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Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis COMPREENSIBILIDADE E DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL: Um enfoque na teoria Semiótica Carlos Eduardo Gomes da Silva São Paulo 2011

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Universidade Presbiteriana Mackenzie

Centro de Ciências Sociais e Aplicadas

Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis

COMPREENSIBILIDADE E DISSEMINAÇÃO DA

INFORMAÇÃO CONTÁBIL:

Um enfoque na teoria Semiótica

Carlos Eduardo Gomes da Silva

São Paulo

2011

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Carlos Eduardo Gomes da Silva

COMPREENSIBILIDADE E DISSEMINAÇÃO DA

INFORMAÇÃO CONTÁBIL:

Um enfoque na teoria Semiótica

Dissertação apresentada ao programa de pós-

graduação em Ciências Contábeis da

Universidade Presbiteriana Mackenzie para a

obtenção do título de Mestre em Controladoria

Empresarial.

Orientador: Profª. Dra. Maria Thereza Pompa Antunes

São Paulo

2011

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S586 Silva, Carlos Eduardo Gomes da Compreensibilidade e disseminação da informação

contábil: Um enfoque na Teoria Semiótica / Carlos Eduardo Gomes da Silva – 2012.

77 f. : il. ; 30 cm Dissertação (Mestrado Profissional em Controladoria

Empresarial) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2012.

Orientação: Profa. Dra. Maria Thereza Pompa Antunes Bibliografia: f. 62-65 1. Teoria semiótica 2.Teoria comunicação 3.Informação

contábil I. Título. CDD 657

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Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Prof. Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto

Decano de Pesquisa e Pós-Graduação

Prof. Dr. Moisés Ari Zilber

Diretor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas

Prof. Dr. Sérgio Lex

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis

Profa. Dra. Maria Thereza Pompa Antunes

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"Aquele que se sabe profundo esforça-se por ser claro;

aquele que gostaria de parecer profundo à multidão

esforça-se por ser obscuro."

Friedrich Nietzsche

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Aos meus pais Marcos Eduardo Gomes da Silva e

Aldenisa Cruvinel Barbosa da Silva, pelos seus

exemplos de dignidade, honradez e constante

apoio em todos os momentos. À minha irmã

Elisangela Gomes da Silva que me mostra o quão

feliz é o homem que se dedica e ama o que faz.

Aos meus amigos que sempre me estimularam e

entenderam minha ausência em alguns

momentos.

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AGRADECIMENTOS

A elaboração de um trabalho dessa natureza deixa-nos em débito com muitas pessoas

e, mesmo podendo incorrer no grave erro de omitir alguns, é necessário que se agradeça a

algumas pessoas que trabalharam nesse processo de maneira mais próxima.

Em primeiro lugar, à minha orientadora Profª. Dra. Maria Thereza Pompa Antunes,

por toda a sua paciência e atenção no decorrer desse trabalho e por ter acreditado em um

sonho que se torna realidade nesse momento, além de todo o seu ilibado esforço e exemplo de

dedicação à ciência.

Ao Prof. Dr. Marcos Rizolli por todas as suas esclarecedoras recomendações que

acompanharam esse projeto desde a sua pré-qualificação, por compartilhar seu vasto

conhecimento que tanto contribuiu para o nosso desenvolvimento intelectual.

Ao Prof. Dr. Masayuki Nakagawa por ter respondido de forma tão acolhedora ao

nosso convite para participar como membro da comissão examinadora e por todo o apoio a

nós oferecido desde a concepção deste projeto.

A todos os professores que nos acompanharam durante todo o mestrado e às suas

valiosas lições a nós transmitidas.

A todos os colegas da quarta turma de mestrado profissional em controladoria

empresarial pelo convívio diário.

A Taís Evelin dos Santos e a todos os membros da Secretaria de Pós-Graduação, os

funcionários da Biblioteca e do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) por todo o

apoio e atenção durante o mestrado.

A todos os meus companheiros da empresa AC Nielsen do Brasil Ltda. que sempre

me apoiaram em todas as etapas desse processo. Em especial, Marina Carla Mariani e

Tatiana Hatori Vidal que atuaram como grandes incentivadoras e Márcio Monteiro da

Rocha Nóbrega pelo especial apoio no momento de coleta de dados.

Por fim, agradeço aos meus familiares, em especial a minha prima Tatiana Galo

Saiki que foi uma das maiores motivadoras para o meu ingresso no curso de Mestrado

Profissional da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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RESUMO

Diversos estudos mostram que um dos maiores problemas da compreensão da

informação contábil está em suas terminologias. Em vista disso, o presente estudo buscou

compreender como se dá o processo de comunicação entre os jornalistas e as áreas de

Relações com Investidores de empresas com o objetivo de verificar onde se encontram os

problemas de compreensão da informação contábil, considerando-se que a mesma possui uma

estrutura fechada e uma taxonomia própria. A escolha por jornalistas deveu-se ao fato de que

os mesmos atuam como tradutores da informação contábil recebida para o grande público,

enquanto a área de Relações com Investidores é entendida como o porta-voz da empresa para

os acionistas, sendo ambos, então, considerados fonte secundária da informação contábil. A

pesquisa contou com uma amostra de duzentos jornalistas e 155 empresas que possuíam ações

listadas no BM&F BOVESPA. Os dados foram coletados por meio de questionário contendo

perguntas abertas e fechadas, disponibilizado na web e tratados por meio das técnicas de

análise de conteúdo e análise fatorial. Em linhas gerais, a análise dos resultados possibilitou

verificar que os jornalistas utilizam as mesmas fontes de informação contábil que os demais

usuários externos, contudo, não existe uma interação efetiva com as áreas de Relações com

Investidores. Adicionalmente, verificou-se que a Contabilidade precisa de uma maior

simplificação em suas terminologias, pois foi possível perceber que os seus “tradutores”

podem não cumprir perfeitamente este papel.

Palavras-chave: Teoria Semiótica, Teoria Comunicação, Informação Contábil.

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ABSTRACT

Several studies show that one of the major problems in understanding the accounting

information relies on its terminology. Accordingly, this study aimed to understand how the

communication process between journalists and companies Investors Relations areas is, in

order to verify where the problems to understand accounting information are, considering that

accounting information has a closed structure and its own taxonomy. The choice of journalists

was due to the fact that they act as translators of accounting information received to the

general public, while the Investors Relations area is seen as the spokesman for the company’s

shareholders, both considered, then, as a secondary source of accounting information. The

survey covered as sample two hundred journalists and 155 companies that have shares listed

on BM&F BOVESPA. Data were collected through a questionnaire containing open and

closed questions, made available on the web and treated by techniques of content analysis and

factor analysis. In general, the analysis of the results enabled to verify that journalists use the

same sources of accounting information that the other external users, however there is not

effective interaction with the Investor Relations areas. Additionally, it was found that

accounting needs further simplification in its terminology, because it is seen that their

translators cannot perfect fulfill this role.

Keywords: Semiotic Theory, Communication Theory, Accounting Information.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 13

1.1. Contextualização do Tema ............................................................................................. 13

1.2. Questão de Pesquisa ....................................................................................................... 14

1.3. Objetivo Geral ................................................................................................................ 14

1.4. Justificativas e Contribuições ........................................................................................ 15

1.5. Delimitação do Estudo ................................................................................................... 16

2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................. 17

2.1. Convergência das Informações Contábeis ..................................................................... 17

2.1.1. CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis ........................................................... 17

2.1.2. Principais Alterações Propostas pela Convergência. .................................................. 19

2.2. Informação Contábil ...................................................................................................... 21

2.2.1. Usuários da Informação Contábil ............................................................................ 21

2.2.2. Enfoques da Informação Contábil ........................................................................... 22

2.3. Teoria da Comunicação ................................................................................................. 23

2.4. Teoria Semiótica ............................................................................................................ 25

2.4.1. Teoria Semiótica Peirceana ..................................................................................... 26

2.4.2. Dimensões da Semiótica ......................................................................................... 31

2.5. Estudos Conduzidos ....................................................................................................... 33

2.5.1. Análise dos Estudos Conduzidos sobre o Tema...................................................... 34

2.6. Informação Contábil através da Teoria da Comunicação .............................................. 34

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......................................................................... 38

3.1. Objetivos Gerais e Específicos ...................................................................................... 38

3.1.1. Objetivos Específicos .............................................................................................. 38

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3.2. Tipologia do Estudo ....................................................................................................... 39

3.3. População e Amostra ..................................................................................................... 39

3.3.1. Esquema da Pesquisa .............................................................................................. 40

3.4. Procedimentos de Coleta de Dados................................................................................ 41

3.4.1. Procedimentos Aplicados aos Jornalistas ................................................................ 41

3.4.2. Procedimentos Aplicados ao Departamento de Relações com Investidores ........... 42

3.5. Procedimentos de Tratamento dos Dados ...................................................................... 43

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................................................................... 44

4.1. Análise do Questionário Aplicado aos Jornalistas ......................................................... 44

4.1.1. Informações Gerais do Respondente ....................................................................... 44

4.1.2. Informações sobre a Atuação Profissional do Respondente ................................... 45

4.1.3. Análise Semântica da Informação Contábil ............................................................ 46

4.1.4. Análise Pragmática da informação contábil ............................................................ 50

4.1.5. Análise Sintática da Informação Contábil ............................................................... 52

4.1.6. Processos de Melhora na Comunicação entre Empresa e Usuário Final ................ 54

4.2. Análise do Questionário Aplicado à Área de Relações com Investidores ..................... 55

5. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 59

5.1. Sugestões para Futuros Estudos ..................................................................................... 60

5.2. Limitações do Estudo ..................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................62

APÊNDICES ............................................................................................................................ 66

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Enfoques da Teoria da Contabilidade ...................................................................... 23

Figura 2 – Fluxo de comunicação da Informação Contábil...................................................... 24

Figura 3 - Definição de Signo .................................................................................................. 27

Figura 4 - Aplicação da definição de Santaella aos Demonstrativos Contábeis ...................... 31

Figura 5 - Fluxo da informação contábil .................................................................................. 35

Figura 6 - Fluxo da informação do ponto de vista dos contadores ........................................... 35

Figura 7 - Fluxo da informação do ponto de vista dos jornalistas ............................................ 36

Figura 8 - Fluxo da informação do ponto de vista dos usuários externos ................................ 37

Figura 9 – Esquema de pesquisa (Fluxo da informação contábil) ............................................ 40

Figura 10 - Sexo dos respondentes ........................................................................................... 44

Figura 11 – Faixa etária dos respondentes................................................................................ 45

Figura 12 – Grau de instrução aplicado a Contabilidade, Economia e áreas correlatas ........... 45

Figura 13 – Mídia para a qual o trabalho do jornalista é voltado ............................................. 46

Figura 14 – Exclusividade do veículo em relação às áreas de Economia ou Finanças ............ 46

Figura 15 - Interação entre os jornalistas e RI (ponto de vista dos jornalistas) ........................ 50

Figura 16 – Relevância dos Demonstrativos financeiros ......................................................... 51

Figura 17 – Categorização das empresas segundo BM&F BOVESPA ................................... 55

Figura 18 – Interação RI com Contabilidade e Finanças.......................................................... 56

Figura 19 – Interação jornalistas com área de RI ..................................................................... 57

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Órgãos componentes do Comitê de Pronunciamentos Contábeis .......................... 18

Quadro 2 - Comparativo CPC e IAS ........................................................................................ 19

Quadro 3 - Usuários externos da informação contábil ............................................................. 22

Quadro 4 – Concepção de Signo por Peirce ............................................................................. 28

Quadro 5 – Análise dos artigos já lançados sobre Semiótica ................................................... 33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição dos respondentes (jornalistas) ............................................................ 42

Tabela 2 - Matriz de correlação ................................................................................................ 47

Tabela 3 - Teste KMO e Bartlett .............................................................................................. 48

Tabela 4 – Total da variância explicada ................................................................................... 48

Tabela 5 – Rotated Component Matrix .................................................................................... 49

Tabela 6 – Análise de conteúdo (processo de análise das demonstrações financeiras) ........... 52

Tabela 7 - Categorização das respostas (Sintática) .................................................................. 54

Tabela 8 – Problemas enfrentados pelos usuários externos ..................................................... 57

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização do Tema

Os relatórios contábeis são meios potencialmente importantes para a administração

comunicar o desempenho e a governança da empresa aos investidores e demais interessados

(Palepu, Healy e Bernard, 2004). De acordo com Hendriksen e Van Breda (1999), o propósito

principal desses relatórios é o de dar suporte ao processo decisório dos stakeholders.

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), em seu pronunciamento conceitual

básico, reconhece que as demonstrações contábeis geradas de acordo com os seus

pronunciamentos objetivam a tomada de decisão de usuários externos, não focam grupos

específicos de usuário ou atendem necessidades específicas de informações (CPC, 2009).

Entretanto, preocupados com a terminologia contábil utilizada e a eficácia da

informação nas demonstrações contábeis, Dias Filho e Nakagawa (2001) julgam que as

demonstrações contábeis não são suficientemente claras e complementam que uma não

compreensão por parte dos usuários externos torna-se arriscada em um momento no qual se

verifica o crescimento dos usuários externos da informação contábil.

