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COENZIMAS E FUNÇÃO COEZIMÁTICA...Tiamina (Vitamina B1) a) Estrutura e Função A tiamina consiste em dois anéis, um pirimidínico e outro tiazólico unidos por uma ponte metilênica

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  • COENZIMAS E FUNÇÃO COEZIMÁTICA

    I - Introdução

    As vitaminas hidrossolúveis são compostos com atuação

    essencial em muitos aspectos metabólicos, incluindo o metabolismo

    de carboidratos, lipídios e aminoácidos. Essas vitaminas atuam como

    coenzimas, sendo o grupo prostético de enzimas responsáveis por

    reações bioquímicas essenciais. Têm como características comuns o

    fato de não apresentarem valor calórico, não contribuírem para

    aumento da massa corpórea e que sendo hidrossolúveis, são

    armazenadas em pequena quantidade no organismo. Porém, as

    vitaminas do complexo B são particularmente importantes nos

    aspectos relacionados à produção de energia. Entre suas múltiplas

    funções, a vitamina C tem a capacidade de ceder e receber elétrons,

    o que lhe confere papel antioxidante significativo. De um modo geral,

    as vitaminas hidrossolúveis são compostos necessários à

    manutenção, crescimento e ao funcionamento adequado do

    organismo. A deficiência das vitaminas hidrossolúveis está associada

    à várias doenças, como por exemplo a pelagra, beribéri, escorbuto e

    anemia megaloblástica e que, sendo hidrossolúveis , são

    armazenadas em pequena quantidade no organismo são fontes de

    calorias

    Função Coenzimática

    Muitas enzimas requerem componentes químicos não protéicos

    para sua função, que pode ser uma molécula orgânica denominada de

    coenzima ou componente inorgânico como íons, tais como Fe2+, Mg2+,

    Mn2+ ou Zn2+. Algumas enzimas requerem ambos, uma coenzima e

    um ou mais íons metálicos para exibirem sua atividade.

  • Uma coenzima (ou íon metálico) que está covalentemente

    ligada à parte protéica da enzima é chamada de grupo prostético.

    As coenzimas funcionam como transportadoras transitórias de

    alguns grupos funcionais específicos derivados do substrato. Muitas

    vitaminas são precursoras das coenzimas.

    As vitaminas podem ser definidas como compostos orgânicos

    que são exigidos nutricionalmente em pequenas quantidades. A

    ausência ou deficiência relativa de vitamina na dieta conduz a

    estados característicos de deficiência e doenças. As deficiências são

    prevenidas pelo consumo de grande variedade de alimentos em

    quantidades adequadas.

    II. Classificação das Vitaminas

    Com base na solubilidade nos lipídios e nos solventes orgânicos

    ou em água, as vitaminas são classificadas em dois grandes grupos

    que são:

    1) Vitaminas hidrossolúveis:

    São solúveis em água e neste grupo incluem-se as vitaminas B

    essenciais na nutrição humana: tiamina (B1), riboflavina (B2), niacina

    (ácido nicotínico, nicotinamida B3), pantotânico (B5) Vitamina B6

    (pirodixina, pirodoxal, pirodoxamina), biotina, vitamina B12

    (cobalamina) e ácido fólico.

    Estas vitaminas normalmente não são armazenadas no

    organismo, o que exige um abastecimento quase que diário. Devido À

    solubilidade em água, o excesso é liberado através de urina e

    raramente se acumulam em concentrações tóxicas. Por não estarem

    associada à fração lipídica, os fatores que afetam a absorção das

    gorduras não afetam a absorção de vitaminas hidrossolúveis.

  • 2. Vitaminas lipossolúveis.

    Solúveis nas gorduras são moléculas apolares e hidrofóbicas,

    derivados do isopreno (H2C = C - C CH2).

    |

    CH2

    Não são sintetizadas pelo organismo em quantidade adequadas

    e devem, portanto ser suportadas na dieta. Para serem absorvidas,

    eficientemente, necessitam que ocorra a absorção normal de gordura.

    Uma vez absorvidas, são transportadas no sangue e ligadas às

    lipoproteínas.

    Vitaminas Hidrossolúveis

    Normalmente, esse grupo de vitaminas é precursor de coenzimas em

    alguns sistemas enzimáticos que transportam grupos funcionais

    específicos (Tabela 1).

    Vitamina Coenzima Grupos

    Funcionais

    Transferidos

    Tipo de reação o

    processo

    catalisador

    Tiamina Tiamina pirofosfato Aldeídos Descarboxilação de

    α-cetácidos

    Riboflavina FMN, FAD Elétrons Reações de óxido-

    redução

    Ácido nicotínico NAD, NADP Íons hidreto

    (:H-)

    Reações de óxido-

    redução

    Ácido pantotênico Coenzima A Grupos acila

    Piridoxina Piridoxal-fosfato Grupo amino

    Biotina Biocitina CO2

    Ácido fólico

    (folato)

    Tetraidrofólico Unidades

    monocarbônicas

    Vitamina B12 Desoxiadenosil Átomos de

    hidrogênio

    Ácido ascórbico Desconhecida Reações da

    hidroxilação.

