Conceito de Região - Luiz Alexandre G. Cunha

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    SOBRE O CONCEITO DE REGIO

    Luiz Alexandre Gonalves Cunha

    O espao est na ordem do dia. Em grande parte, em virtude doprocesso de globalizao e de alguns dos seus corolrios, como ahomogeneizao social e a fragmentao regional. Nesses termos, ganhagrande importncia a discusso sobre o embate do global versus local. Oeixo das discusses parece passar por algumas questes que podem serresumidas da seguinte forma: o processo de globalizao, que significa adifuso e a consolidao de uma ordem ou modelo social nico, resultar

    no fim da importncia que sempre tiveram as ordens ou modelos sociaisregionais e locais, ou esses modelos conseguiro sobreviver via diversasformas de resistncias e adaptaes ? Ou, ainda, se ordens e modelosregionais e locais influenciaro decisivamente o modelo consensual ?

    Dessa forma, alm de ser importante entender o modeloconsensual, classificado predominantemente como modelo neoliberal,torna-se fundamental a compreenso dos modelos regionais e locais. Ouseja, a diversidade scio-territorial volta a ser um assunto digno depesquisas e estudos, o que provoca a revalorizao do espao nas teoriassociais crticas e no crticas.

    Assim, dessas teorias vm resultando concepes dedesenvolvimento que incorporam a dimenso espacial, entre as quais se

    destacam as concepes de desenvolvimento territorial, scio-espacial elocal. Essas concepces gestadas nas universidades e centros de pesquisa,acabam por influenciar polticas pblicas governamentais ou no-governamentais, as quais procuram incorporar uma preocupao com adiversidade scio-territorial, atravs de uma ateno com os modelosregionais e locais, que se sustentam, em grande medida, em fatoresinternos, como uma identidade cultural comunitria, mercados e fluxosgeoeconmicos especficos, em recursos naturais, humanos e sociaisprprios e em uma determinada configurao poltico-ideolgica. nesse

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    contexto que recuperam importncia os conceitos que so fundamentaisna estrutura da cincia Geogrfica, tais como os conceitos de regio,territrio, lugar e, evidentemente, os conceitos de espao, espaoeconmico e espao geogrfico. No mbito deste artigo pretende-sediscutir apenas o conceito de regio. evidente que nesta discusso ospontos de convergncia entre os diversos conceitos geogrficos podemaflorar e, em alguns casos, so considerados de forma especial, e isso

    acontece principalmente no que se refere ao conceito de territrio.Pode-se afirmar que o objetivo deste artigo analisar algumascontribuies importantes que esto sendo propostas no mbito daGeografia brasileira, com o intuito de rediscutir o conceito de regio numcontexto em que ele ganha importncia em termos terico-metodolgicose prtico-operacional, tornando-se importante tambm para outrasdisciplinas como a Histria, notadamente a Histria Regional.

    E no pequeno o interesse dos historiadores pelo espao comoprova o artigo de Ciro Flamarion Cardoso publicado nesta revista, e quegerou um outro artigo sobre o mesmo tema, escrito pelo autor deste textosobre regio, publicado no nmero seguinte da mesma revista. Dessaforma, a anlise sobre o conceito de regio desenvolvida neste artigo,

    significa uma continuao daquele debate, j que este conceito fundamental para a cincia especializada nas questes espaciais, no caso,a Geografia.

    O artigo divide-se em trs partes. A primeira comenta um brevehistrico sobre o conceito de regio, buscando captar a perspectivacentral a partir da qual evoluiu este conceito. A segunda discuti algumascrticas fundamentais sobre as diferentes formas de considerar o conceitona Cincia Geogrfica. Na ltima, analisa-se algumas das alternativas dereconsiderao deste conceito no mbito da Geografia e das demaiscincias humanas e sociais. Este artigo no pretende ser uma refernciabsica para os especialistas do tema, mas to somente um ponto departida para estudantes e profissionais para os quais o conceito de regio

    no consta como central nas disciplinas que fornecem a base dos seuscursos. notrio que os conceitos que consagram a dimenso espacialtornam-se cada vez mais considerados pelos cientistas sociais eplanejadores, mas fcil perceber tambm que estes profissionais, emgrande parte, no esto considerando devidamente os avanos tericos,conceituais e metodolgicos que vem ocorrendo na Geografia. Assim,este artigo pretende divulgar e comentar discusses e consideraes quecorroboram aqueles avanos, no que se refere ao conceito de regio.

