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Universidade de Aveiro 2018 Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo JOÃO MIGUEL FERREIRA GOMES AVALIAÇÃO E MELHORIA DAS CONDIÇÕES ERGONÓMICAS DE POSTOS DE TRABALHO NUM ARMAZÉM UM CASO PRÁTICO NA BOSCH SECURITY SYSTEMS

JOÃO MIGUEL AVALIAÇÃO E MELHORIA DAS CONDIÇÕES …£o Miguel Ferreira Gome… · tendo estes resultados sido corroborados por todos os métodos aplicados. No que se refere aos

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Universidade de Aveiro

2018

Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo

JOÃO MIGUEL FERREIRA GOMES

AVALIAÇÃO E MELHORIA DAS CONDIÇÕES ERGONÓMICAS DE POSTOS DE TRABALHO NUM ARMAZÉM – UM CASO PRÁTICO NA BOSCH SECURITY SYSTEMS

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Universidade de Aveiro

2018

Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo

JOÃO MIGUEL FERREIRA GOMES

AVALIAÇÃO E MELHORIA DAS CONDIÇÕES ERGONÓMICAS DE POSTOS DE TRABALHO NUM ARMAZÉM – UM CASO PRÁTICO NA BOSCH SECURITY SYSTEMS

Relatório de Projeto apresentado à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia e Gestão Industrial, realizada sob a orientação científica da Doutora Leonor da Conceição Teixeira, Professora Auxiliar do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo da Universidade de Aveiro e coorientação do Professor Doutor Fernando Manuel Tavares da Silva Ribeiro, Professor Adjunto da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro

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Dedico este trabalho à minha família e amigos, em especial aos meus pais e aos meus irmãos, pelo apoio ao longo do meu percurso académico.

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o júri

Presidente Prof. Doutor Carlos Manuel dos Santos Ferreira Professor Associado C/ Agregação da Universidade de Aveiro

Prof. Doutora Susana Raquel Pinto da Costa Professora Auxiliar Convidada da Escola de Engenharia da Universidade do Minho

Prof. Doutora Leonor da Conceição Teixeira Professora Auxiliar da Universidade de Aveiro

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agradecimentos

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à minha orientadora Professora Doutora Leonor Teixeira e ao meu coorientador Professor Doutor Fernando Ribeiro pela disponibilidade, conhecimentos, criticas construtivas e sugestões que partilharam comigo. Aos meus orientadores da empresa, Carlos Pinto e Damásio Correia pela atenção, acolhimento e conhecimentos partilhamos, chaves para este projeto. A todos os colegas e colaboradores que ajudaram e contribuíram para o desenvolvimento deste projeto. A minha família, em especial à minha mãe e à minha madrinha, pelo apoio incondicional. E por fim, mas não menos importante, os meus amigos que estiveram presentem em todos maus e bons momentos deste percurso.

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palavras-chave

Ergonomia, LMERT, MMC, condições de trabalho, armazém, fatores de risco, prevenção.

resumo

O presente trabalho visa expor um estudo prático na área da Ergonomia e das lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho (LMERT), bem como os fatores de risco que podem estar na origem das mesmas. Este estudo foi conduzido numa Unidade Industrial, mais propriamente na zona do armazém. Para uma análise mais cuidada, e numa primeira fase do trabalho, recorreu-se a uma descrição detalhada e gráfica dos postos de trabalho, bem como dos movimentos executados pelos trabalhadores naqueles postos de trabalho. Numa segunda fase, aplicaram-se alguns métodos de avaliação ergonómica, mais especificamente, os métodos NIOSH, Bosch, REBA e NMQ, por forma a fazer uma avaliação rigorosa e holística das condições de trabalho. Em termos de amostra, este estudo incidiu sobre uma população constituída por 23 trabalhadores, com idades compreendidas entre 21 e 52 anos de idade, sendo 9 do sexo feminino e 14 do sexo masculino. Como principais conclusões do estudo, verificou-se que as regiões superiores do corpo - tronco, braços, antebraço e pescoço - evidenciam um maior risco, tendo estes resultados sido corroborados por todos os métodos aplicados. No que se refere aos postos de trabalho, concluiu-se que o PT3 apresenta um maior risco para o desenvolvimento de LMERT, seguido do PT1 e PT4. Em termos de contributos práticos, este trabalho apresenta um conjunto de medidas de melhoria das condições de trabalho e compila, simultaneamente, algumas orientações de boas práticas que podem ser extensíveis a outras empresas que se deparam com o mesmo tipo de problemas.

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keywords

Ergonomics, WMSDs, MHL, working conditions, warehouse, risk factors, prevention.

abstract

This project aims to present a practical study in the area of Ergonomics and Work-related Musculoskeletal Disorders (WMSDs), as well as the risk factors that may be the origin of them. This study was conducted in an Industrial Unit, more properly in the warehouse area. For a more careful analysis, and in a first phase of the work, a detailed and graphic description of the working stations, as well as of the movements executed by the workers in those jobs was made. In a second phase, some ergonomic assessment methods, more specifically the NIOSH, Bosch, REBA and NMQ methods, were applied in order to make a rigorous and holistic assessment of working conditions. In terms of the sample, this study focused on a population of 23 workers, aged between 21 and 52 years old - 9 were female and 14 were male. As main conclusions of the study, it was verified that the upper regions of the body - trunk, arms, forearm and neck - showed a higher risk, and these results were corroborated by all the applied methods. Regarding the work stations, it was concluded that PT3 presents a higher risk for the development of WMSDs, followed by PT1 and PT4. In terms of practical contributions, this paper presents a set of measures to improve working conditions and compiles, at the same time, some guidelines of good practices that can be extended to other companies that face the same type of problems.

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ÍNDICE GERAL

ÍNDICE GERAL .................................................................................................... i

ÍNDICE DE TABELAS ........................................................................................ iii

ÍNDICE DE FIGURAS ......................................................................................... v

LISTA DE SIGLAS ............................................................................................ vii

1. INTRODUÇÃO........................................................................................... 1

1.1. Motivação ........................................................................................... 1

1.2. Objetivos e metodologia ..................................................................... 2

1.3. Estrutura do trabalho .......................................................................... 3

2. ESTADO DA ARTE ................................................................................... 4

2.1. Conceito de ergonomia ....................................................................... 4

2.2. Lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho ............... 7

2.3. Lesões músculo-esqueléticas em armazéns .................................... 10

2.4. Fatores de risco de desenvolvimento de LMERT ............................. 10

2.4.1. Fatores de risco de natureza física ............................................... 12

2.4.1.1. Postura ...........................................................................................12

2.4.1.2. Movimentos repetitivos ...................................................................12

2.4.1.3. Força ..............................................................................................13

2.4.1.4. Vibrações .......................................................................................13

2.4.2. Riscos de natureza organizacional e psicossocial ........................ 13

2.4.3. Riscos individuais .......................................................................... 14

2.4.4. Fatores de risco associados às regiões do corpo ......................... 15

2.5. Prevenção de LMERT ...................................................................... 17

3. DESCRIÇÃO DO PROJETO ................................................................... 20

3.1. Descrição dos processos de armazém ............................................. 20

3.2. Descrição do processo de repacking ................................................ 21

3.3. Geometria do posto de trabalho ....................................................... 22

4. METODOLOGIA ...................................................................................... 25

5. RESULTADOS DO PROJETO E DISCUSSÃO ....................................... 27

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5.1. Resultados da avaliação ergonómica dos postos de trabalho .......... 27

5.1.1. Posto de trabalho 1 .................................................................... 27

5.1.2. Posto de trabalho 3 .................................................................... 29

5.1.3. Posto de trabalho 4 .................................................................... 32

5.2. Avaliação da sintomatologia músculo-esquelética ............................ 33

5.2.1. Caracterização da população ..................................................... 34

5.2.2. Análise da sintomatologia músculo-esquelética ......................... 36

5.3. Melhorias dos postos de trabalho ..................................................... 39

5.3.1. Posto de trabalho 3 – Nível 1 ..................................................... 39

5.3.2. Posto de trabalho 3 – Nível 2 ..................................................... 41

5.3.3. Posto de trabalho 2 - Suporte PDA ............................................ 41

5.4. Programa de alongamentos e exercícios físicos .............................. 42

5.5. Posto de trabalho 2 - Operação de leitura dos códigos de barras do

cartão kanban .............................................................................................. 45

5.6. Otimização das áreas de repacking .................................................. 46

6. CONCLUSÃO E TRABALHO FUTURO .................................................. 49

7. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................ 51

ANEXO 1 – Peso das caixas manipuladas ...................................................... 58

ANEXO 2 – Distribuição antiga das áreas de repacking .................................. 60

ANEXO 3 – Distribuição atual das áreas de repacking .................................... 61

ANEXO 4 – Questionário (versão adaptada de NMQ) ..................................... 62

ANEXO 5 - Rapid Entire Body Assessment ..................................................... 65

ANEXO 6 – Confirmação de Processo ............................................................ 72

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho, fatores de risco e

sintomas (adaptado de CCOSHS, 2014) .......................................................................... 9

Tabela 2 - Fatores de risco associados a diferentes regiões do corpo .............................17

Tabela 3 - Tarefas cíclicas ...............................................................................................21

Tabela 4 - Tarefas acíclicas .............................................................................................22

Tabela 5 - Pontuação REBA do posto de trabalho 1 ........................................................28

Tabela 6 - Resultados da avaliação dos movimentos no posto de trabalho 3 ..................31

Tabela 7 - Pontuação REBA do posto de trabalho 3 – Nível 1 .........................................32

Tabela 8 - Pontuação REBA do posto de trabalho 3 – Nível 2 .........................................32

Tabela 9 - Pontuação REBA do posto de trabalho 4 ........................................................33

Tabela 10 – Idade, antiguidade, peso, altura e índice de massa corporal dos operários ..35

Tabela 11 - Programa de alongamentos e exercícios físicos ...........................................44

Tabela 12 - Tempo reduzido no processo de leitura dos códigos de barras .....................46

Tabela 13 - Redução das áreas de repacking ..................................................................48

Tabela 14 - Pontuação grupo A - Tronco .........................................................................66

Tabela 15 - - Pontuação grupo A - Pescoço ...................................................................66

Tabela 16 - Pontuação grupo A - Pernas ........................................................................66

Tabela 17 - Pontuação grupo B - Braço ..........................................................................67

Tabela 18 - Pontuação grupo B - Antebraço ....................................................................67

Tabela 19 - Pontuação grupo B - Punho .........................................................................67

Tabela 20 – Pontuação tabela A ......................................................................................68

Tabela 21 - Pontuação Carga/ Força ...............................................................................68

Tabela 22 – Pontuação tabela B ......................................................................................69

Tabela 23 - Pontuação Pega ...........................................................................................69

Tabela 24 - Pontuação C .................................................................................................70

Tabela 25 - Pontuação da Atividade ................................................................................70

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Tabela 26 – Nível de ação do método REBA ...................................................................71

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo de gestão de risco ergonómico(adaptado de Fernandes et al., 2015) .. 6

Figura 2 - Posto de Trabalho/ Layout área de repacking ..................................................21

Figura 3 - Posto de trabalho 1 ..........................................................................................22

Figura 4 - Posto de trabalho 2 ..........................................................................................23

Figura 5 - Posto de trabalho 3 ..........................................................................................23

Figura 6 - Posto de trabalho 4 ..........................................................................................24

Figura 7 - Resultados da Avaliação PT1 (Imagem: Software IGEL) .................................28

Figura 8 – Postura/ Movimento executado entre posto de trabalho 1 e a mesa de repacking

........................................................................................................................................28

Figura 9 - Classificações dos pontos de pega e zona de picking .....................................29

Figura 10 - Avaliação global do posto de trabalho 3 (Imagem: Software IGEL)................30

Figura 11 - Postura adotada no nível 1 (direita) e nível 2 (esquerda) ...............................31

Figura 12 - Movimento executado entre a mesa de repacking e o posto de trabalho 4 ....32

Figura 13 - Resultados da Avaliação PT4 (Imagem: Software IGEL) ...............................33

Figura 14 - Distribuição das idades dos colaboradores ....................................................34