Corroborando com a visão de Dias Filho e Nakagawa, e ao considerarem que o

problema de comunicação é universal, Moraes, Nagano e Merlo (2004) afirmam que este

problema da compreensibilidade da informação transmitida não somente atinge a

Contabilidade, como também todas as áreas do conhecimento humano.

Nesse sentido, é lícito afirmar que o contador precisar atuar não só como um gerador

de informações contábeis, mas, principalmente, como um comunicador dessas informações

aos usuários interessados. Principalmente porque grande parte deles está fora do ambiente

empresarial, a exemplo dos investidores, clientes, credores e da sociedade em geral.

Ilufi (2000) salienta tal importância ao afirmar que a alta gerência espera que a

Contabilidade seja uma ponte de comunicação entre os usuários externos e a empresa por

meio da divulgação da posição econômica e financeira da mesma. Considera, ainda, que para

o contador tornar-se apto a gerar esse tipo de informação é indispensável à sua formação a

introdução de conceitos da Teoria da Comunicação.

Na mesma linha de pensamento, Oliver (1974) afirma que a disciplina contábil deve

ser uma disciplina comunicativa e que a grande comunicação entre as partes seria mais efetiva

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se os relatórios contábeis pudessem servir de apoio para qualquer tomada de decisão. Todavia,

o entendimento das informações contábeis constitui requisito essencial para que as mesmas

sejam utilizadas adequadamente no processo decisório (Dias Filho e Nakagawa, 2001, p. 43).

Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo demonstrar que a Teoria

Semiótica, adequadamente compreendida e utilizada pelo contador responsável pela

elaboração e divulgação dos relatórios contábeis da empresa, poderá materializar os

benefícios oferecidos pela Teoria da Comunicação em termos de compreensibilidade da

informação contábil, tão esperada e desejada por parte de todos os seus usuários.

Para tanto, parte-se do princípio de que se os relatórios contábeis estão

simbolicamente corretos, conforme afirma o CPC, é de se questionar por que neles existe um

problema de compreensão por parte dos usuários da informação contábil. (Ilufi, 2000; Dias

Filho e Nakagawa, 2001)

1.2. Questão de Pesquisa

Considerando que os jornalistas utilizam a mesma fonte de informação que os demais

estratos de usuários da informação contábil, mas que, diferentemente dos integrantes dos

outros estratos, estes formam opinião, emitem pareceres, interpretam e comentam resultados

divulgados pelas empresas e, com isso, tornam-se novos geradores de informação, o presente

estudo busca responder a seguinte questão de pesquisa:

Sendo a compreensibilidade da informação contábil um elemento imprescindivel

à eficácia das decisões ecomômicas e accountability dos administradores de empresas,

como incorporar os princípos e diretrizes da Teoria Semiótica nos processos de

elaboração e divulgação de relatórios contábeis, no contexto da Teoria da Comunicação?

1.3. Objetivo Geral

Considerando-se que o contador é o gerador de informações contábeis e divulgador

primário dessas informações e que os jornalistas atuam como tradutores da informação

contábil ou divulgadores secundários; assumindo, ainda, que entre esses dois geradores de

informações podem ocorrer ruídos na comunicação, o presente trabalho tem o seguinte

objetivo geral:

Verificar como ocorre a comunicação contábil aplicando os conceitos da Teoria

Semiótica de forma a identificar em qual das esferas da Semiótica ocorrem possíveis

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15

problemas de interpretação, ou seja: Sintática: o signo e sua mensagem apenas pelo que

é dito; Semântica: interpretação dada ao signo com base em conhecimentos prévios e

informações adquiridas; ou Pragmática: utilização do signo e sua aplicabilidade.

1.4. Justificativas e Contribuições

Etheridge e Hsu (2004) afirmam que Contabilidade envolve comunicação e que a

Contabilidade possui diversas maneiras de comunicar-se, tanto interna como externamente,

através de relatórios contábeis, gerenciais e de auditoria.

Dias Filho e Nakagawa (2001) demonstram preocupação com a linguagem contábil à

medida que seus agentes aumentam em relação à demanda por mais informações contábeis.

Nos estudos internacionais de Haried (1972, 1973), Nakano (1972), Oliver (1974),

Belkaoui (1980) e Etheridge e Hsu (2004), verifica-se a preocupação com a comunicação

contábil. No Brasil poucos foram os estudos que tratam o contador como um comunicador da

informação financeira e econômica da empresa, sendo que a maioria dos estudos é da última

década.

Iudicibus, Martins e Carvalho (2005), por exemplo, tratam da evolução da

Contabilidade e da figura do contador, desde o guarda-livros até o gerador de informação,

atualmente fundamental para os negócios da empresa. Dias Filho (2011) e Dias Filho e

Nakagawa (2001, 2002), por diversas vezes, vêm alertando para o problema de comunicação

que abrange a Contabilidade, assim como Moraes, Nagano e Merlo (2004) que tratam não

somente da linguagem contábil simples, mas dos processos decisórios sobre seus dados.

Vale destacar, entretanto, que a maioria desses estudos, tanto em nível nacional como

internacional, caracteriza-se como revisão bibliográfica ou análise Semântica, o que não

consegue cobrir todos os componentes que envolvem a Teoria Semiótica.

Outro fato a destacar é que em todos os trabalhos até o momento apresentados, o

enfoque é dado ao gerador dos dados contábeis, isto é, sempre se estudou o contador e a sua

interpretação sobre os números que são gerados e as informações que são fornecidas.

Assim sendo, pode-se dizer que a principal contribuição deste trabalho é ter como

objeto de estudo um estrato de usuários da informação contábil. Usuários que também são

comunicadores dessas informações, com o diferencial de não ter trabalhado nos números que

geraram os demonstrativos e que exprimem opiniões sobre a situação financeira e econômica

das empresas, com o poder de influenciar os demais interessados pela informação contábil.

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Para tal, serão usadas como embasamento teórico as três dimensões que envolvem a

Semiótica: Sintática, Semântica e Pragmática.

Adicionalmente, este estudo visa contribuir para com a legislação brasileira que está

em processo de convergência para as normas internacionais de Contabilidade, buscando um

maior nível de disclosure e a melhoria na qualidade da informação contábil.

Em síntese, o principal diferencial do presente estudo é que ele aborda toda a

amplitude da Semiótica (dimensões Semântica, Sintática e Pragmática) aplicada à análise dos

dados contábeis tendo como foco não os contadores, mas especificamente, os jornalistas que

servem de tradutores das informações contábeis aos usuários externos e partindo do

pressuposto que esse estrato de usuário não possui um relatório específico a ele destinado.

1.5. Delimitação do Estudo

Com a elaboração desta pesquisa pretende-se somente buscar estudar a compreensão

dos atos e fatos contábeis pelos jornalistas, não tendo como pretensão uma crítica ao trabalho

dos mesmos e, tampouco, julgar o profissionalismo deste estrato.

Também se desconsiderará conceitos como o da Teoria da Agência e Teoria do Poder,

partindo do princípio que os veículos de comunicação e seus atores são livres desses tipos de

pressão no que tange à informação publicada.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Convergência das Informações Contábeis

No ano de 2007 a legislação contábil brasileira passou por uma grande reformulação

rumando à convergência das normas contábeis brasileiras com as internacionais. A antiga Lei

da Sociedade por Ações (Lei das S/As) 6.404, datada de 1976, teve alterações advindas da Lei

11.638/2007. Em 2009 a Lei 11.941 complementou as alterações da Lei 11.638, criando assim

condições para que o Brasil participasse definitivamente do processo de convergência

mundial das práticas contábeis.

As normas contábeis internacionais são emitidas pelo IASB (International Accounting

Standards Board) e dividem-se em pronunciamentos IAS (International Accounting

Standards) e o IFRS (International Financial and Report Standards). Tais normatizações estão

sendo traduzidas, interpretadas e introduzidas no Brasil pelo CPC (Comitê de

Pronunciamentos Contábeis). Dessa forma, O CPC atua na interpretação e tradução das

normas internacionais, originando os pronunciamentos contábeis brasileiros, que

posteriormente são referendados pelo Conselho Federal de Contabilidade, principal órgão

normatizador do Brasil. Adicionalmente, existem órgãos setoriais, tais como o BACEN

(Banco Central do Brasil) e a SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), que agem

como reguladores de seus respectivos setores de atuação.

2.1.1. CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) é uma organização sem fins

lucrativos formado pelas principais autoridades de Contabilidade no Brasil: ABRASCA,

APIMEC, BM&F BOVESPA, CFC, FIPECAFI e IBRACON.

Autarquias como o BACEN e SUSEP possuem regulamentações próprias, portanto

podem ou não aderir aos pronunciamentos emitidos pelo CPC. Todavia, para sanar possíveis

divergências entre o CPC e as referidas autarquias, as mesmas são sempre procuradas para

dirimir sobre assuntos de interesses comuns.

O Quadro 1 apresenta um resumo das principais responsabilidades dos órgãos

contábeis do Brasil que compõem o CPC.

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Quadro 1 - Órgãos componentes do Comitê de Pronunciamentos Contábeis

Sigla Órgão Responsabilidades

ABRASCA Associação Brasileira das Companhias AbertasServir de intermediários entre as empresas de Capital Aberto

junto aos centros de decisão e opinião pública

APIMECAssociação dos Analistas e Profissionais de Investimento

do Mercado de Capitais

Centralizador dos APIMECs de outros estados, além de

certificar os profissionais, e possuir representação frente ao

governo e congeneres. Também desenvolvem estudos e

pesquisas visando o desenvolvimento do mercado de

capitais e seus afiliados

BM&F BOVESPABolsa de Mercadorias e Futuros e Bolsa de Valores de São

Paulo

Órgão responsável pela comercialização de ações e títulos do

mercado de capitais, atuando como um intermediário entre

as empresas e os investidores

CFC Conselho Federal de Contabilidade

Órgão responsável pela certificação dos contadores além de

emissor das Normas Brasileiras de Contabilidade, sendo

assim um órgão regulamentador da profissão contábil

FIPECAFIFundação Instituto de Pesquisas Contábeis Atuárias e

Financeiras

A FIPECAFI é a maior instituição de pesquisas em

Contabilidade, Ciências Atuariais e Financeiras do país, é

uma das fundações que redige o Manual de Contabilidade

das Sociedades por Ações, além de outras publicações

referência em suas áreas de atuação

IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

Representar os auditores, concentrando em um único órgão

e representatividade dos profissionais auditores e

contadores

Fonte: CPC, 2009.

No ano de 2010 o CPC emitiu 42 pronunciamentos, 16 interpretações e cinco

orientações, que são advindos tanto do IAS como do IFRS, possuindo ainda dois

pronunciamentos não finalizados.

O Quadro 2 mostra qual é o status de cada pronunciamento CPC com o referente IAS

e IFRS.

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19

Quadro 2 - Comparativo CPC e IAS

CPC 001 Redução ao valor recuperável de ativo IAS 36 "Impairment of Assets" (Redução no valor recuperável de ativos)

CPC 002Efeito das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de

demonstrações contábeisIAS 21

"The Effects of Changes in Foreign Exchange Rates" (Efeitos das alterações nas taxas de

câmbio)

CPC 003 Demonstração de fluxo de caixa IAS 7 "Cash Flow Statements" (Demonstração dos fluxos de caixa)

CPC 004 Atigo intangível IAS 38 "Intangible Assets" (Ativos intangíveis)

CPC 005 Divulgação sobre partes relacionadas IAS 24 "Related Party Disclosures" (Divulgações das partes relacionadas)

CPC 006 Operações de arrendamento mercantil IAS 17 "Leases" (Arrendamentos)

CPC 007 Subvenção e assistência governamentais IAS 20Accounting for Government Grants and Disclosure of Government Assistance"

(Contabilidade de concessões governamentais e divulgação de assistência governamental)

CPC 010 Pagamento baseado em ações IFRS 2 "Share-based Payment" (Pagamentos em ações)

CPC 011 Contratos de seguro IFRS 4 "Insurance Contracts" (Contratos de seguro)

CPC 014Instrumentos financeiros: reconhecimento, mensuração e

evidenciaçãoIFRS 9

"Financial Instruments" (Instrumentos financeiros. Substituirá IAS 39 a partir de 1 de

janeiro de 2013)

CPC 015 Combinação de negócios IFRS 3 "Business Combinations" (Combinações de negócios)

CPC 016 Estoques IAS 2 "Inventories" (Estoques)

CPC 017 Contratos de construção IAS 11 Construction Contracts" (Contratos de construção)

CPC 018 Investimento em coligada e em controlada IAS 28 "Investments in Associates" (Contabilidade para investimentos em associadas)

CPC 019Investimento em empreendimento controlado em conjunto (joint

venture)IAS 31

"Interests in Joint Ventures" (Tratamento contábil de participação em empreendimentos

em conjunto)

CPC 020 Custos de empréstimos IAS 23 "Borrowing Costs" (Custos de empréstimos)

CPC 021 Demonstração intermediária IAS 34 "Interim Financial Reporting" (Relatórios financeiros intermediários)

CPC 022 Informações por segmento IFRS 8 "Operating Segments" (Segmentos operacionais)

CPC 022 Informações por segmento IAS 14"Segment Reporting" (Relatórios por segmento. Substituído desde 1 de janeiro de 2009

por IFRS 8)

