Complexo Industrial Da Saúde

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  • O Ncleo Tecnolgicoda Indstria Brasileira

    Volume 2

  • Governo FederalSecretaria de Assuntos Estratgicos daPresidncia da RepblicaMinistro Wellington Moreira Franco

    PresidenteMarcio Pochmann

    Diretor de Desenvolvimento InstitucionalGeov Parente Farias

    Diretor de Estudos e Relaes Econmicas e Polticas Internacionais, SubstitutoMarcos Antonio Macedo Cintra

    Diretor de Estudos e Polticas do Estado, das Instituies e da DemocraciaAlexandre de vila Gomide

    Diretora de Estudos e PolticasMacroeconmicasVanessa Petrelli de Correa

    Diretor de Estudos e Polticas Regionais,Urbanas e AmbientaisFrancisco de Assis Costa

    Diretor de Estudos e Polticas Setoriais,de Inovao, Regulao e Infraestrutura, SubstitutoCarlos Eduardo Fernandez da Silveira

    Diretor de Estudos e Polticas SociaisJorge Abraho de Castro

    Chefe de GabineteFabio de S e Silva

    Assessor-chefe de Imprensa e ComunicaoDaniel Castro

    Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoriaURL: http://www.ipea.gov.br

  • Braslia, 2011

    Organizadores

    Joo Alberto De Negri Mauro Borges Lemos

    O Ncleo Tecnolgicoda Indstria Brasileira

    Volume 2

  • Repblica Federativa do BrasilDilma RousseffPresidenta

    Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio ExteriorFernando PimentelMinistro

    Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial - ABDIMauro Borges LemosPresidente

    Maria Luisa Campos Machado LealDiretora

    Clayton CampanholaDiretor

    Coordenao do Estudo - ABDIRogrio Dias de ArajoCarlos Henrique de Mello e Silva

    O ncleo tecnolgico da indstria brasileira / organizadores: Joo Alberto De Negri, Mauro Borges Lemos.- Braslia : Ipea : FINEP : ABDI, 2011. 2. v. : grfs., tabs.

    Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7811-112-0

    1. Tecnologia Industrial. 2. Empresas Industriais. 3. Indstria. 4. Inovaes Tecnolgicas. 5. Brasil. I. De Negri, Joo Alberto. II. Lemos, Mauro Borges. III. Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada.IV. Financiadora de Estudos e Projetos (Brasil). V. Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial.

    CDD 338.064

  • SUMRIOVOLUME 1

    APRESENTAO .................................................................................................... 09

    CAPTULO 1 EMPRESAS LDERES NA INDSTRIA BRASILEIRA: RECURSOS, ESTRATGIAS E INOVAO ......................................................................................................... 11Joo Alberto De Negri (IPEA)Mauro Borges Lemos (UFMG)Ricardo Machado Ruiz (UFMG)Fernanda De Negri (IPEA)

    CAPTULO 2 INDSTRIA AERONUTICA.................................................................................... 57Ricardo Machado Ruiz (UFMG)Edson Paulo Domingues (UFMG)Pedro Vasconcelos Amaral (UFMG)

    CAPTULO 3 AGROINDSTRIA .................................................................................................. 121Eduardo Gonalves (UFJF)Mauro Borges Lemos (UFMG)Thiago Caliari (UFMG)Edson Paulo Domingues (UFMG)Pedro Vasconcelos Amaral (UFMG)Ricardo Machado Ruiz (UFMG)

    CAPTULO 4SETOR AUTOMOTIVO ............................................................................................. 313Fernanda De Negri (IPEA)Luiz Bahia (IPEA)Lenita Turchi (IPEA)Joo Alberto De Negri (IPEA)

    CAPTULO 5INDSTRIA DE BENS DE CAPITAL.......................................................................... 409Bruno Csar Arajo (IPEA)

    CAPTULO 6INDSTRIA DO COURO, CALADOS E ARTEFATOS ................................................ 515Mauro Borges Lemos (UFMG)Edson Paulo Domingues (UFMG)Pedro Vasconcelos Amaral (UFMG)Ricardo Machado Ruiz (UFMG)

    CAPTULO 7BASE INDUSTRIAL DE DEFESA............................................................................... 595Bruno Csar de Araujo (IPEA)Fernanda De Negri (IPEA)Joo Alberto De Negri (IPEA)Lenita Turchi (IPEA)

  • VOLUME 2

    CAPTULO 8COMPLEXOS INDUSTRIAIS LIGADOS A ENERGIA .................................................. 665Fernanda De Negri (IPEA)Luiz Esteves (UFPR)Alexandre Messa (IPEA)

    CAPTULO 9INDSTRIA DE MVEIS, MADEIRAS E ARTEFATOS ................................................ 757Mauro Borges Lemos (UFMG)Edson Paulo Domingues (UFMG)Pedro Vasconcelos Amaral (UFMG)Ricardo Machado Ruiz (UFMG)

    CAPTULO 10INDSTRIA NAVAL ................................................................................................ 835Joo Alberto De Negri (IPEA)Luis Claudio Kubota (IPEA)Lenita Turchi (IPEA)

    CAPTULO 11HIGIENE PESSOAL, PRODUTOS DE LIMPEZA ......................................................... 907Jos Mauro de Morais (IPEA)

    CAPTULO 12TRANSFORMADOS PLSTICOS .............................................................................. 975Bruno Csar Arajo (IPEA)Fernanda De Negri (IPEA)

    CAPTULO 13COMPLEXO INDUSTRIAL DA SADE ..................................................................... 1029Ricardo Machado Ruiz (UFMG)Thiago Caliari (UFMG)Pedro Vasconcelos Amaral (UFMG)Edson Paulo Domingues (UFMG)Rogrio Arajo (ABDI)

    CAPTULO 14INDSTRIA TXTIL E DE VESTURIO ..................................................................... 1175Eduardo Gonalves (UFJF)Mauro Borges Lemos (UFMG)Edson Paulo Domingues (UFMG)Pedro Vasconcelos Amaral (UFMG)Ricardo Machado Ruiz (UFMG)

    CAPTULO 15INDSTRIA DE TECNOLOGIA DA INFORMAO E COMUNICAO ...................... 1275Luis Claudio Kubota (IPEA)

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 665

    COMPLEXOS INDUSTRIAISLIGADOS A ENERGIA

    Fernanda De NegriLuiz EstevesAlexandre Messa

    1. Descrio das cadeias produtivas analisadas

    1.1. Matriz energtica brasileira e os complexos industriais ligados energia

    A matriz energtica brasileira tem sido caracterizada pela preponderncia de duas principais fontes primrias de energia: petrleo e energia hidrulica. Em 2000, essas duas fontes representavam 60% de toda a produo de energia no pas. Se considerarmos ainda, o gs natural, petrleo e gs representavam, nesse ano, 52% de toda a produo.

    No perodo recente, ocorreram algumas modificaes relevantes na matriz energtica brasileira. Houve um crescimento acentuado da participao dos produtos da cana-de-acar no total da produo energtica brasileira, de 11% em 2000 para 17% em 2007, fazendo com que essa fonte passasse da 4 para a 2 colocao nessa matriz.

    O crescimento da participao dos derivados da cana na matriz energtica brasileira foi impulsionado por vrios fatores. Alguns desses fatores tambm so responsveis pelo crescimento da importncia dos biocombustveis no mundo. Segundo Sachs (2005) esses fatores so os seguintes: i) existe um relativo consenso, entre os gelogos, de que entramos em um perodo, embora longo, de incio do esgotamento das reservas mundiais de petrleo; ii) o fator geopoltico, relacionado com os crescentes custos do abastecimento de petrleo a partir do Oriente Mdio; iii) o problema ambiental tambm tem aumentado as presses em torno da utilizao de combustveis fsseis.

  • 666 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    TABELA 1.1

    Participao das diferentes fontes de energia primria na oferta interna bruta de energia no Brasil: 2000 a 2007

    Fonte primria 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

    Petrleo 46% 45% 43% 41% 41% 40% 39% 37%

    Produtos da cana 11% 12% 13% 14% 14% 14% 15% 17%

    Energia hidrulica 14% 12% 13% 13% 13% 13% 13% 13%

    Lenha 13% 12% 12% 13% 13% 13% 12% 12%

    Gs natural 6% 7% 8% 8% 9% 9% 10% 9%

    Carvo metalrgico 5% 5% 5% 5% 5% 5% 4% 5%

    Outras fontes primrias 2% 2% 3% 3% 3% 3% 3% 3%

    Urnio 1% 2% 3% 2% 3% 2% 2% 2%

    Carvo vapor 1% 1% 1% 1% 1% 1% 1% 1%

    Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

    Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados do Balano Energtico Nacional da Empresa de Pesquisa Energtica (EPE). Dis-ponvel em https://ben.epe.gov.br/BENSeriesCompletas.aspx.

    No caso brasileiro, o histrico de desenvolvimento tecnolgico em biocombustveis, particularmente etanol e o desenvolvimento de motores bicombustveis tm contribudo para a ampliao da participao dos derivados da cana na matriz energtica brasileira.

    Outra mudana relevante est relacionada com o aumento da produo e do consumo (especialmente pela indstria) do gs natural e seus derivados. Se considerarmos o petrleo, o gs natural e os produtos derivados da cana, esse conjunto de produtos representa 63% da matriz energtica brasileira. Essa a razo para que o setor de petrleo e combustveis tenha sido escolhido como o foco central deste captulo.

    Alm disso, a poltica de desenvolvimento produtivo prev aes e medidas relacionadas a trs complexos industriais relacionados energia. So eles o complexo de petrleo e petroqumica, o de bioetanol e o de energia nuclear, alm do biodiesel.

    Dadas essas circunstncias, a primeira parte desse captulo analisar o setor de petrleo e combustveis (onde esto includas a produo de petrleo e

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 667

    derivados, gs natural e etanol). Como no poderamos falar do setor de petrleo sem analisar seus encadeamentos a jusante, a segunda parte do captulo trata do setor petroqumico.

    Como nos demais captulos, nosso foco so as empresas industriais com mais de 30 pessoas ocupadas nesses dois complexos produtivos. A prxima seo traa um panorama desses complexos e de seus encadeamentos na estrutura industrial brasileira.

    1.2. Descrio das cadeias industriais ligadas ao complexo de Energia

    O objetivo da presente seo apresentar e analisar as cadeias produtivas industriais relacionadas ao complexo brasileiro de energia: petrleo e combustveis e petroqumica. Como ser verificado ao longo deste trabalho, o complexo de energia formado por setores altamente heterogneos, onde seus subsetores mostram diferentes graus de intensidade tecnolgica e internacionalizao.

    A metodologia utilizada para a obteno dos resultados a serem apresentados ao longo desta seo envolveu a construo de uma matriz de insumo-produto. Tal instrumento revela as ligaes entre os setores econmicos nas compras e vendas de produtos entre os setores, no uso de fatores de produo (capital e trabalho) e nas vendas dos setores para os componentes da demanda final.

    A anlise das relaes inter-setoriais atravs da matriz de insumo-produto importante no somente para compreender a heterogeneidade dos setores, mas tambm permite avaliar a insero dos setores na estrutura produtiva brasileira, a partir de indicadores de composio das vendas, das inter-relaes setoriais na cadeia produtiva e com as demais cadeias produtivas.

