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RI 391.2/14
COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO VALE DO RIBEIRA E O
PROGRAMA BRASIL QUILOMBOLA – PBQ
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE REGISTRO
COMUNIDADE QUILOMBOLA PEROPAVA
Tendo em vista a solicitação do Núcleo de Políticas públicas do
Ministério Público do estado de São Paulo - estudo sobre as condições
sociais das comunidades quilombolas do Vale do Ribeira, com vistas a
identificar quais ações do Programa Brasil Quilombola (PBQ) podem ser
viabilizadas na região – apresentamos relatório técnico elaborado pelo
Núcleo de Assessoria Psicossocial do Vale do Ribeira a respeito da
comunidade de remanescentes de quilombo Peropava.
Promotoria de Justiça de Registro:
A cidade de Registro, localizada às margens da Rodovia Regis
Bittencourt, fica entre as capitais dos estados de São Paulo e Paraná, cidades
de São Paulo e Curitiba. Com população de aproximadamente 54 mil
habitantes é a cidade com os melhores índices de desenvolvimento do Vale
do Ribeira. Seu grau de urbanização atinge cerca de 88% e a taxa
geométrica de crescimento anual da população é de 0,10%a.a., abaixo dos
valores médio do estado que chegam a 1,09%a.a. Conforme o IBGE 2010,
foram registrados 14.692 domicílios na área urbana e 1.802 na área rural.
A cidade de Registro é também sede da área regional do Vale do
Ribeira do Ministério Público de São Paulo, tendo sido formalizada através da
nomeação de diretoria própria no ano de 2015. A promotoria conta com 4
cargos para promotores, contemplando as cidades de Registro e Sete Barras.
Também atua no município o Grupo de Atuação Especial do Meio ambiente –
2
GAEMA, prestando atendimento a 20 municípios e 10 promotorias de justiça.
Há uma comunidade reconhecida como quilombola no município de Registro,
denominada Peropava.
A cidade de Sete Barras possui aproximadamente 13 mil habitantes, o
município não possui comunidade quilombola em seu território.
A Comunidade Quilombola Peropava:
De acordo com a publicação no diário oficial de SP – de 23 de julho de
2011, o parecer da assistência especial de quilombos do ITESP informa: ―A
comunidade de Peropava ocupa suas terras desde 1850. Os primeiros a morarem
nesse local foram negros livres vindos do bairro de Guaviruva e da cidade de Iguape,
em busca de terras livres para morar e criar seus filhos.
Nesse lugar residem 25 famílias, que na sua grande maioria, sobrevivem do
trabalho como mensalista e diarista nas fazendas dos arredores de suas terras
trabalhando nas plantações de banana e pupunha. Além disso, comercializam em
Registro o produto excedente de pequenas roças que mantém para o consumo
doméstico e mudas de plantas ornamentais. Eles plantam arroz, feijão, mandioca,
café, cará, milho, cana-de-açúcar, palmito, verduras e legumes como cenoura,
vagem, berinjela, chuchu, abobrinha, alface, couve, escarola, e frutas como mamão,
jabuticaba, jaca, framboesa, abacaxi, acerola, tomate e mana. Além da criação de
pequenos animais como galinhas e porcos. Algumas famílias vendem na cidade de
Registro a farinha de mandioca que produzem de forma artesanal na comunidade.
Um dos grandes problemas enfrentado por essa população é a falta de terras
para plantar, pois devido ao processo de expropriação vivido pelo grupo mais da
metade de suas terras tradicionalmente utilizadas para a agricultura estão atualmente
na posse de pessoas de fora da comunidade. Assim existem 15 famílias que trabalham
e moram em fazendas vizinhas as terras de Peropava que foram obrigadas a deixar o
local por falta de espaço para plantarem. Muitos jovens deixam a comunidade e
seguem para São Paulo e Curitiba em busca de trabalho.‖
3
Comunidade Peropava e as políticas públicas para comunidades
quilombolas:
Durante a visita à Comunidade Remanescente de Quilombo Peropava
foi possível abordar algumas questões acerca das percepções de seus
moradores ao acesso a bens sociais, a partir da execução das políticas
públicas, mais especificamente em relação àquelas reunidas no plano de
ação do Programa Brasil Quilombola. Para além disso, foram realizadas
reuniões com órgãos municipais e contatos com profissionais para o alcance
das informações necessárias na concretização do presente estudo.
Para formalizar o presente documento, foi pensada a sistematização
das informações colhidas na mesma dinâmica do documento elaborado pela
Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, a SEPPIR. Deste
modo, os assuntos serão divididos em grandes eixos temáticos – (I) acesso a
terra; (II) infraestrutura e qualidade de vida; (III) desenvolvimento local e
inclusão produtiva; (IV) direitos e cidadania – sendo que cada um destes terá
subdivisões que lhes serão pertinentes. Esse cuidado foi tomado como forma
de garantir que a maior parte das informações seja exposta para o
conhecimento do leitor.
Como forma de esclarecimento acerca das políticas oferecidas no
PBQ, todos os itens serão apresentados com a descrição presente no guia de
políticas públicas para comunidades quilombolas, no relatório de gestão 2012
do PBQ e/ou outras fontes de informações seguras a respeito das políticas
apresentadas.
Eixo I – Acesso à Terra:
Esse eixo foi criado pelo Programa Brasil Quilombola no intuito de
acompanhar a execução dos ―trâmites necessários para a certificação e
regularização fundiária das áreas de quilombo, que constituem título coletivo
de posse das terras tradicionalmente ocupadas‖.
4
A partir de alguns levantamentos bibliográficos foi possível perceber que
há um longo caminho a ser percorrido quando a comunidade remanescente
tem a pretensão de regularizar e titularizar suas terras.
No que se refere às legislações federais, o próprio Guia de Políticas
Publicas Para Comunidades Quilombolas traz marcos legais para atuação na
regularização fundiária:
(a) Na Constituição Federal de 1988, em seus artigos 215 e 216 que
garantem a preservação cultural, ao passo que o artigo 68 do ADCT – dispõe sobre à
propriedade das terras de comunidades remanescentes de quilombos; (b)
Convenção 169 da OIT (decreto 5051 de 2004) diz dos direitos à autodeterminação de
Povos e Comunidades Tradicionais; (c) Lei nº 12.288 de 20 de julho de 2010 – dispõe
sobre o Estatuto da Igualdade Racial; (d) Decreto nº 4887 de 20 de novembro de 2003
– trata da regularização fundiária de terra de quilombos e define as responsabilidades
dos órgãos governamentais. (f) Decreto nº 6040 de 07 de fevereiro de 2007 – institui a
Política Nacional de desenvolvimento Sustentável dos Povos e comunidades
Tradicionais; (g) Decreto nº 6261 de 20 de novembro de 2007 – diz sobre a gestão
integrada para o desenvolvimento da Agenda Social Quilombola no âmbito do
Programa Brasil Quilombola; (h) Portaria Fundação Cultural Palmares nº 98 de 26 de
novembro de 2007 – institui o Cadastro Geral de Remanescentes das Comunidades
dos Quilombos da Fundação Cultural palmares, também autodenominadas Terras de
Preto, Comunidades Negras, Mocambos, Quilombos dentre outras denominações
congêneres. (i) Instrução Normativa do INCRA nº 57 de 20 de outubro de 2009 –
Regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação,
demarcação desintrusão, titulação e registro de terras ocupadas por remanescentes
das comunidades dos quilombos.