CPC 023 Políticas contábeis, mudança de estimativa e retificação de erro IAS 8"Accounting Policies, Changes in Accounting Estimates and Errors" (Políticas contábeis,

alterações de estimativas e Erros)

CPC 024 Evento subsequente IAS 10"Events after the Balance Sheet Date" (Eventos subseqüentes à data do balanço

patrimonial)

CPC 025 Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes IAS 37"Provisions, Contingent Liabilities and Contingent Assets" (Provisões, passivos e ativos

contingentes)

CPC 026 Apresentação das demonstrações contábeis IAS 1 "Presentation of Financial Statements" (Apresentação das demonstrações financeiras)

CPC 027 Ativo imobilizado IAS 16 "Property, Plant and Equipment" (Ativo Imobilizado)

CPC 028 Propriedade por investimento IAS 40 "Investment Property" (Propriedades para investimento)

CPC 029 Ativo biológico e produto agrícola IFRS 6"Exploration for and Evaluation of Mineral Resources" (Exploração e avaliação de recursos

minerais)

CPC 029 Ativo biológico e produto agrícola IAS 41 "Agriculture" (Agricultura)

CPC 030 Receitas IAS 18 "Revenue" (Receita)

CPC 031 Ativo não circulante mantido para venda e operação descontinuada IFRS 5"Non-current Assets Held for Sale and Discontinued Operations" (Ativos não correntes

detidos para revenda e operações descontinuadas)

CPC 032 Tributos sobre o lucro IAS 12 Income Taxes" (Imposto de renda)

CPC 033 Benefícios a empregados IAS 19 "Employee Benefits" (Benefícios aos empregados)

CPC 035 Demonstrações separadas IAS 27"Consolidated and Separate Financial Statements" (Demonstrações financeiras

consolidadas e contabilidade para investimentos em subsidiarias)

CPC 036 Demonstrações consolidadas

CPC 037 Adoção inicial das normas internacionais de contabilidade IFRS 1"First-time Adoption of International Financial Reporting Standards" (Primeira aplicação

das normas internacionais de contabilidade)

CPC 038 Instrumentos financeiros: reconhecimento e mensuração IAS 39"Financial Instruments: Recognition and Measurement" (Instrumentos Financeiros:

Reconhecimento e mensuração)

CPC 039 Instrumentos financeiros: apresentação IFRS 7 "Financial Instruments: Disclosures" (Instrumentos financeiros: Divulgações)

CPC 039 Instrumentos financeiros: apresentação IAS 30"Disclosures in the Financial Statements of Banks and Similar Financial Institutions"

(substituído desde 1 de janeiro de 2007 por IFRS 7)

CPC 040 Instrumentos financeiros: evidenciação IAS 32"Financial Instruments: Disclosure and Presentation" (Instrumentos Financeiros:

divulgação e apresentação)

CPC 041 Resultado por ação IAS 33 "Earnings per Share" (Lucro por ação)

IAS 26"Accounting and Reporting by Retirement Benefit Plans" (Contabilidade e emissão de

relatórios para planos de beneficio de aposentadoria)

IAS 29"Financial Reporting in Hyperinflationary Economies" (Demonstrações financeiras em

economias hiperinflacionárias)

Pronunciamentos Contábeis - CPC IASB Pronunciations - IAS

Fonte: Ernst & Young, 2010

2.1.2. Principais Alterações Propostas pela Convergência.

A Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade (CPC 00), conhecido como CPC

Conceitual, apresenta a finalidade dos pronunciamentos emitidos pelo Comitê e salienta que

sua principal finalidade é preparar demonstrações contábeis que sejam úteis para a tomada de

decisão por parte dos usuários em geral, sem preocupar-se com interesses específicos. (CPC,

2008)

Os pronunciamentos podem apresentar: alterações contábeis, complementos às normas

contábeis já existentes no país e, em outros casos, regulamentações de algumas propostas das

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Leis 11.638 e 11.941. No caso das Pequenas e Médias Empresas que não se enquadram no

Regime de Sociedades por Ações, o CPC também emitiu pareceres regulatórios abarcando,

dessa maneira, todas as categorias de empresas existentes no país. Conforme comentado

anteriormente, órgãos regulamentadores financeiros como o BACEN, SUSEP e COSIF têm a

prerrogativa de adoção das normas, verificando os interesses de seus representados.

O presente estudo visa especificamente as alterações que tangem os relatórios

financeiros que, a partir do alinhamento às normas internacionais, foram denominados

Demonstrações Financeiras, já que esses são os relatórios divulgados pelas sociedades

anônimas abertas e utilizados pelos usuários externos.

O CPC 26 conceitua as demonstrações contábeis como: “aquelas cujo propósito reside

no atendimento das necessidades informacionais de usuários externos que não se encontram

em condições de requerer relatórios especificamente planejados para atender às suas

necessidades peculiares” (CPC, 2009 p.95)

A Lei 11.638/2007 instituiu os seguintes relatórios como obrigatórios para as

sociedades anônimas:

Balanço Patrimonial

Demonstração de Resultado

Demonstrações de Mutações do Patrimônio Líquido

Demonstrações de Fluxos de Caixa (exceto para companhias de capital fechado com

patrimônio líquido inferior a R$ 2 milhões)

Demonstração do Valor Adicionado (se a companhia for de capital aberto).

O CPC 03 – Demonstração de Fluxo de Caixa – alterou a lei local que antes exigia a

apresentação da DOAR (Demonstração de Origem e Aplicação de Recursos) e que colocava a

Demonstração de Fluxo de Caixa como um demonstrativo complementar divulgado pelas

empresas de capital aberto.

O CPC 36 – Demonstrações Consolidadas – inclui os acionistas não controladores

como parte do Patrimônio Líquido.

O CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis – modificou a maneira como

são apresentados os Ativos e Passivos que antes eram evidenciados por nível decrescente de

liquidez e exigibilidade, respectivamente, e que agora são divididos em circulante e não

circulante.

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21

O CPC 09 – Demonstração de Valor Adicionado – regulamenta a Demonstração de

Valor Adicionado que teve a sua emissão obrigatória com o advento da Lei 11.638. Até a

promulgação da referida Lei, as companhias abertas emitiam esse relatório apenas de modo

complementar.

O pronunciamento conceitual CPC 00 afirma que as normas emitidas pelo CPC visam

todos os usuários externos da Contabilidade, sem considerar estratos específicos de usuários.

Como a convergência das normas contábeis iniciou-se no ano de 2010 as empresas tiveram

que reemitir os seus relatórios para que fosse atendido o conceito de comparabilidade.

2.2. Informação Contábil

2.2.1. Usuários da Informação Contábil

Mesmo tendo em conta a infinidade de tipos de usuários diretos da informação

contábil, o CPC afirma:

Demonstrações contábeis preparadas sob a égide desta Estrutura Conceitual objetivam

fornecer informações que sejam úteis na tomada de decisões e avaliações por parte dos

usuários em geral, não tendo o propósito de atender fnalidade ou necessidade específca

de determinados grupos de usuários. (CPC 00, 2009 p. 16)

Dias Filho e Nakagawa (2001, p. 47) ratificam a informação exposta pelo CPC ao

afirmarem que a Contabilidade tem por missão a facilitação na tomada de decisão e

complementam dizendo que o mínimo que se pode esperar das demonstrações contábeis é que

as mesmas possuam clareza em suas informações e que elas sejam compreensíveis.

O Pronunciamento Contábil Conceitual (CPC 00) elenca ainda alguns dos usuários

externos da informação contábil descritos no Quadro 3, como segue:

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22

Quadro 3 - Usuários externos da informação contábil

Tipo de usuário Necessidade de Informação

Investidores

Os provedores de capital de risco e seus analistas que se preocupam com o risco inerente ao

investimento e o retorno que ele produz. Eles necessitam de informações para ajudá-los a decidir se

devem comprar, manter ou vender investimentos. Os acionistas também estão interessados em

informações que os habilitem a avaliar se a entidade tem capacidade de pagar dividendos.

Empregados

Os empregados e seus representantes estão interessados em informações sobre a estabilidade e a

lucratividade de seus empregadores. Também se interessam por informações que lhes permitam

avaliar a capacidade que tem a entidade de prover sua remuneração, seus benefícios de aposentadoria

e suas oportunidades de emprego.

Credores Estes estão interessados em informações que lhes permitam determinar a capacidade da entidade

em pagar seus empréstimos e os correspondentes juros no vencimento.

Fornecedores e

Outros Credores

Comerciais

Os fornecedores e outros credores estão interessados em informações que lhes permitam avaliar se

as importâncias que lhes são devidas serão pagas nos respectivos vencimentos. Os credores

comerciais provavelmente estarão interessados em uma entidade por um período menor do que os

credores por empréstimos, a não ser que dependam da continuidade da entidade como um cliente

importante.

Clientes Os clientes têm interesse em informações sobre a continuidade operacional da entidade,

especialmente quando têm um relacionamento a longo-prazo com ela, ou dela dependem como

fornecedor importante.

Governo e suas

Agencias

Os governos e suas agências estão interessados na destinação de recursos e, portanto, nas

atividades das entidades. Necessitam também de informações a fim de regulamentar as atividades

das entidades, estabelecer políticas fiscais e servir de base para determinar a renda nacional e

estatísticas semelhantes.

Público

As entidades afetam o público de diversas maneiras. Elas podem, por exemplo, fazer contribuição

substancial à economia local de vários modos, inclusive empregando pessoas e utilizando

fornecedores locais. As demonstrações contábeis podem ajudar o público fornecendo informações

sobre a evolução do desempenho da entidade e os desenvolvimentos recentes.

Fonte: Adaptado CPC, (2009)

2.2.2. Enfoques da Informação Contábil

Hendriksen e Van Breda (1999, p. 23) afirmam que devido à grande quantidade de

usuários da informação contábil, diversos enfoques têm que ser abordados para que se

atendam às diversas necessidades de informação da forma mais abrangente possível. Tais

enfoques podem ser resumidos a seguir:

Enfoque fiscal: a Contabilidade enquanto prestadora de informação à Receita Federal

e órgãos tributários e toda e qualquer inferências que as mesmas podem ter sobre a

legislação contábil.

Enfoque legal: toda a normatização aplicada pelos órgãos reguladores da

Contabilidade e litígios envolvendo interpretações sobre números e reportes.

Enfoque ético: aplicação dos conceitos de justiça, verdade e equidade na postura

profissional, não somente do contador, mas de todos os atores do processo contábil

(gerência, administração, etc.).

Enfoque econômico: análise dos efeitos macroeconômicos (divulgação da informação

dentro de um setor de atuação na economia nacional) e microeconômicos (dentro da

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23

empresa e os impactos que podem causar na tomada de decisão da gerência e

administração).

Enfoque comportamental: visão dos usuários externos e decisões tomadas com base

em relatórios reportados e na relevância da informação transmitida. Tal enfoque traz à

tona conceitos da real função fundamental da Contabilidade.

Enfoque estrutural: focado principalmente na estrutura conceitual da Contabilidade

para a resolução de conflitos, utilizando principalmente analogias em determinados

casos. Tal enfoque é o mesmo praticado no início do curso de Contabilidade

A Figura 1 ilustra a relação dos enfoques da Contabilidade com a informação contábil

gerada:

Figura 1 - Enfoques da Teoria da Contabilidade

Fonte: Hendriksen e Van Breda (1999)

2.3. Teoria da Comunicação

Para que haja uma compreensão mais adequada do estudo da relação entre a

Contabilidade e a Teoria Semiótica, julga-se necessário conhecer os conceitos da Teoria da

Comunicação.

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Jakobson (apud. Chalhub, 2008) determina o escopo da Semiótica na relação com a

Linguística e, por sua vez, não dissocia a Semiótica do campo da Comunicação, conforme

cita:

The subject matter of semiotic is the communicaton of any message whatever, whereas

the field of linguistics is confined to the communication of verbal messages. Hence, of

these two sciences of man, the latter has a narrower scope, yet on the other hand, any

human communication of non-verbal messages presupposes a circuit verbal messages,

without reversal implication. (NÖTH, 1995 p. 75)

Ainda de acordo com Jakobson, apresenta-se o esquema de processo de comunicação

contábil.

Figura 2 – Fluxo de comunicação da Informação Contábil

Fonte: o autor

De acordo com a terminologia adotada por Jakobson (apud. Chalhub, 2008 p.40), o

emissor seria o contador, que prepara e envia a informação para o mercado financeiro e

órgãos regulamentadores. Os receptores seriam os jornalistas e outros usuários externos, o

canal seriam os relatórios obrigatórios e voluntários, a mensagem seria a situação financeira

da empresa em determinado momento e o código seria a terminologia utilizada e, portanto, o

foco de estudo deste trabalho.

