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UNIVERSIDADE PAULISTA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA COMPETÊNCIAS DO TUTOR EM ENSINO À DISTÂNCIA Marcio Serafim de Almeida PALMAS/TO 2012

competências do tutor em ensino à distância

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Trabalho de Curso apresentado programa de Pós-graduação lato sensu em Formação em Educação à Distância da Unip Interativa, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Especialista em Formação em Educação à Distância

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Page 1: competências do tutor em ensino à distância

UNIVERSIDADE PAULISTA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO À

DISTÂNCIA

COMPETÊNCIAS DO TUTOR EM ENSINO À DISTÂNCIA

Marcio Serafim de Almeida

PALMAS/TO

2012

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MARCIO SERAFIM DE ALMEIDA

COMPETÊNCIAS DO TUTOR EM ENSINO À DISTÂNCIA

Trabalho de Curso apresentado

programa de Pós-graduação lato sensu em

Formação em Educação à Distância da Unip

Interativa, como parte dos requisitos

necessários para obtenção do título de

Especialista em Formação em Educação à

Distância

PALMAS/TO

2012

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Almeida, Marcio Serafim de

Competências do Tutor em Ensino à Distância

49 f.: il. Color.

Monografia (Especialização em Formação em Educação à Distância) – Universidade Paulista, 2012

1. Tutor 2. Competências, 3. Ensino à Distância

Page 4: competências do tutor em ensino à distância

UNIVERSIDADE PAULISTA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO À

DISTÂNCIA

PALMAS/TO 2012

MARCIO SERAFIM DE ALMEIDA

aprovado em: _____ / _____ / _____

Banca Examinadora

_________________________________________________

Profº. Avaliador e Presidente da Banca

_________________________________________________

Profº. Examinador

_________________________________________________

Profº. Examinador

Page 5: competências do tutor em ensino à distância

v

Dedico este trabalho Ana Isabel, Artur e

André, minha esposa e filhos, pela paciência e pela

ausência do convívio durante o decorrer deste

curso.

Page 6: competências do tutor em ensino à distância

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao amigo Francisco Cláudio Lima Gomes pelo incentivo em buscar

novos conhecimentos e experiências.

Agradeço ao Gustavo Romeiro Botelho, pela paciência com minha dificuldade

em acertar uma disciplina de estudos pra concluir essa especialização.

Agradeço à professora Maria Romana Friedlander pela preciosa orientação

da apresentação e conteúdo do trabalho final de conclusão de curso.

Agradecimento também à Ana Isabel Friedlander pela ajuda com a tradução

para o francês.

Page 7: competências do tutor em ensino à distância

vii

RESUMO

Devido ao Brasil possuir dimensões continentais, o formato de ensino à

distância é fundamental para a capacitação e qualificação dos profissionais que se

encontram longe dos grandes centros formadores e contribui também para a

democratização do acesso ao conhecimento. Nessa modalidade, o Tutor é o vínculo

de ligação entre o aluno, o curso e a instituição de ensino. Na literatura existente, as

competências do Tutor estão definidas com redação, nomenclatura e classificação

tão diversas que podem gerar confusão, dúvidas e questionamentos, de forma a

poder interferir na qualidade do ensino. O presente estudo realizou-se com os

objetivos específicos: descrever quais competências do Tutor em EaD e classificar

por ordem de importância, sob o ponto de vista de autores reconhecidos, essas

competências elencadas. Para tanto, usou-se o método descritivo fundamentado em

quatro autores de reconhecida importância para o tema, selecionados

criteriosamente, que descrevem as competências necessárias para profissionais de

maneira geral, para professores e para tutores propriamente ditos. A partir dos

resultados encontrados, concluiu-se que existem três classes de competências:

essenciais, complementares e suplementares. As competências essenciais são

aquelas citadas por todos os autores para a execução do exercício de suas

atribuições; portanto, sem elas o Tutor não pode realizar suas tarefas. As

competências complementares são aquelas citadas por, pelo menos, dois autores

para a execução de suas atribuições. Essas competências têm grande impacto na

execução das tarefas dos tutores e, sem seu desenvolvimento, o trabalho do tutor

não ficará completo. Finalmente, as competências suplementares são aquelas

citadas por somente um autor no que tange o exercício das atribuições do Tutor.

Acredita-se que, sem desenvolver essas capacidades, o Tutor não poderá atingir o

nível ótimo de qualidade no desempenho de suas atribuições.

Palavras-chave: tutor, competências, ensino à distância

Page 8: competências do tutor em ensino à distância

viii

RÉSUMÉ

Grâce au Brésil avoir des dimensions continentales, le format de

l'enseignement à distance est fondamentale pour la formation et la qualification des

professionnels qui sont loin de grands centres formateurs et contribue également à la

démocratisation de l'accès à la connaissance. Dans ce mode, le tuteur est le lien de

connexion entre l'étudiant, le parcours et l'établissement d'enseignement. Dans la

littérature, les pouvoirs du Tuteur sont définies avec l'écriture, la nomenclature et la

classification si diverses que peut causer la confusion, les doutes et les questions, de

sorte que cela peut interférer avec la qualité de l'enseignement. Cette étude a été

menée avec les objectifs: décrire les compétences du Tuteur en éducation à distance

et de trier par ordre d'importance, du point de vue des auteurs reconnus de ces

compétences énumérées. Pour ce faire, nous avons utilisé la méthode descriptive

basée sur quatre auteurs de l'importance reconnue à ce sujet, soigneusement

sélectionnés, qui décrivent les compétences nécessaires pour les professionnels en

général, pour les enseignants et les tuteurs eux-mêmes. D'après les résultats, il a été

conclu qu'il ya trois catégories de compétences: essentiels, complémentaires et

supplémentaires. Les compétences de base sont celles qui sont mentionnées par

tous les auteurs à mettre en œuvre l'exercice de leurs fonctions, de façon sans eux,

le Tuteur ne peut pas faire leur travail. Les compétences complémentaires sont ceux

mentionnés par au moins deux auteurs pour exercer ses fonctions. Ces

compétences ont un impact majeur sur les tâches des tuteurs et sans

développement, le travail de l'enseignant ne sera pas complète. Enfin, des

compétences supplémentaires sont celles qui sont mentionnées que par un seul

auteur en ce qui concerne l'exercice des fonctions de Tuteur. On croit que, sans

développer ces compétences, le Tuteur ne peut pas atteindre un niveau optimal de

qualité dans l'exercice de leurs fonctions.

Mots-clés: le tuteur, les compétences, l'apprentissage à distance

Page 9: competências do tutor em ensino à distância

ix

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem

ABED Associação Brasileira de Educação à Distância

CHA Conhecimento, Habilidades e Atitudes

COL Commonwealth of Learning

EaD Ensino à Distância

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INED Instituto Nacional de Educação à Distância

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

MEC Ministério da Educação

TIC Tecnologia da Informação e Comunicação

Page 10: competências do tutor em ensino à distância

x

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Competências essenciais do Tutor............................................................31

Quadro 2: Competências complementares do Tutor..................................................32

Quadro 3: Competências suplementares do Tutor.....................................................33

Page 11: competências do tutor em ensino à distância

xi

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................1

1.1 Fundamentação Teórica..........................................................................................1

1.2 Competências..........................................................................................................9

1.3 Objetivos................................................................................................................13

1.4 Justificativa do Trabalho........................................................................................13

2 METODOLOGIA.......................................................................................................15

3 RESULTADOS ENCONTRADOS............................................................................18

3.1 Competências Indicadas por Perrenoud ..............................................................18

3.2 Competências Citadas por Chiavenato.................................................................20

3.3 Competências Descritas por Tecchio....................................................................23

3.4 Competências Elencadas por O’Rourke...............................................................24

4 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................29

REFERÊNCIAS...........................................................................................................36

Page 12: competências do tutor em ensino à distância

1 INTRODUÇÃO

Para um sistema eficiente de ensino no formato EaD (Educação à Distância),

entre vários profissionais necessários para operacionalizar essa forma de ensino, a

presença do Tutor é de fundamental importância. O Tutor trabalha como um

mediador do desenvolvimento do curso perante o aluno. É o elo de ligação entre os

alunos e a instituição de ensino em EaD, atua para que os aprendizes construam

saberes, conhecimento, novas experiências de interação com a aprendizagem

dentro de um AVA (ambiente virtual de aprendizagem).

