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RelatóRio MESA REDONDA tuRismo uRbano, CultuRal e nÁutiCo Cidade do mindelo – s. Vicente 30 e 31 de março de 2017

Cidade do mindelo – s. Vicente 30 e 31 de março de 2017 R ... · Com o alto patrocínio do Governo, através do ministério da economia e emprego, a Câmara municipal de ... tuRismo

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MESA REDONDAtuRismo uRbano, CultuRal e nÁutiCo

Cidade do mindelo – s. Vicente

30 e 31 de março de 2017

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Ministérioda Economia e EmpregoDireção Geral de Turismo e TransportesDireção de Serviço do Turismo

Mesa RedondaTuRisMo uRbano, CulTuRal e nÁuTiCo

Cidade do Mindelo – s. ViCenTe, 30 e 31 de MaRço de 2017

Relatores: Constança de sá,

Carina, armando Ferreira

Fotos: Kim Zé

Fontes: Discursos de entidades

apresentações dos oradoresintervenções dos moderadores

Debates em grupo e em plenárioContactos com participantes

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Cidade do Mindelo – s. ViCenTe, 30 e 31 de MaRço de 2017

ÍNDICE

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Ministérioda Economia e EmpregoDireção Geral de Turismo e TransportesDireção de Serviço do Turismo

Mesa RedondaTuRisMo uRbano, CulTuRal e nÁuTiCo

Cidade do Mindelo – s. ViCenTe, 30 e 31 de MaRço de 2017

NOTA CONCEPTUAL .............................................. 5

SESSÃO DE ABERTURA.......................................... 8

APRESENTAÇÕES ................................................ 10

PRIMEIRO DIA ................................................... 10

APRESENTAÇÕES ................................................ 17

SEgUNDO DIA .................................................... 17

DEBATES............................................................ 20

CONCLUSÕES ...................................................... 26

RECOMENDAÇÕES ............................................... 26

INTERVENIENTES NOS DEBATES ........................... 28

SÍNTESE CONCLUSIVA DAS TRÊS MESAS REDONDAS (BOA VISTA, SANTO ANTÃO, S. VICENTE) ...................32

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NOTA CONCEPTUAL

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Ministérioda Economia e EmpregoDireção Geral de Turismo e TransportesDireção de Serviço do Turismo

Mesa RedondaTuRisMo uRbano, CulTuRal e nÁuTiCo

Cidade do Mindelo – s. ViCenTe, 30 e 31 de MaRço de 2017

1. Enquadramentoas organizações mundiais ligadas ao sector, a omt e a WttC, colocam Cabo Verde entre os 10 países a

nível mundial a serem mais visitados nos próximos 10 anos, o que constitui um mundo de oportunidades, desafios, mas também de riscos para o país.

o sector das viagens e turismo é hoje considerado a maior indústria do planeta, seja a nível de volume de negócios, seja a nível do emprego. Prevê ‑se igualmente que venha a ser das indústrias com maior po‑tencial de crescimento a nível global, tendo em conta a apetência revelada para viajar e fazer férias pelas novas classes médias saídas da pobreza graças à globalização.

É já consensual que o turismo deverá ser o pilar do desenvolvimento económico de Cabo Verde, e neste momento todas as ilhas e concelhos do país ambicionam ter o seu quinhão desta atividade transversal que arrasta toda a economia.

o ministério da economia e emprego está ciente de que Cabo Verde encontra ‑se num momento crítico de expansão do turismo para todo o país, colocando enormes questionamentos quanto ao tipo de turismo a escolher, como fazer a preservação do património construído e imaterial, a preservação da própria identi‑dade nacional, a gestão dos fluxos migratórios internos e vindos do exterior, etc, etc. em suma, são muitos os desafios para que o país possa ter um turismo sustentável que prime sobretudo por um equilibrado e inclusivo desenvolvimento do mesmo e da sociedade cabo ‑verdiana, legando às gerações vindouras um país próspero e com futuro assegurado.

tendo em conta a transversalidade económica, social e ambiental do fenómeno turístico, este não po‑derá ser sustentável nem rentável sem a participação de todos, como mostram as experiências noutros destinos turísticos já consolidados.

É com base nessas premissas, que o ministério da economia e do emprego, a Direção Geral do turismo e transportes, a Câmara de turismo de Cabo Verde e as Câmaras municipais estão a organizar uma série de mesas Redondas com o intuito de debater com a sociedade cabo ‑verdiana, as autoridades e os operadores do turismo os principais temas e desafios do sector, por forma a recolher os subsídios necessários que irão orientar o desenvolvimento do turismo a nível nacional.

nos dias 30 e 31 de janeiro 2017 realizou ‑se em sal ‑Rei, boa Vista a primeira mesa redonda do turismo dedicada ao segmento sol e praia, seguindo ‑se outra com enfoque no segmento do turismo rural e de na‑tureza em Porto novo, santo antão nos dias 24 e 25 de fevereiro.

Chegou agora a vez da cidade do mindelo, na ilha de são Vicente, receber a terceira mesa redonda de‑dicada ao segmentos de turismo urbano, cultural e náutico.

a escolha da ilha de são Vicente, a segunda mais populosa do país, tem a ver com as suas características de ilha urbana, com um cosmopolitismo que lhe advém da sua tradição de cidade ‑porto com forte ligação ao mundo e à economia marítima.

tradicionalmente rica em atividades e grandes eventos culturais ao longo do ano, a ilha alberga um conjunto de grandes eventos ao longo do ano, começando pela Passagem do ano, Carnaval, março mês do teatro, Festa Juninas, Festival da Cavala, Festivais de música da laginha e baía das Gatas, turismo de Cruzei‑ro e mindelact, todos passíveis de serem transformados em cartazes turísticos e servirem de exemplo para outras cidades nacionais, igualmente ricas em tradições culturais com potencialidades turísticas.

a cidade da Praia, a Capital do país, é simbolizada como um exemplo de turismo urbano e cultural, turismo de cruzeiro, e a Cidade Velha como Património Cultural da Humanidade com a sua peculiaridade ar‑quitetónica dos seus edifícios, onde as tradições culturais de Cabo Verde se encontram bastante enraizadas.

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a baía do Porto Grande, e as várias praias da ilha, formam em conjunto com a deserta ilha de sta. luzia e os ilhéus Raso e branco um ativo turístico com grande potencialidade para todas as modalidades de des‑portos náuticos, desde o mergulho de observação, caça submarina, desportos de vela, windsurf, kitesurf, para além de estar inserida num dos melhor hotspots mundiais para a pesca desportiva, atraindo já uma importante clientela neste que é um segmento turístico de alto valor acrescentado.

Com o alto patrocínio do Governo, através do ministério da economia e emprego, a Câmara municipal de são Vicente, a Câmara do turismo de Cabo Verde realizam a mesa Redonda “Turismo Urbano, Cultural e Náutico” com o intuito de analisar com as Câmaras municipais, instituições ligadas ao turismo, investidores, operadores e público, em geral, propostas de solução para o desenvolvimento futuro, especialmente ao ní‑vel das infraestruturas, do planeamento, requalificação urbanas reabitação, da segurança, dos cuidados de saúde, da energia, água e saneamento e da educação e formação.

