14
Comunicado Caros parceiros, Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema Anglo de Ensino, respeitando a ética e a transparência na nossa relação com as escolas e familiares, esclarecemos que todo o material didático utilizado nas salas de aulas atende às orientações curriculares do Ministério da Educação (Base Nacional Comum Curricular e Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental), de forma totalmente apartidária e com todo o rigor técnico-pedagógico que sempre pautou os 70 anos de trajetória do Anglo. Reconhecemos a importância do setor agropecuário para a economia brasileira e ressaltamos que em momento algum a relevância do setor é questionada nos materiais, conforme trechos extraídos dos mesmos cadernos mencionados: “A agricultura é hoje uma das principais atividades de exportação no Brasil. Estamos entre os maiores produtores mundiais de café, soja, laranja, cana-de- açúcar e milho.” (p. 111 – Caderno do Aluno 3 – 3º ano) “As atividades rurais são muito importantes para o Brasil: geram emprego e renda, alimentam a população e fornecem matérias-primas para a indústria. Além disso, trazem dinheiro ao nosso país, uma vez que grandes quantidades de café, açúcar, soja, laranja, carne, frutas e milho, entre outros produtos, são exportadas para vários lugares do mundo”. (p. 127 – Caderno do Aluno 3 – 3º ano) Os conteúdos mencionados no vídeo fazem parte da coleção do 3º e do 5º ano do Ensino Fundamental, que apresentam um percurso bem estruturado para os estudos de Geografia e História, abordando questões ambientais, sociais e econômicas. Para tanto, fundamentamos tudo o que consta no material em fatos comprovados por fontes científicas, acadêmicas e governamentais. Com as notas técnicas que acompanham esse material esclarecemos todos os pontos citados no vídeo e reforçamos o nosso compromisso com a educação de qualidade. Atenciosamente, Sistema Anglo de Ensino

Comunicado - Poder360 · 2020. 10. 7. · Comunicado Caros parceiros, Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Comunicado - Poder360 · 2020. 10. 7. · Comunicado Caros parceiros, Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema

Comunicado

Caros parceiros,

Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema Anglo de Ensino, respeitando a ética e a transparência na nossa relação com as escolas e familiares, esclarecemos que todo o material didático utilizado nas salas de aulas atende às orientações curriculares do Ministério da Educação (Base Nacional Comum Curricular e Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental), de forma totalmente apartidária e com todo o rigor técnico-pedagógico que sempre pautou os 70 anos de trajetória do Anglo.

Reconhecemos a importância do setor agropecuário para a economia brasileira e ressaltamos que em momento algum a relevância do setor é questionada nos materiais, conforme trechos extraídos dos mesmos cadernos mencionados:

“A agricultura é hoje uma das principais atividades de exportação no Brasil.

Estamos entre os maiores produtores mundiais de café, soja, laranja, cana-de-

açúcar e milho.” (p. 111 – Caderno do Aluno 3 – 3º ano)

“As atividades rurais são muito importantes para o Brasil: geram emprego e

renda, alimentam a população e fornecem matérias-primas para a indústria.

Além disso, trazem dinheiro ao nosso país, uma vez que grandes quantidades

de café, açúcar, soja, laranja, carne, frutas e milho, entre outros produtos, são

exportadas para vários lugares do mundo”. (p. 127 – Caderno do Aluno 3 – 3º

ano)

Os conteúdos mencionados no vídeo fazem parte da coleção do 3º e do 5º ano do

Ensino Fundamental, que apresentam um percurso bem estruturado para os estudos de

Geografia e História, abordando questões ambientais, sociais e econômicas. Para tanto,

fundamentamos tudo o que consta no material em fatos comprovados por fontes científicas,

acadêmicas e governamentais.

Com as notas técnicas que acompanham esse material esclarecemos todos os

pontos citados no vídeo e reforçamos o nosso compromisso com a educação de qualidade.

Atenciosamente,

Sistema Anglo de Ensino

Page 2: Comunicado - Poder360 · 2020. 10. 7. · Comunicado Caros parceiros, Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema

Notas técnicas sobre vídeo “Agromitos na escola”

A seguir, buscamos esclarecer, ponto a ponto, cada uma das alusões feitas pelo

referido professor ao nosso material.

