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COMBATE SOCIALISTA COMBATE SOCIALISTA nº 30 PUBLICAÇÃO DA CORRENTE SOCIALISTA DOS TRABALHADORES - CST Tendência Interna do Partido Socialismo e Liberdade NOVEMBRO/2009 www.cstpsol.com

Combate Socialista 30

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Com Lula cresce a crise social. O povo não deve pagar o pato!

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COMBATESOCIALISTACOMBATESOCIALISTA

nº 30

PUBLICAÇÃO DA CORRENTE SOCIALISTA DOS TRABALHADORES - CST

Tendência Interna

do Partido Socialismo

e LiberdadeNOVEMBRO/2009

www.cstpsol.com

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EDITORIAL

O governo e sua maquina de propaganda insistemnas condições “ex-

traordinárias” do Brasil, e naesperteza do Lula que terialhe permitido passar a criseda economia mundial semgrandes custos. Não duvida-mos do enorme peso do Lula,da relativa “estabilidade” al-cançada, do começo tímido darecuperação econômica. Noentanto, esta é só uma carada realidade. Os limites dafrágil recuperação e a situa-ção da economia mundial, aprofundidade da crise social eas numerosas greves que en-frentaram a política salarialdo governo e dos patrões, nosindicam uma perspectiva di-ferente, onde os próximosanos serão de maior crise einstabilidade.

“Dólares fantasmagóricosimpressos em arinconsistente, respaldadospor nada e produzindoquase nada”.

O Republicano Paul CraigRoberts, crítico da política deObama alerta sobre a novabolha que estaria em gesta-ção. Declara que, enquantose anuncia uma recuperaçãoo desemprego cresce atingin-do 20% nos EUA, nada menosque um quinto da força de tra-balho. O Presidente do Mor-gan Stanley analisa a “maiorinjeção de liquidez da histó-ria moderna”, denunciandoque os investidores “apostamno mercado de ações atrás dosonho de uma recuperaçãorápida” e considera que me-didas de estímulo acarretamrisco de agravar desequilíbri-os. O próprio Banco Centraldos Bancos Centrais (Bancode pagamentos internacio-nais) assinalou que existe o

APAR Silvia Santos

Membro da DireçãoNacional do PSOL

Com um ufanismo sem limi-tes, Lula aproveita a paralisiada oposição burguesa paraapresentar, a todo o momen-to, o “Brasil de fantasias” natentativa de emplacar Dilma,Presidente. Nesta semana,num ginásio lotado de polici-ais militares do DF, sobre umareunião com empresários emviagem ao Reino Unido, disse:“É tanto elogio, tanto elogio,mas é tanto elogio à nossaeconomia, que eu fico mebeliscando para saber se écerto o que estou ouvindo”.

Não poderia ser diferente.A platéia que elogiava Lula es-tava formada por banqueirose poderosos empresários, ossetores que, antes e durante acrise econômica, mais se favo-receram com as políticas des-te governo. Convertido no“queridinho” do capitalismointernacional, que agradecealegremente os serviços pres-tados pelo ex-operário, o pre-sidente afirma que “o Brasil éo país do século XXI”. Comcerteza é o país para os ban-queiros, com os juros mais al-tos do mundo, do agronegó-cio que não pára de desma-tar a Amazônia para plantar

soja transgênica, dos latifundi-ários que não vêem ameaça-das suas propriedades porquea reforma agrária não sai dopapel, dos grandes empresári-os que recebem créditos fáceisdo BNDES enquanto demitemtrabalhadores.

Com certeza, o Brasil deLula não é o do povo traba-lhador. O Índice de Desenvol-vimento Humano, que medea qualidade de vida da popu-lação, desmente a propagan-da oficial. O país caiu 05 posi-ções na última medição. Estáno 75° lugar, atrás do Chile, daArgentina, de Cuba e da Ve-nezuela. É o que sente a po-pulação trabalhadora no co-tidiano com salários arrocha-dos, educação de péssimaqualidade, filas para ser aten-dido em hospitais sucateados.

O “país do século XXI” é umpaís onde a omissão do esta-do, dedicado a atender os in-teresses do grande capital, dálugar a profundas crises soci-ais e à violência. É o país ondea corrupção rola solta nos maisaltos escalões da política semnenhuma punição, enquantoa violência urbana derrubahelicópteros da PM, explodecarros fortes, mata mais ino-centes que qualquer guerraconvencional e incorpora aosborbotões no submundo dadroga uma juventude semperspectiva. Mais de vinteanos atrás, o genial composi-tor Renato Russo, com umaacidez peculiar e um conteú-do social profundo vociferava“Que país é esse?”, uma per-

gunta que ainda continuasem resposta, a pesar da pro-paganda ufanista de Lula.

Frente a essa crise, o PSOLdeve apresentar uma alterna-tiva. Em primeiro lugar apoian-do e unificando as lutas emcurso, as quais a propagandado governo não cita, nem tam-pouco consegue desmontar.Também, ajudando a organi-zar a vanguarda que luta parasuperar as direções traidorasdo movimento, como a CUT,formando uma nova centralsindical a serviço das lutas. Jun-to com isto temos que apresen-tar uma alternativa eleitoralpara 2010, que denuncie os ir-mãos siameses PT e PSDB e seuspartidos satélites, desmascarara candidatura Marina Silva,como roda auxiliar do gover-no. Nesse terreno, teremos quelevantar nossas propostas con-cretas para que, a crise, a pa-guem os ricos! Não existe ca-minho para o Brasil ter dignida-de no século XXI que não co-mece pela luta por salário, em-prego, educação e saúde dig-nas. O combate à violênciapor meio de programas sociaiscom fortes investimentos, pelofim da criminalização dos mo-vimentos, suspensão e audito-ria do pagamento da dívidapara que esse dinheiro sejausado em projetos sociais eobras públicas, por reformaagrária verdadeira, punição eexpropriação dos corruptos edos que destroem a Amazônia,pela ruptura com o imperialis-mo e seus planos de agressãopelo mundo inteiro.

Editorial

No fechamento desta edição, a justiça do Pará, a pedido dagovernadora Ana Júlia Carepa (PT) decretava a prisão dosdirigentes do MST Charles Trocate, Maria Raimunda e UlissesManaças, seu crime: liderar a ocupação das fazendas Maria Bonitae Rio Vermelho, de propriedade do corrupto banqueiro DanielDantas. Repudiamos veementemente este novo e violento ataqueao movimento por parte do governo petista de Ana Julia, nossolidarizamos com a justa luta do MST pela reforma agráriae exigimos a imediata revogação do pedido de prisão dessesdirigentes.

Todo apoio à luta doMST contra o latifúndio

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ECONOMIA

risco que estourem outrasbolhas financeiras maisgraves, visto que por ex. omercado especulativo comderivativos está aumentan-do. O Diretor do Instituto deInvestigação de Tendênci-as, Gerald Celente, anun-ciou que se avizinha a “mãede todas as bolhas” que se-ria provocada pelo pacote deestímulos que definiu as-sim: “Dólares fantasma-góricos impressos em arinconsistente, respalda-dos por nada e produzin-do quase nada”. Na mes-ma linha, o economistaNoel Roubini alerta que sea economia dos EUA iniciouuma recuperação modesta,os preços dos ativos vêm su-bindo demais, cedo demaise rápido demais em compa-ração com os fundamentos.Montando em uma bolhaimensa que “um dia vai es-tourar... quanto mais se pro-longarem e quanto mais cres-cer a bolha, maior o crash”.

