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MAIS PORTUGUÊS QUE A MARIA QUE TENS LÁ EM CASA

Colagens Boémias

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Mais português que a Maria que tens lá em casa

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MAIS PORTUGUÊS QUE A MARIA QUE TENS LÁ EM CASA

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COLABORADORES DESTA EDIÇÃOAdélia Araújo, Admilsa Alamô,

Alfredo Carvalho, Aldovino Munguambe, Ana Almeida, Anabela Braga, Andreia

Marques, Armando Peixoto, Bárbara Maciel, Carlos Martins,Diogo Dias, G.A.S. Porto, Gabriela Ribeiro, José França, José Luís

Pereira, Lucas Bischoff, Paulo Faria, Rafael Coito,Rui Carvalho, Rui Monteiro, Tiphanie.

STAFFAna Ennes - [email protected]

Eduarda Almeida - [email protected]ão Filipe - [email protected]ão Costa - [email protected]

Karen Mia - [email protected] de Barros - [email protected]

Ricardo Pereira - [email protected] Caferra - [email protected] Carvalho - [email protected]

COLAGENS BOÉ[email protected]

www.facebook.com/colagens.boemias12https://twitter.com/ColagensBoemias

PERIOCIDADE Quando bem me apetecer!

Fica atento.

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Dou por mim às vezes a pensar nas maravilhas do Planeta Terra. Oferece-nos a essência da vida, rodeando-nos de cores, texturas e imensidão. Imensidão no sentido mais lato da palavra, onde o espaço que nos rodeia não tem fim. Infelizmente nunca poderemos bisbilhotar tudo o que tem para nos dar.

Digo nunca com uma triste convicção, de que existem segredos que guarda só para si, pormenores que os nossos olhos nunca terão oportunidade de ver e muito menos de tocar.

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FAZ O ESFORÇO

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COLAGENS BOÉMIAS

BUÉ(mios) COLADOS

PÃO COM MANTEIGA

CANJA DE GALINHA

ARROZ DE PATO

COLA-TE NISTO

MASSA COM ATUM

SALADA ALGARVIA

LICOR BEIRÃO

ROTEIRO BOÉMIO

BOLO DE BOLACHA

SÓ PARA OS FORTES

BABA DE CAMELO

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Tenho passado os últimos meses a ler compulsivamente, não porque sinta necessidade, que seja invadida pela vontade de me aculturar, e de permitir, que a minha mente vagueie, mas, porque o trabalho assim mo exige. Ler por obrigação é terrível, é o chamado “ler, porque tem de ser”. E, isto acaba por deprimir-me. Não o facto de ler, porque simplesmente gosto e porque me dá prazer, mas sim, porque é mais uma tarefa, acabando por se tornar aborrecida.

Eis que me deparei, com um livro muito curioso, a “Identidade e a Arte de Ser Português”. Desde miúda, que o meu pai me mandava estudar a história do nosso país, ele costumava dizer que: “era uma vergonha não sabermos sobre os nossos antepassados”, aqueles, que tanto deixam saudade, e que sonharam com um futuro de glórias.

COLAGENS BOÉMIAS

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Acabamos por viver na lembrança saudosa, de quem fomos, e do que fizemos. Vivemos as coisas, como se estivéssemos estado presentes naquele momento, como se fizéssemos realmente parte de todo o enredo. E, é nesta envolvente, que vou contar o que me aconteceu hoje.

Como é sabido, ainda nos dias de hoje vivemos na sombra do mito sebastianista, onde o nosso rei – há muito desaparecido – submerge pelo nevoeiro, montado no seu cavalo. Como é óbvio não acredito nisso – até porque é humanamente impossível – mas gosto da beleza, que a ideia transmite.

Hoje, quando cheguei a Guimarães estava um dia muito pouco risonho, o céu estava repleto de nuvens, e previam-se alguns chuviscos. Ao descer a rua do Vila Flor, nada melhorou, até que, avisto quase que uma miragem… a célebre muralha. “Aqui nasceu Portugal”, que bela frase para se ver e ler. Por entre aquele céu encoberto e tristonho, abriu-se uma pequena brecha. Aproveitando a distração, o sol fez das suas, e aproveitou para abrir caminho, e iluminar o há muito esquecido, “Aqui nasceu Portugal”. O Portugal das raízes, da esperança, do sacrifício.

Juro que, por momentos pensei ver o nosso desaparecido D.Sebastião, a “mangar” comigo. Afinal, ele sempre apareceu atrás do nevoeiro, para finalmente nos salvar. Salvar-nos da nossa preguiça, e do pensamento de que “as coisas vão-se resolver”. Não veio contudo, fazer o trabalho por nós, mas sim “dar-nos na cabeça”, porque esquecemo-nos da essência mais importante, “Aqui nasceu Portugal”. Não o Portugal da cidade de Guimarães – até porque isso era encher ainda mais o ego aos vimaranenses – mas o Portugal dos portugueses.

Aquele, que um dia os nossos avós, bisavós e por aí fora, lutaram para conquistar, para verem a nossa terra vingar e, tornar-se grande. Será que, nos esquecemos da nossa essência, ou será que andamos perdidos no passado? O passado é importante sim, para buscarmos bases, e, para encontrarmos os elementos primários do nosso ser espiritual, e daí construirmos um novo indivíduo, que dignifique a nossa Pátria. Portugal vive a lembrança de tempos gloriosos, precisa agora do desejo iminente de os fazer renascer do nevoeiro, de surgir finalmente das cinzas.

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BUÉ(mios) COLADOS

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POR RICARDO PEREIRA

Mas Tiago, com a pupila bem dilatada, olhava para o sótão não como um arrumo para as velharias, e talvez nem sequer como um espaço de todo. Para ele seria o topo da árvore mais alta das redondezas, um recanto isolado, portanto um esconderijo perfeito para o génio do mal que procurava conquistar o mundo com os seus fantásticos planos elaborados a lápis e papel. Tiago sabia que seria impossível dominar o mundo sozinho. O seu primeiro projeto foi uma televisão e uma Playstation, com dois comandos, pois concebia já a ideia de criar aliados. Depois veio umas almofadas e uns cobertores, mais tarde um ou outro cinzeiro, uns sofás, umas mesas e aos poucos o sótão ia ganhando cabelos do peito.

O sótão do Tiago começou por ser identificado como um espaço para arrumar a tralha. Lá parava os velhos brinquedos, as velhas mobílias e os livros cheios de pó... Seria portanto, aquele sótão que no filme “Toy Story” todos os brinquedos receavam lá parar.

