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CONFLITOS CONFLITOS SOCIAIS NO SOCIAIS NO "COMPLEXO MADEIRA" "COMPLEXO MADEIRA" Alfredo Wagner Berno de Almeida (org.) Alfredo Wagner Berno de Almeida (org.) Aurélio Vianna Jr. Aurélio Vianna Jr. Renata da Silva Nobrega Renata da Silva Nobrega Emmanuel de Almeida Farias Júnior Emmanuel de Almeida Farias Júnior Thereza Cristina Cardoso Menezes Thereza Cristina Cardoso Menezes Rosa Elizabeth Acevedo Marin Rosa Elizabeth Acevedo Marin Ana Paulina Aguiar Soares Ana Paulina Aguiar Soares Marco Antônio Domingues Teixeira Marco Antônio Domingues Teixeira Luis Fernando Novoa Garzon Luis Fernando Novoa Garzon Mason Clay Mathews Mason Clay Mathews Gláucia Maria Quintino Baraúna Gláucia Maria Quintino Baraúna Kariny Teixeira de Souza Kariny Teixeira de Souza Alex Justus da Silveira Alex Justus da Silveira Luciane Silva da Costa Luciane Silva da Costa Dante Ribeiro da Fonseca Dante Ribeiro da Fonseca Almeida Casseb Almeida Casseb Davi Avelino Leal Davi Avelino Leal Guilherme Carvalho Guilherme Carvalho Iremar Antônio Ferreira Iremar Antônio Ferreira Márcia Nunes Maciel Márcia Nunes Maciel Joseline Simone Barreto Trindade Joseline Simone Barreto Trindade UEA Edições UEA Edições Manaus, 2009 Manaus, 2009

Complexo Madeira

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  • CONFLITOS CONFLITOS SOCIAIS NO SOCIAIS NO "COMPLEXO MADEIRA""COMPLEXO MADEIRA"

    Alfredo Wagner Berno de Almeida (org.)Alfredo Wagner Berno de Almeida (org.)Aurlio Vianna Jr.Aurlio Vianna Jr.Renata da Silva NobregaRenata da Silva NobregaEmmanuel de Almeida Farias JniorEmmanuel de Almeida Farias JniorThereza Cristina Cardoso MenezesThereza Cristina Cardoso MenezesRosa Elizabeth Acevedo MarinRosa Elizabeth Acevedo MarinAna Paulina Aguiar SoaresAna Paulina Aguiar SoaresMarco Antnio Domingues TeixeiraMarco Antnio Domingues TeixeiraLuis Fernando Novoa GarzonLuis Fernando Novoa GarzonMason Clay MathewsMason Clay MathewsGlucia Maria Quintino BaranaGlucia Maria Quintino BaranaKariny Teixeira de SouzaKariny Teixeira de SouzaAlex Justus da SilveiraAlex Justus da SilveiraLuciane Silva da CostaLuciane Silva da CostaDante Ribeiro da FonsecaDante Ribeiro da FonsecaAlmeida CassebAlmeida CassebDavi Avelino LealDavi Avelino LealGuilherme CarvalhoGuilherme CarvalhoIremar Antnio FerreiraIremar Antnio FerreiraMrcia Nunes MacielMrcia Nunes MacielJoseline Simone Barreto TrindadeJoseline Simone Barreto Trindade

    UEA EdiesUEA EdiesManaus, 2009Manaus, 2009

  • Alfredo Wagner Berno de Almeida, 2009 Alfredo Wagner Berno de Almeida, 2009

    EDITORESEDITORES

    Alfredo Wagner Berno de AlmeidaAlfredo Wagner Berno de AlmeidaEmmanuel de Almeida Farias JniorEmmanuel de Almeida Farias Jnior

    PROJETO GRFICO E DIAGRAMAOPROJETO GRFICO E DIAGRAMAO

    merson Silvamerson Silva

    CAPACAPA

    Design Casa 8Design Casa 8

    C748 Confl itos sociais no Complexo Madeira / Alfredo Wagner Berno de Almeida (Org);C748 Confl itos sociais no Complexo Madeira / Alfredo Wagner Berno de Almeida (Org); autor, Emmanuel de Almeida Farias Jnior... [et. al]. Manaus : Projeto Nova autor, Emmanuel de Almeida Farias Jnior... [et. al]. Manaus : Projeto Nova Cartografi a Social da Amaznia / UEA Edies, 2009. Cartografi a Social da Amaznia / UEA Edies, 2009. 391 p. : il. ; 23 cm. 391 p. : il. ; 23 cm.

    ISBN 978-85-7883-051-9 ISBN 978-85-7883-051-9

    1. Confl itos Sociais Amaznia. I. Almeida, Alfredo Wagner Berno de. 1. Confl itos Sociais Amaznia. I. Almeida, Alfredo Wagner Berno de. II. Farias Jnior, Emmanuel de Almeida. II. Farias Jnior, Emmanuel de Almeida.

    CDU 316.48(811.31) CDU 316.48(811.31)

    Ficha elaborada por Rosenira Izabel de Oliveira, bibliotecria, CRB 11/529Ficha elaborada por Rosenira Izabel de Oliveira, bibliotecria, CRB 11/529

    PROJETO NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZNIA NCSA/CESTU/UEA PROJETO NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZNIA NCSA/CESTU/UEA

    PPGAS/UFAM FUND. FORDPPGAS/UFAM FUND. FORD

    PROJETO NOVAS CARTOGRAFIAS ANTROPOLGICAS DA AMAZNIAPROJETO NOVAS CARTOGRAFIAS ANTROPOLGICAS DA AMAZNIA

    PROJETO TRANSFORMAES SCIO-ECONMICAS NO RIO MADEIRA: ANALISES PARA FINS DE PROJETO TRANSFORMAES SCIO-ECONMICAS NO RIO MADEIRA: ANALISES PARA FINS DE

    MONITORAMENTO DE POLTICAS GOVERNAMENTAIS NCSA/CESTU/UEA IEB CNPqMONITORAMENTO DE POLTICAS GOVERNAMENTAIS NCSA/CESTU/UEA IEB CNPq

    NCLEO DE PESQUISAS EM TERRITORIALIZAO, IDENTIDADE E NCLEO DE PESQUISAS EM TERRITORIALIZAO, IDENTIDADE E

    MOVIMENTOS SOCIAIS CNPq/UEAMOVIMENTOS SOCIAIS CNPq/UEA

    Endereo:Endereo:Rua Jos Paranagu, 200Rua Jos Paranagu, 200

    Centro.Centro.Cep.: 69 005 130Cep.: 69 005 130

    Manaus, AMManaus, AM

    E-mails:E-mails:[email protected]@gmail.com

    [email protected]@yahoo.com.brwww.novacartografiasocial.comwww.novacartografiasocial.com

    Fone: (92) 3232-8423Fone: (92) 3232-8423

  • memria de memria deBruna Gonalves DAlmeidaBruna Gonalves DAlmeida

  • SUMRIOSUMRIO

    A A ltima grande fronteira amaznica: ltima grande fronteira amaznica: 9anotaes de prembulo anotaes de prembulo

    Alfredo Wagner Berno de Almeida

    1989-2009: novos sujeitos polticos e o 1989-2009: novos sujeitos polticos e o 3333movimento dos atingidos por barragens movimento dos atingidos por barragens

    Aurlio Vianna Jr.

    I PARTEI PARTE

    Mapeamento social e comunidades negras rurais na Mapeamento social e comunidades negras rurais na 3939 calha do rio Madeira: levantamento preliminar calha do rio Madeira: levantamento preliminar

    Emmanuel de Almeida Farias Jnior

    A luta anti-barragem em Rondnia: A luta anti-barragem em Rondnia: 6969o caso dos Arara e dos Gavio o caso dos Arara e dos Gavio

    Renata da Silva Nobrega

    Os povos indgenas e o Complexo hidreltrico madeira: Os povos indgenas e o Complexo hidreltrico madeira: 9999Uma anlise etnogrfi ca das contradies do processo deUma anlise etnogrfi ca das contradies do processo deimplementao das hidreltricas de Santo Antnio e Jirau implementao das hidreltricas de Santo Antnio e Jirau

    Kariny Teixeira de Souza

    Remanescentes de quilombo de Santo Antnio do Guapor, Remanescentes de quilombo de Santo Antnio do Guapor, 125125 identidade e territorialidade adversas identidade e territorialidade adversas

    Marco Antnio Domingues Teixeira, Dante Ribeiro da Fonseca, Almeida Casseb

    O signifi cado da privatizao do rio Madeira: O signifi cado da privatizao do rio Madeira: 149149monoculturas hdricas e o cercamento das monoculturas hdricas e o cercamento das bacias hidrogrfi cas da Amazniabacias hidrogrfi cas da Amaznia

    Luis Fernando Novoa Garzon

    Os Bancos Multilaterais e o Complexo Rio Madeira: Os Bancos Multilaterais e o Complexo Rio Madeira: 183 183A tentativa de garantir o controle dos recursos naturais da A tentativa de garantir o controle dos recursos naturais da Amaznia para o grande capitalAmaznia para o grande capital

    Guilherme Carvalho

    Governo e Empresas, Governo e Empresas, 215215senhores do destino dos povos do madeira...!?senhores do destino dos povos do madeira...!?

    Iremar Antnio FerreiraMrcia Nunes Maciel

  • II PARTEII PARTE

    Expanso da fronteira agropecuria e mobilizao dos Expanso da fronteira agropecuria e mobilizao dos 231231povos tradicionais no Sul do Amazonas povos tradicionais no Sul do Amazonas

    Thereza Cristina Cardoso Menezes

    Socio-economic Change in the Transition from Socio-economic Change in the Transition from 249249Patron-Client to Social Movement Networks in Patron-Client to Social Movement Networks in Brazilian Amazonia Brazilian Amazonia

    Mason Clay Mathews

    O garimpo no rio Madeira: territrio e identidade O garimpo no rio Madeira: territrio e identidade 273273Ana Paulina Aguiar Soares

    As polticas governamentais que afetam as As polticas governamentais que afetam as 293293comunidades ribeirinhas no municpio de comunidades ribeirinhas no municpio de Humait-Am no rio Madeira Humait-Am no rio Madeira

    Glucia Maria Quintino Barana

    Limitao ao direito de usufruto exclusivo das Limitao ao direito de usufruto exclusivo das 313313 terras indgenas Tenharin e Jiahuy terras indgenas Tenharin e Jiahuy

    Alex Justus da Silveira

    Os assentamentos ribeirinhos no rio Madeira: Os assentamentos ribeirinhos no rio Madeira: 331331o processo de implementao dos Projetos de o processo de implementao dos Projetos de Assentamentos Agroextrativistas (PAEs) em Humait (AM) Assentamentos Agroextrativistas (PAEs) em Humait (AM)

    Luciane Silva da Costa

    Confl itos pelo uso dos recursos naturais, direitos e Confl itos pelo uso dos recursos naturais, direitos e 349349processos de territorializao no rio Madeira (1880-1930) processos de territorializao no rio Madeira (1880-1930)

    Davi Avelino Leal

    III PARTEIII PARTE

    WakWakmh mmh mkto knhito- nxkaka. kto knhito- nxkaka. 367367Projeto da Hidreltrica de Marab Par Projeto da Hidreltrica de Marab Par