Em definitiva, pode haverconjunturas de superação dacrise aguda, retomadas parci-ais e temporárias. Mas nãoexiste no horizonte uma su-peração consistente da crise emenos ainda a volta para pa-tamares anteriores. Se avizi-nha o fim das intervençõesdos governos colocando a ne-cessidade de mais e maioresajustes fiscais. A resposta dostrabalhadores e dos povosserá o elemento político deci-sivo para definir quem paga-rá pela crise e a possibilidadeou não da sua superação.

Lula tentaenxugar o gelo...

A crise no Brasil não se ex-pressou com a mesma forçaque nos países imperialistas,ou como no México, que atra-vés do Nafta tem uma relaçãosimbiótica com a economiaianque. Os Bancos brasileiros,graças à extraordinária taxa

de juros, não tinham como eixoa especulação via derivativos,mas obtinham seus lucros comos títulos do governo, razãopela qual não afundaram comonos EUA. Mas se estes e ou-tros fatores atenuaram a cri-se, ela existe.

A arrecadação em quedahá 11 meses, (-7,8% de janei-ro a setembro) é sentida emestados e municípios assimcomo na saúde e educação quetiveram orçamentos reduzi-dos. Na indústria houve umtombo histórico, que não sevia desde 1975. A produçãoindustrial despencou 13,4%entre janeiro e junho desteano, no pior primeiro semes-tre em 34 anos. Nem mesmoos beneficiados com medidasanticrise conseguiram evitarnúmeros negativos. A indús-tria automotiva pese à redu-ção do IPI, teve em setembroa 12ª queda consecutiva naprodução.

Os índices de desemprego,segundo fontes oficiais se

mantêm perto de 9%. Mas es-tes números não consideramos que não procuram maisemprego, desestimulados pe-las dificuldades. Nas regiõesmetropolitanas, ronda os15%. Sobre os empregos o pró-prio presidente da Confedera-ção Nacional das Indústrias(CNI) admite que “A qualida-de das vagas criadas deixou adesejar. Grande número dosrecém contratados aceitou tra-balhar sem carteira assinadaou está atuando por conta pró-pria no mercado informal”.

Como ilustração, para dis-putar uma das 1.400 vagaspara gari no Rio com baixosalário de 486,00 reais, maistíquete alimentação, vale-transporte e plano de saúde,foram se inscrever 109.193pessoas, dos quais 45 douto-res, 22 mestres, 1.026 comnível superior completo e3.180 incompleto.

A manutenção da taxa dejuros em 8,75%, a alta nasbolsas e dos lucros dos ban-

R ECEU a luz no final do túnel?cos expressa que o setorfinanceiro continua sen-do o privilegiado. A reimplantação de IOF comalíquota de 2%, acabasendo inócua visto queexistem formas de dri-blar o mecanismo e dis-farçar a especulação. Osetor rentista insiste emque para fechar as con-tas públicas é necessárioum ajuste fiscal, redu-zindo as despesas do Es-tado. Coisa que Lula nãofará da maneira neces-sária em ano eleitoral,mas o ajuste está no ho-rizonte.

As reservas cambiaisdo país chegaram a U$S225 bilhões, e continu-arão aumentando en-quanto prossiga o aflu-xo de capitais ao país. Ogoverno emite títulospagando 8,75% de jurospara enxugar os dólares

que sobrevalorizam o real eprejudicam os exportadores,mas aplica a maioria em tí-tulos do governo dos EUAque pagam juros quase zero.Este mecanismo não faz ou-tra coisa a não ser aumen-tar fabulosamente a dívidapública do país.

A crise social, o aumentoda violência nas grandes ca-pitais é expressão deste agra-vamento da crise global, queseguirá se aprofundando semque as recuperações parciaise transitórias, ao ritmo da cri-se da economia mundial con-sigam amenizá-las e menosainda solucioná-las. A crisesocial se agravou no governoLula e se estendeu pelo país.A situação e revoltas nas fa-velas de SP, o aumento da cri-minalidade em cidades comoPorto Alegre, Rio ou Belém,são expressão deste agrava-mento. Ilustrando quem estápagando pela crise e quem sebeneficiando no Brasil doPresidente Lula.

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CONJUNTURAComo um “Ilusionista”, Lula prepara a entrega, “na prática”, da exploraçãodas reservas do pré-sal ao capital privado. A tarefa do movimento é rejeitarglobalmente a proposta do governo e mobilizar pela Petrobrás 100% estatal.Uma ação importante é a campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso. Amilitância tem que estar consciente, a proposta de Lula não é só “limitada”.Coloca as reservas brasileiras a serviço das “gigantes” do setor.Para entender um pouco mais a proposta do governo, publicamos artigo docompanheiro Alberto Nogueira, do Rio Grande do Sul.

Pré-sal"... nossas privatizações são

Alberto NogueiraServidor público e Mestre emEconomia pela UFRGS

Após a descoberta das re-servas do pré-sal, o Governoenviou ao Congresso um con-junto de projetos que modifi-cam o marco regulatório daexploração de petróleo noBrasil. Se aprovados, o paísconsolidará o “mercado depetróleo brasileiro”, criadopela lei de FHC, em relação àqual Lula poderá vangloriar-secom “... nossas privatizaçõessão melhores do que as de-les...”, como fez com as con-cessões rodoviárias.

Quais elementos apontampara este quadro sombrio? Osprincipais são a criação domodelo de partilha, da Petro-sal e do Fundo Social. O primei-ro consolida o “mercado depetróleo”. Trata-se de um mo-delo “B” de privatização queatende ao quesito “seguran-ça jurídica para o investimen-to estrangeiro”, pauta de pri-meira linha do imperialismoem relação aos países perifé-ricos. Para aqueles que julgamexagerada a afirmação, lem-bramos que o Ministro EdsonLobão cunhou a expressão“fornecedor confiável” paracaracterizar o Brasil comonovo país exportador de pe-tróleo no cenário do pré-sal.Já, a criação da Petrosal, re-presenta o fracionamento ins-titucional da Petrobras. A Pe-trosal, como representantedos interesses da União relati-vos ao pré-sal, será uma bar-reira à Petrobras para o de-sempenho de suas funções his-tóricas, deslegitimando-acomo estatal, cujos interessesdevem ser alinhados com as

diretrizes da União. Dessa for-ma, esta será apenas maisuma entre as empresas petro-leiras a atuar no mercado na-cional. A garantia de exclusi-vidade à Petrobras no papelde operadora, por outra par-te, apenas reforçará sua sub-missão às multinacionais. Oestado brasileiro, através daPetrobrás, com toda sua tec-nologia, será um terceirizadode luxo a serviço dos interes-ses de prospecção e explora-ção de empresas como a She-ll, por exemplo.

Por fim, a proposta de cria-ção de um fundo social comprevisão de aplicação de re-cursos no exterior é um acintenum país com tais níveis decarência de investimento pú-blico. Por outro lado, o apelosocial resulta em mera retóri-ca, pois, as medidas de des-vinculação de receitas da Se-guridade Social, de geraçãode superávits primários exorbi-tantes, de gestão da dívidapública altamente onerosa aopaís e de “responsabilidade fis-cal” são pontos consolidadosna política fiscal da União. Têmelevado potencial para invia-bilizar impactos positivos deretorno social, como a implan-tação de políticas públicasque poderiam, hipotetica-mente, ser originadas dos vul-tosos recursos que advirão dopetróleo do pré-sal.

