145
., l. le •• !e 1 MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA 4iM/ÓRGÃO DE DO PROCESSO 1 9ssuNTO: CÓD ASSUNTO: 4tBSERVAÇÕES: MOVIMENTO DO PROCESSO DATA SAÍDA ORGANIZAÇÃO RECEBEDORA DATA ENTRADA 9>bs: Conforme Capítulo 8, item 8.3.3.1, da ICA 10-1 "Correspondência e Atos Oficiais do Comando da Aeronáutica" · - cada processo tem um único número; - todas as folhas deverão ser identificadas e numeradas; - na união dos documentos formadores do processo, deverão ser usados, preferencialmente, grampos de encadernação ou cadarço de algodão cru .

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MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

• • • • 4iM/ÓRGÃO DE ORIGEM~;;-~~

Nº DO PROCESSO

1 ~TERESSADO:

• 9ssuNTO: CÓD ASSUNTO:

• • 4tBSERVAÇÕES:

• • MOVIMENTO DO PROCESSO

DATA SAÍDA ORGANIZAÇÃO RECEBEDORA

DATA ENTRADA

9>bs: Conforme Capítulo 8, item 8.3.3.1, da ICA 10-1 "Correspondência e Atos Oficiais do Comando da

• • • • • •

Aeronáutica" ·

- cada processo tem um único número; - todas as folhas deverão ser identificadas e numeradas; - na união dos documentos formadores do processo, deverão ser usados, preferencialmente, grampos de

encadernação ou cadarço de algodão cru .

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i j• Segue Fisicamente

1

o Segue Eletronicament

Ministério da Defesa

VOLUME Nº 01 CAIXA Nº

SITUAÇÃO:

Situação RASCUNHO

Nº FOLHAS 145

INTERESSADO - _ 1 : COMISSAO NACIONAL DA VERDADE _::__J

ORIGEM: COMANDO DA AERONÁUTICA

Documento está com PROTOCOLO

Sigilo: Ostensivo

Usuário Corrente Raimundo Pereira de Oliveira ( ARQUIVO, ARQUIVO-GERAL,

PROTOCOLO)

NUP: 67240.007492/2014-16

LJ Precedência: Normal

DATA ENTRADA PRAZO ASSUNTO: SINDICÂNCIA. APURAR AS CIRCUNSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS QUE CONDUZIRJIM AO DESVIRTUAMENTO DO

--------+----------IFIM PÚBLICO ESTABELECIDO PARA INSTALAÇÕES MILITARES NO 10/06/2014 18:36:05 PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE 1946 E 1988.

Nº Controle: PR-2014106-00243

• • • • • • • • • • • • • • • • • ~:

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MINISTERIO DA DEFESA COMANDO DAAERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

AUTOS DE SINDICÂNCIA

SINDICÂNCIA PORTARIA Nº 457/GCl , DE 31 DE MARÇO DE 2014

SINDICANTE: MAJOR BRIGADEIRO DO AR RAUL BOTELHO

ESCRIVÃO: CORONEL DE INFANTARIA ALMIR PINTO DE LIMA

FATO: FATOS ESPECIFICADOS NO OFÍCIO 124/2014-CNV, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2014, DA COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

AUTUAÇÃO

Aos três dias do mês de abri l de 2014, nesta cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, no Terceiro Comando Aéreo Regional, autuo a Portaria nº 457/GC1 , de 31 de março de 2014 e demais documentos que a este junto e me foram entregues pela autoridade competente, oficio 124/2014-CNV, de 18 de fevereiro de 2014, da Comissão Nacional da Verdade, do - e, para constar, lavro o presente termo .

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SUMÁRIO

1 Portaria de instauração da Sindicância .................................................................... 3

2 Documento que deu origem à Sindicância ................................................................ 5

3 Termo de abertura ..................................................................................................... 88

4 Ofício nº 729/SIND/7234, ao Exmº Sr Chefe do Estado-Maior do Comando Geral de Pessoal ...................................................................................................................... 95

5 Ofício nº 730/SIND/7235, ao Sr Comandante da Base Aérea do Galeão ............. 96

6 Ofício nº 731/SIND/7236, ao Exmº Sr Chefe da 5ªSubchefia do EMAER ........... 97

7 Ofício nº 733/SIND/7238, ao Exmº Sr Chefe do Centro de Controle Interno da Aeronáutica .................................................................................................................. 98

8 Ofício nº 735/SIND/7240, ao Sr Chefe do Centro de Documentação e Histórico da

Aeronáutica ····· ~ ··················· · ························································································ 99

9 Of nº 768/A-717648, ao Exmº Sr Comandante da Aeronáutica .......................... 103

10 Of nº 50/GCl/5756, do Chefe de Gabinete do Exmº Sr Comandante da Aeronáutica ................................................................................................................ 1 OS

11 1 º Despacho nº 18/CENCIAR-2/1329 do Exmº Sr Chefe do Centro de Controle Interno da Aeronáutica ............................................................................................. 108

12 Of nº 33/EC/8516, do Comandante da Base Aérea do Galeão .......................... 114

13 Of nº l/SC/3768, do Exmº Sr Chefe do Estado-Maior do COMGEP .............. 116

14 1º Despacho nº 2/SCl/6334, do Exmº Sr Chefe da 5ª Subchefia do EMAER ... 118

15 Of nº 5/SI/769, do Sr Chefe do Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica ................................................................................................................. 120

16 Relatório ................................................................................................................ 121

17 Termo de Encerramento de Sindicância ............................................................. 138

18 Ofício de Remessa ................................................................................................. 139

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MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

P RTARIA Nº Y 5 f I GCl , DE j / DE r-/Ae.ç"\) DE 2014 .

COMANDANTE DA AERONÁUTICA, de conformidade com o previsto nos itens 2.1 e 2.2 da ICA 111-2, aprovada pela Portaria nº 545/GC3, de 17 de maio de 2006, e o que consta do Proce~so nº 60041. 000912/2014-3 1, reso 1 ve:

D terminar a instauração de Sindicância para apurar os fatos especificados no Ofício nº 124!2bl4-CNV, de 18 de fevereiro de 2014, da Comissão Nacional da Verdade, delegando, par esse fim, competência ao Major-Brigadeiro do Ar RAUL BOTELHO, Comandante do erceiro Comando Aéreo Regional, devendo os trabalhos serem concluídos no prazo de 30 (trin a) dias corridos .

~Ja4 T~g Ar JUNITI SljdTO Comandante da Aeronáutica

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Fl. nº

(Continµação do Bol,etim do Comand<? da Aeronáutica nº 064, de Q3 ABR 2014)

PORTARIA Nº 407 /se, DE 27 DE MARÇO DE 2014 .

O COMANDANTE DA AERONÁUTICA, de acordo com o art. 19 da Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999, e o art. 1 º, inciso XIII, do Decreto nº 2.790, de 29 de setembro de 1998, resolve:

Conceder a Medalha "Mérito Operacional Brigadeiro Nero Moura", prevista pelo Decreto nº 7.085, de 29 de janeiro de 2010, ao seguinte Comandante de Unidade Aérea:

Ten Cel Av MARCELLO LOBÃO SCHIAVO

2 - SINDICÂNCIA - DETERMINA

Ten Brig Ar JUNITI SAITO Comandante da Aeronáutica

PORTARIA Nº 457/GCl , DE 31 DE MARÇO DE 2014 .

O COMANDANTE DA AERONÁUTICA, de conformidade com o previsto nos itens 2.1 e 2.2 da ICA 111-2, aprovada pela Portaria nº 545/GC3, de 17 de maio de 2006, e o que consta do Processo nº 60041.000912/2014-31 , resolve:

Determinar a instauração de Sindicância para apurar os fatos especificados no Ofício nº 124/2014-CNV, de 18 de fevereiro de 2014, da Comissão Nacional da Verdade, delegando, para esse fim, competência ao Major-Brigadeiro do Ar RAUL BOTELHO, Comandante do Terceiro Comando Aéreo Regional, devendo os trabalhos serem concluídos no prazo de 30 (trinta) dias corridos.

Ten Brig Ar JUNITI SAITO Comandante da Aeronáutica

SEÇÃO II - COMISSÃO DE PROMOÇÕES DE OFICIAIS (Sem alteração)

SEÇÃO III - CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA AERONÁUTICA (Sem alteração)

SEÇÃO IV - CENTRO DE INTELIGÊNCIA DA AERONÁUTICA (Sem alteração)

SEÇÃO V - INSTITUTO HISTÓRICO-CULTURAL DA AERONÁUTICA (Sem alteração)

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, ' -- · - ~J~ MINISTERIO DA DEFESA - COMANDO DA _AERONAUfJf~~· -"" ·~·---· íl--GABINETE DO COMANDANTE DA AERONAUTICA. ~ 61000: t ~ ..... -

Processo nº 60041.000912/2014-31 a

TERMO DE AUTUAÇÃO DE PROCESSO

• Processo autuado sob o nº 60041.000912/2014-31 que trata de assunto relacionado à • SOLICITAÇÃO DA COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE, constituído inicialmente com 80 e (oitenta) folhas, devidamente numeradas e rubricadas: -• • • • • • • • • • • • ~ • • • • • • • • • • • • • •

~: • .:,,-

a) Of nº 1538/MD, de 19 fev. 2014 (Fl. 2 a 79); e b) 1º DESP nº 72/GC3/1833, de 20 fev. 2014 (Fl. 80) .

Brasília-DF, 21 de fevereiro de 2014 .

JEFFERSON BO

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• § .__

• ~ . ......

• • • • • • • • • • •

Ofício nº 1538 /MD

MINISTÉRIO DA DEFESA GABINETE DO MINISTRO

Esplanada dos Ministérios - Bloco Q - 6º andar 70049-900 - Brasília- DF

Tel.: (61) 3312-8709 - [email protected]

e}'' «.V,; ~ FI: a -:i. Proc: ~

Hub:

Brasília, 19 de fevereiro de 2014 .

A Sua Excelência o Senhor Tenente-Brigadeiro do Ar JUNITI SAITO Comandante da Aeronáutica

Assunto: Solicitação da Comissão Nacional da Verdade .

Senhor Comandante,

1. Transmito a Vossa Excelência cópia do Ofício nº 124/2014-CNV, e anexos, de 18 de fevereiro de 2014, da Comissão Nacional da Verdade .

2. Trata-se de pedido daquela Comissão, no uso das atribuições conferidas pelo art. 4º, VIII, da Lei nº 12.528/2011, para abertura de sindicância no sentido de apurar "as circunstâncias administrativas que conduziram ao desvirtuamento do fim público estabelecido" para instalações militares no período compreendido entre 1946 e 1988, nos termos e especificações contidas na documentação anexa.

3. Solicito as necessárias providências de Vossa Excelência no sentido de atender o requisitado pela Comissão Nacional da Verdade.

Atenciosamente,

é ~OfilM Ministro de Estado da Defesa

60041.000912 / 2014-31

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....

00092.000348/201;~~

~ • COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) - 2° andar - Portaria 1

C.AE IT

~ o~ e:::. -i

Ofício nº ./&/./

Setor de Clubes Sul - SCES - Trecho 2 Lote 22 70200-002 - Brasília-DF

/2014-CNV

... : iJJ/ C)

;.;. '"::. '91 ..

Brasília, ~ <g de fevereiro de 201 4 .

A Sua Excelência, o Senhor CELSO AMORIM Ministro de Estado da Defesa Esplanada dos Ministérios, Bloco "Q", 6° Andar 70.049-900 - Brasília - DF

Senhor Ministro,

Como é de pleno conhecimento de Vossa Excelência - tendo em vista inclusive

o relacionamento institucion~ que vimos mantendo regularmente com o Ministério da Defesa-,

a Comissão Nacional da Verdade foi estabelecida com a finalidade de examinar e esclarecer as

graves violações de direitos humanos praticadas no período compreendido entre 1946 e 1988, de

modo a se efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional,

conforme preceitua a Lei federal nº 12.528, de 18 de novembro de 2011 , que a instituiu .

Desde sua instalação, no mês de maio de 2012, a Comissão tem procurado

atuar de forma a poder atender integralmente os objetivos que lhe foram legalmente fixados,

verificando-se o engajamento de seus conselheiros, assessores e colaboradores em intensa

atividade de pesquisa, com a coleta e exame de documentos, a oitiva de depoimentos e a

realização de audiências públicas. No presente momento, a Comissão encontra-se empenhada na

sistematização das informações obtidas, bem como no desenvolvimento de trabalho

complementar de investigação, de forma a poder realizar a tarefa de elaboração do relatório

circunstanciado que, também em função de disposição legal, deverá ser apresentado ao final de

seu prazo de funcionamento , assinalado para o mês de dezembro do corrente ano, por força da

Medida Provisória nº 632, de 24 de dezembro de 2013 .

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C.Asl?

·o ~ o~ No curso desse labor investigativo, uma das matérias a merecer a atenção da ,ry ;;

'ti .:o. Comissão diz respeito à identificação das estruturas, dos locais, das instituições e· das .

circunstâncias relacionados à prática de violações de direitos humanos, em cumpriment'o "cr~E ~ determinação do art. 3°, III, da referida Lei nº 12.528/2011. Quanto aos locais, em que pese ser

pública e notória a existência e localização de diversas instalações nas quais oconeu a

perpetração de graves violações de direitos humanos durante o período estabelecido para a

apuração, tem havido, por parte da Comissão, a preocupação com a obtenção de dados bastante

precisos acerca dessas instalações, a fim de que a sociedade brasileira possa ter acesso a um

quadro infom1ativo abrangente e acurado .

Assim, com o propósito justamente de promoção da necessária

complementação das info1mações relacionadas a locais de oc01Tência de graves violações de

direitos humanos, a Comissão Nacional da Verdade serve-se do presente ofício para solicitar o

apoio do Ministério da Defesa, no âmbito da faculdade conferida à Comissão de requisitar o

auxílio de entidades e órgãos públicos, expressamente prevista no art. 4°, VIII, da lei de regência

de suas atividades, a já aludida Lei nº 12.528/2011, e regulada nos parágrafos 1 º, 2º e 3º do

mesmo artigo. Interessa especialmente à Comissão a obtenção de dados correspondentes às

instalações que se encontram listadas no relatório preliminar de pesquisa que se encontra apenso

a este ofício, intitulado Quadro parcial das instalações administrativamente afetadas ou que

estiveram administrativamente afetadas às Forças Armadas e que foram utilizadas para a

perpetração de graves violações de direitos humanos. São as seguintes as instalações

relacionadas no referido relatório:

a) Destacamento de Operações de Informações do I Exército (DOI/I Ex), no Rio

de Janeiro;

b) 1 ª Companhia da Polícia do Exército da Vila Militar, no Rio de Janeiro;

c) Destacamento de Operações de Informações do II Exército (DOI/II Ex), em

São Paulo;

d) Destacamento de Operações de Informações do IV Exército (DOl/IV Ex), no

Recife;

e) Quartel do 12º Regimento de Infantaria do Exército, em Belo Horizonte;

f) Base Naval da Ilha das Flores, no Rio de Janeiro;

g) Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro .

Como é notoriamente sabido, tais instalações se destacam naquelas em que a

perpetração de graves violações de direitos humanos - em especial a tortura e as práticas ilícitas

2

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I ~ ~\,, c ;E'-1>º~ ~~ e

com ela identificadas, que, em muito casos, redundaram na morte das vítimas - veio ~ofrtí;h de .Jff:.;; forma mais intensa ao longo das décadas de 1960 e 1970, sendo faiias as referências a elas na

literatura histórica sobre o período. Todavia, a Comissão Nacional da Verdade julga impe11o~62? esclarecimento de todas as circunstâncias administrativas que conduziram ao desvüiuainento do

fim público estabelecido para aquelas instalações, em clara configuração do ilícito administrativo

do desvio de finalidade, já que não se pode conceber que próprios públicos afetados

administrativamente às Forças Aimadas pudessem ter sido formalmente destinados à prática de

atos tidos por ilegais mesmo à luz da ordem jurídica vigente à época da oconência das graves

violações de direitos humanos objeto de investigação .

Nos termos do Decreto-lei nº 9.706, de 03 de setembro de 1946, a

administração dos próprios públicos aplicados em serviços públicos compete aos órgãos e

repartições responsáveis por seu uso. As supramencionadas instalações, durante o período

assinalado, foram ocupadas e utilizadas pelas Forças Armadas, estando afetadas às respectivas

atividades, e, pois, sob sua administração (arts. 76 e 77) .

A afetação deve ser entendida como a consagração do bem a uma utilização

concernente a uma utilidade pública, ao cumprimento de uma função de satisfação das

necessidades gerais da sociedade. Se a afetação de um bem público caracteriza-se por lhe

imprimir uma destinação específica, consagrando-o permanentemente ao atendimento de uma

finalidade pública, tem-se por claro que, dada a efetiva afetação de determinado bem, ocone o

surgimento de um conelato dever de sua utilização com vista, justamente, ao cumprimento do

fim público a ele consagrado. Há uma razão para que se proceda à afetação de um bem, razão tal

que não pode ser desconsiderada. O motivo que precede e justifica a afetação de um bem público

é a existência de uma finalidade pública cujo cumprimento se faz essencial, de forma que aquele

detenninado bem afetado corresponda ao instrumento necessário a ser utilizado para que tal

finalidade - a ele previamente destinada - seja alcançada. Em outras palavras, o bem público é

um meio para o cumprimento de uma função pública, a ele previamente vinculada pelo instituto

da afetação, o que gera, por consequência, o dever de uso do bem para o alcance da finalidade

para a qual foi afetado .

Impõe-se, po1ianto, a revelação das condutas administrativas que, por ação ou

omissão, ensejaram o desvio das finalidades estatuídas para as mencionadas instalações e a

prolongada duração da situação de desvirtuamento. Do ponto de vista administrativo, qual era a

destinação atribuída pelas Forças Armadas àquelas instalações a elas afetadas? De que forma se

tomou possível o uso para fins diversos dos da destinação? Como se deu a alocação de pessoal

para desenvolvimento de atividades em seu âmbito? Qual o procedimento utilizado para o

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C.Aê-'9 o,,, ' ~:ey'§

emprego de recursos financeiros públicos com o propósito de custeio e manutenção dessas Õ 1 '·

instalações? De que forma houve a prestação de contas relativamente a esses recursos, bem como T ~~

o atendimento das exigências inerentes ao acompanhamento da execução orçamentária?'Ent;e

outras, essas são questões que a Comissão pretende sejam respondidas, como condição para a

produção de quadro que conesponda à plenitude da verdade histórica .

Com a abrangência que se faz necessária, a confom1ação desse quadro

informativo relacionado à situação administrativa das referidas instalações afetadas ou que

estiveram administrativamente afetadas às Forças Armadas só será possível com o concurso das

próprias Forças Armadas. Em situações bastante pontuais, o exame de um documento específico

obtido junto a uma fonte pública pode possibilitar à Comissão Nacional da Verdade, por si só, a

conquista do esclarecimento almejado. Mas, no caso em pauta, isso não será possível. Trata-se

de situação complexa, que envolve, para sua elucidação, um conhecimento muito especializado

das normas e procedimentos administrativos adotados pelas Forças Armadas e dos acervos

documentais concernentes à gestão dos bens públicos a elas afetados .

Sendo imprescindível o respaldo das Forças Armadas para a viabilização da

missão inscrita na Lei nº 12.528/2011, é entendimento da Comissão Nacional da Verdade que a

forma mais adequada de viabilização dessa colaboração que se demanda do Ministério da Defesa

é a instituição, no âmbito das Forças Armadas, de sindicâncias administrativas que se destinem

ao levantamento, de forma individualizada, da situação administrativa que, por ocasião da

ocorrência das graves violações de direitos humanos do período compreendido entre as décadas

de 1960 e 1980, conespondeu a cada uma das instalações anteriormente listadas e que se

encontram identificadas no relatório preliminar de pesquisa em anexo. A instauração de

comissão de sindicância específica para cada uma daquelas instalações, a ser integrada por

especialistas das próprias Forças Armadas, seguramente possibilitará, através dos relatórios do

conjunto das comissões de sindicância, a revelação de quadro fático que será de grande valia no

processo de elaboração do relatório circunstanciado que deverá ser apresentado pela Comissão

Nacional da Verdade .

O procedimento de sindicância administrativa, de duração breve e cuja

finalidade é essencialmente a apuração acerca de quadro fático no qual sobressaiam oc01Tências

anômalas, não se confunde com o processo administrativo disciplinar, e muito menos com o

processo de caráter judicial. Em meio ou ao final da sindicância, verificando-se indícios de

autoria de atos ilícitos, poderá haver, por via da abertura de novo feito ou de conversão

processual, a instauração de procedimento de natureza processante .

4

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C.Aêb "-'~~ 'ro....Y

- ~ ri· ~ .,,-- ~ " ~ . ; e -- -i

·~;,-,. ..........

Além das regras jurídicas de aplicação geral que regulam ~o ')h:ocesso f administrativo, cabe salientar que, no âmbito das Forças Armadas, a sindicância é · ~~Jeto de

l:-;' ·t .... ··-""'

diplomas normativos específicos, nos quais emerge de forma comum justamente o ·c~áter

investigatório do procedimento, extraindo-se de todos eles o princípio do poder-dever da

autoridade militar de instaurar sindicância quando tomar conhecimento de fato que aponte para a

violação de direitos ou que seja de interesse da administração militar. Assim preceituam, entre

outros diplomas normativos aplicáveis à matéria, no Exército, a Portaria nº 107, d~ 13 de

fevereiro de 2012, na Marinha, o Decreto nº 88.545, de 26 de julho de 1983, e na Aeronáutica, a

Portaria nº 545/GC3, de 17 de maio de 2006 .

Observe-se que, conforme entendimento já assentado no direito brasileiro,

diante dos indícios de desvio dos bens públicos, mesmo quando oconido em momento anterior,

as autoridades competentes deverão atentar para as regras processuais atuais do ordenamento

jurídico com o fim de detenninar a instauração do procedimento adequado ·para a averiguação

dos fatos, no caso, como já ressaltado, a sindicância administrativa .

Registre-se, ainda, que o decurso do tempo não autoriza que se afaste o dever

de instauração do procedimento de sindicância, tendo em vista a imprescritibilidade

constitucional da obrigação de ressarcimento ao Estado por dano causado ao erário (Constituição

Federal, art. 37, § 5°). E o dano ao erário, no caso em tela, já se encontra plenamente

comprovado, pois o Estado brasileiro, por diferentes vias jurídicas, tem sido reconentemente

instado ao pagamento de indenização por força das graves violações de direitos humanos

perpetradas exatamente nas instalações cujo histórico administrativo se pretende ver esclarecido

através das comissões sindicantes aqui requeridas. Com o propósito de fundamentação dessa

constatação, encontram-se apontados no relatório preliminar de pesquisa que acompanha este

ofício, relativamente a cada uma das instalações, casos exemplares nos quais o desvio de

finalidade acabou por ensejar o dever de indenizar as vítimas daquelas violações ou seus

familiares .

A evidenciar o cabimento da instauração, pelas Forças Annadas, das

sindicâncias administrativas aqui objetivadas, ressalte-se, por denadeiro, que uma das

finalidades desse tipo de procedimento é adoção, pela Administração, de medidas

administrativas que se destinem a evitar a persistência da irregularidade ou mesmo que esta volte

a se materializar. Essa diretriz, ademais, se encontra presente no diploma de instituição da

Comissão Nacional da Verdade - a referida Lei nº 12.528/2011 -, figurando em seu art. 3°, VI, o

objetivo que lhe foi assinalado de atuar de forma a contribuir para evitar a repetição das graves

violações de direitos humanos oconidas no período investigado .

5

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J~ A cada comissão encarregada do exercício d .g ~ .d. ~ e iunçao sm icante cuja

instauração é objeto do requerimento da Comissão Nacional da Verdade que se formula por meio

do presente ofício, caberá, portanto, proceder à apuração criteriosa do quadro fático associado à

situação de desvio de finalidade na utilização das instalações anteriormente listadas,

administrativamente afetadas ou que estiveram administrativamente afetadas às Forças Armadas

e nas quais se verificou a perpetração de graves violações de direitos humanos .

A adoção, por paiie do Ministério da Defesa, das providências necessárias ao

atendimento deste requerimento representará significativa contribuição às atividades da

Comissão Nacional da Verdade. Dada a brevidade que caracteriza o procedimento de sindicância

administrativa, as informações advindas das Comissões de Sindicância que vierem a ser

instauradas no âmbito das Forças Armadas com a finalidade aqui esposada poderão ser

devidainente consideradas no processo de elaboração do relatório circunstanciado que, em

atenção ao já referido art. 11 da Lei nº 12.528/2011, deverá ser apresentado pela Comissão

Nacional da Verdade ao final de seus trabalhos, em dezembro do corrente ai10 .

Sendo estes os termos e fundamentos da solicitação que ora apresentainos ao

Ministério da Defesa, colocamo-nos à inteira disposição para oferecer os esclarecimentos

adicionais que eventualmente se fizerem necessários e manifestamos

expressões de nossa consideração .

Cordialmente,

PÂ,_ Í PEDRO BOHOMOL

l i

LCANTI FILHO

b~~ PAULO SÉRGIO PINHEIRO

Membro

f1e.~~J~~ ROSA MARIA CARDOSO DA CUNHA

Membro

6

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C O MISSÃO NACIONAL DA VERDADE

QUADRO PARCIAL DAS INSTALAÇÕES ADMINISTRATIVAMENTE

AFETADAS OU QUE ESTIVERAM ADMINISTRATIVAMENTE

AFETADAS ÀS FORÇAS ARMADAS E QUE FORAM UTILIZADAS

PARA PERPETRAÇÃO DE GRAVES VIOLAÇÕES DE DIREITOS

HUMANOS

Relatório preliminar de pesquisa especialmente elaborado para subsidiar os termos e fundamentos do Ofício CNV nº 124, de 18 de fevereiro de 2014, do qual

é parte integrante na forma de documento anexo (J. ,

FEVEREIRO DE 2014

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COMISSÃO NAC IONAL DA VERDADE

SUMÁRIO

I A OCORRÊNCIA DE GRAVES VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS EM

INSTALAÇÕES ADMINISTRATIVAMENTE AFETADAS ÀS FORÇAS ARMADAS

1. INTRODUÇÃO • página 09

2. METODOLOGIA E FONTES UTILIZADAS • página 10

II INSTALAÇÕES DO EXÉRCITO

1. DESTACAMENTO DE OPERAÇÕES DE INFORMAÇÕES DO I EXÉRCITO NO RIO

DE JANEIRO (DOI/r EX) • página 11

• PRESOS TORTURADOS

a) Gildásio Westin Consenza •página 11

a.l) Processo da Comissão de Anistia N° 2005.01.52188 - Excertos do Depoimento • página 11

a.2) Processo da Comissão de Anistia N° 2005.01.52188 - Excertos do Parecer Final • página12

b) Fernando Palha Freire • página 13

b. l) Requerimento do Ministério Público Federal - Procuradoria da República do Estado do Rio de Janeiro - ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) - Processo Administrativo de Tombamento N° 01500.003629/2013-66. Inquérito

Civil Pr-Rj. Nº 1.30.001.005015/2013-92 - Excertos do Depoimento •página 13

b.2) Portaria do Ministro da Justiça N° 3.602, de 8 de novembro de 2010, referente ao

Processo da Comissão de Anistia N° 2003.01.372 •página 13

e) Newton Leão Duarte •página 14

c.l) Requerimento do Ministério Público Federal- Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro - ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) - Processo Administrativo de Tombamento N° 01500.003629/2013-66. Inquérito Civil

Pr-Rj . N° 1.30.001.005015/2013-92 - Excertos do Depoimento •página 14

2

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

c.2) Portaria do Ministro da Justiça N° 2.789, de 22 de agosto de 2013, referente a At:A..:.~

Processo da Comissão de Anistia N° 2006.01.53808 •página 14

•MORTE DECORRENTE DE TORTURAS

a) Mário Alves •página 15

a.l) Audiência Pública da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão da Verdade do

Rio de Janeiro: Depoimentos sobre a prisão, tortura e morte de Mario Alves •página 15

a.2) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos N° 091/96

- Excerto do Julgamento • página 16

2. 1 ª COMPANHIA DA POLÍCIA DO EXÉRCITO DA VILA MILITAR NO RIO DE

JANEIRO • página 16

• PRESOS TORTURADOS

a) Antonio Roberto Espinosa •página 16

a.l) Depoimento Prestado à Comissão Nacional da Verdade em Audiência Pública

ocorrida no Rio de Janeiro, em 23 de Janeiro de 2014 - Excertos • página 16

a.2) Portaria do Ministro da Justiça Nº 1.291, Referente ao Processo da Comissão de

Anistia N° 2003 .01.24690 • página 17

• MORTE DECORRENTE DE TORTURAS

a) Chael Charles Schreier •página 18

a.l) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos N° 0260/96 -Depoimento de Maria Auxiliadora Lara Barcelos na Circunscrição Judiciária Militar - 2ª

Auditoria de Marinha, em 27/5/70, Apelação Nº 40 278 - STM •página 18

a.2) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos N° 0260/96 -

Excerto do Parecer • página 19

a.3) Análise realizada pela Equipe Pericial da Comissão Nacional da Verdade sobre o Laudo de Necropsia do Serviço Médico-Legal do Hospital Central do Exército, de 24 de

novembro de 1969 • página 19

3

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

~

3. DESTACAMENTO DE OPERAÇÕES DE INFORMAÇÕES DO II EXÉRCITO EM SÃO

PAULO (DOI/ II EX) • página 22

• PRESOS TORTURADOS

a) Darci Toshiko Miyaki •página 22

a.1) Depoimento de Darci Toshiko Miyaki prestado à Comissão Nacional da Verdade, em Audiência Pública, em São Paulo, realizada em 12 de dezembro de 2013 - Excerto

do Depoimento • página 22

a.2) Portaria do Ministério da Justiça N° 1.289, de 29 de junho de 2012, referente ao

Processo da Comissão de Anistia N°. 2010.01.66457 •página 24

b) George Benigno Duque Estrada • página 24

b.1) Processo da Comissão de Anistia N° 2001.02.01517 - Excerto • página24

b.2) Processo da Comissão de Anistia Nº 2001.02.01517 - Excerto do Parecer • página25

