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FUNDAÇÃO CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTADUAL DA ZONA OESTE MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS COMPÓSITOS DE MADEIRA PLÁSTICA REFORÇADA COM MICA MUSCOVITA Priscila de Oliveira Almeida Rio de Janeiro 2018

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FUNDAÇÃO CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTADUAL DA ZONA OESTE

MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS

COMPÓSITOS DE MADEIRA PLÁSTICA REFORÇADA

COM MICA MUSCOVITA

Priscila de Oliveira Almeida

Rio de Janeiro

2018

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FUNDAÇÃO CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTADUAL DA ZONA OESTE

MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS

COMPÓSITOS DE MADEIRA PLÁSTICA REFORÇADA COM

MICA MUSCOVITA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais–PPCTM

da UEZO como parte dos requisitos para obtenção do

grau de Mestre em Ciência de Materiais, sob a orientação

da Professora Dra Daniele Cruz Bastos e coorientação da

Professora Dra Shirleny Fontes Santos.

Rio de Janeiro

Junho de 2018

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FICHA CATALOGRÁFICA

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

ALMEIDA, Priscila , 1982- COMPÓSITOS DE MADEIRA PLÁSTICA

REFORÇADA COM MICA MUSCOVITA.

Compósitos de madeira plástica reforçada com

mica muscovita/ Priscila Almeida – Rio de Janeiro -

UEZO, 2018.

Orientadoras: Daniele Cruz Bastos e Shirleny

Fontes Santos.

Dissertação (Mestrado) - Fundação Centro

Universitário Estadual da Zona Oeste, 2018.

Referencias Bibliográficas: p. 52- 60.

1. PEAD reciclado 2. Madeira Plástica. 3. Mica

Muscovita. I. Bastos, Daniele Cruz. II. Fundação Centro

Universitário Estadual da Zona Oeste, Rio de Janeiro,

UEZO, Programa Pós-Graduação em Ciência e

Tecnologia de Materiais. III. Titulo.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Priscila de Oliveira Almeida

COMPÓSITOS DE MADEIRA PLÁSTICA REFORÇADA COM

MICA MUSCOVITA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação

em Ciência e Tecnologia de Materiais–PPCTM da UEZO

como parte dos requisitos para obtenção do grau de

Mestre em Ciência de Materiais.

Aprovada em _____ de _____________ 2018.

Banca Examinadora:

___________________________________________ Profa. Marta Duarte da Fonseca de Albuquerque, D.Sc. (CETEM) ______________________________________________ Prof. Florêncio Gomes de Ramos Filho, D.Sc. (UEZO) _____________________________________________ Profa. Elaine Vidal Dias Gomes Líbano, D.Sc.(UEZO) _____________________________________________ Profa. Shirleny Fontes Santos, D.Sc. (UEZO) _______________________________________________ Profa. Daniele Cruz Bastos, D.Sc. (UEZO) Presidente

Rio de Janeiro

Junho de 2018

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Dedico esse trabalho:

Ao meu Filho Eduardo, razão da minha vida.

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Agradeço primeiramente a Deus.

Aos meus pais Paulo Cesar de Almeida e Luzia de Oliveira

Almeida que sempre me incentivaram e apoiaram em todas as

situações na minha vida e principalmente à minha mãe, que por

várias vezes deixava o conforto de seu lar para me dar todo

auxílio, cuidando de tudo, para que eu pudesse me dedicar a

este trabalho. Ao meu esposo Felipe pela motivação e

compreensão nos momentos de ausência. À professora Dra

Renata Antoun Simão (PEMM/COPPE/UFRJ) pelo uso do FTIR.

À doutoranda Ariadne Gonçalves de Leão

(PEMM/COPPE/UFRJ) pela ajuda no processamento dos

materiais e análises de DSC. Ao professor Dr. Francis Kley V.

Moreira (Departamento de Engenharia de Materiais,

DEM/UFSC) pelo auxílio nas análises de TG/DTG. Às minhas

orientadoras: Dra. Daniele Cruz Bastos e Dra. Shirleny Fontes

Santos, por toda paciência, dedicação demonstrada e por me

guiar no desenvolvimento deste trabalho. Com certeza foram

decisivas para que eu conseguisse concluir este trabalho.

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RESUMO

A Madeira Plástica, é um dos materiais ecológicos mais cobiçados atualmente, por

ser um dos mais sustentáveis, versáteis e flexíveis. Na esfera ecológica, é uma madeira

reciclável e faz uso de matérias primas recicladas que poderiam ter um descarte incorreto.

Economicamente, dispensa manutenção constante e tem alta durabilidade. No âmbito social,

gera empregos e contribui com os profissionais de cooperativas de reciclagem. Com o

objetivo de melhorar propriedades mecânicas da madeira plástica utilizada para a confecção

de equipamentos urbanos fabricados pela COMLURB-RJ, o presente trabalho utilizou aparas

de madeira plástica composta predominantemente de PEAD reciclado na preparação de

compósitos de madeira plástica com diferentes percentuais de mica muscovita, utilizada

como reforço mineral. Nesse trabalho foram avaliadas as propriedades de densidade,

dureza, MFI, FTIR, TGA e DSC dos compósitos de Madeira Plástica pura e com adição de

5%, 10%, 15% e 20% de Mica Muscovita. O compósito foi preparado utilizando um

misturador interno com rotores do tipo roller a uma temperatura de 170ºC por 10 minutos. Os

compósitos de MP/mica apresentaram um aumento progressivo de densidade e uma

redução no valor de fluidez, ou seja, uma restrição no fluxo do material, que foi relacionado a

uma restrição do movimento das cadeias. Já a análise de dureza confirmou a ação da mica

como carga reforçante na matriz de madeira plástica, mas que se estabiliza em torno de

15%. Verificou-se também, na análise termogravimétrica, que a amostra com 15% de mica

apresentou desempenho ligeiramente melhor que a de 20% de mica, o que pode indicar, que

acima de 15%, ao invés de funcionar como reforçante, pode estar causando uma

desorganização na estrutura polimérica. Os resultados de DSC revelaram que as amostras

de madeira plástica com mica apresentaram temperaturas máximas de fusão ligeiramente

menores em relação à madeira plástica. O espectro de FTIR não caracterizou mudanças na

estrutura química, indicando que não houve interação química entre a madeira plástica e a

mica muscovita.

Palavras-Chave: Compósitos, Madeira Plástica, Mica muscovita, Polietileno de alta

densidade.

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ABSTRACT

The Plastic Wood is one of the most coveted ecological materials currently, for

being one of the most sustainable, versatile and flexible materials. In the ecological sphere, it

is a recyclable wood and makes use of recycled raw materials that could have an incorrect

disposal. Economically, it provides constant maintenance and high durability. In the social

sphere, it generates jobs and contributes to the professionals of recycling cooperatives. With

the proposal of improving mechanical properties of the plastic wood used in the manufacture

of urban equipment manufactured by COMLURB, company of garbage collection, located in

Rio de Janeiro, Brazil, the present work used plastic wood chips composed basically of

recycled PEAD in the preparation of plastic wood composites with different percentages of

muscovite mica, used as a mineral reinforcement. In this work, the properties of density,

hardness, MFI, FTIR, TGA and DSC of pure plastic composites were evaluated, with 5%,

10%, 15% and 20% of Mica Muscovite addition. The composite was prepared, using an

internal mixer with roller type rotors at a temperature of 170°C for 10 minutes. The MP/mica

composites showed a progressive increasing of density and a reduction in the value of

fluidity, that is a restriction on the flow of the material, which was related to a movement

restriction of the chains. The hardness analysis confirmed the action of mica as a reinforcing

load on the plastic wood matrix, but stabilized around 15%. It was also verified, in the

thermogravimetric analysis, that the sample with 15% of mica presented slightly better

performance than the sample with 20%, which may indicate that above 15% of mica, instead

of acting as a reinforcing, may be causing disorganization in the polymeric structure. The

results of DSC revealed that the samples of plastic wood with mica had slightly lower melting

temperatures compared to the plastic wood. The FTIR spectrum didn’t characterize changes

in the chemical structure, indicating that there was no chemical interaction between the

plastic wood and the muscovite mica.

Keywords: Composites, Plastic Wood, Muscovite Mica, High Density Polyethylene.

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Sonhos determinam o que você quer. Ação determina o que

você conquista.

Aldo Novak

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x

SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................................................... vii

SUMÁRIO .......................................................................................................................... x

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................ xii

LISTA DE QUADROS ..................................................................................................... xiv

LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................................ xv

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1

1.1. OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 2

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 2

REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 3

2.1. O POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE (PEAD) .................................................. 3

2.2. RECICLAGEM DOS POLÍMEROS ......................................................................... 9

2.3. MADEIRA PLÁSTICA ............................................................................................13

2.4. COMPÓSITOS ......................................................................................................21

2.4.1. Compósitos com matriz de PEAD ou madeira plástica................................21

2.4.2. Compósitos Polímero/Carga Mineral............................................................24

2.5. MICA MUSCOVITA ...............................................................................................32

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .....................................................................36

3.1. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS ..........................................................................36

3.2. MÉTODOS: ...........................................................................................................37

3.2.1. Obtenção e beneficiamento da Madeira Plástica.........................................37

3.2.2. Obtenção e beneficiamento da mica............................................................37

3.2.3. Processamento dos Materiais......................................................................38

3.3. CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS.................................................................40

3.3.1. Dureza..........................................................................................................40

3.3.2. Densidade....................................................................................................41

3.3.3. Análise do Índice de Fluidez (MFI)...............................................................42

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3.3.4. Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR).......42

3.3.5. Análise Termogravimétrica (TGA).................................................................43

3.3.6. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC).................................................44

RESULTADOS E DISCUSSÕES ..........................................................................45

4.1. DENSIDADE .........................................................................................................45

4.2. DUREZA ...............................................................................................................46

4.3. ANÁLISE DO ÍNDICE DE FLUIDEZ (MFI) .............................................................47

4.4. ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER

(FTIR) ................................................................................................................................48

4.5. ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA) ............................................................50

4.6. CALORIMETRIA EXPLORATÓRIA DIFERENCIAL (DSC) ....................................52

CONCLUSÕES .....................................................................................................54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................56

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação da estrutura do esferulito (Fonte - Callister, 2006) ......................... 4

Figura 2 - Representação esquemática da estrutura do PEAD (Fonte - COUTINHO et al,

2003). ..................................................................................................................................... 7

Figura 3 - Simbologia utilizada para identificação de embalagens poliméricas. .................... 10

Figura 4 - Madeira Plástica (Fonte - OLIVEIRA et al, 2013) .................................................. 13

Figura 5 - Exemplos de aplicações de madeira Plástica (Fonte - ECOPLEX) ....................... 15

Figura 6 - Equipamentos urbanos produzidos pela Comlurb (Fonte: DE REZENDE, 2015). . 16

Figura 7 - Processo de fabricação de madeira plástica (Fonte - CASTRO, 2016). ................ 19

Figura 8 - Perfis de madeira plástica e o processamento de perfis (Fonte - DE REZENDE,

2015) .................................................................................................................................... 19

Figura 9 - Resíduo em pó de madeira plástica (Fonte - DE REZENDE, 2015). ..................... 19

Figura 10 - Ilustração da relação de aspecto de partículas acicular e micacea (Fonte - Lima,

2007). ................................................................................................................................... 25

Figura 11 - Cristais micáceos de muscovita (a) e direções ópticas e cristalográficas (b) (Fonte

- MACHADO, 2003) .............................................................................................................. 34

Figura 12 - Mica em folha (a) e mica moída (b) (Fonte - SANTOS, 2009) ............................. 35

Figura 13 - Misturador interno Brabender - (a) material sendo colocado no misturador. (b)

material sendo retirado após o processamento ..................................................................... 39

Figura 14 - Materiais moídos, separados por composição. ................................................... 40

Figura 15 - Durômetro Shore D modelo GS702 .................................................................... 40

Figura 16 - Densímetro DSL910 – GEHAKA ......................................................................... 41

Figura 17 - PlastômetroMeltFlowQuik Index – CEAST (UEZO) ............................................. 42

Figura 18 - FTIR - modelo Nicolet 6700 da Thermo Scientific. .............................................. 41

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Figura 19 - Resultados da análise de Densidade. ................................................................. 43

Figura 20 - Resultados da análise de Dureza.........................................................................44

Figura 21 - Resultados da análise de MFI...............................................................................45

Figura 22 - Resultados da análise FTIR [eixo x: número de onda (cm-1) e eixo y: Absorbância

(u.a.)].......................................................................................................................................46

Figura 23 - Curvas de TGA das amostras de madeira plástica/mica......................................47

Figura 24 - Análise de TGA das amostras de madeira plástica/mica na região entre 425-

500°C......................................................................................................................................48

