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APONTAMENTOS DIREITO PROCESSUAL PENAL Pode se dizer que a PSP não podia operar senão houvesse o DPP. Já que é ai que estão tipificadas as medidas de policia . Exemplo disso temos as medidas Cautelares de Policia , também quais os Meios de Obtenção de Prova, Meios de Prova Permitidos Proibidos etc, podemos então dizer que o DPP é o Instrumento Regulador da Actividade da PSP. DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL SUA AUTONOMIA E COMPLEMENTARIEDADE: O DPP é que vê como é que o DP vai ser aplicado, não basta saber que (A) matou (B), há que Provar tal facto através da realização de vários actos a que a lei atribui Relevância Jurídica. O DP qualifica os factos como crimes e estatui penas de uma forma abstracta, o DPP vai analisar o caso de tal sorte resultará, para o caso em concreto a aplicação do DP, logo complementam-se um ao outro. O DPP tem como FIM a aplicação do Direito, é o conjunto de Normas Jurídicas Disciplinadoras das actividades necessárias á aplicação do DP aos casos concretos, pelos Tribunais. Procura como o seu Final a Realização da Justiça . O DP e o DPP sendo Ramos Jurídicos distintos constituem entre si uma unidade, o DPP designando-se por Direito Instrumental ou Adjectivo e o DP Direito Substantivo, enquanto que o: 1 O DPP ESTATUI Quem vai Investigar Quem recolhe as Provas Que Provas são Admissíveis Aquelas que são proibidas Quem deduz a acusação e em que termos Quem Julga? Que tribunal Aprecia o Caso? Qual a Pena em Concreto a O DP TEM COMO FUNÇÃO Se tal facto é crime ou não Quem á luz do DP é o Autor Se o autor pode ou não ser Responsabilizado Criminalmente Se existem situações que diminuam ou eliminem a culpa do Agente do Crime Se existem razões ou não que justifiquem o facto cometido

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APONTAMENTOS DIREITO PROCESSUAL PENAL

Pode se dizer que a PSP não podia operar senão houvesse o DPP. Já que é ai que estão

tipificadas as medidas de policia. Exemplo disso temos as medidas Cautelares de

Policia, também quais os Meios de Obtenção de Prova, Meios de Prova Permitidos

Proibidos etc, podemos então dizer que o DPP é o Instrumento Regulador da

Actividade da PSP.

DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL SUA AUTONOMIA E

COMPLEMENTARIEDADE:

O DPP é que vê como é que o DP vai ser aplicado, não basta saber que (A)

matou (B), há que Provar tal facto através da realização de vários actos a que a lei

atribui Relevância Jurídica.

O DP qualifica os factos como crimes e estatui penas de uma forma abstracta, o DPP

vai analisar o caso de tal sorte resultará, para o caso em concreto a aplicação do DP,

logo complementam-se um ao outro. O DPP tem como FIM a aplicação do Direito, é o

conjunto de Normas Jurídicas Disciplinadoras das actividades necessárias á aplicação

do DP aos casos concretos, pelos Tribunais. Procura como o seu Final a Realização da

Justiça. O DP e o DPP sendo Ramos Jurídicos distintos constituem entre si uma

unidade, o DPP designando-se por Direito Instrumental ou Adjectivo e o DP Direito

Substantivo, enquanto que o:

1

O DPP ESTATUI

► Quem vai Investigar► Quem recolhe as Provas► Que Provas são Admissíveis► Aquelas que são proibidas► Quem deduz a acusação e em que termos► Quem Julga? Que tribunal Aprecia o Caso?► Qual a Pena em Concreto a Aplicar.

O DP TEM COMO FUNÇÃO

► Se tal facto é crime ou não► Quem á luz do DP é o Autor► Se o autor pode ou não ser Responsabilizado Criminalmente► Se existem situações que diminuam ou eliminem a culpa do Agente do Crime► Se existem razões ou não que justifiquem o facto cometido► Que pena em abstracto é aplicável ou agente do Crime.

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O QUE É O PROCESSO?

É o conjunto de actos juridicamente préordenados e praticados por certas pessoas

legitimamente autorizadas em ordem à decisão sobre se foi praticado algum crime e,

em caso afirmativo, sobre as respectivas consequências jurídicas e a sua justa

aplicação.

O OBJETO DO PROCESSO PENAL:

É um fato que importa conhecer e cuja verificação é pressuposto de aplicação de pena.

É o fato humano com relevância penal. (noção de crime)

O FIM DO PROCESSO PENAL:

O FIM do Processo Penal é a aplicação objectiva do direito, a qual não consiste naquilo

que os sujeitos querem ou desejam, mas naquilo que o direito estipula.

ARTº 55 CPP “Finalidades do Processo – quais são?

- Realização de Justiça;

- Descoberta da verdade material;

- Estabelecimento da paz jurídica comunitária;

- Proteção perante o Estado dos Direitos Fundamentais das pessoas;

- Reafirmação da validade da norma violada.

TIPOS HISTÓRICOS DO PROCESSO PENAL

INQUISITÓRIO ACUSATÓRIO

(antigamente) (actualmente) – mas misto, pois tem alguns

pontos do Inquisitório.

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SISTEMA INQUISITÓRIO

PRINCÍPIO DO INQUISITÓRIO:

SEGREDO: o segredo de Justiça abrangia a quase totalidade dos actos. Considerava-se

a publicidade um impedimento para a eficácia do processo.

ESCRITA: os actos processuais eram escritos.

NÃO CONTRARIEDADE: o arguido tinha um papel passivo, não estando em condições

de igualdade com o acusador, pelo que as suas garantias de defesa eram sacrificadas.

PRESUNÇÃO DA CULPA: a mera suspeita é suficiente para presumir que o arguido era

culpado, até que se prove a sua inocência. A prisão preventiva era uma regra.

(Actualmente com o Princípio do Acusatório o arguido não é passivo e tem todas as

suas garantias de defesa. É inocente até prova em contrário e a prisão preventiva é

uma excepção);

JUIZ ACTIVO: o juiz toma a iniciativa da descoberta da verdade material, ordenando as

diligências para o conseguir. (Actualmente há diferentes órgãos a intervir no Processo);

O Julgamento era apenas uma formalidade destinada a expor as conclusões do

Inquérito e a comunicar as consequências ao arguido.

SISTEMA ACUSATÓRIO

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• Não existe uma distinção entre as diferentesentidades intervenientes no Processo;• A mesma entidade dirigia e assegurava ainvestigação criminal, deduzia a acusação eprocedia ao julgamento;• O Juiz investigava, dirigia, acusava, julgava edecidia.

Atualmente o princípio em vigos é o Princípio Acusatório (artº32, nº5 CRP). Temos o direito de provar o contrário. Esta designação deve-se ao fato de se iniciar o processo com uma Acusação.

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PRINCÍPIO DO ACUSATÓRIO:

PUBLICIDADE: a justiça é realizada na presença do Povo, sob o seu controlo e

fiscalização;

ORALIDADE: os actos processuais são orais, embora as decisões sejam documentadas;

CONTRARIEDADE: o acusado e o acusador estão em pé de igualdade perante um

terceiro (autoridade judiciária) imparcial, que decide tendo em conta o resultado da

controvérsia;

VERDADE MATERIAL: o tribunal não adopta uma posição passiva na apreciação dos

factos. Não interessa aquilo que parece ser verdade, mas sim a verdade histórica dos

factos;

PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA: até à condenação definitiva, o arguido é considerado

inocente. A prisão preventiva é uma excepção.

EM CONCLUSÃO: a diferença reside nas entidades intervenientes. O Princípio do

Acusatório coloca diferentes entidades a dirigir ou a realizar os actos inerentes às

diferentes fases do Processo:

a investigação a uma entidade (Polícias …); a acusação a outra (o MP); O julgamento

outra (o juiz).

Há mais objectividade e imparcialidade nos juízos que se formulam.

O Princípio do Acusatório pode ter:

• uma natureza pura (ex. USA); ou,

• uma natureza mista.

Em Portugal é misto, isto é, encontra-se mitigado por um Princípio de Investigação:

Significa que o MP, não só dirige a investigação como também deduz a

acusação, procedendo posteriormente o juiz ao julgamento;

Significa ainda que o processo é público, mas a requerimento, durante a fase de

inquérito, o juiz de instrução pode determinar a sujeição a segredo de justiça

(86º CPP).

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As fases de Inquérito e Instrução derivam da Estrutura Inquisitória, podendo

vigorar o Segredo de Justiça e predominando a forma escrita;

Só na fase do Julgamento ou da Decisão é que o sistema se inspira no

Acusatório, predominando a oralidade, a contraditoriedade e a publicidade.

FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL

O DPP é um conjunto de normas jurídicas. E um complexo normativo devidamente

estruturado e harmónico.

As fontes do Direito Processual Penal serão o conjunto de diplomas que deram vida a

esse ramo do direito:

- Constituição da República Portuguesa (fonte mãe do DPP); e

- Código de Processo Penal

(a verdadeira «ossatura» do processo penal)

O CPP, por excelência, é o diploma que:

constitui o esqueleto principal do DPP,

onde estão contidas todas as normas jurídicas que se aplicam, de modo geral,

ao processo, regulando-o nas várias fases,

estipulando as formas a adoptar,

os meios de provas admissíveis,

disciplinando a actividade dos órgãos de polícia criminal, do M.º P.º e dos

juizes,

tudo isto com a finalidade de se obter uma decisão final sobre um dado

caso em concreto.

O C.P.P. divide-se em duas partes

.

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A primeira respeita:

- aos sujeitos do processo;

- aos actos processuais;

- à prova;

- às medidas de coacção e garantia patrimonial;

- e às relações com autoridades estrangeiras.

enquanto que a segunda parte já se refere:

- às fases preliminares do processo;

- ao julgamento;

- aos processos especiais;

- aos recursos;

- às execuções;

- e à responsabilidade por taxa de justiça e por custas

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A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA

É o diploma fundamental do país por 2 ordens de razões:

Ser a norma hierarquicamente superior, isto é, aquela que possui um valor maior em relação a todas as outras, devendo estas estar de acordo com aquela, não a podendo contrariar; e

Pelo facto de a CRP estabelecer princípios gerais que devem enformar todo o complexo normativo destinado a viabilizar esses mesmos princípios gerais.

Por ex. o art.º 27º, n.º 1 da CRP dispõe:

1 – Todos têm direito à liberdade e à segurança.

O valor «liberdade» constitui, em qualquer norma jurídica e, especialmente

naquela que pertença ao ramo do DPP um valor que deverá ser sempre

respeitado.

Nenhuma lei pode contrariar esta norma da Constituição, salvo se a própria

Constituição estabelecer limites ou excepções a esta regra geral, como sucede

com os nºs 2 e 3 do art.º 27º e com o art.º 28º CRP.

Vê-se, assim a importância magna que tem a CRP no DPP, quer indicando os

caminhos a seguir pelo legislador ordinário, quer proibindo a existência de

normas jurídicas que ofendam os princípios gerais que ela estabelece.

Assim se considera o DPP como um DIREITO CONSTITUCIONAL APLICADO.

PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL

Os princípios é que dão forma ao DPP. A CRP, dá forma através de princípios que o DPP adopta para si mesmo.

1. Princípios da Oficialidade: Aplica-se nos Crimes Públicos, basta que qualquer

elemento pertencente a uma Instituição Policial, ou qual Magistrado do MP tome

conhecimento de um Crime para que se de inicio ao Processo Crime, isto quer dizer

que a promoção do processo não se encontra Dependente da Vontade dos

Particulares, podemos dizer que a Promoção Processual (o seu inicio) é entendido

como tarefa do estado, a ser Realizada Oficiosamente, isto é independentemente

da vontade e da Actuação das Partes.

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Tem como Limitação os Crimes Semi-Públicos e Particulares, já que a promoção

processual depende de Queixa (um acto de Vontade) e Acusação Particular

(Constituir-se assistente e deduzir acusação Particular) no caso de Crimes

Particulares, no caso dos Semi-Públicos bastando a Queixa (Um Acto de Vontade, o

Desejo de Procedimento Criminal.

