33
1 Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um estudo de caso Loide Reche Carascozo Hilka Pelizza Vier Machado RESUMO Este artigo apresenta uma reflexão sobre questões relacionadas à democratização em uma Escola Pública Estadual, bem como as possibilidades de ampliação da cidadania e da participação da comunidade escolar. A questão democrática encontra-se em estreita vinculação com o processo de descentralização. Tendo em vista a participação popular na gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas como referência de um ponto de inflexão e reforço das políticas públicas do Paraná, centradas na ampliação da cidadania ativa. As transformações ocorridas na sociedade e na escola nos últimos vinte anos, exigem formas democráticas de administração. A questão da democratização da gestão tornou-se formalmente uma determinação legal expressa em textos como a Constituição Federal de 1988, a Constituição estadual e, mais recentemente, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº9394/96, passando a incorporar a agenda de trabalho das Secretarias de Educação. Para que esse trabalho fosse realizado, foi utilizado o estudo de caso enquanto estratégia de pesquisa, como uma ferramenta complementar ao estudo qualitativo, a fim de obter mais informações sobre as realidades sociais e organizacionais que envolvem o contexto escolar. Procurou-se compreender o sentido da democracia, utilizado-se um questionário, que após distribuído aleatoriamente a professores, funcionários e pais de alunos, foi posteriormente recolhido e analisado, de acordo com os aspectos que permeiam as relações no interior das escolas, sua luta pela construção de colegiados com poder de deliberação e a participação dos pais, professores e demais funcionários como parceiros da escola no desenvolvimento educacional e em busca da democratização. Palavras Chave: Democratização. Gestão Democrática. Participação. Cidadania. INTRODUÇÃO Democracia refere-se à “forma de governo” ou a “governo da maioria”; então, torna-se claro, que as relações cotidianas no âmbito escolar devam explicitar esta linha de ação em que toda gestão pressupõe uma ação. Espera-se do gestor educacional atitude compromissada de construir, de fazer, sem ser autoritária, visto que a escola deve ser tida como um lugar privilegiado para a construção do conhecimento e como eixo base das relações humanas, viabilizando não só a produção de conhecimentos como também de atitudes necessárias à

Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

  • Upload
    vudien

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

1

Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um estudo de caso

Loide Reche Carascozo Hilka Pelizza Vier Machado

RESUMO

Este artigo apresenta uma reflexão sobre questões relacionadas à democratização em uma Escola Pública Estadual, bem como as possibilidades de ampliação da cidadania e da participação da comunidade escolar. A questão democrática encontra-se em estreita vinculação com o processo de descentralização. Tendo em vista a participação popular na gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas como referência de um ponto de inflexão e reforço das políticas públicas do Paraná, centradas na ampliação da cidadania ativa. As transformações ocorridas na sociedade e na escola nos últimos vinte anos, exigem formas democráticas de administração. A questão da democratização da gestão tornou-se formalmente uma determinação legal expressa em textos como a Constituição Federal de 1988, a Constituição estadual e, mais recentemente, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº9394/96, passando a incorporar a agenda de trabalho das Secretarias de Educação. Para que esse trabalho fosse realizado, foi utilizado o estudo de caso enquanto estratégia de pesquisa, como uma ferramenta complementar ao estudo qualitativo, a fim de obter mais informações sobre as realidades sociais e organizacionais que envolvem o contexto escolar. Procurou-se compreender o sentido da democracia, utilizado-se um questionário, que após distribuído aleatoriamente a professores, funcionários e pais de alunos, foi posteriormente recolhido e analisado, de acordo com os aspectos que permeiam as relações no interior das escolas, sua luta pela construção de colegiados com poder de deliberação e a participação dos pais, professores e demais funcionários como parceiros da escola no desenvolvimento educacional e em busca da democratização.

Palavras Chave: Democratização. Gestão Democrática. Participação. Cidadania.

INTRODUÇÃO

Democracia refere-se à “forma de governo” ou a “governo da maioria”; então, torna-se

claro, que as relações cotidianas no âmbito escolar devam explicitar esta linha de ação em que

toda gestão pressupõe uma ação. Espera-se do gestor educacional atitude compromissada de

construir, de fazer, sem ser autoritária, visto que a escola deve ser tida como um lugar

privilegiado para a construção do conhecimento e como eixo base das relações humanas,

viabilizando não só a produção de conhecimentos como também de atitudes necessárias à

Page 2: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

2

inserção neste novo mundo, com exigências cada vez maiores de cidadãos participativos e

criativos.

Administrar escolas é tarefa árdua. No entanto, ainda se encontra resquício do

autoritarismo, acompanhado por traumas antigos em que a sociedade se mostra fragilizada,

com medo, sem liberdade de se expressar e timidamente cedendo lugar às ideologias.

Percebe-se na gestão educacional, uma administração voltada para ações reprodutoras

de uma sociedade muitas vezes alienada e passiva, ditando regras e não estabelecendo uma

relação dialógica ideal com os envolvidos, estabelecendo meramente uma transmissão de

ordens, alegando na maioria das vezes o cumprimento de determinações que vem de cima,

não proporcionando assim, momentos para discussão.

Assim sendo, a escola, pelo que se observa, raramente é pautada pelo princípio de que

deva ser governada por interesses dos que estão envolvidos. Será que existe, de fato,

interesse maior pela gestão democrática? Qual seria então o papel da democracia na escola?

A participação na escola é muitas vezes, limitada, controlada e puramente formal. A

estrutura técnica se sobrepõe aos indivíduos envolvidos e o poder e a autoridade se instalam

de forma sutil, com obediência, dentro de uma perspectiva clássica de administração que

repudia a participação, o compartilhar idéias, a liberdade para expressar-se, a deliberação de

decisões e o respeito às iniciativas. A questão do controle ainda é muito forte, mesmo

sabendo que o poder e a autoridade são necessários em muitos momentos dentro de várias

organizações, intermediando e viabilizando ações criativas para melhoria, observa-se ainda

um controle rígido, um descompromisso e muito pouca participação da comunidade escolar

como um todo (professores, pais, funcionários, lideranças de bairro) no processo da gestão

escolar, causando assim automaticamente uma acomodação, em que as pessoas não se

mobilizam para nada e ficam alheias, esperando sempre serem orientadas ou então aceitando

passivamente tudo que venha das “autoridades competentes”, sem quer que seja, nenhum

questionamento crítico construtivo.

As atuais discussões sobre gestão escolar têm como dimensão e enfoque de atuação: a

mobilização, a organização e a articulação das condições materiais e humanas para garantir o

Page 3: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

3

avanço dos processos sócio-educacionais, priorizando o conhecimento e as relações internas e

externas da escola.

Sendo assim, o objetivo deste trabalho é o de buscar a compreensão do processo de

Gestão Democrática no cotidiano de uma Escola Pública do Ensino Fundamental.

Este artigo está distribuído em duas partes, sendo a primeira uma retrospectiva das

Constituições Brasileiras, no que diz respeito à democratização no Brasil, desde o domínio

Imperial, passando para Republicana, a partir da Constituição promulgada em 1891. A partir

de então, o Brasil passou por sete Constituições até chegar a atual, a oitava Constituição

Brasileira, promulgada em 05 de outubro de 1988, sofrendo várias alterações, sempre que

necessárias, através de emendas constitucionais de revisão, desde 1994 até a presente data.

A partir dessa análise, foi escrita a segunda parte, que vem a ser um estudo sobre a

escola no contexto democrático, com a finalidade de apontar elementos básicos da reflexão

que permitem examinar a democracia no limite, ao fim e ao cabo nas relações recíprocas, na

sua constituição, no seu desenvolvimento, nas suas tendências e possibilidades.

1. CONSIDERAÇÕES SOBRE DEMOCRACIA NO CONTEXTO HISTÓ RICO

BRASILEIRO

A primeira Constitução de que se tem conhecimento foi a outorgada por D. Pedro I,

após a dissolução da Assembléia Constituinte de 1823. Sua principal fonte foi a doutrina do

constitucionalista liberal-conservador francês Benjamin Constant de Rebecque. Previa, além

dos três poderes da doutrina clássica de Montesquieu, o poder moderador, concebido pelo

mencionado Benjamin Constant e atribuído ao Imperador como chefe supremo do

Estado brasileiro. Uma parte dos constituintes tinha orientação liberal-democrata: queriam

uma monarquia que respeitasse os direitos individuais, delimitando os poderes do Imperador,

a qual foi outorgada em 1824.