O Brasil é um país que histo-ricamente tem contribuídocom suas riquezas naturaispara o desenvolvimento docapitalismo mundial. A explo-ração do petróleo havia fica-do de fora das mãos do capi-tal, a partir da estatização ecriação da Petrobras. Nesteinício de século, em que o pe-

tróleo se reveste de importân-cia estratégica adicional –para a transição energética eambiental –, o Brasil, pelasmãos de FHC, e agora, deLula, se organiza para entre-gá-lo ao circuito capitalista,aprofundando seu papel defornecedor de matérias pri-mas, na divisão internacionaldo trabalho. O pré-sal, ao in-vés de representar um instru-mento de autodeterminação

e de financiamento da melho-ria das condições de vida dapopulação, servirá diretamen-te aos interesses dos capitaispetroleiros e indiretamenteaos capitais que especulamcom a dívida pública, já queas rendas do petróleo apropri-adas pela União passarãopelo moinho da política fiscalque privilegia a rolagem dadívida pública e o pagamen-to de juros exorbitantes.

Ao fechar a edição, repercutia o fato da diretora do

AEPETRO Bahia, que se acorrentou em frente ao Edifício

da Petrobrás. Edilene Farias, contaminada por sulfetos

metálicos na Refinaria Landulfo Alves, no final dos 80, sofre

de dermatite, transtorno emocional e músculo esquelé-

tico. Só a doença de pele é reconhecida pela empresa.

Afastada por doença ocupacional, destaca sua revolta

pelo fato da Petrobrás não sinalizar com avanço algum

na pauta social. Edilene é parte de uma realidade dolo-

rosa que só em 2007 e 2008, em acidentes de trabalho,

pelas precárias condições e descaso da alta adminis-

tração e do governo, já tirou a vida de 34 trabalhadores

nas instalações da Petrobrás.

No desespero de uma trabalhadora,a verdadeira face de um governo

melhores do que as deles..."

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CONJUNTURA

17 de outubro foi um diamarcado para milhares de mo-radores do Morro dos Macacosno bairro de Vila Izabel, zonanorte do Rio, bairro de NoelRosa, o poeta da Vila. Nesse diaos moradores ficaram no fogocruzado entre traficantes rivaisque brigavam pelo ponto dedrogas, e os policias que inter-vieram durante o confronto ti-veram um helicóptero explodi-do pelos traficantes, matandotrês policiais. Os números ofi-ciais falam em mais de 40 mor-tos durante o confronto, cujasidentidades não foram revela-das, teme-se que esse númeropossa ser ainda maior.

Essa é a realidade nua ecrua de centenas de milharesde moradores que residemnas favelas cariocas, são maisde mil favelas em toda a capi-tal, onde moram cerca de umterço da população.

No primeiro ano do gover-no de Sergio Cabral, foram1.330 assassinatos, fruto doaumento desenfreado da vio-lência e da política de(in)segurança baseada no con-fronto, orquestrada desde oPalácio Guanabara.

De acordo com os dados co-dificados do antropólogo LukeDowdney, a violência no Riomata oito vezes mais criançase adolescentes do que em zo-nas de conflitos de guerra,como na Palestina. É impen-sável em um país, que oficial-mente não está em guerra,crianças entre 8 e 14 anos em-punhando armas e se trans-formando em verdadeiros“chefes” das bocas do tráficonos morros. Ainda mais, vive-mos sob o terror das milícias,que controlam em diversas co-munidades a venda de gás,transporte alternativo e o

chamado “gato-net”.A política de Sergio Cabral,

amigo do presidente e amigodo prefeito, é de total descasocom a questão pública. O Riofoi o primeiro estado a votar naAssembléia Legislativa asFundações Privadas para áreada saúde, o que significa a en-trega de nossos hospitais pú-blicos à iniciativa privada.Amargamos péssimos serviçosde transporte. Os empresárioslucram e nós enfrentamos bar-cas, trens e metrôs de péssimaqualidade, lotados, quebrados,sem nenhum conforto e com ir-regularidade nos horários, oque tem provocado inúmerosprotestos e até quebra-quebracontra estas empresas.

Enquanto nossos educado-res são tratados com descaso eviolência por parte do governo,como aconteceu na manifesta-ção do SEPE que deixou vári-os feridos devido à ação trucu-lenta da policia, milhares deservidores estaduais amargamsalários defasados, sem planode carreira e sem previsão deaumento. Para piorar, o secre-tário de Planejamento do Es-tado rejeitou a proposta deaumentar em 5% os vencimen-tos dos policias civis, militarese os bombeiros militares.

Corra que asolimpíadas vêm aí

Muitos comemoram a vitó-ria da Cidade Maravilhosapara sediar as olimpíadas de2016. Os governos federal eestadual já anunciaram que aprioridade será o investimen-to em segurança pública. Paratanto, prometem a contrataçãode 31 mil policiais, aumento doefetivo bélico e a criação deuma força de segurança espe-cial: Programa Nacional deSegurança com Cidadania(Pronasci). O objetivo é mostrarpara o mundo um Rio de paz.Mas durante a realização dosJogos Panamericanos, enquan-to os atletas disputavam nascompetições, os moradores doMorro do Alemão praticavamverdadeiros saltos ornamen-tais para defender suas vidas.Além disto, as obras do Pan atéhoje estão sendo questionadaspor superfaturamento e desviode dinheiro público. E o que res-tou para cidade? Nada! Na ci-dade sede dos Jogos Olímpicosde 2016, 45% das escolas pú-blicas não tem sequer umaquadra de esporte.

Cheio de exuberantes be-lezas naturais, que enchemde orgulho seus moradores eos olhos de quem nos visita,

o Rio é um estado rico, mascom uma população empo-brecida e abandonada porparte de um governo subser-viente ao projeto nacional,que trata a pobreza comocaso de policia e que baseiasua política de segurança noconfronto, no extermínio e nohomicídio de pobres e negros,na maioria jovens sem futu-ro, moradores de favelas.

O investimento em obrasfaraônicas e superfaturadas,que passados os jogos olímpi-cos se converterão em verda-deiros elefantes brancos enuma política de segurançaque só visa o aumento do apa-rato repressor para evitarconflitos nos dias da Olimpí-ada, não beneficiarão emnada nosso estado. A únicasaída para “melhorar a vida”é investir em educação, saú-de e moradia digna para to-dos e num plano de obras pú-blicas que gere emprego emelhores salários para a po-pulação trabalhadora. Paratanto, será necessário muitaluta e unidade de todos os or-ganismos de direitos huma-nos, das organizações sociais,dos sindicatos, dos trabalha-dores e do povo carioca paraderrotar as políticas entre-guistas dos atuais governos.

O risco para o Rio de Ja-neiro não é o dia em que a fa-vela descer. Ai do Rio de Ja-neiro, ai das olimpíadas doRio de Janeiro se um dia afavela não descer! Porque se,um dia inteiro, todos os mo-radores da favela não saíremde casa, o que funcionará noRio de janeiro? Qual serviçovai funcionar no Rio de Janei-ro? Nada funcionará, porquecontinua sendo as mãos e ospés da Cidade”. Marcelo Frei-xo (Dep. Estadual PSOL/RJ -discurso de balanço de seu vi-agem por diversos países deEuropa em 20/10/2009).

