1000

Cinqüenta Anos - kas.de · Cinqüenta Anos de Jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal Alemão Tradução: Beatriz Hennig Leonardo Martins Mariana Bigelli de Carvalho

  • Upload
    vutruc

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • Cinqenta Anosde Jurisprudncia do

    Tribunal ConstitucionalFederal Alemo

  • Cinqenta Anosde Jurisprudncia do

    Tribunal ConstitucionalFederal Alemo

    Traduo:Beatriz Hennig

    Leonardo MartinsMariana Bigelli de Carvalho

    Tereza Maria de CastroVivianne Geraldes Ferreira

    Prefcio:Jan Woischnik

    Coletnea original:

    Organizao e introduoLEONARDO MARTINS

    JRGEN SCHWABE

    Konraddenauer--Stiftung

    Programa Estado de Derecho para Sudamrica

  • 66666

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    2005 KONRAD-ADENAUER-STIFTUNG E.V.

    KONRAD-ADENAUER-STIFTUNG E. V.Tiergartenstrasse 35D-10785 BerlinRepblica Federal de AlemaniaTel.: (#49-30) 269 96 453Fax: (#49-30) 269 96 555

    FUNDACIN KONRAD-ADENAUER, OFICINA URUGUAYPlaza de Cagancha 1356, Oficina 80411100, MontevideoUruguayTel.: (#598-2) 902 0943/ -3974Fax: (#598-2) 908 6781e-mail: [email protected]

    Editor ResponsableJan Woischnik

    OrganizadorLeonardo Martins

    Asistentes de RedaccinRosario NavarroManfred Steffen

    CorrectorPaulo A. Baptista

    Impreso en MastergrafGral. Pagola 1727 - Tel. 203 47 60*11800 Montevideo, Uruguaye-mail: [email protected]

    Depsito legal 337.301 - Comisin del PapelEdicin amparada al Decreto 218/96

    ISBN 9974-7942-1-8

    Impreso en Uruguay Printed in Uruguay

    La presente publicacin se distribuye exclusivamente en forma gratuita, en el marco de la cooperacin

    internacional de la Fundacin Konrad Adenauer

    Los textos que se publican son de la exclusiva responsabilidad de sus autores y no expresan necesaria-mente el pensamiento de los editores. Se autoriza la reproduccin total o parcial del contenido citandola fuente.

  • 77777

    Abreviaturas

    Nota Preliminar 1:

    Os dispositivos da Grundgesetz (A Lei Fundamental, que representa a

    Constituio alem) e das leis citadas na presente obra, seguiram o modo de citao

    usado na literatura jurdica especializada (doutrina) e na jurisprudncia da Alemanha, de

    acordo com o modelo inerente aos seguintes exemplos:

    Art. 14 III 2 GG Artikel 14, Absatz 3, Satz 2 Grundgesetz (ou Art. 14,

    Abs. 3, Satz 2 GG) Artigo 14, pargrafo 3, Perodo

    2 da Grundgesetz

    Art. 5 I 1, 2 sub-perodo GG Artikel 5, Absatz 1, Satz 1, 2. Halbsatz Grundgesetz

    (ou Art. 5, Abs. 1, Satz 1, 2. HbS. GG) = Artigo 5,

    pargrafo 3, Perodo 2 da Grundgesetz

    Art. 93 I, n 4a GG Artikel 93, Absatz I, Nummer 4a Grundgesetz (ou Art.

    93, Abs. 1, Nr. 4a GG) = Artigo 93, pargrafo 1,

    nmero 4a da Grundgesetz

    30 II 2 BVerfGG 30, Absatz 2, Satz 2 BVerfGG (ou 30, Abs. 2, Satz 2

    BVerfGG) = 30, pargrafo 2, Perodo 2 da BVerfGG

    ABREVIATURAS

  • 88888

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    Nota Preliminar 2:

    As siglas 1 BvA at 1 BvT e 2 BvA at 2 BvT designam dados sobre o

    processo movido junto ao TCF. O nmero indica qual dos dois Senados do TCF prolatou

    a deciso e a letra indica o tipo de processo.

    a. F. alte Fassung Redao anterior (revogada)

    AFG Arbeitsfrderungsgesetz Lei de fomento ao trabalho

    AFP Archiv fr Presserecht Arquivo do Direito de Imprensa (Revista Jurdica)

    AktG Aktiengesetz Lei das sociedades annimas

    AR Archiv des ffentlichen Rechts Revista Arquivo do Direito Pblico

    ApothekenG Apothekengesetz Lei para o setor farmacutico

    Ass. Assinatura

    AsylVfG / AsylVG Gesetz ber das Asylverfahren (Asylverfahrensgesetz) - Lei do processo

    de asilo

    AtomG / AtG Gesetz ber die friedliche Verwendung der Kernenergie und den

    Schutz gegen ihre Gefahren (Atomgesetz) Lei do uso pacfico

    da energia nuclear e proteo contra seus riscos

    AuslG Gesetz ber die Einreise und den Aufenthalt von Auslndern im

    Bundesgebiet (Auslndergesetz) Lei da entrada e permanncia de

    estrangeiros no territrio federal (Lei de estrangeiros)

    BAG Bundesarbeitsgericht Tribunal Federal do Trabalho

    Bay VfGH Bayerischer Verfassungsgerichtshof Tribunal Constitucional da Baviera

    BayApothekenG Bayerisches Apothekengesetz-Lei do setor farmacutico da

    Baviera de 16 de junho de 1952

    BayObLG Bayerisches Oberstes Landesgericht Supremo Tribunal Estadual da

    Baviera

    BBG Bundesbeamtengesetz Lei dos servidores pblicos federais

    BEG Bundesgesetz zur Entschdigung fr Opfer der nationalsozialistischen

    Verfolgung (Bundesentschdigungsgesetz) Lei federal para a

    indenizao de vtimas da perseguio nacional-socialista

    BetrVG Betriebsverfassungsgesetz Lei de constituio da empresa.

    BFH Bundesfinanzhof Tribunal Financeiro Federal

    BGB Brgerliches Gesetzbuch Cdigo Civil

    BGBl Bundesgesetzbltter Dirio (oficial) das Leis Federais

    BGH Bundesgerichtshof Tribunal Federal

    ABREVIATURAS

  • 99999

    BGH NJW Jurisprudncia do Tribunal Federal publicada na NJW ( NJW)

    BGHSt Entscheidungen des Bundesgerichtshofs in Strafsachen Decises do

    Tribunal Federal em matria criminal

    BGHZ Entscheidungen des Bundesgerichtshofs in Zivilsachen Decises do

    Tribunal Federal em matria civil

    BNatSchG Gesetz ber Naturschutz und Landschaftspflege Lei de proteo da

    natureza e cuidado da paisagem

    BRDrucks. Bundesratdrucksachen - Registro das discusses parlamentares/anais

    dos trabalhos legislativos do Bundesrat (Conselho Federal Senado)

    BSHG Bundessozialhilfegesetz Lei da ajuda social sederal

    BstatG Gesetz ber die Statistik fr Bundeszwecke (Bundesstatistikgesetz)

    Lei de estatstica para propsitos federais (Lei de estatstica federal)

    BTDrucks Bundestagdrucksachen - Registro das discusses parlamentares/anais

    dos trabalhos legislativos do Bundestag

    BtMG Betubungsmittelgesetz Lei de entorpecentes

    BVerfG Bundesverfassungsgericht - Tribunal Constitucional Federal

    BVerfGE Entscheidungen des Bundesverfassungsgerichts, amtliche Sammlung

    Decises do Tribunal Constitucional Federal, Coletnea Oficial

    BVerwG Bundesverwaltungsgericht - Tribunal Administrativo Federal

    BVerwGE Entscheidungen des Bundesverwaltungsgerichts, amtliche Sammlung

    Decises do Tribunal Administrativo Federal, Coletnea Oficial

    BVFG Gesetz ber die Angelegenheiten der Vertriebenen und Flchtlinge

    (Bundesvertriebenengesetz) Lei dos interesses de desterrados e

    refugiados

    BWaldG Bundeswaldgesetz Lei florestal federal

    c. c. Combinado com

    CDU Christlich Demokratische Union Unio Democrtico-Crist (Partido

    Poltico)

    cf. Confira

    CSU Christlich Soziale Union Unio Social-Crist (Partido Poltico)

    DRiZ Deutsche Richterzeitung Jornal dos Juzes Alemes

    DSchPflG Denkmalschutzpflegegesetz - Lei de proteo e manuteno do

    patrimnio arquitetnico histrico e cultural de Rheinland-Pfalz

    DVBl Deutsches Verwaltungsblatt Jornal da Administrao Alem

    (Revista Jurdica)

    e. V. eingetragener Verein Associao Registrada

    ABREVIATURAS

  • 1010101010

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    EinzelHG Einzelhandelsgesetz - Lei do setor econmico varejista

    EMRK Europische Menschenrechtskonvention - Conveno para a proteo

    dos direitos humanos e liberdades fundamentais (Conveno Europia

    para os Direitos Humanos) de 4 de novembro de 1950

    EStG Einkommensteuergesetz - Lei do imposto de renda

    FDP Freie Demokratische Partei Partido Democrtico Livre

    G 10 Gesetz zur Beschrnkung des Brief, Post- und Fernmeldegeheimnisses

    (Gesetz zu Art. 10 Grundgesetz) Lei de limitao do sigilo de

    correspondncia, postal e telefnico (Lei para o Art. 10 GG)

    GewO Gewerbeordnung - Cdigo do Setor Industrial

    GFK Genfer Flchtlingskonvention Conveno relativa ao status jurdico

    dos refugiados (Conveno de Genebra sobre Refugiados), de 28 de

    julho de 1951

    GG Grundgesetz Lei Fundamental (Constituio da Repblica da

    Alemanha)

    GmbHG Gesetz betreffend die Gesellschaften mit beschrnkter Haftung

    Lei das sociedades limitadas

    GrdstVG Grundstckverkehrsgesetz - Lei de alienao imobiliria

    GRUR Gewerblicher Rechtsschutz und Urheberrecht Direito da Proteo

    Jurdica Industrial e Autoral

    GVBl Gesetz- und Verordnungsblatt Dirio (Oficial) de Leis e Decretos.