A abertura da Assembléia deu-se somente em 3 de maio de 1823, conforme comenta

Costa, (1979, p. 116):

Page 4: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

4

Durante as discussões da Constituinte ficou manifesta a intenção da maioria dos deputados de limitar o sentido do liberalismo e de distingui-lo das reivindicações democratizantes. Todos se diziam liberais, mas ao mesmo tempo se confessavam antidemocratas e antirevolucionários. As idéias revolucionárias provocavam desagrado entre os constituintes. A conciliação da liberdade com a ordem seria o preceito básico desses liberais, que se inspiravam em Benjamim Constant e Jean Baptiste Say. Em outras palavras: conciliar a liberdade com a ordem existente, isto é, manter a estrutura escravista de produção, cercear as pretensões democratizantes.

Para se ter conhecimento dessa primeira Constituição, no que diz respeito a

Democracia, observa-se no Título V, Seção II, o Art. 72, seguido dos parágrafos 2º conforme

descrito abaixo:

Art 72 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes: § 2º - Todos são iguais perante a lei.

Porém, a escravidão é mantida para assim manter a produção, cortando pela raiz as

pretensões de algumas classes e/ou raças consideradas inferiores. Ainda no mesmo artigo, nos

parágrafos 8º ao 10º, vê-se:

§ 8º - A todos é lícito associarem-se e reunirem-se livremente e sem armas; não podendo intervir a polícia senão para manter a ordem pública. § 9º - É permitido a quem quer que seja representar, mediante petição, aos Poderes Públicos, denunciar abusos das autoridades e promover a responsabilidade de culpados. § 10 - Em tempo de paz qualquer pessoa pode entrar no território nacional ou dele sair com a sua fortuna e bens, quando e como lhe convier, independentemente de passaporte.

Essa “liberdade” deu-se, porém de forma velada, pregando um tipo de liberdade e

agindo de outra forma, através de censuras, prisões e exílios, como se deu também nos

parágrafos 12 e 26 do mesmo artigo:

§ 12 - Em qualquer assunto é livre a manifestação de pensamento pela imprensa ou pela tribuna, sem dependência de censura, respondendo cada um pelos abusos que cometer nos casos e pela forma que a lei determinar. Não é permitido o anonimato. § 26 - Aos autores de obras literárias e artísticas é garantido o direito exclusivo de reproduzi-Ias, pela imprensa ou por qualquer outro processo mecânico. Os herdeiros dos autores gozarão desse direito pelo tempo que a lei determinar.

Page 5: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

5

A segunda Constituição, sendo a primeira Republicana, deu-se após um ano de

negociações, em 24 de fevereiro de 1891, seria decretada e promulgada pelo Congresso

Constituinte, mais uma Constituição, dessa vez, tendo sido convocado pelo governo

provisório da República recém-proclamada. Teve por principais fontes de influência as

Constituições dos Estados Unidos e da Argentina. Visando fundamentar juridicamente o novo

regime, a primeira constituição republicana do país foi redigida à semelhança dos princípios

fundamentais da carta norte-americana, embora os princípios liberais democráticos oriundos

daquela carta tivessem sido em grande parte suprimidos. (MELO; COSTA, 2007)

Segundo Melo e Costa (2007), isto ocorreu porque as pressões das oligarquias

latifundiárias, através de seus representantes, exerceram grande influência na redação do texto

desta constituição, propondo o estabelecimento de uma República federativa, com províncias

autônomas, centralizando o poder, advindo daqueles grupos regionais, à semelhança da forma

que agiam no extinto Império.

Após a derrota da Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo, foi redigida a

Constituição da República Nova, promulgada em 16 de julho de 1934 pela Assembléia

Nacional Constituinte, onde foi mantida a eleição para presidente da República. Eram

numerosos os representantes da classe média e dos trabalhadores na sua elaboração, por esse

motivo, introduziram artigos destinados a atender a interesses desses grupos sociais. Pela

primeira vez , houve um capítulo sobre a educação e a cultur, onde instituia o ensino primário

como gratuito e obrigatório. Ela foi a que menos durou em toda a História Brasileira: durante

apenas três anos, mas vigorou oficialmente apenas um ano, tendo sido suspensa pela Lei de

Segurança Nacional (PILETTI; PILETTI, 2007).

Em sua Declaração de Direitos, no Título III, e Dos Direitos e das Garantias

Individuais no Capítulo II, Art. 113, inciso 1, ela mais uma vez vem assegurar a democracia,

como segue:

Art 113 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à subsistência, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes: 1) Todos são iguais perante a lei. Não haverá privilégios, nem distinções, por motivo de nascimento, sexo, raça, profissões próprias ou dos pais, classe social, riqueza, crenças religiosas ou idéias políticas.

Page 6: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

6

Apesar dessa afirmação a respeito da democracia, restrições aparecem nos incisos 2, 9

e 12 do mesmo artigo, como se observa:

2) Ninguém será obrigado a fazer, ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei; 9) Em qualquer assunto é livre a manifestação do pensamento, sem dependência de censura, salvo quanto a espetáculos e diversões públicas, respondendo cada um pelos abusos que cometer, nos casos e pela forma que a lei determinar. Não é permitido anonimato. É segurado o direito de resposta. A publicação de livros e periódicos independe de licença do Poder Público. Não será, porém, tolerada propaganda, de guerra ou de processos violentos, para subverter a ordem política ou social. 12) É garantida a liberdade de associação para fins lícitos, nenhuma associação será compulsoriamente dissolvida senão por sentença judiciária.

Tendo reformado profundamente a organização da República Velha e realizado

mudanças progressistas, a Carta de 1934 foi inovadora mas durou pouco: em 1937, Getúlio

Vargas, com o apoio de setores militares, planejou um golpe de estado, onde, de acordo com

Piletti e Piletti (2007):

...um suposto plano comunista, chamado Plano Cohem, forjado pelo capitão Olímpio Mourão Filho e pelo general Góis Monteiro, pelo qual haveria greves, assassinatos de líderes políticos, incêncidios em igrejas, etc. Sob essa falsa ameaça, Getúlio conseguiu convencer as Forças Armadas que só um regime forte, ditatorial, poderia enfrentar a ameaça dos comunistas.

No geral, porém, não diferiu muito de sua antecessora, a Constituição de 1891, já que

manteve o Brasil como uma república democrática, liberal e federativa. Se teria sido boa para

os interesses da nação e funcional para o sistema político do País, isso só o tempo poderia

dizer e, para a Constituição de 1934, o tempo foi muito curto. Por isso, o teste de democracia

moderna no Brasil teria que aguardar até 1946, quando a outra constituição liberal-

democrática foi promulgada.

Em 10 de novembro de 1937, foi outorgada pelo então presidente Getúlio Vargas, uma

nova Constituição, no mesmo dia em que implanta a ditadura do Estado Novo. É a quarta

Constituição do Brasil e a terceira da República, de conteúdo pretensamente democrático. A

própria Constituição, em seu artigo 178, dissolveu a Câmara dos Deputados, o Senado

Federal, as Assembléias Legislativas dos estados e as Câmaras Municipais. Foi a primeira

republicana autoritária que o Brasil teve, atendendo a interesses de grupos políticos desejosos

Page 7: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

7

de um governo forte que beneficiasse os dominantes e mais alguns e que consolidasse o

domínio daqueles que se punham ao lado de Vargas (PILETTI; PILETTI, 2007).

A principal característica dessa Constituição era a enorme concentração de poderes

nas mãos do chefe do Executivo. Seu conteúdo era fortemente centralizador, ficando a cargo

do presidente da República a nomeação das autoridades estaduais, os interventores. Esses, por

sua vez, cabia nomear as autoridades municipais.

Com o fim do Estado Novo em outubro de 1945, foram realizadas eleições para

Presidencia da República, deputados federais e senadores, com a missão de compor uma

Assembléia Nacional Constituinte, encarregada de elaborar uma nova Constituição para o

país, que entrou em vigor a partir de 18 setembro de 1946, substituindo a Carta Magna de

1937. Cotrim (2000), assinala que esta era uma Constituição liberal que atendia mais aos

interesses dos grandes empresários do que das classes trabalhadoras. Cotrim (2000, p. 124)

A Constituição Brasileira de 1946, representou um avanço da democracia e das

liberdades individuais do cidadão, na medida em que se acrescenta as moderações quanto aos

preconceitos de raça ou de classe, como se pode observar no Título IV, Capítulo II, Artigo

141, parágrafo 5º, 11 e 12 a seguir:

Art 141 - A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, a segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes: § 5º - É livre a manifestação do pensamento, sem que dependa de censura, salvo quanto a espetáculos e diversões públicas, respondendo cada um, nos casos e na forma que a lei preceituar pelos abusos que cometer. Não é permitido o anonimato. É assegurado o direito de resposta. A publicação de livros e periódicos não dependerá de licença do Poder Público. Não será, porém, tolerada propaganda de guerra, de processos violentos para subverter a ordem política e social, ou de preconceitos de raça ou de classe. § 11 - Todos podem reunir-se, sem armas, não intervindo a polícia senão para assegurar a ordem pública. Com esse intuito, poderá a policia designar o local para a reunião, contanto que, assim procedendo, não a frustre ou impossibilite. § 12 - É garantida a liberdade de associação para fins lícitos. Nenhuma associação poderá ser compulsoriamente dissolvida senão em virtude de sentença judiciária.

