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PGMEC PROGRAMA FRANCISCO EDUARDO MOURÃO SABOYA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ESCOLA DE ENGENHARIA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Dissertação de Mestrado COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A DIFERENTES TAXAS DE DEFORMAÇÃO FLEDS WILIAM REIS DIAS NOVEMBRO DE 2011

COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

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Page 1: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

PGMECPROGRAMA FRANCISCO EDUARDO MOURÃO SABOYA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICAESCOLA DE ENGENHARIAUNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Dissertação de Mestrado

COMPORTAMENTO MECÂNICO DO

POLÍMERO PTFE SUJEITO A DIFERENTES

TAXAS DE DEFORMAÇÃO

FLEDS WILIAM REIS DIAS

NOVEMBRO DE 2011

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FLEDS WILIAM REIS DIAS

COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A DIFERENTES TAXAS DE DEFORMAÇÃO

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa Francisco Eduardo Mourão Saboya de

Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da

UFF como parte dos requisitos para a obtenção

do tí tulo de Mestre em Ciências em Engenharia

Mecânica

Orientadores: Prof. Luiz Carlos da Silva Nunes (D.Sc.) (PGMEC/UFF)

Prof. Heraldo S. Da Costa Mattos (D.Sc.) (PGMEC/UFF)

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

NITERÓI, 21 DE NOVEMBRO DE 2011

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COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A DIFERENTES TAXAS DE DEFORMAÇÃO

Esta Dissertação é parte dos pré-requisitos para a obtenção do título de

MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA

Área de concentração: Mecânica dos Sólidos

Aprovada em sua forma final pela Banca Examinadora formada pelos professores:

Prof. Luiz Carlos da Silva Nunes (D.Sc.)Universidade Federal Fluminense

(Orientador)

Prof. Heraldo S. Da Costa Mattos (D.Sc.)Universidade Federal Fluminense

(Orientador)

Prof. João Marciano Laredo dos Reis (Ph. D.)Universidade Federal Fluminense

Profª. Lavinia Maria Sanábio Alves Borges (D. Sc.)Universidade Federal do Rio de Janeiro

Page 4: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

Dedico este trabalho à minha esposa, Eliene Bambirra e aos meus filhos Artem e Raissa.

Page 5: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

Agradecimentos

À Universidade Federal Fluminense,

ao professor Doutor Luiz Carlos da Silva

Nunes, ao Professor Doutor Heraldo Silva

da Costa Mattos e a todos os professores

do Curso de Pós-Graduação em

Engenharia Mecânica.

Page 6: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

RESUMO

O crescente uso de materiais poliméricos em aplicações de Engenharia tem motivado vários pesquisadores a buscar modelos que possam descrever adequadamente o seu comportamento. Neste contexto, o principal objetivo deste trabalho é estudar o comportamento mecânico de um polímero particular, o politetrafluoretileno (PTFE), sujeito a diferentes taxas de deformações. Tal material foi escolhido por apresentar inúmeras vantagens e é comumente usado em várias aplicações industriais. Neste trabalho foram realizados ensaios mecânicos de tração em placas de PTFE considerando-se diferentes taxas de deformação. Com base nesses resultados experimentais é proposto um modelo alternativo capaz de descrever de forma simples o comportamento desse material, levando-se em consideração a velocidade com que a carga foi aplicada. Tal modelo mostrou-se eficaz na comparação com os dados experimentais.

Palavras chaves: politetrafluoretileno, superplasticidade, ensaio de tração,

equações constitutivas.

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ABSTRACT

Polymeric materials have been widely used in engineering applications. This has encouraged several investigators to develop constitutive model to predict the mechanical behavior. In this way, the main goal of this work is to study the mechanical behavior of polymer known as polytetrafluoroethylene – PTFE under different strain-rate. This material was chosen to present several advantages and it is commonly used in industry applications. In this paper, tensile tests in a plate of PTFE were performed considering different strain-rate. Based on experimental results, it is proposed an alternative model capable of predicting the mechanical behavior for PTFE polymer, in which the strain-rate is included.

Key-words: polytetrafluoroethylene, viscoelasticity, tensile test, constitutive equations.

Page 8: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ...............................................................................................................x

LISTA DE TABELAS..............................................................................................................xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS........................................................................xiii

1.0 INTRODUÇÃO..................................................................................................................15

2.0 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................................18

2.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE POLÍMEROS.......................................18

2.2 CARACTERÍSTICAS, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES DO PTFE.................19

2.3 HISTÓRIA DO PTFE................................................................................................24

2.4 OUTROS TRABALHOS PUBLICADOS SOBRE PTFE........................................24

3.0 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................27

3.1 MATERIAIS E APARATO DE CORTE....................................................................27

3.1.1 CORPO DE PROVA.....................................................................................27

3.1.2 O APARATO DE CORTE.............................................................................30

3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL.....................................................................33

3.2.1 PREPARAÇÃO DO CORPO DE PROVA.............................................................34

3.2.2 MEDIÇÃO COM VÍDEO-EXTENSÔMETRO.....................................................36

3.2.3 ENSAIOS DE TRAÇÃO........................................................................................40

4.0 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................................45

4.1 RESULTADOS EXPERIMENTAIS.........................................................................45

4.2 MODELO PROPOSTO.............................................................................................51

4.3 IDENTIFICAÇÃO DE PARÂMETROS..................................................................52

4.4 VALIDAÇÃO DO MODELO...................................................................................55

5.0 CONCLUSÕES..................................................................................................................57

6.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................59

7.0 ANEXOS.............................................................................................................................62

Page 9: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

7.1 GRÁFICOS DAS CURVAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO REAIS DOS DADOS

EXPERIMENTAIS REALIZADOS NESTA PESQUISA..............................................63

7.2 PROGRAMA DA MÁQUINA DE ENSAIO UNIVERSAL E DO VÍDEO-

EXTENSÔMETRO.........................................................................................................68

8.0 APÊNDICES.......................................................................................................................70

Page 10: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Esquema do diagrama de fase do PTFE a baixas pressões ..............21

Figura 3.1 Dimensões do corpo de prova padronizado.........................................27

Figura 3.2 Ferramenta de corte..............................................................................29

Figura 3.3 Aparato de corte desenvolvido por Luiz Fernando Garcia Júnior e

Thiago Silva Baron................................................................................29

Figura 3.4 Modelo inicial do aparato de corte........................................................30

Figura 3.5 Base do aparato de corte montado na furadeira de coluna.................31

Figura 3.6 Ilustração de um pedaço típico de PTFE..............................................32

Figura 3.7 Posição da ferramenta de corte no corpo de prova............................33

Figura 3.8 Máquina de ensaio universal utilizada..................................................34

Figura 3.9 Marcações no corpo de prova..............................................................36

Figura 3.10 Esquema de funcionamento do vídeo-extensômetro...........................37

Figura 3.11 Câmeras do vídeo-extensômetro e um corpo de prova montado na

máquina de ensaio................................................................................38

Figura 3.12 Detalhe do posicionamento do corpo de prova nas garras da máquina

universal................................................................................................38

Figura 3.13 Programas de configuração da máquina de ensaio e de controle do

sistema do vídeo-extensômetro............................................................39

Figura 3.14 Programa do vídeo-extensômetro e o gráfico da máquina de ensaio..40

Figura 3.15 Taxas de deformação do comprimento útil calculadas a partir das

velocidades do travessão.....................................................................42

Figura 3.16 Sistema do vídeo-extensômetro montado no suporte e alinhado com o

corpo de prova......................................................................................43

Figura 4.1 Sequência de um ensaio de tração mostrando a grande deformação do

corpo de prova de PTFE.......................................................................45

Page 11: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

xi

Figura 4.2 Amostras deformadas em diversas fases do ensaio de tração.............46

Figura 4.3 Amostra de corpo de prova rompido na marcação e a trinca na outra

marcação...............................................................................................46

Figura 4.4 Curvas tensão-deformação de engenharia, considerando diferentes

taxas de deformação.............................................................................48

Figura 4.5 Curvas tensão-deformação reais, considerando diferentes taxas de

deformação............................................................................................48

Figura 4.6 Representação esquemática da curva tensão-deformação real e da

inclinação ∂σ/∂ε : definição de ε*.........................................................49

Figura 4.7 Comparação entre a curvas tensão-deformação e a curva ∂σ/∂ε para

diferentes taxas de deformação............................................................50

Figura 4.8 Comparação entre o modelo e os resultados experimentais(0 < ε ≤ ε*)

...............................................................................................................54

Figura 4.9 Comparação entre o modelo e os resultados experimentais (ε >ε*).....54