    Rosa Elizabeth Acevedo Marin, Joseline Simone Barreto Trindade

  • 9A LTIMA GRANDE FRONTEIRA AMAZNICA: A LTIMA GRANDE FRONTEIRA AMAZNICA: ANOTAES DE PREMBULO ANOTAES DE PREMBULO

    Alfredo Wagner Berno de Almeida* Alfredo Wagner Berno de Almeida*

    O O Projeto Transformaes Scio-econmicas no Rio MadeiraProjeto Transformaes Scio-econmicas no Rio Madeira vem sendo vem sendo desenvolvido como um dos componentes do Projeto Nova Cartografi a Social desenvolvido como um dos componentes do Projeto Nova Cartografi a Social da Amaznia (PNCSA) desde o incio de 2007. O PNCSA, at dezembro da Amaznia (PNCSA) desde o incio de 2007. O PNCSA, at dezembro de 2008, vinculava-se institucionalmente ao Programa de Ps-graduao em de 2008, vinculava-se institucionalmente ao Programa de Ps-graduao em Sociedade e Cultura na Amaznia, daSociedade e Cultura na Amaznia, da Universidade Federal do Amazonas Universidade Federal do Amazonas (PGSCA-UFAM), e, a partir da, est funcionando no mbito do NSCA/(PGSCA-UFAM), e, a partir da, est funcionando no mbito do NSCA/CESTU da Universidade do Estado do AmazonaCESTU da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), mantendo tambm s (UEA), mantendo tambm vnculos regulares com o Programa de Ps-Graduao em Antropologia vnculos regulares com o Programa de Ps-Graduao em Antropologia Social (PPGAS-UFAM). Os pesquisadores que integram o Projeto relativo s Social (PPGAS-UFAM). Os pesquisadores que integram o Projeto relativo s transformaes no Rio Madeira possuem diferentes formaes acadmicas transformaes no Rio Madeira possuem diferentes formaes acadmicas e acham-se referidos a distintos campos do conhecimento, tais como: e acham-se referidos a distintos campos do conhecimento, tais como: antropologia, biologia, histria, agronomia, geografi a, sociologia, lingstica, antropologia, biologia, histria, agronomia, geografi a, sociologia, lingstica, economia e direito. Eles se encontram vinculados a instituies universitrias economia e direito. Eles se encontram vinculados a instituies universitrias as mais diversas, principalmente a universidades amaznicas, como a UEA, as mais diversas, principalmente a universidades amaznicas, como a UEA, a UFAM, a UFPA (Universidade Federal do Par) e a UNIR (Universidade a UFAM, a UFPA (Universidade Federal do Par) e a UNIR (Universidade Federal de Rondnia). Estes profi ssionais tm realizado um vasto Federal de Rondnia). Estes profi ssionais tm realizado um vasto levantamento de fontes secundrias e executado sistematicamente pesquisas levantamento de fontes secundrias e executado sistematicamente pesquisas exploratrias, isto , exploratrias, isto , surveyssurveys, e trabalhos de campo em toda a regio ofi cialmente , e trabalhos de campo em toda a regio ofi cialmente defi nida como correspondendo ao denominado Complexo Madeira. Tem defi nida como correspondendo ao denominado Complexo Madeira. Tem realizado tambm ofi cinas de elaborao de mapas, seminrios e mini-realizado tambm ofi cinas de elaborao de mapas, seminrios e mini-cursos de formao, focalizando noes elementares para uso de GPS e para cursos de formao, focalizando noes elementares para uso de GPS e para aplicao da legislao correspondente aos direitos territoriais e ambientais. aplicao da legislao correspondente aos direitos territoriais e ambientais. A execuo destes cursos e ofi cinas tem ocorrido em Municpios localizados A execuo destes cursos e ofi cinas tem ocorrido em Municpios localizados na calha do Rio Madeira, de Manicor (AM), passando por Humait (AM), na calha do Rio Madeira, de Manicor (AM), passando por Humait (AM), at Guajar-Mirim (RO), ou no sentido leste-oeste de Apu at Lbrea, no at Guajar-Mirim (RO), ou no sentido leste-oeste de Apu at Lbrea, no Rio Purus. Participam de tais atividades membros de comunidades e povos Rio Purus. Participam de tais atividades membros de comunidades e povos tradicionais, que se autodefi nem como indgenas, quilombolas, pescadores tradicionais, que se autodefi nem como indgenas, quilombolas, pescadores artesanais e ribeirinhos alm de inmeros grupos sociais, incluindo-se os que artesanais e ribeirinhos alm de inmeros grupos sociais, incluindo-se os que so denominados formalmente, pelos rgos fundirios, de assentados e so denominados formalmente, pelos rgos fundirios, de assentados e agricultores familiares.agricultores familiares.

    (*) Antroplogo. Coordenador do NSCA-CESTU/UEA e do PNCSA, professor do PPGAS-UFAM. Pesquisador do CNPQ.

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    A partir da consecuo destas vrias atividades e de trabalhos de A partir da consecuo destas vrias atividades e de trabalhos de campo sucessivos, tanto no perodo chuvoso, quanto na estao seca, os campo sucessivos, tanto no perodo chuvoso, quanto na estao seca, os pesquisadores tem produzido relatrios, notas tcnicas, mapas, fascculos pesquisadores tem produzido relatrios, notas tcnicas, mapas, fascculos e, sobretudo, trabalhos acadmicos. Tais trabalhos correspondem a: e, sobretudo, trabalhos acadmicos. Tais trabalhos correspondem a: exerccios de cursos ministrados em programas de ps-graduao da UFAM exerccios de cursos ministrados em programas de ps-graduao da UFAM (PPGSCA, PPGAS, PPGS), artigos, ensaios, monografi as, dissertaes de (PPGSCA, PPGAS, PPGS), artigos, ensaios, monografi as, dissertaes de mestrado, teses e livros para pblico amplo e difuso. Dentre estes gneros mestrado, teses e livros para pblico amplo e difuso. Dentre estes gneros de produo destacam-se ainda textos que so produzidos nos esforos de de produo destacam-se ainda textos que so produzidos nos esforos de mobilizao dos movimentos sociais e que conjugam as disciplinas militantes mobilizao dos movimentos sociais e que conjugam as disciplinas militantes com o conhecimento cientfi co. A competncia cientfi ca, entretanto, no se com o conhecimento cientfi co. A competncia cientfi ca, entretanto, no se dilui no militantismo ou nas denncias j que os pesquisadores mantm sua dilui no militantismo ou nas denncias j que os pesquisadores mantm sua autonomia e objetivam produzir um conhecimento sistemtico e aprofundado autonomia e objetivam produzir um conhecimento sistemtico e aprofundado das realidades localizadas e dos processos reais, reforado pelo levantamento das realidades localizadas e dos processos reais, reforado pelo levantamento criterioso de fontes documentais e arquivsticas e pelos trabalhos de campo criterioso de fontes documentais e arquivsticas e pelos trabalhos de campo com suas tcnicas de observao direta. Tais prticas confi guram uma com suas tcnicas de observao direta. Tais prticas confi guram uma posio de autoridade cientfi ca, que intervm no mundo poltico ancorada posio de autoridade cientfi ca, que intervm no mundo poltico ancorada no conhecimento concreto de uma situao concreta. Um exemplo concerne no conhecimento concreto de uma situao concreta. Um exemplo concerne s chamadas notas tcnicas, que foram elaboradas pelos pesquisadores a s chamadas notas tcnicas, que foram elaboradas pelos pesquisadores a partir de indagaes remetidas ao PNCSA pelo Ministrio Pblico Federal. partir de indagaes remetidas ao PNCSA pelo Ministrio Pblico Federal. Outro exemplo diz respeito aos fascculos, que foram elaborados atravs de Outro exemplo diz respeito aos fascculos, que foram elaborados atravs de solicitaes de associaes de comunidades quilombolas e/ou ribeirinhas. solicitaes de associaes de comunidades quilombolas e/ou ribeirinhas. Intervenes deste tipo expressam relaes sociais de confi abilidade mtua Intervenes deste tipo expressam relaes sociais de confi abilidade mtua e critrios de competncia e saber que convergem para a legitimao e critrios de competncia e saber que convergem para a legitimao de um intellectuel spcifi que, consoante classifi cao adotada por M. de um intellectuel spcifi que, consoante classifi cao adotada por M. Foucault. Num esforo de sntese pode-se asseverar que as interpretaes Foucault. Num esforo de sntese pode-se asseverar que as interpretaes ora apresentadas so produtos de investigaes cientfi cas que concernem ora apresentadas so produtos de investigaes cientfi cas que concernem a diversas posies e gneros de produo intelectual. Esta pluralidade de a diversas posies e gneros de produo intelectual. Esta pluralidade de gneros orientou o critrio de seleo dos textos, que compem a coletnea gneros orientou o critrio de seleo dos textos, que compem a coletnea ora apresentada, acentuando a heterogeneidade do elenco de autores, isto , ora apresentada, acentuando a heterogeneidade do elenco de autores, isto , de sua composio e agrupamento.de sua composio e agrupamento.

    OS AUTORESOS AUTORES

    So vinte e um os pesquisadores que aparecem como autores So vinte e um os pesquisadores que aparecem como autores no presente livro. Quanto a eles importa ressaltar que h sete que so no presente livro. Quanto a eles importa ressaltar que h sete que so colaboradores e parceiros do PNCSA, como os cinco profi ssionais da colaboradores e parceiros do PNCSA, como os cinco profi ssionais da UNIR, o pesquisador vinculado FASE e o autor do prefcio, que aborda UNIR, o pesquisador vinculado FASE e o autor do prefcio, que aborda o movimento dos atingidos por barragens. Os demais mantm atividades o movimento dos atingidos por barragens. Os demais mantm atividades regulares junto ao projeto. Para classifi car este elenco completo de autores, regulares junto ao projeto. Para classifi car este elenco completo de autores, consoante sua formao acadmica, tem-se: 01(hum) graduando, 03(trs) consoante sua formao acadmica, tem-se: 01(hum) graduando, 03(trs)

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    mestrandos, 06 (seis) mestres, 05 (cinco) doutorandos e 06 (seis) doutores. mestrandos, 06 (seis) mestres, 05 (cinco) doutorandos e 06 (seis) doutores. Os que se encontram na condio de mestrandos so os seguintes: Kariny Os que se encontram na condio de mestrandos so os seguintes: Kariny Teixeira de Souza (PPGAS-UFAM), Luciane Silva da Costa e Mrcia Teixeira de Souza (PPGAS-UFAM), Luciane Silva da Costa e Mrcia Nunes Maciel (PPGSCA-UFAM). As mencionadas dissertaes so duas, Nunes Maciel (PPGSCA-UFAM). As mencionadas dissertaes so duas, enfocando temas relativos a povos indgenas e comunidades de pescadores enfocando temas relativos a povos indgenas e comunidades de pescadores da grande regio do Madeira, e foram defendidas junto ao Instituto de da grande regio do Madeira, e foram defendidas junto ao Instituto de Filosofi a e Cincia Humanas-UNICAMP e ao PPGS-UFAM. Suas autoras Filosofi a e Cincia Humanas-UNICAMP e ao PPGS-UFAM. Suas autoras so respectivamente: Renata da Silva Nbrega (UNICAMP) e Glucia M.Q. so respectivamente: Renata da Silva Nbrega (UNICAMP) e Glucia M.Q. Barana (UFAM). Outros 04 (quatro) autores que tambm detm o ttulo de Barana (UFAM). Outros 04 (quatro) autores que tambm detm o ttulo de mestre so: Guilherme Carvalho, vinculado FASE, Almeida Casseb (UNIR), mestre so: Guilherme Carvalho, vinculado FASE, Almeida Casseb (UNIR), Iremar Antonio Ferreira (UNIR) e Alex Justus da Silveira (PPGDA-UEA). Iremar Antonio Ferreira (UNIR) e Alex Justus da Silveira (PPGDA-UEA). As teses, focalizando temas que tem como referencia emprica as regies As teses, focalizando temas que tem como referencia emprica as regies amaznicas aqui focalizadas e que se encontram em fase de elaborao por amaznicas aqui focalizadas e que se encontram em fase de elaborao por doutorandos de universidades regionais (UFAM, UFPA), de universidade doutorandos de universidades regionais (UFAM, UFPA), de universidade norte-americana (Universidade da Flrida) e de universidades europias norte-americana (Universidade da Flrida) e de universidades europias (Universidade de Milo-Bicocca, Universidade de Paris III), correspondem (Universidade de Milo-Bicocca, Universidade de Paris III), correspondem aos seguintes doutorandos: Ana Paulina Aguiar Soares (UEA/Univ. de Paris), aos seguintes doutorandos: Ana Paulina Aguiar Soares (UEA/Univ. de Paris), Mason Mathews (Univ. da Florida), Emmanuel de Almeida Farias Jr (UEA/Mason Mathews (Univ. da Florida), Emmanuel de Almeida Farias Jr (UEA/Univ. de Milo), Davi Avelino Leal (UFAM) e Joseline Simone Barreto Univ. de Milo), Davi Avelino Leal (UFAM) e Joseline Simone Barreto Trindade (UFPA). Pode-se incluir neste repertrio de produo intelectual, Trindade (UFPA). Pode-se incluir neste repertrio de produo intelectual, os trabalhos de investigao cientfi ca de pelo menos 05 (cinco) doutorandos os trabalhos de investigao cientfi ca de pelo menos 05 (cinco) doutorandos e de no menos que 06 (seis) doutores com experincia de pesquisa na e de no menos que 06 (seis) doutores com experincia de pesquisa na regio amaznica. Os que esto pesquisando e detm o ttulo de doutor, regio amaznica. Os que esto pesquisando e detm o ttulo de doutor, so os seguintes autores: Thereza Cristina Cardoso Menezes (UFAM), so os seguintes autores: Thereza Cristina Cardoso Menezes (UFAM), Marco Antonio Domingues Teixeira (UNIR), Luis Fernando Novoa Garzon Marco Antonio Domingues Teixeira (UNIR), Luis Fernando Novoa Garzon (UNIR), Dante Ribeiro da Fonseca (UNIR), Rosa Acevedo Marin (NAEA-(UNIR), Dante Ribeiro da Fonseca (UNIR), Rosa Acevedo Marin (NAEA-UFPA) e Alfredo Wagner (UEA). UFPA) e Alfredo Wagner (UEA).

