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CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES: 1) Crimes comuns e próprios: Comuns = os que podem ser cometidos por qualquer pessoa; Próprios = exigem sujeito ativo especial ou qualificado para a sua prática, isto é, apenas determinadas pessoas podem cometer. Há, ainda, os crimes de mão própria, que são os crimes próprios que exigem a prática pessoalmente pelo sujeito qualificado (ex. falso testemunho e reingresso de estrangeiro expulso). Tais delitos não admitem a co-autoria, mas tão somente a participação. Não admitem, também, a autoria mediata (forma de autoria em que o agente se vale de pessoa não culpável, ou que atua sem dolo ou culpa, para executar o delito. São os casos de inimputáveis, coação moral irresistível, obediência hierárquica, erro de tipo escusável provocado por terceiro e erro de proibição escusável provocado por terceiro. 2) Crimes instantâneos e permanentes: Instantâneos = a consumação se dá com uma única conduta e o resultado não se prolonga no tempo (ex. roubo, furto, ameaça). Permanentes = a consumação se dá com uma única conduta, apesar de o resultado ilícito se prolongar no tempo até quando queira o agente. (ex. seqüestro ou cárcere privado; porte de arma ou de entorpecente; extorsão mediante seqüestro etc).

Classificação Dos Crimes e Tipos

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Tipifica e classifica os crimes penais

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Page 1: Classificação Dos Crimes e Tipos

CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES:

1) Crimes comuns e próprios:Comuns = os que podem ser cometidos por qualquer pessoa;Próprios = exigem sujeito ativo especial ou qualificado para a sua

prática, isto é, apenas determinadas pessoas podem cometer.Há, ainda, os crimes de mão própria, que são os crimes próprios

que exigem a prática pessoalmente pelo sujeito qualificado (ex. falso testemunho e reingresso de estrangeiro expulso).

Tais delitos não admitem a co-autoria, mas tão somente a participação. Não admitem, também, a autoria mediata (forma de autoria em que o agente se vale de pessoa não culpável, ou que atua sem dolo ou culpa, para executar o delito. São os casos de inimputáveis, coação moral irresistível, obediência hierárquica, erro de tipo escusável provocado por terceiro e erro de proibição escusável provocado por terceiro.

2) Crimes instantâneos e permanentes:Instantâneos = a consumação se dá com uma única conduta e o

resultado não se prolonga no tempo (ex. roubo, furto, ameaça).Permanentes = a consumação se dá com uma única conduta,

apesar de o resultado ilícito se prolongar no tempo até quando queira o agente. (ex. seqüestro ou cárcere privado; porte de arma ou de entorpecente; extorsão mediante seqüestro etc).

Obs: Após a consumação o delito continua em realização!

Nota: instantâneos de efeitos permanentes = são os delitos instantâneos com aparência de permanentes (vale ressaltar que não são uma categoria à parte de crime), justamente pelo método de execução (ex. bigamia).

3) Crimes comissivos e omissivosComissivos = são os praticados mediante uma açãoOmissivos = são os praticados mediante uma omissão

Comissivos por omissão = são os delitos comissivos praticados mediante a omissão, daquele que tem o dever de impedir o resultado (art. 13, § 2º, do CP)

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Omissivos por comissão = são os delitos omissivos praticados mediante uma ação (ex. impedir alguém de socorrer outrem – a omissão se dá pela abstenção, mas a consumação se dá pelo impedimento por força da ação).

4) Crimes de atividade e de resultadoAtividade = são os delitos cuja consumação se dá pela simples

prática, pouco importando a existência do resultado naturalístico danosoResultado (materiais ou causais) = para a consumação é

imperioso o resultado naturalístico danoso (se o resultado não ocorrer trata-se de mera tentativa).

Obs: Há quem diferencie os crimes de atividades entre Crime Formal e Crime de Mera Conduta:

Crime Formal = são os delitos formas que admitem a ocorrência do resultado naturalístico danoso, apesar deste (resultado) ser dispensável para a consumação do delito (ex. prevaricação). Caso haja o resultado após a consumação, será mero exaurimento do crime.

Crime de Mera Conduta = são os delitos formais cujo o resultado naturalístico danoso não são possíveis.

5) Crimes de dano e de perigoDe dano = se consumam com a efetiva lesão a um bem jurídico

tutelado, isto é, com um prejuízo efetivo e perceptível pelos sentidos do homem.De perigo = se consumam com a simples possibilidade de haver um

dano.

Obs: Os crimes de perigo se dividem em:Perigo Individual = a probabilidade do dano abrange apenas

determinada pessoa ou determinado grupo (ex. arts. 130 a 137)Perigo Coletivo = a probabilidade do dano abrange um número

indeterminado de pessoas (arts. 250 a 259)

Perigo Abstrato = quando a probabilidade do dano está presumida no tipo penal, independente de prova (ex. porte ilegal de arma e de entorpecente)

Perigo Concreto = a probabilidade do dano deve ser investigada e provada (ex. exposição da vida ou saúde de outrem a perigo – art. 132).