Figura 4.10 Tensão de escoamento real em função da taxa de deformação de

engenharia.............................................................................................55

Figura 4.11 Comparação entre o modelo ajustado e os resultados experimentais. 56

Figuras 7.1 a 7.15 Gráficos das curvas tensão-deformação reais dos dados

experimentais realizados nesta pesquisa..............................................63

Figura 7.16 Sequência das telas de configuração do programa da máquina de

ensaio Trapezium-X...............................................................................68

Figura 7.17 Tela de configuração do programa do vídeo-extensômetro..................70

Page 12: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 Propriedades obtidas no PTFE com utilização de cargas....................23

Tabela 2.2 Propriedades físicas do PTFE..............................................................23

Tabela 3.1 Ensaios realizados sem rompimento do corpo de prova......................43

Tabela 3.2 Ensaios realizados com rompimento do corpo de prova......................44

Tabela 4.1 Resultados da primeira parte do modelo para valores menores que ε*

...............................................................................................................52

Tabela 4.2 Resultados da segunda parte do modelo para valores maiores que ε*

...............................................................................................................52

Page 13: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

A Constante da função da tensão de escoamento

A0 Área inicial da seção do corpo de prova

B Parâmetro

CP Corpo de prova

e Deformação de engenharia

F Força aplicada ao corpo de prova

KI Coeficiente de resistência da primeira parte do modelo matemático

KII Coeficiente de resistência da segunda parte do modelo matemático

Kim Média calculada de KI

l0 Comprimento inicial do corpo de prova

Δl Alongamento do corpo de prova

m Coeficiente de encruamento da segunda parte do modelo matemático

n Coeficiente de encruamento da primeira parte do modelo matemático

PTFE politetrafluoretileno

PVC Polivinilacrílico

s Tensão de engenharia

β Constante do modelo matemático

βm Média calculada de β

ε Deformação real

ε* Valor definido equivalente ao ponto de transição da curva tensão-

deformação real do PTFE

σ Tensão real

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14

σ*f Valor de σf no ponto ε*

σf Função tensão de escoamento

Page 15: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

1.0 INTRODUÇÃO

Atualmente o desenvolvimento tecnológico está exigindo o desenvolvimento

de materiais que tenham propriedades especiais para atender aos requisitos cada

vez mais exigentes. Em muitos casos, esses materiais têm seu desenvolvimento

catalizado pelas demandas da indústria militar e aeroespacial e, posteriormente,

chegam até à população através de novos produtos.

Os polímeros certamente estão entre os materiais mais aplicados no dia a

dia das pessoas e têm uma diversidade de produtos, com as mais variadas

características, que cobrem quase todos os ramos da indústria e do mercado. Eles

são recentes e, a cada dia, tem-se visto um número crescente de tipos superar

limites em propriedades químicas e físicas, permitindo seu uso onde antes não era

possível e substituindo tradicionais materiais como o bronze, o aço, o vidro e outros.

Dentre os diversos materiais que surgiram nas últimas décadas, o polímero

Politetrafluoretileno (PTFE) é, sem dúvida, um dos que têm mais aplicações onde,

dificilmente, outro o substituiria.

Politetrafluoretileno (PTFE) é um polímero conhecido pelo nome comercial

Teflon®, marca registrada de propriedade da empresa DuPont. Este polímero se

caracteriza por algumas excepcionais propriedades, como a inércia química, o baixo

coeficiente de atrito, resistência à temperaturas elevadas, dentre outras qualidades.

As aplicações industriais deste polímero se propagam por vários setores e chegam

aos nossos dias tão difundidos nos diversos segmentos técnicos que praticamente

inexistem áreas sem a sua presença.

Page 16: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

16

O crescente uso do PTFE no ramo das engenharias tem motivado diversos

estudos sobre o seu comportamento mecânico visando conhecer melhor as

características em condições diversas de carregamento e de temperatura. Hoje em

dia é fundamental o conhecimento de um modelo matemático que traduza as

propriedades físicas do material para que seja possível o uso de programas de

computadores que simulem o comportamento mecânico em diversas condições,

poupando tempo e recursos no desenvolvimento de protótipos e antecipando

lançamentos e lucros.

O objetivo primaz deste trabalho é o desenvolvimento de um modelo

constitutivo do comportamento do PTFE quando este é submetido à tração, com

carregamento monotônico, em uma faixa definida de taxas de deformação aplicadas

de forma constante. Para a definição do modelo matemático foram feitos vários

ensaios de tração com corpos de prova de PTFE normalizados.

Na parte inicial desta dissertação será apresentado um resumo da revisão

bibliográfica utilizada. Serão mostrados alguns conceitos fundamentais sobre os

polímeros e uma explicação mais profunda sobre o PTFE, incluindo um pouco da

sua história, suas características, suas propriedades e também serão citados

algumas importantes aplicações. Dentro deste tópico, serão descritos sucintamente

alguns trabalhos publicados sobre as propriedades físicas deste material.

A seguir serão apresentados o material e o procedimento de confecção do

corpo de prova, que demandou a criação de um aparato de corte a fim de garantir a

qualidade das amostras. O tipo de corpo de prova mais adequado para a realização

dos ensaios de tração uniaxial foi analisado para que fosse prático e de fácil

confecção, para garantir a uniformidade das amostras dentro das possibilidades

disponíveis de ferramental.

Para isto, foi utilizado um método peculiar para obtenção de corpos de

prova, viável para a modelagem em PTFE, que utiliza um aparato, projetado no

Laboratório de Mecânica Aplicada da Universidade Federal Fluminense, que recorta

corpos de prova de PTFE, dentro da norma estabelecida, através de um processo

semi-automático.

Page 17: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

17

Serão descritos também os processos dos ensaios experimentais, onde foram

feitos diversos ensaios de tração em amostras de PTFE no Laboratório de Ensaios

de Tubos (LET/ LMTA) da Universidade Federal Fluminense, UFF. Será mostrada a

sistemática de utilização do vídeo-extensômetro e a preparação do corpo de prova

para a utilização deste meio de medição, a metodologia do ensaio de tração e

algumas questões interessantes sobre os experimentos com o PTFE.

Finalmente será proposto um modelo matemático que represente o

comportamento do PTFE. Dentro do tópico Resultados e Discussões, serão

analisados os resultados experimentais, que servirão de base para a determinação

dos parâmetros do modelo e será mostrada a comparação gráfica das curvas

experimentais e do modelo matemático. Na última parte desta dissertação será

exposta uma conclusão.

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2.0 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE POLÍMEROS

Polímeros são macromoléculas formadas por pequenas moléculas

chamadas monômeros que se ligam covalentemente por meio de uma reação

denominada polimerização.

Os polímeros podem ser naturais ou sintéticos. Dentre os vários polímeros

naturais podemos citar a celulose (plantas), caseína (proteína do leite), látex natural

e seda. São exemplos de polímeros sintéticos o PTFE, o PVC, o Nylon e o acrílico

[2].

Quanto à fusibilidade, os polímeros sintéticos podem ser classificados em

termoplásticos (podem ser fundidos por aquecimento e solidificados por

resfriamento) e termorrígidos (infusíveis e insolúveis, não permitem

reprocessamento). Os termoplásticos de engenharia apresentam melhores

propriedades térmicas e mecânicas que os convencionais, além de possuírem um

maior custo. São exemplos de termoplásticos de engenharia, o policarbonato – PC

(utilizados na fabricação de CD, janelas de aeronaves e ginásios de esportes) e as

poliamidas – Nylons (usados em engrenagens plásticas, tecidos impermeáveis, etc).

Os termoplásticos convencionais são encontrados principalmente nas embalagens

plásticas como garrafas, copos descartáveis, potes, sacos plásticos, etc. [2].

Os polímeros exibem dois tipos de morfologia no estado sólido: amorfo e

semicristalino. Em um polímero amorfo, as moléculas estão orientadas

aleatoriamente e estão entrelaçadas. Os polímeros amorfos são, geralmente,

transparentes. Nos polímeros semicristalinos, as moléculas exibem um

empacotamento regular, ordenado, em determinadas regiões. Devido às fortes

Page 19: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

19

interações intermoleculares, os polímeros semicristalinos são mais duros e

resistentes; como as regiões cristalinas espalham a luz, estes polímeros são mais

opacos [3].