Posteriormente, a Constituição de 1967 foi votada em 24 de janeiro de 1967 e entrou

em vigor no dia 15 de março de 1967, sendo a sexta do Brasil e a quinta da República. Foi

Page 8: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

8

elaborada pelo Congresso Nacional, buscando institucionalizar e legalizar o regime militar,

aumentando a influência do Poder Executivo sobre o Legislativo e Judiciário e criando desta

forma, uma hierarquia constitucional centralizadora. O texto da Constituição de 1967 foi

elaborado pelos juristas "de confiança" do regime militar, sob encomenda do governo de

Castello Branco. Com maioria no Congresso, o governo não teve dificuldades para aprovar a

nova Carta, em janeiro de 1967. Com ela, os militares institucionalizavam o regime militar,

que começara em 1964 com caráter transitório (SCHIMIDT, 2005).

Trinta anos depois do golpe do Estado Novo, o Brasil ganhou uma nova constituição.

No entanto, a Constituição de 1967 do Regime Militar foi alterada pela Emenda Nº 1 (1969),

onde os membros da ditadura queriam evitar a personalização do poder. Em 13 de dezembro

de 1968, Costa e Silva decretou o Ato Institucional nº5 (AI-5), que vem a ser uma espécie de

“lei” que da poderes totais ao general presidente, permitindo, entre outras coisas, que feche o

Congresso, casse mandatos e suspenda direitos políticos. Schimidt (2005) atribui aos

governos militares, completa liberdade de legislar em matéria política, eleitoral, econômica e

tributária. No período da abertura política, várias outras emendas preparam o restabelecimento

de liberdades e instituições democráticas. É considerada por alguns especialistas, como uma

emenda à constituição de 1967, uma nova Constituição de caráter outorgado.

Tendo os trabalhos iniciados em fevereiro de 1987, a oitava constituição brasileira é

promulgada durante o governo José Sarney, em 05 de outubro de 1988, tendo passado por

algumas alterações através das emendas constitucionais de revisão no ano de 1994, passando,

a partir de então por emendas constitucionais até a presente data. A partir dessa primeira data,

a Sociedade Civil passou a ter maior inserção na vida política, ganhando mobilidade e

participação junto às instituições públicas (PILETTI; PILETTI, 2007).

A carta de 1988 define maior liberdade e direitos ao cidadão, direitos estes reduzidos

durante o Regime Militar. Viabiliza a incorporação de emendas populares e mantém o status

do Estado como República Presidencialista. Foi decretada e promulgada pela Assembléia

Nacional Constituinte de 1987, dando forma ao regime político vigente, pois desde 1964

estava o Brasil sob o regime da ditadura militar, e desde 1967 sob uma Carta Magna imposta

pelo governo.

Page 9: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

9

Estabelece garantias individuais e sociais na emenda onde cita que “a prática do

racismo é crime inafiançável, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”.

Independentemente das controvérsias de cunho político, a Constituição Federal de 1988

continuou assegurando diversas garantias constitucionais, com o objetivo de dar maior

efetivade aos direitos fundamentais, permitindo a participação do Poder Judiciário sempre que

houver lesão ou ameaça de lesão a direitos (MELO; COSTA, 2007).

São garantias previstas pela CF/88: o mandado de injunção, habeas data (com a

finalidade de assegurar ao particular o acesso a informações que dizem respeito à pessoa do

impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de

caráter público ou correção destes dados, quando o particular não preferir fazer por processo

sigiloso, administrativo ou judicial) e ação popular; além dos já famosos habbeas corpus

(com a finalidade de assegurar a reparação ou prevenção do direito de ir e vir, constrangido

por ilegalidade ou por abuso de poder) e mandado de segurança (usado individualmente ou

coletivamente com a finalidade de proteger direito líquido e certo, não amparado por habbeas

corpus ou habbeas data) (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).

Para demonstrar a mudança que estava havendo no sistema governamental brasileiro,

que saíra de um regime autoritário recentemente, a Carta Magna de 1988 qualificou como

crimes inafiançáveis a tortura e as ações armadas contra o estado democrático e a ordem

constitucional, criando assim dispositivos constitucionais para bloquear golpes de quaisquer

natureza. Com a nova constituição, o direito maior de um cidadão que vive em democracia foi

conquistado: foi determinada a eleição direta do presidente da República, dos governadores

dos estados e do Distrito Federal e dos prefeitos, além de prever as responsabilidades fiscais.

A nova Constituição ampliou os poderes do Congresso Nacional, tornando o Brasil um país

mais democrático.

Pode-se observar na CF 1988, no Título I, Artigo 1º, em seus Incisos do I ao IV,

conforme consta:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana;

Page 10: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

10

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

Na forma da Lei, conforme os Artigos 3º, Inciso I, no Título II e 5º, Incisos IV, IX,

XVI, XVIII, asseguram a democratização:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

Após analisar o processo de descentralização do poder político e financeiro do Estado

Brasileiro promulgado pela Constituição de 1988, Souza (2001, p.1), afirma que:

A constituição de 1988 desenhou uma ordem institucional e federativa distinta da anterior. Voltada para a legitimação da democracia, os constituintes de 88 optaram por duas principais estratégias para construí-la: a abertura para a participação popular e societal e o compromisso com a descentralização tributária para estados e municípios.

Em virtude do grande impulso provocado pelas disposições da Constituição

democrática de 1988, o processo de amadurecimento da democracia ora em expansão na

sociedade brasileira tende a favorecer a atuação de órgãos de natureza "pluri-representativa" e

de atuação popular mais direta (LYRA, 1996, p. 17). Tais órgãos assumem o gozo da

capacidade de determinar, conduzir ou fiscalizar as políticas públicas eleitas e as demais

ações tomadas pela Administração Pública, a qual passa a ter um viés participativo que

aproxima o público do privado.

1.1 . O papel dos Conselhos Gestores

Page 11: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

11

Os conselhos gestores, introduzidos na Constituição Federal de 1988, permitem a

participação da sociedade civil nas discussões sobre o planejamento e na gestão das diversas

políticas estatais responsáveis pela promoção de direitos fundamentais centrados em

diferentes segmentos: saúde, educação, cultura, assistência social, habitação, dentre outros.

Essa descentralização administrativa passa a ser vista como resultado da implantação do

modelo democrático participativo. Tais "órgãos administrativos" permitem um co-

gerenciamento do patrimônio público e o encaminhamento de ações destinadas ao

atendimento do interesse coletivo.

A competência de cada conselho gestor reserva a tais órgãos a prerrogativa de intervir

na promoção, defesa e divulgação dos direitos e interesses coletivos voltados as suas áreas

específicas de atuação, de acordo com os moldes previstos na legislação que os constituiu.

Assim, os assuntos discutidos como pauta de agenda de um conselho devem ser todos

direcionados ou interligados à sua pertinência temática, conforme o setor público objeto de

seu funcionamento, não obstante a possibilidade de entrelace com outros conselhos no caso de

discussões de políticas pluri-setoriais.

O problema de paridade nos conselhos comporta sérias divergências. Lyra (1996, p.

29), destaca que alguns Procuradores da República sustentam a idéia de que, em todos os

colegiados que prevêem a participação da comunidade através de organizações

representativas, essa participação necessitaria garantir a tais organizações uma presença

paritária, sem o governo ter direito ao voto decisivo ou ao poder de homologação.

A importância da paridade está para se garantir o peso nas decisões nos próprios

conselhos, permitindo uma coexistência de titularidade entre o Executivo e a soberania

popular, através de sua participação mais direta. Isso é essencial para a efetivação da

democracia participativa, ou, melhor especificando, na perspectiva de co-gestão pública, para

se garantir a democracia administrativa através do controle popular.

