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Charréu,L. (2011).Memória das casas que se desfazem

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Brevememóriadossítiosedascasasquehojenaminhaterrasedesfazemin(gloria)mente

PorLeonardoCharréu

Nasci,fuicriadoevivo,comexcepçãodealgumasinterrupçõesforçadasi,emGlóriadoRibatejo.Ésobreasuaarquitecturasimplesehumildedeoutroraquemeproponhoescrever.Longedemimentraremdivagaçõesteóricassobreaciênciaarquitectónica.Essascompetênciasestão-mevedadasporimpreparaçãoe incapacidade. No entanto, caminhamos, cada vez mais para uma sociedadeauto-aprendente,tal a facilidadecomquequalquerinformação,mesmoamaisespecializada, nos chega às mãos. Para aprofundar academicamente sobre otema, recomendo as leituras classificadasque indiconabibliografia, afinadaerecolhidacuidadosamentequepensavaseguire,afinal,acabeipornãoadoptar

natotalidade.Enãoseguiporquedecidiqueescreversobreumaarquitectura vivida e

sentidaseriaomelhorcontributoquepoderiadaraestapublicaçãotendoemmente que a arte da escrita, poética, literária, ensaística, ou outra qualquer,consisteemprocurarconexõesentre“aquilo”queénarradopeloautore“aquilo”que poderá pertencer ao mundo emocional e sentimental que existe(supostamente) em todos os(as) seus(suas) leitores(as) e que nos faz, todos,definitivamentehumanos.

“Aquilo”étudoquesentimosnanossarelaçãocomoespaçoconstruído,aquelaideiapersistente,emmuitosdenós,dapequenezdascoisasedascasas,quando,duranteanosperdemosocontactocomoslugaresdasnossasinfânciase,muitosanosdepois,voltarmosateragratapossibilidadedeosolhardenovo,apartirdeumaescalaedeumângulocompletamentediferentes.

Éacozinhadacasadosnossosavós,agoraincrivelmentetãopequena,parater alojado uma família tão numerosa à volta da lareira, é a sala da escolaprimáriaondefizemosonossoexameda4ªclasse,agoratãopequena,quando,no período cíclico da democracia, lá vamos depositar o nosso voto, paraescolhermosostolosgastadoresseguintes,naesperançadeumfuturo,queserátudomenosradioso.

Afinal nós é que crescemos, eu, pouco, na verdade, custosamente até aometroesessenta,limitadopelosmeusgenes,absolutamenteinvencíveiscontraa

minhavontade,nestaquestãoaltimétrica.É portanto sobre asminhas memórias demenino que vou escrever, nacerteza de que também serão lembranças comuns a muitos que, como eu,aproximando-severtiginosamentedomeioséculodevida,achamqueoquefoivivido para trás é merecedor de evocação e registo. Ou talvez seja apenas apresunção de que os da minha geração viveram e sentiram experiênciasirrepetíveis, sobre as quais, os mais novos jamais poderão verdadeiramentecompreenderaessência.

Aocontráriodemuitasoutraspovoações,olugardeSanctaMariadaGlória,comoédesignadaavilaiinostextosmaisantigos,nuncatevesenhorioassumidoeporissonãoselheconhecenaturalmentequalquerconstruçãomaisavantajadadignadefidalgoimportante.

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Até aos anoscinquentadoséculopassado quandose fixaram, vindosdefora,comerciantesquelogoergueramedifíciosdedoispisos,símbolodestatusedediferenciaçãosocial,nocentronevrálgicodaaldeia,aigrejaera,desdemeadosdosanossessentadoséculoXIViiioedifíciomaisnotávelemantiguidade,valorsimbólicoevolume.Aliás,interpretandoacartademercêsd`ElReiD.PedroI,

dada em plena Idade Média aos moradores deste lugar, verificamos que éessencialmentepovosimples,ouarraiamiúda,napopulardesignaçãodeFernãoLopes,asgentesquehabitamestasterras,sendo-lhesconcedidasregaliasforadocomumparaaépocaemtrocadapreservaçãodacaçaaojavali,quedeveriaserdapredilecçãodomonarca.Entreestasregalias,adecolhermadeiraecortiçaàvontadeparaassuascasasepocilgões, constituiráseguramenteumadasmaisantigas referências, não só relativamente aos “materiais de construção” comotambém no que respeita à finalidade prática dessesmateriais naturais. Terãosido seguramente de adobe, ou taipa, os primeiros casebres do lugar, comcoberturadepalha,oumateriaisqueacharnecafornecia,comoacortiça.

