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COMPÓSITOS A BASE DE POLIACRILAMIDA/VERMICULITA: SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO Ana P. D. Lima 1* , Judith. P. A. Feitosa 1 ** Nágila M. P. S. Ricardo 1*** 1 Departamento de Química Orgânica e Inorgânica, Universidade Federal do Ceará, Caixa Postal 12.200, 60.455-760, Fortaleza, CE, Brasil. *[email protected], **[email protected] ***[email protected] Composites based on Polyacrilamide/Vermiculite: Synthesis and Characterization Superabsorbent hydrogels of polyacrilamide and composites of polyacrilamide (PAM)/vermiculite (VMT) were prepared using bisacrylamide as crosslinking agent, ammonium persulphate as initiator and N,N,N',N'-tetramethylethylenediamine as catalyst. The samples were characterized by FTIR, x-ray diffraction, TGA, ICP and elemental analysis. The morphological features of the hydrogels were evidenced by SEM images. The gels were hydrolysed to convert the amine groups to carboxylates. The ratio acrylamide/acrylate calculated was circa 50%. The addition of 10 wt% of VMT in the PAM gel was also studied. It was observed that with the presence of VMT in the polymeric matrix, the value of water uptake in the equilibrium, W eq (1120 g/g) increased and the value of K s decreased. TGA measurements showed an increase in the thermal stability of the polymeric matrix with the addition of VMT. Introdução Recentemente, nanocompósitos a base de polímeros orgânicos e argilominerais inorgânicos constituídos de silicatos em camadas têm atraído grande atenção devido às numerosas vantagens em comparação aos compósitos poliméricos tradicionais. A adição desses materiais aumenta a estabilidade térmica 1 , aumento na absorção e velocidade de absorção de água 1-3 , dentre outras. Isso pode ser atribuído à dispersão em nanoescala da argila na matriz polimérica. As nanopartículas têm uma área superficial elevada que quando dispersas em matrizes poliméricas promovem alterações nas propriedades da matriz, relacionadas com a interação química específica entre as cargas e o polímero. 1,3,5-7 Três principais tipos de estruturas apresentados na Figura 1 podem ser obtidos quando uma argila é dispersa em uma matriz polimérica: estrutura de fase separada quando as cadeias poliméricas não intercalam as camadas de argila levando à obtenção de uma estrutura de propriedades similares às de um compósito convencional; estrutura intercalada quando as cadeias poliméricas são intercaladas entre as camadas de argila, formando uma estrutura multicamada bem ordenada, que apresenta propriedades superiores à de um compósito convencional; e estrutura esfoliada, onde a argila é completa e uniformemente dispersa em uma matriz polimérica, maximiza

COMPÓSITOS A BASE DE POLIACRILAMIDA/VERMICULITA: … · 1 onde W é o ganho de massa de água por grama de gel, m é a massa do material intumescido e m0 é a massa do material seco

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COMPÓSITOS A BASE DE POLIACRILAMIDA/VERMICULITA: SÍNTESE E

CARACTERIZAÇÃO

Ana P. D. Lima1*, Judith. P. A. Feitosa1 ** Nágila M. P. S. Ricardo1*** 1Departamento de Química Orgânica e Inorgânica, Universidade Federal do Ceará, Caixa Postal 12.200, 60.455-760,

Fortaleza, CE, Brasil. *[email protected], **[email protected] ***[email protected]

Composites based on Polyacrilamide/Vermiculite: Synthesis and Characterization

Superabsorbent hydrogels of polyacrilamide and composites of polyacrilamide (PAM)/vermiculite (VMT) were prepared using bisacrylamide as crosslinking agent, ammonium persulphate as initiator and N,N,N',N'-tetramethylethylenediamine as catalyst. The samples were characterized by FTIR, x-ray diffraction, TGA, ICP and elemental analysis. The morphological features of the hydrogels were evidenced by SEM images. The gels were hydrolysed to convert the amine groups to carboxylates. The ratio acrylamide/acrylate calculated was circa 50%. The addition of 10 wt% of VMT in the PAM gel was also studied. It was observed that with the presence of VMT in the polymeric matrix, the value of water uptake in the equilibrium, Weq (1120 g/g) increased and the value of Ks decreased. TGA measurements showed an increase in the thermal stability of the polymeric matrix with the addition of VMT. Introdução

