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CIRURGIA NO PACIENTE ICTÉRICOAcadêmicos (8o per. medicina)• Jonas Rebouças • Pedro Paulo Souza • Edimark ciminelli• José Maria de Oliveira• Marco Aurélio Fogassa
Professor: Dr. Bruno Righi
Belo Horizonte – Abril/2011
Bilirrubina
• Degradação de eritrócitos• Tem como substrato o HEME (80% e o resto de outras
hemiproteinas).• O processo se inicia no baço fígado ligada a albumina
plasmática.• [Bilirrubina] essa sai da circulação e dirige–se para uma
grande variedade de tecidos (fígado, pulmões, coração, adrenais e cérebro).
• A bilirrubina em interação com a membrana do eritrócito favorece a estabilização protegendo contra a lise celular.
Aspectos anatômicos, histológicos e bioquímicos a se considerar
Macrófago fixo=Célula do sistema retículo endotelial
Eritrócitos destruidos Libera-se o grupo HEME Heme-oxigenase Biliverdina
Biliverdina redutase Bilirrubina Indireta
BI + albuminaBI + albumina Fígado (no hepatócito)Fígado (no hepatócito)
uridina difosfato uridina difosfato glicuronil glicuronil
transferasetransferase
Bilirrubina DiretaBilirrubina Direta
Árvore biliar Árvore biliar
Trato intestinalTrato intestinal ββ glicuronidaseglicuronidase
Bilirrubina IndiretaBilirrubina Indireta Reabsorção p/ o fígadoReabsorção p/ o fígado
ENZIMA Y e Z
Aspectos anatômicos, histológicos e bioquímicos a se considerar
Fluxo de bile:• Hepatócito=> ductulos
biliares => ducto hepático comum=> ducto cístico=> vesícula biliar=> ducto colédoco=> ampola hepatopancreática=> esfínter Oddi=> papila maior do duodeno.
• Obstruções em qualquer parte dessas vias geram acúmulo de bile no fígado e consequentemente no sangue.
Aspectos anatômicos, histológicos e bioquímicos a se considerar
β glicuronidase
Classificação das hiperbilirrubinemias
• Bilirrubina total acima de 1,5mg/dL (1, 2).
• Indireta ou não conjugada ( situações nas quais a bilirrubina não foi metabolizada): se mais do que 80-85% da bilirrubina total for não conjugada
• Direta ou conjugada (situações nas quais a bil. foi metabolizada, mas ao envéz de descer para o duodeno, se acumula no fígado e posteriormente no sangue): quando mais do que 30% da bilirrubina total for conjugada.
Classificação das hiperbilirrubinemiasHiperbilirrubinemia indireta
• Superprodução: hemólise, eritropoese ineficaz, tansfusões, extravasamento de sangue.
• Déficit captação e conjugação: S. Gilbert, S. Crigler-Najjar.(deficiência das enzimática e de receptores)
• Miscelâneas: drogas, doenças neonatais, jejum, doenças da tireóide.
Hiperbilirrubinemia direta
• Hepatocelular - hepatite viral, doença alcoólica, hemocromatose, toxinas, anestesia halotano, hipotensão, doença de Wilson.
• Colestase intra-hepática - hepatite, cirrose, CBP, CEP, doenças infiltrativas, drogas, NPT, hipotensão, ICC.
• Colestase extra-hepática - coledocolitíase, neoplasias, coledococele, doença de Caroli, iatrogênica, estenoses biliares, colangite.