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    PEQUENA HISTRIA DO CONCEITO DE REGIO

    Paulo Csar da Costa GOMES afirma que a denominao regioremonta os tempos do Imprio Romano, quando a palavra regione erautilizada para designar reas, independentes ou no, que estavamsubordinadas ao Imprio. Gomes constata que alguns filsofosinterpretam a emergncia deste conceito como uma necessidade de um

    momento histrico em que, pela primeira vez, surge de forma ampla, arelao entre a centralizao do poder em um local e a extenso delesobre uma rea de grande diversidade social, cultural e espacial.1

    Gomes afirma tambm que outros conceitos de natureza espacialpassaram a ser utilizados na mesma poca como os conceitos de espao(spatium) e o de provncia (provincere). Naquele momento, o espaovisto como contnuo, ou como intervalo, no qual esto dispostos oscorpos seguindo uma certa ordem neste vazio, e a provncia como reasatribudas aos controles daqueles que a haviam submetido ordemhegemnica romana2. O imprio Romano passa a ser representado pormapas nos quais as diversas regies representam a extenso espacial dopoder central hegemnico, mas, no entanto, nelas os governadores

    locais dispunham de alguma autonomia [...], mas deviam obedincia eimpostos cidade de Roma3.Com o fim do Imprio Romano seguiu-se o processo de

    fragmentao regional que desembocou no poder descentralizado deterritrios regionais do perodo feudal. A prpria Igreja, segundo Gomes,reforou este regionalismo poltico, ao utilizar o tecido destas unidadesregionais como base para o estabelecimento de sua hierarquiaadministrativa. Nesse caso tambm fica evidente a relao entre acentralizao do poder, as vrias competncias e os nveis diversos deautonomia de cada unidade da complexa burocracia administrativa destainstituio4.

    A centralizao do poder que resulta do surgimento do Estado

    moderno na Europa provoca o resgate do problema poltico-regional damanuteno do poder que emana de um centro, muitas vezes distante desuas periferias, nas diversas regies que formam o territrio de um

    1GOMES, Paulo C. da C. O conceito de regio e sua discusso. In: CASTRO, In E.;GOMES, Paulo C.; CORRA, Roberto L. Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro,Bertrand Brasil, 1995, p. 49-76.2Id.3Id.4Id.

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    determinado Estado. Ou seja, ainda segundo Gomes, a questo a mesmaque deu origem ao conceito de regio na Antiguidade Clssica, e se refere relao entre centralizao, uniformizao administrativa e adiversidade espacial, diversidade fsica, cultural, econmica e poltica,sobre a qual este poder centralizado deve ser exercido5.

    A partir de seu breve mas instigante histrico sobre o conceito deregio, Gomes chega a trs grandes concluses: o conceito de regio

    permitiu, em grande parte, o surgimento das discusses polticas sobre adinmica do Estado, a organizao da cultura e o estatuto da diversidadeespacial; o debate sobre o conceito permitiu tambm a incorporao dadimenso espacial nas discusses relativas poltica, cultura e economia,e no que se refere s noes de autonomia, soberania, direitos, etc; e, porltimo, foi na Geografia que as discusses atingiram maior importncia,j que regio um conceito-chave desta cincia6.

    Gomes conseguiu distinguir tambm pelo menos trs grandesdomnios nos quais a noo de regio est presente. O primeiro aprpria linguagem cotidiana do senso comum. Aqui os princpiosfundamentais so o de localizao e extenso. Emprega-se expressescomo a regio mais pobre, a regio montanhosa, ou a regio da

    cidade X. Percebe-se que os critrios so diversos, no h preciso noslimites e a escala espacial tambm varia bastante. O segundo domnio oadministrativo, ou seja, a regio vista como uma unidadeadministrativa. Sabe-se que desde o fim da Idade Mdia as divisesadministrativas foram as primeiras formas de diviso territorial presentesno desenho dos mapas. Nesse caso, a diviso regional a base paradefinio e exerccio do controle na administrao dos Estados e de suassub-unidades, quando for o caso. preciso destacar que muitas vezesempresas e instituies (como a Igreja Catlica) utilizam os recortesregionais para delimitao de circunscries hierrquicas administrativas.O terceiro domnio o das cincias em geral nas quais o emprego danoo de regio associa-se tambm a idia de localizao de

    determinados fenmenos. Aqui, o emprego resguarda a etimologia, poisregio vista como rea sob um certo domnio ou rea definida por umaregularidade de propriedades que a definem7.

    5Ibid., p.526Id.7Ibid., p. 53-54.