Os Semi-Públicos são crimes que dizem respeito á intimidade e á vida privada das

pessoas, nos quais a maior parte da vezes não estarão interessadas em divulgar

factos que lhe são penoso e que podem vir a ter conhecimento público, então a lei

deste modo deu aos particulares oportunidade de pensarem da decisão de

apresentar queixa ou não, não os obrigando a situações que poderiam vir a assumir

um carácter vexatório.

Nos Crimes Particulares a lei deu-lhes a mesma possibilidade de decisão, já que são

normalmente de pequena gravidade e impacto social, e que não causam alarme ou

Insegurança no Seio da colectividade, isto afim de não Inundar os tribunais com

processos correspondentes a crimes de menor gravidade, o que aconteceria se o

Principio da Oficialidade funciona-se em pleno sem limitações.

2. Princípios do Acusatório: Baseia-se em colocar diferentes entidade a dirigir ou

realizar os actos respeitantes ás diferentes fases do processo

Investigação/Inquérito PSP/MP, Instrução Juiz de Instrução, Julgamento Juiz,

assim obtendo-se uma Maior Objectividade e Imparcialidade nos Juízos que se

formam, ao contrário da Inquisição nos tempos antigos em que uma só entidade

dirigia todas as fases do processo assim formulando um juízo influenciado.

Nomeadamente o Juiz que realiza o julgamento no Principio do Acusatório é

desconhecedor de tudo o que se passou antes, assim não poderá ter ideias pré

concebidas. A opinião que emitirá na sentença final será Objectiva e Imparcial e

correspondente à realização do direito, o Principio do acusatório traduz-se numa

maior garantia de Defesa dos arguidos.

3. Princípios do Contraditório: Visa consagrar a oportunidade que é dada a todo o

sujeito processual de influírem no decurso do processo, apresentando as suas

razões de fato ou de direito, contestando as razões dos outros sujeitos processuais.

Basicamente traduz-se no direito que tanto a acusação como a defesa têm de fazer

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valer os seus argumentos (em igualdade de Armas ao mesmo nível) perante uma

entidade Imparcial que decide no final.

4. Princípios da Legalidade: Significa que só do processo penal é possível a

aplicação das reacções criminais – todo o processo está submetido às normas do CPP.

“NULLA POENA SINE JUDÍCIO”(é nula a prova sem estar

vinculada ao processo) O Princípio da Legalidade no DPP implica deveres para:

Os agentes incumbidos da aplicação do CPP, os quais não poderão praticar

actos processuais fora do previsto no código.

O legislador no sentido de se abster de criar formas processuais “ad

hoc”, extrínsecas à estrutura do código.

5. Princípio da Aplicação Imediata: Aplicação da lei processual no tempo

1 – A lei processual é de aplicação imediata, sem prejuízo da validade dos actos

realizados na vigência da lei anterior.

2 – A lei processual penal não se aplica aos processos iniciados anteriormente à sua

vigência quando resultar:

a) Agravamento sensível e evitável da situação processual do arguido,

nomeadamente…direito de defesa;

b) Quebra da harmonia e unidade dos vários actos do processo.

6. Princípio da Territorialidade Aplicação da lei processual no espaço

A lei processual portuguesa aplica-se a todas as infracções cometidas no território

nacional, ou seja, dentro dos limites das fronteiras do Estado Português, incluindo

portanto terra firme, ilhas, rios, lagos, canais, portos e mar territorial.

TERRITÓRIO NACIONAL

PORTUGAL CONTINENTAL, ILHAS, ÁGUAS TERRITORIAIS, LAGOS, PORTOS, CANAIS,

RIOS E ESPAÇO AÉREO.

MAR TERRITORIAL

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Zona marítima adjacente às costas dos Estados, que vai desde a linha normal da maré

baixa até uma distância de 12 milhas:

- exerce a sua soberania;

- tem direitos exclusivos de pesca;

- EXERCÍCIO DA JURISDIÇÃO PENAL.

Convenção de Montegobay – Nicarágua de 1982

Entrou em vigor em 1994.

ZONA CONTÍGUA – Até 12 milhas (matérial fiscal e aduaneira);

PLANTAFORMA CONTINENTAL E ZONA ECONÓMICA EXCLUSIVA vai até 200 milhas da

costa.

7. Princípio da Suficiência Suficiência do processo penal

1 – O processo penal é promovido independentemente de qualquer outro e nele se resolvem todas as questões que interessarem à decisão da causa.

Orientação de que a jurisdição penal pode julgar todas asquestões prejudiciais de efeitos penais e a de que a acçãopenal é exercida e julgada independentemente dequaisquer outras acções.

DEFINIÇÕES LEGAIS

Crime – Conjunto de pressupostos de que depende a aplicação ao agente de uma pena ou medida de segurança criminal.

Autoridade Judiciária – O Juiz, o Juiz de Instrução e o MP, cada um Relativamente aos actos processuais que cabem na sua competência

Órgão de Policia Criminal – Todas as entidades e agentes Policiais a quem caiba levar a cabo quaisqueres actos ordenados por uma autoridade judiciária ou determinados por este código.

“Órgãos de polícia criminal

Não são sujeitos processuais, mas coadjutores ou meros auxiliares das autoridades judiciarias, não obstante terem o poder-dever de, em casos pontuais, praticar actos processuais no uso de uma competência e não meramente delegada, designadamente quanto a medidas cautelares e de polícia e de detenção, nos casos dos artigos 248º a 261º do CPP”

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Autoridade Policia Criminal – Os directores, Oficiais, Inspectores e Sub Inspectores de Policia e todos os funcionários a quem as respectivas leis reconheçam aquela qualificação

Suspeito – Toda a pessoa relativamente á qual exista indicio de que cometeu crime ou se prepara para cometer um crime, ou nele participou ou se prepara para participar.

Terrorismo – As condutas que integrarem os crimes de organização terrorista, terrorismo e terrorismo internacional.

Criminalidade violenta – as condutas que dolosamentese dirigirem contra a vida, a integridade física a liberdade pessoal, a liberdade e autodeterminação sexual ou a autoridade pública e forem puníveis com pena de prisão de máximo igual ou superior a 5 anos;

Criminalidade especialmente violenta – as condutas previstas na alínea anterior puníveis com pena de prisão de máximo igual ou superior a 8 anos;

Criminalidade altamente organizada – as condutas que integrarem crimes de

associação criminosa, tráfico de pessoas, tráfico de armas, tráfico de estupefacientes

ou de substâncias psicotrópicas, corrupção, tráfico de influência, participação

económica em negócios ou branqueamento.

Ex:

Tráfico de pessoas – Artº 160º do CP;

Associação criminosa - Artºs 299º do CP;

Branqueamento – Artº 368º-A do CP;

SUJEITOS PROCESSUAIS: têm interesse jurídico no Processo. São participantes.

Distinção entre SUJEITOS e PARTICIPANTES PROCESSUAIS:

SUJEITOS PROCESSUAIS: todos os que intervêm no processo e cuja atividade desenvolvida, imprime ou pode imprimir. Pelo nosso CPP são:

Do Juiz e do Tribunal;

Do Ministério Público;

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As testemunhas;

Os tradutores;

Os peritos;

Os intérpretes;

O Juiz;

Os Advogados;

Os arguidos;

O MP;

As Polícias.

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Do Arguido e seu Defensor;

O Assistente;

As Partes Civis.

PARTICIPANTES PROCESSUAIS: enquanto colaboradores, não têm a possibilidade de diretamente influenciarem a marcha de um processo. Podem ser:

Funcionários judiciais e peritos;

Agentes policiais e outras testemunhas;

Ofendidos e/ou lesados;

Outros.

SUJEITOS PROCESSUAIS:

Do Juiz e do Tribunal

Justiça pela nossa própria mão, é admissível pela nossa Ordem Jurídica? Sim,

De harmonia com o estatuído no art.º 1.º do Código de Processo Civil:

“A ninguém é lícito o recurso à força com o fim de realizar ou assegurar o próprio direito, salvo nos casos e dentro dos limites declarados na lei”.

A tarefa de realizar ou assegurar o direito cabe aos TRIBUNAIS e não ao cidadão.

OS TRIBUNAIS são órgãos de soberania com competência para administrar a justiça em nome do povo. Art.º 202.º da CRP.

Por fim o art.º 8.º do C.P.P. dispõe que:

“Os tribunais judiciais são os órgãos competentes para decidir as causas penais e aplicar penas e medidas de segurança criminais”.

Pergunta-se:

Será que os tribunais tomam decisões segundo critérios livres dos respectivos juízes?

NÃO, pois de acordo com o art.º 9.º do CPP:

“Os tribunais judiciais administram a justiça penal de acordo com a lei e o direito.”

Por outro lado, nos termos do art.º 205.º, n.º 2, da CRP:

“As decisões dos tribunais são obrigatórias para todas as entidades públicas e privadas e prevalecem sobre as de quaisquer outras autoridades”.

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Competências do Juiz e do Tribunal (artº10 CPP)

O que é uma competência?

É um complexo de poderes conferidos pela lei a um órgão destinado a um fim que se destina.

1. MATERIAL: A que se obtém através da natureza do crime,

da medida da pena a aplicar ou da qualidade do arguido.

COMPETÊNCIAS

2. TERRITORIAL: Diz-nos qual o tribunal que em casa fase do

Processo exerce jurisdição: tribunal de instrução; singular;

Coletivo; de júri; de recurso ou outro.

1. COMPETÊNCIA MATERIAL:

Dentro da organização judiciária existem trêscategorias de Tribunais:

Supremo Tribunal de Justiça (Juiz Conselheiro) Tribunal da Relação ou de segunda instância (Juiz Desembargador) Tribunal de Comarca ou de primeira instância (Juiz de Direito).

O STJ ou o TR podem funcionar como primeira instância, isto é, como Tribunal de julgamento e não de recurso se:

O PR o PAR ou o Primeiro Ministro ou outras personalidades forem julgados em processo crime (art.º 11.º); ou

Juízes de Direito Procuradores da República e Procuradores-Adjuntos forem julgados em processo crime (art.º 12.º).

Os TRIBUNAIS DE 1ª INSTÂNCIASubdividem-se em:

O Tribunal do Júri (artº 13 CPP): utilizado a requerimento do MP, assistente ou arguido e pena máxima superior a 8 anos.São 3 juízes + 4 jurados efetivos (são civis) + 4 jurados de reserva = tribunal do júri.É utilizado quando o tribunal coletivo decidiu algo diferente. Trás a opinião do censo comum dos civis.

O Tribunal Coletivo (artº 14 CPP): Três ou mais Juízes, competente para crimes punidos com pena superior a cinco anos. (Juízes Conselheiros ou

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Desembargadores). Respeitam a crimes relativos às violações do Direito Internacional Humanitário; contra a paz e humanidade; contra a segurança do Estado, contra a soberania nacional e realização do Estado de Direito. Compete ainda julgar os processos que, não devendo ser julgados pelo tribunal singular, respeitarem a crims: dolosos ou agravados pelo resultado, como a morte de uma pessoa.

O Tribunal Singular (artº 16 CPP): É competente para julgar os processos que por lei não couberem na competência dos tribunais de outra espécie. Um Juiz competente para crimes com pena igual ou inferior a cinco anos. (Por vezes o MP em crimes com Pena Abstracta superior a 5 anos, sugere que o réu não seja condenado a tantos anos a fim de não se ter que reunir o colectivo e ser julgado pelo tribunal Singular).

O Tribunal de execução de penas: É regulada em lei especial.

2. COMPETÊNCIA TERRITORIAL:É um crime instantâneo (roubo de uma garrafa) ou um crime continuado (rapto de um refém). Este último dura desde o momento até que termine. Qualquer OPC deve saber que Tribunal ou MP é territorialmente competente. O Tribunal exerce a sua jurisdição numa determinada área geográfica,

normalmente coincide com os limites concelhios mas nem sempre é assim, nomeadamente tratando-se de Lisboa.

A competência territorial define qual o Tribunal (entre os vários da mesma da mesma espécie) competente para julgar um determinado caso, atenta asua realização no territótio.

