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COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS Bruxelas, 26.3.2003 COM(2003) 138 final 2003/0045 (COD) Proposta de DIRECTIVA DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO Relativa à harmonização dos requisitos de transparência no que se refere às informações respeitantes aos emitentes cujos valores mobiliários são admitidos à negociação num mercado regulamentado e que altera a Directiva 2001/34/CE (apresentada pela Comissão)

COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS · Os actuais requisitos ad hoc 1 Regulamento (CE) n.º 1606/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 19 de Julho de 2002 relativo à aplicação

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COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS

Bruxelas, 26.3.2003COM(2003) 138 final

2003/0045 (COD)

Proposta de

DIRECTIVA DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO

Relativa à harmonização dos requisitos de transparência no que se refere às informaçõesrespeitantes aos emitentes cujos valores mobiliários são admitidos à negociação num

mercado regulamentado e que altera a Directiva 2001/34/CE

(apresentada pela Comissão)

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EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

1. INTRODUÇÃO

1.1. Contexto

A transparência em torno das sociedades cujos valores mobiliários são objecto de negociaçãopública é essencial para o funcionamento dos mercados de capitais, potenciando a suaeficiência e liquidez globais. A presente proposta de directiva deverá contribuir para melhorarsensivelmente a informação que é disponibilizada aos investidores sobre as sociedades cujosvalores mobiliários são objecto de negociação pública nos mercados regulamentados situadosno território da União Europeia. Contribuirá por conseguinte para uma maior integração dosmercados europeus dos valores mobiliários, reduzindo ou eliminando as assimetrias deinformação, susceptíveis de prejudicar a comparabilidade e a liquidez do mercado, reforçandoa confiança dos investidores na situação financeira dos emitentes e reduzindo o custo deacesso ao capital.

A corrente iniciativa constitui uma das acções prioritárias do Plano de Acção para os ServiçosFinanceiros (PASF), adoptado pelos Chefes de Estado e de Governo no Conselho Europeu deLisboa em Março de 2000. Pretende-se que os Estados-Membros tenham implementado comêxito o plano acordado o mais tardar até 2005 - um compromisso reafirmado pelo Chefes deEstado e de Governo em Estocolmo em Março de 2001 e em Barcelona em Março de 2002.

Esta proposta integra-se por conseguinte numa estratégia de reforma da legislação do domíniodos mercados de valores mobiliários, tendo nomeadamente por objectivo a obtenção de maiselevados níveis de transparência e informação relativamente aos emitentes cujos valoresmobiliários são negociados nos mercados regulamentados e inscreve-se num programa deprestação de informações e transparência relativamente ao qual as instituições europeias estãoactualmente a realizar progressos:

• O Regulamento relativo à aplicação das normas internacionais de contabilidade (NIC)1,que tornará obrigatória a aplicação dessas normas na elaboração de contas anuais, paratodas as sociedades cujos valores mobiliários são admitidos à negociação num mercadoregulamentado e que elaboram contas consolidadas, a partir de 1 de Janeiro de 2005 (sendoconcedidas certas excepções, limitadas, até 2007). A presente proposta é coerente com estaorientação adoptada pela UE. Todavia, tal não altera o procedimento introduzido peloRegulamento NIC, que sujeita cada norma individual - incluindo a NIC 39 - a uma decisãoformal a nível da UE, nos termos do procedimento nele previsto, para se tornarjuridicamente vinculativa na União. A presente Directiva não antecipa nem prejudica deforma alguma essas decisões;

• A Directiva relativa ao abuso de mercado2, que exige nomeadamente aos emitentes quedivulguem as informações privilegiadas de que disponham. Os actuais requisitos ad hoc

1 Regulamento (CE) n.º 1606/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 19 de Julho de 2002

relativo à aplicação das normas internacionais de contabilidade, JO L 243 de 11.9.2002, p. 1.2 Directiva 2003/6/CE do Parlamento Europeu e do Conselho relativa ao abuso de informação

privilegiada e à manipulação do mercado (Directiva "abuso de mercado"), adoptada em 3.12.2002,ainda não publicada no JO.

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em matéria de divulgação de informações susceptíveis de influenciar os preços devem sersubstituídos, reforçando assim os requisitos em matéria de prestação de informações;

• A futura Directiva relativa aos prospectos3, que terá por objecto os requisitos iniciais emmatéria de prestação de informações por ocasião de uma oferta pública de valoresmobiliários ou da sua admissão à negociação num mercado regulamentado, directiva essaque deverá prever um passaporte europeu para os prospectos. A presente proposta tem jáem consideração o acordo político do Conselho de 5 de Novembro de 2002 no sentido deuma posição comum, que a Comissão apoia plenamente.

A adopção e implementação com êxito de todas estas iniciativas, incluindo a presente,constituem um contributo imprescindível para o enquadramento regulamentar global dosmercados de valores mobiliários. A proposta de Directiva relativa aos Serviços deInvestimento (DSI)4 apenas poderá operar efectivamente e ter sucesso se este novo conjuntode requisitos regulamentares em matéria de transparência forem implementados em paralelo.

1.2. Objectivos da presente iniciativa

A directiva proposta prevê a imposição de um nível de transparência e informaçãocompatíveis com os objectivos visados, a saber, a protecção dos investidores e a eficiência domercado. Para alcançar estes objectivos, a presente iniciativa deverá ser coerente com todas asiniciativas legislativas acima mencionadas: o seu âmbito de aplicação deverá ser alargadopara além dos mercados oficiais, abrangendo o conjunto dos mercados regulamentados eassim os segundos mercados (ver Secção 3.1.); deverá assegurar uma maior abertura aomundo das finanças internacionais em termos da utilização de idiomas e também no que dizrespeito à utilização das tecnologias modernas de informação (ver Secção 3.2). Por fim, aproposta deverá constituir uma resposta adequada à evolução verificada nos EUA, incluindo alei Sarbanes-Oxley, com vista à promoção dos mercados de capitais europeus (ver Secção3.3.).

A actual iniciativa vem reformular os requisitos em matéria de prestação de informações querno que se refere às informações normalizadas a prestar num determinado momento(informações periódicas) quer às informações a prestar de forma contínua. Os seus principaisobjectivos são os seguintes:

• Melhorar a prestação anual de informações financeiras por parte dos emitentes devalores mobiliários, através da divulgação de um relatório financeiro anual num prazo detrês meses (ver Secção 4.2);

• Melhorar a prestação periódica de informações ao longo do exercício financeiro,introduzindo uma combinação pragmática de um relatório financeiro semestral maispormenorizado e informações financeiras trimestrais menos exigentes, emborasuficientemente informativas, para o primeiro e terceiro trimestres do exercício financeiro.Esta solução situa-se numa posição intermédia entre dois extremos: num extremo, exigir-

3 Proposta alterada da Comissão de uma directiva do Parlamento Europeu e do Conselho relativa ao

prospecto a publicar em caso de oferta ao público ou admissão à negociação de valores mobiliários eque altera a Directiva 2001/34/CE – COM (2002) 460 final, de 9.8.2002.

4 Proposta da Comissão de uma Directiva relativa aos serviços de investimento e aos mercadosregulamentados e que altera as Directivas 85/611/CEE e 93/6/CEE do Conselho e a Directiva2000/12/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Novembro de 2002, COM (2002) 625final.

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se-iam três relatórios trimestrais completos obedecendo aos mais elevados requisitosinternacionais e semelhantes aos vigentes nos EUA, ignorando assim o facto de que essasnormas se desenvolveram ao longo de cinquenta anos nos EUA; no outro extremo, quedar-nos-íamos no nível de transparência societária em que a União Europeia se encontra de hávinte anos para cá, ignorando assim o facto de os mercados financeiros agirem e reagiremmais rapidamente, o facto de a afectação de capitais entre as empresas cujos valoresmobiliários são negociados junto do público estar sujeita a uma concorrência mais intensae, por fim, o facto de os investidores que investem em vários Estados-Membros deverembeneficiar de informações financeiras mais fiáveis e normalizadas, em lugar de sebasearem apenas em anúncios súbitos de lucros emitidos pelas empresas quando se vêemincapazes de satisfazer as anteriores previsões (ver Secção 4.3);

• Introduzir uma prestação semestral de informações financeiras para os emitentes queapenas emitem títulos de dívida, que actualmente não estão sujeitos a qualquer requisitode prestação de informações intercalares (ver Secção 4.4.);

• Basear o regime de prestação contínua de informações sobre as alterações verificadas nasparticipações importantes no capital dos emitentes numa lógica adequada ao mercadofinanceiro, o que deverá conduzir a uma informação mais frequente e dentro de prazosmais rigorosos (ver Secção 4.5);

• Actualizar a legislação comunitária neste momento em vigor em matéria de informaçãoprestada aos detentores de valores mobiliários (acções e títulos de dívida) em assembleiasgerais, com a possibilidade de recorrer a representantes ou meios electrónicos. Esteaspecto é particularmente relevante para os investidores que residem no estrangeiro (verSecção 4.6.).

A actual iniciativa assegurará uma protecção sólida dos investidores e o bom funcionamentodos mercados financeiros. Em consequência, deverá conduzir à eliminação efectiva dosentraves nacionais com que se defrontam os emitentes que procuram ter acesso aos mercadosregulamentados, não apenas do seu Estado-Membro de origem, mas também de outrosEstados-Membros. Os Estados-Membros não deverão ver comprometida a sua protecçãonacional dos investidores, uma vez que a legislação comunitária já prevê requisitos bastantesólidos. Todavia, o Estado-Membro de origem do emitente deverá ser autorizado a imporrequisitos mais rigorosos em matéria de prestação de informações (ver Secção 4.1).

2. UMA NOVA FORMA DE REGULAMENTAÇÃO DOS VALORES MOBILIÁRIOS A NÍVELCOMUNITÁRIO

2.1. Um processo de consulta aberta e pública em duas fases

O Conselho Europeu convidou a Comissão Europeia, na sua Resolução de 23 de Março de2001 sobre uma regulamentação no domínio dos mercados de valores mobiliários mais eficaz,“a recorrer a uma consulta oportuna, generalizada e sistemática junto das instituições e detodas as partes interessadas no domínio dos valores mobiliários, reforçando nomeadamente oseu diálogo com os consumidores e os operadores do mercado”. Tal deverá facilitar a adopçãode medidas legislativas e permitir a sua implementação oportuna até 2005.

A Comissão já desempenhou o papel que lhe incumbia. A sua Direcção-Geral MercadoInterno efectuou duas consultas por escrito antes de avançar com a presente proposta. Em 11de Julho de 2001, convidou as partes interessadas a manifestarem as suas opiniões

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relativamente a um documento de consulta no qual apresentava uma posição preliminar.Recebeu 91 respostas, não só de todos os Estados-Membros mas também de países terceiros.Em Dezembro de 2001, publicou uma síntese das respostas recebidas. A Direcção-GeralMercado Interno lançou então uma consulta final, em 8 de Maio de 2002. Nessa ocasião,reviu certos aspectos específicos, como por exemplo a prestação intercalar de informaçõesfinanceiras, e apresentou uma descrição pormenorizada dos seus trabalhos em curso com vistaa uma possível proposta. Recebeu 93 respostas de todos os Estados-Membros e de paísesterceiros. Os argumentos nelas invocados são descritos mais adiante. As 184 respostasrecebidas no conjunto da duas fases das consulta abrangem um leque de interesses bastantevasto:

2.2. Uma directiva que contenha princípios-quadro, não pormenores técnicos

Há que introduzir uma reforma importante, com base num novo modo de regulamentar osmercados de valores mobiliários a nível comunitário. A adopção da presente directiva deveráefectivamente ser facilitada pelo facto de a proposta se basear nas recomendações do relatóriofinal do Comité de Sábios, presidido por Alexandre Lamfalussy, de Fevereiro de 2001. Assuas recomendações centram-se numa nova abordagem, em quatro níveis, para aregulamentação dos mercados de valores mobiliários, que permitirá concluir o PASF até2005.

O relatório recomenda que a legislação comunitária adoptada através do procedimento deco-decisão se centre em princípios-quadro e opções políticas, deixando de abordar todos ospormenores técnicos (“Nível 1”). As medidas técnicas de execução a nível da Comunidadesão adoptadas pela Comissão (a partir dos conselhos técnicos e dos conhecimentos dasautoridades nacionais de supervisão dos valores mobiliários), de acordo com o actualprocedimento de comitologia, segundo o qual a Comissão é assistida por um “Comité deregulamentação” (o Comité Europeu dos Valores Mobiliários (CEVM5), “Nível 2”). Deverá

5 Este Comité foi já instituído através da Decisão n.º 2001/528/CE da Comissão, de 6.6.2001, JO L 191

de 13.7.2001, p. 45. Apenas actua como Comité consultivo. A este propósito, foi também consultadorelativamente à presente iniciativa.

Investidores13%

Auditores/ Contabilistas

10%

Operadores de mercado

9%

Bolsas de Valores

11%

Emitentes33%Autoridades

nacionais (incl. regulamentares)

14%

Outros10%

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intensificar-se a cooperação entre as autoridades nacionais de supervisão dos valoresmobiliários nos Estados-Membros no que diz respeito à implementação do direitocomunitário no dia-a-dia, nomeadamente através do Comité das Autoridades deRegulamentação dos Mercados Europeus de Valores Mobiliários6 (“Nível 3”). A aplicaçãoefectiva da legislação comunitária por parte da Comissão Europeia deverá igualmente serreforçada (“Nível 4”).

Esta abordagem em quatro níveis foi expressamente aprovada pelo Conselho Europeu na suaresolução de 23 de Março de 2001 sobre uma regulamentação mais eficaz do mercado devalores mobiliários na União Europeia. O Parlamento Europeu apoiou igualmente essareforma regulamentar na sua Resolução sobre a implementação da legislação no domínio dosserviços financeiros de 5 de Fevereiro de 2002, à luz da declaração feita pelo Presidente daComissão Europeia nesse mesmo dia. A presente iniciativa baseia-se nesta nova abordagem,tendo por conseguinte como objectivo permitir uma separação entre a legislação do nível 1 e ado nível 2. Na Secção 5 explica-se de que forma a Comissão entende que os pormenorestécnicos deverão ser objecto de “legislação do nível 2”.

3. COERÊNCIA COM OUTRAS INICIATIVAS NO DOMÍNIO DOS VALORES MOBILIÁRIOS NOÂMBITO DO PASF

3.1. Legislação comunitária respeitante aos mercados regulamentados

O Regulamento NIC, a recém-adoptada Directiva relativa ao abuso de mercado, a futuraDirectiva relativa aos prospectos, bem como a proposta de revisão da Directiva relativa aosserviços de investimento, dizem todos respeito aos emitentes cujos valores mobiliários seencontram admitidos não apenas a uma cotação oficial mas igualmente à negociação emmercados regulamentados, abrangendo assim os segundos mercados7. Do mesmo modo, apublicação periódica de informações financeiras, a divulgação de informações através deassembleias gerais convocadas pelos emitentes de valores mobiliários e destinadas aos seusdetentores, a informação sobre as alterações importantes às participações de capital, bemcomo outras informações a prestar em contínuo, deverão ser objecto de regulamentação noque diz respeito não apenas aos mercados oficiais mas também aos mercados regulamentadosa nível comunitário.

Durante os dois exercícios de consulta, algumas partes intervenientes solicitaram umaclarificação relativamente às situações em que um emitente nunca requereu ou aprovou aadmissão dos seus valores mobiliários à negociação em mercados regulamentados emqualquer Estado-Membro. Esta questão deverá ser em primeiro lugar encarada do âmbito daproposta de nova Directiva relativa aos serviços de investimento e aos mercadosregulamentados - iniciativa que harmoniza os requisitos que os mercados regulamentadosdevem aplicar com vista a admitir valores mobiliários à negociação8. A Comissão propõe que

6 Instituído pela Decisão n.º 2001/527/CE da Comissão, de 6.6.2001, JO L 191 de 13.7.2001, p. 43.7 Como por exemplo o Second Marché e o Nouveau Marché em Paris, o Alternative Investment Market

em Londres, o Geregelter Markt e o Neuer Markt em Frankfurt, o Mercato Ristretto em Milão, o NuovoMercato em Espanha ou o Nouveau Marché na Bélgica.

8 Proposta da Comissão de uma Directiva relativa aos serviços de investimento e aos mercadosregulamentados e que altera as Directivas 85/611/CEE e 93/6/CE do Conselho e a Directiva2000/12/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Novembro de 2002, COM (…) 2002, vern.º 5 do artigo 37º. De acordo com esta disposição, deixa de ser necessário o consentimento prévio doemitente caso os valores mobiliários devam ser admitidos à negociação em outro mercadoregulamentado.

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se associe de forma explícita o reconhecimento mútuo dos mercados regulamentados noâmbito dessa Directiva com a necessidade de os emitentes cumprirem toda a legislação emmatéria de valores mobiliários a nível comunitário. (A presente proposta apenas abrange umaspecto específico que não pode ser deixado ao critério dos operadores de mercadosregulamentados: os emitentes que nunca solicitaram ou nunca obtiveram autorização para osseus valores mobiliários serem admitidos à negociação num mercado regulamentado nãopodem ser obrigados a fornecer uma tradução dos seus relatórios financeiros periódicos porforça de um regime linguístico específico. Neste caso, essa obrigação incumbe à parte terceiraque solicitou essa admissão (ver n.º 4 do artigo 16º proposto) .

3.2. Uma maior abertura ao mercado financeiro internacional

3.2.1. Utilização de uma língua habitual na esfera do mercado financeiro internacional

Actualmente, cada Estado-Membro pode insistir para que as informações sejam divulgadas aopúblico na sua(s) língua(s) oficial(is). As reacções aos dois processos de consultaevidenciaram que este facto é oneroso e constitui uma carga importante para os emitentescujos valores mobiliários são admitidos à negociação em diversos Estados-Membros.

Uma maior integração dos mercados financeiros na UE só pode vir a acentuar a questãolinguística, pelo que é necessário prever um sistema que resolva este problema. Uma soluçãopouco satisfatória comprometeria igualmente o valor acrescentado da futura Directiva relativaaos prospectos. Pelo mesmo motivo, o regime linguístico proposto no âmbito desta Directivaaplicar-se-ia igualmente às informações que devem ser publicadas de forma ad hoc nostermos do artigo 6º da Directiva relativa ao abuso de mercado. Finalmente, a propostarefere-se às informações a fornecer pelos investidores aos emitentes. Para promover nãoapenas a aquisição transfronteiras de acções dentro da UE, mas também para atrair maisinvestidores provenientes de países terceiros, a proposta prevê que os investidores deverãoestar aptos a notificar ao emitente quaisquer alterações das suas participações no capital numalíngua que seja habitual na esfera do mercado financeiro internacional.

A Comissão propõe que os emitentes cujos valores mobiliários estejam admitidos emmercados regulamentados em mais do que um Estado-Membro possam também optar poruma língua habitual na esfera do mercado financeiro internacional. No que diz respeitoaos mercados por grosso, os emitentes poderão sempre optar por essa língua.

A presente proposta contém uma diferença significativa relativamente à futura Directivarelativa aos prospectos: não permitirá aos Estados-Membros que imponham aos emitentes adisponibilização de relatórios financeiros periódicos ou informações contínuas na sua línguaoficial. Recorda-se que a futura Directiva relativa aos prospectos continua a autorizar osEstados-Membros, que o pretendam, a exigir a tradução de uma síntese do prospecto para assuas próprias línguas.

Dito isto, a presente proposta não conduzirá a um sistema em que os Estados-Membros deacolhimento possam solicitar qualquer tradução. Efectivamente, a proposta não afecta odireito de um Estado-Membro de acolhimento impor a devida publicação de uma traduçãocertificada das contas das sociedades cujos valores mobiliários são negociados junto dopúblico, desde que essas sociedades abram uma sucursal no seu território. Este direito está jáprevisto na Décima Primeira Directiva em matéria de direito das sociedades. Além disso, apresente proposta não prejudicará os requisitos linguísticos em processos judiciais perante ostribunais. Finalmente, diverge das soluções estabelecidas para os prospectos no casos em queos valores mobiliários de um emitente apenas estão admitidos à negociação num mercado

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regulamentado num único Estado-Membro de acolhimento, mas não no seu Estado-Membrode origem, para evitar uma espécie de "arbitragem de jurisdição" ou mesmo "arbitragemlinguística".

Para mais pormenores, ver as explicações que se prendem com o artigo 16º proposto, naSecção 5.

3.2.2. Tirar partido dos benefícios das novas tecnologias no domínio da informação ecomunicação

– Uma única fonte de informação sobre cada emitente em toda a União Europeia

Actualmente, os Estados-Membros têm a possibilidade de impor a um emitente a utilização dedeterminadas formas de divulgação de informações. Estes facto conduziu a uma enormediversidade de meios de comunicação, uma vez que cada Estado-Membro pode seguir a suaprópria estratégia. São utilizados essencialmente três modelos diferentes: a divulgação éorganizada pela própria autoridade de supervisão nacional, pelos operadores dos mercadosregulamentados ou por outros prestadores de informação financeira concorrentes9. Alémdisso, o artigo 102º da Directiva 2001/34/CE permite aos emitentes publicarem as suasinformações por sua própria iniciativa, através da imprensa.

Esta situação faz com que exista uma grande diversidade na forma como a informação édivulgada na União Europeia. Em muitos Estados-Membros, não se podem obter informaçõessobre o mesmo emitente junto da mesma fonte. Os três modelos variam consoante o tipo deinformação a fornecer. Um primeiro passo importante consistiria em estabelecer, na legislaçãocomunitária, que os Estados-Membros deixem de poder impor a utilização de operadoresestabelecidos no seu território ou a utilização de diferentes meios de comunicação paradiferentes tipos de informação respeitantes ao mesmo emitente. O objectivo global deveriaconsistir em um investidor poder encontrar numa única fonte todas as informações financeirasperiódicas e contínuas (incluindo as publicadas de forma ad hoc) relativamente a umdeterminado emitente.

– O sítio Internet do emitente acompanhado de um sistema de alerta electrónico eficaz

A divulgação de informações através dos sítios Internet dos emitentes não é actualmenteconsiderada como um método suficiente e adequado por si só, o que deveria ser alteradorelativamente aos emitentes cujos valores mobiliários são admitidos à negociação em mais doque um Estado-Membro. Essa utilização não seria todavia suficiente por si só, mas deveria seracompanhada de um mecanismo de alerta electrónico eficaz que as sociedades instituiriampara informar todas as partes interessadas, em tempo real, de qualquer alteração àsinformações apresentadas nos seus sítios Internet. Os pormenores técnicos desse sistemadeverão ser definidos nas medidas de execução a adoptar de acordo com o procedimento decomitologia.

Se a utilização dos sítios Internet do emitente não fosse objecto da presente iniciativa, osEstados-Membros poderiam ser tentados a cingir-se aos seus actuais sistemas nacionais. Osmeios que os Estados-Membros podem impor para uma divulgação efectiva de informaçõesnão constituem questões meramente técnicas, abrangidas pelo princípio da subsidiariedade.As diferenças nacionais a nível dos requisitos em matéria de divulgação aplicáveis aos

9 O modelo escolhido pelo Reino Unido no que diz respeito aos chamados primary service providers

(PIP).

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emitentes devem ser consideradas como mais um obstáculo no conjunto da cadeia de entravesque impedem os emitentes de procurar ter acesso aos mercados regulamentados de diversosEstados-Membros. Estas diferenças nacionais impedem igualmente os investidores detomarem livremente as suas decisões de investimento entre os diferentes Estados-Membros.

Para explicações mais pormenorizadas, ver comentários ao artigo 17º na Secção 5 e também aSecção 4.5.

