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CLÍNICA-ESCOLA DE PSICOLOGIA: CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL DA CLIENTELA ATENDIDA
ANDREA SIMÕES Acadêmica do Curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Três Lagoas
- AEMS
ADRIANA SAMPAIO Acadêmica do Curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Três Lagoas
- AEMS
PATRÍCIA DE OLIVEIRA Docente MSc. do Curso de Administração das Faculdades Integradas de Três
Lagoas - AEMS
PRISCILA ZANARDI FAVORETTO Docente Especialista do Curso de Psicologia das Faculdades Integradas de
Três Lagoas – AEMS
RESUMO O presente estudo busca caracterizar a clientela do Centro de Psicologia Aplicada, uma clínica-escola de Psicologia do interior sul-matogrossense, para identificar as variáveis dos clientes e subsidiar informações concretas das necessidades de sua clientela. Favorecendo, dessa forma, a gestão da clínica, no que tange à reflexão e planejamento as modalidades de atendimento mais adequadas às necessidades dessa clientela, visando um serviço psicológico e uma formação profissional mais abrangente e efetivo. Por meio deste levantamento e análise das variáveis sociodemográficas registradas nas fichas cadastrais, triagens e prontuários, no período de 08 de março de 2012 a 30 de março de 2013; foi possível identificar que a maior incidência do perfil da clientela que procura atendimento no Centro de Psicologia Aplicada da AEMS é do sexo feminino, acima de 21 anos, ensino fundamental incompleto, com sintomas depressivos e que busca espontaneamente o serviço de psicologia. PALAVRAS-CHAVE: clínica-escola; população, características sócio-demográficas; características clínicas.
INTRODUÇÃO
As clínicas–escola são serviços de atendimento que funcionam nas
instituições de ensino superior, como nos cursos de psicologia, enquanto locais que
são destinados ao atendimento à saúde pública e cujos objetivos primordiais são
voltados às questões de ensino-aprendizagem e de pesquisa (YOSHIDA, 2005).
Os atendimentos psicológicos realizados em clínicas-escola têm ensejado
reflexões de natureza teórica, de pesquisa e de prática de modo crescente. Dentre
os tipos de intervenção ali praticados destacam-se as psicoterapias de modo geral, e
mais especificamente, as psicoterapias breves (SILVARES, 2006).
O presente trabalho refere-se a uma pesquisa quantitativa, documental, que
tem por objetivo caracterizar e analisar a clientela atendida por uma Clínica-escola
de Psicologia no interior sul-matogrossense.
O trabalho buscou delinear o perfil dos clientes cadastrados entre março de
2012 e março de 2013, considerando o levantamento de dados sociodemográficos:
idade, gênero, escolaridade, estado civil, renda familiar, bem como dados clínicos:
encaminhamento, queixas e modalidade de atendimentos.
Justifica-se sua relevância pela importância de continuamente avaliar e
melhorar a sistematização e a qualidade dos atendimentos prestados. Caracterizar
os clientes da clínica-escola possibilitará o planejamento das modalidades de
atendimentos, adequando as necessidades da clientela analisada, favorecendo
ainda a formação profissional mais efetiva e abrangente, facilitando também a
transição dos clientes para os próximos alunos que continuarão o atendimento.
Identificar as demandas de atendimento psicológico na clínica-escola proporcionará
alicerces, quer seja para discutir e refletir sobre as práticas preventivas em
psicologia e saúde, ou para verificar as diferentes necessidades da clientela
atendida.
Para a realização deste trabalho, foi utilizado o referencial metodológico da
pesquisa documental quantitativo
1 CARACTERIZAÇÃO DA CLÍNICA-ESCOLA
Segundo Lohr e Silvares (2006) a clínica-escola é caracterizada como um
espaço no qual o futuro psicólogo, nos últimos anos da graduação, desenvolve a
parte técnica de sua formação clínica, aplicando os conhecimentos teóricos
adquiridos nas séries anteriores.
