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CIÊNCIA POLÍTICA Formas de Estado: Estado unitário e Estado federativo. O federalismo e as relações intergovernamentais no Brasil. A construção da federação no Brasil. Prof. a Dr. a Maria das Graças Rua

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CIÊNCIA POLÍTICA

Formas de Estado: Estado unitário e

Estado federativo. O federalismo e as

relações intergovernamentais no Brasil.

A construção da federação no Brasil.

Prof.a Dr.a Maria das Graças Rua

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Estados Unitáriossão a forma clássica, originalmente assumida, pelo Estado moderno.

O governo é organizado de maneira que apenas um nível é soberano: o nacional; o outro nível, as administrações locais(províncias, departamentos, etc), como regra, não possuem autonomia política, nem jurídica, nem administrativa.

são apenas delegados do poder central. Exemplos: Inglaterra, França, Itália, Portugal

A divisão dos poderes tem base apenas funcional (não política)e o poder judiciário tende a ser um ramo da administração pública.

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Estado Federal ou federativo consiste no Estado soberano, formado pela união de uma pluralidade de estados-membros. Existem dois ou três níveis efetivos de governo, dotados de autonomia política, jurídica e administrativa (e não apenas um governo e as instâncias administrativas subordinadas). Exemplos: os Estados Unidos da América (onde surgiu) Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Bélgica, Canadá, Emirados Árabes Unidos, Índia, Malásia, México, Rússia, Suíça, a Venezuela.

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Principais características dos Estados Federativos

a)Pluralidade territorial das instâncias políticas;

b)Autonomia de organização, governo, legislação, administração, despesas e tributos;

c)Repartição de competências com graus variáveis de descentralização de funções;

d)Atuação concomitante nos limites de cada autonomia (competência comum ou concorrente)

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Princípios que regem a organização federativa:

AUTONOMIA E PARTICIPAÇÃO

PRINCÍPIO DA AUTONOMIACada um dos estados-membros pode mover-se livremente, dentro da esfera da competência que lhe é atribuída pela norma constitucional comum, expressa como Constituição Federal.

Para isso, tanto a União como cada um dos estados-membros são sistemas políticos completospossuem sua própria Constituição, suas próprias leis ordinárias, e seus próprios poderes executivos, legislativos e judiciários.

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Autonomia dos Estados-membros tríplice capacidade: 1-AUTO-ORGANIZAÇÃO Através do exercício de seu poder constituinte derivado, consubstanciando-se na elaboração de suas Constituições Estaduais, respeitando a Constituição Federal;

2-AUTO-GOVERNO Tendo em vista que é o próprio povo do Estado (regional) quem escolhe e de forma direta (eleições) os seus representantes para o Poder Legislativo (deputados estaduais) e para o Poder Executivo (governadores), sem qualquer vínculo (de subordinação) com a União;

3-AUTO-ADMINISTRAÇÃO Surge quando do exercício de suas competências administrativas, legislativas e tributárias constitucionalmente definidas (determina sua competência).

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Poder do Estado federativo emana dos estados-membros, ligados em uma unidade estatal: a UniãoÉ pessoa jurídica de direito público (internacional).

Os estados-membros não possuem soberania externa Internamente, acham-se em parte subordinados pelo

pacto que constitui o poder federal, e em parte conservam sua independência.

Como essa independência é parcial, expressa-se como

autonomia e não como soberania.

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PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO A relação política entre os estados-membros e a União se dá através da representação parlamentar.

Os estados-membros tomam parte ativa no processo de elaboração da norma política que rege toda a organização federal, intervêm diretamente nas deliberações em conjunto, e são partes tanto na criação como no exercício da substância mesma da soberania.

BRASIL O Senado Federal constitui a câmara representativa dos Estados, na qualidade de elementos constitutivos da União. Os estados-membros atuam politicamente ao nível da União através do Senado Federal.

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PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO Da mesma maneira que os estados-membros participam da esfera federal, existe a presença constante da União no seio dos estados-membros.

BRASILA presença da União nos estados não ocorre estritamente por via legislativa, pois a Constituição também confere à União competência para o exercício de atribuições administrativas por via executiva direta competências compartilhadas

Além disso, a União dispõe de tribunais superiores cuja jurisdição se estende aos estados-membros; e de uma corte de justiça federal (STF) destinada, entre outras coisas, a arbitrar os litígios entre a União e os estados-membros e destes entre si, de maneira a operar o equilíbrio da ordem federativa.