    GVG Gerichtsverfassungsgesetz Lei de organizao judiciria

    HdwO Handwerkordnung - Cdigo de Regulamentao da Profisso do

    Mestre de Ofcio

    IRG Gesetz ber internationale Rechtshilfe in Strafsachen Lei da

    cooperao jurdica internacional em matria criminal

    JR Jahrbuch des ffentlichen Rechts der Gegenwart Anurio do Direito

    Pblico (1 vol., 1907-25 vol., 1938)

    JZ Juristenzeitung Jornal dos Juristas (revista jurdica quinzenal)

    LMBG Gesetz ber den Verkehr mit Lebensmitteln, Tabakerzeugnissen,

    kosmetischen Mitteln und sonstigen Bedarfsgegenstnden

    (Lebensmittel- und Bedarfsgegenstndegesetz) Lei de trnsito de

    alimentos, produtos tabagsticos, cosmticos e demais objetos de

    necessidade

    LVG Landesverwaltungsgericht Tribunal Estadual Administrativo

    MitbestG Mitbestimmungsgesetz - Lei de co-gesto dos empregados na empresa

    ABREVIATURAS

  • 1111111111

    n. F. Neue Fassung Nova Redao

    NJW Neue Juristische Wochenschrift Nova Revista Semanal Jurdica

    NStZ Neue Zeitschrift fr Strafrecht Nova Revista para o Direito Penal

    NVwZ Neue Zeitschrift fr Verwaltungsrecht Nova Revista para o Direito

    Administrativo

    op. cit. Opere citato

    OVG Oberverwaltungsgericht Superior Tribunal Administrativo

    p. Pgina

    p. ex. Por exemplo

    PatG Patentgesetz Lei de Patentes

    PBefG Personenbefrderungsgesetz Lei do transporte de pessoas de 21

    de maro de 1961

    RdA Recht der Arbeit Direito do Trabalho (revista jurdica)

    RGZ Entscheidungen des Reichsgerichts in Zivilsachen Decises do Tribunal

    do Reich em Matria Civil

    RVO Rechtsverordnung Decreto

    S. Seite(n), Satz pgina(s), perodo

    SGB III Sozialgesetzbuch - Cdigo de Direito Social

    SO Sachverstndigenordnung - Cdigo dos Peritos

    SPD Sozialdemokratische Partei Deutschlands Partido Social-Democrata Alemo

    StGB Strafgesetzbuch Cdigo Penal

    StPO Strafprozessordnung - Cdigo de Processo Penal

    StREG Gesetz ber die Entschdigung fr Strafverfolgungsmanahmen Lei

    de indenizao para Medidas de Persecuo Penal

    StVG Straenverkehrsgesetz Lei de trnsito virio

    StVollZG Strafvollzugsgesetz Lei de execues penais

    TCF Tribunal Constitucional Federal

    UrhG Gesetz ber Urheberrecht und verwandte Schutzrechte

    (Urheberrechtsgesetz) - Lei sobre o direito autoral e direitos de proteo

    relacionados (lei do direito autoral)

    VersG Versammlungsgesetz Lei de reunio

    VersR Versicherungsrecht Direito da Seguridade

    VGH Verwaltungsgerichtshof Tribunal Administrativo

    VStG Vermgenssteuergesetz Lei do imposto sobre o patrimnio

    VVDStRL Verffentlichungen der Vereinigung der Deutschen Staatsrechtslehrer

    Publicaes da Associao dos Professores Alemes de Direito do Estado

    ABREVIATURAS

  • 1212121212

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    VwGO Verwaltungsgerichtsordnung-Cdigo Jurisdicional Administrativo

    WHG Wasserhaushaltsgesetz - Lei de gesto de guas

    WissR Wissenschaftsrecht, Wissenschaftsverwaltung, Wissenschaftsfrderung

    - Zeitschrift fr Recht und Verwaltung der wissenschaftlichen

    Hochschulen und der wissenschaftspflegenden und -frdernden

    Organisationen und Stiftungen Direito da Cincia, Administrao

    da Cincia, Fomento da Cincia Revista de Direito e Administrao

    das Universidades e Organizaes e Fundaes de Fomento Cientfico

    ZPO Zivilprozessordnung - Cdigo de Processo Civil

    ZRP Zeitschrift fr Rechtspolitik Revista para Poltica Jurdica

    ABREVIATURAS

  • 1313131313

    ABREVIATURAS .................................................................................. 7

    PREFCIOJAN WOISCHNIK ....................................................................... 27

    INTRODUO JURISPRUDNCIA DO TRIBUNAL CONSTITUCIONALFEDERAL ALEMO

    LEONARDO MARTINS ................................................................ 33

    1 Parte:

    PRELIMINARES CONCEITUAIS E DOGMTICAS

    1. Quanto interpretao ............................................................................ 129

    2. Quanto ao exame da interpretao e aplicao

    do direito ordinrio pelo Tribunal Constitucional Federal ........................... 141

    3. Quanto aos efeitos da inconstitucionalidade de normas ............................ 151

    4. Quanto ordem econmica constitucional ............................................... 155

    5. Quanto eficcia dos direitos fundamentais em relaes

    especiais de sujeio do titular autoridade investida

    de poder pblico ..................................................................................... 161

    6. Quanto titularidade de direitos fundamentais

    por pessoas jurdicas (Art. 19 III GG) ........................................................ 169

    Sumrio

    SUMRIO

  • 1414141414

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    2 Parte:

    DIREITO CONSTITUCIONAL MATERIAL I

    (Direitos Fundamentais Art. 1 19 GG)

    7. Dignidade da pessoa humana (Art. 1 I GG) .............................................. 177

    8. Livre desenvolvimento da personalidade (Art. 2 I GG) ............................... 187

    9. Direto vida e incolumidade fsica,

    liberdade da pessoa (Art. 2 II GG) ............................................................ 265

    10. Mandamento de igualdade: igualdade

    de aplicao da lei e por intermdio da lei (Art. 3 GG) ............................. 319

    11. Liberdade de crena, conscincia e confessional;

    Recusa da prestao do servio militar de guerra (Art. 4 GG) .................... 349

    12. Liberdade de expresso do pensamento, de informao,

    de imprensa, de radiodifuso e de cinematografia (Art. 5 I GG) ................ 379

    13. Liberdade artstica (Art. 5 III GG) .............................................................. 495

    14. Proteo do casamento e da famlia (Art. 6 GG) ....................................... 501

    15. Direitos fundamentais escolares e liberdade

    de estabelecimento escolar privado (Art. 7 GG) ........................................ 513

    16. Liberdade de reunio (Art. 8 I GG) ........................................................... 523

    17. Liberdade (geral) de associao e de criao

    de associaes profissionais (Art. 9 GG) ................................................... 557

    18. Sigilo da correspondncia, postal

    e da comunicao telefnica (Art. 10 GG) ................................................ 589

    19. Liberdade de locomoo (Art. 11 GG) ...................................................... 591

    20. Liberdade profissional (Art. 12 GG) .......................................................... 593

    21. Inviolabilidade do domiclio (Art. 13 GG) ................................................. 673

    22. Garantia do instituto da propriedade privada e direito

    fundamental propriedade (Art. 14 e 15 GG) .......................................... 719

    23. Proteo contra a retirada da cidadania e extradio,

    e direito ao asilo poltico (Art. 16 e 16a GG) ............................................ 781

    24. Direito de petio (Art. 17 GG) ................................................................ 799

    25. Garantia da via judicial (Art. 19 IV GG) .................................................... 801

    SUMRIO

  • 1515151515

    3 Parte:

    DIREITO CONSTITUCIONAL MATERIAL II

    (Direito de Organizao do Estado)

    26. Princpios constitucionais do Estado I: Ordem federativa (Art. 20 I GG) ...... 821

    27. Princpios constitucionais do Estado II: Estado social (Art. 20 I GG) ............ 827

    28. Princpios constitucionais do Estado III: Estado democrtico

    (Art. 20 I e II GG) ..................................................................................... 837

    29. Princpios constitucionais do Estado IV: Estado de direito

    (Art. 20 II 2 e III GG) ................................................................................ 845

    30. Direitos adquiridos do funcionalismo pblico (Art. 33 V GG) ..................... 875

    4 Parte:

    DIREITO CONSTITUCIONAL PROCESSUAL

    E GARANTIAS PROCESSUAIS CONSTITUCIONAIS

    31. Controle concreto da constitucionalidade das normas

    (Art. 100 I GG) ........................................................................................ 893

    32. Direito ao juiz legal (Art. 101 I 2 GG) ....................................................... 899

    33. Extino da pena capital (Art. 102 GG) .................................................... 907

    34. Direito ao contraditrio em processo judicial (Art. 103 I GG) ..................... 913

    35. Nulla poena sine lege e proibio da retroatividade

    das leis penais (Art. 103 II GG) ................................................................ 925

    36. Ne bis in idem (Art. 103 III GG) ................................................................ 941

    37. Garantias do preso (Art. 104 GG) ............................................................ 945

    ANEXOS

    I. Excertos da Grundgesetz (GG) e da Lei Orgnica do TCF (BVerfGG) ................ 953

    II. Quadro sintico das Decises apresentadas .................................................... 977

    1. Ordem dos assuntos e aplicao

    dos dispositivos constitucionais ................................................................. 977

    2. Ordem cronolgica ................................................................................. 982

    III. Index Remissivo Conceitual ............................................................................. 987

    IV. Bibliografia .................................................................................................... 991

    SUMRIO

  • 1616161616

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    SUMARIO

  • 1717171717

    ndice

    ABREVIATURAS .................................................................................. 7

    PREFCIOJAN WOISCHNIK ....................................................................... 27

    INTRODUO JURISPRUDNCIA DO TRIBUNAL CONSTITUCIONALFEDERAL ALEMO

    LEONARDO MARTINS ................................................................ 33

    I. Para entender a responsabilidade e autoridade do Tribunal Constitucional

    Federal Alemo no sistema concentrado do controle de constitucionalidade..... 35

    II. Fundamentos processuais e organizacionais .................................................... 40

    1. Da competncia ...................................................................................... 40

    2. Da organizao e escolha dos juzes ........................................................ 41

    3. Do processo ............................................................................................ 43

    a) Objeto e parmetro de deciso nos processos de controlede constitucionalidade ....................................................................... 43

    b) Processo de controle abstrato das normas(abstraktes Normenkontrollverfahren) .................................................. 45

    c) Processo de controle concreto das normas(konkretes Normenkontrollverfahren) ................................................... 48

    d) Processos de verificao e qualificao das normas(Normverifikationsverfahren / Normqualifikationsverfahren) ................. 55

    NDICE

  • 1818181818

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    e) Reclamao Constitucional (Verfassungsbeschwerde) .......................... 59

    aa) Papel e alcance da Reclamao Constitucional ........................... 59

    bb) Pressupostos, condies e procedimento

    de admisso (Annahmeverfahren) ............................................... 60

    cc) Problema da delimitao da extenso da competncia

    do TCF no julgamento de Reclamaes Constitucionais

    contra deciso judicial (Urteilsverfassungsbeschwerde) ................ 66

    f) Processos contenciosos entre rgos constitucionais

    (Organstreitverfahren) ........................................................................ 68

    g) Processos contenciosos federativos (Bund-Lnder-, Bund-Land-,

    Zwischenlnder- und Binnenlnderstreitverfahren) ................................ 71

    h) Processos de Defesa da Constituio: proibio de partido poltico,

    destituio de direito fundamental, denncia contra o Presidente Federal

    ou juiz de direito ............................................................................... 73

    i) Demais procedimentos: Reclamao eleitoral e apresentao

    de divergncia jurisprudencial ........................................................... 75

    j) Procedimento da medida liminar (Einstweilige Anordnung) .................. 75

    III. Direito constitucional material aplicvel ........................................................... 76

    1. Direito de organizao estatal .................................................................. 77

    2. Direitos fundamentais .............................................................................. 78

    a) Teoria geral: conceito, funes, vnculo, eficcia, limites, etc. ........... 78

    b) Sistema dos direitos fundamentais da Grundgesetz e sua

    interpretao pelo TCF ...................................................................... 89