    Para o propsito deste trabalho, uma matriz insumo-produto foi construda a partir das informaes disponibilizadas pelo IBGE (IBGE, 2008) e os dados obtidos pela equipe. A identificao das cadeias produtivas seguiu a metodologia tradicional (Haguenauer, Bahia, Castro et al., 2001). A delimitao das cadeias produtivas dos setores analisados considerou as transaes de maior valor, at o total de 90% do consumo e/ou fornecimento intermedirio. Foram desconsiderados nesse clculo, para cada setor, o auto-consumo (intra-setorial), os servios e os insumos de uso difundido (tanto compras como vendas).

    A partir da matriz de insumo-produto foi implementado um modelo de insumo-produto, que gerou os multiplicadores de produo e emprego dos setores

  • 668 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    analisados, seguindo o padro da literatura (e.g. Miller e Blair, 1985). Dados obtidos pela equipe do projeto permitiram obter multiplicadores de emprego por qualificao da mo-de-obra (ensino superior, ensino mdio e inferior).

    Neste captulo foram analisadas 4 cadeias produtivas industriais ligadas ao complexo da energia: Derivados do petrleo (CNAE 232), lcool (CNAE 234), Qumicos orgnicos (CNAE 242) e Resinas e elastmeros (243). No caso de Derivados do petrleo e Qumicos orgnicos, os setores da matriz insumo-produto Refino de Petrleo e Coque, e Produtos Qumicos tiveram que ser desagregados. lcool e Resinas e Elastmeros j estavam desagregados nos dados originais.

    As vendas setoriais de Derivados do petrleo, lcool, Qumicos orgnicos e Resinas e elastmeros foram decompostas em 4 categorias para a demanda final: exportaes, consumo das famlias, formao bruta de capital fixo (investimento) e outras demandas (consumo do governo e variao de estoques). Para a demanda intermediria, as vendas para os demais setores so analisadas. As compras domsticas de insumos e as importaes tambm foram incorporadas anlise, tendo em vista os elevados fluxos de importao na cadeia de Derivados e Qumicos orgnicos.

    FIGURA 1.1

    Cadeia produtiva de Derivados do petrleo 2005 (R$ milhes)

    Qumicos orgnicos

    Servios prestadoss empresas

    lcool

    Petrleo e gsnatural

    Derivados doPetrleo

    Importao

    Consumo dasfamlias

    Transporte,armazenamento e

    correio

    Qumicosorgnicos

    Exportao debens

    Comrcio

    Transporte,armazenamento e

    correio 2069

    1775

    1686

    80263

    21131

    115821

    48773

    34306

    14882

    11654

    6206

    71141

    3592

    22657

    Fonte: Elaborao prpria a partir da MIP 2005.

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 669

    A Figura 1.1 apresenta a cadeia de Derivados do petrleo. As setas representam fluxos monetrios dos setores de origem (vendedor) para destino (comprador). A cadeia do setor apresenta uma caracterstica de concentrao de compras e relativa disperso das vendas. As compras de Petrleo e gs natural domsticas representam 55% das compras domsticas totais do setor (71,4 bilhes de reais); assim como as importaes representadas na figura so compostas essencialmente por esse insumo (21,3 bilhes de reais em 2005). A compra de lcool tambm representa um fluxo importante na cadeia de Derivados. As vendas do setor so concentradas para o consumo das Famlias e Transportes, alm de Qumicos orgnicos. Assim, a cadeia de Derivados se conecta com a de lcool via insumos, e com a de Qumicos orgnicos pelas vendas. A compra de lcool deve estar relacionada principalmente obrigatoriedade da mistura desse combustvel na gasolina vendida aos consumidores domsticos.

    O setor de derivados de petrleo apresenta um dficit em transaes com o exterior no valor de 9,4 bilhes. As importaes representam, aproximadamente, 21% do montante despendido pelo setor na compra de insumos intermedirios. J as exportaes constituem, aproximadamente, 10% da receita total do setor.

    Vale lembrar que as importaes constituem um fator de fundamental importncia para o setor, principalmente no caso do petrleo cru. Verificaremos na prxima seo que o pas alcanou resultados considerveis na extrao de petrleo durante a ltima dcada. No entanto, alguns produtos comercializados pela indstria de derivados necessitam de insumos de qualidade superior aos ofertados pela indstria nacional de extrao, tais como o petrleo leve de superfcie.

    A cadeia do lcool apresentada na Figura 1.2. A compra de insumos da Agricultura significativa (66% do total de insumos), como esperado dada a importncia da cana-de-acar nesse processo produtivo (praticamente todo o fluxo de 4,62 bilhes de compras representadas na figura corresponde a cana-de-acar). As vendas do setor de lcool se concentram para o consumo das Famlias, Derivados de petrleo e Comrcio. Neste caso, a matriz deve contabilizar, na venda para famlias, apenas o lcool combustvel. O lcool que misturado com a gasolina deve estar contabilizado tanto na distribuio pelo setor Comrcio como pelas vendas para o setor de Derivados.

    No que diz respeito s transaes externas, verificamos que as importaes do setor no so contabilizadas na cadeia por conta de sua contribuio marginal para o montante de compras do setor. J as exportaes constituem 12,3% das vendas setoriais.

  • 670 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    FIGURA 1.2Cadeia produtiva de lcool, 2005 (R$ milhes)

    Derivados do petrleo

    Intermediaofinanceira e seguros

    Agricultura, silviculturae explorao florestal

    lcool

    Consumo dasfamlias

    Derivados dopetrleo

    Exportao debens

    Defensivosagrcolas

    Mquinas eequipamentos,

    inclusive manutenoe reparos

    262

    202

    193

    5873 12874

    4882

    3592

    2032

    1585

    783

    4625

    400

    Produtos de metalexclusive mquinas e

    equipamentos 191

    Comrcio

    Alimentos e bebidas

    Fonte: Elaborao prpria a partir da MIP 2005.

    O setor de Qumicos orgnicos apresenta uma cadeia produtiva bastante concentrada no lado da compra de insumos, inclusive de importaes (Figura 1.3). A conexo com a cadeia de Derivados mostra-se importante, j que estas compras representam 24% do total de insumos. As importaes significam 21% das compras de insumos do setor, correspondendo a 13,2 bilhes de reais em 2005. A produo do setor destina-se principalmente ao setor Agrcola, Resinas e Elastmeros, Ao e Derivados e Plsticos. Na demanda final destaca-se apenas as exportaes (6,67 bilhes de reais em 2005).

    O setor de Qumicos orgnicos apresenta um dficit em transaes com o exterior no valor de 6,5 bilhes. As importaes representam, aproximadamente, 47% do montante de compras do setor. J as exportaes constituem, aproximadamente, 16% da sua receita total. Os insumos importados tambm so de fundamental importncia para a indstria nacional de qumicos orgnicos, uma vez que estes insumos (derivados de petrleo, por exemplo) so intensivos em tecnologia, ou seja, produtos intensivos em pesquisa e desenvolvimento (P&D). O setor de qumicos orgnicos, que tambm necessita desenvolver produtos tecnologicamente intensivos, incorpora nova tecnologia em seus produtos finais a partir do elevado nvel de P&D incorporado em seus insumos intermedirios.

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 671

    FIGURA 1.3

    Cadeia produtiva de Qumicos orgnicos, 2005 (R$ milhes)

    Intermediaofinanceira e seguros

    Eletricidade e gs,gua, esgoto elimpeza urbana

    QumicosOrgnicos

    Importao

    Agricultura,silvicultura e

    explorao florestal

    Resinas eelastmeros

    Exportao de bens

    Plstico

    Outros da indstriaextrativa 4982

    3321

    2757

    25942

    13202

    41032

    16025

    11164

    6671

    3665

    3507

    14882

    12120

    Derivados dopetrleo

    Fabricao de ao ederivados

    Fonte: Elaborao prpria a partir da MIP 2005.

    FIGURA 1.4

    Cadeia produtiva de Resinas e elastmeros, 2005 (R$ milhes)

    Derivados dopetrleo Importao

    Plstico

    Borracha

    Qumicosorgnicos

    Exportao de bens

    Mquinas,equipamentos ematerial eltrico

    Produtos epreparados

    qumicos diversos 835

    829

    650

    14896

    1655

    22012

    9352

    4071

    3733

    1870

    1715

    11164

    1418

    Eletricidade e gs,gua, esgoto elimpeza urbana

    Intermediaofinanceira eseguros

    Resinas eelastmeros

    Mveis e produtosdas indstrias

    diversas1271

    Produtos epreparados

    qumicos diversos

    1451

    Fonte: Elaborao prpria a partir da MIP 2005.

  • 672 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    A cadeia do setor de Resinas e Elastmeros apresentada na Figura 1.4. O setor de qumicos orgnicos concentra 75% das compras efetuadas pelo setor de resinas e elastmeros no mercado domstico, um montante de 11,16 bilhes. No lado das vendas, constatamos que o setor de plstico, de borracha e o setor externo concentram 78% das vendas do setor.

    O setor de Resinas e Elastmeros apresenta um supervit de transaes externas de 2,41 bilhes. Cabe mencionar que o setor exerce liderana nas exportaes brasileiras de empresas de mdio porte. No ano de 2004 o setor foi responsvel por 4,9% das exportaes de empresas brasileiras de mdio porte1.

    As cadeias representadas nas Figuras 1.1 a 1.4 indicam que os setores industriais ligados energia esto bastante relacionados em termos de compras e vendas. A Figura 1.5 representa as principais conexes entre os quatro setores analisados. As compras de Petrleo e Gs (domsticas e importadas) representam o insumo inicial e mais significativo da cadeia produtiva, alimentando o setor de Derivados. Estes representam um insumo significativo para Qumicos Orgnicos, e tambm no consumo das Famlias. Derivados tambm so um demandante significativo de lcool, cuja principal fonte de demanda so as vendas para as Famlias. Por fim, Resinas e Elastmeros se posicionam a jusante da cadeia produtiva, consumindo insumos de Qumicos Orgnicos e vendendo a outros setores.

    A relevncia do comrcio exterior no encadeamento produtivo dos setores de energia tambm merece destaque. As importaes do complexo somam 34,3 bilhes, valor equivalente s compras de lcool pelo setor de derivados (35,9 bilhes). No entanto, o leitor verificar na prxima seo que a indstria brasileira tem reduzido as importaes de petrleo e derivados na ltima dcada.

    O prximo passo desta seo analisar os multiplicadores setoriais de produo e emprego. A Tabela 1.1 apresenta os multiplicadores simples de produo dos setores, obtidos a partir do modelo de insumo-produto da economia brasileira.

    1 http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=630

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 673

    FIGURA 1.5 Encadeamento produtivo dos setores industriais ligados ao Complexo de Energia, 2005 (R$ milhes)

    lcool

    QumicosOrgnicosPetrleo e

    GsFamlias

    3592

    14882

    48773

    4882

    13202

    11164

    71141

    4625Agricultura

    Derivados

    21131

    Resinas eElastmeros

    Importaes

    Fonte: Elaborao prpria a partir da MIP 2005.

    Os nmeros representam a capacidade de gerao de atividade econmica dos setores na economia para cada unidade monetria de produo ou demanda pelos produtos dos setores. Os multiplicadores obtidos encontram-se um pouco acima da mdia da economia brasileira em 2005.

    TABELA 1.1 Multiplicador Simples de Produo (2005)

    Subsetor

    Multiplicador Simples de Produo Participao no mult. (%)

    Total(A+B)

    Direto(A)

    Indireto(B)

    Direto(A/Total)

    Indireto(B/Total)

    Derivados do petrleo 2.11 1.17 0.93 55.7 44.3

    lcool 1.79 1.00 0.78 56.2 43.8

    Qumicos orgnicos 2.18 1.19 0.99 54.4 45.6

    Resinas e elastmeros 2.18 1.06 1.12 48.4 51.6

    Fonte: Elaborao prpria a partir da MIP 2005.

