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ClasSaúde reúne 1.200 congressistas Os seis congressos de gestão em saúde denominados ClasSaúde reuniram 1.200 congressistas e 150 palestrantes entre os dias 23 e 25 de maio, no Centro de Convenções do Expo Center Norte, na Capital paulista. O SINDHOSP é um dos promotores do evento, ao lado da CNS, Fenaess e Hospitalar Feira+Fórum. Ano XXIX • nº 327 • Junho / 2012

ClasSaúde reúne 1.200 congressistas - sindhosp.com.br · Barbério – 1º Tesoureiro, Luiz Fernando Ferrari Neto – 2º Tesoureiro, Luiza Watanabe Dal Ben – 1ª Secretária

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ClasSaúde reúne 1.200 congressistas

Os seis congressos de gestão em saúde denominados ClasSaúde reuniram 1.200 congressistas e 150 palestrantes entre os dias 23 e 25 de maio, no Centro de Convenções do Expo Center Norte, na Capital paulista. O SINDHOSP é um dos promotores do evento,

ao lado da CNS, Fenaess e Hospitalar Feira+Fórum.

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reajuste, aplicar-se-á automaticamente uma das formas listadas, que deverá ser expressamente estabelecida no mesmo instrumento”. Estão também vedadas cláu-sulas baseadas em formas de reajuste condicionadas à sinistralidade da operadora e fórmula de cálculo do reajuste ou percentual prefi xado em que o valor do serviço contratado seja mantido ou reduzido. As operadoras têm 180 dias para se adequarem às regras estabelecidas na IN 49.

Para os prestadores essa iniciativa da ANS é como uma luz no fi m do túnel. Após anos de reivindicação e de problemas no relacionamento com as operadoras (que ainda persistem, é bom frisar), essa IN tem um signifi cado que extrapola o seu conteúdo: mostra que a Agência enfim com-preendeu nossas difi-culdades e começa a se preocupar e olhar com mais atenção a esse seg-mento tão importante para a assistência ao usuário.

Dante Montagnanapresidente

SINDICATO DOS HOSPITAIS, CLÍNICAS, CASAS DE SAÚDE, LABORATÓRIOS DE PESQUISAS E ANÁLISES CLÍNICAS E DEMAIS ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

DO ESTADO DE SÃO PAULO

DIRETORIAEFETIVOSDante Ancona Montagnana – Presidente, Yussif Ali Mere Júnior – 1º Vice-presidente, George Schahin – 2º Vice-presidente, José Carlos Barbério – 1º Tesoureiro, Luiz Fernando Ferrari Neto – 2º Tesoureiro, Luiza Watanabe Dal Ben – 1ª Secretária e Antonio Carlos de Carvalho – 2º SecretárioSUPLENTESSérgio Paes de Melo, Carlos Henrique Assef, Danilo Ther Vieira das Neves, Simão Raskin, Ricardo Nascimento Teixeira Mendes, Marcelo Luis Gratão e Irineu Francisco DebastianiCONSELHO FISCALEfetivos: Roberto Nascimento Teixeira Mendes, Gilberto Ulson Pizarro e Marina do Nascimento Teixeira Mendes - Suplentes: Maria Jandira Loconte Ferrari, Paulo Roberto Rogich e Lucinda do Rosário Trigo

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou no Diário Ofi cial da União (DOU), no fi nal do mês de maio, a Instrução Normativa n° 49, que regula-menta os critérios para reajustes dos valores praticados entre operadoras e prestadores de serviços em saúde. A nova instrução impõe com maior clareza as formas de reajustes que deverão ser adotadas, além de prazo para adequação dos instrumentos jurídicos fi rmados entre as partes.

Apesar de não se tratar de Resolução, mas de Instru-ção, a iniciativa da ANS precisa ser reconhecida. Afi nal, há anos que entidades representativas dos prestadores de serviços de saúde denunciam a falta de reajuste, a ausência de contratos, quando esses instrumentos existem não têm índices nem periodicidade, entre outros abusos praticados pelas operadoras.

Segundo a Instrução, a forma e a periodicidade do reajuste devem ser expressas no instrumento jurídico de modo claro, objetivo e de fácil compreensão. Quatro formas de reajuste são propostas: índice vigente e de conhecimento público; percentual prefi xado; variação pecuniária positiva; ou fórmula de cálculo do reajus-te. A livre negociação continua sendo permitida nos contratos “desde que fi que estabelecido que em não havendo acordo até o termo fi nal para a efetivação do

DELEGADOS REPRESENTANTESEfetivos: Dante Ancona Montagnana e Yussif Ali Mere Júnior - Suplen-tes: José Carlos Barbério e Luiz Fernando Ferrari Neto

REGIONAISABCRua Porto Alegre, 257 - Vila AssunçãoCEP: 09030-610 - Santo André - SPTel/Fax: (11) 4427-7047e-mail: [email protected] Bandeirantes, 7-20 - Centro - 17015-011 - Bauru - SPTel: (14) 3223-4747 - Fax: (14) 3223-4718e-mail: [email protected] Conceição, 233 - 15º andar - Sala 1510 - Centro CEP: 13010-050 - Campinas - SPTel: (19) 3233-2655 - Fax: (19) 3233-2676e-mail: [email protected] PRUDENTERua Joaquim Nabuco, 150 - CentroPresidente Prudente - SP - CEP: 19010-070 - Tel: (18) 3916-2435 e-mail: [email protected]ÃO PRETORua Álvares Cabral, 576 - 5º andar - Edifício MercúrioCEP: 14010-080 - Ribeirão Preto - SPTel/Fax: (16) 3610-6529 - e-mail: [email protected] Dr. Carvalho de Mendonça, 238 - Cj. 44 - CentroCEP: 11070-000 - Santos - SP - Tel/Fax: (13) 3233-3218e-mail: [email protected]ÃO JOSÉ DOS CAMPOSAv. Dr. João Guilhermino, 251 - 12º andar - sala 122

CEP: 12210-131 - São José dos Campos - SPTel: (12) 3922-5777 / 3922-5023 - Fax (12) 3946-2638e-mail: [email protected]ÃO JOSÉ DO RIO PRETORua Tiradentes, 2449 - Boa VistaCEP: 15025-050 - São José do Rio Preto - SPTel: (17) 3232-3030e-mail: [email protected] Cônego Januário Barbosa, 145 - VergueiroCEP: 18030-200 - Sorocaba - SPTel: (15) 3211-6660 - Fax: (15) 3233-0822 e-mail: [email protected]

JORNAL DO SINDHOSPEDITORA: Ana Paula Barbulho (Mtb 22.170)REPORTAGENS: Ana Paula Barbulho, Aline Moura e Fabiane de SáPLANEJAMENTO E PRODUÇÃO GRÁFICA:Ergon Art - (11) 2676-3211PERIODICIDADE: MensalTIRAGEM: 15.000 exemplaresCIRCULAÇÃO: entre diretores e administradores hospitalares, estabe-lecimentos de saúde, órgãos de imprensa e autoridades.

Os artigos assinados não refl etem necessariamente a opinião do jornal.

Correspondência para Assessoria de Imprensa SINDHOSPR. 24 de Maio, 208, 9º andar, São Paulo, Capital, CEP 01041-000Fone (11) 3331-1555, ramais 245 e 255www.sindhosp.com.bre-mail: [email protected]

IN 49 trata de reajuste e periodicidade

E d i t o r i a l

E x p e d i e n t e

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A nova diretoria do SINDHOSP, para o quinquênio 2012-2017, tomou posse na manhã de 1º de junho, em cerimônia particular ocorrida no auditório da entidade, na Capital paulista. A chapa úni-ca foi eleita em abril passado com mais de 60% dos votos válidos.

Todos os associados da entidade que estavam aptos a votar re-ceberam comunicados antes das eleições. “Não houve outra chapa inscrita. Isso nos leva a acreditar que estamos desenvolvendo um trabalho que vai ao encontro dos anseios da categoria”, afirma o presidente recém-eleito, Dante Montagnana.