A Competência Territorial varia Consoante:

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O crime tenha ocorrido em local certo artº 19 CPP

O crime diga respeito a magistrado artº 23 CPP

O crime tenha ocorrido a bordo de navio ou aeronave artº 20 CPP

O crime tenha ocorrido no estrangeiro artº 22 CPP

O crime tenha ocorrido em local incerto artº 21 CPP

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▪ É competente o Tribunal onde se tenham consumado o Acto, Crime ou tentativa

▪ Nos Crimes permanentes (sequestro), enquanto o crime está a decorrer é competente o tribunal onde é apanhado, onde praticou o último acto.

▪ Quando não se sabe onde aconteceu o crime houve várias áreas envolvidas é competente o tribunal de qualquer das áreas, mas sendo o mais competente o que tiver 1º noticia do crime.

▪ Quando não se sabe a localização é onde houver primeiro notícia do Crime.

▪ Se o crime não tiver chegado a consumar-se, é competente para dele conhecer o tribunal em cuja área se tiver praticado o último acto de execução ou, em caso de punibilidade dos actos preparatórios, o último acto de preparação .

Os crimes cometidos em espaço aéreo internacional ou em águas internacionais são considerados como cometidos em território nacional se a aeronave ou o navio forem portugueses (art.º 20.º), se o não forem, os tribunais portugueses não têm competência para o julgamento.

O Ministério Público

Tem influência no próprio rumo do processo, é uma autoridade judiciária. Na CRP artº 219 trás-nos as suas funções, competências.

Representa o Estado – Exerce a acção Penal – Defender a Legalidade Democrática – Defender os Interesses que a Lei determinar

▪ Tem Legitimidade para Promover o Processo Penal nos Crimes de Natureza Pública com as Restrições que são os Crimes de Natureza Semi-Pública e Particulares:

▪ Semi-Públicos: Precisam de Queixa (Manifestação de Vontade de Procedimento Criminal) da Parte do ofendido, Por se tratarem de Crimes que abrangem o foro íntimo da vida pessoal do Ofendido.

▪ Particulares: Crimes que têm haver com Dignidade, Honra, têm que apresentar Queixa (Manifestação de Vontade de Procedimento Criminal) Dar legitimidade ao MP e ainda têm que se constituir Assistentes em 8 dias, Isto Significa que o Ofendido tem que ser representado Juridicamente (Advogado) (um Mandatário) e tem que pagar duas Unidades de Conta, depois disto tem dignidade processual, passando a ser um sujeito Processual, tem um Papel de colaboração. Isto para que fique ao mesmo nível dos restantes sujeitos Processuais, para entender o que se passa juridicamente através do seu Advogado. Senão tiver posses financeiras para requisitar os serviços de um advogado o estado tem o Dever de lhe proporcionar apoio Jurídico., Após o Inquérito e já como assistente tem que Deduzir Acusação contra o arguido através do seu mandatário (defensor/advogado)

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► Compete ao MP (Posição Processual)

▪ Receber as denuncias, queixas e apreciar os seguimentos a dar-lhes

▪ Dirigir o Inquérito (Produção de Prova)

▪ Dirigir a Acusação e sustentá-la efectivamente na Instrução do Julgamento

▪ Interpor Recursos ainda que no exclusivo interesse da defesa (Processo de Sujeitos Procura-se sempre a Verdade Material)

▪ Promover a Execução das Penas e das Medidas de Segurança.

Para além das restrições apresentadas pelo CPP – art.º 49.º a 52.º, relativamente a crimes semi-públicos e públicos – existe ainda uma outra restrição prevista no art.º 130.º, n.ºs 1 e 2, da CRP, segundo a qual:

Por crimes praticados no exercício das suas funções, o PR responde perante o STJ.

A iniciativa do processo cabe à AR, mediante proposta de um quinto e deliberação aprovada por maioria de dois terços dos Deputados em efectividade de funções.

Artº 51 CPP “Homologação da desistência da queixa ou da acusação particular” – a desistência dos direitos de queixa ou acusação só é juridicamente relevante depois de homolgada. Compete ao MP durante a fase de instrução; ao juiz de instrução durante a fase de instrução; ao juiz do julgamento ou ao presidente do tribuanl na fase do julgamento. A homolgação só pode ser concedida se o arguido declarar que nao se opõe, depois de para tal ser notificado para, em 5 dias, fazer a declaração respetiva. A falta desta equivale a uma não oposição.

Têm legitimidade para exercer o direito de queixa e de acusação:

É ofendido, o titular do bem jurídico posto em causa; Se morrer, o direito de queixa pertence ao cônjuge, descendentes ou

ascendentes; Se o ofendido é menor de 16 anos, a apresentação da queixa é da

responsabilidade ao representante legal.

Remeter para artº 115 CP

Artigo 115.º - Extinção do direito de queixa

1 - O direito de queixa extingue-se no prazo de 6 meses a contar da data em que o titular tiver tido conhecimento do facto e dos seus autores, ou a partir da morte do ofendido, ou da data em que ele se tiver tornado incapaz. 2 - O não exercício tempestivo do direito de queixa relativamente a um dos comparticipantes no crime aproveita aos restantes, nos casos em que também estes não puderem ser perseguidos sem queixa.

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3 - Sendo vários os titulares do direito de queixa, o prazo conta-se autonomamente para cada um deles.

Do Arguido e do seu Defensor

O Direito Penal concede a esta personagem direitos específicos, que se não tiver esta qualidade não usufrui desses direitos.

A qualidade de arguido pode ser de constituição automática ou não, consoante o momento em que se opera a constituição;

É automática para aquele contra quem for deduzida acusação ou requerida instrução num processo penal e conserva-se durante todo o decurso do processo.

► É Obrigatória a Constituição de Arguido Logo que:

▪ Correndo o Inquérito, esteja a Prestar declarações perante Autoridade Judiciária OPC (Tem o direito ao Silencio)

▪ Tenha contra si medida de Coação ou Garantia Patrimonial (TIR)

▪ Se for Detido em Flagrante delito é logo constituído Arguido

▪ For levantado auto Noticia que o Incrimine como Agente do crime

▪ Se durante inquirição a uma testemunha sobre ela recaírem suspeitas fundadas que ela também possa ter cometido crime, a Inquirição é suspensa Imediatamente e a testemunha é logo constituído Arguido.

▪ Sobre alguém recaiam suspeitas de prática de Crime essa mesma pessoa tem o direito de ser constituído Arguido a seu pedido, não sendo Obrigado a Responder a Perguntas que o Incriminem

► Constituição de Arguido Opera-se por:

▪ Oralmente ou Por escrito

▪ É feito ao visado por uma autoridade Judiciária ou um OPC, no prazo de 10 dias e por esta apreciada, em ordem à sua validação, no prazo de 10 dias, considerando-se arguido a partir desse momento

▪ Têm que ser explicados os seus direitos e deveres devidamente, e o mesmo tem que ficar completamente elucidado

▪ Implica também a entrega de documento com a Identificação do Processo e Defensor (Se já tiver sido nomeado um) e os Direitos e Deveres Processuais

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▪ A omissão ou Violação das Formalidades Implica que as Declarações prestadas não possam ser utilizadas como Prova.

► Posição Processual

Mal se Adquira a Qualidade Arguido são lhe assegurados o Exercício de Direitos e Deveres Processuais

► Direitos Processuais

▪ Estar Presente nos actos processuais que directamente lhe digam respeito

▪ Ser ouvido sempre que se vão tomar decisões que o afectem directamente

▪ Não responder a Perguntas (Direito ao Silêncio);

▪ Escolher Defensor ou Solicitar um;

▪ Ser assistido por defensor em todos os actos Processuais, e mesmo quando Detido Comunicar em Privado com ele;

▪ Intervir no inquérito, Oferecer Provas e Requerer Diligências que se afigurem necessárias;

▪ Ser informado pelas autoridades Judiciárias e OPC dos Direitos e Deveres que lhe assistem;

▪ Recorrer de Decisões para si desfavoráveis.

► Deveres

▪ Comparecer perante o Juiz, Autoridade Judiciária, OPC sempre que a Lei exigir ou estiver devidamente convocado Responder sempre com verdade sobre sua Identidade e Antecedentes Criminais;

▪ Prestar TIR Logo que assuma a Qualidade de Arguido;

▪ Sujeitar-se a medidas de Coação, Diligências de Prova e a Garantias Patrimoniais especificadas na Lei.

● Defensor do Arguido: será todo aquele indivíduo de preferência advogado ou advogado estagiário que tem por função aconselhar o arguido a requerer os atos processuais que entenda essenciais à defesa do arguido, realizar as etapas adequadas e velar para que a execução dos atos processuais, se processe de acordo com a lei e os interesses do arguido por ela protegidos.

Defendor escolhido ou constituído – é sempre e obrigatóriamente um advogado;

Defensor nomeado – é sempre um advogado ou advogado estagiário.

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▪ O Arguido pode Constituir Defensor em qualquer altura do processo.

▪ Exerce os Direitos que a Lei reconhece ao Arguido, Excepto os que ela reservar pessoalmente a este

▪ O arguido pode retirar o poder ao defensor, desde que o faça por escrito anteriormente e expressamente antes da decisão relativa àquela caso.

► É Obrigatória a Assistência do Defensor:

▪ No 1º interrogatório judicial de Arguido Detido

▪ No debate instrutório e na audiência, salvo tratando-se de processo que não possa dar lugar aplicação de pena de prisão ou de medida de segurança ou internamento

▪ Em qualquer acto processual, sempre que o Arguido for Surdo-Mudo Analfabeto, Desconhecer da Língua portuguesa, Menor de 21 anos, ou se suscitar a questão da sua Inimputabilidade ou da sua Inimputabilidade Diminuída

▪ Na audiência de Julgamento realizada na ausência do Arguido

▪ Nos Demais casos que a lei determinar

È obrigatória a assistência do Defensor nestes casos para que o Arguido perceba o que se passa e fique ao mesmo nível dos outros sujeitos do Processo para que haja Igualdade das Armas e para que vigore o Principio do Contraditório.

Em que alturas o defensor cessa funções?

Quando o arguido requeira a substituição do defensor também nomeado por justa causa;

Quando o defensor seja dispensado se alegar causa que o tribunal ache justa; Quando o arguido pode constituir advogado em qualquer altura.

Pode haver um defensor para os vários arguidos do processo, desde que não haja conflito de interesses;

Se eu tiver um advogado que escolhi, e os restantes arguidos não tiverem advogado, o tribunal pode nomear-lhes o meu advogado porque está no processo.

O advogado é mandatário.

Do Assistente

Um assistente é uma figura do arguido. Colaborador do MP, enquanto sujeito processual.

É o ofendido que passa a ser sujeito Processual, Pagando as 2 Unidades de Conta e arranjando um representante Legal (Advogado)

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► Regra:

▪ Crimes Particulares quem acusa Primeiro são os Assistentes só depois o MP

▪ Crimes Públicos e Semi-Públicos Primeiro acusa o MP e só depois o assistente caso haja algum constituído

► Podem-se Constituir assistente:

▪ O ofendido desde que maior de 16 anos;

▪ As Pessoas cuja queixa depender deles, sendo os Particulares Obrigados e os Semi-Públicos bastando apresentarem queixam;

▪ Qualquer pessoa em crimes contra a humanidade, paz, peculato, prevaricação, etc, já que são crimes que afectam toda a sociedade;

Tratando-se de procedimento independente de acusação particular, o requerimento tem lugar no prazo de dez dias a contar da declaração referida no artº 246:

O denunciante pode declarar, na denúncia, que deseja constituir-se assistente. Tratando-se de crime cujo procedimento depende de acusação particular, a declaração é obrigatória, devendo, neste caso, a autoridade judiciária ou o órgão de polícia criminal a quem a denúncia for feita verbalmente advertir o denunciante da obrigatoriedade de constituição de assistente e dos procedimentos a observar.

