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CLAREAR [edição 1 •Volume II • São Paulo • 2015 ] AUTOR: CEILA SANTOS | EDITORA: COLABORATIVA DIGITAL COLEÇÃO Educação Pré-Natal, Práticas, Dor do Parto, Tempo de Gestar, Homenagem às parteiras, Contos de uma gestação, Comunicação não-violenta + Onde eu vou parir, por que preciso refletir sobre isso?

Clarear #2

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Esse é nosso editorial, com a previsão das matérias do fascículo 2

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Page 1: Clarear #2

CLAREAR[edição 1 •Volume II • São Paulo • 2015 ]

A U T O R : C E I L A S A N T O S | E D I T O R A : C O L A B O R AT I VA D I G I TA L

C O L E Ç Ã O

Educação Pré-Natal, Práticas, Dor do Parto, Tempo de Gestar, Homenagem às parteiras, Contos de uma gestação, Comunicação não-violenta

+

Onde eu vou parir, por que preciso refletir sobre isso?

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UMA OFERENDA

A VOCÊ!

Seja bem-vinda ao segundo volume da nossa coleção! Desta vez, a reflexão é sobre os lugares disponíveis para parir no Brasil. Não foi uma jornada fácil. Muito menos, curta. O primeiro clarear aconteceu oito meses depois do inverno de 2014, quando realizei a entrevista com Anke Reidel, coordenadora da Casa Angela, e Endi Pi, enfermeira obstétrica, que na época gerenciava a equipe de profissionais do espaço.

O insight veio durante o Outono 2015, em abril, quando folheei os livros de Ina May Gaskin após uma vivência num banho com bucha vegetal, que marcou minhas costas com as letras I’M, e entendi que o único lugar que toda mulher pode escolher parir é no seu próprio corpo. Essa compreensão veio porque porque o que mais ouvi dos 15 profissionais que compõem nossa seção “O que elas dizem”, foi sobre o direito de escolha da mulher.

A ideia de direito ficou tão reforçada em mim que resolvi pesquisar todas as políticas públicas de Saúde, pois não percebia essa liberdade tão aclamada pelas entrevistadas. Assim, surgiu a Linha do Tempo, dividida em quatro fases em função do tempo da lua, que pra mim precisava reger o ritmo da pergunta Onde eu vou parir? Porque devo refletir sobre isso?

Também nasceu a vontade de frequentar o curso ministrado pela Sempreviva Organização Feminista, da Secretaria Municipal de Política Pública das Mulheres, que frequentei com afinco entre maio e agosto de 2015. Outra época de outono com inverno.

Vale destacar que a divisão lunar só nasceu em trio, quando eu, Luca e Iamni retomamos o foco na produção deste editorial. Antes, na época do verão, vivenciamos um mergulho profundo de quem

foto Ina May Gaskin

Ilustração Iamni Freire: ponte das estações

19 cm X 8,6 cm

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éramos e porque estávamos envolvidas com a Clarear, o que nos deu clareza da missão deste projeto – valorizar a semente da vida – de sua natureza social, associativa e coletiva. Mas o que fazer com uma linha do tempo e uma resposta?

Reescrevi muitas vezes a abertura deste editorial porque não aceito publicar que, apesar de termos a escolha de parir em nosso próprio corpo, na maioria das vezes, não temos condições físicas, culturais e sociais para escolher o lugar de parir respeitando a individualidade de cada ser. Nossa cultura determina um único padrão de parto a partir do lugar físico: o hospital. E essa injustiça me revolta!

Com exceção das cidades que não têm leitos obstétricos, o hospital é o único acesso oferecido pelo sistema brasileiro de saúde. Há centros de parto normal no Brasil, mas apenas duas dezenas. Ou seu filho nasce no hospital – seja pelo SUS ou pelo seu plano de saúde. Ou você rompe a cultura política e econômica da Saúde. É ato de guerreira. Mas eu não queria vender a guerra, pois ela foi responsável pelo fórceps que vivenciei no meu segundo parto.