    3. O problema da constitucionalizao do ordenamento jurdico .................. 95

    IV. A deciso ....................................................................................................... 96

    1. Estrutura .................................................................................................. 97

    2. Variantes de dispositivo ............................................................................ 107

    3. Efeitos ..................................................................................................... 113

    a) Coisa julgada ................................................................................... 113

    b) Vnculo de todos os rgos estatais ( 31 I BVerfGG) .......................... 117

    c) Fora de lei ( 31 II BVerfGG) ............................................................ 124

    BIBLIOGRAFIA ................................................................................... 125

    NDICE

  • 1919191919

    1 Parte:

    PRELIMINARES CONCEITUAIS E DOGMTICAS

    1. Quanto interpretao .................................................................. 1291. BVerfGE 11, 126 (Nachkonstitutioneller Besttigungswille) ............... 130

    2. BVerfGE 8, 28 (Besoldungsrecht) .................................................... 133

    3. BVerfGE 40, 88 (Fhrerschein) ........................................................ 136

    2. Quanto ao exame da interpretao e aplicao do direitoordinrio pelo Tribunal Constitucional Federal .................................... 141

    4. BVerfGE 18, 85 (Spezifisches Verfassungsrecht) ............................... 142

    5. BVerfGE 43, 130 (Flugblatt) ........................................................... 145

    3. Quanto aos efeitos da inconstitucionalidade de normas ............. 1516. BVerfGE 1 , 14 (Sdweststaat) ......................................................... 152

    7. BVerfGE 21, 12 (Allphasenumsatzsteuer) ......................................... 153

    4. Quanto ordem econmica constitucional .................................... 1558. BVerfGE 50, 290 (Mitbestimmungsgesetz) ....................................... 156

    5. Quanto eficcia dos direitos fundamentais em relaes especiaisde sujeio do titular autoridade investida de poder pblico . 1619. BVerfGE 33, 1 (Strafgefangene) ...................................................... 162

    6. Quanto titularidade de direitos fundamentais por pessoas jurdicas(Art. 19 III GG) .................................................................................. 16910. BVerfGE 21, 362 (Sozialversicherungstrger) ................................... 170

    11. BVerfGE 31, 314 (2. Rundfunkentscheidung) ................................... 173

    2 Parte:

    DIREITO CONSTITUCIONAL MATERIAL I

    (Direitos Fundamentais Art. 1 19 GG)

    7. Dignidade da pessoa humana (Art. 1 I GG) .................................. 17712. BVerfGE 30, 1 (Abhrurteil) ............................................................ 179

    13. BVerfGE 45, 187 (Lebenslange Freiheitsstrafe) ................................. 182

    8. Livre desenvolvimento da personalidade (Art. 2 I GG) ................ 18714. BVerfGE 6, 32 (Elfes) ...................................................................... 190

    NDICE

  • 2020202020

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    15. BVerfGE 34, 238 (Tonband) ............................................................ 195

    16. BVerfGE 99, 185 (Scientology) ........................................................ 198

    17. BVerfGE 96, 56 (Vaterschaftsauskunft) ............................................ 207

    18. BVerfGE 27, 1 (Mikrozensus) .......................................................... 215

    19. BVerfGE 80, 137 (Reiten im Walde) ................................................. 218

    20. BVerfGE 65, 1 (Volkszhlung) ......................................................... 233

    21. BVerfGE 38, 281 (Arbeitnehmerkammern) ...................................... 245

    22. BVerfGE 90, 145 (Cannabis) .......................................................... 248

    9. Direito vida e incolumidade fsica, liberdade da pessoa(Art. 2 II GG) ..................................................................................... 26523. BVerfGE 39, 1 (Schwangerschaftsabbruch I) .................................... 266

    24. BVerfGE 88, 203 (Schwangerschaftsabbruch II) ............................... 273

    25. BVerfGE 16, 194 (Liquorentnahme) ................................................ 294

    26. BVerfGE 52, 214 (Vollstreckungsschutz) ........................................... 296

    27. BVerfGE 53, 30 (Mlheim-Krlich) .................................................. 299

    28. BVerfGE 77, 170 (Lagerung chemischer Waffen) ............................. 307

    29. BVerfGE 19, 342 (Wencker) ............................................................ 309

    30. BVerfGE 20, 45 (Kommando 1005) ................................................ 315

    10. Mandamento de igualdade: Igualdade de aplicao da leie por intermdio da lei (Art. 3 GG) ................................................ 31931. BVerfGE 26, 302 (Einkommensteuergesetz) ..................................... 321

    32. BVerfGE 10, 234 (Platow-Amnestie) ................................................ 323

    33. BVerfGE 9, 338 (Hebammenaltersgrenze) ....................................... 325

    34. BVerfGE 39, 196 (Beamtenpension) ................................................ 329

    35. BVerfGE 48, 327 (Familiennamen) .................................................. 332

    36. BVerfGE 84, 9 (Ehenamen) ............................................................. 335

    37. BVerfGE 52, 369 (Hausarbeitstag) .................................................. 336

    38. BVerfGE 39, 334 (Extremistenbeschluss) .......................................... 340

    39. BVerfGE 8, 28 (Besoldungsrecht) .................................................... 344

    11. Liberdade de crena, conscincia e confessional;recusa da prestao do servio militar de guerra (Art. 4 GG) .... 34940. BVerfGE 32, 98 (Gesundbeter) ....................................................... 349

    41. BVerfGE 24, 236 (Aktion Rumpelkammer) ....................................... 355

    42. BVerfGE 33, 23 (Eidesverweigerung aus Glaubensgrnden) ............ 359

    43. BVerfGE 93, 1 (Kruzifix) .................................................................. 366

    NDICE

  • 2121212121

    12. Liberdade de expresso do pensamento, de informao, de imprensa,de radiodifuso e de cinematografia (Art. 5 I GG) ....................... 37944. BVerfGE 7, 198 (Lth-Urteil) ........................................................... 381

    45. BVerfGE 12, 113 (Schmid-Spiegel) .................................................. 395

    46. BVerfGE 25, 256 (Blinkfer) ............................................................ 400

    47. BVerfGE 44, 197 (Solidarittsadresse) ............................................. 409

    48. BVerfGE 93, 266 (Soldaten sind Mrder) ..................................... 414

    49. BVerfGE 90, 27 (Parabolantenne) ................................................... 427

    50. BVerfGE 20, 162 (Spiegel-Urteil) ..................................................... 438

    51. BVerfGE 102, 347 (Benetton / Schockwerbung) ............................... 451

    52. BVerfGE 52, 283 (Tendenzbetrieb) .................................................. 461

    53. BVerfGE 12, 205 (1. Rundfunkentscheidung) ................................... 471

    54. BVerfGE 57, 295 (3. Rundfunkentscheidung) ................................... 475

    55. BVerfGE 73, 118 (4. Rundfunkentscheidung) ................................... 484

    56. BVerfGE 35, 202 (Lebach) .............................................................. 486

    13. Liberdade artstica (Art. 5 III GG) .................................................. 49557. BVerfGE 30, 173 (Mephisto) ........................................................... 495

    14. Proteo do casamento e da famlia (Art. 6 GG) .......................... 50158. BVerfGE 6, 55 (Steuersplitting) ........................................................ 502

    59. BVerfGE 47, 46 (Sexualkundeunterricht) .......................................... 505

    15. Direitos fundamentais escolares e liberdade de estabelecimentoescolar privado (Art. 7 GG) ............................................................. 51360. BVerfGE 52, 223 (Schulgebet) ........................................................ 514

    16. Liberdade de reunio (Art. 8 I GG) ................................................ 52361. BVerfGE 69, 315 (Brokdorf) ............................................................ 523

    62. BVerfGE 92, 1 (Sitzblockaden II) ..................................................... 543

    63. BVerfGE 85, 69 (Eilversammlung) ................................................... 552

    17. Liberdade (geral) de associao e de criao de associaesprofissionais (Art. 9 GG) .................................................................. 55764. BVerfGE 19, 303 (Dortmunder Hauptbahnhof) ................................ 557

    65. BVerfGE 42, 133 (Wahlwerbung) .................................................... 563

    66. BVerfGE 28, 295 (Mitgliederwerbung I) ........................................... 566

    67. BVerfGE 50, 290 (Mitbestimmungsgesetz) ....................................... 567

    68. BVerfGE 84, 212 (Aussperrung) ...................................................... 574

    69. BVerfGE 92, 365 (Kurzarbeitergeld) ................................................ 582

    NDICE

  • 2222222222

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    18. Sigilo da correspondncia, postale da comunicao telefnica (Art. 10 GG) ..................................... 589

    19. Liberdade de locomoo (Art. 11 GG) ........................................... 591

    20. Liberdade profissional (Art. 12 GG) ............................................... 59370. BVerfGE 7, 377 (Apothekenurteil) ................................................... 593

    71. BVerfGE 41, 378 (Rechtsberatungsgesetz) ....................................... 616

    72. BVerfGE 39, 210 (Mhlenstrukturgesetz) ......................................... 618

    73. BVerfGE 11, 30 (Kassenarzt-Urteil) .................................................. 620

    74. BVerfGE 13, 97 (Handwerksordnung) ............................................. 623

    75. BVerfGE 19, 330 (Sachkundenachweis) ........................................... 633

    76. BVerfGE 86, 28 (Sachverstndigenbestellung) ................................. 638

    77. BVerfGE 53, 135 (Puffreisschokolade) ............................................. 646

    78. BVerfGE 95, 173 (Tabakwarnhinweise) ............................................ 649

    79. BVerfGE 33, 303 (Numerus Clausus) .............................................. 656

    80. BVerfGE 98, 169 (Arbeitspflicht) ...................................................... 667

    21. Inviolabilidade do domiclio (Art. 13 GG) ...................................... 67381. BVerfGE 32, 54 (Betriebsbetretungsrecht) ........................................ 676

    82. BVerfGE 51, 97 (Zwangsvollstreckung I) .......................................... 683

    83. BVerfGE 109, 279 (Lauschangriff) .................................................. 688

    22. Garantia do instituto da propriedade privadae direito fundamental propriedade (Art. 14 e 15 GG) .............. 71984. BVerfGE 38, 348 (Zweckentfremdung von Wohnraum) .................... 721