•MORTES DECORRENTES DE TORTURAS

a) Joaquim Alencar de Seixas •página 25

a.1) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos N° 021/96 -

Excertos • página 25

a.2) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos N° 021/96 -

Excertos do Parecer • página 26

b) Hélcio Pereira Fortes • página 26

b.1) Depoimento de Darci Toshiko Miyaki prestado à Comissão Nacional da Verdade

em Audiência Pública em São Paulo, em 12 de dezembro de 2013 •página 27

b.2) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desparecidos Políticos N° 070/96 -

Excerto • página 28

e) Antonio Benetazzo •página 28

c.1) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desapercidos N° 0261/96 - Excerto • página28

c.2) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos Nº 0261/96 -

Excerto • página 28

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

d) Arnaldo Cardoso Rocha •página 29

d.l) Processo da Comissão de Anistia N° 255/96- Excerto • página 29

d.2) Processo da Comissão de Anistia N° 2012.01.71093 - Excerto do Julgamento • página30

d.3) Análise Pericial dos Elementos Materiais Extraídos dos Laudos Necroscópico e da Exumação de Arnaldo Cardoso Rocha pela Equipe Pericial da Comissão Nacional da

Verdade •página 30

4. DESTACAMENTO DE OPERAÇÕES DE INFORMAÇÕES DO IV EXÉRCITO EM

PERNAMBUCO (DOI/rv EX) • página 33

• MORTES DECORRENTES DE TORTURAS

a) José Carlos Novaes da Mata Machado • página 33

a.l) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos Nº 022/ 96

- Depoimento de Rubens Manoel Lemos - Excerto • página 33

a.2) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos Nº 022/ 96

- Excerto do Parecer • página 35

b) Gildo Macedo Lacerda • página 35

b.l) Processo da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. N° 023/96

- Depoimento de Oldack de Miranda • página 35

b.2) Proceso da Comissão Especial sobre Mortos e Desparecidos Políticos - Processo

N° 023/96 • página 36

5. QUARTEL DO 12° REGIMENTO DE INFANTARIA DO EXÉRCITO EM MINAS

GERAIS • página37

• PRESOS TORTURADOS

a) José Antonio Gonçalves Duarte •página 37

a.l) Processo da Comissão Especial de Indenização às Vítimas da Tortura N° 084 -

Excerto do Parecer •página 37

a.2) Processo da Comissão Especial de Indenização às Vítimas da Tortura N° 084 -

Excerto do Parecer • página 38

5

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

~ b) Clodesmidt Riani • página 38 h u" :

b.l) Processo da Comissão Especial de Indenização às Vítimas da Tortura N° 660 GAai\1:.\1-

Excerto do Depoimento •página 38

b.2) Processo da Comissão Especial de Indenização às Vítimas da Tortura Nº 660 -

Excerto do Parecer • página 38

e) Delsy Gonçalves de Paula •página 39

c. l) Processo da Comissão Especial de Indenização às Vítimas da Tortura N° 710 -

Excerto do Depoimento • página 39

c.2) Processo da Comissão Especial de Indenização às Vítimas da Tortura N° 710 -

Excerto do Parecer •página 39

III INSTALAÇÃO MILITAR DA MARINHA

1. BASE NAVAL DE ILHA DAS FLORES NO RIO DE JANEIRO • página 41

• PRESOS TORTURADOS

a) Marta Maria Klagsbrunn • página 41

a.l) Processo da Comissão de Anistia Nº 2001. 02.01517 - Excerto do Depoimento • página41

a.2) Processo da Comissão de Anistia N° 2001.02.01517 - Excerto do Parecer • página41

b) João Manoel Fernandes • página 42

b.l) Processo da Comissão de Anistia Nº 2001.02.01663 - Excertos do Depoimento • página42

b.2) Processo da Comissão de Anistia Nº 2001.02.01663 - Excerto do Parecer •página 42

6

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IV INSTALAÇÃO MILITAR DA AERONAÚTICA

1. BASE AÉREA DO GALEÃO NO RIO DE JANEIRO • página 43

+ PRESOS TORTURADOS

a) Alex Polari de Alverga • página 43

a.1) Processo da Comissão de Anistia N° 2003.01.15080 - Excertos do Depoimento • página43

a.2) Processo da Comissão de Anistia N° 2003.01.15080- Excertos do Parecer • página43

b) José Roberto Gonçalves Rezende • página 44

b.1) Processo da Comissão de Anistia Nº 2005.01.50959 - Excerto do Depoimento. • página44

b.2) Processo da Comissão de Anistia N° 2005.01.50959 - Excertos •página 44

e) Adir Figueira •página 45

c.1) Depoimento de Adir Figueira prestado à Comissão Nacional da Verdade - Excertos • página46

d) José Bezerra da Silva •página 46

d.1) Depoimento de José Bezerra da Silva em Audiência Pública à Comissão da Verdade

do Rio de Janeiro em 12 de agosto de 2013 •página 47

+ MORTE DECORRENTE DE TORTURA

a) Stuart Edgar Angel fones • página 47

a.l) Processo da Comissão de Anistia N° 2003.01.15080 - Excerto do Depoimento de

Alex Polari de Alverga sobre Stuart Edgar Angel Jones •página 47

a.2) Depoimento de José Bezerra da Silva em Audiência Pública à Comissão da Verdade

do Rio de Janeiro •página 47

a.3) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos Nº 0197 /96

- Excerto • página 48

7

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

a.4) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos Nº 0197/96

- Excerto • página 48

ANEXOS

I. DILIGÊNCIA DA CNV AO BATALHÃO DA POLÍCIA DO EXÉRCITO NA VILA

MILITAR DO RIO DE JANEIRO .

II. DILIGÊNCIA DA CNV ÀS INSTALAÇÕES DO EXTINTO DOI-CODI DO II

EXÉRCITO EM SÃO PAULO .

8

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

I A OCORRÊNCIA DE GRAVES VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS EM GABAE.~

INSTALAÇÕES ADMINISTRATIVAMENTE AFETADAS ÀS FORÇAS ARMADAS

A Comissão Nacional da Verdade, criada no âmbito da Casa Civil da Presidência da República, tem a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos pra­ticadas no período de 18 de setembro de 1946 a 5 de outubro de 1988, a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional .

O artigo 3° da Lei 12.528, de 18 de novembro de 2011, define como objetivos da Comis­são Nacional da Verdade:

"I - esclarecer os fatos e as circunstâncias dos casos de graves violações de direitos humanos mencionados no caput do art. 1 º;

II - promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria, ainda que ocorridos no exterior;

III - identificar e tornar públicos as estruturas, os locais, as instituições e as circunstâncias relacionados à prática de violações de direitos humanos mencionadas no caput do art. 1 º e suas eventuais ramificações nos diversos aparelhos estatais e na sociedade;

IV - encaminhar aos órgãos públicos competentes toda e qualquer in­formação obtida que possa auxiliar na localização e identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos, nos termos do art. 1º da Lei nº 9.140, de 4 de dezembro de 1995;

V - colaborar com todas as instâncias do poder público para apuração de violação de direitos humanos;

VI - recomendar a adoção de medidas e políticas públicas para prevenir violação de direitos humanos, assegurar sua não repetição e promover a efe­tiva reconciliação nacional; e

VII - promover, com base nos informes obtidos, a reconstrução da histó­ria dos casos de graves violações de direitos humanos, bem como colaborar para que seja prestada assistência às vítimas de tais violações."

!.INTRODUÇÃO

O presente Relatório Preliminar de Pesquisa nº 1 apresenta resultados parciais de pes­quisa realizada com o propósito de subsidiar a Comissão Nacional da Verdade em sua tarefa de promover o exame, apuração e esclarecimento público das graves violações de direitos humanos praticadas no Brasil no período entre 1946 e 1988, por agentes do Estado, especificamente, com a finalidade de cumprir o item III do artigo 3° da Lei 12.528, que determina que a CNV tem por objetivo "identificar e tornar públicos as estruturas, os locais, as instituições e as circunstâncias relacionados à prática de violações de direitos humanos mencionadas no caput do art. 1 º e suas

A OCORRÊNCIA DE GRAVES VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS EM INSTALAÇÕES 9 ADMINISTRATIVAMENTE AFETADAS ÀS FORÇAS ARMADAS

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

eventuais ramificações nos diversos aparelhos estatais e na sociedade" . RuiJ:

O presente Relatório tem como objetivo identificar, de forma não-exaustiva, instalações GA 8 A~~ das Forças Armadas onde foram perpetradas torturas e ocorreram mortes sob tortura de presos políticos durante o regime militar instaurado em 1964. Os resultados apresentados no relatório em tela são preliminares, e tratam de casos selecionados de maneira exemplificativa com o objetivo de identificar instalações sob responsabilidade direta de cada uma das três Forças - Marinha, Aeronáutica e Exército; localizadas nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Per-nambuco .

Cumpre ressaltar que os nomes das unidades e subunidades militares nas quais ocorre­ram as graves violações aos direitos humanos mencionadas neste relatório são aqueles utilizados à época dos fatos aqui narrados .

2. METODOLOGIA E FONTES UTILIZADAS

A metodologia empregada neste Relatório tem como ponto de partida a identificação não-exaustiva de casos de torturas cometidas contra ex-presos políticos, sob custódia das Forças Armadas, que foram objeto de pagamento de indenização pelo governo federal ou por governos estaduais. Esse critério tem por finalidade demonstrar que a ocorrência de graves violações de direitos humanos nas instalações listadas neste relatório já foi reconhecida pelo Estado brasileiro, prestando-se, portanto, a identificar oficialmente essas instalações com aquelas práticas ilícitas .

As principais fontes de pesquisa são, portanto, documentos produzidos pelo próprio Estado brasileiro, ou seja, processos deferidos pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, criada pela Lei n. 10.559, de 13 de novembro de 2002, e pela Comissão Especial de Indenização às Vítimas de Tortura - CEIVT/MG, instituída pela Lei estadual nº 13.187, 20 de janeiro de 1999, no âmbito do Conselho Estadual de Direitos Humanos de Minas Gerais da Secretaria de Direitos Humanos de Minas Gerais, criado em Lei nº 9.516, 29 de dezembro de 1987 .

Para a identificação de presos políticos mortos decorrentes de torturas sofridas durante o período de detenção em instalações militares e perpetrados por agentes do Estado, foram pes­quisados processos deferidos pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, criada pela Lei nº 9.140, de 04 de dezembro de 1995 .

Outra importante fonte documental para a pesquisa em tela foram depoimentos em primeira pessoa, de sobreviventes das torturas, prestados às instituições do Estado anteriormente citadas e ao Ministério Público Federal, além dos testemunhos à Comissão Nacional da Verdade ou comissões da verdade estaduais. Os testemunhos são importantes documentos probatórios dos atos de violência sofridos pelos detentos sob custódia de organizações militares, muitos deles, vítimas de prisões arbitrárias. Vale ressaltar que os depoimentos das vítimas são, em sua grande maioria, a principal prova das graves violações perpetradas por agentes do Estado durante adi­tadura militar. De modo semelhante, depoimentos de sobreviventes de prisões políticas são os únicos testemunhos sobre torturas que antecederam as mortes e os desaparecimentos forçados de inúmeros presos políticos, cujos corpos continuam até hoje ocultados .

A OCORRÊNCIA DE GRAVES VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS EM INSTALAÇÕES 10 ADMINISTRATIVAMENTE AFETADAS ÀS FORÇAS ARMADAS

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

II INSTALAÇÕES DO EXÉRCITO

1. DESTACAMENTO DE OPERAÇÕES DE INFORMAÇÕES DO 1 EXÉRCITO NO RIO

DE JANEIRO (DOI/I EX)

Localização: Rua Barão de Mesquita, 425. Tijuca, Rio de Janeiro .

•PRESOSTORTURADOS

a) Gildásio Westin Consenza

Gildásio Westin Consenza nasceu em Belo Horizonte. Militante da organização Ação Popular (AP) foi delegado no Congresso da União Nacional dos Estudantes em outubro de 1968, quando foi preso pela primeira vez. Em 1975 foi preso novamente no Rio de Janeiro e conduzido ao DOI do I Exército na Rua Barão de Mesquita. Posteriormente foi transferido para o DOI do II Exército, em São Paulo. Nas duas dependências militares, Gildásio Consenza foi submetido a torturas e testemunhou sua prática contra outros presos políticos .

a.l) Processo da Comissão de Anistia N° 2005.01.52188 - Excertos do Depoimento

"No 'DOI-CODI' do Rio de Janeiro e de São Paulo fui violentamente torturado e apenas depois de muita pressão, feita por minha mãe, Simone Westin Cosenza, pela minha irmã Gilda e pelo meu ex-cunhado, Henrique Souza Filho, o Henfil, pelo Deputado Federal Lysâneas Maciel, por muitos outros que se mobilizaram para denunciar meu desaparecimento, e pelo General Rodrigo Otávio Jordão Ramos, fui retirado do 'DOI-CODI' de São Paulo e 'preso' pelo DOPS-SP. Devido às torturas estive em tratamento no Hospital das Clínicas e preso na Delegacia do Cambucí (SP), transformada então em presídio político, no presídio do Hipódromo (SP) e transferido em setembro de 1976 para o Presídio Esmeraldino Bandeira, em Bangu, Rio de Janeiro, onde fiquei até 1978". (págs. 11 e 12)

"Em decisão unânime do Conselho Permanente de Justiça fui absolvido pois do inquérito policial o que se destacavam não eram as provas que me incriminassem e sim as evidências das violências, torturas, ilegalidades a que eu e os demais proces­sados havíamos sido submetidos". (pág. 29)

INSTALAÇÕES DO EXÉRCITO 11

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

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~ ~-Ruc: a.2) Processo da Comissão de Anistia 2005.01.52188 - Excertos do Parecer

"( .. .) após o seu sequestro ( .... )foi torturado, no DOI-CODI I ( .. .) recebeu golpH A B A t ~ de cassetete, murros, choques elétricos, aplicados por um magneto; que, ao cair, devido aos choques, era pisoteado; que, naquele local, sofreu empalamento com um cassetete elétrico e com um cabo de vassoura; que a sua boca era constantemente cheia de sal e tornou-se difícil dizer quantos dias passou sem tomar água; que, inúmeras foram as vezes em que foi jogado a um cubículo que denominavam de ''geladeira", que tinha as seguintes características: sua porta era do tipo frigorífico, medindo cerca de 2 metros por um metro e meio; suas paredes eram todas pintadas de preto, possuindo uma abertura gradeada ligada a um sistema de ar frio; que, no teto dessa sala existia uma lâmpada fortíssima; que ao ser fechada a porta ligavam produtores de ruídos cujo som variava do barulho de uma turbina de avião a uma estridente sirene de Fábrica; que, por diversas vezes foi medicado por um elemento que dizia que o interrogando não resistiria por muito tempo( .. .)" (pág.124)

"(. .. ) os seus dedos e o pênis estavam queimados devido a violência e a constância dos choques que lhe eram aplicados; que foi então submetido a um exame médico por um elemento que se dizia médico; que esse elemento afirmou que o interrogado não pesava, na ocasião, mais de 49 quilos; que foi levado de volta à sala de torturas e, aí, entre gargalhadas dos interrogadores que diziam que como o interrogando iria morrei; eles se apossariam de suas roupas, de seus objetos de uso pessoal e de toda a sua aparelhagem eletrônica de profissional ( ... )"(pág. 125) .

"( .. .)fora barbaramente torturado e percebera que muitos companheiros da AP haviam caído pois diversos nomes estavam sendo citados. Fora transferido para o Batalhão da Escola da PM onde fora colocado numa sala com diversas pessoas, dentre elas sua irmã, Gilse Maria Westin Cosenza. Foram barbaramente tortu­rados, transferidos diversas vezes de prisão. Narra em que determinada ocasião torturaram-no para que informasse a localização de sua sobrinha de apenas dois

meses de vida, filha de Gilse, uma forma de pressão sobre sua irmã ( .. .)As torturas continuaram no presidio e após constantes denúncias dos parentes, especialmente da mãe do requerente e da Sra. Ondina Nahas, mãe de Jorge Nahas, o Anistiando fora transferido no dia 10 de agosto de 1969 para o 12° R, onde sofreu as piores torturas já vividas por ele." (pág. 202) .

"( ... )Em 4 de setembro de 75,foi preso pelo DOI-CODI. Até setembro de 1976, quando foi enviado para o presídio Esmeraldino Bandeira, em Bangu, onde perma­neceu até 1978." (pág. 203)

"(. .. ) verifica-se ao Anistiado o direito à reparação econômica de caráter inde­nizatório. ( ... )Importante destacar que o Anistiando fora monitorado até 1989." (pág. 205)

"( .. .) Ante o exposto, opino pelo deferimento do pedido formulado por Gildásio Westin Cosenza, motivo pelo qual esta Comissão de Anistia, concede a: Declaração de anistiado político, oficializando em nome do Estado Brasileiro, o pedido de des-

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

culpas ao S1: Gildásio Westin Cosenza ( ... )"; (pág. 206)

b) Fernando Palha Freire

Filho de Walkyria Sylvete de Palha Freire e de Almerindo de Campos Freire. Foi inte­grante do Comando Reinaldo Silveira Pimenta da Ação Libertadora Nacional (ALN). Foi preso em 1 ºde julho de 1970, no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, por militares da Aeronáutica .

b.l) Requerimento do Ministério Público Federal - Procuradoria Da República no Estado do Rio de Janeiro - ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) -Processo Administrativo de Tombamento Nº 01500.003629/2013-66. Inquérito Civil Pr-Rj . N° 1.30.001.005015/2013-92 - Excertos do Depoimento

"( .. .)Foi para o DOI-CODI, ficando na Barão de Mesquita cerca de um mês e meio, dois meses; que lá no DOI-CODI foi muito torturado; de cara, colocaram o depoente num corredor polonês, tendo sido torturado pelo oficial de dia no dia 2 de julho de 1970; que o comandante do 1° Exército foi ver o depoente e o torturou

psicologicamente, tendo dito que iriam tirar o sangue do depoente; que esteve preso juntamente com muito outros presos políticos ( ... ); que depois de dois meses no DOI­-CODI, voltou para o CISA, tendo ficado lá preso por mais seis meses( ... )" (pág.13 e 14) .

b.2) Portaria do Ministro da Justiça N° 3.602, de 8 de Novembro de 2010, Referente ao Processo da Comissão de Anistia N° 2003.01.372

"(. .. )O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso de suas atribui­ções legais, com fulcro no artigo 10 da Lei nº 10.559, de 13 de novembro de 2002, publicada no Diário Oficial de 14 de novembro de 2002 e consideran­do o resultado do julgamento proferido pela Comissão de Anistia, na 51 ª Sessão realizada no dia 29 de abril de 2010, no Requerimento de Anistia nº 2003.01.37260, resolve:

N 3.602-Declarar: FERNANDO PALHA FREIRE,( .. .), anistiado polí­tico, conceder reparação econômica de caráter indenizatório, em prestação mensal, permanente e continuada, ( .. .) com efeitos retroativos a partir de 15.12.1998 até a data do julgamento, (. .. )e contagem do tempo, para todos os efeitos, do período compreendido de 01.07.1970 a 21.09.1976, nos termo do artigo l°, incisos I, II, III da Lei nº 10.559, de 2002 (. .. )

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e) Newton Leão Duarte GAB Ãt~

Newton Leão Duarte fez parte da Ação Libertadora Nacional (ALN) da Guanabara e cursou engenharia. Foi preso em 1969, aos 19 anos, pelo DOPS, onde sofreu as primeiras sevícias. Posteriormente, foi levado ao DOI-CODI, no Rio de Janeiro, em 20 de julho 1969, onde foi sub­metido à tortura .

c.1) Requerimento do Ministério Público Federal - Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro - ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) -Processo Administrativo de Tombamento N° 01500.003629/2013-66. Inquérito Civil Pr-Rj . N° 1.30.001.005015/2013-92 - Excerto do Depoimento

"(. .. ) que no Rio de janeiro foi preso no dia 20 de julho de 1969 (. . .), que foi levado para delegacia de roubos e furtos que ficava na Rua da Relação, ao lado do prédio do DOPS; que lá sofreu as primeiras sevícias, com choques elétricos e espanca­mentos; ( .. .) que ficou preso sete meses na Barão de Mesquita, até o carnaval de 1970 ;( ... )que quando chegou ao DOI-CODI - RJ, dia 20 de julho era um sábado e não havia equipe de plantão para interrogatório; então os interrogatórios começaram apenas na segunda-feira de manhã. Que logo às 8 da manhã começaram as torturas; que novamente sofreu espancamento, socos, tapas, chutes, com mangueira de bor­racha ( maricota), e com choques elétricos; que foi torturado o dia inteiro e nos dias subsequentes também.; que aos poucos as torturas foram diminuindo até porque, como o depoente foi preso num sábado e só foi interrogado na segunda-feira, eles perderam a chance de pbter nomes e pontos de encontro para efetuar outras prisões; que as torturas foram. diminuindo até o sequestro do Embaixador Americano em setembro, quando voltaram a torturar o depoente para saber informações porque a ALN estava envolvida no sequestro; que o depoente não sabia nada, mas mesmo assim foi espancado e sofreu choques elétricos" .

c.2) Portaria do Ministro da Justiça Nº 2.789, de 22 de Agosto de 2013, Referente ao Processo da Comissão de Anistia Nº 2006.01.53808

"( .. . ) O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso de suas atribuições legais, com fulcro no artigo 1 O da Lei n º 10.559, de 13 de novembro de 2002, publicada no Diário Oficial de 14 de novembro de 2002 e considerando o resultado do julgamento proferido pela Comissão da Anistia, na 7ª Sessão de Turma, realizada no dia 21 de março de 2013, no Requerimento de Anistia nº 2006.01.53808, resolve: Declarar anistiado político NEWTON LEÃO DU­ARTE, (. . .) e conceder reparação econômica, de caráter indenizatório, (. . .), nos termos do artigo ]ºincisos, I e II, ele artigo 4° § 1°, da Lei nº. 10.559, de 13 de novembro de 2002. (D.O.U. de 13/11/2002)

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

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• MORTE DECORRENTE DE TORTURAS

a) Mário Alves

Mário Alves nasceu na cidade de Sento Sé na Bahia, em 14 de junho de 1923. Foi um dos fundadores da UNE na Bahia e do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Em 16 de janeiro de 1970 foi levado para o DOI do I Exército, local onde foi violentamente torturado, vindo a falecer no dia seguinte, aos 46 anos. Mário Alves integra a lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95 .

a.l) Audiência Pública da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro: Depoimentos sobre a prisão, tortura e morte de Mário Alves

Em 14 de agosto de 2013, em audiência pública da Comissão Nacional da Ver­dade e da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, prestaram depoimento Álvaro Caldas, José Luís Sabóia, José Carlos Tórtima, Maria Dalva Leite de Castro, Newton Leão Duarte e Paulo Sérgio Paranhos, todos ex-presos políticos que estiveram detidos no DOI do I Exército. Os ex-presos relataram as torturas às quais foram submetidos nas dependências da instituição e os comentários que corriam no local a respeito do líder Mário Alves. "Eles confessaram o assassinato de Mário quando quiseram me intimidar. Me perguntaram: 'quer o mesmo tratamento, sua p .. . ?"', lembrou Maria D alva .

Os torturadores ameaçavam introduzir no ânus de Maria Dalva um cassetete com arame farpado, "perfurando o intestino e causando hemorragia interna'', nas pala­vras dos algozes, lembradas por ela. Mário Alves morreu em decorrência de hemorragia interna após passar por sessão de tortura que durou toda a madrugada do dia 17 de janeiro de 1970 .

Os ex-presos políticos Antônio Carlos de Carvalho, José Carlos Brandão e Rai­mundo Teixeira Mendes, relataram já ter prestado depoimento à OAB em 1982, quando denunciaram que estavam detidos no DOI do I Exército no dia em que Mário Alves chegou, e que o jornalista teria sido torturado durante toda a madrugada do dia 17 de janeiro de 1970, com sessões de choque, pau de arara e empalamento .

Outro convocado, o ex-major do Corpo de Bombeiros Valter da Costa Jacaran­dá, compareceu à audiência. Durante seu depoimento, negou ter conhecido ou torturado Mário Alves, porém confirmou que havia torturas no DOI do I Exército. Confirmou também que levantava informações sobre os militantes da resistência, e que participava de interrogatórios onde havia "excessos''. No entanto, acabou reconhecendo que os exces­sos eram a tortura. Ao ser perguntando quantas pessoas ele teria torturado, respondeu: "Não lembro''.

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a.2) Processo da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos N° 091/96 ~BA.t~ Excerto do Julgamento

( ... )A Comissão Especial criada pela Lei nº 9.140, de 04 de dezembro de

1995, no uso da atribuição estabelecida no inciso III do art. 4°, do citado Di­p loma Legal, RESOLVE: Deferir o requerimento formulado pela interessada LÚCIA VIEIRA CALDAS, com base no art.10 e seus parágrafos, FILHA de

MÁRIO ALVES DE SOUZA VIEIRA, cuja identificação consta no Anexo Ida

Lei nº 9.140/95, conforme avaliação da documentação constante do Processo nº 091/ 96, de 07/02/96. Em decorrência, a requerente poderá receber indeni­

zação a título reparatório(. .. ) conforme dispõe o art. 11 da referida Lei, após publicação de Decreto do Senhor Presidente da República( ... )" (pág.165) .

2. 1 ª COMPANHIA DA POLÍCIA DO EXÉRCITO DA VILA MILITAR NO RIO DE

JANEIRO

• PRESOS TORTURADOS

a) Antonio Roberto Espinosa

Antonio Roberto Espinosa foi um dos dirigentes da Vanguarda Popular Revolucionária - VPR e da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Foi preso e torturado em 21 de novembro de 1969, juntamente com Chael Schreier e Maria Auxiliadora Lara Barcelos, na Polícia do Exército da Vila Militar .

a.1) Depoimento prestado à Comissão Nacional da Verdade em Audiência Pública ocorrida no Rio de Janeiro, em 23 de janeiro de 2014 - Excertos

"[ .. . ]fomos levados para o Palácio da Polícia. No Palácio da Polícia, cada um foi para uma sala, eu passei por todos os tipos de tortura ali. A mais marcante delas é ter o pênis, por exemplo, amarrado com arame, e eu cair correndo puxando, e você correndo atrás. Você não podia nem cair, se você caísse tinha que levantar correndo. Dores terríveis. Foi no meio de uma sessão desse tipo, que eles levaram para tirar as fotos. É isso que está retratado ali. Eu suponho, suponho não, eu sei. Com o Chael e com a Chica acontecia a mesma coisa, só que eu não estava vendo. Cada um em uma sala. Cada um, pelo menos na minha sala, havia uns dez investigadores do DOPS, e cujo nomes eu não sei, porque na madrugada do mesmo dia nós fomos levados até o camburão. Fomos os três no mesmo camburão, e conduzidos até a 1 ª

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Companhia da Polícia do Exército, a Polícia do Realengo. O que era essa unidade G A B ~ t ~ militar? Depois de muito pensar, e fazer algumas pesquisas, cheguei a conclusão de que era o momento que a Repressão estava se organizando, que ela não sabia ainda, como fazer para obter uma maior eficácia. Em 69 já tinha surgido em São Paulo a Operação Bandeirantes, ainda não existia o DOI-CODI. No final do ano começa a surgir o DOI-CODI. O DOI-CODI centraliza uma repressão. Aqui no Rio de Janeiro acabou sendo centralizada na Barão de Mesquita, pelo menos essa fase inicial. Nesse momento aqui no Rio, eles estavam fazendo uma especialização por organizações, deve ter durado um ou dois meses, essa experiência. A PE da Vila Militar, era o lugar pra aonde eram levados os militantes da VAR Palmares presos. Então o DOPS prendeu, mas na mesma madrugada nó fomos levados para a PE. A PE também prendia. Eu falo isso por ouvir dizer, que eu passaria lá vinte e nove dias, de todos que passaram por lá provavelmente eu era o que menos conheceu, digo que conheceu menos bem. Foram vinte e nove dias da solitária para a sala de tortura, da tortura para a solitária. Até hoje o tilintar de chaves em um corredor me incomoda, porque isso significa o que vinha depois. Parecia aquele cachorro do Pavlov, que salivava ao tomar choques, porque sabia que depois dos choques vinha carne, e pra mim o som de chaves tilintando no fundo do corredor significava ser levado de novo para o suplício." (Linhas 57 a 82 do depoimento prestado à CNV)

"(. .. )Junto a essa coluna que ficava um banco encostado, como eram duas, as salas de tortura, e nós éramos três. Eles colocavam um em cada sala, pra tomar ses­sões de choque, uma das salas tinha o pau-de-arara, pra pendurar no pau-de-arara, e o outro ficava sentado, era bem do lado, quem sentasse nessa cadeira, ouvia os que estavam sendo torturados. Era uma maneira que eles utilizavam para que aquele que estivesse esperando, se auto torturasse, ficasse imaginando, ficasse configurando na sua cabeça o que aconteceria com ele." (Linhas 98 a 104 do depoimento)

a.2) Portaria do Ministro da Justiça N° 1.291, referente ao Processo da Comissão de Anistia N°. 2003.01.24690

"( .. .) O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso de suas atribuições legais, com fulcro no artigo 10 da Lei nº 10.559, de 13 de novembro de 2002, publicada no Diário Oficial de 14 de novembro de 2002 e considerando o resultado do julgamento proferido pela Comissão de Anistia, na 17ª Sessão realizada no dia 11 de fevereiro de 2010, no Requerimento de Anistia N° 2003.01.24690, resolve:

N° 1.291 - Declarar ANTONIO ROBERTO ESPINOSA, ( ... )anistiado político, conceder reparação econômica, de caráter indenizatório, em presta­ção mensal, permanente e continuada, ( ... ) com efeitos retroativos da data do julgamento em 11.02.2010 a 13.05.1998, perfazendo um total retroativo (. . .) e contagem do tempo, para todos os efeitos, do período compreendido de 16.07.1968 a 05.10.1988, nos termos do artigo 1°, incisos I, II e III da Lei nº 10.559, de 2002 ( ... )"(D.O.V. de 14/11/2002)

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

• MORTE DECORRENTE DE TORTURAS

a) Chael Charles Schreier

Estudante de medicina e militante da Vanguarda Popular Revolucionária,VAR-Palmares, foi preso no dia 21 de novembro de 1969 no Rio de Janeiro, onde residia com Maria Auxiliadora Lara Barcelos e Antônio Roberto Espinosa, também integrantes da VAR-Palmares. Os três foram levados para a 1 ª. Companhia de Polícia do Exército da Vila Militar. Chael morreu no dia seguinte, 22 de novembro, em decorrência de terríveis torturas a que foi submetido no quartel da PE .

a.l) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos N° 0260/96 -Depoimento de Maria Auxiliadora Lara Barcelos na Circunscrição Judiciária Militar - 2ª Auditoria de Marinha, em 27/5/70, Apelação nº 40 278 - STM .