Acompanhe, abaixo, a composição da nova diretoria do SINDHOSP:

A Joint Comission International (JCI), maior órgão para concessão de certifi cações de saúde do mundo, acaba de conceder a acreditação à Dal Ben Home Care, empresa de atendimento domiciliar dirigida por Luiza Watanabe Dal Ben, diretora do SINDHOSP.

A certifi cação alça o estabelecimen-to a padrões mundiais de qualidade, levando em conta todos os processos envolvidos nas áreas assistencial, de segurança do paciente, de formação de pessoas, entre outras. Em comunicado ofi cial, a empresa reafi rma o envolvi-mento dos colaboradores para mais esta

conquista. “Motivo de satisfação para todo o setor e, mais especial-mente, para os cola-boradores da Dal Ben, que foram decisivos”, informou. A Dal Ben Home Care é o segun-do estabelecimento brasileiro especializa-do em atendimento domiciliar a receber a acreditação da JCI.

O foco dos auditores e do trabalho desenvolvido pela JCI ao longo do pro-

cesso de acreditação está na melhoria da segurança do cuidado ao paciente, imple-mentando soluções práticas e sustentáveis. A organização atua em mais de 80 países desde 1994, conce-dendo certifi cações e promovendo serviços de consultoria e edu-cacionais a estabeleci-

mentos de saúde, ministérios da saúde e organizações globais.

Nova diretoria do SINDHOSP toma posse

Dal Ben Home Care recebe certificação da JCI

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Luiza Dal Ben, diretora presidente da Dal Ben Home Care

Os integrantes da nova diretoria

DIRETORIADante Ancona Montagnana – presidenteYussif Ali Mere Júnior – 1º vice-presidenteGeorge Schahin – 2º vice-presidenteJosé Carlos Barbério – 1º tesoureiroLuiz Fernando Ferrari Neto – 2º tesoureiroLuiza Watanabe Dal Ben – 1ª secretáriaAntonio Carlos de Carvalho – 2º secretário

SuplentesSérgio Paes de MeloCarlos Henrique AssefDanilo Ther Vieira das Neves Simão RaskinRicardo Nascimento Teixeira MendesMarcelo Luis GratãoIrineu Francisco Debastiani

DIRETORIA SINDHOSP 2012/2017CONSELHO FISCALEfetivos

Roberto Nascimento Teixeira MendesGilberto Ulson PizarroMarina do Nascimento Teixeira Mendes

SuplentesMaria Jandira Loconte FerrariPaulo Roberto RogichLucinda do Rosário Trigo

DELEGADOS REPRESENTANTESEfetivos

Dante Ancona MontagnanaYussif Ali Mere Júnior

SuplentesJosé Carlos BarbérioLuiz Fernando Ferrari Neto

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Gerador de empregos e em crescimento acima da média. Este é o setor de saúde bra-sileiro, cuja indústria encontra-se em franca expansão. As engrenagens da saúde movi-mentam, a cada ano, cerca de R$ 340 bilhões, o equivalente a 9% do PIB brasileiro. Apesar disso, o governo precisa se debruçar mais sobre as políticas de incentivo à produção nacional, além é claro de prever mais recur-sos para o sistema público. Este foi o tom dos discursos, debates, conversas e rodadas de negócios travadas durante a Hospitalar 2012.

Prova da capacidade do setor em gerar cifras foi o resultado desta 19ª edição da Hospitalar, que vendeu direta e indiretamen-te R$ 6,4 bilhões - 6% mais que em 2011. A maior feira e fórum de saúde do Brasil e das Américas reuniu, no Expo Center Norte, em São Paulo, 1.250 expositores nacionais e internacionais, e recebeu 92 mil visitas pro-fi ssionais, cerca de 3% acima do ano anterior, durante os quatro dias de evento.

As reivindicações por mais incentivo à indústria reverberaram na abertura da Hospitalar, que contou com a presença da anfi triã, Waleska Santos, de políticos, em-presários e representantes de associações do setor, como o presidente do SINDHOSP, Dante Montagnana, da Federação Nacional dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Fenaess), Humberto Gomes de Melo, e da Confederação Nacional da Saúde (CNS), José Carlos Abrahão. Franco Pallamolla, presiden-te da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Similares (Abimo), foi um dos que se destacou nas críticas e reivindicações. “Exportamos R$ 700 milhões em 2011, crescemos acima de outros setores, mas lutamos de forma solitária pela inovação e pelo crescimento”, afi rmou, em

discurso. Pallamolla pediu medidas de prote-ção e incentivo, como a inclusão da indústria da saúde no Plano Brasil Maior, anunciado recentemente pelo governo federal e que contempla uma série de medidas de fomento.

No nível estadual, o governador Geraldo Alckmin reconheceu a saúde como setor que mais cresce em todo o mundo. “É um setor social e economicamente cada vez mais importante, e representará o maior PIB do mundo. Mas a população vive num mar de sofrimento e isso vai piorar, se não tiver mais orçamento, se não corrigir a tabela SUS”, cri-ticou. Os secretários da pasta em São Paulo, Januário Montone (na esfera municipal) e Giovanni Guido Cerri (estadual) também estiveram na cerimônia de abertura.

Em visita à exposição no dia do encerra-mento, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que novos investimentos estão em aprovação para o segundo semestre deste ano para compra de equipamentos de diagnóstico, por parte do governo. Isso signifi ca que a in-dústria brasileira terá prioridade nas compras que o governo federal fi zer para o SUS.

O SINDHOSP na feiraO SINDHOSP esteve presente na Hos-

pitalar 2012 com seu stand. O espaço funcionou como ponto de encontro para associados e contribuintes que visitaram a feira, e contou com a presença das equipes de Marketing, Comunicação, Saúde Suple-mentar, SUS, Interior e demais colaboradores do Sindicato, que prestaram informação, produziram boletins exclusivos sobre os principais acontecimentos da feira e do Clas-Saúde, e atualizaram o site e as redes sociais diariamente, o que permitiu aos internautas acompanhar o que se passou nos eventos.

A novidade deste ano no stand foi a colocação de um totem para a votação pela melhor capa da pró-xima edição do Anuário SINDHOSP 2012, a quarta produzida pela enti-dade em parceria com a Public. Fo-ram três as versões de capa expos-tas ao público durante os quatro dias de feira. No site do SINDHOSP, e na fan page do Sindicado no Facebook, os internautas também votaram. A mais popular será eleita a capa oficial do Anuário 2012.

O tema central desta edição é “Inovação – Ideias, Tendências e Ações que Transformam o Mercado de Saúde”. A publicação, considera-da uma referência no setor de saúde, foi eleita ano passado como uma das cinco melhores do país, na categoria jornalismo corporativo. O Anuário SINDHOSP possui 300 páginas, é impresso em quatro cores, 15 mil exemplares, e seu lançamento é esperado para setembro. A versão digital, para Ipad, tablets e smar-tphones, será anunciada na sequência.

Personalidade do AnoTradicionalmente anunciado durante

o jantar de confraternização da Hospitalar, o Prêmio Personalidade do Ano na Área da Saúde de 2012 foi entregue à Silvia Brandali-se, presidente do Centro Infantil Boldrini, em 23 de maio, no espaço Leopolldo, na capital paulista, com a presença de 400 convidados. Na ocasião, o vice-presidente do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Júnior, representou Dante Montagnana, presidente do Sindicato.

Silvia Brandalise é pediatra onco-hema-tologista e fundou o Centro Infantil Boldrini, que cuida de crianças e adolescentes com câncer e doenças hematológicas. Instalado em Campinas, o Centro começou a ser cons-truído em 1978, com auxílio de doações. Foi Silvia quem implantou o primeiro protocolo brasileiro de tratamento da Leucemia Linfoi-de Aguda (LLA), modifi cando os rumos da doença no Brasil. Em 1978, o índice de cura era de menos de 5%, hoje está em 80%. Na hematologia pediátrica, ela foi responsável pela implantação do primeiro programa de Triagem Neonatal para a Doença Falciforme no Brasil, na Unicamp. A experiência foi decisiva para o direcionamento de políticas públicas na área.