    85. BVerfGE 14, 263 (Feldmhle-Urteil) ................................................ 725

    86. BVerfGE 21, 73 (Grundstckverkehrsgesetz) .................................... 729

    87. BVerfGE 25, 112 (Niederschsisches Gesetz) .................................. 734

    88. BVerfGE 31, 229 (Schulbuchprivileg) .............................................. 738

    89. BVerfGE 46, 325 (Zwangsversteigerung) ......................................... 743

    90. BVerfGE 52, 1 (Kleingarten) ............................................................ 745

    91. BVerfGE 58, 300 (Nassauskiesung) ................................................. 755

    92. BVerfGE 68, 361 (Eigenbedarf I) ..................................................... 760

    93. BVerfGE 100, 226 (Denkmalschutz) ................................................ 765

    94. BVerfGE 93, 121 (Einheitswerte II) ................................................... 775

    NDICE

  • 2323232323

    23. Proteo contra a retirada da cidadania e extradio,e direito ao asilo poltico (Art. 16 e 16a GG) ................................ 78195. BVerfGE 74, 51 (Nachfluchttatbestnde) ......................................... 783

    96. BVerfGE 80, 315 (Tamilen) ............................................................. 787

    97. BVerfGE 81, 142 (Terroristische Bettigung im Exil) ......................... 789

    98. BVerfGE 94, 49 (Sichere Drittstaaten) .............................................. 793

    24. Direito de petio (Art. 17 GG) ....................................................... 799

    25. Garantia da via judicial (Art. 19 IV GG) ........................................ 80199. BVerfGE 10, 264 (Vorschuss fr Gerichtskosten) .............................. 801

    100. BVerfGE 24, 33 (AKU-Urteil) ........................................................... 803

    101. BVerfGE 35, 382 (Auslnderausweisung) ........................................ 805

    102. BVerfGE 37, 150 (Sofortiger Strafvollzug) ........................................ 812

    103. BVerfGE 84, 34 (Gerichtliche Prfungskontrolle) .............................. 813

    3 Parte:

    DIREITO CONSTITUCIONAL MATERIAL II

    (Direito de Organizao do Estado)

    26. Princpios constitucionais do Estado I:Ordem federativa (Art. 20 I GG) ....................................................... 821104. BVerfGE 12, 205 (1. Rundfunkentscheidung) ................................... 821

    27. Princpios constitucionais do Estado II:Estado social (Art. 20 I GG) ............................................................. 827105. BVerfGE 40, 121 (Waisenrente II) .................................................... 827

    106. BVerfGE 59, 231 (Freie Mitarbeiter) ................................................ 829

    107. BVerfGE 100, 271 (Lohnabstandsklausel) ........................................ 831

    28. Princpios constitucionais do Estado III:Estado democrtico (Art. 20 I e II GG) ........................................... 837108. BVerfGE 44, 125 (ffentlichkeitsarbeit) ........................................... 837

    NDICE

  • 2424242424

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    29. Princpios constitucionais do Estado IV:Estado de direito (Art. 20 II 2 e III GG) .......................................... 845109. BVerfGE 8, 274 (Preisgesetz) ........................................................... 845

    110. BVerfGE 9, 137 (Einfuhrgenehmigung) ........................................... 848

    111. BVerfGE 17, 306 (Mitfahrzentrale) .................................................. 852

    112. BVerfGE 48, 210 (Auslndische Einknfte) ...................................... 855

    113. BVerfGE 49, 89 (Kalkar I) ............................................................... 859

    114. BVerfGE 34, 269 (Soraya) .............................................................. 865

    115. BVerfGE 30, 367 (Bundesentschdigungsgesetz) ............................. 869

    30. Direitos adquiridos do funcionalismopblico (Art. 33 V GG) ..................................................................... 875116. BVerfGE 8, 1 (Teuerungszulage) ...................................................... 875

    117. BVerfGE 44, 249 (Alimentationsprinzip) .......................................... 880

    118. BVerfGE 39, 334 (Extremistenbeschluss) .......................................... 885

    4 Parte:

    DIREITO CONSTITUCIONAL PROCESSUAL

    E GARANTIAS PROCESSUAIS CONSTITUCIONAIS

    31. Controle concreto da constitucionalidade das normas(Art. 100 I GG) .................................................................................. 893119. BVerfGE 1, 184 (Normenkontrolle I) ............................................... 893

    120. BVerfGE 2, 124 (Normenkontrolle II) ............................................... 897

    32. Direito ao juiz legal (Art. 101 I 2 GG) ............................................ 899121. BVerfGE 4, 412 (Gesetzlicher Richter) .............................................. 899

    122. BVerfGE 42, 237 (Vorlagepflicht) .................................................... 903

    33. Extino da pena capital (Art. 102 GG) ......................................... 907123. BVerfGE 18, 112 (Auslieferung I) .................................................... 907

    34. Direito ao contraditrio em processojudicial (Art. 103 I GG) .................................................................... 913124. BVerfGE 9, 89 (Gehr bei Haftbefehl) ............................................. 913

    125. BVerfGE 41, 246 (Baader-Meinhof) ................................................. 917

    126. BVerfGE 25, 158 (Rechtliches Gehr bei Versumnisurteilen) ........... 920

    NDICE

  • 2525252525NDICE

    35. Nulla poena sine lege e proibio da retroatividade das leis penais(Art. 103 II GG) ................................................................................ 925127. BVerfGE 14, 174 (Gesetzgebundenheit im Strafrecht) ...................... 925

    128. BVerfGE 32, 346 (Strafbestimmungen in Gemeindesatzungen) ........ 929

    129. BVerfGE 26, 41 (Grober Unfug) ...................................................... 931

    130. BVerfGE 25, 269 (Verfolgungsverjhrung) ....................................... 934

    36. Ne bis in idem (Art. 103 III GG) ...................................................... 941131. BVerfGE 23, 191 (Dienstflucht) ....................................................... 941

    37. Garantias do preso (Art. 104 GG) .................................................. 945132. BVerfGE 10, 302 (Vormundschaft) .................................................. 945

    ANEXOS ............................................................................................. 951

    I. Excertos da Grundgesetz (GG) e da Lei Orgnica do TCF (BVerfGG) ................ 953

    II. Quadro sintico das Decises apresentadas .................................................... 977

    1. Ordem de assuntos e aplicao dos dispositivos constitucionais ................ 977

    2. Ordem cronolgica ................................................................................. 982

    III. Index Remissivo Conceitual ............................................................................. 987

    IV. Bibliografa .................................................................................................... 991

  • 2626262626

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

  • 2727272727

    A idia deste livro surgiu de inmeras conversas que mantive, como Diretor do

    Programa Estado de Direito da Fundao Konrad Adenauer, com juzes e professores de

    diferentes pases sul-americanos, que enfatizaram o quanto seria importante dispor de

    uma coletnea das principais decises do Tribunal Constitucional Federal alemo. Custou-

    me acreditar que ainda no existia uma traduo deste tipo.

    As sentenas aqui traduzidas e publicadas foram colhidas no livro Entscheidungen

    des Bundesverfassungsgerichts (Decises do Tribunal Constitucional Federal), de autoria

    do constitucionalista hamburgus Prof. Dr. Jrgen Schwabe, que professor efetivo da

    Universidade de Hamburgo desde 1979. Trata-se de uma compilao dos trechos mais

    importantes das principais sentenas proferidas por este tribunal nos ltimos 50 anos.

    Seu trabalho no somente de leitura obrigatria nas faculdades de direito da Alemanha

    como se encontra invariavelmente em toda boa biblioteca jurdica. Schwabe limita-se s

    mais importantes das mais ou menos 116.000 sentenas e decises do Tribunal

    Constitucional Federal existentes at agora, oferecendo, assim, um instrumento

    irrenuncivel a quem pretende situar-se na intensa produo jurisprudencial do Tribunal

    Constitucional Federal alemo. O Professor Leonardo Martins, da Universidade Federal

    do Mato Grosso do sul (UFMS), organizou a presente obra, acrescentando coletnea

    original do Professor Jrgen Schwabe, alm de algumas decises e demais excertos por

    aquele no contemplados, um captulo bastante minucioso de introduo aos aspectos

    jurdico-processuais e jurdico-materiais da jurisprudncia do Tribunal Constitucional

    Federal, snteses da respectiva matria das 132 decises por ele trabalhadas, notas de

    Prefcio

    PREFCIO

  • 2828282828

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    introduo a vrios captulos e notas explicativas de diversos excertos, alm de ampla

    referncia doutrinria e sistematizao da jurisprudncia. Para a traduo, formou uma

    equipe composta por ele e por Beatriz Henning, Mariana Bigelli de Carvalho, Tereza

    Maria de Castro e Vivianne Geraldes Ferreira.

    Por ocasio do qinquagsimo aniversrio do Tribunal Constitucional Federal, a

    publicao tem por objeto facilitar o trabalho de juzes federais, magistrados da Justia

    comum e funcionrios do Poder Judicirio, professores de direito, pesquisadores e

    estudantes do Brasil, graas ao acesso s decises desse compndio, j que, como observei,

    elas so citadas de modo recorrente, embora ainda no exista uma traduo completa

    para a lngua portuguesa.

    Indubitavelmente, a jurisprudncia alem no pode ser aplicada em uma relao

    1:1 nos ordenamentos jurdicos dos pases latino-americanos. Neste diapaso, deve-se

    ter cuidado ao verter para uma lngua estrangeira certos pronunciamentos de um tribunal

    alemo sem conhecer muito bem o contexto especfico em que a sentena foi proferida.

    No obstante, acredito que, em muitas ocasies, a jurisprudncia alem, com sua

    profundidade dogmtica e sua riqueza de detalhes, possa constituir ao menos um auxlio

    na interpretao das normas constitucionais estrangeiras.

    Nossas constituies baseiam-se, em grande medida, nos mesmos princpios, e

    garantem os mesmos direitos; em alguns casos, at no seu teor so idnticas. Isto porque

    as constituies latino-americanas foram, de modo geral, concebidas consoante o modelo

    das constituies europias e norte-americana. Entretanto, na realizao dos direitos

    fundamentais no foi atingido em todos os lugares idntico padro. O traslado das

    liberdades e direitos garantidos para a realidade social requer uma instituio independente,

    cuja funo seja a de vigiar esse processo. Enquanto o Tribunal Constitucional Federal

    alemo teve 50 anos para desenvolver sua jurisprudncia constitucional, nos pases latino-

    americanos os tribunais constitucionais e as salas constitucionais so criaes relativamente

    recentes ou ainda por realizar-se.