Figura 15 - Percentagem de trabalhadores do sexo masculino e feminino ......................34

Figura 16 - Percentagem de fadiga, desconforto ou dor por região do corpo, período de

tempo e absentismo ........................................................................................................37

Figura 17 - Intensidade da fadiga, dor ou desconforto nos últimos 12 meses ..................38

Figura 18 - Postura adotada antes (esquerda) e após (direita) a implementação das

melhorias .........................................................................................................................39

Figura 19 - Desenho do carro desenvolvido .....................................................................40

Figura 20 - Postura adotada antes (esquerda) e após (direita) a implementação das

melhorias .........................................................................................................................41

Figura 21 - Postura incorreta do punho ............................................................................42

Figura 22 - PDA com suporte ...........................................................................................42

Figura 23 – Desperdício associado à distribuição das caixas (região amarela)................46

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Figura 24 - Distribuição das caixas após a introdução do terceiro nível ...........................47

Figura 25 - Folha de pontuação REBA ............................................................................65

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LISTA DE SIGLAS

PoUP – Point of Use Provider

LMERT – Lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho

IGEL – Integrated Calculation of the Load Limits

NIOSH - National Institute for Occupational Safety and Health

MMC – Manipulação manual de cargas

CCOSHS – Canadian Centre for Occupational Health and Safety

REBA - Rapid Entire Body Assessment

NMQ - Nordic Muskuloskeletal Questionnaire

SME - Sintomatologia músculo-esquelética

EWCS - European Working Condition Survey

IMC – Índice massa corporal

WIP - Work In Process

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Motivação

A volatilidade dos mercados e das tendências dos consumidores, a par do rápido

crescimento da economia mundial constituem um grande desafio para as empresas,

obrigando as mesmas a otimizar os processos por forma a aumentar os seus níveis de

competitividade. Estes fatores podem também ter influência na carga de trabalho, no stress

dos colaboradores e, consequentemente, diminuir a qualidade de saúde a nível individual,

provocando lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho (LMERT). Estas são

umas das principais causas que contribuem para baixas médicas em muitos países

(Hartman, Oude Vrielink, Metz, & Huirne, 2005). Naturalmente, as LMERT diminuem a

produtividade dos colaboradores e contribuem para a desmotivação dos mesmos, o que

pode resultar no aumento dos custos para as empresas. Nesse sentido, a aposta na

melhoria das condições ergonómicas surge como medida para aumentar

significativamente a produtividade, eficiência e a satisfação dos colaboradores (Santos,

Vieira, & Balbinotti, 2015).

Para fazer face à atual realidade da economia, as empresas apostam numa gestão

cuidadosa dos recursos humanos, visto que estes são parte essencial para atingir sucesso.

Tendo em conta o impacto que as LMERT podem ter no âmbito da produtividade de uma

organização, surgiu a necessidade de desenvolver um projeto cujo objetivo passa por

melhorar as condições de trabalho dos colaboradores de um armazém, no contexto de uma

unidade industrial. São várias as tarefas desenvolvidas dentro do armazém,

designadamente (i) receção, alocação, expedição de materiais que são efetuadas com

recurso a empilhadores; e (ii) desembalamento de materiais que implica o manuseamento

manual de cargas (MMC), que designamos por repacking. As atividades MMC, que muitas

vezes implicam movimentos repetitivos e a adoção de postura incorretas, são propensas

ao desenvolvimento de LMERT (Ghasemkhani, Mahmudi, & Jabbari, 2008).

Com o aumento da carga de trabalho dos colaboradores do armazém, considerou-se

importante avaliar as condições de trabalho dos mesmos e desenvolver soluções que

diminuíssem o risco associado ao trabalho naqueles postos. Este projeto teve ainda como

complemento um estudo de otimização do espaço despendido pelas áreas de repacking.

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1.2. Objetivos e metodologia

O objetivo central deste trabalho consiste na eliminação ou minimização, do risco do

desenvolvimento de LMERT, através da melhoria das condições de trabalho. Para isso, em

termos práticos, e numa primeira fase, é efetuada uma avaliação global dos postos, com

vista a avaliar o risco do desenvolvimento de LMERT, utilizando métodos de avaliação

ergonómicos. Numa segunda fase, pretende-se efetuar uma melhoria nos processos, por

forma a eliminar os desperdícios e criar condições de trabalho mais agradáveis.

Podem, assim, definir-se como objetivos específicos deste projeto:

• A avaliação ergonómica das tarefas de repacking;

• A identificação das tarefas que potenciam o desenvolvimento de LMERT;

• A implementação de melhorias ergonómicas;

• A identificação de desperdícios no processo;

• A implementação de melhorias no processo de repacking.

Em termos metodológicos, este trabalho iniciou-se com uma breve revisão da literatura,

tendo em conta a apresentação e clarificação dos principais tópicos relacionados com a

problemática estudada.

Seguidamente, na componente prática e em termos de metodologia, este trabalho foi

desenvolvido aplicando duas abordagens distintas.

Numa primeira fase e com o intuito de responder aos três primeiros objetivos, fez-se a

avaliação ergonómica recorrendo a vários métodos, nomeadamente, ao método Bosch, ao

método NIOSH, ao método REBA e ao questionário Nordic Muskuloskeletal Questionnaire

(NMQ). Nesta fase, procurou-se, assim, conciliar uma vertente quantitativa baseada em

dados objetivos e uma vertente qualitativa baseada na observação direta e na perceção

dos trabalhadores. Os métodos utilizados nesta abordagem são complementares,

proporcionando uma avaliação mais fidedigna e suportada na realidade.

Numa segunda fase prática, e por forma a responder aos dois últimos objetivos, este

trabalho centrou-se na melhoria do processo de repacking, recorrendo a ações de

melhoria contínua, cujo principal objetivo passa por diminuir o excesso de Work In Process

(WIP) nas áreas de repacking, ao mesmo tempo que se eliminam os desperdícios

associados ao processo.

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1.3. Estrutura do trabalho

Por forma a explanar todo o desenvolvimento em torno do presente projeto, estruturou-se

o relatório em 5 capítulos. No presente capítulo é apresentada a motivação para o tema,

os objetivos do trabalho e metodologia adotada.

No segundo capítulo, é descrito o estado da arte que constitui a base científica do trabalho

a desenvolver. Este capítulo apresenta-se subdividido em vários tópicos. Inicialmente é

apresentado o conceito de ergonomia que tem evoluído ao longo do tempo.

Posteriormente, são apresentadas e analisadas as lesões diagnosticadas em contexto de

trabalho, bem como os fatores de risco a elas associadas. Por último, é colocada ênfase

na prevenção que é considerada fundamental para mitigar a exposição dos trabalhadores

aos fatores de risco das suas atividades.

De seguida, no capítulo terceiro, é feita a descrição dos processos envolvidos neste

trabalho, dando uma visão global e abrangente do armazém para contextualizar o processo

em estudo. Para facilitar a compreensão dos postos de trabalho é feita uma descrição

geométrica dos mesmos.

A metodologia é abordada no quarto capítulo onde são descritos os métodos utilizados e

a fundamentação para a sua utilização.

Por último, são expostos os resultados apurados bem como são apresentadas proposta de

melhorias, quer a nível ergonómico, quer a nível do processo em estudo.

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2. ESTADO DA ARTE

2.1. Conceito de ergonomia

Ergonomia é a ciência que estuda a coordenação das interações do ser humano com o

meio envolvente e que aplica metodologias e conhecimento científico para melhorar o bem-

estar humano e a performance global das empresas. A ergonomia é responsável pela

avaliação das tarefas, dos produtos e do sistema de trabalho de forma a torná-lo mais

agradável para os trabalhadores (IEA, 2018). Deve seguir quatro princípios de acordo com

Stephen Pheasant (2014): performance do sistema, conforto, segurança, saúde e

qualidade de vida das pessoas. Dennerlein, definiu ergonomia como a conjugação entre a

capacidade do ser humano e carga de trabalho (Dennerlein, 2014). Do ponto de vista de

Wilson (2000) a ergonomia tem duas vertentes: a primeira pretende entender a interação

entre as pessoas e o sistema envolvente onde dá especial atenção às necessidades,

capacidades e limitações das pessoas; a segunda vertente foca-se no desenho e

desenvolvimento de sistemas que maximizam a performance das pessoas, diminuindo as

limitações e satisfazendo as necessidades das mesmas.

O conceito de ergonomia tem vindo a evoluir ao longo do tempo e sofreu algumas

especializações em diferentes domínios de acordo com o tipo de interação entre o Homem

e Sistema envolvente. A International Ergonomics Association (IEA, 2018) propõe três

domínios diferentes para ergonomia:

• Ergonomia física: foca-se no estudo da atividade física do ser humano baseado na

anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica. Os tópicos centrais são

as LMERT, postura no trabalho, MMC, movimentos repetitivos, o layout do posto

de trabalho e, ainda, a segurança e saúde do trabalhador.

• Ergonomia cognitiva: centra-se nos processos mentais como a perceção, memória,

raciocínio, resposta motora, relacionados com as interações entre as pessoas e

outros elementos do sistema. Carga de trabalho mental, tomada de decisões,

interação homem-computador, stress e formação são os tópicos principais da

ergonomia cognitiva.

• Ergonomia organizacional: coloca o enfâse na otimização dos sistemas

sociotécnicos. Exemplo disso são as estruturas organizacionais, políticas e

processos. Este domínio da ergonomia inclui a comunicação, projetos de trabalho,

programação do trabalho em grupo, projetos participativos, trabalho cooperativo,

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cultura organizacional, novos paradigmas do trabalho, tais como organizações

virtuais e trabalho à distância.

Como já foi anteriormente referido, a ergonomia tem como foco principal a prevenção de

LMERT de modo a melhorar a saúde e bem-estar do trabalhador e, consequentemente

aumentar a produtividade dos mesmos (Dennerlein, 2014). No entanto, os programas de

melhoria das condições ergonómicas tendem a ser reativos, isto é, apenas são tomadas

ações após haver queixas por parte dos trabalhadores, desenvolvimento de LMERT e

absentismo. Nesse sentido, no artigo “Ergonomics management with a proactive focus”, os

autores Fernandes, Hurtado e Batiz (2015) propõem um modelo que pretende melhorar a

gestão do risco ergonómico e desta forma diminuir o absentismo e melhorar a saúde dos

trabalhadores (Figura 1). Este modelo divide-se em quatro vertentes que se complementam

entre si:

• Consciência ergonómica: é de extrema importância no processo de

consciencialização dos trabalhadores a fim de disseminar a cultura da prevenção.

• Correções ergonómicas: este modelo prevê uma postura preventiva no que diz

respeito à classificação e avaliação do risco ergonómico do local de trabalho. Desta

avaliação surge uma priorização de intervenção nos postos de trabalho de acordo

com o potencial de desconforto músculo-esquelético.

• Design ergonómico: para uma gestão mais eficiente do risco ergonómico são

inseridas fases no desenvolvimento de novos postos de trabalho que garantem o

cumprimento de requisitos ergonómicos. Isto possibilita antecipar restrições

biomecânicas e evita futuras intervenções e alterações no posto de trabalho.

• Participação: a participação no processo de melhorias ergonómicas é fundamental

para disseminar a cultura de prevenção. Além disso, permite identificar rapidamente

algumas das vulnerabilidades do posto de trabalho e validar as melhorias

implementadas.

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Figura 1 - Modelo de gestão de risco ergonómico(adaptado de Fernandes et al., 2015)

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2.2. Lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho

Lesões músculo-esqueléticas relacionados com o trabalho referem-se a distúrbios

músculo-esqueléticos onde as condições e o desempenho do trabalho contribuem

significativamente para o desenvolvimento das mesmas (Cohen, Gjessing, Fine, Bernard,

& McGlothlin, 1997). As LMERT afetam os músculos, nervos, tendões, ligamentos,

articulações, cartilagens e discos intervertebrais e, normalmente, desenvolvem-se de

forma gradual (Isabel Nunes, 2009; Punnett & Wegman, 2004). Estas afetam mais

frequentemente as regiões do pescoço, ombros e zona lombar, especialmente em

colaboradores que desenvolvem atividades caraterizadas pela repetição e monotonia

(Bernard, 1997; Punnett & Wegman, 2004). Atividades que obrigam a um contínuo

manuseamento e elevação de objetos pesados, realizadas com posturas corporais

incorretas, conduzem à deterioração do sistema músculo-esquelético dos trabalhadores e

ao aparecimento de LMERT (Calzavara, Glock, Grosse, Persona, & Sgarbossa, 2017;

Toomingas, 1998). Estas características são comuns em trabalhos que exigem baixas

qualificações e estão associados a altos níveis de stress psicofisiológico. As LMERT

representam o tipo de problema de saúde mais comum entre os trabalhadores europeus.

