168
Confirmação da natureza de candidatas Herbig Ae/Be: comparação com a fase pós-ramo assintótico das gigantes Rodrigo Georgétti Vieira Orientadora: Profa. Dra. Jane C. Gregorio Hetem Dissertação apresentada ao Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo como  requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências. Área: Astronomia São Paulo 2007

Confirmação da natureza de candidatas Herbig Ae/Be · ... distribuição espacial e possível associação com complexos de formação estelar e ... Evolução da taxa de perda

  • Upload
    ledung

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • ConfirmaodanaturezadecandidatasHerbigAe/Be:

    comparaocomafasepsramoassintticodasgigantes

    RodrigoGeorgttiVieira

    Orientadora:Profa.Dra.JaneC.GregorioHetem

    Dissertao apresentada ao Instituto de Astronomia, Geofsica eCinciasAtmosfricasdaUniversidadedeSoPaulocomo requisitoparcialparaaobtenodottulodeMestreemCincias.rea:Astronomia

    SoPaulo

    2007

  • Vieira,RodrigoGeorgttiEstrelasdoPDScandidatasapsAGB/RodrigoGeorgttiVieiraSoPaulo2007151p.

    Dissertao(Mestrado)InstitutodeAstronomia,GeofsicaeCinciasAtmosfricas,2007.

    Orientador(a):Profa.Dra.JaneC.GregorioHetem

    1.EstrelaspsAGB.2.Estrelasdeprseqnciaprincipal.3.EnvoltrioscircunstelaresI.Ttulo.

  • Agradecimentos

    Euagradeo

    aoWiltonpeloscafseconselhosemumapocadifcil

    aoAdoportermemostradooprazerdeolharparaocu

    aosmeuspais,porsempreteremmeapoiadonocaminhoqueeuescolhi

    Jane,portodaatenoeportudoqueelameensinou(nosAstronomia)

    aosmeusamigos,velhosenovos,dequemeugostotantoequetantomeajudaram

  • Resumo

    Estetrabalhotemoobjetivodeestudaranaturezadeumaamostrade27objetosobservadosnoPico

    dosDiasSurvey(PDS),umabuscaporestrelasjovens.Ocritriodeseleoempregadonestabusca,baseado

    nascoresIRAS,levouobservaonosdeobjetosjovens,mastambmaestrelasemestgiosevolutivos

    maisavanados,almdeoutrosobjetosinteressantes.Oexcessodeemissonoinfravermelhodistanterevela

    umacaractersticadapoeiracontidanomaterialenvoltriodoobjetoquecomumtantoaestrelasembebidas

    denaturezajovemquantoaobjetosquejdeixaramaseqnciaprincipalesofremumprocessoseverode

    perdademassa.

    Desta forma, pretendeseexplorar aomximoospossveis indicadoresdoestgioevolutivodestes

    objetospresentesnaliteratura,taiscomoasfotometriasnafaixadoptico;infravermelhoprximo,mdioe

    distante; distribuioespacial epossvel associaocomcomplexosdeformaoestelarecaractersticas

    espectraisdisponveis.

    Outropassoimportantenadireodenossoobjetivoamodelizaodoenvoltriocircunstelarde

    poeiradestesobjetos,aexemplodeGauba&Parthasarathy(2004).Estemodelosergeradopelocdigo

    DUSTY(Ivezicetal.1999),quereproduzadistribuioespectraldeenergia(SED)emergentedoobjetoa

    partir dos clculos do transporte radiativo no ambiente deste envoltrio. Os parmetros de ajuste deste

    modelosoascaractersticasfsicasdoenvelope,taiscomoprofundidadeptica,perfilradialdedensidade,e

    temperaturanasuperfcieinternadoenvoltrio.

  • Abstract

    Thisworkaimstostudythenatureofasampleof27objectsobservedatthePicodosDiasSurvey

    (PDS),asearchforyoungstars.Theselectioncriteriaadoptedonthissearch,basedonIRAScolours,hasled

    usnotonlytothedetectionofyoungobjects,butalsoofstarsinmoreevolvedstagesofevolution,besides

    anotherinterestingobjects.Theexcessonthefarinfraredemissionrevealsafeatureofthedustpresentinthe

    stellarenvelopewichiscommontobothyoungstarsandobjectswhichhavealreadyleftthemainsequence

    andaresufferingaseveremasslossprocess.

    Inthismanner,weintendtoexploreallthepossibleindicatorsoftheevolutivestageoftheseobjects

    presentontheliterature,suchasphotometricdataintheoptical,photometryinthenear,mediumandfar

    infrared,spacialdistributionwithpossibleassociationtostarformingcomplexesandtheavailablespectral

    information.

    Anotherimportantsteptowardsouraimisthemodelingofthedustycircumstellarenvironmentof

    theseobjects.WewillconfrontthemodelsgeneratedbytheDUSTYcode(Ivezicetal.1999)withthoseby

    the two component code developed by GregorioHetem&Hetem (2002). Both of them reproduce the

    observed spectral energy distribution (SED) by computing the radiative transport in the modeled

    circumstellarstructure.Thefittingparametersofthesemodelswilldeterminethephysicalquantitieswich

    characterizetheenvelope,suchasopticaldepth,radialdensityprofileandtemperatureontheinnerboundary

    layeroftheenvelope.