PÃO COM MANTEIGA

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PÃO COM MANTEIGA

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Para Tiago, nostalgia é uma palavra dominante dentro daquele sótão, oferecendo assim uma segunda vida a todos os objetos que lá vão parar. Todos eles tem uma história para contar, não é por acaso que eles falam por si. É necessário como importante estimular a sensibilidade de darmos valor às coisas. De valorizar a natureza morta como extensão da nossa personalidade. Não é necessariamente uma representação do que somos, mas acredito na ideia do que podemos ser. São elementos visuais que influenciam e inspiram o nosso espaço criativo.

Um sitio repleto das mais variadíssimas relíquias, um verdadeiro self-service de emoções e memórias,

como também uma disposição das mais diferentes personalidades que costumam frequentar o mesmo espaço. O espaço é a procura de um lugar a onde pertencemos e dominar o mundo é um desafio complicado.

O computador portátil começou a ter o seu próprio espaço, navegar na internet é um desafio complicado, nunca se sabe ao certo a que site vamos parar. Um quer mostrar aquilo, o outro acha que tem melhor para mostrar, mas a Nau é do capitão e só ele é que sabe navegar. O importante aqui é conceber espaço à tripulação para que possamos todos usufruir do conhecimento de cada um, para além disso passamos a descobrir um pouco mais de cada membro desta viagem.

PÃO COM MANTEIGA

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Todas as sextas feiras, por não falar de praticamente os fim de semana, lá íamos parar. Chegávamos a casa dele, antes de entrar teríamos de ligar para o telemóvel : Estou mano! Estou cá em baixo!; e do outro lado : Já vou! (Pois porque tocar a campainha é uma impossibilidade, ninguém pode descobrir os nossos planos). Lá descia ele pelas escadas de trolha empoleiradas do primeiro andar às águas furtadas, aquele barulho de metal a rugir a cada passo era sinal de que o homem já estava a caminho. Um cumprimento confortável e lá subíamos até ao refúgio.

Ainda pouco ambiciosos, dominar o mundo só passava de uma ideia mas parar no sótão já começava a ser rotina.

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S u b i r

aquelas escadas relembra-me a fantasia

de ter uma casa na árvore, aquela ideia de pertencer à natureza, de ser criança a longo prazo. O tempo não passa porque sou eu que passo ao lado dele. É importante sentir de onde viemos para não termos o trabalho

de pensar para onde vamos.

Ao entrar naquele espaço existe sempre uma sensação que levantamos os pés do chão e passamos a ser revestidos por uma bolha. Uma espécie de chiclete que distorce a perceção do tempo por alguns segundos o nome completo das horas. Gosto de pensar que estas distorções de tempo funcionam como uma terapia, uma vez de vez em quando não sabes o bem que fazia. (Psicose: é um quadro psicopatológico clássico, reconhecido pela psiquiatria, pela psicologia clínica e pela psicanálise como um estado psíquico no qual se verifica certa “perda de contato com a realidade”) Não é psicose de todo.

PÃO COM MANTEIGA

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PÃO COM MANTEIGA

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“Lembro-me que a partir dessa altura as letras agruparam-se, as palavras formavam-se tão mais rápido e facilmente, que talvez o convite para a entrada no grupo tenha sido o play, no que à escrita e à minha vida diz respeito.”

Diogo Divagações, assume o ortónimo em prol de uma constante transformação de identidade, que surge inicialmente, por espontaneidade. Diogo Dias junta-se a amigos num grupo de Hip-Hop e, logo se identifica com os meios.

CANJA DE GALINHA

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POR JOÃO COSTA

Numa constante descoberta de si mesmo, e graças à atividade que o grupo tinha, embora amador, dando concertos em cafés, bares e festas de escolas. O então apelidado “Dig” encontra a satisfação no criar, no expressar e na partilha, aumentando também as suas expectativas e vontades, assim como os seus conhecimentos dentro do Hip Hop, em Santa Maria da Feira, Aveiro. Foi entre estas experiências e, no decorrer da constante procura em chegar ao público, que levou-o mais tarde, no ano de 2008, a receber um convite. Fez assim, parte integrante

dos TriZoo, uns dos pioneiros com registo em Santa Maria da Feira, onde cria a sua primeira faixa sólida “Compêndio”.

Em 2009 lança o seu primeiro EP intitulado “Porventura”, com 7 temas, sendo este o seu primeiro projeto a solo. Ainda neste ano participa num “Work In Progress”, num grupo de teatro orientado pela companhia La Fura del Baus, no festival de rua Imaginarius. Dig encontra uma forma mais completa de dar-se a conhecer, de distribuir sorrisos e boa disposição a um público diferente, e encontra-se no teatro de maneira diferente, da que se encontrava na música.

CANJA DE GALINHA

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Dig dá entrada na Universidade de Coimbra em 2010, onde frequenta o curso de Estudos Artísticos. Numa constante captação de vivências e consciências do mundo ao seu redor, onde se continua a descobrir, decide voltar a assinar com o seu nome de nascença, Diogo Dias. Assim, aquando da publicação do seu primeiro livro “Pensar-me” publicado pela Corpos Editora, com sede no Porto, em Setembro do mesmo ano, confidencia que,

Em Janeiro de 2011, no Cineteatro António Lamoso em Lisboa, apresenta o seu primeiro livro escrito, através duma performance com as diferentes áreas onde se manifesta: música, teatro, dança e spoken word, conjugam num espetáculo que veio a decorreu nos festejos da Festa das Fogaceiras.

“Aí assumo também um outro escrever: com outras métricas, outros tópicos, outros sentidos, outras vivências… Algo natural, creio. Nunca forçado.”

CANJA DE GALINHA

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Um ano e meio depois da sua inscrição, Diogo Dias é contactado pela companhia Escola da Noite participando na peça Nikolai Gogol, “Diário de um Louco”. Abandona os estudos académicos pouco depois, e volta para Santa Maria da Feira onde dedica-se exclusivamente à arte do expressar.

Trabalha afincadamente no seu próximo livro, sem descuidar de qualquer forma as suas outras vertentes artísticas. Continua a participar em projetos musicais de amigos, mas foi na componente teatral, que mais se manifestou. Tendo participado na Viagem Medieval, no grupo de teatro Espada Lusitana, na sua terra natal, e ainda tendo colaborado junto com uma amiga na orientação de um grupo amador de Maceda.

Depois da obra “Pensar-me”, vai publicando online livros de poesia que compôs entre 2010 e 2011, que não chegaram a visualizar-se em forma física por falta de financiamento, em parte pela recessão que temos vindo a sofrer nos últimos anos. Mas consciente da importância que vê na partilha de vivências e emoções, de experiências e captações, Diogo faz por chegar a um público crescente, que se identifica com as mensagens de esperança e felicidade. A arte tem o poder de salvar, de curar, de apaixonar, de fazer odiar.