"(. .. )Em inicias de novembro de 1969, o referido Chael foi detido (. .. ) e trans­ferido para o Batalhão de Policia da Vila Militar do Exército, de onde saiu morto. O corpo foi liberado em caixão lacrado, transferido para São Paulo, acompanhado por militares daquela unidade do Exército, que negaram-se a entregar a família o atestado de óbito. ( ... )"(pág. 60) .

"(. . .) Maria Auxiliadora Lara Barcelos, em seu depoimento na 1 ª. Circunscrição Judiciaria Militar - 2ª Auditoria de Marinha, em 2715/70, Apelação nº 40 278 -STM, as fls 31 a 36, declara: que foi presa no dia 21 de novembro, que estavam junto a declarante Antônio Roberto e Chael; que foram presos em casa, na Rua Aquida­ban, no Lins, por uma composta por elementos do DOPS e da Polícia do Exército;(. . .) que foram conduzidos ao DOPS, onde se procederam as providências de rotina; que se encontravam os três numa sala, de onde Chael foi chamado para dirigir-se a uma sala do lado, onde Chael foi espancado, ouvindo a declarante os seus gritos; (. .. ) que depois dessas duas horas, Antônio Roberto também foi chamado, que de dez horas da noite às quatro da manhã, Antônio Roberto e Chael ficaram apanhando,(. . .) que nesta sala, foram tirando aos poucos sua roupa; ( .. .) que um policial, entre calões proferidos por outros, ficou à sua frente, como traduzindo manter relações de sexo com a declarante, ao tempo em que tocava seu corpo, que esta prática perdurou por duas horas; que o policial profanava os seus seios e usando uma tesoura, fazia como iniciar seccioná-los; que entre semelhante prática, sofreu bofetadas já quando a sala vieram cerca de quinze pessoas; que abriram a porta da sala em seguida e se dirigiram à sala contígua interpelavam a Chael e Antônio Roberto como era a declarante, sob o prisma sexual; (. .. ) que pelas quatro horas da madrugada, Chael e Roberto, saíram da sala onde se encontravam, visivelmente ensanguentados, inclu­sive no pênis, na orelha e ostentando corte na cabeça; (. .. )que daí foram transferidos para a Polícia do Exército. ( ... ) que nesta unidade do Exército, os três presos foram colocados numa sala, sem roupas; que inicialmente chamaram Chael e fizeram -no beijar a declarante toda e em seguida chamaram Antônio Roberto para repetir esta prática, empurrando a cabeça dele sobre os seios da declarante; (. .. ) que depois um indivíduo lhe segurou os seios apertando-os, enquanto outros torturadores lhe ma-

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chucavam; ( ... )que em seguida Antônio Roberto e Chael foram levados para asa ~'.ASAE~ do lado de onde estava a declarante, que ouvia gritos de Chael dizendo não saber de nada; (. . .) que tais torturas duraram até sete horas da manha, quando Chael parou de gritar, ficando caído no chão( ... )" (págs. 60 e 61) .

"(. .. ) O laudo de necropsia de Chael, reproduzido no volume 4, Tomo V, "Os Mor­tos'', do Projeto "Brasil: Nunca Mais", coordenado pela Arquidiocese de São Paulo, as fls . Bl a 84, assinado pelo Dr. Oswaldo Caymmi Ferreira, major médico chefe; Dr. Guilherme Achilles de Faria Mello, capitão médico; Rubens Pedro Macuco Janine e mais testemunhas foi realizado no Hospital Central do Exército do Rio de Janeiro. O texto recompõe as torturas em Chael." (pág. 64).

"(. . .) A Comissão Especial dos Desaparecidos reconheceu a morte de Chael por razões políticas e o incluiu nos beneficiados pela Lei 9.140/95, a publicação no D.O. U de 25.04.96 (fls.65) descreve-o da seguinte forma: CHAEL CHARLES SCHREIER, brasileiro, solteiro, nascido a 23 de abril de 1946, no estado de São Paulo, filho de Ary Schreier e Emília B. Schreier (morto em 1969)". (pág. 66)

a.2) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos N° 0260/96 - Excerto do Parecer

"(. . .)A Comissão Especial criada pela Lei nº 9.140, de 04 de dezembro de 1995, no uso da atribuição estabelecida no inciso III do art. 4°, do citado Diploma Legal, RESOLVE: Deferir o requerimento formulado pela interes­sada EMÍLIA BRICKMANN SCHREIER, com base no art.10 e seus pará­grafos, MÃE de CHAEL CHARLES SCHREIER, cuja identificação consta no Anexo Ida Lei n- 9.140/95, conforme avaliação da documentação constante do Processo nº 0260/ 96, de 02/04/96. Em decorrência, a requerente poderá receber indenização a título reparatório, ( .. .) conforme dispõe o art. 11 da referida Lei, após publicação de Decreto do Senhor Presidente da República . ( .. .) (jl.67) .

a.3) Análise realizada pela Equipe Pericial da Comissão Nacional da Verdade sobre o Laudo de Necropsia do Serviço Médico-Legal do Hospital Central do Exército, de 24 de novembro de 1969

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INSTALAÇÕES DO EXÉRCITO 21

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GABAt~ Ao analisar o Laudo Cadavérico de Chael Charles, referente ao exame de ne-

cropsia realizado no dia 24 de novembro de 1969 ,..verificou~se a constatação de hema­tomas (indevidamente denominados escoriações) produzidós·nas regiões anterior e posterior da cabeça, do tronco e dos membros, alguns inclusive denotando um formato "ovalar': fratura com infiltração hemorrágica de várias costelas de ambos os lados e anm­damento do rebordo costal esquerdo. A natureza, forma e distribuição por todo o corpo das lesões descritas no referido Laudo, determinam que Chael Charles foi agredido de forma generalizada e contínua, inclusive tendo recebido socorro médico, face à sutura descrita na região mentoniana .

A variedade de colorações das lesões descritas, aliada à presença de infiltrados hemorrágicos relatados em várias costelas corroboram a ocorrência de agressões reite­radas por todo o corpo .

Verificou-se ainda, que em momento próximo e anterior à sua morte, Chael Charles foi submetido a coleta de impressões papiloscópicas, tendo sido verificadas subs­tância enegrecida aderida às suas poupas digitais. Vale ressaltar que tal procedimento é típico das diligências policiais .

3. DESTACAMENTO DE OPERAÇÕES DE INFORMAÇÕES DO II EXÉRCITO EM

SÃO PAULO (DOI/II EX)

Localização: Rua Tutóia, Paraíso. São Paulo - SP.

• PRESOS TORTURADOS

a) Darci Toshiko Miyaki

Filha de Miyaki Juiti e Miyaki Mizuko, é natural de Guararapes, São Paulo, nascida em 3 de julho de 1945. Ingressou na faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) em 1967 . Foi militante da Ação Libertadora Nacional (ALN). Foi presa no Rio de Janeiro por agentes do DOI do II Exército em 25 de janeiro de 1972. No dia 27 de janeiro foi conduzida ao DOI do II Exército, em São Paulo. Ali, segundo seu relato, foi colocada em uma cela isolada, onde foi torturada por vários dias seguidos .

a.l) Depoimento de Darci Toshiko Miyaki prestado à Comissão Nacional da Verdade, em Audiência Pública, em São Paulo, realizada em 12 de dezembro de 2013 - Excerto do Depoimento

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"(. .. )A Sra. Darci Toshiko Miyaki - Bom dia a todos da Comissão Nacional da Verdade. O meu nome é Darci Toshiko Miyaki, atualmente sou aposentada, e gostaria antes de entrar efetivamente nas acusações que eu tenho a fazer, eu gosta­ria de esclarecer que, embora na ditadura nos taxassem de terroristas, não éramos terroristas. Nós éramos jovens idealistas com o dever de lutar contra uma ditadura e nós tínhamos esse direito e o dever principalmente. Por quê? Antes do golpe militai~ tínhamos uma constituição, tínhamos um presidente eleito, o malefício causado pela ditatura militar, não foi somente em relação a nós militantes, mas também ao povo . Tribos inteiras foram dizimadas, o ensino se tornou uma coisa deplorável. Então, eu gostaria de registrar que nós não éramos terroristas. Éramos cidadãos com direito e o dever de lutar contra essa ditadura. Eu fui presa no dia 25 de janeiro de 1972, meio dia e dois minutos, na Rua Rainha Guilhermina, Leblon, Guanabara, Rio de Janeiro. Fui agarrada por vários homens e, de imediato me jogaram em um opala branco. É uma das poucas lembranças nítidas que eu tenho. Jogaram-me no chão, colocaram um capuz preto, e já começaram a me dar pontapés. Eu permaneci na Guanabara do dia 25 de janeiro ao dia 28, metade da manhã. Durante esse período, eu não fui para cela nenhuma. Logo que eu cheguei, passei pelo corredor polonês em que levava pancadas, telefone, caía, aí eles me levantavam. Eu tinha cabelo cumprido e eles me levantavam pelo cabelo, e em seguida me levaram para a cela de tortura e lá eu permaneci esses dias entre sala de tortura e geladeira. Portanto, eu não conheço as celas desse local onde eu fiquei no Rio de Janeiro. ( .. .)CNV: A notícia do tiroteio teria ocorrido no Rio de Janeiro? A Sra. Darci Toshiko Miyaki - (. .. ) . Eu fiquei presa no DOI-CODJ, sequestrada no DOI-CODI do dia 28 de janeiro ao dia 06 ou 1 O de agosto de 1972. Durante algumas semanas eu fui torturada, e fui torturada pelo Capitão Ubirajara também. Por que eu digo isso? Havia três equipes de interrogatório e tortura. A equipe A, B e C. O Capitão Ubirajara, eu não posso afirmar categoricamente, mas ele fazia parte da equipe B. Veja, eu fui torturada pelas três equipes, não uma vez, não duas vezes, mas muitas e muitas vezes. Eu não fui torturada sete meses não, essa tortura mais violenta até dia 20 de fevereiro mais ou menos. Por que eu tenho essa data fixa na minha mente? Porque infelizmente os companheiros da MOLIPO do Movimento Revolucionário, eles começaram a ser presos mais ou menos nesse período. A urgência dos torturadores era de interrogar os companheiros recém-presos. A minha tortura passou a ser menos diária( ... ) CNV: E esse foi o seu primeiro contato com o capitão Ubirajara? A Sra. Darci Toshiko Miyaki: Não, eu já tinha sido torturada por ele antes, pela equipe dele e pessoal­mente por ele. CNV: De que forma se deu essa tortura? Qual foi a conduta dele? A Sra. Darci Toshiko Miyaki : Choques elétricos no ouvido, nos dedos dos pés, e das mãos, muito choque na vagina, muito. Para nós mulheres, e para os companheiros também, é uma coisa muito violenta eu já relatei esse fato. É algo não, é nem nojento, descrever o que significa para uma mulher, um torturador introduzir o dedo com um fio elétrico na sua parte mais íntima. Isso me marcou muito, me marcou tanto que eu quero registrar que eu tive muita hemorragia oral e vaginal e fui levada umas duas ou três vezes para o Hospital das Clínicas. Eu me tornei uma mulher estéril, e depois que eu saí da cadeia, do hipódromo, eu tentei um relacionamento com um companheiro, infelizmente não deu certo, porque o ato sexual desculpe, mas é algo muito íntimo e é duro falar sobre isso, mas, eu acho que tem que ser registrado. Por mais que me doa falar, mas teu tenho que falar. O ato sexual se tornou muito difícil para mim. O que eu posso dizer é que eu me tornei uma mulher estéril e sem com-

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panheiro. (. . .)A Sra. Darci Toshiko Miyaki - Uma coisa que me intrigou muito qflll ~ o Capitão Ubirajara há de lembrai: Eu não entendia o porquê eles enrolavam metb'AB AE~ tornozelo com trapo, um pedaço de cobertor. Isso para me pôr na cadeira do dragão . Molhavam a cadeira com água, te amarravam, fixava o seu braço e o corpo. E os meus pés eram colocados atrás de uma ripa de madeira. Posteriormente eu soube que aquelas alças que prendiam os pés, tinham quebrado. Então não foi só o meu pé que ele enrolou não, que eles enrolaram, mas de vários companheiros, só que na época eu não entendi isso. Só muitos anos depois que eu soube a razão. ( ... )" (pág.l) .

a.2) Portaria do Ministério da Justiça N° 1.289, de 29 de Junho de 2012, referente ao Processo da Comissão de Anistia N°. 2010.01.66457

"(. .. ) O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso de suas atribuições legais, com fulcro no artigo 1 O da Lei nº 10.559, de 13 de novembro de 2002, publicada no Diário Oficial de 14 de novembro de 2002 e considerando o resultado do julgamento proferido pela Comissão de Anistia, na 2ª Sessão de Turma <J.a Caravana da Anistia, na cidade de São Paulo/SP, realizada no dia 09 de março de 2012, no Requerimento de Anistia nº. 2010.01.66457, resolve: Declarar DARCI TOSHIKO MIYAKI (. . .), anistiada política, con­ceder reparação econômica, de caráter indenizatório, em prestação mensal, permanente e continuada, (. . .) com efeitos retroativos da data do julgamento em 09.03.2012 a 19.01.2005, (. . .)e contagem do tempo, para todos os efeitos, do período compreendido de 01.11.1968 a 24.10.1979, nos termos do artigo l°, incisos I, II e III da Lei nº 10.559, de 2002." (D.O. U., de 14 de novembro de 2002)

b) George Benigno Duque Estrada

Brasileiro, nascido em 1° de setembro de 1934, jornalista. Foi preso em 1975, em São Paulo e encaminhado ao DOI do II Exército, em São Paulo, onde foi torturado .

b.l) Processo da Comissão de Anistia N° 2001.02.01517 - Excerto

"( .. .) GEORGE BENIGNO JATAHY DUQUE ESTRADA, REQUER PRE­FERÊNCIA para a análise e deferimento do pedido, fls. com base no inciso da Portaria 447 que a admite, no caso de grave condição de saúde. E o caso do Requerente: tendo sido torturado pelo DOI-CODI, preso ao lado do jornalista VLADIMIR HERZOG, assassinado, com simulação de enforcamento, no dia 25 de outubro de 1975, a sequela, das condições, do encarceramento e tortura,

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

está descrita nos documentos firmados por dois médicos de alta competência, e, comprovada honestidade( ... )". (jl .. 190) .

b.2) Processo da Comissão de Anistia N° 2001.02.01517 - Excerto do Parecer

"(. .. ) Declarar GEORGE BENIGNO JATAHY DUQUE ESTRADA, anis­tiado político, concedendo-lhe reparação econômica, de caráter indenizató­rio, em prestação mensal, permanente e continuada, correspondente (. . .) nos termo do artigo 1 º,incisos I e II da Lei nº 10.559, de 2002 (. . .) (jl.193)."

• MORTES DECORRENTES DE TORTURAS

a) Joaquim Alencar De Seixas

Nasceu em 21 de janeiro de 1922, em Bragança (PA), filho de Maria Pordeus de Alencar Seixas e Estolano Pimenta de Seixas. Militante do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), foi preso em São Paulo, em 16 de abril de 1971, junto com seu filho Ivan, de 16 anos. Joaquim e o filho foram conduzidos a 37ª DP, onde as torturas começaram no pátio do estacionamento. Pai e filho foram depois conduzidos às dependências do DOI do II Exército, em São Paulo, onde Joaquim Alencar Seixas foi morto sob torturas, em 17 de abril de 1971.

a.l) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos Nº 021/96 -Excertos

"( .. .)Joaquim Alencar de Seixas foi preso junto com seu filho Ivan, na Rua Vergueiro, altura do nº 9000, no dia 16 de abril de 1971. Do local da prisão, ambos foram levados para a 37ª Delegacia de Polícia, que ficava na mesma rua Vergueiro, altura do nº 6000, onde foram espancados no pátio do esta­cionamento, enquanto os policiais trocavam os carros usados para o esquema de prisão. De lá foram levados para o DOIICODI, que a essa época ainda se chamava Operação Bandeirantes - OBAN. No pátio de manobras da OBAN, pai e filho foram espancados de forma tão violenta, que a algema que prendia o pulso de um ao outro rompeu-se. Dessa sessão de espancamento, ambos foram levados para a sala de interrogatórios, onde passaram a ser torturados um defronte ao outro. Nesse mesmo dia, sua casa foi saqueada e toda sua família presa. No dia seguinte, 17 de abril de 1971, os jornais paulistas pu­blicavam uma nota oficial dos órgãos de segurança, que dava conta da morte de Joaquim Alencar de Seixas em tiroteio. Em realidade, Seixas estava morto

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só oficialmente, pois nessa mesma hora se desenrolavam torturas horríveis, G A B ,\E.~ o que pôde ser constatado por seu filho Ivan, sua esposa Fanny e suas duas filhas, leda e Iara, presas na noite anterior. Por volta das 19 horas desse dia, Seixas foi finalmente morto. (págs. 27 e 28) .

"( .. . )Das provas anexadas cópia da primeira folha de documento localiza­do no arquivo do DOPS!SP, com a qualificação de Seixas, em papel timbrado do Ministério do Exército, Quartel General CODIIII Ex (OB) - DOI, onde lê-se: primeiras Declarações que presta Joaquim Alencar de Seixas à Equipe de Interrogatório Preliminar 'B', das 10:00 hs às 11.30 hs, do dia 16 de abril de 1971, com a referência do local de prisão, como sendo o informado no Dossiê: Rua Vergueiro, altura do n º 9000, prisão essa efetuada pela Equipe B-4.( .. .)" (pág.30)

a.2) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos N° 021/96 -Excertos do Parecer

"( ... )A comprovação da prisão, junto ao filho, na época com apenas 16 anos e torturado junto ao pai, seria suficiente, mas inquestionável se toma ao examinar-se a foto de Seixas e as provas apresentadas no laudo técnico que, mesmo após tantos anos, consegue provar que Joaquim Alencar de Seixas foi torturado até a morte. E, portanto, favorável o parecer quanto a inclusão do nome de Ivan Akselrud de Seixas entre os beneficiários pela Lei 9.140, devido ao assassinato de seu pai, Joaquim Alencar de Seixas, morto sob torturas no DOI!CODI de São Paulo". (Pág. 30)

( .. .) Diante desses fatos o Estado brasileiro reconheceu a morte em decor­rência de tortura do preso político Joaquim Alencar de Seixas:

"PROCESSO Nº 021/96, de 17101/96: A Comissão Especial dos Desapa­recidos Políticos reconheceu e o incluiu nos beneficiados pela Lei 9.140/95 (Ata CEDEP as fls. 31). A publicação no D.O.U. de 25.01.96, descreve-o da seguinte forma: '70AQUIM ALENCAR DE SEIXAS, brasileiro, casado, nas­cido em Braganca (PA),filho de Estalaria Pimenta de Seixas e Maria Pordeus de Alencar Seixas, (morto em 1971)(. .. )" (pág. 32)

b) Hélcio Pereira Fortes

Filho de Alice Pereira Fortes e José Ovídio Fortes, nasceu em Ouro Preto, em 24 de ja­neiro de 1948. Hélcio foi um dos dirigentes da organização CORRENTE, em Minas Gerais, depois

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se incorporou à Ação Libertadora Nacional, em 1969. Preso em 22 de janeiro de 1972, foi levado para o DOI do I Exército do Rio de Janeiro, em seguida para o DOI do II Exército, em São Paulo, onde morreu sob torturas .

b.l) Depoimento de Darci Toshiko Miyaki prestado à Comissão Nacional da Verdade em Audiência Pública em São Paulo, em 12 de dezembro de 2013

"( ... )No dia 28 de janeiro, eu e o companheiro Hélcio Pereira Fortes, fomos tra­zidos para São Paulo. Antigamente, as viagens levavam mais tempo, mas no dia 28 de janeiro, já era anunciada a morte "em tiroteio" do companheiro Hélcio Pereira Fortes. Não é verdade. Ele estava comigo na mesma viatura sendo trazidos do Rio de Janeiro para São Paulo, então eu quero registrar esse fato. Essa notícia foi divulgada tanto pela mídia falada quanto televisiva. Logo que chegamos ao DOI-CODI de São Paulo, Hélcio e eu fomos levados para a sala de tortura. Cada um em uma sala . Nos intervalos da minha tortura, eu ouvia os gritos do Élcio, por mais de uns dois dias, a gente perde a noção. Por mais uns dois dias, eu ouvi o Élcio sendo torturado, portanto, eu gostaria que retificassem a data do assassinato dele. Ele não morreu no dia 28 de janeiro, provavelmente ele morreu entre o dia 30 ou 31 de janeiro ( ... )."

"(. . .) CNV: A notícia do tiroteio teria ocorrido no Rio de faneiro?A Sra. Darci Toshiko Miyaki: Não. A notícia é que o tiroteio teria ocorrido aqui em São Paulo. E essa notícia foi dada e eu quero deixar muito assinalado esse fato. Essa notícia foi dada enquanto nós estávamos em trânsito da Guanabara para São Paulo, então é uma farsa terrível. A família do Hélcio veio a São Paulo, veio buscar o corpo dele, e declarada para os familiares que ele já tinha morrido em um tiroteio e já tinha sido enterrado. Gente, ele estava ali a poucos metros sendo torturado. Esse é um registro que eu gostaria de fazer, e é uma acusação que eu faço formalmente ( .... ) Eu quero retornar um pouquinho ao fato do Hélcio. Enquanto nós estávamos sendo tortu­rados, exatamente esse Capitão Ubirajara entrou na sala e me disse o seguinte: "O Hélcio está sendo empalado". Aquilo ficou na minha mente. CNV: Isso que a senhora fala, deve ter ocorrido dia 29 ou 30 de janeiro. A Sra. Darci Toshiko Miyaki: Prova­velmente dia 29 ou 30 de janeiro e registro o porquê eu vi e quando eu ouvi os gritos do Hélcio. Quando você está gritando, você não ouve grito de ninguém, é a sua voz, é o seu grito que sai, mas havia alguns intervalos quando eles me faziam perguntas, aí é que eu ouvia os gritos do Hélcio. Eu afirmo categoricamente que o Hélcio esteve sequestrado, foi torturado e morreu no DOI-CODI. Ele morreu na solitária. CNV: Como a senhora identifica a voz do Hélcio? Como a senhora sabia que era ele que gritava? A Sra. Darci Toshiko Miyaki: Nós militamos juntos em primeiro lugar. A voz é diferente do grito, mas na ocasião, estávamos só nós dois. Não tinham outros sendo torturados. Aliás, eles não faziam questão de esconder, porque provavelmente eu seria executada também. Daí porque eu identifico e afirmo que era o Hélcio Pe­reira Fortes. CNV: E o capitão Ubirajara, nesse diálogo que teve com a senhora, 29 ou 30 de janeiro, foi que confirmou que era o Hélcio. A Sra. Darci Toshiko Miyaki "Sim, eles sabiam que tínhamos sido trazidos juntos" (pág.2).

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

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b.2) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desparecidos Políticos N° 070/96 -Excerto

"( .. .)A Comissão Especial criada pela Lei nº 9.140, d e 04 de dezembro d e 1995, no uso da atribuição estabelecida no inciso III do art. 4o, do citado Diploma Legal, RESOLVE:

Deferir o requerimento formulado por ALICE PEREIRA FORTES, com base no art. 1 O e seus parágrafos, mãe de HÉLCIO PEREIRA FORTE S, conforme avaliação da documentação constante do Processo nº 070/96 , de 02/02/96. Em decorrência, a requerente poderá receber indenização a titulo reparatório( ... ), conforme dispõe o art. 11 da referida Lei, após publicação de Decreto do Senhor Presidente da Republica" (pág. 69 ).

c) Antonio Benetazzo

Natural de Verona na Itália, Antonio nasceu em 01 de novembro de 1941, filho de Giu­lietta Sguazzardo Benetazzo e Pietro Benetazzo. Foi presidente do Centro Acadêmico do Curso de Filosofia e um dos dirigentes da organização MOLIPO - Movimento de Libertação Popular. Foi preso em 28 de outubro de 1972 em São Paulo .

c.l) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desapercidos Nº 0261/96 - Excerto

"( .. .) A versão oficial da morte de Antonio Benetazzo esta contida num papel sem timbre, impresso 'SECRETO', encontrado nos arquivos do antigo DOPS!SP, onde se lê: "Terroristas mortos (MOLIPO)'', sendo citados três nomes, e o primeiro deles o de Antonio, com a seguinte versão: 'f\.o 'cobrirem' ponto atirou-se sob as rodas de um caminhão, na Rua f oao Boemer. "Na realidade, Antonio Benetazzo foi preso no dia 28/10/72, ao entrar na Resi­dência de Rubens Carlos Costa, que havia sido preso, a Rua Luiz Pinto,279, Vila Carrão. Imediatamente foi levado ao DOI!CODI-SP, onde foi torturado até a morte, no dia 30/10/ 72." (pág.16)

c.2) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos N° 0261 /96 - Excerto

"( .. . )A Comissão Especial criada pela Lei nº 9.140, de 04 de dezembro de 1995, no uso da atribuição estabelecida no inciso III do art. 42, do citado Di­ploma Legal, RESOLVE: Deferir o requerimento formulado por NORDANA

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

BENETAZZO, com base no art. 1 O e seus parágrafos, IRMA de ANTONIO BENETAZZO, conforme avaliação da documentação constante do Processo nº. 0261/ 96, de 02/04/96. Em decorrência, a requerente poderá receber inde­nização a título reparatório a importância ( .. .) conforme dispõe o art. 11 da referida Lei, após publicação de Decreto do Senhor Presidente da Republica ( ... )"(pág. 45) .

d) Arnaldq Cardoso Rocha

Filho de Annete Cardoso Rocha e de João de Deus Rocha, nasceu em 28 de março de 1949, Belo Horizonte, Minas Gerais. Militante da ALN (Ação Libertadora Nacional). Em 1971, foi preso em São Paulo e levado para o DOI do II Exército, local aonde veio a falecer decorrente de torturas, antes de completar 24 anos de idade .

d.l) Processo da Comissão de Anistia Nº 255/96- Excertos

''No que concerne à versão apresentada pelo DOI-CODI sobre a morte do Anistiando e seus dois companheiros de militância como sendo decorrência de "tiroteio que travaram com os "órgãos da repressão" assinada pelo então Major Carlos Alberto Brilhante Ustra (fi. 186), vale salien~ar que tal versão não encontra respaldo nos documentos carreados aos autos, uma vez que há elementos de convicção de que o Anistiando foi capturado e preso antes de ser executado". (pág. 697) .

"Convém ressaltar que existem relatos de ex-agentes do regime ditatorial sobre a prática de simular as execuções dos militantes como reações a tiro­teios". (pág. 699) .

''Apesar da vagueza do Exame de Corpo de Delito sobre a morte do Anis­tiando, este laudo evidencia mais um indício da captura e execução do Anis­tiando, pois se infere que instintivamente tentou se defender ao ser alvejado . Portanto, depois de acurado exame do acervo probatório constante dos autos depreende-se que a versão dos órgãos de repressão sobre a morte do Anistian­do afigura-se inverídica". (pág. 699) .

''Ademais, cabe salientar que atitudes de resistência como a do Sr. Arnaldo Cardoso Rocha, agregadas a outras de mesma estirpe, foram fundamentais no sentido de propiciar o restabelecimento da democracia no nosso país. Por­tanto, ainda que transcorridos 30 (trinta) anos da insidiosa perseguição ao Anistiando, cabe ao Estado brasileiro reparar e registrar os erros e arbitrarie-

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dades cometidas em desfavor desse valoroso cidadão brasileiro, para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça (. .. )". (pág. 701) .

d.2) Processo da Comissão de Anistia N° 2012.01.71093 - Excerto do Julgamento

'f:l.nte o exposto, com base na Lei 10.559, de 13.11.2002, opino pelo DE­FERIMENTO do pedido". (pág. 703 ) .

Excerto do resultado do julgamento proferido pela comissão de anistia reali­zada na cidade de Belo Horizonte/MG no dia 30 de novembro de 2012, proferido pelo Ministro do Estado da Justiça, resolve:

"Declarar anistiado político ''post mortem" ARNALDO CARDOSO ROCHA, filho de ANNETTE CARDOSO ROCHA, nos termos do artigo 1 º, inciso 1, da Lei nº 10.559, de 13 de novembro de 2012". (pág. 717) .

d .3) Análise Pericial dos Elementos Materiais Extraídos dos Laudos Necroscópico e da Exumação de Arnaldo Cardoso Rocha pela Equipe Pericial da Comissão Nacional da Verdade .

Resultados da exumação realizada em agosto de 2013 .

Mais de 30 feridas nos ossos, sendo três delas produzidas por entradas de projéteis expelidos por arma(s) de fogo na cabeça, com duas delas típicas de execução e localizadas na sua região parietal esquerda;

Recuperados 6 projéteis expelidos por arma(s) de fogo no interior do seu caixão: um de calibre 45 e cinco de calibre compatível com 9mm;

Constatação de infiltrados hemorrágicos na superfície óssea, notadamente dos ossos dos pés, das mãos e da perna esquerda, caracterizando que essas regiões sofre­ram traumas contundentes com energia e repetições consideráveis .

Tecido cerebral conservado - conclusões derivadas - inundação da cova ocorreu em época próxima do enterro (1973) e os achados são extremamente confiáveis, pois o tecido cerebral é um dos primeiros a se decompor e como está preservado mostra que os demais também estão preservados; e

Distribuição simétrica das feridas nos lados do corpo .

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Das Conclusões .

Determinantes:

1 - Disparos realizados com trajetória descendente - cima para baixo - na cabeça e clavícula direita, típicos daqueles verificados em execuções .