SINAIS• Bilirrubina > 1,0 mg/dl;• Altas concentrações => lesões teciduais irreversíveis
Causas de icterícia
TIPO CAUSA QUADRO CLÍNICO FREQUÊNCIA
Pré-hepática: aumento da produção de bilirrubina
Hemólise Auto-imune Incomum
Hemoglobina anormal, fraturas, T.E.P. Variavel
Intra- hepática:Inedequadas captação, conjugação ou secreção hepática de bilirrubina
Infecção Hepatites, sepse (falha na captação) Comum
Química/drogas Acetaminofeno/ contraste radiológico Comum/ Incomum
Álcool Comum
Erros genéticos: alteração no metabolismo da bilirrubina Síndrome de Gilbert 1 em 20
Síndrome de Crigler-Najjar Rara
Síndrome de Dubin-Johnson Rara
Síndrome de Rotor Rara
Erros genéticos: proteínas específicas Doença de Wilson 1 e. 200.000
α1-antitripsina 1 em 1000 c/ genótipo
Auto-imune Hepatite crônica ativa Incomum/rara
Neonatal Fisiológica Muito comum
Pós-hepática: obstrução da dremagem biliar
Obstrução dos dúctulos biliares intra-hepáticos Drogas Comum
Cirrose biliar primária Incomum
colangite Comum
Ductos biliares extra-hepáticos Litíase biliar Muito comum
Tumor pancreático Incomum
colangiocarcinma Raro
Bilirrubina não-conjugada Bilirrubina conjugada
Aumento da produção de bilirrubina
Hemólise
Eritropatias
Doença do fígado
Doença hepatocelular ( ex: hepatites )
Hiperesplenismo, autoimune
Doença colestática ( ex: CBP )
Eritropoese ineficaz ( ex: talassemias )
Distúrbio do metabolismo
S. de Dubin-Johnson
Destruição de hematomas Síndrome de Rotor
Redução da conjugação
Hiperbilirrubinemia neonatal
Colestase benigna
Jejum Colestase da gravidez
Síndrome de Gilbert Doenças extra-hepáticas
Doença do trato biliar ( ex: tumor )
Síndromes de Crigler-Najjar Doença pancreática ( ex: carcinoma )
Abordagem pré-operatória• Anamnese:
– Hábitos sexuais, transfusões, procedimentos odontológicos ou cirúrgicos, acidente c/ perfuro-cortantes, antecedentes de parasitose intestinal, história familiar, uso de drogas, álcool;
• HMA detalhada:– forma de início, progressão, fatores associados;– Dor: tipo,duração, intensidade, localização, periodicidade, fatores
desencadeantes;– Sinais e sintomas digestórios: náusea, vômitos, intolerância alimentar,
anorexia, diarréia, perda ponderal.• Exame físico [acolia (obstrução canalicular ou de vias), colúria, prurido (bil. conjugada),
icterícia sem acolia e colúria+astenia+anemia c/ ou s/ esplenomegalia (hemólise), Aranhas vasculares+desnutrição+ginecomastia+circulação colateral+irregularidade no contorno hepático (cirrose).
Abordagem pré-operatória
• Exames complementares:– Eritrograma: anemias (esferocitose, falciforme);– Leucograma: sepse, parasitoses;– Enzimas hepáticas;– U.S., T.C.
Diagnóstico diferencial das icterícias
TESTE PRÉ-HEPÁTICA INTRA-HEPÁTICA PÓS-HEPÁTICA
Bil. conjugada ausente aumentada aumentada
AST ou ALT normal aumentada normal
5-nucleotidase (converte AMP, GMP em seus nicleosídeos correspondentes. Localizada na membrana do hepatócito)
normal ? aumentada
Gama-GT normal normal/aumentada aumentada
ALP (fosfatase alcalina)
normal normal aumentada
Bilirrubina urinária ausente presente presente
Urubilinogênio urinário
presente presente ausente
Lesão do hepatócito
Lesão dos canalículos
Lesào da via buliar
Caraterística das bilirrubinas e das enzimas de acordo c/ o sítio alterado
↑ALT
Bilirrubina indireta ou não conjugada
Bilirrubina direta ou conjugada
Gama-GT; 5-Nucleotidase
↑Hiperbilirrubinemia direta ou conjugada
Icterícia colestática!
Somar c/ colúria e acolia fecal
Caraterística das bilirrubinas e das enzimas de acordo c/ o sítio alterado canalículos e vias biliares
5-Nucleotidasee
↑ALP (2-3X)
Gama-GT; 5-Nucleotidase
Caraterística das bilirrubinas e das enzimas de acordo c/ o sítio alterado
β glicuronidase
1. ↑urobilinogênio na urina=> hepatopatia, hemólise, aumento da degradação intestinal (síndrome do crescimento bacteriano excessivo)
2. ↓urobilinogênio na urina=> colestase (somar c/ acolia fecal)
Procedimento cirúrgico no paciente ictérico
• Finalidades:– Tratar a causa da icterícia (curativo) ou diminuir
sua intensidade (paliativo);• Tipos:
– Percutâneos (drenagens da via biliar - paliativos); endoscópicos (próteses nas estenoses de vias e extração do cálculo pós papilotomia); cirúrgicos (colecistectomia, hepatectomia, duodenopancreatectomia, exerese de tumores das vias biliares - forma de tratamento definitivo da doença de base).
