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FISCOSoftImpresso
Impressão gerada em 05/04/2015
Artigo - Federal - 2007/1381
Micro-Empresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) - Análise Comparativa deAlguns dos Principais Aspectos das Legislações (LC 123/06, Lei 9317/96 e Lei 9841/99)Adonilson Franco*
Elaborado em 01/2007.
Os presentes estudos são de interesse geral, não apenas endereçados ou circunscritos às micro-empresas (ME) ou empresas
de pequeno porte (EPP) - ou seja, para as empresas genericamente enquadradas no Simples (ou, como agora se diz,
Super-Simples). Essa afirmativa tem sentido na medida em que nas inter-relações entre as empresas há aspectos que devem
ser das partes conhecidos. Ademais, a pesadíssima carga tributária nacional induz qualquer contribuinte a se ver tentado a
buscar meios de atenuar o pesado custo de alimentar o Estado insaciável por recursos, sendo um desses meios o
enquadramento no regime tributário que lhe seja mais benéfico. Por isso, conhecer os aspectos gerais do regime de
tributação favorecido das empresas enquadradas no Simples é no mínimo um dever de qualquer empresário e um fator a ser
considerado em suas decisões.
Como se sabe, a nova legislação consolidou as disciplinas jurídicas anteriormente dispostas na Lei 9317/96 (que se
restringia aos aspectos tributários do Simples) e Lei 9841/99 (anterior Estatuto da ME e da EPP, que cuidava do tratamento
jurídico diferenciado e simplificado nos campos administrativo, tributário, previdenciário, trabalhista, creditício e de
desenvolvimento empresarial).
Por outro lado, a atual legislação (Lei Complementar 123/06) aplica-se imediatamente, desde 15.12.06, a todos os aspectos
gerais, exceto tributários, os quais vigorarão apenas a partir de 01.07.07. Alerte-se, contudo que mesmo aqueles dispositivos
que têm vigência imediata, muitos temas por eles abrangidos dependem de disciplinamento por parte do Fórum Permanente
das ME e EPP, que dispõe de 6 meses para expedir instruções necessárias à execução da Lei (LC 123/06, art. 77). O
Ministério do Trabalho, a SRF, a Secretaria da Receita Previdenciária, Estados, Municípios, implementarão os demais atos
necessários à integral aplicação da LC 123/06, até 15.12.07 (art. 77, § 1º).
Notabiliza-se o fato de o propósito de simplificação (daí justificar-se a denominação Super-Simples) ter sido acompanhado
de regras muito mais complexas do que aquelas então previstas na legislação anterior. Isso se deve, em alguma medida -
mas não apenas por isto -, ao fato da nova legislação incluir dentro do regime do Estatuto, agora compulsoriamente, também
o ICMS e o ISS.
Como ocorria na legislação anterior (Lei 9317/96), na atual legislação a vantagem na opção pelo regime de ME ou EPP é
fortemente influenciada pela relação entre a folha de salários comparativamente à receita bruta, posto que quanto maior o
custo da folha, mais vantajosa a opção pelo Simples visto que a tributação da folha de pagamentos representa um dos mais
onerosos encargos tributários de qualquer empresa. Os casos concretos ditarão, em cada situação, a vantagem ou mesmo
desvantagem de tal opção pois há situações em que a tributação pelo Simples é paradoxalmente mais onerosa que a
tributação pelo regime do lucro presumido, por exemplo.
Com a implementação definitiva do novo Estatuto a partir de 01.07.07, inclusive no campo tributário, restarão integralmente
revogadas as legislações até então vigentes disciplinadoras do Simples (Leis 9317/96 e 9841/99), incluindo as legislações
tributárias estaduais e municipais até então vigorantes.
Para maior facilidade, adotamos análise comparativa das legislações citadas no título acima, estruturada por tema, por
entendermos ser a melhor maneira de exposição e entendimento. E complementamos com alguns comentários por nós
reputados relevantes.
ITEM TEMALC 123/06
(Estatuto)LEI 9317/96
LEI 9841/99
(Estatuto)COMENTÁRIOS
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I
Alcance do novo
regime de
Microempresas
(ME) e Empresas
de Pequeno Porte
(EPP)
Conceito de Micro
e Pequenas
Empresas é
nacional (e não
mais federal) por
incluir,
compulsoriamente,
o ICMS e o ISS
Alcance unicamente
federal por abranger
exclusivamente
tributos de
competência da
União
Alcance unicamente
federal por
endereçar seu
comando
exclusivamente às
obrigações da
União
1) Antes
fundamentado
exclusivamente nos
arts. 170, IX e 179
da Constituição
Federal, a
ampliação do
Estatuto das Micro
e Pequenas
Empresas passa
agora a alcançar
também o ICMS e
ISS - outrora
facultativo e
doravante
compulsório -,
resultando da
aplicação de outras
disposições
constitucionais (art.
146, III, "d" e par.
único), segundo as
quais cabe à lei
complementar
dispor sobre regras
gerais de Direito
Tributário
aplicáveis às micro
e pequenas
empresas.