2. Objetivosa mesa Redonda visa alcançar os seguintes três objetivos:1. analisar as oportunidades e os desafios no desenvolvimento do turismo urbano, Cultural e náutico

em Cabo Verde, visando chegar ao consenso sobre um modelo de análise sWot do mesmo;2. identificar e propor medidas de melhorias nas respostas do sector público (governo e municípios) no

desenvolvimento em toda a cadeia de valor desses segmentos de turismo; 3. identificar e propor medidas de melhorias nas respostas do sector privado no desenvolvimento em

toda a cadeia de valor do turismo urbano, cultural e náutico.

Resultados esperados:a organização da mesa Redonda espera alcançar os seguintes resultados:• Recolher inputs da real situação de desenvolvimento do turismo urbano, cultural e náutico a nível

nacional e gizar medidas de natureza pública de forma mais sistematizada e melhor partilhadas;• Definir um quadro das necessidades visando melhorar a intervenção pública para fazer face ao de‑

senvolvimento do turismo urbano, cultural e náutico a nível nacional;• Definir um quadro de compromisso entre os ‘stakeholders’, abarcando os principais desafios de de‑

senvolvimento de curto e médio prazo do turismo urbano, cultural e náutico em Cabo Verde.• encontrar o ponto de equilíbrio na relação do turismo com o meio ambiente e com o património

histórico material e imaterial, de modo que a atratividade dos recursos naturais e patrimoniais não sejam a causa da sua degradação a nível do país.

Organização, metodologia e temática:a mesa redonda será organizada em 3 painéis temáticos a saber:PAINEL 1: oPoRtuniDaDes e DesaFios PaRa a ConstRuÇÃo De um tuRismo uRbano e CultuRal

atRativo, RentÁVel e sustentÁVel PAINEL 2: PRoPostas PaRa o DesenVolVimento Do tuRismo nÁutiCo em Cabo VeRDePAINEL 3: FoRmas De FinanCiamento Do tuRismo em Cabo VeRDe e a PaRtiCiPaÇÃo Da Classe

emPResaRial naCional

os temas serão introduzidos e debatidos, todos em sessões plenárias.

Carlos Jorge dos AnjosDGtt

Local e dataCidade do mindelo – s. VicenteHotel Porto Grande – 30 e 31 de março de 2017

Cidade da Praia, 10 de março de 2017

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SESSÃO DE ABERTURA

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a mesa redonda, que se espera decisiva para a construção de um turismo urbano e cultural atrativo, rentável e sustentável iniciou‑se com intervenções do vice‑presidente da Câmara do turismo de Cabo Verde, armando Ferreira, do presidente da Câmara municipal de são Vicente, augusto César neves, e do ministro da economia e emprego.

Coube ao ministro da economia, Dr. José Gonçalves, discurso mais incisivo sobre a importância deste evento, que aproveitou a oportunidade para apresentar iniciativas que visam capitalizar o turismo:

➢ Criação da sociedade de Desenvolvimento turístico de são Vicente para articular com os diversos intervenientes e assim dinamizar o turismo na ilha e região;

➢ nova abordagem do Fundo do turismo, que passa por alavancar recursos junto do mercado das re‑ceitas do turismo, que este ano devem atingir os 800 mil contos;

➢ Criação do instituto do turismo, que vai nortear e institucionalizar o sector ➢ Revisitar o “Branding” (marca) Cabo Verde; ➢ Plano estratégico de Desenvolvimento do turismo 2030; ➢ terminal de Cruzeiro para descongestionar o Porto Grande; ➢ Desafios específicos

• tirar maior proveito do Carnaval o ano inteiro;• necessidade de um estudo da economia do Carnaval;

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APRESENTAÇÕESprimeiro dia

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Painel 1: Oportunidades e desafios para a construção de um turismo urbano e cultural atrativo, rentável e sustentável

Moderador: David Leite

Irlando FerreiratuRismo CultuRal – eVentos CultuRais, músiCa, DanÇa, GastRonomia e a maRCa CesÁRia ÉVoRa Como PRoDutos tuRístiCos

Resumo ➢ a CultuRa é a forma de expressão do homem que

pensa, sente e age… ➢ turismo deve programar contactos com o património,

material e imaterial, através de vivências e motivações, dadas a conhecer através de uma agenda cultural…

➢ a “morabeza” marca o estilo de vida cabo‑verdiano. ➢ eventos gastronómicos, musicais, religiosos, de dança,

teatro, cinema, arte, design, entre outros, estão no cerne da oferta turística.

➢ o contacto com a memória e a identidade da população faz‑se através do património histórico e cultural, seja ele material ou imaterial, que deve ser preservado e exibido.

➢ Cesária Évora é, por exemplo, um “produto” turístico por excelência, não só de s. Vicente, como de Cabo Verde globalmente.

➢ o carnaval, que em s. Vicente atinge níveis de preparação, investimento e espetáculo assinaláveis, é um produto que merece uma dimensão mais duradoura, para além da respetiva data.

➢ o turismo cultural atrai visitantes com grande poder de compra, estimula a arte, dá um forte contributo à economia e tem um impacto ambiental reduzido.

➢ a identidade genuína diferencia e dá qualidade ao produto turístico, que deve ser reinterpretado, promovido, divulgado e produzir riqueza para toda a sociedade.

➢ DesaFios• Gerir os espaços e monumentos urbanos com base num planeamento integrado e a longo prazo,

preservando a sua identidade.• Criar uma programação cultural anual e divulga‑la através de uma agenda cultural• Promover a arte urbana.

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César Freitasa CiDaDe Como Polo tuRístiCo – o ConCeito De CiDaDe‑museu, PRoPostas De uma ReDe De museus, Casas De CultuRa, ReabilitaÇÃo uRbana, etC

Resumo ➢ Cabo Verde quer ser um país atrativo, coeso, conectado,

com a economia desenvolvida, competitivo. ➢ as metas a serem perseguidas e atingidas para trans‑

formarmos as cidades em polos turísticos são as se‑guintes:• Potenciar Cabo Verde como centralidade no

contexto regional e internacional• melhorar as condições de vida, o ambiente urbano

e gerar bons empregos• Promover o crescimento económico, atrair

investimentos e gerar riqueza• Valorizar o património urbano e arquitetónico• Potenciar a cultura, preservar e valorizar a

identidade cabo‑verdiana• melhorar o rácio da competitividade territorial local, regional, nacional e internacional

➢ as cidades são produtos turísticos de elite, pelas infraestruturas que oferecem e pela atividade que geram. Quanto mais complexa for a rede de ofertas, mais atrativa a cidade se torna.

➢ uma identidade vincada e cuidada gera um imaginário atrativo, quer para o cidadão quer para o turista, que também se assume como cidadão, aderindo.

