plano de recuperação judicial, o disposto no parágrafo 2º do artigo 45 desta Lei.

Parágrafo único - Na recuperação judicial, para fins exclusivos de votação em assembléiageral, o crédito em moeda estrangeira será convertido para moeda nacional pelo câmbio da vésperada data de realização da assembléia.

Artigo 39 - Terão direito a voto na assembléia geral as pessoas arroladas no quadro geral decredores ou, na sua falta, na relação de credores apresentada pelo administrador judicial na forma do

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Legislação

artigo 7º, parágrafo 2º, desta Lei, ou, ainda, na falta desta, na relação apresentada pelo próprio devedornos termos dos artigos 51, incisos III e IV do caput, 99, inciso III do caput, ou 105, inciso II do caput,desta Lei, acrescidas, em qualquer caso, das que estejam habilitadas na data da realização da assembléiaou que tenham créditos admitidos ou alterados por decisão judicial, inclusive as que tenham obtidoreserva de importâncias, observado o disposto nos parágrafos 1º e 2º do artigo 10 desta Lei.

§ 1º - Não terão direito a voto e não serão considerados para fins de verificação do quorum deinstalação e de deliberação os titulares de créditos excetuados na forma dos parágrafos 3º e 4º doartigo 49 desta Lei.

§ 2º - As deliberações da assembléia geral não serão invalidadas em razão de posterior decisãojudicial acerca da existência, quantificação ou classificação de créditos.

§ 3º - No caso de posterior invalidação de deliberação da assembléia, ficam resguardados osdireitos de terceiros de boa-fé, respondendo os credores que aprovarem a deliberação pelos prejuízoscomprovados causados por dolo ou culpa.

Artigo 40 - Não será deferido provimento liminar, de caráter cautelar ou antecipatório dosefeitos da tutela, para a suspensão ou adiamento da assembléia geral de credores em razão de pendênciade discussão acerca da existência, da quantificação ou da classificação de créditos.

Artigo 41 - A assembléia geral será composta pelas seguintes classes de credores:

I - titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes detrabalho;

II - titulares de créditos com garantia real;

III - titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ousubordinados.

§ 1º - Os titulares de créditos derivados da legislação do trabalho votam com a classe previstano inciso I do caput deste artigo com o total de seu crédito, independentemente do valor.

§ 2º - Os titulares de créditos com garantia real votam com a classe prevista no inciso II docaput deste artigo até o limite do valor do bem gravado e com a classe prevista no inciso III do caputdeste artigo pelo restante do valor de seu crédito.

Artigo 42 - Considerar-se-á aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de credores querepresentem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembléia-geral, exceto nasdeliberações sobre o plano de recuperação judicial nos termos da alínea “a” do inciso I do caput doartigo 35 desta Lei, a composição do Comitê de Credores ou forma alternativa de realização do ativonos termos do artigo 145 desta Lei.

Artigo 43 - Os sócios do devedor, bem como as sociedades coligadas, controladoras, controladasou as que tenham sócio ou acionista com participação superior a 10% (dez por cento) do capitalsocial do devedor ou em que o devedor ou algum de seus sócios detenham participação superior a10% (dez por cento) do capital social, poderão participar da assembléia geral de credores, sem terdireito a voto e não serão considerados para fins de verificação do quorum de instalação e dedeliberação.

Parágrafo único - O disposto neste artigo também se aplica ao cônjuge ou parente, consangüíneoou afim, colateral até o 2º (segundo) grau, ascendente ou descendente do devedor, de administrador,do sócio controlador, de membro dos conselhos consultivo, fiscal ou semelhantes da sociedadedevedora e à sociedade em que quaisquer dessas pessoas exerçam essas funções.

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Legislação

Artigo 44 - Na escolha dos representantes de cada classe no Comitê de Credores, somente osrespectivos membros poderão votar.

Artigo 45 - Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de credoresreferidas no artigo 41 desta Lei deverão aprovar a proposta.

§ 1º - Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do artigo 41 desta Lei, a propostadeverá ser aprovada por credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentesà assembléia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes.

§ 2º - Na classe prevista no inciso I do artigo 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada pelamaioria simples dos credores presentes, independentemente do valor de seu crédito.

§ 3º - O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação dequorum de deliberação se o plano de recuperação judicial não alterar o valor ou as condições originaisde pagamento de seu crédito.

Artigo 46 - A aprovação de forma alternativa de realização do ativo na falência, prevista noartigo 145 desta Lei, dependerá do voto favorável de credores que representem 2/3 (dois terços) doscréditos presentes à assembléia.

CAPÍTULO III – DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Seção I – Disposições Gerais

Artigo 47 - A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de criseeconômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do empregodos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, suafunção social e o estímulo à atividade econômica.

Artigo 48 - Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido,exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos,cumulativamente:

I - não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, asresponsabilidades daí decorrentes;

II - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;III - não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no

plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo;IV - não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa

condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.Parágrafo único - A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente,

herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente.

Artigo 49 - Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido,ainda que não vencidos.

§ 1º - Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégioscontra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso.

§ 2º - As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições originalmentecontratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se de modo diversoficar estabelecido no plano de recuperação judicial.

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Legislação

§ 3º - Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ouimóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivoscontratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporaçõesimobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não sesubmeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisae as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante oprazo de suspensão a que se refere o parágrafo 4º do artigo 6º desta Lei, a venda ou a retirada doestabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial.

§ 4º - Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se refere o incisoII do artigo 86 desta Lei.

§ 5º - Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito, direitos creditórios,aplicações financeiras ou valores mobiliários, poderão ser substituídas ou renovadas as garantiasliquidadas ou vencidas durante a recuperação judicial e, enquanto não renovadas ou substituídas, ovalor eventualmente recebido em pagamento das garantias permanecerá em conta vinculada duranteo período de suspensão de que trata o parágrafo 4º do artigo 6º desta Lei.

Artigo 50 - Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cadacaso, dentre outros:

I - concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ouvincendas;

II - cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiáriaintegral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislaçãovigente;

III - alteração do controle societário;IV - substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus

órgãos administrativos;V - concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de

veto em relação às matérias que o plano especificar;VI - aumento de capital social;VII - trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos

próprios empregados;VIII - redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou

convenção coletiva;IX - dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de

garantia própria ou de terceiro;X - constituição de sociedade de credores;XI - venda parcial dos bens;XII - equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como

termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aoscontratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica;

XIII - usufruto da empresa;XIV - administração compartilhada;XV - emissão de valores mobiliários;

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Legislação

XVI - constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento doscréditos, os ativos do devedor.

§ 1º - Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituiçãosomente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia.

§ 2º - Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será conservada como parâmetrode indexação da correspondente obrigação e só poderá ser afastada se o credor titular do respectivocrédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação judicial.

Seção II – Do Pedido e do Processamento da Recuperação Judicial

Artigo 51 - A petição inicial de recuperação judicial será instruída com:

I - a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da criseeconômico-financeira;

II - as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadasespecialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societáriaaplicável e compostas obrigatoriamente de:

a) balanço patrimonial;

b) demonstração de resultados acumulados;

c) demonstração do resultado desde o último exercício social;

d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;

III - a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou dedar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado docrédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registroscontábeis de cada transação pendente;

IV - a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários,indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e adiscriminação dos valores pendentes de pagamento;

V - certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivoatualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores;

VI - a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor;

VII - os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicaçõesfinanceiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores,emitidos pelas respectivas instituições financeiras;

VIII - certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedore naquelas onde possui filial;

IX - a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure comoparte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados.

§ 1º - Os documentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares, na forma e nosuporte previstos em lei, permanecerão à disposição do juízo, do administrador judicial e, medianteautorização judicial, de qualquer interessado.

§ 2º - Com relação à exigência prevista no inciso II do caput deste artigo, as microempresas eempresas de pequeno porte poderão apresentar livros e escrituração contábil simplificados nos termosda legislação específica.

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Legislação

§ 3º - O juiz poderá determinar o depósito em cartório dos documentos a que se referem osparágrafos 1º e 2º deste artigo ou de cópia destes.

Artigo 52 - Estando em termos a documentação exigida no artigo 51 desta Lei, o juiz deferiráo processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato:

I - nomeará o administrador judicial, observado o disposto no artigo 21 desta Lei;

II - determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor exerçasuas atividades, exceto para contratação com o Poder Público ou para recebimento de benefícios ouincentivos fiscais ou creditícios, observando o disposto no artigo 69 desta Lei;

III - ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na forma do artigo6º desta Lei, permanecendo os respectivos autos no Juízo onde se processam, ressalvadas as açõesprevistas nos parágrafos 1º, 2º e 7º do artigo 6º desta Lei e as relativas a créditos excetuados na formados parágrafos 3º e 4º do artigo 49 desta Lei;

IV - determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto perdurara recuperação judicial, sob pena de destituição de seus administradores;

V - ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas PúblicasFederal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento.

§ 1º - O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial, que conterá:

I - o resumo do pedido do devedor e da decisão que defere o processamento da recuperaçãojudicial;

II - a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor atualizado e a classificação decada crédito;

III - a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na forma do artigo 7º,parágrafo 1º, desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao plano de recuperação judicialapresentado pelo devedor nos termos do artigo 55 desta Lei.

§ 2º - Deferido o processamento da recuperação judicial, os credores poderão, a qualquertempo, requerer a convocação de assembléia geral para a constituição do Comitê de Credores ousubstituição de seus membros, observado o disposto no parágrafo 2º do artigo 36 desta Lei.

§ 3º - No caso do inciso III do caput deste artigo, caberá ao devedor comunicar a suspensãoaos juízos competentes.

§ 4º - O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial após o deferimento deseu processamento, salvo se obtiver aprovação da desistência na assembléia geral de credores.

Seção III – Do Plano de Recuperação Judicial

Artigo 53 - O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazoimprorrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento darecuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e deverá conter:

I - discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme oartigo 50 desta Lei, e seu resumo;

II - demonstração de sua viabilidade econômica; e

III - laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito porprofissional legalmente habilitado ou empresa especializada.

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Legislação

Parágrafo único - O juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos credores sobre orecebimento do plano de recuperação e fixando o prazo para a manifestação de eventuais objeções,observado o artigo 55 desta Lei.

Artigo 54 - O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) anopara pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes detrabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial.

Parágrafo único - O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias para opagamento, até o limite de 5 (cinco) salários mínimos por trabalhador, dos créditos de naturezaestritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao pedido de recuperação judicial.

Seção IV – Do Procedimento de Recuperação Judicial

Artigo 55 - Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de recuperaçãojudicial no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da relação de credores de que trata oparágrafo 2º do artigo 7º desta Lei.

Parágrafo único - Caso, na data da publicação da relação de que trata o caput deste artigo, nãotenha sido publicado o aviso previsto no artigo 53, parágrafo único, desta Lei, contar-se-á da publicaçãodeste o prazo para as objeções.

Artigo 56 - Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, o juizconvocará a assembléia geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação.

§ 1º - A data designada para a realização da assembléia geral não excederá 150 (cento ecinqüenta) dias contados do deferimento do processamento da recuperação judicial.

§ 2º - A assembléia geral que aprovar o plano de recuperação judicial poderá indicar os membrosdo Comitê de Credores, na forma do artigo 26 desta Lei, se já não estiver constituído.

§ 3º - O plano de recuperação judicial poderá sofrer alterações na assembléia geral, desde quehaja expressa concordância do devedor e em termos que não impliquem diminuição dos direitosexclusivamente dos credores ausentes.

§ 4º - Rejeitado o plano de recuperação pela assembléia geral de credores, o juiz decretará afalência do devedor.

Artigo 57 - Após a juntada aos autos do plano aprovado pela assembléia geral de credores oudecorrido o prazo previsto no artigo 55 desta Lei sem objeção de credores, o devedor apresentarácertidões negativas de débitos tributários nos termos dos artigos 151, 205, 206 da Lei n. 5.172, de 25de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional.

Artigo 58 - Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial dodevedor cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do artigo 55 desta Lei ou tenhasido aprovado pela assembléia geral de credores na forma do artigo 45 desta Lei.

§ 1º - O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não obteve aprovaçãona forma do artigo 45 desta Lei, desde que, na mesma assembléia, tenha obtido, de forma cumulativa:

I - o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditospresentes à assembléia, independentemente de classes;

II - a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos do artigo 45 desta Lei ou, casohaja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma) delas;

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Legislação

III - na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores,computados na forma dos parágrafos 1o e 2o do artigo 45 desta Lei.

§ 2º - A recuperação judicial somente poderá ser concedida com base no parágrafo 1º desteartigo se o plano não implicar tratamento diferenciado entre os credores da classe que o houverrejeitado.

Artigo 59 - O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido,e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o dispostono parágrafo 1º do artigo 50 desta Lei.

§ 1º - A decisão judicial que conceder a recuperação judicial constituirá título executivo judicial,nos termos do artigo 584, inciso III, do caput da Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código deProcesso Civil.

§ 2º - Contra a decisão que conceder a recuperação judicial caberá agravo, que poderá serinterposto por qualquer credor e pelo Ministério Público.

Artigo 60 - Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de filiaisou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado o dispostono artigo 142 desta Lei.

Parágrafo único - O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão doarrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, observado o disposto noparágrafo 1º do artigo 141 desta Lei.

Artigo 61 - Proferida a decisão prevista no artigo 58 desta Lei, o devedor permanecerá emrecuperação judicial até que se cumpram todas as obrigações previstas no plano que se vencerem até2 (dois) anos depois da concessão da recuperação judicial.

§ 1º - Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento de qualquerobrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência, nos termos doartigo 73 desta Lei.

§ 2º - Decretada a falência, os credores terão reconstituídos seus direitos e garantias nas condiçõesoriginalmente contratadas, deduzidos os valores eventualmente pagos e ressalvados os atosvalidamente praticados no âmbito da recuperação judicial.

Artigo 62 - Após o período previsto no artigo 61 desta Lei, no caso de descumprimento dequalquer obrigação prevista no plano de recuperação judicial, qualquer credor poderá requerer aexecução específica ou a falência com base no artigo 94 desta Lei.

Artigo 63 - Cumpridas as obrigações vencidas no prazo previsto no caput do artigo 61 destaLei, o juiz decretará por sentença o encerramento da recuperação judicial e determinará:

I - o pagamento do saldo de honorários ao administrador judicial, somente podendo efetuar aquitação dessas obrigações mediante prestação de contas, no prazo de 30 (trinta) dias, e aprovaçãodo relatório previsto no inciso III do caput deste artigo;

II - a apuração do saldo das custas judiciais a serem recolhidas;

III - a apresentação de relatório circunstanciado do administrador judicial, no prazo máximo de15 (quinze) dias, versando sobre a execução do plano de recuperação pelo devedor;

IV - a dissolução do Comitê de Credores e a exoneração do administrador judicial;

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Legislação

V - a comunicação ao Registro Público de Empresas para as providências cabíveis.

Artigo 64 - Durante o procedimento de recuperação judicial, o devedor ou seus administradoresserão mantidos na condução da atividade empresarial, sob fiscalização do Comitê, se houver, e doadministrador judicial, salvo se qualquer deles:

I - houver sido condenado em sentença penal transitada em julgado por crime cometido emrecuperação judicial ou falência anteriores ou por crime contra o patrimônio, a economia popular oua ordem econômica previstos na legislação vigente;

II - houver indícios veementes de ter cometido crime previsto nesta Lei;

III - houver agido com dolo, simulação ou fraude contra os interesses de seus credores;

IV - houver praticado qualquer das seguintes condutas:

a) efetuar gastos pessoais manifestamente excessivos em relação a sua situação patrimonial;

b) efetuar despesas injustificáveis por sua natureza ou vulto, em relação ao capital ou gênerodo negócio, ao movimento das operações e a outras circunstâncias análogas;

c) descapitalizar injustificadamente a empresa ou realizar operações prejudiciais ao seufuncionamento regular;

d) simular ou omitir créditos ao apresentar a relação de que trata o inciso III do caput do artigo51 desta Lei, sem relevante razão de direito ou amparo de decisão judicial;

V - negar-se a prestar informações solicitadas pelo administrador judicial ou pelos demaismembros do Comitê;

VI - tiver seu afastamento previsto no plano de recuperação judicial.

Parágrafo único - Verificada qualquer das hipóteses do caput deste artigo, o juiz destituirá oadministrador, que será substituído na forma prevista nos atos constitutivos do devedor ou do planode recuperação judicial.

Artigo 65 - Quando do afastamento do devedor, nas hipóteses previstas no artigo 64 desta Lei,o juiz convocará a assembléia geral de credores para deliberar sobre o nome do gestor judicial queassumirá a administração das atividades do devedor, aplicando-se-lhe, no que couber, todas as normassobre deveres, impedimentos e remuneração do administrador judicial.

§ 1º - O administrador judicial exercerá as funções de gestor enquanto a assembléia geral nãodeliberar sobre a escolha deste.

§ 2º - Na hipótese de o gestor indicado pela assembléia geral de credores recusar ou estarimpedido de aceitar o encargo para gerir os negócios do devedor, o juiz convocará, no prazo de 72(setenta e duas) horas, contado da recusa ou da declaração do impedimento nos autos, nova assembléiageral, aplicado o disposto no parágrafo 1º deste artigo

Artigo 66 - Após a distribuição do pedido de recuperação judicial, o devedor não poderáalienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo permanente, salvo evidente utilidade reconhecida pelojuiz, depois de ouvido o Comitê, com exceção daqueles previamente relacionados no plano derecuperação judicial.

Artigo 67 - Os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperaçãojudicial, inclusive aqueles relativos a despesas com fornecedores de bens ou serviços e contratos demútuo, serão considerados extraconcursais, em caso de decretação de falência, respeitada, no quecouber, a ordem estabelecida no artigo 83 desta Lei.

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Legislação

Parágrafo único - Os créditos quirografários sujeitos à recuperação judicial pertencentes afornecedores de bens ou serviços que continuarem a provê-los normalmente após o pedido derecuperação judicial terão privilégio geral de recebimento em caso de decretação de falência, nolimite do valor dos bens ou serviços fornecidos durante o período da recuperação.

Artigo 68 - As Fazendas Públicas e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderãodeferir, nos termos da legislação específica, parcelamento de seus créditos, em sede de recuperaçãojudicial, de acordo com os parâmetros estabelecidos na Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966 –Código Tributário Nacional.

Artigo 69 - Em todos os atos, contratos e documentos firmados pelo devedor sujeito aoprocedimento de recuperação judicial deverá ser acrescida, após o nome empresarial, a expressão“em recuperação judicial”.

Parágrafo único - O juiz determinará ao Registro Público de Empresas a anotação da recuperaçãojudicial no registro correspondente.

Seção V – Do Plano de Recuperação Judicial para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte

Artigo 70 - As pessoas de que trata o artigo 1º desta Lei e que se incluam nos conceitos demicroempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos da legislação vigente, sujeitam-se às normasdeste Capítulo.

§ 1º - As microempresas e as empresas de pequeno porte, conforme definidas em lei, poderãoapresentar plano especial de recuperação judicial, desde que afirmem sua intenção de fazê-lo napetição inicial de que trata o artigo 51 desta Lei.

§ 2º - Os credores não atingidos pelo plano especial não terão seus créditos habilitados narecuperação judicial.

Artigo 71 - O plano especial de recuperação judicial será apresentado no prazo previsto noartigo 53 desta Lei e limitar-se á às seguintes condições:

I - abrangerá exclusivamente os créditos quirografários, excetuados os decorrentes de repassede recursos oficiais e os previstos nos parágrafos 3º e 4º do artigo 49 desta Lei;

II - preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e sucessivas, corrigidasmonetariamente e acrescidas de juros de 12% a.a. (doze por cento ao ano);

III - preverá o pagamento da 1ª (primeira) parcela no prazo máximo de 180 (cento e oitenta)dias, contado da distribuição do pedido de recuperação judicial;

IV - estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, após ouvido o administrador judicial eo Comitê de Credores, para o devedor aumentar despesas ou contratar empregados.

Parágrafo único - O pedido de recuperação judicial com base em plano especial não acarreta asuspensão do curso da prescrição nem das ações e execuções por créditos não abrangidos pelo plano.

Artigo 72 - Caso o devedor de que trata o artigo 70 desta Lei opte pelo pedido de recuperaçãojudicial com base no plano especial disciplinado nesta Seção, não será convocada assembléia geralde credores para deliberar sobre o plano, e o juiz concederá a recuperação judicial se atendidas asdemais exigências desta Lei.

Parágrafo único - O juiz também julgará improcedente o pedido de recuperação judicial edecretará a falência do devedor se houver objeções, nos termos do artigo 55 desta Lei, de credorestitulares de mais da metade dos créditos descritos no inciso I do caput do artigo 71 desta Lei.

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Legislação

CAPÍTULO IV – DA CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA

Artigo 73 - O juiz decretará a falência durante o processo de recuperação judicial:

I - por deliberação da assembléia geral de credores, na forma do artigo 42 desta Lei;

II - pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo do artigo 53 destaLei;

III - quando houver sido rejeitado o plano de recuperação, nos termos do parágrafo 4º doartigo 56 desta Lei;

IV - por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, na formado parágrafo 1º do artigo 61 desta Lei.