Emissor Contador

Mensagem Informação

Contábil

Receptor Jornalistas

Canal Relatórios Contábeis

Código Terminologias

Contábeis

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25

Quanto ao código e possíveis problemas de interpretação na leitura do mesmo,

Chalhub chama a atenção dizendo:

Dissemos que há palavras que escapam da nossa intenção: tropeçamos em algum

termo, trocamos por outro, esquecemos, produzimos ambiguidade no receptor quando

enunciamos um termo plurissignificativo – portanto, inúmeros são os níveis do

discurso em que a intenção escapa quando escapam equívocos. (CHALHUB, 2008,

p. 42)

Quando analisada à luz da Teoria Semiótica, pode-se afirmar que as ambiguidades

produzidas, citadas pela referida autora, seriam problemas de ordem Semântica, enquanto a

troca de termos denota um problema Sintático. Subliminarmente, verifica-se um problema

pragmático ao analisar alguma tomada de decisão julgada equivocada por parte do receptor

por causa da decodificação da informação pelo mesmo.

Eco (2003, p. 5) diz que, à primeira vista, falar de Semiótica pode ser comparado a

analisar uma lista de comportamentos comunicativos, inviesando o conceito de que a

Semiótica estuda os processos culturais como somente processos comunicativos. Contudo, tal

viés acontece somente porque a Semiótica estabelece em si um sistema de significação.

Entretanto, o autor salienta que para que se evitem possíveis equívocos é necessário

que se esclareça que há uma diferença entre a Semiótica da Comunicação e Semiótica da

Significação, mas não se deve tratar os dois polos dicotomicamente.

2.4. Teoria Semiótica

Semiótica vem da raiz grega semeion que quer dizer signo e, dessa forma, é

denominada a ciência dos signos ou a ciência geral de todas as linguagens (Santaella, 2007, p. 9).

Morris (1976, p. 10) afirma que a Semiótica é simultaneamente uma ciência entre as ciências

e um instrumento das ciências, pois fundamenta qualquer ciência especial dos signos como

lógica, linguística, matemática, entre outros.

Quanto ao seu objetivo, assim se expressa Santaella: “A Semiótica é a ciência que tem

por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o

exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção

de significação e sentido”. (Santaella, 2007, p. 9)

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26

Considerando que para Hendriksen e Van Breda (1999, p. 29) a Contabilidade é uma

linguagem conhecida como a linguagem dos negócios, pode-se concluir que a Contabilidade

também pode ser estudada por meio dos conceitos da Teoria Semiótica, fato corroborado

pelos referidos autores, quando os mesmos afirmam: “Os números e as classificações

contábeis variam no que diz respeito à interpretação que pode ser feita pelo leitor das

informações contábeis”.

Por outro lado, Iudicibus, Martins e Carvalho (2005) salientam que mesmo sendo um

assunto que sempre preocupou os estudiosos de Contabilidade, o processo de comunicação e a

semiótica contábil ainda são pouco explorados e classificam como insípidos os estudos feitos

até então.

2.4.1. Teoria Semiótica Peirceana

Nöth (2005) comenta que o ponto inicial da teoria Peirceana é o axioma de que as

cognições, os homens e as idéias são em sua essência entidades semióticas. Então, sendo

signos, os homens são comparados às ideias, da mesma maneira que uma leva à outra e assim

tudo possui uma marca e um passado.

Santaella (1983) chama a atenção para o fato de que por mais que Peirce considerasse

toda e qualquer produção, realização e expressão humana como sendo uma questão semiótica,

em momento algum, Peirce denotou qualquer onipotência da semiótica em relação às outras

ciências.

A filosofia semiótica de Peirce torna-se inovadora quando o referido filósofo utiliza

conceitos próprios em suas teorias como o conceito da Primeiridade, Secundidade e

Terceiridade. Nöth (1995) resume esses conceitos da seguinte maneira:

Primeiridade: categoria do sentimento imediato e presente nas coisas sem

nenhuma relação com outros fenômenos do mundo.

Secundidade: quando existe uma relação entre o primeiro e o segundo

fenômeno, é considerada a categoria da comparação.

Terceiridade: é a categoria de relação entre o segundo e o terceiro fonômeno.

Seria a categoria de mediação do hábito, da memória, da continuidade, da síntese,

da comunicação, da representação, da semiose e dos signos.

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27

Com base no exposto, conclui-se que a base do signo é uma relação harmoniosa entre

os três conceitos expostos anteriormente. Posteriormente, Peirce refere-se aos três

constituintes do signo como: representamen (signo), objeto e interpretante.

A Figura 3 apresenta o esquema elaborado por Santaella (1983 p.12), sobre a definição

de signo por Peirce:

Fonte: Santaella (1983)

2.4.1.1. Signo

A definição de signo possui uma alta complexidade. Peirce (apud. Santaella, 2000),

afirma que o mesmo mudou por diversas vezes o seu conceito de signo. O Quadro 4

demonstra os conceitos de Peirce sobre signos e suas correlações entre os objetos e

interpretantes:

Figura 3 - Definição de Signo

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28

Quadro 4 – Concepção de Signo por Peirce

Conforme

Natureza

Conforme o

modo de

apresentacao do

objeto imediato:

Conforme a

natureza do

objeto dinamico

ou determinacao

do signo pelo

objeto dinâmico

Conforme a

relacao do signo

com seu objeto

dinamico:

Conforme a

natureza do

interpretante

imediato ou

modo de

apresentacao do

interpretante

imediato

Conforme

natureza ou

modo de ser do

interpretante

dinâmico

Conforme a

maneira de

apelo do

interpretante

dinamico ou a

relacao do signo

com o

interpretante

dinamico:

Conforme a

natureza do

interpretante

normal on de

acordo com o

proposito do

interpretante

normal:

Conforme a

natureza da

influencia do

signo ou de

acordo com a

relacao do signo

com o

interpretante

normal:

Conforme a

natureza da

garantia de use

do signo ou de

acordo com a

relacao triadica

do signo com seu

objeto:

Quali-signo descritivo

objeto natureza

possível -

abstrativo Ícone Hipotético Simpatético

Sugestivo,

expressão de

sentimento Gratificante

Rema (ou sema,

como um

simples signo)

Garantia do

instinto

Sin-signo designativo

objeto natureza

ocorrência -

concretivo Índice Categórico

Chocante

(percussivo) Imperativo

Prático (para

produzir ação)

Dicente (ou

fema com

antecedente e

consequente)

Garantia da

experiência

Legi-signo

copulante

(distributivo)

objeto natureza

necessitante -

coletivo Símbolo Relativo Usual

Significativo

(indicativo)

Pragmático (para

produzir

autocontrole)

Argumento

(deloma, com

antecedente,

consequente e

principio de

sequencia)

Garantia da

forma

Fonte: Santella, (2000)

Peirce (apud. Santaella 2000) sintetiza o conceito de signo ao afirmar que o signo

comunica algo externo à mente e o local onde signo está é denominado objeto, sendo o

significado a transmissão de uma informação através do signo.

Entretanto, Santaella (2000), ao citar Peirce, chama a atenção dizendo que uma

informação não pode ser considerada um signo se houver algo que a veicule, mas que não

tenha ou não faça referência a algo que seja parte do conhecimento da pessoa a quem a

informação é transmitida.

2.4.1.2. Objeto

Nöth (1995) chama a atenção para o fato de que de acordo com a definição Peirceana,

o objeto pode ser “uma coisa mental” ou algo do qual “temos conhecimento perceptivo”.

Dentro da concepção de Peirce, o objeto classifica-se em duas espécies: Imediato ou

Dinâmico.

Objeto Imediato é o objeto intrínseco ao signo que depende da sua representação

dentro do signo.

Objeto Dinâmico é o que se encontra fora do signo. Em outras palavras, é o que

realiza a atribuição do signo à sua representação.

Tal ponto deve ser considerado na condução deste, pois a informação estudada e o

estrato escolhido possuem prévio conhecimento do tema e do objeto de informação, neste

caso, os objetos serão os demonstrativos contábeis.

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29

2.4.1.3. Interpretante

Seguindo a tríade Peirceana, pode-se encontrar além do signo e do objeto, a figura do

interpretante. Ainda conforme o próprio Peirce, não se pode dissociar a figura do signo da

figura do interpretante.

O interpretante é a significação do signo, sendo denominado por Peirce como o

próprio resultado significante, podendo também ser algo criado na mente do intérprete. Assim

como os outros dois atributos, Peirce também subdivide o interpretante em três classes:

Interpretante Imediato: que é a “qualidade da impressão que um signo é capaz de

produzir, sem uma reação atual”.

Interpretante Dinâmico: “efeito direto realmente produzido por um signo sobre um

intérprete”.

Interpretante Final: que está ligado à categoria da lei, seria “aquele resultado

interpretativo ao qual cada intérprete está destinado a chegar se o signo for suficientemente

considerado”.

Santaella (2000) complementa ao explicar que os interpretantes passam por três niveis

de compreensão denominados primeridade (objeto), secundidade (fenômeno) e terceridade

(cultura).

Perez (2007) salienta que o conceito de interpretante abrange dois pontos principais: o

intérprete e a interpretação. Ainda complementa que diversos grupos podem ter diversas

interpretações sobre um mesmo signo ou imagem, por projetar determinadas expectativas e

diferentes pontos de vista.

A Semiose representa uma série de interpretantes sucessivos, não havendo em seu

processo um início ou um fim, é, portanto, um processo infinito. Santaella (2007) em suas

explanações salienta a existência de uma semiose indexical que em um primeiro momento

apresenta uma semiose com início, meio e fim e que pode ser verificada por um segundo

ponto de vista.

As análises contábeis feitas através dos demonstrativos financeiros e contábeis

enquadram-se em uma semiose indexical, pois se limitam aos demonstrativos e podem sofrer

mais de um tipo de inferência e análise, seja pelos índices que serão utilizados, ou pela

métrica adotada.

2.4.1.4. Aplicação das Estruturas Semióticas às Demonstrações Contábeis

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30

Baseado no esquema elaborado por Santaella e utilizando-se da filosofia Peirceana,

pode-se elaborar o seguinte mapeamento baseado nos demonstrativos contábeis:

Objeto Dinâmico – Cenário Econômico – Cenário de Incerteza: por estar fora do

signo, mas auxiliando o mesmo em sua compreensão, o Cenário Econômico engloba todo o

contexto no qual o signo é originado. Verifica-se que independente do usuário final da

informação contábil, o mesmo não se altera. Entretanto, cabe salientar que baseada no cenário

em que o usuário está inserido, a sua interpretação final pode ser alterada, pois está

diretamente relacionada com a necessidade de informação que o usuário demanda.

Objeto Imediato – Atos e Fatos Contábeis: o objeto imediato está dentro do signo e

comporta-se como um em sua ausência, os atos e fatos contábeis em teoria falam por si, os

demonstrativos financeiros em teoria somente os harmonizam e os dispõem de maneira que

facilitam sua compreensão.

Fundamento – Terminologia Contábil: o fundamento possui todos os componentes

que um signo necessita para ser considerado um signo (sin, quali e legi signo), que é a

existência de um signo, uma lei que rege esse signo ou uma qualidade inerente a ele.

Interpretante Intermediário – Informação Contábil: a primeira reação causada ao

usuário que se utiliza de uma demonstração financeira é a busca da informação que ele está

desejando adquirir.

Interpretante Dinâmico – Usuário Externo: o usuário externo está alheio ao

processo de criação dos demonstrativos financeiros, entretanto é para ele que tais

demonstrativos são gerados e é nele que ocorrerá o processo de semiose final.

Interpretante em si – Tomada de Decisão: após todo o processo de semiose pelo

qual o demonstrativo financeiro passou, caberá ao usuário final a tomada de decisão e,

portanto, o final desse primeiro processo semiótico.

Baseado no modelo proposto por Santaella, foi elaborado um esquema mostrando o

processo de Semiose nos Demonstrativos Contábeis. A Figura 4 mostra uma adaptação do

modelo de Santaella para a Contabilidade.

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31

Figura 4 - Aplicação da definição de Santaella aos Demonstrativos Contábeis

Fonte: o autor

2.4.2. Dimensões da Semiótica

A Teoria Semiótica apresenta dimensões em seu processo de semiose. Aplicando a

Teoria dos Signos de Peirce e partindo do pressuposto exposto pelo mesmo que tudo é signo,

essas dimensões visam, de uma forma didática e detalhada, mostrar cada uma das etapas que

envolvem o processo de semiose.

2.4.2.1. Dimensão Semântica

Hendriksen e Van Breda (1999) definem a dimensão Semântica na Contabilidade

quando se pergunta qual é o significado que a palavra tem para o ouvinte. A Semântica de

acordo com esses autores é diretamente proporcional à compreensão que o usuário possui

sobre determinado termo.

Ainda sobre esse conceito, Nakano (1972, p. 694) afirma que os ruídos na

Contabilidade podem acontecer através de problemas de engenharia ou problemas de

Semântica, em que o primeiro é um problema conceitual ou de construção da informação e o

segundo é um problema de interpretação das informações recebidas.

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Haried (1972) conduziu uma pesquisa com estudantes e profissionais de Contabilidade

na qual ele tentou evidenciar o conhecimento que os mesmos possuíam sobre determinados

termos da Contabilidade e sua aplicação. Para mensurar tal compreensão, utilizou-se de

escalas fatoriais.

Com relação ao processo de codificação da informação e Semântica, Poyrazian (1972,

p. 36) afirma que quanto mais ampla e precisa é a convenção do signo, mais ele é codificado

e, portanto, mais fácil de ser interpretado.