► Posição Processual e Atribuições dos Assistentes

▪ Colaboradores do MP;

▪ Intervir no inquérito, Oferecer Provas Requerer Diligências;

▪ Deduzir Acusação Independentemente do MP;

▪ Interpor Recurso das Decisões que lhe afectem mesmo que o MP não o tenha feito.

Sempre representados por um Advogado

As Partes Civis (são os lesados)

Quando há um crime há sempre danos? SIM.

Esses danos podem ser quantificáveis ou não quantificáveis, mas havendo crime há danos que pertencem a um lesado.

O que está em causa são 2 coisas:

Pedido de indeminização; Responsabilização civil.

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Há a possibilidade de juntar dois tipos de ofensas no processo penal, por Ex. (A) dá um estalo a (B) e rasga-lhe o blusão, temos um crimes de Ofensas á integridade física (Penal) e temos o Prejuízo por danos Materiais (Civil). Aqui o Ofendido é ao mesmo tempo lesado, pode ao mesmo tempo acusa-lo criminalmente e deduzir acusação civil. Também temos o caso em que o Lesado não é o Ofendido, no caso de (A) e (B) que se envolver em confrontos Físicos caiem para cima de um carro e estragam-no. Ai (C) o dono do Carro é o Lesado.

► Principio de Adesão (Obrigatório)

▪ Todos os pedidos de Indemnização Civil, com base na prática de um crime, são deduzidos obrigatoriamente no processo penal respectivo, só podendo ser em separado, perante tribunal civil, nos casos previstos na lei.

Pedido em separado

1. O pedido de indemnização civil pode ser deduzido em separado, perante o tribunal civil, quando:

a) Processo penal não tiver conduzido à acusação dentro de oito meses a contar da notícia do crime, ou estiver sem andamento durante esse lapso de tempo;

b) Processo penal tiver sido arquivado ou suspenso provisoriamente, ou o procedimento se tiver extinguido antes do julgamento;

c) O procedimento depender de queixa ou de acusação particular;

d) Não houver ainda danos ao tempo da acusação, estes não forem conhecidos ou não forem conhecidos em toda a sua extensão;

e) A sentença penal não se tiver pronunciado sobre o pedido de indemnização civil;

f) For deduzido contra o arguido e outras pessoas com responsabilidade meramente civil, ou somente contra estas haja sido provocada, nessa acção, a intervenção principal do arguido;

g) O valor do pedido permitir a intervenção civil do tribunal colectivo, devendo o processo penal correr perante o tribunal singular;

h) O processo penal correr sob a forma sumária ou sumaríssima.

i) O lesado não tiver sido informado da possibilidade de deduzir o pedido civil no processo penal ou notificado para o fazer

2. No caso de o procedimento depender de queixa ou de acusação particular, a dedução do pedido perante o tribunal civil pelas pessoas com direito de queixa ou de acusação vale como renúncia a este direito.

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OFENDIDO ≠ LESADO

OFENDIDO – (Assistente) É a Vitima, aquele titular do interesse que a Lei especialmente quis proteger com a incriminação, o Ofendido também pode ser lesado logo pode Ser Assistente e Parte Civil.

LESADO – (Parte Civil) Sujeito Activo - São todos aqueles que sofreram prejuízos directa ou Indirectamente, devido ao crime, e que esse crime seja a causa adequada á produção desse dano. Os lesados que sofreram prejuízos Indirectamente com o Crime (A) da um tiro a (B) e Fura o Caro de (C), (C) só poderá ser Lesados e Logo só Parte Civil, este poderá pedir uma indemnização civil.

▪ Se não houver Crime é só Parte Civil

▪ Se houver Crime e Danos é Processo Penal que vai englobar os Danos (Civil) Logo Será Assistentes e Partes Civis Aqui no Processo Civil Vigora o Principio do Pedido Temos que ser Nós a Pedir.

► Pessoas com Responsabilidade Meramente Civil Sujeito Passivo (Ex. Companhias de Seguros)

▪ Podemos mover Processo contra a companhia de seguros, Apesar de ter sido o condutor (A) a praticar os danos na casa de (C) por ter chocado contra (B) e estar a conduzir sem carta é a companhia que tem a responsabilidade Civil (Danos) ficando a responsabilidade criminal para (A)

► Dever de Informação

▪ A Autoridade Policial ou Judicial tem que informar Explicar Elucidar os Lesados, que tem a possibilidade de Deduzirem o Pedido Civil em processo Penal e explicar-lhes todas as formalidades.

► Formulação de Pedido

▪ Tem que ser manifestado no processo até ao encerramento do Inquérito.

▪ Depois de ser notificado de despacho de acusação ou não havendo despacho de acusação o despacho de pronúncia se houver lugar tem 20 dias para deduzir o pedido

▪ Senão tiver manifestado o propósito de deduzir o pedido ou não tiver sido notificado o lesado pode deduzir o pedido até dez dias depois do arguido ter sido notificado o despacho de acusação

► Pedido Civil em Processo Sumário

▪ O Lesado Pede:

▪ Verbalmente no Inicio da Audiência

▪ Por escrito

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▪ Pedir sempre a indemnização justa e Certa, nada de exageros porque quanto mais alta a indemnização maiores as custas do processo.

► Reparação da Vitima em casos especiais

▪ Quando não é deduzido o Pedido de Indemnização civil no processo penal (a vitima deixa passar o prazo) o Juiz pode em casos de condenação, arbitrar uma quantia a título de reparação pelos prejuízos sofridos quando particulares exigências de protecção da vítima o imponham.

DA PRÁTICA DO FATO AO INÍCIO DO PROCESSO E DAS FASES PRELIMINARES

FASES PRELIMINARES

“AQUISIÇÃO DA NOTÍCIA DO CRIME” (artº 241 CPP)

O MINISTÉRIO PÚBLICO ADQUIRE NOTÍCIA DO CRIME

“DENÚNCIA OBRIGATÓRIA” (artº 242 CPP)

Um agente está à banca numa esquadra. Apresenta-se um indivíduo para dar

conhecimento do vidro do carro partido e o furto de material que se encontarava

dentro da viatura. Apresenta a formalização da denúncia e tem notícia crime. Apenas

quer dar conhecimento, sem dar início a procedimento criminal. Mesmmo sendo um

crime semi-público, tenho que dar conhecimento ao MP através de uma participação.

É obrigatório fazer chegar ao MP. Mas só dá lugar a unstauração de inquérito se a

queixa for apresentada no prazo legal de 6 meses.

- Quando várias pessoas forem obrigadas à denúncia do mesmo crime, a sua

apresentação por uma delas, dispensa as restantes.

“AUTO DE NOTÍCIA” (artº 243 CPP) remeter para artº 99 e artº 100 CPP

O auto é o instrumento destinado fazer a fé. Tem peso jurídico, é relevante. Não se

pode mentir.

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Por conhecimento próprio Mediante

denúncia

Por intermédio dos OPC’S

Pelos órgãos de comunicação

social

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O auto contém, além dos requisitos previstos para os atos escritos (remeter artº 94 nº

6)*:

a) Identificação das pessoas que intervieram no ato;

b) Causas da ausência das pessoas cuja intervenção no ato estava prevista;

c) Descrição especificada das operações praticadas, da intervenção de cada um

dos participantes processuais, declarações prestadas, do modo como o foram e

das circunstâncias em que o foram, dos documentos apresentados ou

recebidos e dos resultados alcançados de modo a garantiir a genuína expressão

da ocorrência.

Sempre que uma autoridade judiciária, um OPC ou entidade policial presenciarem

qualquer crime de denúncia obrigatória, levantam ou mandam levantar auto de

notícia… (n.º 1)

Alínea c) remeter para o artº 94 “Forma escrita dos atos” e artº 95 “Assinatura”.

Os autos devem ser sempre assinados por nós e pela pessoa.

-É assinado pela entidade que o levantou e pela que o mandou levantar. Quem assina

é quem presenciou (n.º 2)

- É obrigatoriamente remetido ao MP no mais curto prazo, que não pode exceder 10

dias, e vale como denúncia. (n.º 3)

* É obrigatória a menção do dia, mês e ano da prática do ato, bem como, tratando-se

de ato que afete liberdades fundamentais das pessoas, da hora da sua ocorrência, com

referência ao momento do respetivo início e conclusão. O lugar da prática do ato deve

ser indicado.

“REDAÇÃO DO AUTO” (artº 100, nº 2 CPP)

O auto: reter o que interessa, questionar a pessoa sobre fatos que interessam na

matéria. Reter os pontos principais e escrever o auto em súmula.

“DENÚNCIA FACULTATIVA” (artº 244 CPP) – referente a crimes públicos

Qualquer pessoa que tiver notícia de um crime pode denunciá-lo ao Ministério

Público, a outra autoridade judiciária ou aos órgãos de polícia criminal, salvo se o

procedimento respetivo depender de queixa ou de acusação particular.

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Se a denúncia efetuada a entidade que não o MP, é transmitida a este

no mais curto prazo, que não pode exceder 10 dias. (Art. 245.º CPP).

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Roubo – crime público;

Furto – crime semi-público

“FORMA, CONTEÚDO E ESPÉCIES DE DENÚNCIAS” (artº 246 CPP)

A denúncia pode ser verbal ou por escrito … A denúncia verbal é reduzida a escrito … É assinada:

- entidade que a recebeu; e

- pelo denunciante.

(Art 95º nº 3 CPP – recusa de assinatura)

Tem o conteúdo do auto de notícia.

O denunciante pode declarar na denúncia, que deseja constituir-se assistente. (n.º 4)

Aquando dos crimes particulares (acusação particular), é obrigatória a constituição de assistente, sendo assim a declaração obrigatória, devendo ser efetuada a advertência desta obrigatoriedade e dos procedimentos a observar.

Denúncias anónimas: (n.º 5) Só determinam a abertura de inquérito se:

- Dela se retirarem indícios da prática de crime; ou

- Constituir crime.

…os OPCs informam o titular do direito de queixa ou participação da existência da denúncia. (n.º 6).

Das medidas cautelares e de polícia (artº 248 CPP)

Jurisprudência:

… “As medidas cautelares ou de polícia visam, através da tomada imediata de providências cautelares pelo OPC sem a prévia autorização da AJ competente, acautelar a obtenção de meios de prova que, de outra forma, poderiam irremediavelmente perder-se, provocando danos irreparáveis na prossecução das finalidades do processo …”

“As medidas cautelares de polícia, reguladas neste capítulo, destinam-se a acautelar a obtenção dos meios de prova, que sem elas poderiam perder-se, mediante uma tomada imediata de providências pelos OPCs, mesmo sem prévia autorização da AJ competente, e isto pelo carácter urgente das diligências a praticar ou pela natureza perecível dos meios de prova.”

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As medidas cautelares e de polícia, têm a noção de “periculum in mora”, (perigo na demora), com justificação jurídica da sua existência.

- Comunicação da notícia do crime (Art. 248º);

- Providências cautelares (Art. 249º);

- Identificação de suspeito e pedido de informações (Art. 250º);

- Revistas e buscas (Art. 251º …);

- Apreensões (Art.s 252º … 249º …)

“COMUNICAÇÃO DA NOTÍCIA DO CRIME (artº 248 CPP)

Os OPCs que tiverem notícia de um crime, por conhecimento próprio ou mediante denúncia, transmitem-na ao MP no mais curto prazo, que não pode exceder 10 dias. (n.º 1) [mesmo manifestamente infundadas (n.º 2)]

Em caso de urgência a transmissão pode ser feita por qualquer meio de comunicação disponível. Se a comunicação for oral deve ser seguida de escrita. (n.º 3).

Não existe auto de apreensão, sem auto de notícia. No caso de apreensões, o caso de apresentação ao MP é de 72h (3 dias) – artº 178, nº 5 CPP.

No caso de detenção, a apresentação ao MP é feita de imediato.

O expediente criminal sem anexos é de 10 dias.

“PROVIDÊNCIAS CAUTELARES QUANTO AOS MEIOS DE PROVA” (artº 249 CPP)

1 - Compete aos órgãos de polícia criminal, mesmo antes de receberem ordem da autoridade judiciária competente para procederem a investigações, praticar os atos cautelares necessários e urgentes para assegurar os meios de prova.

