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Comentário à Regra da Militia Sanctae Mariae, realizado em Capítulo do Preceptorado do Brasil, pelo Escudeiro donato Michel Pagiossi
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COMENTÁRIO À REGRA
DA
MILITIA SANCTAE MARIAE - Brasil
- Capítulo de fevereiro de 2014 -
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“Da Penitência” (VII, 2-3)
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No Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
“A Quaresma é para todos a ocasião de intensificar a oração e a penitência, para que apague
nestes dias santos as faltas do ano”.
O tempo quaresmal iniciou-se há alguns dias, na Quarta-feira. Recebemos em nossas frontes
as cinzas, recordando-nos, pelo livro do Gênesis (3, 19), nossa condição: “Somos pó e ao pó
retornaremos”. O tempo quaresmal é um período propício para os exercícios penitenciais: a
fervorosa oração, a caridade livre e o jejum libertador.
As práticas penitenciais têm por propósito não apenas a privação, mas a libertação. O homem,
desde o pecado original, vive sob como um peso, uma tendência, para o pecado. Fugimos da
dor e procuramos o prazer, já os antigos pais do deserto perceberam essa tendência do
homem caído e deram-lhe um nome: filáucia, sendo esta o amor desordenado que temos por
nós mesmos. Porém, vejamos que prazer e felicidade são quesitos distintos. Nosso Senhor nas
bem-aventuranças nos chama de “beati”, ou seja, felizes. Feliz é o que é pobre em espírito, o
que sofre, o que chora...
O período quaresmal é esse período que nos chama a conversão pessoal, a sairmos de nosso
estado filaucioso. São Josemaria Escrivá dizia que “A conversão é coisa de um instante. A
santificação é obra de toda a vida toda”. A santificação, como processo, é tarefa de todo
cristão e de todo momento, mas a Igreja pede um período onde vivamos mais intensamente a
penitência, o desapegar-se, o não criar necessidade... Um período de ascese, no sentido grego
do termo, no sentido daquele que se exercita. A Quaresma é período para que nos
exercitemos como se exercitam os atletas, tempo de nos tornarmos atletas de Cristo.
A oração, o jejum e a esmola são armas que todo cavaleiro deve sempre ter em mãos e são, de
maneira geral, o primeiro exercício que ele, como atleta de Cristo, deve aprender e saber bem
manejar. Porém, é importante lembrarmos que a atitude de sair da busca de nós mesmos e
buscar as virtudes deve ser, antes de tudo, uma atitude de humildade. E humildade não é
apenas uma virtude, mas é um estado, um estado onde cada um, em suas misérias, apresenta-
se ao Senhor e, dessas misérias, deixa que nasça a Luz do Cristo e sua renovação. O tempo de
Quaresma é aquele onde, em espírito de humildade, nos colocamos aos pés do Senhor,
querendo nos assemelharmos mais a Ele. Porém, não por nós e, muito menos, por nossas
próprias forças, diz-nos o salmista (Sl 19, 8): “Uns põem sua força nos carros, outros nos
cavalos. Nós, porém, a temos em nome do Senhor, nosso Deus”.
Que, como cavaleiros, possamos (Jl 2, 13) rasgar nossos corações não nossas mentes e
aprendermos do Senhor que (Sl 50, 19) “cor contritum et humiliatum deus non despicies”, um
coração contrito e humilhado, Deus não despreza. Que possamos, na Páscoa que se aproxima,
dizermos com São Paulo, patrono de nosso preceptorado, (Gl 2, 20): “vivo autem iam non ego,
vivit vero in me Christus”, já não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em mim.
A todos uma santa Quaresma!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Salve Maria.
Michel Pagiossi