2 - A distribuição das feridas de forma simétrica no corpo causaria extrema dor e debilidade física e só poderia ter sido produzida com o corpo imobilizado ou contido, em ação comumente vinculadas a casos de tortura, segundo a bibliografia forense;

3 - Reforça a probabilidade de ocorrência de tortura a presença de infiltrado hemorrágico em diversos ossos do corpo, produzidas por ação contusa, com usos de múltiplos instrumentos - arma de fogo e objetos contundentes; e

4 -As feridas nas mãos e pés pode caracterizar um tipo de tortura definido como "falangá', que é a agressão repetida de mãos e pés, com o uso de objetos contun­dentes - barras de ferro, bastões, cassetetes -, que podem causar sérios danos no corpo .

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Vista Frontal Vista Lateral

Sugestivas:

1 - Foi possível sugerir, com base nos grupamentos definidos anteriormente, duas posições prováveis em que esteve Arnaldo Cardoso Rocha. Uma delas, conhecida como "suspensão de açougue", seria de pé com os membros parcialmente abertos. A outra seria com o seu corpo em um plano inferior ao do(s) atirador(es), em posição que poderia ser: sentado, ou de joelhos ou até mesmo deitado no chão; e

2 - Arnaldo Cardoso Rocha pode ter ficado nas posições citadas no slide anterior em diversos momentos, sofrendo os ferimentos verificados em seu corpo, ou até mesmo pode ter assumido posições intermediárias àquelas ilustradas nessa análise .

Considerações finais

Durante a exumação foram observadas mais de 30 feridas (contusas e pérfuro­-contusas) na estrutura óssea de Arnaldo Cardoso Rocha, enquanto o legista verificou apenas sete feridas produzidas por projéteis expelidos por armas de fogo. Inclusive, o Laudo de Necropsia deixou de descrever duas feridas observadas na cabeça características de terem sido produzidas de forma intencional em ação típica de execução. Além disso, essa ausência de descrição na necropsia impediu a materialização de diversas feridas no

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corpo de Arnaldo Cardoso Rocha, que a época, já poderiam caracterizar a ocorrência de ~ tortura, reforçada pela distribuição simétrica das feridas .

4. DESTACAMENTO DE OPERAÇÕES DE INFORMAÇÕES DO IV EXÉRCITO EM

PERNAMBUCO (DOI/IV EX)

• MORTES DECORRENTES DE TORTURAS

a) José Carlos Novaes da Mata Machado

José Carlos nasceu no Rio de Janeiro, em 20 de março de 1946. Estudante de Direito da UFMG, foi presidente do Centro Acadêmico Afonso Pena e vice-presidente da UNE. Foi também dirigente da Ação Popular Marxista Leninista-APML. Foi preso em São Paulo, no dia 19 de outubro de 1973 e morto no dia 28 de outubro de 1973, em Recife, no DOI-CODI/PE .

a.l) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos Nº 022/ 96 -Depoimento de Rubens Manoel Lemos - Excertos

(. .. )O depoimento de Rubens Manoel Lemos, afirma que: "Na condição de preso político, torturado e vítima da ditadura militar, nas mesmas dependên­cias do DOI-CODI, Recife, Pernambuco, compete-me dizer o seguinte: levado que fui, àquele período e momento, para uma sessão de torturas, encontrei um jovem, de cuecas, sangrando pela boca e ouvidos que, debruçado sobre uma mesa, tendo ao lado um outro jovem que me pareceu já estar morto, dirigiu-se a mim, com extrema dificuldade e falou: "Companheiro, meu nome é Mata Machado. Sou dirigente nacional da AP. Estou morrendo. Se puder, avise aos companheiros que eu não abri nada. Isto foi o que vi e ouvi e rea­firmarei diante de qualquer instância, seja ela de ordem político-congressual, jurídica ou militar. (pág. 40)"

"( ... ) Na oi tiva de testemunhas feita pela Secretaria de Justiça do Esta­do de Pernambuco que presenciaram a morte de Mata Machado e Gilda . Em seu depoimento, Carlucio de Souza Júnior, afirma: "Que o depoente foi preso em data de 18.1O.73, quando saía de sua residência ( .. .) Que foi leva­do encapuzado para as dependências do DOI-CODI, que posteriormente veio a saber ficavam localizadas na sede do quartel do Exército, ao lado da

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Faculdade de Direito. Quando lá se encontrava o depoente, assistiu qua::dJ'ü' : chegaram vários companheiros, algemados, encapuzados, as mãos para trás; GAB P.~'?-­lembra-se muito bem o depoente que teve conhecimento que os companheiros Mata Machado e Gilda se encontravam permanentemente na sala de inter-rogatório e que uns três dias depois da chegada deles, nem o depoente e os seus companheiros não conseguiam dormir com os gritos que vinham dessa sala de interrogatório; e que na madrugada do dia 27 de outubro de 1973 o depoente fora algemado com as mãos para trás e encapuzado e levado a essa mesma sala de interrogatório; lembrando-se o depoente, como se fosse hoje, o cheiro horripilante de creolina que se misturava com vômito, fezes e sangue. E naquele momento o depoente pode ouvir gemidos já enfraquecidos dos maltratas sofridos na noite anterior, vindo a saber logo após se tratar dos companheiros Gilda e Mata Machado; no dia seguinte, mudara a rotina por completo dos depoimentos tomados no DOI-CODI, onde era percebido por todos um silêncio que causava estranheza, quando vieram a saber que seus companheiros Mata Machado e Gilda estavam mortos. O depoente tem certeza contundente de que seus companheiros presos no DOI-CODI vieram a morrer pelos maus tratos físicos e psicológicos causados pelos torturadores . Que no dia 1° de novembro de 1973, o depoente foi posto em liberdade, ando veio a tomar conhecimento pela imprensa que seus companheiros teriam sido mortos em troca de tiros com outros companheiros na Avenida Caxanga, o que consternou e indignou o depoente a farsa apresentada. ( ... )" (págs. 41 a 43).

"(. . .)Custódio Feitoza Amorim, declara: ''que no dia 04.10.73, pelas 14h, quando se dirigia ao trabalho da Operação Esperança, dirigido por Dom Hel­der Câmara, foi preso, encapuzado por elementos que se identificaram como sendo da polícia federal e conduzido por eles às dependências do quartel do 4° Exército; esclarece o depoente que tem ciência de que se encontrava nas dependências do quartel do 4° Exército, mediante informações colhidas entre os companheiros detidos, que no local onde se encontrava detido, ele que era estudante de direito, podia ouvir o som inconfundível do relógio da Faculdade de Direito, localizado em sua torre; que permaneceu neste local por muito tempo sendo submetido intermitentemente a sessões de torturas, que quando ele, depoente ia a essas seções de torturas era antes algemado e colocada uma venda nos olhos, a qual era de borracha; que foi o depoente submetido a cho­ques elétricos nos órgãos genitais e ouvidos, isso ocorreu durante os primeiros nove dias, que depois do nono dia, foi dependurado e tendo permanecido nessa posição cerca de três dias, sem qualquer tipo de alimentação; quando saia era para ser interrogado sob tortura (. . .) que por volta do dia 20 do ci­tado mês de outubro, o depoente declara que foram detidos em dependência vizinha a sua 8 estudantes de medicina, com os quais conversava ( .. .) e que estes estudantes afirmavam que também Mata Machado estava sob tortura e

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que possivelmente levaria à morte, pois suas condições eram muito precárias; GABA.€.~ que lembra desses fatos porque ocorreram no dia anterior ao seu aniversário, que é no dia 27 ( ... )." (págs. 44 e 45)

"( .. .) A seguir, o depoimento de Marcelo Sérgio Martins Mesel, que declara: ''que no dia 22 de outubro de 1973, quando era sextanista da Faculdade de Medicina da UFPE, juntamente com minha companheira e outros amigos residentes em outros apartamentos do mesmo prédio, ( ... )fomos encapuzados e presos clandestinamente, e levados para um lugar que os carcereiros chama­vam de DOI-CODI, num local perto da Faculdade de Direito, pois ouvíamos o sino de seu relógio, só sendo solto no dia 15 de novembro do mesmo ano; que quando era interrogado, sempre através de tortura, o que mais me per­guntavam era a respeito das atividades de José Carlos Mata Machado ( .. .) que apesar de não ter visto Mata Machado nas dependências do DOI-CODI, era sabido por todos que ali estavam aprisionados que o mesmo ali se encontra­va preso, e que Fernanda Gomes de Mattos Mesel e Malania, tinham visto o mesmo nas dependências do DOI-CODI ( ... )". (pág. 46)

a.2) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos Nº 022/ 96 - Excerto do Parecer

"( ... )A Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu e o in­cluiu nos beneficiados pela Lei 9.140/95 (Ata CEDEP as jls. 192). A publica­ção no D.O.U de 25.01 .96, descreve-o da seguinte forma: "JOSÉ CARLOS NOVAES MATA MACHADO, brasileiro, casado, nascido a 20 de marco de 1946 na cidade do Rio de Janeiro (RJ), filho de Edgar Godoi Mata Machado e Yedda Novaes Mata Machado, (morto em 1973 )". Brast1ia, 19 de novembro de 1996 ( ... )". (pág. 201) .

b) Gilda Macedo Lacerda

Nasceu em 08 de julho de 1949, em Ituiutaba, Minas Gerais. Foi militante da Ação Popu­lar Marxista Leninista - APML. Foi preso no dia 22 de outubro de 1973, no Rio de Janeiro. Trazido para o DOI do IV Exército de Recife, foi morto em 28 de outubro de 1973 .

b.l) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. N° 023/96 -Depoimento de Oldack de Miranda

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"( .. .) Oldack de Miranda declara: Que no dia 22 de outubro de 1973, numa segunda-feira, foi preso, no bairro do Bonfim, nesta cidade de Sal­vador-Bahia, sendo levado para as dependências da Policia Federal Neste mesmo dia, foram presos Mariluce Moura e Gilda Macedo Lacerda, entre outros detidos, e ficamos todos esperando na mesma sala. No dia seguinte, terça-feira, 23 de outubro, pela manhã, eu, Oldack de Miranda e Gilda Ma­cedo Lacerda fomos transferidos para o Quartel do Barbalho. Neste local fomos interrogados por nossas atividades políticas, quando eu voltei para a

cela vizinha à de Gilda Macedo Lacerda, ele era retirado e seguia para inter­rogatório. No dia 25 de outubro, quinta-feira, ele foi retirado da cela e não mais retomou. Gilda Macedo Lacerda estava com uma ferida nos pés e era empurrado pelos militares porque quase não conseguia andar, (. .. ) Nos dias seguintes, continuei sendo interrogado e num desses dias, não sei precisar qual, os militares, em pleno interrogatório, me disseram que tinham matado José Carlos Mata Machado e Gilda Macedo Lacerda. "(pág. 33)

(. . .)Em seu depoimento, Carlucio de Souza Junior, preso em 18 de outubro de 1973, em Recife, e levado ao DOI-CODI, situado no Quartel do Exército, ao lado da Faculdade de Direito, declara que: "( ... )Quando lá se encontrava o depoente em dependências do DOI-CODI, este assistiu quando chegaram vários companheiros, algemados, encapuzados, as mãos pra trás, lembra-se muito bem o depoente que teve conhecimento que os companheiros Mata Machado e Gilda se encontravam permanentemente na sala de interroga­tório e que uns três dias depois da chegada deles, nem o depoente e nem os companheiros não conseguiam dormir com os gritos que vinham dessa sala de interrogatório; e que na madrugada no dia 27 de outubro de 1973, o depoente fora algemado com as mãos para trás e encapuzado e levado a essa mesma sala de interrogatório; lembrando-se o depoente, como se fosse hoje, o cheiro horripilante de creolina que se misturava com vômito, fezes e sangue. E naquele momento, o depoente pode ouvir gemidos já enfraquecidos dos martírios sofridos na noite anterior, vindo a saber logo após se tratar dos companheiros Gilda e Mata Machado; no dia seguinte, mudara a rotina por completo dos depoimentos tomados no DOI-CODI, onde era percebido por todos um silêncio que causava estranheza, quando vieram a saber que seus companheiros Mata Machado e Gilda estavam mortos.( ... )" (pág. 34 a 40) .

b.2) Proceso da Comissão Especial Sobre Mortos e Desparecidos Políticos - Processo Nº 023/96

"(. .. )Voto: "Estando plenamente comprovado que Gilda Macedo Lacerda foi peso e torturado até a morte pelos órgão de segurança, sendo falsa a versão de sua morte em tiroteio, deve esta Comissão Especial acolher o pedido de

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~Rui>: /,...) {' seus familiares. A fim de poder entregar a família os restos mortais de Gilda, dlf deve esta Comissão diligenciar no sentido de encontrá-lo dentre as ossadas existentes em vala comum ao Cemitério Parque das Rores, em Recife. É re­comendável que se ouça, igualmente, o depoimento do Bacharel Jorge Tasso de Souza, que recebeu e enviou os corpos para sepultamento, a fim de poder, inclusive, esclarecer a existência de um terceiro corpo, que pode vir a ser de um desaparecido político" (pág.65)

'li Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu e o incluiu nos beneficiados pela Lei 9140/95 (Ata CEDEP, fls.53) D.O. U. de 25.01.96, descreve-o da seguinte forma: Gilda Macedo Lacerda, brasileiro, nascido a 08 de julho de 1949, em Ituiutaba-MG,filho de Agostino Nunes Lacerda e Justa Gracia Macedo Lacerda (morto em 1973)". (pág.68).

5. QUARTEL DO 12° REGIMENTO DE INFANTARIA DO EXÉRCITO EM MINAS

GERAIS

Localização: Rua Tenente Brito Melo, s/n., Barro Preto. Belo Horizonte, Minas Gerais .

• PRESOS TORTURADOS

a) José Antônio Gonçalves Duarte

José Antônio Gonçalves Duarte foi preso em 03 de julho de 1969 em Belo Horizonte, e conduzido ao Quartel do 12° Regimento de Infantaria do Exército, no qual foi submetido à tortura.

a.l) Processo da Comissão Especial de Indenização às Vítimas da Tortura N° 084- Excerto do Parecer

"(. . .) o depoimento prestado no Inquérito não correspondeu absolutamente à verdade mesmo porque quem é submetido à tortura por vários meses não tem estado de consciência para declarar o que nele se contém, principalmente como ao interrogado, que resistiu por meses, mas, em outubro do ano pas­sado, depois de duas horas de tomar choques elétricos, eletricidade gerada pelos conhecidos telefones de campanha cometeu a indignidade de assinar o depoimento que era imposto( ... )"

"( ... )foi torturado e espancado pelo Encarregado do Inquérito Capitão João Alcantara Gomes, pelo escrivão do mesmo Inquérito, Marcelo Araújo,

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pelo Cabo Dirceu e por um aluno do Colégio Militar cujo nome o interroga- GA i::~ do não sabe e por um policial da Delegacia de Furtos e Roubos cujo nome é

8 ~ -Pereira; que causou estranheza ao interrogado um aluno do Colégio Militar a título de prestar estágio no IPM participar de uma coisa infame como a infringência de torturas a um ser humano (. .. )"

a.2) Processo da Comissão Especial de Indenização às Vítimas da Tortura Nº 084 - Excerto do Parecer

"Enfim, para nós, resta evidente a comprovação dos elementos em que se respalda esta Comissão para o deferimento do pedido de indenização; ou seja,foi o cidadão JOSÉ ANTÔNIO GONÇALVES DUARTE, no período da ditadura militar, por razões unicamente políticas, perseguido, aprisionado e torturado, sob todas as formas, por agentes do Estado, do que lhe restaram inúmeras perdas e abalos materiais,físicos e psicológicos (. .. )"

b) Clodesmidt Riani

Clodesmidt Riani foi líder sindical e deputado estadual em Minas Gerais. Teve seu man­dato de deputado cassado em 09 de abril de 1964. Preso na Penitenciária de Ribeirão das Neves foi transferido para o 12° Regimento de Infantaria do Exército, onde sofreu torturas e testemunhou a tortura de outros presos políticos .

b.l) Processo da Comissão Especial de Indenização às Vítimas da Tortura Nº 660 - Excerto do Depoimento

"( ... )Eu, Bambirra e Dazinho fomos transferidos para o DOPS, onde foi formado o IPM que passamos a responder no 12° RI ID 4, repartição do Exército em Minas Gerais. O tratamento foi desastroso, pude ouvir os gritos de Bambirra, que estava sendo espancado dentro da cela e vi quando saiu dela com o rosto todo ensaguentado e com o tímpano arrebentado. Posteriormente foi a vez do companheiro José Gomes Pimenta, o Dazinho. Pude ouvir os gritos dele quando estava sendo espancado, mas não o tiraram da cela. Chegou a minha vez, fui tirado da cela e levado para uma sala, recebendo agressão verbal de toda a maneira: gritos, xingamentos e diziam que eu deveria ter sido mandado para São Paulo, pois o governador Adhemar de Barros já teria mandado jogar no mar muitos comunistas e outros impropérios( ... )"

b.2) Processo da Comissão Especial de Indenização às Vítimas da Tortura Nº 660 - Excerto do Parecer

INSTALAÇÃO MILITAR DA MARINHA

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"( ... )Resta evidente comprovação dos requisitos necessários e suficientes em que se respalda esta Comissão para o deferimento do pedido de indeniza- GABA E~ ção, isto é, foi o cidadão Clodesmidt Riani, preso, por razões especificamente políticas, perseguido, aprisionado e torturado, sob as formas supracitadas, por agentes do Estado, do que lhe resultou, além da precariedade e abalo físico, dano psicológicos irreversíveis. Ante o exposto e por tudo mais que do presente procedimento consta, opinamos pelo deferimento da pretensão do bravo requerente, fixando o valor da indenização, ( ... ) de acordo com o inciso III da Lei 13187/99, simbólico valor este que, obviamente, nem de longe minimiza os irreparáveis danos sofridos por Clodesmidt Riani. Belo Horizonte, 25 de junho de 2003 ( .... )À unanimidade, acolheram o pedido e, por unanimidade, fixaram a indenização( ... ), conforme parecer aprovado na Comissão Estadual de Indenização às vitimas de Tortura. Data da Sessão: 08 de Julho de 2003( .. .)

c) Delsy Gonçalves de Paula

Foi presa em junho de 1969, em Belo Horizonte e submetida a torturas físicas e psicológi­cas que se estenderam por aproximadamente 50 dias em diferentes locais. Em outubro, juntamente com todos os presos políticos do estado de Minas Gerais foi levada para a penitenciária de Linhares, em Juiz de Fora, onde permaneceu até junho de 1970 .

c.l) Processo da Comissão Especial de Indenização às Vítimas da Tortura N° 710 - Excerto do Depoimento

"( .... ) Por várias vezes, seus sobrinhos, Maria das Graças Magalhães Drumond e João Batista Magalhães Drumond - ainda menores de idade nessa época, foram detidos no 12° R.I., ora colocados em carros-patrulha do Exército ou da Polícia Militar, que rodavam pela cidade por tardes inteiras. Posteriormente, João Batista M. Drumond veio a desenvolver esquizofrenia, que se expressava muitas vezes por alucinações de perseguição policial. No dia 21/0711969, às 20hs, a declarante foi acareada com sua irmã Zuleica, pessoa humilde que, apesar de não ser filiada a nenhuma organização política se encontrava detida no 12° R.I., desde as 15:00 hs sofrendo maus tratos e humilhações durante o tempo em que se encontrou no 12° RI quanto na presença da declarante na Penitenciária Estevão Pinto( ... )".

c.2) Processo da Comissão Especial de Indenização às Vítimas da Tortura N° 710 - Excerto do Parecer

"( .. .)Resta evidente a comprovação dos requisitos necessários e suficientes em que se respalda esta Comissão para o deferimento do pedido de indeni­zação, isto é, foi a cidadã Delsy Gonçalves de Paula, no período de junho

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a COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

de 1969 a junho de 1970, por razões especificamente políticas, perseguida, aprisionada e torturada, sob todas as formas supracitadas, por agentes do Estado, do que lhe resultou, além da precariedade e abalo físico, perturbações psicológicas irreversíveis. Por estas razões e, porque assim autorizam as Car­tas que declaram e resguardam universalmente os direitos do homem, emito parecer favorável à pretensão do requerente fixando o valor da indenização ( ... ), nos termos do inciso III da Lei 13 187/99 ( ... )".

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

III INSTALAÇÃO MILITAR DA MARINHA

2.1. BASE NAVAL DE ILHA DAS FLORES NO RIO DE JANEIRO

Localização: Ilha das Flores, São Gonçalo - Rio de Janeiro .

+ PRESOS TORTURADOS

a) Marta Maria Klagsbrunn

Em 02 de setembro de 1969, Marta Maria Klagsbrunn foi presa por agentes militares do Centro de Informações da Marinha (CENIMAR) e recolhida à prisão da Ilha das Flores, onde res­pondeu a Inquérito Policial Militar (IPM). Sofreu isolamento, interrogatórios e tortura. Libertada, embarcou para o exílio no Chile, em 12 de janeiro de 1971.

a.l) Processo da Comissão de Anistia N° 2001. 02.01517 - Excerto do Depoimento

"(. .. )No dia 02 de setembro de 1969, sofreu sua primeira prisão. A prisão preven­tiva somente foi decretada no dia 01 de outubro de 1969 (jls, 22/25 e 35/37). Obteve sua soltura através de habeas-corpus no dia 16 de setembro de 1970, fls. 74, pelo que permaneceu presa por mais de um ano, sofrendo toda a sorte de torturas físicas e psicológicas. (. .. )Poucos dias após a soltura, juntamente com duas companheiras, foi sequestrada e solta nas proximidades do presídio de Bangu. Não há provas desse episódio, uma vez que conseguiram a liberdade em função do habeas-corpus obtido semanas antes.

No dia 02 de novembro de 1970, foi novamente detida (jls. 70 ), e permaneceu até o dia 12 do mesmo mês. Em virtude das inúmeras prisões e do risco de vida a que se expunha, no intuito de proteger-se, foi obrigada a sair do país solicitando asilo politico ao Chile (. .. )"(pág. 90)

a.2) Processo da Comissão de Anistia N° 2001.02.01517 - Excerto do Parecer

"( ... ) Entende-se que o requerente faz jus ao reconhecimento da condi­ção de anistiado político, bem como a indenização em prestação mensal, permanente e continuada, uma vez que desenvolvia atividade remunerada (pág.91) ( .. .)A Lei 10.559/ 02 determina que a indenização seja extensiva ao cônjuge ou companheiro/a, afastado para acompanhamento de esposo/a ou companheiro/a. No caso em tela, mistura-se a figura dos perseguidos políti­cos, torturados, asilados e banidos com a figura do acompanhante do cônjuge. (pág.92)

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a COMISSÃO NACIONAL DA VERDA DE

b) João M anoel Fernandes

João Manoel Fernandes foi preso em sua casa, em Curitiba, por agentes do DOPS do Paraná e do CENIMAR, sendo levado para o DOPS do Paraná, onde foi torturado. Em 1970, foi transferido para a Ilha das Flores onde voltou a ser torturado e testemunhou a tortura praticada em outros presos políticos.

b.l) Processo da Comissão de Anistia Nº 2001.02.01663 - Excertos do Depoimento

"Em meados de julho fui levado para o antigo Estado da Guanabara, hoje Rio de Janeiro, ficando preso na Ilha das Flores e na Ilha das Cobras, sofrendo torturas físicas e psicológicas em interrogatórios intermináveis". (pág.1.026)

b.2) Processo da Comissão de Anistia N° 2001.02.01663 - Excerto do Parecer

"(. .. ) o MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso de suas atribuições legais, com fulcro no artigo 10 da Lei nº 10.559, de 13 de novembro de 2002, publicada no Diário Oficial de 14 de novembro de 2002 e considerando o resultado do julgamento proferido pelo Plenário da Comissão de Anistia, na 14ª Sessão realizada no dia 02 de setembro de 2009, no Requerimento de Anistia nº 2001.02.01663, resolve: Indeferir o recurso interposto por JOÃO MANOEL FERNANDES (. .. ) acatar a decisão proferida pela Comissão de Anistia na 783 Sessão realizada no dia 23 de agosto de 2006, ratificar a con­dição de anistiado político, conceder reparação econômica, de caráter indeni­zatório, em prestação mensal, permanente e continuada, (. . .) em substituição à aposentadoria excepcional de anistiado político, proveniente do beneficio do INSS nº 58/114.176.391-2, sendo que, os efeitos financeiros retroativos incidi­rão somente na diferença entre o valor concedido (. .. ) e contagem de tempo, para todos os efeitos, do período compreendido de 31.12.1967 a 01.11 .1973, nos termos do art. lº, inciso I, II e III c/c art. 19 da Lei nº 10.559, de 13 de novembro de 2002 ( ... )" (D.O.U. de 14 de NOVEMBRO DE 2012) .

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a COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

IV INSTALAÇÃO MILITAR DA AERONAÚTICA

1. BASE AÉREA DO GALEÃO NO RIO DE JANEIRO

Localização: Estrada do Galeão, s/n. Ilha do Governador. Rio de Janeiro - RJ .

• PRESOS TORTURADOS

a) Alex Polari de Alverga

Alex Polari de Alverga foi detido por agentes do Departamento de Ordem Política e Social do Rio de Janeiro, em 12 de maio de 1971. No dia 13 de maio de 1971, foi transferido para a Base Aérea do Galeão onde foi submetido a torturas .

a.l) Processo da Comissão de Anistia Nº 2003.01.15080 - Excertos do Depoimento

" ( ... ) É difícil descrever o terror, o sofrimento e as humilhações que me foram infligidas durante 54 dias ininterruptos. As formas mais usuais de tortura foram os choques elétricos em diversas partes do corpo (incluindo a língua e os órgãos geni­tais), espancamentos, afogamentos, simulação de fuzilamento, privação de alimento, de água e de sono. Além disso, fui submetido a injeções de pentatal sódico (soro da verdade), interrogatórios durante as madrugadas, passeios de carro encapuzados, ameaças de retaliação a familiares e todos os tipos de pressão e tortura psicológica" . (pág. 3)

"( .. .) Não foi fácil sobreviver, ficar vivo, são e íntegro no meio deste verdadeiro inferno. Foram 54 dias de tortura inimagináveis mais um mês entre a geladeira e outras formas de tortura mais "modernas", dois anos e seis meses de confinamento e solitária, isolamento e tortura psicológica e quase nove anos de privação de liber­dade". (pág. 5)

a.2) Processo da Comissão de Anistia N° 2003.01.15080 - Excertos do Parecer

"( ... )Afirma o Requerente que em outubro de 1969,foi obrigado a aban­donar seus estudos para passar a viver na clandestinidade .

II. Em maio de 1971, foi preso pela DOPS, ocasião em que começou a sofrer torturas físicas e psicológicas .

III. Foi processado várias vezes e condenado a muitos anos de reclusão. Se­gundo Certidão do Superior Tribunal Militar (STM), foi posto em liberdade no dia 20.08.1979. IV. - Pleiteia a declaração de anistiado político e reparação econômica em prestação única .

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

V. Pelo deferimento do pedido". (pág. 25)

"Pela prova carreada aos autos, resta claro que o Postulante foi vítima de prisões e de perseguições de cunho político-ideológico.

Por todo o exposto e com base na Lei 10.559, opino pelo deferimento: a)da declaração da condição de anistiado político do Requerente - art. 1 º,

I e b) da concessão de reparação econômica em prestação única, referente ao período de 1 O (dez) anos, contados da data de seu primeiro indiciamento em IPM, dia 22.06.1970, à data em que foi posto em liberdade, dia 20.08.1979, (. . .) - arts. 1 º,II e 4º ( .. . )". (pág. 28)

"( .. .) o Ministro do Estado da Justiça, resolve: "Declarar ALEX POLAR! DE ALVERGA anistiado político, concedendo-lhe reparação econômica, de caráter indenizatório, (. .. ), nos termos do artigo 1 º, incisos I e II, da Lei nº 10.559, de 13 de novembro de 2002". (pág. 35)

b) José Roberto Gonçalves Rezende

José Roberto Gonçalves Rezende foi preso no dia 07 de maio de 1971, no Rio de Janeiro e encaminhado à Base Aérea do Galeão, onde foi torturado. Morreu em 12 de agosto de 2000, e deixou um livro-relato intitulado "Ousar Lutar'; publicado no mesmo ano .

b.l) Processo da Comissão de Anistia N° 2005.01.50959 - Excerto do Depoimento .

"Os primeiros cinco dias foram os mais difíceis não apenas pela perda de liber­dade, por entrar em uma situação desconhecida, uma novidade desagradável. É

que esses cinco primeiros dias correspondem a primeira fase da tortura. Era intensa, aniquiladora". (pag.11)

b.2) Processo da Comissão de Anistia N° 2005.01.50959 - Excertos

"( .. .) A imprescindível motivação exclusivamente política para configu­rar a perseguição política restou comprovada. A documentação trazida aos autos pela requerente (filha) corrobora a veracidade de suas alegações. Os documentos demonstram que anistiando foi militante do COLINA, Var-Pal­mares e Vanguarda Popular Revolucionária. Os documentos comprovam que o anistiando foi monitorado, preso, indiciado em IPM, torturado, processado e condenado por razão exclusivamente política".(pág. 163) .