1) 3º ano, Caderno 3 (p. 111) – “Na agricultura comercial patronal, o cultivo não é

feito pelo proprietário da terra. Ele contrata trabalhadores para plantar e colher.”

Nesse tipo de agricultura, o dono da propriedade trabalha na administração e

comercialização dos produtos, e não diretamente arando e colhendo. Como está claro

na frase, não se afirmou que o fazendeiro não trabalha, mas que ele não está envolvido

diretamente no processo de plantio e colheita. Essa passagem do material tem como

objetivo comparar esta forma de produção à da agricultura familiar, que tem modelo de

produção em que os proprietários estão envolvidos diretamente no processo de plantio

e colheita, além de também administrarem a propriedade.

2) 3º ano, Caderno 3 (p. 134) – “[...] há muitos proprietários que contratam homens

armados para vigiar os trabalhadores”.

Citamos a seguir algumas fontes (acadêmicas e governamentais) que embasam esta

afirmativa.

a) Trabalho análogo ao de escravo rural no Brasil do séc. XXI

2.2 Materialização do trabalho análogo ao de escravo rural no Brasil do século XXI

A proscrição jurídica da escravidão no Brasil ocorreu em 13 de maio de 1888, quando

foi editada a Lei nº 3.353, conhecida como Lei Áurea. Durante o século XX, o Brasil

ratificou várias normas internacionais que definem e proíbem tanto a escravidão quanto

o trabalho forçado. O art. 149 do CP, por sua vez, define e pune com reclusão de dois

a oito anos e multa, além da pena correspondente à violência, o crime de redução a

condição análoga à de escravo. A proscrição jurídica da escravidão, no entanto, não foi

suficiente para impedir a exploração do trabalho análogo ao de escravo, materializado

em práticas igualmente discriminantes e supressoras da liberdade do trabalhador,

principalmente no meio rural brasileiro, profundamente marcado pela desigualdade

tanto no acesso quanto na distribuição da terra, e que tem na violência contra o

trabalhador uma característica endêmica de sua estrutura. O trabalho análogo ao de

escravo rural no Brasil é uma realidade incontestável, como demonstram os dados

atualizados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), os quais revelam que entre

1995 e 2010, 36.759 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à de

escravo. Embora seja bastante difícil traduzir em números o problema do trabalho

Page 3: Comunicado - Poder360 · 2020. 10. 7. · Comunicado Caros parceiros, Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema

análogo ao de escravo no Brasil, sobretudo por se tratar de uma atividade ilícita, a

Comissão Pastoral da Terra (CPT) estima que aproximadamente 25 mil pessoas, Cf.

Ministério do Trabalho e Emprego. Quadro geral de operações de fiscalização para

erradicação do trabalho escravo – SIT/SRTE – 1995/2010.

Poder-se-ia imaginar que o trabalho análogo ao de escravo rural ocorre apenas em

fazendas pequenas e atrasadas, que ainda detêm práticas arcaicas de produção, o que,

entretanto, não é verdadeiro. Com efeito, muitas fazendas flagradas pelo Grupo

Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) são grandes propriedades agrárias, que

utilizam técnicas sofisticadas de inseminação artificial e vacinação do gado, contando

com maquinário de última geração para o plantio e colheita e as mais modernas técnicas

agropecuárias de produção e manuseio do solo, sendo algumas delas, inclusive,

reconhecidas internacionalmente como líderes mundiais no volume de recursos

comercializados e no nível tecnológico usado em suas atividades, que, apesar de todo

o avanço, exploram o trabalho análogo ao de escravo na ampliação de suas fronteiras

agrícolas ou pecuárias, devastando a floresta amazônica e o cerrado brasileiro.

SILVA, Marcello Ribeiro. Trabalho análogo ao de escravo rural no Brasil do século XXI: novos contornos de um

antigo problema. Dissertação (Mestrado) em Direito Agrário. Programa de Mestrado em Direito, área de

concentração em Direito Agrário, da PróReitoria de Pesquisa e Pós-Graduação – PRPPG da Universidade Federal

de Goiás – UFG. (Orientação: Professora Doutora Silzia Alves Carvalho Pietrobom.) Pág. 114. [Grifos nossos.]