    O setor de lcool o que apresenta o menor efeito multiplicador entre os quatro setores. Esse um resultado esperado, dada a concentrao da compra de insumos do setor Agropecurio e das vendas para Famlias. Os resultados tambm indicam a predominncia do efeito direto (no prprio setor), a no ser para Resinas e Elastmeros.

  • 674 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    Os multiplicadores dos setores de qumicos orgnicos e resinas e elastmeros so idnticos, 2,18. No entanto, o efeito direto do setor de qumicos orgnicos superior ao efeito direto apresentado pelo setor de resinas e elastmeros, 1,19 e 1,06, respectivamente. Estes setores apresentam os maiores multiplicadores do complexo de energia.

    O setor de derivados de petrleo apresenta um multiplicador simples de produo de 2,11, sendo que o efeito direto corresponde a 55,7% do efeito total. Com exceo do setor de resinas e elastmeros, todos os demais setores apresentam uma participao de efeito direto sobre o efeito total de aproximadamente 55%. J o setor de lcool o nico que apresenta multiplicador inferior a 2.

    Os multiplicadores de emprego podem ser calculados a partir dos coeficientes de emprego de todos os setores da economia e da matriz de multiplicadores (inversa de Leontief). Seu clculo segue o descrito em Miller e Blair (1985). Os multiplicadores de emprego representam, para cada setor, a capacidade de gerao e propagao de empregos na economia decorrente da expanso da produo (ou demanda) dos seus produtos. Assim, os multiplicadores indicam quais setores possuem capacidade relativamente maior de gerao de emprego na economia, tanto em termos totais como por qualificao (nvel educacional) da mo-de-obra.

    Para o clculo desse multiplicador, os dados de emprego por setor foram distribudos por 3 componentes, de acordo com a qualificao (educao) dos trabalhadores: superior, mdio e inferior (Tabela 2.2). Coeficientes de emprego, que representam o nmero de trabalhadores dividido pelo valor da produo, foram obtidos para cada um dos setores (Tabela 2.3), e, conjugados com o modelo de insumo-produto, permitem que se obtenham multiplicadores de emprego para os setores analisados.

    A Tabela 1.2 apresenta a distribuio do pessoal ocupado no complexo por setor e por qualificao da mo-de-obra. Os principais pontos de destaque desta tabela so o tamanho do emprego do setor de lcool e a heterogeneidade da composio do emprego qualificado nos setores. O emprego no setor de lcool 42% maior que a soma do emprego dos demais setores. No entanto, quando analisamos a qualificao dos trabalhadores, percebemos que o emprego no setor de lcool absorve apenas 3,5% de trabalhadores com curso superior, enquanto que tal percentual para trabalhadores com educao inferior de 76,5%.

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 675

    TABELA 1.2

    Pessoal Ocupado (2005)

    Total Superior Mdio Inferior

    Derivados do petrleo 18.377 9.512 7.485 1.380

    lcool 74.778 2.643 14.858 57.277

    Qumicos orgnicos 24.336 5.448 7.430 11.457

    Resinas e elastmeros 10.324 3.786 4.735 1.803

    Fonte: Elaborao prpria a partir da MIP 2005.

    O setor de derivados de petrleo aquele que absorve o maior percentual de trabalhadores com educao superior (52%), seguido pelos setores de resinas e elastmeros (36%) e qumicos e orgnicos (22%). Na seo 4 deste trabalho o leitor verificar que o setor de derivados de petrleo tambm absorve uma grande quantidade de mestres e doutores para atividades exclusivas em pesquisa e desenvolvimento (P&D).

    A Tabela 1.3 apresenta os coeficientes setoriais de emprego, por setor e tipo de qualificao. A tabela revela o elevado coeficiente de emprego no setor de lcool (5,91), bastante concentrado para o emprego de nvel inferior (4,53). Para Derivados o coeficiente de emprego baixo (0,15), indicando a predominncia da utilizao de capital e o elevado valor da produo. Nesse setor a participao do emprego de nvel superior a mais significativa (0,08). J os coeficientes de emprego para os setores de qumicos orgnicos e elastmeros so de 1,85 e 1,14, respectivamente.

    TABELA 1.3

    Coeficientes setoriais de emprego (2005)

    Coeficiente de emprego (Pessoal Ocupado/Valor da produo)

    Total Superior Mdio Inferior

    Derivados do petrleo 0,15 0,08 0,06 0,01

    lcool 5,91 0,21 1,17 4,53

    Qumicos orgnicos 1,85 0,45 0,68 0,72

    Resinas e elastmeros 1,14 0,35 0,56 0,23

    Fonte: Elaborao prpria a partir da MIP 2005.

  • 676 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    A Tabela 1.4 apresenta os multiplicadores simples de emprego. Deve-se ressaltar que os multiplicadores so indicadores que desconsideram o nvel de atividade dos setores, assim mesmo setores com valor de produo menor podem apresentar multiplicadores maiores.

    TABELA 1.4 Multiplicador Simples de Emprego (ocupaes/R$ milhes , 2005)

    Total Superior Mdio Inferior

    (A+B+C) (A) (B) (C)

    Derivados do petrleo 11.8 1.1 5.0 5.7

    lcool 47.6 1.5 7.6 38.5

    Qumicos orgnicos 15.6 1.8 6.3 7.5

    Resinas e elastmeros 13.9 1.7 5.5 6.7

    Fonte: Elaborao prpria a partir da MIP 2005.

    Derivados possui um efeito multiplicador de 11,8 na economia, indicando uma capacidade de gerao de 12 empregos para cada 1 milho de reais de produo do setor; destes empregos gerados, apenas 1,1 so de educao superior (9%), 5 so de nvel mdio (43%) e preponderam 5,7 de nvel inferior (48% do efeito total). Assim, apesar da elevada participao de pessoal ocupado de nvel superior no setor, a gerao de emprego mdio e inferior a mais significativa devido s inter-relaes de compras e vendas com setores de elevado coeficiente de emprego inferior.

    O setor de lcool apresenta um efeito multiplicador bastante distinto dos demais setores de energia analisados. O setor apresenta o maior efeito multiplicador de emprego, de 47,6 na economia, indicando uma capacidade de gerao de 48 empregos para cada 1 milho de reais de produo do setor. Esta gerao de empregos concentra-se em empregos de nvel inferior (81% do efeito total, ou cerca de 40 empregos). Esta caracterstica de gerao de emprego resulta no s do elevado nvel de pessoal ocupado inferior no setor, assim como pelas relaes de compra de insumos da Agricultura, que tambm se caracteriza pela utilizao de mo-de-obra nesse nvel de qualificao.

    Qumicos Orgnicos e Resinas apresentam efeitos multiplicadores de emprego semelhante, na ordem de 14 a 15 empregos gerados para cada 1 milhes de reais de produo. Os empregos gerados por estes setores se concentram nos nveis mdios e inferiores de qualificao da mo-de-obra.

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 677

    PARTE 1O SETOR DE PETRLEO E COMBUSTVEIS

    2. O Desempenho dos Setores de Petrleo e Combustveis (1997-2007)

    2.1. A Evoluo do Setor de Extrao de Petrleo e Servios Correlatos

    O objetivo desta seo verificar a evoluo do setor de extrao de petrleo e servios correlatos no perodo de 1997-2007. Para tanto, analisaremos a evoluo de um conjunto selecionado de indicadores econmicos. O primeiro conjunto de indicadores reportado na Tabela 2.12.

    Podemos constatar que o nmero de estabelecimentos do setor cresce de forma ininterrupta durante o perodo, sendo que no primeiro ano da srie histrica, em 1997, o nmero de estabelecimento no setor era de 34 e, no ltimo ano da srie, em 2006, o nmero de estabelecimentos alcana o valor de 135.

    TABELA 2.1

    Indicadores recentes sobre a evoluo do setor de Extrao de Petrleo e Servios Correlatos (Cdigo CNAE 11)

    1997 2000 2003 2006

    Nmeros de unidades locais 34 51 111 135

    Pessoal ocupado em 31/12 18553 17844 25402 36445

    Salrios, retiradas e outras remuneraes 1461416 1456620 2307056 3184313

    Valor bruto de produo industrial (*) 6886028 16490863 23937815 30200905

    Custos de operaes industriais (*) 1369972 1609423 2337449 4788172

    Valor da transformao industrial (*) 5514266 14881439 21600367 25412733

    Notas: (*) Valores em R$ 1000; (1) Valores monetrios a preos de 2006; (2) Salrios, retiradas e outras remuneraes deflacio-nados pelo IPCA; (3) Demais valores monetrios deflacionados pelo IPA-setorial;

    Fonte: PIA/IBGE.

    2 A descrio das variveis apresentada com detalhes no quadro 1.

  • 678 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    Enquanto o nmero de estabelecimentos do setor apresentou um crescimento de aproximadamente quatro vezes, o nvel de emprego tambm cresceu, porm com desempenho mais modesto. O emprego praticamente duplicou no perodo, porm os primeiros anos da srie, 1997-2000, foram de estagnao do indicador. Apenas em 2001 o setor recupera o nvel de emprego de 1997 e, a partir da, comea a crescer a taxas de, aproximadamente, 12% ao ano.

    A remunerao total real do fator trabalho (salrios e outras remuneraes) apresentou comportamento similar ao do emprego. Apenas a partir de 2001 o setor comea a elevar os gastos reais com folha de pagamento (aumento de aproximadamente 90% entre 2001-2006), o que no significa que os salrios mdios reais tenham observado igual desempenho.

    Esse quadro de estagnao do emprego e salrios no perodo 1997-2000 no se trata de uma especificidade do setor. Na realidade, esse comportamento foi observado de forma generalizada para a maioria dos setores que compem a indstria extrativa e de transformao. Devemos lembrar que tal perodo foi caracterizado por vrias crises em pases emergentes que trouxeram repercusses negativas para o Brasil, alm da prpria crise cambial brasileira em 1999 e a crise energtica de 2001.

    No que diz respeito ao desempenho produtivo do setor, podemos verificar que o valor bruto de produo industrial cresceu, em termos reais, 4,38 vezes no perodo 1997-2006, o que corresponde a uma taxa de crescimento anual de aproximadamente 16%. Essa dimenso de crescimento no se trata de um fato generalizado da indstria brasileira. No ano de 1997, o valor bruto da produo do setor correspondia a 0,61% do valor bruto total da produo das indstrias extrativa e de transformao. No ano de 2006, esse percentual correspondia a 2,38%, ou seja, o setor aumentou sua participao no valor bruto total da indstria em aproximadamente 4 vezes durante os 10 anos analisados.

    Comportamento similar verificado para os custos de operaes industriais. O aumento verificado no perodo de 1997-2006 foi de aproximadamente 3,5 vezes, em termos reais, ou seja, uma taxa mdia de crescimento anual de 13,4%.

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 679

    GRFICO 2.1

    Produo de Petrleo, quantidade mdia diria em barris (mil)

    Fonte: IPEADATA.

    O excepcional desempenho do valor bruto da produo industrial e respectivo aumento dos custos de operaes industriais para o setor de extrao de petrleo e servios correlatos podem ser explicados tanto pelo aumento da produo fsica, quanto pelo aumento dos preos do petrleo cru durante o perodo analisado.