Incentivos ao setor marcam Hospitalar 2012

O stand do SINDHOSP na Hospitalar 2012 Representantes do setor na homenagem a Silvia Brandalise

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Uma avalanche de informações, regras, normas e tendências têm assombrado a vida dos gestores de clínicas. De menor porte, es-ses estabelecimentos enfrentam, por vezes, o mesmo furor regulatório imposto aos hos-pitais e centros de diagnóstico. Deparam-se com tendências do mercado, como parcerias público-privadas e fusões e aquisições, sem saber direito de que forma encará-las. Ainda assim, devem manter a qualidade de seus serviços, pensar em certifi cação e fi delização de clientes, além de contar com equipes profissionais treinadas. Esta profusão de temas foi abordada durante o 7º Congresso Brasileiro de Gestão em Clínicas de Serviços de Saúde, realizado em 23 de maio, dentro da programação do ClasSaúde.

A boa notícia, apresentada pelo consul-tor em saúde, André Staff a, é que as clínicas são a bola da vez, “o futuro da saúde”, porque ganharam mercado com a tendência da desospitalização, por prestarem serviços especializados e porque possuem maior

capacidade de aglutinar ações de preven-ção e promoção de saúde.  “Vejo para este mercado um futuro brilhante, o que faz com que investidores olhem com lupa para este setor”, afi rmou. Na concepção de Staff a, a concentração de mercado começa a chegar às clínicas. “Principalmente nos serviços de home care, nas clínicas de imagem e de tra-tamentos complementares em cidades de médio e grande portes”, explicou.

As parcerias entre os setores público e privado sempre existiram e na saúde mo-delos diversos estão em prática. No âmbito das clinicas, as parcerias já podem ser vistas em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, com as UPAs (no Rio) e as AMAs e AMEs (em SP). Flávia Maria Porto Terzian, superinten-dente da Autarquia Hospitalar Municipal de São Paulo, destacou que todo o serviço de radiologia da cidade já é realizado por

meio de parceria com o setor privado. “Isso é uma maneira de reduzir os custos sem reduzir qualidade. Até 2013, fecharemos novas parcerias nas áreas de fi sioterapia e de atendimento domiciliar”, revelou.

Para as clinicas, no entanto, é preciso pensar em modelos de parceria que ofereçam garantias de pagamento e que incluam, em especial, a prestação de serviços ou a gestão dos mesmos. O modelo tradicional da PPP, no qual o Estado está em busca de capital, não vale para os estabelecimentos menores. Quem fez o alerta foi Alberto Hideki Ka-namura, diretor do Instituto Israelita de Responsabilidade Social Albert Einstein.

Antes de dar um novo passo rumo às parcerias com o governo, muitos estabelecimentos têm de enfrentar ainda um problema recorrente, que são os registros, as exigências e, por vezes, o excesso de burocracia das vigilân-cias sanitárias locais, e da própria Anvisa.

Os gestores e proprietários de clínicas, segundo Luiz Roberto da Silva Abraão, que atua como gestor, têm muitas dú-vidas quanto às exigências feitas pelos fi scais. “Seguimos ora o que preconizam aos hospitais, ora aos consultórios. As normas são confusas e regionalizadas, e ainda variam conforme a interpretação de cada agente”, afi rmou Abraão.

A gerente geral de Tecnologias e Ser-viços de Saúde da Anvisa, Diana Oliveira, reconheceu o problema e afi rmou que o órgão tem buscado harmonizar o enten-dimento de alvará sanitário. Apresentou a RDC 63, publicada no fi nal de 2011, que

normatiza o funcionamento dos serviços de saúde. Diana ainda reconheceu que a inspeção dos agentes locais é carregada de subjetividade, mas afi rmou que não é possível criar uma regulamentação úni-ca, que regule o país inteiro, uma vez que é formado por regiões muito diversas.

No âmbito jurídico, ainda velhos dilemas assombram os gestores. A boa notícia tem sido o aumento do número de ações favoráveis às empresas em ações trabalhistas, segundo a advogada Vanessa Cardone, sócia do escritório Be-nício Advogados. Ela mostrou jurispru-dências recentes que confi rmam maior fl exibilização da Justiça do Trabalho, contendo ações anulatórias em autos de infração.

Manter um relacionamento duradouro com a equipe é, na verdade, outro grande de-safi o, segundo Márcia Fonseca Vieira, psicóloga

e coach. “Em 100% das empresas, a comuni-cação é um problema. Detectamos ausência de feedback, de critérios claros de seleção e promoção, falta de investimento no desen-volvimento dos profi ssionais, de metas claras e de foco na gestão de pessoas”, identifi cou.

Outra poderosa ferramenta, que pode destruir a reputação institucional de um serviço, está nas redes sociais. A nova onda, se bem administrada, pode trazer enormes benefícios para as clínicas. Ao mesmo tem-po, expõe como nunca as pessoas, os fatos e as organizações. O jornalista Luiz Algarra, designer de fl uxo e conversação, afi rmou que uma rede de conversas entre os pa-cientes está acontecendo. “A reputação dos serviços médicos nunca esteve tão exposta como agora e nós não temos mais como desqualifi car ou bloquear esta fala”, afi rmou.

Ao mesmo tempo, o poder das redes pode mobilizar pessoas para o bem. “Para começar, é preciso identificar dentro da própria empresa aquele funcionário que

já é líder, que atua como um formador de opinião e multiplicador dentro do Twitter, do Facebook. Ele pode ser o início da construção de uma rede de relacionamento positiva”, en-sinou Marcelo Sampaio, do Revoluv Group.

7º Congresso Brasileiro de Gestão em Clínicas de Serviços de Saúde

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O mapa de sobrevivência das clínicas

A regulamentação da Anvisa foi um dos temas do evento

O debate sobre ameaças e oportunidades

As clínicas são “a bola da vez”, segundo André Staff a, que falou sobre concentração de mercado

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Os dilemas da saúde hoje e amanhãO 17º Congresso Latino-Americano de

Serviços de Saúde, evento internacional do ClasSaúde, realizado nos dias 23 e 24 de maio, teve como tema central “Dilemas da Saúde: Presente e Futuro”. O evento reuniu cerca de 500 participantes e foi dividido em três Módulos: Sistema de Saúde Público--Privado, Capacitação Profi ssional e Saúde Suplementar.

O debate sobre Financiamento e Refor-ma Fiscal para a Saúde Brasileira abriu os trabalhos do módulo de Sistema de Saúde Público-Privado, em 23 de maio. André Me-dici, economista da Saúde do Banco Mun-dial, apresentou o investimento global na área, comparando os gastos brasileiros no setor com o de outros países. “O Brasil está dentro da média de investimento mundial, apesar de o investimento público per capita estar abaixo da média latino-americana”, frisou. Dos países do BRIC – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, nosso país é o

que mais investe em saúde, em porcenta-gem do PIB. Na América Latina é o quarto país em investimento do PIB, mas quando comparado apenas o investimento público per capita, nosso país fi gura entre os últi-mos da lista.

André Medici defende o estabelecimen-to de prioridades antes de se destinar mais recursos à saúde. Também lembra que a car-ga tributária brasileira é uma das mais altas do mundo, comparada à da Suécia, e que não há espaço para a criação de um novo imposto ou tributo que subsidie o setor. “A pergunta que toda a sociedade deve fazer é aonde reduzir gastos desnecessários em outros setores?”, questionou. Reconsiderar o conceito da universalidade e aumentar a complementariedade entre o público e o privado são soluções que podem auxiliar, na opinião do economista.

O talk show que debateu o assunto

foi moderado pelo di-retor do Centro Paulista em Economia da Saú-de (CPES), Marcos Bosi Ferraz. Maureen Lewis, assessora econômica do Banco Mundial, lembrou que não há no mundo um sistema de saúde “ideal”. Para ela, o mo-delo das organizações sociais, implantado pelo Governo do Estado de São Paulo, é interessante e exemplo para outros países. “A China não tem um sistema de saúde estabelecido, mas investe tanto em educação que alguns indicadores, como a taxa de mortalidade infantil, são até melhores do que os brasi-leiros”, sentenciou.