Qual é o fim da norma? Assegurar os meios de prova

Para os atos cautelares necessários e urgentes (nº2)

2 - Compete-lhes, nomeadamente, nos termos do número anterior:

a) Proceder a exames dos vestígios do crime, em especial às diligências previstas no artigo 171.º, n.º 2, e no artigo 173.º, assegurando a manutenção do estado das coisas e dos lugares;

Art. 171º/2 – “… providenciar para evitar que os vestígios se apaguem ou alterem antes de serem examinados, proibindo se necessário, a entrada ou o trânsito de pessoas estranhas no local do crime ou quaisquer outros atos que possam prejudicar a descoberta da verdade.” (preservação da cena do crime)

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MEDIDAS CAUTELARES DE

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Art. 173º/1 – “… ou o OPC competentes podem determinar que alguma ou algumas pessoas se não afastem do local do exame e obrigar, com o auxílio da força pública, se necessário, as que pretenderem afastar-se a que nele se conservem enquanto o exame não terminar e a sua presença for indispensável .” (circunstâncias importantes no local em concreto).

b) Colher informações das pessoas que facilitem a descoberta dos agentes do crime e sua reconstituição;

c) Proceder a apreensões no decurso de revistas ou buscas ou em caso de urgência ou perigo na demora, bem como adotar as medidas cautelares necessárias à conservação ou manutenção dos objetos apreendidos. (ver art.º 178.º n.ºs 4 e 5 CPP)

3 - Mesmo após a intervenção da autoridade judiciária, cabe aos órgãos de polícia criminal assegurar novos meios de prova de que tiverem conhecimento, sem prejuízo de deverem dar deles notícia imediata àquela autoridade. (artº 249).

“IDENTIFICAÇÃO DE SUSPEITO E PEDIDO DE INFORMAÇÕES” (artº 250)

1 – Os OPCs podem proceder à identificação de qualquer pessoa encontrada em lugar público, aberto ao público ou sujeito a vigilância policial, sempre que sobre ela recaiam fundadas suspeitas da prática de crimes …

E se se recusar?

Neste momento a recusa nunca dá lugar à detenção, pois estamos perante uma impossibilidade de identificação, que ainda pode ser suprida nos dos n.ºs 4 e 5.

2 – Antes de procederem à identificação, Os OPCs devem:

provar a sua qualidade; comunicar ao suspeito as circunstâncias que fundamentam a obrigação de

identificação; e indicar os meios por que este se pode identificar.

3 – Meios de identificação (documentos):

BI, CC ou passaporte, sendo cidadão português;

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3 - As apreensões são autorizadas, ordenadas ou validadas por despacho da autoridade judiciária. (regra geral das apreensões)

4 - Os órgãos de polícia criminal podem efetuar apreensões no decurso de revistas ou de buscas ou quando haja urgência ou perigo na demora, nos termos previstos na alínea c) do n.º 2 do artigo 249.º

5 - As apreensões efetuadas por órgão de polícia criminal são sujeitas a validação pela autoridade judiciária, no prazo máximo de setenta e duas horas.

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Título de residência, BI, passaporte ou documento que o substitua, no caso de ser cidadão estrangeiro.

4 – Na impossibilidade … mediante a apresentação de documento original, ou cópia autenticada, que contenha:

o seu nome completo; a sua assinatura; e a sua fotografia.

Assim, qualquer documento que contenha estes elementos, pode servir para identificar o suspeito, nomeadamente passes de transportes coletivos ou cartões de coletividades.

5 – Se não for portador de nenhum … o suspeito pode ainda identificar-se por um dos seguintes meios:

a)Comunicação com uma pessoa que apresente os seus documentos de identificação;

b)Deslocação, acompanhado pelos OPCs, ao lugar onde se encontrem os seus documentos de identificação;

c)Reconhecimento da sua identidade por uma pessoa identificada nos termos do n.º 3 ou n.º 4 que garanta a veracidade dos dados pessoais indicados pelo identificando.

6 – Na impossibilidade … os OPCs podem conduzir o suspeito ao posto policial mais próximo e compeli-lo a permanecer ali pelo tempo estritamente indispensável à identificação, em caso algum superior a 6 horas, realizando em caso de necessidade, provas dactiloscópicas, fotográficas ou de natureza análoga e convidando o identificando a indicar residência onde possa ser encontrado e receber comunicações.

7 – Os atos de identificação levados a cabo nos termos do n.º anterior são sempre reduzidos a auto e as provas de identificação dele constantes são destruídas na presença do identificando, a seu pedido, se a suspeita não se confirmar.

Artigo 251.º

Revistas e buscas

1 - Para além dos casos previstos no n.º 5 (Ressalvam-se das exigências contidas no n.º 3 as revistas e as buscas efetuadas por órgão de polícia criminal nos casos:

a) De terrorismo, criminalidade violenta ou altamente organizada, quando haja fundados indícios da prática iminente de crime que ponha em grave risco a vida ou a integridade de qualquer pessoa;

b) Em que os visados consintam, desde que o consentimento prestado fique, por qualquer forma, documentado; ou

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c) Aquando de detenção em flagrante por crime a que corresponda pena de prisão) do artigo 174.º (regras gerais das revistas e buscas), os órgãos de polícia criminal podem proceder, sem prévia autorização da autoridade judiciária:

a) À revista de suspeitos em caso de fuga iminente ou de detenção e a buscas no lugar em que se encontrarem, salvo tratando-se de busca domiciliária, sempre que tiverem fundada razão para crer que neles se ocultam objetos relacionados com o crime, suscetíveis de servirem a prova e que de outra forma poderiam perder-se;

b) À revista de pessoas que tenham de participar ou pretendam assistir a qualquer ato processual ou que, na qualidade de suspeitos, devam ser conduzidos a posto policial, sempre que houver razões para crer que ocultam armas ou outros objetos com os quais possam praticar atos de violência.

2 - É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 6 do artigo 174.º

Artº 27 da CRP “Direito à Liberdade e à Segurança” (importante)

1. Todos têm direito à liberdade e à segurança.2. Ninguém pode ser total ou parcialmente privado da liberdade, a não ser em consequência de

sentença judicial condenatória pela prática de acto punido por lei com pena de prisão ou de aplicação judicial de medida de segurança.

3. Excetua-se deste princípio a privação da liberdade, pelo tempo e nas condições que a lei determinar, nos casos seguintes:

a) Detenção em flagrante delito;

b) Detenção ou prisão preventiva por fortes indícios de prática de crime doloso a que corresponda pena de prisão cujo limite máximo seja superior a três anos;

c) Prisão, detenção ou outra medida coactiva sujeita a controlo judicial, de pessoa que tenha penetrado ou permaneça irregularmente no território nacional ou contra a qual esteja em curso processo de extradição ou de expulsão;

d) Prisão disciplinar imposta a militares, com garantia de recurso para o tribunal competente;

e) Sujeição de um menor a medidas de protecção, assistência ou educação em estabelecimento adequado, decretadas pelo tribunal judicial competente;

f) Detenção por decisão judicial em virtude de desobediência a decisão tomada por um tribunal ou para assegurar a comparência perante autoridade judiciária competente;

g) Detenção de suspeitos, para efeitos de identificação, nos casos e pelo tempo estritamente necessários;

h) Internamento de portador de anomalia psíquica em estabelecimento terapêutico adequado, decretado ou confirmado por autoridade judicial competente.

4. Toda a pessoa privada da liberdade deve ser informada imediatamente e de forma compreensível das razões da sua prisão ou detenção e dos seus direitos.

5. A privação da liberdade contra o disposto na Constituição e na lei constitui o Estado no dever de indemnizar o lesado nos termos que a lei estabelecer.

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“APREENSÃO DE CORRESPONDÊNCIA” (artº 252) – não é muito relevante

1 – Nos casos em que deva proceder-se à apreensão de correspondência, os OPCs transmitem-na intacta ao juiz que tiver autorizado ou ordenado a diligência.

2 – Tratando-se de encomendas ou valores fechados suscetíveis de serem apreendidos, sempre que tiverem fundadas razões para crer que eles podem conter informações úteis à investigação de um crime ou conduzir à sua descoberta, e que podem perder-se em caso de demora, os OPCs informam do facto, pelo meio mais rápido, o juiz, o qual pode autorizar a sua abertura imediata.

3 – … os OPCs podem ordenar a suspensão da remessa de qualquer correspondência nas estações de correios e de telecomunicações.

Se, no prazo de 48 horas, a ordem não for convalidada por despacho fundamentado do juiz, a correspondência é remetida ao destinatário.

“LOCALIZAÇÃO CELULAR” (artº 252 – A)

1 – As AJ e as APC podem obter dados sobre a localização celular quando eles forem necessários para afastar perigo para a vida ou de ofensa à integridade física grave.

2 – Se os dados … se referirem a um processo em curso, a sua obtenção deve ser comunicada ao juiz no prazo máximo de 48 horas.

3 – Se os dados sobre a localização celular previstos no n.º 1 não se referirem a nenhum processo em curso, a comunicação deve ser dirigida ao juiz da sede da entidade competente para a investigação criminal.

4 – É nula a obtenção de dados sobre a localização celular com violação do disposto nos n.ºs anteriores.

“RELATÓRIO” (artº 253)

1 – Os OPCs que procederem a diligencias referidas nos art.s anteriores elaboram um relatório onde mencionem, de forma resumida, as investigações levadas a cabo, os resultados das mesmas, a descrição dos factos apurados e as provas recolhidas.

RELATÓRIO - Art. 253.º do CPP

2 – O relatório é remetido ao MP ou ao JIC, conforme os casos.

O relatório acaba por perder oportunidade, pois já foi relatado: auto de notícia, de denúncia, de apreensão…na prática traduz-se no expediente elaborado.

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Da Detenção (artº 255 CPP)

A detenção, mexe com Direitos, Liberdades e Garantias (artº 27 CRP).

É uma privação da liberdade precária, por um período curto, não excedente a 48 horas, que só poderá manter-se se for confirmada pela autoridade judicial.

Art. 27.º n.º 3 da CRP;

Art.s 254.º e ss do CPP:

Ao conduzir um indivíduo à esquadra, por motivos de identificação e por ter um mandado de notificação pendente, não estamos a deter o indivíduo, como diz a CRP. A peça de expediente que fazemos é uma “Participação”.

“FINALIDADE” (artº 254 CPP)

1 - A detenção a que se referem os artigos seguintes é efetuada:

a)Para, no prazo máximo de 48 horas, o detido ser:

Apresentado a julgamento sob a forma sumária (381º) ou Ser presente ao juiz competente para 1º interrogatório (141º) ou Para aplicação ou execução de uma medida de coação (191º ss); ou

b) Para assegurar a presença imediata ou, não sendo possível, no mais curto prazo, mas sem nunca exceder 24 horas, do detido perante a autoridade judiciária em ato processual.

Atos de inquérito são predominantemente, atos de investigação e de recolha de provas, mas não o são só, há os atos de promoção, atos cautelares, atos de decisão sobre o inquérito, etc. …

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Processo Sumário: não há lugar a investigação, a fase de inquérito nem a instrução.

Passa logo a Julgamento.

Ex: Conduzir com 1,79 de álcool: - crime público, em flagrante delito. É logo presente a Julgamento. O processo é logo concluído na hora, pois as provas estão ali todas reunidas.

Se as provas suscitarem dúvidas, o que era um simples Julgamento, baixa a inquérito, para se reunirem provas de novo.

2 - O arguido detido fora deflagrante delito para aplicação ou execução da medida de prisão preventiva é sempre apresentado ao juiz, sendo correspondentemente aplicável o disposto no artigo 141º (1º interrogatório de arguido detido).

É o chamado Processo Comum.

Serve para o arguido ser presente a JIC num

Prazo de 48h para aplicação de Medida de Coação

(pode ser TIR ou/até Prisão Preventiva).