Deste grupo, cerca de 24% queixa-se de lombalgias e 22% queixa-se de dores musculares

(Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2007).

O crescente interesse na avaliação e no estudo das LMERT deve-se ao facto destas

contribuírem para o desconforto e diminuição da performance dos trabalhadores mas,

também, porque estas representam um elevado encargo para a economia (Agência

Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2007; Aptel, Aublet-Cuvelier, &

Cnockaert, 2002).

O Sexto Inquérito Europeu sobre as Condições de Trabalho, realizado em 2015, avalia e

calcula o índice de exposição a riscos físicos em ambiente de trabalho, segundo três

indicadores: (1) riscos relacionados com a postura de trabalho, (2) riscos ambientais e (3)

riscos químicos e biológicos. Este relatório conclui que o problema que mais contribui para

riscos físicos, em ambientes de trabalho, é a postura do corpo durante a execução de

tarefas. Segundo este estudo, 61% dos trabalhadores europeus estão expostos a tarefas

que envolvem movimentos repetitivos, 32% estão expostos a tarefas que acarretam

carregamento de objetos pesados e 43% estão expostos a tarefas que implicam posturas

cansativas.

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8

O quadro sintomático das LMERT pode dividir-se em três estágios de desenvolvimento.

Num primeiro estágio sentem-se dores e cansaço nos membros afetados durante o período

laboral, no entanto, estes sinais vão diminuindo durante as horas de repouso. No segundo

estágio, as dores e o cansaço ocorrem no início do período laboral e persistem à noite.

Aqui ocorre uma diminuição da capacidade de trabalho repetitivo. Um terceiro estágio,

caracterizado pela fadiga e fraqueza nas horas de repouso, pode-se traduzir num

impedimento de realização de tarefas, inclusive, leves.

A Tabela 1 apresenta uma síntese das lesões músculo-esqueléticas relacionadas com

trabalho, os fatores de riscos e os sintomas associados.

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Tabela 1 - Lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho, fatores de risco e sintomas (adaptado

de CCOSHS, 2014)

Distúrbios identificados fatores de risco e sintomas

Distúrbio Fatores de Risco Sintomas

Tendinite • Movimentos repetitivos dos punhos

• Movimentos repetitivos dos ombros

• Hiperextensão dos braços

• Carga prolongada dos ombros

Dor, fraqueza, inchaço e sensação de queimadura na área afetada

Epicondilite • Rotação forçada do antebraço e flexão do punho ao mesmo tempo

Os mesmos sintomas da tendinite

Síndrome do túnel cárpico

• Movimentos repetitivos do punho Dor, dormência, formigueiro, sensação de queimadura, perda de músculo na base do polegar, palma da mão seca

Síndrome de DeQuervain

• Torção repetitiva da mão e aperto forte Dor na base do polegar

Síndrome do desfiladeiro torácico

• Flexão prolongada do ombro

• Extensão dos braços acima da altura do ombro

• Transporte de cargas no ombro

Dor, dormência, mãos inchadas

Síndrome tensional do pescoço

• Postural restrita prolongada Dor

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2.3. Lesões músculo-esqueléticas em armazéns

Um dos processos mais importantes nos armazéns é o picking de materiais que estão

distribuídos em diferentes pontos do armazém. Tipicamente a tarefa de picking é feita

manualmente (Calzavara et al., 2017), sendo que vários autores identificam-na como

sendo a mais dispendiosa ao nível do tempo e custos, na maioria dos armazéns (de Koster,

Le-Duc, & Roodbergen, 2007).

Um estudo realizado por Dunning (2010) conclui que os setores dos transportes,

armazenamento e construção, são os que, em média, apresentam maiores custos

associados as LMERT. Este estudo concluiu ainda que a coluna lombar, ombros e coluna

cervical são as regiões do corpo que representam maiores custos para a indústria em geral,

nos Estados Unidos da América.

Jungberg, Kilbom e Hägg (1989) aconselham que as paletes ao nível do chão e as

prateleiras inferiores estejam a uma altura superior, enquanto os armazenamentos em

prateleiras acima da altura dos ombros devem ser eliminados, de modo a reduzir a

exposição dos trabalhadores a riscos ergonómicos.

Basahel (2015) desenvolveu um estudo com o objetivo de avaliar e comparar LMERT e os

fatores de risco ergonómico em duas tarefas distintas: levantar e empurrar cargas num

armazém. Para isso, recorreu a 92 trabalhadores, sendo que 45 deles executavam tarefas

que implicavam o levantamento de cargas e os restantes 47 executavam tarefas que

implicavam puxar cargas pesadas. Os resultados permitiram concluir que tarefas de

levantamento de cargas são mais propícias ao desenvolvimento de LMERT do que tarefas

que implicam puxar cargas pesadas, no entanto, os punhos estão mais expostos ao

desenvolvimento de LMERT em tarefas de puxar objetos.

2.4. Fatores de risco de desenvolvimento de LMERT

Um fator de risco é uma condição/ aspeto presente no posto de trabalho, que pode estar

diretamente associado ao desenvolvimento de um problema de saúde ou pode funcionar

apenas como um desencadeador de um problema (Simoneau, St-Vincent, & Chicoine,

1996; Sluiter, Rest, & Frings-Dresen, 2001). A maioria das LMERT desenvolvem-se ao

longo do tempo e, geralmente, tem origem na conjugação de vários fatores (Anyfantis &

Biska, 2017; Simoneau et al., 1996; WHO, 1985). As LMERT resultam, na maioria das

vezes, de efeitos cumulativos de forças de menor amplitude. Essas forças ocorrem em

momentos de esforço excessivo, movimentos e atividades repetitivas, ações de força,

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vibrações, postura extremas e posturas estáticas prolongadas (S. Gallagher, Barbe,

Massicotte, & Barr-Gillespie, 2013; Hauret, Jones, Bullock, Canham-Chervak, & Canada,

2010). Este facto constitui um grande desafio para o estudo epidemiológico (WHO, 1985).

Vários autores identificaram tarefas que exigem trabalho físico excessivo, levantamento de

cargas, força, posturas corporais incorretas, postura estática de trabalho, movimentos

repetitivos, tarefas sujeitas a vibrações e exposição a temperaturas baixas, como alguns

fatores de risco físico associados ao desenvolvimento de LMERT (Armstrong, Radwin,

Hansen, & Kennedy, 1986). No entanto, os fatores de risco não se limitam apenas aos

fatores de risco físico, podendo também ser de origem psicossocial e individual (Bernard,

1997; WHO, 1985).

Alguns autores dividem os fatores em físicos e não físicos pelo que podem ser entendidos

como fatores de risco de origem física e fatores de risco de origem psicossocial ou

individual, respetivamente. Enquanto os fatores físicos podem ser a postura, força,

vibração, entre outros; os fatores não físicos têm a ver com o stress, autonomia, ritmo de

trabalho, suporte social por parte da organização, entre outros (Sluiter et al., 2001).

Segundo Monroe Keyserling, Wiggermann, Werner, & Gell (2010), o método de trabalho

de cada operador influência a exposição dos mesmos a determinados fatores de risco, no

entanto, este aspeto é muitas vezes desvalorizado e pouco estudado no âmbito da

avaliação dos fatores de risco associados a um determinado posto de trabalho. O método

de trabalho pode ser influenciado por muitos fatores, entre os quais, a altura do trabalhador,

que pode determinar o tempo de flexão do tronco quando se pretende pegar numa carga,

e a mão de trabalho, visto que o método pode variar bastante dependendo se o trabalhador

é dextro ou canhoto. Assim sendo, pode considerar-se que a exposição diária aos vários

fatores de risco é determinada pela interação entre o método de trabalho de cada individuo

e os fatores de risco organizacionais e físicos.

De seguida, são apresentados detalhadamente os fatores de risco acima nomeados.

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2.4.1. Fatores de risco de natureza física

Os fatores de risco de natureza física englobam aspetos como a postura, a repetibilidade,

a força aplicada e as vibrações (Serranheira, 2007). Estes aspetos são influenciados pelas

caraterísticas e layout do posto de trabalho, design do equipamento e design das

ferramentas de trabalho (Monroe Keyserling et al., 2010; Serranheira, 2007).

2.4.1.1. Postura

A postura é definida de acordo com quatro aspetos: o alinhamento biomecânico, a

orientação espacial das secções do corpo, a posição relativa entre os vários segmentos do

corpo e a atitude corporal adotada para realizar as tarefas (Vieira & Kumar, 2004). A

postura adotada pelos membros superiores está entre os aspetos que mais contribuem

para o aparecimento de distúrbios músculo-esqueléticos. A avaliação da postura de

trabalho deve ter em conta a frequência, duração da mesma e o movimento de quatro

segmentos anatómicos: braços/ombros, cotovelo, punho e mão. Manter uma posição

estática durante longos períodos de tempo pode comprimir as veias e capilares dentro dos

músculos o que conduz ao aparecimento de micro-lesões devido à falta de oxigenação dos

tecidos (Colombini, Occhipinti, & Grieco, 2002). O estudo das posturas de trabalho ajuda a

estabelecer diretrizes que conduzem a uma melhoria das condições de trabalho, reduzindo

o risco biomecânico e melhorando o controlo das lesões músculo-esqueléticas. Além disso,

a avaliação das posturas de trabalho permite projetar programas de tratamento específicos

para a reabilitação dos trabalhadores (Vieira & Kumar, 2004).

2.4.1.2. Movimentos repetitivos

Os autores Silverstein, Fine e Armstrong (1986) classificam tarefas repetitivas como sendo

de baixa e alta frequência de acordo com o tempo de ciclo da tarefa e a duração dos

movimentos em cada ciclo. No caso do tempo de ciclo ser inferior a 30 segundos ou do

movimento repetitivo acontecer durante pelo menos 50% do tempo de ciclo, o autor

classifica a tarefa como sendo repetitiva de alta frequência; se o tempo de ciclo for superior

a 30 segundos ou o movimento repetitivo acontecer durante menos do que 50% do tempo

de ciclo, esta é considerada uma tarefa repetitiva de baixa frequência. Segundo

Serranheira (2007) a automatização e a robotização não conseguem reproduzir processos

produtivos capazes de garantir a versatilidade e a qualidade exigida pelo mercado, pelo

que o ser humano continua a ser a opção mais viável nos processos de montagens de

produtos, nas linhas de produção. Um estudo recente, levado a cabo por McDonald (2017),

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revelou que o trabalho repetitivo tem impacto na atividade muscular podendo conduzir a

fadiga muscular e mental.

2.4.1.3. Força

Num documento da Direção-Geral da Saúde, realizado no âmbito do Programa Nacional

Contra as Doenças Reumáticas, considera-se elevada a força necessária para manipular

cargas superiores a 4kg e chama a atenção que forças ligeiras realizadas com as mãos

podem também resultar no aparecimento de LMERT. Sugere, ainda, que a força aplicada

em situações de postura estática é sempre mais penosa do que força aplicada em

movimento (Queiroz et al., 2008). Os autores Sean Gallagher e Heberger (2013) sugerem

que existe uma interdependência entre força e repetição em relação ao risco de

desenvolvimento de LMERT. Acrescentam, ainda, que a repetição resulta em aumentos

moderados do risco das tarefas que implicam força de baixa intensidade, mas aumenta,

consideravelmente, o risco em tarefas que exigem aplicação de força de alta intensidade.