    A produo brasileira de petrleo (em barris) apresenta tendncia crescente desde o final da dcada de 70, conforme pode ser visto no Grfico 2.1. Em janeiro de 1997 a quantidade mdia produzida de petrleo era de 861 mil barris/dia, enquanto que em dezembro de 2006 esse valor alcanava uma mdia diria de 1.875 mil barris, ou seja, a produo fsica de petrleo mais do duplicou no perodo aqui analisado, apresentando assim uma taxa mdia de crescimento de 8% ao ano.

  • 680 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    O crescimento de 8% na produo fsica de petrleo explica apenas uma parte do crescimento mdio anual de 16% no valor bruto de produo industrial do setor. O outro componente fundamental para explicar o desempenho do valor da produo o comportamento do preo do petrleo no perodo.

    O preo internacional do petrleo cru tem apresentado grande variabilidade desde o incio da dcada de 70, conforme pode ser visto no Grfico 2.2. No entanto, nossa anlise ser restrita apenas ao comportamento dos preos no perodo 1997-2006.

    Para o nosso perodo de anlise, o ano de 1997 apresentou a menor cotao para o preo mundial do barril de petrleo cru. O preo inferior a US$ 15/barril, cotado em 1997, alcanava os mesmos nveis de preos praticados nos anos que antecederam o primeiro choque do petrleo, em 1973.

    GRFICO 2.2

    Evoluo do preo do petrleo cru (preos de 2006 US$/barril)

    Fonte: http://www.wtrg.com/prices.htm.

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 681

    A partir de 1998 vrios fatores influenciaram uma trajetria crescente no preo do petrleo. O corte na produo em 4,2 milhes de barris pela OPEP mudou a trajetria dos preos e fez com que a cotao do barril superasse os US$ 30 em 2000. O atentado s torres gmeas do WTC em 11 de setembro de 2001 fez com que uma nova espiral de preos, reforada pelas guerras do Iraque e pelo crescimento da China, conduzisse a cotao do preo mundial do petrleo a US$ 60/barril em 2005. Desse modo, podemos constatar que a cotao do preo do barril do petrleo quadruplicou entre 1997 e 2006.

    O valor da transformao industrial (VTI) do setor tambm cresceu de forma significativa no perodo 1997-2006. Durante os 10 anos analisados o VTI cresceu, em termos reais, 4,6 vezes, o que corresponde a uma taxa mdia de crescimento anual de 16,5%.

    2.2. A Evoluo do Setor de Fabricao de Coque, Refino de Petrleo, Elaborao de Combustveis Nucleares e Produo de lcool

    Assim como verificado na seo anterior, o objetivo desta seo analisar a evoluo do setor de fabricao de coque, refino de petrleo, elaborao de combustveis nucleares e produo de lcool a partir de um conjunto selecionado de indicadores de atividade econmica. Esses indicadores so reportados na Tabela 2.2.

    O primeiro indicador de interesse o nmero de estabelecimentos do setor e sua evoluo ao longo do perodo analisado. Em 1997, primeiro ano da srie, o nmero de estabelecimentos do setor era de 377 unidades produtivas. Esse nmero de estabelecimentos sofre forte reduo a partir de 1998 e em 2002 alcana seu menor valor da srie histrica, 266 unidades. Em 2003 o setor recupera a quantidade de estabelecimentos de 1997, 375 estabelecimentos, e em 2004 encontramos o maior valor da srie, 435. A partir de 2005 o nmero de estabelecimentos inicia um novo processo de reduo.

    Quando analisamos a evoluo do nvel de emprego do setor, podemos verificar que os dois processos de reduo de unidades produtivas mencionados acima, 1998-2002 e 2005-2006, apresentam comportamentos bem distintos.

  • 682 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    TABELA 2.2 Fabricao de Coque, Refino de Petrleo, Elaborao de Combustveis Nucleares e Produo de lcool (Cdigo CNAE 23)

    1997 2000 2003 2006

    Nmeros de unidades locais 377 317 375 326

    Pessoal ocupado em 31/12 107404 62849 81389 105550

    Salrios, retiradas e outras remuneraes 2918957 2159279 3098548 3914155

    Valor bruto de produo industrial (*) 56633686 84178304 89787119 104612157

    Custos de operaes industriais (*) 32301274 24283224 31658028 36445553

    Valor da transformao industrial (*) 24332409 59895079 58129091 68166603

    Notas: (*) Valores em R$ 1000; (1) Valores monetrios a preos de 2006; (2) Salrios, retiradas e outras remuneraes deflacio-nados pelo IPCA; (3) Demais valores monetrios deflacionados pelo IPA-setorial; Fonte: PIA/IBGE.

    O primeiro processo de reduo de estabelecimentos acompanhado por uma queda do emprego setorial: no ano de 1997 o setor empregava 107.404 trabalhadores e este nmero chegou a ser reduzido para 62.849 trabalhadores em 2000.

    A partir do ano de 2002 o emprego retoma uma trajetria crescente e ininterrupta at o ano de 2006, com taxa mdia de crescimento anual de 9%. Neste perodo observamos um aumento de 169 unidades produtivas entre 2002-2004 e uma correspondente expanso de 21.370 postos de trabalho. J no perodo 2004-2006 observamos uma expanso de 15.936 postos de trabalho acompanhados com uma reduo de 109 plantas.

    Cabe notar ainda que, embora o emprego do setor tenha observado forte expanso a partir de 2002, o nvel de emprego da srie no alcanou, at o ano de 2006, os 107.404 postos de trabalhos de 1997. Desempenho este muito inferior ao apresentado pelo setor de extrao de petrleo e servios correlatos que, como j visto, praticamente dobrou entre 1997-2006. No entanto, deve-se tomar em considerao o fato de que o processo de ajuste do emprego no setor foi muito mais acentuado do que aquele observado pelo setor de extrao de petrleo e servios correlatos

    A remunerao total real do fator trabalho (salrios e outras remuneraes) apresentou forte reduo no ano de 1998, recuperando apenas em 2003 os nveis de 1997. No entanto, quando calculamos a remunerao mdia anual por trabalhador,

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 683

    constatamos que houve um aumento real dos salrios de aproximadamente 3,1% ao ano durante o perodo, enquanto que o aumento dos salrios reais verificado no setor de extrao de petrleo e servios correlatos foi de aproximadamente 1% ao ano. Contudo, deve-se ter claro que os salrios pagos pelo setor de extrao e servios correlatos so, em mdia, 2,5 vezes maiores que os pagos pelo setor analisado nesta seo.

    No que diz respeito ao desempenho produtivo do setor, podemos verificar que o valor bruto de produo industrial cresceu, em termos reais, 84,7 % no perodo 1997-2006, o que corresponde a uma taxa de crescimento anual de aproximadamente 6,3%. Podemos verificar que a taxa de crescimento do setor muito inferior quela apresentada pelo setor de extrao de petrleo e servios correlatos, 16% ao ano.

    Considerando o fato de que ambos os setores (extrao e refino de petrleo) compem a mesma cadeia produtiva, o enorme descompasso nas taxas de crescimento do setor responsvel pela extrao (16%) e pelo setor responsvel pelo refino (6,3%) implica, como ser visto nas sees posteriores, em uma maior insero internacional do setor petroqumico no perodo.

    O valor da transformao industrial (VTI) do setor cresceu 2,8 vezes, em termos reais, no perodo 1997-2006, o que corresponde a uma taxa mdia de crescimento anual de 10,8%. A taxa de crescimento mdia anual do VTI (10,8%) superior quela observada para o valor bruto de produo industrial (6,3%) deve-se a estabilidade dos custos de operaes industriais para o setor. O montante de custos industriais cresceu, em termos reais, 12,8% no perodo, o que corresponde a uma taxa de crescimento anual de 1,2%. Esta estabilidade dos custos industriais totais deve-se, em grande medida, aos ajustes de escala incorridos pelas empresas.

    O aumento do VTI derivado, em parte, dos ganhos advindos do aumento real dos preos dos combustveis. A Tabela 2.3 reporta a evoluo dos preos do leo diesel, leo combustvel, gasolina e lcool. O preo do leo diesel apresentou uma trajetria de crescimento ininterrupta, crescendo a uma taxa mdia de 5,7% ao ano. O mesmo ocorreu no caso do leo combustvel, cuja taxa mdia de crescimento anual foi de 6,2%. No caso da gasolina os preos apresentaram ciclos de valorizao e desvalorizao, no entanto se considerarmos os perodos extremos da srie, 1997 e 2006, constatamos uma valorizao de 27,6%. No caso do preo do lcool tambm constatamos um comportamento bastante voltil, no entanto no parece haver qualquer tendncia de valorizao ou desvalorizao do bem.

  • 684 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    TABELA 2.3

    Evoluo dos preos dos combustveis no Brasil: 1997-2006

    PerodoPreo mdio - leo

    diesel (metro cbico)

    Preo mdio - leo combustvel (tonelada)

    Preo mdio - gasolina (metro

    cbico)

    Preo mdio - lcool (metro cbico)

    1997 1063,55 504,36 1990,97 1705,15

    1998 1078,30 496,81 2270,57 1908,94

    1999 1179,94 621,73 2712,27 1535,20

    2000 1284,86 705,90 2952,69 1926,80

    2001 1402,72 751,87 2921,60 1814,56

    2002 1593,11 835,73 2654,17 1587,88

    2003 1756,32 887,98 2507,62 1630,37

    2004 1588,14 832,90 2248,92 1308,51

    2005 1817,46 944,66 2427,51 1445,68

    2006 1863,50 924,11 2540,92 1676,08

    Notas: (1) Valores monetrios (em Reais) a preos de 2006, deflacionados pelo IPA-setorial;Fonte: ANP.

    Outra origem para o aumento do VTI so os ganhos de produtividade. O Grfico 2.3 apresenta a evoluo do VTI por trabalhador e da remunerao mdia por trabalhador (ambos em escala logartmica). Estas variveis so aqui interpretadas como proxies para produtividade do trabalho e salrio anual mdio, respectivamente. Podemos verificar no grfico que as sries apresentam alguma correlao, embora as variaes da produtividade sejam mais acentuadas, enquanto que a srie dos salrios mais bem comportada.

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 685

    GRFICO 2.3

    Evoluo dos salrios e produtividade do trabalho

    Fonte: Elaborao dos autores a partir de dados da PIA/IBGE.

    Podemos constatar ainda que, embora haja algum grau de correlao entre as sries, o crescimento da produtividade do trabalho foi muito superior ao crescimento dos salrios reais. Isto implica que os trabalhadores conseguiram capturar apenas uma pequena parcela de seus ganhos de produtividade. Tal resultado sugere que o crescimento da taxa do retorno do capital no setor foi significativo durante o perodo analisado.

    2.3. A Participao Brasileira no Setor Petrolfero Mundial (1997-2006)

    O objetivo desta seo analisar a participao brasileira no setor petrolfero mundial, bem como sua evoluo no perodo de 1997-2006. Sero analisadas as informaes referentes participao brasileira no consumo, produo e nveis de reservas mundiais, bem como os dados referentes a importaes e exportaes brasileiras de petrleo e seus derivados.

