8
Contato Imediato Articulação Ciências da Natureza e suas Tecnologias Fonte: <http://adsoftheworld.com/sites/default/files/styles/media_retina/public/images/bankoftheplanetgarbage.jpg?i- tok=rdHh6aBY>. Acesso em: 23 jul. 2015. 1 Agosto de 2015 – Edição n o 6 De acordo com o texto dessa propaganda, “Do ponto de vista do nosso planeta, não há como jogar lixo fora porque não há ‘fora’.” Apenas 3% de todo o lixo produzido no Brasil é reciclado 30% do lixo produzido no Brasil poderia ser reaproveitado. Número de municípios que implantaram programas de reciclagem aumentou Edição do dia 08/04/2015, Atualizado em 09/04/2015, 14h22 Roberto Paiva São Paulo, SP No final do ano passado entrou em vigor o Plano Nacional de Resíduos Só- lidos como uma forma de incentivar a reciclagem de todo tipo de lixo. O de casa, das ruas, da indústria e do comér- cio, mas oito em cada dez municípios brasileiros ainda não têm programa de coleta seletiva e os que têm poderiam reciclar muito mais do que fazem hoje. Bank of Planet

Ciências da Natureza e suas Tecnologias - ftd.com.brftd.com.br/ftdse/pdf/CNT/SE_ARTICULACAO_CNT_2015_AGO.pdf · tok=rdHh6aBY>. Acesso em: 23 jul ... ainda tem jeito”, fala a recicladora

Embed Size (px)

Citation preview

Contato Imediato

ArticulaçãoCiências da Natureza e suas Tecnologias

Fonte: <http://adsoftheworld.com/sites/default/fi les/styles/media_retina/public/images/bankoftheplanetgarbage.jpg?i-tok=rdHh6aBY>. Acesso em: 23 jul. 2015.

1

Agosto de 2015 – Edição no 6

De acordo com o texto dessa propaganda, “Do ponto de vista do nosso planeta, não há como jogar lixo fora porque não há ‘fora’.”

Apenas 3% de todo o lixo produzido no Brasil é reciclado30% do lixo produzido no Brasil poderia ser reaproveitado. Número de municípios que implantaram programas de reciclagem aumentou

Edição do dia 08/04/2015, Atualizado em 09/04/2015, 14h22Roberto PaivaSão Paulo, SP

No fi nal do ano passado entrou em vigor o Plano Nacional de Resíduos Só-lidos como uma forma de incentivar a

reciclagem de todo tipo de lixo. O de casa, das ruas, da indústria e do comér-cio, mas oito em cada dez municípios

brasileiros ainda não têm programa de coleta seletiva e os que têm poderiam reciclar muito mais do que fazem hoje.

Bank

of P

lane

t

FTD Sistema de Ensino – Articulação | Agosto de 2015 – Edição no 6

2

Desde domingo [5/4] supermer-cados de São Paulo só podem usar sacolinhas feitas de matéria-prima re-novável, menos prejudicial ao meio ambiente.

Os brasileiros jogam fora 76 mi-lhões de toneladas de lixo – 30% po-deriam ser reaproveitados, mas só 3% vão para a reciclagem.

Em dez anos, o número de muni-cípios que implantaram programas de reciclagem aumentou de 81 para mais de 900. Mas isso não representa nem 20% das cidades.

Curitiba é a capital com melhor programa de reciclagem. Das mais de 1,5 mil toneladas diárias, cento e dez têm potencial pra reciclagem e quase 70% são reaproveitadas.

Mas a reciclagem no Brasil ainda está engatinhando. Veja a situação nas três maiores capitais: • Em São Paulo, 12,5 mil toneladas

de lixo domiciliar são recolhidas to-dos os dias – 35% são materiais que poderiam ser reciclados, mas só 3% são reaproveitados.

• A prefeitura do Rio de Janeiro infor-mou que recolhe cerca de dez mil toneladas de lixo por dia, mas não informou quanto é reciclado.

• A capital mineira, Belo Horizonte, recolhe 1,8 mil toneladas. Podia re-ciclar o dobro do que reaproveita.Quem trabalha em programas

de reciclagem diz que falta uma in-tegração maior entre o cidadão, as empresas e o poder público, e um pro-

grama que atenda a todos os tipos de lixo.

