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, Esta revista tem por finalidade fazer um levantamento histórico do cooperativismo bem como as características de uma cooperativa e finalmente retratar a importância desta aos cooperados.

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A Importância das Cooperativas e Seu Papel na Sociedade

<Carlos Alberto dos Santos> (Graduação em Ciências Contábeis – IMESB) <[email protected]>

<Sergio Luis Brambilla Carizio> (Professor Especialista– IMESB) <[email protected]>

Resumo: Desde que surgiu o cooperativismo, mais precisamente em 1844, o tema se tornou

uma importante ferramenta de união e integração entre os povos do mundo inteiro e também

para a conquista dos objetivos mútuos, independente do seguimento da busca. O presente

artigo, tem por finalidade fazer um levantamento histórico do cooperativismo bem como as

características de uma cooperativa e finalmente retratar a importância desta aos cooperados.

As cooperativas têm grande significância nos tempos atuais, pois além de ser uma doutrina

econômica, objetiva atingir o pleno desenvolvimento financeiro, econômico e social do

homem, operando como o sistema reformista com a intenção de obter um justo preço através

do trabalho e da ajuda mútua. Afinal, sabemos como consta em diversos estudos e

apontamentos, que cooperar é um ato inerente ao ser humano, e que o homem é, por

natureza, gregário e precisa vivem em sociedade. Para tais argumentos, foram utilizadas

como ferramenta de pesquisa, artigos publicados, obras e sites informativos e

regulamentadores das cooperativas, bem como a pesquisa da evolução das cooperativas no

Brasil de 2007 e 2008, com uma análise e comparação de crescimento. Com base no

levantamento efetivado e com a extensa lista de sites relacionados ao tema, foi possível de

uma forma clara, objetiva e comparativa, tomando como base a doutrina, elaborar a

conclusão do artigo de uma forma sintética e transparente.

Palavras-chave: Cooperados, Cooperativismo. Sociedade.

1. Introdução

Vejamos alguns conceitos antes de abordar o assunto principal. Segundo a Cartilha de

Curso Básico de Cooperativismo, a cooperativa:

É uma associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer

aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns a seus integrantes, e constitui-se numa empresa de propriedade coletiva, a ser democraticamente gerida.

Segundo Paulo Sérgio Alves da Cruz, autor da obra ―A Filosofia Cooperativista e o

Cooperativismo no Brasil e no Mundo‖:

Cooperativismo é um sistema econômico social autogerido em bases democráticas,

operacionalizando através de ajuda mútua, que se destina a satisfação das necessidades econômicas e à promoção moral dos membros a ele integrados.

A Cartilha de Curso Básico de Cooperativismo nos alerta, salientando que trabalhar

junto é sinônimo de Cooperar. É ajudar mutuamente, é tentar conseguir com a ajuda de

outros, o que dificilmente se conseguiria sozinho. Não se trata de um ato irracional, produzido

por instintos, mas sim de uma resposta intelectual e criativa do homem frente as suas

necessidades e realidades.

As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica própria e,

independentemente de seu objeto, a lei as classifica como sociedade simples, não sujeita a

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falência, constituídas para prestar serviços aos associados, ou seja, é uma sociedade de

pessoas com interesses e objetivos comuns, sendo uniformes os direitos e deveres de cada

associado e é organizada economicamente de forma democrática, porém com os mesmos

riscos de uma empresa mercantil. Portanto, para atingir seus objetivos, necessita estar

devidamente estruturada e ser competitiva no mercado.

2. Legislação

Antes de analisarmos alguns artigos da Lei 5.764/71 que estabelecem os que podem ou

não associarem-se a uma cooperativa, é necessário observarmos a nossa Constituição Federal

de 1988 que diz respeito à garantia de direito fundamental à liberdade de associação e a

criação de cooperativas.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo- se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à

vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter

paramilitar; XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade

para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.

Com uma simples leitura do artigo 5º e seus dispositivos, podemos observar que a

Constituição Federal de 1988 assegura uma ampla liberdade de criação de associações desde

que preenchidos os requisitos prescritos em lei, sendo vedada qualquer interferência estatal

em seu funcionamento. Esta vedação, contudo, não é absoluta, por que exige que a associação

seja para fins lícitos, estando proibida, de qualquer forma, a que tenha caráter paramilitar.

Assim, foi proporcionado o desenvolvimento dos mais variados ramos do

cooperativismo, de forma independente e autônoma, através de uma ruptura com a histórica

ligação do cooperativismo brasileiro aos órgãos estatais, indo ao encontro das concepções

basilares do movimento, que incluem a emancipação e a libertação humanitária dos

cooperados contra qualquer tipo de estrutura dominadora e exploradora.

A lei 5.764/71 possui o seguinte assunto pertinente no que diz respeito a sua criação:

Art. 105. A representação do sistema cooperativista nacional cabe à Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB, sociedade civil, com sede na Capital Federal, órgão

técnico-consultivo do Governo estruturado nos termos desta Lei, sem finalidade lucrativa, competindo-lhe precipuamente:

[...]c) manter registro de todas as sociedades cooperativas que, para todos os efeitos, integram a Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB; Art. 107. As cooperativas são obrigadas, para seu funcionamento, a registrar-se na

Organização das Cooperativas Brasileiras ou na entidade estadual, se houver, mediante apresentação dos estatutos sociais e suas alterações posteriores.

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A mesma lei possui a seguinte redação, que deixa claro quem pode associar-se a uma

cooperativa, sendo:

Art. 29. Dos associados:

O ingresso na cooperativa é livre a todos que desejarem utilizar os serviços prestados

pela sociedade, desde que adiram aos propósitos sociais e preencham as condições

estabelecidas no estatuto, ressalvado o disposto no art. 4º, Item 1, desta lei.

Estabelece ainda, os que não podem associar-se a uma cooperativa, sendo:

Art. 29. Dos associados:

§4º - Não poderão ingressar no quadro social das cooperativas os agente de comércio e empresários que operem no mesmo campo econômico da sociedade.

A vedação contida no §4º do Art. 29 da Lei 5.764/71 se dá, pois exercendo idênticas

atividades, estarão fazendo concorrência à cooperativa, não devendo, portanto, serem

admitidos como cooperados (PORTAL DO COOPERATIVISMO).

3. Sociedades Cooperativas

A Sociedade Cooperativa tem o cooperativismo como alicerce e seus princípios e

regras como sistema econômico-social, surgindo contra as distorções do capitalismo. E esta

Sociedade Cooperativa, de acordo com o Sebrae, são classificadas como:

A) Singular ou de 1º grau: Tem como objetivo a prestação de serviços a seus

associados. É constituída por no mínimo 20 (vinte) pessoas físicas, sendo permitida a

admissão em caráter de exceção, de pessoas jurídicas, com as mesmas ou correlatas atividades

econômicas das pessoas físicas.

B) Central e Federação ou de 2º grau: Seu objetivo é organizar em comum e em

maior escala os serviços das filiadas, facilitando a utilização recíproca dos serviços. Esta é

constituída por no mínimo três cooperativas singulares, podendo excepcionalmente admitir

pessoas físicas.

C) Confederação ou de 3º grau: Tem por objetivo organizar em comum e em maior

escala os serviços das filiadas. Também é constituída de no mínimo três cooperativas centrais

e ou federações de qualquer ramo.

Segundo a Lei 5.764/71 em seu artigo 6º, nas Sociedades Cooperativas, as admissões

são assim previstas:

É excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenha por objeto as

mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas, ou ainda, aquelas sem fins lucrativos.

Com relação à Pessoa Jurídica, devem-se separar as que têm ou não fins lucrativos. As

agropecuárias podem se associar desde que pratiquem as mesmas atividades econômicas dos

associados.

Existe uma grande diferença que impera sobre uma cooperativa e outras empresas,

elas são abordadas no site e educação (http://www.sebrae.com.br) da seguinte maneira:

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Sociedade Cooperativa: é uma sociedade de pessoas que tem como um de seus

objetivos gerar condições de produção e trabalho a seus cooperados, a participação é

democrática e o quorum (número requerido de assistentes a uma sessão de qualquer corpo de

deliberação ou parlamentar para que seja possível uma decisão válida) nas assembléias é com

base no número de cooperados, estes que pode ter um número ilimitado de sócios. Além de

não importar a quantidade de capital que um cooperado tem dentro de sua cooperativa, ele

pode ser o maior ou menor cooperado dentro dela, que terá o mesmo direito de voto de

qualquer outro, sendo sempre um voto por cooperado.

Uma cooperativa não se sujeita à falência da mesma forma que não possui fins

lucrativos. Quando se fala em cooperativa, falamos de sobras ou perdas. O Retorno

proporcional das operações são realizadas pelos cooperados. As quotas-partes de uma

cooperativa são intransferíveis a não-cooperados. O objetivo social é exercido pelos

cooperados e tem-se uma relação civil entre eles e a cooperativa. Mesmo se diferenciando das

demais empresas, uma cooperativa também exerce relações trabalhistas entre ela e seus

empregados.

Sociedade Mercantil: Já uma empresa mercantil é uma sociedade de capital, tendo

como um de seus principais objetivos a geração de lucro aos seus acionistas / cotistas. Ela está

sujeita à falência, ou seja, se o lucro não for o suficiente para crescer no mercado, ela corre

sérios riscos de acabar.

As decisões são tomadas pelo sócio majoritário e o quorum é feito com base no capital

social. Uma empresa mercantil tem como regra um número limitado de cotistas e o voto é

proporcional ao número de ações / cotas que o acionista / sócio possui dela. Os dividendos

são proporcionais à participação no capital e as cotas podem ser transferidas aos sócios ou até

mesmo a terceiros. Em regra, o trabalho é executado pelos empregados, no qual também há

uma relação trabalhista entre a empresa e eles. Já no caso com seus acionista / sócios, a

empresa tem uma relação civil.

4. A História do Cooperativismo

No que diz respeito à história do cooperativismo no mundo, Ineida Kreutz, 2004, em

sua obra ―Cooperativismo passo a passo‖ discorre que, há muito tempo atrás, na época das

cavernas, os homens já tinham seus princípios cooperativistas. Descobriram que, se lutassem

juntos, se unindo a outros homens, possuíam mais força e conseguiam consequentemente,

vencer seus inimigos (podemos comparar com os tempos de hoje, onde nossos inimigos são

nossos concorrentes), com isto, sem saber, partiram lançando as bases da vida em sociedade

que perduram até a data de hoje além de descobriram o valor da união e da solidariedade entre

as pessoas, os mesmos princípios que, como uma revelação, uma redescoberta da própria

origem do homem social, são fundamentos do cooperativismo.

Mas, segundo consta, devido a uma revolução industrial da época que ocasionou em

um crescente número de problemas tais como o crescente índice de desemprego, exploração

de jornadas de trabalho de mulheres e crianças (que trabalhavam até 16 horas), frente ao

capitalismo ganancioso que submetiam a economia a preços abusivos, alguns tecelões de

Rochdale buscavam uma alternativa econômica para atuarem no mercado.

Naquele momento, mais precisamente em 21 de dezembro de 1844, surgiu no bairro

de Rochdale, em Manchester na Inglaterra, foi criada a ―Sociedade dos Probos Pioneiros de

Rochdale‖, que acabou por mudar os padrões econômicos da época, dando origem ao

movimento Cooperativista.

Tal iniciativa foi vista com certo receio pelos comerciantes locais, mas com um ano de

funcionamento, partindo do resultado da economia mensal de uma libra de cada participante

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(em um total de 27 tecelões e uma tecelã), aumentaram seu capital para 180 libras, e dez anos

mais tarde o ―Armazém de Rochdale‖ contava com 1.400 cooperantes.

O sucesso gerou exemplo aos outros grupos, evoluiu e conquistou um espaço próprio,

definido por uma nova forma de pensar do homem e o desenvolvimento social. Atualmente é

visto como uma forma democrática para a solução de problemas sócio-econômicos e aceito

por todos os governos.

5. Cooperativismo no Brasil

Kreutz, 2004, salienta em sua obra ainda que, no Brasil, o cooperativismo surgiu

oficialmente em 1847, introduzido por intermédio do médico francês Jean Maurice Faivre.

Este médico fundou a colônia Santa Tereza Cristina no Sertão do Paraná que durou pouco

tempo, mas foi importantíssimo para o florescimento do ideal cooperativista no Brasil. Esta

colônia se traduzia em uma organização comunitária que se baseava nos ideais

cooperativistas.

Um exemplo de organização semelhante foi a Sociedades de Socorro Mútuo que

surgiu em 1850. Não era uma cooperativa propriamente dita, mas deu um grande impulso ao

movimento devido à parte dos seus estatutos terem como objetivo a formação de

cooperativas. Com a vinda e experiência dos imigrantes alemães e italianos começaram a

surgir organizações comunitárias em todo o território nacional em especial no Sul devido aos

problemas de consumo, crédito e produção enfrentados pelos colonos que se instalaram no

Brasil.

Logo após, em 1889, surgiu a comunidade do Rio dos Cedros em Santa Catarina, e no

mesmo ano em Ouro Preto, Minas Gerais. Dois anos depois, em 1891, foi fundada a primeira

cooperativa do Brasil, na cidade de Limeira, São Paulo. Em 1895, no Estado de Pernambuco,

nascia a Cooperativa de Consumo de Caramagibe. No ano de 1902, colonos de origem alemã

incentivados pelo Jesuíta Theodor Ambstadt, fundaram uma Cooperativa de Crédito Rural,

em Vila Império atualmente Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul. É a mais antiga

Cooperativa em atividade no País.

Houve um crescimento das cooperativas no Brasil nas décadas de 1950 e 1960, e em

um levantamento realizado no final de 1997 existiam no país, 4.851 cooperativas registradas,

e mais de quatro milhões de pessoas entre cooperados e funcionários, viviam seu dia a dia, do

cooperativismo. Até o final de 1996, o volume de exportação totalizou 1,3 bilhões de reais.

Esta é a prova que o cooperativismo é uma realidade cada vez mais presente em nossas vidas

e em nossas comunidades.

6. A Legalização do Cooperativismo no Brasil

Conforme é abordado no site institucional [http://www.coopercarga.com.br], o

cooperativismo foi legalizado no Brasil em 1932 com a seguinte redação:

São cooperativas de trabalho aquelas que, constituídas entre operários de uma

determinada profissão ou ofício ou de ofícios vários de uma mesma classe, tem como finalidade primordial melhorar os salários e as condições de trabalho pessoal de seus

associados e, dispensando a intervenção de um patrão ou empresário, se propõem

contratar obras, tarefas, trabalhos ou serviços públicos ou particulares, coletivamente por todos ou por grupos de alguns.

Com o passar dos anos, o cooperativismo que já era visto como um braço forte da

economia das organizações sociais, tomou frente como uma terceira via, ante as únicas opções

sociais que eram o capitalismo e o socialismo, consagrando-se como alternativa independente

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de sobrevivência. Hoje, após a união de um grupo, com no mínimo 20 pessoas, faz-se a

constituição da empresa, que, neste caso, cumpre papel especial, já que o sócio é titular, mas

também participa como mão-de-obra. O fundamento marcante do cooperativismo está no seu

caráter democrático, onde o voto é igualitário, as decisões são compartilhadas e o trabalho é

realizado em cooperação.

7. Princípios do Cooperativismo

Outro fundamento doutrinário são os sete princípios do cooperativismo, que estão

assim descritos e classificados na obra de Rui Namorado, 2001:

• Adesão voluntária e livre: As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a

todas as pessoas aptas a utilizarem os seus serviços e a assumirem responsabilidade

como membros, sem quaisquer discriminações de nenhuma natureza;

• Gestão democrática pelos sócios: por serem organizações democráticas, são

controladas por seus membros, que participam ativamente na formulação das suas

políticas e tomadas de decisões. Os cooperados, eleitos como representantes dos

demais membros, são responsáveis perante estes;

• Participação econômica dos membros: Os cooperados contribuem para o capital da

sociedade controlando-o democraticamente, através de suas compras. Este patrimônio

passa a fazer parte da sociedade e é destinado aos seus objetivos sociais;

• Autonomia e Independência: As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda

mútua, controladas pelos seus membros. Em suas relações com terceiros deve atuar

com total independência, sem qualquer interferência em sua autonomia e

administração;

• Educação, Formação e Informação: Através da educação e a formação dos seus

membros, representantes eleitos e trabalhadores, estes contribuem cada vez mais

eficazmente para o desenvolvimento da cooperativa;

• Intercooperação: As cooperativas servem de forma mais eficaz os seus membros e

dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das

estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais;

• Interesse pela Comunidade: As cooperativas trabalham para o desenvolvimento

sustentado das suas comunidades, através de políticas aprovadas pelos seus membros.

Quem busca o cooperativismo está ciente dos inúmeros benefícios que terão, além de

concordarem que o sistema é uma forma simplificada de fortalecimento de pequenos e médios

empresários, onde sabem que, sozinhos, não poderiam competir com grandes empresas de

mesma atividade.

A Cartilha de Curso Básico de Cooperativismo salienta que, tomando isto como base

pode dizer que por intermédio do cooperativismo, os cooperados têm facilidades em adquirir,

no caso desse estudo, o transporte de cargas, equipamentos, insumos e implementos para a

atividade, como os caminhões e carretas, adquiridos através de pacotes em grandes

quantidades e financiados pelos próprios cooperados.

A cooperativa entra na jogada, dando um aval para a compra, buscando parcerias

diferenciadas com concessionária e também, facilitando a compra de insumos indispensáveis

para desenvolver a atividade. Outro aspecto é a força para competir com empresas de

excelência no mercado, uma vez que vários autônomos investem seus capitais num só, e

operam igualitariamente na esfera mercadológica.

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8. Organização do Sistema Cooperativo

Com busca no site (http://www.ocb.org.br), podemos observar que o cooperativismo,

braço direito do associativismo, tem grandes organizações pelo mundo. Como o sistema

nasceu na Europa e rapidamente se ramificou pelos quatro cantos do planeta, logo surgiu a

preocupação e a pertinência em criar organismos para organizar o sistema.

O primeiro organismo criado foi a Aliança Cooperativista Internacional (ACI). Datada

de 1895 e criada em Londres, a ACI é formada pelos órgãos de representação do sistema

cooperativista de cada país membro. Com sede em Genebra, na Suíça, atualmente são 75

países filiados. Em seguida, foram criadas outras organizações. Uma delas é a Organização

das Cooperativas da América (OCA) que foi constituída em 1963, em Montevidéu, no

Uruguai.

Após, em 1969 fundou-se a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), durante

o VI Congresso Brasileiro de Cooperativismo, realizado em Belo Horizonte (MG). Logo

após, e não menos importantes foram estruturadas as Organizações das Cooperativas dos

Estados (OCEs).

Muito embora não seja considerada uma obrigatoriedade, o registro na OCB como

condição para que funcionamento das cooperativas seja aceito pela nova ordem

constitucional, não se pode negar a importância que ela tem na defesa dos interesses do

movimento cooperativista.

Kreutz, 2004, faz uma observação importante sobre a criação da OCB:

A criação da OCB foi concretizada durante o IV Congresso Brasileiro de

Cooperativismo, realizado em Belo Horizonte — Minas Gerais, no ano de 1969. A

primeira diretoria efetiva da OCB foi eleita em 1970. Nesse período, a sede da OCB funcionou em São Paulo. Somente dois anos após o encontro de Belo Horizonte, em

dezembro de 1971, implantou-se o Sistema OCB juridicamente. Em meados de 1972,

a sede definitiva da Organização foi instalada em Brasília - DF. A representação do

sistema cooperativista nacional cabe à OCB, sociedade civil, órgão técnico-consultivo, estruturado nos termos da Lei. 5.764/71.

Com base na informação, podemos observar que a criação da OCB se deu bem antes

da entrada em vigor da Lei 5.764/71, a partir da fusão de duas outras entidades de

representação do cooperativismo que existiam no Brasil na década de 60, sendo que aquela

passou a ser a representante única do cooperativismo em âmbito nacional.

9. Os Ramos de Atuação do Cooperativismo

Na obra ―Cooperativismo passo a passo‖ de Ineida Kreutz, 2004, podemos observar

que existem treze ramos de atuação que surgiram a partir da procura e da necessidade em

atender a demandas específicas de cada negócio. São eles em sua ordem de criação:

• Agropecuário: É constituído por cooperativas cujos associados desenvolvem qualquer

cultivo ou criação rural.

• Consumo: É constituído por cooperativas de abastecimento cujas atividades

consistem em formar estoques de bens de consumo (alimentos, roupas, medicamentos

e outros artigos) para distribuição ao seu quadro social, em condições mais vantajosas

de preço.

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• Crédito: É formado por cooperativas que reúnem poupanças de seus cooperados para

benefício destes, realizando empréstimos aos mesmos, a juros mais baixos que os

praticados pelos bancos comerciais.

• Educacional: Congrega empreendimentos cooperativos que tem como objetivo a

educação nas escolas, a fundação de estabelecimentos de ensino ou sua manutenção.

• Habitacional: É a reunião de cooperativas que visam proporcionar a seus cooperados

a aquisição de moradia, abrangendo atividades de construção, manutenção e

administração de conjuntos habitacionais.

• Especial: Tem seu quadro social formado por pessoas relativamente incapazes, é

necessitando de tutela (índios, menores, deficientes mentais, auditivos, dentre outros),

visam o desenvolvimento e maior integração social de seus associais.

• Mineração: É constituída por cooperativas que abrigam atividades de garimpo,

específicas de mineração (extração, manufatura e comercialização), permitindo a seus

associados uma alternativa de trabalho autônomo.

• Produção: Tem cooperativas em que os meios de produção, explorados pelos

associados, pertencem à própria cooperativa. Os cooperados são o seu quadro social,

funcional, técnico e diretivo.

• Serviço ou Infra-estrutura: É constituído por cooperativas que se limitam a prestar

serviços direta ou exclusivamente ao seu quadro social (eletrificação rural, telefonia

rural, dentre outros). O associado é o único usuário deste serviço.

• Trabalho: Têm em seu quadro social diversos tipos de profissionais que prestam

serviços a terceiros.

• Saúde: É constituído por cooperativas de médicos, odontólogos, psicólogos e

atividades afins, que prestam atendimento à população, a preços mais acessíveis que

os oferecidos pela iniciativa privada, podendo também ser formadas por usuários

desses serviços.

• Turismo e Lazer: É constituído por cooperativas que atuam no setor de turismo e

lazer.

• Transporte de Cargas e Passageiros: É constituído por cooperativas de transporte,

na qual se incluem coletivos, táxis, vans e cargas, atuantes em todo território nacional.

9.1 Os Ramos de Atuação do Cooperativismo no Brasil

Com o passar dos anos, as cooperativas e cooperados foram crescendo no Brasil. Na

tabela 01, podemos ver cada ramo de atividade, de acordo com o número de cooperativas,

associados e empregados existentes. As informações referem-se ao ano de 2008.

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TABELA 1 – Ramo de atividades divididas por número de cooperativas, associados e empregados.

Ramos de Atividade

Cooperativas

Associados

Empregados

Agropecuário

1.611

968.767

134.579

Consumo

138

2.316.036

8.813

Crédito

1.113

3.215.866

38.796

Educacional

327

57.331

2.980

Especial

15

531

10

Habitacional

340

78.983

1.354

Infra-estrutura

148

623.431

5.664

Mineral

53

19.975

105

Produção

215

11.931

2.442

Saúde

894

215.755

47.132

Trabalho

1.746

287.241

4.997

Transporte

1.060

90.744

7.640

Turismo e lazer

22

1.116

44

Fonte: http://www.brasilcooperativo.coop.br/Gerenciador/ba/arquivos/relatorio_de_gestao_2008.pdf (2008).

Cooperativas Agropecuário

Consumo

Crédito

Educacional

Especial

Habitacional Infra-

estrutura Mineral

Produção Saúde

Trabalho Transporte

Turismo e lazer

FIGURA 1 – Gráfico demonstrativo das cooperativas em seus respectivos ramos de atividade.

Fonte: Elaboração própria. (2009).

Assim como aconteceu no século XX, no início do cooperativismo, a essência da força

reflete o entusiasmo que este grupo de transportadores fomenta, com base na união,

qualificação e empreendedorismo, o fortalecimento dessa base se dá em todos os cantos do

mundo e certamente, é a fonte de riqueza ainda em processo inicial de exploração.

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Apesar de se passar mais de um século de história, as diretrizes do cooperativismo se

fortalecem com base no ser humano, buscando aliar renda e trabalho, sem deixar de pensar no

futuro e bem estar dos filhos e filhas de nossa nação.

Com base no banco de dados da OCB, podemos verificar que em seis milhões de

cooperativas, tivemos 182 mil oportunidades de trabalho criadas em diversas áreas, dentre

elas o Agro Negócios, Habitação, Turismo e Lazer, Educação e Saúde. Além do trabalho

gerado, o principal ponto é a geração de renda compartilhada.

10. Funções da OCB x PROCON’s

Por outro lado, se pudermos considerar as funções que competem à OCB que estão

descritas no Art. 105 da Lei 5.764/71 onde é reproduzido os termos de seu estatuto de

fundação, poderíamos aproximar o papel exercido por ela ao dos PROCON‘s. Parece

estranho, mas ao compararmos as disposições do referido artigo com os objetivos

institucionais dos PROCON‘s espalhados pelo país, chegaremos à conclusão de que a OCB

está para a defesa do cooperativismo, assim como o PROCON está para a defesa das relações

de consumo. A tabela abaixo pode comprovar esta afirmação:

TABELA 2 – Tabela comparativa entre OCB x PROCON‘s.

Funções institucionais da OCB descritas No Art. 105

Da Lei 5.764/71.

Objetivos institucionais da Fundação Procon de São

Paulo (Art. 3º da Lei Estadual nº 9.192/95)

* Fixar a política da organização com base nas proposições emanadas de seus órgãos técnicos (alínea

"h").

* Planejar, coordenar e executar à política estadual de

proteção e defesa do consumidor, atendidas as diretrizes da Política Nacional das Relações de

Consumo; (inciso I).

* Denunciar ao Conselho Nacional de Cooperativismo

práticas nocivas ao desenvolvimento cooperativista

(alínea "e").

* Recebimento e processamento de reclamações administrativas, individuais e coletivas, contra

fornecedores de bens ou serviços; (inciso II).

* Fiscalização do mercado consumidor para fazer

cumprir as determinações da legislação de defesa do

consumidor; (inciso XI).

* acompanhamento e propositura de ações judiciais

coletivas; (inciso V).

* Manter serviços de assistência geral ao sistema

cooperativista, seja quanto à estrutura social, seja

quanto aos métodos operacionais e orientação jurídica,

mediante pareceres e recomendações, sujeitas, quando

for o caso, à aprovação do Conselho Nacional de

Cooperativismo – CNC (alínea "d").

* Suporte técnico para a implantação de PROCONs

Municipais Conveniados; (inciso XI) * Disponibilização de uma Ouvidoria para o recebimento, encaminhamento de críticas, sugestões

ou elogios feitos pelos cidadão quanto aos serviços

prestados pela Fundação Procon, com o objetivo de

melhoria continua desses serviços; (inciso II).

* Orientação aos consumidores e fornecedores acerca

de seus direitos e obrigações nas relações de consumo;

(inciso III).

* Manter relações de integração com as entidades

congêneres do exterior e suas cooperativas. (alínea

* Intercâmbio técnico com entidades oficiais,

organizações privadas, e outros órgãos envolvidos com

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"j"). a defesa do consumidor, inclusive internacionais; (incisos VI e VII).

Fonte: Artigo publicado no site: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=10495 por José Carlos Bastos

da

Silva Filho. (2009).

11. As Cooperativas nos Dias de Hoje

Hoje em dia, as cooperativas são vistas como um caminho de organização,

participação e solidariedade, pois contribuem para a difusão de valores de ética, voluntariado,

honestidade, igualdade e justiça social. No mundo inteiro, conforme dados da própria OCB

[http://www.ocb.org.br], contam mais de 100 milhões de postos de trabalho gerados pelo

sistema cooperativo. Esta experiência demonstra que ações solidárias e a cultura do

cooperativismo conseguiram fazer renascer uma economia de muitos países arrasados por

guerras e conflitos internacionais.

Devido à livre concorrência e o quadro econômico dos produtores rurais, as

cooperativas têm desempenhado relevantes serviços a seus cooperados, orientando-os em

relação a eventuais investimentos em seus negócios, bem como os intermediando em

negociações, que propiciam melhores preços e condições de pagamento.

Com base da OCB, outro aspecto importante é que, segundo dados oficiais, os

trabalhadores cooperativos têm uma tendência a ganhar, quando associados às cooperativas,

30% a mais do que receberiam no mercado. Enfim, uma cooperativa contribui para melhorar a

vida de todos. É preciso despertar as pessoas para as suas próprias potencialidades e para o

interesse coletivo. Cooperação mútua é um ponto fundamental para melhorarmos a economia

e a sociedade.

Com relação às Cooperativas Rurais, os pequenos e médios produtores têm

oportunidade de competir em igualdade de condições com os grandes produtores. Através da

cooperação, eles têm acesso a recursos, tecnologia avançada, pesquisas e informações, o que

ao contrário, individualmente, poderiam nem sobreviver em um mercado que a cada dia se

torna mais competitivo, sendo este, um dos principais motivos para a crescente credibilidade

do sistema cooperativo, que é associação de pessoas.

O cooperativismo não está apenas ligado a cooperativas, ou na união dessas pessoas

em prol de seus interesses perante governos e entidades. Cooperativismo em seu significado

genérico é a união, a cooperação de pessoas de um determinado seguimento em busca de

objetivos mútuos. Mas isso vai além da busca por direitos, porque une as pessoas através de

laços de amizade, companheirismo e amor, além dos interesses em comum, cooperativismo

também é vida, pois renova a esperança de famílias e crianças que necessitam de ajuda

através de seus projetos sociais. É informação, pois contribui para que sua sociedade fique por

dentro das mudanças sociais em diversas áreas, desde a agricultura até a educação.

Nesse contexto não podemos esquecer da importante contribuição das cooperativas no

processo de disseminação do cooperativismo, através de projetos sociais como: escola no

campo, trabalhos escolares sobre o cooperativismo no Brasil, desta forma desenvolvendo nas

crianças idéias sobre cooperar, trabalhar em equipe, ajudar uns aos outros e desenvolvendo

habilidades do convívio em grupo. Por esses motivos é que o cooperativismo no Brasil é visto

com bons olhos, por estar tão ligado nas questões sociais, trazendo desenvolvimento

interpessoal e fortalecendo cada vez mais a cooperação entre as áreas que envolvem seu

dinamismo.

Pode-se ainda comentar que o cooperativismo está presente em 1.407 municípios

brasileiros (cerca de 25% do total de 5.561, e expande-se continuamente). O crescimento do

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

número de associados, em 2008, foi de aproximadamente 3%. O número de cooperativas

permaneceu praticamente o mesmo: 7.682 em 2008 e 7.672 em 2007.

Ainda alguns aspectos interessantes do sistema cooperativista, obtidos a partir da

pesquisa realizada pela OCB, em 2008, estão apresentados na tabela a seguir, detalhados por

estados:

TABELA 3 – Demonstrativo de divisões das cooperativas no Brasil por Estado onde observa-se Cooperativas,

Associados e Empregados.

Estado

Cooperativas

Associados

Empregados

Acre

60

6.390

211

Alagoas

94

19.896

1.329

Amapá

77

4.622

450

Amazonas

146

14.378

1.549

Bahia

776

107.654

2.796

Ceará

199

75.041

5.852

Distrito Federal

223

102.410

1.928

Espírito Santo

141

131.483

4.955

Goiás

200

69.769

5.475

Maranhão

244

12.636

676

Mato Grosso

163

167.640

4.974

Mato Grosso do Sul

102

58.455

3.333

Minas Gerais

832

924.848

28.125

Pará

239

44.909

1.661

Paraíba

114

39.610

2.277

Paraná

238

496.109

51.621

Pernambuco

161

105.015

2.489

Piauí

73

14.269

692

Rio de Janeiro

910

266.281

9.838

Rio Grande do Norte

210

73.054

1.492

Rio Grande do Sul

968

1.601.337

44.763

Rondônia

124

23.900

1.201

Roraima

47

3.130

321

Santa Catarina

249

776.972

26.535

São Paulo

969

2.729.434

49.028

12

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Sergipe

54

6.573

149

Tocantins

69

11.892

836

Fonte: http://www.brasilcooperativo.coop.br/Gerenciador/ba/arquivos/relatorio_de_gestao_2008.pdf (2008).

Cooperativas Roraima

Sergipe

Acre

Tocantins

Piauí

Amapá

Alagoas

Mato Grosso do Sul

Paraíba

Rondônia Espírito

Santo Amazonas

Pernambuco Mato

Grosso Ceará

Goiás

Rio Grande do Norte

Distrito Federal Paraná

Pará Maranhão

Santa Catarina

Bahia

Minas Gerais

Rio de Janeiro

Rio Grande do Sul

São Paulo

FIGURA 2 – Demonstrativo de concentração de Cooperativas, divididas por Estados. Fonte: Elaboração Própria. (2009).

Pode-se observar que a grande concentração de cooperativas encontra-se nos estados

de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Assim também é

possível concluir que o cooperativismo cresce cada vez mais no Brasil, por que mesmo

havendo poucas cooperativas em alguns Estados, todos eles podem contar com seus produtos

e serviços, criando desta forma, incentivos para outras nascerem.

12. Cooperativas em Bebedouro

Em pesquisa própria, na cidade de Bebedouro/SP, observamos que possuímos algumas

Cooperativas presentes, que são exemplos de trabalho econômico pelo que desenvolvem para

os Cooperados. Existe um crescente crescimento delas e seguem alguns exemplos:

• COEBE – Cooperativa Educacional de Bebedouro;

• Coop. Econ. Créd. Mut. Médicos Demais Prof. Área Saúde de Bebedouro;

• Cooperativa Central Agropecuária de Bebedouro;

• COOPERCITRUS – Cooperativa dos Citricultores e Cafeicultores;

Inicialmente foi uma fusão entre duas cooperativas, a CAPERZOBE (Cooperativa

Agropecuária da Zona de Bebedouro – Fundada em 1964 em Bebedouro/SP) e a

CAPDO (Cooperativa Agrária dos Cafeicultores D‘Oeste de São Paulo – Fundada em

1950 em Monte Azul Paulista). Atualmente conta com mais de 15.000 cooperados e

vem ampliando sua área de atuação. Conta hoje com filiais em diversos estados como

São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e

Tocantins. (Fonte: http://www.revistacoopercitrus.com.br).

• CREDICITRUS – Cooperativa de Crédito Rural Coopercitrus;

13

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Concluiu o ano de 2008 com 41 filiais e 33.021 associados e contou com um

crescimento de aproximadamente 85% comparado com o ano anterior e é considerada

uma das maiores Cooperativas de Crédito do Brasil. (Fonte:

http://www.credicitrus.com.br).

• UNICRED Bebedouro;

Concluiu o ano de 2008 com 181.000 associados e conta com 124 Cooperativas

UNICRED mais 09 Cooperativas associadas, totalizando 397 pontos de atendimento

cooperativo. (Fonte: http://www.unicredbebedouro.com.br).

• UNIMED – Cooperativa de Trabalho Médico;

É uma cooperativa de Assistência Médica formada por Médicos. Foi fundada em

Santos/SP e conta com 60 filiais no país. (Fonte: http://www.unimeds.com.br).

• UNIODONTO – Cooperativa de Trabalho Odontológico.

É uma cooperativa Odontológica formada por cirurgiões dentistas que tem por

finalidade a Assistência Odontológica. Foi fundada em 1972 e conta com mais de

22.000 cirurgiões dentistas cooperados em todo país filiados em mais de 170

cooperativas agrupadas em 09 federações regionais. (Fonte:

http://www.uniodontobebedouro.com.br).

Não precisamos ir longe para observarmos o crescimento que estas Cooperativas

propiciam aos seus cooperados, basta olhar os exemplos supra citados. Foram uma iniciativa

de alguns profissionais que acreditaram no trabalho mútuo, no desenvolvimento pessoal e no

desenvolvimento econômico que poderiam alcançar a curto prazo, neste caso, unindo forças

com mais e mais interessados.

13. Conclusão

Com os dados relacionados no artigo, pode-se concluir o que é o cooperativismo em

sua forma conceitual, de como surgiu o cooperativismo no mundo, suas vantagens, restrições,

projetos, dificuldades, bem como sua evolução ao passar dos anos e os órgãos

regulamentadores.

Permitiu para que nos aprofundássemos no que diz respeito a esta ferramenta da

economia que cresce cada dia mais e se solidifica com o passar dos anos. Os dados

apresentados são fontes de pesquisas anuais elaboradas por órgãos competentes como a OCB

(Organização das Cooperativas Brasileiras).

Conhecemos a legislação que regulamenta as cooperativas brasileiras, bem como os

sete princípios do cooperativismo que são necessários para uma adesão, bem como e os treze

ramos de atuação que surgiram no decorrer dos anos e tem objetivo de atender as

necessidades específicas de cada negócio.

Observamos o crescimento das cooperativas e cooperados através de gráficos onde

foram separados os ramos de atividades e os estados de atuação, além da divisão de

Sociedades Cooperativas e Sociedades Mercantis.

Foi possível constatar o crescimento constante do cooperativismo em Bebedouro/SP,

bem como o importantíssimo papel que as Cooperativas da cidade apresentam para o

desenvolvimento socioeconômico da população Bebedourense.

E como conclusão, foi possível compreender que podemos ou não, conquistar alguns

objetivos sozinhos de uma forma bem demorada, mas unindo forças com interesses comuns,

14

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

podemos atingir nossos objetivos de uma forma bem mais rápida que a convencional. É

possível, através do cooperativismo, crescer de uma forma mais intensa e eficaz.

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Page 17: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

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16

Page 18: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

A eficácia do curso técnico em contabilidade na colocação de

concluintes no mercado de trabalho: o caso Etec – unidade de

Bebedouro

Flávio Luiz de Almeida (Graduação em Administração - IMESB) <[email protected]>

Luciana Magalhães de Resende Uzae (Graduação em Ciências Contábeis – UFU-MG) <[email protected]>

Nayara Carolina Ribeiro Tavares (Graduação em Administração - IMESB) <[email protected]>

Ricardo Rodrigues (Graduação em Administração - IMESB) <[email protected]>

Vanda Marques Burjaili Romeiro (Mestre em Engenharia de Produção – EESC-USP) <[email protected]>

Resumo: A qualificação de mão de obra adequada e a retenção da mesma são um dos fatores

chave para o sucesso das empresas. Os cursos técnicos são fundamentais para que se atinja esse

objetivo, em especial os voltados para a área de gestão. Nesse sentido, o objetivo geral deste

trabalho foi identificar no curso Técnico em Contabilidade da Etec - unidade de Bebedouro/SP a

relação entre os alunos concluintes e sua atuação na área no mercado de trabalho. A pesquisa

buscou resposta ao problema formulado através de sua aplicação a concluintes do curso.

Constatou-se que há um contingente de técnicos em contabilidade que trabalham na área e

conclui-se que o curso cumpre seus propósitos. Deixa-se como proposta aos planejadores da

grade curricular atenção às mudanças que devem ser introduzidas, para que o curso se adapte às

demandas de formação de técnicos contábeis cada vez mais eficientes e eficazes. Destaca-se a

necessidade de espaço destinado unicamente aos laboratórios de prática contábil. Espera-se que

as considerações contidas neste trabalho possam contribuir para as diretrizes dos cursos de

Técnico em Contabilidade do Centro de Educação Tecnológica Paula Souza; que pesquisas

futuras captem informações relevantes para o aprimoramento dos cursos Técnico em

Contabilidade como um todo.

Palavras-chave: Contabilidade. Atuação. Técnico.

1 Introdução

No mundo contemporâneo as empresas interagem em um ambiente repleto de variáveis

ameaçadoras. Nesse contexto pode-se destacar a concorrência acirrada, legislação, consumidores

ávidos por produtos e serviços inovadores, mercados globalizados, entre outras variáveis.

Desta forma, desafios estão presentes no cotidiano das empresas e estas precisam

buscar diferenciais competitivos para interagir e sobreviver nesse mercado ameaçador. A

qualificação de mão de obra adequada e a retenção da mesma se constituem em um dos

fatores chave para o sucesso do negócio.

Os cursos técnicos são considerados fundamentais para que se atinja esse objetivo,

especificamente aqueles voltados para a área de gestão de negócios.

Objetivando atender as necessidades acima descritas, o Governo do Estado de São

Paulo traçou políticas públicas de educação técnica e as tornou realidade através do trabalho

desenvolvido pelas unidades ETEC distribuídas pelo Estado de São Paulo.

17

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Mais especificamente para atender a demanda de mão-de-obra das empresas, foram

criados cursos na área de gestão e negócios, tais como: gestão de pequenas empresas,

contabilidade, comércio entre outros. Para os objetivos deste trabalho optou-se por tomar

como foco desta pesquisa o curso de Técnico em Contabilidade oferecido pela ETEC unidade

de Bebedouro/SP.

Sendo a contabilidade a linguagem universal entre empresas e setores e o técnico de

contabilidade o profissional que deve ser preparado para auxiliar na tomada de decisões, o problema

da pesquisa a que se destina este trabalho, se resume à seguinte indagação:

―Qual a eficácia do curso técnico em Contabilidade no ingresso de concluintes no

mercado de trabalho?‖.

O objetivo geral do trabalho é identificar no curso Técnico em Contabilidade da Etec -

unidade de Bebedouro/SP a relação entre os alunos concluintes e sua atuação na área

específica no mercado de trabalho.

Como objetivos específicos o trabalho buscou resposta ao problema formulado e, desta

forma, poder contribuir para a busca de adequações necessárias ao curso pelo seu ó; elaborou

proposta de aperfeiçoamento do curso, caso a hipótese não seja confirmada.

A relevância do estudo está relacionada ao fato de que os cursos técnicos têm se

expandido como oferta de qualificação, que deverá se constituir em um diferencial na busca

dos profissionais por um espaço de trabalho.

A pesquisa é de caráter quantitativo, o trabalho adotou a metodologia de entrevista pessoal

com o uso de questionário estruturado aplicado pelos pesquisadores à amostra.

O universo da pesquisa são os egressos do curso técnico em contabilidade da Etec –

unidade de Bebedouro/SP. Esse universo é formado por um grupo heterogêneo, pois há

especificidades que envolvem a formação, o meio econômico e social, a faixa etária, sexo,

entre outros fatores. A amostra foi constituída de 20% do universo da pesquisa, sendo a

escolha aleatória simples.

2 A importância dos cursos técnicos

Na década que compreende o período do ano 2000 ao ano 2010, o tema das diferenças

entre formação técnica e formação tecnológica foi objeto de intenso e extenso debate nas

Instituições de Educação Tecnológica no País. A Reforma do Ensino Técnico, tal como

definida pelo Decreto 2208/97 determinou a aproximação dos processos formativos escolares

de educação profissional, vigentes nessas instituições, aos processos de treinamento do

trabalhador no mero domínio das técnicas de execução de atividades e tarefas, no setor

produtivo e de serviços, e, portanto, a uma formação meramente técnica. Consequentemente

também uma formação tecnológica, que envolve, entre outros, o compromisso com o

domínio, por parte do trabalhador, dos processos físicos e organizacionais ligados aos arranjos

materiais e sociais, e do conhecimento aplicado e aplicável, pelo domínio dos princípios

científicos e tecnológicos próprios a um determinado ramo de atividade humana (OLIVEIRA,

2000).

Para Oliveira (2000) importa registrar que as mudanças nas escolas, em função da

Reforma envolveram, entre outros aspectos: a suspensão da oferta do Ensino Médio integrado

para novos alunos, a oferta de um novo Ensino Médio regular com uma porcentagem da carga

horária total reservada para disciplinas de caráter profissionalizante e a oferta de cursos

técnicos sob a forma de módulos. As novas grades curriculares e os novos conteúdos de

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

ensino foram reformulados no espaço da Coordenação Central e enviados para as escolas.

Quanto à avaliação discente, houve a substituição do sistema numérico (pontos de 0 a 10) em

que se avaliava basicamente conhecimento, por um sistema de conceitos, reforçando-se a

idéia de se avaliar o que é denominado de conhecimentos, atitudes e comportamento ou

habilidades. Além disso, foi cancelada a exigência de o aluno cumprir pelo menos 75% da

carga horária total de cada disciplina para efeito de aprovação, pois, pelo novo sistema, o

aluno deverá cumprir esta porcentagem em relação à carga horária total do curso, com base na

defesa de sua formação global.

Complementa Oliveira (2000) que a educação profissional de nível médio (técnico)

tem organização curricular própria e independente do Ensino Médio regular; o diploma de

técnico de nível médio depende da conclusão do Ensino Médio regular; a educação

profissional de nível básico é uma forma de educação não formal: há a possibilidade de a

organização curricular da educação profissional de nível médio ser feita em módulos que

podem ser cursados em diferentes instituições.

Neste contexto se insere o Centro Paula Souza que como uma instituição pública estadual visa

atender, através de seus cursos técnicos, as necessidades da população por formação técnica de qualidade

em perfeita harmonia com as exigências da Reforma do Ensino Técnico.

Esclarece Santana1

(2010) que, especificamente através do curso Técnico em

Contabilidade, o Centro Paula Souza visa formar um profissional que realiza atividades

inerentes à contabilidade em empresas, em órgãos governamentais ou em outras instituições

públicas e privadas. Para tanto, constitui e regulariza a empresa, identifica documentos e

informações, atende à fiscalização e procede à consultoria empresarial. Executa a contabilidade

geral, operacionaliza a contabilidade de custos e efetua contabilidade gerencial. Administra o

departamento pessoal e realiza controle patrimonial.

2.1 A contribuição dos cursos técnicos em contabilidade do Centro Paula Souza para o

processo de profissionalização

Para Peleias et al (2007), a evolução da Contabilidade está associada ao progresso da

humanidade. Esse fato é identificado e analisado sob distintas perspectivas de alguns

pensadores, tais como: Melis, Vlaemminck, Iudícibus, Sá e Schmidt. Os aspectos por eles

identificados são, a seguir, apresentados no quadro 1.

Quadro 1 – Perspectivas dos pensadores

Pensadores Perspectivas

Melis

(1950)

destacou que a Contabilidade e sua principal e mais característica

manifestação – a conta – é tão antiga quanto a civilização construída

pelos homens. Dessa forma, a história da Contabilidade é, em certo

ponto, uma conseqüência da história da civilização, de suas vicissitudes

às mais altas manifestações, sobretudo no campo econômico.

Vlaemminck

(1961)

analisou a evolução histórica da Contabilidade e estabeleceu a correlação

de sua evolução com a Economia. Apresentou a Contabilidade como

técnica auxiliar da Economia, que aparece, se expande, se degenera ou se

retrai ao compasso da evolução econômica das civilizações, nas diversas

regiões e distintas épocas de sua história. Ressaltou, ainda, o paralelismo

entre a evolução econômica geral e a evolução de um dos métodos

1 Geraldo José Santana é Diretor da ETEC unidade de Bebedouro/SP. Informação sem indicação de publicação.

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

contábeis a serviço da economia das empresas: a técnica das contas.

Sá (1997)

lembra que a Contabilidade nasceu com a civilização e jamais deixará de existir em decorrência dela; talvez, por isso, quase sempre seus progressos

coincidiram com aqueles que caracterizam os da evolução do homem.

Schmidt

(2000)

assevera que a Contabilidade se manifestou antes do homem desenvolver

a civilidade. Assim como o homem progrediu, também a Contabilidade,

necessária ao progresso da humanidade, perseguiu essa evolução. Para o

autor isso revela que, como outros ramos do conhecimento ligados à

sociedade, a História do Pensamento Contábil é produto do meio social

de seus usuários, em termos de espaço e de tempo.

Iudícibus

(2006)

argumenta que em termos de compreensão da evolução histórica

contábil, raramente o "estado da arte" ultrapassa o grau de evolução

econômica, institucional e social das sociedades analisadas, em cada

época. Para o autor, a produção das teorias contábeis e de suas práticas

está associada, na maioria das vezes, ao grau de evolução comercial,

social e institucional das sociedades, cidades ou nações. Fonte: Peleias et al (2007) com adaptações.

Para Alcazar2

(2009, p.21 apud GIROTTO, 2009, p.21) o maior desafio que os jovens têm

pela frente, para que possam aproveitar as oportunidades e desenvolverem uma carreira de sucesso é

investir na educação continuada e se manterem atualizado fresta às mudanças que acontecem nos

âmbitos fiscal, trabalhista, previdenciário e societário.

Procuram-se jovens contabilistas que queiram defender os interesses da profissão de

forma da contribuir para o aprimoramento da ciência da Contabilidade; participar de debates

que visem à conscientização da sociedade sobre a relevância da Contabilidade para o

desenvolvimento do país; e estejam dispostos a assumir compromisso com o fortalecimento

da classe contábil brasileira (GIROTTO, 2009)

Esclarece Girotto (2009) que em 2006 o Conselho federal de Contabilidade – CFC

constituiu a Comissão Nacional Jovem Contabilista, através da Portaria CFC nº. 112/2006 –

alterada pela nº. 33/2009 – e que começou a desenvolver atividades este ano. Por meio da

integração com os grupos do Programa de Voluntariado da Classe Contábil (PVCC), da

mulher contabilista e da Integração Estudantil, a Comissão Nacional Jovem Contabilista

pretende:

• proporcionar conteúdo adequado, com consciência crítica e ética, aos estudantes e recém-

formados, visando suprir necessidades imediatas, de acordo com o mercado de trabalho.

• conscientizar os jovens da importância da Contabilidade para o país, contribuindo para

que eles estejam bem informados sobre as potencialidades e as oportunidades que a

profissão pode oferecer.

• realizar ações para que a sociedade brasileira reconheça a importância do contabilista,

valorizando-o em projetos sociais.

• defender interesses acadêmicos da profissão e disseminar entre os jovens a importância da

força política da classe contábil no Brasil.

• incentivar formandos para que efetuem o registro nos Conselhos regionais e divulgar o

curso para alunos do ensino médio e para a sociedade.

Strassburg (1998) analisando a influencia da globalização sobre a contabilidade assim

se manifesta:

Com a Globalização da economia, a evolução tecnológica e o avanço

2 Membro da Comissão Nacional Jovem Contabilista

20

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

nos conhecimentos, a vantagem de ser tradicionalista no ramo de

atividade ou de deter uma fatia grande de mercado, vem sendo

ameaçada pelo poder de competição entre os profissionais de cada área

de atuação. A classe dos contabilistas também deverá acompanhar as

mudanças impostas para a contabilidade, principalmente pela

necessidade de informações que os gestores das empresas têm para gerir

adequadamente seus negócios. Na contabilidade temos múltiplos

usuários, com objetivos totalmente diferenciados a serem satisfeitos com

os diversos tipos de informações. Informações estas que são desejáveis e

deverão ser úteis para a tomada de decisões. Com isto nós contabilistas,

não podemos jamais esquecer dos objetivos a serem alcançados ao

fazermos a contabilidade. Podemos dizer que os pensamentos em termos

dos objetivos da contabilidade, frequentemente estão separados em duas

formas distintas:

- Uma, visualizando, que a contabilidade tem como objetivo único, o

registro dos fatos e atos de uma empresa, com a finalidade de fornecer a

basicamente um único usuário (governo), um conjunto específico de

informações, atendendo de igual modo a todos os tipos de usuários.

- A outra, visualizando ao mesmo tempo o controle do patrimônio,

apuração do resultado, proporcionando controle dos negócios, atendendo as

determinações legais, evidenciando as situações patrimoniais e econômicas

da empresa, e desta forma, fornecendo informações que sejam úteis para os

diversos usuários, ou seja, para que os mesmos possam tomar decisões

fundamentadas nas informações fornecidas por nós contabilistas, sendo

estas com enfoques totalmente diferenciado para cada tipo de usuário.

Devemos analisar no momento de prepararmos as informações a serem

encaminhadas a determinado usuário, a sua situação financeira,

econômica, social, política, emocional, formação, grau de instrução e

principalmente a posição em que se encontra com relação a empresa,

para que os demonstrativos apresentados não se tornem enganosos ao

tentar interpretar os mesmos. A evidenciação deverá ser utilizada nesta

hora na quantidade e medida, certa de acordo com o perfil de cada

usuário. Após a exposição destas questões, cabe a nós avaliarmos, como

objetivo principal da contabilidade, a necessidade de informações por

parte do usuário para a tomada de decisões.

Nesse contexto, o profissional oriundo dos Cursos Técnicos em Contabilidade tem as

seguintes certificações: auxiliar de contabilidade e técnico em contabilidade.

O Auxiliar de Contabilidade é preparado para exercer as seguintes atribuições nas organizações:

• levantar, com base em registros contábeis e gerenciais, os atos e fatos administrativos,

bem como suas conciliações.

• escriturar livros auxiliares e fiscais; organizar as rotinas para levantamento de balancetes.

• elaborar relatórios e informes para subsidiar, em instâncias superiores, alterações no

planejamento da previsão das necessidades de materiais e serviços.

• identificar o sistema de custos e seus componentes diretos.

• identificar e organizar informações pertinentes ao departamento de pessoal.

• identificar o significado do tributo e sua abrangência e os registros de movimentos

tributários ICMS, ISS, IPI, IRPF, IRPJ, IPTU, IPVA e outros.

• apurar, mediante encerramento das contas comerciais, os resultados de vendas e despesas de

comercialização e imposto sobre vendas e resultado financeiro da organização.

21

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

• preparar as demonstrações contábeis, gerando balanço patrimonial e demonstrações de resultados.

• realiza atividades inerentes à contabilidade em empresas, em órgãos governamentais ou

em outras instituições públicas e privadas.

• constitui e regulariza a empresa, identifica documentos e informações, atende à

fiscalização e procede à consultoria empresarial.

• operacionalizar a contabilidade de custos e efetua contabilidade gerencial.

• administrar o departamento de pessoal e realizar controle patrimonial.

Para justificar a importância da profissão através da tabela 1 pode-se verificar o contingente

de contabilista no território nacional, classificados por região, categoria e gênero.

Tabela 1 - Contabilistas ativos por gênero e região e categoria - março 2010

Regiões Contador Técnico Total % Contadora Técnica Total % Norte 7.515 5.401 12.916 53 7.750 3.655 11.405 47 Centro-oeste 12.036 10.235 22.271 63 8.378 4.786 13164 37 Nordeste 18.893 19.139 38.023 60 14.479 10.593 25.072 40 Sudeste 66.441 70.572 137.013 64 42.065 35.833 77.898 36 Sul 26.060 21.038 47.098 64 16.909 9.357 26.266 36 Totais 130.945 126.376 257.321 63 89.581 64.224 153.805 37 Fonte: Conselho Federal de Contabilidade Vice-Presidência de Registro Coordenadoria de Registro, março 2010.

2.2 O conteúdo do curso de Técnico em Contabilidade do Centro Paula Souza

Visando atender as expectativas de formação educacional técnica e,

consequentemente, as demandas do mercado de trabalho, o Centro de Educação Tecnológica

Paula Souza formulou a matriz curricular do curso Técnico em Contabilidade que pode ser

visualizada através da figura 1. Esta matriz é aplicada por todas as unidades ETEC que

oferecem o referido curso (ARAÚJO et al, 2009).

HABILITAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO DE TÉCNICO EM CONTABILIDADE

MÓDULO I

C.H

I.1 – Ética e Cidadania Organizacional - 50

I.2 – Economia e Mercado - 50

I.3 – Gestão de Documentos - 50

I.4 – Direito Empresarial - 50

I.5 – Matemática Financeira - 50

I.6 – Contabilidade Geral - 150

I.7 – Linguagem, Tecnologia e Trabalho – 50

Comunicação na Área de Contabilidade

I.8 – Aplicativos Informatizados - 50

C.H. 500

MÓDULO II

C.H

II.1 – Processos Estatísticos de Pesquisa - 50

II.2 – Contabilidade Empresarial e

Comercial - 100

II.3 – Contabilidade de Custos - 100

II.4 – Contabilidade Tributária I - 50

II.5 – Planejamento do TCC em

Contabilidade - 50

II.6 – Controle de Processos de Remuneração e

Encargos de Pessoal - 50

II.7 – Aplicativos Informatizados em Contabilidade - 100

C.H. 500

MÓDULO III

C.H

III.1- Contabilidade Industrial e Rural - 100

III.2 – Estruturas e Análises das

Demonstrações Financeiras - 150

III.3 – Contabilidade Gerencial – 50

III.4 – Contabilidade Governamental - 50

III.5– Contabilidade Internacional e de

Organizações do Terceiro Setor - 50

III.6 – Contabilidade Tributária II - 50

III.7 – Desenvolvimento do TCC de Contabilidade – 50

C.H. 500

MÓDULO I

Sem Certificação

MÓDULO I + II

Qualificação Profissional Técnica de

Nível Médio de AUXILIAR DE

CONTABILIDADE

MÓDULOS I + II + III Habilitação

Profissional Técnica de Nível Médio

de TÉCNICO EM CONTABILIDADE

Figura 1 – Grade Curricular do Curso Técnico em Contabilidade do Centro de Educação Tecnológica Paula Souza.

