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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC MANOEL VENICIUS CAVALCANTE TAVARES MARIA LUANA LOPES DE OLIVEIRA CISTO ODONTOGÊNICO CALCIFICANTE PERIFÉRICO ASSOCIADO A ODONTOMA: relato de caso MACEIÓ - AL 2019/01 Coloque o preenchimento desta caixa na cor branco

CISTO ODONTOGÊNICO CALCIFICANTE PERIFÉRICO ASSOCIADO … · 2019-11-12 · piogênico, lesão periférica de células gigantes e de fibroma ossificante periférico (Figura 1). A

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

MANOEL VENICIUS CAVALCANTE TAVARES MARIA LUANA LOPES DE OLIVEIRA

CISTO ODONTOGÊNICO CALCIFICANTE PERIFÉRICO ASSOCIADO A ODONTOMA: relato de caso

MACEIÓ - AL

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MANOEL VENICIUS CAVALCANTE TAVARES MARIA LUANA LOPES DE OLIVEIRA

CISTO ODONTOGÊNICO CALCIFICANTE PERIFÉRICO ASSOCIADO A ODONTOMA: relato de caso

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Odontologia do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação da professora Drª. Camila Maria Beder Ribeiro Girish Panjwani.

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MANOEL VENICIUS CAVALCANTE TAVARES MARIA LUANA LOPES DE OLIVEIRA

CISTO ODONTOGÊNICO CALCIFICANTE PERIFÉRICO ASSOCIADO A ODONTOMA: relato de caso

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Odontologia do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação da professora Drª. Camila Maria Beder Ribeiro Girish Panjwani.

APROVADO EM: 29 /05 /2019

______________________ Profª Drª Camila Maria Beder Ribeiro Girish Panjwani

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter nos dado saúde e força para superar as dificuldades. Ao Curso dе Odontologia do CENTRO UNIVERSITARIO CESMAC, е a

coordenadora Roberta Alves Pinto Moura Penteado. A nossa orientadora prof. Dra Camila Maria Beder Ribeiro GirishPanjwani,

pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos. Dedicamos este bеm como todas аs nossas demais conquistas, аоs nossos

queridos pais. Obrigado pelo carinho, а paciência е pоr sua capacidade dе nos transmitir paz na correria de cada semestre.

Aos nossos irmãos, amigos e familiares pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

Aos nossos namorados qυе embora nãо tivessem conhecimento disto, mаs iluminaram dе maneira especial оs nossos pensamentos nos levando а buscar mais conhecimentos.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da nossa formação, o nosso muito obrigado.

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CISTO ODONTOGÊNICO CALCIFICANTE PERIFÉRICO ASSOCIADO A

ODONTOMA : relato de caso

PERIPHERAL CALCIFYING ODONTOGENIC CYST ASSOCIATED WITH ODONTOMA: case report

RESUMO O cisto odontogênico calcificante foi descrito pela primeira vez como uma entidade clinicopatológica distinta por Gorlin em 1962, sendo a partir daí também denominado cisto de Gorlin. O cisto de Gorlin é uma lesão incomum, representando cerca de 1% a 3% de todos os cistos odontogênicos, que ocorre tanto perifericamente na gengiva quanto centralmente no osso alveolar dentro da mandíbula ou da maxila. O cisto odontogênicocalcificante periférico (COCP)corresponde de 15% a 25% de todos os casos notificados de cistos odontogênicos. Clinicamente, o COCP aparece mais comumente como um nódulo na gengiva, geralmente assintomático, sem predileção por sexo ou raça, ocorrendo preferencialmente na região anterior de incisivos e caninos, com faixa etária dos pacientes variando desde a infância até a idade avançada. Este trabalho tem como objetivo apresentar um relato de caso de COCPdemonstrando sua principal forma de tratamento, e enfatizando a importância da realização do exame histopatológico para conclusão do diagnóstico.Paciente, 52 anos, gênero masculino, melanoderma, apresentou durante exame físico intrabucal um aumento de volume no palato do lado direito, na região de canino.A biópsia excisional simples foi o tratamento de escolha para o COCP e a recorrência não foi observada. O prognóstico é favorável e independe da forma de tratamento.Devido à sua raridade e não apresentar características clínicas e radiográficas patognomônicas, o diagnóstico pré-operatório é difícil de ser feito com base apenas nas características clínicas e

radiográficas da lesão, tendo o diagnóstico definido somente após análise histológica.