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Sistema Federativo é um pacto constitucionalmente

estabelecido entre diversos Estados originalmente soberanos, para a formação de um Estado Nacional,

dotado de um poder central, para repartir entre os entes federados, sem prejuízo de suas autonomias, competências e atribuições administrativas com a finalidade de garantir maior efetividade na prestação dos serviços públicos.

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Explicações para o federalismo

1-DANIEL ELAZARFederalismo como pacto ou aliança entre governos soberanos

2-WILLIAM RIKERFederalismo como descentralização das instituições políticas e das atividades econômicascompetição entre mercados políticos para promover a eficiência política e econômica

3-ROBERT DAHLafinidade entre federalismo e democracia federalismo representa um dos mecanismos de controle do poder

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ELAZAR apud TAVARES(1987)Não-centralização não é o mesmo que descentralização, apesar de esta última ser usada - erroneamente - para descrever sistemas federais. • Descentralização implica a existência de uma autoridade ou um

governo central que pode descentralizar ou recentralizar segundo seus desejos. (...)

• Descentralização implica hierarquia - uma pirâmide de governos com o poder fluindo do topo para baixo - ou um centro com uma periferia. (...)

• A não-centralização é melhor definida como uma matriz de governos com poderes distribuídos de tal forma que a ordenação dos governos não é fixa.

• Em um sistema político não-centralizado, o poder é difuso e não pode ser legitimamente centralizado ou concentrado sem romper a estrutura e o espírito da Constituição.

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Os sistemas federais clássicos (...) são sistemas não-centralizados têm um governo geral, ou nacional, que dispõe de poder em muitas áreas e para muitos propósitos, mas não um governo central que controle todas as linhas de comunicação e decisão políticas. Os estados, cantões ou províncias não são criaturas do governo federal, mas, como ele, derivam sua autoridade diretamente do povo estabelecem formas peculiares de relações intergovernamentais, constitutivamente competitivas e cooperativas, e modalidades de interação necessariamente baseadas na negociação entre instâncias de governo Sistemas federais clássicos Estruturalmente, são imunes à interferência federal. Funcionalmente, partilham muitas atividades com o governo federal, sem perder seus papéis de formulação de políticas e seus poderes decisórios.

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TIPOS DE ARRANJOS FEDERATIVOS

1-Federalismo dual modelo originário, simultaneamente descritivo e prescritivo, no qual "os poderes do governo geral e do Estado, ainda que existam e sejam exercidos nos mesmos limites territoriais, constituem soberanias distintas e separadas, que atuam de forma separada e independente, nas esferas que lhes são próprias" (Avir, 1981, p. 3 apud TAVARES). O sistema federativo se estrutura a partir de duas esferas de poder independentes e autônomas, dotadas de uma repartição de competências e provisão de tributos próprios .

2-Federalismo centralizado transformação dos governos estaduais e locais em agentes administrativos do governo federal, que possui forte envolvimento nos assuntos das unidades subnacionais, primazia decisória e de recursos.

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Federalismo Brasileirocentralizado ou descentralizado?

Políticas públicas federais se impõem às instâncias subnacionais,mas foram aprovadas no Congresso com o apoio das bancadas dos estados.

Poucas competências constitucionais exclusivas dos Estados e municípios pela necessidade de garantir políticas sociais em federações desiguais.

Restrições federais constitucionais sobre políticas e sobre gastos, também limitadas pelo Judiciário.

Estados e municípios autonomia considerável, responsabilidades pela implementação de políticas públicas e recursos públicos. Exemplo: prefeitos decidem sobre política urbana e construção civil; governadores decidem sobre alíquotas do ICMS e isenção fiscal.

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Celina SOUZAModelos de arranjo federativo nas políticas sociais no Brasil:

Modelo 1: formulação federal, implementação local e recursos partilhados atenção básica da saúde, educação fundamental, segurança alimentar e nutrição

Modelo 2:formulação federal, gestão compartilhada, financiamento majoritariamente federalassistência social aos grupos vulneráveis

Modelo 3:formulação e financiamento federal, com participação local de pouca responsabilidade Bolsa Família

Modelo 4: formulação, gestão e financiamento totalmente federais BPC e aposentadoria rural

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Federalismo centrípeto X Federalismo centrífugo

MAGALHAES, J.L.Q (2010) “O federalismo centrípeto dirige-se ao centro, pois é historicamente originário de Estados soberanos que formaram, no caso norte-americano, uma confederação (1777) e posteriormente uma federação (1787), (...) vem gradualmente centralizando competências – a União vai incorporando competências dos Estados, gradual e lentamente(...).”