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    As tentativas de elevar o conceito de regio ao nvel de umconceito cientfico tm se verificado como fundamentais na Geografia.As dificuldades so muitas, j que os gegrafos, assim como outroscientistas sociais, herdaram as indefinies e a fora de seu uso nalinguagem comum e a isto se somam as discusses epistemolgicas queo emprego mesmo deste conceito nos impe8.

    Os gegrafos passam, ento, a adjetivar a noo de regio como

    uma tentativa de diferenci-la de seu uso pelo senso comum9

    . Nosltimos dois sculos surgiram os conceitos de regio natural, regiogeogrfica, regio homognea, etc. As discusses que passam a sertravadas sobre eles acabaram provocando debates nos quais o temapredominante passou a ser a natureza, o alcance e o estatuto doconhecimento geogrfico10. O resgate destes debates e discusses no objeto deste artigo, mas existem um srie de bons trabalhos em portugusque podem ser consultados11. O objetivo deste artigo muito maisidentificar e discutir algumas alternativas terico-metodolgicas para oconceito de regio, que o atualize num contexto no qual se destaca oprocesso de globalizao. As referncias a estes debates s so feitasquando elas so indispensveis para se atingir aquele objetivo.

    CRTICAS S DIFERENTES CONSIDERAESDO CONCEITO DE REGIO

    Recorre-se em primeiro lugar a In Elias de CASTRO que emtexto sinttico, mas bastante esclarecedor, procura identificar osparadigmas subsumidos nos mais influentes modos de ver a regio,ao mesmo tempo em que procura tratar tambm da questo da escalaespacial, pensada como exerccio epistemolgico de integrao e no

    como exerccio matemtico de representao cartogrfica, tendo emvista que a utilizao do conceito de regio envolve sempre umdeterminado nvel escalar, o qual pode variar, por exemplo, de nveis

    8Ibid., p. 54.9Id.10Id.11Id.CORRA, Roberto Lobato. Regio e organizao espacial. 4 ed. So Paulo: tica, 1991.LENCIONI, Sandra. Regio e geografia. So Paulo: EDUSP, 1999.

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    correspondentes a um quarteiro ou a um hemisfrio. Com isso, Castroprocura retornar o tema regio, tentando superar os impassesmetodolgicos que os paradigmas cientficos clssicos e as diferentesperspectivas geogrficas lhe impuseram12.

    Para ela o paradigma clssico dirigiu as pesquisas geogrficas,tanto atravs da sua vertente positivista como da dialtico-materialista,e ambas trouxeram avanos e problemas para a pesquisa regional13. o

    que ela tenta explicar ao afirmar que:Na vertente positivista, o primado da disjuno e da reduo docomplexo ao simples imps essa escala regional como ponto de partidametodolgico, valorizando a induo e minimizando as possibilidadesda deduo. Na vertente materialista, a determinao da base material,em ltima instncia, num bem estruturado edifcio terico-metodolgico, no qual a totalidade impunha-se inexoravelmente sobre aunidade, eliminou as possibilidades explicativas da escala regional,impondo a deduo a partir de um construto terico que no davaespao s singularidades e particularidades.14

    Dessa forma, a vertente positivista privilegia a escala regional e a

    materialista a escala planetria. Para Castro tinha-se a duas armadilhasmetodolgicas para a geografia: a perspectiva lablachiana, a maisinfluente na primeira vertente, aprisionou a escala planetria submetendo-a regional; a perspectiva materialista aprisionou a escala regional,submetendo-a planetria15.

    Na vertente positivista a regio era a abordagem fundamental domtodo geogrfico. Assim, todos os fenmenos podiam ser percebidose explicados nessa escala. No entanto, nesta perspectiva no seconseguiu propor uma estrutura lgico-dedutiva consistente, confinando aCincia Geogrfica a um forte provincianismo acadmico. Na vertentematerialista, nenhuma causalidade ou plausibilidade era reconhecidanessa escala; a regio tornou-se um epifenmeno. Isso porque nesta

    perspectiva a aceitao de qualquer determinao ou mesmo de

    12CASTRO, In Elias de. Problemas e alternativas metodolgicas para a regio e para olugar. In: SOUZA, Maria Adlia A. de. Natureza e Sociedade de hoje: uma leiturageogrfica. 2 ed. So Paulo: Hucitec, 1994, p. 56.13Ibid., p. 57.14Id.15Id.

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    explicao do nvel regional era contraditria com a estrutura terica deseus argumentos16.