➢ a qualidade de vida dos moradores atrai o turismo e leva a recebê‑lo bem. ➢ a conexão entre o turista e o lugar culminam numa relação de consumo do património, repetível

sem desgaste, sendo sempre o consumidor a deslocar‑se ao produto, e não o contrário… ➢ tendencialmente, a cidade deve tornar‑se pedonal e ciclável, verde, conectada, interativa, inteligen‑

te e eficiente. ➢ PRoPostas estRatÉGiCas

• o planeamento das ilhas, das cidades consolidadas e aglomerados com potencial;• Planos de salvaguarda e revitalização dos centros históricos;• Planos de redesenvolvimento e vitalização dos centros urbanos das periferias;• Planos de reordenamento e reconversão das orlas marítimas• Planeamento das ZDti;• Criação/desenvolvimento de novos polos urbanos e/ou cidades turísticas: • Criação de rede de equipamentos culturais – museus, bibliotecas, centros culturais• Criação de roteiros / percursos turísticos temáticos

➢ Foi apresentado um conjunto de planos específicos para a cidade do mindelo e restantes núcleos urbanos da ilha.

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Linda Pereira Das DeCisões PolítiCas à oPeRaCionaliZaÇÃo Do tuRismo miCe (tuRismo De ConFeRênCias e neGóCios) nas CiDaDes

Resumo ➢ não é o turismo que gera eventos, são os eventos que

geram turismo… ➢ a indústria dos eventos (viagens e turismo de negó‑

cios, miCe, Meeting Industry…) cresce 9% ao ano, fa‑tura somas consideráveis, representa 58% da faturação hoteleira mundial, estimula o investimento interno e externo, contribui para as exportações, vigora o ano inteiro…

➢ os eventos deixam mais receita, criam mais emprego, fomentam empreendedorismo, geram turismo não só para a cidade em que decorrem mas para o país…

➢ a mi causa grande impacto positivo e duradouro ao nível do conhecimento e do empreendedorismo, puxa pela investigação, pela academia e pelos negócios…

➢ Há que cuidar da reputação do destino, que assenta na fiabilidade e na criação de confiança. Cabo Verde tem um caminho a percorrer para gerar a confiança necessária à atração desta vertente de negócios…

➢ mais ainda que preços concorrenciais, a indústria dos eventos assenta nos conhecidos 3 “R”:• Relacionamento,• Reputação,• Referências (confiabilidade).

➢ mais de 60% dos eventos desta indústria são do domínio da ciência e tecnologia, percebendo‑se por aqui a influência que podem ter no desenvolvimento qualificado e sustentado.

➢ a indústria dos eventos funciona mediante uma sólida aliança com o poder político para a sua pro‑moção, que é muito laboriosa e tem de ser proativa e resiliente.

➢ Várias cidades de Cabo Verde têm capacidade logística para acolher mais de 70% dos eventos mun‑diais, que movimentam entre 50 e 250 delegados, e escolhem hotéis de 3 e 4 estrelas.

➢ infraestruturas, acessibilidade, segurança e saúde são os principais critérios de escolha de destinos para eventos.

➢ as principais chaves para atrair mi são o profissionalismo, investimento metódico e direcionado em marketing, autenticidade e… internet de qualidade, entre vários outros.

➢ a capacidade de comunicar vivências, sejam históricas sejam atuais, utilizando todos os meios e tecnologias de comunicação, são uma exigência para angariação de eventos no futuro…

➢ a mi exige investimento… ➢ When you spend peanuts you get monkeys!

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Jorge MaurícioteRminais De CRuZeiRo e o imPaCto Do tuRismo De CRuZeiRos nas CiDaDes‑PoRto

Resumo ➢ em 2017 o turismo de cruzeiros movimentará mais de

25 milhões de passageiros em 315 navios e terá um impacto económico de 117.000 milhões dólares.

➢ Cabo Verde entrou recentemente no concerto desta vertente do turismo, e já movimentou em 2016 mais de 77.000 passageiros com 126 escalas.

➢ os navios de cruzeiro precisam de pelo menos um cais dedicado à movimentação autónoma dos turistas de cruzeiro, sendo o Porto Grande (mais de 48.000 turistas em 2016) o natural candidato a avançar o mais urgente possível. o porto da Praia movimentou no mesmo ano quase 23.000 turistas.

➢ Para se conseguir objetivar a visão que o Porto Grande acalenta a médio/longo prazo (+200.000 passageiros em 2030), de se tornar um destino de cruzei‑ros de referência na região da África ocidental e no conjunto da macaronésia, será necessário grande empenho de todos os atores do turismo em Cabo Verde...

➢ mas valerá a pena, porquanto os efeitos serão multiplicados na economia da ilha e do país, dina‑mizando o aeroporto, o comércio na cidade, o emprego e várias outras vertentes da economia, da cultura e da sociedade.

➢ Foi apresentado em resumo um estudo de mercado para a requalificação do Porto Grande e, bem assim, um estudo de impacto ambiental e Projetos de engenharia.

Painel 2: Propostas para o desenvolvimento do Turismo Náutico em Cabo Verde

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Jean-Yves AudrainCiDaDes e tuRismo balneaR – uma PRoPosta De ReabilitaÇÃo Das PRaias uRbanas De sÃo ViCente, santo antÃo, santiaGo, sal e boa Vista

Resumo ➢ 5 ilhas e 33 sítios identificados. ➢ 8 km2 de praias examinadas, mais de metade necessi‑

tam de melhorais ➢ são Vicente com 12 sítios examinados e 9 recomen‑

dadas ➢ atenção especial à praia da Galé e da Cova inglesa,

porta de entrada da ilha através do aeroporto Cesária Évora

➢ Praias:• Galé – 300 metros, poderá expandir até 17 mil

metros• Cova de inglesa – 700 metros, poderá expandir até

33 mil metros• Calhau – três baias com forte exposição a ondulação/reparação do porto • baía das Gatas (três baias), limpeza e expansão

➢ Santo Antão avaliados dois grupos de praias/necessidade de melhoramentos ➢ Porto novo:

• abufador• Curraletes• Praia do armazém

➢ santiago – 11 sítios analisados, oito recomendados para melhoramento ➢ Gamboa

Silvestre ÉvoraDesPoRtos nÁutiCos e o tuRismo – PesCa DesPoRtiVa, meRGulHo, CaÇa submaRina, WInDsurf, kItEsurf, Vela

Resumo ➢ turismo náutico em crescendo em Cabo Verde; ➢ explorar a vocação para esta modalidade de turismo; ➢ Praias propícias à prática da atividade náutica; ➢ Condições para Pesca Desportiva; ➢ Condições para prática de kitesurf – Cabo Verde cam‑

peão mundial com conquista do título por mitu e machu: surf, Bodyboard, Vela e Canoagem;

➢ Gastronomia diversificada; ➢ Fauna atrativa; ➢ Estrangulamentos: Deficiente exploração do potencial

por falta de infraestruturas adequadas: portos, reparação naval, reposição de peças às embarcações, inexistência de eventos náuticos e deficiente marketing;

➢ Sugestão: adjudicação em regime de exclusividade do interior da baía do Porto Grande, a partir do terminal de Cabotagem (Praia do Caís acostável) aos desportos náuticos;

➢ Vantagem: Cabo Verde já está contemplado com o Programa de Cooperação internacional maC 2014 ‑2015, financiado pelo Fundo europeu/Cabo Verde está associado, junto com o senegal e mau‑ritânia, ao nauticom;

➢ existência de legislação – Decreto‑lei 37/2015 – referente à náutica desportiva.