Figura 25 - Perfil DSC da madeira plástica e os compósitos com mica..................................49

Figura 26 - Ampliação da região do pico de fusão da madeira plástica e os compósitos.......50

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Propriedades de diferentes tipos de Polietilenos (Fonte - TORRES, 2007) ..... 6

Quadro 2 - Principais aditivos usados na fabricação de madeira plástica ........................18

Quadro 3 - Principais tipos de mica e classificação (Fonte - BATISTA, 2016) .................33

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Propriedades físicas da muscovita (Fonte - DE PAULA, 2015) ...................... 34

Tabela 2 - Proporções (em massa) de cada componente dos compósitos. ..................... 38

Tabela 3 - Valores de densidade, dureza e índice de fluidez das amostras MP/mica. ..... 45

Tabela 4 – Porcentagem de resíduo após termogravimetria para amostras MP/mica. .... 51

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASTM American Society for Testing Materials - Associação normatizadora norte

americana

CETEM Centro de Tecnologia Mineral

Comlurb Companhia Municipal de Limpeza Urbana

DRX Difração de raiosX

DSC Calorimetria exploratória diferencial

FTIR Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier

FV Fibra de Vidro

MEV Microscopia eletrônica de varredura

MFI Medida do índice de fluidez

MO Microscopia óptica de alta capacidade de aumento e resolução

PEAD ou HDPE Polietileno de alta densidade

PEADr Polietileno de alta densidade reciclado

PEADv Polietileno de alta densidade virgem

PEBD ou LDPE Polietileno de baixa densidade

PE-g-MAH Polietileno graftizado com Anidrido Maleico

PELBD ou LLDPE Polietileno linear de baixa densidade

PET Poli (etileno tereftalato)

PEUAPM ou UHMWPE Polietileno de ultra alto peso molecular

PEUBD ou ULDPE Polietileno de ultra baixa densidade

PMMA Poli (metacrilato de metila)

PP Polipropileno

PPMA Polipropileno Maleatado

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PS Poliestireno

PVC Poli (cloreto de vinila)

RPL Recycled Plastic Lumber Tipo de madeira plástica

TGA Análise termogravimétrica

UEZO Centro Universitário Estadual da Zona Oeste

UV Ultravioleta

WPC Wood Plastic Composite Tipo de madeira plástica com pó de madeira

ZSM “Zeolite Socony Mobil” Um dos tipos de zeólitas existente

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1

1. INTRODUÇÃO

Desde seu advento e desenvolvimento tecnológico, os polímeros promoveram

impactantes alterações na sociedade, graças à grande diversidade de produtos, facilidade de

processamento, baixo custo, designers inovadores, entre outras vantagens. Entretanto, o

crescente uso destes materiais tem levado à produção de uma quantidade enorme de

resíduos pós-consumo que causam grande impacto ambiental (DINNEBIER, 2015).

Uma das medidas mais utilizadas para amenizar o impacto ambiental gerado pelos

polímeros é a reciclagem. Neste processo, resíduos de fabricação ou processamento (pós-

industrial) ou artefatos descartados (pós-consumo) voltam à linha de processamento para

obtenção de um novo produto. A madeira plástica é um exemplo de produto obtido a partir do

reprocessamento de resíduos plásticos industriais variados, principalmente o polietileno de

alta densidade (PEAD) (MATOS, 2015).

A madeira plástica, também chamada madeira ecológica, encontra amplo uso em

móveis de jardim, decks, cercas, fachadas, decoração e playgrounds, entre outros. Porém,

em virtude do frequente uso ao ar livre, estes materiais sofrem com a exposição constante a

luz solar e outras intempéries, apresentando por isso necessidade de melhoria nas

propriedades térmicas e mecânicas principalmente (GUIMARÃES, 2013).

Uma alternativa possível é o reprocessamento da madeira plástica com incorporação

de cargas de reforço, ou seja, na forma de compósitos. Diversos tipos de materiais vêm

sendo estudados para uso como cargas de reforço, dentre eles destacam-se as fibras de

vidro e poliméricas, carbonato de cálcio, as fibras vegetais (sisal, coco, juta, etc.) e

argilominerais (bentonita, montmorilonita, muscovita, etc.) (MARINELLI et al., 2008).

O termo mica é aplicado a um grupo de minerais alumino-silicatos complexos, que

apresentam estrutura lamelar e diferentes composições químicas e propriedades físicas

(DANA, 1959). No grupo das micas três subtipos encontram maior destaque - muscovita,

flogopita e biotita. Na região nordeste do Brasil há reservas do mineral muscovita, onde a

lavra é realizada principalmente em garimpos o que ocasiona a obtenção de mineral com

baixo valor agregado e grande quantidade de rejeitos é gerada, causando também poluição

ambiental (SANTOS et al., 2011).

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2

A literatura vem registrando grande número de trabalhos com foco no

desenvolvimento de compósitos baseados na interação entre uma matriz polimérica e

argilominerais (bentonita, montmorilonita, muscovita, etc.) que alcançaram melhorias das

propriedades mecânicas e térmicas, entre outras (LIMA, 2007; EIRIZ E RIBEIRO, 2016;

FONSECA, 2015; Escócio, 2003; OMAR, 2010).

Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo a obtenção de um compósito

de madeira plástica e o mineral muscovita para obtenção de material com propriedades

térmicas e mecânicas melhoradas.

1.1. OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem como objetivo a preparação e análise do compósito de

resíduo madeira plástica com a carga mineral mica moscovita.

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Obter o resíduo de da madeira plástica beneficiada (separação, corte,

imantação);

Obter materiais compósitos com diferentes proporções de madeira

plástica/mica (100/0, 95/5, 90/10, 85/15 e 80/20) em misturador interno;

Verificar a influência da mica através da caracterização dos materiais

obtidos por testes de Densidade (ASTM D792-2008), Dureza Shore D (ASTM

D2240-2010), Índice de Fluidez (MFI - ASTM D1238), Espectroscopia de

Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR), Análise Termogravimétrica

(TGA) e Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC).

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3

REVISÃO DA LITERATURA

2.1. O POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE (PEAD)

Os polímeros naturais, como também as cerâmicas, são utilizados desde os tempos

mais remotos da humanidade. Porém no último século aconteceu um grande

desenvolvimento de polímeros sintéticos, devido ao desenvolvimento de novas tecnologias

que permitem a determinação das estruturas moleculares destes materiais. Em várias

aplicações, os materiais metálicos estão sendo substituídos por plásticos, que apresentam

boas propriedades e um custo de produção mais baixo (CALLISTER, 2002).

Em relação ao conceito, a palavra polímero tem sua origem do grego poli (muitos) e

mero (unidade de repetição). Um polímero, então, é uma macromolécula formada por muitas

(dezenas de milhares) unidades de repetição (meros), ligados por tipo de ligação covalente.

A matéria-prima para a produção de um polímero é o monômero, isto é, uma molécula com

apenas uma unidade (mero) de repetição (CANEVAROLLO, 2002).

Não diferente dos outros tipos de materiais, as propriedades dos polímeros estão

intrinsecamente relacionadas à sua microestrutura.

Quanto à estrutura molecular, os polímeros podem ser subdivididos em polímeros

lineares, ramificados, com ligações cruzadas ou em rede (CALLISTER, 2002). Nos polímeros

lineares, as unidades mero são unidas de ponta a ponta em cadeias únicas. As cadeias são

flexíveis e podem existir grandes quantidades de ligações de van der Waals. Alguns

exemplos de polímeros lineares são o cloreto de polivinila, poliestireno, polimetil metacrilato,

nylon fluorocarbonos e o conhecido polietileno.

Já nos polímeros ramificados as cadeias de ramificações laterais são conectadas às

cadeias principais, com uma compactação da cadeia reduzida, resultando em polímeros de

baixa densidade. Os polímeros lineares também podem ser ramificados.

Os polímeros com ligações cruzadas têm as cadeias lineares ligadas umas às outras,

por ligações covalentes em varias posições. Durante a síntese do polímero essas ligações

são obtidas a altas temperaturas e são encontradas em muitos dos materiais elásticos com

características de borracha. As ligações neste caso, não são reversíveis.

Polímeros em rede são unidades de mero com três ligações covalentes ativas,

formando redes tridimensionais. Os polímeros com muitas ligações cruzadas podem ser

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4

caracterizados como polímeros em rede e estes apresentam características mecânicas e

térmicas distintas. Ex: Materiais de base epóxi e fenolformaldeído.

Atualmente o polietileno é o polímero mais utilizado em embalagens, devido, sobretudo

ao seu fácil processamento, o que o torna bastante acessível economicamente, bem como a

ausência de toxicidade. O polietileno é um polímero semicristalino que possui sua estrutura

cristalina organizada dentro das lamelas, as quais são ligadas umas as outras através de

pontes interlamelares que constituem as regiões amorfas. Os cristais são formados

regularmente pelas lamelas de aproximadamente 10-20 nm de espessura e cerca de 10 μm

de comprimento, como mostrado na Figura 1. Estas estruturas crescem radialmente

formando os esferulitos que apresentam uma sequência regular de anéis concêntricos em

formato de cruz de malta (BARBOSA, 2016).

Figura 1 - Representação da estrutura do esferulito (Fonte - Callister, 2006)

Coutinho et al (2003), em seu trabalho, descreveram as principais características do

polietileno, suas principais aplicações e o tipo de processamento. Dependendo das

condições reacionais e do sistema catalítico empregado na polimerização, cinco tipos

diferentes de polietileno podem ser produzidos:

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5

- Polietileno de baixa densidade (PEBD ou LDPE) - O Polietileno de baixa densidade é

um polímero semicristalino (50 – 60%), que contém cadeias ramificadas, com uma faixa de

fusão entre 110 a 115 °C. Com uma combinação única de propriedades destacam-se as

propriedades - tenacidade, alta resistência ao impacto, alta flexibilidade, boa

processabilidade, estabilidade e propriedades elétricas notáveis. São utilizados como filmes

para embalagens industriais e destinados a embalagens de alimentos líquidos e sólidos.

- Polietileno linear de baixa densidade (PELBD ou LLDPE) - Este material apresenta

uma estrutura molecular de cadeias lineares com ramificações curtas que têm influência

(tanto no PELBD quanto no PEBD), na morfologia e em várias propriedades físicas como,

rigidez, densidade, dureza e resistência à tração. Sua distribuição de peso molecular é

estreita quando este é comparado ao polietileno de baixa densidade (PEBD).

- Polietileno de ultra baixa densidade (PEUBD ou ULDPE) - Com densidade

aproximada de 0,865 g/cm³, é um polietileno que oferece maior resistência, mais flexibilidade

e melhores propriedades ópticas em relação ao PELBD. Sua principal utilização é como

resina modificadora, principalmente para polietileno de alta (PEAD), baixa densidade (PEBD)

e polipropileno (PP). As propriedades que melhoram com a adição de PEUBD aos

polietilenos e ao PP são a resistência ao impacto, à flexibilidade e a resistência ao

rasgamento.

- Polietileno de ultra-alto peso molecular (PEUAPM ou UHMWPE) - Com uma alta

densidade, longa cadeia molecular, e a ausência de ramificações em sua estrutura

proporcionam ao PEUAPM propriedades, tais como: maior resistência à abrasão, boa

resistência à corrosão, alta resistência à fadiga cíclica, alta resistência à fratura por impacto,

alta resistência química, alta dureza e baixo coeficiente de atrito.

-Polietileno de alta densidade (PEAD ou HDPE) - A linearidade das cadeias e

consequentemente a maior densidade do PEAD fazem com que o alinhamento, a orientação

e o empacotamento das cadeias sejam mais eficientes; as forças intermoleculares (Van der

Waals) possam agir mais intensamente, e, como consequência, a cristalinidade seja maior

que no caso do PEBD. Sendo maior a cristalinidade, a fusão poderá ocorrer em temperatura

mais alta.

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O PEAD surgiu na década de 1890, com a síntese do polimetileno resultante da

decomposição do diazometano. O polimetileno assim obtido era um polímero linear de peso

molecular elevado, tendo ponto de fusão 137° C e densidade de 0,970 g/cm3 (BATISTA,

2013). No Quadro 1 são mostradas algumas propriedades físicas para diferentes tipos de

polietilenos.

Quadro 1 - Propriedades de diferentes tipos de polietilenos (Fonte - TORRES, 2007)

LLDPE LDPE HDPE UHMW-PE

Densidade (g/cm3) 0,910-0,925 0,915-0,935 0,941-0,967 0,93

Temperatura de Fusão (ºC) 125 106-112 130-133 132

Tensão de ruptura (MPa) 14-21 6,9-17,2 18-30 20-41

Elongação até a ruprura (%) 200-1200 100-700 100-1000 300

Módulo de flexão (MPa) 248-365 415-795 689-1654 -

Resistencia ao Impacto Izod

(J/m) - 0,67-21 27-160 Não quebra

Dureza (Shore D) 41-53 45-60 60-70 -

Segundo Coutinho et al (2003), a utilização do PEAD depende do método de produção.