Disponível em: <http://www.mpf.mp.br/atuacao-tematica/ccr2/coordenacao/comissoes-e-grupos-de-

trabalho/escravidao-contemporanea-migrado-1/notas-tecnicas-planos-e-

oficinas/DissertacaoTrabalhoAnalogoaodeescravo.pdf/view>. Acesso em: 4 out 2020.

b) Trabalho escravo se concentra na zona rural

O agronegócio é o setor da economia que mais recruta pessoas para trabalhar em regime

semelhante ao da escravidão. E entre as atividades rurais com maior número de

trabalhadores resgatados, o desmatamento para expansão da fronteira agrícola,

especialmente na Amazônia, figura em primeiro lugar no ranking.

Page 4: Comunicado - Poder360 · 2020. 10. 7. · Comunicado Caros parceiros, Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema

Disponível em: <https://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/trabalho-escravo/xavier-plassat/trabalho-

escravo-se-concentra-na-zona-rural.aspx>. Acesso em: 4 out 20.

Page 5: Comunicado - Poder360 · 2020. 10. 7. · Comunicado Caros parceiros, Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema

c) Sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos

Caso trabalhadores da fazenda Brasil Verde VS. Brasil. (Sentença de 20 outubro de

2016.)

112. A maior quantidade de vítimas de trabalho escravo no Brasil são trabalhadores

originários das regiões norte e nordeste, dos estados que se caracterizam por serem os

mais pobres, com maiores índices de analfabetismo e de emprego rural: Maranhão,

Piauí e Tocantins, entre outros. Os trabalhadores provenientes destes estados se

dirigem aos estados com maior demanda de trabalho escravo: Pará, Mato Grosso,

Maranhão e Tocantins. As atividades que mais empregam trabalho escravo são a

criação de gado, a agricultura em grande escala, o desmatamento e a exploração de

carvão.

113. Os trabalhadores, em sua maioria homens pobres, “afrodescendentes ou mulatos”,

entre 18 e 40 anos de idade, são recrutados em seus estados de origem por “gatos”,

para trabalhar em estados distantes, com a promessa de salários atrativos. Ao

chegarem às fazendas, os trabalhadores são informados de que estão em dívida com

seus contratantes por seu transporte, alimentação e hospedagem. Os salários

prometidos são reduzidos e não cobrem os custos já assumidos. Em alguns casos, os

trabalhadores se endividam cada vez mais, pois têm de comprar tudo o que necessitam

nos armazéns das fazendas, a preços elevados. Sua dívida aumenta tanto que nunca

podem pagá-la e se veem obrigados a continuar trabalhando.

114. Os trabalhadores normalmente são vigiados por guardas armados que não lhes

permitem sair das fazendas. Caso tentem fugir, normalmente são agredidos. Ademais,

a localização geográfica das fazendas pode ser, por si mesma, um elemento que limita

a liberdade dos trabalhadores, posto que muitas vezes o acesso a centros urbanos é

quase impossível, devido não apenas à distância mas também à precariedade das vias

de acesso. Alguns trabalhadores sofrem abuso físico, sexual e verbal, além de

trabalharem em condições perigosas, anti-higiênicas e degradantes. Devido à sua

condição de extrema pobreza, sua situação de vulnerabilidade e seu desespero por

trabalhar, os trabalhadores muitas vezes aceitam as condições de trabalho antes

descritas.

Page 6: Comunicado - Poder360 · 2020. 10. 7. · Comunicado Caros parceiros, Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema

115. No tocante às investigações por estes fatos, de acordo com a OIT, a impunidade

da submissão a trabalho escravo se deve à articulação dos fazendeiros com setores

dos poderes federais, estaduais e municipais no Brasil. Muitos fazendeiros exercem

domínio e influência em diferentes instâncias do poder nacional, seja de forma direta ou

indireta. COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Caso Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde contra a

República Federativa do Brasil. p. 28. [Grifos nossos.] Disponível em:

<http://www.itamaraty.gov.br/images/Banco_de_imagens/Sentenca_Fazenda_Brasil_Verde.pdf>. Acesso em: 4 out. 20.

d) Brasil teve mais de mil pessoas resgatadas do trabalho escravo em 2019

Quase 132 anos após a abolição da escravatura no Brasil, situações análogas

ao trabalho escravo ainda são registradas. Somente o Ministério Público do Trabalho

(MPT) tem hoje 1,7 mil procedimentos de investigação dessa prática e de

aliciamento e tráfico de trabalhadores em andamento. [...]