2.4.1.4. Vibrações

A exposição do corpro humano a vibrações tem sido estudada desde a década de 1950

(Hinz, Seidel, Menzel, & Blüthner, 2002). Atualmente, é reconhecido que a exposição não

intencional a vibrações resultantes da ocupação dos individuos tem efeitos colaterias

negativos que são conhecidos por pertubar a região da coluna, os sistemas reprodutivo,

visual e auditivo, podendo conduzir ao deslocamento do disco intervertebral, degeneração

das vértebras espinais, perda auditiva ou deficiências visuais (Abercromby et al., 2007).

Em 1997, Bernard (1997) fez uma extensa revisão literária e conclui haver uma forte

relação entre a exposição a vibrações e lesões nas costas.

2.4.2. Riscos de natureza organizacional e psicossocial

A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho afirma que os riscos

psicossociais têm origem no contexto social do trabalho, em deficiências na conceção,

organização e gestão do trabalho, e pode gerar efeitos negativos nos indivíduos a nível

psicológico, físico e social (European Agency for Safety and Health at Work, 2012). Os

fatores de risco de natureza organizacional são muitas vezes difíceis de identificar e de

complexa compreensão (Simoneau et al., 1996).

Na Europa, segundo o sexto European Working Condition Survey (EWCS), é de notar que

36% dos trabalhadores inquiridos afirmaram trabalhar com prazos apertados, 33% num

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ritmo acelerado e, por fim, um em cada dez trabalhadores (10%) afirmou “nunca” ou

“raramente” ter tempo para fazer o seu trabalho (EU-OSHA European Agency for Safety

and Health at Work, 2017).

Existem inúmeros estudos que associam diferentes fatores de risco organizacional com o

desenvolvimento de lombalgias (Alperovitch-Najenson et al., 2010; Sterud & Tynes, 2013;

Vargas-Prada et al., 2013). Um estudo desenvolvido por Alperovitch-Najenson et al., (2010)

com o intuito de avaliar a prevalência de LMERT entre condutores de autocarro em Israel,

revelou uma forte associação entre o aparecimento de lombalgias e fatores de risco

psicossociais, entre os quais, tempo descanso limitado durante um dia de trabalho e

contacto passageiros hostis. Mais recentemente, num estudo realizado na Noruega, foram

inquiridos 6745 trabalhadores com vista a analisar cinco fatores de risco psicossociais e

sete fatores de risco físico (Sterud & Tynes, 2013). Concluiu-se com o estudo que cerca de

12,8% reportaram lombalgia durante o ultimo mês, sendo a alta carga de trabalho e o baixo

controlo sobre as tarefas executadas, apontados como preditores de lombalgias. Em

relação aos fatores de risco físico, constatou-se ainda que elevados períodos de tempo em

pé e agachamento contribuem também para dores da região lombar. No entanto, nesse

mesmo estudo não foi identificada nenhuma associação entre os fatores de risco

psicossociais e físicos (Sterud & Tynes, 2013).

2.4.3. Riscos individuais

O estudo dos fatores de risco individual ajuda as organizações a identificarem as limitações

dos seus colaboradores e a desenvolver planos de treino adequados às características dos

mesmos (Nunes & Pamela, 2012). A capacidade de resposta aos diferentes fatores de

risco depende das caraterísticas de cada indivíduo e a performance dos mesmos pode

variar de acordo com a idade e género (Bernard, 1997; Nunes & Pamela, 2012). A relação

entre os fatores de risco de caráter individual e o desenvolvimento de LMERT é complexa

e difícil de compreender (Bernard, 1997). Segundo Nunes & Pamela, 2012, o risco de

desenvolvimento de LMERT é maior no sexo feminino devido a diferenças antropométricas,

problemas hormonais e força muscular.

Num estudo desenvolvido tendo por base uma população de trabalhadores da indústria no

calçado, concluiu-se que as mulheres mais jovens têm maior prevalência de sintomas nos

últimos 12 meses relacionados com LMERT (Vieira et al., 2015). Ainda neste estudo,

concluíram que existe uma significativa diferença entre o sexo feminino e o masculino, na

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prevalência de LMERT. Outros autores também identificaram a idade e o género como

significativos preditores de sintomas relacionados com LMERT.

Tabagismo e histórico clínico foram apontados como fatores que aumentam

significativamente o risco associado a lesões na região do quadril (Werner, Gell, Hartigan,

Wiggermann, & Keyserling, 2011).

A implementação de programas de prevenção de LMERT deve considerar as diferenças

entre o sexo masculino e feminino (Vieira et al., 2015).

2.4.4. Fatores de risco associados às regiões do corpo

Segundo Bernard (1997), as regiões do corpo mais afetadas pelas LMERT são: pescoço,

ombros, cotovelo, mão/punho e costas. As lesões músculo-esqueléticas podem ter

diferentes fatores de desenvolvimento de acordo com as diferentes regiões do corpo.

Um estudo conduzido por Nur, Dawal e Dahari, em 2014, com o intuito de identificar a

prevalência de LMERT em trabalhadores da indústria automóvel concluiu que, nos últimos

12 meses, estes haviam sentido desconforto no pescoço (49,3%), mãos/punho (48,0%) e

ombros (46,7%), sendo que no global, 76,97% dos trabalhadores já apresentavam

sintomas de LMERT. Os trabalhadores da indústria automóvel que executam tarefas

repetitivas estão expostos a riscos propícios ao desenvolvimento de LMERT.

Em 2010, Van Rijn, Huisstede, Koes e Burdorf verificaram que tarefas que implicam

movimentos repetitivos, manipulação manual de cargas, vibrações, trabalho estático da

mão e extensão total do cotovelo, estão associadas a diferentes lesões no cotovelo, como

por exemplo, epicondilites ou síndrome do túnel radial.

O estudo conduzido por Labbafinejad, Danesh e Imanizade (2017) sobre LMERT em

trabalhadores que executam tarefas de embalamento, na indústria farmacêutica, revelou

uma associação entre dores nos ombros e o histórico de trabalho, tabagismo e nível de

educação. Revelou, ainda, associação entre dores no punho e o trabalho por turno e a

idade.

Miranda, Punnett, Viikari-Juntura, Heliövaara e Knekt (2008) observaram que

trabalhadores que estão expostos a movimentos repetitivos e vibrações aumentam o risco

de desenvolvimento de LMERT nos ombros.

Leclerc, Chastang, Niedhammer, Landre e Roquelaure, em 2004, concluíram que tanto o

uso repetitivo de ferramentas, para os homens, como tarefas que implicam trabalhar com

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os braços acima do nível dos ombros e ferramentas vibratórias, para as mulheres,

contribuem para o aparecimento de LMERT nos ombros.

Um estudo desenvolvido por Andersen et al. (2003) concluiu que a exposição a

movimentos repetitivos contribui significativamente para LMERT no pescoço, no entanto

flexão do pescoço e baixo tempo de recuperação também contribuem, mas de forma

menos significativa. Por fim, ao nível dos riscos psicossociais, é de notar a relação entre o

baixo poder de decisão e o excesso de carga de trabalho no desenvolvimento de LMERT

no pescoço.

Na Tabela 2 encontram-se resumidos os fatores de risco associados às diferentes regiões

do corpo relativos aos estudos analisados neste subcapítulo.

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Tabela 2 - Fatores de risco associados a diferentes regiões do corpo

Região do Corpo Fatores de Risco Autores

Pescoço

• Movimentos repetitivos;

• Flexão do pescoço;

• Baixo tempo de recuperação;

• Carga de Trabalho;

• Baixa poder de decisão no trabalho.

(Andersen et al., 2003)

Ombros

• Sexo masculino:

▪ Uso repetitivo de ferramentas.

• Sexo feminino:

▪ Vibração;

▪ Trabalhar com os braços acima do

nível dos ombros.

(Leclerc et al., 2004)

• Histórico de trabalho;

• Tabagismo;

• Nível de educação;

• Idade.

(Labbafinejad et al., 2017)

• Movimentos repetitivos;

• Vibração. (Miranda et al., 2008)

Punho • Trabalho por turnos;

• Idade. (Labbafinejad et al., 2017)

Coluna Lombar

• Flexões extremas do tronco;

• Levantamento/ manipulação manual de cargas;

• Empurrar ou puxar objetos pesados;

• Vibrações.

(Murtezani, Ibraimi, Sllamniku, Osmani, &

Sherifi, 2011)

Cotovelos

• Manipulação manual de cargas;

• Extensão total do cotovelo;

• Trabalho estático da mão;

• Movimentos repetitivos.

• Baixo suporte social.

(Van Rijn et al., 2010)

Membros Superiores • Movimentos repetitivos. (Nur et al., 2014)

2.5. Prevenção de LMERT

Os autores Macdonald e Oakman (2015) sugerem que um bom sistema de gestão de

LMERT deve ser sustentado por procedimentos de controlo e avaliação holísticos, que

abranjam todos os riscos associados a cada posto de trabalho e não apenas isoladamente.

Acrescentam ainda que estes procedimentos devem apoiar e ter em conta as sugestões

dos trabalhadores.

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A European Agency for Safety and Health at Work (1989) propõem na diretiva 89/391

alguns princípios gerais para a prevenção, entre os quais:

• Adaptar o posto, equipamentos e métodos de trabalho aos colaboradores;

• Desenvolver um plano de prevenção que tenha em conta a organização do

trabalho, as condições de trabalho e os fatores psicossociais e organizacionais;

• Evitar o risco;

• Avaliar os riscos que não possam ser evitados;

• Eliminar o risco na sua origem.

Os programas de prevenção de LMERT podem ter um impacto muito positivo tanto ao nível

das organizações como ao nível dos colaboradores das mesmas. Estes programas podem

contribuir para a redução de custos relacionados com o tratamento de LMERT, para o

aumento da flexibilidade e para melhorar o bem-estar dos trabalhadores.

De acordo com (Gasibat, Simbak, & Aziz, 2017), o exercício físico é a terapia mais usada

para o tratamento de LMERT. O recurso ao alongamento do corpo oferece vários

benefícios para os trabalhadores e pode melhorar o estado de espirito e a coesão da

equipa.

Um trabalho desenvolvido por Moore, em 1998, demonstrou que a implementação de um

programa de alongamentos no trabalho aumenta a flexibilidade dos trabalhadores e pode

ajudar a prevenir lesões devido a distensões musculares.

Para Hess e Hecker (2003), os programas de alongamentos devem ser elaboradores de

acordo com as características do trabalho ou de acordo com a região do corpo. Durante o

desenvolvimento de um programa de alongamentos, no local de trabalho, deve-se ter em

consideração os seguintes aspetos:

• 5 minutos de aquecimento antes dos alongamentos;

• Alongar no mínimo 2 a 3 dias por semana;

• O exercício deve conter:

o Alongamentos estáticos ou contração muscular durante 20 segundos,

seguido de relaxamento e depois alongamento;

o Manter o alongamento durante 20 a 30 segundos;

o 3 a 4 repetições por grupo muscular;

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o Alongar bilateralmente;

• Alongar até sentir um leve desconforto.

Por fim, afirmam que o programa de alongamentos deve ser liderado por instrutores com

formação na área e deve haver um comprometimento por parte da empresa em relação ao

tempo despendido nestes exercícios e aos custos indiretos do programa.

Pode dizer-se que o conhecimento sobre a relação entre a exposição a fatores de risco e

o seu efeito é insuficiente, pelo que esta área necessita de um estudo mais aprofundado,

por forma a desenvolver ferramentas e estratégias de prevenção de LMERT mais eficazes

(Kilbom A, Armstrong T, Buckle P, 1996).

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3. DESCRIÇÃO DO PROJETO

O presente projeto foca-se na avaliação ergonómica e na otimização de um dos processos

que assegura o fornecimento dos materiais solicitados pelas linhas de produção.

Este capítulo inicia com a descrição macro dos processos que ocorrem dentro do armazém

da empresa e, posteriormente, apresenta de forma pormenorizada a sequência das tarefas

executadas pelos trabalhadores, o layout onde decorre o processo de repacking e a

geometria dos postos de trabalho.

3.1. Descrição dos processos de armazém

O projeto desenvolve-se num armazém de uma empresa que produz sistemas de

segurança e vigilância. Para facilitar a gestão dos processos do armazém, este é gerido

por duas equipas designadas por LOG1 e LOG2, que trabalham conjuntamente. A equipa

de LOG2 é responsável pelos seguintes processos: receção dos materiais e expedição do

produto acabado; e, a equipa de LOG1 é responsável pela alocação, reposição e

abastecimento das linhas de produção.