O federalismo centrípeto é o mais descentralizado porque originou –se historicamente de Estados soberanos que se uniram e abdicaram de sua soberania. Percebe-se uma tensão típica nesses modelos, onde o movimento constitucional é centrípeto para resistir a uma matriz de poder político e cultural centrífuga.

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MAGALHAES, J.L.Q. (2010) O federalismo brasileiro é um federalismo centrífugo : Surgiu a partir de um Estado unitário, criado pela Constituição de 1824.

exibe um movimento constitucional descentralizador em tensão com um movimento político e cultural centrípeto, em toda sua história. O seu processo de formação é, portanto, exatamente o inverso do modelo clássico explica a nossa federação extremamente centralizada, que busca a descentralização.

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SERRA,J.& AFONSO, J.(2009): Federação brasileira não nasceu de uma coalizão de baixo para cima,

mas por decisão de cima, mediante o desdobramento de um Estado unitário.

Quanto ao sistema tributário, a federação interessava sobretudo, às províncias mais desenvolvidas do Sul e do Sudeste, especialmente São Paulo, onde se concentrava o novo setor exportador.

O principal objetivo, entre outros, era a obtenção de maior liberdade de movimentos para impor impostos locais sobre suas exportações.

Em troca, às regiões menos desenvolvidas foi oferecida representação mais do que proporcional no Poder Legislativo.

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TIPOS DE ARRANJOS FEDERATIVOS 3-Federalismo cooperativo caracteriza-se por formas de ação conjunta entre instâncias de governo, nas quais as unidades subnacionais guardam significativa autonomia decisória e capacidade própria de financiamento. Admite graus diversos de intervenção do poder federal mas as esferas de poder obedecem a princípios de harmonia, solidariedade e cooperação, na promoção de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento global. Federalismo cooperativo requer coordenação intergovernamental: mecanismos institucionais de integração, compartilhamento e decisão conjunta. Brasilpolêmica entre analistas uns dizem que é federalismo cooperativo, devido às competências compartilhadas; outros o classificam como competitivo e predatório. Dado real “guerra fiscal” desde década de 1960.

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Quanto à hierarquização das competências entre os entes federativos:

Federalismo simétrico:aquele onde os entes federados de mesmo nível (municípios entre si e estados membros entre si) têm as mesmas competências administrativas, legislativas e judiciais e o mesmo número de representantes no Senado.

Federalismo assimétrico (Canadá e Bélgica por exemplo) ocorre quando os entes federados de mesmo nível não têm as mesmas competências e/ou não têm o mesmo número de representantes no Senado.

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Federalismo Fiscal são as relações de distribuição de receitas e atribuições no regime federativo: o sistema tributário é estruturado de forma a distribuir as receitas públicas entre várias unidades e esferas administrativas, visando proporcionar condições para atender às demandas que lhes são exigidas.

É por meio da repartição de receitas, que os Estados-membros exercem sua autonomia política na execução dos encargos públicos.

A repartição de receitas é determinada pela política fiscal do sistema federativo.

A repartição de receitas pode ser efetuada de duas formas: através da repartição das fontes de arrecadação e da repartição do produto de arrecadação.

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Federalismo fiscal é a espinha dorsal do sistema, em qualquer de suas versões

são as competências tributárias de cada ente da federação: a maneira como são gerados e distribuídos entre as esferas de governo os recursos fiscais e parafiscais, que definem, em boa medida, as características próprias dos diferentes arranjos federativos.

Mas estas também são fortemente condicionadas pelas características de instituições políticas, especialmente os sistemas partidários e eleitorais e as organizações de interesses.

BRASIL o sistema federativo fiscal é considerado rígido porque suas diretrizes normativas estão previstas no texto constitucional e só podem ser alteradas por meio de emenda à Constituição.