José Cechin, diretor executivo da Fe-naSaúde, lembrou que a realocação de recursos no orçamento da União terá que ser feita em paralelo a de-bates importantes, já que dois terços dos gastos federais são destinados ao pagamento de servidores e INSS. “Hoje, 15% da população brasileira têm algum tipo de benefício previ-denciário. Precisamos mexer nisso se quisermos investir mais em saúde e outros setores”.

A falta de vontade política para mudar essa realidade é o grande entrave, na visão do coordenador do debate, Marcos Bosi Ferraz. André Me-

dici também defendeu maior fi scalização na aplicação do dinheiro destinado à saúde, já que um estudo de 2006 mostrou que 65% dos municípios brasileiros gastavam esses recursos de forma irregular.

O segundo debate do módulo abor-dou Gestão e Assistência. Gonzalo Vecina Neto, superintendente corpo-rativo do Hospital Sírio--Libanês, foi o modera-dor do talk show. “Um dos maiores desafi os da humanidade é aumen-tar a efi ciência”, alertou. O secretário de Saúde de São Paulo, Januário Montone, apresentou os desafi os que enfrenta na gestão do sistema em uma das maiores cidades

do mundo. Com R$ 7 bilhões de orçamento anual, a Secretaria Mu-nicipal de Saúde recebe aproximadamente 20% do total de recursos da Prefeitura. Mesmo as-sim, recente pesquisa de opinião pública apontou que a saúde é a maior preocupação do paulis-tano. “O cidadão deveria ser atendido por um ou outro sistema e não por ambos, como ocorre hoje. A renúncia fi scal é

outro fator que precisa ser revisto”, defen-deu. Para o diretor de Normas e Habilitação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Leandro Reis Tavares, essa discussão conceitual esbarra em amarras legais.

Transição demográfica e modelo de atenção foi o tema que abriu os debates do período da tarde do módulo. A palestra que provocou o debate foi proferida pelo professor titular do Centro de Estudos do Envelhecimento do Departamento de Me-dicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo, Luiz Roberto Ramos. Em sua opinião, é preciso quebrar paradigmas, como mudança de comportamentos, estilo de vida, inclusão social e, principalmente, a aderência aos tratamentos. A Unimed de Belo Horizonte possui 13% da sua carteira formada por pessoas acima de 60 anos. Para o diretor-presidente da cooperativa, Helton Freitas, o aumento do custo assistencial se dá à medida em que as pessoas envelhe-cem. “As formas de adoecer e morrer enca-receram. O sistema está baseado na cura, nos tratamentos agudos. Pacientes crônicos são mal cuidados e mal geridos”, acredita.

A ANS tem tentado avançar com os programas de promoção e prevenção e pretende se aprofundar na análise e avaliação de incorpo-ração tecnológica. Foi o que afi rmou a repre-sentante da Agência no debate, Martha Oliveira. Celeste Rodrigues, re-presentante do Minis-tério da Saúde, lembrou as difi culdades do órgão na implantação de po-líticas com a dimensão continental do Brasil e

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17º Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde – Público-Privado C l a s S a ú d e

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O presidente da CNS fala sobre a saúde no Brasil em 15 anos

André Medici, do Banco Mundial

O talk show sobre gestão e assistência

Em busca de profissional qualificadoNa abertura do módulo de Capacitação

Profi ssional em Saúde, em 23 de maio, o presidente da CNS, José Carlos Abrahão, deu início aos trabalhos ressaltando a importância de capacitar as equipes multi-disciplinares ligadas à saúde para garantir a sobrevivência do setor. “Não existe serviço nesta área sem a presença do ser humano. Por isso, cada vez mais é importante a qua-lifi cação dos profi ssionais.” O presidente da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares (FBAH), Paulo Câmara, disse que o setor, muitas vezes, está preocupa-do com parcerias público-privadas (PPPs), equipamentos e fi nanciamento e acaba deixando o fator humano de lado.

Essa opinião foi reiterada no primeiro painel do módulo, que abordou A Impor-tância das Pessoas na Gestão Estratégica da Empresa, e trouxe a experiência inter-nacional do presidente da Inter - Thema Consultoria Empresarial, Theunis Marinho. Após visitar mais de 50 países, ele observou que há uma acomodação no Brasil no que se refere à competitividade dos profi ssionais de RH que atuam no setor de saúde. Para ele é preciso estar conectado com as metas da empresa para fazer a diferença. O equívoco de só se investir em tecnologia para equipamentos e produtos, acreditando que somente isso faz os tratamentos serem mais eficazes, faz o setor esquecer que tudo está a cargo do material huma-no e cabe a este superar os desafi os para que o negócio saúde funcione. “O profi ssional da saúde tem que ser mais estratégico para ser efi ciente”.

O vice-coordenador de Pesquisa em Regulamentação Econômica e Estratégias Empresariais da PUC-SP, Eduardo Perillo, que abordou a dimensão do mercado de trabalho da saúde brasileira, afi rmou que existe muita mão de obra na saúde, mas o que está faltando é investimento na qualifi cação desses profi ssionais. Na sua percepção, o setor é tratado no país como uma indústria de segunda classe. “Não temos uma cadeia produtiva estruturada, com tributação só no produto fi nal, e sim em todas as etapas do processo. Isso faz da saúde um produto caro, oneroso e sempre vai faltar investimento em algum ponto dessa cadeia. Infelizmente, acaba sendo na mão de obra”, afi rmou.

Considerado um dos principais dilemas da saúde, a judicialização foi o painel que

encerrou o módulo. As discussões tiveram início com o questionamento: podemos regular a oferta de assistência no setor? O diretor da Consultoria PWC, Carlos Suslik, coordenador do painel, considera que a máxima garantida pela Constituição de que “saúde é direito de todos e dever do Estado” abre a prerrogativa para distorções por parte da população. “Hoje, a demanda de ações e as liminares estão pressionando o setor privado, que deve sempre funcionar com base em um tripé: financiamento, acesso e cobertura. Mas até onde vai esta cobertura? Não estamos vendo isso ser debatido no Brasil”, lamentou.

Para o secretário estadual da Saúde da Bahia, Jorge Solla, um dos grandes proble-mas para conseguir atender as centenas de ações judiciais está na falta de categoriza-ção, documentação insufi ciente e erros nos encaminhamentos das decisões para aten-

der aos pacientes. “Por dia, recebemos 37 ações judiciais somente para recebimento de medicação. Isso inviabiliza todo o siste-ma”, ressaltou. Ele apresentou dados que comprovam que apesar dos investimentos que estão sendo feitos no setor, a demanda de limares para medicamentos, principal-mente para tratamentos oncológicos, só faz crescer. De 2009 a 2011, o aumento de processos administrativos e judiciários no Estado da Bahia aumentou 890%.

A situação no segmento privado não é muito diferente. Segundo o gerente Mé-dico da diretoria técnica da Amil, Cláudio Tafl a, hoje os contratos entre operadoras e usuários “na teoria, tornou-se um pedaço de papel sem muito valor”. 82% dos proces-sos geram liminar a favor do demandado, segundo ele, evidenciando que nessas ações quem está decidindo pelo tratamen-to não é o médico.

as diversas realidades regionais. A atenção aos crônicos é uma das prioridades do Ministério, segundo ela.

Com tantos desafi os e temas relevan-tes em discussão, como estará o sistema de saúde brasileiro em 15 anos? Essa foi a tônica da discussão que encerrou o módulo. O assessor especial do Ministério da Saúde, Fausto Pereira dos Santos, acredita que o Brasil caminha para um sistema de saúde parecido com o chileno. “Cada país tem suas particularidades, mas antes de tudo precisamos defi nir o que é integralidade e qual o papel dos sistemas público e priva-do”, defendeu.