O tipo de sistema de iniciador utilizado é a principal diferença entre o processo de

polimerização de etileno sob baixa pressão e o processo sob alta pressão está no tipo de

sistema iniciador usado.

Ziegler e Natta descobriram os iniciadores (catalisadores) utilizados para polimerizar

sob pressões próximas à atmosférica, em suas pesquisas sobre compostos

organometálicos, principalmente organo-alumínio. Sob a ação de catalisadores Ziegler-Natta,

a polimerização se efetua em temperaturas entre 20 a 80 ºC, sob pressões de etileno entre

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10 a 15 atm. e em meio de hidrocarbonetos parafínicos em presença de um composto alquil-

alumínio e um sal de Ni, Co, Zr ou Ti. Esses sistemas catalíticos (iniciadores) são ativos o

suficiente para que a reação ocorra, à pressão atmosférica e temperaturas inferiores a 100

°C (COUTINHO et al, 2003).

No processo Phillips, a polimerização se realiza em temperaturas brandas, inferiores a

100 °C, e a baixas pressões, em torno de 50 atm, um catalisador suportado em alumina

constituído de óxido de cromo, ativado por uma base é utilizado nesse processo. Quando

comparado com o polietileno obtido com catalisadores Ziegler-Natta, o produto é menos

ramificado e tem por isso uma estrutura altamente cristalina, gerando então um produto com

uma densidade maior. Esse polímero contém menos que uma cadeia lateral por 200 átomos

de carbono da cadeia principal (Figura 2), sua temperatura de fusão cristalina é

aproximadamente 132 °C e sua densidade está entre 0,95 e 0,97 g/cm³. O peso molecular

numérico médio fica na faixa de 50.000 a 250.000 (COUTINHO et al, 2003).

Figura 2 - Representação esquemática da estrutura do PEAD (Fonte - COUTINHO et al, 2003).

O Polietileno de Alta Densidade (PEAD) é o mais importante dentre as três variações

de polietilenos (PE) devido às suas características intrínsecas e ao consequente enorme

volume consumido em nível global. Com sua grande estrutura linear composta por apenas

poucos ramos laterais, os quais conduzem a uma maior densidade, e a uma estrutura mais

cristalina, o PEAD possui vantagens significativas, em comparação com os outros

polietilenos, permitindo, portanto, um maior leque de utilizações (TECHDUTO, 2018).

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Na produção de produtos de PEAD são utilizados processos como injeção, sopro,

retomoldagem e extrusão. A moldagem por sopro é um importante canal de escoamento

para artefatos de PEAD tais como garrafas de leite e outras bebidas não carbonatadas, além

de tambores, reservatórios de combustível para automóveis, brinquedos e produtos

domésticos, entre outros. Devido ao fato de o PEAD possuir boa resistência físico-química, o

mesmo é igualmente utilizado para a embalagem de muitos produtos químicos domésticos e

industriais, como por exemplo, detergentes, cloro e ácidos (BATISTA, 2013).

O PEAD também pode ser injetado para moldar itens como caixas, pallets,

embalagens, produtos domésticos e brinquedos. Além disso, ele também pode ser extrusado

para a produção industrial de canos de água, canos de gás natural e de dutos de irrigação,

além de tubos corrugados, dutos para sistemas de drenagem e de esgotos, e canos

condutores de cabos elétricos e de telecomunicações (BATISTA, 2013).

Particularmente no mercado brasileiro, o PEAD é um dos polímeros mais consumidos,

e juntamente com Polipropileno (PP), Poliestireno (PS), Policloreto de Vinila (PVC) e

Politereftalato de Etileno (PET) faz parte do grupo de polímeros que representam cerca de

90% do consumo nacional. Por este motivo é também um dos principais polímeros

encontrados nos resíduos sólidos urbanos e também um dos mais reutilizados e reciclados

(SPINACÉ e DE PAOLI, 2005).

O PEAD encontra amplo reuso, por exemplo, no preparo da madeira plástica, que é

obtida a partir do reprocessamento de diversos polímeros pós-consumo, principalmente o

próprio polietileno de alta densidade (DE REZENDE, 2015).

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2.2. RECICLAGEM DOS POLÍMEROS

Atualmente está sendo dada muita ênfase à preservação e conservação do meio

ambiente como forma de garantir um desenvolvimento sustentável. A produção e uso de

plásticos causa uma série de impactos ambientais. Entre os diversos danos causados ao

meio ambiente estão o grande uso de combustíveis fósseis não renováveis, e a geração dos

resíduos plásticos (GOUVÊA, 2011; FERNANDES, 2016).

Esses resíduos em geral, levam muito tempo para sofrerem degradação espontânea e,

quando queimados, produzem gases tóxicos. Além disso, devido às significativas oscilações

nos preços do barril de petróleo no mercado internacional e de suas limitações de

fornecimento em longo prazo, a necessidade de destinação sustentável para os polímeros,

como a reciclagem, por exemplo, ganha ainda maior importância (GOUVÊA, 2011;

FERNANDES, 2016).

Em um cenário em que os custos assumiram também um papel vital na dinâmica

econômica mundial, a reciclagem passou a ter um papel-chave para viabilização financeira

de empreendimentos ligados ao plástico. Segundo o site da empresa brasileira TECHDUTO,

12% dos aterros sanitários norte-americanos é composto por plásticos diversos e, destes,

19% são de PEAD, constituindo assim uma quantidade incrível de matéria-prima de baixo

custo que pode ser reciclada. Nos países desenvolvidos, 7% do lixo doméstico residencial é

formado por resquícios de embalagens plásticas, principalmente PEAD.

Há diversas formas de reciclar polímeros. As metodologias de reciclagem podem ser

classificadas em quatro categorias: reciclagem primária, secundária, terciária e quaternária.

A reciclagem primária é o reprocessamento de resíduos da produção de materiais

poliméricos na própria indústria de produção de plásticos que os gera (portanto material

processado, pós-industrial, pré-consumo). Estes resíduos são aparas, artefatos defeituosos

etc. que são triturados e reprocessados juntamente com o polímero virgem para gerar os

mesmos produtos de sua linha de produção A reciclagem secundária é similar à primária,

porém utiliza matérias primas pós-consumo, como plásticos oriundos de coleta de resíduos

sólidos urbanos (RSU). A fonte da matéria prima faz toda diferença, pois o material em tela

foi utilizado pelos consumidores, descartado e coletado como RSU, havendo grande chance

de presença de contaminantes e mistura de tipos diferentes de polímeros. Reciclagem

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terciária: processo tecnológico de produção de insumos químicos ou combustíveis a partir de

resíduos poliméricos. Reciclagem quaternária: processo tecnológico de recuperação de

energia de resíduos poliméricos por incineração controlada (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005;

GUIMARÃES, 2013; MARTINS, 2017).

Por definição a reciclagem primária e secundária são conhecidas como reciclagem

mecânica, a terciária é chamada de reciclagem química e a quaternária de reciclagem

energética. No Brasil a principal reciclagem praticada é a mecânica (ROMÃO et al, 2009).

A reciclagem mecânica pode ser viabilizada através do reprocessamento por extrusão,

injeção, moldagem por compressão, etc. Para este fim são necessários alguns

procedimentos que incluem as seguintes etapas - separação do resíduo polimérico,

moagem, lavagem, secagem, reprocessamento e, finalmente, a transformação do polímero

em produto acabado. (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005; GUIMARÃES, 2013; MARTINS, 2017).

A primeira etapa, que é a de separação, tem por objetivo a eliminação de

contaminantes, produtos compostos por dois ou mais tipos de plástico diferentes, vidros,

rótulos de produtos, embalagens metalizadas, grampos, tampas, madeiras, papéis e outros.

No Brasil a separação de materiais poliméricos é feita de acordo com o código de

identificação de embalagens, através do aspecto visual, e que é adotado internacionalmente

e, é previsto na norma ABNT NBR13230 - Simbologia Indicativa de Reciclabilidade e

Identificação de Materiais Plásticos. Esta simbologia é apresentada na Figura 3 a seguir

(SPINACÉ e DE PAOLI, 2005; GUIMARÃES, 2013; MARTINS, 2017).

Figura 3 - Simbologia utilizada para identificação de embalagens poliméricas. (Fonte: internet. Reproduzido da Norma NBR 13230 da ABNT).

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A seguir vem a etapa de moagem e peneiramento, na qual o material é moído e

peneirado na forma de “pellets” antes do reprocessamento. Isto permite acomodar melhor o

material no equipamento de processamento, como a extrusora ou a injetora. Objetiva a

obtenção de fragmentos do material em dimensões as mais uniformes possíveis a fim de

obter uma fusão relativamente homogênea (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005; GUIMARÃES,

2013; MARTINS 2017).

O polímero depois de moído é lavado em água ou solução de detergente aquecido.

Para reutilização ou emissão, como efluente, dessa água é necessária que a água de

lavagem receba um tratamento (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005; GUIMARÃES, 2013;

MARTINS 2017).

A secagem geralmente é realizada por processo mecânico e/ou térmico, visando uma

taxa aceitável de umidade. Isso acontece de acordo com o tipo de polímero, pois em alguns

casos pode gerar hidrólise durante o processamento (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005;

GUIMARÃES, 2013; MARTINS 2017).

Por fim, após a secagem, os polímeros são formulados, ou seja são adicionados

aditivos como antioxidantes, plastificantes, cargas de reforço, agentes de acoplamento entre

outros, visando dar aos polímeros as propriedades desejadas (GUIMARÃES, 2013).

A reciclagem mecânica é relativamente simples, com pouco impacto ambiental e

usualmente necessita de baixo investimento. Contudo, apresenta como desvantagem a

ocorrência de perda de resistência mecânica durante o processamento, devido,

principalmente, à degradação das cadeias que pode ocorrer por causa dos contaminantes e

da presença de subprodutos gerados devido à quebra das cadeias do próprio polímero

(MATOS, 2015). Diversos trabalhos de pesquisa têm buscado compreender esse e outros

processos que podem interferir na qualidade do produto reciclado e buscar formas de

impedir ou amenizar sua ocorrência (BAJRACHARYA et al, 2012).

Em seu trabalho, Bajracharya et al (2014), mencionam que, na maioria dos estudos

pesquisados por ele, as propriedades dos termoplásticos são bastante conservadas durante

a reciclagem. No entanto, em alguns casos é observada uma grande diferença entre o

polímero virgem e o reciclado. Esse resultado é uma consequência da diferença de

cristalinidade entre os materiais que pode acontecer devido à presença de contaminação e

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degradação durante o processamento. Em relação à compatibilidade existem muitos tipos de

polímeros que são imiscíveis e incompatíveis. Quando se faz uma tentativa de moldar uma

mistura de dois ou mais tipos de polímeros, os diferentes materiais são separados em fases,

e o material final apresenta propriedades mecânicas ruins e baixa integridade. O estudo

conclui que a adição de compatibilizantes e enchimentos melhoram as propriedades

mecânicas dos materiais plásticos reciclados.

O trabalho de Oblak et al (2015) analisou o efeito da reciclagem mecânica de

polietileno de alta densidade (PEAD), através da simulação de cem (100) ciclos de extrusão

consecutivos. O processo de reciclagem mecânica foi simulado por uma extrusora de

parafuso duplo co-rotacional. O estudo mostrou que o processamento não afetou

significativamente as propriedades térmicas dos materiais. Porém, um efeito desfavorável na

propriedade de conformação, principalmente após o 30º ciclo de extrusão, foi percebido. Os

resultados em medidas reológicas e fluidez indicam mudanças estruturais significativas no

material que ocorreu já durante os primeiros 30 ciclos de extrusão. Além disso, a reciclagem

mecânica também causa deterioração de propriedades mecânicas do PEAD que se tornam

evidentes após 10º ciclo de reprocessamento. No entanto, mesmo depois de 100 ciclos os

materiais de reciclagem conseguiram manter 80% das suas propriedades mecânicas.

Apesar das possíveis perdas de propriedades que podem surgir com uso da

reciclagem mecânica, já é possível encontrar no mercado diversos tipos de produtos

reciclados mecanicamente, com amplo uso, preços acessíveis e qualidade satisfatória tais

como sacos de lixos, solados, pisos, conduítes mangueiras, fibras, embalagens não

alimentícias e a madeira plástica (LONTRA, 2011).

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2.3. MADEIRA PLÁSTICA

A Madeira Plástica (Figura 4) foi desenvolvida na Europa na década de 70 a partir do

que literalmente se considerava lixo, e na década de 90, ela chegou ao Brasil e se

popularizou nos Estados Unidos. No Brasil, a utilizaçao de perfis de madeira plástica vem

ganhando espaço cada vez maior (OLIVEIRA, 2013).