O processo de armazém inicia-se com o rececionamento dos materiais de acordo com a

janela horária negociada com as empresas de transporte e, de seguida, estes materiais

são devidamente conferidos para garantir que chegam às instalações nas devidas

condições, dentro do prazo de validade e na quantidade encomendada. De seguida, LOG1

inicia o processo de alocação dos materiais previamente rececionados que são repostos

nas áreas de repacking, responsáveis pelo abastecimento das linhas de produção. A

frequência do processo de reposição é ditada pelo ritmo de produção que pode variar ao

longo do turno. O abastecimento das linhas de produção é assegurado por três entidades

distintas: repackers, milk-runs e PoUP (Point of Use Provider). Atualmente existem 11

áreas de repacking que abastecem os contentores com os respetivos materiais solicitados

pela produção, 5 milk-runs que transportam os materiais em contentores desde o armazém

até aos supermercados das linhas de produção e por fim, 11 PoUPs que transportam os

materiais em contentores desde o supermercado até aos bordos de linha. Os milk-runs e

os PoUPs também asseguram o retorno dos contentores vazios até às áreas de repacking.

As ordens de transferência de materiais e a comunicação entre as linhas de produção e as

áreas de repacking são assegurados pelo sistema de cartões kanban, que são

transportados nos contentores desde a rampa de saída das linhas de produção até à rampa

de entrada das áreas de repacking.

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21

3.2. Descrição do processo de repacking

O processo seguidamente descrito é composto por tarefas ciclicas que se repetem a cada

30 minutos (Tabela 3) e tarefas aciclicas (Tabela 4), sendo estas últimas realizadas de

acordo com a necessidade de reposição de material na zona de picking e de acordo com

a necessidade de colocar os resíduos produzidos no posto de reciclagem (posto de

trabalho número 5). O processo de repacking inicia no posto de trabalho número 1 (Figura

2) onde se procede à recolha dos contentores vazios trazidos pelo milk-run.

O posto de trabalho número 2 diz respeito à mesa de repacking onde são colocados os

contentores e que serve de apoio para o transporte dos mesmos ao longo da área de

trabalho. De seguida, o repacker lê a referência do material que deve abastecer e a

coordenada que indica a localização do respetivo material no posto de trabalho número 3.

Após esta tarefa, o repacker efectua o picking dos materias e abastece os contentores

vazios. Posteriormente, o operador desloca novamente a mesa de repacking até ao posto

de trabalho número 4 (rampa de saída) onde faz a leitura dos códigos de barras do cartão

kanban utilizando o PDA (Personal Digital Assistant) e, por fim, coloca os contentores

anteriormente abastecidos na rampa de saída.

Tabela 3 - Tarefas cíclicas

Descrição da tarefa Posto de trabalho

1. Recolha dos contentores vazios na rampa de entrada PT1/ PT2

2. Leitura da referência e coordenada PT2

3. Picking dos materiais/ Abastecimento dos contentores PT3

4. Leitura dos códigos de barras do cartão kanban PT2

5. Colocação dos contentores abastecidos na rampa de saída PT2/ PT4

Figura 2 - Posto de Trabalho/ Layout área de repacking

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Para otimizar o processo de picking e abastecimento dos contentores os repackers

colocam as caixas numa zona de rápido acesso na estante (zona de picking) e abrem a

mesma utilizando um xizato. Seguidamente, efetuam a reciclagem dos resíduos que

resultam desta operação.

Tabela 4 - Tarefas acíclicas

Descrição da tarefa Posto de trabalho

1. Colocar caixas na zona de picking PT3

2. Fazer a reciclagem dos materiais PT5

3.3. Geometria do posto de trabalho

O desenho e a geometria dos postos de trabalho representam um fator muito importante

na qualidade ergonómica dos mesmos e no desempenho dos trabalhadores. Neste

subcapítulo serão apresentados os desenhos de quatro dos cinco postos de trabalho que

constituem a área de repacking em estudo, tal como é possível ver no layout apresentado

na (Figura 2).

O posto de trabalho número 1 diz respeito à rampa de entrada de contentores vazios. Esta

rampa tem uma inclinação de aproximadamente 10% para que os contentores deslizem

até à altura de pega que é de 153 centímetros (Figura 3).

Figura 3 - Posto de trabalho 1

O posto de trabalho número 2 diz respeito à mesa de repacking (Figura 4) que é usada

para facilitar o transporte dos contentores ao longo da área de repacking. A mesa tem três

153 cm

1

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23

níveis para colocar e transportar contentores, no entanto, apenas o nível superior é

utilizado pelos trabalhadores. Os restantes dois níveis são utilizados para colocar os

materiais de limpeza da área de repacking e os cartões kanban dos materiais que não têm

stock disponível.

Figura 4 - Posto de trabalho 2

O picking e abastecimento dos contentores é efetuado no posto de trabalho número 3

(Figura 5). Este posto estende-se ao longo do corredor no nível 1 e 2 das estantes do

armazém, onde estão armazenados os materiais que são gastos nas linhas de produção

que cada área de repacking abastece. O nível 1 inicia a 20 centímetros do solo e vai até

aos 110 centímetros e o nível 2 inicia aos 120 centímetros e estende-se até aos 210

centímetros. Em cada um dos dois níveis existe uma zona de picking que é próxima do

corpo do trabalhador para facilitar o processo de abastecimento. Estas zonas são

representadas pelas caixas azuis visíveis na Figura 5.

Figura 5 - Posto de trabalho 3

O posto de trabalho 4 (Figura 6) designado por rampa de saída é semelhante ao posto de

trabalho número 1. Neste posto são colocados os contentores previamente abastecidos,

no entanto, a rampa de saída está a 110 cm de altura.

100 cm

210 cm

110 cm

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Podemos verificar que a rampa de entrada é superior à rampa de saída visto que na rampa

de saída são colocados contentores com um peso médio superior porque já contém

materiais.

Figura 6 - Posto de trabalho 4

110 cm

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25

4. METODOLOGIA

A estratégia para a elaboração do projeto divide-se em diferentes fases: avaliação

ergonómica do posto de trabalho que implica a recolha de dados e tratamento dos mesmos,

apresentação e implementação de melhorias ergonómicas e otimização do processo de

abastecimento das linhas de produção.

Existem inúmeros métodos de avaliação que estão disponíveis na literatura, no entanto e

de acordo com o tipo de posto de trabalho sobre a qual este projeto incide, os métodos

selecionados asseguram uma avaliação detalhada de movimentos repetitivos e

movimentos que implicam manipulação manual de cargas (MMC).

Para efetuar a avaliação ergonómica dos postos de trabalho recorreu-se a um software

disponibilizado pela empresa, designado por IGEL (Integrated Calculation of the Load

Limits). Este software agrega 7 métodos que se aplicam em diferentes situações consoante

as caraterísticas do posto de trabalho.

Numa fase inicial do projeto procedeu-se à identificação das tarefas do processo em estudo

para facilitar e aplicar de forma correta os métodos de avaliação ergonómica. Após a

identificação das tarefas decidiu-se recorrer ao método NIOSH para avaliar as tarefas de

baixa frequência e que implicam MMC. Este método permite calcular o peso limite

recomendado (Waters, Putz-Anderson, Garg, & Fine, 1993) e baseia-se na avaliação da

postura corporal e na medição da carga de trabalho (Mengoni, Matteucci, & Raponi, 2017).

Aplica-se em situações onde se verifica transporte de cargas superiores a 3kg, com uma

distância percorrida inferior a 2 metros e durante menos de 5 segundos. É importante referir

que o peso limite, calculado a partir do método NIOSH, é recomendado para

aproximadamente 90% dos homens e 75% das mulheres.

No que diz respeito às tarefas de alta frequência e cíclicas recorreu-se ao método Bosch

que calcula o risco associado à execução das tarefas, de acordo com a força de

compressão exercida sobre o disco intervertebral L5/S1 e a taxa metabólica. O limite da

força de compressão é de 3,2kN e 4,0kN para o sexo feminino e masculino,

respetivamente, em indivíduos de 40 anos. Em relação a taxa metabólica o limite é de 11,5

kJ/min e de 17 kJ/min em indivíduos do sexo feminino e masculino, respetivamente (Bosch

Termotecnologia, 2014).

De modo a completar a análise ergonómica dos postos de trabalho das áreas de repacking,

recorreu-se ao método Rapid Entire Body Assessment (REBA) para avaliar a postura do

corpo. Este método divide o corpo em seis segmentos e pretende avaliar a postura corporal

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em diferentes atividades de forma a antecipar o potencial desenvolvimento de LMERT

associado a más posturas corporais (Hignett & McAtamney, 2000).

Os métodos anteriormente descritos avaliam objetivamente as condições ergonómicas dos

postos de trabalho. No entanto, a perceção e opinião dos operadores deve ser tida em

conta quando se efetua uma avaliação ergonómica. Neste sentido, recorreu-se a um

questionário de autorresposta amplamente utilizado por diferentes autores e designado por

Nordic Muskuloskeletal Questionnaire (NMQ) (Kuorinka et al., 1987; Serranheira, Santos,

& Cabrita, 2003). Este questionário divide-se em três partes: a primeira parte pretende

caraterizar a pessoa em estudo onde são recolhidas informações como idade, peso, altura

e antiguidade no posto de trabalho; na segunda parte do questionário é analisada a

sintomatologia músculo-esquelética (SME) de nove regiões do corpo: coluna cervical,

ombros, cotovelos, punhos/ mãos, coluna dorsal, coluna lombar, ancas/ coxas, pernas/

joelhos e tornozelos/ pés; e por último, na terceira parte é apresentada uma figura que

indica onde são as nove partes do corpo analisadas neste questionário.

Por fim, com o objetivo de estipular um elemento que permita fazer a avaliação dos aspetos

relacionados com a postura adotada no momento da manipulação manual de cargas,

recorreu-se uma vez mais ao método REBA. A partir deste método foi criada uma checklist

de confirmação de processo que permite analisar de forma rápida e visual se o operador

adota uma postura correta ou incorreta.

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27

5. RESULTADOS DO PROJETO E DISCUSSÃO

De seguida são apresentados os resultados do projeto que incide sobre uma área de

repacking. Na primeira parte deste capítulo são apresentados os resultados referentes à

avaliação ergonómica realizada. Para facilitar a compreensão dos dados, estes são

apresentados de acordo com a sequência de tarefas do processo de repacking.

Posteriormente, são apresentadas propostas de melhoria das condições de trabalho dos

trabalhadores e, por fim, são expostos os dados referentes à otimização das áreas de

repacking.

5.1. Resultados da avaliação ergonómica dos postos de trabalho

De forma a facilitar a compreensão das avaliações em cada posto de trabalho,

primeiramente é descrito o movimento realizado e de seguida são apresentados os

respetivos resultados.

5.1.1. Posto de trabalho 1

Este movimento diz respeito à recolha de contentores vazios da rampa de saída e

colocação dos mesmos na mesa de repacking. A caixa azul presente na Figura 8

representa a posição inicial e final do movimento do trabalhador.

Até ao momento a legislação portuguesa não estabeleceu um limite nacional para o valor

do peso da carga acumulada ao longo de dia de trabalho, pelo que este valor foi assumido

como sendo igual a zero. O peso acumulado dos contentores vazios transportados desde

a rampa de entrada (PT1) até à mesa de trabalho é de 127,22 kg ao longo do turno. A partir

do resultado da avaliação ergonómica e da cor verde do semáforo é possível verificar que

esta tarefa representa um baixo risco para os trabalhadores (Figura 7). Isto deve-se ao

facto da força máxima exercida na coluna lombar ser de 1,16 kN que corresponde a um

índice de elevação de 36,25% que é inferior ao índice de elevação máximo recomendado

(2,71 kN).