O meio rural continua concentrando o maior número de registros, com 87% dos

casos [...].

Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2020-01/brasil-teve-mais-de-mil-

pessoas-resgatadas-do-trabalho-escravo-em>. Acesso em: 4 out 20.

3) 3º ano, Caderno 3 (p. 147) - Foto com a legenda: “Famílias viviam de maneira

luxuosa”. Martinho Prado Junior.

a) Pesquisa revela riqueza da vida nas fazendas de café paulistas

[...] “A antiga casa paulista rústica, que perdurou até o século XVIII, de poucos

móveis, com ganchos de rede espalhados pelos batentes das portas, vai aos poucos

dando lugar a casas com salas mobiliadas com móveis importados, pianos, quadros

e bibelôs”, observa Benincasa. “Já não se recebe mais no antigo alpendre embutido;

agora o visitante é conduzido ao lance principal por uma escadaria.” Nascia a casa-

grande suntuosa, feita para mostrar o poder da elite cafeeira monarquista. “A

chegada da missão francesa ao Rio também introduziria elementos novos nessas

casas, como maior preocupação com a elaboração do desenho da fachada, busca

pela simetria, maior harmonia na distribuição dos vãos, a adoção do porão para evitar

o contato direto com o solo, maior insolação e ventilação, dentro dos pressupostos

higienistas da época. A fazenda cafeeira em São Paulo possui especificidades que

não existem em propriedades semelhantes de outros países”, avisa o autor.

[...]

Eis outra inovação em relação à antiga casa paulista: na morada do rico fazendeiro

do café o espaço destinado à recepção, a área de convívio geral, é muito mais

generosa. “São as salas sociais onde ocorrem os saraus, as tertúlias literárias e onde

se admite em certo grau a sociabilidade, cumpridos os rituais mínimos de admissão

Page 7: Comunicado - Poder360 · 2020. 10. 7. · Comunicado Caros parceiros, Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema

e de representação de que se revestiam esses encontros”, explica Benincasa. [..] A

ostentação estava em todos os cômodos: dos assoalhos encerados à água

encanada e à eletrificação, passando pelas pinturas murais decorativas, papéis de

parede importados, forros elaborados, janelas e portas almofadadas, no melhor

estilo da Corte carioca, cujos hábitos foram adotados pelas fazendas de café. Novos

tempos, novos costumes: a expansão da cafeicultura pelo interior de São Paulo, bem

como a campanha antiescravista, trouxe os colonos europeus e suas habilidades.

“Esse processo, aliado ao surgimento de uma elite cafeeira e à vinda de

profissionais, como arquitetos e engenheiros europeus (além dos vários artesãos

transformados em colonos), iria modificar a paisagem das fazendas cafeeiras. [...]

Surgem casas de maior liberdade formal, com uma violenta segmentação do espaço.

“Há salas e saletas destinadas às mais diversas atividades: salas de visita, de chá,

de jogos, de costura, de música, de almoço, de jantar, fumoir etc. Surgem os

corredores, destinados ao trânsito interno pelas várias alas da casa sem a percepção

do visitante, reflexos de um processo de aburguesamento da classe rural”, afirma

Benincasa. A arquitetura de terra foi substituída pela modernidade da alvenaria de

tijolos e o novo ideal é a casa ensolarada, arejada e limpa, em que o banheiro vira

peça fundamental. “A casa rural de fins do século XIX e início do XX incorporava os

confortos da vida moderna, passando a expressar, dessa maneira, a solidez

financeira e o cosmopolitismo do fazendeiro paulista.” Tão distante da austeridade

caipira da casa bandeirante, o casarão moderno era testemunho da disposição dos

barões do café de transformar suas residências em lugares aprazíveis e confortáveis

que se refletiam, nota o pesquisador, mesmo nas relações de gênero. “Havia

oportunidades de convívio para as mulheres. Embora as áreas de permanência delas

ainda fossem separadas das dos homens, havia sido criada uma faixa intermediária

que todos poderiam partilhar, inclusive pessoas de fora do convívio doméstico”.