    Uma observao de destaque que este conjunto de profi ssionais Uma observao de destaque que este conjunto de profi ssionais mantm uma interao constante entre si e com redes de pesquisadores, de mantm uma interao constante entre si e com redes de pesquisadores, de todo o pas, que estudam os efeitos das polticas energticas e, sobretudo, os todo o pas, que estudam os efeitos das polticas energticas e, sobretudo, os denominados atingidos por barragens. Bem ilustram isto o prefcio elaborado denominados atingidos por barragens. Bem ilustram isto o prefcio elaborado pelo antroplogo Aurlio Vianna Jr., com doutorado pelo Museu Naciona-pelo antroplogo Aurlio Vianna Jr., com doutorado pelo Museu Naciona-UFRJ, e as duas citaes que se encontram na contracapa desta publicao, UFRJ, e as duas citaes que se encontram na contracapa desta publicao, que so de autoria de doutores do Instituto de Pesquisa e Planejamento que so de autoria de doutores do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR)-UFRJ, Carlos Vainer, e da UFBA, Guiomar Urbano e Regional (IPPUR)-UFRJ, Carlos Vainer, e da UFBA, Guiomar Germani. As outras trs citaes, que ilustram as subdivises internas do Germani. As outras trs citaes, que ilustram as subdivises internas do livro, reforam este argumento de interao permanente. Elas so tambm livro, reforam este argumento de interao permanente. Elas so tambm da autoria de doutores: da UNICAMP, Oswaldo Sev, que professor do da autoria de doutores: da UNICAMP, Oswaldo Sev, que professor do Departamento de Energia da Faculdade de Engenharia Mecnica; da UFPA, Departamento de Energia da Faculdade de Engenharia Mecnica; da UFPA, Edna Castro, que professora do Ncleo de Altos Estudos Amaznicos Edna Castro, que professora do Ncleo de Altos Estudos Amaznicos

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    (NAEA) e do UFRJ, Henri Acselrad, que professor do IPPUR. Os artigos ora (NAEA) e do UFRJ, Henri Acselrad, que professor do IPPUR. Os artigos ora apresentados refl etem, portanto, um intenso intercmbio tcnico-cientfi co apresentados refl etem, portanto, um intenso intercmbio tcnico-cientfi co e o escopo de pesquisas que esto em andamento e podem contribuir para e o escopo de pesquisas que esto em andamento e podem contribuir para uma refl exo mais detida a respeito dos confl itos sociais em jogo nesta uma refl exo mais detida a respeito dos confl itos sociais em jogo nesta regio amaznica correspondente ao que denominado ofi cialmente de regio amaznica correspondente ao que denominado ofi cialmente de Complexo Madeira. Apenas um dos artigos, aquele de autoria de Rosa Complexo Madeira. Apenas um dos artigos, aquele de autoria de Rosa Acevedo e Joseline Trindade, refere-se outra regio amaznica, qual seja a Acevedo e Joseline Trindade, refere-se outra regio amaznica, qual seja a do Rio Tocantins. Foi includo para efeito de contraste, porquanto ocorre de do Rio Tocantins. Foi includo para efeito de contraste, porquanto ocorre de maneira simultnea e contm refl exes que podem ser aproximadas daquelas maneira simultnea e contm refl exes que podem ser aproximadas daquelas que ora elaboramos sobre os antagonismos sociais na regio do Madeira.que ora elaboramos sobre os antagonismos sociais na regio do Madeira.

    Em conjuno com esta coletnea de textos foi produzido um Em conjuno com esta coletnea de textos foi produzido um mapa-sntese que acompanha este livro e intitulado: Complexo Madeira: mapa-sntese que acompanha este livro e intitulado: Complexo Madeira: confl itos sociais, reas reservadas e territorialidades especfi cas. Os trabalhos confl itos sociais, reas reservadas e territorialidades especfi cas. Os trabalhos que resultaram em sua elaborao foram executados, em diferentes etapas que resultaram em sua elaborao foram executados, em diferentes etapas de pesquisa, pelos pesquisadores j mencionados. A etapa de atividades de pesquisa, pelos pesquisadores j mencionados. A etapa de atividades laboratoriais fi cou a cargo principalmente de Luis Augusto Pereira Lima, laboratoriais fi cou a cargo principalmente de Luis Augusto Pereira Lima, graduando em geografi a da UEA, que pacientemente incorporou base graduando em geografi a da UEA, que pacientemente incorporou base cartogrfi ca as informaes e dados obtidos atravs do levantamento de cartogrfi ca as informaes e dados obtidos atravs do levantamento de fontes secundrias, realizado em bibliotecas e tambm na hemeroteca do fontes secundrias, realizado em bibliotecas e tambm na hemeroteca do PNCSA, e atravs das viagens de campo. PNCSA, e atravs das viagens de campo.

    Tem-se, portanto um total de 26 (vinte e seis) pesquisadores diretamente Tem-se, portanto um total de 26 (vinte e seis) pesquisadores diretamente referidos organizao deste livro e do mapa situacional que o acompanha, referidos organizao deste livro e do mapa situacional que o acompanha, expressando um projeto coletivo.expressando um projeto coletivo.

    O signifi cado de projeto coletivo certamente transcende relao O signifi cado de projeto coletivo certamente transcende relao entre os autores e remete s relaes que estes estabelecem com diferentes entre os autores e remete s relaes que estes estabelecem com diferentes agencias universitrias e s prprias relaes de pesquisa em andamento, agencias universitrias e s prprias relaes de pesquisa em andamento, tal como sublinha Bourdieu em A Misria do Mundo. Em outras palavras, tal como sublinha Bourdieu em A Misria do Mundo. Em outras palavras, pode-se asseverar, que a relao que cada pesquisador mantm com seus pode-se asseverar, que a relao que cada pesquisador mantm com seus textos sempre mediatizada pela relao que mantm com os agentes sociais textos sempre mediatizada pela relao que mantm com os agentes sociais pesquisados e com as instituies que os agrupam. Assim, as interaes entre pesquisados e com as instituies que os agrupam. Assim, as interaes entre os produtores intelectuais e cientfi cos, conhecem mltiplas mediaes e so os produtores intelectuais e cientfi cos, conhecem mltiplas mediaes e so infi nitamente complexas, refl etindo-se nos prprios procedimentos de coligir infi nitamente complexas, refl etindo-se nos prprios procedimentos de coligir os dados. As entrevistas abertas, os depoimentos livres e no-dirigidos, os os dados. As entrevistas abertas, os depoimentos livres e no-dirigidos, os atos de mobilizao e demais rituais registrados, evidenciam a fra que estas atos de mobilizao e demais rituais registrados, evidenciam a fra que estas relaes de pesquisa vo adquirindo na consecuo cotidiana do prprio relaes de pesquisa vo adquirindo na consecuo cotidiana do prprio projeto de investigao. Dentre estas atividades de campo importa mencionar projeto de investigao. Dentre estas atividades de campo importa mencionar que os pesquisadores do PNCSA realizaram em 2008 e 2009 pelo menos que os pesquisadores do PNCSA realizaram em 2008 e 2009 pelo menos trs ofi cinas de mapas (Humait, Lbrea e Costa Marques) e dois cursos de trs ofi cinas de mapas (Humait, Lbrea e Costa Marques) e dois cursos de formao (Porto Velho) na regio do Rio Madeira, alm de organizarem um formao (Porto Velho) na regio do Rio Madeira, alm de organizarem um evento pblico em que representantes de movimentos indgenas do Mdio evento pblico em que representantes de movimentos indgenas do Mdio

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    Madeira, de campesinos bolivianos de Pando, de quilombolas do Guapor e Madeira, de campesinos bolivianos de Pando, de quilombolas do Guapor e de ribeirinhos de Humait se pronunciaram e discutiram seus pontos de vista. de ribeirinhos de Humait se pronunciaram e discutiram seus pontos de vista. Mais de uma centena de agentes sociais participaram, portanto, diretamente Mais de uma centena de agentes sociais participaram, portanto, diretamente de atividades especfi cas do PNCSA, atualizando os fatores de diversidade de atividades especfi cas do PNCSA, atualizando os fatores de diversidade cultural em pauta e explicitando o peso relativo das identidades coletivas e cultural em pauta e explicitando o peso relativo das identidades coletivas e das formas organizativas assumidas por indgenas, quilombolas, pescadores das formas organizativas assumidas por indgenas, quilombolas, pescadores e ribeirinhos. Os pesquisadores participaram ainda, como observadores, e ribeirinhos. Os pesquisadores participaram ainda, como observadores, de audincias pblicas, consultas e inmeros atos de mobilizao destas de audincias pblicas, consultas e inmeros atos de mobilizao destas diferentes organizaes debatendo os efeitos scio-ambientais da construo diferentes organizaes debatendo os efeitos scio-ambientais da construo das hidreltricas de Jirau e Santo Antonio. Os resultados destas prticas de das hidreltricas de Jirau e Santo Antonio. Os resultados destas prticas de campo convergiram para textos e para o mapa situacional, demonstrando campo convergiram para textos e para o mapa situacional, demonstrando o carter coletivo do projeto deste livro e do mapa que agora so dados a o carter coletivo do projeto deste livro e do mapa que agora so dados a pblico. pblico.

