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www.elsevier.com.br
© 2003, Elsevier Editora Ltda.
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei no 9.610 de 19/02/1998.Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora,poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados:eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.
Editoração EletrônicaEstúdio Castellani
CopidesquePaulo Nascimento Verano
Revisão GráficaGustavo André Ramos Inúbia
Projeto GráficoElsevier Editora Ltda.Conhecimento sem FronteirasRua Sete de Setembro, 111 – 16º andar20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Rua Quintana, 753 – 8º andar04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP – Brasil
Serviço de Atendimento ao [email protected]
ISBN 978-85-352-1248-8
Nota: Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação, im-pressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Atendimentoao Cliente, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão.
Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas oubens, originados do uso desta publicação.
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte.Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
J18iJacobs, Michael A. (Michael Anthony), 1944-
Como melhorar ainda mais seu inglês : o livro certopara quem quer melhorar o inglês / Michael Anthony Jacobs.– Rio de Janeiro : Elsevier 2003 – 6a Reimpressão.
ISBN 85-352-1248-5
1. Língua inglesa – Compêndios para estrangeiros – Português.2. Língua inglesa – Estudo e ensino – Falantes de português.3. Língua inglesa – Erros. I. Títulos.
03-2102. CDD — 428.24CDU — 811.111(054.6) (075)
Aos meus companheiros, que tanto me ensinam
e estão sempre dispostos a me ouvir. Aos meus pais, Mark e Freda, que
fizeram o seu melhor. Aos meus filhos, Michael Henry, Bianca, Chantal
e Julian, para quem tento ser um exemplo. E, acima de tudo, aos meus
alunos e leitores, que dão a mim muito mais do que consigo retribuir.
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�entre os que escrevem, presumo que a preocupação com o caráter inerente-
mente arrogante do ofício não é exclusividade minha. Afinal, aqui estou (estive!)
frente ao teclado, acreditando que você irá dedicar algumas horas da sua vida
para ler minhas palavras. Presumo também que tenho o direito – vejam só: eu
disse direito – de levá-lo a deixar de lado seus afazeres para dedicar a mim sua
atenção. Mas, o que me dá esse direito?
Bom, em primeiro lugar, os artigos e livros que escrevo têm os meus alunos e
leitores – você! – como fonte quase que inesgotável de inspiração. São eles que
me desafiam, tanto em sala de aula como na hora em que me sento ao computa-
dor. Portanto, minha produção é, em grande parte, fruto e mérito deles, e uma
das coisas que fazem com que eu me preocupe menos com a suposta arrogância é
o fato de que há – por parte do aluno brasileiro – uma procura incessante tanto
para aprender o inglês como para melhorar o seu aprendizado. E é um prazer
enorme poder ajudar – ou pelo menos tentar.
Este livro nasceu a partir das dicas que envio por e-mail aos meus leitores,
com uma freqüência infelizmente bastante irregular, sob o assunto (ou subject):
“Melhore Seu Inglês – Dicas do Professor Michael Jacobs”. As dicas que escrevo
são sempre motivadas por um erro que as pessoas costumam cometer em inglês,
por uma dúvida freqüente ou por uma determinada situação do cotidiano. Por-
tanto – se você estiver no meu mailing (e espero que esteja!) –, reconhecerá algu-
mas dicas. Mas isto pode ser muito bom caso você já tenha se esquecido do que
leu (Hã-hã, você, não. Estou me referindo àquele outro aluno, colega seu). Além
disso, nunca é demais dar uma refrescada na memória, com a vantagem de que,
agora, as têm em forma de papel – sim, o velho e testado livro. (Onde será que fo-
ram parar os livros virtuais, tão laureados há pouquíssimos anos? Parece-me que
Stephen King – o mestre do macabro – já tentou algo do gênero... e se deu mal!)
Bem, então aqui está um livro nada virtual, feito de carne e osso – whoops, de
papel, tinta e cola –, que contém a solução para muitas dúvidas de leitores que se
esforçam para melhorar seu inglês, bem como para eliminar seus erros – aqui ex-
plicados e corrigidos a contento (pelo menos assim espero).
Tento atender a todos os leitores, esclarecendo suas dúvidas e dando a minha
orientação quando considero pertinente. Assim, sem querer parecer muito pom-
poso (mas tendo uma baita dificuldade de evitar), continuo a fazer o que conside-
ro ser a minha missão aqui no Brasil – ajudar o aluno brasileiro com a língua in-
glesa. Aqui você também vai encontrar o prolongamento do envio dos e-mails:
selecionei algumas das perguntas que recebo, acompanhadas, naturalmente, das
respostas que enviei ao meu leitor.
E por que me considero qualificado para responder? Quem sou eu para assu-
mir esta postura, de me colocar nesta posição de “autoridade” a respeito de as-
suntos de inglês? Boa pergunta. Afinal, sou engenheiro de formação, e trabalhei
por 22 anos na indústria brasileira até que, em 1989, resolvi dar uma guinada na
minha trajetória e procurar outros rumos. Então comecei a lecionar inglês...
Minto (sorry!). Melhor dito: comecei a tentar aprender como se leciona in-
glês, pois, apesar de ser nativo da língua (nasci e fui criado em Londres e vim para
o Brasil em 1967), explicar e transmitir aos alunos brasileiros meus conhecimen-
tos era algo absolutamente novo para mim. Afinal de contas, ser nativo em deter-
minada língua não oferece assim tantas garantias a respeito da aptidão de lecio-
nar. Aliás, não oferece nenhuma! E não foi fácil, mas persisti, fui aprendendo, e
aqui estou.
Escrevi e lancei meu primeiro livro, Como Não Aprender Inglês – Erros Co-
muns do Aluno Brasileiro, em 1999 (este primeiro livro, acompanhado do Volume
2, lançado em 2001 – ambos produções independentes –, foi relançado como Edi-
ção Definitiva pela Editora Campus em 2002), e, de lá para cá, não olhei mais para
trás. Esqueci da vida de engenheiro! Em julho de 2003, a Disal Editora lançou Ti-
rando Dúvidas de Inglês – e aqui estou novamente, escrevendo e escrevendo.
Finalmente, descobri o que gosto de fazer de verdade, pois sinto que, com o
que escrevo hoje, posso ajudar uma quantidade cada vez maior de estudantes
brasileiros. Assim, além de lecionar, gosto de escrever e ajudar os alunos – os
meus e outros que não tiveram o azar de cair na minha sala. Sim, falo “azar” pois
alguns me consideram meio “carrasco”, mas não me abalo com isso, pois sei (e,
para falar a verdade, eles também sabem) que tudo o que faço é para ajudar. Aju-
dar a aprender e acelerar o progresso com o inglês.
Nas palestras que, de vez em quando, sou convidado a ministrar, faço questão
de avisar aos presentes um fato muito pertinente. Não sou uma “autoridade” no
que concerne ao inglês. Como não sou um acadêmico, um catedrático do assunto,
me resta oferecer aquilo que tenho a transmitir: um conhecimento acerca das difi-
culdades do aluno brasileiro para aprender inglês e como a língua portuguesa faz a
sua parte para influenciar no (e até atrapalhar o) progresso do estudante.
Usando isso como base, consigo entender melhor as necessidades do estu-
dante brasileiro e compreender a influência – tanto lingüística, quanto cultural –
do Brasil e da língua portuguesa no progresso de aprendizagem. Posso, assim,
mostrar-lhes não somente onde erraram, mas como e por que erraram, e como
proceder para evitar cair na vala comum dos erros.
Se este livro puder ajudar um aluno apenas, ou milhares deles (de preferên-
cia, a segunda opção, pois, além de multiplicar a ajuda, multiplicam-se também
os royalties!), considero meu trabalho realizado, e avalio que tê-lo escrito terá
valido a pena. Pois, acima de tudo, é minha maneira de dizer obrigado por tudo
o que este país tem me proporcionado. Sou e sempre serei extremamente grato
a todos vocês.
Dizer muito obrigado é, de fato, dizer muito pouco para demonstrar a minha
imensa gratidão por tudo o que este povo e este país têm me proporcionado desde
que cheguei aqui, no longínquo ano de 1967.
Boa leitura!
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�este capítulo, incluí vários assuntos que considero pertinentes ao quesito...
Cultura. Em parte, aqui estão os caminhos tortuosos da minha mente, que tantas
vezes me levam a campos (e assuntos!) em que nem eu mesmo imaginava que um
dia trilharia.
Pode ser uma pergunta de um leitor, uma conversa qualquer. Não importa:
acaba servindo para levantar um assunto ligado à língua inglesa que antes eu nem
havia pensado. E aí me encontro tentando explicar coisas que nem me foram soli-
citadas, mas que considero poderem ser interessantes para você, leitor. Espero
que tenha acertado.
Ah, importante: quando falo de cultura, falo de cultura útil. Útil para você
aprimorar o seu inglês. Tenho a nítida impressão de que existe por aí mais cultura
do tipo inútil que útil, mas devo estar num dia daqueles... E se você, querido lei-
tor, achar que este sentimento se aplica a este capitulo, então só posso dizer...
Seja bem-vindo ao clube!
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My friend she is living out – disse meu aluno. Sabia que ele queria dizer que a ami-
ga dele estava morando fora – fora do Brasil. Só que ele, o meu aluno, havia tra-
duzido a frase diretamente do português, e em inglês não faz muito sentido dizer
que ela mora out. Só faz sentido para alguém que entenda português (e inglês
também, of course).
E a pergunta que fica é: o que, afinal, o meu aluno deveria ter dito? O que se
usa para esses casos é abroad. Abroad quer dizer “no exterior”, “no estrangeiro”,
“num outro país”.
Mas não é só isso. Há outro erro na frase, além do vocabulário. Deu para per-
ceber? Eu espero cinco segundos.
Pronto.
Já que o aluno mencionou a amiga dele (my friend), não era necessário ter
complementado com she. Em português, não se diria “Minha amiga ela esta mo-
rando fora”. Vai, concorda comigo! Você não diria isto. Diria? “Ela” aqui total-
mente redundante. E she também.
Portanto, a frase completa e correta seria My friend is living abroad.
Só para reforçar um pouco o uso de abroad: Michael has lived abroad for 36
years. He doesn’t really know if Brazil is abroad or if England is (Michael mora no
estrangeiro há 36 anos. Ele realmente já não sabe mais se o Brasil é que é no es-
trangeiro, ou se a Inglaterra é que é); When you go abroad it’s always good to be
able to say at least the little important things in the language (Quando você viaja
para o exterior, é sempre bom poder dizer pelo menos as coisas pequenas, porém
importantes, na língua).
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Quantas vezes eu já ouvi a mesma pergunta: “Por que você veio para o Brasil?”.
Ao longo dos anos, tenho dado várias respostas, e recentemente me ocorreu mais
uma. Surgiu quando estava batendo um papo com um canadense, também com
longo tempo de Brasil. Ele comentou a respeito de uma certa mesmice no Cana-
dá, e eu comparei com a vida na Inglaterra. Aí me veio na cabeça uma vozinha di-
zendo Mummy I’m bored. Não sei se foi o meu passado voltando, ou se foi apenas
uma recordação. Mas com certeza já ouvi essa lamentação muitas vezes. Tanto
antes de deixar a Inglaterra, como nas vezes em que estive lá depois, visitando.
Parece-me uma constante: Mummy I’m bored. What shall I do? I don’t have any-
thing to do (Manhê! Estou chateado. Manhê! Estou entediado! O que posso fa-
zer? Não tenho nada para fazer!).
Ora, para as crianças, estar entediado na Inglaterra parece ser uma constan-
te. Estranho nunca ter ouvido esta queixa de nenhuma criança no Brasil, e me
pergunto o porquê. A resposta é um tanto óbvia. Dificilmente alguém sofre de té-
dio neste país tropical. Pode sofrer de outras coisas, mas nunca de tédio! Claro,
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às vezes a gente gostaria que certas coisas fossem um pouco mais previsíveis,
com menos surpresas. Mas é justamente esse gostinho que dá tempero à vida no
Brasil.
Estabilidade é importante, não estou dizendo o contrário. Mas o que dá esse
sabor bem brasileiro são as surpresas. A completa imprevisibilidade dos eventos.
E, como muitas vezes falo: bota imprevisibilidade nisso! E, quer saber como se
diz “imprevisível” em inglês? É unpredictable. Ou seja, é algo que não se pode pré
dict, (do latin dictar), ou seja, algo que não se pode “dizer” antes do evento. Em
português, não se pode “ver” antecipadamente o que vai acontecer. Claro, na
prática dá na mesma. Bota imprevisibilidade nisso. You can say that again!
Mas não estou me queixando. Nem um pouco. Afinal, ser previsível é coisa
para alguém que vive no futuro, e talvez seja melhor viver um dia de cada vez. E é
isto que tento fazer.
Se pudéssemos predict tudo, as coisas iam ser muito chatas, né?
P.S.: Deixe-me aproveitar e falar a respeito da ortografia de “mamãe” em inglês.
Na Inglaterra, usamos mum ou mummy; nos Estados Unidos, usa-se mom ou
mommy. A pronúncia, no entanto, permanece bastante similar. Algo como
/mam/ e /ma-mi/. Só para acrescentar um pedacinho de cultura útil pra os egip-
tólogos monoglotas babando para saber: sim, “múmia” é mummy em inglês, com
a mesma pronúncia de “mãe” (“mãe” em inglês, preciso dizer?).
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Quando o Natal se aproxima, nada mais natural do que receber um e-mail de um
leitor querendo saber como se chama, em inglês, a festa de “amigo secreto”.
Como na Inglaterra não temos esse costume, e como essa festa não faz parte da
nossa cultura, desconheço expressão equivalente.
Se alguém quisesse introduzir essa brincadeira tão simpática por lá, teria de
chamá-la de secret friend ou mystery friend (e ainda correr o risco de ser total-
mente ignorado!). Até aí, tudo bem. Nenhuma grande novidade.
Porém, o quadro muda de figura ao aterrissarmos nos Estados Unidos – pelo
menos na Califórnia – e no Canadá. Lá chamam isso de Kriss Kringle ou Secret
Santa. Secret Santa seria, possivelmente, a designação mais comum nas escolas
ou escritórios. Kriss parece ser derivada de Christmas, e Kringle de... caramba!
Sabe que não faço a menor idéia? (Mas que parece nome de salgadinho, parece!)
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Continuando, Santa é de Santa Claus, aka (also known as = também conhecido
como) Father Christmas.
Bem, acabei de ganhar uma grande crise de consciência por não ter dado
uma explicação melhor a respeito de Kriss Kringle. Vou deixar de ser preguiçoso e
procurar no meu dicionário – afinal tantos dicionários servem para quê? E veja
só o que encontrei: “Kriss Kringle: Alteração do dialeto alemão Christkindl – Pre-
sente de Natal”. Quem diria? Nem imaginei que ia aprender algo assim em plena
tarde de sábado...
Bom, agora vamos a alguns exemplos de possíveis diálogos para consolidar a
novidade:
Who’s your Secret Santa this year? Preciso traduzir? (Uai, por que não?) Lá
vai: Quem é seu amigo secreto este ano?
Outro bom exemplo: What did you get for your Kriss Kringle? (O que você com-
prou para seu amigo secreto?). E outro, melhor ainda (para mim também, é claro): I
bought Michael Jacobs’ latest book (Comprei o livro mais recente livro de...).
Great choice! Everyone should buy one or two copies, or even more! (Ótima
escolha! Todos deveriam comprar pelo menos um ou dois exemplares, ou até
mais!)
Quanto ao fato de os ingleses não compartilharem conosco desta tradição tão
interessante, só posso sugerir que eles o façam o mais rápido possível e, aprovei-
tando a deixa, usem as expressões que os norte-americanos já adotaram. Mas, cá
entre nós, conhecendo os meus patrícios, tenho lá minhas dúvidas de que isso ve-
nha a acontecer... Se não o fizeram até agora, será que esta dica vai mudar as coi-
sas? Claro que não! A maioria nem sabe ler em português!
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Também já tive um aluno que, certa vez, quis saber como que se dizia “João sem
braço” em inglês. Pego assim de supetão, eu fiquei sem palavras. (Você acha que
foi porque não sabia responder? Não, não foi isso. Claro que não! Apenas achei
que não era o momento de introduzir este assunto na aula que estava dando...)
Bem, já engoliu a última mentira? Claro que eu não sabia responder! Muitas
vezes, quando o aluno sabe que o professor é bilíngüe, há uma cobrança muito
grande em cima, como se tivéssemos a obrigação de ser “dicionários ambulan-
tes”, saber todos os provérbios e todas as menções da Bíblia, ditados populares,
além de precisarmos ser até fontes de referência de música popular e suas respec-
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tivas letras, além de profundos conhecedores de inglês, português, grego, latim
e... Ainda que eu seja tudo isso, não convém ficar alardeando meus méritos as-
sim; portanto, vou calar a boca e não vou dizer mais nada.Viu?
Mas, voltando ao nosso amigo John Armless – ou seria armless John? Não sei
se armless serve melhor como adjetivo ou sobrenome. Vou deixar como sobreno-
me: John Armless. Fica até bonito.
De qualquer maneira, o que importa é entender o que quer dizer “João sem
braço”. Para mim, usamos a expressão quando queremos fingir que não sabemos
determinada coisa, quando queremos dar a impressão de que estamos totalmen-
te inocentes de certo(s) fato(s). Mais ainda: quando queremos fingir que não vi-
mos determinadas coisas, pois, naquele momento, isto é o mais conveniente para
nós. Ou seja, quando sabemos da verdade, mas, para levar uma vantagem, fingi-
mos o contrário. Não é isso?
Bom, já que concordou, resta a pergunta: como dizer isso em inglês?
Lembra que a expressão na integra é “dar uma de João sem braço”. Em inglês
temos também um verbo integrando a expressão: to play. Play what? Dumb. A
expressão é to play dumb. Finalmente descobri! Que alívio!
Acho até, inclusive, que a expressão em inglês faz mais sentido do que a em por-
tuguês, pois a palavra dumb, no seu primeiro sentido, significa “mudo”. “Fazer-se de
mudo.” Infelizmente, é fato que a palavra dumb acabou se tornando também sinôni-
mo de “estúpido”. Nada politicamente correto, mas isso em inglês é um fato.
Ficar mudo, calado, tem a vantagem de corresponder um pouco mais aos fa-
tos – é menos figurado. Ficar sem braço, para mim, não tem nada de prático na
expressão.
E ainda, no campo das pessoas com deficiências físicas, temos em inglês ou-
tra expressão similar, que é to turn a blind eye. Ou seja, “virar o olho cego”, “fin-
gir-se de cego” (embora de um olho só).
Isso me fez lembrar de uma citação de eu não sei quem: It’s better to keep your
mouth shut and let people think you’re stupid than to open it and prove it (É me-
lhor manter a boca fechada e deixar que as pessoas pensem que você é tolo, do
que abri-la e deixá-los comprovar).
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Uma leitora, professora de inglês, me escreveu perguntando sobre a expressão
kicking the bucket (ou to kick the bucket). Literalmente traduzida, significa “chu-
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tando o balde”. “Chutar o balde”, OK, mas com um pequeno “porém”. Enquanto
em português “chutar o balde” significa jogar tudo para o ar, perder as estribei-
ras, desistir de tudo, em inglês é uma gíria que quer dizer “morrer”. Acredite se
quiser! E mesmo se não quiser, acredite, pois é a mais pura verdade. Eu não men-
tiria para você, caro leitor. Please believe me!
Lembro-me de um filme que vi anos atrás (e bota anos nisso!) chamado It’s a
Mad, Mad, Mad, Mad World (não sei ao certo quantas vezes a palavra mad era
repetida). Em português, chamava-se, se não me engano, Deu a Louca no Mun-
do, ou algo assim. Era uma comédia sobre uma corrida de bastante gente atrás de
uma “tesoura” – ou será que era um “tesouro”? Até hoje faço confusão com estas
duas palavras, que em inglês são treasure e scissors. Claro, eu poderia simples-
mente procurar no dicionário e escrever a coisa certa. Mas aí você não teria a
oportunidade de ver o quanto a língua portuguesa pode ser difícil para nós, grin-
gos. E olha: tenho 36 anos de Brasil. Isso mesmo: 36 anos tentando falar e escre-
ver português corretamente. Bem, procurei no dicionário e treasure é “tesouro”.
Mas você já sabia disso. Eu é que estava em dúvida, não é mesmo?
No decorrer do filme, um dos personagens, interpretado por Mickey Rooney,
sofre um acidente de carro e fica estendido à beira da estrada, nas últimas. Ao mor-
rer, a sua perna se estica – o movimento final! – e chuta... adivinha... um balde!
Agora a pergunta que deve estar martelando na sua cabeça é: “Então, como é
que se fala a expressão ‘chutar o balde’ em inglês?” Boa pergunta. Eis algumas
opções: to throw everything up in the air (jogar tudo para o ar) – por sinal, uma
ótima opção, pois a usamos em português também; to lose your temper (perder a
calma, ou as estribeiras); to rant and rave; to go bananas; to go crazy; to go ber-
serk; to lose it; to quit; to blow your top; to go ape. Acho que há opções para todos
os gostos e tamanhos.
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Gosto dos dizeres desse adesivo, que de vez em quando vejo colado no vidro dos
carros, e que endosso em cheio os sentimentos. Realmente, “É bom ser bom!” (se
você achou a tradução esdrúxula, me envie uma melhor, OK?). Bem, mas por
que disse isso? Fiz este preâmbulo para falar do OK, tema de várias perguntas
que recebo.
Em geral, recebo várias mensagens assim: “Eu gostaria de saber onde se ori-
ginou a expressão OK. Já escutei várias explicações, mas nada até hoje me con-
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venceu. Você sabe?” Meus leitores sempre escrevem querendo saber a verdadei-
ra origem de OK – se é uma gíria baseada em erro de grafia –, e aqui vou compar-
tilhar com vocês a resposta. Ao longo dos tempos, as explicações etimológicas de
OK – “o americanismo mais americano dos americanismos” – têm sido tão di-
versas quanto inspiradoras. Veja algumas:
� É uma abreviação para only kissing (apenas beijando);
� O sétimo presidente dos Estados Unidos, Andrew Jackson (1767-1845),
escrevia OK como abreviação de oll korrect (na verdade, ele não era tão ig-
norante assim!);
� Originou-se dos biscoitos Orrin Kendall;
� Era uma abreviação do grego olla kalla (“tudo bem”);
� Originou-se de uma premiada marca de rum haitiano, Aux Cayes (esta é
meio forçada, não?);
� Era uma abreviação telegráfica de open key;
� Era uma afirmação – okey – da tribo de índios Choctaw;
� Veio do nome do chefe indígena Old Keokuk;
� Originou-se do apelido de Martin Van Buren, “Old Kinderhook” (ele era
de Old Kinderhook, Nova York).
Foram escritas dissertações a respeito, e o assunto foi debatido em conferên-
cias. Quando, em 1941, um professor da Universidade Columbia chamado Allen
Walker Read começou a investigar a origem de OK, a expressão já era o america-
nismo mais conhecido e compreendido no mundo, e a busca de suas origens era o
equivalente etimológico, na época, da busca do DNA, ou de uma cura para o cân-
cer e a Aids nos dias de hoje. (OK! Ok! ok! Okay! Sei que estou exagerando um
pouco.)
Mas sei também que Read levou 20 anos para identificar com precisão a ori-
gem do termo, e graças aos seus esforços sabemos que a primeira ocorrência de
OK na imprensa escrita foi no jornal The Boston Morning Post, no dia 23 de mar-
ço de 1839, como uma abreviação jocosa de... tãtãtãtã... oll korrect.
Era moda fazer este tipo de abreviação na época, e all correct tornou-se oll
(ou orl) correct por obra de algum brincalhão, seguido por outro que a interpre-
tou como oll korrect.
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Em 1840, Martin van Buren concorreu à Presidência, e o clube chamado The
Democratic OK Club foi fundado para promover a sua eleição. Com isto, a ex-
pressão OK entrou na lexicologia popular.
Observe que OK pode ser escrita como O.K., okay e, na Inglaterra, já vi okey,
embora não tenha achado escrito deste modo em dicionário nenhum.
Is that OK for you?
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Freqüentemente me perco quando vou a Curitiba. Não é que Curitiba seja mais
complicada do que a cidade em que moro – onde, aliás, ainda me perco com bas-
tante freqüência (afinal, só moro em São Paulo desde 1973). Na verdade, a ques-
tão nem é essa; o problema é que São Paulo é muito grande! Bom, vou a Curitiba
às vezes, e ainda vai demorar muito até que eu conheça a cidade melhor.
Mas o que me levou a escrever isso foi o fato de que, muitas vezes, quando es-
tou mais perdido do que nunca é que me deparo com uma placa de orientação de
trânsito indicando onde fica o bairro Fanny. Nunca fui até lá para saber se é um
bairro bucólico, comercial, industrial ou misto. Não importa. Um dia vou conhe-
cer, tenho certeza (provavelmente sem planejar ou querer).
O motivo que me leva a escrever sobre este bairro é o nome Fanny. Sempre
que o vejo não me contenho e solto uma risada, o que alivia a tensão de estar no-
vamente perdido. Fanny, como em português, é um primeiro nome feminino,
provavelmente derivado do nome Frances, com a pronúncia de /fran-sis/, embo-
ra talvez um tanto fora de modo hoje em dia. A propósito, nowadays é a perfeita
tradução de “hoje em dia”. Estudantes de inglês que têm o costume de utilizar
nowadays como “ultimamente” ou “recentemente”, por favor, tomem nota.
Bem, além de ser nome próprio, a palavra fanny também tem dois usos como
gíria. Nos Estados Unidos, significa as nádegas femininas. No outro lado do oce-
ano, fanny é – como posso dizer isso sem ofender minhas leitoras? – se é que já
não as ofendi. Acho prudente citar a definição do meu dicionário, que uso para
procurar coisas bem britânicas, o Collins English Dictionary (Millennium):
“fanny n, pl –nies. Slang. 1 Taboo, Brit. the female genitals; 2 Chiefly U.S. and
Canadian. the buttocks”. (Vá lá saber o porquê de fanny ter um significado na
América do Norte e outro na Inglaterra ! Só consigo pensar numa besteira: é pos-
sível uma mulher cair “de” fanny nos Estados Unidos; mas é muito difícil uma
mulher fazer a mesma coisa na Inglaterra, a não ser que seja uma contorcionista.
Ou uma americana de férias – Sorry!)
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Só para completar esta miniaula sobre Fanny e fanny, temos na Inglaterra
uma gíria que concede um sobrenome a Fanny, e ela torna-se fanny adams (as-
sim mesmo, com letras minúsculas), normalmente precedido do adjetivo sweet –
sweet fanny adams (doce fanny adams), que é uma maneira de dizer “nada”.
Entendeu? Não? Explico com um exemplo.
“Michael. What do you understand about theta rhythms in the hippo-campus
of carnivorous mammals?” “Sweet fanny adams.” (Ou sweet FA, sweet fa, ou ain-
da SFA.)
Para falar a verdade, estou sendo bastante delicado com você, meigo e sensí-
vel leitor, ao tratar deste assunto limitando-me a fanny adams, pois meus patrí-
cios normalmente entendem FA como F–k all. Acho que “p–ra nenhuma” seria
uma excelente tradução para esta frase vulgar.
Vulgar, sim. Mas bastante comum.
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Quem presta bastante atenção aos diálogos, nos filmes e seriados norte-americanos,
pode ter ouvido a palavra gravy um montão de vezes nas cenas com refeições, espe-
cialmente quando famílias e amigos estão reunidos para comemorar o feriado de
Thanksgiving. Os americanos – e os ingleses também – dão muito valor a seu gravy
nas refeições. Há apetrechos para gravy, tais como gravy-boats (assim chamados
porque o utensílio pode ter o formato de um barco), dishes e jugs, que são recipientes
para conter o gravy. E o que vem a ser o tal do gravy? Por que é tão onipresente?
Gravy é o molho da carne, o caldo que respinga da carne enquanto ela é assa-
da, e que pode ser engrossado com pó de gravy e outros temperos – o mais famo-
so deles, na Inglaterra, é o Oxo. Oxo, aliás, é uma palavra perfeita como exemplo
de palindrome (palíndromo), frases ou palavras que mantêm a mesma ortografia
quando soletradas de trás para frente (por exemplo: “radar” e “Roma é amor”.
Em inglês, um bom exemplo é A man, a plan, a canal. Panamá! Para falar a ver-
dade, gostei mais do exemplo em inglês). Para fazer gravy na Inglaterra, há tam-
bém Bisto, mas não é tão bom (só porque não é um palíndromo).
As comidas sequinhas não encontram muita receptividade por parte dos in-
gleses e americanos, daí a preferência por gravy, tão comum nos filmes. Incluo-
me totalmente neste grupo. Adoro comida “molhada”!
Gravy é também uma gíria usada para designar o dinheiro trazido para casa,
só que é dinheiro ganho com pouco esforço. Por exemplo: “Oh well. Off to the
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grindstone. I must bring home the gravy for the kids today!”, said the lazy husband
leaving for his well-paid job where he really does nothing all day (“Muito bem. Te-
nho que pegar no batente e trazer o leite pra as crianças!”, disse o marido pregui-
çoso, saindo para o seu emprego bem-pago, em que faz ‘nada’ o dia todo). (Viu
só como evitei insultar alguém neste exemplo? Mas não foi fácil!)
Interessante ainda é um outro uso de gravy, na expressão gravy train – que é tam-
bém uma sinecura, um emprego que requeira pouco trabalho, mas que pague bem
e/ou ofereça benefícios extravagantes, equivalente aos nossos “trens da alegria”,
promovidos de tempos em tempos pelos políticos para seus familiares e amigos.
Interessante que as duas frases se aproveitam dos trens. Mas admito que, para mim,
a versão brasileira, “da alegria”, faz mais sentido do que a em inglês, com gravy.
Portanto, não é para você estranhar se vir uma manchete triste – mas bastan-
te possível – no The Times ou no The New York Times: “Brazilian Politicians on
Gravy Train Again”.
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Quando vejo filmes legendados, é muito comum me deparar com uma tradução
meio esdrúxula do termo do título – watering hole. Tudo bem, procuro entender.
Water é sempre “água” e hole é “buraco” ou “furo”. Por isso é que eu já vi tantas
vezes “buraco de água”, “cano furado”, “tubo vazando”, entre outras traduções
desastradas. Para você que presta atenção aos diálogos originais, sem se prender
muito ao que as legendas dizem, pode estranhar o uso de watering hole num con-
texto urbano (mas estará na boa companhia dos tradutores). Se for seu caso, vou
explicar a você o sentido básico do termo.
Para isso, peço-lhe que imagine uma cena na selva, ao anoitecer. Os animais
silvestres caminham lentamente em direção a um lago, uma lagoinha, para matar
a sede. Lá estão eles, bebendo água límpida e cristalina após mais um dia duro de
trabalho, mantendo-se vivos contra os predadores. Este local é um watering hole,
também conhecido como water hole.
Por analogia, watering hole é também o local em que os humanos vão para re-
por os líquidos após um dia de trabalho duro, muitas vezes depois de terem en-
frentado seus próprios predadores – um bar. Isso mesmo. Simplesmente isto:
“bar”. E não é que o meu dicionário Michaelis – Moderno Dicionário Inglês–Por-
tuguês/Português–Inglês se limita apenas a uma única definição? “Bar”, mesmo,
e só! Parece que o sentido original sumiu com o avanço da acepção mais moder-
na. Bem, neste aspecto o dicionário é mesmo Moderno.
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“Por que às vezes eu vejo Xmas em vez de Christmas?”, perguntou-me certa vez
um aluno. Tido como a data de aniversário do nascimento do menino Jesus, o
Natal deveria ser um dia sagrado e significativo para os cristãos. No entanto, sa-
bemos que muitos (possivelmente, a maioria do planeta) usam esse dia como
desculpa para as mais diversas atividades que, muitas vezes, nada remetem ao
doce infante.
Alguns, considerando tais atividades como uma afronta, não gostam nem de
associar o nome do Salvador ao que se tornou, na opinião deles, uma festa pagã.
Porém, como não podem ignorar que a vida cotidiana muda, de fato, nessa época
do ano, resolveram então renomeá-la para Xmas, em vez de Christmas, desasso-
ciando assim Christ de Christmas.
Certo? Bem... nem tanto.
Embora tenha sido esta a explicação que recebi quando era criança na Ingla-
terra, será que meus pais sabiam da verdade? Mais tarde, descobri que a letra X
vem do grego chi e é uma abreviação de Khristos (Cristo, naturalmente, em grego
– mas você não precisava de mim para saber disso, não é mesmo?).
Xmas tem sido usado durante séculos nos escritos religiosos, com o X repre-
sentando chi, a primeira letra de Xpiorros, Xpuros, Xpiurtos... Grrrrr! Não consi-
go escrever “Cristo” em grego. Aliás, eu até consigo... o meu micro é que não aju-
da muito nesse quesito. (E, se você acreditou nessa minha desculpa esfarrapada,
deve também acreditar no Papai Noel descendo pela chaminé.)
Então, embora a palavra Xmas seja etimologicamente inocente da acusação
de omitir Cristo de Christmas, é normalmente aceita e entendida apenas como
uma abreviação informal.
A maioria dos eXperts não aceita Xmas na forma escrita, portanto, todo cui-
dado é pouco; nunca se sabe...
Don’t say I didn’t warn you (Não diga que eu não lhe avisei). Por via das dúvi-
das, I wish all of you my dear readers a very happy Christmas, afinal, mais cedo ou
mais tarde a data chegará!
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Certa vez, um aluno me escreveu: I’ve been thinking but realise I don’t know how
to say the catholic prayer “Pai Nosso” in English (Estive pensando, mas não con-
segui saber como dissemos aquela oração católica “Pai-Nosso”).
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“Pai-Nosso”? Here goes.
“Pai-Nosso”, a oração ensinada por Jesus aos seus discípulos. Em inglês,
“The Lord’s Prayer” (aka – você já sabe o que isso quer dizer – “Our Father”).
Our Father, which art in heaven
Hallowed be thy name
Thy kingdom come
Thy will be done
On earth as it is in heaven
Give us this day our daily bread
And forgive us our trespasses
As we forgive them that trespass against us
Lead us not into temptation
But deliver us from evil
For thine is the kingdom
The power and the glory
For ever and ever
Amen
Essa é a versão do Book of Common Prayer (1928), que aprendi quando
criança, usando inglês bíblico. Há várias outras versões. A propósito, não é ex-
clusivamente católica. Por fim, lembre-se que é Catholic, com “C” maiúsculo. A
pronúncia é /ká-th-lik/.
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Recebo muitos e-mails de alunos e leitores com dúvidas sobre inglês, e até já pu-
bliquei um livro com várias delas. Outras mensagens que recebo, como o que re-
solvi publicar a seguir, demonstram como alguns leitores conseguem avançar no
inglês à custa de seu próprio esforço. É uma mensagem muito interessante, que
recebi há algum tempo e deveria servir de estímulo para todos os que querem
aprender inglês.
“I agree with you, when you say that we must forget Portuguese to work on
in English and stop keeping asking unsolved questions. When I first came here
(Martha’s Vineyard, USA) 3 months ago I didn’t know nothing about English,
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but there was no problem, I came to work (do housecleaning, painting...), no
English necessary, and we are over 3.000 brazilians living in here. Most of
them still don’t speak English although the local High School support a pro-
gram ESL for the immigrants. They just like to watch (guess what?) TV Globo
and listen to Chitãozinho & Xororó.”
Permita-me fazer umas correções ao seu inglês, embora, pelo pouco tempo
que está aí, você está de parabéns! Você poderia ter dito: “I agree with you when
you say that we must forget Portuguese when using English and stop asking unans-
werable questions. When I first came here to Martha’s Vineyard I didn’t know any-
thing about English, but there was no problem. I came to work (doing house clea-
ning and painting) so English wasn’t necessary. There are over 3,000 Brazilians li-
ving here. Most of them still don’t speak English although the local High School
supports an ESL program for immigrants. They just like to watch (guess what?) TV
Globo and listen to Chitãozinho & Xororó.”
E eu só posso lhe dizer o seguinte, in English, naturally: Your message is very inte-
resting and confirms that some people don’t really make as much effort as they should.
Your English seems to be heading in the right direction. Keep up the good work. And pay
attention: questions aren’t “unsolved”, they are ananswerable, in this case.
P.S.: Se você não “captou” a mensagem, aí vai uma breve tradução: “Concordo
quando você diz que devemos esquecer o português quando estamos usando o in-
glês, e que devemos parar de fazer perguntas sem resposta. Quando vim aqui para
Martha’s Vineyard, eu não sabia nada de inglês, mas não havia problema. Vim para
trabalhar (fazer faxina, pinturas), e saber inglês não era necessário, além do que, so-
mos mais de 3.000 brasileiros morando aqui. A maioria não fala inglês, embora o co-
légio local apóie um programa de ESL para os imigrantes. Eles simplesmente prefe-
rem assistir à (adivinha o quê?) TV Globo e escutar Chitãozinho & Xororó.” Ao que
eu respondi: Sua mensagem é muito interessante, e confirma que as pessoas às vezes
não fazem o devido esforço. Seu inglês parece que está indo no rumo certo. Vá fun-
do! E lembre-se: as questões não são “unsolvable”, e sim unanswerable.
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Talvez você já tenha se perguntado: “Por que, em inglês, uma língua nativa é cha-
mada de Mother Tongue e não de Mother Language?” Ou ainda: “Por que tam-
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bém usamos a palavra manuscript, cuja raiz em latim refere-se a um texto escrito
a mão, para o original de um texto datilografado (ou digitado)?” São questões
assim que fazem a vida de um professor se tornar mais interessante.