Parágrafo único - O disposto neste artigo não impede a decretação da falência por inadim-plemento de obrigação não sujeita à recuperação judicial, nos termos dos incisos I ou II do caput doartigo 94 desta Lei, ou por prática de ato previsto no inciso III do caput do artigo 94 desta Lei.

Artigo 74 - Na convolação da recuperação em falência, os atos de administração, endividamento,oneração ou alienação praticados durante a recuperação judicial presumem-se válidos, desde querealizados na forma desta Lei.

CAPÍTULO V – DA FALÊNCIA

Seção I – Disposições Gerais

Artigo 75 - A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa apreservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive osintangíveis, da empresa.

Parágrafo único - O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economiaprocessual.

Artigo 76 - O Juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobrebens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladasnesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo.

Parágrafo único - Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste artigo, terãoprosseguimento com o administrador judicial, que deverá ser intimado para representar a massafalida, sob pena de nulidade do processo.

Artigo 77 - A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do devedore dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento proporcional dos juros, econverte todos os créditos em moeda estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia dadecisão judicial, para todos os efeitos desta Lei.

Artigo 78 - Os pedidos de falência estão sujeitos a distribuição obrigatória, respeitada a ordemde apresentação.

Parágrafo único - As ações que devam ser propostas no juízo da falência estão sujeitas adistribuição por dependência.

Artigo 79 - Os processos de falência e os seus incidentes preferem a todos os outros na ordemdos feitos, em qualquer instância.

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Legislação

Artigo 80 - Considerar-se-ão habilitados os créditos remanescentes da recuperação judicial,quando definitivamente incluídos no quadro geral de credores, tendo prosseguimento as habilitaçõesque estejam em curso.

Artigo 81 - A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveistambém acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos emrelação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se assim odesejarem.

§ 1º - O disposto no caput deste artigo aplica-se ao sócio que tenha se retirado voluntariamenteou que tenha sido excluído da sociedade, há menos de 2 (dois) anos, quanto às dívidas existentes nadata do arquivamento da alteração do contrato, no caso de não terem sido solvidas até a data dadecretação da falência.

§ 2º - As sociedades falidas serão representadas na falência por seus administradores ouliquidantes, os quais terão os mesmos direitos e, sob as mesmas penas, ficarão sujeitos às obrigaçõesque cabem ao falido.

Artigo 82 - A responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, dos controladorese dos administradores da sociedade falida, estabelecida nas respectivas leis, será apurada no própriojuízo da falência, independentemente da realização do ativo e da prova da sua insuficiência paracobrir o passivo, observado o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil.

§ 1º - Prescreverá em 2 (dois) anos, contados do trânsito em julgado da sentença de encerramentoda falência, a ação de responsabilização prevista no caput deste artigo

§ 2º - O juiz poderá, de ofício ou mediante requerimento das partes interessadas, ordenar aindisponibilidade de bens particulares dos réus, em quantidade compatível com o dano provocado,até o julgamento da ação de responsabilização.

Seção II – Da Classificação dos Créditos

Artigo 83 - A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:

I - os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho;

II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado;

III - créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadasas multas tributárias;

IV - créditos com privilégio especial, a saber:a) os previstos no artigo 964 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002;b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei;c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada em garantia;V - créditos com privilégio geral, a saber:a) os previstos no artigo 965 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002;b) os previstos no parágrafo único do artigo 67 desta Lei;c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei;

VI - créditos quirografários, a saber:

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Legislação

a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo;

b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens vinculados ao seupagamento;

c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o limite estabelecidono inciso I do caput deste artigo;

VII - as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas,inclusive as multas tributárias;

VIII - créditos subordinados, a saber:

a) os assim previstos em lei ou em contrato;

b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício.

§ 1º - Para os fins do inciso II do caput deste artigo, será considerado como valor do bemobjeto de garantia real a importância efetivamente arrecadada com sua venda, ou, no caso de alienaçãoem bloco, o valor de avaliação do bem individualmente considerado.

§ 2º - Não são oponíveis à massa os valores decorrentes de direito de sócio ao recebimento desua parcela do capital social na liquidação da sociedade.

§ 3º - As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão atendidas se as obrigações nelesestipuladas se vencerem em virtude da falência.

§ 4º - Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados quirografários.

Artigo 84 - Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobreos mencionados no artigo 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a:

I - remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados dalegislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após adecretação da falência;

II - quantias fornecidas à massa pelos credores;

III - despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto,bem como custas do processo de falência;

IV - custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido vencida;

V - obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, nostermos do artigo 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos geradoresocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no artigo 83 desta Lei.

Seção III – Do Pedido de Restituição

Artigo 85 - O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre empoder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição.

Parágrafo único - Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a crédito e entregueao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada.

Artigo 86 - Proceder-se-á à restituição em dinheiro:

I - se a coisa não mais existir ao tempo do pedido de restituição, hipótese em que o requerentereceberá o valor da avaliação do bem, ou, no caso de ter ocorrido sua venda, o respectivo preço, emambos os casos no valor atualizado;

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Legislação

II - da importância entregue ao devedor, em moeda corrente nacional, decorrente de adiantamentoa contrato de câmbio para exportação, na forma do artigo 75, parágrafos 3º e 4º, da Lei n. 4.728, de14 de julho de 1965, desde que o prazo total da operação, inclusive eventuais prorrogações, nãoexceda o previsto nas normas específicas da autoridade competente;

III - dos valores entregues ao devedor pelo contratante de boa-fé na hipótese de revogação ouineficácia do contrato, conforme disposto no artigo 136 desta Lei.

Parágrafo único - As restituições de que trata este artigo somente serão efetuadas após opagamento previsto no artigo 151 desta Lei.

Artigo 87 - O pedido de restituição deverá ser fundamentado e descreverá a coisa reclamada.§ 1º - O juiz mandará autuar em separado o requerimento com os documentos que o instruírem

e determinará a intimação do falido, do Comitê, dos credores e do administrador judicial para que, noprazo sucessivo de 5 (cinco) dias, se manifestem, valendo como contestação a manifestação contráriaà restituição.

§ 2º - Contestado o pedido e deferidas as provas porventura requeridas, o juiz designará audiênciade instrução e julgamento, se necessária.

§ 3º - Não havendo provas a realizar, os autos serão conclusos para sentença.

Artigo 88 - A sentença que reconhecer o direito do requerente determinará a entrega da coisano prazo de 48 (quarenta e oito) horas.

Parágrafo único - Caso não haja contestação, a massa não será condenada ao pagamento dehonorários advocatícios.

Artigo 89 - A sentença que negar a restituição, quando for o caso, incluirá o requerente noquadro-geral de credores, na classificação que lhe couber, na forma desta Lei.

Artigo 90 - Da sentença que julgar o pedido de restituição caberá apelação sem efeito suspensivo.

Parágrafo único - O autor do pedido de restituição que pretender receber o bem ou a quantiareclamada antes do trânsito em julgado da sentença prestará caução.

Artigo 91 - O pedido de restituição suspende a disponibilidade da coisa até o trânsito emjulgado.

Parágrafo único - Quando diversos requerentes houverem de ser satisfeitos em dinheiro e nãoexistir saldo suficiente para o pagamento integral, far-se-á rateio proporcional entre eles.

Artigo 92 - O requerente que tiver obtido êxito no seu pedido ressarcirá a massa falida ou aquem tiver suportado as despesas de conservação da coisa reclamada.

Artigo 93 - Nos casos em que não couber pedido de restituição, fica resguardado o direito doscredores de propor embargos de terceiros, observada a legislação processual civil.

Seção IV – Do Procedimento para a Decretação da Falência

Artigo 94 - Será decretada a falência do devedor que:

I - sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializadaem título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) saláriosmínimos na data do pedido de falência;

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Legislação

II - executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhorabens suficientes dentro do prazo legal;

III - pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial:

a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulentopara realizar pagamentos;

b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos oufraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro,credor ou não;

c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credorese sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;

d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislaçãoou a fiscalização ou para prejudicar credor;

e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livrese desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;

f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar oscredores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou deseu principal estabelecimento;

g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperaçãojudicial.

§ 1º - Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo para opedido de falência com base no inciso I do caput deste artigo

§ 2º - Ainda que líquidos, não legitimam o pedido de falência os créditos que nela não sepossam reclamar.

§ 3º - Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído com ostítulos executivos na forma do parágrafo único do artigo 9º desta Lei, acompanhados, em qualquercaso, dos respectivos instrumentos de protesto para fim falimentar nos termos da legislação específica.

§ 4º - Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído comcertidão expedida pelo juízo em que se processa a execução.

§ 5º - Na hipótese do inciso III do caput deste artigo, o pedido de falência descreverá os fatosque a caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se as que serão produzidas.

Artigo 95 - Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua recuperação judicial.

Artigo 96 - A falência requerida com base no artigo 94, inciso I do caput, desta Lei, não serádecretada se o requerido provar:

I - falsidade de título;

II - prescrição;

III - nulidade de obrigação ou de título;

IV - pagamento da dívida;

V - qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança detítulo;

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Legislação

VI - vício em protesto ou em seu instrumento;

VII - apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, observados osrequisitos do artigo 51 desta Lei;

VIII - cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de falência,comprovada por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá contraprova de exercício posterior ao ato registrado.

§ 1º - Não será decretada a falência de sociedade anônima após liquidado e partilhado seuativo nem do espólio após 1 (um) ano da morte do devedor.

§ 2º - As defesas previstas nos incisos I a VI do caput deste artigo não obstam a decretação defalência se, ao final, restarem obrigações não atingidas pelas defesas em montante que supere olimite previsto naquele dispositivo.

Artigo 97 - Podem requerer a falência do devedor:

I - o próprio devedor, na forma do disposto nos artigos 105 a 107 desta Lei;

II - o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante;

III - o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade;

IV - qualquer credor.

§ 1º - O credor empresário apresentará certidão do Registro Público de Empresas que comprovea regularidade de suas atividades.

§ 2º - O credor que não tiver domicílio no Brasil deverá prestar caução relativa às custas e aopagamento da indenização de que trata o artigo 101 desta Lei.

Artigo 98 - Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) dias.

Parágrafo único - Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do artigo 94 desta Lei, odevedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor correspondente ao total do crédito,acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que a falência nãoserá decretada e, caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento dovalor pelo autor.

Artigo 99 - A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:

I - conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse temposeus administradores;

II - fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) diascontados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1o (primeiro) protesto porfalta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;

III - ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, relação nominal doscredores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos, se estajá não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência;

IV - explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no parágrafo 1ºdo artigo 7º desta Lei;

V - ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas ashipóteses previstas nos parágrafos 1º e 2º do artigo 6º desta Lei;

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Legislação

VI - proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido, submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados os bens cuja vendafaça parte das atividades normais do devedor se autorizada a continuação provisória nos termos doinciso XI do caput deste artigo;

VII - determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes envolvidas,podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando requerida comfundamento em provas da prática de crime definido nesta Lei;

VIII - ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência no registrodo devedor, para que conste a expressão “Falido”, a data da decretação da falência e a inabilitação deque trata o artigo 102 desta Lei;

IX - nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do inciso IIIdo caput do artigo 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea “a” do inciso II do caput do artigo35 desta Lei;

X - determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras entidadespara que informem a existência de bens e direitos do falido;

XI - pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com oadministrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no artigo 109 destaLei;

XII - determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembléia geral de credorespara a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitêeventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência;

XIII - ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às FazendasPúblicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, paraque tomem conhecimento da falência.

Parágrafo único - O juiz ordenará a publicação de edital contendo a íntegra da decisão quedecreta a falência e a relação de credores.

Artigo 100 - Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga aimprocedência do pedido cabe apelação.

Artigo 101 - Quem por dolo requerer a falência de outrem será condenado, na sentença quejulgar improcedente o pedido, a indenizar o devedor, apurando-se as perdas e danos em liquidaçãode sentença.

§ 1º - Havendo mais de 1 (um) autor do pedido de falência, serão solidariamente responsáveisaqueles que se conduziram na forma prevista no caput deste artigo

§ 2º - Por ação própria, o terceiro prejudicado também pode reclamar indenização dosresponsáveis.

Seção V – Da Inabilitação Empresarial, dos Direitos e Deveres do Falido

Artigo 102 - O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir dadecretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1ºdo artigo 181 desta Lei.

Parágrafo único - Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da falênciaque proceda à respectiva anotação em seu registro.

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Legislação

Artigo 103 - Desde a decretação da falência ou do seqüestro, o devedor perde o direito deadministrar os seus bens ou deles dispor.

Parágrafo único - O falido poderá, contudo, fiscalizar a administração da falência, requerer asprovidências necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir nosprocessos em que a massa falida seja parte ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondoos recursos cabíveis.

Artigo 104 - A decretação da falência impõe ao falido os seguintes deveres:

I - assinar nos autos, desde que intimado da decisão, termo de comparecimento, com a indicaçãodo nome, nacionalidade, estado civil, endereço completo do domicílio, devendo ainda declarar, paraconstar do dito termo:

a) as causas determinantes da sua falência, quando requerida pelos credores;

b) tratando-se de sociedade, os nomes e endereços de todos os sócios, acionistas controladores,diretores ou administradores, apresentando o contrato ou estatuto social e a prova do respectivoregistro, bem como suas alterações;

c) o nome do contador encarregado da escrituração dos livros obrigatórios;

d) os mandatos que porventura tenha outorgado, indicando seu objeto, nome e endereço domandatário;

e) seus bens imóveis e os móveis que não se encontram no estabelecimento;

f) se faz parte de outras sociedades, exibindo respectivo contrato;

g) suas contas bancárias, aplicações, títulos em cobrança e processos em andamento em quefor autor ou réu;

II - depositar em cartório, no ato de assinatura do termo de comparecimento, os seus livrosobrigatórios, a fim de serem entregues ao administrador judicial, depois de encerrados por termosassinados pelo juiz;

III - não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem motivo justo e comunicaçãoexpressa ao juiz, e sem deixar procurador bastante, sob as penas cominadas na lei;

IV - comparecer a todos os atos da falência, podendo ser representado por procurador, quandonão for indispensável sua presença;

V - entregar, sem demora, todos os bens, livros, papéis e documentos ao administrador judicial,indicando-lhe, para serem arrecadados, os bens que porventura tenha em poder de terceiros;

VI - prestar as informações reclamadas pelo juiz, administrador judicial, credor ou MinistérioPúblico sobre circunstâncias e fatos que interessem à falência;

VII - auxiliar o administrador judicial com zelo e presteza;VIII - examinar as habilitações de crédito apresentadas;IX - assistir ao levantamento, à verificação do balanço e ao exame dos livros;X - manifestar-se sempre que for determinado pelo juiz;XI - apresentar, no prazo fixado pelo juiz, a relação de seus credores;XII - examinar e dar parecer sobre as contas do administrador judicial.Parágrafo único - Faltando ao cumprimento de quaisquer dos deveres que esta Lei lhe impõe,

após intimado pelo juiz a fazê-lo, responderá o falido por crime de desobediência.

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Legislação

Seção VI – Da Falência Requerida pelo Próprio Devedor

Artigo 105 - O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitospara pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as razões daimpossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos:

I - demonstrações contábeis referentes aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadasespecialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societáriaaplicável e compostas obrigatoriamente de:

a) balanço patrimonial;

b) demonstração de resultados acumulados;

c) demonstração do resultado desde o último exercício social;

d) relatório do fluxo de caixa;

II - relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificaçãodos respectivos créditos;

III - relação dos bens e direitos que compõem o ativo, com a respectiva estimativa de valor edocumentos comprobatórios de propriedade;

IV - prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor ou, se não houver,a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus bens pessoais;

V - os livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por lei;

VI - relação de seus administradores nos últimos 5 (cinco) anos, com os respectivos endereços,suas funções e participação societária.

Artigo 106 - Não estando o pedido regularmente instruído, o juiz determinará que seja emendado.

Artigo 107 - A sentença que decretar a falência do devedor observará a forma do artigo 99desta Lei.

Parágrafo único - Decretada a falência, aplicam-se integralmente os dispositivos relativos àfalência requerida pelas pessoas referidas nos incisos II a IV do caput do artigo 97 desta Lei.

Seção VII – Da Arrecadação e da Custódia dos Bens

Artigo 108 - Ato contínuo à assinatura do termo de compromisso, o administrador judicialefetuará a arrecadação dos bens e documentos e a avaliação dos bens, separadamente ou em bloco,no local em que se encontrem, requerendo ao juiz, para esses fins, as medidas necessárias.

§ 1º - Os bens arrecadados ficarão sob a guarda do administrador judicial ou de pessoa por eleescolhida, sob responsabilidade daquele, podendo o falido ou qualquer de seus representantes sernomeado depositário dos bens.

§ 2º - O falido poderá acompanhar a arrecadação e a avaliação.§ 3º - O produto dos bens penhorados ou por outra forma apreendidos entrará para a massa,

cumprindo ao juiz deprecar, a requerimento do administrador judicial, às autoridades competentes,determinando sua entrega.

§ 4º - Não serão arrecadados os bens absolutamente impenhoráveis.§ 5º - Ainda que haja avaliação em bloco, o bem objeto de garantia real será também avaliado

separadamente, para os fins do parágrafo 1o do artigo 83 desta Lei.

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Legislação

Artigo 109 - O estabelecimento será lacrado sempre que houver risco para a execução da etapade arrecadação ou para a preservação dos bens da massa falida ou dos interesses dos credores.

Artigo 110 - O auto de arrecadação, composto pelo inventário e pelo respectivo laudo deavaliação dos bens, será assinado pelo administrador judicial, pelo falido ou seus representantes epor outras pessoas que auxiliarem ou presenciarem o ato.

§ 1º - Não sendo possível a avaliação dos bens no ato da arrecadação, o administrador judicialrequererá ao juiz a concessão de prazo para apresentação do laudo de avaliação, que não poderáexceder 30 (trinta) dias, contados da apresentação do auto de arrecadação.

§ 2º - Serão referidos no inventário:

I - os livros obrigatórios e os auxiliares ou facultativos do devedor, designando-se o estado emque se acham, número e denominação de cada um, páginas escrituradas, data do início da escrituraçãoe do último lançamento, e se os livros obrigatórios estão revestidos das formalidades legais;

II - dinheiro, papéis, títulos de crédito, documentos e outros bens da massa falida;

III - os bens da massa falida em poder de terceiro, a título de guarda, depósito, penhor ouretenção;

IV - os bens indicados como propriedade de terceiros ou reclamados por estes, mencionando-se essa circunstância.

§ 3º - Quando possível, os bens referidos no parágrafo 2º deste artigo serão individualizados.

§ 4º - Em relação aos bens imóveis, o administrador judicial, no prazo de 15 (quinze) dias apósa sua arrecadação, exibirá as certidões de registro, extraídas posteriormente à decretação da falência,com todas as indicações que nele constarem.

Artigo 111 - O juiz poderá autorizar os credores, de forma individual ou coletiva, em razão doscustos e no interesse da massa falida, a adquirir ou adjudicar, de imediato, os bens arrecadados, pelovalor da avaliação, atendida a regra de classificação e preferência entre eles, ouvido o Comitê.

Artigo 112 - Os bens arrecadados poderão ser removidos, desde que haja necessidade de suamelhor guarda e conservação, hipótese em que permanecerão em depósito sob responsabilidade doadministrador judicial, mediante compromisso.

Artigo 113 - Os bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à considerável desvalorização ou quesejam de conservação arriscada ou dispendiosa, poderão ser vendidos antecipadamente, após aarrecadação e a avaliação, mediante autorização judicial, ouvidos o Comitê e o falido no prazo de 48(quarenta e oito) horas.

Artigo 114 - O administrador judicial poderá alugar ou celebrar outro contrato referente aosbens da massa falida, com o objetivo de produzir renda para a massa falida, mediante autorização doComitê.

§ 1º - O contrato disposto no caput deste artigo não gera direito de preferência na compra e nãopode importar disposição total ou parcial dos bens.

§ 2º - O bem objeto da contratação poderá ser alienado a qualquer tempo, independentementedo prazo contratado, rescindindo-se, sem direito a multa, o contrato realizado, salvo se houver anuênciado adquirente.

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Legislação

Seção VIII – Dos Efeitos da Decretação da Falência sobre as Obrigações do Devedor

Artigo 115 - A decretação da falência sujeita todos os credores, que somente poderão exerceros seus direitos sobre os bens do falido e do sócio ilimitadamente responsável na forma que esta Leiprescrever.

Artigo 116 - A decretação da falência suspende:I - o exercício do direito de retenção sobre os bens sujeitos à arrecadação, os quais deverão ser

entregues ao administrador judicial;II - o exercício do direito de retirada ou de recebimento do valor de suas quotas ou ações, por

parte dos sócios da sociedade falida.

Artigo 117 - Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos peloadministrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida oufor necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê.

§ 1º - O contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de até 90 (noventa) dias,contado da assinatura do termo de sua nomeação, para que, dentro de 10 (dez) dias, declare secumpre ou não o contrato.

§ 2º - A declaração negativa ou o silêncio do administrador judicial confere ao contraente odireito à indenização, cujo valor, apurado em processo ordinário, constituirá crédito quirografário.