Palavras-chave: Cistos Odontogênicos. Doenças Maxilomandibulares. Patologia. ABSTRACT The calcifying odontogenic cyst was first described as a clinicopathological distinctentity by Gorlin in 1962, and hence, also called the Gorlin cysat. The Gorlin cyst is an uncommon lesion, accounting for about 1% to 3% of all odontogenic cysts, occurring both peripherally in the gums and centrally in the alveolar bone within the mandible or the jaw. The peripheral calcifying odontogenic cyst (PCOC) accounts for 15% to 25% of all reported cases of odontogenic cysts. Clinically, PCOC appears more commonly as a nodule in the gums, usually asymptomatic, with no predilection for sex or race, occurring preferentially in the anterior region of incisors and canines, with patients ranging from infancyuntil old age. This paper aims to present a case report about PCOC demonstrating its main form of treatment, and emphasizing the importance of the histopathological examination to conclude the diagnosis. The patient, 52 years old, male, melanoderm,presented during an intrabuccal physical examination an increase in volume on the right side palate in the canine region. An simple excisional biopsy was the treatment of choice for PCOC and recurrence was not observed. The prognosis is favorable and independent of the form of treatment. Due to its rarity and absence of clinical and radiographic pathognomonic features, preoperative diagnosis is difficult to perform based only on the clinical and radiographic characteristics of the lesion, and the diagnosis is only defined after a histological analysis.

KEYWORDS: Odontogenic Cyst. Jaw Diseases. Pathology.

Manoel Venicius Cavalcante Tavares Graduando do curso de Odontologia

[email protected] Maria Luana Lopes de Oliveira

Graduanda do curso de Odontologia [email protected]

Camila Maria Beder Ribeiro Girish Panjwani Doutora em Estomatopatologia

[email protected]

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SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 6

2 RELATO DE CASO ................................................................................................. 7

3 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 12

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 15

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 16

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1INTRODUÇÃO

Patologicamente é denominado cisto odontogênico toda cavidade patológica

revestida por tecido epitelial originário da embriogênese dentária contendo uma

cápsula de tecido conjuntivo, com conteúdo fluido, semi fluido ou gasoso. O cisto

Odontogênico calcificante (COC) foi descrito pela primeira por Gorlin em 1962como

uma entidade clinicopatológica distinta, sendo a partir daí denominado Cisto de

Gorlin. O COC representa um grupo heterogêneo de lesões que exibem uma

variedade de características clinico patológicas e comportamentais, gerando

confusão e discordância quanto à terminologia e classificação dessas lesões

(MARZOLA, 2008, apud JESUS, 2015; MEDEIROS et al., 2007; MANOHAR et al.,

2017).

Na quarta edição da classificação da Organização Mundial de Saúde em 2017

dos tumores de cabeça e pescoço, houve consenso na volta à terminologia original e

classificaçãodo cisto como cisto odontogênico calcificante, sendo que uma variante

mais sólida da lesão é neoplásica, onde foi incluída como uma entidade separada e

denominada tumor de células fantasmas dentinogênicas (SPEIGHT; TAKATA,

2017).

O cisto de Gorlin é uma lesão incomum, representando cerca de 1% a 3% de

todos os cistos odontogênicos, que ocorre tanto perifericamente na gengiva quanto

centralmente no osso alveolar dentro da mandíbula ou da maxila, apresentando em

ambos os locais aparência histológica caracteristicamente semelhante, sendo a

formaintra-óssea mais predominante (ARRUDA; ABREU, 2018; SANTOS, 2018).

O cisto odontogênicocalcificante periférico (COCP) corresponde a 15% a 25%

de todos os casos notificados de cistos odontogênicos, com comportamento benigno

e muito menos agressivo do que a contraparte central. Clinicamente, o COCP

aparece mais comumente como um nódulo na gengiva, geralmente

assintomático,sem predileção por sexo ou raça, ocorrendo preferencialmente na

região anterior de incisivos e caninos, com faixa etária dos pacientes variando desde

a infância até a idade avançada.