  • Sumrio

    ListadeFigurasi

    ListadeTabelasvi

    ListadeAcrnimosix

    1Introduo1

    1.1AsestrelasdotipoHerbigAe/Be4

    1.1.1ClassificaodeacordocomadistribuiodeenergiadasHerbigAe/Be8

    1.1.2Propostadecenrioevolutivo14

    1.1.3ConsideraesfinaissobreasHerbigAe/Be17

    1.2AsestrelasnafasepsAGB18

    1.2.1Oramoassintticodasgigantes21

    1.2.2Afasedenebulosaplanetriajovem25

    1.2.3ClassificaodaspsAGBdeacordocomadistribuiodeenergia28

    1.2.4EstudodocenrioevolutivodaspsAGBnodiagramadecoresIRAS31

    1.3Identificaoatravsdascoresnoinfravermelho33

    2OPicodosDiasSurvey39

    2.1Objetivos40

    2.2Metodologia41

  • 2.3ResultadosobtidospeloPDS41

    2.4Adeteccodeestrelasjovensdemassaintermediria42

    2.5Henize3147543

    2.6Classificaosegundoadistribuioespectraldeenergia44

    2.7Critriosdeseleodaamostra47

    3Associaocomnuvensmoleculares49

    4Anlisedosdadosobservacionais63

    4.1Espectroscopiaefotometriapticas63

    4.2Espectroscopiainfravermelha66

    4.3Fotometriainfravermelha68

    4.4CorreodeExtino70

    4.5Classificaosegundoasdistribuiesespectraisdeenergia74

    4.6Diagramasdecores82

    4.6.1Coresnoptico82

    4.6.2Coresnoinfravermelhoprximo85

    4.6.3Coresnoinfravermelhomdioedistante87

    5ModelosdeEnvoltrios89

    5.1Ocdigodetransfernciaradiativa90

    5.2Modelodediscomaisenvoltrio94

    6Concluses105

    7Perspectivas109

    RefernciasBibliogrficas111

  • Apndices

    ApndiceA:ImagensIRASem100m119

    ApndiceB:EspectrosobtidospeloPDS131

    ApndiceC:Algoritmosgenticos149

  • ListadeFiguras

    1.1:PosiodaamostradeHillenbrandetal.(1992)nodiagramadecormagnitudeabsoluta.

    Alinhacheiarepresentaaidadezerodeseqnciaprincipal(ZAMS)calculadaporMorton&

    Adams(1968)eporBalona&Feast(1975).p.8

    1.2: SEDs tpicas dos grupos definidos por Hillenbrand et al. (1992). Os pontos cheios

    representamasobservaesterrestres,enquantoosvaziosrepresentamosfluxosIRAS.A

    linhacheiarepresentaaSEDdeumaestrelapadroapropriadaparacadatipoespectral.A

    linhapontilhadapresentenosexemplosdeSEDdoGrupoIrepresentamomelhorajustedo

    modelodediscoproposto(leidepotncia).p.10

    1.3: Excesso (V 12 m) em funo da temperatura efetiva da amostra estudada por

    Hillenbrandetal.(1992).AsestrelasBeclssicasforamextradasdacompilaodeCot&

    Waters(1987).p.12

    1.4:DistribuiodaamostradeMalfaitetal.(1998)nodiagramadecoresnoIRprximoeIR

    mdio. A linha tracejada representa a proposta de cenrio evolutivo apresentada naquele

    trabalho.Osnmerosreferemseaobjetosespecficosdaamostra.p.15

    1.5:CenrioevolutivopropostoporMalfaitetal.(1998)baseadonoperfildasSEDs.p.16

    1.6:Trajetriaevolutivadeumaestrelade2M demetalicidadesolar(linhavermelha).A

    linhaazulrepresentaaevoluodeumaestrelacomasmesmascaractersitcasquesofreum

    pulsotrmicofinalbastantetardio(evoluodotipo bornagain), deslocadade0,2nesta

    i

  • escaladetemperaturaede0,5nestaescaladeluminosidade.Osvaloresexpressosaoladode

    cadafaserepresentamologaritmodotempodesuaduraoaproximada(emanos). Esta

    figuraadaptadadoartigoderevisodeHerwig(2005).p.19

    1.7: Espectros ISO SWS e LWS combinados da amostra de Sylvester et al. (1999) e

    deslocadosnaordenadadeacordocomsuaprofundidadepticaem10 m.Esperaseque

    estasecorrelacionecomataxadeperdademassa,mostrandoportantoadependnciado

    perfilexibidopelosilicatocomofunodesta.p.23

    1.8:Evoluodataxadeperdademassaedadistribuiodeenergia,respectivamente,para

    umaestrelaAGBapsopulsotrmicofinal (Steffenet al. 1998). SoexibidasasSEDs

    relativasaosinstantesdetempoespecificadosnacurvaevolutivadaperdademassacomo

    tempo.Aslinhastracejadasrepresentamosespectrosintrsecosdaestrelacentral,paracada

    umadastemperaturasefetivasespecificadasnalegendadafigura.p.25

    1.9:SEDdeIC2448,umajovemPN.Alinhapontilhadarepresentaomodelodaemisso

    contnualigadolivreelivrelivre;atracejadacorrespondeaemissolivrelivreextrapolada

    dasmedidasemrdio;acurvadescontnuadaesquerdarepresentaaemissofotosfricaea

    pontotracejadadadireitaconstituiaemissodoenvoltrioremanescentedafaseAGB.Os

    vriospontosrepresentamobservaesfeitasdosoloetomadaspelosatliteIRAS(Zhang&

    Kwok1991).p.26

    1.10:ObjetospertencentesscategoriasdePPNpropostasporvanderVeenetal.(1989):(a)