Lohr e Silvares (2006) enfatizam o quanto as atividades realizadas nas
clínicas-escola estão diretamente vinculadas à estrutura curricular vigente. O
Parecer nº 403/62 do Conselho Federal de Psicologia – CFP, aprovado em
19/12/1962, que instituiu oficialmente o curso de Psicologia no Brasil e vigorou até
1996, definiu um currículo mínimo que seguia o modelo médico no qual o aluno
deveria cursar um núcleo comum até o terceiro ou quarto ano, para então seguir a
habilitação escolhida (licenciatura ou bacharelado).
Em consonância com este modelo, os serviços de Psicologia oferecidos à
comunidade priorizavam o atendimento clínico individual, o que contribuiu para o
fortalecimento da representação social do psicólogo como psicoterapeuta, embora
os atendimentos fossem dirigidos às classes menos favorecidas da população. Para
Oliveira (1999) o atendimento clínico e o funcionamento institucional seguiam os
moldes dos consultórios privados, priorizando a psicoterapia de longo prazo.
Conforme Lohr e Silvares (2006), este modelo que se encontra voltado para
a formação clínica tradicional começa a ser alterado com nova Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB/Lei 9394/96) onde as faculdades ganharam a
flexibilidade para estruturar suas propostas curriculares mais adequadas às suas
necessidades regionais, privilegiando dessa forma a comunidade local. A criação
das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Psicologia
(Artigo 3º da Resolução no. 8 da Câmara Superior do Conselho Nacional de
Educação- CNE/CES, de 07/05/2004) modificou a proposta da formação do
psicólogo. No modelo atualizado, os futuros psicólogos deveriam desenvolver
habilidades e competências para atuar em diversos contextos, ou seja, formar
profissionais com um perfil generalista. Neste sentido, tanto o Ministério da
Educação, como o Ministério da Saúde apontaram a necessidade das instituições
capacitarem os futuros psicólogos para atuarem no campo da saúde pública. Essa
mudança de paradigma exigiu uma reestruturação curricular, onde houve a
necessidade de inserção de disciplinas e atividades práticas voltadas para a saúde
comunitária que proporcionem a formação de um profissional com visão mais ampla
da saúde e do indivíduo, com capacidade de ações preventivas e interdisciplinares.
Essa mudança de paradigma simultaneamente traz dificuldades e desafios no
ensino de Psicologia clínica.
No domínio do currículo em Psicologia, torna-se claro a necessidade de
serem estruturados modelos curriculares que auxiliem a inserção do aluno de
graduação em Psicologia num ensino fundamentado na aprendizagem ativa, voltado
para os serviços de saúde com o objetivo de consolidação do Sistema Único de
Saúde - SUS, e que seja sustentado pela construção de vínculos e articulações
entre a teoria e a prática. Estes currículos estariam comprometidos com a formação
de um profissional de Psicologia que trabalhe a subjetividade do outro, não como
uma experiência individual, mas como uma experiência constituída a partir de
condições histórico-culturais, no âmbito de relações interpessoais.
Segundo Campezatto e Nunes (2007), as clínicas-escola possuem dupla
função: possibilita realizar a prática clínica supervisionada, assim como permite que
a universidade cumpra o papel social de prestação de serviço a comunidade; Isto
posto, se faz necessário investigar o público que busca o atendimento psicológico
nestas instituições; como vive, quem são, o que procuram, com a finalidade de
integrar ensino, pesquisa e extensão.
Campezatto e Nunes (2007) salientam ser por meio da experiência na
clínica-escola que o psicólogo formula suas bases de conhecimentos e vivencias
relativas ao efetivo atendimento psicoterapêutico de pessoas com dificuldades
psicológicas. Por outro lado, o paciente que busca atendimento, em uma clínica-
escola, poderá desenvolver e aprimorar capacidade afetiva e social e, com isso
alcançar mais qualidade intra e intersubjetiva no meio social e cultural no qual está
inserido.
Romaro e Capitão (2003) vêem a clínica-escola como uma contribuição a
sociedade, pois uma grande parcela da sociedade brasileira não possui renda per
capita acessível, por isso as clínicas-escola foram constituídas a partir de uma
obrigatoriedade legal e organizadas de acordo com as necessidades e
possibilidades dos encarregados da educação e formação do futuro psicólogo. A
clínica escola oferece atendimento gratuito ou semi-gratuito para a comunidade,
tendo um local onde o estudante, ou o profissional em formação recebe treinamento
e orientação na forma de supervisões dos atendimentos clínicos, a fim de capacitá-
los para a prática do exercício profissional. Caracteriza-se por um período inicial de
ensino da teoria, e finalmente, um período de estágio para a aplicação da teoria e da
pratica.