Já no estado de São Paulo, os marcos legais tiveram sua gênese com o
decreto 40723 de março de 1996 que viria regulamentar no âmbito estadual o
artigo 68 do ADCT da Constituição Federal de 1988. Instituindo o Grupo de
Trabalho Multidisciplinar para a regularização fundiária dos remanescentes das
ocupações de quilombos. A partir de então novas leis e decretos precisaram
ser instituídos:
(a) Decreto 40.723 de 21 de março de 1996 – Institui Grupo de Trabalho
para os fins que especifica e dá providências correlatas; (b) Lei 9.757 de 15 de
5
setembro de 1997 – Dispõe sobre a legitimação de posse de terras públicas estaduais
aos remanescentes das comunidades de quilombos, em atendimento ao artigo 68 do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal; (c) Decreto
41.774 de 13 de maio de 1997 – dispõe sobre o Programa de Cooperação Técnica e
de Ação Conjunta a ser implementado entre a Procuradoria Geral do Estado, a
Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, a Secretaria do Meio Ambiente, a
Secretaria da Cultura, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, a Secretaria da
Educação e a Secretaria do Governo e Gestão Estratégica, para identificação,
discriminação e legitimação de terras devolutas do Estado de São Paulo e sua
regularização fundiária ocupadas por Remanescentes das Comunidades de
Quilombos, implantando medidas sócio-econômicas, ambientais e culturais; (d)
Decreto 42.839 de 4 de fevereiro de 1998 – Regulamenta o artigo 3º da Lei nº 9.757, de
15 de setembro de 1997, que dispõe sobre a legitimação de posse de terras públicas
estaduais aos Remanescentes das Comunidades de Quilombos, em atendimento ao
artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal;
(e) Decreto 43.651, de 26 de novembro de 1998 – Dá nova redação e acrescenta
parágrafo único ao artigo 3º do Decreto nº 22.717, de 21 de setembro de 1984, com a
redação dada pelo Decreto nº 28.348, de 22 de abril de 1988, que declara Área de
Proteção Ambiental da Serra do Mar; (f) Lei 10.207 de 08 de janeiro de 1999 – Cria a
Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo ―José Gomes da Silva‖ – ITESP e
dá outras providências correlatas; (g) Decreto 43.838 de 10 de fevereiro de 1999 -
Acrescenta dispositivo ao Decreto nº 41.774, de 13 de maio de 1997, que dispõe sobre
o Programa de Cooperação Técnica e de Ação Conjunta a ser implementado para
identificação, discriminação e legitimação de terras devolutas do Estado de São Paulo
e sua regularização fundiária ocupadas por Remanescentes das Comunidades de
Quilombos, implantando medidas sócio-econômicas, ambientais e culturais; (h)
Decreto 44.293 de 4 de outubro de 1999 – Acrescenta dispositivo que especifica ao
Decreto nº 40.135, de 8 de junho de 1995, que cria o "Parque Estadual Intervales" e dá
providência correlata; (i) Decreto 44.294 de 4 de outubro de 1999 – Regulamenta a Lei
nº 10.207, de 8 de janeiro de 1999, institui a Fundação Instituto de Terras do Estado de
São Paulo "José Gomes da Silva" - ITESP, e dá providências correlatas; (j) Decreto nº
44.944, de 01 de junho de 2000 – Aprova os Estatutos da Fundação Instituto de Terras
do Estado de São Paulo "José Gomes da Silva" – ITESP; (l) Lei 10.850 de 06 de julho de
2001 – Altera os limites dos Parques Estaduais de Jacupiranga e Intervales, visando o
6
reconhecimento da aquisição do domínio das terras ocupadas por remanescentes
das comunidades de quilombos, nos termos do artigo 68 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias da Constituição Federal; (m) Decreto nº 48.328, de 15 de
dezembro de 2003 – Institui, no âmbito da Administração Pública do Estado de São
Paulo, a Política de Ações Afirmativas para Afrodescendentes e dá providências
correlatas;
A partir dessa base legal, o governo do Estado de São Paulo passou a
cooperar com a União (INCRA) no que tange a regularização fundiária e a
reforma agrária e posteriormente na regularização das terras quilombolas. A
diferença na atuação dos órgãos, é que o INCRA atua quando as
comunidades quilombolas estão pleiteando áreas de terras devolutas da
União ou então propriedades já ocupadas por posseiros, quer seja,
propriedades privadas. O ITESP, por seu turno, inicia um estudo antropológico
para o reconhecimento dessas comunidades quando estão reconhecidas e
ocupam áreas públicas estaduais, assim recebem do Estado o título de
domínio das terras, emitido em nome da associação de moradores.
A comunidade Peropava teve seu reconhecimento em 2011, a partir da
aprovação do RTC do Itesp publicado no Diário Oficial do Estado1, sendo que
um dos problemas enfrentados pela comunidade no momento é a intrusão de
terceiros em suas terras, já há um processo correndo na justiça, todavia, os
quilombolas declararam haver uma convivência pacifica entre as partes.
Notamos em diferentes momentos do estudo realizado a notável
relação entre as questões quilombolas e as problemáticas de acesso a terra.
Apesar de já reconhecido, os moradores do quilombo Peropava apontaram a
dificultosa relação com a justiça no âmbito do direito ambiental e o
distanciamento da aplicação das leis com as suas práticas de convivência e
de reprodução social no meio em que vivem. De acordo com os moradores,
já foi possível subsistir através da produção de itens importantes para a
1 Diário Oficial Poder Executivo - Seção I – São Paulo, 121 (138) de 23 de julho de 2011.
7
sobrevivência alimentar, hoje o pouco do cultivo agrícola é realizado com
dificuldade.
Atualmente há moradores que respondem criminalmente por algumas
intervenções indevidas no meio ambiente, resultando na cobrança de altos
valores de multa. Como defesa, os quilombolas dizem utilizar formas de
convivência harmônica com a natureza, importantes para a produção
cultivada há anos na comunidade, eles apontam o quanto as leis atuais não
consideram a cultura quilombola.
Apesar da forte relação com a agricultura familiar, devido às restrições
de plantio e roça, a realidade atual difere da presente anos atrás. A maioria
dos quilombolas teve sua relação com o solo restringida, os alimentos são
adquiridos quase que em sua maioria através da compra no centro urbano, as
ocupações profissionais são baseadas em empregos formais e informais, nas
proximidades do centro de Registro e nas fazendas da região. Os
denominados ―terceiros‖ empregam alguns quilombolas em suas terras,
localizadas dentro da área quilombola, e que estão em disputa judicial.