  • Tiamina (Vitamina B1)

    a) Estrutura e Função

    A tiamina consiste em dois anéis, um pirimidínico e outro

    tiazólico unidos por uma ponte metilênica (Figura 1). A tiamina na

    forma de tiamina pirofosfato atua como coenzimas de diversos

    sistemas enzimáticos, nos quais grupos aldeídos são transferidos de

    um doador (substrato) para uma molécula receptadora. Em tais

    reações a tiamina-pirofosfato serve como transportador intermediário

    do grupo aldeído, ele é covalentemente ligado ao anel tiazólico (parte

    funcional da tiamina pirofosfato).

    Figura 1- Tiamina e suas formas ativas

    Um exemplo é a reação catalisada pelo com plexo da piruvato

    desidrogenase que participa da via principal de oxidação dos

  • carboidratos. Nessa reação ocorre uma descarboxilação oxidativa do

    piruvato (produto final da glicólise), no qual o grupo carboxila é

    removido do piruvato na forma de CO2, e o restante da molécula de

    piruvato, acetaldeído, que está ligado no C-2 do anel, forma-se o seu

    derivado hidroxietil-TPP, é clivado da coenzima liberando acetaldeído

    (Figura 1A). Este composto tornará o grupo acetila do acetil-CoA.

    Outras enzimas, como pivurato descarboxiliase e a α-

    cetuglutarato desidrogenese, requerem a tiamina pirofosfato como

    coenzima.

    Figura 1A – Descarboxilação enzimática do pivurato pela pivurato desidrogenase.

    b) Deficiência em Tiamina

    A deficiência em tiamina na dieta humana reduz o beribéri. O

    beribéri no homem é um estágio avançado de deficiência em tiamina

    e se caracteriza por alterações do sistema nervoso periférico causado

    pelo acúmulo do piruvato.

  • A tiamina se encontra em quase todas as plantas e tecidos

    animais comumente usados como alimento. Os grãos de cereais não

    refinados e carnes são ótimas fontes da vitamina. O beribéri ocorre

    em forma mais edêmica nas regiões onde o arroz polido e/ou

    alimentos refinados, tais como açúcares e farinhas constituem a base

    da alimentação humana. Os sintomas incluem acúmulo de fluidos

    corporais (inchaço), dores, paralisia, volume aumentado do coração,

    e última instância, morte.

    2) Riboflavina (Vitamina B2)

    a) Estrutura e função

    A Riboflavina consiste de um anel heterocíclico da isoaloxasina

    unido ao ribitol, um álcool derivado de açúcar.

    A riboflavina é componente de suas coenzimas intimamente

    relacionadas: flavina-monocleotídeo (FMN) e a flavina-adenina-

    dinucleotídeo (FAD). Elas funcionam como grupos prostéticos ligados

    a molécula de desidrogenase conhecida como flavoproteínas, enzimas

    que catalisam reações de óxido-redução. Muitas flavoproteínas

    contêm um ou mias metais, molibdênio e ferro, como cofatores

    essenciais (Figura 2).

    Figura 2 – Riboflavina (vitamina B2) e suas formas coenzímicas.

  • Flavoproteínas enzimáticas encontram-se amplamente

    distribuídas e são importantes no metabolismo de mamíferos, por

    exemplo, α-aminoáciodos-oxida se na desaminação de aminoácido,

    succinato-desidrogenase o ciclo do ácido cítrico, acil-CoA-

    desidrogenase e as flavoprotéinas transportadoras de elétrons na

    oxidação de ácidos-graxos, NADH-desidrogenase o principal

    componentes de cadeia respiratória na mitocôndria. Todos esses

    sistemas enzimáticos são prejudicados na deficiência de riboflavina.

    Durante as reações catalisadas por essas enzimas o anel de

    isoaloxazina dos nucleotídeos da flavina sofre a redução reversível,

    recebendo de um substrato reduzindo um ou dois elétrons na forma

    de átomos de hidrogênio, as formas reduzidas são abreviadas por

    FADH, e FMNH2 (Figura 2A).

    Figura 2A - A transferência de um par de átomos de hidrogênio do substrato para o

    anel de isoaloxasina do FMN ou do FAD por uma flavina-desidrogenase.

    b) Deficiência da Riboflavina

    No homem a deficiência de riboflavina caracteriza-se por

    sintomas epidêmicos e oftálmicos. Nos indivíduos carentes observa-

    se: pele áspera e sulcos em torno da boca, denominados queilose,

    dermatite e vascularização córnea.