    Aqui no se est muito distante do debate global-local, e sobreesta questo relacionada as possibilidades do conceito de regio, importante recorrer-se ao argumento de Ron Martin quando ele afirmaque os eventos econmicos locais devem, portanto ser explicados emtermos do encaixe e da interao de ambos, as estruturas especficas

    locais e as estruturas mais gerais, nacional e internacional, com aimportncia relativa e interao desses diferentes campos espaciais depoderes causais variando de rea para rea17.

    Assim, para Martin, deve-se trabalhar com uma pluralidadereal que, por sua vez, necessita ser abordada, atravs de umapluralidade conceitual, dada a natureza da economia e da relatividadeepistmica: no se deve nem deveria se esperar que uma nica teoriarevelasse a complexa totalidade18. Ele esclarece melhor seu argumentode defesa de uma pluralidade conceitual, quando afirma que.

    Em princpio, esta abordagem evita tanto as ciladas do grosseirodeterminismo totalizante do tipo reducionista econmico como opluralismo sem restries do ps modernismo: ela combina a busca deexplicaes de estruturas profundas com o recolhecimento de que essasexplicaes so, contudo, diferenciadas de lugar para lugar.Epistemologicamente falando, o relativismo deve ser adotadoabertamente pelos tericos realistas.1919

    Para reforar este campo de crtica s teorias totalizantes comopropostas que desvalorizam epistemologicamente o conceito de regio,pode-se recorrer ainda a Nigel THRIFT quando ele lembra que:

    A balbrdia da variao espacial um desafio para esta espcie desistema terico porque ela questiona at que ponto um sistema terico

    16Ibid., p. 58.17 MARTIN, Ron. Teoria Econmica e geografia humana. In: GREGORY, Derek;MARTIN, Rou; SMITH, Graham. Geografia Humana: sociedade, espao e cinciasocial. Rio de Janeiro: Zahar, 1996, p. 53.18Id.19Id.

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    pode explicar e planejar minuciosamente todas as diferentes geografiasda sociedade moderna.20

    Na crtica sistematizada de In Elias de Castro ambas as vertentesso vistas como fundamentadas em grandes teorias totalistas. No entanto,nesse ponto de entusiasmo crtico no despropositado resgatar umargumento arguto de Derek GREGORY quando ela destaca que muitoscrticos desaprovam agora a teoria totalizante, mas minha preocupaono tanto que se deva abandonar as metanarrativas, [...] mas sim que preciso observar cuidadosamente o que elas colocam no seu lugar e,igualmente, o que elas excluem21.

    Esse argumento de Gregory indica a necessidade de se pensarmuito seriamente nas alternativas possveis s teorias e aos conceitosquestionados por um vigoroso movimento crtico que vemdesenvolvendo-se nas ltimas duas dcadas no mbito das teorias sociais.

    ALTERNATIVAS E POSSIBILIDADES PARAO CONCEITO DE REGIO

    In Elias de Castro a partir de sua anlise das duas grandesvertentes que lideram as pesquisas nas quais o conceito de regio foiconsiderado de formas diferentes na Cincia Geogrfica,parte para proporuma alternativa metodolgica para a regio e para o lugar, centrada emtrs premissas principais: a superao dos determinismos; orecolhecimento, como questo central, da complexidade dos fenmenos;e a considerao da escala como problema fenomenolgico e nomatemtico. Isto porque, para ela a realidade, que complexa, coloca-nos diante do particular que se articula com o geral, da unidade contida

    no todo e do singular que se multiplica22

    .

    20 THRIFT, Nigel. Visando o mago da regio. In: GREGORY, D.; MARTIN, R.;SMITH, G. Geografia humana: sociedade, espao e cincia social. Rio de Janeiro:Zahar, 1996, p. 228.21GREGORY, Derek. Teoria social e geografiahumana. In: GREGORY D.; MARTIN,R.; SMITH, G. Geografia Humana: Sociedade, espao e cincia social. Rio de Janeiro,Zahar, 1996, p. 118.22CASTRO, op. cit., p. 61.

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    Essa complexidade do real precisa ser recortada a partir de umaescolha acertada da escala, que tenha uma dimenso fenomenolgica, aqual deve permitir perceber a escala como uma medida pertinente spossibilidades de um conhecimento mais correto da realidade.

    O importante no fixar a explicao apenas na prpria regio,nem,exclusivamente na totalidade que abarca, sob pena de cair nasarmadilhas j apontadas por ela mesmo.