A seguir apresenta-se uma síntese da literatura que focaliza a questão das

competências do Tutor de ensino sob o formato EaD, seus principais conceitos e

fundamentos teóricos.

1.1 Fundamentação Teórica

Segundo O’Rourke (2003), o EaD refere-se a situações em que os alunos se

encontram fisicamente separados do docente, em que comunicam por escrito

(utilizando o correio, o e-mail ou a conferência por computador); ou em sessões de

tutoria presencial. O ensino aberto refere-se a situações em que os alunos utilizam

recursos de maneira flexível para atingirem as respectivas metas de aprendizagem.

Esses recursos podem ser impressos, em áudio, ou baseados em computador;

utilizados em casa, num centro de estudo ou no local de trabalho; com ou sem

orientação de um tutor ou mentor.

Permite-se que os alunos estudem quando e onde melhor lhes convier.

Continuam a aprender enquanto cumprem os respectivos compromissos

profissionais, familiares ou comunitários. Os que vivem em áreas remotas ou com

facilidades de transporte limitadas podem estudar cursos que, de outra forma,

estariam inacessíveis. O EaD pode facultar uma série de oportunidades de estudo

(acadêmico, técnico/profissional, desenvolvimento pessoal e profissional, educação

básica) para toda uma gama de alunos (jovens adultos, adultos que regressam à

aprendizagem.

Page 13: competências do tutor em ensino à distância

2

Moore (2007), define edução à distância como: “o aprendizado planejado que

ocorre normalmente em um lugar diferente do local de ensino, exigindo técnicas

especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias

tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais”.

Dessa forma, uma das principais características do EaD, segundo Moraes

(2004) é a separação física quase que na sua totalidade e também a não formação

de um grupo ao longo do processo de ensino-aprendizagem.

Ainda O’Rourke (2003), mostra que as vantagens para as instituições de

ensino incluem:

• uma melhor capacidade e utilização dos recursos: um EaD bem planeado

permite à instituição de ensino ministrar programas de ensino a um maior

número de alunos, e de uma maneira mais flexível, através da utilização dos

recursos existentes de maneiras diferentes, ou do aumento incremental

desses recursos. Em vez de pagar por novas salas de aula para os

estudantes, a instituição pode contratar pessoal para desenvolver e leccionar

cursos à distância, e investir em estruturas de apoio ao EaD, tais como

centros de estudo ou tecnologias;

• a capacidade de chegar aos alunos que não podem frequentar uma

instituição de ensino;

• a capacidade de proporcionar materiais de aprendizagem de qualidade e um

apoio individualizado. Os bons materiais de curso do EaD apresentam o

conteúdo do curso num formato que os alunos podem estudar

individualmente. Tal significa que os tutores podem concentrar-se na

facilitação da aprendizagem e na prestação de uma atenção personalizada

aos alunos, em vez de leccionarem o conteúdo do curso.

Algumas características principais do EaD são:

• Acessibilidade: um dos motivos principais para dar formação e lecionar

através do EaD é o faco de os tornar acessíveis para pessoas que não

podem frequentar aulas regulares, devido a situações sociais, estruturais ou

pessoais. Estas podem incluir a falta de vagas nas instituições de ensino, a

distância a que as instituições se encontram, a ausência de programas

Page 14: competências do tutor em ensino à distância

3

específicos, os compromissos familiares, etc.;

• Flexibilidade: este termo abrange o conceito de dar aos alunos: a

flexibilidade física de poderem estudar às horas e no local que mais lhes

convier, a flexibilidade de aprendizagem, isto é, a possibilidade de estudarem

as matérias, os cursos e os programas pela ordem e maneira apropriada às

suas necessidades;

• A focalização do aluno: no EaD, a expressão ‘focalização no aluno’ é

frequentemente utilizada, mas de maneira inconsistente. A um nível, destaca

o objectivo de ministrar o ensino e a formação de uma maneira que tem

prioritariamente em conta as necessidades dos alunos e não a conveniência

institucional. A outro nível, significa permitir que os alunos prossigam os

estudos de uma maneira apropriada às respectivas circunstâncias, objetivos e

estilos de aprendizagem. Para a instituição de ensino, isto significa

proporcionar materiais de aprendizagem de boa qualidade, usando caminhos

acessíveis, e prestar um apoio suficiente para garantir que os alunos tenham

uma boa possibilidade de completarem o curso.

Segundo Rossini (2007), o ensino EaD vem crescendo de forma vertiginosa

em todo o mundo decorrente do desenvolvimento de tecnologia de comunicação e

informação. É uma das formas de democratizar o acesso ao conhecimento e/ou

poder estender a aprendizagem ao longo da vida.

O Brasil é um País de dimensões continentais e possui uma população,

segundo IBGE em 2011, de aproximadamente 196 milhões de pessoas, onde o

ensino presencial não tem capacidade para contemplar toda a sua abrangência.

Alem disso, tem uma necessidade cada vez maior de formar mão de obra

qualificada para suprir o mercado de trabalho. Essa especialização só é encontrada

em centros urbanos, muitas vezes distantes dos locais de trabalho.

A partir desse cenário, o sistema EaD tem agilidade e velocidade, devido ao

uso de TIC e capacidade de alcançar todas as regiões do País com a mesma

qualidade que abarca as grandes metrópoles, contribuindo assim para a

democratização do acesso à educação e suprindo o mercado com profissionais

qualificados.

Constatado pelo INEP (2012), em 2003 essas matrículas eram somente

Page 15: competências do tutor em ensino à distância

4

49.911. Já em 2006, os alunos matriculados nessa modalidade de ensino foi 207.206

e ainda em 2010, o número de alunos matriculados em cursos EaD foi de 930.179,

ou seja, houve um aumento de aproximadamente 1.763% em 7 anos no número de

matrículas, o que demonstra um crescimento muito significativo da demanda por

cursos em EaD.

Segundo Rabelo (2012), em 2003 as matrículas em curso superior do todo

Brasil, na modalidade a distância, era insignificante, mas já em 2010, 14,86% das

matrículas em urso superior do todo Brasil foi na modalidade a distância, o que

também comprova a demanda por cursos desse gênero.

Gráfico 1: Evolução das Matrículas em cursos EaD, Rabelo (2012)

Page 16: competências do tutor em ensino à distância

5

A palavra tutor advém do latim “tūtor,ōris, que significa: guarda, defensor,

protetor, curador, tutor", do verbo do lat[im] tar[dio] tuĕo,ēs,ēre,"ter debaixo da vista,

defender, proteger" pelo v[erbo] dep[oente] tuĕor,ēris,ĭtus ou tūtus sum, tuēri, "olhar,

encarar examinar, observar, considerar" (Dicionário Aulete, on line 2012).

Apoiar o aluno é primordial dentro do sistema EaD. É de suma importância e

grande complexidade a função de Tutor nos cursos em questão. É preciso dominar o

conteúdo da disciplina ministrada sob sua tutela, as práticas educacionais da

instituição de ensino, bem como, motivar o aluno para que participe das atividades e

realizar as avaliações pertinentes ao curso.

