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1 Universidade do Estado de Minas Gerais – Escola Guignard Cidade Visível Maximiliano Henrique Barbosa Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em “Artes Plásticas e Contemporaneidade” da Universidade do Estado de Minas Gerais – Escola Guignard Orientadora: Laura Belém Belo Horizonte 2004

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Universidade do Estado de Minas Gerais – Escola Guignard

Cidade Visível Maximiliano Henrique Barbosa

Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação Lato

Sensu em “Artes Plásticas e Contemporaneidade” da

Universidade do Estado de Minas Gerais – Escola Guignard

Orientadora: Laura Belém

Belo Horizonte

2004

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Maximiliano Henrique Barbosa

SUMÁRIO

1. Resumo................................................................................ 03

2. Introdução............................................................................. 04

3. Outdoors e Postais................................................................ 06

4. Arte e comunicação.............................................................. 14

5. Considerações finais............................................................. 16

6. Ilustrações............................................................................. 19

7. Imagens do trabalho............................................................. 25

8. Bibliografia............................................................................ 39

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1 – Resumo

O trabalho propõe uma obra conceitual e poética que contempla a cidade,

tendo como objetivo principal gerar reflexões sobre a imagem e sua relação com a

paisagem urbana. Duas séries de trabalhos foram realizadas: uma tendo como

suporte outdoors e outra cartões postais. Essa escolha aproxima o trabalho do

contexto urbano e o apresenta fora dos locais tradicionais de exposição. O processo

de re-significação das imagens se baseia na ação de subtração, ainda que

simbólica, de elementos reais da paisagem. Assim, “Cidade Visível” trabalha o

desenvolvimento de uma visão estética e de uma narrativa da imagem pela edição e

contextualização de imagens inicialmente fotográficas da paisagem urbana de Belo

Horizonte.

A série de outdoors trabalha, basicamente, com a idéia de revelar paisagens

encobertas pelas placas publicitárias. Os outdoors apresentam uma imagem

fotográfica da área que se encontra atrás delas de forma que, de um local

específico, a imagem do outdoor e a paisagem real ficam contíguas, se

completando. Relacionam-se com questões da linguagem do ponto de vista da

semiótica e da comunicação de massas, questionam a situação da paisagem urbana

atual, trabalham características do universo fotográfico, como por exemplo o

congelamento de um momento da cidade que fica paralisado. É uma obra que se

modifica de acordo com a posição física do espectador frente à imagem no outdoor e

a comparação desta com a paisagem real, que acaba fazendo parte do trabalho.

Para a apresentação desta série foram produzidas imagens impressas que

funcionam como “maquetes” dos trabalhos, uma vez que os custos impedem a sua

realização imediata.

No caso dos postais, a edição procura subtrair os símbolos contidos nas

placas de transito. Com isso temos, no campo estético, uma produção de imagem

que se relaciona de perto com a pintura, revelando campos geométricos de cores na

paisagem urbana. Tangenciamos questões relacionadas ao universo da fotografia,

da semiótica, da arte urbana, da arte postal. Temos a interpretação simbólica dessa

falta de orientação, da ausência de símbolos no caos urbano, entre outras

possibilidades narrativas. O meio definido foi o cartão postal por se relacionar com a

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idéia de paisagem fotográfica e pelo seu potencial de trânsito, que por sua vez está

relacionado ao contexto de cidade.

2 – Introdução

Desde 1995 tenho desenvolvido trabalhos em arte. Inicialmente em pintura,

posteriormente gravuras e objetos e mais recentemente em imagens digitais. Esse

processo foi influenciado pela formação em Artes Plásticas na escola Guignard

(2000) e pela formação em Comunicação na UFMG (1993). Durante esse

desenvolvimento tenho procurado direcionar a minha produção no sentido de

produzir trabalhos contemporâneos, procurando trabalhar tanto a produção visual

quanto o conceito das obras de forma contundente.

Esse projeto se relaciona diretamente com a minha formação em

comunicação uma vez que tangencia questões da publicidade, da semiótica, e ainda

da sinalização urbana no que se refere às mensagens em espaço público.

Relaciona-se também com o desenvolvimento do trabalho como artista já que lida

com edição digital de imagens, questões da pintura e da fotografia, arte postal –

áreas por mim já explorada.

O foco do trabalho é a cidade de Belo Horizonte, mas acredito que os

mesmos procedimentos propostos aqui funcionam para várias outras cidades onde o

contexto urbano é semelhante. O trabalho procura se relacionar com o tema da

cidade de forma universal e trabalha com a capital mineira como cidade

representativa deste universo urbano. Sabemos que a cidade tem as suas

especificidades, vale comentar, mas não é objetivo deste projeto refletir sobre os

aspectos únicos de Belo Horizonte.