    A funo da jurisdio constitucional no apenas a de exercer interveno restritiva

    e reguladora, mas de vincular os direitos fundamentais ao permanente processo de

    transformao social. Devido ao crescente nmero de inovaes tcnicas e cientficas,

    afloram sempre inditas, e at ento inimaginveis, questes ticas. Aqui se assinala que

    a funo de um defensor da constituio, institucionalizado por meio do Estado, , antes

    de mais nada, a de interpretao. Tenta-se analisar luz da Constituio os novos

    desenvolvimentos e integrar as concepes existentes aos novos processos sociais. Em

  • 2929292929

    forma breve: os artigos constitucionais formulados concisamente requerem uma

    concretizao. Na Alemanha, esta funo tem sido cumprida de forma decisiva pelo

    Tribunal Constitucional Federal com sede em Karlsruhe (Baden-Wrttemberg),

    reconhecido hodiernamente como verdadeiro defensor da Constituio. Em seus mais

    de cinqenta anos de existncia, essa instituio tornou-se, em solo alemo, o fundamento

    bsico de uma democracia e de um Estado de Direito estveis.

    A que circunstncias se deve, ento, que o Tribunal Constitucional Federal alemo

    cumpra este importante papel? Eu diria que, primeiramente, hierarquia de sua posio

    no Estado e, em seguida, sua organizao e estrutura. Segundo a Lei Fundamental, isto

    , a Constituio alem, o Tribunal Constitucional Federal um rgo constitucional

    (Verfassungsorgan) equiparado ao governo federal, ao parlamento federal, cmara federal

    dos Estados ou ao presidente federal. Os juzes constitucionais tm a ltima palavra em

    todas as questes concernentes interpretao da Lei Fundamental. Decidem com fora

    constitucional como se deve responder a uma questo constitucional em caso de opinies

    divergentes e de conflitos de competncia entre os rgos constitucionais. Nesta medida,

    o Tribunal Constitucional Federal, como rgo mximo de soluo de controvrsias,

    encontra-se acima de todas as instncias estatais. Dispe de poder de controle

    constitucional ilimitado perante os trs rgos do poder estatal. Suas decises vinculam

    os trs poderes, so inimpugnveis e possuem, nos casos particulares, fora de lei objetiva.

    A organizao do Tribunal de todo compatvel com essa posio. Compe-se de

    duas salas, cada uma com oito juzes. Estes so escolhidos pelo parlamento federal e pela

    cmara federal dos Estados por maioria de dois teros, para um perodo de doze anos,

    excluda a possibilidade de reeleio. Em matria administrativa, o Tribunal Constitucional

    Federal no est submetido superviso de um ministrio, mas se auto-administra e

    decide sobre o montante de seu oramento, que inserido no oramento nacional. Est

    separado em todos os aspectos dos demais rgos constitucionais; tem os mesmos direitos

    que eles e dispe de independncia constitucional ilimitada. Somente como rgo

    constitucional autnomo, formal e institucionalmente, possvel que o Tribunal

    Constitucional Federal possa zelar pela conservao e pelo respeito do ordenamento

    constitucional alemo pelos outros poderes estatais, especialmente o legislativo.

    A funo do Tribunal Constitucional a concretizao da Constituio por meio

    de sua interpretao. Deste modo, sua tarefa desenvolvida, zno apenas no campo do

    conhecimento do direito, mas tambm no da criao. Da decorre que no centro de sua

    jurisprudncia se encontre a proteo dos direitos fundamentais. O Tribunal determina

    PREFCIO

  • 3030303030

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    as diferentes funes de um direito fundamental, e d sempre prevalncia quela

    interpretao que expressa com maior vigor a efetividade jurdica da norma respectiva.

    O Tribunal Constitucional Federal tem entendido e estruturado os direitos

    fundamentais, no apenas como um direito de defesa subjetivo determinado do cidado

    perante o poder pblico, mas tambm como uma ordem objetiva de valores. Esta ordem

    reconhece a proteo da liberdade e da dignidade humanas como o fim supremo do direito,

    e permeia jurdica e objetivamente a totalidade do ordenamento legal. Da que o Tribunal

    Constitucional Federal no somente tenha interpretado, estruturado e ocasionalmente

    ampliado os direitos fundamentais em sua forma individual, mas tambm estruturado a

    totalidade do sistema de direitos fundamentais em um complexo fechado de valores e garantias.

    Todas as instituies estatais esto obrigadas a respeitar a Lei Fundamental alem.

    Em caso de controvrsia, pode-se recorrer ao Tribunal Constitucional Federal. Cabe a

    este, juntamente com a soluo das controvrsias de carter legal e organizacional,

    sobretudo a proteo constitucional do cidado.

    Toda pessoa que sentir que seus direitos fundamentais foram violados pelo poder

    pblico pode interpor uma Reclamao Constitucional. Este pode ser dirigido contra a medida

    de uma autoridade, contra uma sentena de um tribunal ou contra uma lei. Todavia, nem

    todas as peties elevadas anualmente cerca de 5.000, em mdia so recebidas para a

    deciso dos juzes constitucionais. pressuposto de sua admissibilidade que a petio traga

    implcito um significado constitucional fundamental, quer porque a violao do direito

    fundamental invocada tenha peso significativo, quer porque o recorrente se veja ameaado

    por prejuzos expressivos. Estes quesitos s foram cumpridos, at o momento, por 2,5% das

    peties. Em minha opinio, a fortaleza e o reconhecimento do Tribunal Constitucional

    Federal baseiam-se tambm no fato de que no se pronuncia sobre qualquer petio mas, ao

    contrrio, mantm uma seleo bastante criteriosa.

    preciso diferenciar a deciso sobre a aceitao da petio, da admissibilidade da

    Reclamao Constitucional. Esta representa o segundo obstculo antes que o juiz

    constitucional se ocupe diretamente do assunto. A Reclamao Constitucional geralmente

    admissvel somente depois de o recorrente ter recorrido aos tribunais competentes sem

    qualquer sucesso. Deve ser impetrado por escrito e estar fundamentado. No se requer

    procurador judicial. As custas processuais so suportadas pelo Estado.

    Os efeitos polticos do Tribunal Constitucional Federal se tornam evidentes quando

    se declara a inconstitucionalidade de uma lei, decidem-se os conflitos de competncia

    entre o executivo e o legislativo, ou se dissolve um partido poltico inconstitucional (o

  • 3131313131

    que tem ocorrido muito raramente nos ltimos 50 anos). Mas tambm a tarefa

    interpretativa do juiz constitucional influi inevitavelmente na esfera poltica. A respeito,

    pergunta-se qual a legitimidade do tribunal na vida do ordenamento poltico e, portanto,

    para intervir, regulando a tarefa do legislador democrtico.

    A competncia do tribunal se esclarece na prpria idia do sistema constitucional

    alemo, fundado na absoluta prevalncia da Constituio. O juiz constitucional est

    afastado da luta poltica diria. Sua independncia, garantida pessoal e materialmente na

    Lei Fundamental, oferece-lhe garantias e o torna imune perante os processos polticos, a

    respeito dos quais tem o direito de se pronunciar. Na Alemanha, a deciso a respeito da

    realizao tima do bem comum se mantm sempre como tema poltico.

    Por outra parte, uma instituio que est dotada de competncia to ampla deve

    sempre levar em conta os limites do prprio poder de deciso. O princpio da separao

    de poderes requer moderao no uso do poder. Neste sentido, o Tribunal est pensado

    com base na autolimitao judiciria e no respeito aos demais rgos constitucionais.

    Segundo as peculiaridades do campo temtico, as possibilidades de conhecimento e a

    importncia do respectivo bem jurdico exigem reserva. Isto vlido especialmente no

    caso de decises prognsticas, de decises sobre a condio necessria e no caso do controle

    de atos do legislativo e do executivo no mbito da poltica externa e econmica. Alm

    disso, o Tribunal no pode intervir por iniciativa prpria, mas somente sob petio.

    Desta forma, est limitado reao e ao controle.

    Devo especial agradecimento ao Prof. Dr. Jrgen Schwabe, que generosamente

    permitiu ao Programa Estado de Direito da Fundao Konrad Adenauer a traduo de seu

    trabalho para o portugus para que fosse acessvel aos leitores brasileiros. Por seu trabalho

    de organizao agradeo ao Professor Leonardo Martins; pela traduo sua competente

    equipe composta por ele e por Beatriz Hennig, Mariana Bigelli de Carvalho, Tereza

    Maria de Castro e Vivianne Geraldes Ferreira. Espero que a coletnea que estou

    apresentando seja til.

    Dr. iur. JAN WOISCHNIK

    Diretor do Programa Estado de Direito

    para a Amrica do Sul

    Fundacin Konrad Adenauer

    Montevideo, Uruguay

    PREFCIO

  • 3333333333

    INTRODUO JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    A presente coletnea, em lngua portuguesa, de decises do Tribunal Constitucional

    Federal Alemo tem por escopo, no somente apresentar ao leitor lusfono a jurisprudncia

    constitucional alem, como tambm seus pressupostos jurdico-dogmticos. Tais

    pressupostos se devem prpria atividade intensa do tribunal, que serve hoje, na Alemanha,

    sem dvida, de fonte primria da cincia jurdico-constitucional dogmtica.

    Assim, o captulo de introduo, de autoria do organizador, procura introduzir o

    leitor nos pressupostos processuais e materiais da jurisprudncia desse tribunal

    constitucional. Para tanto, desiste da adaptao de figuras processuais processualstica

    brasileira ou lusfona, mesmo porque no raro no h correspondncias, sobretudo entre

    o sistema processual constitucional brasileiro e o alemo.

    A escolha das decises se baseou, em grande parte, na coletnea de Jrgen Schwabe,

    em sua 7 edio, publicada em 2000. Porm, algumas alteraes foram perpetradas,

    como principalmente o acrscimo de algumas decises novas e de poucas outras no

    contempladas por aquele autor. So 132 decises distribudas em 4 partes e 37 captulos.

    Cada deciso se inicia com uma sntese da matria, redigida pelo organizador e de sua

    responsabilidade, que rene as informaes relevantes sobre o processo originrio, o tipo

    de processo, a sntese das razes de sua admisso ou no e do julgamento de seu mrito.

    Os captulos da 1 Parte, que trata de preliminares conceituais e dogmticas, comeam

    com uma pequena introduo, que tambm da redao e responsabilidade do

    organizador. Ao cabo de alguns captulos da parte especial, foram trazidas referncias

    bibliogrficas da literatura especializada, sobretudo da literatura alem e do restante da

    Preliminares:Sobre o propsito, mtodos e estruturada obra e agradecimentos

    Prof. Dr. iur. Leonardo Martins, LL.M.Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS)

    Introduo Jurisprudncia do TribunalConstitucional Federal Alemo

    PRELIMINARES: SOBRE O PROPSITO, MTODOS E ESTRUTURA DA OBRA ...

  • 3434343434

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    jurisprudncia do TCF sobre o dispositivo constitucional apresentado no respectivo

    captulo.

