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INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos Paulo Roberto da Silva Morgado Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Presidente: Prof. Doutor Joaquim Jorge da Costa Paulino Pereira Orientador: Prof. Doutor José Manuel Coelho das Neves Co-Orientador: Eng.º Luís Lopes dos Santos Vogais: Doutora Ana Cristina Ferreira de Oliveira Rosado Freire Dezembro de 2008

Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

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Page 1: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO

Universidade Técnica de Lisboa

Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

Paulo Roberto da Silva Morgado

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Presidente: Prof. Doutor Joaquim Jorge da Costa Paulino Pereira

Orientador: Prof. Doutor José Manuel Coelho das Neves

Co-Orientador: Eng.º Luís Lopes dos Santos

Vogais: Doutora Ana Cristina Ferreira de Oliveira Rosado Freire

Dezembro de 2008

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I

Agradecimentos

Este trabalho não estaria devidamente concluído sem que nele expressasse os meus

mais sinceros agradecimentos e enorme reconhecimento àqueles que de alguma forma

colaboraram no decurso da sua elaboração.

O presente trabalho foi orientado pelo Professor José Neves, Professor Auxiliar do

Instituto Superior Técnico.

Pretendo agradecer a:

Ao Professor José Neves devo a orientação, permanente incentivo, atenção e apoio

concedido, sem não esquecer o quanto tenho aprendido, tanto de trabalho como da

vida. Os meus mais profundos agradecimentos.

Agradeço ao Capitão Eng.º Luís Santos, ao Alferes Eng.º Jorge Lopes e a todo o

Grupo de Engenharia da Academia da Força Aérea (G.E.A.F.A.) pelas facilidades

criadas na utilização do equipamento necessário e pela preciosa ajuda na parte

experimental.

Aos meus amigos e colegas de trabalho, que acreditaram em mim e que me apoiaram.

Espero poder retribuir a amizade com a mesma intensidade. Muito obrigado.

À Rita Silva, sem a ternura, o amor e carinho, teria sido mais difícil cumprir esta tarefa.

Obrigado pela preciosa compreensão e apoio constante que permitiram que atingisse o

final do presente trabalho.

Por fim os que são primeiros, a minha família. Aos meus pais e irmã, obrigado por tudo.

Obrigado pelo vosso incentivo incessante, pelo apoio, pela compreensão, e acima de

tudo, pelo vosso amor.

Page 4: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

II

Resumo

Desde a década de 1980, a indústria de pavimentos em blocos de betão – PBB – vem

crescendo em grandes proporções em todo o mundo, inclusive em Portugal. O que era um tipo

de material utilizado apenas em áreas que demandavam efeitos arquitectónicos ou

paisagísticos, deu lugar a um material único e extremamente versátil para harmonizar qualquer

tipo de pavimento, inclusive o industrial e o rodoviário, tanto esteticamente como

estruturalmente. Os blocos de betão pré-fabricados para pavimentos – BB – pelas suas

dimensões e qualidades padronizadas, bem como pela facilidade construtiva, cada vez mais

serão encarados como uma solução de pavimentação adequada, não só do ponto de vista

técnico mas também económico.

Este trabalho tem como objectivo principal dimensionar um catálogo de PBB, bem

como mostrar a evolução tecnológica e o estado do conhecimento sobre o assunto. Foram

realizados ensaios não destrutivos com um deflectómetro de impacto num pavimento

experimental, com o intuito de verificar o seu comportamento e validar o catálogo proposto.

Além da parte experimental, também foram resumidos os principais métodos de

dimensionamento existentes no mundo e daí concluiu-se que estes têm um comportamento

estrutural semelhante aos pavimentos flexíveis, devido ao seu travamento. Analisa-se, ainda,

os parâmetros de deformabilidade a atribuir à camada de desgaste constituída pelos BB e pela

areia. Foi também abordada a norma internacional em vigor para os BB, a norma EN

1338:2003, assim como a marcação CE dos BB.

Palavras-Chave

Infra-estruturas

Pavimentos

Blocos de Betão

Dimensionamento

Page 5: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

III

Abstract

Since the 1980’s, the industry of concrete block pavements – CBP – has been growing

around the world, including in Portugal. This material was firstly used for architectural or

landscape purposes. Nowadays, it is being a unique and extremely versatile material capable,

to harmonize any type of pavement, including industrial and roads pavements, both esthetically

and structurally. Precast concrete blocks for pavements – CB – appear in standard shapes and

sizes, requiring high control in the manufacturing process. However, their application is quite

simple, not demanding qualified labor.

The purpose of this work is to design a CBP catalogue, as well as to demonstrate the

technological evolution and the current knowledge on this kind of pavements. Non-destructive

tests were made with the falling weight deflectometer in an experimental pavement in order to

obtain mechanical properties of pavement layers and to validate the proposed catalog. Besides

the experimental work, the main design methods were described and analyzed, and it was

concluded that the structural behavior of the CBP is similar to flexible pavements, due to its

interlock. This dissertation still discusses the stiffness that should be used in the surface course

formed by the CB and the laying course. The international standard currently in use for the CB,

EN 1338:2003, was also presented, as well as the CE marking of the CB’s.

Key-works

Infrastructure

Pavement

Concrete Blocks

Design

Page 6: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

IV

Lista de abreviaturas

AASHTO – American Association of State Highway of Transportation Officials

ABGE – Agregado Britado de Granulometria Extensa (tout-venant)

AGEC – Agregado não recomposto em central tratado com Cimento

BB – Blocos pré-fabricados de Betão para pavimentos

BCR – Betão Compactado com cilindro de Rasto liso

BD – Betão betuminoso em camada de Desgaste

BPA – British Ports Association

CEN – Committee European Standardization (Comité Europeu de Normalização)

CBR – Índice de Suporte Califórnia

d.p. – desvio padrão

FAA – Federal Aviation Administration

FWD – Falling Weigth Deflectometer

ICPI – Interlocking Concrete Pavement Institute

LCI – Load Classification Index

Mr – Módulo Resiliente

PAWL – Port Area Wheel Load

PBB – Pavimentos em Blocos de Betão pré-fabricados

Sc – Solo-cimento fabricado em central

Page 7: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

V

Índice

1. INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 1

1.1 ENQUADRAMENTO DO TEMA ----------------------------------------------------------------------------------------------- 1 1.2 OBJECTIVOS DO TRABALHO ------------------------------------------------------------------------------------------------- 2 1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------------------- 3

2. PAVIMENTOS EM BLOCOS ----------------------------------------------------------------------------------------------- 4

2.1 GENERALIDADES ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 2.2 TIPOS DE PAVIMENTOS E ÂMBITO DE APLICAÇÃO -------------------------------------------------------------------------- 4

2.2.1 Principais aplicações ------------------------------------------------------------------------------------------- 4 2.2.2 Pavimentos em edifícios --------------------------------------------------------------------------------------- 4 2.2.3 Pavimentos em zonas pedonais ----------------------------------------------------------------------------- 6 2.2.4 Pavimentos com fins decorativos --------------------------------------------------------------------------- 6 2.2.5 Pavimentos urbanos sujeitos a tráfego rodoviário ----------------------------------------------------- 7 2.2.6 Pavimentos sujeitos a tráfego rodoviário pesado ------------------------------------------------------ 8 2.2.7 Pavimentos em zonas especiais --------------------------------------------------------------------------- 10

2.3 FUNÇÕES E MATERIAIS A APLICAR NAS VÁRIAS CAMADAS --------------------------------------------------------------- 10 2.3.1 Fundação -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 11 2.3.2 Camadas de sub-base e base ------------------------------------------------------------------------------ 11 2.3.3 Colchão de areia do pavimento --------------------------------------------------------------------------- 13 2.3.4 Camada de desgaste ----------------------------------------------------------------------------------------- 14

2.4 CONTROLO DE QUALIDADE ----------------------------------------------------------------------------------------------- 16 2.4.1 Aspectos gerais ------------------------------------------------------------------------------------------------ 16 2.4.2 Norma EN 1338:2003 ---------------------------------------------------------------------------------------- 16 2.4.3 Marcação CE --------------------------------------------------------------------------------------------------- 20

2.5 ASPECTOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO -------------------------------------------------------------------------------------- 21 2.5.1 Preparação do solo de fundação -------------------------------------------------------------------------- 21 2.5.2 Espalhamento e compactação da camada de sub-base -------------------------------------------- 22 2.5.3 Espalhamento e compactação da camada de base -------------------------------------------------- 22 2.5.4 Execução dos bordos de confinamento ou remates de bordadura ------------------------------ 23 2.5.5 Espalhamento e nivelamento da camada de areia -------------------------------------------------- 24 2.5.6 Colocação dos Blocos ---------------------------------------------------------------------------------------- 25 2.5.7 Compactação do pavimento ------------------------------------------------------------------------------- 27 2.5.8 Preenchimento das juntas com areia -------------------------------------------------------------------- 28 2.5.9 Travamentos em PBB ---------------------------------------------------------------------------------------- 28

2.6 SOLICITAÇÕES ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 30 2.7 DEGRADAÇÕES ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 32 2.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS --------------------------------------------------------------------------------------------------- 33

3. MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO PARA PBB------------------------------------------------------------------ 34

3.1 GENERALIDADES ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 34 3.2 INGLATERRA E ESTADOS UNIDOS ----------------------------------------------------------------------------------------- 34

3.2.1 Método para Pavimentos Industriais e Áreas Portuárias------------------------------------------- 35 3.2.2 Método para áreas aeroportuárias - Placas de estacionamento --------------------------------- 37

3.3 AUSTRÁLIA ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 38 3.4 BRASIL --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 44 3.5 DIMENSIONAMENTO PARA TRÁFEGO LIGEIRO --------------------------------------------------------------------------- 46 3.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS --------------------------------------------------------------------------------------------------- 49

Page 8: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

VI

4. ESTUDO E MODELAÇÃO DE UM PAVIMENTO EXPERIMENTAL ---------------------------------------------- 50

4.1 GENERALIDADES ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 50 4.2 DESCRIÇÃO DO PAVIMENTO ---------------------------------------------------------------------------------------------- 50 4.3 ENSAIOS DE CARGA NO PAVIMENTO ------------------------------------------------------------------------------------- 52 4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DE CARGA ----------------------------------------------------------------------------------- 55 4.5 MODELAÇÃO NUMÉRICA DO PAVIMENTO EXPERIMENTAL -------------------------------------------------------------- 56

4.5.1 Modelos de comportamento dos materiais ------------------------------------------------------------ 56 4.5.2 Modelos de resposta ----------------------------------------------------------------------------------------- 57

4.6 MODELAÇÃO DO COMPORTAMENTO NOS ENSAIOS DE CARGA -------------------------------------------------------- 59 4.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS --------------------------------------------------------------------------------------------------- 61

5. CATÁLOGO DE PAVIMENTOS ------------------------------------------------------------------------------------------ 62

5.1 GENERALIDADES ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 62 5.2 CLASSIFICAÇÃO DO TRÁFEGO --------------------------------------------------------------------------------------------- 62 5.3 CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS --------------------------------------------------------------------------------------- 64

5.3.1 Fundação do pavimento ------------------------------------------------------------------------------------- 64 5.3.2 Materiais granulares ----------------------------------------------------------------------------------------- 65 5.3.3 Blocos de Betão ------------------------------------------------------------------------------------------------ 66

5.4 CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO -------------------------------------------------------------------------------------- 67 5.4.1 Modelo do pavimento --------------------------------------------------------------------------------------- 67 5.4.2 Estados limites de ruína ------------------------------------------------------------------------------------- 67

5.5 PROPOSTA DE ESTRUTURAS TIPO PARA PBB ---------------------------------------------------------------------------- 69 5.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS -------------------------------------------------------------------------------------------------- 71

6. SÍNTESE E CONCLUSÕES ------------------------------------------------------------------------------------------------ 73

6.1 SÍNTESE DO TRABALHO ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 73 6.2 PRINCIPAIS CONCLUSÕES ------------------------------------------------------------------------------------------------- 73 6.3 INVESTIGAÇÃO FUTURA --------------------------------------------------------------------------------------------------- 74

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ----------------------------------------------------------------------------------------------- 76

Page 9: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

VII

Índice de Figuras

FIGURA 1.1 - CALÇADA ROMANA EM COIMBRA -------------------------------------------------------------------------------------- 1 FIGURA 1.2 – PAVIMENTO EM BLOCOS DE BETÃO [SOPLACAS; 2007] ----------------------------------------------------------- 2 FIGURA 2.1 - TIPOS DE COLOCAÇÃO DE BB SOBRE LAJES [ADAH; 2004] --------------------------------------------------------- 5 FIGURA 2.2 - DETALHES DA COLOCAÇÃO DE BB EM COBERTURAS PLANAS INVERTIDAS [ADAH; 2004] ------------------------- 5 FIGURA 2.3 - EXEMPLO DE PBB EM ÁREAS PEDONAIS [ARTEBEL; 2007] --------------------------------------------------------- 6 FIGURA 2.4 - EXEMPLO DE APLICAÇÃO DOS BB PARA REVESTIMENTOS VERTICAIS [ADAH; 2004] ------------------------------- 6 FIGURA 2.5 - EXEMPLO DE UM PBB SUJEITO A TRÁFEGO RODOVIÁRIO [ADAH; 2004] ------------------------------------------ 7 FIGURA 2.6 - APLICAÇÕES SUJEITAS A TRÁFEGO RODOVIÁRIO: (A) ESTAÇÃO DE SERVIÇO, (B) VIAS RURAIS [ORIGINAL

BLOCOS; 2008] --------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 8 FIGURA 2.7 - TERMINAL DE SANTA APOLÓNIA, LISBOA [LUÍS; 1992] -------------------------------------------------------------- 9 FIGURA 2.8 - AEROPORTO INTERNACIONAL DE HONG KONG [INTERPAVE; 2008] ---------------------------------------------- 9 FIGURA 2.9 - ESTRUTURA TIPO DE UM PBB ---------------------------------------------------------------------------------------- 11 FIGURA 2.10 - ESQUEMA DO ENSAIO DE TRACÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL [CEN; 2003] ------------------------------ 18 FIGURA 2.11 - ENSAIO DE TRACÇÃO POR COMPRESSÃO - MÉTODO DA NORMA EN 1338 -------------------------------------- 19 FIGURA 2.12 - PRINCÍPIO DA MÁQUINA DE DESGASTE POR ABRASÃO [CEN; 2003] --------------------------------------------- 19 FIGURA 2.13 - EQUIPAMENTO PÊNDULO DE ATRITO [CEN; 2003] --------------------------------------------------------------- 20 FIGURA 2.14 - DISPOSIÇÃO DOS BORDOS DE CONFINAMENTO [ADAH; 2004] ------------------------------------------------- 23 FIGURA 2.15 - NIVELAMENTO DA CAMADA DE AREIA: (A) MANUALMENTE [CRUZ; 2003], (B) COM RECURSO A MEIOS

MECÂNICOS [INTERPAVE; 2008] ------------------------------------------------------------------------------------------ 24 FIGURA 2.16 - DEFORMAÇÃO DO PAVIMENTO SEGUNDO A ESPESSURA DA CAMADA DE AREIA [ADAH; 2004] --------------- 25 FIGURA 2.17 - COLOCAÇÃO DOS BB MANUALMENTE [CRUZ; 2003] E COM MEIOS MECÂNICOS [INTERPAVE; 2008] ---- 26 FIGURA 2.18 - ACERTO DOS BB JUNTO AOS BORDOS DE CONFINAMENTO [INTERPAVE; 2008]------------------------------ 26 FIGURA 2.19 - CONSTRUÇÃO DE VALETAS: (A) EM BB, (B) EM BETÃO [INTERPAVE; 2008] ---------------------------------- 27 FIGURA 2.20 - COMPACTAÇÃO DO PAVIMENTO [INTERPAVE; 2008; ADAH; 2004] ---------------------------------------- 27 FIGURA 2.21 - PREENCHIMENTO DAS JUNTAS: (A) MANUALMENTE [ADAH; 2004], (B) PREENCHIMENTO E COMPACTAÇÃO

ATRAVÉS DE MEIOS MECÂNICOS [INTERPAVE; 2008] -------------------------------------------------------------------- 28 FIGURA 2.22 - TIPOS DE TRAVAMENTO: (A) VERTICAL, (B) ROTACIONAL, (C) HORIZONTAL [BURAK; 2002] ---------------- 29 FIGURA 2.23 - MOVIMENTO DE GIRAÇÃO DOS BLOCOS DE BETÃO DA CAMADA SUPERFICIAL ------------------------------------ 30 FIGURA 2.24 - DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES NO INTERIOR DE UM PBB [HALLAC; 1998] --------------------------------------- 32 FIGURA 3.1 - EFEITO PROGRESSIVO DA RIGIDEZ EM FUNÇÃO DO CARREGAMENTO INICIAL [SHACKEL; 1990] ---------------- 39 FIGURA 3.2 - EFEITOS DA SOBREPOSIÇÃO DE TENSÕES ORIGINADAS PELO EIXO DOS VEÍCULOS EM PROFUNDIDADE NA

ESTRUTURA DO PAVIMENTO [SHACHEL; 2000] --------------------------------------------------------------------------- 43 FIGURA 3.3 - DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DO PROCESSO DE DIMENSIONAMENTO PELO PROGRAMA LOCKPAVE [SHACHEL;

2000] ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 43 FIGURA 3.4 - FLUXO DE DIMENSIONAMENTO EMPÍRICO PARA TRÁFEGO LIGEIRO – PEÕES E CARROS LIGEIROS [COOK; 1996]

