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E L James Cinquenta tons de cinza

Cinquenta tons de Cinza

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trecho de Cinquenta tons de Cinza

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  • E L James

    Cinquentatons de

    cinza

    Cinquenta tons de cinza

    E L James

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  • Cinquenta tons de cinza

    e l james

    traduo de adalgisa campos da silva

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  • s o b r e a au to r a

    E L James uma executiva casada e com dois filhos, radicada na zona oeste de Londres. Desde pequena, sonhava em escrever histrias que apaixonas-sem os leitores, mas adiou esses sonhos para se concentrar na famlia e na carreira. Finalmente arranjou coragem para pr no papel seu primeiro ro-mance, Cinquenta Tons de Grey.

    E L James est trabalhando agora na sequncia de Cinquenta Tons de Grey e num novo thriller romntico com um enfoque sobrenatural.

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  • ag r a d e c i m e n to s

    Por toda a ajuda e o apoio, sou grata s seguintes pessoas:A meu marido, Niall. Obrigada por tolerar minha obsesso, por ser um deus

    domstico e por fazer a primeira reviso.A minha chefe, Lisa. Obrigada por me aturar neste ltimo ano, enquanto eu

    me entregava a esta loucura.A CCL. Nunca vou contar, mas obrigada.s bunker babes originais. Obrigada pela amizade e pelo apoio permanente.A SR. Obrigada por todos os conselhos prticos desde o incio.A Sue Malone. Obrigada pela ajuda.A Amanda e a todas as TWCS. obrigada pela aposta.

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  • ca p t u l o um

    Encaro a mim mesma no espelho, frustrada. Maldito cabelo, que simplesmen-te no obedece, e maldita Katherine Kavanagh que resolveu ficar doente e me submeter a essa tortura. Eu deveria estar estudando para as provas finais, que so daqui a uma semana, mas estou tentando amansar meu cabelo com a esco-va. No devo dormir com ele molhado. No devo dormir com ele molhado. Reci-tando vrias vezes esse mantra, tento, mais uma vez, escov-lo at dom-lo. Reviro os olhos exasperada e fito a garota plida de cabelo castanho e olhos azuis grandes demais para o seu rosto olhando para mim e desisto. Minha ni-ca opo prender o cabelo rebelde num rabo de cavalo e esperar que eu fique mais ou menos apresentvel.

    Kate garota com quem divido a casa, e escolheu logo hoje para ser vencida pela gripe. Portanto, no pode fazer a entrevista que conseguiu, com um me-gamagnata industrial de quem nunca ouvi falar, para o jornal da faculdade. Ento ela me convocou como voluntria. Preciso meter a cara para as provas finais, tenho um ensaio para terminar, e devia ir trabalhar hoje tarde, mas no: vou dirigir duzentos e setenta quilmetros at o centro de Seattle para encontrar o enigmtico CEO da Grey Enterprises Holdings, Inc. Como em-presrio excepcional e principal benemrito de nossa universidade, seu tempo extraordinariamente precioso muito mais precioso que o meu , mas ele concedeu uma entrevista a Kate. Uma grande conquista, diz ela. Malditas ati-vidades extracurriculares de Kate.

    Kate est encolhida no sof da sala. Ana, me desculpe. Levei nove meses para conseguir essa entrevista. Vou

    levar mais seis para remarcar, e a essa altura ns duas j estaremos formadas. Como editora, no posso cancelar tudo. Por favor Kate implora, com a voz rouca por causa da dor de garganta.

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    Como ela faz isso? Mesmo doente, est graciosa e muito bonita, o cabelo louro--avermelhado no lugar e os olhos verdes luminosos, apesar de um pouco conges-tionados e lacrimejantes Ignoro meu inoportuno sentimento de solidariedade.

    Claro que vou, Kate. E voc deve voltar para a cama. Quer um NyQuil? Ou um Tylenol?

    Um NyQuil, por favor. Aqui esto as perguntas e o meu gravador. Basta apertar aqui. Tome notas, que transcreverei tudo.

    Eu no sei nada sobre ele murmuro, tentando em vo conter o pnico crescente.

    As perguntas vo ajudar voc. V. A viagem longa. No quero que se atrase.

