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Atenção! Modelo de requerimento para alteração de nome e sexo em SP Distribuição Gratuita Edição: 181 - abril 2018 Jornal A Gaxéta (11) 9-7254-3676 agaxéta agaxeta ELEIÇÕES 2018 CUIDADO, AS RAPOSAS ESTÃO POR ... V OTE BEM PARA DEPUTADOS FEDERAIS. PÁGINA: 15 PÁGINA: 7 PSDB inaugurou 75% das estações de metrô de SP em anos eleitorais GERALDO ALCKMIN ENTREGOU 11 ESTAÇÕES NOS ÚLTIMOS SETE ANOS E, PARA ESTE ANO, PREVÊ A ENTREGA DE 18. QUANDO ASSUMIU O CARGO EM 2011, ALCKMIN PROMETIA ENTREGAR 90 ESTAÇÕES ATÉ O FIM DE 2017, MAS ENTREGOU APENAS 11. Coincidência??? O dia que o sagrado deixará de abençoar a Terra PÁGINA: 10 COTIA/SP RECEBE WORKSHOP SOBRE TEOLOGIA YORUBANA, ENFRENTANDO A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA. 23 DE ABRIL DIA ESTADUAL/SP DE OGUM

Coincidência??? - jornalagaxeta.com.br · Jornal A Gaxéta 3 A origem do culto a Oyá estaria entre os Nupe, povo que vive na atual Nigéria. Ali, o culto era um ritual de purifi

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Atenção! Modelo de requerimento para alteração de nome e sexo em SP

Distribuição Gratuita Edição: 181 - abril 2018Jornal A Gaxéta (11) 9-7254-3676agaxétaagaxeta

ELEIÇÕES 2018CUIDADO, AS RAPOSAS ESTÃO POR AÍ... VOTE BEM PARA DEPUTADOS FEDERAIS.

PÁGINA: 15

PÁGINA: 7

PSDB inaugurou 75% das estações de metrô de SP

em anos eleitoraisGERALDO ALCKMIN ENTREGOU 11 ESTAÇÕES NOS

ÚLTIMOS SETE ANOS E, PARA ESTE ANO, PREVÊ A ENTREGA DE 18. QUANDO ASSUMIU

O CARGO EM 2011, ALCKMIN PROMETIA ENTREGAR 90

ESTAÇÕES ATÉ O FIM DE 2017, MAS ENTREGOU APENAS 11.

Coincidência???

O dia que o sagrado deixará de abençoar a Terra alteração de nome e sexo

PÁGINA: 10

COTIA/SP RECEBE WORKSHOP SOBRE TEOLOGIA YORUBANA, ENFRENTANDO A

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA.

23 DE ABRILDIA ESTADUAL/SP DE OGUM

Jornal A Gaxéta2

1-CriticidadeEm nossos artigos as abordagens

são sempre feitas com refinado senso crítico, privilegiando a verdade, a ética e buscando desmistificar o conceito de que importantes são os que TEM, para valorizar os que SÃO. Desta forma não estimulamos as ‘aparências’, mas tentamos ressaltar as ‘essências’ dos atos e situações que publicamos;

2- (Im)parcialidadeTrabalhamos de forma estar trilhando

nos caminhos da imparcialidade, apesar de termos consciência de que somos fiéis aos Cultos Afros (Umbanda e Candomblé) e aos Direitos Humanos, o que caracteriza ‘parcialidade’. Esta atitude miscigenada se justifica pela ausência de direitos e de igualdade de oportunidades dos segmentos em destaque;

3- ExcelênciaO sucesso de nosso trabalho se dá

pelo pioneirismo de nossa proposta, pela credibilidade de nossos informes e pela responsabilidade de ‘formar opinião’, levando nossos leitores a uma visão real, coerente e panorâmica das necessidades. Nossa meta é polemizar;

4- Formação de Opinião Além de universalizar os

acontecimentos, denunciar e buscar espaços de Igualdade, temos como ALVOS as crianças e os jovens, com a responsável proposta de formar opiniões centradas, objetivas e sem tendenciosidade. Fiéis multiplicadores.

5 - ReportagensElaboramos reportagens com muito

cuidado e teor jornalístico, priorizando a comunicação visual

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ODE ODENTA(O caçador lança sua flecha)

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CRÍTICA: INDIGNADO

Este texto é apartidário e apolítico , pois nesta altura de minha vida, ESCOLHI NÃO MAIS INVESTIR NO ATU-AL SISTEMA POLÍTICO BRASI-LEIRO.

Este texto é apenas um desabafo de um ci-dadão que , percebe todos os dias, a desigual-dade social e ausência total de justiça social, no País.

Não dá mais para acreditar que: SOMOS TODOS IGUAIS PE-RANTE A LEI, conforme impõe a Constituição Brasileira, de 1988.

Sinto profunda indignação em ver Expressivas, Importantes e For-tes Instituições do Brasil manifestarem repúdio aos atos de violência, que algumas personalidades politicas sofreram, recentemente . Corretíssima atitude. Pois, não se admite nenhuma forma violência, principalmente numa Democracia.

Correto seria se, estas mesmas Instituições se manifestassem e atuassem corretamente para eliminar A VIOLÊNCIA da população que, dia a dia é desamparada. Há de chegar o dia de sermos todos iguais perante a lei.

Que se estabeleça a ordem e harmonia social, em nossa Pátria

Babalorixá Flávio de Yansan, 64 anos de idade, 53 anos de cultos afro-brasileiros atingindo os 40 anos de iniciação no Candomblé. Atual liderança religiosa de um Templo afro-brasileiro com 43 anos de fundação.

Idealizador e fundador do Jornal A Gaxéta. Ex-atuante e integrante da Comissão Municipal de Direitos Humanos/SP

Dedicado defensor da criança entre outros títulos.

3Jornal A Gaxéta

A origem do culto a Oyá estaria entre os Nupe, povo que vive na atual Nigéria. Ali, o culto era um ritual de purifi cação e é a característica con-

servada de limpar e purifi car, que diferencia Oyá dos demais Orixás. É nos versos de Ifá que podemos encontrar relatos sobre o surgimento deste Orixá “com um pano vermelho so-bre a cabeça” e também como deu à luz o primeiro ancestral que retorna, o qual, por sua vez, se une à uma misteriosa mãe para produzir trigêmeos. As gerações subseqüentes destes trigêmeos, formando três famílias, tornaram-se os guardiões da prática do Culto Egungun. De alguma forma Oyá está ligada às vestimentas dos Egunguns que representam capas protetoras aliadas ao mistério, com signifi cado muito seme-lhante ao das franjas de mariwo. Uma faixa vermelha indica sempre, a presença do poder feminino. É Oyá que protege e defende as mulheres no mercado e seu poder permite que efetuem bons negócios e transações vantajosas. De alguma forma, este atributo está ligado ao seu poder de Ajé, sempre ocultando dos olhos invejosos, os lucros obtidos. A escrito-ra Judith Gleason (Oyá) afi rma que: “... existe uma roupa Egungun denominada ”Garanta-que-eu-viva-muito” cuja origem está ligada à lenda que se segue. “Agan, irmão mais velho de Egungun, discutiu com ele sobre essa roupa – o legado de seu pai. Tendo perdido a posse do que considerava propriedade sua por direito, Agan jurou que, se visse alguém usando a roupa, a rasgaria. Um dia veio Oyá vestida com ela. Agan a atacou, mas Oyá resistiu e venceu a luta. Aliando-se a Egungun, Oyá tornou-se líder do culto dos mascarados onde recebeu o título de “Agan-feminina-que-maneja-a-es-pada”. Como resultado Agan não tem roupa, sendo apenas uma voz “. Após haver oferecido uma oferenda composta de nove chicotes no lado direito, nove no lado esquerdo e nove galos capazes de cantar, Oyá deveria dirigir-se ao mercado carregando a sua oferenda e lá chegar com a cabeça intei-ramente coberta com um pano vermelho. As pessoas, que nunca haviam visto nada semelhante, fi caram admiradas e curvaram-se em sinal de reverência à estranha aparição. O tempo passou e Oyá deu à luz nove fi lhos que gostavam de brincar com panos sobre a cabeça, embora a mãe recomen-dasse que não agissem desta forma. Cobertos de panos os fi lhos de Oyá iam ao mercado onde divertiam-se assustando as pessoas. Como castigo por sua desobediência, as crianças foram acometidas de uma doença misteriosa e, para obter meios de curá-los, Oyá foi consultar Ifá. Um novo proce-dimento foi recomendado. Um galo deveria ser sacrifi cado sobre cada pano e a mãe deveria, a partir de então, permitir que os fi lhos continuassem indo ao mercado cobertos por eles. Tudo foi feito e, quando seus fi lhos voltaram ao merca-do, Oyá recomendou que cada um deles levasse um chicote denominado “ìsán ni òpáku” – (Vareta da morte). Então Oyá disse: “O que aconteceu é longo (é gùn)”, o que signifi cava