“Estou falando de outros resíduos que estão na sua casa e não vão ser reciclados: lâmpada fluorescente, me-dicamentos, parcela de resíduos que não estou falando que é reciclável, mas precisa ter destino adequado senão vai trazer impacto em questão ambiental e saúde”, diz Roseane Souza, da Asso-ciação Brasileira de Engenharia Sani-tária e Ambiental.

“Um pouquinho você vai fazer, o outro vai fazer, todo mundo vai fazen-do; assim vai ficar uma coisa melhor. Na idade que eu já estou, eu tenho que mostrar para minha neta que ainda tem jeito”, fala a recicladora Célia Fonseca.

PAIVA, Roberto. Apenas 3% de todo o lixo produzido no Brasil é reciclado. G1, São Paulo, 09 abr. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2015/04/apenas-3-de-todo-o-lixo-produzido-no-brasil-e-reciclado.html>. Acesso em: 23 jul. 2015.

O óleo desapareceu depois do fim da garantia*

Ricardo Garcia, 24/05/2015, 8h20

Quase um século depois, continuamos a cair nesse genial logro, que nos faz comprar antecipada-mente algo de que ainda não necessitamos.

Da primeira vez que se acendeu a luz do óleo, pensei que era mal con-tacto da lâmpada. Ligava e desligava nas rotundas, indicando um possível fio claudicante em duelo com a força centrífuga. Mas quando deixou de se apagar nas rectas, ficou claro que o carro estava mesmo doente.

O mecânico, após sondar os in-testinos da viatura com aquela longa vareta prospectiva, apresentou o diag-nóstico: “Está sem óleo”. Como não ha-via nenhuma fuga ou anomalia visível, prescreveram-se exames complementa-res. A cada três mil quilómetros, seria necessário medir o nível do lubrifican-te, para determinar o ritmo exacto do seu abaixamento.

Foram meses nisso. Eu levava o car-ro à oficina, o mecânico completava o óleo com uma mangueira dotada de um medidor. Da primeira vez, franziu a tes-ta e levantou um sobrolho. “Um litro e

meio…”, murmurou, grave. E, de litro em litro, foi-se formando o quadro clínico.

“É dos segmentos”, avaliou o mecâ-nico, à quarta medição. “Está na hora de vender este carro”, sugeriu.

“Alto lá”, pensei eu. Estávamos numa oficina autorizada. E aquele funcionário constituía, de certa forma, uma represen-tação humana da marca. No fundo, era o próprio fabricante a insinuar que o au-tomóvel, passada meia dúzia de anos, afinal já era uma lata velha a despachar na primeira oportunidade.

Em estranha coincidência, os sin-tomas surgiram menos de um ano de-pois do fim da garantia. Ou engano- -me redondamente, ou estamos perante um exemplar caso de “obsolescência programada” – ou seja, a decadência precoce de um produto, de modo a estimular a venda de um novo.

Foi na própria indústria automobi-lística que surgiu a moda. Na década

de 1920, com o mercado de carros à beira da saturação nos Estados Unidos, a General Motors passou a introduzir pequenas alterações nos novos mode-los em cada ano, fazendo com que os anteriores parecessem ultrapassados. Em poucos anos, já tinha destronado a Ford em vendas.

Quase um século depois, con-tinuamos a cair nesse genial logro, que nos faz comprar antecipadamen-te algo de que ainda não necessi-tamos. Basta olhar para os ubíquos smartphones. Surgem no mercado com pequenas modificações incre-mentais, em geral dispensáveis e não raro inúteis, mas que geram no consumidor um profundo desconforto psíquico, sanável apenas quando o coitado cede e vai à loja adquirir o modelo mais recente.

A obsolescência igualmente se dá por falência funcional prematura. Tam-

Diálogo aberto

FTD Sistema de Ensino – Articulação | Agosto de 2015 – Edição no 6

3

bém nos anos 1920 – é a década de Al Capone, convém lembrar – um cartel mundial de fabricantes acordou entre si um limite à duração das lâmpadas, que caiu de 2 500 para 1 000 horas. Depois fundiam. Sob tal estratagema, o mercado das lâmpadas nunca foi tão florescente. É o desenvolvimento insus-tentável no seu melhor.