    Tudo bem. Estou indo. Volte para a cama. Fiz uma sopa para voc es-quentar mais tarde. Olho para ela com carinho. S por voc, Kate, eu faria isso

    Vou esquentar. Boa sorte. E obrigada, Ana, como sempre voc a minha salva-vidas.

    Pego minha mochila, lano-lhe um sorriso irnico e depois saio para pegar o carro. No posso acreditar que Kate me convenceu a fazer isso. Mas Kate consegue convencer qualquer um a fazer qualquer coisa. Ela vai ser uma jor-nalista excepcional. Sabe se expressar, forte, persuasiva, sabe argumentar bem, bonita e minha melhor e mais querida amiga.

    As ruas esto vazias quando saio de Vancouver, Washington, em direo Rodo-via Interestadual 5. cedo, e no preciso estar em Seattle antes das duas da tarde. Felizmente, Kate me emprestou a sua Mercedes esportiva CLK. No sei bem se com Wanda, meu fusca velho, eu chegaria a tempo. Ah, a Mercedes gostosa de dirigir, e os quilmetros deslizam medida que piso fundo no acelerador.

    Meu destino a sede da empresa global do Sr. Grey. Trata-se de um prdio comercial de vinte andares, todo feito de vidro e ao, um desses projetos arqui-tetnicos excntricos, com o nome grey house escrito discretamente em ao em cima das portas de vidro da entrada. So quinze para as duas quando chego e, com grande alvio por no estar atrasada, entro no saguo imenso e, para ser sincera, intimidante todo de vidro, ao e arenito.

    Atrs da mesa macia de arenito, uma jovem loura muito atraente e bem--vestida sorri para mim com simpatia. Est vestida com o mais elegante conjun-to de terninho cinza e camisa branca que j vi. Parece imaculada.

    Estou aqui para falar com o Sr. Grey. Anastasia Steele da parte de Kathe-rine Kavanagh.

    Um momento, Srta. Steele.

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    Ela ergue a sobrancelha ligeiramente enquanto fico parada sem jeito sua frente. Comeo a desejar ter pedido emprestado um dos blazers formais de Kate em vez de ter vindo com a minha jaqueta azul-marinho. Fiz um esforo, e botei minha nica saia, minhas botas at o joelho e um suter azul. Para mim, estou bem elegante. Ponho para trs da orelha uma das mechas fugitivas do meu cabelo fingindo que ela no me intimida.

    A Srta. Kavanagh est sendo esperada. Assine aqui, por favor, Srta. Stee-le. o ltimo elevador direita, vigsimo andar. Ela sorri gentilmente para mim, sem dvida se divertindo, enquanto assino.

    Ela me entrega um crach com a palavra visitante estampada com firme-za na frente. No consigo conter o meu sorrisinho. Est na cara que s estou de visita. No me encaixo aqui de jeito nenhum. Nada muda, suspiro internamen-te. Agradecendo-lhe, vou at os elevadores passando por dois seguranas, am-bos muito mais bem-vestidos que eu com seus ternos pretos bem-cortados.

    O elevador me leva zunindo, em alta velocidade, para o vigsimo andar. As portas se abrem e estou em outro amplo saguo novamente de vidro, ao e arenito branco. Deparo com outra mesa de arenito e outra jovem loura, dessa vez impecavelmente vestida de preto e branco, que se levanta para me receber.

    Srta. Steele, poderia aguardar aqui, por favor? diz, apontando para uma rea de espera com cadeiras de couro brancas.

    Atrs das cadeiras brancas, h uma espaosa sala de reunies de paredes de vidro com uma mesa igualmente espaosa de madeira escura tendo ao redor pelo menos vinte cadeiras iguais. Alm da mesa, h uma janela que vai do piso ao teto com vista para a cidade de Seattle. uma paisagem incrvel, e fico momentaneamente paralisada com essa vista. Uau!