Recentemente, nanocompósitos a base de polímeros orgânicos e argilominerais inorgânicos

constituídos de silicatos em camadas têm atraído grande atenção devido às numerosas vantagens em

comparação aos compósitos poliméricos tradicionais. A adição desses materiais aumenta a

estabilidade térmica1, aumento na absorção e velocidade de absorção de água1-3, dentre outras. Isso

pode ser atribuído à dispersão em nanoescala da argila na matriz polimérica. As nanopartículas têm

uma área superficial elevada que quando dispersas em matrizes poliméricas promovem alterações

nas propriedades da matriz, relacionadas com a interação química específica entre as cargas e o

polímero.1,3,5-7

Três principais tipos de estruturas apresentados na Figura 1 podem ser obtidos quando uma

argila é dispersa em uma matriz polimérica: estrutura de fase separada quando as cadeias

poliméricas não intercalam as camadas de argila levando à obtenção de uma estrutura de

propriedades similares às de um compósito convencional; estrutura intercalada quando as cadeias

poliméricas são intercaladas entre as camadas de argila, formando uma estrutura multicamada bem

ordenada, que apresenta propriedades superiores à de um compósito convencional; e estrutura

esfoliada, onde a argila é completa e uniformemente dispersa em uma matriz polimérica, maximiza

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as interações polímero-argila e levam as significativas melhorias nas propriedades físicas e

mecânicas.5

Figura 1 - Estrutura dos nanocompósitos.

Uma fase inorgânica que está sendo bastante estudada na preparação de nanocompósitos

poliméricos é a vermiculita, argila de origem natural.7-9 Esta argila pertence ao grupo dos

filossilicatos 2:1. É um aluminossilicato básico hidratado de magnésio, ferro e alumínio. Contém

pequena quantidade de cromo, manganês, fósforo, enxofre e cloro. Tem alta porosidade e baixa

densidade. Cada partícula monocristalina é formada pela superposição de certo número de camadas

de estruturas e espessura bem definidas, separadas por intervalos denominados espaços

interfoliares. Cada camada, por sua vez, é composta de duas folhas de tetraedros de (SiO4)4-, entre

as quais se ligam a uma folha octaédrica central de magnésio. A superfície da vermiculita é

composta de grupos OH- reativos.7-11

Neste trabalho foram sintetizados hidrogéis superabsorventes de poliacrilamida e

compósitos de poliacrilamida/vermiculita. A caracterização, medidas de intumescimento destes géis

e a comparação com um gel de poliacrilamida comercial (PAMCOM) também foram investigados.

Experimental Material

Acrilamida (Am), N,N,N',N'–tetrametilenodiamino (TEMED) e persulfato de potássio

(K2S2O8), foram obtidos da MERCK. N,N'–metilenobisacrilamida (MBA) da PHARMACIA

BIOTECH. A vermiculita expandida (VMT) foi fornecida pela Urimã Mineração LTDA. e

previamente passada em tela de 325 mesh.

Síntese do gel de poliacrilamida (PAM)

A 60 mL de água destilada foram adicionados 420 mg de acrilamida sob agitação e

borbulhamento de gás nitrogênio para diminuir o efeito de inibição do oxigênio na reação de

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polimerização radicalar. Após 10 min. foram adicionados 32,4 mg do iniciador persulfato de

potássio. Em seguida foram adicionados 18 mg do reticulante bisacrilamida e 100 �L de solução do

acelerador da reação TEMED 0,57g/L. O sistema foi fechado e mantido sob agitação até o ponto de

gel. Após 24 horas o material foi triturado, lavado com água até completa remoção do excesso de

monômero que não reagiu. Em seguida foi seco em estufa a uma temperatura de 70 ºC.