  • 686 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    TABELA 2.4

    Ranking da Petroleum Intelligence Weekly

    Ranking2007

    Ranking2006

    Empresa PasPropriedade Estado

    %

    1 1 Saudi Aramco Saudi Arabia 100

    2 2 NIOC Iran 100

    3 3 Exxon Mobil US

    4 5 PDV Venezuela 100

    5 7 CNPC China 100

    6 4 BP UK

    7 6 Shell UK/Netherlands

    8 8 ConocoPhillips US

    9 9 Chevron US

    10 10 Total France

    11 11 Pemex Mexico 100

    12 12 Sonatrach Algeria 100

    13 12 Gazprom Russia 50

    14 14 KPC Kuwait 100

    15 15 Petrobras Brazil 32.2

    16 24 Rosneft Russia 75.16

    17 18 Petronas Malaysia 100

    18 16 Adnoc UAE 100

    18 17 Lukoil Russia

    20 19 NNPC Nigeria 100

    Fonte: Petroleum Intelligence Weekly.

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 687

    Um primeiro ponto de destaque a participao da Petrobrs entre as principais empresas petrolferas do mundo. No Tabela 2.4 podemos constatar que a Petrobrs figurava entre as 20 maiores empresas do setor nos anos de 2006 e 2007, conforme o ranking da Petroleum Intelligence Weekly. Em agosto de 2005 a Petrobrs anunciou um plano de investimentos3 de US$ 56,4 bilhes para o perodo 2006-2010. Esta cifra equivalia, em 2006, a duas vezes o produto interno bruto (PIB) da Bolvia.

    TABELA 2.5 Participao brasileira no mercado mundial de extrao e refino de petrleo

    AnoReservasPetrleo

    (Bilhes Barris)

    Part.Mundial

    (%)

    ProduoPetrleo

    mil barris/dia

    Part.Mundial

    (%)

    ConsumoPetrleo

    mil barris/dia

    Part.Mundial

    (%)

    Capacidade deRefino

    (mil barris/dia)

    Part.Mundial

    (%)

    1997 7.1 0.7 868 1.2

    1998 7.4 0.70 1003 1.36 1713 2.33 1768 2.22

    1999 8.2 0.70 1133 1.57 1784 2.37 1796 2.2

    2000 8.5 0.80 1268 1.69 1791 2.35 1849 2.26

    2001 8.5 0.70 1337 1.79 1684 2.20 1849 2.23

    2002 9.8 0.80 1499 2.01 1675 2.16 1854 2.22

    2003 10.6 0.90 1555 2.02 1622 2.06 1915 2.29

    2004 11.2 0.90 1542 1.92 1700 2.08 1915 2.25

    2005 11.8 1.00 1716 2.11 1729 2.08 1916 2.24

    2006 12.2 1.00 1809 2.22 1745 2.08 1916 2.21

    2007 12.6 0.85 1833 2.24 1820 2.14 1935 2.20

    Fonte: ANP.

    A Tabela 2.5 apresenta alguns indicadores que nos possibilitam mensurar a participao do mercado brasileiro no setor petrolfero mundial, bem como sua evoluo no tempo. Um primeiro indicador de interesse o nvel de reservas de petrleo brasileiro e sua evoluo no perodo de 1997-2007. No ano de 1997 o Brasil dispunha de um total de reservas de petrleo de 7,1 bilhes de barris. J em 2007 este valor alcanou o montante de 12,6 bilhes de barris, o que significa um aumento de aproximadamente 77%. 3 http://www2.petrobras.com.br/ri/spic/bco_arq/2459_plano_de_negocios_2006_2010_port.pdf

  • 688 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    Este aumento na quantidade de reservas comprovadas de petrleo fez com que o Brasil aumentasse sua participao no nvel mundial de reservas disponveis, passando de uma contribuio de 0,7% em 1997 para 1% em 2006, porm incorrendo em uma perda de participao no ano seguinte, 2007, quando este percentual foi 0,85%.

    A produo de petrleo foi a atividade na qual o Brasil conseguiu seus melhores resultados em termos de participao e insero no mercado mundial. Como j vimos na seo anterior, a produo brasileira de petrleo apresentou um desempenho excepcional no perodo 1997-2007, quando o pas praticamente dobra sua participao na produo mundial de petrleo, de 1,2% em 1997 para 2,24% em 2007.

    Enquanto o Brasil expandia sua representao no mercado mundial via produo, o consumo de petrleo permaneceu praticamente estagnado no perodo. At 2003, o fraco crescimento da economia brasileira explica o pequeno crescimento do consumo de petrleo.

    Alm disso, a trajetria do consumo de petrleo tambm est estritamente relacionada ao comportamento da indstria de refino. Os nmeros relativos atividade de refino de petrleo no Brasil so reportados nas duas ltimas colunas da tabela 4. A capacidade de refino de petrleo no Brasil era de 1768 mil barris/dia no ano de 1998. Essa capacidade cresceu de forma moderada durante o perodo, alcanando o valor de 1916 mil barris/dia nos anos de 2005 e 2006, ou seja, um aumento de 8,3 % no perodo, o que corresponde a uma taxa media de crescimento anual inferior a 1 %. A participao brasileira no mercado mundial permaneceu inalterada em 2,2 %. Ou seja, desde 2003 a capacidade brasileira de refino no aumenta de forma significativa, o que limita a capacidade do setor de refino de absorver a crescente produo de leo bruto.

    Esse desempenho moderado no crescimento da atividade de refino de petrleo implicou o fato que um grande volume do excedente de petrleo extrado acabou sendo direcionado para o mercado externo.

    A Tabela 2.6 apresenta a evoluo das exportaes e importaes de petrleo no Brasil para o perodo de 1997-2007. As informaes so disponveis em unidades fsicas (mil barris) e valores monetrios (mil US$ FOB).

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 689

    TABELA 2.6

    Evoluo das exportaes e importaes brasileiras de petrleo: 1997 - 2006

    AnoExportaes Importaes Saldo

    (mil barris) (mil US$ FOB) (mil barris) (mil US$ FOB) (mil barris) (mil US$ FOB)

    1997 931 17104 202049 3731093 -201118 -3713989

    1998 0 0 190920 2371154 -190920 -2371154

    1999 204 1525 169254 2861107 -169050 -2859582

    2000 6819 158585 145350 4302216 -138531 -4143631

    2001 40434 720871 152481 3977732 -112047 -3256861

    2002 85761 1691372 139403 3479188 -53642 -1787816

    2003 88246 2121930 125535 3820113 -37289 -1698183

    2004 84252 2527691 169275 6743555 -85023 -4215864

    2005 100190 4164450 138213 7648441 -38023 -3483991

    2006 134336 6894289 131508 9088006 2828 -2193717

    2007 153813 8905065 159634 11974015 -5821 -3068950

    Fonte: ANP.

    Na primeira coluna de resultados da tabela 5 podemos constatar o aumento da importncia do mercado externo para a produo brasileira de petrleo. Nos trs primeiros anos da srie histrica, 1997-1999, as exportaes brasileiras no ultrapassaram 1.000 mil barris. Em 2005 as exportaes ultrapassaram 100.000 mil barris e, no ltimo ano da srie, 2007, o total de barris exportados foi de 153.813 mil.

    O crescimento da receita de exportaes acompanhou o volume fsico. No ano de 1997 a receita com exportaes de petrleo foi de US$ 17.104 mil. Enquanto que em 2007 o montante de receitas com exportaes alcanou a cifra de US$ 8.905.065 mil. Os principais mercados consumidores para as exportaes brasileiras no perodo foram os Estados Unidos, a Comunidade Europia e a China.

    As importaes brasileiras de petrleo, por outro lado, apresentaram forte queda em termos de volume fsico. No ano de 1997 as importaes brasileiras de petrleo eram de 202.049 mil barris e no ano de 2006 alcanaram o menor valor da srie histrica, 131.508 mil barris. Essa reduo nas importaes, superior a 53%

  • 690 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    no perodo, demonstra, por um lado, o xito da indstria brasileira no sentido de reduzir a dependncia externa. Por outro lado, essa reduo se deve ao desempenho moderado da capacidade de refino de petrleo pela indstria domstica.

    TABELA 2.7Evoluo do Consumo final das famlias para produtos derivados, 1997-2006.

    Ano Gasolcool leos Combustveis Outros Produtos de Refino

    1997 27978 1591 14449

    1998 32718 1622 15103

    1999 40031 1920 14216

    2000 44264 2110 13448

    2001 45961 2319 14416

    2002 39854 2646 14666

    2003 35379 2932 13764

    2004 32794 2877 13567

    2005 35178 3070 13157

    2006 36450 3270 -

    Notas: (1) Valores monetrios (em 1.000.000 Reais) a preos de 2005, deflacionados pelo IPA-setorial;Fonte: Contas Nacionais, IBGE.

    O modesto desempenho do setor nacional de refino de petrleo est, por sua vez, relacionado ausncia de incentivos gerados pela demanda domstica. Sabemos que tal perodo foi caracterizado por vrios choques com repercusses negativas para a economia brasileira. Tal argumento pode ser constatado para o setor atravs da anlise da Tabela 2.7, que apresenta a evoluo do consumo final das famlias para um conjunto selecionado de produtos derivados.

    Exceto para o caso da evoluo do consumo de leos combustveis, que apresentou taxas de crescimento mdias superiores a 8% ao ano, a evoluo do consumo para os demais bens apresentaram taxas de crescimento modestas. O crescimento do consumo de gasolcool no superou o percentual mdio de 3% ao ano durante o perodo. J no caso de outros produtos de refino, o consumo permaneceu estagnado durante todo o perodo analisado.

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 691

    O baixo crescimento do consumo final das famlias por bens derivados trouxe implicaes tanto para a balana comercial de petrleo, quanto para a balana comercial de derivados. O fraco desempenho do setor implicou em menor demanda por petrleo cru (principal insumo do setor de derivados), reduzindo assim a necessidade de importaes e aumentando a disponibilidade de petrleo nacional para exportao. O mesmo efeito, como veremos, observado nas transaes externas de derivados. Estes resultados foram fundamentais para garantir a auto-suficincia nacional a partir de 2006.

    Importante notar que ano de 2006 a Petrobrs inicia suas atividades de extrao de petrleo a partir da plataforma P-50 (uma unidade flutuante do tipo FSPO4), na Bacia de Campos, litoral do Rio de Janeiro. A capacidade de explorao da P-50 estimada em 180 mil barris de petrleo por dia. Na ocasio do incio das operaes da P-50, a Petrobrs garante a auto-suficincia nacional de petrleo.

    A auto-suficincia conquistada a partir do momento em que a disponibilidade de petrleo produzido nos campos nacionais, em volume, supera o consumo e a capacidade de refino para atender demanda do mercado domstico. possvel constatar a auto-suficincia em volume fsico a partir da soma da capacidade mdia de extrao de petrleo de 1.809 mil barris/dia em 2006 e da produo adicional da P-50, 180 mil barris/dia, totalizando 2000 mil barris/dia. J verificamos que a capacidade brasileira de refino de petrleo no mesmo ano, 2006, era de aproximadamente 1.916 mil barris/dia.

    Deste modo, o aumento das exportaes de barris de petrleo, acompanhado da reduo do volume fsico de importaes, foi suficiente para que o pas apresentasse supervit de comercializao fsica em 2006, porm tal supervit em quantidades fsicas no observado no ltimo ano da srie, 2007, quando novamente o pas incorre em um dficit de 5821 mil barris.

    O bom desempenho brasileiro na comercializao fsica de petrleo no implicou na reduo dos dficits mensurados em termos monetrios. O problema fundamental para o desequilbrio financeiro da balana comercial de petrleo repousa nas diferenas de preos praticados nas exportaes e importaes.