"RIO 40° GRAUS, cidade maravilha,

Rosi MessiasMembro da ExecutivaEstadual PSOL/RJ

território da beleza e do caos"

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PARTIDO

Para enfrentar os Tucanos e o PT

É 50! É PSOL de cara própria!A eleição de 2010 será a

primeira que Lula não disputarádesde a redemocratização dopaís. Apoiado na sua altapopularidade, fruto da suaorigem na classe trabalhadora esua identificação verbal com osinteresses “do povo” enquantoserve o grande capital, Lulaaposta em fazer de DilmaRousseff sua sucessora.

Ao seu formidável pesopessoal, agreguemos asustentação que as direções domovimento, sejam elassindicais, populares oucamponesas tem dado, sesomando assim à virada dopresidente “operário”.

A falsa oposição da direitaliderada pelo PSDB/DEM estáquase muda. Sucumbindo aoprestígio lulista, sabe que emdefinitivo, como afirmouDelfim Neto, Lula salvou ocapitalismo continuando com amesma política de FHC.Querem disputar a “chave docofre”, mas não sabem e nempodem se diferenciar.

Se a crise econômica noBrasil tem sido menor que noMéxico, EUA, ou leste europeu,não significa que não exista.Nenhum dos problemasestruturais do país tem sesolucionado, pelo contrário, elesse agravaram. Lula empurra acrise aumentando oendividamento do país e dapopulação, enquanto suagigantesca máquina publicitáriadisfarça o crescimento dasbolsas, essencialmenteespeculativo, passando aimagem que a economia realestá em expansão. Mas não hámais trabalho e mais produção,há menos. Não há menos crisesocial, há mais. Nas capitais

como Rio, São Paulo, Belém,Porto Alegre, Recife, aviolência se expandeassustadoramente.

Há confusão e ilusões, ecom razão, na cabeça e naconsciência do movimento demassas. Afinal, lutou durantemais de 20 anos para elegerLula. Não é fácil romper com aenorme expectativa acumuladaao longo de décadas decorajosas lutas. Para rompertambém é necessário que hajauma alternativa.

Esta confusão que leva acerto conformismo, não impedeque importantes setorespopulares lutem para defenderseus interesses. Assim odemonstram as mais de 350 –400 greves que deslancharam nopaís por ano desde 2007.Também, as explosõesmomentâneas como a daspopulações exasperadas pelospéssimos serviços, ou dosmoradores das comunidades queresistem como podem aviolência policial que matajovens, negros e pobres em nomedo combate ao narcotráfico.

No último período temosvisto greves e paralisaçõesduras e fortes nos trabalhadoresda indústria e de serviços queancoradas na propaganda oficialque a crise “já passou”, saírampara exigir o que é seu.Conseguindo muitos delesaumentos acima da inflação. Eacompanhando estesmovimentos, o crescimento,lento, mas seguro, de lutadoresque enfrentam os novos pelegosatrelados ao governo como osda CUT, e se organizam porfora, em novos agrupamentos.

É neste marco, que estãose articulando as forças para aseleições 2010.

O PSOL e as eleições 2010

O PSOL nasceu para ajudara construir uma alternativa deesquerda e socialista frente àtraição do PT. Heloísa Helena foiseu maior símbolo. Em 2006 suacandidatura à presidência evitouque se impusesse a falsapolarização Lula x Serra,alcançando 7 milhões de votos eobrigando a definição em umsegundo turno.

Hoje Heloísa, por decisãopessoal defendida por algunsdirigentes de correntes como oMÊS e o MTL, afirma queconcorrerá ao senado porAlagoas, contrariando osanseios da absoluta maioria dosmilitantes, assim como demilhões de eleitores que naspesquisas indicaram seu nome.

O PSOL está perdendo aoportunidade de se apresentarcom seu melhor quadro para adisputa eleitoral, com a únicacandidatura capaz de ajudar aromper setores de massas como governo, gerando umfenômeno eleitoralenormemente progressivo. Suadeserção indica que setores dopartido estão sucumbindotambém ao aparato lulo petista.Dirigentes do MES e do MTLjustificam que Heloísa não seapresenta, pois a conjuntura estáruim, o movimento não luta,está confuso e iludido, e confiaem Lula. Em definitiva, que porculpa do atraso e das ilusões dopovo, o PSOL não pode tercandidatura própria. E assim,em nome de disputar “as

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PARTIDO

Entre 2003 e 2008, Mari-na comandou o Ministériodo Meio Ambiente. Nesseperíodo, suas divergênciasforam pontuais. Por isso, aosair da pasta, fez um balan-ço positivo do mandato deLula. Na área ambiental,reivindicou as medidas desua gestão, como a Lei deFlorestas e a divisão do IBA-MA. Esse mesmo conteúdofoi repetido em sua cartade desfiliação do PT. Naprática, usa seu prestigiodo passado para legitimarum novo marco regulatóriode destruição do meio am-biente.

Osmarino Amâncio, diri-gente do PSOL/AC e par-ceiro de Chico Mendes naluta seringueira do Acre,declarou: “Ela aceitou otransgênico, que é total-mente inaceitável [..] Elaajudou a implantação doProjeto Gestão de Florestas

Ajudando a dissipar confusões e ilusões:porque o PSOL não pode apoiar Marina Silva

massas”, estão decididos aapoiar a candidatura da MarinaSilva, ex ministra do MeioAmbiente durante 6 anos dogoverno Lula, hoje no PV. Comoutros argumentos, algunsdirigentes de APS defendem talapoio. Desta forma, tal vez oscompanheiros acham queajudam a desfazer confusões.Mas só as aumentam. Poispintam Marina e um possível,mas hipotético “fenômenoeleitoral” como de esquerda,progressivo, capaz derepresentar os interesses dopovo trabalhador. Mas o queestão fazendo, é renunciar aoprojeto pelo qual foi fundado oPSOL: o de representar umaalternativa de classe e deesquerda consequente.

Em nome de um suposto“acúmulo de forças” não podemdisfarçar o objetivo eleitoreiro,com a ilusão que, junto aMarina, o PSOL conseguiráeleger alguns parlamentares.Não desprezamos a importância

de eleger parlamentares, mastudo depende com qual políticae programa. Escondendo osobjetivos de classe e de esquerdapor trás da candidatura deMarina, com certeza o“acúmulo” que talvez possa sealcançar é a de um partidodesfigurado, centrista, querenunciou não somente aosobjetivos estratégicos, mas aomínimo que se poderia exigir doPSOL: a de ser de oposição deesquerda ao governo Lula. Odirigente do MES, R.Robaina,que defende o apoio a Marina,argumenta que “os candidatos agovernador” representarão a voze os objetivos do PSOL. Isso nãocontrabalanceia o fato que oPSOL nacionalmente estariaengajado apoiando Marina, eisso é o aspecto fundamental dadisputa de 2010. Esta “tática” sóagregaria mais confusão comcandidatos a governador comdiscurso diferente da candidataa presidente que seu partido“apóia”.

Brasileiro e do Instituto ChicoMendes, não foi positiva. A cri-ação do Instituto se deu coma divisão dos recursos huma-nos e financeiros do IBAMA,que já eram poucos, enfra-quecendo-o mais ainda. Issoexplica que em 2008 o desma-tamento na Amazônia Legalvoltou a crescer com a destrui-ção de 13 mil km2 da floresta”.

