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Revista Brasileira de Ciências Ambientais - Número 16 - Junho/2010 44 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478 RESUMO As normas de proteção às florestas e recursos hídricos brasileiros são fundamentadas na Lei nr. 4.771 de 1965, com atualizações baseadas na Lei 7.803 de 1989 e Medida Provisória 2.166-67 de 2001, que são responsáveis pela atual redação do Código Florestal brasileiro. Desde a publicação do Decreto 6.514, de 2008, que penalizava severamente os produtores rurais, que ainda não haviam se adequado às exigências da lei, o conflito entre o setor agropecuário e os ambientalistas alcançou um ponto de ebulição. Desde então a Câmara dos Deputados decidiu criar uma comissão especial para analisar a reforma do Código Florestal. O deputado Aldo Rebelo, do PCdoB, foi escolhido para a relatoria do Substitutivo ao Projeto de Lei nr. 1.876 de 1999, do deputado Sérgio Carvalho, ao qual foram apensos outros 10 Projetos de Lei, em tramitação na Câmara dos deputados desde o início do século, todos sobre o mesmo tema, a reforma do Código Florestal. Trata-se de assunto bastante polêmico, caracterizado por uma polarização nos debates entre ruralistas e ambientalistas. O objetivo deste artigo é trazer alguns esclarecimentos acerca do confronto ideológico entre dois pontos de vista antagônicos, consubstanciados no relatório substitutivo ao PL 1876/99, aprovado pela Comissão Especial da Câmara dos deputados, em 06/07/2010, que ainda depende de ratificação pelo plenário da Câmara Federal. PALAVRAS-CHAVE: Código florestal; políticas públicas ambientais; conflitos ideológicos. ABSTRACT The Brazilian norms of protection to the forests and water sources are based on the Law 4.771 of 1965, with updates based on Law 7.803 of 1989, and Provisory Law 2,166-67 of 2001, that they are responsible for the current format of the Brazilian Forest Code. Since publication of Decree 6,514, of 2008, that it severely penalizes the agricultural producers that are not yet adjusted to the requirements of the law, the conflict between the farming sector and the environmental protectors it reached a boiling point. Since then the House of Representatives decided to create a special commission to analyze the reform of the Forest Code. The Congressman Aldo Rebelo, from PCdoB party, was chosen for the subscription of the Substitute to the Project of Law nr. 1.876 of 1999, of the Congressman Sergio Carvalho, which had been attached others 10 Projects of Law in transaction in the House of Representatives since the beginning of the century, all on the same subject, the reform of the Forest Code. One is about sufficiently controversial subject, characterized for a polarization in the debates between farming sector and environmental protectors. The goal of this paper is discussion about the ideological confrontation between colon of sight antagonistic, reunited in the report substitute to PL 1876/99, approved for the Special Commission of the House of Representatives, in 07/06/2010, that still it depends on ratification for the plenary Assembly of the Federal Chamber. KEYWORDS: Forest code; environmental public polices; ideological confrontation. Kilder Henrique Zander Economista pelo Centro Universitário Franciscano do Paraná (1987), Pós Graduado em Finanças e em Banking pela FAE Business School (1992/1995), Mestrando em Organizações e Desenvolvimento pela FAE. Taiane Dagostin Darós Pedagoga pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras (2007), Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade do Vale do Iguaçu - Uniguaçu, Mestranda em Organizações e Desenvolvimento pela FAE. Valdir Fernandes Cientista Social pela pela Universidade Federal de Santa Cataria (2000), Mestre e Doutor em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003/2007), Pós-Doutor em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (2010), Professor do Programa de Pós-Graduação em Organizações e Desenvolvimento da FAE. Cleverson V. Andreoli Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal do Paraná (1980), Mestre em Ciências do Solo e Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná (1989/ 1999)., Engenheiro Técnico da Assessoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Diretoria de Meio Ambiente e Ação Social da Companhia de Saneamento do Paraná - SANEPAR, Professor do Programa de Pós-Graduação em Organizações e Desenvolvimento da FAE. Código florestal brasileiro: Alguns esclarecimentos sobre embate político inerente a sua reforma

Código florestal brasileiro: Alguns esclarecimentos sobre embate político inerente a sua reforma

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Código florestal; políticas públicas ambientais; conflitos ideológicos

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Revista Brasileira de Ciências Ambientais - Número 16 - Junho/2010 44 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478

RESUMOAs normas de proteção às florestas e recursos hídricos brasileiros são fundamentadas na Lei nr.4.771 de 1965, com atualizações baseadas na Lei 7.803 de 1989 e Medida Provisória 2.166-67 de2001, que são responsáveis pela atual redação do Código Florestal brasileiro. Desde a publicação doDecreto 6.514, de 2008, que penalizava severamente os produtores rurais, que ainda não haviam seadequado às exigências da lei, o conflito entre o setor agropecuário e os ambientalistas alcançou umponto de ebulição. Desde então a Câmara dos Deputados decidiu criar uma comissão especial paraanalisar a reforma do Código Florestal. O deputado Aldo Rebelo, do PCdoB, foi escolhido para arelatoria do Substitutivo ao Projeto de Lei nr. 1.876 de 1999, do deputado Sérgio Carvalho, ao qualforam apensos outros 10 Projetos de Lei, em tramitação na Câmara dos deputados desde o início doséculo, todos sobre o mesmo tema, a reforma do Código Florestal. Trata-se de assunto bastantepolêmico, caracterizado por uma polarização nos debates entre ruralistas e ambientalistas. O objetivodeste artigo é trazer alguns esclarecimentos acerca do confronto ideológico entre dois pontos devista antagônicos, consubstanciados no relatório substitutivo ao PL 1876/99, aprovado pela ComissãoEspecial da Câmara dos deputados, em 06/07/2010, que ainda depende de ratificação pelo plenárioda Câmara Federal.

PALAVRAS-CHAVE: Código florestal; políticas públicas ambientais; conflitos ideológicos.

ABSTRACTThe Brazilian norms of protection to the forests and water sources are based on the Law 4.771 of1965, with updates based on Law 7.803 of 1989, and Provisory Law 2,166-67 of 2001, that they areresponsible for the current format of the Brazilian Forest Code. Since publication of Decree 6,514, of2008, that it severely penalizes the agricultural producers that are not yet adjusted to the requirementsof the law, the conflict between the farming sector and the environmental protectors it reached aboiling point. Since then the House of Representatives decided to create a special commission toanalyze the reform of the Forest Code. The Congressman Aldo Rebelo, from PCdoB party, was chosenfor the subscription of the Substitute to the Project of Law nr. 1.876 of 1999, of the CongressmanSergio Carvalho, which had been attached others 10 Projects of Law in transaction in the House ofRepresentatives since the beginning of the century, all on the same subject, the reform of the ForestCode. One is about sufficiently controversial subject, characterized for a polarization in the debatesbetween farming sector and environmental protectors. The goal of this paper is discussion aboutthe ideological confrontation between colon of sight antagonistic, reunited in the report substituteto PL 1876/99, approved for the Special Commission of the House of Representatives, in 07/06/2010,that still it depends on ratification for the plenary Assembly of the Federal Chamber.

KEYWORDS: Forest code; environmental public polices; ideological confrontation.

Kilder Henrique ZanderEconomista pelo Centro UniversitárioFranciscano do Paraná (1987), Pós Graduadoem Finanças e em Banking pela FAE BusinessSchool (1992/1995), Mestrando emOrganizações e Desenvolvimento pela FAE.

Taiane Dagostin DarósPedagoga pela Faculdade Estadual deFilosofia, Ciências e Letras (2007),Especialista em Gestão de RecursosHumanos pela Universidade do Vale doIguaçu - Uniguaçu, Mestranda emOrganizações e Desenvolvimento pela FAE.

Valdir FernandesCientista Social pela pela UniversidadeFederal de Santa Cataria (2000), Mestre eDoutor em Engenharia Ambiental pelaUniversidade Federal de Santa Catarina(2003/2007), Pós-Doutor em Saúde Públicapela Universidade de São Paulo (2010),Professor do Programa de Pós-Graduaçãoem Organizações e Desenvolvimento da FAE.

Cleverson V. AndreoliEngenheiro Agrônomo pela UniversidadeFederal do Paraná (1980), Mestre emCiências do Solo e Doutor em MeioAmbiente e Desenvolvimento pelaUniversidade Federal do Paraná (1989/1999)., Engenheiro Técnico da Assessoria dePesquisa e Desenvolvimento da Diretoria deMeio Ambiente e Ação Social da Companhiade Saneamento do Paraná - SANEPAR,Professor do Programa de Pós-Graduaçãoem Organizações e Desenvolvimento da FAE.