Fonte: ETEC unidade de Bebedouro/SP, 2010.

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1.2.1 Módulos dI

Para Araújo et al (2009) deve-se observar que no módulo I não há certificação, pois o

aluno é ingressante e terá contato com temáticas importantes para que haja sustentação básica

e adequada à sua formação técnica Desta forma, o Módulo I visa desenvolver no aluno as

seguintes atribuições: identificar e organizar o registro e guarda de documentos; registrar

informações contábeis; operacionalizar as informações por meio de sistemas informatizados;

expressar-se de forma oral e escrita. Quanto às áreas de atividade objetiva: identificar

documentos e informações; organizar documentos; registrar atos e fatos contábeis; demonstrar

competências pessoais; comunicar-se.

1.2.2 Módulo II

No módulo II a qualificação profissional técnica de nível médio é de Auxiliar de

Contabilidade que é o profissional que organiza documentos e efetua sua classificação

contábil; gera lançamentos contábeis, auxilia na apuração dos impostos, concilia contas e

preenchimento de guias de recolhimento e de solicitações, unto a órgãos do governo. Emite

notas de venda e de transferência entre outras e realiza o arquivo de documentos. Esse

profissional exerce suas funções em atividades empresarias e trabalha com supervisão

permanente. As áreas de atividade são: constituir empresa; executar a contabilidade geral; administrar o departamento pessoal; operacionalizar a contabilidade de custos; calcular

impostos; executar rotinas de faturamento (ARAÚJO et al, 2009).

1.2.3 Módulo III

Ao término do módulo III o aluno recebe a certificação de Técnico em Contabilidade é

o profissional que efetua anotações das transações financeiras da organização e examina

documentos fiscais e parafiscais. Analisa a documentação contábil e elabora planos de

determinação de taxas de depreciação e exaustão dos bens materiais de amortização dos

valores imateriais. Organiza, controla e arquiva documentos relativos à atividade contábil e

controla as movimentações. Constitui e regulariza empresas, identifica documentos e

informações, atende à fiscalização e procede a consultoria empresarial. Executa a

contabilidade geral, operacionaliza a contabilidade de custos e efetua contabilidade gerencial.

Administra o departamento de pessoal e realiza controle patrimonial (ARAÚJO et al, 2009).

1.2.4 Mercado de trabalho

Consultado sobre o mercado de trabalho para o Técnico em Contabilidade Santana3

argumentou que o profissional é preparado para trabalhar em escritórios de contabilidade, em

departamentos de contabilidade de empresas agrícolas, comerciais, industriais e de serviços e

m órgãos governamentais.

Ao concluir os módulos I, II e III deverá ter construído as competências que seguem.

• identificar a organização e os processos próprios de uma empresa comercial, industrial ou

prestação de serviços.

• identificar e formular estratégias, de armazenamento e distribuição física dos produtos, de

compra e venda, de pós-venda.

• aplicar princípios e conceitos, tais como patrimônio, faturamento, lucro bruto e lucro

líquido, custos e despesas, margem de contribuição e outros relacionados com

produtividade e lucratividade.

• identificar e interpretar a legislação que regula as atividades de comercialização, tais como

as normas referentes aos direitos do consumidor, aos contratos comerciais, as normas de

3 Geraldo José Santana é Diretor da ETEC unidade de Bebedouro/SP. Informação sem indicação de publicação.

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higiene e segurança, ao comércio exterior, às questões tributárias e fiscais.

• controlar estoques utilizando técnicas e modelos adequados.

• aplicar conceitos de matemática financeira (juros, descontos, prestações) e calcular

valores, utilizando-se de calculadoras financeiras ou de planilhas de cálculo.

• aplicar normas e leis pertinentes ou que regulamentem atividades da área, como as referentes à

conduta ética e a direitos autorais, patentes e saúde e segurança do trabalho.

• utilizar de forma ética e adequada as possibilidades oferecidas por leis de incentivo fiscal

à produção na área.

• comunicar-se com os profissionais das equipes, utilizado vocabulário técnico específico.

• negociar e documentar, nos formatos legais, usuais, contratos típicos da produção, da

distribuição e da comercialização.

• identificar as estruturar orçamentárias e societárias das organizações e relacioná-las com

os processos de gestão.

• utilizar os instrumentos de planejamento, bem como executar, controlar e avaliar os

procedimentos dos ciclos: tributário; financeiro; contábil; do patrimônio; da produção; dos

sistemas de informações.

3 Resultados e Discussão

Depois de realizada a pesquisa de campo, vários dados foram coletados e trabalhados para se

obter informações relevantes sobre a temática da pesquisa. A seguir são apresentados gráficos

contendo tais informações que se constituem na fundamentação para a resposta ao problema

da pesquisa e à hipótese formulada. Inicialmente buscou-se estabelecer o perfil da amostra.

• Quanto ao perfil da amostra.

Os gráficos numerados de um a seis ilustram os dados obtidos relacionados a: sexo, idade,

estado civil, escolaridade, residência e renda familiar.Constatou-se que 60% da amostra é do sexo

feminino; 80% tem idade superior a 20 anos e 100% da amostra é constituída de solteiros. Quanto ao

nível de escolaridade constatou-se que 40% têm ensino médio completo, 40% graduação completa

fora da área e 20% graduação incompleta em Ciências Contábeis. Residem em Bebedouro 80% dos

entrevistados e 80% tem renda familiar acima de três salários mínimos.

Gráfico 1 - Quanto ao sexo

Fonte: pesquisa de campo realizada pelos autores em abril de 2010.

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Gráfico 2 - Quanto à faixa etária

Fonte: pesquisa de campo realizada pelos autores em abril de 2010.

Gráfico 3 - Quanto ao estado civil

Fonte: pesquisa de campo realizada pelos autores em abril de 2010.

Gráfico 4 – Quanto à escolaridade.

Fonte: pesquisa de campo realizada pelos autores em abril de 2010.

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Gráfico 5- Quanto ao local de residência.

Fonte: pesquisa de campo realizada pelos autores em abril de 2010.

Gráfico 6 – Quanto a renda familiar.

Fonte: pesquisa de campo realizada pelos autores em abril de 2010.

• Quanto à área de atuação profissional

A amostra foi indagada sobre a categoria de ocupação profissional; se trabalha na área de

formação técnica e qual a contribuição do curso para o atual posicionamento profissional.

Constatou-se que 60% da amostra encontram-se empregada; 20% trabalham como

profissionais autônomos e 20% como contratados temporários. Informam 60% dos

entrevistados que trabalham na área de formação técnica e que o curso Técnico em

Contabilidade contribuiu, pois trouxe conhecimento na área contábil; argumentam, ainda, que

com a conclusão do curso conseguiram estabelecer os serviços contábeis em seus escritórios.

O curso Técnico de Contabilidade abriu as portas para o mercado de trabalho, pois foi através

dele que conseguiram a oportunidade de emprego.

Os gráficos numerados de sete a nove ilustram as informações trabalhadas.

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Gráfico 7- Quanto a ocupação profissional

Fonte: pesquisa de campo realizada pelos autores em abril de 2010.

Gráfico 8- Quanto ao trabalho ser na área contábil.

Fonte: pesquisa de campo realizada pelos autores em abril de 2010.

Gráfico 9 – Quanto à remuneração

Fonte: pesquisa de campo realizada pelos autores em abril de 2010.

• Quanto ao curso Técnico em Contabilidade

Atentou-se para as opiniões da amostra relacionadas aos seguintes aspectos: currículo;

corpo docente; estrutura oferecida para o funcionamento do curso. Os gráficos numerados de

10 a 14 ilustram as opiniões emitidas pela amostra.

- Sobre o currículo do curso:

Para 20% não atende as necessidades do mercado, pois a área exige experiência e a maioria dos

escritórios não dá abertura para estagiários e aprendizes, querem um profissional pronto. Para 80%

atende, embora parcialmente, é necessário um pouco mais de prática em laboratórios para mostrar a

realidade do mercado de trabalho e desenvolver a habilidade contábil.

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Gráfico 10 – Quanto ao currículo do curso.

Fonte: pesquisa de campo realizada pelos autores em abril de 2010.

- Sobre o corpo docente:

Para 100% da amostra o corpo docente atende plenamente as expectativas dos entrevistados.

Gráfico 11 – Quanto ao corpo docente.

Fonte: pesquisa de campo realizada pelos autores em abril de 2010.

- Com relação à estrutura:

A amostra foi indagada quanto aos seguintes espaços: laboratórios, salas de aula e sala

de leitura que a instituição de ensino oferece para o funcionamento do curso. Quanto aos

laboratórios para 20% da amostra há deficiências, pois falta um laboratório que atenda exclusivamente

os alunos de contabilidade para que os mesmos possam aplicar os conhecimentos teóricos na prática.

A figura 12 demonstra tais opiniões.

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Gráfico 12 – Quanto à estrutura física – laboratórios.

Fonte: pesquisa de campo realizada pelos autores em abril de 2010.

As salas de aula não atendem às expectativas para 20% da amostra e para 80%

atendem, conforme a figura 13, mas não foram apresentados argumentos que justificassem

cada uma das opções.

Gráfico 13 - Quanto à estrutura física – salas de aula.

Fonte: pesquisa de campo realizada pelos autores em abril de 2010.

Para 40% da amostra a sala de leitura não atende as necessidades dos alunos e 60%

consideram que atende, conforme figura 14. Os entrevistados não apresentaram argumentos

para justificar seu posicionamento.

Gráfico 14 - Quanto à estrutura física – sala de leitura.

Fonte: pesquisa de campo realizada pelos autores em abril de 2010.

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Finalizando a pesquisa foi perguntado aos entrevistados sobre os principais pontos positivos

e negativos do curso. Através da tabela 2 pode-se verificar que o principal ponto positivo é o fato de

o curso gozar de credibilidade junto ao mercado de trabalho; como ponto negativo mais relevante é

apontada a estrutura física deficitária ao funcionamento do curso.

Tabela 2 - Pontos positivos e negativos do curso apontados na pesquisa de campo.

Pontos Positivos % Pontos Negativos %

Curso reconhecido no mercado de trabalho 40% Estrutura apertada 40%

Corpo docente 20% Falta de mais professores com experiência contábil 20%

Possibilidade de trabalho autônomo e independente 20% Carga horária e grade curricular restrita ao di-a-dia do contabilista

20%

Conhecimento e relacionamentos profissionais 20% Falta oportunidade de estágios 20%

Total 100% 100%

Fonte: pesquisa de campo realizada pelos autores em abril de 2010.

4 Considerações Finais

As freqüentes mudanças introduzidas no mundo empresarial, em razão do

desenvolvimento e dinamismo com que os mercados evoluem, tornam imperioso que os

profissionais inseridos nas empresas procurem se moldar a essa realidade.

As pressões sofridas pelas empresas são transferidas para seus funcionários e destes

são requeridos conhecimentos, habilidades e atitudes condizentes com essa nossa ordem

trazida pelo dinamismo do mundo empresarial contemporâneo.

As freqüentes mudanças introduzidas no mundo empresarial, em razão do

desenvolvimento e dinamismo com que os mercados evoluem, tornam imperioso que os

profissionais inseridos nas empresas procurem se moldar a essa realidade.

As pressões sofridas pelas empresas são transferidas para seus funcionários e destes

são requeridos conhecimentos, habilidades e atitudes condizentes com essa nossa ordem

trazida pelo dinamismo do mundo empresarial contemporâneo.

Não se pode esquecer que o dinamismo acima citado impõe como condição

fundamental aos profissionais a qualidade da busca de atualização, pois esta os colocará em

condições apropriadas de auxiliar na tomada de decisões, de optar pelo uso de ferramentas

adequadas de gestão e de buscar os diferenciais competitivos para as organizações a que estão

vinculados e de manter sua empregabilidade.

Constatou-se pela pesquisa que há um considerável contingente de técnicos em

contabilidade que estão trabalhando na área e conclui-se que o curso cumpre seus propósitos

em relação ao mercado de trabalho.

Embora cumpra a sua eficácia é oportuno e prudente ressaltar que os planejadores da

grade curricular devem ficar alerta quanto as possíveis mudanças que podem e devem nela ser

introduzidas. Desta forma, o processo de adaptação do curso se dará em razão as demandas de

atualização, consequentemente os resultados de formação de técnicos contábeis serão cada

vez mais eficazes em seu conteúdo.

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Page 32: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Quanto à estrutura de funcionamento, física e tecnológica, destaca-se que se faz

necessário em olhar mais acurado para o espaço destinado aos laboratórios e de sua utilização

que visa preparar o aluno para um olhar mais prático de atuação profissional.

Espera-se que as considerações e discussões contidas neste trabalho possam contribuir

para as diretrizes dos cursos de Técnico em Contabilidade das unidades ETEC do Centro de

Educação Tecnológica Paula Souza, que a mesma seja aprofundada em pesquisas futuras

garantindo, desta forma, a captação de informações relevantes para o aprimoramento dos

cursos Técnico em Contabilidade como um todo.

Referências

ARAÚJO, A. M. et al. Plano de curso para Habilitação profissional técnica de nível médio em técnico de

contabilidade. Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza. São Paulo. 2009. (ARAÚJO et al, 2009).

GIROTTO, M. Procuram-se jovens contabilistas... Revista brasileira de contabilidade. Conselho Federal de Contabilidade.

Brasília, ano XXXVIII, nº. 178/179/180, p. 18-23, jul./dez. 2009.

OLIVEIRA, M.R.N.S. Mudanças no mundo do trabalho: Acertos e desacertos na proposta curricular para o Ensino

Médio (Resolução CNE 03/98). Diferenças entre formação técnica e formação tecnológica. Revista Educação

e Sociedade. Universidade de Campinas – Unicamp. vol.21 n.70. Disponível em

<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-73302002008000019&script=sci_arttext.> Acesso em 06 maio

2010.

PELEIAS, I. R. et al. Evolução do ensino da contabilidade no Brasil: uma análise histórica. Revista Contabilidade &

Finanças. Universidade de São Paulo, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Departamento de

Contabilidade e Atuária. vol.18. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1519-

70772007000300003&script=sci_abstract&tlng=e>. Acesso em 06 maio

2010.

STRASSBURG, U. Objetivos da contabilidade. Jornal do Sindicato dos Contabilistas de Cascavel. Paraná, mai/jun 1998. Disponível em http://www.udostrassburg.com.br/artigos/pastas/jornal%20sindicato.Acessoem07maio2010.

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Page 33: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

O "custo" da produção da cana-de-açúcar na região de Bebedouro/SP

Uma análise socioambiental sobre o aumento desta produção

Francine de Almeida Martins (Graduação em Ciências Contábeis - IMESB) [email protected]

Luis Antônio Nogueira (Professor Orientador - IMESB) [email protected]

Resumo: O presente artigo constitui-se em um estudo/avaliação sobre o aumento da

produção da cana-de-açúcar nos últimos anos na região da cidade de Bebedouro - SP,

outrora conhecida como "Capital Nacional da Laranja". Destaca a história da Agricultura

de Bebedouro e como as crises no setor, principalmente a crise no setor da citricultura,

modificaram sua história. Apresenta ainda os pontos positivos e negativos desta, agora

principal, produção agrícola da cidade. Apresenta, de forma associada e comparativa o

aumento da produção da cana-de-açúcar com possíveis impactos ambientais negativos e suas

consequências em relação a saúde da população, não somente de Bebedouro, mas de todos

os lugares onde predomina o cultivo da cana-de-açúcar. Além de analisar, baseado em dados

oferecidos por profissionais da área agrícola e outros dados recolhidos junto à Secretaria da

Fazenda do Estado de São Paulo, a modificação na economia da cidade, como por exemplo,

na arrecadação de impostos que geram condições de investimentos.

Palavras-chave: Laranja. Cana-de-açúcar. Produção Agrícola.

1 Introdução

Bebedouro é uma cidade situada ao norte do Estado se São Paulo que ficou conhecida

como "Capital Nacional da Laranja". E foi. Era a maior produtora de laranja do Brasil com

participação no mercado mundial de suco de laranja.

A Califórnia brasileira é como também ficou conhecida, fazendo referencia à cidade

norte-americana também produtora de laranja.

O plantio da laranja em Bebedouro começou após a crise de 1929/30, quando a

produção de café do Brasil era equivalente à demanda mundial. A "safra de café chegava a

espantosos 21 milhões de sacas para um consumo mundial de 22 milhões", afirma Fernandes

(2006). O produtores bebedourenses de café, logicamente, setiram a crise e logo tiveram que

abandonar essa produção. E os cafezais foram substituídos pelos laranjais.

O último censo agropecuário (2007/08) do Estado de São Paulo, revelou que

Bebedouro ainda se mantém como uma das principais cidades paulistas produtoras de laranja,

mas aponta a cana-de-açúcar como a principal produção deste municipio.

A cana-de-açúcar também surge em Bebedouro após uma crise, mas desta vez é a crise

no setor da citricultura. "Com o baixo preço da laranja, os produtores viram na cana-de-açúcar

uma saída honrosa para não 'quebrarem'", disse o Eng. Agr. Walkmar Brasil de Souza Pinto –

chefe da Casa da Agricultura de Bebedouro.

O objetivo deste trabalho é analisar e avaliar, através de dados coletados junto à

orgãos do setor do agronegócio, prefeitura municipal e até de profissionais da saúde as

mudanças ocorridas para a cidade de Bebedouro, para a sua população e para o meio ambiente

com o aumento da produção da cana-de-açúcar.

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Page 34: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

2 O histórico da agricultura de Bebedouro

2.1 O café

Desde a sua fundação em 1884, Bebedouro já atraia agricultores interessados em

estabelecer laços com esta terra, visivelmente, produtiva.

Os pioneiros, que iam chegando, procuravam se instalar em casas de pau-a-

pique e, aos poucos, formando suas fazendas que se transformariam mais tarde no celeiro do café do Brasil. Quem aqui chegava percebia o valor da

terra-roxa-arenosa, a melhor do mundo para o cultivo do café. As matas

seculares da região e suas espécies qualificadas que indicam a produtividade do solo. A presença do arbusto Figueira Branca e Pau D'Alho, por exemplo,

sabiam os pioneiros-bandeirantes, eram indício e garantia de colheitas

abundantes (COSTA, 1996, p. 25)

E os pioneiros não estavam errados. Os cafezais prenominaram nas terras de

Bebedouro, assim como em todo o Estado de São Paulo, até o ano de 1929/30 quando houve a

crise do café.

Segundo Fernandes (2006), nesta época, jornais noticiavam as falências e tragédias

familiares, como esta: "No interior o café é queimado, pois não há esperança de venda, nem

há como arcar com o alto custo da estocagem e os grandes fazendeiros naufragam em dívidas

vendendo as jóias de família para sobreviver".

Em Bebedouro não foi diferente. Izidoro Filho (1991, p. 590) comentou uma notícia

do Correio de Bebedouro no ano de 1938 que dizia: "Queimando café em Bebedouro".

...o governo brasileiro ficou sem saber como fazer com tanto café estocado nos armazéns. Foi daí que o Governo Federal, na época do sr. Getúlio

Dorneles Vargas, se fez reunir com seus ministros de Estado, e resolveram o problema pelo mais fácil meio encontrado: queimar grandes partes dos

estoques de café, para não fazer exportação por um determinado epaço de tempo e forçar os fazendeiros a não produzirem café enquanto durasse a

crise e o estoque no mercado internacional

Queimar o café estocado foi a saída que o Governo Federal, na época de Getúlio

Vargas, encontrou para acabar com o estoque dos armazéns gerais e do governo federal.

Bebedouro era dona de uma grande lavoura, pois, segundo Izidoro Filho (1991, p.591)

possuia mais de 8.000.000 de pés de café.

Ainda existe em Bebedouro o enorme barracão onde era estocado o café da região. O

armazém é utilizado nos tempos de hoje (2009) pela Coopercitrus.

2.2 A laranja

A laranja apareceu como um sinal de esperança aos produtores de Bebedouro

decepcionados com a crise e o consequente fim da produção do café. Começa a substituição

dos cafezais pelos laranjais.

Segundo Izidoro Filho (1991, p. 588) o sr. Antonio Alves de Toledo, prefeito

municipal na época, criou um Departamento Municipal de Fomento à Fruticultura, para

incentivar e impulsionar a expansão da citricultura. Através de um Edital, o sr. Prefeito

Municipal anuncia: "O Departamento Municipal de Fomento à Fruticultura recebe, desta data

em diante, encomenda para o fornecimento de 61.200 mudas de laranjeiras aos lavradores

deste município, as quais serão entregues entre Setembro e Dezembro de 1938".

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Vale ressaltar que o sr. Antonio Alves de Toledo foi visionário e, com os incentivos,

se antecipou ao pior que aconteceu com os produtores de café, que foi a queima dos estoques

armazenados de café, já que o incentivo à citricultura deu-se, ainda segundo Izidoro Filho, em

1936.

A produção da laranja foi crescendo ao longo dos anos, não apenas em Bebedouro,

mas em toda a região central e norte do Estado de São Paulo. Em 1956, a região de

Bebedouro já contava com um grande número de árvores:

Na região de Bebedouro já se contavam com um número expressivo de 3

milhões de árvores. Os ótimos laranjais de Limeira, Bebedouro, Matão,

Araraquara e outros menores centros do nosso Estado já contavam com um

número expressivo de 8 milhões de pés de laranjeiras. O nosso solo, o clima, são dois fatores importantes para a vegetação, crescimento e produção de

nossos pomares (IZIDORO FILHO, 1993, p. 96)

Este ano de 1956 foi de muita importância para a laranja de Bebedouro. Costa (1996,

p. 116) cita que neste ano fundou-se a Cooperativa dos Citricultores de Bebedouro e em 01 de

janeiro de 1956 iniciou aqui as atividades exportadoras da laranja do sr. José Cutrale Jr.

De 03 a 07 de agosto de 1960, realiza-se, com o patrocínio da Prefeitura e colaboração

da Casa da Lavoura (atual da Casa da Agricultura), a I Festa da Laranja de Bebedouro.

(Costa, 1996)

A Festa da Laranja, que depois passou a se chamar Feira Citrícola Comercial

Industrial de Bebedouro (FECCIB) ficou conhecida como um grande evento da cidade e

marcou época em Bebedouro.

"A famosa festa, em que personalidades nacionais e internacionais se apresentaram é

saudade". (www.ojornalbebedouro.com.br)

O mercado internacional demorou a ser conquistado pelas laranjas bebedourenses. Isso

só veio a acontecer quase três décadas após o início da produção em Bebedouro.

Bebedouro começou a deslanchar na produção de citrus em 1964, quando

exportou um total de 1.178.273 caixas de laranjas ou aproximadamente 40% da exportação nacional. Em 1965 já mantinha o primeiro lugar nas

exportações com embarque de 2.180.102 caixas, equivalente a 46% das

exportações brasileiras (COSTA, 1996, p. 58)

E assim foi cada vez mais ganhando seu espaço e participação no volume de vendas ao

exterior. Bebedouro foi trilhando seu caminho que a levaria a conquistar seu orgulhoso título

de "Capital Nacional da Laranja".

Com o aumento da cotação da laranja e vendas ao exterior, Bebedouro passa ater um

acréscimo de população devido a migração de todo o país. (Izidoro Filho, 1993)

Por volta dos anos de 1984/85, a participação no volume de vendas ao exterior só tinha

aumentado, conseguindo obter até mesmo um superávit nas exportações, como comenta Costa

(1996, p. 58): "Bebedouro disparou na produção. Com um superávit nas exportações em

1984, com 300 milhões de caixas, os sucos cítricos brasileiros geraram recursos de US$ 1,0

bilhão para o país". Com isso pode-se confirmar o quanto Bebedouro conquistava sua

importância para o crescimento, não apenas de sua região e Estado, mas de todo o País.

2.2.1 Levantamentos censitários da produção de laranja

Os censos agronômicos do Estado de São Paulo são realizados pelo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística – o IBGE e também pela Secretaria da Agricultura e têm por

34

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objetivo levantar "todos os dados estatísticos e informações que possam ser úteis aos

lavradores ou às indústrias e ao comercio mais relacionados com a agricultura"

(www.cati.sp.gov.br/projetolupa).

Abaixo segue alguns dados dos levantamentos censitários da produção da laranja de

Bebedouro:

TABELA 1 – Evolução da produção da laranja em Bebedouro

Ano

Laranjeiras

1959 1970 1985 1991 1995

965.014 4.731.865 8.500.000 9.000.000 8.400.000

Fonte: Costa (1996) e Casa da Agricultura de Bebedouro.

Percebe-se o progresso da produção da laranja, de acordo com os dados disponíveis,

até o ano de 1991. A informação que se segue, do ano de 1995, já demonstra uma queda, no

número de laranjeiras, de mais de 6%.

De acordo com o Eng. Agr. Walkmar Brasil de Souza Pinto, chefe da Casa da

Agricultura de Bebedouro, até o ano de 1991 o município de Bebedouro tinha em média

45.000 hectares de plantação de laranja o que resulta em torno de 9.000.000 laranjeiras, se

considerada a média plantada na época, que era de 160 a 200 pés de laranja por hectare.

A plantação de cana-de-açúcar neste mesmo ano era em torno de 3.000 hectares.

2.3 A cana-de-açúcar

Enquanto no ano de 1995 Bebedouro registrava queda na produção de laranja,

registrava-se também um significativo aumento na produção da cana-de-açúcar numa área de

16.200 hectares (COSTA, 1996). Se comparado ao ano de 1991, quando a cana-de-açúcar

ocupava uma área de 3.000 hectares, o aumento do plantio foi de mais de 400%.

Segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o censo

agropecuário de produtores rurais chamado projeto Levantamento Censitário das Unidades de

Produção Agropecuária - Projeto LUPA (www.cati.sp.gov.br/projetolupa), realizado nos anos

de 1995/96, a cana-de-açúcar apresentava-se como a segunda cultura agrícola de Bebedouro

com 15.452,40 hectares, ocupando 279 UPAS (Unidade de Produção Agrícola), perdendo

apenas para a laranja que neste censo apareceu como o principal cultivo agrícola de

Bebedouro com 33.211,50 hectares em 633 UPAS.

O último Projeto LUPA, iniciado em julho de 2007 e concluído em setembro de 2008,

mostrou que Bebedouro, tem agora a cana-de-açúcar como a principal cultura, apresentando-

se em 34.348 hectares, seguido pela laranja com 18.053 hectares.

Vale ressaltar que, mesmo com o avanço da cana-de-açúcar e a conseqüente

diminuição dos pomares de laranja, Bebedouro ainda se mantém nas primeiras posições das

cidades produtoras da laranja no Estado de São Paulo, ocupando a terceira posição,

representando 2,44% do total dos hectares do Estado com essa plantação.

Bebedouro só perde para as cidades de Itápolis e Casa Branca, que apresentam uma

produção de laranja que ocupa 4,27% e 2,67%, respectivamente, do total de hectares do

Estado de São Paulo ocupados com essa produção.

Porém, esses dados apresentados por esse projeto, que foi lançado em março/2009, já

estão ultrapassados, segundo o chefe da Casa da Agricultura de Bebedouro. Walkmar Brasil

de Souza Pinto disse que, nos últimos meses, mais áreas de plantação de laranja foram

substituídos pela cana-de-açúcar e que, seguramente, no ano de 2010, Bebedouro terá

aproximadamente 36.000 hectares de cana-de-açúcar contra 16.000 de laranja.

35

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Com esses números, Bebedouro segue as estatísticas do Estado de São Paulo:

Hoje, a cultura mais frequente na agricultura paulista é a cana-de-açúcar

(31% das unidades de produção agropecuária). Comparando-se os resultados

atuais com os obtidos no censo agrícola de 1995/96, é notável o crescimento

da cultura da cana-de-açúcar, que continua sendo a primeira em área cultivada, com 5,5 milhões de hectares, acréscimo de 90%. (SAMPAIO

FILHO, 2009 – Projeto LUPA)

3 O cenário da Agricultura de Bebedouro após 1993

3.1 Crise no setor da citricultura

Assim como a crise de 1929/30 foi o marco para a entrada da laranja em Bebedouro, a

venda da Frutesp em 1993, foi o início da crise no setor da citricultura em Bebedouro.

A Frutesp, era uma indústria de suco controlada por uma cooperativa de

citricultores que dava transparência ao mercado e pagava aos citricultores o

mesmo valor dos concorrentes mais uma participação nos lucros. Isso gerava

certa competição entre as indústrias, e os preços variavam conforme a oferta e a procura. Com a sua venda, o que se seguiu foi o fortalecimento da

indústria, que assinaram entre si, um contrato mediante o qual fixavam as

participações de cada uma delas no mercado de suco de laranja, dividiam os citricultores, combinavam os preços pagos aos produtores e de venda do

suco. (Flávio P.C Viegas - presidente da ASSOCITRUS, 2009,

http://www.gtacc.com.br/noticias)

A crise no setor da citricultura abriu as portas para o plantio da cana-de-açúcar em

Bebedouro. Nas palavras do Sr. Walkmar Brasil de Souza Pinto, Chefe da Casa da

Agricultura de Bebedouro "com a venda da Frutesp, que era o 'termômetro' de preço da

laranja do Estado de São Paulo, houve uma concentração das demais indústrias que baixaram

o preço da laranja. A saída para o produtor era a cana-de-açúcar".

3.1.1 Produção da cana-de-açúcar x laranja

Segue abaixo alguns dados referentes ao ano de 2008 dessas culturas:

TABELA 2: Cana-de-açúcar e laranja em números

Exploração Área plantada

em hectares

Àrea

em %

Produção Valor da

Produção

Cana-de-açúcar 34.348 52,5 3.071.420 ton 119.785.410,00

Citros 18.053 28 8.500.000 caixas (40,8 kg) 68.000.000,00 Fonte: Casa da Agricultura de Bebedouro

Apesar da plantação de citros, em área plantada, ser quase a metade da área da

plantação de cana-de-açúcar, Bebedouro ainda alcança uma boa produção. Isso porque,

segundo dados da Casa da Agricultura, Bebedouro tem 25% dos pomares de laranja irrigados.

Em todo o Estado de São Paulo apenas 14% dos pomares são irrigados. Um pomar irrigado

representa uma produção bem maior, que pode chegar a 1000 caixas por hectare. Além disso,

nas renovações de pomares estão plantando de 400 a 600 pés por hectare. Antes o plantio era

de 160 a 200 pés por hectare.

3.2 Aumento do plantio de cana-de-açúcar

Com a crise no setor, muitos citricultores que deveriam renovar seus pomares, não o

fizeram, plantando, nos pomares onde antes tinha laranja, a cana-de-açúcar.

36

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Os talhões improdutivos (com mais de 15 anos) foram substituídos por cana- de-açúcar que era, de imediato, uma saída com retorno de investimento

rápido, já que a laranja demora, em média, 5 anos para começar render financeiramente ao produtor. Foi a saída honrosa para não "quebrar".

(Walkmar Brasil de Souza Pinto, Chefe da Casa da Agricultura)

Mesmo com a cana-de-açúcar já avançando, as safras ainda apresentavam aumento da

produção e segundo, dados da Casa da Agricultura, a safra da laranja de 1999 foi a maior da

história de Bebedouro com 428 milhões de caixas de 40,8 Kg colhidas, porém com uma

receita baixíssima sobre essa produção, pois a caixa foi vendida, em média, a US$ 1,00 (com

o dólar cotado a R$ 1,80 na época).

E nesse momento, a partir do ano 2000, a evolução cana-de-açúcar passou a ser

acelerada. O produtor já não acreditava mais em contratos celebrados com as indústrias de

laranja, já que estas firmaram contratos com os citricultores para pagamento da caixa de

laranja à US$ 10,00 e esses contratos não foram honrados. Os produtores, para não perder a

produção, "entregavam" sua laranja a U$ 1,00 a caixa. (Casa da Agricultura de Bebedouro)

4 Os principais impactos socioambientais do aumento da produção da cana-de-açúcar

4.1 Meio Ambiente

Conforme comentado anteriormente, a cana-de-açúcar é a principal cultura de

Bebedouro e região. Uma produção que divide opiniões por todo país, já que com a cana-de-

açúcar fabrica-se o etanol, que "desde abril de 2003 até o final de outubro de 2009, a frota de

veículos flex brasileira já evitou a emissão de mais de 75 milhões de toneladas de gás

carbônico (CO2) na atmosfera" (www.unica.com.br), mas por outro lado fazem uso da

queimadas para facilitar a colheita manual da cana-de-açúcar, sendo prejudicial ao meio

ambiente.

As queimadas da palha da cana-de-açúcar provocam vários impactos

ambientais negativos que afetam a sustentabilidade da própria agricultura. No solo, o fogo altera as suas composições químicas, físicas e biológicas,

prejudicando a ciclagem dos nutrientes. (Ferreira, 2007)

A produção da cana-de-açúcar esta sempre atrelada à sustentabilidade por ser uma

energia natural, limpa, renovável e por poluir menos o ambiente do que os derivados do

petróleo(www.etanolverde.com.br)

À população, frequentemente se apresentam as contribuições da exportação do açúcar

e álcool para a economia brasileira. Deixa-se de lado, porém, os gastos atuais e futuros com o

adiamento de soluções para problemas como o das queimadas (www.sppt.org.br)

Lopes e Ribeiro (2006), em um artigo publicado ne Revista Brasileira de

Epidemiologia, citam alguns problemas causados à população durante o período de

queimadas, e relatam os problemas segundo moradores das áreas afetadas:

• Sujeira em casas, comércio e locais públicos;

• Aumento do consumo de água de abastecimento público para garantir a

limpeza dos locais afetados com maior freqüência;

• Aumento dos acidentes em rodovias devido à falta de visibilidade;

• Problemas respiratórios, notadamente em crianças e idosos;

• Interrupção de serviços de energia elétrica por problemas causados em linhas

de transmissão próximas a área da queimada;

• Desperdício de energia;

37

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

• Eliminação de animais silvestres, pássaros, etc.;

• Emissão de gases prejudiciais ao meio ambiente;

• Destruição da palha que não se incorpora ao solo.

O uso do fogo nas plantações de cana-de-açúcar acaba sendo um agravante em vários

setores, por exemplo:

Para o solo - altera sua composição química, física e biológica (Ferreira, 2007). Sendo

assim, necessitará de uma maior concentração de herbicidas e agrotóxicos para combater

pragas.

Ao reduzir a diversidade de vegetais e animais e ao colocar juntas, a curta

distância, plantas de uma mesma espécie, o homem favorece a sobrevivência de certos herbívoros. Livres dos inimigos naturais, tais herbívoros tornam-se

uma população numerosa, passando a ser considerados pragas. Para combatê-los, a maioria dos agricultores recorre a produtos químicos,

reduzindo ainda mais a estabilidade do agroecossistema, já que o veneno aniquila também os predadores das pragas (www.revistaescola.abril.com.br)

Para os animais – o uso do fogo também acontece para acabar com os animais

peçonhentos do canavial para dar segurança ao cortador de cana. Mas com isso, atingem

também outros animais que não fariam mal algum a nenhum cortador de cana e apenas

estavam ali fazendo do canavial o seu refúgio.

Muitos animais por não encontrarem mais as matas nativas que foram

destruídas para implantação dos canaviais, tem como único abrigo o próprio

canavial. Por este motivo, é muito comum o animais silvestres se multiplicarem no meio dos canaviais, onde muitas aves, como pombas,

nhambus, codornas e perdizes fazem seus ninhos e colocam seus ovos,

também atraídas pela farta oferta de insetos. Essa povoação atrai predadores como cobras, ratos e lagartos, que por sua vez atraem outros predadores de

maior porte, como o cachorro-do-mato, o lobo-guará e a onça-parda. A esta

população juntam-se outros animais, como a capivara e a paca. (Ferreira,

2006)

Geralmente, o fogo é colocado nos quatro lados de um talhão de cana-de-açúcar, para

que não se espalhe para outros talhões ou para áreas de preservação. Dessa forma, o fogo

parte das extremidades e vai em direção ao centro. Sendo assim, os animais que ocupam a

área não tem como fugir do fogo que avança e acabam morrendo carbonizados.

Para que isso não aconteça com freqüência, é necessário que a queimada de um talhão

seja feita por dois, não por quatro lados e com um aceiro (uma área onde se retira a vegetação

em excesso) para evitar a propagação do fogo.

Segundo Ferreira (2006), no Estado de São Paulo as queimadas têm sido feitas

geralmente a partir de dois lados dos canaviais, para reduzir os riscos de acidentes.

Quanto à poluição atmosférica, apesar de muito se divulgar sobre os benefícios da

cana-de-açúcar enquanto planta, que absorve naturalmente o CO2 enquanto cresce, sobre a

bioeletricidade que é o uso do bagaço para geração de eletricidade evitando as emissões na

atmosfera e ainda, as reduções de gases liberados na atmosfera pelo carro a álcool

(www.etanolverde.com.br), pouco se fala dos prejuízos ambientais causados pelas queimadas.

Mas as pesquisas focadas nesta área indicam que a fumaça lançada na atmosfera

durante as queimadas da cana-de-açúcar afetam a saúde dos seres vivos, contribuem para a

destruição da camada de ozônio e consequentemente causam o esfeito estufa.

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

As queimadas causam a liberação para a atmosfera de ozônio, de grandes

concentrações de monóxido de carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2), que afetam a saúde dos seres vivos. As queimadas liberam grandes

quantidades de gases que contribuem para a destruição da camada de ozônio

na estratosfera e, assim, possibilitam que raios ultravioletas atinjam em maior quantidade a Terra e causem efeitos cancerígenos e mutagênicos. Por

outro lado, os gases que ficam concentrados na atmosfera absorvem a

energia térmica dos raios infravermelhos refletidos pela superfície da Terra,

contribuindo com o efeito estufa que gera uma reação em cadeia negativa para o planeta (Ferreira, 2006)

Em Bebedouro, os números de focos de queimadas registrados pelo Inpe (Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais) tiveram seu auge em 2005, com 51 focos de queimadas

resgistradas por satélites do período noturno.

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente determina que as queimadas da cana-de-

açúcar aconteçam durante a noite, sempre que a umidade relativa do ar esteja baixa

(geralmente nos meses de julho à outubro). Quando a umidade relativa do ar se encontra

abaixo de 20%, a queima da palha da cana fica suspensa em qualquer horário. (Resolução

SMA - 34, de 2-7-2007, publicada no Diário Oficial em 03 de julho de 2007)

Portanto, acreditando-se que, devido essa determinação da Secretaria Estadual do

Meio Ambiente, esses focos registrados sejam os que retratem a realidade das queimadas da

cultura canavieira em Bebedouro.

O gráfico abaixo mosta os números dos focos de queimadas dos últimos 10 (dez) anos

em Bebedouro:

FIGURA 1: Focos de queimadas em Bebedouro

60

45 41

Focos de Queimadas em Bebedouro

51

46

30 26 28 27

20 19 22

18

15 11

0

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Fonte: Inpe

Neste ano de 2009 foram registrados apenas 11 focos de queimadas noturnas em

Bebedouro, o menor dos últimos 10 anos. Este número tão inferior, se comparado aos outros

anos, é um reflexo da mecanização da cultura da cana-de-açúcar, que segundo informações do

Sindicato Rural, já chega, em torno de, 60% (sessenta por cento) das áreas com plantio de

cana em Bebedouro.

4.2 Social

Dentre os impactos sociais podemos citar dois: A saúde e os empregos.

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

4.2.1 Saúde

As queimadas da cana-de-açúcar tem afetado não só os cortadores de cana-de-açúcar,

mas também a população das cidades onde as plantações de cana estão presentes.

Alguns estudos e pesquisas que tentam fazer uma ligação entre o aumento das

queimadas e aumento de complicações no sistema respiratório, tem revelado conclusões

positivas para esta ligação.

O Dr. José Eduardo Delfini Cançado, presidente da Sociedade Paulista de

Pneumologia e Tisiologia (SPPT), apresentou em 2003 uma tese de doutorado sobre o

assunto, que apresentou à Faculdade de Medicina da USP. A tese foi adaptada em forma de

artigo e publicada em 2006 na revista científica Environmental Health Perspectives.

Baseado em uma pesquisa realizada pela Escola Superior de Agronomia Luiz de

Queiroz (ESALQ-USP), Dr. Cançado coletou e analisou particulas suspensas em

Piracicaba/SP e definiu quanto da poluição atmosférica da cidade advém da queima de

combustíveis fósseis (automóveis, por exemplo), da indústria e da queima de biomassa (cana,

principalmente). A análise dos dados confirmou que 75% das partículas finas provêm da

queima da cana-de-açúcar.

Diversos estudos, realizados por pneumologistas, biólogos e físicos,

confirmam que as partículas suspensas na atmosfera, especialmente as finas e ultrafinas, penetram no sistema respiratório provocando reações alérgicas e

inflamatórias. Além disso, não raro, os poluentes vão até a corrente

sangüínea, causando complicações em diversos órgãos do organismo (www.sppt.org.br)

O Dr. Cançado explica, em matéria no site da Sociedade Paulista de Pneumologia e

Tisiologia (SPPT), que também correlacionou as queimadas com o numero de internações no

Sistema Unico de Saúde (SUS) e observou que há aumento de internações de crianças e

idosos com complicações respiratórias durante a safra de cana-de-açúcar.

Em Bebedouro foram consultados o Otorrinolaringologista Dr. José Pedro N. Buzatto

e o Pneumologista Dr. Edgar Cheli Jr., que confirmam que há um aumento significativo de

pacientes em seus consultórios que apresentam algum tipo de alergia e complicações

respiratórias durante o período das queimadas em Bebedouro.

Mas as queimadas no Estado de São Paulo estão com os dias contados. A Lei N.

11.241, de 19 de setembro de 2.002 dispõe sobre a eliminação gradativa da queima da palha

da cana-de-açúcar da seguinte forma em seu artigo 2º:

Artigo 2º - Os plantadores de cana-de-açúcar que utilizem como método de

pré-colheita a queima da palha são obrigados a tomar as providências

necessárias para reduzir a prática, observadas as seguintes tabelas:

ANO PERCENTAGEM DE ELIMINAÇÃO

1º ano (2002) 20% da queima eliminada

5º ano (2006) 30% da queima eliminada

10º ano (2011) 50% da queima eliminada

15º ano (2016) 80% da queima eliminada

20º ano (2021) Eliminação total da queima

A tabela acima aplica-se à áreas onde seja possível a mecanização, ou seja, áreas com

mais de 150 ha (cento e cinquenta hectares) e declividade igual ou inferior 12% (doze por

cento). Nas chamadas áreas não-mecanizáveis, com declividade superior a 12% (doze por

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cento), o início da eliminação gradativa da queima da palha da cana-de-açúcar, será a partir de

2011 com prazo para total eliminação da queima até 2031 (www.ambiente.sp.gov.br).

Após a criação desta Lei, houve ainda a criação de um Protocolo Agroambiental do

Setor Sucroalcooleiro que prevê a antecipação do fim da queima da palha da cana-de-açúcar.

Assim, o setor paulista se comprometeu a antecipar, em até 14 anos, os referidos prazos,

sendo antecipado o fim da queima da palha de cana-de-açúcar em áreas mecanizáveis para o

ano de 2014 e em áreas não mecanizáveis para o ano de 2017.

A adesão ao Protocolo Agroambiental não é obrigatória, mas as Usinas que cumprirem

as normas do Protocolo irão receber um certificado de conformidade ambiental que deve

facilitar, por exemplo, a exportação de açúcar e álcool para países que ameaçam impor

barreiras técnicas aos produtos brasileiros (www.tribunaimpressa.com.br).

4.2.2 Empregos

A eliminação das queimadas significará melhores condições de saúde à população das

cidades onde predominam a cultura da cana-de-açúcar, porém com a mecanização da cana-de-

açúcar faz surgir outro problema social: o desemprego dos cortadores de cana-de-açúcar.

O Jornal Folha de São Paulo do dia 12 de novembro de 2009 traz em seu caderno

Folha Ribeirão uma matéria onde diz que a mecanização do corte da cana já fechou 23 mil

postos de trabalho em todo o Estado de São Paulo.

Segundo Marcos Jank, Presidente da UNICA – União da Indústria de Cana-de-Açúcar,

"a qualificação da mão-de-obra como complemento ao processo de mecanização da colheita

de cana-de-açúcar é peça fundamental em um contexto de crescimento do setor

sucroenergético brasileiro".

Com o aumento das áreas com corte mecanizado haverá uma demanda por

profissionais capacitados e as Usinas terão capacidade de absorver parte dos trabalhadores

que poderão perder seus empregos no corte da cana-de-açúcar.

No dia 25 de junho de 2009, no Palácio do Buriti, em Brasília, Marcos Sawaya Jank,

Presidente da Unica fez o lançamento do ―Compromisso Nacional para Aperfeiçoar

as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar‖, que é um compromisso envolvendo

Empresários, Trabalhadores e o Governo Federal para treinamento e requalificação de

trabalhadores impactados com a mecanização da cana-de-açúcar.

Serão 7 mil pessoas beneficiadas por ano, entre trabalhadores e integrantes

das comunidades em seis regiões canavieiras do Estado de São Paulo. Serão oferecidos cursos de motoristas canavieiros, operadores de tratores e

colhedoras, mecânicos, eletricistas e soldadores, além de programas voltados

para outros setores da economia como reflorestamento, horticultura, artesanato, construção civil, computação, hotelaria e turismo.

4.2.2.1 Empregos em Bebedouro

O Sr. José Osvaldo Junqueira Franco, Presidente do Sindicato Rural de Bebedouro,

explicou que aqueles trabalhadores rurais das plantações e colheita de laranja não foram

absorvidos pelo mercado da cana-de-açúcar, mesmo porque são funções completamente

diferentes e que exigem habilidades diferentes. O trabalhador da laranja necessita não só de

técnica, mas de desvelo no manuseio da laranja e a cana-de-açúcar exige força e resistência

física. Completou ainda que os trabalhadores dos canaviais de Bebedouro são, em sua

maioria, das cidades vizinhas, onde se localizam as Usinas de Açúcar e Álcool, pois toda a

contratação de funcionários ocorrem na própria Usina.

41

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Desta forma, Bebedouro já vem carregando um crescente número de desempregados

desde que os canaviais tomaram conta de quase toda a área da agricultura da cidade e a

mecanização da colheita de cana-de-açúcar não afetará os empregos do município.

A tabela abaixo traz, de forma comparativa, a situação de admissões e demissões do

ano de 2000 e do último ano.

TABELA 3: Empregos no agronegócio de Bebedouro

Empregos no Agronegócio

Ano de 2000 Ano de 2008 Ano de 2009 Período de janeiro a dezembro Período de janeiro a dezembro Período de janeiro a setembro

Admissões Demissões Saldo Admissões Demissões Saldo Admissões Demissões Saldo

4.015 2.029 1.986 14.839 12.563 2.276 13.387 10.924 2.463

Período de Janeiro/2000 a

Dezembro/2008

Admissões Demissões Saldo 73.846 74.724 -878

Fonte: Caged

Pelos dados acima pode-se observar que no ano de 2000, quase 50% (cinquenta por

cento) dos trabalhadores contratados mantiveram seus empregos. Já no ano de 2008 o número

de admissões foi bem maior, porém o de demissões também foi relativamente alto chegando a

quase 85% (oitenta e cinco por cento) do total das admissões. O ano de 2009, ainda sem

fechamento, confirma também a instabilidade de empregos no setor.

4.3 Economia de Bebedouro

A agricultura não gera apenas empregos, movimenta toda a economia de uma cidade.

O Sr. José Osvaldo Junqueira Franco, Presidente do Sindicato Rural, explicou que a laranja é

descentralizada, ao contrário da cana-de-açúcar que é toda centralizada nas Usinas. Serviços

que poderiam ser feitos no município como os de técnicos agrícolas, mecânicos de máquinas

e até mesmo borracheiros, que movimentariam outros setores da economia da cidade, são

feitos por profissonais contratados exclusivamente pela Usina. Sendo assim, Bebedouro mais

uma vez se vê sem os benefícios da cana-de-açúcar produzida aqui.

Bebedouro não tem Usina de Açúcar e Álcool e, segundo informações da Casa da

Agricultura de Bebedouro, a cana-de-açúcar cultivada aqui vai para 10 (dez) usinas da região.

São elas:

• Usina Bertolo - Santa Adélia/SP;

• Usina Nardini Agroindustrial Ltda. - Vista Alegre do Alto/SP;

• Cia. Energética São José - Colina/SP;

• Viralcool Açúcar e Álcool Ltda. – Pitangueiras/SP;

• Usina Andrade - Pitangueiras/SP;

• Usina MB - Morro Agudo/SP;

• Usina Ruette – Paraíso/SP;

• Usina Catanduva S/A Açúcar e Álcool – Catanduva/SP;

• Cia. Energética Santa Elisa – Sertãozinho/SP;

• Açúcar Guarani – Unidade de Severínia/SP.

Essas usinas exploram aqui em torno de 36 mil hectares e, sabendo que nenhuma se

localiza na cidade de Bebedouro, conclui-se que os impostos, como o ICMS (Imposto sobre

42

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Circulação de Mercadorias e Serviços), de toda a produção de cana-de-açúcar não é repassado

para Bebedouro, e sim para essas cidades descritas acima.

O Deputado Estadual Baleia Rossi, que esteve em Bebedouro em Agosto/09, discutiu

com o atual Prefeito Municipal, João Batista Bianchini, algumas formas para se buscar

recursos junto ao Estado, principalmente no que diz respeito à cultura da cana-de-açúcar. O

objetivo é buscar junto à Assembléia Legislativa uma política de melhor distribuição dos

recursos advindos da cana-de-açúcar. "A luta é para que o Estado repasse recursos para os

municípios cujas terras abrigam canaviais, mas não possuem usinas de açúcar e álcool, por

isso, não recebem os benefícios do ICMS‖, disse o Deputado Baleia Rossi

(www.bebedouro.sp.gov.br)

5 Considerações finais

Alguns citricultores ainda tentam se manter com a produção da laranja e a maioria só

conseguem graças a uma iniciativa criada através de um projeto, com o objetivo de incentivar

o pequeno produtor a renovar seus pomares de laranja, já que um pomar, com uma média de

15 anos, não é mais produtivo.

O pequeno produtor que está com seu pomar "velho" e também sem nenhuma reserva

financeira, devido a baixa remuneração pela caixa da laranja, não tem condições de renovar

sua plantação. Isso, fatalmente, o levaria a arrendar suas terras para uma Usina e abandonar a

produção da laranja.

O FEAP (Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista) consiste em oferecer recursos

ao pequeno produtor, ou seja, produtores com renda anual de, no máximo, R$ 400mil,

visando o desenvolvimento do agronegócio no Estado.

O produtor pode financiar até R$ 100 mil e com condições atrativas, sendo juros de

3% a.a (tres por cento ao ano) e prazo de 3 (tres) anos para começar a pagar, que é quando a

laranja começa a dar os primeiros retornos financeiros ao produtor.

Este programa do Estado, conta hoje com diversas linhas de financiamento. O que

muitos não sabem é que este é um dos poucos programas de incentivo ao desenvolvimento

que começou de "baixo para cima", ou seja, começou aqui em Bebedouro e chegou a

abrangência do Estado. Como dito anteriormente, o Sindicato Rural, em parceria com a Casa

da Agricultura de Bebedouro, elaboraram este projeto e o entregaram nas mãos do Deputado,

e também Engenheiro Agrônomo, Duarte Nogueira, que o assinou e conseguiu levá-lo até o

governo estadual que o aprovou.

Em Bebedouro, vários produtores fizeram este financiamento e, graças a isso, se

mantiveram na produção da laranja e já conseguem colher os primeiros frutos deste

investimento.

6 Conclusão

A agricultura em Bebedouro passou por duas grandes transformações e as duas,

devido a uma crise no setor da cultura existente em cada época. Com a crise do café veio a

laranja e com a crise da laranja veio a atual cultura de Bebedouro – a cana-de-açúcar. E as

coincidências não param por aí.

Em ambas modificações de culturas, os produtores não podem ser responsabilizados,

pois não tiveram escolha.

Na crise do café, os produtores foram literalmente obrigados pelo governo da época a

suspender toda a produção e ainda queimar os estoques que lhes restavam. Com a crise no

setor da laranja, os citricultores também foram praticamente "obrigados" a trocar sua escolha

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

de produção, não pelo governo, mas pelos baixos preços pagos pelas indústrias por caixa de

laranja.

A diferença é que a produção da laranja trouxe a Bebedouro um reconhecimento mundial

pela qualidade das suas produções e, ainda, prosperidade e desenvolvimento econômico, que

proporcionava qualidade de vida a seus moradores.

Da mesma forma que os resultados positivos da plantação da laranja, em Bebedouro,

começaram a apararecer somente depois de 20 (vinte) anos após o início de seu plantio,

esperamos também poder ver os resultados positivos para a cidade com a plantação da cana-

de-açúcar, pois se comparada ao tempo da cultura da laranja, a cana-de-açúcar ainda deixa a

desejar, falando em termos de qualidade de vida e progresso de Bebedouro.

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

A importância da auditoria nas empresas

Glaucia Gandini Statuti (Graduação em Ciências Contábeis - IMESB) [email protected]

Luis Antonio Nogueira (Professor Orientador - IMESB) [email protected]

Resumo: No Brasil, a auditoria surgiu na época colonial, quando o juíz era a pessoa de

confiança do rei, designada pela Coroa Portuguesa para conferir o recolhimento dos tributos

ao Tesouro, reprimindo e punindo fraudes. Com a expansão do mercado as empresas

sentiram necessidade de ampliar seu desenvolvimento tecnológico aperfeiçoando os controles

e procedimentos internos visando principalmente a redução de custos com a intenção de

tornar seus produtos mais competitivos no mercado. Para que essa mudança acontecesse os

investidores precisavam conhecer a posição patrimonial e financeira de sua empresa, e para

obter essas informações era preciso analisar as demonstrações contábeis. Com isso as

demonstrações contábeis passaram a ter uma grande importância fazendo com que os

investidores exigissem que esses registros fossem examinados por um profissional com

capacidade técnica, como medida de segurança. Esse profissional é o auditor, que analisa os

lançamentos contábeis referente ao ano de exercício e emite sua opinião. A auditoria é uma

análise cuidadosa das atividades desenvolvidas em determinada empresa ou setor, cujo

objetivo é averiguar se as mesmas estão de acordo com as disposições planejadas e/ou

estabelecidas previamente, se foram implantadas com eficácia e se estão adequadas à

consecução dos objetivos. Portanto é necessário colher as evidências que comprovam as

informações encontradas nos registros contábeis, para que consiga desenvolver um trabalho

buscando o objetivo principal que é mostrar o erro para que ele seja reparado. Atualmente a

auditoria constitui uma função de apoio à gestão, pois além de importante, tornou-se

imprescindível no mundo empresarial.

Palavras-chave: Auditoria. Análise. Registros.

1 Introdução

Com a atual evolução do mundo, as organizações têm a necessidade de expandir cada

dia mais suas atividades, investindo em tecnologias capazes de aprimorar os controles e

procedimentos em geral visando sempre à redução de custos, e fazendo com que seus

produtos não deixem de atender as necessidades do mercado.

Para que essa mudança acontecesse os investidores precisavam conhecer a posição

patrimonial e financeira de sua empresa, e para obter essas informações era preciso analisar as

demonstrações contábeis.

Com isso as demonstrações contábeis passaram a ter uma grande importância fazendo

com que os investidores exigissem que esses registros fossem examinados por um profissional

com capacidade técnica, como medida de segurança. Esse profissional é o auditor, que analisa

e coloca nos papéis de trabalho sua avaliação dos lançamentos contábeis referente ao ano de

exercício e emite sua opinião através do parecer.

O auditor revisa tais afirmações de forma crítica e, quando completa essa revisão, emite relatório em separado, no qual dá seu próprio parecer quanto à

fidelidade das demonstrações feitas pela administração (CREPALDI, 2000, p. 26).

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

A auditoria interna e externa são os instrumentos mais eficazes para evitar

irregularidades nos negócios, esse trabalho abrange fatores técnicos de uma função

basicamente normativa e preventiva.

A auditoria consiste em confrontar os registros contábeis com as atividades

desenvolvidas na empresa, e verificar a exatidão, integridade e autenticidade de tais

demontrações, registros e documentos.

Atualmente a auditoria deixou de ser nas empresas uma simples ferramenta criada pela

administração para aumentar seus controles, mas passou a ser um instrumento fundamental na

confirmação da eficiência desses controles que é o fator de maior garantia para os

investidores.

Para que a auditoria seja bem sucedida existem normas e procedimentos que devem

ser seguidas pelo auditor para controlar a qualidade do exame e do relatório.

O Conselho Federal de Contabilidade editou a resolução nº 751 de 29 de dezembro de

1993, no qual estão as Normas Brasileiras de Contabilidade, que estabelecem a regra de

conduta e procedimentos técnicos a serem observados na realização dos trabalhos de

auditoria.

Hoje em dia muitas pessoas vêem a auditoria como uma caçadora de erros sempre

atrás de problemas e nunca de soluções.

O que essas pessoas não sabem é que a auditoria está na empresa não somente para

apontar erros, mas para encontrar caminhos que devem ser seguidos a fim de manter um bom

controle e de evidenciar o funcionamento desta empresa para seus sócios, funcionários e

sociedade como um todo.