Vocês devem se lembrar de que o inglês é uma língua que formou seu vocabu-
lário a partir do latim, do grego e do anglo-saxão. Tongue tem origem anglo-saxã;
language tem origem latina. Claro, as duas palavras significam “língua” em por-
tuguês – uma língua latina por excelência, e que, portanto, não usa o anglo-saxão
como ingrediente ativo.
Numa época do passado, a palavra tongue foi usada mais amplamente pelo
povo comum para descrever línguas. Portanto, tongue tornou-se a palavra
aceita quando colocada com mother. Com o tempo, outras colocações, como
language school em vez de school of tongues, tornaram-se aceitas. Muitas ve-
zes, não há um motivo para explicar as preferências que ocorreram nos sécu-
los passados. Em línguas, normalmente é assim: as regras e convenções se im-
põem pelo uso.
E, se eu for escrever um livro sobre esse assunto, realmente escreverei um
manuscrito, mesmo que não o escreva a mão. Isso, aliás, tanto em inglês quanto
em português! “Manuscrito” ainda é a palavra preferida, mesmo para um manus-
crito datilografado (ou digitado). Com o advento da máquina de escrever (e, de-
pois, do computador), parece que ninguém adotou com convicção o termo “dati-
lografado” ou “digitado” como sinônimos de um original “manuscrito”. E, como
eu disse, as regras ou convenções são determinadas pelo uso.
Pode-se até tentar typoscript ou typed manuscript – esta última um tanto
quanto redundante. Mas, pensando bem, por que se preocupar com isso? Pou-
quíssimos manuscritos hoje em dia não são datilografados ou digitados, não é
mesmo?
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Uma vez, um aluno me perguntou, achando que eu seria a solução para a sua dú-
vida mais cruel: “Já que você é inglês, você deve saber a resposta da minha per-
gunta. De onde veio a expressão ‘Só para inglês ver’?” Dei uma risadinha, e en-
gatilhei a seguinte história.
Muitos anos atrás, um engenheiro, colega de trabalho, me contou a seguinte
versão. Como ele era engenheiro naval pela Poli, sua explicação ganhou bastante
credibilidade.
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Meu amigo disse-me que a Marinha brasileira estava para receber uma visita
de oficiais da Royal Navy (a Marinha da Sua Majestade inglesa) no Rio de Janeiro
e, como é praxe nesses casos, cada Marinha ia fazer uma demonstração da sua
força naval, com os navios desfilando pelo mar em frente dos almirantes e outros
oficiais de alta patente que assistiam da terra, tomando um drinque ou outro (gin
and tonic, presumo, para os ingleses, e caipirinha para os brasileiros; ou vice-
versa, quem sabe?) enquanto aguardavam o espetáculo.
Só que a Marinha brasileira estava passando por um período de vacas magras
(lean times), e não dispunha de fundos suficientes para manter seus navios nas
melhores condições possíveis. Mas era urgente que as embarcações recebessem
ao menos uma pintura, para encobrir a ferrugem.
Então (você já deve ter adivinhado, não é?), para não passar por constran-
gimentos – e como não era necessário ver os navios duas vezes, já que uma pas-
sadinha já bastaria –, foi decidido pintar apenas o lado visível. Só para os ingle-
ses verem.
Daí a origem da expressão.
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Nunca tinha pensado que peso e altura pudessem causar tanto problema nas pes-
soas, até receber – e pior: até ter de responder – o e-mail que reproduzo abaixo.
“Preciso de sua ajuda. Certa vez, fui perguntada sobre o meu peso e minha al-
tura, em inglês, é claro. Fiquei perdida. Chutei com base nos dados de outra
pessoa. Please, como devo fazer a conversão dessas medidas? Heeeeeeeeee-
elp me!”
Primeiro, vamos tratar da altura, que é comum à Inglaterra e aos Estados Uni-
das. Usa-se o sistema de pés e polegadas (feet and inches), lembrando que cada pé
(foot) tem 12 polegadas (inches). E uma polegada corresponde a 2,54 centíme-
tros, ou 25,4 mm. A minha altura é 5 pés e 8 polegadas (1 metro e 72 centímetros),
como exemplo. Para a conversão, sugiro que procure uma tabela do sistema métri-
co para medidas inglesas. No meu caso, 5' 8", que é 68", × 2,54 cm = 1,72 m.
Para o peso de uma pessoa, os americanos usam pounds (libras) apenas,
onde 2,2 pounds são iguais a 1 quilo. Então, pegue seu peso em quilos e multipli-
que-o por 2,2 para achar o equivalente em libras.
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Na Inglaterra, as coisas são um pouco mais complicadas. Lá, usam-se stones
e pounds, onde cada stone é equivalente a 14 pounds. Para explicar, vamos imagi-
nar que você pese 56 quilos. Multiplique isso por 2,2 e chegará a 123,2 pounds;
dividido por 14 = 8 stone sobrando 11 pounds – e é falado assim: Eight stone ele-
ven. Escrito, fica: 8 st. 11 lb. Note que os 0,2 pounds não precisam entrar no nos-
so cálculo, pois isso criará ainda mais trabalho, uma vez que cada pound é dividi-
do em 16 ounces (onças). Normalmente, se despreza a onça ao mencionar o peso
da pessoa.
Este sistema de stones e pounds está sendo substituído pelo sistema métrico
com quilos, e normalmente você verá os dois sistemas lado a lado, por exemplo,
nas balanças.
É bem possível que os mais jovens hoje nem entendam o que vem a ser stones,
a não ser, é claro, as do tipo que rolam – The Rolling Stones. Gostou?
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Recebi o seguinte e-mail de uma leitora. Não sei honestamente se deve entrar no
capítulo de cultura ou se entra na parte de “atitude”. Deixe-me pensar... resolvi:
vai entrar como cultura, pois acho que tem mais a ver com a cultura em geral.
Mas, óbvio, no fundo tanto faz. Este tipo de assunto muitas vezes é ignorado por
ser tão delicado – até delicado demais –, mas, já que em outras ocasiões foi neces-
sário tocar na questão de banheiros etc., acho que merece uma menção.
“Gostaria de saber se poderia usar a seguinte frase em um banheiro: Please
do not place paper in the toilet.”
A minha resposta é... “sim”... e “não”, pois cada um faz o que quer. Portanto,
se poderia usar a frase? Poderia. Afinal, a gramática está correta. Minhas ressal-
vas seriam a respeito do verbo place. Em inglês, a tendência seria mais para throw
(jogar ou descartar), pois throw descreve “como” é feito. Put é ainda melhor que
throw. Place dá a impressão de que se está colocando com cuidado e, até, com
precisão.
Ainda diria que o mais certo e descritivo seria, quem sabe, used toilet paper,
pois, com o uso de paper apenas, pode-se confundir com qualquer tipo de papel,
incluindo aí newspaper! A instrução fica até mais precisa e descritiva se usarmos
também o verbo flush (dar descarga). Please don’t flush used toilet paper down the
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toilet (por favor, não dê descarga no papel higiênico). (Repare que a palavra please
aqui, ao contrário do português, não leva uma vírgula. E você ainda deve se lem-
brar que toilet é, na maioria das vezes, referido como the loo, na Inglaterra.)
Mas, de qualquer maneira, se fôssemos traduzir a frase original do inglês
para o português, sairia algo assim: “Por favor, não coloque/jogue papel no
vaso.” Aceitável? Bem, depende. Se o objetivo do aviso for o de alertar aos usuá-
rios que não devem jogar papel higiênico no vaso, creio que surtiria o efeito dese-
jado... para os estudantes de inglês e para as pessoas de língua inglesa que por-
ventura não entendem português. Mas, se não entendem português, é possível
que também não estejam familiarizadas com o Brasil e seus costumes.
E é aí que entra a parte da minha resposta referente ao “não”. Possivelmente,
vocês vão ficar como muitos alunos de inglês que eu tenho, que, em vez de apren-
der inglês simplesmente, aceitando o idioma como ele é, insistem em ficar fazen-
do perguntas a respeito dos porquês.
Vão perguntar (embora em inglês, naturalmente): “Por quê? Por que não
posso jogar papel higiênico no vaso? E se não posso fazer isso, o que é que eu
devo fazer?”
Eis o X da questão (the crux of the matter), pois desconheço a finalidade da
mensagem. Aliás, a finalidade eu até entendo; queria dizer que desconheço a
quem a mensagem estará sendo dirigida. Se fosse uma escola de inglês aqui no
Brasil, daquelas que colocam todos os avisos em inglês para contribuir para o
aprendizado dos seus alunos (excelente iniciativa por sinal), eu diria que tudo
bem, pode.
Mas, o assunto ganha contornos bem mais complexos, e porque não dizer
delicados, se pararmos para analisar os aspectos culturais envolvidos. Vocês se
lembram que eu falei de um gringo? Este provavelmente irá estranhar ao ver o
aviso, pois, para os americanos e ingleses que porventura aportem por aqui, não
há outro destino concebível e imaginável para “jogar” o papel higiênico usado a
não ser no próprio vaso sanitário, contrariando totalmente as instruções e reco-
mendações da minha leitora. E não é um caso de simplesmente eliminar a palavra
“não” do aviso, invertendo a mensagem, pois nos banheiros existentes no exte-
rior não há necessidade nenhuma de mencionar, instruir ou sugerir algo a respei-
to. No Brasil temos esse costume de colocar uma cestinha nos banheiros. Na
Inglaterra e nos Estados Unidos, não.
Quem sabe isto possa ser um motivo para haver ou criar certos preconceitos
contra brasileiros que vão para o exterior e inadvertidamente praticam este ato
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tão inocente e corriqueiro. Não encontrando a tal cestinha fazem o quê? Você
pode imaginar a reação de uma dona de casa, uma host mother, ou quem quer
que seja, encontrando, não importa onde, papel higiênico usado?
Sei, ou pelo menos presumo, que o hábito de não dar descarga com papel hi-
giênico data de uma época na qual as instalações sanitárias eram bem mais precá-
rias que hoje, correndo-se o risco óbvio de entupir tudo. Um desastre em qual-
quer idioma, com certeza. (A essa altura pensei em fazer uma pesquisa com os fa-
bricantes de instalações e tubulações sanitárias, porém resisti ao impulso por
achar que isso não iria contribuir ao seu aprendizado de inglês.)
Mas, já que temos válvulas “hydra” que despejam um volume de água consi-
derável, questiono se hoje em dia há tanta necessidade assim da cestinha. Entre-
tanto, longe de mim querer transformar os hábitos brasileiros, e só levanto o as-
sunto como alerta aos brasileiros que estão (ou vão) para o exterior – já que é algo
que já ouvi debatido verbalmente muitas vezes, mas nunca à luz do dia e menos
ainda por escrito. Sei que corro o risco de, mais uma vez, ser atacado pelo que es-
crevo, mas prefiro correr este risco a ficar quieto. Só quero ajudar.
Em tempo: Ao mostrar este artigo às minhas filhas Bianca e Chantal, a se-
guinte dúvida surgiu: “E onde coloco o ‘modess’?” Honestamente? Não faço
idéia, mas vou consultar meu colega Andrew Kelsey, atualmente morando na
Inglaterra...
[...]
...Bem, Andrew já me respondeu com algumas informações “cruciais” para o
nosso artigo. Inicialmente, ele também não sabia, e foi necessário que ele consul-
tasse sua mãe e irmã para nos ajudar. (Já se deu conta de até que ponto é preciso
chegar para obter tanta informação?)
Antigamente, existiam uns pequenos incineradores (burners), onde os “mo-
dess” (lá são chamados genericamente de sanitary pads/towels) eram queimados
um a um. Estes incineradores recebiam o nome pitoresco de “bunny burners”.
Bunny é diminutivo de rabbit, o que, como todos já sabem, é coelho em portu-
guês. Portanto, “queimadores de coelhinhos”! Não sei mesmo como a denomi-
nação foi originada,* mas, como os ingleses são notórios pelo seu afeto e, por que
não, seu amor pelos animais, só posso presumir que a RSPCA (Royal Society for
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* Em correspondência posterior, Andrew descobriu que o termo bunny não é exatamente escrito
assim; escreve-se “Bunny”, com “B” maiúsculo. Era o nome do fabricante! Bem, como não gosto
de desperdiçar nada que escrevo, vou deixar os comentários registrados para a posteridade (quanta
pretensão a minha!).
the Prevention of Cruelty to Animals – Sociedade Real pela Prevenção de Cruel-
dade aos Animais) tenha implicado com o termo, temendo que, por engano, al-
guns bunnies de verdade pudessem ser incinerados.
Hoje existe apenas uma pequena cesta com o propósito exclusivo de coleta e,
muitas vezes, estas cestas são coletadas por empresas especializadas. Noutras ve-
zes, os “modess” realmente são apenas flushed down the loo, também.
Como o próprio Andrew comentou: “Que assunto fascinante!”
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I-����� � E� F�G���� ���- ������
�este capítulo, você irá encontrar uma mistura de assuntos, mas que, a meu ver,
cabem como uma luva na categoria “gramática”. Caso não saiba como dizer a ex-
pressão “caber como uma luva” em inglês, é to fit like a glove. Em inglês ainda vai,
pois quem conhece a minha terra já sabe do frio que pode fazer... no verão! (Imagi-
ne no inverno!) Mas não vejo tanta gente assim usando luvas por aí aqui no Brasil.
Às vezes, pode parecer que os textos fogem um pouquinho da definição nor-
mal do que é gramática – e, se você achar isto, peço-lhe desculpas.
Como tento ajudar os estudantes de inglês com as suas dúvidas, acabo tra-
tando de assuntos que não se encontram facilmente – se é que se encontram –
nos livros já publicados. Como você verá a seguir, recebo muitas questões práti-
cas, e poucas a respeito de tópicos do tipo “the book is on the table”, ou seja, am-
plamente cobertos em outros lugares.
De qualquer maneira, acho que este capítulo poderá lhe ser útil, pois aborda
certas questões que os estudantes não encontram nos livros normais de gramática.
Não pretendo dizer com isso que este livro, ora em suas mãos, seja anormal, mas...
� %�����- �������.�� �%� @�������������;���1�'��$6�)���'�;����1�'�H���*.
Será? Vamos analisar e responder juntos, começando com a frase to get acqua-
inted. Isto significa, basicamente, “conhecer alguém”. Pode ser conhecer al-
guém pela primeira vez, se o “papo” durar um tempo razoável, ou pode ser após
um segundo ou terceiro encontro. Ao get acquainted com alguém, você irá co-
nhecer este alguém um pouco mais que superficialmente, mas não ainda de
modo aprofundado. Hmm, acho que está na hora de um exemplo, ou até mais
de um, quem sabe?
John met Rachel at a party. They got acquainted, fell in love and lived happily
ever after (John conheceu Rachel numa festa. Eles apaixonaram-se e viveram feli-
zes para sempre). Você pode perceber que omiti a tradução da parte em inglês
que diz they got acquainted. Dá para ver o por quê? Fácil: porque resultaria numa
redundância em português. “Conheceram-se numa festa e se conheceram.” Cla-
ro que não podem se conhecer duas vezes em português!
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O leitor atento já deve ter percebido que estamos entrando naquele terreno fértil
do verbo to know, não percebeu?*
Então vamos primeiro tirar esta dúvida. Após terem sido apresentados pela
primeira vez – desde que a apresentação não tenha se limitado a apenas um diálo-
go do tipo “Muito prazer”, “O prazer é meu”, “Até mais” –, já podemos dizer que
nossos amigos John e Rachel se conhecem. They know each other.
Agora, vamos supor que o casal foi apresentado e houve uma atração mútua.
Cada um quer conhecer MAIS (you know?) o outro. Podemos dizer They want to
get acquainted more with each other. Ou, em português claro: “Eles querem se
conhecer mais.” Mas não se pode usar o verbo know neste caso, pois they already
know each other (eles já se conhecem). Ficou claro? Espero que sim, pois juro
que estou me esforçando ao máximo aqui.
Então parece que to get acquainted é o segundo passo. Primeiro deve-se to
meet (que é conhecer pela primeira vez, ser apresentado), depois to get acquain-
ted e, finalmente, to know a pessoa. Meet, get acquainted e know, nessa seqüên-
cia. E assim o relacionamento vai se aprofundando.
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* Pois é, minha gente. To know, to get to know, to meet. Aparentemente, é tão simples... “Encon-
trar” e “conhecer” – e, claro, “saber”! Mas é uma verdadeira armadilha para os professores de in-
glês. Sim, disse para nós, professores! Você que é aluno pode achar as sutilezas de to know e to
meet frustrantes, mas já parou para pensar no coitado do professor, que precisa entender – e, ainda
por cima, explicar? Não é tarefa simples, pode crer. Eu já me enrosquei tanto com esta questão que,
quando tiver tempo, pretendo escrever um capítulo inteiro a respeito, dando tudo de mim até não
sobrar qualquer dúvida. Mas não vou parar agora para fazer isso. Quem sabe no próximo livro?
Voltando ao título deste texto, originalmente uma pergunta que recebi de um
leitor, dá para perceber nitidamente (pelo menos assim espero, após toda esta ex-
plicação) que to get acquainted with God é apenas uma fase intermediária do re-
lacionamento. Significa “tomar conhecimento e conhecê-Lo um pouco melhor”.
Falta ainda aquele conhecimento mais íntimo. Mas getting acquainted já é por si
só um ótimo início.
E agora, José? Qual é a tradução que devo colocar ao lado do título em inglês?
Para responder finalmente à pergunta (“Ufa, finalmente!”, você deve estar di-
zendo), eu diria que “faça amizade com Deus” seria mais para be friends with God.
Poderia ser making friends with God, mas muitas vezes a expressão make friends
significa fazer uma reparação após um rompimento ou briga,* embora possa signi-
ficar também fazer amizades em geral. She’s a very outgoing person and makes fri-
ends easily (Ela é uma pessoa extrovertida e faz amizades com facilidade).
Pensando bem, acho que get acquainted with God pode até ser “fazendo ami-
zade com Deus”. Por que será que escrevi tanto, quando poderia apenas ter dito
Yes? Mas daí não seria o meu estilo...
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Recebi um e-mail de um leitor que era assim: Yes I would like to receive these “ad-
vices” (aspas minhas). Claro que o nosso amigo pensou em português: “Sim,
gostaria de receber esses conselhos.” Este é um erro muito comum. O substanti-
vo advice é incontável. Não existe advices, como também não se poderia dizer an
advice, two advices. O que ele poderia dizer seria: Yes, I would like to receive your
tips (dicas, conselhos); Yes, I would like to receive your advice.
Agora, repare bem que advice significa conselho, em geral. Então, o melhor
seria mesmo tips.
Para qualificar advice, pode-se dizer: Some advice is good (Alguns conselhos
são bons); Let me give you a piece of advice (Permita-me dar-lhe um conselho)
(Lembre-se de que piece é substantivo contável. Portanto, pode-se dizer a pie-
ce.); Bad advice is sometimes given in good faith (Maus conselhos às vezes são da-
dos com boa-fé); If advice were so good it wouldn’t be given, it would be sold (Se
�$� $������ ����� $��# #� ��%�&# �3
* Ensinei meus filhos desde pequenos a fazer as pazes dizendo o seguinte: Make up, make up, never
never break up; Make friends make friends never never break friends (Reconciliar, reconciliar, nun-
ca, nunca romper; Fazer amizades, fazer amizades, nunca, nunca romper amizades). Não tem a
mesma sonoridade em português. Lamento, mas tentei.
conselhos fossem tão bons, não seriam dados, seriam vendidos) – este último
exemplo é uma adaptação livre do ditado popular brasileiro, que não é usado em
inglês. Quem sabe consigo criar a moda!
Lembre-se ainda de que temos o verbo to advise (avisar, aconselhar): Advise me
if you don’t want to receive my advice (Avise-me se não quiser receber meus conse-
lhos); Have a nice weekend and be good. But if you can’t be good, be careful (Tenha
um bom final de semana e seja bom. Mas, se não for bom, ao menos seja cuidadoso).
Catch you later (Até breve).
� / �����0��� $1���#2* ��� $1���!� �*
Há algum tempo, eu recebi um e-mail muito simpático de um leitor de Campinas,
cidade do interior paulista. Ele queria saber se eu já conhecia a cidade dele, e per-
guntou-me assim: Have you heard about Campinas? Nenhuma dúvida quanto à
frase, né?
Pois esta simples frase, embora de fácil compreensão, contém dois erros bá-
sicos. Vamos tratar primeiro do uso da forma verbal heard, que é o past participle
do verbo irregular hear (heard, heard) (ouvir ou saber). O que o meu simpático
leitor deveria ter perguntado era Have you heard of Campinas? Veja o porquê: To
hear about significa “saber ou ficar sabendo”. Portanto, Have you heard about
Campinas? significaria dizer “Você soube de Campinas?”, ou seja, precisaria ter
havido algo extraordinário na cidade. Seria uma boa opção para situações como
as seguintes: Have you heard about the latest developments in the Israe-
li-Palestinian conflict? (Você soube dos últimos acontecimentos do conflito en-
tre Israel e Palestina?); We heard about what happened and came immediately
(Soubemos o que aconteceu e viemos imediatamente); Did you hear the one
about the man who bought a parrot and… (Você sabe aquela do homem que
comprou um papagaio e...), e por aí afora.
To hear of significa, aí sim, “saber algo” ou “conhecer”. É o que o leitor que-
ria ter dito para mim: Have you heard of Campinas? (Você já ouviu falar de Cam-
pinas?); outro exemplo: I’ve heard of Michael’s new book. It is very good! (Eu
soube do novo livro do Michael. É muito bom!).
Portanto, have you heard about Campinas? só pode significar algo como
“Você soube o que aconteceu em Campinas?”, “Você ouviu a respeito de Campi-
nas?”. Como disse, usaríamos esta construção se algo notável, ou extraordinário,
tivesse acontecido naquele município.
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“Have you heard about Campinas?” “No. What happened?” (“Você soube de
Campinas?” “Não. O que aconteceu?”) Você há de concordar comigo que é uma
pergunta meio estranha, a não ser que Campinas de repente tenha “sumido” do mapa,
ou que tenha havido uma rebelião-gigante de presos. Esse tipo de acontecimento.
O leitor queria saber se eu conhecia a sua cidade, se eu já tinha ido lá. E é aí
que reside o segundo erro, embora este confunda menos. Nesse caso, a pergunta
deveria ter sido Do you know Campinas? (Você conhece Campinas?), em vez de
Have you heard about Campinas? – afinal, seria muito estranho que alguém, mo-
rando em São Paulo, não tivesse ouvido falar de Campinas, cidade que fica a ape-
nas 100 quilômetros da capital.
A mesma coisa não se aplicaria à cidade de... deixe-me olhar um mapa do
Brasil para selecionar um município adequado para servir aos meus propósitos
nesse exemplo... já achei! Have you heard of Lábrea (AM)? Para ser sincero, eu
nunca tinha ouvido falar de Lábrea até o presente momento. Tenho certeza de
que deve ser uma cidade muito simpática e pacata, e jamais pretendo ofender os
habitantes de lá, insinuando que não merecesse ter alguma certa fama. Pensando
melhor, para não incorrer em algum tipo de risco, deixe-me incluir outra cidade
no exemplo, desta vez uma que fique na Ucrânia.
Have you heard of Dniepropetrovsk? Posso estar demonstrando a minha total
ignorância em geografia, mas acredito que o risco seja mínimo (e você? Já ouviu
falar de Dniepropetrovsk?). Portanto, é ...heard of Dniepropetrovsk e não ...he-
ard about Dniepropetrovsk, pois, pelo que eu saiba, nada fora do normal, nada de
extraordinário tem acontecido por lá, nada que a tenha colocado nas manchetes
ultimamente. Nada de explosões de usinas nucleares, nada espectacular, nada
especial. A resposta seria: No. I’ve never heard of Dniepropetrovsk (Não. Eu nun-
ca ouvi falar de Dniepropetrovsk).
Mas, já que levantei a lebre (que expressão interessante. Será que um dia al-
guém pode me explicar a origem desta expressão?), quem sabe programo as mi-
nhas férias para lá. Deve ter algo de interessante, pois, pelo menos, está no mapa.
Assim terei a chance – mínima – de aprender russo e, por tabela, aprender a pro-
nunciar o nome da cidade!
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“Tenho uma grande dificuldade com os usos de could versus be able. Os livros
de gramática não me ajudam muito. Mais me confundem! Você tem alguma
explicação?”
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Há algum tempo, recebi essa questão de uma leitora, por e-mail. Ela dizia
sentir uma certa dificuldade com o par could e be able, e pediu-me um esclareci-
mento, dizendo que os livros de gramática (de que ela dispõe) não têm lhe atendi-
do tão bem assim.
O que segue é a minha explicação, ou melhor, a minha tentativa de explicar.
Vamos ver o que vai acontecer. Prometo não fazer nenhuma consulta aos meus
livros, pois a leitora me disse – num inglês perfeito, por sinal – que, mesmo tendo
consultado os livros (os dela, não os meus), não ficou contente. Então, vamos lá.
Começando pelo could.
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O could é usado para expressar uma possibilidade, ou seja, algo que dependerá
de determinada(s) circunstância(s). Vamos ver um exemplo? “Hey Doc! Can
you come to the hospital party tonight?” (Olá, doutor! Você pode vir à festa do
hospital hoje à noite?); “Well, I could if someone covers my shift…” (Bem, eu po-
deria se alguem cobrisse o meu plantão...).
Note que o can é usado para se fazer a pergunta, para saber da possibilidade,
mas na resposta utiliza-se could, para avisar que – dependendo das circunstân-
cias – pode ser possível.
No exemplo seguinte, inverto o uso – com could na pergunta, para saber da
possibilidade, e can na resposta, para fazer a confirmação.
Could you give me a ride into town? (Poderia dar-me uma carona à cidade?)
Yes, I can. (Sim, eu posso.)
Ficou mais claro? Eu gosto de usar o seguinte exemplo com os meus alunos: I
would if I could, but I can’t (Eu faria se eu pudesse, mas não posso).
“Isso é muito fácil”, você poderá estar pensando... Mas a coisa começa a ficar
um pouco mais complicada quando introduzimos could como passado de can.
“O quê?”, você pode estar exclamando, “Could e can não são modal verbs (mo-
dal auxilaries, modals, modal auxiliary verbs)? E eu aprendi que modal verbs
(vou chamá-los assim) não são verbos e que, portanto, não vão para o passado.
Não têm tense!” Sim, sim, tem razão. Só que could e can são uma exceção à re-
gra. Dentre o punhado de modal verbs que há, o can é o único caso que prevê fle-
xão para o passado. E isto acontece ainda mais quando usamos o tal do reported
speech, ou seja, o discurso indireto, em que relatamos o que nos foi dito. Vejamos
na situação a seguir.
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[direct speech] Tom: I can go on holiday next month.
[third person] Dick: What did he say?
[indirect ou reported speech] Harry: Are you deaf! He said he could go on holi-
day next month.
Para introduzir-se um comentário paralelo, o uso de reported speech em in-
glês segue o mesmo padrão visto no português, mudando-se de “posso” para
“poderia”.
Tom: Eu posso tirar férias mês que vem.
Dick: O que ele disse?
Harry: Está surdo? Ele disse que poderia tirar férias no mês que vem.
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Já que matei qualquer charada com o uso de can e could (matei, não matei?), va-
mos até be able to. A frase inteira é to be able to..., na qual o segundo to, que é a
partícula do verbo no infinitivo, é seguido por um verbo, qualquer verbo.
To be able to... significa ser capaz, ter a capacidade de, ter ou reunir as condi-
ções necessárias para determinado fim ou ser capaz de fazer ou realizar algo.
Por exemplo: I amable to jump ten feet–nãoébemaverdade, sóusei comoexem-
plo. Em português, quer dizer que sou capaz de pular dez pés. Se eu disser I can jump
ten feet, dánomesmo.Osentidonãomudaria emnada.Aqui, canebeable são iguais.
Mas há muitos casos em que isso não ocorre, em que can e be able não têm o
mesmo significado. Claro, se não fosse assim, eu não estaria escrevendo este tex-
to para você – nem precisaria, né?
E em que situação can e be able não são iguais? Vamos ver. Can é mais usado
no sentido de “saber como”. I can ride a motorbike very well; I can speak Portu-
guese. Nestes dois exemplos, eu poderia usar I am able to…, mas can soaria mais
natural. Ah! Naturalidade é a chave para podermos distinguir o uso de um e de
outro. Se eu disser I am able to ride a motor cycle, não estará errado, apenas não
será natural. Então, já estamos começando a ver um modo de diferenciação en-
trando em campo, não é?*
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* Outra diferenciação é que, em português, basta dizer “Sei andar de moto”. Mas aí novamente en-
tramos no campo dos usos de know e “saber”, e não é o objetivo deste texto aprofundar sobre essa
velha dificuldade.
Dizer I am able to ride a motor cycle daria a impressão de que, além de saber
como se anda de moto, neste momento eu posso andar de moto. Vamos supor
que eu tivesse sofrido um acidente, mas, como acabei de tirar o gesso, isso me
permitiu poder andar novamente.
A mesma coisa ocorre em I am able to speak Portuguese versus I can speak
Portuguese. O uso de I am able dá a impressão de que, por algum motivo, antes
fui impedido de falar.
Sobre o futuro, podemos dizer: I’m sure one day scientists will be able to find
a definite cure for Aids (Tenho certeza de que um dia os cientistas vão poder
achar uma cura definitiva para a Aids). Jamais podemos dizer: One day scientists
can find a cure… (Um dia os cientistas podem achar a cura…). Ou será que po-
demos? “Podem” aqui é aceitável em português? Acho que sim. Bom, se for pos-
sível falar assim em português – e é –, já achamos uma das grandes diferenças,
pois em inglês a gramática não nos permite esta possibilidade.
Be able também é usado nos casos em que a duplinha can/could não é permi-
tida pela gramática. Aqui complica um pouco, mas vale a pena mostrar. What
have you been able to discover? É impossível what have you could… mas what
could you discover é aceitável.
E o uso de was able? É simples. Com o uso de be able no presente, was able é
o passado. “Fui capaz”, “pude”.
I was able to write this in a couple of hours on a Saturday morning for my rea-
der (Fui capaz de escrever isto numa manhã de sábado para minha leitora, em
duas horas).
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Já ouvi centenas de alunos se expressarem em inglês com a frase depend of, quando
o correto é depend on. É claro que esse erro tão comum é motivado pelo português:
“depende de”. Acontece que depend é sempre seguido pela preposição on. Quer
saber por quê? Claro, explico. É porque não há uma lógica no uso das preposições,
e quem procurar irá se frustrar. É depend on, e não se fala mais nisso!
E não é que essa mesma falta de lógica também se aplica ao português? Ou
você acha que um gringo, saindo com frases do tipo “Depende na clima” ou
“Meus filhos dependem em mim” (It depends on the weather; my kids depend on
me) já se desprendeu da sua língua materna? Óbvio que não. O gringo não viu
nada de errado no que disse, e continuará dizendo assim até que uma boa alma o
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corrija. Bem, vamos deixar os gringos para lá. Só não quero meus alunos falando
assim em inglês.
And this depends on you too (e isso depende de você também). Until my next
tip (até minha próxima dica).
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Hi there folks! Querem saber qual é um dos erros mais freqüentes entre os brasi-
leiros que falam inglês? Discuss about. Essa expressão simplesmente não existe,
além do que é completamente redundante.
Para nunca mais tropeçar nessa bobagem, lembre-se da seguinte regra: dis-
cuss = talk about. Como se vê, o uso de about após discuss é desnecessário e in-
correto. Seria o mesmo que want to talk about about.
Entendeu? Em português, isso equivaleria a “conversar sobre sobre”. A re-
petição só faz sentido se o assunto em pauta for o termo about. Fique atento, por
favor. Escrevi sobre discuss about em Como Não Aprender Inglês, com o intuito
de facilitar o aprendizado dos brasileiros, mas ainda encontro muitos falando er-
rado por aí.
Será que ainda existe muita gente que não leu meu livro??????????????
(Pensou que eu aderi à moda a que boa parte dos brasileiros que conheço aderiu,
de repetir as pontuações para dar “ênfase”? Não sei... farei mistério até o próxi-
mo texto.)
�<���$�?@# ������%�?@#
Pronto. Vamos falar da tal moda. Recebi um e-mail de uma leitora confirmando o
que de vez em quando eu falo: que o brasileiro adora usar um montão de excla-
mações e interrogações. Ela me disse que visitou um site em que havia mensagens
de todo o mundo em inglês, e que conseguiu identificar as mensagens dos brasi-
leiros pela quantidade de exclamações e interrogações que concluíam as frases.
Não é de hoje que comento este “fenômeno” – mania que, por meio de algu-
mas indiretas, venho tentando chamar a atenção. E sabe de alguma coisa? Fui
mal-sucedido, mas muito mal mesmo, na minha empreitada. Aliás, não somen-
te mal-sucedido. Parece que a tendência está até aumentando. E eu que pensava
que havia bastante gente por aí comprando e lendo meus livros ou, pelo menos,
pensei ter lido em algum lugar que já havia sinais de que o hábito estava diminuin-
do! Mas não é isto que se pode verificar.
�$� $������ ����� $��# #� ��%�&#
Só posso sugerir a você que, se ainda não comprou um livro meu, que o faça
já, para que assim possamos combater juntos esta praga que se espalha que nem
tiririca! Agora sim, achei que merecia uma exclamação.
Vejo no meu dicionário Aurélio alguns exemplos dentro do verbete “exclama-
ção”, mas todos usam apenas uma exclamação (!). Idem para interrogações: ape-
nas uma “?”. E quanto à dupla “?!”? Nada, absolutamente nada! Nada? Sim,
nada! Mesmo!
Êta dupla abusada esta “!?”! Mesmo na chamada “interrogação exclamati-
va”, a meu ver possivelmente uma candidata ideal para receber “!?”, não consta
“!?”, nem “?!”. Aliás, nunca vi “?!”. Sempre “!?”, com a exclamação seguida pela
interrogação, nunca vice-versa. O Aurélio usa apenas um ponto de interrogação
para isto. Veja só: “Interrogação exclamativa. Sentença que é formalmente uma
interrogação, mas que, como a exclamação, funciona para a expressão dos senti-
mentos.” Essa explicação é seguida pelo exemplo: “Não é este um filme maravi-
lhoso?” (Repare que só consta um ponto de interrogação). E, mesmo na Interro-
gação retórica, nada consta sobre a duplinha. Veja o exemplo do Aurélio: “Que
diferença isto faz?” (Idem, um ponto apenas).
Posso até ouvir você perguntando: “O que esse gringo acha que está fazendo,
ao criticar a nossa maneira de escrever??? Quem ele acha que é ??????? Ô grin-
go metido!!!!!!!”
Só me aventurei nesse campo minado para explicar que é considerado muito
estranho repetir as exclamation marks e as question marks quando se está escre-
vendo em inglês. Portanto, fiz isso apenas com o intuito de ajudar você quando
for escrever algo na minha língua, não na sua.
Viu??? (ou Viu!!!) (ou Viu?!?!?)
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Lembro-me de certa vez estar conversando com a proprietária de uma escola
franqueada de inglês. As janelas estavam abertas, pois o dia estava bem quente.
Só que, nos fundos da escola, havia uma marmoraria, o que, como você sabe, não
é das atividades mais silenciosas. Ela pediu desculpas pelo barulho dizendo “I’m
sorry about the noise, they are cutting marbles” (peço desculpas pelo barulho, es-
tão cortando mármores).
Pois bem, “mármore” em inglês é de fato marble, só que, diferentemente
do português, essa palavra não leva plural quando está se referindo à pedra.
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Pode-se ter: a piece of marble, some marble, a lot of marble; porém, não exis-
te a marble ou two marbles quando nos referimos ao mineral. É mais um
caso de substantivo incontável. Sempre? Não, apenas quando nos referimos
ao mineral.
Existe, sim, um marble que é contável: a marble, ten marbles até hundreds of
marbles! E sabe o que são marbles, nesse caso? Bolinhas de gude! E é o nome do
jogo, também. Como no exemplo: When I was a kid we played marbles a lot
(Quando eu era criança nós jogávamos bastante bolinha de gude).
“E o que mármore tem a ver bolinhas de gude?”, você pode estar se pergun-
tando. Só posso presumir que, em tempos pré-históricos, usavam-se bolinhas de
gude feitas de pedra, mesmo, em vez das de vidro que se utilizam hoje.
Bem, só para terminar, também temos em inglês uma expressão que é to lose
your marbles (perder suas bolinhas de gude). Se não for um bom jogador, você
pode, de fato, perdê-las, mas a expressão quer mesmo dizer “ficar doido”: Mi-
chael must be losing his marbles talking so much about marbles (Michael deve es-
tar ficando louco falando tanto sobre bolinhas de gude).
That’s enough for today. Till the next time (chega por hoje e até a próxima
vez). Catch you later.
Obs.: Antes que alguém me escreva uma mensagem para alertar-me, lembrar-me
e/ou corrigir-me, sei que é aceito marbles no plural quando está se referindo a vá-
rias peças de escultura, como os 56 Elgin Marbles, retirados (palavra educada,
para não dizer “roubados”) pelos ingleses do Parthenon, na Grécia, em 1799.
(Epa! Estes ingleses...)
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Antes do jogo da seleção brasileira contra a Inglaterra, na Copa do Mundo de
2002, recebi um e-mail que incluiu a frase Good luck for us both. Endossei plena-
mente o sentimento, pois para mim é sempre muito difícil decidir-me para quem
torcer, já que vivo no Brasil há tanto tempo, e fico inclinado pelo Brasil, talvez por
motivos de fidelidade e longevidade. Mas...