Existem várias designações para a função de Tutor: tutor-professor, tutor

presencial, tutor a distância, tutor “conteudista”, onde cada uma delas tem nuances e

atribuições específicas diferentes mantendo uma base comum: a tutoria. É preciso

que sejam claro quais afazeres cada tipo de Tutor realiza dentro da equipe. Essa

Gráfico 2: Matrículas em EaD com relação as matrículas totais, Rabelo (2012)

Page 17: competências do tutor em ensino à distância

6

equipe é constituída pela instituição de ensino para delimitar as competências

exigidas pela função.

Como já foi dito, o Tutor é o meio de comunicação entre o “cursista”, o curso e

a instituição de ensino. Dentro do ambiente virtual, é o Tutor que constitui a parte

humana e pessoal, é o elemento que motiva e estimula o aprendiz, devido possuir

as características de ser humano.

Para Moraes (2004), oferecer suporte para aprendizagem através da

interação é o grande desafio para o Tutor, pois, as grandes questões com as quais

as instituições de educação a distância se deparam, no que se refere às estruturas

de suporte e tutoria, estão relacionadas com a “construção de um ambiente

adequado, tempo de dedicação dos tutores, promoção de uma relação empática e

informal entre alunos e tutores”.

De acordo com Landim apud (Moraes, 2004), é essencial que as instituições

que oferecem cursos EaD disponham de órgãos específicos para acompanhamento,

atendimento e apoio aos alunos, proporcionando-lhes a aquisição de hábitos e

técnicas de estudo, incentivando a interação com tutores e com outros alunos, afim

de motivá-los a permanecerem no processo de ensino-aprendizagem.

De um modo geral, Aretio (2002) classifica as tarefas gerais que um Tutor

deverá desempenhar reunidas em três grupos:

• orientação: diz respeito, a uma orientação continuada ao aluno, de forma que

o mesmo possa adotar as alternativas de aprendizagem que o meio lhe

oferece e não simplesmente uma exploração psicológica e conselho do

orientador;

• institucional e de conexão: referem-se a formação do próprio tutor, a ligação

que o mesmo estabelece entre alunos e instituições e as de caráter

institucional e burocrático.

• função acadêmica: os tutores são selecionados e capacitados para facilitar a

aprendizagem dos alunos, porém de forma distinta de um professor

convencional. Deve-se entender que a ação tutorial é um meio para ajudar e

reforçar o processo de autoaprendizagem, nunca uma simples transmissão

de informação que leve a uma relação de dependência; e

Page 18: competências do tutor em ensino à distância

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Segundo Gonzalez (2009), as atribuições específicas são:

• reservar um tempo para as atividades instrucionais: ler, estudar, pesquisar e

realizar as atividades;

• orientar no uso de técnicas de resumo e fichamento do material;

• estimular a discussão com os outros colegas de turma sobre o tema;

• reforçar a busca de novas informações extras em livros, apostilas e

documentos eletrônicos disponíveis na internet, para ampliar o conhecimento;

• ensinar que realizar os exercícios propostos consolidam o processo de

aprendizagem;

• conscientizar da importância do cumprimento de prazos das tarefas

estipuladas pelos professores, com tempo hábil para avaliação e revisão;

• incentivar a busca de apoio da tutoria nas dúvidas sobre o conteúdo ou

procedimentos;

• planejar com cada aluno seu esquema de estudo, orientando-o sobre o tempo

ideal, a metodologia e as técnicas mais indicadas para aprender; e

• comunicar-se constantemente com os alunos, de todas as maneiras

possíveis, previstas ou não no desenho instrucional do curso. Atuar com

aqueles que tem mais dificuldade em continuar o curso, por meio de telefone,

e-mail, correspondência e telegrama ou outros.

Gonzalez (2009) diz que o Tutor pode atuar, também, no ensino de técnicas

eficazes que auxiliam no alcance das metas a que o aluno se propõe. Elas são

ferramentas para condicionar e modelar atitudes desejadas, como as seguintes:

• técnica da fatia de pizza: Quando temos uma tarefa muito grande, podemos

desanimar, então essa técnica sugere que devemos ensinar os alunos a

dividirem, em fatias, as tarefas a serem executadas como estudo de

determinada matéria, realização de exercícios, pesquisa, resumo e outros.

Essa maneira de executar a tarefa auxilia na compreensão e apreensão do

conteúdo, concentrando-se em cada parte do trabalho o que resulta numa

aprendizagem mais duradoura e profunda;

• técnica dos dois patinhos: Estudos da Neurolinguística ensinam que pela

Page 19: competências do tutor em ensino à distância

8

visualização de suas realizações, as pessoas têm mais facilidade em realizar

o que se propõem. O 2 tem uma imagem que pode funcionar como um

reforço mnemônico: 222, os três patinhos, caminhando, nadando, voando e

criar uma imagem poderosa na mente, usando três folhas de papel e escrever

o que pretende fazer, estudar, concluir em: 2 semanas, 2 meses, 2 anos.

Colocar essas folhas em local de fácil visualização diária, para que

diariamente o aluno realize uma avaliação do que se propôs a fazer, e realizar

as modificações que forem necessárias para que o projeto seja possível de

realização;

• técnica das Mensagens Subliminares: a propaganda é muito utilizada para

induzir o consumo, pelo uso de mensagens diretas, visuais ou auditivas. O

objetivo é que as mensagens fiquem fixadas na memória e quando estiver

que escolher algo, vai optar por aquele que está mais vivo na memória. Os

elementos que podem ser usados são: gravador cassete ou de CD-ROM,

fones de ouvido, papel e caneta. O aluno deve escrever duas coisas que se

fizer, vai melhorar seu desempenho nos estudos. Por exemplo:

1 - acessar todos os dias por 1 hora o curso on-line

2 - Realizar, pelo menos, 2 exercícios por semana.

Para a total eficiência da técnica, gravar e ouvir antes de dormir; e

• técnica da hierarquia de valores: Estabelecer as prioridades e para isso

relacionar as tarefas e dar um valor, de acordo com as necessidades

individuais e depois classifique em: urgência, grau de dificuldade, tempo

necessário para a execução e depois colocar na tabela de hierarquia de

valores, por tipo de atividade requerida nos estudos, como Assistir as

videoaulas, ler os textos, responder ás atividades e questionários, estudos de

caso, trabalhos de conclusão de curso. O objetivo é eliminar o impasse entre

diferentes atividades. Nesse caso, o Tutor pode auxiliar o aluno a se

auto-organizar na realização dos estudos.

Essas técnicas podem auxiliar, suprir a comunicação entre Tutor e alunos nos

cursos em EaD, mostrando, eficazmente, o caminho das mídias em ambientes

educacionais.

Page 20: competências do tutor em ensino à distância

9

1.2 Competências

Competência é a capacidade legal que um funcionário tem de apreciar, julgar

uma questão. Podemos também interpretar competência como a faculdade para

apreciar e resolver qualquer assunto. (Dicionário Aulete, on line 2012).

Portanto, de um modo geral, gestão por competências seria administrar a

capacidade que as pessoas têm para realizar determinadas tarefas, sejam elas

individuais ou coletivas.

Conforme Zarafian (2001), o conceito de gestão por competências apareceu

por volta da década de 80 do século XX. Devido a novas práticas em gestão de

recursos humanos, gerando assim, uma mudança na forma de avaliação realizadas

por instituições, empresas, para determinar sua equipe de trabalho.

Esse modelo, é baseado em quatro pilares básicos:

• novos métodos de recrutamento e seleção;

• novo tipo de compromisso no que concerne a mobilidade interna;

• insistência inédita na responsabilização dos assalariados; e

• modificação dos sistemas de classificação e de remuneração.