    AS ILUSTRAES E AS FONTES DOCUMENTAIS E ARQUIVSTICAS AS ILUSTRAES E AS FONTES DOCUMENTAIS E ARQUIVSTICAS COMPULSADAS (1749-1883)COMPULSADAS (1749-1883)

    As estampas, desenhos a bico de pena e aquarelas, que ilustram as As estampas, desenhos a bico de pena e aquarelas, que ilustram as vrias partes do livro e sua prpria capa aparentemente j perderam o vrias partes do livro e sua prpria capa aparentemente j perderam o frescor da novidade, uma vez que foram pesquisados a partir da consulta frescor da novidade, uma vez que foram pesquisados a partir da consulta a trs publicaes do sculo XIX, datadas respectivamente de 1853, 1879 a trs publicaes do sculo XIX, datadas respectivamente de 1853, 1879 e 1885. Conservam, entretanto, uma certa atualidade posto que retratam e 1885. Conservam, entretanto, uma certa atualidade posto que retratam exatamente os trechos de corredeiras e encachoeiramentos do Rio Madeira exatamente os trechos de corredeiras e encachoeiramentos do Rio Madeira hoje escolhidos para a construo de barragens. Jirau e Santo Antonio, por hoje escolhidos para a construo de barragens. Jirau e Santo Antonio, por exemplo, esto mapeados e retratados desde a segunda metade do sculo exemplo, esto mapeados e retratados desde a segunda metade do sculo XVIII, bem como Teotnio, Macacos, Morrinhos, Caldeiro do Inferno e XVIII, bem como Teotnio, Macacos, Morrinhos, Caldeiro do Inferno e outros mais. As expedies de naturalistas, de militares e de clrigos cada outros mais. As expedies de naturalistas, de militares e de clrigos cada uma sua maneira, desde 1749, reconhecem de maneira explcita estes uma sua maneira, desde 1749, reconhecem de maneira explcita estes lugares notveis naturais (cf. Conveno relativo proteo do Patrimnio lugares notveis naturais (cf. Conveno relativo proteo do Patrimnio Mundial, Cultural e Natural. UNESCO,1972: arts 1,2) e registram os povos Mundial, Cultural e Natural. UNESCO,1972: arts 1,2) e registram os povos indgenas e ribeirinhos que deles fazem uso, sem destru-los ou devast-los. indgenas e ribeirinhos que deles fazem uso, sem destru-los ou devast-los. Com base em suas narrativas pode-se asseverar que tais lugares constituem, Com base em suas narrativas pode-se asseverar que tais lugares constituem, simultaneamente, um patrimnio natural e um patrimnio cultural. Em simultaneamente, um patrimnio natural e um patrimnio cultural. Em outros termos podem ser entendidos como obras conjugadas do homem outros termos podem ser entendidos como obras conjugadas do homem e da natureza, compreendendo simultaneamente lugares arqueolgicos, que e da natureza, compreendendo simultaneamente lugares arqueolgicos, que tem valor excepcional do ponto de vista histrico, e lugares sociais ditados tem valor excepcional do ponto de vista histrico, e lugares sociais ditados pelos povos e comunidades que tradicionalmente os ocupam e deles tem se pelos povos e comunidades que tradicionalmente os ocupam e deles tem se apropriado, conservando-os e cobertura vegetal de seu entorno. apropriado, conservando-os e cobertura vegetal de seu entorno.

    Os desenhos da capa foram extrados do livro de autoria de F.J.de Santa-Os desenhos da capa foram extrados do livro de autoria de F.J.de Santa-Anna Nery denominado Le Pays des Amazones. LEl-Dorado- Les Terres a Anna Nery denominado Le Pays des Amazones. LEl-Dorado- Les Terres a

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    Caoutchouc., impresso em Paris, pela Bibliothque des deux-Mondes, em Caoutchouc., impresso em Paris, pela Bibliothque des deux-Mondes, em 1885. O mapa que faz fundo ilustrando a subdiviso das partes do livro foi 1885. O mapa que faz fundo ilustrando a subdiviso das partes do livro foi extrado dos relatos de Edward D. Mathews agrupados sob o ttulo Up the extrado dos relatos de Edward D. Mathews agrupados sob o ttulo Up the Amazon and Madeira Rivers through Bolvia and Peru, editado em Londres Amazon and Madeira Rivers through Bolvia and Peru, editado em Londres em 1879. As outras subdivises foram destacadas pela reproduo fac-smile em 1879. As outras subdivises foram destacadas pela reproduo fac-smile das capas de livros sobre a regio do Madeira, produzidos nos sculos XVIII das capas de livros sobre a regio do Madeira, produzidos nos sculos XVIII e XIX e mencionados nas listas a seguir apresentadas. O frontispcio ou e XIX e mencionados nas listas a seguir apresentadas. O frontispcio ou ilustrao da folha de rosto foi extrado do segundo tomo do relatrio de ilustrao da folha de rosto foi extrado do segundo tomo do relatrio de dois militares do The Navy Department dos Estados Unidos, William dois militares do The Navy Department dos Estados Unidos, William Lewis Herndon e Lardner Gibbon, que o apresentaram ao Congresso norte-Lewis Herndon e Lardner Gibbon, que o apresentaram ao Congresso norte-americano em 1854, na 32d.Congress, 2d session. Trata-se de um relatrio americano em 1854, na 32d.Congress, 2d session. Trata-se de um relatrio de viagem intitulado Exploration of the Valley of the Amazon Made under de viagem intitulado Exploration of the Valley of the Amazon Made under direction of The Navy Department. Sua segunda parte, correspondente direction of The Navy Department. Sua segunda parte, correspondente viagem da regio andina do Peru ao Rio Madeira, passando pelo Rio viagem da regio andina do Peru ao Rio Madeira, passando pelo Rio Madre-de-Dios, foi elaborada pelo Lt.Lardner Gibbon. Este relatrio Madre-de-Dios, foi elaborada pelo Lt.Lardner Gibbon. Este relatrio militar assinalava um interesse estratgico dos Estados Unidos, para alm militar assinalava um interesse estratgico dos Estados Unidos, para alm dos recursos fl orestais e da explorao de borracha e outros produtos dos recursos fl orestais e da explorao de borracha e outros produtos extrativos, ressaltando o potencial econmico do Madeira e de outros rios extrativos, ressaltando o potencial econmico do Madeira e de outros rios da Amaznia, num momento em que certa inquietude perpassava os jornais da Amaznia, num momento em que certa inquietude perpassava os jornais brasileiros, quanto ao receio de uma conquista estrangeira da regio. Uma brasileiros, quanto ao receio de uma conquista estrangeira da regio. Uma parte da imprensa dos Estados Unidos tomava tom agressivo. O livro de parte da imprensa dos Estados Unidos tomava tom agressivo. O livro de Maury, The Amazon and the Atlantic Slopes of South Amrica, era lido Maury, The Amazon and the Atlantic Slopes of South Amrica, era lido como escrito por um representante do imperialismo (Tenrio,1975:15 como escrito por um representante do imperialismo (Tenrio,1975:15 apud. Pontes, 1939:207). Assim se expressou Oscar Tenorio, no prefcio de apud. Pontes, 1939:207). Assim se expressou Oscar Tenorio, no prefcio de O Vale do Amazonas, de A.C.Tavares Bastos citando o trabalho biogrfi co O Vale do Amazonas, de A.C.Tavares Bastos citando o trabalho biogrfi co de Carlos Pontes- Tavares Bastos (Aureliano Candido),1839-187 publicado de Carlos Pontes- Tavares Bastos (Aureliano Candido),1839-187 publicado em. 1939. Um lustro aps este relatrio dos militares norte-americanos o em. 1939. Um lustro aps este relatrio dos militares norte-americanos o parlamento brasileiro, no incio da dcada de 1860-70, passou a discutir com parlamento brasileiro, no incio da dcada de 1860-70, passou a discutir com maior intensidade a questo da abertura do Rio Amazonas, at ento fechado maior intensidade a questo da abertura do Rio Amazonas, at ento fechado navegao estrangeira. Tavares Bastos, em 1863, viajou pela Amaznia e navegao estrangeira. Tavares Bastos, em 1863, viajou pela Amaznia e contribuiu, fundamentado nas teorias do liberalismo econmico, para que contribuiu, fundamentado nas teorias do liberalismo econmico, para que fosse aberto navegao e ao livre comrcio o Rio Amazonas, sem qualquer fosse aberto navegao e ao livre comrcio o Rio Amazonas, sem qualquer dano soberania nacional. Seus estudos foram acatados atravs do Decreto dano soberania nacional. Seus estudos foram acatados atravs do Decreto de 07 de dezembro de 1866, pelo qual o governo imperial decidiu abrir aos de 07 de dezembro de 1866, pelo qual o governo imperial decidiu abrir aos navios mercantes de todas as naes a navegao pelo Rio Amazonas e seus navios mercantes de todas as naes a navegao pelo Rio Amazonas e seus afl uentes. Desfaziam-se assim, os condicionantes jurdicos liberdade de afl uentes. Desfaziam-se assim, os condicionantes jurdicos liberdade de navegao e estava recolocada politicamente a questo do aproveitamento navegao e estava recolocada politicamente a questo do aproveitamento econmico dos recursos fl orestais e hdricos da regio amaznica.econmico dos recursos fl orestais e hdricos da regio amaznica.

    Ressaltam, neste levantamento de fontes secundrias, as publicaes Ressaltam, neste levantamento de fontes secundrias, as publicaes que evidenciam a importncia do Rio Madeira, quando o tema concerne que evidenciam a importncia do Rio Madeira, quando o tema concerne

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    a cachoeiras, cachuelas, rapides, rapids, currents ou falls. So a cachoeiras, cachuelas, rapides, rapids, currents ou falls. So inmeros os ttulos em portugus, espanhol, francs e ingls- que enfocam inmeros os ttulos em portugus, espanhol, francs e ingls- que enfocam esta caracterstica do Madeira. Vrios deles foram agrupados na publicao esta caracterstica do Madeira. Vrios deles foram agrupados na publicao coligida pelo Coronel George Earl Church, que foi o gerente-geral da The coligida pelo Coronel George Earl Church, que foi o gerente-geral da The Madeira and Mamor Railway Company, intitulada: Explorations-Valley Madeira and Mamor Railway Company, intitulada: Explorations-Valley of the river Madeira from 1749 to 1868. Quem parece ter arcado com os of the river Madeira from 1749 to 1868. Quem parece ter arcado com os custos das tradues para o ingls dos ttulos, em espanhol e portugus, a custos das tradues para o ingls dos ttulos, em espanhol e portugus, a seguir apresentados foi a prpria empresa ferroviria Madeira-Mamor, um seguir apresentados foi a prpria empresa ferroviria Madeira-Mamor, um a vez que os dois tradutores so seus funcionrios. Vejamos os ttulos: a) a vez que os dois tradutores so seus funcionrios. Vejamos os ttulos: a) Exploration of the River Madeira. Report of Jos and Francisco Keller made Exploration of the River Madeira. Report of Jos and Francisco Keller made to the Imperial Government of Brazil. London, Waterlow & Sons.1873. to the Imperial Government of Brazil. London, Waterlow & Sons.1873. (Translated from Portuguese by George Earl Church); b) Exploration of (Translated from Portuguese by George Earl Church); b) Exploration of the rivers and lakes of the Department of the Beni, Bolvia, by Jos Agustin the rivers and lakes of the Department of the Beni, Bolvia, by Jos Agustin Palacios from 1844 to 1847. Madeira and Mamore Railway Company,1874. Palacios from 1844 to 1847. Madeira and Mamore Railway Company,1874. (Translated from spanish by James. William Barry, Secretary Madeira and (Translated from spanish by James. William Barry, Secretary Madeira and Mamore Railway Company, Limited); c) The Madeira and its head-waters, by Mamore Railway Company, Limited); c) The Madeira and its head-waters, by General Quintin Quevedo, 1861; d) New fl uvial outlet for Bolivia, by Seor General Quintin Quevedo, 1861; d) New fl uvial outlet for Bolivia, by Seor Ygnacio Arauz (translated from spanish by Jas WM. Barry, Secretary of the Ygnacio Arauz (translated from spanish by Jas WM. Barry, Secretary of the Madeira and Mamore Railway Company, Limited.); e) Voyage made from the Madeira and Mamore Railway Company, Limited.); e) Voyage made from the City of the Gram Par to the Mouth of the River Madeira by the expedition City of the Gram Par to the Mouth of the River Madeira by the expedition which ascended this river to the mines of Mato Grosso by special order of which ascended this river to the mines of Mato Grosso by special order of his faithful majesty in the year 1749 written by Jos Gonsalves da Fonseca his faithful majesty in the year 1749 written by Jos Gonsalves da Fonseca in the same year. Published by The Royal Academy of Sciences of Lisbon, in the same year. Published by The Royal Academy of Sciences of Lisbon, 1826. (Translated from Portuguese by James William Barry, Secretary of 1826. (Translated from Portuguese by James William Barry, Secretary of the Madeira and Mamor Railway Company, Limited). Esta publicao de the Madeira and Mamor Railway Company, Limited). Esta publicao de Church inclui tambm um resumo do relatrio militar de Herdnon e Gibbon Church inclui tambm um resumo do relatrio militar de Herdnon e Gibbon intitulado The rapids of the River Madeira. Trata-se de um Extract intitulado The rapids of the River Madeira. Trata-se de um Extract publicado por Dunlop and Co., Printers, New Street, Cloth Fair, E.C., em publicado por Dunlop and Co., Printers, New Street, Cloth Fair, E.C., em 1874. Todos os ttulos desta coletnea encontram-se disponveis consulta 1874. Todos os ttulos desta coletnea encontram-se disponveis consulta na The Church Collection da biblioteca da Brown University. na The Church Collection da biblioteca da Brown University.