Emboa verdade, a ausência do elemento rochoso determina, emmuitoslugaresdomundoaadopçãodatécnicaconstrutivaeasituaçãogeográficadaminhaaldeianatal(hojevila),numazonaplanáltica,detransiçãoentrealezíriaeacharnecamediterrânicadamargemsuldoTejo,nãopode fugiraodestinodeconstruiremterraque,afinal,foiatémesmoutilizadaemzonasdePortugaldesolosrochososcomotecnologiabarataparacasasdeapoioagrícola,estendo-seaolongínquoBrasilondefoiutilizadanamaiorpartedasconstruçõescoloniaisportuguesasiv.

Por incrível que pareça,metade da humanidade – cerca de 3 biliões depessoas–vivehojeemcasasdeadobev.

Normalmente atribuída à civilização árabe, sabe-se no entanto que a

construçãoemterraémuitoanterioreremontahápelomenosa10000anosatrás,aumperíodoqueficouconhecidonahistóriacomoNeolítico,períodoemqueahumanidadedeixouonomadismoepassouaummododevidasedentário.Destas técnicas construtivas, sobressaem mais especificamente o adobe(elementoparalelepipédicofeitodeterrasecaaosol,previamentecompactadanuma forma demadeira) a taipa (argila ou terra compactada com maços demadeira entre dois taipais removíveis)vi e o tabique (uma variação da taipa,tendoumripadodemadeiraentrelaçada,paradarmaisconsistênciaestrutural),sendoestaúltimamuitoraranasconstruçõestradicionaisdaGlória.

Terãosido,porventuraosárabesosquemaisdesenvolveramatécnicada

construçãoemterraquenósherdámos.Asuainfluênciafoitalqueasprópriaspalavras(adobe,tabique,taipa)sãodeorigemárabe.Pertodenós,ocastelodeCoruche queD. Afonso Henriques tomou aosmouros em 1166 terá sidoumaconstrução em taipa, como o eram os castelos de Paderne e uma parteimportante das muralhas do castelo de Silves, no Algarve, zonapredominantementemuçulmanaaté1250.

Tambémpertodenós,emterrasdaCompanhiadasLezírias,emBelmonte,próximo de Santo Estêvão, existe ummonumento impressionante construídonestatécnica,umatorre atalaia,aindahojeparcialmentedepé,(apesardeserdos inícios do século XII!)vii pertencente a um complexo defensivo maiselaborado,hojedefinitivamentedesaparecido.

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Deixandoasvicissitudesdahistóriaparatrás,debruço-meagorasobreascasas de terra que vamos vendo cair, uma atrás das outras, sem na verdadepodermosfazergrandecoisaporelas.

Apesar de um interesse renovadoviii pelas técnicas tradicionais deconstruçãoedaespecializaçãodeumnumerocrescentedearquitectosactuais

pela construção em terraix, o que parece inegável é que as novas técnicasconstrutivas baseadas no tijolo de argila, na estrutura em aço e no cimentoPortland, bem como as especializações do trabalho, as tornam hojeabsolutamente dominantes, remetendo ainda para o campo do exotismo e daexperimentação os que ousam retornar à construção em terra, apesar daqualidade do bom comportamento térmico da mesma e do facto, nãonegligenciável, dos custos inferiores no que diz respeito aos materiais deconstruçãox.

OcorpusfotográficodaarquitecturatradicionaldeGlóriadoRibatejo,maisou menos espontâneo (ou pelo menos não planeado) que chegou até hoje,

encontra-se recolhido muito especialmente por Margarida Ribeiro e IdalinaSerrão Garcia, contendo inúmeras e variadas fotos de cenas que asinvestigadorasentenderampossuirvaloretnográficoequeforamcaptadasemperíodos em que as investigadoras por aqui andaram, separadasaproximadamenteporumadécadaemeia(finaisdosanos50,edécadade60).Antesdelas,oescritorneo-realistaAlvesRedolinicia-se(1937)praticamentenaescritamaisencorpadacomo seu ensaioetnográficosobreGlória doRibatejo,maséadesenhosquerecorre,poisàdataembarateciaoprocessodeimpressãodo livro e a posse de umamáquina fotográfica portátil deveria ser na épocaacessívelapoucosafortunados.