– Redes electrónicas entre Estados-Membros para uma maior simplificação do acesso dosinvestidores à informação

A situação vigente na Europa contrasta flagrantemente com a situação nos EUA, em que osistema EDGAR10 permite um acesso simples à informação sobre os emitentes. UmEstado-Membro (Reino Unido) iniciou recentemente um sistema que assegura que todas asinformações regulamentares respeitantes a um determinado emitente são canalizadas atravésde serviços informativos regulamentares. Outros Estados-Membros procuram melhorar asituação através de uma publicação no sítio web das suas autoridades nacionais deregulamentação dos valores mobiliários.

A directiva proposta garantirá que todos os Estados-Membros irão operar um sistema quepermite a divulgação de informações sobre um emitente específico a partir de uma fonteúnica. Essa fonte poderá também consistir no sítio Internet do emitente, acompanhado de umsistema de alerta electrónico eficaz. Todavia, tal não constitui uma solução para a forma deinterligar os sistemas nacionais em toda a União Europeia ou entre um número deEstados-Membros tão grande quanto possível. Deverá incumbir às autoridades nacionais deregulamentação dos valores mobiliários o estabelecimento de um inventário de informaçõesfinanceiras, relativamente ao qual há que procurar soluções a nível comunitário, através dadefinição de linhas de orientação. Essas orientações poderiam ser enunciadas sob a forma demedidas do Nível 3 no âmbito do processo Lamfalussy e deveriam ter por objectivoestabelecer redes electrónicas às quais todos os investidores europeus possam ter acesso emtempo real. Todos os sistemas que permitam soluções de tipo "interlocutor único" paratodos ou para grandes conjuntos de Estados-Membros ou a um sistema de reconhecimentomútuo dos meios de comunicação que cada Estado-Membro reconheceu como adequados anível nacional deverão nesta fase ser deixados ao critério das autoridades nacionais daregulamentação. Esta abordagem não vinculativa deverá conduzir a soluções práticasconcebidas em beneficio dos investidores. Até 31 de Dezembro de 2006, a Comissão deverárever a forma como estas medidas estão a funcionar na prática e, se necessário, proporlegislação de Nível 2 .

Para mais pormenores, ver explicações acerca do artigo 18º proposto.

3.3. Evolução nos EUA

A legislação americana em matéria de transparência estabelece o cenário em que se movem osmercados de capitais mais importantes do mundo. Os mercados bolsistas americanosrepresentam cerca de 60% da capitalização bolsista mundial, ou seja o dobro dos mercadoseuropeus (30%). O colapso das sociedades americanas, como por exemplo a Enron e aWorldcom, contribuíram para avivar o debate na Europa em torno deste tema. A Lei

10 EDGAR é a abreviação de Electronic Data Gathering, Analysis, and Retrieval System, e foi introduzido

em 1993.

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Sarbanes-Oxley, adoptada em Julho de 2002, levou à reforma mais profunda da legislação dosmercados de valores mobiliários dos EUA verificada nas últimas décadas.

A legislação americana é também acompanhada de medidas11 adoptadas pela SecuritiesExchange Commission (SEC) dos EUA que vêm reforçar ainda mais a protecção dosinvestidores: os membros da administração (bem como os seus directores financeiros) devemcertificar no futuro que cada relatório financeiro trimestral e anual não contém qualquerdeclaração falsa e representa de forma exacta a situação financeira do emitente, incluindo amanutenção e a certificação de um sistema de controlo interno. Esta é a resposta legislativa auma crítica generalizada, segundo a qual os relatórios financeiros eram objecto demanipulação ou mesmo de fraude. O requisito de certificação aplicar-se-á igualmente aosemitentes estrangeiros de valores mobiliários. Além disso, as sociedades americanas cujovolume de acções colocadas junto do público seja igual ou superior a 75 milhões de dólares eque estão sujeitas à SEC há pelo menos 12 meses devem apresentar o relatório trimestral eanual num prazo mais curto12 e serão obrigadas a publicar os seus relatórios na Internet.

Estas medidas não apenas produzem efeitos sobre as sociedades europeias que estão tambémcotadas nos mercados de valores mobiliários americanos. Constituem igualmente umareferência relativamente à qual a legislação comunitária deve encontrar uma respostaadequada para promover os mercados europeus a nível internacional. A proposta da Comissãodá efectivamente resposta a este duplo desafio: em primeiro lugar, revê os requisitosrespeitantes à prestação de informações financeiras anuais e intercalares (ver Secções 4.2. a4.4., mais adiante). Além disso, e seguindo as mesmas linhas da futura Directiva relativa aosprospectos, a Comissão propõe que os Estados-Membros disponham de normas adequadas emmatéria de identificação das pessoas e órgãos responsáveis na sociedade e para definir asrespectivas responsabilidades em caso de informações falsas (para mais explicações, vercomentários relativos ao artigo 7º na Secção 5).

4. ELEMENTOS ESSENCIAIS DE UMA REFORMA DOS REQUISITOS EM MATÉRIA DEDIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES

4.1. Protecção dos investidores a nível comunitário e eliminação das barreirasnacionais

4.1.1. Estabelecer um ponto de equilíbrio entre os emitentes e os investidores

Os requisitos de transparência previstos enquadram-se no contexto de um mercado de capitaisintegrado a nível europeu, que deverá não apenas proteger os investidores mas igualmentecontribuir para a eficiência do mercado. O estabelecimento de requisitos mais exigentes emtoda a União Europeia deverá conduzir à redução dos entraves nacionais com que sedefrontam os emitentes que procuram ter acesso aos mercados regulamentados emEstados-Membros diferentes do seu próprio Estado-Membro. Associar a efectiva eliminaçãodas barreiras nacionais ao acesso ao mercado com uma protecção adequada dos investidores a

11 Decisão SEC de 27 de Agosto de 2002.12 Actualmente, todos os emitentes de valores mobiliários nacionais americanos são obrigados a publicar o

seu relatório financeiro anual (formulário 10-K) no prazo de 90 dias após o termo do exercício fiscal.As sociedades em causa deverão acelerar este processo durante um período de dois anos (75 dias após otermo do exercício fiscal em 2003 e posteriormente 60 dias após o termo dos exercícios financeirosseguintes). O relatório financeiro trimestral (formulário 10-Q) deve ser publicado no prazo de 45 dias.As sociedades abrangidas pelas novas regras deverão acelerar essa publicação para um prazo de 40 diasa partir de 2005 e de 35 dias a partir de 2006.

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nível comunitário constitui uma fórmula que se saldou frequentemente pelo êxito daintegração dos mercados financeiros - e deverá constituir igualmente a via a seguir.

Esta estratégia supõe uma harmonização de alto nível - e não uma harmonização plena -através da qual o Estado-Membro de origem do emitente pode continuar a impor requisitos deprestação de informações periódicas ou contínuas mais rigorosos. Todavia, os outrosEstados-Membros, em que os emitentes pretendem igualmente angariar capitais através daadmissão dos seus valores mobiliários à negociação num mercado regulamentado, nãodeverão ter a mesma possibilidade. De outro modo, a sociedades que pretendem ser cotadasem diversos Estados-Membros serão certamente desencorajadas de o fazer através daexistência de requisitos de publicidade nacionais divergentes.

Este equilíbrio entre a protecção dos investidores e a eliminação das barreiras nacionais quese opõem aos emitentes dá resposta às preocupações e aos desejos manifestados nas duasfases do processo de consulta. Por um lado, os investidores de alguns Estados-Membros e depaíses terceiros afirmaram que a fórmula mais adequada consistiria numa plena harmonizaçãoem toda a União Europeia. Por outro lado, os emitentes de valores mobiliários e os operadoresdo mercado defenderam que os Estados-Membros deveriam manter algum poder de decisão.

Para mais pormenores, ver a explicação respeitante ao artigo 3º na Secção 5.

4.1.2. Um sistema de depósito no Estado-Membro de origem

Para reforçar a confiança dos investidores, o Estado-Membro de origem será responsável pelaaplicação dos requisitos de publicidade comunitários através de um sistema que obrigue associedades a depositar as suas informações junto da autoridade de regulamentação de valoresmobiliários nacional. Durante as duas fases da consulta, os investidores, as autoridades deregulamentação de valores mobiliários nacionais e as bolsas de valores foram favoráveis aesta ideia, na condição de continuar a ser possível uma delegação nos operadores de mercadosregulamentados. Os participantes no mercado e os emitentes solicitavam todavia uma maiorclarificação relativamente ao objectivo específico desse sistema de depósito.

As funções de depositário que uma autoridade de regulamentação dos valores mobiliáriosnacional (ou o operador de um mercado regulamentado a quem essa função possa serdelegada) teria de desempenhar funcionariam do seguinte modo: o depósito na data dadivulgação efectiva asseguraria, por exemplo, o respeito dos prazos obrigatórios em matériade divulgação de informações. O sistema proposto não implicaria necessariamente umaanálise das informações no que diz respeito ao seu carácter completo, exacto e compreensível.Por outro lado, a autoridade de supervisão do Estado-Membro de origem disporia, no mínimo,do direito de reagir a quaisquer violações dos requisitos em matéria de prestação deinformações que constatasse.

A função de depositário de uma autoridade competente não deverá significar que essaautoridade assume igualmente o dever de divulgar as informações em causa ao público emtempo real. Caberia a cada autoridade competente decidir se pretende ou não oferecer esseserviço. Em caso afirmativo, essa função de publicidade deveria abranger a divulgação detodas as informações periódicas e contínuas que um determinado emitente deve publicar nostermos da presente directiva e da Directiva relativa ao abuso de mercado. Assim, umaautoridade nacional de regulamentação seria também obrigada a proporcionar uma fonte únicade informação acerca de cada emitente específico.

12

Para mais pormenores, ver as explicações fornecidas sobre os artigos 15º, 17º e 20º propostos,na Secção 5.

4.1.3. Determinação do Estado-Membro de origem

De acordo com o actual direito comunitário, o Estado-Membro de origem do emitente é oEstado-Membro a cuja legislação está sujeito13. Durante os dois períodos de consulta, algunsoperadores de mercado manifestaram a sua preferência por uma livre escolha doEstado-Membro de origem por parte dos emitentes, pelo menos em determinados casos. Asolução que a Comissão propõe segue, na medida do possível, a solução acordada peloConselho em 5 de Novembro de 2002 no contexto da proposta de Directiva relativa aosprospectos.

– Necessidade de coerência com a futura Directiva relativa aos prospectos

Os requisitos de publicidade aplicáveis aos segundos mercados e a supervisão eficaz dosemitentes a este propósito não deverão – como primeira regra e por uma questão deprincípio - ser deixados ao critério de um Estado-Membro diferente daquele que é responsávelpela aprovação do prospecto. Caso contrário, os efeitos positivos de um passaporte europeupara a emissão do prospecto poderiam ser postos em questão, nomeadamente no que dizrespeito ao regime linguístico. A obrigatoriedade de publicar um relatório financeiro anual emconformidade com a presente proposta e uma informação anual destinada ao prospectoconstitui mais um exemplo proeminente que realça a necessidade de coerência. Se, porexemplo, o Estado-Membro de origem for o Estado do mercado regulamentado em que osvalores mobiliários do emitente são principalmente transaccionados, as vantagens para osemitentes decorrentes da futura Directiva relativa aos prospectos desapareceriam pela portadas traseiras no quadro da presente proposta.

– Necessidade de coerência para além da Directiva relativa aos prospectos

Todavia, a solução adoptada na futura Directiva relativa aos prospectos não pode ser pura esimplesmente reproduzida. O exemplo de um emitente cujas acções são admitidas ànegociação num mercado regulamentado no Estado-Membro A, ao passo que emite títulos dedívida apenas num Estado-Membro B, ilustra este problema. Copiar a solução prevista naDirectiva relativa aos prospectos conduziria à existência de dois Estados-Membros de origempara o mesmo emitente: um para as acções e um para os títulos de dívida. O facto de existiremdiversos Estados-Membros de origem impediria uma supervisão eficaz na Europa,confrontando simultaneamente os emitentes com diversos conjuntos de requisitos nacionaisque vão mais além que os requisitos comunitários previstos na presente proposta.

Em conclusão, é necessária uma coerência e uma coordenação que vão mais longe do quea futura Directiva relativa aos prospectos. A única via de assegurar esta coerência é –como segunda regra - não determinar o Estado-Membro de origem em função do tipo devalor mobiliário admitido à negociação num mercado regulamentado, mas em função doemitente. Assim, a sociedade que emite tanto acções como títulos de dívida não teria doisEstados-Membros de origem, mas apenas um. O mesmo se aplica aos emitentes de diferentestipos de valores mobiliários. Se um emitente emite títulos de dívida com valores nominaisunitários quer superiores quer inferiores ao limiar de 50 000 euros, apenas pode existir umEstado-Membro de origem único. Em síntese, o Estado-Membro de origem não deverá ser

13 Artigos 105º e 11º da Directiva 2001/34/CE.

13

determinado em função do tipo específico de valor mobiliário, mas em função doemitente.

– Critérios para se estabelecer uma ligação entre o emitente e o Estado-Membro de origem

O Estado-Membro de origem deverá ser o país em que, dependendo do tipo de valormobiliário em questão, vigora o mais elevado nível de protecção dos investidores. A presenteproposta prevê efectivamente maiores requisitos de transparência para os emitentes de acçõesdo que para os emitentes do título de dívida (como por exemplo informação financeiratrimestral, mas também divulgação da estrutura de capital no caso de alterações àsparticipações importantes, etc.). Se a futura Directiva relativa aos prospectos e a actualproposta forem consideradas no seu conjunto, os emitentes de acções e os emitentes de títulosde dívida que não se destinam aos mercados por grosso defrontam-se com obrigações depublicidade mais rigorosas, que permitem uma protecção mais elevada dos investidores. Osprincípios para a determinação do Estado-Membro de origem relativamente a esses valoresmobiliários deverão por conseguinte aplicar-se ao emitente desses valores mesmo que esseemitente emita igualmente títulos de dívida destinados aos mercados por grosso.

– Que tratamento reservar aos emitentes que apenas emitem títulos de dívida, que podemescolher o seu Estado-Membro de origem?

Um caso particular diz respeito aos emitentes que apenas emitem títulos de dívida de elevadovalor nominal (de acordo com a próxima posição comum do Conselho, os valores mobiliárioscom valor nominal unitário igual ou superior a 5 000 euros) que beneficiarão, nos termos dafutura Directiva relativa aos prospectos, da possibilidade de escolher entre diversosEstados-Membros. A possibilidade de escolher o Estado-Membro de origem não deverá emprincípio ser afastada. No entanto, a ênfase dada à protecção dos investidores e à eficiência domercado no âmbito da presente proposta baseia-se nos requisitos periódicos e permanentes,ou seja, na supervisão do cumprimento dos requisitos de transparência ao longo de um certoperíodo de tempo. Consequentemente, esses emitentes de títulos de dívida deverão beneficiarda possibilidade de escolha, mas apenas poderão alterar a escolha decorrido um determinadoperíodo. O período de três anos proposto seria coerente com os requisitos actuais e futurosaplicáveis aos emitentes, de disporem de um historial de três anos de actividade, sob a formade contas anuais, como requisito prévio para um pedido de admissão à negociação nummercado regulamentado14.

– Estender esta abordagem por forma a estabelecer igualmente um Estado-Membro deorigem no que diz respeito à publicação de informações ad hoc nos termos da Directivarelativa ao abuso de mercado

Não existe qualquer dúvida de que a Directiva relativa ao abuso de mercado permite aosEstados-Membros intervirem em caso de abuso de informações privilegiadas que severifiquem nos seus mercados regulamentados. Todavia, a Directiva relativa ao abuso demercado não define em que Estado-Membro o emitente deve publicar as suas informações,nem em que língua. A solução para esta questão não pode consistir em o emitente deversimplesmente fazê-lo em todas as línguas em que os seus valores mobiliários são negociadosnum mercado regulamentado e de acordo com os meios de divulgação previstos em cada umdos Estados-Membros em causa. A determinação do Estado-Membro de origem nos termos

14 Ver o actual artigo 44º da Directiva 2001/34/CE que não será alterado pela futura Directiva relativa aos

prospectos.

14

desta Directiva será crucial para dar resposta a estas duas questões. Uma vez que a presenteiniciativa diz igualmente respeito às informações a prestar de forma contínua, oEstado-Membro de origem deverá ser o mesmo.

Para mais pormenores, ver as explicações respeitantes ao n.º 1, alínea i), do artigo 2º, naSecção 5.

4.2. Informações periódicas: o relatório financeiro anual

4.2.1. Um relatório financeiro anual

Durante os dois processos de consulta, todas as partes envolvidas concordaram, em princípio,com o objectivo de se introduzir um documento único que forneça todas as informações paraum determinado exercício financeiro, sob o título de “relatório financeiro anual”, e com oprincípio de se estabelecer um prazo para a sua publicação, tendo os emitentes solicitado umamaior clarificação relativamente ao estatuto desse documento. Por um lado, o relatóriofinanceiro anual não deveria consistir na versão final aprovada pelos accionistas naassembleia geral anual. Por outro, não deveria proporcionar informações limitadas com baseem balanços sintéticos no que diz respeito às PME, nos termos do n.º 2 do artigo 47º daQuarta Directiva em matéria de direito das sociedades, nem deveria oferecer as mercadosfinanceiros uma informação preliminar que não tenha sido ainda objecto de revisão oficial.

O relatório financeiro anual deveria constituir uma fonte completa de informações financeiras,incluindo as demonstrações financeiras e um relatório da administração. Deveria representaruma informação fiável aprovada pelas pessoas ou órgãos responsáveis do emitente (conselhode administração - ou, nos países com estrutura dualista - também revista pelo conselhofiscal). Deveria ser igualmente sujeito a um relatório dos revisores de contas.

4.2.2. Três meses para publicar o relatório financeiro anual

O actual direito comunitário exige às sociedades cujos valores mobiliários são negociadospublicamente que disponibilizem ao público, logo que possível, as suas contas anuais maisrecentes e os seus últimos relatórios anuais, de acordo com as normas estabelecidas nasDirectivas em matéria de direito das sociedades. Todavia, os prazos de publicação dasinformações financeiros anuais divergem de um Estado-Membro para outro. Em algunsEstados-Membros, os emitentes dispõem já de um prazo para a publicação dos seus resultadosdo final do exercício financeiro15, ao passo que outros Estados-Membros asseguram apublicação atempada de informações destinadas aos mercados de valores mobiliários queratravés da publicação de resultados anuais preliminares ou sintéticos16 quer através de outrorelatório intercalar no final do exercício financeiro17. Efectivamente, a legislação comunitárianão reconhece a obrigatoriedade de elaborar contas anuais como um instrumento adequado noâmbito do mercado de capitais. A introdução de um período de publicação máximo permitiria

15 Como acontece na lei alemã, que exige aos administradores que elaborem um relatório no prazo de três

meses (o código nacional das sociedades exige mesmo uma publicação no prazo de três meses), ou naFrança, onde se exige uma publicação no prazo de 4 meses com excepção das sociedades com cotaçãopública que publicaram um prospecto e que são obrigadas a publicar demonstrações financeiras noprazo de três meses.

16 Sob a forma de contas preliminares, como por exemplo na Bélgica (3 meses), na Dinamarca (3 meses),na Suécia (2 meses), na Finlândia (3 meses) ou no Reino Unido (4 meses - apesar de o departamento docomércio e indústria sugerir que se tornasse obrigatória uma publicação das contas financeiras anuais edos relatórios no prazo de 4 meses, num Livro Branco de Julho de 2002).

17 Quer um quarto relatório trimestral (Itália) quer um segundo relatório semestral (Espanha).

15

aos investidores terem uma visão global do desempenho das sociedades entre os diferentesEstados-Membros.

O prazo final para a publicação de um relatório financeiro anual deverá ser de três meses.Tendo em conta as opiniões manifestadas em resposta à consulta, a Comissão entende queesta constituirá a melhor solução. Inicialmente, os serviços da Comissão exploraram junto dopúblico a possibilidade de um prazo de dois meses. Na segunda consulta, considerou-se umprazo de três meses, na condição de ter sido elaborado previamente um relatório intercalarrespeitante ao último trimestre do exercício financeiro. No entanto, a ideia de um quartorelatório trimestral foi abandonada para evitar encargos desproporcionados relativamente aoobjectivo global de encurtar a distância entre o último relatório intercalar (por exemploinformação trimestral a publicar o mais tardar em Novembro) e o relatório financeiro anual(por exemplo, o mais tardar no final de Março). Períodos mais alargados exporiam o público aum longo período de incerteza e contribuiriam para aumentar consideravelmente o risco deuma divulgação selectiva entre determinados emitentes e analistas. Um período de quatromeses daria origem ao risco de as sociedades cujos valores mobiliários são objecto denegociação junto do público procurarem “gerir os seus resultados” uma vez que o relatóriofinanceiro anual apenas seria publicado num período durante o qual a informação financeiratrimestral proposta relativa ao exercício financeiro subsequentemente teria sido já elaborada epublicada.

Para mais pormenores (incluindo as disposições transitórias), ver as explicações fornecidas apropósito dos artigos 5º e 26º, na Secção 5.

4.3. Informação financeira trimestral/relatórios financeiros semestrais para osemitentes de acções

A Comissão entende que, nesta fase, a solução ideal consiste numa combinação deinformações trimestrais menos exigentes e relatórios financeiros semestrais maispormenorizados. Nada indica que essa abordagem seja susceptível de aumentar avolatilidade dos mercados. Esta combinação baseia-se na divulgação de dadoshistóricos e de informações generalizadas no que diz respeito à estratégia de longoprazo abraçada pela empresa, não dando também origem a um encurtamento dehorizontes. Essa tendência para realçar o curto prazo é provocada pelas sociedadesque pensam poder assegurar o bom desempenho dos seus títulos se acordaremprevisões com os analistas, ou se prometerem um crescimento dos ganhos por acçãoa intervalos regulares. Nos EUA, onde esta prática é corrente, levantaram-se vozescríticas a este propósito18, tendo-se convidado os intervenientes no mercado aabandoná-la.

4.3.1. Relatório financeiro semestral decorridos os primeiros seis meses

O relatório semestral, que é actualmente exigido nos termos da legislação comunitária,passaria por conseguinte a consistir num relatório intercalar composto por um conjuntosintético de demonstrações financeiras a elaborar segundo a norma NIC 34 e de um relatóriode gestão sobre as actividades da sociedade. O relatório de gestão deveria apenas conter umaactualização dos dados inseridos no relatório anual, tal como o exigem as Quarta e SétimaDirectivas em matéria de direito das sociedades. Em consonância com a norma NIC 34, o

18 Ver o relatório da Conferência, Commission on Public Trust and Private Entreprise, Findings and

Recommendations, 9 de Janeiro de 2003.

16

relatório financeiro semestral seria então publicado no prazo de dois meses (e não no prazo dequatro meses, como acontece actualmente).

Durante o processo de consulta, alguns emitentes afirmaram considerar a exigência de umrelatório de gestão intercalar como um requisito que reproduz, para um período de referênciade seis meses, o que já se aplica anualmente a nível nacional. Esta interpretação não écorrecta. O que a Comissão propõe é meramente uma actualização, e não uma reformulaçãodo último relatório de gestão anual. Os elementos pormenorizados dessa actualização deverãoser estabelecidos em normas de execução, de acordo com as regras de comitologia.

Uma outra preocupação importante, manifestada pelos emitentes no processo de consulta, dizrespeito à programação da prestação de informações de acordo com as NIC no primeiroexercício relevante - 2005. Para fazer face a essa preocupação, a Comissão propõe que osEstados-Membros sejam autorizados a isentarem os seus emitentes de valores mobiliários daaplicação das NIC no relatório financeiro semestral que deverá ser elaborado em 2005.Consequentemente, o primeiro documento que o emitente deverá elaborar de acordo com asnormas internacionais de contabilidade será o relatório financeiro anual subsequente aoexercício financeiro que tem início em 2005. Além disso, poderiam ser tidas em conta asisenções aplicáveis a alguns emitentes, que poderiam começar a aplicar as NIC num momentoposterior (em 2007).