A casa-grande e as senzalas, aos poucos, foram substituídas por sedes rodeadas

de jardins e casas de colônia. “Preservando elementos arquitetônicos da fazenda

típica, surgia uma nova tipologia que incorporava a modernidade técnica, a fazenda

ganhando ares de empresa agroindustrial como as instaladas na região de terras

roxas da região de Ribeirão Preto”, escreve André Ferrão. [...] É o início do fim das

grandes propriedades do Vale do Paraíba e da sua evolução para as empresas

agroindustriais do oeste paulista.

In: HAAG, Carlos. Revista Pesquisa Fapesp. Edição 147. Mai. 2008. Disponível em:

<https://revistapesquisa.fapesp.br/moradas-do-preterito/>. Acesso em: 4 out. 2020. [Grifos nossos.]

Page 8: Comunicado - Poder360 · 2020. 10. 7. · Comunicado Caros parceiros, Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema

b) A família Prado

Quanto à “vida modesta” da família Prado, Antônio Prado, “em 1848, aos 60 anos,

foi feito Barão de Iguape pelo imperador D. Pedro.

E em 1850 viu-se nomeado para dirigir a agência do Banco do Brasil então aberta

em São Paulo. De passo em passo, das mulas a barão e banqueiro, eis Antônio

Prado transformado num magnata ainda era pré-café”.

TOLEDO, Roberto Pompeo de. Capital da solidão. Rio de Janeiro: Objetiva, 2003. p. 358-359. [Grifos nossos.]

c) O luxo nos casarões das fazendas de café do Vale do Paraíba

Nas fazendas do Vale do Café, os barões ostentavam poder e riqueza. Para ver

imagens, acessar: <https://www.portalvaledocafe.com.br/fazendas_historicas.asp>. Acesso em 4 out 2020.

d) A história do Brasil que é um luxo

Pesquisa revela a importância do consumo no desenvolvimento do capitalismo

nacional.

Disponível em: <https://revistapesquisa.fapesp.br/a-historia-do-brasil-que-e-um-luxo/>.

Acesso em: 4 out. 2020.

e) Família, riqueza e representação social no Brasil oitocentista (1840-1889)

MUAZE, Mariana de Aguiar Ferreira. O Império do Retrato: família, riqueza e representação social no Brasil

oitocentista (1840-1889). Tese de doutorado em História da Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2006.

Disponível em: <https://www.historia.uff.br/stricto/teses/Tese-2006_MUAZE_Mariana_de_Aguiar_Ferreira-

S.pdf> Acesso em: 4 out. 2020.

Page 9: Comunicado - Poder360 · 2020. 10. 7. · Comunicado Caros parceiros, Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema

4) 3º ano, Caderno 3 (p. 146) – O café foi plantado na região do Vale do Paraíba até

1850 e, depois, na região conhecida como oeste paulista (a partir de 1850).

a) Sobre áreas de produção de café no século XIX

[...] Um estado de riqueza recente. Foi a partir da segunda metade do século XIX,

quando o café começou a ser produzido nas regiões de Campinas e Itu, que se

iniciou a formação de uma burguesia com anseios para com a sua história. Para isso,

construiu-se a figura do Bandeirante como herói, legitimando a participação dos

paulistas na constituição e consolidação do território nacional.

Disponível em: <http://www.museudocafe.org.br/bolsa-oficial-de-cafe/historico-bolsa-oficial-de-cafe/>.

Acesso em: 4 out. 2020. [Grifos nossos.]

b) A expansão cafeeira para o Oeste Paulista

[...] a economia cafeeira da região do Vale do Paraíba – controlada pelos históricos

"barões do café" e que chegara a deter 78% da produção nacional – entra em

declínio a partir das duas décadas finais do século XIX. Terras esgotadas, erodidas,

a escassez de mão de obra escrava, a dificuldade na incorporação de novas áreas,

entre outras razões, explicam tal declínio.

Se por um lado isso ocorria naquela região, por outro, o café entrava em expansão

em uma nova área chamada de Oeste Paulista. Localizada no interior de São Paulo,

abrangia a área de Campinas a Rio Claro, São Carlos, Araraquara, Catanduva.

Alcançava, também, a região de Campinas para Piraçununga, Casa Branca e

Ribeirão Preto, onde os fazendeiros substituíam as lavouras de cana-de-açúcar, em

queda de preço, pelo café em expressiva ascensão.