Marina Silva possui umaótima relação com empresasque utilizam o discurso “verde”para maximizar seus lucros.Não é a toa que um dos doa-dores de sua campanha aosenado é a multinacional Ita-liana Pirelli, com projeto de su-posta “preservação” em Xa-puri no Acre, onde explora aborracha dos seringueirospara fabricar seus pneus. Ou-tro doador é a indústria cos-mética Natura, que explora oconhecimento tradicional dospovos da Amazônia e o patri-mônio genético da floresta

Públicas que significa a mer-cantilização da Amazônia. Eladá por 40 anos, prorrogáveispor mais 30... concessão àsmultinacionais e ao agronegó-cio para que explorem a Ama-zônia. [ela] privatizou 5% derios, lagos e mares para oagronegócio. Ela criou o seloFSC (Conselho de Manejo Flo-resta), que não passa de “la-vagem” (tornar legal) de ma-deira retirada ilegalmente. Elanunca discutiu nada disso comos povos da Amazônia”. (en-trevista ao Sindicato dos Quí-micos Unificados de SP).

Neide Solimões, dirigenteda CONDSEF, filiada e dirigen-te do PSOL/PA, afirma: “Mari-na tratou a divisão do IBAMAcomo modernização dos ser-viços. Porém, a medida provo-cou o esvaziamento do órgão.A fragmentação da gestãoambiental com a divisão deresponsabilidades a partir dacriação do Serviço Florestal

para desenvolver sua linhaEkos. Seu Presidente Execu-tivo é filiado ao PV, sendocotado como vice de Ma-rina. Todo o discurso de“uso sustentável da tradi-ção popular e da biodiver-sidade brasileira”, de “Res-ponsabilidade Social Em-presarial” da Natura e deMarina caem por terra.

Marina Silva já possui amesma visão do PV de nãoser “contra o PT nem aoPSDB”. É coerente visto queo PV compõe o governoLula e também governoscom o PSDB. Uma verda-deira ambientalista comomínimo- se declararia opo-sição ao governo Lula e asmultinacionais.

Em síntese, podemos di-zer que Marina é exemplarrepresentante do Ecocapi-talismo camuflado pelo dis-curso do desenvolvimentosustentável empresarial.

Há um espaço a ser dispu-tado pelo PSOL nas eleições2010. Um espaço para ajudara dissipar confusões e ilusões,mostrando com denunciasconcretas o verdadeiro rostodeste governo, apresentandoalternativas para o povo bra-sileiro, que se derivam de nos-so programa. Se conseguire-mos atingir setores de massasdepende por um lado da situ-ação objetiva. Mas por outro,é decisivo que exista um póloconsciente que atue sobre arealidade, para disputar dogoverno e das diversas falsasalternativas, entre elas a doPV de Sarney e Marina, aconsciência, a cabeça e o co-ração das massas.

Não é de responsabilidadedo partido e da imensa maio-ria dos militantes que Heloí-

sa tenha renunciado a estebom combate. Mas é sim dasua responsabilidade e daque-les que apóiam tal decisão, ade se esforçar para que o par-tido tenha cara e voz próprianas eleições 2010. Esconden-do a cabeça atrás da Marina,será a expressão da renunciaao projeto do PSOL, como seo PSOL não tivesse nada apropor para o povo brasileiro!Esta sim que é a pior de to-das as capitulações, mostran-do um novo partido, mas coma velha política.

Chamamos aos dirigentese militantes do PSOL a lutarem todas as instâncias paraque o partido tenha candida-tura própria. A não dar depresente nosso espaço paraaqueles que não o represen-tam nem o construíram.

Apresentar o PSOLcomo alternativa

Declaração da Coordenação Nacional da CST / PSOL

Page 8: Combate Socialista 30

8 | COMBATE SOCIALISTA | CST - PSOL

SINDICAL

Avança a construção de uma alternativade direção para os trabalhadores

Douglas DinizUnidos pra Lutar e Membro daDireção Nacional do PSOL

Produto político do Semi-

nário Nacional de reorganiza-

ção ocorrido em São Paulo nos

dias 01 e 02 de novembro

ocorrerá em junho de 2010 o

Congresso Nacional da Clas-

se Trabalhadora (CON-

CLAT). Na pauta: a fundação

de uma nova central.

Os delegados que serão

eleitos no movimento sindical

e popular terão a incumbência

de definir a natureza, caráter

e concepção que terá essa nova

ferramenta de lutas.

A Intersindical, o Bloco

Unidos/FOS e o MAS-Pres-

tista, desde o inicio mostra-

ram disposição de avançar

nessa construção e fizeram

importantes inflexões de

suas posições no sentido de

deixar de defender uma cen-

tral meramente sindical para

confluir na formulação de

Central Sindical do Mundo

do Trabalho, contudo sem a

participação e deliberação

nas estruturas, do movimen-

to estudantil e de opressões.

Essa inflexão também fez o

MTL que defendia uma cen-

tral sindical e popular.

A posição que defende a

juventude e o movimento de

opressão com direito a delibe-

rar na Nova Central se resu-

miu aos companheiros do

PSTU que são maioria na

Conlutas e o Bloco de Resis-

tência Socialista (BRS) que

compartilha a posição de di-

luir a classe trabalhadora em

um movimento poli-classista.

Um importante debate

Esse não tem sido qual-

quer debate. Esses movimen-

tos que sempre atuaram e se

organizaram de forma inde-

pendente do movimento sin-

dical, agora estão sendo con-

vidados pela direção majori-

tária da Conlutas (PSTU) sem

perder sua própria identida-

de como movimentos de cará-

ter poli-classistas (sem clas-

se social definida) a decidir os

rumos que devem trilhar os

trabalhadores em suas lutas.

Essa diferença de concep-

ção está na raiz dos desacor-

dos entre a maioria das orga-

nizações e o PSTU e vem atra-

sando há pelo menos um ano

a construção da nova central.

Mas não somente isso. A

forma de organização que se

reflete na composição da di-

reção da futura entidade tam-

bém está no centro dos deba-

tes e a disposição de “cargos”

defendida pela Intersindical

tampouco ajuda a se avançar,

reproduz velhas formas vici-

adas de organização do movi-

mento sindical e transforma

os fóruns da futura central em

uma disputa essencialmente

pelo aparato. Por isso o me-

canismo de organizar a dire-

ção por representação direta

na base, como hoje é a Conlu-

tas, é uma boa experiência a

ser incorporada. Permite a

participação de oposições sin-

dicais que já disputaram elei-

ções com peso proporcional

aos votos obtidos junto à base,

bem como as minorias de en-

tidades sindicais.

São temas em debates. Por

isso se acordou, como resolu-

ção do Seminário, a formação

de uma comissão de todas as

correntes para se fazer um

censo político dos setores que

queremos organizar e no Fó-

rum Social Mundial de Porto

Alegre que ocorrerá em Janei-

ro de 2010 uma plenária naci-

onal para se fechar as regras

de participação no CONCLAT.

UNIDOS PRA LUTAR

desde suas limitadas forças

no movimento sindical bata-

lha com suas posições para

que o referido congresso se

transforme em realidade.

Estaremos em Porto Alegre

e no Congresso da Conlutas

que ocorrerá em Abril de 2010

defendendo nossas propostas,

entre elas a dissolução da Con-

lutas nesta nova entidade.