Para mais pormenores, ver também as explicações fornecidas a propósito dos artigos 5º e 26º.

4.3.2. Informação financeira trimestral

Actualmente, a legislação comunitária apenas exige a publicação de relatórios semestraissobre os ganhos e perdas da sociedade verificados durante os primeiros seis meses de cadaexercício financeiro. Todavia, dez Estados-Membros aplicam já requisitos mais rigorosos, oque vem demonstrar que os requisitos comunitários em matéria de publicidade não estãoactualizados, já não traduzem as melhores práticas e estão claramente obsoletos.

– Por que motivo passar para uma frequência trimestral na prestação de informaçõesintercalares?

Oito Estados-Membros (Áustria, Bélgica, Espanha, França, Finlândia, Grécia, Itália ePortugal) tornaram obrigatória uma frequência trimestral para a elaboração de relatóriosintercalares ou a prestação de informações intercalares, na totalidade dos mercados ou emdeterminados mercados regulamentados. Dois Estados-Membros exigem relatórios trimestraisàs sociedades jovens com um historial inferior a três anos (Luxemburgo, Reino Unido) e àssociedades de investimento que detêm posições minoritárias estratégicas em outras sociedades(Reino Unido). Em dois outros Estados-Membros (Dinamarca e Suécia 19), os regulamentosdas bolsas de valores introduziram efectivamente a obrigatoriedade de relatórios trimestrais enoutro Estado-Membro (Países Baixos), o regulamento da bolsa deverá fazê-lo em breve 20.Uma vez introduzido o sistema de relatórios trimestrais nunca se verificou um recuo para umsistema de informação semestral.

19 Segundo as normas da Deutsche Börse para todas as sociedades DAX, M-DAX (a partir de 2003, essa

regra será aplicável a todas as sociedades cotadas no novo segmento primário) e para as sociedadestransaccionadas no Neuer Markt e sujeitas às regras da bolsa de valores de Estocolmo.

20 Nos termos das regras Euronext para os segmentos Next Economy e Next Prime a partir de 1 Janeiro de2004.

17

Cerca de 1100 das 6 000 sociedades europeias cujos valores mobiliários são negociados juntodo público21 elaboram relatórios intercalares trimestrais com base em normas internacionaisrigorosas (princípios contabilísticos nacionais, NIC ou GAAP dos EUA), muitas mais dessassociedades fornecem informações com uma frequência pelo menos trimestral. Apesar deconstituírem uma minoria dos emitentes das acções europeias negociadas junto do público, associedades europeias que elaboram relatórios financeiros trimestrais dominam os índices deacções em Estados-Membros importantes (DAX, MIB, IBEX, CAC, e também no segmentotechMark da Bolsa de Valores de Londres).

Além disso, não se pode negar que os mercados europeus de valores mobiliários dependemgrandemente dos mercados americanos, nos quais é obrigatória a elaboração de relatóriosfinanceiros trimestrais desde 1946. Os mercados de acções dos EUA representam cerca de60% da capitalização bolsista mundial, ao passo que os mercados europeus apenasrepresentam 30%. A evolução dos mercados europeus depende altamente da evoluçãoverificada nos mercados americanos. Muitas sociedades europeias cujos valores mobiliáriossão objecto de negociação pública e que têm dúvidas quanto ao interesse da elaboração derelatórios trimestrais, deverão ter em mente que a evolução verificada nos mercadosamericanos influencia fortemente a evolução dos mercados europeus, muito mais do que osresultados das sociedades europeias. A introdução de uma informação financeira trimestraldeveria fazer parte dos nossos esforços para persuadir os investidores internacionais aprosseguirem uma maior diversificação dos seus investimentos pelos mercados de acçõesmundiais.

A prestação de informações financeiras trimestrais ao público oferece aos emitentes aoportunidade de melhorarem o desempenho das suas próprias acções. Todavia, se esteconstituísse o único argumento, as sociedades deveriam poder fazê-lo de forma voluntária.Mas, para além deste argumento, há que considerar que a obrigatoriedade de uma prestaçãode informações financeiras trimestral proporcionaria uma melhor protecção aos investidores,uma vez que estes acompanharão provavelmente de forma mais estreita o endividamento dassociedades cujos valores mobiliários são negociados junto do público. Nos Estados-Membros,o endividamento das sociedades em proporção do PIB aumentou consideravelmente nosúltimos anos22. Além disso, a existência de informações mais estruturadas e fiáveis ao longodo exercício financeiro contribuiria para aumentar a eficiência e a concorrência no mercado,uma vez que o capital seria afectado às sociedades com melhor desempenho. As sociedadespoderiam além disso ser avaliadas com base em informações disponibilizadas ao públicofacilmente comparáveis, deixando o investidor de ser obrigado a confiar nas previsões dosanalistas financeiros. Não existe qualquer dado empírico que demonstre a existência de umaconexão entre a obrigatoriedade de prestar informações financeiras trimestrais e o aumento davolatilidade do mercado.

– Resultado da consulta

Durante as duas consultas consecutivas, a frequência trimestral para os relatórios intercalaresfoi a questão que dividiu especialmente os emitentes e os investidores. Deve notar-se que umaminoria de sociedades que não estão ainda sujeitas à obrigatoriedade de relatórios trimestraisconcordam com o princípio, ao passo que uma minoria de investidores têm dúvidas sobre autilização desses relatórios trimestrais.

21 Segundo dados Bloomberg em 2002.22 Ver nomeadamente o recente relatório do Conseil des Marchés Financiers de Dezembro de 2003

“L’augmentation de la volatilité du marché des actions”

18

Alguns emitentes que não elaboram ainda relatórios trimestrais receiam que essa frequênciacomprometa a sua estratégia de investimento a longo prazo - uma opinião que não erapartilhada pelas sociedades que já elaboram relatórios com uma periodicidade trimestral. AComissão entende igualmente que este receio não se justifica. Entende, pelo contrário, que associedades cujos valores são negociados publicamente e que não elaboram relatóriostrimestrais serão essencialmente conduzidas por outras forças do mercado, embora um melhordesempenho da empresa possa vir a constituir uma recompensa em resultado da confiançacriada junto dos investidores. Muitas sociedades sugeriram que se deixasse ao critério de cadasociedade a possibilidade de elaborar relatórios trimestrais. Todavia, a Comissão entende que,dada a crescente importância do governo das empresas, as regras de transparência nãodeverão ser concebidas por forma a permitir às sociedades a livre escolha relativamente àadesão ou não ao princípio da transparência.

Algumas partes entendiam que a divulgação de informações susceptíveis de influenciar ospreços de forma ad hoc (divulgação ad hoc) se adaptaria muito melhor às necessidadesinformativas dos investidores. No entanto, a elaboração de relatórios periódicos e adivulgação ad hoc de informações privilegiadas (nos termos da futura Directiva relativa aoabuso de mercado) constituem formas diferentes, e não substituíveis, de informar o público. Adivulgação pública ad hoc de informações privilegiadas é deixada ao critério do emitente,sendo por exemplo considerado legítimo (e representando aliás uma prática generalizada) nãose divulgar os valores consolidados ou mesmo os resultados das demonstrações internashabitualmente elaboradas dentro das empresas. Pelo contrário, os requisitos de elaboraçãoperiódica dos relatórios previstos na legislação ou nos regulamentos das bolsas de valorespermitem aos investidores receber informações normalizadas, e assim comparáveis (como porexemplo os resultados antes e depois de impostos) relativamente aos emitentes.

Os benefícios na perspectiva dos investidores devem em especial ser avaliados consoanteestes se situem na Europa ou num país terceiro. Os investidores localizados no país em que osvalores mobiliários do emitente se encontram admitidos à negociação num mercadoregulamentado têm menos necessidade de informações normalizadas, publicadas numa datapré-estabelecida. A facilidade com que os investidores situados noutro país têm acesso àsinformações sobre os emitentes depende do grau de normalização dos respectivos períodos depublicação. Uma prestação trimestral de informações proporciona por conseguinte clarosbenefícios a estes últimos.

Algumas bolsas de valores (embora não a maioria) sugeriram igualmente que se deixasse estaquestão ao critérios dos operadores dos mercados regulamentados. No entanto, a elaboraçãode relatórios trimestrais constitui uma prática reconhecida a nível mundial, verificando-se queapenas existem verdadeiras diferenças entre bolsas de valores no que diz respeito àsmodalidades, como por exemplo o formato e os prazos para a elaboração desses relatóriosfinanceiros trimestrais e, factor mais importante, dez Estados-Membros já adoptaram medidaslegislativas neste sentido. É difícil conceber um cenário em que os Estados-Membrosadmitam valores mobiliários nos seus mercados regulamentados, em que os investidoresdesses países se interessem por esses emitentes, sem existir uma informação financeiratrimestral fiável. Se a Comunidade não conseguisse resolver esta questão o resultado seriauma fragmentação e não a integração dos mercados regulamentados.

No segundo documento de consulta, os serviços da Comissão lançavam também a ideia de umregime diferente para os emitentes mais pequenos, com base no seu volume de negóciosanual. Algumas partes defendiam que um regime PME deveria ser aplicado de forma maisadequada com base num critério de capitalização bolsista. Certas bolsas de valores erammesmo favoráveis a uma isenção total das PME, cujo âmbito poderia ser definido pelos

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investidores, revisores de contas e contabilistas. Todavia, os investidores institucionais e ospequenos investidores, bem como os revisores de contas e os contabilistas, opuseram-se a estaideia. O perfil de remuneração/risco das pequenas sociedades, nomeadamente das empresasem fase de arranque, não o justificava.

Deve ter-se em mente que as sociedades cujos valores têm cotação pública não sãomicroempresas, tanto no que diz respeito à sua dimensão como no que se refere às suasactividades ou à sua capitalização bolsista. Além disso, apoiam-se em capitais que angariaramjunto do público, ou seja dos investidores institucionais e dos pequenos investidores. Éessencial, para a credibilidade e a competitividade das PME, disporem de um sistema decontabilidade interna fiável.

De um modo geral, os mercados de capitais consideram o investimento em PME como uminvestimento de elevado risco, tal como ressalta claramente da consulta efectuada pelaComissão. A prestação de informações trimestrais fiáveis traz por conseguinte benefíciosclaros às PME: contribuirá para alargar o seu mercado e reforçar a confiança dos investidores,de modo especial no que diz respeito aos investidores transfronteiras. Em França, porexemplo, as estatísticas mostram que os investidores não-residentes detêm acções em médiaapenas durante cinco meses, ao passo que os residentes as mantêm durante onze meses23.

– Solução proposta: informação financeira trimestral

A Comissão segue uma ideia que transparece em muitas respostas: uma informação financeiratrimestral composta dos elementos essenciais exigidos pela legislação comunitária actual parao relatório semestral (volume de negócios líquido, ganhos e perdas antes ou após dedução deimpostos), acrescidos de uma informação geral sobre a evolução futura da sociedade. Essadeclaração deverá permitir aos investidores não apenas efectuar o seu juízo com base nosresultados alcançados mas ter também em devida conta a estratégia a longo prazo actualmenteseguida pelo emitente. Não pode ignorar-se o facto de que existe uma procura de informaçõessobre as perspectivas das empresas. Todavia, não é do interesse geral promover uma espéciede "orientação pelos lucros", que conduza a uma primazia das considerações de curto prazo ea uma pressão injustificada por parte dos analistas e dos gestores de fundos. A informaçãogeral sobre as perspectivas, que é facultativa para as empresas, deverá pelo contráriopermitir-lhes actualizar a sua orientação estratégica e o desenvolvimento das suas actividades.O prazo máximo de publicação dessas informações financeiras trimestrais não deverá nestafase ultrapassar dois meses. Se os investidores pretendem obter informações maispormenorizadas ou rápidas, os emitentes e os operadores dos mercados regulamentadoscontinuam a ter a possibilidade de encontrar uma resposta adequada para essa necessidade.

A solução proposta não suporia grandes custos para as empresas, nomeadamente em virtudede não exigir a elaboração de demonstrações de cash-flows trimestrais ou o envolvimento deum auditor para auditar ou rever as contas. Além disso, os emitentes podem optar entre umainformação sobre os lucros antes ou após de impostos, pelo que não são obrigados a fazerestimativas fiscais ao longo do exercício financeiro. Os dados relativos ao volume denegócios e aos lucros e prejuízos são mantidos e actualizados regularmente (pelo menos cadamês) para fins operacionais, devendo por conseguinte essas informações estar facilmentedisponíveis.

23 Banque de France, Bulletin de la Banque de France, Nº 106 - Outubro de 2002, relativamente à

duração da detenção de acções entre Junho de 2001 e Junho de 2002.

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Uma frequência trimestral para a prestação de informações sobre os lucros e prejuízosconstitui um instrumento que permite avaliar eventuais práticas fraudulentas em todos osrelatórios periódicos. No entanto, não constitui por si só uma forma de combater práticascontabilísticas fraudulentas por parte das empresas. Foram sugeridas outras medidas norelatório final do Grupo de alto nível de peritos em direito das sociedades24. A Comissãotenciona dar seguimento a estas sugestões nos próximos meses, no âmbito de um Plano deAcção para o governo das sociedades e de uma Comunicação sobre a revisão oficial decontas.

A informação sobre os lucros e prejuízos antes ou depois de impostos, para além do volumede negócios, é um elemento fulcral para os investidores, uma vez que permite uma visãofiável da situação financeira e da sanidade das empresas cujos títulos são objecto detransacção pública. A informação respeitante ao volume líquido de negócios enquanto tal nãoé suficiente, uma vez que não permite uma apreciação da situação devedora da empresa.

A solução proposta não corresponde às normas nacionais mais rigorosas que vigoram nestemomento em matéria de prestação trimestral de informações. Actualmente, na Grécia, noReino Unido, no Luxemburgo e em Portugal, o relatório trimestral obrigatório inclui nãoapenas o volume líquido de negócios e os lucros e prejuízos antes ou depois de impostos, masabrange igualmente um conjunto de contas que inclui uma demonstração de cash-flows e umrelatório de gestão. As normas das bolsas de valores da Áustria (Bolsa de Valores de Viena),da Alemanha (Deutsche Börse), da Finlândia (Bolsa de Valores de Helsínquia) e da Suécia(Bolsa de Valores de Estocolmo) exigem igualmente informações financeiras trimestraisdesse tipo. A partir de Janeiro de 2004, a Euronext introduzirá requisitos de igual rigor,aplicáveis às sociedades cotadas na França, na Bélgica e nos Países Baixos. Na Françaexigem-se já informações trimestrais sobre o volume de negócios, mas não sobre os lucros eprejuízos. A proposta da Comissão não pretende adaptar o acervo actual aos padrõesinternacionais mais elevados, mas apenas reduzir o desfasamento, neste momento importante,entre as 1100 empresas europeias que respeitam as normas internacionais mais rigorosas, comprazos de publicação mais apertados, e as restantes 4900 empresas.

Para mais explicações, ver os comentários ao artigo 6º proposto, na Secção 5.

4.4. Apenas relatórios financeiros semestrais para os emitentes de valoresmobiliários que não acções

As sociedades que apenas emitem títulos de dívida não estão sujeitas à obrigação deapresentar um relatório intercalar nos termos da actual legislação comunitária, o que deveráser alterado. Será necessário exigir um relatório financeiro semestral, cujo conteúdo deverácorresponder ao que é exigido aos emitentes de acções. Efectivamente, não devemsubestimar-se os efeitos nocivos da insolvência, tanto para os investidores em acções comopara os investidores em títulos de dívida. Por conseguinte, é necessário tomar medidas paraproteger os investidores em títulos de dívida desses emitentes, bem como para mantercondições concorrenciais equitativas entre os emitentes de acções e os emitentes de títulos dedívida. Propõe-se, com o amplo apoio manifestado nas duas fases de consulta, que seimponham menos obrigações relativamente aos emitentes de acções. Às sociedades queapenas emitem títulos de dívida com um elevado valor nominal unitário, nomeadamente osemitentes de Euro-obrigações, não deve ser imposta a publicação de um relatório financeirosemestral. Não é necessária uma protecção dos investidores que siga as mesmas linhas e

24 Relatório de 4 de Novembro de 2002.

21

baseada nos mesmos motivos subjacentes da proposta alterada da Comissão de uma Directivarelativa aos prospectos.

Durante os dois exercícios de consulta, algumas partes argumentaram que o actual sistema dedivulgação de informações susceptíveis de influenciar os preços seria suficiente para protegeros investidores. A Comissão não partilha esta opinião, tal como acontece no caso dainformação financeira trimestral para os emitentes de acções. Os relatórios financeirossemestrais constituem uma fonte de informação importante para os mercados de capitais, paraalém das notações de risco emitidas pelas sociedades especializadas. Nos Estados Unidos, osemitentes de títulos de dívida estão mesmo sujeitos à obrigação de publicar relatóriosfinanceiros trimestrais. A Comissão considera também que não se justificam os pedidos deisenção das filiais da elaboração de relatórios semestrais. Há que ter em mente que essasfiliais actuam como emitentes de pleno direito de títulos de dívida nos mercadosregulamentados e que as contas consolidadas da empresa-mãe apenas fornecem informaçõessobre o desempenho da empresa-mãe no seu conjunto, mas não sobre os resultados dessafilial, que actua como um genuíno emitente de títulos de dívida por sua própria conta.

Para mais pormenores, ver as explicações respeitantes aos artigos 5º e 8º propostos, na Secção5.

4.5. Divulgação das alterações verificadas nas participações importantes no capitaldos emitentes de valores mobiliários

4.5.1. Um maior número de valores de referência para uma maior integração dosmercados europeus de valores mobiliários

A actual legislação comunitária prevê que uma pessoa que adquira ou aliene acções de talforma que a sua participação no capital de uma sociedade cujos valores mobiliários sãonegociados junto do público atinja, exceda ou se torne inferior a determinados limiares,informe a sociedade desse facto, sendo esta por seu turno responsável pela divulgação dessainformação ao público. Esses limiares são actualmente 10%, 20%, 1/3 (ou, ao critério doEstado-Membro, 25% em lugar destes dois últimos valores de referência), 50% e 2/3 (ou, denovo ao critério dos Estados-Membros, 75% em lugar de 2/3). Estes limiares são concebidosde forma a traduzir as diferenças patentes a nível do direito das sociedades nacionalrelativamente a questões como por exemplo os limiares que são necessários para representarminorias de bloqueio nas assembleias anuais de accionistas, para obter a alteração dosestatutos da sociedade ou para exercer direitos especiais, como por exemplo a nomeação deauditores especiais, etc.

Doze Estados-Membros introduziram entretanto limiares adicionais. Efectivamente, apenastrês Estados-Membros (Luxemburgo, Portugal e Suécia) exigem um nível de transparênciacorrespondente aos limiares comunitários, definidos há 15 anos atrás. O Comité dasAutoridades de Regulamentação dos Mercados Europeus de Valores Mobiliários(CARMEVM) lançou igualmente um debate com vista à revisão dos limiares comunitários25,ao qual a Comissão deu seguimento no seu próprio processo de consulta. Durante esteprocesso, as partes interessadas preconizaram uma actualização ou mesmo uma revisão destesrequisitos.

25 Documento CARMEVM sobre “Medidas para promover a integridade do mercado – seguimento do

documento do CARMEVM sobre os abusos de mercado, de 31 de Janeiro de 2002 (FESCO/01-052h de31 Janeiro de 2002).

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A Comissão propõe agora que se introduza um sistema de transparência com base emescalões com início num primeiro limiar de 5%26, continuando a intervalos de 5% até 30%dos direitos de voto, do capital ou de ambos. Este sistema traduziria não apenas a influênciaefectiva que um investidor nos mercados de valores mobiliários pode ter numa sociedadecujos valores são negociados publicamente, mas, de um modo mais geral, o seu grandeinteresse no desempenho da sociedade, na sua estratégia comercial e nos seus lucros. SeteEstados-Membros aplicam já, a nível nacional, esse regime de transparência mais adequadoao mercado de valores mobiliários . Seis deles (Áustria27, Dinamarca, Espanha 28, Finlândia,Grécia29, Itália30, e Reino Unido31) introduziram este regime por actos legislativos ouregulamentos, o sétimo aplica-o através de recomendações emanadas pelas bolsa de valores(Suécia). Um oitavo Estado-Membro (Países Baixos32) está prestes a seguir o mesmocaminho. A proposta da Comissão consistiria num alinhamento da situação entreEstados-Membros, permitindo simultaneamente aos que o pretendam exigir uma notificaçãodas participações de capital já a partir de uma fase anterior (2% na Itália ou 3% no ReinoUnido) ou a intervalos mais pequenos. Outros Estados-Membros podem igualmente mantermais valores de referência a nível nacional, como por exemplo 1/3 dos direitos de voto.

Para mais informações, ver os comentários sobre os artigos 9º e 10º propostos, na Secção 5.

4.5.2. Encurtar os prazos - limite para a actuação dos accionistas e emitentes

A abreviação dos prazos de notificação e divulgação é também consonante com os desejosmanifestados no processo de consulta. Actualmente, o accionista deve informar o emitente eas autoridades competentes no prazo de sete dias de calendário, e subsequentemente oemitente deverá informar o público no prazo de nove dias de calendário, ou, em certascircunstâncias, no prazo de 21 dias de calendário. Contrariamente aos cinco dias de calendárioinicialmente preconizados, a Comissão propõe agora um prazo-limite de cinco dias úteispara os investidores e um prazo de três dias úteis para os emitentes que efectivamentedispõem de informações sobre alterações importantes decorrentes de aquisições ou alienaçõesde acções por parte dos accionistas, para divulgar estas alterações (ver também as explicaçõesrespeitantes ao artigo 11º proposto, na Secção 5).

26 Este limiar é já aplicado em 12 Estados-Membros (Áustria, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Espanha,

Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Países Baixos e Reino Unido).27 Os requisitos de transparência têm início em 5%, continuam por intervalos de 5% até que um investidor

atinja 50% dos direitos de voto.28 É requerida uma transparência no caso de uma participação no capital a partir de 5% e continua a

aplicar-se sempre que uma participação atinge, excede ou passe a ser inferior a um intervalosubsequente de 5%.

29 Durante os primeiros 12 meses de negociação das acções admitidas num mercado regulamentado, asalterações nas participações de capital com intervalos de 1,5% devem ser notificadas.

30 Os requisitos de transparência têm início em 2% e prosseguem para as posições accionistas quesubsequentemente aumentem ou diminuam mais de 5%, 7,5%, 10%, e qualquer intervalo suplementarde 5%.

31 Os requisitos de transparência começam em 3% e continuam para as participações de capital quesubsequentemente aumentem ou diminuam através de um número percentual inteiro.

32 O Ministério das Finanças Holandês pretende propor a alteração de “Wet melding zeggenschap in terbeurze genoteerde vennootschappen” de 1996, incluindo uma nova estrutura para os valores dereferência (5%, 10%, 15%, 20%, 25% e, no caso de uma participação superior a 25%, a obrigação denotificar cada transacção).

23

4.5.3. Transparência também sobre a detenção de valores mobiliários que permitem teracesso a acções

Pode exercer-se uma influência directamente sobre as sociedades através das acções, mastambém indirectamente através de instrumentos financeiros que conferem o direito deaquisição ou de alienação de acções, como por exemplo warrants ou obrigações convertíveis,caso a detenção desses instrumentos financeiros atinja valores relativos importantes. Nasrespostas à consulta, foi apoiada a ideia de se incluir essa situação no sistema geral detransparência. Todavia, foram manifestados receios particulares no que diz respeito à inclusãodas opções de compra e venda. Além disso, uma minoria de empresas de investimentosolicitava limiares mais elevados relativamente aos outros investidores. Para dar resposta aestas preocupações, a Comissão propõe que se siga a orientação a seguir apresentada.