Artigo 118 - O administrador judicial, mediante autorização do Comitê, poderá dar cumprimentoa contrato unilateral se esse fato reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou fornecessário à manutenção e preservação de seus ativos, realizando o pagamento da prestação pelaqual está obrigada.

Artigo 119 - Nas relações contratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes regras:I - o vendedor não pode obstar a entrega das coisas expedidas ao devedor e ainda em trânsito,

se o comprador, antes do requerimento da falência, as tiver revendido, sem fraude, à vista das faturase conhecimentos de transporte, entregues ou remetidos pelo vendedor;

II - se o devedor vendeu coisas compostas e o administrador judicial resolver não continuar aexecução do contrato, poderá o comprador pôr à disposição da massa falida as coisas já recebidas,pedindo perdas e danos;

III - não tendo o devedor entregue coisa móvel ou prestado serviço que vendera ou contrataraa prestações, e resolvendo o administrador judicial não executar o contrato, o crédito relativo aovalor pago será habilitado na classe própria;

IV - o administrador judicial, ouvido o Comitê, restituirá a coisa móvel comprada pelo devedorcom reserva de domínio do vendedor se resolver não continuar a execução do contrato, exigindo adevolução, nos termos do contrato, dos valores pagos;

V - tratando-se de coisas vendidas a termo, que tenham cotação em bolsa ou mercado, e não seexecutando o contrato pela efetiva entrega daquelas e pagamento do preço, prestar-se-á a diferençaentre a cotação do dia do contrato e a da época da liquidação em bolsa ou mercado;

VI - na promessa de compra e venda de imóveis, aplicar-se-á a legislação respectiva;VII - a falência do locador não resolve o contrato de locação e, na falência do locatário, o

administrador judicial pode, a qualquer tempo, denunciar o contrato;

VIII - caso haja acordo para compensação e liquidação de obrigações no âmbito do sistemafinanceiro nacional, nos termos da legislação vigente, a parte não falida poderá considerar o contrato

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Legislação

vencido antecipadamente, hipótese em que será liquidado na forma estabelecida em regulamento,admitindo-se a compensação de eventual crédito que venha a ser apurado em favor do falido comcréditos detidos pelo contratante;

IX - os patrimônios de afetação, constituídos para cumprimento de destinação específica,obedecerão ao disposto na legislação respectiva, permanecendo seus bens, direitos e obrigaçõesseparados dos do falido até o advento do respectivo termo ou até o cumprimento de sua finalidade,ocasião em que o administrador judicial arrecadará o saldo a favor da massa falida ou inscreverá naclasse própria o crédito que contra ela remanescer.

Artigo 120 - O mandato conferido pelo devedor, antes da falência, para a realização de negócios,cessará seus efeitos com a decretação da falência, cabendo ao mandatário prestar contas de suagestão.

§ 1º - O mandato conferido para representação judicial do devedor continua em vigor até queseja expressamente revogado pelo administrador judicial.

§ 2º - Para o falido, cessa o mandato ou comissão que houver recebido antes da falência, salvoos que versem sobre matéria estranha à atividade empresarial.

Artigo 121 - As contas correntes com o devedor consideram-se encerradas no momento dedecretação da falência, verificando-se o respectivo saldo.

Artigo 122 - Compensam-se, com preferência sobre todos os demais credores, as dívidas dodevedor vencidas até o dia da decretação da falência, provenha o vencimento da sentença de falênciaou não, obedecidos os requisitos da legislação civil.

Parágrafo único - Não se compensam:

I - os créditos transferidos após a decretação da falência, salvo em caso de sucessão por fusão,incorporação, cisão ou morte; ou

II - os créditos, ainda que vencidos anteriormente, transferidos quando já conhecido o estadode crise econômico-financeira do devedor ou cuja transferência se operou com fraude ou dolo.

Artigo 123 - Se o falido fizer parte de alguma sociedade como sócio comanditário ou cotista,para a massa falida entrarão somente os haveres que na sociedade ele possuir e forem apurados naforma estabelecida no contrato ou estatuto social.

§ 1º - Se o contrato ou o estatuto social nada disciplinar a respeito, a apuração far-se-ájudicialmente, salvo se, por lei, pelo contrato ou estatuto, a sociedade tiver de liquidar-se, caso emque os haveres do falido, somente após o pagamento de todo o passivo da sociedade, entrarão paraa massa falida.

§ 2º - Nos casos de condomínio indivisível de que participe o falido, o bem será vendido ededuzir-se-á do valor arrecadado o que for devido aos demais condôminos, facultada a estes a comprada quota-parte do falido nos termos da melhor proposta obtida.

Artigo 124 - Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação dafalência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credoressubordinados.

Parágrafo único - Excetuam-se desta disposição os juros das debêntures e dos créditoscom garantia real, mas por eles responde, exclusivamente, o produto dos bens que constituem agarantia.

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Legislação

Artigo 125 - Na falência do espólio, ficará suspenso o processo de inventário, cabendo aoadministrador judicial a realização de atos pendentes em relação aos direitos e obrigações da massafalida.

Artigo 126 - Nas relações patrimoniais não reguladas expressamente nesta Lei, o juiz decidiráo caso atendendo à unidade, à universalidade do concurso e à igualdade de tratamento dos credores,observado o disposto no artigo 75 desta Lei.

Artigo 127 - O credor de coobrigados solidários cujas falências sejam decretadas tem o direitode concorrer, em cada uma delas, pela totalidade do seu crédito, até recebê-lo por inteiro, quandoentão comunicará ao Juízo.

§ 1º - O disposto no caput deste artigo não se aplica ao falido cujas obrigações tenham sidoextintas por sentença, na forma do artigo 159 desta Lei.

§ 2º - Se o credor ficar integralmente pago por uma ou por diversas massas coobrigadas, as quepagaram terão direito regressivo contra as demais, em proporção à parte que pagaram e àquela quecada uma tinha a seu cargo.

§ 3º - Se a soma dos valores pagos ao credor em todas as massas coobrigadas exceder o totaldo crédito, o valor será devolvido às massas na proporção estabelecida no parágrafo 2o deste artigo

§ 4º - Se os coobrigados eram garantes uns dos outros, o excesso de que trata o parágrafo 3o

deste artigo pertencerá, conforme a ordem das obrigações, às massas dos coobrigados que tiverem odireito de ser garantidas.

Artigo 128 - Os coobrigados solventes e os garantes do devedor ou dos sócios ilimitadamenteresponsáveis podem habilitar o crédito correspondente às quantias pagas ou devidas, se o credor nãose habilitar no prazo legal.

Seção IX – Da Ineficácia e da Revogação de Atos Praticados antes da Falência

Artigo 129 - São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimentodo estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores:

I - o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal, porqualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio título;

II - o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, por qualquerforma que não seja a prevista pelo contrato;

III - a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal,tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de outrasposteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada;

IV - a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da falência;V - a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da falência;VI - a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o

pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientespara solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores,após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos;

VII - os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por títulooneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da falência, salvose tiver havido prenotação anterior.

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Legislação

Parágrafo único - A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada em defesa oupleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso do processo.

Artigo 130 - São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar credores, provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízosofrido pela massa falida.

Artigo 131 - Nenhum dos atos referidos nos incisos I a III e VI do artigo 129 desta Lei quetenham sido previstos e realizados na forma definida no plano de recuperação judicial será declaradoineficaz ou revogado.

Artigo 132 - A ação revocatória, de que trata o artigo 130 desta Lei, deverá ser proposta peloadministrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público no prazo de 3 (três) anoscontado da decretação da falência.

Artigo 133 - A ação revocatória pode ser promovida:

I - contra todos os que figuraram no ato ou que por efeito dele foram pagos, garantidos oubeneficiados;

II - contra os terceiros adquirentes, se tiveram conhecimento, ao se criar o direito, da intençãodo devedor de prejudicar os credores;

III - contra os herdeiros ou legatários das pessoas indicadas nos incisos I e II do caput desteartigo

Artigo 134 - A ação revocatória correrá perante o juízo da falência e obedecerá ao procedimentoordinário previsto na Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil.

Artigo 135 - A sentença que julgar procedente a ação revocatória determinará o retorno dosbens à massa falida em espécie, com todos os acessórios, ou o valor de mercado, acrescidos dasperdas e danos.

Parágrafo único - Da sentença cabe apelação.

Artigo 136 - Reconhecida a ineficácia ou julgada procedente a ação revocatória, as partesretornarão ao estado anterior, e o contratante de boa-fé terá direito à restituição dos bens ou valoresentregues ao devedor.

§ 1º - Na hipótese de securitização de créditos do devedor, não será declarada a ineficácia ourevogado o ato de cessão em prejuízo dos direitos dos portadores de valores mobiliários emitidospelo securitizador.

§ 2º - É garantido ao terceiro de boa-fé, a qualquer tempo, propor ação por perdas e danoscontra o devedor ou seus garantes.

Artigo 137 - O juiz poderá, a requerimento do autor da ação revocatória, ordenar, como medidapreventiva, na forma da lei processual civil, o seqüestro dos bens retirados do patrimônio do devedorque estejam em poder de terceiros.

Artigo 138 - O ato pode ser declarado ineficaz ou revogado, ainda que praticado com base emdecisão judicial, observado o disposto no artigo 131 desta Lei.

Parágrafo único - Revogado o ato ou declarada sua ineficácia, ficará rescindida a sentença queo motivou.

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Legislação

Seção X – Da Realização do Ativo

Artigo 139 - Logo após a arrecadação dos bens, com a juntada do respectivo auto ao processode falência, será iniciada a realização do ativo.

Artigo 140 - A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, observada aseguinte ordem de preferência:

I - alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco;

II - alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas isoladamente;

III - alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor;

IV - alienação dos bens individualmente considerados.

§ 1º - Se convier à realização do ativo, ou em razão de oportunidade, podem ser adotadas maisde uma forma de alienação.

§ 2º - A realização do ativo terá início independentemente da formação do quadro geral decredores.

§ 3º - A alienação da empresa terá por objeto o conjunto de determinados bens necessários àoperação rentável da unidade de produção, que poderá compreender a transferência de contratosespecíficos.

§ 4º - Nas transmissões de bens alienados na forma deste artigo que dependam de registropúblico, a este servirá como título aquisitivo suficiente o mandado judicial respectivo.

Artigo 141 - Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suasfiliais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo:

I - todos os credores, observada a ordem de preferência definida no artigo 83 desta Lei, sub-rogam-se no produto da realização do ativo;

II - o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematantenas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalhoe as decorrentes de acidentes de trabalho.

§ 1º - O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica quando o arrematante for:I - sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido;II - parente, em linha reta ou colateral até o 4º (quarto) grau, consangüíneo ou afim, do falido

ou de sócio da sociedade falida; ouIII - identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão.§ 2º - Empregados do devedor contratados pelo arrematante serão admitidos mediante novos

contratos de trabalho e o arrematante não responde por obrigações decorrentes do contrato anterior.

Artigo 142 - O juiz, ouvido o administrador judicial e atendendo à orientação do Comitê, sehouver, ordenará que se proceda à alienação do ativo em uma das seguintes modalidades:

I - leilão, por lances orais;II - propostas fechadas;III - pregão.

§ 1º - A realização da alienação em quaisquer das modalidades de que trata este artigo seráantecedida por publicação de anúncio em jornal de ampla circulação, com 15 (quinze) dias de

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Legislação

antecedência, em se tratando de bens móveis, e com 30 (trinta) dias na alienação da empresa ou debens imóveis, facultada a divulgação por outros meios que contribuam para o amplo conhecimentoda venda.

§ 2º - A alienação dar-se-á pelo maior valor oferecido, ainda que seja inferior ao valor deavaliação.

§ 3º - No leilão por lances orais, aplicam-se, no que couber, as regras da Lei n. 5.869, de 11 dejaneiro de 1973 – Código de Processo Civil.

§ 4º - A alienação por propostas fechadas ocorrerá mediante a entrega, em cartório e sobrecibo, de envelopes lacrados, a serem abertos pelo juiz, no dia, hora e local designados no edital,lavrando o escrivão o auto respectivo, assinado pelos presentes, e juntando as propostas aos autos dafalência.

§ 5º - A venda por pregão constitui modalidade híbrida das anteriores, comportando 2 (duas)fases:

I - recebimento de propostas, na forma do parágrafo 3º deste artigo;

II - leilão por lances orais, de que participarão somente aqueles que apresentarem propostasnão inferiores a 90% (noventa por cento) da maior proposta ofertada, na forma do parágrafo 2º desteartigo.

§ 6º - A venda por pregão respeitará as seguintes regras:

I - recebidas e abertas as propostas na forma do parágrafo 5o deste artigo, o juiz ordenará anotificação dos ofertantes, cujas propostas atendam ao requisito de seu inciso II, para comparecer aoleilão;

II - o valor de abertura do leilão será o da proposta recebida do maior ofertante presente,considerando-se esse valor como lance, ao qual ele fica obrigado;

III - caso não compareça ao leilão o ofertante da maior proposta e não seja dado lance igual ousuperior ao valor por ele ofertado, fica obrigado a prestar a diferença verificada, constituindo arespectiva certidão do juízo título executivo para a cobrança dos valores pelo administrador judicial.

§ 7º - Em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público será intimado pessoalmente,sob pena de nulidade.

Artigo 143 - Em qualquer das modalidades de alienação referidas no artigo 142 desta Lei,poderão ser apresentadas impugnações por quaisquer credores, pelo devedor ou pelo MinistérioPúblico, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas da arrematação, hipótese em que os autos serãoconclusos ao juiz, que, no prazo de 5 (cinco) dias, decidirá sobre as impugnações e, julgando-asimprocedentes, ordenará a entrega dos bens ao arrematante, respeitadas as condições estabelecidasno edital.

Artigo 144 - Havendo motivos justificados, o juiz poderá autorizar, mediante requerimentofundamentado do administrador judicial ou do Comitê, modalidades de alienação judicial diversasdas previstas no artigo 142 desta Lei.

Artigo 145 - O juiz homologará qualquer outra modalidade de realização do ativo, desde queaprovada pela assembléia geral de credores, inclusive com a constituição de sociedade de credoresou dos empregados do próprio devedor, com a participação, se necessária, dos atuais sócios ou deterceiros.

§ 1º - Aplica-se à sociedade mencionada neste artigo o disposto no artigo 141 desta Lei.

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Legislação

§ 2º - No caso de constituição de sociedade formada por empregados do próprio devedor, estespoderão utilizar créditos derivados da legislação do trabalho para a aquisição ou arrendamento daempresa.

§ 3º - Não sendo aprovada pela assembléia geral a proposta alternativa para a realização doativo, caberá ao juiz decidir a forma que será adotada, levando em conta a manifestação doadministrador judicial e do Comitê.

Artigo 146 - Em qualquer modalidade de realização do ativo adotada, fica a massa falidadispensada da apresentação de certidões negativas.

Artigo 147 - As quantias recebidas a qualquer título serão imediatamente depositadas em contaremunerada de instituição financeira, atendidos os requisitos da lei ou das normas de organizaçãojudiciária.

Artigo 148 - O administrador judicial fará constar do relatório de que trata a alínea “p” doinciso III do artigo 22 os valores eventualmente recebidos no mês vencido, explicitando a forma dedistribuição dos recursos entre os credores, observado o disposto no artigo 149 desta Lei.

Seção XI – Do Pagamento aos Credores

Artigo 149 - Realizadas as restituições, pagos os créditos extraconcursais, na forma do artigo84 desta Lei, e consolidado o quadro-geral de credores, as importâncias recebidas com a realizaçãodo ativo serão destinadas ao pagamento dos credores, atendendo à classificação prevista no artigo 83desta Lei, respeitados os demais dispositivos desta Lei e as decisões judiciais que determinam reservade importâncias.

§ 1º - Havendo reserva de importâncias, os valores a ela relativos ficarão depositados até ojulgamento definitivo do crédito e, no caso de não ser este finalmente reconhecido, no todo ou emparte, os recursos depositados serão objeto de rateio suplementar entre os credores remanescentes.

§ 2º - Os credores que não procederem, no prazo fixado pelo juiz, ao levantamento dos valoresque lhes couberam em rateio serão intimados a fazê-lo no prazo de 60 (sessenta) dias, após o qual osrecursos serão objeto de rateio suplementar entre os credores remanescentes.

Artigo 150 - As despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à administração dafalência, inclusive na hipótese de continuação provisória das atividades previstas no inciso XI docaput do artigo 99 desta Lei, serão pagas pelo administrador judicial com os recursos disponíveis emcaixa.

Artigo 151 - Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três)meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários mínimos por trabalhador,serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa.

Artigo 152 - Os credores restituirão em dobro as quantias recebidas, acrescidas dos juroslegais, se ficar evidenciado dolo ou má-fé na constituição do crédito ou da garantia.

Artigo 153 - Pagos todos os credores, o saldo, se houver, será entregue ao falido.

Seção XII – Do Encerramento da Falência e da Extinção das Obrigações do Falido

Artigo 154 - Concluída a realização de todo o ativo, e distribuído o produto entre os credores,o administrador judicial apresentará suas contas ao juiz no prazo de 30 (trinta) dias.

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Legislação

§ 1º - As contas, acompanhadas dos documentos comprobatórios, serão prestadas em autosapartados que, ao final, serão apensados aos autos da falência.

§ 2º - O juiz ordenará a publicação de aviso de que as contas foram entregues e se encontramà disposição dos interessados, que poderão impugná-las no prazo de 10 (dez) dias.

§ 3º - Decorrido o prazo do aviso e realizadas as diligências necessárias à apuração dos fatos,o juiz intimará o Ministério Público para manifestar-se no prazo de 5 (cinco) dias, findo o qual oadministrador judicial será ouvido se houver impugnação ou parecer contrário do Ministério Público.

§ 4º - Cumpridas as providências previstas nos parágrafos 2º e 3º deste artigo, o juiz julgará ascontas por sentença.

§ 5º - A sentença que rejeitar as contas do administrador judicial fixará suas responsabilidades,poderá determinar a indisponibilidade ou o seqüestro de bens e servirá como título executivo paraindenização da massa.

§ 6º - Da sentença cabe apelação.

Artigo 155 - Julgadas as contas do administrador judicial, ele apresentará o relatório final dafalência no prazo de 10 (dez) dias, indicando o valor do ativo e o do produto de sua realização, ovalor do passivo e o dos pagamentos feitos aos credores, e especificará justificadamente asresponsabilidades com que continuará o falido.

Artigo 156 - Apresentado o relatório final, o juiz encerrará a falência por sentença.

Parágrafo único - A sentença de encerramento será publicada por edital e dela caberá apelação.

Artigo 157 - O prazo prescricional relativo às obrigações do falido recomeça a correr a partirdo dia em que transitar em julgado a sentença do encerramento da falência.

Artigo 158 - Extingue as obrigações do falido:

I - o pagamento de todos os créditos;

II - o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinqüenta por cento) doscréditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essaporcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo;

III - o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido nãotiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei;

IV - o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o falidotiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei.

Artigo 159 - Configurada qualquer das hipóteses do artigo 158 desta Lei, o falido poderárequerer ao juízo da falência que suas obrigações sejam declaradas extintas por sentença.

§ 1º - O requerimento será autuado em apartado com os respectivos documentos e publicadopor edital no órgão oficial e em jornal de grande circulação.

§ 2º - No prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação do edital, qualquer credor pode opor-se ao pedido do falido.

§ 3º - Findo o prazo, o juiz, em 5 (cinco) dias, proferirá sentença e, se o requerimento foranterior ao encerramento da falência, declarará extintas as obrigações na sentença de encer-ramento.

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Legislação

§ 4º - A sentença que declarar extintas as obrigações será comunicada a todas as pessoas eentidades informadas da decretação da falência.

§ 5º - Da sentença cabe apelação.

§ 6º - Após o trânsito em julgado, os autos serão apensados aos da falência.

Artigo 160 - Verificada a prescrição ou extintas as obrigações nos termos desta Lei, o sócio deresponsabilidade ilimitada também poderá requerer que seja declarada por sentença a extinção desuas obrigações na falência.

CAPÍTULO VI – DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL

Artigo 161 - O devedor que preencher os requisitos do artigo 48 desta Lei poderá propor enegociar com credores plano de recuperação extrajudicial.

§ 1º - Não se aplica o disposto neste Capítulo a titulares de créditos de natureza tributária,derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de trabalho, assim como àquelesprevistos nos artigos 49, parágrafo 3º, e 86, inciso II do caput, desta Lei.

§ 2º - O plano não poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas nem tratamentodesfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos.

§ 3º - O devedor não poderá requerer a homologação de plano extrajudicial, se estiver pendentepedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou homologação de outroplano de recuperação extrajudicial há menos de 2 (dois) anos.

§ 4º - O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial não acarretará suspensãode direitos, ações ou execuções, nem a impossibilidade do pedido de decretação de falência peloscredores não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial.

§ 5º - Após a distribuição do pedido de homologação, os credores não poderão desistir daadesão ao plano, salvo com a anuência expressa dos demais signatários.

§ 6º - A sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial constituirá títuloexecutivo judicial, nos termos do artigo 584, inciso III do caput, da Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de1973 – Código de Processo Civil.