O impacto do envelhecimento da população no sistema de saúde foi a pre-ocupação trazida pelo diretor executivo da FenaSaúde, José Cechin, já que isso impacta nas despesas de saúde. Até os 69 anos de idade, a despesa média per capita, segundo pesquisa da Unidas, é de R$ 2.741. A partir dos 70 anos sobre para R$ 7.223. Isso se mostra ainda mais preocupante ao constatar que em 2027 18,5% da população brasileira terá mais de 60 anos. “O gasto público também irá aumentar. Se o atual cenário se mantiver, 18% da população estará recebendo algum benefício do INSS em 2027. Com isso, o crescimento econô-mico que se vislumbra não será sustentável e as difi culdades fi scais serão crescentes”, alertou Cechin. Como soluções para esses problemas, o diretor da FenaSaúde propõe a revisão da aposentadoria rural e de pro-fessores. “Apenas a discussão sobre a idade mínima para a aposentadoria desses pro-fi ssionais, que é de 55 anos, já geraria aos cofres da União mais de R$ 15 bilhões por ano”, frisou. Além disso, defende a adoção de novos produtos para fi nanciar a saúde, como planos com capitalização para cus-tear os cuidados durante a aposentadoria. Que o envelhecimento populacional trará impactos para a saúde é fato. André Medici, economista do Banco Mundial, lembra que o Brasil não está preparado para atender a essas pessoas, tão pouco para cuidar dos doentes crônicos, que devem aumentar.

Para José Carlos Abrahão, presidente da CNS, a proposta de Cechin se mostra uma boa ferramenta de gestão do sistema de saúde em longo prazo. “É preciso promover uma discussão mais ampla sobre reforma tributária, combater o desperdício, fazer com que a saúde pública e privada convivam de forma mais harmoniosa e ter como foco dos debates a segurança do paciente”, defendeu.

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A JudicialIzação também foi debatida no módulo

Oportunidades, expansão e concentraçãoO módulo de Saúde Suplementar do 17º

Congresso Latino-Americano começou com o debate sobre A Relação entre o Sistema Público e Privado. Marcos Bosi Ferraz, diretor do Centro Paulista em Economia da Saúde (CPES), lembrou que os problemas enfrenta-dos pelo setor já estão diagnosticados, como a insufi ciência de investimento público, o desperdício e inefi ciência, o envelhecimento populacional. “Se já sabemos quais são e onde estão esses problemas por que não os resolvemos?”, questionou Ferraz.

Sobre as parcerias entre o governo de São Paulo e as organizações sociais (OS), o moderador dos debates, o consultor da Logi-ka, André Staff a, ressaltou que será necessá-rio rever o modelo, pois ele já está causando distorções. “A OS fi ca sem capacidade de investimento, já que os contratos de gestão não permitem lucro ou sobra. Muitas já estão se questionando se vale a pena correr tantos riscos”, adiantou. Para o secretário de Estado da Saúde do Rio de Janeiro, Sérgio Cortes, “o paciente não quer saber se o médico é servidor público, celetista ou autônomo. Ele quer ter o seu problema resolvido”.

Jorge Oliveira, do Consórcio Prodal, que administra o Hospital do Subúrbio em Salvador, primeiro modelo de PPP do país, afi rmou que a efi ciência dessas parcerias se busca na prestação de serviços, na operação. Mas muitas barreiras precisarão ser quebra-das para que novos exemplos e iniciativas de parcerias aconteçam, na opinião de Luciano Moreira, vice-presidente do Iabas.

O segundo talk show abordou as opor-tunidades que podem ser identifi cadas no aumento das demandas na saúde. José Henrique Germann, superintendente do Instituto de Consultoria e Gestão Albert Eins-tein, mostrou os resultados de uma pesquisa recente: médicos formados a partir da déca-da de 90 trocam mais de 40 e-mails diários

com pacientes. “Como gestores precisamos estar preparados para essa tendência”.

Chao Lung Wen, presidente do Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde, apresentou as iniciativas do que ele cha-ma de “medicina a todo momento”. Em sua opinião, a casa do paciente é o novo espaço de saúde. “Com serviços inteli-gentes, comunicação, redes sociais e conectividade podemos levar dicas de saúde diariamente às pessoas. Isso é importante, pois 75% dos custos da assistência vêm das doenças crônicas”. O gerente de Relações com Prestadores da ANS, Carlos Figueiredo, acredita que a internet tem papel importante na aquisição de serviços de saúde por parte do consumidor do século XXI e ressaltou que nem sempre a regulação acompanha a velocidade da inovação, das transformações.

O mercado irá se expandir a médio e longo prazos? Quais as perspectivas? Essa foi a tônica da palestra de Enrico De Vettori, da Deloitte. “Serviços intermediários, como o de gerenciamento de crônicos e home care têm espaço enorme dentro do mercado. Outra área com grandes oportu-nidades é a de odontologia”, ressaltou. No setor hospitalar, o consultor lembrou que algumas fraquezas devem ser equacionadas para que os investimentos que virão gerem os resultados esperados. Entre elas, destaca o atual modelo de remuneração da saúde suplementar, o relacionamento entre os atores, a falta de mão de obra qualifi cada, baixa padronização dos indicadores, gestão orçamentária defi ciente e difi culdade em fi delizar a clientela.

O setor diagnóstico faturou R$ 10 bi-lhões e registrou um crescimento de 7,8% em 2011. Até 2013, o crescimento deve ser de 8% ao ano, em média. De Vettori cita

dois setores onde a concentração de mercado deve ser mais latente: farmá-cias e serviços de apoio. “Efi ciência e margem operacional são os caminhos que levam valor ao negócio. No último ano percebemos que ambos caíram, apesar do aumento de receita das organizações. E essa é uma boa notí-cia: signifi ca que há dinheiro perdido dentro das empresas”, fi nalizou.

O talk show que debateu o tema foi moderado pelo diretor do SINDHOSP, Fábio Sinisgalli. O presidente da Rede D´Or, Jorge Moll, colocou os planos e perspectivas do grupo. Além do ganho

com escala, a concentração impõe o peso do prestador no momento da negociação. Do outro lado, algumas operadoras investem na verticalização e até em modelos de negó-cios diferenciados com alguns prestadores. A Bradesco Saúde, por exemplo, aposta no que o diretor da seguradora, Sérgio Galvão, chamou de “verticalização virtual”, que nada

mais é do que direcionar a alguns presta-dores procedimentos pré-negociados. A livre escolha do usuário, nessa situação, fi ca prejudicada, fato levantado por Sinisgalli. A justifi cativa da seguradora se dá pelo alto custo dos materiais, órteses, próteses e medicamentos, cobrados pelos hospitais. Sérgio Galvão disse ainda que a seguradora está em vias de lançar no mercado uma em-presa com o único objetivo de intermediar a compra desses itens.

O último debate tratou da concentração dos serviços. Coube à coordenadora da GVSaúde, Ana Maria Malik, a apresentação dos pontos que provocou o talk show. “Existe uma tendência na consolidação e surgimento de redes. Na concentração da saúde, quem defende os interesses do con-sumidor?”, questionou Malik.

Maior foco na qualidade do serviço prestado foi uma das ponderações feitas pelo coordenador do departamento de Saúde Suplementar do SINDHOSP, Danilo Bernik. “Eu mesmo já vivi a experiência de ser atendido em uma instituição de saúde antes e depois da aquisição. E a qualidade do serviço piorou”. Para ele, o usuário está sendo surpreendido com essas mudanças e vem perdendo seu direito de escolha. Já o assessor da Presidência da Amil, Paulo Souza, garantiu que a concentração foi uma “fatalidade” na trajetória da operadora, que a empresa vem crescendo muito na região nordeste e vê oportunidades em mercados até então dominados pelas Unimeds.