    Durante o perodo analisado as importaes brasileiras sempre registraram preos (US$-FOB) superiores aos preos praticados nas exportaes. Tal diferencial, que no incio da srie histrica chegou a ser de 100%, nunca foi inferior a 30% 4 Unidade capaz de produzir, processar, armazenar e escoar leo e gs.

  • 692 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    durante todo o perodo analisado. O diferencial de preos FOB deve-se, por sua vez, ao diferencial da qualidade do petrleo5 exportado pelo Brasil e o recebido pelos seus principais fornecedores mundiais: Arglia, Arbia Saudita e Nigria.

    Quando analisamos o desempenho do comrcio exterior para os produtos derivados de petrleo, encontramos outra realidade. Na Tabela 2.8 podemos verificar que, a exemplo do setor de explorao de petrleo, as exportaes brasileiras cresceram de forma vigorosa, acompanhadas por uma reduo nas importaes.

    TABELA 2.8

    Evoluo das exportaes e importaes brasileiras de derivados de petrleo: 1997 a 2008

    Perodo

    Exportaes Importaes Saldo

    (mil m3)Valores

    (mil US$ FOB)(mil m3)

    Valores(mil US$ FOB)

    (mil m3)Valores

    (mil US$ FOB)

    1997 4214 492071 17380 2420600 -13166 -1928529

    1998 6537 548349 17554 1695571 -11017 -1147222

    1999 7641 811945 18857 1953596 -11216 -1141651

    2000 7876 1854038 18293 3227470 -10417 -1373432

    2001 13573 2498380 18220 2838406 -4647 -340026

    2002 13265 2271585 16812 2394405 -3547 -122820

    2003 14660 2916877 13139 2225942 1521 690935

    2004 15299 3447635 11744 2644846 3555 802789

    2005 15640 5242321 10921 3335872 4719 1906449

    2006 16777 6411745 13501 4958525 3276 1453220

    2007 17647 7682495 15959 6937803 1688 744692

    Fonte: ANP.

    5 A qualidade do petrleo mensurada pelo seu peso, ou de forma equivalente, pelo seu grau API. O grau API um indicador idealizado pela American Petroleum Institute (API).

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 693

    As exportaes brasileiras de derivados de petrleo somavam 4.214 mil m3 no primeiro ano da srie histrica, 1997, enquanto que no ano de 2007 alcanaram o valor de 17.647 mil m3, ou seja, o pas quadruplicou suas exportaes em 10 anos, crescendo a uma taxa mdia anual de 15%. Os principais consumidores dos produtos brasileiros no perodo foram os Estados Unidos, Nigria e Cingapura.

    As importaes brasileiras de derivados de petrleo (tabela 6) mostram que o pas adquiriu do exterior 17.380 mil m3 de produtos derivados em 1997. Tal volume de compras comea a apresentar uma trajetria decrescente a partir do ano de 2002 at o ano de 2005, quando o pas apresentou o menor volume importado no perodo, 10.921 mil m3. A partir do ano de 2006 as importaes apresentaram recuperao e o pas importou 13.501 mil m3 em 2006 e 15.959 m3 em 2007. Os principais fornecedores de derivados para o Brasil no perodo foram a Argentina, a Venezuela e os Estados Unidos.

    Um ponto importante a ser mencionado sobre as transaes externas brasileiras de derivados de petrleo que, ao contrrio do caso do petrleo, o pas conseguiu reverter seus dficits tanto em termos fsicos, quanto em termos monetrios. Em 2003 o pas conseguiu reverter uma srie de dficits incorridos desde 1997 e apresentando um supervit, em termos de quantidade fsica, de 1.521 mil m3 e 690.935 mil US$ FOB. Nos anos posteriores os supervits de quantidades fsicas superaram o volume de 3.000 m3, j os supervits monetrios alcanaram US$ 802.789 mil em 2004, US$ 1.906.449 mil em 2005 e US$ 1.453.220 mil em 2006. No ltimo ano da srie, 2007, tanto os supervits fsicos, quanto os monetrios apresentam forte reduo em relao ao ano anterior, 2006. Tais dficits foram decorrentes do aumento das importaes, que vem crescendo de forma considervel desde 2006. Tal aumento de importaes est associado a dois fatores: (a) a melhora das condies macroeconmicas a partir da segunda metade da dcada; e (b) o lento crescimento da capacidade nacional de refino (Tabela 2.5).

  • 694 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    QUADRO 2.1

    Descrio das variveis das Tabelas 2.1 e 2.2

    Custos das operaes industriais (COI): Valor da soma dos custos diretamente envolvidos na produo na unidade local produtiva industrial, incorridos no ano, exceo dos salrios e encargos, sendo obtido pela soma das seguintes variveis: consumo de matrias-primas, materiais auxiliares e componentes; compra de energia eltrica; consumo de combustveis, consumo de peas e acessrios para manuteno e reparao de mquinas e equipamentos, servios industriais e de manuteno e reparao de mquinas e equipamentos ligados produo prestados por terceiros. Os dados das unidades locais produtivas de empresas que tm mais de uma unidade local, so ajustados a partir da distribuio do valor do custo das operaes industriais da empresa como um todo, segundo a estrutura desses custos, captados ao nvel das unidades locais da empresa.

    Pessoal ocupado: Nmero de pessoas ocupadas nas unidades locais industriais, com ou sem vnculo empregatcio, inclusive as pessoas afastadas em gozo de frias, licenas, seguros por acidentes, etc., mesmo que estes afastamentos sejam superiores a 15 dias. Inclui os membros do conselho administrativo, diretor ou fiscal que desenvolvem atividade na unidades local. No inclui os autnomos, e, ainda, o pessoal que, apesar de trabalhar nas unidades locais industriais, remunerado por outras empresas. As informaes referem-se data de 31/12 do ano de referncia da pesquisa. O pessoal ocupado ao nvel da empresa desagregado em pessoal assalariado ligado e no ligado produo industrial e pessoal no assalariado; ao nvel das unidades locais apenas o total do pessoal ocupado investigado. Sua apropriao decorre das informaes prestadas diretamente nos questionrios, assim especificado: a) para as unidades locais produtivas, as informaes so apropriadas do questionrio de unidade local das empresas que respondem ao modelo completo de questionrio; no caso do modelo simplificado, as informaes so as mesmas referentes empresa como um todo, j que, por definio, essas empresas tm apenas uma unidade local; b) para as unidades administrativas das empresas industriais, os dados so apropriados no bloco de regionalizao de informaes de pessoal ocupado e salrios relativos a essas unidades, no modelo de questionrio completo.

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 695

    Salrios, retiradas e outras remuneraes: Valor referente soma das importncias pagas no ano a ttulo de salrios fixos, pr-labore, retiradas de scios e proprietrios, honorrios, comisses, ajudas de custo, 13 salrio, abono de frias, gratificaes e participaes nos lucros (quando no resultante de clusula contratual) relativas ao pessoal ocupado da unidade local industrial. Os valores so declarados em bruto, isto , sem deduo das parcelas correspondentes s cotas de previdncia e assistncia social (INSS), recolhimento de imposto de renda ou de consignao de interesse dos empregados (aluguel de casa, contas de cooperativas, etc.) associados ao pessoal ocupado da unidade. Excluem as dirias pagas a empregados em viagens, honorrios e ordenados pagos a membros dos conselhos administrativo, fiscal ou diretor que no exeram atividade na empresa, indenizaes por dispensa incentivada, participaes ou comisses pagas a profissionais autnomos. Os salrios, retiradas e outras remuneraes, ao nvel da empresa como um todo, so discriminados segundo os pagamentos ao pessoal ocupado assalariado ligado ou no produo e ao pessoal ocupado no assalariado (proprietrios e scios); ao nvel das unidades locais produtivas, apenas o total dos salrios, retiradas e outras remuneraes investigado. Sua apropriao decorre das informaes prestadas diretamente nos questionrios, assim especificado: a) para as unidades locais produtivas, as informaes so apropriadas do questionrio de unidade local das empresas que respondem ao modelo completo de questionrio; no caso do modelo simplificado, as informaes so as mesmas referentes empresa como um todo, j que, por definio, essas empresas tm apenas uma unidade local; b) para as unidades administrativas das empresas industriais, os dados so apropriados do bloco de regionalizao de informaes de pessoal ocupado e salrios relativos a essas unidades, no modelo de questionrio completo.

    Unidade local industrial: Espao fsico, geralmente uma rea continua, na qual uma ou mais atividades econmicas so desenvolvidas, correspondendo a um endereo de atuao da empresa ou a um sufixo de CNPJ. Considerando-se a existncia de empresas com mltiplas localizaes e/ou mltiplas atividades econmicas, a investigao desta unidade permite anlises na tica espacial/geogrfica e por atividade.

  • 696 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    Valor bruto da produo industrial (VBPI): Ao nvel das unidades locais produtivas industriais, o VBPI corresponde ao conceito de valor das expedies industriais, a saber, o valor das vendas de produtos fabricados e servios industriais prestados pela unidade local, acrescido do valor das transferncias dos produtos fabricados para venda em outras unidades locais. Varivel derivada, estimada ao nvel das unidades locais produtivas industriais das empresas com mais de uma unidade local, pela distribuio do valor bruto da produo industrial da empresa como um todo, segundo a estrutura do valor das expedies industriais (ver item especfico) captado ao nvel dessas unidades locais. Na empresa obtida pela soma da receita lquida industrial com a variao dos estoques de produtos acabados e em elaborao, mais a produo prpria incorporada ao ativo imobilizado.

    Valor, na empresa, obtido pela soma das vendas de produtos e servios industriais (receita liquida industrial) variao dos estoques dos produtos acabados e em elaborao, e produo prpria realizada para o ativo imobilizado. Na unidade local, o valor bruto da produo industrial calculado para a empresa distribuido entre as unidades locais produtivas, conforme o peso de cada uma destas unidades no total do valor das transferncias e da receita lquida da venda de produtos e servios industriais.

    Valor da transformao industrial (VTI); Valor da diferena entre o valor bruto da produo industrial e os custos das operaes industriais.

    Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica.

    3. Empresas Lderes dos setores industriais vinculados ao Complexo de Energia

    O objetivo desta seo caracterizar quem so as empresas lderes do complexo de energia e compar-las com as demais empresas do complexo. A diviso das empresas entre lderes, seguidoras, emergentes e frgeis parte do pressuposto que h uma grande heterogeneidade entre as empresas na indstria brasileira, mesmo entre as que esto em um mesmo setor de atividade.

    As lderes so as empresas mais inovadoras do setor, tanto em produtos como em processos, ou seja, so lderes no sentido tecnolgico e detm parcela considervel do mercado. Essas empresas podem exercer dois tipos diferentes de liderana: i) em diferenciao de produtos, no caso das inovadoras em produto,

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 697

    ou; ii) em custos, no caso das inovadoras em processo. As empresas seguidoras, por sua vez, tm capacidade de acompanhar as empresas lderes nos seus processos de inovao e esto atualizadas tecnologicamente.

    Argumenta-se que, a despeito da heterogeneidade do tecido industrial brasileiro, existe no pas um conjunto de empresas representadas pelas empresas lderes e, num segundo momento, pelas seguidoras capazes de acumular conhecimento e difundir inovaes para o restante da indstria. Assim, o desempenho desse ncleo dinmico da indstria pode contribuir para alavancar o desenvolvimento da indstria como um todo ou de um setor em particular.