O projeto parte da idéia de que, contemporaneamente, perdemos parte da

nossa capacidade de observar a paisagem urbana. Segundo José Márcio Barros

(2003): “A cidade não se configura mais como objeto de um olhar atento,

contemplativo, enraizador, como na relação com muitas das artes. Tal e

qual a dimensão aurática das artes se transforma com a emergência da

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indústria cultural, a cidade, ao nosso olhar, se transforma em fenômeno tátil.

Não mais vemos a cidade. A utilizamos. Não mais cidadãos, mas usuários e

consumidores”.

Esse distanciamento do nosso olhar em relação à cidade me faz acreditar que

é uma atitude válida executar interferências que suscitem reflexões sobre a

paisagem urbana e que, através de um processo de re-significação poética proposto,

atraiam um olhar mais reflexivo e contemplativo para ela ou certos aspectos dela. É

uma intenção desse trabalho que o caráter poético das artes plásticas ajude a

resgatar esse olhar mais atento para a cidade.

O potencial de força do uso de imagens poéticas na paisagem urbana é

comentado por Antônio Luiz Andrade (2004) da seguinte forma: “estamos sempre a falar da paisagem urbana a partir de suas

relações com as contradições sociais, com o passado que a memória não

esqueceu ou com os conflitos e harmonias que fazem o presente;

encontramos enfim, uma causa, uma explicação para as imagens onde a

cidade se deixa perceber. Mas é nas imagens poéticas que a cidade

provoca a imaginação e solta os seus enigmas”.

Ainda segundo Barros (2003) “A obscenidade da cidade oblitera, gera uma

cegueira motivada pelo excesso de imagens”. É nesse contexto que a estratégia

utilizada para re-significar a paisagem urbana nesse trabalho é a de remoção de

elementos que constituem a imagem da cidade. A intenção é de apresentar no

trabalho uma circunstância onde este excesso citado por Barros seja reduzido em

alguma instância e como consequência obter não só o aparecimento de um aspecto

da paisagem antes escondido, mas uma obra com potencial reflexivo, que instigue o

olhar e o pensar.

Conforme mencionado no Resumo, a proposta foi gerar duas séries de

trabalhos – uma em outdoors e outra em cartões postais. A idéia foi lidar com o

ambiente urbano tendo como estratégia principal a subtração de elementos das

imagens. A série de outdoors revela a imagem encoberta por eles próprios,

estampando uma foto que mostra a paisagem atrás dele. Temos, então, uma

simulação de transparência, de invisibilidade ou de ausência da área impressa do

outdoor. Nesse sentido a subtração de elementos ocorre de forma simbólica uma

vez que nada foi fisicamente retirado da paisagem apresentada: o outdoor, sua

estampa e sua estrutura continuam lá. Ainda assim, um dos elementos poéticos

fortes do trabalho é essa sensação simulada de retirada da propaganda publicitária

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da placa. A série de postais discute a influência da sinalização urbana na paisagem

através da retirada dos signos contidos nas placas. A partir de fotografias da

paisagem urbana ocorre um processo de edição digital onde parte do conteúdo

dessas imagens de paisagens reais é removido, chamando atenção para questões

de ordem estética e poética que serão discutidas mais adiante. É pertinente notar

que o processo que parte da fotografia e passa pela edição da imagem em

computador não só altera a imagem capturada, mas gera novos significados para

elas. Novas narrativas são geradas e diferentes circunstâncias estéticas e de

comunicação são propostas.

3 - Outdoors e Postais

A série de outdoors não é simplesmente uma exposição fotográfica em mídia

externa: há um conteúdo poético e conceitual na relação entre essa imagem

impressa e o ambiente em que está inserida. A imagem real e a sua representação

se completam na paisagem, como na pintura La Condition humaine (1933. Óleo

sobre tela. 100 x 81 cm. The National Gallery of Art, Washington, DC, USA) de René

Magritte (ilustração 1).

O trabalho proposto não só leva o lugar da arte para o ambiente urbano, mas

também convida a paisagem a participar da obra, sendo ela, aliás, imprescindível

para a existência desta. Apesar da possibilidade de aplicação em diversos locais,

são necessárias certas condições geográficas e urbanas bem como uma preparação

individual para cada instância do trabalho. Cada placa precisa de uma imagem

específica para que os resultados esperados sejam atingidos. Assim, a série de

outdoors do “Cidade Visível” pode ser considerada um site-specific, ou seja, a obra

possui uma relação direta com o local em que está instalada.

As placas de outdoor e a publicidade em ambiente urbano em geral – tratada

pela publicidade como ”mídia externa” – parece se propor como anteparo entre

nossos olhos e a arquitetura da cidade (apesar de ter a intenção de que desviemos

nosso olhar para elas) em quase todo lugar do ambiente urbano. Essa presença tão

forte na paisagem torna mais compreensível a idéia de que uma intervenção poética

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seja feita justamente nas placas de outdoor. Estamos interferindo em um dos

elementos mais fortes da paisagem urbana contemporânea. Tão forte, aliás, que

Antônio Luiz Andrade (2004) acredita que “A publicidade faz a imagem da cidade,

como se a natureza fosse uma imitação de uma outra natureza. A arquitetura não é

mais arquitetura, é imagem de outdoor”.