  • 3) Ácido Nicotínico

    a) Estrutura e Função

    Niacina é o nome genérico que engloba o ácido nicotínico e a

    nicotinamida que atuam como fonte de vitamina na dieta.

    O ácido nicotínico caracteriza-se por apresentar um núcleo

    peiridínico com um radical carboxílico no carbono-3. Se a hidroxila do

    radical carboxílico for substituída por um radical amínico (NH2), tem-

    se a nicotinamida.

    A nicotinamida é um componente de duas coezimas

    relacionadas, nicotinamioda-adenina-dinucleotídeo (NAD) e

    nicotinamida-adenina-dinucleotídeo-fosfato (NADP).

    A nicotinamida-adenina-dinucleotídeo (NAD+) na sua forma

    oxidada e o seu análogo nicotinamida-adenina-dinucleotídeo-fosfato

    (NADP+). São compostos de dois nucleotídeos unidos através de seus

    grupos fosfatos por uma ligação de anidrido de ácido fosfórico (Figura

    3).

  • Figura 3 - As estruturas de suas formas coenzímicas ativas, nicotinamida-adenina

    dinucleotídeo-fosfato (NAD) e nicotinamida-adenina-dinucleotídeo-

    fosfato (NADP).

    Ambas as coenzimas sofrem redução reversível do anel

    nicotinamida. Como uma molécula de substrato (MH2) sofre oxidação

    (desidrogenação), liberando dois átomos de hidrogênio, a forma

    oxidada do nucleotídeo (NAD+ ou NADP+) recebe um íon hidreto (:H-,

    o equivalente de um próton e dois elétrons) e é transformada na sua

    forma reduzida NADH ou (NADPH). O segundo H+ removido do

    substrato é liberado para o solvente aquoso (Figura 3A).

    Figura 3A – Reação genérica mostrando como NAD+ como coenzima

    em reações enzimáticas de desidrogenação.

    O componente de nicotinamida destas coenzimas serve como

    transportador temporário do íon hidreto que é removido

    enzimaticamente da molécula do substrato pela ação de certas

    desidrogenases. Um exame de tal reação enzimática é a catalisada

    pelo malato-desidrogenase: nela o malato é desidrogenado para

    formar oxaloacetato, um passo metabólico na oxidação de

    carboidratos e de ácidos graxos. Esta enzima catalisa a transferência

    reversível de um íon hidreto ao NAD+, formando NADH; outro átomo

    de hidrogênio deixa o grupo hidroxila do melato e aparece com

    hidrogênio livre:

    L malato + NAD+ ↔ oxaloacetato + NADH + H+

  • São conhecidas muitas desidrogenases desse tipo, cada uma

    delas especificamente para um determinado substrato.

    Papel Bioquímico da Niacina

    O NAD e o NADP participam nas seguintes reações do

    metabolismo bioquímico dos animais.

    1) Metabolismo dos carboidratos

    a) Oxidação aneróbica e aeróbica da glicose

    b) Ciclo do ácido cítrico.

    2) Metabolismo de proteínas e de aminoácidos

    a) degradação e síntese de aminoácido.

    b) oxidação de cadeias de carbono via ciclo do ácido cítrico.

    3) Metabolismo dos lipídios

    a) síntese e degradação do glicerol.

    b) síntese e oxidação de ácidos graxos.

    c) síntese de esteroides.

    d) oxidação de unidades de 2C via ciclo do ácido cítrico.

    b) Deficiência

    A falta de niacina causa pelagra, cujos sintomas incluem

    ulceração na boca, dermatite das áreas expostas à luz solar, náuseas

    e diarreias. São frequentes os distúrbios do sistema nervoso central

    que conduzem o individuo à demência.

    A síntese de niacina ocorre em todos os seres viços. Todavia, o

    estabelecimento do teor de niacina dos alimentos deve considerar o

    fato de que o triptófano, aminoácido essencial, pode ser convertido a

    NAD+.

  • Normalmente a pelagra aparece nas populações que tem o

    milho como base de sua alimentação. De fato, no milho existe

    niacina, porém de forma combinada não disponível. A niacitina, da

    qual a niacina pode ser liberada por pré-tratamento com álcali.

    O triptofano contribui para um suprimento adequado de niacina

    ao organismo, entretanto, muitas das dietas causadoras de pelagra,

    além de serem deficientes em niacina, são também deficientes de

    triptofano.

    Outras condições que conduzem aos sintomas da pelagra

    incluem a síndrome carcinóide maligna na qual o metabolismo ao

    triptofano é dirigido a serotonina e na doença de Hartnup, quando a

    absorção de triptofano é prejudicada.