Síntese do compósito poliacrilamida/vermiculita (VMTPG10)

A síntese do VMTPG10 foi feita seguindo a mesma metodologia utilizada para a PAM. A

exceção faz-se quanto à adição do monômero, onde este foi previamente dissolvido em uma

dispersão de argila in natura 10% m/m em relação ao monômero. A dispersão foi mantida sob

agitação constante de 330 rpm por 24 horas.

Hidrólise dos hidrogéis

Os hidrogéis sintetizados foram submetidos à reação de hidrólise alcalina com NaOH para a

conversão dos grupos amida da PAM à grupos carboxilatos. A 1 g de cada gel seco foi adicionado

40 mL de NaOH 0,5 mol/L por 3 horas a uma temperatura de 50 ºC. O gel hidrolisado foi lavado até

completa remoção do NaOH e seco em estufa a uma temperatura de 70 ºC. Após a secagem foram

obtidos os géis de PAM hidrolisado (PAMH) e VMTPG10 hidrolisado (VMTPG10H).

Difratogramas de Raios-X

Os difratogramas de raios-X foram obtidos por um difratômetro modelo DMAXB Rigaku

com radiação Cu-Kα, variando 2θ de 3 a 40º.

Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

Para a análise morfológica dos hidrogéis, os mesmos foram inicialmente equilibrados em

água a 25 °C e liofilizados. Nessas condições pode-se assumir que a estrutura do hidrogel é

preservada. O estudo morfológico foi realizado através de um equipamento de microscopia

eletrônica de varredura da Phillips XL 30 acoplada ao sistema de ligação 3.34 séries 300 com

detector Si (Li). As amostras foram montadas com fita de carbono em suporte de cobre e recobertos

com ouro em pó.

Espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado (ICP)

A amostra de VMT foi submetida à detecção de metais empregando ICP-OES com detecção

simultânea e configuração axial (Spectro Cirosccd - Spectro Analytical Instruments). O

equipamento utilizado foi um ICP-OES Perkin Elmer Optima 4300 DV, EVA.

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Para determinação dos metais, a VMT sólida passou por um processo de digestão ácida com

HF. A 0,2 g de VMT adicionou-se 5 mL de água régia invertida (HNO3/HCl 3:1) e deixou-se por

aproximadamente 10 h. Aqueceu-se a mistura no bloco digestor durante 3 h à 120°C. Depois de

resfriado adicionou-se 2 mL de HF e aqueceu-se novamente por 3 h à 120°C. A mistura foi então

diluída para 25 mL.

Foi feita também a análise da água utilizada no processo de esfoliação da argila (H2OVMT).

A 60 mL de água foram adicionados 420 mg do mineral, que permaneceu por 24 h em constante

agitação. Após esse processo a dispersão passou por uma filtração em papel de filtro e a solução

obtida foi analisada.

Espectroscopia de Infravermelho

Os espectros de absorção na região de Infravermelho da VMT e dos hidrogéis foram obtidos

em equipamento Shimadzu FT IR-8500, operando na faixa de 4000-400 cm-1, em pastilha de KBr.

Análise elementar

A análise elementar de carbono, hidrogênio e nitrogênio dos compósitos foi executada

utilizando um microanalizador Carlo ERBA EA 1108.

Análise termogravimétrica

O comportamento térmico das amostras foi analisado em equipamento da Shimadzu TGA-

50 com fluxo de nitrogênio de 50 cm3/min. As curvas termogravimétricas foram obtidas em

atmosfera de nitrogênio utilizando taxa de aquecimento de 10 °C/min e massa de 10 mg.

Medidas de intumescimento

Estudou-se o efeito de 10% de VMT no gel de PAM na absorção de água. Amostras dos géis

foram pesadas (30mg para VMTPG10 e 10mg para VMTPG10H) em um cadinho filtrante de

30 mL (porosidade nº 0) umedecido previamente e com parede externa seca. Este conjunto foi

inserido em água de modo que o gel ficasse totalmente submerso.