O objectivo global de se passar a uma lógica mais orientada para o mercado de capitais nãodeverá ser comprometido por excepções concedidas às sociedades de investimento. Asempresas têm um grande interesse em saber quem são as sociedades de investimento quenelas investem e qual a sua posição, por exemplo nas assembleias de accionistas. O requisitode notificação deverá por conseguinte facilitar às empresas a identificação dos proprietáriosdas acções ou das pessoas que actuam em seu nome. Dito isto, a Comissão considera de ummodo geral que é aceitável autorizar cada Estado-Membro a decidir se estabelece o valor de10% como primeiro limiar no caso de as sociedades de investimento (mas também outrosinvestidores) apenas adquirirem warrants cobertos ou obrigações convertíveis. A mesmaregra de proporcionalidade deverá ser aplicada aos direitos de usufruto associados a acções.Além disso, o regime de notificação e publicação deverá ser limitado em relação aosinstrumentos derivados, mas não a todos os tipos de derivados, como por exemplo as opções.

Para mais explicações, ver os comentários ao n.º 1, alínea e), do artigo 2º e ao artigo 9º, naSecção 5.

4.6. Informação dos detentores de valores mobiliários em assembleias gerais

4.6.1. Porque motivo esta questão é abrangida na presente iniciativa?

Esta questão é já objecto da legislação comunitária no domínio dos valores mobiliários, e nãodas Directivas em matéria de direito das sociedades33, sendo necessária uma modernizaçãosob três formas.

Em primeiro lugar, deverá ser facilitado o recurso a representantes. Ao permitir aosaccionistas actuarem através de representantes encorajar-se-ia o seu envolvimento nasassembleias gerais. Seria particularmente útil para os investidores que se encontram noestrangeiro, que não estão nas mesmas condições que os investidores nacionais para viajarcom o objectivo de exercer os respectivos direitos. As respostas aos documentos de consultaeram claramente favoráveis à autorização de uma votação por representação em todos osEstados-Membros, através de uma medida comunitária. No entanto, a presente propostaapenas diz respeito aos aspectos relacionados com a transparência.

Em segundo lugar, deveria ser facilitada a utilização de meios electrónicos. Essa possibilidadeestá fortemente associada à capacidade de todos os Estados-Membros para terem em conta asvantagens das tecnologias modernas de informação e comunicação. A Comissão sugere que

33 Ver artigos 65º, 78º e 83º da Directiva 2001/34/CE no que diz respeito aos emitentes de acções, e aos

títulos de dívida de empresas e de entidades soberanas.

24

cada empresa cujos valores mobiliários são objecto de negociação pública possa receber onecessário apoio regulamentar para submeter esta questão tão importante aos seus accionistas,que deverão decidir em assembleia geral as modalidades aplicáveis à informação em linha.

Para mais explicações, ver comentário aos artigos 13º e 14º, na Secção 5.

5. COMENTÁRIOS AOS ARTIGOS

Os requisitos actualmente vigentes em matéria de informação encontram-se previstos naDirectiva 2001/34/CE34, que codifica, entre outras, as regras comunitárias que estiveram emvigor durante mais de 20 anos (sobre a elaboração de relatórios financeiros anuais e sobre asassembleias de accionistas35), quase 20 anos (no que diz respeito aos relatórios financeirosintercalares36), ou pelo menos quase 15 anos (no que diz respeito à notificação da aquisiçãoou alienação de participações importantes37). Todavia, esta codificação não impôs quaisqueralterações aos textos legislativos e regulamentares vigentes nos Estados-Membrosrelativamente ao passado.

5.1. Considerandos

Os considerandos 19 a 24 recordam a nova forma de regulamentação dos mercadosde valores mobiliários (ver Secção 2.2 mais acima).

5.2. Capítulo I: Disposições gerais

5.2.1. Artigo 1º – Objecto e âmbito de aplicação

A actual isenção prevista para os organismos de investimento colectivo em valoresmobiliários (OICVM), mantêm-se no n.º 2 do artigo 1º, nomeadamente em virtude deestarem estabelecidos requisitos específicos em outros textos38. O n.º 2 do artigo 2º, on.º 2 do artigo 3º e o n.º 3 do artigo 85º da Directiva 2001/34/CE prevêem essaisenção no actual acervo.

5.2.2. Artigo 2º – Definições

5.2.2.1. N.º 1 do artigo 2º

Relativamente à alínea a): A definição de valores mobiliários baseia-se na soluçãoque o Conselho acordou em 5 de Novembro no sentido de uma posição comum sobrea futura Directiva relativa aos prospectos. Exclui por conseguinte os instrumentos domercado monetário que se mantêm sujeitos à legislação nacional.

34 Directiva 2001/34/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de Maio de 2001, relativa à

admissão de valores mobiliários à cotação oficial de uma bolsa de valores e à informação a publicarsobre esses valores, JO L 184 de 6.7.2001.

35 Os Artigos 64º a 69º e 78º a 84º substituem respectivamente os anteriores esquemas C e D da Directiva79/279/CEE.

36 Os artigos 70º a 77º e 102º a 107º substituem respectivamente a anterior Directiva 82/121/CEE.37 Assim, os artigos 85º a 97º substituem a Directiva 88/627/CEE.38 Directiva 85/611/CEE do Conselho, de 20.12.1985, relativa à coordenação das disposições legislativas,

regulamentares e administrativas respeitantes aos organismos de investimento colectivo em valoresmobiliários (OICVM), com a última redacção que lhe é dada pelas Directivas 2001/107/CE e2001/108/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 21 de Janeiro de 2002 (JO L 41 de 13.2.2002, p.20 e 34 respectivamente).

25

Relativamente à alínea b): É necessária uma definição para assegurar que osemitentes de obrigações convertíveis ou passíveis de troca não sejam obrigados aconvocar assembleias gerais nos termos do artigo 14º proposto. Pelo contrário, aComissão não vê qualquer necessidade de definir o conceito de “títulos de capitalpróprio” ou “acções”. É certamente necessário estabelecer uma diferença entre títulosde capital próprio e de capital não-próprio, na futura Directiva relativa aosprospectos, no que diz respeito aos instrumentos derivados (as obrigaçõesconvertíveis, por exemplo, seriam considerados títulos de capital ao passo que asobrigações passíveis de troca seriam tratadas como títulos de capital não-próprionessa directiva). Tal necessidade não se verifica na presente proposta. Efectivamente,não é possível a situações de uma sociedade, cujos valores mobiliários sãonegociados junto do público, emitir apenas instrumentos derivados em mercadosregulamentados, mas não os valores mobiliários (acções e títulos de dívida) dos quaisdecorrem esses derivados.

Relativamente à alínea c): ver Secção 3.1

Relativamente à alínea d): a definição inclui toda a gama de emitentes de valoresmobiliários, incluindo os emitentes soberanos e os emitentes de certas obrigações(incluindo as Euro-obrigações) relativamente aos quais são todavia previstas isençõesimportantes em matéria de requisitos de publicação periódica de informações, noartigo 8º. Além disso, clarifica-se o tratamento a dar aos certificados de depósito,incorporando assim o n.º 3 do artigo 6º da Directiva 2001/34/CE.

Relativamente à alínea e): Foi introduzida a definição de “detentor de valoresmobiliários” para clarificar quem é responsável pela notificação das alterações dasparticipações importantes no capital dos emitentes, mas também para clarificar osdireitos de igualdade de tratamento no contexto das assembleias gerais. A segundasubalínea baseia-se na alínea a) do artigo 92º da Directiva 2001/34/CE e abrange ocaso dos bancos depositários e dos fundos de investimento que detêm valoresmobiliários em seu nome, mas por conta dos seus clientes. A terceira subalíneaclarifica a situação relativamente aos certificados de depósito, integrando assim o n.º2 do artigo 85º da Directiva 2001/34/CE. A quarta subalínea estende esta definiçãoaos detentores de instrumentos derivados, como por exemplo obrigações convertíveisou passíveis de troca (embora não às opções - ver também a Secção 4.5.3, maisacima); esta extensão é importante para a notificação das alterações às participaçõesde capital importantes.

Relativamente à alínea f) e ao n.º 2 do artigo 2º: Esta definição deverá ser encaradano contexto da notificação das alterações às participações importantes no capital nosemitentes. O seu objectivo global deve ser assegurar que a empresa-mãe é obrigada ainformar o público acerca das suas próprias participações, bem como dasparticipações das empresas que controla. A actual definição de “empresacontrolada”, contida no artigo 87º da Directiva 2001/34/CE,deverá ser alargada parater em conta as opiniões manifestadas na segunda fase do processo de consulta.

Relativamente à alínea i), ver a Secção 4.1.3., mais acima.

Relativamente à alínea k), a definição de “informação regulamentar” tem umarelevância especial para os artigos 15º a 17º.

26

Relativamente à alínea l), a definição de “meios electrónicos” baseia-se na definiçãojá prevista na Directiva 98/34/CE, com a redacção que lhe é dada pela Directiva98/48/CE39. Não inclui a comunicação que não é feita em linha, como a distribuiçãode CD-ROM, ou qualquer forma de comunicação não proporcionada por umprocessamento electrónico, como por exemplo serviços de telefonia, telecópia outelex. Deverá ser conferido um mandato à Comissão para clarificar a definiçãosegundo esta lógica.

5.2.3. Artigo 3º - Integração dos mercados de valores mobiliários

A aceitação destas disposições deverá constituir a prova de que a presente iniciativaconduz a uma maior integração dos mercados de valores mobiliários (ver Secção4.1.1., mais acima).

Actualmente, o n.º 2 do artigo 8º da Directiva 2001/34/CE permite aosEstados-Membros introduzirem requisitos mais rigorosos em matéria de prestação deinformações, a menos que tal conduza a uma discriminação relativamente aosemitentes estrangeiros. Em contrapartida, o acervo adquirido ao longo de 20 anoscontinua a reconhecer que o cumprimento dos requisitos comunitários em matéria detransparência não proporciona necessariamente garantias que permitam aosEstados-Membros suprimir outras restrições nacionais.

No futuro, apenas o Estado-Membro de origem deverá ter a possibilidade decontinuar a bloquear a admissão de valores mobiliários à negociação num mercadoregulamentado em situações puramente internas, em que não exista qualquerdimensão transfronteiras do lado do emitente. Por outro lado, os investidores deverãocontinuar a ser protegidos - tal como acontece nos termos da actual legislaçãocomunitária (ver n.º 3 do artigo 8º da Directiva 2001/34/CE - na medida em quenenhum Estado-Membro pode de um modo geral isentar os emitentes ou osdetentores de valores mobiliários dos requisitos comunitários ou introduzir requisitosmenos rigorosos.

Em consonância com os desejos e receios manifestados no processo de consulta, aredacção proposta para o n.º 2 do artigo 3º clarifica igualmente o valor acrescentadoda harmonização no que diz respeito à divulgação de informações susceptíveis deinfluenciar os preços nos termos da futura Directiva relativa ao abuso de mercado: seum emitente cumpre estas disposições, não existe qualquer motivo superior para oimpedir de ter acesso aos mercados regulamentados de outros Estados-Membros.

A integração dos mercados de valores mobiliários deverá ser promovida segundo amesma linha no que diz respeito à prestação de informações relativas àsparticipações de capital importantes (ver artigo 88º da Directiva 2001/34/CE). Noentanto, o Estado-Membro de origem do emitente pode continuar a prever limiaresadicionais, prazos de notificação e publicação mais curtos, ou outras regras maisrigorosas do que as preconizadas na directiva proposta.

39 Directiva 98/34/CE (JO Nº L 204, 21.7.1998, p.37), com a redacção que lhe é dada pela Directiva

98/48/CE (JO Nº L 217, 5.8.1998, p.18)

27

5.3. Capítulo II: Informações periódicas

5.3.1. Artigo 4º – Relatórios financeiros anuais

Os objectivos desta disposição são explicados na Secção 4.2.. O texto que se propõesubstitui os artigos 67º e 75º da Directiva 2001/34/CE no que diz respeito aosseguintes aspectos técnicos:

– Tem em vista uma clarificação terminológica consonante com as normasinternacionais de contabilidade. O chamado relatório financeiro anual deve terduas componentes: demonstrações financeiras (as chamadas contas anuais nostermos da Quarta e Sétima Directivas em matéria de direito das sociedades) e orelatório de gestão (o chamado relatório anual, nos termos das mesmasDirectivas).

– As demonstrações financeiras seriam sujeitas a um relatório dos revisores, sendoreproduzido o seu parecer. A redacção proposta é coerente com as Quarta eSétimas Directivas em matéria de direito das sociedades.

– O relatório financeiro anual deve permitir uma identificação adequada das pessoaspor ele responsáveis. Os investidores devem estar aptos a saber a quem incumbeefectivamente a responsabilidade final pelas informações prestadas, o queestabelece uma ligação forte com o artigo 4º (ver também Secção 3.4.)

5.3.2. Artigo 5º – Relatórios financeiros semestrais

Ver a Secção 4.3.2 no que diz respeito aos emitentes de acções e a Secção 4.4. noque diz respeito aos emitentes de títulos de dívida.

Esta disposição aplica-se aos emitentes de todos os tipos de valores mobiliários. Nãoinclui uma obrigação de os emitentes fazerem rever oficialmente esses relatórios.Nesta fase, a Comissão segue a maioria das respostas, que não vêem umanecessidade imediata de o tornar obrigatório a nível comunitário. O Estado-Membrode origem do emitente pode impor essa obrigação, nos termos do n.º 2 do artigo 3ºproposto.

Dito isto, a Comissão deverá ter a possibilidade de adoptar medidas, se necessário,nos termos do procedimento de comitologia. Deve ser utilizado o procedimentoacelerado recomendado pelo Comité de Sábios Presidido pelo Sr. Lamfalussy parapermitir às instituições europeias restabelecerem rapidamente a confiança dosinvestidores em períodos críticos, logo que o relatório intercalar proposto deixar deassegurar por si próprio a necessária fiabilidade.

5.3.3. Artigo 6º – Informação financeira trimestral

Ver as explicações genéricas apresentadas na Secção 4.3.1.

A informação financeira trimestral não deve necessariamente cumprir a norma NIC34. Por conseguinte, o texto deixa de referir-se a um relatório financeirotrimestral ou a demonstrações financeiras – uma expressão que é reservada aosrelatórios intercalares baseados nas NIC. O procedimento de comitologiadeverá mais uma vez permitir à Comissão Europeia, em cooperação com oComité Europeu dos Valores Mobiliários e sob parecer do Comité das

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Autoridades de Regulamentação dos Mercados Europeus de ValoresMobiliários, esclarecer junto dos emitentes, dos operadores do mercado e dosinvestidores o conteúdo dessa informação financeira trimestral, estabelecerprazos para se manter a informação publicada disponível junto do público epara clarificar qual o tipo de análise, efectuada a pedido do emitente, que exigeuma divulgação junto do público.

5.3.4. Artigo 7º - Responsabilidade

São previstas disposições semelhantes na proposta alterada da Comissão de Directivarelativa aos prospectos. Ver igualmente Secção 3.4. A responsabilidade pelaprestação de informações susceptíveis de induzir em erro ou que não sejamprecisas, publicadas de forma ad hoc nos termos da futura Directiva relativa aoabuso de mercado, continua a ser regulada pelo direito nacional.

5.3.5. Artigo 8º – Isenções

Os emitentes soberanos (de títulos de dívida) ficarão sujeitos a um regime detransparência mais leve, uma vez que não se lhes aplicam os requisitos deprestação periódica de informações (ver n.º 2, alínea b), do artigo 2º, n.º 2,alínea b) do artigo 3º e n.º 3 do artigo 4º da Directiva 2001/34/CE). Todavia,devem beneficiar e estar sujeitos a disposições genéricas em matéria deprestação de informações, como por exemplo a proibição de lhes seremimpostos requisitos adicionais pelos Estados-Membros que não o seuEstado-Membro de origem (artigo 3º) ou a necessidade de garantir umadivulgação efectiva e simultânea de qualquer informação que deva serpublicada nos termos do artigo 17º. Continuam igualmente a ser obrigados aassegurar um tratamento igual aos detentores de títulos de dívida do mesmoempréstimo, tal como proposto no artigo 14º (ver também artigo 83º daDirectiva 2001/34/CE).

Seguindo a mesma lógica, é prevista uma protecção limitada dos investidores no quediz respeito às sociedades que apenas emitem valores mobiliários destinadosespecificamente ao investidores profissionais (tal como definido por um valornominal de pelo menos 50 000 euros). Assim, a Comissão segue o acordopolítico alcançado pelo Conselho em 5 de Novembro no sentido de umaposição comum relativamente à futura Directiva relativa aos prospectos.

5.4. Capítulo III: Informação contínua

5.4.1. Artigo 9º – Notificação da aquisição ou alienação de participações importantes

O objectivo de se prever um regime de notificação mais rigoroso, baseado nummaior número de valores de referência, foi já explicado na Secção 4.5.1..Tendo em conta as reacções recebidas, a Comissão decidiu não propor dezlimiares, tal como havia previsto no seu documento de consulta, mas oito. OsEstados-Membros continuam a ter a possibilidade de prever limiaresadicionais, nomeadamente limiares inferiores (como acontece no Reino Unido(3%) ou na Itália (2%)). O n.º 1 do artigo 89º da Directiva 2001/34/CE permiteaos Estados-Membros decidirem se uma sociedade deve igualmente serinformada no que diz respeito à proporção de capital detido por um investidorcaso esse Estado-Membro não aplique o princípio de “uma acção, um voto”.

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Relativamente à alínea a): Algumas respostas levantam a dúvida de saber se os produtosderivados que permitem a aquisição ou a alienação de acções devem ou não ser abrangidospelo regime de notificação. A Comissão limita por conseguinte os requisitos de notificaçãoaos instrumentos derivados de títulos. Consequentemente, os warrants ou as obrigaçõesconvertíveis são incluídos nesse regime, ao passo que as opções não são por ele abrangidas(ver também Secção 4.5.3. e a alínea e) do nº1 do artigo 2º). Além disso, propõe aosEstados-Membros que decidam se pretendem definir requisitos de notificação já a partir deum limiar de 5%. Tendo em conta as reacções individuais recebidas das autoridadesnacionais, esta possibilidade deverá igualmente aplicar-se aos direitos de usufrutorelacionados com acções (ver também artigo 10º).

As alíneas b) e c) permitem aos Estados-Membros adaptar dois limiares às suasregras nacionais que prevêem a constituição de minorias de bloqueio oumaiorias qualificadas nas assembleias gerais, mas é mais limitativo dos poderesdiscricionários dos Estados-Membros do que o n.º 1, alíneas a) e b), do artigo89º da Directiva 2001/34/CE.

5.4.2. Artigo 10º – Determinação dos direitos de voto

- O artigo 10º apenas especifica quais as pessoas que podem - legal ouefectivamente - exercer direitos de voto em nome dos detentores de valoresmobiliários. Ao passo que as participações de um detentor individual devalores mobiliários podem não atingir necessariamente os limiares previstos, asituação pode ser consideravelmente diferente no que diz respeito aos bancosdepositários, aos fundos de investimento, aos representantes e outras partes quepossam exercer direitos de voto em nome de diversos detentores de valoresmobiliários.

- Esta disposição é importante por dois motivos: em primeiro lugar, associedades cujos valores são objecto de objecto de negociação pública sãoinformadas não apenas no que diz respeito aos detentores de valoresmobiliários mas também relativamente às pessoas que possam efectivamenteexercer grandes influências; em segundo lugar, esta disposição tem porobjectivo facilitar a troca de informações entre sociedades e detentores devalores mobiliários no contexto das assembleias gerais (ver n.º 3 do artigo 13ºe n.º 3 do artigo 14º).

- Esta disposição retoma na sua essência o artigo 92º da Directiva 2001/34/CE,com as seguintes alterações na sequência dos comentários recebidos no decursodo processo de consulta:

- Para limitar as definições às pessoas que têm o direito de votar em nome dosaccionistas é necessário suprimir a actual alínea a) do artigo 92º, que passa aestar incorporada na definição de detentores de valores mobiliários prevista naalínea e), segundo travessão, do nº1 do artigo 2º. A alínea a) do artigo 10ºcorresponde à alínea c) do artigo 92º da Directiva 2001/34/CE. Do mesmomodo, a alínea b) do artigo 10º retoma a actual alínea d) do artigo 92º, a alíneac) do artigo 10º a alínea e) do artigo 92º - colocando-se assim a ênfase nas

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pessoas a quem é proporcionada a garantia40 - e a alínea d) do artigo 10º aalínea f) do artigo 92º.

- Na sequência de numerosos pedidos, a definição das situações em que osdireitos de voto podem ser exercidos em nome de empresas controladas émuito mais vasta na alínea e) do artigo 10º, relativamente à alínea b) do actualartigo 92º, o que é possível em virtude de uma definição alargada prevista naalínea f) do nº1 do artigo 2º proposto.

- A redacção da alínea f) do artigo 10º corresponde à alínea h) do artigo 92º. Aalínea g) do artigo 10º retoma sem alterações a alínea g) do artigo 92º.

- A única nova disposição diz respeito aos representantes (alínea h) do artigo10º). Uma vez que a participação através de representantes em todos osEstados-Membros é de um modo geral permitida nas assembleias gerais, umasociedade deverá ser devidamente informada das participações importantesrelativamente às quais um determinado representante recebeu instruçõescomuns por parte de diversos accionistas.

5.4.3. Artigo 11º – Procedimentos de notificação e divulgação das participaçõesimportantes

O n.º 1 do artigo 11º define claramente o conteúdo mínimo da notificação que deveser dirigida à sociedade. Não existe qualquer disposição correspondente a esta naDirectiva 2001/34/CE. As sugestões iniciais da Comissão no sentido de informar oemitente acerca do acordo integral entre accionistas foram abandonadas, tendo emconsideração as reacções recebidas nas duas fases da consulta. Todavia, os emitentese o público têm um interesse legítimo em ser mantidos informados pelo menosacerca das consequência destes acordos em termos de direitos de voto.

O n.º 2 do artigo 11º reduz o período de notificação de sete dias de calendário paracinco dias úteis. A referência a dias úteis em lugar de dias de calendário é maisadaptada à realidade do mercado e segue a opinião manifestada por muitas partesinteressadas. Os períodos de notificação mais longos, de que podem dispornomeadamente os bancos junto dos quais estão depositados valores mobiliários nostermos da legislação nacional (de acordo com o último parágrafo do artigo 92º daDirectiva 2001/34/CE) devem ser abandonados. Ver igualmente artigo 26º no que serefere às disposições transitórias.

O n.º 3 do artigo 11º corresponde ao artigo 93º da Directiva 2001/34/CE. Existemoutras isenções, actualmente previstas nos artigos 94º (operadores profissionais) e95º (divulgação contrária ao interesse público ou prejudicial para a empresa) queestão desactualizadas - orientação esta com a qual a maioria das partes envolvidasnas duas consultas estava de acordo. Em diversas respostas era patente a opinião deque as situações específicas dos grandes accionistas durante os processos decompensação e liquidação mereciam todavia um tratamento específico. A Comissãoteve em conta este parecer, no âmbito da definição do conceito de detentor de valoresmobiliários tal como prevista na alínea e), segunda subalínea, do artigo 2º.

40 O termo “garantia”, que substitui o termo “caução”, é preferível, tendo em conta a terminologia

utilizada na Directiva 2002/47/CE de 6.6.2002 relativa aos acordos de garantia financeira, JO L 168 de27.6.2002, p. 43.

31

O n.º 4 do artigo 11º corresponde ao artigo 91º da Directiva 2001/34/CE, comressalva da redução do prazo para efectuar a divulgação para três dias úteis. Estenovo prazo deverá ser implementado progressivamente nos termos das disposiçõesprevistas no artigo 28º.