    4) Ácido Pantotênico

    a) Estrutura e função:

    O ácido pantotênico é um componente da coezima A, a qual é

    composta por adenosina 3’-fosfota-5’-pirofosdato, unida em ligação

    éster à vitamina ácido pantotênico , que por sua vez, é ficada à β-

    mercapto-etilamina por uma ligação amida. A fração mercapto-

    etilamina apresenta um grupo rativo tiol (-SH) e a ele liga-se

    covalentemente o grupo acila formando tioéster (éster de tiol). Desta

    maneira, ocorre a formação de molécula de acetil-Coenzima A ou

    abreviada, acetil-CoA (Figura 4).

  • Figura 4- A estrutura da coenzima.

    A figura 4A mostra como o grupo tiol da coenzima A funciona

    transportando grupamento acila. Na primeira relação forma-se acetil-

    CoA iniciando a descarboxilação oxidativa ao piruvato pelo complexo

    enzimático da piruvato desidrogenese.

    Na segunda reação, o grupo acetil da acetil-CoA, é transferido

    para o oxaloacetato. Esta reação é a primeira do ciclo do ácido cítrico,

    a via central da degradação oxidativa dos carboidratos nas células

    aeróbicas.

  • Figura 4A - Papel da coenzima A nas reações do complexo da piruvato

    desidrogenase e da citrato sintase.

    A Figura 4B mostra os aspectos do metabolismo do grupo acetil da

    acetil-CoA.

  • Figura 4B - Aspectos do metabolismo do grupo acetil

    b) Deficiência

    A deficiência do ácido pantotênico é rara porque é amplamente

    encontrado nos alimentos, sendo particularmente em abundância em

    tecidos animais, grãos integrais, de cereais e legumes.

    5) Piridoxina (Vitamina B6)

    a) Estrutura e função:

    O grupo da vitamina B6 consiste de três compostos

    relacionados: piridoxina, piridoxal e piridoxamina, os quais são,

    biologicamente, facilmente interconvertíveis. A forma ativa da

    vitamina B6 é o pirodoxal-fosfato, ocorrendo também sua amínica, a

    pirodoxamina-fosfato (Figura 5).

  • Figura 5 - formas da vitamina B6

    O pirodoxal-fosfato é o grupo prostético de numerosas enzimas

    que catalisam reações de aminoácidos, e está firmemente ligado à

    sua parte protéica. Destas reações as mais comuns e melhores

    conhecidas são as transaminações. As enzimas que catalisam estas

    reações são chamadas transaminases ou aminotransferases onde o

    piridoxal-fosfato liga-se firmemente a elas e serve como

    transportador transitório do grupo amino do doador, aminoácido, ao

    receptor deste grupo amino, o α-cetoácido . Durante o ciclo catalítico

    das aminotransferrases, o grupo, do aminoácido é transferido para o

    piridoxal ligado à enzima. O grupo amino derivado de coenzima o

    piridoxal-fosfato ligado à enzima. O grupo amino derivado da

    coenzima piridoxamina-fosfato, doa, agora, esse grupo amino para o

    segundo substrato, α-cetoácido, e a coenzima reverte à sua forma

    piridoxal-fosfato. Transaminações desse tipo podem ocorrer entre

    qualquer um de muitos aminoácidos diferentes para o α-

  • cetoglutarato, que age como aceptor comum de grupos amino,

    formando ácido glutâmico, um metabólico central no mecanismo dos

    grupos amino (Figura 5A).

    Figura 5A - Reação de transaminação. O pirodoxal age como transportador

    intermediário de grupos no sítio da enzima

    b) Deficiência

    A deficiência isolada de vitamina B6 é rara e, usualmente, faz

    parte da deficiência de vitaminas do complexo B. Uma possibilidade

    de deficiência ocorre nos recém-nascidos cujas mães estão

    deficientes de vitamina devido a uso prolongado de contraceptivos

    orais.

    6. Biotina

    a) Estrutura e Função

    A Biotina é um derivado imidazólico (Figura 6). Nas enzimas

    dependentes de biotina a molécula da vitamina está convalentemente

    ligada à cadeia polipeptídica da enzima através de uma ligação amida

    formada com um grupo α-amino de um resíduo específico de lisina

  • existente no sítio ativo. A biotina é uma transportadora de grupos

    carboxila

    (-COOH) em um grande número de reações enzimáticas de

    carboxilação que requerem ATP. O grupo carboxila é transitoriamente

    ligado ao átomo de nitrogênio do anel duplo da biotina. Um exemplo

    de reação de carboxilação dependente da biotina pé catalisada pela

    piruvato carboxilase, enzima que produz oxaloacetato pela

    carboxilação do piruvato, durante o processo de gliconeogênese

    (formação de glicose a partir principalmente de piruvato).