O conjunto cadinho/gel foi retirado em vários intervalos de tempo, a parede externa do

cadinho seca e o sistema pesado. Cada experimento foi realizado em triplicata. A partir da equação

1 onde W é o ganho de massa de água por grama de gel, m é a massa do material intumescido e m0 é

a massa do material seco foi possível acompanhar a cinética de intumescimento no meio estudado.

A granulometria dos hidrogéis permaneceu na faixa de 24-35 mesh.

00

mm

mW −= (1)

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Resultados e Discussão

Difratogramas de Raios-X

Os difratogramas de raios-X da VMT, VMTPG10 e VMTPG10H são mostrados na Figura 1.

O difratograma da VMT pura (Figura 1a) mostra o pico característico dessa argila em 6,14º 2θ com

distância interplanar de 14,4 Å, calculada pela equação da Lei de Bragg. Essa amostra apresentou

como impurezas pequenas quantidades de quartzo e de sepiolita. Para o difratograma da VMTPG10

(Figura 1b) o pico característico da VMT desaparece indicando a intercalação das moléculas de

poliacrilamida entre as camadas da VMT havendo, portanto, a formação de um nanocompósito do

tipo intercalado. Após a hidrólise, não há uma modificação no difratograma do material,

comprovando que nas condições de hidrólise utilizadas neste estudo não houve modificação no tipo

de nanocompósito formado.

Figura 2 - Digratogramas de Raios-X : (a) VMT pura, (b) VMTGP10 e (c) VMTPG10H.

Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

As Figuras 3a, b, c e d mostram as micrografias dos géis PAM, PAMH, VMTPG10 e

VMTPG10H respectivamente. Observa-se na Figura 3a a presença de uma superfície microporosa,

cuja área superficial do gel aumenta facilitando a difusão de água. Na Figura 3c podem-se observar

os aglomerados de argila, com diâmetros de 3-9 µm, no VMTG10 comprovando a formação de um

compósito com a matriz polimérica. Durante a hidrólise, apenas a estrutura da poliacrilamida sofre

5 10 15 20 25 30 35

(a)

(b)

(c)

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ação alcalina como pode ser visto na Figura 3d, enquanto a argila não se modifica, corroborando

com os resultados obtidos por raios-x.

Figura 3 - Micrografias dos hidrogéis: (a) PAM, (b) PAMH, (c) VMTPG10 e (d) VMTPG10H.

Espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado (ICP)

Tabela 1 mostra os elementos identificados na amostra de argila analisada por ICP. O teor de

ferro e magnésio é bastante significativo, haja vista que a VMT é um silicato composto

principalmente por esses dois elementos.

Tabela 1 - Concentração de metais na VMT pura

Elemento VMT sólida/ppm H2OVMT/mg/L Fe 16155,39 8,081 Mn 126,27 0,025 Ni 40,48 0,025 Cd 0,025 0,025 Cr 5,90 0,025 V 99,04 0,025 Zn 56,19 0,025 Cu 12,72 0,025 Pb 2,58 0,025 Na 0,025 3,294 Mg 3351,19 8,597 K 12780,05 2,467 Ca 581,26 0,335 P 225,63 0,137

(a) (b)

(c) (d)

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Espectroscopia de Infravermelho

Os espectros de FTIR para VMT, PAMH e VMTPG10H são mostrados na Figura 4. O

espectro da VMT (Figura 4a) mostra picos de estiramento νO-H na faixa de 3550-3450 cm-1,

indicando a presença da ligação O-H da água; picos de estiramento assimétrico Si-O e Si-O-Si na

faixa de 1000-1085 cm-1, vibrações de deformações de Si-O-Al em 616 e 617 cm-1 e vibrações de

Si-O-Fe na faixa de 667-677 cm-1. Nas Figuras 4b e 4c são observadas bandas em 3435 cm-1

(estiramento de N-H) da acrilamida, 1550 cm-1 correspondente a estiramento C = O do acrilato,