5.4.4. Artigo 12º – Informação adicional

A alínea a) do artigo 12º corresponde ao n.º 2 do artigo 66º da Directiva 2001/34/CEe as alíneas b) e c) do artigo 12º aos nºs 2 e 3 do artigo 81º, embora alargando estesrequisitos de publicidade aos emitentes soberanos de títulos de dívida.

5.4.5. Artigo 13º – Informação destinada aos accionistas

O n.º 1 do artigo 13º corresponde ao n.º 1 do artigo 65º da Directiva 2001/34/CE.Tendo em conta as diversas questões levantadas durante a consulta, vale a penareferir que o seu texto nunca incluiu o princípio de “uma acção, um voto”.

O n.º 2 do artigo 13º segue na sua essência o n.º 2 do artigo 65º da Directiva2001/34/CE. O único elemento novo é incluído na alínea b), em que um accionistapode escolher um representante de acordo com a lei do Estado-Membro de origem doemitente (ver também Secção 4.6.2). No entanto, não deverá ser necessário escolherum representante em cada Estado-Membro. Na alínea d), a expressão “desistência”deverá ser substituída por “cancelamento” na sequência de diversas respostas quesolicitam a clarificação da actual redacção (referindo-se ao termo “desistência”).

O n.º 3 do artigo 13º estabelece as condições mínimas nas quais deverá ser possívelfornecer aos accionistas informações por via electrónica. Os objectivos gerais sãoestabelecidos na Secção 4.6.3..

5.4.6. Artigo 14º – Informação destinada aos detentores de títulos de dívida

O artigo 14º contém essencialmente as mesmas disposições que as previstas para osaccionistas. Todavia, os direitos inerentes aos títulos de dívida são distintos dosassociados às acções. Por conseguinte, é inevitável que exista uma disposiçãoespecífica para os títulos de dívida, tal como definido na alínea b) do artigo 2ºproposto. Tendo em contas a numerosas reacções suscitadas nas duas fases deconsulta, a Comissão já não considera necessária uma derrogação ao princípio daigualdade de tratamento por motivos de prioridades de carácter social, tal comoactualmente previsto no n.º 1, segundo parágrafo do artigo 78º e no n.º 1, segundoparágrafo do artigo 83º da Directiva 2001/34/CE. Tendo em conta as especificidadesdos mercados de Euro-obrigações, o n.º 3 do artigo 14º permite que os emitentesescolham o Estado-Membro em que pretendem realizar a assembleia dos detentoresde títulos de dívida.

5.5. Capítulo IV: Obrigações gerais

5.5.1. Artigo 15º - Controlo por parte do Estado-Membro de origem

O princípio genérico que justifica um sistema de depósito no Estado-Membro deorigem já foi explicado na Secção 4.1.2.. Actualmente, os Estados-Membros sãoapenas convidados em termos gerais “a garantir” que as informações são publicadas(ver por exemplo artigo 70º da Directiva 2001/34/CE no que diz respeito aosrelatórios semestrais), excepto para a notificação das alterações às participações

32

importantes, que deverão ser comunicadas não apenas aos emitentes mas também àsautoridades competentes (ver n.º 1 do artigo 89º da Directiva 2001/34/CE).

A Comissão deverá ser autorizada a adoptar novas medidas técnicas de execução, doseguinte modo:

– Em particular, deve ser assegurada no futuro a possibilidade de efectuar odepósito por via electrónica. De outro modo, as condições de depósito junto dasautoridades nacionais de regulamentação dos valores mobiliários ficarãoclaramente desfasadas relativamente ao depósito electrónico em registoscomerciais, tal como proposto pela Comissão na reforma da Primeira Directivaem matéria de direito das sociedades41;

– No caso das acções, o Estado-Membro de origem continua a ser competente pelocontrolo do emitente, mesmo que as acções deste último estejam admitidas ànegociação apenas em um outro Estado-Membro. As medidas de execuçãodeverão estabelecer em pormenor a forma de articular este controlo entre osEstados-Membros envolvidos.

5.5.2. Artigo 16º - Regime linguístico para os emitentes e para os detentores de valoresmobiliários

Os objectivos do regime linguístico proposto estão já enunciados na Secção 3.2.1.. Aredacção proposta pretende seguir as linhas acordadas no Conselho em 5 deNovembro com vista à adopção de uma posição comum sobre a futura Directivarelativa aos prospectos. Além disso, impõe aos emitentes a obrigação de publicareminformações privilegiadas - tal como previsto no artigo 6º da Directiva 2003/6/CE(Directiva relativa ao abuso de mercado) - segundo um regime linguístico específico.Caso contrário, os emitentes seriam obrigados a traduzir todas as informações apublicar para as línguas oficiais de todos os Estados-Membros em que os seusvalores mobiliários sejam potencialmente negociados.

No entanto, existe uma diferença importante relativamente à futura Directiva relativaaos prospectos. Esta última ainda permite aos Estados-Membros de acolhimentoexigirem a tradução de uma síntese do prospecto para a sua própria língua oficial.Essa possibilidade não está prevista na presente proposta. A presente propostadesvia-se pelo contrário da orientação acordada no que diz respeito à futura Directivarelativa aos prospectos, de duas formas:

- O n.º 3 do artigo 16º não permite aos emitentes cujos valores mobiliários sãoadmitidos à negociação num mercado regulamentado apenas numEstado-Membro de acolhimento, e em mais nenhum sítio da União Europeia,optarem entre certas línguas; o Estado-Membro de acolhimento poderá emprincípio impor a utilização da sua própria língua. Esta regra deverá evitar uma“arbitragem jurisdicional” (ou mesmo uma “arbitragem linguística”);

- O n.º 6 do artigo 16º assegura que as regras nacionais respeitantes à utilizaçãode línguas em processos judiciais não são prejudicadas.

41 N.º 2 do artigo 3º da proposta da Comissão de uma Directiva que altera a Directiva 68/151/CEE, do

Conselho, no que diz respeito aos requisitos de publicidade relativamente a determinados tipos desociedades, COM (2002) 279 final, de 3.6.2002.

33

Tal como referido no ponto 3.2.1, as regras propostas em matéria de regimelinguístico não afectarão os requisitos existentes ao abrigo do artigo 4º daDirectiva 89/117/CEE (Décima Primeira Directiva em matéria de direito dassociedades).

5.5.3. Artigo 17º – Acesso oportuno à informação regulamentar

- Os nºs 1 e 2 do artigo 17º substituem o artigo 102º da Directiva 2001/34/CE noque diz respeito às informações a divulgar ao público nos termos da presentedirectiva. Determinará igualmente em qual Estado-Membro e através de quemeios deverá ser efectuada a divulgação de informações susceptíveis deinfluenciar os preços. Ver Secção 3.2.2. .

- O n.º 4 do artigo 17º confere à Comissão os poderes necessários com vista aespecificar mais concretamente as condições em que é divulgada informaçãoao público nos sítios Internet do emitente, bem como sobre a forma de manteresta informação disponível. Incluem-se certas questões, como por exemplo se oemitente deverá assegurar que os sítios Internet operam num servidorlocalizado num determinado Estado-Membro ou se pode também ser imposta,aos emitentes que não solicitaram ou aprovaram a admissão dos seus valoresmobiliários à negociação nesse mercado regulamentado, a utilização de formasde divulgação específicas.

5.5.4. Artigo 18º – Linhas de orientação

O princípio subjacente a esta disposição foi já explicado na Secção 3.2.2. O n.º 1,alínea a) do artigo 18º abrange um aspecto específico: o sistema de depósito propostonão deverá conduzir a uma duplicação de tarefas desnecessária para os emitentes quecontinuam a estar sujeitos a um depósito ao abrigo da Primeira Directiva em matériade direito das sociedades42. Na prática, isto diz essencialmente respeito àsdemonstrações financeiras (contas) e ao relatório de gestão (relatório anual). Estestipos de informação deverão ser depositados junto das autoridades nacionais deregulamentação dos valores mobiliários, de acordo com o artigo 15º proposto, mas,numa fase posterior, junto dos registos nacionais das sociedades nos termos do artigo47º da Quarta Directiva em matéria de direito das sociedades/artigo 38º da SétimaDirectiva em matéria de direito das sociedades, em conjunção com o artigo 3º daPrimeira Directiva em matéria de direito das sociedades.

5.5.5. Artigo 19º – Países terceiros

O n.º 1 do artigo 19º diz respeito aos emitentes constituídos em países terceiros. O n.º4 do artigo 76º da Directiva 2001/34/CE já lhes exige que assegurem requisitosequivalentes em matéria de prestação intercalar de informações (com base emrelatórios semestrais); o mesmo se aplica à publicação de informações sobre asalterações às participações de capital importantes por parte dos emitentes de paísesterceiros, nos termos do n.º 3, segundo parágrafo, do artigo 68º da Directiva2001/34/CE. Deverão ser evitadas no futuro soluções mais favoráveis para osemitentes de países terceiros, em detrimento dos emitentes europeus, incluindo

42 Proposta de directiva do Parlamento Europeu e do Conselho que altera a Directiva 68/151/CEE, no que

diz respeito aos requisitos de publicidade relativamente a determinadas categorias de sociedades, COM(2002) 279 final de 3.6.2002.

34

igualmente a obrigatoriedade de fornecer informações financeiras trimestrais emvirtude de os mercados de acções americanos, que representam 60% da capitalizaçãobolsista mundial, imporem já requisitos de publicidade ainda mais rigorosos. Alémdisso, esta disposição deverá preparar o caminho para um mecanismo deequivalência que assegure uma melhor protecção dos detentores europeus de acçõesde emitentes de países terceiros, no nível previsto nos artigos 13º e 14º. No entanto,as regras de equivalência propostas apenas abrangem os requisitos de publicidadeestabelecidos nos termos das presente Directiva, mas não os que incumbem aoemitente por força da Directiva relativa ao abuso de mercado.

O n.º 2 do artigo 19º baseia-se no n.º 2 do artigo 69º, no n.º 2 do artigo 82º e no n.º 2do artigo 84º da Directiva 2001/34/C. Diz respeito tanto aos emitentes europeuscomo aos emitentes de países terceiros. O n.º 3 do artigo 19º constitui umadisposição semelhante à da futura Directiva relativa aos prospectos.

5.6. Capítulo V: Autoridades competentes

5.6.1. Artigo 20º – Autoridades competentes e respectivos direitos

Actualmente, a Directiva 2001/34/CE exige aos Estados-Membros que notifiquem aidentidade das autoridades competentes. A designação de uma autoridadecompetente em cada Estado-Membro vem dar resposta à necessidade de eficácia eclareza, bem como de uma cooperação reforçada entre autoridades competentes. Anatureza administrativa destas autoridades competentes únicas é necessária paraevitar conflitos de interesses na utilização dos dados provenientes das informaçõesfinanceiras trimestrais e dos relatórios financeiros anuais e conduzirá a uma maiorcoerência e clareza na aplicação do disposto na Directiva.

Algumas autoridades nacionais de regulamentação dos valores mobiliários e bolsasde valores argumentaram, durante o processo de consulta, que as funções daautoridade competente tal como previstas na presente Directiva (nomeadamente afunção de depositário) poderiam ser delegadas ao operador de um mercadoregulamentado num Estado-Membro, nos termos do n.º 2 do artigo 20º proposto.

Todavia, uma delegação permanente conduziria a um sistema através do qual asinformações anuais previstas no artigo 10º da futura Directiva relativa aos prospectosseriam depositadas junto da autoridade competente, que deixa de poder delegar estafunção decorridos os cinco anos subsequentes à entrada em vigor da Directivarelativa aos prospectos, ao passo que o depósito de todas as informações sobre asociedade que devem ser divulgadas ao público de forma periódica ou contínuacontinuaria a ser passível de a uma delegação permanente. Se se retivesse esta opção,o emitentes de valores mobiliários seriam defrontados com uma multiplicidade deórgãos nacionais (autoridades e outros organismos aos quais são delegadas certasfunções). A médio prazo, as informações deveriam ser depositadas junto de umaúnica entidade em cada Estado-Membro, e não de 30 ou 40 organismos situados em15 Estados-Membros diferentes.

Esta opção permite também evitar incoerências relativamente à solução adoptada naDirectiva relativa ao abuso de mercado. É certo que essa Directiva, nomeadamente on.º 1, alínea c), do seu artigo 12º, permite tal delegação, mesmo a longo prazo. Apresente proposta apenas diz respeito a questões relacionadas com a divulgação adhoc em dois aspectos: língua e difusão da informação. As decisões relativas ao

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regime linguístico deverão ser deixadas às autoridades públicas; o controlo dadivulgação eficiente da informação deve ser claramente separado da difusão dainformação enquanto tal, que representa uma actividade lucrativa, na qual osoperadores dos mercados regulamentados têm também interesses comerciais.

5.6.2. Artigos 21º e 22º

A obrigação de sigilo profissional que incumbe aos funcionários das autoridadesnacionais de regulamentação dos valores mobiliários deve também vir aoencontro dos receios manifestados pelos revisores oficiais nos processos deconsulta, que se mostraram relutantes sobre a possibilidade de fornecereminformações acerca dos seus clientes.

5.7. Capítulo VI: Medidas de execução

5.7.1. Artigo 23º - Comité Europeu dos Valores Mobiliários

O Comité Europeu dos Valores Mobiliários deverá assistir a Comissão de acordocom o procedimento regulamentar estabelecido no artigo 5º da Decisão do Conselhosobre comitologia (1999/468/CE). Além disso, essas decisões apenas podem sertomadas dentro de um período de quatro anos, tal como acordado entre asinstituições europeias no contexto da implementação das recomendações do relatóriofinal do Comité de Sábios (ver Secção 2.2. mais acima).

5.8. Capítulo VII: Disposições transitórias e finais

5.8.1. Artigo 26º – Disposições transitórias

O n.º 1 do artigo 26º confere aos Estados-Membros a possibilidade de aplicarem demodo progressivo os novos requisitos de prestação de informações financeiras, deduas formas (ver também Secção 4.3.): prolonga a isenção já prevista no que dizrespeito a certas sociedades que apenas emitem títulos de dívida ou que prestaminformações em conformidade com as GAAP americanas, tal como já previsto noregulamento relativo às normas internacionais de contabilidade. Além disso, osEstados-Membros seriam autorizados a não impor às sociedades cujos valoresmobiliários são negociados junto do público a obrigação de começarem a aplicar asNIC já no relatório financeiro semestral respeitante aos primeiro seis meses de 2005.

O n.º 2 do artigo 26º prevê uma transição suave para os investidores e emitentes, quetransitam de um sistema, no que diz respeito à divulgação das alterações àsparticipações importantes de capital (ver Secção 5.3.), que é menos rigoroso do que oproposto na Directiva. Na prática, alarga o prazos de divulgação de informações paraos detentores de valores mobiliários e para os emitentes.

O n.º 3 do artigo 26º prevê uma cláusula de “salvaguarda dos direitos adquiridos”limitada para os emitentes de títulos de dívida que beneficiaram da possibilidadeoferecida pelo artigo 27º da Directiva 2001/34/CE. Estes emitentes são isentos daobrigação de publicar relatórios financeiros semestrais durante um período de trêsapós a entrada em vigor da Directiva, desde que a admissão à negociação dos seustítulos de dívida tenha tido lugar antes da entrada em vigor da Directiva relativa aosprospectos, que irá revogar o artigo 27º da Directiva 2001/34/CE.

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2003/0045 (COD)

Proposta de

DIRECTIVA DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO

Relativa à harmonização dos requisitos de transparência no que se refere às informaçõesrespeitantes aos emitentes cujos valores mobiliários são admitidos à negociação num

mercado regulamentado e que altera a Directiva 2001/34/CE

(Texto com relevância EEE)

O PARLAMENTO EUROPEU E O CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA,

Tendo em conta o Tratado que institui a Comunidade Europeia e, nomeadamente, os seusartigos 44º e 95º,

Tendo em conta a proposta da Comissão43,

Tendo em conta o parecer do Comité Económico e Social44,

Actuando em conformidade com o procedimento estabelecido no artigo 251º do Tratado45,

Considerando o seguinte:

(1) A existência de mercados de valores mobiliários eficientes e integrados contribui paraum mercado único genuíno na Comunidade e promove o crescimento e a criação deemprego através de uma melhor afectação dos capitais e de uma redução dos custos. Apublicação de informações exactas e oportunas sobre os emitentes de valoresmobiliários reforça a confiança dos investidores e permite-lhes formarem um juízofundamentado sobre o seu desempenho empresarial e o seu património, promovendoassim a eficiência do mercado. Além disso, a responsabilidade dos emitentes peladivulgação de informações constitui um instrumento indirecto para melhorar ogoverno das sociedades em toda a Comunidade.

(2) Para esse fim, os emitentes de valores mobiliários devem assegurar uma transparênciaadequada perante os investidores, através de um fluxo regular de informações. Comesse mesmo fim, os detentores de valores mobiliários devem, por seu turno, informarigualmente os emitentes da aquisição ou alienação de participações importantes nocapital, por forma a que estes últimos estejam aptos a manter o público informadodesse facto.

(3) A Comunicação da Comissão de 11 de Maio de 1999, intitulada “Implementar umenquadramento para os mercados financeiros: Plano de Acção”46, identifica uma série

43 JO C …44 JO C …45 Parecer do Parlamento Europeu de ../../…., publicado no JO --- e decisão do Conselho de ../../….

publicada no JO ---.

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de acções que são necessárias para concluir o mercado único no domínio dos serviçosfinanceiros. O Conselho Europeu de Lisboa, de Março de 2000, lançou um apelo nosentido de o Plano de Acção ser implementado até 2005. Esse plano sublinha anecessidade de elaborar uma directiva que melhore os requisitos em matéria detransparência. Essa necessidade veio a ser confirmada pelo Conselho Europeu deBarcelona de Março de 2002.

(4) Uma maior harmonização das disposições do direito nacional no que diz respeito aosrequisitos em matéria de informações periódicas e permanentes aplicáveis aosemitentes de valores mobiliários deverá conduzir a um nível mais elevado deprotecção dos investidores em toda a Comunidade. Todavia, a presente directiva nãoproduz efeitos sobre a actual legislação comunitária relativa às unidades departicipação emitidas por organismos de investimento colectivo que não de tipofechado, ou relativa às unidades de participação adquiridas ou alienadas através dessesorganismos.

(5) A supervisão dos emitentes para efeitos da presente directiva será mais eficaz se forlevada a cabo pelo Estado-Membro em que o emitente tem a sua sede social. A essepropósito, é fundamental assegurar a coerência com a Directiva […/…/CE] doParlamento Europeu e do Conselho de […] relativa ao prospecto a publicar em caso deoferta ao público ou admissão à negociação de valores mobiliários47. Segundo omesmo princípio, deverá ser introduzida uma certa flexibilidade que permita àssociedades, que apenas emitem títulos de dívida de elevado valor unitário, escolheremo seu Estado-Membro de origem.

(6) Um elevado nível de protecção dos investidores em toda a Comunidade permitiráeliminar os entraves à admissão de valores mobiliários à negociação nos mercadosregulamentados que se situam ou operam no território de um Estado-Membro. OsEstados-Membros que não o Estado-Membro de origem deixarão de ter apossibilidade de restringir a admissão de valores mobiliários à negociação nos seusmercados regulamentados, através da imposição de requisitos mais rigorosos emmatéria de informações periódicas e permanentes relativas aos emitentes cujos valoresmobiliários se encontram admitidos à negociação nesses mercados.

(7) O Regulamento (CE) n.º 1606/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 deJulho de 2002, relativo à aplicação das normas internacionais de contabilidade48,preparou já o caminho para uma convergência das normas de prestação deinformações financeiras em toda a Comunidade, relativamente aos emitentes cujosvalores mobiliários são admitidos à negociação num mercado regulamentado e queelaboram contas consolidadas. Assim, está já previsto um regime específico para osemitentes de valores mobiliários, para além do sistema geral que se aplica a todas associedades, tal como estabelecido nas directivas em matéria de direito das sociedades.A presente directiva continuar a basear-se nessa abordagem no que se refere àsinformações financeiras anuais e intercalares.

(8) Um relatório financeiro anual deverá garantir a prestação de informações ao longo dosanos, uma vez que os valores mobiliários do emitente foram admitidos à negociação

46 COM/99/232 final.47 JO L […],[ ….], p. [….]48 JO L 243 de 11.9.2002, p. 1

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num mercado regulamentado. Uma melhor comparabilidade dos relatórios financeirosanuais só terá interesse para os investidores dos mercados de valores mobiliários seestes puderem ter a certeza de que essas informações serão publicadas dentro de umdeterminado prazo máximo.

(9) A disponibilidade de informações mais atempadas e fiáveis acerca do desempenho doemitente ao longo do ano exige também uma maior frequência de informaçãofinanceira intercalar. Verificou-se uma nítida tendência, tanto a nível internacionalcomo na maioria dos Estados-Membros, no sentido de uma frequência trimestral, masas normas segundo as quais essas informações trimestrais são publicadas sãodivergentes. Um primeiro passo importante consistirá em tornar essa informaçãofinanceira trimestral obrigatória para o primeiro e terceiro trimestres de cada exercício.Essas informações financeiras trimestrais não obrigarão à elaboração de relatóriosintercalares conformes às normas internacionais de contabilidade, nomeadamente àNIC 34. Em lugar disso, a informação financeira trimestral deverá fornecer dadoshistóricos essenciais sobre o desempenho do emitente. Caso o emitente opte por essavia, deve incluir igualmente uma informação de carácter genérico, que permita aosinvestidores avaliarem a estratégia de longo prazo seguida pelo emitente.

(10) A confiança dos investidores sairá reforçada se se garantir que, nos termos dalegislação nacional, as sociedades e os respectivos órgãos de administração, gestão ousupervisão assumem a responsabilidade, incluindo a responsabilidade civil, no que dizrespeito às informações financeiras anuais e intercalares. Trata-se da forma mais eficazde aplicar o requisito de os emitentes fornecerem ao público informações exactas efiáveis. Os Estados-Membros devem assegurar essa dupla responsabilidade nos termosda sua legislação ou regulamentação nacional.

(11) O público deve ser informado das alterações às participações importantes no capital,verificadas nos emitentes cujas acções são transaccionadas num mercadoregulamentado que se localiza ou que opera dentro da Comunidade; esses emitentesapenas podem informar o público das alterações verificadas nas suas participaçõesimportantes no capital se delas tiverem sido notificadas pelos respectivos detentores.Essa informação deve permitir aos investidores adquirirem ou alienarem acções compleno conhecimento das alterações verificadas na estrutura do capital e dos direitos devoto, susceptíveis de conduzir a minorias de bloqueio; deve também reforçar ocontrolo efectivo dos emitentes de acções e a transparência global do mercado no quediz respeito aos movimentos de capitais mais importantes. Para simplificar os períodosde notificação das alterações aos direitos de voto ou à estrutura de capital, bem comopara os fazer convergir entre Estados-Membros, esses períodos devem ser limitados acinco dias úteis para o detentor do capital, sendo de três dias úteis o período para oemitente divulgar subsequentemente essas informações ao público.

(12) A informação permanente dos detentores de valores mobiliários deve continuar abasear-se no princípio da igualdade de tratamento. Essa igualdade de tratamentoapenas diz respeito aos accionistas que se encontram na mesma posição, não afectandopor conseguinte a questão da quantidade de direitos de voto que podem ser atribuídosa uma acção específica. Seguindo o mesmo princípio, os detentores de títulos dedívida pertencentes à mesma emissão devem continuar a beneficiar de tratamentoigual. A informação dos detentores de valores mobiliários em assembleias gerais deveser facilitada. Em especial, os detentores de valores mobiliários localizados noestrangeiro devem participar de forma mais activa, devendo ter a possibilidade demandatar representantes para agir em seu nome. Pelo mesmo motivo, deve ser

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decidido numa assembleia geral de detentores de valores mobiliários se a utilizaçãodas tecnologias modernas de informação e de comunicação deve ou não tornar-se umarealidade.