Complicações perioperatórias devidas à icterícia
• Bioquímicas e fisiológicas:– ↓ biotransformação de fármacos pela hipofunção
do P450;– ↓ reservas de glicogêmio, ↓ glicogenólise =>
hipoglicemia;– ↓ síntese de proteínas:
• Albumina: – edema, desnutrição;– perda da capacidade de concentração urinária=> perda
volêmica=> ↓ P.A.– ↓ ligação de drogas c/ ↑ drogas livres gerando toxicidade
• ↓ sínttese de fatores da coagulação, da absorção de vit K por hipofunção absortiva: hemorragias.
Complicações perioperatórias devidas à icterícia
• Bioquímicas e fisiológicas:– ↓ resposta ao peptídeo natriurético, à
adrenalina e à angio II: • Vasodilatação sistêmica => má perfusão tecidual
– Renal: anúria, insuficiência renal aguda– Hepática: piora do quadro metabólico
• Choque cardiogênico – Lesão renal, desidratação, infecções
• Distúrbios hidreletrolíticos: – Acidose metabólica– Alterações do Na+ e K +.
Complicações perioperatórias devidas à icterícia
• Bioquímicas e fisiológicas:– ↓ IgA intraluminal– Supercrescimento bacteriano na colestase,
hipofunção do sistema retículo-endotelial e absorção de endotoxinas p/ sistema porta
• Pré-disposição à infecções e sepse– Insuficiência renal aguda e colangite (pré-
operatórias):• Se bilirrubina direta acima de 8mg/dl
Cuidados básicos pré-operatórios determinantes do sucesso da evolução• Corrigir:
– Déficit nutricional • Protéico-calórico:
– infusão de glicose, insulina e potássio– Dieta hiperprotéica e hiperlipídica (enteral ou pareteral) ma auxência de
insuficiência hepática;• Vitamínico:
– Vit K 10mg/dia, A, D, E 3 dias antes da cirurgia;– Vit C 1-2 g/ 2 x dia p/ prevenir distúrbios de cicatrização.
– Hipoglicemia ( SGI 5% 350ml + SGH 50% 150ml + Insulina regular 10 UI + KCl 10% 40-60mEq/L);
– Prurido: Orientações e anti-histamínicos;– Distúrbios ácido-básicos;– Eletrólitos e hidratação;
Cuidados básicos pré e pós-operatórios
• Hidratação suficiente p/ manter diurese > 100ml/h:– 1-2 litros acima da necessidade diária ???– 100-200ml manitol a 10% até o 2º dia de pós-operatório;
• Quanto ao comprometimento infeccioso das vias biliares :– Sais biliares e Desoxicolato de sódio (V.O.);– Taurocolato 3-6 dias antes da cirurgia (↓endotoxinas);– Lactulose (laxativo) 30ml (V.O.) 6/6h (↓microbiota);– Inibidores de HCl gástrico (↓lesão da mucosa);– Se Tríade de Charcot (febre c/ calafrios + dor no HD+ icterícia):
• Drenagem da via biliar• Antibioticoterapia:
– Cefalosporinas de 3ª ou 4ª ger;– Clindamicina;– Metronidazol + Aminoglicosídeo (sem ñ houver lesão renal)– Ampicilina+ + Gentamicina + Metronidazol ou Clindamicina (casos graves).
Cuidados básicos perioperatórios determinantes do sucesso da evolução• Hidratação:
– Soluções hipossódicas devido à baixa depuração renal desse íon;
– Controlada pela P.V.C. e diurese• Perfusão renal;• Glicemia;• Monitorização cardíaca;• Níveis de eletrólitos;• Escolha de anestésicos não hepatotóxico (Óxido nitroso, “
fluranos”, galamina)• Hemoderivados (plasma fresco, fatores de coagulação,
plaquetas) se necessário.
Icterícia no pós- operatório• Ocorre no pós imediato ou após
meses• Causas:
• Descompensação da doença hepática de base ou hematológica
• Reabsorção de coleções de sangue• Hepatite medicamentosa• Hepatite viral• Hipoxemia prolongada (hipóxia
hepática)• Colestase intrahepática pós-operatória
benigna regride até 2ª-3ª semana);• Ligadura inadvertida (Iatrogenia)• Cálculo residual;• Estenose cicatricial residual ou colangite;• Pós-colecistectomia (icterícia branda q/
regride espontaneamente).
• Tratamento:– Manter hidratação vigorosa,
na tentativa de preservar o rim;
– Nutrição (manter glicogênio hepático e vitaminas);
– Corrigir distúrbios hidreletrolíticos e ácido básicos;
– Lactulose e sais biliares (↓endotoxinas);
– Prevenir e tratar as infecções com ATB e drenagem precoce da via biliar.