O prognóstico deste tipo de lesão é sempre favorável e quanto à forma de

tratamento há um consenso entre os autores para uma excisão cirúrgica simplesde

recorrência incomum, e pode estar associado a outras lesões odontogênicas,

especialmente os odontomas (variando de 22% a 47%), tumores

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odontogênicosadenomatóides e ameloblastomas (CERQUEIRA et al., 2002;

REGEZI, 2000;NEVILLE, 2004; CARVALHOSA et al.,2005).

As características histopatológicas incluem principalmente a presença de

células-fantasmas eosinofílicas caracterizada pela perda do núcleo com preservação

do contorno básico da célula e que possuem grande tendência a calcificação

(NEVILLE, 2004; MEDEIROS et al., 2007).

Este relato justifica-se por possuir relevância clínica significativa pois

exemplifica uma variante periférica do cisto odontogênico calcificante, que apresenta

comportamento biológico e características peculiares, além de contribuir para a

construção de novos relatos científicos, tornando úteis as informações que aqui

forem geradas para o enriquecimento da literatura sobre o tema.

O objetivo deste trabalho é descrever um caso clínico de cisto

odontogênicocalcificante periférico localizado em palato, demonstrando sua principal

forma de tratamento, e enfatizando a importância da realização do exame

histopatológico para conclusão do diagnóstico.

2 RELATO DE CASO

Paciente do gênero masculino, 52 anos, melanoderma, compareceu ao

Hospital Vida queixando-se de um edema na maxila do lado direito.

Durante o exame físico intrabucal apresentou um aumento de volume no

palato do lado direito, na região de canino. Clinicamente a lesão era nodular, séssil,

de coloração avermelhada, lobulada e não ulcerada, com tamanho de

aproximadamente 2,0x1,2x0,2 cm com hipóteses de diagnóstico de granuloma

piogênico, lesão periférica de células gigantes e de fibroma ossificante periférico

(Figura 1). A tomada radiográfica não foi realizada, já que o tratamento preconizado

para os processos proliferativos em geral consiste na remoção total da lesão e do

agente causal, não alterando o prognóstico.

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Figura 1 - Aspecto clínico da lesão, mostrando aumento de volume na região de canino superior direito.

Fonte: Arquivo pessoal.

Diante das características clínicas foi executada biópsia excisional (Figura

2A) e o espécime (Figura 2B) foi enviado ao laboratório de patologia.

Figura 2A – Procedimento transoperatório da biópsia excisional da lesão que

demonstra sua localização periférica. Fonte: Arquivo pessoal.

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Figura 2B – Fragmento retirado da biópsia Fonte: Arquivo pessoal.

Os cortes histológicos corados em HE revelaram a presença de calcificações

no epitélio e na luz cística. Áreas de formação de estruturas semelhantes a

dentículos também estão presentes (Figura 3A). Observou-se ainda lesão cística

revestida por epitélio odontogênico cujas células da camada basal apresentavam-se

cúbicas, e as células das camadas superiores arranjavam-se frouxamente, e várias

delas apresentavam-se eosinofílicas, desprovidas de núcleo, conferindo o aspecto

característico de células-fantasmas complementando o quadro microscópico,

concluindo o diagnóstico de cisto odontogênico calcificante (Figura 3B).

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Figura 3A – Luz cística e epitélio com calcificação. Fonte: Laboratório de patologia CEPAMA.

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Figura 3B – Células da camada basal cúbicas, e tecido epitelial arranjado superficial arranjado frouxamente.

Fonte: Laboratório de patologia CEPAMA.

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Atualmente, o paciente encontra-se sob proservação e,após sete meses da

biópsia excisional, não apresentou recidiva (Figura 4).

Figura 4 – Aspecto clínico da cavidade oral após cicatrização. Fonte: Arquivo pessoal.

3 DISCUSSÃO

O COC é uma entidade rara quando se trata de cistos odontogênicos e

representa de 1% a 3% de todas as lesões odontogênicas. Ele representa um grupo

heterogêneo de lesões que exibem comportamento clínico variável e características

histopatológicas peculiares, gerando confusão e discordância quanto à terminologia

e classificação dessas lesões.Essas controvérsias e confusões sobre a lesão

devem-se à existência de duas variantes da lesão: um cisto e as formas neoplásicas

(MEDEIROS et al., 2007; ARRUDA; ABREU, 2018).