Artigo 162 - O devedor poderá requerer a homologação em juízo do plano de recuperaçãoextrajudicial, juntando sua justificativa e o documento que contenha seus termos e condições, com asassinaturas dos credores que a ele aderiram.

Artigo 163 - O devedor poderá, também, requerer a homologação de plano de recuperaçãoextrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que assinado por credores querepresentem mais de 3/5 (três quintos) de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos.

§ 1º - O plano poderá abranger a totalidade de uma ou mais espécies de créditos previstos noartigo 83, incisos II, IV, V, VI e VIII do caput desta Lei, ou grupo de credores de mesma natureza esujeito a semelhantes condições de pagamento, e, uma vez homologado, obriga a todos os credoresdas espécies por ele abrangidas, exclusivamente em relação aos créditos constituídos até a data dopedido de homologação.

§ 2º - Não serão considerados para fins de apuração do percentual previsto no caput desteartigo os créditos não incluídos no plano de recuperação extrajudicial, os quais não poderão ter seuvalor ou condições originais de pagamento alteradas.

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Legislação

§ 3º - Para fins exclusivos de apuração do percentual previsto no caput deste artigo:

I - o crédito em moeda estrangeira será convertido para moeda nacional pelo câmbio da vésperada data de assinatura do plano; e

II - não serão computados os créditos detidos pelas pessoas relacionadas no artigo 43 desteartigo

§ 4º - Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituiçãosomente serão admitidas mediante a aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia.

§ 5º - Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial só poderá ser afastada se o credortitular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperaçãoextrajudicial.

§ 6º - Para a homologação do plano de que trata este artigo, além dos documentos previstos nocaput do artigo 162 desta Lei, o devedor deverá juntar:

I - exposição da situação patrimonial do devedor;

II - as demonstrações contábeis relativas ao último exercício social e as levantadas especialmentepara instruir o pedido, na forma do inciso II do caput do artigo 51 desta Lei; e

III - os documentos que comprovem os poderes dos subscritores para novar ou transigir, relaçãonominal completa dos credores, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificaçãoe o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e aindicação dos registros contábeis de cada transação pendente.

Artigo 164 - Recebido o pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial previstonos artigos 162 e 163 desta Lei, o juiz ordenará a publicação de edital no órgão oficial e em jornal degrande circulação nacional ou das localidades da sede e das filiais do devedor, convocando todos oscredores do devedor para apresentação de suas impugnações ao plano de recuperação extrajudicial,observado o parágrafo 3º deste artigo

§ 1º - No prazo do edital, deverá o devedor comprovar o envio de carta a todos os credoressujeitos ao plano, domiciliados ou sediados no país, informando a distribuição do pedido, as condiçõesdo plano e prazo para impugnação.

§ 2º - Os credores terão prazo de 30 (trinta) dias, contado da publicação do edital, paraimpugnarem o plano, juntando a prova de seu crédito.

§ 3º - Para opor-se, em sua manifestação, à homologação do plano, os credores somentepoderão alegar:

I - não preenchimento do percentual mínimo previsto no caput do artigo 163 desta Lei;

II - prática de qualquer dos atos previstos no inciso III do artigo 94 ou do artigo 130 desta Lei,ou descumprimento de requisito previsto nesta Lei;

III - descumprimento de qualquer outra exigência legal.

§ 4º - Sendo apresentada impugnação, será aberto prazo de 5 (cinco) dias para que o devedorsobre ela se manifeste.

§ 5o - Decorrido o prazo do parágrafo 4º deste artigo, os autos serão conclusos imediatamente aojuiz para apreciação de eventuais impugnações e decidirá, no prazo de 5 (cinco) dias, acerca do planode recuperação extrajudicial, homologando-o por sentença se entender que não implica prática de atosprevistos no artigo 130 desta Lei e que não há outras irregularidades que recomendem sua rejeição.

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Legislação

§ 6º - Havendo prova de simulação de créditos ou vício de representação dos credores quesubscreverem o plano, a sua homologação será indeferida.

§ 7º - Da sentença cabe apelação sem efeito suspensivo.

§ 8º - Na hipótese de não homologação do plano o devedor poderá, cumpridas as formalidades,apresentar novo pedido de homologação de plano de recuperação extrajudicial.

Artigo 165 - O plano de recuperação extrajudicial produz efeitos após sua homologação judicial.

§ 1º - É lícito, contudo, que o plano estabeleça a produção de efeitos anteriores à homologação,desde que exclusivamente em relação à modificação do valor ou da forma de pagamento dos credoressignatários.

§ 2º - Na hipótese do parágrafo 1º deste artigo, caso o plano seja posteriormente rejeitado pelojuiz, devolve-se aos credores signatários o direito de exigir seus créditos nas condições originais,deduzidos os valores efetivamente pagos.

Artigo 166 - Se o plano de recuperação extrajudicial homologado envolver alienação judicialde filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado,no que couber, o disposto no artigo 142 desta Lei.

Artigo 167 - O disposto neste Capítulo não implica impossibilidade de realização de outrasmodalidades de acordo privado entre o devedor e seus credores.

CAPÍTULO VII – DISPOSIÇÕES PENAIS

Seção I – Dos Crimes em Espécie

Fraude a Credores

Artigo 168 - Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperaçãojudicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que resulte ou possa resultarprejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar vantagem indevida para si ou para outrem.

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Aumento da pena

§ 1o - A pena aumenta-se de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se o agente:

I - elabora escrituração contábil ou balanço com dados inexatos;

II - omite, na escrituração contábil ou no balanço, lançamento que deles deveria constar, oualtera escrituração ou balanço verdadeiros;

III - destrói, apaga ou corrompe dados contábeis ou negociais armazenados em computadorou sistema informatizado;

IV - simula a composição do capital social;

V - destrói, oculta ou inutiliza, total ou parcialmente, os documentos de escrituração contábilobrigatórios.

Contabilidade paralela

§ 2º - A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até metade se o devedor manteve ou movimentourecursos ou valores paralelamente à contabilidade exigida pela legislação.

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Legislação

Concurso de pessoas

§ 3º - Nas mesmas penas incidem os contadores, técnicos contábeis, auditores e outrosprofissionais que, de qualquer modo, concorrerem para as condutas criminosas descritas neste artigo,na medida de sua culpabilidade.

Redução ou substituição da pena

§ 4º - Tratando-se de falência de microempresa ou de empresa de pequeno porte, e não seconstatando prática habitual de condutas fraudulentas por parte do falido, poderá o juiz reduzir apena de reclusão de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) ou substituí-la pelas penas restritivas de direitos,pelas de perda de bens e valores ou pelas de prestação de serviços à comunidade ou a entidadespúblicas.

Violação de sigilo empresarial

Artigo 169 - Violar, explorar ou divulgar, sem justa causa, sigilo empresarial ou dadosconfidenciais sobre operações ou serviços, contribuindo para a condução do devedor a estado deinviabilidade econômica ou financeira:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Divulgação de informações falsas

Artigo 170 - Divulgar ou propalar, por qualquer meio, informação falsa sobre devedor emrecuperação judicial, com o fim de levá-lo à falência ou de obter vantagem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Indução a erro

Artigo 171 - Sonegar ou omitir informações ou prestar informações falsas no processo defalência, de recuperação judicial ou de recuperação extrajudicial, com o fim de induzir a erro o juiz,o Ministério Público, os credores, a assembléia geral de credores, o Comitê ou o administrador judicial:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Favorecimento de credores

Artigo 172 - Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperaçãojudicial ou homologar plano de recuperação extrajudicial, ato de disposição ou oneração patrimonialou gerador de obrigação, destinado a favorecer um ou mais credores em prejuízo dos demais:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Parágrafo único - Nas mesmas penas incorre o credor que, em conluio, possa beneficiar-se deato previsto no caput deste artigo.

Desvio, ocultação ou apropriação de bens

Artigo 173 - Apropriar-se, desviar ou ocultar bens pertencentes ao devedor sob recuperaçãojudicial ou à massa falida, inclusive por meio da aquisição por interposta pessoa:

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Legislação

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Aquisição, recebimento ou uso ilegal de bens

Artigo 174 - Adquirir, receber, usar, ilicitamente, bem que sabe pertencer à massa falida ouinfluir para que terceiro, de boa-fé, o adquira, receba ou use:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Habilitação ilegal de crédito

Artigo 175 - Apresentar, em falência, recuperação judicial ou recuperação extrajudicial, relaçãode créditos, habilitação de créditos ou reclamação falsas, ou juntar a elas título falso ou simulado:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Exercício ilegal de atividade

Artigo 176 - Exercer atividade para a qual foi inabilitado ou incapacitado por decisão judicial,nos termos desta Lei:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Violação de impedimento

Artigo 177 - Adquirir o juiz, o representante do Ministério Público, o administrador judicial, ogestor judicial, o perito, o avaliador, o escrivão, o oficial de justiça ou o leiloeiro, por si ou porinterposta pessoa, bens de massa falida ou de devedor em recuperação judicial, ou, em relação aestes, entrar em alguma especulação de lucro, quando tenham atuado nos respectivos processos:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Omissão dos documentos contábeis obrigatórios

Artigo 178 - Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença quedecretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação extrajudicial,os documentos de escrituração contábil obrigatórios:

Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.

Seção II – Disposições Comuns

Artigo 179 - Na falência, na recuperação judicial e na recuperação extrajudicial de sociedades,os seus sócios, diretores, gerentes, administradores e conselheiros, de fato ou de direito, bem como oadministrador judicial, equiparam-se ao devedor ou falido para todos os efeitos penais decorrentesdesta Lei, na medida de sua culpabilidade.

Artigo 180 - A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede arecuperação extrajudicial de que trata o artigo 163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade dasinfrações penais descritas nesta Lei.

Artigo 181 - São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei:

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Legislação

I - a inabilitação para o exercício de atividade empresarial;II - o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria

ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei;III - a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio.§ 1º - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente

declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da punibilidade, podendo,contudo, cessar antes pela reabilitação penal.

§ 2º - Transitada em julgado a sentença penal condenatória, será notificado o Registro Públicode Empresas para que tome as medidas necessárias para impedir novo registro em nome dos inabilitados.

Artigo 182 - A prescrição dos crimes previstos nesta Lei reger-se-á pelas disposições do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, começando a correr do dia da decretação dafalência, da concessão da recuperação judicial ou da homologação do plano de recuperaçãoextrajudicial.

Parágrafo único - A decretação da falência do devedor interrompe a prescrição cuja contagemtenha iniciado com a concessão da recuperação judicial ou com a homologação do plano de recuperaçãoextrajudicial.

Seção III – Do Procedimento Penal

Artigo 183 - Compete ao juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência,concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial, conhecer daação penal pelos crimes previstos nesta Lei.

Artigo 184 - Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.

Parágrafo único - Decorrido o prazo a que se refere o artigo 187, parágrafo 1º, sem que orepresentante do Ministério Público ofereça denúncia, qualquer credor habilitado ou o administradorjudicial poderá oferecer ação penal privada subsidiária da pública, observado o prazo decadencial de6 (seis) meses.

Artigo 185 - Recebida a denúncia ou a queixa, observar-se-á o rito previsto nos artigos 531 a540 do Decreto-Lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal.

Artigo 186 - No relatório previsto na alínea “e” do inciso III do caput do artigo 22 desta Lei,o administrador judicial apresentará ao juiz da falência exposição circunstanciada, considerandoas causas da falência, o procedimento do devedor, antes e depois da sentença, e outras informaçõesdetalhadas a respeito da conduta do devedor e de outros responsáveis, se houver, por atos quepossam constituir crime relacionado com a recuperação judicial ou com a falência, ou outro delitoconexo a estes.

Parágrafo único - A exposição circunstanciada será instruída com laudo do contador encarregadodo exame da escrituração do devedor.

Artigo 187 - Intimado da sentença que decreta a falência ou concede a recuperação judicial, oMinistério Público, verificando a ocorrência de qualquer crime previsto nesta Lei, promoverá imediata-mente a competente ação penal ou, se entender necessário, requisitará a abertura de inquérito policial.

§ 1º - O prazo para oferecimento da denúncia regula-se pelo artigo 46 do Decreto-Lei n. 3.689,de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal, salvo se o Ministério Público, estando o réu

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Legislação

solto ou afiançado, decidir aguardar a apresentação da exposição circunstanciada de que trata oartigo 186 desta Lei, devendo, em seguida, oferecer a denúncia em 15 (quinze) dias.

§ 2º - Em qualquer fase processual, surgindo indícios da prática dos crimes previstos nesta Lei,o juiz da falência ou da recuperação judicial ou da recuperação extrajudicial cientificará o MinistérioPúblico.

Artigo 188 - Aplicam-se subsidiariamente as disposições do Código de Processo Penal, no quenão forem incompatíveis com esta Lei.

CAPÍTULO VIII – DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Artigo 189 - Aplica-se a Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, noque couber, aos procedimentos previstos nesta Lei.

Artigo 190 - Todas as vezes que esta Lei se referir a devedor ou falido, compreender-se-á quea disposição também se aplica aos sócios ilimitadamente responsáveis.

Artigo 191 - Ressalvadas as disposições específicas desta Lei, as publicações ordenadas serãofeitas preferencialmente na imprensa oficial e, se o devedor ou a massa falida comportar, em jornalou revista de circulação regional ou nacional, bem como em quaisquer outros periódicos que circulemem todo o país.

Parágrafo único - As publicações ordenadas nesta Lei conterão a epígrafe “recuperação judicialde”, “recuperação extrajudicial de” ou “falência de”.

Artigo 192 - Esta Lei não se aplica aos processos de falência ou de concordata ajuizadosanteriormente ao início de sua vigência, que serão concluídos nos termos do Decreto-Lei n. 7.661, de21 de junho de 1945.

§ 1º - Fica vedada a concessão de concordata suspensiva nos processos de falência em curso,podendo ser promovida a alienação dos bens da massa falida assim que concluída sua arrecadação,independentemente da formação do quadro geral de credores e da conclusão do inquérito judicial.

§ 2º - A existência de pedido de concordata anterior à vigência desta Lei não obsta o pedido derecuperação judicial pelo devedor que não houver descumprido obrigação no âmbito da concordata,vedado, contudo, o pedido baseado no plano especial de recuperação judicial para microempresas eempresas de pequeno porte a que se refere a Seção V do Capítulo III desta Lei.

§ 3º - No caso do parágrafo 2º deste artigo, se deferido o processamento da recuperaçãojudicial, o processo de concordata será extinto e os créditos submetidos à concordata serão inscritospor seu valor original na recuperação judicial, deduzidas as parcelas pagas pelo concordatário.

§ 4º - Esta Lei aplica-se às falências decretadas em sua vigência resultantes de convolação deconcordatas ou de pedidos de falência anteriores, às quais se aplica, até a decretação, o Decreto-Lein. 7.661, de 21 de junho de 1945, observado, na decisão que decretar a falência, o disposto no artigo99 desta Lei.

Artigo 193 - O disposto nesta Lei não afeta as obrigações assumidas no âmbito das câmaras ouprestadoras de serviços de compensação e de liquidação financeira, que serão ultimadas e liquidadaspela câmara ou prestador de serviços, na forma de seus regulamentos.

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Legislação

Artigo 194 - O produto da realização das garantias prestadas pelo participante das câmaras ouprestadores de serviços de compensação e de liquidação financeira submetidos aos regimes de quetrata esta Lei, assim como os títulos, valores mobiliários e quaisquer outros de seus ativos objetos decompensação ou liquidação serão destinados à liquidação das obrigações assumidas no âmbito dascâmaras ou prestadoras de serviços.

Artigo 195 - A decretação da falência das concessionárias de serviços públicos implica extinçãoda concessão, na forma da lei.

Artigo 196 - Os Registros Públicos de Empresas manterão banco de dados público e gratuito,disponível na rede mundial de computadores, contendo a relação de todos os devedores falidos ouem recuperação judicial.

Parágrafo único - Os Registros Públicos de Empresas deverão promover a integração de seusbancos de dados em âmbito nacional.

Artigo 197 - Enquanto não forem aprovadas as respectivas leis específicas, esta Lei aplica-sesubsidiariamente, no que couber, aos regimes previstos no Decreto-Lei n. 73, de 21 de novembro de1966, na Lei n. 6.024, de 13 de março de 1974, no Decreto-Lei n. 2.321, de 25 de fevereiro de 1987,e na Lei n. 9.514, de 20 de novembro de 1997.

Artigo 198 - Os devedores proibidos de requerer concordata nos termos da legislação específicaem vigor na data da publicação desta Lei ficam proibidos de requerer recuperação judicial ouextrajudicial nos termos desta Lei.

Artigo 199 - Não se aplica o disposto no artigo 198 desta Lei às sociedades a que se refere oartigo 187 da Lei n. 7.565, de 19 de dezembro de 1986.

Parágrafo único - Na recuperação judicial e na falência das sociedades de que trata o caputdeste artigo, em nenhuma hipótese ficará suspenso o exercício de direitos derivados de contratos dearrendamento mercantil de aeronaves ou de suas partes.

Artigo 200 - Ressalvado o disposto no artigo 192 desta Lei, ficam revogados o Decreto-Lein. 7.661, de 21 de junho de 1945, e os artigos 503 a 512 do Decreto-Lei n. 3.689, de 3 de outubro de1941 – Código de Processo Penal.

Artigo 201 - Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação.

(DOU, Seção 1, de 10.2.2005, p. 1)

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Legislação

Medidas Provisórias

CÓDIGO CIVIL – Alteração. Artigo 2.031

MEDIDA PROVISÓRIA N. 234, DE 10 DE JANEIRO DE 2005

Dá nova redação ao caput do artigo 2.031 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002,que institui o Código Civil.

O Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 62 da Constituição,adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei:

Artigo 1º - O caput do artigo 2.031 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, passa a vigorarcom a seguinte redação:

“Artigo 2.031 - As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis anteriores,bem assim os empresários, deverão se adaptar às disposições deste Código até 11 de janeiro de2006.” (NR)

Artigo 2º - Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.

Artigo 3° - Fica revogada a Lei n. 10.838, de 30 de janeiro de 2004.

(DOU, Seção 1, de 11.1.2005, p. 1)

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UNIVERSIDADE PARA TODOS – Disposições

MEDIDA PROVISÓRIA N. 235, DE 13 DE JANEIRO DE 2005

Dispõe sobre o Programa Universidade para todos – PROUNI.

O Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 62 da Constituição,adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei:

Artigo  1° - A adesão da instituição de ensino superior ao Programa Universidade para Todos –PROUNI, nos termos da Lei n. 11.096, de 13 de janeiro de 2005, dar-se-á por intermédio de suamantenedora e a isenção prevista no artigo 8 dessa Lei será aplicada pelo prazo de vigência do termode adesão, devendo a mantenedora comprovar, ao final de cada ano-calendário, a quitação de tributose contribuições federais administrados pela Secretaria da Receita Federal, sob pena de desvinculaçãodo Programa, sem prejuízo para os estudantes beneficiados e sem ônus para o Poder Público.

Parágrafo único - O atendimento ao disposto no artigo 60 da Lei n. 9.069, de 29 de junho de1995, para as instituições que aderirem ao Programa até 31 de dezembro de 2005, poderá serefetuado, excepcionalmente, até essa data.

Artigo 2° - Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.

        (DOU, 14.1.2005, p. 11)

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Legislação

Decreto

MEDICAMENTOS – Fracionamento. Venda. Permissão

DECRETO N. 5.348 DE 19 DE JANEIRO DE 2005

Dá nova redação aos artigos 2º e 9º do Decreto n. 74.170, de 10 de junho de 1974, queregulamenta a Lei n. 5.991, de 17 de dezembro de 1973, que dispõe sobre o controlesanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos.

O Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 84, inciso IV, daConstituição, e tendo em vista o disposto na Lei n. 5.991, de 17 de dezembro de 1973,

Decreta:

Artigo 1º - Os artigos 2º e 9º do Decreto n. 74.170, de 10 de junho de 1974, passam a vigorarcom a seguinte redação:

“Artigo 2º - (...)

(...)

XVIII - Fracionamento: procedimento efetuado por profissional farmacêutico habilitado, paraatender à prescrição preenchida pelo profissional prescritor, que consiste na subdivisão de ummedicamento em frações menores, a partir da sua embalagem original, sem o rompimento daembalagem primária, mantendo os seus dados de identificação.” (NR)

(...)

Artigo 9º - (...)

(...)

Parágrafo único - As farmácias poderão fracionar medicamentos, desde que garantidas ascaracterísticas asseguradas na forma original, ficando a cargo do órgão competente do Ministérioda Saúde estabelecer, por norma própria, as condições técnicas e operacionais, necessárias àdispensação de medicamentos de forma fracionada.” (NR)

Artigo 2º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

(DOU, Seção I, de 20.1.2005, p. 9)

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Legislação

Legislação Estadual

Leis Complementares

DIVISÕES JUDICIÁRIAS DO ESTADO – Organização. Alteração

LEI COMPLEMENTAR N. 967, DE 5 DE JANEIRO DE 2005

Altera a Organização e a Divisão Judiciárias do Estado e cria os cargos necessáriospara o Quadro do Tribunal de Justiça.