A declaração acima funciona no sentido de reforçar a idéia de que a

paisagem urbana está invadida pelas placas de outdoor e que essas constituem um

percentual notável de presença na paisagem que percebemos ao olhar para a

cidade. A ponto de, como nota Andrade, a arquitetura urbana ter como elemento

importante a presença dessas placas. Sugere, portanto, a noção de que o outdoor é

parte constituinte da paisagem. Mas não só isso. Ela levanta também uma outra

questão: a idéia de que o conteúdo do outdoor, ou seja, as imagens publicitárias,

apresentam uma outra realidade e a inserem na paisagem urbana. O mundo hiper-

realista, maquiado, apelativo da publicidade toma parte da paisagem para si,

confrontando a nossa realidade urbana com o paradigma da publicidade. Esse

contexto de consumo radical e a presença invasiva da comunicação de massa na

paisagem nos remetem mais uma vez ao texto de Barros (2003): esses outdoors

acabam por contribuir para o que ele conceitua como “obscenidade” na paisagem

urbana. Segundo o próprio autor “a obscenidade como marca da

contemporaneidade, onde predomina o "êxtase da comunicação”, onde a forma

mercadoria é substituída pela forma publicidade, um universo saturado pela

hiperinformação (BARROS 2003, p.10)”. Nesse sentido, optar pela retirada (no

sentido poético) do conteúdo das placas de outdoor representa também a busca de

uma paisagem urbana sem a presença do universo atordoante da publicidade, ou o

desejo de contemplar uma cidade se expondo de uma forma mais livre de barreiras

e menos “obscena”.

Outra questão relevante é a da posição física do espectador ao interagir com

a obra. A imagem da placa será contígua à imagem da paisagem externa se vista de

um ponto específico do ambiente - previamente definido no momento do ato

fotográfico. No caso de um espectador fora desse ponto, ou em movimento, tem-se

a duplicação de parte das imagens do campo de visão - o participante vê elementos

da paisagem no outdoor e na paisagem real atrás dele. Há um deslocamento de

registro entre a imagem impressa e a paisagem. Essa relação tende a reforçar

questões de semiótica envolvidas no trabalho, uma vez que explicita a relação entre

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signo e objeto. A aproximação física e visual da imagem fotográfica com seu

referente real na natureza evoca de forma direta reflexões teóricas sobre a relação

entre a imagem real e a representação, sobre o paradigma do universo fotográfico

frente à realidade da paisagem urbana.

A relação da obra com a questão temporal também merece ser ressaltada.

Temos como uma das características básicas da fotografia sua capacidade de

congelar um momento no tempo. Como afirma Philippe Dubois (1993) “O ato fotográfico implica não apenas um gesto de corte na

continuidade do real, mas também a idéia de uma passagem, de uma

transposição irredutível. Ao cortar, o ato fotográfico faz passar para o outro

lado (da fatia); de um tempo evolutivo a um tempo petrificado, do instante à

perpetuação, do movimento à imobilidade, do mundo dos vivos ao reino dos

mortos, da luz às trevas, da carne à pedra”.

Portanto, quando a imagem na placa de outdoor está se relacionando com o

ambiente externo, ou seja, a paisagem real da cidade, essa diferença de condição

temporal fica intensamente explicitada. Enquanto na paisagem urbana o tempo

muda, ou anoitece, por exemplo, a imagem do outdoor permanece representando o

momento do “ato fotográfico”. Tem-se o outdoor como uma espécie de “janela” na

paisagem onde o tempo está parado - ou a imagem está parada no tempo - apesar

da contiguidade visual que a imagem real e a impressa apresentam. Aliás, essa

contigüidade acaba servindo como reforçador dessa circunstância na medida em

que a observação explicitará as diferenças entre o ambiente em que o tempo corre

normalmente e a placa onde o tempo está “paralisado”.

Um trabalho que dialoga com a proposta é Visões (1996), do italiano Umberto

Cavenago, apresentado na Bienal de São Paulo, em 1996 (ilustração 2). Nessa

instalação, diversas telas de computador que traziam imagens de monumentos

urbanos foram dispostas em uma sala escura e, junto a cada uma, um “mouse”. Um

“clique” apontando o ponteiro cursor para a imagem na tela do computador fazia com

que elementos arquitetônicos desaparecessem da paisagem apresentada. O tipo de

discussão proposta é bastante diferente da proposição deste projeto, bem como a

forma de apresentação, mas alguns pontos de interseção merecem ser ressaltados:

O trabalho faz uso da mesma estratégia e de um procedimento técnico semelhante

ao da corrente proposta. Também é digna de nota a semelhança no sentido da

busca de uma re-significação da paisagem urbana.