De qualquer maneira, disse na época, “tenho certeza de que será um jogaço,
and may the best team win (que vença o melhor)”. Deu Brasil – até o fim! Pensan-
do bem, até que não é tão mal perder para o campeão do mundo.
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Mas, voltando para o meu assunto, que é o ensino da língua inglesa para bra-
sileiros, o que o meu leitor disse seria quase perfeito em inglês, não fosse pela pre-
posição for. Deveria ter dito Good luck to us both. E por que to em vez de for, já
que em português é “para”?
Ora, nem me pergunte! Como já disse centenas de vezes, vai ser muito difí-
cil encontrar regras e lógica nas prepositions inglesas. É porque é, e não se fala
mais nisso!
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Recebi um e-mail com o seguinte subject, ou assunto: Something’s bothering me.
Não é a primeira vez que recebo algo assim, mas normalmente respondo com
menos palavras, without going into the pros and cons (sem entrar nos prós e con-
tras). Mas desta vez resolvi dar uma resposta definitiva e deixá-la pronta para o
próximo que vier com a famigerada pergunta. O e-mail continha a seguinte men-
sagem: “Michael, Today I was talking to a friend of mine and she told me somet-
hing really intriguing. She told me that her English teacher corrected her when she
said ‘me and you’ saying that she should’ve said ‘I and you’. I think it is completely
impossible but she said he really meant it!!! He lived in England for 7 years” (Esti-
ve conversando hoje com uma amiga e ela me disse algo realmente intrigante. Ela
me disse que seu professor de inglês a corrigiu quando ela disse me and you, di-
zendo que ela deveria ter dito I and you. Eu acho que é completamente impossí-
vel, mas ela me disse que o professor lhe falou seriamente! Ele morou por sete
anos na Inglaterra.)
O que segue agora é a minha resposta, acrescida de algumas informações que
escrevi entre o envio do e-mail e o momento em que escrevo este livro. Espero
sinceramente que sirva tanto para alunos, quanto para professores, pois todos
nós já fizemos ou ouvimos essa mesma pergunta muitas vezes. Comentei a respe-
ito dessa questão com três professores de inglês, que, além de confirmarem a fre-
qüência da dúvida, deram-me uma miniaula sobre o assunto. Fiquei de olhos vi-
drados (I got glassy eyed) de tanto ouvir as opiniões – que, admito, pareceram-me
até um pouco contraditórias.
Tentarei primeiro responder à questão principal que temos aqui, que, sem
sombra de dúvidas, não é me and you ou I and you, mas, sim, You and me ou You
and I. Depois entrarei nos pormenores.
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A colocação segue uma regrinha básica e bem simples. Você deve usar you
and I quando a oração continua com uma ação e You and me quando não há um
verbo em seguida. Gramaticalmente falando, I é o sujeito (que faz algo) e me
(que nada faz), o objeto, de modo similar ao português. Acho que eu já poderia
parar por aqui, mas você talvez espere algo mais de mim, e ainda não escrevi nada
engraçado. Não garanto tampouco que vou conseguir (explicar melhor ou dizer
algo engraçado); mas vamos ver o que acontece.
Para consolidar, não seria nada mal pensar em alguns exemplos.
1. Usando I: You and I are both teachers; You and I have a lot of work to do;
You and I must try to help our students.
2. Usando me: Who is going to the party? Just you and me (ou Just you and I
are going); Who thinks Cameron Diaz is a babe? You and me, of course
[Ela vale cada million dollars que ganha, não acha?]; Who enjoys reading
Michael’s stuff? You and me [obviously].
Mas que a verdade seja dita: embora eu tenha usado me nos exemplos acima,
a gramática correta é I, pois em seguida há uma ação, embora ela não seja men-
cionada especificamente. É que, automaticamente, a maioria de nós – e aí eu me
incluo entre os gringos, pois, afinal, sou – diria me sem pensar. E peço desculpas
pela falta de imaginação nos exemplos (fora o último, claro). Parece que está me
faltando um pouco de inspiração hoje. (Sei, sei! Muitos de vocês podem achar
que não é só hoje, mas...)
Admito que a regra seja muitas vezes desprezada por aquelas pessoas que in-
sistem em usar you and I mesmo quando não é seguido por uma ação, por pare-
cer mais refinado ou requintado (classier). Bem, to each their own, como disse-
mos, ou seja, cada um na sua.
Interessante. Quando eu estava aprendendo inglês era to each his own. Com
o avanço cada vez maior do politicamente correto, o pronome possessivo mascu-
lino his cedeu espaço ao ambíguo their. Só me resta aplaudir.
E quando é que you and me é usado? Boa pergunta. O caso mais comum e
óbvio é quando se coloca uma preposição no meio – ou para ser preciso, antes de
you. Como nos exemplos: He said that to you and me; She sang a song for you
and me. E sem o uso de preposição? Que tal:
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A million million spermatozoa
All of them alive
Out of their cataclysm but one poor Noah
Dare hope to survive
And among that billion minus one
Might have chanced to be
Shakespeare, another Newton, a new Donne
But the One was me
(Aldous Huxley, 1894-1963)
Sei também que muitas das dúvidas que surgem quanto ao uso de you and I
ou you and me são fruto dos papos de pessoas famosas. A confusão geral na cabe-
ça dos alunos e professores de inglês é, em grande parte, provocada pelas celebri-
dades, que, a despeito de qualquer coisa que os livros de gramática mostrem,
saem por aí dizendo you and I ou you and me sob quaisquer circunstâncias, indis-
criminadamente, lixando-se para as boas regras da gramática inglesa.
Sempre há – e haverá – alguém, seja uma estrela de cinema, seja um cantor de
rock ‘n’roll, dizendo (e cantando) o que bem entende, sem perceber que está
atrapalhando as nossas aulas. Aliás, parece que cada vez que abrem suas bocas,
acabam dando trabalho para o professor de inglês. (Pensando bem, talvez não
seja tão ruim assim, pois essas estrelas nos ajudam a ganhar o pão de cada dia –
our daily bread –, não é mesmo?).
Infelizmente, ninguém sentou com os famosos para bater um papo gostoso e
íntimo (a nice cosy, ou cozy, chat) e explicar-lhes as verdades a respeito das con-
venções gramaticais de you and I e you and me, insistindo que é para eles acerta-
rem (pois, caso contrário, corre-se o risco de confundir o pobre estudante brasi-
leiro de inglês).
Agora, voltando para o e-mail que iniciou este texto, percebemos que o que
foi dito – embora devamos levar em consideração que o relato já passou por duas
pessoas – foi I and you. Se for verdade, este professor tem mesmo um problema
(para não falar o problema que têm seus alunos). Uma das convenções de corte-
sia das nossas línguas é o de colocar a pessoa com quem se relaciona em primeiro
lugar, para mostrar um mínimo de boas maneiras – no caso you and I.
I (primeiro) and you dá a impressão de que o professor quer que o mundo
saiba quem é o importante no pedaço (ou na sala de aula), além de menosprezar
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uma das colocações mais comuns, parecendo, preciso dizer, um idiota puro (a
pompous prat cabe bem aqui).
Admito que não soa tão estranho assim em português ouvir “eu e você”, nem
em inglês me and you, pois, mesmo não sendo a língua culta, será ouvida da boca
de muitos. Mas I and you...? Dá licença!
O meu leitor comenta que o professor em questão morou na minha terra por
sete anos, como se isso fosse algo que lhe conferisse poderes divinos (ou, no mí-
nimo, um bom comando da língua inglesa). Minha experiência tem me mostrado
que morar no exterior, independente da duração da estada, não é garantia ne-
nhuma de que a pessoa irá falar corretamente (talvez, deva acrescentar aqui,
“nem mesmo um pouco”, mas aí eu estaria sendo muito duro com aqueles que
não se esforçam. Então, acho melhor dispensar os comentários indelicados), mas
já vi estudantes voltarem de uma permanência relativamente curta demonstran-
do uma melhoria considerável. Outros, embora seja muito triste constatar, exi-
bem tão pouco progresso após tantos anos no exterior que parece até que nunca
deixaram o Brasil.
O que não acho bom, e menos ainda produtivo, é ver os alunos gastando mui-
to tempo questionando tanto a respeito de you and I ou me. Costumo dizer, e vou
repetir: adoro alunos que fazem perguntas, mas acredito que é gasto muito tem-
po nos “questionamentos” e, para mim, este assunto é um candidato ideal para
essa categoria. Tenho certeza de que há mais coisas úteis e interessantes a apren-
der, assuntos de maior importância mesmo, do que qual é o correto dentre you
and I e you and me. É o tipo de coisa que até podemos errar, mas que quase nin-
guém irá perceber, a não ser os pedantes de plantão.*
E se “something was bothering” my reader, posso assegurar-lhe de que a
polêmica que gira em torno do assunto bothers me a lot more (me incomoda
muito mais).
Temos, todos nós, mais com o que nos preocupar, na minha opinião (We all
have more important things to worry about).
Veja esta piada para terminar:
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* Este artigo saiu primeiramente na revista New Routes, que é publicada pela Disal, e o meu comen-
tário provocou a ira de muitos leitores. Mas preciso de um pouco de coragem de vez em quando.
Aliás, talvez “de vez em quando” não seja o termo mais adequado. Quem sabe “sempre” seja mais
aplicável, pois estou muito ciente de que não é tudo mundo que compartilha das minhas opiniões.
Mas prefiro dizer e escrever aquilo que acho que o aluno precisa saber, em vez daquilo que ele ou
ela gostaria de ouvir. Eu já fui muito perfeccionista. Hoje, me contento em tentar melhorar, tendo a
perfeição como meta, mas sempre consciente de que não a alcançarei nunca.
Three people were trying to get into heaven.
St. Peter asked the first, “Who’s there?”
“It’s me, Albert Jones,” the voice replied.
St. Peter let him in.
St. Peter asked the second one the same question, “Who’s there?”
“It’s me, Charlie Jones.”
And St. Peter let him in too.
He finally asked the third one, “Who’s there?”
“It is I, Mary Jones,” answered the third.
“Oh, great,” muttered St. Peter. “Another one of those English teachers.”
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Apesar das muitas vezes que tenho visto as legendas de filmes traduzirem terrific
como “terrível” (e, olha lá, não assisto a tantos filmes assim!), quero informar a
todos que terrific é, de fato, algo muito bom.
Para não haver mais dúvidas, terrific significa: ótimo, sensacional, maravi-
lhoso, fantástico, esplêndido, tremendo, extraordinário. Acho que está bom de
sinônimos.
Alguns dicionários até traduzem terrific como “terrível”, mas posso afirmar
que estão, em princípio, errados. No dia-a-dia a palavra terrific, falada por nati-
vos da língua inglesa, é usada somente com o sentido positivo (mesmo conside-
rando o fato de que é sempre muito arriscado afirmar que algo é “sempre assim
ou assado” em inglês).
Aqui vão alguns exemplos para consolidar:
1) Com terrible: I have a terrible cold. I must stay in bed (Estou com um
resfriado terrível. Preciso ficar de cama); September 11 2001 was a terri-
ble day for humanity (O dia 11 de setembro de 2001 foi um dia terrível
para a humanidade).
2) E agora com terrific: That girl is a terrific singer and the audience just lo-
ved her (Aquela moça é uma cantora sensacional e a platéia simplesmente
a adorou); We had a terrific holiday. It didn’t rain once (Tivemos umas
férias ótimas. Não choveu nenhuma vez).
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Portanto, quando chegar o momento, I wish you a terrific Christmas and New
Year (desejo-lhe um –––––* Natal e Ano-Novo). Lembre-se que a letra t em
Christmas é muda: |kris-mâs|.
See you.
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Recebi de um leitor um e-mail que começava assim: “I am liking your book...”
(Estou gostando do seu livro...). O restante dos elogios veio em português. Não
vou reproduzi-los aqui, pois pode parecer que estou me gabando, mas, que é bom
recebê-los, é, without a shadow of doubt (sem sombra de dúvida). Acho muito in-
teressante certas expressões comuns às nossas línguas.
Bem, infelizmente, a frase I am liking your book está errada. Sabe por quê?
Porque o verbo to like (um dos primeiros verbos que qualquer aluno apren-
de em qualquer língua) não é normalmente usado na forma contínua, em in-
glês. Embora like seja um verbo, não representa, em sua essência, uma ação,
um movimento, pois é abstrato, é “uma emoção”. Em vez de like, pode-se usar
enjoy, que é mais para curtir ou desfrutar. Enjoy aceita a forma contínua. Sei
que enjoy é uma emoção também, mas não fui eu quem inventou as convenções
da língua inglesa.
Vamos a alguns exemplos: I am enjoying your book (Estou gostando do seu li-
vro); Are you enjoying the party? (Você está gostando da/curtindo a festa?); I was
enjoying the show (Eu estava gostando do show). OK?
Tenho certeza de que, após essa dica, eu jamais irei escutar esse erro (pelo
menos assim espero). Para ajudar a garantir isso, envie esta dica para todas as
pessoas que constam de seu catálogo de endereços.
Bom, vou mudar de assunto. Chegou a hora de fazer um mea-culpa: numa
das dicas que envio periodicamente por e-mail para meus alunos e leitores, escre-
vi “manterei-lhes” informados. Sei agora que pisei na bola (já expliquei que essa
expressão em inglês é I slipped up. Outra opção é I screwed up, para dizer que pi-
sei no tomate).
Vários leitores me ajudaram, dizendo que devia ter dito “manter-lhes-ei”,
pois o pronome deveria ser em “ênclise” (contudo, checando a Gramática em 44
Lições de Francisco Savioli, descobri que o correto é mesóclise, pois o pronome
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* Para preeenher o espaço, escolha uma dentre as opções do início.
oblíquo vai no meio do verbo). Bem, mais uma que aprendi. Aliás, na realidade
aprendi três coisas, pois nunca tinha ouvido e nem visto as palavras “ênclise” e
“mesóclise” na minha vida! (E você ainda acha inglês difícil!)
Em tempo: Há uma canção chamada “I Like It”, de Gerry and the Pacema-
kers, um grupo de Liverpool dos anos 60, cuja letra começa assim:
I like it, I like it
I like the way you run your fingers through my hair
[…]
e termina:
I like it, I like it
I like the funny feeling being here with you
And I like it more with every day
And I like it always hearing you say
You’re liking it too
You’re liking it too
Whoa-oh, I like it
Are you liking it too?
O que comprova três coisas: 1) Há sempre exceções às regras; 2) Não é sem-
pre que Michael sabe do que está falando; 3) Não é todo grupo de Liverpool que
fala bem inglês.
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Recebo alguns e-mails de leitores querendo saber mais a respeito da dupla much
and many. São tantas perguntas que chego a me preocupar com o que esta gente
está fazendo nas suas escolas, ou – talvez mais apropriado – o que as escolas es-
tão fazendo com seus alunos. E, ainda, me pergunto se os alunos não estão se es-
quivando de suas responsabilidades, se estão realmente estudando direitinho
seus livros de gramática... posso pelo menos presumir que os estão adquirindo,
não posso?
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Bom, vejo que já levantei bastantes suspeitas e acho melhor ir logo às res-
postas, deixando este artigo pronto no arquivo para a próxima pergunta que eu
receber.
A resposta é bastante simples. Much é usado com substantivos singulares;
many é usado com os contáveis. Pronto. Next question please.
Quê? Quer alguns exemplos? OK. Tenho alguns minutos sobrando, então
vou quebrar o seu galho e me estender um pouco mais, mas só um pouco, viu!
Alguns exemplos com much: I haven’t got much time to write this (Não tenho
muito tempo para escrever isso; Lembre-se que time não é contável); You can
study English as much as you like. It’s better than being stuck in front of the TV all
the time (Você pode estudar inglês o quanto quiser. É melhor do que ficar gruda-
do o tempo todo na TV).
E agora com many: She likes many of my friends (Ela gosta muito dos meus
amigos); How many years have gone by (Quantos anos já se passaram). (Digo
isto porque o momento em que escrevo é justamente dia 26 de março de 2003, e
cheguei no Brasil na mesma data, um domingo ensolarado de Páscoa, em 1967.
Portanto, considero esse dia meu segundo aniversário. Só que estou comemo-
rando a data sozinho, frente a um teclado, digitando isto para você. Espero que
dê o devido valor ao meu texto para fazer valer a pena. Bom, não precisa dar va-
lor exatamente – basta aprender um pouco mais e me darei por satisfeito. E, se
já sabe as diferenças entre much e many, pelo menos ensine um amigo, aluno,
tio, tia, sobrinho, sobrinha, filho, pai, mãe, bisavô – enfim, qualquer um que es-
teja precisando melhorar seu inglês, ou que gostaria de receber este livro como
presente...)
Bem, voltando à dupla. Acho que já deu, não deu? Não? O que falta? Lem-
brei. O uso de of depois de many e much. Vamos ver. Much of pode ser usado –
aliás, deve ser usado – nas seguintes situações: I haven’t seen much of my girlfri-
end lately (Não tenho visto muito a minha namorada ultimamente); I haven’t
seen my girlfriend much lately (Não tenho visto minha namorada muito ultima-
mente); I’ve never thought much of David Bowie’s work (Nunca apreciei o traba-
lho de David Bowie). (Para falar a verdade, não acho graça nenhuma em nada do
que ele fez ou faz. Mas seria indelicado criticá-lo, portanto ficarei quieto.)
Usamos many of e much of antes de palavras como an, the, a, my, this, nomes
e pronomes. Vejamos: You can’t see much of Brazil in a few days (Não dá para
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ver muito do Brasil em poucos dias); You didn’t drink much of your milk Billy
(Você não bebeu muito do seu leite, Guilherme); If you don’t miss many of your
English lessons you will progress (Se não perder muitas aulas de inglês, você vai
progredir) (Amen to that!).
Acho que agora, que estou encerrando, é um bom momento (se é que já não
passou) de mencionar que much não é normalmente usado em frases afirmativas,
sendo seu uso mais restrito a frases negativas e perguntas. Como exemplo, posso
dizer I don’t like much of David’s music, mas eu teria de dizer I just love a lot of Ma-
risa Monte’s songs. I love her work very much soa como se a frase fosse dita por um
estudante de inglês que ainda não dominou essas sutilezas. Teria de dizer I love her
work a lot (e nunca I love a lot her work). Lot of e a great deal of são expressões usa-
das freqüentemente em construções desse tipo. Vamos ver algumas perguntas: Is
slang used much/a lot in English?; Is much water wasted in Brazil? (Claro, pode-
ria-se dizer Is a lot of water wasted in Brazil?; as duas formas são aceitas).
Será que já cobri o básico sobre much e many? O que era para ser um simples
exercício de alguns minutos (ou pelo menos assim achava), vejo que já consumiu
743 palavras até aqui, e sinto que ainda falta. E você? Já se deu por satisfeito? De
qualquer maneira, vou parar por aqui. Se você já entendeu o suficiente, ótimo. Se
ainda lhe falta algo, mande-me um e-mail e, como sempre, terei prazer em aju-
dá-lo. Mas por enquanto este assunto por já me cansou.
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Creio que todo mundo sabe que a palavra “par” em inglês é pair, certo? Só que às
vezes pair é usado de uma maneira um pouco diferente do português. Para não
desanimar, vamos ver primeiro os casos semelhantes: “um par de sapatos” (a
pair of shoes); um par de calças (a pair of trousers/pants – trousers é a denomina-
ção mais comum na Inglaterra, enquanto pants é a mais comum nos Estados
Unidos); a pair of glasses (um par de óculos) etc.
Quando nos referimos a esses objetos, usamos o verbo to be no plural: Mum,
where are my shoes? (Mãe, cadê meus sapatos?) (Como eu já disse, mum é a gra-
fia mais aceita na Inglaterra, enquanto prefere-se mom nos Estados Unidos –
ambos com a pronúncia /mam/.); My pants are too tight, I can’t bend over (Mi-
nhas calças estão apertadas demais. Não posso me dobrar); Her glasses were ste-
amed up when she came out of the sauna (Seus óculos ficaram embaçados quan-
do ela saiu da sauna).
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Agora, há alguns casos em que, em português, usamos no singular, mas em
inglês vai para o plural: a pair of scissors (“tesoura”, com a pronúncia /sí-zas/);
Where are the scissors? (Onde está a tesoura?). O mesmo vale para a pair of pli-
ers (“alicate”, com a pronúncia /plai-as/); Pliers are useful for removing nails
(Um alicate é util para tirar pregos). Podemos dizer the scissors ou the pliers, mas
não a pliers ou a scissors. Somente se diz a pair of pliers, ou a pair of scissors.
Outros exemplos: My underpants have disappeared! = They have disappea-
red! (A minha cueca sumiu!) [Não é fácil inventar estes exemplos, portanto, peço
desculpas por ter introduzido a minha cueca na história (e por que ela sumiu nem
vem ao caso!)]; Her panties were very pretty (A sua calcinha era muito bonita).
Interessante observar que a outra peça íntima da mulher, o sutiã – a meu ver
um candidato óbvio para o plural, tanto em português quanto inglês –, não vai
para o plural. Where is my new bra? (Onde está o meu sutiã novo?) Note que bra,
/brá/, é diminutivo de brassiere, /brã-zi-ér/, e é a palavra que normalmente utili-
zamos para falar “sutiã” em inglês.
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Agora vamos falar um pouco sobre um erro muito comum que envolve o uso de
preposições. Há algum tempo, assistindo ao programa Big Brother Brasil, um dos
participantes falou “It’s too much to my head”, provavelmente pensando na ex-
pressão em português “é demais para a minha cabeça”. Apesar de não ser um da-
queles erros que confundiriam o ouvinte, a preposição to está errada. O que o
participante deveria ter dito era It’s too much for my head.
E por que a preposição é for, em vez de to? Simplesmente – como já disse vá-
rias vezes – porque a maioria das preposições em inglês não segue uma lógica!
(Aproveitando a deixa, pergunto: e em português, seguem alguma lógica? Con-
fesso que ainda não entendi direito por que tenho de falar “dor de dente” em vez
de “dor no dente”. Essa língua portuguesa...)
Brincadeiras à parte, a própria expressão It’s too much for my head não é exa-
tamente o que diríamos em inglês. Aqui estão algumas opções para o nosso parti-
cipante e, de quebra, pra você também: It’s (way) too much for me; I can’t take it;
I don’t get it; I give up. Assim, evita-se o onipresente “português em inglês”, as-
sunto que tento combater bastante (e que, neste livro, até dedico um capítulo es-
pecial).
I’ll be seeing you.
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“Michael, por que nós dizemos in a field but on a farm, se em português só usamos
a preposição em (...em um campo, mas em uma fazenda)?” Eis uma dúvida bas-
tante comum, mas a minha resposta é: não faço a menor idéia! Lamento, mas
quem procura lógica e regras para as preposições em inglês está condenado a uma
busca sem fim.
Nesses casos, costumo replicar dizendo que, para mim, até as preposições
em português são um mistério!
Por que tenho de dizer “dor de barriga” e não “dor na barriga”, “dor no
dedo” e não “dor de dedo”, “dor de cabeça” e não “dor na cabeça”? Portanto, se
você esbarrar com um gringo cometendo alguma barbaridade com as preposi-
ções em português, não vá rir, nem se espantar! We all have our own problems!
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Tive uma aluna, adolescente, que certa vez implicou comigo quando, no decorrer
da aula, usei a palavra shall de uma maneira natural (claro que a usei naturalmen-
te; afinal, sou inglês!). Não me lembro da frase, mas isto não é importante no mo-
mento. Ela me olhou e disse num tom de acusação: “Você usou shall!”, como se
eu tivesse acabado de chutar o cachorro dela. “Sim, e daí?”, respondi, um pouco
perplexo. (Bem, o que eu disse na verdade foi Yes I did. So what?, pois quando es-
tou lecionando tento ao máximo manter as conversações na língua inglesa.) Ao
que ela me respondeu: “O meu professor na escola disse que shall não é mais usa-
do. É inglês obsoleto.”
Mais perplexo ainda, perguntei então se o professor dela por acaso era
brasileiro, o que ela confirmou. Então saquei o que estava acontecendo. Pelo
menos presumi. Em vez de ter o trabalho de explicar as diferenças entre shall e
will, o professor dela deve ter achado mais fácil ignorar totalmente a existên-
cia de shall e partir para outras coisas mais simples. Em termos psicológicos,
chama-se a isto de negação. O que em curto prazo é mais fácil, mas que neces-
sariamente cria dificuldades mais adiante. E veja bem: estou falando apenas
de inglês!
Realmente, para o aluno aceitar o uso de shall na língua inglesa é o equivalen-
te ao psicopata durante sessões de psicanálise admitir que sofre de um distúrbio
do tipo “Complexo de Édipo”, que é esquizofrênico, que cometeu incesto ou que
gosta de Julio Iglesias cantando em dueto com David Bowie.
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E por que será que o professor dela se esquivou da tarefa de explicar as di-
ferenças entre shall e will? A resposta é óbvia para qualquer um que já tenha
tentado explicar. É deveras árduo. Ou, numa linguagem bem mais coloquial, é
difícil pacas!
Lembro-me de, muitos anos atrás, ter enfrentado este desafio pela primeira
vez. Outro aluno meu faz a mesmíssima pergunta: “Qual a diferença entre will e
shall?” E eu, em vez de enrolar, disse-lhe que naquele momento não estava pre-
parado para responder, mas que para a próxima aula lhe traria uma explicação.
Dito e feito.
Gastei um bom tempo pesquisando e coloquei tudo no papel, com exemplos
claros e elucidativos. Ele ficou encantado! Juro que não estou exagerando. Ficou
satisfeito mesmo (e eu também, lógico!). Só que isso faz anos, e infelizmente não
guardei as explicações. Significa que terei de começar da estaca zero. Ou start
from scratch, como a gente fala em inglês. Só espero que consiga repetir a faça-
nha desta vez.
Vou começar presumindo que nenhuma explicação seja necessária a respeito
de will. Que will já faz parte do seu vocabulário ativo e que não tem mistério. Cer-
to? Mas você deve se lembrar de que will tem tantos usos – will não serve apenas
para anteceder o verbo e colocar a ação no futuro – que, antes de se aventurar po-
los campos do shall, talvez seja prudente que você, sozinho, dê uma revisada no
will. Não? Não é necessário mesmo? Então, tá. Mas depois não vá dizer que eu
não avisei (Don’t say I didn’t warn you).
Em primeiro lugar, shall é o que chamamos de modal verb. Pode receber
também a denominação de modal, modal auxiliary, modal auxiliary verb ou
até auxiliary verb. Tanto faz a nomenclatura, mas eu prefiro chamá-lo aqui de
um modal. (Por um motivo bem simples – menos letras.) Modals são aqueles
que modificam os verbos, mas sem ser exatamente verbos. Normalmente, não
tem tenses (tempos, conjugações). São incluídos nesta categoria outros mo-
dals, tais como could, would, may, might etc. Uso “etc.” porque me poupa o
trabalho de terminar a lista e evita, assim, que eu corra o risco de esquecer al-
guns. Risco bem grande, por sinal. Mas não é esta a nossa preocupação, no
momento.
Só que, tendo dito isso, vejo que os dicionários dão como passado de shall
outro modal verb, o should. Sinceramente, acho que falar sobre isto agora vai
complicar a minha tentativa de explicar as diferenças entre will e shall. Vamos dar
um tempo, OK? O should fica para uma próxima, depois você verá o porquê.
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Bem, voltando a shall (O leitor atento já deve ter percebido o óbvio. Já come-
cei a fugir do assunto. Vai fundo, Michael! Não vacile agora!). Em primeiro lu-
gar, só se usa shall para I e we, as primeiras pessoas do singular e do plural. Para
as outras pessoas, segunda (you) e terceira (he, she, it, they, someone etc.), usa-se
simplesmente will para o futuro. So far so good? – ou seja, até aí tudo bem? Acho
que não precisa uma lista. Concorda?
Mas estamos apenas começando. Vamos ver as exceções (Hahá! Suspeitou
que viriam algumas exceções, não suspeitou?). O shall é usado com o sujeito na
segunda pessoa para demonstrar determinação ou promessa. Veja: You shall eat
your cabbage, even if it chokes you, said the angry mother to her child (Você come-
rá seu repolho, mesmo que você engasgue – disse a mãe com raiva ao filho).
Shall é usado universalmente nas seguintes situações:
1. Em perguntas em que estejam sendo solicitadas instruções, permissão,
orientação, informações. Por exemplo: Shall I send the e-mail today or
tomorrow? (Porém, atenção: Will you send the e-mail today or tomor-
row?); Shall I go now or wait for another hour? (Porém, novamente aten-
ção: Will you go now or wait for another hour?); When shall we have
lunch? (Porém, When will you have lunch?); Shall we see you tomorrow?
(Porém, Will he see you tomorrow?).
2. Em linguagem jurídica, militar ou em outros casos em que haja uso auto-
ritário para designar um comando. Por exemplo: The defendant shall
spend the next ten years in prison (O réu passará os próximos dez anos na
cadeia); No one shall enter the building after 10 pm (Ninguém entrará no
prédio após as 22 horas); The sergeant shall inspect the barracks every day
(O sargento inspecionará o quartel todos os dias); You shall pay for this!
(Você pagará por isso!) (usado, portanto, como uma ameaça).
3. Para indicar tempo futuro não especificado, com qualquer substantivo
ou pronome como sujeito, especialmente em cláusulas condicionais ou
orações que expressem dúvidas. Por exemplo: He doubts whether he shall
be in tomorrow; I don’t think I shall ever see her again.
Interessante observar que shall também é quase sempre usado na seguinte si-
tuação: ao sair com alguém para almoçar, ou ir para outro lugar, estende-se um
convite – Shall we? Com isso, transforma-se numa sugestão em forma de convi-
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te. Ou um convite em forma de sugestão? Sei lá! Estou ficando um pouco confu-
so... E você? Ainda está aí?
Bem, vamos continuar. Continuar? Você quer mesmo? Talvez ao ler o que
vou dizer, digo, escrever, você irá se arrepender de ter continuado a leitura até
aqui!
Os gramáticos da língua inglesa são quase unânimes em afirmar que o uso de
shall está caindo em desuso por negligência. A forma shall está sendo negligen-
ciada, portanto, para popularizar cada vez mais o uso de will entre todas as pes-
soas, transformando-a na forma mais usual de futuro (e do futuro).
A regra a respeito do uso de shall para as primeiras pessoas, há de se admitir,
é mais ignorada que seguida hoje em dia. Puxa! Por que então gastei meu tempo
escrevendo tudo isso aí em cima? Sei, quero explicar o uso, uai! (Fui casado com
uma mineira.)
No entanto, o que coloquei acima, gastando o equivalente em tecladês de
saliva, são as regras tradicionais. Mas a distinção nunca vingou fora dos cam-
pos do “inglês para inglês ver” (Puxa! Gostei desta construção que acabei de
fazer!). A despeito dos esforços de gerações de professores de inglês nas esco-
las americanas, a distinção é, em parte, estranha ao idioma falado na América.
Nos Estados Unidos, usa-se will para expressar a maioria dos usos, com a
aplicação de shall ficando restrita às propostas interrogativas da primeira pes-
soa, do tipo shall we go?, e frases-chavão do tipo We shall overcome! (Vence-
remos!) e Our day shall come (chegará o nosso dia), para indicar certeza ou
inevitabilidade.
Porém, para falar a verdade, uma vez eu estava prestando muita atenção num
grupo de americanos conversando e pude notar que a expressão shall era bastan-
te empregada ao longo do papo. No entanto, concordo que os ingleses têm uma
tendência maior a usar shall.
Shall é muito usada em contratos para expressar obrigações, com a ressalva
de que pode ser trocada por outros modals: must, should, have to ou por um ad-
vérbio como certainly. Pode-se até dizer que os americanos preferem, às vezes,
não correr o risco de usar shall indevidamente num contexto não familiar, e as-
sim evitar um possível gafe. A mesma coisa obviamente se aplica aos brasileiros.
Para efeito de simplificação, pode-se passar anos sem precisar usar shall e
ninguém vai achar estranho, nem, provavelmente, notar. So, just stick to will and
you won’t go far wrong (Então, use will e você não fará feio).
Pensando bem, parece que o professor da minha aluna tinha razão...
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Tenho uma amiga que fala tão bem inglês e é excelente professora também, mas, às
vezes ainda tropeça com o uso da famigerada dupla still e yet, tão querida pelos alu-
nos brasileiros quanto Osama bin Laden e Saddam Hussein são por George W.
Bush. Como você sabe, em português as duas palavras significam “ainda” e aí está
formada a confusão. Confesso que cada vez que a corrijo e ela me pergunta Why
still and not yet?, ou Why yet and not still?, assumo aquele “ar de sabidão” e me re-
servo ao direito de permanecer em silêncio (esperando, assim, que ela nem suspei-
te que, para falar bem a verdade, não faço a mínima idéia). Só que, por ironia do
destino, bons ventos sopraram a favor dela, pois um “querido leitor” (para meu de-
sespero!) acabou me fazendo a mesmíssima pergunta. Para manter pelo menos um
pouco de minha credibilidade, decidi me “mexer”. Se ela entender, o mesmo valerá
para o “querido leitor” e para você também (tomara!).Vamos lá, então.
Resolvi começar com still, a meu ver um pouco mais fácil, porém tenho certe-
za de que, após a minha explicação, você irá tirar de letra tanto still quanto yet.
Vai ser moleza!
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“Usamos still para dizer que uma situação ou ação é contínua. Não mudou nem
parou (...) Still normalmente vai no meio da frase com o verbo.” Traduzi essas
palavras diretamente do English Grammar in Use (Second Edition) (Cambridge
University Press), de Raymond Murphy. Caso ainda não esteja suficientemente
claro, veja outra explicação de uma outra gramática: “Still é usado para dizer que
algo continua e não parou... Still normalmente é colocado junto ao verbo (...) É
utilizado para falar sobre a continuação de uma situação ou ação que começou
no passado, especialmente quando estamos esperando que pare em breve, ou que
nos surpreendamos que não tenha parado” (Practical English Usage, de Michael
Swan, que saiu pela Oxford University Press).
Viu como é simples? (“Simples?!?!? É impressão minha ou esse Michael Ja-
cobs ‘pirou de vez’?”; isso é o mínimo que você deve estar pensando agora, não
é?) (Note que usei três interrogações e duas exclamações – me dou esta licença,
afinal, estou representando o pensamento de um brasileiro.)
Vamos consolidar o ensinamento sobre still com alguns exemplos: She only
ate an hour ago, but she is still hungry (Ela comeu faz apenas uma hora, mas ainda
está com fome); “Where do you live?” / “I still live in Recife. I’ve lived there for two
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years” (“Onde você mora?” / “Ainda moro em Recife. Moro lá há dois anos”);
“Where is George?” / “I don’t know. He still hasn’t arrived.” (“Onde está Geor-
ge?” / “Não sei. Ele ainda não chegou.”); She still doesn’t understand the diffe-
rence between still and yet (Ela ainda não entende a diferença entre still e yet) [ou
seja, ela não entendia antes e continua não entendendo agora (mas que estou ten-
tando explicar, juro que estou)].
Portanto, still também é usado em frases negativas (antes da negação, nor-
malmente).
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“Yet é usado para falar sobre algo que é esperado, normalmente, vai ao final da
frase e é somente utilizado para perguntas e frases negativas.” (Practical English
Usage, de M. Swan)
Adicionalmente, quero oferecer uma sugestão: se alguém lhe perguntar, por
exemplo, Do you know how to play the piano? (Você sabe tocar piano?), e você
não souber, responda com classe: Not yet. Dessa forma seu interlocutor entende-
rá que você está aprendendo ou vai aprender no futuro, pois está nos seus planos.
É uma resposta intrigante e despertará mais interesse do que um simples “não”.
Concorda comigo?
Alguns exemplos de perguntas e frases negativas com yet:
1. She still doesn’t understand the difference between still and yet (Ela ainda
não entende a diferença entre still e yet).
2. A frase acima significa quase a mesma coisa que She doesn’t understand
the difference between still and yet yet (Ela não entende a diferença entre
still e yet ainda). Se você está se sentindo “levemente” confuso pelo uso
do yet/yet neste exemplo, lamento informá-lo que, apesar da brincadeira,
a frase é correta, embora (admito) um pouco forçada.
3. “Where are you going for your vacation?”/“We don’t know yet. Perhaps
Cancun.” (“Onde vocês vão passar as férias?”/“Não sabemos ainda.
Talvez Cancun.”)
4. “Have you finished reading that great book by Michael Jacobs I lent you
yet?”/“No, not yet. I’m still reading it. Can’t put it down.” (“Você já ter-
minou de ler aquele livro que lhe emprestei?”/Não, ainda não. Estou len-
do-o ainda. Não consigo largar.”) O leitor atento já terá percebido neste
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exemplo que, em português, mudamos de “ainda” para “já”, sem que o
sentido seja alterado. Coisas da língua portuguesa que ajudam a entender
inglês. E olhe a “brilhante” frase que criei na resposta do exemplo 4,
usando yet na pergunta e still na resposta.Tento de tudo para ajudar você!
Embora quase todos os livros de gramática citem yet como descrevi acima, a
minha percepção me diz que é mais comum vê-lo em perguntas negativas do que
em perguntas simples. Veja a diferença: Are they ready to leave yet? (pergunta fei-
ta em tom normal: “Já estão prontos para ir?”); Aren’t they ready to leave yet?
(pergunta feita com uma certa irritação: “Não estão prontos para ir ainda?”).