    parte desta coleo podem ser mencionados tambm: a) o relatrio parte desta coleo podem ser mencionados tambm: a) o relatrio de viagem de Alexandre Rodrigues Ferreira, produzido entre 1783 e 1791 de viagem de Alexandre Rodrigues Ferreira, produzido entre 1783 e 1791 denominado Relao circunstanciada do Rio Madeira e seus territrios denominado Relao circunstanciada do Rio Madeira e seus territrios publicado in Anais do X Congresso Brasileiro de Geografi a. Rio de Janeiro. publicado in Anais do X Congresso Brasileiro de Geografi a. Rio de Janeiro. Congresso Nacional de Geografi a.1949; b)a Expdition dans les parties Congresso Nacional de Geografi a.1949; b)a Expdition dans les parties centrales de lAmerique du Sud Histoire du Voyage, tomo 6, que narra centrales de lAmerique du Sud Histoire du Voyage, tomo 6, que narra a viagem dos naturalistas do Rio de Janeiro Lima, e de Lima ao Par, a viagem dos naturalistas do Rio de Janeiro Lima, e de Lima ao Par, executada por ordem do Governo da Frana, durante os anos de 1843 a executada por ordem do Governo da Frana, durante os anos de 1843 a 1847, sob a direo de Francis de Castelnau. Este livro foi impresso em 1847, sob a direo de Francis de Castelnau. Este livro foi impresso em Paris em 1851; b) Recollections of an ill-fated expedition to the headwaters Paris em 1851; b) Recollections of an ill-fated expedition to the headwaters

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    of the Madeira River in Brazil de autoria de Neville B.Craig, publicado em of the Madeira River in Brazil de autoria de Neville B.Craig, publicado em Philadelphia, 1907, focalizando a malograda Expedio Collins (1878-1879). Philadelphia, 1907, focalizando a malograda Expedio Collins (1878-1879). Participou desta expedio George Wishart Creigthon que era presidente da Participou desta expedio George Wishart Creigthon que era presidente da Madeira and Mamor Association; c) os relatrios da Comisso de Estudos Madeira and Mamor Association; c) os relatrios da Comisso de Estudos da Estrada de Ferro do Madeira e Mamor, publicados sob este mesmo ttulo da Estrada de Ferro do Madeira e Mamor, publicados sob este mesmo ttulo em 1885; d) o Viagem e estudos sobre o Valle do Baixo Guapor. Da cidade em 1885; d) o Viagem e estudos sobre o Valle do Baixo Guapor. Da cidade de Matto Grosso ao Forte Prncipe da Beira, do Dr. Manoel Espiridio da de Matto Grosso ao Forte Prncipe da Beira, do Dr. Manoel Espiridio da Costa Marques. Rio de Janeiro. Typ. e Pap. Hildebrandt 1908; e) o livro do Costa Marques. Rio de Janeiro. Typ. e Pap. Hildebrandt 1908; e) o livro do antroplogo Roquette Pinto, que resultou de sua participao na expedio antroplogo Roquette Pinto, que resultou de sua participao na expedio de 1912 Serra do Norte, integrando a Comisso de Linhas Telegrfi cas de 1912 Serra do Norte, integrando a Comisso de Linhas Telegrfi cas Estratgicas do Mato Grosso ao Amazonas, dirigida pelo General Candido Estratgicas do Mato Grosso ao Amazonas, dirigida pelo General Candido Mariano da Silva Rondon: Rondnia. Anthropologia e Ethnologia, editado Mariano da Silva Rondon: Rondnia. Anthropologia e Ethnologia, editado pela imprensa Nacional em 1917; f) Tristes Trpicos, livro do antroplogo pela imprensa Nacional em 1917; f) Tristes Trpicos, livro do antroplogo Claude Lvy-Strauss, contendo nove captulos, dos quais quatro referem-Claude Lvy-Strauss, contendo nove captulos, dos quais quatro referem-se a povos indgenas (Caduveo, Bororo, Nambiquara, Tupi-Kawahib). Estes se a povos indgenas (Caduveo, Bororo, Nambiquara, Tupi-Kawahib). Estes quatro captulos so resultantes de sua participao na Expedio Serra quatro captulos so resultantes de sua participao na Expedio Serra do Norte, em 1938. A primeira edio do livro foi publicada em Paris pela do Norte, em 1938. A primeira edio do livro foi publicada em Paris pela Librairie Plon em 1955 e g) Um outro olhar. Dirio da Expedio Serra Librairie Plon em 1955 e g) Um outro olhar. Dirio da Expedio Serra do Norte, do antroplogo Luiz de Castro Faria, do Museu Nacional. Este do Norte, do antroplogo Luiz de Castro Faria, do Museu Nacional. Este caderno de campo, com o registro minucioso de todos os fatos observados, caderno de campo, com o registro minucioso de todos os fatos observados, produzido a partir da participao deste antroplogo na Expedio de produzido a partir da participao deste antroplogo na Expedio de 1938. Trata-se da ltima grande expedio etnogrfi ca do sculo XX, como 1938. Trata-se da ltima grande expedio etnogrfi ca do sculo XX, como sublinha a historiadora Heloisa Bertol Domingues, no prefcio a este livro, sublinha a historiadora Heloisa Bertol Domingues, no prefcio a este livro, que foi editado pela Ouro Sobre Azul em 2001.que foi editado pela Ouro Sobre Azul em 2001.

    Vale reiterar que o que mais chama a ateno nas publicaes dos Vale reiterar que o que mais chama a ateno nas publicaes dos sculos XVIII e XIX que os relatos, os mapas e as representaes pictricas sculos XVIII e XIX que os relatos, os mapas e as representaes pictricas destacam invariavelmente a fora das guas, com as sucessivas quedas no destacam invariavelmente a fora das guas, com as sucessivas quedas no curso do Rio Madeira, assim como os povos indgenas e ribeirinhos. Os curso do Rio Madeira, assim como os povos indgenas e ribeirinhos. Os trabalhos das primeiras dcadas do sculo XX, por sua vez, enfatizam os trabalhos das primeiras dcadas do sculo XX, por sua vez, enfatizam os povos indgenas e os moradores das margens de rios, de lagos e igaraps. povos indgenas e os moradores das margens de rios, de lagos e igaraps. No caso dos relatrios militares do sculo XIX h uma ntida avaliao das No caso dos relatrios militares do sculo XIX h uma ntida avaliao das condies de viabilidade do aproveitamento econmico da borracha e destas condies de viabilidade do aproveitamento econmico da borracha e destas guas ligeiras. No seriam meras ilustraes, neste sentido, nem tampouco guas ligeiras. No seriam meras ilustraes, neste sentido, nem tampouco desenhos de paisagens exticas numa demonstrao de como os hericos desenhos de paisagens exticas numa demonstrao de como os hericos desbravadores superaram os obstculos naturais para adentrar nas fl orestas desbravadores superaram os obstculos naturais para adentrar nas fl orestas tropicais. Consistem em fi guras que traduzem os recursos naturais do tropicais. Consistem em fi guras que traduzem os recursos naturais do prisma de sua utilizao econmica. Como pano de fundo uma ferrovia e prisma de sua utilizao econmica. Como pano de fundo uma ferrovia e as casas aviadoras que comercializavam a borracha. Em virtude disto que as casas aviadoras que comercializavam a borracha. Em virtude disto que as estampas e os elementos paisagsticos reforam as narrativas militares e as estampas e os elementos paisagsticos reforam as narrativas militares e de sentido geopoltico. O termo explorao, to repetido nos ttulos das de sentido geopoltico. O termo explorao, to repetido nos ttulos das

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    fontes histricas, se atm a uma dimenso econmica dos recursos naturais fontes histricas, se atm a uma dimenso econmica dos recursos naturais e nada tem de faanha militar, pica ou de ao de risco e aventura, e nada tem de faanha militar, pica ou de ao de risco e aventura, por mais que a aluso s cachoeiras e fora das guas edulcore os riscos e por mais que a aluso s cachoeiras e fora das guas edulcore os riscos e perigos vividos nas longas viagens de barco.perigos vividos nas longas viagens de barco.

    As fontes documentais de pocas pretritas, ora mencionadas, bem As fontes documentais de pocas pretritas, ora mencionadas, bem como aquelas que constam do artigo de Davi Avelino Leal, incorporando como aquelas que constam do artigo de Davi Avelino Leal, incorporando Relatrios de Presidentes da Provncia do Amazonas e relatrio do engenheiro Relatrios de Presidentes da Provncia do Amazonas e relatrio do engenheiro militar Euclides da Cunha, contribuem para alertar que no h novidade militar Euclides da Cunha, contribuem para alertar que no h novidade nas aes governamentais que, no momento atual, objetivam incorporar o nas aes governamentais que, no momento atual, objetivam incorporar o potencial dos recursos hdricos do Madeira produo de energia eltrica. potencial dos recursos hdricos do Madeira produo de energia eltrica. No h propriamente uma descoberta do ponto de vista do planejamento No h propriamente uma descoberta do ponto de vista do planejamento econmico. H uma iluso, uma confuso de aparncia com realidade. Em econmico. H uma iluso, uma confuso de aparncia com realidade. Em outras palavras o que ocorre uma modalidade de interveno estatal que outras palavras o que ocorre uma modalidade de interveno estatal que imagina estar diante de um patrimnio natural, quando na verdade o que est imagina estar diante de um patrimnio natural, quando na verdade o que est em jogo trata-se de um patrimnio cultural, apoiado num quadro natural, em jogo trata-se de um patrimnio cultural, apoiado num quadro natural, socialmente construdo por povos e comunidades tradicionais. Estes povos socialmente construdo por povos e comunidades tradicionais. Estes povos e comunidades centenariamente tem utilizado a fl oresta e as guas para sua e comunidades centenariamente tem utilizado a fl oresta e as guas para sua reproduo fsica e cultural, sem destruir e devastar a cobertura vegetal e as reproduo fsica e cultural, sem destruir e devastar a cobertura vegetal e as guas dos rios, lagos, vrzeas, igaps, terras fi rmes, parans e igaraps. O valor guas dos rios, lagos, vrzeas, igaps, terras fi rmes, parans e igaraps. O valor ecolgico acha-se incorporado ao modo de criar, fazer e viver expresso por ecolgico acha-se incorporado ao modo de criar, fazer e viver expresso por indgenas, ribeirinhos, quilombolas e pescadores artesanais. As corredeiras indgenas, ribeirinhos, quilombolas e pescadores artesanais. As corredeiras podem ser consideradas como parte deste conjunto de bens da natureza que podem ser consideradas como parte deste conjunto de bens da natureza que so portadores de referncia identidade coletiva, bem como memria e so portadores de referncia identidade coletiva, bem como memria e vida social dos povos e comunidades tradicionais. Integram, deste modo, vida social dos povos e comunidades tradicionais. Integram, deste modo, o patrimnio cultural amaznico tanto como valor histrico, quanto como o patrimnio cultural amaznico tanto como valor histrico, quanto como condio do futuro.Transcendendo, pois, dimenso meramente econmica condio do futuro.Transcendendo, pois, dimenso meramente econmica das narrativas histricas est-se diante de um patrimnio cultural, nos termos das narrativas histricas est-se diante de um patrimnio cultural, nos termos do Art.216 da Constituio Federal de 1988, que deve ser mantido e protegido do Art.216 da Constituio Federal de 1988, que deve ser mantido e protegido pelo poder pblico.pelo poder pblico.