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Federalismo fiscal no BrasilSistema Tributário

Os três níveis de governo tem capacidade de tributar: alguns impostos são exclusivos da esfera que arrecada, outros são partilhados. CF define regras e alíquotas de alguns impostos.

Estados arrecadam o maior imposto (ICMS)

Municípiostransferências, ISS, IPTU, royalties

Mecanismos de correção dos desequilíbrios fiscais FPM, FPE, regionalização do orçamento federal, transferências vinculadas às políticas públicas (educação, saúde, transporte, assistência), transferências negociadas (convênios) entre esferas de governo

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Devido à forma federativa do Estado brasileiro, suas atribuições, tarefas e poderes encontram-se distribuídos em níveis de organização política (federal, estadual e municipal), conforme definido nos artigos 18 a 36 da Constituição Federal. CONSTITUIÇAO ESTABELECE AS COMPETÊNCIAS Art. 22 as matérias compreendidas na competência legislativa privativa da União devem ser tratadas por meio de leis aprovadas em nível nacional. Art. 24 matérias objetos da chamada competência legislativa concorrenteSobre essas a União deve limitar-se em editar normais gerais, ficando a cargo dos Estados a legislação suplementar que for necessária. Art. 48 outras matérias de competência legislativa da União.

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BRASILCaracterísticas da Distribuição de Competências

Detalhamento constitucional das competências

Uniãomaior e mais importante leque de competências exclusivas

Competência residual dos estadospoder de complementar o que estiver em aberto dentro dos limites da CF-88

• A competência comum, concorrente, cumulativa ou paralela é típica da repartição de competências do moderno federalismo cooperativo: nela distribuem-se competências administrativas a todos os entes federativos para que as exerçam sem preponderância de um ente sobre o outro, ou seja, sem hierarquia.

• Deste modo, a atuação de um ente federativo não depende da atuação de outro, e, da mesma forma, a atuação de um ente federativo não afasta a possibilidade de atuação de outro. (CF, art. 23).

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Competências concorrentes (compartilhadas ou comuns) Artigo 23 Saúde e assistência social; Assistência aos portadores de deficiências;

Combate à pobreza e marginalização social; Habitação e saneamento Cultura, educação e ciência; Preservação do patrimônio histórico,

artístico, cultural, paisagens naturais notáveis e sítios arqueológicos Proteção do meio ambiente e dos recursos naturais; Preservação de

florestas, flora e fauna Agropecuária e abastecimento alimentar Exploração de recursos hídricos e minerais Segurança de trânsito Políticas para pequenas empresas Turismo e lazer

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Princípios Constitucionais do Federalismo BrasileiroArtigos 18 a 43

1-A forma federativa do Estado é cláusula pétrea – Art. 60.

2-Sistema de três níveis (triplo federalismo, sendo o Município também um “ente federativo”-Art. 18)

3-Executivos e Legislativos próprios nos três níveis

4-Esferas federal e estadual com judiciários próprios

5-Estados-membros representados no Senado, mas não nos demais poderes (no Executivo só informalmente)

6-Existência de receitas próprias e receitas partilhadas

7-Vinculação de recursos tributários a políticas públicas (educação, por exemplo)

8-Mecanismos de compensação financeira para minimizar desigualdades regionais (fundos de desenvolvimento regional, etc.)

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Características das Relações Federativas no Brasil

a)Federalismo simétricounidades com poderes e competências iguais, embora haja desigualdades de fato (a federação é assimétrica);

b)Competências, recursos e políticas públicas dos entes subnacionais são capítulos detalhados da Constituição FederalArt.23 e outros;

c)Decisões do STFnas políticas públicas o direito federal prevalece sobre o estadual;

d) Emendas à Constituição Federalnão precisam ser ratificadas pelas Assembléias Estaduaisos representantes dos estados no Senado são os guardiães dos interesses estaduais;

e)Competências compartilhadas não bastam para gerar federalismo cooperativo.

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São nítidas as diferenças regionais e os interesses particulares dos Estados em promover seu próprio desenvolvimento sem qualquer espírito de solidariedade ou cooperação. PRADO, S. (2007)O baixo grau de cooperação em todas as suas formas é um traço constitutivo nosso federalismo. É possível que este caráter tenha suas origens remotamente localizadas na diferenciação econômica e social das macro-regiões de país continental, que se organizaram política e socialmente em bases locais muito antes que o mercado nacional fosse unificado no período da industrialização; com toda certeza, a concentração da riqueza numa parte da região sudeste foi também determinante para estabelecer clivagens e conflitos horizontais que restringiram sempre a possibilidade de cooperação política e econômica.