Outro exemplo: Have they arrived yet? (demonstra simples curiosidade: “Já che-
garam?”); Haven’t they arrived yet? (pergunta feita com irritação: “Ainda não
chegaram?”).
Vamos examinar mais algumas frases que demonstram a sutileza entre yet e
still nesta tabela (na qual o querido present perfect está perfeitamente bem pre-
sente, por sinal). A única diferença entre as frases a seguir é que as com still trans-
mitem um sentido menos otimista; o fato ainda não aconteceu e, possivelmente,
não acontecerá.
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Usando yet, tenho a impressão de que a probabilidade de o fato se realizar pa-
rece um pouco (embora muito pouco) maior.
Como você viu, é difícil generalizar com “Osama” e “Saddam”, digo, com
still e yet. Quando esta explicação me foi solicitada, pensei: “’Xá comigo!” Aí,
sentei-me frente ao computador e... nada! Concentrei-me mais, tanto que até
quase começou a sair sangue pela testa! Cada caso parecia confirmar o contrário
do que eu queria dizer, não é?
3: ������ � !���"#
Bem, inglês é isso aí, gente. É trabalho duro! Os livros de gramática inglesa,
que explicam as “regras”, estão recheados de palavras como but, often, normally,
not normally, usually, can use, possible, sometimes, most etc. E estas palavras cer-
tamente se aplicam para yet e still.
Difícil de entender? Talvez. Agora, explicar... Meu amigo... É dureza! Se
você por acaso ainda não entendeu as diferenças (If you still haven’t understood
the differences; If you haven’t yet understood the differences; If you haven’t un-
derstood the differences yet – sim, todas as opções são corretas), ou achou a mi-
nha explicação um pouco, digamos, complexa, incompleta ou até irônica, só pos-
so usar uma expressão que aprendi há muito tempo: “Se quiser brigar ou discu-
tir, é melhor mudar de assunto.”
Fique, inclusive, à vontade para me enviar uma explicação melhor, para que
eu possa tirar de vez esse “leve” ar de desconfiança de que ainda (essa é pra você:
still ou yet? Se acertar, considero a minha missão cumprida) percebo no rosto da
minha amiga.
And now for my next trick… (portanto, para a minha próxima proeza...) vou
explicar os usos do... present perfect! Mas esta explicação de still e yet acabou co-
migo! Então, vou lhe poupar... mas só até o próximo texto, logo aí embaixo. Não,
pensando melhor... vou continuar. É o meu papel.
So now for my next trick… (e agora, para a minha próxima proeza...) eu que-
ria explicar os usos de... still e yet em conjunto com o tempo verbal present perfect,
que é bastante “interessante” (just kidding), mas – para sorte sua – o meu gás está
acabando. Então, vou poupá-lo até o próximo texto.
Afinal, depois de todo este trabalho – e o pior: sem saber ao certo se realmen-
te ajudei –, vou parar por aqui e fazer um cafezinho gostoso.
Acho que eu mereço.
Those prepositions! When to use “at”, “in” and “on”… and “for”, and
“to”, and “above”, and “over”, and… (Essas preposições! Quando usar
at, in e on... e for, e to, e above, e over e...)
Há certos fatos que não posso mais ignorar. Eu até tento. Mas, como eu não
consigo fugir da raia, talvez tenha chegado a hora de assumir de vez aquilo que
faço, ou pelo menos tento fazer – ajudar o aluno brasileiro no seu aprendizado de
inglês.
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Recebi mais um e-mail de um leitor agradecendo um esclarecimento anterior
e pedindo uma orientação a respeito das prepositions at, in e on. Não quis dizer
com isso que recebi mais um e-mail cheio de agradecimentos. Quis dizer que
acabou de chegar para mim MAIS uma solicitação sobre preposições.
Aliás, pensando bem, acho que recebo mais correspondência sobre preposi-
ções do que contendo agradecimentos. Muito mais! Não estou me queixando,
não. São os ossos do ofício. (Aposto que agora você está querendo saber como se
diz “ossos do ofício” em inglês, certo? Eu uso duas expressões: it comes with the
job ou it’s all in a day’s work.)
No mesmo dia, recebi outra solicitação a respeito das regras de for e to. O
meu leitor usou um exemplo bem simples: “Michael, posso dizer I bought a pre-
sent to you, ou preciso dizer I bought a present for you? Qual é o certo e por quê?”
A resposta à primeira parte da pergunta – “qual é o certo?” – é I bought a pre-
sent for you. Entretanto, para justificar o uso de for em vez de I bought a present
to you, fica muito mais difícil. Para ser honesto, eu precisaria entrar em campos
tão minados e em explicações tão complicadas que nem vale a pena tentar. Nas
minhas palestras, eu tento – à minha maneira – mostrar que to é uma preposition
que indica “direção”, enquanto for indica “em beneficio de algo ou alguém”. E
com isso praticamente encerro o assunto. (Mas lembre-se: ao entregar o presen-
te, você pode dizer I am giving this present to you).
No entanto, quando vejo meus leitores e alunos em geral às turras com as
preposições inglesas, sou obrigado a parar para pensar sobre os motivos que
os levam a sentir tanta dificuldade com elas. Afinal, eu não sinto tanta dificul-
dade assim. Sempre sei qual usar. E, a julgar pela quantidade de livros de gra-
mática inglesa que há por aí, livros que analisam profundamente e em tantos
detalhes as prepositions, com centenas de – não, minto –, com milhares de
exemplos e exercícios, por que ainda há alunos e estudantes que manifestam
esta dificuldade?
Será que os autores e as editoras não conseguem fazer um trabalho sério, de-
cente? Ou será que são os alunos que não fazem seu dever de casa? Não, não
pode ser. Peço desculpas por ter mencionado esta hipótese tão radical. Retiro o
que eu disse. Já, imediatamente.
Mas ainda me pergunto: “Por que os meus alunos esperam de mim a explica-
ção de algo que as publicações mundiais aparentemente não conseguem expli-
car? Quem sou eu para conseguir fazer melhor?” Mas, já que a demanda existe e
as dúvidas permanecem, vamos ver o que posso fazer para ajudar.
3� ������ � !���"#
Em primeiro lugar, um conselho. Há tempos que oriento meus alunos a ten-
tar desvincular as prepositions do “monstro” gramático. Desvincular é modo de
dizer. Há tempos proponho a eles que pensem nas preposições como simples
vocabulário, pois, para muitos, a palavra “gramática” representa desafios ex-
traordinários – quando não um poço sem fundo ou até um buraco negro. (Para
as pessoas que adoram gramática, fiquem à vontade para seguir ou não o meu
conselho.)
E, sabe o porquê da minha recomendação? Porque não há regras para ajudar
o aluno a determinar qual preposition usar. Há o que chamamos de usage, ou
seja, a maneira como certas palavras e expressões são usadas na prática e não de-
terminadas especificamente por normas gramaticais. Usage é o nome do jogo, e
não podia deixar de ser, pois, que eu saiba, a The Universal English Language
Academy, aquela que supostamente dita as regras de como o inglês “tem” de ser,
anda mal das pernas ultimamente – desacreditada, até.
Para mostrar a verdade disso, vamos examinar um excelente livro de gramáti-
ca, que eu até já citei: o Practical English Usage (Oxford University Press), de
Michael Swan. Aliás, menciono esse livro por dois motivos. O primeiro é que tive
a honra de conhecer Swan pessoalmente em 2002, aqui no Brasil. Batendo um
papo, contei-lhe que eu chegava a achar que as prepositions poderiam ser consi-
deradas vocabulário em vez de parte da gramática – e ele concordou! O segundo
motivo é que ele escreveu essa obra-prima, em que explica como usar inglês cor-
retamente.
Agora, convido-o, querido leitor, a pensar: “Para quem será que ele escreveu
o livro? Para os native speakers melhorarem seu inglês e evitarem cair em armadi-
lhas?” A resposta é: de jeito nenhum! Michael Swan, bem como outros tantos au-
tores, explica o uso da gramática inglesa para o estudante de inglês, aquele que
está aprendendo inglês como uma segunda língua (ESL – English as a Second
Language) ou como língua estrangeira (EFL – English as a Foreign Language).
Para quem não entende a diferença entre ESL e EFL, é simples. A meu ver, a
única diferença existente é que a segunda categoria serve a quem já tem uma se-
gunda língua e está aprendendo uma terceira, ou até vigésima, língua. Já vi um
monte de explicações pormenorizadas a respeito das sutilezas entre as duas si-
glas, mas ainda não consigo entender as distinções e não sei se perco algo com
isso. Deixo os detalhes para os experts. Quem sabe um dia eu aprendo!
Então, continuando. Todos os livros de gramática inglesa para estrangeiros
se incumbem de explicar aquilo que já existe. São, na linguagem técnica,
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pós-escritos e não pré-escritos. Quer dizer, explicam como a língua é usada na
prática – pelo usage. As regras, se é que devemos chamá-las assim, ou normas, ou
– talvez o termo mais apropriado – as convenções vieram depois, para ajudar o
estudante estrangeiro da língua, não os nativos. Não custa repetir: estes já sabem.
Os livros escritos por pessoas como Michael (Swan, não eu. Poderia cha-
má-lo de “Miguel Cisne”, para não confundir) explicam a gramática inglesa para
o estudante estrangeiro da língua. Para os nativos que se interessam pela gramá-
tica sem fins educacionais, este tipo de publicação raramente seria útil.
Não estou querendo dizer que o estudo da gramática seja negligenciado pe-
los nativos da língua. Apenas digo que o tipo de dúvida e consulta é diferente. Ge-
ralmente, são dúvidas e/ou consultas mais profundas e complexas, pois normal-
mente o objetivo é outro. As questões gramaticais tratadas nos livros para estu-
dantes estrangeiros de inglês jamais seriam cogitadas e – para falar a verdade –
dificilmente seriam interessantes para nativos. Afinal, como eu disse, estes já sa-
bem falar inglês. Já sabem, em geral, o que é certo e errado. Podem não saber ex-
plicar os motivos, pois não têm a experiência de ministrar aulas, mas sabem o que
é certo. Podem não ter tido uma boa educação formal, acadêmica – como podem
não ter educação nenhuma –, mas já sabem usar o future perfect, o past perfect e
até o querido present perfect sem pensar. Nem precisam esquentar a cabeça com
as diferenças entre do e make, nem qual modal verb é mais adequado. E, prova-
velmente, nunca ouviram falar de phrasal verbs! Nem com isso, nem com aquilo,
nem com tanta coisa. E nem com prepositions!
E então voltamos ao X da questão! Prepositions não seguem e não obedecem
a regras. E, de volta ao quesito vocabulário: vocabulário segue regras? Claro que
não, ou melhor, parece até uma pergunta boba, concorda? Existe a palavra certa
para expressar aquilo que você quer expressar. Você não diria “coloque o açúcar
na mesa” se estivesse querendo que seu filho “subisse num elefante”. Você diria
apenas “suba no elefante”. Se eu quiser tomar um suco de laranja, pedirei um
suco de laranja, e não um “ocus de ajnaral”. Palavras são o que são, ou melhor,
representam certas coisas. E qualquer coincidência com preposições e prepositi-
ons é pura semelhança. (Gostei do trocadilho!)
Admito que me ponho a rir quando os alunos dizem que têm dificuldades
com prepositions devido à sua complexidade, falta de lógica e de regras. (Quero
dizer que são as prepositions que têm, ou deixam de ter, estas qualidades, não os
alunos. Mas, pensando bem... Ah! Deixa pra lá!) E sabe por que dou risadas?
Porque os mesmos alunos que acham que falta lógica às prepositions acreditam
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que há lógica nas “preposições”. Claro, não há dificuldade com preposições
(para os brasileiros) pelos mesmos motivos que não há mistérios nas prepositions
para o nativo da língua inglesa.
Todos nós – brasileiros e ingleses – aprendemos com nossas mães (ou com
alguém) o certo e o errado das prepositions e das preposições – e, tomara, outras
coisas mais também. Na maioria dos casos, trata-se de um processo indolor.
Lembro-me agora de quando fazia traduções do inglês para a língua portu-
guesa. Sempre tinha o cuidado de, antes de entregar o trabalho final ao cliente,
passá-lo por um revisor brasileiro, qualificado. E não é que minhas traduções
sempre voltavam com as preposições corrigidas?
Para mostrar por que isto pode acontecer, vou mencionar um exemplo bem
simples, de um gringo que chega ao Brasil pronto para começar a aprender por-
tuguês. Acontece que, já no primeiro dia, ele é acometido com uma baita dor de
cabeça. Pode ser então que “dor de cabeça” seja a primeira coisa que ele vá
aprender a dizer em português (antes mesmo de “caipirinha” ou “mulheres”).
Curado, já no segundo dia ele descobre algum incômodo no dedo mindinho,
procura no seu dicionário e descobre que finger é “dedo”. Vira para um amigo
brasileiro e reclama: “tenho um dor de dedo”. O brasileiro, sempre solícito, cor-
rige: “Não, John. Não é dor de dedo. É dor no dedo”.
E o nosso gringo, querendo entender as sutilezas da língua portuguesa, per-
gunta: “Por quê? Por quê? Se é dor ‘de’ cabeça, não devia ser também dor ‘de’
dedo? Por que é ‘no dedo’ e não ‘de’ dedo? Será que devo dizer também dor ‘na’
cabeça? As duas dores não estão dentro? Dor dentro da cabeça. Dor dentro do
dedo?” (Logicamente, o nosso gringo não estaria dizendo tudo isso em português
ainda, mas a comunicação se deu porque o amigo dele fala muito bem inglês.)
Podemos até imaginar as mesmas perguntas com dores “de” costas, dor “de”
perna... dor “de” cotovelo... Aliás, sabemos que este último refere-se a algo bem di-
ferente, mas o nosso gringo, já no terceiro dia acometido agora com a pain in the
elbow, não sabe ainda. Portanto, podemos entender que teve o azar de se apaixonar
por uma brasileira (o que, diga-se de passagem, é muito fácil de acontecer...) em
vez de ter problemas na junta de articulação do braço, dor “no” cotovelo.
Coloque-se você no lugar do brasileiro. Aliás, já está no lugar dele! Consegue
explicar o porquê de “no” em vez de “de”? Se for craque, talvez até consiga, mas
pode imaginar as justificativas que será necessário dar? E sem a garantia de que
será compreendido, diga-se de passagem. E vai-se tempo, muito tempo! E lem-
bre-se que está dando estas explicações em português para alguém que ainda não
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domina a língua! Uma pergunta séria, bem, bem séria, seria: “Será que ele vai en-
tender suas tentativas de explicar, mesmo que você saiba os motivos?”
Este exemplo que usei é apenas uma simples demonstração de como a falta
de lógica invade as preposições mais simples do português. Pelo menos eu vejo
assim, apesar dos meus 36 anos de Brasil, boa parte dedicada a tentar melhorar
meu português.
Já fiz esta mesma pergunta a platéias durante as minhas palestras, e acho até
divertido ouvir as tentativas de explicar. Claro, certas pessoas podem explicar as
preposições em português, bem como há também as que explicam em inglês.
Mas será que o aprendizado ganha alguma coisa com os pormenores? Por que
não aceitar simplesmente as prepositions como elas são, aprendendo-as como se
aprende qualquer outra coisa, em vez de procurar regras para se orientar? Sem-
pre tenho a impressão de que a decoreba de regras torna-se mais trabalhosa e pe-
nosa do que o simples ato de aprender. E mesmo a decoreba das novas palavras e
suas associações é mais fácil, pois, mesmo se conseguisse decorar as regras (se
existissem), teria ainda mais trabalho pela frente para decorar as próprias prepo-
sitions, depois. Não seria trabalho em dobro? Eu acho que, aprendendo assim,
sem regras, é muito mais gostoso e, quiçá, mais eficaz.
Finalmente, para responder ao meu leitor a respeito de in, at e on – e a outros
tantos que já fizeram o mesmo tipo de pergunta referente a muitas outras propo-
sições, só tenho para oferecer este texto como resposta (e posso aproveitar para
mencionar aqui os temidos phrasal verbs. Quer uma dica? É só substituir, ao lon-
go deste texto, a palavra preposition(s) por phrasal verb(s) e terá também uma
resposta. Assim, vai me economizar um bocado de trabalho).
Em tempo: hoje consultei o Ron Martinez – autor da série Como Dizer
Tudo em várias línguas – para ver se ele sabia me dizer quantas prepositions há
em inglês, pois tinha me cansado de procurar. Ele, com sua sabedoria invejá-
vel, logo me retornou com a resposta, e uma lista. Vou me limitar ao número.
São apenas 95. Deixe-me repetir isto por extenso – noventa e cinco. Apenas.
Se quiser decorar mais ou menos dez por dia, logo estará tinindo. Se decorar
cinco por dia, também.
Posso ouvir você pensando: “Vou pedir para o Michael me enviar esta tal lis-
ta. Deve ser bárbara! Quero, quero, quero!” Mas, pense bem: será que ela vai aju-
dá-lo em alguma coisa pra valer? Não vou negar fogo se realmente quiser a rela-
ção, mas só lhe peço para pensar a respeito da sua real utilidade, a de saber todas
as prepositions, no aprendizado de inglês. Pode trazer apenas frustração.
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Você é quem sabe. Agora, se quiser me enviar uma relação completa das pre-
posições e suas colocações, serei eternamente agradecido, pois reconheço que
colocar as prepositions junto com as outras palavras é que é o grande desafio,
como o é também em português, mas não conheço atalhos. Sorry.
Tenho muito receio de parecer indelicado quando faço colocações como esta
que vou fazer agora, mas sinceramente não vejo muita opção. Quero, com toda
humildade, sugerir a você que procure essa resposta nos livros que já existem.
Estes já fazem algo que, sinceramente, não poderia duplicar, nem melhorar.
E para que é que eu vou ficar aqui, inventando a roda?
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Que errinho mais engraçado. Já o vi inúmeras vezes e sempre dou uma risadinha,
pois, dependendo das circunstâncias, o sentido muda e daí fica um barato.
Creio que você concordará comigo quando se der conta que below, com ape-
nas um “l”, é o advérbio que significa “abaixo”, em lugar inferior, para baixo; e,
como preposição, é o mesmo que “sob”, ou seja, abaixo, mais baixo que, menos
que. Até aí, nada de mais. Mas, quando examinamos bellow, agora com dois
“eles” (não sei escrever dois “ls”; escreve-se dois “Ls”? Será?), tudo muda. Um
bellow é um “berro”, um urro, um grito; e o verbo to bellow é berrar, urrar, voci-
ferar, uivar, gritar, ulular.
Claro que estou usando meus dicionários para fazer todas essas compara-
ções, afinal, a palavra “ulular” não faz parte do meu vocabulário ativo. (Pare-
ce-me algo que um francês diria ao visitar pela primeira vez uma famosa casa de
cabaré em Paris. “U-la-lá!”). Aliás, nem do meu “vocabulário anual”, para ser
mais honesto ainda – e quem me conhece pode testemunhar a meu favor. Como
tantas vezes eu afirmo, não sou um dicionário ambulante.
E por já ter falado duas vezes a palavra “dicionários” (agora três), foge da mi-
nha compreensão como pode existir uma linha de ensino que proíba o uso do di-
cionário como ferramenta de aprendizado de uma língua. Sem ter um dicionário
à mão, como é que o estudante vai adquirir e/ou checar vocabulário? Só quem
tem uma bola de cristal (a crystal ball)!
E, já que estou no assunto, semana passada eu estava conversando com uma
professora de inglês que me confidenciou que jamais leva um dicionário consigo
ao adentrar em sua sala de aula. E sabe o motivo? Porque os alunos vão achar que
ela não é competente o suficiente para ensinar inglês! Onde já se viu uma coisa
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dessas? O que é que os alunos esperam? Que o professor seja um dicionário am-
bulante – que saiba tudo na ponta da língua? Que tenha de cor todas as referên-
cias gramaticais, bíblicas, de música popular, que disponha de uma vasta reserva
de palavras – até as de baixíssima freqüência (ou, principalmente, estas)?
Gente! As coisas não funcionam assim, nem um pouco! Nas minhas aulas,
embora normalmente não leve um dicionário a tiracolo (sigo à risca a máxima
travelling light), vira e mexe recorro aos recursos do dicionário. Isso não é vergo-
nha nenhuma – é apenas bom senso. Não podemos saber de tudo que possa sur-
gir dentro da (tantas vezes imprevisível) sala de aula. Tenho um vocabulário ra-
zoável, mas ao escrever tenho ao meu lado... deixe-me contar... one, two... Não,
não vou contar até o final. Basta dizer que são dezessete ao todo. E não abro mão
de nenhum. Jamais pude desenvolver meu trabalho sem eles. E daí você seria pri-
vado das delícias que escrevo. (Não, a modéstia não me permite dizer isso, vou
deletar já!)
Voltando para o uso de bellow no lugar de below (o contrário eu nunca vi), é
interessante observar num CV (em inglês diz-se Résumé ou Curriculum Vitae.
Novamente, é interessante observar que para currículo, em inglês, só temos dois
termos, um francês e outro latim. Nada de inglês!) o candidato respeitosamente
avisar: See qualifications bellow. A meu ver, o que ele está dizendo é “Vide quali-
ficações e grite!”. Pobres qualificações! Pobre candidato! Sou adepto da máxima
You only have one chance to make a good first impression (Só se tem uma chance
de causar uma boa primeira impressão), e com bellow na jogada, meu amigo, esta
chance se foi.
Well, I hope I’ve helped someone (bem, espero ter ajudado alguém).
P.S.: Esqueci de deletar!
“CD’s”, NÃO! É “CDs”, sem apóstrofo (ou será o contrário?)
Estou cansado de ver por aí lojas e anúncios oferecendo “CD’s”. Refiro-me,
não à qualidade dos compact discs vendidos, mas ao uso de “CD” com apóstrofo
– “CD’s”. O correto é “CDs”, sem o dito cujo, em que a adição do “s” minúsculo
representa tão somente o plural. Este é mais um caso do uso indevido do apóstro-
fo aqui no Brasil. Ou é...?
Qual o ditado? “O seguro morreu de velho”? Então, ao escrever as palavras
acima, senti uma pequena pontada na consciência e resolvi consultar um colega
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na Inglaterra, para ver se as coisas continuam como eram quando eu morava e es-
tudava por lá.
E olha só o que ele me disse: “Você não está sozinho nesta dúvida a respeito
do uso do apóstrofo, nesse contexto. Teoricamente, indica o caso genitivo (pos-
sessivo para nós, simples mortais), ou uma elipse.* O segundo caso é que causa a
confusão. Se pensássemos no apóstrofo ‘s’ como elipse, em que a frase inteira
significa Compact Discs, então ‘CD’s’ está correto. O apóstrofo indica uma elip-
se, suprindo a seqüência “isc” da palavra.”
Mas será que os lojistas e anunciantes estão pensando em elipses ao oferecer
seus CDs? Tenho certeza de que o que interessa são as vendas. Muitas. É por este
motivo que devem colocar CD com “s”, no plural, mas não deve ser apóstrofo “s”.
Sempre tenho a impressão de que muitas pessoas, como não podem usufruir
com mais freqüência do apóstrofo em português, sentem inveja do idioma que o
usa bastante. E então se aproveitam para colocá-los (os apóstrofos) onde acham
que ficaria mais bonito, especialmente nos nomes ou siglas em inglês.
Porém, o “detalhe” é que usam demais... Parece um ímã; um “s” fatalmente
atrai um apóstrofo. Com o apóstrofo em “CD’s”, o único significado lógico é que
algo pertence ao CD. E o que é que pertence a ele? Claro... a resposta é... Absolu-
tamente nada! A não ser num caso assim: The CD’s success was fantastic (O su-
cesso do CD foi fantástico). O sucesso é do CD, pertencendo, portanto... ao CD.
See you around (ou a round, já que estamos falando de discos). (Sorry.)
Michael
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Recebi por e-mail, há algum tempo, uma interessante dúvida vinda de uma pro-
fessora de inglês. Reproduzo-a abaixo e, em seguida, transcrevo a resposta que
dei a ela. Tenho certeza de que essa dúvida também poderá ser sua.
“Eu sou an English Language Private Teacher, but... Ainda tenho muitas difi-
culdades em encontrar, através de pesquisa, explicações plausíveis para os
meus alunos. Como explicar para eles a diferença entre shore, ache e pain?
Quando se usa um e quando se usa outro? Qual a razão de tal uso? Outra dú-
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* Uma elipse, para aqueles que não se lembram das aulas de português, é o recurso gramatical da
omissão deliberada de palavra(s) (neste caso, letras) que se subentende(m), com o intuito de asse-
gurar a economia da expressão.
vida que me atormenta é o genitive case. Por exemplo, como explicar: My sis-
ter’s and my brother’s houses are big; My parents’ house is big; My parents’ co-
ats are new; My children’s toys are old. Eu não tenho ninguém para recorrer,
portanto, ficaria imensamente grata se recebesse a resposta deste e-mail.”
Em primeiro lugar, presumo que você está se referindo a sore, e não a shore.
Shore é praia, costa ou margem de um mar, rio ou lago. Sore, como substantivo, é
chaga, ferida, dor, mágoa, aflição e, como adjetivo, quer dizer que algo é sensível,
dolorido, doloroso, inflamado, sensível ao toque.
Faz mais sentido estarmos falando de sore, porque ache é uma dor profunda e
interna, de intensidade média e constante. E pain, por sua vez, é apenas “dor”,
sem fazer referência a intensidade ou freqüência.
Resumindo pain, sore e ache:
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Quanto ao genitive case, ou, como nós – simples mortais – chamamos, pos-
sessive, seus exemplos estão perfeitamente corretos, portanto, não entendo mui-
to bem sua dúvida (infelizmente, ela não retornou o e-mail).
O possessivo demonstra que algo pertence a algo ou alguém. Usando seus
próprios exemplos: My sister’s and my brother’s houses are big (As casas da minha
4: ������ � !���"#
* A man took his large dog to the vet because it was cross-eyed. The vet told him to hold the animal
while he examined it. After a while he said “You’ll have to put him down”. The owner said in surprise,
“Because he’s cross-eyed”? The vet said “No. Because he’s heavy”. Esta piada se vale do duplo senti-
do do phrasal verb “put down”. Um sentido é largar, abaixar. O outro é sacrificar um animal por
motivos de saúde ou velhice. O quê? Quer uma tradução? OK, vou quebrar o seu galho: “Um ho-
mem levou seu cachorro grande ao veterinário porque era vesgo. O veterinário pediu para o ho-
mem segurar o animal enquanto o examinava. Após um tempo, o veterinário disse ‘You’ll have to
put him down’. O dono disse, surpreso: ‘Por quê? Por ele ser vesgo?’ Então o veterinário respon-
deu: ‘Não. Porque ele é pesado.’”
irmã e do meu irmão são grandes); My parents’ house is big (A casa dos meus pais
é grande); My parents’ coats are new (Os casacos dos meus pais são novos); My
children’s toys are old (Os brinquedos das crianças são velhos).
Com todos os recursos disponíveis na Internet, bem como com tantas livra-
rias com seus milhares de títulos (incluindo dicionários), não entendo muito bem
a sua dificuldade em encontrar fontes de pesquisa que sejam “plausíveis”. Biblio-
tecas são também uma ótima fonte.
E, para falar a verdade, para lhe explicar as diferenças entre sore, pain e ache,
achei prudente gastar alguns minutos e consultar meu dicionário. Mesmo nos di-
cionários menores palavras simples como estas sempre estão incluídas.
P.S.: Você me disse ser a Private English Language Teacher. Pessoalmente, acho
a palavra language redundante nesse contexto.
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“Deve-se usar as I will be out of the office ou since I will be out of the office?” Esta
é uma dúvida muito comum, que freqüentemente recebo por e-mail de meus alu-
nos e leitores.
É o tipo de frase que registramos no Outlook Express para poder dar uma
resposta automática, para o caso de estarmos ausentes do escritório. “O proble-
ma é que”, prossegue meu leitor, “nunca sei qual é a alternativa correta. E, no
caso, não sei exatamente o que cada opção significa.” Hmmm.
Como podemos escrever “Como estarei fora do escritório do dia tal ao dia
tal..., favor entrar em contato pelo número...”? Deve-se usar as ou since? Va-
mos lá.
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As I will be out of the office from Monday October 21st to Friday October 26th ple-
ase contact me the following Monday significa: “Como estarei fora do escritório a
partir de segunda-feira...”.
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Since I will be out of the office… significa: “Já que estarei fora do escritório...”.
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Nesses casos, você poderia dizer: Since I will be out of the office as from Fri-
day the 13th you will be wasting your time if you try to reach me (Já que estarei fora
do escritório a partir de sexta-feira dia 13, perderá seu tempo se tentar me
achar”). Ou algo assim, ou seja, bem simpático!
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Aí vai outro e-mail interessante que recebi, e que merece ser reproduzido na ínte-
gra. Veja se esta dúvida não lhe é familiar.
“O uso de wish tem me provocado dúvidas. Basicamente, entendo que devo
usá-lo toda vez que eu desejasse que uma situação concreta pudesse ocorrer
de outro modo (embora, na maioria das vezes, eu não possa mudá-la). Está
correto esse raciocínio? Sabe-se que após wish, were é usado com as pessoas
I, he, she e it. Quanto a isso não há dúvida, pois é regra. Particularmente, en-
tendo que, desde que eu use a estrutura correta e deixe claro meu desejo
oposto ao fato, todas as formas são aceitas. Não sei se estou raciocinando
corretamente. Por isso solicito sua ajuda, se possível, para esclarecer essas
dúvidas.”
Daí a minha leitora dá os seguintes exemplos:
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(�#�����������������A (�#����(��������%����A (
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O raciocínio do leitor parece-me absolutamente correto. Seus exemplos são
um modelo de coerência e são “certérrimos”. Porém, no quarto exemplo seria
melhor ter dito: I wish it wasn’t raining. Também soa estranho dizer I wish “I
could have” an umbrella. Bastaria dizer I wish I had an umbrella.
Lembrem-se, sempre: Keep it Simple!
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A dupla a e an sempre provoca dúvidas. Como esta, que recebi por e-mail:
“Aprendi que o artigo indefinitivo a se torna an antes de palavras com som de vo-
gal, mas fiquei surpresa encontrar ‘an house’. Poderia me explicar o porquê?”
A resposta que dei à internauta é a mesma que dou agora a você, querido lei-
tor. Lamento, mas realmente não sei explicar. An house simplesmente não é usa-
do, nem por escrito, nem falado por qualquer falante de inglês que seja nascido,
exceto, talvez, um cockney, que teria a tendência de omitir a letra “h” e dizer “an
‘ouse”. Além disso, não há uma só explicação possível.
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“É aceitável a expressão to have a breakfast, ou deve-se sempre dizer to have bre-
akfast (sem o artigo ‘a’)?”, pergunta um leitor.
Hmmm, vamos à explicação. É simples: só se usa a breakfast no caso de se es-
tar referindo a uma refeição especial, quando o tal breakfast for qualificado de al-
guma maneira: After the ball they will serve a delicious breakfast; A good breakfast
is healthy. No demais, usa-se breakfast, apenas, sem “a”.
Acho que a maioria, senão todos, já sabe, mas, para aquele que por acaso ain-
da não aprendeu, fast significa “jejum”. E to break é quebrar. Logo, breakfast é
“quebrar jejum”, ou desjejum.
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“Tenho aprendido muito com seus livros e suas dicas, mas agora estou com algu-
mas dúvidas e ficaria muito feliz e bem-informada com sua resposta! É He eats
too many French fries ou …too much? Pode-se dizer He only does enough exerci-
se? O enough está correto nesta frase? Muito obrigada e continue sempre ilumi-
nando nossos caminhos!”
Humildemente, respondo: Too many French fries é uma frase correta, por-
que fries (batatas fritas) é substantivo contável. Too much, ao contrário, é usado
para coisas incontáveis e abstratas.
Quanto à segunda questão, dizer He only does enough exercise parece-me in-
completo, embora gramaticalmente correto. Em português também acontece
algo parecido: “Ele faz exercícios apenas o suficiente” é uma frase correta, embo-
ra eu pessoalmente ache-a meio estranha.
Será que você concorda?
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�ão, não é que eu tenha me formado como terapeuta. É que, muitas vezes, eu –
como tantos professores de inglês e de outras áreas, também – me vejo obrigado
a dar conselhos que parece que vão muito além de simples questões da língua in-
glesa. Não posso “negar fogo”, mas tento expressar as minhas opiniões o mais
simples e francamente possível. Se alguém já se suicidou em função da minha
ajuda, peço desculpas e ofereço um livro de graça como forma de redenção.
Falando sério. As solicitações que recebo, pedindo uma orientação a respeito
de como agir e o que fazer em determinadas situações, fazem-me lembrar – se é
que um dia poderei me esquecer – da responsabilidade inerente naquilo que me
prontifico a fazer: ajudar os alunos brasileiros a melhorar seu inglês.
Como disse, tento usar o bom senso nas respostas, mas peço desculpas se o
objetivo nem sempre é alcançado. Afinal, bom senso em inglês é common sense
(senso comum), e costumávamos dizer que é justamente o que existe de menos
comum. Embora todos nós achemos que temos de sobra!
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Alunos adoram métodos rápidos para aprender inglês. Sinceramente, se eu sou-
besse um, saibam que eu até venderia a fórmula, mas cobraria MUITO CARO!
Claro, ia perder meus alunos... Como neste e-mail que eu recebi: “Em agosto eu
vou para os EUA fazer intercâmbio, não tenho o inglês na ponta da língua, mas
pelo menos sei o básico. Como meu professor me falou que você tem um método
pra aprender rápido, eu gostaria de saber se poderia me dar umas dicas.”
Infelizmente, não tenho nenhum método para aprender inglês rapidamente.
O que eu tento fazer com os meus livros é mostrar um caminho a seguir, com di-
cas a respeito dos erros comuns, como evitá-los, o que é certo e o que é errado,
principalmente quanto à postura do aluno.
Se você, caro leitor – e caro internauta que me mandou o e-mail –, não os leu,
sugiro fazê-lo, pois deverão ajudar você a achar seu caminho no aprendizado do
inglês.
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“Sempre leio alguma coisa em inglês, desde gramática até contos, histórias...
Mas confesso que fiquei completamente frustrado quando li um livro com quatro
pequenos contos de Jack London. Perguntei a mim mesmo: será que o livro tem
uma linguagem muito específica ou eu é que não aprendi o inglês como deveria,
mesmo após anos de estudo e dedicação?”
Frustrações assim são, evidententemente, frustrantes (que pérola!). Mas não
se assustem quando se depararem com situações similares – é normal, mas vale a
pena ir tentando. Quanto ao Jack London, faz muito tempo que não leio nada
dele. Aliás, acho que só li The Iron Heel (O Tacão de Ferro), mas não gostei do es-
tilo dele e a linguagem tende a ser um pouco obscura. Então, não se surpreenda
se, em alguns casos, a compreensão for mais difícil que o normal.
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Os pais sempre têm dúvidas quanto ao aprendizado de seus filhos. Isso é natural,
não importa a idade que as crianças comecem a estudar. Se é o seu caso, abaixo
reproduzo dois e-mails interessantes que recebi recentemente a respeito do as-
sunto. Acompanhados de minhas respostas, é claro!
“Tenho três filhos (de 13, 12 e 10 anos). O mais velho e a mais nova entraram
em um ‘cursinho de inglês’ com 7 e 6 anos, respectivamente. O mais velho já está
há seis anos no curso, restando apenas dois anos para concluí-lo. Bem, a minha
dúvida é: será que ao término deste curso ele (e os outros dois – o do meio come-
çou cinco anos depois, por escolha própria) estará apto a enfrentar bem situações
em que o inglês seja exigido?”
48 ������ � !���"#
O aprendizado varia muito de pessoa para pessoa. O único comentário que
posso fazer é que, se depois de tanto tempo e investimento eles ainda não estive-
rem em condições, nem aptos para falar inglês, então não houve um bom retorno
de seu investimento no futuro deles.
Lembre-se de que a habilidade no aprendizado de inglês tem muito pouco a
ver com “quanto tempo (anos)” a pessoa está freqüentando um curso. Sugiro
uma avaliação externa e isenta para determinar o progresso deles. Há muitas ins-
tituições que fazem isto. Uma pergunta pertinente a fazer seria: qual foi a propos-
ta quando seus filhos se matricularam na escola? Ou seja, o que a escola ofereceu
e prometeu por escrito. Cumpriu?
“Tenho uma filha de dois anos e oito meses, e ela está estudando em uma es-
colinha preparatória para tentar ingressar em uma escola americana. Por favor,
gostaria que, se possível, você me enviasse algumas frases de comando (da forma
que realmente são ditas pelos americanos/ingleses) para que eu possa ensiná-la,
tais como ‘Sente-se mais para trás’ (quando está assistindo à tevê); ‘Não faça
isso, senão irá apanhar’; ‘Obedeça à mamãe’ e outras frases que – com sua fértil
imaginação – você achar que poderão me ajudar.”
Opções de “frases de comando” são:
Don’t sit so close to the TV, it’s bad for your eyes. (Não sei se é verdade,
mas muitos pais dizem isto);
Don’t do that!; Stop that at once! (Sou um pai que não castiga os filhos,
portanto, não acho boas palavras para “apanhar”. Talvez I’ll smack you [Vou
te bater; vou te dar umas palmadas] seja uma opção adequada – apenas gra-
maticamente falando, na minha opinião.)
Do what I tell you, otherwise... (Faça o que eu digo, senão...)