    Os ribeirinhos habitam um espao fsico, mas idealmente so habitados Os ribeirinhos habitam um espao fsico, mas idealmente so habitados por uma memria de tempos de trabalho rduo nestes lagos e beirades. por uma memria de tempos de trabalho rduo nestes lagos e beirades. Possuem uma representao positiva de sua atividade e tem avanado na Possuem uma representao positiva de sua atividade e tem avanado na direo de uma identidade coletiva. Eles tem se destacado no emaranhado direo de uma identidade coletiva. Eles tem se destacado no emaranhado de discusses e divises suscitados pelos confl itos sociais face implantao de discusses e divises suscitados pelos confl itos sociais face implantao dos grandes projetos. Pode-se navegar no Madeira com a memria histrica dos grandes projetos. Pode-se navegar no Madeira com a memria histrica que conserva a lembrana de suas rotas e correntes, mas num espao fsico que conserva a lembrana de suas rotas e correntes, mas num espao fsico constantemente transformado pelas novas construes sociais e formas constantemente transformado pelas novas construes sociais e formas organizativas de indgenas, ribeirinhos, pescadores e quilombolas. Cada um organizativas de indgenas, ribeirinhos, pescadores e quilombolas. Cada um deles com suas relaes sociais de trabalho, com suas identidades prprias, deles com suas relaes sociais de trabalho, com suas identidades prprias, com suas organizaes intrnsecas e seus processos diferenciados de com suas organizaes intrnsecas e seus processos diferenciados de

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    territorializao. O uso comum dos recursos, transformados pelas unidades territorializao. O uso comum dos recursos, transformados pelas unidades familiares, o conhecimento detalhado dos meandros de um escossistema, familiares, o conhecimento detalhado dos meandros de um escossistema, a autonomia produtiva e as novas formas organizativas evidenciam uma a autonomia produtiva e as novas formas organizativas evidenciam uma capacidade transformadora que parece aumentar nesta quadra de intensos capacidade transformadora que parece aumentar nesta quadra de intensos antagonismos e tenses.antagonismos e tenses.

    Endossando este argumento de transformaes profundas em curso, Endossando este argumento de transformaes profundas em curso, foi tambm incorporada como fonte de consulta a produo literria, que foi tambm incorporada como fonte de consulta a produo literria, que sucedeu imediatamente quela dos relatrios de expedies e comisses. sucedeu imediatamente quela dos relatrios de expedies e comisses. Foram compulsados, em decorrncia, os livros A Selva, de Ferreira de Castro, Foram compulsados, em decorrncia, os livros A Selva, de Ferreira de Castro, e Banco de Canoas e Beirado, de lvaro Maia. Foi registrada a toponmia e Banco de Canoas e Beirado, de lvaro Maia. Foi registrada a toponmia para fi ns de verifi cao e mapeamento, a partir das viagens de campo dos para fi ns de verifi cao e mapeamento, a partir das viagens de campo dos pesquisadores pela regio do Madeira. Uma observao inicial que a relao pesquisadores pela regio do Madeira. Uma observao inicial que a relao de topnimos evidencia uma transformao radical na classifi cao dos de topnimos evidencia uma transformao radical na classifi cao dos lugares a partir da segunda dcada do sculo XX. Ela evidencia como o lugares a partir da segunda dcada do sculo XX. Ela evidencia como o processo de desagregao da empresa seringalista possibilitou em inmeras processo de desagregao da empresa seringalista possibilitou em inmeras situaes sociais, como nos casos dos seringais Paraso, Trs Casas e Juma, a situaes sociais, como nos casos dos seringais Paraso, Trs Casas e Juma, a emergncia de povoados livres. O declnio dos seringais e de seus mecanismos emergncia de povoados livres. O declnio dos seringais e de seus mecanismos de imobilizao da fora de trabalho possibilitou o advento de agrupamentos de imobilizao da fora de trabalho possibilitou o advento de agrupamentos voluntrios de seringueiros. Os instrumentos de represso da fora de trabalho, voluntrios de seringueiros. Os instrumentos de represso da fora de trabalho, que caracterizavam a empresa seringalista, foram desativados e se erigiram que caracterizavam a empresa seringalista, foram desativados e se erigiram povoados com trabalhadores e suas famlias que no se encontravam mais povoados com trabalhadores e suas famlias que no se encontravam mais necessariamente subjugados ou imobilizados pela dvida. Nos mapas ofi ciais necessariamente subjugados ou imobilizados pela dvida. Nos mapas ofi ciais desapareceu o prefi xo seringal e foi mantido apenas o nome do que passou desapareceu o prefi xo seringal e foi mantido apenas o nome do que passou a ser o povoado. No Alto Madeira registra-se tambm que a desagregao a ser o povoado. No Alto Madeira registra-se tambm que a desagregao das empresas mineradoras e dos garimpos criou condies de possibilidade das empresas mineradoras e dos garimpos criou condies de possibilidade para a emergncia de comunidades ribeirinhas e quilombolas autnomas para a emergncia de comunidades ribeirinhas e quilombolas autnomas que hoje reivindicam, no Vale do Guapor, titulao e reconhecimento de que hoje reivindicam, no Vale do Guapor, titulao e reconhecimento de seus direitos enquanto povos tradicionais. Os efeitos desta transformao seus direitos enquanto povos tradicionais. Os efeitos desta transformao evidenciam, no momento atual, a categoria comunidade como nomeando evidenciam, no momento atual, a categoria comunidade como nomeando os povoados e os antigos seringais. A noo de comunidade mais recente os povoados e os antigos seringais. A noo de comunidade mais recente e concerne a relaes associativas e formas organizativas autnomas com e concerne a relaes associativas e formas organizativas autnomas com as famlias de extrativistas agrupadas em associaes, reivindicando direitos as famlias de extrativistas agrupadas em associaes, reivindicando direitos terra, s guas, proteo dos lagos e de castanhais, e ao livre acesso terra, s guas, proteo dos lagos e de castanhais, e ao livre acesso aos recursos naturais privatizados ilegalmente. Ela se refere a um contrato aos recursos naturais privatizados ilegalmente. Ela se refere a um contrato estabelecido entre os agentes sociais com propsito de afi rmar seus direitos, estabelecido entre os agentes sociais com propsito de afi rmar seus direitos, construindo uma entidade de representao, e de resistir s imposies de construindo uma entidade de representao, e de resistir s imposies de antagonistas que tentam usurpar seus direitos territoriais. Compreende uma antagonistas que tentam usurpar seus direitos territoriais. Compreende uma luta deliberada pela existncia ou pelas condies de possibilidade de um luta deliberada pela existncia ou pelas condies de possibilidade de um modo de viver. Abarca mais exatamente, de maneira concreta, os atos de modo de viver. Abarca mais exatamente, de maneira concreta, os atos de mobilizao contra desmatamentos, pesca predatria, cercamentos ilegais e mobilizao contra desmatamentos, pesca predatria, cercamentos ilegais e

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    devastao do quadro natural, bem como os atos que consagram acordos devastao do quadro natural, bem como os atos que consagram acordos de pesca, capazes de limitar a ao predatria de empresas pesqueiras. Os de pesca, capazes de limitar a ao predatria de empresas pesqueiras. Os elevados ndices de desmatamento e de diminuio das reas de pastagens elevados ndices de desmatamento e de diminuio das reas de pastagens naturais, campinas e campinaranas contribuem tambm para explicar porque naturais, campinas e campinaranas contribuem tambm para explicar porque persistem tais aes de resistncia. persistem tais aes de resistncia.

    Os territrios de luta correspondentes a estas comunidades tradicionais Os territrios de luta correspondentes a estas comunidades tradicionais foram incorporados ao mapa situacional sempre que havia informaes foram incorporados ao mapa situacional sempre que havia informaes disponveis a respeito. Os dados coletados no decorrer do trabalho de campo disponveis a respeito. Os dados coletados no decorrer do trabalho de campo correspondem to somente a algumas reas do Madeira e no necessariamente correspondem to somente a algumas reas do Madeira e no necessariamente a toda a regio em pauta. De igual modo foram inclusas as terras indgenas. a toda a regio em pauta. De igual modo foram inclusas as terras indgenas. Estes territrios, como um todo, abrangem as reas mais preservadas na Estes territrios, como um todo, abrangem as reas mais preservadas na regio do Madeira, com cobertura vegetal expressiva e fontes de gua regio do Madeira, com cobertura vegetal expressiva e fontes de gua conservadas, contrastando com os elevados ndices de desmatamento dos conservadas, contrastando com os elevados ndices de desmatamento dos empreendimentos agropecurios circundantes. Caso observemos no mapa empreendimentos agropecurios circundantes. Caso observemos no mapa situacional em anexo os resultados da plotagem da lista suja dos muncpios situacional em anexo os resultados da plotagem da lista suja dos muncpios onde ocorreram as mais graves ocorrncias de desmatamento poderemos ter onde ocorreram as mais graves ocorrncias de desmatamento poderemos ter uma percepo geometrizada deste contraste em toda a rea correspondente uma percepo geometrizada deste contraste em toda a rea correspondente ao chamado Complexo Madeira.ao chamado Complexo Madeira.

    O COMPLEXO MADEIRAO COMPLEXO MADEIRA

    Do prisma dos pesquisadores o que est sendo considerado como Do prisma dos pesquisadores o que est sendo considerado como Complexo Madeira tanto compreende alocues, discursos, instrumentos Complexo Madeira tanto compreende alocues, discursos, instrumentos jurdicos, iniciativas empresariais, planos ofi ciais e suas respectivas medidas, jurdicos, iniciativas empresariais, planos ofi ciais e suas respectivas medidas, quanto seus efeitos sobre as prticas de diferentes agentes sociais referidos quanto seus efeitos sobre as prticas de diferentes agentes sociais referidos s comunidades locais e as relaes que lhes so adstritas. A anlise destas s comunidades locais e as relaes que lhes so adstritas. A anlise destas relaes sociais contribui para uma compreenso das condies em que relaes sociais contribui para uma compreenso das condies em que ocorrem os antagonismos de interesses e para um entendimento maior das ocorrem os antagonismos de interesses e para um entendimento maior das possibilidades de mapeamento das reas crticas de confl ito e tenso social possibilidades de mapeamento das reas crticas de confl ito e tenso social na regio. A verso dos planejadores ofi ciais, bem como dos interesses na regio. A verso dos planejadores ofi ciais, bem como dos interesses empresariais que lhes so adstritos, prioriza delimitar uma regio estratgica, empresariais que lhes so adstritos, prioriza delimitar uma regio estratgica, em que se concentram aes governamentais de curto e mdio prazo. Os em que se concentram aes governamentais de curto e mdio prazo. Os planejadores defi nem a prioridade em termos emergenciais e justifi cam a planejadores defi nem a prioridade em termos emergenciais e justifi cam a intensidade das aes nesta determinada regio como imprescindvel e intensidade das aes nesta determinada regio como imprescindvel e inadivel.inadivel.