    Figura 6 - Papel da biotina na reação catalisada

    pela piruvato carboxilase.

    a) Deficiência

    O consumo de ovos crus pode causar deficiência de biotina, pois

    a clara de ovo contém avidina, uma proteína termolábil, que se

    combina firmemente com a biotina e assim previne sua absorção. Os

    sintomas incluem: depressão, alucinação, dor muscular.

    7. Ácido Fólico

  • a) Estrutura e função

    O ácido fólico ou folato consiste de uma base: a pteridina,

    ligada a uma molécula de ácido p-aminobenzóico (PABA) e ácido

    glutâmico (Figura 7).

    Os animais são incapazes de sintetizar PABA ou unir o

    glutamato ao ácido pteróico e, portanto necessitam do folato nas

    suas dietas.

    O ácido fólico não tem atividade coenzimática por si próprio,

    entretanto ele é reduzido enzimaticamente nos tecidos a ácido

    tetraidrofólico (FH4) que é forma coenzimaticamente ativa.

    Gráfico

    Estas reações, que ocorrem nas células intestinais, são

    catalisadas pela folato-redutase, funcionando o NADPH2, como doador

    de equivalentes redutoras. Os quatros átomos de H adicionados ao

    ácido fólico para formar o ácido tetraidrofólico ligam-se ao nitrogênios

    5 e 8 e aos carbonos 6 e 7 (Figura 7).

    O tetraidrofolato atua como um transportador intermediário de

    unidades man carbônicas em uma série de reações enzimáticas

    complexas nas quais as seguintes unidades são transferidas de uma

    molécula de subtrato para outra: metil (-CH3), metileno (-CH2-),

    formil (-CHO) e formimino (-CH=NH).

  • Figura 7. O Ácido fólico com suas formas coenzímicas tetradrofolato e N5, N10 –

    metilenotetraidrofolato.

    Estas são:

    1)Interconversão de reações de serina em glicina

    A serina é a principal fonte de uma unidade carbônica na forma

    de grupo metileno que reversivelmente transferido para

    tetraidrofolato (H4-folato) formando glicina e N5, N10 metileno

    tetraidrofolato, que desempenha papel central no metabolismo de

    unidades de um carbono (Figura 7A).

  • Figura 7A – Conversão de unidade monocarbônica no tetraidrofolato.

    2) Síntese das bases purinas e pirimidinas

    Na síntese das purinas (A e G) ocorre transferência enzimática

    dos grupos formil, empregando, geralmente N10-formil-tetraidrofolato

    (Figura 7B).

    Figura 7B – N10-formil-tetraidrofolato, doador dos carbonos 2 e 8 do anel das

    purinas

  • O N5, N10 metileno –H4-folato fornece o grupo metila durante a

    formação do timidilato (síntese da tiamina) precursor necessário na

    síntese de DNA (Figura 7C).

    Figura 7C - Função do N5, N10-metilenotetraldrofolato, como doador de um grupo

    de metila na formação enzimática do ácido timidílico, unidade

    fundamental do DNA.

    b) Deficiência

    A anormalidade mais importante na deficiência do ácido fólico é

    o bloqueio da síntese do DNA nuclear em todas as células e também

    as hematopoéticas na medula óssea. Estes distúrbios levam o

    aparecimento de hemácias bastante maiores do que as normais,

    imperfeitas e muito frágeis, bem como em número reduzido.

  • Desta maneira, no homem a deficiência de ácido fólico causa

    uma anemia macrocítica. Diarreia, lesões gastrointestinais e má

    absorção intestinal acompanham a anemia macrocítica.

    8) Vitamina B12

    a) Estrutura e função

    A vitamina B12 é formada de dois componentes característicos.

    O primeiro apresenta uma estrutura semelhante ao nucleotídeo

    diferindo deste por apresentar como base, 5,6-dimetil benzemidazol

    que se liga com a D-ribose, a qual apresenta um fosfato na posição 3’

    O segundo componente, que é a parte mais característica da

    molécula de vitamina B12, é um sistema cíclico da corrina, que

    assemelha às porfirinas. Este sistema cíclico é formado de quatro

    anéis pirólicos. No interior da corrina ligação a quatro átomos de

    nitrogênio existe um átomo de cobalto. A quinta ligação do átomo de

    cobalto dá-se diretamente com um nitrogênio do 5,6-

    dimetilbenzimidazol. A sexta ligação do cobalto pode ser ocupada por

    diversos componentes. Assim, dependendo do radical preso à sexta

    posição do cobalto têm-se diversos análogos da vitamina B12 (Figura

    8).

    Na forma de coenzimas da vitamina B12, chamada 5’-

    desoxiadenosilcobalamina (coenzima B12), o grupo cianeto

    (cianocobalamina – forma mais comum) é constituída pelo grupo 5’-

    desoxiadenosil.

  • Figura 8 – Vitamina B12 e sua forma coenzímica.