    ClasseI: IRAS19386+0155; (b) ClasseII: IRAS19067+0811, (c)ClasseIII: IRAS17047

    5660.AdaptadodaFigura4devanderVeenetal.(1989).p.29

    1.11:SEDdafonteIRAS19386+0155,umapsAGB,representantedaClasseIpropostapor

    ii

  • van der Veen et al. (1989). As curvas tericas foram calculadas adotandose o modelo

    proposto por GregorioHetem&Hetem (2002), visando umestudo comparativo comas

    estrelasdenossaamostra.p.30

    1.12: Diagrama das cores IRAS [12][25] x [25][60]. A curva tracejada representa a

    seqnciaevolutivadosestrelasricasemoxignio,queocorredaesquerdaparaadireitado

    diagrama. A linha cheia mostra as cores associadas a um corpo negro, para vrias

    temperaturas.Asregiesenumeradasrepresentamolocustpicodecategoriasespecficasde

    objetos,especificadasnotexto.p.32

    1.13: Diagrama de cores no IR prximo da amostra de GarcaLario et al. (1997), sem

    correode extino. A linha cheia na regio I indica a posiocorrespondente MSe

    estrelasgigantes.AreaemdestaquecontidanaregioVreferentenebulabox,definida

    por Whitelock (1985). O vetor representa o deslocamento que uma extino de 10

    magnitudescausarianaposiodeumobjeto.p.35

    1.14:DiagramadascoresIRASdaamostradeGarcaLarioetal.(1997).Sobrepostasestoas

    regiestpicasdecadaclassedeobjeto,propostaspordiversosautores(descritasnotexto).A

    linhacheiarepresentaacurvacalculadaporBedijn(1987)associadaaumaevoluocom

    taxadeperdademassacrescente.p.38

    2.1: SEDs dos objetos R Cr A, HD144432 e Pictoris, tpicas dos Grupos 1, 2 e 3,

    respectivamente.EstaseparaoemgruposdefinidaporSartorietal.(2003).Ascurvas

    tericasforamcalculadasapartirdeummodelodeduplacomponentecircunstelar,descrito

    noCaptulo5.p.46

    iii

  • 3.1:Distribuiogalcticadasestrelasdaamostraedaposiocentraldasnuvensescuras

    maisprximasaestasestrelas.p.52

    3.2: Mapa de extino produzido por Dobashi et al. (2005). Em (a) exibido o mapa

    completoeem(b)temosrepresentadaemdetalhearegiocentraldaGalxia,ondehuma

    maiorconcentraodenossosobjetos.Sosobrepostosaosmapascontornosem0,5mage3

    mag,bemcomoasposiesdosobjetosdaamostra.p.5556

    3.3:Comportamentodaextino(grficosuperior)edamdiadofluxoIRASem100 m

    (grficoinferior),naregioprximadecadaobjeto,comrespeitoestimativadedistncia

    borda da nuvem (em escala logartmica valores negativos omitidos). Este fluxo est

    expressoemseusvaloreslogartmicos,afimdeestabelecermosumabasedecomparaocom

    amedidadeAv(dadaemmagnitudes).Asbarrasdeerroreferemseaodesviopadrodos

    valoresemumareadedeumgrauquadradoaoredordasposiesanalisadas(videtexto).

    p.59

    4.1:EspectrosISOSWSeLWScompostos,referentesscandidatasPDS141,465,518e581.

    p.67

    4.2:ComparaoentreasextinesobtidasdotabalhodeDobashietal.(2005)eaquelas

    estimadasapartirdoexcessodecor.Asbarrasdeerrorepresentamodesviopadronaregio

    de1grauquadradoaoredordecadaobjetonomapadeextinodeDobashietal.Alinha

    pontilhadaindicaolocusdecoincidnciaentreosdoismtodos.p.74

    4.3:Divisoemclassesdosobjetosdenossaamostrasegundoadistribuiodeenergia.

    iv

  • p.7679

    4.4:Distribuiodossubgrupospropostosnodiagramadecores(JK)x(K[12]).p.80

    4.5:Distribuiodosobjetosdenossaamostranodiagramadecores(BV)x(UB).Ospontos

    azuisrepresentamascorescorrigidascomoseoobjetofossedeclasseVdeluminosidadee

    ospontosvermelhossoascorescomcorreocompatvelcomaclasseIab.Temostambm

    representadasascurvasreferentessdistribuiestpicasdeestrelascomloggde2,3e4,

    obtidasdastabelasdeBesseletal.(1998).p.83

    4.6:DiagramadascoresHKxJH(nocorrigidasdaextino),noIRprximo.Asregies

    representadas so as propostas pelo trabalho de GarcaLario et al. (1997), descritas no