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Outra aproximação possível ocorre com alguns trabalhos de Pierre Huyghe

como, por exemplo, o Rue Longvic (1995 - Poster offset) onde o artista coloca um

poster com a foto de uma esquina na própria esquina onde ocorreu a fotografia

(ilustração 3). Huyghe se preocupa principalmente com a relação temporal já citada

neste texto, em uma tentativa de deixar mais evidente a questão do congelamento

do tempo na obra fotográfica. Fica claro, também, um esforço de discutir a diferença

entre a realidade e a sua representação, como mostra o comentário a seguir: “(...) perturbantes mas num contexto espacial e temporal diferentes

são os trabalhos que Huyghe faz com cartazes, como a colocação de um

cartaz com a fotografia de um café numa parede desse mesmo café. Assim

Pierre Huyghe visualiza essencialmente saltos no tempo. Com o mesmo

material ou num mesmo local passam-se coisas diferentes em momentos

diferentes. O espectador torna-se assim testemunha desse processo e toma

consciência de que a realidade verdadeira escapa a qualquer

documentação” (LARSEN et al., 1999).

As duas séries propostas para este trabalho se apropriam de mídias utilizadas

pela publicidade e as subvertem. Para a apresentação nestes suportes são

realizados trabalhos facilmente reproduzíveis tecnicamente e em qualquer

quantidade. Elas também compartilham o uso de imagens vindas de um processo

fotográfico e que não apresentam traços pessoais ou de qualquer tipo de trabalho

manual. O trabalho pretende que não sejam perceptíveis quaisquer marcas indiciais

nas imagens e não há qualquer tipo de assinatura ou referência ao autor. Esse

grupo de características acaba diluindo o caráter autoral da obra, transcendendo a

dimensão aurática e sacralizada geralmente conferida aos trabalhos de arte mais

indiciais e sem possibilidade de reprodução exata. Dessa maneira, o trabalho adota

uma posição sobre o tema da autoria, assunto bastante recorrente na arte

contemporânea, no sentido de pretender a desmistificação e a dessacralização do

trabalho de arte.

Enquanto na série de outdoors temos uma situação real - no sentido de que a

obra é inserida diretamente no espaço urbano e depende dele para estar completa –

a série de postais apresenta imagens fotográficas editadas que fazem uso da idéia

de que a imagem fotográfica é uma referência do real. A intenção é de que a

imagem da paisagem urbana modificada digitalmente remeta ao espectador a

referência de que aquela situação é real.

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Uma cidade como Belo Horizonte, que comporta um trânsito complexo e um

enorme número de transeuntes diariamente, exige uma presença forte de

sinalização no espaço urbano. Pouco percebidas como parte integrante da

paisagem, as placas de trânsito e sinalização se encontram em quantidades

enormes no espaço da cidade. Durante as incursões a campo para a captação de

imagens para este trabalho pude perceber que quase qualquer paisagem dentro da

cidade pode ser fotografada com a presença de placas de sinalização. Vemos

placas próximas a monumentos públicos, construções, vias de acesso, parques, etc.

Elas estão em todo lugar. Faz parte da proposta deste trabalho reconhecer as placas

de sinalização como elementos constituintes da paisagem. Esta série de postais usa

esta sinalização e procura re-significar sua presença na paisagem urbana pela

edição de seu conteúdo.

É relevante perceber que este trabalho inicia-se de um contexto inicialmente

fotográfico e parte para uma circunstância de produção de imagem. O “ato

fotográfico” é o passo inicial para a execução da obra mas o conceito desejado só é

atingido através da re-significação realizada pela edição, ou seja, a construção de

uma outra imagem. Aqui podemos explicitar uma relação de proximidade com a

pintura, na medida em que a imagem é montada e alterada para atender a uma série

de expectativas do autor. O processo que ocorre é semelhante ao processo de

colagem, quando uma imagem (e uma narrativa específica) é montada a partir de

rearranjos de outras imagens de origens diferentes. Com o uso das ferramentas

disponíveis pela tecnologia digital o processo de edição pode ficar mais sutil,

permitindo que a imagem apresente as alterações desejadas sem deixar marcas

muito claras do processo.

Um tipo semelhante de edição digital é feita pelo artista belga Wim Delvoye

em trabalhos como o “Mum, keys are...” (1996) onde o artista simula em uma

fotografia a gravação de um texto em uma enorme pedra, gerando uma espécie de

simulação de “Land art” (ilustração 4). Como podemos perceber esse tipo de

trabalho pode causar um grande impacto uma vez que temos a referência intuitiva

de que uma imagem fotográfica é uma representação direta de uma imagem real em

algum momento, mesmo sabendo que isso não é necessariamente verdade. No

caso desse trabalho de Delvoye essa referência do real na fotografia é utilizada para

criar uma situação inusitada e bem-humorada.

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Ao retirarmos os signos contidos nas placas reduzimos a referência delas

como portadoras de conteúdo, chamando a atenção para o objeto, suas formas e

cores. Nestas circunstâncias o aparecimento da sinalização como parte da paisagem

fica mais evidente, as cores aparecem como um elemento estético contundente na

imagem. A apresentação em fotografia reforça elementos de composição, bem como

a idéia de uma visão “pictórica” da paisagem urbana.