Somente gozando de autonomia garantida pela paridade é que esse processo de

controle popular viabiliza a efetivação da transparência nos atos da Administração Pública, à

medida que contribui para a materialização de princípios constitucionais administrativos

arrolados no art. 37, caput, da Constituição Federal de 1988, principalmente no que tange aos

princípios da moralidade e da eficiência. RAICHELIS, (apud SOUTO; PAZ, 2003), comenta

Page 12: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

12

que "[...] o debate sobre os conselhos é de grande importância para a consolidação de

espaços públicos efetivamente democráticos e participativos.”

Em setores essenciais como a saúde e a educação, a existência de conselhos de

natureza deliberativa demonstra a oportunidade e também o dever da sociedade civil em

decidir, junto com o Poder Público, a gestão dessas áreas, elegendo quais são as prioridades

que devem ser atendidas. Além disso, fiscalizam e exigem transparência no manuseio das

despesas públicas e, por fim, sugerem a escolha de políticas públicas que atendam realmente

ao interesse público de determinada comunidade.

Não obstante a efetividade maior que conselhos de natureza deliberativa dispõem,

conclui-se que não se pode esquecer que os conselhos de caráter consultivo também se

revestem de prerrogativas importantes para a democracia participativa.

2. A ESCOLA PÚBLICA NO CONTEXTO DEMOCRÁTICO

A administração da escola pública brasileira tem-se caracterizado pela centralização,

verticalização e improvisação de ações que, ao longo da história, têm debilitado as escolas e

produzido o fracasso escolar, anulando, na prática, a universalização do acesso. Contudo, as

transformações ocorridas na sociedade e na escola nos 20 últimos anos, exigem formas

democráticas de administração. Assim, diante da necessidade de mudança na organização e

no funcionamento da escola, a questão da democratização da gestão tornou-se formalmente

uma determinação legal expressa em textos como a Constituição Federal de 1988, as

Constituições estaduais e, mais recentemente, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, passando a incorporar a agenda de trabalho das Secretarias de Educação.

No Título I, Artigo 1º da LDB nº 9394/96, cita: “A educação abrange os processos

formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas

instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e

nas manifestações culturais”

Ainda na mesma lei, no Título II, Artigo 2º, está escrito:

Page 13: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

13

A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Relaciona o conteúdo ao princípio da gestão democrática na LDB, à alternativas para

sua materialização no âmbito das unidades escolares na perspectiva de superação da rotina

que tem caracterizado os mecanismos de ação coletiva na escola, conforme cita o Artigo 3º,

nos itens I, II e II abaixo:

Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;

Discutem-se práticas de gerenciamento escolar no perfil das relações de uma

instituição educacional, considerando que estas relações refletem na prática docente, na

aprendizagem dos alunos e, conseqüentemente, na formação do homem do próximo milênio.

São abordados conceitos de extrema importância, tais como: gestão democrática, liderança,

autoridade, confiança, poder e competência, contrapondo-os a partir da contribuição das

várias teorias administrativas e dos teóricos da educação contemporânea com a finalidade de

formar uma organização do trabalho escolar com qualidade e, ao mesmo tempo, com caráter

participativo e representativo. Como um princípio para a construção da solidariedade humana,

é importante considerar a escola como uma unidade histórico-social formada por grupos

humanos intencionalmente constituídos. Pode-se ver claramente algumas dessas práticas

citadas na Lei de Diretrizes e Bases, nº 9394/96, nos seu artigo 3º, Incisos IV, V, VII ao XI a

seguir:

IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extra-escolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

Com a ampliação dos poderes do Congresso Nacional, permitiu-se a democratização

no interior das escolas, com eleições diretas para diretores, a criação das Associações de Pais

Page 14: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

14

e Mestres e Conselhos Escolares, como parte do processo democrático, mas criou também, a

responsabilidade na aplicação dos recursos financeiros descentralizados, como parte

integrante do Estado.

Sendo assim, deve-se observar o contido no artigo 37, Inciso II da Constituição

Federal vigente, onde estabelece que:

Art.37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: II – A investidura em cargos ou empregos público dependo de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas de títulos, de acordo com a natureza e a complexibilidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;

Ainda na Constituição Federal, em seu artigo 206, inciso VI, está garantida “gestão

democrática do ensino público, na forma da lei”.

Com a consolidação da Carta Magna de 1988, instituiu-se a descentralização política e

financeira, permitindo a descentralização no interior das escolas.

Dessa forma, no caso do Estado do Paraná contam os recursos destinados às escolas

oriundos de três fontes:

1. Recurso do Governo Federal através do Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE;

2. Recursos do Estado, como o Fundo Rotativo e o auxilio para a complementação da

merenda escolar; e,

3. Recursos Próprios, arrecadados pela APMF, através de contribuições comunitárias,

convênios e doações.

Esses documentos mostram que ao gestor escolar cabe observar as regras e critérios

relativos à captação dos recursos, utilização dos mesmos e prestação de contas. Além de ter

que gerir esses recursos de forma a garantir o bom desempenho de sua escola, o diretor deve

prestar muita atenção à correta aplicação e prestação de contas, pois é ela que garante que a

escola continue recebendo recursos.

A democratização das estruturas do poder escolar, vem permitir aos seus agentes a

formulação de políticas de interesses locais, estabelecendo um processo de diálogo com a

Page 15: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

15

comunidade, pois é de longa data que se ouve ser a escola pública de qualidade um direito de

todos e um dever do Estado.

A democracia, a liberdade e a autonomia plena, são um processo de conquista

conjunta da sociedade que se organiza e se insere. Ou seja, traz para a comunidade escolar, a

participação mais efetiva dos gestores, pais, alunos, professores e funcionários da escola,

trazendo maior inserção democrática na estrutura do poder escolar, à democratização do poder

de participação e decisão a toda a comunidade escolar.

Partindo do entendimento dessa realidade, pode-se vislumbrar que a participação dos

segmentos no processo de tomada de decisões articulados aos interesses da sociedade e no

funcionamento da organização escolar representativa é fundamental para uma gestão

democrática.

Nesse sentido, Paro (1996, p. 151) ressalta que:

A possibilidade de uma administração democrática no sentido de sua articulação, na forma e conteúdo, com os interesses da sociedade como um todo, tem a ver com os fins e a natureza da coisa administrada. No caso da Administração Escolar, sua especificidade deriva, pois: a) dos objetivos que se buscam alcançar com a escola; b) da natureza do processo que envolve essa busca. Esses dois aspectos não estão de modo nenhum desvinculados um do outro. A apropriação do saber e o desenvolvimento da consciência crítica, como objetivos de uma educação transformadora, determinam (...) a própria natureza peculiar do processo pedagógico escolar; ou seja, esse processo não se constitui em mera diferenciação do processo de produção material que tem lugar na empresa, mas deriva sua especificidade de objetivos (educacionais) peculiares, objetivos estes articulados com os interesses sociais mais amplos e que são, por isso, antagônicos aos objetivos de dominação subjacentes à atividade produtiva capitalista.

Nessa esfera educacional há, portanto, uma possibilidade do aluno construir uma

consciência crítica de sua realidade histórica, cuja natureza reside na articulação dos objetivos

educacionais propostos pela Escola com os interesses sociais, onde a educação constitui-se

como um agente transformador, o qual pode congregar princípios de emancipação do homem

frente à sociedade capitalista.

A tendência gerencialista, que adquire certas especificidades quando adotada em

instituições e serviços do Estado tem sido designada de nova gestão pública. Gestão esta com

Page 16: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

16

requintes de modelo empresarial, onde a escola se coloca a serviço da empresa, com metas a

cumprir, atendendo “clientela”, sendo o aluno na verdade, um mero número.

Assistiu-se na década de 90 a discursos, sugestões, propostas e reformas na área da

Gestão Escolar que visam apresentar novos modelos para aumentar a eficiência e a eficácia do

sistema de ensino, de maneira a superar as velhas concepções pautadas nas teorias

administrativas do início do século. Como menciona Oliveira (1997, p.90), são proposições

que convergem para novos modelos de organização do ensino público, calcados em formas

mais flexíveis, participativas e descentralizadas de administração dos recursos e das

responsabilidades.

Nesse novo ideário do Estado brasileiro, o setor de educação não poderia ficar imune.

A política educacional, notadamente a partir da década de 90, aponta para o

redimensionamento do sistema de ensino, através de novas formas de gerenciamento, com

vistas ao aumento de sua produtividade FRIGOTTO, 1985 (apud BUZZO, 2006)

Essas mudanças sugeridas, de fato, estão associadas aos processos de reestruturação

capitalista, deste final de século, que afetaram, diretamente, o papel do Estado em suas

funções e políticas públicas. Destaca-se nesse contexto, uma crise econômica que marca a

retenção dos gastos principalmente na área social.

