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PREFEITURA DE BRUMADINHO SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO Rua Presidente Kennedy, 20 – Centro – CEP.:35460.000 – TELEFAX.:(31)3571-3008 – E-MAIL: [email protected] Coletânea Explorando & Conhecendo Brumadinho

Coletânea Explorando Conhecendo Brumadinho · 1 APRESENTAÇÃO A coletânea “Explorando & Conhecendo Brumadinho” tem por objetivo apoiar o trabalho do professor em sala de aula,

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PREFEITURA DE BRUMADINHO SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

Rua Presidente Kennedy, 20 – Centro – CEP.:35460.000 – TELEFAX.:(31)3571-3008 – E-MAIL: [email protected]

Coletânea

Explorando & Conhecendo

Brumadinho

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APRESENTAÇÃO

A coletânea “Explorando & Conhecendo Brumadinho” tem por objetivo apoiar o

trabalho do professor em sala de aula, oferecendo-lhe um material pedagógico

que contemple informações relevantes sobre o município de Brumadinho.

Elaborada em 2015, a coletânea é parte integrante do diagnóstico que compõe o

Plano Decenal Municipal de Educação-PDME.

Com o apoio das Secretarias de Meio Ambiente e Cultura, o presente documento

explora as características gerais de Brumadinho relacionadas à localização, clima,

vegetação, hidrografia, topografia, fauna, além de caracterizar o Sistema de

Água Rio Manso, o esgotamento sanitário, a prevenção e controle das inundações

urbanas, o saneamento básico, o tratamento de esgoto, a população e retratar os

aspectos culturais da região.

A expectativa é de que a coletânea “Explorando & Conhecendo Brumadinho” seja

um instrumento de apoio ao professor, contribuindo para a prática pedagógica de

modo a auxiliar na apropriação, percepção, valorização e reflexão sobre as

informações, conhecimentos e conceitos que possam ser compartilhados com os

alunos.

Neide Alves de Lima

Secretária de Educação

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1 IDENTIFICAÇÃO DO MUNICÍPIO ............................................................................ 4

2 CARACTERÍSTICAS GERAIS ........................................................................................ 8

2.1 Localização .................................................................................................................... 8

2.2 Regiões fisiográficas ................................................................................................. 9

2.2.1 – Hidrografia ........................................................................................................ 9

2.2.3 Geologia e Geotécnica ...................................................................................... 13

2.2.4 Pedologia .............................................................................................................. 15

2.2.5 Hidrogeologia ...................................................................................................... 16

2.2.6 Climatologia ......................................................................................................... 17

2.2.7 Topografia .......................................................................................................... 20

3 ABASTECIMENTO DE ÁGUA SISTEMA RIO MANSO .................................... 27

3.1 Esgotamento Sanitário ............................................................................................ 38

3.2 Prevenção e controle das inundações urbanas ................................................... 42

3.3 Saneamento Básico ................................................................................................... 46

3.4 Tratamento do Lixo ................................................................................................. 48

3.4.1 Aterro Sanitário ................................................................................................. 51

3.4.2 Associação de catadores de materiais recicláveis do Vale do Paraopeba

- ASCAVAP ..................................................................................................................... 51

4 ASPECTO POPULACIONAL ......................................................................................... 53

4.1 Características gerais da população ..................................................................... 53

4.2 População por sexo, cor e faixa etária ................................................................ 55

4.3 População economicamente ativa ......................................................................... 56

5 ASPECTOS CULTURAIS ............................................................................................... 57

5.1 Roteiro Cultural Brumadinhense ............................................................................ 57

5.1.1 Igreja Nossa Senhora da Piedade .................................................................. 57

Fonte: Secretaria Municipal de Cultura ................................................................. 57

5.1.2 Igreja Nossa Senhora do Belo Ramo ............................................................ 58

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5.2 Eventos Festivos ..................................................................................................... 58

5.2.1 Jubileu de Nossa Senhora da Piedade .......................................................... 58

5.2.2 Guarda de Congo e Moçambique do Sapé .................................................... 60

5.3 Musical ....................................................................................................................... 62

5.3.1 Corporação Musical Banda São Sebastião ................................................... 62

5.3.2 Corporação Musical Santa Efigênia .............................................................. 63

5.3.3 Corporação Musical Santo Antônio de Suzana ........................................... 64

5.3.4 Corporação Musical Banda Nossa Senhora da Conceição ........................ 67

5.4 Patrimônio Cultural ................................................................................................. 68

5.4.1 Casa da Cultura Carmita Passos...................................................................... 68

5.4.2 Fazenda dos Martins ....................................................................................... 69

5.4.3 Estação Ferroviária de Brumadinho.............................................................. 70

5.4.4 Quilombo do Sapé .............................................................................................. 71

5.4.5 Serra da Calçada ............................................................................................... 72

5.4.6 Inhotim ................................................................................................................ 77

5.4.7 Parque Estadual do Rola-Moça: ...................................................................... 86

6 Estrutura do Sistema Municipal de Ensino ............................................................. 91

HINO DE BRUMADINHO ................................................................................................. 95

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1 IDENTIFICAÇÃO DO MUNICÍPIO

O município de Brumadinho está situado na Zona Metalúrgica, região de

importante atividade mineradora em Minas Gerais. No final do século XVII, com

a ocupação do Vale do Paraopeba pelas bandeiras e entradas sertanistas surgiram

os povoados de São José do Paraopeba, Piedade do Paraopeba, Aranha e Brumado

do Paraopeba).

A área que corresponde ao atual município de Brumadinho foi explorada

pelos portugueses, desde o início da ocupação do território mineiro, fosse como

local de pouso e passagem para o Norte (através do Fecho do Funil ou das Serras

dos Três Irmãos e Rola Moça), fosse como região fornecedora de escravos

indígenas. A presença e ocupação do homem branco nessa região antecederam em

décadas a sua chegada à região de Ouro Preto e Mariana, centro minerador da

província – e historicamente mais conhecido.

Desde o início da colonização das Minas, o Vale do Rio Paraopeba serviu

como uma das passagens para os principais núcleos mineradores, tendo sido,

inclusive, uma localidade em que os viajantes paravam para descansar das longas

viagens, e para se abastecerem de alimentos, a fim de seguirem caminho.

Embora sua habitação remonte ao final do século XVII, foi somente por

meio do Decreto Estadual n. 148 de 17 de dezembro de 1938 que Brumadinho é

elevado à categoria de município, desmembrando-se de Bonfim. Quando se

formou o novo município, foram anexados os distritos de Aranha e São José do

Paraopeba, saídos do município de Itabirito e o distrito de Piedade do Paraopeba

desmembrado do município de Nova Lima. O distrito de Brumado do Paraopeba

(atual distrito de Conceição do Itaguá) foi fundado por volta de 1914 e pertencia

ainda ao município de Bonfim. Em 1953, Conceição de Itaguá se torna distrito de

Brumadinho, que passa a possuir quatro distritos. A origem do distrito sede de

Brumadinho, onde se localiza o centro da cidade, deve-se à construção do canal

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de Paraopeba da Estrada de Ferro Central do Brasil. Atualmente o município

possui cinco distritos (Aranha, São José do Paraopeba, Piedade do Paraopeba,

Conceição do Itaguá e a Sede).

A região central de Brumadinho nasceu em consequência do

estabelecimento da estação ferroviária, em 20 de junho de 1917. Com o

desenvolvimento da cultura cafeeira e a possibilidade de se extrair e exportar o

minério de ferro, a construção ferroviária apareceu não só como uma

necessidade, mas como uma grande saída para o desenvolvimento.

Assim, a construção do Ramal do Paraopeba faz parte dessa fase áurea

da construção ferroviária em Minas e no Brasil. Juntamente com a inauguração da

estação ferroviária de Brumadinho, também foram inauguradas as estações de

Belo Vale, Fecho do Funil, Sarzedo, Ibirité, Jatobá e Gameleira, concluindo o

ramal.

As primeiras moradias foram erguidas por volta de 1914, durante a

implantação dos trilhos e do edifício sede da estação. O conjunto de atividades

empreendidas para a construção do ramal do Paraopeba atraiu um expressivo

número de trabalhadores de outras partes do Estado e de muitos imigrantes

estrangeiros que, após o término da obra, decidiram se estabelecer na região.

Aos poucos, o povoado foi-se ampliando até atingir a configuração atual.

Hoje, a maior parte da população do Município vive na sede, classificando

o Município como urbano, mesmo possuindo um grande número de pessoas

residindo na zona rural, em chácaras e condomínios.

Como o município de Brumadinho se localiza, em parte nas encostas do

Quadrilátero Ferrífero (delimitação de uma área economicamente ligada à

extração do minério de ferro), e em parte, na depressão onde se localiza o Vale

do Rio Paraopeba, até os dias de hoje, a atividade mineradora é muito

significativa, mas a produção agrícola de hortifrutigranjeiros também é

expressiva.

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Detentora de um riquíssimo patrimônio histórico cultural e artístico,

Brumadinho possui suas tradições religiosas, sua vocação musical, uma rica

gastronomia e uma sem igual natureza. Esse conjunto de bens faz da cidade um

atrativo turístico internacional.

Figura 1: Brumadinho

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente

Mesorregião: Metropolitana de Belo Horizonte

Microrregião: Belo Horizonte

Superintendência Regional de Ensino: Belo Horizonte / Região

Metropolitana A

Região de Planejamento: Central

Polo Regional de Ensino (sede): Centro (Belo Horizonte)

Bioma: Mata Atlântica.

Ano de Instalação: 1938

Taxa de urbanização (2000): 72,8%

Índice de Desenvolvimento Humano Mundial(2000): 0,77

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Prefeitura Municipal: Rua Dr. Victor de Freitas, n.º 28, centro,

Brumadinho – CEP. 35460.000, Minas Gerais.

Prefeito Municipal: Antônio Brandão

Secretaria Municipal de Educação: Rua Presidente Kenedy, n.º 20, Centro

– CEP. 35460.000, Minas Gerais

Secretária Municipal de Educação: Neide Alves de Lima.

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2 CARACTERÍSTICAS GERAIS

2.1 Localização

Área: 639,43 km2

Altitude média: 1.571 metros

Localização Geográfica: O município de Brumadinho faz parte da

Região Metropolitana de Belo Horizonte. O limite administrativo do

município de Brumadinho é cercado pelos municípios de Mário Campos,

Sarzedo, Ibirité, Moeda, Belo Vale, Itabirito, Belo Horizonte, Nova

Lima, Itatiaiuçu, Rio Manso, São Joaquim de Bicas e Igarapé. O acesso

a outros municípios é realizado através da Rodovia MG 040 que liga o

Município a Mário Campos, Sarzedo, Ibirité, Belo Horizonte e Bonfim e

a várias estradas municipais vizinhas. A BR 381 margeia o município, na

divisa com Rio Manso e Itatiaiuçu.

Coordenadas Geográficas:

Latitude: 20° 08’ 37’’ SUL

Longitude: 44° 12’ 00’’ OESTE

Figura 2: Brumadinho

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente

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2.2 Regiões fisiográficas1

2.2.1 – Hidrografia

O município de Brumadinho está localizado na bacia hidrográfica do Rio

Paraopeba, na região de seu médio curso. Por sua vez, o Rio Paraopeba está

situado na margem direita do rio São Francisco, sendo um de seus principais

tributários no estado de Minas Gerais.

Figura 3: Município de Brumadinho, bacia hidrográfica do Rio Paraopeba e bacia do Rio São

Francisco.

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente

1 Texto informado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Brumadinho.

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A rede hidrográfica do município de Brumadinho é muito diversa.

Integralmente em seu território encontram-se importantes bacias para o Rio

Paraopeba, como o Ribeirão Piedade, o Ribeirão Casa Branca e o Ribeirão

Marinhos. Insere-se parcialmente nas bacias hidrográficas do Ribeirão Águas

Claras e do Rio Manso.

A bacia hidrográfica do rio Manso é salutar para a RMBH, por conter o

manancial que abastece cerca de 28% da população da referida região: o

reservatório do Sistema Rio Manso da COPASA.

Além das bacias citadas, há também afluentes de margem direita e

esquerda do Rio Paraopeba, e o próprio Rio Paraopeba.

A Figura abaixo mostra a divisão de algumas das principais bacias

hidrográficas do município de Brumadinho.

Figura 4: Sub-bacias hidrográficas presentes no município de Brumadinho.

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

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2.2.2 Geomorfologia

Brumadinho se insere em uma área que integra o denominado

Quadrilátero Ferrífero, com geomorfologia diferenciada.

A geomorfologia é a ciência que estuda as formas da terra, por meio da

identificação, descrição e análise de tais formas. O perfil geomorfológico do

município de Brumadinho consiste dos seguintes grupos: Platô Sinclinal Moeda

(localizado na borda leste do Município, abrangendo as serras da Moeda,

Serrinha e Calçada), Crista Homoclinal da Serra do Curral (na porção extrema

norte do município, abrangendo as Serras do Rola-Moça e Três Irmãos,

estendendo-se até o fecho do Funil), Crista das Serras das Farofas e Azul

(abrangendo a região da margem esquerda do Rio Paraopeba, nas regiões de Pau

de Vinho, Souza Noschese e Conquistinha) e Depressão Marginal do Vale do Rio

Paraopeba (abrangendo a maior porção do território municipal, nas regiões de

menores altitudes.

O mapa a seguir ilustra os compartimentos geomorfológicos do município

de Brumadinho, com critérios apenas geológicos, e por isso um pouco diferente

da compartimentação que será apresentada em item a seguir.

Figura 5: Geomorfologia no município de Brumadinho.

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Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

O território do Município também foi dividido em Compartimentos

Geomorfológicos, a partir de traços comuns (principalmente energia do relevo

(declividade), bacias hidrográficas e uso e ocupação do solo). São eles:

Figura 6: Mapa dos Compartimentos Geomorfológicos do Município de Brumadinho

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Serras: compreende os flancos norte-sul e leste-oeste do

Quadrilátero Ferrífero, próximo ao limite municipal. Apresenta relevo

muito acidentado, com altitudes variando de 850m a 1500m, sobre

rochas do Grupo Minas Pré-cambriano Médio. Apresentam

declividades acima de 30% e ocorrem paredões abruptos próximos a

90º. De norte-sul, compreendem as Serras do Rola-Moça e da Moeda;

de leste-oeste compreendem as Serras dos Três Irmãos, das Farofas

e Azul.

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Paraopeba: é o compartimento atravessado pelo Rio Paraopeba,

adentrando o Município, próximo a Moeda, ao sul do território. Drena

o município em curso SE-NW. O Rio Paraopeba separa o

compartimento em duas divisões: leste (entre o compartimento

serrano e o Rio Paraopeba, com heranças do primeiro (mineração) e

oeste (alcançado pela ponte na sede urbana de Brumadinho em relevo

semelhante ao Paraopeba Leste, porém mais influenciado pelo relevo

de Mar de Morros).

Rio Manso: delimitado pela bacia hidrográfica do Rio Manso, com bom

estado de preservação e baixa ocupação. Corresponde à APE do

Sistema Rio Manso, sujeita a restrições legais de uso e ocupação.

2.2.3 Geologia e Geotécnica

A geologia corresponde ao estudo da composição, das propriedades

físicas e dos processos de formação da terra. A geotécnica, por sua vez, é

ciência aplicada na previsão do comportamento da Terra.