    Captulo1.p.86

    4.7:DistribuiodosobjetosdenossaamostranodiagramadecoresIRAS.Asregiesem

    destaquereferemseslocalizaestpicasdevariveisOH/IR(OH/IR),estrelasTTeHAB

    (YSO),regiesdeHIIcompactas(HII)encleosativosdegalxias(AGN).Acurvaempreto

    representaatrajetriaevolutivadasestrelasOH/IR,queseguidadeumacrescentetaxade

    perdademassa(videSeo1.3).p.87

    5.1:AjustedaSEDdePDS518geradapelocdigoDUSTYdetransfernciaradiativa.Alm

    daemissoestelar,propeseaexistnciadeduascomponentescircunstelares.p.93

    5.2:RepresentaoesquemticadomodelodecomponentesdeGH02,comaespecificao

    deseusparmetrosgeomtricos.p.97

    5.3:AjustesdasSEDsdaamostraobtidosatravsdomodelodeGH02.p.98101

    v

  • 5.4:Comportamentodaemissodecu(normalizada)obtidaapartirdasimagensIRASem

    100meafraodofluxodoenvelopecomrelaoaofluxototalFe,obtidoatravsdoajuste

    domodelodeGH02. Alinhapontilhadarepresentao locus ondeasgrandezasestudadas

    seriamperfeitamentecorrelacionadas.p.102

    vi

  • ListadeTabelas

    2.1:ObjetosdoPDSselecionadoscomocandidatosapsAGB.p.47

    3.1:Posiesgalcticasdosobjetosdenossaamostraedasnuvensmaisprximasextradas

    dos catlogos de Lynds (1962) e deFeitzinger &Stwe(1984). As trs ltimas colunas

    referemserespectivamentereadanuvem(dadaemgrausquadrados),distnciaobjeto

    centrodanuvemedistnciaobjetobordadanuvem(dadasemgraus).p.51

    3.2:AprimeiracolunarefereseaoidentificadorPDSdecadaobjetodaamostra;asegunda

    colunaadistnciafotomtricacalculadaporVieiraetal.(2003),dadaemparsecs;aterceira

    eaquartacolunareferemse,respectivamente,sdistncias(empc)eaosnomesdasSFR

    possivelmente associadas a cada objeto, compilados tambmpor Vieira et al. (2003). A

    quintacolunaexibeaextinonaposiodecadaobjeto,sendoasextacolunaodesvio

    padroassociadoaestevalor;astimacolunarepresentaamdiadofluxoporrea(MJy/sr)

    emumquadradode1ox1o,navizinhanamaisprximadecadaobjetodaamostracontido

    nas imagens IRAS em 100 m, sendo os respectivos desvios padres desta mdia

    representadosnaltimacoluna.p.57

    4.1:DadosdoPDSextradosdotrabalhodeVieiraetal.(2003).Aprimeiracolunareferese

    identificaodoPDS,dasegundasextacolunasoapresentadasasfotometriasUBV(RI)C

    observadas, a stima coluna referese ao tipo espectral (Sp. Type) estimado, a oitava a

    temperaturaefetiva(Tef)correspondentesegundootrabalhodeKenyon&Hartmann(1995)e

    vii

  • altimacolunaindicaapresenadaslinhasproibidas(F.L.)de[OI]ede[SII].p.65

    4.2:Dadosfotomtricosdisponveisnaliteratura.J,HeKreferemsesfotometrias2MASS,

    a quinta e a sextacoluna indicamos fluxos MSXencontradospara as estrelasdenossa

    amostraeasquatroltimascolunasrepresentamosfluxosmedidospelosatliteIRAS.Os

    valoresdefluxosodadosemJy.p.70

    4.3:Dadosreferentescorreodeextino,compatveiscomasclassesdeluminosidadeV

    (MS)eIab(supergigante). Ovaloresdeloggforamextradosdas tabelasdeStraisys&

    Kuriliene(1981)eascoresintrnsecas(VI)0foramobtidasdastabelasdeBesseletal.(1998).

    AsextinesAvcalculadasapartir destesdadossoexpressasparaambasasclassesde

    luminosidade.p.73

    5.1:ParmetrosestelaresobtidosatravsdoajustedasSEDs,comomodelodeGH02.Vejao

    textoparaumadescriomaisdetalhadadosparmetrosestimadospelomodelo.p.96

    6.1:Objetosdaamostraquesedestacaramemcadaumadasanlisesdesenvolvidas.Aqueles

    marcados em Av e F100 m correspondem aos menores valores observados para estas

    grandezas.OsdestacadosnacolunaGH02semostraramcompatveiscomumaestrutura

    circunstelardeumanicacomponente,segundoosresultadosobtidosapartirdoajustedeste

    modelo.Aslinhasquepossuemumacormaisforteressaltamosobjetosquesedestacaram

    emmaisdeumdosestudosrealizados.p.106

    viii

  • ListadeAcrnimos

    2MASS:TwoMicronAllSkySurvey

    AGB:ramoassintticodasgigantes

    AGN:ncleodegalxiaativo

    BB:corponegro

    CIO:CatlogodeObservaesInfravermelhas

    CSM:meiocircunstelar

    DSS:DigitalSkySurvey

    DUPLEX:DUstProminentLongitudinallyEXtended

    EAGB:earlyAGB

    GH02:GregorioHetem&Hetem(2002)

    gof:goodnessoffit

    GSC:GuideStarCatalog

    HAB:HerbigAe/Be

    HR:HertzprungRussel

    IR:infravermelho

    ix

  • IRAF:ImageReductionandAnalysisFacility

    IRAS:InfraredAstronomicalSatellite

    ISM:meiointerestelar

    ISO:InfraredSpaceObservatory

    LRS:espectro(IRAS)debaixaresoluo

    LWS:LongWaveSpectrometer

    MS:seqnciaprincipal

    MSX:MidcourseSpaceExperiment

    NOAO:NationalOpticalAstronomyObservatories

    OPD:ObservatriodoPicodosDias

    PAH:hidrocarbonetopolicclicoaromtico

    PDS:PicodosDiasSurvey

    PMS:prseqnciaprincipal

    PPN:protonebulosaplanetria

    PPN1:IRAS19386+0155

    PSC:catlogodefontespuntuais

    Sc:contribuiocircunstelar

    x

  • SED:distribuioespectraldeenergia

    SFR:regiodeformaoestelar

    SOLE:StarObviousLowlevelElongated

    SWS:ShortWaveSpectrometer

    TPAGB:thermalpulseAGB

    TT:TTauri

    UV:ultravioleta

    VH88:vanderVeen&Habing(1988)

    YSO:objetoestelarjovem

    ZAMS:seqnciaprincipaldeidadezero

    xi

  • Captulo1

    Introduo

    Aconfirmaodanaturezadeumdadoobjetopodeserumproblemabastantedelicado

    emcertoscasos.Oscritriosdeclassificaopropostospelosdiversosautoresbaseiamse

    nosdadosobservacionaisdisponveis,osquaiseventualmentesoescassosouincompletos.