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 47 FIGURA 3.5 - FLUXOGRAMA DE DIMENSIONAMENTO EMPÍRICO DE PBB PARA TRÁFEGO LIGEIRO – VEÍCULOS LIGEIROS E

POUCOS VEÍCULOS PESADOS [COOK; 1996] ------------------------------------------------------------------------------- 48 FIGURA 4.1 - LOCALIZAÇÃO DO PAVIMENTO EM ESTUDO [GOOGLE EARTH; 2008] ------------------------------------------ 51 FIGURA 4.2 - ESQUEMA DO PAVIMENTO EM ESTUDO ------------------------------------------------------------------------------ 51 FIGURA 4.3 - CAMADA DE DESGASTE EM BB HEXAGONAIS ------------------------------------------------------------------------ 51 FIGURA 4.4 – GAMADENSÍMETRO DA MARCA TROXLER --------------------------------------------------------------------------- 52 FIGURA 4.5 - ELEMENTOS QUE CONSTITUEM UM FWD [FORTUNADO; 2006] ----------------------------------------------- 52 FIGURA 4.6 - REALIZAÇÃO DOS ENSAIOS COM O FWD ----------------------------------------------------------------------------- 53 FIGURA 4.7 - ENSAIO FWD (PARA VALORES NORMALIZADOS DE 40, 100 E 150 KN) ------------------------------------------ 55 FIGURA 4.8 - MODELO DE BURMISTER [NEVES; 2007 B] ------------------------------------------------------------------------ 58 FIGURA 5.1 - ESTRUTURA MULTI-CAMADAS DO PAVIMENTO ASSUMIDA PARA ANÁLISE ----------------------------------------- 67 FIGURA 5.2 - ESTADOS LIMITES DE RUÍNA NOS PBB [NEVES; 2007 A] --------------------------------------------------------- 68 FIGURA 5.3 - SECÇÕES TIPO PROPOSTAS -------------------------------------------------------------------------------------------- 70

Page 10: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

VIII

Índice de Quadros

QUADRO 2.1 - RECOMENDAÇÕES DA GRANULOMETRIA DOS AGREGADOS A USAR NAS CAMADAS DE BASE E SUB-BASE [ABCP; 2001] ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 12

QUADRO 2.2 – RECOMENDAÇÕES PARA A GRANULOMETRIA DA AREIA A UTILIZAR NO COLCHÃO DE AREIA [CRUZ; 2003] -- 13 QUADRO 2.3 - CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS BLOCOS PARA PAVIMENTOS ------------------------------------------------------- 15 QUADRO 2.4 - REQUISITOS DE PROJECTO DA NORMA EN 1338:2003 [CEN; 2003] ------------------------------------------ 20 QUADRO 3.1 - ÍNDICE DE CLASSIFICAÇÃO DE CARGA (LCI) PARA PAVIMENTOS INDUSTRIAIS DE GRANDES CARGAS [CRUZ;

2003] ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 37 QUADRO 3.2 - MÓDULO DOS BB DETERMINADOS ATRAVÉS DO FWD E EM ENSAIOS DE LABORATÓRIO [SHACHEL; 2000] 42 QUADRO 3.3 - FACTORES DE DRENAGEM CONSIDERADOS NO MÉTODO DE DIMENSIONAMENTO DO PROGRAMA DA

LOCKPAVE [SHACHEL; 2000] -------------------------------------------------------------------------------------------- 42 QUADRO 3.4 - CATEGORIAS DE TRÁFEGO PARA PAVIMENTOS [ADAH; 2004] -------------------------------------------------- 47 QUADRO 4.1 – DEFLEXÕES NORMALIZADAS E ANÁLISE ESTATÍSTICA -------------------------------------------------------------- 54 QUADRO 4.2 - VALORES PARA OS MÓDULOS DE DEFORMABILIDADE DOS VÁRIOS MATERIAIS EMPREGUES EM PAVIMENTOS-- 57 NO QUADRO 4.3 ENCONTRA-SE OS VALORES TÍPICOS PARA O COEFICIENTE DE POISSON, CONSIDERADOS PARA CADA TIPO DE

MATERIAL. [DOMINGOS; 2007] ------------------------------------------------------------------------------------------ 57 QUADRO 4.4 - VALORES TÍPICOS PARA O COEFICIENTE DE POISSON --------------------------------------------------------------- 57 QUADRO 4.5 - DADOS E RESULTADOS DA 1ª ITERAÇÃO ---------------------------------------------------------------------------- 60 QUADRO 4.6 - MÓDULOS DE DEFORMABILIDADE ESTIMADOS PARA AS VÁRIAS CAMADAS -------------------------------------- 60 QUADRO 5.1 – ELEMENTOS RELATIVOS AO TRÁFEGO ------------------------------------------------------------------------------ 64 QUADRO 5.2 - CLASSES DE FUNDAÇÃO [JAE; 1995] ------------------------------------------------------------------------------ 65 QUADRO 5.3 - CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS ADOPTADAS PARA OS MATERIAIS [JAE; 1995] ---------------------------------- 66 QUADRO 5.4 - CARACTERÍSTICAS DO TRÁFEGO ------------------------------------------------------------------------------------- 70 QUADRO 5.5 - EXTENSÕES VERTICAIS DE COMPRESSÃO ADMISSÍVEIS NO TOPO DA FUNDAÇÃO --------------------------------- 71 QUADRO 5.6 - CÁLCULO DA TENSÃO HORIZONTAL DE TRACÇÃO NA BASE DA CAMADA DE SC ----------------------------------- 71

Page 11: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

1

1. Introdução

1.1 Enquadramento do tema

O pavimento é a parte da estrada ou rua, constituído por vários materiais que se

colocam sobre o terreno natural ou em aterro, com a finalidade de suportar directamente o

tráfego. A função essencial de um pavimento rodoviário é assegurar uma superfície de

rolamento que permita a circulação dos veículos com comodidade e segurança, durante um

determinado período, sob a acção das acções do tráfego, e nas condições climáticas que

ocorram. [BRANCO; 2006]

Uma das primeiras formas de pavimentação em Portugal foi a calçada romana, grande

obra de engenharia, que permitiu que vários troços tenham resistido durante séculos e se

encontrem ainda hoje em funcionamento (Figura 1.1).

Figura 1.1 - Calçada Romana em Coimbra

Actualmente um dos revestimentos utilizados na concepção de pavimentos são os

blocos de betão pré-fabricados (que doravante serão designados por BB).

SMITH, (2003) refere que, nos Estados Unidos, a cada cinco anos a área de pavimentos

em blocos de betão pré-fabricados (que doravante serão designados por PBB) quase duplica.

O que era 4 milhões de metros quadrados em 1980, em 2000 já ultrapassava a marca de 40

milhões de metros quadrados aplicados. Para 2010, o mesmo autor prevê que serão utilizados

mais de 100 milhões de metros quadrados. Os mesmos crescimentos têm sido registados na

Bélgica, Alemanha, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul. Em Portugal não existem dados

estatísticos sobre a área pavimentada em BB.

Page 12: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

2

A aplicação de PBB está geralmente associada a passeios e acessos a zonas

residenciais. Não menos frequente é a sua utilização em estações de serviço das gasolineiras,

a parques de estacionamento, (Figura 1.2) e, por vezes a zonas de paragem de autocarros, em

que o primeiro objectivo visado é a resistência da camada de desgaste à acção corrosiva de

derrames de carburantes.

Figura 1.2 – Pavimento em blocos de betão [SOPLACAS; 2007]

Com um comportamento estrutural semelhante aos pavimentos flexíveis, os PBB

permitem ser reparados sem deixar marcas. Trata-se de uma excelente alternativa, tanto do

ponto de vista técnico como económico, além de ser uma opção intermediária entre os

pavimentos rígidos e flexíveis.

Os PBB têm como característica principal a sua superfície antiderrapante, o que

proporciona uma maior segurança em trechos com rampas ou curvas, principalmente quando a

superfície se encontra molhada. Os BB permitem uma perfeita drenagem das águas da chuva

e, ao mesmo tempo, evitam a impermeabilização do solo, pois as juntas entre as peças

possibilitam a infiltração de uma parcela das águas incidentes, amenizando desta maneira, o

impacto ambiental. É considerado, portanto, um piso ecologicamente correcto. [ESCOLHER &

CONSTRUIR; 2007]

Estes pavimentos possuem ainda grande poder de difusão da luz solar ou artificial

(iluminação pública), apresentando menor temperatura superficial durante o dia (até 4ºC) e

melhor condição de visibilidade à noite (até 30%). Além disso, destaca-se pela grande

facilidade e velocidade de execução. Os serviços de manutenção são simples, bastando a

remoção localizada das peças e recuperação da zona danificada. [BLOCAUS; 2007]

1.2 Objectivos do trabalho

Dada a importância dos BB na pavimentação, e por ainda haver um estudo muito

limitado sobre este tema no nosso país, este trabalho tem três objectivos principais:

Page 13: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

3

Síntese dos conhecimentos relativos ao projecto e construção dos PBB,

recorrendo a bibliografia nacional e estrangeira.

Analisar aspectos relacionados com o contributo para o melhor conhecimento

estrutural da camada de desgaste constituída por BB, nomeadamente através da

realização de ensaios de carga num pavimento experimental.

Apresentar um catálogo que reúna várias classes de tráfego e de fundação,

adequado à realidade nacional.

1.3 Estrutura da dissertação

A presente dissertação está organizada em sete capítulos, onde se inclui este,

considerações iniciais, na qual se realiza uma apresentação e enquadramento do tema e se

enunciam os objectivos da mesma.

No capítulo 2, pavimentos em blocos, descreve-se o campo de aplicação, os materiais

e as funções de cada camada do pavimento. Neste capítulo também será descrito os aspectos

gerais de concepção, as solicitações a que estão sujeitos, como é feito o controlo de qualidade

dos blocos e ainda as degradações deste tipo de pavimentos.

No capítulo 3, métodos de dimensionamento para PBB, é feita uma síntese da

bibliografia acerca dos métodos de dimensionamento existentes, realçando os conceitos mais

utilizados nos métodos investigados.

No capítulo 4, estudo e modelação de um pavimento experimental, conhece-se um

pavimento do género, no qual se realiza uma campanha de ensaios in situ. Posteriormente

procede-se à análise dos resultados dos ensaios de carga no pavimento e por fim faz-se uma

modelação numérica do mesmo pavimento.

No capítulo 5, catálogo de pavimentos, propõe-se estruturas típicas de PBB,

descrevendo-se também a classificação do tráfego, fundação e materiais. Descreve-se ainda

os critérios de dimensionamento para a obtenção das secções tipo recomendadas.

Por fim no capítulo 6, conclusões, é feita uma sinopse do trabalho desenvolvido e

apresentam-se as principais conclusões alcançadas. Neste capítulo faz-se também sugestões

para estudos futuros, que não são poucas, pois este é um dos primeiros trabalhos existentes

no nosso país sobre o assunto abordado.

Page 14: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

4

2. Pavimentos em blocos

2.1 Generalidades

Para melhor entender a importância dos pavimentos com camada de revestimento

constituída por blocos de betão, é relevante descrever o campo de aplicação destes, as suas

vantagens, os materiais e funções de cada camada do pavimento. Neste capítulo será também

descrito os aspectos gerais de concepção, bem como as solicitações a que estão sujeitos.

O controlo de qualidade dos blocos, os estados limites de ruína e as degradações do

pavimento em estudo serão também abordados.

2.2 Tipos de pavimentos e âmbito de aplicação

2.2.1 Principais aplicações

Existe uma vasta gama de possibilidades de aplicações em que se pode usar PBB.

Quando os PBB são usados pela primeira vez, são as aplicações arquitectónicas que

predominam, mas depois, de acordo com o crescente conhecimento sobre os mesmos, estes

são empregados em áreas sujeitas a tráfego rodoviário ligeiro ou pesado.

Em seguida são apresentadas uma vasta gama de aplicações deste tipo de pavimentos,

assim como algumas das suas vantagens e desvantagens: pavimentos em edifícios,

pavimentos em zonas pedonais, pavimentos com fins decorativos, pavimentos urbanos sujeitos

a tráfego rodoviário, pavimentos sujeitos a tráfego rodoviário pesado e pavimentos em zonas

especiais.

2.2.2 Pavimentos em edifícios

Nos pavimentos em edifícios, os BB usa-se principalmente sobre lajes de betão e

coberturas planas de edifícios.

Page 15: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

5

Com certa frequência os PBB utilizam-se para harmonizar ou unificar zonas interiores

de edifícios com jardins privados e pátios. Como se mostra na Figura 2.1, os PBB devem ser

colocados sobre uma camada de areia com 3 a 5 cm de espessura ou então sobre uma

camada de colagem (resina epóxi ou cimento cola). As juntas deverão ser inferiores a 3mm

estando correctamente preenchidas com areia seca e fina. [ADAH; 2004]

Figura 2.1 - Tipos de Colocação de BB sobre Lajes [ADAH; 2004]

Os PBB também podem ser usados em coberturas planas de edifícios, aumentando o

espaço útil utilizável.

Nestes casos e como se mostra na Figura 2.2 os BB devem ser colocados sobre uma

camada de areia com 3 a 4 cm de espessura com granulometria de 2 a 6 mm, debaixo do qual

se situa um isolante rígido (opcional) e uma membrana impermeabilizante (Tipo 1). Também é

possível colocar uma camada de brita bem graduada, usada como camada drenante (Tipo 2).

Em ambos os tipos, as juntas geralmente são tapadas com areia seca e fina, mas também é

possível estas ficarem abertas, de modo a permitir uma drenagem mais rápida da camada

inferior. Este último tem a vantagem de permitir o levantamento dos PBB para a realização de

trabalhos de limpeza e reparações na laje. [ADAH; 2004]

Figura 2.2 - Detalhes da colocação de BB em coberturas planas invertidas [ADAH; 2004]

Page 16: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

6

2.2.3 Pavimentos em zonas pedonais

Os PBB têm sido utilizados em zonas pedonais, sempre com bons resultados

estruturais e estéticos (Figura 2.3). As principais vantagens do uso destes pavimentos em

zonas pedonais são: segurança (superfície antiderrapante), espaços esteticamente agradáveis,

boa luminosidade e impermeabilidade.

Figura 2.3 - Exemplo de PBB em áreas pedonais [ARTEBEL; 2007]

2.2.4 Pavimentos com fins decorativos

Devido às suas qualidades estéticas, os BB têm tido cada vez mais utilização em

jardins domésticos e espaços públicos. De uma forma geral qualquer BB pode ser utilizado

com resultados satisfatórios em zonas ajardinadas, mas segundo [ADAH; 2004] os

rectangulares oferecem melhores resultados, pois têm uma fácil colocação e reparação e

também podem ser colocados na vertical (Figura 2.4). Por outro lado devido ao seu arranjo de

cores e texturas estes podem ser integrados com outros materiais como a pedra e a madeira

Figura 2.4 - Exemplo de aplicação dos BB para revestimentos verticais [ADAH; 2004]

Page 17: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

7

2.2.5 Pavimentos urbanos sujeitos a tráfego rodoviário

A possibilidade de suportar cargas elevadas e tráfego de movimento lento, associado a

baixos custos de manutenção e as virtudes estéticas dos BB, coloca este tipo de pavimentos

como uma boa alternativa para as vias urbanas, para áreas residenciais, parques de

estacionamento, terminais de autocarros, estacões de serviço, vias rurais, etc.

Quando temos PBB, pode-se aproveitar para colocar debaixo dos BB detectores de

veículos (p.e. Laços de indução) para a realização de estudos de tráfego. Estes detectores

serão colocados na camada de areia, tendo a vantagem de estarem protegidos ao choque e

facilmente podemos ter acesso a eles para a sua manutenção (Figura 2.5).

Figura 2.5 - Exemplo de um PBB sujeito a tráfego rodoviário [ADAH; 2004]

Os pavimentos, principalmente de parques de estacionamento exteriores, estão

normalmente expostos à acção do sol, chuva, gelo e neve. Ao contrário do que ocorre nos

pavimentos flexíveis em betão betuminoso, os PBB apresentam uma deteorização mínima

devido a efeitos climáticos.

As paragens de autocarros são as zonas de maior complexidade a nível de cálculo e

desenho. Normalmente circulam nestes locais veículos mais pesados em situação de paragem

e arranque, levando mais rapidamente ao aparecimento de rodeiras e deformações locais. Por

esta razão os PBB são utilizados nas paragens de autocarros, pois têm um bom

comportamento para estas circunstâncias. Acresce ainda a resistência aos derrames de

combustíveis que ai acontece, o que dificilmente se consegue com pavimentos betuminosos.

A necessidade de resistir a contínuos derrames de combustíveis e lubrificantes faz com

que os PBB sejam a melhor opção para as pavimentações das estações de serviço (Figura 2.6

(a)), desde que as juntas tenham um adequado preenchimento. Outra vantagem de usar este

Page 18: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

8

tipo de pavimento é a sua reparação e manutenção, que permite o acesso do tráfego

imediatamente depois da finalização das obras.