Disponível em: <http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/estude/historia-do-brasil/brasil-monarquico/92-

governo-pessoal-de-d-pedro-ii/8975-cultura-cafeeira-o-decl%C3%ADnio-da-vale-do-para%C3%ADba>.

Acesso em: 4 out. 2020. [Grifos nossos.]

Page 10: Comunicado - Poder360 · 2020. 10. 7. · Comunicado Caros parceiros, Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema

5) 5º ano, Caderno 3 (p. 209) – O avanço da agricultura patronal, principalmente de

soja e cana-de-açúcar, no alto curso dos rios que irrigam o Pantanal.

Como indicamos a seguir, a afirmação de nosso material é sustentada por inúmeras

fontes:

a) Governo revoga decreto que colocava limites para a expansão da produção de

cana na Amazônia e no Pantanal

Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2019/11/06/governo-revoga-

decreto-que-colocava-limites-para-a-expansao-da-producao-de-cana-na-amazonia-e-no-

pantanal.ghtml>. Acesso em: 4 out. 2020.

b) Cana-de-açúcar é ameaça ao Pantanal

O Pantanal tem sofrido com inúmeras ameaças nos últimos meses. Além dos

incêndios recordes neste 2019, a notícia da autorização do plantio de cana, recebida

às vésperas do Dia do Pantanal, revela que não há motivos para comemorar. O

decreto Nº 10.084 permitiu não só que a cadeia da cana-de-açúcar se instale no

Pantanal, como também na Amazônia e que seja realizado sem regulamentação nos

demais biomas brasileiros.

Disponível em: <https://observatoriopantanal.org/2019/11/12/cana-de-acucar-e-ameaca-ao-pantanal/>.

Acesso em: 4 out. 2020. [Grifos nossos.]

c) Mapa de conflitos envolvendo injustiça ambiental e saúde no Brasil

MS – Cultivo de Cana-de-Açúcar ameaça o Pantanal

A população ribeirinha do Pantanal, especialmente pescadores artesanais e

agricultores familiares, será afetada pelos impactos da poluição gerada pela

atividade das usinas de álcool e da monocultura da cana-de-açúcar, caso a atividade

venha a ser liberada pelo Conama e pelo Governo do Estado. A atividade

monocultora no Pantanal é, atualmente, interditada pela Resolução nº 01/85 do

Conama e pela Lei Estadual nº 328, de 1982.

O risco de poluição está relacionado, principalmente, à contaminação das águas por

agrotóxicos (1) e pelo vinhoto da atividade monocultora (2). Organizações não-

governamentais criticam as iniciativas de liberação da cana-de-açúcar na região,

uma vez que as plantações seriam instaladas nas partes mais altas do Pantanal, ou

Page 11: Comunicado - Poder360 · 2020. 10. 7. · Comunicado Caros parceiros, Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema

seja, nas regiões de planalto onde nascem os rios que formam a Bacia do Alto Rio

Paraguai. A poluição causada pelo vinhoto, subproduto do processo de obtenção do

álcool a partir da cana, colocaria em risco os lençóis freáticos e favoreceria a

proliferação de microrganismos que consomem oxigênio (3).

Em novembro de 2005, durante uma manifestação em Campo Grande, o

ambientalista Francisco Anselmo (Francelmo) ateou fogo ao próprio corpo, buscando

assim sensibilizar a sociedade civil e as autoridades quanto à questão. Sua morte

mobilizou a opinião pública contra o projeto de lei 170/05, que alteraria a lei estadual

para viabilizar a ampliação e a instalação de novas usinas de cana no Pantanal.

O Zoneamento Agro-Ecológico da Cana, inicialmente demandado pela sociedade

civil preocupada com a preservação do Pantanal, vem sendo questionado pelo

próprio movimento social, pela sua formulação não-participativa.

Disponível em: <http://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/?conflito=ms-cultivo-de-cana-de-acucar-

ameaca-o-pantanal>. Acesso em: 4 out. 2020. [Grifos nossos.]

d) Dinâmica agrícola do Cerrado – análises e projeções – 2020

Neste documento da Embrapa, os capítulos 7 e 8 apontam os riscos e as formas

mais sustentáveis para a produção agropecuária, como a agroflorestal citada no

nosso material do Sistema de Ensino Anglo.

Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/212381/1/LV-DINAMICA-

AGRICOLA-CERRADO-2020.pdf >. Acesso em: 4 out 20.

e) O mundo rural no Brasil do século XXI

Trechos de A formação de um novo padrão agrário e agrícola (Embrapa. Brasília,

DF. 2014) confirmam o que consta em nosso material do Sistema Anglo de Ensino.

o Uma questão antiga – as relações de trabalho na agricultura – ainda permanece

tumultuada, a despeito do fato de o documento legal que estatui normas para o

trabalho no campo ser datado de 1973. Questões ligadas à jornada de trabalho,

ao transporte e à alimentação de trabalhadores não residentes na propriedade

vêm sendo objeto de disputa judicial, com alguma regularidade. Esse também é

o caso dos trabalhadores migrantes, aqueles provenientes de outras regiões, que

são contratados temporariamente para períodos de colheita (os chamados

safristas). Até hoje não existe uma regulamentação adequada para o trabalho

temporário, atividade rural obrigatória no mundo inteiro, em épocas de colheita.

Ademais, aqui e ali emergem denúncias de trabalho escravo nessas regiões,

Page 12: Comunicado - Poder360 · 2020. 10. 7. · Comunicado Caros parceiros, Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema

onde os trabalhadores são invariavelmente submetidos a situações degradantes

de alimentação, habitação, saúde, higiene e segurança. (p. 20.)

o Os agentes econômicos da agricultura familiar, ou pequena agricultura como já

foi chamada, diferem do grande empresário rural, não pelo tamanho, mas pelos

valores sociais e pela lógica social, econômica e política que os norteia, que é

outra. Eles podem ver e valorizar a terra que lhes está cotidianamente perto,

diversamente do grande empresário que se relaciona com a terra pela mediação

da renda fundiária, de uma abstração. O pequeno a vê como mediação e

condição de um modo de vida, pode ver nela a poesia que nela há. Vê também

na perspectiva do valor de uso. O grande a vê como instrumento de uma relação

racional de interesse, uma relação seca e puramente instrumental. Vê na

perspectiva do valor de troca que pode produzir. (p. 30.)

o Em 2010, havia um total de 8.286.411 domicílios rurais, sendo 2.197.208

domicílios pobres, o que corresponde a uma proporção geral de 26,5%. Desses

domicílios pobres, 56,3% são domicílios de desocupados, ou seja, mais da

metade dos domicílios pobres rurais estão praticamente fora do sistema produtivo

mais moderno da economia rural, com baixo nível de ocupação e, praticamente,

ocupados em atividades de subsistência. Aproximadamente 22% dos domicílios

pobres rurais são constituídos de domicílios de assalariados, o que pode estar

indicando que mesmo o setor mais dinâmico da economia rural não está

contribuindo suficientemente para a redução da pobreza. Em outras palavras,

nessa parcela do mercado de trabalho rural existem consideráveis possibilidades

de formulação de políticas públicas para redução da pobreza rural, como por

exemplo, o combate a formas atrasadas e informais de vínculos de

assalariamento. (p. 637.)

O que se pode afirmar aqui é que a ampliação das áreas de cultivo de cana-de-

açúcar está aumentando a proporção de domicílios marginalizados do sistema

produtivo rural, paradoxalmente reduzindo a proporção de domicílios pobres. Já

a cultura de soja aparentemente está tendo um efeito perverso do ponto de vista

social, no sentido de um impacto positivo sobre a proporção e o número de

pobres no meio rural assim como a ampliação do número de domicílios

desocupados e redução de domicílios da agricultura familiar. No entanto, trata-

se de um estudo preliminar em fase de desenvolvimento e considera-se a

necessidade de aperfeiçoamento dos métodos de análises para a investigação

das hipóteses propostas. (p. 651.)