    Existe, entretanto, um conjunto de empresas na indstria brasileira, caracterizadas por baixa competitividade e produtividade menor do que esse ncleo dinmico. Essas empresas so numericamente expressivas, mas representam muito pouco do faturamento industrial. Elas necessitam ganhar escala e eficincia e, provavelmente, tero que passar por processos importantes de reestruturao patrimonial por meio de fuses e aquisies, por exemplo e produtiva sob pena de no serem capazes de sobreviver em um ambiente cada vez mais competitivo.

    Por fim, existe um grupo pequeno de empresas que, no fazem parte desse ncleo dinmico tampouco so pouco eficientes. So as empresas emergentes, que possuem importantes atividades tecnolgicas e que podem, no futuro, desempenhar um papel ainda mais relevante na acumulao de conhecimento na indstria brasileira.

    O leitor encontrar maiores detalhes destes critrios de classificao no captulo 1 desta obra, bem como as justificativas para tal taxonomia de empresas. No entanto, sintetizamos abaixo quais as variveis, e respectivas caractersticas, utilizadas para agrupar as empresas em cada um dos grupos j mencionados:

    Empresas Lderes: i) Inovadora de produto novo para o mercado e que exporta com preo prmio ou, ii) Inovadora de processo novo para o mercado, exportadora e de menor relao custo/faturamento (quartil inferior);

    Empresas Seguidoras: i) demais exportadoras no lderes ou, ii) empresas que tem produtividade do trabalho igual ou superior s exportadoras no lderes;

    Empresas Frgeis: demais firmas, voltadas para o mercado interno, em geral no inovam e operam com maiores custos.

  • 698 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    Empresas Emergentes: empresas no classificadas como lderes e seguidoras, mas que investem continuamente em P&D ou inovam produto novo para o mercado mundial ou possuem laboratrios de P&D (departamentos de P&D e que tem mestres/doutores ocupados em P&D).

    Essas so algumas das caractersticas gerais de cada um desses grupos de empresa na indstria brasileira. Dada essa classificao, o objetivo desta seo apresentar as caractersticas gerais das empresas que constituem o ncleo dinmico do complexo de energia para, na prxima seo, avaliar suas estratgias de inovao e quais so os mecanismos pelos quais elas acumulam conhecimento.

    3.1. Caractersticas bsicas

    A Tabela 3.1 apresenta as caractersticas bsicas das empresas que constituem a nossa amostra. As informaes so dividas por tipos de empresas e por sub-setores. Em primeiro lugar podemos verificar que nossa amostra dispe de um total de 208 empresas, sendo 8 lderes, 121 seguidoras, 75 frgeis e 4 emergentes. As empresas de capital estrangeiro correspondem a 50% das empresas lderes, 12% das seguidoras e apenas 4% do total de empresas caracterizadas como frgeis. No h, no entanto, nenhuma empresa de capital estrangeiro entre quelas classificadas como emergentes.

    As 8 empresas lderes somam um faturamento de R$ 118.092 milhes anuais, ou seja, concentram 81,5% do faturamento total do setor de petrleo e combustveis. Este conjunto de empresas corresponde a apenas 4% das empresas do complexo. O segundo grupo de empresas, as seguidoras, soma um faturamento de R$ 21.783 milhes, ou seja, um pouco mais de 15% do faturamento total do setor. J a participao das empresas seguidoras no total de empresas de 58%. No caso das empresas frgeis, estes percentuais so de 3% e 36%, respectivamente, e, no caso das empresas emergentes, 0,25% e 1,9%.

    O faturamento mdio anual (faturamento por empresa) de R$ 14.762 milhes para as empresas lderes, R$ 181 milhes para as empresas seguidoras, R$ 60 milhes para as empresas frgeis e R$ 90 milhes para as empresas emergentes. Essa heterogeneidade no faturamento mdio est relacionada a vrios fatores, tais como a escala e a produtividade de cada tipo de firma. No entanto, parte desta heterogeneidade est tambm relacionada ao fato de que empresas lderes, seguidoras, frgeis e emergentes no so distribudas de forma similar entre os diferentes sub-setores do setor de petrleo e combustveis.

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 699

    Quando analisamos a distribuio de empresas (conforme suas caractersticas competitivas) nos trs diferentes sub-setores do complexo, verificamos que alguns setores tendem a ser mais fortemente competitivos. Este o caso das empresas do setor de servios relacionados extrao de petrleo, onde 74% de suas empresas so classificadas como lderes ou seguidoras. J no caso do sub-setor de derivados de petrleo, 46% da empresas so classificadas como frgeis e, diferentemente dos outros sub-setores, o nico a apresentar empresas emergentes, 4.

    TABELA 3.1Nmero de firmas, participao estrangeira e faturamento das empresas do complexo de energia, por subsetor e categoria de firma, para empresa com mais de 30 pessoas ocupadas: 2005.

    IndicadorTotal Complexo da Energia

    Lderes Seguidoras Frgeis Emergentes Total

    N de firmas 8 121 75 4 208

    % de firmas estrangeiras 50% 12% 4% 0% 10%

    Faturamento (R$ milhes) 118092 21783 4531 360 144766

    Faturamento mdio (R$ milhes) 14762 181 60 90 696

    Servios relacionados extrao de Petrleo

    N de firmas 3 14 6 - 23

    % de firmas estrangeiras 67% 64% 50% - 61%

    Faturamento (R$ milhes) 1.021 1.087 256 - 2364

    Faturamento mdio (R$ milhes) 340 78 43 - 103

    Derivados de Petrleo

    N de firmas 5 22 27 4 58

    % de firmas estrangeiras 40% 23% 0% 0% 12%

    Faturamento (R$ milhes) 117.071 11.385 2.187 360 131.003

    Faturamento mdio (R$ milhes) 23.414 517 81 90 2.259

    lcool

    N de firmas - 85 42 - 127

    % de firmas estrangeiras - 0% 0% - 0%

    Faturamento (R$ milhes) - 9.311 2.088 - 11.399

    Faturamento mdio (R$ milhes) - 110 50 - 90

    Fontes: Pesquisa Industrial Anual (PIA) e Pesquisa Industrial de Inovao Tecnolgica (PINTEC), do IBGE. Relao Anual de infor-maes Sociais (RAIS), do Ministrio do Trabalho. Secretaria de Comrcio Exterior (SECEX) MDIC.

  • 700 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    O sub-setor de lcool, por sua vez, apresenta uma caracterstica peculiar: formado apenas por empresas classificadas como seguidoras e frgeis. As empresas seguidoras constituem 67% das empresas do sub-setor.

    Um ponto importante a ser destacado que as 5 empresas lderes do sub-setor de derivados de petrleo auferiram em 2005 um faturamento de R$ 117.071 milhes, ou seja, estas 5 empresas concentraram mais de 80% do faturamento total do setor de petrleo e combustveis e seu faturamento mdio foi de R$ 23.414 milhes.

    Um aspecto importante a ser analisado diz respeito s diferenas na remunerao e produtividade dos diferentes tipos de empresas, nos diferentes sub-setores do complexo de energia. Tais informaes so reportadas na tabela 3.2.

    O comportamento dos salrios mdios anuais apresenta grande heterogeneidade entre os diferentes tipos de empresas e sub-setores. Os trabalhadores das empresas lderes do sub-setor de derivados de petrleo receberam uma remunerao mdia anual de R$ 112.199, enquanto que as empresas lderes do sub-setor de servios relacionados extrao de petrleo remuneraram seus trabalhadores com valores mdios anuais de R$ 78.609.

    Os diferenciais de salrios sub-setoriais tambm so observados para os demais tipos de empresas. No caso das empresas seguidoras, os salrios mdios anuais foram de R$ 36.439 no sub-setor de servios relacionados extrao de petrleo, R$ 50.371 no sub-setor de derivados de petrleo e R$ 15.049 no sub-setor de lcool. Contudo, no podemos afirmar que o sub-setor de derivados de petrleo paga os maiores salrios de forma generalizada, uma vez que, no caso das empresas frgeis, observamos o sub-setor de servios relacionados extrao de petrleo pagando os maiores salrios, R$ 46.827. Enquanto que os salrios mdios anuais pagos pelas empresas frgeis do sub-setor de derivados de petrleo eram de R$ 22.686.

    A produtividade do trabalho tambm apresenta grande heterogeneidade, no s entre os diferentes tipos de empresas (como esperado), mas tambm entre os sub-setores. As empresas do sub-setor de derivados de petrleo so as mais produtivas, independentemente do tipo de empresa considerada. No entanto, este diferencial de produtividade frente aos demais sub-setores crescente para grupos de empresas com caractersticas mais competitivas. No caso das empresas frgeis, o diferencial de produtividade entre as empresas dos sub-setores de derivados de petrleo e servios relacionados extrao no alcana R$ 6.500. No caso

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 701

    das empresas seguidoras, este diferencial ultrapassa os R$ 460.000 e no caso das empresas lderes o diferencial de R$ 1.723.983.

    TABELA 3.2

    Salrio mdio anual e produtividade no complexo de energia, segundo categoria de empresa e sub-setor: 2005. (R$ / ano)

    Sub-setor Varivel Lderes Seguidoras Frgeis Emergentes Total

    TotalSalrio mdio 109925 19461 16257 30165 47383

    Produtividade 1847490 103960 36027 70377 640249

    Servios extrao de Petrleo

    Salrio mdio 78609 36439 46827 - 48168

    Produtividade 240229 86627 61034 - 114600

    Derivados de PetrleoSalrio mdio 112199 50371 22686 30165 99475

    Produtividade 1964212 555454 67386 70377 1685409

    lcoolSalrio mdio - 15049 10321 - 13795

    Produtividade - 74220 26174 - 61464

    Fontes: Pesquisa Industrial Anual (PIA) e Pesquisa Industrial de Inovao Tecnolgica (PINTEC), do IBGE. Relao Anual de informaes Sociais (RAIS), do Ministrio do Trabalho. Secretaria de Comrcio Exterior (SECEX) MDIC. Obs.: a produtividade calculada como o valor da transformao industrial / nmero de pessoas ocupadas.

    No que diz respeito s atividades de comrcio exterior, verificamos novamente um elevado grau de heterogeneidade entre os diferentes tipos de empresas e sub-setores. Para critrios de anlise de comrcio exterior, consideramos apenas as empresas lderes e seguidoras. Os resultados a serem analisados esto reportados na Tabela 3.3.

    O conjunto de empresas do complexo de energia apresenta um montante de exportaes de US$ 8.110 milhes, sendo que 93,6% das receitas de exportaes so originadas das empresas lderes. No caso das importaes, o montante comercializado em 2005 foi de US$ 11.044 milhes, sendo que aproximadamente 75% dessas importaes tambm so originadas das empresas lderes.

    O sub-setor de derivados de petrleo responsvel por 96% do total de exportaes praticadas pelo complexo de energia. No caso das importaes, este mesmo setor contribui com 99% do total importado pelo complexo.

  • 702 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    TABELA 3.3Indicadores de comrcio exterior das empresas do complexo de energia, por sub-setor e categoria de firmas: 2005.