"(. . .) Comprovada nos autos a perseguição de índole eminentemente polí-

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

tica, ensejando o direito a percepção de uma reparação econômica, nos ter­mos da Lei 10.559/2002. Assim, é lídimo consignar que a Postulante faz jus à percepção de reparação econômica de caráter indenizatório em prestação mensal, permanente e continuada correspondente ao cargo de escrevente do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. Diante do exposto e com fundamento nos artigos 1 º, incisos I e II e 2º, inciso VII, ambos da Lei 10.559, de 13 de novembro de 2002, opino pelo DEFERIMENTO do pedido para conceder:

a)Declaração de anistiado político pós morte, oficializando em nome do Estado Brasileiro o pedido de desculpas ao Sr. José Roberto Gonçalves de Rezende;

b )Reparação econôrnica, de caráter indenizatório, em Prestação Mensal Permanente e Continuada, arbitrada ( . .) em favor de Beatriz Vargas Ramos Gonçalves de Rezende e aos demais dependentes econômicos, se houver;

c) efeitos .financeiros retroativos a partir de 30/05/2005 até a data do jul­gamento, (. . .) em favor de Beatriz Vargas Ramos Gonçalves de Rezende e aos demais dependentes econômicos, se houver"; (pág. 164)

( ... )Excerto do resultado do julgamento proferido pela Comissão de Anis­tia realizada no dia 20 de junho de 2013, proferido pelo Ministro do Estado da Justiça, resolve: "Declarar anistiado político ''post mortem" JOSÉ ROBER­TO GONÇALVES DE REZENDE, filho de RELIA RIBEIRO DE REZENDE, e conceder a BEATRIZ VARGAS RAMOS GONÇALVES DE REZENDE, ( .. . )e aos demais dependentes econômicos, se houver, reparação econômica, de caráter indenizatório, em prestação mensal, permanente e continuada, ( ... ) com efeitos .financeiros retroativos a contar da data do julgamento da 19ª Sessão de Turma da Caravana da Anistia, realizada no dia 30.11.2012 a 30.05.2000, (. .. )ante a ausência de dependentes, a reparação retroativa transfere-se aos sucessores, se existir, nos termos do artigo 1 º, incisos I e II, da 0.559, de 13 de novembro de 2002." (pág. 213)

c) Adir Figueira

Adir Figueira foi Cabo na Força Aérea Brasileira, sendo designado para a Estação de Comunicação da Base Aérea do Galeão. Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, no dia 16 de abril de 2013, no Rio de Janeiro, denunciou graves violações de direitos humanos ocorridas na Base Aérea do Galeão. No mesmo depoimento ele também confirmou que, em sua rotina de trabalho, na Base Aérea do Galeão, entre os anos de 1971 e 1979, foi testemunha, por inúmeras vezes, da entrada e saída de veículos oficiais do Exército, Marinha e Aeronáutica, em cujo interior havia presos encapuzados ou carregados dentro de sacos .

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a COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

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c.1) Depoimento de Adir Figueira prestado à Comissão Nacional da Verdade - Excertos

"Fiquei preso lá na Base Aerea do Galeão. Não prisão mesmo, prisão, cela mesmo (. . .) Já tinha tortura (. . .)Ali quinze dias aproximadamente que eu fiquei naquela prisão ( .. .) o tipo de tortura ali era aquele cassetete de borracha curtindo na sola dos pés, nas costas, na cabeça, era esse tipo de tortura nesse período até aí, (. .. ), até ai não tinha essas queimadura de cigarro( ... . ) Da Polícia da Aeronáutica, eram os chamados cabeludos e barbudos do Pelotão de Investigação Criminal. Era, Pelotão de Investigação Criminal busca e captura, sob o comando do capitão, na época era primeiro tenente Dalton Antônio Dias Mosqueira, entendeu, e outros que a gente não sabia o nome, mas eu sabia que estava sob o comando desse capitão, já que eu trabalhava na sessão rádio não é .. (pag.07)

"(. . .)Tinha uma prisão subterrânea para outro tipo de preso. CNV - A mas só que essa prisão subterrânea também ficava na base aérea do

Galeão? Adir Figueira - Também na base aérea do Galeão . CNV - Então são dois xadrez diferente digamos assim? Adir Figueira - É isso

mesmo( ... ) CNV - E essa prisão subterrânea ficava onde? Adir Figueira - É uma pergunta

até complexa, porque informar exatamente o ponto dela lógico que eu sei, conheço muito bem, entendeu, eu acho que eu preferia levar uma comissão lá e mostrar 'e aqui, escava que é aqui".

CNV - Mas está soterrada? Adir Figueira - Ela está soterrada . CNV - Mas construíram alguma coisa em cima? Adir Figueira - Como? CNV - Construíram em cima, ou está em terreno aberto? Adir Figueira - Ela

continua ainda ali entre aqueles muros com alguns matos. CNV - Mas não tem uma construção em cima? Adir Figueira - Não, até a data

de 201 O nada foi construída em cima dela . CNV - Mas você viu essa prisão ou você ouviu falar? Adir Figueira - Eu vi a

prisão. CNV - Você viu essa prisão soterrada? CNV - Você esteve nela? Adir Figueira

- Já estive na prisão. Ela fica sete metros de fundura com muitas celas dentro . CNV - E ela era próxima da outra ou não? Adir Figueira - Próxima. CNV - E ela era destinada a quem? Adir Figueira - A presos políticos, tanto militar como civis(. . .)" (pag.8)

d) José Bezerra da Silva

José Bezerra da Silva serviu na base aérea do Galeão entre os anos de 1971 e 1979. Du­rante o depoimento prestado à Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, em audiência pública realizada no Rio de Janeiro, apontou, com o auxilio de uma foto aérea do local, os pontos exatos da base onde os presos políticos eram mantidos e torturados .

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

d.l) Depoimento de José Bezerra da Silva à em Audiência Pública à Comissão da Verdade GAs~t.~ do Rio de Janeiro 12 de agosto de 2013

"( .. .)Os carros que entravam lá eram viaturas da Polícia do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Havia dois opalas, um bege e um cinza, que também entravam . Nós tínhamos que deixar eles passarem. Desses carros, saiam os presos, às vezes com capuzes, outras vezes dentro de sacos. Eles eram levados para o subterrâneo, e eram submetidos a torturas terríveis", relatou Bezerra ( ... )".

"Uma vez eu caí na besteira, na inocência, de dizer que achava covardia três, quatro caras, em cima de um menino. Fui preso, torturado,fui parar no hospital." Se­gundo o próprio ex-militar, hoje, no local onde eram presos e torturados os militantes políticos, existe um parque, mas ele não acredita em destruição de documentos. "Eu acredito que esse presídio esteja coberto só por grama. Mas está lá, está tudo lá. Não tem nada queimado. Funcionário público não queima documento público''.

• MORTE DECORRENTE DE TORTURA

a) Stuart Edgar Angel fones

Filho de Zuleika Angel Ji:mes e de Norman Angel Jones, nasceu em 11 de janeiro de 1945, em Salvador, Bahia. Dirigente do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Preso na manhã do dia 14 de maio de 1971, foi levado para a Base Aérea do Galeão. Stuart Edgar Angel Jones consta da lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95 .

a.l) Processo da Comissão de Anistia Nº 2003.01.15080 - Excerto do Depoimento de Alex Polari de Alverga sobre Stuart Edgar Angel Jones

"Não foi fácil sobreviver, ficar vivo, são e íntegro no meio deste verdadeiro in­ferno. Foram 54 dias de tortura inimagináveis" mais um mês entre a geladeira e outras formas de tortura mais "modernas", dois anos e seis meses de confinamento e solitária, isolamento e tortura psicológica e quase nove anos de privação de liber­dade. Neste período pude testemunhar a morte de muitos companheiros como Stuart Edgar Angel Jones, Edgard de Aquino Duarte, além de outros que enlouqueceram e se suicidaram depois de soltos. O arbítrio, a tortura, a suspensão dos mais elemen­tares direitos constitucionais, a luta pela sobrevivência no cárcere, a interrupção de todas as possibilidades de uma vida normal do ponto de vista pessoal e profissional

, deixaram profundas marcas. ( ... )". (pág. 5)

a.2) Depoimento de José Bezerra da Silva em Audiência Pública à Comissão da Verdade do Rio de Janeiro

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COMISSÃO NACIONAL DA V ERDADE

"(. .. )Nesse batalhão [BASE AÉREA DO GALEÃO] foi assassinado o Stuart A ngel, que foi morto pelas tox inas que saíram do cano de escapamento do oficial do

dia. Eu estava na porta no dia, eu vi o carro entrar com ele(. .. )"

a.3) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos Nº 0197/96 -Excerto

"STUART EDGARANGELJONES-Preso em 14 de maio de 1971,pela manhã, no bairro do Grajau, no Rio de Janeiro. Levado de carro para o CISA, na Base Aérea do Galeão, foi torturado durante todo aquele dia. Entre as 15 e 16 horas foi torturado na mesma sala onde se encontrava Alex Polari de Al­verga, também preso nas dependências daquele órgão de segurança. Durante a mesma tarde, Stuart foi esfolado ao ser arrastado repetidas vezes pelo pátio do Quartel amarrado numa viatura, sendo obrigado de quando em quando a engolir gases tóxicos de um cano de descarga. A noite os gritos de Stuart foram ouvidos por outros presos, pedindo água e dizendo que ia morrer. A equipe m édica do CISA, comandada pelo Dr. Luís, foi de madrugada dar uma injeção em Stuart, que morreu durante esta mesma noite. O corpo foi retirado durante a madrugada envolto em um tapete pelos torturadores de plantão - este fato foi presenciado pelos presos que se encontravam nas celas . Nos dias subsequentes a esse assassinato o fato foi fartamente comentado pelos agentes e guardas do CISA, que falavam abertamente: "Stuart já era", "virou comida para os peixes", etc. Alex Polari de Alverga foi testemunha ocular da prisão, da tortura e da morte de Stuart, que além disso foi visto nas dependências daquele centro de tortura por outros presos. Diversos testemu­nhos foram apresentados por escrito e oralmente sobre a morte de Stuart, só sendo os mesmos aceitos oficialmente na 2ª Auditoria de Aeronáutica pelo juiz Garcia de Freitas, que o transformou em peça de informação para mon­tagem de processo, posteriormente arquivado, em janeiro de 1973". (pág. 65).

a.4) Processo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos Nº 0197/96 -Excerto

"(. . .)A requerente é irmã do desaparecido e apresentou docúmentação que a habilita ao recebimento de indenização, inclusive procuração de outros fa­miliares. Cabe ressaltar que a irmã do desaparecido não apresentou Certidão de óbito, como lhe é facultado nos termos da Lei. O desaparecido consta da re­lação do Anexo Ida Lei n º 9.140/95, sob o n º 124, com a seguinte descrição: cc

124 - Stuart Edgar Angel fones, brasileiro, casado, nascido em 11 de janeiro de 1946 em Salvador-BA,filho de Norman Angelfones e Zuleika Angelfones . (1971)" (pág. 74) ( ... )A Comissão Especial criada pela Lei nº 9.140, de 04 de

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COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE o

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dezembro de 1995, no uso da atribuição estabelecida no inciso III do art. 4°, do citado Diploma Legal, RESOLVE: Deferir o requerimento formulado por HILDEGARD BEATRIZ ANGEL BOGOSSIAN, com base no art. 10 e seus parágrafos, IRMÃ de STUART EDGAR ANGEL JONES, conforme avaliação da documentação constante do Processo nº 0197/ 96, de 18/03/96.(. . .) "(pág . 75) .

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Rub:

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Comissão Nacional da Verdade o P:rrc: -j.

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ANEXO!

DILIGÊNCIA DA CNV AO BATALHÃO DA POLÍCIA DO EXÉRCITO NA VILA

MILITAR DO RIO DE JANEIRO .

I) DATA DA VISITA

A visita ocorreu no dia 24/01/2014 e teve início às 14h35. Os exames foram encerrados às

17h30 do mesmo dia, tendo sido realizados pelos Peritos Criminais, assessores da Comissão Nacional

da Verdade da Presidência da República .

II) METODOLOGIA

As dependências onde ocorreram graves violações de Direitos Humanos foram percorridas

pelas pessoas abaixo identificadas, as quais afirmam que foram torturadas nesses locais:

1) Amílcar Baiardi;

2) Silvio Da-Rin;

3) Francisco Celso Calmon Ferreira Silva; e

4) Antônio Roberto Espinosa .

Nas dependências visitadas, após indicação dos locais onde essas pessoas estiveram

custodiadas e sofreram torturas, os peritos criminais confeccionaram croquis representando o

posicionamento desses prédios no complexo policial e a distribuição atual de cômodos nessas

edificações. Tentou-se, também, fazer croquis que representassem a antiga distribuição de celas e

cômodos, uma vez que os locais se encontravam alterados .

Convém citar que todos concordaram que o local onde eles foram torturados ocupava a

porção anterior direita1 da área do Batalhão, em um ponto identificado com as coordenadas

geográficas 22º51'52.3l"S de Latitude e 43°24'13.65"0 de Longitude2 (fotografias de nº' 01 a 04). Nesse

local existia uma edificação atualmente utilizada como refeitório e alojamento da guarda, conforme

ilustrado na imagem a seguir:

1 - Considerando um observador fora do Batalhão e voltado para o seu portão de acesso, localizado a frente da guarita .

2 - extraído por meio do equipamento do tipo GPS (Sistema de Posicionamento Global). usando-se a projeção geodésica (datum) WSG-84 .

Da tum é o sistema matemático de cálculo de coordenada, baseado em um determinado elipsoide, que no nosso caso é o WGS-84 .

C. Af !(,.., V/!,

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• • • • • • • • • • • • • • • • • ..

Comissão Nacional da Verdade o., s q ·;;,.

e::.

• • • Mostra a área do Batalhão da Policia do Exército na Vila Militar do Rio de Janeiro (Fonte: Google Earth) .

• •

II) RESULTADOS

II.1) CROQUIS

Situação atual

,, " :.

·~ \

>-pilar reconhecido por Antônio Roberto Espinosa como sendo aquele em que ficou apoiado em um dos dias em que foi

• torturado.

Situação antiga reconstituída com base nos depoimentos

Sala de

Tortura

Sala de

Tortura

Xadrez (x1)

A

Cor redor

IV

Xadrez (xO)

Pila r

Xadrez(x2) Xadrez (x3)

/\. /\.

Roloit6rio

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Solitãria Solitâria Solitâtia Solitãria ~ "'

V V V V

A - pilar reconhecido por Antônio Roberto Espinosa como

aquele em que ficou apoiado em um dos dias em que foi

torturado .

• !....-~~~~~~~~~~~~~~-+----~~~~~~~~~~~~~

• • • • • • • • ·L_~~~~~~~~~~~~~_.L.~~~~~~~~~~~~~ • • • • •

51

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• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • ~ • • • • • • • • • • • • • • • • •

Comissão Nacional da Verdade

11.2) COMPARAÇÃO DE IMAGENS

Imagem Google Earth

III) CONSIDERAÇÕES FINAIS:

e:, 'i'­""<v

i.u FI:

o Pro:::

Kub:

Como ilustrado no item II, existiam dois pilares no corredor de acesso ao prédio hoje utilizado

como alojamento. Um desses pilares - o atualmente localizado no interior do banheiro do alojamento

- foi reconhecido pelo Sr. Antônio Roberto Espinosa como sendo o pilar em que ele ficou apoiado em

um dos dias em que foi torturado .

Durante a descrição realizada pelo Sr. Silvio Da-Rin foi mencionada a existência de uma

espécie de jardim cercado com muros na parte posterior da edificação. Consultando imagens antigas,

pode ser verificado que no ano de 2006 ainda existia esse jardim e que ele foi demolido em época

anterior a 2013.

Apesar de não ter sido mencionado pelas testemunhas, verificou-se que uma edificação

localizada junto ao muro posterior da área do Batalhão de Polícia do Exército foi demolida após a data

de 21/06/2006. Essa edificação ficava nas proximidades da edificação examinada e, em função da

demolição, não pode ser reconhecida pelas testemunhas .

Realizaram a diligência representantes das Comissões Nacional da Verdade e Estadual da

Verdade do Rio de Janeiro, além das testemunhas citadas anteriormente .

A Comissionada Rosa Maria Cardoso da Cunha, o Secretário-Executivo André Sabóia Martins

e alguns Assessores Técnicos representaram a Comissão Nacional da Verdade durante a diligência .

52

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• • • • • • • • • • • • • • • • • .. • • • • • • • • • • • • >, • • • • • • • • • • • • • • • • •

Comissão Naciona l da Verdade

Fotografia nº 01

Mostra o portão de acesso, a guarita e, ao fundo, o prédio examinado .

Fotografia nº 02

Mostra a parte anterior do prédio examinado .

':. Pro'.:: $k Rub; l)

53

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• • • • • • • • • • • • • • • • • tll • • • • • • • • • • • • -­• • • • • • • • • • • • • • • • • •

C.A.c ")

Comissão Nacional da Verdade ci · º;.

e:: Prr, · ar ;; Rub .

Fotografia nº 03

Mostra a parte posterior do prédio examinado .

Fotografia nº 04

Mostra o início da diligência no interior do Batalhão da Polícia do Exército na Vila Militar do

Rio de Janeiro .

54

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• • • • • • • • • • • • • • • • • :-• • • • • • • • • • • > • • • • • • • • • • • • • • • • •

Comissão Nacional da Verdade

ANEXO II

DILIGÊNCIA DA CNV AO DOI-CODI DE SÃO PAULO .

I) DATA DA VISITA

A visita ocorreu no dia 27/11/2013 e teve início às 10hl5. Os exames foram encerrados às

14h30 do mesmo dia, tendo sido realizados pelos Peritos Criminais, assessores da Comissão Nacional

da Verdade da Presidência da República .

II) METODOLOGIA

As dependências onde ocorreram graves violações de Direitos Humanos foram percorridas

pelas pessoas abaixo identificadas, as quais foram torturadas nesses locais:

5) Darci Miyake;

6) Moacyr de Oliveira Filho; e

7) Ivan Seixas .

Nas dependências visitadas, após indicação dos locais onde essas pessoas estiveram

custodiadas e sofreram torturas, os peritos criminais confeccionaram croquis representando o

posicionamento desses prédios no complexo policial e a distribuição atual de cômodos nessas

edificações. Tentou-se, também, fazer croquis que representassem a antiga distribuição de celas e

cômodos, uma vez que os locais se encontram parcialmente alterados .

II) RESULTADOS PRELIMINARES

II.1) IMAGEM AÉREA DO LOCAL

55

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• • • • • • • • • • • • • • • • • .. • • • • • • • • • • • • > • • • • • • • • • • • • • • • • •

II.2) CROQUIS

Il.2.1) GERAL

OE CAP

36'0P

"""" frontal

Comissão Nacional da Verdade

-­. . ..._ \ -

#~ 1 .....

t:o'f?..

~~ (.

~ ~ Fl· LlJ .

Cl

7- t

Convenções:

1 - Local reconhecido por Darci, Moacir e Ivan;

2 - Local reconhecido por Ivan e Darci;

- - Perímetro da área examinada;

D - Prédios que não existiam no período de 1969 a 1972;

A- Clarabóia; e B - Área delimitada por

muros e utilizada como churrasqueira .

56

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• • • • • • • • • • • • • • • • • .. • • • • • • • • • • • • > • • • • • • • • • • • • • • • • •

Comissão Nacional da Verdade

II.2.2) PRÉDIO 1

-TÉRREO (situação atual):

36a Delegacia de ~

Polícia

(f)

;u e Ol

--1 e õ. fü'

Calçada 18.57m

Sala Sala S•I• f ~.~ ~·..:..:· ·..:..:· ·:..:..· .:...:.· . .:..:" ..:..:" ..:..:· ·..:..:· ·:..:..· .:...'.." .'-'' ·~::. ;.=.-:t .. . :::; .. ,;-(~~~~)

Canteiro Interno ;

-1· ~=~';:;1.<11"4;:;m==;!:J

fü- s "' ~ Sala Sala Sala

Pátio Interno da 36a Delegacia 3,70m

- TÉRREO (situação reconstituída pelos participantes da diligência): ;o e Ql

-! e õ. õi '

Calçada

----~~-~---~--~-"

36' Delegacia de

Polícia

gi Cela Cela Cela J ~ (Xadrez) (Xadrez) (Xadrez)

õi'

1 == - l ~ã-+1--~·..,,,,.~·~'---------r-1

: o !. ____ ··-···- ·---- ] ~ Cela Cela Cela i (Xadrez) (Xadrez) (Xadrez)

Pátio Interno da 36' Delegacia

57

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• • • • • • • • • • • • • • • • • .. • • • • • • • • • • • • •e • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Comissão Nacional da Verdade

- PRIMEIRO ANDAR (situação atual):

36a Delegacia de

Polícia

Salas

2,33m 1 7

Salas

Salas

- PRIMEIRO ANDAR (situação reconstituída pelos participantes da diligência):

36a Delegacia de

Polícia

Salas

Salas

Salas

Área sem cobertura (clarabóia)

Área sem cobertura (clarabóia)

58

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• • • • • • • • • • • • • • • • • .. • • • • • • • • • • • • •e • • • • • • • • • • • • • • • • • •

11.2.3) PRÉDIO 2

-TÉRREO:

Comissão Naciona l da Verdade

TÉRREO

Banheiro Sala do pessoal

da limpeza

Área coberta utilizada como meio de acesso aos pavimentos

superiores

acesso aos

pavimentos superiores

Área coberta por telhas e sustentadas por estrutura

metalica

- PRIMEIRO ANDAR:

210m

Banho

- Banheirc

a {\

o

1 -~ Corredor <'i

~V ~V Cômodo Cõmodo

2,00m 2,00m

PRIMEIRO ANDAR

125m 125m 060m 1 77m

- -m o > :fij Cômodo o § ·~ <(

-

vv

Cômodo Cõmodo

1

2,00m 2,00m

13,43m

--Cómodo

5,00m

"' io

"' 3

."' "' 3

"' -,,. 3

·"" "' 3

o Pmc: ..j:.

Cõmodo fechado

Rub:

59

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• • • • • • • • • • • • • • • • • .. • • • • • • • • • • • • > • • • • • • • • • • • • • • • • •

Comissão Nacional da Verdade

- SEGUNDO ANDAR:

E co m N"

E U)

"'-E t::. o

E D N_

E D

2,1Dm

Banho

'Banheiro

Boxe

(\

o \J

Banheiro

~ o

' :

Banho :

1,15m 0,95m

SEGUNDO ANDAR

1 25m 1,25m 0,60m

~ t---

Q) o ~ :~ o E

''" .1: >

Corredor 1

"""\J """\J 1

Cômodo Cômodo

3,21m 2,95m

13,43m

III) CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Cômodo ,___

"' ;..

3

5,17m

Realizaram a visita as Comissões Nacional da Verdade e Municipal da Verdade de São Paulo,

que foram acompanhadas pelos Secretários de Estado de Segurança Pública e da Cultura, além de

outras autoridades as quais se encontram nominadas a seguir:

- Comissionados da CNV:

Dr. José Carlos Dias;

Dr. Paulo Sergio Pinheiro .

- Autoridades de São Paulo:

Deputado Adriano Diogo - Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo;

Vereador Gilberto Natalini - Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo;

Dr. Fernando Grella Vieira - Secretário de Estado da Segurança Pública;

Dr. Marcelo Mattos Araújo - Secretário de Estado da Cultura;

Dr. Domingos Paulo Neto - Diretor do DECAP/SP;

Dr. Márcio de Castro - Delegado de Polícia Titular do 362 DP; e

Dr. Eduardo Dias - Assessor da Secretaria de Estado de Segurança Pública de São Paulo .

60

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• • • • • • • • • • • • • • • • • .. • • • • • • • • • • • • •e • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Comissão Nacional da Verdade

ANEXOI

DILIGÊNCIA DA CNV AO BATALHÃO DA POLÍCIA DO EXÉRCITO NA VILA

MILITAR DO RIO DE JANEIRO .

I) DATA DA VISITA

A visita ocorreu no dia 24/01/2014 e teve início às 14h35. Os exames foram encerrados às

17h30 do mesmo dia, tendo sido realizados pelos Peritos Criminais, assessores da Comissão Nacional

da Verdade da Presidência da República .

II) METODOLOGIA

As dependências onde ocorreram graves violações de Direitos Humanos foram percorridas

pelas pessoas abaixo identificadas, as quais afirmam que foram torturadas nesses locais:

1) Amílcar Baiardi;

2) Silvio Da-Rin;

3) Francisco Celso Calmon Ferreira Silva; e

4) Antônio Roberto Espinosa .

Nas dependências visitadas, após indicação dos locais onde essas pessoas estiveram

custodiadas e sofreram torturas, os peritos criminais confeccionaram croquis representando o

posicionamento desses prédios no complexo policial e a distribuição atual de cômodos nessas

edificações. Tentou-se, também, fazer croquis que representassem a antiga distribuição de celas e

cômodos, uma vez que os locais se encontravam alterados .

Convém citar que todos concordaram que o local onde eles foram torturados ocupava a

porção anterior direita1 da área do Batalhão, em um ponto identificado com as coordenadas

geográficas 22º51'52.3l"S de Latitude e 43º24'13.65"0 de Longitude2 (fotografias de nºs 01 a 04). Nesse

local existia uma edificação atualmente utilizada como refeitório e alojamento da guarda, conforme

ilustrado na imagem a seguir:

1 - Considerando um observador fora do Batalhão e voltado para o seu portão de acesso, localizado a frente da guarita.

2 - extraído por meio do equipamento do tipo GPS (Sistema de Posicionamento Global) , usando-se a projeção geodésica (datum) WSG-84 .

Dntum é o sistema matemático de cálculo de coordenada, baseado em um determinado elipsoide, que no nosso caso é o WGS-84 .

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• • • • • • • • • • • • • • • • • -­•

Comissão Nacional da Verdade

Mostra a área do Batalhão da Policia do Exército na Vila Militar do Rio de Janeiro (Fonte: Google Earth) .

• II) RESULTADOS

Rub :

• II.1) CROQUIS •~~~___:_~--=-~~~~~~~~--i~~~-:--~--:--:-:-------;~-----;----:--~~

Situação atual Situação antiga reconstituída com base nos depoimentos • • • • • • • • • • • •

/

,, .. :.

~

A - pilar reconhecido por Antônio Roberto Espinosa como sendo

aquele em que ficou apoiado em um dos dias em que foi

torturado.

Sala Pilar Xadrez (x1) Xadrez (x2) Xadrez (x3)

de Tortura

A J\ A

Rolo~óriD

v o

Sala ~

de xadrez (xO) Solitária Solitãria Solitària Solitãria ~ • Tortura m

Pilar

V V

A - pilar reconhecido por Antônio Roberto Espinosa como

aquele em que ficou apoiado em um dos dias em que foi

torturado .

• [___~~~~~~~~~~~~~~+-~~~~~~~~~~~~-----,

• • • • • • • • · L_~~~~~~~~~~~~~_J_~~~~~~~~~~~~ • • • • •

51

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• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • ·­• • • • • • • • • • • • • • • • • •

~ lt º""' e

-4 ....... Comissão Nacional da Verdade .., f')

Ri."' . 41 11.2) COMPARAÇÃO DE IMAGENS

Imagem Google Earth

III) CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Como ilustrado no item II, existiam dois pilares no corredor de acesso ao prédio hoje utilizado

como alojamento. Um desses pilares - o atualmente localizado no interior do banheiro do alojamento

- foi reconhecido pelo Sr. Antônio Roberto Espinosa como sendo o pilar em que ele ficou apoiado em

um dos dias em que foi torturado .

Durante a descrição realizada pelo Sr. Sílvio Da-Rin foi mencionada a existência de uma

espécie de jardim cercado com muros na parte posterior da edificação. Consultando imagens antigas,

pode ser verificado que no ano de 2006 ainda existia esse jardim e que ele foi demolido em época

anterior a 2013.

Apesar de não ter sido mencionado pelas testemunhas, verificou-se que uma edificação

localizada junto ao muro posterior da área do Batalhão de Polícia do Exército foi demolida após a data

de 21/06/2006. Essa edificação ficava nas proximidades da edificação examinada e, em função da

demolição, não pode ser reconhecida pelas testemunhas .

Realizaram a diligência representantes das Comissões Nacional da Verdade e Estadual da

Verdade do Rio de Janeiro, além das testemunhas citadas anteriormente .

A Comissionada Rosa Maria Cardoso da Cunha, o Secretário-Executivo André Sabóia Martins

e alguns Assessores Técnicos representaram a Comissão Nacional da Verdade durante a diligência .

52

G~B f.~

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• • • • • • • • • • • • • • • • • -­• • • • • • • • • • • • •e • • • • • • • • • • • • • • • • • •

"'<.;

Comissão Naciona l da Verdade

Fotografia nº 01

Mostra o portão de acesso, a guarita e, ao fundo, o prédio examinado .

Fotografia nº 02

Mostra a parte anterior do prédio examinado .

53

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• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • :49 • • • • • • • • • • • • • • • • •

Comissão Nacion al da Verdade o . i~i1'1: .. ;

~

Fotografia nº 03

Mostra a parte posterior do prédio examinado .

Fotografia nº 04

Mostra o início da diligência no interior do Batalhão da Polícia do Exército na Vila Militar do

Rio de Janeiro .

54

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"

Comissão Nacional da Verdade

'~

~~ (.._

~1

a .·'?,, .

4' 7-ANEXO II R,-;,:

DILIGÊNCIA DA CNV AO DOI-CODI DE SÃO PAULO . GABi\.'E.""

I) DATA DA VISITA

A visita ocorreu no dia 27/11/2013 e teve início às 10hl5. Os exames foram encerrados às

14h30 do mesmo dia, tendo sido realizados pelos Peritos Criminais, assessores da Comissão Nacional

da Verdade da Presidência da República .

II) METODOLOGIA

As dependências onde ocorreram graves violações de Direitos Humanos foram percorridas

pelas pessoas abaixo identificadas, as quais foram torturadas nesses locais:

5) Darci Miyake;

6) Moacyr de Oliveira Filho; e

7) Ivan Seixas .

Nas dependências visitadas, após indicação dos locais onde essas pessoas estiveram

custodiadas e sofreram torturas, os peritos criminais confeccionaram croquis representando o

posicionamento desses prédios no complexo policial e a distribuição atual de cômodos nessas

edificações. Tentou-se, também, fazer croquis que representassem a antiga distribuição de celas e

cômodos, uma vez que os locais se encontram parcialmente alterados .

II) RESULTADOS PRELIMINARES

II.1) IMAGEM AÉREA DO LOCAL

55

'1s. 19

y .,.-

e;

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11.2) CROQUIS

11.2.1) GERAL

DE CAP

36'0P

Comissão Nacional da Verdade

·~= lateral

"'""' lateral

-·· -. - .. _ ..

''

Convenções:

1 - Local reconhecido por Darci , Moacir e Ivan;

2 - Local reconhecido por Ivan e Darci ;

- - Perímetro da área examinada;

D - Prédios que não existiam no período de 1969 a 1972;

A - Clarabóia; e B - Área delimitada por

muros e utilizada como churrasqueira .