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Figura 7 - Resultados da Avaliação PT1 (Imagem: Software IGEL)

De acordo a avaliação obtida a partir do método REBA (Hignett & McAtamney, 2000), o

posto de trabalho 1 apresenta um risco de nível médio devido, essencialmente, à postura

do braço e do antebraço (Tabela 5). Em relação ao tronco, pescoço e pernas, estes

apresentam pontuações baixas visto que estes segmentos não estão sujeitos a posturas

criticas. Pode-se concluir que este posto de trabalho necessita de uma intervenção para

melhorar a postura adotada pelos operadores.

Figura 8 – Postura/ Movimento executado entre posto de trabalho 1 e a mesa de repacking

No anexo 5, encontra-se detalhado o funcionamento e modo de aplicação do método

REBA.

Tabela 5 - Pontuação REBA do posto de trabalho 1

Tronco Pescoço Pernas Braço Antebraço Punho Carga/Força Pega Atividade REBA

Pontuação 1+1 1 1 4 2 1 0 1 1 5

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5.1.2. Posto de trabalho 3

Este movimento diz respeito à transferência de caixas para a zona de picking. Para a sua

avaliação, recorreu-se ao método NIOSH de forma a avaliar todos os movimentos das

caixas manuseadas pelos operadores, para a zona de picking, ao longo de um turno. Estes

movimentos podem iniciar a diferentes distâncias horizontais e verticais consoante a

posição inicial da caixa. De forma a obter uma avaliação mais minuciosa dos movimentos,

estes foram agrupados em seis níveis verticais e três níveis horizontais consoante a

posição inicial e final da caixa. As posições iniciais no nível 2 da estante de trabalho foram

classificadas de 1 a 9 e posições iniciais no nível 1 da estante de trabalho foram

classificadas de A a I, tal como é possível ver na Figura 9.

Figura 9 - Classificações dos pontos de pega e zona de picking

As alturas dos níveis verticais são 30 cm, 55 cm, 80 cm, 130 cm, 155 cm e 180 cm, e dos

níveis horizontais são 30 cm, 60 cm e 90 cm. Nesta área de repacking são manuseadas

caixas que variam entre os 3 kg e os 14 kg.

Estes movimentos foram simulados recorrendo ao software IGEL, sendo que os resultados

obtidos são visíveis na Figura 10. Apesar da avaliação deste posto de trabalho resultar na

cor vermelha do semáforo, o software indica que a tarefa representa um possível risco para

os operadores, o que é equivalente à cor amarela. A cor vermelha deve-se ao facto de

alguns movimentos iniciarem a uma distância horizontal de cerca de 80 cm e vertical de

cerca de 180 cm. O método NIOSH estabelece a distância de 63 cm para o limite máximo

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horizontal e 175 cm para o limite máximo vertical. A partir destes valores o multiplicador

horizontal e vertical da equação NIOSH assume o valor zero (Waters, Putz-Anderson, &

Garg, 1994). De acordo com T. Waters et al. (1994), movimentos que iniciam a uma

distância horizontal superior a 63 cm, normalmente, levam à perda do equilíbrio do corpo

pelo que não são recomendados.

Ao longo de um turno foram registados 26 movimentos de diferentes posições iniciais e

finais, sendo que este movimento não ocorre em todos os ciclos de trabalho. Estes 26

movimentos representam o manuseamento cerca de 170,6 kg acumulados ao longo do

turno.

Figura 10 - Avaliação global do posto de trabalho 3 (Imagem: Software IGEL)

O software apenas avalia as tarefas que iniciam a uma distância horizontal e vertical dentro

dos limites estabelecidos pelo método NIOSH o que resulta nos valores de 2,1 e 1,26 para

o esforço sobre a coluna lombar e para o índice de elevação por tarefa, respetivamente. O

índice de elevação obtém-se através da divisão entre o peso atual da carga e o peso

recomendado da carga. Visto que o índice de elevação é um valor próximo de 1 pode-se

afirmar que os movimentos avaliados pelo software representam um risco relativamente

baixo para os trabalhadores.

A partir da tabela 6 é possível concluir que os três movimentos que representam maior

risco para os operadores iniciam na posição 5 e F. Estas duas posições iniciais

representam a altura máxima e mínima de pega dos movimentos avaliados pelo software

e permite concluir que movimentos que iniciam a alturas perto do nível do solo ou a alturas

perto do limite máximo estipulado pelo método, representam um possível risco para os

trabalhadores.

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Tabela 6 - Resultados da avaliação dos movimentos no posto de trabalho 3

A partir dos resultados obtidos e de acordo com a cor obtida nesta simulação, é possível

concluir que o posto de trabalho 3 representa um elevado risco para os trabalhadores, pelo

que devem ser efetuadas alterações que permitam diminuir o risco de LMERT neste posto

de trabalho.

Figura 11 - Postura adotada no nível 1 (direita) e nível 2 (esquerda)

Devido à impossibilidade de estudar todas as posturas adotadas pelos operadores no posto

de trabalho 3, decidiu-se selecionar e avaliar duas situações que são apresentadas na

Figura 11.

Tarefa Peso (kg)

Frequência/ Turno

FIRWL FM STRWL FILI STLI Risco

Movimento 5 - 9 13,9 11 6,61 0,85 5,62 2,1 1,09 1

Movimento 5 - 8 13,9 3 6,61 0,85 5,62 2,1 1,09 2

Movimento F - H 14,8 1 7,56 0,85 6,43 1,96 1,26 3

Movimento D - I 14,8 2 7,83 0,85 6,66 1,89 1,22 4

Movimento E - H 14,8 1 8,17 0,85 6,94 1,81 1,17 5

Movimento E - I 14,8 1 8,17 0,85 6,94 1,81 1,17 6

Movimento 4 - 9 13,9 4 0 0,85 0 0 0 7

Movimento 2 - 6 13,9 2 0 0,85 0 0 0 8

Movimento B - E 14,8 1 0 0,85 0 0 0 9

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Segundo a avaliação do método REBA (Hignett & McAtamney, 2000), a postura adotada

no nível 1 no posto de trabalho 3 obteve uma pontuação de 10 pontos. De acordo com a

Tabela 7, existem 4 segmentos do corpo que apresentam uma pontuação muito elevada:

tronco, pescoço, pernas e braço. Esta avaliação permite concluir que nível 1 deste posto

de trabalho necessita de uma intervenção.

Tabela 7 - Pontuação REBA do posto de trabalho 3 – Nível 1

Em relação à postura adotada no nível 2 do posto de trabalho 3, o método REBA atribui

uma pontuação de 6 pontos (ver Tabela 8). Nesta situação, o braço e o antebraço

apresentam risco de LMERT muito elevado devido à flexão dos mesmos. Globalmente, o

nível 2 apresenta um risco médio de desenvolvimento de LMERT e, como tal, este nível

necessita de uma intervenção para melhorar a postura adotada atualmente.

Tabela 8 - Pontuação REBA do posto de trabalho 3 – Nível 2

5.1.3. Posto de trabalho 4

Neste posto de trabalho são movimentados os contentores abastecidos, desde a mesa de

trabalho até à rampa de saída e é finalizado o ciclo de trabalho de 30 minutos (Figura 12).

Figura 12 - Movimento executado entre a mesa de repacking e o posto de trabalho 4

Tronco Pescoço Pernas Braço Antebraço Punho Carga/Força Pega Atividade REBA

Pontuação 4 2 1+2 3 1 1 1 1 1 10

Tronco Pescoço Pernas Braço Antebraço Punho Carga/Força Pega Atividade REBA

Pontuação 2 1 1 4 2 1 1 1 1 6

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De acordo com a Figura 13, neste posto de trabalho são movimentados cerca de 458,59

kg ao longo de um turno de trabalho. A cor verde do semáforo indica que esta tarefa não

representa um risco para os trabalhadores deste posto visto que a força máxima exercida

sobre a coluna lombar é de 1,64 kN, o que corresponde a um índice de elevação de

51,25%, inferior ao índice de elevação máximo recomendado.

Figura 13 - Resultados da Avaliação PT4 (Imagem: Software IGEL)

A postura adotada neste posto de trabalho obteve uma pontuação de 3 (Tabela 9) pontos

segundo o método REBA (Hignett & McAtamney, 2000). Nesta situação os segmentos com

maior exposição a LMERT são o braço e o antebraço visto que estes apresentam uma

elevada flexão.

Pode-se concluir que este posto de trabalho apresenta um risco de nível médio para os

trabalhadores e como tal, necessita de uma intervenção, ainda que a mesma não seja

urgente.

Tabela 9 - Pontuação REBA do posto de trabalho 4

5.2. Avaliação da sintomatologia músculo-esquelética

De forma a avaliar a sintomatologia das LMERT, associadas às áreas de repacking do

armazém, foi entregue um questionário de autorresposta aos 23 operários que trabalham

diariamente nestes postos de trabalho e obteve-se uma taxa de resposta de 100% dos

Tronco Pescoço Pernas Braço Antebraço Punho Carga/Força Pega Atividade REBA

Pontuação 1+1 2 1 3 2 1 0 1 1 4

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inquiridos. Estes trabalhadores estão distribuídos por 3 turnos, sendo que 5 trabalham no

primeiro turno, 11 no segundo turno e 7 no terceiro turno.

De seguida são apresentados os dados que caracterizam a população e a sintomatologia

músculo-esquelética indicada pela mesma.

5.2.1. Caracterização da população

A população que trabalha nas áreas de repacking é 39% do sexo feminino (n=9) e 61% do

sexo masculino (n=13) (Figura 15), sendo que a idade média é de 32 anos (Figura 14) e

(Tabela 10).

Figura 14 - Distribuição das idades dos colaboradores

Em relação à antiguidade dos operadores, nas áreas de repacking, esta varia entre 3

meses e 10 anos, sendo que o valor médio é de 1,5 anos (Tabela 10).

Figura 15 - Percentagem de trabalhadores do sexo masculino e feminino

Nº de colaboradores

Idade

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Este baixo valor justifica-se pela recente expansão do volume de negócios, consequente

expansão do armazém e necessidade de contratar mais pessoas nos últimos meses.

Tabela 10 – Idade, antiguidade, peso, altura e índice de massa corporal dos operários

Minimo Média Máximo

Idade (anos) 21 32,0 52

Antiguidade (anos)

0,25 1,5 10

Peso (kg) 52 59,9 100

Altura (cm) 156 169 184

IMC (kg/m2) 18,52 23,68 32,65

Em média, os trabalhadores do segundo e terceiro turno trabalham cerca de 8 horas por

dia e os trabalhadores do primeiro turno trabalham cerca de 5,5 horas por dia, sendo que

estes valores podem variar devido a flutuações na produção ou para compensar casos de

absentismo.

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5.2.2. Análise da sintomatologia músculo-esquelética

Após a análise dos dados obtidos é possível verificar que 22 dos 23 trabalhadores (95,7%)

inquiridos afirmaram já ter sentido sinais de fadiga, desconforto ou dor, em pelo menos

uma região do corpo, nos últimos 12 meses. As três regiões do corpo que apresentam

maior percentagem de queixas são os pés/tornozelos (79%), seguida da coluna dorsal

(68%) e ombros (58%) (Figura 16).

Quanto à sintomatologia músculo-esquelética relativa aos últimos 7 dias, os dados indicam

que 73% dos trabalhadores inquiridos revelaram desconforto na região dos tornozelos/ pés,

68% da região da coluna lombar e 67% na região nas ancas/coxas.

A alta percentagem de queixas reportadas na região dos tornozelos/ pés deve-se ao

calçado disponibilizados pela própria empresa, sendo já identificado como desconfortável.

Relativamente ao absentismo devido à SME, destacam-se cinco regiões do corpo: coluna

cervical (30%), coluna dorsal (23%), ancas/coxas (16%), coluna lombar (10%) e ombros

(9%). É importante referir que 3 das 4 pessoas que já estiveram impedidas de trabalhar

tem requisitos médicos que as impedem de trabalhar em alguns postos de trabalho do

armazém identificados como mais violentos para o corpo humano.

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Figura 16 - Percentagem de fadiga, desconforto ou dor por região do corpo, período de tempo e absentismo

Uma parte do NMQ pretende analisar o grau de intensidade da fadiga, dor ou desconforto,

sentido pelos trabalhadores relativamente à SME, nos últimos 12 meses. O Figura 17

permite concluir que os trabalhadores reportaram ter sentido dor, fadiga ou desconforto, de

forma insuportável, em quatro regiões do corpo: ancas/coxas, coluna lombar,

tornozelos/pés e coluna cervical.