Acho muito interessantes essas expressões, essas falas corriqueiras do dia-a-
dia. Eu tinha um aluno que estava se preparando comigo para uma prova impor-
tante para ingressar no Rio Branco* e que precisava saber uma série de coisas
acerca de conhecimentos gerais – do tipo “Qual foi a influência dos ventos sobre
a coleta de trigo em conjugação com a política externa de Tacuarembó (Uruguai)
em 1920 e como isto afetou a economia de Tilset (Rússia) nos anos seguintes?”.
* Mesmo sem saber fazer café, em inglês, ele consegiu ingressar. Só espero que não tenham pedido
para ele trabalhar na copa!
�$� $������ ����� $��# #� ��%�&# 49
E ele sabia tudo – em inglês, em português e em mais outros idiomas! Mas,
um dia, em casa, ofereci a ele um cafezinho e pedi que ele me descrevesse o pro-
cesso de se fazer café, tudo dito em inglês. Ele não tinha a menor noção! Não sa-
bia nem “bota a água para ferver”. (O quê? Nem você? É put the water on to boil.)
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“Gostaria que você me desse alguns conselhos em relação a como faço para me
aprimorar, aprender mais etc., pois entendo a gramática, o que a professora ex-
plica, mas tenho muita dificuldade na conversação, devido ao fato de conviver
com pessoas que não falam inglês, tanto em casa, quanto no trabalho. O que você
me aconselharia a fazer?”
Este é o tipo clássico de pergunta que recebo. Vocês – todos vocês, leitores –
precisam buscar oportunidades de colocar em prática aquilo que já sabem. Po-
dem também namorar ou se casar com um gringo – isto deverá ajudar desde que,
é claro, ele não saiba falar português. (Se você já está casada, cara autora da per-
gunta original, obviamente este conselho deverá ser descartado.)
Realmente, vai depender de conseguir criar as oportunidades que mais lhes
atendem. A conversação às vezes demora um pouco para fluir, mas que vai acon-
tecer, vai, com certeza. O recado é: sejam persistentes e desenvolvam uma atitude
positiva. Assim chegarão lá!
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“Estou planejando ir para Londres, para ficar três semanas fazendo algum curso
de inglês, no mês de julho ou agosto. Pretendo fazer o curso na Oxford House
College. O que acha disso? Conhece essa escola? Há tantas... mas não sei onde
seria melhor ficar, então escolhi esta por ser até mais barata do que muitas outras!
Se puder me ajudar, eu agradecerei. Ah, também estou com medo de haver de-
portação... será que é muito arriscado ir nessa época?”
Outra pergunta típica. Típica, mas igualmente muito importante, porque
este tipo de dúvida “bate” mesmo quando estamos pensando em nos aventurar
em outro país, mesmo que seja por pouco tempo.
Neste caso, particularmente não conheço a escola. Aliás, não conheço ne-
nhuma escola de inglês para estrangeiros na Inglaterra. Como moro no Brasil e
estou fora da Inglaterra há tanto tempo, estou realmente “por fora” do assunto.
Idem a respeito das possibilidades de deportação. Mas uma coisa eu acho que
5: ������ � !���"#
posso opinar: não deve haver uma época mais ou menos propícia para a deporta-
ção – afinal, as leis não mudam com a estação!
Sinceramente, não sou a pessoa mais indicada para responder a este tipo de
dúvida. O consulado britânico pode ser um bom ponto de partida para você. E a
Cultura Inglesa também. Quem sabe? Os sites deles devem oferecer uma pista.
Desejo-lhe boa sorte na sua busca – e digo o mesmo a todos os leitores que
estejam com planos semelhantes.
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“Como sempre amei inglês, resolvi ir para os Estados Unidos. Estou morando
aqui há nove meses e meu inglês já melhorou muito. Conheci um americano e ele
está pensando em ir para o Brasil comigo e morar por alguns anos. Ele é formado
em business e tem pós-graduação. Gostaria de sua opinião. Você acha que ele
conseguirá emprego no Brasil? Ele não sabe português, mas está estudando.”
Mesmo sem falar português talvez ele possa lecionar inglês, se tiver alguma
experiência pedagógica. Com a formação que ele tem, sugiro que entre em con-
tato com algumas empresas americanas que têm filial no Brasil, a fim de verificar
as possibilidades. Quem sabe? E assim vocês acabam ficando juntos aqui!
Desejo-lhes boa sorte com seus planos.
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N������� �# >���# ����E�N! 0 G�E�N!
Hesde meu primeiro livro, que escrevi em 1999, tenho usado a expressão “por-
tuguês em inglês” para descrever aquilo que reconheço como sendo o uso de pa-
lavras inglesas, porém colocadas num contexto, ou sintaxe, da língua portugue-
sa. Mas não pense que é só o aluno brasileiro que cai nessas armadilhas. Eu mes-
mo muitas vezes sou culpado de praticar English in Portuguese.
Às vezes o aluno pode se fazer entender para um gringo, às vezes não.
Vamos ver?
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Recentemente, meu filho Julian pegou o ônibus errado aqui em Sampa e, como
estava sem dinheiro para chegar em casa, ligou (a cobrar, naturalmente) pedindo
para eu ir buscá-lo – já que tinha ido parar bem longe. Não sendo um pai que dei-
xa os filhos à deriva nestes momentos difíceis da vida, concordei em quebrar seu
galho (o dele).
Chegando ao local, e após te-lo resgatado, não pude deixar de dar-lhe uma
cutucada, e observei que ele era an air head, dizendo assim mesmo: You’re a bit of
an air head, aren’t you?
Ele olhou para mim e traduziu “cabeça de ar”? Você não quer dizer “cabeça
de vento”? Pensei um pouco e disse: “Sim, mas é que em inglês é air head, mes-
mo. “Cabeça de vento” como windy head ou head of wind não existe.
Bem, ele não concordou com o sentimento, mas ficamos felizes com o parale-
lo entre o inglês e o português neste caso. As pequenas diferenças é que tornam as
coisas gostosas.
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Meu filho mais velho, Michael Henry, veio passar o Natal e o Ano-Novo aqui no
Brasil, e estava comigo quando liguei para um amigo e deu ocupado. Virei-me
para o Michael e falei: “It’s occupied.” Então, fitou-me, meio incrédulo, e repetiu:
“Occupied?”
Percebi então que eu havia caído na armadilha de usar o “português em in-
glês”. Está aí um fruto dos meus 36 anos de Brasil!
Eu deveria ter dito: the line is busy (inglês americano) ou the line is engaged
(inglês britânico). A diferença entre as duas expressões não é significante. Tanto
americanos quanto ingleses as entendem tranqüilamente, podendo, inclusive,
usar ambas. Occupied, porém, “quase” nunca. Digo “quase” pelo simples fato de
que sempre haverá alguém para pegar no meu pé quando afirmo que algo é “sem-
pre assim ou assado” (risco esse que corro e assumo, aliás, em “quase” tudo que
escrevo).
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Dia desses, perto da minha casa, alguém havia alugado uma daquelas caçambas
para colocar entulho. Para entrar na onda do “em inglês é mais chique”, o dono
da prestadora de serviço pintou na caçamba “Disk Entulho” e um número de
telefone.
Não foi a primeira vez que estranhei o uso do inglês, suposta sofisticação pu-
xada pelo modismo em português de disque-pizza, disque-água, disque qualquer
coisa... e por aí vai. Mas, vamos deixar de lado meu “achômetro” e analisar a
questão de uma forma mais, digamos, acadêmica.
Essencialmente, ao usar disk em vez de “disque”, nada se altera, claro. Veja
só o que acabei de encontrar numa lista telefônica: “Disk Água A Fonte”, “Disk
Mensagem A. ABC DO CORAÇÃO”, “Disk Pasteis-10 Pasteis” e – caramba! –
“Disk RAÇÃO DOGGATO” (essa mistura de dog com “gato” é fantástica! Pude-
ra eu ter tamanha imaginação!). A propósito, gostaria de esclarecer que não in-
ventei nada dos nomes citados. Reproduzi os nomes com fidelidade, direto da lis-
ta telefônica: com as letras maiúsculas, os erros e tudo o mais.
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Só que há um pequeno porém: em inglês, não se usa o verbo disk com essa fi-
nalidade. Pensando bem, acho que disk nem verbo é... Deixe-me verificar: afinal,
tantos dicionários servem para quê? Vejamos. Hmmm... “Disk/disc”. Encontro
dez verbetes como substantivo e, para minha surpresa, dois como verbo. Bem, li-
ving and learning (vivendo e aprendendo). Mas vamos ver o que disk significa:
“Disk. 1) Trabalhar o solo com um rastelo ou ancinho de disco; 2) Fazer uma
gravação de um disco fonográfico”. E... mais nada! Nada de telefonar!
Como é possível então usar disk como verbo para telefonar, se em inglês nem
é o verbo apropriado? Uma pergunta que nem ouso tentar responder, por sinal.
Limito-me a apontar o erro em inglês e a oferecer possíveis soluções. Mas, cá en-
tre nós, desta vez irei mais além (me empolguei).
Em português, você pede para alguém “disque para mim amanhã” ou avisa “te
disco à noite”? Acho que não, pelo menos hoje em dia. Empregamos “ligar”. En-
tão, não é só o inglês equivocado; o português usado para estas mensagens é tam-
bém questionável, a meu ver. Longe de mim criticar o uso de estrangeirismos, mas
acredito que, se vamos usá-los, devemos ter o cuidado de fazê-lo corretamente.
Para aqueles que estão loucos para saber (e mesmo para quem não está nem
um pouco) o que é mesmo que se deve dizer em inglês quando se quer “discar”
para alguém, a resposta é simples: usa-se o verbo dial. We dial a number (disca-
mos um número) com a pronúncia de |daial|. Aliás, com a invenção (não tão re-
cente assim) do telefone de teclas, o uso de “discar” e de dial tornou-se até equi-
vocado. Será que “chamar” ou “ligar” não seria mais adequado? (deixa de ironia,
Michael). Mas, assim, se perderia a oportunidade de usar inglês, algo que, presu-
mo, muitos não gostariam.
Só para finalizar, tive de rir ao ver numa loja de material de construção um
novo produto para colocar uma espécie de “entulho light” (designação minha,
pois tento ser original, também), chamado “Caçambag”. Já que era de lona refor-
çada, o termo bag (bolsa ou saco) é perfeito.
Mas admito que morro de inveja ao ver tanta criatividade alheia!
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Que frase comum é, em português: “Vamos fazer o seguinte:” – acompanhada por
uma sugestão de o que podemos fazer em seguida – “nadar; ler um ótimo livro de
Michael Jacobs; tirar umas férias etc.” Então, qual não foi a minha surpresa quan-
do um colega, australiano, questionou meu uso da frase Let’s do the following.
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Ele achou estranho. Parei para pensar antes de dizer que ele não tinha a míni-
ma noção de que estava falando, quando caiu a ficha. E, olha, o que está caindo
de fichas na minha vida ultimamente não está no gibi! (“Não está no gibi?” Posso
até ouvir você perguntando; como é que se fala isto em inglês? Mas, por favor,
Michael, me dê uma frase que não demonstre tanto a idade. Que tal: it’s not hap-
pening?, ou até it’s not for real. It just can’t be?)
Bem, a ficha caiu quando ele disse que em inglês a gente não usa a estrutura Let’s
do the following: (pausa representada pelos dois-pontos) seguida da sugestão, e que
isto é dito assim: Let’s... read Michael’s book, Let’s... go swimming; Let’s... take a va-
cation. Introduz-se o assunto diretamente, sem os rodeios do “seguinte”.
E não é que ele tinha razão? Difícil para mim é admitir que alguém pode ficar
aí questionando meu inglês, mas meu amigo australiano tinha razão. Fui influen-
ciado pelo português – algo que vivo questionando nas bocas alheias. Mas acabo
caindo na mesma armadilha contra a qual vivo alertando!
Claro, isso não pode ser considerado um erro (afinal, Michael não erra, né!),
só um pouco esquisito. E não chega nem a atrapalhar a comunicação, nem de
longe. É mais uma curiosidade.
Mas serve para introduzir mais uma que é a do uso dos dois-pontos em in-
glês. Em primeiro lugar, não se fala two points. Os dois-pontos, para aqueles que
não leram meus livros anteriores, chamam-se colon. Há três tipos de colon, em
inglês. Um é parte do intestino grosso, que vai do ceco ao reto. O segundo é a
moeda da Costa Rica e El Salvador. Outro é um recurso de gramática. Neste li-
vro, estamos falando tão-somente do último.
O fato é que usamos o colon muito menos em inglês do que em português.
(Lembre-se de que estamos falando do colon gramatical!)
Um exemplo simples seria o de fazer uma lista. Veja como faremos em inglês.
Viu! Em português eu teria escrito: “Veja como faremos em inglês:”, com os
dois-pontos mesmo no inglês. Mas em inglês é apenas Let’s see how we do this in
English. Ponto final. Aí, é só uma questão de listar os exemplos.
Sei que é apenas um detalhe, mas acho que tudo é válido para nos aprimorar-
mos. Concorda?
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Quero lhe contar que não só os brasileiros são culpados por terem o hábito de
usar o “português em inglês”. E quem é que às vezes também cai nessa armadilha
comum? Eu mesmo. O Michael, seu crítico de plantão!
54 ������ � !���"#
Bem, aconteceu o seguinte. Um amigo meu, inglês como eu, viajou no feria-
do de Páscoa e, ao retornar, ligou para mim dizendo que tinha ido para Piracica-
ba. So, you were travelling this weekend? (Então, estava viajando nesse final de
semana?), eu disse. Aí, após uma pausa, veio a voz dele com um leve tom de ques-
tionamento: Travelling?; foi só então que the penny dropped (a ficha caiu). Ah!
You were away this weekend! – disse-lhe, corrigindo-me. Eu poderia ter dito tam-
bém You went away for the weekend, sem alterar o sentido.
O uso da palavra travelling (viajar/viajando) é mais restrito, menos genérico
que em português. Veja estes exemplos: He spent 6 months travelling around the
country (Ele passou 6 meses viajando pelo país); She travels a lot and has been to
12 different countries (Ela viaja muito, e já visitou 12 países diferentes).
Até aí, tudo bem. Mas quando viajamos em inglês, seja para a Floresta Amazô-
nica, seja para uma reunião no interior do estado, não empregamos travel. Diría-
mos: I went on a trip to the Amazon Rain Forest; I went to Campinas for a meeting.
Simples, não é?
BTW (caso você não saiba, BTW é a sigla costumeira para by the way, “a propósi-
to”): Travelling, com dois “eles”, é a ortografia britânica; traveling, com um “ele”
só, é a americana. Aí, nesse contexto, eu digo: “Viva o inglês americano!” Para
que duas letras se uma basta?
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No Natal de 2002, uma grande rede de escolas de idiomas parece que se dispôs a
investir pesadamente no seu marketing para o ano de 2003, espalhando – pelo
menos aqui em São Paulo – um monte de outdoors* com os seguintes dizeres:
Merry Christmas and Happy New Year.
Apesar de, obviamente, não poder discordar dos sentimentos oferecidos, eu
posso, sim, até implicar com o inglês. E sabe por quê? Porque a frase tem um pe-
queno erro e demonstra ter sido escrita possivelmente – ou, posso arriscar, pro-
vavelmente – por um brasileiro, pois é mais um caso de “português em inglês”.
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* Você sabia que outdoors, neste sentido – e apesar de ser uma palavra inglesa –, não é outdoors, em
inglês? É billboard ou hoarding! Parabéns para você que acertou esta questão. Mostra que leu meus
livros. Ou já sabia antes? Tento sempre escrever usando itálicos para o inglês. Por este motivo dei-
xei outdoors sem itálicos. Entendeu? É porque, embora outdoors seja uma palavra inglesa, o seu
uso seria desqualificado em inglês, neste sentido e contexto.
Veja bem o que aconteceu. O autor deve ter pensado “Feliz Natal e Feliz Ano-
Novo”. Além da repetição da palavra “feliz” que a tradução me obriga a fazer – até
aí não tem problema –, há uma questão: jamais alguém pensando em português di-
ria: “Feliz Natal e Um Feliz Ano-Novo”. Não temos esta obrigação em português,
a de incluir “um” para qualificar o Ano-Novo. Até concordo. Mas em inglês, há!
A palavra year exige a qualificação de a. O certo então seria Merry Christmas
and a Happy New Year. Não se escapa do uso de a, neste caso.
Um aluno de inglês que cometesse este pequeno deslize eu até perdoaria, e
depois corrigiria. (Viu só como eu sou magnânimo?) Mas uma escola? Descul-
pe, mas para mim a credibilidade fica um pouco arranhada.
Lamentável.
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Que título esquisito, não é? Mas você já vai entender.
Recebo muitos e-mails em inglês: alguns com o idioma perfeito (ou quase
impecável), outros nem tanto. Todos eles, porém, são motivo de muito orgulho
para mim, pois mostram o esforço do leitor de se corresponder comigo na minha
língua. Sinto-me honrado (um inglês no Brasil) em receber tanta consideração.
Isso não quer dizer que também não sinta o mesmo prazer ao receber e-mails em
português, é claro.
Não importando o nível do inglês escrito, uma coisa quase sempre trai o leitor
brasileiro e o identifica como um não nativo da língua. E sabe o que é? Pasme: é o
uso de please seguido por uma vírgula: “Please, ...” É batata! A frase muito prova-
velmente foi escrita ou por um brasileiro, ou por alguém cuja língua portuguesa é
a primeira língua aprendida. Já vi este lapso centenas – não, sem exagero, milha-
res de vezes. Mas será que ainda há pessoas que não leram meu livro ou esquece-
ram esta dica? Uma outra possibilidade seria... Não, não posso imaginar que al-
guém tenha pulado uma página. “Seria demais para minha cabeça” (É claro que
você lembra como dizer isto corretamente, não lembra?).
Bem, o “please,” é puro “português em inglês”. E qual é o correto? Simples-
mente elimine a vírgula e escreva: Please could you tell me…; Please tell me how
to say…; Please let me know when your next book is coming out…; OK?
Então, em inglês, please don’t put a comma after please. Please! (Por favor,
não coloque uma vírgula depois de please. Por favor!)
Please (sem vírgula) pass this tip on to your friends (por favor, passe esta dica
aos seus amigos).
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Já escrevi que não é de bom-tom (nem realmente correto) o aluno de inglês, ao
não entender algo, pedir para seu interlocutor repetir o que disse anteriormente
usando Repeat please (Repita, por favor). Bem, apesar de não ser estritamente
correto, certamente esse aluno será entendido e o assunto em pauta, esclarecido,
mas posso garantir que essa não seria a maneira como um nativo se expressaria.
É também evidente que o aluno pode continuar repetindo Repeat please pelo
resto da vida sem que, com isso, passe por dificuldades de compreensão, mas eu
gostaria de vê-lo falando da forma mais correta e natural possível, por isso, vou
explicar-lhe como você deve pedir correta e naturalmente que alguém elucide o
que acabou de dizer.
Temos, entre outras, as seguintes opções: I’m sorry. Could you repeat that?; I
didn’t (quite) understand. Could you say that again?; What did you say?; Excuse
me?; I didn’t (quite) catch that. What did you say again?; What was that (you
said)?; I’m sorry. I didn’t catch what you said.
Também é possível misturar as frases, dizendo I didn’t quite catch what you
said. Could you repeat that?, por exemplo.
As opções, se não infinitas, são ao menos bastante variadas. Todas as frases
acima são, sem dúvida, mais expressivas e bem mais elegantes do que um simples
Repeat please, que mais parece algo dito em código Morse... (Além de parecer
uma ordem.)
Uma palavra final para aqueles que ainda querem fazer economia de palavras
(e não se importam em parecer monoglotas), repeat é uma das palavras que usa-
mos como sinônimo de “arrotar”... Portanto, não se surpreenda se um professor
de inglês, ao ouvir o comando Repeat please, soltar um sonoro arroto para refor-
çar a sua “metodologia pedagógica” com uma técnica de correção pouco ortodo-
xa... mas, apesar de nem um pouco ortodoxa, é bem eficaz! Sei do que falo, pois –
pasme! – soube de um professor que certa vez fez isso em sala de aula. O aluno se
surpreendeu e ficou um pouco ofendido, mas aposto que nunca mais esqueceu.
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Logo após o jogo do Brasil contra a Inglaterra, na Copa de 2002 – quando havia
levantado cedo para assistir à derrota dos meus patrícios (juro que não chorei,
pois, no meu íntimo, eu estava torcendo mesmo era para o Brasil; acho) e estava,
como a maioria dos brasileiros, bem cansado por falta de uma boa noite de sono
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–, preparava-me para ir a Curitiba quando fui avisado de que estava chovendo na
capital paranaense (by way of a change, ou seja, para variar). Então me aconse-
lharam: Don’t run.
Claro que entendi a preocupação com a minha integridade física (“não cor-
ra”), mas não resisti à tentação de tirar um sarro (como disse certa vez Oscar
Wilde, “I can resist anything but temptation” – posso resistir a tudo, menos à ten-
tação). Dei uma pausa e, depois, repeti: Run? It’s a bit too far for me to run (Cor-
rer? É um pouco longe para eu ir correndo). Afinal, são 400 quilômetros entre
São Paulo e Curitiba!
Percebendo que havia algo errado no que dissera – afinal, estava acostumada
com as minhas leves gozações em erros alheios –, a pessoa com quem eu falava fi-
cou momentaneamente boiando. It’s not “running”?, perguntou, com a voz de
quem desconfia que há algo de errado no ar.
Expliquei-lhe que “correr”, como tenho explicado tantas vezes a quem quer
ouvir (e aprender a evitar os erros), só se aplica a correr com as próprias pernas.
Por exemplo: Football players run with the ball (jogadores de futebol correm com
a bola nos pés).
Correr no sentido de dirigir rápido/rapidamente é drive fast (dirigir rapida-
mente), ou mesmo drive too fast (dirigir rápido demais) querendo dizer, obvia-
mente, passar o limite de segurança. Mas temos também um verbo bastante sim-
ples para isso, que é to speed. O que ela deveria ter dito seria: Don’t drive too fast;
Don’t speed.
Bem, não corri (muito). Prova disso é que escrevi de Curitiba este texto, para
ajudar a impedir que os estudantes de inglês cometam o mesmo erro.
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�ronúncia é um assunto difícil de tratar por escrito, mas tento fazer o meu me-
lhor. Fico também com um pouco de receio, porque, após ter publicado meu pri-
meiro livro – com centenas de pronúncias demonstradas utilizando-me da orto-
grafia portuguesa –, fui duramente criticado por muitos, uma vez que existem os
sistemas internacionais de fonética.
Pessoalmente, não acho esses sistemas fáceis de assimilar e a minha experiência
me mostra que os alunos sentem a mesma dificuldade. Há uma grande vantagem
prática em usar a ortografia do português em sala de aula: funciona muito bem.
E os alunos costumam aprender. Aliás, não é essa a idéia?
� $C����*�
Na realidade, esta história possivelmente não irá acrescentar muito ao seu apren-
dizado de inglês, mas pode servir de consolo quando estiver se sentindo meio de-
sanimado em seu progresso, especialmente com seu listening comprehension –
quem sabe?
O que relatarei a seguir aconteceu comigo durante a primeira vez que fui para
os Estados Unidos com a missão de lecionar inglês para um grupo grande de es-
tudantes brasileiros. O destino era Daytona Beach, na Florida, e logo cedo che-
gamos, juntos, ao aeroporto de Miami para pegar um ônibus para a viagem, que
duraria mais ou menos cinco horas.
Após duas horas, paramos para tomar um breakfast no McDonald’s. Entramos e
ficamos na fila. Pensei comigo “é a primeira vez que vou falar inglês com um ameri-
cano na terra de Tio Sam. Vamos ver se sinto alguma diferença”. Chegou a minha
vez de fazer o pedido e fui atendido por uma mocinha de uns 16 ou 17 aninhos, lou-
ra, simpática que ficou aguardando eu falar. Pedi sem problemas, paguei também.
Foi aí que aconteceu o imprevisto. Ela disse para mim: “Fretago?” Ao que eu
respondi: “Pardon?” Ao que ela repetiu: “Fretago?” “I’m sorry. Could you speak
slowly?”, pedi.
Com um certo ar de irritação, a mocinha falou de novo: “Fre – ta – goh?” A
essas alturas eu já me sentia o mais completo idiota. Imagine, caro leitor. Eu, in-
glês, súdito da Sua Majestade, professor da língua, incumbido de ajudar um
monte de estudantes, muitos dos quais estavam ali, presenciando meu primeiro
diálogo com um nativo em sua terra – E NÃO ESTAVA ME CONSEGUINDO
COMUNICAR! Constrangedor, no mínimo.
Por fim, resolvi dar um basta em tudo aquilo de uma maneira bastante sutil,
sutilíssima, dizendo... nada. Ela olhou para mim como se eu tivesse chegado na-
quele instante vindo de Marte, pensando, provavelmente, “esses chicanos!”. Re-
cebi meu breakfast em silêncio e procurei um lugar para comê-lo, mas sem ficar
muito distante do check out. Comentei o ocorrido com uma colega, também pro-
fessora do grupo, e pedi que ela prestasse atenção na moça para ver se entendia o
que era o raio do fretago.
Dito e feito. O próximo cliente na fila também foi inquirido: “fretago?”, e a mi-
nha colega repetiu: “For here or to go?” E finalmente a ficha caiu. A loirinha estava
querendo saber se eu queria meu breakfast para comer ali ou para viagem. A minha
única defesa seria que na Inglaterra teria dito: “Dja wanna eat now or take away?”.
Take away é a expressão que se usa por lá para designar comida pra viagem.
Nessa minha primeira viagem aos Estados Unidos, só houve mais um inci-
dente similar. Foi quando fomos comer pizza num lugar em que havia um salad
bar. Deixando de lado o meu preconceito de que pizza e salada não se comem
nem no mesmo dia, menos ainda durante a mesma refeição, quis saber do gar-
çom o que se passava a respeito da salada, se estava inclusa no preço, ou seja, se
era de graça. Perguntei algo assim: What’s the deal with the salad? Ele respondeu
para mim: It’s a dial nine nine.
Hmmm!, pensei. “Disque nove-nove”; sem dúvida influenciado pelo sistema
de discagem da minha terra, quando se diz, para emergências (polícia, bombeiro
ou ambulância), “dial (com a pronúncia /daial/) nine-nine-nine”.
8/ ������ � !���"#
Fiquei deveras encafifado, e levei alguns minutos para entender que o que o
gentil garçom estava me informando era o preço extra para a salada:
– A dollar ninety-nine.
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Vi que, não faz muito tempo, a Gisele Bündchen vestiu casacos de visom da mar-
ca Blackglama para uma campanha publicitária. Já que é a Gisele que está os pro-
movendo, só podem ser bons... (Fica gostoso até escrever o nome dela!) Vou fi-
car na fila pra comprar o meu o quanto antes, that’s for sure (com toda certeza).
Já está me imaginou de casaco de visom? Vou ficar uma graça, ’cê vai ver! Mas
não era isso que eu queria falar. Peço desculpas àqueles que queriam saber mais a
respeito do prof. Michael vestindo pele, mas não será desta vez. Agüente firme aí.
Quem sabe um dia?
É que achei interessante o nome da marca, com a palavra “glama”. Aliás,
“glama”, como palavra, “g-l-a-m-a”, não existe. O que existe, isto sim, é a pro-
núncia: /gla-ma/. E sabe qual é a palavra que tem sua pronúncia assim? É gla-
mour – às vezes glamor.
Em inglês, a pronúncia de glamour não corresponde à dos brasileiros. Diz-se
assim mesmo, /gla-ma/. A pronúncia de glamour, à brasileira, segue a pronúnica
original francesa... Epa! Hold on a minute! Será que estou escrevendo besteiras,
aqui? Quem sou eu para dizer que o brasileiro só quer usar a pronúncia inglesa?
Mania minha de só enfocar inglês, esquecendo que a língua francesa também fez
(e tem feito) diversas contribuições à lingüística globalizada.
A palavra francesa glamour é uma das palavras “inglesas” que, aqui no Brasil,
nós – os gringos –, quando colocando a nossa pronúncia, muitas vezes acabamos
surpreendendo muita gente, por causa do modo como se diz na Inglaterra ou nos
Estados Unidos.
Veja mais este caso. Você gosta de peixe? Se apreciar salmão, saiba que em
inglês é salmon. s-a-l-m-o-n. Parecido, né? Só que a pronúncia é /sá-mân/. Viu?
Nada de /sal-mon/. Repare bem que o “l” é totalmente mudo.
Outra palavra que às vezes confunde é a nossa linha aérea, a Varig. Os grin-
gos tendem a dizer /và-wrìg/, bem fechadinho, em vez de nosso /vá-wri-gue/; e o
turista brasileiro pode até encontrar dificuldades ao procurar o check in da Varig.
Até o nome do nosso país (o Brasil) às vezes é mal interpretado, com os ame-
ricanos e britânicos dizendo /brâ-zîl/, com a boca e lábios bem fechados, e tendo
dificuldade até de entender o nosso /brá-zíííu/.
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Outra linda surpresa é “coral”, não a cobra, mas aquele agrupamento de gente
cantando. Tem a grafia de c-h-o-i-r, choir, mas a pronúncia acaba saindo /kwai-a/.
Isso sem falar de “ilha”, que é island, mas cuja pronúncia é /ai-lând/, com “s”
mudo; culture (/kâl-tcha); debt (/dêt/); gnome (/nôm) – espero não decepcionar
aqueles que acreditam neles – e gnu (/nu/ ou /nî-u/).
O quê? Não sabe o que é um gnu? É uma espécie de antílope africano, tam-
bém conhecido como wildebeest.
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De vez em quando eu pego um pouco pesado. Preciso aprender a ser mais toleran-
te... Tentarei ser mais light, como o brasileiro gosta de dizer – ou mais leve, como
costumo usar (não sei por que a palavra light virou moda, quando “leve”, a meu
ver, é bem aceitável. Mas quem sou eu para criticar o uso de estrangeirismos?).
Bem, quanto à pronúncia da letra “R” no início da palavra em inglês, é uma
grande dificuldade para o brasileiro, pois soa como a letra “H” em inglês e pode
muitas vezes confundir o ouvinte, especialmente se for um estrangeiro que não
está familiarizado com o português.
Em meu livro Como Não Aprender Inglês, dou a dica de imaginar que há um
“W” antes do “R” para evitar a pronúncia errada. Lembre que a dica exige que
você leia a palavra como se fosse mesmo português:
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��%��� �/�%���� �+�0�%����
��� �/��� �+����
���� �/���� �+������
��1���� �/�1����� �+���1�����
Agora, para consolidar, vamos ver algumas frases:
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��%���/��� �/�%���#���� �+�0�%�������
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���!������� �/�!���/6�� �+�0�!��#�6��
I hope you are really ready to read right (eu espero que você esteja realmente
pronto para ler corretamente). Treine bastante essa frase para tirar nota dez.
� B��"���" ���1<��1�
Interessante pensarmos nas diferenças entre a representação fonética do barulho
de um relógio em inglês e em português. Essa representação ou imitação, como
você provavelmente já sabe, chama-se onomatopéia – termo gramatical que sig-
nifica: “Palavra cuja pronúncia imita o som natural da coisa significada.” Ahn?
Para dizer a verdade, “coisa significada” não “significa” muita coisa para mim.
Há vezes em que o meu Aurélio não me ajuda tanto. Eu diria: “A formação ou o
uso de palavras que imitam os sons associados com os objetos ou ações a que se
referem.” Não só diria como acabei de dizer, de fato.
Mas, como eu dizia, parece-me que a representação do som – estou me refe-
rindo ao barulho do relógio – é diferente entre nossas línguas. Será que relógios
no Brasil e no estrangeiro fazem sons tão distintos assim? /ták/ contra /tôk/. Sei
lá! Mas uma coisa que sei com certeza é que há muitos tocks nos Estados Unidos.
Muito mais que na Inglaterra. Veja por que cheguei a esta conclusão esquisita.
Dias atrás, minha TV estava ligada no canal CNN quando ouvi uma comen-
tarista dizer, ou pelo menos entendi assim, “The clock is ticking on this round of
tocks”. Como na hora eu não estava antenado (acho que estava escrevendo algo,
pois com certeza eu estava bem distraído), entendi assim. Aí, comecei a prestar
atenção, e era um noticiário a respeito do conflito entre Israel e Palestina (por
que será que isso não é mais uma surpresa?).
Ficou óbvio para mim em seguida, quando prestei mais atenção, que o que a
repórter havia dito era talks, e não tocks. Mas, distraído como estava, confundi a
pronúncia americana com a britânica. Sim, minha gente, isto pode acontecer co-
migo também, como já disse, especialmente quando não estou prestando atenção.
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Dizer the clock is ticking on this round of talks não significa que o relógio está
fazendo “tic-tac” nesta rodada de falas. É mais para “o tempo está se passando
(ou esgotando) referente a esta rodada de negociações”.
Sempre temos de tomar muito cuidado com a pronúncia, levando em consi-
deração as diferenças entre as duas vertentes principais. Não, você não, querido
aluno. Falo de nós, professores, principalmente se nós formos nativos da língua.
Só para terminar, deixe-me contar uma piada que lembrei. Ou será que rela-
tei o ocorrido só para poder contar a piada? Este tipo de coisa acho que o Freud
explicaria, não explicaria?
É um diálogo entre um oficial nazista e um prisioneiro inglês num campo de
POWs – Prisoners of War (prisioneiros de guerra). (Tome nota que em inglês é
prisoner, sem um “i” bem no meio. Quantas vezes já vi esta palavra grafada erra-
do? Muitas, pode crer.)
Bem, será difícil contar essa piada se eu não tratar anteriormente da pronún-
cia de talk, a qual o inglês britânico tende mais para /tork/.
Você deve se lembrar que alguns alemães têm uma certa dificuldade com a
pronúncia das letras “w” e “v” em inglês – há uma tendência em se inverter o som
das duas letras –, e talk pode sair com a pronúncia dos americanos: /tok/.
An English prisoner of war in the POW camp thought he was a clock and kept
shaking his head from side to side and repeating “tick-tock, tick-tock”. The Ger-
man commander was getting annoyed and told the prisoner, who was slightly mad
of course, to stop it immediately. The prisoner complied, but only by half, and whi-
le shaking his head from side to side, would say “tick ----, tick ----”. The comman-
der, becoming even more exasperated and upset, told the prisoner that he must
stop. If he didn’t, he said, “Ve haf vays to make you tock”.
Esta piada se vale da ameaça freqüente: “Nós temos meios para fazer você fa-
lar.” Vixe! Acabei de perceber que a piada não é exatamente politicamente corre-
ta, mas, como não gosto de desperdiçar nada do que escrevo, vou “deixar rolar” e
assumir o risco de ser processado. Também, não seria de tudo ruim, pois a publi-
cidade ajudaria na vendagem dos meus livros, tenho certeza!
Quê? Está esperando uma tradução? Está bem, mas fique desde já avisado
que é difícil traduzir piadas. Vamos ver o que acontece com esta.
Havia um prisioneiro de guerra inglês que estava no campo de prisioneiros de
guerra e que pensava que era um relógio. Ele ficava balançando a cabeça de um
lado para o outro, repetindo tick-tock, tick-tock. O comandante alemão estava
começando a ficar aborrecido e avisou ao prisioneiro – que, claro, era um pouco
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louco – para que parasse com aquilo imediatamente. O prisioneiro obedeceu,
mas apenas pela metade. E, enquanto balançava a cabeça, falava tick ----, tick
----. O comandante, ficando mais e mais louco da vida, disse ao prisioneiro que
ele precisava parar. Senão, “Ve haf vays to make you tock”. (Nós temos meios
para fazer você falar [talk]).
P.S.: Avisei que a piada não ficaria bem quando traduzida, mas você insistiu, seu
teimoso.
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Para encerrar o capítulo “Pronúncia”, algo bastante apropriado: música. Termi-
no o capítulo com uma pergunta singela que recebi de um leitor: “Gostaria que
você me respondesse como se pronuncia esta palavra: cello (o que significa?).”
Se você que está lendo este livro não sabe, um cello é um instrumento musi-
cal, de quatro cordas, com formato curvado, da mesma família do violino. Em
português, é o violoncelo. A pronúncia em inglês é /tché-lô/.
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0ste capítulo inclui questões sintáticas, mas, no fundo, é uma continuação do
capítulo que trata de “português em inglês”. Você verá expressões e frases que,
talvez, ainda não conheça. Se já as conhece, fique à vontade e pule para o próxi-
mo capítulo. Mas, se errar, será preciso pagar o imposto sobre seus pecados, ou
seja, ACERTAR JÁ!
(Ou você pode ignorar minhas gloriosas palavras de sabedoria e ir agora para
a cozinha preparar um cafezinho fresquinho. It’s up to you!)
� $!��A������*����$A������<��*.
Ah! Como o português é difícil para nós (nos?), gringos. Sei que tanto pode ser
“se virando” como “virando-se”, dependendo do sentido, e sei que existe a tal re-
gra da eufonia (“som agradável ao ouvido”, pelo Aurélio), e por isso dei esse títu-
lo ao texto, para mostrar como o português (the Portuguese?) pode parecer com-
plicado para o estrangeiro. Além das regras, ainda existem as exceções! Claro, é a
exceção que confirma a regra, mas... que complicado!
Dias desses, recebi um e-mail de uma leitora querendo saber como é que se
diz “se virando”, no sentido de “improvisar”, “se conformar”, “se esforçar”, “pe-
nar”, em inglês. Não é muito complicado. Basicamente, usamos a expressão to
get by. Por exemplo, I can get by in English when I’m in Disneyworld, but it’s not so
easy to rent a car and understand everything the rental guy explains (Eu me viro
com o inglês quando estou na Disneyworld, mas não é tão facil entender tudo o
que o cara da locadora explica). E olha lá! Não é nem uma questão de idioma.