Como enfatizado por Martins (2017) em seu trabalho, a madeira plástica tem uma

dupla “pegada” de sustentabilidade:

“A reciclagem de polímeros com consequente redução do descarte inadequado e redução do consumo de recursos fósseis não renováveis e a redução do desmatamento para extração de madeiras. Além disso, é totalmente reciclável. Os resíduos de fabricação ou de processamento (pós-industrial) ou artefatos descartados (pós-consumo) podem ser utilizados na fabricação de novos perfis de madeira plástica” (p.19).

O fato de não ser atacada por cupins ou fungos, não absorver umidade, ser resistente

a agentes químicos em geral e a raios UV, ter um baixo consumo energético em sua

produção, ser reciclável, dentre outras propriedades, a coloca como um potencial produto

para substituição da madeira, concreto ou aço (GUIMARÃES, 2013; MOLINA, 2009).

Figura 4 - Madeira Plástica (Fonte - OLIVEIRA et al, 2013).

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Os polímeros utilizados na fabricação da madeira plástica são usualmente plásticos

reciclados. Por este motivo há autores que denominam este tipo de material como “Recycled

Plastic Lumber” (RPL). A maior parte da madeira plástica disponível no mercado é fabricada

a partir de, predominantemente PEAD, podendo ser utilizadas misturas de PEAD, PEBD,

polipropileno (PP), poli(acrilonitrila co-butadieno-co-estireno) (ABS), poli(cloreto de viníla)

(PVC) e outros plásticos (SANTOS et al, 2007; GUIMARÃES, 2013; OLIVEIRA et al, 2013;

MARTINS, 2017).

Uma nomenclatura que é utilizada, tanto para os perfis de madeira que são fabricados

a partir de plásticos reciclados, como para as composições de plástico com fibras de madeira

é o WPC, cuja sigla provém do inglês wood polymer composites. A (ASTM) “American

Society for Testing and Materials” define madeira plástica como produto manufaturado com

conteúdo de plástico superior a 50% em massa e que possui genericamente seção

transversal retangular e apresentam dimensões típicas dos produtos de madeira

industrializada. O termo “madeira plástica” foi, na prática, ampliado para artefatos com seção

transversal circular e outros formatos. Podem ser acrescentados reforços de fibras naturais,

como a serragem de madeira, fibras vegetais, cargas minerais ou fibra de vidro (SANTOS et

al, 2007; DE PAULA e COSTA, 2008; GUIMARÃES, 2013; OLIVEIRA et al, 2013; MARTINS,

2017).

Além da conformação do material em forma e dimensões típicas dos produtos de

madeira natural industrializada, é possível a reprodução de tons de madeiras naturais

através do tingimento, utilização de massas ou através de pintura. Este fato, aliado às

vantagens derivadas de diversas propriedades superiores às da madeira natural, tem feito

com que a madeira plástica cada vez mais substitua o uso de madeira natural em diversas

aplicações. De fato, a madeira plástica pode substituir até mesmo o aço ou ferro fundido em

algumas aplicações, como tampas de bueiros, por exemplo (DE PAULA e COSTA, 2008;

GUIMARÃES, 2013; OLIVEIRA et al, 2013).

A madeira plástica pode ser pregada, aparafusada, grampeada, colada, serrada,

aplainada, fresada, usinada, etc., utilizando as mesmas ferramentas usadas no

processamento de madeira natural. Não apresenta nós, não solta farpas, não trinca e não

racha, o que permite, por exemplo, a manufatura de reentrâncias para aumentar a aderência

entre partes. Não absorve umidade e é resistente às intempéries, à água salgada e a

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agentes químicos em geral. É um material durável, podendo ser utilizado por dezenas de

anos; não precisa ser lixada, selada nem envernizada, o que reduz os custos de manutenção

e a necessidade de acabamentos finais; absorve vibrações e é mais leve (DE PAULA e

COSTA, 2008; GUIMARÃES, 2013; OLIVEIRA et al, 2013).

Por todas estas características, a madeira plástica pode ser utilizada em praticamente

todas as aplicações da madeira comum - tendo uma aplicabilidade que vai desde tábuas,

decks, cercas, dormentes, pisos, móveis rústicos, fachadas, pergolados, cercas e

mourões, caixas, caixotes, e mobiliário urbano (playgrounds, bancos de praça,

escorregadores, pranchas de exercício, suportes para lixeiras), etc. A Figura 5 apresenta

exemplos de perfis de madeira plástica e suas aplicações.

Segundo Martins, 2017, cerca de 35% dos pátios e varandas dos Estados Unidos são

fabricados com madeira plástica. O custo de uma varanda de madeira plástica, chega a ser

de três vezes maior na hora da compra, porém a madeira natural exige manutenção, o que a

torna cara, enquanto a madeira plástica não necessita desse tipo de cuidado.

Figura 5 - Exemplos de aplicações de madeira Plástica (Fonte - ECOPEX).

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No Brasil, estudos a nível universitário sobre a madeira plástica foram iniciados na

década de noventa, sob a orientação da Professora Eloísa B. Mano, fundadora do Instituto

de Macromoléculas, tendo um caráter pioneiro no país uma vez que foi a primeira linha de

pesquisa regular na área (DE PAULA E COSTA, 2008).

No Rio de Janeiro, a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) que atua na

coleta, transferência, tratamento e disposição final do lixo e resíduos sólidos urbanos do

município do Rio de Janeiro, possui uma unidade onde são fabricados ou reformados

equipamentos urbanos como fraldários, brinquedos, coletores, etc. Em 2009 iniciou-se um

projeto com o objetivo de substituir os produtos fabricados com madeira natural e metal por

perfis de plástico reciclado (MARTINS, 2017).

Além de estar alinhado com a política da Empresa para redução de garrafas plásticas

de PEAD nos aterros sanitários diminuindo o impacto ambiental, o projeto apresenta entre

muitas vantagens a redução da manutenção corretiva e preventiva, redução drástica da tinta

e solventes aos produtos fabricados e reciclagem dos equipamentos danificados para

fabricação de novos produtos. A Figura 6 apresenta equipamentos urbanos produzidos pela

Comlurb (DE REZENDE, 2015).

Figura 6 - Equipamentos urbanos produzidos pela Comlurb (Fonte: DE REZENDE, 2015).

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A madeira plástica utilizada é fabricada por uma empresa contratada, a partir de

material polimérico coletado e separado dos resíduos sólidos urbanos do município por

cooperativas de catadores. Tanto o polietileno de baixa densidade quanto o de alta

densidade poderiam ser utilizados, porém a fabricação da madeira plástica deste estudo é

predominantemente formada por PEAD (DE RESENDE, 2015).

O processo produtivo inicia-se com a coleta do resíduo plástico que é a matéria-prima

da madeira plástica. Após coletado, o plástico então é triado sendo separado por tipo de

plásticos. O material selecionado é lavado para retirar as impurezas e posteriormente moído,

formando pellets. A próxima etapa é quando acontece o reprocessamento do plástico, na

qual os grânulos (pellets) são inseridos em uma extrusora, onde o plástico será fundido e

homogeneizado (GUAMÁ et al, 2008).

A extrusora é o principal equipamento do processo produtivo da madeira plástica. É

nela que os materiais são colocados através de um funil. Na primeira zona, a de

alimentação, o material passa por uma rosca que tem a função de aquecer e fundir o

material. O PEAD e os aditivos são normalmente adicionados junto com os grânulos ou

durante a fundição (CASTRO et al, 2016).

A esse composto de plástico com outros materiais, geralmente são inseridos também

aditivos e compatibilizantes que conferem ao material, propriedades bem próximas ou

melhores que a madeira natural. O Quadro 2 mostra os principais aditivos que são utilizados

na fabricação da madeira plástica e suas funções nas propriedades esperadas de acordo

com seu uso (CASTRO et al, 2016).

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Quadro 2 - Principais aditivos usados na fabricação de madeira plástica (CASTRO et al, 2016)

Na segunda etapa, a zona de compressão é onde ocorre o processo de plastificação,

quando o material é trabalhado contra as paredes. E na última zona é feita a mistura

eficiente, e seus parametros de saída, como vazão e pressão, são controladas. A

temperatura de extrusão é estabelecida de acordo com o tipo de plástico utilizado. O produto

que sai dessa máquina passa por um sistema de refrigeração, resultando na madeira

plástica. A Figura 7 apresenta um sistema de extrusão para a fabricação de madeira plástica

(GUAMÁ, 2008, CASTRO et al 2016).

A empresa que processa este material fornece à Comlurb madeira plástica na forma de

perfis (Figura 8). Na unidade da Comlurb os perfis são cortados, serrados, e os

equipamentos são construídos. Nesta fabricação são geradas aparas de material plástico

(Figura 9) (DE REZENDE, 2015).

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Figura 7 - Processo de fabricação de madeira plástica (Fonte - CASTRO et al, 2016).

Figura 8 - Perfis de madeira plástica e o processamento de perfis (Fonte - DE REZENDE, 2015)

Figura 9 - Resíduo em pó de madeira plástica (Fonte - DE REZENDE, 2015).

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Grande parte dos resíduos gerados (aparas) na fabricação de equipamentos retorna à

empresa produtora de madeira plástica para gerar novos perfis que serão novamente

adquiridos pela COMLURB. Uma parte deste (aparas) é doado à UEZO para pesquisas de

novos produtos (DE REZENDE, 2015).

A madeira plástica, sendo um produto resultante da aplicação de uma moderna

tecnologia industrial, tem sido o alvo de vários estudos, particularmente para obtenção de

sistemas compósitos. Há estudos de formulações de madeira plástica que utilizam cargas

vegetais, tais como fibras naturais e serragem de madeira (WPCs), ou minerais, como sílica,

carbonato de cálcio, mica, alumina e dióxido de titânio. Essas cargas são utilizadas com o

propósito de melhorar as propriedades físicas, térmicas e mecânicas dos produtos de

madeira plástica (SANTOS, 2007).

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2.4. COMPÓSITOS

Um compósito é um material formado por dois ou mais componentes com identidades

químicas e físicas diferentes que se conservam distintos após o processamento e que são

separados por uma interface mais ou menos definida. A adesão entre esses componentes é

tal que as cargas aplicadas, são transferidas para os elementos de maior resistência,

geralmente dispersas no componente que atua como matriz. A fase matriz pode ser metálica,

cerâmica ou polimérica (DALPIAZ, 2006).

Os compósitos de matriz polimérica, como o próprio nome indica, consistem de uma

resina polimérica reforçada principalmente com fibras vegetais (sisal, coco, juta, etc.) ou

partículas, particularmente as cargas minerais (talco, calcita, quartzo, muscovita, caulinita,

etc.). Estes materiais encontram vasto campo de aplicações graças à facilidade de

fabricação, baixo custo e propriedades térmicas e químicas, entre outras (CALLISTER, 2002;

NICOLAU, 2017).

O levantamento bibliográfico sobre o tema, madeira plástica reforçada com a mica do

tipo muscovita, especificamente, revelou-se escasso. Entretanto foi possível encontrar vários

trabalhos com temas similares, como pesquisas científicas em sistemas do tipo

PEAD/cargas mineral ou vegetal (EIRIZ E RIBEIRO, 2016; FONSECA, 2015), madeira

plástica/carga mineral ou vegetal (ADHIKARY et al, 2008; BROSTOW et al, 2016;

SOMMERHUBER et al., 2015), polímero/carga mineral entre outros (DE CARVALHO, 2007;

SILVA et al., 2013). Estes trabalhos contribuíram para o entendimento do sistema em

questão.

2.4.1. Compósitos com matriz de PEAD ou madeira plástica

A adição de cargas de reforço é uma alternativa viável, e vem sendo muito utilizada

visando melhorar as propriedades dos polímeros reciclados e torná-los competitivos em

relação aos polímeros virgens.

Brostow et al. (2016) utilizaram em seu estudo, PEAD e serragem de madeira

modificada. Para a modificação da serragem visando melhorar a compatibilidade entre a

matriz de PEAD foram utilizados dois métodos - o primeiro foi o acoplamento de silano

tradicional usado para modificar a serragem pelo 3-metacriloxipropil-trimetoxisilano (3MPS) e

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assim formando ligações C-O-Si. No segundo método utilizado, foram sintetizadas

partículas de sílica através do processo sol-gel de Si-alcóxido. Utilizou-se então a

combinação do processo sol-gel com tratamento 3MPS para formar ligações Si-O-Si e C-O-

Si. Nos testes de tração pode-se concluir que as fibras de madeira ficaram mais rígidas após

a modificação. Em relação à estabilidade dimensional, o enchimento de sílica bem disperso

desempenha um papel significativo na estabilidade dimensional do compósito. Os resultados

de fricção, desgaste à resistência aos riscos também contribuem para a conclusão de que as

amostras de madeira modificadas têm melhor força e maior capacidade de carga do que as

amostras não modificadas ou o puro R-PEAD. No geral, o processo de modificação de sol-

gel obviamente teve efeitos positivos sobre a ligação e força do R-PEAD + materiais de

serragem de madeira.