A prática clínica torna-se um desafio aos educadores, pois através do
contato com a realidade, da experiência vivida com os pacientes e com o supervisor,
que os acadêmicos de Psicologia desenvolvem a necessária e difícil habilidade de
integrar teoria e prática. As clínicas e serviços-escola de Psicologia desempenham
um papel de extrema relevância para o processo de ensino-aprendizagem, sendo
que a relação entre a formação do psicólogo e as clínicas-escola é histórica e está
demarcada inclusive na legislação que cria e regulamenta a profissão (LOHR;
SILVARES, 2006).
2 CARACTERIZAÇÃO DO CENTRO DE PSICOLOGIA APLICADA – CEPA
Vinculada às Faculdades Integradas de Três Lagoas - FITL, mantida pela
Associação de Ensino e Cultura de Mato Grosso do Sul – AEMS, a Clínica-Escola,
denominada Centro de Psicologia Aplicada – CEPA fora instituída em 01 de
fevereiro de 2012. De acordo com o regimento interno de funcionamento, foi criado
para organizar, cumprir e fazer cumprir as normas referentes aos estágios clínicos
em Psicologia, possibilitando ao aluno condições de desenvolver as atividades
previstas de estágio segundo o projeto pedagógico do curso, bem como cumprir a
carga horária estabelecida. Oferece aos clientes os serviços de pronto atendimento,
triagem e psicoterapia na abordagem Cognitiva-Comportamental e Psicanálise.
Contribui na formação de psicólogos disponibilizando um espaço
comprometido com a articulação da demanda da rede de atenção em saúde e
viabiliza ao acadêmico relacionar os conhecimentos teóricos à prática e formação
clínica, condizente a realidade sócio cultural da região e as transformações da
Psicologia enquanto ciência e profissão, bem como, presta serviço psicológico à
comunidade interna e externa da faculdade, principalmente as instituições e
indivíduos carentes de recursos. Propicia ao acadêmico o envolvimento com
programas científicos, disponibilizando meios e instrumentos para pesquisa,
subsidiando dessa forma o aprimoramento do currículo de Psicologia.
3 MODALIDADES DE SERVIÇOS PRESTADOS PELA CLÌNICA-ESCOLA
A clínica escola faz a ligação profissional com a sociedade, esse elo
proporciona aos alunos a sensibilidade humana e social, o sentido de justiça e a
capacidade de assumir posições. O conjunto dessas habilidades pode somar à
persistência, à capacidade de problematização e de reflexão personalizada, ao olhar
crítico e reflexivo sobre a realidade social (FIRMINO, 2011).
Não existe um modelo fixo, adequado ou padronizado para ser seguido
pelas faculdades que possuem clínica escola, pelo fato de existirem diferenças
regionais e de estrutura física das instituições de ensino superior. Desta forma, não
há possibilidade de generalização e cada clínica escola pode ser considerada como
única e exclusiva (PERFEITO, 2004).
Isto posto, a seguir será apresentado as definições dos serviços prestados
pelo CEPA: Triagem, Plantão/Pronto-atendimento e Atendimento Psicoterapêutico.
O indivíduo que busca o atendimento, é recebido pela secretaria que faz um
cadastro, que é encaminhado para o serviço de triagem, onde são acolhidos,
ouvidos e orientados que serão atendidos por acadêmicos do nono e décimo
período do curso de Psicologia e supervisionados por professores devidamente
qualificados e inscritos no Conselho Regional de Psicologia (CRP), e que será
mantido sigilo de todas as informações relatadas naquele ambiente.