    Sento-me, pesco as perguntas na mochila, e as leio, xingando Kate mental-mente por no ter me fornecido uma breve biografia. No sei nada sobre o homem que estou prestes a entrevistar. Ele poderia ter noventa anos ou trinta. A incerteza mortificante, e fico de novo com os nervos flor da pele, o que me deixa agitada. Nunca me senti vontade com entrevistas cara a cara, pre-ferindo o anonimato de uma discusso em grupo onde posso me sentar des-percebida no fundo da sala. Para ser franca, prefiro ficar sozinha, lendo um romance britnico clssico, encolhida numa cadeira na biblioteca do campus. No toda contrada de nervoso sentada num prdio colossal de vidro e pedra.

    Reviro os olhos para mim mesma. Controle-se, Steele. A julgar pelo pr-dio, que assptico e moderno demais, acho que Grey est na faixa dos quarenta: forte, bronzeado e tem cabelo claro, para combinar com o restante dos funcionrios.

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    Outra loura elegante e bem-vestida sai de uma grande porta direita. Qual a de todas essas louras impecveis? Parece que estou em Stepford. Respirando fundo, eu me levanto.

    Srta. Steele? chama a loura mais recente. Sim grasno, e pigarreio. Sim. Pronto, esse soa mais seguro. O Sr. Grey j vai falar com a senhorita. Posso guardar sua jaqueta? Ah, por favor. Tiro a jaqueta com dificuldade. J lhe ofereceram algo para beber? Hum, no. Ai meu Deus, ser que a Loura Nmero Dois est ferrada?A Loura Nmero Trs fecha a cara e olha para a jovem mesa. Gostaria de ch, caf, gua? pergunta, voltando novamente a ateno

    para mim. Um copo dgua. Obrigada murmuro. Olivia, v buscar um copo dgua para a Srta. Steele, por favor.Sua voz severa. Olivia se levanta depressa e corre para uma porta do outro

    lado do saguo. Peo desculpas, Srta. Steele, Olivia nossa nova estagiria. Sente-se por

    favor. O Sr. Grey a atender em cinco minutos.Olivia volta com um copo de gua com gelo. Aqui est, Srta. Steele. Obrigada.A Loura Nmero Trs vai marchando at a grande mesa, o clique dos saltos

    no cho de arenito ecoando no ambiente. Ela se senta e ambas continuam seu trabalho.

    Vai ver o Sr. Grey insiste em s ter funcionrias louras. Estou me perguntan-do se isso legal, quando a porta do escritrio se abre e um afro-americano alto, bem-vestido e atraente, com rastafris curtos, sai l de dentro. Definitivamente, escolhi a roupa errada.

    Ele se volta para a porta e diz para o lado de dentro. Golfe esta semana, Grey?No escuto a resposta. Ele se vira, me v e sorri, os olhos escuros franzindo

    nos cantos. Olivia j se levantou e chamou o elevador. Ela parece ser especia-lista em se levantar de um pulo. Est mais nervosa que eu!

    Boa tarde, senhoras diz ele ao entrar no elevador. O Sr. Grey vai receb-la agora, Srta. Steele. Pode entrar diz a Loura

    Nmero Trs. Estou parada bastante trmula tentando controlar os nervos. Pego a mochila, abandono meu copo dgua e me encaminho para a porta entreaberta.

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    No precisa bater, basta entrar. Ela sorri com simpatia.Empurro a porta, tropeo nos meus prprios ps e caio estatelada no escritrio.Merda: eu e meus dois ps esquerdos! Caio de quatro no vo da porta da

    sala do Sr. Grey, e mos delicadas me envolvem, ajudando-me a me levantar. Que vergonha, que droga de falta de jeito! Tenho que me armar de coragem para erguer os olhos. Caramba... ele muito jovem.

    Srta. Kavanagh. Ele me estende uma mo de dedos longos quando j estou em p. Sou Christian Grey. A senhorita est bem? Gostaria de se sentar?

    Muito jovem. E atraente, muito atraente. alto, est vestido com um belo ter-no cinza, camisa branca, e gravata preta, tem o cabelo revolto acobreado, e olhos cinzentos vivos que me olham com astcia. Custo um pouco a conseguir falar.

    Hum. Na verdade... murmuro.Se esse cara tiver mais de trinta anos, eu sou mico de circo. Aturdida, coloco

    minha mo na dele e nos cumprimentamos. Quando nossos dedos se tocam, sinto um arrepio excitante me percorrer. Retiro a mo apressadamente, enver-gonhada. Deve ser eletricidade esttica. Pisco depressa, pestanejando no ritmo da minha pulsao.