Código florestal brasileiro: Alguns esclarecimentossobre embate político inerente a sua reforma

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"Era uma vez um grão de ondecresceu uma árvore que foi abatidapor um lenhador e cortada numaserração. Um marceneirotrabalhou-a e entregou-a a umvendedor de móveis. O móvel foidecorar um apartamento e maistarde deitaram-no fora. Foiapanhado por outras pessoas queo venderam numa feira. O móvelestava lá no adeleiro, foi compradobarato e, finalmente houve quem opartisse para fazer lenha. O móveltransformou-se em chama, fumo ecinzas. Eu quero ter o direito derefletir sobre esta história, sobre ogrão que se transformou em árvoreque se torna móvel e acaba no fogo,sem ser lenhador; marceneiro,vendedor, que não vêem senão umsegmento da história."

Edgar Morin

agressões ao meio ambiente, usado comodepósito".

A apresentação cada vez maisparticipativa da sociedade civil5, nos assuntosde interesse geral, torna a publicizaçãoessencial, evitando conflitos através dedebate público e transparência, tendendodesenvolver e concretizar direitos decidadania. Os desígnios das políticaspúblicas têm uma menção de estimadaqueles que exercem o poder com bomsenso, ainda que, para sua efetivação,careçam considerar algumas instâncias departes sociais determinadas, dependendoassim da sua habilidade de negociação eorganização.

Devido o constante crescimentoeconômico-industrial e a influência humanaquanto às implicações prejudiciais ao meioambiente6, tais políticas por teremresponsabilidades tão contundentes ecategóricas nos costumes e nas maneiras deprodução, passam a ter um papel básicocomo ferramentas não só dedesenvolvimento econômico-social, masigualmente, como modo de segurança depreservação de recursos às futuras gerações.

O surgimento do "meio ambiente"no âmbito da política pode ser interpretadocomo um aumento do domínio público, nograu em que as condições de vida humanatomaram um lugar crescente como artifíciode discussão política na sociedade. Sachs(2002, p.73) afirma que "oecodesenvolvimento requer o planejamentolocal e participativo, das autoridades locais,comunidades e associações de cidadãosenvolvidas na proteção da área". Nestaesfera, as políticas públicas ambientaisostentaram papel prioritário de proteger omeio ambiente, unificando sua assistênciaaos demais objetivos da vida em sociedade,como base, até mesmo, de aprimorar aqualidade de vida7. No entanto, éequivocado o pensamento de que esta baseé responsabilidade apenas do PoderPúblico8. Conforme o Artigo 225 de 1988, aConstituição Federal, ao instituir o meioambiente ecologicamente equilibrado comodireito de todos, benefício de caráter comume primordial à saudável qualidade de vida,conferiu a responsabilidade de suapreservação e defesa não somente ao PoderPúblico, mas do mesmo modo a coletividade.

Neste contexto, Quintas (2006, p.29) afereuma reflexão a cerca do Art. 225:

INTRODUÇÃO

A interpretação das políticaspúblicas1 quanto à gestão ambiental2 trásconsigo uma gestão de conflitos devido àbusca pela construção de ferramentas emecanismos políticos capazes de estarem emconsonância com os avanços atuais. Oentendimento das questões ambientais3, emseu propósito de um desenvolvimento maissustentável4 despertou na sociedadeconflitos antes subtendidos, tais como, nasanalogias entre segmentos com interessesdesiguais, na definição das responsabilidadese no uso dos recursos. Segundo o pensadorindiano Swaminathan apud Sachs (2002, p.29), "uma nova forma de civi lização,fundamentada no aproveitamentosustentável dos recursos renováveis, não éapenas possível, mas essencial". Questõesambientais estão cada vez mais tomandoespaço no cotidiano, tornando-se, destemodo, essencial contrapor aos desafios comconhecimento, qualificação e capacidadesespecíficas. Sachs (2002, p.48) afirma que "aopinião pública tornou-se cada vez maisconsciente tanto da limitação do capital danatureza quanto dos perigos decorrentes das

"(...) mesmo conferindo àcoletividade, também, a obrigaçãode proteger o meio ambiente, aConstituição de 1988 fez do PoderPúblico o principal responsável pelagarantia, a todos os brasileiros, dodireito ao meio ambienteecologicamente equilibrado. Paraisso, ela determina seteincumbências ao Poder Público (esomente a ele) que deve terassegurado o seu direito de vivernum ambiente que lhe proporcioneuma sadia qualidade de vida,também precisa utilizar os recursosambientais para satisfazer suasnecessidades básicas. E, como todossabemos, não é possível vida dignae saudável sem o atendimentodessas necessidades."

As sete incumbências ao PoderPúblico presentes no Art. 225 apontadas porQuintas surgiram com o propósito degarantir a efetividade deste principioConstitucional. Desta forma, a Lei assegura:

"I - preservar e restaurar osprocessos ecológicos essenciais eprover o manejo ecológico dasespécies e ecossistemas;II - preservar a diversidade e aintegridade do patrimônio genéticodo País e fiscalizar as entidadesdedicadas à pesquisa emanipulação de material genético;III - definir, em todas as unidadesda Federação, espaços territoriais eseus componentes a seremespecialmente protegidos, sendo aalteração e a supressão permitidassomente através de lei, vedadaqualquer utilização quecomprometa a integridade dosatributos que justifiquem suaproteção;IV - exigir, na forma da lei, parainstalação de obra ou atividadepotencialmente causadora designificativa degradação do meioambiente, estudo prévio de

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pública12.Esta mesma Constituição, em seu

artigo 23, proclama as competências daUnião, dos estados e dos municípios13, ondesão responsáveis pela proteção ao meioambiente e combate a todas as formas depoluição. Do mesmo modo, as três esferasde governo devem compartilhar esta função.Além disso, no seu artigo 30, a Constituiçãofirma aos municípios a jurisdição para criarleis em amparo do interesse local,fortalecendo a gestão participativa. Anteriora esta abordagem e em consonância a estaLei, a Política Nacional de Meio Ambienteinstituiu através da Lei no 6.938 o SISNAMA,com o objetivo de formar uma rede deorganizações em nível federal, estadual emunicipal para que possam alcançar asmaiores metas nacionais na área ambiental,consolidando-se mediante formulação depolíticas públicas de meio ambiente,articulação entre as instituiçõescomponentes do sistema em âmbito federal,estadual e municipal e execução dessaspolíticas por meio de órgãos ambientais nosdiferentes âmbitos e estabelecimento dadescentralização da gestão ambiental (MMA& IBAMA, 2006), tendo-se em vista que:

interesses entre ambientalistas eproprietários rurais. Neste contexto, ficaevidente a necessidade do seu entendimentono que tange a vigência da ConstituiçãoFederal e as suas competências aferidas.

Pesquisas apontam que a legislaçãoambiental no Brasil teve início no século XVI,era de caráter protecionista, porém, erainsuficiente. Logo após, com a criação doGoverno Geral do Brasil, instituíram-se oschamados Regimentos do Governo Geralcom o propósito de prevenir a devastaçãodas florestas pelos portugueses para aconstrução de navios (WAINER, 1991).

Todo processo de vigoração das Leisno Brasil Colônia foi complicado devido àsgrandes extensões territoriais e distanciasadministrativas, que acarretou na deficiênciade aplicação e divulgação da legislaçãoambiental nesta época (CARVALHO, 1991).

O primeiro Código Penal de 1830trazia Leis que limitavam o corte ilegal e odano ao patrimônio cultural. Logo, a Lei dasTerras de 1850 instituía sansõesadministrativas e penais para o danoocasionado pela derrubada de árvores equeimadas. Com o propósito de tornar asflorestas bens de interesse comum, foi criadoo Serviço Florestal do Brasil através doDecreto 4.421/21 em 1917 (BRASIL, 1980).Quanto à designação "bens de interessecomum", o legislador afirma que:

Conforme estas sete incumbências,a gestão ambiental pública brasileira podeser entendida através de duas derivaçõesdistintas constitucionalmente. De acordocom Quintas (2008), primeiramente, a decomando e controle, na qual o Poder Públicopratica alguma forma de ordenamento doprocesso de apropriação social dos recursosambientais. Segundo, a vertente de controlesocial, na qual o Poder Público proporcionameios para o desenvolvimento decapacidades para a intervenção qualificadade grupos sociais nas ações de comando econtrole. Analisando sua organização, osatores sociais9 no âmbito da sociedade civile do Estado10 existem a partir deste foco,onde no domínio estatal são instancias dosPoderes Executivo, Legislativo e Judiciário.No entanto, esses atores na suarepresentatividade, nem sempre consideramnecessidades e interesses das diversascamadas sociais de alguma forma afetadas.Neste contexto, surge a importância daprática de uma gestão ambientalparticipativa, onde a transparência abrangeestes contextos. Pois, ao analisar o expostono Art. 225, fica evidente a necessidade demedidas preventivas e protetivas ao meioambiente. Entende-se que é um direito detodos. Deste modo, a Constituição Federalde 1988 consente o amparo do meioambiente por intermédio de doisinstrumentos: ação popular11 e ação civil

impacto ambiental, a que se darápublicidade;V - controlar a produção, acomercialização e o emprego detécnicas, métodos e substânciasque comportem risco para a vida, aqualidade de vida e o meioambiente;VI - promover a educação ambientalem todos os níveis de ensino e aconscientização pública para apreservação do meio ambiente;VII - proteger a fauna e a flora,vedadas, na forma da lei, as práticasque coloquem em risco sua funçãoecológica, provoquem a extinção deespécies ou submetam os animaisa crueldade." CONSTITUIÇÃOFEDERAL DE MEIO AMBIENTE(1988).