dizer que aquilo deveria ser perpetuado. Por isto, no culto Egungun africano Oyá porta o título de “L’Aye Wu Egungun Ode Orisá Oyá”. À medida que o conceito religioso de Oyá evoluiu, a Orixá deixou de ser uma mulher-feiticeira qual-quer, adquirindo o complexo status de “Deusa da Morte”, dotada do mesmo poder vital (o poder de Ajé) comum a todas as mulheres. Oya é também a dona do mercado. As mulheres que exercem atividades comerciais adquirem importância e independência econômica, deixando de serem vistas como simples máquinas-de-fazer-fi lhos. É Oya quem as impele à tal atividade. Na África existe um templo de Oyá mantido por mulheres sob o comando de “Onirá” - a grã-sacerdotisa

- onde uma grande máscara representando-a é guardada. Por trás dos panos coloridos que adornam a grande másca-ra existe a gravura de um caçador em tamanho maior que o natural. Além do mercado, Oyá manifesta-se também na fl oresta ou nas matas. Nestes locais assume a forma de um animal, o búfalo africano, que incorpora diversas caracterís-ticas associadas à Oyá. Uma belíssima história de Ifá relata as transformações do búfalo em mulher e da mulher em Ori-xá. A lenda conta que Oyá, na forma de búfalo, apaixona-se por Ogun e, para poder casar-se com ele, metamorfoseia-se em mulher. Embora os búfalos machos adultos sejam de cor marrom-escuro, quase negros, as fêmeas são avermelhadas. Coincidentemente, as mulheres africanas costumam pintar a pele de vermelho de forma a tornarem-se mais atraentes aos homens. Vê-se ai, mais uma vez, Oyá deusa-búfalo, intera-gindo com o ser humano. Na fl oresta, a Deusa da Morte e a Deusa da Caça fundem-se e tornam-se idênticas. Aí, sua res-

ponsabilidade é preservar a vida do caçador providenciando a morte da caça. É com aparência de caçador que Oyá, a deusa implacável, assume a iniciativa de um processo onde o caçador representa o herói que elimina a besta selvagem e perigosa. Oyá vagueia pela fl oresta ao lado de Oxóssi, o ca-çador por excelência, e ali, revela-se como morte representa-da pelos apetrechos de caça e expugnada pelos amuletos dos caçadores. Oyá é, no entanto, feiticeira das mais poderosas. É apaixonada pelos caçadores e respira fundo na fl oresta sob o cadáver do animal abatido. Os caçadores africanos pos-suem um amuleto chamado “dibi” que os torna invisíveis aos animais selvagens. Esse amuleto possui o “axé” origina-do de “Do Kainissa” – a mulher-búfalo-feiticeira.

Antes de unir-se a Xangô, Oyá foi mulher de Ogun, ten-do trocado a aparência rude de seu marido ferreiro pela ele-gância e o garbo de Xangô. Perseguida em sua fuga com o novo amor, Oyá foi alcançada por Ogun que travou com ela um combate com varas mágicas por ele mesmo confeccio-nadas. Como resultado desta luta Ogun foi cortado em sete pedaços e sua mulher infi el foi seccionada em nove partes. O número nove está ligado a Oyá tendo dado origem ao seu nome Iyansan. Uma outra etimologia para o nome Iyansan, está ligada à lenda que narra de que forma, depois de seguir as orientações de Ifá para que pudesse ter fi lhos, deu à luz nove rebentos.

Oyá recebeu, de Olorun, a missão de transformar e reno-var a natureza através do vento, que ela sabe manipular. O vento nem sempre é tão forte, mas, algumas vezes, forma-se uma tormenta, que provoca muita destruição e mudanças por onde passa, havendo uma reciclagem natural. Normal-mente, Oyá sopra a brisa, que, com sua doçura, espalha a criação, fazendo voar as sementes, que irão germinar na terra e fazer brotar uma nova vida. Além disso, esse vento manso também é responsável pelo processo de evaporação de todas as águas da terra, atuando junto aos rios e mares. Esse fenô-meno é vital para a renovação dos recursos naturais, que, ao provocar as chuvas, estarão fertilizando a terra. Oyá possui um grande conhecimento, adquirido através da convivência com muitos orixás, como Ogun, com quem aprendeu os ca-minhos; Iroko, que a ensinou a evocar o vento; Odé, com quem aprendeu a caçar; Xangô, seu eterno companheiro; Obaluaiê, com quem compartilha o reino dos Eguns; Orun-milá e Oxalá, entre outros. Vivia com eles o tempo necessá-rio para aprender o que precisava, deixando-os em seguida, para continuar com suas andanças pelo mundo. Alguns ten-taram, em vão, prendê-la, mas é impossível segurar o vento. A liberdade é muito importante para ela. Foi com Xangô, seu marido, que passou mais tempo, pois os dois se comple-tavam. Mas, apesar disto, ergueu-se contra ele em defesa de seu povo, fazendo com que recuasse. Nem mesmo Xangô conseguiu dobrá-la.

OYÁ - YANSANDONA DOS TORNADOS, RAINHA DOS RAIOS

SENHORA DA VIDA E DA MORTEMÃE DOS 9 ORUNS

Jornal A Gaxéta4

Ela comanda os ventos e a tempestade

Em seu as-pecto gen-til, pode se

apresentar como uma refrescante tempesta-de. Mas sua expressão principal é como o vento forte que esca-lona até o tornado, re-gendo também o fogo rápido, nervoso dos relâmpagos. É o pró-prio Rio Niger, princi-palmente na região do delta que, conta a len-da, ela criou rasgando um tecido preto e o depositando sobre a terra, assim dividindo o rio. A ilha criada no meio do delta é tida como um lugar de passagem entre os mun-dos.

Em sua busca pela Deusa, a autora e pesquisadora Judith Gleason encon-tra Oyá e sua irmã Nyalé, como ela é chamada no alto Rio Niger, como Deusas Climáticas envolvidas com a atividade ciclônica, que os meteorolo-gistas denominam de frente intertropi-cal. Enquanto mais ao norte a secura resultante da rápida evaporação das chuvas initerruptas e de pouca duração é atribuída a Nyalé, mais ao sul Oyá é associada com a dupla estação de chu-vas abundantes, anunciadas e seguidas por tornados.

“Ela chega molhada e ela chega

duas vezes, como um evento tumultu-oso desejado por suas conseqüências. Nyalé, nascida de sua própria impetu-osidade, quando o embate de ar contra ar produziu fogo, este tendo sido ace-lerado pelo deslocamento de ar, ini-ciou a criação do mundo Bambara de modo enérgico. Diante da necessidade de conter seu poder, ela foi banida do esquema ideal das coisas e submergiu denegrida de deusa à feiticeira, tor-nando-se “a pequena anciã de cabelos brancos, por cujos poderes as mulhe-res dos vilarejos distantes ainda hoje realizam transformações mágicas”.

Oyá, cujo nome quer dizer “ela rasgou”,pois seu vento rasga a super-fície calma do rio e o faz transbordar, é originária do oeste africano, onde todos os rios são espíritos femininos.

Os Nove Oruns – Mèssan Orun

Segundo a Teologia Yorubá, o Orun é subdividido em 9 (nove) “Essan” (partes), onde cada uma delas, recebe como moradia, os Eguns. Também segundo as explicações ancestrais, cada Orun é

designado e compatível com as obras que o homem, ser humano, realizou no Ayiê (Terra).

O 9° Orun, por exemplo, é chamado de Aláfia, local em que habi-tam os Eguns que deixaram as maiores e melhores contribuições no Ayiê. Deduz-se portanto, que na visão de mundo yorubá, o ser humano deve perseguir a meta da boa conduta no Ayiê e assim, após a morte,merecer o espaço de paz eterna. Yansan, responsável pelas nove partes, encaminha os Eguns para uma delas.