    A Srta. Kavanagh est indisposta, e me mandou no lugar dela. Espero que no se importe, Sr. Grey.

    E o seu nome ?A voz dele quente, possivelmente divertida, mas difcil dizer por sua ex-

    presso impassvel. Ele parece ligeiramente interessado, mas acima de tudo educado.

    Anastasia Steele. Estudo Literatura Inglesa com Kate, hum, Katherine... hum... a Srta. Kavanagh, na WSU em Vancouver.

    Entendi diz ele simplesmente.Acho que vejo a sombra de um sorriso em sua expresso, mas no tenho

    certeza. Quer se sentar?Ele me indica um sof de couro branco em L.A sala grande demais para uma pessoa s. Na frente dos janeles que vo

    do piso ao teto, h uma enorme mesa moderna de madeira escura, ao redor da qual seis pessoas poderiam comer com conforto. Ela combina com a mesinha de apoio ao lado do sof. Todo o resto branco teto, cho e paredes , a no ser a parede ao lado da porta, onde h um mosaico formado por pequenas pin-turas, trinta e seis quadrinhos, formando um quadrado. So excepcionais: uma srie de objetos corriqueiros pintados com detalhes to precisos que parecem fotografias. Dispostos juntos, so de tirar o flego.

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    Um artista local. Trouton diz Grey ao cruzar com o meu olhar. So lindos. Tornam extraordinrio um objeto comum murmuro, dis-

    trada com ele e com os quadros. Ele inclina a cabea e me olha com ateno. Concordo plenamente, Srta. Steele retruca ele, em voz baixa e, por

    alguma razo inexplicvel, me pego corando. parte os quadros, o restante da sala frio, limpo e assptico. Pergunto-

    -me se reflete a personalidade do Adnis que afunda graciosamente numa das poltronas brancas de couro minha frente. Balano a cabea, perturbada com o rumo dos meus pensamentos, e retiro as perguntas de Kate da mochi-la. Em seguida, configuro o gravador digital canhestramente, deixando-o cair duas vezes na mesa de centro diante de mim. O Sr. Grey no diz nada, aguardando com pacincia espero enquanto fico cada vez mais sem jeito e nervosa. Quando arranjo coragem para olhar para ele, ele est me observando, uma das mos relaxadas no colo e a outra segurando o queixo, passando o esguio dedo mdio nos lbios. Acho que ele est tentando conter um sorriso.

    Desculpe gaguejo. No estou acostumada com isso. No tenha pressa, Srta. Steele diz ele. O senhor se incomoda de eu gravar a entrevista? Depois de ter feito tanto esforo para configurar o gravador, agora que

    me pergunta?Enrubeso. Ele est me provocando? Acho que sim. Pisco para ele, sem sa-

    ber bem o que dizer, e acho que ele fica com pena de mim porque cede. No, no me importo. Kate, quero dizer, a Srta. Kavanagh, explicou para o que era a entrevista? Sim. Para sair na edio de formatura do jornal da faculdade, j que eu

    vou entregar os diplomas na cerimnia de graduao deste ano.Ah! Isso novidade para mim, e fico temporariamente preocupada com a

    ideia de que uma pessoa no muito mais velha que eu tudo bem, talvez mais ou menos uns seis anos, e tudo bem, muitssimo bem-sucedida, mas mesmo assim vai me entregar o meu diploma. Franzo as sobrancelhas, arrastando a minha ateno rebelde para a tarefa em questo.

    timo engulo em seco. Tenho algumas perguntas, Sr. Grey. Passo uma mecha de cabelo desgarrada para atrs da orelha.

    Achei que poderia ter diz ele, inexpressivo. Est rindo de mim. Mi-nhas bochechas ficam vermelhas e, quando me dou conta, empertigo-me na cadeira e estico as costas tentando parecer mais alta e mais intimidadora. Aper-tando o boto do gravador, tento parecer profissional.

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    O senhor muito jovem para ter construdo um imprio deste porte. A que deve seu sucesso? Olho para ele. Seu sorriso enternecedor, mas ele parece vagamente desapontado.