O talk show sobre concentração de mercado

O debate sobre a relação público-privado lotou o auditório

17º Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde – Saúde Suplementar

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Afinal, é possível prevenir a doença mental?Ainda estigmatizada, a doença mental

afeta cada vez mais parcelas da população. Para se ter uma ideia, cinco das dez causas mais frequentes de afastamento no traba-lho são transtornos mentais. A dependên-cia química também aumenta, inclusive entre os trabalhadores. Doenças mentais acometem ainda quase 13% das crianças e adolescentes do país. Em contrapartida, o já conhecido dilema da falta de leitos psiquiátricos permanece afetando a rotina de famílias desestruturadas, sem condi-ções econômicas e psicológicas para arcar com a tarefa do cuidar. Doentes crônicos, agora “socializados”, passaram a viver nas ruas e encontram barreiras imensas para obter acesso aos serviços de assistência anunciados como revolucionários pela reforma iniciada há mais de dez anos, com a lei 10.216.

Estes velhos problemas ganharam novos paradigmas durante o 3º Congresso

Brasileiro de Gestão e Políticas em Saúde Mental, realizado durante o ClasSaúde. Sob o eixo central da prevenção e promoção, os palestrantes apresentaram pesquisas inéditas que apontam a importância dos estudos científicos do cérebro para se entender e prevenir a doença mental. Tra-çaram um mapa da assistência no Brasil e suas falhas, falaram sobre o estigma de se abordar a saúde mental dentro das escolas e apontaram caminhos para esta trincheira.

Psiquiatra e pesquisador da Unifesp, Thiago Fidalgo conduziu as apresentações, os debates e abriu o evento com importan-te refl exão: “A percepção geral é que nossas doenças (na esfera mental) não matam, então não são consideradas importantes”. O estigma, segundo ele, é um dos maiores problemas a ser enfrentado no tratamento das pessoas que sofrem de algum trans-torno. Neste campo, Rodrigo Bressan,

pesquisador e professor de Psiquiatria da Unifesp, avisou que o estigma, além de gerar preconceitos, atrasa pesquisas e adia tratamentos possíveis. Deixando de lado os tabus, a comunidade científi ca tem desco-berto e proposto novas maneiras de tratar a esquizofrenia, baseada em pesquisas pioneiras na área da neurociência.

Bressan apresentou estudos que já demonstram mudanças cerebrais, como perda de conectividade e de massa cinzen-ta, em pacientes em estado de risco para o diagnóstico de esquizofrenia. Iniciadas na Austrália, as pesquisas associaram sintomas iniciais da doença - como ideias persecutó-rias, conteúdo incomum do pensamento e discurso desorganizado - às mudanças neurocerebrais. O passo seguinte às cons-tatações foi indicar terapias neuroprote-toras para esses pacientes em estado de “ultra-alto risco”, o que conseguiu prevenir o surgimento de quadros psicóticos ou di-

minuir sua incidência. Os estudos demonstram a importância de se pesquisar mais e melhor a neuro-ciência, e sua aplicabilidade na prevenção das doenças mentais.

Levando em conta que 12,7% das crianças e jovens possuem algum tipo de transtorno mental, diversas iniciativas apontam para uma nova vertente, que é levar  informação o mais cedo possível sobre saúde mental. “Informe, e as pessoas passarão a entender”, disse Rodrigo Bressan, que parti-cipa do Projeto Cuca Legal, uma

iniciativa da Unifesp. A ideia do projeto é ajudar professores e alunos a identifi car os transtornos, através de capacitação dos educadores e avaliação dos jovens. Uma das idealizadoras do Cuca Legal, a psicó-loga Marlene Apolinário Vieira, lembrou, no entanto, “que estamos distantes de promover a saúde mental, ainda fazemos muito tratamento”.

Parte desta defi ciência em promover a saúde é problema antigo, e não exclusivo da área. Evelyn Kuczynski, psiquiatra da Infância e Adolescência da USP, destacou a enorme escassez de médicos especiali-zados no Brasil. “Estima-se que existam 4,5 milhões de crianças que sofrem de transtor-nos mentais em todo o país. 15% disso são quadros graves. E contamos com apenas três psiquiatras para cada cem mil casos graves, enquanto que esta proporção, nos EUA, é de 160 para cada cem mil”. A médica

ainda criticou a completa inexistência de uma rede hierarquizada de atendimento.

A dificuldade de se conseguir aten-dimento, aliás, não é exclusividade das crianças e adolescentes brasileiros. Sob uma perspectiva mais ampla, a pesquisadora da Unifesp, Fernanda Moreira, apresentou dados que revelam uma faceta cruel da rede de assistência à saúde mental. Com a desos-pitalização, os doentes crônicos - em especial os esquizofrênicos - saíram do enclausura-mento, mas permanecem excluídos da so-ciedade e do acesso a tratamento. “Os leitos que restaram estão sendo ocupados pelos usuários de drogas”, destacou Fernanda.

E quando o problema extrapola a ado-lescência, chega à fase adulta e vai bater na porta das empresas?  Para a psiquiatra Natália Rufi no, este percurso é mais comum do que se pensa. Segundo a Associação Brasileira de Estudos de Álcool e Outras Drogas, pelo menos metade dos dependen-

tes químicos tem emprego fi xo no Brasil. Embora a Organização Internacional do Trabalho possua diretrizes que apontam para a necessidade de implantação de pro-gramas de prevenção ao uso de drogas nas empresas, os empresários de maneira geral vão procurar estudar o problema quando ele já se tornou enorme. Esta foi a constata-ção de Ana Lúcia Gomes Castello, psicóloga da Unifesp que desenvolve os programas de dependência química da Pirelli.

Algumas características podem ser observadas pelas empresas na hora de detectar usuários, como o absenteísmo recorrente, atrasos excessivos, índice de faltas de duas a três vezes maiores em re-lação aos outros colaboradores e aumento no índice de acidentes. Segundo Ana Lúcia, de 20% a 30% dos acidentes de trabalho estão diretamente relacionados ao uso de drogas.

Ricardo Mendes, do SINDHOSP, e Humberto de Melo, da Fenaess, abrem o evento A atenção na infância foi um dos temas do evento

3º Congresso Brasileiro de Gestão e Políticas em Saúde Mental

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Apesar de estar aquém da média mun-dial, as instituições no Brasil avançam nos in-vestimentos em Tecnologias da Informação e Comunicação em Saúde (TICs). Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de In-formática em Saúde (SBIS), apenas 17% dos hospitais brasileiros possuem algum tipo de sistema de gestão hospitalar. Este número está bem longe da Dinamarca (97%), ou da Noruega (50%), mas chega próximo dos Estados Unidos (25%). A pressão do mercado pela qualidade e por maior controle dos custos, o avanço dos modelos de pagamento baseados em desempenho e a alta regulação da Agência Nacional de Saúde Suplementar são alguns dos fatores que impulsionam os estabelecimentos a investir nos sistemas de informação, em nome da redução de custos em consonância com ganhos em efi ciência.

Este foi o tom das abordagens do 5º Congresso Brasileiro de Gestão em TICs, realizado em 25 de maio, durante o Clas-Saúde. A eliminação do papel dentro dos hospitais foi uma vertente bastante explo-rada pelos debatedores, que apresentaram experiências diversas país afora. Para o presidente da MV Sistemas, Paulo Magnus, em dez anos a eliminação do papel chegará às instituições menores, o que impactará signifi cativamente toda a cadeia. “Quando começamos a usar prontuário eletrônico, tivemos aumento do papel, porque cada evento tinha que ter um registro assinado. A mobilização do Conselho Federal de Me-dicina e da SBIS na validação de certifi cados digitais fez com que os processos avanças-sem”, afi rmou. A MV Sistemas é parceria na realização do Congresso.

O primeiro grande desafio das insti-tuições que partem para a digitalização de seus processos é a integração de todas as suas plataformas. “Um hospital possui diversas fontes de conteúdo, que podem

ser assistenciais ou admi-nistrativas”, afi rmou Paulo de Morais, da Perceptive Software. Segundo ele, é preciso investir na or-ganização de toda esta gama de informações. Quem cumpre atual-mente esta jornada é o Hospital Sabará, que apresentou seu case du-rante do Congresso. O diretor de TI da institui-ção, Milton Alves, afi rmou que a gestão de todos os documentos exigidos dentro do processo hospitalar já está sendo feita numa plataforma de transmissão e armazenamento de informações. “Todo o processo de admissão do paciente, internação, exames, tratamento e alta estão sendo digitalizados. O hospital planeja dizer adeus ao papel até o fi nal de julho”, afi rmou.