Foi possível perceber que as crianças e jovens têm pouco envolvimento
com a cultura agrícola e há êxodo rural entre os jovens. Há um ideário pela
busca de melhor qualidade de vida em grandes centros, como Curitiba.
Tais percepções foram possíveis através de conversas com os
participantes do estudo. Alertamos a necessidade de compreensão acerca
das mudanças intrínsecas à dinâmica social, como os avanços tecnológicos, a
competitividade do mercado e a industrialização das formas de produção
agrícola. Entretanto, é válido salientar que parte dessas mudanças deu-se por
imposições verticais, algumas delas provenientes das leis ambientais e o
distanciamento do sistema de justiça com as comunidades tradicionais que
imprimiram uma nova configuração dentro dos quilombos.
O principal alerta presente nas percepções possíveis acerca desse tema
se dá em torno do atual contexto das comunidades quilombolas a respeito
das formas de apropriação e utilização da terra e qual a posição e papel do
estado acerca dessas questões. Para onde estamos caminhando? Como
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contribuir para a resistência da história dos quilombos? Em relatórios anteriores2
foram apontadas diferentes proposições e envolvimento do estado no Vale do
Ribeira, contribuindo com a concretização do emblemático título de ―região
mais pobre do estado de são Paulo‖. Evidencia-se assim que não há
neutralidade no âmbito da garantia de direitos, bem como as ações
assumidas na atualidade acarretarão alterações que poderão beneficiar ou
prejudicar a vida nos quilombos e a preservação de suas culturas.
A atuação com comunidades quilombolas deve perpassar uma
compreensão sensível ao histórico dos seus povos, suas formas de cultura e a
relação com a terra em que vivem, possibilitando uma aproximação cordial e
a construção de estratégias humanitárias, preservando o meio ambiente e a
história das famílias que ele habita.
Eixo II: Infraestrutura e qualidade de vida:
O eixo infraestrutura e qualidade de vida envolve as seguintes ações:
saneamento básico, acesso a água para consumo e produção, programa de
habitação, acesso a energia elétrica. Ressaltamos que uma vez que a
comunidade quilombola é localizada em área rural, há dificuldades de acesso
a bens e serviços comuns às demais famílias rurais.
Esgoto: O Programa de Aceleração do Crescimento – PAC
No Guia de Políticas Públicas PBQ: As ações são programadas
anualmente, em função da disponibilidade orçamentária para cada exercício
e considerando prioridades de governo. A seleção de comunidades
quilombolas a serem contempladas na programação é feita com base nas
2 Ver em:
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Nucleo_Politicas_Publicas/ArtigosEstudos/
NPPartValeRibeira/Microsoft%20Word%20-
%20RI%20581%2013%20NPP%20Desenvolvimento%20e%20participa%2B%C2%BA%2B%C3
%BAo%20Vale%20do%20ribeira_0.pdf
9
informações de demandas prestadas pela SEPPIR à Funasa. A Funasa tem
priorizado o atendimento de demandas dos municípios que possuem projetos
técnicos de engenharia elaborados. Os municípios encaminham suas
demandas às Superintendências Estaduais da Funasa ou à SEPPIR.
Atualmente na comunidade Peropava não há sistema de saneamento
básico e a forma de descarte de dejetos é realizada através de fossa negra.
Sabemos que a questão de saneamento no município de Registro é matéria
de inquérito civil no MP/SP, abrangendo bairros do perímetro urbano.
Destacamos a importância da presença de técnicos para orientação e
apoio para a elaboração de projetos de engenharia, mencionado acima no
PAC, como para a concretização de alternativas mais saudáveis de descarte
de dejetos. Notamos o interesse em formas mais limpas para o destino do
esgoto, com o intuito de proteger o meio ambiente e a saúde da
comunidade, como as fossas sépticas, entretanto eles salientaram dificuldades
em se arcar com os custos que seriam gerados.
A escola municipal localizada na comunidade quilombola também
utiliza fossa negra, entretanto nos foi informado que a prefeitura mantém a
manutenção e limpeza periodicamente, com acompanhamento do
engenheiro vinculado ao departamento municipal de obras.
Sabemos que o atraso na efetivação da política abrangente de
saneamento é uma problemática presente em diferentes regiões do Brasil. De
acordo com Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental3, a
pesquisa publicada no Atlas do Saneamento 2011 do Instituto de Geografia e
Estatística (IBGE) : ―A falta de sistemas de esgotamento sanitário atinge quase
metade (44,8%) dos municípios brasileiros. A Região Norte é a que apresenta a
situação mais grave. Apenas 3,5% dos domicílios de 13% dos municípios da
região têm acesso à rede coletora de esgoto [...] A pesquisa aponta que, dos
serviços de saneamento, o esgotamento sanitário é o que apresenta menor
abrangência municipal. Em 2008, 68,8% do esgoto coletado no país recebeu
3 http://www.abes-mg.org.br
10
tratamento. Essa quantidade, porém , foi processada por apenas 28,5% dos
municípios brasileiros, confirmando acentuadas diferenças regionais [...] A
maioria dos municípios sem sistema está em áreas rurais e tem população
dispersa, menos de 80 habitantes por quilômetro quadrado. Nesses locais, os
dejetos são jogados em fossas sépticas, valas a céu aberto, fossas
rudimentares ou diretamente em rios, lagoas, riachos ou no mar.‖
Notamos na comunidade um discurso de desamparo em algumas
questões. Na data da visita havia sido iniciada a coleta de lixo residencial dos
moradores, ainda sem garantias se o serviço ofertado seria efetivo e regular,
uma vez que há insatisfação e descrença nas ações públicas desenvolvidas
na região. Os coletores, local onde os sacos de lixos deveriam ser colocados,
prometidos pelo município não haviam sido disponibilizados, os moradores
utilizaram baldes e outros bens próprios para o armazenamento do lixo até a
coleta.
Notamos um distanciamento não só físico/geográfico, como de
pertencimento e assistência, foram mencionados esforços contínuos para o
atendimento de demandas básicas, como o caso da coleta de lixo, além da
incerteza acerca da efetiva manutenção dos serviços prestados.
Água: O Programa Água para Todos apresentado no PBQ é
voltado ao atendimento de famílias do semiárido com renda familiar por
pessoa até R$ 140, 00, que estejam incluídas no Cadastro Único. Não fazendo
parte do Semiárido brasileiro a demanda do município será apresentada ao
Comitê Gestor, coordenado pelo Ministério da Integração Nacional, que
analisará a expansão do programa para outras localidades. Consiste na
construção de Cisternas (para consumo e produção), sistemas simplificados de
produção, pequenas barragens, kits de irrigação.
Na comunidade quilombola Peropava cada família possui o seu poço
que foi providenciado com recurso próprio. A escola municipal localizada no
11
quilombo, segundo informações, não possui fonte de água própria, utilizando
a poço de um vizinho.
De acordo com o que nos foi informado pelos moradores da
comunidade quilombola, houve a elaboração de projeto e viabilizada a
construção de um poço pela prefeitura, entretanto, o mesmo não obteve os
resultados esperados. Sendo utilizado um alto investimento público sem retorno
para a comunidade.