Nöth (1995) exemplifica que existem três tipos de Semântica: Semântica linguística,

Semântica lógica e Semântica geral e ainda afirma que a Semântica estrutural é a principal

vertente da linguagem moderna que começou com a decomposição de palavras em elementos

semânticos.

Para fins deste estudo serão utilizados como objetos semânticos as terminologias

contábeis e as interpretações que os usuários possuem sobre esses termos.

2.4.2.2. Dimensão Pragmática

Morris (1976, p. 50) conceitua a Pragmática como a ciência da relação dos signos com

seus intérpretes em que o intérprete do signo é a mente e o interpretante é um pensamento ou

conceito. Ainda nesse contexto, Hendriksen e Van Breda (1999) afirmam que a Pragmática é

o estudo do efeito da linguagem.

Nöth (1995) com relação à pragmática, usa a definição de Peirce que afirma: “A

sign addresses somebody, that is, creates in the mind of that person an equivalent sign,

or perhaps a more developed sign. That sign which it creates I call the interpretant of the

first sign. (NÖTH, 1995, p. 43)

Para este trabalho o direcionamento pragmático será dado no momento em que

forem estudadas as formas como os jornalistas e analistas financeiros de mercado

analisam as informações contábeis e financeiras das empresas e qual é o parecer que os

mesmos dão sobre determinada situação.

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2.4.2.3. Dimensão Sintática

Muitos autores dos ramos da linguística afirmam que a Sintática é o estudo que mais

evoluiu dentro da Semiótica. Morris (1946) conceitua a Sintática como a relação dos signos

entre si, desconsiderando as relações entre os signos e os objetos e os intérpretes. Em outras

palavras, é o mesmo que dizer que a Sintática é o significado da palavra pela palavra sem

nenhuma interferência de ambientes externos. Para Hendriksen e Van Breda (1999) é o estudo

da gramática e da linguagem.

Neste estudo, a Sintática terá como base de consulta a literatura contábil atualmente

existente; cabe salientar que mesmo existindo literatura aplicável às terminologias contábeis,

ainda existem algumas divergências sobre determinados conceitos.

Assim sendo, neste estudo será considerado o senso comum das terminologias

contábeis e no caso de não se identificar nenhum consenso aplicável, serão utilizadas as

terminologias adotadas nos pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis.

2.5. Estudos Conduzidos

O Quadro 5 apresenta a relação dos estudos produzidos na Europa, Estados Unidos e

Brasil no período de 1972 a 2010, segregando o enfoque e o procedimento de coleta de dados.

É possível verificar que a maioria dos estudos publicados abrange especificamente a

dimensão Semântica e que foram feitos em sua maioria na década de 1970 na Europa e

Estados Unidos, não havendo nenhum artigo neste período com o enfoque pragmático.

Quadro 5 – Análise dos artigos já lançados sobre Semiótica

Ano Autor País Enfoque Estudo e Coleta

1972 Haried Estados Unidos Semântica Pesquisa Campo

1972 Nakano Estados Unidos Semântica Pesquisa Campo

1974 Haried Estados Unidos Semântica Pesquisa Campo

1974 Oliver Estados Unidos Semântica Pesquisa Campo

1980 Belkaoui Estados Unidos Sintática Pesquisa Campo

1995 Da Silva Brasil Semântica Pesquisa Campo

2000 Dias Filho Brasil Semiótica Revisão Bibliográfica

2001 Siqueira Brasil Semiótica Pesquisa Campo

2001 Dias Filho e Nakagawa Brasil Semiótica Revisão Bibliográfica

2001 Dias Filho Brasil Semiótica Revisão Bibliográfica

2003 Panhoca Uruguai Semântica Pesquisa Campo

2004 Etheridge Estados Unidos Semiótica Pesquisa Campo

2004 Moraes Brasil Semantica Pesquisa Campo

2005 Iudicibus, Martins e Carvalho Brasil Semiótica Revisão Bibliográfica

Fonte: o autor

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34

2.5.1. Análise dos Estudos Conduzidos sobre o Tema

Na sequência, apresentam-se dois estudos que foram desenvolvidos sobre o tema.

a) Haried, Andrew A. – The Semantic Dimensions of Financial Statements (1972).

Tema: Análise dos problemas semânticos da Contabilidade com os usuários externos.

Enfoque: Estudo semântico das informações contábeis.

Metodologia de estudo: O estudo do referido autor foi feito com profissionais das

áreas contábeis em que se aplicaram questionários na intenção de obter o real entendimento

dos geradores da informação contábil. Segundo Haried, os problemas semânticos com os

usuários externos acontecem porque os próprios geradores da informação não possuem

conhecimento sobre os números e taxonomias que estão utilizando.

Tratamento dos dados: Os dados foram analisados utilizando inferências estatísticas e

aplicação da técnica de análise fatorial que, segundo Corrar (2009), é uma técnica estatística

que busca uma estruturação através de um conjunto de variáveis.

Conclusão dos estudos: A análise resultou em uma escala fatorial de sete critérios

semânticos, que serão utilizados na confecção deste estudo.

b) Nakano, Isao – Noise and Redundancy in Accounting Communications (1972).

Tema: Análise dos ruídos da Contabilidade e seu significado com os contadores.

Metodologia de estudo: O referido estudo buscou a identificação dos ruídos

semânticos e ruídos de engenharia dentro da Contabilidade. Para isso, o autor buscou verificar

o entendimento que os usuários possuíam sobre alguns termos e aplicação dos cálculos. Nesse

estudo, os conceitos de lucro e custo foram verificados.

Tratamento dos dados: Os dados foram analisados utilizando inferências estatísticas e

aplicação da técnica de análise fatorial.

Conclusão dos estudos: A análise resultou em uma escala fatorial de sete critérios

semânticos, que serão utilizados na confecção deste estudo.

2.6. Informação Contábil através da Teoria da Comunicação

Analisando o processo de comunicação contábil através da Teoria da Comunicação,

obtém-se o seguinte fluxo de informação:

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Figura 5 - Fluxo da informação contábil

Fonte: o autor

Nota-se que o fluxo de informação contábil sofre um processo cíclico na sua

concepção. Nesse esquema, os contadores podem ser denominados como emissores

primários da informação, os jornalistas como receptores e emissores secundários da

informação e finalmente os usuários externos como receptores universais da informação.

Analisando os interesses de cada um dos atores do processo comunicativo obtém-se o

fluxo da informação a seguir. É preciso ressaltar que este trabalho não engloba a Teoria do

Poder e da Agência.

Figura 6 - Fluxo da informação do ponto de vista dos contadores

Fonte: o autor

Cumprimento da legislação pertinente.

Atração de investidores.

Transparência.

Gestão de performance (usuário interno).

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Como é possível observar na matriz acima, os emissores primários da informação

contábil (contadores) têm como principais interesses da informação contábil:

Atendimento ao Fisco: de acordo com as legislações vigentes, a empresa é obrigada a

apresentar alguns demonstrativos contábeis para o fisco e órgãos normatizadores. Tais

informações contábeis seguem um padrão previamente definido e possuem as informações

básicas da empresa. Outros relatórios e obrigações fiscais acessórias são solicitados para

embasar possíveis informações tributárias que não sejam contempladas.

Atração de Investidores: os informativos contábeis que são voltados para os

investidores costumam possuir informações adicionais na intenção de mostrar uma empresa

rentável e, portanto, alvo de investimentos.

Transparência: a emissão de alguns relatórios voluntários vem de encontro à

intenção da empresa que se mostra sustentável, além disso, tais relatórios apresentam os

valores intrínsecos da empresa, sua missão e sua visão de futuro.

Gestão de Performance (usuários internos): essa emissão caracteriza-se pela não

normatização, sendo feita de acordo com as necessidades da diretoria financeira e da alta

gerência.

Figura 7 - Fluxo da informação do ponto de vista dos jornalistas

Fonte: o autor

Dentro do fluxo de comunicação, o interesse dos jornalistas, denominados nesse

trabalho como emissores secundários, é o de atuar como tradutores das informações

Traduzir as informações geradas

pela empresa para o grande público.

Fiscalizar a empresa em um nível

mais amplo.

Fornecer julgamentos.

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contábeis para os usuários externos. Faz-se importante a sinalização de que o fisco não

necessita de tal tradução pelo fato de ser normatizador da informação contábil.

No que se refere à fiscalização da empresa por parte dos jornalistas, entende-se aqui a

fiscalização de escândalos envolvendo números e gestão da empresa, o que se difere da

fiscalização governamental que implica em punições e sanções mais severas. A fiscalização

por parte dos jornalistas é válida de acordo com o critério do investidor.

Figura 8 - Fluxo da informação do ponto de vista dos usuários externos

Fonte: o autor

Os receptores universais das informações, os usuários externos, buscam uma fonte de

informação segura e completa de uma empresa que seja rentável e sólida para a aplicação de

suas reservas financeiras.

Tal como os jornalistas, os usuários externos também emitem julgamentos sobre as

informações que recebem. Tais usuários podem ser inclusive o governo, que nesse caso pode

aplicar sanções à empresa.

Para fins deste trabalho, os usuários externos da informação resumem-se apenas à

figura dos investidores, que nesse caso aplicam sanções simplesmente não efetuando a

compra ou venda de suas ações no mercado. Pode-se afirmar que o julgamento dos

investidores é mais perceptível, pois uma oscilação no mercado é facilmente notada em

âmbito global.

Informações sólidas e completas

Fornecer julgamentos

Fiscalização da empresa

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1. Objetivos Gerais e Específicos

O objetivo geral deste estudo é o de verificar como acontece o processo de

comunicação na Contabilidade, especificamente com os jornalistas que, por sua vez,

executam o papel de emissores secundários da informação contábil, emitindo pareceres e

servindo como tradutores da informação para o grande público.

Por não haver um relatório específico a esse estrato, este trabalho verificará se existe

algum problema de má interpretação por parte dos jornalistas e em que esfera semiótica tal

problema pode acontecer (Semântica, Sintática ou Pragmática), além de estudar como as áreas

internas da empresa, responsáveis pela divulgação dos relatórios, interagem com os

jornalistas.

3.1.1. Objetivos Específicos

São os objetivos específicos:

Conhecer a fonte de informação dos jornalistas, isto é, saber se eles somente se

baseiam nas informações publicadas ou recorrem a outros canais de comunicação da empresa,

como a área de Relação com Investidores.

Caracterizar na literatura as explicações de determinados termos da

Contabilidade e a sua aplicação diária, respaldando, assim, a parte Sintática.

Buscar a compreensão que o estrato de usuário tem sobre determinado termo

ao ler uma informação contábil, respaldando, assim, a parte Semântica.

Investigar como se dá o processo de análise e interpretação da informação

contábil por parte do estrato e, assim, confrontá-lo com a teoria para dar respaldo à parte

Pragmática.

Identificar pontos que possam contribuir para uma melhor compreensão da

informação contábil.

Analisar como os departamentos de Contabilidade e o de Relação com

Investidores recebem o retorno da informação divulgada pelos jornalistas.

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3.2. Tipologia do Estudo

Considerando-se que o objetivo geral proposto envolve estudo de um estrato

específico de usuário da informação contábil e a inclusão de uma dimensão da Semiótica que

ainda é pouco explorada nas pesquisas já realizadas (enfoque pragmático), este estudo se trata

de uma pesquisa exploratória descritiva.

Beuren (2009) afirma que a pesquisa exploratória é caracterizada quando há pouco

conhecimento sobre determinado tema, ou quando se busca conhecimento sobre o mesmo em

maior profundidade; ainda salienta que a exploração de um assunto busca também novas

dimensões sobre determinado assunto ou problema. A pesquisa descritiva pode ser definida

como a pesquisa que busca a descrição de determinado fenômeno ou amostra de uma

população.

Quanto aos procedimentos, trata-se de um levantamento ou survey (Beuren, 2009).

Cooper e Schindler (2003) afirmam que quando um survey é aplicado a um estudo, é possível

ter como produto final uma nova hipótese ou a desconsideração de uma antiga.

Em relação à abordagem do problema, o presente estudo é considerado uma pesquisa

quantitativa e qualitativa.

Na intenção de verificar como acontece o retorno da informação por parte da empresa,

também foi aplicado um questionário junto aos profissionais de Relações com Investidores,

sendo que as empresas que não possuem esse departamento foram excluídas do estudo.

3.3. População e Amostra

A população alvo desse estudo é composta por jornalistas que trabalham

especificamente com notícias econômicas e financeiras, com pareceres acerca das situações

financeiras, econômicas e patrimoniais das empresas.

A amostra inicial foi composta por jornalistas das diversas mídias de comunicação

existentes: sites, jornais, revistas e televisão, priorizando quantidades iguais de profissionais

atuantes nas diferentes plataformas de comunicação, mantendo assim a imparcialidade da

pesquisa. Tal amostra julga-se necessária para que se façam as devidas inferências estatísticas

abordadas na literatura.

Na área de Relações com Investidores, foram selecionados os profissionais das

empresas listadas na BM&F BOVESPA com níveis de governança 1, 2 e Novo Mercado,

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pois, segundo os regulamentos do próprio instituto, são os níveis com os maiores indicadores

de disclosure.