    Almdisso,certascaractersticasobservadassocomunsaoutrasclassesdeobjetosqueno

    adeinteresse.Nestecaso,fazsenecessrioumexamemaisaprofundadodosobjetossob

    estudo,jquenemsempreoresultadodeumanicatcnicadeobservaosuficiente.

    EsteocasodaconfusorecorrenteentreasestrelasHerbigAe/Be(HAB),queso

    objetosdemassaintermediriadaprseqnciaprincipal(PMS),easpsAGB,queso

    estrelasqueseencontramnafaseapsoramoassintticodasgigantes(AGB).Emboraestas

    duasclassesdeobjetosseencontrememestgiosevolutivoscompletamentedistintos,elas

    compartilhamalgumascaractersticascomuns.Emambasencontraseumexcessodeemisso

    na regio do infravermelho (IR) do espectro estelar, originado do material circunstelar

    associadoacadaumdestesobjetos.Naturalmente,ahistriaeaestruturadestematerialso

    distintasparacadaumadestasclasses.Noentanto,emambososcasosogseapoeiradestes

    envoltriossoresponsveispeloprocessodereemissotrmicadaradiaoproduzidapela

    1

  • fontecentral,oquecausaaemissoextranoIR.

    OsfluxosIRAS(InfraRedAstronomicalSatellite),medidosnasbandasdoIRmdioe

    distante, constituem uma importante ferramenta para traar a presena deste excesso de

    emisso.Devidoaestapropriedade,elessousualmenteutilizadoscomobasedoscritrios

    deseleodeamostrastantodeHABs(e.g.Huetal.1991,Walker&Wolstencroft1988,

    Oudmaijeretal.1992eBogaert1994)comotambmdepsAGBs(e.g.Kwoketal.1987,

    Volk&Kwok1989,vanderVeenetal.1989,Manchadoetal.1989,Huetal.1993,Garca

    Larioetal.1997evandeSteeneetal.2000).CombasenascoresIRAS(em12,25e60 m)

    tpicasdeestrelasjovensdebaixamassa,comoasTTauri(TT),GregorioHetem,Lpinee

    Sanzovo (1988) estabeleceram um critrio de seleo de candidatas a TT ainda no

    identificadas.UmlongotrabalhoobservacionalfoirealizadonoObservatrioPicodosDias

    (OPD),paraseobterespectrosnaregio650675nmdeformaaverificaranaturezade

    cercade900fontesIRASdistribudasportodocuaustral.NoPicodosDiasSurvey(PDS)

    foram descobertas cerca de 200 estrelas jovens que no haviam sido catalogadas

    anteriormente,eoutrosinteressantesobjetosserendpitos(GregorioHetemetal.1992PDS

    I,Torresetal.1995PDSII,Torres1999).

    AlmderevelarmuitasnovasTT,oPDStambmdetectouumacentenadecandidatasa

    HAB.TaiscandidatasforamassimclassificadasnoPDSporestaremassociadasaregiesde

    formaoestelar,apresentaremalinhadeHememisso,possuremexcessoinfravermelho

    semelhanteaodasTT,eseusdadosfotomtricosindicaremquesoestrelasquentes.Vieiraet

    al.(2003)publicaramalistade108candidatasdoPDSqueapresentamcaractersticasde

    estrelas HAB.Outroresultadosurpreendente foi a descoberta deobjetosquenosode

    2

  • naturezajovem.Entreeles,cercade20estrelasgigantesvermelhasricasemltio(Gregorio

    Hetemetal.1993,Castilhoetal.2000)eumquasar(Torresetal.1997).Essasdeteces

    mostramqueaseleodecandidatasapartirdascoresnoinfravermelhodistantepoderevelar

    condiesfsicasdiferentesparaumamesmacaractersticadeemissodepoeira.Esseo

    casodeHen31475,umadascandidatasHABdoPDS,identificadacomoprotonebulosa

    planetria(Rodriguesetal.2003).Cercade1/3dascandidatasaHABdetectadaspeloPDS

    apresentamindciosquepodemenquadrlasnomesmocasodeHen31475.Estefatonos

    motivouaestudarestaamostraemparticular, buscandocompararsuaspropriedadescom

    aquelas que caracterizam os objetos nas duas fases evolutivas nas quais eventualmente

    poderiamseencontrar.

    As prximas sees deste captulo pretendem estabeler as caractersticas terico

    observacionaisassociadassclassesdeobjetosdeinteresse.NoCaptulo2serdadauma

    breve introduo aos objetivos e resultados do PDS, sendo posteriormente descritos os

    critriosadotadosparaaseleodenossaamostra.NoCaptulo3estudaremosaassociao

    dos objetos da amostra com regies de formao estelar, como um possvel indcio de

    juventude.Oquartocaptulotratardoestudodaamostracombasenosdadosobservacionais

    disponveisnasvriasfaixasdecomprimentodeonda,atravsdaanlisedesuasdistribuies

    espectraisdeenergia(SEDs)edediagramascorcor.Atenoespecialserdadacorreo

    de extino aplicada s fotometrias na regio do visvel. O Captulo 5 descrever a

    modelagemdosenvoltrioscircunstelarescalculadapelocdigoDUSTY(Ivezic&Elitzur

    1997)detransfernciaradiativaeasuacomparaocomummodelocomposto(envoltrio+

    disco)adotadoporGregorioHetem&Hetem(2002).Noscaptulos6e7desenvolveremosas

    3

  • discussesdosresultadoseasconclusesgerais,respectivamente.