“A arte tem poder e quem a faz automaticamente o ganha. Sim, deve haver um exprimir de diferentes formas, um exprimir por si só, e aqui saímos do campo, específico, da arte. Mas como nada existe sozinho, se reparares não existe algo em Portugal que permita à arte respirar e crescer, tanto mais não seja desenvolver-se; porque um povo inculto mais facilmente se subjuga.”

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No ano de 2012 volta a desempenhar um papel na Viagem Medieval, desta vez no espetáculo Agni Lumen do grupo Art’Encena. Volta a candidatar-se à faculdade, frequentando desta vez o curso de Teatro, na Escola Superior de Educação de Coimbra. Ficou apenas um ano (2012-2013) onde teve tempo de compor, gravar e lançar o seu segundo álbum “O Mundo. O Sonho. O Ser. O Mundo.”, onde apresenta sete temas com uma componente poética e falada mais assente. Na música “Agora Sei”, Diogo Dias diz

em que reconhece a reflexão de todas as experiências vividas, desde as influências de vários artistas nacionais, até às simples captações e experiências do quotidiano, terminando com

“eu vivo para que os ouvidos nos liguem os corações.”.

“somos fruto de influência”,

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Diogo Divagações encontra-se de momento inscrito numa iniciativa chamada Crowdfunding, que permite espalhar o pedido perante a comunidade online, com um pedido solidário de ajuda, em que todos os fundos irão remeter para financiamento.

São necessários 1700€ para cumprir com o estipulado pela editora, para que o seu livro, “O Regresso do Regresso à Madrugada de Luz” possa ser publicado fisicamente. Este foi ainda apresentado, no dia 18 de Janeiro, na Biblioteca de Santa Maria da Feira.

Para Diogo, divagações vão surgindo num culminar de víveres e fazeres, explorando o que de si se encontra, e sempre apontando num chamamento de união e consciência. Vai encontrando e aventurando-se nos cânticos melodiosos da música, na linguagem verbal e corporal do teatro e na imaginação e criação da palavra.

Recentemente e por questões de nome artístico registado, mudou o seu nome para Diogo Divagações, que de certa forma se enquadra com todo o seu perfil de expressão. O autor explica que,

“informei-me a nível de registos de autor, e dois nomes iguais não poderiam existir e, como que, numa forma fácil e prática surge Divagações, nada que não me seja pessoal, porque nas minhas primeiras músicas estava sempre a usar a palavra divagação”.

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ARROZ DE PATO

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Certa tarde chuvosa de Janeiro, decidi dar a conhecer aos boémios, uma experiência, que a meu ver, não só carateriza, como simboliza a cidade do Porto e a cultura Nortenha. Eram nove da manha, chovia lá fora, e todas as cores, se mantinham adormecidas, excepto os tons de cinzento. Dirigimo-nos então em direcção a São Roque, no Porto, mesmo em frente, onde segundo a lenda, habitam os dragões, feras míticas desta Terra. Numa sábia encosta repousa então uma pequena comunidade portuense. As casas são de tamanho modesto, as estradas são ziguezagueadas e as texturas

são mais do que é possível contar. Mas finalmente bem no alto da colina, paramos o carro, por razões de cenário, sim, mas primeiramente, porque era ali a casa do mestre. Alfredo de Carvalho, de 53 anos, nasceu cresceu, brincou, e acima de tudo trabalhou, no Porto. Um “homem à antiga”, portanto. Ao som da colher girando sobre a chávena, ao ritmo agitado da típica família que trabalha no café, e sob um estranho aroma a trabalho e a comida feita com muito amor, brindou-nos então com um pouco de história e de vida.

POR TIAGO CARVALHO

ARROZ DE PATO

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Começou no seu ofício, criação e restauro de arte religiosa aos 12 anos de idade acompanhado de seu pai, de mesma profissão. Naturalmente, com o passar do tempo, foi evoluindo de pequenas peças e assistências técnicas, para obras de grande complexidade e riqueza material.

Talvez um momento marcante para a sua formação e assertividade profissional tenha sido quando passou a incluir metais preciosos, como cobre, prata e ouro, no seu histórico. Recorda ainda, de queixo erguido, a cultura de artes e trabalho em metal,

desde sempre centralizado em áreas do Norte de Portugal e transmitidos de geração em geração.

A profissão embora tradicional e, hoje em dia, menos glorificada, permite-nos presenciar, nesta era do futuro tecnológico, um pouco de magia do velho mundo. Aqui assiste-se a uma dança entre artesão, fogo e metal, sendo o objetivo da mesma, seduzir estes materiais, de natureza sólida e fria, de forma a deixarem-se malear como se de cera se tratassem, tudo isto acompanhado de força bruta e uma forte dose de precisão milimétrica.

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A poeira cobre o ar, as paredes estão escurecidas. No entanto do meio do barulho das máquinas, do brilho sujo das serras e das ferramentas espalhadas, surge algo totalmente oposto. É novo, belo e reluzente, não é frágil nem finito, mas sim, resistente ao teste do tempo. Feito com uma dose de esforço enorme por detrás de cada traço, de cada curva, de cada textura. É este, para mim o espírito que o Mestre Carvalho incorpora, e produz peças de arte que enriquecem a criatividade e identidade cultural, que criou e moldou esta belíssima cidade que é o Porto, e que a vai manter e fazer crescer, como sempre fez, com muito talento e a partir de uma fundação tão forte quanto o ferro que a sustenta.

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POR RITA CAFERRA

COLA-TE NISTO

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BOLO:

2 ¾ Chávena de Farinha ;¾ de Açúcar ;5 Ovos ;2 colheres essência de baunilha ;1 Chávena de leite ;¾ Chávena de manteiga ;¾ colher de chá de sal ;½ colher de chá de extracto de de amêndoa.

RECHEIO:

1 Chávena manteiga ;¾ Chávena de açúcar granulado ;¾ Chavena de açúcar amarelo ;1 Colher chá de essência de baunilha;1/3 chávena de leite ;1 Chávena de farinha ;1 colher de chá de sal ;1 Chávena de pepitas de chocolate.

COLA-TE NISTO

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COLA-TE NISTO

Bater a Manteiga;Juntar os Ovos um a um - bater bem

após adicionar cada ovo. Juntar a Amendôa e a Baunilha...

Coisas que NÃO devem acrescentar: pêlo de gato, bróculos, restos de ontem...