    Castro no se detm em propor uma alternativa de formaexaustiva, mas apenas em indicar linhas gerais de reconsiderao doconceito de regio. O que h de mais importante na sua proposta sugeriruma certa aproximao entre os conceitos de regio e territrio. Para tal,ela recorre a Jean-Paul FERRIER23 que considera o territrio comodesempenhando o papel de acumulador da histria. Assim, para Castro,a regio pode ser vista como um acumulador espacial de causalidadessucessivas, perenizadas numa poro do espao geogrfico, verdadeiraestrutura sujeito na relao histrica do homem com seu territrio24.

    A aproximao que proposta por Castro, definida tambm porGomes, o qual parece ter encontrado a argumentao decisiva em favordesta tese ao afirmar que:

    De qualquer forma, se a regio um conceito que funda uma reflexopoltica de base territorial, se ela coloca em jogo comunidades deinteresses identificadas a uma certa rea e, finalmente, se ela sempreuma discusso entre os limites da autonomia face a um poder central,parece que estes elementos devem fazer parte desta nova definio emlugar de assumirmos de imediato uma solidariedade total com o sensocomum que, neste caso da regio, pode obscurecer um dado essencial: ofundamento poltico, de controle e gesto de um territrio.25

    verdade que neste argumento de Gomes h uma certa

    onipotencializao cientfica conforme a definio de Antonio

    Henrique Gouveia da CUNHA26. Essa tentativa de denunciar o perigo deuma solidariedade total com o senso comum na considerao doconceito de regio, carrega uma certa dose de intelectocentrismo, pois

    23FERRIER, Jean-Paul. La gographie, a sert dabord parler du Territoire ou lemtier des gographes.Aix-en-Provence: EDSUD, 1984.24CASTRO, op. cit., p. 62.25GOMES, op. cit., p. 73.26CUNHA, Antonio H. G. de. Superao dos impasses filosficos e cientficos no rumocivilizatrio.Foz de Iguau: Edies Pluri-Uni, 1997, p. 56.

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    representa bem, como a conscincia intelectual assenhora-se da tradeconhecimento-verdade-cincia, monopolizando seu acesso atravs dosrecursos que engendrara, mxime entre eles o mtodo27. AntonioCUNHA defende que preciso ter em mente que a conscinciaintelectual somente um trao do homem e que no se deve confund-la com intelectualidade, que corresponde faculdade intelectiva dohomem, cuja a raiz a inteligncia28.

    A concluso de Cunha que necessrio voltar e constituir oparadigma geral das percepes humanas, a fim de que se atinja umaconcepo mais ampla, que envolva tanto os aspectos intelectuais dohomem, quanto os no-intelectuais29.

    Para isso, preciso ter claro, aplicando-se este argumento questo do conhecimento, que para Cunha tambm se divide emintelectual e no-intelectual, que o conhecimento intelectual foiconscientizado, ou seja, foi obtido por um sujeito que se auto-interpreta,se destitui da pessoalidade, foi visto numa preocupao prioritria com averdade, passou pelo controle de um mtodo e, s vezes, por repetidosexperimentos a fim de dominar-se sua regularidade. Ao contrrio, oconhecimento no-intelectual, embora ligado intelectualidade

    antropocultural surge espontaneamente, sem objetivos previamenteformulados, muitas vezes intuitivos, outras vezes herdados. Ou seja,para Antonio Cunha, o conhecimento intelectual mais mediato,enquanto o conhecimento no-intelectual mais imediato. Aquele, maismediativo, este, mais perceptivo30.

    O que interessa aqui que a partir desta argumentao deAntonio CUNHA, pode-se concluir que as noes de regio vistas peloprisma do senso comum correspondem a formas de conhecimento no-intelectual, no necessariamente destitudas de valor explicativo. Nessestermos, um conceito de regio que se quer abarcando a complexidade doreal, conforme o argumento de In Elias de Castro, deve ou noconsiderar tambm as noes de regio prprias do senso comum? Ora,

    essa questo parece querer adiantar algumas das concluses dos textos, oque no o caso, pois antes indispensvel uma anlise mais detida daproposta de aproximao dos conceitos de regio e territrio, conforme osargumentos de Castro e Gomes, mostrando que esta proposta centra-se no

    27Ibid., p.56.28Ibid., p. 58.29Ibid., p. 57.30Ibid., p. 72.

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    resgate da referncia clssica ao conceito de territrio, que a idia depoder, como lembra Manuel Correia de ANDRADE quando afirma que oconceito de territrio est muito relacionado a idia de domnio ou degesto de uma determinada rea31. Nessa linha terico-conceitualMarcelo Jos de SOUZA defende que territrio o espao definido edelimitado por e a partir de relaes de poder32.