Do ponto de vista dessa aproximação do abstracionismo o trabalho possui

pontos comuns com a fotografia dos suprematistas (ilustrações 5, 6 e 7). Menos

famosa do que a pintura realizada por esse grupo de artistas, ela procurava o

mesmo tipo de resultado estético. A idéia era trazer para a imagem fotográfica um

certo nível de abstração, reforçando questões geométricas e de composição. Para

isso os artistas faziam uso frequente de fotografias aéreas ou “antiaéreas” (fotos do

céu batidas de baixo para cima). Os suprematistas são tidos como o primeiro grupo

de artistas a propor este tipo de aproximação. “A partir de 1914, vêem-se artistas como Lissitsky e Malevicth

interessarem-se pelas fotografias aéreas, quer se trate de vistas

efetivamente tomadas de avião e exibindo paisagens terrestres

”transformadas’, mal identificáveis – sem horizonte, nem profundidade, sem

buracos, nem saliências, achatadas, geometrizadas, “abstratizadas” ,

metamorfoseadas em texturas, em configurações cromáticas ou formais, em

jogos de formas “a serem interpretados” (é até uma profissão específica: a

foto-interpretação) – quer, ao contrário, de vistas tomadas do solo, mais ou

menos na vertical e mostrando esquadrilhas de aviões em pleno vôo,

compondo curiosos hieróglifos na tela do céu. (DUBOIS, 1993)”“.

O trabalho proposto não chega a um nível tão radical de abstração mas

aponta para a presença dos elementos geométricos da imagem e procura trazer à

percepção esse tipo de leitura da paisagem.

No caso desta série de postais, que apresenta paisagens urbanas

fotografadas a partir do chão e com referências de imagens muito mais diretas e

facilmente reconhecíveis que as imagens dos suprematistas citados acima, podemos

constatar que a idéia já citada neste texto de que a fotografia é considerada um traço

do real permanece forte e dominante em nossa percepção. É interessante ressaltar

que este conceito é considerado antigo e ultrapassado pela maioria dos teóricos -

Umberto Eco (1982) nota que “a teoria da fotografia como um análogo da realidade

foi abandonada até por aqueles que já a defenderam” – mas a sociedade de uma

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forma geral ainda trabalha com essa idéia. Vejamos o comentário de Roland Barthes

(1991) sobre a relação entre a fotografia e seu referente: “Tal foto, com efeito, jamais se distingue de seu referente (do que

ela representa), ou pelo menos não se distingue de imediato ou para todo

mundo (...): perceber o significante fotográfico não é impossível (isso é feito

por profissionais), mas exige um ato segundo de saber ou de reflexão.”

Ou em outro momento: “Seja o que for o que ela dê a ver e qualquer que seja a maneira,

uma foto é sempre invisível: não é ela que vemos.

Em suma, o referente adere. E essa aderência singular faz com que

haja uma enorme dificuldade para acomodar a vista à fotografia.” Por mais que a edição retire realismo da imagem fotográfica e que o tipo de

alteração realizada reforce aspectos pictóricos da imagem, a referência inicial do

espectador é a do realismo da imagem fotográfica. Mesmo sabendo da

impossibilidade da existência dessas imagens da forma com que são apresentadas,

a primeira idéia que temos ao ver as imagens é a daquela paisagem no mundo real.

Isso acaba por gerar um efeito realista para o trabalho, pois ao observar as imagens

fotográficas acabamos por imaginar, quase que instintivamente, a aplicação daquela

imagem na realidade. Um ótimo exemplo de uso desta característica é o trabalho de

Wim Delvoye “Mum, keys are...”(1996) já comentado anteriormente nesse texto

(Ilustração 4). Esse tipo de percepção acaba criando novas possibilidades de

percepção narrativa das imagens.

Temos também um aspecto poético da narrativa, gerada pela ausência

desses símbolos reconhecíveis na sinalização, que pode ser interpretada de forma

metafórica, com múltiplos sentidos possíveis. Por exemplo, podemos interpretar as

imagens como uma referência ao caos urbano ou à falta de direcionamento e

desorganização que quem vive em uma grande cidade experimenta. Uma outra idéia

é a de que vivemos em uma sociedade que não sabe para onde está indo, uma vez

que as placas provocam a noção de caminho, de um objeto que aponta para uma

possibilidade de direção a seguir. Temos também uma dimensão onírica, a

percepção de uma paisagem a princípio verossímil que se apresenta com alterações

inesperadas e é transferida para o universo do irreal ou do “surreal”.

Os cartões postais são uma mídia típica da fotografia de paisagem.

Obviamente não são exclusivamente para essa função, mas possuem uma forte

referência nesse tipo de fotografia, principalmente no contexto turístico. Já trazem

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consigo uma série de características simbológicas e sócio-culturais que se

relacionam bem com a proposta desta série e passam a somar conteúdo para o

trabalho. Temos como forte referência a relação com o movimento chamado de Arte

Postal.