Gestão por competências

é um programa sistematizado e desenvolvido no sentido de

definir profissionais que proporcionem maior produtividade e

adequação ao negócio, identificando os pontos de excelência

e os pontos de carência, suprindo lacunas e agregando

conhecimento, tendo por base certos critérios objetivamente

mensuráveis (Chiavenato 2006, p. 216).

Ainda Chiavenato (2006) afirma que na era da informação, o conhecimento é

a moeda de troca. O conhecimento está atrelado a aprendizagem e para continuar

sempre aprendendo, é necessário irmos além de simples mecanismos de

treinamento para que, dessa forma, possa-se aumentar o conhecimento e o capital

intelectual.

Para ser feito uso do conhecimento, é preciso aplicá-lo, isto é, transformado

em ação e isso leva a habilidade que é a capacidade de utilizar conhecimento para

Page 21: competências do tutor em ensino à distância

10

agregar valor. Algumas habilidades relevantes são: capacidade de aprender e de

reaprender por conta própria, de analisar, sintetizar e avaliar situações, de se

comunicar, ter pensamento crítico, criatividade e inovação, de identificar e resolver

conflitos, de tomar decisões, trabalhar em equipe, ter cultura de qualidade e de

excelência, saber usar de maneira eficiente a tecnologia da informação, etc.

Para um indivíduo tenha essa habilidade operacionalizada, ela requer atitudes

para que as pessoas possam operacionalizar o trabalho, que remete ao conceito de

competência.

De acordo com Durand apud (Brandão; Guimarães, 2001) o conceito de

competência está baseado em três vertentes:

• conhecimento (C):

• habilidade (H); e

• atitude (A).

(CHA), ou seja, competência diz respeito ao conjunto de conhecimentos,

habilidade e atitudes, englobando não só questões técnicas, mas, também, a

Esquema 1: Competência, Habilidades e Conhecimento por CHIAVENATO (2006)

Page 22: competências do tutor em ensino à distância

11

cognição e atitudes relacionadas ao trabalho.

Perrenoud (2000) define competências como “uma capacidade de mobilizar

diversos recursos cognitivos para enfrentar um tipo de situações” e implica em

quatro aspectos:

1. As competências não são por elas mesmos saberes ou atitudes, mas

mobilizam, integram e orquestram tais recursos;

2. Essa mobilização só é pertinente em situação, sendo casa situação singular,

mesmo que se possa tratá-la em analogia com outras, já encontradas;

3. O exercício da competência passa por operações mentais complexas,

subentendidas por esquemas de pensamento que permitem determinar e

realizar uma ação relativamente adequada a situação;

4. As competências constroem-se em formação, de uma situação de trabalho à

outra.

Para descrevermos uma competência equivale a suscitar três elementos

complementares:

• os tipos de situações das quais dá um certo domínio;

• os recursos que mobiliza, os conhecimentos teóricos ou metodológicos, as

atitudes, os esquemas motores, os esquemas de percepção, de avaliação,

de antecipação e de decisão;

• a mobilização e orquestração dos recursos pertinentes em situação

complexa e em tempo real.

Quanto ao tipo de competências, vários autores as classificam como

organizacionais e pessoais.

Para Dutra (2004), as competências organizacionais estão no cerne do

desenvolvimento do processo de organização, culminado em seu “patrimônio de

conhecimento” que define as vantagens competitivas da instituição de ensino na

qual está contida no contexto do mercado de EaD.

Outro tipo de competências são as individuais. Se utilizarmos como base a

definição sobre competências individuais, adotada por Fleury apud (Dutra, 2004),

onde ele diz que o colaborador age de maneira responsável e consciente, assim

Page 23: competências do tutor em ensino à distância

12

resultando em integração, mobilização e transferência de conhecimentos. Pode se

fazer a seguinte analogia: competências individuais dos colaboradores estão para a

criação de valor econômico nas organizações, tal como as competências individuais

dos tutores de ensino a distância, estão para o desenvolvimento acadêmico dos

alunos.

Para Fleury apud (DUTRA, 2004) as competências individuais podem ser

definidas como agir com responsabilidade que leva a mobilizar, integrar, transportar

o conhecimento adquirido, recursos, habilidades para agregar valor econômico,

capital intelectual para a organização e também agregar valor social para o

indivíduo.

Para Covey apud (Chiavenato, 1991, p. 217), as novas competências

pessoais “são as características individuais essenciais para o desempenho da

atividade profissional e que diferenciam enormemente o desempenho das pessoas”.

Há uma relação íntima entre competências individuais e organizacionais, uma vez

que entre organização e indivíduo há uma troca contínua de competências. Assim, o

estabelecimento de competências individuais deve estar ligado às competências

organizacionais, pois há uma influência mútua entre as mesmas.

Para Leme (2005), as competências podem ser classificadas em:

• técnicas (conhecimentos e habilidades): dizem respeito a tudo o que o

profissional precisa para desempenhar sua função. É o que se precisa para

ser um especialista, tecnicamente; e

• comportamentais (atitudes): referem-se a criatividade, liderança,

planejamento entre outras, é o que o profissional precisa demonstrar como

sendo seu diferencial competitivo.

Na revisão da literatura sintetizada acima nota-se que os autores de maior

importância são unânimes em destacar a importância do Tutor devido às múltiplas

tarefas que desempenha. Essas atribuições exigem capacidades inerentes às

funções que desempenham, sem as quais a qualidade do ensino fica prejudicada.

Por outro lado, os autores reconhecidos como peritos na área, usam terminologias

diferentes, classificações e nomenclaturas díspares. Essas disparidades dificultam a

compreensão e, muitas vezes, embaraçam os tutores interessados em definiram

Page 24: competências do tutor em ensino à distância

13

com clareza as competências necessárias e exigidas dos tutores de cursos no

formato EaD.

1.3 Objetivos

Portanto, o presente estudo é desenvolvido com os seguintes objetivos:

• objetivo geral de contribuir com a precisão e a clareza das competências dos

tutores de cursos no formato EaD por meio de uma análise da literatura

específica sobre o tema.

• objetivos específicos:

a) Descrever as competências do Tutor em EaD; e

b) Classificar por ordem de importância, sob o ponto de vista de autores

reconhecidos, essas competências elencadas.

1.4 Justificativa do Trabalho

Para justificar o presente estudo conta-se com quatro argumentos. Em

primeiro lugar temos literatura que demonstra um aumento significativo no número

de matrículas em cursos e disciplinas no formato EaD, ou seja, a comunidade

interessada em desenvolver seus conhecimentos tem aumentado significativamente,

como já foi citado. Esse aumento pressiona as instituições a organizarem cursos

EaD e a recrutarem professores para serem tutores dessa modalidade.

A seguir, pode-se defender o presente estudo considerando que a qualidade

desse gênero de ensino está essencialmente fundamentada na presença de tutores

altamente qualificados, treinados e comprometidos com o seu constante

desenvolvimento. Esses tutores, precisam contar com indicações claras e precisas

de quais competências desenvolver.

Page 25: competências do tutor em ensino à distância

14

A literatura existente é numerosa, o que comprova a importância do tema,

mas apresenta grande disparidade de terminologia, classificações e nomenclatura o

que não auxilia nessa clareza necessária. Pelo contrário, cria questões, dúvidas e

polêmicas.

Por outro lado, a gestão de recursos humanos tem que selecionar seus

tutores com base em critérios precisos e bem fundamentados, ou seja, tem que

estar claro, quais as competências a exigir de seus tutores.

Finalmente, acrescenta-se que o estudo que se apresenta poderá originar

novas questões e estimular o crescimento de novas investigações para o

aperfeiçoamento do conhecimento sobre a modalidade de ensino EaD.

A ciência só continuará a evoluir e o tema poderá ser enriquecido se cada

investigação originar novas questões e problemas a serem solucionados. Um

assunto polêmico poderá tornar-se uma ótima oportunidade se os pesquisadores o

explorarem em seus estudos.