Habitação: Habitação Rural/ Minha Casa Minha vida
―Trabalhadores rurais e agricultores familiares, com renda familiar bruta anual
máxima de R$ 15.000,00, que comprovem enquadramento no Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Família (Pronaf), mediante
apresentação de Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), e trabalhadores
rurais com renda familiar bruta anual máxima de R$ 15 mil. São também
beneficiários do Programa e se enquadram como agricultores familiares:
pescadores artesanais, extrativistas, silvícolas, aquicultores, maricultores,
piscicultores, ribeirinhos, comunidades quilombolas, povos indígenas e demais
comunidades tradicionais. Os projetos que atendem comunidades
quilombolas são priorizados. O Trabalhador Rural ou Agricultor Familiar procura
uma entidade organizadora para que esta constitua grupos e apresente as
propostas a CAIXA; pode ser representada por cooperativa, associação,
sindicato ou poder público (Estado, Município e Distrito Federal).‖
O quilombo Peropava contou com a intermediação de uma
organização não governamental (denominada Mãe Terra, com sede no
nordeste do Brasil) para a adesão ao programa minha casa minha vida,
entretanto houve muitas críticas, uma vez que a organização não
desenvolveu um trabalho contínuo com a comunidade, realizando
intervenções pontuais. Atualmente há certo receio, uma vez que será iniciado
o pagamento das prestações acordadas e não há qualquer previsão para a
12
construção das casas, não houve esclarecimentos ou um canal aberto e ativo
de comunicação acerca das etapas do processo de aquisição dos imóveis.
Na comunidade existem aproximadamente seis casas construídas
através de programas sociais de habitação e foi relatada a demora para a
concretização das etapas de liberação dos recursos disponíveis para as
construções das casas.
Atualmente a falta de clareza a respeito de como se dará a
consolidação da construção das casas através do programa Minha casa,
Minha vida incomoda os moradores da comunidade e há receio sobre a
efetivação do contrato.
Luz: Programa Luz para Todos/ Tarifa Social
―O morador do meio rural que ainda não tem energia elétrica em casa
e não fez o pedido da luz, e desde que se enquadre nos critérios de
atendimento do Programa, devem se dirigir à distribuidora local para
cadastramento.
Tarifa social: As famílias indígenas e remanescentes de quilombos
inscritas no Cadastro Único e que tenham renda familiar por pessoa menor ou
igual a meio salário mínimo, terão direito a desconto de 100% até o limite de
consumo de 50 kWh/mês.‖
Há rede elétrica instalada na comunidade Peropava, de acordo com
os moradores a maioria das instalações foi realizada há algum tempo e
pagaram pela instalação, houve uma casa recentemente que foi
contemplada pelo programa luz para todos.
Sobre a tarifa social os moradores não sabiam informar se estavam
participando do programa, entretanto confirmaram que todos tinham
conhecimento acerca do cadastro único e que procuravam o CRAS sempre
que necessário. Em Registro há uma central de cadastramento, onde os
munícipes fornecem as informações para preenchimento do cadastro único e
são informados acerca dos diferentes programas que podem ser inseridos.
13
Eixo III – Desenvolvimento Local e Inclusão Produtiva:
―O eixo desenvolvimento local e inclusão produtiva do Programa
Brasil Quilombola abarca as ações de fomento produtivo sustentável junto às
organizações das comunidades quilombolas. As ações desenvolvidas nesse
eixo são efetivadas por parcerias com o poder público e organizações da
sociedade civil.‖
Declaração de Aptidão (DAP) ao PRONAF - Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar.
A DAP ―é o instrumento que identifica os agricultores familiares e/ou
suas formas associativas organizadas em pessoas jurídicas, aptos a realizarem
operações de crédito rural ao amparo do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, em atendimento ao
estabelecido no Manual de Crédito Rural MCR, do Banco Central do Brasil,
Capítulo 10, Seção 2, no inciso V é posto ―Quilombolas que pratiquem
atividades produtivas agrícolas e/ou não agrícolas, de beneficiamento e
comercialização de seus produtos‖4 também fazem jus a esta modalidade de
financiamento.
O Guia de Políticas Públicas do PBQ (2013) esclarece que a DAP é
um documento obrigatório para se acessar as linhas de crédito. Elencando os
requisitos necessários para se conseguir este financiamento.
Contudo em 2014 o Ministério do Desenvolvimento Agrário aprovou
a portaria de nº 21, de 27 de março de 2014 cuja finalidade seria facilitar o
acesso ao crédito rural por comunidades tradicionais, destacando nas
Disposições Gerais, o art. 3º: ―São identificados também pela DAP, para as
finalidades estabelecidas nesta Portaria, os seguintes públicos: [...] V -
integrantes de comunidades remanescentes de quilombos rurais e demais
povos e comunidades tradicionais que pratiquem atividades produtivas e/ou
não agrícolas, de beneficiamento e comercialização de seus produtos;‖ 4 http://www.mds.gov.br/segurancaalimentar/equipamentos/feirasemercados/arquivos/declaracao-de-
aptidao-ao-pronaf-dap.pdf
14
Já o capitulo IV diz da Rede Autorizada de Órgãos Públicos e
Entidades Emissoras De DAP; a portaria oportunizou a ampliação dos órgãos
capazes de emitir a DAP, destes pode-se destacar ao art. 9, I alínea “a” que
diz do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária),
explanando sua atuação junto aos quilombos na alínea “m” item ii que diz:
―Integrantes de comunidades remanescentes de quilombos rurais,
devidamente certificadas pela Fundação Cultural Palmares - FCP e, ainda, a
DAP Jurídica, desde que a pessoa jurídica beneficiária seja constituída
exclusivamente por integrantes de comunidades remanescentes de quilombos
rurais‖.
Destaca-se ainda o art.9, II que diz dos demais órgãos da rede que
vão atuar junto aos agricultores do grupo ―B‖ entre essas instituições pode-se
destacar a alínea “g” A Fundação Instituto Estadual de Terras do Estado de
São Paulo "José Gomes da Silva" - ITESP; e a “k” A Fundação Cultural Palmares:
―por meio das entidades por ela reconhecidas, somente poderá emitir DAP
principal e acessória para integrantes de comunidades remanescentes de
quilombos rurais e, ainda, a DAP jurídica, desde que a pessoa jurídica
beneficiária seja constituída exclusivamente por integrantes de comunidades
remanescentes de quilombos rurais‖;
Por ter direito a essa linha de crédito, durante a entrevista na
comunidade PEROPAVA, esse assunto fora abordado, ao passo que a
comunidade informou que não fazia uso pela dificuldade do acesso, e pelas
formas exigidas de garantia de pagamento.
―A gente tem direito a cinco mil, mas tem que dar garantia o
terreno. Só que a gente não tem como dar o terreno como garantia porque o
terreno está no nome de todo mundo (...)‖ (SIC).