Em Brumadinho, a maior porção do território municipal está

compreendida no grupo geológico Granito-Gnáissico (onde predominam solos

argilo-arenosos). A imagem a seguir ilustra melhor essa condição:

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Figura 7: Geologia e Geotécnica no município de Brumadinho.

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Excetuam-se dessa formação apenas as bordas norte e leste, que se

inserem em grupos geológicos de formação ferrífera, incluindo a região do

Sinclinal Serra da Moeda (onde se observam grupos de formação Moeda, Cauê e

Nova Lima) e porções da bacia do Rio Manso, região da Conquistinha, onde se

observam formações do grupo Nova Lima.

Os solos pertencentes ao Complexo Granito Gnáissico apresentam, como

características gerais, solos residuais imaturos silto-arenosos e maduros argilo-

arenosos, rocha sã e rocha alterada. Algumas características específicas estão

citadas no quadro a seguir:

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Figura 8: Algumas características do Complexo Granito-Gnáisso

Característica Complexo Granito-Gnáissico

Solos imaturos Solos maduros

Coesão Baixa Média

Erodibilidade Alta Média

Permeabilidade Baixa a média

Principais estruturas Brandamento Gnáissico (solos imaturos podem preservar

essa estrutura)

Escoamento Superficial Rápido a moderado

Escavação, perfuração e

compactação

Variável, depende do grau de intemperismo

Adequabilidade para sistemas

sépticos e disposição de resíduos

sólidos

Satisfatória nos solos maduros e espessos

Estabilidade para fundações Em geral boa

Estabilidade de taludes Pobre a boa

Processos Geodinâmicos comuns Escorregamento (circular), erosão, inundações,

assoreamento

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

2.2.4 Pedologia

A caracterização pedológica de Brumadinho aponta para os seguintes

tipos de solo: litossolos no compartimento serrano, solos lateríticos e

cambissolos na região de mar de morros, solos aluviais e hidromórficos nas

planícies e várzeas de inundação.

Na região da bacia do Rio Manso, segundo o Mapa Pedológico da Bacia

Hidrográfica do Rio Manso, nas áreas de menor declividade situadas à margem do

braço esquerdo da represa, predominam solos do tipo latossolo vermelho-escuro

álico. Nas áreas de maiores altitudes, quase no encontro com a faixa

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correspondente a um segmento do Quadrilátero Ferrífero (onde os solos são do

tipo latossolo ferrífero distrófico), predominam os cambissolos ferríferos

distróficos. Na borda do braço esquerdo da represa, até o limite com a bacia do

Ribeirão Águas Claras, os solos são do tipo latossolo vermelho-amarelo álico.

Na borda que se limita com o município de Bonfim, e em parte da região

da margem esquerda do Rio Paraopeba, inclusive onde está localizada a sede

urbana municipal, encontram-se solos do tipo latossolos. Este tipo de solo está

presente também na região do alto da bacia do Ribeirão Casa Branca; e do divisor

de águas entre as bacias do Ribeirão Piedade e Ribeirão dos Marinhos. Na maior

parte da porção leste de Brumadinho, até o Rio Paraopeba, pela margem direita,

há predomínio de argissolos vermelho-amarelos.

Os latossolos são antigos, possuem perfis profundos e bem drenados, com

horizontes A, B e C pouco diferenciados. No horizonte B, há concentrações de

óxidos de ferro e alumínio, argilas pouco ativas e totalmente floculadas, e virtual

ausência de minérios facilmente intemperizáveis. Geralmente possuem boas

características físicas e baixa fertilidade natural.

2.2.5 Hidrogeologia

Os sistemas aquíferos do município de Brumadinho se distribuem na

seguinte proporção: granular (3,94%); fraturado/granular em itabiritos (3%);

fraturado / granular em quartzitos (0,01%); fraturado cárstico (0,43%);

fraturado em xistos / metapelitos (17,51%); fraturado em quartzitos (3,11%);

fraturado granito-gnáissico (72%).

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2.2.6 Climatologia

O município de Brumadinho está localizado numa zona de influência do

Clima Cwa - Tropical de Altitude, com chuvas de verão, verões quentes e invernos

secos, e do clima Cwb – Subtropical de Altitude, com temperaturas moderadas e

verões chuvosos. O gráfico abaixo ilustra essa tendência, evidenciando as

maiores precipitações de novembro a março, e os menores registros de junho a

agosto.

Para caracterização do clima, serão apresentados a seguir dados obtidos

de fontes secundárias recentes.

Gráfico 1: Precipitações acumuladas mensais no município de Brumadinho (Média Histórica 1961-

1990)

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Outro aspecto importante com relação à análise climatológica diz

respeito à umidade do ar, também mais acentuada no verão. Os invernos são mais

secos, predispondo a ocorrência de queimadas e problemas respiratórios, além de

aumentar o consumo de água nas residências. O comportamento da umidade do ar

em Brumadinho está ilustrado no gráfico abaixo.

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Gráfico 2: Distribuição da umidade do ar no município de Brumadinho ao longo do ano.

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Com respeito à temperatura, por estar sob o domínio do Clima Tropical de

Altitude, existe uma perceptível variação entre as estações do ano. Nos meses

de junho a agosto, mais frios, a temperatura mínima fica situada entre 11,4ºC e

11,7ºC. No mês de janeiro, mais quente, as temperaturas máximas chegam a

28,5ºC. A variação é de 17,1ºC.

Gráfico 3: Temperaturas máximas, médias e mínimas mensais do município de Brumadinho.

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

A evaporação anual comporta-se em proporção inversa à umidade relativa

do ar, sendo mais acentuada nos meses de menor umidade. Os meses de

0

5

10

15

20

25

30

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Temperaturas (oC) - Brumadinho

Máxima Média Comparada Mínima

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setembro e outubro, em face à baixa umidade e temperaturas mais elevadas, se

destacam pelo volume de água evaporado. Os meses de abril e maio são os de

menor evaporação no município de Brumadinho.

Gráfico 4: Evaporação mensal no município de Brumadinho.

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

A direção e a velocidade dos ventos são fatores determinantes no

movimento das massas de ar e das nuvens, sendo relevantes para o clima e o

regime hidrológico de uma região. Na região de Brumadinho os ventos de

nordeste predominam no verão, e os ventos do quadrante sudeste e nordeste

prevalecem no inverno. A velocidade média anual dos ventos pode ser observada

na Figura abaixo.

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Gráfico 5: Velocidade média anual dos ventos no município de Brumadinho.

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

2.2.7 Topografia

O relevo predominante no município de Brumadinho está situado nas

faixas de 700 a 1100 metros de altitude. As menores altitudes estão localizadas

nas margens dos cursos de água. Na região da Serra da Moeda, no segmento do

Quadrilátero Ferrífero, são encontradas altitudes superiores a 1400 metros.

Com relação às classes de declividades, as faixas de maiores declividades

situam-se nas linhas de cumeadas em uma faixa norte-sul na porção leste do

território, e leste-oeste na porção norte. Assim como as menores altitudes, as

menores inclinações coincidem com as terras mais baixas e mais próximas do Rio

Paraopeba.

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Figura 9: Mapa de relevos do município de Brumadinho

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

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Figura 10: Mapa das classes de declividades do município de Brumadinho.

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

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2.2.7.1 Meio biótico

2.2.7.1.1 Vegetação e cobertura do solo

No que tange à vegetação, Brumadinho está situado em região de domínio

da Floresta Estacional Semidecidual, em transição para o Cerrado. A região em

que está situado é de domínio do bioma Mata Atlântica, estando todo o território

municipal sujeito às aplicações da Lei Federal nº 11.428/2006. As características

do ambiente transicional, aliadas ao uso e ocupação do solo, fazem do território

municipal um mosaico de feições.

As principais classes de uso do solo presentes no município de

Brumadinho são: agropastoril (correspondentes às áreas de agricultura e

pastagem, representam o maior percentual do território do município); capoeira

(vegetação de capoeira); floresta nativa (formações florestais nativas, com

destaque para a região do entorno do lago do Sistema Rio Manso); urbano

(adensamentos populacionais); cerrado (vegetação característica do bioma

cerrado); campo natural; mineração (áreas ocupadas por atividades extrativistas

de minério de ferro e outros, predominantes nas faixas do Quadrilátero

Ferrífero); campo rupestre; reflorestamento (áreas cultivadas com eucalipto,

principalmente); afloramento rochoso (rocha exposta por afloramento natural);

represa do Rio Manso (reservatório da COPASA).

O uso do solo em Brumadinho é orientado pelo Plano Diretor Municipal e

também é influenciado por leis e restrições que se aplicam às unidades de

conservação existentes no município, quais sejam: Área de Proteção Especial –

APE do Sistema Rio Manso; Área de Proteção Ambiental APA Sul – RMBH; APA

Inhotim; APE Catarina; Parque Estadual Serra do Rola-Moça, Monumento Natural

Serra da Moeda, Monumento Natural Serra do Rola-Moça e Reservas

Particulares do Patrimônio Natural – RPPN.

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Figura 11: Mapa de cobertura vegetal e uso do solo no município de Brumadinho.

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

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25

2.7.1.1.2 Fauna

Em decorrência da diversidade de feições da vegetação, bem como da

existência de territórios protegidos, embora o município de Brumadinho esteja

numa área de considerável pressão antrópica, a fauna de ocorrência no município

pode ser considerada significativa pela diversidade.

Com relação à herpetofauna, no município de Brumadinho existem

catalogadas várias espécies de anfíbios, como perereca, pererequinha-do-brejo,

pererequinha, perereca-cabrinha, perereca-de-banheiro, sapo martelo, rã-

cachorro e rã-manteiga. A família Hylidae é a mais representativa. Também são

encontradas oito espécies de répteis, distribuídas nas famílias Colubridae,

Viperidae, Leiosauridae, Teiidae e Tropiduridae. Algumas espécies de serpentes

merecem ser citadas, como jararaquinha-de-jardim, caninana, jararaca e

cascavel.

Com relação à avifauna, é provável a ocorrência das espécies comuns às

regiões de bioma Mata Atlântica e Cerrado, como Inhambu, mergulhão-caçador,

Garça-branca, Socozinho, Urubu-comum, Urubu-de-cabeça-vermelha, Pé-

vermelho, Gavião-carijó, Gavião-de-cauda-curta, Gavião-de-rabo-branco, Gavião-

caboclo, Carrapateiro, Acauã, Jacu, Saracura-três-potes, Frango-d´água-comum,

Saracura-sanã, Seriema, Quero-quero, Pomba-amargosa, Juriti, Maitaca-

bronzeada, Periquito-de-encontro-amarelo, Tuim, Alma-de-gato, Papa-lagarta,

Anu-preto, João-corta-pau, Andorinhão-do-temporal, Beija-flor-tesoura, Beija-

flor, Besourinho-verde, Beija-flor-de-orelha-violeta, Beija-flor-verde, Beija-

flor-preto-e-branco, Besourinho-da-mata, Beija-flor-preto, Martim-pescador-

grande, Bico-de-agulha, Cuitelão, João-bobo, Macuru, Tucanuçu, Pica-pau-do-

campo, Pica-pau-anão-barrado, Pica-pauzinho-de-testa-pintada, Pica-pauzinho-

anão, Pica-pau-dourado, Macuquinho, Choquinha-lisa, Chorozinho-de-chapéu-

preto, Chorozinho-de-asa-vermelha, Choquinha-de-dorso-vermelho, Trovoada,

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Choquinha-carijó, Trovoada-de-bertoni, Borralhara, Papa-formigas-vermelho,

Papa-taoca-do-sul, Choró-boi, Choca-de-chapéu-vermelho, Choca-da-mata,

Choquinha, João-de-barro, João-teneném, Zu-cli, Petrim, Curitié, João-graveto,

Bico-virado-carijó, João-porca, Limpa-folha-de-testa-baia, Barranqueiro-de-

olho-branco, Arapaçu-verde, Arapaçu-grande, Risadinha, Cabeçudo, Ferreirinho-

de-cara-canela, Teque-teque, Relógio, Maria-é-dia, Bico-chato-de-orelha-preta,

Miudinho, Guaracava-de-olheiras, Tachuri-campainha, Sebinho-de-olho-de-ouro,

Marianinha-amarela, Patinho, Piolhinho, Filipe, Enferrujadinho, Guaracavuçu,

Abre-asas-de-cabeça-cinza, Bagaceiro, Viuvinha, Lavadeira-mascarada, Caneleiro,

Maria-cavaleira, Irrê, Maria-cavaleira-de-rabo-enferrujado, Bem-te-vizinho,

Nei-nei, Bem-te-vi, Maria-preta, Bem-te-vi-rajado, Peiteca, Suiriri, Bem-te-vi-

pirata, Maria-branca, Caneleiro-preto, Caneleiro-verde, Tangará-dançador,

Flautim, Soldadinho, Tangarazinho, Pavó, Andorinha-do-campo, Andorinha-do-rio,

Andorinha-pequena-de-casa, Garrincha, Japacanim, Sabiá-do-barranco, Sabiá-

laranjeira, Sabiá-poca, Sabiá-de-coleira, Sabiá-do-campo, Pitiguari, Verdinho-

coroado, Juruviara, Pula-pula-de-barriga-branca, Pula-pula, Pia-cobra, Canário-

do-mato, Cambacica, Saí-azul, Vi-vi, Saí-andorinha, Canário-sapé, Saíra-da-mata,

Saíra-amarela, Sanhaço-do-coqueiro, Sanhaço, Tiê-de-topete, Tiê-preto, Bico-

de-veludo, Douradinha, Galinho-da-serra, Tiziu, Tico-tico e baiano.

Com relação à mastofauna, na AII, segundo a Nicho Engenheiros

Consultores, foram encontradas cerca de 30 espécies de mamíferos, distribuídas

em setes ordens – Artiodactyla, Carnivora, Cingulata, Didelphimorphia,

Lagomorpha, Primates e Rodentia. As espécies encontradas, por seus nomes

populares, são: Veado, Cachorro-do-mato, Lobo-guará, Jaguatirica, Sussuarana,

Jaguaroundi, Furão, Irara, Mão-pelada, Quati, Tatu, Tatuí, Tatu-galinha, Tatu-

peba, Gambá-de-orelha-branca, Cuíca, Tapeti, Mico-estrela, Guigó, Sauá, , Rato-

d`água, Rato-do-mato, Rato-de-árvore, Paca, Capivara, Ouriço-cacheiro e esquilo.

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A ordem Rodentia é a mais rica da AID, seguida de Carnívora. Ambas

representaram juntas 63% das espécies encontradas.

3 ABASTECIMENTO DE ÁGUA SISTEMA RIO MANSO

Área de Proteção da Bacia: 67.000 ha.

Área sob responsabilidade da Copasa: 9.000 ha.

Área inundada: 1.080 ha.

Área abastecida: Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Localização: municípios de Brumadinho, Rio Manso, Itatiaiuçu, Bonfim e

Crucilândia.

Principais contribuintes da barragem: Rios Manso e Veloso e os córregos

Souza, Provisório, Grande, Lamas, do Cruzeiro, das Pedras, Taboca, da Pinguela,

Areias e Queias.

Vegetação característica: cerrado, com variações da Mata de Galeria,

Cerradão, Campo Sujo, Campo Limpo e mata estacional semidecidual. Presença de

espécies da flora típica do cerrado, tais como: aroeira, braúna, aroeira-branca,

Pau-d’óleo, peroba-rosa, jacarandá, araticum, cedro e canafístula.