Os PBB são frequentemente usados em vias rurais (Figura 2.6 (b)) principalmente na

Holanda e Alemanha. Os pavimentos podem encontra-se em zonas planas ou inclinadas, mas

também são usados em zonas montanhosas onde as superfícies são propensas ao

escorregamento do tráfego ligeiro devido a acentuadas inclinações e por vezes à presença de

gelo. [ADAH; 2004]

(a) (b)

Figura 2.6 - Aplicações sujeitas a tráfego rodoviário: (a) Estação de serviço, (b) vias

rurais [ORIGINAL BLOCOS; 2008]

2.2.6 Pavimentos sujeitos a tráfego rodoviário pesado

A propriedade que têm os PBB de resistir a cargas concentradas, ou cargas de rodas

muito pesadas de veículos especiais tais como gruas, monta-cargas, camiões com reboque ou

tractores, faz com que estes se tornem numa opção muito interessante em pavimentos

destinados a cargas pesadas, dentro dos quais se pode contemplar os seguintes:

Pavimentos industriais

Excepto em zonas de restauração e zonas com muito pó estes pavimentos têm

tido óptimos resultados, pois nestas zonas existem grandes deformações locais, que

podem ser reparadas muito rapidamente sem que afecte o funcionamento da área. Nas

zonas de restauração e zonas com muito pó, as juntas seladas com areia não são

muito aceites devido a questões sanitárias e higiénicas. A solução será selar as juntas

com silicones especiais, se bem que neste caso há que ter em conta o factor custo –

qualidade.

Page 19: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

9

Pavimentos portuários

Normalmente as zonas portuárias estão situadas sobre solos de baixa

capacidade, onde os assentamentos a longo prazo são importantes e as cargas por

roda muito elevadas. Esta combinação de factores faz com que PBB sejam

recomendados, pois oferecem vantagens operativas e económicas se compararmos

com outro tipo de pavimentos. Os custos iniciais são superiores se compararmos com

pavimentos rígidos, mas os custos de manutenção e reparação são muito menores,

compensando a médio e longo prazo.

Os portos de Leixões e Santa Apolónia (Figura 2.7) em Lisboa são exemplos

de utilização destes pavimentos.

Figura 2.7 - Terminal de Santa Apolónia, Lisboa [Luís; 1992]

Pavimentos aeroportuários

O uso de PBB em aeroportos limita-se a zonas de tráfego ligeiro e pouco a

pouco têm sido introduzidos no resto das zonas. Temos como exemplo os aeroportos

de Luton (Londres - Inglaterra), o de Genebra (Suíça) e o de Hong Kong (China -

Figura 2.8). Os PBB são adequados para esse fim devido à sua alta resistência a

cargas muito pesadas por roda, a sua resistência à torção, alta resistência a altas

temperaturas dos motores, resistência ao derrame de combustíveis e alta resistência

ao deslizamento.

Figura 2.8 - Aeroporto Internacional de Hong Kong [INTERPAVE; 2008]

Page 20: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

10

2.2.7 Pavimentos em zonas especiais

Aplicações hidráulicas

Segundo ADAH, (2004) na Europa, Austrália e Estados Unidos da América

estes pavimentos são utilizados para estruturas hidráulicas tais como diques, muros de

contenção, revestimento de canais, entre outras aplicações.

Zonas mineiras

Graças à sua natureza modular os PBB têm-se mostrado de grande utilidade

em zonas mineiras. O facto de se poderem colocar em espaços confinados e de

poderem abrir-se ao tráfego imediatamente após a sua conclusão constitui as

vantagens destes pavimentos em relação aos outros.

Zonas agrícolas

No norte da Alemanha e Holanda os PBB estão sendo utilizados, sobretudo

nos acessos à maquinaria e em indústrias agrícolas, tais como centrais leiteiras, etc.

[ADAH; 2004].

Estes pavimentos têm a vantagem nestas zonas, pois têm maior resistência ao

desgaste, visto que as maquinarias estão em constante limpeza.

2.3 Funções e materiais a aplicar nas várias camadas

Em seguida, aborda-se os materiais a utilizar nas várias camadas de um PBB e as

respectivas funções.

Na Figura 2.9 apresenta-se um corte esquemático da estrutura tipo de um PBB, com a

designação dada às várias camadas do pavimento e da fundação.

De um modo geral, o pavimento é constituído por camadas de superfície (camada de

blocos de betão e o colchão de areia), camadas de fundação (camada de base e camada de

sub-base) e pelo solo da fundação.

Page 21: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

11

Figura 2.9 - Estrutura tipo de um PBB

2.3.1 Fundação

A fundação da área a ser pavimentada deverá ser inspeccionada para saber se esta

será constituída pelo solo natural do local ou proveniente de empréstimo. Deve ser um solo não

expansivo.

A preparação do solo da fundação deverá estender-se para além das contenções

laterais, para assegurar que a fundação seja mantida limpa, seca e bem drenada.

A fundação será considerada adequada para “receber” a base ou a sub-base se a sua

resistência, expressa pelo índice CBR, for maior que 2% e a expansibilidade relativa menor ou

igual a 2% [ABCP; 2001]

2.3.2 Camadas de sub-base e base

A camada de base tem como função receber as tensões distribuídas pela camada de

desgaste. Deverá resistir e distribuir os esforços à camada de sub-base se esta existir ou então

para a fundação, evitando assim as deformações permanentes e a consequente deterioração

do pavimento. [MÜLLER; 2005]

A existência ou não da camada de sub-base estará dependente do dimensionamento

do pavimento.

Os materiais a aplicar nestas camadas deverão ser preferencialmente tout-venant ou

solo-cimento. Devem ser tomadas precauções de rotina para evitar a segregação desses

materiais durante o transporte, descarga e espalhamento. O fundamental é que estejam

Page 22: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

12

limpos, livres de lodo, pó e sujeira e que estejam bem graduados, ou seja que tenham grãos de

diversos tamanhos (até um máximo de 50mm), para que ao serem compactados se obtenha

um bom arranjo entre eles. A falta de uniformidade pode levar a assentamentos irregulares. O

próximo quadro apresenta uma granulometria recomendada para a brita. [ABCP; 2001]

Quadro 2.1 - Recomendações da granulometria dos agregados a usar nas camadas de

base e sub-base [ABCP; 2001]

Granulometria a ser utilizada nas

camadas de base e sub-base

Peneiro

(mm)

% retida

Base Sub-base

50 0 -

25 10 a 25 0

9,5 25 a 60 50 a 85

4,8 40 a 70 35 a 65

2,0 55 a 80 25 a 50

0,4 70 a 85 15 a 30

0,075 85 a 95 85 a 95

A camada de base deverá ainda ter as seguintes características: [ABCP; 2001]

CBR ≥ 8%

Expansibilidade ≤ 0,5%

Limite de liquidez ≤ 25%

Índice de plasticidade ≤ 6%

A compactação representa um dos procedimentos cruciais da construção para

qualquer tipo de pavimento flexível. No caso de PBB a deficiente compactação é uma das

causas para o insucesso do pavimento. Por essa razão devem ser tomadas precauções para

que sejam atendidos os requisitos mínimos. A compactação tem como objectivo acomodar os

diferentes tamanhos dos grãos para que a camada se torne o mais densa e resistente possível.

[ABCP; 2001]

Outro aspecto a ter em conta deverá ser a superfície da camada de base que deverá

ser o mais fechada possível, ou seja com o mínimo de vazios, para não haver perda de areia

do colchão do pavimento.

A camada de base também poderá ser constituída por betão pobre ou por betão de alta

qualidade, caso o pavimento esteja sujeito a cargas muito elevadas.

Page 23: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

13

2.3.3 Colchão de areia do pavimento

A almofada ou colchão será constituída por areia, com espessuras que variam de 3 a 5

cm.

O principal objectivo do colchão de areia do pavimento é a de servir de apoio ao

assentamento dos BB. A espessura e a qualidade da areia utilizada influi directamente no

desempenho final do pavimento. O comportamento estrutural dos BB está directamente ligado

à espessura da camada, à granulometria e ao índice de forma dos grãos. [MÜLLER; 2005]

Uma característica que influencia negativamente o desempenho da almofada é a

presença de silte e argila na areia. Trabalhos já realizados anteriormente confirmam que a

presença de partículas com diâmetros abaixo de 75 µm provoca perdas de reajustamento e

desnível entre os blocos, além de conduzir a um endurecimento exagerado nesta camada.

Para se evitar a presença destes materiais deve-se lavar a areia com água e evitar o contacto

desta com o solo [MÜLLER; 2005]. Segundo ACC, (1983) a areia não deve conter mais que 3%

em peso de silte e argila, e ser isenta de sais destrutivos e/ou contaminantes.

No Quadro 2.2 apresenta-se a composição granulométrica da areia a ser utilizada no

colchão em alguns países. Nos Estados Unidos e no Canadá as especificações não fazem

referência à forma dos grãos da areia utilizada, apesar de ser recomendada a utilização de

grãos angulares ou pontiagudos. [CRUZ; 2003]

Quadro 2.2 – Recomendações para a granulometria da areia a utilizar no colchão de areia

[CRUZ; 2003]

Granulometria da areia a ser utilizada no colchão

Peneiro

(mm)

Austrália Inglaterra África do Sul E.U.A. Canadá

% que passa

9,52 100 100 100 100 100

4,75 95 a 100 90 a 100 90 a 100 95 a 100 95 a 100

2,36 80 a 100 75 a 100 75 a 100 85 a 100 80 a 100

1,18 50 a 85 55 a 90 55 a 90 50 a 85 50 a 90

0,60 25 a 60 35 a 59 35 a 70 25 a 60 25 a 65

0,30 10 a 30 8 a 30 8 a 35 10 a 30 10 a 35

0,150 5 a 15 0 a 10 1 a 10 2 a 10 2 a 10

0,075 0 0 a 3 0 a 3 0 0

Page 24: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

14

2.3.4 Camada de desgaste

A camada de revestimento constituída pelos BB estabelece a condição de conforto ao

utente, durabilidade do pavimento e contribui decisivamente para a função estrutural do

pavimento (distribuição de tensões) por intermédio das suas características de travamento,

além de suportar as tensões de corte superficiais de contacto das rodas dos veículos.

A capacidade de distribuição dos esforços da camada de desgaste depende

essencialmente da espessura, formato e arranjo dos BB.

Os BB podem ter espessuras que variam desde os 5,5 cm aos 10 cm, podendo mesmo

chegar aos 12 cm. Estes deverão ter as seguintes características [CETUR; 1998]:

Coeficiente de absorção de água, máximo de 5%.

Resistência à rotura (compressão diametral), mínimo de 40 kg/cm2.

Resistência à abrasão, comprimento médio de impressão, máximo de 22 mm.

A resistência à compressão dos blocos de betão deve ser definida em projecto,

mas o seu valor não deve ser inferior a 500 kg/cm2.

No Quadro 2.3 são apresentados as características físicas e figuras de grande parte

dos BB mais comuns existentes em Portugal, de acordo com a norma EN 1338:2004. De referir

que existem BB nas mais variadas cores. [ARTEBEL; 2007; PRESDOURO; 2007; SOPLACAS;

2007]

Page 25: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

15

Quadro 2.3 - Características físicas dos blocos para pavimentos

Nome dos

Blocos Figura

Dimensões (mm) Massa

volúmica

(kg/m2)

Unidades

por m2 L L1 L2 B e

Hexagonais

- 195 97 170 55 120 38

"UNI-

COLOC"

11

2,

5

- - 225 100 225 26

“Uni”

22

5

-

-

112,

5

60 135

39

-

- 80 175

- - 100 225

Rectan-

gulares

10

0

-

- 200 55 130

50

- - 80 175

“Delta”

- 200 100 200 60 135 38

“Uni-Decor”

- 140 90 230 60 130 36

Perfil "I"

20

0

-

- 165 60 135

35

- - 80 175

e – espessura

Page 26: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

16

2.4 Controlo de qualidade

2.4.1 Aspectos gerais

O sistema de garantia da qualidade apoia-se, fundamentalmente, em normas e

recomendações técnicas, impostas às soluções projectadas e aos materiais utilizáveis, num

plano de trabalhos rigoroso e no respectivo controlo de execução, e num sistema de controlo

da qualidade, constituído, fundamentalmente, por estudos prévios de formulação e ensaios em

laboratório e em obra.

O sistema do controlo de qualidade visa, fundamentalmente, assegurar o cumprimento

das prescrições contratuais e particularmente, o respeito das especificações técnicas do

projecto, de modo a garantir que os parâmetros funcionais de segurança e conforto do futuro

pavimento sejam garantidas.

Visa pois a garantia do respeito das secções projectadas e consequentemente, das

espessuras e das regularidades longitudinal e transversal, e que dependem em última análise,

da homogeneidade da colocação da camada superficial em obra. Esta por sua vez resulta

directamente dos equipamentos utilizados e da fiabilidade destes, na uniformidade e

compactação das camadas inferiores e muito particularmente da experiência do pessoal na

utilização dos equipamentos e colocação manual dos BB, se for o caso.

O esquema de controlo utilizado, que é devidamente ajustado, função da maior

qualificação e fiabilidade com que a produção e colocação em obra decorre, abrangendo, pois

os objectivos descritos, bem como:

Recolha de amostras para controlo das granulometrias dos agregados, módulo

de finura e teor de água das areias, etc.

Requisitos e métodos de ensaio dos blocos prefabricados de betão para PBB de

acordo com a norma Europeia EN1338:2003.

2.4.2 Norma EN 1338:2003

Entende-se por norma como sendo uma especificação aprovada por um organismo de

normalização. As normas são voluntárias, excepto se são impostas pela legislação.

Page 27: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

17

Em 1993 foi elaborado pelo CEN o projecto de uma norma dedicada exclusivamente

para BB, identificada como ENV 1338 – Concrete Paving Blocks – Requirements and Test

Methods, a serem utilizados em áreas como: calçadas, áreas urbanas das cidades, ciclovias,

estacionamentos, estradas principais e secundárias, áreas industriais como portos e terminais

de carga, aeroportos, paragens de autocarros e postos de gasolina.

Em 2003 a norma deixou de uma ENV 1338 (pré-norma), passando a ser norma EN

1338:2003

A norma EN 1338:2003 diferencia-se das outras normas internacionais principalmente

por incorporar um sistema no processo de fabricação dos BB que possibilita ao produtor

garantir um sistema adequado de qualidade dos produtos fabricados e remetidos para os

respectivos clientes, de acordo com as normas específicas dos países produtores e do CEN.

A norma consta de três partes interligadas, sendo a primeira parte destinada às

definições gerais e requisitos de materiais e produtos fabricados (Capítulos 3, 4 e 5). A

segunda parte trata da avaliação da conformidade dos produtos produzidos e critérios de

atendimento aos requisitos especificados (Capítulos 6 e 7). Consta ainda na norma o capítulo 8

e doze anexos que descrevem a metodologia dos ensaios que são requeridos no capítulo 5.

Alguns destes ensaios já foram relatados anteriormente, aquando da função e materiais

aplicados na camada de desgaste.

De seguida são apresentados os títulos dos 9 capítulos, bem como dos seus respectivos

12 anexos [CEN; 2003]:

1. Campo de aplicação

2. Referências normativas

3. Termos e definições

4. Requisitos dos materiais

5. Requisitos dos produtos

6. Avaliação dos critérios de conformidade

7. Marcação, rotulagem e embalagem

8. Relatório dos ensaios

Os 12 anexos são:

Anexo A (informativo) Sistemas de inspecção;

Anexo B (normativo) Procedimento dos testes para aceitação da remessa no

acto de entrega;

Anexo C (normativo) Medição das dimensões de um bloco simples;

Page 28: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

18

Anexo D (normativo) Determinação da resistência a ciclos de gelo/degelo com

sal de descongelação;

Anexo E (normativo) Determinação da absorção total de água;

Anexo F (normativo) Medição da força

Anexo G (normativo) Medição da resistência ao desgaste por abrasão;

Anexo H (normativo) Medição da resistência à abrasão, de acordo com o teste

Böhme;

Anexo I (normativo) Medição do valor da resistência ao escorregamento em

superfícies não polidas (USRV);

Anexo J (normativo) Verificação dos aspectos visuais;

Anexo K (informativo) Exemplo da aplicação do método de controlo da

conformidade por variáveis da tensão de rotura;

Anexo ZA (informativo) Secções desta Norma Europeia relativas às disposições

da Directiva EU “Produtos de Construção”

Seguidamente são apresentados alguns dos ensaios que se podem realizar nos BB

segundo a norma europeia EN 1338:2003:

O ensaio de resistência adoptado é o de tracção por compressão diametral, em que o

valor médio da tensão de rotura terá de ser superior a 3,6MPa. Este ensaio tem uma vantagem

quando comparado com o ensaio à compressão, pois não é necessário utilizar pratos

superiormente e inferiormente, mas apenas um espaçador de madeira. A Figura 2.10 mostra

um esquema do ensaio, e a Figura 2.11 uma foto do dispositivo para a realização do ensaio.

Figura 2.10 - Esquema do ensaio de tracção por compressão diametral [CEN; 2003]

Page 29: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

19

Figura 2.11 - Ensaio de tracção por compressão - método da norma EN 1338

O ensaio de resistência ao desgaste por abrasão consiste na abrasão da face superior

de uma placa com um material abrasivo, em condições normalizadas. O material abrasivo

utilizado neste ensaio é o corindo (alumina branca fundida). Este material nunca poderá ser

usado mais do que três vezes.

A máquina de desgaste por abrasão está representada na Figura 2.12.

Figura 2.12 - Princípio da máquina de desgaste por abrasão [CEN; 2003]

A medição do valor da resistência ao atrito em superfícies não polidas (USRV) num

provete é efectuada através da utilização do pêndulo de atrito, para se avaliarem as

propriedades de atrito da superfície do provete. O equipamento para esta medição mostra-se

na Figura 2.13.

Page 30: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

20

Figura 2.13 - Equipamento pêndulo de atrito [CEN; 2003]

Os ensaios especificados na EN 1338:2003 que determinam a conformidade dos BB

estão listados no Quadro 2.4.