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COLA-TE NISTO

Juntar o Leite ao preparado anterior e de seguida os ingredientes secos.

Bater bem até ficar suave e sem grumos.

Pré-aqueça o forno a 190º, coloque o Bolo durante 30 a 45 minutos.

Quando o Bolo estiver cozido, reserve e enquanto arrefece, prepare o recheio.

Bater açúcar com a farinha e de seguida adicione o leite e a farinha.

Coisas boas para acrescentar: Amendoin Crocante, Amendôa Picada,

muitas Pepitas de Chocolate!

Levar o recheio ao forno durante 15 min., decorar e tcharammm!

Cola-te no delicioso sabor!

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POR EDUARDA ALMEIDA

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Norte do país banhado a verde.

Estúpidos, porque pensamos, que somos o ser inteligente, mas não, somos os meros peões da natureza.

Adoro o azul do céu, camuflado pelas nuvens de chuva, as diferentes tonalidades pintam o céu,

e o verde das folhas sofre agora as suas maiores transformações. O verde transforma-se assim,

em amarelo/castanho. Tudo é montes e montanhas no Norte.

É-o graças a Deus.

Repleto de oscilações, tanto a nível cultural, como a nível emocional,

o Norte encanta a gente que cá vem. E a beleza não se explica,

a beleza sente-se pura e simplesmente, é algo que surge da natureza de cada um.

Não sei explicar o que me transmite… Ó páh é uma felicidade e tranquilidade enorme,

antes de mais comigo mesma.

Foda-se… que linda terra, que Camões me deu.

Ó páh, estou condenada a amar Portugal!

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Alejandro Jodorowsky nasceu em Iquique, Chile em 1929. Aos dez anos de idade trabalhava como palhaço de circo e artista de marionetas. Aos dezassete anos tornou-se mímico e ator, mais tarde matriculou-se nos cursos de Filosofia e Psicologia em Santiago. Em 1953 mudou-se para Paris onde realizou o seu primeiro filme “La Cravate”. Foi um dos responsáveis e criadores do “Moviment Panique” , um grupo

concentrado no caos surrealístico da arte de performance. Este movimento abordava a violência teatral com o objetivo de chocar e libertar as energias negativas, defendendo-o como um caminho necessário para a procura da paz e do belo. Nesse período, Jodorowsky escreveu diversos livros e peças teatrais que passaram rapidamente para o formato televisivo.

POR RICARDO PEREIRA

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Jodorowsky foi um dos revolucionários na indústria cinematografia mexicana, com o filme “El Topo” chamou a atenção ao publico internacional por ser genuinamente obscuro, repleto de simbologias para análise e interpretação, como o seu propósito de criação fosse essencialmente para teses acadêmicas, ensaios e conversas intelectuais. “El Topo” tornou-se um êxito de bilheteira e de tal interesse para o próprio John Lennon , que optou por comprar direitos d filme para editá-lo em VHS. Os seus filmes tornaram-se num culto “underground” e foram uma inspiração para muitos outros nomes como; Marliyn Manson, Dita Con Teese, Dennis Hopper, David Lynch e mesmo os Pink Floyd eram fãs aferrados do seu trabalho.

“The Holy Mountain” foi o quarto filme da sua carreira como cineasta, e mais uma vez apoiado por ABKCO Music and Records, a produtora dos Beatles e The Rolling Stones, num valor de 1 milhão de dólares, sendo assim a maior produção da história do seu país.

COLA-TE NISTO

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A sinopse oficial descreve o filme desta forma: Nove dos mais poderosos industriais e políticos dos planetas do sistema solar desejam obter a imortalidade. Um Alquimista fala-lhes sobre Montanha Sagrada da ilha de Lótus, onde moram nove imortais, que agora têm mais de 30.000 anos. “ Alguns Homens juntam as forças para assaltar bancos e roubar dinheiro. Devemos unir as nossas forças para assaltar a Montanha Sagrada e roubar desses homens sábios o segredo da imortalidade. Mas para conquistar o segredo dos imortais, nós também devemos nos tornar homens sábios.” O Alquimista leva-os a uma peregrinação, praticando várias formas de exercícios espirituais e visitando os vários mestres até que encontrem a iluminação.

Neste filme Alejandro confronta o espectador com o que ele não espera ver de um típico filme convencional. O movimento psicadélico é uma contínua influência nas suas obras, procurando então chocar o público da forma mais intensa possível.

Somos sujeitos a uma visão surrealista, repleta de ironia, uma crítica a Igreja, ao poder político, ao consumismo excessivo, à industrialização, à arte contemporânea, à especulação financeira, à beleza, à sexualidade, essencialmente uma crítica à natureza humana e o seu afastamento da “iluminação”. Há também uma apaixonante obsessão pela dor e a morte, aceitando assim esta certeza da forma mais romântica possível.

COLA-TE NISTO

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Existe uma certa impressão de que a loucura de Alejandro não deve ser levada a sério, e que o seu simbolismo é apenas superficial, sem profundidade, uma visão demasiado pessoal e exagerada do mundo, mas no entanto é um produto de uma elaborada análise. A real intenção de Jodorowsky é propor que nós voltemos a nos encantar mais com as perguntas do que com as respostas. E por isso mesmo, “The Holy Mountain” não se caracteriza só a ser um filme. É uma verdadeira experiência de vida.

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“ Este filme é a minha própria busca pela iluminação”, diz Alejandro, “Eu quero ser um Mestre. Eu penso em como é ser um Mestre. Eu leio sobre como é ser um Mestre. Eu visto-me como um Mestre. Eu ajo como um Mestre. Eu torno-me num Mestre!”

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Ao Jazz Clássico que se deixa experimentar entre acordes de Bossa Nova e Blues, assim, se improvisa o som dos Anita e os Manu Jazz. Este projeto musical é composto por Ana Almeida na voz, Aldovino Munguambe no piano e vibrafone, Carlos Martins no trompete, José Luís Pereira nos Saxofones alto e tenor, Paulo Faria na Bateria, Rafael Coito no vibrafone e Rui Monteiro no

contrabaixo. São músicos provenientes de terras lusas, mais especificamente da Beira Interior, Gouveia, S. Romão, Oliveira do Hospital, com exceção de José Luís, que tem as suas raízes no Rio de Janeiro. O Grupo foi gerado no evento conhecido por Quinta de Jazz, que aconteceu mensalmente durante 3 anos na vila de Lagares da Beira e, que motivava o encontro de músicos de jazz da região centro.