    Procurou-se, em todas as tradues dos excertos selecionados, deixar clara ao leitor

    a estrutura da respectiva deciso, caracterizando-se as partes no reproduzidas com (...),

    que designa parte de um pargrafo, um pargrafo completo, e, s vezes, vrios pargrafos,

    no caso do texto excludo seguir at o fim do respectivo sub-tpico. Quando se trata de

    excluso de todo um subtpico, isso foi caracterizado com a letra ou cifra relativa parte

    do texto excluda, seguida igualmente de (...). Note-se que se seguiu aproximadamente

    a lgica de uma rvore de diretrios, usada na informtica: se o/s excerto/s excludo/s

    corresponde/m a um tpico hierarquicamente superior (normalmente: A., I.), ento (...)

    designa todo/s o/s tpico/s superior/es, no contemplando os tpicos inferiores. Quanto

    mais o/s excerto/s utilizado/s fizer/em parte de um subtpico que seja cada vez especfico

    (normalmente: 1., a), aa), (1), (a) etc.), mais especfica tambm se torna a demonstrao

    do/s sub-tpico/s excludo/s: ex.: aa) cc) (...). Com isso, o leitor no s pode

    compreender a estrutura da deciso, como tambm tem uma idia bastante concreta de

    sua extenso e se familiariza com o modus operandi do TCF. Em geral, as estruturas das

    decises so bastante coerentes, recebendo to somente em casos isolados crticas da

    literatura especializada. A reproduo da estrutura foi perseguida com toda a conseqncia,

    porque ela demonstra tambm a acuidade dogmtica do Tribunal Constitucional Federal

    Alemo, que, neste mister, exemplar.

    * * * *

    Um outro propsito da obra fomentar o estudo do direito constitucional

    alemo. Para tanto, a disposio para o aprendizado da lngua alem fundamental.

    O leitor interessado entrar em contato, na presente obra, com os institutos em

    lngua alem. A obra tem, nesse sentido, o propsito de despertar o interesse de

    aprofundamento, a busca da confrontao autnoma com o original. Por isso tambm

    o leitor encontrar alguns termos de cuja traduo o organizador desistiu, como

    sobretudo Grundgesetz.

    O texto das tradues foi acompanhado de notas de rodap, que procuram explicitar

    alguns conceitos e sistematizar a compreenso do todo. Por isso, sero l encontradas

    muitas referncias ao captulo de introduo. No mais, o texto procura, alm da j referida

    no traduo de alguns termos, ser o mais fiel possvel ao original: todas as intervenes

    INTRODUO

  • 3535353535

    INTRODUO JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    do organizador no texto original foram colocadas entre colchetes: [ ]. Textos entre

    parnteses, ( ), fazem parte do original.

    A designao de dispositivos legais e constitucionais seguiu tambm a sistemtica

    alem, explicitada na nota preliminar s abreviaturas.

    * * * *

    O organizador agradece ao Programa Estado de Derecho para Sudamrica, da

    Fundao Konrad Adenauer (Konrad Adenauer Stiftung), na pessoa de seu diretor, Dr.

    Jan Woischnik, pelo convite para realizar essa obra e por t-la viabilizado financeira e

    cordialmente. Agradeo, tambm, s competentes tradutoras, que apresentaram uma

    primeira verso de boa parte da traduo e, em especial, a Vivianne Geraldes Ferreira e

    Mariana Bigelli de Carvalho que, nas ltimas semanas, e apesar de seus muitos afazeres

    acadmicos e profissionais, colaboraram com a leitura crtica de algumas snteses e decises

    e com a composio de parte da lista de abreviaturas. Meu aluno da Universidade Federal

    do Mato Grosso do Sul (UFMS), Fernando Gallina, foi bastante generoso ao prestar,

    voluntariamente, consultoria no mbito da TI. A ele meu muito obrigado. Ao ex-

    coordenador do curso de direito da UFMS, Prof. Luis Antonio Safraider, e atual

    coordenadora, Prof. Dra. Ynes da Silva Flix, agradeo imensamente pela tolerncia em

    face do meu pequeno engajamento em nossa faculdade, neste incio de semestre. Destarte,

    eles muito colaboram, ainda que indiretamente. Finalmente, agradeo aos meus pais,

    Luiz Luciano e Nair, minha querida Daniela Jaime Smith, e aos meus queridos amigos,

    que me perdoaram a ausncia nestes ltimos meses. Ao meu grande e fiel amigo, Martin

    Kader, advogado militante em Berlim, agradeo muito pelas muitas horas de discusso

    sobre o direito comparado e a prxis processual alem.

    I.PARA ENTENDER A RESPONSABILIDADE E AUTORIDADE DO TRIBUNAL

    CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO NO SISTEMA CONCENTRADO DOCONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

    ROMAN HERZOG, ex-presidente do Tribunal Constitucional Federal alemo (a

    seguir: TCF) e depois Presidente da Repblica Federal da Alemanha, afirmou, no ano de

    1993, que o direito constitucional alemo era constitudo, com a entrada em vigor da

    PARA ENTENDER A RESPONSABILIDADE E AUTORIDADE DO TCF...

    I

  • 3636363636

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    Grundgesetz em 1949, por [seus] 146 artigos; hoje, 40 anos depois, ele constitui-se de

    aproximadamente 15 a 16.000 pginas publicadas de decises jurisdicionais

    constitucionais.

    Direito constitucional formado por decises judiciais do tribunal constitucional?,

    certamente se perguntar, perplexo, o leitor brasileiro. No seria, na Alemanha, assim

    como no Brasil, a lei a fonte imediata do direito? Teriam os alemes adotado, depois da

    entrada em vigor da Grundgesetz, o sistema de fontes caracterstico da common law?

    A assero de ROMAN HERZOG s pode ser compreendida em sua plenitude quando

    se conhece bem o sistema organizacional constitucional da Grundgesetz e sua interpretao

    pelo TCF:

    Em primeiro lugar, h de se ressaltar que, ao contrrio do que ocorre na tradio

    brasileira, o sistema de controle de constitucionalidade concentrado, ou seja, da

    competncia exclusiva do TCF realizar o controle vinculante, ainda que este seja ensejado

    por um caso particular ou concreto (controle concreto). Isso significa que o juiz do feito

    no poder ignorar ou denegar aplicao norma ainda no declarada inconstitucional

    por entender que uma tal norma fere a Constituio, como ainda ocorre no direito

    brasileiro, onde se adotou o assim denominado sistema difuso. Abaixo se ver que, na

    Alemanha, todo juiz tem o dever de verificar a inconstitucionalidade da norma que

    decide o caso, independentemente de provocao da parte processual interessada, mas

    no lhe pode negar a aplicabilidade quando ainda no declarada inconstitucional pelo

    tribunal que tem a competncia exclusiva para tanto, o TCF.

    Em segundo lugar, ainda que a Grundgesetz tenha conferido ao TCF, em seu Art.

    92, literalmente somente o status de tribunal, o prprio tribunal e a opinio dominante

    na literatura especializada e no por ltimo a sua lei orgnica ( 1 I BVerfGG)

    conferem-lhe a dignidade de rgo constitucional. idia de rgo constitucional

    no est somente ligada idia de mais um rgo constitucional ao lado dos demais, mas

    de um rgo sobreposto no que tange interpretao e aplicao de normas

    constitucionais, alguns outorgando-lhe at mesmo o polmico status de intrprete

    autntico da Grundgesetz1 .

    1 Essa tese, defendida por BCKENFRDE (1999: 12 s.), que alm de reconhecido professor de direito pblico foi juizdo TCF, concede ao TCF quase um poder absoluto de conformao do direito constitucional e at de participao noprocesso constituinte (aperfeioamento do direito constitucional positivo!), sendo recusada mesmo entre aqueles adep-tos de um TCF forte em face do legislador. Cf. a respeito BENDA / KLEIN (2001: 542 et seq.). Essa tese tem, como boaparte do pensamento jus-filosfico de Bckenfrde, suas razes em Carl Schmitt. Cf. SCHMITT (1931: 45).

    INTRODUO

  • 3737373737

    INTRODUO JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    O status de rgo constitucional em si resulta2 da interpretao sistemtica dos

    dispositivos especficos da Grundgesetz e da Lei Orgnica do TCF (BVerfGG), quais

    sejam: Art. 92 GG c.c. 1 I BVerfGG, que fazem a oposio do TCF em relao aos

    demais rgos do Poder Judicirio (Art. 92 GG) e a todos os rgos constitucionais

    ( 1 I BVerfGG). Assim, o TCF no seria to somente independente em relao aos

    demais rgos constitucionais (Presidncia Federal, Chanceler Federal, Cmara Federal

    e Conselho Federal), como, de resto, todo tribunal , mas tambm teria autonomia para

    decidir questes sobre a interpretao da Constituio em ltima instncia, como defensor

    mximo da Constituio3 .

    Em seu auto-entendimento, j firmado em 1952, o TCF seria, segundo o teor e

    sentido da Grundgesetz e da Lei Orgnica do TCF, tambm um rgo constitucional,

    municiado com a mais alta autoridade, chegando a um nvel muito diferente de todos os

    demais tribunais e juzos4 . Apesar disso e do tom crtico ressoante na literatura

    especializada, segundo o qual o tribunal pretenderia realizar sua transmutao de defensor

    a senhor da Constituio5 , cuja interpretao constitucional teria fora vinculante, o

    TCF continua sendo um tribunal para o qual valem todos os princpios constitucionais

    processuais, como o da persuaso motivada, o da imparcialidade e o da inrcia da atividade

    jurisdicional6 . Neste ponto, revelam-se, graas ao carter sui generis do TCF, problemas

    quanto aos limites formais e principalmente materiais da coisa julgada7 . Fala-se, tambm

    com tom crtico, que o TCF tem a pretenso de ser o senhor do processo8 , ou seja, de

    2 HILLGRUBER / COOS (2004: 4).3 Idem.4 Essa passagem, bastante citada na literatura especializada, faz parte da Status-Denkschrift (uma espcie de paperpublicado pelo TCF, onde ele revela o referido auto-entendimento) e foi publicada na Revista Anurio de DireitoPblico: JR 6 (1957), p. 144 et seq. Cf. a respeito: BENDA / KLEIN (2001: 45 s.). Nela, foram elencadas algumasconseqncias, hoje unanimemente derivadas dos dispositivos legais e constitucionais aplicveis: Os membros do TCF(mais sobre eles abaixo) no seriam funcionrios pblicos; para eles no valem, portanto, nem as leis gerais do funcionalismo,nem todos os dispositivos da Lei dos Juzes Alemes; no se submetem ao Ministrio da Justia, sendo nomeados,promovidos e aposentados pelo presidente do TCF. O tribunal tem plena autonomia oramentria, podendo apresentarsuas pretenses diretamente ao parlamento, a despeito da previso oramentria do governo federal, etc.5 Crtica exarada com toda conseqncia sobretudo por HILLGRUBER / COOS (2004: 5 et seq.), mas tambm, entreoutros, por SCHLAICH/ KORIOTH (2004: 23 et seq.), com o sugestivo ttulo de tpico rgo constitucional: um ttulopara a superao dos limites da atividade jurisdicional? (ibid.).6 Alguns autores como SCHLAICH/ KORIOTH (2004: 21 et seq.), enfatizam-no. Outros, como Hberle e Ebsen (cf. todasas referncias em SCHLAICH/ KORIOTH (2004: 27 s.), preferem encarar o TCF como uma espcie de rgo regulador: oTCF se transformaria em um medium de auto-regulao social. Como bem notado por SCHLAICH/ KORIOTH (2004:28), essa interpretao pluralista (Haltern) da jurisdio constitucional desconhece e sobrecarrega a instituio TCF.Tambm a caracterizao como Quarto Poder (Doehring e Roellecke) deve ser recusada.7 Cf. BENDA / KLEIN (2001: 75 et seq., 537 et seq., 550 et seq.). Cf. tambm no presente texto, abaixo, sob IV. 3. a).8 HILLGRUBER / COOS (2004: 9 s.), citando expressamente BVerfGE 13, 54 (94); 36, 342 (357) e 60, 175 (213),onde a pretenso foi expressa com toda a clareza.