"A política nacional domeio ambiente tem por objetivo aharmonização do meio ambientecom o desenvolvimentosocioeconômico (desenvolvimentosustentável). Essa harmonizaçãoconsiste na conciliação da proteçãoao meio ambiente, de um lado, e agarantia de desenvolvimentosocioeconômico, de outro, visandoassegurar condições necessárias aoprogresso industrial, aos interessesda segurança nacional e à proteçãoda dignidade da vida humana (Art.2º da Lei n. 6.938/81)". SIRVINSKAS(2008, p.130).

Entretanto, durante as tentativas deimplementação destas ações para promovera proteção do meio ambiente, algumas Leisambientais sofreram e ainda sofremalterações na tentativa de instituir diretrizesconsistentes com a atualidade, como ocorrecom o Código Florestal, foco de divergentes

"(...) qualquer cidadão brasileiropode acompanhar e exigir quesejam mantidos os atributosnaturais das florestas, e seu papelno contexto ambiental, estejam elassituadas em territórios privados oupúblicos. Em outras palavras, podequalquer indivíduo exigir,administrativa ou judicialmente, dotitular de domínio florestal, que estecumpra as normas legais relativas àsua proteção (ANTUNES, 2006,p.502)".

O Decreto 23.793/34 constituiu oprimeiro Código Florestal Brasileiro, em1934, regulamentando o uso de florestas equalificando as ações prejudiciais ao meioambiente com transgressões penais. Nadécada de sessenta, ainda no século XX, aárea ambiental passou por uma intensa

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elaboração legislativa referente à tutelapenal ambiental. Elaborou-se então umnovo código florestal, Lei 4.771/65. Massomente a Lei 6.938/81 tentou adequar àsnovas exigências a uma nova visão deproteção ambiental, através da instituição daPolítica Nacional de Meio Ambiente. Destaforma, responsabilizava os autores dos atosdanosos ao meio ambiente e estes tendocomo obrigação reparar o dano (AHRENS,2003). Sobre a formação da PolíticaAmbiental Brasileira, SILVA-SÁNCHEZ (2000,p.78) explica que:

desafio é a fundamentação concreta denormas que protejam o meio ambiente deforma correta (LOPES, 1993).

A evolução das políticas públicas demeio ambiente, bem como a evolução dopensamento, ultimou no desenvolvimentosustentável, com recursos descobertoslocalmente, auto-suficientes, direcionadospara as necessidades e em harmonia com anatureza e acessível às alteraçõesinstitucionais. Em consonância com asalterações constantes das Leis Ambientaisestão as políticas públicas e a reação dasociedade. A ineficiência ou insuficiência demeios necessários para a proteção efetiva namultiplicação de reservas é uma políticaautoderrotada (SACHS, 2002).

CÓDIGO FLORESTAL VIGENTE (LEI 4.771 DE15/09/65)

Dentre o conjunto de políticasambientais estabelecidas no Brasil, é oobjeto específico deste ensaio, apresentar oCódigo Florestal Brasileiro, na sua versãoatual, LEI 4.771 DE 15/09/65, e discutir aproposta de sua revogação, por meio dosubstitutivo ao Projeto de Lei no. 1.876, de1999.

A LEI 4.771 DE 15/09/65,regulamenta temas como: as Áreas dePreservação Permanente (APPs), tanto noambiente rural quanto no urbano; a ReservaLegal dos imóveis rurais; o licenciamentopara a exploração florestal e para supressãode vegetação nativa; a reposição florestal; aimputação de responsabilidades pelodescumprimento das normas, aspenalidades; combate a incêndios; fontes definanciamento para reposição florestal e atéformas de desenvolvimento e divulgação deuma cultura ambiental nas escolas e meiosde comunicação do país.

Em seu artigo 1º, define as florestascomo bens de interesse comum: "As florestasexistentes no território nacional e as demaisformas de vegetação, reconhecidas deutilidade às terras que revestem, são bensde interesse comum a todos os habitantesdo país, exercendo-se os direitos depropriedade, com as limitações que alegislação em geral e especialmente esta leiestabelecem." Em seu parágrafo 1º, refere-se à imputação de responsabilidades pelo

mau uso dessas florestas: "As ações ouomissões contrárias às disposições destecódigo na utilização e exploração dasflorestas e demais formas de vegetação sãoconsideradas uso nocivo da propriedade,aplicando-se, para o caso, o procedimentosumário previsto no art. 275, inciso II, doCódigo de Processo Civil."

Áreas de Preservação Permanente (APPs):

Em seu Parágrafo 2º - Inciso II, oCódigo define o que são e porque preservaras APPs: "área protegida14 nos termos dosartigos 2 e 3 desta lei, coberta ou não porvegetação nativa, com a função ambientalde preservar os recursos hídricos, apaisagem, a estabilidade geológica, abiodiversidade, o fluxo gênico de fauna eflora, proteger o solo e assegurar o bem estardas populações humanas;".

O artigo 2, classifica essas APPs,considerando como de PreservaçãoPermanente as florestas e demais formas devegetação situadas: a) ao longo dos rios oude qualquer curso d'água desde o seu nívelmais alto em faixa marginal cuja larguramínima será: 1 - de 30 metros para os cursosd'água de menos de 10 metros de largura; 2- de 50 metros para os cursos d'água quetenham de 10 a 50 metros de largura; 3 - de100 metros para os cursos d'água quetenham de 50 a 200 metros de largura; 4 -de 200 metros para os cursos d'água quetenham de 200 a 600 metros de largura; 5 -de 500 metros para os cursos d'água quetenham largura superior a 600 metros;b) aoredor das lagoas, lagos ou reservatóriosd'água naturais ou artificiais; c) nasnascentes, ainda que intermitentes e noschamados "olhos d'água", qualquer que sejaa sua situação topográfica, num raio mínimode 50 metros de largura; d) no topo demorros, montes, montanhas e serras; e) nasencostas ou partes destas, com declividadesuperior a 45º, equivalente a 100% na linhade maior declive; f) nas restingas, comofixadoras de dunas ou estabilizadoras demangues; g) nas bordas dos tabuleiros ouchapadas, a partir da linha de ruptura dorelevo, em faixa nunca inferior a 100 metrosem projeções horizontais; h) em altitudesuperior a 1.800 metros, qualquer que sejaa vegetação."

Em 1988 uma nova Constituiçãoconsiderou outros pontos referentes ao meioambiente. O mais relevante é o Título VIII,Capítulo VI, sobre a proteção ao meioambiente e as responsabilidades ao Estado,municípios e União. Neste sentido, o maior

"(...) a política ambiental brasileiracomeçou a ser formulada duranteos anos 30, mais como resultado dasações de um Estado autoritário ecentralizador para, em seguida,subordinar-se aos imperativos dapolítica econômicadesenvolvimentista e da tecnocraciaestatal do regime militar. A suaconsolidação, entretanto, foiresultado da pressão de forçassociais organizadas. A demanda e asreivindicações ambientalistas, queentão se formavam, possibilitarama formulação da Lei da PolíticaNacional de Meio Ambiente,trazendo instrumentos legaisimportantes e inovadores como aavaliação de impacto ambiental e aaudiência pública, além da criaçãoda Lei dos Interesses Difusos, uminstrumento legal extremamentemoderno e democrático. A décadade 80 colocou em pauta a questãoda democratização, sendo ummomento de intensa mobilizaçãodos chamados novos movimentossociais; ao final da década, apromulgação da Constituição,garantiu uma série de novosdireitos, situando o direito ao meioambiente no mesmo nível dosdireitos e garantias fundamentais."