3.3.1. Esquema da Pesquisa

De acordo com a Figura 9, pode-se verificar que a Contabilidade envia a mesma

informação para diversos estratos de usuários. Entretanto, existem “traduções” dessas

informações para o grande público, que muitas vezes desconhece algum cenário no qual a

empresa está inserida, ou até mesmo desconhece alguma terminologia contábil.

Fonte: o autor

Os jornalistas podem ser entendidos como tradutores dessa informação para o grande

público, influenciando a opinião dos mesmos, ao passo que a área de Relações com

Investidores das empresas tem como principal objetivo ser uma ponte de comunicação entre

ela, seus investidores e demais usuários externos.

Nesse sentido, a Figura 9 ilustra o esquema desta pesquisa que buscou informações

dos jornalistas e das áreas de Relações com Investidores na intenção verificar como se dá o

processo de interação e comunicação entre as referidas áreas.

Emissor

Contador

Receptor Emissor

Jornalistas

Receptor

Usuários externos

em geral

Relatórios Financeiros

Relatórios de Auditoria

Relatórios Gerenciais

Jornais

Revistas Mídia Televisiva, Internet

Meios de comunicação

Retorno de comunicação

Relatórios Financeiros

Relatórios de Auditoria

Relatórios Gerenciais

Figura 9 – Esquema de pesquisa (Fluxo da informação contábil)

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3.4. Procedimentos de Coleta de Dados.

Os dados foram coletados por meio de um questionário eletrônico gerado através do

site Encuesta Facil®. Este questionário foi disponibilizado aos dois estratos de usuários:

jornalistas e analistas de Relações com Investidores.

O questionário utilizado replica o estudo conduzido por Haried (1972) e Oliver (1974)

com a diferença de que o público alvo não são os contadores, mas os disseminadores

secundários da informação contábil e, além disso, introduz dois novos conceitos do campo da

Semiótica: o da Pragmática e da Percepção de Valor.

A matriz de amarração lógica (APÊNDICE A) possui a estrutura dos questionários

quanto à forma e aos objetivos, os questionários (APÊNDICES B e C) são os que foram

disponibilizados para os jornalistas e profissionais da área de Relações com Investidores,

respectivamente.

3.4.1. Procedimentos Aplicados aos Jornalistas

O questionário é composto de cinco partes e 29 questões (dispostas entre 22 questões

fechadas e sete abertas) que buscam identificar o conhecimento do entrevistado sobre a

Semiótica da informação contábil em suas três esferas (Semântica, Sintática e Pragmática).

Além disso, o questionário busca também a percepção dos jornalistas sobre a Contabilidade e

quais os problemas que as informações financeiras possuem no que tange a sua compreensão.

A amostra inicial de jornalistas contava com duzentos jornalistas que escreviam para

colunas de economia, finanças e negócios. Todos receberam o link de acesso ao questionário

através de seus correios eletrônicos. A ferramenta disponibilizada pelo site possibilitava saber

quais pessoas haviam acessado a página e respondido o questionário de forma completa e/ou

parcial, assim como as pessoas que simplesmente não aceitavam os questionários.

Semanalmente os entrevistados recebiam e-mails com lembretes sobre o questionário com

telefones para contato e informações sobre a confidencialidade da pesquisa, a importância do

estudo e outras informações.

Das negativas recebidas, a maioria afirmou o desconhecimento assumido dos termos e

acrônimos utilizados. Os demais alegaram que as empresas nas quais trabalhavam, ou para

quem prestavam serviços, não permitiam que os mesmos respondessem a questionários de

acordo com as suas políticas internas. Da amostra de duzentos jornalistas, 23% responderam o

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questionário completo. O restante respondeu de maneira parcial. A Tabela 1 apresenta a

distribuição dos respondentes.

Tabela 1 – Distribuição dos respondentes (jornalistas)

Amostra Total 200

Parcialmente

Respondidos96

Totalmente

respondidos47

Fonte: o autor

3.4.2. Procedimentos Aplicados ao Departamento de Relações com Investidores

A população alvo desse estudo formou-se por todas as empresas listadas no BM&F

BOVESPA no ano de 2011. A amostra inicial foi composta por 178 empresas, levando em

consideração que todas estavam listadas como nível 1 e nível 2 de Governança Corporativa e

no Novo Mercado. O método de contato com as empresas foi através de endereços de e-mail

(para onde seriam enviados os links para o questionário), extraídos através de suas páginas de

internet na seção que trata de Relação com Investidores.

Após análise das 178 empresas listadas, verificou-se que 21 não apresentavam

endereço eletrônico de e-mail, sendo que todas as suas consultas deveriam ser feitas com

formulários eletrônicos disponibilizados nos endereços eletrônicos que não aceitavam links

para outros endereços. Da mesma forma, outras empresas eram coligadas e apresentavam o

mesmo endereço de e-mail para contato e, por essa razão, foram excluídas da amostra,

mantendo-se apenas um endereço.

Ao final da análise restaram 155 empresas que receberam em seus endereços de e-mail

um questionário gerado pela ferramenta Encuesta Facil® composto por oito questões, sendo

quatro delas abertas e quatro fechadas.

Foram recebidas 19 respostas dos profissionais da área de Relação com Investidores e

não houve respostas parciais dos mesmos, como ocorrido com os jornalistas.

O propósito do questionário foi verificar como se dá o retorno da informação contábil

por partes dos jornalistas, uma vez que o mesmo fora emitido pela empresa.

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3.5. Procedimentos de Tratamento dos Dados

As perguntas disponibilizadas aos respondentes através do site Enquete Fácil®

dividiam-se em perguntas abertas e fechadas. A análise inicialmente adotada para as questões

fechadas foi a de análise descritiva, de acordo com a matriz de amarração lógica proposta.

Somente as perguntas do terceiro bloco foram analisadas com a utilização do software SPSS

17.0 por meio da técnica estatística de análise fatorial.

O restante das perguntas fechadas teve como principal função a categorização dos

dados e seus gráficos foram desenvolvidos através do software Microsoft Excel® com dados

extraídos integralmente do site gerador dos questionários.

Para análise das perguntas abertas foi aplicado o método de análise de conteúdo que,

de acordo com Beuren (2009), privilegia dados qualitativos, visto que há maior ênfase no

conteúdo das mensagens. Ainda sobre a análise de conteúdo, Beuren (2009) acrescenta que a

metodologia caracteriza-se por um processo de investigação do conteúdo simbólico das

mensagens.

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4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1. Análise do Questionário Aplicado aos Jornalistas

4.1.1. Informações Gerais do Respondente

O primeiro grupo de questões caracteriza o respondente em termos de sexo, idade, tipo

de mídia em que trabalha, formação acadêmica em termos de curso de graduação e/ou pós-

graduação em áreas de Contábeis, Economia, Finanças e/ou correlatos.

A análise do perfil dos respondentes permitiu verificar que 57% dos entrevistados

pertenciam ao sexo feminino. A Figura 10 mostra a comparação entre os sexos dos

respondentes.

Figura 10 - Sexo dos respondentes

43%

57%

Sexo do Respondente

Feminino Masculino

Fonte: o autor

Com respeito à idade dos entrevistados, verifica-se que o percentual entre 20 e 30 anos

e 41 e 50 anos são matematicamente iguais, 35%, a Figura 11 permite verificar a disposição

entre as idades dos respondentes.

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Figura 11 – Faixa etária dos respondentes

Entre 20 e 30 anos

Entre 31 e 40 anos

Entre 41 e 50 anos

Acima de 50 anos

35%

24%

35%

7%

Idade do Respondente

Fonte: o autor

Através da Figura 12 é possível verificar que 83% dos respondentes não possuíam

curso de pós-graduação em Finanças, Contábeis ou áreas correlatas.

Figura 12 – Grau de instrução aplicado a Contabilidade, Economia e áreas correlatas

17%

83%

Você já cursou algum curso de pós-graduação ou especialização nas áreas de finanças,

contabilidade ou economia?

Sim

Não

Fonte: o autor

4.1.2. Informações sobre a Atuação Profissional do Respondente

Com relação ao veículo de comunicação para o qual o jornalista escreve, pode-se

verificar que 73% escrevem para jornais e revistas impressos, 22% escrevem para outras

mídias digitais (blogs, sites econômicos, entre outros) e apenas 5% escrevem para jornais e

revistas exclusivamente digitais. A Figura 13 apresenta a concentração das respostas.

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Figura 13 – Mídia para a qual o trabalho do jornalista é voltado

73%

5%

12%10%

Midia a qual o trabalho é voltado

Jornais e Revistas Impressas

Jornais e Revistas Digitais

Outros canais de internet (sites, blogs, portais)

Outro (Justificar)

Fonte: o autor

Com relação ao nível de especialização do veículo no qual o jornalista trabalha, pode-

se verificar que 81% deles não são voltados especificamente para Economia e/ou Finanças, o

que de alguma maneira pode explicar a não obrigatoriedade de o jornalista possuir um curso

de Pós-Graduação ou MBA em Finanças e/ou Economia.

Figura 14 – Exclusividade do veículo em relação às áreas de Economia ou Finanças

Sim19%

Não81%

O veículo para o qual você escreve é voltado exclusivamente para a área de

finanças e/ou economia?

Fonte: o autor

4.1.3. Análise Semântica da Informação Contábil

A terceira parte do questionário tinha por objetivo verificar qual o conhecimento que

os jornalistas possuíam sobre determinadas terminologias. Para tanto, foram utilizadas

terminologias novas propostas pelas alterações oriundas da harmonização das informações

contábeis em conjunto com terminologias mais antigas.

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Foram apresentadas dez terminologias (Fluxo de caixa, Depreciação, Eventos

subsequentes, Goodwill, Regime de competência, Reserva de reestrutura, Provisão de

despesas, Provisão para devedores duvidosos, Reserva de lucros, Ações em tesouraria, Ativo

intangível) e nove critérios qualitativos (Necessidade, Tempestividade, Atualidade, Exatidão,

Estabilidade, Mensurabilidade, Benefício, Gerenciabilidade e Dinamismo), aos quais os

jornalistas deveriam atribuir um grau de importância entre 0 e 100% onde 0% seria

completamente negativo e 100% completamente positivo.

Utilizando-se do software de análise estatística SPSS 17.0®, foi possível analisar os

dados e aplicar a Análise fatorial que se caracteriza pelo “agrupamento” de fatores que

possuam correlação entre eles.

Corrar, Paulo e Dias Filho (2009), afirmam que a matriz de correlação é de

fundamental importância no momento em que se inicia uma análise fatorial e ainda salientam

que quanto mais o Sig (parte posterior da figura) apresentar valores próximos de zero, maior o

poder de explicação da Análise fatorial.

A Tabela 2 apresenta a matriz de correlação encontrada.

Tabela 2 - Matriz de correlação

Exatidao Beneficio Dinamismo Atualidade Mensurabilidade Gerenciabilidade

Exatidao 1,000 ,866 ,912 ,987 ,961 ,981

Beneficio ,866 1,000 ,944 ,889 ,902 ,889

Dinamismo ,912 ,944 1,000 ,921 ,943 ,941

Atualidade ,987 ,889 ,921 1,000 ,965 ,977

Mensurabilidade ,961 ,902 ,943 ,965 1,000 ,983

Gerenciabilidade ,981 ,889 ,941 ,977 ,983 1,000

Exatidao ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

Beneficio ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

Dinamismo ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

Atualidade ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

Mensurabilidade ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

Gerenciabilidade ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

Correlation Matrixa

Correlation

Sig. (1-tailed)

Fonte: SPSS 17.0

Um segundo teste que foi aplicado aos dados e possibilita verificar se é aplicável ou

não a Análise fatorial, é o teste de Kaiser-Meyer-Olkin que indica o grau de explicação dos

dados a partir dos fatores encontrados na Análise fatorial. Corrar, Paulo e Dias Filho (2009)

salientam que se o grau de explicação do KMO foi menor que 0,5, significa que há uma

inviabilidade na análise fatorial (AF) e complementam dizendo que quanto mais próximo de

1, mais explicável se torna a aplicação da AF.

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48

A Tabela 3 apresenta um KMO de 0,876, o que justifica a utilização da fatorial. Além

disso, os autores supramencionados comentam que ademais do KMO, o teste de significância

não deve ultrapassar 0,05 e verifica-se que o presente estudo alcançou uma Sig de 0,00,

corroborando com a utilização da referida técnica.

Tabela 3 - Teste KMO e Bartlett

,876

Approx. Chi-Square 108,285

df 15

Sig. ,000

Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling

Bartlett's Test of

Sphericity

KMO and Bartlett's Test

Fonte: SPSS 17.0

Inicialmente na análise utilizaram-se todos os indicadores (características qualitativas

das terminologias), entretanto o nível do KMO estava em aproximadamente 0,675. Então,

foram excluídos três indicadores (Necessidade, Tempestividade e Estabilidade) aumentando

assim o KMO para 0,876.

Após comprovação de que a Análise fatorial ocorreria com sucesso, gerou-se a

variância total explicada que se refere ao cálculo de fatores gerados pelo sistema. Verificou-se

com isso que os dois fatores gerados pelo sistema SPSS® explicam 98% da variância dos

dados originais. Tal variância é possível de ser verificada na tabela Total Variance Explained

na Tabela 4.