Defenderemos que a nova

central seja autônoma, de

combate, socialista e classis-

ta. Neste marco defendere-

mos a unidade com o movi-

mento estudantil e de opres-

sões que devem ser organiza-

dos em departamentos setori-

ais para que se resguarde a

independência e autonomia

da organização e para impe-

dir que setores que por defi-

nição são policlassistas, te-

nham o mesmo poder de deci-

são dos trabalhadores nos

seus fóruns de classe.

Defenderemos uma Cen-

tral Sindical para os trabalha-

dores onde os negros, os ho-

mossexuais, as mulheres, a

juventude, etc. possam ser re-

presentados (as) por suas en-

tidades sindicais de classe evi-

tando assim processos de du-

pla representação, como ocor-

ridos no último congresso da

Conlutas, critério esses ques-

tionados por setores que, tais

como nós, foram excluídos da

secretária executiva nacional

da entidade por discordarem

desse mecanismo.

A necessidade de batalhar

por uma nova direção

Queremos refletir sobre

algumas posições que existem

na Conlutas, defendidas pelos

companheiros do PSTU, já

que entendemos não ajudam

a unidade da classe e a dis-

puta por uma nova direção.

Em bancários, por exemplo,

através do MNOB que é uma

pequena minoria, ao invés de

disputar com a burocracia cu-

tista se isolaram e dividiram

a categoria, não participando,

por ex. do Encontro Nacional

Page 9: Combate Socialista 30

CST - PSOL | COMBATE SOCIALISTA | 9

SINDICAL

Bancário. Nos petroleiros, o

centro foi a criação da FNP

em contraposição à FUP, sem

dialogar com os setores que

ainda estão fazendo experiên-

cia com a burocracia e com o

governo. Nos correios corre-se

o mesmo risco, quando pela

primeira vez desde a criação

da FENTECT, está colocada

a luta e organização para der-

rotar na sua entidade o apa-

relhismo e o entreguismo da

CUT e da CTB.

Somos contra a criação de

sindicatos vermelhos, que fi-

cariam isolados, e a criação de

aparelhos sindicais artificiais

sem lastro social ou peso de

representação na classe, pelo

simples fato de não dirigirmos

essa ou aquela entidade.

A Central que será cons-

truída deverá disputar com

os aparelhos e burocracias

sindicais existentes a dire-

ção de nossa classe e junto

com ela na luta, nas mobili-

Desde a última grevedos trabalhadores em2008 por garantia de 100%no emprego, a CST (PSOL)através de sua militânciaem Unidos Pra Lutar (Con-lutas) vem ajudando a or-ganizar, juntamente comoutros ativistas dessa cate-goria, a luta em defesados direitos e conquistasdos trabalhadores da CE-DAE, contra o projeto deprivatização da Compa-nhia por parte do gover-nador Sérgio Cabral(PMDB).

Esse processo de luta eorganização resultou naconformação em setem-bro/2009 de uma chapade oposição que disputoua eleição do SINTSAMA(Sindicato da categoria).Nessas eleições, nossaChapa formada por ativis-

tas sindicais independentes emilitantes ligados ao Partidodos Trabalhadores (PT), con-tou em sua formação com aparticipação de 43 cipeiros eobteve, na disputa com asChapas da CUT, CTB e ForçaSindical, 1/3 dos votos válidospara a direção da entidade.Terminada a eleição segue oprocesso de organização daoposição na Associação dosTrabalhadores do Ramo daÁgua, Saneamento e Esgotodo Estado do Rio de Janeiro –ATASERJ.

Foi uma eleição muito im-portante porque não só en-frentou a direção do sindica-to ligada ao PT/PCdoB, mastambém porque a partir daexperiência concreta e daconfrontação de projetoscom esses partidos, que sãobase de sustentação do go-verno do estado e da prefei-

zações e campanhas salari-

ais unificadas, derrotar o

governo e os patrões.

É certo que ainda não exis-

te em nosso país uma situa-

ção de grande mobilização pa-

recida a que vivem muitos pa-

íses vizinhos, onde a classe

através de seus tradicionais

mecanismos de lutas como a

greve e as mobilizações de rua

chegaram a derrubar presi-

dentes, questionar governos e

regimes. Mas, as lutas que

vem ocorrendo nos estados e

as vitórias obtidas em 90%

das últimas campanhas sala-

riais, onde se conquistou gan-

ho real acima da inflação, é

um importante termômetro a

ser medido e nos coloca peran-

te uma dinâmica irreversível

de futuros enfrentamentos.

UNIDOS PRA LUTAR –

tendência da Conlutas é par-

te da organização dessa dis-

puta e dos futuros embates

que estarão colocados.

tura municipal do Rio de Janei-ro, fez crescer a resistência dacategoria contra o processode privatização da água, sa-neamento e esgoto. Muitosdesses lutadores, alguns semnunca ter participado de umadisputa político-sindical se fili-aram ao PSOL.

Damos nossas boas vindasa esses companheiros (as) edesejamos que juntos, agorafazendo parte do mesmo pro-jeto, possamos seguir constru-indo não só uma nova direçãosindical para os trabalhadoresda CEDAE e brasileiros, maisum projeto alternativo de so-ciedade.

São eles:Tânia Patrocínio - Ex. militan-

te do PT, Presidente da ATASERJe membro da CIPA Tijuca

Zezé - Direção da Ataserj emembro Cipa Santana 235

Agenor - Bebezão - Dire-ção da Ataserj - Ladeira DeSão Bento

Akihito - Direção da Ata-serj e membro da Cipa San-tana 235

Alciemio - Direção daAtaserj e membro da CipaGuandu

Alex Lopes - Papagaio -Direção da Ataserj e mem-bro da Cipa da Ladeira deSão Bento

Ataide - Direção da Ata-serj - Ladeira São Bento

Marquito - Direção daAtaserj e membro Da Cipa_Santana 235

Morfeu - Diretor da Ataserje membro Da Cipa Guandu

Ricardinho – Fundador daCut - Oposição Mudançano Sintsama - Pedregulho

Zé Carlos - Super Homem- direção da Ataserj

Naná - Direção da Ataserj

Lutadores da CEDAE filiam-se ao PSOL-RJ

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10 | COMBATE SOCIALISTA | CST - PSOL

JUVENTUDE

A chapa 1 MOSCA NASOPA composta pelo coletivoVamos à Luta e independentessaiu vitoriosa na eleição doDCE UNIRIO (Univ. Federaldo Estado do Rio de Janeiro)com 1019 votos contra 666 vo-tos da Chapa 2 - Unirio SemMuros. Essa vitória contou como apoio de diversos DCE´s comoUFF, UFOP, UFRGS, UNA-MA e FAP (Estácio de Sá -PA),além de sindicatos como o SIN-TUFF, Químicos de S.J. dosCampos e SINDSPREV RJ.

A eleição esteve ligada amobilização e atos públicospela construção do Bandejãoe em defesa da assistência es-tudantil.

Desde 2004 a Reitora pro-mete construir o bandejão e foireeleita em 2008 com esse dis-curso, porém a obra nunca saido papel.

Em um dos protestos os es-tudantes convidaram a Reito-ra para um jantar: tomar apéssima sopa que se consomediariamente na cantina. De-pois de uma campanha orga-nizada pelos CA´s e por umaparte do DCE, que conseguiumais de 1500 assinaturas emum abaixo-assinado, realiza-mos uma audiência públicacom a Reitoria para cobrar ex-plicações. Nesta audiência en-tregamos também uma lista

das reivindicações dos centros. A chapa 1, construída no

calor dos abaixo-assinados, daspassagens em sala e das mo-bilizações conseguiu aglutinarestudantes de diversos cursos.A chapa defendia a universi-dade e rejeitava a expansãosem qualidade de Lula atravésdo REUNI.