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BRASIL um dos problemas é a sobreposição dos interesses estaduais frente às ideologias partidárias no Senado Federal.

Pouco compromisso dos senadores com o diálogo dos interesses comuns dos Estados por eles representados, nem há instrumento que leve ao governo central a estabelecer políticas conjuntas entre os Estados e a União o que há na prática é uma forte concorrência dos interesses partidários.

Na Câmara dos Deputados, que deveria representar interesses gerais da sociedade, os deputados federais eleitos encarnam o papel de representantes dos seus estados de origem a Câmara tornou-se um colegiado de deputados “dos estados” operando na esfera federal.

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PRADO, S.(2007) Brasil não apresenta quaisquer traços que lembrem o federalismo cooperativo. A participação dos interesses estaduais na legislação federal é intermediada pela estrutura política fragmentária do Congresso Nacional e por um Senado tradicional onde os interesses partidários tendem a filtrar e borrar a representação dos interesses estaduais. Em todas as federações, a falta de coesão horizontal dos governos intermediários tende a resultar em fragilização da própria estrutura federativa, pois leva ao fortalecimento do governo central. BRASILOs governos estaduais não desenvolveram formas voluntárias de organização horizontal, que permitissem articular os seus interesses executivos e encaminhá-los junto ao governo federal.

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BRASIL isto tende a se agravar com a existência de um terceiro nível de governo autônomo, o que permite ao governo central desenvolver formas novas de controle que dispensam a participação estadual. MUNICIPALIZAÇÃO Houve um intenso processo de criação de municípios que passaram a concorrer diretamente com os Estados no desenvolvimento de políticas públicas junto à União. PROBLEMA desestruturação do sistema federativo, pois, além de contribuir diretamente com a perda de autonomia dos Estados na participação efetiva de programas de desenvolvimento regional, muitos Municípios não possuem sequer estrutura técnica e administrativa para a realização de tais políticas em conjunto com a União.

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Tensões do Arranjo Federativo Brasileiro

1-Fragilização do Papel do Estado-Membro

Enfraquecimento financeiro dos governos estaduais (de 34% das receitas em 1960 para 25% em 2003/2006).

Vinculação de 13% da Receita Líquida Real para pagamento das dívidas negociadas com o governo federal.

Pouca participação na implementação de políticas sociais frente aos municípiosNegociações diretas entre as esferas federal e municipal.

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Tensões do Arranjo Federativo Brasileiro

2-Restrições de Despesas Política macroeconômica a partir dos anos 1990 exige rígido controle fiscal e superávits primários

isso contraria a demanda federativa por (a)menor desigualdade regional; (b)provisão dos serviços sociais básicos aos cidadãos de todas as regiões

3-Constitucionalização das Políticas Públicas

• Gera pouca flexibilidade diante da agenda macroeconômica;

• Mudanças constitucionais requerem longas negociações com o Congresso;

• Mudanças constitucionais podem ser questionadas no Judiciário.Ex: Fundeb/piso salarial da educação

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Avanços do Federalismo Brasileiro

1-Não é mais uma federação dominada por poucos estados, ganhou pluralidade, embora persistam as desigualdades regionais;

2-Contribuiu para o fortalecimento da democraciavários centros de poder competem entre si e com o governo federal;

3-Aumentou o poder das elites políticas subnacionais, mas não bloqueou a governabilidade, nem impediu a aprovação da agenda do governo federal;

4-Governos subnacionais ganharam autonomia administrativa, responsabilidade pela implementação de políticas e manejam mais recursos financeiros do que no passado.

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Problemas do Federalismo Brasileiro:

1-Grande desigualdade inter e intra-regional, intra-estadual, inter e intra-municipal;

2-Reduzido papel decisório dos governos estaduaisrelação direta União-municipios

3-Uniformidade das regras constitucionais e decisões do STFhomogeneização artificial, impede os governos subnacionais de atender interesses específicos de seus eleitores

4-Baixa sustentabilidade das políticas nas esferas subnacionaisdependência frente à União

5-Carência de mecanismos de coordenação e cooperação intergovernamentais, tanto vertical como horizontal

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Dentre os problemas do arranjo federativo brasileiro destaca-se a carência e/ou incipiência de mecanismos de coordenação e cooperação intergovernamentais, tanto vertical como horizontal, para lidar com problemas que ultrapassam as fronteiras físicas dos municípios e dos estados.