Fauna característica: fauna adaptada ao ambiente típico do cerrado,

formado por capoeiras esparsas e com disponibilidade alimentar mais escassa na

época das secas. Ocupa principalmente as áreas de mata ciliar que oferecem

maior disponibilidade de alimento e proteção. São típicos da área exemplares de:

marreca, caracará, anu, capivara, raposinha-do-campo. Alguns animais estão

inclusos na “Lista das espécies ameaçadas de extinção da fauna de Minas Gerais”,

tais como: lobo-guará, macaco sauá, jaguatirica, gato-pintado, onça-parda, lontra

e tamanduá-bandeira.

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Tabela 1: Estação de Tratamento de Esgoto ETE de Brumadinho

Atualizada em: 22/07/2013

Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) em Brumadinho

Unidades em operação:

Unidade Operacional Ete Mirante

Endereço Condomínio Retiro das

Pedras - Setor Norte -

Sub-bacia 1 e 2

Município Brumadinho

Tratamento Secundário

Processo Fossa Séptica - Filtro

Anaeróbio

Capacidade (L/s) 4,34

Corpo Receptor Córrego do Mirante

Bacia Rio Paraopeba

Média Vazão

(L/s) Jan/Jun/2013

3,09

Unidade Operacional Ete Ecológica

Endereço Condomínio Retiro das

Pedras - Setor Sul -

Sub-bacia 3

Município Brumadinho

Tratamento Secundário

Processo Fossa Séptica - Filtro

Anaeróbio

Capacidade (L/s) 6,04

Corpo Receptor Ribeirão Retiro das

Pedras

Bacia Rio Paraopeba

Média Vazão

(L/s) Jan/Jun/2013

3,96

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente

A COPASA - Companhia de Saneamento de Minas Gerais, com sede em

Belo Horizonte, MG, possui uma estação de tratamento de água localizada no

município de Brumadinho-MG. A captação de água deste sistema é no lago

originário da bacia do Rio Manso. A produção média de água tratada é de

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3,80m3/s. A estação de tratamento de água é do tipo convencional e produz 50m3

de lodo por dia.

A COPASA é responsável pelo abastecimento de água em Brumadinho. A

Prefeitura é responsável pelo sistema de esgoto. A coleta de lixo é feita por

funcionários da Prefeitura.

As estações de tratamento de água (ETA) vêm buscando soluções de

reciclagem para os resíduos gerados no processo de tratamento de água. Esses

resíduos são denominados de lodo ETA. Atualmente, as soluções são a deposição

em aterros sanitários ou simplesmente lançá-los na rede de esgoto. Um setor que

apresenta um enorme potencial para contribuir na solução de problemas

ambientais originários nos mais diversos processos industriais é o da cerâmica

vermelha.

As intervenções de abastecimento de água e esgotamento sanitário

contribuem significativamente com a redução da morbidade por doenças de

veiculação hídrica, com redução mediana percentual de 29% para ascaridíase; 4%

ancilostomíase; 77% esquistossomose; etc. (COPASA, 2010).

A Copasa é o titular dos serviços de abastecimento de água na maioria

das localidades e executa o serviço em todo o município (exceto na sede urbana,

inclusive as localidades de Soares, Pires, José Henriques e Cachoeira).

O sistema de abastecimento de água da sede urbana de Brumadinho é

administrado pela COPASA - Companhia de Saneamento de Minas Gerais, desde

18 de agosto de 1.975, quando foi assinado o primeiro termo de concessão do

serviço de água.

Em todos os povoados e localidades rurais, o abastecimento público

utiliza águas subterrâneas, captadas de surgências (nascentes ou olhos de água),

poços rasos (até 20 m de profundidade) ou poços profundos (a partir de 20 m de

profundidades).

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Tabela 7: Alguns mananciais utilizados para abastecimento público em Brumadinho.

Bacia Localidade Tipo Latitude Longitude Profund

idade

(m)

Vazão

(m3/h)

Ribeirão

Aranha

Aranhas 1 P 20o12'44,8" 44o06'04,2" 54 6

2 P 20o40'01,0" 44o06'04,3" 85 6,8

3 P 20o12'10,76" 44o05'39,40" 100 4

4 R 20o12'13,10" 44o05'34,89" 18 4

Melo Franco P 20o11'40,22 44o07'20,9" 60 5

Córrego de

Almas

P 20o12'28,9 44o03'0,4" 31 7,86

Estiva P 20o13'1,37" 44o1'25,93" 22 4

Leito do

Rio

Paraopeb

a - MD

Casinhas 1 R 20o18'29,6" 44o05'52,8" 18 4

2 R 20o18'30,7" 44o04'17,5" 18 18

Gomes P 20o18'24,6 44o03'50,3" 100 3,5

Pq. da Cachoeira P 20o09'14,55" 44o09'18,40" 65 3,85

Parque do Lago P 20o08'43,7" 44o09'13,5" 60 4,2

Maçangano P 20o18'08,9" 44o05'07,4" 95 9,5

São José do

Paraopeba

1 P 20o16'01,7" 44o06'33,1" 100 4,658

2 P 20o15'47,0" 44o06'52,6" 85 5,2

Córrego Fundo P. 20o08'0,64" 44o10'18,49" 95 22,6

Rib.

Casa

Branca

Casa Branca 1 P 20o05'49,28" 44o02'37,94 60 3,2

2 S 20o5'15,15" 44o21'51,82" - NI

Canta Galo P 20º09’8,1” 44º07’36,5” 100 6,09

Rib.

Marinhos

Suzana S 20o14'27,63" 43o21'51,82" - NI

Coronel Eurico P 20o13'45,01" 44o05'52,8" 44 13

Ribeirão

Piedade

Marques P 20o11'17,34" 44o3'18,74" 47 3,8

Quintilhiano P 20o11'5,73" 44o1'38,72" 58 4,65

Piedade do

Paraopeba

1 P 20o9'57,75" 44o1'13,95" 68 6

2 P 20o91'54,75" 44o1'13,95" 56 5,2

Gorduras P 20º13’21,06” 43º59’59,0” 65 8

Paulo Preto P 20º11’05,6” 44º02’16,55” 60 5,28

Carneiros S 20o13'15,17" 43o59'16,90" - NI

Córrego Ferreira S 20o11'03,21" 43o59'05,81" - NI

Rio

Manso

Mato Dentro P 20o12'36,99" 44o14'20,91" 41 3,5

R= Raso; P= Profundo; S= Surgência (nascente); NI= Não Informado

Fonte: Secretaria Municipal de Obras

Com relação aos mananciais subterrâneos, em todo o território de

Brumadinho, assim como nas porções do Alto e Médio Paraopeba, não existem

restrições de uso das águas subterrâneas, que são consideradas favoráveis para

a irrigação e o abastecimento público. Ressalta-se, contudo, a necessidade de

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conhecer as condições de qualidade de águas desses mananciais, ou mesmo as

características de restrição de uso em escala compatível com o planejamento

local.

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Figura 12: Restrições ao uso, decorrentes das características de salinidade, dureza e adsorção de sódio.

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente

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Em 2007, O município de Brumadinho delegou ao Estado de Minas Gerais,

por período mínimo de 30 anos, a competência de organização dos serviços

públicos municipais de abastecimento de água e de esgotamento sanitário dos

distritos da Sede, de Aranha, de Conceição de Itaguá, de Piedade do Paraopeba,

com prioridade para as localidades de Tejuco, Pires, Casa Branca, Jangada,

Córrego do Feijão, José Henriques, Melo Franco, Palhano, Coronel Eurico,

Marinhos, Parque da Cachoeira, Parque do Lago e Alberto Flores (Lei Municipal no.

1640/2007, Art. 1º.).

Segundo o Art. 5º. Da Lei 1640/07, os referidos serviços públicos devem

abranger parcial ou integralmente as atividades, infraestruturas e instalações

de:

Captação, adução e tratamento de água bruta;

Adução, reservação e distribuição de água tratada;

Coleta, transporte, tratamento e disposição final de esgotos

sanitários.

O Art. 6º. da referida Lei condicionava a organização e a prestação dos

serviços de água e esgoto à adesão de 70% da população da localidade. No

entanto, esse artigo foi revogado por força da Lei Municipal nº 1.787, de 26 de

fevereiro de 2010, tornando inaplicável a exigência deste percentual de adesão.

No convênio celebrado entre a Prefeitura e a COPASA, em 17 de junho

de 2008, está expresso que a COPASA atenderá as localidades de Aranha, Melo

Franco, Conceição de Itaguá, Palhano, Coronel Eurico, São José do Paraopeba,

Marinhos, Casa Branca, Córrego do Feijão e Tejuco. Segundo a Secretaria

Municipal de Obras de Brumadinho, a prioridade de transferência do serviço são

os povoados de Tejuco, Aranha e Casa Branca.

Este convênio, válido por 62 meses, tem como objeto a conjugação de

esforços dos convenentes para execução, pelo município, das obras e serviços de

implantação dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário da

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sede e das localidades citadas, de acordo com o orçamento e o plano de trabalho

integrantes do convênio.

Para tanto, a COPASA transferiria mensalmente ao município valores

correspondentes à execução medida no mês, no limite de R$ 27.524.023,00

(vinte e sete mil, quinhentos e vinte e quatro mil e vinte e três reais).

Segundo a COPASA, em julho de 2009, o índice de atendimento de

abastecimento de água na sede urbana de Brumadinho era de 99,36%. Também,

pela COPASA, em outubro de 2010, o índice de atendimento de água na sede

urbana de Brumadinho era de 99,5%. O número total de ligações era 7.025,

tendo sido 6.305 residenciais, 336 comerciais, 38 industriais, 131 públicos e 215

mistos.

Segundo a Secretaria Municipal de Obras de Brumadinho, apesar de a

COPASA ter assumido a concessão de outras localidades em 2008, além da sede

municipal, efetivamente, a transferência do serviço ainda não aconteceu e a

COPASA está presente no distrito sede, Soares e José Henriques, Cachoeira de

Santa Cruz e Pires, entendidos pela empresa como integrantes da Sede

Municipal.

Para a caracterização da oferta e déficit dos serviços de saneamento,

neste capítulo, foram utilizados dados do Programa Saúde da Família – PSF. As

condições que levaram à escolha da adoção desses dados foram: o nível de

detalhamento por localidade, a coerência com a realidade atual e a abrangência

de cobertura a todo o município. As informações dizem respeito ao mês de

outubro de 2010, e foram extraídas do Sistema de Informações de Atenção

Básica – SIAB, da Secretaria Municipal de Saúde.

O PSF utiliza como unidade territorial as chamadas microáreas. Em

Brumadinho, existem 13 PSF, e cada um tem de 5 a 7 microáreas, definidas pelo

número de famílias que fica, sob a responsabilidade de cada Agente Comunitária

de Saúde - ACS, bem como pela localização (proximidade e acessos).

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Tendo em vista que o Plano Municipal de Saneamento Básico utiliza como

unidade territorial as bacias hidrográficas, buscou-se enquadrar as microáreas

dos PSF nas 13 bacias trabalhadas no Plano. No entanto, esse enquadramento não

possui exatidão, pois há casos em que a mesma microárea está em mais de uma

bacia. Nesses casos, a microárea foi enquadrada na bacia hidrográfica

predominante.

Cabe destacar que essa divisão permite uma aproximação com a realidade

das sub-bacias; contudo, é necessário aprofundar seu detalhamento, de modo que

as localidades sejam exatamente encaixadas na respectiva bacia hidrográfica.

Outro alerta é que, numa mesma bacia, há diversas localidades com densidades

populacionais distintas, que levam as diferenças no tipo e cobertura dos serviços

de saneamento básico.

Para complementar e permitir uma visão mais aproximada com a

realidade, no capítulo seguinte, mesmo agrupados por sub-bacia, serão

apresentadas informações acerca dos serviços de saneamento básico por

localidade.

Tabela 2: Agrupamento de microáreas do PSF nas bacias trabalhadas

Bacia Hidrográfica PSF (microárea)

Rio Paraopeba - Margem

Direita

Marinhos (2, 4); Planalto (7); Tejuco (4,5)

Rio Paraopeba - Margem

Esquerda

Planalto (2, 3, 4); Centro (1, 2, 3, 4, 5); Santa Efigênia (4, 5, 6); Jota

(1, 2, 3, 5, 6)

Ribeirão Águas Claras Jota (4); Santa Efigênia (1, 2, 3); Planalto (1, 5); Grajaú (1, 2, 3, 4, 5,

6); Progresso (3, 5, 6)

Ribeirão Aranha Aranha (1, 2, 4); Piedade do Paraopeba (5)

Ribeirão Casa Branca Casa Branca (1, 2, 3, 4, 6);

Ribeirão do Engenho Marinhos (1,3)

Ribeirão Esperança Em nenhuma microárea do PSF predominou esta sub-bacia

Ribeirão Ferro Carvão Casa Branca (5)

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Ribeirão Lava-Prata Planalto (6)

Ribeirão Marinhos Aranhas (3); Marinhos (5); Palhano (5,6,7)

Ribeirão Piedade Palhano (1, 2, 3, 4, 7); Piedade do Paraopeba (1,2, 3, 4)

Ribeirão Socominas Tejuco (1, 2, 3)

Rio Manso Progresso (1, 2, 4); Conceição de Itaguá (1,2, 3,4,5, 6),

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente

Segundo a Secretaria Municipal de Obras, o município de Brumadinho não

realiza cobrança de tarifa pela prestação dos serviços. Os gastos anuais com os

sistemas municipais de abastecimento, incluindo energia elétrica, manutenção e

pessoal, chegam a aproximadamente R$ 800.000,00/ano (oitocentos mil reais por

ano).

Considerando os dados do SIAB, levantados pelas equipes de PSF, a

situação de abastecimento e tratamento da água nos domicílios, por bacia

hidrográfica, pode ser observada na Tabela 2.21. Por ela, observa-se que o

número de domicílios servido por água da rede pública (COPASA ou Prefeitura) é

expressivo no total de domicílios pesquisados. Na região atendida pelo PSF Santa

Efigênia, não há déficit de abastecimento de água potável.

Quanto ao acesso, acredita-se que mesmo os domicílios não servidos pela

rede pública, em sua grande maioria, possuem água encanada.

Quanto à qualidade dos mananciais, atendimento dos padrões de

potabilidade, e qualidade da prestação de serviços, existe um monitoramento

realizado mensalmente pela Secretaria Municipal de Obras. São monitorados, os

parâmetros: pH, turbidez, cor, cloro livre e coliformes totais. No último

relatório, de outubro de 2010, 10 pontos foram monitorados com coletas

semanais, e 12 pontos foram amostrados com periodicidade mensal. As amostras

são analisadas em laboratório credenciado na Fundação Estadual do Meio

Ambiente – FEAM. Houve violação do parâmetro de turbidez e cor na amostra

coletada em Carneiros, na ponta da rede distribuidora; do parâmetro cor na

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amostra coletada em Chácara, na ponta da rede distribuidora; do parâmetro cor

na amostra coletada em Tejuco (praça da matriz); do parâmetro cor em Palhano,

na ponta da rede distribuidora da água proveniente do poço do Jadir.