Quadro 2.4 - Requisitos de projecto da norma EN 1338:2003 [CEN; 2003]

Requisito Limites aceitáveis

Resistência a ciclos de gelo/degelo Média de 3 resultados < 1,0 kg/m

2 e

nenhum resultado individual > 1,5 kg/m2

Absorção total de água < 6%

Resistência à tracção por compressão Nenhum resultado individual < 3,6MPa e a

carga de ruptura < 250 N/mm

Resistência ao desgaste por abrasão ≤ 23 – Ensaio com disco metálico

≤ 20 cm3/ 50 cm

2 – Disco de Böhme

Resistência ao escorregamento > 45

Aspectos visuais – Textura e cor Nenhum bloco deve apresentar fissuras,

quebras ou laminação

Tolerância

Dimensional (mm)

Altura da peça Comprimento Largura Altura

< 100 mm ± 2 ± 2 ± 3

> 100 mm ± 3 ± 3 ± 4

2.4.3 Marcação CE

Para os BB serem incorporados ou aplicados de forma permanente em obra terão de

possuir marcação CE, ou seja têm de ter uma garantia escrita, dada por uma terceira parte

Page 31: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

21

acreditada, de que o produto está em conformidade com a legislação. Assim, a marcação CE

apenas indica que o produto é avaliado face a um conjunto mínimo de requisitos, definidos,

para o caso dos BB, no anexo informativo ZA (parte harmonizada) da norma EN 1338:2003.

A aposição da marcação CE é da responsabilidade do fabricante ou dos seus agentes

ou representantes autorizados estabelecidos no espaço económico europeu, e deve ser aposta

na sequência da aplicação dos mecanismos descritos na directiva ou directivas aplicáveis,

complementados por decisões comunitárias. A marcação CE deve ser colocada de forma

visível, facilmente legível e indelével, no próprio produto, num rótulo nele fixado, na respectiva

embalagem ou nos documentos comerciais de acompanhamento.

Resumindo, os BB para possuírem marcação CE terão de ter uma declaração do

fabricante e um certificado de conformidade CE redigido na língua do estado-membro de

destino do produto. [JOUE; 2008]

2.5 Aspectos gerais de construção

Neste sub-capítulo descreve-se os passos a seguir na construção de um PBB. De

realçar que os aspectos construtivos de preparação da fundação e compactação das camadas

de base e sub-base são comuns a qualquer tipo de pavimento flexível, enquanto que as

restantes camadas são particulares do pavimento em questão.

Para a escrita deste sub-capítulo consultou-se o manual espanhol de BB [ADAH; 2004].

2.5.1 Preparação do solo de fundação

A preparação do solo de fundação consiste na escavação ou aterro para se obter a

cota de projecto definida nos estudos preliminares. Convém que as restantes camadas sejam

de espessura constante, pelo que a fundação já deverá alcançar o perfil do traçado do

pavimento (inclinações transversais).

Em seguida, deve-se compactar adequadamente a fundação por forma a garantir a

capacidade de suporte exigida no projecto. O comportamento do terreno natural deve ser o

mais uniforme possível, pelo que convém retirar as zonas brandas e substituí-las por terreno

adequado.

Page 32: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

22

Se o terreno de fundação original não possuir as características de suporte

necessárias, deverá proceder-se ao tratamento do mesmo com cimento e/ou cal ou até

substitui-lo por solos mais adequados.

A superfície acabada não deverá variar em mais de 15-20 mm, o que se verifica com

uma régua de 3 metros aplicada tanto paralela, como normalmente ao eixo da via. Ainda

menos poderá haver zonas capazes de reter a água.

2.5.2 Espalhamento e compactação da camada de sub-base

Uma vez verificada a fundação, procede-se ao espalhamento da sub-base em

camadas de espessura adequada, para que, com os meios disponíveis, se obtenha em toda a

espessura o grau de compactação exigido.

Continuar-se-á a compactação até alcançar um grau de compactação correspondente

a 95% do ensaio Proctor modificado.

A superfície acabada não deverá baixar do valor teórico em nenhum ponto, nem diferir

dele em mais de 1/5 da espessura prevista no caderno de encargos do IEP – Instituto de

Estradas de Portugal para a sub-base granular. A superfície acabada não deverá variar mais

de 10 mm, quando verificada com uma régua de 3 metros aplicada tanto paralela, como

normalmente ao eixo da via.

2.5.3 Espalhamento e compactação da camada de base

Deve-se distinguir entre as bases granulares ABGE ou as bases em betão pobre. No

caso de ser ABGE, o espalhamento realiza-se de forma análoga à da sub-base, mas com grau

de compactação maior, que deve alcançar 98% do ensaio Proctor modificado, no caso de

tráfego ligeiro, e os 100%, para o tráfego pesado e médio. As tolerâncias na superfície acabada

também coincidem com as expostas para a sub-base granular.

Se a base for em betão pobre, a colocação em obra é análoga à do betão vibrado em

pavimentos rígidos. A cura realiza-se preferencialmente com produtos filmógenos que evitam a

perda de água no primeiro período de endurecimento do betão.

Page 33: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

23

As únicas juntas a realizar serão juntas de trabalho, tanto longitudinais como

transversais. Estas últimas, no caso de redes viárias, dispõem-se perpendiculares ao eixo. Não

se selará nenhuma junta.

A regularidade superficial de cada lote de betão pobre terá de ser controlada nas 24

horas seguintes à sua execução. A superfície acabada não deverá baixar do valor teórico em

nenhum ponto, nem ficar abaixo do mesmo mais de 30 mm. Contudo, não deverá variar mais

de 10 mm, quando verificada com uma régua de 3 metros aplicada tanto paralela, como

normalmente ao eixo da estrada.

2.5.4 Execução dos bordos de confinamento ou remates de bordadura

Os pavimentos de blocos requerem elementos que os confinem para evitar

deslocamentos das peças, abertura das juntas e perda de travamento entre blocos. Estes

elementos devem colocar-se antes dos blocos (Figura 2.14); se se optar por colocar esses

elementos depois, devem limitar-se as cargas sobre o pavimento numa distância de aproxima-

damente 1 metro, a contar do limite não confinado.

Neste caso, antes de construir o lancil, verificar-se-á a correcta posição dos blocos,

procedendo-se à reconstrução dos mesmos em caso de necessidade.

O lancil deve apoiar-se, no mínimo, 15 cm abaixo do nível inferior dos blocos, para

poder garantir a fixação desejada. [ADAH; 2004]

Figura 2.14 - Disposição dos bordos de confinamento [ADAH; 2004]

Page 34: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

24

2.5.5 Espalhamento e nivelamento da camada de areia

Constitui o elemento fundamental que vai incidir sobre o comportamento do pavimento.

Deve depositar-se cuidadosamente, com o objectivo de se conseguir uma camada

uniforme no que respeita a comportamento e, como consequência, em espessura, já que não

se compacta senão após a colocação dos blocos. Para isso, pode utilizar-se uma régua mestra

de nivelamento com guias longitudinais (Figura 2.15 (a)), ou então com recurso a meios

mecânicos (Figura 2.15 (b)).

Não se pode pisar a areia já nivelada, pois a colocação dos blocos realiza-se com a

camada concluída. Também não se deve encher de areia intervalos muito grandes de cada

vez, para não se desperdiçar tanto material e planeia-se melhor o trabalho com intervalos de 3

ou 4 metros.

(a) (b)

Figura 2.15 - Nivelamento da camada de areia: (a) manualmente [CRUZ; 2003], (b) com

recurso a meios mecânicos [INTERPAVE; 2008]

A espessura final desta camada, uma vez colocados os blocos e vibrado o pavimento,

deve estar compreendida entre 3 e 5 cm (Figura 2.16).

Page 35: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

25

Figura 2.16 - Deformação do pavimento segundo a espessura da camada de areia

[ADAH; 2004]

2.5.6 Colocação dos Blocos

Embora se tenham desenvolvido meios mecânicos para este fim, actualmente a

colocação manual continua sendo o processo mais usual nesta actividade. O seu rendimento

oscila entre 60 m2/dia/homem e 110 m

2/dia/homem conforme o planeamento da obra (Figura

2.17 (a)). Utilizando meios mecânicos do tipo manual, o rendimento sobe até 140

m2/dia/homem, chegando até 200 m

2/dia/homem no caso de maquinaria mais completa (Figura

2.17 (b)). Deve ter-se em conta que, dependendo do desenho escolhido em planta para a

combinação dos blocos, pode não ser viável o uso de um processo mecânico. Este facto, a

juntar ao custo de alguns equipamentos, explica porque a colocação manual continua a utilizar-

se em mais de 90% dos casos.

Page 36: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

26

(a) (b)

Figura 2.17 - Colocação dos BB manualmente [CRUZ; 2003] e com meios mecânicos

[INTERPAVE; 2008]

Os blocos colocam-se sem nenhum tipo de ligante. As juntas devem preencher-se com

areia, tal como se explica posteriormente. A sua espessura ideal oscila entre 2 e 3mm.

Todos os blocos devem ficar nivelados, garantindo-se que não existam diferenças de

mais de 1 centímetro, quando se verifica a superfície com uma régua de 3 metros, aplicada

tanto paralela, como normalmente ao eixo da via. No caso em que se apresentem diferenças

maiores, é necessário corrigir a colocação da areia. A diferença de nível entre dois blocos

adjacentes não deve diferir em mais de 2 mm.

O acerto entre os blocos e os bordos de confinamento faz-se com partes de blocos

bem cortadas (Figura 2.18). Se a distância entre o bloco e a linha de confinamento é menor

que 4 cm, não se usam blocos, mas preenche-se o espaço com uma mistura feita com 3 ou 4

partes de areia e uma de cimento.

Figura 2.18 - Acerto dos BB junto aos bordos de confinamento [INTERPAVE; 2008]

No caso de existirem, no interior da área a pavimentar, caixas de visita, sumidouros ou

valetas em BB (Figura 2.19 (a)) ou em betão de cimento (Figura 2.19 (b)), os acertos dos blo-

cos fazem-se da mesma forma que com os lancis ou bordos de confinamento.

Page 37: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

27

(a) (b)

Figura 2.19 - Construção de valetas: (a) em BB, (b) em betão [INTERPAVE; 2008]

2.5.7 Compactação do pavimento

Uma vez terminada a colocação dos blocos numa zona que deva ser utilizada (p. ex.

cargas de obra), ou quando se vai suspender o trabalho, é necessário efectuar a compactação

com compactação da superfície construída, seja com um vibrador de placa ou mediante o uso

de um pilão, no caso de não se dispor daquele aparelho.

Este trabalho faz-se até à distância de 1 metro relativamente ao bordo em que se

suspenderá o trabalho, ou em relação ao qual não se tenha construído o bordo de

confinamento, para evitar que os blocos se desloquem da sua posição.

Quando se dispõe de vibrador de placa (Figura 2.20), basta passar com a máquina

duas ou três vezes sobre a zona construída. Quando a compactação se faz com pilões,

martela-se cada bloco até que ele penetre aproximadamente 1 cm na camada de areia.

Figura 2.20 - Compactação do pavimento [INTERPAVE; 2008; ADAH; 2004]

Page 38: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

28

2.5.8 Preenchimento das juntas com areia

Este trabalho é particularmente importante para garantir um bom comportamento do

PBB. Realiza-se espalhando sobre a superfície do pavimento uma areia fina e seca no

momento da colocação.

Posteriormente, com uma escova dura ou com uma vassoura manual (Figura 2.21 (a))

ou mecânica (Figura 2.21 (b)), varre-se para que a areia entre nos espaços deixados entre os

blocos, ao mesmo tempo que se faz uma compactação final que assegure o melhor

enchimento das juntas. A areia que sobra sobre o pavimento deve retirar-se, varrendo, e não

por lavagem com água. Não se deve terminar o dia sem completar a compactação e

preenchimento do pavimento executado, pois a chuva pode danificá-lo.

(a) (b)

Figura 2.21 - Preenchimento das juntas: (a) manualmente [ADAH; 2004], (b)

preenchimento e compactação através de meios mecânicos [INTERPAVE; 2008]

Uma vez terminado o trabalho de colocação da areia de preenchimento, e se existem

os lancis ou bordos de confinamento necessários, pode permitir-se a passagem de veículos

imediatamente.

2.5.9 Travamentos em PBB

Pode definir-se travamento como sendo a característica que um PBB tem de resistir a

esforços de deslocamentos individuais das peças, sendo estes verticais, horizontais, de

rotação e de giração em torno dos blocos vizinhos. [HALLAC; 1998]

Para alcançar o travamento adequado indispensável ao seu desempenho, os

pavimentos de blocos pré-fabricados de betão necessitam de algum tipo de contenção lateral.

Page 39: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

29

Um bom travamento confere aos blocos de betão a capacidade de transmitir as cargas

superficiais aplicadas em pequenas áreas, para áreas mais extensas nas camadas de base,

mantendo as tensões no leito do pavimento dentro dos limites admissíveis. [HALLAC; 1998]

A propriedade de distribuição das cargas vai melhorando com o tempo de utilização do

pavimento. Chega-se progressivamente a um estado de travamento total, a camada de

rolamento vai adquirindo maior rigidez, e os blocos pré-fabricados de betão deixam de

constituir uma mera camada de rolamento e transformam-se numa camada estrutural.

Segundo BURAK, (2002) os PBB devem ter quatro tipos de travamento: horizontal,

vertical, rotacional e de giração, que actuem simultaneamente ao longo de sua vida de serviço

sendo estes tipos de travamento descritos a seguir.

Figura 2.22 - Tipos de Travamento: (a) Vertical, (b) Rotacional, (c) Horizontal [BURAK;

2002]

Travamento vertical á a capacidade que os blocos adquirem de não se moverem

verticalmente em relação aos blocos vizinhos. É conseguido através da resistência ao corte

vertical, absorvido pelas juntas entre os blocos e a capacidade estrutural das camadas

inferiores do pavimento. Os blocos que melhor impedem este tipo de movimento são os de

encaixes reentrantes, pois quando é aplicado um carregamento vertical o contacto macho-

fêmea distribui os esforços para os blocos vizinhos. A Figura 2.22 (a) representa um esquema

do travamento vertical.

Travamento rotacional é a capacidade que os blocos adquirem de não girar em torno

de seu próprio eixo vertical. Pode ser melhorado aumentando a espessura dos blocos e o

consequente confinamento oferecido pelos blocos vizinhos. Esse movimento pode ser

provocado pela frequência e o tipo do tráfego, principalmente em áreas de travagem,

Page 40: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

30

aceleração e em curvas onde existe um aumento da tensão radial provocada pelo arrasto dos

pneus. A Figura 2.22 (b) representa esquematicamente o travamento rotacional.

Travamento horizontal é a capacidade que os blocos adquirem de não se deslocarem

horizontalmente em relação aos blocos vizinhos. Está directamente relacionado com o formato

e arranjo da camada superficial sobre a camada de areia. Contribui na distribuição dos

esforços de corte longitudinais principalmente em áreas de aceleração e travagem. Pode-se

dizer que as juntas são as principais responsáveis pelo travamento horizontal, quando

convenientemente preenchidas com material adequado. A Figura 2.22 (c) representa um

esquema do travamento horizontal [BURAK; 2002].

Travamento de giração é a capacidade que os blocos adquirem de não girarem em

torno de seu próprio eixo vertical, isto é, eventualmente, uma ou mais peças poderão girar,

ainda que mantendo a superfície do pavimento plana, conforme mostra a Figura 2.23

[HALLAC; 1998].

Figura 2.23 - Movimento de giração dos blocos de betão da camada superficial

Este fenómeno é de rara ocorrência e pode ser evitado com um bom confinamento

lateral da camada e dos blocos pré-fabricados, construindo-se as juntas entre os blocos com

larguras adequadas (2,5 - 3mm) e mantendo-as preenchidas com areia. [HALLAC; 1998]

2.6 Solicitações

As solicitações actuantes em PBB estarão dependentes do tipo de tráfego ou cargas

solicitadas. Segundo NEVES, (2001) as principais características das solicitações aplicadas ao

pavimento provocadas pela passagem de veículos são:

A intensidade da carga que actua em cada roda do veículo;

Page 41: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

31

As condições de aplicação dessa carga, normalmente caracterizadas pela geometria e

tensão relativas ao contacto de pneu com a superfície do pavimento.

O eixo de um veículo automóvel é o conjunto de rodas cujos centros estão contidos no

mesmo plano vertical e transversal ao veículo. Consoante a proximidade dos eixos, é corrente

distinguir eixo simples, caso de um eixo isolado, por oposição a eixos múltiplos, quando se têm

vários eixos relativamente próximos. No caso dos veículos pesados, é frequente ter-se um eixo

simples dianteiro e dois ou mais eixos traseiros.

Em geral, os eixos têm uma única roda em cada extremidade que se designa por roda

simples. No caso dos veículos pesados, nos eixos traseiros sobretudo, é corrente cada

extremidade possuir mais do que uma roda.

As rodas são providas de aros pneumáticos designados por pneus, caracterizados

pelas dimensões, rigidez e pressão de enchimento. À superfície periférica do pneu que se

destina a contactar com o pavimento designa-se por piso e a sua impressão na superfície do

pavimento designa-se por rasto. [NEVES; 2001]

A maioria dos modelos de resposta dos pavimentos considera que a acção das rodas

sobre os pavimentos é traduzida por cargas estáticas uniformemente distribuídas por áreas

circulares, actuando num determinado local da superfície dos pavimentos. No entanto há

outros modelos que consideram que as pressões transmitidas ao pavimento distribuem-se por

áreas de geometria aproximadamente elíptica e, por outro lado, as cargas têm carácter móvel

ao longo do pavimento. Acresce, ainda, que existe um efeito dinâmico das rodas nos veículos

devido à irregularidade superficial dos pavimentos. [NEVES; 2001]

Southgate e Mahbound [citado por NEVES; 2001] estudaram a variação em

profundidade das extensões para diferentes cargas e tensões de contacto das rodas,

considerando que os materiais têm comportamento elástico linear e que a superfície de

contacto das rodas com o pavimento tem geometria circular.