POR LILIANA DE BARROSFOTOS RUI FERREIRA

www.simbioze.net

MÚSICA PARA OS TEUS OUVIDOS

COLA-TE NISTO

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Antes de mais o grupo não é fechado, na maioria das vezes os Manu Jazz contam com convidados especiais e surpresa, foi então daí que veio a ideia dos Manus. Somos uma família aberta à entrada de novos Manus, e na maioria das vezes nunca sabemos quem vem

tocar ou não. Um fator surpresa que ajuda sempre em novas ideias de improvisação, e em diferentes abordagens musicais em palco. Como os Manus são todos rapazes, destacámos o nome da nossa bela voz Anita, como bons cavalheiros, claro!

PORQUÊ “ANITA E OS MANU JAZZ”?

QUAL O ESTILO E AS REFERÊNCIAS DE MAIOR INFLUÊNCIA?

Os Manu Jazz têm apenas um ano, e ainda estamos numa fase muito primária de levar interpretações dos temas clássicos do Jazz, com um espirito jovem e

alegre que nos caracteriza. Para já procuramos mesmo isso, alguma aprendizagem com os mestres do Jazz, como Coltrane, Miles, Dizzy, Shorter entre outros mestres.

COLA-TE NISTO

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Penso que Boémia é mesmo a palavra exata para os Manus, o ambiente é totalmente descontraído, é a primeira vez que conheço uma banda que não ensaia, isto é, de 30 concertos lembro-me de 2 ensaios. No início ainda tentámos mudar isso, mas depois percebemos que essa é uma das características

principais da nossa música, o encontro naquele momento único em que estamos todos com vontade de improvisar e levar a música ao máximo, tirando todo o prazer possível desse encanto de fazer música e brincarmos uns com os outros.

PODEMOS CONSIDERAR A VOSSA MÚSICA COMO BOÉMIA?

ONDE OS PODEMOS ENCONTRAR PARA UMA ATUAÇÃO?

Principalmente tocamos no interior centro, em formato auditório mais formal no Inverno, e em formato de bares, mais

descontraído no Verão, com muita comunicação com o público, mas sempre muito pertinho da Serra da Estrela.

COLA-TE NISTO

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O QUE ESPERAR DE UMA ATUAÇÃO?

Apesar de termos excelentes músicos capazes de surpreender o público a qualquer momento, a característica principal dos Manus, é de serem capazes de transmitir o gosto pelo jazz, a qualquer espectador, de qualquer idade. O Grupo tem um estilo muito próprio,

exatamente porque os gostos de cada músico são bem distintos, e isso nota-se bastante nos solos de cada um, dá a ideia da música flutuar entre vários estilos musicais, desde rock, reggae, soul, blues, dub entre outros.

PLANOS E DESEJOS FUTUROS? No futuro ainda não sabemos muito bem, pois o grupo deixa-se levar pela corrente e não tenta ter muitas ideias definitivas, o importante é tocar com o máximo de músicos, o máximo de temas, sempre com

o espirito de maior liberdade possível. Portanto aprendizagem e liberdade é o nosso objetivo atual, para já fazemos o maior número de concertos possíveis, para colocar a banda no seu trajeto natural.

COLA-TE NISTO

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Anabela Braga da Silva nasceu em 1972 em Santo Tirso, cidade onde vive. Desde pequena que criou uma ligação com a arte do feito à mão, corria o maior número de feiras de artesanato que conseguia, visitava lojas para ver peças... Sendo uma de três irmãs, no seio de uma família modesta, as oportunidades não eram assim tantas, mas não era altura para desistir!

POR ANA ENNES

COLA-TE NISTO

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Acabou o secundário e, pouco depois casada e com um filho de um ano, inscreveu-se num curso profissional de cerâmica, resultado de uma parceria entre a Câmara Municipal de Santo Tirso e o IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional). Em 2000, ainda não tinha finalizado o curso e, já planeava com duas colegas abrir um atelier de artesanato. Assim, surgiu a Forma Primitiva com um conceito de artesanato alternativo, onde a imaginação e a criatividade não têm limites! Criar peças originais e de certa forma arcaicas através de um processo manual, era o objetivo inicial. Para isso tinham uma loja de venda ao público e, um atelier, onde a magia se desenrolava. As peças confecionadas de pasta de cerâmica, moldadas à mão, vão ao forno e são pintadas com uma enorme precisão e delicadeza. A procura por materiais diferentes para aplicação, juntamente com a pasta de cerâmica, é aquilo que, Anabela Braga mais gosta de fazer quando cria. Para se inspirar, admira o que o universo deu ao ser humano...o meio ambiente e os seus habitantes, as árvores, as flores, os peixes...

COLA-TE NISTO

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Entretanto as necessidades/preferências dos clientes começaram a mudar. A era da produção em série domina e, como alternativa, começaram a criar moldes para pedirem peças por encomenda, em quantidades maiores, que eram posteriormente pintadas à mão. Em Portugal não conseguiram o reconhecimento pretendido, contudo em Itália, mais precisamente em Milão, tiveram uma ótima recessão e bastante sucesso. O convite para participar na L’Artigiano in Fiera foi realizado no ano de 2004 e, consecutivamente, em 2005 e 2006. Trabalhavam três meses, todos os dias, para terem as peças para apresentar nesta feira. Muitos meses se passaram a trabalhar “por amor à camisola”, como diz Anabela, e chegou a uma altura que a crise económica “tudo levou”... Apesar deste triste final e dos tempos difíceis, Anabela ainda tira umas horas, poucas que sejam, para se dedicar à sua grande paixão. No final disse a sorrir, “eu ainda tenho forno, claro

que vou continuar, um dia ainda vou ter um projeto meu!”.

COLA-TE NISTO

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Num momento qualquer em que me passeava pelas redes sociais, deparei-me com uma publicação no Facebook de Gone Monteiro, um rapaz de 21 anos, uma fotografia de um óleo de sua autoria. Intrigado, decidi pedir amizade e após algumas horas de conversa aceitou dar esta entrevista que leem.

POR FALCÃO FILIPE

MASSA COM ATUM

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É um rapaz natural do Algarve, que após ter vivido 2 anos em Lisboa, mudou-se para Barcelona para estudar através do programa Erasmus. Encontra-se a terminar o terceiro ano do curso de pintura da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, tendo aí feito também um curso de desenho com João Catarino.

“Queria seguir ilustração, mas entretanto descobri que gosto de artes que não a ilustração propriamente dita e então comecei a desenvolver trabalho mais conceptual e minimalista dentro da performance e escultura. Ao mesmo, para mim é o mais difícil de falar porque me é muito natural. Enquanto que nos restantes meios sou mais conceptual, a ilustração é muito intuitiva. Começo a brincar com o lápis, faço um esboço e as coisas vão surgindo. Nunca tenho nada de específico criado na cabeça, nem penso se vou fazer mais ou menos dramático, apenas acontece.”