Um fluoropolímero é um polímero baseado em fluorocarbonos com fortes

ligações carbono–flúor. São uma classe de materiais composta de

politetrafluoretileno (PTFE), do etileno-propileno fluorado (FEP), do

perfluoralcooloxitileno (ECTFE), do etileno-tetrafluoretileno (ETFE), do fluoreto de

polivinilideno (PVDF), do fluoreto de polivinila (PVF) e dos copolímeros de etileno

halogenados e fluorados [4]

As principais características dos fluoropolímeros são sua inércia química,

sua estabilidade em altas e baixas temperaturas, excelentes propriedades elétricas e

baixo coeficiente de atrito. As resinas são relativamente moles. Sua resistência a

desgastes e deformações é baixa, porém, essa característica pode ser facilmente

melhorada pela mistura das resinas com fibras inorgânicas ou materiais em

partículas. São excelentes as propriedades elétricas dos fluoropolímeros e eles se

mantêm estáveis dentro de uma grande faixa de frequências e de condições

ambientais. A resistência dielétrica e a resistência superficial a arcos dessas resinas

plásticas fluoradas são elevadas e não sofrem variações pela ação de calor ou

temperatura [1].

Os fluoropolímeros e outros termoplásticos apresentam uma reação não

linear quando submetidos a carregamentos externos. Em pequenas deformações, o

comportamento observado é linear-viscoplástico.

2.2 CARACTERÍSTICAS, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES DO PTFE

O PTFE é um polímero similar ao polietileno, onde os átomos de hidrogênio

estão substituídos por flúor. A fórmula química do monômero (tetrafluoretileno) é

(CF2)2 , e o polímero (politetrafluoretileno) é (CF2-CF2)n.

O PTFE é um polímero semicristalino. O percentual cristalino pode ser

alterado para um dado peso molecular conforme o tipo de tratamento térmico usado

durante a fabricação do polímero. O PTFE tem no mínimo 4 fases conhecidas,

Page 20: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

20

dependendo da pressão e temperatura, ilustrado na Fig 2.1 [7].

Figura 2.1 Esquema do diagrama de fase do PTFE a baixas pressões [7].

Uma das principais características do PTFE é a sua propriedade de ser uma

substância praticamente inerte, que não reage com outras substâncias químicas

exceto em situações muito especiais, devido, basicamente, à proteção dos átomos

de flúor sobre a cadeia carbônica. Esta propriedade é responsável pela

característica da não toxidade do PTFE, implicando na sua utilização em diversas

áreas que exijam condições especiais de utilização, como higiene e não reatividade

[4].

O PTFE é um dos materiais conhecidos com o menor coeficiente de atrito.

Talvez, esta seja uma das mais conhecidas virtudes do PTFE, o que faz deste

material uma referência em um grande campo de aplicações.

As superfícies antiaderentes do PTFE podem ser tratadas quimicamente de

modo a ser possível a aplicação de adesivos para colagem de alumínio, aço,

Page 21: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

21

borracha e outros materiais [1].

A impermeabilidade é outra característica do PTFE, que faz com que o

material mantenha suas qualidades em ambientes úmidos, além da baixa aderência

e ótima aceitabilidade pelo corpo humano, permitindo que ele seja usado em

diversos tipos de prótese. Ele apresenta boa margem de temperatura de trabalho,

entre –180ºC a 250ºC. Em –200ºC vitrifica e acima de 375ºC entra em estado "gel"

[1].

A resistência ao desgaste do PTFE, que é relativamente baixa para seu uso

como material de mancais, é contornada pela adição de produtos como fibras de

vidro, carbono, bronze ou óxidos metálicos. Dessa forma, sua resistência ao

desgaste é melhorada em até mil vezes, enquanto que seu coeficiente de atrito é

somente ligeiramente aumentado. A tabela 2.1 mostra algumas cargas utilizadas

junto com o PTFE para formar compósitos e as principais qualidades melhoradas

com a aplicação da carga. O resultado é que a resistência, no caso do PTFE

acrescido de enchimentos e dentro de sua faixa de operação, acaba sendo maior

que a de qualquer outro plástico utilizado em mancais, sendo igualada unicamente

por algumas formas de carbono [1].

O coeficiente de atrito estático de PTFE se reduz à medida do aumento da

carga. Portanto, as superfícies dos mancais com PTFE não engripam, mesmo

quando sob cargas extremamente elevadas. A velocidade no escorregamento tem

efeito marcante nas características de atrito de resinas PTFE não reforçadas,

enquanto que a temperatura exerce influência muito pequena sobre elas [1].

Além das qualidades já citadas, ainda podem ser mencionados o fato de o

PTFE ser bom dissipador de calor, ter alta resistência dielétrica, ser autolubrificante,

ser resistente às intempéries e aos raios solares, ser incombustível e ser bom

amortecedor de vibrações. As principais propriedades físicas do PTFE estão

mostradas na tabela 2.2. Entretanto, o PTFE tem algumas limitações. Ele tem baixa

resistência mecânica, baixa resistência abrasiva, dimensões reduzidas do semi-

acabado e processos fabris complexos [1].

Page 22: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

22

Tab.2.1 Propriedades obtidas no PTFE com utilização de cargas [5]

CARGA PROPRIEDADES OBTIDAS

Fibra de vidroResistência à compressão

Resistência ao desgasteÓtima resistência química

CarbonoResistência à compresãoResistência ao desgaste

Boa condutibilidade térmica.

GrafiteBoa condutibilidade térmica

Boas propriedades de deslizamentoBaixo coeficiente de atrito

BronzeResistência à compressão

Resistência ao desgasteBaixo escoamento a frio

Ótima condutibilidade térmica

MoS2Ótima propriedade de deslizamento

Reduz o desgaste

Tab.2.2 Propriedades físicas do PTFE puro [5].

PROPRIEDADEUnidade de

MedidaResina Granular

Densidade G/cm3 2,18

Absorção a água % 0

Coeficiente de expansão térmica 1/k 12

Temperatura de fusão ºC 327

Temperatura a distorção ao calor ºC 49

Temperatura contínua de serviço ºC 260

Page 23: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

23

Temperatura de fragilidade ºC -200

Módulo de YoUng MPa 420

Módulo de Flexão MPa 630

Resistência ao impacto J/m 160

Permissividade Rel. (1 MHZ) 1 2,1

Fator de dissipação 1 3

Resistividade volumétrica Ωm >1018

O PTFE está presente em um amplo campo de aplicações onde são

aproveitados suas qualidades excepcionais. Ele pode ser aplicado em peças

moldadas de ajuste e vedação, anéis de vedação para êmbolos e cotovelos,

gaxetas, selos mecânicos, mancais, películas antiaderentes, placas e guias de

deslizamento, diafragmas, isolantes para cabos coaxiais, acessórios e cabos

condutores para motores, componentes para sistemas térmicos entre outras

aplicações.

O PTFE é de difícil usinagem, o que dificulta seu uso em processos fabris

comumente utilizados. Em virtude desta característica, algumas modificações

químicas tem sido introduzidas na formulação do PTFE a fim de se obter

propriedades que permitam uma melhor trabalhabilidade [1].

As resinas PTFE, em função de sua alta viscosidade em estado de fusão,

não podem ser processadas segundo as técnicas convencionais de extrusão e

moldagem. Em lugar delas, as resinas são processadas por métodos de prensagem

e sinterização (semelhantes aos processos de pós em metalurgia) ou então por

extrusão lubrificada e sinterização. Elas são opacas, cristalizadas e maleáveis.

Quando aquecidas acima de 340ºC, tornam-se transparentes, amorfas e de

tratamento relativamente difícil, sofrendo fraturas quando severamente deformadas.

Ao serem resfriadas, voltam ao seu estado original. As resinas PTFE são

encontradas em pós granulados para moldagens por compressão ou extrusão, em

Page 24: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

24

pós para extrusões com lubrificação, em dispersões aquosas destinadas a

revestimentos e impregnações profundas [1].

2.3 HISTÓRIA DO PTFE [4]

Em 1938 Roy J. Plunkett (1910-1994) descobriu acidentalmente o PTFE

quando trabalhava com gases refrigerantes para a empresa DuPont e em 1946 o

novo material foi apresentado para fins comerciais.

Na década de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, cientistas

envolvidos com os militares dos Estados Unidos se empenharam em encontrar

materiais para proteger gaxetas, válvulas e instalações contra a corrosão. O PTFE

foi utilizado em uma gama de aplicações militares, incluindo seu uso como parte do

Projeto Manhattan (desenvolvimento da bomba atômica), o que levou a um aumento

do uso do PTFE e à demanda por produção em escala internacional.

Em 1954, Marc Gregoire, um engenheiro francês, descobre um processo

para aderir o Teflon ao alumínio e aplica o conceito para criar a panela anti-aderente.