56

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a Comissão Nacional da Verdade

11.2.2) PRÉDIO 1

-TÉRREO (situação atual) :

36a Delegacia de ~

Policia

Cf)

;o e: !ll

ci õ. õi '

Calçada 111 .57m

Sala Sala s,,, f ~ . . "~,~~. e:,...;·: .. : .. :·: .. : .. : .. : .. : .. : ·: .. : .. : ::. r=·---::t--- .::;-.. ,;-,~~~~. Canteiro Interno ;

11 , .. 4m

~ i Sala Sala Sala

Pátio Interno da 36a Delegacia J,70m

- TÉRREO (situação reconstituída pelos participantes da diligência): ;o e: !ll

-i e: õ. fü'

Calçada

------- -------~~-,.....,.,.~--~--~-~

36' Delegacia de

Policia

g> Cela Cela Cela J 61: (Xadrez) (Xadrez) (Xadrez)

fü·

r. == ', 3 lctlirabóial~~

~ ~ l.._ .. ____ ,, _______ , __ .1 •

[ Cela Cela Cela • (Xadrez) (Xadrez) (Xadrez)

------··---··---~~-~---~--~

Pátio Interno da 36' Delegacia

57

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Comissão Nacional da Verdade

- PRIMEIRO ANDAR (situação atual) :

36a Delegacia de

Polícia

Salas

2,33m

o "' .. "O

N O·

t ~

1 70m

~ 1~ ~:;·~

º e Salas

Salas

- PRIMEIRO ANDAR (situação reconstituída pelos participantes da diligência) :

36a Delegacia de

Polícia

Salas

Salas

Salas

Área sem cobertura (clarabóia)

Área sem cobertura (clarabóia)

58

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11.2.3) PRÉDIO 2

- TÉRREO:

Comissão Nacional da Verdade

TÉRREO

Banheiro Sala do pessoal

da limpeza

~:e~~~ de

Área coberta utilizada como meio de acesso aos pavimentos

superiores

acesso aos

pavimentos superiores

kea coberta por telhas e sustentadas por estrutura

metálica

- PRIMEIRO ANDAR:

PRIMEIRO ANDAR

210m 125m 125m 060m 177m

Banho ~ i--

m o "' :,S; ·~

Cômodo io ~ 3 t-- Banheirc o

•rn .',(

ICO >

{\ - ~

.Q

1

.:;; Corredor " E 3 <(

I Armáílol V ~ V Ví\J ~

Cômodo

e.>

Cômodo Cômodo Cômodo Cômodo ·:: 3

1

2,00m 2,00m 2,00m 2,00m 5,00m

13,43m

l,;)

Cômodo fechado

59

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Comissão Nacional da Verdade

- SEGUNDO ANDAR:

E co m. N

E "' N.

E r.:: o

E o N. ~

E o

2,10m

Banho :

' Banheiro

Boxe '

~ (\ - -

o \.J

Banheiro

~ a * Banho :

1,15m 0,95m

SEGUNDO ANDAR

1,25m 1,25m 0,60m

- f-- ., o ~ :~ o E

•<U 4: >

Corredor 1

I""\/ ""\/ 1

Cômodo Cômodo

3,21m 2,95m

13,43m

III) CONSIDERAÇÕES FINAIS:

< , t.

Cômodo

-

(,) -... ~

3

5,17m

Realizaram a visita as Comissões Nacional da Verdade e Municipal da Verdade de São Paulo,

que foram acompanhadas pelos Secretários de Estado de Segurança Pública e da Cultura, além de

outras autoridades as quais se encontram nominadas a seguir:

- Comissionados da CNV:

Dr. José Carlos Dias;

Dr. Paulo Sergio Pinheiro .

- Autoridades de São Paulo:

Deputado Adriano Diogo - Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo;

Vereador Gilberto Natalini - Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo;

Dr. Fernando Grella Vieira - Secretário de Estado da Segurança Pública;

Dr. Marcelo Mattos Araújo - Secretário de Estado da Cultura;

Dr. Domingos Paulo Neto - Diretor do DECAP/SP;

Dr. Márcio de Castro - Delegado de Polícia Titular do 362 DP; e

Dr. Eduardo Dias -Assessor da Secretaria de Estado de Segurança Pública de São Paulo .

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MINISTÉRIO DA DEFESA - COMANDO DA AERONÁUTICA - GABINETE DO COMANDANTE DA AERONÁUTICA (Processo nº 60041.000912/2014-31 - Ref Of nº 1538/MD, de 19 fev. 2014, do Ministério da Defesa)

lºDESPACHO

Nº 72/GC3/1833

Do Chefe

Brasília, 20 de fevereiro de 2014. ~ C.Af /f

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À Exma. Sra. Consultora Jurídica-Adjunta do Comando da Aeronáutica o -:i:, Proc: ~

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1. Trata o presente processo de assunto relacionado à solicitação ~B@88tissão Nacional da Verdade, para abertura de sindicância no sentido de apurar "as circunstâncias administrativas que conduziram ao desvirtuamento do fim público estabelecido" para instalações militares no período compreendido entre 1946 e 1988.

2. Sobre o assunto, incumbiu-me o Exmo. Sr. Comandante da Aeronáutica de submeter o presente expediente à elevada apreciação dessa Consultoria Jurídica-Adjunta, para análise e emissão de parecer.

~ k À ~ Maj Brig Ar JOSÉ MAG~O RE ENDB DÊ~ UJO

Chefe do GABAER

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MINISTÉRIO DA DEFESA - COMANDO DA AERONÁUTICA - CONSULTORIA . JURÍDICA ADJUNTA AO COMANDO DA AERONÁUTICA (Processo nº 60041.000912/2014-31 - Ref Ofício nº 1538/MD, de 19 de fevereiro de 2014, do Ministério da Defesa)

Da Consultora Jurídica Adjunta Ao Exmo. Sr. Chefe do GABAER

2º DESPACHO

Brasília, 25 de março de 2014. . ~. A~tf?

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CoJt41' 1. Trata o presente processo de assunto relacionado à solicitação da Comissão Nacional da Verdade, para abertura de sindicância no sentido de apurar "as circunstâncias administrativas que conduziram ao desvirtuamento do fim público estabelecido" para instalações militares no período compreendido entre 1946 e 1988 .

2 Retomo o expediente a V.Exa. com a sugestão, de acordo com as demais Forças, de se efetuar um Procedimento Administrativo Investigativo, a fim de gerar um Relatório a ser elaborado, preferencialmente, por uma Comissão ou Grupo de Trabalho com diversos integrantes, inclusive civis, evitando-se a exposição de apenas uma determinada pessoa .

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MINISTÉRIO DA DEFESA - COMANDO DA AERONÁUTICA - GABINETE DO COMANDANTE DA AERONÁUTICA (Processo nº 60041.000912/2014-31 - Ref Of nº 1538/MD, de 19 fev 2014, do Ministério da Defesa)

3º DESPACHO

Nº 134/GC3/3366 Brasília, 26 de m,arço de 2014 . . . r-

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Do Chefe Ao Exmo. Sr. Vice-Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica

~AIBA-t:R 1. Trata o presente expediente de solicitação da Comissão Nacional da Verdade de abertura de sindicância, no âmbito das Forças Armadas, para apurar "as circunstâncias administrativas que conduziram ao desvirtuamento do fim público estabelecido para as instalações militares no período compreendido entre 1946 e 1986", conforme Ofício nº 124/2014-CNV, de 18 de fevereiro de 2014, e anexos .

2. Sobre o assunto, considerando o parecer da Consultoria Jurídica-Adjunta do Comando da Aeronáutica, incumbiu-me o Excelentíssimo Senhor Comandante da Aeronáutica de encaminhar o processo ao EMAER, o que faço por intermédio de Vossa Excelência, a fim de que seja instaurado Procedimento Administrativo Investigativo, a ser conduzido sob a responsabilidade desse Estado-Maior.

3. Sendo essas as considerações, renovo a Vossa Excelência os protestos de elevada estima e distinta consideração .

~ · ~ ~~ Maj Brig Ar JOSÉ MAbNO SÊ E D ARAUJO Chefe do GABAER

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MINISTÉRIO DA DEFESA - COMANDO DA AERONÁUTICA - ESTADO-MAIOR DA AERONÁUTICA (Processo nº 60041.000912/2014-31 - Ref . Of. nº 1538/MD, de 19 de fevereiro de 2014, do Ministério da Defesa)

4ºDESPACHO

Nº 2/ lSEC/3630 Brasília, lºdea "lde2014 . (,,. ~~

~ t)J ~ UJ ~ o Pn>c: -~R;.; ~ _.e:;

Do Vice-Chefe Ao Exmo. Sr. Chefe do Gabinete do Comandante da Aeronáutica

~llAf. 1. Trata a presente expediente de solicitação da Comissão Nacional da Verdade de abertura de sindicância, no âmbito das Forças Armadas, para apurar "as circunstâncias administrativas que conduziram ao desvirtuamento do fim público estabelecido para as instalações militares no período compreendido entre 1946 e 1986", conforme Oficio nº l24/2014-CNV, de 18 de fevereiro de 2014, e anexos .

2. Conforme solicitado pela Mensagem Direta nº 13/GC3/3521 , de 28 de março de 2014 restituo este processo a esse Gabinete .

Maj Brig Ar JEFERS Vice-Chefe do .w.1.vJ~

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O 1 ABR 2014

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MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DAAENONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

TERMO DE ABERTURA

Aos quatro dias do mês de abril do ano de 2014, em cumprimento ao determinado na Portaria nº 457/GCl , de 31 de março de 2014, do Exmo. Sr. Tenente Brigadeiro do Ar Juniti Saito, Comandante da Aeronáutica, dei início à presente Sindicância, neste III COMAR, do que, para constar, lavrei o presente termo .

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MINISTERIO DA DEFESA COMANDO DAAERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

ATO DE DESIGNAÇÃO DE ESCRIVÃO

Designo, nos termos do item 2.9.1.3 da ICA 111-2 "Sindicância no Comando da Aeronáutica", aprovada pela portaria 545/GC3, de 17 de maio de 2006, o Coronel de Infantaria ALMIR PINTO DE LIMA, para servir como Escrivão da Sindicância da qual sou encarregado, de acordo com a portaria 457/GCl , de 31 de março de 2014, do Exmo. Sr. Ten Brig do Ar Juniti Saito, Comandante da Aeronáutica. Lavrou-se o competente Termo de Compromisso .

Rio de Janeiro, 04 de abril de 2014 .

M

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MINISTERIO DA DEFESA COMANDO DAAERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

TERMO DE COMPROMISSO DE ESCRIVÃO

Aos quatro dias do mês de abril de 2014, nesta cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, no Terceiro Comando Aéreo Regional, perante o Exmo. Sr. Maj Brig do Ar Raul Botelho, Sindicante, eu, Coronel de Infantaria ALMIR PINTO DE LIMA, comprometo-me a manter sigilo sobre tudo quanto me for confiado na presente Sindicância e a cumprir fielmente as determinações regulamentares, no exercício das funções de Escrivão. Do que, para constar, lavrei este Termo que vai subscrito pelo Sindicante e por mim, escrivão .

Inf

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1. solicitando:

2 . solicitando:

MINISTERIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

DESPACHO

Oficie-se o Exmo. Sr. Chefe do Estado-Maior do Comando Geral de Pessoal,

a) informar como se dava a alocação de pessoal da Força Aérea, em suas respectivas organizações militares, para o desenvolvimento de suas atividades, no período de 1946 a 1988; e

b) encaminhar a este Sindicante as cópias das tabelas de lotação de pessoal, vigentes no período de 1946 a 1988, relativas à BAGL.

Oficie-se o Exmo. Sr. Chefe da 5ª Subchefia do Estado-Maior da Aeronáutica,

a) informar qual era o procedimento adotado para emprego de recursos financeiros públicos com o propósito de custeio e manutenção das instalações militares do então Ministério da Aeronáutica, no período de 1946 a 1988;

b) como era feito o controle externo das contas das organizações militares da Força Aérea, no mesmo período;

c) de que forma havia a prestação de contas relativamente a esses recursos, bem como o atendimento das exigências inerentes ao acompanhamento da execução orçamentária; e

d) encaminhar a este sindicante, caso exista, documentação que demonstre os valores utilizados na execução orçamentária da BAGL, no período em questão .

3. Oficie-se o Sr. Chefe do Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica, solicitando encaminhar a este Sindicante, caso existam nos arquivos daquela OM, cópias do Regulamento de Bases Aéreas e do regimento interno da BAGL, em vigor no período de 1946 a 1988 .

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4 . solicitando:

Oficie-se o Exmº Sr Chefe do Centro de Controle Interno da Aeronáutica,

a) informar como era feito o controle interno das contas das organizações militares da Força Aérea, no período de 1946 a 1988 ;

b) de que forma havia a prestação de contas, relativamente a esses recursos, bem como o atendimento das exigências inerentes ao acompanhamento da execução orçamentária; e

c) encaminhar a este Sindicante, caso existam, cópias das referidas prestações de contas, daquela Base Aérea, referentes ao período de 1946 a 1988 .

5. Oficie-se o Sr. Comandante da Base Aérea do Galeão, solicitando encaminhar a este Sindicante, caso existam nos arquivos daquela OM, cópia do regimento interno da BAGL, em vigor no período de 1946 a 1988 .

Providencie o Sr. Escrivão .

Rio de Janeiro, 11 de abril de 2014 .

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Sindicância .

MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

CERTIDÃO

Certifico que foi providenciado de acordo com o despacho do Sr Encarregado da

Rio de Janeiro, 14 de abril de 2014 .

ALMIRP

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• MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

JUNTADA

Aos quinze dias do mês de abril do ano de 2014 faço juntada aos presentes autos dos documentos que adiante se seguem .

1. Oficio nº 729/SIND/7234, ao Exmº Sr Chefe do Estado-Maior do Comando Geral de Pessoal;

2. Oficio nº 730/SIND/7235, ao Sr Comandante da Base Aérea do Galeão;

3. Oficio nº 731/SIND/7236, ao Exmº Sr Chefe da 5ªSubchefia do EMAER;

4. Oficio nº 733/SIND/7238, ao Exmº Sr Chefe do Centro de Controle Interno da Aeronáutica; e

5. Ofício nº 735/SIND/7240, ao Sr Chefe do Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica .

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MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁTJTTCA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

Rio de Janeiro, 14 de abril de 2014 . Protocolo COMAER nº 67240.007485/2014-14

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Ao Exmº Sr Chefe do Estado-Maior do COMGEP

Assunto: Solicitação de Informações.

1. Ao cumprimentar V Exª, dirijo-me para tratar sobre a alocação de pessoal da Força Aérea em suas respectivas organizações militares .

2. Tendo sido designado como encarregado de Sindicância, instaurada neste Comando Aéreo, por determinação do Exmº Sr Comandante da Aeronáutica, solicito a V Exª informar como se dava a alocação de pessoal da Força Aérea, em suas respectivas organizações militares, para o desenvolvimento de suas atividades, no período de 1946 a 1988 .

3. Solicito, ainda, caso existam, encaminhar a este Comando Aéreo cópias das

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• MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

Oficio nº 730/SIND/7235 Rio de Janeiro, 14 de abril de 2014. Protocolo COMAER nº 67240.007486/2014-69

Do Sindicante Ao Comandante da BAGL

Assunto: Solicitação de Informações.

1. Tendo sido designado como encarregado de Sindicância, instaurada neste Comando Aéreo, por determinação do Exmº Sr Comandante da Aeronáutica, solicito a V Sª encaminhar a este COMAR, caso exista nos arquivos dessa Base, cópia do Regimento Interno da BAGL, em vigor no período de 1946 a 1988 .

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• MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

Oficio nº 73 l/SIND/7236 Rio de Janeiro, 14 de abril de 2014 . Protocolo COMAER nº 67240.007487/2014-1 l

Do Sindicante Ao Exmº Sr Chefe da 5ª Subchefia do EMAER

Assunto: Solicitação de Informações .

1. Ao cumprimentar V Exª, dirijo-me para tratar sobre o controle externo das contas das organizações militares da F AB, no período de 1946 a 1988 .

2. Tendo sido designado como encarregado de Sindicância, instaurada neste Comando Aéreo, por determinação do Exmº Sr Comandante da Aeronáutica, solicito V Exª informar:

a)qual era o procedimento adotado para emprego de recursos financeiros públicos com o propósito de custeio e manutenção das instalações militares do então Ministério da Aeronáutica, no período de 1946 a l 988;

b) como era feito o controle externo das contas das organizações militares da Força Aérea, no mesmo período; e

c) de que forma havia a prestação de contas relativamente a esses recursos, bem como o atendimento das exigências inerentes ao acompanhamento da execução orçamentária.

3. Solicito, ainda, caso exista, encaminhar a este COMAR documentação que demonstre os valores utilizados na execução orçamentária da BAGL, no período em q tão .

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• MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

Oficio nº 733/SIND/7238 Rio de Janeiro, 14 de abril de 2014. Protocolo COMAER nº 67240.007489/2014-01

Do Sindicante Ao Exmº Sr Chefe do CENCIAR

Assunto: Solicitação de Informações.

1. Ao cumprimentar V Ex\ dirijo-me para tratar sobre as Prestações de Contas, relativas à Base Aérea do Galeão .

2. Tendo sido designado como encarregado de Sindicância, instaurada neste Comando Aéreo, por determinação do Exmº Sr Comandante da Aeronáutica, solicito V Exª informar: ·

a) como era feito o controle interno das contas das organizações militares da Força Aérea, no período de 1946 a 1988; e

b) de que forma havia a prestação de contas relativamente a esses recursos, bem como o atendimento das exigências inerentes ao acompanhamento da execução orçamentária .

3. Solicito, ainda, caso existam, encaminhar a este Comando Aéreo uma cópia das referidas Prestações de Contas daquela Base Aérea, referentes aos anos de 1946 a 1988 .

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MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

Oficio nº 735/SIND/7240 Rio de Janeiro, 14 de abril de 2014 . Protocolo COMAER nº 67240.007491/2014-71

Do Sindicante Ao Chefe do CENDOC

Assunto: Solicitação de Informações .

1. Tendo sido designado como encarregado de Sindicância, instaurada neste Comando Aéreo, por determinação do Exmº Sr Comandante da Aeronáutica, solicito a V Sª encaminhar a este COMAR, caso existam nos arquivos desse Centro, cópias do Regulamento de Bases Aéreas e do Regimento Interno da BAGL, em vigor no período de 1946 a 1988. l

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• MINISTERIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

DESPACHO

1. Oficie-se o Exmo. Sr. Comandante da Aeronáutica, solicitando prorrogação de prazo da presente sindicância, tendo em vista a complexidade e amplitude da matéria envolvida e a necessidade de maior tempo para coleta e análise de dados .

Providencie o Sr. Escrivão .

Rio de Janeiro, 24 de abril de 2014 .

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Sindicância.

• MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

CERTIDÃO

Certifico que foi providenciado de acordo com o despacho do Sr Encarregado da

Rio de Janeiro, 25 de abril de 2014 .

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• MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

Oficio nº 768/A-7/7648 Rio de Janeiro, 28 de abril de 2014. Protocolo COMAER nº 67240.007891/2014-87

Do Encarregado de Sindicância Ao Exmº Sr Comandante da Aeronáutica

Assunto: Prorrogação de prazo de sindicância.

1. Trata o presente expediente da sindicância instaurada por intermédio da portaria nº 457/GCl , de 31 março de 2014, para apurar os fatos narrados no Ofnº 124/2014-CNV, de 18 de fevereiro de 2014 .

2. No transcorrer da instrução, face à complexidade e amplitude da matéria envolvida, verificou-se ser necessário um período maior para a coleta e análise de dados .

3. Assim sendo, consulto V.Exa. sobre a possibilidade de prorrogar o praz da Sindicância em comento .

J,

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• MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

JUNTADA

Aos doze dias do mês de maio do ano de 2014 faço juntada aos presentes autos do Ofnº 50/GCl/5756, do Chefe de Gabinete do Exmo Sr Comandante da Aeronáutica .

ALMIRP

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Oficio nº Of 7 6 Bra ília, 7 de maio de 20 l 4. Protocolo COM ER n'' 6 7000.004 64/2014-85

Do Chc?fc o h .mo. r. Major-Brigadei ro do r RAUL BOTEL HO - C mandante do Terceiro Comando

Acrco Rcgioqal

As unto: Pr ' rroga ão de prazo de indkân ia.

Anexo . · I Portaria nº 6701 1. de de mai de 20 14.

1

l . Enh atenção ao Ofício nº 76 /A-71764 . de_ de abril d 20 14, dess· COMA R, cn am1nho a V a E ce l0ncia a Portaria anexa que prorroga, em caráter excepcional, p r O ( i.n'f ) dia a otar d de m j de 2014, o prazo da Siodícâl.l ia m ndada instaurar pela Portaria nº 7/ 1, de 31 de março de 2014 .

Maj Brig Ar JO RA UJO

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'

MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTIC

7

PQRT .RIA 2 {; CIG !. DE 5 DE 11~/{/' DE2014 .

O COMANDANTE DA AERONÁUTICA, d conformidade com o previsto no item 3 1.21.1 da )TC 111 -2, aprovada pela Portaria nº 545/GC3 , de 17 de maio de 2006. e coo id rando a c~mplexidade do a sunto. re olve:

Pr rrogar, em caráter excepcional, por 20 (vinte) dia , a contar de 5 de maio de 2014. o prazo papa conclusão da Sindicância mandada instaurar pela Portaria nº 457/G 1, de

1 de março de 2© 14, publicada no BCA nº 64, de 3 de abril de 2014.

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• MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO ÇOMANDQ AÉREO REGIONAL

JUNTADA

Aos quinze dias do mês de maio do ano de 2014 faço juntada aos presentes autos do 1º Despacho nº 18/CENCIAR-2/1329, do Chefe do Centro de Controle Interno da Aeronáutica .

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URGENTE MINISTÉR O DA DEFESA - COMANDO DA AERONÁUTICA - CENTRO DE CONTROLElfNTERNO DA AERONÁUTICA (Processo nº 67240.007489/2014-01 - Ref Of. nº 733/SIND/7 38, de 14 de abril de 2014, do III COMAR)

Nº 18/CENC AR-211329 1

Do Chefe

!ºDESPACHO

Ao Exmo. S Maj. Brig. do Ar Raul Botelho

Brasília, 13 de mabo de 2014. l'-C· A~

e;_, '?. {tj~ FLS. ~ \ • o Proc. e jRuti.~R

G .l. ~.vc.,..~

Anexo: A. Relação de Processos de julgamento de contas da Base Aérea do Galeão -1946 a 1988 .

1. Ao cumprimentar V. Ex.ª, passo a tratar sobre a sindicância instaurada, no âmbito do Terceiro Comando Aéreo Regional (Hl COMAR), por detem1inação do Exmo. Sr. Comandante a Aeronáutica, em virtude da qual V. Ex.ª solicita informações sobre as prestações de contas da .:: ase Aérea do Galeão (BAGL), realizadas no período de 1946 a 1988 .

2. Neste contexto, seguem abaixo as respostas deste Centro de Controle lnterno aos questioname os fomrnlados por V. Ex .ª :

a) como era f,eito o controle interno das contas das organizações militares da Força Aérea, no período de 19 6 a 1988?

R -a) O cont1 ole interno era realizado em obediência as seguintes legislações:

- Aviso n.º 84~ de 05 de outubro de 1949;

' -Avison.0 451 de31 de maio de 1951 ;

- IMA 171-2j de O 1 de junho de 1976 - Acompanhamento da Execução Orçamentária e do emprego de ~ecursos Extra-Orçamentários;

- Portaria 154f.7 /GM6, de 1 l de dezembro de J 979; e

- IMA 1 7l-2o\ de 02 de dezembro de 1985 - Escrituração Creditícia e Financeira .

b) de que fopna havia a prestação de contas relativamente a esses recursos, bem como o atendimento das exigências inerentes ao acompanhamento da execução orçamentária .

1

R -b) a forma e o atendimento das exigências eram realizados de acordo com os in trumentos legais acima rhencionados .

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( FL 2/2 do Desp Enc nº l 8/CENCJAR-2/1329 - CENCIAR, de 67240.00748 /2014-0l)

3. Com relação a cópia das referidas prestações de contas, informo a V. Ex.ª que a Instrução No ativa TCU n.º 63 , nos incisos l e II do art. 14, prevê, "in verbis":

" rt. 14. As unidades jurisdicionadas e os órgãos de controle interno devem manter a guarda d s documentos comprobatórios de cada exercicio, incluídos os de natureza sigilosa de acordo co os seguintes prazos:

1. dez anos, contados a partir da apresentação do relatório de gestão ao Tribunal. para as u idades jurisdicionadas não relacionadas para constituição de processo de contas no exercício; li cinco anos, contados a partir da data do julgamento das contas dos res1,onsáveis pelo T libunal, para as unidades jurisdicionadas relacionadas para constituição de processo de contas no exerclcio."

4. Em complemento, este Centro oficiou o TCU sobre a possibilidade de que fossem remetidas có ias dos Acórdãos dos julgamentos das Tomadas de Contas Anuais daquela Base Aérea, no pe íodo de 1946 a 1988; tendo, aquela Corte de Contas, encaminhado a relação con tante do 1nexo .

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Tribunal de Contas da uriião

SEGEPRES / ISC / CEDOC

Pesquisa

Base A~rea do G•lelo no E$tad<l

Exercícios de 1946 a Serviço de Gntão Documental • SEGED

Proces.so Exercido Decisão

1946

Documento anexo

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1 J@ .Tribuna' de Co. ntas d~ Ünião ·· ·· 1 SEGEPRES / 1$C / CEOOC

l.____ serviço de Gestão Doeu~~'ª' ~~E~~ ..

----- . ·--·---Pesquisa

Bne A6rea do Galeia no Estado ExertíclM de 1946 a

Process.o E)ceráclo Decido Colegiado Documeritp anexo

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Descartado na Gura 04/2000/SEGB

1

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P ra verificar ' lne ir • aCQllse www.t.cu .~011. bl: u icidaúe, infonnllt"l<lo cód:go B 119249

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• • • • • • • • • • • • • • • • • • 1 · ··~· rribunat d• contas dá untlo • TCv SEGEPREs 11sc, cEooc

8 L _ servlç~ de Gestã~ .~cu~ental ~ SEG.EO __ _J Pesquisa

aase A~rea do Galeão no Estado

Exerddos de 1946 •

• • • • • • • • • • •• •e • • • • • • • • • • • • • • • • • •

--~---· --Processo .Exer · la Declsilo Cole lado Documento anexo

014.359/1977-4 1976 r- Descan:ido na Guia 01/">008/SfGEl

1-- ----15~1ril<: ~portal2.t!;si .go. v .. b.r/ I_ 018.81 _ !~~- --~.. -_· ____ - . - , . . ... __ . De$cartado na Guia 01/2008/S G 1 _ _ .. _ ·---· _ . __ Unk: http://POrtalZ:tcu.gov,bri

1 009.98-6/·1- 79-0 ..• 197.8 .. ·- - Descartado o~ Gula 01/2008/SEGE? ---+- -+----.+.-..~------- . Link: ~P.p;//go<ta l2:1g.i .gov.bq 013.861/1980·8 197~ 1 De cartada na Guia 01/2008/SEGEI .. t . . . ~in k : http:llportal2Jsu_.g.&Y:!:JL

_ __ .. . _ .. .--1 L~~ http:lfporla l 2. t tl!-gOv.br/~ 0~:839. /198_1.·0 -~· 8;· _ 1 - .. ~cartada na Guia 11./2.009/SEGEf

1

017.188/1982-2 198~ ·

1

[)(iscartado na Guia 04/J009/SEGEI - . --·1··· · .. , .... ___ Link: btt oiL/norta l2.tc~ .goy.brJ Q10.0 2/1983-S 1981 Descartado na Gura 01/2007 /.SEGEI ~ - .

1

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.902/1985-2 984+ P>-;c;<tado na Gula Ol /'l.008/ E.GEi - · _ .. . -~k: http:/11?9rtal:l.t,,;u.gov.pf/

.878/1986·2 1985- --- -+- Descartado na Gula 04/2011/SEGEI . ____ . -... =--i... . --· ··---1 link: hltp://p" t1<l l2 .t€,\! .gov1brf

. 1986 1 ---· t Não h:\ processo cada trado no s

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• MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRQ COMANDO AéREQ RpGIQNAJ:.,

JUNTADA

Aos dezoito dias do mês de maio do ano de 2014 faço juntada aos presentes autos do Ofnº 33/EC/8516, do Comandante da Base Aérea do Galeão .

ALMIRP

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1 • • i • : • • • • •

• MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA ERONÁUTICA

BASE AÉREA DO GALEÃO

Ofício nº 33/EC/8 16 Rio de Janeiro. 15 de maio de 2014. Protocolo COM R nº 67242.008873/2014-01

Do Comandante andante do lU Comando Aéreo Regional

unto: imento Interno da BAGL.

Referência : ficio nº 730/SI D/7235, d 14 BR 2014.

1. Ao cumprimentar V.Exa., pa so a tratar de as unto relacionado a Regimento Interno da BAGL, em vigor no período de 1946 a 19 .

2. o rc o as unto, informo qu , ape ar dos e forço envidados para encontrar o upramencionado documento, não há regi tro , no arquivo desta Base Aérea, de original ou

cópia do docume :to citado no Oficio da referência.

3. Ca e salientar que, além de não ter ido encontrado o Regimento em tela, não há nenhum outro r gi tro nesta Organização que fa a qualquer referência a um po s ível arquivamento do esmo.

4. Ser do e sas as con iderações, coloco a E trutura Organizacional desta Base érea ao inteiro d spor para as interações julgada oportunas.

FLÁVIO LUIZ D IVEIRA PINTO Cel A v Crnt d BAGL

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• MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREQ REQIONAL

JUNTADA

14El

Aos vinte e um dias do mês de maio do ano de 2014 faço juntada aos presentes autos do Ofnº 1/lSÇ/3768, do do Chefe do EMGEP .