O Governador do Estado de São Paulo:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte Lei Complementar:

Artigo 1º - São criadas as 2ªs Varas, passando as atuais a denominarem-se 1as Varas, nos seguintesForos Distritais de primeira entrância:

I - Caieiras, da Comarca de Franco da Rocha;

II - Itirapina, da Comarca de Rio Claro.

Parágrafo único - As Varas criadas por este artigo terão competência cumulativa, civil e criminal,cabendo às 1as Varas o Serviço do Júri, às 2as Varas a jurisdição da Infância e da Juventude e, a cadaqual, a corregedoria de sua própria serventia.

Artigo 2º - É criada a 3ª Vara para o Foro Distrital de Américo Brasiliense, da Comarca deAraraquara, classificada em primeira entrância.

Parágrafo único - A Vara criada por este artigo terá competência cumulativa, civil e criminal,cabendo à 1ª Vara o Serviço do Júri, à 2ª Vara o Serviço da Corregedoria Permanente, à 3ª Vara ajurisdição da Infância e da Juventude e, a cada qual, a corregedoria de sua própria serventia.

Artigo 3º - São criadas as 2as Varas, passando as atuais a denominarem-se 1as Varas, nas seguintesComarcas de primeira entrância:

I - Bariri;

II - Boituva;

III - Buritama;

IV - Cerqueira César;

V - Jaguariúna;

VI - Martinópolis;

VII - Monte Mor;

VIII - Pacaembu;

IX - Valparaíso.

Parágrafo único - As Varas criadas por este artigo terão competência cumulativa, civil e criminal,cabendo às 1as Varas o Serviço do Júri, às 2as Varas a jurisdição da Infância e da Juventude e, a cadaqual, a corregedoria de sua própria serventia.

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Legislação

Artigo 4º - É criada a 2ª Vara para o Foro Distrital de Cajamar, da Comarca de Jundiaí, passandoa atual a denominar-se 1ª Vara, classificada em segunda entrância.

Parágrafo único - A Vara criada por este artigo terá competência cumulativa, civil e criminal,cabendo à 1ª Vara o Serviço do Júri, à 2ª Vara a jurisdição da Infância e da Juventude e, a cada qual,a corregedoria de sua própria serventia.

Artigo 5º - É criada a 2ª Vara para a Comarca de Cravinhos, passando a atual a denominar-se 1ªVara, classificada em segunda entrância.

Parágrafo único - A Vara criada por este artigo terá competência cumulativa, civil e criminal,cabendo à 1ª Vara o Serviço do Júri, à 2ª Vara a jurisdição da Infância e da Juventude e, a cada qual,a corregedoria de sua própria serventia.

Artigo 6º - É criada a 3ª Vara para a Comarca de Lorena, classificada em segunda entrância.

Parágrafo único - A Vara criada por este artigo terá competência cumulativa, civil e criminal,cabendo à 1ª Vara o Serviço do Júri, à 2ª Vara o Serviço da Corregedoria Permanente, à 3ª Vara ajurisdição da Infância e da Juventude e, a cada qual, a corregedoria de sua própria serventia.

Artigo 7º - É criada a 4ª Vara para a Comarca de Mogi Mirim, classificada em segunda entrância.

Parágrafo único - A Vara criada por este artigo terá competência cumulativa, civil e criminal,cabendo-lhe a corregedoria de sua própria serventia.

Artigo 8 - São criadas e classificadas em terceira entrância:

I - a 4ª Vara na Comarca de Cotia;

II - a 3ª Vara na Comarca de Franco da Rocha;

III - a 5ª Vara na Comarca de Guaratinguetá;

IV - a 4ª Vara na Comarca de Itapecerica da Serra;

V - a 6ª Vara na Comarca de Jaú;

VI - a 5ª Vara na Comarca de Lins;

VII - a 5ª Vara na Comarca de Sumaré;

VIII - a 6ª Vara na Comarca de Suzano.

Parágrafo único - As Varas criadas por este artigo terão competência cumulativa, civil e criminal,cabendo, a cada qual, a corregedoria de sua própria serventia.

Artigo 9º - É criada a 3ª Vara Criminal para a Comarca de Itapetininga, classificada em terceiraentrância.

Artigo 10 - Ficam criados na Parte Permanente do Quadro do Tribunal de Justiça:I - 98 (noventa e oito) cargos de Juiz Substituto de Circunscrição Judiciária, Referência I;II - 14 (quatorze) cargos de Juiz de Direito, classificados em primeira entrância, referência III,

destinados à 3ª Vara do Foro Distrital de Américo Brasiliense; à Vara do Foro Distrital de Artur Nogueira;à 2ª Vara dos Foros Distritais de Caieiras e Itirapina; à 2ª Vara das Comarcas de Bariri, Boituva,Buritama, Cerqueira César, Jaguariúna, Martinópolis, Monte Mor, Nova Odessa, Pacaembu e Valparaíso;

III - 11 (onze) cargos de Juiz de Direito, classificados em segunda entrância, referência IV,destinados à 2ª Vara do Foro Distrital de Cajamar; à 2ª Vara das Comarcas de Cravinhos, Lucélia e

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Legislação

Pedreira; à 3ª Vara das Comarcas de Dracena e Lorena; à 4ª Vara das Comarcas de Avaré e MogiMirim e à 5ª Vara das Comarcas de Birigui, Indaiatuba e Votuporanga;

IV - 102 (cento e dois) cargos de Juiz de Direito, classificados em terceira entrância, referênciaV, destinados à 3ª Vara da Comarca de Franco da Rocha; à 4ª Vara das Comarcas de Cotia, Itapecericada Serra e Tupã; à 5ª Vara das Comarcas de Guaratinguetá, Lins, Ourinhos e Sumaré; à 6ª Vara dasComarcas de Guarujá, Itu, Jaú e Suzano; às 6ª e 7ª Varas das Comarcas de Atibaia e Praia Grande; às7ª e 8ª Varas da Comarca de Barueri; à 8ª Vara da Comarca de Limeira; às 4ª e 5ª Varas do ForoRegional de Vila Mimosa; à 5ª Vara Cível da Comarca de Americana; às 5ª e 6ª Varas Cíveis daComarca de Diadema; às 6ª e 7ª Varas Cíveis da Comarca de Marília; às 6ª, 7ª e 8ª Varas Cíveis daComarca de Franca; à 7ª Vara Cível das Comarcas de Araçatuba e Presidente Prudente; à 8ª Vara Cívelda Comarca de Jundiaí; às 8ª, 9ª e 10ª Varas Cíveis da Comarca de Piracicaba; às 8ª, 9ª, 10ª e 11ª VarasCíveis da Comarca de Bauru; às 1ª e 2ª Varas da Família e das Sucessões da Comarca de São José doRio Preto; às 10ª, 11ª, 12ª e 13ª Varas Cíveis da Comarca de São José dos Campos; às 11ª, 12ª e 13ªVaras Cíveis da Comarca de Campinas; às 11ª, 12ª, 13ª e 14ª Varas Cíveis da Comarca de Guarulhos;às 13ª, 14ª, 15ª e 16ª Varas Cíveis da Comarca de Ribeirão Preto; às 14ª e 15ª Varas Cíveis da Comarcade Santos; às 1ª, 2ª e 3ª Varas Criminais da Comarca de Mauá; à 3ª Vara Criminal das Comarcas deAmericana e Itapetininga; às 3ª e 4ª Varas Criminais da Comarca de Rio Claro; à 4ª Vara Criminal daComarca de Presidente Prudente; às 4ª, 5ª e 6ª Varas Criminais da Comarca de Piracicaba; às 5ª, 6ª e7ª Varas Criminais da Comarca de Bauru; à 6ª Vara Criminal das Comarcas de São José do Rio Pretoe Sorocaba; às 6ª, 7ª, 8ª e 9ª Varas Criminais da Comarca de São José dos Campos; às 7ª, 8ª e 9ª VarasCriminais da Comarca de Campinas; às 7ª, 8ª, 9ª e 10ª Varas Criminais da Comarca de Guarulhos; àVara da Infância e da Juventude das Comarcas de Bauru, Marília, Presidente Prudente, São José doRio Preto e Taubaté; à 2ª Vara da Infância e da Juventude das Comarcas de Campinas, Guarulhos eSantos; às 1ª e 2ª Varas da Família e das Sucessões das Comarcas de Guarulhos e Osasco; às 1ª e 2ªVaras da Fazenda Pública da Comarca de Campinas; à 2ª Vara do Júri da Comarca de Campinas; àVara das Execuções Criminais da Comarca de Marília e à Vara do Júri e Execuções Criminais daComarca de Piracicaba;

V - 20 (vinte) cargos de Juiz de Direito Auxiliar, classificados em terceira entrância, ReferênciaV, destinados à Comarca de São Paulo.

Parágrafo único - Os cargos de Juiz Substituto serão distribuídos entre as CircunscriçõesJudiciárias do Estado mediante ato do Tribunal de Justiça.

Artigo 11 - Fica criado o Ofício Judicial destinado ao Foro Distrital de Artur Nogueira.

Artigo 12 - Ficam criados os 2ºs Ofícios Judiciais destinados aos Foros Distritais de Caieiras,Cajamar e Itirapina, passando os atuais a denominarem-se 1ºs Ofícios Judiciais e a destinarem-se às1ªs Varas, respectivamente.

Artigo 13 - Fica criado o 3º Ofício Judicial destinado à 3ª Vara do Foro Distrital de AméricoBrasiliense.

Artigo 14 - Ficam criados:I - o 2º Ofício Judicial para a 2ª Vara das Comarcas de Bariri, Boituva, Buritama, Cerqueira

César, Cravinhos, Jaguariúna, Lucélia, Martinópolis, Monte Mor, Nova Odessa, Pacaembu, Pedreirae Valparaíso, passando o atual a denominar-se 1º Ofício Judicial e a destinar-se à 1ª Vara,respectivamente;

II - o 3º Ofício Judicial para a 3ª Vara das Comarcas de Dracena, Franco da Rocha eLorena;

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Legislação

III - o 4º Ofício Judicial para a 4ª Vara das Comarcas de Avaré, Cotia, Itapecerica da Serra, MogiMirim e Tupã;

IV - o 5º Ofício Judicial para a 5ª Vara das Comarcas de Birigui, Guaratinguetá, Indaiatuba,Lins, Ourinhos, Sumaré e Votuporanga;

V - o 6º Ofício Judicial para a 6ª Vara das Comarcas de Guarujá, Itu, Jaú e Suzano;

VI - os 6º e 7º Ofícios Judiciais para as 6ª e 7ª Varas das Comarcas de Atibaia e Praia Grande;

VII - os 7º e 8º Ofícios Judiciais para as 7ª e 8ª Varas da Comarca de Barueri;

VIII - o 8º Ofício Judicial para a 8ª Vara da Comarca de Limeira;

IX - os 4º e 5º Ofícios Judiciais para as 4ª e 5ª Varas do Foro Regional de Vila Mimosa;

X - o 5º Ofício Cível para a 5ª Vara Cível da Comarca de Americana;

XI - os 5º e 6º Ofícios Cíveis para as 5ª e 6ª Varas Cíveis da Comarca de Diadema;

XII - os 6º e 7º Ofícios Cíveis para as 6ª e 7ª Varas Cíveis da Comarca de Marília;

XIII - os 6º, 7º e 8ºOfícios Cíveis para as 6ª, 7ª e 8ª Varas Cíveis da Comarca de Franca;

XIV - o 7º Ofício Cível para a 7ª Vara Cível das Comarcas de Araçatuba e Presidente Prudente;

XV - o 8º Ofício Cível para a 8ª Vara Cível da Comarca de Jundiaí;

XVI - os 8º, 9º e 10º Ofícios Cíveis para as 8ª, 9ª e 10ª Varas Cíveis da Comarca de Piracicaba;

XVII - os 8º, 9º, 10º e 11º Ofícios Cíveis para as 8ª, 9ª, 10ª e 11ª Varas Cíveis da Comarca deBauru;

XVIII - os 1º e 2º Ofícios da Família e das Sucessões para as 1ª e 2ª Varas da Família e dasSucessões da Comarca de São José do Rio Preto;

XIX - os 10º, 11º, 12º e 13º Ofícios Cíveis para as 10ª, 11ª, 12ª e 13ª Varas Cíveis da Comarcade São José dos Campos;

XX - os 11º, 12º e 13º Ofícios Cíveis para as 11ª, 12ª e 13ª Varas Cíveis da Comarca deCampinas;

XXI - os 11º, 12º, 13º e 14º Ofícios Cíveis para as 11ª, 12ª, 13ª e 14ª Varas Cíveis da Comarcade Guarulhos;

XXII - os 13º, 14º, 15º e 16º Ofícios Cíveis para as 13ª, 14ª, 15ª e 16ª Varas Cíveis da Comarcade Ribeirão Preto;

XXIII - os 14º e 15º Ofícios Cíveis para as 14ª e 15ª Varas Cíveis da Comarca de Santos;

XXIV - os 1º, 2º e 3º Ofícios Criminais para as 1ª, 2ª e 3ª Varas Criminais da Comarca de Mauá;

XXV - o 3º Ofício Criminal para a 3ª Vara Criminal das Comarcas de Americana e Itapetininga;

XXVI - os 3º e 4º Ofícios Criminais para as 3ª e 4ª Varas Criminais da Comarca de Rio Claro;

XXVII - o 4º Ofício Criminal para a 4ª Vara Criminal da Comarca de Presidente Prudente;

XXVIII - os 4º, 5º e 6º Ofícios Criminais para as 4ª, 5ª e 6ª Varas Criminais da Comarca dePiracicaba;

XXIX - os 5º, 6º e 7º Ofícios Criminais para as 5ª, 6ª e 7ª Varas Criminais da Comarca de Bauru;

XXX - o 6º Ofício Criminal para a 6ª Vara Criminal das Comarcas de São José do Rio Preto eSorocaba;

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Legislação

XXXI - os 6º, 7º, 8º e 9º Ofícios Criminais para as 6ª, 7ª, 8ª e 9ª Varas Criminais da Comarca deSão José dos Campos;

XXXII - os 7º, 8º e 9º Ofícios Criminais para as 7ª, 8ª e 9ª Varas Criminais da Comarca deCampinas;

XXXIII - os 7º, 8º, 9º e 10º Ofícios Criminais para as 7ª, 8ª, 9ª e 10ª Varas Criminais da Comarcade Guarulhos;

XXXIV - o Ofício da Infância e da Juventude para a Vara da Infância e da Juventude dasComarcas de Bauru, Marília, Presidente Prudente, São José do Rio Preto e Taubaté;

XXXV - o 2º Ofício da Infância e da Juventude para a 2ª Vara da Infância e da Juventude dasComarcas de Campinas, Guarulhos e Santos;

XXXVI - os 1º e 2º Ofícios da Família e das Sucessões para as 1ª e 2ª Varas da Família e dasSucessões das Comarcas de Guarulhos e Osasco;

XXXVII - os 1º e 2º Ofícios da Fazenda Pública para as 1ª e 2ª Varas da Fazenda Pública daComarca de Campinas;

XXXVIII - o 2º Ofício do Júri para a 2ª Vara do Júri da Comarca de Campinas;

XXXIX - o Ofício das Execuções Criminais para a Vara das Execuções Criminais da Comarcade Marília;

XL - o Ofício do Júri e Execuções Criminais para a Vara do Júri e Execuções Criminais daComarca de Piracicaba.

Artigo 15 - Ficam criados no Subquadro de Cargos Públicos do Quadro do Tribunal de Justiça,para atender à estrutura dos Ofícios Judiciais a que se referem os artigos 11 a 14 desta Lei:

I - 127 (cento e vinte e sete) cargos de Diretor de Serviço, Referência 16, da Escala de Vencimentos- Comissão;

II - 245 (duzentos e quarenta e cinco) cargos de Escrevente-Chefe, Referência 14, da Escala deVencimentos – Comissão;

III - 1.133 (mil cento e trinta e três) cargos de Escrevente Técnico Judiciário, Referência 12, daEscala de Vencimentos – Nível Intermediário;

IV - 598 (quinhentos e noventa e oito) cargos de Oficial de Justiça, Referência 8, da Escala deVencimentos – Nível Intermediário;

V - 144 (cento e quarenta e quatro) cargos de Auxiliar Judiciário VI, Referência 5, da Escala deVencimentos – Nível Intermediário;

VI - 4 (quatro) cargos de Auxiliar Judiciário I, Referência 1, da Escala de Vencimentos – NívelElementar;

VII - 6 (seis) cargos de Auxiliar Judiciário II, Referência 2, da Escala de Vencimentos – NívelElementar.

Artigo 16 - São mantidos os remanejamentos baixados por Resolução do Tribunal de Justiça,com apoio no artigo 54 da Lei Complementar n. 877, de 29 de agosto de 2000, nas seguintes Comarcas:

I - Adamantina: dos serviços entre as 3 Varas, pela Resolução n. 182, de 9 de junho de 2004;

II - Americana: da 3ª Vara Criminal em 4ª Vara Cível e a 4ª Vara Cível em 3ª Vara Criminal, pelaResolução n. 177, de 14 de abril de 2004;

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142 B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):81-166, jan./fev. 2005

Legislação

III - Araraquara:

a) da 6ª Vara Cível em Vara da Família e das Sucessões, pela Resolução n. 174, de 10 de marçode 2004;

b) das 7ª e 8ª Varas Cíveis em 6ª e 7ª Varas Cíveis, pela Resolução n. 174, de 2004;

IV - Bragança Paulista:

a) especialização de cinco Varas cumulativas em 1ª, 2ª e 3ª Varas Cíveis e 1ª e 2ª Varas Criminais,pela Resolução n. 144, de 6 de dezembro de 2000;

b) da 6ª Vara em Vara do Júri, Execuções Criminais e da Infância e da Juventude, pela Resoluçãon. 170, de 3 de março de 2004;

V - Campinas:

a) das 11ª, 12ª e 13ª Varas Cíveis e 2ª Vara do Júri em 1ª, 2ª, 3ª e 4ª Varas da Família e dasSucessões, respectivamente, pela Resolução n. 167, de 18 de fevereiro de 2004;

b) das 14ª e 15ª Varas Cíveis em 1ª e 2ª Varas da Fazenda Pública, pela Resolução n. 167, de2004;

c) das 16ª, 17ª e 18ª Varas Cíveis em 11ª, 12ª e 13ª Varas Cíveis, pela Resolução n. 167, de2004;

d) da 19ª Vara Cível em 2ª Vara do Júri, pela Resolução n. 167, de 2004;

VI - Guarulhos: da 7ª Vara Criminal em Vara das Execuções Criminais e a Vara das ExecuçõesCriminais em 7ª Vara Criminal, pela Resolução n. 171, de 3 de março de 2004;

VII - José Bonifácio: atribuindo o Anexo do Júri à 1ª Vara, pela Resolução n. 140, de 22 demarço de 2000;

VIII - Jundiaí: da 4ª Vara Criminal em Vara da Família e das Sucessões, pela Resolução n. 164,de 10 de dezembro de 2003;

IX - Limeira: especialização de seis Varas cumulativas em 1ª, 2ª, 3ª e 4ª Varas Cíveis e 1ª e 2ªVaras Criminais, pela Resolução n. 152, de 18 de dezembro de 2002;

X - Piracicaba: da 4ª Vara Criminal em 7ª Vara Cível e da 7ª Vara Cível em 4ª Vara Criminal, pelaResolução n. 158, de 1º de outubro de 2003;

XI - Praia Grande: especialização de cinco Varas cumulativas em 1ª, 2ª e 3ª Varas Cíveis e 1ª e 2ªVaras Criminais, pelas Resoluções n. 153, de 6 de agosto de 2003, e n. 166, de 18 de fevereiro de 2004;

XII - Ribeirão Preto: das 7ª e 12ª Varas Cíveis e 7ª Vara Criminal em 1ª, 2ª e 3ª Varas da Famíliae das Sucessões, pela Resolução n. 181, de 2 de junho de 2004;

XIII - Santa Cruz do Rio Pardo: dos serviços entre as 3 Varas, pela Resolução n. 139, de 23 defevereiro de 2000;

XIV - Santos:

a) das 13ª Vara Cível e 7ª Vara Criminal em 1ª e 2ª Varas da Família e das Sucessões, pelaResolução n. 159, de 15 de outubro de 2003;

b) das 1ª e 2ª Varas da Família e das Sucessões em 3ª e 4ª Varas da Família e das Sucessões, pelaResolução n. 159, de 2003;

c) da 2ª Vara de Acidentes do Trabalho em 3ª Vara da Família e das Sucessões, pela Resoluçãon. 168, de 18 de fevereiro de 2004;

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Legislação

d) da 1ª Vara de Acidentes do Trabalho em Vara de Acidentes do Trabalho, pela Resolução n.168, de 2004;

e) da 3ª Vara da Família e das Sucessões em 5ª Vara da Família e das Sucessões, pela Resoluçãon. 168, de 2004;

XV - São José do Rio Preto: das 9ª e 10ª Varas Cíveis em 1ª e 2ª Varas da Família e dasSucessões, pela Resolução n. 183, de 9 de junho de 2004;

XVI - Sorocaba: das 8ª Vara Cível, 5ª Vara Criminal e 9ª Vara Cível em 1ª, 2ª e 3ª Varas daFamília e das Sucessões, respectivamente, pela Resolução n. 163, de 10 de dezembro de 2003;

XVII - Suzano: atribuindo o Anexo das Execuções Criminais e Corregedoria da Polícia Judiciáriae dos Presídios à 5ª Vara, pela Resolução n. 172, de 3 de março de 2004;

XVIII - Ubatuba: dos serviços entre as 2 Varas, pela Resolução n. 149, de 20 de março de2002.