    A coenzima B12 participa de reações onde ocorre o

    deslocamento de um átomo de hidrogênio de um carbono adjacente

    na troca com um grupo X promovido por enzimas dependentes da

    coenzima B12.

  • A metilcobalamina, outra forma coenzimática da vitamina B12

    participa de algumas reações enzimáticas envolvendo transferência

    de grupos metila.

    b) Deficiência

    Os animais e vegetais são incapazes de sintetizar a vitamina

    B12 sendo somente sintetizada por micro-organismos, em particular,

    por bactérias anaeróbicas. Os mamíferos absorvem a cobalamina

    utilizando um sistema especializado de transporte. O estômago

    secreta glicoproteína, chamadas de fator intrínseco (Fl), que se liga à

    cobalamina na luz intestinal. O complexo cobalamina Fl, resistente a

    proteólise pelas enzimas digestivas no intestino, é captado por um

    receptador especifico no epitélio do íleo. A vitamina é liberada do Fl

    dentro da célula eptelial e, então transportada através do lado oposto

    da a membrana citoplasmática para dentro da corrente sanguínea. A

    cobalamina liga-se em seguida à transcobalamina II, que permite

    quer ela penetre no fígado e no sistema hematopoiético (formador do

    sangue).

    A anemia perniciosa é causada por uma deficiência do fator

    intrínseco o que leva um bloqueio na absorção da cobalamina. Em

    consequência, a síntese de purinas e de tiamina, que dependem de

    cobalamina, é prejudicada.

    O sistema hematopoético é, de modo especial, vulnerável à

    deficiência dessa vitamina e de ácido fólico porque as células

    sanguíneas renovam-se de modo muito rápido. Desta forma, são

    produzidas hemácias estruturalmente anormais, levando ao

    aparecimento de anemia macrocítica e de lesões típicas no sistema

    nervoso.

    Uma vez absorvida pelo trato gastro intestinal, a vitamina B12 é

    armazenada em grande quantidade pelo trato gastrointestinal no

  • fígado e depois liberada lentamente, à medida que solicitada pela

    medula óssea e por outros tecidos do organismo.

    Vitamina C

    a) Estrutura e função

    Existem diversas substâncias que apresentam atividade

    semelhante a vitamina C, das quais a mais importante é o ácido L-

    ascórbico. Os carbonos 2 e 3 do L-ácido ascórbico é sensível a

    oxidação, transformando-o em grupos cetônicos. O ácido deidro-L-

    ascórbico assim formado tem igualmente atividade em vitamina C,

    pois sofrendo redução, produz novamente o ácido –L-ascórbico

    (Figura 9).

    Figura 9 - Estrutura molecular do ácido L-ascórbico e do ácido deidroascórbico.

  • O ácido ascórbico é agente redutor, podendo reduzir compostos

    como: oxigênio molecular, nitrato e citocromos a e b. O mecanismo

    de ação do ácido ascórbico, em muitas de suas atividades, não está

    esclarecido. No entanto, alguns processos vêm documentados que

    requerem o ácido é a hidroxilação enzimática de resíduos de prolina

    do colágeno dos tecido conjutivo de vertebrados, formando resíduos

    de 4-hidroxiprolina, que estabiliza a hélice tripla do colágeno.

    A hidroxilação da prolina é catalisada pela prolil hidroxilase, que

    requer além do substrato, oxigênio molecular, ácido ascórbico, Fe2+ e

    α-cetuglutarato (Figura 9A).

    Um átomo de oxigênio une-se C4 da prolina. O outro de

    oxigênio do O2. O outro átomo de oxigênio do O2 é capacitado pelo α-

    cetoglutarato que assim converte-se em succinato.

    Figura 9A – Hidroxilação da prolina em C-4 por ação da proli hidroxilase.

  • b) Deficiência

    O escoburto é a síndrome clássica de deficiência de vitamina C.

    Está relacionadas às fibras anormais formadas por colágeno

    insuficientemente hidroxilado que contribuem para as lesões

    cutâneas, afrouxamento dos dentes, modificação na integridade dos

    capilares com hemorragias subcutâneas e edemas. O depósito normal

    de vitamina C é suficiente elo menos por 3-4 meses antes que

    aparecem sinais de escorbuto.

  • Fontes alimentares:

    a) Tiamina

    A tiamina está amplamente distribuída nos alimentos, mas

    poucos alimentos possuem elevado teor dessa vitamina. Dos

    alimentos, geralmente, consumidos, o músculo de porco contém a

    maior quantidade de tiamina. AS nozes são boas fontes, como são as

    gemas de carnes de órgão, como o fígado, coração e miolo. O levedo

    seco de cerveja e o germe de trigo são fontes concentradas da

    tiamina, porém são poucos consumidos. O teor de tiamina de alguns

    alimentos é dado na Tabela 2.

