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A família do casal José Bento da Silva de 63 anos e Maria Pereira da Silva de 62 anos, moradores da comunidade Lajeiro Cascudo, que fica a 7 km da sede do município de Assunção do Piauí, já enfrentou muitas dificuldades devido a falta de água na região. Os 100 hectares de terra em que vive a família foi herdada do pai de Dona Maria, mas o casal conta que morar na localidade somente era possível nos meses de inverno, no período de estiagem a família mudava para a sede do município porque a dificuldade com água era muito grande. Hoje a realidade é outra e eles unidos plantam e colhem no quintal mais que hortaliças e verduras, colhem a esperança de um futuro bem melhor. Ter que viver indo e voltando sempre foi um sacrifício para Seu José Bento, homem da roça que sonhava com o dia que poderia produzir e criar de tudo um pouco sem ter que viver constantemente preocupado com a falta de água. Por isso, mesmo com todas as dificuldades, em 1998 a família resolveu ir morar de vez na comunidade Lajeiro Cascudo. Para ter acesso à água, o agricultor passou a comprar dos carros pipas para o consumo da família, de acordo com ele, a família gastava cerca de R$ 578 reais por ano para ter em casa água no período seco. Seu José conta que sempre cuidou de plantar as culturas anuais de milho, feijão e mandioca, mas para comer frutas e verduras só se comprasse, porque para produzir a água não dava. Dona Maria explica que quando o período de seca é prolongado a Defesa Civil entrega para as familiais da região uma ficha para que recebam água para aliviar a situação. Outra solução era buscar água no poço feito pela prefeitura no Salgado, comunidade vizinha. Com a chegada da cisterna de 16 mil litros de água do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (Asa Brasil), que acumula a água da chuva para o consumo, Seu José Bento e Dona Maria viram ali a perspectiva de mudança. A segunda cisterna, de 52 mil litros, do Programa Uma Terra e Duas Águas veio para garantir a produção de Piauí Ano 5 | nº 106 | Agosto| 2011 Assunção do Piauí - PI Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Cisterna para produção garante qualidade de vida para a família de Seu José e Dona Maria 1 Canteiros de cebolas e coentro. Seu José Bento e Dona Maria, exemplos de resistência pelo acesso a água.

Cisterna para produção garante qualidade de vida para a família de Seu José e Dona Maria

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“ A família do casal José Bento da Silva de 63 anos e Maria Pereira da Silva de 62 anos, moradores da comunidade Lajeiro Cascudo, que fica a 7 km da sede do município de Assunção do Piauí, já enfrentou muitas dificuldades devido a falta de água na região. Os 100 hectares de terra em que vive a família foi herdada do pai de Dona Maria, mas o casal conta que morar na localidade somente era possível nos meses de inverno, no período de estiagem a família mudava para a sede do município porque a dificuldade com água era muito grande. Hoje a realidade é outra e eles unidos plantam e colhem no quintal mais que hortaliças e verduras, colhem a esperança de um futuro bem melhor.

Ter que viver indo e voltando sempre foi um sacrifício para Seu José Bento, homem da roça que sonhava com o dia que poderia produzir e criar de tudo um pouco sem ter que viver constantemente preocupado com a falta de água. Por isso, mesmo com todas as dificuldades, em 1998 a família resolveu ir morar de vez na comunidade Lajeiro Cascudo. Para ter acesso à água, o agricultor passou a comprar dos carros pipas para o consumo da família, de acordo com ele, a família gastava cerca de R$

578 reais por ano para ter em casa água no período seco. Seu José conta que sempre cuidou de plantar as culturas anuais de milho, feijão e mandioca, mas para comer frutas e verduras só se comprasse, porque para produzir a água não dava.

Dona Maria explica que quando o período de seca é prolongado a Defesa Civil entrega para as familiais da região uma ficha para que recebam água para aliviar a situação. Outra solução era buscar água no poço feito pela prefeitura no Salgado, comunidade vizinha. Com a chegada da cisterna de 16 mil litros de água do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (Asa Brasil), que acumula a água da chuva para o consumo, Seu José Bento e Dona Maria viram ali a perspectiva de mudança. A segunda cisterna, de 52 mil litros, do Programa Uma Terra e Duas Águas veio para garantir a produção de

Piauí

Ano 5 | nº 106 | Agosto| 2011Assunção do Piauí - PI

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Cisterna para produção garante qualidade de

vida para a família de Seu José e Dona Maria

1

Canteiros de cebolas e coentro.

Seu José Bento e Dona Maria, exemplos de resistência pelo acesso a água.

hortaliças, frutas e verduras do quintal da família e também a criação de galinhas, porcos e até algumas cabeças de gado que eles já possuem, “o dinheiro que eu gastava na compra de água eu invisto nos bichos e agora com a chegada desse tanque, vai aumentar a água aí posso aumentar a criação”, explica o agricultor. O tanque de pedra ou caldeirão é a nova expectativa de Seu José, também através do P1+2, eles e mais cinco famílias que vivem na região vão ser beneficiados com a tecnologia que ajuda no acumulo de água que serve para o consumo dos animais.

Seu José Bento conta que a fé em dias melhores sempre o motivou. Ele e Dona Maria criaram os filhos João Batista da Silva, Francisco Pereira da Silva, José Bento Filho, Antônio Pereira da Silva, Maria Bento da Silva, Bento Rodrigues da Silva, Luzineide Bento da Silva com muita dificuldade, mas afirma que nunca sentiu vontade de ir embora para outras localidades em busca de vida melhor. Ele diz que alguns dos filhos ainda foram para São Paulo atrás dessa melhoria de vida, mas encontraram apenas frustrações. Hoje, quatro dos filhos do casal construíram casas no terreno da família e vivem na comunidade.

Os filhos do casal também foram beneficiados com a cisterna de 16 mil litros, mas apenas Seu José e Dona Maria foram beneficiados com a cisterna de 52 mil litros de água para a produção de alimento. Assim cada gota de água é bem aproveitada e a família se uniu para cuidar dos canteiros que agora são construídos no quintal de casa. Hoje a família também produz cebola, coentro, tomate, pimenta caju, manga, banana e plantas medicinais. “cada uma das filhas e nora tem o seu canteiro, o que a gente produz é só para o consumo mesmo, quando sobra as meninas ainda tentam vender na cidade, mas a gente tem medo de plantar muito e a água acabar”, explica Dona Maria.

Com a perspectiva do tanque de pedra, para o futuro Seu José Bento planeja aumentar sua criação e Dona Maria quer aumentar os canteiros e plantar mais frutas na área da família. Do passado

recente onde tinha que carregar água na cabeça, Dona Maria diz que só ficou as recordações e as histórias que conta para os filhos e netos, segundo ela “para que eles saibam valorizar o que já tem”.

Para a agricul tora as cisternas proporcionaram grandes mudanças para região “hoje nem se compara as dificuldades de antigamente, agora eu fico tranquila, tenho água pertinho, posso até assistir minha novela sossegada, tu acredita que eu nem sei mais como é que se faz uma rudia para botar na cabeça e carregar a água de caldeirão”, brinca a agricultora, arrancando sorrisos de toda família que reunida conta essa bonita história de superação.

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Parte da família de Seu José e Dona Maria, reunidos na busca de vida digna.

Família unida cuida do quintal produtivo.