Havendo à possibilidade de atendimento, a secretaria do CEPA comunica ao
cliente seu horário e dia de atendimento. Nesse atendimento é firmado o contrato
terapêutico bem como transmitido ao paciente às regras institucionais contempladas
pelo Regimento Interno: As sessões têm duração aproximada de cinquenta minutos;
o paciente pode ser desligado do atendimento caso se ausente por mais que três
vezes consecutivas ou cinco vezes alternadas sem aviso prévio. As informações do
cadastro e atendimento são arquivadas em prontuários individuais e são de acesso
restrito ao usuário, os profissionais da Clínica-Escola, aos estagiários e supervisores
responsáveis por seu atendimento, sendo proibido o uso para qualquer outro fim,
bem como vedado a divulgação dos dados que retirem seu caráter privativo, salvo
em caso de demanda judicial.
Os acadêmicos do nono e décimo período do curso de graduação em
Psicologia, atendem a clientela que procura o CEPA, realizam as atividades
conforme as orientações contidas no Código de Ética do Psicólogo e transmitidas
pelo supervisor, respeitando os preceitos éticos que norteiam o atendimento
psicológico; participam semanalmente da supervisão; apresentam, por escrito, relato
dos atendimentos para supervisão; atualizam os prontuários dos usuários; zelam
pela estrutura, organização, funcionamento e patrimônio da Clínica.
O plantão psicológico, como forma de atividade das clínicas-escola, tem se
mostrado como uma tentativa de integração dessas duas necessidades: a formação
e o atendimento à população. Mahfoud (1987, p. 38) define plantão como “certo tipo
de serviço, exercido por profissionais que se mantêm a disposição de quaisquer
pessoas que deles necessitem, em períodos de tempo previamente determinados e
ininterruptos”.
O plantão teve seu início no Serviço de Aconselhamento Psicológico do
instituto de Psicologia da USP, por volta de 1960, criado pela professora Rachel Lia
Rosenberg, onde foi desenvolvido o serviço de Pronto Atendimento Psicológico,
inspirado em experiências norte-americanas vividas nas walk-in clinics (BARTZ,
1997; ROSENTHAL, 1999), é uma modalidade de clínica institucional, utilizada
principalmente no EUA nas décadas de 70 e 80, que visava um atendimento
emergencial médico ou psicológico ao cliente, no momento em que havia a procura,
tendo alcançado considerável abrangência na área da Saúde.
De acordo com Mello-Silva (2005) o serviço de pronto atendimento na
clínica-escola, torna possível para o estagiário a transformação da teoria em prática,
abrindo portas para o crescimento acadêmico/profissional e mais importante ainda,
no crescimento pessoal, além de proporcionar inúmeras vivências para a relação
estagiário-paciente.
No pronto-atendimento de forma cuidadosa, deve ser evitado a
psicologização e/ou psiquiatrização de problemas sociais e econômicos; e o
encaminhamento deve ser feito no sentido de sensibilizar efetivamente o cliente para
a necessidade de atendimento; contudo, deve-se precaver para a sua não
estigmatização, como também enfatizar a atenção especial da equipe para evitar
prolongamentos desnecessários no tratamento (PERES, 2004).
Encontra-se cada vez mais evidente, na última década, a inquietação em
relação aos serviços de saúde mental, essencialmente, os das clínicas-escola e
instituições de ensino, que buscam caracterizar sua clientela, com a finalidade de
direcionar as modalidades de atendimento. A clínica-escola através de seus
atendimentos gratuitos ou semi-gratuítos oferecidos a comunidade, é um local, no
qual o estudante em formação recebe treinamento e orientação na forma de
supervisões dos atendimentos clínica, objetivando capacitá-lo na prática e reflexão
do exercício profissional (ROMARO; CAPITÃO; 2003).
Desse modo, mediante o contingente de pessoas que atualmente sofrem de
perturbações comportamentais ou mentais em todo o mundo e diante da pequena
parcela que tem possibilidade de desfrutar de tratamento é que a Organização
Mundial da Saúde tem salientado serem imprescindíveis os cuidados com a saúde
mental (SANTEIRO, 2008). Sendo as psicoterapias reconhecidas como um dos
pilares na resolução de problemas de saúde mental, junto da farmacoterapia, da
reabilitação psicossocial e profissional, dentre outras (Organização Mundial da
Saúde, 2002).