No deslocamento de prioridades, o discurso passa a exigir reformas educacionais.

Nesse processo de reformas, muita ênfase vem sendo dada à criação e fortalecimento de

mecanismos de participação da comunidade no interior da escola. Divulga-se que as escolas

devem superar os problemas educacionais e administrativos, incluindo-se os financeiros,

encontrando novas fontes propulsoras do desenvolvimento na própria sociedade. Essas novas

formas de gerenciamento da escola pública visam a sua autonomia financeira, administrativa e

pedagógica, através de parcerias, de contratos ou de participação ativa da comunidade.

O respaldo para uma gestão democrática na escola pública – entendida como uma

abertura para a comunidade – também é assegurado, legalmente, na Carta Constitucional de

1998, “Gestão democrática do ensino público, na forma da lei”, através do Art. 206, Inciso

VI. É garantido, também, na LDB, Lei 9.394/96, nos Artigos 14 e 15, que destacam a

Page 17: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

17

autonomia institucional como importante forma de flexibilização da estrutura administrativa e

pedagógica. Em síntese, os documentos oficiais da atualidade apontam regularmente para a

necessidade de participação dos profissionais da educação e membros da comunidade tanto na

administração escolar como na elaboração do Projeto Político Pedagógico de cada instituição.

Utópico acreditar que a democratização da escola pública surgirá espontaneamente,

pois entende-se que para que isso aconteça, mecanismos de organização e conscientização

comunitária devem ser elaborados e acionados por aqueles que se propõem a repensar a

qualidade dos serviços prestados pelas escolas públicas brasileiras.

Cabe-nos ainda ressaltar o que menciona Müller (2000, p.47):

O termo "democracia" não deriva apenas etimologicamente de "povo". Estados democráticos chamam-se governos "do povo"; eles se justificam afirmando que em última instância o povo estaria "governando". Todas as razões do exercício democrático do poder e da violência, todas as críticas da democracia dependem desse ponto de partida.

O uso da autoridade dentro de uma gestão educacional, deve ter o cuidado de não se

estender a um modelo vertical, devendo essencialmente privilegiar as relações horizontais

entre seus integrantes, mediando as discussões, as trocas de idéias, legitimando assim,

verdadeiras ações democráticas.

2.1. Descentralização como caminho para a democratização na escola

A descentralização, como caminho para democratizar a educação formal, vem sendo

estimulada desde a década de oitenta, como mostram os planos educacionais gestados nesse

período (80/90), cujas metas visavam a perspectiva de melhorar a produtividade do sistema.

Meta essa, reconhecida pelos setores da sociedade, como caminho da implementação de

novas formas de gestão educacional, privilegiando o eixo da qualidade e modernização da

gestão, justificando-se pelo fato de ser a política educacional definida preferencialmente pelo

poder público, com o objetivo de produzir mais e melhor, com menor custo.

Durante as mudanças da política educacional brasileira, presencia-se o discurso da

maior participação da sociedade, inclusive com responsabilidade financeira. Além disso, o

Page 18: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

18

Estado passa a permitir e incentivar a coexistência de novas formas de gerenciamento escolar,

aparentemente mais democráticas.

Diante de todas estas colocações, percebe-se que uma escola organizada por todos que

nela atuam tem maiores chances de ser uma escola adequada aos interesses dos seus

organizadores. Também é notório que, trabalhar coletivamente é uma conquista muito difícil

de ser realizada. Dificuldades pessoais e institucionais sempre estarão presentes. Um dos

entraves no trabalho coletivo está no confronto de expectativas e desejos dos sujeitos

envolvidos, visto que a escola apresenta um papel social já definido – espaço de construção e

transmissão de cultura, onde seus sujeitos deixam de se perguntar que tipos de escola desejam

para si, seus alunos e filhos, uma vez que já têm implícito o desejo de se ter uma escola que

realmente pertença ao público; um lugar, onde nele todos trabalhem para a realização daquilo

que é de direito dos cidadãos, (VEIGA, 2004), de acordo com a legislação vigente, prevista na

Constituição Federal/88 e da LDBEN/96. Mas sobre a construção e transmissão de cultura

muito há por se dizer, desejar e esperar, principalmente no que diz respeito aos temas,

objetivos, métodos e recursos a serem assumidos, assim como os valores a serem cultivados e

praticados por toda a comunidade escolar.

Em conseqüência, a participação na gestão passou a referir-se a cada unidade escolar e

não ao universo muito mais amplo da política educacional. Todas as organizações mudam

quando surgem pressões externas, decorrentes da insatisfação dos habitantes de uma

localidade ou região com a atual gestão.

Entende-se democracia como um modo de vida onde todos os cidadãos, participantes

das tomadas de decisões que norteiam a sociedade em que vivem, têm direito de voz e de

voto, e acima de tudo, oportunidade de acesso aos bens da sociedade, sejam materiais ou

intelectuais. Deve, portanto, ser compreendida como o processo de aprender a pensar, onde só

será possível pela educação, e que sua contribuição certamente será necessária e única.

Nesse enfoque é que nos impõe a Gestão Democrática em princípio. Na realidade

dinâmica e complexa da atualidade, uma análise das idéias e valores, que determinadas

práticas educacionais assumem em relação à formação dos alunos.

Page 19: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

19

Ou seja, uma Gestão Democrática deve buscar meios de garantir o envolvimento da

comunidade no processo educativo, com todas as ações, habilidades, estratégias e limites que

a realidade complexa e contraditória demanda.

Sabendo dessa necessidade de se realizar uma gestão democrática baseada na

criação de meios institucionais que assegurem a participação na tomada de decisões, é preciso

envolver todos os funcionários das escolas, inclusive docentes, discentes e pais, resultando

como foco na maneira diferente de fazer a “educação”.

Uma alternativa de ação, a partir de um modelo próprio, tendo o coletivo como

alicerce para alcançar a excelência que a comunidade escolar pretende, de acordo com a

realidade vivenciada pela escola, consiste numa forma de Gestão Democrática. A participação

intensa e constante dos diferentes segmentos sociais nos processos decisórios, no compartilhar

das responsabilidades, na articulação de interesses, na transparência das ações, nos

compromissos sociais e controles coletivos, tem como resultado “compreender a

democratização em uma escola pública”.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Considerando que o objetivo deste projeto seja o de buscar a compreensão do processo

de Gestão Democrática por integrantes de uma Escola Pública do Ensino Fundamental, foi

escolhido o método qualitativo, pois considera a existência de uma relação dinâmica entre

mundo real e sujeito, visando maior profundidade na relação escola/comunidade,

“...apropriado aos tipos de pesquisa que focam em resultados, especialmente ao entender as

experiências de indivíduos e grupos de pessoas em contextos organizacionais” (CASSEL;

SYMON, 1994, apud GIMENEZ, 2001, p. 3).

Para que tal estudo pudesse ser realizado, foi escolhida uma escola pública de pequeno

porte, localizada na região noroeste do Estado do Paraná, a qual apresenta uma clientela

heterogênea, predominantemente de baixa renda.

A obtenção dos dados foi realizada por meio de um questionário aberto, composto por

duas questões: O que você entende por democratização na escola pública? e Qual a sua

Page 20: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

20

contribuição para que essa democratização aconteça? O mesmo foi distribuído à diretora, à

Orientadora Educacional, aos professores e a seis pais, escolhido aleatoriamente. Buscou-se

conhecer como os membros dessa comunidade escolar entendem a democratização e de que

maneira, com sua participação, contribuem para que ela ocorra em seu contexto educacional.

Apesar de limitado, conforme assinala Lijphat (1971) apud Gimenez (2001), o estudo de caso,

ao focar um único caso, este pode ser imensamente examinado, mesmo quando os recursos de

pesquisa à disposição do pesquisador dão relativamente limitados.

Todos que receberam o referido questionário se mostraram bastante receptivos e

prontos em colaborar, No total 23 (vinte e três) pessoas participaram da pesquisa, sendo: 01

(um) diretor, 01 (um) Coordenador Pedagógico, 12 (doze) professores, 01 (um) auxiliar

administrativo, 02 (dois) auxiliares de serviços gerais, e 06 (seis) mães e pais de alunos,

pertencentes à APMF e Conselho Escolar, tendo seus filhos regularmente matriculados na

escola. Das 23 (vinte e três) pessoas que receberam as questões, somente um professor se

absteve em responder.