    Fluxos de comrcio

    Total Complexo de Energia

    Lderes Seguidoras Total

    US$ milhes % US$ milhes % US$ milhes %

    Exportao 7589,9 93,6 520,3 6,4 8110,2 100

    Importao 8239,1 74,6 2804,9 25,4 11044,0 100

    Saldo -649,2 -2284,6 -2933,8

    Servios relacionados extrao de Petrleo

    Exportao 1,9 12,8 12,9 87,2 14,8 100

    Importao 47,3 78,7 12,8 21,3 60,1 100

    Saldo -45,4 0,1 -45,3

    Derivados de Petrleo

    Exportao 7588,0 97,6 184,9 2,4 7772,9 100

    Importao 8191,8 74,6 2782,8 25,4 10974,6 100

    Saldo -603,8 -2597,9 -3201,7

    lcool

    Exportao - - 322,5 100 322,5 100

    Importao - - 9,3 100 9,3 100

    Saldo - - 313,2 313,2

    Fontes: Pesquisa Industrial Anual (PIA) e Pesquisa Industrial de Inovao Tecnolgica (PINTEC), do IBGE. Relao Anual de infor-maes Sociais (RAIS), do Ministrio do Trabalho. Secretaria de Comrcio Exterior (SECEX) MDIC.

    A anlise dos coeficientes de exportao para os diferentes tipos de empresas, nos diferentes sub-setores, corrobora a percepo de que as empresas lderes do setor de derivados de petrleo so, comparativamente, mais expostas ao comrcio internacional, inclusive em termos relativos.

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 703

    TABELA 3.4Coeficientes de exportao das empresas do complexo de energia, por sub-setor e categoria de firmas: 2005.

    Setor e sub-setor Lderes Seguidoras

    Total 6,43% 2,39%

    Servios relacionados extrao de Petrleo 0,18% 1,18%

    Derivados de Petrleo 6,48% 1,62%

    lcool - 3,46%

    Fontes: Pesquisa Industrial Anual (PIA) e Pesquisa Industrial de Inovao Tecnolgica (PINTEC), do IBGE. Relao Anual de infor-maes Sociais (RAIS), do Ministrio do Trabalho. Secretaria de Comrcio Exterior (SECEX) MDIC.

    Na Tabela 3.4 esto reportados os coeficientes de exportao do complexo de energia. Tais coeficientes tambm so apresentados por tipos de empresa e sub-setores. As empresas lderes do complexo apresentam coeficiente de exportao de 6,43%, enquanto que para as empresas seguidoras este percentual de 2,39%.

    Quando consideramos apenas o sub-setor de servios relacionados extrao de petrleo, verificamos que o coeficiente de exportao das empresas lderes inferior ao coeficiente das empresas seguidoras, 0,18% e 1,18%, respectivamente. J no caso do sub-setor de derivados de petrleo, as empresas lderes apresentam coeficiente muito superior ao das empresas seguidoras, 6,48% e 1,62%.

    No h empresas lderes no sub-setor de lcool, porm o coeficiente de exportao das empresas seguidoras deste sub-setor , no mnimo, duas vezes maior que os coeficientes das empresas seguidoras dos demais sub-setores analisados. O coeficiente de exportao para este conjunto de empresas, 3,46%, s no superior ao coeficiente apresentado pelas empresas lderes do sub-setor de derivados de petrleo, 6,48%, que, como j vimos, so as empresas mais dinmicas em termos de internacionalizao no complexo de energia.

    4. A Produo de Conhecimento Tecnolgico no Setor de petrleo e combustveis

    O objetivo desta seo analisar o comportamento das empresas do complexo de energia no que diz respeito produo de conhecimento tecnolgico. Desenvolveremos esta anlise com base na noo de funo de produo de conhecimento tecnolgico, ou seja, trataremos de analisar, separadamente, tanto os insumos, quanto os produtos da produo de conhecimento gerado pelas firmas.

  • 704 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    No que diz respeito aos insumos, trataremos de analis-los separadamente em trs dimenses: os gastos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), o estoque de capital humano das firmas e o papel da cooperao entre as firmas e outras instituies. Cabe mencionar que tal diviso meramente arbitrria e tem como objetivo simplesmente reduzir e sistematizar minimamente uma grande quantidade de informaes relativas s empresas.

    No que diz respeito aos produtos, ou seja, o conhecimento tecnolgico gerado pelas empresas, ns estaremos analisando tanto as vrias formas de inovaes, como os indicadores relativos propriedade industrial (marcas, patentes, etc.).

    Assim como as demais sees deste trabalho, ns analisaremos os indicadores de produo de conhecimento tanto para os sub-setores do complexo de energia, como para as diferentes categorias de empresas.

    4.1. Investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)

    O primeiro grupo de variveis a ser analisado refere-se aos investimentos em P&D executados pelas empresas de nossa amostra. A Tabela 4.1 reporta os valores totais despendidos por sub-setores, bem como a quantidade de empresas com atividades contnuas em P&D.

    As 208 empresas de nossa amostra totalizam um montante de R$ 954 milhes em gastos em P&D interno e R$ 130 milhes em P&D externo. Esses valores representam mais de 20% dos investimentos totais em P&D realizados pela indstria brasileira. As 58 empresas do sub-setor de derivados de petrleo so responsveis por mais de 99% do total de gastos com P&D interno e 97% dos gastos com P&D interno

    As 23 empresas do sub-setor de servios relacionados extrao de petrleo investiram um montante de R$ 4,4 milhes, sendo que R$ 3,10 milhes foram financiados com recursos prprios (70%). Os restantes 30% deste investimento foram financiados com recursos pblicos. Em termos percentuais, o sub-setor quele que recorre com maior intensidade aos recursos pblicos para financiar seus projetos de P&D.

    J no caso das empresas do sub-setor de derivados de petrleo, o volume de gastos em P&D foi de R$ 1.075 milhes, sendo R$ 948 milhes em P&D interno e R$ 127 milhes em P&D externo. Um percentual de 95% destes gastos foi financiado com recursos prprios das 58 empresas do sub-setor.

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 705

    As 127 empresas do sub-setor de lcool gastaram um montante de R$ 3,60 milhes, sendo R$ 1,40 milhes com P&D interno e R$ 2,2 milhes com P&D externo. Importante notar que a composio de investimentos internos e externos deste sub-setor se diferencia dos demais sub-setores do complexo de energia. Enquanto que o percentual de gastos externos em P&D corresponde a aproximadamente 10% do total de investimentos do demais sub-setores, no caso do sub-setor de lcool este percentual de aproximadamente 60%.

    As diferenas na composio dos gastos entre P&D interno e externo nos possibilitam compreender as diferentes estratgias de produo de conhecimento dos diferentes sub-setores. Uma estratgia clara das empresas do setor de lcool realizar bons resultados a partir de conhecimentos no necessariamente gerados pelas mesmas. Outra caracterstica das empresas do sub-setor de lcool que todos seus gastos em P&D so financiados com recursos prprios.

    TABELA 4.1

    Esforo do Complexo de Energia em P&D, por sub-setor (Total)

    VariveisServios

    relacionados extrao de Petrleo

    Derivados de Petrleo

    lcool Total

    N de empresas 23 58 127 208

    Gasto em P&D interno (R$ milhes) 4,00 948 1,40 954

    Gasto em P&D externo (R$ milhes) 0,40 127 2,20 130

    Total de financiamento prprio para P&D (R$ milhes) 3,10 1022 3,60 1029

    Total de financiamento publico para P&D (R$ milhes) 1,30 53 0 54

    Gasto em introduo das inovaes (R$ milhes) 2,70 13 2,63 18

    N de empresas com P&D contnuo 0 14 0 14

    N de empresas com P&D interno ou externo 3 26 6 35

    N de empresas com departamento em P&D 1 6 0 7

    % P&D sobre Faturamento Total 0,20 0,82 0,03 0,75

    Fontes: Pesquisa Industrial Anual (PIA) e Pesquisa Industrial de Inovao Tecnolgica (PINTEC), do IBGE. Relao Anual de infor-maes Sociais (RAIS), do Ministrio do Trabalho. Secretaria de Comrcio Exterior (SECEX) MDIC.

  • 706 | O Ncleo Tecnolgico da Indstria Brasileira

    Um aspecto interessante a ser destacado so os gastos com introduo de inovaes. As empresas do sub-setor de servios relacionados extrao de petrleo gastaram R$ 2,70 milhes com introduo de inovaes, ou seja, para cada R$ 1,00 gasto no desenvolvimento de uma inovao, tais empresas gastaram R$ 0,60 em sua introduo.

    Valores similares so encontrados para as empresas do setor de lcool, que gastaram R$ 2,63 milhes na introduo de inovaes. No caso destas empresas, para cada R$ 1,00 gasto em desenvolvimento, R$ 0,73 so gastos na introduo. J as empresas do setor de derivados de petrleo apresentaram caracterstica bem distinta. Estas empresas investiram R$ 13 milhes na introduo de inovaes, porm para cada real gasto em desenvolvimento, apenas um centavo despendido na introduo do conhecimento gerado.

    A maior intensidade tecnolgica das empresas de derivados de petrleo tambm pode ser constatada pelos nmeros relativos quantidade de empresas com P&D contnuo, P&D interno ou externo e com departamento de P&D. Das 58 empresas deste sub-setor, 14 apresentam P&D contnuo (25%), 26 realizam P&D externo ou interno (45%) e 6 dispem de departamento de P&D (10%).

    No caso das empresas do sub-setor de servios relacionados extrao de petrleo, nenhuma das 23 empresas efetuam P&D contnuo, 13% realizam P&D externo ou interno e apenas uma empresa dispe de departamento de P&D. J no sub-setor de lcool no verificamos nenhuma empresa com P&D contnuo ou departamento de P&D e apenas 6 das 127 empresas realizam P&D externo ou interno.

    Finalmente, analisamos a intensidade do esforo inovador dos sub-setores atravs da participao dos gastos totais em P&D sobre suas receitas lquidas de vendas (faturamento). O complexo de energia apresenta uma razo P&D/Faturamento de 0,75%, porm significativa parcela desta contribuio vem do sub-setor de derivados de petrleo, onde tal percentual de 0,82%. Os demais setores apresentam resultados bem inferiores, sendo de 0,20% no caso do sub-setor de servios relacionados extrao de petrleo e 0,03% no caso do sub-setor de lcool.

    Cabe mencionar que o setor de refino de petrleo apresenta grande destaque entre os setores domsticos com alta intensidade tecnolgica. Em 2005 o setor detinha a maior participao no investimento em P&D da indstria nacional (20,2%)6.

    6 http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=388

  • Complexos Industriais Ligados a Energia | 707

    TABELA 4.2

    Esforo do Complexo de Energia em P&D, por categorias (Total)

    Variveis Lderes Seguidoras Frgeis Emergentes

    N de empresas 8 121 75 4

    Gasto em P&D interno (R$ milhes) 944 9 0,06 0,13

    Gasto em P&D externo (R$ milhes) 127 2 0,12 0

    Total de financiamento prprio para P&D (R$ milhes) 1.017 11 0,18 0,13

    Total de financiamento publico para P&D (R$ milhes) 54 0 0 0

    Gasto em introduo das inovaes (R$ milhes) 12,8 2 3,60 0

    N de empresas com P&D contnuo 5 9 0 0

    N de empresas com P&D interno ou externo 6 18 7 4

    N de empresas com departamento em P&D 3 4 0 0

    % P&D Total/Faturamento 0,91 0,05 0,004 0,04

    Fontes: Pesquisa Industrial Anual (PIA) e Pesquisa Industrial de Inovao Tecnolgica (PINTEC), do IBGE. Relao Anual de infor-maes Sociais (RAIS), do Ministrio do Trabalho. Secretaria de Comrcio Exterior (SECEX) MDIC.

    A Tabela 4.2 apresenta resultados relativos ao esforo das empresas em P&D, porm tomando em conta o agrupamento destas em categorias de competitividade. Cabe mencionar que a prpria heter