Dependendo da aplicação final, cargas de reforço podem ser utilizadas, como as

cargas minerais (carbonato de cálcio, argilas, sílicas, mica, talco, alumina e dióxido de

titânio), as cargas não minerais (negro de fumo, esferas e fibras de vidro) e vários materiais

orgânicos, tais como fibras vegetais.

As cargas de reforço têm grande efeito nas propriedades finais dos compósitos. No

caso do presente estudo, a fabricação da madeira plástica inicia-se com o PEAD reciclado e

apresentam propriedades equiparadas aos produtos fabricados com PEAD virgem.

Lei et al. (2007) compararam materiais de matriz de polietileno de alta densidade

reciclada e virgem reforçados com fibras de cânhamo. Ambos os compósitos (com PEAD

virgem e reciclado) foram fabricados com a fração de volume de fibra variando de 20% a

40%. Foi observada uma forte correlação de força de tração e flexão, que aumenta com o

aumento do carregamento de fibras. Para o compósito de PEAD virgem, com 30% de

volume de fibras parecia ser a proporção otimizada tanto para resistência à flexão quanto à

alta resistência à tração. No entanto, a resistência à tração do compósito PEAD reciclado

atingiu o máximo valor de 60,2 MPa com 40% de carga de fibra e teve 34% de melhora em

comparação com os compósitos de cânhamo-PEADv. As propriedades mecânicas dos

compósitos de cânhamo-PEADr eram compatíveis ou mesmo maiores com os dos

compósitos de cânhamo-PEADv dependendo do carregamento de fibra.

Singh et al. (2014) utilizaram compósitos preparados pela técnica de injeção com

diferentes carregamentos de fibras de cânhamo (0%, 20% e 30%) em uma matriz de PEAD

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virgem e uma composta de 50% virgem + 50% reciclada. Para melhorar a adesão interfacial

entre fibras de cânhamo e matriz de PEAD, um tratamento químico nas fibras de cânhamo

foi realizado. Os resultados mostraram que o reforço das fibras de cânhamo na matriz PEAD

reduz a resistência à tração. Observou-se que o compósito com 20% de fibras de cânhamo

tem resistência à tração mais elevada em comparação com a amostra de PEAD 50-50 misto

com PEAD puro. A resistência à flexão diminui com a adição de fibras de cânhamo em

matriz de PEAD contendo proporções iguais de PEAD virgem e reciclado. A delaminação de

fibra, a fratura de tração de fibra e a fraca adesão interfacial entre as fibras de cânhamo e a

matriz de PEAD são principalmente responsáveis por uma fraca resistência à tração do

compósito misto em comparação com amostras com proporções iguais de PEAD virgem e

reciclado.

Também em um estudo de compósitos com matriz de PEAD virgem e reciclado, Sood

et al. (2015) utilizaram fibras de sisal como cargas reforçante. As fibras de sisal foram

tratadas com hidróxido de sódio (NaOH) + Anidrido Maleíco (MA) e hidróxido de sódio

(NaOH) + Peróxido de Benzoílo (BP) + Anidrido Maleíco (MA). O efeito dos tratamentos

químicos nas propriedades mecânicas dos compósitos foi comparado em dois teores

diferentes (7,5% em peso e 30% em peso) de fibras de sisal tratadas. Observou-se que os

compósitos contendo 30% em peso de fibra de sisal tratada com NaOH + BP + MA

apresentam maior resistência à tração do que os observados para os compósitos de fibra de

sisal tratados com NaOH + MA. No entanto, para um teor de fibras inferior de 7,5% em peso,

ambos os compósitos de fibras tratadas exibem resistência à tração quase comparável. A

resistência à flexão dos compósitos de fibras de sisal tratados com NaOH + BP + MA é

significativamente maior em 30% em fibras de sisal, mas relativamente menor a 7,5% em

fibras de sisal quando comparado aos compósitos correspondentes com a mesma

quantidade de fibras de sisal tratadas com NaOH + MA. As imagens revelam que, em ambos

os compósitos, os principais mecanismos de falha responsáveis pela falha na tração são a

extração de fibras além de alguns outros mecanismos secundários como a ruptura de fibras

e a delaminação das fibras. A adição de PEAD reciclado em PEAD virgem aumenta a

resistência à tração em 12,9% e a resistência à flexão em 47,5%.

O trabalho realizado por Sommerhuber et al. (2015), comparou compósitos de

madeira plástica, utilizando pó de madeira com plástico (PEADr) reciclado e com plástico

virgem (PEADv). A matriz foi fabricada com diferentes carregamentos de fibras de madeira -

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0%, 30% e 60%. Os resultados globais mostraram que os recursos virgens e reciclados eram

muito comparáveis em muitas propriedades, como a absorção de água e propriedades

mecânicas. Com alto teor de madeira (60%), o material virgem apresentava propriedades

melhores do que os recursos reciclados. Isso pode ser devido às impurezas no PEAD

reciclado e madeira reciclada. Em menor teor de madeira (30%), não houve diferenças

significativas entre materiais reciclados e virgens, mostrando um alto potencial de

substituição do ponto de vista do design do produto. Uma dificuldade pode ser a cor mais

escura do material reciclado (plástico e madeira), reduzindo a possibilidade de fabricar

produtos em qualquer cor.

Na pesquisa feita por Adhikary et al. (2008), polietileno de alta densidade – PEAD e

pó de madeira foram utilizados para obter um compósito. Eles compararam a utilização do

polietileno virgem com o reciclado. A serragem de madeira e o PEAD foram pré-misturados e

alimentados em uma extrusora dupla rosca co-rotativa com temperaturas controladas,

velocidade e pressão. A madeira plástica produzida com PEAD reciclado exibiu excelente

estabilidade dimensional em comparação com a feita de PEAD virgem. A tração e as

propriedades de flexão dos compósitos baseados em PEAD reciclado eram equivalentes às

baseadas em PEAD virgem. A adição 3-5% de polipropileno maleatado (PPMA) melhoram

significativamente a estabilidade e as propriedades mecânicas. A análise da microestrutura

das superfícies fraturadas dos compósitos modificados com PPMA confirmou a melhoria da

interação interfacial. As propriedades de estabilidade e resistência dos compósitos podem

ser melhoradas pelo aumento do teor de polímero ou pela adição de agente de acoplamento.

2.4.2. Compósitos Polímero/Carga Mineral

As cargas minerais têm sido utilizadas em misturas com os mais variados tipos de

polímeros, misturas estas chamadas compósitos, com a finalidade de barateamento de

custos e, mais particularmente, porque agregam melhorias das características físicas e

químicas das peças fabricadas. As indústrias químicas fabricantes de polímeros têm

procurado desenvolver novos tipos de materiais poliméricos (LIMA, 2007).

As propriedades físicas e químicas dos compósitos são diretamente influenciadas

pelas várias características da carga mineral (granulometria, dureza, composição química e

etc.). A aplicação final do compósito é que irá direcionar a escolha da carga apropriada. A

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composição química e, principalmente, a pureza da carga mineral, exercem efeitos diretos

no desempenho do compósito e em suas possíveis aplicações.

Em sua tese, Lima (2007), ressalta que durante o processo de mistura entre a carga

mineral e o polímero, devido às forças de adesão entre as partículas minerais e à tensão

interfacial entre partícula e polímero, a carga pode tender a formar agregados. A tendência à

agregação da carga aumenta com o decréscimo do tamanho da partícula. As cargas

minerais utilizadas em compósitos com polímeros apresentam granulometria sempre inferior

a 45 µm, sendo que à medida que esta se torna mais fina, a área de superfície específica da

carga mineral aumenta exponencialmente. Quanto menor o tamanho das partículas maior é

a área de superfície específica e de interação entre a carga mineral e o polímero. Junto com

o tamanho e forma das partículas e composição química, a dureza tem uma participação

importante no desgaste. Outro parâmetro relevante na seleção de cargas minerais é a

relação de aspecto, que se refere à razão entre o maior (L) e o menor (B) diâmetro de uma

partícula, como mostra a Figura 10.

Figura 10 - Ilustração da relação de aspecto de partículas acicular e micacea (Fonte - Lima, 2007).

Minerais que apresentam elevados valores de relação de aspecto são os que possuem

maiores áreas superficiais por unidade de volume, o que, em termos de dispersão,

significará maior área de contato com o polímero ao qual será misturado.

A introdução de carga mineral no polímero pode mudar sua estrutura cristalina,

resultando em mudanças em suas propriedades. Estudos realizados mostraram um

significativo número de pesquisas sobre compostos poliméricos reforçados com cargas

minerais. É possível encontrar diversos exemplos de sistema aos quais outros polímeros ou

cargas adicionais são introduzidos para alcançar certas propriedades (LIMA 2007).

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Eiriz e Ribeiro (2016) sugeriram a utilização de um compósito de polietileno de alta

densidade (PEAD) e resíduos gerados no beneficiamento de calcários como carga

reforçante para fabricação de brinquedos públicos (gira-gira) para cadeirantes. Foram

processados compósitos de PEAD com 10, 30 e 50%, em massa de resíduo e ainda com 5,

7,5 e 10% em massa de compatibilizante, alternando entre o PE-g-MA e o ácido esteárico. O

processamento de cada composição foi feito em um misturador a temperatura de 170ºC e 60

rpm durante 6 minutos. Os resultados mostraram que a adição de resíduo de calcário

aumentou a rigidez do compósito utilizando maior carga e menor deformação. Isso vai de

encontro com a necessidade do brinquedo, suportando o peso das crianças e da cadeira de

rodas. Após a exposição UV, todos os materiais apresentaram bons resultados, até

aumentando a rigidez após a exposição. Ambos os compatibilizantes apresentaram

desempenho similar. As composições de maior teor de resíduo apresentaram melhor

desempenho (50% e 5% de compatibilizante) e, portanto, para a fabricação de brinquedos

públicos acessíveis foram as mais indicadas.

Em seu estudo Fonseca et al utilizaram SiO2 como reforço em uma matriz de

Polietileno de Alta Densidade (PEAD). Para obtenção da sílica foi utilizado o método Pechini

que se baseia na obtenção de poliésteres a partir de ácidos carboxílicos, como o ácido

cítrico. Após a síntese da solução de citrato, é adicionado um poliálcool, como o etilenoglicol,

para promover a polimerização. A resina obtida contém íons imobilizados que após

tratamento térmico geram os óxidos desejados. Para realizar o estudo, além da matriz de

PEAD puro, foram fabricados compósitos com 2, 3, 5, 7 e 10% de SiO2 em extrusora mono-

rosca. Os resultados apresentados mostram uma flutuação nas propriedades, o que era

inesperado, pois se esperava uma tendência ao aumento da dureza e da densidade e uma

diminuição da fluidez. As análises de TG revelaram um perfil bem próximo entre a mistura e

o polímero puro, entretanto verificou-se uma diferença no teor de material eliminado. Como o

polímero utilizado é de natureza comercial e de elevado grau de pureza, este resultado

evidencia que, de fato, ocorreu incorporação da fase sílica com o polímero. O perfil de DSC

também se mostrou bem próximo para os três materiais. Também se pode observar que a

cristalinidade do material diminuiu com o aumento da sílica a 5, 7 e 10%. Porém é sugerido a

introdução de um agente compatibilizante para melhorar a interação entre o PEAD e a sílica.

Um tema bastante encontrado na literatura, é sobre a confirmação do efeito de

estabilizantes e antioxidantes. Lopes e Sousa (1999) produziram compósitos com fibras de

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vidro e polipropileno homopolímero devidamente termoestabilizados pela adição de

antioxidantes/estabilizantes. A preparação dos compósitos foi efetuada numa extrusora de

rosca dupla co-rotacional à uma taxa de produção (vazão) constante de 15 Kg/h, onde as

variáveis de processamento, temperatura, rotação e configuração da rosca. As condições

que contribuíram para maior preservação do comprimento das fibras na extrusão foram

aquelas que propiciaram a menor viscosidade da matriz (PP20) e maior temperatura de

processamento (260 °C) na zona de mistura da FV, enquanto a influência da rotação da

rosca na quebra da FV foi maior que a da intensidade de cisalhamento da rosca. A presença

do compatibilizante interfacial nos compósitos de PP20/FV30 propiciou ganhos substanciais

nas propriedades de tensão máxima, resistência ao Impacto e deformação na ruptura, porém

com redução no módulo de elasticidade.

