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8/3/2019 Condenados a crescer
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Condenados a crescer
Marcos Gouva de Souza ([email protected]), diretor geral
da GS&MD Gouva de Souza
A histria parece se repetir. No ltimo trimestre de 2008 o mundo
tambm vivia o agravamento da crise financeira que havia se
iniciado com os problemas do mercado imobilirio e que se
alastrou posteriormente para todo o sistema financeiro, quebrando
bancos e espalhando suas consequncias, sentidas at hoje, por
outros mercados.
Os pessimistas de planto, economistas e jornalistas, com raras e
honrosas excees, imediatamente sinalizaram as dramticas
repercusses que haveria imediatamente no Brasil. Uma busca
nos ttulos e nas matrias da poca vai mostrar quem foram os
arautos do caos naquele momento.Naquele momento a massa salarial continuava se expandindo, o
crdito ao consumo crescia e, de fato, o que se alterou foi a
confiana do consumidor, impactada pela dimenso dos
problemas que se aproximavam. Ao final do ano a massa salarial
havia crescido 6,9%, o PIB evoluiu 5,1%, o consumo das famlias
4,1% e as vendas do varejo 9,1%, apesar da perda de ritmo noltimo trimestre.
A ao do governo, com planos de estmulos e reduo de
impostos; e mais as empresas e entidades preocupadas com
essas perspectivas se mobilizaram para criar um quadro de
reverso desse comportamento, movimento que poca se
convencionou chamar de Marolinha, homenagem forma como
o presidente reagiu ao tsunami financeiro global.
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]8/3/2019 Condenados a crescer
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O consumo e as vendas andaram de lado, com menor
crescimento, at o primeiro trimestre de 2009. A partir da o ano
teve um excelente desempenho, tendo o varejo crescido 5,9%
sobre a expanso de 9,1% do ano anterior e, apesar do
crescimento negativo do PIB de 0,2%, com evoluo de 7% do
consumo das famlias naquele ano.
O fator mais relevante para esse soluo vivido pela economia e o
consumo foi a mudana da confiana do consumidor, abalada
durante a internalizao da crise global e que durou at o primeiro
semestre de 2009.
O quadro atual lembra demais esse perodo. A crise agora na
Europa e, mais do que os bancos, so os pases que enfrentam
os principais problemas. Espanha, Portugal, Grcia e Itlia, por
enquanto, tm que mostrar como iro pagar a conta dos
descontroles e de uma poltica social liberal e insustentvel.
E, evidentemente, o potencial risco de envolvimento global grande, porm menor do que quando o problema envolvia os
Estados Unidos, por ser a maior economia do mundo e aquela
com maior interconexo com outros pases.
Para compensar esse quadro, o fato de que a China assume um
papel cada vez mais decisivo no cenrio global. O potencial risco
para o Brasil existe e sempre existir, mas a realidade dosnegcios no mundo real mostra um cenrio absolutamente
distinto, ainda que com algum ajuste de curto prazo.
As vendas do varejo continuam se expandindo, apoiadas no
crescimento de consumo das famlias impulsionado pela
expanso de 6% da massa salarial, da oferta de crdito e do nvel
de emprego. Mais uma vez, a Confiana do Consumidor tem
papel decisivo e no perodo de agosto e setembro reduziu-se,
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induzindo os consumidores a uma postura mais cautelosa de
compras, em especial nos bens durveis, mais dependentes do
crdito de longo prazo. J a partir de outubro, parece se iniciar um
novo ciclo de melhoria do humor do mercado que pode sinalizar
boas vendas no perodo do Natal, mas que dever mostrar um
ndice de crescimento inferior mdia do ano, de 7% at
setembro.
Com a continuidade da expanso da massa salarial, pelo aumento
da renda real das famlias e do emprego, associada com a oferta
de crdito e a melhoria da confiana do consumidor, estamos
condenados a crescer (como disse um amigo recentemente)
tambm em 2012-2014, talvez em ndices inferiores ao passado
recente, mas positivos e relevantes em escala global.
Sem dvida esse crescimento no se far homogneo para todos
os setores econmicos, com claros problemas para alguns setores
industriais, nem em todas as regies brasileiras. Mas, aindaassim, desafiando o pessimismo de muitos, talvez at mesmo da
maioria, estamos condenados a crescer.