São essencialmente destas fontes, em particular do magnífico espólio

fotográfico que, em boa hora, o Dr. Roberto Caneira conseguiu recolher daprópria Margarida Ribeiro (negativos originais) e publicados, boa parte, em1999xi, que podemos ter acesso a um sem número de fotos da fase aldeãdeGlória do Ribatejo e à sua arquitectura uniforme, singela e branca que tantoimpressionouRedolequeaindaconhecinaminhameninice.MaisrecentementeaDra.RitaPoteiniciouumexaustivotrabalhoderecolhadefotos,publicadasemlivroxii,onde,emmuitasdelas,tambémépossívelapreciarimportantesregistosdocasariogloriano.

Foiestecenárioaldeãoalvoelímpidoquehabituei-meaamardesdemuitonovo,enãopodesersenãocomprofundodesgostoquevoutestemunhandoas

velhascasasque,comooshomensdearmas,fazemquestãoemmorrerdepé,orgulhosasdeumdevercumpridocomumacertaaltivez,apesardasimplicidadedesconcertantedeumaarquitecturatãogenuínaquantoverdadeira.Numaalturaemquenaviladehojeseconstroemcasasdescomunais,emestiloRaulLino xiii(estilo que veio para ficar)e onde, seguramenteuma boa partedas inúmerasdivisõesnãovãotervivênciadeespéciealguma,porpartede“famílias-de-filho-único”, na casa tradicional da glória, nada está a mais, tudo é vivido, tudo éocupado.Emparticularnaquelasemqueasfamíliasprocuramdarsustentoacinco,sete,dezfilhos.Umafachadasimples,muitofrequentementesemjanelas,mascomumaportacomumapequenajanela,opostigo(o“bestig”ou“bstiu”,nolinguajarlocal)xiv,invariávelemmuitascasas,écranabertoparaomundo,láfora.

Umadivisãoúnicaeextraordinariamentesocial :acozinha-adivisãomaisimportantedacasa-como cante(lareira),ondenuncaseapagaolume,que

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parece vir, cavaco a cavaco, brasa a brasa, do fundo dos tempos. Devir sócomparável ao eterno pote, mascarrado, omnipresente em todas as lareirasglorianas onde, misteriosamente, na lareira onde mais me aqueci, uma fartaaguada de café, parecia nunca mais acabar devido à atenção e desvelopermanentedaminhasaudosaavóJacintaQuitéria,maisconhecidaporJacinta

“Abrasques”naonomásticaparaleladasalcunhasque,nasaldeias,duplicamosnomesdecadaum,transformando-nosemdois.Ummilagredamultiplicaçãodoser.

Lembro-me,comosefossehoje,dasgulosassubmersõesdegrossasfatiaspãocaseiro,barradoabanhadeporco,polvilhadocomaçúcar,comquenessaáguapretaprocuravaamoleceradurezadeumpão,cozidoparadurarasemanatoda,tornando-omaisamigodomeudentinhoinfantil.Delíciasirrepetíveis.

Acasagloriananãotemcorredores,asuadimensão,quasepadronizada,decercadesetemetrosporquatrometrosemeio,nãolhepermiteessa“estética-derisco-ao-meio”,tãododesagradodosarquitectos,queéocorredor.

Acozinhadádirectamenteparadoisquartos.Aproveitamentototal.Numdormeocasalchefedefamíliae,commuitafrequência,umbebénalgumberçodecortiçaoudemadeiratosca.Nooutro,distribuídoscomopodem,o restodaproleque,emmuitascasas,erambocasamaisparacomidaamenos.Equandoamãe natureza era demasiado pródiga nas suas dávidas, sob a forma decriancinhas, frequentemente, uma esteira providencial ocupava o chão dacozinha, onde, no chão de terra batida, os mais velhos se dispunham, comopodiam,enroladosnamantalobeira.