    Neste sentido pode-se adiantar que a regio do Complexo Madeira Neste sentido pode-se adiantar que a regio do Complexo Madeira apresentada pelos planejadores ofi ciais de maneira semelhante quela apresentada pelos planejadores ofi ciais de maneira semelhante quela segundo a qual a regio do Programa Grande Carajs foi priorizada na segundo a qual a regio do Programa Grande Carajs foi priorizada na segunda metade da dcada de 1970-80. A barragem de Tucuru, secundada segunda metade da dcada de 1970-80. A barragem de Tucuru, secundada pela ferrovia Carajs-Itaqui, constituiu ento a pedra fundamental da ao pela ferrovia Carajs-Itaqui, constituiu ento a pedra fundamental da ao

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    dos planejadores. No momento atual, na regio do Complexo Madeira, dos planejadores. No momento atual, na regio do Complexo Madeira, duas barragens esto sendo construdas, implementando as UHEs de Jirau e duas barragens esto sendo construdas, implementando as UHEs de Jirau e Santo Antonio, enquanto outras duas esto em discusso: uma seria boliviana Santo Antonio, enquanto outras duas esto em discusso: uma seria boliviana e outra binacional, na fronteira Brasil/Bolvia. As hidreltricas, juntamente e outra binacional, na fronteira Brasil/Bolvia. As hidreltricas, juntamente com as rodovias BR-319 e 317, que se articulam com a Interocenica com as rodovias BR-319 e 317, que se articulam com a Interocenica (rodovia Amaznia-Andes-Oceano Pacfi co), assinalam uma regio (rodovia Amaznia-Andes-Oceano Pacfi co), assinalam uma regio estratgica da Pan-Amaznia. Destaque-se que a Pan-Amaznia consiste estratgica da Pan-Amaznia. Destaque-se que a Pan-Amaznia consiste num dos principais eixos de investimentos da Iniciativa para Integrao da num dos principais eixos de investimentos da Iniciativa para Integrao da Infra-Estrutura Regional Sul Americana-IIRSA. A IIRSA foi criada em 2000, Infra-Estrutura Regional Sul Americana-IIRSA. A IIRSA foi criada em 2000, congregando planos de ao dos governos sul americanos. Compreende congregando planos de ao dos governos sul americanos. Compreende projetos energticos (construo de barragens e de linhas de transmisso projetos energticos (construo de barragens e de linhas de transmisso de energia eltrica), planos de ampliao de malhas rodovirias, hidrovirias, de energia eltrica), planos de ampliao de malhas rodovirias, hidrovirias, ferrovirias e de instalaes porturias e programas de apoio produo ferrovirias e de instalaes porturias e programas de apoio produo mineral e agropecuria, bem como estratgias nacionais de biodiversidade. mineral e agropecuria, bem como estratgias nacionais de biodiversidade. O objetivo interligar a regio ao Pacfi co, atravs de investimentos que O objetivo interligar a regio ao Pacfi co, atravs de investimentos que facilitaro o escoamento de produtos para mercados como a China, facilitaro o escoamento de produtos para mercados como a China, Coria do Sul e Japo. Tais megaprojetos, empreendidos por consrcios e Coria do Sul e Japo. Tais megaprojetos, empreendidos por consrcios e conglomerados transnacionais tem sido criticados pelos movimentos sociais. conglomerados transnacionais tem sido criticados pelos movimentos sociais. As crticas podem ser assim resumidas:As crticas podem ser assim resumidas:

    A IIRSA, na verdade, um espao de inmeras A IIRSA, na verdade, um espao de inmeras disputas e controvrsias que muito pouco tem a ver com disputas e controvrsias que muito pouco tem a ver com os supostos benefcios aos pobres, o que no nenhuma os supostos benefcios aos pobres, o que no nenhuma novidade, considerando os interesses polticos e econmicos novidade, considerando os interesses polticos e econmicos envolvidos e o montante de recursos fi nanceiros circulantes. envolvidos e o montante de recursos fi nanceiros circulantes. (INESC-Oramento & Poltica Socioambiental n.17. Braslia, (INESC-Oramento & Poltica Socioambiental n.17. Braslia, setembro de 2006).setembro de 2006).

    No caso do Complexo Madeira h projetos, programas, planos e No caso do Complexo Madeira h projetos, programas, planos e um conjunto de medidas, dentre as quais vale sublinhar aquelas do Programa um conjunto de medidas, dentre as quais vale sublinhar aquelas do Programa de Acelerao do Crescimento (PAC), do Plano Decenal de Energia (PDE) de Acelerao do Crescimento (PAC), do Plano Decenal de Energia (PDE) e do Plano Nacional de Recursos Hdricos. O PAC tem como propsito e do Plano Nacional de Recursos Hdricos. O PAC tem como propsito correlacionar infraestrutura energtica com infraestrutura logsitca e com o correlacionar infraestrutura energtica com infraestrutura logsitca e com o que chamam de infraestrutura social. Entretanto, a idia de territrio e que chamam de infraestrutura social. Entretanto, a idia de territrio e dos povos e comunidades correspondentes acha-se ausente do PAC. No h dos povos e comunidades correspondentes acha-se ausente do PAC. No h qualquer meno explcita a territrios, a povos, a comunidades ribeirinhas.qualquer meno explcita a territrios, a povos, a comunidades ribeirinhas.

    Mais recentemente atravs do Programa Terra Legal o governo federal, Mais recentemente atravs do Programa Terra Legal o governo federal, em ao conjunta com estados e municpios, pretende titular a propriedade de em ao conjunta com estados e municpios, pretende titular a propriedade de terras pblicas ocupadas por posseiros na Amaznia Legal. Rondonia lidera o terras pblicas ocupadas por posseiros na Amaznia Legal. Rondonia lidera o nmero de imveis requeridos para a regularizao fundiria (56%), seguido nmero de imveis requeridos para a regularizao fundiria (56%), seguido do Par (36%). O fato de Rondnia apresentar um percentual superior do Par (36%). O fato de Rondnia apresentar um percentual superior

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    metade das solicitaes, demonstra que regio amaznica ser a principal metade das solicitaes, demonstra que regio amaznica ser a principal benefi ciria de uma ao fundiria que requer maiores esclarecimentos benefi ciria de uma ao fundiria que requer maiores esclarecimentos e cuidados em sua aplicao. A propsito casbe esclarecer que o Senado e cuidados em sua aplicao. A propsito casbe esclarecer que o Senado aprovou em junho a MP458/09 transformada pelas emendas da Cmara aprovou em junho a MP458/09 transformada pelas emendas da Cmara no Projeto de Lei de Converso 9/09. Esta medida regulariza a ocupao de no Projeto de Lei de Converso 9/09. Esta medida regulariza a ocupao de terras da Unio permitindo que sejam repassadas, sem licitao, reas com terras da Unio permitindo que sejam repassadas, sem licitao, reas com at 1.500 hectares aos que detinham a posse destas reas antes de primeiro de at 1.500 hectares aos que detinham a posse destas reas antes de primeiro de dezembro de 2004. Sancionada com a Lei 11.952/09 a medida foi elaborada dezembro de 2004. Sancionada com a Lei 11.952/09 a medida foi elaborada para regularizar mais de 60 milhes de hectares na Amaznia. O termo para regularizar mais de 60 milhes de hectares na Amaznia. O termo regularizar est sendo aspeado, porquanto dez dias aps ter sido sancionada regularizar est sendo aspeado, porquanto dez dias aps ter sido sancionada a mencionada Lei foi objeto da Ao Direta de Inconstitucionalidade a mencionada Lei foi objeto da Ao Direta de Inconstitucionalidade (ADI-4269), encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), proposta (ADI-4269), encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), proposta pela Procuradoria Geral da Repblica (PGR). Para a PGR a Lei 11.952/09 pela Procuradoria Geral da Repblica (PGR). Para a PGR a Lei 11.952/09 institui privilgios injustifi cveis em favor de grileiros que, no passado, se institui privilgios injustifi cveis em favor de grileiros que, no passado, se apropriaram ilicitamente de vastas extenses de terras pblicas. Dentre estas apropriaram ilicitamente de vastas extenses de terras pblicas. Dentre estas reas mais crticas de confl itos e tenso social, alm do Sudeste do Par e do reas mais crticas de confl itos e tenso social, alm do Sudeste do Par e do Maranho, acham-se Rondnia e regies do Sul do Amazonas, do Norte do Maranho, acham-se Rondnia e regies do Sul do Amazonas, do Norte do Mato Grosso e dos limites do Acre com o Amazonas e deste com Rondnia. Mato Grosso e dos limites do Acre com o Amazonas e deste com Rondnia. Estas cinco ltimas regies correspondem, constituem praticamente quase Estas cinco ltimas regies correspondem, constituem praticamente quase dois teros das solicitaes de regularizao. Tal percentual mostra a grande dois teros das solicitaes de regularizao. Tal percentual mostra a grande regio do Madeira como diretamente afetada pelos megaempreendimentos regio do Madeira como diretamente afetada pelos megaempreendimentos e sujeita s tendncias de alta de preos do mercado de terras. Com tais e sujeita s tendncias de alta de preos do mercado de terras. Com tais medidas, consoante a PGR, o legislador teria deixado de proteger a fl orestas medidas, consoante a PGR, o legislador teria deixado de proteger a fl orestas e os povos indgenas e quilombolas e demais comunidades tradicionais e os povos indgenas e quilombolas e demais comunidades tradicionais da regio amaznica. A nova lei sugere que as terras tradicionalmente da regio amaznica. A nova lei sugere que as terras tradicionalmente ocupadas por comunidades quilombolas podem ser regularizadas em favor ocupadas por comunidades quilombolas podem ser regularizadas em favor de terceiros. De acordo com a Procuradora Dra. Deborah Duprat, que de terceiros. De acordo com a Procuradora Dra. Deborah Duprat, que encaminhou a proposta ao STF, tal interpretao afronta a Constituio encaminhou a proposta ao STF, tal interpretao afronta a Constituio de 1988, em especial o seu artigo 216. Alm disto a Procuradora chama a de 1988, em especial o seu artigo 216. Alm disto a Procuradora chama a ateno para os pargrafos 4 e 5 do artigo 15 da referida Lei, por violao ateno para os pargrafos 4 e 5 do artigo 15 da referida Lei, por violao da igualdade e desvio do poder legislativo. Ela explica que os dispositivios da igualdade e desvio do poder legislativo. Ela explica que os dispositivios determinam que para as reas regularizadas de at quatro mdulos fi scais, o determinam que para as reas regularizadas de at quatro mdulos fi scais, o prazo de inalienabilidade fi xado pelo legislador de dez anos, enquanto as prazo de inalienabilidade fi xado pelo legislador de dez anos, enquanto as reas que tenham entre quatro e quinze mdulos fi scais, o prazo de trs reas que tenham entre quatro e quinze mdulos fi scais, o prazo de trs anos. ... tem-se uma fl agrante discriminao, que benefi cia os que menos anos. ... tem-se uma fl agrante discriminao, que benefi cia os que menos precisam, e ainda favorece a especulao imobiliria na Amaznia s custas precisam, e ainda favorece a especulao imobiliria na Amaznia s custas do patrimnio pblico., destaca a Procuradora.do patrimnio pblico., destaca a Procuradora.