Na Figura 2.24 apresenta-se um esquema de distribuição de tensões em profundidade

na estrutura de um PBB.

Page 42: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

32

Figura 2.24 - Distribuição de tensões no interior de um PBB [HALLAC; 1998]

2.7 Degradações

Na maior parte dos casos as degradações nos pavimentos não têm relação directa com

a escolha do material, sendo geralmente consequência de uma inadequação do material ao

uso, podendo este fenómeno ter origem, entre outros, em defeitos de projecto, drenagem mal

concebida e colocado em obra deficientemente.

Os pavimentos rodoviários, logo após a sua construção, começam a ser submetidos a

acções diversas que, continuamente, contribuem para a sua degradação, ou seja, para a

redução progressiva da sua qualidade inicial. Mesmo antes de “entrar em serviço”, as acções

dos agentes atmosféricos provocam solicitações nos pavimentos, mais ou menos severas de

acordo com a sua constituição e localização. [BRANCO; 2006]

A família das deformações observáveis na superfície de um pavimento pode ser

subdividida nos seguintes tipos:

Abatimento (longitudinal, transversal).

Ondulação.

Deformações localizadas.

Rodeiras;

O abatimento é uma deformação com uma extensão significativa, podendo apresentar-

se ao longo do pavimento ou na direcção transversal, resultando uma redução da capacidade

de suporte dependente da ocorrência de situações patológicas ao nível das camadas

inferiores, em particular no solo de fundação.

Page 43: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

33

A ondulação é uma deformação transversal que se repete com uma determinada

frequência ao longo do pavimento, derivando de uma deformação na fundação, originando-se

uma ondulação suave no pavimento.

Uma deformação de outro tipo é a que se verifica numa pequena área do pavimento

denominada de deformação localizada.

As rodeiras são deformações longitudinais, desenvolvendo-se na banda de passagem

dos pneus dos veículos (rodeiras). [BRANCO; 2006]

Nos BB, as degradações mais evidentes são as fendas, deformações, abrasões,

desprendimentos e movimentos. [FERREIRA; 2007]

2.8 Considerações finais

Com o objectivo de ficarmos a conhecer melhor os PBB foi apresentado ao longo deste

capítulo a sua grande versatilidade de aplicação, os materiais a aplicar em cada camada do

pavimento, bem como as suas funções. Abordou-se ainda os aspectos de concepção, bem

como as solicitações a que estão sujeitos.

Ficamos também a conhecer controlo de qualidade dos blocos, mais precisamente a

norma EN 1338:2003 e a marcação CE. As degradações presentes nos pavimentos também

foram abordadas no presente capítulo.

Desta forma, no capítulo 5, aquando da realização do catálogo, ter-se-á em

consideração a contemplação dos aspectos considerados nos PBB.

Page 44: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

34

3. Métodos de dimensionamento para PBB

3.1 Generalidades

SHACKEL, (1990) e HALLAC, (1998) descrevem que os métodos de dimensionamento

dos PBB podem ser divididos em quatro categorias:

Baseados em experiência de campo ou experiências locais.

Baseados em dados empíricos.

Baseados em modificações dos métodos existentes para pavimentos flexíveis,

através da modelação da equivalência dos materiais.

Baseados em modelos computacionais.

O dimensionamento dos PBB tem-se desenvolvido num contexto de vários tipos de

aplicações nos últimos 25 anos, desde a utilização exclusiva em vias de pedestres até a

aplicações especiais em áreas com grandes concentrações de cargas estáticas, tal como áreas

portuárias e aeroportuárias.

HALLAC, (1998) refere que a grande dificuldade de dimensionamento dos PBB é a

determinação do valor do módulo de elasticidade da camada de desgaste composta pelos BB +

colchão de areia. Os valores obtidos nos estudos realizados em simuladores de tráfego ou

medições in situ apresentam uma grande dispersão. Além disto, a simulação é complexa para

a sua determinação em conjunto com vários tipos de base (estabilizadas com cimento,

estabilizadas com material betuminoso, materiais granulares e areia), e deve-se, portanto,

estabelecer procedimentos para obtenção dos resultados através de ensaios de laboratório,

retroanálise a partir de medições de deflexões fornecidas por FWD em zonas experimentais ou

através da observação e acompanhamento de pavimentos em serviço.

3.2 Inglaterra e Estados Unidos

De acordo com KNAPTON, (1992) na Inglaterra há mais de 30 anos que existem

métodos de dimensionamento para PBB adaptados da metodologia semi-empírica utilizada em

pavimentos flexíveis. A metodologia de dimensionamento está descrita em normas

internacionais. A associação de portos da Inglaterra, BPA (British Ports Association), adaptou a

Page 45: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

35

metodologia para utilização em pavimentos portuários. Esta metodologia desenvolvida pela

BPA foi implementada também nos manuais de dimensionamento da AASHTO.

Nestas metodologias utiliza-se o conceito de camada equivalente entre o revestimento

de material betuminoso para os pavimentos flexíveis e a camada de BB mais colchão de areia

para os PBB.

3.2.1 Método para Pavimentos Industriais e Áreas Portuárias

O método apresentado pela ICPI, (2002) para PBB de portos, foi preparado por

KNAPTON, (1992). É um método adequado para todos os tipos de pavimentos de portos,

sendo também possível utilizá-lo para projectos de estradas de tráfego pesado.

O procedimento do projecto é baseado no princípio de que o PBB deve atender uma

condição final de serventia que está associada a critérios de ruptura ligados à deformação

vertical de compressão no topo da fundação ou à deformação de tracção na base considerada

inicialmente no processo como camada de brita graduada tratada com cimento (AGEC).

Admite-se que com uma deformação permanente de 50 a 75 mm atinge-se a ruptura.

Os materiais são classificados pelo seu módulo de Elasticidade (E) e pelo coeficiente

de Poisson (ν). A fadiga é tida em conta definindo-se uma tensão de tracção limite na base das

camadas com ligantes hidráulicos e aplicando-se um factor de redução para considerar as

repetições.

A calibração do método foi feita com a sistemática de se dimensionar algumas

estruturas considerando três valores de CBR do solo da fundação (1%, 2% e 5%), utilizando

uma estrutura composta, com reforço da fundação de 60 cm no caso do CBR=1%, 35 cm para

o CBR=2% e sem reforço no caso do CBR=5%. Em todos os casos foi considerada uma sub-

base de 15 cm. A base escolhida foi tratada com cimento, com uma certa resistência

estabelecida, e variável com o tráfego, este expresso em repetições do eixo padrão de 82 kN,

estando as espessuras compreendidas entre 10 e 22,5 cm, independentemente do CBR do

solo da fundação.

Calcula-se as tensões médias de tracção na base e admite-se que estas são as

tensões admissíveis para quaisquer outras situações.

As tensões são calculadas com recurso ao programa LUSAS, de MEF (elementos

Page 46: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

36

axissimétricos), da Universidade de Newcastle. Admite-se uma estrutura de diâmetro de 7m e

profundidade de 2,4m e com 63 BB rectangulares. Aplica-se uma carga simples no centro da

malha circular com o raio calculado para que a pressão de contacto fosse sempre 0,8 MPa. Os

materiais usados na modelação foram:

BB de 8 cm sobre um colchão de areia de 3 cm modelados como sendo um só

material de E= 4000 MPa e ν =0,15.

Base de brita tratada com cimento (AGEC) com resistência à compressão de

10 MPa a 7 dias, sendo E= 35000 MPa e ν =0,15.

Sub-base granular com E= 300MPa e ν =0,20.

Reforço da fundação com E= 150 MPa e ν =0,25.

Solo da fundação, sendo E= 10xCBR e ν =0,25.

No manual deste método de dimensionamento é apresentado um gráfico de

dimensionamento que correspondente a estes materiais e condições. Dimensiona-se para

estes materiais e utiliza-se, se for de interesse, uma tabela de factor de equivalência entre

materiais que permite substituir o material de base, AGEC de 10 MPa por outro. A equivalência

é estabelecida através dos factores do Método da AASHTO, (1993) para pavimentos

betuminosos, adoptando como referência a AGEC. Por exemplo, a espessura necessária de

brita não tratada será de 2 a 4,67 vezes maior do que a obtida no gráfico de dimensionamento

para a espessura da base com AGEC, de resistência à compressão de 10 MPa e flexão de 1,9

MPa. Se for usada base tratada com betão betuminoso, a espessura pode ser 2,8 vezes.

Outra importante característica deste método é a introdução do conceito de uma

unidade de carga que avalia a agressividade da cada carga real sobre o pavimento,

denominada PAWL (Port Area Wheel Load). Esta unidade está correlacionada com um índice

de classificação conforme o tipo de carregamento, denominado LCI (Load Classification Index).

A agressividade é calculada segundo a seguinte expressão:

D= 3.1

Onde:

D - Agressividade da carga sobre o pavimento.

W - Carga da roda (kN).

P - Pressão pneumática (N/mm²).

12000 - Carga de 120 kN por roda.

Page 47: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

37

0,8 - Pressão de contacto em N/mm².

O Quadro 3.1 mostra a classificação LCI em função do tipo de equipamento.

Quadro 3.1 - Índice de classificação de carga (LCI) para pavimentos industriais de

grandes cargas [CRUZ; 2003]

Número de PAWL’S LCI Exemplos de Empilhamentos

Menor que 2 A Veículos de estrada

2 a 4 B Empilhador – sem contentor

4 a 8 C Vagão

8 a 16 D Empilhador – contentor com 20 ft

16 a 32 E Empilhador – contentor com 40 ft

32 a 62 F Empilhador Pesado

64 a 128 G Ponte Rolante – para cargas a granel

128 a 256 H Guindaste de pneus

HALLAC, (1998) observa que, segundo esse método, aumentando o número de

solicitações da carga em 10 vezes, a espessura do pavimento aumentará cerca de 20 mm,

enquanto que ao multiplicar a carga solicitante por um factor igual a 2, o aumento de espessura

do pavimento será na ordem dos 75 mm a 100 mm.

3.2.2 Método para áreas aeroportuárias - Placas de estacionamento

Os critérios de dimensionamento para áreas aeroportuárias podem ser considerados os

mesmos que estão estabelecidas para terminais de cargas industriais. Para determinação do

tráfego, é considerado o número de descolagens anuais por tipo de aeronave, bem como as

cargas críticas distribuídas por eixo das aeronaves. [CRUZ; 2003]

A FAA (Federal Aviation Administration) estabelece que o dimensionamento utilizado

em pavimentos flexíveis para as placas de estacionamento de aeronaves pode ser aplicado na

sua íntegra para os PBB.

CRUZ, (2003) refere que, pelo método de dimensionamento da FAA, geralmente a

camada de desgaste tem uma espessura que pode variar entre 100 mm a 125 mm de betão

betuminoso a quente (BD). Esta camada de BD poderá ser substituída por BB mais o colchão

de areia de mesma espessura resultando num revestimento mais resistente que o flexível de

BD especificado no manuais de dimensionamento da FAA. Este facto tem sido comprovado

Page 48: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

38

nas pesquisas de PBB, onde é observado que neste tipo de pavimento a transmissão das

cargas para a camada de base é menor do que a observada nos pavimentos betuminosos.

Segundo COOK, (1996) os BB utilizados em áreas aeroportuárias deverão ter uma

espessura de 80 mm e o colchão de areia deve ter 30 mm, conforme recomendado pela

própria FAA.

3.3 Austrália

O LOCKPAVE é um sistema de dimensionamento automático de PBB desenvolvido na

Austrália. SHACKEL, (1990) autor do método, descreve que este é um método de

dimensionamento mecanicista para PBB, tanto para estradas como para zonas industriais.

As hipóteses deste método são:

As rodeiras do pavimento são estimadas através da deformação de

compressão vertical induzida pelo tráfego no topo da fundação.

Caso a camada de base ou sub-base seja tratada com ligantes hidráulicos, a

fadiga nestas camadas é tida em conta através da deformação horizontal de

tracção admissível.

Não se considera fadiga nos BB, mesmo admitindo que o conjunto dos blocos

actue como se tivesse um módulo resiliente próximo ao que apresentaria uma

mistura betuminosa.

Os materiais são considerados elásticos lineares, sendo que para os BB considera-se

uma camada elástica equivalente isotrópica, com módulos variando de 900 MPa a 7500 MPa,

sendo o mais comum 3200 MPa. Estes valores foram estimados através de um FWD, por

retroanálise, tendo, portanto, um grau de incerteza. Admite-se também que o módulo do

conjunto BB+areia tem um valor inicial que é próximo do módulo resiliente da base granular e

que vai crescendo gradualmente, aumentando a sua rigidez com a passagem do tráfego até

10000 ciclos aproximadamente, por acção da rotação progressiva e do travamento, conforme

se mostra na Figura 3.1.

Page 49: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

39

Figura 3.1 - Efeito progressivo da rigidez em função do carregamento inicial [SHACKEL;

1990]

A escolha da espessura dos BB neste método é possível dentro de quatro valores: 6, 8,

10 e 12cm. Além disto, a escolha do tipo de base e sub-base é em função do tráfego e da

fundação.

O método permite estimar as características de elasticidade dos materiais por

correlações, tendo também tendo em conta a drenagem.

A carga de projecto é obtida de uma combinação de cargas, quer para estradas, quer

para áreas industriais e aeroportos. A pressão de contacto é de 0,70 MPa.

Para uma estrutura com a camada de base granular, considera-se apenas a

deformação permanente como o estado limite de ruína, sendo considerada a seguinte equação

para a deformação admissível no topo da fundação:

3.2

Sendo:

- Deformação vertical no topo da fundação (MPa).

N - número de repetições de carga.

Caso a camada de base seja tratada com um ligante hidráulico, a expressão utilizada

para calcular a fadiga é:

3.3

Page 50: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

40

Onde:

- Deformação vertical de tracção admissível na camada de AGEC (MPa).

- Resistência característica à compressão do material da base (MPa).

- Módulo de elasticidade da camada de base (GPa).

N - número de repetições de carga.

No modelo mecanicista empregam-se análises computacionais que permitem fazer

uma previsão do desempenho da vida útil do pavimento, a partir da repetição das cargas do

tráfego que produzem deformações na estrutura do pavimento que acumulativamente

provocam a sua ruptura. SHACHEL, (2000) desenvolveu um programa que permite fazer o

dimensionamento mecanicista de tal forma que se escolhe um sistema combinado de

espessura e propriedades dos materiais utilizados nas camadas que garantirá que a

deformação crítica gerada pelo carregamento analisado não será suficiente para promover

fissuras e/ou deformações permanentes na estrutura do pavimento durante o período de

dimensionamento.

Este programa de dimensionamento mecanicista, especialmente desenvolvido para ser

utilizado em PBB foi iniciado em 1985 e vem sendo utilizado em vários países, sendo uma

importante contribuição no dimensionamento deste tipo de pavimento. [SHACKEL; 1990]

Basicamente, o algoritmo da metodologia de dimensionamento consiste no seguinte:

a) Escolher uma estrutura típica de um pavimento. Esta escolha geralmente é

baseada em experiências anteriores, porém poderá também ser arbitrária. A

estrutura do pavimento é definida como uma sucessão de camadas

sobrepostas à fundação.

b) Definir as propriedades dos materiais utilizados na estrutura do pavimento;

c) Fornecer uma espessura inicial para cada camada. No processo, as

espessuras iniciais geralmente correspondem às espessuras mínimas

usualmente praticadas (geralmente para base e sub-base a espessura mínima

adoptada é de 100 mm).

d) O tráfego previsto para o período de dimensionamento é caracterizado pela

sua magnitude, área de contacto e pressão dos pneus. O tempo de vida útil

que se espera do pavimento é quantificado por meio da capacidade estrutural

do pavimento em suportar o número de repetições da aplicação das cargas do

tráfego.

Page 51: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

41

e) A tensão e/ou deformação no pavimento devida ao carregamento do tráfego é

calculada usando um programa computacional de análise de tensão,

deformação e deflexão de multi-camadas elásticas do pavimento.

f) O número de repetições das cargas do tráfego e as tensões e deformações

calculadas são utilizadas para estimar a vida útil do pavimento. As hipóteses

utilizadas para esta previsão são duas: o número de repetições das cargas

para atingir a fadiga em qualquer camada com ligantes hidráulicos, medida

através das tensões horizontais de flexão, ou da deformação vertical que cause

afundamento permanente na fundação.

g) Se no passo f), verificar-se que o número de repetições das cargas é menor

que o previsto pelo projecto (passo d)), será necessário aumentar a espessura

da estrutura do pavimento ou adicionar uma ou mais camadas. Repetir os

passos a partir do c) até que sejam satisfeitos os parâmetros estabelecidos

para garantir a durabilidade do pavimento nas condições do projecto.

O programa é desenvolvido por um fluxograma constituído por 4 módulos

independentes, que, quando necessário, poderão ser modificados a partir de novas premissas

tecnológicas sem prejuízo do funcionamento do programa principal.

Na modelação da camada de revestimento, algumas premissas são adoptadas:

Os formatos dos BB são considerados.