A auditoria é uma ferramenta para conseguir recursos para confrontar informações

evidenciando problemas, gerando questionamentos e buscando soluções para a resolução

desses problemas.

O presente trabalho pretende mostrar as formas, finalidades e resultados da Auditoria,

e como é importante seu uso em uma empresa, pois assim é possível verificar os

procedimentos dos controles internos garantindo precisão e segurança na tomada de decisões.

2 Origem da auditoria

Com a expanção dos negócios, as empresas sentiram a necessidade de dar maior

ênfase em seus procedimentos internos. Com isso era dificil o aministrador, ou em alguns

casos o proprietário da empresa supervisionar pessoalmente todas as atividades ocorridas,

portanto, de nada valia a implantação desses procedimentos se não houvesse uma pessoa

qualificada para acompanhar se estes estavam sendo devidamente seguidos.

Provavelmente o primeiro Auditor foi um guarda livros, a serviço do mercador italiano

no seculo XV ou XVI, que ficou conhecido por sua sabedoria técnica e passou a ser

consultado por outros para saber sobre suas transações. A auditoria tornou-se uma profissão a

partir do momento em que um especialista em escrituração deixou de praticá-la para atender

os demais, transformando-se em consultor público.

A auditoria surgiu primeiro na Inglaterra, que na época era dominadora e controladora

do comércio mundial passando a possuir grandes companhias sendo a primeira a instituir a

taxação dos impostos baseados no lucro da empresa.

Com o tempo diversas empresas com associações internacionais instalaram-se no

Brasil, e por esse motivo os investimentos no exterior precisavam ser auditados, assim

trouxeram todo um conjunto de técnicas de auditoria que posteriormente foram aperfeiçoadas.

47

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

3 Tipos e objetivos de auditoria

Podemos ver no quadro a seguir alguns dos diversos tipos de auditoria

Quadro 1 – Tipos e objetivos de auditoria

Tipos de auditoria Objetivos

Auditoria das demostrações contabeis Emissão de parecer sobre as demonstrações contábeis da empresa ou entidade em determinada data.

Auditoria interna Revisão sistemática das transações operacionais e do

sistema de controles internos, visando:

- à proteção dos bens e direitos da empresa contra

fraudes, desvios e desfalques;

- à constatação de possíveis irregularidades e usos

indevidos dos bens e direitos da empresa.

Auditoria operacional Avaliação sistemática da eficácia e eficiência das

atividades operacionais e dos processos administrativos, visando:

- ao aprimoramento contínuo da eficiência e eficácia

operacional, contribuindo com soluções.

Auditoria do cumprimento normativo ou compliance audit

Auditoria para a verificação do cumprimento/observância das normas e

procedimentos implantados pela empresa ou pelos

orgãos reguladores de determinadas atividades.

Por exemplo normas implantadas pelo Banco Central do Brasil a serem observadas pelas instituições

financeiras para o combate do crime de ―lavagem de

dinheiro‖

Auditoria de gestão Trabalhos dirigidos a análise dos planos e diretrizes da empresa, objetivando mensurar a eficiência da gestão

das operações e sua consistência com os planos e

metas aprovados.

Auditoria de sitemas Exames e avaliações de qualidade do sistema de computação e dados e dos controles existentes no

ambiente de tecnologia de informações, visando

otimizar a utilização dos recursos de computação de

dados, minimizar os riscos envolvidos nos processos e

garantir a geração de informações e dados confiáveis,

em tempo, ao menor custo possível.

Auditoria fiscal e tributaria Análise da eficiência e eficácia dos procedimentos adotados para a apuração, controle e pagamentos dos

tributos que incidem nas atividades comerciais e

operacionais da empresa.

Avaliação do planejamento tributário.

Auditoria ambiental Avaliação dos processos operacionais e produtivos das empresas visando (a) à identificação de danos ao meio

ambiente e quantificação de contingências (b)

preparação da empresa para receber o Certificado ISO

14000 – meio ambiente.

Auditoria nos processos de compras e vendas de empresas e reestruturações societárias –

incorporações, fusões, cisões e formação de joint

ventures

- auditoria das demonstrações contábeis das empresas envolvidas;

- assessoria na avaliação das empresas objetos de

negociação societária;

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Fonte: Oliveira, Filho (2001. p. 19)

- avaliação dos ativos objetos de negociação;

- identificação de contingências fiscais, trabalhistas,

ambientais, cíveis etc. nas empresas.

3 Conceitos

3.1 Auditoria interna

A Auditoria Interna tem o objetivo de ajudar a administração da empresa,

possibilitando-lhe conhecer todos os processos internos e políticas definido pela companhia,

assim como sistemas contábeis e de controle interno, se estão sendo efetivamente seguidos e

se as transações realizadas estão refletidas contabilmente em concordância com os critérios

previamente definidos. E principalmente demonstrar quais são os tipos de ferramentas que a

auditoria interna possui para ajudar os gestores para tomada de decisão.

A Auditoria Interna compreende os exames, análises, avaliações,

levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados para a avaliação da integridade, adequação, eficácia, eficiência e economicidade

dos processos, dos sistemas de informações e de controles internos

integrados ao ambiente e de gerenciamento de riscos, com vistas a assistir à administração da entidade no cumprimento de seus objetivos (ATTIE, 2007,

p. 34).

A auditoria interna é realizada por um auditor contratado da empresa, e tem a função

de examinar cada ramificação da empresa de maneira detalhada para observar se de fato as

normas definidas estão sendo corretamente seguidas.

3.2 Auditoria externa

A auditoria externa constitui um conjunto de procedimentos técnicos que tem por

objetivo emitir uma opinião sobre a adequação das atividades executadas que representam a

posição patrimonial e financeira, o resultado das operações, as mutações do patrimônio

líquido e as origens e aplicações de recursos da entidade auditada.

Logo conclui-se que a auditoria externa não tem o objetivo de detectar fraudes e erros,

ou para interferir na administração da empresa, ou ainda demitir pessoas ineficientes.

Naturalmente, no decorrer do trabalho o auditor poderá encontrar erros ou até mesmo fraudes

mais o seu objetivo está focado em emitir um parecer com sua opinião sobre a situação

ocorrida.

A Auditoria Externa é executada por profissional independente, sem ligação

com o quadro da empresa. Sua intervenção é ajustada em contrato de serviços. Os testes e indignações se espalham por onde haja necessidade de

levantar questões elucidativas para conclusão do trabalho ajustado

(CREPALDI, 2000, p. 48).

O auditor externo é um profissional contratado pela organização para a realização do

trabalho de forma independente, sem vínculo empregatício, mas é bom ressaltar que durante a

execução do serviço de auditoria o auditor externo tem acesso a muitas informações

confidenciais da empresa por isso deve manter sigilo dessas informações, mesmo dentro da

própria empresa.

Para que o auditor externo atinja seu objetivo é necessario que ele faça um

planejamento adequado de seu trabalho para avaliar o sistema interno relacionado com a parte

contábil da entidade auditada.

49

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

3.3 Diferenças entre auditoria interna e auditoria externa

Mesmo tendo o mesmo interesse no término do trabalho, devemos salientar que

existem diferenças fundamentais entre auditoria interna e externa, sendo as principais:

• Extensão dos trabalhos: o trabalho a se realizar na empresa pelo auditor interno, é

determinado pela gerência; enquanto ao auditor externo deve seguir regularmente as

normas usuais reconhecidas no país ou requeridas por legislação especifica.

• Direção: a direção feita pelo auditor interno assegura à empresa de que seu sistema

contábil e controles internos estão eficientemente funcionando, apresentando a

gerência os fatos com exatidão; já o auditor externo tem o dever de demonstrar aos

terceiros (acionistas, investidores, fornecedores, etc.) as demonstrações de forma que

reflitam com propriedade a situação contábil da empresa de certa data e os resultados

operacionais do período examinado.

• Responsabilidade: a responsabilidade do auditor interno, sendo funcionário da

empresa é para com a gerência; do auditor externo geralmente é mais ampla, pois ele

possui total independência em seus trabalhos.

• Métodos: embora existam essas diferenças apontadas, os trabalhos tanto do auditor

interno como de auditor externo utilizam em geral os mesmos métodos. O auditor

interno segue as normas de rotina interna observando se estão sendo cumpridas

exatamente dentro da cultura da empresa. O auditor externo observa o cumprimento

das normas associadas às Leis de forma que atenda o interesse coletivo.

Segundo Crepaldi, podemos resumir as diferenças entre auditoria interna e externa, no

seguinte quadro:

Quadro 2 Diferenças entre auditoria externa e auditoria interna

Elementos Auditoria Externa Auditoria Interna

Sujeito Profissional independente Funcionário da empresa

Ação e Objetivo Exame das demonstrações financeiras

Exames dos controles operacionais

Finalidade Opinar sobre as demonstrações financeiras

Promover melhorias nos controles operacionais

Relatório Principal Parecer Recomendações de controle interno e eficiência administrativa

Grau de Independencia Mais amplo Menos Amplo

Interessados no Trabalho A empresa e o público em geral A empresa

Responsabilidade Profissional, civil e criminal Trabalhista

Número de áreas cobertas pelo exame durante um período

Maior Menor

Intensidade dos trabalhos em cada

área Menor Maior

Continuidade do trabalho Periódico Contínuo

Fonte: Crepaldi.(2000. p. 51)

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

4 Formas e finalidades da auditoria

4.1 Formas

As formas mais conhecidas definem-se quanto à extensão, à profundidade, e a

tempestividade.

Quanto à extensão:

• Geral – abrange todas as unidades operacionais, ou seja, a auditoria poderá variar sua

profundidade segundo a confiança que o auditor tem em relação ao controle interno e

o sistema contábil da organização.

• Parcial – abrange especificamente algumas unidades operacionais, por se feita para

atender usuários internos e externos. Essa auditoria vai avaliar o custeio, a capacidade

da empresa de pagar seus compromissos, detectar desvios, erros, fraudes, etc.

• Por amostragem – analisa o controle interno, identificando áreas de risco para se

recorrer a determinados métodos ou modelos (estatísticos, tabelas, questionários), que

possam ser realizados para essa área. Analisa-se também o custo beneficio para definir

a profundidade dos exames (testes de aderência, substantivos ou detalhados) em ativos

materiais, financeiros e passivos.

Quanto à profundidade:

• Integral – compreende no exame detalhado dos registros documentados no sistema

controle interno e das informações finais geradas pelo sistema.

• Revisão analítica – é um exame mais razoável para obter certeza quanto à

fidedignidade das informações.

Quanto à tempestividade:

• Permanente – é feita habitualmente podendo ser constante ou sazonal, mas aplicada

em todos os exercícios sociais. Esse processo pode ser empregado tanto na auditoria

interna como na auditoria externa, pois vai oferecer vantagens em ambas as partes

fazendo com que o auditor tenha mais facilidade para trabalhar.

• Eventual – não tem caráter habitual, e exige do auditor um processo mais completo de

ambientação e planejamento todas as vezes que vai ser feita.

4.2 Finalidades

A auditoria tem por finalidade a certificação dos registros contábeis, quanto a sua

veracidade expondo os resultados a que chegou emitindo um parecer de auditoria.

As finalidades básicas em auditoria são:

• Usuário externo - interesse dos acionistas preferenciais, dos financiadores e do estado;

• Usuário interno – interesse dos acionistas ordinários, atendimento a estratégia de

investimentos em determinados projetos.

5 Vantagens e benefícios da auditoria

As vantagens e os benefícios da auditoria são inegáveis devido o seu caráter ser de

prevenção contra possíveis atos lesivos ao patrimônio e imagem da empresa. Mesmo o seu

custo sendo alto os investidores encaram a auditoria como um investimento para sua empresa.

Essas vantagens e benefícios podem ser resumidos da seguinte maneira:

5.1 Para as empresas

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

• Fiscaliza a eficiência dos controles internos;

• Contribui para a obtenção de melhores informações sobre a real situação econômica,

patrimonial e financeira da empresa;

• Dificulta desvios de bens patrimoniais e pagamentos indevidos;

• Assegura maior correção e confiança nos registros contábeis;

• Apontam falhas na organização administrativa da empresa e nos controles internos;

• Contribui para a solução dessas falhas.

5.2 Para os investidores

• Contribui para maior proteção dos bens e direitos da empresa;

• Aumenta a credibilidade das demonstrações contábeis e notas explicativas;

• Contribuí para maior exatidão das demonstrações contábeis,

• Assegura maior transparência nas informações sobre a empresa.

5.3 Para o fisco

• Permite maior exatidão das demonstrações contábeis;

• Assegura maior exatidão dos resultados apurados;

• Contribui para maior observância das leis fiscais.

6 Reflexos e da auditoria sobre a riqueza patrimonial

A auditoria reflete para a riqueza patrimonial uma proteção, dando maior segurança e

garantia aos proprietários, administradores, sócios e fisco nos seguintes aspectos:

• Aspecto administrativo – reduz os fatores disfuncionais, da ineficiência, da

incapacidade;

• Aspecto patrimonial – possibilita melhor controle dos bens, direitos e obrigações;

• Aspecto fiscal – é de rigoroso cumprimento das obrigações fiscais, resguardando o

patrimônio contra multas e penalidades decorrentes da Lei de sonegação fiscal;

• Aspecto técnico – contribui para maior eficiência dos serviços contábeis observância

dos princípios e normas na elaboração das DC‘s;

• Aspecto financeiro – resguarda créditos de terceiros (fornecedores e financiadores)

contra possíveis fraudes;

• Aspecto econômico – assegura melhores resultados na defesa dos interesses dos

investidores.

7 Normas e procedimentos de auditoria

As normas e os procedimentos contábeis são regras ditadas pelos reguladores da

profissão contábil e tem por objetivo estabelecerem diretrizes a serem seguidas pelos

profissionais no desenvolver de seus trabalhos.

Enquanto as normas de auditoria são normas para controlar a qualidade do

exame e do relatório, os procedimentos de auditoria descrevem as tarefas realmente cumpridas pelo auditor, na realização do exame (CREPALDI,

2000, p. 111).

52

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

De acordo com a norma NBC T 11 as informações que proporcionarem a abordagem

da auditoria, quantos aos atos de gestão, fatos ou situações observados, devem reunir

principalmente os seguintes atributos: concisão; objetividade; convicção; clareza;

integridade; coerência; oportunidade; apresentação e conclusivo.

Atualmente as normas que estão em vigor no Brasil são emitidas pelo CFC,

IBRACON, BACEN, CVM e Superintendência de Seguros Privados.

Conforme a resolução CFC nº. 700/91 de 24 de abril de 1991, as normas usuais e

reconhecidas pelo IBRACON podem ser divididas em três grupos:

• Normas relativas à pessoa do auditor – essa norma estabelece que a auditoria deverá

ser feita por pessoas que possuem competência adequada, para realizar as tarefas a

eles confiadas.

• Normas relativas à execução do trabalho - essa norma compreende em mostrar ao

auditor como ele deve se planejar para realizar seus trabalhos perante as Normas

Brasileiras.

• Normas relativas ao parecer - essa norma mostra os passos que o auditor deve seguir

para apresentar um parecer adequado ao trabalho que esta realizando.

Essas normas são requisitos a serem observados pelo auditor, pois determinam a

estrutura a ser desenvolvida e ajuda a decidir o que será necessário para a elaboração de um

exame das demonstrações financeiras, de um relatório ou até mesmo para medir a qualidade

dos atos destinados a atingir seus objetivos.

Os procedimentos são um conjunto de técnicas que permitem ao auditor obter

evidências ou provas suficientes e adequadas para fundamentar sua opinião sobre as

demonstrações contábeis auditadas.

A aplicação dos procedimentos de auditoria deve ser realizada em razão da

complexidade das operações, por meio de provas, testes e amostragens cabendo ao auditor

determinar quais exames serão necessários para encontrar os elementos de convicção que

sejam válidos.

8 Planejamento de auditoria

Para que o um trabalho seja executado dentro do prazo estipulado, com eficiência e

eficácia, deve ser planejado.

O plano de auditoria é uma tarefa traçada pelo auditor para que se cumpram

integralmente e no tempo certo todos os processos que devem ser executados no decorrer do

trabalho.

Os objetivos do planejamento de auditoria são atingidos a partir do momento em que

se é feito por escrito todos os caminhos que o auditor deve seguir para chegar a seu objetivo.

No entanto, existem alguns profissionais que dispensam a adoção do plano de

auditoria e prefere ser guiados pela intuição, o que pode prejudicar o seu trabalho. Pode se

dizer que os trabalhos de auditoria feitos sem um planejamento, tendem a ser improdutivos

não atendendo as necessidades dos serviços.

8.1 Vantagens e desvantagens do planejamento de auditoria

Um planejamento de auditoria bem preparado pode permitir a fixação da importância

de cada trabalho, comenta o exame nas áreas prioritárias, antecipa a descoberta de problemas,

facilita a administração do trabalho, e pode ser empregado com adaptação em mais de um

trabalho.

53

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As desvantagens que possam existir em um plano de auditoria, estão quase sempre

ligadas à má preparação do planejamento.

Existe também o risco de que algum procedimento não seja aplicado por que foi

omitido do programa.

Portanto o planejamento de auditoria consiste numa série de notas que abrange o

objetivo geral e a maneira de conduzir os trabalhos.

9 Papéis de trabalho

Papéis de trabalho é um conjunto de formulários e documentos que contém

informações colhidas pelo auditor por meio de observação, inspeção, investigações obtidas ao

longo da execução do serviço.

Seus papéis de trabalho devem incluir análise de contas, resumos de informações

lançamentos ratificados, balancetes, conciliações, comentários, cálculos por escrito, copias de

correspondência e quaisquer outros materiais escrito que o auditor julga necessário para o

cumprimento do seu trabalho.

A finalidade dos papéis de trabalho é transmitir as informações coletadas no decorrer

do trabalho, além de apresentar as possíveis sugestões.

Os papeis de trabalho constituem um registro permanente dos serviços executados pelo auditor, sobre os procedimentos que ele seguiu os testes que

efetuou a informação que obteve e as conclusões relativas ao seu exame (JUND, 2001, p. 343).

Não existe um padrão para os papéis de trabalho, pois eles servem para anotações ou

memórias da execução, ficando a critério do auditor escolher a forma de como serão feitos.

Cada papel de trabalho deve conter uma perfeita identificação, compreendendo:

1. O titulo;

2. O item do programa;

3. A empresa na qual se fez o levantamento;

4. A data e o horário de inicio e conclusão;

5. O nome do funcionário ou profissional que efetivou o levantamento e seu visto;

6. O nome da empresa de auditoria ou do contador autônomo responsável.

9.1 Objetivos dos Papéis de trabalho

• Acumular provas suficientes para evidenciar o trabalho feito com as conclusões

alcançadas;

• Fornecer informações importantes com relação ao planejamento contábil, financeiro e

fiscal;

• Facilitar o estudo e as avaliações dos controles internos;

• Facilitar a revisão por parte do auditor responsável para saber se o serviço foi feito de

forma adequada e eficaz.

• Servir de meio de revisão para determinar se o serviço foi feito de forma adequada e

eficaz, e julgar a solidez das conclusões enunciadas.

9.2 Pontos essenciais do papel de trabalho

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Quanto à elaboração dos papéis de trabalho, o auditor deve se alertar para as seguintes

considerações:

a) Concisão – os papéis de trabalho devem ser elaborados com clareza, de forma que

todos entendam sem necessidade de explicações da pessoa que o elaborou.

b) Objetividade – os papéis de trabalho devem ser objetivos, que mostre aonde o auditor

quer chegar.

c) Limpeza – os papéis de trabalho devem estar limpos para não prejudicar seu

entendimento.

d) Lógica – os papéis de trabalho devem ser elaborados com raciocínio, na seqüência

natural do objetivo a ser atingido.

e) Completos – nos papéis de trabalho devem conter todas as informações necessárias

para fundamentar a opinião do auditor.

10 Parecer de auditoria

O objetivo dos exames das demonstrações financeiras feitos pelo auditor é a emissão

de um parecer que demonstrará a realidade dessas demonstrações financeiras, o resultado das

operações e as modificações necessárias, de acordo com os princípios contábeis e as normas

de auditoria.

Esse parecer esta direcionado aos acionistas, cotistas ou sócios, ao conselho de

administração ou a diretoria da entidade.

A finalidade do parecer é transmitir as informações coletadas no decorrer do trabalho,

além de apresentar as possíveis sugestões de melhorias em relação aos processos atuais.

Para que o auditor possa emitir o seu parecer ele observar se:

1. As demonstrações contábeis foram preparadas de acordo com os critérios contábeis

aceitáveis da empresa;

2. Existe o respeito e cumprimento da Lei com relação ao demonstrado, assim como as

normas reconhecidas como aplicáveis para o caso que se examina;

3. O que foi demonstrado é imagem fiel dos fatos ocorridos e da situação da empresa;

4. Existem riscos ou incertezas que possam comprometer a sobrevivência da empresa.

O parecer representa o produto final do trabalho do auditor, ele é o instrumento pelo qual o auditor dá conhecimento aos usuários da informação

contábil, do resultado do seu trabalho expresso, por meio da opinião contida no parecer. (JUND, 2001, p. 365)

10.1 Tipos de parecer

Segundo a Resolução nº. 820 do CFC, NBC T 11, existem 4 tipos de parecer sendo

eles:

• Parecer sem ressalva – esse parecer expressa que na opinião do auditor, as

demonstrações contábeis apresentam corretamente a situação patrimonial e financeira

da entidade examinada.

• Parecer com ressalva – o auditor emite um parecer com ressalva, quando encontra

algumas coisas que não correspondem à verdade. Nesse caso deve ser incluída a

descrição clara de todas as razões que fundamentaram seu parecer.

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• Parecer adverso - o parecer adverso expressa que as demonstrações contábeis não

estão de acordo com as normas.

• Parecer com abstenção – o auditor emite esse parecer quando não encontra elementos

para julgar a situação da entidade, ou seja, quando não são apresentados a ele os

documentos necessários para a elaboração do trabalho.

O parecer de auditoria deve proporcionar ao leitor uma interpretação ―cristalina‖ sobre

como andam as operações, controles e registros da empresa, onde o auditor apresentará sua

visão com possíveis sugestões para a área ou tipo de empresa auditada.

11 Conclusão

Com base na pesquisa realizada conclui-se que a auditoria hoje em dia é uma

ferramenta fundamental e indispensável dentro de uma organização.

É através de um bom controle interno que se consegue diminuir riscos e erros

operacionais, e para que se tenha um bom controle é preciso desenvolver um trabalho

adequado e por um profissional capacitado, com condições de detectar esses possíveis riscos e

erros que, por ventura estejam ocorrendo no ambiente da empresa.

Esse trabalho referido à cima é a auditoria, que tem o papel importante de analisar as

demonstrações contábeis da empresa, ajudando a perceber falhas que tenham ocorrido no

controle interno.

O profissional dessa área, o auditor deve estar sempre atualizado, através de estudos

contínuos, adequando-se e adaptando-se as novas exigências do mercado.

A auditoria garante a empresa uma grande valorização perante o mercado financeiro,

pois um parecer favorável dos auditores atribui uma confiabilidade imensa atraindo novos

investidores e fazendo com que o crescimento da empresa aumente a cada ano que se encerra.

O presente trabalho veio agregar conhecimentos e informações importantes para

demonstrar que a auditoria exerce uma função de prevenção as empresas e de conceder

credibilidade às suas demonstrações contábeis.

Referências

ALMEIDA, Marcelo Cavalcante. Auditoria. São Paulo, 2003.

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: Um Curso Moderno e Completo. São Paulo: 5. ed. Atlas, 1996.

ATTIE, William. Auditoria Interna. São Paulo, 1986.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de

Contabilidade de Auditoria e Perícia. Brasília: CFC, 2003.

CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria Contábil: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000.

JUND, Sergio. Auditoria: conceitos, normas, técnicas e procedimentos. Rio de Janeiro: Impetus: 2001.

MAGALHÃES, Antonio de Deus F.; LUNKES, Irtes Cristina; MÜLLER, Aderbal Nicolas. Auditoria das

Organizações: metodologias alternativas ao planejamento e à operacionalização dos métodos e das

técnicas.São Paulo: Atlas, 2001.

OLIVEIRA, Luis Martins de; FILHO, Andre Diniz. Curso Básico de Auditoria. São Paulo: Atlas, 2001.

SÁ, A. Lopes de. Curso de Auditoria, 10. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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Métodos de Contabilização Gerência da Atividade Agrícola de

Citros (A proteção do capital investido)

João Daniel Modesto Bispo (Graduação em Ciências Contábeis - IMESB) joã[email protected]

Rinaldo Rodrigues Pereira (Professor Orientador - IMESB) [email protected]

Resumo: A citricultura é um caso de sucesso para o Brasil, que é o maior exportador de suco

em todo o mundo, devido a competência incomparavel em produção. Contudo está havendo a

extinção dos pequenos produtores que estão desaparecendo do mercado de citros, por não

terem uma sustentabilidade economica e financeira. É comum ouvirmos alguém que tenha um

sítio ou uma fazenda com a cultura de citros estar passando por dificuldades financeiras. A

duvida que fica é por quê somos o maior exportador de citros no mundo e encontramos

citricultores em situação financeira desconfortavel. A resposta é que a cultura de citros

sofreu uma grande evolução que obriga o produtor deixar de ser um simples homem do

campo e se tornar um empresário rural, e ainda encontramos produtores rurais que insiste

em manter sua experiência que adquiriu com o passar do tempo prendendo-se ao regime de

caixa, ou sejá subtraindo da sua receita o custo obtido na safra chegando assim no seu lucro.

O citricultor tem que ficar atento com as mudanças, tais como estimativas de safras, custos

de produção e indicadores de marcado além de saber quando está tendo custo ou está

fazendo um investimento. É nesse ponto que a contabilidade lhe dará informaçãoes

necessárias para desenvolver o seu trabalho, podendo ter uma visão gerêncial do mercado e

assim tomar decisões mais concretas sobre a sua atividade.

Palavras-chave: Citricultura. Citricultor. Contabilidade

1 Introdução A história da citricultura confude-se com a da nossa colonização iniciando com os portugueses no século XVI. Mas somente no século XX que

começou o plantio em grandes proporções devido à crise do café em 1920.

Os principais mercados e pólos produtores, no começo do século passado

eram São Paulo e Rio de Janeiro. Nas terras paulistas a citricultura iniciou comercialmente nas mãos de descendentes italianos enquanto os portugueses

se concentravam no Rio de Janeiro. Outros estados também desenvolveram

estruturas de produção e comercialização nesse período em menor escala. Desde o inicio da sua faze comercial, a citricultura paulista e a carioca já

eram planejadas para atender ao mercado externo, ainda que esse canal

representasse apenas 15% da produção nacional da década de 1920. A partir

de 1926 iniciaram-se as exportações para a Europa, antes concentradas na Argentina. Pelas estatísticas, o Brasil era o quinto maior produtor mundial na

década de 1920, superado pelos Estados Unidos, Espanha, Japão e Itália. O

crescimento de mercado foi interrompido com a Segunda Guerra que causou a primeira crise de preços no setor.

A falta de mercado desanimou os produtores paulistas que reduziram seus

tratos culturais, na década de 1940 surgiram às doenças caracterizando a fase

de vírus da tristeza do citros aliado ao abandono da cultura em vista do baixo preço. A citricultura no Rio de Janeiro não conseguiu superar a crise causada

pela Segunda Guerra Mundial, desapropriando a área agrícola e fazendo

loteamento urbano.

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

O ressurgimento da citricultura paulista acontece na década de 1960, que um

período que é o divisor das águas o perfil da citricultura brasileira mudando o foco comercial de fruta fresca para a produção de matéria prima voltada

para a indústria, consolidando São Paulo como o maior pólo citrícola

nacional e mundial. Graças às condições naturais do Brasil aliadas à

existência de empreendedores nacionais que souberam aproveitar essa oportunidade. O país em 1965, já exportava mais de 5000 toneladas de suco.

Em 1966 as vendas estavam consolidadas e os embarques desde então não

pararam de crescer. (JUNIOR; NEGRI; PIO; JUNIOR, 2005 p. 21)

A citricultura é atividade rural de suma importância para a economia

brasileira. O Brasil é o maior produtor mundial de citros e o maior exportador de suco

de laranja concentrado congelado (SLCC). A citricultura brasileira é composta, em sua maioria (80%), por pequenos produtores, mas, em volume, a produção está concentrada nas grandes

propriedades. Trata se de uma cultura com ótima distribuição de renda e utilização contínua de mão-de-obra.

A indústria de SLCC absorve cerca de 80% da produção de citros e dos 20%

restantes a maior proporção é consumida in natura no mercado interno, sendo pouco exportada a fruta fresca. A área total plantada é de quase um milhão de hectares, e as laranjas ocupam cerca de 84% dessa área.

O volume de frutos cítricos produzido no Brasil é de, aproximadamente, 20

milhões de toneladas, e desse total, 17 milhões de toneladas são de laranjas. (GAIVA, GONSALES, PINTO, 2006, p. 7)

TABELA 1 – Produção Nacional de Citrus

Cultivar Produção em Toneladas Área em Hectare

Laranjas 16.917.558 836.689

Limões e lima ácida Tahiti 981.339 51.262

Tangerinas 1.304.743 65.115

Fonte: GAIVA, GONSALES, PINTO, 2006, p. 7

Os principais Estados produtores são mostrados na Tabela 2. A maior

produção (80%) concentra-se no Estado de São Paulo, em razão da sua proximidade aos grandes centros consumidores e pela instalação de um

parque industrial voltado para o mercado externo de suco concentrado.

(GAIVA, GONSALES, PINTO, 2006, p. 8)

TABELA 2 – Principais Estados produtores de citros

Estado Produção de Laranjas (%)

Produção de Limões e Limas ácidas Tahit (%)

Produção de Tangerinas (%)

São Paulo 79,6 80,0 67,0

Bahia 4,6 4,6 -

Sergipe 4,1 - -

Minas Gerais 3,9 - 7,0

Paraná 2,1 - 28,0

Rio de Janeiro - 3,0 4,7

Rio Grande do Sul 3,0 13,0

Espírito Santo - 2,0 1,0

Fonte: GAIVA, GONSALES, PINTO, 2006, p. 8

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―O sistema agroindustrial citrícola movimenta R$ 9 bilhões por ano e gera mais de 400

mil empregos diretos e indiretos. Inovações em pesquisas, tecnológicas estão na base da

eficiência e liderança do Brasil‖ (SAMPAIO, 2007, p.3).

O setor, tal como praticamente todo no agronegócio, tem ciclos de alta e de baixa rentabilidade. Em 2001 o Brasil colheu a menor safra de laranja dos

últimos dez anos, em vista da descapitalização dos produtores associados aos

efeitos da seca de 1999-2000 e problemas fitossanitáriio crescente, que contribuíram para que a erradicação (diminuição da área plantada em torno

de 17% em relação a safra anterior) de árvore atingisse quantidade recorde

(FNP, 2002). Essas diversidades, principalmente na segunda metade da década dos noventas, aceleram a concentração da produção tornando

obrigatória a profissionalização dos citricultores. A transformação do antigo

―fazendeiro‖ em ―empresário rural‖ é questão de sobrevivência; dessa forma,

é muito importante desenvolver e aplicar técnicas de gerenciamento agrícola.

(INSTITUTO AGRONÔMICO CENTRO APTA CITROS ―SILVIO

MOREIRA‖, 2004 p. 21)

O Cenário para a próxima safra 09/10 reflete as mudanças do mercado. Há expectativa de redução da oferta de frutas nas Duas principais regiões produtoras do mundo. Mas isso não deverá ser suficiente para aumentar o preço da caixa da fruta e talvez nem as cotações do suco. O consumidor esta

mudando a forma de consumir e não há valorização do suco, apesar do encarecimento da produção. O setor agrícola tem que estar preparado para

enfrentar a evolução do mercado. Para tanto, precisará de informações muito

mais abrangentes. Poucos anos sabia-se que quando Flórida e São Paulo produziam em conjuntos menos de 550 milhões de caixa o preço do suco

seria bom. Esse tempo já passou. O mercado de sucos de tornou muito mais

complexo. E o setor não desenvolveu ferramentas para interpretado. (Anuário da Agricultura Brasileira 2009; 2009 pg. 268)

A citricultura não passa por um bom momento no mercado atual, mas o citricultor teve

estar preparado contra esta queda de mercado, por isso é necessário que se tenha um

planejamento, controle e objetivo, e a contabilidade mostra todas essas operações para o

produtor. A Contabilidade Rural é pouca utilizada, tanto pelos empresários quanto pelos

contadores, isto acontece devido ao desconhecimento por parte desses empresários da

importância das informações obtidas através da contabilidade. A tarefa de gerar informações

que permitam a tomada de decisão com base em dados reais é uma dificuldade constante para

os produtores rurais, que tem a necessidade de saber onde e de que forma estão aplicados seus

recursos e qual esta sendo o seu retorno financeiro.

É inegável a eficiência produtiva da agricultura brasileira. Nós somos

campeões de produtividade em soja, algodão, cana-de-açúcar e na própria

citricultura, setor no qual , ocupamos uma posição de liderança mundial na

produção e comércio de suco. A dúvida que fica é por que, com tal eficiência produtiva, os produtores se encontram em sufoco financeiros de tempos em

tempos. O produtor tem muita dificuldade para se manter no negócio e ser

bem-sucedido no longo prazo. Na agenda atual do agronegócio, é imprescindível discutirmos formas de gestão do empreendimento rural para

torná-lo sustentável economicamente.

Nós estamos numa condição em que quanto mais eficientes, mais produtivos

ficamos, o que permite uma redução no custo,por unidade total (BRASIL HORTIFRUTI, 2008, p. 28)

Nepomuceno (2004 p.50) afirma que ―os citricultores não estão preparados para

momentos economicamente não viáveis, por que se prendem muito ao regime de caixa que é

quando os registros são procedidos à medida que ocorrem os pagamentos, mesma forma

adotada na contabilidade fiscal‖.

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Um exemplo bem prosaico da inconveniência do regime de caixa como

método de avaliação esta consubstanciado na anedota do fazendeiro rico e despreparado. ―Certo dia, um outro fazendeiro interessado na sua

experiência perguntou-lhe.

- Compadre, como é que você apura o lucro a cada ano?

Ele respondeu. - Olhe, eu abro este cofre no fim de cada ano e conto o dinheiro. ―A

diferença entre o que encontro e o que tinha no ano passado é o lucro ou prejuízo do ano‖. (NEPOMUCENO, 2004, p.50)

O citricultor tem que passar a ter uma visão maior no controle de capital, pois é um

ponto muito importante, e a contabilidade lhe dá maior segurança para que possa desenvolver

o seu trabalho. Não basta apenas ter uma visão operacional, mas é necessário que se tenha

uma visão financeira, que permita ao citricultor fazer uma análise se ele está tendo lucro ou

prejuízo, controle de gastos por safra, montar orçamentos e até programar melhor os

investimentos. Por isso que surgiu o interesse pelo tema, para mostrar como funciona a

contabilidade em uma citricultura que é pouco conhecida, mas que pode ser muito útil para o

desenvolvimento e perpetuidade de uma propriedade.

O produtor tem que ter conhecimento das condições de mercado e recursos naturais

que são elementos básicos para o desenvolvimento de sua atividade econômica. O

planejamento deve receber atenção especial, uma vez que se trata de uma cultura, cujo retorno

só se inicia três anos após o plantio.

O objetivo de qualquer atividade agrícola é prosperar, um lucro liquido que possibilite

um aumento do patrimônio do produtor. O citricultor deve ter essa perspectiva e sempre

comparar o ganho de patrimônio extraído com a cultura de laranja com o ganho obtido caso

ele vendesse os seus ativos e aplicasse em outros negócios comerciais ou industriais (custo de

oportunidade). É um calculo que nenhum produtor faz, talvez por que ele não se de conta da

variabilidade do seu patrimônio.

A maioria dos citricultores persiste em manter controles baseados em sua experiência

adquirida com o passar dos anos, e estão acostumados a trabalhar usando regime de caixa.

Portanto, o grande objetivo deste trabalho é mostrar ao citricultor que a contabilidade pode

trazer maiores benefícios para sua propriedade, através de análise de investimento e custeio, e

também faz com que o citricultor tenha uma visão gerencial de mercado.

2 A Contabilidade na citricultura

Para se obter um desenvolvimento de um sistema contábil, simples ou complexo é

necessário, antes de tudo conhecer os elementos com quais devemos trabalhar.

A concentração geográfica de um sistema agroindustrial pode ser explicada basicamente por quatro fatores. Primeiro, pela adaptação da cultura no local,

face ás característica edafoclimáticas exigidas, tais como: temperaturas, ventos quantidade de chuva e sua distribuição, aspectos físicos e químicos

do solo, topografia, uniformidade do terreno, existência de águas de boa qualidade. Em segundo lugar, pela proximidade de centros com mão de obra

suficiente e especializada. Em terceiro, pela ausência de problemas fitossanitários restritivos ou limitantes. E, em quarto lugar, pela

disponibilidade de insumos e infra estrutura naquela localidade (vias de acesso, infra estrutura portuária etc.) (SAMPAIO, 2007, p. 41)

A cultura de laranja é considerada como uma cultura permanente, que são aquelas que

permanecem vinculadas ao solo após a colheita.

No caso de cultura permanente, os custos necessários para a formação da cultura serão considerados Ativo Permanente – Imobilizado. Os principais

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custos são: adubação, formicida, fungicidas, herbicidas, mão de obra,

encargos sociais, manutenção, arrendamentos de equipamentos e terras, seguro da cultura, preparo de solo, serviços de terceiros, sementes, mudas

irrigação, produtos químicos e depreciação de equipamentos utilizados.

(MARION, 1991,p.39)

Uma perguntas constantes na atividade agrícola é quanto ao término do exercício social : deveria se encerrado normalmente em 31/12, como ocorre com a maioria das empresas comerciais, industriais e de serviços.

Observe se que as empresa, de maneira geral, tem receita e despesa constantes durante os meses do ano, não havendo dificuldade quanto à fixação do mês de encerramento do exercício social para a apuração de

resultado. Qualquer mês escolhido refletira o resultado distribuído de

maneira quase eqüitativa ao longo dos 12 últimos meses. Daí a opção para o mês de dezembro, não só pelo fato de ser o ultimo mês do ano, mas também pela redução ou até interrupção da atividade

operacional, propiciando férias coletivas, conseqüentemente, condições mais

adequadas para o inventario das mercadorias.

Na atividade agrícola, porem a receita concentra se, normalmente, durante

ou logo após a colheita. Ao contrario de outras atividades cuja comercialização se distribui ao longo dos 12 meses, a produção agrícola,

essencialmente sazonal, concentra se em determinado período que pode

traduzir se em alguns dias de mês ou ano. (MARION 2002 p.26)

Ao término da colheita e, quase sempre, da comercialização dessa colheita temos o encerramento do ano agrícola. Ano agrícola é o período em que se

planta colhe e, normalmente, comercializa a safra agrícola.

Evidentemente, a apuração do resultado, quando realizada logo após a colheita e a comercialização contribui de uma forma mais adequada na avaliação do desempenho da safra agrícola; não há mais por que esperar

meses para a tomada de decisões, sobre tudo a respeito do que fazer no novo

ano agrícola. Se o ano terminar em março, o exercício poderá ser encerrado em 31/3 ou 30/04, assim sucessivamente.

Dessa forma, evita se a cultura em formação, por ocasião da apuração do resultado. Se o exercício social fosse encerrado antes da colheita, teríamos plantas em crescimento, que seria difícil de avaliar, e mesmo inadequado.

(MARION 2002 p. 27)

A cultura de citros é dividida em duas fases, que é a cultura em formação período em a

planta esta se desenvolvendo e cultura em produção que é quando ela começa a produzir.

2.1 Cultura de citros em formação

O pomar de laranja quando tem de 0 à 3 anos é considerado como cultura em

formação. Nesse período todos os custos são considerados como investimento, por que é a

formação da sua unidade produtiva. A cultura em formação é lançada no balanço patrimonial

como Ativo Permanente na conta Cultura de Citrus em Formação.

O pomar de laranja já pode ser considerado uma cultura em formação desde o

preparação de solo.

Neste período de formação o pomar de laranja não sofrerá depreciação, porque

estende-se que não existe capacidade de perda, portado a depreciação só começará a ocorrer

quando o pomar tornar-se uma cultura em produção.

O processo de cultura em formação é dividido em dois centros de custo que são os

custos diretos e custos indiretos

2.1.1 Custos diretos cultura em formação

61

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Custos diretos são aqueles que podem ser diretamente (sem rateio)

apropriados aos produtos agrícolas, bastando existir uma medida de consumo (quilos, horas homem ou horas de maquinas, quantidade de força

consumida etc.) De modo geral identificam se aos produtos agrícolas e

variam proporcionalmente a quantidade produzida. Podem ser apropriados

diretamente aos produtos agrícolas porque há uma medida objetiva do seu consumo nesta produção

Na cultura em formação as operações que são consideradas como custos

diretos são: Insumos: (fertilizantes e defensivos) normalmente a empresa rural sabe qual

a quantidade exata de insumos que esta sendo utilizada para a produção de

uma unidade do produto agrícola. Sabendo se o preço do insumo, o custo daí

resulta mente esta associado diretamente ao produto. Mão-de-obra: direta: trata se dos custos com os trabalhadores utilizados diretamente para a produção agrícola. Sabendo se que quanto tempo cada um

trabalhou no produto e o preço da mão de obra, e possível apropriá-la

diretamente ao produto.

Depreciação de equipamento agrícola: quando é utilizado para produzir

apenas um tipo de produto, ou seja, uma máquina usada só para talhões em

formação.

Energia elétrica das maquinas agrícolas: quando é possível saber quanto

foi consumido na produção. (GREPALDI, 1998 p.91).

2.1.2 Custos indiretos cultura em formação

Os custos indiretos são aqueles custos que não têm nenhuma relação com o produto

Custos indiretos, para serem incorporados aos produtos agrícolas, necessitam da

utilização de alguns critérios de rateio. Exemplos: aluguel, iluminação, depreciação, salário de

administradores etc.

Os custos indiretos são rateados entre as culturas em formação e produção, e o rateio

pode feito conforme a área da quadra (hectare ou alqueire), produção, quantidade de plantas,

horas homem e etc..

2.2 Cultura de citros em produção

Contabilmente falando um pomar de laranja tem vida útil de 20 anos sendo 3 anos de

formação e 17 anos de produção. Diferente de custo de formação onde os gastos são

considerados investimentos no custo de produção todos os gastos são considerados como

custos. É nesse estagio que o produtor deve encara sua propriedade como uma empresa, por

que como toda empresa ele visa obter o lucro, e lucro nada mais é do que o valor que supera o

custo de produção.

Assim como a cultura em formação a cultura em produção também é divida entre os

custos diretos e indiretos

2.2.1 Custos diretos cultura em produção

Os custos diretos da cultura em produção têm a mesma finalidade da cultura em

formação, conforme vimos no item 2.1.1. São custos diretamente ligados ao produto,

insumos, mão de obra, depreciação de equipamentos agrícolas usadas para a cultura em

produção.

2.2.2 Custos indiretos cultura em produção

Os custos indiretos de produção também têm a mesma finalidade da cultura em

formação, conforme vimos no item 2.1.2. São despesas que não são diretamente ligadas ao

62

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produto. Exemplo: salários de empregados e administradores, despesas, materiais e produto

de alimentação, higiene e limpeza etc.

Depois de apurados os custos da cultura em produção estes mesmos são lançado para

uma conta de estoque chamada de tratos culturais.

2.2.3 Depreciação da cultura em produção

A natureza provoca desgastes pela ação do sol, da chuva, do frio, do calor, dos ventos, provocando oxidação, deformação, decomposição etc. exposto o

bem a condições mais árduas, sob a ação das intempéries, da água salgada,

do ataque dos animais, insetos, parasitas etc. o processo de desgaste torna se mais intenso.

Propiciando melhores condições de manutenção, o bem poderá ter vida útil longa, e, inversamente, operando com intensidade ou sob condições desfavoráveis, seu desgaste tornado imprestável em menor espaço de tempo.

No mercado, os bens em geral e os de produção em particular são freqüentemente aperfeiçoados com o fim de melhor servirem as funções para as quais se destinam independentemente da duração da sua vida física (estado de conservação), os bens perdem valor, cada vez que outros de

característica superiores surgem no mercado. Essa renovação tecnológica contribuiu para que certos bens, em espaço de tempo mais ou menos curto

ou longo, tornem-se obsoletos, ainda que estejam em bom estado de conservação. (NEPOMUCENO, 2004 p. 59)

Quando o pomar se torna uma cultura em produção ele começa a sofrer a depreciação.

Contabilmente a cultura em produção tem a vida útil de 17 anos, mas para se calcular a vida

útil de um pomar é muito difícil por que estamos falando de um ser vivo onde se bem tratado

pode durar até mais de 30 anos. A combinação de porta enxerto influencia muito na vida útil

do pomar.

No caso se o pomar completar os 17 anos de produção, podendo produzir mais outras

safras o ideal é consultar um especialista da área para que se possa estar fazendo uma

reavaliação estimando quanto tempo o pomar ainda irá produzir.

2.3 Tratos culturais

De acordo Gaiva, Gonsales e Pinto (2006, p.72) ―os tratos culturais são realizados para

se manter as condições necessárias ao desenvolvimento do pomar, visando à alta

produtividade e à qualidade dos frutos.

Gaiva, Gonsales e Pinto (2006, p.72) explica que ―praticas culturais são as operações

de limpeza do terreno, controle de pragas e doenças, adubação, desbastes e podas em geral.‖

Os Tratos Culturais são classificados em uma conta de estoque, onde todos os custos

obtidos na cultura em produção são lançados depois de apurados. O saldo da conta de tratos

culturais se dividido pela quantidade de caixas colhida se acha o CPV (custo do produto

vendido).

2.3.1 Tratos culturais cultura em formação

De acordo Gaiva, Gonsales e Pinto (2006, p.72) ―após o término da operação de

plantio inicia se os tratos culturais de formação, que se destinam a favorecer o melhor

desenvolvimento do pomar.”

Lembrando que os tratos culturais da cultura em formação são considerados como

investimentos e não custo.

2.3.2 Tratos culturais cultura em produção

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Segundo Gaiva, Gonsales e Pinto (2006, p.82) ―as praticas culturais desta fase é uma

continuidade das que foram realizadas durante a formação do pomar ocorrendo algumas

mudanças na forma de sua execução".

2.4 Colheita e frete

A colheita dos frutos e considerada como uma das etapas mais criticas de todo o

processo de produção. Após um longo período de investimento e custeio na formação e

condução do pomar, nessa etapa que o citricultor caracteriza suas expectativas, acenadas

todos os anos durante o florescimento e o pagamento dos frutos, tenha ele como destino da

sua produção o consumo.

A colheita caracteriza-se, portanto, como um Estoque em Andamento, uma produção em formação, destinada à venda. Daí sua classificação no Ativo

Circulante. Como o ciclo de floração, formação e maturação do produto

normalmente é longo, pode-se criar uma conta de Colheita em Andamento ou tratos culturais. Essa conta é composta de todos os custos necessários

para a realização da colheita. Se durante a colheita ou a qualquer momento

forem aplicados recursos para melhorar a produtividade ao longo dos anos ou aumentar a vida útil da cultura, evidentemente não se deve sobrecarregar

a safra no ano, mas o imobilizado, e este ativo serão diluídos as safras por

meio da depreciação (MARION, 2000, p. 43)

A manutenção dos pomares em produção é contabilizada como tratos culturais ou

colheita em andamento. Quando ocorrer o faturamento, a emissão da nota fiscal para o cliente

transfere-se a parte proporcional à aquela quantidade de frutas para conta CPV (custo do

produto vendido) juntamente com o custo de colheita e frete, ou seja, não há estoque da fruta.

2.4.2 Fretes e carretos

O transporte da laranja para uma casa de embalagem ou uma indústria é considerado

como um custo direto, que na apuração do custo é alocado direto para o CPV ( custo do

produto vendido). A operação de frete requer uma atenção para o produtor que é a parte de

logística podendo diminuir custos durante a atividade.

2.5 Máquinas e equipamentos

As maquinas e equipamentos estão classificados no balanço patrimonial na conta de

imobilizados do ativo permanente.

Em razão do capital investido em maquinas e implementos ser relevante em

uma propriedade rural, os apontamentos de campos e oficina mecânica devem ser individuais, para permitir avaliar o desempenho da máquina, ou

seja, medir o rendimento (horas trabalhadas sobre horas disponíveis), consumo de combustíveis (litros/hora horímetro) e os controles de

manutenção preventiva ( trocas de óleo, pneus, baterias e outros). . (SANTOS, 2008, p.63)

Para os implementos, os controles devem ser no nível de categoria, por

exemplo; grades leves e pesadas, pulverizador de 2000 litros, carretas para duas toneladas, carreta para quatro toneladas etc.

Portanto, as máquinas e os grupos de implementos terão seus respectivos

Centros de Custos, onde serão identificados o histórico da máquina, no período. Por exemplo: onde trabalhou, quantas horas trabalhou, qual foi o seu consumo, o que executou, o seu custo médio. Este apontamento pode ser

feito utilizando horímetro e horômetro do trator ou tacógrafo, aparelho este

(relógio com disco) que funciona acoplado ao pára-lama do trator, onde

64

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

estão registrados os dados através do disco, que é substituído a cada período

do dia, para cada tratorista. (SANTOS, 2008, p.64)

Se a máquina opera em um talhão que esta em formação o custos de horas maquinas e

são considerados com investimentos, ou seja, será considerado como custo direto, e se a

mesma operar em um talhão em produção as horas máquinas serão consideradas como custo e

também classificados como custos diretos.

Quando ocorrer uma reforma na máquina os gastos obtidos nesta reforma será

considerado com um investimento, por que estará prolongando a sua vida útil, fazendo que ela

produza mais e traga mais beneficio ao produtor.

2.5.1 Depreciação de máquinas e equipamentos

A depreciação é a apropriação ao resultado, da perda ou eficiência ou da capacidade

de produção de máquinas e equipamentos usados na produção da propriedade agrícola.

Toda depreciação tem uma taxa percentual no qual é determinada a partir da vida útil

do bem depreciado.

O inicio da depreciação de máquinas e equipamentos têm inicio quando o os mesmos

estiverem prontos para começar a operarem no campo. E o término da depreciação ocorrerá se

as máquinas e equipamento forem baixados (vendido), quando não estiverem mais operando

ou se forem depreciados totalmente.

Uma das dificuldades encontradas para calcular o custo das lavouras ou das

safras é o cálculo exato do custo dos equipamentos agrícolas utilizados na

cultura agrícola.

Esse item ganhou bastante significativo nos últimos tempos em virtude do esforço que se faz para a implantação da mecanização agrícola com o

objetivo de melhorar a produtividade na agricultura.

Alguns desvios têm sido cometidos no cálculo de custo pelo uso desses

equipamentos. Um deles é atribuir o custo de reposição de peças ou custo por dias parados, por defeito ou quebra, á cultura que na ocasião era

beneficiada pelo equipamento. Certamente, a cultura não deveria ser

sobrecarregada em virtude da improdutividade ou da reposição de peças e implementos agrícolas.

O problema maior, todavia, está no cálculo da depreciação dos implementos

agrícolas. Normalmente comete-se o equívoco de calcular a depreciação a uma taxa

anual, com critérios fiscais, apropriando se a depreciação do ano entre as

diversas culturas. Implementos agrícolas como tratores, aparelhos agrícolas etc. não são

utilizados ininterruptamente durante o ano (como normalmente são os

equipamentos industriais) em virtude de entressafras, chuvas, geadas,

ociosidade etc. Dessa forma, recomenda se a apropriação da depreciação em decorrência do uso às respectivas cultura ou projetos. Daí a necessidade de

se calcular a depreciação por hora, estimando se um numero de horas de

trabalho por equipamento, em vez da quantidade de anos de vida útil (MARION, 2002, p. 67)

2.5.2 Depreciação acelerada

A medida provisória n° 2159-70 de 24.082001 considera que todo produtor rural seja

ela pessoa física ou jurídica poderá definir o prazo (tempo) de depreciação de qualquer ativo

permanente imobilizado.

Art. 6o

Os bens do ativo permanente imobilizado, exceto a terra nua,

adquiridos por pessoa jurídica que explore a atividade rural, para uso nessa

65

Page 67: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

atividade, poderão ser depreciados integralmente no próprio ano da

aquisição.

A vantagem que o produtor tem é que consegue ter uma economia tributaria. Existe

uma diferença entre o produtor pessoa física e o produtor pessoa jurídica. É que o produtor

que for pessoa jurídica ele pode adquirir um ativo imobilizado e começar a depreciar sem telo

pago totalmente (regime de competência). Já o produtor que for pessoa física poderá abater

cem por cento da base tributaria quando estiver efetuado o pagamento da nota fiscal (regime

de caixa).

2.6 Despesas, custos e investimentos.

Um fator muito importante para o produtor é saber qual a diferença entre despesas,

custos e investimentos.

2.6.1 Despesas

As despesas são gastos que ocorre na área administrativa e comercial, ou seja, o

escritório de uma propriedade, todos os gasto obtidos em relação ao escritório como aluguel,

salários, telefone, energia elétrica e outros mais são considerados com despesa.

O modo de contabilização é feito um centro de custos específicos para as contas de

despesas no plano de contas. E a despesa não é contabilizada na data do pagamento, mais sim

quando ocorre a operação (Regime de Competência).

A característica do Ativo é trazer benefícios futuros ou ter potencial para

gerar receitas e, conseqüentemente lucro para a empresa. Assim, uma máquina, quando adquirida tem potencial de trazer benefícios por muitos

anos.

Despesa é exatamente o contrario. Depois da sua ocorrência não traz mais benefícios para a empresa. Daí afirma se que despesa é ou serviço

consumido para obtenção da receita. (SANTOS, 2008 p. 37)

2.6.2 Custos

Os custos são todos os gastos relacionados à área de produção, ou seja, todos os gastos

obtidos na propriedade como, por exemplo, aluguel de tratores e implementos, insumos, peças

para maquinas e outros mais. Porém nem sempre estes gastos serão classificados como custo,

quando ocorre uma reforma que aumente a vida útil do bem ou construção de alguma

benfeitoria de uma propriedade os gastos durante a construção serão considerados como

investimento. Da mesma forma acontece com as maquinas e equipamentos quando são

reformados os gastos tem ser considerado como investimento e não como custo.

2.6.2 Investimentos

O investimento é todo gasto obtido com a compra de maquinas, implementos, veículo,

ferramentas etc. Quando o produtor faz um empréstimo de curto prazo (capital de giro)

também pode ser considerado com um investimento.

A maioria das empresas usa seu lucro para obter fazer a realização de investimentos,

não sedo diferente da empresas que atuam na atividade rural.

2.6.2.1 Gastos que podem ser considerados como investimentos

Segundo o (www.receita.fazenda.gov.br) se classifica investimento do seguinte modo:

De forma geral, considera-se investimento a efetiva aplicação de recursos financeiros, durante o ano-calendário, que vise ao desenvolvimento da

atividade rural para a expansão da produção e melhoria da produtividade e

seja realizado com:

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

1 - benfeitorias resultantes de construção, instalações, melhoramentos,

culturas permanentes, essências florestais e pastagens artificiais;

2 - aquisição de tratores, implementos e equipamentos, máquinas, motores,

veículos de carga ou utilitários usados diretamente na atividade rural, utensílios e bens de duração superior a um ano.

3 - serviços técnicos especializados, devidamente contratados, visando a elevar a eficiência do uso dos recursos da propriedade ou exploração rural; 4 - insumos que contribuam destacadamente para a elevação da

produtividade, tais como: reprodutores, sementes e mudas selecionadas, corretivos do solo, fertilizantes. 5 - atividades que visem especificamente à elevação socioeconômica do

trabalhador rural, tais como: casas de trabalhadores, prédios e galpões para

atividades recreativas, educacionais e de saúde; 6 - estradas que facilitem o acesso ou a circulação na propriedade; 7 - instalação de aparelhagem de comunicação e de energia elétrica;

8 - bolsas de estudo para formação de técnicos em atividades rurais, inclusive gerentes de estabelecimentos e contabilistas. (Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – Regulamento do Imposto sobre

a Renda - RIR, art. 62; Instrução Normativa SRF nº 83, de 11 de outubro de 2001, art. 8º)

A laranja é uma cultura que necessita de tratos intensivos, e o produtor necessita fazer

grandes investimentos em tecnologias e maquinário, para melhorar e preservar a sua

produção.

3 Conclusão

Na atualidade á citricultura passa por momentos difíceis tanto na questão financeira

dos citricultores, quanto no preço da fruta no mercado. O citricultor está em uma fase onde

sua receita obtida na venda da laranja não esta mais cobrindo os seus custos fazendo com que

abandonem a cultura de citros. O que mantêm o Brasil no topo de mercado de suco de laranja

são os grandes produtores, o motivo é a queda dos pequenos produtores, queda que ocorreu

por falta de controle financeiro e econômico, não acompanhando á evolução do mercado

citrícola. A contabilidade é uma ciência exata que traz informações concretas, por isso é a

ferramenta ideal para o citricultor obter o seu controle e programar seus investimentos. O

problema é que a contabilidade rural ainda é pouco conhecida tanto pelos contadores como

para os produtores. O produtor rural tem que começar a informatizar o seu trabalho explorar

informações que o mercado oferece (contabilidade), ou seja, começar a fazer parte deste

mundo globalizado em que vivemos.