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Consoante o artigo 3: "Consideram-se, ainda, de preservação permanente,quando assim declaradas por ato do PoderPúblico, as florestas e demais formas devegetação natural destinadas: a) a atenuar aerosão de terras; b) a fixar as dunas; c) aformar faixas de proteção ao longo derodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa doterritório nacional a critério das autoridadesmilitares; e) a proteger sítios de excepcionalbeleza ou de valor científico ou histórico; f)a asilar exemplares da fauna ou floraameaçados de extinção; g) a manter oambiente necessário à vida das populaçõessilvícolas; h) a assegurar condições de bem-estar público."

Reserva Legal:

O Inciso III - parágrafo 2º, do artigo1º, do Código Florestal define Reserva Legalcomo: "área localizada no interior de umapropriedade ou posse rural, excetuada a depreservação permanente, necessária ao usosustentável dos recursos naturais, àconservação e reabilitação dos processosecológicos, à conservação da biodiversidadee ao abrigo e proteção de fauna e floranativas;"

Em seu artigo 16, o Código classificaas áreas de Reserva Legal: "As florestas eoutras formas de vegetação nativa,ressalvadas as situadas em área depreservação permanente, assim comoaquelas não sujeitas ao regime de utilizaçãolimitada ou objeto de legislação específicasão suscetíveis de supressão, desde quesejam mantidas, a título de reserva legal, nomínimo: I - 80%, na propriedade rural situadaem área de floresta localizada na AmazôniaLegal15; II - 35%, na propriedade rural situadaem área de cerrado localizada na AmazôniaLegal, sendo no mínimo 20% na propriedadee 15% na forma de compensação em outraárea, desde que esteja localizada na mesmamicrobacia, e seja averbada nos termos doparágrafo 7º deste artigo; III - 20%, napropriedade rural situada em área de florestaou outras formas de vegetação nativalocalizada nas demais regiões do País; e IV -20%, na propriedade rural em área decampos gerais localizada em qualquer regiãodo País."

O parágrafo 3º do artigo 16, fazalgumas concessões para a pequenapropriedade rural: "Para cumprimento damanutenção ou compensação de ReservaLegal em pequena propriedade ou posserural familiar, podem ser computados osplantios de árvores frutíferas ornamentais ouindustriais, compostos por espécies exóticas,cultivadas em sistema intercalar ou emconsórcio com espécies nativas: I - pequenapropriedade rural ou posse rural familiar:aquela explorada mediante o trabalhopessoal do proprietário ou posseiro e de suafamília, admitida a ajuda eventual de terceiroe cuja renda bruta seja proveniente, nomínimo, em oitenta por cento, de atividadeagroflorestal ou do extrativismo, cuja áreanão supere: a) cento e cinqüenta hectaresse localizada nos Estados do Acre, Pará,Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá eMato Grosso e nas regiões situadas ao nortedo paralelo 13o S, dos Estados de Tocantinse Goiás, e ao oeste do meridiano de 44o W,do Estado do Maranhão ou no Pantanalmato-grossense ou sul-mato-grossense; b)cinqüenta hectares, se localizada no polígonodas secas ou a leste do Meridiano de 44º W,do Estado do Maranhão; e c) trinta hectares,se localizada em qualquer outra região doPaís. Fonte: Inciso I, do parágrafo 2º, doartigo 1, da Lei 4.771, de 15/09/65.

O parágrafo 4º, também do artigo16, trata da questão da definição dalocalização da área de Reserva Legal dentroda propriedade rural, aspecto este que temsido alvo de crítica dos produtores rurais emfunção da morosidade e burocracia doprocesso: "A localização da reserva legal deveser aprovada pelo órgão ambiental estadualcompetente ou, mediante convênio, peloórgão ambiental municipal ou outrainstituição devidamente habilitada, devendoser considerados, no processo de aprovação,a função social da propriedade, e osseguintes critérios e instrumentos, quandohouver:

I - o plano de bacia hidrográfica; II -o plano diretor municipal; III - o zoneamentoecológico-econômico; IV - outras categoriasde zoneamento ambiental; e V - aproximidade com outra Reserva Legal, Áreade Preservação Permanente, unidade deconservação ou outra área legalmente

protegida."Já o parágrafo 5º, ainda do artigo

16, permite ao poder público fazer umaflexibilização nos percentuais de ReservaLegal, a saber: "O Poder Executivo, se forindicado pelo Zoneamento EcológicoEconômico - ZEE e pelo ZoneamentoAgrícola, ouvidos o CONAMA, O Ministériodo Meio Ambiente e o Ministério daAgricultura e do Abastecimento, poderá: I -reduzir, para fins de recomposição, a reservalegal, na Amazônia Legal, para até 50% dapropriedade, excluídas, em qualquer caso, asÁreas de Preservação Permanente, osecótonos, os sítios e ecossistemasespecialmente protegidos, os locais deexpressiva biodiversidade e os corredoresecológicos; e II - ampliar as áreas de reservalegal, em até 50% por cento dos índicesprevistos neste Código, em todo o territórionacional."

Casos em que a área de Reserva Legal e dePreservação Permanente poderão sercomputadas de forma conjunta:

No parágrafo 6º, do artigo 16, abre-se uma possibilidade de somar-se a Área dePreservação Permanente à área de ReservaLegal: "Será admitido, pelo órgão ambientalcompetente, o cômputo das áreas relativasà vegetação nativa existente em área depreservação permanente no cálculo dopercentual de reserva legal, desde que nãoimplique em conversão de novas áreas parao uso alternativo do solo, e quando a somada vegetação nativa em área de preservaçãopermanente e reserva legal exceder a: I - 80%da propriedade rural localizada na AmazôniaLegal; II - 50% da propriedade rural localizadanas demais regiões do País; e III - 25% porcento da pequena propriedade."

A obrigatoriedade da averbação da Reservalegal no registro do imóvel rural:

Essa questão é tratada nosparágrafos 8º e 9º, do artigo 16, sendoassegurado a averbação gratuita para apequena propriedade rural ou posse ruralfamiliar: "A área de reserva legal deve seraverbada à margem da inscrição de matrículado imóvel, no registro de imóveis

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competente, sendo vedada a alteração desua destinação, nos casos de transmissão, aqualquer título, de desmembramento ou deretificação da área, com as exceçõesprevistas neste Código."

Exploração comercial de florestas em áreade Reserva Legal:

No parágrafo 2º, do artigo 16, abre-se uma possibilidade para a exploraçãocomercial parcial da floresta localizada emárea de Reserva Legal: "A vegetação dareserva legal não pode ser suprimida,podendo apenas ser utilizada sob regime demanejo florestal sustentável, de acordo comprincípios e critérios técnicos e científicosestabelecidos no regulamento, ressalvadasas hipóteses previstas no parágrafo 3º desteartigo, sem prejuízo das demais legislaçõesespecíficas."

O artigo 1916 regulamenta essapossibilidade de uso parcial das florestas emárea de Reserva Legal, a saber: "A exploraçãode florestas e formações sucessoras, tantode domínio público como de domínioprivado, dependerá de prévia aprovaçãopelo órgão estadual competente do SistemaNacional do Meio Ambiente - SISNAMA,bem como da adoção de técnicas decondução, exploração, reposição florestal emanejo compatíveis com os variadosecossistemas que a cobertura arbóreaforme." Para tanto, os parágrafos 1º e 2º doartigo 19 estabelecem competênciasexclusivas para alguns casos tais como:"Compete ao IBAMA à aprovação de quetrata o caput deste artigo:

I - nas florestas públicas de domínioda União; II - nas unidades de conservaçãocriadas pela União; III - nosempreendimentos potencialmentecausadores de impacto ambiental nacionalou regional, definidos em resolução doConselho Nacional do Meio Ambiente -CONAMA. Compete ao órgão ambientalmunicipal a aprovação de que trata o caputdeste artigo: I - nas florestas públicas dedomínio do Município; II - nas unidades deconservação criadas pelo Município; III - noscasos que lhe forem delegados por convênioou outro instrumento admissível, ouvidos,quando couber, os órgãos competentes daUnião, dos Estados e do Distrito Federal."

Quanto à fiscalização17 da aplicação dasregras do Código Florestal:

Conforme o artigo 22, "A Uniãodiretamente, através do órgão executivoespecífico, ou em convênio com os Estadose Municípios, fiscalizará a aplicação dasnormas deste Código, podendo, para tanto,criar os serviços indispensáveis."

O artigo 23 invoca o poder depolícia: "A fiscalização e a guarda dasflorestas pelos serviços especializados nãoexcluem a ação da autoridade policial poriniciativa própria.", sendo que o artigo 24permite o porte de armas aos funcionáriosflorestais, quando no exercício dafiscalização de florestas.