    PARA ENTENDER A RESPONSABILIDADE E AUTORIDADE DO TCF...

    I

  • 3838383838

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    livre dispor, com base em seu regimento interno, dos diversos procedimentos. HILLGRUBER

    e GOOS lembram que, desde a deciso publicada em BVerfGE 60, 175 (213), o TCF se

    auto-intitula senhor do processo nos limites de vnculos legais9 . O problema seria que

    o TCF avoca para si especificamente a competncia de fechar lacunas deixadas pelos

    dispositivos processuais aplicveis da Grundgesetz, da Lei Orgnica (BVerfGG) e do seu

    Regimento Interno (GeschO). Ao contrrio do que acontece com o direito administrativo

    a partir do 173 VwGO, a ZPO [Cdigo de Processo Civil] no tem aplicao

    subsidiria10 . Tal problema foi bastante intensificado com a tese da autonomia do direito

    processual constitucional como um todo, ligada por Hberle aos seus conceitos de

    Constituio como processo pblico, Constituio do pluralismo ou at de sociedade

    aberta dos intrpretes constitucionais11 . Muito mais grave do que os eventuais problemas

    processuais que possam surgir com essas lacunas, a questo do relacionamento do TCF

    com o legislador. Antes de defini-lo, porm, h de se fixar, j nesse momento, que a um

    tal arcabouo normativo e assuno generosa de competncias para a defesa da

    Constituio, a despeito das crticas jurdicas e poltico-sociais que no cessam12 ,

    corresponde uma autoridade13 , derivada de sua, em geral, clara e consistente

    jurisprudncia. No raro foram os casos polmicos, alguns dos quais sero aqui

    apresentados. No obstante, o TCF pronunciou-se at aqui sobre quase todos os problemas

    hermenuticos que surgiram neste pouco mais de meio sculo de histria. E foi

    principalmente ativo quando a instncia poltica parecia querer lavar as mos,

    9 Ibid.10 Cf. a respeito: BENDA / KLEIN (2001: 75), que trabalham com o conceito de autonomia processual do TCF.11 Referncias em BENDA / KLEIN (2001: 78 s.).12 Cf., por exemplo, a imediata reao de parlamentares deciso sobre a execuo de mandado de priso europeu e aconseqente extradio negada pelo TCF em face do Art. 16 II GG. Cf. M. GEBAUER, Europischer Haftbefehl verstsstgegen das Grundgesetz, in: Spiegel Online, http://www.spiegel.de/panorama/0,1518,365623,00.html. Cf. a deciso 2BvR 2236/04 de 18/07/2005, publicada em http://www.bverfg.de/entscheidungen/rs20050718_2bvr223604.html(Europischer Haftbefehl)13 Vrios autores, incluindo os mais crticos, fazem questo de frisar essa autoridade, conquistada junto aos demaisrgos constitucionais, tribunais, cientistas do direito e, principalmente, aos cidados. Segundo os mais crticos, comoSCHLINK (1989: 161 et seq.), os professores de direito pblico se limitariam (o que segundo ele no se deveria saudar) acomentar e analisar as decises do TCF, prevendo tendncias. Para HILLGRUBER / COOS (2004: 19 s.), a autoridade sebaseia na dignidade do tribunal, conseguida graas sua distncia e carter sigiloso das sesses de julgamento (cf. abaixo:IV. 1.). SCHLAICH/ KORIOTH enxergam, pelo contrrio, algo bastante positivo nessa autoridade: fora normativa daConstituio e efetividade da proteo dos direitos fundamentais, uniformidade da jurisprudncia etc. Encerram, porm,sua obra intitulada justamente Bundesverfassungsgericht (TCF) citando (ibid., p. 384) a ex-presidente Jutta Limbach que,ao lado de render homenagens histria de sucesso do tribunal e destacar a relativamente grande confiana dos cidadosno TCF (popularidade bem acima dos demais rgos constitucionais), expressou a seguinte preocupao: No indica agrande e inabalvel confiana na jurisdio constitucional talvez uma desconfiana poltica em face da democracia?

    INTRODUO

  • 3939393939

    INTRODUO JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    transferindo questes polticas incmodas ao crivo do controle de constitucionalidade,

    antes mesmo de haver aperfeioado o momento eminentemente poltico da conformao

    legislativa14 .

    Assim, mesmo em um sistema parlamentarista de governo, como o alemo,

    muito se fala no relacionamento entre o legislador e o TCF, no somente no sentido de

    limitar o poder deste (de desconstituio do ato normativo) em face daquele, mas tambm

    devido aludida transferncia problemtica do nus da deciso eminentemente poltica

    para a esfera da competncia do tribunal, como forma de compensao de dficits de

    decises parlamentares pelo TCF15 . Neste contexto, fala-se no risco do Estado

    jurisdicional (Jurisdiktionsstaat)16 e da juridicizao da poltica (Verrechtlichung,

    Juridifizierung oder Justizialisierung der Politik)17 , um problema tpico de uma sociedade

    cujo sistema jurdico alcanou um tal grau de diferenciao (Ausdifferenzierung des

    Rechtssystems) que a ameaa aqui a hipertrofia sufocante do sistema jurdico sobre o

    sistema poltico e no o contrrio, como acontece em boa parte dos Estados

    contemporneos, mesmo em Estados desenvolvidos.

    A conseqncia talvez que o TCF tenha avocado, sim, muita responsabilidade

    para si, invadindo a esfera do legislador de uma forma positiva, ou seja, no por meio do

    tradicional instrumento da cassao, mas da criao de pautas positivas18 da atividade

    legiferante. Nesse caso, o TCF eventualmente extrapola sua funo constitucional, ainda

    que nem sempre por ato volitivo seu, mas, pelo contrrio, em face das mencionadas

    expectativas formadas pela autoridade auferida nesse meio sculo de existncia.

    14 o que ocorre quando nem a situao, nem a oposio querem assumir o nus poltico-eleitoral de uma mudanalegislativa impopular, mas necessria, como a legislao do direito de aposentadoria (cf. nota seguinte).15 Cf., entre outros, SCHLAICH / KORIOTH (2004: 379 s.). o que se observou nos ltimos anos, por exemplo, no casodo direito aposentadoria em face do controle baseado no parmetro do Art. 14 I GG.16 Um Estado onde os rumos sociais so definidos crucialmente pela instncia jurdica, devendo a instncia poltica selimitar a conformar aquilo que foi tradicionalmente, ou com base na autoridade moral (autoritativ), estabelecido pelainstncia jurdica.17 HILLGRUBER / COOS (2004: 18) vem a juridicizao da poltica fundada na aludida auto-desautorizao do legisla-tivo em face de decises polticas problemticas.18 Um caso extremo a segunda deciso sobre a constitucionalidade da criminalizao do aborto. Cf. BVerfGE 88,203 (Schwangerschaftsabbruch II) e abaixo: Deciso 24.

    PARA ENTENDER A RESPONSABILIDADE E AUTORIDADE DO TCF...

    I

  • 4040404040

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    II.FUNDAMENTOS PROCESSUAIS E ORGANIZACIONAIS

    1. Da competncia

    A competncia do TCF est definida, em termos gerais, no Art. 93 GG, cujo

    2 pargrafo (Art. 93 II GG) abriu a possibilidade do Tribunal Constitucional

    Federal decidir, alm disso, em casos tambm a ele confiados por lei federal. Outros

    dispositivos da Grundgesetz tambm definem competncias especficas de julgamento

    (sobretudo: Art. 100 I, Art. 100 II e 21 II GG). O 13 BVerfGG, sistematizou, em

    seus 15 nmeros, todos os procedimentos julgados pelo TCF, de tal sorte que os

    procedimentos so citados, em regra, com a combinao, entre outros, dos

    dispositivos dos Art. 21 II, 93, 100 I ou 100 II GG com um dos nmeros do 13

    BVerfGG. Assim, dos dispositivos em pauta resulta a competncia do TCF,

    principalmente, para os seguintes procedimentos:

    Controle Abstrato das Normas (Art. 93 I, n 2 e 2a GG c.c. 13, n 6 e 6a

    BVerfGG) [abstraktes Normkontrollverfahren]

    Controle Concreto das Normas (Art. 100 I GG c.c. 13, n 11 BVerfGG)

    [konkretes Normkontrollverfahren]

    Verificao Normativa (Normverifikationsverfahren)

    Reclamao Constitucional (Art. 93 I, n 4a GG c.c. 13, n 8a BVerfGG)

    [Verfassungsbeschwerde]

    Lides entre rgos Estatais (Organstreitverfahren)

    Litgio entre a Unio e os Estados-membros (Bund-Lnderstreitverfahren)

    Proibio de Partido Poltico (Parteiverbotsverfahren)

    Os trs primeiros procedimentos acima arrolados constituem-se em processo

    objetivo, ou seja, no h partes processuais propriamente ditas, ao passo que os trs

    ltimos desenvolvem-se na forma de processos contraditrios. A Reclamao

    Constitucional tem, neste ponto, carter sui generis: em suas duas modalidades

    (diretamente contra ato normativo ou contra deciso judicial), ela no se desenvolve

    contraditoriamente e no h que se falar em partes processuais propriamente ditas. Por

    outro lado, resiste-se idia de que ela seja mais um instrumento de controle objetivo da

    INTRODUO

  • 4141414141

    INTRODUO JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    constitucionalidade de normas19 , pois sua razo de ser residiria, segundo boa parte da

    literatura especializada, to somente na defesa dos direitos fundamentais do indivduo,

    sendo o controle normativo, por sua vez, s mais uma conseqncia do exame da

    constitucionalidade do ato do Poder Pblico em face de um direito fundamental, cuja

    violao seu titular afirma pela Reclamao Constitucional. Todavia, a tendncia da

    jurisprudncia do TCF a interpretao do 13, n 8a BVerfGG no sentido de aproveitar

    o ensejo oferecido por uma Reclamao Constitucional para realizar um controle objetivo

    da constitucionalidade das normas, de tal sorte que a grande quantidade de reclamaes

    constitucionais contribua decisivamente para o desenvolvimento do direito constitucional

    positivo20 .