Artigo 17 - É mantido o remanejamento dos serviços entre as 2 Varas do Foro Distrital deVotorantim, determinado pela Resolução n. 160, de 23 de outubro de 2003, do Tribunal de Justiça,com apoio do artigo 40 da Lei Complementar n. 762, de 30 de setembro de 1994.

Artigo 18 - São mantidos os remanejamentos baixados por Resolução do Tribunal de Justiça,com apoio no artigo 54, da Lei Complementar n. 877, de 29 de agosto de 2000, nos seguintes ForosRegionais:

I - Jabaquara:

a) da 1ª Vara Criminal em 3ª Vara da Família e das Sucessões, pela Resolução n. 175, de 17 demarço de 2004;

b) da 3ª Vara da Família e das Sucessões em 4ª Vara da Família e das Sucessões, pela Resoluçãon. 175, de 2004;

c) das 2ª e 3ª Varas Criminais em 1ª e 2ª Varas Criminais, pela Resolução n. 175, de 2004;

II - Santana: da 3ª Vara Criminal em 9ª Vara Cível, pela Resolução n. 176, de 17 de março de2004;

a) das 9ª, 10ª e 11ª Varas Cíveis em 10ª, 11ª e 12ª Varas Cíveis, pela Resolução n. 176, de 2004;

b) das 4ª, 5ª, 6ª, 7ª e 8ª Varas Criminais em 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e 7ª Varas Criminais, pela Resolução n.176, de 2004;

III - Vila Prudente:

c) da 3ª Vara Criminal em 4ª Vara Cível, pela Resolução n. 141, de 12 de abril de 2000;

d) da Vara da Família e das Sucessões em 1ª Vara da Família e das Sucessões, pela Resolução n.156, de 2 de abril de 2003.

Artigo 19 - O Tribunal de Justiça estabelecerá as prioridades para a instalação das Varas, comprovimento gradual dos cargos criados por esta Lei.

Artigo 20 - O Tribunal de Justiça poderá remanejar competência entre Varas das mesmasComarcas, Foros Regionais e Distritais. O mesmo poderá ser feito por ato da Corregedoria Geral daJustiça, com aprovação do Conselho Superior da Magistratura, quanto aos serviços de corregedoriapermanente.

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144 B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):81-166, jan./fev. 2005

Legislação

Parágrafo único - Os remanejamentos de que trata este artigo serão publicados na imprensaoficial e em 1 (um) jornal de grande circulação.

Artigo 21 - Fica remanejada em Vara do Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de SãoVicente, classificada em terceira entrância, a Vara do Foro Distrital de Samaritá, da mesma Comarca.

Parágrafo único - Em decorrência do disposto neste artigo, o cargo de Juiz de Direito, classificadoem primeira entrância, destinado ao Foro Distrital de Samaritá, criado pelo inciso II do artigo 1º daLei n. 6.395, de 29 de março de 1989, fica transformado em cargo de Juiz de Direito, classificado emterceira entrância, referência V, destinado à Vara do Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca deSão Vicente.

Artigo 22 - Ficam remanejadas as Varas do Foro Regional IX - Vila Prudente - Comarca de SãoPaulo, abaixo relacionadas, na seguinte conformidade:

I - a 1ª Vara Criminal em 2ª Vara da Família e das Sucessões;

II - a 2ª Vara da Família e das Sucessões, ainda não instalada, em 3ª Vara da Família e dasSucessões;

III - a 2ª Vara Criminal, ainda não instalada, em Vara Criminal.

Parágrafo único - Os feitos criminais de competência do Foro Regional IX - Vila Prudentepassarão a tramitar pela Vara Criminal do Foro Regional X - Ipiranga, enquanto não instalada a Varaa que alude o inciso III deste artigo, procedendo-se, quanto ao acervo existente, à necessáriaredistribuição.

Artigo 23 - Fica renumerada em 3ª Vara Criminal a atual 4ª Vara Criminal do Foro Regional VII- Itaquera, da Comarca de São Paulo, devido ao remanejamento da competência da 3ª Vara Criminaldo referido foro, pela Resolução n. 129, de 30 de junho de 1999.

Artigo 24 - As despesas decorrentes da execução desta Lei Complementar correrão à conta dedotações próprias, consignadas no orçamento, suplementadas se necessário.

Artigo 25 - Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.

(DOE, Seção I, de 6.1.2005 p. 1)

_______________

CONTRIBUINTE – Código de Direitos, Garantias e Obrigações. Alteração

LEI COMPLEMENTAR N. 970, DE 10 DE JANEIRO DE 2005*

Dá nova redação e acrescenta incisos e parágrafos a dispositivos da Lei Complementarn. 939, de 3 de abril de 2003.

O Governador do Estado de São Paulo:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte Lei Complementar:

Artigo 1º - (Vetado).

Artigo 2º - Acrescente-se aos dispositivos adiante enumerados da Lei Complementar n. 939, de3 de abril de 2003, os incisos e parágrafos seguintes:

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145B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):81-166, jan./fev. 2005

Legislação

I - (Vetado).

II - ao artigo 5º, o inciso IX:

“Artigo 5º - (...)

IX - o não encaminhamento ao Ministério Público, por parte da administração tributária, derepresentação para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária enquanto não proferidaa decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência do crédito tributário correspondente.”

III - ao artigo 22, incisos XIX e XX:

“Artigo 22 – (...)

XIX - a Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo – FETCESP;

XX - a Diretoria Executiva da Administração Tributária da Secretaria da Fazenda – DEAT.”

Artigo 3º - Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.

(DOE, Seção I, de 11.1.2005, p. 1)_____________* A Lei Complementar n. 939, de 3 de abril de 2003, foi publicada no Boletim do Centro de Estudos, São Paulo, v. 27, n. 2, p. 260-266,mar./abr. 2003.

_______________

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS – Qualificação. Lei Complementar n. 846/98. Alteração

Lei Complementar n. 971, de 10.1.2005, publicada no DOE, Seção I, de 11.1.2005, p. 1. Altera aredação de dispositivo da Lei Complementar n. 846, de 4.6.1998, que dispõe sobre a qualificação deentidades como organizações sociais.

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Leis Ordinárias

POLICIAIS CIVIS E MILITARES – Destinação de Imóveis Populares. Lei n. 11.023/2001.Alteração

Lei n. 11.818, de 3.1.2005, publicada no DOE, Seção I, de 4.1.2005, p. 1. Altera a Lei n. 11.023, de28 de novembro de 2001, que dispõe sobre a reserva de 4% (quatro por cento) de todos os imóveispopulares para serem comercializados com policiais civis e militares.

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VIDEOCONFERÊNCIA – Aparelhos. Implantação

LEI N. 11.819, DE 5 DE JANEIRO DE 2005

Dispõe sobre a implantação de aparelhos de videoconferência para interrogatório eaudiências de presos à distância.

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Legislação

O Governador do Estado de São Paulo:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte Lei:

Artigo 1º - Nos procedimentos judiciais destinados ao interrogatório e à audiência de presos,poderão ser utilizados aparelhos de videoconferência, com o objetivo de tornar mais célere o trâmiteprocessual, observadas as garantias constitucionais.

Artigo 2º - O Poder Executivo regulamentará está Lei no prazo de 90 (noventa) dias, contadosa partir da sua publicação.

Artigo 3º - As despesas decorrentes da execução desta Lei correrão à conta das dotaçõesorçamentárias próprias, suplementadas se necessário.

Artigo 4º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

(DOE, Seção I, de 6.1.2005, p. 3)

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CARTAZES – Doenças Sexualmente Transmissíveis. Instalação

LEI N. 11.829, DE 17 DE JANEIRO DE 2005

Determina a instalação de cartazes com informações sobre as Doenças SexualmenteTransmissíveis – DST, nos sanitários de uso público.

O Governador do Estado de São Paulo:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte Lei:

Artigo 1º - Os sanitários de uso público devem ter, obrigatoriamente, placas de fácil visualizaçãoe leitura, contendo informações básicas sobre as Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST, bemcomo sobre as formas de evitá-las.

Parágrafo único - As placas de que trata o caput serão afixadas no espaço interno dos sanitáriose deverão conter:

1. ilustrações sobre as doenças apresentadas de modo a facilitar a identificação por parte doleitor;

2. telefones dos serviços de saúde que pertencem ao Sistema Único de Saúde – SUS, no Estadode São Paulo, que contam com profissionais de saúde capacitados na abordagem da síndrome dasDST.

Artigo 2º - O Poder Executivo regulamentará está Lei no prazo de 90 (noventa) dias, a contarde sua publicação.

Artigo 3º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

(DOE, Seção I, de 18.1.2005, p. 1)

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Legislação

DISQUE DENÚNCIA – Escolas Públicas. Colocação. Obrigatoriedade

LEI N. 11.853, DE 17 DE JANEIRO DE 2005

Dispõe sobre a obrigatoriedade da colocação do número do Disque Denúncia nasescolas e hospitais públicos.

O Governador do Estado de São Paulo:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte Lei:

Artigo 1º - É obrigatória a divulgação do número do Disque Denúncia em escolas e hospitaispúblicos, em todo o Estado.

Parágrafo único - A divulgação de que trata o caput deverá ser exposta em lugares visíveis aopúblico, notadamente nas entradas principais de circulação.

Artigo 2º - A divulgação do número do Disque Denúncia deverá ser escrita com letras garrafais,possibilitando sua visualização à distância.

Artigo 3º - Junto ao número do Disque Denúncia deverá constar a seguinte frase: “Sigiloabsoluto para quem faz a denúncia”.

Parágrafo único - A frase de que trata o caput deverá ser escrita com letras garrafais, possibilitandosua visualização à distância.

Artigo 4º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

(DOE, Seção I, de 18.1.2005, p. 3)

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CRIANÇAS E ADOLESCENTES – Exploração Sexual. Advertência. Obrigatoriedade

Lei n. 11.874, de 19.1.2005, publicada no DOE, Seção I, de 20.1.2005, p. 1. Dispõe sobre aobrigatoriedade da publicação, nos jornais editados no Estado de São Paulo, de advertência quanto àexploração sexual de crianças e adolescentes, nas condições que especifica.

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EDUCADORES DA REDE DE ENSINO – Política de Prevenção. Instituição

Lei n. 11.875, de 19.1.2005, publicada no DOE, Seção I, de 20.1.2005, p. 1. Institui a Política dePrevenção à Violência Contra Educadores da Rede de Ensino do Estado de São Paulo.

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IDOSOS, GESTANTES E PORTADORES DE DEFICIÊNCIAS – Assentos nos TransportesColetivos. Disposições

Lei n. 11.877, de 19.1.2005, publicada no DOE, Seção I, de 20.1.2005, p. 1. Dispõe sobre a instalaçãode assentos para idosos, gestantes e portadores de deficiência nos terminais de transportes coletivosrodoviários intermunicipais, do Metrô e estações de trens.

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Legislação

Decretos

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA – Normas. Fixação

Decreto n. 49.337, de 13.1.2005, publicada no DOE, Seção I, de 14.1.2005, p. 1. Fixa normas paraa execução orçamentária e financeira do exercício de 2005 e dá outras providências.

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ICMS – Parcelamento. Comércio Varejista. Saídas Promovidas em Dezembro de 2004.Possibilidade

Decreto n. 49.338, de 14.1.2005, publicado no DOE, Seção I, de 15.1.2005, p. 1. Dispõe sobre apossibilidade de contribuintes do comércio varejista parcelarem o ICMS devido pelas saídas promovidasem dezembro de 2004.

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REPARTIÇÕES PÚBLICAS ESTADUAIS – Feriados Municipais. Expediente. Suspensão

DECRETO N. 49.341, DE 24 DE JANEIRO DE 2005

Dispõe sobre a suspensão do expediente nas repartições públicas estaduais, situadasnos municípios do Estado, nos feriados religiosos e civis que especifica.

Geraldo Alckmin, Governador do Estado de São Paulo, no uso de suas atribuições legais,

Decreta:

Artigo 1º - Nos feriados religiosos e civis, bem como nas datas comemorativas de fundação ouemancipação do município, assim declaradas em lei municipal, de acordo com a tradição local eobservada a legislação federal, será suspenso o expediente nas repartições públicas estaduais situadasno respectivo município, independentemente da expedição de decreto específico.

Artigo 2º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, ficando revogado o Decreton. 20.887, de 29 de março de 1983.

(DOE, Seção I, de 25.1.2005, p. 1)

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LICENCIAMENTO AMBIENTAL – Lei Estadual n. 9.509/97. Regulamentação

Decreto n. 49.391, de 21.2.2005, publicada no DOE, Seção I, de 22.2.2005, p. 1. Altera o QuadroIII, do Anexo I, a que se refere o parágrafo 1º do artigo 12, do Decreto n. 47.400, de 4 de dezembrode 2002, que regulamenta dispositivos da Lei n. 9.509, de 20 de março de 1997, que dispõe sobrePolítica Estadual do Meio Ambiente, e dá nova redação ao artigo 18, do Decreto n. 47.700, de 11 demarço de 2003, que regulamenta a Lei n. 11.241, de 19 de setembro de 2002, que dispõe sobre aeliminação gradativa da queima da palha da cana-de-açúcar e dá providências correlatas.

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Legislação

Atos Normativos

ITCMD – Serviço Eletrônico de Bancos. Pagamento

Portaria CAT n. 5, de 19.1.2005, publicada no DOE, Seção I, de 20.1.2005, p. 18. Altera dispositivosda Portaria CAT n. 98, de 4.12.1997, que autoriza o pagamento de tributos e demais receitas públicasdo Estado de São Paulo, por meio do serviço eletrônico de bancos.

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INTERNET – Regras e Diretrizes para os Sítios. Âmbito da Administração Pública Estadual

RESOLUÇÃO CC N. 9, DE 25 DE FEVEREIRO DE 2005

Estabelece regras e diretrizes para os sítios da Administração Pública Estadual naInternet.

O Secretário-Chefe da Casa Civil, na qualidade de Presidente do Comitê de Qualidade daGestão Pública, resolve:

CAPÍTULO I – Disposição Preliminar

Artigo 1º - Todas as ações relacionadas aos sítios, na Internet, de acesso público, dos órgãos daAdministração Pública Estadual Direta, das autarquias, inclusive autarquias de regime especial, dasfundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público, das empresas em cujo capital o Estado tenhaparticipação majoritária, bem como das demais entidades por ele direta ou indiretamente controladas,regem-se por esta resolução.

CAPÍTULO II – Da Apresentação

SEÇÃO I – Das Formas de Acesso

Artigo 2º - O acesso às páginas do Governo do Estado de São Paulo na Internet será realizadode duas formas:

I - endereço do portal oficial do Governo do Estado: http://www.saopaulo.sp.gov.br ouwww.sp.gov.br;

II - endereço individual de cada órgão ou entidade: http://www.((MENOR))nome ou abreviatura((MAIOR)).sp.gov.br, onde haverá acesso (link) para a página principal do sítio oficial do Governodo Estado.

SEÇÃO II – Da Estrutura dos Sítios

Artigo 3º - Os órgãos e entidades da Administração Pública Estadual, ao adotarem um nome dedomínio na Internet, observarão as seguintes diretrizes:

I - somente poderão ser utilizados os subdomínios de nível sp.gov.br;

II - os domínios que não possuem a terminação indicada no inciso anterior deverão redirecionara navegação na Internet para o domínio principal, mantendo o domínio já cadastrado em outraterminação para evitar o uso indevido por terceiros;

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Legislação

III - o nome de domínio deverá, na seguinte ordem de preferência, guardar associação com:a) o serviço pelo qual se conhece o órgão ou a entidade;b) o nome do órgão ou da entidade; ouc) a atividade principal do órgão ou da entidade.

Artigo 4º - Para a elaboração de um sítio governamental devem ser observados os seguintescritérios:

I - definição dos princípios a seguir indicados:a) propósito e abrangência do sítio;b) serviços/informações que serão oferecidos no sítio;c) público-alvo do sítio;d) padrão de serviços, como disponibilidade, integridade das informações, controle de acesso,

estimativa de picos e níveis e outros inerentes aos serviços;II - verificação da existência de sítios do Governo do Estado com igual ou similar propósito,

avaliando a possibilidade de integração para complementaridade de informações aos usuários;III - análise de critérios de acessibilidade e usabilidade para oferecer nível de alcance a todos os

cidadãos, com acesso igualitário ao público-alvo;IV - utilização de recursos tecnológicos adequados ao público-alvo;V - identificação e alocação de recursos financeiros, técnicos e humanos para a definição,

acompanhamento e desenvolvimento do projeto, da atualização e da divulgação do sítio;VI - planejamento da capacidade de atendimento junto aos Data Centers implementados pelo

Governo do Estado para publicação de sítios;VII - identificação da necessidade de publicação do sítio em outros idiomas, respeitadas as

seguintes disposições:a) o uso do idioma português é obrigatório;b) o oferecimento de outros idiomas é recomendável, preferencialmente o inglês e o espanhol,

devendo, em tais páginas, constar o serviço “Fale Conosco” no idioma adotado.

SEÇÃO III – Da Identidade Visual dos Sítios

Artigo 5º - Caberá à Unidade de Assessoramento em Comunicação:I - publicar e manter o Manual de Identidade Visual, para Internet, do Governo do Estado de

São Paulo;II - definir a identidade visual dos sítios dos órgãos e entidades da Administração Pública

Estadual;III - confeccionar, alterar e divulgar os modelos de logotipo, segundo as normas estabelecidas

pelo Manual de Identidade Visual vigente.Parágrafo único - Para os efeitos desta resolução, considera-se identidade visual o conjunto de

marcas, tipologias, cores, imagens, símbolos e ícones utilizados para caracterização dos sítios doGoverno Estadual.

Artigo 6º - Todas as páginas do Governo do Estado de São Paulo na Internet, além de obedecerao padrão descrito no Manual de Identidade Visual e ao previsto nos incisos II e III do artigo anterior,deverão observar as seguintes disposições:

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Legislação

I - o desenvolvimento de cada página deverá seguir, obrigatoriamente, as normas de apresentaçãode serviços descritas no Manual de Usabilidade dos Serviços Públicos (e-Poupatempo);

II - os conteúdos de cada órgão ou entidade deverão exibir a data da publicação;

III - o leiaute e a diagramação da página inicial deverá oferecer conteúdo agrupado por assunto,com menus intuitivos, de fácil navegação e usabilidade, conforme normas vigentes no Manual deIdentidade Visual.

SEÇÃO IV – Da Estruturação de Informações

Artigo 7º - A estruturação de informações observará as seguintes diretrizes:

I - com o objetivo de evitar duplicidade de informações e definir responsabilidades em matériasde interesse comum da Administração Pública Estadual:

a) o conteúdo, a atualização e a localização das informações ficarão em páginas de competênciaindicadas pelos órgãos ou entidades autores ou responsáveis por sua manutenção;

b) os demais sítios relacionados poderão direcionar o acesso às páginas a que se refere a alíneaanterior;

II - os sítios da Administração Pública Estadual poderão, após autorização da Unidade deAssessoramento em Comunicação, ter links de acesso para páginas de entidades de natureza privada,que deverão ser abertas em janelas independentes;

III - em relação ao acesso a links externos, deverão ser observadas as normas da política deprivacidade adotada pelo Governo do Estado no Manual de Segurança;

IV - não será permitida a utilização de fotos, imagens e informações de caráter pessoal;V - será expressamente proibida a colocação, na página principal dos sítios, de qualquer tipo

de marca, símbolo ou outro recurso que identifique a pessoa física ou jurídica responsável por suaelaboração, podendo ser, quando necessária, criada uma página de crédito específica paracolaboradores.

SEÇÃO V – Da Gestão dos Canais de Relacionamento dos Sítios com o Cidadão

Artigo 8º - A interação de sítios ligados à Administração Pública Estadual com o usuário deveter como referência o Manual para Implementação de Serviços Públicos Eletrônicos e considerar asseguintes disposições:

I - todo sítio deve, obrigatoriamente, oferecer pelo menos um serviço de comunicação diretado cidadão com o órgão ou entidade do tipo “Fale Conosco”, assim caracterizado:

a) permite ao usuário enviar uma mensagem ao órgão ou entidade por correio eletrônico ou pormeio de formulário apropriado, para quaisquer fins, garantindo-se resposta à solicitação;

b) as solicitações encaminhadas devem ser respondidas em, no máximo, 2 dias úteis, sendo ousuário informado quando esse prazo não puder ser observado;

c) contém informações de estatística em relação ao conteúdo das mensagens recebidas, taiscomo problemas, críticas e sugestões;

d) declara na página do sítio o nome da unidade organizacional ou do servidor designadocomo responsável pelo atendimento das mensagens recebidas;

II - a criação de um canal de relacionamento on-line e em tempo real com o cidadão érecomendada como forma de melhor direcionar as sugestões, críticas ou qualquer outro meio demanifestação.