O modelo de assentamento dos BB é tido em conta.

Os PBB com espessuras menores que 80 mm são somente utilizados em

áreas de tráfego ligeiro.

Uma estimativa da rigidez da camada de revestimento pode ser obtida com base em

medições de deflexão através de equipamentos FWD, por retroanálise, considerando-se os BB

+ colchão de areia como uma camada equivalente elástica e homogénea.

Através de ensaios triaxiais dinâmicos, são obtidos o módulo resiliente (Mr), e o

coeficiente de Poisson para as camadas de base, sub-base e fundação. Quando não for

possível realizar os ensaios triaxiais, o Mr poderá ser estimado através do sistema de

classificação de solos, como o da AASHTO. Para a fundação, na ausência de ensaio do Mr,

poderão ser usadas relações empíricas entre Mr e CBR tais como:

E = 10 x CBR 3.4

E = 17,6 x CBR 0,64

3.5

Page 52: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

42

Onde:

E em MPa.

CBR em %.

Nas camadas de base, sub-base e fundação são considerados critérios de drenagem,

uma vez que este factor interfere directamente na rigidez e resistência das camadas.

No Quadro 3.2 apresentam-se valores dos módulos dos BB medidos com um FWD e

em laboratório, por vários autores e o Quadro 3.3 mostra os factores de drenagem que são

considerados.

Quadro 3.2 - Módulo dos BB determinados através do FWD e em ensaios de laboratório

[SHACHEL; 2000]

Condição do Ensaio Módulo (MPa)

FWD – BB Rectangulares 500 – 700

FWD – BB Diversas secções 720 – 9600

FWD – BB “Uni” 75 – 19000

Laboratório – BB Rectangulares 600 – 750

Laboratório – BB “Uni” 400 – 6000

Laboratório – BB “Uni” furados 1000 – 4000

Quadro 3.3 - Factores de drenagem considerados no método de dimensionamento do

programa da LOCKPAVE [SHACHEL; 2000]

Condições de drenagem

Tempo que o pavimento permanece

saturado

<1% 1% até

5%

> 5% até

25% >25%

EXCELENTE – Tempo de drenagem de 12

horas ou menos (Pavimento geralmente seco) 1,00 0,90 0,85 0,80

BOM – Tempo de drenagem de 24 horas 0,90 0,85 0,75 0,70

NORMAL – Tempo de drenagem de 1 semana

ou menos (Pavimento geralmente húmido) 0,85 0,75 0,70 0,60

MAU – Tempo de drenagem de 1 mês 0,75 0,70 0,60 0,50

MUITO MAU – Não é capaz de drenar

(Pavimento geralmente molhado) 0,70 0,65 0,50 0,40

A variável de entrada, carregamento, requerida pelo programa, é representada pelo

nível de carga aplicado bem como pelo número de repetições do carregamento para o período

Page 53: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

43

de dimensionamento do projecto. O programa tem em conta a sobreposição de cargas do eixo

dos veículos representado pela Figura 3.2.

Figura 3.2 - Efeitos da sobreposição de tensões originadas pelo eixo dos veículos em profundidade na estrutura do pavimento [SHACHEL; 2000]

Na figura seguinte mostra-se mm diagrama esquemático do processo de

dimensionamento usando pelo programa LOCKPAVE.

Figura 3.3 - Diagrama esquemático do processo de dimensionamento pelo programa

LOCKPAVE [SHACHEL; 2000]

Page 54: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

44

3.4 Brasil

No Brasil, os métodos de dimensionamento para PBB usados por projectistas são

basicamente os descritos nos pontos precedentes. Um dos únicos trabalhos existentes foi

apresentado por HALLAC, (1998).

HALLAC, (1998) propõe uma metodologia de dimensionamento mecanicista para

aplicações em áreas de terminais de carga e zonas industriais onde circula grande variedade

de veículos e equipamentos com diversas configurações de eixos, compreendendo, além de

camiões, empilhadores pesados, guindastes e porta contentores.

O programa utilizado foi o ELSYM 5 (Elastic Layered System), que considera

unicamente a elasticidade linear para todas as camadas que constituem o pavimento. O

conceito de carga de roda simples equivalente foi tido em consideração, sendo tomados para

análise os pontos dos eixos perpendiculares ao plano da superfície do pavimento, sendo que o

primeiro passa pelo centróide da área de contacto de um dos pneus do conjunto, o segundo

distando R (raio da área de contacto) do primeiro, e assim sucessivamente até que o último

coincida com o eixo de simetria do conjunto.

A principal característica do método é admitir um pavimento com três camadas, onde a

camada de base tem rigidez suficiente para não sofrer ruptura por fadiga. Assim, é condição

essencial do método a adopção de material estabilizado com o módulo de elasticidade elevado

e uma deformação pequena na camada de base. O dimensionamento que se faz é a

determinação da espessura da base (H2), uma vez que a camada de revestimento (BB + areia)

é definida de antemão, sendo os demais parâmetros conhecidos. Considera-se um módulo

resiliente para a camada de revestimento de 3000 MPa.

São fornecidas quatro equações para rodado simples (uma roda) e rodado duplo (duas

rodas), onde as variáveis de resposta são a tensão máxima na fibra inferior da camada de base

e a deformação vertical no topo da fundação.

As variáveis de entrada das equações são:

Módulo de elasticidade da camada.

Espessura da camada – neste modelo somente é arbitrada a H2 da base, uma

vez que o sistema é de três camadas e é conhecido o H1.

Carga do pneu.

Pressão de contacto do pneu.

Page 55: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

45

Distância entre pneus (para a modelação de rodado duplo).

Para verificar se a espessura da camada de base calculada pela metodologia atende o

critério de ruptura pré-estabelecido para verificar a tensão máxima admissível na fibra inferior

da camada de base, o método recomenda utilizar as equações propostas por BALBO, (2003) –

Equação 3.6, para camadas de brita graduada tratada com cimento (AGEC), e por TRICHÊS,

(2003) – Equação 3.7, para camadas de betão compactadas com cilindro de rasto liso:

= 0,871 – 0,054 log N 3.6

Onde:

- Resistência à tracção por flexão da AGEC;

N - Número previsto de repetições de carga;

= 0,961 – 0,060 log N 3.7

Onde:

- Resistência à tracção por flexão do betão compactado com cilindro;

N - Número previsto de repetições de carga;

Para verificar se a espessura da camada de base calculada pela metodologia

apresentada atende o critério de ruptura pré-estabelecido para verificar a deformação vertical

no topo da fundação, o método recomenda utilizar as equações propostas pela Shell para

dimensionamento de pavimentos flexíveis, apresentadas por SHACKEL, (1990) – Equação 3.8,

ou a apresentada por KNAPTON, (1992) – Equação 3.9, utilizada no método inglês da British

Ports Association:

3.8

3.9

Onde:

- Deformação admissível no topo da fundação.

N - Número previsto de repetições de carga.

Page 56: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

46

3.5 Dimensionamento para tráfego ligeiro

Apesar de ser um dos segmentos com mais aplicação em todo o mundo, existe muito

pouco sobre o dimensionamento de PBB em zonas para tráfego ligeiro. Estas zonas são as

preferidas por arquitectos e paisagistas, que utilizam a potencialidade de formatos e cores que

este tipo de pavimento oferece. As áreas de tráfego ligeiro são, geralmente, estacionamentos,

pátios, calçadas, praças, ciclovias e ruas secundárias.

Os problemas que ocorrem nestes tipos de aplicação estão, na sua maioria,

associados a aspectos construtivos: deficiência de compactação da camada de base granular e

falta ou inadequado confinamento nos bordos.

COOK, (1996) propõe uma metodologia empírica para o dimensionamento dos

pavimentos de tráfego ligeiro, tendo por base experiências anteriores. Este autor classifica os

pavimentos para tráfego ligeiro em duas categorias:

A: tráfego de peões e veículos ligeiros.

B: tráfego de veículos ligeiros e poucos veículos pesados.

Em função da categoria da área a ser pavimentada, são propostos fluxogramas de

dimensionamento, descritos na Figura 3.4 para a categoria A, e na Figura 3.5 para a categoria

B.

COOK, (1996) indica que, na ausência de ensaios disponíveis do solo (o que muitas

vezes se verifica), deve-se realizar um teste prático, que é, caminhando sobre o solo da

fundação e verificar a presença das marcas dos passos no solo. A partir desta observação,

classifica-se a fundação conforme se mostra na Figura 3.4.

A Associação Espanhola de PBB [ADAH; 2004] propõe uma classificação de tráfegos

ligeiros em 5 categorias, conforme se mostra no Quadro 3.4.

Page 57: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

47

Quadro 3.4 - Categorias de tráfego para pavimentos [ADAH; 2004]

Categoria Tráfego de Projecto

(Veículos pesados por dia) Descrição

C0 50 a 150

Ruas ou artérias principais de elevado tráfego;

Paragem de autocarro; Estações de serviço,

paragens de autocarros, áreas de armazéns,

etc., que não ultrapassem 150 veículos

pesados por dia;

C1 25 a 49

Artérias principais ou estruturais com largura

>6 metros, que não cruzem estradas com

tráfego com superior a 49 veículos pesados

por dia;

C2 15 a 24

Ruas de grande actividade comercial; Ruas

com largura >6 metros e com serviço regular

de autocarros (mais de 1 autocarro/hora);

C3 5 a 14

Ruas comerciais com largura >6 metros e sem

serviço regular de autocarros urbanos (menos

de 1 autocarro/hora);

C4 0 a 4

Arruamentos exclusivamente residenciais com

edifícios já construídos e sem tráfego

comercial; Arruamentos com largura <6

metros, sem tráfego comercial; Parques de

veículos ligeiros; Zonas para peões, sem

acesso de veículos pesados;

Figura 3.4 - Fluxo de dimensionamento empírico para tráfego ligeiro – Peões e carros

ligeiros [COOK; 1996]

Page 58: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

48

Figura 3.5 - Fluxograma de dimensionamento empírico de PBB para tráfego ligeiro – veículos ligeiros e poucos veículos pesados [COOK; 1996]

Page 59: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

49

3.6 Considerações finais

Ao longo deste capítulo procedeu-se à descrição de alguns métodos de cálculo para

PBB e podemos concluir que a maioria dos métodos de dimensionamento dos PBB advém de

adaptações da metodologia de cálculo para pavimentos flexíveis, onde o conceito de camadas

equivalentes é utilizado. Duas importantes escolas mundiais, a Americana e a Britânica,

promovem actualmente esta metodologia. Nos Estados Unidos, a NCMA (National Concrete

Masonry Association), fez a adaptação do método de dimensionamento de pavimentos flexíveis

da AASHTO para utilização em PBB. Na Inglaterra, um processo semelhante foi implementado

para pavimentos rodoviários e, em separado, foram feitas adaptações específicas para o

dimensionamento de pavimentos de aeroportos. [CRUZ; 2003]

Page 60: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

50

4. Estudo e modelação de um pavimento experimental

4.1 Generalidades

Tendo em atenção os objectivos propostos no capítulo 1, a realização destes ensaios

experimentais, através do estudo do comportamento de um pavimento, em ensaios de carga,

surgiu como uma oportunidade para desenvolver o conhecimento estrutural da camada de

desgaste constituída por BB, que depois serão utilizados para a elaboração de um catálogo de

pavimentos.

Com este objectivo, procedeu-se à realização de ensaios no parque de estacionamento

do hospital da Força Aérea em Lisboa.

Após a exposição resumida do pavimento, efectuar-se-á uma descrição e posterior

apresentação dos resultados dos ensaios de carga realizados no pavimento. Efectua-se ainda

uma breve descrição do equipamento de ensaio utilizado.

Por último procede-se à modelação numérica do pavimento, utilizando como modelo de

cálculo o modelo de Burmister, que considera o pavimento como um conjunto de camadas

horizontais, contínuas e homogéneas, assente sobre um meio semi-infinito. Admite-se que os

materiais apresentam um comportamento elástico linear .

4.2 Descrição do Pavimento

O pavimento em estudo localiza-se no parque de estacionamento do Hospital militar da

Academia da Força Aérea, mais precisamente na Azinhaga dos Ulmeiros, Lumiar, Lisboa

(Figura 4.1).

Page 61: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

51

Figura 4.1 - Localização do pavimento em estudo [GOOGLE EARTH; 2008]

A Figura 4.2 mostra um esquema do pavimento em estudo. Este foi construído há cerca

de 10 anos e é constituído por três camadas: a camada de desgaste em blocos de betão

hexagonais vermelhos (Figura 4.3) com 5,5 cm, uma camada de base em pó de pedra com

cerca de 20 cm e a uma camada de sub-base com 20 cm em tout-venant, sendo que esta

última espessura pode variar em algumas zonas do parque de estacionamento.

Figura 4.2 - Esquema do pavimento em estudo

Figura 4.3 - Camada de desgaste em BB hexagonais

Page 62: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

52

Para o controlo da compactação determinou-se o teor em água, junto à camada de base.

Para tal recorreu-se a um gamadensímetro, da marca Troxler e modelo nº 3450 (Figura 4.4).

De acordo com o ensaio realizado, esta camada apresenta uma baridade seca in situ de 17,42

kN/m3, uma baridade húmida de 18,12 kN/m

3 e um teor em água in situ de 4%.

Figura 4.4 – Gamadensímetro da marca Troxler

4.3 Ensaios de carga no Pavimento

Com o objectivo de determinar as características mecânicas das várias camadas do

pavimento experimental, recorreu-se ao ensaio de carga não destrutivo com deflectómetro de

impacto. Este equipamento foi desenvolvido para estudar as deflexões de pavimentos sujeitos

a cargas dinâmicas que traduzissem a circulação dos veículos, em termos de velocidade.

No dia 24 de Julho de 2008 realizou-se uma campanha de ensaios, todos na camada

de desgaste, com um deflectómetro de impacto pesado, da marca “KUAB” (Figura 4.6) e

modelo Falling Weight Deflectometer (FWD), com uma placa de carga de 450 mm de diâmetro.

A sua constituição é apresentada na Figura 4.5.

Figura 4.5 - Elementos que constituem um FWD [FORTUNADO; 2006]

Page 63: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

53

Em cada ensaio, após o impacto inicial da primeira altura de queda cujo objectivo é

ajustar a placa à superfície do pavimento, procedeu-se a 3 impactos correspondentes a 3

escalões de carga dados no tempo por ordem crescente da força de impacto. As alturas de

queda foram definidas de forma a corresponderem aos valores aproximados das forças de

impacto que se indicam seguidamente: impacto da 2ª altura de queda para a força de pico de

40 kN; impacto da 3ª altura de queda para a força de pico de 100 kN; impacto da 4ª altura de

queda para a força de pico de 150 kN. [NEVES; 2001]

Figura 4.6 - Realização dos ensaios com o FWD

A força de pico imposta ao pavimento pode ser determinada através da Equação 4.1.

F = (2.m.g.h.k.)1/2

4.1

Onde:

F é a força de pico.

m é a massa que cai.

g é a aceleração da gravidade.

h é a altura de queda.

k é a constante de mola do sistema amortecedor.

Esta equação acima é obtida igualando-se a energia potencial da massa antes da sua

queda e o trabalho desenvolvido pelos amortecedores após a queda. [MÜLLER; 2005]

As deflexões do pavimento induzidas pela carga de impacto foram medidas em vários

pontos através de geofones apoiados na superfície do pavimento, cujas distâncias ao centro da

área carregada são (em cm): 0 (D0), -30 (D1), 30 (D2), 45 (D3), 60 (D4), 90 (D5), 120 (D6), 150

(D7), 180 (D8). [NEVES; 2001]

Page 64: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

54

No Quadro 4.1 apresentam-se os valores das deflexões normalizadas para as três forças

de pico medidas na camada de desgaste, bem como a sua análise estatística.