Quando Iku (a Morte) “roda” na cabeça de um ser humano, significa que este faleceu. A partir daí, o Culto Africano, mais precisamente o Yo-rubá, se divide em duas etapas:

1. O corpo inerte ficará sob os desígnios de Omolu, pois este será encaminhado para a terra e terra se tornará. Ficará também sob os desígnios de Yewá, Mãe das Covas Abertas;

2. O Egun, parte indissolúvel (eterna) do ser humano, ficará sob os desígnios de Oyá.

5Jornal A Gaxéta

Laba Laba Oyá, a

Borboleta

Metamorfose é uma mudança na forma e na estrutura do

corpo (tecidos, órgãos). A meta-morfose da borboleta é um fato biológico que ocorre durante o crescimento dessas espécies, que inclui também as maripo-sas. Durante a forma imatura, se apresentam como lagartas. É um inseto de desenvolvimento completo, isto é, apresenta as fases de ovo, lagarta, pupa e adulto (a borboleta propriamen-te dita). À Oyá é atribuído esse poder de transformação ou de metamorfose. Muda facilmente: de branda a violenta, de suave brisas a fortes tempestades, de mulher sensual ao agressivo e perigoso búfalo.

POR TRÁS DO VÉU DO SINCRETISMO

Ao caminhar no Pelourinho, quem passa em frente à Igreja do Rosário dos Pretos e escuta batuques de atabaques, ritmos africanos e vê a

batina do padre incrementada com desenhos afros pode du-vidar que se trata realmente de uma missa católica. Mas é o que acontece todas as terças-feiras, às 18hs, na realização de uma missa que une o Catolicismo com elementos da Cultura Africana. Essa missa é um exemplo do sincretismo que uniu duas das religiões mais praticadas no Brasil: o Candomblé e o Catolicismo. Existindo quem o apóie e quem o recrimine.

A Igreja do Rosário dos Pretos lota às terças-feiras. Muitos fi éis assistem a missa de pé e são vários os que vão especifi camente a essa celebração por seus diferenciais. O sincretismo pode ser visualizado desde a homilia do padre que faz referências aos povos afros, até as músicas religiosas, que são acompanhadas pelos batuques dos atabaques, entre outros instrumentos africanos.

Sincretismo se refere à fusão de duas ou mais religiões, havendo uma troca de elementos de culto entre elas. Em Sal-vador esse sincretismo é visto mais fortemente, pelo fato da cidade apresentar grande número de afro-descendentes, as-sociado à colonização feita pelos europeus que trouxe gran-de infl uência do Catolicismo. Para o padre Arnaldo Lima, 60 anos, professor da Universidade Católica de Salvador (UC-SAL), a relação sincrética do Catolicismo com a Religião Afro-Baiana acontece de forma diversifi cada. “Para algumas pessoas essa relação é de forma suave, como o nadar no rio da cidade onde nascemos. E Salvador teve a felicidade de acolher a religião dos africanos, na grande infelicidade da escravidão”.

Existem várias teorias para o surgimento do sincretismo religioso: foi uma criação dos negros para enganar os patrões que impuseram a religião católica. Os africanos pegavam as imagens da religião católica, como a de Santo Antônio e de Santa Bárbara, colocavam em cima de uma mesa e embai-xo dela colocavam o ebós, que são as oferendas para o seu Orixá. “Dessa forma, quando os patrões se aproximavam, acreditavam que os escravos estavam adorando as imagens

católicas”, afi rma ele.Para o padre Arnaldo, por uma questão de sobrevivência,

os povos oriundos da África vestiram os seus orixás com as vestes do Catolicismo Ofi cial e dessa forma conseguiram manter a fé em seu culto. “Assim esses fi éis fazem serena-mente a síntese entre o Candomblé e o Catolicismo, apesar de toda perseguição dos graduados na hierarquia”, declara o padre. Essa relação pode ser observada nas grandes festas re-ligiosas e sincréticas que acontecem na cidade, como exem-plos a Lavagem do Senhor do Bonfi m, seguida por católicos e praticantes do Candomblé, e o Dois de Fevereiro, dia de Yemanjá. Estreitando assim as culturas e as religiões vindas da Europa e da África.

No momento em que os africanos passaram a utilizar

as imagens dos santos para poder reverenciar seus Orixás, começou a surgir a fusão com os santos da igreja católica. Para parte da população, essas divindades correspondem-se, por apresentar desde vestes a histórias de vidas semelhantes. Exemplos de Iansã, que é sincretizada com Santa Bárbara, e os Ibejis que são associados a Cosme e Damião, entre outros.

O hibridismo religioso existente entre os católicos e os praticantes do Candomblé é explicitado entre os que fre-qüentam as duas religiões de forma harmônica e aqueles que são praticantes de uma delas e em alguns momentos dirige-se a outra, seja numa missa ou num ritual do Candomblé. A equede (nome dado no candomblé a aqueles que cuidam dos orixás) Sandra, do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, diz ser batizada numa igreja. Atualmente não se considera católica, mas vai à missa em certas ocasiões: “Aprendi muitas coisas freqüentando a igreja, cada um tem a sua cabeça e aqui existe liberdade para cada um segui-la”.

De acordo com as convicções do padre Arnaldo Dias, o sincretismo é uma benção na cidade de Salvador. Apesar de o sincretismo religioso ter se mostrado como fonte de so-brevivência da Religião Afro, parte dos católicos e dos pra-ticantes do Candomblé acreditam que deva existir um limite na relação entre as duas religiões. Fato que pode ser visto na Lavagem da Igreja do Senhor do Bonfi m, onde o ritual foi modifi cado e somente as escadarias passaram a ser lavadas enquanto a igreja se mantém de portas fechadas abrindo-se somente na realização da missa por considerar a festa um ato profano.

Membros da Renovação Carismática, movimento ecle-sial dentro da Igreja Católica que procura resgatar os valores da igreja, costumam ser mais radicais quando se trata do sin-cretismo religioso. De acordo com o padre Arnaldo Lima, essa relação acontece de forma tensa para alguns e de forma libertadora para outros: “Outras pessoas abjuram o passado, tentam esquecer uma religião que foi socialmente despreza-da e teologicamente, ‘demonizada’, escondem suas crenças maiores”, afi rma o padre.

Homenagem à Santa Bárbara abre ciclo de Festas Populares na Bahia

A festa de Santa Bár-bara é a primeira do ciclo de festejos

populares que agita a cidade de Salvador durante o verão e é realizada no dia 4 de dezembro em homenagem a madrinha do Corpo de Bombeiros e padroei-ra dos mercados. Santa Bárbara também é homenageada pelos adeptos do Candomblé onde é sincretizada com Yansan, Orixá dos raios e das tempestades.

É um grande evento sincré-tico, composto de missa, pro-cissão feita por católicos e prati-cantes do Candomblé, além das festas nos terreiros, o caruru de Yansan, samba de roda e apre-sentação de grupos de capoeira e maculelê. Os festejos em ho-menagem à Santa Bárbara co-meçam com queima de fogos de artifício, na alvorada, em frente à Igreja do Rosário dos Pretos,

onde, é celebrada uma missa. Após as bênçãos, uma procis-são percorre as ruas do Centro Histórico de Salvador. O cor-tejo prossegue até o Corpo de Bombeiros, cuja corporação tem a santa como padroeira, sendo saudada com fogos, sirene e ja-tos de água, seguindo então para o Mercado de Santa Bárbara.

LENDA FORMA O SINCRETISMO DE YANSAN COM SANTA BÁRBARA

Conforme a lenda, Santa Bárbara era uma jovem belíssi-

ma. Dióscoro, seu pai, era um pagão ciumento. A todo custo desejava resguardar a fi lha dos pretendentes que a queriam em casamento. Por isso encerrou-a numa torre. Na torre havia duas janelas, mas Santa Bárbara man-dou construir uma terceira, em honra à Santíssima Trindade. Um dia, entretanto, Dióscoro viajou. Santa Bárbara se fez então batizar, atraindo a ira do próprio pai. Fugindo de seu per-seguidor, os rochedos abriam-se para que ela passasse. Descober-ta e denunciada por um pastor, foi capturada pelo pai e levada

perante o tribunal. Santa Bárbara foi condena-

da a ser exibida nua por todo o país. Deus, porém, se compade-ceu de sua sorte, vestindo-a mi-raculosamente com um suntu-oso manto. Padeceu toda sorte de suplícios: foi queimada com grandes tochas e teve os seios cortados. Foi executada pelo próprio pai, que lhe cortou a cabeça com uma espada. Logo após sua morte, um raio fulmi-nou seu assassino. É por isso que Santa Bárbara é invocada, nas tempestades, contra o raio e sincretizada com Yansan. O seu culto espalhou-se rapidamente pelo Oriente e pelo Ocidente, inclusive no Brasil.