    No entanto, importante no perder de vista que Rogrio

    HAESBAERT e ster LIMONAD defendem que esta apenas uma dasabordagens conceituais de territrio, denominada por eles de vertentejurdico-poltica. Alm dessa, existem tambm as vertentes culturalistae econmica. A primeira prioriza aspectos subjetivos relacionados sidentidades e representaes, enquanto a segunda centra-se nas questeslocacionais, de competitividade, inovaes tecnolgicas edesenvolvimento33.

    Acredita-se que til, em determinadas abordagens analisar umadeterminada frao do espao geogrfico incorporando a ela a dimensopoltica, na melhor tradio do conceito de territrio. Principalmente, se oobjetivo ter as bases scio-espaciais bsicas definidas, visando aformulao de polticas pblicas, que venham a transformar e dinamizar

    comunidades especficas. A caracterizao territorial permite identificaras relaes de domnio, controle e gesto que so prprias de umdeterminado territrio. Ou seja, com isso pode-se desnudar o exerccio dopoder que, naturalmente, ou melhor, socialmente,relaciona-se a grupos,classes e instituies, enfim, atores individuais e coletivos, pblicos eprivados, que atuam a partir de heranas culturais e configuraespolticas e econmicas prprias de uma determinada regio. E,aqui, volta-se a utilizar a palavra regio, para marcar uma das posies assumidas nopresente texto de que o conceito de regio no deve ser substitudo,simplesmente, pelo de territrio. Considera-se o conceito de regio maisabrangente do que o de territrio. Assim, a definio de regio e suaanlise deve considerar todas as dimenses caracterizadoras de um

    31ANDRADE, Manuel C. de. Territorialidades, desterritorialidades, novas territorialida-des: os limites do poder nacional e do poder local. In: SANTOS, Milton et al. Territrio:globalizao e fragmentao. So Paulo: Hucitec, 1994, p. 213.32 SOUZA, Marcelo L. de. O territrio: sobre espao e poder, autonomia e desenvol-vimento. In:CASTRO, In; GOMES, Paulo; CORRA, Roberto. Geografia: conceitos etemas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995, p. 78.33 HAESBAERT, Rogrio; LIMONAD, ster. O territrio em tempos de globalizao.GEO UERJ. Rio de Janeiro, n.5, p. 7-19, 1 semestre 1999, p. 12.

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    determinado recorte scio-espacial, entre elas a territorial, mas noapenas ela.

    Nesses termos, torna-se importante o posicionamento de RogrioHAESBAERT, tendo em vista que ele parte para a redefinio doconceito de regio no contexto atual do processo de globalizao. Seuponto de partida a constatao de que a diversidade territorial domundo contemporneo resultado de duas grandes tendncias ou lgicas

    scio-espaciais, uma decorrente mais dos processos dediferenciao/singularizao, outra dos processos de des-igualizao,padronizadores (mas nem por isso homogeneizantes)34. Assim, paraHaesbaert, a diversidade territorial, enquanto fundamento para aregionalizao como processo geral, acontece de duas formas: pelaproduo de particularidades, do desigual (diferenas de grau), quevincula os espaos em distintas escalas e pela produo desingularidades, do especfico (diferenas de natureza), em geral mas noexclusivamente de base local e sem relao obrigatria com realidadesgeogrficas em outras escalas35. Os dois processos scio-espaciaiscontemporneos que determinam estas manifestaes, a partir de umjogo complexo de articulaes mtuas na dialtica constantemente

    transformadora da quantidade em qualidade, so o aviltamento dasdesigualdades pelo capitalismo global altamente seletivo e, portanto,excludente e o reafirmar das diferenas por movimentos sociaisbaseados no resgate ou reconstruo de identidades (religiosas, tnicas,nacionais, etc.)36.

    Dessa forma, Haesbaert defende uma atualizao do conceito deregio levando-se em conta o grau de complexidade muito maior nadefinio dos recortes regionais, atravessados por diversos agentes sociaisque atuam em mltiplas escalas, a mutabilidade muito mais intensa quealtera mais rapidamente a coerncia ou a coeso regional e a insero daregio em processos concomitantes de globalizao e fragmentao37.

    Ainda segundo Haesbaert a regio vista como um conceito no

    deve cair nem na viso de regio como algo auto-evidente a serdescoberto [...] nem como simples recorte apriorstico, definido pelopesquisador com base unicamente nos objetivos de seu trabalho38. A sua

    34Ibid., p. 7.35Ibid., p. 8.36Id.37 HAESBAERT, Rogrio. Regio, diversidade territorial e globalizao. Niteri:DEGEO/UFF, 1999, p. 15.38Ibid., p. 159.