Em 1969, Dr. Robert Gore encontrou um meio de expandir o PTFE para

formar uma membrana “microporosa”. A nova membrana é usada para formar

tecidos para roupas especiais, sendo caracterizada por impedir que a água exterior

não possa entrar, sendo impermeável, e por outro lado que o suor interno evaporado

possa sair, resultando em uma vestimenta transpirável.

2.4 OUTROS TRABALHO PUBLICADOS SOBRE O PTFE

Há muitos trabalhos desenvolvidos, tendo como objetivo principal o estudo

do comportamento mecânico do PTFE. Dentre estes, pode ser citado o trabalho

proposto por Bergstrom e Hilbert [6], que apresenta um modelo constitutivo para

prever o comportamento mecânico de fluoropolímeros, sua dependência com o

tempo e com a temperatura.

Rae et al. [7] testaram amostras de PTFE Tefon® 7A e Teflon® 7C, as quais

foram submetidas à compressão com taxas de deformação de 10-4 s-1 a 1 s-1 e com

Page 25: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

25

temperaturas entre -198ºC a 200ºC. Eles estudaram também as propriedades

mecânicas do PTFE submetido à compressão em condições de grandes e pequenas

deformações. Foi adotado em seu trabalho a deformação real e foi mantido uma

taxa de deformação constante para os ensaios em grandes deformações.

O trabalho de P. J. Rae e E. N. Brown [8] apresenta uma continuação do

trabalho [7], sobre o comportamento do mecânico do PTFE Tefon® 7A e Teflon® 7C .

Neste trabalho, Rae e Brown estudam o PTFE submetido às forças de tração em

condições diferentes de temperatura, entre -50ºC e 150ºC, e para uma determinada

gama de taxas de deformações, entre 2 x 10 -4 a 0,1 s-1, com corpos de prova

moldados conforme a norma ASTM D-638 tipo V. Devido à ductilidade do PTFE, as

propriedades mecânicas foram investigadas para grandes e pequenas deformações

(dadas em deformação verdadeira). Uma taxa de deformação constante foi utilizada

para todos os ensaios com grandes deformações. Rae e Brown [8] verificaram que a

sensibilidade à taxa de deformação é menor na tração que na compressão, em uma

ordem de magnitude maior que 2,5 vezes. Eles explicam, porém, que esta

observação é uma ilusão causada pela imensa deformação até o rompimento do

teflon.

Duan et al. [9] propuseram um modelo constitutivo baseado em trabalhos

encontrados na literatura para prever o comportamento de polímeros semicristalinos

submetidos à tensão. Tal modelo foi validado usando dados experimentais obtidos a

partir de ensaios realizados em dois tipos de polímeros, polimetilmetacrilato (PMMA)

e policarbonato (PC), em três condições diferentes de temperatura e taxa de

deformação.

O trabalho desenvolvido por Brown et al. [10] apresenta um modelo constitutivo

do comportamento do fluorpolímero PCTFE (policlorotrifluoretileno) em tração e

compressão. Além do modelo analítico, foram realizados ensaios experimentais com

diferentes temperaturas, variando entre -85 a 150ºC, e com taxas de deformação

variando de 1x10-4 a 2,9x10-3s-1.

Richeton et al [11] estudaram o comportamento mecânico de três tipos de

polímeros amorfos submetidos à compressão. Observaram a influência da

temperatura e da taxa de deformação e propuseram um modelo constitutivo levando

em consideração tais variáveis.

Page 26: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

26

Ensaios experimentais de relaxação em tensão do PTFE foram realizados

por Heranández-Jimánez et al. [12] e os resultados foram comparados com as

previsões do modelo de Maxwell. Comportamento mecânico do PTFE sob

carregamento cíclico tem sido estudado em baixas e altas temperaturas [13,14].

Vários modelos constitutivos foram propostos para prever o comportamento

mecânico complexo de materiais termofixos e termoplásticos. O comportamento de

polímeros submetidos à deformação com carregamento cíclico, “ratcheting”, e em

diferentes temperaturas tem sido descritos através de modelos constitutivos [16-20].

Outros trabalhos foram feitos em polímeros sólidos analisando a ruptura por

deformação [21-23]. Foram encontrados na literatura estudos sobre o

comportamento mecânico de polímeros em altas taxas de deformação [24-26].

L.C.S. Nunes [27] estudou ensaios mecânicos com a utilização de sistemas de

medição óptico sem contato. Costa Mattos [28] publicou estudos sobre o fenômeno

da superplasciticade.

Page 27: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

3.0 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS E APARATO DE CORTE

3.1.1 CORPO DE PROVA

O material utilizado neste trabalho provem de uma placa de PTFE puro,

(comumente denominado Teflon®), com 2mm de espessura, a partir da qual foram

usinados corpos de prova do tipo 1, seguindo a norma ASTM D-638-08 [28]. As

dimensões principais do corpo de prova são as seguintes: comprimento útil de

50mm; espessura igual a 2mm; largura igual a 13 mm, como ilustrado na figura 3.1.

A confecção dos corpos de prova foi realizada através do processo de fresamento

utilizando um mecanismo especialmente desenvolvido para esta finalidade.

Figura 3.1 Dimensões do corpo de prova padronizado.

Os cortes de todos os corpos de provas seguiram um único sentido na placa

de PTFE, no intuito de amenizar prováveis diferenças entre estes provenientes de

uma possível não uniformidade do material ao longo da placa.

As primeiras tentativas de cortar o corpo de prova foram feitas através de

Page 28: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

28

método manual, em que um pedaço de PTFE era prensado entre duas placas

metálicas no formato normalizado do corpo de prova. Após afixar o teflon entre as

placas, a parte excedente fora do molde era cortada manualmente com um estilete.

Tal processo se mostrou ineficaz, uma vez que a força aplicada para efetuar o corte

causava o deslizamento do polímetro no molde e consequentemente irregularidades

na seção útil do corpo de prova. O maior aperto entre entre as placas não resolvia o

problema e poderia implicar em deformação permanente do polímero inviabilizando

assim o seu uso nos ensaios.

Tal experiência nos mostrou que a confecção manual dos corpos de prova

está sujeita à improdutividade e imperfeições que influenciariam nos resultados dos

ensaios de tração.

Devido à indisponibilidade de um ferramental adequado para a confecção

dos corpos de prova em PTFE, em função das peculiaridades mecânicas deste, foi

necessário realizar um novo procedimento para a obtenção destes corpos de provas

padronizados. A providência tomada foi a criação de um equipamento especialmente

projetado para a confecção dos corpos de prova do tipo I, através de uma placa de

PTFE com 2 mm de espessura, em conformidade com a norma ASTM D-638-08

[33].

As premissas aplicadas ao projeto do novo equipamento eram: ser barato e

o mais simples possível. O critério de simplicidade foi o fundamento para a

elaboração do projeto, tendo em vista que uma pessoa possa manipular o

dispositivo sem grandes dificuldades. Os corpos de prova cortados teriam que estar

dentro dos limites toleráveis pela norma aplicada e ser suficientemente similares

para garantir a repetibilidade nos ensaios dentro de critérios aceitáveis.

As características mecânicas do teflon definiram alguns princípios aplicados

ao projeto do novo ferramental. A geometria do corpo de prova seria obtida por

fresamento, utilizando uma ferramenta de corte disponível no mercado. A

propriedade de resistência à alta temperatura do PTFE possibilitou a utilização de

fresamento para o corte dos corpos de prova sem a necessidade de cuidados para o

resfriamento da superfície a ser cortada. Outros polímeros termoplásticos poderiam

sofrer amolecimento no local de corte causando imprecisão nas medidas esperadas

e dano nas propriedades originais entre outros problemas.

Page 29: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

29

A ferramenta de corte utilizada é mostrada na figura 3.2. Comercialmente

denominada broca cortadorada, marca Dremel modelo 560, executa corte de peças

planas através de rotação e deslocamento lateral. Ela é especialmente aplicada em

trabalhos com placas de gesso em obras civis.

Figura 3.2 Ferramenta de corte (catálogo de produtos da Dremel)

Figura 3.3 Aparato de corte desenvolvido por Luiz Fernando Garcia Júnior e Thiago Silva Baron (cortesia dos autores) [29].

Um modelo inicial do aparato de corte foi criado e tinha como premissa ser

um protótipo para avaliar a eficiência da ferramenta de corte no PTFE, prover os

primeiros corpos de prova para os ensaios e ter custo mínimo, utilizando como

propulsor uma furadeira de bancada já existente no laboratório e componentes que

não necessitassem de custo com usinagens.