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após a coleta de dados, fora verificado um total de 222 pessoas cadastradas
entre março de 2011 à março de 2012, com 35,59%de indivíduos apenas triados,
referentes à clientes que aguardam atendimento psicoterápico e 64,41% de
indivíduos em atendimento, ou seja, clientes que efetivamente foram atendidos ou
encontram-se em atendimento psicoterápico na instituição, conforme Tabela 1.
Tabela 1 – Amostra.
Geral Frequência %
Em atendimento 143 64,41%
Triados 79 35,59%
Total 222 100%
Fonte: CEPA – AEMS – Três Lagoas/MS, 2013.
Considerando o total de cadastros realizados (Tabela 2), observamos uma
predominância do sexo feminino com 68,92% para 31,08% masculino. A significativa
predominância de mulheres na população atendida está corroborada em outras
pesquisas voltadas à caracterização de usuários de clínica-escola: geralmente há
maior procurade atendimento psicológico pelo sexo feminino (CAMPEZATTO;
NUNES, 2007; MARAVIESKI; SERRALTA, 2011).
Tabela 2 – Gênero da amostra.
Sexo Frequência %
Feminino 153 68,92%
Masculino 69 31,08%
Total 222 100%
Fonte: CEPA – AEMS – Três Lagoas/MS, 2013.
Pode-se refletir que os dados encontrados acima, sejam resultados dos
condicionamentos socioculturais que são moldados pela relação de gênero, que são
construídos no processo de socialização primária e secundária que modela dessa
forma as características associadas a cada gênero, no qual ao sexo feminino é
permitido expressar suas emoções e solicitar auxílio quando necessário, ao contrário
do sexo masculino, que desde cedo devem ocultar suas expressões de emoção e
aflição psíquica e cultivar a coragem, a bravura e resistência à manifestação
emocional mediante o enfrentamento das adversidades do cotidiano (COSTA et al.,
2007).
Explorando os dados coletados referentes à faixa etária (Tabela 3), os
clientes foram separados em seis faixas etárias, entretanto se considerarmos o
período da infância/puberdade de 0 a 13 anos, teremos 22,52%; adolescência de 14
a 20anos, 13,65% e fase adulta de acima de 21 anos, percentual de 63,82%,
corroborando com os estudos efetuados por Maravieski e Serralta (2011) no qual
identificaram de 0 a 13 anos (39,4%); de 14 a 20anos (10,8%) e acima de 21 anos
(47,8%). Indicando dessa forma, a maior procura na faixa acima dos 21 anos.
Tabela 3 – Faixa etária.
Faixa Etária Frequência %
0 a 6 anos 9 4,05%
7 a 13 anos 57 25,68%
14 a 20 anos 40 18,02%
21 a 40 anos 69 31,08%
41 a 60 anos 39 17,57%
+ de 60 anos 8 3,60%
Total 222 100%
Fonte: CEPA – AEMS – Três Lagoas/MS, 2013.
Conforme os dados coletados da variável escolaridade (Tabela 4) a maior
parte da clientela possui nível fundamental incompleto, atingindo 43,24% da
amostra, conforme Campezatto e Nunes (2007) este dado é coerente com a renda
familiar dos pacientes, pois famílias com uma baixa renda menor níveis de
escolarização. Os níveis médios e superiores incompletos totalizam o mesmo
percentual de 15,77% cada um, o nível superior incompleto de 15,77% demonstra a
procura dos acadêmicos da faculdade, os quais são privilegiados do CEPA funcionar
nas dependências da instituição, facilitando dessa maneira o acesso dos
graduandos.
Tabela 4 – Nível de escolaridade.
Escolaridade Frequência %
Idade pré-escolar 7 3,15%
Fundamental Incompleto 96 43,24%
Fundamental 8 3,60%
Médio Incompleto 23 10,36%
Médio 35 15,77%
Superior Incompleto 35 15,77%
Superior 9 4,05%
Pós-graduação 1 0,45%
Não foi informado 8 3,60%
Total 222 100%
Fonte: CEPA – AEMS – Três Lagoas/MS, 2013.