6) Crimes unissubjetivos de plurissubjetivos

Page 3: Classificação Dos Crimes e Tipos

Unissubjetivos = podem ser praticados por uma só pessoaPlurissubjetivo (convergentes, de encontro, de concurso

necessário, coletivos, multitudinários e de autoria múltipla) = somente podem ser cometidos por mais de uma pessoa (ex. rixa, quadrilha ou bando, bigamia etc). Isto não significa que todos serão punidos (ex. bigamia, em que uma pessoa pode não saber da qualidade de casada da outra)

7) Crimes progressivos e complexosAmbos são casos de continência, isto é, um tipo englobando o

outro.A continência pode ser explícita ou tácitaExplícita = quando um tipo expressamente envolve outro(s), como

é o caso do crime complexo (ex. o roubo é formado pelo furto, pela ameaça e pela ofensa a integridade).

O crime complexo, por sua vez, pode ser em sentido estrito (um crime é formado pela junção de dois ou mais crimes) ou em sentido amplo (um crime é formado pela junção de um crime e de uma conduta lícita qualquer).

Tácita = quando um tipo penal tacitamente envolve outro, como é o crime progressivo. (Ex. para matar, necessariamente precisa lesionar)

8) Progressão CriminosaÉ a evolução na idéia criminosa do agente, que passa de um crime

para outro, num mesmo contexto fático e normalmente contra o mesmo bem jurídico.

A progressão criminosa propriamente dita ou progressão em sentido estrito, conforme leciona Frederico Marques, é o crime progressivo cujos atos apresentam-se, excepcionalmente, separados, isto é, desgarrados ou temporariamente afastados.

Existe, ainda, no contexto da progressão criminosa, o chamado fato antecedente não punível (quando um delito serviu de meio para a execução do outro, sendo aplicado o princípio da absorção) e o fato posterior não punível (quando um delito sucessivo e menos grave fica absorvido pelo primeiro, não sendo, pois, necessária a dupla punição).

9) Crime HabitualÉ aquele cuja consumação só ocorre com a prática reiterada e

contínua de comportamentos, que se considerados isolados são condutas atípicas, demonstrando, assim, um estilo de vida.

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É de suma importância mencionar que o crime habitual não suporta a modalidade da tentativa e nem da prisão em flagrante (neste último caso é impossível constatar, para fins de flagrante, a habitualidade da conduta, bem como a conduta não possui uma situação duradoura, persistente no tempo).

10) Crimes unissubsistentes e plurissubsistentesUnissubsistentes = admitem a prática mediante um único atoPlurissubsistentes = exigem para a sua prática a realização de mais

de um ato.

11) Crimes de forma livre e de forma vinculadaForma Livre = podem ser praticados de qualquer modo, não

possuindo o tipo penal qualquer vínculo com o método.Forma Vinculada = somente podem ser cometidos mediante a

fórmula expressamente prevista no tipo penal. (ex. curandeirismo)

12) Crimes Vagos (multivitimários ou de vítimas difusas)São os crimes que não possuem sujeito passivo determinado, sendo

a própria coletividade o sujeito passivo.

13) Crimes RemetidosSão os delitos que fazem remissão a outros delitos. (Ex. uso de

documento falso do art. 304, que remete aos delitos contidos nos artigos 297 a 302, todos do Código Penal.

14) Crimes CondicionadosSão os delitos que dependem do advento de uma condição qualquer,

prevista (interna) ou não (externa) no tipo penal, para se configurar. (Ex. o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio depende do advento suicídio ou no caso de tentativa de suicídio da lesão grave.

Obs: Tais crimes não admitem a tentativa.

15) Crimes de Atentado ou de EmpreendimentoSão os delitos que prevêem, no tipo penal, a forma tentada

equiparada à forma consumada. Ex. art. 352 (evadir-se ou tentar evadir-se o preso...)

Page 5: Classificação Dos Crimes e Tipos

CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS:Fechado = somente elementos descritivos (ou Normal);Aberto = elementos normativos e/ou subjetivos (ou Anormal)

Objetivo = diz respeito apenas aos elementos objetivos do tipoSubjetivo = diz respeito apenas aos elementos subjetivos do tipo

Tipo básico = é a composição nuclear do tipo, com os elementos indispensáveis

Tipo derivado = composto de circunstâncias especiais

Tipo simples = composto por uma única condutaTipo misto = constituído por mais de uma condutaPode ser alternativo = a prática de mais de uma conduta implica no

cometimento de um só crime (ex. 271)Pode ser cumulativo = a prática de mais de uma conduta implica

no cometimento de mais de um crime, punidos em concurso material (ex. 208)

Tipo formal = é a descrição legalTipo material = é o tipo adequado à lesividade bem como à

reprovação social (insignificância e adequação social)É aqui que entra a tipicidade CONGLOBANTE = tipicidade +

antinormatividade

Tipo congruente = há coincidência entre a parte objetiva e a subjetiva

Tipo incongruente = não há coincidência entre a parte objetiva e a subjetiva, ou seja, entre o desejado e o efetivamente alcançado (extorsão mediante seqüestro)