Quanto mais eu resistia à realidade de não termos escolhas físicas construídas pelo governo ou pela sociedade, maior a clareza do lugar que toda grávida ocupa quando reflete sobre os lugares disponíveis para parir no Brasil. Se o Estado é injusto com a mulher, pois não cria condições para que exerça sua liberdade de escolha do lugar em que deseja parir seus filhos; o mercado é ganancioso. É a indústria do sistema de saúde privado que determina que o hospital é onde toda brasileira deve parir, inclusive a milionária. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina, assim como os Conselhos Regionais, recomendam aos médicos

o ambiente hospitalar como único lugar seguro para realizar partos, pois têm a tecnologia necessária para o controle da assistência obstétrica. Por isso, é muito raro encontrar obstetras que saibam acolher o desejo da mulher de parir fora do controle dos hospitais. Se não bastasse lidar com a injustiça e a ganância, a mulher ainda lida com a violência da sociedade, que ignora completamente a crueldade desse cenário político e econômico, tão culturalmente naturalizado. Violência. Ganância. Injustiça. Eis o cenário que reconheci durante essa minha jornada. E o que fazer com isso?

Foi na primavera que veio a última clareza – depois de muitas conversas em roda com mulheres do Mapa Clarear, do Sagrado Feminino e com as autoras que aceitaram compor de forma voluntária nossa equipe: oportunidade!

Só quem reconhece a injustiça, a ganância e a violência da nossa cultura patriarcal pode entender o valor da oportunidade de parir no seu próprio corpo, pois essa escolha consiste em tornar-se livre. Uau, clareou? Liberdade é o tema principal deste editorial que tem dezesseis narrativas, escritas por 30 autoras em quatro seções: Coleção, Educação, Família e Feminino. Por isso, nossa oferenda é lhe apresentar essa oportunidade!

Coleçãopágina xx A Clarear durou 3 anos, criada em 2013 a partir de quatro perguntas. A primeira nasceu com cara de revista, no outono de 2013, a partir das mãos de Iamni, Luca e eu. Agora, fechamos este ciclo com a entrega da revista # 2. Paramos no meio do caminho. Não houve recursos nem força da rede suficientes para continuar essa jornada: Meu bebê nasceu, o que devo saber agora? e Meu bebê tem 1 ano, quem pode me ajudar?

Luca

Iamni

Ceila

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por Maturana, autor indicado por Carla, e consegui puxar o novelo deste volume a partir da sua teoria. Graças ao nosso encontro nasceu a abertura dessa coleção.página xx Lara foi quem me iniciou no portal da cidadania. Com ela, aprendi o que é ser de esquerda, o que é participar de um movimento social e o que é o Sistema Único de Saúde. Não tinha dúvida que ela seria a autora que explicaria o SUS, só não tinha ideia de que o meio para essa contribuição seria através da ideia genial, dada por ela, de fazermos uma entrevista.página xx Famosa no gueto das blogueiras maternas, Kalu já fazia parte do nosso coletivo desde o Volume 1 como fotógrafa de várias perguntas publicadas na coleção. Agora, ela mostra aqui seu lado jornalístico como repórter e editora do artigo sobre o Sofia Feldmann.página xx Elina surgiu quando me despedia da necessidade de racionalizar tanto as experiências da minha vida, o que tornou muito prazeroso ouvi-la já que essa necessidade é viva nela. Daí surgiu a ideia de partilhar com vocês a realidade do país onde ela nasceu, se formou e vive quando não está em intercâmbio social e cultural.

EducaçãoMulheres e coletivos que trouxeram a força da

experiência para sinalizar os caminhos possíveis para encontrar e abraçar a oportunidade de se tornar livre.

Pesquisadora sugerida pela Viviane Nascimento, do Grupo Yeva, na Bahia, Maria Santana partilha um pouco da sua sabedoria, experiência e pesquisa com as parteiras do Recôncavo Baiano página xx . Psicóloga e orientanda da Dra. Mary Young,

Na época, a ideia era refletir tais perguntas a partir da formação da ANEP Brasil, uma entidade criada em 2010 por mulheres vinculadas às questões da concepção, parto e nascimento conscientes.