A percepção que os moradores da comunidade têm acerca da
linha de crédito pareceu estar obscurecida por falta de informações, melhor
dizendo, por informações desencontradas acerca do acesso ao crédito bem
como os passos necessários para esse processo.
15
―A gente não sabe o que fazer, não tem apoio da prefeitura, do
ITESP, do CATI para conseguir esse financiamento‖ (SIC)
A questão do financiamento rural tem sido objeto de estudo de
várias das secretarias do governo federal, sendo que em 2013 no diagnóstico
do PBQ já havia apontamentos das dificuldades para que o crédito chegasse
às mãos dos beneficiários.
O perfil produtivo das comunidades quilombolas é
eminentemente agrícola. A produção agrícola é desenvolvida
em 94% das comunidades pesquisadas na Chamada
Nutricional Quilombola (2008), seguida pela criação de animais
(56%) e pela pesca (32%). Parte dessa produção é voltada
para subsistência e parte para comercialização. Nesse sentido,
o acesso à Declaração de Aptidão ao Pronaf dos agricultores
quilombolas ainda é um desafio. Hoje, há 15.549 DAP
cadastradas para agricultores quilombolas. Num comparativo,
para indígenas, foram emitidas 19.408 e para extrativistas,
47.361 declarações. O acesso à DAP é fundamental para
ampliar as estratégias de comercialização, como venda para o
Programa de Aquisição de Alimentos e acesso ao Programa
Nacional de Alimentação Escolar.5
Na contrapartida dessas informações, durante a entrevista com o
diretor técnico do CATI EDR Registro, foi possível esclarecer um pouco acerca
das linhas de crédito de financiamentos rural que estão disponíveis, ele nos
confirmou sobre a desinformação dos quilombolas acerca das garantias de
crédito do PRONAF6 e disse haver outra linha de crédito ainda pouco
conhecida e utilizada que é disponibilizada pelo governo do Estado de São
Paulo que é o FEAP – Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista, também
conhecido como Banco do Agronegócio Familiar. Segundo o diretor técnico,
esta modalidade de financiamento tem alguns diferenciais do programa
federal, sendo estes: ―financiamento de até 100% do bem a ser investido; o
crédito para custeio não exige garantia, já o crédito para investimento exige
contrapartida‖. (SIC)
5 http://www.portaldaigualdade.gov.br/portal-antigo/destaques/pbq-diagnostico-julho
6 http://www.bcb.gov.br/?PRONAFFAQ
16
Todavia, não há um programa que seja exclusivo para a população
quilombola sendo que a comunidade deveria procurar o EDR da CATI em
Registro para criar um projeto adequado àquela população para desenvolvê-
lo e elencá-lo em uma das 30 linhas de crédito disponibilizado pelo FEAP7.
Projeto Micro Bacias II:
Outro ponto levantado pelos quilombolas acerca das políticas de
desenvolvimento local foi a respeito do Projeto Microbacias II, sobre a
participação neste programa da Secretaria da Agricultura do Estado de São
Paulo, segundo o entendimento dos moradores, eles sabem do montante a ser
liberado, e da participação dos técnicos, mas eles sentem que este auxílio tem
demorado em demasia o que pode levar a um fracasso no acesso à política
devido o final do prazo para adesão no projeto.
―A gente estava participando do Microbacias [II], o pessoal do ITESP
e do CATI tem ajudado, mas eles começam e param e a comunidade ainda
não está preparada para fazer o projeto sozinho. A CATI está há mais ou
menos cinco anos nisso.‖ (SIC)
Os quilombolas explicitaram ainda as necessidades mais urgentes
que tinham para usar da verba, caso ela realmente fosse liberada: ―São mais
ou menos duzentos mil reais, vai dar pra financiar trator e equipar a padaria da
comunidade‖ (SIC)
Após as entrevistas, foi possível perceber que o maior entrave para
o acesso a muitas políticas se dá pela dificuldade de entendimento e
apropriação dos projetos pelos sujeitos que lhes são destinatários.
Foi possível perceber que na Política de Crédito do PRONAF não há
indicações sobre a capacitação da população quilombola para o
entendimento e apropriação dos programas de crédito que, na maior parte
das vezes, são políticas com trâmites de difícil interpretação até mesmo para
7 http://www.agricultura.sp.gov.br/quem-somos/feap-credito-e-seguro-rural/183-feap-
linhas-de-financiamento
17
sujeitos mais esclarecidos, sendo fundamental o apoio técnico para o acesso
a elas, visto que na maior parte das vezes os moradores das áreas rurais têm
baixo nível de escolaridade.
Segurança Alimentar:
Este é um projeto amparado e desenvolvido pelo Ministério do
Desenvolvimento Social, por meio de editais que ―são instrumentos utilizados
pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) para
tornar públicos os processos seletivos relacionados a seus programas e ações
de segurança alimentar e nutricional. Por meio deles, são formalizadas
parcerias com governos distrital, estaduais e municipais e sociedade civil, para
a implementação de projetos com foco na promoção do direito humano à
alimentação.‖ 8
Foi encontrado no site do MDS que o atual projeto de Segurança
Alimentar está vinculado ao apoio na construção de cisternas no semiárido
brasileiro9, sendo este o único edital disponível naquele domínio. Em
contrapartida, há a uma maior solidificação do Sistema Nacional de
Segurança Alimentar que incentiva e co-participa de ações no plano da
segurança alimentar e nutricional. Em Registro há alguns anos a Rede SANS10,
que desenvolve ações (palestras, seminários, cursos, etc.) no âmbito da
alimentação saudável e solidária, das quais o Quilombo Peropava participa,
bem como auxilia na articulação dos atores da rede (trabalhadores das
políticas públicas e voluntários) e na formação e fortalecimento dos conselhos
municipais.
8 http://www.mds.gov.br/falemds/perguntas-frequentes/seguranca-alimentar-e-nutricional/acesso-a-
agua/cisternas/editais
9 http://www.mds.gov.br/segurancaalimentar/editais/cisternas
10 http://www.redesans.com.br/registro/
18
Em 2012 foi criado o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e
Nutricional Sustentável (COMSEA) do município de Registro por meio da lei
municipal Lei 1.268/2012 aprovada em julho daquele ano.
As informações encontradas acerca das ações de Segurança
Alimentar foram levantadas a partir de fontes secundárias, uma vez que os
quilombolas não sabiam explicar especificamente sobre o programa, contudo
ao adentrarem no assunto de alimentação, eles apontaram ainda praticar a
agricultura de subsistência com a produção excedente direcionada à ―Família
do Vale Cooperativa dos Agricultores Familiares do Vale do Ribeira‖, que
repõe a alimentação escolar de Registro, Pariquera, Eldorado, Sete Barras,
Embu, Jacupiranga. A cooperativa participa do Mercado Paulista Solidário,
Banco de Alimentos de Embu e Itanhaém, Feiras no Vale e fora do Vale (Água
Branca). Distribuem em lojas na Região de Pinheiros, em São Paulo e
comercializam no município de São Lourenço – contudo, eles deixaram claro
que esta prática estava sendo muito dificultada pela mora nos pagamentos
que já ultrapassavam seis meses na época da visita.