O prazo de 48 horas após a detenção do arguido para este ser apresentado ao juiz para julgamento em processo sumário ou para 1º interrogatório judicial conta-se desde a detenção até à apresentação ao juiz, e não até ao início do julgamento ou à realização do interrogatório e decisão sobre a validade da detenção. Este artº 254º, bem como o 141º e artº 28º nº 1 da CRP exigem que, estando em causa o direito fundamental à liberdade de uma pessoa a tramitação decorra com a celeridade possível e sempre dentro dos apertados limites. …

“I - A privação da liberdade na forma de detenção apenas e só pode ter lugar para assegurar a comparência perante uma autoridade judiciária ou seja, perante o magistrado do MP, o JIC ou o juiz julgador, consoante a fase em que o processo se encontrar.

II – Nunca para comparência em diligência a realizar na secção de inquéritos da PSP.”

A detenção efetuada nos termos da al. b) destina-se a assegurar a presença imediata perante o juiz em ato processual, e tem cobertura constitucional no art.º 27.º n.º 3 al. f) da CRP.

Só o juiz pode ordenar a detenção com esta finalidade.31

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A presença de pessoas a atos realizados pelo MP, designadamente durante o inquérito, é assegurada através dos instrumentos legais dos artºs 273.º e 116.º CPP, e se houver lugar a detenção, terá ela que ser ordenada pelo juiz.

I – Perante o estatuído no nº 2 do art. 254º CPP, não há dúvidas de que se impõe sempre a apresentação do arguido detido perante o juiz, ainda que aquele tenha sido preso para execução de prisão preventiva decretada pelo juiz de julgamento no despacho que recebeu a acusação e designou data para julgamento.

II - A não apresentação do arguido detido ao juiz no prazo de 48 horas, para o despectivo interrogatório, implica violação da citada norma legal, o que justifica o deferimento do pedido de habeas corpus (Art. 31º CRP).

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Em sentido estrito, verifica-se quando o crime é surpreendido durante a sua execução, e a esta

modalidade se refere o n.º1.

VER PÁGINA 34 E 35 DOS APONTAMENTOS.

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No Processo Sumário: vamos sempre a tribunal;

No Processo Comum: só vamos a tribunal quando notificados.

“DETENÇÃO EM FLAGRANTE DELITO” (artº 255 CPP)

1 - Em caso de flagrante delito, por crime punível com pena de prisão:

a) Qualquer autoridade judiciária ou entidade policial procede à detenção. Aqui a detenção é OBRIGATÓRIA;

b) Qualquer pessoa pode proceder à detenção, se uma das entidades referidas na alínea anterior não estiver presente nem puder ser chamada em tempo útil. A detenção é FACULTATIVA;

2 - No caso previsto na alínea b) do número anterior, a pessoa que tiver procedido à detenção entrega imediatamente o detido a uma das entidades referidas na alínea a), a qual redige auto sumário da entrega e procede de acordo com o estabelecido no artigo 259.º

3 - Tratando-se de crime cujo procedimento dependa de queixa (semipúblicos), a detenção só se mantém quando, em ato a ela seguido, o titular do direito respetivo o exercer. Neste caso, a autoridade judiciária ou a entidade policial levantam ou mandam levantar auto em que a queixa fique registada.

4 - Tratando-se de crime cujo procedimento dependa de acusação particular (crimes particulares), não há lugar a detenção em flagrante delito, mas apenas à identificação do infrator.

Injúrias: crime de natureza particular;Ameaças: crime de natureza semipúblico.

A detenção, é uma medida de segurança.

Crime público: detenho sempre; Crime semi-público: detenho sempre até haver queixa. Se não apresentarem

queixa, solto. Só formalizo a detenção quando consigo em ato seguido à detenção do suspeito, obter a queixa do lesado.

Ex: Vejo alguém a ameaçar outra pessoa, informo-a que está a sofrer um crime semi-público e se quer apresentar queixa. Se a vítima disser que sim, é detido de imediato e levado para a esquadra. Não pode ser 2h depois. Tem de ser de imediato.

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Se assistirmos a algum crime semi-público e não conseguirmos entrar em contato com o lesado, sou obrigada a deixar a pessoa a ir embora, identificando-a primeiro, para posteriormente ser notificado.

Partir o vidro de um carro e presenciado pelo agente, é um crime semi-público.

- Roubo;

- Violência Doméstica;

- Furto qualificado (relacionado com a unidade de conta)

“FLAGRANTE DELITO” (artº 256 CPP)

1 - Todo o crime que se está cometendo ou se acabou de cometer (quase flagrante delito).

Quase flagrante delito – verifica-se quando o infrator é surpreendido no local da infração, no momento em que acabou de a cometer, evidenciando a surpresa a existência e a autoria da infração, 2ª parte do n.º 1.

2 - Reputa-se também flagrante delito, toda a situação em que o agente do crime, logo após o ter cometido, for perseguido por qualquer pessoa, ou, for encontrado com objetos ou sinais que denotem, sem sombra para dúvidas, que acabou de cometer ou de participar na comissão de um crime.

Ex: alguém que furtou no interior de uma viatura um portátil. Alguém viu e o agente vai atrás dele. É um crime público. Reúne todas as condições para ser detido. Na dúvida, não se detém.

É reputado flagrante delito. É o mesmo que ver o crime a ser cometido

3 – Em caso de crime permanente o estado de flagrante delito só persiste enquanto se mantiverem sinais que mostrem claramente que o crime está a ser cometido e o agente está nele a participar.

No flagrante delito, está patente a atualidade. Proximidade temporal, espacial e evidência.

“DETENÇÃO FORA DE FLAGRANTE DELITO” (artº 257 CPP)

1 - Fora de flagrante delito, a detenção só pode ser efetuada por mandado do juiz ou, nos casos em que for admissível prisão preventiva, do Ministério Público:

a)Nos casos em que for admissível prisão preventiva, do MP, quando houver fundadas razões para considerar que o visado se não apresentaria espontaneamente, perante AJ no prazo que lhe for fixado.

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CRIMES PÚBLICOS

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b) Quando se verifique, em concreto, alguma das situações previstas no artigo 204.º, que apenas a detenção permita acautelar; ou

c) Se tal se mostrar imprescindível para a proteção da vítima.

O número 2 é o mais importante para nós.

Nunca podemos deter ninguém fora de flagrante delito. Apenas as autoridades de polícia criminal, nunca o OPC. A detenção tem de ser ordenada pelo JIC ou MP. Basta haver uma das alíneas que não seja preenchida, não se pode proceder à detenção.

Da Prova

Nos termos do artº 341 do C. Civil “as provas têm por função a demonstração da realidade dos fatos”.

Esta demonstração a que tende a prova não é uma operação lógica, visando a certeza absoluta, excluindo a possibilidade do fato não ter ocorrido ou ter ocorrido de modo diverso, como é por exemplo o desenvolvimento de um teorema nas ciências matemáticas.

Nem essa demonstração se opera, a maior parte das vezes, à semelhança do que sucede com as análises médicas ou os exames efetuados nos laboratórios de ciências, através da observação direta ou de reconstituição dos fatos, com o fim de facultar ao julgador a perceção dos seus resultados. Não interessa à prova.

Os fatos que interessam ao julgamento da causa são, muitas vezes, ocorrências concretas do mundo exterior ou situações do foro espiritual, que pertencem ao passado e não podem ser reconstituídas nos seus atributos essenciais.

Há certos crimes que não é possível recolher prova material.

O julgador tem de ter uma grande perceção dos fatos.

A demonstração da realidade de fatos desta natureza, com a finalidade do seu tratamento jurídico, não pode visar um estado de certeza lógico, sob pena do Direito

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falhar clamorosamente na sua função essencial de instrumento de paz social e de realização da justiça entre os homens.

A prova visa apenas, de acordo com os critérios de responsabilidade essenciais à aplicação prática do Direito, criar no espírito do julgador um estado de convicção, assente numa certeza relativa do fato.

“OBJETO DA PROVA” (artº 124 CPP)

Um traficante de droga, um investigador, o traficante conhece um outro elemento numa troca de estupefacientes. Ao telefone fazem a combinação do local, horas e montante. No entanto o investigador está a ouvir a conversa toda. Começam a falar da vida.

No final de tudo vai espremer a conversa toda. Há muito lixo comunicacional. Tem que fazer a filtragem e tratar as escutas.

O que se retira é o que em julgamento vai fazer prova (fatos juridicamente relevantes). Só interessam algumas coisas.

Tem que se ter atenção que nem sempre as conversas são o que parecem.

“Constituem objeto de prova todos os fatos juridicamente relevantes para a existência ou inexistência do crime, a punibilidade ou não punibilidade do arguido e a determinação da pena ou da medida de segurança aplicáveis”.

Nem todas as provas servem para incriminar. Servem muitas vezes para absolver.

Princípios Fundamentais da Prova

Princípio da Legalidade (artº125): serve para legitimar a prova. Princípio da legitimidade da prova. Princípio geral de admissibilidade dos meios de prova. Pode ser tudo admitido desde que não proibido por lei.PROIBIÇÕES ABSOLUTAS: 1. São nulas, não podendo ser utilizados, as provas obtidas mediante tortura,

coação ou, em geral, ofensa da integridade física ou moral das pessoas. Atos ofensivos da integridade física ou moral:

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Princípio da Legalidade (artº 125)

Princípio da livre apreciação da prova (artº

Princípio da Verdade Material.

Princípio do in dubio pro reu.

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São meios absolutamente proibidos pela CRP e pela lei ordinária que os fulmina com nulidade insanável, podendo quem deles faça uso incorrer em responsabilidade criminal e disciplinar.

2. São ofensivas da integridade física ou moral das pessoas as provas obtidas, mesmo que com o consentimento delas mediante:a) Perturbação da liberdade de vontade ou de decisão através de maus

tratos, ofensas corporais, administração de meios de qualquer natureza, hipnose ou utilização de meios cruéis ou enganosos;Exs: Narcoanálise (soro da verdade); e

Polígrafo (detetor de mentiras.b) Perturbação por qualquer meio, da capacidade de memória ou de avaliação;c) Utilização da força, fora dos casos e dos limites permitidos na lei;d) Ameaça com medida legalmente inadmissível e, bem assim, com denegação ou condicionamento da obtenção de benefício legalmente previsto;e) Promessa de vantagem legalmente inadmissível.PROIBIÇÃO RELATIVA

3. Ressalvados os casos previstos na lei, são igualmente nulas, não podendo ser utilizadas, as provas obtidas mediante:

intromissão na vida privada, no domicílio, na correspondência ou nas telecomunicações

sem o consentimento do respetivo titular.

O nº 3 admite a validade das provas com violação destes valores, quando a lei o autorize

“Ressalvados os casos previstos na lei …”

Ou com o consentimento do respetivo titular:

“ … o consentimento do respetiva titular.”

SÃO BENS JURÍDICOS DISPONÍVEIS …

PROIBIÇÕES ABSOLUTAS E RELATIVAS

Nºs 1, 2 e 3

4 - Se o uso dos métodos de obtenção de provas previstos neste artigo constituir crime, podem aquelas ser utilizadas com o fim exclusivo de proceder contra os agentes do mesmo.

Princípio da Livre Apreciação da Prova (artº127): Tem como pressupostos valorativos a obediência a critérios da experiência comum e da lógica do homem médio suposto pela ordem jurídica.

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“A prova é apreciada segundo as regras da experiência e a livre convicção da entidade competente … salvo quando a lei dispuser diferentemente.”**Ex: dos artigos:169º - Valor probatório dos documentos …; 163º - Valor da prova pericial;344.º - Confissão.

“Salvo quando a lei dispuser diferentemente …”

Valor probatório dos documentos autênticos ou autenticados - Art. 169º:

Consideram-se provados os factos materiais constantes de documento autêntico ou autenticado enquanto a autenticidade do documento ou a veracidade do seu conteúdo não forem fundadamente postas em causa.

“Valor da prova pericial – Artº 163º CPP:

1 – O juízo técnico científico ou artístico inerente à prova pericial presume-se subtraído à livre apreciação do julgador.

2 – Sempre que a convicção do julgador divergir do juízo contido no parecer dos peritos, deve aquele fundamentar a divergência.”