    Visando traar umparalelo entre as duas categorias de objetos de interesse para o

    presentetrabalho,descrevemosaseguirosresultadosencontradosnaliteraturarelacionados

    com o mesmo tipo de anlise que desenvolvemos em nosso estudo. Nesse contexto,

    apresentamosdeformasumria,tantoparaasHABcomoparaaspsAGB:(i)definioda

    categoria; (ii) identificaoatravs de diagramas de cores; (iii) classificaobaseada no

    formatodaSED;e(iv)propostasdecenriosevolutivos.

    1.1AsestrelasdotipoHerbigAe/Be

    Osprocessosatravsdoquaisestrelaseplanetasseformamapartirdomeiointerestelar

    umdosassuntosmaisintrigantesdaAstrofsicaatual.Ocrescentedesenvolvimentodas

    tcnicasobservacionais,bemcomoorefinamentodosmodelostericos,vmenriquecendo

    esteativodebateduranteasltimastrsdcadas.Adescobertadeexoplanetasatravsde

    medidas cada vez mais acuradas vm levantando a questo da origem de tais sistemas

    planetrios.

    AdetecodeumexcessonoIRdistantenadistribuioespectraldeenergiadaestrela

    Vega(Aumannetal.1984)edemuitasoutrasestrelasnormais,feitapelosatliteIRAS,

    sugereapresenadepoeiraresidualaoredordestesobjetosdaseqnciaprincipal(MS).A

    descoberta de umdisco gasoso em torno de Pictoris (Smith &Terrile 1984), o mais

    conhecidomembrodaclassedeobjetostipoVega,foiaprovadadistribuiodiscoidaldeste

    material residual, ao menos para algumas destas estrelas. Argumentase que estrelas

    4

  • semelhantesaVegasejampossivelmentelocaisondeestocorrendoaformaodesistemas

    planetriossimilaresaonossosistemasolar(Waelkensetal.1994).

    Desta forma, crescente o interesse na estrutura e a composio dos envoltrios

    circunstelaresdeobjetosestelaresjovens(YSOs),sendoestesosmaisprovveisprecursores

    dediscosprotoplanetrios.Emparticular,osindciosapontamqueestrelasdotipoVegasoo

    resultadodaevoluodeestrelasdotipoHAB.

    OprimeiroestudosistemticodestaclassedeobjetosfoifeitaporHerbigem1960,que

    sugeriuqueelacorresponderiaaumgrupodeestrelasnaPMSdemassaintermediria,nasua

    fase radiativa de contrao em direo seqncia principal. Logo estes objetos foram

    reconhecidoscomoosanlogosdasestrelasdotipoTT,squeemumintervalodemassas

    entre2e8M.OsprimeiroscritriosobservacionaispropostosparaaseleodasHABso:

    tipo espectral A ou mais recente, presena de linhas de emisso, localizaoem regio

    obscurecidaepresenadeumanebulosadereflexobrilhantenasuavizinhanaimediata.

    Oprimeirocritrionecessrioparaaseleodointervalodemassas.Osegundoe

    terceirovisamassegurarqueasestrelassejamdefatojovens.Oltimoeliminaapossibilidade

    daobservaodeestrelassomenteprojetadasnadireodenuvensescuras.Estescritrios

    levaramHerbigaumalistade26objetoscandidatosaestrelasdemassaintermedirianafase

    PMS.AnaturezajovemdemuitosdestesobjetosfoiconfirmadamaistardeporStrometal.

    (1972),queposicionarampartedalistapropostaporHerbignodiagramaHertzprungRussell

    (HR)paraestimarasidadesquevariamentre0,1e1Myremassasquevode1,5a15M.

    No entanto, Finkenzeller & Mundt (1984) argumentam que os critrios de seleo

    propostosporHerbigsorestritivosdemaisemalgunscasos,levandorejeiodeobjetos

    5

  • quesomuitoprovavelmentedenaturezajovem.Malfaitetal.(1998)sugeremqueosdois

    ltimos critrios propostos por Herbig sejam substitudos por um critrio envolvendo a

    ocorrnciadeexcessonoIR,tendoemvistaqueestarepresentaumaevidnciadapresenade

    material circunstelar. Eles propemquese houver este excesso, devehaver nebulosidade

    associada, a qual poderia ser detectadaatravs de imageamentocommais alta resoluo

    espacial.Umconjuntodecritrioscoerentecomestalinhaderaciocnioopropostopor

    Waters&Waelkens(1998):(i)tipoespectralAouBcomlinhasdeemisso,(ii)presenade

    excesso na regio do IR devido a poeira circunstelar quente e/ou fria e (iii) classe de

    luminosidadedeIIIaV.

    OcatlogoIRAS,bemcomooutrosmapeamentosbaseadosemobservaestomadasa

    partirdosolo,tmsidoutilizadosparaselecionarvriaslistasdeobjetosdetipoespectralB,

    AouFqueapresentamexcessodeemissonoIRcaractersticodeumenvoltriodepoeirae

    portantosobonscandidatosaestrelasdotipoHAB.Muitosdestesobjetosnoentantonose

    encontramnecessariamente em regies associadas a nebulosidade, mas simemposies

    isoladas.Almdisso, comumqueatravsdestescritriosdeseleoasamostrassejam

    contaminadas por objetos mais evoludos tais como as psAGB, caso sua classe de

    luminosidadenosejaconhecidaoubemdeterminada.