Segundo a pesquisa de Líbano (2012), na qual dois compósitos diferentes massa de

argila foram preparados: PP e bentonita natural e outro de PP e bentonita modificada usando

o cloreto de cetiltrimetilamônio como sal quaternário de amônio para sintetizar a argila

organofílica. As argilas foram misturadas com o polipropileno (PP) pelo método de

intercalação por fusão em uma extrusora dupla-rosca co-rotativa. As análises de TG dos

compósitos com bentonita modificada, mostraram-se mais estáveis termicamente que o

polímero puro e as com bentonita natural, podendo-se dizer que o argilomineral pode ter

atuado como agente nucleante. A incorporação da argila ao PP teve influência na

estabilidade térmica do polímero. Entre os sistemas estudados os mais estáveis foram

aqueles contendo 5% em massa de bentonita natural e 3 e 5% em massa de bentonita

organofílica.

Alguns recursos podem ser utilizados para a otimização da interação entre os

polímeros e as cargas. No trabalho de Ramos (1993) foi estudado o efeito da estabilização

do polipropileno nas propriedades térmicas, mecânicas e termomecânicas de compósitos de

polipropileno/atapulgita. O polipropileno, na forma de pó, foi estabilizado, utilizando

antioxidante primário pertencente à classe dos fenóis estericamente bloqueados e um

antioxidante secundário pertencente à classe dos fosfitos, na proporção de 1:2. A atapulgita

foi incorporada ao polipropileno estabilizado, por tamboreamento à temperatura ambiente,

em proporções de 10, 20, 30 e 40% em peso e depois misturadas a quente na extrusora

dupla-rosca. Os resultados apresentados mostram que as propriedades mecânicas,

especialmente a resistência a tração e o módulo de flexão, aumentam significativamente

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pela adição de carga e atingem o ponto máximo com baixos teores de atapulgita (10%). A

resistência ao impacto diminui com o aumento da concentração de carga.

Plotegher e Ribeiro (2013), utilizaram a zeólita ZSM-5 e sílica coloidal Tixosil 333 como

carga de 0 a 10%, em uma mistura de amido termoplástico (TPS). Os resultados

demonstraram que a introdução de cargas inorgânicas de alta área superficial aumentou as

propriedades mecânicas do TPS e reduziu a permeabilidade ao vapor d’água. A dispersão

da carga teve maior influência na redução da permeabilidade que a área superficial total do

material. As análises termogravimétricas de todas as composições mantiveram sempre o

mesmo perfil de perda de massa comparada ao perfil do TPS puro, indicando que, a

presença de ambas as cargas, não alterou o comportamento de perda de massa.

Neste sentido, Silva et al. (2013) utilizaram dois tipos de PMMA - POLI

(METACRILATO DE METILA) em grânulos - PMMAC índice de fluidez (230ºC/ 3,8kg) 3,8

g/10min e PMMAel com 1,1 g/10min. Adicionou-se as matrizes uma carga mineral reforçante

de sílica precipitada (10SiO2.1H2O) para fabricação de compósitos. A matriz de polímeros

puros e seus compósitos (com 0,5, 1 e 5% de carga) foram processados em uma extrusora

mono-rosca. A matriz PMMAc apresentou um pequeno aumento da resistência a tração ao

adicionar o valor mínimo de sílica, e que se manteve aumentando o carregamento. No

ensaio de dureza, ambos os tipos de PMMA apresentaram aumento significativo. O

compósito PMMAc/SiO2 (95/5), apresentou um aumento da largura média do rasgo, que

pode ter sido causado pelo arrancamento de parte do polímero junto com a sílica durante o

risco, típico do mecanismo de desgaste de microlascamento. Os resultados em geral foram

promissores, mostrando viável a utilização de sílica como reforço em matriz polimérica.

Na pesquisa de Valim et al. (2015) amostras do compósito de uma matriz polimérica de

polietileno de baixa densidade com fase dispersa de alumínio foram processadas em uma

extrusora de rosca simples e posteriormente, injetados. Algumas amostras passaram por

condicionamento higrotérmico e por radiação ultravioleta (UV). As análises mostraram

dispersões heterogêneas do reforço particulado de alumínio na matriz de PE e ainda, as

avaliações por MEV revelaram a presença de vazios originados durante a etapa de extrusão.

Por meio das avaliações pós-condicionamento higrotérmico, pode-se concluir que as

amostras submetidas às temperaturas mais elevadas tiveram maior taxa de absorção de

umidade. Após o condicionamento por radiação UV do material, observa-se que a perda de

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massa do compósito, ocorre de forma linear, perda esta possivelmente decorrente da quebra

de cadeias poliméricas. O condicionamento UV mostrou-se ainda mais severo que o

condicionamento higrotérmico quanto a redução das propriedades mecânicas de resistência

ao impacto e tração do compósito.

Com o aumento da utilização de cargas minerais para o aprimoramento das

propriedades mecânicas dos polímeros, cada vez mais aumenta-se o leque de opções de

cargas a serem utilizadas. Neste sentido alguns estudos têm sido realizados utilizando-se a

mica como carga mineral.

Verbeek (2001) estudou um novo material compósito compreendendo grandes

quantidades de mica flogopita (mais de 80% em massa) dispersa em polietileno linear de

baixa densidade (LLDPE), para produzir um compósito com uma área de aplicação

semelhante a compósitos de madeira. Devido à natureza apolar de LLDPE, várias

modificações no LLDPE como promotores de adesão também foram investigadas. Foram

utilizados polímeros em pó e cada formulação foi homogeneizada em alta velocidade em um

misturador. As placas foram prensadas a quente, a 190 ºC, a uma pressão de 1000 kPa por

15 minutos. Verificou-se que o módulo de flexão atinge um máximo de 895 MPa em torno de

15% de polímero com anidrido de ácido maleico a 10% como promotor de adesão e agente

de reticulação. A força de rendimento ótima era de 11,5 MPa, também a 15% de LLDPE

modificado com 10% de anidrido de ácido maleico. As outras modificões de LLDPE testadas

mostraram que usar menos anidrido maleico ou irradiar o LLDPE antes da fabricação dos

compósitos resulta num material com menor tensão de escoamento e módulo de flexão.

A pesquisa feita por Escócio et al. (2003), estudou a influência da adição de mica entre

0 e 40 phr nas propriedades mecânicas de composições de borracha natural que foram

preparadas em moinhos de rolos, a 66 ºC. O ponto ótimo de tensão de ruptura e resistência

ao rasgamento foi encontrado em 30 phr de mica. Foi observado que a adição de teores

crescentes de mica na borracha natural, aumentou o módulo a 300% (MA300), a dureza, a

deformação permanente, a compressão e a densidade de ligações cruzadas dos

compósitos. Porém foi observado uma diminuição na resiliência e na resistência a abrasão.

Em outro artigo, Escócio et al. (2004) estudou o envelhecimento de formulações a

base de borracha natural com adição de carga de mica, variando de 0 a 40phr. As amostras

previamente analisadas foram submetidas ao envelhecimento acelerado durante 96 horas,

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30

em estufa a 70ºC, com circulação forçada de ar. O desempenho mecânico mostrou que 30

phr é o ponto ótimo de teor de mica em composições de NR. Os resultados mostraram que

características da mica foram responsáveis pela resistência ao envelhecimento da

composição nas condições estudadas.

Rashid (2011) estudou o efeito do tratamento de troca iônica em partículas de

muscovita, nas propriedades de um compósito com resina epóxi. A mica muscovita foi

misturada a resina epoxy com diferentes percentuais de carga (0 a 40%), utilizando um

agitador. As amostras foram cozidas por 2h horas a 90ºC e outra 3 h a 150ºC. As análises de

FTIR mostraram que a troca iônica de bromuro de octadeciltrimetilamônio pelos íons de

potássio da muscovita apresentaram ótimos resultados. O acréscimo de cargas (10% a 40%)

de muscovita revela que os valores de resistência à flexão e tenacidade à fratura são

superiores aos compósitos de muscovita - epoxy não tratados. Os resultados deixam claro

que o modulo de flexão aumenta com o aumento da carga em ambos os compósitos, porém,

compósitos com tratamento de troca iônica apresentaram valores mais baixos para o mesmo

percentual de mica.

Em 2010, Omar realizou um estudo sobre as propriedades estáticas e dinâmicas de

um compósito de polipropileno e mica contento 10, 15 e 20% em peso. De uma maneira

geral, o módulo de compressão dos compósitos PP/mica aumentou com a adição de

conteúdo de mica, tanto sob cargas estáticas quanto dinâmicas. No entanto, uma redução na

resistência à compressão foi registrada em maiores quantidades de mica. Aumentos na

resistência à compressão, na condição de carga estática, são observados até 15% de carga,

após isso a resistência começa a diminuir com 20% de mica. No carregamento dinâmico, o

aumento pôde ser visto em 10% da carga e começou a reduzir a 15% da carga de mica.

O recente trabalho de Nicolau (2017) estudou a influência do compatibilizante PE-g-

MAH (Polietileno graftizado com Anidrido Maleico) nas propriedades de um compósito de

polipropileno (PP) e muscovita nas concentrações de 10, 15 e 20% e 1, 3 e 5% de

compatibilizante. As misturas foram processadas com temperaturas de 145, 175 e 185°C em

extrusora mono-rosca, nas três zonas de aquecimento e com velocidade de rotação de 40

rpm. Os resultados sugerem um aumento da plasticidade do material uma vez que a análise

de dureza revelou uma tendência à diminuição desta propriedade com aumento do teor de

compatibilizante. Nas análises térmicas (TG/DSC) perfis similares entre as amostras e o

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polímero puro foram observadas, além de uma redução no grau de cristalinidade, o que

indica que foi devido a desorganização das cadeias imposta pela presença da mica.

Concluiu-se que para as propriedades analisadas, o compatibilizante (PE-g-MAH) não

promoveu alteração significativa.

Martins (2017) utilizou resíduo inorgânico oriundo da fabricação de catalisadores de

FCC e aparas de madeira plástica composta predominantemente de PEAD reciclado

(mesma madeira plástica utilizada nesta dissertação) na preparação (em misturador interno

HAAKE) de compósitos com diferentes composições. O resíduo utilizado e as composições

preparadas foram caracterizadas por termogravimetria, DSC e MEV. A inflamabilidade das

formulações preparadas foi testada através de ensaio de queima horizontal conforme norma

ASTM D635-10. O impacto nas propriedades mecânicas foi verificado através de ensaio de

tração conforme norma ASTM D638-14. Os resultados mostraram significativa redução da

velocidade de propagação de chamas nos compósitos contendo o resíduo inorgânico

quando comparadas com a velocidade de propagação de chamas na madeira plástica

reciclada sem a incorporação deste resíduo. Os resultados do ensaio de tração

demonstraram que a inserção do resíduo inorgânico torna o compósito mais rígido que o

material polimérico original.

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32

2.5. MICA MUSCOVITA

Os minerais são recursos naturais encontrados no subsolo de grande importância

significativa para a sociedade, a tal ponto que as fases de evolução da humanidade são

divididas em função dos tipos de minerais utilizados - idades da pedra, do bronze, do ferro,

etc. A mineração disponibiliza para a sociedade recursos minerais essenciais ao seu

desenvolvimento, sendo a intensidade de aproveitamento dos recursos um indicador social

e, é reconhecida internacionalmente, como atividade alavancadora do desenvolvimento

(Instituto de Terras, Cartografia e Geologia do Paraná-ITCG Diretoria de Geologia)

(FREITAS, 2018).

Os recursos minerais não são iguais quanto à composição física e química, desse

modo são classificados em dois grupos - minerais metálicos e minerais não metálicos,

incluindo ainda os recursos energéticos fósseis. Os bens minerais não metálicos são pouco

lembrados quando se fala em produção mineral no Brasil. Nenhum destes bens domina a

pauta de exportação ou importação, como o ferro e o petróleo, nem tem o charme do ouro ou

das pedras preciosas (MACEDO, 1998; FREITAS, 2018).

Os silicatos constituem cerca de 95% do volume da crosta terrestre, dos quais cerca de

59,5% são representados por feldspatos, 16,8% por anfibólios e piroxênios, 12% por quartzo

e 3,8% pelas micas. O termo mica vem do latim "micare" cujo significado é brilho é a

denominação genérica de minerais do grupo dos filossilicatos. Esses minerais são formados

por átomos de silício, alumínio e oxigênio, intercalados por cátions (Na, K, Ca) e/ou ânions

(Mg, Fe, Mn, Al, OH), que conferem propriedades físico-químicas específicas para cada tipo

de mica (MACHADO, 2003, SILVA et al., 2009; CAVALCANTE, 2015; DE PAULA, 2015;

SUMARIO MINERAL, 2015).

As micas podem ser classificadas em dois grupos - micas graníticas ou alcalinas e

micas piroxênicas ou magnesianas (Quadro 3).