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➢ Praia negra ➢ Quebra Canela ➢ boa Vista – Praias urbanas ➢ sal – Praia de santa maria extremamente degradada ➢ Desafio: valorizar o binómio montanha/mar ➢ Constrangimentos: água das cheias, segurança, gestão de resíduos, extração ilegal de areia ➢ Nota final: reparação das praias não é um custo, mas um investimento

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APRESENTAÇÕESsegundo dia

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Painel 3: Formas de financiamento do turismo em Cabo Verde e a participação da classe empresa-rial nacional

Paulino Dias os moDelos De FinanCiamento Do tuRismo – exemPlos a seGuiR

Resumo➢ as entradas de turistas em Cabo Verde crescem desde

2001 a uma média anual sustentada acima dos 10%. ➢ Cabo Verde atinge os 12.000 quartos de hotel, com um

boom de iDe entre os anos 2006 e 2011. ➢ o principal problema não é o acesso ao crédito, mas

sim o mercado concreto. Havendo mercado (projetos sustentados e executados), os meios financeiros acor‑rem…

➢ as fontes de financiamento diversificam‑se: para além dos recursos do promotor, da banca e da bolsa, o con‑tribuinte pode estar presente através de apoios esta‑tais, os fornecedores através de crédito, os clientes por compra antecipada, assim como fundos de investimen‑to ou imobiliários, crowdfunding, etc.

➢ PRoblemas: risco‑país elevado; descapitalização acentuada, quer pública quer privada; déficit de confiança dos potenciais financiadores, em consequência de incumprimentos anteriores; pequenez da economia, da banca, da bolsa; juros elevados; dívida pública elevada; falta de soluções alterna‑tivas em caso de dificuldade…

➢ soluÇões aPontaDas: • Definir uma estratégia de gestão pro‑ativa do risco‑país;• adequar e operacionalizar o Fundo afroverde;• adequar e operacionalizar o Fundo de Garantia mútua (já anunciado);• Promover a concorrência e incentivar a eficiência no setor bancário nacional (articulação com bCV.

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José Almada Dias a PaRtiCiPaÇÃo Do emPResaRiaDo naCional no FutuRo Do tuRismo em Cabo VeRDe

Resumo ➢ a participação nacional no turismo é reduzida. ➢ ainda assim, exemplos como o odjo d’Água, Pedracin,

santa maria, Prassa e outros, foram bem sucedidos e encorajam outros.

➢ Paris, Roma, Veneza, barcelona, nova iorque, bangue‑coque, entre outras, são cidades que testemunham quanto o turismo urbano é importante.

➢ Qual a visão que o setor privado tem do turismo em Cabo Verde?

➢ “De 2040 aos nossos dias”, podia ser assim descrita. ➢ uma apresentação futurista do que poderá ser a região

norte no horizonte 2040; ➢ Região norte como “Riviera Kriola” e s. Vicente como “mónaco dos trópicos”; ➢ Cesária Évora – a cara do turismo da região norte ➢ Diversificação da oferta turística para as ilhas do norte: tudo menos All inclusive/turismo de massa. ➢ Fundos (aFRoVeRDe i e ii/Fundo Garantia soberana) vai garantir financiamento dos projetos turísti‑

cos para a região norte. ➢ mindelo, uma cidade‑museu. ➢ Carnaval, música, golfe, ténis… ➢ turismo náutico ➢ miCe ➢ Cruzeiros ➢ turismo científico e universitário ➢ turismo de saúde e bem estar ➢ turismo residencial ➢ arquipélagos da madeira e seychelles são apresentados como exemplos a seguir.

António Moreira PaPel Da banCa naCional e inteRnaCional no FinanCiamento Do tuRismo em Cabo VeRDe

Resumo ➢ Descreveu em traços largos o cenário da banca em

Cabo Verde ➢ tem pouca dimensão ➢ os juros elevados que oferece obrigam a crédito com

juros mais elevados ainda; ➢ tem liquidez, mas tem que usar de prudência nos

empréstimos, para evitar malparados; ➢ É conhecido o difícil acesso a crédito bancário em Cabo

Verde, mas na maioria dos casos os projetos que não obtêm financiamento é porque apresentam problemas estruturais.

➢ apenas projetos de pequena e média dimensão podem ser financiados apenas pela banca nacional, havendo necessidade de atrair iDe.

➢ a banca precisa de criar novos instrumentos de intervenção na economia do país…

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DEBATES

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INTERVENÇÕES:

Paulo Noel da Prime Consulting: Defendeu a ideia do Coworking como um desígnio nacional, ou seja atrair as pessoas para trabalhar nas nossas cidades. Por isso propôs uma ação nos vários edifícios históricos dando‑lhes utilidade, incentivos fiscais relativamente ao imobiliário. tudo isso teria impacto direto no aloja‑mento formal e informal, nas restaurantes, nas zonas de lazer e acima de tudo na competência, na criação de conhecimentos.

Dom Ildo Fortes, Bispo da Diocese do Mindelo: atestou que o nosso turismo terá futuro e será mais procurado se apostarmos na competência, a qualidade e manutenção do nosso património. Defendeu que precisamos melhorar na forma tratamos um turista deste a sua chegada ao aeroporto. Criticou o estado de‑gradante da estrada, praia da baía das Gatas e do Farol Dona amélia em são Pedro e falou da igreja como sendo uma parceira para impulsionar o turismo religioso.

Anselmo Fonseca da Agência Marítima e Portuária (AMP): Começou por levantar a questão de como posicionar a articulação de atores chave aos níveis estratégico, tático e operacional com as demais estru‑turas públicas e privadas para a consolidação dos sistemas turísticos urbanos culturais e náuticos. anunciou ainda que são cinco faróis históricos junto com mais com mais 21 faróis estão contemplados com um grande projeto de reabilitação financiada pela Cooperação espanhola.

Helena Viscosa (da Vista Verde Tours): falou do grande handicap que é a prestação de serviços o que também se aplica ao sector de hotelaria e restauração. Diz que não se vê e investimentos por parte das entidades pública e provadas na formação de staff para a prestação de serviços. Questionou de que forma podem esses serviços serem melhorados para garantir mais qualidade.

Andy Janeta: Disse que a morabeza cabo‑verdiana está a desaparecer muito por culpa de maus hábitos das pessoas principalmente de crianças que ficam a pedir dinheiro aos turistas. Defendeu que o valor do turismo deveria ser ensinado nas escolas por uma questão de educação.

Herminaldo Brito (Hotel Jasmim): falando sobre o ordenamento da baía do Porto Grande sugeriu que a ilha de deve ser analisada através de uma articulação entre o aspeto urbano e o aspeto náutico. esmiuçar de que forma vai‑se ordenar a baía do Porto Grande, o terminal de Cruzeiros e a marina.

Alcides da Luz, Comandante da PN: lembrou o trabalho da Polícia para garantir segurança aos turistas e também do fenómeno mandingas questionando como é que esse movimento consegue levar milhares de pessoas às ruas.