Page 26: competências do tutor em ensino à distância

15

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo realizado com literatura específica. Utilizou

referências das seguintes fontes de dados: Scielo Brasil, Google Acadêmico, INEP

(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), MEC

(Ministério da Educação), ABED (Associação Brasileira de Educação à Distância),

INED (Instituto Nacional de Educação à Distância) para fundamentar teoricamente e

colher os dados a serem analisados.

Os dados sobre competências foram coletados das seguintes fontes:

• o livro de Chiavenato: Administração Geral e Pública, Rio de Janeiro: Elsevier,

2006, capítulo 20, páginas: 215 à 220;

• o livro de Perrenoud: Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre:

Artmed, 2000, introdução, páginas: 11 à 22;

• o artigo completo de Tecchio, et. al. de maio de 2008: Competências

Fundamentais ao Tutor de Ensino a Distância, na Revista Digital da CVA -

Ricesu, ISSN 1519-8529 Volume 6, Número 21, Outubro de 2009; e

• o livro publicado pelo INED (Instituto Nacional de Educação à Distância) de

Jennifer O’Rourke, Tutoria no EaD: Um Manual para Tutores. Tradução Valter

Ambrósio, Revisão Linguística: Rosário Passos. Grã-Bretanha: The

Commonwealth of Learning, 2003, páginas: 1 à 188.

E foram usados os seguintes critérios para a seleção dessas obras:

a) Citar competências para o ensino e, particularmente, competências dos

tutores em EaD;

b) Ser autor reconhecido no âmbito da pedagogia ou gestão, particularmente,

EaD.

Optou-se, também, por escolher, no mínimo, a metade dos autores que

estudaram as competências específicas para o Tutor de EaD. Os demais poderiam

preocuparem-se com as competências gerais de qualquer profissional.

O livro de Maurice Tardiff: Saberes Docentes e Formação Profissional,

Page 27: competências do tutor em ensino à distância

16

Petrópolis: Vozes, 13ª Edição, 2012, páginas 31 à 55, não foi usado como fonte de

dados porque o autor definiu os saberes docentes, conforme sua definição: de

formação, disciplinares, curriculares e experienciais. Por entender que sua

preocupação é com a formação do professor de profissão em uma abordagem mais

teórica e abrangente, na construção da relação ensino-aprendizagem, e seu objetivo

não é explicitar, categoricamente, quais “competências” os professores devem ter

para desempenhar suas atribuições, apesar de reconhecer que os saberes docentes

poderiam ser vistos como competências de uma forma ampla. Trata-se de um autor

de reconhecido saber. É sociólogo e filósofo, pesquisador canadense conhecido

internacionalmente e é professor titular da Universidade de Montreal, onde dirige o

mais importante centro de pesquisa canadense sobre a profissão docente.

Portanto, analisaram-se as 4 obras citadas. Essas obras compõem uma

amostra populacional porque não pretendemos abranger toda a área. Acredita-se

que essa amostra pode auxiliar a atingir o objetivo definido como geral deste

trabalho.

O reconhecimento da importância dos autores foi baseado nas citações de

outros autores da área e no currículo desses autores. Assim, apresenta-se um breve

resumo do currículo de cada autor escolhido para explicar a opção por seu

reconhecimento.

a) Idalberto Chiavenato, graduado em Filosofia/Pedagogia, com

especialização em Psicologia Educacional pela USP, em Direito pela Universidade

Mackenzie e pós-graduado em Administração de Empresas pela EAESP-FGV. É

mestre (MBA) e Doutor (Ph.D.) em Administração pela City University of Los

Angeles, Califórnia, Estados Unidos. É um dos autores nacionais mais conhecidos e

respeitados na área de Administração de Empresas e Recursos Humanos. Sua

extensa bibliografia abrange mais de vinte livros de grande destaque no mercado,

além de uma infinidade de artigos em revistas especializadas. Recebeu vários

prêmios e distinções por sua atuação na área de administração geral e de recursos

humanos incluindo dois títulos Doutor Honoris Causa em universidades na América

Latina.

b) Philippe Perrenoud, doutor em sociologia e antropologia, professor da

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Genebra e

Page 28: competências do tutor em ensino à distância

17

diretor do Laboratório de Pesquisas sobre a Inovação na Formação e na Educação

(Life). É uma referência essencial para os educadores em virtude de suas idéias

pioneiras sobre a profissionalização de professores e a avaliação de alunos.

c) Edivandro Luiz Tecchio, graduado em Administração pela Universidade

Federal de Santa Catarina. Mestrado em Administração pela mesma Instituição.

Atualmente é doutorando do Programam de Pós-Graduação em Engenharia e

Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina e Servidor

Público Federal (Administrador, Universidade Federal da Fronteira Sul).

d) Jennifer O’Rourke, autora representando a COL (Commonwealth of

Learning) que é uma organização intergovernamental criada por Chefes de Governo

da Commonwealth, a fim de fomentar o desenvolvimento e a partilha de

conhecimentos, recursos e tecnologias, através da educação à distância. Ao ser

reconhecida por essa eminente instituição internacionalmente influente, aceitou-se o

seu conhecimento.

A análise dos dados coletados foi realizada por meio das seguintes etapas:

• leitura cuidadosa e atenta dos elencos selecionados;

• verificação das competências citadas pelos 4 autores, definindo dessa forma

as competências essenciais;

• verificação das competências apenas citadas por um dos autores para definir

aquelas que seriam classificadas como competências suplementares; e

• verificação das competências citadas por 2 ou 3 autores elencando as

complementares.

Chama-se a atenção pelo fato de se aceitar redações diferentes para as

competências desde que os princípios ou premissas que as fundamentaram

permanecessem os mesmos.

Page 29: competências do tutor em ensino à distância

18

3 RESULTADOS ENCONTRADOS

Os resultados comportam o elenco das competências dos quatro autores

selecionados e suas respectivas classificações.

3.1 Competências Indicadas por Perrenoud

O referido autor classifica as competências em principais e especificas,

relacionando as específicas a partir das primeiras, ou sejam, as principais:

As dez competências principais são:

• organizar e dirigir situações de aprendizagem;

• administrar a progressão das aprendizagens;

• conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;

• envolver os alunos em sua aprendizagem e seu trabalho;

• trabalhar em equipe;

• participar da administração da escola;

• informar e envolver os responsáveis;

• utilizar novas tecnologias;

• enfrentar os deveres éticos da profissão;

• administrar sua própria formação contínua.

As competências específicas, veiculadas às principais, são:

• conhecer os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos

de aprendizagem;

• trabalhar a partir das representações dos alunos;

• trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem;

• construir e planejar dispositivos e sequências didáticas;

• envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de

Page 30: competências do tutor em ensino à distância

19

conhecimento;

• conceber e ajustar situações-problema ajustadas ao nível e às

possibilidades dos alunos;

• adquirir visão longitudinal dos objetivos do ensino;

• estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de

aprendizagem;

• observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de acordo

com uma abordagem formativa;

• fazer balanços periódicos de competências e tomas decisões de

progressão;

• administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma;

• abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto;

• fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de grandes

dificuldades;

• desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas simples de

ensino mútuo;

• explorar as potencialidades didáticas dos programas em relação aos

objetivos de ensino;

• suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o saber, o

sentido do trabalho escolar e desenvolver no estudante a capacidade de

autoavaliação;

• instituir e fazer funcionar um conselho de alunos e negociar com eles

diversos tipos de regras e contratos;

• oferecer atividades opcionais de formação;

• favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno;

• elaborar um projeto de equipe, representações comuns;

• dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões;

• formar e renovar uma equipe pedagógica;

• enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e

problemas profissionais;

Page 31: competências do tutor em ensino à distância

20

• administrar crises ou conflitos pessoais;

• elaborar, negociar um projeto da instituição;

• administrar os recursos da escola;

• coordenar, dirigir uma escola com todos os seus parceiros;

• organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a participação dos alunos;

• dirigir reuniões de informação e debate;

• fazer entrevistas;

• analisar a relação pedagógica, a autoridade, a comunicação em aula;

• desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o

sentimento de justiça;

• saber explicitar as próprias práticas;

• negociar um projeto de formação comum com os colegas;

• envolver-se em tarefas em escala de uma ordem de ensino ou do

sistema educativo;

• acolher a formação dos colegas e participar dela.