A cor da água é originada de forma natural, a partir da decomposição da

matéria orgânica, principalmente dos vegetais, além do ferro e manganês. A cor

também pode ter origem antropogênica, como o despejo de resíduos industriais e

esgotos domésticos. Apesar de ser pouco frequente a relação entre cor

acentuada e risco sanitário nas águas cloradas, a cloração da água contendo a

matéria orgânica dissolvida responsável pela cor pode gerar produtos

potencialmente cancerígenos, dentre eles, os trialometanos. Desse modo, é

preciso conhecer as causas da cor da água, e realizar intervenções para conter o

problema na fonte geradora.

A COPASA também realiza e divulga nas faturas dos serviços ao

consumidor, o monitoramento da qualidade de água quanto aos padrões de

potabilidade definidos pela Portaria 518/04 do Ministério da Saúde.

Também se realiza monitoramento do funcionamento dos cloradores da

água, instalados na saída dos reservatórios, antes de entrarem na rede

distribuidora. No último relatório, de outubro de 2010, todos os pontos sistemas

cloradores estavam funcionando normalmente.

Pelo Sistema de Informações de Vigilância da Água para Consumo Humano

– SISAGUA, verifica-se que o Município tem dificuldade de atender às

especificações da Portaria MS 518/04, que recomenda a análise

microbacteriológica e físico-química periodicamente de toda água utilizada pelo

consumo. A dificuldade reside no fato de que, em Brumadinho, são dezenas de

mananciais para serem monitorados, e a quota mensal de análises é de apenas 6

amostras.

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38

3.1 Esgotamento Sanitário

Somente no século XXI, o índice de atendimento da população com acesso

à rede de esgotamento sanitário no Brasil chegou a mais da metade da população.

As capitais brasileiras onde ocorreram jogos da Copa do Mundo de 2014 se

destacam entre as demais capitais. Belo Horizonte está na frente, com 97,4% de

esgotos recolhidos em 2008. Na RMBH como um todo, o déficit de rede de

esgotos em 2008 é de 12,32%, o menor entre as regiões metropolitanas de

capitais brasileiras.

Em Brumadinho, os serviços de esgotamento sanitário são realizados pela

Prefeitura, sob a coordenação da Secretaria Municipal de Obras. A COPASA

possui concessão para realizar o serviço nos mesmos distritos e povoados onde o

tem para a questão da água, quais sejam: Sede (extensivo a Pires, Soares, Parque

da Cachoeira, Parque do Lago, José Henriques e Cachoeira), Aranha, Conceição de

Itaguá, Piedade do Paraopeba, Tejuco, Casa Branca, Córrego do Feijão, Melo

Franco, Palhano, Coronel Eurico e Marinhos.

A rede pública de coleta de esgoto ainda não atende a toda a população.

Em relação à população total (incluindo urbana e rural), o índice de atendimento

estimado pela COPASA em 2010 é de 61%, sendo que a população atendida pelo

serviço se concentra na sede urbana.

De acordo com a COPASA, em Brumadinho, em julho de 2009, 87,58% da

população da sede urbana era atendida com a coleta de esgotos, portanto, com

déficit de 12,42% para sua universalização à população da sede. Nos bairros São

Judas Tadeu e Regina Célia, os despejos são lançados em fossas sépticas.

O sistema de coleta de esgotos da sede urbana de Brumadinho possui as

seguintes características, segundo levantamento da COPASA realizado em março

de 2008:

Extensão da rede coletora: 64.920 m

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Quantidade de poços de visita: 489 poços (200 já com previsão de

terem sido substituídos entre 2008 e 2010);

Tipo de tubulação da rede: manilha de barro vidrado, com diâmetro de

150 mm em sua maioria (cerca de 800 m possuem diâmetro de 100

mm);

Idade da rede: varia de 01 a 40 anos;

Estado de conservação: precário em cerca de 10 km, já com previsão

de terem sido substituídos entre 2008 e 2010.

Em outubro de 2010, segundo a COPASA, o número de ligações de

esgotos era 6.096, sendo 5.482 residenciais, 280 comerciais, 26 industriais, 109

públicas e 199 mistas.

Apesar de existir no município a rede coletora de esgotos, ainda não

existia tratamento, na região urbana da sede, embora o haja em alguns

aglomerados dos distritos de Casa Branca e Piedade do Paraopeba. Nas

localidades rurais, a população utiliza sistemas individuais, sobretudo fossas

rudimentares.

Para a implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário da sede urbana,

com esforços conjuntos entre o município e a COPASA, entre 2008 e 2010,

foram realizadas algumas intervenções: construção de 3.546,75 m de rede

coletora de esgotos em tubo PVC JE DN 150; e construção de 14.091,81 m de

interceptores.

Mesmo sem o tratamento dos efluentes, a COPASA já incorporou às

faturas dos serviços ao consumido, um acréscimo pela coleta de esgoto, na

proporção de 40% do consumo de água. Quando o tratamento estiver sendo

realizado, o incremento será de 60% no preço das tarifas. Essa situação deixa a

população insatisfeita, pois está sendo onerada, sem que haja um tratamento

desses esgotos.

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O tratamento de esgotos existente em Brumadinho possui as seguintes

características:

As duas únicas Estações de Tratamento de Esgotos - ETE de Brumadinho

operadas pela COPASA estão localizadas no Condomínio Retiro das Pedras, na

região de Casa Branca (ETE Mirante e ETE Ecológica). Há um contrato (contrato

no. 95.9408), entre a COPASA e o Condomínio Retiro das Pedras, para

implantação e exploração do SES por um período de 30 anos a partir de

02/03/1995 (o fim da concessão é em 02/03/2025). Estando em um condomínio

fechado, atendem apenas à população local, com tratamento primário e fossa

séptica seguida de filtro anaeróbico.

A ETE Mirante opera com vazão média de 2,38 l/s lançados no Córrego

Mirante, há mais de 15 anos; e a ETE Ecológica opera desde 2001 com vazão de

4,24 l/s lançados no ribeirão Retiro das Pedras. Juntas, atendem a 1.956 pessoas

(569 ligações). As ligações prediais são construídas em tubos de PVC e manilhas

cerâmicas DN 100 mm, dotadas de poços lunimares. A extensão da rede coletora

é 8.500 m, em tubos de PVC e manilhas cerâmicas DN 100 a 150 mm.

Em 2007, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

- SINIS, em consulta realizada em 2010, o volume de esgotos tratados nas duas

ETE do Condomínio Retiro das Pedras era de 85.510 m3/ano, isto é, em média,

234,27 m3/dia.

Em Piedade do Paraopeba existe uma ETE, recém-construída, em fase

inicial de operação2, projetada para atender a 1.500 pessoas. Atualmente são

atendias 170 residências (aproximadamente 760 pessoas). Esta ETE consiste em

um sistema natural, biológico, de digestão anaeróbica, que engloba o tratamento

primário e secundário, sem geração de lodo ou odor. O tratamento é feito em

quatro estágios: geração de colônia de bactérias; estabilização da colônia de

bactérias oriundas do tratamento primário; filtragem biológica e aeração;

2 A data de início da operação da ETE faz órbita sobre o dia 15 de outubro de 2010.

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retenção de bactérias oriundas da filtragem. A ETE trata efluentes domésticos

e águas pluviais. Os esgotos são direcionados à ETE pela mesma galeria pluvial. A

tecnologia utilizada atende às exigências do CONAMA e COPAM, com 95% a

100%, eficiência de remoção, de DBO5, DQO, Nitrogênio, Fósforo, Coliformes e

Sólidos suspensos.

Para caracterização do déficit (estimativa do volume de esgotos não

tratados) no município como um todo, considerar-se-á o percentual de 80% sobre

o consumo de água pela população urbana:

População atendida pelo abastecimento de água da COPASA: 22.141

habitantes

Consumo per capita de água (valor utilizado pela COPASA): 130

l/hab/dia

Total de consumo de água (número de habitantes x valor per capita):

2.878,33 m3/dia

Total de esgotos não tratados na área de concessão da COPASA

(2.878,33 m3/dia x 80%): 2.302,66 m3/dia.

Nas bacias onde está localizada a sede urbana, o número de domicílios

ligados à rede pública de coleta de esgotos sobressai significativamente em

relação ao número de domicílios que utilizam fossa. Nas bacias hidrográficas

onde predominam as comunidades rurais, sobressai a utilização de fossas. Na

bacia do ribeirão Socominas está o maior número de domicílios que lançam seus

esgotos a céu aberto.

Pelos dados existentes, não é possível caracterizar se ocorre lançamento

de esgotos sanitários na rede pluvial. Essa situação representa um problema

grave, sobretudo do ponto de vista ambiental, pois os efluentes serão

encaminhados sem tratamento aos cursos de água, além de prejudicar a rede de

drenagem e causar mau cheiro.

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42

3.2 Prevenção e controle das inundações urbanas

Brumadinho sofre recorrentemente com inundações urbanas, problema

que guarda relação direta com o manejo das águas pluviais, além de outras

interfaces com o uso e a ocupação do solo da bacia hidrográfica contribuinte. As

inundações de maior magnitude relatadas pela Defesa Civil de Brumadinho foram

as de 1955, a de 1997 e a de 2008. A contar dos prejuízos socioeconômicos, a

enchente de 1955 foi a de menor expressão, e a mais significativa foi a de 2008,

embora a de 1997 a tenha superado em termos de alcance do nível da água.

As enchentes do Alto São Francisco decorrem da conjugação de diversos

fatores, como: alto índice de urbanização; elevadas altitudes e alto índice

pluviométrico; existência de projetos inadequados que provocam estrangulamento

das secções dos rios; assoreamento. Há ainda fatores agravantes como a

obstrução de bueiros, bocas de lobo e outros dispositivos de microdrenagem;

dimensionamento inadequado de projetos; adensamento populacional; obras

inadequadas; interferências físicas; lençol freático alto; etc. Em Brumadinho, os

fatores agravantes, que repercutem na ocorrência de inundações urbanas são:

adensamento populacional e dimensionamento inadequado de projeto (Agência

Nacional de Águas, 2004).

No aspecto institucional e legal, o inciso XVIII do artigo 21 da

Constituição Federal de 1988 atribui à União a competência de planejar e

promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente

contra as secas e as inundações.

A prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem

natural, ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais também é um

dos objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos (art. 2º, inciso III, da

Lei n. 9.433, de 1997).

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O planejamento e diretrizes de combate a inundações baseiam-se em

duas vertentes: medidas não estruturais, isto é, sem intervenções de obras civis

(monitoramento de variáveis, hidrometeorológicas, montagem de sistemas de

alerta3, implantação de planos diretores de uso e ocupação do solo ao longo das

planícies de inundações, relocação populacional, leis reguladoras, programas

taxativos, penais e educativos para evitar a ocupação das áreas ribeirinhas, etc.)

e estruturais, isto é, com execução de obras civis (barramentos4, diques,

canalizações, pequenos reservatórios de detenção). É importante a verificação de

medidas não estruturais antes da adoção das estruturais, já que os investimentos

na adoção das segundas são muito superiores aos das primeiras.

Ocorrem inundações nas partes baixas próximas ao Rio Manso e Rio

Paraopeba, no Bairro Santo Antônio, e nos bairros COHAB e Progresso Mutirão.

Os maiores problemas estão na Av. Vigilato Braga, na Rua Aranha do Bairro Santa

Efigênia.

A Defesa Civil tem grande importância no controle das cheias, tendo

como objetivo geral a redução de desastres, por meio da diminuição de sua

ocorrência e intensidade, que envolve aspectos como a prevenção, preparação,

resposta e reconstrução.

Os períodos mais críticos de ocorrência de inundações são de outubro a

março. As áreas da sede urbana onde ocorrem estão destacadas na figura abaixo.

Notam-se as relações com os Rios Paraopeba, Manso e Águas Claras.

3 O Sistema de Alerta compreende a conjugação de uma rede telemétrica de monitoramento hidrometeorológico

em tempo real, de um modelo de previsão de cheias alimentado pela rede de monitoramento e uma série de

procedimentos a serem tomados quando da previsão de cheias por parte do sistema. Envolve articulação com a

Defesa Civil, tomando como base o zoneamento das áreas de inundação da região. 4 O controle de eventos de cheia por barramentos na calha do rio consiste na construção de um reservatório capaz

de amortecer determinado volume de água, deixando passar uma vazão menor para jusante. Barragens com essa

finalidade devem operar o mais vazio possível, com um volume de espera (volume disponível para alocar a

cheia) e pode ser feito em barragens de usos múltiplos.

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Figura 13: Áreas sujeitas a inundações urbanas em Brumadinho

Fonte: Brumadinho / Defesa Civil (2010/2011)

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As causas atribuídas e os respectivos locais de alcance das

inundações são:

Quadro 1: Causas, locais atingidos e consequências de inundações urbanas em Brumadinho.

Bairro Causa Ruas Magnitude

Bairro

Centro

Refluxo do Rio

Paraopeba

Praça da Bandeira; Avenida Vigilato

Rodrigues Braga

68 lojas

atingidas

B. Santo

Antônio

Transbordamento

do Rio Paraopeba

República da Argentina, República da

Venezuela, República do Peru, Rua

Chicona, Rua do Chile

99 residências

atingidas

Bairro São

Conrado

Transbordamento

dos Rios

Paraopeba e

Águas Claras

Rua Herotildes Reis, Rua Maria Emília

Andrade, Rua Carlos Nogueira (início),

Rua Presidente Vargas (entrada

principal do bairro), Rua Itaguá

37 residências

atingidas

Bairro

COHAB

Transbordamento

do Rio Manso e

refluxo do Rio

Paraopeba

Rua Maria Filomena de Souza, Avenida

Inhotim, Rua Antônio Moreira do

Carmo, Rua Belmiro da Silva Moreira,

Rua José da Silva Moreira

82 residências

atingidas

Bairro

Progresso

Transbordamento

do Rio Manso

Rua Rio Manso, Rua Camélia, Rua Luiz

Borges Parreiras. Há emanda de

monitoramento de talude de 15 m na

rua Henri Caram.

103 residências

em situação de

risco.

Bairro

José

Henriques

Transbordamento

do Rio Águas

Claras

Rua Henriques, Rua Passarela, Rua A,

Rua B

10 residências

atingidas

Conceição

de Itaguá

Transbordamento

do rio Manso

Distrito de Conceição de Itaguá 15 famílias

ribeirinhas

Pires Transbordamento

do Rio Paraopeba

Localidade de Pires 12 residências

atingidas

São José

do

Paraopeba

Transbordamento

do Rio Paraopeba

03 Residências construídas sobre

talude de 4 m de altura, 02 residências

em encostas. Ponte suspensa sobre o

rio.

05 residências

atingidas

Maçangano Transbordamento

do Rio Paraopeba

Requer monitoramento de barranco e

encostas

Não

especificado

Melo

Franco

Transbordamento

do Rio Paraopeba

Estabelecimento comercial “Rapa de

Angu”

01

estabelecimento

Casinhas Transbordamento

do Córrego local

Localidade de Casinhas 03 residências

atingidas

Cachoeira

de Santa

Cruz

Transbordamento

do Rio Águas

Claras

Localidade de Cachoeira de Santa Cruz 09 residências

atingidas

Fonte: Brumadinho / Defesa Civil, 2010/2011.

A Defesa Civil de Brumadinho realiza trabalho preventivo e

integrado com as Defesas Civis de municípios adjacentes. Na iminência de

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inundações, a população é alertada por meio de um “alto-falante” localizado

na Praça da Bandeira.