O trabalho foi desenvolvido após ser procedida a elaboração de um plano detalhado

dos passos a serem seguidos, fazendo um levantamento da clientela a ser entrevistada, qual o

tipo de questionamento poderia ser feito para que atingisse toda essa clientela de maneira a

obter respostas de todos os segmentos, analisando dados vinculados ao processo de pesquisa

realizada para que se obtivesse sucesso. Este trabalho tem como foco não somente o “saber o

quê”, mas vai além ao considerar a questão associada ao “saber como” da democratização na

escola pública.

A escola analisada funciona atualmente com 06 (seis) turmas do ensino fundamental e

conta com 130 (cento e trinta) alunos regularmente matriculados no período matutino, tendo

uma sala de recursos que funciona no período vespertino, com 22 (vinte e dois) alunos, com

15 (quinze) professores, uma diretora, uma coordenadora pedagógica, uma secretária, no

corpo administrativo 03 (três) funcionários, sendo que 01 (um) como auxiliar administrativo e

outras 02 (duas) nos serviços gerais.

Considerando que as questões inseridas no questionário aplicado foram direcionadas

para se obter informações da compreensão de pais, professores e funcionários sobre a gestão

democrática e a participação dos mesmos no processo de ensino e aprendizagem na escola.

Page 21: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

21

Após solicitar autorização da direção, o mesmo foi aplicado aos participantes. A distribuição

dos questionários foi através de livre adesão e guardando o anonimato. Os dados foram

analisados em conjunto com as perguntas, buscando-se significados representativos das

percepções dos entrevistados, bem como o relacionamento existente entre pais e

professores/direção/coordenação, professores e alunos, procurando conhecer as suas

concepções sobre a democratização e formas de participação.

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A apresentação dos dados está dividida em três partes. Sendo que inicialmente foi feita

uma caracterização da escola, a seguir ao perfil dos entrevistados, e por último foi feita a

análise dos dados.

4.1. Caracterização da Escola

A escola em que foi realizada a pesquisa é uma Escola Estadual, fundada em 1972,

tendo aproximadamente 130 (cento e trinta) alunos regularmente matriculados no período

matutino, em 06 (seis) turmas, sendo 02 (duas) quintas-séries, 02 (duas) sextas séries, 01

(uma) sétima série e 01 (uma) oitava série e no período vespertino funciona uma sala de

recursos, com 22 (vinte e dois) alunos. O seu corpo docente é formado por 15 (quinze)

professores; atende uma diretora, uma coordenadora pedagógica, uma secretária; exercem o

corpo administrativo 03 (três) funcionários, sendo que 01 (um) como auxiliar administrativo e

outras 02 (duas) nos serviços gerais.

4.2. Perfil dos entrevistados

Quanto ao perfil dos entrevistados, pode-se observar que dum total de 23 (vinte e três),

17 (dezessete) são do sexo feminino 75% (setenta e cinco por cento) do total e 06 (seis)

homens, portanto, 25% (vinte e cinco por cento) do total, sendo que todos tem idade superior

a 35 (trinta e cinco) anos, e desse total, 06 (seis) pais e mães de alunos pertencentes a

Comunidade Escolar.

Page 22: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

22

Avaliando-se o grau de escolaridade dos entrevistados, pode-se observar que na sua

maioria, são pós-graduados, 48% (quarenta e oito por cento), 22% (vinte e dois por cento)

possuem o nível superior, 17% (dezessete por cento) concluíram o ensino médio e 13% (treze

por cento) tem apenas o ensino fundamental, sendo que alguns sem completar.

4.3. Análise dos dados

Após serem recolhidas as informações, a análise dos dados resultou em cinco

categorias explicativas da democratização na escola, sendo elas: Participação de todos;

Respeito às diversidades; Dimensão política; Liberdade de expressão – voto; e Manifestações

de não democratização, a seguir descritos:

a) Participação de todos:

Inicialmente, a democratização na escola foi interpretada como a escola em que todos

“devem ter” vez e voz, onde opiniões, sugestões, comentários, direito de cada pessoa

expresso através de sua opinião, buscando qualidade de ensino.

A participação foi enfatizada também quanto os pais, conforme retrata no questionário

em que responderam desejar estar presentes na vida escolar de seus filhos.

A interação da escola com a comunidade foi outra demonstração para a

democratização, que buscou o envolvimento coletivo da comunidade escolar, proporcionando

igualdade de oportunidades, juntamente com o comprometimento de todos.

Ao serem questionados, sugeriram estabelecer mecanismos que garantam a

participação de todos: professores, funcionários, alunos, pais e outros para que participem das

decisões do Conselho Escolar, onde acontece a tomada de atitudes coletivas para o bem

comum da escola.

Considerando que a escola esteja de portas abertas, dando acesso direto através das

instâncias colegiadas, como; APMF (Associação de Pais, Mestres e Funcionários da Escola),

Conselho Escolar, Grêmio Estudantil, etc., na tomada de decisões, através de uma

Page 23: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

23

participação efetiva. Deve-se ainda, buscar uma participação mais efetiva desses órgãos nas

tomadas de decisão, inclusive com sugestões, idéias, enriquecendo, assim, a comunidade

escolar.

Foi mencionado ainda o estímulo a ser dado aos membros do Conselho Escolar para

que estejam presentes e operantes, propondo e avaliando o Projeto Político Pedagógico da

escola, através de ações que garantam os direitos sociais, planejando, diagnosticando e

fixando diretrizes, objetivos e metas para um ensino de qualidade.

E concluindo este item, foi também ressaltada a importância e o esforço do professor

em juntar a teoria e a pesquisa à prática.

Nesse tópico pode-se observar que muitas das pessoas entrevistadas pensam em como

colaborar para que a democratização aconteça, buscando uma participação mais efetiva dos

envolvidos com o processo educacional.

b) Respeito às diversidades:

Dentro do respeito que deve ser dado às diversidades, foram citados alguns como: ser

dada a devida atenção às “múltiplas culturas” e ao “direito de cada cidadão expressar sua

opinião na escola”.

Foi ressaltado o fato de todos, na escola pública terem seus direitos garantidos,

respeitando o dos outros, onde sejam assegurados seus direitos, bem como exigido o

cumprimento dos deveres para com a comunidade, para o mundo que o cerca.

Ainda observando a visão dos entrevistados, pode-se sentir sua necessidade de estar

conscientizando professores, funcionários e pais para a realidade da transformação social,

questionando a realidade em que o aluno está inserido, bem como esclarecendo aos alunos

seus direitos e deveres dentro da sociedade. E para que tal prática seja efetivada, deve-se

conhecer a realidade atual dos educandos e indicar caminhos que levem à realidade desejada.

Page 24: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

24

Além dessa conscientização, falou-se também em apoiar e valorizar os alunos, bem

como repensar as práticas pedagógicas, a fim de viabilizar o direito de todos à educação, e

com isso, melhorar o processo ensino-aprendizagem, criando um espaço democrático e de

questionamento constante das desigualdades sociais que aos menos favorecidos são impostos,

garantindo o direito de todos sobre o que compete a cada um.

E por fim, foi enfatizado que deve-se estimular ações que garantam os direitos sociais,

planejando diagnosticando e fixando diretrizes, objetivos e metas para um ensino de

qualidade.

Neste item foi possível observar que os entrevistados mostraram-se preocupados em

trabalhar as desigualdades e buscar o respeito a elas, valorizando a todos e criando

oportunidades para que garantam os direitos sociais de todos.

c) Dimensão política:

Ainda interpretada como a escola em que todos “devem ter” vez e voz, onde opiniões,

sugestões, comentários buscando qualidade de ensino, sejam aceitos, estudados e analisados,

onde a construção deve ser participativa no Projeto Político Pedagógico da escola, como

processo coletivo da sociedade, interagindo com a comunidade a fim de que todos tomem

conhecimento do contexto da escola, tornando-a verdadeiramente pública, atingindo a todos,

havendo a expansão das oportunidades dos educadores, garantindo a todos seus direitos,

respeitando o dos outros, tornando comprometida a participação de todos os membros que

compõe a escola, ter como medida política e não uma simples questão técnica pedagógica,

para que sejam assegurados os direitos de todos, bem como exigido o cumprimento dos

deveres para com a comunidade, para o mundo que o cerca.