Contravenções Penais:

Consoante o artigo 26 do CódigoFlorestal, "Constituem contravençõespenais, puníveis com três meses a um anode prisão simples ou multa de uma a cemvezes o salário-mínimo mensal, do lugar eda data da infração ou ambas as penascumulativamente: a) destruir ou danificar afloresta considerada de preservaçãopermanente, mesmo que em formação ouutilizá-la com infringência das normasestabelecidas ou previstas nesta Lei; b)cortar árvores em florestas de preservaçãopermanente, sem permissão da autoridadecompetente; c) penetrar em floresta depreservação permanente conduzindo arma,substâncias ou instrumentos próprios paracaça proibida ou para exploração deprodutos ou subprodutos florestais, semestar munido de licença da autoridadecompetente; d) causar danos aos ParquesNacionais, Estaduais ou Municipais, bemcom às Reservas Biológicas; e) fazer fogo, porqualquer modo, em florestas e demaisformas de vegetação, sem tomar asprecauções adequadas; f) fabricar, vender,transportar ou soltar balões que possamprovocar incêndios nas florestas e demaisformas de vegetação; g) impedir ou dificultara regeneração natural de florestas e demaisformas de vegetação; h) receber madeira,lenha, carvão e outros produtosprocedentes de florestas, sem exigir aexibição de licença do vendedor, outorgadapela autoridade competente e sem munir-

se de via que deverá acompanhar o produtoaté final beneficiamento; i) transportar ouguardar madeiras, lenha, carvão e outrosprodutos procedentes de florestas, semlicença válida para todo o tempo da viagemou do armazenamento, outorgada pelaautoridade competente; j) deixar de restituirà autoridade, licenças extintas pelo decursodo prazo ou pela entrega ao consumidor dosprodutos procedentes de florestas; l)empregar, como combustível, produtosflorestais ou hulha, sem uso de dispositivoque impeça a difusão de fagulhas,suscetíveis de provocar incêndios nasflorestas; m) soltar animais ou não tomarprecauções necessárias para que o animalde sua propriedade não penetre emflorestas sujeitas a regime especial; n) matar,lesar ou maltratar, por qualquer modo oumeio, plantas de ornamentação delogradouros públicos ou em propriedadeprivada alheia ou árvore imune de corte; o)extrair de florestas de domínio público ouconsideradas de preservação permanente,sem prévia autorização, pedra, areia, cal ouqualquer outra espécie de minerais; q)transformar madeiras de lei em carvão,inclusive para qualquer efeito industrial, semlicença da autoridade competente".

"Além das contravençõesestabelecidas no artigo precedente, subsistem os dispositivos sobre contravenções ecrimes previstos no Código Penal e nasdemais leis, com as penalidades nelescominadas." - Artigo 28.

"Aplicam-se às contravençõesprevistas neste Código as regras gerais doCódigo Penal e da Lei de ContravençõesPenais, sempre que a presente Lei nãodisponha de modo diverso." - Artigo 30.

Penalidades:

De acordo com o artigo 29: "Aspenalidades incidirão sobre os autores,sejam eles: a) diretos; b) arrendatários,parceiros, posseiros, gerentes,administradores, diretores, promitentescompradores ou proprietários das áreasflorestais, desde que praticadas porprepostos ou subordinados e no interessedos preponentes ou dos superioreshierárquicos; c) autoridades que se omitiremou facilitarem, por consentimento legal, na

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prática do ato."

Prazo para adequação às exigência doCódigo Florestal:

Conforme o artigo 44, oproprietário rural que tenha sua área defloresta nativa, natural, primitiva ouregenerada, inferior os percentuais mínimosexigidos por esta lei, deverá adotar asseguintes alternativas, isoladas ouconjuntamente: "I - recompor a reserva legalde sua propriedade mediante o plantio, acada três anos, de no mínimo 1/10 da áreatotal necessária à sua complementação, comespécies nativas, de acordo com critériosestabelecidos pelo órgão ambiental estadualcompetente; II - conduzir a regeneraçãonatural da reserva legal; e III - compensar areserva legal por outra área equivalente emimportância ecológica e extensão, desdeque pertença ao mesmo ecossistema eesteja localizada na mesma microbacia,conforme critérios estabelecidos emregulamento."

APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO FLORESTAL NOESTADO DO PARANÁ

Nos últimos anos muitas Leis foramcriadas e/ou reformuladas, principalmenteno que tange ao Código Florestal, como porexemplo, no Estado do Paraná, baseando-se na Legislação Federal quanto à reservalegal e áreas de preservação permanente.Este debate teve início em 1998 e em 1999,através do Decreto 387, foi instituído oSistema de Recuperação e Manutenção dasÁreas de Reserva Florestal Legal e Áreas dePreservação Permanente do Estado doParaná - SISLEG (SOHN, 2001). ParaTOURINHO (2005), esse Decreto foi umimportante progresso pela reposiçãoflorestal proposta, por meio do ajustamentodas propriedades quanto à legislaçãoambiental vigorante no Paraná, sendo muitobem aceito por todos os setores dasociedade paranaense. Alguns de seuspontos relevantes foram: a utilização da áreade preservação permanente no cômputo doíndice da Reserva Legal. No Paraná, o índiceé de 20% do total da área da propriedaderural. Esta medida provisória editada peloGoverno Federal mudou a partir de 2000.

O Decreto foi baseado nos pré-requisitos daLei Federal para proporcionar aoproprietário rural condições para recomporou compensar a sua área de Reserva legal,inclusive através do agrupamento demunicípios. Instituiu áreas prioritárias pararecuperação, estipulando prazos para estasrecomposições18. A partir do ano 2000, oSISLEG ressurgiu totalmente reformulado.Com todas estas mudanças, tendo o Paranácomo exemplo, TOURINHO (2005, p.13)afirma que:

I - Disposições Gerais; II - Das Áreas dePreservação Permanente; III - Das Áreas deUso Restrito; IV - Da Área de Reserva Legal;VI - Da Supressão de Vegetação Para UsoAlternativo do Solo; V - Da RegularizaçãoAmbiental; VII - Da Exploração Florestal; VIII- Do Suprimento Por Matéria-PrimaFlorestal; IX - Do Controle da Origem dosProdutos Florestais; X - Da Proibição do Usode Fogo e Controle dos Incêndios; XI - DosInstrumentos Econômicos Para aConservação da Vegetação e XII -Disposições Complementares, Transitórias eFinais.

Objetivos da Lei:

No Capítulo I - Disposições Gerais,traz, no seu artigo 1, os objetivos da lei, qualseja: "Esta Lei estabelece normas geraissobre a proteção da vegetação, dispõe sobreas áreas de Preservação Permanente e asáreas de Reserva Legal, define regras geraissobre a exploração florestal, o suprimentode matéria-prima florestal, o controle daorigem dos produtos florestais e o controlee prevenção dos incêndios florestais, e prevêinstrumentos econômicos e financeiros parao alcance de seus objetivos."

Redução das APPs em 50% para cursosd'água inferiores a 5 metros:

Em seu Capítulo II - Das Áreas dePreservação Permanente, Seção 1, que tratada Delimitação dessas áreas, observa-se aprimeira mudança de impacto, emcomparação com a legislação atual, qualseja: criou-se uma nova categoria de faixamarginal aos cursos d'água natural, de 15metros, para os cursos d'água de menos de5 metros de largura. Na legislação anterior,exigia-se o mínimo de 30 metros de área depreservação para os cursos d'água de até 10metros, ou seja, está sendo proposta umaredução de 50% em relação à exigência doCódigo atual. Para as demais faixas nãohouve alteração.

Permitida a exploração de atividadeprodutiva em áreas de Várzea19:

No Capítulo III, Das Áreas de UsoRestrito, artigo 10, destaca-se mais uma

PRINCIPAIS MUDANÇAS PROPOSTAS NAREFORMA DO CÓDIGO FLORESTAL

O Substitutivo ao Projeto de Lei no.1.876, de 1999, adotado pela ComissãoEspecial de reforma do Código Florestal,aprovado em 06 de julho de 2010, revoga aLei no. 4.771, de 15 de setembro de 1965 edá outras providências. Substitutivo é umaespécie de emenda que altera a propostaem seu conjunto, substancial ouformalmente. Recebe esse nome porquesubstitui o projeto. O substitutivo éapresentado pelo relator e tem preferênciana votação, mas pode ser rejeitado em favordo projeto original. Esse Projeto de Leidepende, agora, de aprovação pelo plenárioda Câmara dos Deputados, cuja data parainício das discussões prévias à votação aindaé desconhecida. Dentre as principaismudanças propostas em comparação coma legislação atual destacam-se:

O Código Florestal passa a ser divido em 12Capítulos:

A primeira mudança que chama aatenção é que o novo Código proposto foidividido em capítulos, assim especificados:

"Após todas estas mudanças não hácomo convencer o produtor ruralpara se adequar às normas, pois elasestão sempre mudando ou comnovas restrições, mas nunca trazemalternativas para que eles mudem.Com isso observa-se naspropriedades in loco, que aatividade fica na clandestinidade".