3.3 Saneamento Básico

É importante ressaltar as condições de saneamento e serviços

correlatos do Município, que interferem nas condições de saúde da

população. Dados do Censo Demográfico de 2010 revelaram que o

fornecimento de energia elétrica estava presente praticamente em todos os

domicílios. A coleta de lixo atendia 95,9% dos domicílios. Quanto à

cobertura da rede de abastecimento de água o acesso estava em 76,4% dos

domicílios particulares permanentes e 65,2% das residências dispunham de

esgotamento sanitário adequado.

Gráfico 6: Domicílios com acesso à rede de abastecimento de água, coleta de lixo e ao

escoamento do banheiro ou sanitário adequado

Fonte: www.pne.mec.gov.br

A questão do saneamento básico no município de Brumadinho é

bastante complexa, tanto em virtude de seu modelo administrativo, quanto

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47

pela extensão territorial, pelas características hidrogeográficas, e pela

variedade das características dos núcleos populacionais.

Tal questão é também muito necessária, pela função salutar na

qualidade de vida humana e do meio ambiente, e pelo fato de o Município

abrigar empreendimentos significativos, como o Sistema Rio Manso

(abastece cerca de 30% da RMBH), e o Centro de Arte Contemporânea

Inhotim. Esse último, juntamente com outros pontos turísticos do Município,

tem colocado em evidência uma oportunidade iminente de desenvolvimento

pela via do turismo, o que requer uma satisfatória infraestrutura de

saneamento frente às demandas autóctones e alóctones pelo serviço.

Quanto ao Sistema Rio Manso, este não serve à população de Brumadinho,

contudo, sua nobre finalidade exige atenção especial à qualidade da água do

manancial.

Os serviços de saneamento básico no Município de Brumadinho são

administrados em parte de maneira direta, pela prefeitura municipal, com

competências compartilhadas entre as secretarias municipais de Obras

Públicas (drenagem pluvial, abastecimento de água e esgotamento sanitário),

Saúde (controle de vetores) e de Meio Ambiente (limpeza urbana e sistema

de resíduos sólidos); e em parte de maneira indireta, pela concessionária

COPASA. Também há localidades em que, devido a suas características de

ocupação, utilizam-se soluções individuais de abastecimento de água e

esgotamento sanitário; e condomínios que possuem sistemas coletivos

próprios, sem intervenção administrativa ou executiva da prefeitura de

Brumadinho.

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3.4 Tratamento do Lixo

A coleta convencional de resíduo domiciliar e comercial é executada

por empresa terceirizada contratada pela prefeitura e é realizada na sede,

nos distritos e condomínios, por meio de caminhões compactadores, e nas

comunidades rurais, realizada por caminhões de caçamba.

A população total atendida é de 92,13%. Não há coleta no período

noturno. Todas as etapas são custeadas pela administração pública direta,

incluindo o transporte ao aterro sanitário do município. Os dois condomínios

que fazem a coleta por conta própria são isentos da taxa de coleta de lixo.

O Município possui três rotas de coleta convencional de resíduos

domiciliares na sede urbana, sendo que, no centro, a coleta é realizada 2

vezes ao dia. Na área rural, é realizada 3 vezes por semana, e dois

condomínios a fazem com mão de obra e veículos próprios, e encaminham os

resíduos coletados ao aterro municipal.

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Figura 14: Diagrama da coleta de resíduos na área rural de Brumadinho

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Legenda complementar figura 14:

Córrego do

Feijão

1 Barreiro 11 Gomes 2

1

Águas Claras 31 Quintilhiano 41

Casa Branca 2 Samambaia 12 Massangano 2

2

Eixo

Quebrado

32 Marques 42

Piedade do

Paraopeba

3 Córrego de

Almas

13 Sapé 2

3

Aroucas 33 Condomínio Águas

Claras

43

Candeias 4 Aranhas 14 Colégio 2

4

Caju 34 Grota Tatu 44

Palhano 5 Melo Franco 15 Martins/Banan

al

2

5

Fazenda

Bahia

35 Córrego Ferreira 45

Braga 6 Toca 16 Ribeirão 2

6

Toca 36 Capota 46

Carneiros 7 São José 17 Coronel Eurico 2

7

Maricota 37 Alberto Flores 47

Campinho 8 Rodrigues 18 Lagoa 2

8

Almorreimas 38 Caixote 48

Suzana 9 Marinhos 19 Quintas do Rio

Manso

2

9

Pires 39 Cond. Retiro das

Pedras

49

Chácara 10 Casinhas 20 Mato Dentro 3

0

Guaribas 40 Cond. Retiro do

Chalé

50

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

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50

Tabela 3: Parâmetros para cálculo de programação de coleta convencional

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

O serviço de varrição das vias e logradouros públicos é executado,

de segunda a sábado, em todos os bairros da sede, por garis, na maioria,

mulheres. Na zona rural, o serviço é realizado por funcionários residentes

na localidade. De segunda a sexta-feira, de 05h00min a 14h00min.

Os resíduos sólidos dos serviços de saúde (RSSS) são coletados no

Município por um funcionário da Prefeirura e encaminhado para a empresa

responsável contratada em dar destinação final à coleta. A abrangência dos

pontos produtores de RSSS é monitorada pela administração pública

através da Secretaria de Meio Ambiente, Secretaria de Saúde e Vigilância

Sanitária.

O Município de Brumadinho possui Plano de Gerenciamento de

Resíduos de Saúde desde 2010. A coleta é realizada uma vez por semana em

todos os postos de saúde, clínicas, hospitais, consultórios e UPA (Unidade

de Pronto Atendimento). São armazenados em local apropriado e

posteriormente recolhidos por empresa responsável contratada. A empresa

possui regularização ambiental e emite mensalmente o Certificado de

Destruição Térmica e ou Destinação Final em aterro adequado.

A capina é realizada em duas modalidades: manual e química. A

capina manual é realizada pela Prefeitura Municipal, sem uma programação

padronizada. As equipes de manutenção de estradas executam os serviços

de capina e roçada nas localidades rurais.

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3.4.1 Aterro Sanitário

Brumadinho possui o único aterro sanitário da Região Metropolitana

de Belo Horizonte, exclusivo de município com menos de 50 mil habitantes.

Foi construído com recurso do Ministério das Cidades, Plano de Aceleração

do Crescimento, PAC-2, e iniciou suas atividades em janeiro de 2012. A

estrutura do aterro sanitário conta com portaria/balança, área

administrativa, maciço de lixo, unidade de compostagem de resíduos

orgânicos, área de transbordo para resíduos de construção civil, galpão

ecoponto e Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).

3.4.2 Associação de catadores de materiais recicláveis do Vale do

Paraopeba - ASCAVAP

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável (SEMA) é responsável pela coleta seletiva. Esta secretaria

disponibiliza o Departamento de Educação Ambiental para atuar, de forma

direta, no apoio à Associação de Catadores de Materiais Recicláveis do Vale

do Paraopeba (ASCAVAP) e difusão da importância da coleta seletiva.

Disponibiliza também 1 funcionário em período integral na ASCAVAP

ajudando nas questões administrativas, além da logística de coleta

(motorista, combustível, manutenção de veículo).

O Município de Brumadinho possui a coleta seletiva implantada

desde 1998, realizada pela (ASCAVAP). Atualmente, a coleta seletiva

continua sendo realizada pela associação, com subsídios da Prefeitura de

Brumadinho e do Programa Bolsa Reciclagem do Governo Estadual.

Normalmente a ASCAVAP coleta em torno de 6,17 t/dia, ou seja,

135,74 t/mês. No ano de 2013, foram recicladas e comercializadas 278,203

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toneladas, tendo como sobras da ASCAVAP, para o aterro, 24.000

toneladas, totalizando assim 518,203 toneladas de coleta seletiva.

O resíduo reciclável é coletado por catadores em caminhão do tipo

carroceria e o rejeito é coletado por empresa terceirizada em caminhões

compactadores. A coleta ocorre em função da densidade populacional. Sendo

assim, a região central da cidade recebe mais vezes os caminhões do que os

bairros. Os rejeitos são encaminhados para o aterro sanitário municipal e os

recicláveis são levados para o galpão de triagem da ASCAVAP, e

posteriormente comercializados.

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4 ASPECTO POPULACIONAL

4.1 Características gerais da população

Gráfico 9: Características da População

Fonte: www.pne.mec.gov.br

Gráfico 7: Evolução Populacional

Fonte: www.pne.mec.gov.br

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Gráfico 8: Pirâmide Etária

Fonte: www.pne.mec.gov.br

De acordo com o Censo Demográfico de 2010, a população do

Município era igual a 33.973 habitantes, com 84,31% das pessoas residentes

em área urbana e 15,69% em área rural.

A estrutura demográfica apresentou mudanças no Município. Entre

2000 e 2010 foi verificada ampliação da população idosa, que cresceu 4,77%

em média ao ano. Em 2000, este grupo representava 9,3% da população. Já

em 2010, detinha 11,5% do total da população municipal.

O segmento etário de 0 a 14 anos registrou crescimento positivo

entre 2000 e 2010, com média de 0,10% ao ano. Crianças e jovens detinham

27,9% do contingente populacional em 2000, o que correspondia a 7.414

habitantes. Em 2010, a participação deste grupo reduziu para 22,0% da

população, totalizando 7.489.

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Gráfico 9 População segundo faixa etária – 2000 e 2010

Fonte: www.pne.mec.gov.br

A população residente no Município, na faixa etária de 15 a 59 anos,

exibiu crescimento populacional (em média 3,03% ao ano), passando de

16.739 habitantes em 2000 para 22.563 em 2010. Em 2010, este grupo

representava 66,4% da população do Município. A população estimada para

2014, segundo IBGE era de 37.314 habitantes.

4.2 População por sexo, cor e faixa etária

Tabela 4 População Brumadinhense por cor

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56

Fonte: www.pne.mec.gov.br

Tabela 5: Informações sobre o Município

Fonte: www.pne.mec.gov.br

4.3 População economicamente ativa

Conforme dados do último Censo Demográfico, o Município, em

agosto de 2010, possuía 17.914 pessoas economicamente ativas, onde 16.726

estavam ocupadas, e 1.189, desocupadas. A taxa de participação ficou em

60,9% e a taxa de desocupação municipal foi de 6,6%.

A distribuição das pessoas ocupadas por posição na ocupação mostra que

47,8% tinha carteira assinada, 20,1% não tinha carteira assinada, 19,3%

atuam por conta própria e 1,3%, empregadores. Servidores públicos

representavam 7,1% do total ocupado e trabalhadores sem rendimentos e na

produção para o próprio consumo representavam 4,5% dos ocupados.

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5 ASPECTOS CULTURAIS5

5.1 Roteiro Cultural Brumadinhense

5.1.1 Igreja Nossa Senhora da Piedade

A Igreja de Nossa Senhora da Piedade, exemplar da arquitetura

colonial setecentista mineira, datada em 1713, mostra-se ser uma das mais

antigas de Minas Gerais. Está localizada na Praça São Sebastião no distrito

de Piedade do Paraopeba. A matriz, de autoria desconhecida, apresenta-se

como figura referencial, identificadora da cidade, tanto por sua vinculação

ao cotidiano da população, na medida em que representa e abriga parte das

práticas religiosas locais, quanto por sua arquitetura, que remonta à origem

da ocupação do distrito de Piedade do Paraopeba, no final do século XVII.

Foto 1: Igreja Nossa Senhora da Piedade

Fonte: Secretaria Municipal de Cultura

5 Texto elaborado pela Equipe da Secretaria de Cultura e Turismo de Brumadinho/2014

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5.1.2 Igreja Nossa Senhora do Belo Ramo

Construída por volta de 1994, a Igreja Nossa Senhora do Belo Ramo

atrai pelas peculiaridades de sua decoração. A Igreja segue o estilo rústico,

inclusive nas peças dispostas no altar.

Entre as peças que compõem a decoração da Igreja destacam-se:

canga de boi, casca de coco, moinho d’água, entre outras, encontradas em

ruínas de fazenda. Além de artigos de artesanato, todos os santos são

entalhados em madeira.

Ainda no altar da Igreja, podem ser vistas três encenações em

pintura da aparição de Nossa Senhora do Belo Ramo. Projetada pelo Padre

Dante, a Igreja, possui, do lado de fora, uma imagem de Nossa Senhora das

Graças. O templo, é cenário de uma das mais importantes festas religiosas

do Município. Entre os dias 19 e 27 de julho, é comemorado o Jubileu de

Nossa Senhora do Belo Ramo.

5.2 Eventos Festivos

5.2.1 Jubileu de Nossa Senhora da Piedade

O Jubileu de Nossa Senhora da Piedade, que acontece sempre de 03

a 08 de setembro, foi uma aspiração do senhor José Xisto da Silveira e

arquitetado pelo Padre Ubaldo Anselmo da Silveira. E sua concepção é data

de 4 de setembro de 1906.

Segundo os relatos de moradores locais, Padre Ubaldo tinha certa

influência sobre a comunidade local e, com o intuito de favorecer esta

comunidade, especificamente o povo que se locomovia de diversas regiões,

ele criou o jubileu.

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A data de 4 de setembro de 1906 se dá devido ao fato de ser a

mesma data em que o papa Pio X expediu a bula que concedeu o jubileu.

Assim sendo, o primeiro jubileu aconteceu de 3 a 8 de setembro de 1907,

em celebração à festa do Santíssimo Coração de Jesus, Maria e José. A

missa de inauguração do Jubileu foi celebrada pelo Padre Ubaldo, que

contou com a presença dos Padres Domingos Candido da Silveira, de Capela

Nova de Betim, Francisco José da Silveira Frade e o seminarista, Mário

Silveira. O orador foi Padre Jacinto Evangelista Pinheiro (vigário de São

Gonçalo da Ponte, atual Belo Vale).

O primeiro Jubileu datado de 1907 teve como número de presentes

2000 pessoas, entre moradores e visitantes. E, desde então, o Jubileu de

Nossa Senhora da Piedade tem ocorrido fielmente todos os anos,

ressaltando-se duas festividades marcantes nessa trajetória histórica do

referido Jubileu.

A comemoração dos 50 anos de Jubileu ocorreu no dia 31 de agosto

de 1957. O cinquentenário do jubileu, tendo sido presidido pelo vigário,

naquela época, o Padre Agostinho Bonifácio Silva, tendo comparecido ao

jubileu os padres Rubens Silveira, Joaquim Coelho, José Gonçalves, Brás

Morais, Vitor Artabe, Hainar Rocha, e o Monsenhor Roque Venâncio da

Silveira. E no ano de 2007 sucedeu o centenário do Jubileu, preparado e

executado pelo Padre Rafael Gontijo (falecido em 2011), tendo sido

preparada uma grande festividade para os visitantes, onde toda a

comunidade e Piedade do Paraopeba se organizou de forma social,

administrativa e até folclórica (com ornamentação). Moradores do distrito,

do município e de diversas localidades estiveram presentes a festividade.

O Jubileu de Nossa Senhora da Piedade mais do que uma festividade

de cunho religioso, apresenta-se enquanto possuidor de uma definição social

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que concebe e/ou traduz identidades, compreende as peculiaridades e

propriedades pelas quais partes da sociedade brumadinhense se veem.