Assistência Técnica e Inclusão rural Quilombola – ATER
―O Ministério do Desenvolvimento Agrário, a partir do serviço de
Assistência Técnica e Extensão Rural, busca estimular o desenvolvimento
etnosustentável das comunidades quilombolas com apoio à produção
diversificada, seu beneficiamento e comercialização, gestão do território,
fortalecimento das formas de organização e conhecimentos tradicionais.
Como participar: As instituições são selecionadas por meio de chamada
pública que, mediante equipes especializadas, prestarão atendimento aos
agricultores familiares. Os territórios quilombolas priorizados são definidos pelos
MDS, MDA, SEPPIR e FCP.‖
A ATER é um importante recurso para as comunidades quilombolas já
que a atuação possibilita o acesso às políticas públicas através de apoio
técnico, sendo está uma solicitação recorrente na fala dos quilombolas
ouvidos. A necessidade de intervenção técnica e apoio nos procedimentos
19
burocráticos para o acesso a um determinado direito está entre as
reivindicações dos moradores da comunidade, principalmente entre aqueles
que tentam viver da produção agrícola. O governo do estado através do ITESP
desenvolve algumas ações importantes nos quilombos, entretanto notamos
que a necessidade de assessoria técnica é constante e que muitas vezes os
projetos desenvolvidos não conseguem alcançar todas as demandas
existentes na comunidade.
Selo Quilombos do Brasil e Programa Brasil local – Economia
Solidária
―O Selo Quilombos do Brasil é uma identificação de origem de produtos
oriundos das comunidades. Ao Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA
caberá o procedimento de permissão de uso do Selo Quilombos do Brasil,
conforme as regras já existentes para o Selo da Agricultura Familiar, com a
inclusão apenas da Certidão de Auto-reconhecimento, fornecida pela
Fundação Cultural Palmares.
O Brasil Local fomenta a organização de empreendimentos geridos
pelos próprios trabalhadores(as), facilitando o acesso a políticas públicas de
incentivo, como capacitação, crédito comunitário, equipamentos
formalização e escoamento da produção‖
Eixo 4: direitos e cidadania
―As políticas situadas no Eixo Direitos e Cidadania, do Programa Brasil
Quilombola, visam o fortalecimento dos direitos das comunidades quilombolas,
a partir do acesso à políticas públicas de saúde, educação assistência social,
previdência, fortalecimento institucional, dentre outras.‖
20
Programa Nacional de Educação do Campo (pronacampo):
O programa teve como marco legal o Decreto nº 7.352 de 04 de
novembro de 2010 e a Portaria nº 86, de 1º de fevereiro de 2013 e teve como
objetivo:
Apoiar técnico e financeiramente os Estados, Distrito Federal e
Municípios para a implementação da política de educação do
campo, visando à ampliação do acesso e a qualificação da
oferta da educação básica e superior, por meio de ações para
a melhoria da infraestrutura das redes públicas de ensino, a
formação inicial e continuada de professores, a produção e a
disponibilização de material específico aos estudantes do
campo e quilombola, em todas as etapas e modalidades de
ensino. E as ações: Voltadas ao acesso e a permanência na
escola, à aprendizagem e à valorização do universo cultural
das populações do campo, sendo estruturado em quatro eixos:
Gestão e Práticas Pedagógicas — Formação Inicial e
Continuada de Professores – Educação de Jovens e Adultos e
Educação Profissional – Infraestrutura Física e Tecnológica.11
O portal do Ministério da Educação – MEC esclarece que o ACESSO a
essa política se faz com a adesão ao programa por meio de envio de projetos
em diversas áreas que mantenham relação estreita com o campo. Ou então
por meio de demandas informadas no PAR (Plano de Ações Articuladas) pelo
gestor da educação. Em ambos os casos a iniciativa deve partir do município.
No município de Registro, no que se refere a uma parte desse
programa, doze escolas municipais – entre elas a EMEB José Bruno – serão
contempladas com o Kit Ação Escola da Terra12.
Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE:
Há uma modalidade denominada PDDE ESCOLA DO CAMPO –
Programa Dinheiro Direto na Escola para auxílio às escolas do campo, foi
11 http://pronacampo.mec.gov.br/pagina-inicial/10-destaque/2-o-pronacampo
12http://pronacampo.mec.gov.br/images/xls/relacao_das_relacao_das_escolas_que_r
eceberao_os_kits_escola_da_terra.xlsx
21
fundamentada na Resolução nº 32 de 02 de agosto de 2013 e tem por
objetivo promover a melhoria da qualidade do ensino nestas escolas, por meio
do repasse de recursos para garantir a manutenção, conservação, reparos e
ou pequenas ampliações em suas instalações, bem como a aquisição de
mobiliário escolar, refeitórios escolares e utensílios de cozinha e outras ações
de apoio com vistas à realização de atividades educativas e pedagógicas
coletivas requeridas pelas escolas de educação básica.
Segundo pesquisa no site do Ministério da Educação PDDE interativo,
onde foi possível encontrar a Lista de Instituições contempladas no programa
Escolas do Campo13, foram encontradas cinco escolas de Registro, todavia a
EMEB José Bruno não apareceu como contemplada deste programa.
Por outro lado, a EMEB José Bruno faz uso de uma pequena verba
disponibilizada pelo PDDE Educação Básica para o ano de 2015.
Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em
Educação do Campo (Procampo):
O objetivo do programa é apoiar a implementação de cursos regulares
de licenciatura em educação do campo nas instituições públicas de ensino
superior de todo o país, voltados especificamente para a formação de
educadores para a docência nos anos finais do ensino fundamental e ensino
médio nas escolas rurais.
O Procampo também tem a missão de promover a formação superior
dos professores em exercício na rede pública das escolas do campo e de
educadores que atuam em experiências alternativas em educação do
campo, por meio da estratégia de formação por áreas de conhecimento, de
modo a expandir a oferta de educação básica de qualidade nas áreas rurais,
sem que seja necessária a nucleação extracampo.
Entre os critérios exigidos, os projetos devem prever: a criação de condições
teóricas, metodológicas e práticas para que os educadores atuem na
13
http://pdeinterativo.mec.gov.br/listaEscolasContempladasCampo.php
22
construção e reflexão do projeto político-pedagógico das escolas do campo;
a organização curricular por etapas presenciais, equivalentes a semestres de
cursos regulares, em regime de alternância entre tempo-escola e tempo-
comunidade; a formação por áreas de conhecimento previstas para a
docência multidisciplinar, com definição pela universidade da(s) respectiva(s)
área(s) de habilitação; consonância com a realidade social e cultural
específica das populações do campo a serem beneficiadas.14
Programa Nacional do Livro Didático - PNLD:
Com o Objetivo de distribuir materiais didáticos específicos para os
estudantes e professores do campo que permitam o desenvolvimento do
ensino e da aprendizagem de forma contextualizada, em consonância com
os princípios da política e as diretrizes operacionais da educação do campo
na educação básica.