“Confissão – Art. 344.º CPP:

1 – No caso de o arguido declarar que pretende confessar os factos que lhe são imputados, o presidente, sob pena de nulidade, pergunta-lhe se o faz de livre vontade e fora de qualquer coação, bem como se se propõe fazer uma confissão integral e sem reservas.”

“A regra da livre apreciação da prova em processo penal não se confunde com apreciação arbitrária, discricionária ou caprichosa da prova…

O julgador, ao apreciar livremente a prova, ao procurar através dela atingir a verdade material, deve observância a regras de experiência comum utilizando como método de avaliação a aquisição do conhecimento critérios objetivos, genericamente suscetíveis de motivação e controlo.”

Princípio da Verdade Material (artº 340 CPP): O tribunal tem o poder e o dever de esclarecer e instruir autonomamente o facto sujeito a julgamento, independentemente dos contributos da acusação e da defesa.

I – O tribunal tem o poder-dever de investigar o facto sujeito a julgamento e construir por si mesmo os suportes da sua decisão, independentemente das contribuições dadas para tal efeito pelas partes em litígio;

II - Resulta que o tribunal deve, oficiosamente ou a requerimento das partes, ordenar a produção de todos os meios de prova cujo conhecimento se lhe afigure essencial à

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descoberta da verdade e à boa decisão da causa, não estando, obviamente circunscrito aos meios de prova constantes da acusação, da contestação ou da pronúncia;

III – Assim, deve ser anulado o julgamento em que se indeferiu o pedido formulado pelo assistente para aí ser ouvido, fundamentando-se tal decisão em causas diversas das constantes dos nºs 3 e 4 do Artº 340º do CPP.

Princípio do In Dubio pro reo: Estabelece que, na decisão de factos incertos, a dúvida favorece o réu.Este princípio identifica-se com o da presunção de inocência do arguido, e impõe que o julgador valore sempre em favor dele um “non liquet”*, e ainda que em processo penal não seja admitida a inversão do ónus da prova em seu detrimento.

“MEIOS DE PROVA” (artº 128 ss)

São os elementos de que o julgador (no caso da prova produzida em juízo) se pode servir para firmar a sua convicção acerca dum facto.

Existe uma diferença entre inquirição e interrogatório.

Prova Testemunhal (artº 129)

O meio de prova mais usado no nosso ordenamento jurídico é o meio de prova testemunhal, tal meio de prova é de tal forma importante que vem regulado, de forma minuciosa, nos art.s 128.º a 139.º do CPP.

Art. 128.º - Objeto e limites do depoimento

“A testemunha é inquirida sobre factos de que possua conhecimento direto e que constituam objeto da prova.”

O Art.º 128.º do CPP, estabelece como regra que o depoimento tem que ser direto.

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Testemunha

Arguido

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Ou seja, é inquirida sobre factos que apreendeu por contacto imediato (olhos, ouvidos, tato…).

Diferente é o conhecimento indireto, nesse sentido podemos referir que teve conhecimento do facto por ouvir dizer. (ou por ver fotografia, ver documento …).

Excecionalmente presta depoimento indireto.

“DEPOIMENTO INDIRETO” (artº 129)

… contudo, existem algumas exceções

Caso o depoimento resultar do que se ouviu dizer a pessoas determinadas, o juiz pode chamar estas a depor.

Se o não fizer, o depoimento produzido não pode, naquela parte, servir como meio de prova,

Salvo se a inquirição das pessoas indicadas não for possível por morte, anomalia psíquica superveniente ou impossibilidade de serem encontradas. (art. 129.º nº 1).

Por fim, não pode, em caso algum, servir como meio de prova o depoimento de quem recusar ou não estiver em condições de indicar a pessoa ou a fonte através das quais tomou conhecimento dos factos. (nº 3).

“A utilização de testemunhos que tenham por base o “ouvi dizer” é incompatível com um processo de estrutura acusatória, por ser contrária aos princípios da imediação e do contra interrogatório na fase de julgamento*.”

Mas atenção que a impossibilidade de inquirição de testemunhas por não serem encontradas pode ser relativa – critério do juiz.

O depoimento indireto é diferente de vozes públicas, pois, estas, não são admissíveis:

“Não é admissível como depoimento a reprodução de vozes ou rumores públicos.” – Artº 130º nº 1 do CPP.

Por outro lado, a manifestação de meras convicções pessoais sobre factos ou a sua interpretação só é admissível nos casos seguintes e na estrita medida neles indicada (Artº 130º nº 2):

a) Quando for impossível cindi-la do depoimento sobre factos concretos;

b) Quando tiver lugar em função de qualquer ciência, técnica ou arte;

c) Quando ocorrer no estádio de determinação da sanção - (Art.º 130.º, n.ºs 2 do CPP).

Quanto à capacidade e dever de testemunha, estabelece o art. 131º nº 1 do CPP que:

“Qualquer pessoa que se não encontrar interdita por anomalia psíquica tem capacidade para ser testemunha e só pode recusar-se nos casos previstos na lei.”

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“CAPACIDADE E DEVER DA TESTEMUNHA (artº 131)

Se a testemunha for menor de 18 anos em crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual de menores, pode ter lugar perícia sobre a personalidade. (nº 3)

Sendo certo que todas as diligências tendentes à perícia sobre a personalidade do menor e ordenadas anteriormente ao depoimento não impedem que este se produza. (nº 4)

Salvo quando a lei dispuser de forma diferente, incumbem à testemunha os deveres de:

a) Se apresentar, no tempo e no lugar devidos, à autoridade por quem tiver sido legitimamente convocada ou notificada, mantendo-se à sua disposição até ser por ela desobrigada;

b) Prestar juramento, quando ouvida por autoridade judiciária;

c) Obedecer às indicações que legitimamente lhe forem dadas quanto à forma de prestar depoimento;

d) Responder com verdade às perguntas que lhe forem dirigidas.

Sob pena …

Falsidade de depoimento ou declaração

– Artº 359º/360º do CP

A testemunha não é obrigada a responder a perguntas quando alegar que das respostas resulta a sua responsabilização penal . (nº 2) Sendo que nesse momento pode a testemunha lançar mão do art.º 59.º, porque tem o direito de ser constituída arguida a seu pedido. Evitando assim continuar a dar respostas que a possam de alguma forma vir a prejudicar.

Sempre que deva prestar depoimento, ainda que no decurso de ato vedado ao público, a testemunha pode fazer-se acompanhar de advogado, que a informa, quando entender necessário, dos direitos que lhe assistem, sem intervir na inquirição. (nº 4)

O advogado nunca será o do arguido. (nº 5). Tem de haver imparcialidade no processo.

Pergunta: Poderá uma testemunha recusar-se a testemunhar, sem a presença do advogado?

“As testemunhas não podem recusar-se a depor, com o argumento de que só o farão acompanhadas de advogado.”

“IMPEDIMENTO” (artº 133)41

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Estão impedidos de depor como testemunhas:

a) O arguido e os co-arguidos no mesmo processo ou em processos conexos, enquanto mantiverem aquela qualidade;

b) As pessoas que se tiverem constituído assistentes, a partir do momento da constituição;

c) As partes civis;

d) Os peritos, em relação às perícias que tiverem realizado.

“RECUSA DE DEPOIMENTO” (artº 134)

Podem RECUSAR-SE a depor como testemunhas:

a)Os descendentes, os ascendentes, os irmãos, os afins até ao 2.º grau, os adoptantes, os adoptados e o cônjuge do arguido;

b)Quem tiver sido cônjuge do arguido ou quem, sendo de outro ou do mesmo sexo, com ele conviver ou tiver convivido em condições análogas às dos cônjuges, relativamente a factos ocorridos durante o casamento ou a coabitação.

Assim são obrigatoriamente testemunhas:

1 - O ofendido ou lesado que não se constitua assistente nem intervenha como parte civil;

2 - Os anormais não interditos, observadas as precauções;

3 - Quem participar os factos à autoridade;

4 - Os presos;

5 - Os parentes e afins, em qualquer grau, do assistente e da parte civil;

“SEGREDO PROFISSIONAL” (artº 135)

“É a proibição de revelar factos ou acontecimentos de que se teve conhecimento ou que foram confiados em razão e no exercício de uma actividade profissional”.

“REGRAS DE INQUIRIÇÃO” (artº 138)

(nº 1) REGRAS DE INQUIRIÇÃO: O depoimento é um ato pessoal que não pode, em caso algum, ser feito por intermédio de procurador. (Princípio da imediação).

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(n.º 2) Às testemunhas não devem ser feitas perguntas sugestivas ou impertinentes, nem quaisquer outras* que possam prejudicar a espontaneidade e a sinceridade das respostas.

Perguntas sugestivas:

Aquelas que podem induzir a dar precipitadamente uma resposta;

Perguntas impertinentes:

São as que não vêm a propósito, por nada terem a ver com o tema da prova e portanto só servirem para confundir …

(n.º3) A inquirição deve incidir, primeiramente, sobre os elementos necessários à identificação da testemunha, sobre as suas relações de parentesco e de interesse com o arguido, o ofendido, o assistente, as partes civis e com outras testemunhas, bem como sobre quaisquer circunstâncias relevantes para avaliação da credibilidade do depoimento.

Seguidamente”, se for obrigada a juramento, deve prestá-lo, após o que depõe nos termos e dentro dos limites legais.

(nº 4) Quando for conveniente, podem ser mostradas às testemunhas quaisquer peças do processo, documentos que a ele respeitem, instrumentos com que o crime foi cometido ou quaisquer outros objetos apreendidos.

(nº 5) Se a testemunha apresentar algum objeto ou documento que puder servir a prova, o que se pode fazer?

Faz-se menção da sua apresentação e junta-se ao processo ou guarda-se devidamente.

Das declarações do arguido, do assistente e das partes civis:

“DECLARAÇÕES DO ARGUIDO” (artº 140)

Sempre que o arguido prestar declarações, e ainda que se encontre detido ou preso, deve encontrar-se livre na sua pessoa, salvo se forem necessárias cautelas para prevenir o perigo de fuga ou atos de violência. (nº 1)

Às declarações do arguido é correspondentemente aplicável o disposto nos artºs 128º (limites do depoimento) e 138º (regras de inquirição), salvo quando a lei dispuser de forma diferente. (nº 2)

O arguido não presta juramento em caso algum. (nº 3).

“PRIMEIRO INTERROGATÓRIO JUDICIAL DO ARGUIDO DETIDO” (artº 141)

A QUE SE DESTINA?

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(Para que serve?)

1.Verificar se existem os requisitos legais justificativos da detenção, da prisão preventiva ou da substituição desta por outra medida; e

2.A informar o arguido dos direitos que lhe assistem e dos factos imputados.

O arguido detido que não deva ser de imediato julgado é interrogado pelo juiz de instrução, no prazo máximo de 48 horas após a detenção, logo que lhe for presente com a indicação circunstanciada dos motivos da detenção e das provas que a fundamentam. (nº 1)

O interrogatório é feito exclusivamente pelo juiz, com assistência do MP e do defensor

E estando presente o funcionário de justiça não é admitida a presença de qualquer pessoa, a não ser que, por motivo de segurança, o detido deva ser guardado à vista. (nº 2)

O arguido é perguntado pelo seu nome, filiação, freguesia e concelho de naturalidade, data de nascimento, estado civil, profissão, residência, local de trabalho, se já esteve alguma vez preso, quando e porquê e se foi ou não condenado e por que crimes, … sendo-lhe exigida, se necessário, a exibição de documento oficial bastante de identificação. Deve ser advertido de que a falta de resposta a estas perguntas ou a falsidade das mesmas o pode fazer incorrer em responsabilidade penal. (nº 3)

(nº 4) Seguidamente o juiz informa o arguido:

a)Dos direitos referidos no nº 1 do artº 61º, explicando-lhos se isso for necessário;

b)Dos motivos da detenção;

c)Dos factos que lhe são concretamente imputados incluindo, sempre que forem conhecidos, as circunstâncias do tempo, lugar e modo;

d)Dos elementos do processo que incluem os factos imputados, sempre que a sua comunicação não puser em causa a investigação, não dificultar a descoberta da verdade nem criar perigo para a vida, a integridade física ou psíquica ou a liberdade dos participantes processuais ou das vítimas do crime. Ficando todas as informações, à exceção das previstas na alínea a), a constar do auto de interrogatório.