Page 30: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

30

Um projeto de aparato de corte para PTFE, baseado no modelo inicial, foi

tema do trabalho conclusão de curso de graduação de Luiz Fernando Garcia Júnior

e Thiago Silva Baron [25], que utilizara programas de modelagem em computador e

propuzeram um projeto mais eficiente e mais fácil de operar. O equipamento

construído pode ser visto na figura 3.3. É importante frisar que, neste projeto, o

desenho original do mecanismo sofreu várias modificações, influenciadas por

questões de funcionalidade e de construção do aparato de corte. A experiência que

foi adquirida na construção do primeiro modelo e durante o desenvolvimento do

projeto de graduação mostrou aspectos importantes para o melhor desempenho do

mecanismo.

3.1.2 O APARATO DE CORTE

O aparato de corte é composto por uma base plana de apoio, duas

plataformas móveis e o pedestal de apoio do mecanismo de corte. No primeiro

modelo fabricado, mostrado na figura 3.4, o elemento pedestal e mecanismo de

corte é uma furadeira de bancada com ferramenta de fresamento. O alumínio foi o

principal material utilizado na sua construção.

Figura 3.4 Modelo inicial do aparato de corte

Page 31: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

31

O método de funcionamento do aparato de corte se caracteriza por um

mecanismo que fixa uma placa de PTFE em um par de plataformas que corre

através de pivôs sobre a base. Um dos lados do PTFE fica exposto à ação da

ferramenta de corte que é acionada por um motor elétrico. O conjunto motor-

ferramenta fica instalado em um pedestal, fixo na base.

Figura 3.5 Base do aparato de corte montado na furadeira de coluna, mostrando as guias e o gabarito.

A plataforma inferior desliza no sentido longitudinal do corpo e prova, através

de duas guias instaladas na base. Na figura 3.5 pode-se ver a base do mecanismo,

as guias e o gabarito. Nesta figura vê-se també a ferramenta de corte apoiada em

uma peça de PTFE, que é utilizada para minimizar as vibrações durante o processo

de corte, servindo de apoio à ponta da ferramenta, que não é cortante.

O pedaço de PTFE fica fixado na plataforma superior do aparato de corte,

que se movimenta seguindo o sentido transversal do corpo de prova e acompanha o

contorno do gabarito, possibilitando a forma do corpo de prova. A plataforma

superior contém pivôs que garantem a fixação com a plataforma inferior e

restringem os movimentos que não sejam perpendiculares à base. A plataforma

Page 32: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

32

superior contém um pino que, imposto pela ação de uma mola, segue o contorno de

um gabarito que define o contorno do corpo de prova. Há também um mecanismo de

fixação do PTFE junto à plataforma para resistir aos esforços aplicados pela fresa no

material polimérico.

A distância percorrida pela plataforma foi definida de acordo com o

comprimento da placa de PTFE que seria fixado na estrutura deslizante. Para obter

o corpo de prova tipo I da norma ASTM D-638-08, foi escolhido arbitrariamente o

comprimento de 200 mm, para que posteriormente fosse possível obter outros tipos

de corpos de provas.

Segundo o trabalho de Júnior e Baron [25] o custo para a fabricação do

aparato de corte ficou em aproximadamente R$ 150,00; sendo que a microretífica

custa R$ 100,00. É importante ressaltar que esse custo não inclui a mão-de-obra.

Todos os corpos de provas atenderam a norma ASTM 638 e foram fabricados de

forma uniforme, o que não seria conseguido caso fossem feitos de maneira manual.

Figura 3.6 Ilustração de um pedaço típico de PTFE, pronto para o aparato de corte.

Para fabricar os corpos de prova utilizando o aparato de corte,

primeiramente é necessário cortar pedaços com medidas aproximadas de 30 mm de

largura e 180 mm de comprimento, similar ao mostrado na figura 3.6. A base do

equipamento é acoplada à mesa da furadeira de bancada e alinhada à ferramenta

de corte. Um pedaço de PTFE deve ser fixados na plataforma superior utilizando os

componentes adequados. O conjunto é posicionado em uma extremidade da base,

de forma que a ferramenta corte o material no sentido oposto ao movimento do

polímero. Após ligar o mecanismo, o movimento deve ser feito pela plataforma

inferior manualmente, com velocidade lenta e constante até a conclusão do corte de

Page 33: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

33

um lado da peça de PTFE. Desliga-se o mecanismo e recoloca-se o PTFE para que

seja cortado o outro lado. Neste ponto, vale destacar o cuidado necessário com o

posicionamento do polímero para conseguir uma peça com as medidas esperadas e

com simetria correta. Repete-se o procedimento de corte até a finalização do

processo. A figura 3.7 ilustra o aparato no momento do corte do corpo de prova,

destacando-se o sistema de garras que fixam a peça ao conjunto.

Figura 3.7 Posição da ferramenta de corte no corpo de prova

3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Os ensaios deste trabalho foram realizados no Laboratório de Ensaios em

Dutos (LED / LMTA), utilizando a máquina universal de ensaios Autograph AG-X

100kN – Shimadzu (figura 3.8), considerando diferentes taxas de deformação.

Os experimentos foram realizados em temperatura ambiente e, para cada

ensaio de tração, a velocidade de deslocamento do travessão da máquina foi

mantida constante.

Page 34: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

34

Figura 3.8 Máquina de ensaio universal utilizada.

Para medir as deformações do comprimento útil foi utilizado um sistema de

medição óptico sem contato. Tal sistema, denominado vídeo-extensômetro, é

composto por duas câmeras CCD (Charged Coupled Device), um software que

mede em tempo real os deslocamentos das marcações feitas no corpo de prova,

suporte regulável e outros componentes.

3.2.1 PREPARAÇÃO DO CORPO DE PROVA

A utilização do vídeo-extensômetro requer uma marcação no corpo de prova

que se apresente bastante visível na imagem gerada durante todo o tempo do

ensaio de tração. A medida do centro e do comprimento útil do corpo de prova foi

Page 35: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

35

obtida utilizando um gabarito impresso em papel, no formato do corpo de prova, que

indicava as posições com as medidas exatas, de forma a tornar mais eficiente e

rápida o processo de aplicação das marcas no corpo de prova.

O fato de o corpo de prova de PTFE ser branco ampliou as opções das

marcações possíveis. Foram aplicados três tipos diferentes de marcadores na etapa

de ensaios experimentais deste trabalho, visto nas figura 3.9(a-c). Durante os testes,

o método de marcação foi aperfeiçoado conforme a experiência adquirida com o uso

do vídeo-extensômetro e de acordo com a taxa de deformação utilizada.

Nos primeiros ensaios o corpo de prova foi marcado com caneta apropriada

para escrita em plástico (especificamente para anotações em mídia CD), cor preta,

fazendo um traço nos limites do comprimento útil, mostrado na figura 3.9(a). Este

processo se mostrou prático e rápido de ser executado, porém, a marca feita sofria

distorção e clareamento quando o corpo de prova atingia deformações maiores que

200% e causava a interrupção das medidas em alguns ensaios por falha no

rastreamento das marcas na imagem pelo programa do sistema. Entretanto, foi

possível obter resultados em alguns casos, principalmente nos ensaios com taxas

de deformações maiores.

Outro método de marcação foi a utilização de clipes metálicos, pintados de

preto, presos ao corpo de prova de forma que um arame ficasse visível na imagem

captada, visto na figura 3.9(b). Este método tem a desvantagem de exigir perícia no

posicionamento dos clipes, porque só é possível ser colocado no local certo após o

ajuste e a fixação do corpo de prova nas garras da máquina de ensaio, a fim de se

evitar o desvio dos clipes durante a manipulação do corpo de prova.

Foi observado em alguns testes, neste método de marcação, a ocorrência de

desvio do clipe da posição horizontal, durante a parte final do alongamento do corpo

de prova. Aparentemente, este fato pode ser atribuído à diminuição da área de

contato do clipe, devido ao estreitamento do corpo de prova e à distorção sofrida

pelo material.

Outro fator negativo com o uso de clipes foi a necessidade de aplicar

marcações auxiliares com caneta apropriada na lateral ou no verso do corpo de

prova de modo a garantir que o clipe não tenha se deslocado durante o processo de

preparação do corpo de prova na máquina de ensaio e para ficar registrado os

Page 36: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

36

limites do comprimento útil após a ruptura da amostra, que causa o deslizamento e

até a completa fuga do clipe.