Fomenta ações que contemplam a aquisição e disponibilização de
coleções com metodologias específicas voltadas a realidade do campo e
com conteúdos curriculares que favoreçam a interação entre os
conhecimentos científicos e os saberes das comunidades.
Durante a entrevista com a professora que atua na escola rural, foi
mencionado o uso do material para as classes multisseriadas rurais. A
professora ainda ressaltou que procurava reforçar a importância da cultura
local, incentivando a participação de membros icônicos da comunidade e
fazendo com que as crianças percebessem o valor daquele modo de vida.
Educação Quilombola - Fortalecimento da Educação Básica em
comunidades remanescentes de quilombos:
Com o objetivo de fortalecer os sistemas municipais, estaduais e do
Distrito Federal de educação, envolvendo o apoio à coordenação local na
melhoria de infraestrutura, formação continuada de professores que atuam
14 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=12394&Itemid=679
23
nas comunidades remanescentes de quilombos, visando à valorização e a
afirmação dos valores étnico-raciais na escola e proporcionando instrumentos
teóricos e conceituais necessários para compreender e refletir criticamente
sobre a educação básica oferecida nas comunidades remanescentes de
quilombos.
Com ações que perpassam a formação de Professores, produção de material
didático específico e a construção de escolas quilombolas, com vistas a dotar
de infraestrutura básica as comunidades quilombolas para realização de
educação de qualidade.15
Para atender as diretrizes orientadoras das políticas de igualdade racial,
o departamento municipal de educação de Registro, incluiu em seu Plano
Municipal de Educação do ano corrente um item dedicado à educação
quilombola.
Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE
―Garante por meio da transferência de recursos financeiros, a aliança
escolar dos alunos de toda a educação básica, matriculados em escolas
públicas e filantrópicas. Os repasses são efetuados em 10 parcelas anuais,
liberadas mensalmente de fevereiro a novembro de cada ano. O valor para
escolas indígenas e quilombolas, qualquer etapa de ensino, exceto creche é
de R$0,60.‖
A escola municipal quilombola está inclusa no PNAE.
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego –
PRONATEC
―O PRONATEC/ Brasil sem miséria é uma das modalidades do Pronatec.
Essa linha de atuação do programa é voltada ao público do Programa Bolsa
Família e aos inscritos no Cadastro Único de Programas sociais.‖
15
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=17448&Itemid=817
24
A oferta do PRONATEC mais próximo é no bairro Agrochá, de acordo
com os moradores não há oferta de transporte para as aulas, portanto
impossibilita os moradores do quilombo a participarem, caso decidam realizar
um dos cursos a opção, muitas vezes, possível é a saída do quilombo e a
permanência na cidade.
Programa Bolsa Família/ Busca Ativa Cad-único
O Programa Bolsa Família é um programa de Transferência direta de
renda que beneficia, em todo país, famílias em situação de pobreza. O
programa é bastante divulgado e através da reunião no quilombo foi possível
notar que é do conhecimento dos moradores a sua existência, bem como há
famílias que são beneficiárias.
O Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal
(Cadastro Único) é um instrumento que identifica e caracteriza as famílias de
baixa renda, utilizado para programas sociais como o bolsa família e o tarifa
social. Há em Registro uma central para o cadastramento do Cadúnico,
localizada no centro da cidade, o local conta com entrevistadores para o
preenchimento do cadastro e assistente social, atualmente o seu
funcionamento é ao lado do CRAS central.
O território do quilombo Peropava pertence a área de abrangência do
CRAS Vila Nova, a respeito de atividades de busca ativa e/ou demais
atuações no âmbito da política de assistência social na comunidade, fomos
informados que estão sendo pensadas ações de maior aproximação do
equipamento com as famílias quilombolas. Segundo informações o CRAS
atende os moradores do Peropava e não dificuldades para o acesso aos
atendimentos.
Programas Saúde da Família e Saúde Bucal:
A estratégia de Saúde da Família é um projeto dinamizador do SUS. É
uma estratégia estruturante dos sistemas municipais de saúde tem provocado
25
um importante movimento com o intuito de reordenar o modelo de atenção
no SUS. Busca maior racionalidade na utilização dos demais níveis assistenciais
e tem produzido resultados positivos nos principais indicadores de saúde das
populações assistidas às equipes saúde da família. Na maior parte das vezes o
programa atua em parceira com o Programa Saúde Bucal. Sendo o repasse é
50% maior para municípios que tenham a presença de quilombolas e
assentados.
De acordo o ―Relatório Simplificado do Atendimento de Saúde
Realizado no Bairro Peropava com a comunidade Quilombola‖, entregue aos
técnicos do NAT pela equipe municipal de saúde de Registro no dia 31 de
julho de 2015.
O território do bairro do Peropava está inserido na área de
abrangência da Estratégia de Saúde da Família do Bairro do Serrote, sendo
sua microárea acompanhada constantemente por uma agente comunitária
de saúde.
As consultas são realizadas mensalmente, toda última sexta feira do
mês, havendo revezamento entre o atendimento de uma médica e uma
enfermeira.
Desde o ano de 2013 Algumas ações e campanhas (entregas de
medicamentos, vacinas, etc.) são realizadas no espaço da escola rural.
No que tange a Saúde Bucal, a equipe realiza ações de promoção e
prevenção de saúde (aplicação de flúor, escovação supervisionada, e
avaliação bucal) no próprio bairro, geralmente no espaço da escola e nos
casos que seja preciso uma intervenção, o tratamento é realizado no
Consultório Odontológico da Unidade de Saúde do Bairro do Serrote.
A equipe salientou que algumas famílias preferiram continuar passando
por seus atendimentos na Unidade de saúde Central, por isso não é possível o
acompanhamento pela ESF do Serrote.
Segundo dados levantados, no período entre novembro de 2013 e
junho de 2015 foram realizadas 73 consultas referentes aos quilombolas: 12
26
famílias, 37 atendimentos individuais (03 crianças, 08 adolescentes e 26
adultos).
Telecentro e rádios comunitárias
O Programa Nacional de Apoio à Inclusão Digital nas Comunidades-
Telecentros.BR19 – é uma iniciativa do governo federal no âmbito do
Programa de Inclusão Digital, para a implantação e manutenção de
telecentros pelo Brasil.
A adesão ao Programa Telecentros.BR se dará mediante a celebração
de acordo de cooperação técnica entre as entidades proponentes e a
Coordenação Executiva do Programa.
A comunicação é uma das dificuldades apontadas no quilombo
Peropava, não há abrangência para a rede de celulares, tampouco a oferta
de telefone público nas proximidades.
Parecer Técnico:
A partir da visita na comunidade de remanescentes de quilombos e as
reuniões realizadas com os órgãos e entidades responsáveis pela execução
das políticas elencadas pelo Programa Brasil Quilombola foi possível visualizar
algumas dificuldades enfrentadas pela comunidade. O PBQ aponta o
interesse do estado em promover ações que insiram os quilombos dentro do
público prioritário para o acesso a determinadas políticas públicas, sendo um
marco importante a essas populações.