    UmdosprincipaiscritriosdeseleodecandidatasaHABapresenadaslinhasde

    Balmer do hidrognio. Tambmso comuns linhas de CaII, OI, [OI], [NII], bemcomo

    algumaslinhasmetlicasememisso.Finkenzeler&Mundt(1984)realizaramaprimeira

    investigaosistemticadosperfisdalinhadeHdestegrupo,mostrandoqueamaioriadeles

    se apresenta emduplopico, geradopela superposiodeumpicoememisso(s vezes

    6

  • deslocado)maisumacomponentedeabsoro(praticamentenodeslocada).Tambmso

    encontradospicosnicosdeemisso,comapresenadoperfilPCygniouperfilPCygni

    inverso.Emalgunscasos,estesperfisdelinhasoaltamentevariveis,naescaladetempode

    dias(Grininetal.1994).

    A estrutura circunstelar das HAB vemgeralmente sendo inferida atravs de meios

    indiretos,pelamodelagemdesuasSEDs.OsexcessosIRdeseusespectrossoreproduzidos

    supondose a presenadediscose/ouenvelopesaoredor doobjetocentral. Este tipode

    abordagemser discutidomais profundamente noCaptulo5. O imageamentodireto a

    maneiramaisconfiveldesedecidirquantoformadestesenvoltrios,evemsendoutilizado

    pararestringirashiptesesadotadasnosmodelosdeinfernciaindiretaatravsdoformato

    das SEDs. As medidas espectroscpicas tambm se mostram teis na determinao da

    estruturacircunstelardasHAB,jqueosperfisdelinhaspodemsugerirascaractersticas

    ambientaisdesuaproduo.

    A composio qumica destes envoltrios possui uma tal riqueza que s pde ser

    devidamente apreciada atravs dos resultados da missodo satlite ISO (InfraredSpace

    ObservatoryKessleretal.1996).Eledisponibilizouespectrosdemdiaealtaresoluode

    vriasHABemumafaixaespectral quecobredesdeoIRprximoem2,4 mat oIR

    distanteem180 m,mostrandoentreoutrosresultadosqueaspropriedadesdapoeiraao

    redor das HAB bastante distinta daquelas encontradas nomeio interestelar (ISM). Um

    estudodeobservaesISOSWS(ShortWaveSpectrometer 2,4a45 m)e( LongWave

    Spectrometer46a196,8 m)disponveisparaobjetosdenossaamostraserdesenvolvido

    noCaptulo4.

    7

  • 1.1.1ClassificaodeacordocomadistribuiodeenergiadasHerbigAe/Be

    Hillenbrandetal.(1992)realizaramumestudobaseadonaanlisedasSEDsdeuma

    amostrade47HABspreviamentecatalogadas.ArgumentasequeainclinaodasSEDsna

    regiodoIRquesegueaumaleidepotnciadotipo F ~4/3compatvelcomapresena

    de umdiscocircunstelar geometricamente fino e opticamente espesso. Aconstruodas

    SEDsdesuaamostrabaseouseemfotometriasnovisvelUBVRI,noIRprximoemdio

    JHKLMNQ,nosfluxosIRASem12,25,60e100 menofluxoem1,3mm.Almdisso,

    dispunhase de medidas polarimtricas (no ptico) de 23 objetos. A distribuio destes

    objetosnodiagramadecormagnitudeasolutapodeservisualizadanaFigura1.1:

    Figura1.1:PosiodaamostradeHillenbrandetal.(1992)nodiagramadecormagnitudeabsoluta.Alinhacheiarepresentaaidadezerodeseqnciaprincipal(ZAMS)calculadaporMorton&Adams(1968)eporBalona&Feast(1975).

    Aocorrnciadefontesabaixodaseqnciaprincipaldeidadezero(ZAMSlinha

    cheia)podemserexplicadaporumagrandeextinototalnabandaValiadaaumapequena

    8

  • extinoseletivaem(BV)(e.g.,Campbelletal.1988)oupelofatodelasseremobservadas

    atravsdeluzespalhada.interessantenotarcomoadistribuiodosobjetosaolongoda

    ZAMS(ousuasproximidades)secorrelacionacomoexcessoIR,indicadopelosgruposde

    HABqueserodescritosaseguir. H a tendnciadeobjetosdoGrupoIII apresentarem

    maioresmassas,enquantoqueosdoGrupoIIparecemtermassasmenores(ousofremmaior

    extino).

    CombasenainclinaodaSED,Hillenbrandetal.propemadivisodaamostraem

    trsgrupos:

    GrupoI:Constituindo30objetosdaamostra,caracterizadoporumforteexcessonoIRque

    segueaumaleidepotnciadotipo F ~4/3 apartirde ~2,2 m.Aemissonaregio

    espectrallocalizadaentre1,2 me2,2 mencontraseaindaemexcesso,pormumpouco

    abaixodestaleidepotncia.Finalmente,afaixadecomprimentosdeondamenoresdoque

    1,2 mdominadapelaradiaofotosfrica.Doisexemplostpicosdestegruposoexibidos

    na Figura 1.2.a. A inflexo obervada entre 1,2 me 2,2 m provavelmente devida

    emissoprovenientedeumaregioopticamentefina,localizadaaalgunsraiosestelaresna

    parteinternadodiscoopticamenteespesso.

    GrupoII: Contendo11objetos, estegrupo caracterizadoporumexcessonoIRquese

    apresentaachatadooucrescentenadireodosmaiorescomprimentosdeonda(Figura1.2.b).