5.2.2 Guarda de Congo e Moçambique do Sapé

Foto 2: Guarda de Congo

Fonte: Secretaria Municipal de Cultura

A Guarda de Moçambique de Sapé começou suas manifestações

religiosas em São José do Paraopeba, comunidade vizinha. O grupo se reunia

em Sapé, uma vez no ano, sempre na sexta-feira, para planejar a ida em

carros de boi a São José, onde acontecia a única festa de Nossa Senhora do

Rosário da região. Quando a Guarda chegava a São José, era recebida pelos

moradores, que acolhiam e ofertavam hospedagem nas próprias casas.

Ressaltando que todas as atividades relacionadas ao congado eram

realizadas somente pelos homens, deixando às mulheres a obrigação de

cozinhar e cuidar das crianças. A festa era realizada em 4 dias no mês de

agosto. A programação consistia em visitas a reis e rainhas, príncipes e

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princesas, muitas cantorias em louvor a Nossa Senhora do Rosário. Todo o

percurso era feito à luz de lamparinas.

Com o passar do tempo, a festa do Rosário foi repartida entre mais

duas comunidades: Marinhos e Sapé, onde acontece a participação de

algumas mulheres, de forma significativa, ajudando na cantoria. Mas ainda

não era permitido pelos membros que crianças e mulheres tocassem

instrumentos ou dançassem, reservando estas funções somente aos homens.

Ao longo dos anos, mulheres e crianças foram atuando mais

diretamente na irmandade, tocando instrumentos, como caixas patangomes,

instrumentos, que eram produzidos de forma artesanal pelos próprios

moçambiqueiros. Os moçambiqueiros Milton de Paulo e Raimundo de Paula

desmembraram a então Guarda de Moçambique, criando a Guarda de Congo

São Benedito. As manifestações da irmandade do Sapé acontecem em dias

marcados. São as famosas festas de Congado com a participação das

guardas de congo e moçambique. Tais festas em comemoração a São

Benedito e Nossa Senhora do Rosário.

O Sapé está introduzido e representado pelas Guardas Moçambique

e o Congado. O Congado tem seus pés na África, mas é tipicamente

brasileiro. É uma dança religiosa de 500 anos de História, que foi se

formando pelo Brasil afora, e cada congado tem identidade própria. Se

compararmos o Sapé com qualquer outro congado do Brasil, perceberemos

que seu congado tem características, traços e maneiras que dizem respeito

à sua identidade.

Os congados têm forte expressão no coração do Brasil. São

protegidos por comunidades, como os irmãos do Rosário, irmandades dos

homens negros que mantêm viva esta relíquia cultural brasileira. Cada

guarda tem sua própria forma de ser dançada. Ao longo dos anos, os

congadeiros, a partir da tradição e das raízes espirituais recebidas de suas

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irmandades, foram agregando elementos na dança do congado típico de suas

comunidades.

O congo e a guarda de Moçambique do Sapé são frutos de

manifestações artísticas culturais de muita criatividade, beleza e fé, mas,

principalmente, dedicação, seriedade e compromisso de seus congadeiros.

Destacam-se três elementos fundamentais: História, Identidade e Cultura.

O congado reconta Histórias dos povos do Continente Africano. Portanto, o

Sapé é marcado por uma identidade histórica própria de longos anos de

tradição e história.

5.3 Musical

5.3.1 Corporação Musical Banda São Sebastião

A Corporação Musical Banda São Sebastião foi fundada em 13 de

maio de 1929 pelos senhores Tarcílio Gomes da Costa, Luís Gonzaga Júnior e

Padre Eupídio, que doou à Entidade um terreno que ficava atrás da igreja.

O primeiro regente da Corporação foi o Sr. Messias Braga, seguido

de: Luís Gonzaga Júnior (1929-1932); Jerônimo Magalhães (1932-1936);

João Feliciano (1936-1940); Manoel Alves Teixeira (1940-1943); Ourico

Alves Teixeira (1943-1946); Ubaldo de Aguiar (1946-1954); Geraldo

Cordeiro dos Santos (1954-1992); Júlio dos Santos (1992-1993); Antônio

Adão da Silva (1993-1998); e, por fim, o atual regente, Anderson Hernany

Cordeiro, desde 1998.

Em 26 de outubro de 1980, foi inaugurada a nova sede da Banda,

localizada na Rua Tarcílio Gomes da Costa, 81 – doada pela Prefeitura. A

Corporação completou 80 anos em maio de 2009, sendo mais antiga que a

própria cidade.

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Em seus aniversários, a Banda presenteia a população com

apresentações especiais no Teatro Municipal de Brumadinho.

Contava com 35 integrantes, na faixa etária de 11 a 50 anos, de

ambos os sexos. A Banda faz, em média 80 apresentações anuais, em festas

religiosas, bailes, concertos, serenatas, aniversários e eventos em geral.

Além de ser muito requisitada na região de Brumadinho, apresenta-se em

toda a Minas Gerais e em outros estados, levando o nome da cidade a várias

partes do País.

A Banda São Sebastião é a maior manifestação musical de

Brumadinho, e oferece a melhor infraestrutura possível aos seus músicos.

Além de material e cursos (aulas com professores graduados da UEMG,

UFMG e FUNARTE), o espaço físico da sede foi ampliado com a construção

de uma sala de estudos, uma sala de armários para instrumentos e uma

cozinha

Há também uma escola de música, onde interessados de qualquer

idade podem aprender musicalização, flautadoce, teoria musical, divisão de

compassos, saxofone, clarineta, trompete, trombone, tuba, bombardino e

percussão.

5.3.2 Corporação Musical Santa Efigênia

No dia 20 de julho de 2003, um grupo de amigos reuniu-se com o

intuito de fundar uma nova corporação musical em Brumadinho. Esta

iniciativa surgiu como forma de se concretizar um antigo sonho do Sr. José

Maria Bibiano dos Santos, já falecido, homem famoso em Brumadinho por

seus trabalhos culturais. Foi então que surgiu a ideia de homenagear

também o bairro Santa Efigênia, conhecido pela sua grande diversidade

cultural.

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A partir do lema “Sonho que se sonha só é apenas sonho; sonho que

se sonha junto é realidade”, fundou-se a Corporação Musical Santa Efigênia

e registrou-se a entidade. Sua primeira diretoria foi constituída pelos

membros fundadores: Juliana, Luiz Amaral, Alexandre, Aldo, Flaviana, Paula,

Francisco, Wilder, Edna, Nilma, Nildselene e Jorge.

Após a fundação e registro dos documentos, partiu-se para a

aquisição de instrumentos. De início, arrecadaram-se 18 instrumentos

através de doações. A Banda se tornou marca registrada nas festas da

cidade e ganhou as ruas com seu forte envolvimento cultural.

Fugindo do papel tradicional de banda marcial, a corporação toca e

encanta o público, agindo sempre na busca de resgatar as manifestações

culturais populares, como o carnaval das marchinhas, a volta tradicional do

Papai Noel, as serestas de rua, a serenatas mineiras, lembrando sempre que

“o artista tem que ir aonde o povo está”.

5.3.3 Corporação Musical Santo Antônio de Suzana

Relatos apontam que a chamada “Bandinha de Suzana” foi fundada

por volta de 1920, pelo ilustre morador daquele Povoado, Sr. José Rosa da

Silva. Naquela época, após a compra de alguns instrumentos musicais, ele

contratou o Maestro Antônio Tiago, que deu início à atividade de ensino

musical na Comunidade de Suzana. Após formar alguns músicos e assumir a

regência da Banda por um período de aproximadamente dois anos, o Maestro

Antônio Tiago desligou-se das atividades musicais.

A Entidade viu-se obrigada a contratar um novo maestro. José Rosa

da Silva contratou o Maestro Júlio Barbosa, na cidade de Itabirito/MG,

para dar continuidade ao trabalho de formação e aperfeiçoamento musical

da “Bandinha de Suzana”. O regente ocupou o cargo até 1942, quando teve

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que deixar as atividades musicais, repassando a função para o ex-aluno

Geraldo Rosa do Carmo, filho fundador da Banda.

Relatos de moradores da comunidade de Suzana e região apontam

que, naquela época, sob regência do Maestro Geraldo Rosa do Carmo, a

chamada “Bandinha de Suzana” viveu momentos de glória, apresentando-se

em cerimônias e eventos importantes, como na posse do prefeito de

Brumadinho/MG Abelardo Duarte Friche Passos, em 1954. Com o

falecimento de Geraldo Rosa do Carmo, assumiu a regência da Banda o

músico Sr. José Maria Bibiano dos Santos, que deu continuidade aos

trabalhos durante vários anos. Tendo como base da Banda os seus próprios

filhos, este Maestro deu sequência ao trabalho que já vinha sendo realizado

durante décadas. Difundiu o ensinamento musical e agregou novos

componentes da Comunidade de Suzana para manter a qualidade das

apresentações da Banda.

Por volta de 1980, com o desligamento do maestro José Maria

Bibiano dos Santos, da regência da Banda, a entidade viveu um período de

declínio musical, tendo em vista a dificuldade de se encontrar um novo

regente para dar continuidade aos trabalhos de ensino e aperfeiçoamento

musical. Em 1988, o Sr. Enio Rosa do Carmo, neto do fundador da Banda,

disposto a dar continuidade ao trabalho de seus antecessores e dar um novo

rumo musical para a Entidade, assumiu a Corporação e começou a ministrar

aulas para um público jovem, além de dar início ao projeto de construção da

sua nova sede.

A “Bandinha de Suzana” começou a se transformar em uma nova

Instituição, marcada por uma nova geração de músicos que se espelhavam na

experiência e na contribuição dos músicos mais velhos, todos com o mesmo

objetivo de transformar a tal “Bandinha de Suzana” na Corporação Musical

Santo Antônio de Suzana.

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Assim, no dia 04 de julho de 1988, nascia a Corporação Musical

Santo Antônio de Suzana, que propõe a prática e difusão da arte musical

para todas as idades, sem distinção de raça, cor ou crença religiosa.

No dia 13 de junho de 1998, inaugurava-se a nova sede da

Corporação Musical Santo Antônio de Suzana, com o objetivo de preservar a

cultura e manter a tradição musical centenária do Povoado, fruto de um

sonho do então maestro e presidente Enio Rosa do Carmo, que ficou na

regência da Entidade até o ano 2000, quando veio a falecer. Naquela época,

a Corporação Musical encontrava-se com um número razoável de

componentes e realizava várias apresentações em eventos artísticos,

recreativos, populares e religiosos.

Diante da necessidade de um novo regente para a Entidade, a

diretoria da Corporação convidou o Sr. Vicente Magno, filho do ex-regente

José Maria Bibiano dos Santos e ex-integrante da Banda, para assumir os

trabalhos de professor e regente.

Sob a regência do Maestro Vicente Magno, durante muitos anos à

frente da Instituição, a Corporação Musical Santo Antônio de Suzana tem

história de participação em eventos cívicos, populares e recreativos.

A Banda chegou a possuir um quadro efetivo de 16 (dezesseis)

músicos, contando com a participação de integrantes da Banda Santa

Efigênia, da cidade de Brumadinho, e da Banda Sagrado Coração de Jesus,

da cidade de Nova Lima, e, em casos eventuais, com a participação de

músicos da Sociedade Musical Carlos Gomes, de Belo Horizonte.

A Corporação Musical Santo Antônio de Suzana tem como missão

buscar a excelência no ensino, um constante aprimoramento e execução

musical, procurando difundir a arte e proporcionar a integração social na

Comunidade de Suzana e nas comunidades adjacentes.

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5.3.4 Corporação Musical Banda Nossa Senhora da Conceição

Foto 3: Corporação Musical

Fonte: Secretaria Municipal de Cultura

A Corporação Musical Banda Nossa Senhora da Conceição funcionou

de 1920 até a década de 50 com o nome de Banda Santa Cecília. Devido a

algumas divergências políticas, seu funcionamento foi interrompido no

período de 1950 a 1955, tendo os instrumentos sido apreendidos pelo

presidente da Corporação e a contenda chegado às esferas judiciais. Na

ocasião, por intermédio de alguns políticos, fez-se um movimento para

aquisição de novos instrumentos, tendo dado continuidade à Corporação com

o novo nome de Corporação Musical Banda Nossa Senhora da Conceição,

tendo prosseguido com o maestro e os músicos da antiga corporação.

A Corporação fez apresentações em eventos religiosos, cívicos e

sociais de várias cidades e seus distritos como: Igarapé, Azurita, Mateus

Leme, Serra Azul, São Joaquim de Bicas, Farofas, Rio Manso, Bonfim, etc.

Devido ao reconhecimento artístico da Banda, adveio a necessidade

de reconhecimento legal da Corporação. Deste modo, em 1984, decidiu-se

pela reativação e formação da Diretoria, lavrando-se a ata e procedendo-se

à formação do estatuto.

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5.4 Patrimônio Cultural

5.4.1 Casa da Cultura Carmita Passos

Foto 4: Casa da Cultura

Fonte: Imagens da Internet

A construção do edifício sede da Casa da Cultura “Carmita Passos”

data do início do século XX e sua origem remonta aos primórdios da

ocupação da área central do município de Brumadinho.

Construída com o apoio do Senhor Paulo Alves e do Senhor Abelardo

Passos, moradores de Brumadinho, com a finalidade de implantar uma

instituição educacional que pudesse atender às necessidades da população

da embrionária localidade de Brumadinho. Nasce, assim, no ano de 1932, o

Grupo Escolar Padre Machado, uma escola primária que garantia a

alfabetização das crianças brumadinhenses, tendo funcionado até o ano de

1959.

A edificação que hoje abriga a Casa da Cultura de Brumadinho teve

também em suas origens um papel fundamental na formação educacional dos

habitantes da cidade.

Em 2004, torna-se oficialmente a “Casa da Cultura” de Brumadinho,

passando então a receber visitantes locais e vários turistas, interessados

em, seu acervo, composto por: fotografias, jornais, documentos e peças

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históricas. Esse acervo, referente à memória do povo brumadinhense,

possibilita aos seus habitantes e visitantes conhecer e interagir com a

identidade histórica e cultural de Brumadinho.

5.4.2 Fazenda dos Martins

Foto 5: Fazenda dos Martins

Fonte: Imagens da Internet

Localizada na região rural de Brumadinho, a Fazenda dos Martins foi

construída na segunda metade do século XVIII, sendo uma das habitações

rurais mais antigas de Minas Gerais. Seu nome provém de seus últimos

proprietários. Constituída em alvenaria de pedra e paredes internas de pau-

a-pique, a edificação possuí dois salões, quatro quartos, um corredor central

e varandas. Em sua lateral esquerda há um cômodo destinado à capela da

fazenda. Possuí ainda muros elevados de pedra rodeando o pátio frontal e

lateral. A Fazenda dos Martins ainda conserva arquitetura original.

Segundo os moradores da região, a origem da fazenda está

intimamente ligada ao quilombo Sapé em Brumadinho, tendo a mesma sido

feita por escravos e projetada por alguém muito entendido de estruturas,

devido ao seu dimensionamento ser muito bem calculado. A Fazenda dos

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Martins, com toda sua riqueza de detalhes e história, é hoje um exemplar

sui gêneres na historiografia e memória brumadinhense.