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    posio considerar regio enquanto conceito, instrumento deinterpretao do real, e regionalizao enquanto instrumento deinvestigao, de forma anloga ao mtodo de periodizao doshistoriadores39.

    O importante que a anlise de Haesbaert no propedesconsiderar por completo as caractersticas do conceito de regioidentificadas entre os clssicos da Cincia Geogrfica como a

    singularidade ou diferenciao espacial, a coeso e a integrao entremltiplas dimenses do espao, a estabilidade e contiguidade espacial euma definio escalar subnacional ou local (meso-escala). O que eleprope uma relativizao destas caractersticas a partir de umaconsiderao com o processo de globalizao, o qual passa a ser decisivona produo da diversidade territorial, o que leva Haesbaert a concluirque o fundamental no avaliar um conceito, mas sim, no caso doconceito de regio, ser capaz de reconhecer a natureza dos novos-velhosprocessos que constrem o espao geogrfico, neste jogo indissocivelentre des-igualdade e diferena a primeira, centro da geografiamarxista, a segunda, fundamento de uma geografia ps-moderna e/oups-estruturalista40. Est claro que para ele, as questes fundamentais, no

    que se refere ao conceito de regio, passam pelos processos deregionalizao, de criao e recriao do que ele chama de diversidadeterritorial. Quando ele chama ateno tambm para os velhos processosde regionalizao, est implcito que estes processos transformam-sehistoricamente, o que torna fundamental para a Histria a identificao ecompreenso destes processos nas diferentes pocas e lugares. Comcerteza, por a que se pode entender, por exemplo, a preocupao deCiro Flamarion Cardoso com o espao41.

    Ora, se o importante so os processos de regionalizao e que hnos diversos conceitos de regio caractersticas que podem serfundamentais, relativamente ao real que se quer analisar, as noes deregio enraizadas no senso comum no tm porque serem descartadas a

    priori. Ou seja, em princpio, elas podem, de acordo com a configuraoscio-espacial que est sendo considerada pelo pesquisador ouplanejador, conterem percepes altamente pertinentes aos fenmenosefetivos na construo daquela configurao. Assim, preciso ir um

    39Ibid., p. 15.40Ibid., p. 18.41 CARDOSO, Ciro F. Repensando a construo do espao. In: Revista de HistriaRegional. Ponta Grossa, v.3, n.1, p. 7-23, vero 1998.

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    pouco mais cuidadosamente com as noes que surgem no interiormesmo da prpria complexidade do cotidiano. Entre elas, com certeza,est a noo de regio.

    No se pode encerrar sem antes chamar ateno para uma outraquesto que se pode desprender da citao conclusiva de Haesbaert,exatamente no ponto em que ele faz referncias aos novos-velhosprocessos que constrem o espao geogrfico. preciso ter claro que o

    fazem a partir de certas possibilidades de cooptao espacial quevariam em termos histricos e geogrficos e que constragem edirecionam os rumos tomados pelos processos sociais. Em outraspalavras, o espao geogrfico no s produzido, mas tambm produz .Ele no s reflexo de determinadas relaes sociais, mas influenciadecisivamente estas relaes42. Na verdade, trata-se de uma velhadiscusso no mbito da geografia, para a qual Edward SOJA deu umacontribuio significativa, ainda pouco considerada pelos cientistassociais, e que precisa ser melhor apreendida pela Cincia Geogrfica,principalmente no que se refere s suas preocupaes centrais, que visama revalorizao do espao na teoria social crtica e contribuir naconstruo de um materialismo histrico-geogrfico43.

    Um desdobramento importante, que surge de uma posio queno reduz o espao a um mero reflexo, a concepo que defende existirnos territrios/regies (e aqui estes conceitos aparecem novamente muitoprximos) uma dimenso territorial do desenvolvimento. Os adeptosdesta concepo trabalham com um conceito de territrio/regio querepresenta uma trama de relaes com razes histricas, configuraespolticas e identidades44. Segundo ainda Ricardo ABRAMOVAY, nelesse faz presente o fenmeno da proximidade social que permite umaforma de coordenao entre os atores capaz de valorizar o conjunto doambiente em que atuam e, portanto, de convert-lo em base paraempreendimentos inovadores45. A proximidade social fenmenointrnseco aos territrios/regies, e permite a montagem de redes, das

    convenes, em suma, das instituiesque permitem aes cooperativas

    42CUNHA, Luiz A. G. Por um projeto scio-espacial de Desenvolvimento. Revista deHistria Regional. Ponta Grossa, v. 3, n. 2, p 91-114, inverno 1998, p. 98.43SOJA, Edward N. Geografias ps-modernas: a reafirmao do espao na teoria socialcrtica. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.44 ABRAMOVAY, Ricardo.O capital social dos territrios: repensando odesenvolvimento rural. Fortaleza: MEPF; Governo do Cear, 1998, p. 7.45Ibid., p. 2.