    Tabela 2 – Teor de tiamina de vários alimentos (MG/100g)

    Alimento Tiamina

    Castanha do Pará 10,9

    Castanha de Caju 0,85

    Carne de porco (assada) 0,63

    Farinha de soja 0,59

    Presunto (cozido) 0,44

    Ervilha verde (cozida) 0,28

    Fígado (bife) 0,26

    Amendoim 0,25

    Ovo/gema 0,22

    Batata Frita 0,21

    Uva passa 0,12

    Feijão (cozido) 0,11

    Abacate 0,11

    Ovo inteiro 0,11

    Couve (cozida) 0,10

    Laranja 0,09

    Espinafre 0,07

    Leite 0,04

    Arroz (cozido) 0,02

  • b) Riboflavina

    As melhores fontes de riboflavina são leite, fígado, coração e

    hortaliças de folhas, como couve e espinafre, o músculo de boi, e

    aves, e o tomate. As relativamente pobres são: peixes, cereais e

    legumes, mas quando esses alimentos são ingeridos em quantidades

    relativamente altas, tornam-se boas fontes. O levedo, a fonte natural

    mais rica de riboflavinas, não é normalmente consumido. Alguns

    exemplos estão apresentados na Tabela 3

    Tabela 3: Teor de riboflavina de vários alimentos (µg/100g)

    Alimento Riboflavina

    Fígado (bife frito) 4,19

    Coração , bife (cozido) 1,22

    Ovo (cozido) 0,28

    Bide (moído) (cozido) 0,23

    Leite integral 0,21

    Brócolis (cozido) 0,20

    Couve (cozida) 0,18

    Espinafre 0,14

    Acelga (cozida) 0,11

    Feijão (cozido) 0,06

    Laranja 0,03

    Arroz (cozido) 0,01

  • c) Ácido Nicotinico

    O ácido nicotínico está presente em vários alimentos, sendo

    particularmente importantes: fígado, carnes, peixe e trigo integral.

    (Tabela 4).

    Tabela 4 – Teor de Niacina de vários alimentos (µg/100)

    Alimento Niacina

    Amendoim 16,8

    Bife de fígado 16,5

    Frango, carne branca (assado) 11,7

    Castanha-do-Pará 7,7

    Bife de carne moída (cozida) 6,0

    Ervilha verde (cozida) 2,3

    Couve (cozida) 1,6

    Farinha de milho 1,4

    Tomate (cozido) 0,8

    Farinha de mandioca 0,7

    Feijão (cozido) 0,7

    Vagem (cozida) 0,5

    Arroz (cozido) 0,4

    Laranja 0,2

    Ovo (cozido) 0,1

    Leite 0,1

  • d) Vitamina B6

    Está amplamente distribuída entre os alimentos de origem

    animal e vegetal, mas as melhores fontes são as carnes, as nozes e

    os cereais de grão integral (Tabela 5).

    Tabela 5 – Teor de piridoxina de alguns alimentos.

    Alimento Piridoxina

    (um/100g)

    Fígado (cru) 840

    Galinha (crua) carne branca 683

    Carne escuro 325

    Carne de porco (crua) 350

    Carne bovina (crua) 330

    Salmão enlatado 300

    Ovos, clara 2

    Gema 300

    Inteiro 100

    Leite integral 40

    Banana (crua) 510

    Abacate 420

    Amendoim Torrado 400

    Ameixa preá 240

    Passas 240

    Batata (crua) 218

    Couve-flor (crua) 210

    Ervilhas verdes (cruas) 160

  • e) Ácido fólico:

    Os folatos estão muitos espalhados na natureza e presentes em

    quase todos os alimentos naturais.O espinafre e outros vegetais de

    folhas verdes são ricos em ácido fólico. Outros alimentos que são

    boas fontes de ácido fólico são fígado, e o levedo, e os que contêm

    pouco folato são leite, carne e aves (Tabela 6).

    Tabela 6 – Teor de ácido fólico em alguns alimentos

    Alimento Ácido fólico

    Alface, fresca 2,00

    Laranja fresca 0,45

    Sardinha enlatada 0,32

    Ovo (cozido) 0,30

    Espinafre 0,29

    Banana, fresca 0,27

    Tomate enlatado 0,26

    Amendoim 0,25

    Tomate fresco 0,18

    Pepino fresco 0,14

    Repolho (cozido) 0,11

    Leite pasteurizado 0,085

    Ervilha enlatada 0,08

    Galinha (grelhada) 0,07

    Carne bovina (grelhada) 0,03

    Cenoura (cozida) 0,03

    Arroz (cozido) 0,03

    Abacaxi enlatado 0,02

  • f) Vitamina B12

    A única fonte de vitamina B12 conhecida na natureza é a obtida

    pela síntese por micro-organismos. As plantas não contêm vitaminas

    B12, exceto quando são contaminadas pelos micro-organismos. AS

    frutas, os vegetais, os grãos e os produtos de grãos são geralmente

    destituídos de vitamina B12 e devem obtê-la direta ou indiretamente

    das fontes bacterianas (Tabela 7).