Outro método de marcação utilizado neste trabalho foi o uso de uma etiqueta,

própria para este fim, que adere à superfície do corpo de prova por uma estreita fita

adesiva, como mostra a figura 3.9 (c). Estas etiquetas são fornecidas pelo fabricante

do sistema de vídeo-extensômetro e, a despeito da propriedade anti-aderente do

PTFE, foram utilizadas também nos ensaios deste trabalho.

(a) (b) (c)

Figura 3.9 Marcações no corpo de prova: (a) caneta, (b) clipes e (c) etiqueta

3.2.2 MEDIÇÃO COM VÍDEO-EXTENSÔMETRO

O vídeo-extensômetro é um equipamento capaz de executar medidas de

deformações através da captura contínua de imagens da amostra durante o ensaio,

usando uma ou mais câmeras de vídeo conectadas a um computador. Ele consiste

em um conjunto de equipamentos que captam o deslocamento das marcas

colocadas no corpo de prova, conforme esquema ilustrado na figura 3.10. No vídeo-

extensômetro utilizado neste trabalho os principais elementos são: um par de

Page 37: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

37

câmeras, um programa para processamento da imagem e para o controle da

máquina de ensaio, além de acessórios como suportes para a câmera e para a

iluminação, entre outros.

Figura 3.10 Esquema de funcionamento do vídeo-extensômetro

O corpo de prova tem o comprimento útil marcado com marcadores especiais,

que devem ter a cor e contraste adequados para serem captados na imagem.

Enquanto o corpo de prova é deformado no ensaio de tração, as marcas são

seguidas pelo programa que mede a distância em pixel entre elas na imagem

capturada. Esta distância, em pixel, pode ser medida em tempo real, convertida e

registrada na grandeza de medida conforme os parâmetros configurados no controle

do programa do sistema da máquina de ensaio.

No vídeo-extensômetro utilizado neste trabalho há uma câmera que capta a

imagem da amostra ampliada e outra que capta a imagem de toda a seção útil do

corpo de prova durante o ensaio, inclusive na sua forma totalmente deformada. Está

mostrado em destaque na figura 3.11 a fotografia do equipamento, onde se vê as

câmeras apontadas para o corpo de prova, que tem seu comprimento útil marcado

através de riscos feitos com caneta preta. É visto na figura 3.12 o suporte das

câmeras, o detalhe das garras da máquina de ensaio e uma parte do sistema de

iluminação especial do sistema.

A finalidade da configuração com duas câmeras é para ser possível a medição

da deformação da seção útil e, concomitantemente, de uma parte do deslocamento

Page 38: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

38

com uma resolução maior. No presente trabalho foram utilizados os dados gerados

apenas pela câmera que capta a imagem global, mesmo quanto era aplicado a

configuração do sistema para duas câmeras.

Figura 3.11 Câmeras do vídeo-extensômetro e um corpo de prova montado na máquina de ensaio.

Figura 3.12 Detalhe do posicionamento do corpo de prova nas garras da máquina universal.

O programa do sistema do vídeo-extensômetro tem que ser calibrado com os

parâmetros solicitados, conforme o método de ensaio, neste caso, de tração. Neste

Page 39: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

39

quesito, o sistema do vídeo-extensômetro também é passível de ser aplicado a

outros tipos de ensaios como o ensaio de compressão, de flexão e de relaxação.

Figura 3.13 Programas de configuração da máquina de ensaio e de controle do sistema do vídeo-extensômetro.

Na configuração do programa para o ensaio de tração são solicitados

informações sobre o tipo de corpo de prova e suas dimensões, sobre as condições

de ensaio como velocidade de deslocamento do travessão ou a taxa de deformação

e as informações necessárias referentes ao processamento de dados como a taxa

de aquisição de dados. A figura 3.13 mostra o monitor do computador com o

programa de configuração da máquina de ensaio e o programa de controle do

sistema do vídeo-extensômetro.

As dimensões do corpo de prova, solicitadas pelo programa, são utilizadas

para os cálculos necessários para o controle da máquina de ensaio conforme os

parâmetros programados e das grandezas escolhidas; estas informações também

são utilizadas para a geração de gráficos em tempo real, sendo possível várias

combinação de parâmetros. No ensaio de tração uniaxial podemos citar os

parâmetro tempo, taxa de deformação, velocidade do travessão, deslocamento do

travessão, alongamento da seção útil do corpo de prova, tensão e carga aplicada.

Na figura 3.14 é mostrado o programa do vídeo-extensômetro durante o ensaio, com

Page 40: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

40

as imagens transmitidas pelas câmeras e os cursores que seguem as marcações do

corpo de prova. Ao fundo vê-se o gráfico gerado pelo programa da máquina de

ensaio durante o teste.

As informações requisitadas pelo programa sobre as condições de ensaio de

tração uniaxial são taxa de deformação ou velocidade de deslocamento, aceleração

inicial do ensaio, ponto de interrupção, condição de falha e outras.

Figura 3.14 Programa do vídeo-extensômetro durante o ensaio e o gráfico gerado pelo programa da máquina de ensaio.

3.2.3 ENSAIOS DE TRAÇÃO

Foi ensaiado um grande número de corpos de prova no início dos testes

experimentais, com a finalidade de encontrar a melhor configuração do sistema de

vídeo-extensômetro e definir a gama de velocidades possíveis de ser aplicados à

máquina de ensaio.

Page 41: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

41

No presente trabalho, foi utilizado o parâmetro velocidade do deslocamento do

travessão da máquina constante para os ensaios realizados. É interessante ressaltar

que o controle da taxa de deformação do comprimento útil gerou resultados

instáveis, sem a possibilidade de aplicá-los à pesquisa.

A configuração do programa da máquina de ensaio com o parâmetro taxa de

deformação constante implica em um tempo alto de processamento e de resposta

do sistema, ou seja, o tempo necessário para o processamento da imagem (oriundo

do sistema de medição pelo vídeo extensômetro) e a resposta da máquina de ensaio

é maior que o intervalo entre os pontos coletados, resultando em uma instabilidade

dos resultados e uma acentuada oscilação da curva do gráfico, de forma que ficam

inadequados para a utilização na pesquisa.

Está ilustrado na figura 3.15 gráficos mostrando as taxas de deformação ao

longo do tempo para diferentes velocidades do travessão da máquina de ensaios.

Outro fator que demandou muito tempo na etapa inicial dos ensaios foi o

posicionamento das câmeras nos suportes de sustentação. As câmeras devem ficar

alinhadas ao corpo de prova, conforme mostrado na figura 3.16, a uma distância

suficiente para ser possível a captura da imagem de toda a extensão da seção útil

após a deformação total.

Ao ser posicionadas a uma distância curta, a imagem capturada pelas câmeras

apresentava boa visibilidade, mas as marcas alvos saíam fora dos limites da tela,

quando se atingia uma grande deformação da amostra, e o rastreamento destas

eram perdidas pelo programa causando a interrupção da leitura das medidas devido

à perda de visibilidade dos alvos pelo programa. No posicionamento mais afastado,

toda a imagem do corpo de prova com deformação máxima podia ser captada,

porém as imagens das marcas alvos ficavam muito pequenas para ser capturadas

pelo programa.

Em virtude dos limites impostos pela máquina de ensaio, o intervalo das

velocidades consideradas neste estudo situou-se entre 3 mm/min e 1000 mm/min.

Abaixo de 3 mm/min não era possível manter o controle da velocidade pela máquina

de ensaio. Acima de 1000 mm/min, a máquina de ensaio alcançava sua velocidade

máxima e, além disso, não se conseguia uma quantidade suficiente de pontos para

análise da pesquisa.

Page 42: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

42

Na modelagem matemática deste trabalho será utilizada a taxa de deformação

do comprimento útil do corpo de prova. A taxa de deformação será obtida pelos

resultados dos ensaios com o controle da velocidade do travessão da máquina de

ensaio.

Pode ser observado no gráficos da figura 3.15 que a taxa de deformação do

comprimento útil sofre uma oscilação nos instantes iniciais e tende a se estabilizar

ao longo do tempo. Portanto, baseado nestes resultados, o valor da taxa de

deformação aplicada na modelagem será a média dos resultados obtidos com a

velocidade do travessão constante, desconsiderando-se variação da parte inicial.

Figura 3.15 Taxas de deformação do comprimento útil ao longo do tempo

para diferentes velocidades constantes do travessão da máquina de ensaio.

Page 43: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

43

Figura 3.16 Sistema do vídeo-extensômetro montado no suporte e alinhado com o corpo de prova.

Tabela 3.1 Ensaios realizados sem rompimento do corpo de prova.

