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05/05/2016 Claudia Cruz: A vida de sultão de Eduardo Cunha | Brasil | EL PAÍS Brasil
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A vida de sultão de Eduardo CunhaNova denúncia sobre ocultação de 5 milhões em propina em conta na Suíçaexpõe vida de luxo
Río de Janeiro - 9 MAR 2016 - 16:22 BRT
Conforme a Operação Lava Jato vasculha nas contas do presidente da Câmara,
Eduardo Cunha, mais nítido se perfila um homem com um padrão de vida
milionário e muito acima das possibilidades de um deputado comum. A mais
recente denúncia contra Cunha, protocolada pela Procuradoria Geral da
República na sexta-feira, traz uma radiografia das caríssimas preferências do
peemedebista nas suas viagens internacionais com a família. No documento,
onde Cunha é acusado de receber mais de cinco milhões de reais em propinas
por viabilizar a compra pela Petrobras de um campo de petróleo na África,
afirma-se que os extratos das contas secretas na Suíça de Cunha demonstram
“despesas completamente incompatíveis como os rendimentos lícitos
declarados do denunciado e seus familiares”. Despesas que, segundo o
procurador Rodrigo Janot, foram pagas com o dinheiro desviado da estatal.
Entre os gastos de Cunha, que já virou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) na
semana passada sob a acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro,
chamou a atenção do procurador Janot a viagem a Miami de nove dias com a
família no Réveillon de 2013. Entre 28 de dezembro e 5 de janeiro, Cunha gastou
42.258 dólares, cerca de 84.000 reais na época, e 169.500 reais na cotação
atual. O salário de Cunha em 2012 era, segundo ele mesmo declarou, de 17.794
reais por mês.
Naquelas férias só em hospedagem há uma fatura de mais de 23.000 dólares. Destacam-se também
os almoços e jantares em restaurantes de luxo cujas contas superaram os 6.000 reais. Um dos
jantares em Miami Beach em 28 de dezembro, em um restaurante de comida asiática, superou os
1.000 dólares. No dia seguinte, o congressista foi às compras e desembolsou 2.327 dólares na loja
Saks Fifth Avenue que vende artigos de grifes como Fendi, Valentino ou Yves Saint Lauren e 3.803
dólares na loja de grife Salvatore Ferragamo. Os dias de compras foram um plano recorrente durante
essa viagem e repetiram-se despesas na Giorgio Armani (1.595 dólares) ou na Ermenegildo Zegna
(3.531 dólares).
Um mês depois, Eduardo Cunha viajava a Nova Iorque e voltava a gastar na Salvatore Ferragamo mais
1.175 dólares, 909 dólares na loja da Apple Store e 1.668 no restaurante francês Daniel, chefiado pelo
OPERAÇÃO LAVA JATO ›
MARÍA MARTÍN
Claudia Cruz e o marido, Eduardo Cunha.
/reprodução
05/05/2016 Claudia Cruz: A vida de sultão de Eduardo Cunha | Brasil | EL PAÍS Brasil
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1.175 dólares, 909 dólares na loja da Apple Store e 1.668 no restaurante francês Daniel, chefiado pelo
badalado chef Daniel Boulud. A conta de hotel no Hilton, no dia 12 de fevereiro de 2013, somou 2.761
dólares pela hospedagem de três dias.
Nesse mesmo dia, Cunha viajava a Zurique, na Suíça, onde os investigadores encontraram pelo
menos cinco contas secretas no nome do deputado, da sua mulher Claudia Cruz, e da sua filha
Danielle. Nessa viagem, do dia 12 ao dia 16 de fevereiro, Cunha gastou mais de 10.000 dólares em
hospedagem em três hotéis diferentes.
O luxuoso rastro do deputado que se rebelou contra o Governo Dilma Rousseff no ano passado,
quando rompeu publicamente com o Palácio do Planalto, se estendeu até Paris, onde gastou 2.500
dólares em um restaurante; em Barcelona, onde pagou 3.572 dólares em um hotel, e até na Rússia,
onde liquidou uma conta de um restaurante de 3.000 dólares.
A lista de cinco páginas de despesas anexadas à denúncia parece não terminar nunca: 5.400 dólares
na loja de Chanel em Nova York em setembro de 2013; 730 dólares em um bar de Veneza em março
de 2014; ou quase 6.000 dólares por se hospedar em um hotel em Dubai em abril de 2014.
Janot ressalta que as despesas, “pagas com dinheiro proveniente de desvios da Petrobras”,
continuaram mesmo após a eleição de Eduardo Cunha como presidente da Câmara dos Deputados
em fevereiro de 2015. Só nesse mês, os extratos de Cunha somam 31.800 dólares.
Perda de mandato
Os extratos bancários da filha Daniellle e a mulher de Cunha, a jornalista Claudia Cruz, que se declara
“dona de casa”, são igualmente estrambóticos. Claudia gastou, em janeiro de 2014, 7.700 dólares na
loja de Chanel em Paris; mais de 4.000 dólares na loja Charvet Place Vendome; 2.646 dólares em
Christian Dior e quase 3.000 dólares na loja de Balenciaga. Em Roma, em março de 2014, Claudia,
comprou 4.500 dólares em artigos da Prada, 3.536 dólares na Louis Vuitton de Lisboa e mais 3.799
no mesmo mês na loja de Chanel em Dubai. Já em 2015, as faturas em lojas de grife do cartão de
Claudia somam 14.700 dólares. A filha de Cunha gastou, segundo a denúncia, mais de 42.00 dólares
em lojas de luxo entre dezembro de 2012 e abril de 2014. Cruz e a filha, porém, não são alvos da
denúncia, já que não têm foro privilegiado e devem responder, se houver acusação, na primeira
instância judicial, o que pode ficar sob a alçada do juiz da Lava Jato em Curitiba, Sergio Moro.
Cunha nega as denúncias e rejeita a acusação de que o dinheiro venha de desvios da Petrobras. Na
denúncia, que ainda será analisada pelo Supremo, Janot pede que o deputado devolva aos cofres
públicos o rastreado em suas contas na Suíça além de pagar uma multa. Pede ainda que ele perca o
mandato parlamentar pelo crime de falsidade ideológica eleitoral por não ter sido transparente sobre
seus bens na prestação de contas de candidato.
Eduardo Cunha · Operação Lava Jato · Crises políticas · Sérgio Moro · Rodrigo Janot · Caso Petrobras
· Investigação policial · Luxo · Dilma Rousseff · Financiamento ilegal · Lavagem dinheiro · Petrobras
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