Outrossim, art. 94
dos Atos das
Disposições
Constitucionais
Transitórias que
revoga as
legislações
estaduais e
municipais que
versam sobre
tributação de ME e
EPP 2) As normas
relativas à licitação,
previstas no novo
Estatuto, passam a
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ser aplicáveis às
três esferas de
governo (federal,
estadual e
municipal)
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II
Normas jurídicas
compreendidas pelo
Estatuto das ME e
EPP
1) Regime único de
arrecadação de
impostos e
contribuições
devidos à União,
Estados, Municípios
(inclusive
obrigações
acessórias) (art. 1º, I
c/c art. 21)2)
Simplificação das
exigências relativas
às obrigações
trabalhistas,
previdenciárias e
respectivas
obrigações
acessórias (art. 1º,
II)3) Facilitação de
acesso a crédito e
mercado,
preferência nas
licitações públicas,
acesso à tecnologia,
estímulo ao
associativismo e
regras de inclusão
(art. 1º, III)
Sistema integrado
de pagamento de
impostos e
contribuições
devidos à União e,
desde que mediante
convênio, também
os devidos a
Estados e
Municípios (art. 3º
c/c art. 4º e
§§)NOTA:Norma
orientada para a
disciplina tributária
aplicável às ME e
EPP, inclusive
aquelas sujeitas ao
tratamento
tributário do regime
denominado
Simples
Normas voltadas
para o
disciplinamento
administrativo,
previdenciário,
trabalhista,
creditício e de
desenvolvimento
empresarial das ME
e EPP
O novo Estatuto
funde num só
instrumento jurídico
as regras dispostas
em duas legislações
(Lei 9317/96 e
9841/99) e é, em
todos os aspectos já
disciplinados pelas
citadas legislações
anteriores, muito
mais abrangente,
porém
inegavelmente
muito mais
complexo
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III
Gestão das regras
aplicáveis às ME e
EPP
1) Comitê Gestor de
Tributação
vinculado ao
Ministério da
Fazenda e composto
por representantes
da SRF, da
Secretaria da
Receita
Previdenciária, dos
Estados e dos
Municípios,
presidido e
coordenado por um
dos representantes
da União (art. 2º, I e
§ 1º)2) Fórum
Permanente das ME
e EPP com
participação de
órgãos federais
competentes e das
entidades
vinculadas ao setor
para tratar dos
demais aspectos da
lei, presidido e
coordenado pelo
Ministério do
Desenvolvimento,
cuja finalidade será
orientar e assessorar
na formulação e
coordenação da
política nacional de
desenvolvimento
das ME e EPP (art.
2º, II e § 5º)
Convênios
bilaterais geridos
pela União,
representada pela
SRF, juntamente
com os Estados e
Municípios
conveniados (art.
4º, §§)
A inclusão dos
Estados e
Municípios,
principalmente no
que respeita aos
aspectos
fiscalizatórios, gera
incertezas nos
contribuintes, não
sendo difícil prever
dificuldades do
contribuinte, em
decorrência disso,
se defender (vide
mais sobre como se
dará o
procedimento
fiscalizatório, sob o
Tema identificado
pelo item XVII,
adiante)
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VII
Desenquadramento
do regime de ME
ou EPP
1) No caso de ME
ou EPP incorrer em
quaisquer das
restrições
constantes sob o
Tema indicado
como item V, atrás,
será excluída do
regime beneficiado
a partir do mês
seguinte àquele em
que ocorrida a
situação impeditiva
(art. 3º, § 6º)2) As
ME e a EPP que no
ano-calendário de
início de atividade
ultrapassar o limite
de R$ 200 mil
multiplicado pelo nº
de meses de
funcionamento
nesse período
estarão excluídas
desse regime com
efeito retroativo ao
início de suas
atividades (art. 3º, §
10)
3) O
desenquadramento
da ME e da EPP
dar-se-á quando
excedidos ou não
alcançados os
respectivos limites
de receita bruta
anual (art. 8º)4)
Desenquadrada a
ME, passa
automaticamente à
condição de EPP e
esta à de excluída,
ou retorna à
condição de ME
(art. 8º, § 1º)5) A
perda da condição
de ME ou EPP em
decorrência do
excesso de receita
bruta somente
ocorrerá se o fato se
verificar durante 2
anos consecutivos
ou 3 alternados, em
um período de 5
anos (art. 8º, § 2º)
Ressalvados outros
aspectos, o
desenquadramento
decorrente da perda
da condição por
excesso de receita
era muito mais
benéfica no regime
anterior já que era
prevista carência. A
exclusão somente se
consumava, por
essa motivação, se o
excesso se
verificasse durante
2 anos consecutivos
ou 3 alternados, em
um período de 5
anos, condição
doravante
suprimidaNOTA:Vi
de outros aspectos
determinantes do
desenquadramento
do regime sob o
Tema identificado
como item IV
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XI Alíquotas aplicáveis
1) Anexo I - 4% a
11,61%2) Anexo II
- 4,5% a 12,11%3)
Anexo III - 6% a
17,42%4) Anexo IV
- 4,5% a 16,85%5)
Anexo V - 4% a
45%
1) ME - 3% a 5,4%
(art. 5º, I, "a" a
"d")2) EPP - 5,4% a
12,6% (art. 5º, II,
"a" a "t")NOTAS:i)
No caso de PJ
contribuinte do IPI,
acrescer 0,5% (art.