Incompleto – sem rompimento do CP

VALOR UNIDADE DATA

0,20 %/min 23/09/10

5 1/s 29/09/10

10 mm/min 19/04/10

20 mm/min 26/01/10

400 mm/min 19/04/10

400 mm/min 26/04/10

400 mm/min 18/06/10

400 mm/min 18/06/10

800 mm/min 19/04/10

1000 mm/min 19/04/10

1000 mm/min 06/05/10

Page 44: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

44

Tabela 3.2 Ensaios realizados com rompimento do corpo de prova.

Completo – com rompimento do CP

VALOR UNIDADE DATA

0 1/s 09/09/10

1 1/s 09/09/10

1 1/s 29/09/10

5 1/s 09/09/10

5 1/s 29/09/10

3 mm/min 09/07/10

3 mm/min 09/07/10

5 mm/min 06/05/10

10 mm/min 18/06/10

10 mm/min 29/09/10

200 mm/min 27/01/10

200 mm/min 18/06/10

400 mm/min 26/04/10

400 mm/min 29/04/10

400 mm/min 18/06/10

400 mm/min 09/07/10

500 mm/min 06/05/10

500 mm/min 17/06/10

800 mm/min 29/04/10

800 mm/min 09/07/10

1000 mm/min 18/06/10

Page 45: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

4.0 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Uma das características do PTFE, quando submetido à tração, é apresentar

uma grande deformação antes da fratura do material. Nos ensaios realizados,

principalmente nas menores taxas de deformação, foram observadas deformações

maiores que 200% até o momento da ruptura do material.

O fenômeno de superplasticidade é caracterizado pela grande deformação

permanente que alguns materiais apresentam quando submetidos a tensões numa

temperatura e taxa de deformação apropriadas, produzindo alongamentos

excepcionalmente grandes, acima de 200% antes da ruptura. O estudo do

comportamento superplástico já é estudado por muitos pesquisadores, como H. S.

da Costa Matos et al. [23].

Figura 4.1 Sequência de um ensaio de tração mostrando a grande deformação do corpo de prova de PTFE.

Page 46: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

46

A figura 4.1 ilustra uma sequência de imagens de uma típica amostra de PTFE sob

carregamento monotônico até seu rompimento. Pode ser visto que a deformação do

corpo de prova é muito homogênea, isto é, há uma alta resistência em desenvolver

uma região de estrangulamento: o corpo de prova vai se afinando de maneira muito

uniforme, ao invés de formar um “pescoço”. A figura 4.2 mostra uma sequência de

corpos de provas deformados em distintos estágios do processo de alongamento,

onde se pode observar o estreitamento homogêneo das amostras e a forma da

fratura. Em todos os ensaios realizados, o rompimento foi localizado e

caracterizadopor uma fratura perpendicular ao eixo de tração.

Figura 4.2 Amostras deformadas em diversas fases do ensaio de tração.

Figura 4.3 Amostra de corpo de prova rompido na marcação e a trinca na outra marcação.

É interessante considerar, para pesquisas futuras, um fenômeno

Page 47: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

47

apresentado em alguns ensaios realizados com corpos de prova marcados com

caneta (marcas que limitam o comprimento útil para medição com vídeo-

extensômetro, explicado na seção anterior). Em parte das amostras, o rompimento

se deu exatamente na linha marcada. Em outra parte, mesmo quando a ruptura se

deu na parte central do comprimento útil, verificou-se uma trinca na linha marcada

pela caneta. A caneta utilizada é destinada especialmente para anotação em mídia

ótica, tipo CD/ DVD. A figura 4.3 evidencia o fenômeno acima descrito e a forma da

fratura do PTFE observado em todos os ensaios.

Para melhor compreensão do significado dos parâmetros utilizados neste

trabalho, vamos considerar um ensaio de tração uniaxial onde o corpo de prova tem

um comprimento inicial útil l0 e seção transversal A0 submetido a um alongamento

prescrito Δl. A força associada a tal alongamento é dada por F. A deformação de

engenharia, e, e a tensão de engenharia, s, são definidos por:

e=Δl / lo (1)

s=F / Ao (2)

A deformação real ε e as tensões reais σ, são definidas por:

ε=∫lo

l

dl/ l= ln ( l /lo )=ln (1+e ) (3)

σ=s (1 +e ) (4)

Durante os experimentos foram feitos ensaios com diversas velocidades de

deslocamento do travessão. Foram selecionados os ensaios representados pelos

gráficos da figura 3.15, cosiderando as seguintes taxas de deformação: ė1 = 6,0 x 10-

4 ; ė2 = 7,7 x 10-2 ; ė3 = 9,2 x 10-2 ; ė4 = 1,3 x 10-1. Estes servirão de base para o

desenvolvimento do modelo matemático e visam representar uma larga faixa de

valores que permitam estudar a sensibilidade do PTFE à variação da taxa de

deformação, quando este é submetido à tração uniaxial.

Para ser possível visualizar as diferenças entre os resultados dos testes

Page 48: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

48

selecionados, as curvas geradas foram apresentadas no mesmo gráfico. Na figura

4.4 são mostrados as curvas tensão-deformação de engenharia e na figura 4.5 as

curvas tensão-deformação reais. Foram escolhidos ensaios que melhor

representassem a gama dos experimentos realizados para as taxas de deformação

escolhidas.

Figura 4.4 Curvas tensão-deformação de engenharia, considerando diferentes taxas de deformação: equação (1) e (2).

Figura 4.5 Curvas tensão-deformação reais, considerando diferentes taxas de deformação: equação (3) e (4).

Page 49: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

49

Verifica-se pelos resultados da tensão de escoamento que a resposta do

material depende claramente da velocidade imposta ao travessão, ou seja, da taxa

de deformação associada. A tensão de tração no material cresce com o aumento da

taxa de deformação. Em contrapartida, nada pode ser dito a respeito da tensão

máxima de ruptura. Neste contexto, no presente trabalho não foi considerado o

fenômeno de dano.

Para melhor compreensão e análise destes resultados, a região do gráfico

tensão-deformação real foi dividida em três regiões e desconsiderou-se uma

pequena região da deformação inicial ( ε < 4%), para todos os casos. O parâmetro

que será utilizado para distinguir as regiões é a segunda derivada parcial da tensão

real em relação à deformação real, ∂2σ/∂ε2 , que indica a variação da inclinação da

curva do gráfico em questão.

Na região I, inicialmente ∂2σ/∂ε2 é alto, porém se torna menor gradualmente;

na região II, ∂2σ/∂ε2 tende a zero e na região III, ∂2σ/∂ε2 aumenta novamente. A

figura 4.6 ilustra uma representação da curva tensão-deformação real e a a variação

do parâmetro ∂σ/∂ε, no qual ε* é definido como o valor da deformação associado à

transição entre a regiões II e a região III.

Nos experimentos realizados, é observado que ε* não é muito sensível à

taxa de deformação, ou seja, para as diversas taxas de deformação, ε* se manteve

próximo a um valor constante.

Fig 4.6 Curva tensão-deformação real e das inclinações ∂σ/∂ε e ∂2σ/∂ε2: definição de ε*.

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50

Figura 4.7 Comparação entre a curvas tensão-deformação e a curva ∂σ/∂ε para diferentes taxas de deformação.

A figura 4.7(a-d) mostra as curvas tensão-deformação dos dados

experimentais para as taxas de deformação iguais a ė1 = 6,0 x 10-4 , ė2 = 7,7 x 10-2,

ė3 = 9,2 x 10-2 , ė4 = 1,3 x 10-1 s-1 e as respectivas curvas que representam a variação

da inclinação, ∂σ/∂ε. O valor de ε* é estipulado equivalente a 0,8 para todos os

casos. Pode-se notar que a ruptura ocorreu imediatamente após este valor para as

taxas de deformação 7,7 x 10-2 e 1,3 x 10-1 s-1, figuras 4.6(b) e 4.6(c).

Page 51: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

51

4.2 MODELO PROPOSTO

Nesta seção será apresentado um modelo constitutivo fenomenológico do

politetrafluoretileno sob carregamento de tração. A partir dos resultados

experimentais obtidos neste trabalho, foi desenvolvida uma metodologia para se

obter um modelo capaz de prever o comportamento do PTFE, submetido à tração

uniaxial para distintas taxas de deformações.

O modelo matemático proposto é composto por duas partes: a primeira parte

é definida pela faixa que contém a região I e a região II do gráfico tensão-

deformação real, de acordo com as considerações da seção anterior. Portanto, esta

parte representa o comportamento do PTFE do instante inicial da deformação até o

ponto ε* . A segunda parte representa os valores da deformação real maiores que ε*.