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mudança significativa proposta: Passa a serpermitido o uso de várzeas em sistemas deexploração sustentáveis, medianteautorização do órgão estadual do meioambiente. Esta medida viabiliza acontinuidade da produção de "arroz daságuas", principalmente nos estados de SantaCatarina e Rio Grande do Sul, cujasatividades econômicas, da espécie, estavamameaçadas caso a legislação vigente viessea ser efetivamente implementada.

Permitida a exploração de atividadeagrícola no topo de morros, montes,montanhas e serras:

Ao eliminar o item "d" do artigo 2ºdo Código Florestal vigente queregulamentava o topo de morros, montes,montanhas e serras como Áreas dePreservação Permanente, dando novaredação ao item "e", que passou a ser o item"V", do artigo 4º, do substitutivo, a saber:"Considera-se Área de PreservaçãoPermanente (...) as encostas ou parte destas,com declividade superior a 45º (quarenta ecinco graus), equivalente a cem por centona linha de maior declive;" o legisladorconseguiu viabilizar a continuidade daprodução de uvas viníferas na região daSerra Gaúcha, bem como da exploração dacultura do café na região de morros do Riode Janeiro e Minas Gerais.

Isenção da obrigação de constituição deReserva Legal para pequenas propriedades:

Trata-se de uma das maioresnovidades acerca do assunto, conformeCapítulo IV, seção 1, da Delimitação da Áreade Reserva Legal, Artigo 13: "Os imóveisrurais, exceto as pequenas propriedades ouposses rurais nos termos desta Lei, devempossuir área de Reserva Legal, sem prejuízoda aplicação das normas sobre as Áreas dePreservação Permanente." O próprioSubstitutivo define pequena propriedade ouposse rural como: "o imóvel rural com atéquatro módulos fiscais20, considerada a áreavigente na data de publicação da lei;". Talprerrogativa vem de encontro às demandasda bancada ruralista no Congresso, uma vezque isenta as pequenas propriedades daobrigação de formar a Reserva Legal, apesar

de manter a obrigação de manutenção/constituição de Áreas de PreservaçãoPermanente. De qualquer forma, pela novalegislação proposta, aquelas pequenaspropriedades que já tenham remanescentesde vegetação nativa, excedentes àquelasconsideradas de Preservação Permanente,devem preservá-las. Nesses casos não serápermitida a conversão desses excedentes emárea de uso alternativo do solo21, conformeparágrafo 4º do artigo 13 desse substitutivo.

Criação dos Programas de RegularizaçãoAmbiental - PRA:

No Capítulo VI, sobre RegularizaçãoAmbiental, Seção 1, Disposições Gerais,artigo 23, é criado o PRA. Tais programasdeverão ser elaborados pela União e pelosestados. No seu parágrafo 1º, consta quesomente poderão beneficiar-se do PRA osimóveis que tiveram a vegetação nativasuprimida irregularmente antes do dia 22 dejulho de 2008. Os Programas deRegularização Ambiental deverão serpromulgados em até 5 (cinco), anos da datada publicação da Lei. O parágrafo 4ºconcede, ao proprietário de imóvel emcondição irregular, até o dia 22/07/08, o prazode até 180 dias contados da data dapromulgação do PRA para oficializar um"Termo de Adesão e Compromisso"objetivando a regularização da área. Oparágrafo 5º diz que tal termo de Adesão eCompromisso firmado junto ao órgãoambiental competente, é documento hábilpara a averbação da área de Reserva Legalno cartório de registro de imóveis.Conforme o artigo 24, durante esse períodofica assegurada a manutenção dasatividades agropecuárias e florestais emáreas rurais consolidadas22, localizadas emÁreas de Preservação Permanente e deReserva Legal, como também nas áreas deuso restrito, sendo vedada a expansão daárea ocupada.

O perdão às transgressões à Lei ocorridasaté 22/07/2008:

No parágrafo 3º, do artigo 24, éconcedido uma espécie de "perdãotemporário" àqueles proprietários ruraisque transgrediram as leis do código florestal

vigente até o dia 22 de julho de 2008. Atranscrição integral do texto diz que:

No parágrafo 4º, o legisladorsuspende a cobrança de multas decorrentesde infrações cometidas antes daquela datamencionada. No parágrafo 7º é dada umaisenção condicional dessas multassuspensas, conforme o texto que segue:

"A partir da data da inscrição nocadastro ambiental previsto noinciso III do caput, o proprietário oupossuidor não poderá ser autuadopor infrações cometidas antes de 22de julho de 2008 na respectivapropriedade ou posse, referentes àsupressão irregular de vegetaçãonativa em Áreas de PreservaçãoPermanente, áreas de Reserva Legalou em áreas de inclinação entre 25ºe 45º."

"Cumpridas integralmente asobrigações estabelecidas noPrograma de RegularizaçãoAmbiental (PRA) ou no termo decompromisso, nos prazos econdições neles estabelecidos, asmultas, referidas nos parágrafo 3º,serão consideradas comoconvertidas em serviços depreservação, melhoria erecuperação da qualidade do meioambiente."

Prazo para recomposição da Reserva Legal:

Segundo o parágrafo 1º, do artigo26, da Seção 3 - sobre a regularização daReserva Legal, essa recomposição deveráatender a critérios estipulados pelo órgãoambiental competente e terá que serconcluído em prazo inferior a 20 anos,abrangendo, a cada dois anos, no mínimo1/10 (um décimo) da área total necessária asua complementação. A boa nova, para osproprietários rurais, é que, o parágrafo 2º,autoriza que essa recomposição seja feitamediante o plantio intercalado de espéciesnativas e exóticas, em sistema agroflorestal,de acordo com critérios técnicosestabelecidos pelas autoridades ambientais.

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No código vigente essa prerrogativa existiaapenas para as pequenas propriedadesrurais.

Moratória do desmatamento:

Por fim, o artigo 47, do Capítulo XII,sobre Disposições Complementares,Transitórias e Finais, determina o seguinte:

reduzir ou aumentar as áreas de ReservaLegal de acordo com estudos técnicos e seuZoneamento Ecológico-Econômico (ZEE)23. Otexto manteve essa prerrogativa, porém nãose trata de nenhuma novidade, pois isso jáestá previsto no código vigente. A polêmicaque existia em torno desse assunto erarelativa a uma proposta da bancada ruralistada Câmara, que permitia aos estados, deforma direta, independentemente doZoneamento Ecológico-Econômico,autorizar uma redução em até 50% dasÁreas de Preservação Permanente a seucritério. Isso é considerado arriscado poralguns setores da sociedade, pois além deincentivar o desmatamento, poderia trazeruma concorrência econômica predatóriaentre os estados, (assim como ocorreu coma "guerra fiscal" que objetivava atrair asmontadoras de automóveis), transferindo-se áreas produtivas para aqueles estadosque fossem mais condescendentes com odesmatamento. Essa pretensão dosruralistas não foi aceita pelo relator e nãoconstou do relatório final aprovado. Outrainformação conflitante, ainda com base nonoticiário da própria Câmara Federal,refere-se ao fato de o relator ter diminuídoo prazo para recomposição da Reserva Legal,naqueles casos em que essas áreas sejaminferiores ao exigido pela legislação. Alega-se que o texto diminuiu de 30 para 20 anoso prazo para a recomposição das áreasdesmatadas em excesso, porém, na prática,além de não ter havido essa redução, o queocorreu foi um aumento no prazo, uma vezque a legislação atual concede um prazo de30 anos para essa recomposição, porém acontar do ano de 2001, período desde o qualjá se passaram 10 anos, restando,consequentemente, para aqueles queviessem a cometer infrações da espécie, apartir de agora, apenas 20 anos. O textosubstitutivo propõe os mesmos 20 anos, acontar da data da aprovação da novalegislação. Entretanto há que se considerar,ainda, que existe uma moratória de cincoanos, embutida no relatório da Comissão,que levaria o prazo total para reposição deáreas desflorestadas para 25 anos. Essamoratória revelou-se um dos pontos maispolêmicos do substitutivo do Deputado AldoRebelo, pois proíbe qualquer desmatamentopara abertura de novas áreas para

agricultura e pecuária, em qualquerpropriedade do País, por um prazo de 5(cinco) anos. Em contrapartida, as áreas queestavam sendo utilizadas para a exploraçãoagropecuária, de forma irregular, até 22 dejulho de 2008, ficarão isentas de multas epenalidades criminais, durante esse mesmoperíodo, de 5 (cinco) anos, prazo a partir doqual terão de ser, obrigatoriamente,regularizadas através do PRA, Plano deRegularização Ambiental.