Referências

Anuário da Agricultura Brasileira 2009; São Paulo: AgraFNP, 2009

BRASIL HORTIFRUTI. Citros Sustentabilidade Econômica. São Paulo, Ano 7, n. 68, Maio 2008

GAIVA, Hilton Ney; GONSALES, Marco Aurélio; PINTO Walkmar Brasil de Souza. Cultivo do Citrus Brasília

(DF): LK Editora e Comunicação, 2006.

GREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Rural uma Abordagem Decisorial .2.ed São Paulo: Atlas,1998

INSTITUTO AGRONÔMICO CENTRO APTA CITROS ―SILVIO MOREIRA‖. Revista Técnica - Cientifica

de Citricultura Laranja. São Paulo,V.25. n. 1, 2004.

JUNIOR, Dirceu de Mattos; NEGRI, Jose Dagoberto de; PIO, Rose Mary; JUNIOR, Jorgino Pompeu. Citrus.

Campinas: Instituto Agronômico e Fundag, 2005

MARION, José Carlos. Contabilidade Rural. 2. ed. São Paulo: Atlas,1991

MARION, José Carlos Contabilidade Rural. 6. ed. São Paulo: Atlas,2000

MARION, José Carlos Contabilidade Rural. 7. ed. São Paulo: Atlas,2002

67

Page 69: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

NEPOMUCENO, Fernando. Contabilidade rural e seus custos de produção. São Paulo: IOB Thomson,2004

RECEITA FEDERAL. Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br

SAMPAIO; Prefácio João. Caminhos para a Citricultura: uma agenda para manter a liderança mundial. São

Paulo: Atlas, 2007.

SANTOS, Gilberto José dos; MARION José Carlos; SEGATTI, Sonia. Administração de Custos na

Agropecuária. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2008

68

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Gestão de Compras: Estudo de caso da Concessionária de Rodovias Tebe S/A

José Roberto da Silva Perri (Graduação em Ciências Contábeis – IMESB) [email protected]

Sonia Ap. Cândida Borges (Professora Orientadora- IMESB) [email protected]

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo ressaltar a importância do Departamento de

compras, como fator estratégico na redução de custos.Apresenta-se o estudo de caso

realizado na Concessionária de Rodovias Tebe S/A, onde já atua no mercado há 11 anos,

demonstrando todo o processo do Departamento de Compras e identificando os principais

pontos estratégicos do setor.Detalham-se as principais funções do comprador, introduzindo a

elas a gestão do sistema de custos, onde tem como finalidade a produção de informações

para usuários internos, especificamente na coleta, mensuração, classificação e relatando

informações que serão úteis aos gestores auxiliando no planejamento, controle e tomada de

decisões.Aborda-se sobre as diferenças entre custos diretos e indiretos, identificando-se as

diferenças e quais deles são diretamente e indiretamente ligados ao produto.Dá-se uma

ênfase maior sobre o método de custeio ABC, onde suas informações são valiosas para

controle dos custos, servindo de base sólida para o processo de decisão gerencial e

proporcionando um custeio diferente e realista aos produtos e ou serviços da empresa,

informações estas que o sistema de contabilidade moderno deve proporcionar.Esse sistema

oferece vantagens como, por exemplo, à identificação de detalhes importantes que antes

estavam obscuros, a permissão de melhoria continua das tarefas para a redução de custos

indiretos, a determinação de custos que agrega ou não valor ao produto, etc. Assim como

também o mesmo oferece as desvantagens como a geração de informações confiáveis

somente em longo prazo, o sistema ABC é dispendioso e devido às inúmeras atividades em

que as operações são subdivididas, as áreas de responsabilidade quase inexistem.

Palavras-chave: Custo. Departamento de Compras. Tebe.

1 Introdução

Há algum tempo, a área de compras e aquisição deixou de ser vista como um centro de

despesas, burocrático e repetitivo, assumindo um papel estratégico no mundo dos negócios,

face ao volume de recursos operados, principalmente materiais e financeiros.

A função torna-se extremamente eficiente, quando envolve todos os departamentos da

empresa. Adquirir o material certo, nas quantidades certas, com a entrega correta (tempo e

lugar), da fonte correta e no preço certo, são todas as funções de compras, mas que depende

de planejamento todos os departamentos.

Conhecida por vários nomes como suprimentos, compras ou aquisição, este

departamento busca cada vez mais profissionais bem informados e atualizados, com

dinamismo e habilidades interpessoais. Competências essas, necessárias para desenvolver e

manter o bom relacionamento com fornecedores.

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Localizar fontes adequadas de suprimentos e negociar preços são as principais

responsabilidades do departamento de compras. As informações vindas de outros

departamentos são necessárias para a busca e a avaliação das fontes de suprimento, auxiliando

também o departamento de compras na negociação dos preços. Comprar, num sentido amplo,

passa a ser responsabilidade de todos.

2 Função do Departamento de Compras

Nos dias de hoje, a função do departamento de compras pode ser considerada como

uma parte do processo de logística e da gestão de custos. O mesmo influi diretamente nos

processos de produção de uma empresa. Como um dos fatores principais do departamento, os

prazos são de suma importância. Caso não venham a ser cumpridos, podem gerar sérios

problemas, principalmente nos departamentos de vendas e produção.

Segundo a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) (www.mtecbo.gov.br),

descrevem-se como compradores aqueles que ―recebem requisições de compras, executam

processo de cotação e concretizam a compra de serviços, produtos, matérias-primas e

equipamentos para o comércio atacadista e varejista, para indústrias, empresas, órgãos

públicos e privados. Acompanham o fluxo de entregas, desenvolvem fornecedores de

materiais e serviços; supervisionam equipe e processos de compra. Preparam relatórios e

fazem o papel de interlocutor entre requisitantes e fornecedores‖.

A função do departamento pode ser dividida em três categorias:

1) obter mercadorias e/ou serviços na quantidade certa, com a melhor qualidade e

menor custo

2) garantir o melhor serviço e pronta entrega por parte do fornecedor

3) desenvolver e manter bom relacionamento com os fornecedores

Para alcançar esses objetivos, o departamento deve desempenhar algumas funções,

como tempo e lugar, fornecedores certos, negociações nas condições de compra e

administração do pedido de compra.

Como principal responsabilidade do departamento de compras, pode-se destacar a

função de buscar fontes adequadas de suprimentos e de negociar preços.

3 Custos

Com o objetivo de obter informações mais precisas referentes ao processo de compras

e vendas de mercadorias, é necessária a implantação de um sistema de custos nas empresas

comerciais. Baseado em uma estrutura funcional para alocação de custos indiretos, o ABC

(Activity-Based Costing) é uma ferramenta que pode também ser utilizado também nas

empresas comerciais.

De acordo Martins (2000), a contabilidade de custos originou-se ainda na era

mercantilista, antes da revolução industrial do século XVIII. A Contabilidade Financeira era

sua principal fonte. O sistema de apuração dos custos consistia em levantar os estoques no

inicio do período, somando as compras do mesmo período e tirando o que ainda sobrava do

valor constante nas notas de compras, resultando o valor de despesa com as mercadorias

vendidas, tendo como objetivo resolver problemas de mensuração monetária de estoques e de

resultado, motivo pelo qual esta técnica ficou por muito tempo estacionado, pois não era feito

dela um instrumento gerador de informações gerenciais.

Lawrence define a contabilidade de custos como: ―processo ordenando de usar os

princípios de contabilidade geral para registrar os custos de operação de um negocio, de tal

maneira que, os dados da venda, tornam possível a utilização das contas para estabelecer os

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

custos, tanto por unidade como pelo total, para um ou para todos os produtos comercializados

no negocio com a finalidade de obter operação eficiente, econômica e lucrativa‖.

3.1 Métodos de custeio tradicional

De acordo com Pamplona (1993), ―o sistema de custos tradicional se direciona principalmente para a função de avaliação de estoques e para elaboração de descontrações

financeiras, buscando suprir precariamente, a necessidade de informações de diversos agentes

interessados na situação da empresa como, por exemplo, acionistas, fornecedores, clientes,

governo e apropria administração da empresa‖.

Segundo Martins (2000), o esquema básico completo de apropriação de custos no

sistema tradicionais de contabilidade consiste em:

- Separação de custos e despesas:

-Apropriação dos custos diretos a mercadoria vendida;

- Apropriação mediante rateio dos custos indiretos que pertencem, visivelmente, aos

departamentos, agrupando, a parte, os comuns;

- Rateio dos custos indiretos e comuns e dos da administração geral da produção aos diversos

departamentos do processo de venda da mercadoria;

- Atribuição dos custos indiretos que agora só estão nos departamentos de vendas, segundo

critérios fixados.

3.2 Método contemporâneo

Usado como uma nova ferramenta empresarial, o sistema de custeio baseado em

atividades ABC (Activity-Based Costing) tem como objetivos principais, mensurar e

aprimorar as atividades que compõem os processo de negócios e calcular precisamente os

custos dos produtos das empresas comerciais.

Segundo Cooper & Kaplan (1998), o ABC ―é uma abordagem que analisa o

comportamento dos custos por atividades, estabelecendo relações entre as atividades e o

consumo de recursos, independentemente de fronteiras departamentais, permitindo a

identificação dos fatores que levam a instituição a incorrer em custos nos seus processos de

ofertas de produtos em atender seus mercados em clientes‖.

De acordo com Nakagawa (1993), o desenvolvimento do sistema de custeio ABC, foi

enxergado pelas organizações, devido ao rápido desenvolvimento de tecnologia e

metodologias de produção e comercialização, bem como, a globalização da economia.

Com isso, o custeio baseado em atividades não pode ser restrito apenas a um sistema

de contabilidade gerencial de custos, pois o mesmo tem grande serventia na definição em

relação entre os custos e suas causas, fornecendo informações de forma a facilitar a atuação

dos gerentes.

3.3 As razões que motivaram interesse pelo critério ABC no comercio

A alteração da composição dos custos indiretos deu-se através da evolução da

tecnologia, tornando-os tão significativos quanto aos custos diretos;

Com a intensa competição global, foram determinadas mudanças nos processos de

comercialização e nos modelos de administração;

As informações precisam ser mais exatas quanto aos custos e as atividades que não

agregam valor ao produto e a determinação dos custos;

A grande quantidade de produtos diferentes e a diversidade de clientes;

O aumento no uso de computadores eletrônicos.

3.4 Custeio de atividades no comercio

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Especificação das atividades;

É extremamente importante entender como os custos são incorridos, a fim de que se

possa ter um sistema de custos adequado. Desta maneira, é importante entender todo o

processo de comercialização da empresa.

O sistema de comercialização da empresa pode ser entendido através da Analise de

Processo Empresarial (―Business Process Analysis – BPA‖).

A análise de processo do negocio começa identificando os processos e posteriormente

os divide em atividades, estabelecendo uma base para gerenciar os custos.

Rastreamento dos custos;

O custo de uma atividade compreende todos os sacrifícios de recursos necessários para

desempenhá-lo. Nesta analise, devem-se incluir os custos não relacionados diretamente com

mercadoria para revenda (despesas), o que não aceito pelo fisco, mas que é de grande valia

para fins gerenciais e, conseqüentemente, para o sistema ABC.

3.5 Identificação e seleção dos direcionadores de recursos;

O fator que determina a ocorrência de uma atividade é chamado de direcionador de

recurso. Através dele, pode-se identificar a forma como as atividades consomem recursos, ou

seja, demonstrar a relação entre os recursos gastos e as atividades. É obtido através de estudos

e pesquisas que indicam a verdadeira relação entre o custo e a atividade. Procura identificar o

que efetivamente gerou o custo de maneira racional e analítica de forma a se dirimirem as

possíveis distorções.

Pode-se dizer que o direcionador de custo de primeiro estagio é a base para o

rastreamento dos custos as atividades.

Atribuição dos custos às atividades;

Um bom sistema de custos, dividido em linhas de produtos, torna-se um grande

facilitador para o processo, principalmente se as linhas de produtos refletirem nas atividades.

O custeio ABC procura custear cada atividade atribuindo a elas os recursos

consumidos pela organização através dos direcionadores de recursos. Esta atribuição deve ser

feita através de uma forma criteriosa, cuja ordem de prioridade é: a locação direta,

rastreamento e rateio.

3.6 As vantagens do sistema ABC no comercio

O sistema ABC apropria os custos indiretos às atividades e os custos das atividades aos produtos, apresentando assim resultados confiáveis e gerando informações valiosas para

controle dos custos, servindo de base solida para o processo de decisão gerencial e

proporcionando um custeio diferente e realista aos produtos e ou serviços da empresa,

informações estas que o sistema de contabilidade moderno deve proporcionar.

Conforme Pereira Filho & Amaral (1989), as vantagens apresentadas pelo método

ABC são as seguintes:

- como atributos revelados pela analise de atividades, permite identificação de detalhes

importantes que antes estavam obscuros;

- como elemento da contabilidade estratégica de custo / gerencial descortina uma visão

de negocio, processos, atividades, que são de interesses diretos e imediatos para a

competitividade da empresa;

- permite uma melhoria nas decisões gerenciais, pois se deixam de ter produtos

―subcusteados‖ ou ―supercusteados‖;

- permite ações de melhoria continua das tarefas para a redução de custos indiretos;

- facilita a determinação de custos que agrega ou não valor ao produto;

- é capaz de identificar e apresentar soluções aos possíveis gargalos;

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

- inovam o critério de rateio, principalmente os custos indiretos, evitando as distorções

encontradas nos métodos tradicionais.

A própria estrutura baseada em atividades permite aos gerentes focalizar as atividades

que causam maiores impactos nos custos e possibilita, através de esforços de melhoria,

reduzir os efeitos dessas atividades no custo do produto.

3.7 As desvantagens do sistema ABC

O sistema ABC fornece informações sobre o passado e a administração necessita de

informações sobre o futuro para se tomar decisões, é a definição do nível adequado de

detalhamento dos processos e atividades. Se este detalhamento não for definido de acordo

com as necessidades da empresa, o sistema irá provocar mais duvidas do que respostas, e não

ira atender o que era esperado.

Conforme Pereira Filho & Amaral (1989),as desvantagens apresentadas pelo método

ABC são as seguintes:

- por ser o ABC decorrente por método de custeio por absorção, ele carrega algumas das

limitações dos mesmos;

- geração de informações confiáveis somente em longo prazo. O método ira precisar de

constantes revisões;

- controle dificultado com empresas que possuem grande número de atividades;

- como ferramenta de terceirização, o ABC possui limitações, principalmente dentro de etapas

da produção, pois fornecera o custo do produto, e não seus componentes. Para a apuração de

tal custo, é necessário analisar o componente como um produto isoladamente;

- o sistema ABC é dispendioso;

- por causa das inúmeras atividades em que as operações são subdivididas, as áreas de

responsabilidade quase inexistem;

- o ABC na sua forma mais detalhada é de difícil aplicabilidade pratica.

3.8 Gestão de custos nas empresas comerciais

Segundo Hansen & Mowen (2001), tem como finalidade a produção de informações

para usuários internos, especificamente na coleta, mensuração, classificação e relatando

informações que serão úteis aos gestores auxiliando no planejamento, controle e tomada de

decisões.

A Gestão de custos engloba tanto a Contabilidade de Custos como a Contabilidade

Gerencial, sendo que a primeira tenta satisfazer objetivos de custeio para a contabilidade

financeira e gerencial, utilizada em propósitos internos fornece informações de custos sobre

produtos, clientes, serviços, projetos, atividades. Enquanto a segunda preocupa-se com a

forma que as informações de custo, financeiras e não financeiras serão transformadas em

planejamentos e tomadas de decisão.

Com o passar do tempo as empresas comerciais, em seus diversos seguimentos vem

crescendo mais e mais, passando a ocupar mais espaços num moderno ambiente de negócios.

Devido à evolução econômica e o aumento da competitividade, passaram a buscar novos

conceitos em informações gerenciais para que pudessem acompanhar este mercado cada vez

mais exigente.

O ABC utilizado nas empresas comerciais pode ser uma ferramenta para controle de

gestão e para a tomada de decisões pelos gestores, bastando apenas, a implantação de um

sistema de informações adequado referente aos custos.

O problema reside nos custos indiretos, que muitas vezes a base de rateio pode ser

questionada. São significativos para a apuração dos custos unitários totais e conseqüentes

decisões de imagem de lucratividade por produto, visando à estratégia de preços mais

73

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

competitiva, tornando dessa formas a Contabilidade de Custos uma importante ferramenta de

Gestão Empresaria, onde todas as empresas comerciais, que se utilizam dessas informações

no intuito de aperfeiçoarem suas rotinas de trabalho, ter suporte nas tomadas de decisões e

acompanharem a evolução dos resultados operacionais da empresa, mantém a lucratividade

competitiva e bem posicionada frente à concorrência.

3.9 Centro de custos

Um centro de custo pode ser um departamento, uma sessão deste departamento, ou a combinação de diversos departamentos. Alem dos custos gerais de fabricação, existem

também outros dois componentes do custo industrial, ou seja, mão-de-obra direta e material.

A decisão em separar os custos por cento de custos está diretamente relacionada com a

estrutura e o porte da empresa. Segundo Passarelli e Bomfim (2003), na determinação dos

centros de custo, ou centros de despesas, os seguintes aspectos devem ser lembrados:

1- A estrutura organizacional da empresa, ou seja, a função de cada área e a

responsabilidade de cada diretor, gerente, supervisor ou líder;

2 – Métodos de fabricação, tipos e disposição dos equipamentos de produção;

3 – serviços executados em cada setor da fabrica, identificando-se claramente os

centros de custo diretos (departamentos produtivos) e os indiretos (de apoio, não

produtivos, ou de serviços). Nesse ponto é importante definir e obter dos responsáveis,

aprovação dos critérios de rateio a serem utilizadas;

4 – determinação dos pontos em que o volume de produção e a separação da Mao de

obra direta serão quantificados;

5 – é importante verificar o grau de utilização e a natureza dos equipamentos

utilizados no processo de produção, pois uma maquina pode ser considerada, pelo seu

desempenho, como um centro de custo;

6 – grau de aproximação que seja requerido na aplicação dos custos gerais de

fabricação na sua transferência aos diversos centros de custos, processos e produtos;

7 – segregação básica dos diferentes processos de fabricação;

8 assegurar-se que o fluxo de produção é identificado claramente, e

9 – estabelecimento das linhas de responsabilidade para um controle físico da

produção;

3.10 Custos diretos

Segundo Hansen & Mowen (2001), não há alocação em relação as despesas e custos

que são facilmente identificado com os objetos que usam os recursos. É muito difícil imaginar

que possam existir alocações nos casos das despesas e custos diretos, exatamente porque eles,

por natureza, já estão identificados, sem esforço algum, aos objetos do custeio.

Identificado e diretamente apropriado a cada tipo de obra a ser custeado. Pode ser

atribuído, ou identificado direto a um produto, linha de produto, centro de custo ou

departamento. São incluídos diretamente no calculo dos produtos e perfeitamente

mensuráveis de maneira clara e objetiva. Identificam-se imediatamente com a produção dos

mesmos.

Exemplos de custos diretos:

- matérias-primas usadas na fabricação do produto

- mão-de-obra direta

- serviços subcontratados e aplicados diretamente nos produtos ou serviços

74

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

3.11 Custos indiretos

Segundo Hansen & Mowen (2001), a alocação de custos faz parte do conhecido

critério de custos por absorção. O trabalho tem, também, a finalidade de apresentar os

motivos pelos quais todos preferem usar o critério dos custos por absorção apesar de estarem

cientes e conscientes de suas vantagens.

São apropriados aos portadores finais mediante o emprego de critérios pré-

determinados e vinculados a causas correlatas, como mão-de-obra indireta, rateada por

horas/homem da mão de obra direta, gastos com energia, com base em horas/máquinas

utilizadas, etc.

Pode ser entendido, como aquele custo que não pode ser atribuído (ou identificado)

diretamente a um produto, linha de produto, centro de custo ou departamento. Necessita de

taxas/critérios de rateio ou parâmetros para atribuição ao objeto custeado.

Exemplos de custos indiretos:

1. Mão-de-obra indireta: representada pelo trabalho e não são mensuráveis em nenhum

produto ou serviço executado, como a mão de obra de supervisores, controle de

qualidade, etc.

2. Materiais indiretos: auxiliam na produção, cujo relacionamento com o produto é

irrelevante. São eles: graxas e lubrificantes, lixas, etc.

3. Outros custos indiretos: depreciação, seguros, manutenção de equipamentos, etc.

4 Estudo de caso : a concessionária de rodovias Tebe S/A

4.1 Histórico

Em 02 de março de 1.998, a Concessionária de Rodovias TEBE S/A obteve por meio

do Edital de Licitação nº 013/CIC/97 a Concessão do Estado de São Paulo, onde foram

cedidas à sua administração, pelo período de 20 anos, as rodovias:

a) SP 326 – Rodovia Brigadeiro Faria Lima (entre os municípios de Bebedouro e

Barretos);

b) SP 351 – Rodovia Comendador Pedro Monteleone (entre os municípios de

Bebedouro e Catanduva);

c) SP 323 – Rodovia José Della Vechia / Orlando Chesini Ometto (entre Pirangi e

Taquaritinga).

A região em que está localizada o Lote 03, administrado por esta Concessionária, é

representada pelos pólos industriais, predominantemente agroindustriais e agrícolas e, num

raio de 100 km conta com uma população de aproximadamente 2,7 milhões de habitantes.

Economicamente, a região tem maior influência dos municípios de Bebedouro, Barretos,

Catanduva e Taquaritinga que abrangem o Lote 03, apresenta grandes culturas de laranja e

cana-de-açúcar cujos ciclos produtivos ocorrem durante o período de maio a dezembro,

representando um aumento do fluxo de veículos comerciais nas vias pedagiadas.

Além do agronegócio, destacam-se também os setores de comércio e serviços dos

municípios que circundam o Lote 03, cuja integração fomenta maior movimentação

econômica dos produtos e serviços oferecidos. Ainda, dentro deste quadrilátero, existem 4

75

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indústrias de suco de laranja, 4 usinas de açúcar e álcool, 1 indústria de óleo de soja e 03

armazéns frigoríficos de porte, além de inúmeras indústrias manufatureiras, de bens de capital

e alimentícia.

Este complexo agroindustrial contribui para o fluxo de tráfego da TEBE devido ao

escoamento da produção. Outros aspectos relevantes na região correspondem aos grandes

eventos anuais, de porte internacional, como a Festa do Peão de Barretos com um público de

aproximadamente 700.000 visitantes realizadas em agosto e a Agrishow - Feira Internacional

de Tecnologia Agrícola realizada em maio, que contribuem significativamente para o

aumento do fluxo de veículos nas rodovias pedagiadas da região.

O Lote 03 está inserido no corredor de tráfego de longo percurso de veículos de

carga ligando a parte Central do País, através das grandes estradas, às cidades de São Paulo,

Brasília e Belém, possuindo um trecho de escoamento das regiões Centro Oeste e Sudeste

(Sul de Minas), para São Paulo, ida e volta com representativa economia de tempo e de custos

ao sistema logístico do País, onde parte do fluxo da BR 153, divisas de São Paulo e Minas

Gerais e entre Minas Gerais e Goiás, passando pela SP-326 - Rodovia Brigadeiro Faria Lima,

onde é localizada a Praça de Pedágio de Colina, que representa 70% do fluxo total da TEBE.

A Concessionária TEBE preocupada em melhor servir investiu fortemente no

treinamento de seus colaboradores e obteve a certificação ―NBR ISO 9002/94‖, com a

participação de todos os funcionários no processo. Destaca-se a conquista da recertificação da

ISO 9001, em 17/12/2002, já na versão 2000 da norma, mantendo-se presente à melhoria

contínua de seus serviços prestados.

4.2 – A gestão de compras na concessionária TEBE

A função compras passa a ser um segmento importante no departamento de

aquisição de materiais, também chamado de suprimentos e compras, parte do processo da

logística. Ela tem como finalidade suprir as necessidades de materiais e serviços, pois, planeja

a quantidade correta que vai trazer a satisfação no momento certo. Deixou de ser algo cheio

de burocracia e buscou suprir o necessário, analisando se recebeu aquilo que foi comprado e

procurando armazenar em ótimas condições.

Os procedimentos para manutenção dos veículos da frota são para todos os usuários

de veículos da Tebe, eles recebem um termo de compromisso que orienta sobre as formas de

uso e de verificações básicas, bem como devidas providencias em casos de problemas com o

veículo. As manutenções são realizadas dentro do período de garantia do veiculo, quando de

sua aquisição, seguindo as orientações constantes no manual do fabricante para cada tipo de

veiculo, envolvendo as manutenções dentro dos prazos e quilometragens definidas.

Procedimentos de trabalho do processo de aquisição são as solicitações de compra

de materiais e serviços que é emitido pelos solicitantes com as informações necessárias, ou

contendo a especificação técnica ou desenho e com a autorização de gerente, superintendente

e/ou diretor responsável, mediante liberação da Solicitação de Compras no sistema Microsiga,

após analise de necessidade.

Procedimento para homologação e avaliação de fornecedores é de responsabilidade

das gerencias que utilizam fornecedores de produtos e serviços, homologar e avaliar as

empresas contratadas, visando formar o quadro de possíveis fornecedores. O fornecedor

homologado que deixar de fornecer por um período superior de 12 meses será considerado

desomologado. Caso seja indicado para aquisições futuras será necessária nova homologação.

A verificação do fornecimento será realizada anualmente pela área de compras da

Tebe através da lista de fornecedores qualificados e cadastro de fornecedores.

76

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

A empresa adota procedimentos de manutenção preventiva e corretiva sempre que o

usuário que tiver dificuldade e/ou problema na operação de sistema e ou equipamento e que

necessite de apoio da tecnologia da informação (T.I), deve solicitar o auxilio incluindo um

chamado técnico no Sistema de Gerenciamento de Manutenção Técnica (SGMT) através do

link HTTP://intranet.tebe.com.br/tebe - portal. Para o caso urgente e/ou fora do horário

comercial, a dificuldade que comprometer a atividade deve ser registrada no SGMT e

informada ao técnico através do telefone de plantão.

FIGURA 1 - Ciclo do processo do depto de compras da Concessionária de Rodovias Tebe S/A.

5. Conclusão

Com esses procedimentos, podemos concluir que a Concessionária de Rodovias

Tebe, visa à busca de melhoria contínua na aquisição de mercadorias de qualidade, de forma a

contribuir estrategicamente com processos de gestão de custos da empresa.

Em princípio, um departamento de compras é inerte como atividade de linha,

observando, sempre, ser acionado pelas várias unidades da organização que solicitem a

aquisição de produtos e a contratação de serviços. Assim, quando o departamento de compras

é acionado para a missão de adquirir um determinado produto, o setor solicitante que é o

responsável pelas especificações necessárias, no que se refere ao material solicitado e,

conseqüentemente, para definir a qualidade que ele deseja para o produto pedido.

Pode se afirmar que, a gestão de compras é uma ferramenta fundamental para o

desempenho de toda a empresa, tendo que ser analisada, estudada estrategicamente e

readequada, conforme a necessidade mercadológica e a proposta de custos estabelecida pelo

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

planejamento da empresa. Diante disso, a união com empresas de interesses comuns, pode

trazer ganhos significativos na aquisição de materiais.

A empresa busca em seus fornecedores uma relação de parceria baseada no processo

de agilidade, qualidade e rapidez. Preços e prazos de pagamento são importantes, porém não

representam todo o desejo que tem em relação a um fornecedor. Isto se explica pela existência

de fornecedores que não cumprem com o acordo de compra e acabam prejudicando a empresa

com a falta do produto.

Para analisar uma boa decisão, o gestor de compras, necessita de experiência, e de

ferramentas capazes de, em meio a um volume muito grande de informações e especificações

auxiliar no processo de tomada de decisão na aquisição de materiais , mercadorias e serviços

que dão suporte as atividades operacionais da empresa.

6. Referências

CALDERELLI, A. Enciclopédia Contábil e Comercial Brasileira, São Paulo: Cetec, 1997.

GONÇALVES, E. C., BAPTISTA, A. E. Contabilidade Geral, 2. Ed. São Paulo: Atlas, 1994.

HANSEN, D. R., MOWEN, M. A. M. Gestão de Custos – Cont. e Controle, 1. Ed. São Paulo: Pioneira, 2001.

KAPLAN, R. S., COOPER, R. Custo & Desempenho, São Paulo, Futura, 1998.

MARTINS, E. Contabilidade de Custos, São Paulo: Atlas, 2000.

NAKAGAWA, M. Gestão Estratégica de Custos, São Paulo, 1993

PASSARELLI, J. E BOMFIM, E. A. Custos – Analises e Controle, 2. Ed. São Paulo: IOB – Thomson, 2003.

Eco.unne.edu.ar/contabilidad/costos/VIIIcongresso/180: Acesso em outubro de 2009.

Intranet.tebe.com.br/tebe: Acesso em: outubro de 2009.

www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTituloResultado.jsf : Acesso em: novembro de 2009.

www.portaldecontabilidade.com.br/guia/custos_direitos.htm: Acesso em: outubro de 2009.

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

As mudanças na legislação societária face às necessidades das

organizações em uma economia globalizada

Juliana Simões Alves (Graduação em Ciências Contábeis - IMESB) [email protected]

Sônia Aparecida Cândida Borges (Professora Orientadora - IMESB) [email protected]

Resumo: Este estudo têm por objetivo mostrar as principais alterações na lei das sociedades

anônimas,introduzidas pela Lei 11.638 de 2007.O papel da contabilidade como fornecedora

de informações para tomada de decisão e promotora da eficácia em finanças está em

discussão devido ás implicações junto ao mercado de capitais. As demonstrações contábeis

são fundamentais para que os usuários façam uma análise da situação econômica financeira

das empresa.. A lei 11.638/07, abriu definitivamente as portas para a convergência às

normas internacionais de contabilidade, criou novas subdivisões no balanço patrimonial,

criou o conceito de grandes empresas, para efeito de confecção e publicação das

demonstrações financeiras. Um das principais conquistas para o cenário contábil foi a

criação de um órgão contábil com mais poder e autonomia, que será representado pelo CPC

(Comitê de Pronunciamentos Contábeis),trazendo como resultado um esforço pela

convergência entre os padrões contábeis locais e internacionais. Conclui-se que os impactos

ocorridos no Balanço Patrimonial em razão das atualizações nas normas contábeis

brasileiras é essencial, por conta da adequação do Brasil ao cenário contábil internacional.

Palavras Chaves: Sociedades Anônimas. Normas Internacionais. Legislação Societária.

1 Introdução

Com a promulgação da Lei nº. 11.638/07, em 28 de dezembro de 2007, que altera,

revoga e introduz novos dispositivos à Lei das Sociedades por Ações (Lei nº. 6.404/76),

especificamente em relação ao capítulo XV, que trata de assuntos de natureza contábil, assim

sendo manifestamos algumas considerações preliminares quanto à aplicação dessa nova Lei.

O principal objetivo da nova Lei, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2008, que

teve sua origem com o projeto de Lei nº. 3.741/2000, é a atualização das regras contábeis

brasileiras e aprofundar a harmonização dessas regras com os pronunciamentos

internacionais, em especial os emitidos pelo International Accouting Standards Board (IASB),

por meio dos International Financial Reporting Standards (IFRS).

Segundo FERRARI (2005; 2) a Contabilidade "é a ciência que tem por objeto o

patrimônio das entidades e por objetivo o controle desse patrimônio, com a finalidade de

fornecer informações a seus usuários". Visando uma informação de forma fidedigna, a

Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia federal cujo objetivo principal é fiscalizar

o mercado de capitais no Brasil, no ano de 1999 protocolou no Ministério da Fazenda o

anteprojeto de reformulação da Lei das Sociedades por Ações (Lei nº. 6.404/1976), com

algumas alterações no diploma legal mencionado. Após anos tramitando na Câmara de

Deputados, no Senado Federal e na Presidência da República somente no dia 28 de dezembro

de 2007, anteprojeto foi convertido na Lei nº. 11.638. Além disto, em 27 de maio de 2009 foi

publicada no Diário Oficial da União a Lei nº. 11.941.

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

A Lei nº. 11.638/2007 trouxe profundas mudanças na Lei das Sociedades por ações

(Lei nº. 6.404/76), este fato dar-se-á pela harmonização das normas contábeis com os padrões

internacionais. Mais de 100 países já adotaram as regras estabelecidas pelo International

Accounting Standards Board (IASB). Esta organização surgiu voltada totalmente para a

contabilidade praticada nos países anglo-saxônicos que tem como principal objetivo fornecer

informações que garantissem credibilidade junto aos seus investidores permitindo uma visão

mais realista da situação da empresa. Por isto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem

como inspiração os padrões internacionais contábeis.

As mudanças ocorridas na literatura vislumbrando os padrões internacionais de

contabilidade trouxeram alguns quesitos que serão comentados neste artigo

1 O surgimento da Contabilidade

Para Iudícibus e Marion (2008) e Iudícibus (2000), a contabilidade existe desde o

início da civilização. Naquela época já havia a necessidade de mensurar, controlar, medir e

preservar o patrimônio familiar, até mesmo em função da troca de bens e mercadorias,

processo que ficou conhecido como escambo.

Ainda segundo os autores, a contabilidade teve uma evolução significativa após o

surgimento da moeda, e por esse motivo, o homem teve que aperfeiçoar os métodos de

avaliação patrimonial à medida que as atividades foram se desenvolvendo.

Simultaneamente ao desenvolvimento da civilização, houve evolução nas teorias e

práticas contábeis, o grau de desenvolvimento das teorias e práticas contábeis está diretamente

relacionado ao grau de desenvolvimento das civilizações, comércio, sociedades, cidades e

países. Por esse motivo, as teorias contábeis foram elaboradas na Europa, especialmente na

Itália, pois essas regiões apresentavam o que mais de avançado poderia existir na época, se

tratando de empreendimentos comerciais e industriais. Iniciando-se um período chamado de

Escola Européia.

...ainda que a contabilidade existisse desde o princípio da civilização, nota-se

um desenvolvimento muito lento ao longo dos séculos. Somente em torno do século XV, é que a contabilidade atinge um nível de desenvolvimento

notório. (IUDÍCIBUS e MARION, 2008, p.33 e 34)

...o homem primitivo, ao inventariar o número de instrumentos de caça e

pesca disponível, ao contar seus rebanhos, ao contar suas ânforas de bebidas, já estava praticando uma forma rudimentar de contabilidade. (IUDÍCIBUS,

2000, p. 30)

2 O surgimento da lei das Sociedades Anônimas(S.A.)

―Sociedade Anônima, define-se como a sociedade comercial formada por, no mínimo,

sete sócios, sendo o capital de cada representado pelo número proporcional de ações e sua

responsabilidade limitada ao capital investido.‖ (SANDRONI, 2004, p.570).

De acordo com Martins, não é possível identificar ao certo a origem da sociedade

anônima, mas é possível encontrar suas características desde a idade média.

[...] é de notar que traços característicos das sociedades anônimas já eram

encontrados nas associações navais da Idade Média, ou seja, nas associações

formadas por pessoas que desejavam construir um navio, para que este fosse dividido em partes iguais, livremente cessíveis pelos seus proprietários, estes

tinham a sua responsabilidade limitada ao valor do navio. (MARTINS, 2003,

p.231).

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Segundo Coelho, no renascimento, cidades italianas desenvolveram complexos

mecanismos de financiamento da atividade estatal, que se concretizavam pela emissão de

títulos, cujo pagamento era garantido pela arrecadação futura de tributos.

Nos séculos XVII e XVIII, existiram as companhias de colonização, que são também

consideradas precursoras das sociedades anônimas. Elas tinham por objetivo organizar o

empreendimento de conquista e manutenção das colônias, bem como o desenvolvimento do

comércio ultramarino. Além disso, algumas companhias como a Companhia das Índias

Ocidentais, de origem holandesa, foram constituídas simplesmente para a conquista do

território brasileiro sendo responsável pelas invasões de Salvador, Recife e Olinda no século

XVII. Pode-se notar que essas sociedades desde os seus primórdios já eram destinadas a

grandes empreendimentos.

Os reis permitiam o empreendimento comercial concedendo privilégios aos

investidores, do qual derivaram a limitação da responsabilidade e a exclusividade do negócio,

conhecido como monopólio, em determinadas regiões ou até colônias inteiras. O conceito de

sociedade como pessoa jurídica, com obrigações e direitos distintos dos de seus sócios,

começou a se formular nesse período, exclusivamente para explicar a nova forma societária.

A outorga estatal como condição para a formação de sociedades anônimas, com a

evolução do capitalismo, deixou de representar a garantia de monopólio e tornou-se

instrumento de controle da captação pública de recursos. Toma-se como exemplo, o caso da

Companhia dos Mares do Sul, na Inglaterra em 1920, que em razão da sua falência, foi

editado o Bubble Act, que condicionava à personalização jurídica das sociedades anônimas,

bem como a captação de recursos da poupança popular, a prévia concessão estatal.

Nos Estados Unidos, no Século de XIX, com a explosão industrial, conhecido como

surto industrial, originou-se uma grande disputa entre vários Estados da Federação para a

instalação de novas companhias. Como uma forma de garantir mais atratividade aos

investimentos, alguns Estados começaram a dispensar a necessidade de autorização legislativa

para a instalação das companhias.

Finalmente em 1862, iniciou-se o terceiro período da história das sociedades

anônimas, com o surgimento do sistema de regulamentação, que dispensava a autorização

estatal para a instalação de qualquer companhia. No Brasil, no período colonial e no início do

Império, as sociedades anônimas se constituíam por ato de outorga do poder real ou imperial.

Em 1849, a partir de um decreto imperial foi introduzido o sistema de autorização, que

foi abolida em 1882, e o direito brasileiro, acompanhando a tendência dos países capitalistas,

incorporou o sistema de regulamentação, passando o ato autorizatório a ser necessário em

casos excepcionais, como sociedades estrangeiras, seguradoras e bancos.

Em 1965, devido à reforma do mercado de capitais, a lei determinou que somente,

poderiam ser negociados na Bolsa de Valores os papéis de sociedade comercial registradas no

Banco Central. Em 1976, foi criado a CVM – Comissão de Valores Mobiliários, que tinha por

objetivo reformular por completo a lei do anonimato, a constituição de sociedade anônima

passou a depender de autorização do governo.

O estado tomou tais medidas devido às especulações nas bolsas paulista e carioca,

conhecido como o boom de 1971, que originaram em enormes prejuízos a investidores e a

camadas médias da população. Atualmente, para a constituição de qualquer companhia

depende de regulamentação, para as companhias fechadas e, de autorização do Estado para as

companhias abertas.

2.1 Elementos conceituais e mudanças na Lei das Sociedades Anônimas

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Com apenas três dias de vacatio legis, em 28 de dezembro de 2007, foi promulgada a

Lei nº. 11.638, entrando em vigor no dia 1º de janeiro de 2008. Justamente denominada de

Lei Reformadora das Sociedades por Ações, pois determinou que, a partir de agora, toda

matéria contábil será regida pelas normas internacionais de contabilidade IFRS International

Financial Reporting Standard , autorizando a criação de novos procedimentos técnicos pela

CVM - Comissão de Valores Mobiliários.

A nova Lei das S/A´s é aplicável a companhias constituídas na forma de sociedades

anônimas de capital aberto e, também, às sociedades de grande porte (ativo maior que R$240

milhões ou receita bruta anual superior a R$300 milhões). Há cerca de uma década, a

Comissão de Valores Mobiliários, vêm propondo alterações significantes na escrituração e na

forma de apresentação das demonstrações financeiras. São alterações contábeis que causam

impactos em todo o sistema do ambiente empresarial e do ensino contábil.

As alterações buscam resolver divergências, aproximando da contabilidade, fazendo

com que algumas alterações fossem adotadas no sentido de eliminar algumas regras que

impedem o Brasil de adotar o modelo proposto pelo IASB (International Accounying

Standards Boards).

A princípio, a mudança permitirá que investidores internacionais analisem mais

facilmente os balanços das empresas brasileiras, como também facilitará o conhecimento dos

balanços de empresas estrangeiras por investidores brasileiros. (COSTA, 2008

www.cfc.org.br).

Mais que mudanças às normas, são a mudança de filosofia, postura e pensamento

quanto a, pelo menos, três tópicos: primazia da essência sobre a forma, primazia da análise de

riscos e benefícios sobre a propriedade jurídica e normas orientadas por princípios e não por

regras excessivamente detalhadas e formalizadas. Essa deve ser de fato, a grande mudança na

Contabilidade brasileira que se inicia com essa nova lei. (IUDÍCIBUS, MARTINS,

GELBECKE, 2008).

Essa nova alteração na lei 6.404/76, embora possa parecer, aos olhares de um leigo

como sendo de pouca significância, trouxe na opinião dos especialistas, profundas mudanças

na escrituração contábil, na elaboração das demonstrações financeiras.Uma das mudanças

observadas é que a lei estendeu essa obrigatoriedade as demais formas societárias, atingindo

em cheio, todas as entidades de grande porte e talvez o mais importante, abriu

definitivamente as portas para a penetração das normas internacionais de contabilidade no

mercado brasileiro.

Outras mudanças observadas são:

a. Foi instituído o conceito de sociedade de grande porte;

b. Todas essas empresas terão que escriturar sua contabilidade de acordo com o

definido na lei das sociedades anônimas;

c. Estas sociedades terão que elaborar suas demonstrações financeiras nos formatos e

procedimentos instituídos para as S/As;

d. Todas essas sociedades deverão submeter ás demonstrações ao exame de uma

auditoria independente.

Na área contábil um dos maiores avanços foi a criação do CPC, Comitê de

Pronunciamentos Contábeis, através da resolução CFC 1055/05, composto pelo ABRASCA

(Associação Brasileira das Companhias Abertas), APIMEC (Associação dos Analistas e

Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais), BOVESPA (Bolsa de Valores de São

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Paulo), CFC (Conselho Federal de Contabilidade), e IBRACON (Instituto dos Auditores

Independentes do Brasil), contando com representantes do BACEN (Banco Central), da CVM

(Comissão de Valores Mobiliários), da RFB (Receita Federal do Brasil) e da SUSEP

(Superintendência de Seguros Privados), além de outras entidades convidadas, o CPC

(Comitê de Pronunciamentos Contábeis) tem como objetivo conforme disposto no art. 3º da

resolução supracitada:

O estudo, o preparo e a emissão de pronunciamentos técnicos sobre

procedimentos da contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora

brasileira, visando á centralização e uniformização do seu processo de

produção, levando sempre em conta a convergência da contabilidade

brasileira aos padrões internacionais.

A nova lei deixou a critério das companhias fechadas, optarem ou não por observar as

normas sobre demonstrações financeiras expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários

para as companhias abertas.

Essa opção é relativa, pois as empresas de auditoria, possivelmente vão adotar um

procedimento único de auditagem tanto para as Cias abertas, quanto para as fechadas e ainda

extensivo as ―grandes sociedades‖. Além disso, quando o Conselho Federal de Contabilidade

aprovar as normas internacionais harmonizadas pelo CPC, as regras serão obrigatórias para

todas das às entidades, a menos que o próprio Comitê estabeleça exceções.

Para uma boa prática contábil, serão necessárias pelo menos duas escriturações, uma

contábil e outra fiscal, principalmente pela grande quantidade de diferenças e controles que

serão imputados.

A nova lei aboliu a necessidade de elaboração da Demonstração das Origens e

Aplicação dos Recursos (DOAR), substituindo-a pela Demonstração do Fluxo de Caixa

(DFC) e incluindo também a Demonstração de Valor Adicionado (DVA). Entretanto não há

novidade para o ―mundo contábil‖, que desde 2005, havia acolhido a NPC 27 do Ibracom,

aprovada pela deliberação CVM 488/05, onde foi definido o conjunto de demonstrações

contábeis de uso geral no item 8, como sendo os mesmos definidos na lei 6.404/76 alterada

pela lei 11.638/07, exceto pela substituição da Demonstração dos Lucros ou Prejuízos

Acumulados (DLPA), pela demonstração das mutações do patrimônio liquido (DMPL). Esta

última instituída pela instrução CVM 59 de 22/12/1986.

Por meio dos dados analisados, visa-se responder a seguinte questão: Quais as

principais mudanças, propostas pela lei das S/A com a publicação da lei 11.638/07?

Considerando que as demonstrações contábeis são as maiores fontes de informações

para os usuários da contabilidade, no processo de tomada de decisão, são indispensável que

sejam elaboradas com a maior precisão e autenticidade possível. Desta maneira o estudo sobre

as alterações na Lei 11.638/07 se justifica ao entender que as alterações introduzidas causam

impactos em todo sistema do ambiente empresarial e, principalmente, dos profissionais

envolvidos na elaboração e análise das demonstrações contábeis. Assim a pesquisa será útil

aos profissionais, alunos e atuantes na área da contabilidade, considerando que a Lei

11.638/07 é uma lei atual, que entrou em vigor em 2009, e existem poucos trabalhos

acadêmicos e artigos sobre o tema.

De acordo com o comunicado ao mercado que a CVM emitiu, a nova lei altera, revoga

e introduz novos dispositivos à Lei nº 6.404/76. A intenção da nova lei é de tornar as contas

mais transparentes e aproximar o Brasil de uma linguagem mais adequada aos tempos da

globalização.

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Segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2008, p. 05), a nova lei inseriu em sua maioria

disposições de natureza contábil, mas, ressaltam que alguns ajustes relativos à tributação e de

outra natureza também foram feitos. Os autores ainda destacam que muitas normatizações

precisam ser emitidas pelos órgãos próprios e reguladores para que se tenha um conjunto de

regras homogêneas nos diversos setores.

3 As Demonstrações Financeiras segundo a Lei nº 11.638/07

Segundo IUDÍCIBUS (1998, p. 19), ―a necessidade de analisar demonstrações

contábeis é tão antiga quanto à própria origem de tais peças‖. A utilização deste meio

financeiro e contábil possibilita avaliar quantitativa e qualitativamente o desempenho estático

e evolutivo, ou não, de uma entidade.

Seguindo uma tendência internacional e, também, em função das necessidades dos

usuários, principalmente por parte dos analistas de mercado e investidores institucionais, a Lei

nº. 11.638/07 contempla a substituição da Demonstração das Origens e Aplicação de

Recursos (DOAR) pela Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC). O objetivo da DFC é

fornecer informações relevantes sobre recebimento e pagamentos de caixa de uma companhia

durante certo período.

A partir dessa alteração na lei das sociedades anônimas, houve algumas mudanças e

adequações nas demonstrações financeiras como: a extinção da conta de reserva de

reavaliação, Marion (2009) diz que:

A nova lei deu a opção ás companhias de manterem os saldos existentes

dessa reserva, que deverão ser realizados de acordo com as regras atuais, ou de estornarem esses saldos até o final do exercício social em que a lei entrou

em vigor, ou seja, até o final do exercício de 2008.

Segundo Marion (2009), também houve a criação da conta de Ajustes de Avaliação

Patrimonial, conforme abaixo:

Esta conta foi criada exclusivamente para abrigar a contrapartida de determinadas avaliações de ativos e passivos a preço de mercado,

especialmente a avaliação dos instrumentos financeiros e os ajustes de conversão em função da variação cambial de investimentos societários no

exterior.

O conjunto completo de demonstrações financeiras passou a ser: o Balanço

Patrimonial (BP), a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), a Demonstração dos

Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA), a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) e a

Demonstração do Valor Adicionado (DVA), seguidas das Notas Explicativas às essas

demonstrações financeiras. A nova lei aboliu a necessidade de elaboração de a DOAR,

substituindo-a pelo DFC e incluindo também o DVA. Entretanto não há novidade para o

―mundo contábil‖, que desde 2005, havia acolhido a NPC 27 do Ibracom, aprovada pela

deliberação CVM 488/05, onde foi definido o conjunto de demonstrações contábeis de uso

geral no item 8, como sendo os mesmos definidos na lei 6.404/76 alterada pela lei 11.638/07,

exceto pela substituição do DLPA, pela demonstração das mutações do patrimônio liquido.

Esta última instituída pela instrução CVM 59 de 22/12/1986.

§ 6º A companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço,

inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à

elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de caixa. (Redação

dada pela Lei nº. 11.638 de 2007)

3.1 Balanço Patrimonial - Lei 6.404/76 e 11.638/07

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

A lei 11.638, de 2007, trouxe alterações na composição das contas contábeis do ativo e

do patrimônio líquido, de bastante relevância para fins societários.

§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de

liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: a) ativo circulante; b) ativo realizável a longo prazo; c) ativo permanente dividido em

investimentos, imobilizado, intangível e diferido. (Redação dada pela Lei nº. 11.638/07, de 2007).

§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: a) passivo circulante; b) passivo exigível a longo prazo; c) resultados de

exercícios futuros; d) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas

de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em

tesouraria e prejuízos acumulados. (Redação dada pela Lei 11.638, de 2007).

TABELA 1: Como era e como ficou

LEI 6.404/76 LEI 11.638/07

ATIVO CIRCULANTE

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

ATIVO PERMANENTE

·INVESTIMENTO

·IMOBILIZADO

·DIFERIDO

ATIVO CIRCULANTE

ATIVO NÃO CIRCULANTE

·REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

·INVESTIMENTO

·IMOBILIZADO

·INTANGÍVEL

·DIFERIDO

PASSIVO CIRCULANTE

PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

RESERVA DE EXERCÍCIOS FUTUROS

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

·CAPITAL SOCIAL

·RESERVA DE CAPITAL

·RESERVA DE REAVALIAÇÃO

·RESERVAS DE LUCROS

·LUCROS OU PREJUIZOS ACUMULADOS

PASSIVO CIRCULANTE

PASSIVO NÃO CIRCULANTE

·EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

·RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

·CAPITAL SOCIAL

·RESERVA DE CAPITAL

·AJUSTE DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL

·RESERVAS DE LUCROS

·AÇÕES EM TESOURARIA

·PREJUIZOS ACUMULADOS

Fonte: Marion, José Carlos

4 As mudanças na lei societária e seu impacto na carga tributária

Uma das características típicas da evolução da contabilidade no Brasil foi a

progressiva preponderância do foco de um usuário específico, o fisco, na determinação da

política contábil. Em outras palavras, a contabilidade brasileira sofre forte influência de

critérios fiscais. Isso se constitui em um problema à medida que o fisco é apenas um dos

usuários das demonstrações contábeis e freqüentemente nos defrontaremos com a situação

que seus objetivos são distintos de outros usuários.

Portanto, a utilidade da contabilidade quando se concentra em atender um único

usuário, bastante específico como é o fisco, tende a decair em relação aos demais usuários.

Marion (2009) diz que:

85

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

O fisco é um usuário da contabilidade cujo propósito está fundamentalmente

ligado aos recursos do estado oriundos da tributação da renda das empresas. A nova lei busca nesse sentido isolar de alguma forma essa contabilidade de

propósitos bastante específicos da chamada contabilidade societária. Entre

essas duas contabilidades existem, portanto ajustes de harmonização, que,

ressalte-se, não estão sujeitos á tributação segundo a nova lei, segundo o que já comentamos do espírito que norteou os trabalhos durante a aprovação do

projeto de lei.

Foi criado o Regime Tributário de Transição (RTT), que tem por objetivo, neutralizar

os impactos da adoção dos novos critérios contábeis instituídos pela Lei 11.638/07 e das

normas editadas pela CVM, com a característica de alinhar o ordenamento normativo

brasileiro sobre contabilidade aos princípios e regras adotadas em outros países.

O Poder Executivo vem demonstrando o alcance das modificações introduzidas pela

Lei 11.638/07, teve o cuidado de dar nova redação ao § 2º do art. 177 da Lei 6.404/76, além

de nele também inserir, em reforço à idéia veiculada naquele parágrafo, o § 7º, vazados nos

seguintes termos:

"Art.177

(...)

§ 2º As disposições da lei tributária ou de legislação especial sobre atividade que constitui o objeto da companhia que conduzam à utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes ou à elaboração de outras demonstrações

não elidem a obrigação de elaborar, para todos os fins desta lei, demonstrações financeiras em consonância com o disposto no caput (...)

(...) § 7º Os lançamentos de ajuste efetuados contábeis, nos termos do § 2º deste

artigo, e as demonstrações e apurações com eles elaboradas não poderão ser base de incidência de impostos e contribuições nem ter quaisquer outros

efeitos tributários

A Comissão de Valores Mobiliários, no comunicado que fez ao mercado a propósito

da consulta pública sobre o ato normativo a ser emitido relativo à regulamentação da Lei

11.638/07, também deu a dimensão de sua aplicação:

A referida Lei nº. 11.638/07 teve origem no Projeto de Lei nº. 3.741/2000, de iniciativa desta CVM junto ao Executivo, cuja finalidade maior era

possibilitar a eliminação de algumas barreiras regulatórias que impediam a

inserção total das companhias abertas no processo de convergência contábil internacional, além de aumentar o grau de transparência das demonstrações

financeiras em geral, inclusive em relação às chamadas sociedades de grande

porte não constituídas sob a forma de sociedade por ações."

Nesse contexto, sem embargo do fato de que eventuais mudanças na aplicação dos

princípios de contabilidade geralmente aceitos que venham a influir na determinação do lucro

líquido das sociedades empresariais talvez possam afetar a determinação do imposto sobre a

renda e a contribuição social sobre o lucro.

Diante do exposto pode se concluir que as alterações promovidas pela Lei 11.638/07,

não teve em seu arcabouço o condão de revogar disposições expressas da legislação tributária

que prescrevam métodos ou critérios diversos, como suscitados em discussões em forma de

artigos expressando a preocupação da classe empresarial e de alguns tributaristas, como pode

ser verificado com o ágio registrado na subscrição de ações ou pago na aquisição de

investimentos, inclusive quanto às regras de sua amortização nos eventos de incorporação,

86

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

cisão e fusão, bem como aos valores recebidos a título de subvenções ou doações promovidas

pelo Poder Público.

5 Normas Internacionais de Contabilidade

O crescimento e a globalização da economia mundial, principalmente através da

influência financeira das empresas multinacionais em outros países, têm contribuído para um

avanço tecnológico e informacional livre das barreiras do tempo e da distância. Isso tem

forçado a adaptação das informações contábeis, usualmente preparadas de acordo com

padrões e práticas locais, aos padrões internacionais, para que assim atinjam igualmente as

perspectivas dos usuários locais e dos externos, e assim possam ser interpretadas de forma

unilateralmente correta e utilizadas como bases de medidas ou comparação.

As Normas Internacionais de Contabilidade (International Accounting Standard -

IAS), atualmente conhecidas como normas IFRS (International Financial Reporting Standard)

são um conjunto de pronunciamentos de contabilidade internacionais publicados e revisados

pelo IASB (International Accounting standards Board).As normas IFRS foram adotadas pelos

países da União Européia a partir do 31 de dezembro de 2005 com o objetivo de harmonizar

as demonstrações financeiras consolidadas publicadas pelas empresas abertas européias.

A iniciativa foi internacionalmente acolhida pela comunidade financeira. Atualmente

numerosos países tem projetos oficiais de convergência das normas contábeis locais para as

normas IFRS, inclusive o Brasil. As normas visa o processo de globalização dos mercados,

bem como a revolução em âmbito mundial dos princípios fundamentais de contabilidade. A

harmonização facilita a análise por parte de investidores estrangeiros.

5.1 A harmonização das normas contábeis e o interesse dos investidores internacionais

A harmonização das normas contábeis pelas Empresas que buscam investidores

internacionais é de extrema inportância, pois sendo assim não sofrerá pressão por parte dos

usuários internacionais das informações contábeis.

Segundo Leite (2006), "a divulgação de informações sobre o desempenho econômico-

financeiro de uma empresa deve ter o respaldo de normas contábeis de alta qualidade que

garantam a comparabilidade com outras empresas e a compreensibilidade de seus usuários"

Abaixo alguns fatores que auxiliam na decisão de investimentos.

Fatore s de te rm i n an te s da de ci s ão de i n ve s ti m e n tos

Cont abilidade t ransparent e

Igualdade dos acionist as

Direit o de propriedade

Regulament ação do mercado

P adrão de cont abilidade int ernacional

Liquidez de mercado

P ressão sobre corrupção

Regulament ação de falência e concordat a

Ambient e Fiscal

Sist ema bancário

32%

32%

31%

30%

37%

47%

46%

43%

42%

71%

87

Page 89: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

FIGURA 1 – Fatores determinantes da decisão de investimentos. Fonte: Boletim CRCSP (2006).

Percebe-se que dentre os fatores considerados na hora de investimento, o mais citado é

a "contabilidade transparente", com 71% (setenta e um por cento). O "padrão de contabilidade

internacional" aparece com 42% (quarenta e dois por cento) da preferência dos investidores.