Para determinar uma expressão adequada que modele o comportamento do

PTFE, deformado por carregamento monotônico de tração uniaxial e para distintas

taxas de deformação, é proposto o seguinte modelo matemático:

(5)

A primeira parte do modelo matemático proposto é baseada no modelo de

saturação, onde β é definida como uma constante positiva. A dependência com a

taxa de deformação é definida pela tensão de escoamento σf , no qual é suposta ser

dada pela seguinte expressão:

(6)

Onde A e B são constantes a serem determinadas.

O segundo termo da primeira expressão é uma equação de potência com

coeficiente de resistência KI e expoente de encruamento n.

A segunda parte da modelagem matemática proposta é definida pelo

coeficiente de resistência KII e o expoente de encruamento m. Os parâmetros

Page 52: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

52

aplicados neste modelo podem estar relacionados ao comportamento das cadeias

moleculares do material, supondo-se que estas sofrem um alinhamento durante a

deformação trativa. Após a região II estas cadeias estariam tão alinhas a ponto de

causar a alteração do coportamento mecânico à tração.

Por definição, σ*f = σ(ε*).

4.3 IDENTIFICAÇÃO DE PARÂMETROS

Conforme descrito na seção anterior, o modelo proposto, equação (5), pode

ser divido em duas partes. O parâmetro ε* determina o ponto de interseção entre as

equações citadas e deve ser previamente determinado. Ele representa o ponto de

transição entre a região II e a região III da curva tensão-deformação real, conforme

visto na figura 4.6. De acordo com os resultados experimentais, ilustrados na figura

4.7(a-d), é bastante representativo o valor aproximado da deformação real de

transição, ε*, ser estipulado em 0,8.

Tabela 4.1 Resultados da primeira parte do modelo para valores menores que ε* .

Taxa de deformação de engenharia e*(s-1)

σf(MPa) β KI (MPa) n

6 x 10-4 9,6 160 2,83 1,247

7,7 x 10-2 12,38 320,8 3,056 1,427

9,2 x 10-2 12,88 542,9 3,223 1,403

1,3 x 10-1 14,78 243,2 3,018 1,413

Tabela 4.2 Resultados da segunda parte do modelo para valores maiores que ε* .

Taxa de deformação de engenharia e*(s-1)

σ*f(MPa) KII (MPa) m

6 x 10-4 30,74 110,9 1,4

7,7 x 10-2 40,07

9,2 x 10-2 44

1,3 x 10-1 47,84

Page 53: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

53

O próximo passo é estimar os seguintes parâmetros: σf , β, KI e n do

primeiro termo da equação (5) e σ*f, KII e m do segundo termo para cada taxa de

deformação de engenharia. Portanto, para esta etapa, todos os parâmetros foram

estimados usando o método Levenberg-Marquard [28-30]. Os parâmetros

estimados, para distintas taxas de deformação de engenharia são mostrados nas

tabelas 4.1 e 4.2.

Os dados experimentais e o modelo proposto, considerando todos os

parâmetros, estão mostrados nas figuras 4.8 e 4.9. Entretanto, é sugerido para

aplicações práticas considerar β, KI e n como constante do material. Por esta razão,

é proposto considerar a média dos valores destes parâmetros, isto é, βm = 317; KIm =

3,12 MPa; e n = 1,4.

A dependência com a taxa de deformação é incluída na modelagem através

de σf e usando a equação (6). É importante observar que, da equação (3), a relação

entre deformação de engenharia e real é dado por:

(7)

Portanto, a equação (6) pode ser reescrita na forma:

(8)

A figura 4.10 ilustra os dados experimentais e o modelo de previsão, aonde

encontramos A = 39 MPa e B = 9,5 MPa.

Page 54: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

54

Figura 4.8 Comparação entre o modelo e os resultados experimentais das curvas tensão-deformação verdadeiras para diferentes taxas de deformação: (0 < ε ≤ ε*).

Figura 4.9 Comparação entre o modelo e os resultados experimentais das curvas tensão-deformação verdadeiras para diferentes taxas de deformação: (ε >ε*).

Page 55: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

55

Figura 4.10 Tensão de escoamento real em função da taxa de deformação de

engenharia.

4.4 VALIDAÇÃO DO MODELO

A fim de validar o modelo proposto, os dados experimentais são comparados

com os valores estimados pelo modelo, considerando βm = 317; KIm = 3,12 MPa; n =

1,4; A = 39 Mpas e B = 9,5 MPa. Quatro diferentes taxas de deformação são

consideradas: ė1 = 6,0 x 10-4 , ė2 = 7,7 x 10-2, ė3 = 9,2 x 10-2 , ė4 = 1,3 x 10-1 s-1.

Pelos resultados mostrados na figura 4.11, fica evidenciado uma boa

concordância entre os dados experimentais e os valores calculados pelo modelo,

usando os parâmetros estimados. A pequena discrepância pode ser atribuída à

resposta do material, que é muito complexa. Além disso, é importante enfatizar que

com apenas três ensaios, com três taxas de deformação distintas, são suficientes

para prever o comportamento do PTFE.

Page 56: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

56

Fig. 4.11 Comparação entre o modelo ajustado e os resultados experimentais das curvas tensão-deformação verdadeiras para diferentes taxas de deformação.

Page 57: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

5.0 CONCLUSÕES

Neste trabalho foram realizados ensaios experimentais de tração uniaxial em

um corpo de prova de PTFE normalizado, considerando diferentes taxas de

deformação. Com base nos dados obtidos, foi proposto um modelo constitutivo para

o comportamento mecânico do PTFE.

Foi desenvolvido um aparato para o corte de corpos de prova de PTFE

normalizados. No projeto do aparato, foram utilizados materiais comuns e baratos e

os recursos disponíveis no laboratório. Os corpos de prova resultantes atenderam

aos requisitos da norma aplicada.

Os ensaios foram realizado em condições de laboratório, sendo a taxa de

deformação controlada pela máquina de ensaio. Foram observadas grandes

deformações que foram medidas utilizando-se um sistema de medição ótico sem

contato (vídeo-extensômetro). Geralmente, nos ensaios feitos com as menores taxas

de deformação, a deformação ultrapassava 200% antes da ruptura.

Na fase de escoamento do PTFE foram observadas duas regiões distintas

no gráfico tensão-deformação. O local de transição entre estas regiões pouco variou

nas diferentes taxas de deformação aplicadas e ficou definido para este ponto o

valor de 0,8 de deformação.

O modelo proposto é formado por duas partes: uma que considera a região

do gráfico tensão-deformação real anterior ao ponto transição citado, de 0,8 de

deformação, e a outra parte, os valores acima deste. Para calcular as constantes

materiais deste modelo são necessárias apenas três ensaios com taxas de

deformação constantes e distintas. O principal objetivo deste trabalho, foi

desenvolver um modelo constitutivo para obter o máximo de informação sobre as

propriedades macroscópicas de amostras de politetrafluoretileno, em ensaios de

Page 58: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

58

tração realizadas em temperatura ambiente, com diferentes taxas de deformação,

com um mínimo de testes laboratoriais, poupando tempo e reduzindo os custos

experimentais.

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6.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Page 62: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

7.0 ANEXOS

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63

7.1 GRÁFICOS DAS CURVAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO REAIS DOS DADOS EXPERIMENTAIS REALIZADOS NESTA PESQUISA

Fig. 7.1

Fig. 7.2

Fig. 7.3

Page 64: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

64

Fig. 7.4

Fig. 7.5

Fig. 7.6

Page 65: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

65

Fig. 7.7

Fig. 7.8

Fig. 7.9

Page 66: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

66

Fig. 7.10

Fig. 7.11

Fig. 7.12

Page 67: COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLÍMERO PTFE SUJEITO A

67

Fig. 7.13

Fig. 7.14

Fig. 7.15

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68

7.2 PROGRAMA DA MÁQUINA DE ENSAIO UNIVERSAL E DO VÍDEO- EXTENSÔMETRO

Fig. 7.16 Sequência das telas de configuração do programa da máquina de ensaio Trapezium-X.

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69

Fig. 7.17 Tela de configuração do programa do vídeo-extensômetro.

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8.0 APÊNDICES

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CARTA DE ACEITE E TRABALHO APRESENTADO NO CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS –

CBECiMat 19

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TRABALHO PUBLICADO NA REVISTA POLYMER TESTING

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FOLHETOS DE APRESENTAÇÃO DO SISTEMA DE VÍDEO-EXTENSÔMETRO E DO PROGRAMA DA MÁQUINA DE ENSAIO