(13) A eliminação dos entraves e a efectiva aplicação dos novos requisitos comunitários emmatéria de informação exige igualmente um controlo adequado por parte da autoridadecompetente do Estado-Membro de origem. A presente directiva não deve prever umaapreciação do conteúdo da informação financeira a divulgar, mas pelo menos umagarantia mínima no sentido da disponibilidade oportuna dessa informação. Por estemotivo, as autoridades competentes dos Estados-Membros de origem devem criar umsistema de depósito de informações.

(14) A eventual obrigação de um emitente traduzir todas as informações permanentes eperiódicas para todas as línguas relevantes na totalidade dos Estados-Membros em queos seus valores mobiliários são admitidos à negociação não promove a integração dosmercados de valores mobiliários, tendo pelo contrário efeitos dissuasores sobre aadmissão transfronteiras de valores mobiliários à negociação em mercadosregulamentados. Por conseguinte, o emitente deve poder prestar informações redigidasnuma língua que seja habitual na esfera dos mercados financeiros internacionais, nocaso de os seus valores mobiliários serem admitidos à negociação em mais de umEstado-Membro. Uma vez que é necessário um esforço particular para atrairinvestidores provenientes do estrangeiro, mesmo de fora da Comunidade, osEstados-Membros não devem continuar a impedir os detentores de valores mobiliáriosde fazer as necessárias notificações ao emitente numa língua que seja corrente naesfera dos mercados financeiros internacionais.

(15) Para assegurar o acesso atempado à informação sobre os emitentes cujos valoresmobiliários são admitidos à negociação em mercados regulamentados, situados emmais do que um Estado-Membro, os sítios Internet desses emitentes devem tambémpoder ser utilizados como forma de divulgação pública, desde que se assegure umadivulgação em tempo real, em conjunto com um sistema de alerta electrónico eficientepara todas as partes interessadas.

(16) Para tornar mais simples o acesso dos investidores à informação sobre as sociedadesnos diferentes Estados-Membros, deve ser deixada ao critério das autoridadesnacionais de supervisão a formulação de linhas de orientação para a criação de redeselectrónicas, em estreita consulta com as outras partes envolvidas, nomeadamente osemitentes de valores mobiliários, os investidores, os operadores do mercado, osoperadores dos mercados regulamentados e os prestadores de informações financeiras.

(17) Com o objectivo de assegurar uma protecção efectiva dos investidores e o bomfuncionamento dos mercados regulamentados na Comunidade, as normas respeitantesà informação a publicar pelos emitentes, cujos valores mobiliários estão admitidos ànegociação num mercado regulamentado da Comunidade, devem igualmenteaplicar-se aos emitentes que não têm sede social num Estado-Membro e que não sãoabrangidos pelo âmbito de aplicação do artigo 48º do Tratado. Deve igualmentegarantir-se que qualquer informação adicional relevante sobre os emitentescomunitários ou os emitentes de países terceiros, cuja divulgação seja exigida numpaís terceiro mas não num Estado-Membro, seja disponibilizada ao público naComunidade.

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(18) Deve ser designada em cada Estado-Membro uma única autoridade competente paraassumir a responsabilidade final pela supervisão do cumprimento das disposiçõesadoptadas nos termos da presente directiva, bem como pela cooperação a nívelinternacional. Essa autoridade deve ter natureza administrativa, devendo assegurar-sea sua independência dos agentes económicos, por forma a evitar conflitos deinteresses.

(19) A expansão das actividades transfronteiras exige uma cooperação reforçada entreautoridades competentes nacionais, incluindo um conjunto completo de disposições noque diz respeito ao intercâmbio de informações e às medidas cautelares. Aorganização das funções regulamentares e de supervisão em cada Estado-Membro nãodeve prejudicar a cooperação eficiente entre autoridades nacionais competentes.

(20) Na sua reunião de 17 de Julho de 2000, o Conselho instituiu o Comité de Sábios sobrea regulamentação dos mercados europeus de valores mobiliários. No seu relatóriofinal, o Comité de Sábios propôs a introdução de novas técnicas legislativas com basenuma abordagem em quatro níveis, nomeadamente princípios-quadro, medidastécnicas de aplicação, cooperação entre autoridades nacionais de regulamentação dosmercados de valores mobiliários e aplicação efectiva da legislação comunitária. Adirectiva deve limitar-se a enunciar “princípios-quadro”, de carácter geral, enquanto asmedidas de execução, a adoptar pela Comissão com a assistência do Comité Europeudos Valores Mobiliários, estabelecerão os aspectos técnicos pormenorizados.

(21) A resolução adoptada pelo Conselho Europeu de Estocolmo em Março de 2001aprovou o relatório final do Comité Sábios e a abordagem em quatro níveis aíproposta, a fim de tornar mais eficiente e transparente o processo regulamentarrespeitante à legislação comunitária no domínio dos valores mobiliários.

(22) De acordo com a resolução do Conselho Europeu de Estocolmo, as medidas deexecução devem ser analisadas com maior frequência, para garantir que as disposiçõestécnicas possam ser mantidas actualizadas relativamente à evolução do mercado e àspráticas de supervisão, devendo estabelecer-se prazos-limite para todas as fases daadopção das medidas de execução.

(23) A resolução do Parlamento Europeu, de 5 de Fevereiro de 2002, sobre a aplicação dalegislação no domínio dos serviços financeiros, aprovou igualmente o relatório doComité de Sábios, com base na declaração solene feita pela Comissão perante oParlamento nesse mesmo dia e na carta de 2 de Outubro de 2001 dirigida peloComissário responsável pelo mercado interno ao Presidente da Comissão dos AssuntosEconómicos e Monetários do Parlamento Europeu sobre as garantias do papel doParlamento Europeu neste processo.

(24) As medidas necessárias para a aplicação da presente directiva devem ser adoptadasnos termos da Decisão 1999/468/CE do Conselho, de 28 de Junho de 1999, que fixa asregras de exercício das competências de execução atribuídas à Comissão49.

(25) A partir da primeira transmissão do projecto de medidas de aplicação, o Parlamentodisporá de um período de três meses para as examinar e se pronunciar sobre asmesmas. Todavia, em casos urgentes e devidamente justificados, esse período pode ser

49 JO L 184 de 17.7.1999, p. 23

41

abreviado. Se, durante esse período, o Parlamento Europeu aprovar uma resolução, aComissão reexaminará o projecto de medidas.

(26) Podem ser necessárias medidas técnicas de aplicação para as normas estabelecidas napresente directiva para ter em consideração a evolução dos mercados de valoresmobiliários. Por conseguinte, devem ser atribuídas à Comissão as competênciasnecessárias para adoptar medidas de aplicação, desde que as mesmas não alterem oselementos essenciais da presente directiva e a Comissão actue de acordo com osprincípios nela estabelecidos, após consulta do Comité Europeu dos ValoresMobiliários, instituído pela Decisão 2001/528/CE da Comissão, de 6 de Junho de200150.

(27) Para assegurar o respeito dos requisitos estabelecidos em conformidade com apresente directiva ou as medidas que lhe dão aplicação, deve ser identificada deimediato qualquer infracção desses requisitos e, se necessário, penalizada. Para essefim, as sanções, incluindo as de natureza civil, devem ser suficientemente dissuasoras,proporcionadas e aplicadas de forma coerente. Os Estados-Membros devem assegurarque as decisões adoptadas pelas autoridades nacionais competentes são susceptíveis derecurso judicial.

(28) A presente directiva tem por objectivo melhorar os requisitos em matéria detransparência actualmente vigentes, tanto para os emitentes de valores mobiliários,como para os investidores que adquirem ou alienam participações importantes nessesemitentes. A presente directiva substitui alguns dos requisitos previstos na Directiva2001/34/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 e Maio de 2001, relativa àadmissão de valores mobiliários à cotação oficial de uma bolsa de valores e àinformação a publicar sobre esses valores51. É necessário alterá-la em consequência,com vista a reunir os requisitos de transparência num acto legislativo único.

(29) Uma vez que os objectivos da acção a adoptar, que consistem nomeadamente emassegurar a preservação da confiança dos investidores através de uma transparênciaequivalente em toda a Comunidade e assim concluir o mercado interno, não podem serprosseguidos de forma satisfatória pelos Estados-Membros com base na actuallegislação comunitária e podem, por motivos de escala e de eficácia dessas medidas,ser prosseguidos de forma mais adequada a nível comunitário, a Comunidade pode, deacordo com o princípio da subsidiariedade previsto no artigo 5º do Tratado, adoptarmedidas nesse sentido. De acordo com o princípio da proporcionalidade e, tal comoenunciado nesse mesmo artigo, a presente directiva não excede o necessário paraalcançar aquele objectivo.

(30) A presente directiva respeita os direitos fundamentais e observa os princípiosreconhecidos na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia,

50 JO L 191 de 13.7.2001, p. 45.51 JO L 184 de 6.7.2001, p. 1.

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ADOPTARAM A PRESENTE DIRECTIVA:

Capítulo I

Disposições gerais

Artigo 1º

Objecto e âmbito de aplicação

A presente directiva estabelece requisitos relacionados com a divulgação periódica epermanente de informações sobre os emitentes cujos valores mobiliários se encontram jáadmitidos à negociação num mercado regulamentado, que se situam ou operam numEstado-Membro.

A presente directiva não se aplica nem às unidades de participação emitidas por organismosde investimento colectivo que não de tipo fechado nem às unidades de participação adquiridasou alienadas através desses organismos de investimento colectivo.

Artigo 2º

Definições

1. Para efeitos da presente directiva, entende-se por:

(a) "Valores mobiliários": valores mobiliários tal como definidos no n.º 4 do artigo1º da Directiva 93/22/CEE/no artigo … da Directiva .../../CE relativa aosserviços de investimento e aos mercados regulamentados52, com excepção dosinstrumentos do mercado monetário, tal como definidos no n.º 5 do artigo 1º daDirectiva 93/22/CEE/artigo … da Directiva .../.../CE relativa aos serviços deinvestimento e aos mercados regulamentados, com um prazo de vencimentoinferior a 12 meses, relativamente aos quais pode ser aplicada a legislaçãonacional;

(b) “Títulos de dívida”: obrigações ou outras formas de dívida titulada negociável,com excepção dos valores mobiliários que são equiparados a acções desociedades ou que, quando convertidos ou quando são exercidos os direitos poreles conferidos, dão origem a um direito de adquirir acções ou valoresmobiliários equiparados a acções;

(c) “Mercado regulamentado” um mercado tal como definido no n.º 3 do artigo 1ºda Directiva 93/22/CEE/ artigo … da Directiva .../.../CE relativa aos serviçosde investimento e aos mercados regulamentados;

52 JO L …, …., p. ….

43

(d) “Emitente”: uma pessoa colectiva de direito privado ou público, incluindo umEstado, cujos valores mobiliários são admitidos à negociação num mercadoregulamentado, sendo o emitente, no caso dos certificados de depósito querepresentam valores mobiliários, o emitente dos valores representados;

(e) “Detentor de valores mobiliários”: uma pessoa singular ou colectiva de direitoprivado ou publico que, directamente ou através de intermediários, adquira oualiene:

(i) Valores mobiliários do emitente em seu nome e por sua conta;

(ii) Valores mobiliários do emitente em seu nome, mas por conta de outrapessoa singular ou colectiva, excepto quando esses valores mobiliáriossejam adquiridos exclusivamente para efeitos de operações decompensação e de liquidação dentro de um período de tempo curto;

(iii) Certificados de depósito, caso em que o detentor do valor mobiliário é oseu portador;

(iv) Instrumentos derivados que conferem a uma pessoa singular ou colectivao direito de adquirir, por sua iniciativa, ou de alienar, por iniciativaexclusiva de uma parte terceira, acções às quais estão associados direitosde voto junto do emitente;

(f) “Empresa controlada”: uma empresa

(i) Na qual um detentor de valores mobiliários dispõe da maioria dosdireitos de voto;

(ii) Relativamente à qual um detentor de valores mobiliários é tanto aempresa-mãe, com direito de designar ou destituir a maioria dosmembros dos órgãos de administração, gestão ou supervisão, como umaccionista ou membro;

(iii) Relativamente à qual um detentor de va lores mobiliários é um accionistaou membro e controla por si só a maioria dos direitos de voto dosaccionistas ou membros, respectivamente, por força de um acordocelebrado com outros accionistas ou membros;

(iv) Sobre a qual um detentor de valores mobiliários exerce efectivamente, deforma directa ou indirecta, uma influência dominante;

(g) “Organismo de investimento colectivo que não de tipo fechado”: fundos deinvestimento e sociedades de investimento:

(i) Cujo objecto consista no investimento colectivo de capital angariadojunto do público e que operem segundo o princípio da diversificação dosriscos; e

(ii) Cujas unidades de participação possam ser, a pedido do seu detentor,readquiridas ou resgatadas, directa ou indirectamente, a partir dos activosdesses organismos;

44

(h) “Unidades de participação num organismo de investimento colectivo”: valoresmobiliários emitidos por um organismo de investimento colectivo e querepresentam os direitos dos participantes nesses organismos sobre os seusactivos;

(i) “Estado-Membro de origem”:

(i) No caso de um emitente de títulos de dívida cujo valor nominal nãoexceda 5 000 euros, ou de um emitente de acções:

- Caso o emitente esteja estabelecido na Comunidade, oEstado-Membro em que tem a sua sede social;

- Caso o emitente esteja estabelecido num país terceiro, oEstado-Membro em que tenha requerido o depósito dasinformações anuais junto da respectiva autoridade competente, nostermos do artigo 10º da Directiva […/…/CE] [Prospecto];

(ii) Para os emitentes não abrangidos pela subalínea (i), o Estado-Membroescolhido pelo emitente, de entre os Estados-Membros em que admitiu osseus valores mobiliários à negociação num mercado regulamentadosituado no respectivo território, desde que esses valores continuem a estaradmitidos à negociação num mercado regulamentado durante trêsexercícios, sendo esse o período de validade da escolha do emitente;

(j) “Estado-Membro de acolhimento”: o Estado-Membro em que são admitidosvalores mobiliários à negociação num mercado regulamentado, se este fordiferente do Estado-Membro de origem;

(k) “Informação regulamentar”: todas as informações que o emitente, ou qualqueroutra pessoa que tenha solicitado a admissão de valores mobiliários ànegociação num mercado regulamento sem o consentimento do emitente, éobrigado a divulgar nos termos da presente directiva, nos termos do artigo 6ºda Directiva 2003/6/CE do Parlamento Europeu e do Conselho53, ou nostermos das disposições legislativas, regulamentares ou administrativas emvigor num Estado-Membro;

(l) “Meios electrónicos”: equipamento electrónico para o processamento(incluindo a compressão digital), armazenamento e transmissão de dados, queutilize fios, rádio, tecnologias ópticas ou quaisquer outros meioselectromagnéticos.

2. Para efeitos da definição de “empresa controlada”, referida na alínea f), subalínea(ii), do nº 1, os direitos do detentor relativamente à eleição, nomeação e destituiçãodevem incluir os direitos de qualquer outra empresa controlada pelo detentor devalores mobiliários e os direitos de qualquer pessoa singular ou colectiva jurídica queactue, embora em seu próprio nome, por conta do detentor de valores mobiliários oude qualquer outra empresa por ele controlada.

53 JO L …, …., p. ….

45

3. Para ter em consideração a evolução técnica verificada a nível dos mercadosfinanceiros e para assegurar uma aplicação uniforme do n.º 1, a Comissão adoptará,de acordo com o procedimento referido no n.º 2 do artigo 23º, medidas de aplicaçãono que diz respeito às definições previstas no n.º 1.

A Comissão deve nomeadamente:

(a) Especificar, para efeitos da excepção referida na alínea e), subalínea (ii), donº 1 relativamente aos valores mobiliários adquiridos exclusivamente com vistaa operações de compensação e liquidação dentro de um curto período, aduração máxima, expressa em número de dias, desse “curto período”;

(b) Estabelecer, para efeitos da alínea i), subalínea (iii), do nº 1 as disposiçõesprocessuais nos termos das quais o emitente pode efectuar a escolha aí referida;

(c) Ajustar, se necessário para efeitos da escolha do Estado-Membro de origemreferido na alínea i), subalínea (ii), do nº 1, o período de três anos no que serefere ao historial do emitente, tendo em conta qualquer eventual novorequisito decorrente do direito comunitário no que diz respeito à admissão ànegociação num mercado regulamentado;

(d) Estabelecer, para efeitos da alínea l) do nº 1, uma lista indicativa de meios quenão devem ser considerados meios electrónicos, tendo assim em consideraçãoo Anexo V da Directiva 98/34/CE do Parlamento Europeu e do Conselho 54.

Artigo 3º

Integração dos mercados de valores mobiliários

1. O Estado-Membro de origem pode sujeitar um emitente a requisitos mais rigorososdo que os previstos na presente directiva, no que diz respeito à divulgação deinformações ao público ou aos detentores de valores mobiliários.

O Estado-Membro de origem pode também sujeitar os detentores de valoresmobiliários a requisitos mais rigorosos do que os previstos na presentedirectiva, no que diz respeito à notificação de informações.

2. O Estado-Membro de acolhimento não pode:

(a) No que diz respeito à admissão de valores mobiliários à negociação nummercado regulamentado situado no seu território, impor requisitos em matériade divulgação de informações mais rigorosos do que os previstos na presentedirectiva ou no artigo 6º da Directiva 2003/6/CE;

(b) No que diz respeito à notificação de informações, impor aos detentores devalores mobiliários requisitos mais rigorosos do que os previstos na presentedirectiva.

54 JO L 204, de 21.7.1998, p. 37, com a redacção que lhe foi dada pela Directiva 98/48/CE, JO L 217 de

5.8.1998, p. 18.

46

Capítulo II

Informação periódica

Artigo 4º

Relatórios financeiros anuais

1. O emitente divulgará o seu relatório financeiro anual ao público o mais tardar trêsmeses após o termo de cada exercício e assegurará que esse relatório será mantido àdisposição do público.

2. O relatório financeiro anual incluirá os seguintes elementos:

(a) As demonstrações financeiras revistas oficialmente;

(b) O relatório de gestão;

(c) Declarações de cada uma das pessoas responsáveis junto do emitente, cujosnomes e funções devem ser claramente indicados, onde afirmem que asinformações contidas no relatório financeiro anual são, tanto quanto têmconhecimento, conformes à verdade e que o relatório não contém quaisqueromissões susceptíveis de afectar o seu conteúdo.

3. As demonstrações financeiras revistas oficialmente devem incluir as contasconsolidadas do emitente nos termos do artigo 4º do Regulamento (CE) n.º1606/2002 ou, caso o emitente não tenha filiais, as contas relativas ao exercícioelaboradas nos termos da legislação nacional do seu Estado-Membro de origem.

4. As demonstrações financeiras serão revistas oficialmente de acordo com o artigo 37ºda Directiva 83/349/CEE55 do Conselho ou, se o emitente não tiver qualquer filial, deacordo com os artigos 50º e 51º-A da Directiva 78/660/CEE do Conselho 56.

O relatório de revisão de contas, assinado pela pessoa ou pessoas responsáveis pelarevisão oficial das demonstrações financeiras, bem como quaisquer reservas aele respeitantes ou referências a quaisquer questões salientadas pelos revisoresoficiais sem levar à formulação de reservas no seu relatório, serão divulgadosao público na íntegra, em conjunto com o relatório financeiro anual.

5. O relatório de gestão será elaborado de acordo com o artigo 36º da Directiva83/349/CEE ou, caso o emitente não tenha qualquer filial, de acordo com o artigo 46ºda Directiva 78/660/CEE.

6. A Comissão, agindo nos termos do procedimento referido no n.º 2 do artigo 23º,adoptará medidas de execução destinadas a ter em consideração a evolução técnica

55 JO L 193 de 18.7.1983, p. 1.56 JO L 222 de 14.8.1978, p. 11.

47

verificada a nível dos mercados financeiros e a assegurar uma aplicação uniformedos nºs 1 a 5.

A Comissão deve nomeadamente especificar o período durante o qual um relatóriofinanceiro anual publicado, incluindo o relatório dos revisores oficiais decontas, deve ser mantido à disposição do público, bem como quaisquer outrascondições que devam ser respeitadas pelo emitente a esse propósito.

Artigo 5º

Relatórios financeiros semestrais

1. O emitente divulgará ao público um relatório financeiro semestral abrangendo osprimeiros seis meses do exercício logo que possível após o termo do períodorelevante, mas o mais tardar decorridos dois meses. O emitente deve garantir que orelatório semestral se manterá à disposição do público.

2. O relatório financeiro semestral incluirá:

(a) Um conjunto sintético de demonstrações financeiras;

(b) Uma actualização do último relatório de gestão previsto no nº5 do artigo 4º;

(c) Declarações de cada uma das pessoas responsáveis junto do emitente, cujosnomes e funções devem ser claramente indicadas, onde afirmem que asinformações contidas no relatório financeiro semestral são, tanto quanto têmconhecimento, conformes à verdade e que o relatório não contém quaisqueromissões susceptíveis de afectar o seu conteúdo.

3. O conjunto sintético de demonstrações financeiras será elaborado de acordo com asnormas internacionais de contabilidade respeitantes aos relatórios financeirosintercalares, tal como adoptadas de acordo com o artigos 2º, 3º e 6º do Regulamento(CE) n.º 1606/2002 ou, caso o emitente não tenha qualquer filial, nos termos dodireito nacional do seu Estado-Membro de origem.

4. Caso o relatório financeiro semestral tenha sido sujeito a uma revisão oficial decontas, o relatório dos revisores, bem como quaisquer reservas a ele atinentes oureferências a quaisquer questões salientadas pelos revisores, sem todavia levar àformulação de reservas no seu relatório, serão reproduzidos na íntegra. O mesmo seaplica no caso de um exame pelos revisores. Se o relatório financeiro semestral nãofor objecto de revisão ou de exame por parte dos revisores, o emitente deverá fazeruma declaração nesse sentido no seu relatório.

5. A Comissão, agindo de acordo com o procedimento referido no n.º 2 do artigo 23º,adoptará medidas de aplicação destinadas a ter em consideração a evolução técnicaverificada a nível dos mercados financeiros e a assegurar a aplicação uniforme dosnºs 1 a 5.

A Comissão deve, nomeadamente:

48

(a) Especificar o período durante o qual um relatório financeiro semestralpublicado, incluindo, se for caso disso, o relatório dos revisores de contas, deveser mantido à disposição do público, bem como quaisquer outras condições arespeitar pelo emitente a esse propósito;

(b) Clarificar a natureza do exame dos revisores referido no n.º 5; e

(c) Se for patente uma necessidade urgente de promover a protecção dosinvestidores em toda a Comunidade, tornar obrigatória a revisão do relatóriofinanceiro semestral por revisores oficiais de contas.

Artigo 6º

Informação financeira trimestral

1. Um emitente cujas acções estejam admitidas à negociação num mercadoregulamentado deve divulgar ao público informações financeiras trimestrais, queabranjam, respectivamente, o primeiro e terceiro trimestres do exercício, logo quepossível após o termo do período de três meses relevante, mas o mais tardardecorrido dois meses. O emitente assegurar-se-á de que essa informação financeiratrimestral é mantida à disposição do público.

2. A informação financeira trimestral deve incluir pelo menos os seguintes elementos:

(a) Valores consolidados, apresentados sob forma de quadro, indicando para operíodo relevante de três meses o volume de negócios líquido, bem como oslucros ou prejuízos antes ou após dedução de impostos; e

(b) Uma declaração explicativa relativa às actividades do emitente e aos ganhos eperdas verificados ao longo do período de três meses relevante; e

(c) Caso o emitente opte nesse sentido, uma indicação da evolução futuraprevisível do emitente e das suas filiais, pelo menos para o remanescente doexercício, incluindo quaisquer incertezas e riscos significativos susceptíveis deafectar essa evolução.