É nesta segunda categoria, a dos produtos com prazo de validade se-

creto, que aparentemente se encaixa o meu carro. São tantos os relatos seme-lhantes de consumo de óleo, que nada indica o contrário.

Se há conserto? Sim, mas implica abrir o motor e custa metade do que vale a viatura. Barafustei com o stand que, generoso, ofereceu-me 15% de desconto no arranjo – margem que certamente já estava acomo-dada no orçamento original, como

gordura eliminável para agradar o cliente.

Ficou tudo na mesma. Agora, a cada mil quilómetros despejo quase um litro de óleo lá para dentro. Por um lado, anulou-se o efeito de ter compra-do um carro eficiente, com baixas emis-sões de CO2. Mas por outro passei a usá-lo com menos frequência. No final, se calhar o saldo ambiental é positivo. Ao fabricante, obrigado.

GARCIA, Ricardo. O óleo desapareceu depois do fim da garantia. Público, Portugal, 24 maio 2015. Disponível em: <www.publico.pt/ecosfera/noticia/o-oleo-desapareceu-depois-do-fim-da-garantia-1696648>. Acesso em: 23 jul. 2015.

*A grafia original do texto foi mantida.

Eduardo Camargo

Comumente nos referimos a lixo quando falamos de um pneu descarta-do, uma casca de banana ou de uma sacola plástica de supermercado va-zia. No entanto, conceitualmente isso é um equívoco porque o que sobra dos bens materiais que utilizamos deveria ser denominado “resíduo”. O termo lixo deveria ser empregado para algo que não pode ser mais utilizado, reaprovei-tado ou mesmo reciclado, e o termo resíduo, para qualquer descarte com potencial para reuso, reaproveitamento ou reciclagem.

Nesse sentido, o pneu, a casca de banana e a sacola plástica são resíduos, pois o pneu pode ser reapro-veitado como parte de matéria-prima para uma usina de asfalto, a casca de banana pode ser decomposta e virar adubo, e a sacola plástica pode ser reciclada e/ou reutilizada.

Conhecendo a diferença conceitual entre lixo e resíduo, podemos avaliar a destinação deles no Brasil. Boa parte das cidades do país possui apenas um sistema de coleta e tratamento de resí-duos em que um caminhão passa perio-dicamente em algumas ruas recolhendo aquilo que as pessoas já não querem ou não precisam e levando essas “so-bras” para um lixão ou para um aterro sanitário; ou seja, esse sistema se ba-seia no trinômio coleta → transporte → → deposição. Contudo, os resíduos po-dem ser mais bem destinados e gerar outra rede de interdependência entre os processos, como veremos adiante.

Os três países que mais geram deje-tos são, nesta ordem, a China, os Esta-dos Unidos e o Brasil. Cada brasileiro produz, em média, 1,2 quilo por dia, e apenas 58% dos dejetos recolhidos têm destinação adequada. No Brasil,

os principais locais para a deposição de lixo e de resíduo são os lixões e os aterros sanitários, que se diferem nos seguintes aspectos:• Os lixões – usados em 75% dos

municípios brasileiros – são locais sem valor econômico e social onde são depositadas a céu aberto, sem nenhum controle nem cuidado, tone-ladas de dejetos residenciais e indus-triais. Esse material assim descartado contamina o ambiente afetando o ar, o solo e o subsolo e favorecem a proliferação de vetores e agentes causadores de doenças. O líquido li-berado pela decomposição da maté-ria orgânica e inorgânica nos lixões, chamado chorume, é extremamente tóxico para o solo e para as águas subterrâneas (aquíferos) e comprome-te a saúde ambiental. Além disso, esses lixões causam sérios problemas

E assim vamos, pra frente e pra trás, com a geração de resíduos urbanos, segundo a ONU, crescendo

três vezes mais rapidamente que a população mundial.Washington Novaes, jornalista.

FTD Sistema de Ensino – Articulação | Agosto de 2015 – Edição no 6

4

para a saúde das pessoas que traba-lham neles – cerca de 400 mil cata-dores trabalham em lixões, no Brasil, e grande parte dessas pessoas mora nesses locais, ficando sujeitas a aci-dentes e doenças.