Quadro 4.1 – Deflexões normalizadas e análise estatística

Local (m) Força (kN)

Deflexões (µm)

D1 (cm) D0 (cm) D2 (cm) D3 (cm) D4 (cm) D5 (cm) D6 (cm) D7 (cm) D8 (cm)

-30 0 30 45 60 90 120 150 180

C.D. 40,00 125,89 382,74 102,54 64,97 44,67 19,29 9,14 5,08 4,06

C.D. 40,00 171,01 504,35 121,74 81,16 50,24 19,32 8,70 4,83 3,86

C.D. 40,00 203,64 579,74 130,91 90,39 55,06 20,78 9,35 5,19 5,19

C.D. 40,00 216,58 601,04 135,75 90,16 54,92 21,76 9,33 5,18 1,04

C.D. 40,00 238,71 638,71 151,61 95,70 59,14 21,51 9,68 5,38 4,30

Média 40,00 191,17 541,32 128,51 84,48 52,81 20,53 9,24 5,13 3,69

Mediana 40,00 203,64 579,74 130,91 90,16 54,92 20,78 9,33 5,18 4,06

Mínimo 40,00 125,89 382,74 102,54 64,97 44,67 19,29 8,70 4,83 1,04

Máximo 40,00 238,71 638,71 151,61 95,70 59,14 21,76 9,68 5,38 5,19

d.p. 0,00 43,96 101,29 18,11 12,09 5,53 1,18 0,36 0,20 1,57

N 5

Local (m) Força (kN)

Deflexões (µm)

D1 (cm) D0 (cm) D2 (cm) D3 (cm) D4 (cm) D5 (cm) D6 (cm) D7 (cm) D8 (cm)

-30 0 30 45 60 90 120 150 180

C.D. 100,00 527,41 1405,48 475,43 245,75 145,56 47,26 17,96 8,51 7,56

C.D. 100,00 537,74 1342,03 469,71 249,77 150,98 51,26 20,50 11,18 8,39

C.D. 100,00 600,00 1441,18 512,75 269,61 162,75 53,92 21,57 11,76 8,82

C.D. 100,00 622,81 1450,29 532,16 270,96 160,82 53,61 20,47 11,70 9,75

C.D. 100,00 673,49 1541,45 585,47 290,69 168,88 57,32 21,49 12,28 10,24

Média 100,00 592,29 1436,09 515,10 265,35 157,80 52,67 20,40 11,09 8,95

Mediana 100,00 600,00 1441,18 512,75 269,61 160,82 53,61 20,50 11,70 8,82

Mínimo 100,00 527,41 1342,03 469,71 245,75 145,56 47,26 17,96 8,51 7,56

Máximo 100,00 673,49 1541,45 585,47 290,69 168,88 57,32 21,57 12,28 10,24

d.p. 0,00 60,76 72,65 47,12 18,16 9,39 3,72 1,46 1,49 1,07

N 5

Local (m) Força (kN)

Deflexões (µm)

D1 (cm) D0 (cm) D2 (cm) D3 (cm) D4 (cm) D5 (cm) D6 (cm) D7 (cm) D8 (cm)

-30 0 30 45 60 90 120 150 180

C.D. 150,00 826,03 2240,75 807,53 387,33 229,11 71,92 23,63 12,33 12,33

C.D. 150,00 890,33 2190,61 824,11 400,49 240,71 79,89 31,53 16,82 13,67

C.D. 150,00 900,82 2128,00 826,70 402,54 238,85 79,27 31,91 17,50 14,41

C.D. 150,00 993,02 2263,78 908,16 433,14 257,90 85,97 34,17 19,84 15,43

C.D. 150,00 953,50 2141,96 881,12 415,38 245,45 81,82 32,52 18,88 14,69

Média 150,00 912,74 2193,02 849,52 407,78 242,40 79,77 30,75 17,07 14,10

Mediana 150,00 900,82 2190,61 826,70 402,54 240,71 79,89 31,91 17,50 14,41

Mínimo 150,00 826,03 2128,00 807,53 387,33 229,11 71,92 23,63 12,33 12,33

Máximo 150,00 993,02 2263,78 908,16 433,14 257,90 85,97 34,17 19,84 15,43

d.p. 0,00 63,78 59,43 42,91 17,32 10,51 5,11 4,11 2,90 1,18

N 5

Page 65: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

55

4.4 Análise dos Resultados de carga

Em seguida, procede-se à análise dos resultados dos ensaios de carga com o

deflectómetro de impacto, de forma a colocar em evidência os aspectos mais importantes do

comportamento estrutural do pavimento.

Estes aspectos serão tidos em conta na modelação numérica da resposta dos

pavimentos, para solicitações idênticas à dos ensaios de carga realizados, assunto este que

será abordado no subcapítulo seguinte.

Da análise estatística dos resultados das deflexões medidas com o FWD na camada de

desgaste podemos concluir que há uma boa homogeneidade do comportamento estrutural em

cada camada, com excepção de um ou outro resultado.

Ao passar de uma força de 40 kN para 100 kN (aumento de 150%) a deflexão média,

para D0=0 cm aumenta de 541,32 µm para 1436,09 µm (aumento de 165,3%). Agora ao

passar de uma força de 40 kN para 150 kN (aumento de 275%) a deflexão média aumenta de

541,32 µm para 2193,02 µm (aumento de 305,1%). Desta análise constata-se alguma

linearidade no comportamento do pavimento para as deflexões.

Na Figura 4.7 estão representados graficamente os valores das deflexões para valores

normalizados de 40kN, 100kN e 150kN. De referir que as linhas coloridas são os valores

médios para cada força de pico.

Figura 4.7 - Ensaio FWD (para valores normalizados de 40, 100 e 150 kN)

0

500

1000

1500

2000

-30 20 70 120 170

Defl

exõ

es m

éd

ias (

μm

)

Distância ao eixo (cm)

F=40 kN

F=100 kN

F=150 kN

Page 66: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

56

4.5 Modelação numérica do pavimento experimental

4.5.1 Modelos de comportamento dos materiais

Um elemento fundamental para a modelação da resposta de uma estrutura às acções a

que se encontra sujeita são as relações constitutivas de cada um dos materiais que a

constituem. Os solos e os materiais geralmente empregues em pavimentos podem dividir-se

em três grupos, do ponto de vista das respectivas relações tensões/deformações [ANTUNES;

1993]:

Os solos e materiais granulares não tratados, que exibem comportamentos não

lineares, ou seja, o seu módulo de deformabilidade depende do estado de

tensão; relativamente a este tipo de materiais, podem ainda considerar-se dois

tipos de comportamento distintos, caracterizados por diferentes tipos de relações

entre os módulos de deformabilidade e os estados de tensão, consoante se trate

de solos finos ou se trate de solos granulares e de materiais granulares britados;

para além da dependência relativamente ao estado de tensão, o comportamento

dos solos finos poderá ainda depender do tempo de actuação das cargas;

As misturas betuminosas, que exibem comportamentos visco-elásticos,

dependendo da temperatura e do tempo de actuação das solicitações;

As misturas com ligantes hidráulicos, que possuem comportamentos elástico-

lineares para os níveis de tensão a que são geralmente sujeitos num pavimento.

No entanto a generalidade dos modelos utilizados correntemente na análise estrutural de

pavimentos assenta na hipótese de que os materiais que constituem as camadas apresentam

um comportamento elástico-linear, o que se pode considerar válido para determinadas

condições (condições ambientais, velocidades de circulação, etc.).

No Quadro 4.2 apresentam-se as gamas de valores para os módulos de deformabilidade

dos vários materiais que são geralmente empregues em obras de pavimentação [DOMINGOS;

2007].

Page 67: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

57

Quadro 4.2 - Valores para os módulos de deformabilidade dos vários materiais empregues em pavimentos

Tipo de material Módulo de deformabilidade (MPa) Observações

Misturas betuminosas 3000 – 15000 -

Materiais granulares 50 – 1500 Materiais não ligados

Solos 5 – 300 -

Betão de cimento 30000 – 70000 Sem fendilhamento

Materiais tratados com cimento 1000 – 40000 Sem fendilhamento

BB 300 - 5000 -

No Quadro 4.3 encontra-se os valores típicos para o coeficiente de Poisson,

considerados para cada tipo de material. [DOMINGOS; 2007]

Quadro 4.4 - Valores típicos para o coeficiente de Poisson

Material Gama de valores Valor típico Observações

Misturas betuminosas 0,15 – 0,48 0,35 – 0,40

Depende da temperatura (valores

mais baixos correspondem a

temperaturas baixas)

Materiais granulares 0,10 – 0,50 0,35 -

Solos 0,10 – 0,50 0,35 0,30 – Solos não coesivos

0,50 – Solos coesivos

Betão de cimento 0,15 – 0,40 0,20 -

Materiais tratados

com cimento 0,10 – 0,35 0,25

Valores mais elevados

correspondem a materiais

fendilhados

4.5.2 Modelos de resposta

Os modelos de resposta consistem em idealizações do comportamento de uma estrutura

que permitem calcular a sua resposta às acções a que esta é sujeita. No caso dos pavimentos

rodoviários, tais modelos permitem, em geral, calcular tensões, deformações e deslocamentos

na estrutura do pavimento e respectiva fundação, induzidos pela passagem dos veículos.

Tendo em vista a análise estrutural de pavimentos, as cargas induzidas pelos rodados dos

veículos são geralmente idealizadas como um conjunto de cargas uniformemente distribuídas

em áreas circulares [ANTUNES; 1993].

Actualmente, um dos modelos de comportamento estrutural mais utilizado é o modelo de

Burmister, que assimila o pavimento e a fundação como um conjunto de várias camadas

Page 68: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

58

horizontais (sobrepostas), contínuas, homogéneas, isotrópicas e elásticas, assentes num meio

semi-infinito, em que na superfície actua uma carga vertical uniformemente distribuída numa

área circular de raio r (Figura 4.8). As camadas são consideradas como infinitas na direcção

horizontal, e a camada inferior como tendo uma espessura infinita. As superfícies planas que

separam as camadas são designadas de interfaces, sendo habitual considerar dois tipos de

interface: [NEVES; 2001]

Aderência perfeita entre camadas;

Deslizamento entre camadas (parcial ou total).

Figura 4.8 - Modelo de Burmister [NEVES; 2007 b]

No domínio da análise estrutural de pavimentos foram desenvolvidos vários programas

de cálculo automático baseados no modelo de Burmister. São exemplos o programa ELSYM5,

desenvolvido pela universidade de Berkeley (EUA), o programa ALIZE, desenvolvido no LCPC

(França), o programa BISAR, desenvolvido pela Shell, o programa CHEVIT, da companhia

Chevron, o programa CIRCLY desenvolvido pelo centro de investigação Commonwealth

(Austrália), o programa NOAH, e o programa VEROAD desenvolvido na universidade de Delft

(Holanda). Estes programas assimilam o pavimento a um conjunto de camadas sobrepostas e

carregado à superfície por cargas uniformemente distribuídas em áreas circulares, simulando

as rodas dos veículos. A aderência perfeita entre camadas é a condição mais comum, mas

também o escorregamento entre camadas é aceite pelos programas BISAR, CIRCLY e NOAH

[NEVES; 2001; DOMINGOS; 2007].

Contudo, a maioria dos modelos não permite a variação das propriedades da camada na

direcção horizontal, o que invalida a hipótese das camadas serem assimiladas a um meio

Page 69: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

59

contínuo, fazendo com que a resposta de um pavimento rígido, obtida com este modelo, na

vizinhança das descontinuidades deixe de ter significado. No caso dos pavimentos flexíveis,

este modelo de resposta não permite considerar variações das propriedades dos materiais

constituintes das camadas no plano horizontal, como acontece com camadas granulares em

que o módulo de deformabilidade varia em função do estado de tensão. [NEVES; 2001;

DOMINGOS; 2007]

4.6 Modelação do Comportamento nos Ensaios de Carga

A determinação das características mecânicas dos materiais que constituem as

diferentes camadas do pavimento foi feita com recurso ao programa de cálculo automático

BISAR. Através de várias iterações, variando o módulo de deformabilidade das camadas,

foram-se obtendo deslocamentos, até fazer convergir os deslocamentos verticais da superfície

do pavimento calculados, com os deslocamentos experimentais determinados através do

ensaio de carga FWD, para uma carga normalizada de 40 kN (Quadro 4.1).

Os parâmetros mecânicos dos materiais são fixados quando a média do erro de

convergência for inferior a ±15% e é dado pela expressão:

4.2

Sendo:

i – erro à distância i da origem (%).

exp,i – deslocamento vertical resultante do ensaio de carga FWD, à distância i da

origem (m).

cal,i – deslocamento vertical apresentado pelo programa de cálculo automático,

à distância i da origem (m).

No Quadro 4.5 são apresentados os dados e resultados relativos à primeira iteração

realizada, com o respectivo erro.

Page 70: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

60

Quadro 4.5 - Dados e resultados da 1ª iteração

DADOS

RESULTADOS

Camada E

(MPa)

Distância

(cm)

Deflexões

médias para

F=40kN (µm)

Deflexões

calculadas

(µm)

Erro

BB (5,5 cm) 1000 0,30

-30 1,912E+02 2,715E+02 42,02%

Base em Pó de Pedra (20 cm) 680 0,25

0 5,413E+02 4,047E+02 25,24%

Sub-base granular (20 cm) 120 0,35

30 1,285E+02 2,715E+02 111,27%

Solo de Fundação 120 0,35

45 8,448E+01 2,088E+02 147,17%

60 5,281E+01 1,647E+02 211,89%

90 2,053E+01 1,095E+02 433,32%

120 9,237E+00 7,968E+01 762,58%

150 5,132E+00 6,241E+01 1116,12%

180 3,692E+00 5,148E+01 1294,53%

Média 460,46%

No Quadro 4.6 apresentam-se os valores dos módulos de deformabilidade estimados

para as várias camadas do pavimento em estudo, de modo a que a deformada calculada fosse

o mais próximo possível da deformada medida in situ. Para uma melhor análise e com o intuito

de diminuir o erro médio adicionou-se duas camadas do solo de fundação.

Quadro 4.6 - Módulos de deformabilidade estimados para as várias camadas

DADOS

RESULTADOS

Camada E

(MPa)

Distância

(cm)

Deflexões

médias para

F=40kN (µm)

Deflexões

calculadas

(µm)

Erro

BB (5,5 cm) 1000 0,30

-30 1,912E+02 1,914E+02 0,12%

Base em Pó de Pedra (20 cm) 200 0,25

0 5,413E+02 5,649E+02 4,36%

Sub-base granular (20 cm) 400 0,35

30 1,285E+02 1,914E+02 48,94%

Solo de Fundação (100 cm) 200 0,35

45 8,448E+01 8,282E+01 1,96%

Solo de Fundação (100 cm) 1000 0,35

60 5,281E+01 4,981E+01 5,68%

Solo de Fundação 2000 0,35

90 2,053E+01 2,399E+01 16,84%

120 9,237E+00 1,188E+01 28,61%

150 5,132E+00 6,104E+00 18,94%

180 3,692E+00 3,397E+00 7,98%

Média 14,82%

De seguida são referidas algumas considerações que se tiveram em conta, para que os

valores estimados fossem os mais próximos da realidade. Assim,

Page 71: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

61

Teve-se muita atenção com a escolha do local da colocação da placa de carga e dos

geofones, uma vez que, se estes estivessem assentes sobre um BB solto, poderia

influenciar negativamente os resultados, aumentando significativamente a deflexão.

Não se colocou a placa de carga nem os geofones sobre as juntas dos BB, pois, caso

existisse uma pequena movimentação, o resultado do ensaio poderia ser adulterado.

Por último refere-se que os valores dos módulos de deformabilidade foram estimados

através de um FWD, por retroanálise, tendo, portanto, um grau de incerteza.

4.7 Considerações finais

Ao longo deste capítulo procedeu-se à descrição do trecho experimental, apresentou-se

as principais características dos materiais existentes nas camadas do pavimento, descreveu-se

a instrumentação dos pavimentos e os ensaios de carga realizados, analisando-se os

respectivos resultados.

Os ensaios de carga apresentados neste capítulo foram realizados com um

deflectómetro de impacto pesado (FWD), não só pelo facto deste existir no GEAFA, mas

também por este ser um equipamento para ensaios não destrutivos, que na actualidade,

melhor simulam as cargas geradas pelos veículos (valor de pico, tempo de carga). Por outro

lado, o procedimento de ensaio é relativamente simples, traduzindo-se numa maior rapidez de

execução quando comparado por exemplo com a viga Benkelman.

Com a modelação numérica do pavimento, cumpriu-se o objectivo principal pretendido,

que era o de determinar as características mecânicas na camada de BB. Conclui-se que o

módulo de deformabilidade cifra-se na ordem dos 1000MPa, valor que será usado no próximo

capítulo para a elaboração do catálogo de estruturas em PBB.

Page 72: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

62

5. Catálogo de pavimentos

5.1 Generalidades

O objectivo do presente capítulo é o de apoiar e orientar a concepção das estruturas de

PBB a adoptar na construção em Portugal.

Os materiais subjacentes à concepção e dimensionamento adoptados visam satisfazer

certos requisitos específicos deste tipo de estruturas, nomeadamente:

Oferecer aos utentes um nível de serviço adequado, permitindo que a circulação

se faça em condições de segurança, conforto e economia.

Corresponder às diferentes classes de tráfego e fundações.

Sistematizar, tanto quanto possível, as estruturas de PBB que têm vindo a ser

adoptadas em Portugal.

5.2 Classificação do Tráfego

Para a elaboração do catálogo de PBB o tráfego será classificado em 3 classes de

tráfego, tendo como base a classificação da Associação Espanhola de PBB [ADAH; 2004]:

Baixa, Média e Alta.

Para o dimensionamento dos PBB apenas será considerado o efeito do tráfego médio

diário anual de veículos pesados no ano de abertura, por sentido de circulação, na via mais

solicitada por esses veículos (TMDA)p e o seu valor deverá ser obtido a partir de um estudo de

tráfego.

Considera-se veiculo pesado aquele cujo peso bruto é igual ou superior a 3 tf, o que

inclui uma larga gama de veículos, compreendendo autocarros, camiões com ou sem reboque

ou semi-reboque.

O dimensionamento de um pavimento visa assegurar adequadas condições de

circulação do tráfego durante um dado período, que se designa por período de

dimensionamento, minimizando a necessidade de obras de conservação nesse período. Para

os PBB consideram-se períodos de dimensionamento de 20 anos.

Page 73: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

63

Para a avaliação da taxa de crescimento anual do tráfego pesado deve ser realizada

com base em estudo específico, onde sejam ponderados os diversos aspectos condicionantes

da sua evolução ao longo do período de dimensionamento. Visto não haver estudos

específicos para os PBB, será considerada uma taxa de crescimento de 1% para as classes de

tráfego baixa e média e 3% para a classe de tráfego alta.

Para exprimir o efeito de um dado número acumulado de passagens de veículos

pesados com características muito diversas faz-se a sua conversão em passagens

equivalentes de um eixo padrão, adoptando-se para tal, factores de agressividade, cujos

valores são definidos em função do manual de concepção de pavimentos para a rede

rodoviária nacional [JAE; 1995].

A avaliação da adequação das estruturas de PBB propostas, em termos de respectiva

capacidade de carga, foi definido um valor admissível para o número acumulado de eixos

padrão de 80 kN.