Em resumo, os investidores são atraídos por Empresas que conhecem e confiam.

as empresas que ado tam normas contábeis reconhecidas internacionalmente

terão significativa vantagem sobre as demais no merca do de capitais, pois a divulgação de informações de acordo com normas de elevada qualidade

proporciona transparência e comparabilidade, melhora a comunicação

financeira e a compreensibilidade e reduz o risco do investimento e o custo do capital (LEITE, 2006)

6 Conclusão

O processo de globalização impôs um novo paradigma sobre a circulação de recursos

no cenário empresarial mundial. A modernização tecnológica se mostrou como condição

necessária para atender as demandas por informações, sobre a situação patrimonial das

organizações que transitam no mercado interno e ou externo, a fim de atender os usuários da

contabilidade.

O aumento do consumo, assim como o acesso por parte da sociedade a um mercado

cada vez mais globalizado,vem transformando os meios pelos quais se adquire bens e

serviços, proporcionando um incremento de negócios, a busca por novos mercados, fazendo

surgir através de processos de fusões e ou cisões grandes empresas no cenário brasileiro.

E a Contabilidade como linguagem dos negócios se viu diante da necessidade de

mudar para atender este cenário econômico cada vez mais complexo.Assim as mudanças

introduzidas pela nova legislação societária brasileira mudou a estrutura da Contabilidade,

onde as informações produzidas pela contabilidade visa fornecer uma informação fidedigna

aos usuários externos e internos.

A Ciência Contábil passou a ser tratada com o padrão e entendimento mundial, esta

nova linguagem universal impactou a interpretação e análise dos dados contábeis, onde os

balanços serão mais voláteis e exige postura de agilidade e adaptação a essa nova realidade.

Estas mudanças proporcionam também uma valorização do profissional contábil que se

adequar às novas exigências.

Espera-se que estas alterações promovidas pela Lei das Sociedades por Ações, junto

com o poder regulatório e interpretativo que a CVM possui, e agora apoiada nos estudos e

normas emanadas do CPC, levarão o Brasil, aos poucos e com serenidade aos patamares mais

altos de regulação contábil internacional. Assim é possível que o Brasil possa até colaborar

para que as normas emanadas do IASB sejam ainda mais aperfeiçoadas.

Referências

BRASIL. LEI Nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976.

BRASIL. LEI Nº. 11.638, de 28 de dezembro de 2007.

COSTA, Celso. As Lacunas Fiscais abertas pela Lei nº. 11.638/07. Revista Razão Contábil. Disponível em:

http://www.revistarazaocontabil.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=718&Itemid=42.

Acesso em: 12/10/2009

FERNANDES, Edison Carlos. Impacto da Lei nº. 11.638/07 sobre os tributos e a contabilidade. São Paulo:

Atlas, 2009.26p.

FERRARI, Ed. Luiz. Contabilidade Geral: teoria e 950 questões. 5ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005

IUDÍCUBUS, Sérgio de. Análise de Balanço. 5.ed. São Paulo: Atlas

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

LEITE, Joubert da Silva Jerônimo. O interesse dos investidores internacionais pela harmonização das normas

contábeis. Boletim CRCSP, São Paulo, nº 159, p. 8-9, abril/maio/junho. 2006.

MARTINS, Eliseu. A nova Lei das S/A e a Internacionalização da Contabilidade. Disponível em:

http://www.cfc.fipecafi.org/#. Acesso em: 01/11/2009.

PEREIRA, Milton da Silva. A reforma da Lei das S/A‘s e seus impactos na escrituração contábil e nas

demonstrações financeiras. Revista Razão Contábil. Disponível em:

http://www.revistarazaocontabil.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=666&Itemid=42.

Acesso em: 28/10/2009.

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A importância da controladoria no processo de gestão nas

cooperativas de crédito

Leticia Helena Costa Marques de Mello (Graduação em Ciências Contábeis - IMESB)

[email protected]

Rinaldo Rodrigues Pereira (Professor Orientador - IMESB) [email protected]

Resumo: A controladoria é uma importante ferramenta que veio auxiliar os gestores no

processo de tomada de decisão. No atual momento econômico em que vivemos, muitas

empresas tem usado deste departamento para otimizar seus resultados e, entre elas,

encontram-se as cooperativas de crédito, que têm se destacado e conquistado seu espaço no

mercado. As cooperativas conceituadas como uma sociedade de pessoas busca através do

trabalho em conjunto melhores condições para seus associados e, conseqüentemente, para a

sociedade. As cooperativas apresentam características próprias, não podendo ser

comparadas a uma empresa mercantil. Uma das diferenças entre elas é que as cooperativas

não visam o lucro; as sobras, como são chamadas, são devolvidas aos cooperados

proporcionalmente à movimentação realizada pelos mesmos. Outra característica das

cooperativas é apresentarem uma forma democrática de governar, onde as decisões são

tomadas pela maioria, não fazendo diferença o capital investido e todos têm o mesmo direito.

Uma semelhança entre as cooperativas de crédito e as empresas mercantis é serem

subordinadas pelo Banco Central, as duas prestam o mesmo tipo de serviço, mas diferem em

relação às taxas. As cooperativas de crédito por não visarem o lucro podem conceder taxas

mais atrativas aos seus associados. A presente pesquisa nos mostra as características e o

modelo de gestão utilizado pelas cooperativas e como muitas vezes se torna difícil

administrá-la, pois por mais necessário que seja estarem se atualizando, não devem perder a

essência do cooperativismo. Neste ponto, a área da controladoria é de grande valia aos

gestores, podendo auxiliá-los a proceder de tal forma que venham trazer o equilíbrio entre

elas.O controller tem a função de auxiliar os gestores das diversas áreas nos processos de

tomada de decisão, bem como elaborar relatórios de desempenho e resultado das respectivas

áreas. O profissional deve ter amplo conhecimento sobre o modelo de gestão elaborado pela

cooperativa para que possa atingir os objetivos propostos. Por fim, apresenta-se como a área

da controladoria pode trabalhar em conjunto com as cooperativas, apontando as melhores

formas de gestão.

Palavras-chave: Controladoria. Cooperativas. Gestão.

1 Introdução

No atual cenário político, econômico e social onde as empresas estão inseridas

ocorreu muitas mudanças tanto no contexto interno como externo, houve um aumento na

complexidade na organização das empresas, maior controle por meio de políticas fiscais, a

necessidade de consideração dos padrões éticos na conduta dos negócios e principalmente a

demanda por melhores praticas de gestão faz com que as empresas inclusive as Cooperativas

de Credito venham buscando se adaptar a estas mudanças.

As pessoas de um modo geral também precisam procurar mecanismos que minimizem

o sofrimento, o desemprego, a miséria em que vivem, foi o que fizeram os tecelões da

primeira cooperativa.

. 90

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

As Cooperativas surgiram no século XIX em resposta ao desemprego e a miséria em

que a população estava vivendo devido à industrialização. Surgiram como um instrumento de

reorganização social, estimulando o trabalho em conjunto e voltados a um objetivo em

comum, melhores condições de vida a toda a comunidade.

A partir de então foram criadas inúmeras cooperativas em todo o mundo sendo uma

realidade também no Brasil.A cooperação é uma das alternativas em que a população

encontrou para garantir a sua sobrevivência.

Diante desta realidade, administrar uma cooperativa se torna mais difícil do que

administrar uma empresa mercantil, devido às pessoas serem a parte mais importante que a

compõe.

Muitas cooperativas carecem de um processo de gestão mais otimizado devido a

fatores como a estrutura organizacional e muitas vezes a falta de preparo de seus dirigentes e

colaboradores, fatores estes que serão mais bem evidenciados no decorrer do trabalho.

As empresas e as Cooperativas necessitam de um sistema contábil mais adequado e

um planejamento mais cuidadoso de suas ações para obterem um controle gerencial mais

efetivo.

Diante disso surgiu uma nova área chamada Controladoria, responsável em auxiliar os

gestores no processo de tomada de decisão.

O objetivo desta obra acadêmica é apresentar aos gestores em especial aos das

Cooperativas de Credito a relevância do departamento de Controladoria no processo de gestão

nas organizações e como a presença de um Controller pode auxiliar na otimização dos

resultados, garantindo a sobrevivência e o crescimento das mesmas, sem perder a essência do

cooperativismo.Serão sugeridas algumas ferramentas que podem auxiliar o controller a

desempenhar as suas funções, trabalhando em conjunto com os demais departamentos que a

compõe.

A escolha da temática deu-se pelo interesse do pesquisador em aprofundar seus

conhecimentos na área de Controladoria. Área pela qual tem vasto campo de abrangência,

tendo, pois o profissional possuir amplos conhecimentos na área Contábil, Administrativa,

Econômica, Estatística entre outras, como descreve FIGUEIREDO e CAGGIANO (2004).

A área da Controladoria está em grande ascensão no mercado, devido às empresas

necessitarem de profissionais que tenham esta visão e que possam auxiliar seus dirigentes a

alcançarem a eficácia organizacional.

O foco em cooperativas de crédito ocorre em virtude do crescimento em que as

mesmas se encontram, sendo responsáveis em garantir a sobrevivência de muitas famílias,

tendo um papel importante na sociedade.

Como metodologia foi realizado o levantamento bibliográfico procurando apresentar

as argumentações dos autores acerca do assunto e provocar novas indagações sobre o tema,

sugerindo melhores formas de gestão às Cooperativas de Credito.

2 Cooperativismo

2.1 Origem do Cooperativismo

O cooperativismo surgiu em 1844 na cidade de Rochdale, Inglaterra como uma

resposta à crise econômica e social que os habitantes estavam atravessando. Com a Revolução

Industrial muitos operários foram substituídos por máquinas causando muita miséria na

cidade, foi quando 28 tecelões criaram a associação denominada Sociedade dos Probos

. 91

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Pioneiros de Rochdale, que só se passou a ser chamada Cooperativa de Rochdale após a

promulgação da Lei de 1852, como relata THENÓRIO FILHO (2002).

A prática da cooperação e um objetivo comum fez com que estes tecelões se juntassem

e criassem um armazém que fornecia alimentos, vestuários além de construção de casas para a

comunidade.

Estes tecelões além de criarem uma cooperativa de consumo foram os responsáveis em

elaborar o modelo de organização que até os dias de hoje são usados pelas cooperativas.

O princípio (normas) Rochdalianos após algumas modificações propostas deu origem

aos Princípios do Cooperativismo, que segundo OLIVEIRA (2002) são sete:

1. Adesão livre e voluntária: é livre o ingresso de qualquer pessoa na cooperativa,

bem como a sua permanência, desde que obedecidos os preceitos do estatuto;

2. Controle democrático pelos sócios: as decisões devem representar sempre à

vontade da maioria, em uma posição eminentemente democrática;

3. Participação econômica dos sócios: os sócios contribuem eqüitativamente e

controlam o capital da cooperativa, sendo parte do capital destinada ao desenvolvimento da

mesma e as sobras retornam aos associados de acordo com as transações efetuadas;

4. Autonomia e independência: As cooperativas são organizações autônomas

controladas pelos sócios devendo preservar seu controle democrático;

5. Educação, treinamento e informação: oferecem educação e treinamento aos

cooperados, funcionários, administradores e ao publico em geral para que possam contribuir

com o desenvolvimento das cooperativas;

6. Cooperação entre as cooperativas: trabalham em conjunto com as demais

cooperativas locais, regionais, nacionais e internacionais;

7. Preocupação com a comunidade: trabalham pelo desenvolvimento sustentável de

suas comunidades.

Podem -se notar variações de nomenclatura entre alguns autores, porém a essência que

move o cooperativismo é a mesma.

Segundo Benato (1994, p.21), ―Cooperativismo é uma doutrina econômica que se

baseia na cooperação e que opera como um sistema reformista da sociedade que quer obter o

justo preço, através do trabalho e ajuda mútua‖.

Pode-se denominar também como uma doutrina social, pois o homem é a parte mais

importante neste processo, através da cooperação entre seus associados atinjam melhores

condições para todos.

2.2 Conceito e classificação das Cooperativas

Segundo Pinheiro (2006, p. 07), ―Sociedades cooperativas são sociedades de pessoas,

com forma e natureza jurídicas próprias, constituídas para prestar serviços aos associados,

cujo regime jurídico, atualmente, é instituído pela Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971‖.

Como se pode observar o termo cooperativa vem da palavra cooperação, cooperar é

unir-se a outros em busca de um objetivo em comum.

As cooperativas possuem caráter democrático, na qual buscam diminuir as injustiças

sociais em que os paises vivem, promovendo uma sociedade mais justa e humana.

. 92

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Podem ser classificadas como: cooperativas singulares, ou de 1° grau, quando prestam

serviço diretamente aos seus associados; cooperativas centrais e federações de cooperativas,

ou de 2° grau, aquelas constituídas por cooperativas singulares com o objetivo de organizar

em maior escala as necessidades das filiadas; e confederações de cooperativas, ou de 3° grau,

as constituídas por centrais e federações de cooperativas com o objetivo de coordenar as

atividades das filiadas.

2.3 Surgimento das Cooperativas de Crédito no Brasil

Segundo Thenório Filho (2002), na legislação atual o movimento cooperativista foi

dividido em alguns ramos, são eles: Ramo Agropecuário; Ramo de Consumo; Ramo de

Crédito; Ramo Educacional, Ramo Habitacional; Ramo de Saúde; Ramo de Serviços; Ramo

de Trabalho e Ramo Especial/ Mineral/ Produção.

O trabalho em questão busca enfatizar as cooperativas de crédito, desta forma será

feito uma breve explanação sobre o surgimento das mesmas.

No Brasil as primeiras cooperativas surgiram no estado de São Paulo e do Rio Grande

do Sul, sendo a primeira na cidade de Nova Petrópolis (RS), batizada de Caixa Rural de Nova

Petrópolis em 28 de dezembro de 1902, em atividade até hoje, segundo relata PINHEIRO

(2006).

As cooperativas de crédito são instituições financeiras que pertencem ao Sistema

Financeiras Nacional e controladas pelo Banco Central, assim como os Bancos.

Para Pinheiro (2006, p.07):

As cooperativas de crédito são instituições financeiras constituídas sob a forma de sociedade cooperativa, tendo por objeto a prestação de serviços

financeiros aos associados, como concessão de crédito, captação de depósitos a vista e a prazo, cheques, prestação de serviços de cobrança,

custodia, de recebimentos e pagamentos por conta de terceiros sob convenio com instituições financeiras públicas e privadas e de correspondente no País,

além de outras operações especificas e atribuições estabelecidas na legislação em vigor.

Apesar de prestarem o mesmo tipo de serviço aos seus clientes, há muitas diferenças

entre elas, conforme citam alguns autores:

Para Senra (2005) as cooperativas de crédito são regidas pela Lei 5.764/71 na qual se

distinguem devido à forma societária, sendo denominada como uma sociedade limitada de

pessoas e de natureza civil, enquanto os Bancos são regidos pela Lei 4.595/64 que se

caracterizam como uma sociedade anônima, de capital, na qual visam o lucro e a prestação de

serviços a terceiros.

Acrescenta Meinen (2002) as cooperativas são classificadas como uma sociedade de

pessoas enquanto os bancos são uma sociedade de capital na qual o poder é exercido pela

quantidade de ações adquiridas, enquanto as cooperativas consideram a pessoa a parte mais

importante. As decisões a serem tomadas dependem da aprovação da maioria de seus

associados, cada cooperado tem direito a um voto, independente do valor que o mesmo

integralizou na cooperativa.

Segundo a Coopec (2006) uma das grandes diferenças entre elas é a questão do lucro,

enquanto para os bancos o lucro é a parte mais importante do trabalho, as cooperativas não

visam lucro, havendo uma diferença entre sobras e lucro. As sobras como são chamadas

correspondem à diferença a mais que a cooperativa arrecadou com a taxa de administração

cobrada aos cooperados em virtude dos serviços prestados e o valor gasto com despesas

. 93

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

referentes a estes serviços. Sendo que estas sobras retornam aos cooperados após votação na

Assembléia Geral, visto que a distribuição das sobras são um dos Princípios Cooperativistas.

Como pode ser visto um dos diferenciais entre Bancos e Cooperativas são as leis que a

norteiam, tendo as cooperativas os princípios bem claros e definidos.

Os princípios cooperativistas pouco mudaram desde a sua criação, este é um dos

motivos na qual se torna tão difícil administrar uma cooperativa, visto que estes princípios

devem ser mantidos, as cooperativas necessitam de ―pessoas‖ com uma visão ampla, que

estejam atentos às mudanças econômicas, políticas e sociais e também que possuam um bom

conhecimento sobre as sociedades cooperativistas e sobre a sua forma de gestão e é neste

ponto que a presença de um departamento de controladoria pode auxiliar os gestores a

promover a otimização nos seus resultados e garantir a sua sobrevivência.

3 Controladoria

3.1 Conceito de Controladoria

Durante muito tempo a Contabilidade era vista como uma área responsável em

mencionar dados passados e em atender as necessidades fiscais das empresas.Com a evolução

da Contabilidade viu-se que para o sustento e crescimento da empresa era necessário simular

fatos futuros, pois resultado futuro será reflexo de atitudes tomadas no presente, como afirma

CATELLI (2001).

Diante desta realidade as organizações notaram à necessidade de uma área que tivesse

uma visão do todo, na qual pudesse auxiliar os gestores a alcançar a otimização do resultado

global, a está área foi dado o nome de controladoria.

Segundo Mendes (2002, p. 51), ―a controladoria preencheu o vácuo deixado pela

contabilidade, qual seja, atender às expectativas por informações que subsidiassem o gestor

em sua tomada de decisão.‖

A área da controladoria pode ser conceituada de várias formas, divergindo em

diferentes denominações e campos de atuação, dependendo do autor e da época.

Tal divergência se dá por se tratar de uma área multidisciplinar, tendo amplo campo de

atuação, atuando desde as áreas operacionais até as decisões estratégicas.

Segundo Oliveira, Perez Jr. e Silva (2004, p. 13) pode-se entender:

Controladoria como o departamento responsável pelo projeto, elaboração,

implementação e manutenção do sistema integrado de informações operacionais, financeiras e contábeis de determinada entidade, com ou sem

finalidade lucrativas, sendo considerado por muitos autores como estagio

evolutivo da contabilidade.

Para vários autores a controladoria pode ser vista de duas maneiras: como um ramo

do conhecimento e como uma unidade administrativa.

Segundo Peleias (2002) a controladoria como uma unidade administrativa é uma área

a qual é dado poder para tomar decisões sobre eventos, transações, sendo responsável em

definir procedimentos, prever, registrar e explicar fatos que venham a colaborar com os

gestores para a eficácia gerencial.

Segundo Peleias (2002) a atuação da Controladoria abrange todas às áreas que

compõem o resultado da organização, considerando os aspectos tecnológicos, operacionais,

estruturais, sociais e outros que sejam necessários de acordo com o tipo de organização.

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Para Catelli (2001) a Controladoria como um ramo do conhecimento é responsável em

estabelecer as bases teóricas e conceituais necessárias para se estabelecer o modelo de gestão

de cada organização.

No caso das Cooperativas o modelo de gestão a ser utilizado pode mudar de uma para

outra, pois podem-se encontrar muitos ramos, com diversos tipos de prestação de serviços,

sendo necessário o profissional da Controladoria avaliar cada tipo de organização.

As crenças e valores, bem como a missão deve estar definida, pois são eles que

movem o resultado da organização, devendo também estar bem claros para que todos os

colaboradores a reconheçam e compreendam sua importância.

De acordo com Perez Jr, Pestana, Franco (1997, p. 15) ―a missão é a razão da

existência da empresa. Definir a missão é determinar o que ela se propõe fazer, em função da

filosofia existente e naturalmente sem que haja conflitos de propósitos‖.

Para Figueiredo e Caggiano (2004, p.28), ―a missão da Controladoria é zelar pela

continuidade da empresa, assegurando a otimização do resultado global‖.

Para que a missão seja alcançada é necessária que todas as áreas tenham bem definidos

os seus objetivos bem como suas responsabilidades.

3.2 Funções da Controladoria

O papel da controladoria difere de uma empresa para outra, dependendo do porte e

estrutura organizacional o profissional pode atuar em diferentes funções dentro da

organização.

Suas funções evoluiram muito em relação ao campo de atuação, até pouco tempo se

restringiam às áreas contábil e financeira, a partir da década de 1960 o profissional da

controladoria começou a conquistar seu espaço, sendo reconhecido pela sua capacidade de

entender os anseios dos gestores disponibilizando informações adequadas e passando a

exercer diferentes tarefas, como mostra a figura abaixo.

FIGURA 1: Síntese dos principais marcos históricos da controladoria.

Fonte: Revista Brasileira de Contabilidade (2009).

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Segundo Catelli (2001) as funções da controladoria estão ligadas ao conjunto de

objetivos propostos pela empresa e, quando desempenhados, viabilizam o processo de gestão

econômica. As funções desempenhadas são:

- Subsidiar o processo de gestão: estará auxiliando os gestores das diversas áreas

fornecendo informações sobre desempenho e resultados econômicos adequando às realidades

da organização, como também pelo modelo de gestão adotado por ela. Deve subsidiar as

etapas de planejamento, execução e controle que compõem o processo de gestão.

- Apoiar a avaliação de desempenho: na avaliação do desempenho a Controladoria

estará elaborando analises de desempenho econômico das áreas, dos gestores, desempenho

econômico da empresa e avaliando o desempenho da própria área.

- Apoiar a avaliação do resultado: estará elaborando a analise de resultado econômico

dos produtos e serviços prestados pela organização, como também monitorar e orientar para o

estabelecimento de padrões que deverão ser utilizados em eventos e transações.

- Gerir os sistemas de informações: definir a base de dados necessária à gestão,

elaborar modelos de decisão para os diversos eventos econômicos, padronização e

harmonização do conjunto de informações econômicas.No momento atual, com o avanço da

tecnologia o sistema de informação pode trabalhar em sintonia com o departamento de

controladoria, zelando pela base de dados e maximizando a disposição das informações aos

diversos públicos especialmente aos gestores da organização.

- Atender aos agentes do mercado: sendo a empresa um sistema aberto, está em

constante interação com o ambiente que está inserido, devendo a área de Controladoria

acompanhar e analisar os impactos que as legislações causam à atividade da empresa. Deverá

atender aos diversos agentes de mercado sendo o representante ou acompanhando os gestores.

A Controladoria deve atuar conjuntamente com as demais áreas que compõem a

organização, informando os gestores os resultados das analises realizadas, não sendo de

responsabilidade da Controladoria a avaliação final.

3.3 Profissional da Controladoria

O profissional da área de Controladoria deve possuir um conhecimento amplo de todos

os departamentos que compõem a organização, não somente da área contábil ou financeira.

Em muitas organizações o diretor dessas áreas exerce essa função, por possuir um maior

conhecimento sobre as atividades realizadas pela empresa e principalmente sobre a área

financeira.

Mendes (2002) salienta que houve uma época em que o controller vinha naturalmente

da área contábil, hoje a escolha do profissional é feita considerando atributos, como: mente

analítica, versatilidade, boa fundamentação econômica e visão dos processos da empresa, não

se restringindo a esta área.

Segundo Figueiredo e Caggiano (2004 p. 28):

O Controller é o gestor encarregado do departamento de Controladoria; seu papel é, por meio do gerenciamento de um eficiente sistema de informação,

zelar pela continuidade da empresa, viabilizando as sinergias existentes,

fazendo com que as atividades desenvolvidas conjuntamente alcancem os resultados superiores aos que alcançariam se trabalhassem

independentemente.

Segundo Heckert e Wilson (1963) o controller é o principal responsável pela

contabilidade. É um executivo que deve freqüentemente orientar no controle e na proteção do

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negócio.Entendem que o controller não é o comandante do navio, mas pode ser comparado ao

navegador, tendo como responsabilidade orientar, manter o rumo das decisões informar sobre

resistências e variações encontradas, além de alcançar o próximo ―porto‖ em segurança.

O controller deve auxiliar os gestores das diversas áreas a planejarem, executarem e

controlarem as atividades da organização sejam elas de suporte ou operacionais, utilizando

com eficiência e eficácia os recursos colocados à disposição. ( NAKAGAWA, 1993).

Dentre os requisitos mencionados para execução de suas atividades Figueiredo e

Caggiano (2004), destacam:

- Conhecer o ramo de atividade da empresa assim como as vantagens e desvantagens

que afetam o setor.

- Conhecer a historia, a missão, as metas que a empresa pretende alcançar.

- habilidade para analisar dados contábeis e estatísticos e conhecimento de

informática.

- habilidade de se expressar oralmente e por escrito.

4 Atuação da Controladoria nas Cooperativas de Crédito

O artigo em questão sugere como a Controladoria pode atuar nas cooperativas de

crédito e qual o papel exercido pelo controller.

Como foi relatada uma das funções do departamento de Controladoria é interagir com

todos os departamentos que compõe a organização.

Em uma cooperativa a cooperação é um dos princípios que a norteiam, podendo ser

uma vantagem no trabalho executado pelo controller, pois é de extrema relevância que os

departamentos estejam interligados.

Como já foi dito anteriormente um dos problemas encontrados em uma cooperativa é

o fato de muitos dirigentes e colaboradores não possuir uma experiência profissional, ou seja,

não tem uma visão sobre o mercado, desconhecem as tendências, ficam voltados a um sistema

conservador.

Outro ponto desfavorável é o fato de todos serem donos, podendo ocorrer algumas

divergências entre os associados; as decisões devem ser tomadas pela maioria.

Deve ser de conhecimento do profissional de controladoria todas as vantagens e

desvantagem encontradas em uma sociedade de pessoas, para que possam instruir da melhor

forma seus dirigentes.

Antes de iniciar suas atividades o profissional também deve conhecer o modelo de

gestão utilizado pela cooperativa, bem como a estrutura organizacional.

As cooperativas por possuírem características próprias, possuem estrutura

organizacional e modelo de gestão diferente das empresas mercantis.

Para Peleias ( 2002 p. 19):

Modelo de gestão é um conjunto de princípios que define a forma de gestão

da empresa. É formado pelas crenças e valores dos acionistas/ proprietários e

principais gestores, que orientam e influenciam as diversas atividades empresariais, em especial o processo de tomada de decisões; estabelece os

parâmetros e regras básicas que norteiam a busca de objetivos e resultados;

explicita princípios direcionadores e uniformizadores para o cumprimento da

missão da empresa.

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Segundo Oliveira (2001, p. 230) ―as cooperativas devem ter sua estrutura

organizacional como sustentação para alcançar os objetivos estabelecidos em seu plano

estratégico‖.

4.1 Processo de Gestão

Uma das tarefas a ser executada pelo controller é auxiliar os gestores das diversas

áreas de atuação, devendo assim auxiliar no processo de gestão.

Segundo Catelli (2001) o processo de gestão é um grande processo de controle que

tem por objetivo atingir eficácia organizacional, atividades que tem sido caracterizada por um

continuo processo de tomada de decisão.

Para Catelli (2001) o processo de gestão deve assegurar que a dinâmica das decisões

tomadas conduzam ao cumprimento da missão estabelecida pela organização, sendo

estruturado nas fases de planejamento estratégico, planejamento operacional, execução e

controle.

―Planejamento estratégico é um processo de formulação de estratégias organizacionais

no qual se busca a inserção da organização e de sua missão no ambiente em que ela está

atuando‖.( CHIAVENATO, SAPIRO, 2003, p. 39).

Corresponde a fase em que são elaborados os planos e ações a serem executados,

alinhados a missão, cultura e valores da cooperativa.

Planejamento Operacional, segundo Maximiano (1991, p.155), ―consiste na previsão

dos meios/ atividades e recursos que deverão ser acionados para possibilitar a realização de

um objetivo.‖.

Segundo Peleias (2002) nesta fase deve ocorrer o pré-planejamento operacional, onde

será feitas a identificação e escolha das alternativas. Já na fase de planejamento operacional

(níveis orçados) acontecerá o detalhamento das alternativas propostas na fase anterior,

relacionadas a recursos, produtos, volumes, preços e outras variáveis, compreendendo um

horizonte de tempo ( curto, médio e longo prazo).

Execução é a etapa onde as tarefas são desempenhadas, ou seja, é onde ocorre o

desempenho real do período.

Para Peleias (2002) a execução decorre de uma direção, é onde envolve o processo de

tomada de decisão, transmissão de ordens e coordenação das atividades individuais.

Controle, segundo Welsch, (1990, p. 41), ―é simplesmente a ação necessária para

verificar se os objetivos, planos, políticas e padrões estão sendo atendidos.‖.

Esta fase não se baseia somente em acompanhar se os procedimentos estão sendo

efetuados, devendo o controller estabelecer um feedback com os gestores das diversas áreas e

verificar se as ações estão atingindo o resultado esperado, se o resultado for negativo deve-se

rapidamente estabelecer novos procedimentos. Deve-se analisar os objetivos planejados com

os desempenhados.

Para Peleias (2002, p. 26):

O controle é a etapa do processo de gestão, continua e recorrente, que avalia

o grau de aderência entre os planos e sua execução; analisa os desvios

ocorridos, procurando identificar suas causas, sejam elas internas ou externas; direciona as ações corretivas, observando a ocorrência de variáveis

no cenário futuro, visando alcançar os objetivos propostos.

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A avaliação de desempenho dos gestores e áreas de responsabilidade, bem como do

seu próprio departamento deve ser realizado pelo controller. Nesta fase devem ser

consideradas receitas, custos variáveis e fixos, é quando ocorre a avaliação do desempenho

dos ciclos econômicos.Em uma cooperativa de crédito serão analisados receitas, despesas,

captação de recursos, sobras de caixa, entre outros. Serão comparados os níveis orçados com

o realizado.

Segundo Oliveira (2001), no caso das cooperativas deve ser realizado um trabalho de

acompanhamento, controle, avaliação e aprimoramento do processo de gestão. Devem ser

analisados os desempenhos das diversas áreas, por meio de comparação entre as situações

alcançadas e as prevista, bem como avaliar as estratégias e políticas adotadas.

Entre as tarefas a serem desempenhados pelo controller, os mesmo autores apresenta

alguns procedimentos que podem auxiliar na aplicação de suas funções:

-Estabelecer padrões de medida e avaliação: baseado nos objetivos, metas, estratégias

e estrutura organizacional, não se esquecendo da cultura organizacional da cooperativa. Os

padrões de medida e avaliação devem considerar critérios e parâmetros.

-Medir e avaliar os desempenhos apresentados: mediante critérios de quantidade,

qualidade e tempo.

- Comparação do realizado com o esperado: se o resultado apresentado estiver dentro

dos padrões determinado à cooperativa não deve se preocupar; se o resultado exceder um

pouco deverá ser realizados alguns ajustes para que retorne a situação adequada; e se

resultado exceder muito ao resultado esperado a cooperativa deverá interromper suas

estratégias até que as causas sejam identificadas, analisadas e eliminadas.

-Ação corretiva: corresponde às medidas ou providências que deverão ser adotadas

para eliminar os desvios que foram detectados.

Segundo Oliveira (2001) os processos de avaliação de desempenho e resultado devem

estar focados em: pontos críticos para evitar perda de tempo e aumento de custos; estar bem

explícitos para facilitar o entendimento pelos vários públicos da cooperativa; deve produzir

informações rápidas e corretas para o processo decisório; basear-se em padrões de avaliações

claros, definidos e precisos e ter objetividade de forma que desencadeie uma ação corretiva ou

de reforço ao processo decisório.

A avaliação do desempenho e resultado é de extrema importância, sendo considerada

parte essencial para se atingirem os resultados esperados.

Existe diferença entre avaliação de desempenho e avaliação de resultado, os mesmos

são ligados à eficiência e a eficácia. A eficiência diz respeito ao método, a forma de

realização. É a comparação entre o padrão e o executado, ou seja, eficiência = produtos

obtidos X recursos consumidos. A eficácia está ligada ao alcance de metas, é necessário

definir um plano ou objetivo a atingir, sendo representado por eficácia = resultado obtido X

resultado pretendido. ( PELEIAS, 2002).

De acordo com Valadares (2003) para se realizar um adequado processo de avaliação

de resultados deve-se estabelecer uma interação com o sistema de informações; identificar os

momentos de realização da avaliação e estabelecer nível de comprometimento, participação e

conhecimento dos colaboradores.

Uma outra ferramenta que pode ser utilizada pelo controller em suas atividades está no

estabelecimento de indicadores, devendo ser adotado de acordo com o modelo de gestão.O

estabelecimento dos indicadores de desempenho e resultado sendo bem planejados e

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estruturados pode trazer melhor aceitação pelos colaboradores e funcionários da cooperativa,

devendo contar com a participação de todos.

Após pesquisa sobre formas de avaliar o desempenho da cooperativa tendo como

ferramenta os indicadores será sugerida o balanced scarecard ( BSC) de Kaplan e Norton

(1996), que definem como um conjunto de indicadores que abrangem quatro perspectivas,

sendo elas: financeira, cliente, processos dos negócios, aprendizagem e crescimento.

Segundo os autores não se devem avaliar somente indicadores financeiros, como é

feito pela maioria das organizações, deve - se considerar o trabalho realizado por todas as

áreas, pois é com otimização de cada departamento que se alcança o resultado proposto.

As medidas de desempenho financeiro devem manter a sobrevivência da cooperativa,

utilizando como métodos o retorno sobre capital, receita operacional, margem bruta e valor

econômico agregado.

Sobre a perspectiva dos clientes inclui cooperados ou não, devem-se agregar valores

aos clientes; as medidas de desempenho devem avaliar a quantidade de novos clientes bem

como os clientes potenciais e a satisfação dos mesmos. Os clientes são de extrema

importância para cooperativa, sendo ela uma sociedade de pessoas deve manter a satisfação

de seus cooperados.

Como medida de desempenho no processo dos negócios devem ser focados nos

esforços dos processos críticos, ou seja, nos processos que tem maior impacto sobre a

satisfação dos clientes, bem como os objetivos financeiros da cooperativa. Os autores dão

ênfase no processo de inovação e de atendimento aos clientes.

As medidas de aprendizagem e crescimento identificam a infra-estrutura necessária

para o crescimento da cooperativa há longo prazo. Como medida de desempenho podem ser

utilizados a receitas por empregado, o aumento das habilidades individuais, o nível de

produtividade e o acesso à tecnologia da informação.

Enfim, pode-se encontrar inúmeras ferramentas que podem auxiliar o trabalho dos

controllers, devendo a escolha estar de acordo com o tipo de gestão adotado.

Os controllers devem estar em constante atualização ao que diz respeito a novas

técnicas de gestão, não encontrando mais espaço aqueles profissionais que não se reciclam.

5 Considerações Finais

Após pesquisa realizada por meio de coleta de dados por diferentes autores, pode-se

concluir que se trata de uma área que se encontra em desenvolvimento e que ainda causa

algumas divergências ao que diz respeito às suas funções.

Desde o antigo Egito pode-se encontrar funções desempenhadas pelo departamento de

controladoria, passando por inúmeras transformações até hoje, fator este que traz diferentes

formas de interpretação.Além do que a execução de suas funções depende do modelo de

gestão adotado pela organização.

Pode-se notar que mesmo com estas divergências existem alguns pontos em comum

entre os autores pesquisados, como a finalidade da controladoria. Todos se referem como uma

área voltada ao crescimento e a eficácia dos resultados pela organização, desempenhando

importante tarefa junto à diretoria.

O controller deve ter como objetivo maior zelar pela continuidade da empresa,

fazendo com que os diversos setores estejam trabalhando interligados, maximizando o

resultado global.

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Grande parte das empresas não possui um departamento de controladoria, sendo o

trabalho executado geralmente pelo diretor da contabilidade ou diretor financeiro, nota-se um

desconhecimento em relação ao assunto, bem como às aptidões necessárias para a execução

correta de suas tarefas.

O controller é um profissional de extrema relevância para o sustento e crescimento da

organização, subsidiando importantes tarefas de planejamento, execução e controle, além da

elaboração de relatórios de desempenho e resultado.O profissional estando bem capacitado e a

organização dispondo de recursos adequados, poderá contribuir efetivamente pelo resultado

global.

Nas cooperativas em geral podem-se encontrar as mesmas dificuldades, dependendo

do porte e da estrutura organizacional estabelecida, além de se deparar com obstáculos, como:

conservadorismo e resistência por parte da diretoria.

As cooperativas de crédito por mais que desempenhem os mesmos tipos de serviços

que as empresas mercantis deve preservar os valores infundidos desde a sua criação.

Pode-se concluir que as cooperativas de crédito terão maior êxito em seus resultados

propostos se contarem com a atuação de um departamento de controladoria.

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB – VC

Jornada de trabalho e utilização do banco de horas

Luciana Pereira Santos Cirilo (Bacharel em Direito) [email protected]

Patrícia Helena de Avila Jacyntho (Professora Orientadora - IMESB) [email protected]

Resumo: A flexibilização dos direitos laboras, quando devidamente aplicada, não oferece

riscos aos direitos dos trabalhadores, direitos estes tutelado pelo Estado, pelo fato de que os

trabalhadores, serem o lado mais fraco da relação trabalhista, direitos que foram

conquistados através de longas e incansáveis lutas da classe operária, por séculos a fio, em

período histórico que remonta à Revolução Industrial, época de longas e incansáveis

jornadas de trabalho, pouquíssima dignidade humana, serviços prestados em condições

insalubres, baixíssima remuneração, escravidão etc. Intenta-se, de forma objetiva,

demonstrar que certas modalidades de flexibilização, que ao invés de oferecerem riscos,

protegem os trabalhadores das oscilações de ordem econômicas e estruturais.

Primeiramente, é realizada uma introdução ao Direito do Trabalho, demonstrando suas

definições e objetivos. Depois demonstra-se as conquistas adquiridas pela classe operária ao

longo dos séculos, no mundo e no Brasil. Em seguida foi exposta a jornada atual de trabalho,

e por fim, algumas das possíveis flexibilizações conhecida por Banco de Horas. Buscou-se

fazer uma pesquisa qualitativa, tendo por base o método indutivo. A relacionada à

flexibilização do Direito do Trabalho não foi esgotada, devido à extensão e dimensão que

rodeiam os tópicos relacionados ao tema.

Palavras-chave: Jornada. Horas Extras. Flexibilização. Banco de Horas. Compensação.

Introdução

Com base nos traçados históricos sobre o trabalho e o surgimento do Direito do

Trabalho, no Brasil e no mundo, com o intuído de demonstrar as condições subumanas às

quais os trabalhadores do século XVIII e XIX eram submetidos, com jornadas de trabalho

extensas, regime de escravidão, do mesmo modo citando também as corporações de ofício, o

surgimento das máquinas, e do proletariado, e as principais conquistas da classe operária ao

longo dos séculos, ressaltando que nesse período que teve como um dos principais marco

histórico denominado Revolução Industrial. O Direito do Trabalho surgiu para solucionar

conflitos de interesses entre empregado e empregador.

As principais legislações brasileiras referentes às normas laborais, que visavam uma

maior proteção ao trabalhador, também são mencionadas.

Do mesmo modo, aborda-se também as modificações geradas pelo fenômeno da

globalização, as adaptações das regras trabalhistas à realidade dos dias atuais, denominada

também como flexibilização dos direitos trabalhistas, e a utilização do Banco de Horas, que

devidamente utilizado protege o trabalhador, evitando demissões e contratações em períodos

de oscilações financeiras e mercadológicas, e como forma de permitir um melhor ajuste da

empresa com produção sazonal à demanda por seus produtos.

Através de uma ampla pesquisa bibliográfica e jurisprudencial, baseando-se em obras

pertinentes e objetivas, o método que será utilizado no transcorrer desse trabalho é o indutivo.

Objetiva-se demonstrar que o Banco de Horas, uma das formas de flexibilização,

quando utilizado corretamente contribui positivamente para ambas as partes da relação

trabalhista

103

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB – VC

1 Flexibilização na jornada de trabalho

1.1 Flexibilização

A flexibilização surgiu para adequar as normas laborais ao dinamismo do direito do

trabalho.

1.1.2 Origem da flexibilização no direito do trabalho

A flexibilização de Direito do Trabalho originou-se com a crise do petróleo, no ano de

1973, fenômeno que teve como resultado muito desemprego, fato que levou à revisão de

algumas leis trabalhistas, por Luft (2007).

A globalização e seus efeitos colaterais, bem como o avanço da tecnologia,

provocaram uma onda de desemprego em diversos países do mundo, dentre eles, Brasil, o que

afetou o Direito do Trabalho, levando o Estado a elaborar leis destinadas a atenuar os efeitos

negativos que advieram.

A finalidade da globalização é acelerar e ampliar o processo de troca entre as nações

de mesmo e de outros continentes. O objetivo principal é extinguir qualquer tipo de barreiras

que limitaria a prática e o desenvolvimento de livre comércio.

Dessa forma podemos citar o seguinte conceito:

Por globalização entende-se um processo irrefreável de integração ou intercâmbio

internacional envolvendo as pessoas, as empresas e as nações como um todo, contemplando vários aspectos, entre os quais o político, o cultural e o econômico,

com conseqüências mais dramáticas e inquietantes relativas a este último.

(SOARES.JR, 2007).

A Constituição Federal de 1988 foi o instrumento que permitiu o início da

flexibilização do Direto do Trabalho:

Com a promulgação da Constituição de 1988, ao mesmo tempo que são mantidas as garantias para os trabalhadores, ganham corpo às discussões a respeito da ineficácia

do Estado intervencionista, do paternalismo estatal e têm início as reformas legislativas, tendentes à implantação de um modelo de Estado neoliberal. Nesse quadro de mudanças, tem crescido o atual movimento de idéias tendente à flexibilização do Direito do Trabalho, como proposta de solução dos problemas mais emergentes no campo trabalhista, tais como o crescimento do desemprego, a mudança do valor atribuído ao trabalho humano, voltado agora para a obtenção de conhecimento, e o crescimento do setor de serviços. (NASCIMENTO, 2001 p. 74).

O mencionado autor preceitua ainda que:

A competitividade entre empresas de diferentes países intensificou-se com as

maiores facilidades proporcionalidades proporcionadas pela velocidade da

agilidade das comunicações e comércio, provocando uma concorrência maior, que

as levou a iniciativas com a finalidade de reduzir custos da produção, dentre os

quais o número de empregados , os salários, as formas de contratação e a jornada de

trabalho, o que se refletiu sobre o direito do trabalho. (NASCIMENTO, 2001 p.

74).

Portanto podemos afirmar que desenvolvimento do trabalho, originou, por

conseqüência a flexibilização no Direito do Trabalho.

1.1.3 A flexibilização da jornada de trabalho

Conforme mencionado anteriormente a flexibilização da jornada de trabalho foi uma

necessidade decorrente da evolução do direito do trabalho, tanto nos aspectos positivos como

nos aspectos negativos.

104

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Entende-se a utilização dos instrumentos jurídicos que permitam o ajustamento da

produção, emprego e condições de trabalho elementos que requerem rápida

adequação, como as inovações tecnológicas, a celeridade e permanência das

flutuações econômicas, entre outros. (Hoyos, (apud PAIVA, 2001, p.2).

A medida vem sendo, há tempos, profundamente adotada nos países europeus, berço

da Revolução Industrial e do Direito do Trabalho.

No entender do jurista francês Javillier (apud PAIVA, 2001, p. 2), ―[...] a

flexibilização visa a uma combinação de normas de proteção em sentido favorável aos

trabalhadores‖.

A flexibilização confere também um caráter de adaptação como estratégia sindical em

face das dificuldades ou da crise econômica, buscando sempre preservar os interesses dos

trabalhadores.

Ressalta-se a flexibilização está vinculada a necessidade de conceder às leis

trabalhistas, maior plasticidade, maior maleabilidade, destituindo-as da rigidez tradicional.

1.2 Previsão legal e aplicabilidade da flexibilização

A Constituição Federal de 1988 prevê em alguns casos, a possibilidades de

flexibilidade do Direito do Trabalho. O artigo 7º, VI, menciona que, salvo disposição

contrária prevista em convenção ou acordo coletivo, o salário é irredutível. O inciso XIII do

mesmo artigo, legaliza que mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho, pode-se

alterar a jornada do trabalho normal, que em regra, não pode ser superior a 8 horas diárias e

44 horas semanais. O inciso XIV, também do 7º da CF/88, possibilita que a jornada de 6

horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento seja alterada, por meio

da negociação coletiva.

Segundo o ministro Azevedo (apud ERDELY, 2006), ―[...] existe três linhas de

interpretação sobre as hipóteses e limites da flexibilização‖.

Dessa forma podemos citar que a primeira delas reconhece a negociação de itens

essenciais como o salário e jornada de trabalho. A segunda restringe a flexibilização na

duração da jornada de trabalho normal de oito horas diárias e na de seis horas para turnos

interruptos de revezamento. A terceira linha defende a possibilidade de acordos e convenções

sobre direitos estabelecidos apenas em lei e não na Constituição.

Nos períodos conturbados economicamente, sindicatos e empresários resolveram se

unir, para tentar conter a avassaladora onda de demissões na indústria paulista, em especial na

automobilística, conforme observa Sanches (1996).

A idéia era a redução da jornada de trabalho, ou a redução salarial, aplicada a todos os

funcionários, como saída para a diminuição do número de desempregados, segundo Araújo

(apud Sanches, 1996), diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

Ambas as estratégias são largamente utilizadas nos países europeus, sob o prisma de

que, para evitar a demissão de parte dos funcionários de uma empresa, que o seria um mal

maior, todos os funcionários dessa empresa teriam o valor de seu salário reduzido por um

determinado período, o que seria um mal menor, fazendo valer o último dos três ideais que

foram lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Fraternidade, na

rigorosa acepção da palavra, resume todos os deveres dos homens relativamente uns aos

outros, significando devotamento, abnegação, tolerância, benevolência, indulgência. Sendo

assim, todos se privariam de parte de seu salário, evitando que uma parte perdesse o seu

emprego, do qual depende, na maioria dos casos, não somente uma pessoa, mas uma família

inteira.

A Volkswagen em 22-10-2001 anunciou, um plano de reestruturação no sistema de

produção da fábrica Anchieta, localizada, no ABC paulista, conforme anunciado por Futema

(2001).

105

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O referido plano previa a flexibilização em 20% da jornada de trabalho com

equivalente corte de salário para os 16 mil trabalhadores da unidade, corte de 20% do salário

dos funcionários e a adoção da jornada semanal de quatro dias de trabalho com folgas às

sextas-feiras. Para os trabalhadores cujos salários eram de até 3 mil por mês, a remuneração

seria mantida e o corte de 20% seria diluído no pagamento do 13º salário, participação nos

lucros e resultados e reajuste da data-base. Para salários superiores a R$ 3mil, o corte seria

feito no próprio holerite do mês. Segundo o presidente da Volkswagen esta seria a única

maneira de garantir o emprego de todos os funcionários diante da crise no setor automotivo.

É importante salienta que desde o final de 1995, algumas empresas como a Scania, a

Ford e a Volkswagen adotaram a jornada de trabalho flexível como um mecanismo para

solucionar os problemas de oscilação de produção, que ora se mantém aquecido, ora

permanece em recesso, conforme informa Sanches (1996). Quando a demanda do mercado

está em alta, o funcionário pode trabalhar até 44 horas, e que quando está em baixa, até 36

horas.

Segundo o departamento de relações trabalhistas da Ford, empresa pioneira no acordo

de flexibilização junto ao Sindicato dos Metalúrgicos, a inovação e as possibilidades abertas

por esse acordo permitiram que um grande número de empresas seguisse na mesma direção.

O sistema é bom e oferece garantia aos dois lados, empregado e empregador, pois

caso haja retração na produção, é uma chance do trabalhador não perder o emprego, enquanto

a empresa pode ter o suplemento de horas em períodos de pico sem ter a necessidade de ter

custos adicionais relativos ao pagamento de horas extras.

Para a flexibilização dar certo e bons frutos, tem que ser respeitada em sua plenitude

por ambos os lados, para Gazzetta (apud Sanches, 1996), executivo de RH e relações

institucionais da Toyota.

Outra empresa que está trabalhando com esquema de jornada flexível, mais

especificamente como modalidade conhecida por banco de horas é a Mercedes-Benz do

Brasil, onde o sistema de crédito de horas, qual a pessoa trabalha mais nos períodos de pico,

acumulando horas extras, faz com que, em um ano, ela tenha aproximadamente 14 dias de

folga.

Para o diretor de relações trabalhistas da Fiat Automóveis e presidente do Conselho

de Relações do Trabalho da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Abreu (apud Sanches,

1996), a flexibilização produz efeitos positivos para a empresa e para o empregado, pois

quanto mais flexibilização, respeitando os limites legais, maior a possibilidade de concorrer

no mercado e evitar demissões.

Como visto, cada organização procura, da sua maneira e de diferentes modos,

desenvolver métodos alternativos para evitar demissões nos meses em que a produção é baixa.

Constata Soares Jr. (2007, p. 3), ―[...] que de certa forma, a flexibilização contempla

inúmeras formas de modificação no Direito do Trabalho‖.

1.2.1 Limites e cautelas para aplicação da flexibilização

Em um sábio e sensato parecer, o ministro do Tribunal Superior no Trabalho Martins

Filho, defende que uma das exigências atuais do Direito do Trabalho é a de encontrar um

equilíbrio justo no que tange à flexibilização das normas trabalhistas, de forma que, numa

economia globalizada, não inviabilize o processo produtivo, porém, não comprometa os

pilares do Direto do Trabalho, principalmente na atual fase da evolução histórica que se

encontra o trabalhador, necessitado da segurança oferecida pelo ordenamento jurídico estatal

de defesa de seus direitos.

Historicamente, o Direito do Trabalho sempre teve natureza protecionista ao

empregado, sendo que o Estado, na visão de Soares Jr. (2007, p. 1), ―[...] a pretexto de

proporcionar ou mesmo garantir certo equilíbrio nas relações trabalhistas, interveio de forma

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ampla e bastante intensa‖. Um exemplo dessa intervenção é a própria legislação trabalhista

brasileira, tendo em vista que o artigo 468 da CLT, prevê a nulidade da alteração nas

condições de trabalho, caso causem prejuízo ao empregado, direta ou indiretamente.

É de extrema importância que essas flexibilizações não coloquem a perder os

benefícios e garantias conquistados pela classe operária desde a Revolução Industrial, que

promoveu profundas mudanças nas relações de trabalho.

Os movimentos da classe trabalhadora por um conhecimento mais amplo de seus

direitos individuais e sociais foram, e ainda são, uma realidade. A história do

sindicalismo tem demonstrado, nos seus vários períodos, as lutas e reivindicações

dos trabalhadores para assegurar melhores condições de vida, tentando através do

reconhecimento de direitos fundamentais, diminuir a exploração do homem pelo

homem. (DINIZ, 2003, p.1)

Nas palavras do referido autor o princípio protetor constitui a própria essência do

Direito do Trabalho. Não deve ficar no esquecimento as experiências históricas da exploração

do homem trabalhador, quando se busca o lucro exacerbado por parte dos empregadores.

O Direito do Trabalho deve passar por uma revisão, adequando-se a realidade para

demonstrar-se que não constitui um compartimento indiferente a outras questões, para

Nascimento (2001).

Dessa forma podemos afirmar que ao contrário, o Direito do Trabalho é parte de um

sistema de relações de trabalho, e este sistema, por sua vez, é parte de um todo maior, que é o

sistema econômico do país.

As normas flexibilizadoras existentes são incipientes, esparsas e assistemáticas, Paiva

(2001). Referidas normas foram inseridas na Constituição de 1988, porém não se instruíram

sob a inspiração dos motivos e dos fundamentos que passou a nortear o Direito do Trabalho

nos países estrangeiros, que ensejam adequar-se às profundas transformações econômicas,

tecnológicas, sociais e políticas do mundo contemporâneo, que já se fazem em nosso país,

A Constituição de 1988 já admitiu algumas formas de flexibilização dos direitos

trabalhistas com relação ao salário e jornada de trabalho, porém, sob o encalço da negociação

coletiva, no entender de Martins Filho (2003).

Sendo assim, se os dois principais direitos trabalhistas, que são salário e jornada de

trabalho, são passíveis de flexibilização, os demais que deles decorrem também podem ser

flexibilizados, ancorados por acordos ou convenções coletivas.

O ministro Azevedo (apud ERDELYI, 2006), do Tribunal Superior do Trabalho,

defende que os direitos de natureza não-patrimoniais, como os que envolvem a segurança e a

saúde física, são inegociáveis, porém, os direitos trabalhistas de natureza patrimonial podem

ser transacionados e estão dentro das hipóteses de flexibilização, estas, passíveis de uma

ampliação na Justiça do Trabalho no âmbito da negociação coletiva. Para o ministro, não

depende de lei a possibilidade de ampliação das hipóteses de flexibilização dos direitos do

trabalho, pois a Constituição já estabelece os parâmetros necessários.

O ministro criticou a interpretação restritiva à negociação do salário e jornada de

trabalho, à flexibilização na duração da jornada de trabalho é a possibilidade de acordos e

convenções sobre direitos estabelecidos apenas em lei e não na Constituição, pois causaria

uma limitação das hipóteses de flexibilização, e salientou que, o principio da

irrenunciabilidade dos direitos laborais não deve ser confundido com a inviabilidade de

negociação ou intransacionalidade de direitos.

2 Jornada de trabalho e a utilização do banco de horas

2.1 Banco de horas como forma de flexibilização da jornada de trabalho

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Após estudarmos a flexibilização na jornada de trabalho, e compreendermos a sua

aplicação, estudaremos a utilização do Banco de Horas como forma de flexibilizar a jornada

de trabalho.

2.1.2 O que é banco de horas?

Como visto, o chamado banco de horas trata-se de um sistema de compensação de

horas extras mais flexível, que passou a vigorar a partir da Lei 9.601/1998, tendo o prazo

máximo estabelecido para a compensação alterado pela MP 2.164-41/2001, para isto exigindo

autorização por convenção ou acordo coletivo.

A compensação da jornada de trabalho ocorre quando o empregado trabalha mais

horas em um dia para prestar serviços em um número menor de horas que outro, por Segadas

(2000).

O banco de horas é um sistema flexível de compensação de horas extras, que tem a

finalidade de

[...] oferecer possibilidade à empresa de adequar a jornada de trabalho de seus

funcionários às suas necessidades de produção e demanda de serviços, evitando

demissões ou pagamento de hora-extra em dinheiro. (RUIZ, 2005, p.2).

Essas compensações podem ser efetuadas de diferentes modos, como por exemplo,

folga semanal, horas a menos por dia, dias a mais nas férias etc.

Os parágrafos 2º e 3º, artigo 59 da CLT, prevêem a compensação de horas. Esta

compensação, que antes era semanal, passou a ser anual. Estes parágrafos instituem

o popularmente conhecido Banco de Horas.

Estes dispositivos abrem a possibilidade de que a jornada realizada em um dia, desde que não ultrapasse 10 horas diárias, seja compensada em outro, no período

máximo de um ano. Neste caso não haverá a remuneração do trabalho

extraordinário, mas sim a correspondente diminuição de horas em outro dia.

Este sistema de compensação de horas somente é possível por meio do estabelecimento de acordo ou convenção coletiva de trabalho. (CONCEIÇÃO,

2005).

ensina:

Do mesmo modo podemos citar o segundo posicionamento doutrinário, que assim

Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção

coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela

correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de cento e vinte dias, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas,

nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. (MARTINS, 2002, p.

495).

Segundo ainda o referido autor, na prática, são encontradas as denominações Banco de

Horas, Banco de Dias, porém, a denominação mais correta é Acordo de Compensação de

Horas.

2.1.3 A origem do banco de horas

No ordenamento jurídico brasileiro a terminologia Banco de Hora encontra-se

mencionado Acordo de Compensação de Horas.

Houve uma grande retração na economia do ano de 1998, e em decorrência dessa

retraça, as empresas automobilísticas se encontravam com dificuldade de vender seus

estoques de automóveis, segundo a Associação dos Revendedores de Veículos Automotores

no Estado de São Paulo (Assovesp, 2007).

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Referida situação provocou uma retração na necessidade de produção na linha de

montagem dos veículos, e para evitar o desemprego, as empresas automobilísticas passaram a

conceder férias coletivas aos seus funcionários, o que criou um certo receio nos sindicatos dos

empregados, levando-se a negociar o que denominaram como Banco de Horas, surgindo então

a terminologia. Nesse contexto, o governo encaminhou uma medida de trabalho, alterando-a

de semanal para anual, atendendo assim a reivindicação social. Dessa maneira, foi introduzido

nos parágrafos 2º e 3º do artigo 59 da CLT, a ampliação do acordo de compensação de horas,

dando permissão para que as horas extraordinárias na jornada de trabalho pudessem ser

compensadas pela diminuição correspondente em outro dia, dento de um período que não

ultrapasse um ano.

Nas palavras de Nascimento (2001, p.870) ―[...] as tendências de modernização dos

critérios legais sobre jornada de trabalho levaram o legislador a alterar o artigo 59 da CLT ‖.

O referido artigo estabelece que:

[...] Art. 59 - A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente de 2, mediante acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho.

A Lei nº 9.601, de 1998, em seu artigo 6º, criou uma modalidade especial de

compensação de horas, também conhecido pela denominação banco de horas.