Esta santa é invocada, so-bretudo, como protetora contra a morte trágica e contra os pe-rigos de explosões, de raios e tempestades.

Jornal A Gaxéta6

Ogum foi um dia caçar na fl ores-ta. Ele fi cou na espreita e viu um búfalo vindo em sua direção.

Ogum avaliou logo à distância que os sepa-rava e preparou-se para matar o animal com a sua espada. Mas viu o búfalo parar e, de repente, baixar a cabeça e despir-se de sua pele. Desta pele saiu uma linda mulher. Era Yansan, vestida com elegância, coberta com panos, um turbante luxuoso amarrado à ca-beça e ornada de colares e braceletes.

Yansan enrolou sua pele e seus chifres, fez uma trouxa e escondeu num formigueiro.

Partiu, em seguida, num passo leve, em direção ao mercado da cidade, sem descon-fi ar que Ogum tinha visto tudo. Assim que Yansan partiu, Ogum apoderou-se da trouxa, foi para casa, guardou-a no celeiro de milho e seguiu, também, para o mercado.

Lá, ele encontrou a bela mulher e a cor-tejou. Yansan era bela, muito bela, era a mais bela mulher do mundo. Sua beleza era tal que se um homem a visse, logo a desejaria.

Ogum foi subjugado e pediu-a em casa-mento. Yansan apenas sorriu e recusou sem apelo.

Ogum insistiu e disse-lhe que a espera-ria. Ele não duvidava de que ela aceitasse sua proposta. Yansan voltou à fl oresta e não encontrou seu chifre nem sua pele.

Ah! Que contrariedade! Que teria se passado? Que fazer? Yansan voltou ao mer-cado, já vazio, e viu Ogum que a esperava. Ela perguntou-lhe o que ele havia feito da-quilo que ela deixara no formigueiro. Ogum

fi ngiu inocência e declarou que nada tinha a ver, nem com o formigueiro nem com o que estava nele. Yansan não se deixou enganar e disse-lhe: Eu sei que escondeu minha pele e meu chifre. Eu sei que você se negará a me revelar o esconderijo. Ogum, vou me casar com você e viver em sua casa. Mas, existem certas regras de conduta para comigo.

Estas regras devem ser respeitadas, tam-bém, pelas pessoas da sua casa. Ninguém poderá me dizer: Você é um animal! Nin-guém poderá utilizar cascas de dendê para fazer fogo.

Ninguém poderá rolar um pilão pelo chão da casa Ogum respondeu que havia compreendido e levou Iansã. Chegando em casa, Ogum reuniu suas outras mulheres e explicou-lhes como deveriam comportar-se. Ficara claro para todos que ninguém deveria discutir com Iansã, nem insultá-la.

A vida organizou-se. Ogum saía para ca-çar ou cultivar o campo.

Yansan, em vão, procurava sua pele e seus chifres. Ela deu à luz uma criança, de-pois uma segunda e uma terceira Ela deu à luz a nove crianças.

Mas as mulheres viviam enciumadas da beleza de Yansan. Cada vez mais enciuma-das e hostis, elas decidiram desvendar o mis-tério da origem de Yansan. Uma delas conse-guiu embriagar Ogum com vinho de palma. Ogum não pôde mais controlar suas palavras e revelou o segredo. Contou que Yansan era, na realidade, um animal;

Que sua pele e seus chifres estavam es-

condidos no ce-leiro de milho.

Ogum re-comendou-lhes ainda: Sobretu-do não procu-rem vê-los, pois isto a amedron-tará.

Não lhes di-gam jamais que é um animal! Depois disso, logo que Ogum saía para o campo, as mulheres insultavam Iansã: Você é um animal! Você é um animal!!

Elas cantavam enquanto faziam os traba-lhos da casa: Coma e beba, pode exibir-se, mas sua pele está no celeiro de milho! Um dia, todas as mulheres saíram para o merca-do.

Yansan aproveitou-se e correu para o celeiro. Abriu a porta e, bem no fundo, sob grandes espigas de milho, encontrou sua pele e seus chifres.

Ela os vestiu novamente e se sacudiu com energia. Cada parte do seu corpo reto-mou exatamente seu lugar dentro da pele. Logo que as mulheres chegaram do merca-do, ela saiu bufando. Foi um tremendo mas-sacre, pelo qual passaram todas. Com gran-des chifradas Yansan rasgou-lhes a barriga, pisou sobre os corpos e rodou-os no ar.

Ela poupou seus fi lhos que a seguiam

chorando e dizendo: Nossa mãe, nossa mãe! É você mesma?

Nossa mãe, nossa mãe! Que você vai fazer?

Nossa mãe, nossa mãe! Que será de nós? O búfalo os consolou, roçando seu corpo

carinhosamente no deles e dizendo-lhes: Eu vou voltar para a fl oresta; lá não é

bom lugar para vocês.Mas, vou lhes deixar uma lembrança.Retirou seus chifres, entregou-lhes e

continuou: Quando qualquer perigo lhes ameaçar,

quando vocês precisarem dos meus conse-lhos, esfreguem estes chifres um no outro. Em qualquer lugar que vocês estiverem, em qualquer lugar que eu estiver, escutarei suas queixas e virei socorre-los. Eis por que dois chifres de búfalo estão sempre no altar de Yansan

LENDA YANSAN E O BÚFALO

Mitologia

7Jornal A Gaxéta

Oyá e seus amores

Segundo a lenda, Oyá vivia feliz com Ogun, pois os dois tinham muitas coisas em comum, como o

gosto pela guerra e o desejo de desbravar no-vos lugares. Gostavam da companhia um do outro, sentindo-se em harmonia. Com ele, que é conhecedor de todos os caminhos, Oyá aprendeu a andar pela Terra. Gostava muito de vê-lo trabalhar, em seu ofi cio de ferreiro, tentando aprender como ele confeccionava suas armas e ferramentas. Oyá pedia insis-

tentemente que lhe fi zesse uma arma para guerrear.

Um dia, Ogun a surpreendeu, oferecen-do-lhe uma espada curva, que era ideal para seu uso. Isso a agradou muito, tanto que, mais tarde, todo seu exército estava usando esse mesmo tipo de arma. Mas Ogun não a levava em suas batalhas, deixando-a sozinha e entediada. Sem falar no tempo que gasta-va em seus afazeres de ferreiro. Oyá adora-va a liberdade, mas, ao mesmo tempo, não dispensava uma boa companhia. Começou a sentir-se rejeitada por ele. Foi nesse mo-mento que Xangô, o grande rei, foi procu-rar Ogun, pois precisava de armas para seu exército. Ele era muito atraente e cuidadoso com sua aparência. Era impossível não notar sua presença.

Ogun, aceitando o pedido, começou a produzir armas para Xangô, que tinha muita urgência. Ficaria na aldeia o tempo necessá-rio para o término do serviço.

Xangô também notou a presença de Oyá, sentindo uma grande atração por ela. Com seu jeito de ser, aproximou-se dela para trocar conhecimentos a respeito de suas ha-bilidades. Descobriram, nessas conversas, que possuíam muitas afi nidades, inclusive que não gostavam de viver isolados, assim como Ogun.

Oyá estava muito interessada em Xangô e em tudo o que estava aprendendo com ele, mas não queria magoar Ogun, a quem res-peitava muito.

Xangô propôs-lhe uma união eterna, sem monotonia, sem solidão, viajando sem-pre juntos por toda a Terra. Seria uma união perfeita.

Quando Ogun terminou seu trabalho, os dois já haviam partido. Ele fi cou enfurecido com a traição de ambos, mesmo sabendo que sua companheira não podia fi car cativa para sempre. Partiu atrás deles para vingar sua desonra!