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Legislação

CAPÍTULO III – Dos Serviços Eletrônicos

Artigo 9º - A criação de serviços on-line deverá estar centrada no cidadão e organizada deacordo com os eventos da vida e situações de interesse, respeitados os direitos constantes na Lei deProteção e Defesa do Usuário do Serviço Público do Estado de São Paulo (Lei n. 10.294, de 20 deabril de 1999) e observadas as seguintes diretrizes:

I - o padrão de eventos da vida deverá obedecer o estabelecido no portal Cidadão.SPwww.cidadao.sp.gov.br;

II - a página inicial deverá oferecer os serviços e informações mais importantes aos usuários,de forma direta, ágil e eficaz;

III - os cidadãos devem ter acesso a um serviço de alta qualidade, organizado de acordo comsuas necessidades e não nos moldes das estruturas do Governo;

IV - a estruturação deve oferecer informações e prestação de serviços, em ordem lógica enatural ao usuário, de acordo com o público-alvo;

V - todos os sítios da Administração Pública Estadual devem oferecer acesso ao portal Cidadão.SP.

Artigo 10 - Deve ser oferecido, ainda, um conjunto de informações acessórias que indiquem,de maneira clara, ao cidadão:

I - como utilizar o serviço;

II - onde acessar o serviço;

III - quais suas restrições e precondições de uso;

IV - quais as alternativas de serviços presenciais;

V - quais os direitos e deveres relacionados ao serviço;

VI - qual a legislação relativa ao serviço;

VII - o que fazer em caso de insatisfação com o serviço ou dúvidas não atendidas;

VIII - Ouvidoria do órgão ou entidade responsável pela prestação de serviços.

Artigo 11 - Os serviços eletrônicos devem atender aos padrões do Manual de Usabilidade dosServiços Públicos (e-Poupatempo), bem como à sistematização e versão eletrônica dos serviços deatendimento e orientação do Estado, os quais visam ultrapassar a categoria de prestação de serviçoson-line, para atingir o nível de atendimento e relacionamento on-line.

Artigo 12 - Todos os serviços presenciais dirigidos ao cidadão, prestados atualmente peloEstado e que prescindam da presença física do cidadão, deverão estar disponíveis na Internet até ofinal de 2007, em concordância com o PPA – Plano Plurianual.

Parágrafo único - Para os serviços que exigirem a presença física do cidadão, devem serestudadas alternativas de redução, otimização, agendamento ou eliminação do fluxo presencial até amesma data fixada no caput deste artigo

Artigo 13 - Os órgãos e entidades da Administração Pública Estadual, ao criarem serviçoseletrônicos, devem considerar a inter-relação com outros órgãos e entidades, a fim de oferecerserviços integrados.

Artigo 14 - A contratação de empresas para o desenvolvimento de serviços ou sistemas desuporte aos serviços on-line deve garantir, em contrato, o atendimento às determinações deste capítulo.

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Legislação

Artigo 15 - Todo serviço on-line, que tenha interatividade com o usuário, deve prover recursosde segurança e privacidade de forma a garantir a inviolabilidade dos dados cadastrados pelo usuárioou a ele enviados.

Artigo 16 - Na criação de serviços públicos por meio da Internet, os órgãos e entidades devemseguir os padrões, requisitos e recomendações presentes no Manual para Implementação de ServiçosPúblicos Eletrônicos.

CAPÍTULO IV – Da Infra-estrutura

SEÇÃO I – Da Infra-estrutura para os Sítios

Artigo 17 - Todos os órgãos e entidades da Administração Pública Estadual deverão utilizarobrigatoriamente os Data Centers implementados pelo Governo do Estado para hospedagem,publicação de informações e serviços eletrônicos prestados por meio da Internet.

SEÇÃO II – Da Segurança dos Sítios

Artigo 18 - A segurança dos sítios dos órgãos e entidades da Administração Pública Estadualobservará o disposto nesta seção, sem prejuízo à Política de Segurança de Informações do GovernoEstadual e dos próprios órgãos e entidades.

Artigo 19 - Para atuar como contato no que se refere à segurança do ambiente do sítio, deveexistir pelo menos um responsável técnico vinculado à Administração Pública Estadual, em efetivoexercício no órgão ou entidade.

Artigo 20 - O serviço de certificação digital deverá ser feito por autoridade certificadora oficial,observado o disposto no Decreto n. 48.599/2004.

Artigo 21 - Deverá ser realizada análise de risco nos ambientes de hospedagem dos sítios, quedeverão ser auditados semestralmente pelo próprio órgão ou entidade.

Artigo 22 - Em relação à privacidade de informações dos usuários dos sítios, os órgãos eentidades da Administração Pública Estadual deverão orientar-se pelas seguintes normas:

I - a política de privacidade do Governo ou a legislação reguladora devem ser objeto depublicação, de maneira explícita ou como referência;

II - a guarda e o manuseio das informações deverão obrigatoriamente ser de responsabilidadedos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual.

SEÇÃO III – Do Controle e Monitoramento dos Sítios

Artigo 23 - Deverão ser implementados mecanismos de controle editorial e estatístico e doconteúdo publicado, observadas as seguintes diretrizes:

I - devem ser realizados:

a) o monitoramento da inclusão e atualização do conteúdo dos sítios e, quando for o caso, daexpiração da validade das informações;

b) a implementação de instrumentos para medição do desempenho do sítio, do tráfego deusuários, bem como do índice de atendimento às solicitações efetuadas pelo usuário;

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Legislação

II - é recomendável a definição de níveis de serviços para acompanhamento e avaliaçãoperiódicos dos mecanismos implementados.

SEÇÃO IV – Do Modelo Funcional dos Órgãos e Entidades

Artigo 24 - Para os fins do disposto nesta resolução, cada órgão e entidade da AdministraçãoPública Estadual deverá definir um responsável para cada uma das seguintes funções:

I - gestão;

II - provimento de conteúdo;

III - infra-estrutura tecnológica;

IV - coordenação das atividades relacionadas à elaboração das páginas dos sítios e planejamentoe desenvolvimento de produtos e serviços aos usuários.

Parágrafo único - O nome do responsável de que trata o inciso IV deste artigo será encaminhadoà Unidade de Assessoramento em Comunicação dentro do prazo de 30 dias, contados a partir da datada publicação desta resolução.

Artigo 25 - São atribuições da gestão:

I - aprovar o projeto, a estrutura, o conteúdo e o padrão das páginas do sítio;

II - planejar e monitorar as informações e os serviços oferecidos pelo sítio;

III - envolver recursos do órgão ou entidade, necessários à execução das atividades, emcumprimento ao disposto nesta resolução.

Artigo 26 - São atribuições de provimento de conteúdo:

I - identificar necessidades de produtos, serviços e informações que possam ser oferecidos pormeio do sítio;

II - pesquisar, organizar e disponibilizar os conteúdos a serem implementados nas páginas dosítio;

III - colaborar na implementação da identidade visual, considerando o público alvo, os objetivosdo sítio e as orientações definidas nesta resolução;

IV - zelar pela qualidade das informações disponíveis no sítio, atentando ao ciclo de atualizaçãoe integridade dos dados e à correta utilização da linguagem, entre outros cuidados que se façamnecessários.

Artigo 27 - São atribuições de infra-estrutura tecnológica:

I - implementar e manter:

a) os recursos de infra-estrutura tecnológica (hardware, software e sistemas de telecomunicação)necessários ao atendimento das demandas atuais e futuras de serviços e publicação de sítios;

b) os mecanismos de segurança e de monitoramento para garantia da disponibilidade eintegridade das informações dos sítios;

II - promover a prospecção de novas tecnologias e propor melhorias na infra-estrutura paraconstante adequação tecnológica dos serviços e informações oferecidos aos usuários;

III - capacitar e manter a atualização tecnológica das equipes envolvidas diretamente nasatividades de infra-estrutura.

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155B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):81-166, jan./fev. 2005

Legislação

CAPÍTULO V – Disposições Finais

Artigo 28 - O disposto nos artigos 3º, I e II, e 17 desta resolução não se aplicam às universidadese aos órgãos de pesquisa da Administração Pública Estadual.

Artigo 29 - Os órgãos e entidades da Administração Pública Estadual, que já tiverem seus sítiosimplantados, deverão adaptá-los ao disposto nesta resolução até junho de 2005.

Parágrafo único - Os novos sítios deverão obedecer de imediato à presente resolução.

Artigo 30 - Os manuais citados nesta resolução serão disponibilizados no sítio do Comitê deQualidade da Gestão Pública – CQGP (www.cqgp.sp.gov.br).

Parágrafo único - O Comitê de Qualidade da Gestão Pública fornecerá as orientações necessáriasao fiel cumprimento das normas de que trata o caput deste artigo

Artigo 31 - Os representantes da Fazenda do Estado nas entidades a que se refere o artigo 1º,bem como o Conselho de Defesa dos Capitais do Estado – Codec, adotarão as providências necessáriasao cumprimento desta resolução em seus respectivos âmbitos de atuação.

Artigo 32 - Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

(DOE, Seção I, de 26.2.2005, p. 1-3)

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ATIVIDADE PERICIAL – Servidores do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de SãoPaulo (IMESC). Regulamentação

PORTARIA S-IMESC N. 2, DE 28 DE FEVEREIRO DE 2005

O Superintendente do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo – IMESC,considerando a necessidade de regulamentar a atividade pericial desenvolvida pelos servidores doquadro do IMESC e pelos servidores cadastrados para atuarem como peritos no IMESC, nos termosdo Decreto n. 49.260, de 17.12.2004, resolve:

Artigo 1º - Para o exercício de suas atribuições junto ao IMESC, os servidores efetivos ecadastrados deverão:

I - Cumprir os deveres atinentes ao perito previstos no Código de Processo Civil e Penal, bemcomo observar os deveres decorrentes de seu vínculo funcional;

II - Nos casos das perícias que se processam em segredo de justiça, os cadastrados deverãoobservar o devido sigilo, sob as penas da lei;

III - Observar rigorosamente o horário e os dias designados para a realização das perícias;

IV - Apresentar-se adequadamente trajando avental ou traje branco sem logotipo/marca deoutra instituição e crachá, nos termos do artigo 241, inciso X, da Lei n. 10.261/68;

V - Prestar esclarecimentos sobre laudo de sua autoria ou quaisquer outras necessidadesemergenciais, quando notificado ou intimado pelo Poder Judiciário, pela administração do IMESC,ou por qualquer outra autoridade competente, devendo comparecer em juízo, à sede do Instituto, oua outro local determinado;

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156 B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):81-166, jan./fev. 2005

Legislação

VI - Nas perícias médico-legais e psiquiátricas, entregar o laudo e as solicitações de pedidos deexames e/ou avaliações complementares, no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, contadosda realização da perícia; nas perícias de investigação de vínculo genético, entregar o laudo no prazomáximo de 30 (trinta) dias, contados da realização da perícia;

a) No caso de avaliação complementar, esta deverá ser entregue no prazo máximo de 30(trinta) dias, contados da ciência da referida solicitação;

b) Entregar as respostas de pedido de esclarecimentos ou quesitos suplementares, no prazomáximo de 15 (quinze) dias, contados da ciência de referida solicitação, se outro prazo não tiver sidoestabelecido pela autoridade requisitante;

c) Os prazos acima estabelecidos serão contínuos, sem qualquer interrupção ou suspensão;

d) Os prazos poderão ser prorrogados por igual período desde que devidamente justificados,mediante solicitação formal dirigida ao Diretor do Centro de Perícias;

VII - Escusar-se do encargo, mediante requerimento JUSTIFICADO dirigido ao Diretor doCentro de Perícias, nos casos de suspeição e impedimento, somente nas hipóteses previstas nosartigos 134 e 135 do Código do Processo Civil e do 252 do Código de Processo Penal.

Os servidores cadastrados deverão, ainda:

VIII - Estabelecer o dia para comparecimento semanal no IMESC, a fim de tomar ciência daspastas que se encontram a sua disposição para conclusão da perícia e das solicitações de avaliaçõescomplementares;

IX - Entregar pastas em seu poder, devidamente concluídas, no prazo máximo de 30 (trinta)dias, a partir do ato de descadastramento publicado no DOE;

X - Informar ao IMESC quaisquer alterações de sua jornada ou horário de trabalho no órgão deorigem, tão logo seja notificado da mesma, bem como qualquer alteração de endereço.

Artigo 2º - No caso de descumprimento das obrigações estabelecidas no artigo anterior, oDiretor do Centro de Perícias deverá:

I - Notificar o perito, para apresentar justificativa, no prazo de cinco dias;

II - Após apresentada a justificativa, o Diretor do Centro de Perícias, entendendo querestou injustificado o descumprimento, dará ciência do fato ao Senhor Superintendente, quedecidirá, motivadamente, pela instauração ou não de procedimento sancionatório, previsto na Lein. 10.177/98, o qual poderá ensejar as seguintes penalidades:

a) advertência;

b) suspensão do cadastramento do servidor, por até 90 (noventa) dias;

c) descadastramento.

III - Instaurado o procedimento sancionatório, havendo conveniência para a instrução ou parao serviço, poderá o Superintendente resolver pela suspensão ou não, cautelar do agendamento pericialdo cadastrado e, se for o caso, comunicará à autoridade requisitante o ocorrido, para adoção dasmedidas cabíveis naquela esfera;

Parágrafo único - Tratando-se de servidores dos quadros do IMESC e cadastrados nos termosdo Decreto n. 49.260 de 17 de dezembro de 2004, o descumprimento das obrigações estabelecidasno artigo 1º da presente Portaria poderá ensejar, também, a aplicação das penas previstas na Lein. 10.261/68 - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis.

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157B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):81-166, jan./fev. 2005

Legislação

Artigo 3º - Haverá o descadastramento, nas seguintes hipóteses:

I - A pedido, mediante requerimento escrito do cadastrado, dirigido ao Diretor do Centro dePerícias, com antecedência de mínima de 90 (noventa) dias, EXCETO nas hipóteses de caso fortuitoou força maior, devidamente comprovadas.

II - Por descumprimento das obrigações estabelecidas no artigo 1º da presente portaria, medianteprocedimento sancionatório, estabelecido na Lei n. 10.177/98.

Parágrafo único - O descadastramento não desobrigará o perito de concluir as perícias quehouver iniciado, bem como de responder a quesitos e indagações das autoridades requisitantes noslaudos por ele elaborados.

Artigo 4º - Os casos omissos serão resolvidos pela Diretoria do Centro de Perícias.

Artigo 5º - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, ficando revogada a PortariaS-IMESC n. 24/2000.

(DOE, Seção I, de 1º.3.2005, p. 1)

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158 B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):81-166, jan./fev. 2005

Legislação

PGE

UNIDADES PROCESSANTES – Centralização

RESOLUÇÃO PGE N. 1, DE 17 DE JANEIRO DE 2005

Centraliza as atividades das unidades processantes da Procuradoria Geral do Estado,nos termos do Decreto n. 44.322/99, e dá providências correlatas.

O Procurador Geral do Estado Adjunto respondendo pelo expediente da Procuradoria Geral doEstado resolve:

Artigo 1º - As atividades das Comissões Processantes Permanentes, atualmente denominadasunidades processantes, da Procuradoria Geral do Estado, a que se refere o artigo 1º do Decreton. 44.322, de 8 de outubro de 1999, serão centralizadas no prédio público sito na Avenida São Luís,n. 99, 1º, 2º e 3º andares, Subdistrito da Consolação, Município de São Paulo.

Parágrafo único - O mesmo local será destinado à sede da Procuradoria de ProcedimentosDisciplinares – PPD, de que trata o Projeto de Lei Complementar n. 40, de 2002.

Artigo 2º - Fica instituído Grupo de Trabalho com a incumbência de estudar e apresentarpropostas visando à centralização referida no artigo 1º desta resolução, composto pelos seguintesmembros: Maria Emília Pacheco, RG 7.362.679, Procuradora do Estado Assessora, que o coordenará;Arnaldo Bilton Junior, RG 8.489.367, Procurador do Estado Assistente; Raquel Barbosa, RG11.861.718, Procuradora do Estado Nível IV; e Ruth Moreira da Costa, RG 9.521.559, Engenheira V.

Parágrafo único - As propostas devem ser elaboradas sob as condições estabelecidas no Decreton. 44.322, de 8 de outubro de 1999, compatíveis com organização da PPD, e apresentadas no prazode 60 (sessenta) dias contados a partir da data de publicação desta Resolução.

Artigo 3º - Caberá ao Procurador do Estado Corregedor Geral exercer a guarda e a fiscalizaçãodo imóvel objeto desta Resolução, mantendo as respectivas chaves até a sua efetiva ocupação pelasunidades processantes ou pela PPD.

Parágrafo único - Aplicam-se as disposições do caput deste artigo aos andares 15º e 16ºdestinados à instalação do Conselho da Procuradoria Geral do Estado.

Artigo 4° - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

(DOE, Seção I, de 18.1.2005, p. 22)_______________

CORREGEDORIA – Procuradores que ministram aulas. Comunicado

Comunicado

O Corregedor Geral da Procuradoria Geral do Estado avisa aos Procuradores do Estado, que ministramaulas, da obrigatoriedade, na forma do disposto na Resolução Conjunta PGE/COR n. 1 de 5 de julhode 2002, publicada no Diário Oficial do Estado, Seção I, de 6 de julho de 2002, de apresentação àCorregedoria de Plano de Aulas para o presente ano letivo, até o dia 15 de fevereiro de 2005. O Plano

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Legislação

de Aulas a ser apresentado deverá observar rigorosamente o modelo anexo à Resolução ConjuntaPGE/COR n. 1, de 5 de julho de 2002, publicada no Diário Oficial do Estado, Seção I, de 6 de julhode 2002 (cópia integral da Resolução PGE/COR n. 1/2002 e do modelo de Plano de Aulas na Internet– site da Corregedoria).

(DOE, Seção I, de 18.1.2005, p. 19)

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BAURU – Procuradores. Competências. Delegação

PORTARIA G-PR-7 n. 1, DE 3 DE FEVEREIRO DE 2005

Delega competências a Procuradores do Estado.

O Procurador do Estado respondendo pelo expediente da Procuradoria Regional de Bauru,resolve:

Artigo 1º - Delegar competência, sem prejuízo da sua:

I - aos Procuradores do Estado Chefes das 1ª e 2ª Subprocuradorias para:

a - determinar a inscrição de débitos na dívida ativa, bem como para autorizar o cancelamentode inscrições indevidas e a extinção das execuções correspondentes;

b - decidir o meio mais eficaz de citação em execuções fiscais, de acordo com as peculiaridadesde cada comarca;

c - decidir propostas de remoções de bens penhorados nas execuções fiscais;

d - determinar, mediante representação do Procurador encarregado da banca, a suspensão deexecuções na forma do artigo 40 da Lei n. 6.830/80;

e - decidir os pedidos de parcelamento de débitos fiscais, na forma da legislação em vigor, ematé 24 (vinte e quatro) parcelas.

II - aos Procuradores do Estado responsáveis pelos processos judiciais correspondentes, paradecidir os pedidos de parcelamento de imposto causa mortis.

Artigo 2º - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposiçõesem contrário.

(DOE, Seção I, de 5.2.2005, p. 26)

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RIBEIRÃO PRETO – Assistência Judiciária. Reorganização

PORTARIA PR. 6-G N. 1, DE 3 DE FEVEREIRO DE 2005

O Procurador do Estado Chefe,

considerando a necessidade de adequação da triagem da Seccional de Assistência Judiciária daProcuradoria Regional de Ribeirão Preto ao volume de assistidos que comparecem diariamente aoplantão;

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Legislação

considerando também a necessidade de disciplinar, otimizar e racionalizar as demais atribuiçõesdos Procuradores para que não haja prejuízo ao acompanhamento dos processos da banca, resolve:

Artigo 1º - O atendimento às pessoas interessadas em obter advogado para o patrocínio decausas cíveis dar-se-á, obrigatoriamente, no prédio sede desta Regional, em plantões de triagem, queserão realizados de segunda a sexta-feira.

§ 1º - O atendimento terá início às 8h (oito horas), e será prestado a todos que se fizerempresentes até as 9h (nove horas), pela ordem de chegada. Para controle de tal ordem, serão distribuídassenhas.

§ 2º - Idosos, gestantes, mulheres com crianças de colo e portadores de necessidades especiaisterão prioridade de atendimento, nos termos da legislação vigente.

§ 3º - O atendimento das pessoas que comparecerem ao plantão será feito por Procurador, queserá indicado mediante de escala elaborada pela chefia da Seccional, com auxílio dos estagiáriospresentes na repartição.

§ 4º - O Procurador designado e os estagiários que estiverem atendendo ao plantão só poderãodeixar a repartição após o atendimento da última pessoa presente ao plantão.

§ 5º - Todos os estagiários presentes na repartição deverão fazer parte do plantão e somenteserão dispensados para o trabalho na banca, após o atendimento da última pessoa presente ao referidoplantão.

§ 6º - Os atendimentos relativos a causas patrocinadas pelos Procuradores do Estado ou paraelaboração de declarações iniciais para fim de propositura de ações judiciais, defesa ou qualqueroutra prestação de assistência jurídica, mesmo que seja mera orientação, dar-se-ão exclusivamenteno período da tarde, com início às 13h (treze horas) e término às 17h (dezessete horas), reservando-se o período da manhã para a triagem.