ABRUCIOo federalismo significa autogoverno com interdependência, por isso o dilema das decisões compartilhadas surge porque depende de “entes federativos que, por natureza, só entram nesse esquema conjunto se assim o desejarem”, ou seja, se tiverem incentivos para isso e se chegarem a acordos satisfatórios para partes que são muito diferentes em seus interesses

Daniel ELAZAR: “*...+ todo sistema federal, para ser bem sucedido, deve desenvolver um equilíbrio adequado entre cooperação e competição e entre o governo central e seus componentes” (ELAZAR, 1993, p. 193)

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ABRUCIO chama a atenção para o relevante papel coordenador e/ou indutor que pode vir a ser desempenhado pelo governo federal. “Por um lado, porque em vários países os governos subnacionais têm problemas financeiros e administrativos que dificultam a assunção de encargos. Por outro, porque a União tem por vezes a capacidade de arbitrar conflitos políticos e de jurisdição, além de incentivar a atuação conjunta e articulada entre os níveis de governo no terreno das políticas públicas. A atuação coordenadora do governo federal ou de outras instâncias federativas não pode ferir os princípios básicos do federalismo, como a autonomia e os direitos originários dos governos subnacionais, a barganha e o pluralismo associados ao relacionamento intergovernamental e os controles mútuos. É preciso, portanto, que haja processos decisórios com participação das esferas de poder e estabelecer redes federativas (ABRUCIO & SOARES, 2001) e não hierarquias centralizadoras.”

Ciência Política

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ABRUCIO aponta os seguintes desafios/condições para a coordenação federativa:

1)regras legais que induzam ou constranjam os atores a compartilhar decisões e tarefas ;

2) mudanças no sistema tributário, principalmente na lógica de cobrança do ICMS, a fim de neutralizar os efeitos perversos da guerra fiscal;

3) o fortalecimento dos mecanismos nacionais de avaliação de políticas públicas, tarefa bastante atrasada no atual momento;

4) auxílio na criação e fortalecimento de capacidades administrativas de estados e municípios

5)estabelecimento de redes e interconexões de longo prazo entre as burocracias federal, estaduais e municipais, visando melhorar a qualidade do planejamento das políticas nacionais e regionais;

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6) estabelecimento de uma nova ordem regulatória e coordenadora das principais políticas urbanas, com destaque para o saneamento, a segurança pública, a habitação e o transporte, especialmente tendo em vista as necessidades das regiões metropolitanas;

7) reforço dos mecanismos coordenadores nas áreas de educação e saúde – com a indução para ações mais regionalizadas;

8) adoção de políticas de desenvolvimento que reduzam, efetivamente, as disparidades regionais do país.

9) fortalecimento dos fóruns federativos de discussão e negociação entre os níveis de governo.

10) construção de uma cultura política baseada no respeito mútuo e na negociação no plano intergovernamental.

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1- (ESAF\Gestor\2005) Q 78- Os Estados federais apresentam, quanto à sua estrutura, alguns aspectos constantes, independentemente dos casos concretos: ( ) Divisão de poderes entre União e unidades federadas mantendo-se vínculos de coordenação e autonomia. ( ) Preeminência da Constituição Federal sobre o ordenamento jurídico das unidades federadas, sendo as alterações na primeira sujeitas a ratificação pelas unidades federadas. ( ) Limitações à descentralização a fim de preservar a unidade jurídica nacional. ( ) Soberania do Estado Nacional perante os demais Estados Nacionais e Organismos Internacionais, soberania de que não gozam as unidades federadas. ( ) Articulação entre unidade e pluralidade. As afirmações acima se referem a esses aspectos constantes. • Indique se são verdadeiras (V) ou falsas (F) e assinale a opção correta. • a) V, V, V, V, V • b) F, F, F, F, F • c) V, F, V, V, V • d) V, V, F, F, V • e) V, F, F, F, V