3.2 Competências Citadas por Chiavenato

Como o autor classifica as competências em organizacionais e pessoais,

manteve-se a classificação do autor.

As competências organizacionais são:

• competências essenciais: são as competências básicas e fundamentais

para o sucesso de uma organização em relação aos clientes, à sociedade e

aos concorrentes. Correspondem àquilo que cada organização sabe melhor

que ninguém. Cada organização precisa identificar e localizar as

competências essenciais capazes de levá-la ao sucesso. As competências

essenciais são fundamentais para eficácia organizacional;

• competências de gestão: são as competências relacionadas com a gestão

Page 32: competências do tutor em ensino à distância

21

de recursos – financeiros, comerciais, produtivos, etc. Refere-se a como os

recursos organizacionais são utilizados e os processos mobilizados para

obter os melhores resultados. As competências de gestão são fundamentais

para sua eficiência interna;

• competências organizacionais: são as competências relacionadas com a

vida da organização. Corresponde ao modus vivendi da organização, à sua

cultura corporativa, como a organização se estrutura e organiza para realizar

o trabalho organizacional. As competências organizacionais se referem ao

aparato interno por meio do qual a organização e se integra para poder

funcionar.

As competências pessoais são:

• aprender a aprender: as pessoas devem contribuir construtivamente em

tudo e, para tanto, devem ter condições de aprender continuamente. O

importante é que aprendam a aprender. Isso significa forçosamente

desaprender coisas antigas e sem proveito para a organização para aprender

coisas novas e necessárias. Em temos, flexibilidade, apreensão e inovação;

• comunicação e colaboração: antes, o bom desempenho significava

executar um conjunto de tarefas repetitivas e isoladas e a qualificação de

cadas era restrita a cada tarefa em particular. Hoje com a adoção de equipes,

a eficiência do indivíduo está cada vez mais vinculada a suas habilidades de

comunicação e colaboração com os outros. Em outros termos, o trabalho

solitário e individual cede lugar ao trabalho solidário e grupal;

• raciocínio criativo e resolução de problemas: no passado, a administração

paternalista assumia a responsabilidade de solucionar problemas par

aumentar a produtividade do trabalhador. Hoje, espera-se que os funcionários

descubram por si mesmos como melhorar e agilizar seu próprio trabalho.

Para tanto, eles precisam analisar situações, pensar criativamente e

solucionar problemas, fazer perguntas e esclarecer o que não compreendem

para poderem sugerir melhorias de maneira constante e contínua;

• conhecimento tecnológico: no passado, tecnologia significava saber como

operar máquinas para fazer o trabalho ou como lidar com computadores para

Page 33: competências do tutor em ensino à distância

22

processar textos ou análises financeiras. Hoje, a ênfase está em usar o

equipamento de informação para conectar-se com os membros da equipe

redor do mundo, além de realizar tarefas, comunicar-se com pessoas em todo

o mundo, compartilhando ideias e melhorias nos processos de trabalho. O

conhecimento tecnológico está a serviço da equipe e não do indivíduo

isolado;

• conhecimento de negócios globais: antigamente, a visão das pessoas era

restrita ao local de trabalho. Hoje, predomina a necessidade de pessoas

treinadas em um conjunto de habilidades que levem em conta o ambiente

competitivo global, mutável e volátil dos negócios da organização. A

globalização está ampliando as fronteiras do conhecimento das pessoas;

• desenvolvimento de liderança: o novo imperativo é a identificação e o

desenvolvimento de pessoas capazes de produzir a empresa para o século

XXI. Em vez de programas externos de educação para executivos, as

empresas estão elaborando programas personalizados de aprendizagem que

assegurem a capacitação das pessoas em termos de espirito empreendedor

e de liderança. Na verdade, as organizações bem-sucedidas são constituídas

de lideranças; e

• autogerenciamento da carreira: como as qualificações necessárias evoluem

e mudam incessantemente, as pessoas precisam assumir o compromisso de

assegurar que possuem as qualificações, o conhecimento e as competências

exigidas tanto na atividade atual, como nas futuras, Muitas universidades

corporativas dispõem de centros virtuais de desenvolvimento de carreira para

ajudar as pessoas a identificar as técnicas que precisam aprender.

3.3 Competências Descritas por Tecchio

Conforme Tecchio et al. (2008), partindo das atividades desempenhadas pelo

Tutor, se utiliza da definição de competências de Leme (2005) que as classifica em

competências técnicas (conhecimentos e habilidades) e comportamentais (atitudes).

Page 34: competências do tutor em ensino à distância

23

As competências técnicas (conhecimentos e Habilidades) são;

• conhecimento das rotinas de trabalho: conhecimento de como se devem

ser realizadas as atividades no processo de tutoria;

• conhecimento em informática básica / ambiente virtual de

ensino-aprendizagem: conhecimento, capacidade de operacionalização de

softwares, ferramentas de buscas pela internet e das ferramentas disponíveis

no ambiente virtual de ensino-aprendizagem;

• conhecimento pleno da disciplina ministrada: conhecimento, capacidade

de entendimento do conteúdo da disciplina que será ministrada;

• conhecimento sobre educação à distância / sobre o curso: conhecimento

e capacidade para entender os fundamentos, estruturas e metodologias

referentes a educação a distância, compartilhando a filosofia da mesma;

• relacionamentos interpessoais: capacidade, competência para administrar

relacionamentos e criar redes. Capacidade de encontrar pontos em comum e

cultivar afinidades;

• comunicação (oral e escrita): capacidade de receber e transmitir

informações de forma clara, concisa e pertinente no ambiente de trabalho; e

• trabalho em equipe: capacidade para trocar informações, conhecimentos,

com o intuito de agilizar o cumprimento de metas e o alcance de objetivos

compartilhados.

As competências comportamentais (atitudes) são:

• organização e planejamento: capacidade para determinar o conjunto de

procedimentos, ações necessárias para a consecução das atividades de

forma organizada, com o intuito de aperfeiçoar os procedimentos e conseguir

melhores resultados;

• pró-atividade: capacidade de oferecer soluções e ideias novas por iniciativa

própria, antecipando-se a possíveis problemas que poderão surgir, disposição

para iniciar e manter que ações que irão alterar o ambiente;

• automotivação: forte impulso para a realização. Capacidade para perseguir

os objetivos por conta própria, com energia e persistência;

Page 35: competências do tutor em ensino à distância

24

• empatia: capacidade para tratar as pessoas de acordo com suas reações

emocionais e perceber as necessidades alheias, tentando identificar-se com a

mesma, sentir o que ela sente;

• equilíbrio emocional: capacidade para manter o bom humor, não sofrendo

alterações bruscas devido ao surgimento de situações adversas;

• flexibilidade: capacidade para adaptar-se rapidamente a variações na

realização ou surgimento de situações adversas;

• comprometimento e assiduidade: capacidade para estar sempre presente,

apegado, disponibilizando todo o seu potencial em prol do alcance dos

objetivos e metas do curso, colaborando, dando suporte, com total dedicação;

• liderança: capacidade para inspirar, fazer com que os outros trabalhem com

insistência, visando realizar tarefas importantes;

• criatividade: capacidade de sugerir novas maneiras para realização das

tarefas, para resolver problemas de maneira inovadora, para maximizar o uso

dos recursos disponíveis;

3.4 Competências Elencadas por O’Rourke

O’Rourke (2003) classifica as competências do Tutor em quatro categorias

gerais, que são:

• competências de apoio: ajudar os alunos a lidarem com questões não

relacionadas com o conteúdo, que possam afetar a sua aprendizagem;

• competências de orientação de aprendizagem: ajudar os alunos a

compreender o conteúdo e a sua relação com os seus objetivos de

aprendizagem;

• competências de capacitação de aprendizagem: ajudar os alunos a

desenvolverem e aplicarem processos de aprendizagem com eficiência, e;

• competências administrativas: servir de ligação entre os alunos e a

administração em questões administrativas. Depois de um aluno se ter

Page 36: competências do tutor em ensino à distância

25

matriculado, o Tutor poderá ser o seu principal contato com a instituição de

ensino. Os tutores necessitam de competências administrativas para gerirem

o relacionamento entre os alunos e a instituição de ensino, e são

responsáveis perante ambos.