    Os negcios tm a ver com pessoas, Srta. Steele, e sou muito bom em avaliar pessoas. Sei como elas funcionam, o que as faz florescer, o que no faz, o que as inspira e como incentiv-las. Emprego uma equipe excepcional, e re-compenso-a bem. Ele faz uma pausa e me fita com aqueles olhos cinzentos. Acredito que, para alcanar o sucesso em qualquer projeto, preciso domi-n-lo, entend-lo por completo, conhecer cada detalhe. Trabalho muito duro para isso. Tomo decises com base na lgica e nos fatos. Tenho um instinto natural capaz de detectar e promover uma boa ideia, e boas pessoas. No fim, o fator preponderante sempre se resume a pessoas competentes.

    Quem sabe o senhor simplesmente tenha sorte.Isso no est na lista de Kate, mas ele muito arrogante. Uma expresso de

    surpresa brilha rapidamente em seus olhos. No acredito em sorte ou acaso, Srta. Steele. Quanto mais eu trabalho,

    mais sorte pareo ter. A questo realmente contar com as pessoas certas na sua equipe e saber direcionar a energia delas. Acho que foi Harvey Firestone que disse: O crescimento e o desenvolvimento das pessoas a maior ambio da liderana.

    O senhor fala como um fantico por controle. As palavras saem da minha boca antes que eu possa impedi-las.

    Ah, eu controlo tudo, Srta. Steele diz ele sem nenhum vestgio de humor no sorriso.

    Olho para ele, e ele sustenta o meu olhar, impassvel. Meu corao bate mais depressa, e o meu rosto torna a corar.

    Por que ele me deixa to nervosa? Ser pela impressionante aparncia fsica? Pelo olhar inflamado que dirige a mim? Pelo jeito de passar o dedo no lbio inferior? Queria que ele parasse de fazer isso.

    Alm do mais, possvel conquistar um imenso poder quando nos con-vencemos, em nossos devaneios mais secretos, de que nascemos para controlar prossegue ele, com a voz macia.

    Acha que possui um imenso poder? Fantico por controle. Emprego mais de quarenta mil pessoas, Srta. Steele. Isso me d certo sen-

    so de responsabilidade, ou poder, se quiser chamar assim. Se eu decidisse no me interessar mais por telecomunicaes e vendesse minha empresa, em um ms, mais ou menos, vinte mil pessoas teriam dificuldade para pagar suas hipotecas.

    Meu queixo cai. Estou estarrecida com sua falta de humildade.

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    O senhor no tem uma diretoria qual precise responder? pergunto, enojada.

    A empresa minha. No tenho que responder a uma diretoria. Ele ergue uma sobrancelha para mim. claro que eu saberia disso se tivesse feito alguma pesquisa. Mas, cacete, ele muito arrogante. Mudo de enfoque.

    E tem algum interesse fora o seu trabalho? Tenho interesses variados, Srta. Steele. A sombra de um sorriso toca

    seus lbios. Muito variados.E, por alguma razo, fico confusa e excitada com seu olhar constante. Seus

    olhos esto iluminados por algum pensamento perverso. Mas se trabalha tanto, o que faz para relaxar? Relaxar? Ele sorri, revelando dentes brancos perfeitos. Paro de respi-

    rar. Ele mesmo bonito. Ningum devia ser to atraente. Bem, para rela-xar como voc diz, eu velejo, voo, me entrego a vrias atividades fsicas. Ele se mexe na cadeira. Sou um homem muito rico, Srta. Steele, e tenho hob-bies caros e apaixonantes.

    Dou uma rpida olhada nas perguntas de Kate, desejando mudar de assunto. O senhor investe em manufaturas. Por que, especificamente? pergun-

    to Por que ele me deixa to desconfortvel? Gosto de construir coisas. Gosto de saber como as coisas funcionam: o

    que faz com que funcionem, como constru-las e desconstru-las. E tenho ado-rao por navios. O que posso dizer?