Tabela 4 – Total da variância explicada

Total

% of

Variance

Cumulativ

e % Total % of Variance Cumulative % Total % of Variance Cumulative %

1 5,689 94,808 94,808 5,689 94,808 94,808 3,347 55,779 55,779

2 ,198 3,301 98,110 ,198 3,301 98,110 2,540 42,330 98,110

3 ,056 ,926 99,036

4 ,035 ,582 99,617

5 ,014 ,233 99,850

6 ,009 ,150 100,000

Total Variance Explained

Component

Initial Eigenvalues Extraction Sums of Squared Loadings Rotation Sums of Squared Loadings

Fonte: SPSS 17.0

A matriz de rotação dos fatores permitiu que fossem observados quais os indicadores

que se encontrariam em cada um dos fatores calculados, ao final da análise foram obtidos dois

fatores dispostos a seguir:

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49

Fator 1: Indicadores quanto à Gerenciabilidade da Informação:

Nesse fator pode-se verificar que a presença mais forte é dos aspectos que tangem a

gerenciabilidade da informação contábil recebida. O fator 1 explica 94,8% da variância e é

composto pelos seguintes indicadores:

Exatidão

Atualidade

Gerenciabilidade

Mensurabilidade

Fator 2: Indicadores quanto ao retorno obtido

Nesse fator pode-se verificar os aspectos no que toca o benefício gerado e o

dinamismo que essas terminologias apresentam ao usuário final. O fator 2 explica 3,3% da

variância e é composto pelos indicadores:

Dinamismo

Beneficio

A Tabela 5 mostra a disposição dos indicadores em relação aos fatores.

Tabela 5 – Rotated Component Matrix

1 2

Exatidao ,857 ,503

Beneficio ,502 ,856

Dinamismo ,620 ,765

Atualidade ,830 ,542

Mensurabilidade ,783 ,601

Gerenciabilidade ,821 ,561

Rotated Component Matrixa

Component

Fonte: SPSS 17.0

Verifica-se com isso que os jornalistas, em suas análises, atribuem uma maior

importância aos aspectos relacionados à gerenciabilidade (gestão) da informação gerada

quando comparadas ao retorno que a empresa oferece.

Por serem emissores secundários no processo de comunicação contábil, cabe aos

jornalistas somente a parte de fazer os seus julgamentos sobre as informações que foram

publicadas e, portanto, uma informação que não possua um nível de gerenciamento adequado

é mais visível em seus trabalhos e em alguns casos até o inviabiliza.

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50

4.1.4. Análise Pragmática da informação contábil

Nesse bloco de questões foram obtidas 48 respostas. As perguntas desse bloco

visavam compreender e investigar como acontecia a análise da informação. Outro objetivo

dessa parte do questionário era verificar qual era a fonte de informação por parte dos

jornalistas e como era a relação deles com as áreas de Relações com Investidores das

empresas.

Ao serem perguntados sobre como eles consideravam a sua interação com a área de

Relações com Investidores, 34% dos jornalistas responderam que possuem um contato

frequente com a área de RI enquanto 24% consideram nada frequente a sua interação com a

referida área. A Figura 15 apresenta a distribuição das respostas.

Figura 15 - Interação entre os jornalistas e RI (ponto de vista dos jornalistas)

10%12%

34%20%

24%

Frequencia com a qual Jornalistas procuram a área de RI

Extrem. Frequente Muito Frequente Frequente

Pouco Frequente Nada Frequente

Fonte: o autor

Ainda perguntados sobre o feedback por parte da área de Relações com Investidores

em relação a uma matéria publicada, verificou-se que 52% dos jornalistas responderam que

existe um contato das áreas de RI das empresas em relação a uma publicação contra 48% dos

jornalistas que responderam que não existe essa interação.

Com relação aos índices que melhor refletem a real situação da empresa, 58% dos

entrevistados acreditam que a análise do EBITDA é a melhor métrica de desempenho das

empresas, seguida pela análise por índices em 28%. 11% dos entrevistados abstiveram-se de

responder alegando desconhecimento técnico.

Sobre o grau de importância dos Demonstrativos financeiros, os jornalistas deveriam

elencar em grau de importância atribuindo a cada Demonstrativo financeiro uma nota de um a

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51

sete, em que um é o mais importante e sete o menos importante. Os relatórios analisados

foram:

Demonstração de Origens e Aplicação de Recursos (DOAR)

Demonstração de Resultado do Exercício (DRE)

Fluxo de Caixa (FC)

Demonstração de lucros e prejuízos acumulados

Demonstração de mutação do patrimônio líquido

Balanço patrimonial

Demonstração do valor adicionado (DVA)

Observou-se que a DRE foi considerada mais relevante, apresentando uma maior

concentração nas categorias 1 e 2, enquanto a DVA foi considerada a menos relevante,

apresentando uma grande concentração na categoria 7. Uma justificativa plausível para o

DVA encontrar-se em desvantagem aos demais relatórios dá-se pelo fato de sua

obrigatoriedade ser nova, pois tal demonstrativo veio em substituição ao DOAR.

A Figura 16 apresenta a variação dos resultados de cada um dos demonstrativos.

Figura 16 – Relevância dos Demonstrativos financeiros

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

1 2 3 4 5 6 7

DOAR 9% 14% 11% 17% 14% 14% 20%

DRE 37% 29% 20% 3% 11% 0% 0%

FC 11% 26% 23% 26% 11% 3% 0%

DLPA 14% 17% 20% 14% 20% 11% 3%

DMPL 6% 3% 11% 20% 20% 26% 14%

BP 20% 11% 11% 11% 11% 20% 14%

DVA 3% 0% 3% 9% 11% 26% 49%

Grau de Relevância das Demonstrações Financeiras

Fonte: o autor

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Para inferir-se sobre o processo de análise das demonstrações e informações recebidas

das empresas, foi elaborada uma pergunta aberta para que os jornalistas pudessem descrever

de maneira breve como eles faziam suas análises.

Através da técnica de análise de conteúdo, que é uma técnica que busca quantificar

dados qualitativos, foi possível elaborar uma frequência com as respostas recebidas.

Foi possível verificar que 24,4% dos jornalistas não possuem conhecimento do

processo de análise, enquanto 37,8% dos entrevistados afirmam que utilizam os relatórios e

informações divulgados pela área de Relações com Investidores e também outras ferramentas

como conference calls e dados extraídos da Bolsa de Valores e CMV como, por exemplo,

fatos relevantes das empresas. Apenas 20% dos entrevistados afirmam procurar auxílio de

especialistas para dirimir questões e/ou dúvidas no cálculo das informações.

A Tabela 6 mostra a distribuição das respostas:

Tabela 6 – Análise de conteúdo (processo de análise das demonstrações financeiras)

Utilizam-se apenas de Relatórios Financeiros e

Informações obtidas junto às áreas de Relações com

Investidores

37,80%

Não possuem conhecimento para responder a questão 24,40%

Buscam a ajuda de especialistas que lhes enviam os

dados analisados para que os jornalistas comentem20,00%

Não podem responder por contrato de

confidencialidade com a empresa em que trabalham11,10%

Agregam dados Calculados pelos próprios jornalistas

aos relatórios recebidos6,70%

Total 100,00%

Fonte: o autor

4.1.5. Análise Sintática da Informação Contábil

Essa parte do questionário tinha por objetivo verificar a análise Sintática da

informação contábil. Para tanto, foi utilizada uma técnica de associação de raciocínio

denominada precedente/dependente, em que o respondente, de acordo com o seu

conhecimento, deveria associar a uma terminologia uma expressão ou palavra que a

caracterizasse. Nesta parte foram obtidas 48 respostas. Os dados analisados foram

confrontados com a literatura e o ranking dado às respostas foi categorizado da seguinte

maneira:

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Sem conhecimento: o respondente afirma que não possui conhecimento, ou

simplesmente deixa a reposta em branco, ou dá alguma resposta que inviabiliza a

questão.

Dificuldade na expressão da idéia: o respondente possui dificuldade na construção

da idéia, pois atribui uma qualidade que não pode ser julgada como errada, entretanto

necessita de um complemento.

Correta: ao ser comparada com a literatura, a resposta denota que o respondente

possui conhecimento total ou parcial do conceito sobre o qual houve a explanação.

As terminologias e seus respectivos significados de acordo com a literatura foram:

Risco Fiscal: risco ao qual a empresa está exposta no momento em que possui um

descontrole gerencial que pode acarretar em um não pagamento de impostos, apropriação

indevida de impostos e elisão fiscal, entre outros que possam expor as empresas frente a

órgãos públicos.

Provisão para devedores duvidosos: de acordo com o CPC (2008) é uma reserva que

a empresa faz prevendo uma situação de perda futura. No caso de devedores duvidosos, é uma

provisão registrada em uma conta de ativo que visa trazer ao valor mais próximo de uma

realidade o valor que a empresa possui com a sua carteira de contas a receber.

Goodwill: Costa et al. (2009) afirma que Goodwill é “um ativo que representa os

benefícios futuros advindos de outros ativos adquiridos em uma combinação de negócios que

não são identificáveis individualmente e reconhecidos separadamente”.

Adiantamento para futuro aumento de capital: De acordo com a definição do CPC

(2009) os adiantamentos para futuro aumento de capital correspondem a valores recebidos dos

acionistas ou quotistas da empresa, destinados a serem utilizados como futuro aporte de

capital. Seu registro deve ser no Patrimônio Líquido caso o aportador não tenha expectativa

de recebimento do valor no futuro e no Passivo caso haja essa expectativa.

Verificou-se que a maioria dos entrevistados possuía conhecimento das terminologias.

A Tabela 7 mostra uma análise sobre as categorias expressas anteriormente, nela é possível

verificar que a média percentual de acertos está entre 52% e 67%, sendo então lícito afirmar

que os jornalistas possuem algum conhecimento teórico contábil.

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Tabela 7 - Categorização das respostas (Sintática)

Risco Fiscal

Provisão

Devedores

Duvidosos

Goodwill

Adiantamento

Futuro Aumento

de Capital

s/ conh 28,3% 19,6% 28,3% 19,6%

não expr 17,4% 17,4% 17,4% 13,0%

correto 54,3% 63,0% 54,3% 67,4%

Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: o autor

4.1.6. Processos de Melhora na Comunicação entre Empresa e Usuário Final

Neste estudo também foram incluídas questões em que os jornalistas, como tradutores

da informação contábil, deveriam expressar quais os pontos que eles creem que devam ser

melhorados para que haja uma comunicação mais fluida entre a empresa e o usuário final.

A primeira pergunta era a seguinte: “Em sua opinião, quais os componentes que um

relatório contábil deve conter para ser viável para uma análise precisa da empresa e para uma

boa compreensão do público?”

A grande maioria dos jornalistas respondeu que uma linguagem menos técnica seria

ideal para que houvesse êxito nesse processo de comunicação, outros ainda completaram

dizendo que as empresas deveriam adicionar outras informações como projeções,

faturamentos, contratos e expectativa de crescimento. No entanto, a inclusão desse tipo de

informação seria arriscada em determinados casos, pois os concorrentes saberiam dos planos

futuros da empresa e a mesma perderia competitividade estratégica.

A segunda pergunta buscava saber como os jornalistas encaravam o processo de

harmonização das normas contábeis, já que a mesma busca um maior nível de transparência

nas informações ao usuário externo. “Dê a sua opinião com relação à convergência das

informações contábeis com o padrão IFRS do ponto de vista de um analista da informação

divulgada, isto é, o que melhorou ou piorou, como está o nível de transparência”.

Os jornalistas em sua maioria afirmam que a adoção do IFRS melhorou o nível de

transparência, mas ainda está muito aquém do que eles realmente necessitam. Esta informação

corrobora com a questão anterior, em que os entrevistados salientam a importância de um

maior nível de detalhe na informação e também uma linguagem mais clara.

A última questão discorria sobre as dúvidas mais frequentes que os jornalistas

possuem quando recebem a informação financeira das empresas: “Quais as maiores dúvidas

com as quais você se depara ao receber uma informação financeira”?

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Muitos afirmaram que a maior dúvida que possuíam era com relação às terminologias

e nomenclaturas utilizadas, outros comentaram que não possuem dúvidas recorrentes, mas

buscam detalhes de valores que aparecem em algumas contas, para identificar o risco

financeiro que tal valor pode trazer para a empresa.

4.2. Análise do Questionário Aplicado à Área de Relações com Investidores

As questões aplicadas aos profissionais das áreas de Relação com Investidores

visavam verificar como se dava o processo de retorno da informação divulgada pelos

jornalistas, analisando também se havia algum processo de interação entre as duas áreas, pois

atualmente a área de Relações com Investidores é a área responsável pela comunicação entre

a empresa e os seus usuários externos.

O questionário foi enviado através dos endereços eletrônicos para 155 empresas

listadas na BM&F BOVESPA categorizadas no Nível 1, 2 e Novo Mercado, e foram obtidas

somente 19 respostas.

Entre as 19 empresas que responderam ao questionário 45% estavam listadas no Nível

1, 44% pertencem ao Novo Mercado e 11% pertencem ao Nível 2. A categorização dos

mesmos encontra-se melhor detalhada na Figura 17.