A relação entre arte e o envio de mensagens é antiga: surgiu naturalmente

com o desenvolver dos correios mas o lado mais teórico e estruturado da arte postal

parece ter começado com os futuristas italianos na virada do século passado. Eles

conscientemente usaram a correspondência como dispositivo de arte, sendo a

primeira guerra mundial o tema principal dos participantes.

O processo continuou acontecendo de forma mais tímida até os anos 50 com

Ray Johnson, o maior expoente da arte postal conhecido. Nos anos 60 tivemos o

momento mais forte e conhecido da arte postal, onde Ray Johnson continuava seu

trabalho e outros artistas como o grupo Fluxus , John Cage e Joseph Beuys

passaram a atuar nesse campo.

Tudo indica que primeiro movimento da história da arte a valorizar a

comunicação transnacional foi a arte postal, e ela vem se mantendo até hoje. Temos

vários grupos organizados dedicados à essa prática. Temos também

desdobramentos como a mail-art via internet e outras formas de trabalho com redes

de comunicação. “A ARTE POSTAL se utiliza quase sempre do signo-palavra-

imagem extrapoladas da Babel da linguagem de Mass Media para uma

correção da leitura sócio-cultural. É sobretudo uma séria tentativa de

reciclagem da utilização da linguagem visual.” (Centro Cultural DE SÃO

PAULO, 2004)

Outra característica que vale ressaltar é o potencial de trânsito dos cartões

postais. Eles prevêem um movimento, ou seja, sua presença na malha de caminhos

relacionados com a sinalização urbana tratada pela série. Assim, a série proposta,

da mesma forma que a já citada série de outdoors integrante deste trabalho, não fica

presa ao contexto de galerias e instituições do chamado “lugar da arte”. O trabalho

se insere na sociedade, participa do mesmo contexto que seu objeto (no caso, a

paisagem urbana) aumentando a sua possibilidade de contato com o público de uma

forma geral e potencializando a capacidade de gerar discussões e reflexões. Além

disso, o distanciamento dos espaços tradicionais de exposição contribui para a idéia

de desmistificação do trabalho de arte citada anteriormente.

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4 - Arte e comunicação

A arte e a comunicação sempre estiveram interligadas. A arte é uma forma de

linguagem, trabalha com simbologia e representação, e portanto também uma forma

de comunicação, podemos afirmar, mas a relação entre esses campos é maior que

isso.

Durante vários momentos da história da arte, as obras tinham objetivos

específicos e práticos, muitas vezes relacionados com o que chamamos de

comunicação hoje. É o que alguns historiadores de arte chamam de pragmatismo:

“Consideramos uma cultura como pragmática quando o comportamento, a produção

intelectual ou artística de um povo é determinada por sua utilidade.” (HISTÓRIA DA

ARTE, 2004). No antigo Egito uma das idéias principais era comunicar o poder e a

grandiosidade do estado teocrático e seus representantes – esses objetivos guiavam

a produção arquitetônica, a escultura e até mesmo a ourivesaria. Já a pintura gótica

era utilizada para que as pessoas aprendessem as histórias e ensinamentos do

cristianismo. Altamente simbolista, essa produção apresentava e difundia a

iconografia cristã.

Nas fases da história citadas acima, por exemplo, tínhamos as artes plásticas

como um dos meios de comunicação principais em uma sociedade. Vemos hoje que

ocorreu um deslocamento, ou uma separação de funções. Os “meios de

comunicação” que exercem essa função informativa e de propaganda constituem um

campo distinto das artes, enquanto essas se dedicam a conteúdos mais

contemplativos, poéticos e subjetivos.

O contexto da sociedade sob influência da mídia acabou por gerar um outro

tipo de relação entre arte e comunicação, esta bastante direta e facilmente

perceptível: Temos o aparecimento da Pop-art - considera-se, segundo Archer

(2001), de meados dos anos 50 até fim dos 70 - quando a arte passa a assimilar

elementos e discutir questões da comunicação de massa. A estética da publicidade,

das histórias em quadrinhos, das embalagens de produtos de consumo era usada

em larga escala pelos artistas deste movimento. Sobre alguns dos primeiros artistas

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pop Michael Archer (2001) comenta: “Richard Smith, Allen Jones, Derek Boshier,

Peter Phillips, o americano R. B. Kitaj e David Hockney usavam todos material

figurativo selecionado dos meios de comunicação e das ruas de suas cidades”. A

relação com os meios de comunicação de massa era bastante forte, e via de regra o

vocabulário estético era trazido da mídia para suportes mais tradicionais como a

pintura, a escultura ou a gravura.

Nesse contexto destaca-se o trabalho de Andy Warhol (1928-87), que fez uso

intenso das embalagens de produtos de consumo como referência e também

discutiu questões como a reprodutibilidade da obra de arte, a situação das

“personalidades” na mídia e os efeitos “anestésicos“ da superexposição à imagens.