A mica lepidolita, é especialmente um minério de lítio e usada na fabricação de vidro,

pelo flúor e lítio que contém. A Fuchsita é uma mica cromífera, verde, comum em muitos

quartzitos. A Flogopita, geneticamente relacionada com as rochas básicas. Geralmente se

apresenta com grande limpidez e tem propriedades que permitem concorrer com a

muscovita. A Biotita é assim chamada em homenagem ao grande físico francês Biot. A mica

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negra, tão comum em pequenas palhetas nos granitos, gnaisses e xistos cristalinos que é

mais dificilmente redutível a lâminas finas do que a muscovita. E por fim a muscovita é a

variedade mais largamente usada e a que se apresenta com melhor transparência, melhor

resistência dielétrica e maior perfeição de clivagem, podendo ser facilmente separada em

palhetas de dimensões ínfimas (BATISTA, 2016).

Quadro 3 - Principais tipos de mica e classificação (Fonte - BATISTA, 2016)

Micas

graníticas ou

alcalinas

Nome do mineral Nome comercial

Principais

elementos

adicionados ao Al e

ao SiO2

Muscovita ou mica potássica mica Branca Potássio

Paragonita ou mica sódica - Sódio

Zinvaldita ou mica lítio-fluo-

ferrífera mica de ferro-lítio

Lítio, ferro, potássio

e flúor

Lepidota ou mica lítio-luo-

alumino-potássica mica de lítio Lítio, potássio e flúor

Micas

piroxênicas

ou

magnesianas

Flogopita ou mica alumino-

potássico-magnesiana mica âmbar Magnésio e potássio

Biotita ou mica

ferromagnesiana mica preta

Magnésio, ferro e

potássio

Roscoelita ou mica vanadifera mica de vanádio Magnésio, ferro e

vanádio

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34

A fórmula geral para descrever as micas é X2Y4-6Z8O20(OH,F)4, em que X é K, Na, ou

Ca, Y é principalmente Al, Mg ou Fe e Z é principalmente Si ou Al e em alguns casos Fe e Ti.

As micas podem ser dioctaédricas. No caso da muscovita, o potássio exerce a função de

cátion de compensação ficando entre as lamelas em posição equidistante a doze átomos de

oxigênio, sendo seis de cada lamela adjacente (SANTOS, 2009; CAVALCANTE, 2015). Na

Tabela 1 constam suas principais propriedades físicas:

Tabela 1 - Propriedades físicas da muscovita (Fonte - DE PAULA, 2015)

(a) (b)

Figura 11 - Cristais micáceos de muscovita (a) e direções ópticas e cristalográficas (b)-

(Fonte - MACHADO, 2003)

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35

A mica muscovita é um tipo muito comum podendo ocorrer em uma grande variedade

de ambientes geológicos, em rochas ígneas, metamórficas e sedimentares. Segundo o

Sumário Mineral de 2015, as reservas lavráveis de mica (muscovita) no Brasil, indicam cerca

4 milhões de toneladas, localizadas principalmente nos estados de Tocantins (município de

Porto Nacional), de Minas Gerais (municípios de Caiana, Governador Valadares e Brás

Pires), da Paraíba (municípios de Nova Palmeira, Pedra Lavrada e Picuí), do Rio Grande do

Norte (município de Parelhas) e do Ceará (município de Morada Nova).

De acordo com as impurezas presentes, a muscovita pode ser incolor (mais comum),

castanho claro, salmão ou rosa. É disponibilizada principalmente na forma de placas (sheets)

ou moída (ground) (Figura12).

Devido a suas propriedades, a mica muscovita é extremamente versátil. Suas

características principais são: resistência a ataques químicos e térmicos; é quimicamente

inerte; boa lubricidade; boa estabilidade à luz ultravioleta; apresenta alta resistência dielétrica

e resistividade; é facilmente moldada em diferentes formas e tamanhos, suportando altas

temperaturas, e ainda possui efeito perolizante (DE PAULA E COSTA, 2008).

Figura 12 - Mica em folha (a) e mica moída (b) (Fonte - SANTOS, 2009).

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36

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

- Resíduo de madeira plástica (gentilmente cedido pela Comlurb)

- Mica Muscovita gentilmente fornecida pelo CETEM (Centro de Tecnologia Mineral)

- Misturador interno Brabender (IMA-UFRJ)

- Prensa hidráulica MA 098/A MARCONi (UEZO)

- Durômetro Shore D modelo GS702 (UEZO)

- Densímetro DSL910 – GEHAKA (UEZO)

- Plastômetro Melt Flow Quik Index – CEAST (UEZO)

- Balança analítica MARTE AY220 (UEZO)

- FTIR - Nicolet 6700 da Thermo Scientific (PEMM/COPPE/UFRJ)

- Equipamento TGA - TA INSTRUMENT modelo Q50 (UFSCar)

- Equipamento DSC - TA modelo Q1000 (PEMM/COPPE/UFRJ)

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37

3.2. MÉTODOS:

3.2.1. Obtenção e beneficiamento da Madeira Plástica

O resíduo plástico utilizado neste trabalho foi gentilmente cedido pela Companhia

Municipal de Limpeza Urbana – Comlurb, como parte de parceria mantida com o Centro

Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO) em prol da pesquisa e do conhecimento. A

coleta do material foi providenciada pela própria empresa cedente.

O material recebido foi serrado em serra fita, moído, lavado com água e seco em

estufa à temperatura de 80oC. As etapas seguintes do beneficiamento do material

consistiram na separação manual, visando eliminar materiais grosseiros e resíduos de

serragem. Por fim, um imã foi introduzido em porções do material cortado de forma a atrair

eventuais resíduos metálicos de pequenas dimensões, o que não foi observado.

3.2.2. Obtenção e beneficiamento da mica

A mica utilizada neste trabalho foi cedida pelo CETEM -Centro de Tecnologia Mineral, e

é proveniente da região Borborema-Seridó (RN/PB). Esta amostra foi beneficiada em um

trabalho anterior conforme método descrito no trabalho de CASTRO et al., 2014. O mineral já

tratado e livre de impurezas foi moído e classificado granulometricamente. Para este estudo,

utilizou-se a mica na faixa granulométrica de 100 µm.

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38

3.2.3. Processamento dos Materiais

O processamento do resíduo de madeira plástica contendo diferentes proporções de

mica foi realizado em um misturador interno (Brabender) com rotores do tipo roller a uma

temperatura de 170ºC por 10 minutos.

A Tabela 2 apresenta as proporções (em massa) de cada componente dos

compósitos (matriz e carga, respectivamente) que foram produzidos.

Tabela 2 - Proporções (em massa) de cada componente dos compósitos.

Material Porcentagem

mássica (m/m) Quantidade de MP

utilizada (g) Quantidade de mica

utilizada (g)

MP 100 32,0 0,0 MP/mica 5 95/5 30,4 1,6 MP/mica 10 90/10 28,8 3,2 MP/mica 15 85/15 27,2 4,8 MP/mica 20 80/20 25,6 6,4

*MP – madeira plástica

O cálculo de quantidades requeridas de resíduo plástico e de mica para cada batelada

de cada formulação no misturador interno foi realizado com base na densidade de partícula

do resíduo plástico como valor típico para polietileno de 0,96 g/cm3 e no volume suportado

no misturador, v = 55 cm3 (deve-se utilizar 60% do volume, ou seja, v = 33 cm3). Assim, a

massa utilizada em cada processamento foi calculada (𝑚 = 𝜌. 𝑉). Posteriormente as

amostras foram trituradas com auxílio de um moinho de facas.

Com base nestes cálculos, as quantidades de mica e de resíduo plástico, necessárias

para preparação das bateladas de cada formulação foram pesadas separadamente em

balança analítica e segregadas em sacos plásticos devidamente identificados.

Os materiais foram previamente misturados e introduzidos na câmara vazia e aquecida

a 170ºC. Velocidade dos rotores - 80 rpm; tempo de processamento de 10 minutos. Os

valores de torque e temperatura medidos durante o processamento de todas as bateladas

foram acompanhados através de computador acoplado.

Ao final de cada batelada era necessário desmontar a câmara de mistura, remover e

recolher o material produzido aderido ao rotor e a outras partes, limpando todos os

elementos e remontando a câmara de mistura para a próxima batelada. O material

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produzido, após resfriamento natural e endurecimento, apresentava-se sob a forma de

partículas grosseiras e disformes. A Figura 13 apresenta o misturador interno utilizado e o

aspecto do material preparado, ainda na câmara do misturador.

As partículas grosseiras e disformes de cada uma das formulações produzidas no

misturador interno foram, em seguida, trituradas num triturador de facas, gerando

partículas de menor granulometria (Figura 14).

As amostras foram prensadas à 170ºC na prensa hidráulica MA 098/A MARCONi, para

a preparação dos corpos de prova para as análises de Dureza, Densidade e Análise do

Índice de Fluidez (MFI).

Figura 13 - Misturador interno Brabender - (a) material sendo colocado no

misturador. (b) material sendo retirado após o processamento.

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40

Figura 14 - Materiais moídos, separados por composição.

3.3. CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS

3.3.1. Dureza

Para realização do ensaio de dureza foi utilizada a Norma ASTM D2240-2010. Existem

diversas escalas utilizadas em materiais com propriedades diferentes. As mais comuns são a

A e D, sendo a A utilizada em plásticos macios e a D em plásticos rígidos. Para a medição de

dureza do material deste estudo, foi o utilizado o durômetro SHORE D (Figura 15). O

material foi ajustado em cima de um elevador mecânico, e com o durômetro na posição

vertical foi perfurado por cerca de 5 segundos e posteriormente se calcular a dureza. Este

procedimento foi repetido cinco vezes para se obter um valor mais preciso. Com os

resultados obtidos foi calculada a média e o desvio padrão de cada amostra de compósito

MP/mica.

Figura 15 - Durômetro Shore D modelo GS702.

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41

3.3.2. Densidade

Foi utilizada a Norma ASTM D792-2008. Para a análise de densidade foi necessário a

preparação de corpos de prova de 1 cm2. Em sequência, foi feita a preparação do sistema no

densímetro (Figura 16). Ao recipiente de vidro foi adicionada água destilada até o menisco

(marcação de um líquido ou sólido em um recipiente). Após este procedimento escolhe-se o

cesto de acordo com a densidade em relação á agua. Se ele flutua a densidade é menor que

1g/cm³ que é a densidade da água, se afunda, então é maior que 1g/cm³. No caso do

material do estudo as amostras estavam flutuando, indicando uma densidade menor do que

1g/cm³, sendo então escolhido o cesto com a inclinação voltada para baixo. O equipamento

então tara o sistema escolhido, posteriormente solicita a inclusão da amostra na balança,

calcula o peso a seco da amostra e, por fim, calcula dentro do recipiente com água destilada

sendo assim avaliado o empuxo.

Através desta análise obtêm-se um resultado de densidade (g/cm³) do material e um

valor de temperatura (ºC). O procedimento foi repetido 5 vezes para cada amostra de

material. Calculou-se então a média aritmética das determinações.

Figura 16 - Densímetro DSL910 – GEHAKA.

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42

3.3.3. Análise do Índice de Fluidez (MFI)

O Índice de Fluidez (MFI) dá informação sobre a facilidade com que um polímero

fundido flui e, assim, inferir sobre a processabilidade do mesmo. O equipamento denominado

Plastômetro (Figura 17) foi utilizado para determinação do índice de fluidez. Este índice é

definido pela quantidade de massa em gramas que flui em uma matriz durante 10 minutos,

aplicando pressão à uma dada temperatura.

Para a análise de MFI a temperatura do plastômetro foi ajustada para o ensaio em

190°C, e carga de 2,16 N de acordo com a norma ASTM D1238. A cada minuto era retirada

uma amostra que posteriormente era pesada, para ser feita a conversão para o peso em 10

minutos. Foram feitas 5 medidas de cada compósito MP/mica. Com os resultados foi

calculado a média e o desvio padrão dos valores.

Figura 17 - PlastômetroMeltFlowQuik Index – CEAST (UEZO).

3.3.4. Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR)

A espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier é um método de

caracterização físico para análise qualitativa e determinações quantitativas de traços de

elementos. Isto é possível porque os átomos que formam as moléculas possuem frequências

específicas de vibração, que variam de acordo com a estrutura, composição e o modo de

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vibração da amostra. Para caracterizar mudanças na estrutura química das amostras, foram

realizadas análises de FTIR (FTIR - modelo Nicolet 6700 da Thermo Scientific – Figura 18)

no modo ATR, utilizando cristal de ZnSe, na faixa de número de ondas de 4000-650 cm-1,

com 120 varreduras e resolução de 4.182 cm-1.

Figura 18 - FTIR - modelo Nicolet 6700 da Thermo Scientific.