5º, § 2º)ii) No caso
de convênio
estadual, acrescer
(art. 5º, § 3º):a) ME
- até 1%
(exclusivamente
contribuinte do
ICMS) e até 0,5%
(ICMS + ISS)b)
EPP - até 2,5
(exclusivamente
contribuinte do
ICMS) e até 2%
(ICMS + ISS)iii)
No caso de
convênio municipal,
acrescentar (art. 5º,
§ 4º):a) ME - até
1% (exclusivamente
contribuinte do ISS)
e até 0,5% (ICMS +
ISS)b) EPP - até 2,5
(exclusivamente
contribuinte do
ICMS) e até 0,5%
(ICMS + ISS)
1) Enquanto na
legislação anterior
as alíquotas
incidentes sobre o
faturamento bruto
variavam de 3% a
12,6%, no novo
Estatuto variam de
4% a 45%2)
Dependendo do
porte e do ramo de
atividade da
empresa as
alíquotas podem ter
adicionais3) A
complexidade dos
cálculos é tão
evidente que está
prevista a adoção de
um programa
simplificado para
realizá-los4) Em
razão da majoração
da alíquota, as
empresas
atualmente
enquadradas no
Simples terão
majoração da carga
tributária a partir de
01.07.07
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XIV Opção pelo Simples
Será definida pelo
Comitê Gestor (art.
16), devendo ser
feita pelo
contribuinte até o
último dia útil de
janeiro
Dá-se mediante
inscrição da PJ na
condição de ME ou
EPP quando o
contribuinte
prestará todas as
informações
necessárias,
inclusive quanto à
especificação dos
impostos dos quais
é contribuinte (IPI,
ICMS ou ISS), ao
porte da PJ (ME ou
EPP), caracterizada
a opção pelo
Simples mediante
alteração cadastral
(art. 8º, I, II e § 1º)
Para efeito de opção
passa a ser
dispensada a
alteração cadastral,
bastando a inclusão
no nome da
empresa da
expressão "ME" ou
"EPP"
XV
Tratamento Jurídico
Diferenciado e
Simplificado
Estabelecimento de
normas gerais
relativas ao
tratamento
diferenciado e
favorecido aplicável
às ME e EPP no
âmbito dos Poderes
da União, dos
Estados e dos
Municípios (art. 1º,
caput)
Instituído
tratamento jurídico
diferenciado e
simplificado nos
campos
administrativo,
tributário,
previdenciário,
trabalhista,
creditício e de
desenvolvimento
empresarial,
visando facilitação
da constituição e
funcionamento da
ME e da EPP, de
modo a assegurar o
fortalecimento de
sua participação no
processo de
desenvolvimento
econômico e social
(art. 1º e par. único)
Todas as regras
introduzidas pelo
novo Estatuto em
benefício das ME e
EPP, por
constituírem
disposições legais
de aplicação geral,
deverão ser
adotadas pelos
Estados e
Municípios
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XVIObrigações
Trabalhistas
ME e EPP são
dispensadas do
cumprimento de
obrigações
acessórias
expressamente
previstas no estatuto
(art. 51 a 53)
ME e EPP são
dispensadas do
cumprimento de
obrigações
acessórias previstas
em diversos
dispositivos da CLT
(arts. 10 e 11)
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XVIIIProcesso Judicial
Tributário
Processos relativos
a tributos e
contribuições
abrangidos pelo
Simples serão
ajuizados contra a
União. Os Estados e
Municípios
prestarão auxílio à
Procuradoria Geral
da Fazenda
Nacional - PGFN
(representando a
União) em relação
aos tributos de suas
respectivas
competências. As
inscrições na Dívida
Ativa e cobranças
judiciais serão
promovidas pela
PGFN, cuja
providência poderá,
mediante convênio,
ser delegada aos
Estados e
Municípios (art. 41,
caput e §§)
A previsão relativa
ao processo judicial
tributário constante
do novo Estatuto
constitui completa
inovação na ordem
jurídico-ributária
nacional porque a
competência em
matéria de Simples
era exclusiva da
União, agora
transformado em
Simples Nacional
com transferência
das competências
estaduais e
municipais para a
Fazenda Nacional
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XIX Licitações Públicas
1) Comprovação de
regularidade fiscal
só será exigida para
efeito de assinatura
do contrato (art.
42), podendo
participar do
certame mesmo que
apresente alguma
irregularidade (art.
43)2)As ME e EPP
têm preferência na
contratação nas
licitações (art. 44)
1) É prevista no
novo Estatuto a
preferência das
empresas
enquadradas no
Simples nos
processos
licitatórios como
critério de
desempate2) Até o
limite de R$ 80 mil
em aquisições pelo
governo, terão
preferência
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