Além disso, foi proposto em alguns dos questionários que houvesse uma ruptura das

práticas autoritárias, hierárquicas e clientelísticas, tendo como marco inicial a eleição para

diretores, garantindo assim, o direito de todos sobre o que compete a cada um dos segmentos

de usar os mecanismos que garantam a participação de: professores, funcionários, alunos e

pais nas decisões do Conselho Escolar, onde acontece a tomada de atitudes coletivas para o

bem comum da escola.

Page 25: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

25

Dessa forma representar os reais interesses da comunidade escolar é um processo de

construção da autonomia, no sentido de reconhecer e resolver os seus problemas, tendo

cooperação das autoridades e comunidade, contribuir com a melhoria da qualidade de ensino,

num processo vinculado à expansão das oportunidades educacionais e consequentemente, as

condições estruturais de ensino-aprendizagem oferecidas no espaço escolar, deve ter como

finalidade conduzir uma educação que traspasse os muros escolares, proporcionando ao aluno

um instrumental teórico-prático que lhe permita compreender melhor sua vida em sociedade.

Alguns dos entrevistados vêem o Projeto Político Pedagógico da escola como um guia

das funções educativas com o objetivo maior no ensino-aprendizagem dos alunos.

Outras participações foram indicadas como importantes, tais como: “a

conscientização da realidade para transformação social, questionando a realidade em que o

aluno está inserido”, “o acesso direto através das instâncias colegiadas, como; APMF

(Associação de Pais, Mestres e Funcionários da Escola), Conselho Escolar, Grêmio

Estudantil, etc., na tomada de decisões, através de uma participação efetiva”, “o voto dando

idéias para o funcionamento escolar”, “estar promovendo discussões sobre vários assuntos

do cotidiano, tendo como foco os alunos e as atividades e debates em sala de aula”,

“participação no dia-a-dia na tomada de decisões da escola, através das instâncias

colegiadas e mesmo fora delas, criando um espaço democrático e de questionamento

constante das desigualdades sociais que aos menos favorecidos são impostos”, bem como

“estimulando ações que garantam os direitos sociais, planejando, diagnosticando e fixando

diretrizes, objetivos e metas para um ensino de qualidade”, como também “favorecendo a

liberdade de expressão dos alunos”.

Considerando o aluno como foco principal da escola pública, foi também considerado

importante o esclarecimento aos alunos de seus direitos e deveres dentro da sociedade, apóia-

los e valorizá-los levando os professores a repensar as práticas pedagógicas a fim de viabilizar

o direito à educação de todos, e com isso, melhorar o processo ensino-aprendizagem, a fim de

que possam refletir e analisar os conceitos básicos a serem trabalhados, procurando formar

cidadãos que sejam capazes de intervir no processo social do seu tempo, com autonomia e

consciência crítica.

Page 26: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

26

Ao diretor foi dada a incumbência de delegar trabalho aos funcionários para que eles

possam executar sua função com mais eficiência.

Após analisadas as questões, pode-se também observar a preocupação dos

entrevistados para que todos, Direção, professores, funcionários, alunos e pais, sejam atuantes

e participem ativamente do cotidiano escolar, dando opiniões, sugestões, fazendo comentários

que busquem a qualidade do ensino ofertada na rede pública estadual.

d) Liberdade de expressão - voto:

Mais uma vez, a importância de se ter “vez e voz”, onde opiniões, sugestões,

comentários buscando qualidade de ensino, sejam aceitos, estudados e analisados, foi citada,

pois considera-se importante que os pais estejam presentes na vida escolar dos alunos, onde se

tem como direito expressar sua opinião na escola, tendo como marco inicial a eleição para

diretores. “Liberdade de expressão – expressão de idéias e voto”.

A construção do Projeto Político Pedagógico da escola deve ser participativa, tendo

em vista que quando acontece uma interação entre a comunidade estudantil, envolvendo todos

os participantes com objetivos definidos, proporcionando igualdade de oportunidades, com a

participação comprometida de todos os membros que compõe a escola, há uma ruptura das

práticas autoritárias, hierárquicas e clientelísticas.

Estabelecer mecanismos que garantam a participação de todos: professores,

funcionários, alunos, pais e outros para que participem das decisões do Conselho Escolar, na

tomada de atitudes coletivas para o bem comum da escola, representa um processo de

construção da autonomia, no sentido de que essa autonomia reconheça e resolva por si os seus

problemas, tendo cooperação das autoridades e comunidade, procurando criar um espaço

democrático e de questionamento constante das desigualdades sociais que aos menos

favorecidos são impostos, opinando e participando de todas as atividades que envolva a

escola, procurando ouvir o que os alunos e os professores têm a dizer e pondo em prática os

conhecimentos adquiridos, trabalhando com atividades planejadas que possibilitem ao aluno

não apenas a leitura e a expressão oral ou escrita, mas também a reflexão sobre o uso da

Page 27: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

27

linguagem em diferentes situações e contextos, representando enfim, os reais interesses da

comunidade escolar.

Mais uma vez foi possível avaliar a preocupação dos entrevistados quanto a sua

participação efetiva na vida escolar, pois aqui também mostraram-se preocupados em garantir

a todos o direto a se expressar verbalmente diante das dificuldades encontradas e ao voto,

quando das eleições para diretores, pois assim estarão buscando respeito, valorizando a todos

e criando oportunidades para que garantam os direitos sociais de todos.

e) Manifestações de não democratização:

Dois dos entrevistados, manifestaram-se bastante revoltados com a crise pela qual a

educação está passando, afirmando ser dada muita liberdade aos alunos, que fazem e falam o

que querem, citando inclusive um exemplo de um aluno que respondeu a um dos

entrevistados, o qual lhe faltou com o respeito, ofendendo-o com palavras obscenas.

Ambos citaram que o professor é considerado como um escravo dos superiores, pois

suas opiniões não são respeitadas, e que a democratização existe apenas para o aluno.

Ao serem questionados, disseram que gostariam que houvesse respaldo por parte do

aluno, “porque democratização por parte do professor já existe, somos democráticos

demais”; mas o aluno deve ter sua liberdade “cortada ao meio” para que o professor possa

exercer sua atividade “sem que nos falte o respeito”.

Esses entrevistados tiveram, portanto, uma manifestação contrária a democratização

tendo como sua opinião de insatisfação, a excessiva liberdade aos alunos e a falta de respaldo

dos professores, tendo em vista que aos alunos são garantidas muitas liberdades, enquanto ao

professor, acaba sendo tolhido de sua função de educador para a vida, se detendo em apenas

educar para o entendimento aos livros.

Page 28: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

28

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Constituição Federal de 1988, além de reafirmar o modelo democrático

representativo concretizado pelo voto, garante aos indivíduos o exercício direto do poder, o

que indica mudanças na forma de execução das decisões do próprio Estado. A atual

compreensão de Administração Pública tem por base a participação popular nos processos

decisórios administrativos. Isso significa que os cidadãos deixam de ser enxergados como

simples administrados, ou meros porta-vozes de reivindicações de serviços ou atividades

administrativas, assumindo uma função mais integrativa.

Os cidadãos interessados podem participar na preparação da vontade administrativa,

devendo haver, também, a colaboração do administrado na preparação e na execução da

vontade administrativa, fiscalizando os atos públicos da administração para que não haja um

distanciamento do ideal de busca pelo interesse coletivo. Neste sentido, os conselhos gestores

se despontam como instrumentos de controle popular da Administração Pública.

Ao definir democratização como "a universalização de oportunidades" ou como "o

cultivo da liberdade do educando", não se marca apenas uma diferença conceitual no plano

teórico, mas sobretudo busca-se uma adesão às práticas sociais que se consideram mais

valorosas.

Por isso, salientou-se a relevância do processo de participação na discussão e

implantação da gestão democrática, acreditando-se, ainda, que o processo de tomada de

decisões no interior da escola não pode estar desvinculado da ação coletiva, democrática e

integrada envolvendo a participação direta na elaboração do Projeto Político Pedagógico, que

representa a espinha dorsal do fazer no cotidiano escolar.

A relação com a comunidade é um fato importante para o redimensionamento da

Gestão Escolar, ficando expressa nas respostas a participação dos professores, dos

funcionários, dos integrantes da APMF (Associação de Pais, Mestres e Funcionários), do

Conselho Escolar, que é formado por Professores, Funcionários, Alunos, Pais/Mães ou

Responsáveis, e dos demais pais, bem como dos alunos.