Oyá estava vindo ao seu encontro, para explicar-lhe que não poderia mais fi car com ele, pois Xangô a completava, mas que iria respeitá-lo sempre como grande orixá da guerra.

Ogun estava tão enfurecido, que não ouviu o que ela dizia, e foi com grande fú-ria que investiu contra ela, erguendo sua espada. Oyá, em defesa própria, também o atacou. Ela foi golpeada em nove partes do seu corpo, e Ogun em sete, formando curas. Esses números fi caram muito ligados a esses orixás, assim como as curas, que foram in-troduzidas nos rituais africanos. O arquétipo de Oyá-Yansan é o das mulheres audaciosas, poderosas e autoritárias. Mulheres que po-

dem ser fi éis e de lealdade absoluta em certas circunstâncias, mas que, em outros momen-tos, quando contrariadas em seus projetos e empreendimentos, deixam-se levar a mani-festações da mais extrema cólera. Mulheres, enfi m, cujo temperamento sensual e volup-tuoso pode levá-las a aventuras amorosas extraconjugais múltiplas e freqüentes, sem reserva nem decência, o que não as impede de continuarem muito ciumentas dos seus maridos, por elas mesmas enganados.

Não suportam trabalhar em lugares fe-chados e, principalmente, obedecer ordens, pois não gostam de se sentir inferiorizados. Por isso, são instáveis em sua vida profi s-sional. Não aceitam que pessoas de fora se intrometam na rotina de sua casa ou dêem palpites em sua vida familiar. Não gostam que lhe digam o que fazer, ou que lhe façam críticas; Sempre tentarão justifi car suas ati-tudes, mesmo que sejam injustifi cáveis. Dão muito valor à segurança de um lar e de uma família bem constituída e feliz. Adoram sua casa, embora não agüentem fi car presas a ela. São muito sensuais e apaixonam-se com freqüência, só aceitando viver com alguém se existir amor. Quando amam de verdade, fazem de tudo para manter essa relação. São ciumentos, possessivos e incapazes de per-doar ou esquecer uma traição.

O Acarajé de OyáO acarajé dos Yorubás da África Ocidental que deu origem ao brasileiro é por sua vez semelhante ao Falafel árabe inventado no Oriente Médio

Yansan é Orixá dos ventos e das tempestades, Se-nhora dos raios e dona da alma dos mortos. A ela são oferecidos os bolinhos feitos de feijão fradi-

nho e fritos no azeite de dendê, o acarajé. Segundo a lenda, a deusa dos ventos, mulher de Xangô, foi a casa de Ifá, buscar um preparado para seu marido. Ifá entregou o encantamento e recomendou que quando Xangô comesse fosse falar para o povo. Yansan desconfi ou e provou o alimento antes de entregá-lo ao marido. Nada aconteceu. Quando chegou em casa entregou o preparado ao marido, lembrando o que Ifá dissera. Xangô comeu e quando foi falar ao povo, começa-ram a sair labaredas de fogo da sua boca. Yansan fi cou afl ita e correu para ajudar o marido gritando Kawô Kabiesilé. Foi então que as labaredas começaram a sair da sua boca tam-bém. Diante do ocorrido o povo começou a saudá-los: Obá anlá Òyó até babá Inà, ou seja, Grande Rei de Oyó, Pai do Fogo. Essa história explica o nome do acarajé, que vem do yorubá akárà (bola de fogo) e jè (comer).

O escritor Manuel Querino em A arte culinária na Bahia, de 1916, conta, na primeira descrição sobre o acarajé, que “no início, o feijão fradinho era ralado na pedra, de 50 cm de comprimento por 23 de largura, tendo cerca de 10 cm de altura. A face plana, em vez de lisa, era ligeiramente picada por canteiro, de modo a torná-la porosa ou crespa. Um rolo

de forma cilíndrica, impelido para frente e para trás, sobre a pedra, triturava facilmente o milho, o feijão, o arroz”.

O acarajé dos Yorubás da África Ocidental (Togo, Be-nin, Nigéria, Camarões) que deu origem ao brasileiro é por

sua vez semelhante ao Falafel árabe inventado no Oriente Médio. Os árabes levaram essa iguaria para a África nas di-versas incursões entre os séculos VII a XIX. As favas secas e grão de bico do Falafel foram alternados pelo feijão-fradinho na África.

Mesmo ao ser vendido num contexto profano, o acarajé ainda é considerado, uma comida sagrada. Por isso, a sua receita, embora não seja secreta, não pode ser modifi cada e deve ser preparada apenas pelos fi lhos-de-santo. O acarajé oferecido ao Orixá Yansan é ornado com nove ou sete ca-marões defumados, simbolizando “mensan orum” nove Pla-netas. O acará de Xangô tem uma forma ovalar imitando o cágado que é seu animal preferido. O acarajé também é um prato típico da culinária baiana e um dos principais produtos vendidos no tabuleiro da baiana e são mais carregados no tempero e mais saborosos, diferentes de quando feitos para o Orixá.

A forma de preparo é praticamente a mesma, a diferença está no modo de ser servido: ele pode ser cortado ao meio e recheado com vatapá, caruru, camarão refogado, pimenta e salada de tomates verde e vermelho com coentro. Há uma certa similaridade do acarajé com o abará. A diferença está na maneira de cozer. O acarajé é frito, ao passo que o abará é cozido no vapor.

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O dia em que o Sagrado deixará de

abençoar a terraPor Mãe Stella de Ọșoọsi!

“Chegara o dia em que a ener-gia do sagrado voltará ao Òrún e não voltará mais ao

Àyé...O portal irá se fechar, ninguém

iraá mais sentir o vento, pois este mesmo vento deixará de passar...

Chegará um dia em que ao som dos atabaques ninguém sentirá o seu coração acelerar nem tão pouco o seu corpo ar-repiar...

E se perguntarão em grande vóz, com seus panos de rechilier, suas voltas de corais em seus pescoços e a soberba e a maldade guardada em seu coração:

- Onde está o Òrìsà?- Por que não sinto mais o vento

do sagrado em meu corpo?E a resposta estará ali:Fizeram da minha casa, moradia

de carnalidade, futilidade, maldade!

Usaram o meu sagrado nome para passar por cima dos teus semelhantes; não respeitaram as folhas a Enyn que muitos se deitaram....

Esqueceram-se que eram irmãos e beberam o sangue um dos outros; sujaram minhas vestes Brancas....

Como posso habitar em um tem-plo sujo?

Não adiantará mais tomar banho de Folhas, pois não será somente o corpo que se poluiu. O coração, a mente, a alma já se perderam em toda maldade acumulada ao longo dos anos....

O portal se fechou...Só restou o silêncio pois o ser hu-

mano destruiu a Essência do sagrado pois se nem o que eles enxergavam com os olhos carnais eles respeita-vam imaginem o que eles fi zeram com a energia que apenas sentiam..”

““Chegará o dia em que o sagrado deixará de

abençoar nossa terra”

Mais um caso de intolerância religiosa foi relatado ao Mi-nistério Público de Sergipe.

O promotor de Justiça e coordenador de Promoção de Igualdade Étnico-Racial (COPIER), Luís Fausto Valois, recebeu a Yalorixá Valclides Francisca dos Anjos Silva, conhecida como Mãe Quida, que trouxe a reclamação de que uma fi scal chamada Cristina Araújo, acompanhada de cerca de dez policiais civis, adentra-ram a casa religiosa dela, “Terreiro Rede Hungria”, em Aracaju, revistaram o imó-vel todo, alegando que ela praticava maus tratos a animais.

Segundo Mãe Quida, duas viaturas da Terceira Delegacia e mais um carro da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, chegaram até a sua casa e a fi scal disse que recebeu uma ligação anônima, afi rmando que alí se fazia magia negra e que ela não poderia matar os animais. A Yalorixá disse que está à frente do “Terreiro Rede Hun-gria” há 31 anos e que nunca maltratou um animal. De acordo com Mãe Quida, os ani-mais são abatidos para serem servidos na festa do Terreiro.

Testemunhas disseram que estranharam a movimentação e perguntaram o porquê daquela situação. Segundo elas, um policial falou que na casa se fazia magia negra e que ia levar os animais. Ainda de acordo com as testemunhas, uma vez por ano era feita a “Festa de Exu” e os animais eram abatidos e servidos para os convidados, e o sangue era destinado ao orixá, uma prática comum

na realização dessa festa.De acordo com o artigo 23 do Estatuto

da Igualdade Racial, “é inviolável a liberda-de de consciência e de crença sendo assegu-rado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.