(nº 5) Prestando declarações o arguido pode confessar ou negar os factos ou a sua participação neles e indicar as causas que possam excluir a ilicitude ou a culpa, bem como quaisquer circunstâncias que possam relevar para a determinação da sua responsabilidade ou da medida da sanção.

“PRIMEIRO INTERROGATÓRIO NÃO JUDICIAL DE ARGUIDO DETIDO” (artº 143)

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1 – O arguido detido que não for interrogado pelo JIC em ato seguido à detenção é apresentado ao MP competente na área em que a detenção se tiver operado, podendo este ouvi-lo sumariamente.

2 – O interrogatório obedece, na parte aplicável, às disposições relativas ao primeiro interrogatório judicial de arguido detido.

1 – Após o interrogatório sumário, o MP, se não libertar o detido, providencia para que ele seja presente ao JIC nos termos dos artºs 141º e 132º.

2 – Nos casos de terrorismo, criminalidade violenta ou altamente organizada, o MP pode determinar que o detido não comunique com pessoa alguma, salvo o defensor, antes do 1º interrogatório judicial.

“OUTROS INTERROGATÓRIOS” (artº 144)

1 – Os subsequentes interrogatórios de arguido preso e os interrogatórios de arguido em liberdade são feitos no inquérito pelo MP e na instrução e em julgamento pelo respetivo juiz, obedecendo, em tudo quanto for aplicável, ás disposições deste capítulo.

2 – No inquérito, os interrogatórios referidos no nº anterior podem ser feitos por OPCs no qual o MP tenha delegado a sua realização.

a)Os interrogatórios de arguido preso são sempre feitos com a assistência de defensor;

b)A entidade que proceder ao interrogatório de arguido em liberdade informa-o previamente de que tem o direito de ser assistido por advogado.

QUANDO SE PRATICAM OS ACTOS – Artº 103º CPP

1 – Os atos processuais praticam-se nos dias úteis, às horas de expediente dos serviços de justiça e fora do período de férias judiciais.

2 – Excetuam-se do disposto no nº anterior:

a)Os atos processuais relativos a arguidos detidos ou presos, ou indispensáveis à garantia da liberdade das pessoas.

3 – Os interrogatórios do arguido não podem ser efetuados entre as 0 e as 7 horas, salvo em ato seguido à detenção:

a)Nos casos da al. a) do nº 5 do artº 174º; ou

b)Quando o próprio arguido o solicite.

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4 – O interrogatório do arguido tem a duração máxima de quatro horas, podendo ser retomado, em cada dia, por uma só vez e idêntico prazo máximo, após um intervalo mínimo de sessenta minutos.

5 – São nulas, não podendo ser utilizadas como prova, as declarações prestadas para além dos limites previstos nos nºs 3 e 4.

“DECLARAÇÕES E NOTIFICAÇÕES DO ASSISTENTE E DAS PARTES CIVIS” (artº 145)

1 – Ao assistente e às partes civis podem ser tomadas declarações a requerimento seu ou do arguido ou sempre que a autoridade judiciária o entender conveniente.

2 – O assistente e as partes civis ficam sujeitos ao dever de verdade e a responsabilidade penal pela sua violação.

3 – A prestação de declarações pelo assistente e pelas partes civis fica sujeita ao regime de prestação da prova testemunhal, salvo no que lhe for manifestamente inaplicável e no que a lei dispuser diferentemente.

4 – A prestação de declaração pelo assistente e pelas partes civis não é precedida de juramento.

5 – Para o efeito de serem notificados, o assistente ou as partes civis indicarão a sua residência, o local de trabalho ou outro domicílio á sua escolha.

6 – A indicação de local para efeitos de notificação, nos termos do nº anterior, é acompanhada da advertência ao assistente ou às partes civis de que a mudança da morada indicada deve ser comunicada através da entrega de requerimento ou a sua remessa por via postal registada à secretaria onde os autos se encontrarem a correr nesse momento.

“DA PROVA POR ACAREAÇÃO” (artº 146)

1 - É admissível acareação entre co-arguidos, entre o arguido e o assistente, entre testemunhas ou entre estas, o arguido e o assistente, partes civis, sempre que houver contradição entre as suas declarações e a diligência se afigurar útil à descoberta da verdade. 2 requisitos para acarear.

2 - O disposto no número anterior é correspondentemente aplicável às partes civis.

3 - A acareação tem lugar oficiosamente (ainda não é formal, mas já tem validade processual) ou a requerimento.

4 - A entidade que presidir à diligência, após reproduzir as declarações, pede às pessoas acareadas que as confirmem ou modifiquem e, quando necessário, que contestem as das outras pessoas, formulando-lhes em seguida as perguntas que entender convenientes para o esclarecimento da verdade.

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“RECONHECIMENTO DE PESSOAS” (artº 147)

Nº 1 – serve para fazer um controlo de credibilidade prévia. Antes de pôr uma pessoa a reconhecer outra, devemos-lhe perguntar se é capaz de reconhecer a pessoa.

2 - Se a identificação não for cabal, afasta-se quem dever proceder a ela e chamam-se pelo menos duas pessoas que apresentem as maiores semelhanças possíveis, inclusive de vestuário, com a pessoa a identificar. Esta última é colocada ao lado delas, devendo, se possível, apresentar-se nas mesmas condições em que poderia ter sido vista pela pessoa que procede ao reconhecimento. Esta é então chamada e perguntada sobre se reconhece algum dos presentes e, em caso afirmativo, qual.

3 - Se houver razão para crer que a pessoa chamada a fazer a identificação pode ser intimidada ou perturbada pela efetivação do reconhecimento e este não tiver lugar em audiência, deve o mesmo efetuar-se, se possível, sem que aquela pessoa seja vista pelo identificando.

4 - O reconhecimento que não obedecer ao disposto neste artigo não tem valor como meio de prova.

5 – O reconhecimento por fotografia, filme ou gravação realizado no âmbito da investigação criminal só pode valer como meio de prova quando for seguido de reconhecimento efetuado nos termos do nº 2.

6 – As fotografias, filmes ou gravações que se refiram apenas a pessoas que não tiverem sido reconhecidas podem ser juntas ao auto, mediante o respetivo consentimento.

7 – O reconhecimento que não obedecer ao disposto neste artigo não tem valor como meio de prova, seja qual for a fase do processo em que ocorrer.

“PLURALIDADE DE RECONHECIMENTO” (artº 149)

1 – Quando houver necessidade de proceder ao reconhecimento da mesma pessoa ou do mesmo objeto por mais de uma pessoa, cada uma delas fá-lo separadamente, impedindo-se a comunicação entre elas.

2 – Quando houver necessidade de a mesma pessoa reconhecer várias pessoas ou vários objetos, o reconhecimento é feito separadamente para cada pessoa ou cada objeto.

“RECONSTITUIÇÃO DO FATO” (artº 150)

O valor da prova por reconhecimento do fato, cai no 127 “é apreciada segundo as regras da experiência e a livre convicção da entidade competente”.

Casos em que o simples exame ou inspeção dos vestígios deixados pelo crime e demais indícios, não sejam suficientes ou oportunamente recolhidos, de forma a permitir inferir o modo como terá ocorrido o fato, e portanto o tribunal, para dispor dúvidas

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acerca da possibilidade de este ter ocorrido de certa maneira, sente necessidade da sua reconstituição.

“DA PROVA PERICIAL” (artº 151)

A prova pericial tem lugar quando a perceção ou a apreciação dos factos exigirem especiais conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos.

“QUEM A REALIZA” (artº 152)

1 – A perícia é realizada em estabelecimento, laboratório ou serviço oficial apropriado ou, quando tal não for possível ou conveniente, por perito nomeado de entre pessoas constantes de listas de peritos existentes em cada comarca, ou, na sua falta ou impossibilidade de resposta em tempo útil, por pessoa de honorabilidade e de reconhecida competência na matéria em causa.

2 – Quando a perícia se revelar de especial complexidade ou exigir conhecimentos de matérias distintas, pode ela ser deferida a vários peritos funcionando em moldes colegiais ou interdisciplinares

“QUEM ORDENA A PERÍCIA” (artº 154)

1 – A perícia é ordenada, oficiosamente ou a requerimento, por despacho da AJ, contendo o nome dos peritos e a indicação sumária do objeto da perícia, bem como, precedendo audição dos peritos, se possível, a indicação do dia, hora e local em que se efetivará.

PROCEDIMENTO – Art. 156º CPP

1 – Os peritos prestam compromisso, podendo a AJ competente, oficiosamente ou a requerimento dos peritos ou dos consultores técnicos, formular quesitos quando a sua existência se revelar conveniente.

2 – A AJ assiste, sempre que possível e conveniente, à realização da perícia, podendo a autoridade que a tiver ordenado permitir também a presença do arguido e do assistente, salvo se a perícia for susceptível de ofender o pudor.

RELATÓRIO PERICIAL – Art. 157º CPP

1 – Finda a perícia, os peritos procedem à elaboração de um relatório, no qual mencionam e descrevem as suas respostas e conclusões devidamente fundamentadas.

Da prova documental (Art. 164º)

1 – É admissível prova por documento, entendendo-se por tal a declaração, sinal ou notação corporizada em escrito ou qualquer outro meio técnico, nos termos da lei penal.

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Documento nos termos do art. 362.º do CC:

“…qualquer objeto elaborado pelo homem com o fim de reproduzir ou representar uma prova, coisa ou facto”.

A junção da prova documental é feita oficiosamente ou a requerimento, não podendo juntar-se documento que contiver declaração anónima, salvo se for, ele mesmo, objeto ou elemento do crime. (Art. 164.º/2) Exs. de documentos que podem ser, eles mesmos, objeto ou elemento do crime:

• A carta que difama alguém;

• A Autorização de busca domiciliária assinado sob cocção…

QUANDO PODE JUNTAR-SE DOCUMENTOS?

Responde o artº 165º CPP:

1 – O documento deve ser junto no decurso do inquérito ou da instrução e, não sendo isso possível, deve sê-lo até ao encerramento da audiência.

2 – Fica assegurada, em qualquer caso, a possibilidade de contraditório, para realização do qual o tribunal pode conceder um prazo não superior a oito dias.

3 – O disposto nos n.ºs anteriores é correspondentemente aplicável a pareceres de advogados, de jurisconsulto ou de técnicos, os quais podem sempre ser juntos até ao encerramento da audiência.

Relativamente ao valor probatório das reproduções mecânicas estabelece o art. 167.º que:

“1 - As reproduções fotográficas, cinematográficas, fonográficas ou por meio de processo eletrónico e, de um modo geral, quaisquer reproduções mecânicas só valem como prova dos factos ou coisas reproduzidas se não forem ilícitas, nos termos da lei penal. 2 - Não se consideram, nomeadamente, ilícitas para os efeitos previstos no número anterior as reproduções mecânicas que obedecerem ao disposto no título III deste livro.”

REPRODUÇÃO MECÂNICA DE DOCUMENTOS artigo 168.º

Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, quando não se puder juntar ao auto ou nele conservar o original de qualquer documento, mas unicamente a sua reprodução mecânica, esta tem o mesmo valor probatório do original, se com ele tiver sido identificada nesse ou noutro processo.

VALOR PROBATÓRIO DOS DOCUMENTOS AUTÊNTICOS E AUTENTICADOS artigo 169.º

Consideram-se provados os factos materiais constantes de documento autêntico ou autenticado enquanto a autenticidade do documento ou a veracidade do seu conteúdo não forem fundadamente postas em causa.

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VALOR PROBATÓRIO DOS DOCUMENTOS AUTÊNTICOS E AUTENTICADOS artigo 169.º

“Assim, tratando-se de documento não autêntico nem autenticado, o respetivo valor probatório é apreciado livremente pelo tribunal, conforme se dispõe no artº 127º CPP”.

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