Fernanda Vieira, Presidente da Assembleia Municipal: trouxe a questão do papel do indivíduo na promoção do turismo e sugeriu que cada pessoa seja um promotor do turismo em são Vicente.

gil Costa da FIC: lembrou que há 10 anos assistiu no sal uma conferência com o mesmo tema e com recomendações e até agora não se fez nada. Questionou por isso o que é que se pode fazer para sacudirmos a consciência e tentar aproveitar essas oportunidades que passam em Cabo Verde.

Manuel de Pina, presidente da Associação dos Municípios: Defendeu que tudo que é urbano pode ser complementado com o aspeto cultural e náutico. Questionou, como é que está a cultura urbana em Cabo Verde e disse que muita coisa precisa ser feito principalmente, sensibilizar a população para melhorar as praticas urbanas e participação cidadã.

Josina Freitas, ex-diretora do CCM: Disse que o maior sentido de morabeza é permitir que um estran‑geiro chegue em Cabo Verde e em menos de oito anos estar a falar crioulo. sustentou também que é antigo o problema das crianças de rua que pedem dinheiro aos turistas mas sector turístico, que tem grande res‑ponsabilidade nisso, não trabalhe com Governo e com as Câmaras para resolver este problema.

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Américo Lopes, professor na ISCEE e pesquisador na área do turismo: Defendeu a articulação entre os diferentes agentes, público privado e a população local para desenvolver o turismo. Concordou que são Vicente deve estar ancorado no turismo cultural, mas é preciso estudos para melhorar estas atividades. mas criticou as Câmaras por não terem um plano estratégico para o desenvolvimento do respetivo município.

Paulino Dias, da PD Consult: levantou uma questão provocadora. o que é que se quer que o mundo pense que são Vicente é? e defendeu que o melhor posicionamento de são Vicente é como ilha criativa. Porque é um conceito flexível, plástico que se aplica à credibilidade, à gestão de conhecimento, ao turismo de cruzeiro, à cultura enquanto ativo económico e a ilha já tem experiência história, infraestrutura e vivência para posicionar à escala global como uma ilha alinhando ao Coworking.

Victor Fidalgo, do grupo PLC: estamos a falar de turismo urbano, mas temos cidades feias, mal orga‑nizadas. Disse são Vicente nasceu como cidade mas está cheio de patrimónios degradados muito por culpa de ausência de autoridade e leis que condicionam a sua utilização. Defendeu ainda mudança das leis para combater a delinquência.

Daniel Livramento: lembrou que para desenvolver o turismo, cultural e urbano devemos seguir o exemplo de singapura. Pois hoje é ranking mundial em todos porque apostaram na formação.

César Freitas (Arquiteto): trouxe a questão da concertação entre diferentes atores. Disse que a Câmara municipal é uma peça‑chave no turismo urbano, mas lamenta o facto de não ter havido durante os encontros um engajamento mais permanente da CmsV para se aproveitar desta dinâmica e alcançar resultados práticos.

Victor Fidalgo (grupo PLC): Pegando gancho nos objetivos do turismo até 2040, apresentados por almada Dias, defendeu que seria bom que as autoridades começassem a fazer planos para períodos mais controláveis. talvez 10 ou 5 anos sem perder de vista num longo prazo, caso contrário perde‑se no horizonte temporal. Criticou, igualmente, o facto de o governo ter ido buscado técnicos nas Canárias para fazer os Pla‑nos de ordenamento turístico (Pot) que hoje estão a ser alterados porque demostram bastante qualidade.

Lisa Lima (participante): Defendeu que, para que as experiências no turismo sejam atrativas devem ser genuínas, daí estar a privilegiar o genuíno, principalmente a parte cultural. a cultura é a nossa identidade enquanto povo e para que não haja descaracterização é preciso que seja conservada e preservada, mas para isso é preciso conhecimento. outro foco importante é a integração dos sectores, a sustentabilidade económica, social, cultural e ambiental. É preciso potenciar os impactos positivos e minimizar os negativos e promover a integração dos sectores. enalteceu a questão do turismo científico, que pode ser bem aprovei‑tado, dado aos elementos únicos que temos a nível do nosso país.

Franklin Spencer (ex-PCA da Enapor): sustentou que o conjunto das cinco ilhas e de ilhéus são o maior produto turístico de Cabo Verde. mas lançou a questão de como colocar os poderes municipais dessas ilhas para se chegar a esse entendimento/visão que se quer para essa zona. Criticou os sucessivos estudos feitos para a ilha de são Vicente que são engavetados e os compromissos não cumpridos. lançou o desafio de até o fim deste ano as entidades saberem o que é que se quer para são Vicente e para a Zona norte.

José Correia (participante): Disse que desde 2000 estão a fazer debate e que agora estamos em 2017 e os temas continuam a ser os mesmos. Pediu aos economistas que sejam um pouco mais realistas e de‑fendeu que, apesar de o país ter várias estratégias, estas devem ser exequíveis. acha que devemos ter um foco ideológico. lembrou que o Plano estratégico do turismo deve ser um plano operacional. Deve‑se tirar ilações do passado. Criticou a proposta de criação da sociedade de desenvolvimento e lembrou que há es‑truturas que foram criadas, mas não resolvem nada.

Carlos Coutinho (Agência Aventura): ontem foi o dia de sonhar. Hoje é o dia de viajar no tempo. a minha pergunta é: Quando é que será o dia de trabalhar. Já vamos em vários encontros, mas nunca vemos o pós‑evento. o que pode ser implementado. a CmsV não está aqui, há algumas coisas que estão a ser feitas,

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há outras pequenas coisas que devemos fazer. lembrou, por outro lado, que Cabo Verde tem concorrência e que, se não estamos a trabalhar, a nossa concorrência está. Fala‑se do terminal de Cruzeiros, mas passou‑se 10 anos para se melhorar o piso do cais. Defendeu ainda que é preciso falar do turismo interno, cultural, urbano e para nós e apostar na segurança, numa cidade limpa e melhorar o que temos. Deixou a proposta de se qualificar a mão de obra cabo‑verdiana para trabalhar no turismo de cruzeiro.

Helena Lima (participante): levantou a seguinte questão: Falou‑se aqui do dinheiro dos contribuintes ser utilizado diretamente para o desenvolvimento do turismo em Cabo Verde. Porém, algo não se ouve nas mesas redondas é de que forma o contribuinte vai usufruir diretamente do desenvolvimento turístico. suge‑riu que as vendas de “baloi” não sejam eliminadas, mas melhorada a qualidade dos produtos que vendem e experimentar esta economia paralela que alimenta muitas bocas. Chamou a atenção para a acessibilidade à ilha de santo antão, cada vez mais procurada por quem quer fazer turismo de montanha.

Daniel Livramento (participante): atestou que um dos grandes constrangimentos da nossa economia é o financiamento. estão a dormir nos nossos bancos milhões, bancos não querem correr riscos, não empres‑tam. expectativa dos empresários é frustrante. Por isso perguntou a almada Dias onde é que ele vai buscar financiamento para o fundo afroverde.