Falo inglês razoavelmente bem, mas jamais entendo o que querem me explicar
e/ou vender. Que linguagem “locadorense” complicada!
Se você já passou por esta experiência, não desanime. Sugiro que você ar-
rume um estágio de dois anos trabalhando em uma locadora nos Estados Uni-
dos ou na Inglaterra – o primeiro ano para aprender o vocabulário e o segundo
para coloca-lo em prática. Aliás, não é uma sugestão tão absurda assim, pois
em dois anos você estará com o inglês na ponta da língua, e não será apenas o
inglês “locadorense”. E, de quebra, ainda passará dois anos ganhando em dó-
lar ou libra!
Outro bom exemplo: I’ll get by as long as I have you (Eu me virarei, desde que
tenho você). Não, não é que eu esteja ficando romântico. Apenas citei o título e a
primeira estrofe de uma canção clássica. Mais um: I’m dying for a square meal but
I’ll have to get by on a sandwich (Estou morrendo de vontade de comer uma refei-
ção completa e farta, mas terei de me virar com um sanduíche). Gostoso, não é?
E é confortante saber que a square meal não é uma refeição quadrada. Mais um
exemplo: Her grades/scores were very low. She hardly got by at college (Suas notas
foram muito baixas. Ela se virou para passar de ano na faculdade).
Mas temos também outra expressão que muitas vezes é aplicável. To make
do. Sei que para aqueles alunos que ainda vivem às turras com as diferenças entre
os usos dos verbos to make e to do – devido à sua versão para o português, “fazer”
– juntar os dois verbos numa única expressão é de virar a cabeça! Mas hoje estou
me sentindo um pouco perverso (devo ter dormido mal), e vou em frente com a
expressão to make do.
Então, agüente firme; let’s see some examples: If you don’t have a dog to hunt
with you’ll have to make do with a cat (Quem não tem cão, caça com gato); I wan-
ted to go to Tahití for my vacation, but I don’t really have the ready. So I’ll have to
make do with Praia Grande this year (Eu queria ir a Taiti para minhas férias, mas
não tenho grana. Portanto, terei de me contentar/virar com Praia Grande este
ano); We don’t have a CD player in the car, so we’ll just have to make do with tapes
(Não temos um toca-CDs no carro, então teremos de nos virar com fitas casse-
te); Mommy! I want a new dress to go to the party (Manhê! Eu quero um novo ves-
tido para ir à festa); I’m sorry. Your father didn’t make the alimony payment this
month so you’ll have to make do with the old one (Lamento. Seu pai não pagou a
pensão alimentícia este mês. Se vire com o seu velho). (Interessante. Se transfor-
9� ������ � !���"#
marmos os dois últimos exemplos num diálogo, teremos um belo duplo sentido
em português. “Velho” é o vestido ou é o pai?)
So you’ll have to make do with what I’ve written.
� B�1��A�,��������'��.
Começar a fumar é bem mais fácil que parar. No entanto, um leitor me relatou
por e-mail outro problema relativo a deixar de fumar. Problema relativo à língua.
Que língua? A do fumante? Não, a língua inglesa. Xii, a ambigüidade não foi es-
clarecida... Afinal, se o fumante fosse inglês, sua língua seria inglesa. Bem, deixa
pra lá! Vamos ao e-mail.
“Michael, em um determinado momento, eu quis perguntar a um amigo,
em inglês: ‘Você voltou a fumar?’ Se eu fosse traduzir ao pé da letra, eu per-
guntaria: Did you come back to smoke? – mas eu achei que come back não ti-
nha nada a ver, e não encontrei tradução sobre algo que ele havia parado de
fazer no passado e voltado a fazer um tempo depois. Finalmente encontrei
uma saída, perguntando-lhe: Are you smoking again? Ele comprendeu perfe-
itamente, porém eu fiquei com a curiosidade de saber como eu poderia ter
perguntado: ‘Você voltou a fumar?’”
Nesse caso, além do correto – que de fato é Have you taken up smoking aga-
in? (to take up é iniciar uma atividade), você – se tiver mais intimidade –, pode di-
zer So, you couldn’t quit, you wimp? (Então, não conseguiu parar, seu fracote?).
A propósito, Did you come back to smoke até é correto, desde que você queira
dizer “Você voltou para cá para dar uma fumadinha?”.
� � �� ���
OK, agora você já sabe como perguntar a alguém se parou ou deixou de parar de
fumar. Mas, como dizer, por exemplo: “Vamos combinar um almoço?” Dica: o
verbo NÃO É to combine.
Vamos combinar um almoço? Algumas opções seriam: Let’s have lunch to-
gether; Let’s get together for lunch; Shall we have lunch sometime?; What about
lunch today/tomorrow/sometime?; Let’s lunch tomorrow; Cameron Diaz said to
me: “Michael, let’s get together for lunch.” “I’m sorry Cameron, but I’m afraid I
can’t”, I told her. “I’m much too busy.”
�$� $������ ����� $��# #� ��%�&# 9
Quando ela soube que eu estava ocupando finalizando este livro para meus
leitores, ela aceitou minhas desculpas.
� )�������
Como se diz “cantar” alguém, em inglês? “Cantar” alguém vai depender da in-
tensidade da “cantada” e das intenções do “cantor” (ou será “cantador”?). Um
modo natural de dizer isso é to flirt, igual ao nosso “flerte”. Por exemplo: He is
flirting with her (Ele está flertando com ela).
Se a coisa for mais pesada, uma expressão mais agressiva é to hit on. He is hit-
ting on her (Ele está dando em cima dela); He hit on the beautiful chick at the
party (Ele deu em cima da gata na festa).
Um modo bem britânico é to chat up. He chatted up the sales girl (Ele cantou
a vendedora). Logicamente os papéis podem ser invertidos.
� �������PA������'��'���?
“Se você puder, ajude-me a tirar algumas dúvidas. São expressões que ouvi na
TV e que deduzi significarem (me corrija se eu estiver errada): God forbid: algo
como ‘Deus me livre’; for God sake (ou God’s sake): ‘pelo amor de Deus’. E há
um café em Nova York chamado ‘Central Perk’. Procurei perk no dicionário e
não encontrei... O que significa??? Por último, outra palavra que tem me tirado
o sono, e que não encontrei em nenhum dicionário: ‘aniversariante’. Obrigada
pela atenção e tudo de bom... (dizer best wishes estaria correto? Seria o mesmo
que ‘tudo de bom’?).”
1. God forbid é, sim, igual a “Deus me livre”.
2. for God’s sake é isto mesmo: “pelo amor de Deus”.
3. “Central Perk” (de Friends) é uma brincadeira ou trocadilho com o Cen-
tral Park (NY). Acho que o lugar não existe de verdade. Ou será que exis-
te? A palavra perk tem muitos sentidos, um dos quais é percolate (coar), o
processo de fazer café. O outro é perk up, ou seja, animar-se.
4. “Aniversariante” é simplesmente the person having a birthday. É mais co-
mum reportar-se ao fato que atribuir um nome ao aniversariante. Octo-
ber 24th? It’s Michael’s birthday! Yippee! Pode ser the birthday boy ou
girl, também, mas eu particularmente acho um pouco esdrúxulo.
5. Best wishes está correto (Thank you). And for you too!
9/ ������ � !���"#
� C�����������������>@@D
“Como se diz ano 2004? É twenty four, já que, em inglês, juntam-se as duas deze-
nas? E a preposição usada para o verbo fall in love é with?”
Diz-se: the year two thousand and four. Two thousand and four is going to be
a great year. Quanto à outra dúvida, sim, with é a preposição usada para to
fall in love. É isto mesmo: to fall in love with.
Um bom exemplo é I fell in love with a wonderful girl last year.
� B ��� ������
“Não encontrei uma coisa: em leilões, aqui no Brasil, o leiloeiro diz: ‘Dou-lhe
uma, dou-lhe duas... vendido!” Como seria dito isso em inglês? ‘One, two, three
sold!’?”
A good try, mas não é assim, não. O auctioneer fala: Going once, going twice,
sold to...
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“Como digo ‘de mãos dadas’? Por exemplo, ‘meu namorado e eu passeamos de
mãos dadas”. Seria My boyfriend and I walk around?”
Sim. De mãos dadas é to hold hands, ou holding hands. Andar de mãos dadas
é muito simples e, como você mesma disse, pode-se usar My boyfriend and I
walk around – e completar a frase dizendo – holding hands. Outras opções:
To walk hand in hand with your boyfriend; To walk along holding hands (with
him); My boyfriend and I walk around holding hands.
Embora seja muito gostoso, veja se acha um tempinho para estudar inglês,
também. De mãos dadas com os livros.
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“Como se diz em inglês a frase ‘Nem João nem Maria parecem felizes’?”
Pode-se dizer, (triste e) simplesmente: Neither João nor Maria look happy.
Tadinhos.
�$� $������ ����� $��# #� ��%�&# 93
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“Como devo usar: dollars ou pounds? Eu diria One thousand and five hundred?
Outra coisa: quando devo usar the very? Por exemplo: the very best of (nome do
cantor por exemplo). The very + um substantivo etc. Quando e por que usar isso?”
9����� �� ������
Não tem mistério. Usa-se dollars quando estiver nos Estados Unidos e pounds
quando na Inglaterra. Normalmente, os americanos dizem fifteen hundred dol-
lars (US$ 1,500), enquanto os ingleses falam a thousand five hundred (pounds).
Embora haja essa peculiaridade, os usos podem ser invertidos. De qualquer ma-
neira, as duas nacionalidades muito provavelmente nem percebem a diferença,
pois é algo muito comum.
Alguns exemplos:
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Isso vai até a casa dos dez mil (ninety-nine hundred and ninety-nine = nine
thousand nine hundred and ninety nine). Depois disso, os americanos adotam
thousands – ten thousand and ten (10,010), eleven thousand five hundred
(11,500) –, como os britânicos.
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Very é o que chamamos de um intensifier (intensificador), podendo ser: um ad-
vérbio (very much admired, ou seja, “muito admirado mesmo”); um adjetivo sig-
nificando completo ou absoluto (at the very end, ou seja, “bem no fim”); ou com o
significado de “mesmo” ou “idêntico” (the very same one, ou seja, “exatamente o
mesmo”).
É também usado para enfatizar a importância da coisa citada: “The very es-
sence of writing is hard work and some creativity. You may not have much of the
second, but without the first, nothing gets written” (“A essência, mesmo, de escre-
ver é trabalho duro e alguma criatividade. Você pode não ter muito da segunda,
mas sem o primeiro nada fica escrito”), Michael Jacobs (1944-).
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No caso de sua pergunta, The very best of... significa “o melhor de”. Ou ainda
“os mais mais de...”. Como você vê, o termo não fica muito, muito bem em portu-
guês, né?
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Você sabe o que significa How Saddam plans to thwart Bush? E wiggly worms? E,
ainda, to be a blimp? Ou o significado da famosa marca de surfe, Hang Loose?
São perguntas assim, tão diferentes entre si, que recebo diariamente. Estas qua-
tro vieram juntas, enviadas por um mesmo leitor. Você sabe o que significam?
Não? Então aproveite as explicações abaixo e aprenda!
1. How Saddam plans to thwart Bush. Thwart significa opor-se; contrariar;
impedir. Portanto, “Como Saddam pretende impedir Bush”.
2. Wiggly worms. Worm é minhoca, wriggly é o adjetivo de algo que... wrig-
gles. E wriggles? To wriggle significa mover-se sinuosamente, retorcer-
se, como de fato uma minhoca se movimenta. Logo, wriggly worm é uma
minhoca que se mexe de maneira sinuosa, uma minhoca serpenteante. E,
se não fizer isso, provavelmente será morta!
3. To be a blimp. Blimp é uma pessoa pomposa. Eu diria que é uma gíria bri-
tânica que está fora de moda. E cheia de “ar quente”, como um zepelim,
também chamado de blimp.
4. Hang loose é uma gíria que se originou dos surfistas. Quer dizer “fique
frio”, “na sua”. Literalmente, “fique solto”.
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Gostou do que aprendeu aí em cima? Vou listar mais algumas perguntas vindas
de meus leitores; são quatro pedidos de tradução. Como se diz “ela está maquia-
da”? E “ela está se maquiando”? E “ela está menstruada”? E, finalmente, “ela
está paquerando alguém”?
Você sabe como se traduz? Então confira (ou aprenda) abaixo.
1. “Ela está maquiada”. She is made up ou She has her make up on.
2. “Ela está se maquiando”. She is putting her make up on ou She is making
up her face.
3. “Ela está menstruada”. She is having her period ou She is menstruating ou
She is menstruated ou, ainda, It’s her time of the month.
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4. “Ela está paquerando alguém”. She is hitting on him (ou her). To hit on
someone é paquerar, mesmo, dar em cima, diferente de flirting, que a
maioria faz. (Eu não. Nunca.)
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“Bem, indo ao que interessa, estava lendo um artigo hoje de manhã e encontrei a
expressão stiff-upper-lip. O contexto era ‘...his stiff-upper-lip British accent’. O
que é que isso siginifica?”
A stiff-upper lip (um lábio superior fixo ou inflexível). O sotaque é atribuído
aos britânicos, pois não demonstram seus sentimentos, e com certeza não
choram (nunca). Na essência, refere-se ao sotaque do establishment britâni-
co, à classe social alta.
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“Quando e como eu uso a expressão make my day? É comum usá-la?”
Faço referência à frase no meu primeiro livro, na página... não acho e
não vou gastar tempo procurando agora. Consta numa referência a Clint
Eastwood, no filme Dirty Harry. Mas, se eu mesmo não procuro, não posso
exigir que você gaste seu tempo também, não é?
Make my day quer dizer “faça algo que me faça muito feliz”. “Faça-me ‘ga-
nhar o dia’”, que é uma boa tradução, até. Um exemplo: When my girlfriend told
me she loved me it made my day.
E é, sim, uma expressão comum.
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Estou fechando um livro – este livro – e dizendo para mim mesmo... chega! Não
vai entrar mais um ponto, nem dois pontos, senão, não acabo nunca. Aí, recebi
um e-mail e resolvi incluir mais uma questão no livro antes de terminar o capítu-
lo, pois o assunto me intrigou. Uma leitora minha, a Luciane, de Curitiba, per-
guntou-me: “Como se diz divulgação (de um evento) e hospedagem em in-
glês???”
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As alternativas que encontrei no dicionário não me satisfizeram... They sound
like “Portuguese in English”.
Pois é, soam mesmo, principalmente divulge, como o famoso “português em
inglês”. Mas, pensando bem, stay é igulamente um perigo! Vamos ver por quê.
Em primeiro lugar, “divulgação” tem o seu contraponto em inglês – (to) divulge
como verbo, com o sentido de “fazer saber algo”, tipo espalhar a notícia, espalhar
as boas novas. Em suma – divulgar. Mas não existe em inglês um substantivo
equivalente – não temos “divulgation”. E mesmo divulge é uma palavra relativa-
mente pouco usada. O que temos então? Boa pergunta. Deixe-me ver... Para di-
vulgar um evento, eu diria to promote an event, ou to advertise a coming attraction
the event was well publicized.
Portanto, a resposta à pergunta “como se diz divulgação de um evento em in-
glês” é: to publicize an event; to promote an event; advertize a coming attraction.
Então, para voltar à pergunta inicial da minha leitora, quando ela pergunta
“Como se diz divulgação de um evento?”, digo que não é algo fácil de responder
(embora tenha acabado de fazê-lo). Imagine você, professor, respondendo a esta
pergunta no meio de uma aula e querendo atender seu aluno. E você, aluno, que-
rendo que o seu professor lhe responda com rapidez e precisão, in the blink of an
eye (num piscar de olhos). Os dois vão terminar como? Chateados? Pode ser.
Frustrados? Provável. Deprimidos? Possível. Insanos e internados pelo resto da
vida? Acho que não chega a este ponto, pelo menos espero que não. Mas são es-
tas perguntas que muitas vezes são difíceis de responder, pois requerem some
time and thought, tempo para pensar que muitos alunos não dão aos professores
– e, talvez pior, o professor se acha uma besta quando não consegue responder a
questão na hora.
Olha gente, antes de receber esta pergunta, nunca me dei ao trabalho de pes-
quisar uma expressão equivalente, mas sabia – como a minha leitora –, que a res-
posta não era divulgation. Porém, não sabia qual era a resposta certa. Com a van-
tagem que agora eu sei. E você também. Aliás, são duas vantagens, então – a sua e
a minha.
Vamos ver a segunda parte da pergunta – sobre hospedagem. Não sei se a mi-
nha leitora está falando da hospedagem de uma home page num site, ou de hospe-
dagem no sentido de pernoitar em algum lugar – na casa da sua tia, ou num hotel.
Mas, por via das dúvidas, vou tratar dos dois tipos.
Primeiro vamos tratar do caso mais usual, ou seja, a respeito de passar a noite
ou mesmo várias noites e dias e noites hospedado com alguém, ou num hotel. Aí
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que entra aquele velho falso amigo – a palavra stay. Stay é culpado de um montão
de sacanagens, de traições, de confusões, mas uma coisa está certa: stay é a pala-
vra a ser usada quando o assunto é hospedagem. Quer um exemplo? OK: Can I
stay at your place when I’m in Sampa? (Posso me hospedar na sua casa quando
estiver em Sampa?). Outro, mais complicado: When you’re in town do you usu-
ally crash at John’s pad (aqui, crash é uma gíria para dizer a mesma coisa que
stay, ou seja, “se hospedar”, porém mais no sentido de “capotar”, dormir de
emergência. Pad é a moradia). Aliás, só a palavra pad já mereceria uma aula, tan-
tas são as suas ramificações, tanto como substantivo quanto como verbo. Quem
diria que o pad do mouse pad guardava tantos segredos! Por exemplo, o que vem
a ter em comum o mouse pad e a launch pad de Alcântara, no Maranhão? Vai,
não seja preguiçoso – pesquise e irá melhorar seu inglês.
Bem, “hospedagem” como substantivo é mais conhecido como a place to
stay, accomodation, accomodations ou lodging(s). Come and stay with us; your
accomodation is guaranteed (Venha e hospede-se conosco; sua hospedagem é
garantida); I was staying in lodgings (Estava hospedado numa hospedaria).
E hospedagem num site da Internet? Her home page is hosted by a company
called ABC Site Hosting.
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�este capítulo, tentei tratar com muito carinho de assuntos de difícil aborda-
gem. Em grande parte, incluí no livro (e “re-respondi”) muitas perguntas que ve-
nho recebendo em sala de aula, mas que, devido à falta de tempo, à época nem
sempre me foi possível responder adequadamente (isso para não dizer que, mui-
tas vezes, não tinha a menor idéia de como respondê-las).
Se eu puder ajudar o aluno – e, quem sabe, o professor também – com estas
questões cabeludas, me dou por satisfeito. Interessante, em inglês temos uma ex-
pressão igual – hairy questions.
Por que perguntas difíceis têm pêlo – nos dois idiomas, ainda por cima? Taí
uma questão que desconheço.
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Ao aprendermos uma língua, acontece um fenômeno comum a todos nós: words
suddenly spring to life (de repente as palavras se tornam vivas). É lógico que isto
acontece mais abundantemente quando não se tem vocabulário algum. Qualquer
palavra nova é... bem... é nova. Considerando-se que o vocabulário do iniciante é
pequeno, qualquer adição é lucro, é sempre muito bem-vinda. Mas, com o tem-
po, começa a entrar em ação um fato bastante interessante. E, quando falo de
tempo, estou me referindo, muitas vezes, a anos e anos.
Veja bem o que aconteceu comigo com a palavra “ladainha”. Eu não conhe-
cia a palavra, mas queria uma que pudesse descrever a situação. Uma situação
em que uma pessoa estava repetindo a mesma coisa e que estava se tornando en-
tediante (tanto a pessoa como a situação por si).
Em inglês, eu diria que a pessoa estava ficando tiresome, repetindo as mes-
mas coisas. Ainda poderia dizer que ela was sounding like a cracked record. Teria
de usar ou um adjetivo (tiresome significa entediante ou chato), ou uma frase que
quer dizer “parecendo um disco riscado na vitrola”. Minha nossa! Alguém por aí
ainda sabe o que é uma vitrola? Pode ser, ainda, “batendo na mesma tecla”, mas
aí é português e não inglês.
De qualquer maneira, não é exatamente a tradução da palavra que eu queria
tratar aqui. É que, após tomar conhecimento e aprender essa palavra nova – nova
para mim –, não se passaram 20 minutos e ouvi “ladainha” numa conversa de ele-
vador! Apenas 20 minutos!
Isso faz já uns 12 anos. Portanto, será que eu tinha passado aproximadamen-
te 24 anos sem ouvir esta palavra? Só agora é que a estava ouvindo pela primeira
vez? E, de repente, 20 minutos mais tarde já a escutava novamente. Será que é
coincidência? Não pode ser, concorda? E ainda na mesma semana eu a escutei
mais umas duas vezes, se não me engano.
Tudo isso para mostrar o óbvio. Muitas vezes, não tomamos conhecimen-
to daquilo que não entendemos. Ignoramos palavras que desconhecemos, por
completo.
Outro belo exemplo foi no fim de uma aula. Meu aluno já havia comentado
que achava que tanto eu quanto outros professores forçavam muito o quesito vo-
cabulário nas aulas, sobrecarregando os coitados dos alunos. “Desculpe”, quis
dizer a ele. Ou será que quis chamá-lo de “coitado”, mesmo? Quem sabe... Bem,
já era tarde e nós dois estávamos cansados – afinal, teachers are human too!
Ao terminar a aula, todos já prontos para sair da sala, eu disse: Let’s call it a
day. Ele olhou para mim e retrucou: “Viu! Mais vocabulário desnecessário que
jamais usarei! ‘Vamos chamar isso de um dia’ não é algo que eu já tenha ouvido
antes e, muito provavelmente, jamais irei precisar. Vocês professores vivem fa-
zendo isso com os alunos. Enchendo-nos de vocabulário inútil!”. De nada adian-
tava explicar a ele que a frase era o equivalente a “Chega por hoje”. Tentei, mas
ele estava fechado.
Para seu mérito (dele), na aula seguinte ele teve a humildade de chegar e di-
zer que eu tinha razão. Ele havia assistido a um filme e escutou a frase Let’s Call It
:/ ������ � !���"#
A Day não uma, mas três vezes! Faço questão de não puxar muito vocabulário
novo nas aulas, pois sinto que muitas vezes torna-se contraproducente. Cansa o
aluno tentar memorizar listas de palavras. E também sou partidário da idéia de
que cabe mais ao aluno, no seu próprio tempo livre, adquirir vocabulário através
da leitura, por exemplo. Deixando, assim, o tempo de aula livre para correções,
explicações e outros assuntos mais produtivos. E assim foi com meu aluno. Tive
que dar um sorriso, mas bem discreto.
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Uma leitora, agradecida por eu tê-la ajudado a esclarecer uma determinada dúvi-
da, enviou-me gentilmente um e-mail em inglês em que dizia Thank you for all –
presumo, pensando na expressão em português “Obrigada por tudo”. Claro que
não é preciso ser nenhum expert no assunto para chegar a “tão brilhante” conclu-
são, nem tampouco comentaria a respeito, se não houvesse um pequeno erro na
frase... “Erro?” Posso até ouvir você perguntando: “Onde está o erro?” Acontece
que all não é a palavra adequada para referir-se a “tudo” quando usada sozinha.
O ideal seria utilizar a palavra everything. Se a leitora tivesse dito Thank you for
everything, eu não teria estranhado e simplesmente teria arquivado a mensagem
dela na pasta “Elogios” (que ultimamente anda um pouco magra...). Outras op-
ções seriam: Thank you for all you did; Thanks for all your help.
Mas, por que a palavra all não deve ser usada sozinha? (Uma pausa aqui para
consultar se devo escrever “por que”, “por quê”, “porque” ou “porquê”. Bem, o meu
Manual de Redação e Estilo, de Eduardo Martins, publicado pelo jornal O Estado de
S. Paulo, afirma que deve ser “por que” mesmo. Então acertei de primeira!)
Aproveitando a deixa, permita-me apresentar-lhe uma pequena tabela que
acabei de elaborar para facilitar as minhas consultas quando estou escrevendo
em português, evitando assim tantas idas ao manual.
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Caramba! Dessa vez “viajei” por outros mares, mesmo. Desculpe-me. Onde
estávamos mesmo? Ah, sim! Por que (pronto, já batizei a minha tabela) a leitora
deveria ter usado a palavra everything em vez de all? Os meus alunos deliram fa-
zendo esse tipo de pergunta, então... para aqueles que não aceitam um simples:
“Porque (a tabela novamente) eu disse e não se fala mais nisso”, vamos lá. Agora,
se confia em mim, se quiser ganhar tempo, se acha as explicações entediantes ou,
ainda, se sequer se interessa pelos porquês (viu só? Usei a minha tabela de
novo!), pule o próximo parágrafo (skip the next paragraph)...
...Ainda está aqui, seu desconfiado? Então vamos lá. Mas quero alertá-lo de
que é bem mais fácil e eficaz simplesmente aceitar o fato e pular a explicação em
casos similares a esse.
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A palavra all, quando usada sozinha, é um adjetivo (all the windows were open; all
day, ou seja, “todas as janelas estavam abertas; o dia todo”).
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Everything é um pronome. No exemplo que citei, o erro acontece porque (quarta
vez) all não está cumprindo a sua função, o seu dever como todos os adjetivos de-
vem fazer, ou seja, não está modificando algo. Em outras palavras, all precisa de
algum complemento, um objeto. Estou tentando simplificar ao máximo esta ex-
plicação, pois os vários usos de all a tornam uma palavra muita complexa. Só
para você ter uma idéia, para mostrar isso o meu dicionário dá nada menos que
21 (vinte e um) sentidos para a mesma.
Observe estes exemplos que vão ajudá-lo a entender mais claramente: Thanks
for all your help = Thanks for everything; I love all of her songs = I love everything
she sings; All of me, why not take all of me (tudo de mim, por que não leva tudo de
mim). Reconhece a letra da música? (E pude novamente usar a minha tabela!)
All, nestes casos, é complementada por algo.
Há uma exceção a esta regra? Certamente que há! Afinal, inglês parece ter
mais exceções que regras propriamente ditas. (E qualquer semelhança com o
português é... semelhança!) Atenção, atenção. A regra é... Quando all for um tipo
de expressão adverbial, como in all (em todos), not at all (de nada), once and for
all (de uma vez por todas). Pode também ser usada em perguntas, numa forma
elíptica (Is that all?), e quando há um pronome antes – como em I want them all
(“quero todos”), outra maneira de dizer I want all of them.
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E para aquela pessoa educada no sistema americano, sem dúvida irá se lem-
brar da última linha de “The Pledge of Allegiance” (A Promessa de Fidelidade),
que termina com “liberty and justice for all”.
Bem, está mais claro agora? I hope so but I have my doubts (espero que sim,
mas tenho lá minhas dúvidas).
Ah, e para você que seguiu meu conselho e achou melhor pular as explica-
ções, solenemente ignorando o último parágrafo, ganhou um bom tempo para ler
um gibi ou se dedicar à leitura de um bom livro... em inglês, of course.
Quero aqui deixar bem claro que nada tenho contra alunos que fazem per-
guntas. É um prazer ajudar. O que sinto é que muitos “questionamentos” podem
atravancar o progresso do aprendizado. Para mim há um enorme diferença entre
perguntar e questionar. Mas você pode dizer: “Isto é coisa do professor Michael.”
E é mesmo.
Para terminar de uma maneira mais leve, acho que todos (everybody ou ever-
yone, e não all) devem ter ouvido a história da origem da palavra “forró”. O que
me foi contado, logo que cheguei ao Brasil, é que a palavra “forró” veio do inglês
for all, pois era assim que certos gringos estendiam seu convite escrito num car-
taz para o baile para todos – americanos, ingleses, e brasileiros também. Sempre
mantive um pé atrás com esta explicação, meio vaga demais para o meu gosto.
Aliás, a expressão que acabei de usar, “com um pé atrás”, se traduz muito bem
para to take it with a pinch of salt (levar com uma pitada de sal). Ambas têm a
mesma lógica, na minha opinião (ou seja, nenhuma).
Sabemos que “forró” é de origem nordestina, significando “forrobodó” ou
“arrasta-pé”, música e dança aparentando o baião, mas com andamento mais
acelerado. Fico aliviado com esta explicação, digamos, mais acadêmica, reforça-
da pelo fato que no meu Novo Aurélio não há menção da origem (for all, confor-
me escrito por meus patrícios) tão pitoresca. E jamais quero imaginar aqueles
gringos escrevendo seus cartazes com os dizeres For All, quando, talvez, deve-
riam estar escrevendo For Everybody.
“Não consigo entender as diferenças entre as e while. São iguais ou têm dife-
rença?”
Um leitor me enviou uma pergunta a respeito das diferenças de uso entre as e
while. “Deixa comigo!”, pensei. O leitor disse que tinha dúvidas para distinguir
se as duas palavras eram sinônimas, pois na opinião dele não havia diferença.
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Usou até uma frase – pay as you enter (“pague ao entrar”). Referia-se ao ato de
entrar num ônibus e foi isso que me forneceu uma pista. Não me soou correto di-
zer pay while you enter, que seria algo como “pague enquanto entra”. Pay as you
enter seria “pague ao entrar”. Portanto, não são sinônimos. Mas por qual moti-
vo? Tenho certeza de que você concorda comigo que, ao dizer as duas frases em
português, perceber que elas são bem distintas. Também em inglês. Vamos pen-
sar juntos.
As duas situações referem-se ao ato de realizar algo enquanto outra ação está
acontecendo simultaneamente. Então, por que há uma diferença? Nessas altu-
ras, penso que teria sido melhor se tivesse optado por outra profissão, algo mais
fácil – como neurocirurgião ou cientista de foguetes espaciais. Mas, já que resolvi
trilhar este caminho, vamos ver aonde eu chego.
'�� �� ��� J�K �� J#����K #���D
As duas palavras, as e while, mostram que há na oração uma ação – vamos cha-
má-la de ação de fundo –, com uma duração maior. Já está acontecendo, mas
uma nova ação paralela começa a acontecer. Em As I was driving I heard a horn
behind me (Enquanto dirigia, ouvi uma buzina vinda de trás), por exemplo, a
ação de fundo, a ação com maior duração, é a de driving.
Vamos a outro exemplo. She was talking to me while I was watching TV (Ela
estava conversando comigo enquanto eu assistia à TV). Aqui, provavelmente, a
ação com maior duração é a de watching TV. Mas, já pensou se fosse o contrário?
Nos dois exemplos, em inglês, tanto faz usar uma ou outra, as ou while. Tanto
posso dizer While I was driving como As I was watching. Então, nestes dois casos,
as e while são sinônimos. (Só para complicar um pouco, cabe também when nos
dois exemplos). Primeira informação importantíssima: ações simultâneas e de lon-
ga duração podem se valer tanto de while como de as.
'�� �� ��� ���� J#����K #���D
Em geral, usamos while para dizer que duas ações ou situações de maior duração
acontecem ou aconteceram ao mesmo tempo. Podemos usar o verbo na sua for-
ma simples ou progressiva. While you were reading my explanation I was writing
something else (Enquanto você estava lendo minha explanação, eu estava escre-
vendo outra coisa). Note que as duas ações podem estar levando o mesmo tempo
para ser realizadas, ou não.
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'�� �� ��� ���� J�K #���D
As é usada com o verbo simples para descrever duas situações que se desenvol-
vem ou que se transformam, mudam, juntas. As I get older I become less of a wor-
rier (À medida que o tempo passa, me torno menos propenso a preocupar-me);
She becomes even more beautiful as she gets older (Ela fica cada vez mais linda à
medida que envelhece). Nestes dois casos, não cabe o uso de while, somente as.
Para terminar: As/while I write this I’m wondering if my explanation is con-
vincing enough (Ao escrever isso/enquanto escrevo isso, fico pensando se a
minha explicação é suficientemente convincente). Claro, há outros usos,
principalmente para as, mas por hoje chega. Concorda?
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Provavelmente você já sabe, mas não me custa escrever umas linhas para confir-
mar. Algumas alunas, quando querem contar que vão, ou que foram, a um “chá
de bebê”, querem saber como se diz isso em inglês. Tradução direta nem se fala.
Baby’s tea ou tea for baby? Esqueça! É baby shower. “Quê? Shower?”
Para mim, uma expressão faz tanto sentido quanto a outra: não vejo o que
chuveiros, banhos ou chás têm a ver com o evento. Afinal, o bebê ainda não nas-
ceu, não é mesmo? Mas tenho certeza de que alguém vai me dizer isso ao ler este
texto, não vai?
Mas, para não deixar apenas uma pergunta no ar, deixe-me falar um pouco
sobre o apóstrofo de baby’s, em que o chá é “do”, ou “para o”, bebê. Se houver
mais de um bebê, babies, então seria babies’ tea, com o apóstrofo após o “s”. A
pronúncia, /bei-biz/, não muda.
Ah! Meu deu um estalo! Temos uma grande expressão em inglês que junta os
bebês com o banho, que é “To throw out the baby with the bath water” (Jogar fora
o bebê junto com a água do banho).
Quer dizer descartar um problema através da, ou incluindo a, eliminação do
elemento principal, ficando com... nada! O que era importante se foi. (Tadinho
do bebê.)
E quando uma mulher vai se casar? Quando vai ter o seu chá-de-panela?
Chamamos isto de bridal shower. E sabe por quê? Por que “chuveiro da noiva”?
Se souber, favor me avisar, pois eu não faço idéia, embora haja uma correlação
com a expressão to shower someone with gifts (cobrir, banhar alguém com pre-
�$� $������ ����� $��# #� ��%�&# :9
sentes), o que acontece com os nossos pimpolhos às vezes, quando recebem de-
zenas de presentes no aniversário e mal sabem de quem vieram, e menos ainda o
que fazer com tanta abundância – ou excesso de abundância. (Será que acabei de
escrever uma frase bem redundante?) E depois achamos ruim que nossos filhos
se tornem materialistas e gananciosos!
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Recebi um e-mail de uma leitora que elogiou meus livros e comentou que, pela
minha foto na orelha de Como Não Aprender Inglês – Volume II, achava que eu
parecia ser um homem muito simpático. (Também fiz questão de ter a minha foto
na capa: já me achou? A propósito, esse livro está agora fora de catálogo, pois foi
substituído pela Edição Definitiva da Editora Campus, que incorporou o melhor
dos volumes I e II. Decidi que eu queria ser um escritor e não um homen de negó-
cios, tocando uma editora e uma distribuidora ao mesmo tempo.) De quebra,
como é de costume quando recebo um elogio, aproveitou para perguntar como
se dizia “simpático” em inglês. Gelei, pois vi que teria um bocado de trabalho pela
frente. Sempre tive a tendência de me esquivar da resposta a esta pergunta, di-
zendo apenas nice para, em seguida, mudar de assunto.
Mas vamos lá. Para início de conversa, a tradução de “simpático” não é
sympathetic. Sympathetic quer dizer: “Da expressão de sentimentos de afinidade
entre pessoas ou objetos na qual o que afeta uma afeta correspondentemente a
outra. Descreve a compreensão ou afeto mútuo surgindo deste relacionamento
ou afinidade.” Sim, é isso aí. Mas... ajudou muito? Cópia fiel, traduzida de um
dicionário.
Outra maneira de explicar sympathetic é examinar o substantivo sympathy,
que significa o ato ou poder de partilhar os sentimentos de outrem. Mas acho me-
lhor ir aos exemplos e fazer uma comparação com o português. Primeiro com
Sympathetic.
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Judy was very sympathetic when I told her about my great-great grandmother’s de-
ath (Judy comiserou-se comigo quando lhe contei da morte da minha tataravó).
Dizer em português que a Judy foi “simpática” quando soube da triste notícia não
pegaria muito bem... Concorda?
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He suffers from back trouble too, so he was very sympathetic about my problem
(Ele também sofre de um problema nas costas, portanto compreende bem o meu
problema). Também não cabe simpático aqui.
They raised the question which fell on very sympathetic and understanding
ears (Eles levantaram a questão que encontrou boa receptividade). As orelhas
aqui não são “simpáticas”, nem um pouco!
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“I lost all my money at the racetrack” (Perdi todo o meu dinheiro no jóquei);
“Serves you right. I have no sympathy for you” (Bem-feito. Não tenho pena de
você); The rich don’t have a lot of sympathy for the poor (Os ricos não têm muita
compaixão pelos pobres).
Vejo que, enquanto estou me prendendo muito a explicar o inglês, devo estar
fugindo da raia quanto ao “simpático”, mas espero que aproveite a aula para aju-
dar a não cair nas armadilhas comuns. (Crie coragem, Michael. Não decepcione
os seus leitores). Não tendo muita inspiração neste exato momento, deixe-me re-
correr ao dicionário. (Aliás, jamais entendi certas linhas de ensino de inglês em
que é vedado o recurso de dicionários. Não vejo como vocabulário novo possa
saltar espontaneamente da cabeça do estudante.)
Então, sinônimos em inglês por simpático podem ser: nice; sweet (doce);
understanding (compreensivo); good (bom/boa. Vá lá, não precisava de mim
para isso!); affectionate (carinhoso); captivating (cativante); attractive (atraen-
te); appealing (atraente também); charming (encantador); warm-hearted
(bondoso).