Na pesquisa desenvolvida por Campezatto e Nunes (2007), acerca do
estado civil da clientela, foi identificado um elevado percentual de sujeitos de até 18
anos (41,05%; 794 sujeitos), assim optaram por desconsiderar o estado civil destes
sujeitos pelo fato de se tratarem predominantemente de crianças. Da mesma forma
que Maravieski e Serralta (2011), encontraram um elevado número de pacientes
abaixo de 21 anos (50,2%), no qual foi encontrado 98,7% de solteiros; 1,3% de
casados. Dessa forma, consideramos em nossa discussão a respeito do estado civil
(tabela 5) a fase adulta com um elevado número de pessoas , com idade acima de
21 anos (63,82%) que apresentou a seguinte distribuição: 45,05% de solteiros;
28,83% casados; 4,95% divorciado/separado; 1,80% viúvo e encontramos 19,37%
de omissão do estado civil no registro.
Tabela 5 – Estado civil.
Estado Civil Frequência %
Solteiro 100 45,05%
Casado 64 28,83%
Divorciado/Separado 11 4,95%
Viúvo 4 1,80%
Não foi informado 43 19,37%
Total 222 100%
Fonte: CEPA – AEMS – Três Lagoas/MS, 2013.
Referente à renda familiar (Tabela 6) os dados coletados identificaram
14,86% na faixa de maior poder aquisitivo, acima de R$ 2.000,00. Entretanto é
importante ressaltar que houve 61,26% de dados não cadastrados, tornando dessa
forma um dado prejudicado na pesquisa, de acordo com Campezatto e Nunes
(2007) isso pode ter ocorrido tanto por uma dificuldade de registro dos estagiários,
como pela impossibilidade dos pacientes informarem sobre este dado a respeito de
sua família, entretanto este alto índice de informações faltantes prejudica a
adequada descrição do nível socioeconômico da clientela da clínica-escola.
Considerando que houve 61,26% de dados não cadastrados, portanto é
necessário destacar que segundo Campezatto e Nunes (2007) a falta de registros
adequados das instituições de atendimento clínico em Psicologia e o obstáculo em
realizar pesquisas mediante as faltas de dados; são esses entraves que
demonstram o quanto realizar pesquisas em instituições de atendimento psicológico
e clínico não é comum. A falta da pesquisa pode comprometer a formação do aluno,
por não obter resposta da qualidade dos atendimentos e não estimular como papel
do psicólogo clínico. Dessa forma, este trabalho contribuiu com esses aspectos ao
auxiliar na coleta dos dados das clínicas -escolas e ao instigar pesquisas em seus
materiais.
Tabela 6 – Renda Familiar.
Renda Frequência %
Até 700 reais 13 5,86%
de 701 a 1000 13 5,86%
de 1001 a 1500 16 7,21%
de 1501 a 2000 11 4,95%
Acima de 2000 33 14,86%
Não foi informado 136 61,26%
Total 222 100%
Fonte: CEPA – AEMS – Três Lagoas/MS, 2013.
As fontes de informação da pesquisa (cadastros e prontuários) que foram
utilizadas para análise já indicavam resultados importantes, ressaltavam as faltas de
registros de dados, que se apresentará como "não foi informado" nas tabelas que se
seguem. A partir desse resultado, do número de informações faltosa nos registros,
pode-se discutir a necessidade de se revisar os procedimentos de anotação dos
dados dos clientes. Viabilizando a possibilidade do próprio material de registro, que
é considerado um diário do percurso do cliente na Instituição, possa ser adequado
os termos para não sofrer dupla interpretação, e conter informações que sejam
relevantes ao que tange o tratamento do cliente (CAMPEZATTO; NUNES, 2007).
Analisando os dados das fontes de encaminhamento (Tabela 7), verificou-se
que a maior incidência foi à busca espontânea dos clientes com 40,99%, seguido
por encaminhamentos de instituições de saúde com 31,98% e projetos sociais com
7,66% e 10,36% dos cadastros não houve registro da fonte de encaminhamento. Os
dados encontrados de maior incidência de busca espontânea corroboram com
dados encontrados por Maravieski e Serralta (2011) que apontam a maior freqüência
de encaminhamento por busca espontânea 50,8%, seguido de outros profissionais
27,5%, escolas 8,9%.