    Tabela 7 – Teor de vitaminas B12 de alguns alimentos.

    Alimento Vitamina B12

    Fígado, Bife 80,00

    Ostra 18,00

    Coração 11,00

    Sardinha, enlatada em óleo 10,00

    Salmão enlatado 6,89

    Ovo, gema 6,00

    Miolos 4,00

    Ovo inteiro 2,00

    Bacalhau seco 3,60

    Carne bovina, magra 1,80

    Queijo suíço 1,80

    Vitela Magra 1,75

    Queijo provolone 1,25

    Camarão 0,90

    Carne de porco magra 0,70

    Lagosta 0,50

    Galinha, carne branca 0,45

    Carne escura 0,40

    Leite integral 0,40

    Ovo, Clara 0,10

  • g) Ácido Pantotênico

    As melhores fontes de ácido pantotênico são fígado, levedo,

    gema de ovo e vegetais frescos. O leite também é boa fonte. A

    Tabela 8 incida o teor de ácido pantotênico de vários alimentos.

    Tabela 8: Teor de ácido pantotênico de vários alimentos

    Alimento Ácido pantotênico

    (mg)

    Levedo, cervejaria 12,00

    Padaria 11,00

    Fígado , bife (cru) 7,00

    Ovo, gema (cru) 4,40

    Amendoim (torrado) 2,10

    Ovo, inteiro *cru) 1,60

    Lagosta (crua) 1,50

    Lentilha, seca 1,36

    Brócolis (cru) 1,17

    Abacate (cru) 1,07

    Couve (crua) 1,00

    Galinha, carne escura

    (crua)

    1,00

    Sardinha enlatada em óleo 0,85

    Galinha, carne branca

    (crua)

    0,80

    Carne de porco (crua) 0,60

    Arroz seco 0,55

    Feijão seco 0,50

    Carne bovina crua 0,470

    Café solúvel 0,400

    Leite integral , líquido 0,340

    Morango ( natural) 0,340

    Tomate (cru) 0,330

    Espinafre (cru) 0,300

    Camarão (cru) 0,280

    Cenoura (crua) 0,280

    Pepino (cru) 0,250

    Laranja (natural) 0,250

    Mamão (natural) 0,218

    Repolho (cru) 0,205

    Mel 0,200

    Alface (crua) 0,200

    Feijão, verde (cru) 0,190

    Abacaxi (natural) 0,160

    Manga (natural) 0,150

  • h) Biotina

    A Biotina é encontrada nos alimentos de ambas as origens,

    animal e vegetal. O fígado tem elevado teor de biotina, mas o

    músculo (boi e porco) tem baixa concentração. A gema de ovo é uma

    fonte de biotina. A tabela 9 indica o teor de biotina de uma variedade

    de alimentos.

    Tabela 9 – Teor de biotina de vários alimentos

    Alimento Biotina

    (µg/100g)

    Fígado de porco 100,0

    de boi 96,0

    Soja em grão 61,0

    Ovo, gema 52,0

    Amendoim torrado 34,00

    Ovo inteiro 22,5

    Lentilhas 13,2

    Galinha, carne branca 11,3

    carne escura 10,0

    Ervilhas verdes, fresca 9,4

    Ovo, clara 7,0

    Espinafre fresco 6,9

    Lombo de porco 5,2

    Arroz (cozido) 5,0

    Leite integral 4,7

    Uva passa sem sementes 4,5

    Banana 4,4

    Tomate fresco 4,0

    Melancia 3,6

    Alface 3,1

    Carne bovina 2,6

    Cenoura fresca 2,5

    Repolho fresco 2,4

    Laranja 1,9

  • Literatura consultada

    LEHNINGER, A.L. NELDOSN, D.L., COX, M.M. Princípios de

    bioquímica. Ed Sarvier, 2010, 839p.

    LEHNINGER, A.L. NELDOSN, D.L., COX, M.M. Princípios de

    bioquímica. Ed Sarvier, 1995, 735p.

    MURRAY, R.K. GRANNER, D.K., MAYES, P.A. HARPER: Bioquímica. 7ª

    Edição, Editora Atheneu, 2000. 736p.

    OLIVEIRA, J.E.D., SANTOS, A.C. WILSON, E.D. Nutrição Básica. Ed.

    Sarvier, 1982. 286p.

    OLIVEIRA, J.E.D.; MARCHINI, J.S. Ciências Nutricionais. 1a. edição,

    Editora Sarvier, 2003. 403p.

    STRYER, L. Bioquímica. 4ª. edição, Editora Guanabara, 2004. 961p.