    Parece que o seu corao falando e no a lgica e os fatos.Ele repuxa o canto da boca, e me avalia com o olhar. possvel. Embora muitas pessoas digam que eu no tenho corao. Por que diriam isso? Porque me conhecem bem. Ele d um sorriso irnico. Seus amigos diriam que fcil conhec-lo? E me arrependo da per-

    gunta to logo a fao. No est na lista de Kate. Sou uma pessoa muito fechada, Sra. Steele. Esforo-me muito para pro-

    teger minha privacidade. No dou muitas entrevistas... Por que concordou em dar esta? Porque sou benemrito da universidade, e, em termos prticos, no con-

    segui me livrar da Srta. Kavanagh. Ela no parou de importunar o meu pessoal de relaes-pblicas, e eu admiro esse tipo de tenacidade.

    Eu sei quo tenaz Kate pode ser. Por isso estou sentada aqui me contorcen-do desconfortavelmente sob o olhar penetrante deste homem, quando deveria estar estudando para as provas.

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    O senhor tambm investe em tecnologias agrcolas. Por que se interessa por essa rea?

    No podemos comer dinheiro, Srta. Steele, e h muita gente neste pla-neta que no tem o que comer.

    Essa justificativa soa muito filantrpica. algo que o torna passional? Alimentar os pobres do mundo?

    Ele d de ombros, muito evasivo. um negcio inteligente murmura, embora eu ache que est sendo

    pouco sincero.No faz sentido, alimentar os pobres do mundo? No vejo os benefcios fi-

    nanceiros disso, s a virtude do ideal. Dou uma olhada na pergunta seguinte, confusa com a atitude dele.

    O senhor tem uma filosofia? Caso tenha, qual ? No tenho uma filosofia propriamente dita. Talvez alguns princpios

    orientadores. Como diz Carnegie: O homem que adquire a habilidade de to-mar posse completa de sua prpria mente, pode tomar posse de qualquer coisa a que tenha direito. Sou muito singular, ambicioso. Gosto de controlar, a mim e a quem me cerca.

    Ento gosta de possuir coisas? Voc um fantico por controle. Quero merecer possu-las, mas sim, em resumo, eu gosto. O senhor parece ser um consumidor voraz. Eu sou. Ele sorri, mas o sorriso no chega em seus olhos.De novo, isso no bate com algum que quer alimentar o mundo, ento no

    posso deixar de pensar que estamos falando de outra coisa, mas estou absoluta-mente perplexa quanto ao que . Engulo em seco. A temperatura da sala est subindo, ou talvez seja s a minha. Quero que esta entrevista acabe. Com cer-teza Kate j tem material suficiente. Olho a pergunta seguinte.

    O senhor foi adotado. At que ponto acha que isso moldou sua maneira de ser? Nossa, isso muito pessoal. Olho para ele, torcendo para que no tenha se ofendido. Ele tem o olhar sombrio.

    No tenho como saber.Meu interesse aumenta. Quantos anos tinha quando foi adotado? Isso assunto de domnio pblico, Srta. Steele. Seu tom severo.Coro mais uma vez. Droga. Sim, claro, se eu soubesse que iria fazer esta

    entrevista, teria pesquisado um pouco. Perturbada, prossigo depressa. O senhor teve que sacrificar a vida familiar por causa do seu trabalho. Isso no uma pergunta afirma ele, contido.

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    Peo desculpas digo, esquiva. Ele me faz parecer uma criana erran-te. Tento de novo: O senhor teve que sacrificar a vida familiar por causa do seu trabalho?

    Eu tenho famlia. Tenho um irmo e uma irm e pais amorosos. No tenho interesse em expandir minha famlia alm deste ponto.

    O senhor gay, Sr. Grey?Ele respira fundo, e eu me encolho, mortificada. Droga. Por que no no

    consigo filtrar de alguma forma o que leio? Como posso dizer a ele que estou apenas lendo as perguntas. Maldita Kate e sua curiosidade!

    No, Anastasia, no sou. Ele ergue as sobrancelhas, um brilho frio nos olhos. No parece satisfeito.

    Peo desculpas. Est... hum... escrito aqui.Foi a primeira vez que ele disse o meu nome. Minha pulsao se acelerou,

    e minhas bochechas esto esquentando de novo. Nervosa, prendo meu cabelo desgarrado atrs da orelha.