Neste tempo, uma boa parte da vida vivia-se fora de casa. As mulheresgostavam de conversar distraidamente bem no meio da rua. O trânsito, queparasse. E as carroças e carros de bois faziam-no em segurança. Mas a rua

também era da criançada. Jogo do pião, damalha, do capado (desenhado nochão)e,claro,doomnipotentefutebol.Asmeninasjogavamaomartelo,saltavamàcorda.

Retalhadasraivosamentepor navalhasafiadas, eram asnossasmodernasbolas de borracha, caçadas à traição, (ou por distracção, nos momentos deintervalo) pelas donas das casas, contra as quais fazíamos ribombar o nossomodernoesférico,em futeboladas feéricase intermináveis.Enós ficávamosalidescoroçoadosachoraranossatristesina.Bemfeito!Tínhamosogostotraquinade fazer chapar as nossas bolas, sujas de lama, na superfície alva da caiação,sempre impecável, que as velhasmatriarcas da aldeia sempre dedicavam aos

seussingeloslares.Lembro-medetodooprocessodeaquisiçãocolectivadabola,quetivemosquefazerummontãodevezes.Umaaprendizagemprecocedademocraciaedointeressecomum.Umaespéciedetesoureiro,odemaiorconfiança,iajuntandoosfrontaisdasembalagensda“Farinha33”(nelesumjovemmostraosmúsculosvigorosos).Esebemquealgunsdenós,consoanteasposses,quaserebentavamacomeraditaFarinha,paravoltarmosater,obsessivos,a“nossa”boladenovo,outrosacreditavam,naingenuidadetípicadascrianças,quecomendoa“Farinha33” desalmadamente iriam ter uns músculos assim, corolário demuita papaacumulada.Nãomelembrobememquefaixamesituava.Masoenjooqueaindahoje sinto pelas papas doces faz-me temer queme encontraria no grupo dos

segundos.DesejavaterosmúsculosiguaisaosdoHércules,doSansãoerestantes

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heróisbíblicosquevia,deolhosesbugalhados,nocinemadaaldeia,levadopelomeutioJoãoaseteequinhentosobilhete.

Após dificilmente termos juntado um número interminável de tampas(julgo que 50) íamos em alegre e curta excursão reclamar, na mercearia dosLamas,anossabolaqueumdosmaisvelhosiriaadministrar,atéaopróximo

retalho impiedoso, a canivete, destino fatal dos nossos sofridos esféricos deborracha,vezessemconta.

Destaarquitecturacontínua,quefechavaoLargodoRatoeladeava,quasesemintermitências,aruadosCombatentesdoUltramar–dolargodaigrejaaoentroncamento da estrada de Muge, fiz eu, muitas vezes a minha macro-superfíciedeexpressãoplástica.Omeuespaçovital.Actospremonitórios.

Nas noites de luar, que se reflectia de forma quase mágica naquelasparedes caiadas, quase fluorescentes, procedíamos à nossa catarse vingativacontraasalgozesretalhadorasdasnossasbolas:aTiApolinária,aTiFrancelina,aTiBorrega,eporaífora.Desenhávamosacarvão,apanhadonosquintais,entre

brasas fumegantes, longaspilinhas que mais pareciamdesajeitadas tesouras,afirmaçãodanossamasculinidade,seguidasporsóisamendoadoseachatados,que queríamos fazer passar pelo órgão oposto, na simplicidade canónica esimbólica da representação e da diferenciação sexual que todas as criançasaprendemcomumaprecocidadedesconcertante.

Lembro-medesentirasuavidadedocarvãoeoseuchiarsubtilnadoçuraalva da cal. Experiência significativa esta, a da consciência da relação entresuperfícieemeioderegisto,quesóvimaexperimentar,muitosanosmaistarde,natensãooferecidapelatelaesticada,pelaacçãodapressãodopincel,napinturaaóleonosateliersdepinturadaEscoladeBelasArtes.

