O conto de Sergio Bizzio oferece uma perspectiva sarcástica e cínica de uma situação que envolve duas famílias, a princípio, amigas. A relação entre ambas e entre seus filhos decorre num curto período em que a família Jasan, urbana e de excelente condição financeira, visita a ilha em que vive a família Kraken, pretendendo ficar em sua casa por quinze dias.

A apresentação do casal Muhabid Jasan e Érika como duas pessoas interessantes e ativas contrasta com a do filho, Álvaro, um adolescente, nas palavras do narrador, do tipo “sensível espontâneo” (Bizzio, 2011), um tipo desprezível e desinteressante, o oposto de seus pais. A Álvaro, são atribuídas características positivas, como a mente disposta e a curiosidade, mas também características negativas “muito piores” (idem, ibidem), como a torpeza, o espírito poético e uma grande facilidade de adaptação.

Néstor Kraken e Suli, por sua vez, são pessoas cultas, que o narrador inclui na categoria “interessante”. A filha, Rocío, de doze anos, é descrita de maneira peculiar, como alguém com um “defeito físico geral”, por ter partes bonitas, mas ser feia em seu conjunto, como se as partes não se encaixassem bem.

Claramente, Muhabid não gosta de Rocío e a considera “a garota mais cínica que havia conhecido”, por ter um comportamento arredio, não convencional.

Muhabid preocupa-se com a orientação sexual do filho e crê que Rocío não possa exercer nenhum efeito atrativo sobre Álvaro.