Uma vez que essas informaçõesveiculadas na mídia em geral não são detodo fidedignas, buscou-se analisar ospróprios textos do Código Florestal vigentee também do relatório substitutivo aoProjeto de Lei 1.876/99, disponíveis onlineno site da Câmara Legislativa. Além das jámencionadas alterações propostas, cabedestacar a redução de 30 para 15 metros daexigência de mata ciliar mínima para os rioscom até 5 metros de largura. Trata-se deuma vitória parcial dos ruralistas, uma vezque pleiteavam a redução 50% em todas asfaixas de exigências de APPs. O relatorchegou a incluir em seu texto substitutivoanterior, a redução dessa área para 7,5metros, porém não resistiu à pressão dosambientalistas e acabou fechando no meiotermo. Cumpre-se esclarecer que essaconcessão não vai acarretar aumento nodesmatamento de áreas de mata ciliar noentorno de rios com até 5 metros, pois omesmo artigo que regulamenta essa novaárea proíbe a conversão de novas áreas emáreas de uso alternativo do solo(desflorestamento), para aqueles que jámantinham os 30 metros, mínimos, exigidospela legislação atual. Essa redução vaibeneficiar apenas aqueles produtores ruraisque não estavam enquadrados na legislaçãoe terão que fazer a recomposição dessasáreas de Preservação Permanente. Outragrande conquista para os ruralistas,principalmente para os pequenosproprietários, foi a exclusão da obrigação derecomposição da reserva legal para aspropriedades rurais cuja dimensão não sejasuperior a 4 (quatro), módulos fiscais, o que,por sua vez, não os desobriga de recomporas áreas de Preservação Permanente.Novamente, aqueles pequenos produtoresque já tenham área de Reserva Legal, mesmoque seja inferior aos padrões exigidos pela

Em seu parágrafo 1º, o legisladorpretende justificar essa providência, dizendoque tal proibição de supressão de florestasobjetiva permitir que a União e os estadosse adaptem às exigências desta Lei, entreoutras providências. Nesse ínterim, o Estadodeverá elaborar o ZEE - ZoneamentoEconômico-Ecológico (Decreto 4.297/02),que é um instrumento de gestão doterritório, que estabelece diretrizes para aproteção ambiental, quando da implantaçãode projetos de obras públicas e privadas,bem como estabelece a distribuição espacialdas atividades econômicas para assegurar odesenvolvimento sustentável. Através doZEE os órgãos ambientais deverãodesenvolver os planos de bacia, instalarcomitês de bacia hidrográfica, e,principalmente, elaborar os PRA, programasde regularização ambiental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As informações veiculadas pelosmeios de comunicação acerca das mudançaspropostas para reforma do Código FlorestalBrasileiro têm sido bastante confusas,desencontradas e imprecisas. Até mesmono site da Câmara dos deputados, queveiculou a informação da aprovação dotexto substitutivo ao PL 1.876/99, continhainformações confusas como a de que o textomantinha a autonomia dos estados para

"Pelo período de cinco anoscontados da data da vigência destaLei, não será permitida a supressãode florestas nativas paraestabelecimento de atividadesagropastoris, assegurada amanutenção das atividadesagropecuárias existentes em áreasconvertidas antes de 22 de julho de2008."

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legislação atual, não poderão convertê-lasem áreas de uso alternativo do solo, ou seja,não poderão desmatar. A crítica que osambientalistas fazem a essa concessão dosubstitutivo do relator, está baseada no fatode que, da forma como foi elaborada aquestão, haverá um incentivo àquelesprodutores rurais de porte médio ou grande,que não estejam adequados aos percentuaismínimos exigidos para a Reserva Legal, aprocurarem os cartórios de registro deimóveis, para fazer o desmembramento desuas áreas, o que é permitido por lei,transformando-as em várias áreas de apenas4 (quatro) módulos fiscais e, desta forma,burlando os objetivos do legislador, quandopretendia beneficiar apenas a agriculturafamiliar.

Havia ainda dois grandes desafiosenvolvendo a adequação dos produtoresrurais à legislação ambiental vigente,pendente de uma solução adequada, quaissejam: a questão dos produtores de arrozirrigado que pretende ser resolvida pelanova legislação, por meio da permissão paraexploração de atividade produtiva em áreasde várzea, uma vez que o substitutivo deixabem claro essa possibilidade, em seuCapítulo III, artigo 10º. Assim sendo, casoaprovada a Lei, fica assegurada a viabilidadeeconômica da cultura de arroz das águas,principalmente, nos estados do Rio Grandedo Sul e Santa Catarina, maiores produtoresnacionais daquele cereal. O segundo desafioa ser solucionado envolve os produtores deuvas viníferas na região da Serra Gaúcha,bem como os produtores de café do Rio deJaneiro e Minas Gerais, que tambémdesenvolvem suas culturas nas regiõesmontanhosas. Caso aprovado o substitutivoem questão, a pendência quedarásolucionada, (ver seção supra "4.5", relativoà análise das principais mudanças propostaspara o Código Florestal).

Por fim, mereceu destaque noreferido substitutivo, a criação da Cota deReserva Ambiental - CRA, que é um títulonominativo representativo de área comvegetação nativa, conforme Capítulo XI, DosInstrumentos Econômicos para aConservação da Vegetação, artigo 38. Essetítulo poderá ser utilizado para acompensação de área de Reserva Legal,motivo pelo qual poderá ser comercializado

em mercado que deverá ser desenvolvidoespecificamente para esse fim, porém trata-se de assunto que os autores do presenteartigo pretendem explorar em outraocasião.

O desenrolar das discussões paraaprovação do texto substitutivo ao Projetode Lei 1.876/99 na Câmara dos deputados,se deu de uma forma bastante ideológica.De um lado os ambientalistas muitodescontentes com o desempenho do relatordo projeto, de quem esperavam menoscondescendência para com os anseios dosruralistas e, de outro, os ruralistas quechegaram a acusar os ambientalistas delegítimos defensores dos interesses dasmultinacionais, uma vez que são, na suamaioria, representantes de ONGs, em algunscasos patrocinadas pelo "capitalestrangeiro" e que se colocavam contra odesenvolvimento da agricultura nacional. Dequalquer forma, após o conhecimento eanálise das mudanças propostas para o novoCódigo Florestal, percebe-se que existe umflagrante "favorecimento" ao setorprodutivo rural, nomeadamente quando secompara à legislação atual. No entanto, àprimeira vista, em função dessas alteraçõesnão são evidentes grandes prejuízos àquestão ambiental, principalmente secomparadas com o que se apresenta comorealidade do momento, motivo pelo qual seapresenta algumas questões para reflexão:Teria o relator conseguido equilibrar osinteresses de ruralistas e ambientalistas,uma vez que se fizeram concessões paraambas as partes? Será que essa proposta dereforma do Código Florestal não será capazde "pacificar" os anseios dos ruralistas e comisso, obterá mais êxito do que o códigovigente no que tange aos esforços deadequação às exigências da lei? Ou seja, Nãoé melhor ter uma lei um pouco mais branda,mas que seja cumprida? É justo "anistiar"aqueles que cometeram infrações até 22/07/08 em troca de cinco anos semdesmatamento em áreas rurais? E como ficaa situação daqueles que sempre procuraramadequar-se às exigências legais? Venceramaqueles que nunca se preocuparam emcumprir a lei?

Talvez todas essas concessõessejam necessárias, porque fazem parte da"arte" de se fazer políticas públicas, pois

como conceitua Teixeira (2002, p.02), "(...)as políticas públicas traduzem, no seuprocesso de elaboração e implantação e,sobretudo, em seus resultados, formas deexercício do poder político, envolvendo adistribuição e redistribuição de poder, opapel do conflito social nos processos dedecisão, a repartição de custos e benefíciossociais. Como poder é uma relação socialque envolve vários atores com projetos einteresses diferenciados e até contraditórios,há necessidade de mediações sociais einstitucionais, para que se possa obter ummínimo de consenso e, assim, as políticaspúblicas possam ser legitimadas e obtereficácia."

A discussão direta entreantagonistas não tem se apresentado comoum procedimento capaz de promover oadequado aprimoramento dos instrumentoslegais, embora seja imprescindível ao debatedemocrático. Este processo deve serprecedido de um embasamento cientificoque avalie s reais impactos ambientais,sociais e econômicos das adequações dosdiplomas legais, orientando a discussãopolitica sobre bases conceituais teóricas,definindo as grandes linhas que permitamalcançar o ponto de equilíbrio politico.