Recentemente na 4ª edição da classificação da OMS, o grupo de consenso

concordou em voltar à terminologia original e dividir as lesões de células fantasmas

calcificadas em dois tipos definidos por aparência e comportamento, sendo o cisto

classificadocomo cisto odontogênicocalcificante e a varianteneoplásica da lesão

como tumor de células fantasmas dentinogênicas (RESENDE et al., 2010;SHEIKH et

al., 2016; PEIGHT; TAKATA, 2017).

Na maioria dos casos relatados a apresentação da lesão se manifesta como

lesão central (intraósseo), podendo ocorrer também de forma periférica (extra-ósseo)

como na gengiva, sendo este último caso correspondente de 15% a 25% de todos

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os casos notificados de COC. Porém, em ambos os locais apresentam aparência

histológica caracteristicamente semelhante e a maioria dos estudos os reconhece

como uma entidade única (RESENDE et al., 2010; SANTOS et al., 2018).No

presente caso a lesão localizava-se perifericamente.

O cisto odontogênicocalcificante periférico (COCP) tem um caráter bastante

benigno e é uma lesão muito menos agressiva do que a contraparte central. Tem

sido encontrado entre a 1° e 9° décadas de vida, com maior incidência ocorrendo na

6° e 7° décadas. A ocorrência na primeira década de vida é muito incomum.

Clinicamente apresenta-se como inchaço gengival, assintomático, geralmente na

região anteriorcom frequência aproximadamente igual na mandíbula e na maxila.

Deslocamento e reabsorção dentária podem ser observados (RESENDE et al.,

2010; RASTOBI; PANDILWAR, 2011; GADIPELLY et al., 2014; SHEIKH et al.,

2016). Em estudo feito por RESENDE et al (2018) a maxila foi mais afetada do que a

mandíbula, e demonstraram que o COCP tinha prevalência maior pelo sexo

masculino.No presente estudo o paciente tinha 52 anos quando a lesão foi

diagnosticada, não apresentava sintomatologia, queixando-se apenas do aumento

de volume localizado no palato do lado direito na região de canino, e não foi

observado deslocamento e reabsorção dentária.

Irani e Foroughem seus estudos demonstraram que o COCP tinha

prevalência pelo sexo masculino (IRANI; FOROUGH, 2017). Já Arruda e Abreu

(2018) mostraram em seu estudo uma ligeira prevalência pelo sexo feminino, porém

acredita-se que a discrepância entre os sexos, de fato, possa não existir.

Os achados histopatológicos da lesão incluem a camada basal do

revestimento epitelial apresentando aparência colunar ou cubóide semelhante aos

ameloblastos. Uma característica importante dessa lesão é a presença de células

anucleadas, denominadas células fantasmas. (SANTOS et al., 2018). No presente

caso, foi possível observar a presença as células da camada basal de formato

cúbico, e as células da camada superficial arranjadas frouxamente, várias delas

eosinófilicas, desprovidas de núcleo, conferindo o aspecto característico de células

fantasmas, e ainda a presença de calcificações no epitélio e na luz cística.

Geralmente nenhuma alteração óssea é observada na radiografia. Porém,

vários autores afirmaram que o COCP pode causar erosão do osso alveolar

subjacente, podendo ser tão pequena que não aparece radiograficamente e só

podendo ser detectada durante procedimento cirúrgico (RESENDE et al., 2010;

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SHEIKH et al., 2016; ARRUDA; ABREU, 2018). No presente caso, não foi

necessário a tomada radiográfica,já que o tratamento preconizado para os

processos proliferativos em geral consiste na remoção total da lesão e do agente

causal, não alterando o prognóstico.

Por se tratar de uma lesão rica em epitélio odontogênico, exibe potencial para

desenvolvimento de outras lesões odontogênicas, mas comumente os odontomas

(variando de 22% a 47%), contudo, tumores odontogênicosadenomatóides e

ameloblastomas tem também sido associados com este tipo de lesão. Este fato

modifica o comportamento biológico da lesão, ou seja, a velocidade de crescimento

e o seu potencial para invasão de tecidos vizinhos, sendo de grande valia a

realização do exame de tomografia computadorizada (TC), que auxiliará a

visualização dos limites da lesão e de estruturas anatômicas envolvidas, facilitando o

planejamento do tratamento (CERQUEIRA et al., 2002; CARVALHOSA et al., 2005;

SHEIKH et al., 2016). No presente caso houve associação do cisto com odontoma.