§ 7º - Caso o interesse do assistido que comparecer ao plantão refira-se à matéria afeta à áreacriminal e, desde que não seja caso de encaminhamento para os advogados conveniados, serão elesorientados a comparecer a Procuradoria de Assistência Judiciária Criminal, para a prestação daassistência necessária.

§ 8º - Os casos urgentes serão resolvidos pelo Procurador de plantão, caso compareçam noperíodo da manhã e os que comparecerem no período da tarde serão resolvidos pelo procuradorchefe da seccional ou quem o substitua.

§ 9º - O Procurador escalado para o plantão ficará responsável pelo atendimento ao públicocarente e pela triagem, decidindo quanto ao mérito dos benefícios da gratuidade e promovendo aindicação de advogado, nos termos do convênio PGE/OAB, inclusive quanto a orientação a ser dadaà assistente social nos casos enviados a ela para atendimento.

§ 10 - Os encaminhamentos feitos ao convênio PGE/OAB serão assinados pelo Procurador doEstado chefe da Seccional e, na sua ausência, pelo Procurador responsável pelo plantão.

§ 11 - Não serão efetuadas indicações para simples petição em processos findos como, porexemplo, expedição de segunda via de certidões e mandados, pedidos de descontos de alimentos jáfixados em folha de pagamento, restabelecimento de sociedade conjugal, entre outros, hipóteses emque o procurador de plantão se incumbirá de atender. Também não se farão encaminhamentos paraatuação em processos dos Juizados Especiais, Cíveis e Criminais. Caso haja necessidade de atuaçãonos processos, na área cível será atribuição dos Procuradores atuantes na área cível e se for na áreacriminal, será atribuição dos Procuradores da área criminal, devendo o assistido ser orientado para lácomparecer.

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161B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):81-166, jan./fev. 2005

Legislação

§ 12 - Nos plantões realizados na Seccional de Assistência Judiciária, o titular do plantãoassumirá 10 (dez) casos novos, de sua livre escolha, cujo agendamento será de sua inteiraresponsabilidade, seguindo os critérios acima mencionados.

Artigo 2º - Os plantões de atendimento serão realizados nas áreas cível e criminal, pelosProcuradores lotados nas respectivas áreas.

Parágrafo único - Na área criminal deverão também ser realizados, de segunda a sexta-feira,plantões de atendimento, no horário das 9h até as 12h, sendo feita escala de atendimento pelospróprios Procuradores lotados na área criminal, devendo ser encaminhada uma cópia para a chefia,para orientação aos Procuradores de plantão na área cível. Os Procuradores de plantão deverãoprestar colaboração aos Procuradores da área Cível, diligenciando em casos urgentes nos Cartóriospara verificações e fotocópias de peças processuais.

Artigo 3º - Fica terminantemente proibido o trabalhado de estagiários voluntários na repartição,salvo com autorização da chefia da Regional, mediante pedido escrito feito pelo Procurador interessadono estágio voluntário declinando a necessidade e conveniência do referido estágio. Caso seja permitidotal estágio, o estagiário voluntário submeter-se-á às mesmas regras dos estagiários credenciados,devendo ser respeitado o horário de atendimento e as determinações desta portaria.

Artigo 4º - Todos os Procuradores ficam obrigados a participar da Comissão de seleção deestagiários, cuja designação será feita pelo Procurador Chefe da Procuradoria Regional, não sendojustificativa para a não colaboração o excesso de serviço.

Parágrafo único - A presidência das comissões recairá sempre entre um dos Procuradoreslotados na área cível, por meio de rodízio, tendo em vista que as inscrições são feitas na Seccional deAssistência Judiciária que dispõe de funcionários administrativos.

Artigo 5º - Não será permitida a saída de mais de um Procurador em férias e licenças no mesmoperíodo, salvo motivo de força maior.

Parágrafo único - Fica mantida para o ano de 2005 a escala de férias já elaborada.

Artigo 6º - Ficam mantidas as disposições constantes da Ordem de Serviço n. 1/2002 da Chefiada Seccional de Assistência Judiciária.

Parágrafo único - Caso haja descumprimento das referidas disposições, a chefia da Seccionaldeverá comunicar o Procurador do Estado Chefe da Regional para as providências cabíveis emrelação ao agente público que as descumpriu.

Artigo 7º - Esta Portaria entra em vigor em data de 31 de janeiro de 2005, revogadas as disposiçõesem contrário.

(DOE, Seção I, de 5.2.2005, p. 26)

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162 B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):81-166, jan./fev. 2005

Legislação

Poder Judiciário

SEGUNDA INSTÂNCIA – Distribuição de Feitos. Disciplina

PROVIMENTO TJ/SP N. 64/2005

O Desembargador Luiz Tâmbara, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, nouso das atribuições que lhe conferem o Regimento Interno (art. 217, inc. XLIX) e a Resoluçãon. 194, de 9 de dezembro de 2004 (art. 11),

Considerando a Emenda Constitucional n. 45, de 8 de dezembro de 2004;

Considerando a necessidade de disciplinar a entrada de autos, a distribuição dos feitos e oprocessamento subseqüente,

Resolve:

Artigo 1º - A entrada de autos e o protocolo em Segunda Instância são mantidos nos respectivosserviços do Tribunal de Justiça e dos extintos Tribunais de Alçada, aproveitada a estrutura existente,observadas as matérias antes cometidas aos Tribunais, com as modificações estabelecidas no artigo2º da Resolução n. 194.

Artigo 2º - A distribuição do acervo será realizada por cotas, observado cronograma a seroportunamente estabelecido pela Presidência.

Parágrafo único - Os processos e recursos entrados a partir da edição deste Provimentoconstituirão parte do acervo, a ser distribuída com a última cota, excepcionados os casos de tramitaçãopreferencial, na forma da lei ou do Regimento Interno do Tribunal de Justiça, em que a distribuiçãodar-se-á à medida do ingresso na Secretaria do Tribunal; em seguida à última cota, todos os feitosserão distribuídos imediatamente.

Artigo 3º - Os processos entrados nas Secretarias dos extintos Tribunais de Alçada, e que játenham autuação ou sobrecapa, assim permanecerão, recebendo posteriormente a etiqueta do Tribunalde Justiça.

Artigo 4º - Este Provimento entrará em vigor na data de sua publicação.

(DOE, Poder Judic., Caderno I, Parte I, de 11.1.2005, p. 1)

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SEGUNDA INSTÂNCIA – Reorganização Judiciária dos Tribunais. Disciplina

PROVIMENTO TJ/SP N. 65/2005

O Desembargador Luiz Tâmbara, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, nouso das atribuições que lhe conferem o Regimento Interno (art. 217, inc. XLIX) e a Resoluçãon. 194, de 9 de dezembro de 2004 (art. 11),

Considerando que a Emenda Constitucional n. 45 extinguiu os Tribunais de Alçada,determinando a integração de seus juízes no Tribunal de Justiça, a redefinição das competências e areorganização judiciária do serviço de segunda instância;

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163B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):81-166, jan./fev. 2005

Legislação

Considerando a necessidade de evitar solução de continuidade dos serviços jurisdicionais eadministrativos dos Tribunais extintos;

Considerando, por fim, que as Secretarias dos Tribunais extintos estão organizadas deconformidade com a lei, reclamando, para sua reorganização e integração à Secretaria do Tribunal deJustiça, o preparo e edição de normas internas deste último e eventuais providências de cunholegislativo, a serem tomadas no prazo constitucional de cento e oitenta dias,

Resolve:

Artigo 1º - Sem prejuízo do disposto no artigo 3º da Resolução n. 194, os desembargadoresatuais e os provindos dos extintos Tribunais de Alçada serão mantidos em seus gabinetes de trabalhoaté que todas as instalações estejam aptas para receber a nova infra-estrutura material e funcional deapoio aos membros do Tribunal de Justiça.

Artigo 2º - Fica mantida, até ulterior deliberação, a estrutura das Secretarias dos extintos Tribunaisde Alçada, com seus Departamentos, onde houver, Divisões, Diretorias de Serviço e respectivasSeções, com as mesmas funções que exerciam na data da extinção, conservadas as regras atinentes àsua orientação e organização permanentes.

Artigo 3º - Os Secretários-Diretores Gerais dos Tribunais extintos continuarão, por ora, a exerceras mesmas funções; a partir de 1º de fevereiro de 2005, com idênticas atribuições, reportar-se-ão àPresidência do Tribunal de Justiça.

Artigo 4º - O Serviço de Pessoal será controlado e administrado da maneira como vinha ocorrendoantes da extinção dos Tribunais, na forma dos atos administrativos praticados anteriormente, à exceçãoda Magistratura, por sua integração imediata no Tribunal de Justiça; os Setores da Magistratura dosextintos Tribunais de Alçada permanecerão funcionando onde se encontram, centralizando-se aconclusão de tarefas no Setor próprio do Tribunal de Justiça.

Artigo 5º - Os gabinetes de suporte técnico das Presidências e Vice-Presidências dos Tribunaisextintos, destinados ao auxílio no despacho de recursos extraordinários, especiais e outras medidas,permanecerão no exercício de suas funções, respondendo, até 31 de janeiro de 2005, aos Presidentese Vice-Presidentes daqueles Tribunais (art. 4º, parágrafo único da Resolução n. 194) e, a partir defevereiro de 2005, aos Vice-Presidentes do Tribunal de Justiça, assim:

I - gabinetes do extinto Tribunal de Alçada Criminal – 2º Vice-Presidente;

II - gabinetes dos extintos 1° e 2° Tribunais de Alçada Civil – 3° Vice-Presidente.

Parágrafo único - Os recursos extraordinários e especiais, e outras medidas, nos processos dasações por acidente do trabalho fundadas no direito especial e nos das ações e execuções relativas àmatéria fiscal de competência do Município serão submetidos ao 4º Vice-Presidente.

Artigo 6º - Este Provimento entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposiçõesem contrário.

(DOE, Poder Judic., Caderno I, Parte I, de 11.1.2005, p. 1)

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164 B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):81-166, jan./fev. 2005

Legislação

TRIBUNAL DE JUSTIÇA – Unidades Cartorárias. Disciplina

PROVIMENTO TJ/SP N. 66/2005

O Desembargador Luiz Tâmbara, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, nouso das atribuições que lhe conferem o Regimento Interno (art. 217, inc. XLIX) e a Resoluçãon. 194, de 9 de dezembro de 2004 (art. 11),

Considerando a Emenda Constitucional n. 45, de 8 de dezembro de 2004;

Considerando a necessidade de disciplinar as atribuições das unidades cartorárias do Tribunal,

Resolve:

Artigo 1º - A cada Grupo de Câmaras do Tribunal de Justiça corresponderá um Cartório (Depro),com a respectiva numeração e especialização.

Artigo 2º - Enquanto não reestruturada a Secretaria do Tribunal de Justiça, na forma prevista noartigo 4º da Emenda Constitucional n. 45, os atuais Cartórios da Secretaria do Tribunal de Justiça edas Secretarias dos extintos Tribunais de Alçada atuarão junto aos grupos de Câmaras, observado oseguinte:

I - Os Cartórios do 25º (vigésimo quinto) ao 27º (vigésimo sétimo) Depros da Secretaria doTribunal de Justiça servirão do 1º (primeiro) ao 3º (terceiro) Grupos da Seção Criminal, respectivamente;

II - Os Cartórios da 1ª (primeira) à 3ª (terceira) Unidades Judiciárias da Secretaria do extintoTribunal de Alçada Criminal servirão do 4º (quarto) ao 7º (sétimo) Grupos da Seção Criminal,respectivamente, continuando a funcionar onde se encontram;

III - Os Cartórios do 8º (oitavo) ao 11º (décimo primeiro) Depros da Secretaria do Tribunal deJustiça servirão aos cinco primeiros Grupos de Câmaras da Seção de Direito Privado, constituído o 1º(primeiro) pelas 1ª (primeira), 2ª (segunda) e 3ª (terceira) Câmaras, e o 2º (segundo) pelas 4ª (quarta),5ª (quinta) e 6ª (sexta) Câmaras;

IV - Os Cartórios da DTS-1 ao da DTS-7 da Secretaria do extinto Primeiro Tribunal de AlçadaCivil servirão do 6º (sexto) ao 12º Grupos de Câmaras da Seção de Direito Privado, continuando afuncionar onde se encontram;

V - Os Cartórios do 1º (primeiro) ao 6º (sexto) DJPs da Secretaria do extinto Segundo Tribunalde Alçada Civil servirão do 13º ao 18º Grupos de Câmaras da Seção de Direito Privado, continuandoa funcionar onde se encontram;

VI - Os Cartórios do 17º (décimo sétimo) ao 20º (vigésimo) Depros da Secretaria do Tribunalde Justiça servirão do 1º (primeiro) ao 4º (quarto) Grupos da Seção de Direito Público, integrado oprimeiro pelas 1ª (primeira), 2ª (segunda) e 3ª (terceira) Câmaras;

VII - Os Cartórios da 5ª (quinta) à 8ª (oitava) Unidades Judiciárias da Secretaria do extintoTribunal de Alçada Criminal servirão do 5º (quinto) ao 8º (oitavo) Grupos de Câmaras da Seção deDireito Público, continuando a funcionar onde se encontram.

Artigo 3º - Para efeito administrativo e hierárquico, as unidades continuarão a responder àsrespectivas Diretorias de Divisão e de Departamento, onde houver, e estas às Secretarias Gerais doTribunal de Justiça e dos extintos Tribunais de Alçada, até a reestruturação a que alude o artigo 2ºdeste Provimento.

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165B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):81-166, jan./fev. 2005

Legislação

Artigo 4º - Até que se completem os estudos e as medidas necessários à nova estrutura física efuncional do Tribunal de Justiça, as sessões de julgamento das Câmaras serão realizadas:

I - as da 1ª (primeira) à 6ª (sexta) Câmaras da Seção Criminal, no prédio-sede do Tribunal; as da7ª (sétima) à 14ª (décima quarta) Câmaras da mesma Seção, nas instalações do extinto Tribunal deAlçada Criminal;

II - as da 1ª (primeira) à 9ª (nona) Câmaras da Seção de Direito Público, no prédio-sede doTribunal; as da 10ª (décima) à 17ª (décima sétima) Câmaras da mesma Seção, nas instalações doextinto Tribunal de Alçada Criminal;

III - as da 1ª (primeira) à 10ª (décima) Câmaras da Seção de Direito Privado, no prédio-sede doTribunal; as da 11ª (décima primeira) à 24ª (vigésima quarta) Câmaras da mesma Seção, no prédio-sede do extinto Primeiro Tribunal de Alçada Civil; as da 25ª (vigésima quinta) à 36ª (trigésima sexta)Câmaras da mesma Seção, no prédio-sede do extinto Segundo Tribunal de Alçada Civil.

Artigo 5º - Este Provimento entrará em vigor na data de sua publicação.

(DOE, Poder Judic., Caderno I, Parte I, de 11.1.2005, p. 1)_______________

CUSTAS E EMOLUMENTOS – Serviços Afetos às Atividades da Justiça. Destinação

RESOLUÇÃO TJ/SP N. 196/2005*

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, por seu Órgão Especial, no uso de suas atribuiçõeslegais e regimentais,

Considerando que a Emenda n. 45, de 8 de dezembro de 2004, incluiu um parágrafo 2º aoartigo 98 da Constituição Federal, estabelecendo que as custas e emolumentos serão destinadosexclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça;

Considerando que, em razão dessa Emenda, a Constituição Federal assegura a todos, no âmbitojudicial e administrativo, a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade desua tramitação (art. 5º, inc. LXXVIII);

Considerando que vêm sendo destinados ao Fundo Especial de Despesa do Tribunal de Justiça3,289473% dos emolumentos correspondentes aos custos dos serviços notariais e de registro (art. 19,inc. I, alínea “e” da Lei Estadual n. 11.331, de 26 de dezembro de 2002);

Considerando que o percentual dos emolumentos considerados receita do Estado é de17,763160%, nos termos do artigo 19, inciso I, alínea “b”, da Lei Estadual n. 11.331, de 26 dedezembro de 2002;

Considerando que, do montante da taxa judiciária arrecadada, 30% destinavam-se ao PoderJudiciário (21% ao Fundo Especial de Despesa do Tribunal de Justiça e 9% aos Fundos dos Tribunaisde Alçada), 10% serviam para o custeio de diligências dos Oficiais de Justiça e o restante cabia àFazenda do Estado (art. 9º da Lei Estadual n. 11.608, de 29 de dezembro de 2003),

Resolve:

Artigo 1º - O recolhimento dos emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariaise de registro, dirigido ao Fundo Especial de Despesa do Tribunal de Justiça, passa de 3,289473%para 21,052633% (3,289473% + 17,763160%).

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166 B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):81-166, jan./fev. 2005

Legislação

Artigo 2º - O recolhimento da taxa judiciária, anteriormente procedido na Guia de ArrecadaçãoEstadual – GARE, doravante será efetuado em GUIA DE RECOLHIMENTO própria do FUNDOESPECIAL DE DESPESA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA, somente no Banco Nossa Caixa S/A,observando-se os novos códigos de receita:

150-3 - Taxas Judiciárias referentes aos atos judiciais;

160-1 - Taxas Judiciárias – Dívida Ativa;

170-8 - Taxas Judiciárias – cartas de ordem ou precatória;

180-5 - Taxas Judiciárias – petição de agravo de instrumento.

Artigo 3º - Esta Resolução entrará em vigor a partir de 10 de fevereiro de 2005, retroagindoseus efeitos a 1º de janeiro último.

(DOE, Poder Judic., Caderno 1, Parte I, de 28.1.2005, p. 1)

____________* Os efeitos dessa Resolução foram suspensos por intermédio de liminar concedida na ADIn n. 3.401/2005, cujo texto está publicado

na p. 43.

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167B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):167-168, jan./fev. 2005

Índice

Índice remissivo da legislaçãoÍndice remissivo da legislaçãoÍndice remissivo da legislaçãoÍndice remissivo da legislaçãoÍndice remissivo da legislação(E= Ementa e I = Íntegra - volume 29, número 1, jan./fev. 2005)(E= Ementa e I = Íntegra - volume 29, número 1, jan./fev. 2005)(E= Ementa e I = Íntegra - volume 29, número 1, jan./fev. 2005)(E= Ementa e I = Íntegra - volume 29, número 1, jan./fev. 2005)(E= Ementa e I = Íntegra - volume 29, número 1, jan./fev. 2005)

LEGISLAÇÃO FEDERAL

Lei Complementar n. 118, de 9.2.2005 (I) ............. 29(1):81

Lei n. 11.096, de 13.1.2005 (I) .............................. 29(1):83

Lei n. 11.101, de 9.2.2005 (I) ................................ 29(1):90

Medida Provisória n. 234, de 10.1.2005 (I) ......... 29(1):135

Medida Provisória n. 235, de 13.1.2005 (I) ......... 29(1):135

Decreto n. 5.348, de 19.1.2005 (I) ....................... 29(1):136

LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Lei Complementar n. 967, de 5.1.2005 (I) ........... 29(1):137

Lei Complementar n. 970, de 10.1.2005 (I) ......... 29(1):144

Lei Complementar n. 971, de 10.1.2005 (E) ........ 29(1):145

Lei n. 11.818, de 3.1.2005 (E) ............................. 29(1):145

Lei n. 11.819, de 5.1.2005 (I) .............................. 29(1):145

Lei n. 11.829, de 17.1.2005 (I) ............................ 29(1):146

Lei n. 11.853, de 17.1.2005 (I) ............................ 29(1):147

Lei n. 11.874, de 19.1.2005 (E) ........................... 29(1):147

Lei n. 11.875, de 19.1.2005 (E) ........................... 29(1):147

Lei n. 11.877, de 19.1.2005 (E) ........................... 29(1):147

Decreto n. 49.337, de 13.1.2005 (E) .................... 29(1):148

Decreto n. 49.338, de 14.1.2005 (E) .................... 29(1):148

Decreto n. 49.341, de 24.1.2005(I) ...................... 29(1):148

Decreto n. 49.391, de 21.2.2005 (E) .................... 29(1):148

Portaria CAT n. 5, de 19.1.2005 (E) .................... 29(1):149

Portaria S-IMESC n. 2, de 28.2.2005 (I) ............. 29(1):155

Resolução CC n. 9, de 25.2.2005 (I) .................... 29(1):149

PGE

Comunicado CG/PGE, de 18.1.2005 (I) .............. 29(1):158

Portaria G-PR-6 n. 1, de 3.2.2005(I) ................... 29(1):159

Portaria G-PR-7 n. 1, de 3.2.2005(I) ................... 29(1):159

Resolução PGE n. 1, de 17.1.2005 (I) ................. 29(1):158

PODER JUDICIÁRIO

Provimento TJ/SP n. 64/2005 (I) ......................... 29(1):162

Provimento TJ/SP n. 65/2005 (I) ......................... 29(1):162

Provimento TJ/SP n. 66/2005 (I) ......................... 29(1):164

Resolução TJSP n. 196/2005 (I) .......................... 29(1):165

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168 B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud.B. Cent. Estud., São Paulo, 2929292929(1):167-168, jan./fev. 2005

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R E S P E I T O P O R V O C Ê