Os dados indicam que relativamente à região das ancas/coxas, dos 15 trabalhadores que

reportaram dor, desconforto ou fadiga, nesta região do corpo, 17% classificaram-na como

Percentagem de fadiga, desconforto ou dor por região do corpo, período de tempo e absentismo

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38

sendo insuportável e 83% como sendo intensa. Nenhum dos 15 trabalhadores que

reportaram dor nesta região, classificaram a dor, fadiga ou desconforto, como sendo

moderado ou leve.

Em relação aos tornozelos/pés, 15 trabalhadores reportaram ter sentido dor nos últimos 12

meses, sendo que 14% classificaram-na como insuportável, 28% como intenda, 50% como

moderada e 7% como leve.

Relativamente à coluna cervical, dos 10 trabalhadores que sentiram dor nos últimos 12

meses, 9% classificaram-na como insuportável, 27% como intensa, 36% como moderada

e 27% como leve.

Por fim, no que concerne à região da coluna lombar, 10 trabalhadores indicaram ter sentido

dor nos últimos 12 meses, sendo que 10% classificaram-na como insuportável, 40% como

intensa e 50% como moderada. Nenhum destes 10 trabalhadores indicaram ter sentido

uma dor de grau leve nesta região do corpo.

Figura 17 - Intensidade da fadiga, dor ou desconforto nos últimos 12 meses

Intensidade da fadiga, dor ou desconforto nos últimos 12 meses

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5.3. Melhorias dos postos de trabalho

Com base nos dados recolhidos e na avaliação dos postos de trabalho surge a

necessidade de fazer uma intervenção na área de repacking de forma a melhorar e

aumentar a qualidade de vida dos trabalhadores. De seguida, são apresentadas algumas

soluções que pretendem diminuir o risco do desenvolvimento de LMERT e impedir

movimentos que obrigam a posturais corporais incorretas.

5.3.1. Posto de trabalho 3 – Nível 1

A forma como as caixas estão distribuídas, no nível 1 das estantes, obriga os operadores

a adotarem uma postura incorreta tal como é visível na imagem da esquerda na Figura 18.

Figura 18 - Postura adotada antes (esquerda) e após (direita) a implementação das melhorias

De forma a impedir que isto aconteça foi desenvolvido, conjuntamente com a equipe de

engenharia, uma plataforma com rodas onde é colocada a palete com os materiais (Figura

19). No momento de proceder à colocação de caixas na zona de picking, os operadores

puxam a plataforma até uma zona que facilite o acesso a todas a caixas. A simulação desta

situação é ilustrada na imagem da direita da Figura 18. Esta plataforma impede a realização

desta tarefa recorrendo a uma postura corporal incorreta e permite o acesso rápido a

qualquer ponto da palete de forma correta.

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Figura 19 - Desenho do carro desenvolvido

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5.3.2. Posto de trabalho 3 – Nível 2

A tarefa de colocação de caixas na zona de picking, no nível 2, tem a mesma

problemática que o nível 1. Devido à má distribuição das caixas neste nível, os

operadores são obrigados a recorrer a posturas incorretas para pegar nas caixas, tal

como é possível observar na imagem da esquerda, da Figura 20. Para evitar esta

situação, foi proposta a colocação de roletes que facilitam a movimentação das caixas,

desde as zonas posteriores das estantes, até à zona de picking, bem como a colocação

de uma barra horizontal que impeça o empilhamento de caixas a uma altura superior a

175 centímetros. Estas duas soluções são apresentadas na imagem da direita na

Figura 20.

Figura 20 - Postura adotada antes (esquerda) e após (direita) a implementação das melhorias

5.3.3. Posto de trabalho 2 - Suporte PDA

Antes dos operadores colocarem os contentores na rampa de saída devem proceder à

transferência dos materiais em sistema. Para isso recorrem a um PDA. Cada trabalhador

faz cerca de 308 picagens de cartões kanban, por dia, sendo que, atualmente, este

movimento implica uma tensão elevada no punho dos trabalhadores como é visível da

Figura 21.

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Figura 21 - Postura incorreta do punho

A Figura 22 ilustra uma solução que permite corrigir a postura do punho e assim diminuir a

tensão nesta zona do corpo.

Figura 22 - PDA com suporte

5.3.4. Programa de alongamentos e exercícios físicos

Neste subcapítulo é apresentado um programa de alongamentos e exercícios físicos

desenvolvido para os postos de trabalho de repacking. O objetivo deste programa centra-

se na diminuição da probabilidade do desenvolvimento de LMERT e aumento do bem-estar

dos trabalhadores.

Durante o desenvolvimento deste programa foram tidos em conta os horários de trabalho

de cada turno, a reunião diária de arranque de turno e os resultados da avaliação

ergonómica, utilizando o método REBA (Hignett & McAtamney, 2000). Os resultados desta

avaliação tendem a ser piores na região superior do corpo nos postos de trabalho avaliados

pelo que a maioria dos exercícios propostos na Tabela 11 pretende fazer o alongamento

desta região. Devido a uma questão de limitação de tempo para a realização destas

atividades, propõem-se que estas tenham uma duração máxima de 5 minutos e aconteçam

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às segundas, quartas e sextas, ou seja, intercalado com a reunião de arranque de turno

que passaria a acontecer apenas às terças e quintas.

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Tabela 11 - Programa de alongamentos e exercícios físicos

Região do Corpo/ Exercício

Turno Horário Pescoço Membros

Superiores

Membros

Superiores

Membros

Superiores/ Coluna

Membros

Superiores/ Coluna

Membros

Inferiores

1 02:30 – 02:35

2 08:00 – 08:05

3 17:00 – 17:05

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5.4. Posto de trabalho 2 - Operação de leitura dos códigos de barras do cartão kanban

Este subcapítulo pretende analisar as operações de leitura dos códigos de barras

presentes nos cartões kanban recorrendo ao PDA, para fazer a transferência de material

informaticamente, do armazém para as linhas de produção. Esta operação acontece em

todas as áreas de repacking pelo que o estudo e dados recolhidos dizem respeito às 11

áreas de repacking.

Após o abastecimento dos contentores no posto de trabalho 3, os operadores procedem à

leitura do código de barras referente ao componente que foi abastecido e de seguida fazem

a leitura do código de barras referente à linha de produção para onde o componente vai

ser transportado pelo milk-run. Esta operação pode ser eliminada se o código de barras

presente nos cartões kanban conseguir armazenar a informação relativa ao código da

referência abastecida e a informação relativa à linha de produção de destino. Para que isto

aconteça é necessário que os códigos de barras dos cartões kanban tenham tecnologias

2D.

De acordo com a Tabela 12, a eliminação desta tarefa permite a redução do tempo de

operação em cerca de 7,2 horas por dia, correspondente ao tempo útil de operação de um

trabalhador por dia.

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46

Tabela 12 - Tempo reduzido no processo de leitura dos códigos de barras

Tarefas Tempo estimado

(s) N.º de picagens/

Dia Tempo reduzido

(h)

Leitura do código de barradas no material

4 6500

Leitura do código de barras da linha de produção

4 6500 7,2

5.5. Otimização das áreas de repacking

Em 2017, a empresa expandiu a sua área de negócio após vencer um concurso para

produzir componentes eletrónicos. Esta expansão resultou num aumento de 50% no

volume de vendas, pelo que a empresa foi obrigada a expandir a área de armazenamento

de matéria-prima e produto acabado. Do projeto de expansão do armazém surgiu um novo

layout que aumentou a capacidade de armazenamento em cerca de 1400 paletes.

Associado a este projeto, surgiu a necessidade de otimizar a distribuição das caixas no

posto de trabalho número 3 das áreas de repacking. A partir da Figura 23 é possível ver o

desperdício associado à forma como as caixas eram distribuídas no nível 1.

Figura 23 – Desperdício associado à distribuição das caixas (região amarela)

Para otimizar a distribuição das caixas no nível 2 do posto de trabalho 3, foi criado um

terceiro nível de armazenamento que possibilita a colocação de um maior número de

referências diferentes no mesmo volume de armazenamento (Figura 24). Assim foi possível

colocar um maior número de referências perto do posto 1 e assim diminuir a distância

percorrida pelos operadores ao longo do turno. Esta solução garante stock para um menor

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47

número de ciclos pelo que reduz o excesso de stock nas áreas de repacking. Desta forma

obteve-se uma redução de 22% no espaço ocupado pelas 11 áreas de repacking o que

representa a libertação de 297 espaços de paletes, como se pode ver na Tabela 13.

Figura 24 - Distribuição das caixas após a introdução do terceiro nível

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48

Tabela 13 - Redução das áreas de repacking

Linhas Antes

(Paletes) Depois

(Paletes) Redução (%)

L02 + L27 96 96

50%

L30 + L29 + L21 96

L44 + L45 80 44 45%

L07 16 16 0%

L17 96 56 42%

L14 8 8 0%

L26 16 10 38%

L48 40 16 60%

L24 56 24 57%

L15 8 8 0%

L18 66 48 27%

CR 16 16 0%

L01 96 96 0%

L39+L33+L43 144 99 31%

L08 56 56 0%

L22 32 32 0%

L09 32 32 0%

L19 96 96 0%

L28 +L03 + L05 96 96 0%

L12 192 192 0%

Total 1338 1041 22%

297

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49

6. CONCLUSÃO E TRABALHO FUTURO

Nos últimos anos tem sido notável o crescente interesse por parte das organizações, ou

mesmo pela comunidade científica, em estudo que envolvam as pessoas, nomeadamente

avaliação das condições de trabalho e implementação de melhorias das mesmas. Com

estas medidas, as organizações procuram, por um lado, aumentar a satisfação e a

qualidade de vida dos trabalhadores e, por outro, aumentar a produtividade e

competitividade. Já a comunidade científica tem procurado analisar e desenvolver teorias

relacionadas com a ergonomia, mais especificamente aquelas que se prendem com os

fatores que influenciam a qualidade vida dos trabalhadores, bem como com os métodos

que possam avaliar de forma rigorosa as condições de trabalho.

Este projeto partiu de um diagnóstico holístico, e teve como base factos observados

diretamente no contexto de trabalho, contanto ainda com a colaboração dos trabalhadores

do armazém de uma Unidade Industrial.

Ao longo deste trabalho, e em termos teóricos, foram analisados alguns conceitos, teorias

e métodos relacionados com as LMERT, bem como o seu impacto na vida dos

trabalhadores e nos resultados das empresas. De facto, as LMERT são uma realidade que

afetam os trabalhadores, repercutindo-se negativamente na produtividade e sucesso das

empresas.

Os estudos práticos realizados neste projeto permitiram concluir que os postos de trabalho

1 (PT1) e 4 (PT4) são os que se apresentam menos prejudiciais para os trabalhadores. Já

o posto 3 (PT3) evidenciou ser o mais prejudicial, principalmente no nível 1 da estante. Se

se compararem os resultados da avaliação feita a partir do método Bosch e NIOSH com o

método REBA nos diferentes postos de trabalho avaliados, é possível observar uma

concordância entre os mesmos. Em ambos os métodos, o PT3 demonstra ser o mais

prejudicial para os trabalhadores, seguido dos PT1 e PT4.

No que respeita às partes do corpo mais afetadas com o trabalho naqueles postos, conclui-

se que as regiões superiores do corpo – tronco, braços, antebraço e pescoço – evidenciam

um maior risco, tendo estes resultados sido igualmente corroborados por todos os métodos

aplicados.

Para além de uma avaliação dos postos e das partes do corpo mais expostas, este projeto

apresentou, ainda, algumas soluções que pretendem eliminar ou diminuir a prevalência de

LMERT no armazém. Estas soluções reúnem, por um lado, uma componente de prevenção

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50

de LMERT e, por outro, preveem alterações na geometria de alguns postos de trabalho, de

forma a evitar posturas incorretas por parte dos trabalhadores.