O artigo 6º da referida Lei assim estabelecia:

[...] Art. 6º, § 2º - Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for

compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não

exceda, no período máximo de cento e vinte dias, à soma das jornadas semanais de

trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias.

Posteriormente, a Medida Provisória (MP) nº 2.164-41, de 2001 alterou o § 2º do

artigo 59 da CLT, estendo o período máximo para compensação, anteriormente limitado em

120, para o limite máximo de um ano. O artigo compensação, anteriormente limitado em 120,

para o limite máximo de um ano. O artigo 59, § 2º da CLT ficou então com seguinte texto;

[...] Art. 59, § 2 – Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de

acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não

exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho

previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias.

2.2 Acordo de compensação de horas e banco de horas

Bem observado por Martins (2006, p. 496), ―[...] a Lei nº 9.601 acabou instituindo o

que na prática já se chama de Banco de Horas, que nada mais é do que a compensação da

jornada‖.

2.2.1 Acordo de Compensação de Horas

Acordo de compensação de horas consiste no ajuste feito entre empregado e

empregador, cuja finalidade é a de que o empregado presta seus serviços com maior numero

de horas em determinado dia, para trabalhar em número de horas inferior ao normal de sua

jornada em outro dia.

2.2.2 Banco de horas

O Banco de horas consiste na possibilidade de o trabalhador cumprir jornada inferior

à normal, no período em que há uma menor demanda por produção na empresa em que

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trabalha, sem haver redução do seu salário ou ser dispensado. No momento em que a

quantidade de produção necessitar ser acrescida, o trabalhador cumpre jornada superior à

normal, havendo então a compensação, na proporção de uma hora trabalhada por uma não

trabalhada.

Pode ocorrer também o inverso, ou seja, o trabalhador presta serviços mais horas por

dia no período em que há uma maior demanda de produção, compensando essas horas, na

medida de uma hora trabalhada por uma hora não trabalhada, compensando essas horas na

baixa produção.

Ressalta-se ainda que para ser valido o banco de horas tem que ser pactuado através

de acordo coletivo ou convenção coletiva de trabalho.

2.2.3 Finalidade do banco de horas

O banco de horas é uma solução para movimento de contínuas contratações e

demissões, que tem efeito social muito negativo, com inúmeros efeitos colaterais, tanto para a

economia como para o trabalhador, sendo certo que este último, como a parte mais fraca, e

também a mais afetada tem seus direitos amparados pelo Estado.

Em relação aos seus objetivos podemos citar:

A compensação, inicialmente semanal, foi estendida a quais quer períodos, desde

que não supere um ano; é o chamado banco de horas, onde as extras trabalhadas em

um dia poderão ser compensadas com a correspondente diminuição em outro dia. O

instituto já era anseio dos trabalhadores, principalmente do ABC paulista, e objetiva

proporcionar às empresas maior possibilidade de adequar a atividade dos

trabalhadores as necessidades de produção, impedindo possíveis cortes no número

de empregados. Sua implantação depende de acordo ou convenção coletiva de

trabalho. (CARRION, 2006, p. 106).

As finalidades do banco de horas segundo Martins (2002, p. 496) são ―[...] evitar

dispensa de trabalhadores em épocas de crise; adequar a produção; evitar ociosidade do

trabalhador; reduzir horas extras e seu custo,compensar o sábado, compensar dias no final do

ano etc‖.

O regime pode ser utilizado pelas empresas que tem acréscimo de produção sazonal

ou ciclos conjunturais, que se beneficiam mantendo estável seu quadro de funcionários, uma

vez que não será necessário dispensar trabalhadores pro motivos de diminuição de produção,

após ter investido em treinamento de mão-de-obra, ou então, arcar com os encargos da

dispensa, que também é onerosa. Por sua vez, o trabalhador também se beneficia tendo em

vista que pode trabalhar de uma hora a mais por dia, de segunda a quinta, e não trabalhar no

sábado.

Ressalta-se que na hipótese acima, não é excedido o limite máximo de 44 horas, e o

trabalhador se beneficia não necessitando de se locomover até a empresa e permanecer mais

tempo com a família.

O banco de horas tem a finalidade de flexibilizar a jornada de trabalho, para que esta

se emoldure à necessidade de maior ou menor produção de uma empresa, Santino (2007). São

constantes os picos e as quedas de produção, conseqüentes das oscilações de ordem

econômica e mercadológica.

Uma forma eficiente de evitar que com essas variações ocorram perdas significativas

de lucro e de força de trabalho, é utilizar-se do banco de horas.

2.2.4 Previsão legal da compensação de horas

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7º, inciso XIII, estabelece aos

trabalhadores urbanos, rurais e outros, que a duração de trabalho normal, não pode ser maior

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do que 8 horas diárias e 44 horas semanais, porém, é facultada a compensação de horários e

também a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.

A CLT em seu artigo 59 estipula que ―[...] a duração normal do trabalho poderá ser

acrescida de horas suplementares, em número não excedente de 2,mediante acordo escrito

entre empregador e empregado,ou mediante contrato coletivo de trabalho[...]‖.

Os parágrafos 2º e 3º, do referido artigo da CLT, acrescentam que:

[...] § 2º - Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho,o excesso de horas em um dia for compensado pela

correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período

máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias.

§ 3º - Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a

compensação integral da jornada extraordinária, na forma do parágrafo anterior,

fará o trabalhador jus ao pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão.

A compensação das horas extras deverá ser feita durante a vigência do contrato. O § 3º

do artigo 59 da CLT, estabelece que, na hipóteses de rescisão de contrato, sem que tenha

havido a compensação das horas extras trabalhadas, o empregado tem direito ao recebimento

destas horas, com o acréscimo previsto na convenção ou acordo coletivo, que não poderá ser

inferior a 50% da hora normal.

No artigo 60 da CLT encontra-se descrito com a seguinte redação:

[...] Art. 60 – Nas atividades insalubres, assim consideradas as constantes dos

quadros mencionados no capítulo Da Segurança e da Medicina do Trabalho, ou que

neles venham a ser incluídas por ato do Ministro do Trabalho, Industria e

Comércio, quaisquer prorrogações só poderão ser acordadas mediante licença

prévia das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho, as quais,

para esse efeito, procederão aos necessários exames locais e à verificação dos

métodos e processos de trabalho, quer diretamente, quer por intermédio de autoridades sanitárias federais, estaduais e municipais, com quem entrarão em

entendimento para tal fim.

2.2.5 Acordo ou convenção coletiva para compensação de jornada extraordinária –

banco de horas

Apesar da Constituição Federal, em seu artigo 7º, inciso XIII, prever como duração

normal do trabalho para os empregados de qualquer atividade privada, a jornada de oito horas

diárias e quarenta e quatro horas semanais, conforme já mencionado anteriormente, a jornada

pode ser elastecida em até duas horas suplementares diárias, caracterizando-se a denominada

hora extraordinária de serviço, que deve ser remunerada com um adicional de, no mínimo,

50% do valor da hora normal. No entanto o excesso de horas de um dia pode ser compensado

pela correspondente diminuição em outro dia, dispensando dessa forma o acréscimo de

salário.

É importante ressaltar que antes da alteração do artigo 59 da CLT, a compensação da

jornada suplementar, deveria ocorrer no mesmo período semanal em que ocorreu a

sobrejornada, sendo certo que a compensação em períodos mais extensos somente era

permitida mediante acordo expresso do empregado, e acompanhamento expresso do sindicato.

Contudo com a Lei 9.601/9, que acrescentou ao artigo 59 da CLT, os parágrafos 2º e

3º, a compensação poderia ser feita inicialmente em até 120 dias, e posteriormente em um

ano, com a publicação e reedição da MP nº 1.709/98.

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O artigo 59 da CLT em seu parágrafo 2º, dá a entender que a validade da

compensação de jornada está condicionada à sua instituição por meio de acordo ou convenção

coletiva, ou seja, com a participação de entidade sindical. No entanto, podemos afirmar que já

ocorre a aceitação do Banco de Horas, firmado por acordo individual entre empregado e

empregador, desde que inexistente norma coletiva proibitiva.

Assim, podemos citar a Súmula nº 85 do Tribunal Superior do Trabalho que preceitua

o seguinte:

[...] A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo individual

escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva; II – O acordo individual para

compensação de horas é válido, salvo se houver norma coletiva em sentido

contrário; III – O mero não atendimento das exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando encetada mediante acordo tácito, não implica a

repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária, se não

dilatada a jornada máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional; IV

– a prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de

jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jornada semanal normal

deverão ser pagas como horas extraordinárias e, quando àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional por trabalho

extraordinário. (TST – Súmula 85, conversão das Orientações Jurisprudência SDI-1

182, 220 e 223)

Do mesmo modo, podemos citar os seguintes posicionamentos dos nossos Tribunais

em relação ao referido tema:

ACORDO DE COMPENSAÇÃO DE HORAS – VALIDADE – O acordo de

compensação de horas não carece de assistência sindical, posto que a Carta

Magna/88 apenas elevou a nível constitucional a regra inserida no art. 59, § 2º, da

CLT. Não se buscou inovar a matéria. A compensação de horas, na atualidade, é

uma realidade usual no campo das relações trabalhistas. (BRASIL. TRT 15ª R. –

Proc. 36447/97 – 5ª T. – Rel. Juiz Luiz Antonio Lazarim – DOESP 22.03.1999 –

p.117).

HORAS EXTRAS – ACORDO INDIVIDUAL DE COMPENSAÇÃO –

CHANCELA SINDICAL – A intenção do legislador constituinte de mil novecentos

e oitenta e oito foi clara ao dispor que a compensação de horários e a redução da

jornada devem ocorrer mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; nada

mais fez do que erigir, a nível constitucional, a norma inserta no artigo cinqüenta e

nove da CLT, não bastando a validade do acordo individual para tanto. Frise-se que

o acordo individual de compensação, ainda que com a chancela sindical, não surte efeito no mundo jurídico, a teor do que dispõe o artigo sétimo, inciso treze da

Constituição Federal, que faculta a compensação de horários apenas mediante

acordo ou convenção coletiva de trabalho. Recurso de revista empresarial não

provido.(TST – RR 197870/1995 – 5ª T. – Rel. Min. Antônio Maria Thaumaturgo

Cortizo – DJU 06.02.1998- p.00420).

ACORDO-COMPENSAÇÃO DE JORNADA –AUSÊNCIA DE NEGOCIAÇÃO

COLETIVA – INVALIDADE – Para a compensação de horas de trabalho, na

forma prevista no art. 59, § 2º da CLT, é imprescindível a prova da existência de

acordo ou convenção coletiva firmado pelas partes envolvidas. O pacto celebrado

diretamente como o empregado, sem a interveniência do sindicato é inválido,

devendo ser para como extra a jornada que ultrapassar o limite diário. (TRT 14ª R.

– RO 675/00 – (135/01) – Rel. Juiz Vulmar de Araújo Coelho Junior – DJERO

27.03.2001).

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Sendo assim podemos observar que há divergência em relação a exigência de

participação ou não da Entidade Sindical para validar o acordo de compensação. No entanto,

evidencia-se que é unânime a exigência da forma escrita do acordo.

2.2.6 Descumprimento de acordo

Em relação ao descumprimento de acordo de compensação de horas, podemos afirmar

que quando o mesmo ocorre, o empregador está desrespeitando as condições ajustadas no

acordo coletivo ou do acordo individual firmado entre o mesmo e o empregado, dessa forma

sujeito à penalidades.

Em relação ao referido assunto, podemos citar como exemplo a decisão da Quarta

Turma do TST, ao examinar o recurso de revista RR 22287/02, interposto pela Philip Morris

do Brasil S/A, reconheceu o OJ nº 220, do Tribunal Superior do Trabalho, ao julgar que o

regime de compensação de jornada de trabalho, estabelecido por meio de negociação coletiva,

dica descaracterizado quando o empregador descumpre, de forma reiterada, os limites

estabelecidos para a prestação dos serviços.

O TST através do Ministro França (2002) deu o seguinte parecer

[...] quando há expresso descumprimento das condições ajustadas em acordo

coletivo, não subsiste o entendimento de que as horas prestadas além do regime

compensatório devem ser pagas sem o respectivo adicional.

Dessa forma o referido caso foi finalizado com tratamento correspondente ao previsto

pela OJ nº 220, nas hipóteses de ressarcimento do trabalhador prejudicado pelo

descumprimento do regime de compensação de jornada, que prevê que ―[...] nesta hipótese, as

horas que ultrapassarem à jornada semanal normal deve ser pagas como horas extras e, quanto

àquelas destinadas à compensação, deve ser pago a mais apenas o adicional por trabalho

extraordinário.‖

2.2.7 Requisitos de validade do banco horas

Para que a implantação do banco horas seja válida, é necessário o preenchimento de

alguns requisitos.

No tocante aos referidos requisitos, cabe analisar alguns dos aspectos de validade:

[...] a) Previsão em Convenção ou Acordo Coletivo de trabalho;

b) Aprovação dos empregados devidamente representados pelo Sindicato da

Categoria;

c) Jornada máxima diária de 10 horas;

d) Jornada máxima semanal de 44 horas previstas durante o ano do acordo;

e) Compensação das horas dentro do período máximo de 1 ano; f) Deve ser mantido pela empresa o controle individual do saldo de banco de horas;

g) Pagamento do saldo das horas excedentes não compensadas no prazo máximo de

1 ano ou quando da rescisão de contrato de trabalho;

h) Em trabalhos insalubres e perigosos, a instituição do banco de horas depende de

autorização expressa de autoridade competente em matéria de segurança e higiene do trabalho do Ministério do Trabalho. (PANTALEÃO, 2007, p.2)

É importante salientar que esses são os requisitos básicos necessários para que o banco

de horas seja válido, porém, conforme demonstrado em exemplos anteriores, o contrato pode

ser provido de outros direitos e obrigações.

Considerações finais

113

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB – VC

Após uma breve análise da evolução histórica, foi verificado que, através de

incansáveis lutas dos trabalhadores ao longo dos séculos, , foram conquistados vários direitos

laborais, que se estenderam da Europa para diversos outros países, dentre os quais, o Brasil.

Porém, o fenômeno da globalização e o avanço técnico, combinados com outros fatos,

dentre os quais, a instabilidade financeira natural do mercado, gerou uma alta taxa de

desemprego, o que ocasionou a adoção de medidas de flexibilização de alguns direitos

trabalhistas adquiridos, dentre os quais, a jornada de trabalho, a diminuição temporária e pré-

estabelecida do salário, a utilização do Banco de Horas, entre outros, com a finalidade de

ajustar a produção sazonal das empresas, evitando assim as possíveis demissões, freqüentes

em períodos de recesso econômico.

Apurou-se que é dever do Estado tutelar os direitos trabalhistas e defender o

enfraquecimentos dos mesmos, porém, o princípio da irrenunciabilidade dos direitos laborais

não deve ser confundido com a inviabilidade de negociação ou intransacionalidade de

direitos, de modo que, uma das exigências atuais do Direito do trabalho, é encontrar um

equilíbrio justo no que tange à flexibilização das normas trabalhistas, de forma que, numa

economia globalizada, não inviabilize o processo produtivo, porém, não comprometa os

pilares do Direito do Trabalho.

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116

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

A Contabilidade e o planejamento tributário: em discussão a carga

tributária como estratégia de gestão na competitividade das empresas

Luis Carlos Lopes (Graduação em Ciências Contábeis – IMESB) [email protected]

Sônia Aparecida Cândida Borges (Professora Orientadora- IMESB) [email protected]

Resumo: A contabilidade tributária é o estudo da teoria e da aplicação prática dos princípios

e normas da legislação tributária, sendo considerada responsável pelo gerenciamento dos

tributos incidentes nas atividades de uma empresa, de forma a não expor a empresa a

possíveis sansões fiscais e utilizando de formas lícitas para uma economia tributária,

obtendo assim melhores resultados. O estudo da contabilidade tributária tem atraído, de

forma significativa, os que desejam desenvolver um planejamento tributário, como forma de

minimizar o ônus tributário a que estão submetidos. A redução de custos é uma das

estratégias mais utilizadas atualmente, em todo o mundo, quando se busca aumentar a

competitividade. Para que se tenha minimização dos custos tributários é necessário o

planejamento e gerenciamento em todas as fases do processo produtivo e comercial.

Pretende-se neste estudo chamar a atenção para o aumento da carga tributária no Brasil,

subsidiando a construção de um contexto para discussão do tema.

Palavras- chave: Contabilidade. Planejamento tributário. Gestão de tributos.

1 Introdução

Partes das fontes de receitas do Estado provem da arrecadação de tributo pagos pelos

contribuintes. Esses recursos são destinados ao custeio de despesas de responsabilidade do

poder público como segurança, justiça, saneamento, saúde, educação, entre outras.

O planejamento tributário sempre foi utilizado pelo contribuinte nessa guerra contra o

Estado na busca de redução do ônus tributário. O presente artigo busca abrir uma discussão

justificada pela necessidade de pesquisa para reduzir a carga tributária antes da ocorrência do

fato gerador, utilizando-se dos conceitos e da aplicabilidade da contabilidade tributária e do

planejamento tributário como uma estratégia de redução de custos e aumento na

competitividade para a empresa.

O planejamento é o estudo das alternativas legais existentes a menos onerosa

disponível na legislação tributária, buscando lacunas na lei, a economia obtida nesse processo

denomina-se elisão fiscal. Na implantação é necessário um estudo á partir de diversos tipos de

informações disponibilizadas pelo administrador, porém deve ser feito antes de ocorridos os

fatos geradores dos tributos que incidirão ou não sobre os atos a serem realizados.

Não se pode confundir a elisão fiscal ou planejamento tributário com evasão fiscal,

uma vez que na evasão os meios utilizados são ilícitos e ocorrem depois da ocorrência do fato

gerador ou no momento da ocorrência do fato caracterizando assim a fraude ou sonegação

fiscal. Na gestão tributária, o profissional e administrador devem observar além das normas

dos princípios fundamentais de contabilidade, a legislação tributária.

O planejamento fixo não é suficiente, uma reciclagem constante se faz necessária para

que a empresa lance no mercado mercadorias e serviços com preços competitivos,

117

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

promovendo diretamente a geração de emprego e renda e para que não se percam as

oportunidades de mudanças na legislação, permitindo á empresa um benefício fiscal.

O contador tem um importante papel no planejamento tributário assessorando a

administração das empresas a decidir e conduzir com eficiência as atividades, encontrando

alternativas para melhorar e diminuir a tributação, dando suporte para a solução de possíveis

problemas que influenciam a gestão dos negócios.

2 Fundamentos conceituais e princípios constitucionais do tributo

O Brasil apresenta uma das maiores cargas tributárias do mundo. O art. 3º do Código

Tributário Nacional afirma que:

Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constituída sansão de ato ilícito, instituída

em lei e cobrada mediante atividade plenamente vinculada

O sistema tributário é disciplinado pela constituição, estruturando e regulamentando a

formação do tributo. O tributo que está direta ou pessoalmente ao fato gerador é classificado

como diretos, recaem sobre o patrimônio e a renda e não são repassados para o preço ou para

outra pessoa; os tributos indiretos fazem parte de um processo produtivo, durante uma cadeia

de fabricação e repassado no preço final e, pago pelo consumidor.

A constituição delega a competência de estabelecer tributos da seguinte forma:

Compete à União instituir impostos sobre:

• importação de produtos estrangeiros;

• exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

• rendas e proventos de qualquer natureza;

• produtos industrializados;

• operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a tributos ou valores imobiliários;

• propriedade territorial rural;

• grandes fortunas.

Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

• transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens e direitos;

• operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviço de

transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e

as prestações se iniciem no exterior;

• propriedades de veículos automotores.

Compete aos municípios instituir impostos sobre:

• propriedade predial e territorial urbana;

• transmissão inter vivos, por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais sobre

imóveis, ressalvadas as exceções legais;

• serviços de qualquer natureza.

A obrigação tributária apresenta como elementos básicos a lei, o objeto e o fato

gerador. A lei é o principal elemento da obrigação, ao criar os tributos, e determina as

condições para a cobrança. O objeto representa as obrigações que o contribuinte deve

118

Page 120: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

desempenhar, segundo as orientações legais. O fato gerador é o fato que gera a obrigação de

pagar tributo.

O uso de um planejamento tributário, também conhecida como elisão fiscal é uma

forma lícita do contribuinte ordenar suas atividades para fugir da excessiva tributação.

Oliveira et al. (2007, p. 41) explica que:

Num planejamento tributário estratégico, a empresa passa a desenvolver suas atividades de forma estritamente preventiva. Também procura planejar

de forma clara os fatos administrativos, de modo a deixar transparentes para

todos os envolvidos as informações sobre o ônus tributário em cada uma das opções legais disponíveis.

1.1 Princípios constitucionais do tributo

Segundo Velloso (2008), no Sistema Constitucional Tributário Brasileiro busca-se a

idéia de eficiência dentro de cada órgão estatal, respeitando as suas competências. O

estabelecimento deste sistema tributário trouxe os princípios gerais dispondo a respeito das

competências, das limitações e discriminações das rendas, imunidades, isenções e outras

questões de grande importância relacionada à tributação brasileira.

Os princípios constitucionais prevalecem sobre todas as demais normas jurídicas, para

alcançar validade exige a edição das normas em total harmonia com os princípios. Segundo a

Constituição Federal:

É vedado á União, aos Estado, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça (Princípio da

legalidade);

II – instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida a qualquer distinção e razão de ocupação

profissional ou função por ele exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos (Princípio da isonomia

tributária);

III – cobrar tributos:

a) Em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei

que os houver instituído, ou aumentados. (Princípio da irretroatividade tributária);

b) No mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei os instituiu ou aumentou (princípio da anterioridade).

• Princípio da competência – Previsto no art. 150, § 6º, e no art. 151 inciso III, da

Constituição Federal o exercício da competência tributária é dado à União ou ao Município,

que por meio de sua legislativa, exercitarão as competências tributárias, não sendo permitida

qualquer delegação ou prorrogação desta competência para outro ente que não seja aquele

expressamente previsto na Constituição.

• Princípio da uniformidade geográfica – nos termos do art. 151, inciso I, a tributação da

União deverá ser conforme em todo o território nacional, não podendo criar distinções entre

os Estados, os Municípios e ao Distrito Federal.

• Princípio da não-discriminação tributária – O art. 152, visando à procedência e ao

destino dos bens, proíbe a manipulação de alíquotas, bases de cálculos ou qualquer outra

fórmula tributária em benefício ou prejuízo da economia da União, dos Estados ou dos

Municípios.

• Princípio da capacidade contributiva – o art. 145, § 1º, estabelece o princípio da

capacidade do contribuinte, a possibilidade econômica de pagar tributos.

119

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Ano

PIB

Tributos

Federais

% Sobre

Tributos

o PIB

%

Estaduais

Sobre

O PIB

Tributos

municipais

% Sobre

o PIB

Total

arrecadação

% s/

PIB

Crescimento

C.Tribut. ano ant.

( pontos percentuais)

1986 337.832 56.386 16,69% 17.160 5,08% 2.095 0,62% 75.641 22,39%

1987 360.810 55.048 15,26% 16.015 4,44% 2.093 0,58% 73.156 20,28% - 2,11

1988 371.999 55.542 14,93% 16.656 4,48% 2.232 0,60% 74.430 20,01% -0,27

1989 399.647 58.544 14,65% 27.613 6,91% 2.398 0,60% 88.555 22,16% 2,15

1990 398.747 79.352 19,90% 36.219 9,08% 3.684 0,92% 119.255 29,91% 7,75

1991 405.679 65.386 16,12% 29.686 7,32% 4.781 1,18% 99.853 24,61% -5,3

1992 355.453 60.437 17,00% 26.297 7,40% 3.480 0,98% 90.214 25,38% 0,77

1993 429.968 79.510 18,49% 25.398 5,91% 2.971 0,69% 107.879 25,09% -0,29

1994 477.920 98.199 20,55% 34.334 7,18% 4.200 0,88% 136.733 28,61% 3,52

1995 646.192 124.695 19,30% 53.139 8,22% 9.024 1,40% 186.858 28,92% 0,31

1996 843.966 139.484 16,53% 62.980 7,46% 10.116 1,20% 212.581 25,19% -3,73

1997 939.147 158.566 16,88% 69.320 7,38% 11.305 1,20% 239.191 25,47% 0,28

1998 979.276 181.828 18,57% 72.070 7,36% 14.219 1,45% 268.117 27,38% 1,91

1999 1.065.000 210.691 19,78% 79.154 7,43% 15.096 1,42% 304.941 28,63% 1,25

2000 1.179.482 250.302 21,22% 95.383 8,09% 16.011 1,36% 361.696 30,67% 2,03

2001 1.302.136 278.599 21,40% 108.262 8,31% 16.884 1,30% 403.745 31,01% 0,34

2002 1.477.822 341.510 23,11% 122.234 8,27% 18.742 1,27% 482.486 32,65% 1,64

2003 1.699.948 391.052 23,00% 139.137 8,18% 22.990 1,35% 553.179 32,54% -0,11

2004 1.941.498 454.313 23,40% 166.117 8,56% 29.705 1,53% 650.135 33,49% 0,95

2005 2.147.239 514.417 23,95% 187.873 8,74% 30.574 1,42% 732.864 34,13% 0,64

2006 2.369.797 570.789 24,08% 211.956 8,94% 35.193 1,48% 817.938 34,52% 0,39

2007 2.597.611 650.997 25,06% 233.416 8,99% 38.832 1,49% 923.924 35,54% 1,02

2008** 2.889.719 739.682 25,60% 269.973 9,34% 46.840 1,62% 1.056.495 36,56% 1,02

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

• Princípio da autoridade tributária – no art. 145, §1º, são justificadas as prerrogativas

da administração tributária.

• Princípio da tipologia tributária – as taxas e os impostos não podem ter a mesma base

de cálculo; portanto as espécies tributárias são definidas pela distinção de dois fatores:

hipótese de incidência e base de cálculo, conforme depreende o art. 145, § 2º.

2 Evolução da carga tributária no Brasil

A carga tributária brasileira vem evoluindo constantemente desde que começou a ser

medida. Vale à pena ressaltar que quase metade da carga tributária brasileira incide sobre os

impostos indiretos, impostos esses que o consumidor final, na maioria dos casos, paga sem ter

conhecimento.

TABELA 1: Arrecadação Tributária Geral: Em US$ milhões (1986 a 1991)/ R$ milhões (1992 em diante)

Fonte: IBPT (2009)

– Governo Sarney: 1985 - 1990

– Governo Collor : 1990 - 1992

– Governo Itamar: 1992 - 1994

120

Page 122: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

– Governo FHC 1: 1995 - 1998

– Governo FHC 2: 1999 - 2002

– Governo Lula: 2003 - 2008

*Diferenças nas somatórias se devem a arredondamentos

** Valores do PIB de 1996 a 2006 revistos pelo IBGE em 09/12/2008

*** Valor do PIB de 2008 divulgado pelo IBGE em 10/03/2009

Apesar da crise, arrecadação nominal de tributos cresceu no primeiro semestre de

2009; houve queda da carga tributária em relação ao PIB de quase um ponto percentual, de

acordo com levantamento do Instituto brasileiro de Planejamento Tributário – o

IBPT. (www.ibpt.com.br) afirma que:

A carga tributária atinge 36,04% do PIB do primeiro semestre de 2009, ante

36,99% do primeiro semestre do ano anterior, com queda de 0,95 pontos

percentual. É a primeira queda de carga tributária do primeiro semestre

desde 2003.No primeiro semestre de 2009 foram arrecadados R$ 519,24 bilhões (no mesmo período de 2008 o total foi de R$ 516,13);Houve

aumento nominal de arrecadação de R$ 3,12 bilhões em relação ao mesmo

semestre de 2008 (0,60%).

Diminuição real (excluindo a inflação pelo IPCA) da arrecadação foi de R$

21,66 bilhões (4%). Total da Arrecadação Federal teve recuo nominal de

R$ 3,71 bilhões (1,05%) e variação real negativa de R$ 20,69 bilhões (5,58%).Os tributos federais que tiveram crescimento nominal foram o INSS

(R$ 9,59 bi), FGTS (R$ 2,68 bi), Imposto de Importação (R$ 0,32 bi), Imposto de Renda (R$ 0,15 bi) e FUNDAF (R$ 0,03 bi).

Nominalmente, o tributo federal que apresentou maior queda foi a COFINS (R$ 5,28 bilhões). A arrecadação diária de impostos taxas e contribuições foi

de R$ 2,87 bilhões. A arrecadação tributária por segundo foi de R$ 33.203,16. A carga tributária semestral per capita teve recuo nominal de

0,40% (R$ 10,79) e recuo real (IPCA) de 5%.Cada brasileiro pagou R$

2.711,22 de tributos no primeiro semestre de 2009.No ano, cada brasileiro

pagará aproximadamente R$ 5.553,00.

3 Contabilidade tributária: uma abordagem conceitual

Contabilidade tributária é o ramo da contabilidade que estuda e controla as obrigações

tributárias da empresa de acordo com a legislação tributária de forma que torne possível ao

empresário examinar a carga de tributos recolhidos pela empresa, permitindo a execução de

um planejamento tributário e eliminando possíveis sanções fiscais.

Considerando que a contabilidade é a ciência que possui por objeto a mensuração do Patrimônio das Entidades, que consiste em um conjunto de

bens e de obrigações com terceiros, é obvio que deve ser entendida como

uma importante ferramenta informacional das conseqüências das práticas e políticas tributárias praticadas pelo governo.(OLIVEIRA ET AL.2009, p.3)

A contabilidade tributária tem com principais objetivos:

Apurar com exatidão o resultado tributável – ou do lucro real – de determinado

exercício fiscal, com base na legislação pertinente, para cálculo e formação das provisões

contábeis destinadas ao pagamento dos tributos incidentes sobre o lucro da entidade;

O registro contábil das provisões relativas aos tributos a recolher, em obediência aos

Princípios Fundamentais de Contabilidade, pois como parte integrante do sistema de

informações da empresa, a contabilidade tributária tem a responsabilidade de informar,

121

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

correta e oportunamente, o valor das diversas provisões para recolhimento dos tributos, de

acordo com o princípio contábil da competência de exercícios.

Escrituração dos documentos fiscais em livros fiscais próprios ou registros auxiliares,

para apurar e determinar o montante do tributo a ser recolhido dentro do prazo após

encerramento do período de apuração.

Preenchimento de guias de recolhimento, informando ao setor financeiro e de contas a

pagar da entidade sobre o valor e os prazos de recolhimento, além de emitir e providenciar a

entrega aos respectivos órgãos competentes dos formulários estabelecidos pela legislação

pertinente.

Orientação fiscal para todas as unidades da empresa (filiais, fábricas, departamentos)

ou das sociedades coligadas e controladas. A correta orientação fiscal e tributária para as

demais unidades ou empresas pode representar relevantes economias com os impostos. Ex: o

local da instalação da fábrica, ou mesmo o local de origem de determinadas matérias-primas,

pode significar menor carga tributária, orientação, treinamento e constante supervisão dos

funcionários do setor de impostos.

Em artigo publicado O COSIFE Eletrônico (2008) busca evidenciara a relação entre

tributação e contabilidade dizendo que escrituração contábil tem incentivo fiscal. Mesmo que

a maioria do empresariado não considere a importância da contabilidade para administrar

suas respectivas empresas, uma vez que é difícil convencê-los da necessidade de utilização

das informações contidas nos demonstrativos contábeis.

Buscando sensibilizar os empresários sobre a necessidade da contabilidade, em 2004

através da medida provisória 232/2004 enviado pelo presidente da republica ao congresso

nacional aconteceu a primeira manifestação do governo federal no sentido de estimular a

escrituração contábil nas pequenas e médias empresas que optaram pela tributação com base

no Lucro Presumido. Entre outras finalidades, o objetivo era aumentar a tributação das

empresas prestadoras de serviços que não possuíssem escrituração contábil mediante a

utilização de Livro Diário e Livro Razão.

3.1 Planejamento tributário

O estudo da contabilidade tributária tem atraído os que desejam desenvolver um

planejamento tributário, como forma de reduzir o ônus tributário a que estão submetidos.

O planejamento tributário nasceu no momento em que o Estado passou a ser mais

agressivo com as empresas na exigência dos tributos e foi a solução encontrada pelo

contribuinte para manifestar-se contra as investidas mais energéticas. Ao não implantar o

planejamento tributário, o administrador procura meios para negligenciar o fato gerador,

evitando a realização do ato ou incidência do tributo procedimento esse ilícito caracterizando

evasão ou sonegação fiscal, deixando de cumprir com as suas obrigações enquanto cidadão

gerador de empregos e renda.

O planejamento tributário é o estudo de alternativas legais possíveis e menos onerosas

juridicamente, disponíveis na legislação tributária; e tem por finalidade evitar a incidência de

tributos antes da ocorrência do fato gerador, procurando meios para deduzir o pagamento da

soma do tributo ou sua alíquota, a exemplo da alíquota do ICMS (imposto sobre circulação de

mercadorias e serviços) que pode variar entre 12% e 18%.

Através de medidas gerenciais há meios legais para reduzir a carga tributária, para

isso deve-se buscar na lei medidas que garantam a minimização do ônus, fazendo uso de um

sistema de economia fiscal, desde que a empresa esteja com boa saúde financeira e em dia

com os tributos.

122

Page 124: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

A maior finalidade do planejamento tributário é verificar todos os tributos incidentes

durante uma operação financeira, unindo administradores e contadores para que juntos

analisem como implantar um sistema que diminua a carga tributária, tomando decisões em

conjunto para alcançarem os objetivos inicialmente almejados.

Sendo assim, o planejamento tributário incide nos custos das empresas, refletindo

diretamente o custo das mercadorias, aumentando ou diminuindo os lucros. Uma

administração que acompanha as tendências do mercado gera produtos com preços mais

acessíveis e competitivos.

As empresas procuram meios de se adaptarem, adotando projetos governamentais ou

particulares para profissionalizar os funcionários e estabelecer a eliminação de desperdícios

que prejudicam o bom funcionamento da empresa e produz ônus ao contribuinte

A economia, com a globalização tornou-se uma questão de sobrevivência empresarial,

e é através do planejamento tributário que se evita, reduz ou retarda o pagamento de tributos

antes da ocorrência do fato gerador do tributo.

Christovão e Watanabe (2002, p. 11) afirmam: ―O tributo é custo variável e não pode

ser desprezado nem ignorado...‖, e é, portanto determinante no preço final ao consumidos.Os

tributos representam nas organizações como um limitador de crescimento e consomem uma

considerável fatia do lucro. Os custos tributários têm efeito negativo para as empresas no

ingresso de novos investimentos e indiretamente na economia da polução ao no momento do

repasse desses encargos no preço final.

As empresas devem buscar uma gestão tributária apropriada, com capacidade e

competência para suprir as obrigações fiscais e os prazos, evitando multas e juros, buscando

alternativas legais que contribuam para a diminuição dos impostos, obtendo como resultado a

redução nos custos tributários da empresa, contribuindo no preço final das mercadorias ou

serviços.

Oliveira et al. (2007, p. 38) afirma inda:

Redução de custos é a estratégia que mais se ouve ser empregada nos dias

atuais, em todo o mundo globalizado. Sem dúvida, para obter o melhor resultado numa economia tão instável como a brasileira, um dos mais

significativos instrumentos de que dispõem as empresas, para que possam

racionalizar seus custos tributários, sem afrontar as diversas legislações quer regem os mais diversificados tributos, é o planejamento tributário, em todas

as fases da cadeia de valores do ciclo produtivo e comercial. Entende-se por

planejamento tributário uma forma lícita de reduzir a carga fiscal, o que

exige alta dose de conhecimento técnico e bom-senso dos responsáveis pelas decisões estratégicas no ambiente corporativo.

Estudo realizado pelo IBGE sobre a carga tributária brasileira mostra que em média

33% do faturamento da empresa, são reservados para o pagamento de tributos. Do lucro, 47%

vai para o governo. Do somatório dos custos e despesas, mais da metade do valor é

representado pelos tributos.

Com esse sistema tributário elevado o Brasil é considerado como um dos maiores

taxadores de impostos do mundo, com seus inúmeros tributos que chegam a inviabilizar a

abertura de pequenas empresas, deixando o empreendedor de fora do mercado competitivo,

pois chega a viver na ilegalidade; o contribuinte encontra no planejamento a forma para

estruturar a empresa, minimizando os custos de forma legal.

Como forma de utilização do planejamento tributário direitonet

(www.direitonet.com.br) diz que:

123

Page 125: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Com efeito, o planejamento tributário comporta uma infinidade de formas

para se alcançar à economia de impostos, como por exemplo: o emprego de meios administrativos próprios, a reorganização contábil e reestruturação

societária, a utilização de mecanismos fazendários de elisão induzida ou

permitida, o aproveitamento de incentivos fiscais, o pagamento de juros

sobre o capital ou sobre o lançamento de debêntures no lugar de dividendos ou lucros distribuídos e o arrendamento mercantil substituindo a compra de

bens para o Ativo Imobilizado, dentre outros.

O planejamento fixo não é suficiente, é importante uma constante reciclagem para que

as oportunidades que decorrem das constantes mudanças na legislação não se percam,

proporcionando à empresa um benefício fiscal. Portando é importante o envolvimento de

profissionais que se utilizem de bons conhecimentos referentes a jurisprudência e tendências

do judiciário para as causas fiscais. Uma ou duas ações de planejamento tributário embora

possam trazer uma economia de tributos não basta, é importante que a redução tributária seja

incorporada à cultura da empresa.

O conceito de fraude fiscal é dado como toda ação ou omissão destinada a evitar ou a retardar a obrigação fiscal. São exemplos, a omissão na escrita de

lançamentos obrigatórios, a duplicidade de escritas fiscais e contábeis, a

criação de firmas destinadas ao fornecimento de notas frias, a falsificação de guias de recolhimento, o desvio de mercadorias de fábricas, que saem do

estabelecimento do produtor sem o documento fiscal acompanhá-la, as

simulações de operações financeiras como, por exemplo, empréstimos, para caracterizar o lucro que gera a obrigação de pagamento de imposto sobre a

renda (BUSNARDO, 2004, p.47).

Para Oliveira et al. (2003, p. 36) e Fabretti (2003, p.32) planejamento tributário é :

Uma forma lícita de reduzir a carga fiscal, o que exige alta dose de

conhecimento técnico e bom senso dos responsáveis pelas decisões

estratégicas no ambiente coorporativo. Trata-se do estudo prévio à concretização dos fatos administrativos, dos efeitos jurídicos, fiscais e

econômicos de determinada decisão gerencial, com o objetivo de encontrar a

alternativa legal menos onerosa para o contribuinte.

Latorraca (1993, p.58), afirma que:

Planejamento Tributário a atividade empresarial que, desenvolve-se de

forma estritamente preventiva, projeta os atos e fatos administrativos com o objetivo de informar quais os ônus tributários em cada uma das opções

legais disponíveis. O objetivo do planejamento tributário é, em última análise, a economia tributária. Cotejando as várias opções legais, o

administrador obviamente procura orientar os seus passos de forma a evitar, sempre que possível, o procedimento mais oneroso do ponto de vista fiscal.

De acordo com Borges (2004, p. 34) para ocorrer o Planejamento Tributário na

planificação global da empresa, não bastam apenas idéias criativas, é preciso observar regras

básicas já aplicadas pelas organizações empresariais à frente do processo de elaboração de

planos voltados à legítima economia de impostos.

Não podemos confundir a elisão fiscal ou planejamento tributário com evasão fiscal,

uma vez que na evasão os meios utilizados pelo contribuinte são ilícitos e ocorrem depois da

ocorrência do fato gerador ou no momento da ocorrência do fato caracterizando assim a

fraude ou sonegação fiscal.

TABELA 2: Arrecadação tributária do primeiro semestre

Valores nominais em R$ bilhões

124

Page 126: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Tributos

Jan-Jun -

2007

Jan-Jun-

2008

Jan-Jun-

2009

Crescimento

nominal

R$ -

2009/2008

%Crescimento

nominal –

2009/2008

%Crescimento

real –

IPCA

Imposto sobre

importação

5,55

7,45

7,77

0,32

4,32%

-0,46%

IPI

15,01

18,30

13,80

(4,50)

-24,57%

-28,03%

Imposto sobre a venda

77,54

95,36

95,51

0,15

0,16%

-4,43%

IOF – imposto sobre operações financeiras

3,66

9,67

8,64

(1,03)

-10,66%

-14,76%

ITR – imposto territorial

rural

0,05

0,06

0,05

(0,01)

-19,07%

-22,78%

CPMF - contribuição

provisória sobre

movimentação financeira

17,33

1,08

0,10

(0,98)

-90,99%

-91,41%

COFINS - contribuição social para o

financiamento da seguridade social

48,03

57,77

52,49

(5,28)

-9,14%

-13,30%

PIS / PASEP

12,70

15,15

14,46

(0,69)

-4,55%

-8,92%

CSSL - contribuição social sobre o lucro

líquido

16,56

22,60

22,45

(0,14)

-0,64%

-5,19%

CIDE - Combustíveis

3,89

3,58

1,20

(2,39)

-66,63%

-68,16%

FUNDAF – fundo especial de

desenvolvimento e

aperfeiçoamento das atividades de fiscalização

0,17

0,12

0,15

0,03

22,95%

17,32%

Outras receitas

15,08

17,40

15,93

(1,47)

-8,44%

-12,63%

Total da receita federal

215,58

248,53

232,55

(15,99)

-6,43%

-10,72%

INSS – Previdência

Social

69,34

82,40

92,00

9,59

11,64%

6,53%

Total da receita federal

– INSS

284,92

330,94

324,54

(6,39)

-1,93%

-6,42%

125

Page 127: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

FGTS – Fundo de

garantia por tempo de

serviço

20,61

22,88

25,56

2,68

11,72%

6,61%

Total Tributos Federais

305,54

353,82

350,11

(3,71)

-1,05%

-5,58%

ICMS – Imposto sobre

circulação de mercadorias

88,88

105,48

107,59

2,11

2,00%

-2,67%

Previdências estaduais

8,94

9,32

9,84

0,52

5,57%

0,73%

Outros tributos estaduais (IPVA, ITCD, Taxas,

IRF dos (Estados)

17,98

19,53

23,15

3,62

18,55%

13,12%

Total tributos estaduais

115,81

134,33

140,59

6,25

4,66%

-0,14%

Tributos municipais

21,75

25,92

26,44

0,51

1,97%

-2,70%

Previdências municipais

1,58

2,06

2,12

0,06

3,00%

-1,72%

Total tributos

municipais

23,32

27,98

28,55

0,57

2,05%

-2,63%

Total

444,66

516,13

519,24

3,12

0,60%

-4,00%

PIB 1.255,58 1.395,23 1.440,81 45,58

ARRECADAÇÃO

/ PIB

35,42%

36,99%

36,04%

-0,95%

Fonte: IBPT (2009)

4 Conclusão

O Estado necessita cobrar tributos dos contribuintes para compor os recursos da

receita orçamentária necessários para a manutenção das atividades publicas e dos serviços por

ele prestados para a população. O sistema de arrecadação envolve arcabouço do sistema de

tributação brasileira, alcançando itens que abrangem desde ao sistema constitucional

tributário com os seus princípios, as suas fontes, a sua vigência, a sua aplicação, a sua

interpretação, o seu fato gerador, a sua obrigação principal e acessória, a sua sujeição ativa e

passiva, o seu lançamento, a sua suspensão e extinção do credito tributário.

A carga tributária do Brasil é muito elevada e a qualificação do Brasil como país que

apresenta uma tributação das mais altas do mundo é absolutamente aceitável. O total de

tributos cobrados no Brasil influencia de forma negativa o crescimento da economia. Essas

medidas contribuirão para sua redução e a inversão dos seus efeitos.

É importante salientar que a sociedade brasileira não consegue mais suportar essas

opressões fiscais. Por isso recorre à evasão fiscal para minimizar os recolhimentos ao

126

Page 128: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

governo. Os tributos consomem da economia recursos que seriam empregados para aquecer o

consumo, desencadeando o crescimento econômico do país.

O presente estudo objetivou abordar a carga tributária, como um indicador que onera a

atividade empresarial em um mercado de extrema concorrência. Por mais que a gestão

empresarial encontre no planejamento tributário um meio de reduzir custos, esse processo

apresenta limitações pela própria legislação. Economizar em tributos de maneira lícita pode

representar uma saída rumo ao sucesso ou ao fracasso, buscando a competitividade.

Referências

BOLETIM CRC SP. São Paulo: Órgão informativo do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, n. 165, dez./2007/ jan./ fev./2008.

BORGES, Humberto Bonavides. Planejamento tributário – IPI, ICMS, ISS e IR. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

BRUNO NETO, Joaquim Inácio. Planejamento tributário diminui impacto da crise. Disponível em:

http://www.conjur.com.br/2009-jan-31/planejamento-tributario-ajuda-diminuir-impacto-crise-financeira. Acesso em 10 maio 2009.

BUSNARDO, Rodrigo Gallego. Carga tributária brasileira. 2004 63 f. Trabalho de Conclusão de Curso

(Monografia) – Curso de Ciências Contábeis, Instituto Municipal de Ensino Superior de Bebedouro – Victório Cardassi, Bebedouro, 2004.

CAMOLEZZI, Érica. A importância do planejamento tributário para as empresas. Disponível em:

http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/5063/A-importancia-do-planejamento-tributario-para-a-empresa.

Acesso em 15 maio 2009.

CHRISTOVÃO, Daniela e WATANABE, Marta. Guia valor econômico de tributos. São Paulo: Editora Globo,

2002.

FABRETTI, Laudio Cardoso. Contabilidade tributária. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2003.

IBPT . Carga tributária recua 0,95% ponto percentual em relação ao PIB no primeiro semestre de

2009.Disponível em: http://www.ibpt.com.br/img/_publicacao/13737/185.pdf. Acesso em 15 novembro 2009.

LATORRACA, Nilton. Direito tributário: Imposto de Renda das empresas. 13 ed. São Paulo: Atlas, 1993.

OLIVEIRA, Luiz Martins et. al. Manual de contabilidade tributária. São Paulo: Atlas, 2003. . 2. ed

OLIVEIRA, Luiz Martins et. al. Manual de contabilidade tributária. São Paulo: Atlas, 2009. . 7. ed

VELOSSO, R Renato. Sistema Constitucional Tributário. Boletim Jurídico, Minas Gerais, 19 mar.2008.

Disponível em: http://www.boletimjuridico.com.br.

ZANLUCA, Júlio Cesar. Planejamento Tributário: Pague Menos Dentro da Lei. Disponível em:

http://www.portaltributario.com.br/planejamento.htm. Acesso em 08 maio 2009.

127

Page 129: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

A Função do controller nas empresas

Maíra Franco de Souza (Graduação em Ciências Contábeis – IMESB) [email protected]

Rinaldo Rodrigues Pereira (Professor Orientador - IMESB) [email protected]

Resumo: O presente artigo apresenta a relevância da figura do controller nas instituições.

Enumera suas principais funções e suas características marcantes que são pré-requisitos

para desempenhar tal papel. Destaca principalmente a contabilidade gerencial, ferramenta

essencial no trabalho deste profissional, e a controladoria. O controller não é

necessariamente uma pessoa graduada em ciências contábeis, pode ser também um

administrador de empresas, um economista ou um engenheiro. O artigo contribui para que

seja reconhecido o controller e que conceitos de contabilidade gerencial e controladoria

sejam melhor interpretados. Trás uma visão dos aspectos relacionados ao desempenho do

cargo, como funções desempenhadas, habilidades necessárias e formação acadêmica.

Espera-se com este trabalho, a valorização deste profissional, essencial na gestão das

empresas, bem como, o destaque e reconhecimento da contabilidade gerencial e da

controladoria.

Palavras-chave: Controller. Contabilidade gerencial. Profissional.

1 Introdução

Com o passar do tempo, a contabilidade se torna cada vez mais uma ferramenta

essencial na tomada de decisão. Gerenciar uma empresa torna-se mais fácil quando temos

conhecimento da contabilidade, ou seja, quando conhecemos e entendemos as demonstrações

contábeis podemos dar melhores rumos às instituições e tomar decisões mais adequadas para

a empresa.

O conhecimento financeiro auxilia no planejamento, na solução de problemas e nas tomadas de decisões. As finanças fornecem um mapa com

números e análises que o ajudam a desempenhar bem suas funções. Além disso, é preciso conhecer contabilidade e finanças para entender os relatórios

financeiros preparados por outros segmentos da organização. É preciso saber o que significam os números, ainda que não tenha como gerá-los.

(CREPALDI, 2004, p.23)

Uma ferramenta importante para gerenciar uma empresa é ter conhecimento da

contabilidade gerencial.

Contabilidade Gerencial é o ramo da Contabilidade que tem por objetivo

fornecer instrumentos aos administradores de empresas que auxiliem em suas funções gerenciais. É voltada para a melhor utilização dos recursos

econômicos da empresa, através de um adequado controle dos insumos efetuado por um sistema de informação gerencial. (CREPALDI, 2004, p. 20)

A pessoa encarregada em fazer a gestão da empresa é o controller, que é a pessoa que

melhor conhece a empresa, figura de grande importância na gestão empresarial, tem a

capacidade de prever problemas baseado no histórico da empresa.

O controller é o executivo de normas, controles, metas, objetivos, orçamentos, contabilidade, finanças e informática. Sua função principal é

obter, gerar e interpretar as informações que possam ser usadas na

128

Page 130: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

formulação da política empresarial e principalmente na execução dessa política. Na maioria das organizações, a pessoa responsável pela

contabilidade é denominada de Controller – nome que soa como se ela controlasse. Na realidade, o Controller envolve-se em planejamento, tomada

de decisão, desenho de sistemas de informações e de sistemas de incentivos

e em varias outras tarefas, além de ajudar gerentes operacionais. O Controller ocupa uma posição na equipe que administra a companhia.

(CREPALDI, 2004, p. 41)

O controller não é necessariamente uma pessoa graduada em ciências contábeis, pode

ser também um administrador de empresas, um economista ou um engenheiro. Sua presença

na instituição é de grande importância para o sucesso da mesma.

O papel do controller está diretamente ligado à controladoria, sendo ele, o profissional

responsável por esta área dentro da empresa. A controladoria tem visão ampla da empresa e

possui instrumentos que podem otimizar os resultados da organização. Além de ser um

segmento da contabilidade, a controladoria, também pode ser considerada um ramo da

administração. Utiliza, primordialmente, o controle e o processo de planejamento e orçamento

como metodologias no desempenho de suas funções.

A controladoria se apóia num sistema de informações e numa visão

multidisciplinar, sendo responsável pela modelagem, construção e

manutenção de sistemas de informações e modelos de gestão das

organizações, a fim de suprir de forma adequada as necessidades de

informação dos gestores conduzindo-os durante o processo de gestão a

tomarem melhores decisões. Por isso é que se exige dos profissionais da

controladoria uma formação sólida e abrangente a cerca do processo de

gestão organizacional. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Controladoria)

2 Contabilidade

As atividades contábeis estão presentes na sociedade há muito tempo. Antigas

civilizações as praticavam, porém de forma simples, a fim de, provavelmente, calcular seus

bens. Frei Lucca Pacioli publicou sua primeira obra em 1494, onde apresentou um método

conhecido e praticado até os dias atuais, o método das partidas dobradas.

Nos séculos seguintes ao livro de Pacioli, a contabilidade expandiu sua

utilização para instituições como a igreja e o Estado. No entanto, as técnicas

e as informações ficavam restritas ao dono do empreendimento, pois os livros contábeis eram considerados sigilosos. Isto possibilitou

consideravelmente o desenvolvimento da ciência, uma vez que não existia

troca de idéias entre os profissionais. (CREPALDI, 2004, p. 19)

Do ponto de vista empresarial, a contabilidade tornou-se instrumento

necessário ao empresário para a análise da situação financeira e desempenho de sua empresa.

O empresário, dessa forma, aparece como o primeiro interessado nas demonstrações

contábeis. Mas não somente os empresários têm interesse nessa análise.

A contabilidade, de forma geral, tem por objetivo relatar a movimentação e

a situação financeira de uma empresa. Porém, felizmente, os profissionais dessa área têm

atuado muito além da avaliação do patrimônio da empresa. São chamados a opinar, a fazer

projetos para o futuro, a participar de planejamentos de redução de custos para melhores

lucros, entre outras funções.

De acordo com Crepaldi (2004, p. 20) ―o papel da contabilidade torna-se

ainda mais importante nas complexas economias modernas. Uma vez que os recursos são

129

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

escassos, temos de escolher entre as melhores alternativas, e para identificá-las são

necessários os dados contábeis‖.

O objetivo básico da informação contábil é ajudar alguém a tomar decisões. Esse alguém pode ser o presidente de uma empresa, o gestor de produção, o

administrador de um hospital ou de uma escola, ou um investidor – a lista poderia estender-se bastante. Independentemente de quem está tomando a

decisão, o entendimento da informação contábil propicia a tomada de decisão melhor e mais bem fundamentada. (HORNGREN, SUNDEM,

STRATTON, 2004, p.4)

2.1 Contabilidade Gerencial

A contabilidade gerencial é uma ferramenta importante na gestão de

negócios, no planejamento e controle das empresas. Há muito tempo, os profissionais que

estão a frente das grandes instituições puderam notar que a amplitude das informações

contábeis ultrapassa o simples cálculo de impostos e o cumprimento da apresentação das

demonstrações financeiras.

O perfil do profissional contábil tem se alterado com o tempo, as organizações, principalmente as empresas privadas, não querem mais um simples guarda-livros (denominação que antigamente se dava ao profissional

de Contabilidade), uma pessoa que se atém somente a registrar os atos e fatos administrativos que afetam o patrimônio da entidade (DIAS, 2006)

Pode ser considerado desperdício a utilização da contabilidade apenas para

atender o fisco, já que ela pode contribuir com informações de grande importância para o

sucesso da empresa. E mesmo com uma sobrecarga de informações, estas devem ser

aproveitadas ao máximo para planejar situações estratégicas para que a tomada de decisão

seja apoiada em fatos reais e estar preparado para ser um Contador Gerencial.

Tanto usuários internos (gestores) como os externos utilizam a informação contábil, mas a maneira como o fazem difere. Os tipos de informação

contábil que eles demandam também podem diferir. A contabilidade gerencial refere-se à informação contábil desenvolvida para gestores dentro

de uma organização. Em outras palavras, a contabilidade gerencial é o processo de identificar, mensurar, acumular, analisar, preparar, interpretar e

comunicar informações que auxiliem os gestores a atingir objetivos organizacionais. (HORNGREN, SUNDEM, STRATTON, 2004, p.4 )

Contabilidade gerencial, em resumo, é o uso das demonstrações contábeis

com o objetivo de gerir uma instituição.

Em resumo, a contabilidade gerencial pode ser mais bem entendida como

um equilíbrio entre os custos e os benefícios da informação contábil, acoplado a um conhecimento da importância dos efeitos comportamentais.

Mais do que a contabilidade financeira, a contabilidade gerencial vincula-se a disciplinas relacionadas, como a economia, as ciências de decisão e as

ciências comportamentais. (HORNGREN, SUNDEM, STRATTON, 2004, p.8 )

De acordo com Dias (2006), "o termo 'Contador gerencial' não é novo. A

Contabilidade gerencial surgiu após a Revolução Industrial, que ocorreu no século XVIII,

devido à necessidade de levantar os custos do valor do processo de conversão de mão-de-obra

e materiais em novos produtos.

130

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Muitas são as vantagens de utilizar-se da contabilidade para o processo de tomada de

decisão, entre elas estão: minimização de custos, controles orçamentários, determinação de

preços de venda etc.

A contabilidade gerencial é um dos melhores instrumentos para subsidiar a

administração de uma entidade. O uso de suas informações causa grande influência no

planejamento estratégico empresarial e no orçamento.

Os principais usuários da contabilidade gerencial são os gestores da organização, ou

seja, o público interno. É orientada para o futuro, portanto faz uso de comparações entre as

demonstrações financeiras de cada ano. Seus relatórios são detalhados o que confere mais

credibilidade, não é obrigatório e nem se utiliza de exatidão.

Tão importante quanto saber como se comportou a empresa no passado, com

base nas informações da Contabilidade financeira, também interessa ao empresário saber o que fazer no futuro, traçar estratégias para situações de

dificuldades a serem enfrentadas, fazer um planejamento das atividades,

elaborar seu fluxo de caixa, executar um orçamento de vendas, enfim, utilizar se da Contabilidade como ferramenta de gestão empresarial. O

profissional contábil que for bem mais além que registrar os atos e fatos

administrativos certamente poderá atender essa demanda, tornando-se um

Contador gerencial (DIAS, 2006)

O controller, cargo de staff entre gerentes e diretores, possuí a missão de trabalhar

todas essas informações geradas pelo setor contábil, e só é possível para o controller ter

sucesso nesse apoio a gestão empresarial, se a Contabilidade gerar as informações corretas, no

tempo exato para que elas possam acontecer.

2.1.1 Controladoria

O controller é considerado responsável pela controladoria e pelos departamentos

ligados a ela. A controladoria tem por objetivo proporcionar a otimização dos resultados

econômicos nas instituições.