• Um aterro sanitário teoricamente é o local mais indicado que o lixão para a destinação daquilo que re-jeitamos em nossas cidades. Um aterro sanitário deve ser instalado em local planejado e atender a exigências como a compactação do solo, o isolamento com material plástico e o recolhimento e tratamen-to do chorume. Esses procedimentos impedem que vetores de doenças se multipliquem a céu aberto e o solo e o ambiente sejam contaminados. Quando bem gerenciado, um aterro sanitário grande pode fornecer gás para geração de energia elétrica. Para usar essa forma de energia, deve-se projetar um sistema padrão que envolve poços de coleta, sistema de condução, tratamento (inclusive para desumidificar o gás), compres-são e queima controlada do biogás a fim de garantir a maior eficiência de queima do metano. Se bem em-pregada, essa medida representa a sustentabilidade: é ambientalmente correta, economicamente viável e socialmente justa. No município de São Paulo, por exemplo, há proje-tos de reaproveitamento de biogás para conversão em energia elétrica nos aterros Bandeirantes e São João.

Falta de saneamento básico

Infelizmente, ainda hoje no Brasil, algumas cidades não possuem nem lixão nem aterro sanitário: a popula-ção despeja lixos e resíduos em rios, em córregos, em terrenos baldios e na rua. Principalmente nessas localidades, a saúde dos moradores corre riscos porque o acúmulo de rejeitos atrai veto-res que contribuem com a transmissão de enfermidades (como leptospirose, febre tifoide e diarreia), viroses (como a hepatite A), doenças intestinais e da pele. O acúmulo de água parada junto ao lixo favorece o aumento de casos de dengue e de febre amarela. Surtos

de leptospirose ocorrem em localida-des sujeitas a enchentes, pois nesses locais as águas da chuva e dos rios se misturam à urina de ratos contaminados com a bactéria do gênero Leptospira e infectam a população. Os sintomas da leptospirose são febre alta, olhos vermelhos, tosse, cansaço, mal-estar, dor muscular, de cabeça e no tórax,

calafrios e náuseas, entre outros. Alguns desses sintomas podem ser confundidos com meningite e até com dengue.

Sem água tratada, aumenta a ocor-rência de diarreia e outras doenças do sistema digestório, pois a qualidade da água se torna precária com a presen-ça de dejetos humanos. Cidades como Manaus, onde existem bairros inteiros

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A3ADC4075013AFEED37B03643/RES%C3%8DDUOS%20S%C3%93LIDOS%2020mar12.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2015.

Esquema de instalação de aterro sanitário.

Fonte: <www.residuossolidos.al.gov.br/sistemas/aterro-sanitario>. Acesso em: 23 jul. 2015.

Min

istér

io d

o Tr

abal

ho e

Em

preg

o. G

over

no F

eder

al

Setor Concluído

Setor em OperaçãoSetor em

Impantação

Dreno de Águas de Superfície

Dreno de Gás

Células de Lixo

Selo de Proteção Mecânica

Saída para Estação de Tratamento

Geomembrana Impermeabilizante

Camada Impermeabilizante

Dreno de Chorume

Lençol Freático

Rena

n Le

ema

FTD Sistema de Ensino – Articulação | Agosto de 2015 – Edição no 6

5

com moradias sobre os igarapés, aca-bam sofrendo com as cheias. Muitas ve-zes o lixo descartado nas águas retorna na época das chuvas e acaba afetando negativamente a qualidade de vida das famílias ribeirinhas.

A maioria das pessoas que despe-jam resíduos em rios e no solo, a céu aberto, não tem conhecimento sobre as formas de transmissão de doenças. Portanto, a conscientização dessas po-pulações é fundamental para minimizar a ocorrência de doenças nesses locais.

Obsolescência programada e lixo eletrônico

A obsolescência é o ato de se tor-nar obsoleto, ou seja, ultrapassado e “fora de moda”. A economia recorre à obsolescência programada, ou seja, programa para que os objetos fiquem obsoletos, para estimular o consumo. Esse evento é mundial e fomentado principalmente pelas empresas que produzem e distribuem equipamentos eletrônicos. Ele pode ser percebido pela baixa durabilidade de aparelhos celulares, tablets, laptops e televisores – novas versões e atualizações desses instrumentos estimulam um consumo des-necessário e aumenta significativamente a quantidade de materiais para descar-te. Devemos ficar atentos, também, à toxicidade desses objetos, que, quan-do descartados, são conhecidos como “lixo eletrônico”.