Leonilda Semedo (Adei): sentimos na nossa atividade no dia a dia que a banca poderia ser mais célere em decidir se vai financiar ou não porque o empresário quer objetividade e não burocracia, que atrasa o negócio. Defendeu a necessidade de se melhorar os transportes aéreos e marítimos para ampliar o mercado e possibilitar uma projeção maior das vendas, que vão gerar o lucro das empresas.

Anselmo Fonseca (Agência Marítima e Portuária): Cabo Verde está perante um dilema do rácio de uma dívida de 130% do Pib, que condiciona o financiamento público. Por isso pediu uma reflexão sobre que formas alternativas de financiamento. Defendeu a necessidade da consignação de receitas geradas a partir do sector para financiar projetos do sector. exemplo Fundo do turismo, que tem um grande problema no controlo de gestão, Fundo do ambiente e de outros fundos que devem ser potenciados para financiar projetos.

Américo (participante): Há turistas cada vez mais exigentes e um nível de concorrência muito alto a nível dos destinos. aliado a isso aparece a volatilidade resultante da conjuntura internacional, que no sector do turismo é muito sensível. Por isso disse que as empresas do sector do turismo devem ter capacidade de se inovarem através de pesquisa. Perguntou por isso ao Paulino Dias se não acha que a fonte de financia‑mento dos contribuintes através do estado não deva conter o financiamento de pesquisas/conhecimento.

João Spencer: Durante esses dois dias falamos muito da teoria que envolve tudo o que nós queremos fazer. está tudo bonito e muito bem elaborado. acho que deve haver essas reuniões, mas as pessoas que vão pagar ficam de fora. no turismo temos projetos, ideias fantásticas, temos discutido o que é necessário para que o turismo se desenvolva, mas quem pode decidir a parte mais importante, que é o pagamento, não está presente. espero que da próxima vez haja reuniões sectoriais, com um número reduzido de pes‑soas para se decidir quem é que vai pagar e como é que se vai pagar

Josina Freitas (ex-diretora do Centro Cultural do Mindelo): Questionou se na mesa redonda já há uma equipa para trabalhar todos os inputs e dar seguimento ao que se discutiu. Perguntou ainda a almada Dias que tipo de campos de golfe é que se quer, se será verde ou castanho tendo em conta que um dos maiores desafios mundiais é a água. lembrou ainda que há muitos edifícios em são Vicente abandonados, qual o objetivo da Cm com esses espaços e o que é que o banco, o Governo e o privado podem fazer.

Domingos Lopes: Há necessidade de conciliarmos exercícios académicos e teóricos com aquilo que é prático e com a necessidade das pessoas. eu estou de acordo com o arquiteto Freitas quando diz que temos de fazer de Cabo Verde e das nossas cidades humanas, verdes e interativas em todos os sentidos. Precisa‑mos de traduzir ideias para a prática. Disse que infelizmente alguns atores que deveriam estar cá e que são aqueles que pagam, que tomam decisões e que viabilizam coisas não estão. assim fica difícil equacionar.

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Perguntou ainda qual é o peso dos capitais que estimula a decisão dos bancos em financiar um projeto. Criticou igualmente o tempo que os nossos bancos levam para decidir e o resultado que isso tem na sobre‑vivência de uma ideia de investimento.

Rodrigo Rendall (Vereador da Câmara de São Vicente): Disse que pela primeira vez a CmsV tem um bom diálogo com o Património do estado e que neste momento há um processo de cedência de alguns edifícios que estão degradados para a reabilitação dos mesmos, numa parceria público‑privada. asseverou que não podemos ter turismo de qualidade com a burocracia que temos, por isso pediu modernização dos serviços.

Samira Pereira: Disse que não ouviu falar dos turistas que fingimos ignorar. mas que é um segmento emergente e visível com alto poder de compra que são os nossos irmãos africanos. Por outro lado, referiu que a população, que é quem recebe, também tem direito à informação e usufruir da cultura e do lazer, mas que é preciso saber onde está quando e porque falta ferramentas de comunicação.

Paulo Martins: Disse que no fórum em santo antão decidiu‑se apoiar os sites de informação para o turismo. Quando alguém quer preservar o património cultural, histórico dar luz aos edifícios com Coworking, trazendo gente que percebe do valor do edifico, só encontra barreiras.

Fernanda Vieira (presidente da Assembleia Municipal): Questionou a organização do evento sobre a questão do day after como é que vai ser, já que houve muitas apresentações e contributos valiosos.

gilda Évora, Sociedade Desenvolvimento Turístico Integrado das Ilhas de Boa Vista e Maio (SDTIBM)• Critica falta de articulação entre as instituições porque o sDtibm está a fazer estudos sobre as praias da

ilha da boa Vista e tem planos elaborados.• sDtibm não recebe verbas do estado. tem um capital 22 milhões euros/ano

Anselmo Fonseca – Autoridade Marítima e Portuária • solicitação de ajuda para preparar candidatura de praias à bandeira azul

Valter Silva – Câmara Muncipal do Porto Novo• Preocupações com o saneamento, abastecimento de água, falta de rede de esgotos• terminal de Cruzeiro de são Vicente pode servir santo antão?

Verónico Jorge (representante operador)• Preocupação com a segurança pessoal, alimentar e de saúde dos turistas• necessidade de mais contactos entre as instituições que operam com o turismo

Isa Lima – Direcção Nacional do AmbientePreocupações: ordenamento das actividades náuticas• acautelar actividades náuticas na ilha da boa Vista• extracção ilegal de areia• Planeamento costeiro e territorial• necessidade de pistas para prevenção impacto ambiental• Dragagem da Praia do caís acostável/presença sedimentos

Domingos Lopes – Associação Defesa do Consumidor• Partilhar vivência 28 anos na ilha do sal/visitas a 10 anos b. Vista• bomba relógio preste a explodir nestas duas ilhas actualmente devido ao turismo• Falta de articulação entre instituições• baía do Porto Grande: Que qualidade, sabendo que já foi um porto de Carvão, alberga a dessanilização

de água/Cabnave• baía das Gatas sem análises responsáveis

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sugestão: turismo baseia‑se na cultura e no ambiente

Carlos Coutinho (Agência Aventura)• mindelo cidade limpa e cultural• Época alta/época baixa• Festival da baía das Gatas fora da época alta• Capacidade de carga do mindelo versus aumento da demanda navios cruzeiro• Falta de acessibilidades no mindelo• Destino de cruzeiro/melhoria das infra‑estruturas em todas as ilhas

Conceição Monteiro – Executivo Tour • Chegar aos mercados e vender o destino• Governo promotor de encontro ou workshop encontro com proprietários dos navios cruzeiros• Marketing do destino/Responsabilidade do Governo

Josina Freitas – Centro Cultural do Mindelo• Que tipo de turistas queremos para Cabo Verde?

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CONCLUSÕESRECOMENDAÇÕES

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1. está identificada a PlataFoRma de atores do tuRismo em Cabo Verde, públicos, privados e associa‑tivos. Porém, foi apontada uma falta de clarificação, articulação e complementaridade entre eles, a exigir um grande esforço de interação e concatenação.