3. Caso a informação financeira trimestral, ou o relatório financeiro trimestral, tenhasido objecto de revisão, o relatório dos revisores, bem como quaisquer reservas a eleatinentes ou referências a quaisquer questões salientadas pelos revisores, sem todavialevar à formulação de reservas no seu relatório, devem ser reproduzidas na íntegra. Omesmo se aplica no caso de um exame pelos revisores. Se a informação financeiratrimestral não for objecto de revisão ou de exame por parte dos revisores, o emitentedeve fazer uma declaração nesse sentido.

4. A Comissão adoptará, agindo nos termos do procedimento referido no n.º 2 do artigo23º, medidas de execução com o objectivo de ter em consideração a evolução técnicaverificada a nível dos mercados financeiros e de assegurar a aplicação uniforme dosnºs 1, 2 e 3.

A Comissão deve nomeadamente:

49

(a) Especificar o período durante o qual as informações financeiras trimestraispublicadas devem ser mantidas à disposição do público, bem como quaisqueroutras condições a respeitar pelo emitente a esse propósito.

(b) Clarificar, se necessário, as expressões “volume de negócios líquido” e “lucrosou prejuízos antes ou após dedução de impostos” relativamente a categorias deespecíficas de emitentes, como por exemplo as instituições de crédito;

(c) Especificar as informações a inserir na declaração explicativa, referida naalínea b) do n.º 2, bem como na indicação da evolução futura previsível doemitente referida na alínea c) do n.º 2;

(d) Clarificar a natureza do exame dos revisores referido no n.º 3.

Artigo 7º

Responsabilidade

1. Os Estados-Membros assegurarão que a responsabilidade pelas informações aelaborar e a publicar nos termos dos artigos 4º, 5º e 6º incumba ao emitente ou aosseus órgãos de administração, gestão ou supervisão.

2. Os Estados-Membros assegurarão que as respectivas disposições legislativas,regulamentares e administrativas em matéria de responsabilidade civil sejamaplicáveis às pessoas que são responsáveis pela informação divulgada ao público, emconformidade com os artigos 4º, 5º e 6º.

Artigo 8º

Isenções

Os artigos 4º, 5º e 6º não se aplicam aos seguintes emitentes:

(a) Aos Estados, às autoridades regionais ou locais de um Estado, aos organismospúblicos internacionais dos quais pelo menos um Estado-Membro sejamembro, ao Banco Central Europeu e aos bancos centrais nacionais,independentemente de emitirem ou não acções ou outros valores mobiliários; e

(b) Aos emitentes que apenas emitam títulos de dívida admitidos à negociaçãonum mercado regulamentado situado num Estado-Membro, cujo valor nominalunitário seja igual ou superior a 50 000 euros.

50

Capítulo III

Informação contínua

SECÇÃO I

INFORMAÇÃO RESPEITANTE ÀS PARTICIPAÇÕES DE CAPITAL IMPORTANTES

Artigo 9º

Notificação da aquisição ou alienação de participações importantes

1. O Estado-Membro de origem assegurará que, caso um detentor de valoresmobiliários, ou qualquer pessoa singular ou colectiva que possa exercer direitos devoto em nome de detentores de valores mobiliários, adquira ou aliene direitos devoto ou capital do emitente, esse detentor de valores mobiliários notifique o emitenteda proporção de direitos de voto e de capital que passam a ser por ele detidos emresultado dessa aquisição ou alienação, caso a dita proporção atinja, exceda ou setorne inferior a um dos seguintes limiares: 5%, 10%, 15%, 20%, 25%, 30%, 50% e75%.

2. A proporção de capital deve ser notificada apenas na medida em que oEstado-Membro de origem permita que sejam associados às acções direitos de votomúltiplos e que o emitente assim o preveja nos seus estatutos ou pacto social.

3. O Estado-Membro de origem não é obrigado a aplicar:

(a) O limiar de 5%, caso um detentor de valores mobiliários apenas detenhainstrumentos derivados, tal como referido na alínea e), subalínea (iv), do artigo2º, ou caso os direitos de voto em causa possam ser exercidos nos termos dasalíneas d) ou f) do artigo 10º;

(b) O limiar de 30%, caso o Estado-Membro de origem aplique um limiar de umterço;

(c) o limiar de 75%, caso o Estado-Membro de origem aplique um limiar de doisterços.

Artigo 10º

Determinação dos direitos de voto

Para efeitos de determinar se deve ou não ser feita uma notificação em conformidade com on.º 1 do artigo 9º, uma pessoa singular ou colectiva deve ser considerada como podendoexercer direitos de voto em nome de um detentor de valores mobiliários nos seguintes casos:

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(a) Direitos de voto detidos por um terceiro com o qual essa pessoa singular oucolectiva tenha celebrado um acordo efectivo que a obrigue a adoptar, atravésde um exercício concertado dos direitos de voto que possuem, uma políticacomum duradoura em relação à gestão do emitente em causa;

(b) Direitos de voto detidos por um terceiro por força de um acordo efectivocelebrado com essa pessoa singular ou colectiva em que se preveja umatransferência temporária remunerada dos direitos de voto em causa;

(c) Direitos de voto associados a acções dadas em garantia por essa pessoasingular ou colectiva, desde que essa última controle os direitos de voto edeclare a sua intenção de os exercer;

(d) Direitos de voto associados a acções relativamente às quais essa pessoasingular ou colectiva tem o usufruto;

(e) Direitos de voto que são detidos, ou que podem ser exercidos na acepção dasalíneas a) a d), por uma empresa controlada por essa pessoa singular oucolectiva;

(f) Direitos de voto associados a acções depositadas junto dessa pessoa singular oucolectiva e que esta possa exercer segundo o seu critério, na ausência deinstruções específicas dos respectivos detentores;

(g) Direitos de voto que essa pessoa singular ou colectiva, ou uma das partesmencionadas nas alíneas a) a e), seja obrigada a alienar, por iniciativa exclusivade um terceiro, ou tenha o direito de adquirir, por sua própria iniciativa, porforça de um acordo formal;

(h) Direitos de voto que essa pessoa singular ou colectiva possa exercer naqualidade de representante, de acordo com instruções comuns por parte dedetentores de valores mobiliários.

Artigo 11º

Procedimento de notificação e divulgação das participações importantes

1. A notificação prevista no artigo 9º deve incluir as seguintes informações:

(a) A situação resultante em termos de direitos de voto e de capital;

(b) A data em que a aquisição ou alienação foi efectuada;

(c) A identidade do detentor de valores mobiliários, bem como da pessoa singularou colectiva que pode exercer os direitos de voto em seu nome; e

(d) Nos casos referidos nas alíneas a), b) e g) do artigo 10º, a remuneração equalquer outra forma de retribuição dada em contrapartida dos direitos de voto.

2. A notificação ao emitente será efectuada no prazo de cinco dias úteis, sendo oprimeiro desses dias o dia em que o detentor de valores mobiliários toma

52

conhecimento da aquisição ou alienação ou no qual, atendendo às circunstâncias, odetentor de valores mobiliários deveria ter tomado conhecimento desse facto.

3. Caso uma empresa controlada faça a notificação obrigatória de acordo com o n.º 1, odetentor de valores mobiliários, ou a pessoa singular ou colectiva que pode exerceros direitos de voto em seu nome, ficará isento da obrigação de efectuar essanotificação.

4. Após recepção da notificação prevista no n.º 1, mas o mais tardar no prazo de trêsdias úteis, o emitente deve tornar pública toda a informação contida nessanotificação, em conjunto com uma nova discriminação da repartição dos direitos devoto e do capital.

5. Para ter em consideração a evolução técnica verificada a nível dos mercadosfinanceiros e para garantir a aplicação uniforme dos nºs 1 a 4, a Comissão adoptará,agindo nos termos do procedimento referido no n.º 2 do artigo 23º, medidas deexecução:

(a) Com vista a estabelecer um formulário normalizado a utilizar em toda aComunidade, para efeitos de notificação ao emitente das informaçõesrequeridas nos termos do n.º 1;

(b) Com vista a estabelecer o calendário dos “dias úteis” para todos osEstados-Membros.

Artigo 12º

Informação adicional

O emitente informará sem demora o público de:

(a) Quaisquer alterações aos direitos inerentes às diferentes categorias de acções,incluindo alterações aos direitos inerentes aos instrumentos derivados emitidospelo próprio emitente e que dão acesso às acções desse emitente;

(b) Quaisquer alterações aos direitos dos detentores de valores mobiliáriosresultantes, nomeadamente, de uma alteração nas condições do empréstimo oudas taxas de juro; e

(c) Novas emissões de empréstimos e, em especial, quaisquer garantias a elasatinentes.

53

SECÇÃO II

INFORMAÇÃO DESTINADA AOS DETENTORES DE VALORES MOBILIÁRIOS

Artigo 13º

Informação destinada aos accionistas

1. O emitente deve assegurar um tratamento igual aos detentores de acções que seencontrem em condições idênticas.

2. O emitente deve assegurar que se encontrem disponíveis no Estado-Membro deorigem todas as facilidades e informações necessárias para permitir aos detentores deacções exercerem os seus direitos e que será preservada a integridade dos dados. Osaccionistas não devem ser impedidos de exercer os seus direitos por representação,sem prejuízo do disposto na legislação do Estado-Membro de origem. O emitentedeve nomeadamente:

(a) Fornecer informações sobre o local, a hora e a ordem de trabalhos dasassembleias, o número total de acções e direitos de voto e o direito dosaccionistas a participarem nas assembleias;

(b) Facultar um formulário de representação, em suporte papel ou, se for casodisso, em suporte electrónico, a cada pessoa que tenha o direito de votar numaassembleia de accionistas, juntamente com a convocatória respeitante àassembleia;

(c) Designar como seu mandatário uma instituição financeira, através da qual osaccionistas possam exercer os respectivos direitos financeiros; e

(d) Publicar os avisos ou distribuir as circulares relativas à atribuição e aopagamento dos dividendos, bem como à emissão de novas acções, incluindoinformações sobre quaisquer acordos de atribuição, subscrição, cancelamentoou conversão.

3. Para efeitos de envio de informação aos accionistas, o Estado-Membro de origemdeve autorizar os emitentes a utilizarem meios electrónicos, desde que essa decisãoseja tomada numa assembleia geral e satisfaça pelo menos as seguintes condições:

(a) A utilização de meios electrónicos não deve nunca depender da localização dasede ou da residência do accionista ou, nos casos referidos nas alíneas a) a g)do artigo 10º, das pessoas singulares ou colectivas em causa;

(b) Sejam instituídas medidas de identificação para assegurar que os accionistasou, nos casos referidos nas alíneas a) a g) do artigo 10º, as pessoas singularesou colectivas em causa, sejam efectivamente informados;

(c) A utilização de meios electrónicos para a transmissão de informações devecontinuar a estar sujeita ao consentimento individual do accionista, ou, nos

54

casos referidos nas alíneas a) a e) do artigo 10º, da pessoa singular ou colectivaem causa;

(d) Os custos inerentes ao envio dessas informações por meios electrónicos serãodeterminados pelo emitente em conformidade com o princípio da igualdade detratamento estabelecido no n.º 1.

4. A Comissão adoptará, agindo nos termos do procedimento previsto no n.º 2 do artigo23º, medidas de aplicação com o objectivo de ter em consideração a evolução técnicaverificada a nível dos mercados financeiros e o desenvolvimento das tecnologias deinformação e de comunicação, bem como para assegurar a aplicação uniforme dos n.º1, 2 e 3. Deve nomeadamente especificar os tipos de instituições financeiras atravésdos quais os accionistas podem exercer os direitos financeiros previstos na alínea c)do n.º 2.

Artigo 14º

Informação destinada aos detentores de títulos de dívida

1. O emitente assegurará que todos os detentores de títulos de dívida correspondentes àmesma emissão beneficiem de tratamento igual no que se refere aos direitosinerentes a esses mesmos títulos.

2. O emitente assegurará que se encontrem disponíveis ao público no Estado-Membrode origem todas as facilidades e informações necessárias para permitir aos detentoresde títulos de dívida exercerem os respectivos direitos e que será preservada aintegridade dos dados. Os detentores de títulos de dívida não devem ser impedidos deexercer os respectivos direitos por representação, sem prejuízo da legislação do seuEstado-Membro de origem. O emitente deve nomeadamente:

(a) Publicar os avisos ou distribuir as circulares relativas ao local, hora e ordem detrabalhos das assembleias de detentores de títulos de dívida, ao pagamento dejuros, ao exercício de quaisquer direitos de conversão, troca, subscrição oudesistência, ao reembolso, bem como ao direito de esses detentoresparticiparem nas assembleias;

(b) Disponibilizar um formulário de representação, em suporte papel ou, se forcaso disso, em suporte electrónico, a cada pessoa que tenha direitos de votonuma assembleia de detentores de títulos de dívida, juntamente com aconvocatória respeitante à assembleia; e

(c) Designar como seu mandatário uma instituição financeira, através do qual osdetentores de títulos de dívida possam exercer os respectivos direitosfinanceiros.

3. Se apenas forem convocados detentores de títulos de dívida cujo valor nominalunitário se eleva a pelo menos 50 000 euros para uma assembleia, o emitente podeoptar pela sua realização em qualquer Estado-Membro, desde que todas asfacilidades e informações necessárias para permitir a esses detentores exercerem osrespectivos direitos sejam disponibilizadas nesse Estado-Membro.

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4. Para efeitos de envio de informação aos detentores de valores mobiliários, oEstado-Membro de origem, ou o Estado-Membro escolhido pelo emitente nos termosdo n.º 3, permitirá aos emitentes que utilizem meios electrónicos, desde que essadecisão seja tomada numa assembleia geral e satisfaça pelo menos as seguintescondições:

(a) A utilização de meios electrónicos não deve nunca depender da localização dasede ou residência do detentor de títulos de dívida ou do seu representante;

(b) Sejam instituídas medidas de identificação destinadas a garantir que osdetentores de títulos de dívida e os seus representantes são efectivamenteinformados;

(c) A utilização de meios electrónicos para o envio de informações deve ficarsujeita ao consentimento individual do detentor de títulos de dívida em causa,ou de um representante que tenha o poder para dar esse consentimento;

(d) Os custos inerentes ao envio de informações por meio electrónico serãodeterminados pelo emitente em conformidade com o princípio da igualdade detratamento previsto no n.º 1.

5. A Comissão adoptará, agindo de acordo com o procedimento previsto no n.º 2 doartigo 23º, medidas de aplicação com o objectivo de ter em consideração a evoluçãotécnica verificada a nível dos mercados financeiros, o desenvolvimento dastecnologias de informação e de comunicação e para assegurar a aplicação uniformedos nºs 1 a 4. Deve nomeadamente especificar os tipos de instituições financeirasatravés dos quais os detentores de títulos de dívida podem exercer os direitosfinanceiros previstos no n.º 2, alínea c).

Capítulo IV

Obrigações gerais

Artigo 15º

Controlo por parte do Estado-Membro de origem

1. Sempre que um emitente divulgue informação regulamentar, deve simultaneamentedepositar essa informação junto da autoridade competente do seu Estado-Membro deorigem, que pode decidir torná-la pública através do seu sítio Internet.

Se um emitente tencionar alterar o seu pacto social ou os seus estatutos, devecomunicar o projecto de alteração à autoridade competente do Estado-Membro deorigem e aos mercados regulamentados nos quais os seus valores mobiliários seencontram admitidos à negociação. Essa comunicação dever ser efectuada semdemora, mas o mais tardar na data de convocação da assembleia geral que deverávotar ou ser informada daquela alteração.

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2. O Estado-Membro de origem pode isentar o emitente da obrigação prevista no n.º 1relativamente às informações divulgadas nos termos do artigo 6º da Directiva2003/6/CE ou do n.º 4 do artigo 11º da presente directiva.

3. A informação a notificar ao emitente em conformidade com o artigo 9º serásimultaneamente depositada junto da autoridade competente do Estado-Membro deorigem.

4. Para assegurar uma aplicação uniforme dos nºs 1, 2 e 3 do presente artigo, aComissão adoptará, agindo de acordo com o procedimento referido no n.º 2 do artigo23º, medidas de aplicação.

A Comissão especificará, nomeadamente, o procedimento segundo o qual o emitenteou um detentor de valores mobiliários deve depositar informações junto daautoridade competente do Estado-Membro de origem, em conformidade com os nºs 1ou 3, respectivamente, por forma a:

(a) Permitir o depósito por via electrónica no Estado-Membro de origem;

(b) Coordenar o depósito do relatório financeiro anual referido no artigo 4º com odepósito das informações anuais referidas no artigo 10º da Directiva[…/…/CE] [Prospecto].

A Comissão deve igualmente prever um formulário normalizado, a utilizar em toda aComunidade, para o depósito da informação efectuado em conformidade com o n.º 3.

Artigo 16º

Regime linguístico

1. Quando os valores mobiliários apenas são admitidos à negociação num mercadoregulamentado do Estado-Membro de origem, a informação regulamentar serádivulgada numa língua aceite pela autoridade competente do Estado-Membro deorigem. Quando o valor nominal unitário desses valores mobiliários for igual ousuperior a 50 000 euros, a informação regulamentar pode ser prestada, se o emitenteo decidir, apenas numa língua que seja usual na esfera do mercado financeirointernacional.

2. Quando os valores mobiliários são admitidos à negociação num mercadoregulamentado, quer no Estado-Membro de origem, quer em um ou maisEstados-Membros de acolhimento, a informação regulamentar será divulgada:

(a) Numa língua aceite pela autoridade competente do Estado-Membro de origem;e

(b) Em função da escolha do emitente, quer numa língua aceite pela autoridadecompetente de cada Estado-Membro de acolhimento, quer numa língua usualna esfera do mercado financeiro internacional.

3. Quando os valores mobiliários apenas são admitidos à negociação num mercadoregulamentado de um Estado-Membro de acolhimento, e não no Estado-Membro de

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origem, a informação regulamentar será divulgada numa língua aceite pelaautoridade competente desse Estado-Membro de acolhimento. Quando o valornominal unitário desses valores mobiliários for igual ou superior a 50 000 euros, ainformação regulamentar pode ser prestada, se o emitente o decidir, apenas numalíngua usual na esfera do mercado financeiro internacional.

Quando os valores mobiliários são admitidos à negociação num mercadoregulamentado em mais do que um Estado-Membro de acolhimento, mas não noEstado-Membro de origem, a informação regulamentar será, em função da escolhado emitente, divulgada, quer numa língua aceite pela autoridade competente de cadaEstado-Membro de acolhimento, quer numa língua usual na esfera do mercadofinanceiro internacional.

4. Quando os valores mobiliários são admitidos à negociação num mercadoregulamentado sem o consentimento do emitente, as obrigações previstas nos nºs 1, 2e 3 incumbem, não ao emitente, mas à pessoa que, sem o seu consentimento,solicitou essa admissão.

5. Os Estados-Membros permitirão aos detentores de valores mobiliários quenotifiquem aos emitentes as informações previstas na presente directiva apenas numalíngua que seja usual na esfera do mercado financeiro internacional.

6. Se uma acção respeitante ao conteúdo da informação regulamentar for movidaperante uma instância judicial ou um tribunal situado num Estado-Membro, aresponsabilidade pelo pagamento dos custos decorrentes da tradução dessasinformações para efeitos processuais será decidida de acordo com a legislação dessemesmo Estado-Membro.

Artigo 17º

Acesso oportuno à informação regulamentar

1. O Estado-Membro de origem assegurará que o emitente divulgue a informaçãoregulamentar de forma a permitir o seu acesso atempado. Exigirá nomeadamente aoemitente que utilize meios de comunicação que sejam presumivelmente fiáveis para adivulgação eficaz das informações junto do público em todo o seu território e noestrangeiro. O Estado-Membro de origem não pode impor qualquer obrigação deutilizar exclusivamente meios de comunicação cujos operadores se encontremestabelecidos no seu território. Não pode tão-pouco impedir o emitente de utilizar umúnico meio para divulgar toda a informação regulamentar.

2. Um Estado-Membro de acolhimento não pode impor aos emitentes quaisquerobrigações no que diz respeito aos meios de comunicação a utilizar para a divulgaçãoda informação regulamentar. Todavia, pode requerer aos emitentes que:

(a) Publiquem a informação regulamentar nos seus sítios Internet, caso em que oEstado-Membro de acolhimento deverá manter o público informadorelativamente aos sítios Internet dos emitentes; e

(b) Avisem todas as pessoas interessadas, sem demora e gratuitamente, dequaisquer novas publicações ou de qualquer alteração à informação

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regulamentar que tenha já sido publicada, devendo essa comunicação serefectuada por meios electrónicos ou, a pedido, por escrito.

3. Quando os valores mobiliários apenas são admitidos à negociação num mercadoregulamentado de um Estado-Membro de acolhimento, e não no Estado-Membro deorigem, o Estado-Membro de acolhimento deve assegurar a divulgação dainformação regulamentar em conformidade com os requisitos referidos no n.º 1.

4. Para ter em consideração a evolução técnica verificada a nível dos mercadosfinanceiros e o desenvolvimento das tecnologias de informação e de comunicação,bem como para assegurar uma aplicação uniforme dos nºs 1, 2 e 3 do presente artigo,a Comissão adoptará medidas de aplicação de acordo com o procedimento referidono n.º 2 do artigo 23º.

A Comissão deve nomeadamente especificar:

(a) Padrões mínimos para a divulgação da informação regulamentar através dossítios Internet dos emitentes, incluindo as condições em que são alertadas aspartes interessadas;

(b) Para os diferentes tipos de informação regulamentar, condições e prazossegundo os quais a informação regulamentar publicada deve ser mantida àdisposição do público.

A Comissão pode igualmente especificar e actualizar uma lista de meios decomunicação a utilizar para a divulgação das informações ao público.

Artigo 18º

Linhas de orientação

1. As autoridades competentes dos Estados-Membros devem elaborar linhas deorientação adequadas com vista a facilitar o acesso do público à informação adivulgar em conformidade com a Directiva 2003/6/CE, com a Directiva […/…/CE][prospecto] e com a presente directiva.

Essas linhas de orientação terão por objectivo a criação de:

(a) Uma rede electrónica a constituir a nível nacional entre autoridades nacionaisde regulamentação dos valores mobiliários, operadores de mercadosregulamentados e registos nacionais de sociedades abrangidos pela Directiva68/151/CEE do Conselho57 e

(b) Uma rede electrónica única, ou uma plataforma de redes electrónicas, em todosos Estados-Membros.

2. A Comissão analisará os resultados alcançados nos termos do n.º 1 o mais tardar em31 de Dezembro de 2006 e pode, de acordo com o procedimento referido no n.º 2 do

57 JO L 65 de 14.3.1968, p. 8.

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artigo 23º, adoptar medidas de aplicação destinadas a facilitar o cumprimento dosartigos 15º e 17º.

Artigo 19º

Países terceiros

1. Quando a sede social de um emitente se situar num país terceiro, a autoridadecompetente do Estado-Membro de origem pode isentar esse emitente dos requisitosprevistos nos artigos 4º a 7º e 11º a 14º, na condição de a legislação do país terceiroem causa prever requisitos pelo menos equivalentes àqueles.

Todavia, a informação abrangida pelos requisitos previstos nesse país terceiro serádepositada em conformidade com o artigo 15º e divulgada de acordo com os artigos16º e 17º.

2. A autoridade competente do Estado-Membro de origem assegurará que a informação,que seja divulgada no país terceiro e seja susceptível de ter importância para opúblico comunitário, seja divulgada em conformidade com os artigos 16º e 17º,mesmo que essa informação não constitua informação regulamentar na acepção don.º 1, alínea k) do artigo 2º da presente directiva.