Page 29: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

29

Para tanto, é necessário que o gestor garanta a participação das comunidades interna e

externa, a fim de que assumam o papel de co-responsável na construção de um projeto

pedagógico que vise ensino de qualidade para a atual clientela da escola pública e para que

isso aconteça é preciso preparar um novo gestor, redefinindo seu perfil, desenvolvendo

características de coordenador, colaborador e de educador, para que consigamos implementar

um processo de planejamento participativo de representantes dos segmentos da comunidade

interna (diretor, vice-diretor, especialistas, professores, alunos e funcionários) e externa (pais,

órgãos/instituições, sociedade civil organizada, etc.), com um conselho não só consultivo,

como também deliberativo.

A questão do controle, do poder aprisionado nas mãos de diretores e superiores ainda é

prática constante. Administrar escolas é tarefa árdua, porém, dentro dos moldes do

autoritarismo, legitima-se então, traumas antigos em que a sociedade se mostra ainda

fragilizada, com medo de se expressar, cedendo lugar às ideologias.

Percebe-se na gestão educacional, uma administração voltada com ações na verdade,

reprodutoras de uma sociedade infelizmente alienada e passiva, ditando regras e não

estabelecendo uma relação dialógica ideal com os envolvidos, estabelecendo meramente

uma transmissão de ordens, alegando na maioria das vezes cumprirem determinações que

lhes vem de cima, não proporcionando assim, momentos para discussão.

A participação é muitas vezes, limitada, controlada e puramente formal. A estrutura

técnica se sobrepõe aos indivíduos envolvidos. O poder e a autoridade se instalam de forma

sutil, com obediência, dentro de uma perspectiva clássica de administração que repudia a

participação, o compartilhar idéias, a liberdade para expressar-se , a deliberação de decisões

e o respeito às iniciativas. A questão do controle ainda é muito forte e mesmo sabendo que o

poder e a autoridade são necessários em muitos momentos dentro de várias organizações,

intermediando e viabilizando ações criativas para melhora, observa-se ainda um controle

rígido, um descompromisso e muito pouca participação da comunidade escolar como um todo

(professores, pais, funcionários, lideranças de bairro) no processo da gestão escolar, causando

assim automaticamente uma acomodação, em que as pessoas não se mobilizam para nada e

ficam alheias, esperando sempre serem orientadas ou então aceitando passivamente tudo que

venha das “autoridades competentes”, sem quer que seja , nenhum questionamento crítico

construtivo.

Page 30: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

30

Quando abordados sobre a sua participação no questionamento sobre a

democratização, os entrevistados se mostraram bastante receptivos e prontos a colaborar,

entretanto em alguns momentos, deixaram transparecer um certo grau de insatisfação quanto à

sua responsabilidade pelo que fazem ou pelo que não conseguem fazer, em face das

dificuldades que relatam.

Pode-se deduzir da análise que, a gestão mostra-se ainda pouco explorada,

apresentando nuances de uma democratização onde as ações são aparentemente participativas

na facção do PPP (Projeto Político Pedagógico) e nas atividades do cotidiano escolar.

Nem sempre as mudanças na estrutura escolar são suficientes para corresponder às

exigências do contexto social. A mudança pretendida, no que se refere à democratização das

relações no interior da escola analisada, vem sendo trabalhada de forma coletiva, procurando

se efetivar, conforme entendimento e comprometimento dos integrantes da Comunidade

Escolar a que pertence, pois cabe a estes a implementação da mudança.

Pode ser observado que as políticas atuais demonstram que a escola deva possuir uma

nova dimensão, voltada à participação de toda a comunidade escolar, inserindo ali, não só a

direção, os professores e os funcionários, como também, pais e alunos integrantes das APMF

e Conselho Escolar e demais pais e alunos da escola, na construção de uma verdadeira gestão,

de modo a aproximar todos os segmentos das questões de real interesse, objetivando uma

maior integração.

Page 31: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

31

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Eder Marques de. Os conselhos gestores no controle popular das políticas

públicas, disponível no site em 09/11/2007:http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7691

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília:

Senado, 1988.

Brasil Império - 1824: Uma contituição Antidemocrática, disponível no site em 27/09/2007:

http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=2

BUZZO, Luzia. Gestão Democrática Escolar e a Participação do Conselho Escolar: uma

reflexão. Escola de Governo - Pós Graduação em Gestão de Políticas Públicas, turma I, 2006,

UEM: Maringá.

CASSEL, C.; SUMON, G. Qualitative, methods in organizational research – a practical

guide, 1994, Sage: London.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo:

Prentice Hall, 2002.

Concepção de Democratização disponível no site em 19/11/2007: http://www.scielo.br

/scielo.php?pid=S1517-97022004000200011&script=sci_arttext

Constituição Brasileira, disponível no site em 27/09/2007: http://br.geocities.com

/vinicrashbr/historia/brasil/constituicoesbrasileira.htm

Constituição de 1824, disponível no site em 14/10/2007: http://www.planalto.gov.br/ccivil

03/Constituicao/ Constituiçao24.htm

Constituição de 1891, disponível no site em 14/10/2007: http://www.planalto.gov.br/

ccivil03/Constituicao/Constituiçao91.htm

Page 32: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

32

Constituição de 1934, disponível no site em 14/10/2007: http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/Constituicao/Constituiçao34.htm

Constituição de 1937, disponível no site em 14/10/2007: http://www.planalto.gov.br/

ccivil03/Constituicao/Constituiçao37.htm

Constituição de 1946, disponível no site em 14/10/2007: http://www.planalto.gov.br/

ccivil03/Constituicao/Constituiçao46.htm

Constituição de 1967, disponível no site em 15/10/2007: http://www.planalto.gov.br/

ccivil03/Constituicao/Constituiçao67.htm

Constituição de 1988, disponível no site em 15/10/2007: http://www.planalto.gov.br/

ccivil03/Constituicao/Emendas/Emc_anterior1988/emc01- 9.htm

COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República: Momentos Decisivos. São Paulo:

Livraria Editora Ciências Humanas, 1979, pág.116, Segunda Edição.

COTRIM, Gilberto. Saber e fazer história. São Paulo: Saraiva, 2000, p 124 a 126.

CZERNISZ, Eliane Cleide da Silva. “Gestão Democrática” da Escola Pública: um

movimento de “abertura” da escola à participação da comunidade? Mestrado em Educação.

Junho de 1999, UEM: Maringá.

FERREIRA, Naura Syria Carapeto (org.). Gestão democrática da educação: atuais

tendências, novos desafios. São Paulo: Cortez Editora, 1998.

GADOTTI, Moacir. Gestão democrática e qualidade de ensino: Disponível no site:

http://www.paulofreire.org/Moacir_Gadotti/Artigos/Portugues/Curriculo/Gest_democ.pdf

Acessado em 08/11/2007

GIMENEZ, Fernando A. O estudo de caso como uma estratégia de pesquisa em estudos

organizacionais. Pós Graduação em Administração, 2001, UEM: Maringá.

Page 33: Concepções sobre a democratização na Escola Pública: Um ... · gestão pública e as transformações qualitativas resultantes das relações Estado/Sociedade Civil, consideradas

33

Lei 9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Casa Civil: 175º da Independência e 108º da

República. Sububchefia para Assuntos Jurídicos disponível em: http://www.planalto.gov.br/

ccivil03/leis/l9394.html

LYRA, Rubens Pinto. Conselhos de Direitos Humanos. In: LYRA, Rubens Pinto. (Org.) A

nova esfera pública da cidadania. João Pessoa: Edit. Universitária/UFPB, Parte I, p.15-55.

MELLO. Leonel Itaussu A.; COSTA, Luis César Amad. Construindo consciências:

história. São Paulo: Scipioni, 2007, p 49 – 50 e 220.

MÜLLER, Friedrich. Quem é o povo? A questão fundamental da democracia. Trad. Peter

Naumann. 2. ed. São Paulo: Max Limonad, 2000, p. 47

OLIVEIRA, Dalila. Educação e planejamento: a escola como núcleo de gestão. In:

OLIVEIRA, Dalila (org) Gestão democrática da educação. Vozes: Petrópolis, 1997.

PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. Ática: São Paulo, 2004, 3ª

ed..

PILETTI, Nelson & Claudino Piletti. História e vida integrada. São Paulo: Ática, 2007, p 74

– 207 a 208.

SAVIANI, Demerval. Escola e democracia. Autores Associados: Campinas, 36ª ed., 2003. p;

40 a 41; 66 a 79..

SCHIMIDT, Mario Eurley. Nova história crítica. Ática: São Paulo, 2005, p 274 a 276.

SOUZA, Silvana Aparecida de. Gestão escolar compartilhada: Democracia ou

descompromisso? Xamã Editora: São Paulo, 2001.