Devido a limitações temporais, de referir que não foi possível avaliar a eficácia das soluções

propostas. Neste sentido propõe-se para trabalho futuro, e após terem sido implementadas

as soluções apresentadas, que as mesmas sejam avaliadas, por forma a medir o seu

impacto. Para isso, sugere-se que os trabalhadores em estudo sejam divididos em dois

grupos e apenas um dos grupos trabalhe nos postos de trabalho com as melhorias

implementadas, durante um período alargado de tempo. Desde modo, será possível

comparar a prevalência de LMERT nos dois grupos de trabalhadores e, assim, avaliar, com

mais rigor, a eficácia das soluções propostas. Em caso de sucesso das soluções

apresentadas, tal como se prevê, fica a sugestão da sua implementação nas restantes

áreas de repacking.

Em termos de contribuição teórica, este trabalho apresenta exemplos de boas práticas que

poderão ser aplicados a outros projetos de melhoria de condições ergonómicas, em postos

de trabalho presentes no armazém.

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51

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58

ANEXO 1 – Peso das caixas manipuladas

Referência Peso (kg)

8.718.603.54A 11,6

8.737.908.94A 13,98

8.718.610.44A 10,03

8.737.929.70A 14,37

8.712.201.007 11,37

8.737.703.811 8,78

8.737.908.95A 9,96

8.747.201.388 9,95

7.746.016.80A 9,13

8.718.613.73A 6,9

7.746.016.79A 8,72

8.747.301.361 7,97

8.744.404.094 11,5

F.01U.344.063 5,48

8.613.760.031 11,5

8.747.201.371 7,14

8.737.702.207 6,38

8 747 301 329 4,86

8.737.914.40A 4,91

8.741.309.054 3,9

8.747.201.338 4,98

8 627 007 142 3,75

8.737.917.98A 4,2

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59

8.737.702.553 4,67

8.718.600.58A 4,48

8.747.201.394 4,31

8.737.916.57A 3,4

8.747.301.125 3,27

F.01U.346.214 13,94

8 714 404 400 3,4

8.737.909.25A 4,24

8 714 404 401 5,54

8 718 556 263 7,83

8.744.500.957 4,56

8.737.702.946 6,19

8.718.222.990 15

8.718.226.165 10,55

8.737.404.32A 4,65

8.747.201.356 5,21

8.905.501.120 5,29

8.737.704.480 5,29

8.737.701.345 9,76

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ANEXO 2 – Distribuição antiga das áreas de repacking

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ANEXO 3 – Distribuição atual das áreas de repacking

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ANEXO 4 – Questionário (versão adaptada de NMQ)

Sexo:

Ano de Nascimento: _____

Turno: _____

Há quantos anos exerce a atual função? _____

Qual é o seu peso? _____

Qual é a sua altura? _____

Mão dominante:

Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao seu

estado de desconforto, fadiga ou dor, em função dos segmentos corporais considerados.

No caso de sentir desconforto, refira qual a intensidade do mesmo, de acordo com a escala

seguinte.

Intensidade do desconforto/ fadiga/ dor:

1 — Leve

2 — Moderado

3 — Intenso

4 — Insuportável

Feminino Masculino

Dextro Esquerdino Ambidextro

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Teve algum problema durante os

últimos 7 dias?

Nos últimos 12 meses

esteve impedido de realizar

o seu trabalho normal

devido a este problema?

Para responder apenas pelos operadores que tenham problemas

Teve algum problema durante os últimos 12

meses (fadiga, desconforto ou dor) nos

seguintes seguimentos? Se sim, refira qual a

sua intensidade, assinalando-a com um

circulo.

Para responder por todos os operadores

1 Coluna cervical

Não Sim

2 Coluna cervical

Não Sim

3 Coluna cervical

Não Sim

1 2

3 4

4 Ombros

Não Sim No direito

5 Ombros

Não Sim

6 Ombros

Não Sim

1 2

3 4

Sim No esquerdo

Sim Ambos

5 Ombros

Não Sim No direito

Sim No esquerdo

Sim Ambos

7 Cotovelos

Não Sim No direito

5 Ombros

Não Sim

9 Cotovelos

Não Sim

1 2

3 4

Sim No esquerdo

Sim Ambos

8 Cotovelos

Não Sim No direito

Sim No esquerdo

Sim Ambos

10 Punhos/ Mãos

Não Sim No direito

5 Ombros

Não Sim

12 Punhos/ Mãos

Não Sim

1 2

3 4

Sim No esquerdo

Sim Ambos

11 Punhos/ Mãos

Não Sim No direito

Sim No esquerdo

Sim Ambos

13 Coluna dorsal

Não Sim

14 Coluna dorsal

Não Sim

15 Coluna dorsal

Não Sim

1 2

3 4

16 Coluna lombar

Não Sim

17 Coluna lombar

Não Sim

18 Coluna lombar

Não Sim

1 2

3 4

19 Ancas/ coxas

Não Sim

20 Ancas/ coxas

Não Sim

21 Ancas/ coxas

Não Sim

1 2

3 4

22 Pernas/ joelhos

Não Sim

23 Pernas/ joelhos

Não Sim

24 Pernas/ joelhos

Não Sim

1 2

3 4

25 Tornozelos/ pés

Não Sim

26 Tornozelos/ pés

Não Sim

27 Tornozelos/ pés

Não Sim

1 2

3 4

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ANEXO 5 - Rapid Entire Body Assessment

Modo de aplicação

Inicialmente atribui-se uma pontuação ao grupo A (Tabela 20) do corpo constituído pelo

tronco (Tabela 14), pescoço (Tabela 15) e pernas (Tabela 16), e de seguida classifica-se

a carga/força aplicada na postura avaliada a partir da Tabela 21. Numa segunda fase

atribui-se pontuações aos braços (Tabela 17), antebraços (Tabela 18) e punho (Tabela 19)

para obter a pontuação do grupo B (Tabela 22). A pontuação do grupo B soma-se à

pontuação atribuída à qualidade da pega obtida a partir da Tabela 23. A partir das

pontuações A e B obtém-se a pontuação C através da Tabela 24. Por fim, soma-se a

pontuação da atividade (Tabela 25) à pontuação C para obter a pontuação REBA. Através

da Tabela 26 e de acordo com a pontuação REBA, é possível avaliar o grau de urgência

de uma possível intervenção para corrigir a postura adotada na atividade em avaliação.

Para facilitar a aplicação deste método, recorre-se à (Figura 25).

Figura 25 - Folha de pontuação REBA

GRUPO A GRUPO B

BRAÇO

ANTEBRAÇO

PULSO

TRONCO

PESCOÇO

PERNAS

Tabela A Tabela B

+Carga/ Força

+Pega

PONTUAÇÃO A PONTUAÇÃO B

PONTUAÇÃO C

+Pontuação da

Atividade

PONTUAÇÃO REBA

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Tabela 14 - Pontuação grupo A - Tronco

Tronco Movimento Pontuação Pontuação Extra

Ereto 1

+1 se existir rotação ou flexão lateral do tronco

Flexão 0º-20º

Extensão 0º-20º 2

Flexão 20º-60º

Extensão>20º 3

Flexão>60º 4

Tabela 15 - - Pontuação grupo A - Pescoço

Pescoço Posição Pontuação Pontuação Extra

Flexão 0º-20º 1

+1 se existir rotação ou flexão lateral do pescoço

Flexão ou extensão >20º 2

Tabela 16 - Pontuação grupo A - Pernas

Pernas Posição Pontuação Pontuação Extra

Peso bilateral, em andamento ou sentado

1

+1 se a flexão dos joelhos entre 30º e 60º

+2 se a flexão dos joelhos for >60º (esta situação aplica-se em

situações em pé) Peso unilateral ou postura

instável 2

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Tabela 17 - Pontuação grupo B - Braço

Tabela 18 - Pontuação grupo B - Antebraço

Tabela 19 - Pontuação grupo B - Punho

Braço Posição Pontuação Pontuação Extra

Extensão 20º a flexão 20º 1

+1 se existir rotação do braço

+1 se elevar o ombro

-1 se o peso do braço é suportado ou apoiado

Extensão >20º

Flexão 20º-45º 2

Flexão 45º-90º 3

Flexão>90º 4

Antebraço Movimento Pontuação

Flexão 60º-100º 1

Flexão <60º

ou

Flexão >100º

2

Punho Movimento Pontuação Pontuação Extra

Flexão/ Extensão entre 0º-15º

1 +1 se existir rotação do

punho

Flexão/ Extensão >15º 2

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Tabela 1 – Tabela A e Carga/Força

Tabela 20 – Pontuação tabela A

Tabela 21 - Pontuação Carga/ Força

Carga/ Força

0 1 2 +1

<5kg 5-10kg >10kg Rápida aplicação de força

Tabela A

Pescoço

1 2 3

Pernas 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4

Tro

nco

1 1 2 3 4 1 2 3 4 3 3 5 6

2 2 3 4 5 3 4 5 6 4 5 6 7

3 2 4 5 6 4 5 6 7 5 6 7 8

4 3 5 6 7 5 6 7 8 6 7 8 9

5 4 6 7 8 6 7 8 9 7 8 9 9

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Tabela B e Pega

Tabela 22 – Pontuação tabela B

Tabela 23 - Pontuação Pega

Tabela B

Antebraço

1 2

Punho 1 2 3 1 2 3

Bra

ço

1 1 2 2 1 2 3

2 1 2 3 2 3 4

3 3 4 5 4 5 5

4 4 5 5 5 6 7

5 6 7 8 7 8 8

6 7 8 8 8 9 9

Pega

0 (Boa) 1 (Aceitável) 2 (Má) +1 (Inaceitável)

Pega bem ajustada Pega aceitável, mas

não ideal

Pega inaceitável, mas

exequível

Pega insegura ou difícil/

objeto em alças

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Tabela C e Pontuação da Atividade

Tabela 24 - Pontuação C

Tabela C

Pontuação Tabela B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Po

ntu

ação

Tab

ela

A

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4

5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5

6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6

7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7

8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8

9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9

10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10

11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11

12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

Tabela 25 - Pontuação da Atividade

Pontuação da Atividade

+1 1 ou mais partes do corpo estão estáticas

+1 Pequeno número de ações repetidas

+1 Base instável ou ação causa alterações rápidas à postura

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Tabela 26 – Nível de ação do método REBA

Nível de ação do método REBA

Pontuação Nível de Risco Nível de Ação Intervenção

1 Insignificante 0 Não é necessária

1-3 Baixo 1 Pode ser necessária

4-7 Médio 2 Necessária

8-10 Alto 3 Necessária brevemente

11-15 Muito alto 4 Necessária imediatamente

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ANEXO 6 – Confirmação de Processo

PT Postura Incorreta Postura Correta Questões Avaliação Comentários Adicionais

1

(1) Altura de pega é superior a 160 cm? Se sim então assinalar NOK.

(2) Altura de pega é inferior a 160 cm? Se sim então assinalar OK.

2

(1) Altura de pega é superior a 160 cm? Se sim então assinalar NOK.

(2) Altura de pega é inferior a 160 cm? Se sim então assinalar OK.

NOK

OK

NOK

OK

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3.1

(1) O operador utiliza os roletes para auxiliar a movimentação da carga?

Se sim então assinalar NOK. (2) O operador utiliza os roletes para auxiliar a

movimentação da carga? Se sim então assinalar OK.

(3) O operador executa o movimento recorrem à postura incorreta visível na imagem?

Se sim então assinalar NOK. (4) O operador executa o movimento recorrem à

postura correta visível na imagem? Se sim então assinalar OK.

3.2

(1) O operador pega na carga sem utilizar a plataforma?

Se sim então assinalar NOK. (2) O operador utiliza a plataforma para aceder a

carga facilmente? Se sim então assinalar OK.

(3) O operador executa o movimento recorrem à postura incorreta visível na imagem?

Se sim então assinalar NOK. (4) O operador executa o movimento recorrem à

postura correta visível na imagem? Se sim então assinalar OK.

NOK

OK

NOK

OK

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4

(1) Altura de pega é superior a 160 cm? Se sim então assinalar NOK.

(2) Altura de pega é inferior a 160 cm? Se sim então assinalar OK.

NOK

OK

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