    Ele inclina a cabea. Essas perguntas no so suas?O sangue se esvai do meu crebro. Hum... no. Kate... A Srta. Kavanagh. ela compilou as perguntas. Vocs so colegas no jornal dos alunos?Ah, no. No tenho nada a ver com o jornal dos alunos. Essa uma ativida-

    de extracurricular de Kate,e no minha. Meu rosto est em brasa. No. Eu moro com ela.Ele esfrega o queixo com calma e deliberao, os olhos cinzentos me

    avaliando. Voc se ofereceu para fazer esta entrevista? pergunta, a voz mortal-

    mente calma.Espere a, quem deve estar entrevistando quem? Os olhos dele me quei-

    mam, e sou compelida a responder com a verdade. Fui convocada. Ela no est bem falo com voz fraca de quem se

    desculpa. Isso explica muita coisa.Ouve-se uma batida na porta, e a Loura Nmero Trs entra. Sr. Grey, desculpe interromper, mas a prxima reunio em dois minutos. Ainda no terminamos aqui, Andrea. Por favor, cancele a prxima reunio.Andrea hesita, olhando-o boquiaberta. Parece perdida. Ele vira a cabea

    devagar para encar-la e ergue as sobrancelhas. Ela fica toda cor-de-rosa. Que bom. No sou s eu.

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    Tudo bem, Sr. Grey murmura ela, e sai.Ele franze as sobrancelhas e volta a ateno para mim. Onde estvamos, Srta. Steele?Ah, agora voltamos a Srta. Steele. Por favor, no deixe que eu lhe esconda nada. Quero saber sobre voc.

    Acho que muito justo. Os olhos cinzentos dele esto acesos de curiosidade.Merda. Aonde ele vai com isso? Ele pe os cotovelos nos braos da cadeira e er-

    gue os dedos na frente da boca. Sua boca causa muita... distrao. Engulo em seco. No h muito o que saber digo, corando de novo. Quais so seus planos para depois que se formar?Dou de ombros, desconcertada com o interesse dele. Vir para Seattle com

    Kate, encontrar um trabalho. No pensei muito para alm das provas finais. No fiz meus planos, Sr. Grey. S preciso passar nas provas finais.

    Para as quais eu deveria estar estudando agora, em vez de estar sentada em sua sala palaciana, pomposa e assptica, sentindo-me desconfortvel com o seu olhar penetrante.

    Temos um excelente programa de estgios aqui diz ele calmamente.Ergo as sobrancelhas surpresa. Ser que ele est me oferecendo um emprego? Ah. Vou me lembrar disso murmuro, completamente confusa.

    Apesar de no ter certeza de que me encaixaria aqui. Ah, no. Estou pensan-do alto de novo.

    Por que diz isso? Ele inclina a cabea, intrigado, um esboo de sorriso brincando em seus lbios.

    bvio, no ? Sou descoordenada, malvestida, e no sou loura. No para mim murmura ele. Seu olhar intenso, agora desprovido de

    humor, e msculos estranhos dentro da minha barriga de repente se contraem. Afasto a vista de seu olhar examinador e encaro cegamente os meus dedos en-trelaados. O que est havendo? Tenho que ir. Agora. Inclino-me para a frente a fim de pegar o gravador.

    Gostaria que eu a levasse para conhecer a empresa? pergunta ele. Tenho certeza de que o senhor ocupado demais, Sr. Grey, e tenho uma

    longa viagem pela frente. Vai voltar dirigindo para Vancouver? Ele parece surpreso, at ansioso.

    Olha pela janela. Comeou a chover. Bem, seria melhor dirigir com cuida-do. Seu tom de voz severo, autoritrio. Por que deveria se interessar? Conseguiu tudo que precisava? acrescenta.

    Sim, senhor respondo, guardando o gravador na mochila. Seus olhos se estreitam especulativamente.

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    Obrigada pela entrevista, Sr. Grey. O prazer foi meu diz ele, educado como sempre.Quando me levanto, ele fica de p e estende a mo. At a prxima, Srta. Steele. E a frase soa como um desafio, ou uma

    ameaa, no sei bem o qu.Franzo as sobrancelhas. Quando nos veramos de novo? Aperto a mo dele

    mais uma vez, impressionada com o fato de aquela corrente estranha entre ns continuar presente. Devem ser os meus nervos.