3.3.5. Análise Termogravimétrica (TGA)

É uma técnica termoanálitica que acompanha a perda e/ou ganho de massa da

amostra em função do tempo ou temperatura permitindo a pesagem contínua de uma

amostra em função da temperatura, ou seja, à medida que é aquecida ou resfriada. A análise

de TGA deste estudo foi realizada em equipamento TA INSTRUMENT modelo Q50, da

temperatura ambiente até 700°C, em taxa de aquecimento de 10 ºC/min e atmosfera de

nitrogênio.

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44

3.3.6. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)

A calorimetria exploratória diferencial (DSC) foi feita em equipamento TA modelo

Q1000. As amostras foram analisadas segundo os seguintes ciclos: no primeiro ciclo a

amostra foi aquecida de 0 ºC até 200 ºC, a uma taxa de aquecimento de 10 ºC/min, deixando

o material a 200 ºC por 2 minutos, sob atmosfera de nitrogênio; no segundo ciclo foi feito um

resfriamento a uma taxa de 10 ºC/min, até 0 ºC; em seguida, foi feito um segundo ciclo de

aquecimento nas mesmas condições do inicial (exceto pelo tempo em espera de 2 minutos a

200 ºC); por fim foi feito um segundo ciclo de resfriamento nas mesmas condições do

primeiro ciclo de resfriamento.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

A Tabela 3 apresenta os valores de densidade, dureza e índice de fluidez, dos

compósitos de madeira plástica e mica estudados.

Tabela 3 - Valores de densidade, dureza e índice de fluidez das amostras MP/mica.

Material Porcentagem

mássica (m/m) Densidade (g/cm3)

Dureza (Shore D)

MFI (g/10min)

MP 100 0,750 ± 0,07 16,00 ± 4,30 0,50 ± 0,04 MP/mica 5 95/5 0,730 ± 0,07 25,00 ± 9,43 0,36 ± 0,04 MP/mica 10 90/10 0,782 ± 0,08 41,20 ± 6,61 0,35 ± 0,03 MP/mica 15 85/15 0,907 ± 0,05 56,40 ± 3,21 0,27 ± 0,01 MP/mica 20 80/20 0,850 ± 0,06 57,00 ± 1,22 0,27 ± 0,01

*MP – madeira plástica

4.1. DENSIDADE

A Figura 19 apresenta os resultados das análises de Densidade. A literatura consultada

apresenta uma densidade aparente da madeira plástica, entre 0,7 e 0,8 g/cm3 (CABRAL,

2008), o que confirma nosso resultado, que apresentou um valor de 0,750 g/cm3 para a

madeira plástica sem a carga.

Apesar de ter apresentado um pequeno decréscimo entre a MP e MP/mica5 e entre

MP/mica15 para MP/mica20, ao levar em conta o desvio padrão apresentado por cada

amostra, verifica-se que os valores obtidos são bastante parecidos, sugerindo que a adição

da carga de mica pode gerar um ligeiro aumento na densidade da madeira plástica.

De maneira geral, os resultados obtidos através da analise de densidade, tem como

tendência geral o aumento da densidade do compósito, com o aumento do teor de

muscovita, como mostra a Figura 19, demonstrando que houve uma boa interação polímero-

carga. Esta boa interação deve estar relacionada aos aditivos presentes no material

reciclado, que podem estar agindo como plastificantes.

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46

Figura 19 - Resultados da análise de Densidade.

4.2. DUREZA

Os resultados de dureza, característicos da rigidez de um artefato, estão

apresentados na Figura 20. Como era de se esperar, o gráfico mostra como a dureza

aumenta com a incorporação crescente de carga.

Os resultados de dureza da madeira plástica mostram a eficácia da função de carga

reforçante da mica na matriz de madeira plástica. Essa tendência ao aumento da dureza do

material com o aumento da mica no compósito indica uma boa interação entre a carga e a

matriz (ESCÓCIO, 2014).

Os resultados indicam uma tendência estabilização da dureza em torno de 15% de

mica no compósito. Este comportamento deve ser confirmado em um próximo estudo.

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47

Figura 20 - Resultados da análise de Dureza.

4.3. ANÁLISE DO ÍNDICE DE FLUIDEZ (MFI)

Uma diminuição do MFI fluxo de material é esperada, devido à ação reforçadora da

mica, como já foi observada em outros sistemas (NICOLAU, 2017).

Os resultados MFI dos compósitos apresentaram grande redução em relação à

madeira plástica (MP) devido à presença da mica. Como mostra a Figura 21, o aumento do

teor de mica na composição MP/mica, provoca uma diminuição do fluxo de material, o que

retrata um menor índice de fluidez do material. A diminuição do índice de fluidez com

aumento da carga é associada usualmente a uma restrição na movimentação das cadeias,

devido à presença da mica, diminuindo assim o fluxo do material (CASTRO et al., 2014).

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48

Figura 21 - Resultados da análise de MFI.

4.4. ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER

(FTIR)

A Figura 22 mostra o espectro de FTIR dos matériais obtidos: MP; MP/mica 5; MP/mica

10; MP/mica 15 e MP/mica 20.

Os picos da madeira plástica (MP) são equivalentes aos picos do PEAD (TORRES et

al., 2010) que é formado pela repetição do grupo -(CH2)-. O espectro da MP mostra as três

bandas de absorção associadas aos três modos de vibração da ligação C-H, cujos valores

dos números de onda se situam nas seguintes regiões espectrais: valência ou “stretching”

entre 2950 e 2850 cm–1; pêndulo ou “bending” entre 1350 e 1450 cm–1; torção ou “rocking”

aproximadamente em 700 cm–1. Observa-se também que cada banda é formada por dois

picos, devido ao fato de que a frequência de vibração de uma ligação depende do meio que

a envolve. Assim, para o polietileno, cada pico corresponde a uma configuração C-H

particular. Uma banda é típica das ligações dentro da cadeia polimérica, enquanto a outra

corresponde à ligação C-H nas extremidades da cadeia polimérica. A amplitude relativa de

um pico sobre o outro depende da importância relativa de cada tipo de ligação e de seu grau

de vibração. O PEAD também apresenta as ligações C-C que são normalmente observadas

com pico(s) de absorbância em um número de onda na região entre 1000-1250 cm–1.

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49

Figura 22 - Resultados da análise FTIR [eixo x: número de onda (cm-1) e eixo y:

Absorbância (u.a.)].

As vibrações de minerais do grupo mica podem ser separadas em uma região

vibracional de grupos hidroxila e em uma região vibracional compreendendo ligações dos

tetraedros Si(Al)O4, dos cátions coordenados octraedricamente, e dos cátions intercamadas

altamente coordenados. Esta separação é completa na região entre 3700-3550 cm-1 (OH

“stretching”) de alta energia. Bandas de absorção na região entre 1200-700 cm-1 são

essencialmente devido ao “stretching” Si-O, fracamente influenciadas por outras vibrações

da estrutura cristalina. A vibração da ligação Si-O na região entre 600-300 cm-1 normalmente

apresenta um acoplamento entre “stretching” e “bending” dos octraedros cátion-oxigênio

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situados em uma região espectral similar. As vibrações dos cátions intercamadas estão

localizadas na faixa entre 400-50 cm-1 que não estão presentes neste espectro. Estes

detalhes entre outros, estão disponíveis na Literatura em Framer (1974) e Rossanm (1984)

(BERAN, 2002).

Alguns outros picos podem ser atribuídos a aditivos utilizados para melhorar o fluxo do

polímero pós-consumo durante o reprocessamento do material. Os aditivos são formados de

moléculas pequenas, apresentando uma baixa viscosidade e, portanto, podem agir como

plastificantes, melhorando o fluxo do material e também facilitando a interação polímero-

carga (TORRES e D´ALMEIDA, 2010). Neste trabalho, pode-se inferir que não há interação

química entre a madeira plástica e a mica muscovita.

4.5. TERMOGRAVIMETRIA (TG)

Os perfis térmicos da madeira plástica e dos compósitos MP/mica (Figura 23)

têm aparência típica das curvas de TGA do PEAD, com Tonset (temperatura de início

de decomposição) na faixa de 450 a 480 °C e Tendset (temperatura de final de

decomposição) entre 500 e 520 °C e com picos entre 484 e 499 °C nas curvas DTG

(BANAT e FARES, 2015; MARTNS, 2017).

Figura 23 - Curvas de TGA das amostras de madeira plástica/mica.

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51

Como podemos ver na tabela 4, a análise do perfil térmico da madeira plástica pura

indicou uma porcentagem de resíduo final de cerca 2,5%, que corresponde a aditivos que

são incorporados ao material, como corantes e compatibilizantes (GUIMARÃES, 2013;

MARTINS, 2017; OLIVEIRA et al., 2013). Além disso, sabendo que até a temperatura na

qual a análise de TG foi realizada nenhum tipo de modificação da estrutura da mica é

observada, A análise da quantidade de resíduo obtido em cada curva indicou boa

concordância entre a quantidade de mica introduzida na mistura e aquela obtida como

resíduo da queima da mistura, indicando que não ocorreram grandes perdas durante o

processamento e também uma boa interação entre a matriz polimérica e o mineral (CASTRO

et al., 2017).

Tabela 4 – Porcentagem de resíduo após termogravimetria para amostras MP/mica.

Amostras Resíduo % Resíduo %

(descontado % da MP)

MP Puro 2,63 -

MP/Mica5 7,02 4,39

MP/Mica10 12,42 9,79

MP/Mica15 16,82 14,19

MP/Mica20 21,57 18,94

Os gráficos da derivada da analise termogravimétrica (DTG), Figura 24, mostraram-se

bastante similares entre as amostras de compositos e a madeira plastica pura, revelando a

ocorrência de apenas uma etapa de decomposição térmica com temperatura máxima do pico

(480°C) condizente com o observado nos perfis de TGA obtidos.

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52

Figura 24- Termogravimetria das amostras de madeira plástica/mica na região entre 425-

500°C.

4.6. CALORIMETRIA EXPLORATÓRIA DIFERENCIAL (DSC)

Os perfis de DSC, Figuras 25, mostraram-se bem próximos entre a madeira plástica pura

e os compósitos com mica, com ocorrência, em todos eles, de pico endotérmico

correspondente à fusão da madeira plástica na faixa de temperatura entre 130-150°C,

compatível coma faixa de fusão do PEAD (MARTINS, 2017).

Figura 25 - Perfil DSC da madeira plástica e dos compósitos com mica.

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53

A ampliação da região mais próxima do pico de fusão (Figura 26), entre 130-150°C,

revelou que as amostras de madeira plástica com mica apresentaram temperaturas máximas

de fusão ligeiramente menores em relação à madeira plástica. Diante dos resultados já

discutidos, que indicam uma ação reforçadora da mica, este resultado pode indicar que a

natureza da interação entre o mineral e o polímero é física, conforme observado por FTIR.

Figura 26 - Ampliação da região do pico de fusão da madeira plástica e dos compósitos.

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54

CONCLUSÕES

Os resultados da análise de densidade mostraram que há uma tendência de aumento

da densidade com a adição da carga mica. Acredita-se que os aditivos utilizados

durante o reprocessamento podem estar atuando como plastificantes, auxiliando a

boa interação entre matriz e a carga.

Da mesma forma os resultados de dureza tiveram um aumento progressivo com o

aumento da mica no compósito, contudo, apresentou uma estabilização em torno de

15%.

O aumento da quantidade de mica nos compósitos provocou uma redução na taxa de

fluxo do compósito na análise de MFI. Entende-se que a diminuição dos valores de

fluidez do material, é devido à restrição dos movimentos das cadeias do polímetros,

causados pela presença da mica, como já visto em outros sistemas.

O espectro de FTIR da madeira plástica (MP) encontrado neste estudo apresentou

picos equivalentes aos picos do PEAD. Para o grupo mica, foram observadas as

vibrações de grupos hidroxila e das ligações Si-O. Outros picos são relacionados aos

aditivos. Não foi observada uma interação química entre a madeira plástica e a mica

muscovita.

A análise termogravimétrica sugere um ganho de resistência térmica da madeira

plástica com a introdução da mica, demonstrado por diminuição na taxa de

decomposição dos compósitos em relação à temperatura de inicio da decomposição

da madeira plástica pura.

A curva DSC apresentou picos endotérmicos, da madeira plástica pura e os

compósitos com mica, bem próximos, apresentando temperaturas de fusão e

decomposição típicas do PEAD. Os resultados mostram que as temperaturas

máximas de fusão das amostras MP/mica, se apresentaram ligeiramente menores do

que as da madeira plástica.

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55

Sugestões para trabalhos futuros:

Processar os compósitos por extrusão.

Realizar ensaios mecânicos de tração.

Realizar análise morfológica por microscopia eletrônica de varredura, a fim de

observar a interface polímero/reforço.

Realizar teste de envelhecimento acelerado em estufa.

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56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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simbologia indicativa de reciclabilidade e identificação de materiais plásticos. Rio de

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