Quem é Gone Monteiro?

MASSA COM ATUM

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Do seu trabalho na fotografia e nos óleos destaca-se a coleção “De mortuis nihil nisi bobum”, em português “Dos mortos só aquilo que é bom”.

“Queira explorar a hipocrisia humana na adoração de quem já morreu e o seu sentimento perante isso. A negação da experiência negativa que se teve para com quem quer que seja, mas que já morreu, em prol de se focar naquilo que de bom existia. Começou um pouco com a minha impossibilidade de viver essa experiência através de alguém próximo de mim porque felizmente isso nunca aconteceu, e, no entanto, queria explorar para tentar perceber esse sentimento.”

MASSA COM ATUM

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A nível da escultura/instalação, “Dimorfismo” é a coleção mais forte, onde explora a questão do género e a sua preocupação para com aquilo que se define como sendo feminino ou masculino.

Recorrendo a signos de masculinidade como a madeira e as formas brutas, é com objetos do quotidiano que identifica a feminilidade.

“Acho que é uma linha cada vez mais ténue. Por exemplo, nos códigos de vestuário, já não há um género tipicamente associado a uma peça de roupa. (…) Para mim, a questão do género não é tanto anatómica, hoje em dia é muito mais cultural.”

MASSA COM ATUM

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E das artes plásticas a conversa chegou à moda e conversamos um pouco do seu projeto com Miguel Veiga, João Barriga e Francisco Pires – Twisted Souls Productions.

“Começamos com algo que achamos fazer falta em Portugal: editoriais de moda onde se explorasse a expressão mais artística, algo menos comercial. A necessidade de vender impede muitas vezes os profissionais da área de explorarem mais a sua visão criativa. Até hoje, não estávamos associados a revista nenhuma, e tínhamos bastantes ideias para explorar, decidimos fazer as sessões fotográficas: penteávamos, maquilhávamos, escolhíamos as modelos. Até que com mais e mais exposição do nosso trabalho começamos a ser contactados por profissionais, principalmente fotógrafos. Fizemos a campanha da Sara Wiitle, designer de acessórios, e mais recentemente temos vindo a fazer colaborações. Tivemos o prazer de colaborar com o Gonçalo Catarino, com a Rachel Mark. As pessoas têm aderido cada vez mais ao projeto.”

https://www.facebook.com/gone.monteirohttp://cargocollective.com/gonemonteiro/

MASSA COM ATUM

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MASSA COM ATUM

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Queres ir à festa mas lá fora está assim para o fresquinho?

Não te preocupes! Deixamos aqui algumas

das propostas das grandes marcas de pronto-moda para

a estação fria.

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SALADA ALGARVIA

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8. Casaco com enchimento, Zara, 39,99€ 9. Blusão em pele, H&M, 39,99€ 10. Casaco em pelo, Asos.com, 63,21€ 11. Impermeável, Aspa.com, 63,21€ 12. Sobretudo em lã, Asos.com, 73,74€ 13. Cassação axadrezados em lã, Pull&Bear, 39,99€ 14. Casaco a 3/4, Pull&Bear, 29,99€

1. Casaco tipo cargo estampado, Asos.com, 91,30€. 2. Blusão de lã com aplicações em napa, Zara, 39,99€ 3. Blazer em veludo, Zara , 25,99€ 4. Blusão impermeável com gola em pêlo, Pull&Bear,39,99€ 5. Blazer em ganga, Pull&Bear, 19,99€ 6. Blusão em ganga, Pulç&Bear, 19,99€ 7. Blusão em pele sintetica, H&M, 59,99€

POR FALCÃO FILIPE

SALADA ALGARVIA

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A coleção un-plug-in surge através de uma proposta da empresa Holandesa, “Dutch awearness”, para a realização de uma coleção de 10 coordenados (5 femininos e 5 masculinos), com o tema geral a centrar-se no “Green Revolution”.

Assim, realizou-se uma reflexão, sobre o modo como a sociedade evolui para a individualização. Em conformidade com a nossa própria evolução, enquanto seres humanos, tudo o que nos circunda acompanha-nos, crescendo e progredindo em conjunto. O modo de pensar, o modo de agir, o modo de comunicar já não é sequer o mesmo, de há vinte anos atrás. A tecnologia apoderou-se das nossas vidas e elevou-nos a um novo patamar do moderno e do sofisticado, em que estas várias camadas da evolução nos permitem ser quem queremos ser.

É neste suave crescimento harmonioso, enquanto seres individualizados que se dá o desenvolvimento da “revolta da natureza”. A evolução do nosso mundo cada vez mais industrializado está a causar danos irreversíveis na natureza. Assim como crescemos cada vez mais, também poluímos e destruímos cada vez mais. A natureza como a conhecêramos está a sofrer drásticas transformações, que se reverterão mais tarde nas nossas próprias “peles”. Assim a criação é pensada na dualidade entre a sobreposição de camadas, demonstrado no vestuário feminino, através das fases de proteção para com as futuras catástrofes ambientais; ou no caso do vestuário masculino, através da desconstrução destas camadas, indo de peças mais complexas para as mais simplificadas.

LICOR BEIRÃO

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LICOR BEIRÃO

Coleção: Un-plug-iNDesigners: Eduarda Almeida; Falcão Filipe; Karen MiaModelos: Adélia Araújo; Admilsa Alamô; Armando Peixoto; Bárbara Maciel; Gabriela Ribeiro; João Costa; José França; Lucas Bischoff; Tiphanie.

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ROTEIRO BOÉMIO

A fotografia é, para mim, o prolongamento da vivência de algo que doutro modo duraria pouco mais que alguns segundos e, assumo-a como uma cábula sensorial, que permite reviver o estado de espirito do momento capturado.

É por isso que me apaixona a luz nortenha de inverno. Em especial nestes lugares, onde a perseverança é testada a cada segundo. Muitas destas fotografias foram tiradas após longas caminhadas, outras após longas esperas ao frio, e todas elas partilham um mesmo elemento comum. O que as une é a dedicação necessária para que aconteçam.