Chega! O que aliás é fácil, pois não acho mais palavras. Não vou dar exemplos
de cada um, pois são autoexplicativos e corro o risco de entediar vocês. Como po-
dem observar, “simpático” em inglês oferece muitas opções. Tudo depende do
que você quer dizer precisamente. Portanto, não posso saber o que a minha leito-
ra quis dizer ao me descrever como simpático. Por via das dúvidas, vou presumir
que todos os adjetivos acima se aplicam a mim. Assim, elimino a dúvida e ainda
me sinto muito bem.
Uma coisa, com certeza, acho interessante. Tem-se em português todas as
opções citadas. Então, por que será que não podemos nos desprender um pouco
dos onipresentes “simpático” e “simpática”? Uma resposta óbvia é que não seria,
com certeza, muito... bem... muito simpático. Mas pelo menos assim eu não teria
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de adivinhar o que minha leitora pensa exatamente ao meu respeito. Presumo, e
espero, que se tratava de uma leitora e não de um leitor – pois se chama Darci...
Mas, pensando melhor, “simpático” é uma palavra tão... bem, simpática, que
ficar sem ela faria com que a língua portuguesa perdesse uma parte do seu encan-
to. E eu não posso endossar algo assim. Jamais, pois...
...não seria nada simpático da minha parte.
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Que pergunta comum. Já recebi muitos e-mails com a pergunta “Como é que se
fala ‘dar um jeito’ em inglês?”. Aí penso: “Jeito. Que palavra de uso tão corriquei-
ro, mas de difícil tradução.” Aliás, não é exatamente a palavra que é difícil de tra-
duzir. Se eu procurar no dicionário, encontrarei aptitude; aptness; talent; skill;
knack; stuff; way; manner, entre outras definições.
Porém, não encontro algo que explique como se pode dizer “Dar um jeito”,
em inglês. Para não desmerecer meus excelentes dicionários, vejo que “dar um
jeito” de fato consta como to manage e, acredite se quiser, to engineer (engineer
me parece um pouco extravagante como verbo. Não muito adequado com o jeiti-
nho brasileiro... mas quem sou eu para discordar dos experts?).
(Aliás, lembro-me de que, quando comecei a aprender português, tinha uma
mania terrível de dizer “desconcordar” em vez de “discordar”. Este hábito durou
muito, até, pois eu queria impor a minha lógica à língua portuguesa. Em inglês,
temos agree e disagree e, em português, já que temos “concordar”, o contrário
deveria ser “desconcordar”. Prova que eu não fui bem-sucedido nesta empreita-
da é que até hoje vejo que os dicionários não incorporaram a palavra, nem ela caiu
no gosto popular. Bem, quem sabe um dia consigo inventar moda.)
Voltando. To manage tem um exemplo: She always manages to look prettier
than the others (Ela sempre dá um jeito de ficar mais bonita do que as outras).
Não consta um exemplo de to engineer. Não nego que em certas situações o verbo
engineer possa ser aplicável, mas não é exatamente isso que estou tratando e pro-
curando, nem o que os meus leitores querem saber.
Quando pensamos em “dá um jeito”, o que estamos querendo dizer nor-
malmente? Em primeiro lugar, existe o “jeito” e o “jeitinho”. Há diferença?
Creio que sim. “Jeitinho” parece levar uma conotação meio escusa, às vezes
quase ilícita. Mas o meu Aurélio não ajuda nisso, pois não consta um verbete
para “jeitinho”.
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Acho melhor criar alguns exemplos para exemplificar. “Exemplos para exem-
plificar?” Que baita redundância acabei de escrever, mas vou deixar passar, pois
não gosto de desperdiçar palavras uma vez digitadas. Você me entende, não é?
Não? Tudo bem. Mãos à obra.
� “Pois é, seu guarda. Sei que estava acima da velocidade permitida. Mas já
tenho muitos pontos na minha carteira... Não podemos dar um jeito?”
(Aqui cabe melhor “jeitinho”, ou não? Bem, realmente depende do senti-
do e intenção. Se for uma “gratificação” – leia-se suborno – então é “jeiti-
nho”, mesmo. Se a intenção é dizer “ter misericórdia”, “jeito” até que vai.)
� “Não tenho dinheiro suficiente para pagar a conta do restaurante. Pelo jei-
to, vou ter que dar um jeito e lavar a louça.” (Outra redundância, mas aqui
não tem jeito...)
� “Quero falar com aquele rapaz, mas tenho vergonha” – disse a jovem na
festa – “Cê não quer dar um jeito para mim?”
� “Ele vive às turras com seus credores, mas sempre acaba dando um jeito”
(jeitinho?).
� “O quê? Preciso pagar tudo aquilo ao fisco! Você é meu contador. Vai ter
que dar um jeito!” (“jeitinho”, com certeza!)
Acredito que são bons exemplos, então vamos ver o que acontece com o in-
glês. Eu não sei ainda, e quero que você saiba que, ao escrever essas coisas, mui-
tas vezes (se não a maioria; pensando melhor, nem é maioria – é sempre!) não sei
aonde estou indo com as minhas explicações. Tudo o que você está lendo agora é
novidade também para mim. Pudera eu ter as respostas para estas perguntas já
prontinhas “da silva”.
Vamos ver o que acontece com as traduções, OK?
� Yes officer. I realize that I was speeding. But I already have a lot of points
against my driver’s license (na Inglaterra, é driving licence). Can’t we work
something out?
� I don’t have enough cash on me to pay the restaurant bill. It seems that I’ll
have to wash the dishes.
� “I want to talk to that good-looking boy, but I’m embarassed,” said the
young girl at the party. “Couldn’t you help me out?”
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� He is always giving his creditors the run-around, but manages to get out of
things somehow.
� What! I have to pay all that money to the taxman! You’re my accountant.
You’ll just have to find a way round it.
Em suma, como resultado, o que temos? Cinco expressões, todas diferentes.
Work something (ou it) out; Have to; Help (someone) out; Get out of; Find a way
round. Veja só o que está acontecendo. Não há uma só palavra nem expressão
que cubra as eventualidades. Eu poderia criar mais exemplos, mas tenho certeza
de que aconteceria a mesma coisa – e ainda corro o risco de entediar você. Pode
parecer lugar-comum dizer “cada caso é um caso”, mas é isso mesmo. Parece
não haver “jeito” de se fugir deste fato. E, de quebra, isso também explica por que
é difícil traduzir “Dar um jeito”.
Para não deixar as palavras acima boiando sozinhas, sem acrescentar nada,
vamos completar essa miniaula do jeito (e não “jeitinho”) que você gosta! (Tes-
te-se para saber se já aprendeu a lição de casa)*
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I don’t have much aptitude for skateboarding (Não tenho muito jeito para andar
de skate).
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His aptness as a politician is being questioned (Seu jeito como político está sendo
questionado).
����
He’s definitely got the talent to get into dire straits (Ele certamente tem o jeito de se
meter em encrencas).
&!���
She is a skillful but uninspired painter (Ela é uma pintora jeitosa, mas sem ins-
piraçao).
/ ������ � !���"#
* The way you like it.
���!
They’ve certainly got the knack of making tons of money (Eles certamente têm o
jeito de fazer pilhas de grana).
&����
Embora conste esta palavra de meu dicionário, não consigo imaginar um exem-
plo. Fico devendo essa. Sei, sei. Seria mais fácil simplesmente deletar a palavra
stuff lá de cima, mais aí eu não estaria sendo honesto com você.
+�
There are three ways to do this. The right way, the wrong way or my way (Há três
maneiras de fazer isso. Do jeito certo, do jeito errado ou do meu jeito).
"����
His drunken manner at the party last night was most embarassing (O seu jeito de
bêbado na festa de ontem foi muito constrangedor).
��������
The CEO engineered a brilliant takeover (O CEO ajeitou uma aquisição brilhan-
te). Sei. Parece que forcei a barra com esse, mas não achei outro “jeito”. E, para
falar a verdade, não é nada excepcional dizer isso.
Pois é. O famoso – ou devo dizer notório? – jeito brasileiro. Pena que não nos
valemos mais das alternativas disponíveis em português. Afinal, a maioria das pala-
vras em inglês tem seu contraponto em português, não tem? Vejamos. “Aptidão”;
“competência”; “talento”; “habilidade”; “destreza’. Knack não tem muito “jeito”
aqui, a não ser para “artifício” ou “truque”. Pessoalmente, para knack, prefiro “jei-
to” mesmo; Stuff... lembra que eu não havia achado um exemplo? Ainda não achei;
“maneira” (para way e manner).
Para terminar, quero tecer uma observação bem pessoal. Conquanto entenda
e me valha do dito cujo de vez em quando (mas só do “jeito”, jamais do “jeiti-
nho”), tenho uma ligeira impressão que está sendo cada vez menos praticado no
Brasil. Quem sabe a exposição crescente ao comércio internacional, a globaliza-
ção e o amadurecimento generalizado da sociedade estão tornando a necessida-
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de (e, quiçá, a possibilidade) do “jeitinho” mais rara? Agora, se pudéssemos dar
um “jeitinho” na burocracia, tornando-a mais eficiente... Não, eficiente talvez
não seja a palavra adequada. Melhor seria “eficaz”: what a way to go (que jeito
bom de ir)!
Gosto muito de uma definição em inglês que trata da diferença entre efficient e ef-
fective.Anefficient persongets the jobdone right.Aneffectiveonegets the right jobdone.
Será que isto fica bem traduzido para o português? Vamos ver. “Uma pessoa
eficiente faz bem o seu trabalho. Uma pessoa eficaz faz o trabalho certo.” Tradu-
ção um pouco fraca, concordo, mas tentarei melhorar até o final do texto. Se não
fizer assim até a última linha, saberá que não consegui.
Só para finalmente terminar (prometo), quero compartilhar uma história in-
teressante que aconteceu comigo muito recentemente. Completei XX anos no
meu aniversário. (Não, não vou me gabar da minha experiência, sabedoria e ma-
turidade. Por isso fica nos XX. E que redundância! “Completei XX anos no meu
aniversario.” Quando mais se pode completar anos?). Quando? No dia 24 de
outubro, para aqueles que querem anotar nas suas agendas para me dar um pre-
sente. E isto coincidiu com o vencimento da minha carteira de habilitação, preci-
sando, portanto, renovar o meu exame médico.
Só que havia um pequeno detalhe: a minha pontuação, por causa das multas,
está uma vergonha. Tanto que nenhum Transit Authority* ou Detran do mundo
renovaria minha CNH, em qualquer língua. Fui ao Detran e recebi um formulá-
rio para preencher, para poder recorrer e apresentar a minha defesa. O formulá-
rio era daqueles que exigiam um montão de dados do tipo qual foi o meu primeiro
animal de estimação e quando morreu (e de quê), a cor dos olhos do meu bisavô e
outros dados pertinentes. Sendo um covarde nato quando se trata de qualquer
órgão cujo nome é composto de siglas, fui correndo consultar meu despachante.
O diálogo eu reproduzo a seguir.
Despachante: Qual é a sua defesa?
Michael: Nenhuma – respondi, com toda eloqüência que me é peculiar.
Despachante: Não pode transferir as multas e pontos para outra pessoa? –
quis saber.
Michael: Só para o meu filho que mora nos Estados Unidos. Ele até aceitaria
arcar com os meus pontos.
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* Transit Authority nos Estados Unidos; MOT – Ministry of Transport na Inglaterra.
Despachante: Ele tem firma aqui?
Michael: Não, só lá. De pinturas. Chama se Jacobs Painting.
Despachante: Não, quero saber se tem firma, para reconhecer a assinatura
dele.
Michael: Não tem.
Despachante: E lá, nos Estados Unidos?
Michael: Acho que deve haver alguma maneira de notorize sua assinatura.
Mas ele mora em Colorado. Acho que deverá ir até Los Angeles, onde fica o
consulado mais próximo.
Despachante: Está ficando complicado... Acho melhor você consultar o setor
de procurações do cartório para se informar, pois é melhor ele te dar uma
procuração dando-lhe plenos poderes para o senhor exercer e responder
para todos os efeitos e atos dele perante o Detran no Brasil – concluiu.
Fui até o cartório e, após explicar com toda clareza ao escrevente, este pensou
e sugeriu: “Você tem um bom despachante? Acho melhor consultá-lo.” Fiquei
sentado, pensativo, por cinco minutos. E fui novamente procurar meu despa-
chante.
Michael: Qual é o pior cenário se não recorrer?
Despachante: Podem suspender sua carteira por alguns meses e mandar você
fazer um curso de reciclagem. Não tem custo, mas dura 20 horas.
Então, gentil leitor que agüentou esta crônica até aqui, é isso que vou fazer
agora, em vez de pedir para meu filho fazer uma viagem de não sei quanto tempo e
gastar não sei quantos dólares. Afinal, sou culpado mesmo. Por que não assumir?
Há um ditado popular em inglês que é: honesty is the best policy. Não sei se há
um ditado perfeito que corresponda em português, mas serve este: “A honestida-
de é a melhor forma de vida.” Certamente, no meu caso, é a mais barata, e mais
simples – that’s for sure, com a vantagem de que posso dormir tranqüilo à noite.
Mas, há um “porém”. Can anyone give me a lift? Ou seja, “alguém pode me
dar uma carona?”. Lift é mais comum na Inglaterra. Nos Estados Unidos, estaria
mais para ride.
I need a ride (preciso de uma carona).
BTW (lembra desta sigla?): Não achei nada melhor para a tradução da minha
frase querida. Fica essa mesmo.
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“How do we say agenda em inglês Michael?” Uma pergunta aparentemente tão
simples, mas que para mim provoca bastantes dúvidas. Pois a resposta vai depen-
der do tipo de “agenda” em questão. Se for aquele tipo que eu uso constantemen-
te, feito de papel e normalmente com capa dura, chama-se de diary ou desk diary.
Claro: é desk diary se permanece a maior parte do tempo em cima da sua mesa de
trabalho. Já que eu não tenho uma desk, a minha agenda é apenas um “dairy”.
Oops! Escrevi dairy em vez de diary, com o “i” e o “a” invertidos, o que transfor-
ma nossa agenda num estabelecimento para a venda, processamento ou fabrica-
ção de laticínios (dairy). Deixei o erro de propósito, para comentar a semelhança
entre as palavras e para aumentar o seu vocabulário. A propósito, a pronúncia de
diary é /daí-â-wri/ e a de dairy é /der-wri/.
Voltando. Eu uso um diary. Posso ser considerado um tanto old fashioned nes-
se quesito (sei, sei, há muitos outros quesitos que posso ser considerado old fashio-
ned, também), mas tem sido a minha experiência, pelo menos tenho observado,
que agendas eletrônicas podem complicar a vida dos seus usuários fiéis. Em inglês,
elas são mais conhecidas hoje em dia como PDA – personal digital assistant. São
sempre sujeitas às quedas – vindo a espatifar-se no chão, com as entranhas voando
para os quatro cantos –; ao sumiço de dados – devido à perda de energia, ocasiona-
da pela bateria fraca –; à perda e, até, ao roubo. Um amigo meu teve o azar de, en-
quanto abastecia sua moto, receber a “visita” de um ladrão, que entrou no posto e
papou tudo de todos. Aparentemente, gostou da agenda eletrônica do meu amigo.
Duvido que teria se interessado pela minha agenda de couro (artificial) e papel.
De vez em quando, recebo um e-mail de alguém desesperado, avisando que
os dados da sua agenda sumiram e que, por favor, eu responda ao e-mail forne-
cendo pelo menos o número de telefone. Já eu nunca perdi meu diary. E vejo ou-
tra desvantagem nas agendas eletrônicas. Olha só o que aconteceu comigo re-
centemente. Combinei com uma pessoa para vir à minha casa fazer uma avalia-
ção. Sacou sua agenda eletrônica e, cuidadosamente, entrou com meus dados.
Teve uma certa dificuldade com meu grupo sangüíneo e identificação de DNA,
mas depois de uns vinte minutos lá estava eu devidamente cadastrado. Isto faz
um mês, mas até hoje não fui procurado por ele. Presumo que meus dados conti-
nuem armazenados, mas aparentemente faltou acionar o dispositivo que acende
uma luz ou dispara um alarme para avisar que alguma ação – humana – seja ne-
cessária, de vez em quando. Quem sabe ele se lembra de mim um dia, já que a sua
agenda, ao que parece, se esqueceu.
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Bem, desculpem-me a divagação. Aproveitando, deixe-me informar-lhes
como é que chamamos a agenda eletrônica em inglês. É electronic diary. Sem
surpresas, não é mesmo?
E os outros tipos de agenda?
A palavra agenda, em inglês, refere-se quase que exclusivamente a uma lista
de tópicos a serem tratados numa reunião. Agenda é agenda também, em inglês,
quando se trata de uma lista de coisas: “What’s on the agenda today Bob?” “Well,
first of all let’s go and buy Michael Jacobs’ new book. They tell me it’s fantastic.”
“Good idea. Let’s go.”
Não, não vou traduzir isto. Pode parecer que estou tentando vender livros,
meus livros. Mas o que estou fazendo aqui é tentando ajudar você com seu inglês.
Mas, pensando bem, o que fazem meus livros?
� H�1���'���+,��
Recebo muitos e-mails de leitores agradecendo as dicas que envio de tempos em
tempos (from time to time). Claro que nem todos contêm elogios. Recebo críticas
também e, pasmem, algumas solicitações para remover meus e-mails do mailing
list. Mas não me abalo com essas coisas. Apenas seco as lágrimas com um lenço
tão gigante, quase um lençol, mesmo (aliás, você nem imagina o quanto custei
para aprender a diferença entre um e outro... Só depois de muito tempo é que
percebi que era só observar que “lenço”, com apenas cinco letras, é menor que
“lençol”, com seis, e pronto! Tinha matado a charada! Veja lá quantas artimanhas
precisamos para aprender uma língua, não é mesmo?), e vou em frente, confian-
do no leitor que ainda quer receber as minhas dicas.
Escrevi esta aqui após observar o esforço dos leitores em se comunicar comi-
go na minha língua nativa (o que muito me orgulha, pois muitas das mensagens
que recebo vêm em inglês, mesmo), sobre as dicas.
Não raramente eles se referem às dicas como clues ou hints. Se procurarem
nos seus dicionários, realmente poderão encontrar “dica” assim traduzida. Po-
rém, se formos mais fundo, veremos que clues são dicas ou pistas como aquelas
deixadas na cena do crime em um romance policial de Agatha Christie, por exem-
plo. Impressões digitais são clues.
Hints, por sua vez, são dicas no sentido de palpites, indiretas e até sugestões.
Por exemplo: “Who has written some great books to help Brazilian English stu-
dents?” (Quem escreveu livros excelentes para ajudar o estudante brasileiro de
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inglês?) “I don’t know. Give me a hint.” (Não sei. Me dê uma dica.); “A young
Englishman named...” (Um jovem inglês chamado...) Ah! Já sei...
Em tempo: ao falar de “impressões digitais”, não caia no erro comum de di-
zer “digital impressions”. Um aluno meu, muito adiantado por sinal, fez isso e só
hesitou quando não parei de fitá-lo, sinal de que eu tinha certeza de que ele sabia
o certo. Ele, conhecendo meu jeito brincalhão, porém ao mesmo tempo manten-
do a seriedade, deu uma pausa, franziu a testa, até que se saiu com... fingerprints!
Que alívio para nós dois. Fingerprints.
Como o inglês é uma língua lógica, não é mesmo? Bem, muitas vezes é, pelo
menos. Se fosse tão lógica sempre, o que os professores de inglês teriam de fa-
zer? Trabalhar? (Just kidding teachers, OK?)
Well, I hope you liked today’s tip (bem, espero que tenha gostado da dica de
hoje). Fond regards to all of you (tudo de bom para todos vocês que não pediram
para ser excluídos).
� 6�;�����@��+�����
Como acabei de dizer, recebo muitos e-mails escritos em inglês, e muito me or-
gulho destas tentativas de meus leitores em se comunicarem comigo na minha
língua materna.
Ao formular sua pergunta, entretanto, muitos caem na armadilha de traduzir
do português e acabam escrevendo “português em inglês”. Fazer uma pergunta
muitas vezes se torna “make a question”. Outros ainda perguntam se devem dizer
“make a question” ou “do a question”, se precavendo quanto às dificuldades de
verter “fazer” para do ou make.
A resposta é muito simples. Nem make nem do. We ask questions. Sei que, ao
tentar traduzir isso, sai algo assim: “Perguntamos perguntas”, ou “perguntamos
questões”. Lamento. Nada posso fazer, pois não inventei as línguas.
É ask questions e não se fala mais nisso.
� C��� �6�2���
É muito comum ouvir a palavra “febre” ser traduzida como fever. Comum porque
é a tradução correta. Só que, é preciso que se saiba, é uma tradução correta em ter-
mos. O uso de fever como “febre” soa para mim um tanto antiquado em inglês. É o
tipo de termo que você vai ouvir alguém de uma certa idade pronunciar. E por ida-
de, aqui, estou me referindo a alguém que talvez tenha umas 80 primaveras nas
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costas, ou mais. Mas, para usar uma das minhas expressões favoritas, “Se quiser
brigar ou discutir, mude de assunto”. Jamais implicaria com o uso da palavra fever,
ainda usada por muitas pessoas para descrever “febre”. Afinal, temos yellow fever,
typhoid fever, aliás, temos em termos, pois eu pessoalmente nunca peguei uma fe-
bre dessas e desconheço quem já tenha pego. Nem a dengue, ou dengue fever, eu
peguei. Mas que as febres – assim como as bruxas – existem, existem. E, pela quan-
tidade de pernilongos que habitam o meu bairro, só posso garantir que tive essa
sorte até a presente data, ou que não são da espécie Aedes aegypti.
O que me motivou a escrever sobre fever é que há vezes em que podemos em-
pregar outra palavra, ou, melhor dizendo, outra expressão para melhor e mais
naturalmente nos expressarmos em inglês. E é to run a temperature ou to have a
temperature. Vamos ver alguns exemplos: Jane is in bed with the flu. She has a bit
of a temperature (Jane está de cama com gripe. Ela tem um pouco de febre); The
kid was running a temperature so they called the doctor (A criança estava com fe-
bre, portanto chamaram o médico).
Note que em nenhum dos exemplos mencionei que a temperatura estava anor-
mal. Teria de dizer high temperature (temperatura alta) para descrever com exati-
dão, não teria? Mas não é preciso, pois dizer run a temperature ou have a tempera-
ture já deixa isso bem evidente. Claro, não há muita lógica nisso, pois é preciso ad-
mitir que todos nós temos uma temperatura, mesmo se estivermos mortos. Sei, sei,
pode não ser a temperatura ideal ou a que gostaríamos que fosse, mas é uma tem-
peratura. (Vixe! Sorry por ter sido tão mórbido, mas só usei para reforçar o óbvio.)
Mas é assim mesmo que se fala quando estiver com febre: to have ou to run a
temperature. Também podemos dizer the temperature is up: His temperature was
up so they gave him antibiotics (A sua temperatura estava alta, então lhe deram
antibióticos).
Isso me fez lembrar uma senhora na Inglaterra, amiga da minha mãe. Ela so-
fria de “pressão”, e dizia: “The doctor says I have blood pressure” (O médico disse
que eu tenho pressão sangüínea), omitindo a palavra high ou bad para qualificar
a pressão sangüínea dela. Mesmo com a minha pouca idade na época, pensava –
e se não tivesse?
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Um aluno me entregou uma lição de casa que descrevia seu dia-a-dia. Mencio-
nou as compras que fizera e como as guardou ao chegar em casa. Colocou, se-
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gundo disse, um suco de frutas no “friza”. Ao corrigir a ortografia para freezer,
percebi, não me lembro do motivo, que ele estava meio boiando com a palavra e
suas associações. Caso você não tenha as mesmas dificuldades, sugiro que pule
para a próximo texto. Mas, como esta dúvida já surgiu em outras aulas minhas,
acho que algumas palavras a mais, de reforço, não lhe farão mal.
O aparelho doméstico dedicado exclusivamente a manter produtos congela-
dos chama-se freezer. Freezer vem do verbo to freeze – congelar. O freezer não tem
outra finalidade a não ser congelar e manter congelados os produtos, ao contrá-
rio da geladeira, que se chama refrigerator, palavra muitas vezes abreviada para
fridge (da parte da palavra /wri – fridj – a – wrei – ta/).
“E como é que se chama a parte de cima da geladeira, que é um freezer, tam-
bém?”, meu aluno quis saber. Boa pergunta. Chamamos de freezer, também, mas
muitas vezes, especialmente nos Estados Unidos, é mais conhecido como ice box.
Literalmente, uma caixa de gelo. Ice box é um termo que antecedeu o uso genera-
lizado de geladeiras, e era uma caixa com gelo por dentro. Com a advento e uso
maciço da geladeira, o nome ficou. Até hoje.
Usamos freezing no sentido não literal, para dizer que estamos com muito
frio. I’m freezing. Let’s go home, said the girl (Estou congelando. Vamos para
casa, disse a moça). Exatamente como se diz em português.
São 262 palavras escritas até agora e não coloquei nada nem remotamente
engraçado. Acho que vou mudar de assunto. Acho que estou meio frio.
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“So, Michael, I was at the beach and my money was over”, disse meu aluno. Per-
cebi, não pela primeira vez, o equívoco do aluno brasileiro ao confundir over com
“acabar”. Possivelmente influenciado pela mensagem que aparece na tela de um
videogame quando acaba se ou esgota o tempo: Game Over.
Quando algo for over, realmente acabou, terminou, mas só se usa over para
assuntos que levam um tempo. E, embora se leve tempo – normalmente muito
tempo – para ganharmos o nosso dinheiro, não se pode dizer “My money is over”,
pois dinheiro não precisa de, nem leva tempo. Dinheiro não é um evento em si.
Dinheiro apenas é. Over é usado para descrever algo que levou tempo para se rea-
lizar, um evento, por exemplo.
Vamos ver algumas outras situações em que se usa over: Their marriage was
over long before they finally split (Seu casamento tinha terminado muito tempo
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antes de eles se separarem); It’s all over bar the shouting (Tudo acabou, menos os
debates); The football match was practically over so we left the stadium early (O
jogo estava praticamente no fim, portanto, saímos cedo do estádio); His career
was over when they discovered him stealing (Sua carreira se acabara quando des-
cobriram-no roubando); The night was over so we went home (A noite havia aca-
bado, então fomos para casa); The baseball game was over by ten (O jogo de bei-
sebol tinha acabado às 10 horas); Our affair was over by then (O nosso caso então
já tinha acabado).
Perceba, então, que um casamento, um evento, um jogo, uma carreira e uma
noite terminam após um certo período de tempo. E o que meu aluno deveria ter
dito? Fácil. Deveria ter dito: I was at the beach and I ran out of money; To run out
of significa esgotar-se, consumir até o fim. Mais alguns exemplos: The team ran
out of time (Acabou o tempo para o time); I ran out of patience (Acabou a minha
paciência); We ran out of coffee (O café acabou); If you run out of money don’t
look at me (Se seu dinheiro acabar, não olhe para mim).
Pode-se alterar a sintaxe: Time has run out (O tempo se esgotou); Time ran
out before we could score the final goal (O tempo se esgotou antes que pudésse-
mos marcar o último gol); My patience has run out (Minha paciência se esgotou);
The coffee ran out at eight o’clock (Acabou o café às oito horas).
So your money has run out. What a shame, but don’t look at me (Então, seu
dinheiro acabou. Que azar, mas não olhe para mim).
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Sim, sabemos que inglês é legal, pelo menos é legal no sentido dos jovens, baca-
na. Sabemos também que não é proibido por lei (pelo menos se o deputado Aldo
Rabello não triunfar em seus projetos de coibir, ou mesmo proibir, o uso de es-
trangeirismos no Brasil). Mas o que eu queria dizer é que há certos termos legais
– come on, Michael, evite o uso de “legal” e use “jurídico” –, OK, certos termos
jurídicos que provocam alguma confusão (pelo menos entre aqueles que fazem
as legendas para os filmes que se ambientam nos julgamentos).
A começar pelos “julgamentos”, muitas vezes interpretados como judge-
ments. Errado! Redondamente errado. Judgement é “julgamento”, mas não no
sentido de sentença, ou seja, o reflexo da decisão do juiz. Judgement não é um ter-
mo legal, desculpem, um termo jurídico; é usado para expressar “julgamento” no
sentido de opinião, discernimento, bom senso.
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E o que é, então, “julgamento”, ao nos referirmos ao processo em que o réu é
julgado? É trial. The accused was sent for trial and after a long process was finally
sentenced to prison (O acusado foi levado ao julgamento, e, após um processo de-
morado, foi condenado à prisão). A propósito: repare que a ortografia de prisão,
em inglês, é p-r-i-s-o-n – nada de p-r-i-s-i-o-n; não existe o segundo “i”, nem
para o p-r-i-s-o-n-e-r (prisioneiro).
E o julgamento, o veredito, aquilo que o juiz (the judge) profere? É sentence.
The convicted criminal received a three-year sentence (O réu condenado recebeu
uma sentença de três anos). Exatamente como em português. Ufa! Ainda bem
que algumas coisas não mudam entre nossas línguas.
E se este prisoner cumpriu sua sentence sem fazer bagunça? He gets a reduced
sentence for good behaviour (Ele recebe uma redução na sentença por bom com-
portamento). Repare que behaviour é normalmente escrito com “u” no final em
inglês britânico e sem “u” no inglês americano (behavior).
Finalmente, você sabia que réus julgados inocentes nunca são inocentes em
inglês? Não que os tribunais (courts) sejam mais lenientes nos Estados Unidos,
nem na terra da Sua Majestade. Quando muito, são considerados not guilty.
Mais ou menos o equivalente ao nosso “Na dúvida, ao réu”.
E, se houver algum dado ou consideração neste texto que não esteja “exata-
mente exato”, por favor, leve em consideração que está escrito por um engenhei-
ro e professor de inglês. Portanto, serei not guilty, também.
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Na época da Copa do Mundo em 2002, com a seleção indo tão bem nos primei-
ros dois jogos e até os ingleses dando em cima dos nossos queridinhos irmãos ar-
gentinos, tivemos bastante coisa a comemorar.
Eu queria que tivesse continuado assim até a final dos meus sonhos, Inglater-
ra x Brasil! Que final emocionante teria sido, não é mesmo? Honestamente, con-
fesso que não ia saber para qual time torcer num caso desses... Acho que qual-
quer resultado teria me deixado feliz e triste ao mesmo tempo. Coisas de um in-
glês morando e vivendo no Brasil há 36 anos.
Sabe que eu sempre achei esse negócio de poder usar os dois verbos,
“morar” e “viver”, em português, interessantíssimo? O detalhe é que em in-
glês não há esta distinção sutil. Diz-se: I have lived in Brasil for 36 years, e
fim de papo.
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A primeira edição do meu livro Como Não Aprender Inglês saiu com esta cita-
ção – “Michael não somente mora no Brasil, ele vive no Brasil”. Tente isso em in-
glês. Não funciona.
Bem, com toda essa atividade futebolística, meus pensamentos foram vagan-
do até uma certa final do campeonato paulista, acho que lá pelos idos de 1985, no
estádio do Morumbi: São Paulo x Corinthians, numa quarta-feira à noite.
O presidente da empresa inglesa para a qual eu trabalhava na época era co-
rintiano roxo e convidou os gerentes e diretores para assistirem ao jogo com ele.
Além de não ser prudente menosprezar um convite do presidente da empresa (de
qualquer empresa), a entrada de cortesia e a cerveja na faixa tornavam o convite
irrecusável. E lá fomos nós, umas 20 pessoas ao todo.
Quem me conhece um pouco já sabe que não sou nenhum fanático por fute-
bol. Na Inglaterra, torcia um pouco para dois times londrinos, o Chelsea e o Fu-
lham, com algumas pequenas excursões para assistir aos jogos do Brentford,
também. Tudo isso com a insistência dos amigos, pois, como o futebol é pratica-
do principalmente no rigoroso inverno britânico, a idéia de ficar com os pés e ou-
tras extremidades virando picolé durante quase duas horas nunca me entusias-
mou muito.
Mas, voltando ao Morumbi na noite gostosa em questão... Ver o campo ilu-
minado, e o estádio lotado com as torcidas rivais era, sem dúvida, uma grande
emoção. Quando os times finalmente apareceram, os aplausos, o entusiasmo e a
esperança das torcidas eram de arrepiar.
Embora fosse sabido entre os colegas que eu não era grande fã de futebol,
eles não deviam pressupor que eu nada sabia a respeito do jogo. Mas foi exata-
mente isso que aconteceu quando, tentando mostrar interesse, perguntei para
um colega sentado ao meu lado: “Quem é o juiz?” Ora, deve ser óbvio para qual-
quer mortal que eu queria saber o nome do tão mal falado personagem, mas qual
não foi a minha surpresa quando o ilustre colega, ou querendo ser gentil, ou que-
rendo tirar um sarro com a minha cara, respondeu em alto e bom som: “Aquele
de preto!” (Grrrrrrrr!...)
O pior da história é que vários colegas também ouviram a resposta idiota e
por um bom tempo depois tive que aturar comentários gozadores a respeito.
“Tá... e daí? O que isso tem a ver com meu inglês, caramba?”, você deve estar
se perguntando a essa altura do campeonato. Bom, o que me levou a contar essa
história toda (pasme!) é que eu queria explicar como é que se chama “juiz” em in-
glês (embora eu saiba que se pode “chamar” ou “xingar” de um montão de no-
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mes, tanto em inglês quanto em português também), mas que não é, como mui-
tos pensam, a judge. Judge, embora seja usado em esportes (line judge ou lines-
man para o “bandeirinha” de futebol), é bem mais usado para o juiz num julga-
mento, em um processo judicial. No campo dos esportes temos, entre outros: re-
feree (ou, simplesmente, ref), para boxe e futebol, e umpire (com a pronúncia de
/am-paia/), para cricket, beisebol e tênis.
A propósito, tal qual no Brasil, o referee na Inglaterra é tão popular e querido
pela torcida, que não é raro ouvir algo assim: EE AYE ADDIO (/i-ai-ad-io/), the
referee’s a –– (complete com qualquer palavrão de quatro letras).
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Por falar em futebol, uma colega sugeriu-me que escrevesse algo a respeito do
verbo “torcer”, pois, além da pergunta muito comum em sala de aula – “How do
we say ‘torcer’ in English, as in the phrase “Eu torço para o Corinthians”? –, tor-
cer também se aplica a roupas, tornozelos, pescoços, pés, palavras, verdade, bra-
ços, bocas, mãos, nariz... Enfim, a um montão de coisas, não é? Achei que pode-
ria ser interessante compartilhar a sugestão dela com você.
Bem, vamos primeiro ao torcer por um time. Não vou citar um time brasilei-
ro, pois correria o risco de ganhar a simpatia de fãs daquele time e perder a sim-
patia de outros (e os outros seriam a maioria). Então, vou usar o clube de futebol
Chelsea, time para o qual eu torcia em primeiro lugar, mesmo sem muito entu-
siasmo, quando eu morava em Inglaterra. Como verbo, usa-se support, com o
substantivo supporter. Por exemplo: I was a Chelsea supporter (Fui torcedor do
Chelsea); I supported Chelsea (Torcia para o Chelsea). Os americanos usam root:
Chuck roots for the Chicago Bulls.
Os inglês, os torcedores são fans ou supporters. Michael was a Chelsea
fan/supporter; Chuck is a Bulls fan/supporter. Torcer para um clube é também
to cheer on, mas só se aplica quando se está assistindo a um jogo no presente
momento): The fans were cheering on the team (os torcedores estavam torcen-
do para, ou incentivando, o time); The fans cheered, and the cheerleaders dan-
ced, when the team scored (a torcida aplaudiu, e as cheerleaders dançaram,
quando o time marcou). Repare bem que cheerleaders é um fenômeno tipica-
mente americano.
Agora que torcer por um time está explicado, vamos a alguns exemplos para
os outros usos de “torcer”.
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Well, I hope this has helped you with your vocabulary (Bem, eu torço para que
isso tenha ajudado você com o seu vocabulário). Mas, enquanto estamos no as-
sunto, vamos examinar o uso mais corriqueiro de “torcer”, quando alguém vai
para uma entrevista, por exemplo. Aí, seria: I wish you luck; Good luck; I hope it
goes well; I’ll be thinking of you.
É isso aí, mas todas são um pouco sem sal, admito. Ou será que está me fal-
tando criatividade hoje?
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“Making do? O que é que é isso? ‘Fazendo do’? ‘Construindo fazer’? O que o
Michael tem na cabeça agora?” – posso ouvir você perguntando. Calma, vou me
explicar.
Já recebi e-mails de vários leitores pedindo explicações a respeito da dupla
Sandy & Júnior... Desculpe-me, a dupla de que ia falar era a “Make & Do”. Sorry!
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A minha resposta? Pedi que eles procurassem em seus livros de gramática,
pois já vi explicações lá, e achei que bastavam. Simplesmente consulte os livros ou
dicionários e terá tudo de que precisa a respeito da dupla. Cheguei, inclusive,
tempos atrás, a ser ríspido com uma leitora, quando lhe comuniquei que não pre-
cisava de mim para inventar a roda. Ela ficou deveras ofendida e não seria a mi-
nha carta posterior a esta que salvaria a situação.
Para tentar compensar, vou agora escrever algo e tentar ajudar o aluno brasi-
leiro em geral – e a leitora a quem ofendi, em particular. Não adianta dizer que
não era a minha intenção magoá-la, que eu queria, à minha maneira, ajudar,
mostrar a ela que deveria ser independente e ativa. Pois agora percebo que ela
não é – e não foi – a única a me pedir esclarecimentos a respeito. E, se há tanta
gente sentindo esta necessidade, deve ser porque falta algo nos livros regulares,
não é mesmo? Então vamos ver como posso ajudar, e então vejamos se eu consi-
go me redimir.