    Sr. Grey. Fao um cumprimento de cabea para ele. Encaminhando--se com gil graa atltica para a porta, ele a abre completamente.

    S estou garantindo que passe pela porta, Srta. Steele. Ele me d um sorrisinho. bvio que est se referido minha entrada nada elegante em sua sala. Fico corada.

    muita considerao sua, Sr. Grey digo secamente, e seu sorriso aumenta.

    Ainda bem que me acha divertida. Faa uma cara feia por dentro, enquanto sigo para o saguo. Fico surpresa quando ele vem atrs de mim. Andrea e Oli-via olham igualmente surpresas.

    A senhora veio de casaco? pergunta Grey. Sim.Olivia levanta-se de um salto e pega a minha jaqueta, que Grey toma de sua

    mo antes que ela possa entreg-la a mim. Ele a segura e, sentindo-me ridcula e sem jeito, visto-a. Grey pe as mos por um momento em meus ombros. Su-primo um grito ao sentir o contato. Se ele notou a minha reao, no deu bola. Seu comprido dedo indicador aperta o boto chamando o elevador, e ficamos parados esperando: eu, constrangida; ele, tranquilo e senhor de si. As portas se abrem, e entro correndo, desesperada para fugir dali. Eu realmente preciso dar o fora daqui. Quando olho para ele, ele est encostado no vo da porta ao lado do elevador com uma das mos na parede. realmente muito, muito bonito. enervante.

    Anastasia diz ele se despedindo. Christian respondo. E, felizmente, as portas se fecham

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  • E L James

    Cinquentatons de

    cinza

    E L James

    Cinquenta tons de cinza

    Romntica, libertadora e totalmente viciante, uma histria que vai dominar

    sua ateno at a ltima linha.Quando a estudante de literatura Anastasia Steele entrevista o jovem bilionrio Christian Grey, descobre nele um homem

    atraente, brilhante e profundamente dominador. Ingnua e inocente, Ana se surpreende ao perceber que o deseja e que, a despeito da

    enigmtica reserva de Grey, est desesperadamente atrada por ele. Incapaz de resistir beleza discreta, timidez e ao esprito independente

    de Ana, Grey admite que tambm a deseja mas em seus prprios termos.

    Chocada e ao mesmo tempo seduzida pelas estranhas preferncia de Grey, Ana hesita. Por trs da fachada de sucesso os negcios

    multinacionais, a vasta fortuna, a amada famlia Grey um homem atormentado por demnios do passado e consumido pela necessidade de

    controle. Quando eles embarcam num apaixonado e sensual caso de amor, Ana no s descobre mais sobre seus prprios desejos, como tambm

    sobre os segredos obscuros que Grey tenta manter escondidos...

    Trilogia Cinquenta tons de cinza

    E L JAMES ex-executiva de TV e mora em Londres. Casada e com dois filhos, desde pequena sonhava em escrever histrias pelas quais os leitores se apaixonassem, mas adiou esses sonhos para se concentrar na famlia e na carreira. Quando final-mente arranjou coragem para es-crever, ps no papel seu primeiro romance, Cinquenta de tons cinza. Na sequncia, publicou os outros dois livros da srie, Cinquenta tons mais escuros e Cinquenta tons de liberdade. No momento, a autora se dedica a escrever mais uma histria de amor.

    VOC SDICO? Sou dominador. O olhar dele abrasador, intenso.

    O que isso quer dizer? per-gunto.

    Quer dizer que quero que voc se entregue espontaneamente mim, em tudo.

    Franzo a testa para ele tentando assimilar essa ideia.

    Por que eu faria isso?

    Para me agradar ele murmu-ra e inclina a cabea para o lado, e vejo a sombra de um sorriso.

    Agrad-lo! Ele quer que eu o agrade! Acho que estou boquia-berta. Agradar Christian Grey. E me dou conta, naquele momento, que, sim, exatamente isso que eu quero fazer. Quero que ele fi-que absolutamente satisfeito co-migo. uma revelao.E L James

    Cinquentatons de

    cinza

    Cinquentatons de

    liberdade

    E L James

    Cinquentasombras de Grey

    Cinquentatons mais

    escuros

    E L James

    Cinquenta tons de cinza

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    CONTEDO ADULTO

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