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ROTEIRO BOÉMIO

POR RUI CARVALHO

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ROTEIRO BOÉMIO

Normalmente temos tendência para valorizar o raro, e por uma boa razão. O sol dá poucos sinais de si no inverno e, quando se mostra não o faz por muito tempo. Para o contemplar é necessário aceitar o caminho, nem sempre fácil, que guia-nos em direção à luz. Após longas caminhadas e longas esperas, já no momento em que o meu corpo grita por algum calor, sou recompensado por uma luz ténue, que acompanha lado a lado as longas sombras projetadas, por tudo o que

nela se banha. É uma luz quente, mas que em nada aquece o corpo. Este sol de inverno das paisagens nortenhas aquece-me o espirito e, por momentos, dilui-me através do que vejo. É como se o mundo incerto do muito pequeno, tornasse-se óbvio por momentos e, de repente, aquela outra realidade que teimo em não aceitar me despisse do meu egocentrismo, e me espalhasse através de tudo o que vejo. Por momentos deixo de ser eu e passo a ser tudo…

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ROTEIRO BOÉMIO

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ROTEIRO BOÉMIO

Quando o sol se põe, já a minha força foi reposta para a tarefa que se segue. O caminho de regresso é sempre pior...o frio é agora inescapável e entranha-se até aos ossos. Mas volto feliz, com o entusiamo de uma criança com um presente por abrir. É que nas minhas mãos seguro agora mais algumas das minhas cábulas, que vão-me permitir reviver tudo novamente.

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ROTEIRO BOÉMIO

Todos os que crescem e vivem por estas paisagens sabem o que significa a identidade nortenha. Para mim, a contemplação de tudo o que estes lugares nos oferecem é apenas mais uma forma de viver este espirito, que nos recompensa enormemente, mas só se provarmos que merecemos.

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Um pouco antes do Inverno de 2013 chegar, no dia 14 de Dezembro, dois meninos muito especiais visitaram a Cidade Berço, Guimarães, local que não conheciam até então. Francisco e Luis, com 12 e 18 anos respetivamente, conhecem-se à pouco mais de um ano e desde então que vivem como irmãos. Logo pela manhã Margarida e Nuno, voluntários no G.A.S. Porto,

foram buscar os meninos a casa, no Bairro da Pasteleira, Porto. Tanto um como outro sempre viveram no Grande Porto, por isso o entusiasmo corria-lhes nas veias. A caminho de Guimarães foram recolhendo imagens de outros horizontes, enquanto espreitavam pelas janelas do comboio. À espera em Guimarães encontrava-se outra voluntária, a Rita, que preparou um dia cheio de experiências.

POR ANA ENNES

BOLO DE BOLACHA

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O sol brilhava em Guimarães, quando o comboio chegou finalmente à estação. Depois dos abraços e beijinhos, numa receção calorosa, a visita ia começar pelo Castelo. A passear nos caminhos de terra batida, entre a relva verdejante ainda com orvalho que ficara da noite anterior, entre brincadeiras e fotografias, surgiu a oportunidade de levar o Francisco a visitar o Museu do Paço dos Duques de Bragança. Rita ofereceu-se para o acompanhar e, enquanto esta se dirige para a bilheteira o pequeno já tinha corrido para dentro do museu. A partir dali, os dois passearam pelo museu de mãos dadas. Francisco estava estridente, não conseguia parar de olhar para tudo, enquanto Rita contava-lhe histórias de outros tempos. Durante a visita este demonstrou um particular interesse para fotografar, Rita apercebeu-se e enquanto segurava a máquina ao peito, sentindo medo e curiosidade ao mesmo tempo, decidiu confiar-lhe a mesma, e, o mais incrível é que Francisco provou o seu talento para a fotografia. Tocaram os sinos ao meio-dia e a fome com estes chegou, mas, antes de partir para o Parque da Cidade reuniram-se todos em frente à grandiosa estátua de D. Afonso Henriques, para marcar o momento com uma fotografia. Enquanto foram-se tirando fotografias, o Francisco ia praticando a matemática, fazendo todos sorrir ao somar em voz alta, “dois mais dois são quatro”, “quatro mais quatro oito”...

BOLO DE BOLACHA

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Quando chegaram ao parque, estenderam a manta sobre uma das mesas de pedra que ali se encontravam, cobrindo-a com sandes, sumos, batatas,...e para sobremesa, bombons. O piquenique deixou todos com mais energia e o parque infantil, que encontrava-se mesmo ali ao lado, já tinha conquistado o coração de Francisco. Neste parque havia várias diversões, que a certo ponto já todos tinham explorado, mas os baloiços foram os preferidos. Alcançar o céu era o limite, ver tudo de pernas para o ar era uma opção, e baloiçar de pé tornou-se um desafio.

O lanche a meio da tarde foi nos jardins do Centro Cultural Vila Flor. Logo na entrada era possível

deslumbrar a magia da ilusão, uns quadros deitados sobre umas pedras no chão pareciam mesmo estar de frente para todos eles, mas o segredo desvendou-se. Percorreram os jardins até ao fundo descendo pequenos trilhos de escadas. As sombras das árvores criavam padrões nas águas já verdes, dentro das fontes de pedra circular. O sol estava quase a partir e deixou um rasto cor-de-laranja no ar. Enquanto descobriam as maravilhas da natureza, Francisco estava irrequieto com saudades dos baloiços e, deve ter ficado tonto, pois entretanto, escorregou para dentro do manto de musgo que cobria as águas ao seu lado. Para passar o tempo e secar o pequeno Francisco, nada melhor que jogar à caçadinha.

BOLO DE BOLACHA

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A brisa da noite chegou e com ela o espírito natalício na cidade. Enquanto desciam paro o centro, recordavam ter visto, mais cedo, um conjunto de Pais Natal a andar de bicicleta pelas estradas. Entre as gargalhadas chegaram à Praça do Toura,l onde se encontrava a mais bela Árvore de Natal. Entraram para dentro desta e rodeados de uma imensidão de luzes de tons quentes, o espanto sobressaía nas suas expressões. As mesmas palavras replicavam-se em segundos, enquanto os cinco olhavam para o topo “UAU, que lindo, UAU, UAU, que lindo”. Nunca tinham estado dentro de uma árvore de luzes, em qualquer outro momento da sua vida, apenas Rita já tinha lá estado em anos anteriores. Antes de voltar para o Porto, ainda havia tempo de ver as luzes da cidade, nas árvores que acompanhavam os passeios, nas janelas que envolviam as ruas e praças... Quando chegou a hora do adeus, apenas um sentimento de realização, felicidade profunda e paz ficou para lembrar aquele dia tão especial.

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O TELEFONE TOCA, mais uma vez a noite chama por mim. Estava na hora de pegar nas agulhas de fazer tricot, procurar pelas chaves do carro e do maço de tabaco e claro, da carteirinha com uma notinha de 10. Ao sair de casa rodo sempre a chave 4 vezes,(não por motivos de compulsividades, mas porque só duas não chega) verifico sempre que não deixei nenhuma luz ligada, pois as contas ao fim do mês já não são o que eram. Está tudo impecável! E siga a jornada. É só ir buscar o amigo a casa, arranjar um sítio para beber umas cucas, pois é preciso molhar bem as palavrinhas antes daquele cigarrinho.