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    [...] capazes de enriquecer o tecido social de uma certa localidade46.Nesses termos, o territrio/regio passa a ser visto como um ator, no quala proximidade e a aglomerao permitem a diminuio da incerteza, que,por sua vez, num verdadeiro crculo virtuoso, favorecem a proximidade ea aglomerao de atores. A viso tradicional neoclssica deterritrio/regio como conseqncia superada pelo reconhecimento daimportncia primeva e seminal do territrio/regio como dinamizadores

    ou no de processos de desenvolvimento. O que colocado em evidncianeste caso so os ativos relacionais e/ou coordenacionais, e no apenas osrecursos naturais e humanos e os atributos de localizao e setoriais. Emoutras palavras, regio considerada como frao do espao, catalisadorde determinadas relaes e convenes que o definem e caracterizam.Essa concepo central em Michael STORPER (talvez no por acasocolega de Soja na mesma universidade californiana) e vem influenciandode forma significativa a incorporao da dimenso espacial emconcepes renovadas de desenvolvimento e o prprio conceito de regiocom o qual trabalham uma grande parcela dos cientistas sociais47.

    CONCLUSO

    Os debates e discusses sobre o conceito de regio so bastanteantigos no mbito da Cincia Geogrfica. Ao contrrio, nas demaiscincias humanas e sociais as querelas sobre o tema sempre forampontuais, localizadas, importando mais algumas Escolas e disciplinas,e ganhando ou perdendo importncia de acordo com determinadasconjunturas histricas.

    O contexto atual corresponde a um destes momentos dentre osquais o conceito de regio ganhou importncia. Isso porque, aglobalizao torna mais complexos os processos de regionalizao ealgumas alternativas e possibilidades do conceito de regio passam pelaconsiderao da regio enquanto frao do espao geogrfico

    catalizadora de determinadas relaes e convenes - como um atorsocial fundamental na transformao de comunidades regionais e locais.No improvvel, que esta nova perspectiva de considerar a regio,possa ser aplicada aos estudos histricos, o que poder demonstrar quedeterminadas transformaes histrico-geogrficas dependeram de uma

    46Ibid., p. 3.47STORPER, Michael. The regional world: territorial development in a Global econo-my. New York-London: Guilford Publications, 1997.

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    configurao scio-espacial pr-existente, num sentido muito mais ativo edeterminante do que antes se considerava. O importante que as novasalternativas e possibilidades de considerao e aplicao do conceito deregio esto disponveis para serem enriquecidas por novas pesquisas queas utilizem, num crculo virtuoso que, com certeza, engendrar avanosconsiderveis nas cincias humanas e sociais.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    RESUMO

    SOBRE O CONCEITO DE REGIO

    O artigo comenta um breve histrico sobre o conceito de regio, analisa utilizao do conceito na Geografia e discute algumas alternativas epossibilidades deste conceito no mbito da Cincia geogrfica e de outrascincias humanas e sociais. O objetivo muito mais divulgar e comentar debatese discusses bsicas sobre o tema, do que analisar de forma exaustiva estasquerelas. O artigo quer ser um ponto de partida para estudantes e profissionaisque esto procurando incorporar a dimenso espacial nos seus estudos epesquisas e no so especialistas em Geografia.

    Palavras-Chave:Regio, conceito; Geografia, pesquisa, Geografia.

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    ABSTRACT

    ABOUT THE CONCEPT OF REGION

    This article is a brief historical comment about de concept of region. Itanalyses the use of this concept in Geography and discusses some alternativesand possibilities of it in Geographic Sciences and other Human and SocialSciences. Our main goal is to disclose and comment basic debates about thesubject and not exhaustive analyses on it. This article intends to be a startingpoint for students and professionals who are trying to assume in their studies andresearch the spatial dimension and are not experts in Geography.

    Key words:region, concept, Geography, research.

    Revista de Histria Regional 5(2): 39-56. Inverno 2000.