Enfim,traquinicesdeinfânciaajuntaramuitasoutras,sebemquemenos

danosasparaaintegridadedestaarquitecturahumildesempreimpecavelmentebranca. Diriamesmo, teimosamentebranca. Deuma coisa irritanteme lembrobem: da incapacidade de, à luz do dia, nos regozijarmos das nossas proezasgráficas nocturnas, pois aos alvoresdamanhã, já um ou doisparesdebraçosdiligentes tinham apagado, ou caiado de novo por cima dos nossos traçadosprovocadores.Eistovezessemconta,atéqueasvassourasdejunquilho,giesta,ou murtinheira silvassem, ameaçadoras, junto às nossas orelhas, tornandourgenteareorientaçãodasnossasbrincadeirasparaterritóriosmenoshostis.

Foi nestes cenários que eue os meninos daminha geração, e deoutrasgerações anteriores e posteriores, moldaram a sua identidade. Experiência

impagável das nossas vidas, vivida na terra onde, no longínquo (1937)testemunhodoTiBento,informadordeAlvesRedol:“ ofumodaschaminésnãoalteia”xv.Narealidade,naaldeiadeentão,atéaoaparecimentodasedificaçõesdedoispisosdoscomerciantesdosanoscinquenta,aigualdadesocial,entreumapobreza quasi extrema e uma pobreza remediada, não permitiaque nenhumafamíliautilizasseaalturadopédireitodacasacomosímbolodestatussocial.Daíofumonãoaltearou,pelomenos,subirmaisuniformemente,emparticularnasvésperasdefimdesemana,espalhandoaromasdaslenhasdacharnecapeloaraanunciarfornadagenerosadepãocaseiro.Ocheiromaiscaracterísticodeminhaterraarivalizarcomocheirodachamuscadamatança.

Sãoestesfornos,sãoestascasasquehojesevãodesfazendo,umasatrás

dasoutras,numacomunhãocósmicacomaterradeonde,umdia,seergueram.Nadamaisbiológico,nadamaisecológico,nadamaistelúrico.Pelomenosparaa

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almadequemolhouesentiuestascenografiasreaiscomaspupilaseasnarinasbemabertas. Por isso, e paramemória futura, se lavrou este textoque temovalorsingelodeumtributo,parajá,oúnicoquepossoprestaraoslugares,àscasase àspessoas,mesmoàquelasqueemtemposdemeniniceinfernizei comnervosos traçados nas paredes que então, como hoje, reclamavam merecida

alvuracomopartedasuabelezaestética.Umapartedomeaculpaestáfeito,nacertezadequeumdia,comoutrosvagares,pagarei,pelaarteepelaescrita,orestante tributo que devo à terraondemeorgulho ter nascido.Mantenha-meSantaMariadaGlórianaclarividência.Peçopouco...paratermuito.

LeonardoVerdeCharréu,GlóriadoRibatejo,14deJulhode2011(dianacionaldasaudosaFrança,diadatomadadaBastilha

“Liberté,Egalité,Fraternité”.Ahjáseesqueceram!Repitoemvozalta:“LIBERTÉ,EGALITÉ,FRATERNITÉ”,Nemmais!)

Notas

iDe1984a1990vivinoPorto,ondefrequenteiaEscolaSuperiordeBelasArtes.NosperíodosdeverãodessesanosviviemSaintLaurent,noDepartamento47(Lot-et-Garonne)nosudoestedeFrançaonde,numaquintaagrícolaefazendotodootipodetrabalhos,amealhavaoquepodiaparadesagravaroinvestimentodaminhafamílianaminhaeducação.Entre1997e2001,comalgumas intermitências, vivi em Barcelona onde fui bolseiro da Fundação para a Ciência eTecnologia e completei um programa de doutoramento na Faculdade de Belas Artes daUniversidadelocal.TrabalhonaUniversidadedeÉvoradesde1994enuncaconsegui,apesardesérias tentativas, dedeixarde vivernaGlória,a minha terraNatal. Sítio de cultura popularimorredouraelugarexigentenaampliaçãoda saudadedosque,nascendoaqui,sãoobrigadosaestarlonge.iiAelevaçãodeGlóriadoRibatejoavilasóo correua22deMaiode1993tendoaelevaçãoa

freguesiaocorridonodia29deAgostode1966.iiiComocomprovaumalápidemedieval,raraasuldePortugal,estudadapormimnosiníciosdosanos90nocontextodomeumestradoemHistóriadaArteepublicadaem1994naRevistadeArqueologiaAlmadan(Cfr.FonteseReferênciasBibliográficas).