Tendo em conta os valores admitidos para a taxa média de crescimento anual e para o

factor de agressividade, o tráfego acumulado de eixos padrão durante o período de

dimensionamento, correspondente às três classes de tráfego é dado por:

N80dim

= 365 x (TMDA)p x C x α x p 5.1

Com: tp

1p

t)(1C 5.2

em que:

C é o factor de crescimento do tráfego.

t – taxa média de crescimento anual de tráfego pesado (%).

α - factor de agressividade do tráfego (α).

p – período de dimensionamento (anos).

(TMDA)p – tráfego médio diário anual de veículos pesados no ano de abertura,

por sentido e na via mais solicitada.

No Quadro 5.1 indicam-se as 3 classes de tráfego consideradas para o tráfego médio

diário anual de veículos pesados (em cada sentido e na via mais solicitada) no ano de abertura

(TMDA)p, a taxa de crescimento médio, factor de agressividade e N80dim

(20 anos).

Page 74: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

64

Quadro 5.1 – Elementos relativos ao tráfego

Classe (TMDA)p

Taxa de

crescimento

médio (%)

PBB

Factor de

agressividade (α)

N80 dim

(20 anos)

Baixa

T3

Parques de veículos ligeiros;

Zonas para peões; Ruas

comerciais com largura < 6 m;

< 15 1 2 2,4x105

Média

T2

Artérias principais ou estruturais

com largura >6 m, que não

cruzem estradas com tráfego com

superior a 49 veículos pesados

por dia;

15 – 49 1 2 7,9x105

Alta

T1

Ruas ou artérias principais de

elevado tráfego; Paragem de

autocarro; Estações de serviço,

paragens de autocarros, etc., que

não ultrapassem 150 veículos

pesados por dia;

49 – 150 3 2 2,9x106

(TMDA)p – tráfego médio diário anual de veículos pesados no ano de abertura, por sentido e na via mais solicitada.

N80 dim

– número acumulado de eixos padrão de 80 kN.

Quando os valores a considerar para o tráfego médio diário, a taxa de crescimento, o

factor de agressividade ou o período de dimensionamento forem diferentes dos adoptados no

Quadro 5.1, ou quando se pretenda efectuar uma construção faseada, os valores de tráfego

acumulado serão calculados de acordo com a metodologia adoptada.

5.3 Características dos Materiais

5.3.1 Fundação do pavimento

Recorrendo ao manual de concepção da JAE, (1995) considera-se para os pavimentos

em questão três classes de fundação do pavimento.

Crê-se por fundação do pavimento, para além da camada de leito do pavimento (a

superfície da camada de leito constitui a plataforma de apoio do pavimento), os terrenos

subjacentes que condicionam o seu comportamento. Para efeitos de dimensionamento devem

analisar-se as características dos terrenos até à profundidade de 1 metro.

Page 75: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

65

Serão então consideradas três classes de fundação do pavimento, tal como indicado

no Quadro 5.2. Para cada classe admitem-se valores para os módulos de deformabilidade da

fundação do pavimento.

Quadro 5.2 - Classes de Fundação [JAE; 1995]

Classe de fundação Módulo da fundação (MPa)

Classe de tráfego Gama Valor de cálculo

F1 30 a 50 30 T3; T2; T1

F2 51 a 80 60 T3; T2; T1

F3 > 80 100 T3; T2; T1

5.3.2 Materiais granulares

Incluem-se nesta designação os materiais naturais, britados ou tratados com cimento,

que serão empregues nas camadas de base e sub-base do catálogo.

O comportamento das camadas constituintes por materiais naturais ou britados

depende, entre outros factores, das suas características intrínsecas, designadamente:

Da natureza dos agregados (petografia, textura).

Da forma dos agregados (lamelação e alongamento).

Das propriedades físicas dos agregados (porosidade, dureza, resistência ao

desgaste, alterabilidade, etc.).

Da granulometria adoptada (em particular da percentagem de finos – material

passado no peneiro n.º 200 ASTM).

Da quantidade de elementos britados.

O comportamento mecânico das camadas, em particular o seu módulo de

deformabilidade, é ainda fortemente condicionado pelas condições de estado, nomeadamente:

A compacidade.

O teor em água.

O estado de tensão (função da estrutura de pavimento e das condições de

fundação).

Por vezes é necessário recorrer a tratamentos das camadas de base e sub-base

constituídas por agregados ou solos granulares com adequadas características

granulométricas e de homogeneidade, com ligantes hidráulicos, para melhorar as condições de

Page 76: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

66

apoio da camada de BB+areia. A aplicação em obra deste tipo de misturas pode ser realizada

utilizando cilindros compactadores ou através de agulhas vibradoras.

Para efeitos de dimensionamento de estruturas típicas de PBB, serão consideradas as

características mecânicas aproximadas para as camadas de base e sub-base, como se indica

no Quadro 5.3.

Quadro 5.3 - Características mecânicas adoptadas para os materiais [JAE; 1995]

Símbolo Designação

Módulo de

deformabilidade

(E)

Coeficiente de

Poisson ( )

BG material britado sem recomposição (tout-

venant) aplicado em camada de base

≈ 2 x E camada

inferior 0,35

SbG material britado sem recomposição (tout-

venant) aplicado em camada de sub-base

≈ 2 x E camada

inferior 0,35

AGEC agregado não recomposto em central

tratado com Cimento 15000 0,25

Sc solo-cimento fabricado em central 2000 0,35

5.3.3 Blocos de Betão

Nesta rubrica serão abordados os BB, a serem aplicados na camada de desgaste.

Considera-se que os BB juntamente com o colchão de areia funcionam como uma única

camada, de módulo de deformabilidade e coeficiente de Poisson constantes.

Supõe-se que os BB a serem utilizados em estradas e ruas terão uma espessura de 80

mm, sendo esta uma prática comum em Portugal. Os BB mais finos (55 e 60 mm) são usados

somente para passeios, pistas de bicicleta e parques de estacionamento para veículos ligeiros.

Uns blocos mais espessos (100 mm) são usados em quantidades pequenas e em casos

especiais (portos e aeroportos).

Os valores do módulo de deformabilidade, da camada BB+colchão de areia variam

muito consoante a referência, podendo variar entre 300 e 5000 MPa. Tal como já foi descrito

anteriormente o valor do módulo vai crescendo gradualmente com a passagem do tráfego, por

acção do travamento dos BB.

Page 77: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

67

Para o dimensionamento do catálogo será usado para o conjunto BB+ colchão de areia

um módulo de deformabilidade de 1000 MPa e coeficiente de Poisson, de 0,30. Estes valores

foram obtidos recorrendo a um caso prático abordado no capítulo anterior.

5.4 Critérios de Dimensionamento

5.4.1 Modelo do pavimento

O pavimento foi modelado, recorrendo mais uma vez ao programa BISAR, como sendo

uma estrutura de multi-camadas (Figura 5.1), com um eixo padrão de 80 kN, uma carga em

cada roda de 20 kN e 500 kPa de pressão de contacto como modelo base. Supôs-se que cada

camada é homogénea, elástica e isotrópica e é caracterizada por E – módulo de

deformabilidade e de ν – coeficiente de Poisson.

Figura 5.1 - Estrutura multi-camadas do pavimento assumida para análise

As estruturas típicas de PBB foram dimensionadas para três tipos de fundação e para

três tipos de tráfego.

5.4.2 Estados limites de ruína

Para os PBB há dois estados limites de ruína principais presentes, o fendilhamento por

fadiga (tensão horizontal de tracção) na base das misturas de materiais com ligantes

hidráulicos e as deformações permanentes (extensão vertical de compressão) no topo do solo

da fundação (Figura 5.2).

Page 78: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

68

Figura 5.2 - Estados limites de Ruína nos PBB [NEVES; 2007 a]

O estudo das deformações permanentes, que evoluem no tempo com a passagem do

tráfego e contribuem para o aumento das rodeiras foi feito com base na validação do critério

das deformações permanentes:

z,apl < z,adm 5.3

Em que z,apl é determinado através do programa BISAR e z,adm é obtido através da

seguinte equação da Shell:

z,adm = a N b

5.4

Em que:

z,apl – extensão de aplicação vertical de compressão no topo dos solos de

fundação.

z,adm – extensão admissível vertical de compressão no topo dos solos de

fundação.

N – número admissível de passagens do eixo padrão (80 kN).

a e b – parâmetros característicos dos materiais, em que a = 2,1 ou 1,8 (para

fiabilidade de 85 e 95% respectivamente) e b=-0,25.

Para o dimensionamento nas camadas com ligantes hidráulicos, admitiu-se que a

fadiga das misturas solicitadas à flexão pelos rodados dos veículos pesados se poderia

relacionar com a tensão máxima de tracção (σt), e terá de verificar a seguinte relação:

apl < adm 5.5

Page 79: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

69

Para o cálculo da tensão máxima de tracção admissível utiliza-se a expressão da JAE

apresentada no manual de concepção de pavimentos para a rede rodoviária nacional:

dim

80

r

t Nlogx a1σ

σ 5.6 [JAE; 1995]

Em que:

σt – valor máximo ds tensão de tracção induzida pelo eixo padrão.

σr – resistência à tracção em flexão (Rflexão).

N80dim

– número admissível de passagens do eixo padrão (80 kN).

a – constante, que depende da composição e propriedades da mistura, para a

qual se admitam valores de -0,06 a -0,1 (adoptou-se -0,08).

No caso de a resistência à tracção ser avaliada à tracção em ensaios de compressão

diametral, poderá admitir-se um factor de 1,5 para converter o valor obtido no que

previsivelmente seria obtido em ensaio de flexão, ou seja:

Rflexão ≈ 1,5 x Rcd 5.7 [JAE; 1995]

Em que:

Rf – resistência à tracção em flexão.

Rcd – resistência à tracção em compressão diamentral, em Rcd toma o valor de 1

MPa no caso de AGEC e 0,3 MPa no caso de Sc.

5.5 Proposta de estruturas tipo para PBB

No presente sub-capítulo propõe-se, em forma de catálogo, um conjunto de estruturas

tipo a adoptar na fase de estudo prévio para PBB.

A organização deste catálogo é feita tento por base os seguintes princípios:

Definição de estruturas tipo para PB, tendo por base a associação de diversos

tipos de materiais para as camadas constituintes.

Consideração das condições extremas mais desfavoráveis das classes de

tráfego e de fundação, para a determinação das espessuras propostas, pelo

que, em face das condições reais a definir em fase de projecto de execução, as

propostas deverão ser ajustadas.

Page 80: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

70

Variação das espessuras das camadas de base sub-base de acordo com a

classe de tráfego e fundação (T1, T2, T3, F1, F2 e F3).

A Figura 5.3 mostra, sob forma de catálogo as secções tipo propostas para os PBB.

Figura 5.3 - Secções tipo propostas

A título de exemplo, apresenta-se de seguida a verificação do dimensionamento da

secção tipo proposta com a classe de tráfego T2 e classe de fundação F1.

No Quadro 5.4 estão resumidos os valores obtidos para a caracterização do tráfego.

Quadro 5.4 - Características do tráfego

t (%) p (anos) C (TMDA)p

(veículos) N80dim

1,00% 2,00 20,00 1,10 49,00 7,9E+05

Page 81: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

71

Consequentemente, usando as equações apresentadas obteve-se os resultados

referentes à extensão vertical máxima admissível devido às deformações permanentes, que

são mostrados no Quadro 5.5.

Quadro 5.5 - Extensões verticais de compressão admissíveis no topo da fundação

Fiabilidade

85% 95%

z 7,05E-04 6,04E-04

O cálculo da tensão horizontal de tracção admissível na base da camada de solo-

cimento, é apresentado no Quadro 5.6.

Quadro 5.6 - Cálculo da tensão horizontal de tracção na base da camada de Sc

Rcd N80dim

r =1,5xRcd t (kPa)

0,3 7,88E+05 0,45 237,73

Através do programa BISAR obteve-se a extensão vertical de compressão e o valor da

tensão horizontal de tracção na base da camada de solo-cimento, verificando-se o correcto

dimensionamento:

z,apl = 243 x 10-6

< z,adm = 604 x 10-6

(verifica critério das deformações permanentes)

y,apl = 232,9 kPa < y,adm = 237,73 kPa (verifica critério da fadiga)

5.6 Considerações Finais

Como já foi dito, na elaboração do catálogo foram consideradas as condições mais

desfavoráveis de tráfego e de fundação. De referir mais uma vez que este catálogo não é

aplicável em fase de projecto de execução, pelas razões já enunciadas. Nesta fase serão

realizados os cálculos de verificação da capacidade de carga das estruturas projectadas, tendo

em atenção os estudos específicos realizados no seu âmbito, designadamente os estudos de

tráfego e o geológico e geotécnico. A verificação das estruturas apoiar-se-á, então:

No valor real do tráfego de dimensionamento.

Nas características mecânicas da fundação.

Page 82: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

72

Nas características mecânicas dos materiais de pavimentação, tendo em atenção

os materiais efectivamente disponíveis.

A experiencia recolhida da aplicação do presente catálogo, durante a construção do

PBB e após a entrada em serviço, permitirá o seu futuro ajustamento e a eventual inclusão de

outras soluções que a prática revele adequadas.

Considera-se, assim, importante que os vários utilizadores e os técnicos que

acompanham o projecto e a construção das obras desenvolvam uma atenta observação do

comportamento das estruturas, e procedam a recolha sistemática de elementos relativos ao

seu comportamento.

Page 83: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

73

6. Síntese e conclusões

6.1 Síntese do trabalho

No capítulo 1, referente às considerações iniciais, fez-se a apresentação e

enquadramento do tema e enunciou-se os objectivos da dissertação.

Nos Capítulos 2, pavimentos em blocos e 3, métodos de dimensionamento para

PBB foi feita uma síntese dos conhecimentos relativos à construção e dimensionamento dos

PBB, recorrendo a bibliografia nacional e estrangeira.

No capítulo 4, estudo e modelação de um pavimento experimental, com o intuito de

analisar e conhecer melhor estruturalmente a camada de desgaste de um PBB, realizou-se

ensaios de carga num pavimento experimental.

No capítulo 5, catálogo de pavimentos, apresentou-se um catálogo de estruturas típicas

de PBB, adequado à realidade nacional.

Por fim este capítulo 6, síntese e conclusões, refere-se, nomeadamente às principais

conclusões e às perspectivas de investigação futura.

6.2 Principais conclusões

Para além das conclusões que foram sendo referidas no final de cada capitulo,

apresenta-se em seguida uma síntese geral das principais conclusões, consideradas como as

mais importantes do trabalho realizado:

De todas as vantagens descritas e comentadas ao longo deste trabalho, deduz-se

rapidamente que o PBB é um pavimento idóneo, com potencialidades para ser usado

em variadas circunstâncias. Neste sentido, considera-se que há campos de aplicação,

nos quais os PBB podem ser a solução mais adequada, relativamente a outros

pavimentos, devido sobretudo à sua relação custo - rendimento, qualidades estéticas,

facilidade de construção e manutenção.

Indubitavelmente, pode-se afirmar que os PBB podem ser uma melhor escolha em

termos de custos mais baixos ou melhor comportamento quando:

Page 84: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

74

Vão suportar cargas elevadas concentradas em zonas de passagem de

equipamentos ou em zonas onde se prevêem cargas elevadas pontuais.

As intensidades de tráfego são elevadas.

O solo de fundação tem fraca capacidade de suporte.

O pavimento irá suportar variações de temperatura, derrames de carburantes e

onde se prevêem assentamentos locais do terreno.

O aspecto e as características estéticas do pavimento são uma das exigências

principais do projecto.

Necessidade de futuras intervenções em infra-estruturas enterradas, no caso de

pavimentos urbanos.

Em relação ao dimensionamento podemos concluir que a maioria dos métodos de

dimensionamento dos PBB deriva de adaptações da metodologia de cálculo utilizada

em pavimentos flexíveis, onde o conceito de camadas equivalentes é utilizado.

Da modelação numérica do pavimento experimental, concluí-se que o módulo de

deformabilidade dos BB pode ser estimado em 1000MPa. Foi este o utilizado na

análise estrutural das secções tipo propostas no catálogo de PBB apresentado neste

trabalho.

Para a elaboração do catálogo, foram consideradas as condições mais desfavoráveis

de tráfego e de fundação. O catálogo serve para apoiar a concepção de estruturas de

PBB a adoptar na construção de infra-estruturas novas.

6.3 Investigação futura

A presente dissertação não esgota, porém, a investigação no domínio dos PBB,

considerando-se que os seguintes tópicos podem ser objecto de investigação futura:

Realização de ensaios com FWD noutros trechos experimentais, caracterizados por

diferentes estruturas de pavimentos, condições de fundação (tipos de blocos e

camadas) e de solicitação de tráfego ou cargas.

Realização de ensaios com o FWD não só à superfície, mas nas várias camadas

subjacentes para melhor conhecimento das características de deformabilidade, não só

dos BB, mas também de outras camadas do pavimento.

Page 85: Concepção e Dimensionamento de Pavimentos em Blocos

75

Caracterização do estado híbrido nas camadas com materiais granulares, factor que

influência o comportamento do pavimento.

Utilização de outros meios de cálculo automático na análise estrutural, para além do

método tradicional de múltiplas camadas elásticas lineares, como por exemplo o

método dos elementos finitos, de forma a considerar características mais especificas

dos PBB (Exemplo: descontinuidades).

Construção de um catálogo para estruturas especiais, nomeadamente para aeroportos

e portos.

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