ALMIRPIN E LIMA - Cel Inf Aer

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• • •

011..:io n" J/ JSCt .)76~

COiv!ANDO D , ~ AFRONAUTlC/\ COML\2JI20.:D.E!,<_.'.J, .. iXt l~E S.S.OAL

Protocolo COM.A..E.R r:" 67400.003117/'l. ü ! '1 -l '{

'· /\o l:.\ffh) . Sr. (\.)rnandCJnre d,) ·rc :\~cir~.:t C~nnunido ;\é:rco H.egior: al

' ' As~:unto : Resposta à s,)licirn\·àn i..k fní~m~a.,:ôcs .

Iirasí!ia ~ '?9 de rnaiu dç 2014.

Refc rêneia : ! . Of n" 729/SlND/72.H, de 14 ~ibr 201 •L <lo COM AR 1ll :m C01'·1GE P.

! . Ern uienç:1o ~\s ~1Jlici~3ç~ôe~ i..~ offtidas n·> () fici o da re.ferênc ia ~ infórrthl a \ '.Fx:1. qu~ .. tend,, n.~ :ih ?ado an1pln pesqui sa no~ arquiyt ~;deste C~lJn1ando-Ci~~ral ~ nàu furarn ~~ 1i:.:nntr:id'"··~

docurnL'litus que: demonstrassem c,;rrHi ~e dav;/ a aklc<içi\o de pessn::l da F, w·a Aáea l1L' pi:rwdn ~OilS !tJt.-rad< •. .

' Contud•i. foi e1H'c,11t:-:1da a Dirc1i-iz Búsic::1 de í'!c:nejnmento Dl PLAN b 70 ! , ,k 2·+ d<.' A.gosl\) <k i 967 , <! qual f\.1i r.:rnetida a es;cc (\\n1;:1ndd A...'.rc: ; ~ . parn 1.p1·:: si:ja :inn !isadn por V f\;;1. quanto da sua utilidade para n 1m·nci,m'."io fií,icc~sc·

\ \

St-dDA

\ ; \.. ,

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• MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREQ REGIONAL 1 ç • 1 '

JUNTADA

Aos vinte e três dias do mês de maio do ano de 2014 faço juntada aos presentes autos do Of nº 5/SI/769, do Chefe do Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica e dp 1° Despacho nº 1/5SC1/6307, do Exmº Sr Chefe da 5ª Subchefia do Estado-Maior da Aeronáutica .

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MINISTÉRIO DA DEFESA - COMANDO DA AERONÁUTICA - ESTADO-MAIOR DA AERONÁUTICA (Processo nº 67050.006971/2014-52 - Ref Ofício 731/S.Ir-.TI/7236, de 14.de

abril de 2014, do III COMAR)

lºDESPACHO

N° 2/SSCl/6334

Do Chefe da Quínta Subchefia do EMAER Ao Ex.mo. Sr. Maj Brig Ar Raul Botelho

Brasília, 23 de maio de 2014.

1. Trata o presente expediente dos procedimentos de controle externo das contas das organizações militares da FAB. no período de 1946 a 1988.

2. Ao cumprimentar Vossa Excelência, passo a fornecer as informações solicitadas no documento da Referência:

a) qual er.1 o procedimento adotado para emprego de recursos financeiros públicos com o próposito de custeio e manutenção das instalações militares do então Ministério da Aeronáutica, no período de 1946 a 1988;

- os procedimentos adotados para emprego de recursos financeiros públicos com o propósito de custeio e manutenção das instalações militares do então Ministério da Aeronáutica. no período de 1946 a 1988, obedeceram ao que estava previsto nas seguintes . Jegisl ações;

- A viso nº 84, de 05 de outubro de 1949;

- A viso nº 45 de 31 de maio de 195 l ;

- IMA 171-2, de 01 de junho de 1976 -Acompanhamento da Execução Orçarnentátia e do emprego de Recursos Extra-Orçamentários;

- Portaria 1547/GM6, de 11 de dezembro de 1979; e

- IMA 171-20, de 02 de dezembro de 1985 - Escrituração Creditícia e Financeira.

b) como era feito o controle externo das contas das organizações militares da Força Aérea, no mesmo período; e

- de forma análoga ao procedimento atual, o controle externo das contas das organizações militares da Força Aérea, no período de 1946 a 1988, era exercido pelo Tribunal de Contas da União .

. e) de que forma havia a prestação de contas relativamente a e~es recursos, bem como o atendimento das exigências inerentes ao acompanhamento da execução orçamentária.

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( FL 2/2 do Desp Enc nº 2/5SC1/6334 - EMAER, de 23 MAI 2014, Proc · nº 67050.00697112014-52)

- a fonna corno era elaborada a prestação de contas mensal relativamente a esses recursos, bem como, o atendimento das exigências inerentes ao acompanhamento de execução orçamentária, cumpria o estabelecido na legislação supra mencionada.

3. Em relação à documentação contendo a demonstração dos valores da execução orçamentária da BAGL, no período em questão, informo a Vossa Excelência que as referidas prestações de contas forrun remetidas pela OM à Secretaria-Geral da Aeronáutica, atual Secretaria de Economia e Finanças da Aeronáutica.

4. Entretanto, considerando o disposto no artigo 14, ítens I e II, da Instrução Normativa TCU nº 63, de 1° de setembro de 2010, que preconiza a guarda dos documentos comprobatórios das conras de cada exercício, conforme o caso, pelos prazos que variem de 5 a 10 anos, essa documentação foi eliminada, obedecidos os procedimentos estabelecidos por norma interna do Comando da Aeronáutica, ICA 241-3/201 l - Avaliação de Documentos em Arquivo.

Brig I HONECORRÊA lefe da Quinta Subchefia do EMAER

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MINISTÉRJO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

CENTRO DE DQÇUMENIAÇÃQ DA AERQNÁUTICA

Oficio nº 5/Sl/769 Rio de Janeiro, 23 de maio de 2014. Protocolo COMAER nº 67401.000784/2014-38

Do Chefe do CENDOC Ao Exmo. Sr. Comandante do Ill Comando Aéreo Regional

Assunto: Solicitação de Informações.

Referência: 1. Of. nº 735/SIND/7240, 14 abr 2014, do 1II COMAR.

1. Em atenção ao documento em referência, informo a V. Exa. que este Centro de Documentação não possui a legislação requerida.

MARCUS~ •- A-o,;:;;AMA Cel Int c~fre'1 CENDOC

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MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

RELATÓRIO

1 INTRODUÇÃO

A presente Sindicância foi instaurada em cumprimento ao determinado na Portaria nº 457/GCl, de 31 de março de 2014, do faano. Sr. Tenente-Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito, Comandante da Aeronáutica, para "apurar os fatos especificados no Oficio nº 12412014-CNV, de 18 de fevereiro de 2014, da Comissão Nacional da Verdade ... ".

A determinação do faano. Sr. Comandante da Aeronáutica decorre de solicitação de providências contidas no Ofício nº 1538/MD, de 19 de fevereiro de 2014, do Exmo. Sr. Celso Amorim, Ministro de Estado da Defesa, nos seguintes termos: "apurar "as circunstâncias administrativas que conduziram ao desvirtuamento do fim público estabelecido" para instalações militares no período compreendido entre 1946 e 1988, nos termos e especificações contidas na documentação anexa".

No documento emitido pela Comissão Nacional da Verdade - CNV consta que a referida Comissão, "... encontra-se empenhada na sistematização das informações obtidas, bem como no desenvolvimento de trabalho complementar de investigação ... ", que "No curso desse labor investigativo, uma das matérias a merecer a atenção da Comissão diz respeito à identificação das estruturas, dos locais, das instituições e das circunstâncias relacionados à prática de violações de direitos humanos" (fls. 7).

Prossegue a Comissão Nacional da Verdade, em seu documento, expondo que ". .. com o propósito justamente de promoção da necessária complementação das informações relacionadas a locais de ocorrência de graves violações de direitos humanos ... Interessa especialmente à Comissão a obtenção de dados correspondentes às instalações que se encontram listadas no relatório preliminar de pesquisa que se encontra apenso a este oficio" (fl.7), instalações estas administrativamente afetas à Marinha, Exército e Aeronáutica.

No relatório preliminar de pesquisa, elaborado para subsidiar os termos e fundamentos do Ofício nº 124/2014-CNV, no que tange às instalações militares da Aeronáutica, a Comissão Nacional da Verdade aponta a Base Aérea do Galeão (fls. 18/19), no período de 1971 a 1979, como local onde ocorreram os fatos descritos.

Expressando, ainda, que se impõe "a revelação das condutas administrativas que, por ação ou omissão, ensejam o desvio das finalidades estatuídas para as mencionadas instalações ... ", a Comissão Nacional da Verdade estabelece as seguintes questões: "Do ponto de vista administrativo, qual era a destinação atribuída pelas Forças Armadas àquelas instalações a elas afetadas? De que forma se tornou possível o uso para fins diversos dos da destinação? Como se deu a alocação de pessoal

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para desenvolvimento de atividades em seu âmbito? Qual o procedimento utilizado para o emprego de recursos financeiros públicos com o propósito de custeio e manutenção dessas instalações? De que forma houve a prestação de contas relativamente a esses recursos, bem como o atendimento das exigências inerentes ao acompanhamento da execução orçamentária?" (fls. 8/9).

Assim, a presente Sindicância tem por objetivo, em cumprimento ao determinado pelo Exmo Sr. Comandante da Aeronáutica, buscar e apresentar as respostas aos questionamentos expostos pela Comissão Nacional da Verdade, na documentação acima referida.

2 DILIGÊNCIAS REALIZADAS

De início, com o fim de obter o conhecimento dos dispositivos legais vigentes no momento histórico a que se refere a matéria sob análise, foram consultados os seguintes documentos:

a) Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1937; b) Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1946; c) Constituição da República Federativa do Brasil de 1967; d) Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de 1969; e) Decreto-Lei nº 925, de 2 de dezembro de 1938, que estabelece o Código de Justiça Militar; f) Decreto-Lei nº 2.961, de 20 de janeiro de 1941, que cria o Ministério da Aeronáutica; g) Decreto-Lei nº 9.889, de 16 de setembro de 1946, qu:e trata da organização da Força Aérea Brasileira em tempo de paz; h) Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências; i) Decreto-Lei nº 314, de 13 de março de 1967, que define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social e dá outras providências; j) Decreto-Lei nº 898, de 29 de setembro de 1969, que define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social, estabelece seu processo e julgamento e dá outras providências; k) Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969, Código de Processo Penal Militar; 1) Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, que estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal; m) Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1967, Lei do Serviço Militar; n) Lei nº 5.774, de 23 de dezembro de 1971, que dispõe sobre o Estatuto do Militares e dá outras providências; o) Decreto nº 11.665, de 17 de fevereiro de 1943, que aprova o Regulamento Disciplinar da Aeronáutica (R. D. Aer.); p) Decreto nº 9.760, de 5 de setembro de 1946, que dispõe sobre os bens imóveis da União e dá outras providências; q) Decreto nº 40.491, de 4 de dezembro de 1956, que aprova o Regulamento de Bases e Destacamentos de Bases Aéreas; r) Decreto nº 57.654, de 20 de janeiro de 1966, que regulamenta a Lei do Serviço Militar;

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s) Decreto nº 60.521, de 31 de março de 1967, que estabelece a Estrutura Básica da Organização do Ministério da Aeronáutica; t) Decreto nº 76.322, de 22 de setembro de 1975, aprova o Regulamento Disciplinar da Aeronáutica (RDAER); u) História geral da aeronáutica brasileirà/ Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica - Belo Horizonte: Itatiaia; Rio de Janeiro: INCAER, 1990, v 1; v) História geral da aeronáutica brasileira/ Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica - Belo Horizonte: Itatiaia; Rio de Janeiro: INCAER, 1990, v 2; x) História geral da aeronáutica brasileira/ Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica-Belo Horizonte: Itatiaia; Rio de Janeiro: INCAER, 1990, v 3; y) Base Aérea do Galeão -70 anos -1941- 2011. Rio de Janeiro, 2011; e z) Ministério da Aeronáutica, Diretriz Básica de Planejamento (DIPLAN) 6701, que regula a estrutura organizacional da Aeronáutica e de sua Força Aérea.

Prosseguindo, na busca da complementação cognitiva, com o objetivo de reunir os dados possíveis para fundamentar a conclusão da presente Sindicância, respondendo às questões formuladas pela Comissão Nacional da Verdade, este sindicante houve por bem diligenciar, expedindo os seguintes documentos:

a) Oficio nº 729/SIND/7234, solicitando ao Chefe do Estado-Maior do Comando Geral de Pessoal informar como se dava a alocação de pessoal da Força Aérea, em suas respectivas organizações militares, para o desenvolvimento de suas atividades, no período de 1946 a 1988. Solicitando, ainda, cópias das tabelas de lotação de pessoal, vigentes no citado período, relativas à BAGL;

b) Oficio nº 730/SIND/7235, solicitando ao Comandante da Base Aérea do Galeão cópias do Regimento Interno da BAGL, em vigor no período de 1946 a 1988, caso ainda existam;

c) Oficio nº 731/SIND/7236, solicitando ao Chefe da 5ªSubchefia do EMAER: - informar qual era o procedimento adotado para emprego de recursos financeiros públicos com o propósito de custeio e manutenção das instalações militares do então Ministério da Aeronáutica, no período de 1946 a 1988; - informar como era feito o controle externo das contas das organizações militares da Força Aérea, no mesmo período; - informar de que forma havia a prestação de contas relativamente a esses recursos, bem como o atendimento das exigências inerentes ao acompanhamento da execução orçamentária; e - encaminhar a este sindicante a documentação que demonstre os valores utilizados na execução orçamentária da BAGL, no período em questão.

d) Oficio nº 733/SIND/7238, solicitando ao Chefe do Centro de Controle Interno da Aeronáutica:

- informar como era feito o controle interno das contas das organizações militares da Força Aérea, no período de 1946 a 1988; - informar de que forma havia a prestação de contas relativamente a esses recursos, bem como o atendimento das exigências inerentes ao acompanhamento da execução orçamentária; e - encaminhar a este sindicante uma cópia das referidas Prestações de Contas daquela Base Aérea, referentes ao período em questão.

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e) Oficio nº 735/SIND/7240, solicitando ao Chefe do Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica cópias dos regulamentos de Bases Aéreas e do Regimento Interno da BAGL, em vigor no período de 1946 a 1988.

3 PARTE EXPOSITIVA

Para que seja possível a análise da destinação da Base Aérea do Galeão, nos termos dos questionamentos apresentados pela Comissão Nacional da Verdade, há de se trabalhar com a história da aviação brasileira, buscando situar a referida organização militar dentro do contexto nacional.

CRIACÃO DO MINISTÉRIO DAAERONÁUTICA

No ano de 1941, especificamente no dia 20 de janeiro, o Sr. Presidente da República, considerando o desenvolvimento alcançado pela aviação nacional, a necessidade de ampliar as suas atividades e coordená-las técnica e economicamente, bem como que sua eficiência e aparelhamento eram decisivos para o progresso e segurança nacionais, usando da atribuição que lhe conferia a Constituição vigente, por intermédio do Decreto-Lei nº 2.961, criou uma Secretaria de Estado com a denominação de Ministério da Aeronáutica.

Assim, na conformidade da legislação que o criou, ao novo Ministério da Aeronáutica competia o estudo e despacho de todos os assuntos relativos à atividade da aviação nacional, dirigindo-a técnica e administrativamente, sendo seu patrimônio formado, inicialmente, por bens imóveis e móveis pertencentes à Aeronáutica do Exército, à Aviação Naval e ao Departamento de Aeronáutica Civil.

O efetivo inicial do novo Ministério foi constituído com os elementos existentes nos referidos órgãos, passando à responsabilidade administrativa do novo Ministério os estabelecimentos, instituições e repartições públicas que se propunham à realização de atividades relativas à aviação nacional.

Portanto, a contar da publicação do referido Decreto-Lei, todo pessoal militar da arma de Aeronáutica do Exército e do Corpo da Aviação Naval, inclusive as respectivas reservas, passou a constituir uma corporação única, subordinada ao Ministério da Aeronáutica, com a denominação de Forças Aéreas Nacionais.

Nesse contexto, há de se destacar que, para o seu custeio, ainda conforme o texto da legislação de sua criação, foram transferidos para o Ministério da Aeronáutica todos os créditos disponibilizados às instituições, repartições, órgãos e serviços referentes à atividade da aviação nacional, assim como os que lhes consignavam a lei orçamentária para o exercício do ano de 1941.

Acrescente-se que, no que tange à prestação de contas, segundo o texto legal, junto ao Ministério da Aeronáutica passou a funcionar uma delegacia seccional do Tribunal de Contas e uma subcontadoria, da Contadoria Central da República.

Dessa maneira, o Ministério da Aeronáutica, com sua estrutura administrativa, tinha por atribuição gerir os negócios da Aeronáutica, provendo o estudo e a

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consecução da Política Aeronáutica Nacional em seus aspectos militar e civil e a sua direção técnico-administrativa, a promoção do fortalecimento do Poder Aéreo Nacional, o desenvolvimento dos seus elementos constitutivos, a preservação de sua integridade e a preparação para a sua destinação constitucional.

Destaque-se que, à época de sua criação, encontrava-se em vigor a Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1937 que, ao tratar da Segurança Nacional, deixava expresso que as Forças Armadas " ... são instituições nacionais permanentes, organizadas sobre a base de disciplina hierárquica e da fiel obediência à autoridade do Presidente da República", conforme redação do art. 161.

Em seguida, a Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1946, em seus artigos 176 e 1 77, expressava que "As forças armadas, constituídas essencialmente pelo Exército, Marinha e Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República e dentro dos limites da lei", destinando-se" ... a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem".

A Constituição da República do Brasil de 1967, que sucedeu a de 1946, dispôs, expressamente, no art. 92, que "As forças armadas, constituídas pela Marinha de Guerra, Exército e Aeronáutica Militar, são instituições nacionais, permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República e dentro dos limites da lei".

E prossegue, em seu § 1 º, expondo que "Destinam-se as forças armadas a defender a Pátria e a garantir os Poderes constituídos, a lei e a ordem".

Posteriormente, a Política de Segurança Nacional envolveu o Ministério da Aeronáutica e, consequentemente, todas suas organizações militares, nas tarefas relacionadas à segurança interna do País, em razão do contido na Emenda Constitucional nºl, de 1969, que ressalta a responsabilidade das Forças Armadas, ao dispor, em seu art. 91, que são instituições "essenciais à execução da política de segurança nacional".

É nesse contexto que se situa a participação da Força Aérea Brasileira, instrumento militar do Poder Aéreo Nacional, como instituição essencial à execução da Política de Segurança Nacional, na defesa da Pátria, na garantia dos Poderes constituídos, da lei e da ordem.

- CRIACÃO DA FORCA AÉREA BRASILEIRA

Aproximadamente 4 (quatro) meses depois da criação do Ministério da Aeronáutica, por intermédio do Decreto-Lei nº 3.302, de 22 de maio de 1941, o Sr. Presidente da República, atendendo às razões apresentadas pelo Sr. Ministro de Estado da Aeronáutica dá nova denominação às Forças Aéreas Nacionais que passam a se denominar Força Aérea Brasileira.

Posteriormente, já no ano de 1946, por intermédio do Decreto-Lei nº 9.889, a Força Aérea Brasileira é organizada visando atender e executar as operações puramente aéreas; as operações combinadas com as demais Forças Armadas; e a Defesa Aérea do país.

Dentre as unidades que compunham, e ainda compõem, a Força Aérea constam as Bases Aéreas, entre elas a Base Aérea do Galeão, que se destinam a

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proporcionar às Unidades Aéreas da Força todos os recursos técnicos e administrativos necessários para assegurar a manutenção, operação e o emprego eficiente dessas Unidades.

- BASE AÉREA DO GALEÃO

As origens históricas da Base Aérea do Galeão remontam ao ano de 1923, decorrentes da transferência da Escola Naval do Rio de Janeiro para uma área concedida, às margens da Praia do Galeão.

Nessa região foi criado o Centro de Aviação Naval, em 10 de maio de 1923, que abrigava a Base de Aviação Naval, a Escola de Aviação Naval, o Almoxarifado e as oficinas especializadas, além de sediar o Comando de Defesa Aérea do Litoral e a Força Aérea da Esquadra.

Com o destaque da Aviação Naval Militar, nos primeiros anos da década de 30, foram criadas as Unidades do Corpo de Aviação Naval, sendo que uma delas, a 1 ª Flotilha de Aviões de Esclarecimento e Bombardeio, ficou alocada no Centro de Aviação Naval, no Galeão.

A expansão da Aeronáutica, nesse momento, era fruto do reconhecimento de sua importância estratégica, mas a notória dependência de fornecedores estrangeiros, referente tanto às aeronaves como aos diversos materiais aeronáuticos, mostrou a necessidade de criação de um espaço industrial com vistas a minimizar essa sujeição e possibilitar certa autonomia à aviação militar.

Assim, surgiram as Oficinas Gerais de Aviação Naval, na Base de Aviação Naval do Galeão, no fim de 1935, que, com o passar dos tempos, evoluíram da produção de peças e montagem de aviões para a própria construção de aeronaves, fruto de um convênio celebrado entre o Sr. Presidente da República do Brasil e a fábrica de aeronaves alemã Focke-wulf.

Reconheça-se que esse esforço industrial aliado ao crescimento da importância da aviação naval relacionava-se ao debate acerca da criação do Ministério da Aeronáutica, reivindicação destacada nos jornais da época.

Destaca-se as figuras do Capitão-de Mar-e-Guerra Antônio Augusto Schorcht, da Aviação Naval, e dos Capitães Antônio Alves Cabral e José Vicente Faria Lima, da Aviação Militar, que, retomando de estágio na Itália, empenharam-se na demonstração dos benefícios provenientes da reunião das aviações militar, naval e comercial sob um único ministério.

Esse movimento intensificou-se no ano de 1935, estendendo-se às principais instituições representativas dos militares, com destaque para o Clube Militar do Rio de Janeiro, onde ocorreram diversas conferências sobre o tema, com significativa participação da imprensa da época, o que gerou o envolvimento da sociedade civil no debate.

Assim, em virtude do desenvolvimento da aeronáutica no Brasil e da evidência de sua importância estratégica para o país, foi criado o Ministério da Aeronáutica, em 20 de janeiro de 1941, o qual assumiu o controle dos diversos órgãos ligados à aviação militar e civil e, em consequência, por meio do Decreto-lei nº 3.302, de 22 de maio de 1941 restou alterada a denominação das Forças Aéreas Nacionais para Força Aérea Brasileira e,

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ainda, a existente Base de Aviação Naval do Rio de Janeiro, sediada na ponta do Galeão, Ilha do Governador, no Estado do Rio de Janeiro, passou a denominar-se Base Aérea do Galeão.

Há de se registrar que, desde período antecedente a sua própria criação, a Base Aérea do Galeão realiza missão de grande importância, como no primeiro voo do Correio Aéreo Militar, em 12 de junho de 1931, quando houve a possibilidade de levar correspondências do Rio de Janeiro para São Paulo e, três dias depois, retomar trazendo de lá para o Rio de Janeiro.

Em um sonho que se tomou realidade, os tenentes Casimiro Montenegro Filho e Nelson Freire Lavanere Wanderley, pilotando um Curtiss Fledgling K-263, realizaram o voo inaugural do então chamado Correio Aéreo Militar, que passou a denominar-se Correio Aéreo Nacional, ou CAN, em 1941 .

Durante e após os anos da II Grande Guerra, precisamente de 1942 a 1948, a Base Aérea do Galeão ficou subordinada à 3ª Zona Aérea e, em cumprimento ao disposto no Decreto-Lei nº 6.796, de 17 de agosto de 1944, foi sede do 4° Regimento de Aviação, que compreendia o 3° Grupo de Bombardeio Médio e o 2° Grupo de Patrulha.

Desse modo, a participação do Brasil na segunda Guerra Mundial levou a Aviação Militar a expandir seu tamanho de forma rápida e urgente, sendo necessário um grande esforço para dar condições de operações às diversas Bases Aéreas, inclusive a do Galeão, e criar rotas que integrassem o território nacional.

Assim, a Base Aérea do Galeão tomou-se um elemento central para o Correio Aéreo Nacional, cujas atividades tomaram-se importantes para a integração nacional, com voos partindo do Rio de Janeiro com destino ao Acre, Boa Vista, Caiena, Fernando de Noronha, Porto Alegre e Xavantina .

O crescimento socioeconômico brasileiro, ocorrido no início da década de 1950, possibilitou o reconhecimento da destacada participação do Correio Aéreo Nacional na integração de regiões remotas, como aquelas situadas ao longo do Rio Amazonas e seus afluentes, contribuindo, assim, para a comunicação em grandes distâncias da Região Norte.

O crescimento da demanda de missões a serem realizadas pela Força Aérea aumentava a complexidade das operações de transporte. A ampliação de rotas do Correio Aéreo Nacional e do volume de suas missões deixava evidente a necessidade de criação de um órgão centralizador do planejamento estratégico e execução das operações.

Fruto dessa necessidade, foi criado, em 5 de junho de 1951, o Comando de Transporte Aéreo, ficando sob a responsabilidade deste Comando as atividades do Correio Aéreo Nacional executadas pelos 1 º e 2° Grupos de Transporte, sediados na Base Aérea do Galeão.

Destaca-se, ainda, que além das operações de transporte aéreo, a Base Aérea do Galeão surge no cenário internacional, ao tomar-se um dos principais aeroportos de embarque e desembarque de autoridades nacionais e estrangeiras.

Cabe registro de que, em 1948, a Base Aérea do Galeão recebeu uma comitiva de cadetes franceses e um grupo de aviadores uruguaios, caracterizando-se como marco inicial de extensa lista de renomados visitantes como o astronauta russo Iuri

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Gagarin, o presidente francês Charles de Gaulle, o Papa João XXIII e, mais recentemente, o presidente Barack Obama, as delegações participantes da Conferência Rio mais 20 e o Papa Francisco.

No ano de 1966, no dia 13 de setembro, foi realizada a primeira volta ao mundo com a finalidade de transportar medicamentos para o Vietnã do Sul e apoio ao batalhão de Suez, através do 1 º/1 º Grupo de Transporte, o Esquadrão Gordo, sediado na Base Aérea do Galeão.

Em junho de 1979, a Base Aérea do Galeão foi responsável pela coordenação de resgate do Embaixador do Brasil em Manágua, devido à Guerra Civil presente naquele país, o que realizou com sucesso, também por intermédio do Esquadrão Gordo, mesmo com a aeronave atingida por alguns projéteis ao sobrevoar o território em litígio.

Cabe, ainda, ressaltar a atuação da Base Aérea do Galeão no apoio ao Projeto Rondon, com fornecimento do suporte logístico, permitindo a integração social de estudantes universitários com o interior do país, por meio de atividades assistenciais em comunidades carentes e isoladas.

Até sua extinção, o Projeto Rondon envolveu mais de 350 mil estudantes de todas as regiões do Brasil, com efetiva participação da Base Aérea do Galeão, que tomou possível o transporte desses estudantes, bem como proporcionou o apoio logístico necessário.

Outro destaque na atuação da Base Aérea do Galeão foi sua participação na Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola, quando realizou o transporte de todos os rodízios de tropas e de suprimentos dos efetivos.

A contínua ampliação das missões aéreas atribuídas fez a Base Aérea do Galeão se tomar, ao longo do tempo, senão o principal, um dos principais centros de irradiação das atividades de transporte aéreo e de correios no país, no âmbito da aviação militar, incluindo o cumprimento de missões no exterior.

Nesse contexto, entre o ano de 1959 e o de 1969, foram criadas, com sede na Base Aérea do Galeão, 4 (quatro) Unidades Aéreas, as quais executavam as missões de transporte aéreo logístico, aeroterrestre, de passageiros, de carga e humanitária e de busca e resgate, conforme sua especialização quanto ao tipo de missão.

Para o exercício de sua destinação regulamentar precípua, consistente em prover o apoio necessário às Unidades Aéreas sediadas, a Base Aérea do Galeão mantinha uma estrutura administrativa dotada de setores de pessoal, subsistência, finanças, manutenção, segurança, infraestrutura, dentre outros, buscando, assim, garantir a essas Unidades as condições adequadas de funcionamento e operação, por meio da disponibilização de alimentação, vestuário, serviço de saúde, equipamentos e instalações, transporte e hospedagem.

Portanto, pelo breve relato, verifica-se que a Base Aérea do Galeão, organização militar criada com a missão de prover o apoio necessário às Unidades Aéreas sediadas, tem uma longa trajetória histórica repleta de grandes realizações, todas em plena conformidade com sua destinação regulamentar, o que demonstra o uso dos bens públicos sob sua responsabilidade em total respeito à finalidade pública que lhe foi atribuída.

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- ALOCAÇÃO DE PESSOAL NA BASE AÉREA DO GALEÃO

Para o cumprimento de sua missão, no período sob análise, a Força Aérea Brasileira possuía em sua estrutura geral o Comando-Geral do Pessoal, como o Grande Comando incumbido de assegurar a consecução dos objetivos da política Aeronáutica Nacional, no campo do pessoal, cabendo-lhe, em particular, tratar do recrutamento, da seleção, da instrução, da formação, da especialização e do aperfeiçoamento dos militares da ativa e da reserva, bem como da administração dos servidores civis.

Nesse sentido, o ingresso nas fileiras da Força Aérea Brasileira ocorria por intermédio do recrutamento dos convocados para a prestação do serviço militar obrigatório, bem como por seleção para matrícula em órgãos de formação.

Assim, o Comando-Geral do Pessoal era o órgão responsável por dotar as diversas organizações militares, com pessoal capacitado para que essas pudessem executar adequadamente suas atribuições regulamentares.

Nessa tarefa, as lotações de cargos, funções e equipamentos das Bases Aéreas eram fixadas nas Tabelas de Organização e Lotação (TOL) ou nas Tabelas de Organização, Lotação e Equipamentos (TOLE), guardadas as devidas especificidades de cada organização militar.

Em adição, deve-se destacar que o preenchimento de cargos e funções era executado por intermédio das movimentações do pessoal militar que, genericamente, abrange toda transferência, classificação ou qualquer ato que implique afastamento do militar de uma Organização com destino a outra.

Portanto, a alocação de pessoal na Base Aérea do Galeão, na época em análise, ocorreu em conformidade com o estabelecido nas normas reguladoras, especificamente na Tabela de Organização e Lotação ou na Tabela de Organização, Lotação e Equipamentos, visando dotar a citada organização militar do pessoal capacitado para o adequado cumprimento de sua destinação regulamentar.