1660 cm-1 que corresponde a carbonila da acrilamida, 2940 cm-1 referente a estiramento C - H da

acrilamida e 1410 cm-1 referente a estiramento COO do acrilato. Estas duas últimas bandas são

utilizadas para determinar a razão de acrilamida convertida a acrilato e, a partir dela, pôde-se

determinar o percentual de hidrólise e a proporção de sal formado. Os resultados foram confirmados

através de análise elementar mostrado na Tabela 2. Entretanto para o espectro da VMTPG10H, não

se pôde efetuar este cálculo, pois a banda de 1410 cm-1 fica sobreposta a outras bandas,

conseqüentemente, a razão foi determinada através de análise elementar.

Figura 4 - Espectros de Infravermelho: (a) VMT, (b) géis PAMH e (c) VMTPG10H.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

(a)

(c)

(b)

Número de onda cm-1

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Análise elementar

Na Tabela 2 são observados os percentuais de C, H e N, a razão de acrilamida/acrilato obtida

estequiometricamente através dos percentuais de C e N e os resultados obtidos através da análise de

infravermelho. Observa-se uma diminuição no percentual N tanto para PAMH quanto para

VMTPG10H indicando a substituição dos grupos aminos por grupos acrilatos durante a hidrólise.

Tabela 2 - Valores da análise elementar e razão entre acrilamida/acrilato dos géis

Amostra % C % H % N Am/Acr* Am/Acr** PAM 42,01 6,82 15,99 - - PAMH 30,32 4,11 5,11 0,77 0,72 VMTPG10 40,57 6,43 15,43 - - VMTPG10H 31,40 5,89 6,43 0,90 -

* Análise Elementar ** Infravermelho

Análise termogravimétrica

As Figuras 5 (a) e (b) mostram as curvas termogravimétricas obtidas em atmosfera de

nitrogênio para PAMH e VMTPG10H. A poliacrilamida apresenta quatro estágios de

decomposição.12 Amônia e água são os principais produtos voláteis abaixo de 340 °C.13

O primeiro evento ocorre em 67 ºC, o segundo a 297 ºC, o terceiro a 400 ºC e o quarto a

617 ºC correspondendo a 11,4%, 14,9%, 35,0% e 30,8% de perda de massa, respectivamente. De

uma forma geral, a decomposição da VMTPG10H inicia-se a temperatura superior a 200 ºC. A

primeira perda de massa (12,4%) na curva termogravimétrica ocorre no intervalo de 70 a 200 ºC,

atribuída à saída de água. A curva mostra um aumento na temperatura de decomposição após a

incorporação da VMT na matriz polimérica. O segundo evento de decomposição ocorre a 318 ºC, o

quarto a 400 ºC e o último a 691 ºC correspondendo a 13,2%, 44,0% e 22% de perda de massa,

respectivamente. Pode-se concluir que a adição de VMT melhora a estabilidade térmica dos

compósitos.

Figura 5 - Curvas termogravimétricas obtidas em atmosfera de nitrogênio: (a) PAMH e (b) VMTPG10H.

0 200 400 600 8000

20

40

60

80

100

T (ºC)

0 200 400 600 8000

20

40

60

80

100

T (ºC)

Perd

a d

e M

assa (

%)

(a) (b)

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Medidas de Intumescimento

A Figura 6 mostra a cinética de absorção de água dos hidrogéis sintetizados e do gel

comercial (PAMCOM). Na Tabela 3 são mostrados os valores de Weq, ganho de massa de água por

grama de gel quando o sistema atinge o equilíbrio, Teq, tempo em que os hidrogéis levam para

atingir o equilíbrio e Ks, velocidade de absorção de água do hidrogel. Os hidrogéis não hidrolisados

tiveram um aumento de cerca de 35 vezes na absorção de água. Ao sofrerem hidrólise essa

capacidade aumentou para cerca de mil vezes. Com a hidrólise há a formação de um material com

características de um polieletrólito. Possíveis reações entre grupos -COO- e os grupos -OH- na