O problema para o brasileiro na compreensão e uso de make e do é devido a
um fato óbvio. Ambas normalmente são “fazer”, em português. É aí que começa
a confusão.
Mas o que é que eu vou fazer para ajudar meus leitores a identificar quando se
usa do e quando se usa make? Se eu for fazer uma lista, esta seria, além de muito
extensa, apenas um repeteco dos livros que já vi por aí. Aqueles que recomendei
aos meus leitores que consultassem e que, aparentemente, não lhes atenderam.
Bom, tenho de começar a partir de algum lugar, então vou tentar explicar o
sentido básico de do, que é “fazer”. Também significa desempenhar, realizar,
terminar. Bom, que início brilhante! E agora, que dizer de make? Make tem o
sentido de construir, fabricar, elaborar, criar e... REALIZAR. Ajudei? Acho que
não. Será que tenho de ir às velhas listas, como qualquer estudante? Estou pati-
nando mesmo. Ah! Por que não fiquei quieto e liguei a TV? Devia estar passando
algo interessante para eu me distrair.
Michael, pense positivamente. Mãos à obra. Deixe-me pensar um pouco. O
que é que os livros convencionais fazem, ou deixam de fazer, que está faltando
para o aluno brasileiro? A resposta óbvia é que são escritos em inglês para qual-
quer leitor de qualquer nacionalidade. Não levam em consideração o aluno que
tem o português do Brasil como língua materna, e menos ainda línguas nas
quais do e make significam uma mesma palavra naquele idioma. Muito bonito,
Michael, mas sua explicação nos levou a algum lugar? Não. A nenhum! Então va-
mos fazer uma lista e ver se acontece alguma coisa original e proveitosa.
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Vamos começar com o verbo to do. Usamos do nas seguintes situações: Do a fa-
vour – Can you do me a favour and lend me five quid? (Fazer um favor – Pode me
fazer o favor de me emprestar cinco libras?); Do the dishes – Ok. As you cooked
the meal I’ll do the dishes tonight… (Lavar as louças – Está bem. Como você pre-
parou a comida, eu lavarei a louça).
Vou parar. Vejo que estou fazendo exatamente o que os outros livros fazem.
Nada de original, e não vejo motivo para reinventar a roda. Vou consultar meu di-
cionário e ver se acho alguma inspiração. Bem, descobri que há... shit! Há 22 tó-
picos para o verbo to do, e 55 sentidos diferentes, desde “1) fazer, executar, agir,
atuar, efetuar, trabalhar” até “22) sl (slang – gíria) consumir drogas”.
Isto é seguido por um monte de usos como verbo auxiliar, o que não é interes-
sante para nós no momento – aliás, incluir isso só complicaria ainda mais. Aí co-
meça com a categoria de com. (comercial) com mais... Vixe, gente! A lista é tão
comprida que estou me perdendo enquanto tento contar as categorias e subcate-
gorias. Aliás, nem sei se o certo é dizer categorias, partes, grupos ou sei lá o quê.
Estou mais perdido do que nunca! E olha lá que, no meu dicionário, são quase
duas colunas ocupadas por explanações a respeito de do. Ô lôco, meu! Eu quero
minha mãe!
Vamos ver o que acontece com make. Não, não estou fugindo da minha “res-
ponsa”, quero apenas um tempinho para me recompor. Dá licença!
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Antes que eu comece, permita-me um pequeno comentário. Pelo menos make
não funciona como auxiliar. Então, vamos ver se isto simplifica as coisas. Acho
bem mais prudente consultar meu dicionário agora, pois aprendi com do que isso
irá me economizar um bocado de tempo sem precisar inventar moda e criar
exemplos. Ao dar uma leve espiada, vejo que make ocupa... bem menos de meia
página! Que alívio!
Mas, a propósito: estou consultando um dicionário muito bom, o Michaelis
Moderno Dicionário Inglês-Português/Português-Inglês, da Melhoramentos. Se
fosse consultar meu melhor dicionário inglês–inglês, encontraríamos do com
quase uma coluna cheia e make com quase duas colunas. (Lembre-se de que não
constam palavras em português). Mas, com certeza, já me abriu uma brecha para
�$� $������ ����� $��# #� ��%�&# �9
entender algo significativo. No dicionário inglês–português, do ocupa mais espa-
ço que make. Em inglês, é o contrário.
Acho que uma tabela simples pode ser útil a essa altura do campeonato. Con-
corda? Então tá:
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Acho que fiz uma descoberta! Não é o inglês que está complicando as coisas
com suas duas palavras apenas. A causa da dificuldade é o português, com suas
centenas de palavras, enquanto no inglês apenas as duas (do e make) serviriam.
Agora está bem claro para mim. Só espero que esteja tão nítido para você
também, querido leitor. Você que já aprendeu todas as palavras em português
pode se poupar de todo o trabalho de decorar listas intermináveis de novo voca-
bulário. Afinal, você já sabe! Só me resta dizer: Parabéns! E eu fico feliz de po-
der ter ajudado. Muito obrigado pela oportunidade. Não precisa agradecer. Foi
um prazer.
Oh! Eu ia me esquecendo de outro truque para decifrar a dupla Saddam
Hussein e Osama bin Laden. Tenho na minha frente um trabalho de uma es-
cola respeitável, onde leciono de tempos em tempos desde 1989, que diz o se-
guinte:
Idiomatic use of these two verbs can only be learned by experience.
Precisa de uma tradução? “O uso idiomático destes dois verbos somente
pode ser aprendido pela experiência.” Falou!
Só me resta explicar agora o titulo deste artigo (já que não há mais dúvidas
entre do e make). Existe a expressão idiomática to make do, que significa “satisfa-
zer-se com aquilo que se tem”, se virar com os recursos disponíveis.
E, se a minha explicação não convenceu, lamento. Você terá que make do
com isto, ou adquirir um bom dicionário. E, se quiser listas, pode fazê-las à von-
tade. Longe de mim querer incorrer no risco de entediar meu nobre leitor.
And you’ll just have to make do with that.
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� �����,
Recebi um e-mail de um leitor, ao qual – como sempre tento fazer – dei-lhe mi-
nha resposta. Apesar de conhecer o velho ditado popular que diz que “para bom
entendedor meia palavra basta”, desta vez precisei de muitas palavras... e você
verá o porquê.
Eis a pergunta:
“Como se diz ‘pastel’ (comida) em inglês? E ‘coxinha’? E ‘quibe’? E, numa
festa de aniversário, como pedir um ‘brigadeiro’, um ‘olho-de-sogra’ etc.? Por
falar em ‘sogra’, como se diz ‘língua-de-sogra’, aquele brinquedinho que a gente
sopra e ele estica...?”
A minha resposta eu repito abaixo.
“Dizer ‘pastel’ em inglês? O mais próximo que já vi na Inglaterra foi pasty
(palavra derivada de pastry, que é massa). No condado de Cornwall, por exem-
plo, o cornish pasty é tradicional e muito popular. É bem diferente do nosso pas-
tel, pois é assado e com recheio de carne. A fritura de massa não é difundida por
lá. Coxinhas e quibes são agrupados como savouries, Segundo meu dicionário
(Michaelis – Moderno Dicionário Inglês-Português/Português-Inglês, da Melho-
ramentos), quibe vem do árabe kibbe. E o seu dicionário, o que diz? Um dicioná-
rio à mão vai lhe ajudar muito nesses momentos de curiosidade.
Bem, vamos às suas outras dúvidas sobre ‘brigadeiro, olho-de-sogra etc.’.
Tentarei ajudar. Só vou ficar devendo as palavras compreendidas no ‘etc.’. Mais
uma vez é o meu dicionário quem diz:
� Brigadeiro: a round candy made of chocolate and milk;
� Olho-de-sogra: a kind of sweet consisting of prunes or dried dates filled
with a paste made of eggs, grated coconut, and sugar, covered with preser-
ving sugar;
� Língua-de-sogra: este item fica agrupado na categoria party favors (Am.
E.), ou party favours (Br. E.), que são pequenos brinquedos distribuídos
em festas. Especificamente, meu dicionário informa: ‘bloworit – a whistle
that has a tongue-shaped paper that sticks out when it is blown’.
Será que o seu dicionário confirma estas informações? Será que acrescenta
algo? Meu dicionário não oferece nenhuma pista sobre ‘coxinha’. Como suges-
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tão, eu diria ‘shredded chicken deep fried in batter’. Este deve ser típico e específi-
co do Brasil, não acha?
Ao analisar as suas dúvidas, me vêm uma série de perguntas em mente e, pos-
so até dizer, preocupações. Estas são:
1. Você já leu um livro meu? Sinto que a sua linha de perguntas é um bom
exemplo de realmente como não aprender inglês, mesmo. O tipo de per-
gunta que você faz demonstra uma atitude que, acredito, não deve con-
tribuir muito para o seu progresso com a língua inglesa.
2. Você deve – ou deveria – saber que prefiro não me posicionar como um
‘dicionário ambulante’. Acho que cabe ao aluno procurar esclarecer as
suas próprias dúvidas sobre vocabulário com o auxílio de um dicionário.
O professor deve servir mais como um guia que orienta o aluno, e não
deve ficar dando tudo mastigadinho. Também deve incentivar atitudes
positivas. É isso que estou tentando fazer agora.
3. Por último, sugiro que você reflita sobre sua própria postura. Uma atitu-
de mais positiva levará você muito mais longe na sua busca pela melhorar
de seu inglês.
P.S.: Em tempo: Em resposta a uma consulta feita a uma pessoa na Inglaterra,
‘língua-de-sogra’ é também conhecida como party blower. Não sei o quanto isto
ajudará você a progredir com o seu inglês.”
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Esta duplinha pode criar bastante confusão aos incautos. Digo confusão no sen-
tido lingüístico, embora reconheça que podem também causar confusão na vida
real. Vamos ver por quê. “Pensão” normalmente não é pension, para início de
conversa. Normalmente, aqui no Brasil, consideramos “pensão” no sentido de
“pensão alimentícia”, aquela que, normalmente de novo, o ex-marido paga à sua
ex-mulher após a separação. Digo “normalmente”, pois sei que há exceções aos
montes. Mas, para efeito desta explicação, vamos nos limitar aos estereótipos,
mesmo se isso implica no abuso da palavra “normalmente”.
Esse tipo de pensão é conhecido principalmente como alimony nos Estados
Unidos e como maintenance, na Inglaterra. Alimony é substantivo contável, logo
existem alimonies. Quem paga mais de uma alimony, paga alimonies. Quantos
� ������ � !���"#
mais divórcios, mais alimonies. Portanto, recomenda-se tomar muito cuidado
com os substantivos contáveis, nesse caso. Quem mandou separar-se mais de
uma vez? Interessante a origem da palavra (que nada tem a ver com money). Vem
do latim alimõnia – “sustentação” –, que vem de alere, “nutrir”. Meu dicionário
indica que a palavra alimonia tem um sinal em cima do “o”, mas não é o til. É reti-
nha, mas não acho no meu teclado. Então, por ora vai o til. Alimõnia. Quando o
pagamento é destinado exclusivamente aos filhos, chama-se de child support. O
alimony pode ser tanto para a ex como pode incluir uma parcela para os filhos,
também. Maintenance, por sua vez, é substantivo incontável. Que eu saiba, não é
por ser incontável que haja menos separações na terra da Sua Majestade. Embo-
ra eu tenha visto um comentário irônico de Rod Stewart, o roqueiro escocês, um
dia desses, que disse que, da próxima vez, em vez de casar, simplesmente irá
achar uma mulher de quem não goste e lhe dará uma casa. Do outro lado do
Atlântico, Robin Williams, astro de Hollywood, disse: “Ah, sim! Divórcio. Pala-
vra que vem do latim e que quer dizer arrancar os testículos do homem pela sua
carteira.”
Em inglês, pension representa um valor pago a uma pessoa aposentada, pro-
veniente do governo após quase uma vida de trabalho e contribuições, ou de um
plano de previdência particular. Quem recebe a pension na Inglaterra é, ou pelo
menos era, a pensioner, ou old-age pensioner. Mas há de se admitir que o termo
old-age pensioner não é considerado muito “PC”. Não, “PC” não é um computa-
dor pessoal! “PC” é politically correct.
Tradução? You must be joking!
Então, até a pensão não é mais chamada de old-age pension, e sim de retire-
ment pension. Tanto na Inglaterra, como nos Estados Unidos, quem recebe é a
retired person, ou retiree.
Para atingir o status de retiree ou pensioner, a pessoa precisa primeiro retire
(aposentar-se), que não é “retirar”. Uma vez retired, deve começar a receber sua
pension, também conhecida como retirement pay.
Para terminar, falta explicar o que é “pensão” em inglês, não falta? “Pensão”,
no sentido de um lugar para morar, um pequeno hotel de caráter familiar, é boar-
ding house. E no sentido de um pagamento periódico a alguém, pensão é... pensi-
on, também!
Viu como é simples?
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Recebi um e-mail de uma leitora querendo saber como é que se diz “programa de
índio” em inglês americano. Não vejo por que poderia seria diferente em inglês
britânico, australiano etc. Mas, pensando bem, não há muitos índios nativos na
Inglaterra, e na Austrália a população indígena é conhecida como aborígine.
Claro, ao me referir aos povos indígenas, estou fugindo da raia. Um “progra-
ma de índio” no Brasil nada tem a ver com etnia, nem com os trabalhos da Funai.
Tem a ver com algo de que não gostamos de fazer, algo de que nos arrependemos
de ter escolhido para fazer ou, pelo menos, concordado em fazer. Posso até ques-
tionar, ou pelo menos perguntar, como é que é que os índios entraram na histó-
ria, mas talvez seja melhor deixar a pergunta para outra hora e ir direto ao ponto.
Em inglês, temos vários recursos para transmitir a sensação de arrependi-
mento. Uma amostragem, a saber: I’m having a lousy time; This is boring; What a
drag; What am I doing here?; I’m having a boring time; What a complete waste of
time; What an utter waste of time; What a total ------- waste of time (complete
com o adjetivo ou palavrão de sua escolha); I need this like I need a hole in the
head; I’d prefer root canal treatment; This is the pits.
Ao usar um tom forte de sarcasmo, teríamos: Oh! Isn’t this fun!; Just what the
doctor ordered; Just what I needed; We must do this more often.
A lista é praticamente infindável, pois o sarcasmo permite muitas variações.
Mas agora me veio à cabeça outra possibilidade para explicar a aparente falta de
uma expressão em inglês feita sob medida. O simples expediente de dizer “não”
pode evitar muitos momentos constrangedores, poupando-o da necessidade de
procurar equivalentes lingüísticos.
Mas, ainda pergunto: o que os índios fizeram para justificar a fama?
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Há algum tempo recebi um e-mail de um leitor querendo saber como é que se fala
em inglês a expressão “quebrar um galho”. E olhe aí! Não é a primeira vez que re-
cebo essa solicitação. Da primeira vez, “perdi” a mensagem (acho), e, da segun-
da, dei uma bela duma enrolada e respondi pela metade, ou pelo menos parcial-
mente. Mas agora resolvi grab the bull by the horns e ir fundo. Afinal, estou aqui
para ajudar ou não?
Antes, deixe-me explicar a expressão que acabei de usar – Grab the bull by the
horns. Literalmente, significa “agarrar o touro pelos chifres”. Atacar o problema
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sem rodeios (quase escrevi “sem rodeios”!). Escrevi, aliás, pois acabei de perce-
ber que “rodeios” – a exposição, oral ou escrita, na qual se ladeia um assunto sem
abordá-lo diretamente – e “rodeios” – o local onde se realiza o rodeio (tipo festa
do peão) – são duas situações diferentes, mas escritas da mesma maneira. Que
bacana, já que touros e rodeios andam de mãos dadas!
Bem, desculpe-me a divagação. Vamos ao “quebrar um galho”.
Antes de tentar elaborar uma opção em inglês, acho prudente nos certificar-
mos do que a expressão quer dizer e como é que a usamos exatamente. Nada me-
lhor, então, que alguns exemplos para ilustrar: “Tenho uma prova na ‘facu’ hoje à
noite. Pode me quebrar um galho e emprestar seu carro?” (I’ve got a test at school
tonight. Could you do me a favour and lend me your car?); “Já que vai ao banco,
pode me quebrar um galho e pagar esta conta para mim?” (As you’re going to the
bank anyway, could you do me a favour and pay this bill while you’re there?). Até
agora, só consegui exemplos que mostram do a favour. Será que não existe outra
opção? Vamos tentar mais.
Está bem. “Emprestarei a você um pouco de dinheiro até a semana que vem.
Espero que quebre um galho até então” (OK. I’ll lend you some money till next
week. I hope that will tide you over); “Sim, seu guarda. Acho que estava acima da
velocidade permitida. Você não poderia me quebrar este galho? Já tenho muitos
pontos na minha carteira” (Yes officer. I do believe I was speeding. Couldn’t we
work something out? I’ve already got a lot of points against my license); “Muito
obrigado. Fico lhe devendo esta. Se precisar, conte comigo para quebrar um ga-
lho para você, também” (Thanks a bunch. I owe you one, big time); “Está bem.
Vou quebrar seu galho” (OK. I’ll give you a hand); “Não tem nada na geladeira,
mas talvez um sanduíche frio possa quebrar seu galho até chegarmos ao restau-
rante” (Well, there’s nothing in the fridge, but perhaps a cold sandwich will tide
you over until we get to the restaurant); “Ótimo! Eu queria almoçar, mas aquele
hambúrguer quebrou o galho” (Well, that was good. I wanted to have lunch but
that burger did the trick).
Como se pode observar, há varias expressões em inglês que podemos aprove-
itar: Do a favour; Tide over; Give a hand; Explain; Work something out; Give a
hand; Owe; Do the trick. São oito opções e acredito que eu poderia criar outros
exemplos, mas não vou, pois não quero correr o risco de entediar você.
A expressão “quebrar um galho” é tão bem entendida, não obstante as cir-
cunstâncias do seu emprego, que praticamente dispensa outras formas. Neste
caso, acho a simplicidade de expressão um ponto muito positivo e, com certeza,
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adiciona um fator pitoresco e rico à língua portuguesa. E é assim que as coisas
devem ser, em todas as línguas.
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Apesar de ter escrito sobre este trio no meu primeiro livro, parece que ainda há
gente que está boiando com eles. Então resolvi ir mais fundo agora.
Vamos tratar dos três termos, primeiro na forma de substantivo. Aliás, acho
mesmo que a primeira coisa útil a fazer seria uma tabelinha básica.
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E agora as explicações.
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Travel is very good. It broadens the mind (Viajar é muito bom. Abre os horizon-
tes). Para fazer uma boa tradução, precisei verter o substantivo travel para um
verbo, em português. Tenho certeza de que entende meu dilema, não entende?
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I’ve just got back from a trip to Machu Picchu. It was wonderful! (Acabei de voltar
de uma viagem para Machu Picchu. Foi ótimo!), onde trip é uma viagem de ida e
volta que inclui as atividades que eram o propósito da viagem. Trip é mais usada
pelos americanos.
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It was a long journey and I’m very tired (Foi uma viagem muito longa e estou mui-
to cansado). Journey é, talvez, a palavra preferida pelos ingleses.
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Travels é uma palavra que usamos para descrever viagens, em geral. On his tra-
vels he met many people and saw the world (Nas suas viagens, ele conheceu muita
gente e viu o mundo).
Interessante notar que posso substituir o exemplo com journey – acima – por
trip. It was o long trip, sem que o sentido se perca ou seja alterado. Mas, com o
exemplo com trip, o contrário não funciona muito bem. Vamos consultar meu di-
cionário e ver o que ele tem a dizer.
“Journey – 1. a. O ato de viajar de um lugar para outro.” “Trip. b. Uma dis-
tância a ser viajada ou o tempo necessário para um ‘trip’.” Para falar a verdade,
dessa vez o meu dicionário me decepcionou um pouco. Talvez o lexicógrafo es-
tivesse em um dia meio ruim quando lançou este último verbete. (E o editor es-
tava de férias.)
Tentarei fazer melhor. “Trip. Uma viagem de ida e volta.” Melhor, não acha?
Se eu disser “I’ve just got back from a journey to Machu Picchu”, transmito a im-
pressão de que a viagem foi, de alguma maneira, cansativa, ou até mesmo para
fins científicos, algo assim. Perde-se um pouco o sentido de um passeio por pra-
zer, tornando-se algo maior ou, se não maior, pelo menos diferente.
Portanto, usa-se trip mais para férias, e journey mais para negócios ou outros
fins mais, digamos, sérios. Mas não quero dizer com isso que os usos são fixos.
(Talvez ajude lembrar que Indiana Jones nunca se dignaria a ir numa trip. As dele
sempre seriam journeys).
E agora como verbos, que é onde começa a surgir uma certa confusão. O
maior problema é com o uso do verbo to trip, que em português significa, basica-
mente, “tropeçar”. Ou pior! O verbo to trip também significa “viajar” com aluci-
nógenos. I tripped on the sidewalk and twisted my ankle (Eu tropecei na calcada e
torci o tornozelo). E agora vem o perigo maior! That dickhead has been tripping
for so long on LSD that he’s totally spaced out and can’t be saved (Aquele babaca
está viajando há tanto tempo com LSD que está totalmente “louco” e irrecuperá-
vel); Let’s trip! I have some fantasic weed (Vamos “viajar”! Tenho uma “erva”
fantástica).
Portanto, tome cuidado com suas trips. Além de torcer seu pé, podem acabar
também torcendo outras coisas. Tipo cérebro, mente, vida, futuro. E aí, como é
que ficam suas aulas de inglês? Bem, para falar a verdade, as aulas podem até fi-
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car em segundo plano agora, já que a cabeça está cheia de outras coisas. Uma
preocupação a menos, concorda?
To travel e to journey são praticamente sinônimos, com a ressalva de que to
journey é menos comum. I travelled to the UK on business (Viajei ao Reino Unido
a negócios). Se eu disser aqui I journeyed to the UK, transmitirei a impressão de
que a viagem foi um pouco contragosto, além de soar um pouco antiquada. On
my travels I journeyed to Tibet where I went on a trip up the mountains and tripped
with a guru, before travelling back down the mountain, tripping over my own feet I
was so high (Nas minhas viagens, viajei ao Tibet quando fiz uma viagem às mon-
tanhas e “viajei” com um guru, antes de viajar de volta montanha abaixo, trope-
çando sob meus próprios pés, de tão alto que estava).
Epa! Eu ia me esquecendo da palavra voyage. Onde é mesmo que entra voya-
ge na história? Bem, Voyage é um carro um pouco antigo da Volkswagen. Mas
isto você já sabe. Outra voyage que existe é uma viagem longa, muitas vezes por
mar, uma viagem a terras distantes; e, ainda, uma viagem espacial. A pronúncia é
/voi-idj/.
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Após a grande vitória do Brasil, em 2002, recebi um e-mail de um leitor querendo
saber se, em inglês, usamos o termo pentacampeão como pentachampion. Para
aqueles que porventura não saibam, ele estava se referindo a um evento esporti-
vo, The World Cup (A Copa do Mundo – para quem precisa da tradução. Não,
claro que você não, querido leitor, mas essa pessoa aí do seu lado), que foi venci-
da pela seleção brasileira, pela quinta vez.
Bem, já que atualizei você com esta notícia “quente” e “inédita”, vou final-
mente responder à dúvida do leitor. A resposta é um sonoro “Não!”.
Embora usemos penta em várias situações (penta vem do grego pente – “cin-
co”) em inglês, este uso limita-se principalmente a termos químicos, religiosos,
geométricos, biológicos (um exemplo seria pentadactyl, tendo cinco dedos em
cada mão ou pé. Ah! Como é bom ter um dicionário ao lado e descobrir estas coi-
sas) e até esportivos – pentathalon. Mas não é adequado para um campeonato de
futebol.
É lógico que quem usa o inglês como primeira língua até entenderia o sentido
de “pentachampion”, só que estranharia muito, pois, em inglês, o termo soa mal,
podendo ser considerado até pedante, pretensioso e presunçoso.
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Para evitar esse tipo de constrangimento, seguem algumas opções: Brazil –
Five-times World Champions; Brazil – Five-time winner of World Cup; Brazil
wins World Cup for fifth time (uma manchete de jornal, por exemplo).
Agora, quando ganharmos novamente em 2006 (lê-se two thousand and six),
você só vai precisar substituir five por six e fifth por sixth, cobrindo assim todas as
eventualidades.
A propósito, não precisa fazer contorções bucais para pronunciar fifth, pois a
letra “f” do meio some. Basta dizer /fith/.
Bem, até a próxima dica, meus queridos pentadactyls e pentacampeões, pois,
embora não se use em inglês (o que, cá entre nós, é uma pena, né?), pentacham-
pion tem uma sonoridade tão boa (it sounds so good). Vou ficando por aqui com
um grande abraço para todos.
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Sinal dos tempos atuais, em que o automóvel reina supremo, é a denominação
que recebe: wheels, literalmente rodas. Não entendeu o que eu disse? Acompa-
nhe o exemplo: Do you have wheels to take me to the party tonight? – she asked
(Você tem um carro para me levar à festa, hoje à noite? – ela perguntou).
Na verdade, estou escrevendo isto apenas para introduzir uma expressão que
um aluno pediu e que, na hora, fiquei sem resposta. Para falar a verdade, tive de
pedir a ele primeiro o significado em português. “Segurar vela” era a expressão
questionada, e quer dizer ir sozinho acompanhando um casal. Em inglês, é to be a
third wheel (ser uma terceira roda). Portanto, two’s company, three’s a crowd
(dois é bom, três é demais).
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No elevador que usamos pra descer depois da aula, perguntei aos três alunos que
estavam juntos o que havia de errado com a comunicação em inglês “In case of an
emergency keep calm and use the interphone to call for help”, uma tradução para
“Em caso de emergência, mantenha a calma e use o interfone para solicitar aju-
da”. Pelo menos à primeira vista parece fiel, concorda?
Você já conhece a expressão “(I’ve) been there, (I’ve) done that”? Normal-
mente dita sem a parte I’ve (I have). Been there, done that, dito num tom meio
irônico ou debochado, quer dizer: “Sei. Já sei. Já fiz. Já passei por isto. Não é
nada que eu já não tenha sofrido também.”
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Bem, been there, done that aplica-se a mim neste caso de que falava com os
alunos. É que não chamamos “interfone” de “interphone”. Não basta substituir o
“f” por um “ph”. É preciso trocar a segunda parte da palavra, pois em inglês cha-
mamos este meio de comunicação de intercom (de intercommunication system).
E por que se aplica a mim? Porque cometi este pequeno deslize uma vez
(para o bem da verdade, não sei se foi apenas uma vez, mas me dei conta na vez
em que alguém me pegou), pois, após tanto tempo no Brasil, o português acaba
também invadindo meu inglês, exatamente como faz com meus alunos. Um cole-
ga recém-chegado da Inglaterra estranhou e me corrigiu. Como faz alguns anos e
ele continue no Brasil, sou capaz de apostar que ele mesmo já está cometendo
este tipo de... erro não é. “Erro” é uma palavra muito forte, e já usei a palavra
“deslize” uma vez, então é o quê? Slip seria a melhor opção em inglês. Ou lapse,
que todos vão entender.
So even I can make an “ocassional” – ooops! Sempre tenho problemas com a
ortografia desta palavra. Vamos tentar de novo... an occasional slip (or two).
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Antes de iniciar uma palestra há algum tempo, no Senac, um estudante de in-
glês se aproximou de mim com a mão estendida e me cumprimentou dizendo
“Good night”. Respondi com toda a naturalidade do mundo: “Where are you
going?” Não entendendo o motivo da minha pergunta, o rapaz repetiu seu
good night, até que um professor de inglês que estava por perto explicou-lhe o
equívoco.
Aproveitando a deixa, dez minutos depois eu subi ao palco com o microfone
na mão, encarei a platéia (o que nunca é fácil para mim) e lhes disse “Good
night”. E não é que quase metade do auditório respondeu “Good night”!
E assim começou a palestra, com a minha explicação acerca da diferença en-
tre good night e good evening. Entretanto, prefiro não chamá-las de palestras,
pois, com a minha informalidade, são mais um bate-papo, o que em inglês se cha-
maria de um talk ou mesmo de um chat.
Se você ainda não entendeu aonde eu quero chegar, o uso de good night neste
contexto está errado, pois deve-se usar good evening. Depois explico o porquê,
mas antes queria relatar algumas explicações que os alunos já ouviram por aí,
para poderem distingüir. E juro que não estou exagerando. Vou até fazer um
quadro, para ficar bem visível o absurdo.
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TODAS EXPLICAÇÕES EQUIVOCADAS! A diferença de uso é muito
mais simples que isso. Fala-se good evening ao encontrar a pessoa à noite, não
obstante que horas sejam, pelo menos até depois de meia-noite, quando se pode-
ria dizer good morning ao encontrar e – mesmo assim – good night para se despe-
dir, a não ser que o sol já esteja nascendo.
Então, para você que está lendo este texto à noite, good night. E, se for pela
manhã ou à tarde, simplesmente bye, goodbye, see you, catch you later, see you la-
ter, catch you around.
P.S.: Ahá! Alguém aí quer saber quando dizer good afternoon ou good evening
quando se encontra alguém? Aí sim podemos nos guiar pela luz do dia. Mas, e se
você morasse num país bem ao extremo do hemisfério norte, onde nem sempre
há a distinção clara entre dia e noite? Para falar a verdade, não sei. Sugiro que
pergunte a um esquimó. As minhas explicações são para brasileiros.
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“No meu dicionário,* consta a palavra ‘reclamation’, a qual o seu livro diz que
não existe em inglês. Devido à minha experiência, nunca usarei esta palavra, visto
que complain atende às minhas necessidades. Mas fiquei com a dúvida e resolvi
perguntar: ‘reclamation’ realmente não existe na língua inglesa ou apenas não é
usada por haver um termo mais ‘comum’?”
Já que o dicionário que cita foi escrito aparentemente por um brasileiro, só
posso presumir que este caiu no mesmo erro que mencionei no meu livro. Por via
das dúvidas verifiquei em todos os meus dicionários e não encontrei nada de “re-
clamation” significando complaint.
Reclaim, como verbo, e reclamation, como substantivo, têm os sentidos de
reivindicação ou recuperação, normalmente da posse de terras. Mas há o fato de
reclamation ser derivada do inglês médio reclamacion, que significa a restaura-
�$� $������ ����� $��# #� ��%�&# /
* Por delicadeza, não citarei o nome da publicação nem o autor que o leitor citou.
ção da produtividade, utilidade ou moralidade, que, por sua vez deriva do latim
reclamatio, que significa um grito de oposição, “exclamar contra”. Daí a confu-
são e a similaridade de sentido. Mas, volto a frisar, apesar da origem, o inglês mo-
derno “quase” sempre usa a palavra com o sentido de reaver terras. Claim (rei-
vindicar) novamente.
“Michael, tenho algumas dúvidas. 1) Como dizer em inglês que algo é um ‘di-
visor de águas’?; 2) Como se diz ‘vestibular’ em inglês?; 3) Como se diz hidrogi-
nástica?; 4) Qual é a diferença entre clean off e clean up?”
1. Divisor de águas é landmark.
2. Vestibular em inglês é (University) Entrance Exam.
3. Hidroginástica é water aerobics. (Tão lógico, não acha?)
4. A diferença entre clean off e clean up? É que uma é “limpar uma superfí-
cie” e a outra é “limpar e arrumar”. Por exemplo: Johnny! Clean off that
mess from your face (Joãozinho! Limpe aquela sujeira da sua cara). Pode-
ria ser também Clean that mess off your face. Johnny! I want you to clean
up your room (Joãozinho! Quero que você arrume e limpe seu quarto).
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� om o último item, parece que chegamos ao final deste livro. “Que pena”, ouvi
você dizer? Ou ainda, talvez, você esteja lendo esta página primeiro ou mesmo
antes de terminar de ler as páginas do miolo (Que palavra horrível, “miolo”. Pa-
rece uma pizza, bolo ou pedaço de pão, mas é a palavra usada por aqueles envol-
vidos na produção de um livro). Sinceramente, espero que tenha gostado e que o
recomende aos seus amigos, tios, tias, parentes em geral, alunos, professores, co-
nhecidos e, até, desconhecidos. Enfim, para todos aqueles que se interessam em
melhorar seu inglês. Não, leitor – o seu não, eu quis dizer o inglês deles. Em in-
glês isto é tão simples, é their English, e não se fala mais nisso. E ainda tem quem
ache inglês difícil!
E por que será? Talvez um e-mail que recebi de um jovem leitor, que me
consultou sobre as melhores opções a respeito de estudos e experiência no ex-
terior, possa ajudar a esclarecer esta questão. O jovem estava desempregado,
desiludido com as escolas de inglês que havia freqüentado, um pouco (?)
queixoso a respeito de tudo, e só tinha certeza de uma coisa: “QUERO SER
FELIZ!”, assim mesmo, “gritado” em letras maiúsculas. Deixando de lado o
fato de que não me lembro da última vez que conheci alguém que não quisesse
a mesma coisa, a minha resposta tratava de investigar o que, exatamente, ele
estava fazendo para alcançar seus objetivos. Com a intenção de ajudar, anexei
o seguinte trecho de um livro, aliás, um livro que foi me emprestado naquele
mesmo dia, e que eu tinha acabado de ler a primeira página. O tal livro é de au-
toria de M. Scott Peck, e chama-se A Trilha Menos Percorrida (The Road Less
Traveled).
Quero incluí-lo aqui, para encerrar mais este livro, pois venho usando-o em
algumas palestras e acho absolutamente pertinente para ilustrar o que penso a
respeito da insatisfação do jovem, dos estudos e da busca por crescimento. Seus
(os dele) e de todos, estudantes de inglês ou não.
“A vida é difícil. Esta é uma grande verdade, uma das maiores. (É a primeira
das Quatro Nobres Verdades ensinadas por Buda – A vida é sofrimento). É uma
grande verdade porque, uma vez que a tenhamos realmente identificada, nós a
transcendemos. Uma vez que realmente saibamos que a vida é difícil – uma vez
que realmente entendamos e aceitemos isto – então a vida deixa de ser difícil.
Porque uma vez aceito, o fato de a vida ser difícil deixa de ter importância.
A maioria das pessoas não vê plenamente esta verdade de que a vida é difícil.
Ao invés disso, lamenta-se de maneira mais ou menos incessante, em voz alta ou
em silêncio, sobre a enormidade dos seus problemas, dos seus fardos e das suas
dificuldades, como se a vida fosse geralmente fácil, como se a vida devesse ser fá-
cil. Elas expressam sua crença, aos brados ou em sussurros, de que as suas difi-
culdades representam um tipo único de aflição que não deveria existir e que de al-
gum modo especial foi colocado sobre seus ombros, ou então sobre suas famílias,
sua tribo, sua classe, sua nação, sua raça ou até mesmo sua espécie, e não sobre
os outros. Conheço bem este tipo de lamúria, porque também fui assim.”
Obs.: O negrito é meu (Michael).
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\���� � ����#
Achando os assuntos quando precisar
A versus an, 63
Advice, 25
All versus everything, 105
Altura, 15
Amigo secreto, 3
Apóstrofo, 59
As versus since, 61
As versus while, 108
Baby shower, 109
Bellows below, 57
Bored, 2
Breakfast, 63
Brits, 98
Busy phones, 74
Cabeça de vento, 73
Carregando o peso – Atitude, 64
CDs, 58
Cello, 89
Chutando o balde, 5
Contando seu dinheiro, 96
Could versus Be able. 27
Depend on, 30
Deportation, 70
Diary, 118
Dica, 119
Discuss, 31
Disk rubble, 74
Divisor de águas, etc., 141
Divulging?, 98
Dúvidas (muitas), 94
Duzentos e dez por cento – Atitude, 72
Exclamações, 31
Fanny, 8
Fazendo perguntas, 120
Febre, 120
Freezer, 121
Fretago, 83
Fur, 85
Game over, 122
God – Being friends with Him, 23
Good luck to Brazil, 33
Good night, 140
Gravy, 9
Hear of – Hear about, 26
Help, 70
I versus me, 34
Ilusão – Atitude, 90
In the USA, 12
Infelizes, 95
Inglês fraco – Atitude, 101
Jack London, 68
Jeito, 112
João sem braço, 4
Juiz, 123
Ladainha, 103
Leiloeiro, 95
Letra “R”, 86
Ligação errada, 139
Like, 39
Língua materna, 13
Living abroad, 1
Lucky boyfriend, 71
Lunching, 93
Making do, 127
Making up, e outras coisas, 97
Mãos dadas, 95
Marble(s), 32
Merry Christmas, 77
Métodos rápidos, 67
Much and many, 40
O seguinte:, 75
OK, 6
Pairs, 42
Para inglês ver, 14
Para os filhos, 68
Pastel, 131
Pensões, 132
Pentacampeão, 138
Please me, 98
Please sem virgule, 78
Prepositions – At, in, on...for, to, above,
over..., 51
Prepositions, 44
Programa de índio, 134
Quebrando o galho, 134
Reclamações, 141
Repeat please, 79
Rodas, 139
Running, 79
Se virando, 91
Shall versus Will, 44
Simpático ou Charming?, 110
Singing?, 94
Still and yet, 48
Ter prioridades – Atitude 168 horas, 20
Terrific, 38
Third conditional, 62
Tic-tac, 87
Top priority – Atitude, 81
Torcer, 124
Travelling, 76
Variando, 43
Vaso, 16
Viagens, 136
Voltando a fumar, 93
Watering hole, 10
Worms, 97
Xmas, 11
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