    2. Da organizao e escolha dos juzes

    A organizao do TCF foi definida pelos Art. 94 e 1 et seq. BVerfGG.

    O TCF , como sua ex-presidente JUTTA LIMBACH certa vez formulou, um tribunal

    de gmeos (Zwillingsgericht)21 . constitudo por dois senados22 , cada qual com oito

    juzes ( 2 BVerfGG). Vale, neste contexto, o princpio senatorial (Senatsprinzip), ou

    seja: aquilo que um dos dois senados decidir vale como deciso do TCF. O Primeiro

    Senado decide, precipuamente, sobre direitos fundamentais. O Segundo Senado, por

    sua vez, decide, precipuamente, em matria de organizao estatal. No obstante, o

    Segundo Senado adquiriu nas ltimas dcadas algumas competncias do Primeiro Senado

    (para aliviar a sobrecarga do Primeiro Senado, sobretudo em matria de direito de asilo

    poltico, direito dos estrangeiros e direitos de cidadania). No caso de uma divergncia da

    jurisprudncia de um Senado em relao jurisprudncia do outro, o pleno decide ( 16

    I BVerfGG). Todavia, seguindo uma regra tica, os juzes cuidam de no comentar ou

    criticar em pblico decises do outro Senado23 . Alm dos Senados, existem cmaras

    (cada uma com trs juzes: 15a BVerfGG) periodicamente reconstitudas com juzes

    19 Entre os crticos, cf. sobretudo SCHLINK (1984: 89 et seq.).20 Cf. PESTALOZZA (1991: 164).21 Cf. LIMBACH (2001: 20).22 Preferiu-se, aqui, a traduo de Senat como Senado e no Turma ou mesmo Cmara, porque a estrutura eorganizao desses rgos jurisdicionais colegiados dos dois pases so bem diversas entre si. Cf. a respeito MARTINS(2004: 205 et seq.).23 LIMBACH (2000: 21).

    FUNDAMENTOS PROCESSUAIS E ORGANIZACIONAIS

    II

  • 4242424242

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    diferentes (uma espcie de sistema de rodzio), que podem decidir atualmente sozinhas

    (ao contrrio do que ocorria at os anos oitenta) sobre a admisso e, dados alguns

    pressupostos, at sobre o deferimento de uma Reclamao Constitucional ( 93b 1;

    93c 93d I e III BVerfGG).

    O processo de escolha das juzas e dos juzes do TCF bastante complexo. Quatro

    aspectos devem ser abaixo sucintamente apresentados:

    a) Pressupostos subjetivos: qualquer pessoa que possa ser eleita para a Cmara

    Federal (Bundestag) pode ser escolhida como juiz ou juza do TCF, se ela

    completou o 40 aniversrio e adquiriu a capacitao para a investidura

    de juiz por meio dos dois examina de Estado (concluso nica da

    formao jurdica na RFA). Alm disso, os/as candidato/as no podem

    pertencer nem Cmara Federal (Bundestag), nem ao Conselho (Senado)

    Federal (Bundesrat), ou ao Governo Federal ou a rgos correspondentes

    nos Estados-membros. Excetuando-se uma ctedra jurdica alem (ensino

    do direito em uma universidade alem), todas as demais atividades

    profissionais so incompatveis com a investidura de juiz do TCF ( 3

    BVerfGG).

    b) O tempo de investidura de doze anos. Uma reeleio no possvel. Com a

    concluso do 68 ano de vida, os juzes aposentam-se compulsoriamente

    ( 4 BVerfGG).

    c) Quanto qualificao objetiva (quotas) para ser juiz do TCF, note-se que trs

    juzes de cada Senado so escolhidos entre os juzes federais dos demais

    tribunais federais (Art. 94 I 1 GG, 2 III BVerfGG).

    d) No que tange ao processo de eleio, tem-se, em sntese, que a metade dos

    juzes escolhida pela Cmara Federal (Bundestag), sendo a outra metade

    pelo Conselho (Senado) Federal Bundesrat (Art. 94 I 2 GG, 5 I BVerfGG).

    A Lei Orgnica do TCF (BVerfGG) fixou para a eleio a necessidade de

    uma maioria qualificada de 2/3 nos dois grmios ( 6 V e 7 BVerfGG). A

    escolha do Conselho (Senado) Federal (Bundesrat) d-se no seu Pleno; a

    escolha da Cmara Federal (Bundestag) d-se de forma indireta por meio de

    comisso eletiva que se compe de doze deputados, os quais, por sua vez, so

    escolhidos pelo Pleno do Bundestag segundo as regras do sistema proporcional

    de eleio.

    INTRODUO

  • 4343434343

    INTRODUO JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    3. Do processo

    Preliminarmente, h de se lembrar, conforme j salientado, que grande parte do

    processo constitucional na Alemanha, movido exclusivamente junto ao TCF, tem carter

    objetivo e no necessariamente contraditrio.

    Isto posto, o sistema do controle concentrado conhece trs procedimentos centrais,

    que cobrem toda possibilidade de inconstitucionalidade cometida pelo Estado: o controle

    abstrato das normas, o seu controle concreto e a reclamao constitucional. Um quarto

    procedimento tpico de processo constitucional objetivo a verificao da

    constitucionalidade das normas, procedimento bastante coerente com o sistema

    concentrado alemo, que no tem nenhuma familiaridade com a bastante polmica no

    Brasil Ao Declaratria de Constitucionalidade, inserida na Constituio Federal

    brasileira pela EC 3/1993 (Art. 102, 2 CF), alterada pela ltima vez pela EC 45/2004.

    Porm, h de se lembrar que, alm de realizar o controle normativo, o TCF decide

    tambm sobre contenciosos constitucionais em sentido estrito (entre rgos

    constitucionais), defesa da Constituio e, no mais, sobre outras matrias de difcil

    classificao, como a reclamao eleitoral ou procedimento de exame de uma eleio e a

    apresentao de divergncia24 .

    a) Objeto e parmetro de deciso nos processos

    de controle de constitucionalidade

    O controle da constitucionalidade recai sobre um ato do poder pblico lato sensu,

    ou seja, ato de um rgo estatal, titular de uma das trs funes estatais por excelncia: da

    legiferante, executivo-administrativa ou jurisdicional. Objeto material (Prfungsgegenstand)

    imediato so, em regra, o ato administrativo executrio e as eventuais decises judiciais

    que o confirmaram. A norma infraconstitucional que o embasou ter tambm sua

    constitucionalidade sempre questionada. Como a possibilidade de os titulares de direitos

    e garantias fundamentais ensejarem o procedimento da Reclamao Constitucional

    j em sede preliminar (requisito de sua admissibilidade), em regra (h, como se ver,

    uma exceo) limitada pela necessidade do anterior esgotamento da via judicial ordinria,

    24 Cf. a sistematizao de BENDA / KLEIN (2001: 145 s.).

    FUNDAMENTOS PROCESSUAIS E ORGANIZACIONAIS

    II

  • 4444444444

    CINQENTA ANOS DE JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    revelando seu carter subsidirio, torna-se primordial a tarefa de se fixar precisamente o

    objeto (imediato) do exame. Este, portanto, poder ser:

    Somente o ato normativo (Controle Abstrato, Controle Concreto,

    Reclamao Constitucional Direta contra Ato Normativo);

    O ato administrativo e o ato normativo que o embasaramou, alm de eventuais

    decises judiciais que os corroboraram (Reclamao Constitucional contra

    deciso judicial);

    Somente a interpretao e aplicao de norma que em si em tese ou

    abstratamente considerada no inconstitucional por deciso judicial

    (Reclamao Constitucional contra deciso judicial).

    O segundo elemento crucial a ser definido antes do incio do exame a fixao do

    parmetro do controle (Prfungsmastab), entendido como tal o dispositivo constitucional

    potencialmente violado pelo ato objeto do exame. claro que pode haver mais de um

    parmetro do controle, quando forem mais de um os dispositivos potencialmente violados.

    A literatura constitucional alem enfatiza essa determinao do parmetro no

    somente em face de sua bvia necessidade para a aferio de uma inconstitucionalidade

    (o ato inconstitucional em face de, ou fere, qual/quais norma/s constitucional/is?), mas

    tambm em face do fenmeno da concorrncia normativa, o qual no deve ser confundido

    com o problema da coliso normativa. Uma concorrncia estar presente quando mais

    de uma norma disciplinar o mesmo caso25 . Em se tratando da (freqente) concorrncia

    de direitos fundamentais, o mesmo titular pode se valer de mais de um direito fundamental

    para resistir a uma interveno estatal em sua liberdade ou para fazer valer, concretamente,

    o direito a uma prestao estatal. A concorrncia pode ser, segundo a lio de STERN26 ,

    muito citada neste contexto, ideal (na acepo de real tpica) ou aparente. A concorrncia

    aparente ser aquela que se dirime sobretudo pela regra lex specialis derrogat lex generalis,

    ou seja, o direito fundamental que, em face da matria julgada, for mais especfico afastar

    a aplicao do direito fundamental mais genrico como parmetro do exame.

    No mais, a fixao do parmetro relevante para o juzo de admissibilidade da

    Reclamao Constitucional, pois nele se perquire, preliminarmente, se uma violao a

    um dispositivo especfico , em tese, possvel. Ao realizar esse exame preliminar, o operador

    25 Cf. por exemplo STERN: (1994: 1365 et seq.).26 Ibid.

    INTRODUO

  • 4545454545

    INTRODUO JURISPRUDNCIA DOTRIBUNAL CONSTITUCIONAL FEDERAL ALEMO

    do direito encontra, no raro, principalmente porque os mbitos ou reas da liberdade

    individual protegidos se intersecionam, vrios dispositivos constitucionais que viriam

    pauta. Cabe a ele, portanto, j na fase preliminar, esclarecer se se trata de uma concorrncia

    ideal ou meramente aparente, habilitando para o exame de mrito somente o parmetro

    especfico, no caso da concorrncia aparente, ou ambos os parmetros, no caso da

    concorrncia ideal. Em se tratando de uma concorrncia ideal, a interveno estatal dever

    tambm, e principalmente, ser justificada em face do direito fundamental com uma

    proteo eventualmente mais intensa (caso dos direitos fundamentais sem reserva ou

    outorgados sem limites especficos)27 .

    b) Processo de controle abstrato das normas

    (abstraktes Normenkontrollverfahren)

    A funo do controle abstrato das normas expurgar do ordenamento jurdico a

    norma inconstitucional antes que surja um conflito interindividual e/ou social que a

    concretize, ou seja, que seja por ela regido, exigindo sua aplicao. Fala-se, destarte,

    unanimemente em integridade do ordenamento jurdico e proteo da supremacia da

    Constituio e da superior