O debate que polarizou auniversidade foi sobre a con-cepção de movimento estudan-til e as tarefas do DCE. A cha-

pa 2 defendeu que o DCE tinhaque dialogar com a reitoria daspromessas não cumpridas.

Nossa chapa defendeu queo papel do DCE é reivindicaruma educação de qualidade emobilizar os estudantes semestar atrelado com a adminis-tração. Esse foi o voto majori-tário da base, por um DCE in-dependente da reitoria e dogoverno.

Nossa gestão não dará des-canso à reitoria e ao governo etemos como prioridade organi-zar a luta pelo aumento dasbolsas, por mais ônibus para otransporte intercampi, além decobrar a construção imediatado bandejão e lutar por demo-cracia na universidade comdebate na base sobre o estatu-to da UNIRIO.

Além disso, estaremos nalinha de frente com outrosDCE´s do país chamando aunidade dos lutadores parabarrar o desmonte à universi-dade pública, contra os cortesde verbas.

DCE UNIRIO: chapa daesquerda derrota a Reitoria

Bárbara SinedinoCoordenadora Geral DCE/Unirio

Silaedson JuninhoDiretor UNE - Oposição

Há cinco anos nosso DCE está naoposição de esquerda ao governoLula. Este ano também encabeçouo Fora Yeda.

Para seguir nesta luta, nós defen-díamos uma chapa unitária da es-querda. Infelizmente os compa-nheiros do Romper o Dia/MES op-taram pela divisão. Não aceitaramdiscutir um programa em comumcontra as medidas de Lula e Yeda.Em primeiro lugar colocaram quedeveríamos discutir a divisão decargos. Esta corrente chamou avotar, junto com o PT, a favor damaioria dos projetos do programado REUNI nos conselhos universitári-os. Acabaram em clara minoria seretirando da convenção da chapaunitária.

Na UFRGS, precisamos enfrentar

novamente a chapa reacionáriado MEL(Movimento Estudantil Li-berdade) controlado e financiadopor partidos corruptos ligados àYeda, como PP, PSDB e DEM. Paraesta tarefa fundamental, juntocom dezenas de independentes,nós do Vamos à Luta, os colegasligados a EXNEF(Executiva de Edu-cação Física), a maioria dos com-panheiros do Enlace, os colegasda AS e do PSTU, formamos a cha-pa 2 (DCE de Tod@s – Por uma UFR-GS Popular e de Qualidade). So-mos a maior chapa que disputa aseleições do DCE este ano, commais de 300 apoiadores. Reivindi-camos as conquistas das últimasgestões e temos propostas para re-novar o DCE. Por Diego Vittelo /Vamos à Luta - UFRGS

Atualmente, a UnB viveum momento de luta, ma-terializado em ocupaçõesde salas com a reivindica-ção de espaço físico paraCentros Acadêmicos. Nãoé por acaso que oito cur-sos tenham tomado tal ini-ciativa. Essas ocupaçõesestão no contexto de ex-pansão das universidades,via REUNI, que tambémtem provocado falta deespaços para salas deaula e laboratórios.

O DCE evita amobilização

O DCE não realizou ne-nhuma mobilização deapoio ás ocupações. Porque será? Porque a for-ma como a gestão temtratado as ocupaçõesdemonstra o interesse emsustentar a Reitoria e os

projetos do governo, emvez de defender a luta es-tudantil. Tratar as ocupa-ções como demandaspontuais é a forma de oDCE jogar uma cortina defumaça nos problemasda expansão para evitarchoques com o Reitor.

Novos Rumos para omovimento estudantil daUnB

É necessário rearticularo movimento estudantil,resgatando a sua com-batividade. Novos rumossignifica construirmos umaalternativa que possa en-frentar as fundações pri-vadas, defender uma ex-pansão de qualidade,mantendo a mobilizaçãoe a independência emrelação à Reitoria.Por Adriano Dias

UnB: OCUPA E RESISTE!UFRGS: É preciso fortalecera chapa unitária da esquerda

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CST - PSOL | COMBATE SOCIALISTA | 11

INTERNACIONAL

Governo fecha empresa estatalMÉXICO

Imensa mobilização operária e popular contra o fechamento da estatal “Luz e Força do Centro”

Na noite do último dia 10de outubro, 6 mil policiais esoldados enviados pelo presi-dente Felipe Calderón ocupa-ram as instalações da empre-sa estatal Luz e Força do Cen-tro (LFC). Horas depois, o go-verno federal decretou a ex-tinção do órgão e anunciou ademissão de todos os funcio-nários. No dia 15, uma imen-sa manifestação de centenasde milhares de pessoas repu-diava a medida e exigia que ogoverno recuasse.

Foram demitidos 44 miltrabalhadores e substituídospor cargos de confiança daComissão Federal de Eletri-cidade, militares e pessoalcontratado por terceirizadasque ficam com parte dos ser-viços, como a transnacionalespanhola Iberdrola e outras.Mas a falta de manutençãoestá provocando apagões edanos irreversíveis nos equi-pamentos

Querem privatizarO governo pretende justi-

ficar esse assalto, digno deuma ditadura militar, respon-sabilizando o sindicato e ossupostos "privilégios" dos tra-balhadores, pela quebra dacompanhia. Nada mais falso!É o mesmo argumento queusaram em toda a AméricaLatina, nos anos 90, para jus-tificar todas as privatizações.

A empresa estatal distribuieletricidade para 6 milhões deusuários na capital federal eem 141 municípios. Foi obriga-da a subsidiar as grandes em-presas privadas e, inclusive re-partições públicas que paga-vam abaixo dos custos, e quemcobria as perdas era a Comis-são Federal de Eletricidade.

O presidente do Sindica-to Mexicano de Eletricistas(SME), Martin Esparza, afir-mou que a estatal estava emcondições de oferecer serviçosde Internet, telefonia e TV acabo a preços baixos, para asfamílias de menores recur-sos, mediante uma rede defibra ótica de 1.100 quilôme-tros. Mas esta rede foi entre-gue em concessão pelo gover-no Calderón á empresa WLComunicações, que pertencea Fernando Canales Clarionde Ernesto Martens, ambosSecretários de Energia do go-verno anterior de VicenteFox, do mesmo partido doatual presidente.

O governo reacionário deCalderón, além de favorecerseus amigos, pretende des-truir um dos sindicatos maiscombativos do país.

Mobilização operáriaA reação dos trabalhado-

res não se fez esperar. Umagigantesca manifestação ope-rária e popular comoveu acapital de México no dia 15 deoutubro. Centenas de milha-res de pessoas encheram a

imensa praça central chama-da "El Zócalo" e as grandesavenidas que a circundam,exigindo que o governo recueda liquidação da empresa deeletricidade. Como parte dapreparação para a primeiragreve geral, o Sindicato pre-para outra manifestação mas-siva para 11 de novembro,quando se completa um mêsdo assalto à empresa estatal.

O ataque ao Sindicato, aostrabalhadores e a tentativa deprivatizar são parte de umaofensiva antipopular do gover-no para que os trabalhadorespaguem pela crise capitalista.Isto é percebido assim poramplos setores da população.Lembremos que o governoCalderón triunfou em 2006com fraude eleitoral contra ocandidato de centro-esquerdado PRD, López Obrador.