5.4.3 Estação Ferroviária de Brumadinho

Foto 6: Estação Ferroviária de Brumadinho

Fonte: Secretaria Municipal de Educação

A Estação Ferroviária de Brumadinho, localizada na sede do

Município, tendo sua origem na construção do Ramal do Paraopeba da

estrada de Ferro Central do Brasil, tinha, como finalidade, alcançar Belo

Horizonte por meio de uma bitola larga, já nas primeiras décadas do século

XX. Com a possibilidade de se extrair e exportar o minério de ferro, a

construção ferroviária apareceu não só como uma necessidade, mas como

uma grande saída para o desenvolvimento.

Foi inaugurada em 20 de junho de 1917, fazendo parte de Bonfim,

passando a pertencer a Brumadinho somente com a sua emancipação em

1938. Já no ano de 1923, há registros de um povoado que tinha se

desenvolvido ao redor da Estação e que em poucos anos já se mostrava ser

um povoado numeroso para a região e que por isso recebeu a denominação de

“distrito de Brumadinho”, ainda pertencente a Bonfim.

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A Estação Ferroviária de Brumadinho é sem dúvida um bem

patrimonial importantíssimo na história do surgimento, haja vista que sua

sede foi formada com a construção da ferrovia.

5.4.4 Quilombo do Sapé

Fonte: Imagem da Internet

O quilombo do Sapé ou comunidade Sapé situa-se na região rural de

Brumadinho e tem sua origem na ida do escravo João Borges para a região.

Apesar de haver certa contestação sobre a constituição da comunidade: ter

acontecido após a fuga de João Borges da Fazenda do Martins ou se as

terras que vieram a se tornar a comunidade foram doadas a ele pelo seu

antigo senhor, a comunidade é reconhecida nacionalmente como sendo um

quilombo.

Próximo do povoado do Sapé há vários povos de origem negra e

quilombola e que até mesmo possuem relações familiares com os moradores

do Sapé, como as comunidades de Ribeirão, Massangano, Rodrigues e

Marinhos. Remontando à sua origem afrodescendente a comunidade pratica

Foto 7: Quilombo do Sapé

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até hoje manifestações religiosas como a Guarda de Congo e Moçambique,

além de suas manifestações culturais, danças, artesanato, demonstrando um

patrimônio cultural raro e riquíssimo.

5.4.5 Serra da Calçada

Foto 8: Serra da Calçada

Fonte: Imagem da Internet

A Serra da Calçada, situada a cerca de 20 km de Belo Horizonte,

localiza-se à margem direita da BR/040, sentido Rio de Janeiro,

estendendo-se por cerca de 8 km entre os municípios de Nova Lima e

Brumadinho. Divide as bacias dos rios Paraopeba e das Velhas, importantes

mananciais que abastecem a Região Metropolitana de Belo Horizonte

(RMBH).

Inserta na Área de Proteção Ambiental Estadual (APA-Sul / RMBH),

sua extremidade sul encontra-se parcialmente no Parque Estadual da Serra

do Rola-Moça e na Área de Proteção Especial Catarina. Sua porção nordeste

faz limite com a Estação Ecológica de Fechos. Incorpora uma área verde de

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aproximadamente 1,1 mil hectares onde vivem e se reproduzem várias e

importantes espécies da fauna e da flora nacionais. Originam-se nesta

Serra diversos aquíferos e nascentes que abastecem de água potável muitos

municípios vizinhos de Brumadinho.

Contíguas à Serra da Calçada, encontram-se a Serra do Rola-Moça e

a Serra da Moeda, todas elas destacadas pelas belezas paisagísticas que

apresentam como pela importância geológica e ecossistêmica.

A denominação de Serra da Calçada deve-se à formação especial de

seus solos, compostos basicamente por óxidos de ferro hidratado e

cimentado em consequência do intemperismo a que foram submetidos. Outra

versão, baseada em razões históricas, sustenta que o nome vem dos antigos

pisos calçados, ainda hoje existentes em vários trechos da serra, que

facilitavam o acesso aos antigos núcleos de mineração e fazendas da região,

cuja ocupação remonta ao final do século 17 e início do século 18.

Nos últimos anos tem aumentado sistematicamente o número de

pessoas que se dirigem à Serra em busca de suas qualidades naturais,

paisagem e possibilidades para a prática de esportes.

De acordo com estudos realizados por historiadores, a história da

região dessas serras se confunde com a história de Minas Gerais e do

Brasil. Mesmo antes da ocupação portuguesa que viria a ocorrer a partir de

meados dos anos 1600, a região testemunhou ocupações pré-coloniais, como

se vê nas inscrições rupestres que podem ser encontradas nas grutas

dessas serras. Esse patrimônio espeleológico-arqueológico reúne diversas

grutas cuja identificação, mapeamento e caracterização encontram-se por

fazer.

A ocupação "moderna" da serra da região data do século 17, como

testemunham os caminhos revestidos de pedra que são encontrados ao longo

das encostas, conectando importantes unidades agrominerais que ali se

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estabeleceram, muitas delas ainda existentes nas paisagens locais, como é o

caso do chamado Forte de Brumadinho, na Serra da Calçada.

Segundo alguns pesquisadores, uma estrada com vários trechos

calçados atravessa esse trecho do Espinhaço, da Serra da Calçada até o

limite sul da Serra da Moeda, passando, inclusive, pela Fazenda da Boa

Esperança, no município de Belo Vale, um dos mais importantes monumentos

históricos de Minas Gerais, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico

e Artístico Nacional (IPHAN) e pelo Instituto Estadual de Patrimônio

Histórico e Artístico (IEPHA). Os caminhos que atravessam as serras da

Moeda e da Calçada são registros importantes do processo de colonização

de Minas Gerais e do Brasil. Seus trechos, alguns deles ainda preservados,

compõem a malha secundária da Estrada Real, construída no século 17, única

via de conexão entre Vila Rica e os portos de Parati (Caminho Velho) ou Rio

de Janeiro (Caminho Novo), autorizada pela Coroa Portuguesa.

Diversos vestígios e registros de arqueologia histórica podem ser

ainda encontrados: calçadas de pedra, aqueduto, galerias, canais, catas e os

chamados "mundéus" (grandes tanques receptores), testemunhos da

exploração minerária e das técnicas que permitiram o desenvolvimento

dessa atividade já naquela época. O Forte de Brumadinho destaca-se entre

as ruínas de grande importância histórica.

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Foto 9: Forte

Fonte: Secretaria Municipal de Cultura

A despeito do apelido e da forma que revela uma clara estratégia de

defesa, o Forte consiste em um magnífico exemplar de arquitetura civil,

tendo sido construído, segundo alguns pesquisadores, na primeira metade do

século 18. A edificação principal domina a encosta oeste da Serra da

Calçada, permitindo o controle visual dos caminhos e trilhas da região e de

seus principais marcos naturais, a partir de uma construção de paredes de

pedras de grande volume e fechamento hermético, com sua única entrada

apontada para leste, o que favorecia a defesa.

Estudos científicos recentes revelam a singularidade do meio

natural da Serra da Calçada, que conserva um rico patrimônio biológico e

genético: formações vegetacionais como as matas de galeria, os capões, os

campos rupestres sobre quartzito e, em especial, os campos rupestres

sobre canga. A canga caracteriza-se por afloramentos ferruginosos que

ocorrem em topos e encostas de montanhas isoladas no Quadrilátero

Ferrífero, oriundos de intensas atividades vulcânicas. No substrato rico em

ferro, crescem os campos rupestres sobre canga, também denominados

campos ferruginosos. As plantas deste tipo de vegetação são adaptadas

para sobreviver em um ambiente estressante, já que no solo da canga

existem metais tóxicos e quase não há retenção da água de chuva. Para se

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ter uma ideia, mais de um terço das famílias botânicas existentes no Brasil

estão representadas nos campos ferruginosos.

Tais características fazem da canga um ecossistema favorável à

existência de um elevado grau de endemismo - espécies que ocorrem apenas

nos campos ferruginosos e em nenhum outro lugar do mundo. Pode-se citar a

cactácea Arthrocereus glaziovii, a orquídea Oncidium gracile, as bromélias

Dyckia consimilis e Vriesea minarum, além de ervas e arbustos como Mimosa

calodendron, Sinningia ripicola, Ditassa aequicymosa, Ditassa linerais,

Calibrachoa elegans. Na Serra da Calçada podem ser encontrados

aproximadamente dois terços do total de espécies ameaçadas de extinção

em Minas Gerais.

A Xylocopa truxali (Apidae), abelha solitária que habita o local,

constrói seus ninhos nos ramos da canela-de-ema Vellozia compacta. Devido

à grande redução de seu habitat, esta espécie foi enquadrada como

vulnerável na Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, editada pelo

Ministério do Meio Ambiente.

A fauna da Serra da Calçada não difere daquela existente nas

outras serras congêneres próximas que apresentam ecossistemas

semelhantes. Compõe-se de diversas espécies como: onça-parda, jaguatirica,

cachorro-do-mato, lobo-guará, raposa, macaco-prego e micoestrela, tucano,

lagarto-teiú, ouriçocaixeiro, tatubola, rabomole (espécie de galinha), chicote

e merim, esquilo, coelho, quati, capivara, paca, ave-jacu, pomba-trocal,

gavião-pombo e carcará, martim-pescador e mergulhão, cobra-coral e falsa-

coral, cascavel, urutu-cruzeiro, jararaca, entre outras.

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5.4.6 Inhotim

Foto 10: Inhotim

Fonte: imagens da internet

O Inhotim é um lugar em contínua transformação, onde a arte

convive em relação única com a natureza. Situado em Brumadinho, a 60 km

de Belo Horizonte, Inhotim ocupa uma área de 97 ha de jardins botânicos

com uma extensa coleção de espécies tropicais raras e um acervo artístico

de relevância internacional.

Inaugurado em outubro de 2006, Inhotim é uma instituição

comprometida com o desenvolvimento da comunidade onde se insere. Sua

coleção botânica e acervo de arte contemporânea são utilizados

sistematicamente para projetos educativos e para a formação de

profissionais de áreas ligadas à arte e ao meio ambiente. Inhotim também

participa ativamente da formulação de políticas para a melhoria da

qualidade de vida na região, seja em parceria com o poder público ou com

atuação independente.

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5.4.6.1 Arte Contemporânea

Foto 11: Inhotim

Fonte: Imagens da Internet

O acervo de arte do Inhotim vem sendo formado desde meados de

1980, com foco na arte produzida internacionalmente dos anos 1960 até os

nossos dias. Obras de renomados artistas brasileiros e internacionais são

exibidas em galerias espalhadas pelo Jardim Botânico.

Os espaços expositivos são divididos entre onze galerias dedicadas a

obras permanentes; outras quatro, para obras temporárias e diversas obras

de arte espalhadas pelos jardins. Bienalmente uma nova mostra temporária

é apresentada, com o intuito de divulgar as novas aquisições e criar

reinterpretações da coleção, e novos projetos individuais de artistas são

inaugurados, fazendo de Inhotim um lugar em constante evolução. Segundo

o diretor artístico do Instituto Inhotim e um dos curadores da Instituição,

Jochen Volz, "A ideia de destino é a própria síntese desse lugar. Afinal, o

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Inhotim não é uma instituição na qual se passa. Inhotim é sempre um

destino.".

As galerias permanentes foram desenvolvidas especificamente para

receber obras de Tunga, Cildo Meireles, Adriana Varejão, Doris Salcedo,

Victor Grippo, Matthew Barney, Rivane Neuenschwander, Valeska Soares,

Janet Cardiff & George Miller e Doug Aitcken. As galerias temporárias -

Lago, Fonte, Praça e Mata - têm cerca de 1 mil m² cada uma e contam todas

elas com o mesmo tipo de arquitetura, com grandes vãos que permitem

aproveitamento versátil dos espaços para apresentação de obras de vídeo,

instalação, pintura, escultura, etc. Atualmente o Inhotim é o maior centro

de arte contemporânea a céu aberto do mundo.

5.4.6.2 Jardim Botânico

Foto 12: Jardim Botânico

Fonte: Imagens da Internet

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A área total do Jardim Botânico Inhotim, em constante

crescimento, está distribuída em seus dois principais acervos: Reserva

Natural, com 300 hectares de mata nativa conservada, e área de visitação,

com 97 hectares de jardins de coleções botânicas e cinco lagos ornamentais

que somam 3,5 hectares de área. Mas os jardins de Inhotim não são

somente um local de contemplação estética. É neste contexto de rara

beleza que Inhotim realiza estudos florísticos, catalogação de novas

espécies botânicas, conservação ex situ e uso paisagístico de espécies como

forma de sensibilização popular pela preservação da biodiversidade.

Atualmente são cultivadas, no jardim botânico Inhotim, mais de

4.000 espécies de plantas. O acervo botânico é bem representado por

grupos com valor paisagístico, sendo uma das maiores coleções brasileiras

de palmeiras, com mais de 1.300 espécies crescendo nos viveiros e jardins.

Também expressiva é a coleção de Araceae, família que inclui de imbés a

antúrios e copos-de-leite, com cerca de 450 espécies, a maior coleção viva

desta família no Hemisfério Sul. As orquídeas estão representadas por 334

espécies. Ao todo, são mais de 165 famílias botânicas, 851 gêneros e

aproximadamente 3.000 espécies de plantas vasculares. Tamanha

diversidade de espécies vegetais faz do Inhotim um espaço único, tornando-

o um excelente ambiente para a difusão de valores ambientais.

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5.4.6.3 Ações Educativas

Foto 13: Ações Educativas Inhotim

Fonte: Secretaria Municipal de Educação

Através da ação educativa existente no museu, cerca de 1500 alunos

das redes particulares e públicas de ensino de Brumadinho e da Grande Belo

Horizonte visitam Inhotim toda semana. Os programas educativos

promovem uma série de ações para aproximar a sociedade dos valores da

arte, do meio ambiente, da cidadania e da diversidade cultural, atuando em

duas frentes - Arte Educação e Educação Ambiental.

O Inhotim também oferece ao visitante um programa de visita em

horários e locais preestabelecidos.

A visita temática de arte proporciona um encontro entre o educador

e o visitante para discussão sobre artistas e obras de arte do acervo. A

visita propõe um recorte conceitual das obras em exposição, e pode ter

como pontos de partida uma galeria, um artista, ou um roteiro específico

dentro do parque. Com duração média de 1h, acontece aos sábados,

domingos e feriados, às 15h.

A visita temática ambiental permite ao visitante transitar pelos

jardins, conhecer parte da coleção botânica disposta paisagisticamente,

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além de apreciar os lagos ornamentais, as aves aquáticas e outros elementos

que compõem esse espaço. Com duração de 1h30, acontece aos sábados e

domingos, às 10h30 (saída da Recepção) e às 14h30 (saída do Tamboril).

A visita panorâmica proporciona uma visão geral sobre a dinâmica do

museu. Ao percorrer uma área do parque, a visita dá ênfase ao projeto

paisagístico e às obras dispostas nos jardins do Inhotim. Com duração média

de 1h30, a visita panorâmica acontece de quarta a domingo e em feriados, às

11 e às 14 horas. O ponto de partida é a recepção de Inhotim.

Visitas especiais mediadas também são oferecidas, com

agendamento prévio, para grupos de até 25 pessoas. Com duração de 2h30,

os participantes são conduzidos por educadores que exploram as

possibilidades de conversa e reflexão a partir de um dos acervos do

Inhotim: arte contemporânea ou botânica e meio ambiente.