O consumo exagerado exige produ-ção desenfreada desses equipamentos, e essa produção gera poluentes, gasta energia elétrica e produz ainda mais resíduos e mais lixo que se acumulam no ambiente. Portanto, os problemas ambientais relacionados à produção de lixo, antes mesmo de ter implica-ções políticas e governamentais, estão intimamente relacionados aos hábitos do indivíduo. O consumismo, a falta de educação ambiental e a ausên-cia de locais corretos para deposição acarretam o descarte de produtos e de equipamentos que poderiam ser usados por mais tempo sem uma crescente pro-dução de resíduos.

Entre esses produtos, estão os ali-mentos – segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), 30% das frutas e 35% das hortaliças produzidas no país são jogadas fora por causa de embalagens avariadas, danos no transporte e manuseio. Para minimizar esse desperdício, em abril de 2015, o Ministério da Agricultura resolveu estimular o consumo de frutas e hortaliças qu[para?, a princípio, seriam jogadas fora por causa de embalagens inadequadas, danos no transporte e manuseio.

Consciência ambiental e reciclagem

De acordo com um artigo do Jornal de Santa Catarina, “o que acontece

depois que você larga a sacolinha para o caminhão de lixo buscar também é responsabilidade sua”.

A durabilidade de um aterro sa-nitário é inversamente proporcional à quantidade de bens consumidos pela população. Considerando que apenas 3% de todo o “lixo” gerado no Brasil é reciclado, percebe-se que a vida útil de um aterro é baixa por causa do acúmulo e da sobrecarga de materiais erronea-mente destinados a esse tipo de depó-sito. Além das decisões governamentais ou das políticas públicas, a mudança desse panorama é de responsabilida-de de cada indivíduo e da sociedade. Quando as pessoas desconhecem a reutilização e a reciclagem, materiais que ainda poderiam ser reutilizados ou reciclados acabam nesses depósitos. Tanto lixões como aterros sanitários de-veriam receber apenas aquilo que não tem mais utilidade.

Normalmente quando um aterro é esgotado, a procura por outro local tende a ser mais complicada; assim os novos aterros geralmente ficam ainda mais distantes dos grandes centros; os custos de manejo e transporte aumen-tam, demonstrando que, se não há participação da sociedade, ela mesma paga com ônus ambiental e financeiro.

Uma opção melhor que a deposi-ção em lixões e em aterros sanitários são as usinas de reciclagem e de com-postagem. No Brasil, a compostagem

Esquerda: Estrutura precária de moradias sobre palafitas em igarapé de Manaus, no Amazonas. Direita: Televisor quebrado jogado como

lixo em uma praia do Rio de Janeiro.

guentermanaus/Shutterstock.com Antonio Scorza/Shutterstock.com

FTD Sistema de Ensino – Articulação | Agosto de 2015 – Edição no 6

6

(processo natural de degradação de matéria orgânica) em escala industrial ainda é deficitária e está associada normalmente ao sistema de triagem de material reciclável. Compostos de origem domiciliar podem ser usados, por exemplo, em jardins e no cultivo em pequenas propriedades.

No Brasil, a separação dos resí-duos para reciclagem e reuso em geral também é precária, e os aterros aca-bam recebendo mais materiais que de-veriam, o que esgota mais rapidamente a vida útil desses depósitos.

Em muitas cidades brasileiras, cata-dores e coletores de materiais reciclá-veis se unem em cooperativas e aca-bam assumindo a coleta seletiva dos resíduos. A destinação de resíduos, em parceria com essas cooperativas,

possibilita renda para mais trabalha-dores autônomos e cooperação com a gestão de resíduos no município. Exemplo de sucesso em relação à reci-clagem, Curitiba é a cidade que mais aproveita os resíduos recicláveis. Nes-sa cidade, existe um sistema municipal de coleta seletiva que alterna os dias de passagem dos caminhões de coleta regular e seletiva. A população, em geral, tem conhecimento dessa rede diferenciada de coleta e há, na cidade, muita publicidade sobre a forma sepa-ração dos resíduos. Algumas ONGs têm parceria com a prefeitura e podem receber materiais coletados pelos ca-minhões para triagem e vender para usinas de reciclagem da região – essa é uma maneira de conservar a vida útil programada para um aterro sanitário.