o Muitos desses conflitos têm origem na persistência de uma antiga prática no meio

rural brasileiro: a grilagem de terras, ou seja, a apropriação fraudulenta de terras

públicas. Um mapa da grilagem elaborado por órgãos públicos e da sociedade

Page 13: Comunicado - Poder360 · 2020. 10. 7. · Comunicado Caros parceiros, Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema

civil em 2009 mostra que “os títulos irregulares somam mais de 110 milhões de

ha, quase a extensão territorial do Pará” (INSTITUTO DE PESQUISA DE

ECONOMIA APLICADA, 2010, p. 226). Apenas um empresário, na década de

1990, conseguiu ter acesso, contestado pelo Instituto Nacional de Colonização e

Reforma Agrária (Incra), a seis milhões de hectares no Estado do Pará

(BARROS, 2005). O professor de Geografia Agrária e pesquisador Ariovaldo

Umbelino de Oliveira (OLIVEIRA, 2007, p. 136, 155), com base nos dados da

CPT, mostra que é na Amazônia e especificamente no Estado do Pará que mais

vem ocorrendo conflitos agrários e mortes a eles associadas.

Nos conflitos trabalhistas, computados pela CPT, estão as ocorrências

relacionadas ao uso de trabalho escravo, ou seja, a exploração de trabalhadores

(inclusive índios) cujas condições de ocupação (tipo de trabalho, fornecimento de

alimentação, condições dos alojamentos, etc.) assemelham-se à de trabalho

forçado ou cativo. Embora órgãos públicos (Ministério Público e do Trabalho) e

algumas entidades não governamentais (entre elas a própria CPT) venham

atuando para levá-lo à extinção, o fato é que foram libertadas dessas condições

3.054 pessoas em 2010. (p. 676.)

Disponível em: <https://www3.eco.unicamp.br/nea/images/arquivos/O_MUNDO_RURAL_2014.pdf>.

Acesso em: 4 out. 2020. [Grifos nossos.]

f) A ameaça vem do Planalto

Ocupação e uso desordenado do solo, ao lado da instalação de usinas hidrelétricas,

dificultam o fluxo migratório de espécies no pantanal.

In: ANDRADE, Rodrigo de Oliveira. Revista Pesquisa Fapesp. Edição 207. Mai. 2013.

Disponível em: <https://revistapesquisa.fapesp.br/a-ameaca-vem-do-planalto/>. Acesso em: 4 out.

2020.

g) Represas, agrotóxicos e degradação, fogo não é a única ameaça

Disponível em: <https://www.campograndenews.com.br/meio-ambiente/represas-agrotoxico-

e-degradacao-fogo-nao-e-unica-ameaca-ao-pantanal >. Acesso em: 4 out. 2020.

h) Soja ameaça o Pantanal

Maior área úmida alagável do planeta, Pantanal corre o risco de se descaracterizar

e empobrecer biológica e socialmente

Disponível em: <https://ecoa.org.br/soja-ameaca-o-pantanal/ >. Acesso em: 4 out. 2020.

Page 14: Comunicado - Poder360 · 2020. 10. 7. · Comunicado Caros parceiros, Em resposta ao vídeo “Agromitos na escola”, postado no YouTube no dia 3 de outubro de 2020, nós, do Sistema

i) Capitalismo e colapso ambiental

No livro Capitalismo e colapso ambiental, do professor livre docente do

Departamento de História da Unicamp Luiz Marques, há uma série de reflexões,

“evidenciadas pelas Ciências e pelas Humanidades desde os anos 1960”, sobre as

estruturas de sustentação dos ecossistemas, hoje afetadas por práticas nocivas a

eles.

Disponível em: <http://library.lol/main/746E16A2862EB1BC238CF993D106743F>. Acesso

em: 4 out. 2020.

j) Conflitos nas políticas ambientais: uma análise do processo de alteração do

Código Florestal Brasileiro

Nesta dissertação, defendida na USP (Interunidades em Ecologia Aplicada),

analisaram-se o cenário e os processos políticos que culminaram com a alteração

do antigo Código Florestal Brasileiro (Lei Federal nº 4.771/1965), revogado pela Lei

Federal nº 12.651/2012. Nesse estudo, foi possível verificar que, embora a questão

ambiental tenha se popularizado, ganhando espaço nas agendas governamentais,

quando não tratada de maneira utilitarista, há prevalência de um discurso em que o

meio ambiente parece ser uma externalidade e até mesmo um empecilho para o

desenvolvimento econômico do país.

Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-19042016-

092527/pt-br.php >. Acesso em: 4 out. 2020.