5.4.6.4 Ações sociais

Foto 14: Coral Inhotim

Fonte: Imagem da internet

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Foto 15: Escola de Cordas do Inhotim

Fonte: Imagem da internet

O Inhotim acredita que seu papel na comunidade extrapola a esfera

de agente cultural, e que é necessário criar e potencializar estratégias de

desenvolvimento local, preservação do patrimônio e do meio ambiente,

geração de renda, turismo, educação, esporte, saúde e infraestrutura de

Brumadinho.

Por meio da Diretoria de Cidadania, Inclusão e Ação Social, a

instituição participa ativamente da formulação de projetos para a melhoria

da qualidade de vida na região. Um exemplo disso é o projeto ‘Brumadinho:

uma cidade musical', desenvolvido pelo Instituto em parceria com mais de

30 representantes culturais, bandas, grupos musicais, músicos

independentes, associações e estabelecimentos culturais de Brumadinho.

O programa promove a potencialização das ações que envolvem a

música e as manifestações culturais da cidade através do Coral Inhotim

Encanto e a Iniciação Musical desenvolvidos com as quatro bandas

existentes no Município.

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5.4.6.5 Gastronomia

Foto 16: Gastronomia

Fonte: Imagens da Internet

Em Inhotim, os visitantes contam com várias opções de alimentação,

que vão de lanches rápidos a pratos mais elaborados. O Restaurante

Inhotim possui um ambiente agradável e integrado aos jardins e ao acervo

de arte contemporânea da instituição. O cardápio é formado por um

excelente e variado bufê de saladas, pratos à la carte, extensa carta de

vinhos, além de uma mesa de sobremesas com doces diversos.

Idealizado pelo designer Paulo Henrique Bicalho (o Ganso), o bar do

Inhotim é um espaço agradável para tomar um drink com os amigos e

apreciar a deliciosa culinária internacional. No cardápio, pratos à la carte,

drinks, petiscos e lanches mais leves. O Bar é uma verdadeira galeria de

arte com peças assinadas por renomados designers brasileiros, iluminação

especial e ambientação que remete aos anos 50 e 70.

Localizada no Centro de Educação e Cultura Burle Marx, a cafeteria

é o ambiente ideal para saborear um delicioso café, especialidades da casa.

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O Café do Teatro também possui diversas opções de bebidas quentes e

geladas, sanduíches, salgados e doces. O público do Inhotim pode ainda

conferir outros espaços gastronômicos como a Omeleteria, o de Cachorro-

quente e também lanchonetes.

5.4.6.6 Obras inauguradas em 2011

Conheça as novas obras de arte que desde outubro de 2011 fazem

parte da exposição permanente e temporária do Inhotim. São obras a céu

aberto em caráter permanente e novas exposições temporárias nas galerias

Fonte e Lago.

Os novos trabalhos permanentes e ao ar livre são dedicados aos

artistas Chris Burden, Marepe, Guiseppe Pennone e Marilá Dardot. As novas

obras temporárias são dos artistas Eugenio Dittborn, Lothar Baumgarten,

Isa Genzken, Susan Hiller, Thomas Hirschhorn e Cinthia Marcelle.

Neste ano, para dar movimento às galerias Fonte e Lago, além de dar

lugar a novos trabalhos, Inhotim reconfigurou alguns de seus espaços

expositivos para instalar obras que ainda não foram expostas no Instituto,

ou que foram adquiridas recentemente, criando uma rotatividade e uma

dinâmica da coleção.

5.4.6.6 Localização

Inhotim está localizado no município de Brumadinho, a 60 km de Belo

Horizonte (aproximadamente 1h15 de viagem). Acesso pelo km 500 da BR-

381 - sentido BH/SP. Pode-se chegar ao Inhotim também pela BR-040

(aproximadamente 1h30 de viagem). Acesso pela BR-040 - sentido BH/Rio,

na altura da entrada para o Retiro do Chalé.

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5.4.7 Parque Estadual do Rola-Moça:

Municípios de abrangência: Belo Horizonte, Nova Lima, Ibirité e

Brumadinho. Portaria(s) / Distância de Belo Horizonte. A portaria está

localizada no final da rua Montreal s/n,bairro Jardim Canadá, município de

Nova Lima.

Distância de Belo Horizonte ao Parque Estadual da Serra do Rola-

Moça 25 km do bairro Savassi.

Foto 17: Serra do Rola Moça

Fonte: Imagens da Internet

5.4.7.1 Como Chegar

Saindo de Belo Horizonte, pegar a BR- 040 no sentido Rio de

Janeiro. Entrar à direita no Posto Chefão, 2ª rua à direita (rua Montreal),

bairro Jardim Canadá. Prosseguir até a portaria principal do parque. A

distância do Posto Chefão ao parque é de cerca de 3 km, em estrada de

terra.

Sede Administrativa: Inaugurada em 27 de novembro de 1998, está

instalada próxima à portaria. Telefone: 31 3581-3523.

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5.4.7.2 Infraestrutura

5.4.7.2.1 interna

O Parque possui um Centro de Informação e Administração situado

na área que abrange o município de Nova Lima, com auditório para 80

pessoas, salas para reuniões, sala de monitoramento e Polícia Militar do

Meio Ambiente.

O Parque ainda conta com um sistema de vídeo-vigilância de alta

tecnologia, propiciando a detecção de focos de incêndio e outras

ocorrências. Este sistema é inédito nos parques estaduais e federais

brasileiros.

Existe também na área do Barreiro o Sistema Integrado de

Combate e Prevenção a Incêndios Florestais em parceria com o Corpo de

Bombeiros. O Centro monitora brigadas constituídas por funcionários da

COPASA, do IEF, empresas parceiras, condomínios no entorno e voluntários.

5.4.7.2.2 entorno

Os visitantes podem contar com a infraestrutura turística tanto de

Belo Horizonte quanto de Nova Lima, mas, restaurantes, lanchonetes e um

pequeno shopping são encontrados no bairro Jardim Canadá. Na localidade

de Casa Branca (Brumadinho), distante 10 Km da sede do parque, existem

pousadas para um bom descanso no final de semana, além de restaurantes.

Horário de Funcionamento: 7h às 18h. Visitas técnicas e pedagógicas

e requisição do auditório devem ser agendadas previamente pelos telefones

(31) 3581-3131.

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Área: 3.941,09 ha. Criação: Criado pelo Decreto Estadual n°

36.071, em 27 de setembro de 1994.

5.4.7.3 Objetivo

O Parque foi criado para proteger a biodiversidade e seis

importantes mananciais de água ali existentes: Taboões, Rola-Moça,

Bálsamo, Barreiro, Mutuca e Catarina. Declarados pelo governo estadual

como Áreas de Proteção Especial, essas áreas garantem a qualidade dos

recursos hídricos e abastecem parte da população da região metropolitana.

Para assegurar a proteção desses mananciais, a área correspondente não

está aberta à visitação pública.

A Lei Federal 9.985, de 18 de julho de 200 e o Decreto Federal nº

4.320, de 22 de agosto de 2002, instituíram o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação da Natureza -SNUC. O Parque Estadual da Serra

do Rola-Moça tornou-se então Unidade de Proteção e Conservação Integral

da Natureza. Em razão da Lei, tornou-se necessário maior rigor na

preservação do Parque.

5.4.7.4 Descrição

Situado dentro da Região Metropolitana, ele proporciona ao

visitante gostosas oportunidades de desfrutar a natureza junto a uma

vegetação muito especial, com paisagens características de Mata Atlântica,

Cerrado, Campos de Altitude e Campos Ferruginosos. Em alguns pontos, a

topografia possibilita vistas panorâmicas de excelente apelo visual. É o caso

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do 'Mirante Morro dos Veados', situado na metade do percurso na estrada

que corta o Parque para chegar ao distrito de Casa Branca, em Brumadinho.

5.4.7.5 Relevo

O Rola-Moça possui relevo acidentado, de fortemente ondulado a

montanhoso. Dentro do Parque estão as seguintes serras: Serra do Rola-

Moça, Serra do Jatobá, Serra do Cachimbo e Serra da Calçada.

5.4.7.6 Clima

Cercado por serras, o clima do Parque apresenta um inverno muito

rigoroso, apesar da sua temperatura média ser bem amena, por volta dos

25°C.

5.4.7.7 Vegetação

O Parque apresenta uma zona de tensão ecológica. Isto significa a

ocorrência de transição rápida de Mata Atlântica para Cerrado e Campos de

Altitude. A vegetação é diversificada: são encontradas espécies como: ipê,

cambuí, aroeira-branca, xaxim, sangra-d'água, canela, unha-de-vaca, pau-

d'óleo, quaresmeira, cangerana, cedro, carne-de-vaca, cambotá, pau-ferro,

pequi, jacarandá-do-cerrado, ipê-cascudo, murici, jatobá-do-cerrado, pau-

santo, pau-de-tucano, araticum e canela-de-ema.

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5.4.7.8 Fauna

O Rola-Moça é habitat natural de espécies da fauna ameaçadas de

extinção, como: onça parda, jaguatirica, gato mourisco, gato-do-mato, lobo-

guará, raposa, mão-pelada, coati, irara, lontra, ouriço, preá, tamanduá-de-

colete, tatu-peba, tatu-galinha, caititu, veado catingueiro, veado campeiro,

guigó e mico-estrela.

Os atrativos do parque são mirantes e trilhas para caminhadas. Dos

mirantes, têm-se ótimas vistas, uma mais bonita que a outra. Existem ângulos

de onde se pode observar a área preservada do Parque e a malha urbana, bom

momento para reflexão sobre preservação do nosso patrimônio natural e

sobre o crescimento de Belo Horizonte. Os mirantes são: Mirante das Três

Pedras, Mirante do Planeta, Mirante do Jatobá, Mirante Morro dos Veados e

Campo Ferruginoso.

Trata-se de um grande atrativo do Parque. Recentemente descrito

pela geologia, o Campo Ferruginoso, composto de canga hematítica, é

extremamente raro, sendo encontrado apenas aqui em Minas Gerais, no

Quadrilátero Ferrífero, e em Carajás, no estado do Pará. A visita aos

Campos Ferruginosos só é permitida com acompanhamento dos monitores do

Parque.

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6 Estrutura do Sistema Municipal de Ensino

A partir da definição de município como ente federado autônomo,

nos termos da constituição de 1988, muitas ações se desenvolveram em todo

país buscando exercer essa autonomia de forma a descentralizar a política

administrativa.

A Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n° 9394/96)

prevê a possibilidade de criação dos Sistemas Municipais de Ensino,

integrados as políticas e planos educacionais da União e dos Estados. Nesse

contexto, em 28 de abril de 2006 foi sancionada a Lei n° 1539/2006 que

instituiu o Sistema Municipal de Ensino de Brumadinho, rerratificada pela

Lei 1.550/2006.

O Sistema Municipal de Ensino é composto por:

Escolas de Educação Infantil, unidade de Ensino Fundamental,

mantidas pelo poder público municipal.

Escolas privadas de educação infantil, situadas no município de

Brumadinho.

Órgãos executivos municipais de educação.

Órgão normativo do Sistema.

Conforme dados do último Censo Demográfico, no município, em

agosto de 2010, a taxa de analfabetismo das pessoas de 10 anos ou mais era

de 5,9%. Na área urbana, a taxa era de 5,2% e na zona rural era de 9,9%.

Entre adolescentes de 10 a 14 anos, a taxa de analfabetismo era de 1,0%.

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Tabela 6: Taxa de Analfabetismo

Fonte: www.pne.mec.gov.br

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é

a percentagem dos estudantes (de um grupo etário) em relação ao total de

pessoas (do mesmo grupo etário), podendo ser líquida ou bruta. Por exemplo,

a Taxa de Escolarização Líquida identifica a parcela da população na faixa

etária de 7 a 14 anos matriculada no Ensino Fundamental e a Taxa de

Escolarização Bruta identifica se a oferta de matrícula no Ensino

Fundamental é suficiente para atender a demanda na faixa etária de 7 a 14

anos.

Tabela 7: Taxa de Escolarização Líquida de Brumadinho

Fonte: www.pne.mec.gov.br

O Sistema Municipal de Ensino de Brumadinho é composto por

escolas públicas municipal, estadual e privadas. A rede pública atende a

Educação Básica e a rede Privada atende a Educação Básica e Superior.

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Tabela 8: Instituições de Ensino de Brumadinho

APAE – Escola de Educação Especial Maria Dária de Lima -

Brinque – Educação Infantil

CEMMA – Centro Educacional Maria Madalena Friche Passos

E E Paulina Aluotto

E M Padre Machado (em processo de criação)

E.E de Ensino Médio Melo Franco

E.E. Paulo Neto

EMEI Ilza Maria

EMEI Maria Coelli

EMEI Mariana Andrade

EMEI Padre Michel

EMEI São José

Escola Municipal Antônio Hermenegildo Paiva

Escola Municipal Carmela Caruso Aluotto

Escola Municipal Clarice Gomes

Escola Municipal Dona Manoela

Escola Municipal Josias José Araújo

Escola Municipal Leon Renault

Escola Municipal Lidimanha Augusta Maia

Escola Municipal Lucas Marciano

Escola Municipal Maria Dutra de Aguiar

Escola Municipal Maria Solano Menezes Diniz

Escola Municipal Nilza de Lima Sales

Escola Municipal Nossa Senhora das Dores

Escola Municipal Padre Vicente

Escola Municipal Padre Xisto

Escola Municipal Profa. Yolandina de Melo Silva

Escola Sathya Sai de Minas Gerais – Educação Infantil

Faculdade Asa de Brumadinho

Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego.

Sistema Educacional Profissional de Itabira

Sistema Pedagógico Semear

Universidade Aberta e Integrada de Minas Gerais – Cursos Técnicos e Superior.

Fonte: Secretaria Municipal de Educação

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HINO DE BRUMADINHO

Letra por Zilda Andrade

Melodia por Edwin Costa

A nossa terra adormecia...

O trabalhador aqui chegou.

Ao longo desta importante ferrovia,

Logo o nosso município se criou.

Brumadinho tem riquezas:

Solo fértil em minerais;

A flora é linda e a fauna admirável

Enfeitando as paisagens naturais.

A bela sombra dos três irmãos

Nós escrevemos a nossa história...

Dentro das serras, a cidade se resguarda,

Trabalhando e construindo a sua glória.

Oh! Brumadinho, sempre presente!

Progredindo, triunfante...

Destacando-se neste imenso país...

Das gerais, você será, sempre, gigante!

Paraopeba é um grande rio

Embelezando a cidade.

De manhãzinha, quando cai a fina bruma

Cobre o seu povo com uma justa vaidade.

Todas estradas que atravessam

São caminhos pro progresso.

Acolhem, com prazer, amigo visitante

Que não mais pensa em regresso!

Oh! Brumadinho, sempre presente!

Progredindo, triunfante...

Destacando-se neste imenso país...

Das gerais, você será, sempre, gigante!

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REFERÊNCIAS

BRUMADINHO. Plano Decenal Municipal de Educação de Brumadinho. 2015 BRUMADINHO. Secretaria Municipal de Cultura e Lazer. 2014. BRUMADINHO. Secretaria Municipal de Educação. 2014. BRUMADINHO. Secretaria Municipal de Meio Ambiente. 2014.

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Revisão: Armando Sérgio de Souza

Formatação: Luiz Henrique Orione dos Santos

Redação: Gislene Dutra e Vanessa Romualdo