ivCfr.FonteseReferênciasBibliográficasCéliaNevesetalt(2007).vCfr.FonteseReferênciasBibliográficas,RonaldRael,(2009)

viCfrAlvesRedol,ob.cit.págs81-85eIdalinaGarcia,ob.cit.pág130.

vii“ AAtalaiadeBelmonteintegrava,emplenoséculoXII,otermodePalmela,representandooseu ponto estratégico mais avançado a Noroeste e definindo os limites com Coruche, através daRibeiradeCanhaoudeSantoEstevão.AindividualizaçãodeBenavente,promovidapelaOrdemMilitar de Évora, que se concretiza na doação da Carta de Foral em 1200, provoca odesmembramento desta do Castelo de Coruche, passando a Ribeira a delimitar os termos dePalmelaeBenavente.Construídoantesde1207,segundodocumentaçãoconhecida,o"CastelodeBelmonte"constituiumelementoessencialnaconsolidaçãoepossedasterrasmarginaisdoBaixoTejo,reconquistadaspeloscristãos.EnquantocomendadaOrdemMilitardeSantiago,vinculadaaPalmela, Belmonte adquiriu alguma projecção sob o ponto de vista militar, eclesiástico eadministrativo.Osurgimentodeumnúcleourbano,maisaNorte,denominadoSamoraCorreia,comForaldatadode1512,conduziuaoabandonoquasesistemáticodeste local.OBaluartedeBelmonte era uma construção tosca, constituída por um Fortimredondo, casasbaixaspara o

 pessoal serviçal, uma casa apalaçada para o comendador, uma igreja e um túnel para o rio. Actualmente,emruínas,foiasededaprimeiraparóquia,tendocomopadroeiroSãoJoãoBaptista. A fortificação medieval de Belmonte exibe características de construção invulgares, que

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demonstrama utilizaçãoexclusiva damatéria primadisponívelnaregião, osseixos rolados.Aestruturaécompostaporenormescalhausroladostoscamenteargamassadosquedefinemumatorrebastantesólida”.Inhttp://www.cmbenavente.pt/benavente/Concelho/LocaisInteresse/garrocheira_belmonte.htm

(consultade12-07-2011).

viiiCriadoem2003,oseminárioArquitecturadeTerraemPortugaltemevoluídodeumaformacrescentecomaamplaadesãodearquitectoseinvestigadores(etnógrafos,antropólogos,etc.)ibero-americanos e europeus. A qualidade das comunicações apresentadas por cidadãosnacionaisnoâmbitodestesSeminários,confirmaasuadimensãointernacionaleocontributoportuguês para o desenvolvimento desta temática. Recentemente, o VIº Seminário de Arquitectura de Terra em Portugal e IXº Seminário Ibero-Americano de Arquitectura eConstruçãocomTerra,foramrealizadosnaUniversidadedeCoimbra,emFevereirode2010.AUniversidade de Aveiro, a Escola Superior Gallaecia, a Fundação Convento da Orada e aAssociação Centro da Terra foram os organizadores e anfitriões do Vº Seminário de ArquitecturadeTerraemPortugal (VºATP),queserealizoude10a13deOutubro2007,na

UniversidadedeAveiro,emPortugal.Em2005,oIIIºseminárioATPdecorreuemsimultâneocomoIVºseminárioIbero-AmericanodeConstruçãocomTerra (emMonsaraz)e,em2006,oIVºseminárioATPassociou-seao IºSemináriode Construçãoe ArquitecturacomTerra noBrasil (TerraBrasil2006,emOuroPreto)revelandoumacolaboraçãoprofícuaentreinvestigadoresdosdoisladosdoatlânticonaprocuradassuasraízescomuns.ix Cfr. nas Fontes e Referências Bibliográficas AAVV (2005), Mariana Correia (2007); MariaCorreiaeVítorJorge(2006)InêsFonseca2007).xCfr.FonteseReferênciasBibliográficasAnaCoelho(2007).xiCfr.FonteseReferênciasBibliográficas,RobertoCaneira(1999).

xiiCfr.FonteseReferênciasBibliográficas,RitaPote(2011).xiiiRaulLinonasceunosfinaisdoséculoXIX,em1879tendopassadoasuainfânciaemLisboa.