Eduardo Camargo é graduado em Biologia e mestre em Botânica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), editor de materiais didáticos e asses-sor de área. Atua como professor de Biologia no Ensino Médio e em cursos pré-vestibular.

Esquerda: Mesmo em localidades de difícil acesso, é viável coletar resíduos para a reciclagem. Por exemplo, na comunidade de praia da

Lua, próxima a Manaus, esse barco recolhe latas vazias. Direita: Homem carrega latas recolhidas na praia de Ipanema (Rio de Janeiro).

Ace

rvo

pess

oal

lazy

llam

a/Sh

utte

rsto

ck.c

om

guentermanau/Shutterstock.com

1. Os lixões constituem um local para depósito de rejeitos com sérias implicações ambientais: contribuem para a contaminação do solo e favorecem a ocorrência de vetores e causadores de doenças. Os termos “vetores” e “causadores de doenças” costumam ser confundidos – diferencie-os usando como justificativa de sua resposta a transmissão de doenças infecto-contagiosas.

2. Um dos problemas da obsolescência programada é a geração de grande quantidade de lixo eletrônico. Que tipo de degradação ambiental pode estar associado ao descarte inadequado desse tipo de resíduo? Quais são esses materiais e como deveria ocorrer o descarte deles?

Sua opinião

FTD Sistema de Ensino – Articulação | Agosto de 2015 – Edição no 6

7

Mai

ara

Sant

os/

Mar

iana

Fur

lan/

Rafa

ela

Mar

tins/

Willi

an R

eis/

RBS

Fonte: <http://jornaldesantacatarina.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2015/06/o-que-fazer-com-lixo-eletronico-baterias-remedios--e-outros-residuos-que-produzimos-em-casa-4774966.html>. Acesso em: 23 jul. 2015.

Ligando os resíduos à deposição

FTD Sistema de Ensino – Articulação | Agosto de 2015 – Edição no 6

8

Diretor editorialLauri Cericato

Gerente editorialSandra Carla Ferreira de Castro

EditoraAloana Oliveira Publio

Editora assistenteDenise Favaretto

Assistente editorialJuliana Oliveira

ColaboradorOtávio Venturoli

Gerente de produção editorialMariana Milani

Coordenadora de produção editorialLuzia Estevão Garcia

Coordenadora de preparação e revisãoLilian Semenichin Nogueira

Preparação e revisãoLíderAdriana Soares de SouzaPreparadoraLucia Passafaro PeresRevisorasAdriana Moreira PedroAlessandra Meira

IconografiaSupervisoraCélia Rosa

PesquisadoraCristina Mota

Coordenadora de arteDaniela Máximo

Supervisora de arteFlávia Yamamoto Boni

Editora de arteNatália L. B. Ferrari

Resoluções

1. Vetor pode ser reconhecido como um transmissor ou transportador de agentes causadores de doenças. Pode ser um organismo vivo, como insetos e ratos, ou inanimado, como uma seringa de injeção e lixo hospitalar descarta- dos indevidamente.

Causador é o organismo responsável pelos sintomas de uma determinada enfermidade. No caso da dengue e da febre amarela, o vetor pode ser o mesmo mosquito, do gênero Aedes. Os causadores dessas doenças são vírus – parasitas intracelulares obrigatórios.

Quanto à leptospirose, o vetor pode ser um roedor, como um rato, e o causador da doença é a bactéria do gênero Leptospira.

2. Muitos equipamentos com baterias podem conter metais pesados, como mercúrio, chumbo e cádmio, além de cobre, ferro e alumínio, entre outros, que ao serem descartados em um lixão liberam compostos que comprometem a saúde do solo e dos rios. Os moradores dessa localidade, se não tiverem acesso a água encanada, podem ter problemas com as águas de poços ou rios. O descarte deveria seguir uma logística reversa, que é um conjunto de ações que facilita o retorno dos resíduos a quem os produziu para que eles sejam tratados ou reaproveitados em novos produtos. Os materiais deveriam ser reciclados, incluindo os metais. Muitos deles já estão em concentrações muito baixas no ambiente e são difíceis de serem encontrados.