A controladoria pode ser conceituada como o conjunto de princípios,

procedimentos e métodos oriundos das ciências de Administração, Economia, Psicologia, Estatística e principalmente da Contabilidade, que se

ocupam da gestão Econômica das empresas, com o fim de orientá-las para

eficácia. (MOSSIMANN, 1993, p. 96).

Com o passar dos anos muitas mudanças surgiram no meio empresarial, como por

exemplo, maior interferência do governo através de políticas fiscais, novos estabelecimento

de padrões éticos para condução dos negócios, novas tecnologias. Tudo isso fez com que

aumentasse a complexidade na organização das empresas, assim, surgiu a necessidade de um

sistema contábil mais adequado para um controle gerencial mais efetivo. As funções, contábil

e financeira, tiveram então, que ser separadas, daí surgiu a controladoria.

O órgão administrativo Controladoria tem por finalidade garantir

informações adequadas ao processo decisório, colaborando com gestores na

busca da eficácia gerencial.

Embora o delineamento da função, do órgão e da posição do executivo possa variar de uma empresa para outra, existe um conceito que é comumente

observado quanto ao executivo: o controller é o chefe da contabilidade,

aquele que supervisiona e mantém os arquivos financeiros formais da empresa, embora suas funções não tenham que se restringir apenas às

funções contábeis e o que mais se espera é que ele amplie sua atuação ao

131

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

estão:

desenvolvimento da contabilidade em aplicações gerenciais. (FIGUEIREDO, CAGGIANO, 2004, p.27)

Na controladoria existem algumas atividades básicas a serem seguidas, entre elas,

• Planejamento - é estabelecido um plano com os objetivos e metas da instituição e ele

deve ser revisado constantemente para que não se torne inapropriado para a empresa, toda

a instituição deve ter conhecimento deste plano;

• Controle - deve ser analisado os resultados da empresa e verificado se o desempenho

está de acordo com o esperado;

• Informação - todos os resultados financeiros devem ser preparados e analisados para

serem utilizados para a tomada de decisão, todas as informações exigidas pelo governo

devem ser entregues e publicadas conforme estabelecido;

• Contabilidade - todo o sistema de contabilidade geral e de custos em toda a empresa,

registrar todas as transações financeiras nos livros contábeis e preparo de todas as

demonstrações financeiras exigidas pelo fisco.

A controladoria surgiu nas grandes empresas dos Estados Unidos, para fazer o

controle centralizado de todos os negócios da instituição, envolvendo todos seus

departamentos, além de suas filiais. Enquanto não existia a figura do controller, esta função

era desempenhada por profissionais da área financeira ou da contabilidade, devido suas

atribuições e experiência, que estavam relacionadas com a controladoria.

Segue abaixo um modelo de organização do departamento de controladoria em uma

empresa:

TABELA 1 – Organograma do departamento de controladoria

Fonte: Horngren, Sundem e Stratton (2004).

132

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

A controladoria não deixa de ser um modelo de gestão, isto é, gestão de

sistemas integrados em toda a instituição, que serão de responsabilidade do controller. Ele

será responsável por organizar e atribuir informações relevantes para a tomada de decisões.

Um modelo de gestão poderia ser definido como um conjunto de princípios e

definições que decorrem de crenças específicas e traduzem o conjunto de idéias, crenças e valores dos princípios executivos, impactando assim todos

os demais subsistemas empresariais; é, em síntese, um grande modelo de controle, pois nele são definidas as diretrizes de como os gestores vão ser

avaliados, e os princípios de como a empresa vai ser administrada. (FIGUEIREDO, CAGGIANO, 2004, p.30)

A controladoria é uma ferramenta que trás ao tomador de decisões as

informações que possibilitam o melhor controle e conhecimento dos negócios, e demonstra o

efeito de cada componente de custo ou receita na análise dos resultados financeiros.

O departamento de controladoria é essencial dentro de uma empresa, apoia

os gestores no planejamento e controle, por meio da manutenção de um sistema de

informação que permita as funções e especialidades.

A controladoria ainda não é realidade em todas as empresas, ela aparece

frequentemente nas grandes e médias corporações em função da necessidade cada vez maior

de transparência e qualidade nas informações apresentadas ao fisco e principalmente a seus

acionistas e mercado.

3 Administração x Contabilidade

A administração abrange as atividades voltadas à gestão de uma instituição e utiliza

técnicas para atingir seus objetivos com eficiência e eficácia, e obter retorno financeiro de

forma sustentável e com responsabilidade social.

A tarefa da Administração é interpretar os objetivos propostos pela empresa

e transformá-los em ação empresarial por meio de planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços realizados em todas as

áreas e em todos os níveis da empresa, a fim de atingir tais objetivos. Assim, a Administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso

dos recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz. (CHIAVENATO, 2000, p.3)

A contabilidade é a ciência que estuda tudo relacionado ao patrimônio das entidades.

Ela registra e analisa todos os fatos relacionados com a situação financeira da entidade para

assegurar o seu controle e fornecer informações aos seus gestores, proprietários e demais

usuários.

A Contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis

para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e

sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. Com o passar do tempo o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos e a torna

obrigatória para a maioria das empresas. (MARION, 1998, p.24)

A administração cuida da gestão dos recursos e do processo decisório. A contabilidade

proporciona o conhecimento dos aspectos financeiros da empresa, além de registrar essas

informações. O administrador tem como função principal tomar decisões e gerir a instituição,

o contador cuida das informações contábeis e fornece os subsídios para que as decisões sejam

tomadas mais adequadamente, sua figura, portanto, é imprescindível dentro da gestão

empresarial.

133

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Para o sucesso de uma empresa, administradores e contabilistas devem trabalhar em

conjunto, são estes profissionais que ocupam, na maioria dos casos, a função de controller nas

instituições.

4 O Controller

A contabilidade moderna tem-se caracterizado como uma das ferramentas

mais úteis aos administradores na otimização do processo de tomada de decisão. Como um sistema de informação e mensuração de eventos que

afetam a tomada de decisão, possibilita que, partindo do conhecimento de fatos passados, procedimentos futuros sejam delineados de forma que esta

otimização seja, senão alcançada totalmente, buscada com maior segurança. (FIGUEIREDO, CAGGIANO, 2004, P.24)

Desde o início do século XX o papel do controller é de grande relevância na gestão

empresarial. As empresas já não podem apenas se preocupar com as demonstrações

financeiras isoladamente, devem levar em consideração o que elas representam na realidade, e

é para dar esse auxílio que surge a figura do controller, já que este profissional além do

conhecimento da contabilidade tem a visão econômica, financeira e estratégica da empresa.

Não podemos mais ver o controller simplesmente como gerente da controladoria, mas

sim como o profissional mais completo em termos de gestão da empresa. Ele faz parte da

cúpula administrativa e participa de todos os processos de planejamento e controle da

empresa.

A função do ―Controller‖ é considerada como parte do corpo gerencial,

participando em maior ou menor grau na tomada de decisões. É esperado

que o ―Controller‖ participe nas decisões operacionais e estratégicas, assim como apresente informações e análises, desenvolva planos de ação para

enfrentar as dificuldades, questione e negocie as decisões operacionais e

estratágicas propostas pelos executivos operacionais. Quanto a estes últimos

aspectos, a dificuldade para o ―Controller‖ é bastante acentuada uma vez que não se pode basear em regras definidas e onde respostas corretas não

existem. (YOSHITAKE, 1940, p. 35)

O controller não é, necessariamente, um profissional da contabilidade, mas usa os

recursos da contabilidade para administrar a empresa. Crepaldi (2004, p. 39) afirma que ―as

atribuições básicas são semelhantes a de um ‗contador geral‘ ou ‗gerente de contabilidade‘.

Ele envolve-se com o planejamento, tomada de decisão, desenho de sistema de informações e

em várias outras funções, ajuda também em decisões operacionais.

Entre as suas principais funções está gerar e interpretar informações que possam ser

utilizadas na formulação da política empresarial e na sua execução. Ele deve ser capaz de

prever problemas em todos os setores da empresa, e de buscar soluções para possíveis

contratempos.

Embora os controllers (ou comptrollers) exerçam um papel de assessoria,

geralmente o presidente lhes atribui autonomia para aprovar, instalar e supervisionar o sistema de contabilidade da organização, a fim de assegurar

métodos uniformes de contabilidade e de relatórios. Em teoria, o controller

propõe esses sistemas e métodos ao presidente, que aprova e solicita seu cumprimento por parte do pessoal de linha (preservando, assim, o papel de

‗assessoria‘ consultiva da contabilidade). Na prática, entretanto, os

controllers, em geral, especificam diretamente como os registros da produção devem ser mantidos ou como os registros de tempo devem ser

contemplados. O controller mantém a autoridade delegada da alta gestão de

134

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

linha sobre tais matérias. (HORNGREN, SUNDEM, STRATTON, 2004, p.14 )

Um controller deve ter facilidade para confecção de gráficos, deve pensar sempre no

futuro, ser um estudioso, deve ser líder e aconselhar os demais gerentes. É importante que o

controller seja ético e imparcial.

Existem alguns conhecimentos específicos necessários para execução do papel de

controller nas instituições. São eles: contábil, financeiro, administrativo, economia,

informática, estatística, legislação tributária, legislação trabalhista, outros idiomas.

O papel do controller deixa de ser o de um simples contador voltado para atribuições

simples e rotineiras, ele é um profissional voltado para o gerenciamento com habilidades

pessoais que o faz relacionar-se com os demais departamentos e colaboradores da instituição.

Entre as características importantes para se destacar na função de controller estão:

• saber utilizar os princípios, técnicas e ferramentas administrativas e contábeis;

• saber decidir e solucionar problemas;

• capacidade de trabalhar em equipe;

• boa comunicação oral;

• boa comunicação escrita;

• ter uma visão de futuro e global da empresa;

• proatividade;

• iniciativa;

• criatividade;

• ousadia;

• liderança;

• responsabilidade;

• profissionalismo;

• ética;

• persuasão;

• persistência;

• detalhismo;

• ter facilidade de relacionamento;

• carisma;

• imparcialidade.

A função de controller requer amplo conhecimento em administração e contabilidade,

pois estas duas áreas juntas darão direcionamento para o sucesso da empresa.

4.1 Pontos de vista do controller nas atividades da empresa

O controller tem como tarefa planejar, coordenar e manter um sistema de informações

capaz de suprir as necessidades da empresa no que diz respeito a planejamento e controle. Ele

135

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

tem o papel de exercer influência e dar suporte a todos os departamentos da empresa, onde

são geradas informações relevantes e colocadas a disposição dos tomadores de decisão.

A função básica de um controller na empresa é buscar alternativas para agregar valor,

reduzindo custos, aumentando lucro e tornando, na medida do possível, real o que foi

planejado.

Entre as áreas que devem ser observadas, e tratadas pelo controller com cuidado para

que os objetivos da instituição sejam alcançados com maior eficiência, estão:

• Fiscal: O controller deve estar atento para as questões fiscais e tributárias como

mudanças nas leis, o que requer uma adaptação nos conhecimentos por parte da empresa

para que siga corretamente as obrigações junto ao fisco e que não cause problemas

futuros. Muitas vezes ele tem que propor modificações na estrutura da empresa para

atingir melhorias tributárias. Portanto deve se atentar para as vantagens fiscais conforme

legislação.

• Financeiro: O controller deve fazer análises de investimentos, ou seja, deve alertar a

diretoria para possíveis projetos inviáveis economicamente através de análises de

investimento, como: TIR (Taxa Interna de Retorno), VPL (Valor Presente Líquido) e Pay

Back, entre outros indicadores de viabilidade. Além disso, ele deve ter conhecimento das

taxas de juros de mercado, tanto para captação como para aplicação, deve observar se as

operações realizadas pela empresa nos bancos estão de acordo com as práticas de

mercado atual, portanto deve preocupar-se com as mudanças ocorridas no setor

financeiro mundial e interno, além de estar em constante atualização.

• Estrutura Organizacional: O controller deve ter completo conhecimento da estrutura

organizacional da empresa, bem como de todas as atividades atuais e aquelas em análise

pela direção da empresa, sempre com o foco de buscar um planejamento que traga ou

aumente o retorno dessas atividades, por exemplo, criando novas empresas ou

incorporando uma empresa à outra do grupo, aproveitando vantagens tributárias e

operacionais dessas atividades.

• Operacional: O controller deve trabalhar ao lado de todos os gerentes (operacional,

fábrica, transporte, etc) avaliando e sugerindo mudanças ou ajustes nos processos de

execução de cada departamento, sempre com o foco de evitar a sobreposição de tarefas,

duplicidade de atividades entre departamentos ou até mesmo dentro de certo

departamento. Deve ter conhecimento no controle de estoque, na logística de distribuição

dos produtos da empresa, na cadeia de produção, entre outros, sempre corroborando com

o crescimento da instituição.

5 Considerações Finais

A ampliação do papel do controller nas empresas tem feito com que se torne a opção

natural para assumir as funções de diretor financeiro e em um segundo momento diretor

presidente da empresa. Isto demonstra a confiança que o conselho e os acionistas das

empresas têm depositado nestes profissionais.

A controladoria tem o papel de garantir o sucesso da empresa através da figura do

controller e das ferramentas disponibilizadas por ela. Ela irá fazer com que problemas sejam

minimizados e a eficácia e a eficiência organizacional seja atingida, ela funciona como um

órgão facilitador que fornece informações aos demais departamentos da empresa e os

influencia.

136

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

O controller tem o objetivo de reduzir os custos, tanto operacionais quanto

administrativos, e aumentar o retorno financeiro da empresa, o lucro. A controladoria é

ferramenta essencial para a obtenção de sucesso no seu trabalho.

Através deste estudo, pode-se perceber que atualmente a figura do controller,

juntamente com a controladoria, é essencial dentro das corporações. A controladoria facilita a

gestão, e o controller possibilita aos tomadores de decisão a escolha do caminho correto para

o sucesso e o constante crescimento.

Entre as diversas características de um controller há de se destacar em especial a

persuasão que este deve fazer uso nas suas atividades, principalmente na resolução de

conflitos dentro de uma empresa e no subsídio de informações aos gestores para a tomada de

decisão.

Referências

CHIAVENATO, I. Administração: Teoria, Processo e Prática. 3. Ed. São Paulo: Makron Books, 2000.

COMFRIO SOLUÇÕES LOGÍSTICAS S/A

CREPALDI, S.A. Contabilidade Gerencial. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2004.

DIAS, E. A. O contador gerencial. Boletim CRCSP, São Paulo, nº 159, p. 12-13, abril/maio/junho. 2006.

FIGUEIREDO, S., CAGGIANO, P. C. Controladoria: Teoria e Prática. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2004.

HORNGREN, C. T., SUNDEM, G. L., STRATTON, W. O. Contabilidade Gerencial. 12. Ed. São Paulo:

Prentice Hall, 2004.

MARION, J. C. Contabilidade Básica. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 1998.

MEGGISON, L. C., MOSLEY, D. C., PIETRI JR, P. H. Administração: Conceitos e Aplicações. 4. Ed. São

Paulo: Harbra, 1998.

MOSSIMANN, C. P., ALVES, J. O. C., FISCH, S. Controladoria: Seu papel na administração das empresas. 1.

Ed. Florianópolis: Editoria da UFSC, Fundação Epag.

NAKAGAWA, M. Introdução à Controladoria: Conceitos, Sistemas, Implementação. 1. Ed. São Paulo: Atlas,

1993.

PELEIAS, I. R. Controladoria: Gestão eficaz utilizando padrões. 1. Ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

PEREZ JR, J. H., PESTANA, A. O., FRANCO, S. P. C. Controladoria de Gestão: Teoria e Prática. 2. Ed. São

Paulo: Atlas, 1997.

SENA, T. F. A Controladoria como ferramenta de auxílio na gestão das micro e pequenas empresas. 2005. 52 f. Trabalho de Conclusão de Curso (monografia) – Instituto Municipal de Ensino Superior de Bebedouro "Victório

Cardassi", Bebedouro, 2005.

WIKIPÉDIA – A enciclopédia livre. Controladoria. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Controladoria . Acesso em 20 abr 2009.

YOSHITAKE, M. Manual de Controladoria Financeira. 1. Ed. São Paulo: Informações Objetivas, 1984.

137

Page 139: Ciências Contábeis - IMESB - VC

Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

A importância da perícia contábil para o poder judiciário

Mirian Paula da Silva (Graduação em Ciências Contábeis - IMESB) [email protected]

Sergio Luis Brambilla Carizio (Professor Orientador - IMESB) [email protected]

Resumo: O objetivo deste artigo é apresentar a importância do trabalho pericial para o meio

jurídico e o papel do profissional perito na execução de seu trabalho. A perícia contábil é

necessária quando a prova de um fato depender de conhecimentos técnicos ou científicos. Os

trabalhos realizados pelo perito, como os estudos, pesquisas, diligências e conclusões

deverão ser registrados em laudo pericial que será entregue ao juiz, de forma clara e precisa,

e ser acessível aos julgadores e às partes, no que se refere à interpretação e ao conhecimento

dos resultados do trabalho realizado. O trabalho pericial busca provas ou opinião para

orientar o juiz ou desfazer conflito de interesses de pessoas. Estas provas devem ser tratadas

com ética e respeito, e ainda, baseadas em elementos verdadeiros e competentes. A perícia

contábil é de competência exclusiva do contador registrado no Conselho Regional de

Contabilidade – CRC. Este profissional deve revisar o seu nível de competência profissional,

atuando com profundo conhecimento em Contabilidade, em técnicas contábeis, e

principalmente, naquelas aplicáveis à perícia. O perito deve cumprir prazos estabelecidos no

processo e zelar por suas prerrogativas profissionais, respeitar e agir com seriedade e

discrição.

Palavras-chave: Perícia Judicial. Perito. Ética.

1 Introdução

Esta pesquisa apresenta a importância da pericia contábil para o meio jurídico. A

perícia contábil é instrumento de constatação, prova ou demonstração, científica ou técnica,

que busca a veridicidade de situações, coisas ou fatos.

O que se busca é uma opinião válida para atestar sobre a regularidade, irregularidade ou situação da riqueza individualizada.

Não se trata de um informe, mas de uma opinião.

O informe serve à perícia, e esta deve gerar um parecer ou ponto de vista

tecnológico.

Trata-se de uma análise para produzir uma conclusão.(SÁ, 2005, p. 15)

O trabalho pericial esclarece as dúvidas do poder judiciário, respondendo aos quesitos

propostos e emitindo o laudo.

O objetivo da pesquisa é compreender o trabalho pericial e a sua necessidade para o

meio jurídico.

Conhecer o perito contábil e suas funções dentro de um processo que seja necessário a

realização do seu trabalho e apresentar as principais fases operacionais da pericia desde a

nomeação do perito pelo juiz até a elaboração do laudo com as suas conclusões.

Este trabalho originou-se da curiosidade de obter conhecimentos de perícia contábil,

que é uma área de grande crescimento e oportunidades para o profissional contábil.

138

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

A perícia contábil é uma área de atuação que exige profissional habilitado e que tenha

experiência e conhecimento aprofundado capaz de atender as solicitações feitas pelo juiz

através dos quesitos formulados.

Espera-se que este trabalho possa contribuir para o desenvolvimento da área pericial

propiciando informações relevantes para aumentar o grau de conhecimento dos

pesquisadores.

2 O Perito Contábil

Antes de adentrar ao conceito especificamente, é necessário esclarecer que o Conselho

Federal de Contabilidade CFC objetivando disciplinar a profissão pericial, editou as Normas

Brasileiras de Contabilidade, sendo que a vigente é a NBC P2-Normas Profissionais do

Perito, as quais foram regulamentadas pela resolução nº 857/99 e parcialmente alteradas pelas

resoluções de nº 1050, 1051, 1056 e 1057, todas do ano de 2005.

Quanto a atuação no judiciário, basicamente o embasamento encontra-se disciplinado

no Código de Processo Civil-CPC, Código Civil, Consolidação das Leis do Trabalho-CLT

dentre outros.

2.1 Conceito

Segundo o CFC, através da Resolução nº 857/99, ―Perito é o Contador

regularmente registrado em Conselho Regional de Contabilidade, que exerce a atividade

pericial de pessoal, devendo ser profundo conhecedor, por suas qualidades e experiência,

da matéria periciada‖.

Quanto ao contador, este tem sua profissão regulamentada através do Decreto-lei

nº 9.295/46, e suas atribuições foram definidas pela resolução nº 560/83, do Conselho

Federal de Contabilidade.

Sá (2009) afirma que na constituição brasileira, cada profissão tem determinados

direitos garantidos para seu exercício, assim como as restrições pertinentes.

Ser registrado como Contador, outorga direitos de exercer as funções estabelecidas

na lei que regulamenta essa profissão e, embora aquela esteja desajustada, em face do

progresso, em verdade é ela que serve de parâmetro, um perito não está autorizado a

opinar sobre matéria fora do que para ele estabelece-se expressamente como competência

legal.

Os requisitos que capacitam o profissional consoante as normas e a lei são: Ser

contador, estar registrado e em dia com suas obrigações perante o Conselho Regional de

Contabilidade

Segundo o art 145 do CPC ― Quando a prova do fato depender de conhecimento

tecnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no artigo 421‖.

A Resolução n° 1.050/05, do Conselho Federal de Contabilidade diz que ―perito

contador nomeado é o designado pelo juiz em perícia contábil judicial; contratado é o que

atua em perícia contábil extrajudicial; e escolhido é o que exerce sua função em perícia

arbitral‖.

Como afirma Magalhães, Souza, Favero, Lonardoni (2008), é chamado de perito

aquele que é nomeado por iniciativa do juiz. Depois da nomeação, podem as partes ou

uma delas indicar o perito assistente técnico, que é o perito da parte.

2.2 Independência e Sigilo

Segundo o CFC, Resolução nº 857/99 no item independência:

139

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

O perito-contador e o perito-contador assistente devem evitar e denunciar qualquer interferência que possa constrangê-los em seu trabalho, não

admitindo, em nenhuma hipótese, subordinar sua apreciação a qualquer fato, pessoa, situação ou efeito que possam comprometer seu independência.

Alberto (2007) diz que, embora com um único item relativo a independência, a norma

é clara, objetiva e atende, ao interesse maior de que o trabalho seja isento e independente, pois

conduz o profissional a não aceitar sugestionamentos sobre a matéria, manter equilíbrio

emocional sobre as argumentações das partes, tratar com equidade, dando a cada um a mesma

medida de importância, independentemente da condição socioeconômica, doutrina ou

filosofia que se professe, ou acessoria técnica que for capaz de contratar, não aceitar

interferência, principalmente daqueles que têm interesse no resultado do trabalho, e não

condicionar nada a nada, despreconceitualizando o trabalho e a vivência.

Segundo o CFC, Resolução nº 857/99 no item que diz sobre Sigilo:

O perito-contador e o perito-contador assistente, em obediência ao Código

de Ética Profissional do Contabilista, devem respeitar e assegurar o sigilo do

que apurarem durante a execução de seu trabalho, proibida a sua divulgação, salvo quando houver obrigação legal de fazê-lo. Este dever perdura depois

de entregue o laudo pericial contábil ou o parecer pericial contábil.

Alberto (2007) afirma que sigilo é decorrência necessária da postura ética do

profissional, pois tem contatos com documentos e fatos potencialmente ruinosos ao interesse

ou à reputação das partes, e que, por vezes, nem interessam ao objetivo pericial, mas,

eventualmente, no decorrer dos exames, se evidenciam. Estes fatos devem ser expostos

somente no laudo, mesmo os que interessam à lide, não devendo servir de mote às conversas

posteriores. Este dever de sigilo é necessário para a preservação dos interesses das partes e

garantia aos membros da sociedade de que não serão nem terão expostos publicamente seus

problemas e segredos. O processo judicial é público quando não corre em segredo de justiça,

mas à parte, ao juiz e aos terceiros que nele atuam não é dado dar publicamente sobre fatos ou

questões que possam redundar em prejuízo financeiro ou moral á parte exposta.

O dever de sigilo profissional só existe quando ostensiva é a restrição à

difusão de fatos. Quando há um pedido direto da parte interessada em

preservar segredo, quando se procura defender a ocultação de algo que não

convém e nem pode ser de conhecimento geral e indiscriminado, pode-se dizer que ocorre algo que está sob sigilo.(SÁ, 2009, p. 209)

2.3 Competência

Conforme especifica a Resolução n° 1.056/05, do Conselho Federal de Contabilidade :

Competência profissional pressupõe ao perito contador e ao perito contador assistente demonstrar capacidade para pesquisar, analisar, sintetizar e

fundamentar a prova no laudo pericial e no parecer contábil.

Para tanto, devem manter adequado nivel de competência profissional, pelo

conhecimento atualizado da contabilidade, das Normas Brasileiras de Contabilidade, das técnicas contábeis, da legislação relativa à profissão contábil e das normas jurídicas, especialmente as aplicáveis à perícia,

atualizando-se, permanentemente, mediante programas de capacitação, treinamento, educação continuada e especialização, e realizando seus

trabalhos com observância da equidade.

Segundo o CFC, através da Resolução nº 857/99, ‖O perito-contador e o perito-

contador assistente podem valer-se de especialistas de outras áreas para a realização do

trabalho, desde que parte da matéria objeto da perícia assim o requeira‖.

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Sá (2009) explica que qualidade do profissional perito quer dizer a qualidade do

trabalho que executa. Para que a perícia seja considerada de qualidade, existem alguns

requisitos.

Um bom trabalho pericial deve apresentar objetividade, precisão, clareza, fidelidade,

concisão, confiabilidade inequívoca baseada em materialidades e plena satisfação da

finalidade.

Objetividade é não desviar-se da matéria que motivou a questão e só subsidiariamente

apelar para exames colaterais.

Precisão é oferecer respostas pertinentes e adequadas às questões formuladas ou

finalidades propostas.

Clareza é usar uma linguagem acessível a quem vai utilizar-se de seu trabalho, embora

possa conservar a terminologia tecnológica e científica em seus relatos.

Fidelidade é deixar se influenciar por terceiros e informes que não tenham

materialidade e consistencia competentes.

Concisão é emitir uma opinião que possa facilitar as decisões e evitar o prolixo.

Confiabilidade é apoiar a pericia em elementos inequívocos e válidos legal e

tecnológicamente.

Plena satisfação da finalidade é, o resultado do trabalho estar coerente com os motivos

que o ensejaram.

2.4 Responsabilidade e Zelo

Através da Resolução 1051/05 do CFC podemos afirmar que o perito contábil deve

possuir responsabilidade profissional na realização dos trabalhos realizados, cumprindo os

prazos fixados pelo juiz em perícia judicial, e nos termos contratados em perícia extrajudicial

e arbitral, ser responsavel por todas as informações fornecidas, quesitos respondidos,

procedimentos adotados, diligências realizadas, valores apurados e conclusões apresentadas,

prestar os esclarecimentos determinados pelo juiz, respeitados os prazos legais e prestar todos

os esclarecimentos necessários de forma oportuna.

Zelo é o cuidado que o perito deve dispensar na execução de suas tarefas, em sua

conduta, documentos, prazos, tratamento dispensado às autoridades, aos integrantes da lide e

aos demais profissionais, para que ele possa ser respeitado e o seu trabalho levado a bom

termo e, conseqüentemente, seu laudo digno de fé pública no caso do perito contador e no

caso do perito contador assistente para que seu parecer tenha credibilidade.

O profissional tem a obrigação de respeitar os princípios da moral, da ética e do

direito, atuando com lealdade, idoneidade e honestidade no desempenho de suas atividades,

sob pena de responder por seus atos civil, criminal, ética e profissionalmente.

No momento em que o perito aceita o encargo para executar o seu trabalho pericial,

ele deve ter conhecimento das responsabilidades sociais, éticas, profissionais e legais que

estará sujeito.

Quando for necessário a contratação de especialista para a realização de parte da

perícia que exija conhecimento específico em outras áreas do conhecimento, o perito contador

e o perito contador assistente serão os responsáveis pelos trabalhos realizados, esta obrigação

que o perito assume perante o julgador ou contratante não exime o especialista da

responsabilidade do seu trabalho executado.

Eles são responsáveis também pelos trabalhos da sua equipe técnica, que são os

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

auxiliares para execução do trabalho complementar do laudo pericial contábil e/ou parecer

pericial contábil, tais como: digitação, pesquisas e análises contábeis, cálculos matemáticos e

trabalhistas e pesquisas de legislações pertinentes.

Para contratar serviços de profissionais de outras profissões regulamentadas, devem

certificar-se de que os mesmos se encontram em situação regular no seu conselho

profissional.

O prazo que o juiz estabelece para a conclusão dos trabalhos, na perícia judicial, deve

ser cumprido pelo perito contador como forma de não obstar a celeridade processual. E o

perito-contador assistente deve cumprir o prazo fixado em lei, para as manifestações sobre o

laudo pericial, de forma a não prejudicar a parte que o indicou.

Quando não for possível a conclusão do laudo pericial no prazo que o juiz determinou,

o perito-contador deve requerer a sua dilação antes de vencido aquele, apresentando os

motivos da sua solicitação.

2.5 Impedimento e Suspeição

Através da resolução 1050/05 do CFC, podemos afirmar que impedimento são as

situações que impossibilitam o perito de exercer, regularmente, suas funções ou realizar

atividade pericial em processo judicial, extrajudicial e arbitral.

Nos casos em que o perito não puder exercer suas atividades com imparcialidade e

sem interferência de terceitos ele deve se declarar impedido.

O impedimento pode ser legal ou técnico.

No impedimento legal as, situações que podem ocorrer impedindo que o perito realize

seu trabalho será quando ele for parte do processo, tiver atuado como perito-contador

assistente ou prestado depoimento como testemunha no processo, tiver cônjuge ou parente

seu postulando no processo, tiver interesse no resultado do trabalho pericial, exercer cargo ou

função incompatível com a atividade de perito-contador, em função de impedimentos legais

ou estatutários, receber dádivas de interessados no processo, subministrar meios para atender

às despesas do litígio ou receber quaisquer valores e benefícios, bens ou coisas sem

autorização ou conhecimento do juízo.

Nos casos em que o perito não puder exercer suas atividades com imparcialidade e

sem interferência de terceitos ele deve se declarar impedido.

E no impedimento técnico os motivos de impedimento são quando a matéria em litígio

não for de sua especialidade, constatar que os recursos de sua estrutura profissional não

permitem assumir o encargo; não conseguir cumprir os prazos estabelecidos, ou o perito-

contador assistente ter atuado para a outra parte litigante como consultor técnico ou contador

responsável, direto ou indireto em atividade contábil ou em processo no qual o objeto de

perícia seja semelhante àquele da discussão.

Para que o perito tenha condições de desenvolver seu trabalho de forma isenta ele deve

possuir autonomia e independência para não ser impedido por motivos técnicos.

Nos casos em que o perito-contador for nomeado em juízo, deve justificar a sua escusa

e o motivo do seu impedimento através de petição, dentro do prazo legal.

Quando o perito-contador assistente for indicado pela parte contratante, não aceitando

o encargo que lhe foi dado, este deve se comunicar por escrito, ao juízo e á parte, a recusa

devidamente justificada.

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Quando o perito verificar situações que venha a suscitar suspeição em função da sua

imparcialidade ou independência comprometendo o resultado de seu trabalho em relação à

decisão, ele pode declarar-se suspeito.

Os casos em que o perito-contador esta sujeito de suspeição são: ser amigo íntimo ou

inimigo das partes; ser devedor ou credor das partes, dos seus cônjuges, de parentes destes

em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau; ser herdeiro das partes ou dos seus

cônjuges; ser empregador de alguma das partes; aconselhar, de alguma forma, parte envolvida

no litígio acerca do objeto da discussão; houver qualquer interesse no julgamento da causa em

favor de alguma das partes; e declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, ficando isento,

neste caso, de declinar os motivos.

Alberto (2007) afirma que as situações de relacionamento que condicionam e afetam a

capacidade do perito atuar com isenção são de interesse da sociedade, pois preserva a

condição principal de que o trabalho seja isento e probo. Mais importante que elencar as

situações de impedimento é o fato de que a norma impõe o dever de declarar-se suspeito

aqueles que estiverem enquadrados nas situações. São os próprios profissionais que devem

declarar seu comprometimento de animus, sem esperar que outra regra, legal ou de outra

ordem, venha a concitá-los a isto. É importante lembrar que o dever de se declarar impedido

quando se encontrar nas situações que a norma prevê atinge a todos os peritos contábeis,

inclusive os assistentes técnicos.

2.6 Nomeação do Perito

Conforme o art. 145 do CPC ―Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível

universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no

Capítulo Vl, seção Vll, deste Código. (Incluído pela Lei nº 7.270, de 1984).‖

Diz a lei nº 8.455 de 24 de agosto de 1992 em seus artigos citados abaixo:

Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo.

Art.423. O perito pode escusar-se (art.146) ou ser recusado por impedimento

ou suspenção (art. 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito.

Art. 424. O perito pode ser substituído quando:

I – Carecer de conhecimentos tecnico ou científicos;

II – Sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi

assinado.

Art. 424. Parágrafo ùnico. No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa

ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo.

2.7 Honorários

Conforme a Resolução 1057/05 do CFC, devem ser considerados os seguintes critérios

quando o perito for elaborar a sua proposta de honorários:

• A relevância que é a importância da perícia no contexto social e sua essencialidade

para dirimir as dúvidas de caráter técnico contábil.

• O vulto que está relacionado com o valor da causa no que se refere ao objeto da

perícia.

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• O risco é a possibilidade dos honorários periciais não serem integralmente recebidos,

o tempo necessário ao recebimento, bem como a antecipação das despesas necessárias

à execução do trabalho entre outros.

• A complexidade é a dificuldade técnica para a realizar o trabalho pericial em

decorrência do grau de especialização exigido, à dificuldade em obter os elementos

para a fundamentação do laudo pericial contábil e ao tempo transcorrido entre o fato a

ser periciado e a realização da perícia. Deve ser considerado também o ineditismo da

matéria periciada.

• As horas estimadas para cada fase do trabalho é o tempo para a realização da perícia,

mensurado em horas trabalhadas pelo perito-contador, quando aplicável.

• O pessoal técnico são auxiliares que integram a equipe de trabalho, estando sob

orientação direta e inteira responsabilidade do perito-contador.

• O prazo determinado deve ser levado em conta nos orçamentos de honorários,

considerando o tempo que requeira dedicação exclusiva do perito-contador e da sua

equipe para a realização do trabalho.

• O prazo médio de liquidação que é o tempo necessário para recebimento dos

honorários.

• A forma de reajuste e parcelamento de honorários, quando houver.

No orçamento do perito ele deve ressaltar que não comtempla honorários de quesitos

suplementares, poderá haver incidência de honorários complementares, se estes quesitos

forem formulados pelo juiz ou pelas partes.

Não ensejará novos honorários, quando o juiz ou as partes necessitarem de respostas

aos quesitos de esclarecimento que se refere à obtenção de detalhes do trabalho realizado, mas

somente quando necessitar realizar novo trabalho para responder aos quesitos.

Os quesitos de esclarecimentos devem ser analisados com zelo pelo perito, uma vez

que as partes podem formulá-los com essa denominação, mas serem quesitos suplementares,

nesta situação o seu trabalho deverá ser remunerado.

O seu orçamento será apresentado ao juízo da vara onde tramita o feito, mediante

petição fundamentada, podendo conter o orçamento ou este constituir-se em um documento

anexo da petição.

Quando for necessário o desembolso de despesas de viagens e estadas, para a

realização de outras diligências, que não estiver na proposta inicial de honorários, o perito

deve requerer ao juízo o pagamento das despesas, apresentando o orçamento.

Os honorários do perito-contador assistente devem ser estabelecidos em Contrato

Particular de Prestação de Serviços Profissionais de Perícia Contábil, que obrigatóriamente

celebrará com seu cliente, observando as normas estabelecidas pelo Conselho Federal de

Contabilidade, no que couber.

Na perícia em arbitragem, o orçamento do perito-contador escolhido, deve ser

estabelecido no contrato que celebrará com a Câmara de Mediação e Arbitragem ou com o

Tribunal Arbitral que o contratou.

Sá (2009) afirma que o preço de um serviço deve ser proporcional à quantidade dele

exigída, ao tempo que vai requerer, à responsabilidade, ao risco, e ao benefício que vai dele

decorrer: Custo, responsabilidade, qualidade do conhecimento, riscos, efeitos ou benefícios

são elementos importantes na formação do valor dos honorários.

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A ética exige que, após um levantamento, o orçamento seja demonstrado com clareza.

Na perícia existem tarefas que exigem apenas trabalhos menos qualificados, outras

altíssimas especializações e algumas é limitada a oferta de mão-de-obra para cumpri-las.

Fixar um padrão de remuneração, seria injusto, prejudicaria tanto o profissional quanto

a parte que requer a opinião.

Ao menos que os custos aumentem por exigências ou quesitos complementares, seria

melhor evitar os reajustes futuros, por isto um orçamento deve se aproximar ao máximo da

realidade.

No particular dos honorários, o que não parece muito fácil, é a equivalência ou a

proximidade entre as remunerações dos assistentes e a do perito do juiz.

Nem sempre é fato, mas seria ideal que existisse um acordo respeitoso quanto à

dignidade da remuneração

Em muitos casos tem convencionado que a remuneração do assistente seja um valor

equivalente a de 60 a 80% daquela que se estabeleceu para o perito do juiz, observadas as

peculiaridades de cada caso.

3 A Perícia Contábil

3.1 Conceito

A perícia é uma ferramenta usada para comprovar a verdade das situações, coisas ou

fatos que necessitem de especialistas da área para esclarecer as dúvidas do juiz.

A expressão perícia advém do latim peritia, que em seu sentido próprio

significa conhecimento, habilidade, saber: Perícia é uma diligência realizada ou executada por peritos, a fim de esclarecer ou evidenciar certos fatos

objeto do litígio judicial ou de interesse extrajudicial. (Cabral, 2000, p.50)

A Resolução 858/99, do Conselho Federal de Contabilidade, em seu item 13.1.1

afirma que:

A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnicos e

científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio, mediante laudo pericial

contábil e/ou parecer pericial contábil, em conformidade com as normas

jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente.

Alberto (2007) diz que perícia é sempre perícia, seja qual for sua espécie ou

natureza, de modo que sua adjetivação busca identificar, na expressão composta, qual a

natureza da matéria sobre a qual recairá, combinada com a profissão que detém a

prerrogativa de atuar na área em que a matéria se insere.

A conceituação de perícia contábil também indica seus objetivos. O seu maior

objetivo é a verdade sobre o objeto examinado, ou a transferência da verdade contábil para

o ordenamento. Genericamente, mas num segundo plano mental, podemos também

concluir que a perícia tem por objetivo a constatação, prova ou demonstração, segundo os

princípios e instrumentos da Ciência Contábil, do ou sobre o objeto. Complementarmente

podemos dizer que a perícia contábil tem por objetivo geral a contatação, prova ou

demonstração contábil da verdade real sobre seu objeto, transferindo-o, através de sua

materialização o laudo, para o ordenamento da instância decisória, judicial ou

extrajudicial.

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3.2 A Evolução Histórica da Perícia Contábil no Brasil

De acordo com Alberto (2007) a perícia existe desde os mais remotos tempos da

humanidade, o seu processo civilizatório se iniciou quando reuniu-se em sociedade.

Ainda não existia a perícia nos tempos em que quem comandava a sociedade

primitiva era, a bem dizer, perito, juiz, legislador e executor ao mesmo tempo, já que

examinava, julgava, fazia e executava as leis.

Depois surgiu a figura do arbitro, que era perito e juiz ao mesmo tempo, ele era eleito

pelas partes, e era ele quem realizava a verificação direta dos fatos, o exame do estado das

coisas e lugares, e também a decisão judicial a ser homologada pelo que detinha o poder real,

feudal, no sistema de castas e privilégios indianos.

No primitivo direito romano vamos encontrar situação com definições mais claras e

objetivas, pois ali já se estabelece a figura do perito quando a decisão de uma questão

dependia da apreciação técnica de um fato.

Era o magistrado quem tinha a faculdade de deferir o juízo da causa a homens que,

melhor pudessem, pronunciar sobre os fatos, por seus conhecimentos técnicos, e essa pessoa –

arbiter – se constituía em verdadeiro juiz, de modo que era juiz e perito ao mesmo tempo.

Neste sistema, o laudo do perito se constituía na própria sentença, já que o magistrado

a ele estava adstrito.

Depois de tantos barbarismos com tribunais de inquisição, Juizos de Deus, entre outros

na idade média, estruturou-se novamente com o novo surto de desenvolvimento ocidental que

se seguiu.

A estruturação, permitiu a especialização e o fortalecimento do valor real do trabalho

pericial como organismo auxiliar na promoção da justiça.

O Código de Processo Civil (CPC) de 1939 ja estabelecia vagas regras sobre

perícia. Foi, contudo, em 1946, com o advento do decreto-lei nº 9,295/46 (que criou o Conselho Federal de Contabilidade e definiu as atribuições do

contador), que se pode dizer institucionalizada a Perícia Contábil, no Brasil.

Com o Decreto-lei nº 8.579, de 8-1-1946, significativas alterações foram

introduzidas nas normas periciais. Também a Legislação Falimentar – Decreto-lei nº 7.661/45, com as alterações da Lei nº 4.983/66, em seus arts.

63, inciso VI;93, parágrafo único; 169, inciso VI; 211 e 212, incisos I e II –

estabebeleceu regras da Perícia Contábil, que são claras ao definirem esta atribuição ao contador.

Foi, no entanto, com o ―segundo‖ Código de Processo Civil – Lei nº

5.869/73, com as modificações que lhe foram dadas pelas Leis Complementares ao CPC, que as perícias judiciais foram premiadas com

uma legislação ampla, clara e aplicável. A Legislação Trabalhista e o Direito Comercial, hoje o CC/2002, também estão incluídos no contexto da

atividade pericial, da mesma forma que as jurisprudências de natureza

processual civil. No que diz respeito às normas de natureza técnica-contábil, chama-se a atenção para as Normas emanadas do Conselho Federal de

Contabilidade, pelo seu conteúdo elucidativo e esclarecedor. É neste

conjunto de normas que estão inseridas as que disciplinam a Perícia

Contábil. (Magalhães, Souza, Fávero, Lonardoni, 2008, p. 3)

3.3 Da Inspeção Judicial

È o esclarecimento técnico prestado ao juiz pelo perito para seu convencimento em

relação a qualquer fato no processo, ou até mesmo para atender a dúvidas que qualquer uma

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das partes venha a ter, que são formuladas através de quisitos, e que o perito tem por

obrigação responder.

Conforme a lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, em seus artigos citados abaixo:

Art. 440: O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer

fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, afim de esclarecer sobre

fato, que interesse à decisão da causa.

Art. 441: Ao realizar a inspeção direta, o juiz poderá ser assistido de um ou

mais peritos.

Art. 442: O juiz irá ao local, onde se encontre a pessoa ou coisa, quando:

I – julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que

deva observar;

II - a coisa nao puder ser apresentada em juízo, sem consideráveis despesas ou graves dificuldades;

III – Determinar a reconstituição de fatos.

Parágrafo único. As partes têm sempre direito de assistir á inspeção,

prestando esclarecimentos e fazendo observações que reputem de interesse para a causa.

Art. 443. CPC: ―Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil ao julgamento da

causa. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

3.4 Os Planos de Trabalho em Perícia Contábil

Antes de iniciar seu trabalho o perito deve realizar um plano de trabalho de todas as

tarefas a serem realizadas, como serão realizados, quais os recursos disponíveis, qual o tempo

para se realizar o trabalho entre outros, que servirá como guia para a execução do seu

trabalho.

Sá (2005, p. 31) afirma que ―Plano de trabalho em perícia contábil é a previsão,

racionalmente organizada, para a execução das tarefas, no sentido de garantir a qualidade dos

serviços, pela redução dos riscos sobre a opinião ou resposta.‖

Segundo Sá (2009) Um plano de trabalho depende de pleno conhecimento do processo

e de todos os fatos que motivam a tarefa, levantamento prévios dos recursos disponíveis para

exame, prazo ou tempo para execução das tarefas e entrega do laudo ou parecer,

acessibilidade aos dados, pleno conhecimento dos sistemas contábeis adotados, confiabilidade

de documentação e natureza de apoios, se necessários.

Na perícia judicial, são fixados prazos conforme a (Lei nº 8.455) para a realização do

trabalho, por isso é necessário que depois de conhecer os fatos , razões e recursos, mensurá-

los diante do tempo que se dispõe.

Para isto será necessário a realização de um cronograma, que são peças simples, onde

se coloca as tarefas de um lado e o tempo previsto do outro.

As margens do cronograma devem ser calculadas com segurança, ou seja, sempre

além, para cobrir os imprevistos, que são naturais.

Este cronograma acusa se é possível, dentro das previsões realizar a tarefa no prazo

fixado, se não for possível o perito pode pedir mais prazo ou desistir de realizar o serviço,

para não fazê-lo mal.

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Através da Resolução 1021/05 do CFC, o planejamento deve ser mantido por qualquer

meio de registro para servir de orientação á execução do trabalho e facilitar o entendimento

dos procedimentos.

Sempre que surgirem novos fatos no decorrer da perícia, o planejamento deverá ser

revisado e atualizado.

Mesmo que o trabalho seja realizado de forma conjunta com o perito-contador

assistente, é o perito-contador que realizará o planejamento.

Quando o perito completar as análises preliminares, dando origem à proposta de

honorários, aos termos de diligências e aos programas de trabalho, conclui-se o seu

planejamento.

3.5 Espécies de Perícia

Alberto (2007) explica que as espécies de perícia são identificáveis e definíveis

segundo os ambientes de atuação. Estes ambientes que trarão as características e as

determinantes tecnológicas para atender perfeitamente ao objeto e aos objetivos que deve se

voltar.

Existem quatro tipos de perícia, a judicial, a semijudicial, a extrajudicial e a arbitral.

A perícia judicial é realizada dentro dos procedimentos processuais do poder judiciário

por determinação, requerimento ou necessidade de seus agentes ativos e se processa segundo

regras legais específicas. Esta espécie subdivide-se em meio de prova ou de arbitramento,

segundo suas finalidades precípuas no processo judicial.

A semijudicial é realizada dentro do aparato institucional do Estado, porém fora do

Poder Judiciário, sua finalidade principal é ser meio de prova nos ordenamentos institucionais

usuários. Esta subdivide-se em policial, parlamentar e administrativo-tributária, segundo o

aparato estatal atuante.

A extrajudicial é realizada fora do Estado, pela necessidade e escolha de entes físicos e

jurídicos particulares. Esta subdivide-se em demonstrativas, discriminativas e comprobatórias,

segundo as finalidades insítricas para quais foram designadas.

A arbitral é realizada no juízo arbitral, instância decisória criada pela vontade das

partes, não se enquadra em nenhuma das anteriores por suas características especialíssimas de

atuar parcialmente como se judicial e extrajudicial.Esta subdivide-se em probante e decisória,

segundo se destine a funcionar como meio de prova do juízo arbitral.

3.6 Prova Pericial

A prova pericial deve ser procurada com ética e respeito, pois é através destas provas

que será feito todo o trabalho e suas conclusões.

Vários são os fins para os quais se podem requerer uma perícia, mas, como prova que ela vai ser, é preciso que se baseie em elementos verdadeiros e

competentes. (SÁ, 2005, p. 18)

Magalhães, Souza, Fávero, Lonardoni (2008) descreve que prova pericial consiste em

exame, vistoria e avaliação. Exame é a análise de livros e os registros das transações e

documentos. A vistoria tem como objetivo a verificação e a constatação de situação, coisa ou

fato, de forma circunstancial. A avaliação estabelece o valor de bens, direitos, obrigações,

despesas e receitas.

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3.7 Laudos Periciais

O laudo pericial é o registro dos resultados do trabalho pericial, que será usado como

ferramenta, para esclarecer as dúvidas do juiz, sobre a matéria que não é de seu

conhecimento.

Laudo pericial contábil é uma peça tecnológica que contém opiniões do

perito contador, como pronunciamento, sobre questões que lhe são formuladas e que requerem seu pronunciamento. (Sá, 2005, p. 45)

Conforme o Conselho Federal de Contabilidade na resolução 1.041/05:

O Laudo Pericial Contábil deverá ser escrito de forma direta, devendo

atender às necessidades dos julgadores e ao objeto da discussão, sempre com

conteúdo claro e dirigido ao assunto da demanda, de forma que possibilite os julgadores a proferirem justa decisão. O Laudo Pericial Contábil não deve

conter elementos e/ou informações que conduzam a dúbia interpretação, para

que não induza os julgadores a erro.

Magalhães, Souza, Fávero, Lonardoni (2008) explica que é muito importante que o

laudo pericial seja apresentado de forma adequada, por isto é recomendável que seja feita uma

revisão antes da sua entrega para evitar erros, ou omissões de informações.

Após a revisão, o perito deve rubricar todas as folhas e assinar na ultima sobre sua

identificação.

A entrega deverá ser feita no prazo legal, acompanhada de petição endereçada ao juiz

e com identificação dos autos, no cartório ou secretaria que serve ao juízo.

4 Conclusão

Considerando que a profissão de Contador é regulamentada, e são atribuições

privativas deste profissional, as perícias contábeis judiciais e extrajudiciais, conforme

estabelecidas na resolução 560/83 do CFC.

A função do perito contábil exige responsabilidade, ética e conhecimentos

aprofundados em contabilidade, e seu trabalho deve ser baseado em elementos verdadeiros,

para não prejudicar as partes envolvidas no processo.

No judiciário, o juiz nomeia os peritos primeiramente quando os assuntos objetos da

lide versarem sobre temas específicos e de competência de determinadas profissões.

No caso de perícia contábil, o perito será nomeado quando o objeto da perícia estiver

relacionado ao patrimônio das entidades.

Ainda por ser a perícia contábil um conjunto de procedimentos técnicos e científicos

este profissional, de acordo com as normas contábeis, legislações específicas, além das

análises de documentos, fundamenta seu trabalho através do laudo pericial contábil.

De posse do laudo pericial, o juiz abre vistas as partes sendo que é permitido a estes, a

indicação do perito contábil assistente para o acompanhamento dos trabalhos do perito do

juízo.

Todas as informações obtidas pelo perito em seu trabalho pericial, devem ser

registrados no laudo, respondendo aos quesitos e esclarecendo as dúvidas do juiz e das partes.

Sendo assim é de grande relevância o trabalho desenvolvido por este profissional,

porque será usado como prova, quando o objeto de um processo, necessitar de conhecimentos

especializados e envolver o patrimônio de uma entidade.

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Referências

ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia Contábil. 3. Ed, São Paulo: Atlas, 2002.

ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia Contábil. 4. Ed, São Paulo: Atlas, 2007.

CABRAL, Alberto Franqueira. Curso de Perícia Contábil Judicial e Extrajudicial. Rio de Janeiro: Unigranrio

Editora, 2000.

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, ART 145. Disponível no site:

http://www.dji.com.br/codigos/1973_lei_005869_cpc/cpc0145a0147.htm

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. RESOLUÇÃO 857/99. Normas profissionais do perito.

Disponível no site:http://www.cfc.org.br/conteudo.aspx?codMenu=6.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. RESOLUÇÃO 858/99. Da Perícia Contábil. Disponível no

site:http://www.cfc.org.br/conteudo.aspx?codMenu=6.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. RESOLUÇÃO 1.041/05. Laudo Pericial Contábil. Disponível no site:http://www.cfc.org.br/conteudo.aspx?codMenu=6.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. RESOLUÇÃO 1.050/05. Conceituação e disposições gerais.

Disponível no site:http://www.cfc.org.br/conteudo.aspx?codMenu=6.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. RESOLUÇÃO 1.051/05. Responsabilidade e Zelo. Disponível no site:http://www.cfc.org.br/conteudo.aspx?codMenu=6.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. RESOLUÇÃO 1.056/05. Competência Profissional.

Disponível no site:http://www.cfc.org.br/conteudo.aspx?codMenu=6.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. RESOLUÇÃO 1.057/05. Honorários. Disponível no site:http://www.cfc.org.br/conteudo.aspx?codMenu=6.

MAGALHÃES, Antonio de Deus Farias; SOUZA, Clóvis de; FAVERO, Hamilton Luiz; LONARDONI, Mário.

Uma Abordagem Teórica, Ética, Legal, Processual e Operacional. 6. Ed, São Paulo: Atlas, 2008.

SÁ, Antonio Lopes. Perícia Contábil. 7. Ed, São Paulo: Atlas, 2005.

SÁ, Antonio Lopes. Perícia Contábil. 9. Ed, São Paulo: Atlas, 2009.

150

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

A Atuação da Auditoria na Contabilidade Pública

Paulo Eduardo Martins (Graduação em Ciencias Contábeis - IMESB) [email protected]

Luis Antônio Nogueira (Professor Orientador- IMESB) [email protected]

Resumo: A Contabilidade Pública exerce uma função essencial nas Administrações Públicas,

como as autarquias, empresas públicas e prefeituras, registrando, controlando e

acompanhando todos os fatos contábeis e suas variações, nela se registram todos os atos e

fatos a fim de se apurar os resultados e analisar as finanças da administração, dentro das

normas do direito financeiro, regidos pela Lei nº. 4.320 de 17 de março de 1964, que estatui

Normas Gerais de Direito Financeiros, para elaboração e controle dos orçamentos e

balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, assim, a fiscalização

nas Contas Públicas é exercida por meio de auditoria, conhecida como Auditoria

Governamental ou Pública, e essa auditoria é exercida por entidades superiores de

fiscalização, nomeadas de Tribunal de Contas, órgão este que abrange todas as esferas do

governo, através deste artigo, busca-se demonstrar como é a atuação do Tribunal de Contas

do Estado de São Paulo, nos municípios sob sua jurisdição, verificando os critérios, a

imparcialidade e sua responsabilidade, aprofundando-se num assunto conhecido no meio

acadêmico, porém com carência de literaturas que abordem a importância do Tribunal de

Contas, órgão que executa auditoria na área pública, pois é através da atuação deste órgão,

que se demonstra como estão sendo geridas as Contas Públicas, além disso, mostrar a sua

evolução histórica e sua política de promover sempre o conhecimento e a melhoria do

trabalho, na procura de sempre analisar a eficiência, celeridade e aplicação dos recursos

pelas entidades públicas. Contudo, este artigo vem mostrar a importância da Auditoria

Pública, sua história e seus conceitos, para se buscar um entendimento em todos os níveis da

classe contábil, para que todos possam entendê-la, para exercitarem sua cidadania, pois o

patrimônio público não é das autoridades que o administram, mas sim de uso e propriedade

coletiva, por isso deve ser vigiado e ter um entendimento dominável por todos, para se poder

fiscalizar e analisar a administração pública.

Palavras-chave: Contabilidade Pública. Tribunal de Contas. Auditoria.

1 Introdução

A Contabilidade Pública exerce uma função essencial nas Administrações Públicas,

pois ela registra, controla e acompanha todos os fatos contábeis e suas variações, é através

dela que se registra a previsão da receita e a fixação das despesas, além disso, se controla

todas as operações de crédito e a dívida ativa. Com tantas responsabilidades, a Contabilidade

Pública tem uma auditoria anual, onde os municípios são fiscalizados para que os mesmos

tenham suas contas aprovadas.

O campo de aplicação da contabilidade pública é restrito à administração pública nos três níveis de governo: federal, estadual/distrital e municipal. Em

seu Título X, a Lei nº 4.320/64 trata das autarquias e outras entidades, que compreendem as com autonomias financeiras e administrativas, cujo capital

pertença, integralmente, ao poder público. (PEREIRA et al., 2005, p. 144)

A fiscalização nas Contas Públicas é exercida por meio de auditoria, conhecida como

Auditoria Governamental ou Pública, que se encontra diretamente ligada ao setor público,

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

acompanhando e fiscalizando todos os órgãos e entidades públicas. Essa auditoria é exercida

por entidades superiores de fiscalização, nomeadas de Tribunal de Contas, órgão este que

abrange todas as esferas do governo.

Ao tradicional hábito de fiscalizar as contas públicas sob a ótica financeira e orçamentária foram exigidas as contábil, patrimonial e operacional. Novos

campos para que se dediquem os auditores e uma maior segurança quanto à economicidade, à eficiência e à eficácia desde então são os desafios que a

classe contábil, dedicada ao setor público, vem enfrentando. (CRUZ, 2002,

p. 19)

Através deste artigo, busca-se demonstrar como é a atuação do Tribunal de Contas do

Estado de São Paulo, nos municípios sob sua jurisdição, verificando os critérios, a

imparcialidade e sua responsabilidade, pois é através da Auditoria Pública exercida por este

órgão, que os administradores públicos prestam contas, cumprindo seus deveres com seus

munícipes, de aplicar corretamente suas arrecadações, tendo em vista que, suas ações estarão

sendo fiscalizadas continuamente por este órgão.