2. o ministério da economia e emprego é também o ministério do turismo, que se apoia na Direção Geral do turismo, está a constituir um instituto de tuRismo e através destas duas entidades liga‑se ao setor do poder local, através das Câmaras municipais, e ao setor privado, muito especialmente através da Câmara de turismo, que é chamada a representar efetivamente as empresas do turismo, trazendo‑as a uma participação ativa na identificação das melhores práticas de planeamento, pro‑moção, distribuição e governança.

3. 2017 é o ano dedicado pela onu ao turismo sustentável. a omt promove o mesmo desafio, decla‑rando 2017 como o ano Do tuRismo sustentÁVel para o DesenVolVimento. Cabo Verde quer apro‑veitar para desenhar um Plano estratégico de longo alcance (horizonte 2030), sabendo embora que a evolução tecnológica, das tendências e da sociedade em geral impõe uma atitude permanente de análise, avaliação e adaptação.

4. as soCieDaDes De DesenVolVimento regionais são uma prioridade do programa do Governo em exercício, em linha com a intensa campanha de reflexão que está a percorrer todas as ilhas, em articulação com as autarquias, a Câmara de turismo e as Câmaras de Comércio, além de outras orga‑nizações da sociedade civil, como forma de recolha de subsídios para todos percebermos a melhor forma de obtermos resultados práticos do turismo e de os fazermos chegar às pessoas, em todos os setores da sociedade e em todas as parcelas do território nacional.

5. Foi sublinhada a importância do branding de Cabo Verde, estando por desenvolver uma ima-gem sintética, forte e apelativa que una as principais virtualidades, especificidades e auten-ticidade de Cabo Verde como destino turístico nas suas diversas vertentes, em especial as abordadas nas 3 mesas redondas que agora se concluem: turismo balnear, rural e de natureza, urbano, cultural e náutico.

6. a CultuRa é apontada como um ativo não só importante, como fundamental para o desenvolvimen‑to turístico das cidades e de Cabo Verde em geral; em s. Vicente, o Carnaval e o “produto” Cesária Évora foram apontados como polos de atração turística a serem mais estudados e desenvolvidos.

7. Foi apresentado o projeto de redimensionamento do Porto Grande, e reiterada a importância de se autonomizar o terminal de Cruzeiros, reconhecendo‑se o mindelo como polo de captação deste produto para Cabo Verde, sem prejuízo do benefício que trará às restantes ilhas.

8. Foi relativizada e calibrada a ideia-feita de que temos por um lado ilhas balneares e por ou-tro ilhas rurais e de natureza… para se afirmar que todas as ilhas têm uma e outra vertente, havendo que valorizar a componente menor em face da que mais se impõe. Foram apontadas praias que podem tornar-se muito atrativas e até virem a acolher resorts em ilhas como S. Vicente, Santo Antão e Santiago, para além de Sal, Boa Vista e Maio…

9. o financiamento de projetos, pese embora a limitação de recursos financeiros existente, não é o maior constrangimento apontado pela própria banca, que anuncia excedentes para investimento, mas sim a falta de planeamento consistente por parte da maioria dos promotores que recorrem a empréstimos.

10. o sonho comanda a vida! sem ousadia em projetar o futuro, nada acontecerá… sem prejuízo no en‑tanto de trabalharmos duramente para sustentar os sonhos em projetos bem elaborados, inclusive pelo lado do financiamento…

11. a ReComenDaÇÃo Que se imPõe e Que mais atRaVessou os Debates Da mesa ReDonDa Foi a De se PassaR à aÇÃo, senDo maniFesto um CansaÇo CaDa VeZ maioR em se tRaZeRem a Debate Questões ReCoRRentes sem Que na maioRia Delas se VeRiFiQue uma PassaGem De QuestÃo a ResPosta e Do PaPel ao teRReno…

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INTERVENIENTES NOS DEBATES

INTERVENIENTES NOS DEBATES

alberto melo

antónio moreira

bispo Dom ildo

andy Janeta

baltasar Ramos

Carlos Coutinho

César Freitas Daniel livramento

anselmo Fonseca

belarmino lucas

Cte. alcides da luz

Conceição monteiro

INTERVENIENTES NOS DEBATES

Dirce

Domingos lopes

Gilda Évora

isa lima

Fátima do Rosário

Fernanda Vieira

Hernany moreira

isabel spencer

Diva barros

Gil Costa

irlando Ferreira

David leite

INTERVENIENTES NOS DEBATES

Josina Freitas

maria teresa

Rodrigo Randall

leonilda semedo

octávio alvesmanuel Ribeiro

Paulo martins

Joaquim

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SÍNTESE CONCLUSIVADAS TRÊS MESAS REDONDAS

BOA VISTA, SANTO ANTÃO,

S. VICENTE

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1. o debate é necessário, mesmo quando parece repetitivo. serve não só para atualização e progressão de ideias, mas é instrumento de participação e inclusão da sociedade civil nas soluções.

2. o desenvolvimento empresarial, nos seus diversos níveis, dimensões e localizações, é um objetivo que o turismo coloca no foco da sua atuação, dando particular atenção à implantação de pequenos investimentos disseminadas pelas ilhas, formando uma rede estruturante capaz de captar turismo de qualidade e de propiciar ondas de investimentos maiores, com incidência em investidores locais e emigrados.

3. o turismo em Cabo Verde pretende guiar‑se pelas diretivas da onu, que proclamou o ano corrente como o da economia sustentável para o Desenvolvimento, objetivo repercutido pela organização mundial do turismo (omt), que propugna esforços para o turismo sustentável, inclusivo, gerador de coesão dos territórios e das comunidades, descobrindo e aplicando padrões de articulação e inte‑gração.

4. É nesta perspetiva de busca da eficiência de proximidade que o ministério da economia e emprego, a Direção Geral do turismo, o instituto do turismo, juntamente com a Câmara de turismo, as Câmaras municipais e o conjunto da sociedade civil de Cabo Verde programaram e desenvolvem ondas de reflexão, temática e aprofundada, recolhendo em todas as ilhas no primeiro semestre de 2017, um máximo de subsídios que habilitem o país a chegar a um Plano estratégico de prazo alargado para o desenvolvimento e sustentação da indústria do turismo em Cabo Verde que permita a todos os seus atores posicionarem‑se com segurança, desde logo jurídica, e assim obterem resultados concretos, sólidos e crescentes nos projetos que lançam.

5. este desígnio de se obterem instrumentos que permitam “surfar” as ondas da evolução de tendên‑cias e fatores cada vez mais mutantes, programando rumos que se pretendem estáveis pelo meio de variantes cada vez mais complexas e incertas, implica em complementaridade que se navegue à vista no que se refere a tendências de mercado e mudanças de vetores, sempre passíveis de ocorrer, num sábio mix de medidas de curto, médio e longo prazos.

6. estas mesas Redondas vêm evidenciando a enorme vantagem que seria conseguir‑se na sociedade civil, sem prejuízo da liberdade de atuação e da louvável dinâmica que a proliferação de eventos de debate reflete, congregar esforços para que seja possível conjugar debates que abordam as mesmas preocupações e perseguem os mesmos objetivos, encontrando denominadores comuns, obtendo as‑sim economias de escala e reduzindo custos de contexto, em especial evitando a duplicação de ener‑gias e de gastos, mas sobretudo dando força acrescida aos planos e decisões que deles resultem.