RECURSOS FINANCEIROS DA BASE AÉREA DO GALEÃO

Relativamente à questão orçamentária, destaca-se que, nas décadas de 60 e 70, o planejamento orçamentário obedecia a um trâmite bastante similar ao atual, ou seja, o Poder Executivo consolidava, por intermédio do Ministério do Planejamento, as propostas orçamentárias dos órgãos e elaborava o Projeto de Lei de Orçamento, que era remetido para discussão e votação nas Casas Legislativas.

Nesse período, o Orçamento era tido como tradicional, ou seja, em documento oficial constava a previsão de receita e a autorização de despesa, classificando­as como objeto de gasto e distribuindo aos órgãos para a execução anual.

Nessa fase, o Orçamento era elaborado em uma única dimensão, em Categorias de Despesa que descrevia em quais elementos de gasto a receita pública seria utilizada, em termos de serviço, aquisição de material, pagamento de pessoal e outras despesas.

O foco da decisão orçamentária era o objeto de gasto e, assim, o requisito principal do Orçamento Público era ser financeiramente equilibrado, isto é, o total da

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despesa não deveria exceder o total da receita.

Nesse tipo de Orçamento, não havia compromisso com o Planejamento. O Orçamento não guardava relação direta com as reais necessidades da Administração e ao final de cada ano era feita a correção monetária para o recebimento do ano seguinte.

Posteriormente, com a modernização do Orçamento, foi introduzida a figura do Orçamento-desempenho, quando o Governo começa a se preocupar com os gastos e suas realizações. Foi o início da ligação entre o objeto do gasto, o Programa de Trabalho e as ações desenvolvidas.

Finalmente, chega-se ao Orçamento-programa, onde se tinham os projetos e atividades devidamente identificadas, sendo ainda estabelecidos objetivos e metas a serem perseguidas com a previsão dos custos relacionados.

Nesse cenário orçamentário, cumpre ressaltar que, em relação à execução financeira e seu controle, sob a égide da Constituição Federal de 1946, buscou-se uma supervisão administrativa, sendo atribuído ao Tribunal de Contas da União (TCU) o acompanhamento prévio dos atos de gestão do Executivo.

Dessa forma, o controle seguia duas linhas distintas: o controle contábil, sob a responsabilidade do Ministério da Fazenda e o controle administrativo realizado pelo Tribunal de Contas da União.

Em 1964, por intermédio da Lei nº 4.320, que instituiu Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, o controle interno foi separado do controle externo, esse de responsabilidade do Congresso Nacional e do TCU e aquele de responsabilidade do próprio Governo.

A referida lei, ao estatuir essas normas gerais de direito financeiro, estabeleceu a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo.

Na conformidade da legislação reguladora a epoca, entre outras, as .___ organizações militares recebiam os recursos que lhes eram alocados, visando a

manutenção de seus serviços e de suas atribuições regulamentares.

Internamente, cada organização militar, dentro dos limites dos créditos concedidos, utilizava-se dos empenhos de despesa, para o pagamento das obrigações contraídas, decorrentes de fornecimento de materiais e serviços prestados.

Assim, a liquidação da despesa pelos citados fornecimentos feitos ou serviços prestados tinham por base: o contrato, ajuste ou acordo respectivo; a nota de empenho e os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.

O controle da execução orçamentária, na conformidade da legislação vigente, compreendia a legalidade dos atos dos quais resultassem a realização da despesa, bem como a fidelidade funcional dos agentes da administração, responsáveis por bens e valores públicos.

Especificamente quanto ao controle interno, a verificação da legalidade dos atos de execução orçamentária era prévia, concomitante e subsequente, competindo o

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controle externo a órgão do Poder Legislativo, objetivando verificar a probidade da administração, a guarda e legal emprego dos dinheiros públicos e o cumprimento da Lei de Orçamento.

Em 1967, a reforma operada pelo Decreto-Lei nº 200 constituiu uma nova era na Administração Pública Nacional, podendo ser considerada como o primeiro momento da administração gerencial no Brasil. Assim, o planejamento governamental ganhou formalização e controle.

O referido Decreto-Lei, estabelecendo diretrizes para a Reforma Administrativa, dispôs sobre a organização da Administração Federal, expressando que o controle de suas atividades deveria exercer-se em todos os níveis e em todos os órgãos, compreendendo, particularmente, o controle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos bens da União pelos órgãos próprios do sistema de contabilidade e auditoria.

Registre-se o contido na regulamentação, estabelecendo que nenhuma despesa poderia ser realizada sem a existência de crédito que a comportasse e que os órgãos da Administração Federal deveriam prestar os informes relativos à administração dos créditos orçamentários ao Tribunal de Contas.

Como nos dias atuais, ao Comandante de uma Base Aérea, como Agente Diretor, cabia, entre outras atribuições, providenciar as remessas das prestações de contas ao órgão fiscalizador, servindo-se, para tanto, dos trabalhos realizados, internamente, pelos Agentes Fiscalizadores, que lhes assessoravam, no sentido da comprovação, à luz da legislação vigente, da formalidade, legalidade, correção contábil e veracidade dos controles existentes.

Assim, à época apontada pela Comissão Nacional da Verdade, na conformidade do Regulamento pertinente, nas Bases Aéreas, incluindo entre elas a Base Aérea do Galeão, a administração financeira era executada pelos seus respectivos Comandantes, assessorados pelos Comandantes dos Grupos de Serviços de Base, pelos Comandantes dos Esquadrões de Intendência e pelos Chefes dos Serviços de Finanças.

Dessa forma, as Bases Aéreas, como Unidades Administrativas, tinham os trabalhos referentes às requisições, recebimento e pagamento de valores e sua respectiva contabilidade devidamente executados, fiscalizados e dirigidos.

Há de se registrar que, na conformidade do que estabelecia o Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ, os documentos deveriam ser guardados por 25 (vinte e cinco) anos, lapso temporal esse já ultrapassado. Assim, no presente momento, não há registros do Orçamento do Ministério da Aeronáutica, bem como dos Planos de Ação e prestação de contas da Base Aérea do Galeão, referentes ao período em análise.

Acrescente-se, ainda, que em busca efetuada junto ao Tribunal de Contas da União não há registro de qualquer processo referente a possível irregularidade administrativa praticada pela Base Aérea do Galeão, no período de 1946 a 1988.

- ACAUTELAMENTO DE PRESOS NO MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA

Na análise da execução das medidas restritivas de liberdade, constatou-se que, na conformidade do que preconiza a legislação processual penal militar (Decreto-Lei

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nº 1.002, de 21 de outubro de 1969), a polícia judiciária militar era exercida, como permanece sendo, entre outros, pelos Comandantes, Diretores ou Chefes das organizações militares.

A essas autoridades, no exercício da polícia judiciária militar, entre outras atribuições consta o cumprimento das determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua guarda e responsabilidade.

E, ainda, nas hipóteses de prisão de militar executada pelas autoridades policiais civis, conforme determina o Estatuto dos Militares vigente à época (Lei nº 5.774, de 23 de dezembro de 1971), o militar deveria ser entregue à autoridade militar, ficando sob a custódia desta.

Registre-se, também, os poss1ve1s recolhimentos de militares, nas execuções das punições disciplinares, conforme determinava o Regulamento Disciplinar da Aeronáutica, aprovado pelo Decreto nºl l.665, de 17 de fevereiro de 1943 e posterior Decreto nº 76.322, de 22 de setembro de 1975.

Desse modo, para o adequado cumprimento do estabelecido nas legislações que tratam das medidas restritivas de liberdade aplicáveis aos transgressores das normas, sejam decorrentes de atos judiciais ou administrativos, torna-se necessária e legal a existência em Organizações Militares, entre as quais as Bases Aéreas, de recintos destinados ao acautelamento desses presos.

Assim, mostra-se legítima a utilização de instalação na Base Aérea do Galeão como recinto destinado ao acautelamento de presos em cumprimento às determinações oriundas dos órgãos jurisdicionais da Justiça Militar e da Justiça Comum, bem como da própria autoridade administrativa militar, nas hipóteses de punições disciplinares.

- DOCUMENTOS SOB CUSTÓDIA DO COMANDO D A AERONÁUTICA

Destaca-se, neste tópico, que, em 2006, por intermédio do Aviso nº 167 -CCIVL, dirigido ao Senhor Ministro de Estado da Defesa, a Senhora Ministra de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República, na qualidade de Presidente da Comissão de Averiguação e Análise de Informações Sigilosas solicitou o acervo documental sob custódia do Ministério da Defesa, que tenha sido produzido ou acumulado entre o ano de 1964 e 1990, cujo conteúdo dissesse respeito a ações para apurar e punir supostos ilícitos ou envolvimentos políticos indesejados, produzidos sob o fundamento da Lei de Segurança Nacional e que detenha informação relevante para a identificação dos fatos políticos, falecimentos ou localização de corpos de desaparecidos políticos.

Na oportunidade, por meio do Oficio nº 15/CMT/473, de 16 de março de 2006, o Senhor Comandante da Aeronáutica, dirigindo-se ao Senhor Vice-Presidente da República e Ministro de Estado da Defesa ressaltou a permanente colaboração que o Comando da Aeronáutica vinha prestando ao esforço de recomposição histórica nos anos recentes e informou que a documentação do período mencionado, notadamente a produzida pela área de Inteligência, foi em grande parte consumida no sinistro ocorrido no prédio do Aeroporto Santos Dumont no ano de 1998.

Nesse mesmo oficio de março de 2006 foi também comunicado que outros

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documentos da época em questão já haviam sido submetidos ao natural processo de eliminação, com base na vigência do Decreto nº 79.099, de 06 de janeiro de 1977, deles já não persistindo os eventuais termos de destruição, então exigíveis apenas para as mais altas naturezas de classificação sigilosa.

Em adição, o Senhor Comandante da Aeronáutica informou que no acervo remanescente, quase todo de cunho administrativo ou próprio da operacionalidade da Força Aérea Brasileira, observou-se a não existência de documentos que atendessem ao especificado pela Senhora Ministra de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República e que, em levantamentos realizados foi possível identificar a presença de documentação genérica, entendida como de fortuito componente histórico, retratando a ambiência nacional então vigente.

Esses documentos foram colocados à disposição dos entes governamentais e nenhuma instituição federal, naquele momento, apresentou-se como interessada em analisar tal acervo. Porém, no ano de 2009, a Procuradoria-Geral da Justiça Militar, por meio do Oficio nº 171/2009/GAB-PGJM, manifestou interesse na análise dessa documentação disponibilizada.

Posteriormente, em 3 de fevereiro de 2010, o Comando da Aeronáutica procedeu o recolhimento de 49.867 documentos (189 caixas) à Coordenação Regional do Arquivo Nacional do Distrito Federal (COREG), lavrando o devido termo de recolhimento.

Ressalte-se que todos os fatos relativos à documentação acima descrita foram informados à Comissão Nacional da Verdade, por intermédio de uma apresentação realizada pelo Estado-Maior da Aeronáutica, em 25 de setembro de 2013.

4 PARTE CONCLUSIVA

A análise dos documentos vigentes à época apontada no Oficio nº 1538/MD, de 19 de fevereiro de 2014, do Ministério da Defesa, que tratam da Administração Pública, em especial da Força Aérea Brasileira e especificamente da Base Aérea do Galeão, permitiu a este Sindicante cientificar-se das atividades e atribuições, do estabelecimento de seu efetivo, do custeio, prestação de contas e fiscalização financeira.

Contudo, documentos outros, que pudessem abordar situações como as descritas no Oficio nº 124/2014-CNV, de 18 de fevereiro de 2014, da Comissão Nacional da Verdade, especificamente aquelas produzidas pela área de Inteligência, foram consumidos em sinistro ocorrido no prédio do Aeroporto Santos Dumont, Rio de Janeiro, que abrigava instalações do então Ministério da Aeronáutica e o restante eliminado, na conformidade da legislação vigente naquele momento histórico.

Portanto, no período em análise, foram verificados especificamente os documentos legislativos vigentes à época, que se referiam à destinação da Base Aérea do Galeão, ao efetivo alocado para o cumprimento de sua missão, ao orçamento para cobrir seus gastos, à execução e controles financeiros, e ao acautelamento de presos em suas dependências.

Assim, relativamente aos questionamentos formulados pela Comissão Nacional da Verdade, à luz da abordagem histórico-administrativa exposta, a análise realizada permitiu a este Sindicante conhecer e fatos e normas que, de uma forma objetiva

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e direta, permitem o estabelecimento de suas respostas, nos termos a seguir expostos.

Questionamento: Do ponto de vista administrativo, qual era a destinação atribuída pelas Forças Armadas àquelas instalações a elas afetadas?

Como exposto, a origem histórica da Base Aérea do Galeão remonta ao ano de 1923, em razão da transferência da Escola Naval do Rio de Janeiro para uma área situada às margens da Praia do Galeão, região onde foi criado o Centro de Aviação Naval, que abrigava a Base de Aviação Naval.

Posteriormente, com a criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941, que assumiu o controle dos diversos órgãos ligados à aviação militar e civil, a então denominada Forças Aéreas Nacionais passou a denominar-se Força Aérea Brasileira, alterando-se, ainda, a denominação da existente Base de Aviação Naval para Base Aérea do Galeão.

A partir desse momento histórico, a Base Aérea do Galeão, de forma inquestionável, forneceu o apoio necessário para que as Unidades Aéreas nela sediadas cumprissem suas missões específicas, conforme constatado e destacado na parte expositiva desta Sindicância.

Desse modo, pode-se dispor que a Base Aérea do Galeão, entre outras Bases Aéreas, integrava, como atualmente integra, a Força Aérea Brasileira, destinando-se, precipuamente, a proporcionar às Unidades Aéreas nela sediadas todos os recursos técnicos e administrativos necessários para assegurar a manutenção, operação e o emprego eficiente dessas Unidades.

Com o objetivo de cumprir sua destinação regulamentar, a Base Aérea do Galeão estruturou-se como sede de 4 (quatro) unidades aéreas, executando as missões de transporte aéreo logístico, aeroterrestre, de passageiros, de carga e humanitário, de busca e resgate, cabendo a cada unidade aérea sediada a especialização de determinado tipo de missão.

Assim, como Unidade Administrativa, a Base Aérea do Galeão, no período especificado, tinha na figura dos seus Comandantes a direção das atividades administrativas, competindo-lhes tomar todas as providências de caráter administrativo necessárias ao desempenho das atividades-fim, na conformidade da legislação vigente.

Ao longo desses anos em análise, verificou-se que as missões realizadas pelas Unidades Aéreas sediadas na Base Aérea do Galeão foram inúmeras, como continuam sendo, demonstrando, assim, o pleno cumprimento dessa organização militar relativamente a sua destinação regulamentar.

Acrescente-se que para o exercício dessa destinação regulamentar precípua, a Base Aérea do Galeão estruturou-se administrativamente com setores de pessoal, subsistência, finanças, manutenção, segurança, infraestrutura, dentre outros, buscando garantir às Unidades Aéreas sediadas as condições adequadas para funcionamento e operação.

Portanto, como visto, desde sua criação, a Base Aérea do Galeão cumpre sua destinação regularmente determinada, disponibilizando os meios indispensáveis que permitam que suas Unidades Aéreas possam cumprir suas missões específicas.

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Questionamento: De que forma se tornou possível o uso para fins diversos dos da destinação?

Deve-se entender que uma Base Aérea somente é criada com o objetivo de apoiar as Unidades Aéreas sediadas, com os recursos materiais, pessoais e financeiros aprovados e de acordo com a legislação reguladora.

Desde o tempo em que a Base Aérea do Galeão era uma Base de Aviação pertencente à Marinha do Brasil, sua destinação já possuía como elemento preponderante o apoio aos meios aéreos para o cumprimento de suas respectivas missões.

Em 1941, quando ocorreu a passagem de sua subordinação ao, à época, Ministério da Aeronáutica, manteve-se sua destinação original, ou seja, o provimento do apoio às Unidades Aéreas sediadas.

Nesse contexto, na busca de qualquer registro que identificasse, na Base Aérea do Galeão, suposto uso distinto da destinação regularmente estabelecida, constatou­se que a documentação relativa ao período de 1964 e o ano de 1990, notadamente a produzida pela área de Inteligência, foi em grande parte consumida em sinistro ocorrido no prédio do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e que no acervo remanescente, quase todo de cunho administrativo ou operacional, observou-se a não existência de documentos capazes de atribuir à referida organização militar qualquer utilização diversa da destinação motivadora de sua criação.

Registre-se, contudo, que a análise histórica dos fatos documentados descreve a efetiva realização de diversas missões pelas Unidades Aéreas sediadas na Base Aérea do Galeão, servindo de demonstração de estrita obediência às determinações legalmente expressas, sem qualquer referência a uso diverso do regularmente destinado.

Questionamento: Como se deu a alocação de pessoal para desenvolvimento de atividades em seu âmbito?

Na conformidade da legislação em vigor, à época, ao Comando-Geral do Pessoal cabia tratar do recrutamento, da seleção, da instrução, da formação, da especialização e do aperfeiçoamento dos militares das diversas organizações militares da Força Aérea Brasileira, entre elas a Base Aérea do Galeão.

Assim, o Comando-Geral do Pessoal era o órgão responsável por dotar a Base Aérea do Galeão com pessoal capacitado para que esta pudesse executar adequadamente suas atribuições regulamentares.

Por conseguinte, objetivando o cumprimento de sua destinação legal, as lotações dos cargos e funções da Base Aérea do Galeão foram fixadas pelo Comando­Geral do Pessoal, por meio da respectiva Tabela de Organização e Lotação (TOL) ou da Tabela de Organização, Lotação e Equipamento (TOLE).

Acrescente-se que o preenchimento desses cargos e funções era executado por intermédio das movimentações do pessoal militar, compreendidas estas como toda transferência, classificação ou qualquer ato que implique afastamento do militar de uma organização militar com destino a outra.

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Questionamento: Qual o procedimento utilizado para o emprego de recursos financeiros públicos com o propósito de custeio e manutenção dessas instalações?

Até os anos 70, o Orçamento era tido como "Tradicional'', constituindo-se num documento onde constava a previsão de receita e a autorização de despesa, classificando-as como objeto de gasto e distribuindo aos órgãos para o período de um ano.

Nessa fase, o Orçamento era elaborado em uma única dimensão, em Categorias de Despesa que descrevia em quais elementos de gasto a receita pública seria utilizada, em termos de serviço, aquisição de material, pagamento de pessoal e outras despesas.

Nessa época, o requisito principal do Orçamento Público era ser financeiramente equilibrado, isto é, o total da despesa não deveria exceder o total da receita.

A Lei nº 4.320, de 17 de maio de 1964, instituiu Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

Em 1967, a reforma operada pelo Decreto-Lei nº 200 constituiu uma nova era na Administração Pública nacional, podendo ser considerada como o primeiro momento da administração gerencial no Brasil. Assim, o planejamento governamental ganhou formalização e planejamento.

Assim, na conformidade da legislação reguladora à época, a Base Aérea do Galeão recebia os recursos que lhe eram alocados, visando a manutenção de seus serviços e a execução de suas atribuições regulamentares.

A execução financeira, dentro dos limites dos créditos concedidos, utilizava-se dos empenhos de despesa, para o pagamento das obrigações contraídas, decorrentes de fornecimento e serviços prestados.

Desse modo, a liquidação da despesa realizada tinha por base: o contrato, ajuste ou acordo respectivo; a nota de empenho; e os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.

Esse ciclo financeiro-orçamentário culminava com a correspondente prestação de contas.

Questionamento: De que forma houve a prestação de contas relativamente a esses recursos, bem como o atendimento das exigências inerentes ao acompanhamento da execução orçamentária?

A prestação de contas dos recursos alocados à Base Aérea do Galeão, na conformidade da legislação vigente, compreendia a legalidade dos atos dos quais resultassem a realização da despesa, bem como a fidelidade funcional dos agentes da administração, responsáveis por bens e valores públicos.

À época apontada pela Comissão Nacional da Verdade, na conformidade do Regulamento pertinente, na Base Aérea do Galeão, a administração financeira era

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executada pelo seu Comandante, assessorado pelo Comandante do Grupo de Serviços de Base, pelo Comandante do Esquadrão de Intendência e pelo Chefe do Serviço de Finanças.

Ao Comandante da Base Aérea do Galeão, como Agente Diretor, cabia, entre outras atribuições, aprovar e providenciar a remessa das prestações de contas ao órgão fiscalizador, servindo-se, para tanto, dos trabalhos realizados, internamente, pelo Agente Fiscalizador, que lhe assessorava, no sentido da comprovação, à luz da legislação vigente, da formalidade, legalidade, correção contábil e veracidade dos controles existentes.

Especificamente quanto ao controle interno, a verificação da legalidade dos atos de execução orçamentária era prévia, concomitante e subsequente, competindo o controle externo a órgão do Poder Legislativo, objetivando verificar a probidade da administração, a guarda e legal emprego dos dinheiros públicos e o cumprimento da Lei de Orçamento.

Ressalta-se que, no período em análise, não foram encontrados quaisquer registros do controle da execução dos recursos alocados à Base Aérea do Galeão, posto que segundo o Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ, os documentos deveriam ser guardados por 25 (vinte e cinco) anos, lapso temporal esse já ultrapassado.

Registre-se, ainda, que em busca efetuada junto ao Tribunal de Contas da União não há registro de qualquer processo referente a possíveis irregularidades administrativas praticadas no âmbito da Base Aérea do Galeão, no período de 1946 a 1988.

Por todo o exposto, após o atendimento direto aos questionamentos estabelecidos pela Comissão Nacional da Verdade, há de se acrescentar que a análise dos fatos e documentos históricos permite a conclusão de que não houve desvirtuamento do fim público estabelecido para a Base Aérea do Galeão, que pudesse configurar desvio de finalidade.

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MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

TERMO DE ENCERRAMENTO DE SINDICÂNCIA

1. Aos vinte e seis dias do mês de maio do ano de dois mil e quatorze, na cidade do Rio de Janeiro, no Terceiro Comando Aéreo Regional, encerro os trabalhos de instrução atinentes à presente Sindicância, procedida em cumprimento ao determinado na Portaria nº 457/GCl, de 31 de março. de 2014, do Exmº Sr Comandante da Aeronáutica, do que, para constar, lavrei o presente termo.

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MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

TERCEIRO COMANDO AÉREO REGIONAL

Oficio nº 736/SIND/724 l Rio de Janeiro, 26 de maio de 2014. Protocolo COMAER nº 67240.007492/2014-21

Do Sindicante Ao Exmo. Sr Comandante da Aeronáutica

Assunto: Remessa de Autos da Sindicância Ref: Portaria nº 457/GCl , de 31 de março de 2014.

Anexo: Autos da Sindicância com 133 folhas.

Remeto a V Ex3 os Autos da Sindicância constantes do anexo, instaurada por intermédio da Portaria nº 4.57/GCl, de 3-1 de março de 2014.

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MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERONÁUTICA

GABINETE DO COMANDANTE DA AERONÁUTICA Esplanada dos Ministérios - Bloco M - 8º andar

Brasília - DF- CEP 70045-900

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Tel: (61)3966-9708 /Fax: (61)3223-0930 I e-mail: [email protected]

Ofício nº 386/GCl/7618

Protocolo COMAER nº 67240.007492/2014-DV

A Sua Excelência o Senhor CELSO LUIZ NUNES AMORIM Ministro de Estado da Defesa Esplanada dos Ministérios - Bloco Q - 6º andar 70049-900 - Brasília-DF

Brasília, 10 de junho de 2014.

8 Assunto: Comissão Nacional da Verdade. -..f"· y ~~i L!'".: ...... ~:

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•:::.

Senhor Ministro,

1. Ao cumprimentar Vossa Excelência, reporto-me ao Ofício nº 1538/MD, de 19 de fevereiro de 2014, nos seguintes termos: "apurar as circunstâncias administrativas que conduziram ao desvirtuamento do fim público estabelecido para instalações militares no período compreendido ente 1946 e 1988, nos termos e especificações contidas na documentação anexa".

2. Essa solicitação consta do Ofício nº 124/2014 - CNV, no que tange às instalações militares da Aeronáutica, apontando a Base Aérea do Galeão, como objeto das averiguações.

3. Em atenção a esse documento, mandei instaurar a Sindicância por meio de Portaria nº 457/GCl, de 31 de março de 2014, prorrogada por meio da Portaria nº 670/GCl, de 5 de maio de 2014.

4. Desde o início do processo em que se busca a verdade a respeito dos fatos ocorridos em período de inegável importância histórica para o nosso país, o Comando da Aeronáutica tem adotado postura colaborativa, no sentido de fornecer todas as informações solicitadas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV).

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Í./.J ~ -;~ ( FL 212 do Ofício Externo nº 386/GCl/7618 - GABAER, de 10 JUN 2~4fitProt nº ..-1

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5. Nesse contexto, empenhou-se nessa sindicância, conduzida com exa~f;.~ trabalho de pesquisa e análise documental, buscando reunir elementos suficientes para responder, da melhor forma possível, aos questionamentos apresentados pela Comissão.

6. O enorme lapso de tempo existente entre o período em análise e a presente data, aliada ao disposto na legislação vigente à época, sobre manutenção e guarda documental, dificultou a obtenção de maior quantidade de documentos que pudessem demonstrar, mais detalhadamente, o funcionamento das Bases Aéreas.

7. Contudo, a documentação encontrada permite obter uma ideia bem clara e objetiva das normas que regulavam, no momento histórico citado, a finalidade e a destinação de uma Base Aérea e, em particular, a da Base Aérea do Galeão (BAGL).

8. A descrição, na sindicância, da atuação da BAGL, suas realizações e importância ,\ para o então Ministério da Aeronáutica evidenciam que, em nenhum momento, aquela Base, deixou de cumprir sua função precípua de apoiar as Unidade Aéreas nela sediadas.

9. Verifica-se, na sindicância, que a Base Aérea do Galeão, organização militar criada com a missão de prover o apoio necessário às Unidades Aéreas sediadas, tem uma longa trajetória histórica repleta de grandes realizações, todas em plena conformidade com sua destinação regulamentar, demonstrando o uso dos bens públicos sob sua responsabilidade, em total respeito à finalidade pública que lhe foi atribuída.

10. A alocação de pessoal na Base Aérea do Galeão, na época sob análise, ocorreu em conformidade com o o estabelecido nas normas reguladoras, visando dotar a citada organização militar do pessoal capacitado para o adequado cumprimento de sua destinação regulamentar.

11. Na conformidade da legislação reguladora no período em comento, a Base Aérea do Galeão recebia os recursos que lhe eram alocados, visando à manutenção de seus serviços e de suas atribuições regulamentares e, internamente, dentro dos limites dos créditos concedidos, utilizava-se dos empenhos de despesa, para o pagamento das obrigações contraídas, decorrentes de fornecimento de materiais e serviços prestados.

12. A aprovação e o arquivamento das contas da BAGL, pelo Tribunal de Contas da União, demonstram, indubitavelmente, a lisura dos gastos realizados.

13. Em face do exposto, encaminho a Vossa Excelência os autos da sindicância, \ informando que não houve desvirtuamento do fim público estabelecido para a Base Aérea do \ Galeão, no período em questão, que pudesse configurar desvio de sua finalidade regulamentar.

Respeitosamente,

g~~-=c; Ar JUNITI f AJTO nte da Aeronáutica

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MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERbNÁUTÍCA

SOLUÇÃO DE SINDICÂNCIA

Aprovo o parecer final da sindicância e determino as seguintes medidas administrativas:

a) Remeta-se a sindicância ao Ministério da Defesa,

b) Publique-se a presente solução em boletim do Comando da Aeronáutica.

Brasília, 10 de junho de 2014

Ts;i~ Co~~eU~ Aeronáutica

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e Segue Fisicamente

O Segue Eletronicamente Situação

ARQUIVADO Documento está com

PROTOCOLO

Usuário Corrente Raimundo Pereira de Oliveira ( ARQUIVO, ARQUIVO-GERAL,

~~'?!<?<:.()~(?) ..

FOLHA DE ENCAMINHAMENTO Sigilo: Ostensivo Exige Cifra: O Sim e Não Precedência: Normal

NUP: 67240.007492/2014-16 Ministério da Defesa

ORIGE GABINETE DO COMANDANTE DA M: AERONÁUTICA :::.::J AO: MO :::.::J CÓPIA: :::.::J

DATA DE ENTRADA 10/06/201418:30:18

DOCUMENTO:

<' - OF 386 GC1 7618 COMAER.pdf

SINOPSE:

PARECER:

Prazo de Classificação: 01 /12/2014

Distribuição

Trâmite

P/Conhecimento:

PROTOCOLO;PROTOCOLO

TIPO DE NÚMERO

DATA Nº CONTROLE

DOCUMENTO DOCUMENTO

Ofício 386/GC1/7618 10/06/2014 DR-2014/06-0087

2 ASSUNTO: COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE. APURAR CIRCUNSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS QUE CONDUZIRAM AO DESVIRTUAMENTO DO FIM PÚBLICO ESTABELECIDO PARA INSTALAÇÕES MILITARES NO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE 1946 E 1988.

Autor: PROTOCOLO (Raimundo Pereira de Oliveira) Acompanhamento

SETOR USUÁRIO DATA AÇÃO

PROTOCOLO RAIMUNDO 10/06/20 14 18:30:18 Cri a do PROTOCOLO RAI MUN DO 10/06/20 14 18 : 33:13 Autuado com 67240.007492/20 14-1 6 PROTOCOLO RAIMUNDO PEREIRA DE 10/06/20 14 18 : 35: 4 5 Documento 'OF 386 GCl 761 8 COMAER .pdf ' i nc l uído PROTOCOLO RAI MUNDO 10/06/20 14 18:35 : 52 Doc umento encaminhado PROTOCOLO RAIMUNDO 10/06/2014 18 : 44 : 06 Juntado (anexa r) ao p roces so 67240.007492/201 4- 16 PROTOCOLO RAI MUNDO 10/06/20 14 18 : 44 : 06 Ar quivad o : Ane xado a o proc es s o 672 40.007492/2014- 16

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Ministério da Defesa Setor: PROTOCOLO

Processo nº: 67240.007492/2014-16

TERMO DE ANEXAÇÃO