As competências de apoio são:

• comunicação: uma boa comunicação é importante no apoio aos alunos no

EaD. Inclui: escutar, responder, manter contato e o uso eficiente dos meios de

comunicação. Isto tem de ser acompanhado da capacidade de identificar

potenciais barreiras à comunicação, e de ver as questões sob a perspectiva

dos alunos.

• motivação: promover a motivação é uma competência importante na tutoria,

porque os alunos do EaD enfrentam muitos desafios, e poderão precisar de

um incentivo extra para enfrentarem esses desafios. A motivação, juntamente

com as competências de comunicação e de resolução de problemas, podem

incentivar os alunos a desenvolverem estratégias para enfrentarem

dificuldades que afetem a sua aprendizagem. Além de motivar os alunos a

resolverem problemas específicos, um bom tutor inclui mensagens de

incentivo na sua comunicação com os alunos.

• resolução de problemas: As competências de identificação e resolução de

problemas são essenciais. Incluem a capacidade de: clarificar problemas,

identificar qual o tipo de ajuda que é necessária e determinar se o tutor pode

e deve ajudar.

As competências de orientação de aprendizagem são:

• Usar conhecimento do conteúdo para dar orientação: isto envolve ajudar

os alunos a encontrarem o seu sentido de orientação no conteúdo fornecendo

pistas que eles possam usar para organizarem as suas ideias, sugerindo

fontes de informação adicionais ou alternativas e apresentando maneiras

diferentes de ver as questões;

• dar feedback ao trabalho dos alunos: este será provavelmente o aspecto

mais visível e que exige mais tempo na função do Tutor. O tutor precisa de

Page 37: competências do tutor em ensino à distância

26

ser proficiente em estabelecer e comunicar expectativas claras para o

trabalho dos alunos, identificar pontos fortes e fracos na maneira como os

alunos executaram o trabalho, identificar áreas do conteúdo que eles tenham

compreendido e áreas que sejam menos claras para eles e sugerir

estratégias para consolidarem o que sabem e para melhorarem as suas

proficiências;

• familiarizar os alunos com as convenções da disciplina: cada disciplina

tem as suas próprias convenções. Por exemplo, os trabalhos escritos são

apresentados de uma maneira diferente em Inglês e em Psicologia. Como

tutor, você poderá estar tão familiarizado com estas convenções, que elas são

de importância secundária para si, mas os alunos poderão não as conhecer.

O seu papel como tutor poderá envolver familiarizar os alunos com a maneira

como as ideias são desenvolvidas e apresentadas na sua disciplina,

estratégias de pesquisa aceitáveis e não aceitáveis e requisitos específicos

de redação na sua área;

• estabelecer elos de ligação: muitos alunos querem estabelecer ligações,

compreender a relação entre segmentos de aprendizagem. Os alunos adultos

interessam-se sobretudo pelas implicações e aplicações daquilo que

aprenderam. Os tutores podem ajudar os alunos a estabelecerem a ligação

entre o conteúdo do curso e os seus objetivos de aprendizagem específicos,

e a compreenderem as potenciais aplicações do conteúdo à sua área de

interesses. Para o efeito, os tutores precisam de conhecer os objetivos dos

alunos e qual a sua aprendizagem anterior e encetar um diálogo com os

alunos sobre as suas ideias e perspectivas, e;

• resolução de problemas acadêmicos: o tutor precisa de saber identificar

problemas acadêmicos que tragam dificuldades aos alunos, tais como bases

insuficientes na área do conteúdo, falta de acesso a recursos apropriados,

falta de conhecimento sobre como utilizar os recursos, falta de conhecimentos

numa área específica e problemas com os materiais do curso.

As competências de capacitação da aprendizagem envolve:

• ajudar os alunos a desenvolverem as suas competências na

Page 38: competências do tutor em ensino à distância

27

organização de conceitos: desenvolver ‘mapas mentais’ que lhes permitam

estruturar a sua aprendizagem de uma maneira que faça sentido para eles;

• ajudar os alunos a articularem as suas ideias por escrito ou

verbalmente, e a debaterem-nas produtivamente;

• fomentar a capacidade dos alunos de atingirem objetivos de

aprendizagem: através de interações como sejam projetos realizados em

cooperação, ou o feedback de colegas;

• definir tópicos apropriados e estimulantes para debate entre os alunos:

ajudar a centrarem-se no tópico, e fornecendo uma estrutura que desenvolva

as suas competências na gestão de debates;

• moldar estratégias de aprendizagem eficazes para os alunos: mostrar

métodos alternativos para um tópico, tornando o processo de aprendizagem

transparente, e fornecendo exemplos de caminhos diferentes para a

aprendizagem, e;

• resolução de problemas: ajudar os alunos a identificarem e lidarem com

métodos de aprendizagem ineficientes, ou com défices de competência que

dificultem a sua aprendizagem, como sejam competências linguísticas ou

matemáticas.

Competências Administrativas são:

Em nome dos estudantes, os tutores usam as suas competências

administrativas para:

• comunicação: os tutores poderão ser responsáveis por assegurar que os

alunos serão informados sobre os prazos e procedimentos relativos a

candidaturas, exames, desistência de cursos, preencher requerimentos, etc.;

• resolução de problemas administrativos: os tutores utilizam a sua

familiaridade com os processos acadêmicos e administrativos para ajudarem

os alunos a entrarem em contacto com a unidade ou a pessoa responsável

que pode ajudar a resolver problemas específicos. Os tutores podem também

ter um papel a desempenhar em situações envolvendo alunos

individualmente, como sejam questões relacionadas com a integridade

acadêmica, plágio, etc.;

Page 39: competências do tutor em ensino à distância

28

• planejamento: os tutores muitas vezes estão em posição de ajudar os alunos

a identificarem as suas necessidades de aprendizagem para além do curso

específico, e a planearem a forma mais apropriada de ir ao encontro das suas

necessidades.

Page 40: competências do tutor em ensino à distância

29

4 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para atender os objetivos explicitados na introdução do presente estudo,

precisam se fazer algumas considerações ao analisar os dados.

Perrenoud se vale da seguinte classificação para as competências: principais

e específicas e mostra quais as competências voltadas para professores sem

especificar em seu estudo se são presenciais ou não. Vale lembrar o leitor que este

autor dirigiu suas competências para o professor. No entanto, pela sua importância,

optou-se por considerá-las válidas para o Tutor que não deixa de ser um professor.