A biópsia excisional simples é o tratamento de escolha para o COCP e a

recorrência é rara. O prognóstico é favorável e independe da forma de tratamento

(RESENDE et al., 2010; ARRUDA; ABREU, 2018). No presente estudo foi realizado

a biópsia excisional como forma de tratamento, sem indícios de recidiva.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido à sua raridade e não apresentar características clínicas e radiográficas

patognomônicas, o diagnóstico pré-operatório é difícil de ser feito com base apenas

nas características clínicas e radiográficas da lesão, tendo o diagnóstico definido

somente após análise histológica.

Vale ainda salientar que o cisto odontogênicocalcificante periférico, na maioria

das vezes apresenta-se associado com outras lesões principalmente o odontoma,

daí a importância de se estabelecer um diagnóstico preciso e uma terapia específica

para cada caso.

É de grande valia também o papel e a conduta dos Cirurgiões-dentistas

perante as mais variadas lesões da cavidade bucal, lançando mão de uma

anamnese e exames de imagem detalhados, devendo ter discernimento para

reconhecer anormalidades.

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REFERÊNCIAS

ARRUDA, José Alcides Almeida; ABREU, Lucas Guimaraes. A multicentrestudyof 268 cases ofcalcifyingodontogeniccyst s and a literaturereview. Oral Diseases, maio. 2018. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29856507>. Acesso em: 19 set. 2018.

BALAJI, SM; ROOBAN, Thavarajah. Calcifyingodontogeniccyst with atypicalfeatures. Journalof Oral and Maxillofacial Surgery, Índia, v.2, n.1, abr. 2012. Disponível em: <http://www.amsjournal.com/text.asp?2012/2/1/82/95331>. Acesso em: 18 set. 2018.

GADIPELLY, Srinivas et al. Bilateral calcifyingodontogeniccyst: a rareentity. Journalof Oral and Maxillofacial Surgery, Índia, v.14, n.3, p.826-831, jul./set. 2014. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26225083>. Acesso em: 19 set. 2018. IRANI, S; FOROUGHI, F. Histologic Variants of Calcifying Odontogenic Cyst: A Study of 52 Cases, IRÃ, v.18, n.8, p.688-694, agos. 2017. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28816191>. Acesso em: 19 set. 2018. JESUS, Sthefanne. Cisto odontogênico epitelial calcificante periférico: uma lesão incomum. 2015. 30 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Odontologia) – Faculdade São Lucas, Porto Velho.

NEVILLE, Brad W et al. Patologia Oral &Maxilofacial. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2004. P.580-582.

RASTOGI, Vikalp; PANDILWAR, Prashant K. Calcifyingepithelialodontogeniccystassociated with ComplexOdontomeofmaxilla. Journalof Oral and Maxillofacial Surgery, Índia, v.12, n.1, jan./marc. 2013. Disponível em: <https://link.springer.com/article/10.1007/s12663-010-0165-x>. Acesso em: 18 set. 2018.

RESENDE, Renata Gonçalves et al. Peripheralcalcifyingodontogeniccyst: a case report and reviewoftheliterature. Head and NeckPathology, v.5, n.1, p. 76-80, jun./dez. 2010. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3037460/>. Acesso em: 18 set. 2018.

SANTOS, Hellen Bandeira de Pontes et al. Calcifyingodontogeniccyst with extensiveareasofdentinoid: uncommon case report and updateofmainfindings. Case Reports in Pathology, v.2018, p.1-4, abr./maio. 2018. Disponível em <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29862107>. Acesso em: 19 set. 2018.

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SHEIKH, Jason et al. Ghost celltumors. Journalof Oral and Maxillofacial Surgery, v.75, n.4, p. 750-758, set./out. 2016. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0278239116310217>. Acesso em: 20 set. 2018. SPEIGHT, Paul M; TAKATA, Takashi. New tumour entities in the 4th edition of the World Health Organization Classification of Head and Neck tumours: odontogenic and maxillofacial bone tumours.Virchows Archiv, v.472, n.3, jul. 2017. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5886999/>. Acesso em: 18 set. 2018.