Milton Alves destacou que até mesmo os documentos que precisam de assinatura, como a autorização de internação exigida dos pais no caso de um hospital infantil, será feita por meio de tablets. As equipes de assistência, inclusive médica, também já possuem seus cartões de assinaturas digitais, o que permitirá que os laudos, os exames, e todos os documentos necessários durante o processo de atendimento trami-tem de maneira digital, sem necessidade de impressão. “No nosso pronto-socorro, quase a totalidade dos médicos já assina digitalmente. A ideia é que apenas a receita seja impressa, para o paciente comprar os remédios na farmácia”.

A SulAmerica, operadora pioneira na implantação de certificados digitais em seus processos e que já trabalha de maneira eletrônica com 45 prestadores de serviços

em saúde, percebe redução de custos e agilidade nos pa-gamentos com a implantação das trocas digitais, segundo Cláudia Lima de Morais. Mas reconhece que o maior inves-timento neste processo tem que ser feito pelos prestadores.

A importância desta in-tegração da cadeia é funda-mental, para Claudio Giulliano da Costa, presidente da SBIS. Uma importante experiência assistencial foi compartilhada com o público, conforme o

que apresentou Vânia Rohsig, supervisora as-sistencial da Unidade de Internação do Hospital Moinhos de Vento. Lá, a dispensação e ministra-ção de medicamentos  são 100% digitalizadas, e realizadas através de dispensadores eletrô-nicos, à beira do leito. “Com a implantação do programa, não tivemos mais erros de medica-ção”. A mobilidade das informações dentro dos

hospitais, no entanto, é um ponto crítico. Vânia admitiu, por exemplo, que manter a estabilidade da conexão dos dispositivos móveis nas áreas de UTI, por exemplo, ainda é um problema a ser resolvido.

Charles Schimmock, diretor da MV Siste-mas, afi rmou que a mobilidade é primordial. “Temos que fazer com que a  informação seja móvel  para que ela esteja disponível no local onde o profi ssional se encontra. Em 2011, a produção de smartphones superou a de notebooks e de desktops”, disse. E a comercialização de dispositivos móveis específi cos para empresas cresce num ritmo de 30% a 40% ao ano, segundo informou. As soluções móveis são específi cas e não subs-tituem sistemas tradicionais, mas auxiliam o profi ssional de saúde na sua prática diária. Podem ser as mais diversas, como pamls, celulares ou tablets. Neste último caso, a utilização na área da saúde tem sido cres-cente. Para Ana Oliveira, da Motion Brasil, os tablets têm crescido nos ambientes de saúde porque se adaptam às necessidades, em especial quando o assunto são os Pron-tuários Eletrônicos do Pacientes.

O preparo dos profi ssionais que atuam na linha da frente de TICs, no entanto, ainda é um problema. Segundo Renato Sabbatini, diretor de Educação e Capacitação Profi ssio-nal da SBIS, há um défi cit de profi ssionais de TI em saúde no Brasil. “É um perfi l extre-mamente difícil de encontrar, que precisa unir a racionalidade da engenharia à arte da medicina”, afi rmou. A SBIS lançou, em 2011, o proTICS (Programa de Profi ssionalização da Informática em Saúde). O projeto englo-ba o fomento e estímulo à criação de novos cursos de graduação e pós-graduação na área, além do reconhecimento das com-petências dos profi ssionais essenciais, por meio de certifi cação.

Em nome de um novo tempo

Paulo Magnus, da MV

O congresso lotou o auditório

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Terceirização de Servi-ços – A Saúde e suas Par-ticularidades foi o tema que abriu o 3º Congresso Brasileiro de Aspectos Legais para Gestores e Advogados da Saúde, no dia 25 de maio. Media-do pela superintendente Jurídica do SINDHOSP, Eriete Ramos Teixeira, o debate abordou questões diretamente ligadas ao tema, como pessoalidade e atividades meio e fi m. Para José Eduardo Pasto-re, da Pastore Advogados, comprar serviços é diferente de comprar mão de obra. “Quando a empresa compra um serviço independe de quem o prestará, não se pode exigir este ou aquele profi ssional. Quando isso ocorre estão comprando, na verdade, mão de obra. É por aí que passa o conceito da terceirização”. O advogado lembrou que para a Justiça do Tra-balho o terceirizado é hipossufi ciente e tem direito à licença maternidade e o que garante as normas de saúde e segurança do trabalho.

O projeto de lei (PL) 4330, de autoria do deputado federal Sandro Mabel, objetiva regulamentar o serviço terceirizado no Brasil. A proposta foi apresentada pelo próprio autor durante o evento. “O PL propõe a terceirização por especialidade e não por atividade fi m, até porque hoje não se consegue estabelecer o que meio e o que é fi m”, afi rmou Mabel. Eriete Teixeira lembrou que este é o PL de-fendido pelo Sindicato e também pelo Fórum Permanente em Defesa do Empreendedor. Pela proposta, a empresa contratada pode subcontratar outra empresa ou profi ssional para a realização de serviços especializados. “Muitos alegam que isso é a quarteirização, o que não é verdade. O mundo mudou, exis-tem empresas e profi ssionais cada vez mais especializados e a proposta deve contemplar essa realidade”, justificou o deputado. A expectativa de Sandro Mabel é que o PL seja aprovado pelo Congresso até o início de 2013.

Os serviços contratados e conveniados com o SUS atraem para o administrador responsabilidades, especialmente no que diz respeito à utilização dos recursos fi nanceiros a serem aplicados pela instituição de saúde. Conhecer e debater questões referentes ao tema é importante para essas instituições parceiras do serviço público. Assim, o de-sembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC), Luiz Cézar Medeiros, abriu

o painel que tratou da Responsabilidade do Ad-ministrador dos Serviços Privados de Saúde nas Relações Jurídicas com o Ente Público. Delimitar juridicamente a natureza dos contratos e convê-nios é o primeiro passo para a aplicabilidade ou não das leis de improbi-dade administrativa e de responsabilidade fiscal. Nesse caso, segundo o desembargador, o en-quadramento público vai

muito além do gestor privado que assume um serviço público, pois a atenção também estará voltada para o uso e aplicação dos recursos fi nanceiros. “Tem que haver controle administrativo público do gestor e dos agen-tes e de suas ações, porque assim estabelece a Constituição Federal, que inclui a moralida-de juntamente com a legalidade dos atos.”

As relações entre o poder público e as entidades sem fi ns lucrativos têm evoluído nos últimos anos. Mas ainda existem mui-tas dúvidas no que se refere à efi cácia da legislação e das decisões judiciais para que tragam segurança a essas parcerias. Este foi o enfoque do debate do painel que tratou da gestão compartilhada dos serviços de saúde entre a iniciativa privada e o poder público. O diretor Jurídico da Pró-Saúde, Josenir Teixeria, disse que exemplos exitosos dessas parcerias ocorrem em vários Estados e municípios, mas que em alguns lugares a aproximação entre a administração e as en-tidades não deram tão certo, principalmente em razão do descumprimento das obriga-ções assumidas por uma ou outra parte.

O subsecretário da Subsecretaria Jurídica e Corregedoria da Secretaria da Saúde do Rio de Janeiro, Pedro Henrique Pa-lheiro, disse ter visto na gestão compartilhada a saída para os vários problemas da saúde no Estado. “Não é privatização do serviço público. Precisamos de novos formatos de gestão porque o serviço público so-zinho não tem como atender a demanda”, salientou. Com a parceria, o governo estadual conseguiu implantar o sistema de gestão de suprimentos, modernização da Central Geral de Armazenamento (CGA) e

criação de mecanismos que diminuíssem a perda por armazenagem inadequada e/ou prazo de validade; reforma das docas, das câmaras frigorífi cas e de todos os almoxari-fados dos hospitais; e implantação de área exclusiva para medicamentos excepcionais e de alto custo. “Além disso, conseguimos dez tomógrafos, reduzimos o absenteísmo e inau-guramos o Hospital da Mulher e o Hospital de Traumatologia e Ortopedia”, comemorou.