Contemporaneamente uma série de artistas trabalha com questões da

comunicação e passou a fazer uso de “meios de comunicação de massa” como

veículos para seu trabalhos. O enfoque da relação muda de trazer questões da

comunicação para o lugar da arte e passa a ser levar questões da arte para os

meios de comunicação de massa. Vale comentar que o uso da mídia se torna muito

atraente não apenas devido ao seu grande poder de penetração, mas também por ir

ao encontro da idéia de inserir a vivência artística em espaços sociais comuns, fora

do contexto das galerias e museus. Temos também a idéia de subversão do meio

uma vez que tradicionalmente os “mass media” são usados para objetivos práticos

de venda ou de propaganda e passam a ser veículo de uma mensagem poética. A

prática é uma ‘infiltração’ no sistema sócio-econômico, uma subversão de valores

nesse sistema, uma proposta de alternativa poética, uma apropriação desse

contexto.

Jenny Holzer, por exemplo, vem se aproveitando dos potenciais da mídia para

seu trabalho. Ela faz uso de vários meios para expor truísmos e aforismos em geral.

Entre os meios já utilizados pela artista estão o jornal, o e-mail, placares luminosos e

projeções em laser (ilustração 8). “Os trabalhos de Jenny Holzer utilizam as estruturas dos media e a

estética inerente ao assunto escolhido para fazer passar – quase

'clandestinamente' – as suas mensagens para o público. Na medida em que

não é raro ela dirigir-se a espectadores de acaso, a simplicidade e o meio

de suporte são critérios importantes. Os grandes títulos surpreendentes de

Holzer encontram-se nos anúncios, nas T-shirts ou nos quadros eletrônicos

de informação.” ((LARSEN et al., 1999))

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O austríaco Gerwald Rockenschaub, em 1991 fez uso de placas de outdoor

para expor imagens geométricas abstratas, parte se sua pesquisa sobre o

modernismo e o espaço social da arte. Neste caso a aproximação do trabalho com o

universo da comunicação chegou a tal ponto que as placas foram patrocinadas e

usadas como propaganda para a Austrian Airlines (ilustração 9).

O cubano Félix Gonzalez-Torres (1957-1996) fez uso de outdoors no trabalho

Sem título de 1991 (ilustração 10): nele o artista expunha sua intimidade neste meio

de comunicação de massa, - o artista era homossexual e seu companheiro havia

morrido de AIDS - discutindo, entre outras coisas, o lugar do público e do privado. “A

imagem intimista de uma cama vazia e desfeita, que Gonzalez-Torres afixou em

diversos outdoors em Nova York pouco depois da morte de seu companheiro era a

expressão se seu luto” (LARSEN et al., 1999).

No caminho inverso podemos perceber que na comunicação em geral e

principalmente na publicidade temos o uso de recursos imagéticos, estudos de

composição, uso de cores, uma atenção em relação à estética que se relaciona

diretamente com as artes plásticas. Não é raro, além disso, encontrarmos em peças

publicitárias referências diretas a estilos de época ou a trabalhos de pintores como

Mondrian e Picasso.

Ocorre que na medida em que o campo das artes se expande na tentativa de

ampliar suas fronteiras e a comunicação de massas, por sua vez, busca resultados

cada vez mais estetizados e arrojados devido ao desenvolvimento do vocabulário

imagético e de linguagem de seu público, fica mais clara a estreita relação

compartilhada entre a arte e a comunicação.

5 - Considerações finais

Neste ponto de finalização do memorial, terminado o processo de

desenvolvimento desse projeto, considero pertinente fazer alguns comentários

pessoais sobre o trajeto percorrido, o trabalho resultante e minha relação com estes

fatores.

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Do ponto de vista do processo artístico pessoal, é possível perceber um certo

caráter de continuidade desta obra em relação a meus trabalhos anteriores. A

relação com a tecnologia digital, o uso de mídia como suporte, o interesse no

processo de comunicação são algumas características deste trabalho que eu já

havia explorado em outros momentos. Contudo, também é perceptível que o “Cidade

Visível” é um projeto que possui características contemporâneas novas na minha

produção. A ausência de qualquer traço indicial e a conseqüente diluição do caráter

autoral da obra, a narrativa aberta e múltipla, a relação com o espaço urbano e a

intenção de discutir assuntos específicos do universo da linguagem artística são

alguns dos aspectos que aproximam este trabalho da contemporaneidade em

relação a outros trabalhos que realizei.

Outro dado novo para meu processo artístico pessoal foi a realização de uma

pesquisa extensa, teorizada e finalizada sobre o trabalho realizado. A criação

artística, ao menos no meu caso específico, sempre envolve algum tipo de pesquisa

para desenvolvimento, mas o nível de profundidade nesse caso se diferencia de

meus trabalhos anteriores. Foi um processo muito positivo para o meu

desenvolvimento como artista pois possibilita uma visão mais aprofundada de

processos que ocorreram de forma mais intuitiva em outros momentos.