7. uma articulação mais ativa e sistemática entre as organizações que compõem a plataforma da in‑dústria do turismo, quer públicas, quer privadas, quer associativas ou outras, a nível quer local, quer regional, quer nacional, quer mesmo internacional, tanto das comunidades diasporizadas como de parcerias com organizações congéneres, sintonizando, enriquecendo e complementando as suas programações, daria resultados surpreendentes em sede de produtividade e eficiência dos projetos, de natureza pública ou privada, e seria capaz de, paulatinamente, quebrar as barreiras de uma abor‑dagem setorial estanque e defensiva dos problemas que a todos nós se colocam.

8. Revisitando toda a reflexão feita ao logo dos últimos 20 anos, ressalta a emergência de sistemas de planeamento integrado, articulando setores da economia, do conhecimento, da natureza e da cultura, modernizando, consolidando, harmonizando e complementando consultorias, metodologias, tecnologias, processos de qualidade e inovação, ferramentas informáticas de análise e avaliação, e fortalecendo o músculo financeiro, tudo desaguando num cenário de transformação pujante e ao mesmo tempo equilibrada e inclusiva, garantindo igualdade, equidade e coesão socioeconómicas.

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9. É não só urgente como fundamental clarificar a fileira de competências de planeamento, de acesso a meios e de ação ao nível da governança, quer central quer local, e da administração pública, e assim transmitir ao setor privado sinais de clarividência, método, eficácia e rigor no tratamento e aplicação de normas e decisões a vários níveis, como o jurídico, o fiscal e outros.

10. na era digital, em que pulula informação online aos mais diversos níveis e da mais diversa quali‑dade, um país deve dotar‑se de um sistema informativo fidedigno, certificado, abrangente, apro‑fundado e de elevada qualidade e modernidade. sem prejuízo de garantir, proteger e encorajar a criatividade e a diversidade, o estado e as organizações devem prosseguir os esforços já em curso avançado para se dotarem de tal ferramenta, certificá‑la, monitorizá‑la, enriquecê‑la e atualizá‑la em permanência, por forma a servir de fonte séria de informação a quem queira conhecer Cabo Verde e trabalhar com o país, dentro ou fora. uma cooperação ativa entre o nosi e as empresas que desenvolvem tais ferramentas seria garantia de eficácia e sustentabilidade…

11. a iniciativa empresarial de nível micro e médio é provavelmente o segredo capaz de transformar no nosso país a oferta turística e a economia locais, gerando renda e emprego dignos, e tecendo uma rede sólida de criação de mais‑valias e qualidade de vida crescentes e sustentadas, com competiti‑vidade, resiliência, enraizamento e criatividade, construindo paradigmas económicos alternativos.

12. não mais é possível ignorar a urgência incontornável da preservação do ambiente como legado recebido, a ser deixado aos vindouros em boas condições de usufruto, desde residentes a visitantes. assim, Cabo Verde é compelido a corrigir os desvios ocorridos, a mitigar os riscos de um turismo pouco planeado, a estudar com afinco as melhores soluções e as melhores práticas para conseguir‑mos que seja garantida e melhorada a qualidade da água, do ar e da terra, da biodiversidade, do ordenamento urbano, fomentando a harmonia, a prosperidade e a segurança, não só física, mas igualmente jurídica, fiscal, sanitária, ambiental, anímica…

13. Cabo Verde tem registado ao longo dos anos em que temos vivido em economia de transição uma fuga das populações para centros de negócios, em busca de melhor futuro, ou até da simples sobre‑vivência das famílias, que é preocupante. urge inverter essa tendência, geradora de desequilíbrios que corroem as economias e o tecido social rurais, e são uma sobrecarga para os centros urbanos, difícil de gerir. a criação de sociedades de Desenvolvimento em todas as ilhas é encarada como uma medida a ser tomada urgentemente, e como uma alternativa ou complemento virtuoso à regionali‑zação. na mesma linha de ideias, as Câmaras municipais têm vindo a assumir importância crescente na fixação de dinamismo económico, cultural e social nos seus territórios, com particular ênfase para a identificação e estruturação de focos de interesse para o turismo, com o desenvolvimento de redes de acesso a locais interessantes, a instalação de pequenas unidades e estruturas de atratividade turística, a programação de centros interpretativos, etc..

14. são identificados alguns défices na economia e na sociedade cabo‑verdianas que tendem a travar perigosamente o desenvolvimento: entre outros, (i)a fraca qualidade do ensino, nos seus diversos níveis, sabendo‑se que o conhecimento é o principal motor de toda a dinâmica de vida de uma sociedade; (ii)um nível baixo de empreendedorismo, associado à falta de ousadia em correr riscos, profissionais, financeiros e outros; (iii)hábitos de partilha e transparência de ideias e projetos, fazem igualmente falta para um ambiente de negócios mais vigoroso e produtivo; (iv)sendo a legislação já bastante abrangente, embora nem sempre customizada, falta porém uma fiscalização efetiva e eficaz, com importantes prejuízos ao nível da emergência de uma concorrência sã e cumpridora de normas, que sai muito prejudicada por uma economia informal que parece prosperar à custa de vantagens competitivas, reais mas indevidas e desequilibradoras…

15. a tradicional capacidade dos cabo‑verdianos de acolher e de manifestar empatia com quem nos visi‑ta tem sido posta à prova nesta era de turismo, com o aumento progressivo de turistas a circular ou simplesmente a instalarem‑se em hotéis em regime de tudo incluído. Para que a nossa “morabeza”

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continue a ser uma realidade e se afirme como um precioso trunfo para atrair as enormes vantagens que o turismo nos traz, neutralizando os inconvenientes que também lhe estão agregados, há me‑didas de precaução, de proação e de correção que urge tomar, tais como, entre outras, (i)aliar, atra‑vés do sistema educacional, de formação e avaliação contínuas, atitude e competência técnica que permitam a quem trabalha em turismo encarar a sua atividade de modo positivo, com competência, empenho e mesmo com paixão; (ii)implantar nas organizações sistemas de cultura de qualidade, capazes de gerar autoestima funcional e conectividade social e operacional; (iii) prevenir episódios e sobretudo a ocorrência de um clima de insegurança, identificando, monitorizando e neutralizando focos de criminalidade e desordem cívica…

16. Parece claro e consensual que, após ter sido bem sucedido na fase de subida à classe de país de desenvolvimento médio, com um importante upgrade ao nível de rendimento per capita, Cabo Verde deva encontrar vias de nova subida de patamares económicos e sociais. também tem sido reconhecido, ao menos nos meios mais reflexivos do país, que para isso acontecer, terá que ser de‑sencadeado um choque cultural que melhore consideravelmente os reais padrões de conhecimento, de literacia tecnológica, de motivação e de atitude. o que implica concomitantemente uma mudan‑ça de mentalidade de algumas elites, que vão manifestando cansaço com inputs vindos do exterior, numa atitude de isolacionismo autossuficiente comprometedor num mundo globalizado, em que a partilha e a aprendizagem permanente são condição sine qua non de progressão a qualquer nível…