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Cisterna-calçadão:�produção�de�alimentos��garantida�no�Semiárido�pernambucano
Boletim�Informativo�do�Programa�Uma�Terra�e�Duas�Águas
Ano�7���nº�1135�Julho/2013�
São�José�do�Egito�
De trabalhadora rural sem perspectivas a agricultora
familiar otimista e cheia de planos para o futuro. A
história de dona Lidaci Macena de Moura, 49 anos,
inspira pela coragem e determinação. Nascida e
criada na comunidade Sítio Barra Nova, município de
São José do Egito, no Sertão do Pajeú pernambucano,
dona Lidaci foi contemplada pelo Programa Uma
Terra e Duas Águas (P1+2), no início de 2013, com
uma cisterna-calçadão capaz de armazenar 52 mil
litros de água da chuva. “Minha vida vai melhorar
ainda mais. Espero eu estar à altura deste 'presente'
que me foi dado”, destaca a agricultora, que é viúva e
mora sozinha em uma propriedade de 6,5 hectares.
Mãe dos também agricultores Ruberlândio Macena de Moura, 27, e Risolândia Macena de Moura,
29 anos, dona Lidaci tem quatro netos que são os amores de sua vida. O xodó é a pequena Mirele,
de apenas dois aninhos. “Adoro quando ela está aqui. É a alegria dessa casa”, diz, com sorriso
grande nos lábios. O semblante muda apenas quando a agricultora lembra da filha Rilda Carla
Macena, que faleceu num acidente de moto em 2005, quando tinha apenas 17 anos. “Foi muito
difícil na época. A saudade ainda é muito grande. Esquecer do filho que se foi a gente não
esquece, né?”, conta emocionada.
O sorriso, no entanto, retorna à face quando fala das
tecnologias que possui em sua propriedade. Além da
cisterna-calçadão, dona Lidaci possui também a
cisterna de placas, capaz de armazenar até 16 mil
litros de água potável para beber e cozinhar.
Agricultora desde criança, produz grãos como feijão
e milho, e hortaliças como pimentão, cebolinha,
coentro, jerimum, pepino e alface. Produzidos de
forma orgânica (sem a utilização de agrotóxicos), os
alimentos, por enquanto, servem apenas para
consumo próprio. “Mas quero mesmo é vender para
'fora'. E essa cisterna que recebi vai me ajudar muito”.
Ruberlândio, dona Lidaci e a pequena Mirele, de dois anos
Dona Lidaci produz alimentos sem a utilização de agrotóxicos
Construída a menos de 25 metros da casa de dona
Lidaci, a tecnologia social garantirá a água para
produção de alimentos. “Já sofri muito com lata
d'água na cabeça; cheguei a andar mais de dois
quilômetros para carregar água, tanto para beber e
cozinhar, quanto para plantar. A gente tinha que lutar
muito para viver”, recorda. “Agora, com a cisterna, vai
ser diferente. Não vou precisar andar até a barragem
para pegar água. Vou aumentar a produção e ganhar
tempo, porque a cisterna fica aqui pertinho de casa;
mais próxima do que a 'barraginha' ali de baixo”,
completa, referindo-se a barragem distante 500 metros.
Antes de ser contemplada com a cisterna-calçadão, dona Lidaci participou de uma capacitação em
Gestão de Água para Produção de Alimentos (GAPA), na qual aprendeu acerca do manejo
adequado dos recursos hídricos para o processo de produção alimentar, bem como sobre os
cuidados na manutenção da cisterna concedida por meio do P1+2. Nas capacitações, as famílias
agricultoras também são instruídas sobre seus direitos em relação à água, sobre quais doenças
podem ser transmitidas através do fluido, bem como sobre as melhores formas de tratamento,
tanto da própria água quanto das enfermidades. A história da Articulação no Semiárido Brasileiro
(ASA) e do P1+2 também estão na pauta da capacitação. “Essas capacitações são muito
importantes porque trazem informações. Ensina como a gente deve cuidar direitinho da cisterna, a
trabalhar de maneira mais correta. O pessoal que ensina é muito atencioso. Estou muito feliz com
minha cisterna. Minha vida vai melhorar ainda mais, se Deus quiser”, completa dona Lidaci Macena.
Cisterna-calçadão - Tecnologia social que evidencia a
possibilidade de convivência com o Semiárido, a
cisterna-calçadão garante a água da produção de
alimentos e a segurança alimentar das famílias
beneficiadas. Construído no nível do solo, o calçadão é
retangular e tem 200 metros quadrados, com
declividade mínima de 20 centímetros. A água captada
da chuva escoa para dentro da cisterna e é utilizada
posteriormente na plantação e criação de animais de
pequeno e médio porte. A construção de cada cisterna
custa aproximadamente R$ 7.400,00, valor que varia de
acordo com a região. Na maioria dos casos, a mão-de-
obra dos próprios agricultores e agricultoras é aproveitada, barateando os custos para construção.
P1+2 - Coordenada pela ASA, a iniciativa tem por objetivo viabilizar o acesso à água para a
produção agroecológica de alimentos pelas famílias agricultoras do Semiárido brasileiro. Desde
2007, quando foi criado, o Programa Uma Terra e Duas Águas já beneficiou mais de 12 mil famílias.
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Pernambuco
Realização Apoio
Cisterna-calçadão da agricultora foi construída a menos de 25 m
Água captada da chuva é usada na plantação e criação animal