Nossos companheiros doMéxico, do Partido ObreroSocialista, organização queintegra o Comitê de Enlaceda CIR (Corrente Internaci-onal Revolucionária) com aUIT (Unidade Internacionaldos Trabalhadores), estão nalinha de frente desta luta e

da campanha de solidarieda-de. Editando milhares dejornais e panfletos, convo-cando assembléias nas uni-versidades e locais de traba-lho para informar e apoiar asmobilizações, e divulgando aconvocatória da UIT-CIR,chamando a solidariedadeinternacional.

Campanha InternacionalO Sindicato dos Eletricitá-

rios (SME) agradece a solida-riedade de centenas de dirigen-tes sindicais da América Lati-na e do mundo que se mani-festaram em várias embaixa-das mexicanas ou enviaramassinaturas por e-mail. Solici-ta continuar a solidariedadeenviando esta mensagem:

Lic. Felipe Calderón HinojosaPresidente Constitucional de

MéxicoNós, abaixo assinados, decla-

ramos nosso total apoio aos tra-balhadores organizados no Sindi-cato Mexicano de Electricistas(SME) em sua luta pela preserva-ção da empresa estatal de ener-gia elétrica do centro do país,pelo contrato coletivo de traba-lho e pela existência do própriosindicato.

Repudiamos o inconstitucionaldecreto de 10 de outubro, queestabelece a extinção de Luz yFuerza del Centro, e exigimos suaanulação.

Basta de fechamento de em-presas, suspensões e demissões detrabalhadores!Nome - Organização/CargoPaís - Assinatura

Mensagens ao governodo Mé[email protected];[email protected];

[email protected]

Copia ao Sindicato Mexicano [email protected]@yahoo.com

de eletricidade e demite 44 mil

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INTERNACIONAL

CS: Como foi o processodas eleições petroleiras?

JB: Na negociação do con-trato petroleiro de 2005-2007se estabeleceu que as federa-ções existentes: Fedepetrol,Fetrahidrocarburos e Sinutra-petrol se dissolveriam numanova Federação para negociaro contrato do período 2007-2009. Esse compromisso não secumpriu porque a velha buro-cracia sindical golpista e a novachavista acordaram não impul-sioná-la. Porém, reuniram-sesecretamente com os ministrosdo Trabalho e o da Energia ePetróleo para se auto-procla-mar como negociadores do con-trato coletivo. O resultado foidesastroso. Perdemos impor-tantes conquistas como os em-préstimos para moradia, abo-no alimentação, piorou o servi-ço de saúde, e o salário, percen-tualmente, aumentou menosque o mínimo nacional. Depoisdesta traição, a burocracia con-formou a Federação na marra,distribuindo-se os cargos, napretensão de discutir o contra-to 2009-2011. Frente a esse gol-pe, apoiado pelo governo quenecessita uma federação gover-nista, nossa corrente, C-CURAPetróleo, propiciou um verda-deiro levante nas bases. Comreuniões, assembléias, atos epasseatas, obrigamos a buro-cracia a convocar eleições paraoutubro de 2008. Mas, como ospelegos estavam desprestigia-dos, o governo nacional e o Con-selho Nacional Eleitoral(CNE), responsável pela elei-ção, fez tudo para impedir oprocesso. Depois de impugnara eleição seis vezes, com a cum-plicidade do CNE, frente aosprotestos das bases não tive-ram outra saída que, um anodepois, no dia 1º de outubro de

Em 1º de outubro, realizaram-se as eleições da Federação Unitária dos Trabalhadores Petroleiros da Venezuela (FUTPV). Parti-cipam 187 sindicatos de base, com 37 mil filiados de 18 estados.

Entrevistamos o companheiro José Bodas, dirigente da C-CURA e novo Secretario Geral da FUTPV, para conhecer comoforam as eleições, seu resultado e as perspectivas.

2009, aceitar a eleição.

CS: Por que apesar dodesprestígio, aburocracia acabaganhando a eleição?

O triunfo da chapa gover-nista se deu essencialmentepelo clientelismo político, acompra de votos mediante fa-vores e as ameaças. Vejam só:um mês antes da eleição, o mi-nistro Rafael Ramirez ordenouo ingresso na PDVSA de 8000trabalhadores. É obvio queeste pessoal foi obrigado a vo-tar nos candidatos do governoe do ministro. Também houveterrorismo. Em algumas regi-ões, reuniam os trabalhadorese passavam um vídeo do locau-te patronal de 2002, colocandoque se nossa chapa ganhasse,se paralisaria a indústria e se-riam demitidos. Além disso,diziam que éramos agentes daCIA e da oposição burguesa.Nos últimos dias esbanjaramrecursos do estado, da PDVSAe do PSUV. Encheram as prin-cipais avenidas com luxuosapropaganda, pagaram comuni-

cados de página inteira em jor-nais e prepararam uma logís-tica até com a Armada Nacio-nal e a aviação para transpor-tar votantes que estavam emférias. Segundo cálculos, estedespropósito, nunca visto an-tes numa eleição sindical, cus-tou aos cofres públicos 6 mi-lhões de dólares, enquanto nos-sa campanha consumiu ape-nas 20 mil.

CS: Por que vocês seconsideram osvencedores políticos?

É o que diz a vanguardasindical, inclusive a militânciado PSUV que viu como atuouo governo e o aparelho estatal.Quando muitos palpitavamque não íamos entrar no Co-mitê Executivo, recebemos oapoio de quase 8000 petrolei-ros que nos deu direito a 33%dos postos da Federação, e con-quistamos a Secretaria Geral.Mas os que venceram são ostrabalhadores de base, queconseguiram impor as eleições.Por isso, é uma derrota políti-ca para o governo e a burocra-

cia que patrocinaram as mano-bras antidemocráticas na ten-tativa de contar com uma dire-ção sindical patronal numa in-dústria chave para Venezuela.Outro dado: nossa chapa ga-nhou nas refinarias, que forama vanguarda para derrotar oparo-sabotage de 2002 e nasede central da PDVSA, emCaracas, o bunker de onde ope-ra o Ministro! Os trabalhado-res perceberam que enfrenta-mos a burocracia e o governocom honestidade e valentia,defendendo seus direitos e de-nunciando a farsa do “Socialis-mo do século XXI”, que é umbrutal capitalismo de estado.Também denunciamos a pro-paganda de que a PDVSA ésocialista, uma mentira com aqual nos querem fazer renun-ciar a defender nossos direitos.

CS: E agora, comocontinua esta luta?

Agora vem a prova defogo, onde os trabalhadorespoderão ver com maior clare-za quem está a favor do pa-trão e quem defende seus di-reitos. Nestas primeiras se-manas, já percebemos que aburocracia sindical está re-nunciando à luta pelo contra-to coletivo, só aparecerampara tomar posse. De nossaparte, estamos mobilizados,trabalhando em nível nacio-nal para formar os Comitês deBase de Defesa do ContratoColetivo.

Finalmente, por meio doCombate Socialista, queroaproveitar para agradecer ovalioso apoio que nos deramimportantes setores de traba-lhadores brasileiros, especial-mente os químicos do Vale doParaíba, em São Paulo. Estetriunfo também lhes pertence.

Um triunfo político dos petroleirose da Corrente Classista e Autônoma

VENEZUELA

JOSÉ BODAS, SecretárioGeral da FUTPV