O último tema do Congresso tratou da pesada carga tributária do setor saúde, de 37%, e a apresentação de propostas de mu-danças na tributação. De acordo com Enrico De Vettori, sócio da Deloitte, a reivindicação por mudanças na tributação da saúde é uma das reclamações mais frequentes de empresários, gestores e prestadores de serviços. “Apesar de a saúde ser um direito fundamental, não recebe benefícios fi scais e é um segmento dos mais tributados, fi cando à frente até mesmo do fi nanceiro.”

Para ele, o excesso de impostos ameaça a receita de hospitais. “A saúde teria que estar à frente de tudo. Para a classe média, ter um plano de saúde está no topo do ranking de de-sejos de aquisição. É aí que temos que chamar a atenção do Executivo e do Legislativo para buscar soluções que desonerem o setor.” Como proposta, De Vettori propõe a criação de um imposto sobre o faturamento das empresas de saúde e hospitais, em troca de tirar a carga tributária paga com a contratação de pessoal.

Eduardo Fleury, sócio do Fleury Advo-gados Associados, pede atenção à questão do Imposto sobre Serviços (ISS). Hospitais e clínicas particulares pagam o tributo sobre o faturamento, enquanto estabelecimentos menores recolhem um valor por profi ssional. Como sugestão, Fleury propôs a alteração no parágrafo segundo, do artigo 2º da Lei 10.147, com alíquota zero de PIS e Confi ns so-bre a venda de medicamentos por hospitais.

Em debate temas que impactam o dia a dia das organizações

Sandro Mabel apresentou o PL que regulamenta a terceirização

Gestão compartilhada entre público e privado foi tema

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3º Congresso Brasileiro de Aspectos Legais para Gestores e Advogados da Saúde

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Dentro da programação do ClasSaúde 2012, no dia 24 de maio, foi realizado o 6º Congresso Brasileiro de Gestão em Labo-ratórios Clínicos. A abertura contou com a presença de vários representantes de entidades. Informação, sustentabilidade e superação foram as palavras utilizadas pelo presidente da Fenaess, Humberto Gomes de Melo, para caracterizar os desafi os que o segmento tem enfrentado. Já o presi-dente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), Paulo Azevedo, ressaltou a importância em debater os assuntos e ir em busca de soluções para os dilemas do mercado la-boratorial. Representando o SINDHOSP e a Fehoesp, o diretor José Carlos Barbério enalteceu a coragem dos representantes de laboratórios em discutir os problemas e difi culdades do segmento, destacando ser este o caminho para que “um dia o cenário seja diferente”.

No primeiro painel, o diretor da World-Invest, Ivo Tolesano Junior, falou sobre as tendências e perspectivas atuais e futuras, dentro da visão econômico-fi nanceira para o mercado laboratorial e os desafi os e de-cisões estratégicas a serem tomadas para atender às expectativas de um cenário em expansão. Ele apresentou um panorama ge-ral de como está a situação dos laboratórios no Brasil, suas difi culdades, obstáculos e atrativos. “O segmento enfrenta a vertica-lização, com busca de redução de custos, aquisição de empresas por grandes players e difi culdades na negociação com as ope-radoras. Mas, mesmo com este panorama, ainda é um setor atrativo”.

De acordo com Tolesano Junior, o de-senvolvimento do diagnóstico por imagem, junto às tecnologias para a realização de análises clínicas, são questões ligadas ao futuro da medicina laboratorial. E a bus-

ca pela criatividade, o contínuo aprendizado e a quebra de paradig-mas são, segundo ele, as possíveis soluções para os desafios da gestão dos laboratórios clínicos. “Aprender com os erros dos outros, tentar cons-truir novos formatos de sucesso e, principalmen-te, fugir da inércia farão toda a diferença para quem quiser se manter neste mercado.”

A temática da mesa--redonda coordenada pelo presidente da Conex-SBPC/ML, Carlos Alberto Ballarati, enfocou que o mercado laboratorial tem se mostrado cada vez mais competitivo. Para mostrar o que o setor público tem feito de inovação, foi convidada a coordenadora do Laboratório Municipal de Patologia Clínica de Campinas, Regina Cássia Salles. “No início o projeto de modernização do laboratório, único para todo o município que tem mais de um milhão de habitan-tes, com atendimento 100% SUS, era um grande desafi o. Mas, em 2006, vimos que precisávamos reformular o nosso sistema para atender a demanda diária de solicita-ções de exames”, explicou.

O projeto de automação, baseado em modelo espanhol, consistiu na implantação de um formulário único, com código de barras, para a requisição de exames, orga-nizando o fl uxo para as análises. “Com o projeto, reestruturamos a parte operacional e conseguimos uma redução nos custos de 24%. Além disso, saltamos de 1.200 exames por dia para 1.600”, destacou. Para o sócio proprietário do SalomãoZoppi Diagnóstico, Luís Vitor Salomão, ser criativo, fazer de ma-

neira diferente, é a maneira de se des-tacar dentro do mercado consolidado, tanto privado quanto público. Uma das formas de inovação utilizada pela empresa foi o investimento na seleção e contratação de pessoal. Através de práticas gerenciais, foi desenvolvido o que se chamou de “credo empresarial”. “O sistema consiste em apresentar ao colaborador os compromissos, os diferenciais e a forma de gestão, por meio de princípios éticos, para que ele possa acreditar, ter confiança e querer realizar melhores práticas e dar a sua colaboração para cumprir a meta

estabelecida”, explicou o proprietário. De acor-do com o empresário, investir na formação da equipe e fazê-la se sentir parte do processo foi o diferencial para o cres-cimento do laboratório.

O aumento da si-nistralidade das opera-doras, investimento em tecnologia e qualidade, informatização e acirra-mento da concorrência, aliados à falta de reajuste das tabelas, são fatores

impostos ao mercado de laboratórios, que estão obrigando o setor a evoluir. Com este cenário, segundo o diretor-presidente do Pasteur Medicina Diagnóstica, João Carlos Paes, “não há mais espaço para erros e amadorismo. Quem erra está fora do ne-gócio”, alertou. Outro case que mostrou a importância na maturidade da gestão foi apresentado pelo diretor-administrador do Quaglia Laboratório, Vitor Pariz. Ele contou o momento difícil que a empresa passou por ter o seu principal cliente (uma das maiores operadoras do país) não pagando pelos serviços. “Buscamos informações sobre o mercado e nos preparamos através de um planejamento. Por fi m, conseguimos romper o contrato,” disse.

O modelo de parcerias público-privadas (PPP) ainda enfrenta resistência na área da saúde, que vai desde o próprio esclarecimento do papel do ente público e do privado até a falta de defi nição, contro-les e gestão. Este tema foi abordado pelo superintendente corporativo do Hospital Sírio-Libanês, Gonzalo Vecina Neto, no painel que encerrou o Congresso. “Ideolo-gicamente temos difi culdades de entender as diferenças entre privado, público, estatal e particular. Há instituições privadas que são públicas”, esclareceu.

Em sua explanação, o médico explicou porque as PPPs na saúde são diferentes. “Não se trata de um simples negócio do mundo capitalista. Não está errado dizer que um hospital tem lucro só porque ele tem como negócio cuidar da saúde, da vida das pessoas”. Para o médico, em São Paulo as Organizações Sociais de Saúde (OSs) estão dando certo e são um modelo consolidado. “O que falta é integrar as ações das secretarias estadual e municipal para melhorar a gestão”, observou.

Gestão diferenciada pode ser solução

O diretor do SINDHOSP, José Carlos Barbério

Gonzalo Vecina e Nairo Sumita, no debate sobre PPP

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6º Congresso Brasileiro de Gestão em Laboratórios ClínicosC l a s S a ú d e

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