Por outro lado, notamos que algumas questões permanecem
constituídas como dificultadoras para a reprodução da cultura quilombola,
culminando para novos arranjos diante da realidade atual. Com isso, é
reiterado o questionamento acerca do lugar dos jovens dentro das
comunidades, cujas recorrentes saídas em busca de emprego e a
27
necessidade de renda para a subsistência, além da dificuldade em
compreender e lidar com as atuais restrições ambientais.
Um dos pontos levantados pela comunidade foi o distanciamento
entre o sistema de justiça e as demandas dos quilombolas, havendo uma
aproximação maior somente com a Defensoria Pública.
A questão da manutenção da estrada de acesso ao quilombo também
traz preocupação, uma vez que é necessário periodicamente procurar a
prefeitura municipal e formalizar inúmeras solicitações para serem atendidos.
Não há envolvimento e preocupação da gestão municipal para a constante
manutenção das estradas e o entendimento de que em períodos de chuvas
fortes a atenção à estrada deveria ser redobrada.
De acordo com os moradores, a estrada apresenta melhores condições
no trecho em que é mantida por uma empresa, localizada no caminho entre
a rodovia Regis Bittencourt e o quilombo Peropava, já a partir do ponto de
responsabilidade municipal há períodos de muita dificuldade de locomoção.
O transporte do ônibus escolar disponibilizado pelo município não
apresenta boas condições, como ausência de cintos de segurança e
velocidade incompatível com o terreno local, o que gera insegurança e
preocupação por parte dos usuários. Somado à sensação de desconforto
pela trepidação ocasionada pela alta velocidade na estrada esburacada.
Sobre a Assistência Social, é importante destacar a proposta do CRAS
Vila Nova em iniciar atividades com a comunidade, propondo o
levantamento de demandas latentes e mapeamento do território.
No quesito desenvolvimento econômico, notamos a necessidade por
assistência técnica no auxílio aos quilombolas para sua inserção nos
programas existentes e viabilização de concorrência em chamadas públicas.
Algumas falas ressaltaram a importância de conhecimento técnico cientifico
especifico para a materialização de projetos, principalmente na área de
produção agrícola.
28
No que tange à educação, desde a reabertura da EMEB José Bruno em
setembro de 2011, a comunidade gozou o direito de que seus filhos tivessem
acesso à educação básica dentro de seu território.
A escola é mantida em um prédio simples, com uma única sala
multisseriada, na qual se divide espaço entre as carteiras escolares, móveis,
televisão e um espaço com tatame de EVA e esteira de vime, onde os alunos
ficam para assistir programas da TV Escola. Fora da sala, foram observados
dois banheiros, o dos meninos já se encontrava parcialmente reformado, o das
meninas ainda precisava de reforma. Logo após, foi visto um pequeno
cômodo onde se guardam os materiais de limpeza, e alguns galões de água
que a escola deixa estocado caso haja falta no abastecimento. Em seguida
há a cozinha, fechada por uma porta e com uma janela bancada.
Notamos que inserção daquele equipamento de educação dentro da
comunidade, aproximou a comunidade para além do quesito geográfico. A
interação pode ser contextualizada de início com a grade curricular que
contempla matérias ligadas ao mundo rural – as crianças aprendem sobre
cultivo de alimentos, jardinagem, manutenção de horta da qual utilizam a
produção na própria alimentação. A professora contratada demonstrou
afinidade com o trabalho naquela escola, ela procura aproximar-se ainda
mais da comunidade, chamando as famílias para participarem das atividades
extraescolares e cooperando até mesmo em questões que ultrapassam o
âmbito pedagógico.
Os jovens utilizam-se do campinho de futebol de várzea nos períodos
livres e finais de semana e a escola ainda é utilizada pela saúde em ações
pontuais. Há um adulto da comunidade que trabalha como vigia da escola,
mas segundo os entrevistados todos ajudam no seu cuidado.
A ressalva que se pode fazer no âmbito da educação se dá em relação
à reforma do prédio (com especial atenção para a reposição e manutenção
das cortinas que já estão muito puídas, instalação de mais ventiladores), à
perfuração de um poço para utilização da própria água, e construção de
uma fossa séptica, mas o que foi levantado de mais urgente seria a
29
construção de uma cerca, que delimitasse a propriedade da escola, pois há a
reclamação de que em dias de chuva o vizinho sente-se no direito de
atravessar o espaço escolar com o maquinário estragando o campinho.
Ademais, já ocorreram algumas invasões do gado criado na vizinhança o que
pode colocar em risco a segurança das crianças.
No tocante à saúde, pode-se observar que a atenção básica alcança
o quilombo através da Estratégia de Saúde da Família. Por ser uma
comunidade rural, afastada, o Peropava enfrenta os mesmos problemas de
outros bairros rurais. O atendimento in loco acaba sendo restringido a apenas
uma vez por mês, sendo que o referenciamento se faz na Unidade Básica de
Atendimento do Bairro Serrote.
Como já foi confirmado pelos números apresentados no relatório, há
uma boa abrangência de atendimento daqueles cidadãos.
Muitas vezes o acesso por unidades móveis de saúde é dificultado pelas
condições da estrada, o que pode aumentar ainda mais a demora no
atendimento, mas segundo foi confirmado pelos moradores, ele acontece.
A saúde e a educação firmaram uma parceria, todavia foi prometida a
cessão de uma maca para permanecer na escola. Reforçando que as
cortinas também serviriam para garantir a privacidade durante o
atendimento.
Tratar da questão da garantia de direitos por uma determinada
população parece ser um trabalho árduo à primeira vista. Mas com o
decorrer do trabalho, e com o olhar atento foi possível notar que a falta de
acesso a bens de consumos básicos e a direitos sociais criam na população
que está e à margem, excluída pelo mercado e pelo Estado, sensações de
desânimo e impotência no enfrentamento das dificuldades cotidianas.
Sem cair no lugar comum, fica claro neste primeiro trabalho que é
impossível pensar qualquer trabalho com a população quilombola sem pensar
30
em uma ―dívida histórica‖ e em mecanismos para minorar esta exclusão que
ocorre de forma intergeracional.
No que tange a Comunidade Peropava foi percebido que há um longo
caminho a ser percorrido para que aquela população sinta-se amparada e
com pertencimento a muitos dos programas disponibilizados tanto por políticas
universalistas como por aquelas que fazem parte do rol de ações afirmativas -
criadas ou concatenadas pela Secretaria de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial – SEPPIR. Sendo de suma importância a parceria de todos,
inclusive o sistema de justiça no amparo para a conquista e manutenção
desses direitos. Culminando em seu fortalecimento enquanto cidadãos, e
comunidade.
Esperando haver cumprido a missão que nos foi atribuída,
colocamo-nos à disposição para o esclarecimento de quaisquer dúvidas.
Registro, 28 de agosto de 2015
Gabriel Hernandes Alonso Borges
Analista de Promotoria I
Psicólogo CRP 06/92141
Leiderene Sousa Silva
Analista de Promotoria I
Assistente Social
CRESS 44172