Figura 17 – Categorização das empresas segundo BM&F BOVESPA

45%

11%

44%

Categorização da Empresa no BM&F Bovespa

NIVEL 1 NIVEL 2 NOVO MERCADO

Fonte: o autor

Com relação à adoção de relatórios voluntários, isto é, relatórios que não são exigidos

pela BM&F BOVESPA e tampouco pelas normas contábeis, mas que são emitidos pelas

empresas com o intuito de apresentar uma maior transparência em suas ações sociais e

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56

comercializações, notou-se que 65% das empresas afirmam que utilizam relatórios

voluntários.

Foi verificado também que 83% das empresas não possuem profissionais de

Contabilidade, Finanças e/ou Economia em suas áreas de Relações com Investidores, mas

afirmam que ao receber qualquer retorno por parte dos jornalistas com referência aos dados

publicados, ele é enviado para a área de Contabilidade e Finanças para que essas áreas tenham

ciência do que está sendo noticiado sobre a empresa em determinado momento.

A Figura 18 mostra que 78% das empresas possuem uma comunicação efetiva entre as

áreas de Relações com Investidores e Contabilidade, pois há um retorno à área geradora da

informação (Contabilidade) em relação a uma notícia veiculada.

Figura 18 – Interação RI com Contabilidade e Finanças

Sim78%

Não22%

Ao ser publicada uma informação financeira, quando do “retorno” por meio de notícias de jornais, revistas e

sites, são reportados para os profissionais que desenvolveram a informação, isto é, a área de finanças?

Fonte: o autor

Ao serem perguntados sobre como classificam o retorno por parte dos jornalistas, seja

com dúvidas, com propostas ou até mesmo sugestões, a Figura 19 apresenta uma

concentração de 45% no critério “Dentro das expectativas”, seguidos de 35% que classificam

o retorno dos jornalistas como “Abaixo das expectativas”.

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Figura 19 – Interação jornalistas com área de RI

Excede as Expectativas

Dentro das Expectativas

Abaixo das Expectativas

Não há retorno por parte dos

Jornalistas

5%

45%

35%

15%

Como a área de RI considera o retorno das informações por parte dos

jornalistas

Fonte: o autor

Quando solicitados que justificassem o porquê da sua resposta anterior, os

profissionais de RI afirmam que dão entrevistas a alguns jornais e recebem perguntas no

momento que fazem o press release e conference calls com os acionistas e demais usuários.

Sobre dúvidas complementares por parte dos jornalistas no momento em que se emite

uma demonstração financeira, matematicamente encontram-se empatadas as respostas que

afirmam e que negam se há perguntas no momento da emissão dos mesmos.

Analisando as perguntas que são frequentemente feitas, verifica-se que as mesmas tangem

alguns números ou maior nível de detalhes e também algumas informações adicionais quando as

empresas possuem algum fato relevante junto a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Assim como o questionário aplicado aos jornalistas, o questionário aplicado aos

profissionais de RI visava também verificar quais eram os maiores problemas apresentados

pelos usuários externos assim que a empresa emitia uma Demonstração Financeira.

Tabela 8 – Problemas enfrentados pelos usuários externos

Desconhecimento das

Terminologias22,0%

Interpretação

Distorcida dos

Jornalistas

50,0%

Desconhecimento das

Operações28,0%

Fonte: o autor

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A Tabela 8 permitiu verificar que os profissionais das áreas de RI atribuem que grande

parte dos problemas de compreensão dos usuários externos acontece inicialmente por uma má

interpretação dos jornalistas que, muitas vezes, segundo comentam, não possuem o devido

conhecimento no momento em que veiculam uma notícia.

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5. CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou compreender como se dá o processo de comunicação entre

os jornalistas e as áreas de Relações com Investidores de empresas, com o objetivo de

verificar onde se encontram os problemas de compreensão da Informação Contábil, tendo a

mesma uma estrutura fechada e uma taxonomia própria.

A escolha por jornalistas deveu-se ao fato de que os mesmos atuam como tradutores

da Informação Contábil recebida pelo grande público, enquanto a área de Relações com

Investidores é entendida como a porta-voz da empresa para os acionistas, sendo ambos, então,

considerados fonte secundária da informação contábil.

Em linhas gerais, podem-se resumir como principais conclusões do estudo que:

Os jornalistas utilizam as mesmas fontes de informação contábil que os demais

usuários externos, entretanto, não existe uma interação muito efetiva com as áreas de

Relações com Investidores.

A falta de profissionais das áreas de Contabilidade e Finanças, tanto nas áreas de

Relações com Investidores quanto entre os jornalistas, acentua possíveis problemas de

interpretação.

Os jornalistas possuem conhecimento das terminologias contábeis, entretanto,

afirmam que os maiores problemas de interpretação encontram-se nos números

apresentados e sua concepção.

Ambos os estratos (Relações com Investidores e Jornalistas) acreditam que o

processo de harmonização das informações contábeis é benéfico, pois aumentará o

nível de transparência nas mesmas, contudo salientam que os relatórios necessitam ser

revistos em sua estrutura conceitual, buscando uma simplificação.

Em suma, pode-se verificar que ambos os estratos de respondentes possuem um

conhecimento razoável sobre a Contabilidade. Entretanto, faltam-lhes profissionais de

Contabilidade ou algum tipo de especialização adicional.

Tal fraqueza por parte dos jornalistas pôde ser evidenciada quando se verificou que

apenas 6,7% dos mesmos fazem cálculos adicionais aos relatórios recebidos na intenção de

ratificar ou retificar a informação recebida e que 37,8% tomam suas conclusões baseadas nos

relatórios contábeis e outras informações recebidas pela empresa. Este aspecto é notado pelos

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profissionais das áreas de relações com investidores que classificam como mediana a

interação dos jornalistas com as suas áreas. Estes profissionais afirmam que muitos dos

problemas enfrentados pelos usuários externos das informações contábeis acontecem devido à

visão distorcida que os jornalistas têm diante das informações publicadas, seja por

desconhecimento da operação, por desconhecimento das terminologias ou até mesmo pela não

procura às áreas de RI para sanar dúvidas.

Por outro lado, pode ser que os jornalistas também tenham notado a ausência de

profissionais contábeis nas áreas de RI e, por esse motivo, não buscam sanar dúvidas com a

referida área por não conseguir obter a resposta desejada.

Entretanto, é lícito afirmar que o problema de compreensão das terminologias

contábeis e sua correta aplicação em um determinado contexto já foram levantados várias

vezes por diversos autores, conforme já foi comentado anteriormente.

Diante do exposto, pode-se inferir que o usuário externo necessita de uma linguagem

clara que o capacite a tomar decisões sem a necessidade de intérpretes, pois os profissionais

que deveriam cumprir esse papel também estão aquém das expectativas.

Conclui-se então que o processo pelo qual a Contabilidade internacional vem passando

deve contemplar essa preocupação e com isso melhorar as terminologias e até mesmo a

estrutura conceitual das demonstrações financeiras visando, assim, uma melhor compreensão

por parte dos usuários finais.

Adicionalmente, pode-se concluir que os veículos de comunicação devem ter

profissionais especializados, assim como possuem outras áreas (esportes, por exemplo), para

que os mesmos ao tentarem “traduzir” as informações ao grande público, o façam de maneira

acurada. Pois cabe lembrar que os jornalistas têm a função de serem formadores de opinião e,

portanto, devem possuir um arcabouço teórico que os balizem no momento de escrever suas

conclusões.

As empresas, por sua vez, diminuiriam muito os problemas de notícias mal veiculadas

sobre a sua saúde financeira se em sua área de relação com investidores, que seria o seu

“cartão postal” aos usuários externos, houvesse profissionais contábeis e/ou financeiros para

que os mesmos pudessem agregar um nível maior de detalhe ao responderem alguma dúvida.

5.1. Sugestões para Futuros Estudos

Visando futuros estudos, é possível fazer algumas sugestões. Uma delas seria uma

pesquisa com jornalistas para entender como é que eles veem as áreas de Relações com

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Investidores das empresas, para que se compreenda por que existe essa interação tão fraca.

Além disso, sugere-se que se faça um mapeamento das terminologias que são alvo de maior

complexidade de compreensão dos periodistas de forma a ser elaborado um glossário. Gerar

um relatório baseado nos moldes que eles propõem também seria uma medida interessante no

momento em que grande parte das críticas dos jornalistas é baseada na estrutura conceitual

das demonstrações financeiras.

Outra sugestão seria um estudo direcionado às notas explicativas que servem de meio

de comunicação complementar aos demonstrativos financeiros.

5.2. Limitações do Estudo

No desenvolvimento deste estudo foi possível verificar que os jornalistas não possuem

grande acesso às pesquisas acadêmicas, visto que grande parte deles negou-se a responder as

questões, alegando que as mesmas não lhe agregariam nada profissionalmente ou, até mesmo,

que não possuíam interesse em responder a questionários principalmente oriundos de cursos

de Contabilidade.

O grande número de negativas ao pedido de responderem ao questionário denota que

os mesmos não possuem uma preocupação com o panorama acadêmico atual do país e que

não se importam com estudos de outras áreas que não a jornalística, que os contemple como

alvo de estudos.

Verifica-se, ainda, que os jornalistas possuem completo desconhecimento do real

papel do contador enquanto comunicador da empresa para o grande público. Têm uma visão

retrógrada de que o contador ainda é o antigo book keeper que tem como principal função

somente o débito e crédito e que accountability seria somente a Contabilidade pura e simples,

sem nenhum tipo de interação da figura do contador com qualquer outro agente externo.

Esse aspecto pode ser entendido como uma limitação do estudo, pois embora o

trabalho tenha sido feito com uma amostra significativa, esta poderia ter sido bem maior.

É preciso salientar que não houve nenhuma pergunta ou menção direta sobre as notas

explicativas, o que poderia ter gerado alguma análise adicional. As mesmas foram tratadas

como parte das demonstrações financeiras e não foi dado a elas nenhum destaque.

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APÊNDICES

APÊNDICE A

MATRIZ DE AMARRAÇÃO DA PESQUISA

OBJETIVO GERAL DA PESQUISA

O objetivo geral deste estudo será verificar como acontece o processo de comunicação na Contabilidade, especificamente com os jornalistas que por sua vez executam o papel de emissores secundários da informação contábil, emitindo pareceres e, além disso, servindo

como tradutores da informação para o grande público.

OBJETIVO QUESTÕES-CHAVES TÉCNICAS DE ANÁLISE

Conhecer a fonte de informação dos jornalistas, isto é, se eles somente se baseiam das informações publicadas ou recorrem a outros canais de comunicação da empresa, como a área de Relação com Investidores

Questões 21,22 (fechadas) Questão 24 (aberta)

Histograma para identificação das respostas fechadas e análise de conteúdo para as questões abertas

Caracterizar na literatura as explicações de determinados termos da Contabilidade e a sua aplicação diária, respaldando assim a parte Sintática

Parte 5 – ANÁLISE SINTÁTICA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL

Questões abertas para que o usuário introduza a expressão ou o significado que o mesmo possua sobre o termo

Análise de conteúdo as respostas que são abertas e confronto com a literatura contábil

Buscar a compreensão que o estrato de usuário tem sobre determinado termo ao ler uma informação contábil, respaldando a parte Semântica

Parte 3 – ANÁLISE SEMÂNTICA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL

Questões de múltipla escolha gradual onde o entrevistado deverá atribuir um peso para cada característica apresentada

Análises fatoriais de cada uma das características na intenção de verificar uma escala geral de como os jornalistas interpretam os dados contábeis/financeiros

Investigar como se dá o processo de análise e interpretação da informação contábil por parte do estrato, e assim confrontá-lo com a teoria para dar respaldo a parte Pragmática

Parte 4 – ANÁLISE PRAGMÁTICA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL

Questões 17 – 19 (fechadas)

Histograma para identificação das respostas fechadas e análise de conteúdo para as questões abertas

Identificar pontos que possam contribuir para uma melhor compreensão da informação contábil

Questões 20, 23 e 25

Análise de conteúdo das respostas na intenção de se criar uma proposta de melhoria na transparência e interpretação dos dados

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TÉCNICA DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados se dará através de questionários eletrônicos que serão distribuídos a duas frentes de usuários com objetivos específicos

Questionário aos jornalistas

As questões elaboradas visarão obter uma analise de como esse estrato recebe e interpreta a informação contábil, e correlacionará alguns conceitos e utilizações de informação com a

teoria contábil/financeira. A correlação será feita aplicando-se conceitos da Teoria Semiótica

Questionário ao departamento de Relação com Investidores As questões visarão obter um panorama de como se dá o processo de comunicação entre a área emissora da informação e os seus “tradutores”. O produto dessa investigação procurará

verificar o quanto as áreas estão integradas em um processo de comunicação.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA PESQUISA (*)

Teoria da Contabilidade.

A informação contábil

Harmonização das normas contábeis brasileiras e internacionais (IFRS)

Contabilidade como produtora de informação Teoria da Comunicação

Processo da comunicação e seus agentes

Estrutura da comunicação Teoria Semiótica

Teoria dos Signos

Dimensões da Teoria Semiótica

Componentes da Teoria Semiótica (*) Ver referências bibliográficas do trabalho para cada um dos pontos abordados

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APÊNDICE B

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APÊNDICE C