Para o promotor de Justiça, “o Estatuto mostra que a responsabilidade é do Estado, que deve garantir o funcionamento das re-ligiões de forma igualitária. Não se pode interromper qualquer tipo de liturgia. A li-berdade religiosa está na Constituição Fe-deral como cláusula pétrea. Se há alguma adequação para fazer, ela deve ser orientada e não ser interrompida e ‘criminalizada’”, enfatizou Luis Fausto.

O MP abriu um procedimento para apurar o caso e expediu notifi cações para Procuradoria Geral do Município (PGM) e para Secretaria Municipal do Meio Am-biente (SEMA), sobre a suposta violação ao exercício de culto religioso, mas até o momento não houve resposta.

Com informações da COPIER do MP

Liberdade Religiosa MP apura suposta violação ao

exercício de culto religioso

11Jornal A Gaxéta

Em 24 de março de 2018, o Ilê Axé Odé Lajô Alê – presidido pelo Babalorixá Jan-sen Fonseca – sediou, na cidade Cotia-SP,

o workshop Imólorun: um estudo de Deus, segundo os yorubás.

Ministrado pelo Babalorixá e estudioso da teo-logia yorubana Guaraci Fagundes, vindo de Floria-nópolis-SC, contou com a presença de muitos adep-tos das religiões de matriz africana, todos ansiando ampliar seus conhecimentos históricos e teológicos

acerca do amplo universo da cosmovisão yorubana.A didática precisa de Guaraci Fagundes - segundo

apuramos com alguns participantes – trouxe ao grupo uma visão sistemática de nossos vínculos ancestrais com a África, refazendo nossos laços com o passado longínquo que liga a expansão da cultura pelo planeta a partir do continente negro. Camadas da história hu-

mana foram, assim, revividas, nutrindo o sentimento da herança espiritual que cultivamos em nosso coti-diano no Brasil.

E foi precisamente no olhar sobre essa ancestra-lidade que nossa brasilidade se mostrou com cores mais vivas, assentadas no chão da milenar sabedo-ria de África. A atmosfera de refl exão meditativa, característica dos presentes pelo contato com noções carregadas de verdade e força era, ao mesmo tempo, temperada com uma sensação de familiaridade, de lembrança de um saber reminiscente. Um verdadeiro retorno para casa!

O anfi trião do evento, Babalorixá Jansen de Oxós-si, lembra-nos que esse foi o primeiro de uma série de eventos que deverão ser promovidos pelo Ilê Axé Odé Lajô Alê, cumprindo sua vocação de levar esclareci-mento e cultura acerca de nossa tradição ancestral. Nesse trabalho, é importante destacar os trabalhos dedicados do Babalorixá Jorge de Otim, Pai espiritual de Babá Jansen, e Ariel Fonseca, Pai Pequeno do axé.

Com o espírito refl exivo e repleto de alegria pela fortuna trazida por Guaraci Fagundes, saímos desse

evento mais conectados com nossa essência espiritu-al, ansiando pelos próximos eventos organizados no axé do Babá Jansen

.Contatos:Babalorixá Jorge de Otim: 11 99156-0020Babalorixá Jansen Fonseca: 11 95150-6825Ebomi Ariel Fonseca: 11 96584-5160

Datas comemorativas de abril

07 - Dia Mundial da Saúde13 - Dia do Hino Nacional

Brasileiro18 - Dia Nacional do Livro

Infantil19 - Dia do Índio21 - Dia de Tiradentes 22 - Descobrimento do Brasil

COTIA RECEBE WORKSHOP SOBRE TEOLOGIA YORUBANA.Por Cristiano José da Silva – Ogan do Ilê Axé Odé Lajô Alê – Babalorixá Jansen Fonseca

Jornal A Gaxéta12

ALUNO DA FGV É ACUSADO DE RACISMO APÓS DIZER QUE ENCONTROU ‘ESCRAVO NO FUMÓDROMO’

VÍTIMA, TAMBÉM ALUNO DA FACULDADE, REGISTROU BOLETIM DE OCORRÊNCIA POR INJÚRIA; FACULDADE SUSPENDEU ALUNO POR 3 MESES.

Um aluno da Faculdade Getulio Vargas (FGV), no Centro de São Paulo, tirou uma foto de outro estudante da mesma instituição e compartilhou

em um grupo de whatsapp com a frase: “Achei esse escravo no fumódromo! Quem for o dono avisa!”. A vítima registrou boletim de ocorrência por injúria racial e o autor da foto foi suspenso da faculdade por 3 meses.

Em um grupo da GV no Facebook, a vítima conta que foi chamado pela Coordenação de Administração Pública na terça-feira (6) e informado que um aluno do 4º semestre do curso de Administração de Empresas compartilhou a foto com a frase.

No post, a vítima diz que o colega teve atitude “covar-de”. “Tão perto de mim... porque não foi falar na minha cara? Mas você optou pela atitude covarde de tirar uma foto minha e jogar no grupo dos amiguinhos. Se seu intuito foi fazer uma piada, defi nitivamente você não tem esse dom. Acha que aqui não é lugar de preto? Saiba que muito antes de você pensar em prestar FGV eu já caminhava por esses corredores. Se você me conhecesse, não teria se atrevido. O que você fez além de imoral é crime! As providências legais já foram tomadas e você pagará pelos seus atos”, diz post publicado em grupo da faculdade no Facebook.

“Não descansarei até você ser expulso dessa faculdade. Pessoas como você não devem e nem podem ter um diploma da Fundação Getulio Vargas. A mensagem é curta e direta. Mas serve para qualquer outrx racista da Fundação. Não passará!”

O boletim por injúria racial foi registrado no 4º Distrito Policial da Consolação, na região central da cidade, nesta quinta-feira (8). O Código Penal prevê pena de reclusão de um a três anos e multa para o crime de injúria racial.

Em nota, a FGV afi rma que ante “possível conotação ra-cista da ofensa” “aplicou severa punição ao ofensor, que foi suspenso por três meses”.

“O comentário ofensivo foi feito em grupo privado do

qual o ofensor fazia parte, sem qualquer participação, ain-da que indireta, da FGV. Ante a possível conotação racista da ofensa, fi rme em sua postura de repúdio a toda forma de discriminação e preconceito, a FGV, tão logo tomou co-nhecimento dos fatos, tal qual prevê seu Código de Ética e Disciplina, de imediato aplicou severa punição ao ofensor, que foi suspenso de suas atividades curriculares por três me-ses, estando impedido de frequentar a escola, sem ressalva da adoção de medidas complementares, a partir da apuração dos fatos pelas autoridades competentes”, diz o texto.

O Diretório Acadêmico Getúlio Vargas disse, por meio de nota, que uma carta de denúncia será apresentada à Con-gregação, órgão colegiado capaz de deliberar a respeito da expulsão do aluno.

“Reiteramos, ainda, nosso profundo repúdio ao ocorrido. Nossa gestão assumiu o DAGV com o compromisso de tra-balhar junto aos coletivos por uma faculdade mais inclusiva e democrática, e por um ambiente universitário verdadeira-mente acolhedor a todos e todas que nele estão”, diz a nota.

O coletivo negro 20 de Novembro FGV também se ma-nifestou e pediu “basta de preconceito”.

“Vivemos num país livre. Infelizmente essa liberdade muitas vezes é tão somente formal. As desigualdades de ren-da, classe, gênero e de cor nas terras de Machado de Assis,

Dandara, Luís Gama, Carolina de Jesus, Joaquim Barbosa e Thais Araújo, nos dizem que indivíduos ainda são cerceados de ser quem realmente são. Negros e negras são minoria nas prestigiadas instituições de ensino superior. Homens negros são a maior parte da população carcerária do país. Mulheres negras sofrem duas vezes mais com o feminicídio do que mulheres brancas. Crianças negras são a grande maioria do corpo discente do péssimo ensino público. LGBTSs negros fazem parte de uma das populações mais vulneráveis para o desenvolvimento de doenças mentais. Sendo assim, o coleti-vo 20 de novembro se levanta e diz: Basta!”

Outro casoEm março do ano passado, alunos da FGV denunciaram

professores de economia e administração por declarações racistas e machistas durante as aulas. Segundo o Diretório Acadêmico, uma comissão de ética da coordenadoria da fa-culdade foi aberta para apurar as denúncias e defi nir punição para os docentes.