1 Segundo Palmeira & Lechner (2010, p.02),as Políticas Públicas "visam assegurar oredirecionamento da sociedade, isto é,garantir que as mutações por ela geradaspropiciem o bem estar do conjunto de suapopulação. Tem portanto, mais do quepaliativa, uma natureza preventiva eorganizativa da sociedade."

2 Gestão Ambiental "Trata-se de um conjuntode políticas, programas e práticas que levamem conta a saúde e a segurança das pessoase a proteção do meio ambiente. A gestão érealizada por meio da eliminação ou, daminimização de impactos, e danosambientais decorrentes do planejamento,implantação, operação, ampliação,realocação ou desativação deempreendimentos e atividades, incluindo-se todas as fases do ciclo de vida de umproduto". IBAMA & MMA (2006, p.63).

3 As questões ambientais são entendidas porQuintas (2006, p.19) como "os diferentes

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modos pelos quais a sociedade, através dostempos, se relaciona com o meio físico".4 Conforme a Comissão Brundtland (1991,p.47), desenvolvimento sustentável "temque atender às necessidades do presente,sem comprometer a capacidade de as novasgerações atenderem às suas própriasnecessidades".

5 Sociedade Civil pode ser entendida como"a esfera das relações entre indivíduos, entregrupos, entre classes sociais que sedesenvolvem à margem das relações depoder que caracterizam as instituiçõesestatais. Em outras palavras, sociedade civilé representada como o terreno dos conflitoseconômicos, ideológicos, sociais e religiososque o Estado tem ao seu encargo resolver,intervindo como mediador ou suprimindo-os (...)". BOBBIO (1996, 1210).

6 São exemplos de implicações prejudiciaisao meio ambiente por intermédio dohomem: poluição do solo, água e ar,desmatamento, aquecimento global, chuvaácida, entre outros.

7 O modelo adotado pela OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS), entendeQualidade de Vida como "a percepção doindivíduo sobre a sua posição na vida, nocontexto da cultura e dos sistemas devalores nos quais ele vive, e em relação aseus objetivos, expectativas, padrões epreocupações." WHOQOL (1995, p.04).

8 Poder Público "é o conjunto dos órgãoscom autoridade para realizar os trabalhosdo Estado, constituído de Poder Legislativo,Poder Executivo e Poder Judiciário. Aexpressão é utilizada também no plural(poderes públicos), também chamados depoderes políticos. Em sentido amplo,representa o próprio governo, o conjunto deatribuições legitimadas pela soberaniapopular." SILVA (1994, p. 36).

9 Para JACOB (2010, p.02), os "atores sociaisse mobilizam em torno de temas que afetama cotidianidade, reforçando a colaboraçãoe a solidariedade como instrumentoseficazes para a ação e a experimentação denovas formas de resolução de problemas".

10 O termo Estado é interpretado porJAPIASSU & MARCONDES (1991) apudQUINTAS (2006, p.37) como "o conjunto dasinstituições políticas, jurídicas, policiais,administrativas, econômicas etc, sob umgoverno autônomo e ocupando umterritório próprio e independente.Diferentemente de governo (conjunto daspessoas às quais a sociedade civil delegadireta ou indiretamente o poder de dirigir oEstado)".

11 Ação popular é "(...) o meio constitucionalposto à disposição de qualquer cidadão paraobter a invalidade de atos ou contratosadministrativos - ou estes equiparados -ilegais e lesivos do patrimônio federal,estadual e municipal, ou de suas autarquias,entidades paraestatais e pessoas jurídicassubvencionadas com dinheiro público."MEIRELLES (2007, p.23).12 MILARÉ (2002, p.46) conceitua Ação CivilPública como o "direito expresso em lei defazer atuar, na esfera civil em nome dointeresse público, a função jurisdicional."

13 Numa federação, os governos federal,estadual e municipal organizam-se tendo aConstituição como soberana. Submetidosaos seus princípios, os entes federativoscompartilham diferentes competências.Cada uma dessas esferas de governodesfruta autonomia política, administrativa,organizativa e legislativa. Essa forma deorganização cria um Estado composto, noqual existe a união das comunidadespúblicas em torno da realização dosobjetivos da Constituição. Dessa forma, opoder não fica concentrado nas mãos deuma única autoridade central; esse sistemafaz com que ele seja repartido entre os entescoletivos que compõem a Federação: aUnião como ordem nacional, os estadoscomo ordens regionais e os municípios comoordens locais. IBAMA & MMA (2006).

14 No caso de áreas urbanas, assimentendidas as compreendidas nosperímetros urbanos definidos por leimunicipal, e nas regiões metropolitanas eaglomerações urbanas, em todo o territórioabrangido, observar-se-á o disposto nosrespectivos planos diretores e leis de uso dosolo, respeitados os princípios e limites a que

se refere este artigo. Fonte: parágrafo únicodo artigo 2, da Lei 4.771, de 15/09/65.

15 Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará,Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá eMato Grosso e as regiões situadas ao nortedo paralelo 13o S, dos Estados de Tocantinse Goiás, e ao oeste do meridiano de 44o W,do Estado do Maranhão. Fonte: inciso VI, doparágrafo 2º do artigo 1, da Lei 4.771, de15/09/65.

16 Artigo 19, parágrafos 1º, 2º e 3º, da Lei4.771, de 15/09/65, regulamentados pela Leinº 11.284, de 2006.

17 Nas áreas urbanas, a que se refere oparágrafo único do art. 2º desta Lei, afiscalização é da competência dosmunicípios, atuando a Uniãosupletivamente. Fonte: Parágrafo único doartigo 22, da Lei 4.771, de 15/09/65.

18 Segundo TOURINHO (2005), "Pela MP1956-51, se o produtor rural quiser seutilizar da área de preservação permanenteno cômputo da reserva legal deverá ser daseguinte forma: as pequenas propriedades,ate 30ha, se forem se utilizar da soma oíndice da RL passa de 20% para 25%; e naspropriedades maiores que 30ha, o índicepassa de 20% para 50% do total da área dapropriedade. O proprietário rural que porventura não tivesse RL ou tivesse apenasparte dela poderia optar por compensá-laem outra área, desde que fosse dentro damesma bacia hidrográfica e do mesmobioma, seguindo parâmetros estabelecidospelo Decreto 387/99 (SISLEG). A instituiçãodos agrupamentos foi uma forma derestringir um pouco mais para que nãohouvesse uma fragmentação muito grandedas florestas a serem recompostas, ou umaaglomeração em um único lugar do Estado.A legislação estipulou um prazo de 30 anospara a recuperação das Reservas Legais naspropriedades, já o Decreto 387/99 adotou oprazo de 20 anos, iniciando em 1999 eterminando em 2018. As áreas prioritáriasforam criadas principalmente para aformação dos corredores ecológicos,formados ao longo dos grandes rios doEstado numa extensão de 5km a partir desuas margens, contemplando as APPs".

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19 Várzea ou leito maior: terrenos baixos àsmargens dos rios, relativamente planos esujeitos à inundação. Fonte: substitutivo aoPL 1876/99 de 06/07/10 artigo 3º, inciso XV.

20 Módulo Fiscal: É a unidade de medida emhectares, definida pelo Instituto Nacional deColonização e Reforma Agrária (INCRA), paracada município, para fins de cobrança doImposto Territorial Rural (ITR). As variaçõeslevam em conta: qualidade do solo, relevo,acesso e capacidade produtiva. Na regiãoNorte, um módulo fiscal varia em 50 a 100hectares; no Nordeste, de 15 a 90 hectares;no Centro-Oeste, de 5 a 110 hectares; naregião sul, de 5 a 40 hectares e na RegiãoSudeste, de 5 a 70 hectares. Cada hectareequivale a 10.000 metros quadrados.

21 Uso alternativo do solo: substituição devegetação nativa e formações sucessoras poroutras coberturas do solo, como atividadesagropecuárias, industriais, de geração etransmissão de energia, de mineração e detransporte, assentamentos urbanos ououtras formas de ocupação humana. Fonte:substitutivo ao PL 1876/99 de 06/07/10 artigo3º, inciso XIII.

22 Área rural consolidada: ocupaçãoantrópica consolidada até 22 de julho de2008, com edificações, benfeitorias eatividades agrossilvipastoris, admitida nesteúltimo caso a adoção do regime de pousio.Fonte: substitutivo ao PL 1876/99 de 06/07/10, capítulo I, artigo 3, inciso III.

23 http://www2.camara.gov.br; Acesso feitoem 06/07/2010, as 21 horas.

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