Além disso, aprofundar se num assunto conhecido no meio acadêmico, porém com

carência de literaturas que abordem a importância do Tribunal de Contas, órgão que executa

auditoria na área pública, pois é através da atuação dele, que se demonstra como estão sendo

geridas as Contas Públicas. Buscando conscientizar e alertar às entidades públicas e demais

interessados, sobre a relevância desta instituição fiscalizadora, que visa através de seus

serviços coibir irregularidades, fraudes e demais ilegalidades, zelando para que as Contas

Públicas tenham mais transparência.

Assim, este artigo tem como objetivo, conhecer o Tribunal de Contas do Estado de

São Paulo, enquanto órgão fiscalizador, no cumprimento do seu papel de auditar, analisar e

conferir todos os atos e fatos contábeis da Administração Pública Municipal, buscando

demonstrar além de sua finalidade, as práticas e o desenvolvimento do trabalho na correta

auditoria das Contas Públicas, para que o Estado e os próprios munícipes tenham a correta

prestação de contas de como foram utilizados os recursos disponíveis, em cumprimento da

legislação e em benefício do bem comum.

2 Fundamentos da Contabilidade Pública

A contabilidade seja pública ou privada, tem como objetivo fornecer princípios e

técnicas para mensurar o aumento ou diminuição do patrimônio de uma pessoa, seja ela física

ou jurídica, pois a partir das informações e situações realizadas, que podemos mensurar o

patrimônio. Lima e Castro (2007, p. 1) afirmam que, ―Segundo o Conselho de Contabilidade

(CFC), o objetivo científico da Contabilidade manifesta-se na correta apresentação do

patrimônio e na apreensão e análise das causas de suas mutações‖. No caso da Contabilidade

Pública é preciso um acompanhamento diário e intenso, pois é através dos registros e

controles que os administradores avaliam seus objetivos, para que se possa verificar se os

recursos públicos estão sendo diligentemente aplicados.

A Contabilidade voltada para Administração de Pública, tem por objetivos:

registrar a previsão das receitas e a fixação das despesas constantes dos

orçamentos públicos anuais; registrar todos os Ativos (bens e direitos), como os critérios, as aquisições de para revenda, os empréstimos concedidos, os

financiamentos, os títulos e valores, os estoques, entre outros; e todos os

Passivos (obrigações), como os precatórios, as provisões passivas, o imposto

de renda, as contribuições a pagar e outros passivos pertencentes ao ente público; escriturar e efetuar o acompanhamento da execução orçamentária e

financeira das receitas e despesas; controlar a operações de créditos, a dívida

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ativa e as obrigações do ente público; apresentar as variações patrimoniais, ressaltando o valor do patrimônio; fornecer informações aos gerentes

públicos e à sociedade em geral sobre o desempenho fiscal dos entes públicos, em particular no que tange ao respeito aos preceitos versando sobre

disciplina fiscal agregada; fornecer dados sobre os entes públicos à Contabilidade nacional (estatísticas econômicas do país); disponibilizar

informações que auxiliem a medir o desempenho de estruturas e programas

de governo. (LIMA e CASTRO, 2007, p. 3)

A Contabilidade Pública se aplica diretamente as Administrações Públicas em geral,

como as autarquias, empresas públicas e prefeituras, nela se registram todos os atos e fatos

contábeis a fim de se apurar os resultados e analisar as finanças da administração, dentro das

normas do direito financeiro, regidos pela Lei nº. 4.320 de 17 de março de 1964, que estatui

Normas Gerais de Direito Financeiros, para elaboração e controle dos orçamentos e balanços

da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, pelos princípios gerais de

finanças públicas e pelos Princípios Fundamentais de Contabilidade.

A Contabilidade Pública estuda, registra, acompanha, controla e demonstra o

orçamento aprovado e acompanha sua execução. Também acompanha os atos e fatos administrativos da Fazenda Pública, o patrimônio e suas

variações. Ela registra a previsão da receita e a fixação da despesa estabelecida no orçamento público aprovado para o exercício, bem como

escritura a execução orçamentária, compara a previsão e a realização das receitas e despesas, controla as operações de crédito, da dívida ativa, os

valores, os créditos e as obrigações, revela as variações patrimoniais e

demonstra o valor do patrimônio. (PEREIRA et al., 2005, p. 141)

A Contabilidade sempre será organizada conforme o art. 85 da Lei nº 4.320/64, que

estabelece:

Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a

permitirem o acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais, o levantamento dos balanços gerais, a análise e interpretação dos

resultados econômicos e financeiros.

A Contabilidade Pública tem seu exercício financeiro iniciado em 1º de janeiro e

encerrado em 31 de dezembro do mesmo ano, isso quer dizer que, deve coincidir com o ano

civil, obrigatoriamente conforme disposto no artigo 34 da Lei nº 4.320/64, além disso, o

regime contábil para sua apuração, no que diz respeito à arrecadação de receitas e a realização

de despesas, é aplicado o regime misto, utilizando-se o regime de caixa e o de competência ao

mesmo tempo, ou seja, para as receitas arrecadadas é adotado o regime de caixa e para as

despesas empenhadas é adotado o regime de competência. Além disso, o bem público é

classificado em bens de uso comum do povo (praças, avenidas, entre outros), bens de uso

administrativo (são os nes utilizados pela Administração Pública para um fim, como as

escolas e outras repartições públicas) e bens dominicais (são os bens do Estado, que não

possuem uma destinação específica, como terras desabitadas).

3 Auditoria Pública e seus Conceitos

As antigas práticas de autoria no Brasil aconteciam em níveis rudimentares e pouco

convencionais, pois eram realizados no seio das civilizações indígenas, porém a auditoria

convencional chegou com as expedições marítimas.

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Cruz (2002) descreve que no presente momento, enquanto não se investigam as

evidências supra, o surgimento da auditoria convencional é tida como oriunda da terceira

década do século XIX.

Nesse período histórico, as empresas instaladas estrangeiras no Brasil, tinham como

critério um controle interno, para organizar suas operações, sendo através desses exemplos

estrangeiros que os dirigentes nacionais passaram a adotar o mesmo critério.

Estabeleceu-se no Brasil em julho de 1965, a lei nº 4.728, que obrigava a prática da

auditoria governamental no Brasil, com isso outros segmentos foram levados a adotar a

auditoria.

A auditoria pública no Brasil, é definida pelo Tribunal de Contas da União, através do

seu Regimento Interno no artigo 239, da seguinte forma:

Art. 239. Auditoria é o instrumento de fiscalização utilizado pelo Tribunal

para (I) examinar a legalidade e a legitimidade dos atos de gestão dos

responsáveis sujeitos a sua jurisdição, quanto ao aspecto contábil, financeiro,

orçamentário e patrimonial; (II) avaliar o desempenho dos órgãos e entidades jurisdicionados, assim como dos sistemas, programas, projetos e

atividades governamentais, quanto aos aspectos de economicidade,

eficiência e eficácia dos atos praticados; (III) subsidiar a apreciação dos atos sujeitos a registro.

A auditoria no Setor Público fez com que, as análises das contas públicas deixassem

de ser restritas apenas a ótica financeira e orçamentária e passou-se a ser exigido também a

contábil, a patrimonial e a operacional, para que os auditores tivessem uma visão mais ampla

e segura pra avaliar a economicidade, a eficiência e eficácia, do aproveitamento dos recursos

públicos e apontar possíveis irregularidades.

Contudo, a Auditoria Governamental ou Pública, deve-se buscar um entendimento em

todos os níveis da classe contábil, para que todos possam entendê-la, para exercitarem sua

cidadania, pois o patrimônio público não é das autoridades que o administram, mas sim de

uso e propriedade coletiva, por isso deve ser vigiado e ter um entendimento dominável por

todos, para se poder fiscalizar e analisar a administração pública.

4 Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e sua história

A história do Tribunal de Contas de São Paulo se iniciou depois de diversas tentativas

para incluir um projeto criando essa instituição, pois na Constituição do Estado de São Paulo

de 1891, não previa a criação do Tribunal de Contas, após intermináveis discussões foi

colocado o fim aos esforços do deputado estadual Antonio Martins Fontes Júnior, que desde

1908, havia colocado em discussão a criação do Tribunal de Contas, através de um projeto de

lei, mas a promissora tentativa a favor do Tribunal de Contas do Estado, foi do Sr.

Washington Luís Presidente do Estado, simpático a idéia da existência de um Tribunal de

Contas, iniciou uma nova revisão constitucional em 1921, inserindo no artigo 71 da

Constituição, uma emenda onde foi instituído um Tribunal de Contas para liqüidar as contas

da receita e despesa e verificar a sua legalidade antes de serem prestadas ao Congresso,

porém, somente em 1923, que o projeto elaborado por Gama Rodrigues e Júlio Prestes e

amparado nos planos originais de Fontes Júnior foi aprovado, indo a sua promulgação e

convertendo-se na Lei 1961 de 29 de dezembro de 1923, a partir de então foram apresentados

projetos modificando essa lei e reorganizando o Tribunal de Contas.

Após ser baixado o regulamento do Tribunal de Contas em 1924, pelo Presidente do

Estado, o recém empossado Carlos Campos, foi aclamado o 1º presidente da Corte do

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Tribunal de Contas do Estado, Jorge Tibiriça, realizando sua primeira sessão em 6 de maio de

1924.

FIGURA 1 – ―Fac-símile‖ da Ata da 1ª Sessão do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, realizada em 06de

maio de 1924. Fonte: http//:www.tce.sp.gov.br/histórico (2009).

Em 1924, o deputado Azevedo Júnior, apresentou um projeto modificando e

reorganizando o Tribunal de Contas , além disso, reestruturou a Secretaria da Fazenda e

Contas.

A Constituição de 34 restabeleceu o Tribunal de Contas da União, durante este período

político os órgãos da administração dos Estados eram formados pelo interventor ou

governador que aprovavam projetos de orçamento e fiscalizavam a execução orçamentária do

Estado, informando ao Ministro da Justiça ou ao Interventor, conforme o caso, as

irregularidades havidas.

A intervenção no estado de São Paulo cai junto com o Chefe da Nação em outubro de

1945, e em 7 de janeiro de 1947, com o decreto-Lei 16690, institui-se o primeiro Tribunal de

Contas do Estado propriamente dito, constituído por três corpos, o Deliberativo, o Instrutivo e

a Representação da Fazenda.

O Tribunal era responsável por valores e bens de qualquer natureza pertencentes ao

Estado, além dos órgãos da administração direta, as autarquias e entidades paraestatais e suas

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funções compreendia em acompanhar a execução do orçamento, o julgamento das contas e

sua revisão anual, além disso, o tribunal podia impor multas, ordenar a prisão dos

responsáveis em sentença definitiva, ordenar e levantar seqüestros de bens, dentre outras.

No dia 12 de março de 1947, aprovou-se o Decreto 17115, onde regulamentava o

Tribunal de Contas e com a Constituição de 9 de julho do mesmo ano, foi inserido em no

capitúlo intitulado ―Da Fiscalização‖ o Tribunal de Contas, pertencente ao título ―Da

Organização Financeira‖. O Tribunal de Contas foi reorganizado em 1952, com a Lei 1666,

mantendo sua composição e declarando que a Procuradoria da Fazenda do Estado funcionasse

junto a ele como serviço autônomo, tendo a Secretaria uma parte integrante da mesma

organização, com isso o Tribunal de Contas passou a ter funções de Tribunal de Justiça, pois

suas decisões tinham força de sentença judicial.

Contudo, em 1960, com a Lei 6816 de 22 de junho, as atribuições e a competência de

modo geral continuaram as mesmas no Tribunal de Contas, assim como sua composição e

administração, mas somente em 1967 com a nova Constiuição Estadual, que o Tribunal teve

uma seção específica, onde foi dividido em Seção Estadual, Seção Municipal e Seções

Conjuntas. No mesmo ano seguinte, houve através de Ato Institucional e Emenda

Constitucional, onde determinou que nos municípios que não possuam Tribunal de Contas, a

fiscalizaçao das contas públicas seria exercida pelo seu respectivo Estado, isto em detrimento

de recessos nas Câmaras Municipais. Porém com a Emenda Constitucuinal de 1969, o

Tribunal de Contas deixou de ter uma seção específica, sendo integrado na Fiscalização

Financeira e Orçamentária, depois de 17 anos, que foi reduzindo o mandato de Presidente e

Vice-Presidente, que era de 2 anos, passando a ser de apenas 1 ano, criando no ano seguinte

(1988), o cargo de Corregedor com a Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, que foi

estabecido as regras para nomeção de Conselheiros e uma seção especial e adaptada aos

moldes do Tribunal de Contas da União.

Atualmente o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo é regido pela Lei

Complementar nº 709, de 14 de janeiro de 1993, onde é estabelecida sua competência,

conforme descrito no artigo 1º caput, estabelecendo que:

Artigo 1. O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, órgão destinado à fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do

estado e de seus municípios, auxiliar do Poder Legislativo no controle externo, tem sua sede na cidade de São Paulo e jurisdição em todo o

território estadual.

Inclui-se na citada Lei Complementar, as atribuições do Tribunal de Contas do Estado

de São Paulo, sua composição, sua organização, sua jurisdição, dentre outras normas, além

das funções da auditoria, conforme citado no artigo 25, que estabelece:

Artigo 25. No exercício das funções de auditoria contábil, financeira,

orçamentária e patrimonial do Poderes Públicos estaduais e municipais, o Tribunal de Contas, através de inspeções e verificações, acompanhará a

execução orçamentária e patrimonial dos órgãos da administração direta e autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações

instituídas ou mantidas direta ou indiretamente pelos Poderes supracitados, inclusive a aplicação de subvenções e renúncia de receitas quanto à

legalidade, legitimidade e economicidade,...

O Tribunal de Contas tem como política a promoção do conhecimento e a melhoria do

trabalho, para que suas ações internas ou externas sejam sempre desenvolvidas com respeito,

procurando sempre analisar a eficiência, celeridade e aplicação dos recursos pelas entidades

públicas, verificando se as mesmas cumprem seu papel junto à sociedade.

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Compete ao Tribunal de Contas fiscalizar as operações financeiras, contábeis e

patrimoniais de todos as entidades públicas do Estado de São Paulo, inclusive o Governo do

Estado, apreciando as contas públicas e julgando-as, no intuito de coibir qualquer

irregularidade, informando se hover ao Legislativo.

De acordo com Speck (2002, p.232 apud COSTA, ESPEJO e VOESE, 2009, p.87) as

atribuições do Tribunal de Contas, órgão responsável pelo controle das arrecadações, gestão e

aplicação de todos os recursos públicos, são enumeradas da seguinte forma:

a) atribuições investigativas, acompanhando, inspecionando e fiscalizando os

atos de administração e as despesas deles decorrentes; b) atribuições corretivas e cautelares, decorrentes da atuação na correção dos

atos e ações que apresentem irregularidades ou ilegalidades; c) atribuições jurisdicionais, relacionadas com sua competência exclusiva para ―julgar‖ as contas públicas;

d) atribuições punitivas, quando aplicam multas e outras sanções previstas

em lei aos responsáveis por ilegalidades e irregularidades praticadas; e) atribuições opinativa, consultiva e informativa, quando emite pareceres, responde a consultas e fornece dados e estudos realizados; e

f) atribuições declaratórias, ao se pronunciar sobre legalidade ou a inconstitucionalidade em matéria de sua competência.

O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo fiscaliza 3.243 órgãos, por isso sua

atuação é realizada através das suas Unidades Regionais, onde se divide o Estado em 17

centros responsáveis por diversas instituições, para que sua fiscalização seja mais eficiente e

eficaz.

Figura 2: Mapa das Unidades Regionais, 29/08/2008. Fonte: http//:www.tce.sp.gov.br

Atualmente o Tribunal de Contas possui apenas 16 Unidades Regionais, pois a cidade

de São Joaquim da Barra, não abriga mais uma unidade de fiscalização, passando os órgãos

públicos existentes nesta cidade serem auditados pela UR-6 Unidade Regional de Ribeirão

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Preto, as Unidades Regionais do Tribunal de Contas de São Paulo são responsáveis pela

auditoria e fiscalização de diversos municípios, autarquias, procuradorias, programas do

governo, presídios e instituições, dessa maneira cada UR é composta atualmente pela seguinte

quantidade de órgãos:

TABELA 1 – Unidades Regionais e Quantidade de Órgãos Fiscalizados

Diretoria Âmbito Órgãos

UR-1 Unidade Regional de Araçatuba Estadual ou Municipal 139

UR-2 Unidade Regional de Bauru Estadual ou Municipal 197

UR-3 Unidade Regional de Campinas Estadual ou Municipal 220

UR-4 Unidade Regional de Marília Estadual ou Municipal 159

UR-5 Unidade Regional de Presidente Prudente Estadual ou Municipal 155

UR-6 Unidade Regional de Ribeirão Preto Estadual ou Municipal 218

UR-7 Unidade Regional de São Jose dos Campos Estadual ou Municipal 111

UR-8 Unidade Regional de São Jose do Rio Preto Estadual ou Municipal 188

UR-9 Unidade Regional de Sorocaba Estadual ou Municipal 152

UR-10 Unidade Regional de Araras Estadual ou Municipal 190

UR-11 Unidade Regional de Fernandópolis Estadual ou Municipal 172

UR-12 Unidade Regional de Registro Estadual ou Municipal 49

UR-13 Unidade Regional de Araraquara Estadual ou Municipal 137

UR-14 Unidade Regional de Guaratinguetá Estadual ou Municipal 109

UR-15 Unidade Regional de Andradina Estadual ou Municipal 75

UR-16 Unidade Regional de Itapeva Estadual ou Municipal 78

Fonte: http//: http://www2.tce.sp.gov.br/orgaos/orgfiscformulario.jsp (2009)

O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo apresenta um relatório trimestralmente,

onde identifica suas principais atividades desenvolvidas, de modo sucinto, no exercício

corrente, em cumprimento ao disposto no artigo 33, parágrafo 3º da Constituição Estadual,

combinado com o artigo 3º, inciso IX da Lei Complementar nº 709, de 14 de janeiro de 1993

e artigo 25, inciso XXXVI do seu Regimento Interno, consta deste relatório um resumo dos

principais fatos e eventos ocorridos no período, referentes às providências de ordem

administrativa e aos dados da execução orçamentária do próprio Tribunal.

Para tanto, a execução de suas atividades são dividas em: atividades-fim (fiscalização)

e atividades-meio (suporte administrativo que permite a realização da missão constitucional e

legal de fiscalização), o Tribunal de Contas do Estado é estruturado basicamente da seguinte

forma: 1 – Estrutura de Fiscalização: Secretaria-Diretoria Geral, tendo como subordinados,

os dois Departamentos de Supervisão da Fiscalização, aos quais se vinculam às Diretorias de

Fiscalização e às Unidades Regionais, que são equivalentes às Diretorias; e a Assessoria

Técnica e Seção de Apoio Administrativo. 2 – Estrutura Administrativa: Departamento Geral

de Administração, tendo como subordinadas as Diretorias: de Pessoal; de Expediente; de

Material; de Serviços; de Despesa de Pessoal; de Contabilidade; de Transportes.

No item XV – FISCALIZAÇÕES REALIZADAS, do Relatório elaborado pelo

Tribunal de Contas no primeiro trimetre do ano de 2008, são demonstrados os trabalhos de

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fiscalização realizados pela Diretorias do Tribunal que fucionam em sua sede, na Capital, e

pelas suas Unidades Regionais instaladas no interior de São Paulo, as quais são subordinas

por dois Departamentos de Supervisão da Fiscalização, conforme apresentam-se quantificadas

na planilha a seguir:

TABELA 2 – Fiscalizações Realizadas

ÁREA ESTADUAL

ATIVIDADES D.S.F. - I D.S.F. - II TOTAL

AUDITORIAS REALIZADAS

Unidades Gestoras Executoras 2 0 2

Almoxarifados 1 0 1

Autarquias 3 13 16

Entidade de Previdência 1 2 3

Organizações Sociais 21 0 21

Economia Mista 5 6 11

Fundações de Apoio 8 0 8

Fundações Conveniadas 0 3 3

Fundações Típicas 4 6 10

RELATÓRIOS REALIZADOS

Unidade Gestora Executora 13 78 91

Fundações de Apoio 9 3 12

Economia Mista 2 10 12

Fundações Típicas 5 11 16

Fundações Conveniadas 2 2 4

Autarquias 1 7 8

Almoxarifados 7 0 7

Secretarias 2 0 2

Organizações Sociais 9 0 9

Entidade de Previdência 0 2 2

PROCESSOS INSTRUÍDOS

Unidade Gestora Executora 471 473 944

Autarquias 17 14 31

Economia Mista 14 13 27

Almoxarifado/Campus-UNESP 65 30 95

Fundações de Apoio 10 5 15

Fundações Conveniadas 3 3 6

Fundações Típicas 12 21 33

Contratos/Convênios 384 1058 1442

Aposentadoria/Reforma/Pensão 231 19 250

Admissão de Pessoal 398 62 460

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Prestação de Contas Adiantamento 51 88 139

Preferencial 0 11 11

Acessório 1 – Ordem Cronológica 112 0 112

Acessório 3 – L.R.F. 5 0 5

TC-A 47 0 47

Auxílio/Subvenção/CEAS 105 45 150

Entidades Gerenciadas 1 0 1

Entidades de Previdência 2 2 4

Expedientes Diversos 933 0 933

Denúncia 1 0 1

Exame Prévio Editais 29 0 29

Instruções nº 2/96 – Contratos 5 0 5

Outros 20 1085 1105

ÁREA MUNICIPAL

ATIVIDADES D.S.F. - I D.S.F. - II TOTAL

AUDITORIAS REALIZADAS

Câmaras Municipais 37 51 88

Prefeituras Municipais 34 44 78

Consórcios 8 11 19

Associação Civil Municipal 4 0 4

Economia Mista 5 5 10

Entidade Gerenciada 0 1 1

Empresas Públicas 3 2 5

Fundações de Apoio 2 2 4

Fundações Típicas 3 2 5

Entidades de Previdência/Fundos de Previdência 16 18 34

Organizações Sociais 1 0 1

Autarquias 5 5 10

RELATÓRIOS REALIZADOS

Associação Civil Municipal 4 0 4

Autarquia 26 25 51

Prefeitura 151 168 319

Câmaras 121 145 266

Entidades de Previdência/Fundos de Previdência 38 44 82

Entidade Gerenciada 0 3 3

Economia Mista 15 16 31

Empresas Públicas 10 7 17

Fundações de Apoio 6 3 9

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Organização Social 1 0 1

Fundações Típicas 20 13 33

Consórcios 26 25 51

PROCESSOS INSTRUÍDOS

Prefeitura Municipal 385 290 675

Câmara Municipal 698 313 1011

Entidade de Previdência/Fundos de Previdência 128 80 208

Autarquia 64 52 116

Economia Mista 28 31 59

Empresa Pública 24 20 44

Fundações de Apoio 20 4 24

Fundações Conveniadas 1 0 1

Fundações Típicas 41 28 69

Consórcios 69 51 120

Contratos/Convênios 219 915 1134

Aposentadoria/Pensão 56 108 164

Admissão de Pessoal 750 836 1586

Auxílios/Subvenção Municipal 24 22 46

Acessório 1 – Ordem Cronológica 125 0 125

Acessório 2 – Aplicação no Ensino 111 0 111

Acessório 3 – L.R.F. 205 0 205

Apartados 79 0 79

Denúncias 2 0 2

Esporádicos 1 0 1

Outros 50 4666 4716

Entidades Gerenciadas/Organizações Sociais 0 2 2

Exame Prévio Edital 47 0 47

Expedientes Diversos 1460 0 1460

Fonte: http://www.tce.sp.gov.br/instituicao/relatorio/arquivos/rel4t08.pdf (2008)

5 Conclusão

Considerando que a Contabilidade é um instrumento de grande importância para a

Administração pública, bem como para seus gestores, e que a Auditoria tem como papel

principal, não só de fiscalizar, mas de buscar a qualidade nas gestões públicas buscando

sempre a eficiência e a eficácia da mesma, procurou-se através desse artigo demonstrar a

atuação do Tribunal de Contas, contando sua história desde a sua fundação até as leis que o

orientam atualmente, mostrando também seu campo de atuação, através de suas unidades

regionais e a quantidade de órgãos que são fiscalizados por elas.

Desta forma, através dos dados reunidos neste artigo, demonstra-se como o Tribunal

de Contas do Estado de São Paulo, enquanto órgão fiscalizador, aplica suas atividades em

diversas regiões do Estado, realizando suas auditorias, dando pareceres e instruindo vários

processos, com intuito de resguardar as entidades públicas, pois desenvolve seus trabalhos

161

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

não apenas em Prefeituras, mas também em Câmaras Municipais, em Empresas Públicas,

em Autarquias, enfim, tudo que envolva o repasse de dinheiro público, sempre

acompanhando, fiscalizando, examinando e principalmente avaliando se os recursos

repassados e arrecadados pelo Poder Público, foram aplicados corretamente, observando e

aplicando os princípios da legalidade, da economicidade, da legitimidade e principalmente

da transparência.

Destaca-se, ainda, nesta conclusão, o volume de auditorias de relatórios realizados

e principalmente de processos instruídos pelo Tribunal de Contas, tanto na esfera

Estadual quanto na Municipal, reforçando a seriedade do trabalho desenvolvido por este

órgão, uma vez que, cada processo instruído deve, posteriormente, ser devidamente

justificado pelos gestores públicos e quando não, apresentar seus devidos recursos, para

evitar penalidades que são aplicadas aos mesmos, trazendo credibilidade e

transparência ao trabalho

da Administração Pública, amparada em pareceres emitidos pelo Tribunal de Contas.

Neste sentido, verifica-se que a auditoria na contabilidade pública, realizada pelo

Tribunal de Contas, além de importante para os gestores públicos, na organização e na

transparência de suas contas perante a sociedade, é um instrumento de controle social,

assim, qualquer cidadão pode exercitar sua cidadania através de denúncias de

irregularidades e ilegalidades junto o Tribunal de Contas, na certeza de que, a apuração de

todos os fatos será realizada com toda competência, transparência e organização, pois o

patrimônio público não é de seus administradores, mas sim de todos, por isso os recursos

públicos devem ser aplicados corretamente, sempre com intuito de beneficiar toda a

sociedade.

Referência

s

ARAÚJO, Inaldo da Paixão Santos; ARRUDA, Daniel Gomes; BARRETTO, Pedro Humberto Teixeira. Auditoria Contábil: enfoque teórico, normativo e prático. São Paulo: Saraiva, 2008.

BRASIL, Lei nº. 4.320 de 17 de março de 1964, que estatui Normas Gerais de Direito Financeiros, para

elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

BRASIL, Lei Complementar nº 709, de 14 de janeiro de

1993.

COSTA, Mayla Cristina; ESPEJO, Márcia Maria dos Santos Bortolocci; VOESE, Simone Bernardes.

Controladoria Pública e Controle Social: análise sobre os mecanismos de combate à corrupção no Brasil,

Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília, ano XXXVIII, nº 175, p. 83-97, janeiro/fevereiro. 2009.

CRUZ, Flávio da. Auditoria Governamental. 2. ed. São Paulo: Atlas,

2002.

LIMA, Diana Vaz de; CASTRO, Róbison Gonçalves de. Contabilidade Pública: integrando União, Estados

e

Municípios (Siafi e Siafem). 3. ed. São Paulo: Atlas,

2007.

PEREIRA, Elias et al. Fundamentos da Contabilidade. São Paulo: Pearson Prentice Hall,

2005.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Disponível

em:

http//:www.tce.sp.gov.br/instituição/. Acesso em: 15 abril 2009.

162

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Aspectos da Contabilidade Pública voltada para a área de educação

Vanessa Roberta de Maria (Graduação em Ciências Contábeis - IMESB) [email protected]

Luis Antônio Nogueira (Professor Orientador - IMESB) [email protected]

Resumo: O presente trabalho tem como proposta destacar os principais tópicos relacionados

com a Contabilidade Pública e o seu relacionamento com a Contabilidade Comercial,

focando, dentre os gastos públicos, aqueles direcionados à educação básica. Neste quesito,

abordaremos os temas e a legislação aplicada ao Fundeb (Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação Básica), fundo este que custeia os gastos com a educação,

desde a creche até o ensino médio, em substituição ao Fundef. A distribuição dos recursos é

feita com base no número de alunos das escolas públicas, conforme informações do último

senso escolar. Por sua vez, a Contabilidade Pública, ou governamental, constitui-se em

instrumento de suma importância para a gestão das entidades de direito público, pois seus

objetivos estão sempre ligados ao bem comum, controlando e dando suporte ao registro dos

fatos que afetam o patrimônio público, fornecendo informações aos usuários interessados,

que são os cidadãos, contribuintes ou não, enquanto que a Contabilidade Comercial, exerce

o controle das operações praticadas na atividade comercial. Além do estudo propriamente

dito, este trabalho visa fornecer dados sobre a arrecadação e as aplicações dos recursos na

área da educação, pela Prefeitura Municipal de Bebedouro, nos últimos quatro anos, com o

objetivo de avaliar a política educacional adotada pelo município e o papel da Contabilidade

no controle destes valores, bem como, a devida prestação de contas à toda sociedade.

Palavras-chave: Contabilidade. Pública Contabilidade Comercial. Educação Básica.

1 Introdução

A Contabilidade Pública difere-se, em muitos aspectos, da contabilidade comercial.

Estas diferenças vão desde o tipo de demonstração utilizada até o processo contábil que gera

as inforamações. A contabilidade no setor público, atua, basicamente, em áreas da

administração, da economia e da sociedade, como: segurança, educação, saúde, entre outros,

segundo autores, Vaz de Lima e Gonçalves de Castro (2003, p. 1), é o ramo da contabilidade

que tem por objetivo aplicar os conceitos, princípios e normas contábeis na gestão

orçamentária, financeira e patrimonial dos órgãos públicos.

Geralmente, as atribuições públicas estão divididas em três grandes grupos: função

distributiva, alocativa e estabilizadora. Na função distributiva, o governo pode utilizar de

programas sociais para permitir melhores condições de vida para população mais pobre

(fundos sociais), na função alocativa, a atribuição do governo é colocar a disposição da

população serviços como saúde e educação. Finalmente, a função estabilizadora mantém a

sociedade funcionando através da segurança pública e de um banco central.

Todas as funções acima remetem a uma única função, o bem estar da comunidade, já

que todos os serviços públicos são atividades conjuntas e bens que são exercidos e colocados

à disposição da coletividade. KOHAMA, (2009, p.1)

Com este trabalho pretende-se conhecer detalhes do ambiente da contabilidade

pública, e, especificamente o direcionamento dos gastos em educação, principalmente a

educação infantil e ao ensino fundamental.

163

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

2 Contabilidade Pública

A contabilidade pública como diz Petri (1981 apud VALMOR SLOMSK, 2003), ―é

um dos ramos da Contabilidade Geral, aplicada às entidades de direito público interno‖, ou

seja, nada mais é, do que uma forma de organização do poder político da comunidade com a

finalidade de atingir o objetivo e promover o bem comum, registrando e controlando os atos e

fatos que afetam o patrimônio público, tais como setor de natureza orçamentária: ruas, praças,

estradas, entre outras; e setor da área econômica e social: segurança, educação, saúde e etc.

Ainda, segundo SLOMSK, (2003, p.29):

Os serviços de contabilidade são organizados de forma a permitir o

acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais, o

levantamento dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos resultados econômicos e financeiros.

Pela contabilidade pública, são também registradas, as receitas estabelecidas pelo

orçamento público aprovado para ser realizado, é escriturada a execução orçamentária das

receitas e despesas, fazendo a comparação da previsão e a realização dos projetos,

controlando assim, a operação de créditos, a dívida ativa e as obrigações, mostrando o valor

do patrimônio.

Ela atua também, nos atos praticados pelo administrador, seja de natureza

administrativa ou orçamentária, que possam afetar o patrimônio no futuro.

De acordo como art. 83 da lei nº4.320/64. a contabilidade evidenciará

perante a fazenda pública a situação de todos aqueles que, de algum modo, arrecadem receita, efetuem despesas, administrem ou guardem bens

pertencentes ou confiados a administração pública.(Vaz de Lima e Gonçalves de Castro, 2003, p.14)

O controle dos recursos financeiros, que é executado pelo poder legislativo e pelos

órgãos de controle do executivo, também faz parte da contabilidade pública, que pode ser

dividida em três grandes grupos: função distributiva, alocativa.e estabilizadora.

A função distributiva, destina-se ao uso de programas sociais, para permitir melhores

condições de vida para as populações mais pobres. Já a função alocativa, coloca a disposição

da população, serviços como saúde e educação. Por fim, a função estabilizadora, tem por

obrigação manter os serviços à população funcionando, através da segurança pública e de um

banco central.

Os mais interessados pela contabilidade pública são os cidadãos, sejam eles

contribuintes ou não, e justamente por essa razão, deveria existir uma preocupação maior com

o acesso e a compreensão, destes usuários, às informações que são produzidas.

O mais relevante de tudo porém, é o Balanço dos resultados e a forma como o dinheiro

é arrecadado e aplicado, sendo que o seu real objetivo é de fornecer, aos gestores,

informações atualizadas para a tomada de decisões e a prestação de contas, junto aos órgãos

de controle interno e externos, para o cumprimento da legislação.

3 Contabilidade Comercial

Os conceitos e aplicações da Contabilidade Pública diferem-se da Contabilidade

Comercial e várias são as razões que contribuem para que estes se diferenciem. Dentre elas

podemos destacar as caracteristicas de gestão das particularidades dos serviços prestados e o

processo administrativo do governo.

164

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

Dentre essas caracteristicas, encontram-se: o volume significativo de investimentos e

ações que não possuem receitas; a naturaza do processo decisório; o uso das informações

contábeis; os usuarios da informações; e a ênfase na teoria do fundo, em detrimento da teoria

da entidade e do proprietário.

A atividade comercial é das mais importantes, pois permite colocar à disposição dos consumidores, física ou economicamente delimitado, grande

variedade de bens e serviços, necessários à satisfação das necessidades humanas. Neste sentido, diz-se, também, que o comerciante é a pessoa física

ou jurídica que aproxima vendedores e compradores, levando-os a completar uma operação comercial, ou seja, a troca de mercadorias por dinheiro ou por

outras mercadorias.(Iudicibus de Sérgio e Marion José Carlos, 2009.p.3)

A Contabilidade Comercial é responsável pelo controle de todas as operações

realizadas em um comércio e exerce um papel de extrema importância.

O comerciante é toda pessoa, física ou juridica, que aproxima vendedores e

consumidores, levando-os a completar uma operação comercial, que seria a troca de

mercadorias por dinheiro.

Os dados por ela fornecidos servirão de base para análises de futuras decisões. Ela

também é exercida pelas pessoas que exploram atividades que objetivam o lucro e divide-se

em:

Contabilidade Mercantil: usada por entidades com objetivo social de compra e venda

direta de mercadorias. Ex: Atacadistas: destinados a venderem grandes quantidades de bens

de consumo indiretos a preços menores. Varejistas: destinados a venderem bens unitários

(preço geralmente mais caro), por exemplo: Supermercados, sapatarias e açougues;

Contabilidade Industrial: exercida por entidades que têm como objetivo social a

produção de bens de capitais ou de consumo, através do beneficiamento ou da transformação

de matérias-primas, do plantio, da criação ou extração de riquezas. Ex: Indústria de móveis,

pecuária e agricultura, e

Contabilidade de Serviços: é usada pelas entidades que têm como objetivo social a

prestação de serviços. Ex: Estabelecimentos de ensino, telecomunicações e clínicas médicas.

A Contabilidade Comercial, possui finalidades fundamentais, que fazem os registros

metódicos e ordenados, dos negócios realizados e a verificação sistemática dos resultados

obtidos dentro do estabelecimento comercial, identificando, classificando e anotando, as

operações do estabelecimento e de todos os fatos que de alguma forma afetam a sua situação

econômica, financeira e patrimonial.

A Contabilidade Comercial procura, ainda, apresentar de forma ordenada, o histórico

das atividades da empresa, a interpretação dos resultados e, através de seus relatórios,

produzir as informações que se fizer necessárias, para o atendimento de suas diferentes

finalidades.

4 As Receitas e Despesas públicas

As Receitas Públicas se dividem em orçamentária e extra- orçamentária. A primeira,

se entende como a que pertence à entidade e é classificada em receitas correntes e de capital.

A segunda, consiste em recursos que transitam pelos cofres públicos, decorrente de terceiros.

As receitas correntes são assim denominadas, por se derivarem dos impostos pagos ou

da venda de produtos e serviços, suas características são restritas, pois contribuem,

diretamente, para as finalidades operacionais ou não operacionais, dentro do órgão ou

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

entidade pública. Como exemplo delas, temos: a receita tributaria, a receita agropecuária e a

receita de contribuições.

As receitas de capital, visam a estimulação de atividades operacionais dentro da

entidade publica, ou seja, são recursos financeiros que se derivam de pagamentos de dívidas

de empréstimos ou de financiamentos. Como por exemplo: operações de créditos, alienações

de bens e transferências de capital.

De acordo com Vaz de Lima e Gonçalves de Castro (2007, p. 56), na administração publica registra-se que qualquer que seja a receita (efetiva ou

não efetiva) devera ser contabilizada para fiz de evidenciação e controle.Com tudo, para caracterizar-se como receita publica, é necessário

que a soma de dinheiro arrecadado esteja efetivamente disponível, isto é que possa em qualquer momento ser objeto de despesas publicas, dentro das

regras políticas e jurídicas da gestão financeira.

Dentro dos estágios da receita orçamentária encontramos: a previsão, que é

fundamental, pois projeta e determina o pagamento das despesas; o lançamento, que é um

procedimento administrativo onde se calcula o tributo devido e as penalidades cabíveis; a

arrecadação e os pagamentos realizados pelos contribuintes ou devedores, dinheiro que é

captado por bancos autorizados pela entidade; e o recolhimento, que é o controle da

arrecadação, onde é feita a transferência do que foi arrecadado para uma conta especifica.

As Despesas Públicas é o conjunto de gastos da entidade governamental, para o

funcionamento e custeio dos serviços públicos, ou seja, consiste na distribuição e no emprego

das receitas em diferentes setores da entidade governamental.

Dentro da classificação das Despesas Públicas, temos a modalidade de aplicação, que

indica se os recursos foram aplicados por uma entidade de esfera governamental ou por outro

ente da federação.

Elas se dividem em dois grupos de despesas: orçamentaria e extra-orçamentaria. A

despesa orçamentárias para ser realizada, depende de autorização legislativa, pois assim é

descriminada e fixada no orçamento público.

Segundo o disposto na lei federal 4.320/64, despesa orçamentária devera ser observada a discriminação por elemento, em cada unidade administrativa ou

órgão do governo. Constitui Unidade Orçamentária o agrupamento de

serviço subordinados ao mesmo órgãos ou repartição a que será consignadas dotações próprias. Em casos excepcionais, serão consiguinadas dotações a

unidades administrativa subornadas ao mesmo órgão. (kohama Heilio, 2001,

p. 110)

A despesa extra-orçamentaria é aquela que não depende de autorização legislativa pois

é constituída por saída do passivo financeiro, oriunda de receitas extra-orçamentaria, entre

outras.

Ela não depende de autorização por ser relativa a restituições ou pagamentos de

valores recebidos em depósitos ou consignações.

A classificação econômica é feita em duas categorias: as despesas correntes e as

despesas de capital.

As despesas correntes são de natureza operacional, são gastos para a manutenção e

funcionamento dos órgãos públicos, como vigilância, água, luz, telefone e de pessoal.

As despesas de capital são gastos que visam criar ou adquirir novos bens de capital,

como a compra de bens de uso duráveis ou a realização de obras.

166

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5 Fundeb

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos

Profissionais da Educação (Fundeb), atende toda a educação básica, que vai da creche ao

ensino médio. Substituto do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino

Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), que vigorou de 1.997 a 2.006, o

Fundeb está em vigor desde janeiro de 2.007 e se estenderá até o ano de 2.020.

Desde a promulgação da Constituição de 1.988, 25% das receitas dos impostos e mudanças

dos estados, dos Distrito Federal e municípios, se encontram ligados à Educação. Com a

Emenda Constitucional nº 14/96, 60% desses recursos da educação tornaram a ser ligados ao

ensino fundamental (60% de 25% = 15% dos impostos e transferências), sendo 15% passava

pelo Fundef, cuja divisão dos recursos tinha como base o número de alunos do ensino

fundamental atendido em cada rede de ensino.

Os recursos do Fundeb é destinado a educação básica (creche, pré-escola, ensino

fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos). Seu funcionamento vai até 2.020,

atendendo, a partir do terceiro ano de funcionamento, 47 milhões de alunos. Para que isso

acontecesse, o governo federal repassou R$ 2 bilhões em 2.007, aumentando para R$ 3

bilhões em 2.008, R$ 5 bilhões em 2.009 e 10% do restante da contribuição de estados e

municípios a partir de 2.010.

Pode-se utilizar a verba relativa a 60% do fundeb nos seguintes casos: Profissionais do

magistério aqueles que exercem atividades de docência e os que oferecem suporte pedagógico

direto ao exercício, Orientação educacional e coordenação pedagógica, pagamento de abono,

afastamentos temporários previstos na legislação, férias, licença gestante ou paternidade,

licença para tratamento de saúde e licença prêmio.

E os outros 40% do fundeb podem ser utilizados para remuneração e aperfeiçoamento

de profissionais da Educação, auxiliares de serviços gerais, secretárias de escolas,

bibliotecários, serventes, merendeiras, nutricionistas, vigilantes, lotados e em exercício nas

escolas ou órgão/unidades administrativas da educação básica.

Para a aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e

equipamentos necessários ao ensino, compra de equipamentos diversos, carteiras escolares,

mesas, armários, mimeógrafos, retroprojetores, computadores etc. Manutenção dos

equipamentos existentes (máquinas, móveis, equipamentos eletro-eletrônicos etc.).

Ainda, a aquisição de produtos/serviços necessários ao funcionamento desses

equipamentos (tintas, graxas, óleos, energia elétrica etc.), realização de consertos diversos

(reparos, recuperações, reformas, reposição de peças, revisões etc.); Fonoaudiólogos e

Psicopedagogos quando a efetiva atuação desses profissionais for indispensável ao processo

do ensino-aprendizagem dos alunos.

Com a Emenda Constitucional nº 53/2006, a subvinculação das receitas dos

impostos e transferências dos estados, Distrito Federal e municípios passaram para 20% e sua

utilização foi ampliada para toda a educação básica por meio do Fundeb.

Os municípios recebem os recursos do Fundeb com base no número de alunos

da educação infantil e do ensino fundamental, e os estados, com base nos alunos do ensino

fundamental e médio.

O objetivo é distribuir os recursos pelo país, levando em consideração, o

desenvolvimento social e econômico das regiões. A complementação do dinheiro aplicado

pela União é direcionada às regiões nas quais o investimento por aluno seja inferior ao valor

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mínimo fixado para cada ano. Ou seja, o Fundeb tem como principal objetivo, promover a

redistribuição dos recursos ligados à educação.

Em cada estado, o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb)

é composto por percentuais das seguintes receitas: Fundo de Participação dos Estados (FPE), Fundo de Participação dos Municípios (FPM), Imposto

sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre

Produtos Industrializados, proporcional às exportações (IPIexp), Desoneração das Exportações (LC nº 87/96), Imposto sobre Transmissão

Causa Mortis e Doações (ITCMD), Imposto sobre Propriedade de Veículos

Automotores (IPVA), Cota parte de 50% do Imposto Territorial Rural-ITR

devida aos municípios. Também compõem o fundo as receitas da dívida ativa e de juros e multas incidentes sobre as fontes acima relacionadas.

(www.educacao.gov.br)

A distribuição é realizada com base no número de alunos da educação básica pública,

de acordo com dados do último censo escolar, sendo relativo a cada aluno matriculado em

cada campo de atuação, conforme art. 211 da Constituição Federal. Leva em conta, também,

os resultados, que variam de acordo com os desenvolvimentos da educação básica.

O funcionamento segue da seguinte maneira:

Em cada estado, o Fundo é composto por percentuais das seguintes receitas:

Fundo de Participação dos Estados – FPE. Fundo de Participação dos

Municípios – FPM. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços –

ICMS. mposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações– IPIexp. Desoneração das Exportações (LC nº 87/96). imposto

sobre Transmissão Causa Mortis e Doações – ITCMD. Imposto sobre

Propriedade de Veículos Automotores – IPVA. Cota parte de 50% do Imposto Territorial Rural-ITR devida aos municípios.Também compõem o

fundo as receitas da dívida ativa e de juros e multas incidentes sobre as

fontes acima relacionadas. (www.educacao.gov.br)

Em de cada estado, onde a arrecadação não for suficiente para obter o valor mínimo

nacional por aluno/ano, haverá o encaminhamento de recursos federais, para haver

complementação pela União.

Como a arrecadação dos recursos que compõem o Fundo é realizada pela União e

pelos Governos Estaduais, a disponibilização dos recursos gerados é realizada

periodicamente, pelo Tesouro Nacional e pelos Órgãos Fazendários dos Governos Estaduais,

ao Banco do Brasil, que procede a distribuição dos recursos em favor dos Estados e

Municípios beneficiários.

O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb é organizado e tem

como função principal, acompanhar e controlar a distribuição, a transferência e a aplicação

dos recursos do Fundo, no campo das esferas municipal, estadual e federal.

O conselho não é uma unidade administrativa do governo. Assim, sua ação deve ser

independente e, ao mesmo tempo, harmônica, com os órgãos da administração pública local.

Em face da natureza das transferências dos recursos do FUNDEB (repasses constitucionais) e

da automaticidade dos créditos (sem necessidade de autorizações ou convênios), a

regularidade é uma importante característica dos créditos realizados nas contas específicas do

Fundo no Banco do Brasil.

Isso faz com que os créditos ocorram, fielmente e sem atrasos, com a mesma

periodicidade em que são creditados os valores das fontes ―mães‖ (FPM, FPE, ICMS, Ipiexp,

168

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Revista Eletrônica de Ciências Contábeis IMESB - VC

LC 87/96, ITCMD, IPVA e ITR) alimentadoras do FUNDEB, facilitando a programação e a

utilização dos recursos, por parte dos Estados.

Os recursos, enquanto não utilizados em favor da educação, podem ser aplicados em

operações financeiras de curto prazo ou de mercado aberto, devendo as receitas financeiras

decorrentes dessas aplicações, serem direcionadas à educação básica pública, da mesma

forma que o valor da transferência originalmente creditada na conta, em observância das

condições estabelecidas no art. 20, da Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007.

O Poder Executivo deve oferecer ao conselho o necessário apoio material coerente

disponibilizando, se necessário, local para reuniões, meio de transporte, materiais,

equipamentos, entre outros.

O controle exercido pelos conselhos do Fundeb, representa a atuação da sociedade,

que pode apontar situações irregulares provocadas, para que as autoridades constituídas, no

uso de suas prerrogativas legais, adotem as medidas que cada caso venha a requerer.

Estas são as atribuições dos conselhos do Fundeb, então:

Acompanhar e controlar a distribuição, a transferência e a aplicação dos

recursos do Fundeb; supervisionar a elaboração da proposta orçamentária

anual, no âmbito de suas respectivas esferas governamentais de atuação; supervisionar a realização do censo escolar anual; instruir, com parecer, as

prestações de contas a serem apresentadas ao respectivo Tribunal de Contas.

O parecer deve ser apresentado ao Poder Executivo respectivo em até 30 dias antes do vencimento do prazo para apresentação da prestação de contas

ao Tribunal; e acompanhar e controlar a execução dos recursos federais

transferidos à conta do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do

Escolar e do Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para Atendimento à Educação de Jovens e Adultos, verificando os registros contábeis e os

demonstrativos gerenciais relativos aos recursos repassados,

responsabilizando-se pelo recebimento e análise da prestação de contas desses programas, encaminhando ao FNDE o demonstrativo sintético anual

da execução físico-financeira, acompanhado de parecer conclusivo, e

notificar o órgão executor dos programas e o FNDE quando houver

ocorrência de eventuais irregularidades na utilização dos recursos. (www.educacao.gov.br)

O Conselho do Controle Social do Fundeb no município deverá ser composto por, no

mínimo, nove membros, sendo:

2 (dois) representantes do Poder Executivo Municipal, dos quais pelo menos

1 (um) da Secretaria Municipal de Educação ou órgão educacional equivalente;

1 (um) representante dos professores da educação básica pública;

1 (um) representante dos diretores das escolas básicas públicas;

1 (um) representante dos servidores técnico-administrativos das escolas básicas públicas;

2 (dois) representantes dos pais de alunos da educação básica pública;

2 (dois) representantes dos estudantes da educação básica pública, sendo um deles indicado pela entidade de estudantes secundaristas.

(www.educacao.gov.br)

Se no município tiver um Conselho Municipal de Educação e/ou Conselho Tutelar, um

de seus membros também deverá fazer parte do Conselho do Fundeb. Sempre que um

169

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conselheiro deixar de fazer parte, deverá ser substituído pelo seu suplente ou por um novo

representante indicado e eleito por seu grupo.

Os repasses realizados à conta do FUNDEB estão disponíveis, por Unidade Federativa

(Estado ou Município), na Internet, na página do MEC, no endereço: www.mec.gov.br/seb. A

partir do acesso à página, deve-se clicar no item ―FUNDEB‖, depois em ―Consultas‖, na

seqüência em ―Repasses de Recursos‖ e, finalmente, optando-se por uma das conexões:

Secretaria do Tesouro Nacional (para obtenção de dados por origem dos recursos e por mês);

ou Banco do Brasil (para obtenção de dados por origem dos recursos e data do crédito na

conta). Ainda, nas agências do Banco do Brasil podem ser obtidos extratos da conta do Fundo

(disponível para Conselheiros do FUNDEB, Vereadores, membros do Tribunal de Contas e

do Ministério Público).

5.1 A Realidade do Fundeb na Cidade de Bebedouro/SP

Foi realizado uma entrevista com Adriano Del Santo (Cargo: Suprevisor de Divisão

Financeiro de compras) do Departamento Municipal de Educação, na qual o assunto abordado

foi a implantação do fundeb, especificamente, no Município de Bebedouro/SP.

O fundeb foi implantado no Município de Bebedouro/SP, no ano de 2008, uma

melhoria que veio para estruturar a nossa rede de ensino, atendendo não só as creches, mas

também as escolas de 1° a 4° ano de ensino fundamental.

O valor estimado de recebimentos do Fundeb para este ano de 2009 são

R$16.700.000,00, valor estipulado de acordo com a quantidade de alunos contemplados pelo

fundeb (creche/ série e quantidade de alunos), quantidade essa que hoje representam 14

escolas municipais de educação básica, 13 postos de creches, mais nove postos de educação

infantil para escolas e somadas mais umas cinco instituições conveniadas.

Em 2006 o Fundef repassou R$ 5.541.558,14 para o município de Bebedouro/SP. Em

comparação ao ano de 2008, houve um amento de cerca de 177,89% nesse repasse.

TABELA 1: Repasses do Fundef ao Município de Bebedouro

Anos 2006 2007 2008 2009

R$ 5.541.598,14 R$ 9.117.941,13 R$ 15.399.443,36 R$ 13.739.985,29

Fonte:www.fazenda.gov.br

As informações relativas ao ano de 2009 ainda não foram concluídas, mas até o mês

de outubro, (do último repasse) o montante já chega a R$ 13.739.985,29, faltando, apenas, R$

1.659.458,17 para se atingir o valor do repasse do último ano (2.008).

A seguir, os valores recebidos por aluno, no ano, conforme as modalidades de ensino:

TABELA 2: Valores por aluno/ano

Nível e modalidade de ensino Valor aluno/ano em R$

Educação Infantil

Creche Tempo Integral 2.489,35

Creche Tempo Parcial 1.810,44

Pré-Escola Tempo Integral 2.715,66

Pré-Escola Tempo Parcial 2.263,05

Ensino Fundamental

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Séries Iniciais no Urbano 2.263,05

Séries Iniciais no Campo 2.376,20

Séries Finais no Urbano 2489,35

Séries Finais no Campo 2.602,51

Tempo Integral 2.828,81

Ensino Médio

no Urbano 2.715,66

no Campo 2.828,81

Tempo Integral e Educação Profissional 2.941,96

Educação Especial 2.15,66

E.J.A (Educação de Jovens e Adultos) 1.810,44

Indígena e Quilombola 2.715,66

Entidades Conveniadas

Creche Integral 2.149,90

Creche Parcial 1.810,44

Pré-Escola Integral 2.715,66

Pré-Escola Parcial 2.263,05

Educação Especial 2.715,66

Fonte: Fundeb Paulista 2009 (3° ano) Estimativo MEC/Fazenda.

Nas escolas gasta-se no mínimo 60% nos salários dos professores, exclusivamente. É

diferente de prefeitura ou demais órgãos publicos estaduais ou municipais,l que podem gastar

até no máximo 60% com a folha de pagamento.

O fundeb é o contrário, nesse quesito, deve-se gastar no mínimo 60% em folha de

pagamento e os outros 40% do fundeb, são gastos em materiais, compra de equipamentos,

reformas e outros gastos relacionados as atividades escolares, com exceção de alimentação

escolar.

A prestação de contas é feita quadrimestralmente, através dos recursos que são

executados pela prefeitura, existe um Conselho gestor de fiscalização dessas contas, e as

mesmas são submetidas à avaliação deste.

São avaliadas conta por conta, 100% dessas contas. È elaborado um parecer

conclusivo depois dsa avaliação da prestação de contas e, esse parecer, é remetido ao Tribunal

de Contas do Estado, sendo que a nossa regional é na cidade de Ribeirão Preto.

Comparando-se a educação antes e depois da implantação do Fundeb, constata-se que

são fases completamente distintas, ou seja, antes tinha escassez de recursos, agora temos

profissionais muito bem remunerados, psicopedagogos, acompanhamento de Fonoaudiólogos

e fisioterapeutas, que antes não existiam, além de programas de saúde escolar, tanto de

audiometria, acuidade visual e outros recursos.

O recurso do fundeb dotou as escolas públicas de uma qualidade comparada às escolas

particulares.

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Segundo o Supervisor, ―comparando com antigamente, digamos que a

melhoria foi de

90%, mas temos muitas coisas para serem feitas ainda, mas, felizmente,

comparando com a situação de 11 anos, quando foi instituído o Fundef no

município de Bebedouro, em uma escola de 300 alunos, hoje temos, entre educação

infantil e educação básica, cerca de 8.000 mil alunos‖.

Esse aumento de oferta de vagas foi possível pelo simples fato da

qualidade que começou a ser vista por conta do Fundef, agora pelo fundeb. Por

isso, justifica-se esse aumento de demanda, conseqüentemente, houve a necessidade

de municipalizar mais escolas, reformar salas e ampliar redes, o que foi benéfico para

toda população.

Há uma lei, que a prefeitura deve cumprir, para obter os recursos do fundeb,

onde se verifica a grande diferença na forma como se administra a educação nas

iniciativas privada e em um órgão publica:

Segundo o supervisor, ―a iniciativa privada pode fazer tudo, tem um leque

amplo de possibilidades, já a administração pública, independente da esfera estadual

ou municipal, só pode fazer o que é previsto em lei. No caso do Fundef, existe

portaria de nomeação e decreto de nomeação de Conselhos de Gestores ligados

aos Cconselhos do fundeb, de educação básica e de alimentação‖.

Existem decretos e leis, principalmente que regulam os repasses de recursos

da união para os estados, dos estados para os municípios, daí são várias leis

especificas para o fundeb, salário educação, recursos de ICMS, recursos de IPVA,

todos repasses de tributos de encargos que o estado recebe. Leis que norteiam a

prefeitura de como será gasto aquele determinado recurso. Por isso que existe toda

uma prestação de conta, uma avaliação das contas, para verificar se a prefeitura

gastou aquele recurso da maneira correta, como tem que ser gasto.

Finalizou, o supervisor, sobre a aplicação dos recuros no municipio ―Desvio

não é simplesmente pegar um dinheiro e enfiar no bolso, é você, por exemplo,

gastar um dinheiro que veio de um convênio para alimentação escolar para construir

uma estrada. Um dinheiro que vem pra saúde e você tampar um buraco que foi

feito na estrada, é um desvio também, você esta fazendo algo nobre para ajudar a

população, mas esta fazendo um desvio financeiro. O dinheiro já vem para um

determinado local, você não pode tirar de uma coisa para pagar outra‖.

Referencias

CASTRO, Róbison Gonçalves; LIMA, Diana Vaz.Contabilidade Pública.2.ed.., São Paulo:

Atlas, 2003 ftp://ftp.fnde.gov.br/web/fundeb/definicao_comp_caract_vigencia.pdf acesso em

17/07/209 http://www.jomar.pro.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=70 acesso

em 16/07/2009

IUDÍCIBUS, Segio; MARION, José Carlos. Contabilidade Comercial.7.Ed.,São Paulo: Atlas,2009

KOHAMA, Heilio. Contabilidade Pública.8.ed., São Paulo: Atlas, 2001

KOHAMA, Heilio. Contabilidade Pública. 10.ed., São Paulo: Atlas, 2009

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ROCHA, Carmen Lúcia Antunes. Princípios Constitucionais da Administração Pública. Belo

Horizonte: Del

Rey, 1994.

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Atlas, 2003 www.educacao.gov.br acesso em 20/07/2009

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