Nunca ninguém sabe ao certo o que a noite tem para nos oferecer, mas cafés ou bares abertos não era de certeza. Estava tudo a dormir e eu de olhos bem arregalados e à espera de um sinal “AQUI OFERECEMOS CERVEJA DA BOA“. A minha fantasia foi um fracasso mas uma roulotte é avistada pelo meu navio. Dentro da minha cabeça...uma grande confusão, eu confesso. Parece mais ou menos óbvio que se possa fumar dentro daquele espaço, mas a roulotte tinha um toldo...e agora? Em que é que ficamos? É VERDADE que se pode fumar ou é mentira que não se pode? Sentem o nó? Eu também. Iceberg, mini, volvo, caravana e polvo. É claro que se podia-se fumar!!!!!

SÓ PARA OS FORTES

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POR RICARDO PEREIRA

Resolvido o assunto, professamos assim um olhar de compromisso: é este o sítio. Acho que o vídeoclip dos Limp Bizkit, que foi realizado em Lisboa, tem uma ideia muito errada das roulottes portuguesas, mas sou sincero a dizer que sempre que entro em contacto com uma, lembro-me das minhocas e escaravelhos a saírem do meio das bifanas. Mas o que eu queria era beber e fazer muito xixi. Eis que ao pedir as cucas, surge em mim uma sensação pela espinha fora. O gajo da roulotte a quem eu pedi a bebida estava muito alto, e já por si era incrivelmente grande, com cara de poucos amigos... que intimidante, o que é que eu faço? Uso diminutivos em vez de sacar a pistola e atirar uma

bala à queima roupa: queria uma cervejinha, pode ser?! E mais um copinho de plástico, cinzeirinho tem? Já agora, desculpe lá a maçadinha.. Agora...outro problema: onde nos vamos sentar? Não querendo desfazer gostos e/ou despedaçar corações, ninguém quer nunca escolher o sítio definitivo para uma conversa boémia, não vá ninguém passar por cima de alguém. A solução do problema foi pensarmos em mais um problema: E se aparecer alguém com uma caçadeira? Eh man, melhor é sentarmo-nos próximos da saída. Saída da roulotte?! Somos assim um alvo mais rápido a abater como também a fugir.

SÓ PARA OS FORTES

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“ Neto de pescador ao mar vai mijar!!” a próxima vez que me levantar ao mar vou descarregar!!

Um cigarro partilhado, uma cuca pacífica, uma menção á casa de Portugal, disponível 24h ao canal. Nós, como povo muito gostamos de ter um olho no cu, mas melhor que isso é a bexiga encharcadinha até ao limite. Decidir um lugar para marcar território é complicado pois tenho os meus caprichos. Primeiro de tudo, não gosto de espectadores, tenho bexiga tímida, segundo o piso tem que ser inclinado de forma que a poça não alastre até a sola dos meus sapatos, por último a paisagem por si tem que me dar um empurrãozinho sensorial à situação em conta. Fui portanto mijar atrás da roulotte. Chão lamacento, um frio de rachar, carros a passar, eu a fumar e um cãozito a olhar. Não foi bem o que estava a imaginar, mas lá me diverti ao fazer um arco perfeito com o xixi. Estava mesmo de bexiga cheia, com aquela pressão toda o equilíbrio foi surpreendentemente fácil e a duração incrivelmente longa. Apesar do desafio, senti-me insatisfeito. Quando chego à mesa para me sentar, viro-me para a personagem que acompanhava a minha jornada e em voz alta canto :

SENTA SENTA, UPA UPA FUMA FUMA, BEBE, BEBE, FUMA FUMA, TRUNKS TRUNKS SON GOKU.... mata a fome. É sempre a destrocar CONSUMO.

SÓ PARA OS FORTES

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A noite não deve acabar por aqui. Vou satisfazer a minha ideia. Neto de pescador, já se sabe a sua cor, ainda por mais já sei fazer o arco de cor. Depois de uma breve viagem e estacionado o navio, analiso o percurso do areal, até ao destino. Quero ir! Quero escalar as rochas do mar e ao relento mijar! São 4h da manhã, uma escuridão imensa, a areia amarelada no qual a luz que iluminava as ruas desvanecia na escuridão da noite, era maré vaza. O percurso que fiz até ao mar, foi maior do que alguma vez eu poderia pensar. Veio a consciência, veio a natureza intacta, veio o momento a nós, a sós. Senti-me pequenino, vulnerável e sozinho como não existisse sinal da humanidade por perto. Estava de frente a frente com o mar, e ele falava comigo, vem mijar. Fui-me a ele, hipnotizado pelos movimentos ondulares, e sobre a rocha mais alta das redondezas concretizei o que qualquer neto de pescador teria o prazer de fazer. Sorri para o horizonte, estendi os braços e disse em voz alta : fui ao mar colher cordões vim do mar colhões cordi!!

Bebe bebe, fuma fuma, upa upa bebe.. De novo: bexiga cheia e roulotte vazia, que só nos serviu mais 2 cervejas para o caminho.

SÓ PARA OS FORTES

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BABA DE CAMELO

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na revista há sempre empenos por não limpar a espingarda

ou porque tenho de menos dois ou três botões na farda

BABA DE CAMELO

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BABA DE CAMELO

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BABA DE CAMELO

p’rás vozes de volver cá a Maria nunca se ajeita se p’ra esquerda ouve dizer

vira sempre p’ra direita

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BABA DE CAMELO

toca a marchar andar a fartar

se és bom militar galopa

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BABA DE CAMELO

anda pá frente e mostra que és gente

e gostas de andar na tropa

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BABA DE CAMELO

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BABA DE CAMELO

com as botas tive azarsão tão grandes e velhotasque uma volta chego a darsem sequer mexer as botas

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BABA DE CAMELO

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BABA DE CAMELO

com os toques que afliçãoquase sempre se desmancha

só não faz confusão ao ouvir tocar po rancho

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toca a marchar andar a fartar

se és bom militar galopa

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BABA DE CAMELO

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anda pá frente e mostra que és gente

e gostas de andar na tropa

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BABA DE CAMELO

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BABA DE CAMELO

qual rapaz quando avançaé sempre c’um tal jeitinho

que trago a vizinhança toda presa pelo beicinho

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BABA DE CAMELO

e não julguem que me caloao mostrar-me tão aflito

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se um dia chego a cabo vai ser o bom e o bonito

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