Tabela 7 – Fonte de encaminhamento.
Fonte de Encaminhamento Frequência %
AEMS 11 4,95%
Busca espontânea 91 40,99%
CAPS 1 0,45%
Conselho Tutelar 1 0,45%
CRAS 4 1,80%
Escolas 2 0,90%
Instituições de Saúde Pública 71 31,98%
Projetos Sociais 17 7,66%
Sesi 1 0,45%
Não foi informado 23 10,36%
Total 222 100%
Fonte: CEPA – AEMS – Três Lagoas/MS, 2013.
No que refere as principais queixas (Tabela 8), os dados coletados indicam
predomínio de sintomas depressivos com 28,83% seguido por conflito familiar
19,37%, ansiedade 13,51%, medo/fobia 12,61%, agressividade 9,46%, dificuldades
de aprendizagem. A prevalência dos sintomas depressivos corrobora com os dados
identificados no estudo de Maravieski e Serralta (2011) no qual a maior parte dos
pacientes apresentou sintomas depressivos 26% e os dados de Campezatto e
Nunes (2007) no qual constatou as dificuldades no comportamento afetivo com
27,88% dos sujeitos (940 pacientes), este item incluiu principalmente, depressão,
agressividade, ansiedade, isolamento social, choro frequente, dependência,
imaturidade e temores.
Tabela 8 – Principais queixas.
Principais Queixas Numero de vezes que aparece
%
Ansiedade 30 13,51%
Agressividade 21 9,46%
Conflito Familiar 43 19,37%
Dificuldades de Aprendizagem 17 7,66%
Estresse 4 1,80%
Insegurança 8 3,60%
Irritabilidade 9 4,05%
Isolamento 8 3,60%
Luto 8 3,60%
Medo/Fobia 28 12,61%
Mudança de Humor 3 1,35%
Problemas Sexuais 5 2,25%
Sintomas Depressivos 64 28,83%
Somatização 11 4,95%
Tentativa/Ideação Suicida 7 3,15%
Total 222
Fonte: CEPA – AEMS – Três Lagoas/MS, 2013.
Observa-se que as fontes de informação da pesquisa, registro das fichas
cadastrais, prontuários e triagens, que foram utilizadas para análise já indicavam
resultados importantes, ressaltavam as faltas de registros de dados, que se
apresentou como "não foi informado" nas tabelas. Viabilizando a possibilidade do
próprio material de registro, que é considerado um diário do percurso do cliente na
Instituição, possa ser adequado os termos para não sofrer dupla interpretação, e
conter informações que sejam relevantes no que tange o tratamento do cliente
(CAMPEZATTO; NUNES, 2007).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio do levantamento e análise das variáveis sociodemográficas
registradas nas fichas cadastrais, triagens e prontuários, no período de 08 de março
de 2012 a 30 de março de 2013, foi possível identificar que a maior incidência do
perfil da clientela que procura atendimento no Centro de Psicologia Aplicada da
AEMS é do sexo feminino, acima de 21 anos, ensino fundamental incompleto, com
sintomas depressivos e que busca espontaneamente o serviço de psicologia.
Considerando a variável renda familiar apresentou 61,26% de dados não
informados, portanto é necessário destacar que segundo Campezatto e Nunes
(2007) a falta de registros adequados das instituições de atendimento clínico em
Psicologia e o obstáculo em realizar pesquisas mediante as faltas de dados; são
esses entraves que demonstram o quanto realizar pesquisas em instituições de
atendimento psicológico e clínico não é comum. A falta da pesquisa pode
comprometer a formação do aluno, por não obter resposta da qualidade dos
atendimentos e não estimular como papel do psicólogo clínico. Dessa forma, este
trabalho contribuiu com esses aspectos ao auxiliar na coleta dos dados das clínicas -
escolas e ao instigar pesquisas em seus materiais.
Conclui-se que o CEPA, por meio do Serviço-Escola de Psicologia, em seu
primeiro ano de funcionamento, encontra-se cumprindo seu papel social, bem como
integrando as atividades de ensino, pesquisa e extensão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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