Conselheira da ANEP Brasil, Laura orienta meu trabalho editorial, esclarecendo dúvidas e sinalizando caminhos. Carla Machado, presidente da ANEP Brasil e vice presidente da OMAEP (Organização Mundial das Associações para a Educação Pré-natal), foi quem sugeriu a bibliografia utilizada na pesquisa desta coleção e autora do artigo “Astrologia e Parto” da seção Educação página xx .

Quatro mulheres deram o tom na jornada que eu travei com a pergunta Onde Parir? Por que refletir sobre isso? e, por isso, inseri suas respectivas produções na Coleção Clarear que se tornou duas perguntas sob a perspectiva da Mulher. As perguntas abortadas [Meu bebê nasceu, o que devo saber agora? e Meu bebê tem 1 ano, quem pode me ajudar?] pelo fim do projeto eram reflexões sob a perspectiva do bebê.

Depois do nosso primeiro café, recebi dela uma frase de Leminski: “Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além”. Levou. Eu fiquei embriagada

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Parteira Dona Raimunda do Distrito de Acupe em Santo Amaro

Laura Uplinger

Carla Machado

Maria Santana

Ana Lambert

Sandra Okajima

Sandra Sisla

Carla Ferro

Lara Werner

KaluBrum

Elina Heinonen

Curso de Educação pré-natal

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Homenagem às parteiras urbanas, obstetrizes ou enfermeiras obstétricas que resistem à cultura convencional do parto cirúrgico e criam novos modos de partejar pelo Brasil. As autoras aceitaram escrever perfis das heroínas da Saúde em suas respectivas cidades página xx .

Femininopágina xx Ciça Lessa é a jornalista pioneira no Brasil que iniciou a tarefa de revelar as questões do parto humanizado no seu livro Mulheres Contam o Parto, publicado em 2004 e que serviu inclusive de inspiração para Lu Benatti escrever Parto com Amor em parceria com Marcelo Min – que nos deixou no ano de 2015 de forma tão revolucionária, transformando assim o mistério da vida e morte.

página xx Leila Garcia é arte pura. Ela brilha. Pra mim, ela se pariu no palco, mas nos nossos encontros, Leila diz que o grande portal foi a maternidade. Não há dúvida de que o Parto em Mim – um trabalho corporal para mulheres criado por Leila – é um nascimento do feminino e uma oportunidade de se parir de novo.

responsável pelo ambulatório especializado em antroposofia para gestantes, Sandra Okajima escreve sobre o preparo do pré-natal independente do lugar em que a mulher vai parir página xx .

Sandra Sisla e Ana Lambert dão dicas de como a mulher que se reconhece num ambiente injusto, violento e ganancioso pode preparar o seu corpo para o parto página xx .

Família

Enquanto Mariana Leite e Mariana Tezini trazem relatos de parto das suas respectivas trajetórias maternas. Uma, mãe adotiva. Outra, mãe de um casal com a herança do aborto. As psicólogas Paloma Pinheiro e Silvia falam da perspectiva do marido e das avós deste novo ser na hora do parto página xx .

página xx Sete mulheres de locais diferentes ligadas pela internet foram coordenadas pela jornalista Ligia Ximenes para juntas construírem relatos sobre suas experiências com a Comunicação Não Violenta.

Ligia Ximenes

Luciana Carvalho

Maristela Lima

Marcela Gonçalves

Carolina Lopes

Flavia Estevan

TalitaBelletti

Cinthia Dalphino

Sarah Stopazzoli

Grazielle Rodrigues

Gabi Sallit

Nataly Queiroz

Diana Shneider

Janie Paula

Rafaela Araújo

Paloma Pinheiro

Mariana Leite

Silvia Mariana Tezini

Ciça Lessa

LeilaGarcia