3. Para assegurar uma aplicação uniforme dos nºs 1 e 2, a Comissão pode, agindo deacordo com o procedimento referido no n.º 2 do artigo 23º, adoptar medidas deaplicação que estabeleçam que, por motivos relacionados com as suas disposiçõeslegislativas, regulamentares e administrativas nacionais, ou com as práticas eprocedimentos baseados em normas estabelecidas por organismos internacionais, umpaís terceiro assegura a equivalência dos requisitos de informação previstos napresente directiva.

Capítulo V

Autoridades competentes

Artigo 20º

Autoridades competentes e respectivos direitos

1. Cada Estado-Membro designará a autoridade central referida no n.º 1 do artigo 21ºda Directiva […/…/CE] [Prospecto] como autoridade administrativa centralcompetente para o desempenho das funções previstas na presente directiva eencarregada de assegurar a aplicação das disposições adoptadas em conformidadecom a mesma. Os Estados-Membros informarão a Comissão desse facto.

2. Os Estados-Membros podem autorizar a sua autoridade competente central a delegarfunções. Qualquer delegação de funções relativamente às obrigações previstas napresente directiva, bem como nas medidas de aplicação dela decorrentes, cessará

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cinco anos após a entrada em vigor da Directiva […/…/CE] [Prospecto]. Qualquerdelegação de funções será feita de forma específica, definindo as funções adesempenhar e as condições nas quais devem ser realizadas.

Essas condições incluirão uma cláusula que exigirá à entidade em questão que seencontre organizada por forma a evitar conflitos de interesses e a evitar que asinformações obtidas no exercício das funções que lhes são delegadas sejam utilizadasde forma desleal ou susceptível de lesar a concorrência. Em qualquer caso, aresponsabilidade final pelo controlo do cumprimento do disposto na presentedirectiva e nas medidas de aplicação adoptadas em conformidade com a mesmarecairá na autoridade competente designada nos termos do n.º 1.

3. Os Estados-Membros informarão a Comissão e as autoridades competentes dosdemais Estados-Membros de quaisquer acordos que tenham celebrado no que dizrespeito à delegação de funções, incluindo as condições específicas aplicáveis a taldelegação.

4. Cada autoridade competente será investida de todos os poderes necessários para oexercício das suas funções. Terá no mínimo poderes para:

(a) Exigir aos emitentes, detentores de valores mobiliários e pessoas que oscontrolam ou por eles são controladas que lhes forneçam informações edocumentos;

(b) Exigir aos dirigentes e, se for caso disso, aos revisores oficiais de contas doemitente que divulguem ao público as informações exigidas nos termos daalínea a), através dos meios e dentro dos prazos que entender necessários. Podepublicar essas informações por sua própria iniciativa caso o emitente, ou aspessoas que o controlam ou por ele são controladas, não o façam, após consultado emitente;

(c) Exigir aos dirigentes dos detentores de valores mobiliários que notifiquem asinformações requeridas nos termos da presente directiva, ou nos termos dalegislação nacional adoptada em conformidade com a presente directiva, e, senecessário, que forneçam informações e documentos adicionais;

(d) Suspender, ou solicitar ao mercado regulamentado relevante que suspenda, anegociação de um determinado valor mobiliário por um período máximo dedez dias de cada vez, se tiver motivos razoáveis para suspeitar que o dispostona presente directiva, ou na legislação nacional adoptada em conformidadecom a mesma, foi infringido pelo emitente;

(e) Proibir a negociação no mercado regulamentado se entender que o disposto napresente directiva, ou na legislação nacional adoptada em conformidade com amesma, foi infringido, ou se tiver motivos razoáveis para suspeitar que venha aser infringido;

(f) Assegurar que o emitente divulgue informações de forma oportuna, a fim degarantir um acesso efectivo e equitativo por parte do público em todos osEstados-Membros em que os valores mobiliários são negociados;

(g) Tornar público o facto de um emitente ou um detentor de valores mobiliáriosnão cumprir as respectivas obrigações; e

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(h) Avaliar o carácter completo, exacto e compreensível das informações exigidasnos termos da presente directiva, na medida em que um Estado-Membrodecidir tornar obrigatória essa avaliação, em todos os aspectos ou apenas noque se refere ao seu carácter completo e compreensível.

5. Sempre que necessário, a autoridade competente pode recorrer à autoridade judicialrelevante para obter a autorização para aplicar os poderes referidos nas alíneas d) ee).

6. Os nºs 1 a 5 não prejudicam a possibilidade de um Estado-Membro preverdisposições jurídicas e administrativas distintas, relativamente a territóriosultramarinos europeus por cujas relações externas esse Estado-Membro sejaresponsável.

Artigo 21º

Sigilo profissional e cooperação entre Estados-Membros

1. A obrigação de sigilo profissional aplicar-se-á a todas as pessoas que trabalham ouque trabalharam para a autoridade competente e para as entidades em relação àsquais as autoridades competentes possam ter delegado determinadas funções. Asinformações abrangidas pelo sigilo profissional não podem ser divulgadas a qualqueroutra pessoa ou autoridade, a não ser por força de disposições legislativas,regulamentares ou administrativas de um Estado-Membro.

2. As autoridades competentes dos Estados-Membros cooperarão entre si, sempre quenecessário, para efeitos do desempenho das suas funções e da utilização dos seuspoderes, quer sejam previstos na presente directiva quer na legislação nacional. Cadaautoridade competente prestará assistência às autoridades competentes dos demaisEstados-Membros.

3. O n.º 1 não impede as autoridades competentes de trocarem entre si informaçõesconfidenciais. As informações que forem objecto desse intercâmbio serão abrangidaspela obrigação de sigilo profissional, ao qual estarão sujeitas as pessoas quetrabalham ou trabalharam anteriormente para as autoridades competentes quereceberem essa informação.

Artigo 22º

Medidas cautelares

1. Caso a autoridade competente de um Estado-Membro de acolhimento entenda que oemitente ou o detentor de valores mobiliários cometeu irregularidades ou nãorespeitou as suas obrigações, deve referir esse facto à autoridade competente doEstado-Membro de origem.

2. Se, apesar das medidas tomadas pela autoridade competente do Estado-Membro deorigem ou em virtude de essas medidas se revelarem inadequadas, o emitente ou odetentor de valores mobiliários persistirem na infracção das disposições legais ou

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regulamentares relevantes, a autoridade competente do Estado-Membro deacolhimento tomará, após ter informado a autoridade competente do Estado-Membrode origem e de acordo com o n.º 2 do artigo 3º, todas as medidas adequadas comvista à protecção dos investidores. A Comissão será informada dessas medidas logoque possível.

Capítulo VI

Medidas de aplicação

Artigo 23º

Comité

1. A Comissão será assistida pelo Comité Europeu dos Valores Mobiliários, instituídopelo artigo 1º da Decisão 2001/528/CE.

2. Sempre que é feita uma referência ao presente número, aplica-se o procedimento deregulamentação previsto no artigo 5º da Decisão 1999/468/CE, no respeito dos seusartigos 7º e 8º, desde que as medidas de aplicação adoptadas em conformidade comesse procedimento não alterem as disposições essenciais da presente directiva.

3. O período previsto no n.º 6 do artigo 5º da Decisão 1999/468/CE é de três meses.

4. Sem prejuízo das medidas de aplicação já adoptadas e uma vez expirado o prazo dequatro anos após a sua entrada em vigor, a aplicação do disposto na presentedirectiva no que se refere à adopção de normas e de decisões técnicas de acordo como procedimento referido no n.º 2 será suspensa. Sob proposta da Comissão, oParlamento Europeu e o Conselho podem renovar as disposições em causa nostermos do procedimento previsto no artigo 251º do Tratado e, para esse fim, deverãoanalisá-las antes de decorrido o período de quatro anos.

Artigo 24º

Sanções

1. Sem prejuízo do direito de imporem sanções penais, os Estados-Membrosassegurarão, em conformidade com o respectivo direito nacional, que possam seradoptadas medidas administrativas adequadas ou impostas sanções civisrelativamente às pessoas responsáveis, sempre que as disposições adoptadas emconformidade com a presente directiva não tenham sido cumpridas. OsEstados-Membros assegurarão que essas medidas sejam eficazes, proporcionadas etenham carácter dissuasor.

2. Os Estados-Membros autorizarão a autoridade competente a divulgar ao públicotodas as medidas adoptadas ou sanções impostas por infracção das disposiçõesadoptadas em conformidade com a presente directiva, excepto quando essa

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divulgação for susceptível de prejudicar gravemente os mercados financeiros oucausar danos desproporcionados às partes envolvidas.

Artigo 25º

Controlo jurisdicional

Os Estados-Membros assegurarão que as decisões adoptadas nos termos das disposiçõeslegislativas, regulamentares e administrativas, adoptadas em conformidade com a presentedirectiva, serão sujeitas a controlo jurisdicional.

Capítulo VII

Disposições transitórias e finais

Artigo 26º

Disposições transitórias

1. Sem prejuízo do n.º 3 do artigo 5º, o Estado-Membro de acolhimento pode isentar dadivulgação das demonstrações financeiras, de acordo com o Regulamento (CE) n.º1606/2002:

(a) Todos os emitentes, no que diz respeito ao exercício com início em ou após 1de Janeiro de 2005;

(b) Os emitentes referidos no artigo 9º do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, noque diz respeito aos exercícios com início em ou após 1 de Janeiro de 2005 e 1de Janeiro de 2006.

2. Sem prejuízo do n.º 2 do artigo 11º, os accionistas notificarão o emitente, o maistardar em 15 de Janeiro de 2005, da proporção de direitos de voto e de capital quedetêm junto de emitentes nessa data, de acordo com os artigos 9º e 10º, a menos quejá tenham feito uma notificação que contenha informações equivalentes antes dessadata.

Sem prejuízo do n.º 4 do artigo 11º, os emitentes divulgarão por seu turno asinformações recebidas nestas notificações o mais tardar em 31 de Janeiro de 2005.

3. O Estado-Membro de origem pode isentar os emitentes de títulos de dívida dedivulgarem relatórios financeiros semestrais de acordo com o artigo 5º durante ostrês anos subsequentes à entrada em vigor da presente directiva, desde que:

(a) O último pedido de admissão dos títulos de dívida do emitente à negociaçãonum mercado regulamentado em qualquer Estado-Membro tenha sidoapresentado antes da entrada em vigor da Directiva […/…/CE] [Prospecto], e

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(b) O Estado-Membro de origem tenha decidido autorizar os emitentes abeneficiarem do disposto no artigo 27º na Directiva 2001/34/CE.

No final desse período de três anos, apenas podem ser concedidas isenções emconformidade com o artigo 8º.

Artigo 27º

Transposição

1. Os Estados-Membros adoptarão as medidas necessárias para darem cumprimento àpresente directiva o mais tardar em 31 de Dezembro de 2004. Quando osEstados-Membros adoptarem tais disposições, estas devem incluir uma referência àpresente directiva ou serem acompanhadas dessa referência aquando da suapublicação oficial. As modalidades dessa referência serão aprovadas pelosEstados-Membros.

2. Quando os Estados-Membros adoptarem medidas em conformidade com o n.º 1 doartigo 3º ou com o artigo 26, comunicá-las-ão de imediato à Comissão e aos demaisEstados-Membros.

Artigo 28ºAlterações

Com efeitos a partir da data especificada no n.º 1 do artigo 27º, a Directiva 2001/34/CE éalterada do seguinte modo:

(1) No artigo 1º, as alíneas g) e h) são suprimidas;

(2) O artigo 4º é suprimido;

(3) No artigo 6º, o n.º 2 é suprimido;

(4) No artigo 8º, o n.º 2 passa a ter a seguinte redacção:

“2. Os Estados-Membros podem sujeitar os emitentes de valores mobiliáriosadmitidos à cotação oficial a obrigações suplementares, desde que essasobrigações se apliquem de um modo geral a todos os emitentes ou a categoriasindividuais de emitentes”;

(5) Os artigos 64º a 97º são suprimidos;

(6) Os artigos 102º e 103º são suprimidos;

(7) No n.º 3 do artigo 107º, o 2º parágrafo é suprimido;

(8) O artigo 108º é alterado do seguinte modo:

a) Na alínea a) do n.º 2, a expressão “informação periódica a publicar pelassociedades cujas acções são admitidas” é suprimida;

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b) No n.º 2, a alínea b) é suprimida;

c) No n.º 2, a subalínea (iii) da alínea c) é suprimida;

d) No n.º 2, a alínea d) é suprimida.

Quaisquer referências às disposições suprimidas serão consideradas referências ao disposto napresente directiva.

Artigo 29º

Revisão

A Comissão elaborará, o mais tardar até 30 de Junho de 2007, um relatório sobre a aplicaçãoda presente directiva, o qual será transmitido ao Parlamento Europeu e ao Conselho.

Artigo 30º

Entrada em vigor

A presente directiva entra em vigor no vigésimo dia subsequente ao da sua publicação noJornal Oficial da União Europeia.

Artigo 31º

Destinatários

Os Estados-Membros são os destinatários da presente directiva.

Feito em Bruxelas,

Pelo Parlamento Europeu Pelo ConselhoO Presidente O Presidente

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FICHA DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO

IMPACTO DA PROPOSTA SOBRE AS EMPRESAS, EM ESPECIAL SOBRE ASPEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS (PME)

TÍTULO DA PROPOSTA

DIRECTIVA DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO relativa à harmonizaçãodos requisitos de transparência no que se refere às informações respeitantes aos emitentescujos valores mobiliários são admitidos à negociação num mercado regulamentado e quealtera a Directiva 2001/34/CE.

NÚMERO DE REFERÊNCIA DO DOCUMENTO

COM (XXX)

A PROPOSTA

1. Tendo em conta o princípio da subsidiariedade, por que motivo é necessárialegislação comunitária neste domínio e quais os seus principais objectivos?

A existência de um mercado financeiro único deverá contribuir para a promoção dacompetitividade da economia europeia, reduzindo o custo do capital e melhorandosimultaneamente o nível da prestação de informações sobre os emitentes de valoresmobiliários, prosseguindo assim o duplo objectivo da protecção dos investidores e do bomfuncionamento dos mercados financeiros.

Um mercado financeiro integrado deve ser alicerçado num conjunto harmonizado deprincípios e normas. O objectivo de tais normas consistirá em assegurar um elevado nível deprotecção dos investidores à escala comunitária, permitindo aos Estados-Membros reduziremefectivamente os entraves nacionais com que se deparam os emitentes que procuram acessoaos mercados regulamentados em outros Estados-Membros. Dada a diversidade de matériasabrangidas pela presente Directiva, o Estado-Membro de origem do emitente deverá serautorizado a impor requisitos de divulgação de informações adicionais ou mais rigorosos.

Esta medida dá resposta aos pedidos manifestados nos Conselhos Europeus de Lisboa,Estocolmo e Barcelona no sentido de se concluir a integração do mercado financeiro, dandonomeadamente prioridade à legislação no domínio dos valores mobiliários tal como previstono Plano de Acção para os Serviços Financeiros e no relatório do Comité de Sábios sobre aregulamentação dos mercados europeus de valores mobiliários.

IMPACTO SOBRE AS EMPRESAS

2. Quem será afectado pela proposta?

– Que sectores de actividade: as sociedades cujos valores mobiliários são admitidosà negociação em mercados regulamentados dos Estados-Membros, o queabrangerá todos os sectores de actividade; os fundos de investimento que detêm

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títulos em nome dos seus clientes; os revisores oficiais/contabilistas que elaboramas demonstrações financeiras (contas).

– Empresas de que dimensão (qual a concentração de pequenas e médias empresas):todas as empresas cujos títulos são objecto de negociação pública, incluindo aspequenas e médias empresas. No entanto, há que ter em conta que as pequenasempresas não se encontram de um modo geral admitidas à negociação emmercados regulamentados. O princípio da proporcionalidade foi tido em conta namedida em que as PME não são sujeitas a requisitos de prestação de informaçõesdemasiado exigentes. Na prática, as grandes empresas (as líderes dos mercadosfinanceiros) já fornecem informações mais pormenorizadas aos mercadosbolsistas.

– Este tipo de empresas situa-se especialmente em determinadas regiões geográficasda Comunidade? Não, embora a negociação de certos valores específicos (acções,obrigações, derivados) se possa concentrar em certas áreas geográficas.

3. O que terão as empresas de fazer para darem cumprimento à directiva proposta?

Os emitentes de valores mobiliários terão de satisfazer os requisitos respeitantes aorelatório financeiro anual dentro de um prazo de três meses, os relativos aosrelatórios intercalares (relatório financeiro semestral e informação financeiratrimestral) dentro de um prazo de dois meses. Além disso, serão obrigados a divulgartodas as alterações aos seus estatutos/actos constitutivos, bem como outras regrasinternas relativas à aquisição de acções próprias e à remuneração dos dirigentes pormeio de títulos, como por exemplo as opções de compra de acções. No contexto dasassembleias de detentores de valores mobiliários, as sociedades cujos valores sãonegociados junto do público serão obrigadas a admitir a participação através derepresentantes, mas terão igualmente a oportunidade de convidar os seus accionistasa decidir a introdução de meios electrónicos.

As sociedades que detêm valores mobiliários serão obrigadas a notificar aosemitentes de forma mais frequente e rápida a aquisição ou alienação de participaçõesimportantes, devendo o emitente, complementarmente, tornar públicas taisnotificações.

4. Quais os efeitos económicos prováveis da proposta?

– Sobre o emprego

São de esperar efeitos positivos sobre a criação de emprego, ao facilitar e reduzir oscustos da angariação directa de capitais nos mercados bolsistas europeus e aoaumentar o montante dos novos recursos financeiros à disposição das empresas.Além disso, os melhores padrões de informação destinados a proteger os investidorescriarão provavelmente uma maior fidelidade e confiança por parte dos investidoresnos mercados de capitais.

– Sobre o investimento e a criação de novas empresas

A existência de mercados europeus de valores mobiliários eficientes deverápromover a eficiência macro-económica global da economia, bem como a confiançados investidores na economia, conduzindo a um mais elevado crescimento, com

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efeitos positivos sobre a inovação e a produtividade das empresas (incluindo oincentivo ao crescimento do capital de risco).

– Sobre a competitividade das empresas

É de esperar um impacto positivo em virtude da redução dos custos de angariação decapital em toda a União Europeia e dos novos requisitos rigorosos a nívelcomunitário em matéria de divulgação de informações, aos quais os Estados-Membros de acolhimento não podem acrescentar exigências adicionais. Tal nãoprejudica outros requisitos para a admissão de valores mobiliários à negociação nosmercados regulamentados.

5. A proposta contém medidas para ter em consideração a natureza específica daspequenas e médias empresas (requisitos menos exigentes ou diferentes, etc.)?

A proposta prevê a adopção de normas técnicas adicionais sob o procedimento decomitologia. Caso a Comissão, através do processo de consulta em cooperação como Comité das Autoridades de Regulamentação dos Mercados Europeus de ValoresMobiliários, tenha identificado efeitos potencialmente negativos das suas propostasde medidas técnicas de execução pormenorizadas, terá de rever essas medidas parater em devida conta esses problemas.

O impacto dos requisitos de divulgação de informações periódicas (relatóriofinanceiro anual, relatórios financeiros intercalares) sobre as PME foi avaliado emespecial em dois exercícios de consulta pública e aberta junto da comunidadeempresarial, dos operadores do mercado e dos investidores. Concluiu-se que o perfilremuneração/risco das PME admitidas à negociação em mercados regulamentados,nomeadamente das empresas jovens, não justifica isenções específicas.Efectivamente, os investidores defrontavam-se com problemas particularesrelativamente às PME cujos valores mobiliários são admitidos à negociação emmercados regulamentados (por exemplo o Neuer Markt na Alemanha) e vale a penanotar que certos Estados-Membros aplicam requisitos de prestação de informaçõesainda mais rigorosos para as jovens PME (Reino Unido e Luxemburgo). Estaorientação conta em especial com o apoio do Comité das Autoridades deRegulamentação dos Mercados Europeus de Valores Mobiliários, do qual fazemparte as autoridades nacionais de supervisão dos mercados de valores mobiliários.

Dito isto, o conteúdo dos relatórios periódicos será definido em diferentes contextos,nos casos onde são previstas soluções adaptadas às PME (nas Directivas em matériade direito das sociedades no que se refere ao relatório de gestão) ou onde essassoluções venham a ser previstas (no Regulamento NIC no que diz respeito àsdemonstrações financeiras, para as quais estão a ser preparadas normasinternacionais de contabilidade específicas).

CONSULTA

6. Lista das entidades que foram consultadas sobre a proposta e esboço das suasopiniões fundamentais (ver também Secção 2.1. da exposição de motivos).

As recomendações do Comité de Sábios Lamfalussy sobre a regulamentação dosmercados europeus de valores mobiliários apelava a uma consulta precoce,

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generalizada e sistemática. O Conselho Europeu de Estocolmo apoiou esta orientaçãoem Março de 2001 e o Parlamento Europeu em Fevereiro de 2002.

Em 11 de Julho de 2001, a Comissão publicou um primeiro documento de consulta,no qual expunha as suas opiniões preliminares sobre a reforma dos requisitos dedivulgação de informações a nível comunitário. Recebeu 91 respostas de todos osEstados-Membros e também de países terceiros. Em dezembro de 2001, publicouuma síntese das respostas recebidas.

Tendo em conta essas reacções, a Comissão publicou um segundo e últimodocumento de consulta, em Maio de 2002, e fixou um prazo de dois meses paranovas respostas. Nesse documento, revia as suas primeiras opiniões, chamava aatenção do público para a relação desta iniciativa com outras iniciativas no âmbito do"programa de prestação de informações e transparência" (como por exemplo oRegulamento NIC, as futuras directivas relativas ao abuso de mercado e aoprospecto) e apresentava nomeadamente uma descrição pormenorizada dos trabalhosem curso com vista a uma proposta final da Comissão.

No segundo exercício de consulta, a Comissão recebeu 93 respostas, de todos osEstados-Membros, de países terceiros e ainda dos seguintes organismos europeus einternacionais: European Savings Banks Group (ESBG), International PrimaryMarket Association (IPMA), Federation of European Securities Exchanges (FESE),European Federation for Retirement Provision (EFRP), European NewspaperPublisher’s Association (ENPA), European Federation of Accountants (FEE), Unionof Industrial and Employer’s Confederations of Europe (UNICE), Euroshareholders.

Além disso, o Comité das Autoridades de Regulamentação dos Mercados Europeusde Valores Mobiliários (CARMEVM) reagiu em Outubro de 2002 ao segundodocumento de consulta. Na sua resposta, sublinhava que a supervisão das questõesrelacionadas com o governo das sociedades deveriam ser abordadas, emboraadmitisse que as normas de transparência constituem apenas um instrumentoindirecto e não dizem respeito às regras que regem o funcionamento das sociedades.Solicitava igualmente a adopção de soluções coerentes entre os requisitosrelacionados com a prestação de informações financeiras anuais e o documento deregisto no âmbito da futura Directiva relativa ao prospecto. Apoiava integralmente aintrodução da prestação trimestral de informações financeiras (com excepção de ummembro), mas tinha reservas quanto à adopção de soluções específicas para as PME.Entendia que a prestação semestral de informações financeiras por parte dosemitentes de títulos de dívida traduziria adequadamente o perfil de risco dessesvalores mobiliários. Congratulava-se pelos requisitos de prestação de informaçõesmais exigentes no que toca à estrutura dos direitos de voto e do capital, massublinhava a necessidade de medidas de execução pormenorizadas para assegurar aeficácia de todo o sistema. Relativamente s formas como a informação financeiradeve ser divulgada, o CARMEVM não considerava que os sítios Internet do emitenteconstituíam uma forma adequada de difusão.