Em um grupo do Facebook exclusivo para alunos da FGV, uma aluna relatou que um professor declarou que “mulher só faz o trabalho quando enche ela de porrada. Não tem que tratar mulher com beijo e mimimi! Tem que tratar com tapa, tem que mostrar que quem manda é o homem”. O texto, postado em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, termina com a aluna dizendo que as palavras foram “proferi-das a risos por um professor da EAESP [Escola de Adminis-tração de Empresas] Feliz Dia das Mulheres!”

Na ocasião, a FGV afi rmou que disse desconhecer as postagens com denúncias de alunos, mas que “rechaça qual-quer tipo de discriminação ou preconceito”. A instituição informou, ainda, que “em nenhum momento foram formali-zados [pedidos para apurar denúncias], ofi cialmente, perante a direção da instituição”. “Por outro lado, a opinião pessoal divulgada em redes sociais, através de canais particulares, é de exclusiva responsabilidade de seus autores, não podendo ser atribuída à FGV”, declara a instituição na nota.

13Jornal A Gaxéta

No julgamento do Recurso Ordinário em Habeas Corpus (RHC) 146.303, realizado na tarde de terça-feira (6), a Segunda Turma do Supremo

Tribunal Federal (STF), por maioria de votos, negou pedido de trancamento da ação penal formulado pela defesa de Tu-pirani da Hora Lores, pastor da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo condenado por praticar e incitar discriminação religiosa.

Lores foi condenado pelo juízo da 20ª Vara Criminal da Capital (RJ) à pena de 3 anos de reclusão, em regime aberto, e ao pagamento de 36 dias-multa, pela prática do crime pre-visto no artigo 20, parágrafo 2º, da Lei 7.716/1989. A pena privativa de liberdade foi substituída por restritiva de direito. Consta dos autos que, na condição de pastor, ele publicou na internet vídeos e postagens que ofendiam autoridades pú-blicas e seguidores de crenças religiosas diversas – católica, judaica, islâmica, espírita, wicca, umbandista e outras –, pre-gando inclusive o fi m de algumas delas e imputando fatos ofensivos aos seus devotos e sacerdotes. O Tribunal do Rio de Janeiro manteve a condenação, reduzindo apenas a quan-tidade de dias-multa inicialmente imposta.

Após decisão do Superior Tri-bunal de Justiça (STJ) que rejei-tou habeas corpus lá impetrado, a defesa apresen-tou recurso ao STF pedindo o trancamento da ação por atipicida-de da conduta. Segundo os advogados, a condenação ideo-lógica de outras crenças é inerente à prática religiosa, e se trataria de exercício de uma garantia constitucionalmente assegurada.

O relator do caso, Ministro Edson Fachin, votou pelo provimento do recurso. Para ele, apesar de caracterizar uma atitude “absolutamente reprovável e arrogante”, o ato narra-do não pode ser tipifi cado penalmente. A conduta, ainda que “intolerante, pedante e prepotente”, se insere no embate entre religiões e decorre da liberdade de proselitismo essencial ao exercício da liberdade religiosa, frisou o relator.

TOLERÂNCIA

O Ministro Dias Toffoli, que inaugurou a corrente vence-dora pelo desprovimento do recurso, divergiu do relator. Para ele, social e historicamente o Brasil se orgulha de ser um país de tolerância religiosa, valor que faz parte da construção de nosso estado democrático de direito. De acordo com Toffoli, a sentença condenatória transcreve vídeos publicados na in-ternet que alimentam o ódio e a intolerância. Citando trechos

dos vídeos, o Ministro entendeu que, se o Estado não exercer seu papel de pacifi car a sociedade, vai se chegar a uma guer-ra de religiões. “Ao invés de sermos instrumento de pacifi ca-ção, vamos aprofundar o que acontece no mundo”, salientou.

O Ministro Ricardo Lewandowski acompanhou a di-vergência, ressaltando que as postagens transcritas nos au-tos alimentam um ódio que se espalha em nossa sociedade, tanto no Brasil quanto no mundo inteiro e lembrando que o preâmbulo da Constituição fala na construção de uma so-ciedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social. Para Lewandowski, a ação do condenado atua contra um importante valor erigido pelos constituintes como fundamento da República Federativa do Brasil, que é a solidariedade.

Terceiro a votar pelo desprovimento do recurso, o Mi-nistro Gilmar Mendes lembrou do célebre julgamento do “caso Ellwanger” (HC 82424), em setembro de 2003, quan-do o STF manteve a condenação imposta ao escritor gaúcho Siegfried Ellwanger por crime de racismo contra os judeus. Para Gilmar Mendes, a despeito da importância conferida à liberdade de expressão, o próprio texto constitucional deter-

mina que sejam res-peitados determina-dos limites. O artigo 220, parágrafo 1º, da Constituição diz que nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à liberdade de infor-mação jornalística em qualquer veículo

de comunicação social, observados determinados incisos do artigo 5º, onde estão contidas as limitações. O Ministro assi-nalou ainda que, no Brasil, convivem pacifi camente comuni-dades as mais diversas, que às vezes estão em guerra mundo afora. “Esse é um valor que precisamos preservar”, concluiu.

Ao também acompanhar o voto do Ministro Dias Toffo-li, o decano do STF, Ministro Celso de Mello, frisou que o direto de pensar, falar e escrever sem censuras ou restrições é o mais precioso privilégio dos cidadãos, mas que esse direito não é absoluto e sofre limitações de natureza ética e jurídica. E, de acordo com o Ministro, os abusos, quando praticados, legitimam a atuação estatual. “Se assim não fosse, , caluniar, injuriar, difamar ou fazer apologia de fatos criminosos não seriam suscetíveis de punições”, explicou.

Para o Ministro Celso de Mello, o abuso no exercício da liberdade de expressão não pode ser tolerado. Assim, a inci-tação ao ódio público não está protegida nem amparada pela cláusula constitucional que assegura liberdade de expressão. O Ministro também fez menção, em seu voto, ao julgamento do caso do escritor gaúcho Siegfried Ellwanger e concluiu pelo desprovimento do recurso.

2ª Turma nega recurso de pastor condenado por discriminação religiosa

Haia – Os juízes do Tribunal Penal Internacional (TPI) elegeram o seu colega nigeriano, Chile Eboe Osuji, como presidente do Tribunal para

um mandato de três anos, com efeito imediato, soube a PANA de fonte ofi cial.

Segundo um comunicado divulgado segunda-feira (12), foram igualmente eleitos para primeiro vice-presidente o juiz checo Robert Fremr, e para segundo vice-presidente o francês Marc Perrin de Brichambaut.

“Estou muito honrado pela confi ança depositada pelos meus pares que me elegeram ao cargo de presidente do Tri-bunal. Enquanto assumo as minhas funções, acho encora-jador poder contar com a vasta experiência dos dois vice-presidentes”, declarou o novo líder do TPI.

“Agradeço também à presidente cessante, a juíza Sílvia Fernandez de Gurmendi, e aos seus dois vice-presidentes, Joyce Aluoch e Kuniko Ozaki, pelo seu trabalho e lideran-ça”, acrescentou.

Juiz nigeriano Chile Osuji eleito presidente do Tribunal

Penal Internacional

Curiosidades

Nós pensamos que repetimos corretamente os “ditos populares”.

No popular se diz: Esse menino não para quieto, parece que tem bichocarpinteiro, quando o cor-reto é “Esse menino não para quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro”.

Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão.Enquanto o correto é: Batatinha quando nasce, espa-

lha a rama pelo chão. “Se a batata é um caule subterrâ-neo, ou seja, nasce enterrada, como ela se esparramaria pelo chão se ela está embaixo dele?”

Cor de burro quando foge.O correto é: Corro de burro quando foge. Burro muda de cor quando foge??? Qual cor ele

fica??? Porque ele mudaria de cor???”Vai dizer que você falava sabendo o sentido correto

de algum desses?????

(Dicas do Prof. Pasquale)

Jornal A Gaxéta14

Era uma vez uma menina que falava A

menina que fala ao tudo ao contrário e o nome dela era Trovejada. Não era sim e, sim era não.

Quando chamavam ela de feia, ela entendia que ela era bonita e se chamavam ela de bonita , ela entendia que nós chamávamos ela de feia.