ComoerafilhodeumabastadocomercianteteveapossibilidadedepoderestudarforadePortugal,nomeadamenteemInglaterra,numaprimeirafase,tendofrequentadoumcolégiocatólicode1889a1893,seguindo-sedepoisaAlemanha.EmHanoverfrequentouaEscoladeArtesanatoeaEscoladeArteseOfícios,assimcomooInstitutoSuperiorTécnico.TodaviaoqueoviriaamarcardecisivamentecomoarquitectofoiofactodetertrabalhadonoestúdiodeAlbrecht Haupt, um arquitecto doutorado e especialista na arquitectura portuguesa doRenascimento.EstearquitectoalemãoiráterumaenormeinfluêncianaformaçãoartísticadeRaulLinoeocontactoentreomestreeoseualunonuncacessou,mesmocomoregressode

Raul Lino a Portugal. A construção anti-modernista e conservadora de Raul Lino foiaproveitada pelo EstadoNovo deOliveira Salazare adaptadaaosseusobjectivosderigor,austeridadeedurabilidade,estandoestascaracterísticasbemvisíveisnoambiciosoprogramadoEstadoNovodeconstruçãodeescolasprimáriaspor todo opaís,aindahoje emóptimoestado de conservação. No estilo arquitectónico típico de Lino, pontifica os beirados “àportuguesa”,ostelhadosemduasouquatroáguas,adecoraçãocomastradicionaisvarandasegaleriasalpendradas,aarcariae/oucolunatas,ousodotijoloburroabertoe,nointerior,autilizaçãodoazulejopintadoàmão.

xivCfr.FonteseReferênciasBibliográficas,IdalinaGarcia,1979,pág130.

xv“Orarepareosenhor.Aquiofumodaschaminésnãoalteia”(Redol,2003,pág.182).

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Caminho.RIBEIRO,Margarida(1963).Estudossobrea Aldeia daGlória,SalvaterradeMagos.Revista de

Guimarães,Vol.XXIIInº1,pp.52-55.Notabiográfica:Leonardo Charréu, nasceu emGlória do Ribatejo em 1964. É professor noDepartamento dePedagogiae Educação daUniversidadedeÉvora,ondeédirector doMestrado emEnsinoem

ArtesVisuais. É investigador noCIEP, Centrode Investigação emEducaçãoe Psicologia, ondecoordena a linha de Investigação “Arte, Educação e Comunidade”, sendo igualmentemembrocolaboradornonúcleodeEducaçãoArtísticanoIADS,InstitutodeInvestigaçãoemArte,DesigneSociedadesdaUniversidadedoPorto.Licenciou-se emBelas Artes – Pintura, na Faculdade e Belas Artes doUniversidadedoPorto(1990),éMestreemHistóriadaArtepelaUniversidadeNovadeLisboa(1995)eDoutoremBelasArtespelaUniversidadedeBarcelona,Espanha,eemCiênciasdaEducaçãopelaUniversidadedeÉvora.(2004).Como Bolseiro da Fundação Gulbenkian, foi professor visitante (2006) na California StateUniversity, em Long Beach, e na Arizona State University, em Phoenix/Tempe, nos EstadosUnidosdaAmérica.Em2009e2010foiProfessorVisitantenasUniversidadesdeGoiás,BrasiledeAlmería(Espanha).Entre2007e2010foiprofessorvisitantenaUniversidadedeBarcelonaeem2011foiprofessorErasmusnaFreieUniversitatdeBerlim,naAlemanha.

Temcercadecincodezenasdetrabalhospublicadosemlivroserevistasdaespecialidadesobreeducação artística no âmbitodas artes visuais, e em temas afins.A componente artística e aconstrução da identidade docente, na formação de professores, a cultura visual, os novosambientes de educação informal e as relações transversais entre arte, sociedade, ciência,cogniçãoeilustração,sãoosseusprincipaisinteressesdeinvestigação.