superfície da VMT podem ocorrer.8 Isso proporciona um aumento nas interações da superfície do

gel com a água, acarretando uma maior absorção. A VMT é uma argila que contém grupos

hidroxilas que lhe confere um caráter hidrofílico. Com a incorporação de 10% de VMT na mistura

reacional houve um aumento do valor de Weq para o compósito formado possivelmente devido a um

aumento da afinidade por água, resultando em uma maior taxa de absorção, porém uma menor

velocidade de absorção, uma vez que a argila quando incorporada na matriz polimérica aumenta o

grau de reticulação e conseqüentemente aumenta a resistência desse material.

Os géis hidrolisados apresentaram absorção quase duas vezes maior que o gel usado

comercialmente na agricultura. Isso mostra que os géis sintetizados podem ser uma alternativa no

ramo da agricultura e horticultura.

Figura 6 - Cinética de intumescimento dos géis.

Tabela 3 - Cinética de intumescimento dos hidrogéis

Weq (g H2O/g gel) Teq (min) Ks (min-1) PAMH 10630 ± 18 40 ± 7 0,52 ± 0,02 VMTPG10H 1120 ± 10 50± 5 0,29 ± 0,01 PAMCOM 634 ± 23 31 ± 1 0,26 ± 0,02

0 50 100 150 200 250 300 350 4000

150

300

450

600

750

900

1050

1200

W (

gH

2O

/g g

el)

Tempo (min)

VMTPG10H

PAMH

PAMCOM

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Conclusões

Formou-se um nanocompósito poliacrilamida/vermiculita do tipo intercalado. Os géis

sintetizados apresentaram estrutura interna microporosa o que permite uma rápida e grande

absorção de água. Após sofrerem hidrólise, a proporção entre acrilamida/acrilato ficou próxima a

um indicando uma conversão de acrilamida em acrilato de quase 50%. Os géis hidrolisados

mostraram características de superabsorventes e o nanocompósito poliacrilamida/vermiculita

apresentou maior valor de Weq, porém um menor valor de Ks comparado ao gel de poliacrilamida

hidrolisado. O hidrogel com vermiculita apresentou ainda absorção de água quase duas vezes maior

que o gel utilizado comercialmente. A análise termogravimétrica mostrou que a introdução de VMT

na matriz polimérica resultou em um acréscimo na estabilidade térmica.

Agradecimentos CAPES pela bolsa concedida. Referências Bibliográficas 1. K.T. Botelho, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, 2006. 2. Zhang J; Chen H; Wang A Eur. Polym. J. 2005; 41; 2434. 3. Li A; Wang A Eur. Polym. J. 2005; 41; 1630. 4. F. Santiago; A. E. Mucientes; M. Osório; C. Rivera Eur. Polym. J. 2007, 43, 1. 5. L. B. Paiva; A. R. Morales; T. R. Guimarães Polímeros, 2006, 16, 136. 6. M. G. Fonseca; C. Airoldi Quím. Nova, 2003, 26, 699. 7. D. M. Delozier; R. A. Orwoll; J. F. Cahoon; N. J. Johnston; J .G. Smith Jr; J. W. Connel Polymer, 2002, 43, 813. 8. Y. Zheng; P. Li; J. Zhang; A. Wang Eur. Polym. J. 2007, 43, 1691. 9. D. Liu; X. Du; Y. Meng Mater. Lett. 2006, 60, 1847. 10. J. Xu; R. K. Y. Li; Y. Xu; L. Li; Y. Z. Meng Eur. Polym. J. 2005, 41, 881. 11. M.C. J. Haro; J. L. P.Rodríguez; J. Poyato; L.A. P. Maqueda Appl. Clay Sci. 2005, 30,11. 12. M. E. S. R Silva, E. R. Dutra, V. Mano, J.C. Machado Polym. Degrad. Stabil. 2000, 67, 491. 13. L. M. Munsk, C. Kotlarchik, G. N. Meyer, W. O. Kenyon Polym. Sci. 1974, 12, 133.