E começava a chorar e tinha duas crianças que adora-vam ela, mais do que tudo, e o nome das duas eram: Lídia e Leandro. A Lídia adorava ela enquanto ela não chegava, ela não parava quieta.

Essa é a história da Trovejada.E fi m.

Autora: Lídia Maria B. Ferreira da Costa - 8 anosData: 25/01/2018

A menina que falava ao contrário

ra uma vez uma menina que falava A

menina que fala ao tudo ao contrário e o nome dela era Trovejada. Não

Quando chamavam ela de feia, ela entendia

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Conselho Federal de Psicologia (CFP) vai pro-mover, dias 27 e 28 de abril, o VIII Seminário

Nacional de Direitos Humanos – Psicologia e Democracia: nenhum direito a menos.

Conferência, mesa temática, atividades culturais e ho-menagens integram a programação do seminário. No dia 27 de abril, após a abertura, o evento fará uma homenagem à psicóloga, historiadora e fundadora do Grupo Tortura Nunca Mais (RJ), Cecília Maria Bouças Coimbra, primeira coordenadora da Comissão Nacional de Direitos Humanos do CFP, em 1997.

A conferência de abertura será feita pela psicóloga Maria Rita Kehl, que teve forte atuação durante o regime militar. Foi editora do jornal “Movimento”, um dos mais importantes veículos da imprensa alternativa no período, e participou do grupo que criou o jornal “Em Tempo”, em 1978.

As mesas de debate vão contemplar diferentes temas, como a guerra contra e entre os pobres, corpos em dispu-ta, produção histórica de violação de direitos de mulheres, LGBTs e negros e negras, cidades e campos possíveis e o papel da mídia. A programação completa e o link para ins-crições no seminário estão no site do VII Seminário Nacio-nal de Direitos Humanos – Psicologia e Democracia: ne-nhum direito a menos - http://direitoshumanos.cfp.org.br/

Com o tema Psicologia e Democracia: nenhum direito a

menos, abertura do evento será feita pela psicóloga Maria Rita Kehl Informamos que esta disponível para empréstimo du-

rante os meses de abril, maio e junho a exposição “Consciência Negra em Cartaz” que consiste em 51

trabalhos selecionados em concurso realizado em 2010. Pelas características dos cartazes em papel as obras só

poderão ser fi xadas em formato de varal. Caso haja interesse, as imagens também poderão ser

disponibilizadas em cd-rom ou pen-drive.Mais informações tratar com Divo pelo seguinte e-mail:

[email protected]

EXPOSIÇÃO CONSCIÊNCIA NEGRA EM CARTAZ

CANAL NEGRAS POTÊNCIAS DISPONIBILIZA ATÉ 100 MIL REAIS PARA PROJETOS, SAIBA

COMO PARTICIPAR

O Canal Negra Potências é um programa que

tem como objetivo viabili-zar, através de uma contri-buição fi nanceira, iniciati-vas que atuem no âmbito da redução da desigualdade em relação às meninas e mulheres negras no Brasil.

As inscrições poderão ser feitas por instituições ou iniciativas interessadas até o dia 30 de março de 2018, mediante preenchimento do formulário online de ins-crição do Canal, disponível aqui.

Para as propostas se-lecionadas, será disponi-bilizado meio milhão de

reais, sendo que cada uma pode receber, no máximo, 100 mil reais. O convi-te de participação se es-tende a organizações que tenham como escopo de atuação a equidade racial e de gênero, fomentando o empoderamento de meni-nas e mulheres negras no Brasil.

Estão aptas a submeter propostas Organizações da Sociedade Civil, negócios de impacto, startups, coo-perativas, coletivos, redes e movimentos. Para mais informações, basta acessar o site do programa - https://benfeitoria.com/canal/ne-graspotencias

15Jornal A Gaxéta

A ARPEN SÃO PAULO, por meio de sua Diretoria, no desempenho de seus objetivos estatutários;

CONSIDERANDO a recente decisão do Supremo Tribunal Federal, que julgou procedente a Ação Direta de Inconstitucio-nalidade 4275-DF, para dar interpretação conforme a Constituição e o Pacto de São José da Costa Rica ao art. 58 da Lei 6.015/73, de modo a reconhecer aos transgêneros que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da realiza-ção de tratamentos hormonais ou patologi-zantes, o direito à substituição de prenome e sexo diretamente no registro civil;

CONSIDERANDO que o dispositi-vo da referida decisão foi publicado na ata nº 5, de 01/03/2018, DJE nº 45, divulgado em 08/03/2018, conforme consulta de anda-mento processual no site do Supremo Tribu-nal Federal;

CONSIDERANDO a inexistência de publicação integral do respectivo Acórdão, assim como de seu trânsito em julgado, o

que impossibilita o conhecimento de seus limites e parâmetros defi nitivos;

CONSIDERANDO que nos termos da Lei 9.868/99, artigo 28, parágrafo úni-co, a declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a

interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionali-dade sem redução de texto, têm efi cácia contra todos e efeito vinculante em re-lação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e

municipal;CONSIDERANDO a inexistência, até

o presente momento, de norma regulamen-tadora do procedimento a ser adotado para a alteração de sexo e prenome das pessoas transgêneros;

CONSIDERANDO o princípio da efi -ciência que se impõe na prestação do serviço público de registro civil das pessoas naturais e que se traduz também na necessidade de desempenhar o serviço conforme;

CONSIDERANDO que os direitos fundamentais do cidadão, tal como expres-sos pelo Supremo Tribunal Federal, mere-cem adquirir sua máxima efetividade e con-cretude;

CONSIDERANDO a necessária segu-rança jurídica aos atos e fatos das pessoas naturais, bem como a necessidade de se ga-rantir a correta individualização e identifi ca-ção da pessoa natural;

CONSIDERANDO que esta Associa-ção tem o dever de orientar seus associados sobre as melhores práticas registrais;

ATENÇÃO! MODELO DE REQUERIMENTO PARA ALTERAÇÃO DE NOME E SEXO EM SP

ARPEN/SP orienta Cartórios paulistas sobre alteração de nome e sexo no Registro Civil – ADI 4275-DF – (ANOREG-SP).

1. O procedimento de alteração de sexo e prenome das pessoas transgêneros no regis-tro de nascimento será realizado diretamente perante os ofi ciais de registro civil das pesso-as naturais, independentemente de qualquer instrumento público ou particular, devendo o Ofi cial submetê-lo à apreciação do Juiz Cor-regedor Permanente para decisão.

2. São legitimados para requerer o proce-dimento de alteração de sexo e prenome os próprios registrados, desde que possam ma-nifestar a sua vontade e sejam capazes nos termos do Código Civil Brasileiro.

3. Além dos documentos de identifi ca-ção pessoal, o interessado poderá apresentar outros que julgue conveniente ao convenci-mento do Juiz Corregedor Permanente.

4. O procedimento tem natureza sigilo-sa, não podendo constar das respectivas cer-tidões dos assentos qualquer informação a seu respeito, salvo nos casos de solicitações feitas pelo próprio registrado ou requisições judiciais.

5. O ofi cial de registro deverá orientar o interessado que, por ser irrevogável, a al-teração de sexo e prenome diretamente no registro civil será feita uma única vez, não se admitindo sua desconstituição ou nova alte-ração, salvo por decisão judicial.

6. Apenas será admitido, por meio deste procedimento, a alteração do prenome do in-teressado, não se admitindo a alteração dos sobrenomes.

7. O Ofi cial de Registro Civil das Pes-

soas Naturais fará constar no assento, se não houver, os números dos documentos de iden-tidade RG (Registro Geral), CPF (Cadastro das Pessoas Físicas da Receita Federal) e, se houver, passaporte e ICN (Identifi cação Ci-vil Nacional).

8. Suspeitando de fraude, falsidade, má-fé, vício de vontade ou simulação, o regis-trador recusará a alteração do sexo e preno-me de forma fundamentada e encaminhará o pedido ao juiz competente nos termos da legislação local.

SEGUE LINK DO MODELO :https://drive.google.com/fi le/d/1AURpWzw6Q7DGwlyAUUGgtHkLhVseObec/view

São Paulo, 23 de março de 2018.Fonte: https://www.anoregsp.org.br/

NOTA TÉCNICA

RESOLVE:

Jornal A Gaxéta16