    Pode-se afi rmar que o Complexo Madeira acha-se apoiado numa Pode-se afi rmar que o Complexo Madeira acha-se apoiado numa vigorosa interveno do governo federal, deixando evidente que o Estado vigorosa interveno do governo federal, deixando evidente que o Estado permanece sendo o principal indutor do crescimento econmico, permanece sendo o principal indutor do crescimento econmico,

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    disciplinando inclusive o mercado de terras ao disponibilizar o estoque de disciplinando inclusive o mercado de terras ao disponibilizar o estoque de terras pblicas a transaes comerciais efetivadas por aqueles que delas se terras pblicas a transaes comerciais efetivadas por aqueles que delas se apossaram ilicitamente nesta ltima grande fronteira amaznica. A ao das apossaram ilicitamente nesta ltima grande fronteira amaznica. A ao das agencias multilaterais, os interesses neoliberais dos agronegcios e aqueles agencias multilaterais, os interesses neoliberais dos agronegcios e aqueles referidos ao que se denomina usualmente de globalizao no teriam referidos ao que se denomina usualmente de globalizao no teriam derrubado a capacidade e o poder de interveno do Estado na regio derrubado a capacidade e o poder de interveno do Estado na regio amaznica, ao contrrio, se associaram a ele numa poderosa coalizo de amaznica, ao contrrio, se associaram a ele numa poderosa coalizo de interesses. Os resultados desta coalizo s tem aumentado os ndices de interesses. Os resultados desta coalizo s tem aumentado os ndices de concentrao fundiria e os confl itos agrrios. Para alm destes confl itos concentrao fundiria e os confl itos agrrios. Para alm destes confl itos do mercado de terras ou paralelamente s intervenes governamentais do mercado de terras ou paralelamente s intervenes governamentais tem-se o PAC do P, ou seja, o Programa de Acelerao do Crescimento tem-se o PAC do P, ou seja, o Programa de Acelerao do Crescimento Privado levado a cabo por empresrios que se dizem dispostos a alavancar Privado levado a cabo por empresrios que se dizem dispostos a alavancar iniciativas para melhorar a logstica nacional e em especial na Amaznia. Um iniciativas para melhorar a logstica nacional e em especial na Amaznia. Um dos exemplos de que se valem corresponde ao polmico Porto das Lages, dos exemplos de que se valem corresponde ao polmico Porto das Lages, cujos efeitos danosos sobre o patrimnio natural do encontro das guas dos cujos efeitos danosos sobre o patrimnio natural do encontro das guas dos rios Negro e Solimes, tem sido denunciado por associaes comunitrias rios Negro e Solimes, tem sido denunciado por associaes comunitrias e entidades ambientalistas. A Ao Pr-Amazonia, grupo composto e entidades ambientalistas. A Ao Pr-Amazonia, grupo composto pelas Federaes das Indstrias dos Estados da Regio Norte, com apoio pelas Federaes das Indstrias dos Estados da Regio Norte, com apoio da Confederao Nacional da Indstria, est elaborando o Projeto Norte da Confederao Nacional da Indstria, est elaborando o Projeto Norte Competivo (PNC). No dia 09 de outubro de 2009, na sede da Federao Competivo (PNC). No dia 09 de outubro de 2009, na sede da Federao da Indstria do Amazonas, por intermdio da empresa Macrologstica foi da Indstria do Amazonas, por intermdio da empresa Macrologstica foi apresentado o detalhamento deste P.N.C. (cf. Antonio Silva- O PAC do P, apresentado o detalhamento deste P.N.C. (cf. Antonio Silva- O PAC do P, investimento privado no futuro. A Crtica.Manaus,11/10/2009).investimento privado no futuro. A Crtica.Manaus,11/10/2009).

    O esquema desenvolvimentista parece comear novamente, tal O esquema desenvolvimentista parece comear novamente, tal como nos anos 70, pelas obras chamadas de infraestrutura (hidreltricas, como nos anos 70, pelas obras chamadas de infraestrutura (hidreltricas, rodovias, ferrovias, portos), mas aparenta no ter levado em conta as rodovias, ferrovias, portos), mas aparenta no ter levado em conta as experincias de dcadas passadas. No relativizou, por exemplo, aquelas experincias de dcadas passadas. No relativizou, por exemplo, aquelas afi rmaes que enfatizavam as regies amaznicas como espaos vazios. afi rmaes que enfatizavam as regies amaznicas como espaos vazios. Os obscuros planejadores, que traam a linha do progresso, esqueceram Os obscuros planejadores, que traam a linha do progresso, esqueceram as experincias fracassadas e autoritrias de Balbina e do Projeto Jar, bem as experincias fracassadas e autoritrias de Balbina e do Projeto Jar, bem como dos equvocos de um apoio irrestrito s mineradoras, madeireiras e como dos equvocos de um apoio irrestrito s mineradoras, madeireiras e agropecurias que resultaram em devastao ambiental e em desmatamentos, agropecurias que resultaram em devastao ambiental e em desmatamentos, facilitando a rpida destruio da fl oresta e trgicos confl itos agrrios, que facilitando a rpida destruio da fl oresta e trgicos confl itos agrrios, que ainda abalam o Maranho e o Sudeste do Par. Eles prosseguem insistindo ainda abalam o Maranho e o Sudeste do Par. Eles prosseguem insistindo numa suposta vocao mineral, agropecuria e energtica da Amazonia numa suposta vocao mineral, agropecuria e energtica da Amazonia e numa retrica que considera as normas de observncia dos direitos e numa retrica que considera as normas de observncia dos direitos ambientais como obstculos ao progresso, numa ao desordenada e sem ambientais como obstculos ao progresso, numa ao desordenada e sem limites, que o economista Carlos Vainer e outros analistas tem classifi cado limites, que o economista Carlos Vainer e outros analistas tem classifi cado como crescimentista, isto , um crescimento a todo custo e no importa como crescimentista, isto , um crescimento a todo custo e no importa a que preo.a que preo.

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    O passadismo dos planejadores e empreendedores do Complexo O passadismo dos planejadores e empreendedores do Complexo Madeira exala atraso, quando se projeta suas medidas face s chamadas Madeira exala atraso, quando se projeta suas medidas face s chamadas mudanas climticas. Faz coro com os editoriais da imprensa regional, mudanas climticas. Faz coro com os editoriais da imprensa regional, redigidos no diapaso do crescimentismo. O Painel Intergovernamental redigidos no diapaso do crescimentismo. O Painel Intergovernamental de Mudanas Climticas (ONU) e departamentos de metereologia de Mudanas Climticas (ONU) e departamentos de metereologia europeus alertam da probabilidade da temperatura mdia subir alguns europeus alertam da probabilidade da temperatura mdia subir alguns graus, notadamente na Amaznia, com profundos impactos sobre as bacias graus, notadamente na Amaznia, com profundos impactos sobre as bacias hidrogrfi cas. Em poucas dcadas o volume de guas ter uma reduo hidrogrfi cas. Em poucas dcadas o volume de guas ter uma reduo sensvel afetando diretamente a produo de energia. Para os movimentos sensvel afetando diretamente a produo de energia. Para os movimentos sociais, como o Movimento dos Atingidos por Barragens, as estimativas sociais, como o Movimento dos Atingidos por Barragens, as estimativas numricas e seus respectivos clculos devem ser debatidos publicamente, numricas e seus respectivos clculos devem ser debatidos publicamente, recolocando as possibilidades de participao popular. A importncia de recolocando as possibilidades de participao popular. A importncia de se acompanhar a agenda cientfi co-tecnolgica e industrial pode levar se acompanhar a agenda cientfi co-tecnolgica e industrial pode levar rediscusso da matriz energtica mediante as inovaes em curso e aos novos rediscusso da matriz energtica mediante as inovaes em curso e aos novos entendimentos que envolvem a questo ambiental.entendimentos que envolvem a questo ambiental.

    As iniciativas que constituem o Complexo Madeira esto ademais As iniciativas que constituem o Complexo Madeira esto ademais como que comprimindo o tempo e expandindo o espao dos grandes como que comprimindo o tempo e expandindo o espao dos grandes empreendimentos sobre os territrios de povos e comunidades tradicionais. empreendimentos sobre os territrios de povos e comunidades tradicionais. Os primeiros deslocamentos j ocorrem no permetro urbano de Porto Velho, Os primeiros deslocamentos j ocorrem no permetro urbano de Porto Velho, assim como os confl itos trabalhistas, em agosto de 2009, nos dois consrcios assim como os confl itos trabalhistas, em agosto de 2009, nos dois consrcios que constroem as barragens. A retrica melfl ua dos planejadores torna-se que constroem as barragens. A retrica melfl ua dos planejadores torna-se uma mera aparncia, pois, acumula erros, contradies e divergncias em uma mera aparncia, pois, acumula erros, contradies e divergncias em tudo preocupantes e que requerem estudos e refl exes mais detidas.tudo preocupantes e que requerem estudos e refl exes mais detidas.

    A GRANDE REGIO DO MADEIRAA GRANDE REGIO DO MADEIRA

    As medidas que integram o Complexo Madeira, de nosso ponto As medidas que integram o Complexo Madeira, de nosso ponto de vista, transcendem s noes operacionais de reas de infl uencia direta de vista, transcendem s noes operacionais de reas de infl uencia direta e indireta, baseadas numa determinada quantidade de quilmetros de e indireta, baseadas numa determinada quantidade de quilmetros de dimetro, considerando-se cada empreendimento. Mais compreendem os dimetro, considerando-se cada empreendimento. Mais compreendem os efeitos sociais e ambientais tais como assinalados por aqueles agentes sociais efeitos sociais e ambientais tais como assinalados por aqueles agentes sociais que so atingidos pelas diferentes obras e medidas. Elas abrangem, neste que so atingidos pelas diferentes obras e medidas. Elas abrangem, neste sentido, uma vasta regio da Pan-Amaznia, que compreende pelo menos sentido, uma vasta regio da Pan-Amaznia, que compreende pelo menos dois departamentos da Bolvia e um do Peru, alm de reas correspondentes dois departamentos da Bolvia e um do Peru, alm de reas correspondentes a quatro estados brasileiros. No Brasil, concernem, parcial ou integralmente, a quatro estados brasileiros. No Brasil, concernem, parcial ou integralmente, a pelo menos 06 (seis) meso-regies dos Estados do Amazonas, Rondnia, a pelo menos 06 (seis) meso-regies dos Estados do Amazonas, Rondnia, Mato Grosso e Acre. As meso-regies mencionadas so as seguintes: Vale Mato Grosso e Acre. As meso-regies mencionadas so as seguintes: Vale do Acre, Sul Amazonense, Madeira-Guapor, Centro-Amazonense, Leste do Acre, Sul Amazonense, Madeira-Guapor, Centro-Amazonense, Leste Rondoniense e Norte Matogrossense. Estas meso-regies correspondem, por Rondoniense e Norte Matogrossense. Estas meso-regies correspondem, por sua vez, s seguintes micro-regies-homogneas (MRHs): Madeira, Purus, sua vez, s seguintes micro-regies-homogneas (MRHs): Madeira, Purus,

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    Coari, Manaus, Itacoatiara, Porto Velho, Guajar-Mirim, Alvorada do Oeste, Coari, Manaus, Itacoatiara, Porto Velho, Guajar-Mirim, Alvorada do Oeste, Ariquemes, Ji-Paran, Cacoal, Aripuan, Sena Madureira, Brasilia e Rio Ariquemes, Ji-Paran, Cacoal, Aripuan, Sena Madureira, Brasilia e Rio Branco. A partir dos inmeros eventos realizados, congregando associaes Branco. A partir dos inmeros eventos realizados, congregando associaes e movimentos, e das atividades de trabalho de campo, registramos que estas e movimentos, e das atividades de trabalho de campo, registramos que estas quinze MRHs so afetadas direta ou indiretamente pelas chamadas obras de quinze MRHs so afetadas direta ou indiretamente pelas chamadas obras de infraestrutura e passam a compor uma grande regio do ponto de vista dos infraestrutura e passam a compor uma grande regio do ponto de vista dos efeitos da interveno governamental. Sua superfcie pode ser estimada como efeitos da interveno governamental. Sua superfcie pode ser estimada como superior a 60 milhes de hectares, no incluindo aqui as regies afetadas no superior a 60 milhes de hectares, no incluindo aqui as regies afetadas no Departamento de Madre-de-Dios, no Peru, e nos Departamentos de Pando Departamento de Madre-de-Dios, no Peru, e nos Departamentos de Pando e Beni, na Bolvia. Delimitando idealmente as bordas deste vasta regio tem-e Beni, na Bolvia. Delimitando idealmente as bordas deste vasta regio tem-se uma rede de ramais ou es