Este projeto possibilita variadas aproximações para análise e estudo e por

isso me deparei com diversos caminhos possíveis para o desenvolvimento deste

memorial. Temos aspectos pertinentes do ponto de vista da arte urbana que, por si

só, já seriam assunto suficiente para uma monografia. Algumas questões do

universo da fotografia foram contempladas, mas poderíamos tecer um estudo

especificamente sobre esse aspecto. O âmbito político é muito importante e poderia

ter sido o foco principal deste texto. Da mesma forma podemos falar da semiótica,

entre outros. Assim, para que um estudo pertinente sobre a obra fosse realizado, foi

necessário um enfoque que priorizasse um viés teórico. Pela minha formação e

experiência foi mais natural e produtivo direcionar a análise principalmente para

questões da comunicação e da linguagem artística, passando então pela relação

entre arte, comunicação e espaço urbano, questões da fotografia e relacionando o

trabalho com outras obras com as quais existe algum diálogo disponível.

O desenvolvimento de um trabalho de arte com objetivos acadêmicos

envolvidos passa por processos diferentes do ponto de vista da pesquisa, da

documentação e do desenvolvimento. Acredito que o tipo de estudo realizado para

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este projeto trouxe novas informações e perspectivas para a minha produção

artística e que é possível prever que assuntos trabalhados no “Cidade Visível” serão

desenvolvidos futuramente em outras obras. Percebo também que a contribuição

desse processo não ocorreu apenas no nível da informação, mas também no

desenvolvimento de uma metodologia de trabalho mais enriquecedora no fazer

artístico.

20

3 - Rue Longvic (1995 - Poster offset) - Pierre Huyghe

21

4 - “Mum, keys are...” - Wim Delvoye (1996)

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5 – Kasemir Malévich – Fotografia aérea

6 – Kasemir Malévich – Fotografia aérea

7 – Robert Petschow – Fotografia aérea

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8 – Survival 1983-1985 – Jenny Holzer

9 – Plakätwande für austrian Airlines (1991) - Gerwald Rockenschaub

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10 – Sem Título (1991) - Félix Gonzalez-Torres

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7 – Imagens do Trabalho

7.1 – Cidade Visível – Série Outdoors

Outdoor 1 – Sem título – Imagem 1

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Outdoor 1 – Sem título – Imagem 2

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Outdoor 2 – Sem título – Imagem 3

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Outdoor 2 – Sem título – Imagem 4

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Outdoor 3 – Sem título – Imagem 5

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Outdoor 4 – Sem título – Imagem 6

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Outdoor 5 – Sem título – Imagem 7

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Outdoor 6 – Sem título – Imagem 8

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7.2 – Cidade Visível – Série Postais

Postal 1 – Sem título – Imagem 9

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Postal 2 – Sem título – Imagem 10

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Postal 3 – Sem título – Imagem 11

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Postal 4 – Sem título – Imagem 12

37

Postal 5 – Sem título – Imagem 13

38

Postal 6 – Sem título – Imagem 14

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9 - Bibliografia 20TH-CENTURY Art Book. Phaidon: Nova York, 1996

ANDRADE, Antônio. A Imagem Urbana e o Enigma da Paisagem. Disponível em:<http://www.umacoisaeoutra.com.br/cultura/cidade.htm> Acesso em: 20mai. 2004 ARCHER, Michael. Arte contemporânea: uma historia concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2001. BARROS, José. Olhar a Cidade, Obscena, In: Revista Fólio, n.1, p.6-14, dez. 2003. BARTHES, Roland - O óbvio e o obtuso. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. BARTHES, Roland. A Câmara Clara , RJ, Nova Fronteira, 1991. BENJAMIN, Walter. A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica. In: Obras Escolhidas Vol. I. Brasiliense: São Paulo, 1987. BENJAMIN, Walter. Pequena história da Fotografia. In: Obras Escolhidas Vol. I Brasiliense: São Paulo, 1987. BREVE Introdução à Arte Postal. Disponível em: <http://sampa3.prodam.sp.gov.br/ccsp/virtuais/pinaco/menupost.htm > Acesso em: 17 jun. 2004 DUBOIS, Philippe. O ato Fotográfico e outros ensaios. Campinas: Papirus, 1994. ECO, Umberto. Apud SCHNEIDER, 2002. GODFREY, Tony. Conceptual Art. Londres: Phaidon, 1998. HEARTNEY , Eleanor. Pós-Modernismo. São Paulo: Cosac e Naify, 2002. LARSEN, Lars. et al. Art at the turn of the Millenium. Köln: Taschen, 1999. LUCIE-SMITH, Edward. Movements in Art Since 1945 new edition. Londres: Thames & Hudson, 2001. MARCHIS, Giorgio. Humberto Cavenago. Site da Fundação Bienal de SP. Disponível em: <http://www1.uol.com.br/23bienal/paises/ppit.htm> Acesso em 30 mar. 2004

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