Chiavenato se vale da definição de Covey para elencar as competências em

organizacionais e pessoais para profissionais de qualquer atividade. Este

reconhecido estudioso preocupou-se com as competências necessárias a qualquer

profissional cabendo a este identificar aquelas que lhe competem no exercício de

suas tarefas. Considerou-se que o tutor pode, com maior facilidade, reconhecer as

competências essenciais, complementares e suplementares para o desempenho

de suas funções específicas.

Tecchio, se utiliza da definição de competências de Leme: competências

técnicas (conhecimentos e habilidades) e comportamentais (atitudes) e ainda,

mostra em seu artigo as competências do Tutor em EaD . Este é um dos autores

que se dirige especificamente para o profissional em questão.

O’Rourke, por fim, classifica as competências do Tutor em quatro categorias

gerais: competências de apoio, competências de orientação de aprendizagem,

competências de capacitação e competências administrativas. Trata-se, portanto, de

um outro autor preocupado especificamente para o Tutor de EaD.

Como já foi explicado na metodologia, ao analisarmos as competências

cidatas pelos autores presentes neste trabalho, que nem sempre utilizam a mesma

notação para descrever determinada competência, mas como as mesmas contém o

mesmo princípio, podemos agrupá-las em três tipos: essenciais, complementares e

suplementares. Essa classificação visa uma interlocução entre os trabalhos

analisados para o desenvolvimento das atribuições gerais e específicas de um Tutor.

• As competências essenciais são aquelas citadas por todos os autores para a

execução do exercício de suas atribuições; portanto, sem elas o Tutor não

Page 41: competências do tutor em ensino à distância

30

pode realizar suas tarefas;

• As competências complementares são aquelas citadas por, pelo menos, dois

autores para a execução de suas atribuições. Essas competências têm

grande impacto na execução das tarefas dos tutores e, sem seu

desenvolvimento, o trabalho do tutor não ficará completo; e

• As competências suplementares são aquelas citadas por somente um autor

no que tange o exercício das atribuições do Tutor. Acredita-se que, sem

desenvolver essas capacidades, o tutor não poderá atingir o nível ótimo de

qualidade no desempenho de suas atribuições.

Nos quadros abaixo, tentou-se demonstrar esquematicamente a classificação

resultante da análise.

Page 42: competências do tutor em ensino à distância

31

Competências do

TutorPerrenoud Chiavenato Tecchio O’Rourke

Essenciais

informar e envolver os

responsáveis

comunicação e colaboração

comunicação (oral e escrita)

comunicação

utilizar novas tecnologias

conhecimento tecnológico

conhecimento em informática /

ambiente virtual

usar conhecimento da disciplina para

dar orientação

conhecer os conteúdos a

serem ministrados

aprender a aprender

conhecimento sobre educação à

distância

dar feedback ao trabalho dos

alunos

envolver os alunos em sua aprendizagem e seu trabalho

conhecimento pleno das disciplinas ministradas

planejamento

trabalhar a partir dos erros

e dos obstáculos à

aprendizagem

conhecimento das rotinas de trabalho

familiarizar os alunos com as convenções da

disciplina

trabalhar a partir da

representação dos alunos

comprometimento e assiduidade

definir tópicos apropriados e

estimulantes para os alunos

construir e planejar

dispositivos e sequências didáticas

organização e planejamento

moldar estratégia de aprendizagem eficazes para os

alunos

suscitar o desejo de aprender

Quadro 1: Competências essenciais do Tutor

Page 43: competências do tutor em ensino à distância

32

Competências do

TutorPerrenoud Chiavenato Tecchio O’Rourke

Complementares

fazer balanços periódicos de

competências e tomas decisões de progressão

raciocínio criativo e resolução de problemas

liderança

ajudar os alunos a desenvolverem as suas competências na organização de

conceitos

conceber e fazer os

dispositivos de diferenciação

desenvolvimento de liderança

automotivação motivação

adquirir visão longitudinal dos

objetivos do ensino

autogerenciamento da carreira

trabalho em equipeajudar os alunos a articularem suas ideias por escrito

saber explicitar as próprias

práticas

fomentar a capacidade dos alunos atingirem

objetivos de aprendizagem

fornecer apoio integrado,

trabalhar com os alunos

portadores de dificuldades

resolução de problemas

administrativos

administrar sua própria

formação contínua

resolução de problemas

acadêmicos

Quadro 2: Competências complementares do Tutor

Page 44: competências do tutor em ensino à distância

33

Competências do

TutorPerrenoud Chiavenato Tecchio O’Rourke

Suplementares

participar da administração

da escola

conhecimentos de negócios globais

relacionamentos interpessoais

estabelecer elos de ligação

acolher a formação dos

colegas e participar dela

empatia

elaborar, negociar um projeto da instituição

pró-atividade

negociar um projeto de formação

comum com os colegas

equilíbrio emocional

administrar a heterogeneidade no âmbito de

uma turma

flexibilidade

enfrentar os deveres éticos da profissão

criatividade

Quadro 3: Competências suplementares do Tutor

Page 45: competências do tutor em ensino à distância

34

Esta analise é bastante subjetiva e, como foi realizada por meio de fontes

literárias, não se sabe se a prática a referenda. É bastante polêmica e poderá

suscitar novas discussões e estimular novos estudos.

O tema é de extrema importância e assim, como se indicou nas justificativas,

pode-se sugerir a pesquisadores interessados os seguintes estudos.

1. réplicas deste estudo para ampliar e aumentar a abrangência das conclusões

uma vez que a EaD é de caráter internacional;

2. o impacto dessas competências na prática diária sob o ponto de vista do tutor

e do gestor de recursos humanos;

3. até que ponto, cada uma das competências é essencial, complementar ou

suplementar; e

4. como desenvolver as competências essenciais.

O número dos cursos está aumentando com muita velocidade, como

demonstram os dados do INEP o que indica um crescimento muito significativo da

demanda por cursos em EaD. Acredita-se que esse número continuará a aumentar,

o que pressionará as instituições na procura de tutores capacitados.

Nesse sentido, para um tenhamos bons cursos em EaD, entre outros

profissionais, é necessário perceber que o Tutor é uma peça essencial nessa

engrenagem e que suas competências terão um alto nível de impacto na qualidade

dos cursos ministrados.

Existem, como já foi mencionado, várias designações para a função de Tutor:

tutor-professor, tutor presencial, tutor a distância, tutor conteudista, etc. e cada uma

dessas designações tem atribuições específicas diferentes mantendo a tutoria como

a base comum. Essa diversificação de nomenclatura não auxilia a clareza do tema.

Assim, precisa ficar nítido quais afazeres cada tipo de Tutor exerce dentro da equipe

institucional de ensino para delimitar as competências exigidas por cada função.

Como se constatou com o desenvolvimento desse trabalho, o Tutor precisa

possuir, desenvolver ou adquirir competências de várias naturezas e vários graus de

importância o que dificulta o desenvolvimento dos potenciais do Tutor.

Acredita-se que com uma melhor classificação das competências elencadas

pelos autores, as instituições de ensino terão mais subsídios para escolher melhor

Page 46: competências do tutor em ensino à distância

35

seus profissionais e compor seus quadros de colaboradores de tutoria em EaD e os

próprios tutores terão melhores condições de reconhecer suas carências e, assim,

desenvolver seus potenciais, tornando-se mais competentes e, consequentemente

elevando a qualidade dos cursos de EaD.

Page 47: competências do tutor em ensino à distância

36

REFERÊNCIAS

As Competências Sócio-afetivas do tutor na Educação a Distância. Disponível em:<http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/10448/as-compet234ncias -243cio-afetivas-do-tutor-na-educa231227o-a-dist226ncia> Acesso em: 27 jun 2012

ARETIO, L. G. La Educación a Distancia: de la Teoría a la Práctica. Barcelona: Ariel, 2002;

CHIAVENATO, I. Administração Geral e Pública, Rio de Janeiro: Elsevier, 2006

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