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2-(ESAF\CGU\2008) Q. 24- Estados federativos são vistos como propensos a terem dificuldades com a coordenação dos objetivos das políticas, gerando superposição de competências e competição entre os diferentes níveis de governo. Considerando as características do pacto federativo e das relações intergovernamentais no Brasil, é possível afirmar que: a) as desigualdades verticais e horizontais geradas entre as unidades federativas e entre os governos subnacionais pelo atual sistema de transferências constitucionais estimulam a possibilidade de arranjos federativos em que, ao conferir autonomia aos governos locais, os eleitores se tornam encarregados da tarefa de elevar o gasto social desses governos. b) as garantias constitucionais do Estado federativo brasileiro autorizam, mas não obrigam, os governos estaduais e municipais a estabelecer sua própria agenda e a implementar políticas públicas, especialmente na área social. c) estados e municípios contam com recursos garantidos, independentemente de lealdade política ou de adesão a políticas federais, porém condicionados ao seu esforço tributário. d) a desconcentração da autoridade no governo federal caracteriza as relações federativas na gestão das políticas, pois somente restaram à União os papéis de financiador e de coordenador das relações intergovernamentais. e) para induzir a adesão dos governos locais à sua agenda de políticas públicas em geral, o governo federal efetuou reformas constitucionais que condicionavam as transferências de recursos à adoção do comportamento considerado desejável pelo governo federal.

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3- (ESAF\APO\2008) Q. 80- As mudanças no plano mundial enterraram a era liberal e promoveram o Estado corporativo, voltado para estimular a cooperação entre o capital e o trabalho. De acordo com Camargo (2001), no Brasil, no final do séc. XX, criou-se um novo federalismo democrático trino (presente nos três níveis de governo), que nasceu com a Constituição Federal de 1988, como um novo tipo de federalismo cooperativo. São características desse tipo de federalismo, exceto:

a) comprometido com parcerias entre os três níveis de governo.

b) comprometido com a melhoria das políticas públicas no nível local.

c) comprometido com a redução das desigualdades sociais.

d) comprometido com as oligarquias e o fortalecimento da classe política.

e) comprometido com o fortalecimento da sociedade civil e da cidadania.

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4- (ESAF\Gestor\2005) Q .79- O acirramento das disputas entre os estados brasileiros relacionadas a questões fiscais deu origem à expressão “Guerra Fiscal”. Como assinala Octávio Dulci, embora esse tipo de disputa não seja estranha aos estados federados, a metáfora é expressiva. No caso brasileiro, a questão está relacionada a uma série de fatores entre os quais: Identifique, nas afirmações abaixo, a que está incorreta.

a) O Brasil adotou formalmente o sistema federal com a República, no entanto, a instabilidade das instituições políticas nacionais tem feito com que essa característica tenha perdido muito de seu significado, do que é exemplo o fato de a Federação ser cláusula pétrea da Constituição.

b) A Constituição de 1988 teve entre suas principais características a descentralização política e institucional. Nesse contexto ocorreu um arranjo do sistema tributário com o objetivo de reforçar a autonomia dos estados e abrir a possibilidade de superação dos conflitos fiscais pela via da negociação direta entre as partes.

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c) Desde o início da década de 90, o Governo federal adota uma postura que tem, entre suas características no plano fiscal e federativo, o abandono das políticas e dos instrumentos de coordenação interregional e uma retração em termos de implementação de políticas nacionais ativas de desenvolvimento industrial e regional.

d) Ao longo da década de 90, o Brasil abriu crescentemente sua economia, ampliando sua inserção internacional. Ao fazê-lo, sem uma coordenação nacional, permitiu que a disputa entre os estados se convertesse na mencionada “Guerra Fiscal” como forma de atração de investimentos, em particular os externos, como foi o caso da instalação de novas plantas automobilísticas.

e) A “Guerra Fiscal” entre os estados tem suas conseqüências internas agravadas por coincidir e incidir sobre a elevação da carga fiscal total e a expansão da economia informal agravando o conflito distributivo.

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5-(ESAF\IPEA\2004) Q. 39- A Constituição de 1988 inaugurou o movimento de descentralização da gestão de políticas públicas da área social ao criar o SUS-Sistema Único de Saúde. Sobre a descentralização de políticas públicas no Brasil, não é correto afirmar que:

a) São exemplos do mesmo processo de descentralização: o Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, o Programa Nacional de Alimentação do Escolar, o Programa de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, o Programa Nacional do Livro Didático, a Lei de Responsabilidade Fiscal.

b) Exige um grau elevado de amadurecimento político pois requer, dos entes federados (União, estados e municípios), muita habilidade e disposição para coordenar e pactuar suas respectivas atribuições e responsabilidades, assim como suas estratégias para o atendimento às necessidades da população.

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c) Parte do diagnóstico de que o município é o ente privilegiado para tratar diretamente as questões sociais, como saúde e educação, uma vez que é, dos três, o mais próximo da realidade da população, tanto em termos sócio-culturais quanto da profundidade e das particularidades típicas de cada caso/região.

d) A despeito de transferir aos estados e municípios recursos e responsabilidades, a União tem preservado importantes recursos de poder. Por exemplo, no caso do SUS, a União estabelece tanto os critérios para a transferência dos recursos – definindo prioridades e nelas enquadrando os municípios – quanto os pré-requisitos para habilitação dos municípios.

e) A experiência brasileira indica que a construção de mecanismos de cooperação e de descentralização de responsabilidades depende muito das iniciativas do governo federal e de sua capacidade para prover incentivos adequados aos governos subnacionais aos quais se dirigem.

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6- (ESAF\APO\2003) Q.14- No que se refere ao pacto federativo e às relações intergovernamentais, objeto de grande parte das discussões em torno das reformas das duas últimas décadas no Brasil, são corretas todas as assertivas que se seguem, exceto:

a) O federalismo caracteriza-se pela difusão dos poderes de governo entre muitos centros, nos quais a autoridade não resulta da delegação de um poder central, mas é conferida por sufrágio popular.

b) Os sistemas federais moldam formas peculiares de relações intergovernamentais, constitutivamente competitivas, e modalidades de interação necessariamente baseadas na negociação entre instâncias de governo.

c) O federalismo centralizado comporta diversos graus de intervenção do poder federal nas unidades subnacionais e se caracteriza por formas de ação conjunta entre instâncias de governo, nas quais essas unidades guardam significativa autonomia decisória e capacidade própria de financiamento.

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d) A maneira como são gerados, distribuídos e apropriados, entre as esferas de governo, os recursos fiscais e parafiscais define, em boa medida, as características próprias dos diferentes arranjos federativos.

e) As feições e a operação efetiva dos arranjos federativos são fortemente condicionadas pelas características das instituições políticas, especialmente os sistemas partidários e eleitorais, a dinâmica parlamentar e as organizações de interesses.

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7- (ESAF\STN\2002) Q. 57- Por motivos geográficos, culturais, históricos e políticos, vigorou no Brasil, durante muitas décadas, um federalismo de direito, mas não de fato. Esta situação vem sendo alterada gradativamente desde 1988, porém há diversos aspectos ainda não consolidados no pacto federativo brasileiro. Sobre a questão do federalismo no Brasil, marque a opção incorreta.

a) O pacto federativo brasileiro poderia ser beneficiado pela formação e fortalecimento de partidos regionais, capazes de introduzir maior transparência e competitividade no processo político, e de opor-se às tradicionais coalizões entre oligarquias decadentes e grupos corporativos que se beneficiam da centralização política e administrativa.

b) A dimensão continental do país é um elemento estrutural e cultural importante na definição das funções do Estado, exigindo o fortalecimento das funções de integração que dão visibilidade, poder e influência ao poder central, também chamado de União.

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c) O Brasil é o único país do mundo no qual o município foi constitucionalmente consagrado como “entidade federativa”, o que traz diversas implicações práticas, ainda não resolvidas, quanto ao exercício do princípio da autonomia financeira e de autogoverno.

d) As relações entre as diversas instâncias devem pautar-se pelo princípio da subsidiariedade, que determina que sempre que uma determinada função puder ser exercida pela instância hierarquicamente inferior, não deverá ser assumida pela que lhe está acima.

e) Um dos aspectos mais delicados do debate sobre o pacto federativo no Brasil é o sistema de representação regional na Câmara dos Deputados, já que a sub-representação penaliza os estados economicamente mais poderosos, enquanto a super-representação tende a privilegiar de maneira muito desigual os estados de grandes espaços, população rarefeita e baixo desenvolvimento econômico.

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• GABARITO

• 1C

• 2B

• 3D

• 4B

• 5A

• 6C

• 7A