    Assimcomonogrupoanterior,temostambmnestegrupoapresenadeumainflexo

    noIRprximo.Otipodeexcessoapresentadoporestesobjetospodeserexplicadoporuma

    distribuiodepoeiraqueabranjaumnguloslidomaiordoqueointerceptadoporum

    disco,comoporexemploumenvelopeesfricoopticamentefinoemequilbriotrmicocomo

    9

  • Figura1.2:SEDstpicasdosgruposdefinidosporHillenbrandetal.(1992).Ospontoscheiosrepresentamasobservaesterrestres,enquantoosvaziosrepresentamosfluxosIRAS.AlinhacheiarepresentaaSEDdeumaestrelapadroapropriadaparacadatipoespectral.AlinhapontilhadapresentenosexemplosdeSEDdoGrupoIrepresentamomelhorajustedomodelodediscoproposto(leidepotncia).

    ofluxodaradiaoestelar.Outrofatorquefavoreceesta interpretao ofatodequea

    polarizaolquidadestegrupo(P>5%)muitomaiordoqueadosoutrosgrupos(P

  • distribuioestendida(e.g.,Jain,Bhatt&Sagar1990).

    DestaformaoexcessoobservadonestegrupodevidocontribuiodeumdisconoIR

    prximo mais um provvel envelope estendido no IR distante. Alm disso, observase

    tambmqueeleapresentaostiposespectraismaistardioseasmenoresluminosidadesentre

    todosostrsgrupos,oquesugerequeaescaladetempodeevoluo/dissipaodomeio

    circunstelar(CSM)podesermaiorparaestrelasmenosmassivas.

    GrupoIII:Comapenas6objetos,possuiomenorexcessonoIRdetodososgrupos.Duas

    SEDstpicasdesteconjuntosomostradasnaFigura1.2.c.

    OformatodesuasSEDssimilarqueleapresentadopelasestrelasBeclssicas,cujo

    pequenoexcessonoIRfoisatisfatoriamentemodeladoporumaemissodotipolivrelivre

    geradaouporumdiscogasosoestendidoouporumventoequatorialionizado(Waters,Cot

    &Lamers1987).Outracaractersticadestegrupoapresenadosobjetosdetipoespectral

    maisrecentedetodaaamostra.OsmodestosexcessosnoIRapresentadospelogrupoIII

    sugerem que este no seja constitudo por estrelas PMS. Entretanto, sua proximidade a

    nebulosas de reflexo indica umaassociao fsica dos objetos deste grupocomnuvens

    escurasquemostramevidnciadeformaoestelarrecente.Destaforma,concluisequeeste

    gruposetratadeumconjuntodeestrelasjovens,detipoBrecenteecomdisco,cujaescalade

    tempoevolutivadoCSMpequenoquandocomparadoadosoutrosgrupos.

    AsdiferenasentreosgrupossobemsumarizadasnaFigura1.3,queexibeodiagrama

    doexcessodacor(V12 m)comofunodatemperaturaefetiva.

    Ascoresintrnsecasforamdeterminadasapartirdeumaestrelapadrodetipoespectral

    correspondente.VemosclaramentenestediagramaqueoexcessonoIRdosgruposIeIIso

    11

  • significantementemaioresdoqueoapresentadopelogrupoIII.Esteporsuavezocupaa

    regiopovoadaporestrelasdotipoBeclssicas.Almdisso,tambmnotrioqueemmdia

    oexessodogrupoIIdealgumasordensdemagnitudemaiordoqueaqueleobservadopara

    oGrupoI.

    Figura1.3:Excesso(V12 m)emfunodatemperaturaefetivadaamostraestudadaporHillenbrandetal. (1992).AsestrelasBeclssicasforamextradasdacompilaodeCot&Waters(1987).

    Meeusetal.(2001)realizaramaanlisedosespectrosISOSWSdeumaamostrade14HAB

    consideradasisoladas(i.e.,noassociadasaregiesdeformaoestelar).

    Eles perceberam que a contribuio do contnuo da emisso IR exibida por estes

    espectrospodeserreproduzidaporumalei depotnciaqueeventualmentepode ter uma

    componenteextrarepresentadapelaemissodecorponegro(BB).EstaemissodeBB

    compatvelcomumafaixadetemperaturasquevariaentre100e200Kaproximadamente.

    Almdisso,ascaractersticasespectraisreferentesaosgrosdealgumasespciesmostraram

    sepresentesemunseausentesemoutrosobjetosdaamostra.

    Baseandosenestecomportamento,Meeusetal.(2001)classificaramosobjetosdesua

    12

  • amostranosseguintesgrupos:

    GrupoI:objetoscujocontnuoreproduzidoporumaleidepotnciamaisacontribuiode

    BB.

    GrupoII:contnuobemrepesentadoapenasporumaleidepotncia.

    Alm disso, definese o subgrupo a para representar a presena de caractersticas

    espectraisdosgros,enquantobdenotasuaausncia.

    ParaexplicaradiferenaentreasSEDs,Meeuset al. propemdoismodelosparaa

    distribuiogeomtricadomaterialcircunstelar,adotandoasseguintescomponentes:

    I:umaatmosferadiscoparcialmenteopticamentefina,comextensodecercade10AU,

    provavelmenteresponsvelpelasemissesdesilicatoem10e18 m

    II:umdiscogeometricamentefinoeopticamenteespesso,responsvelpelaemissocontnua

    dotipoleidepotncia

    III: uma camada de poeira geometricamente espessa e opticamente fina, que origina a

    emissodeBBentre100e200K

    Deacordocomestaproposio,aemissodotipoBBocorreapenasquandoaregioIII

    alargadaosuficienteparaseracessadapelaradiaodoobjetocentral.

    OfatodaamostraconsideradaporMeeusetal.contemplarapenasasHABisoladasfaz

    comquenohajaumdeseusgruposquesejaequivalenteaqueleestudadopelopresente

    trabalho.OsaltosexcessosIRencontradosemnossaamostra(aserdefinidanoCaptulo2)

    somaiscompatveiscomoGrupoIdeHillenbrandetal.,pormcomnveismaiselevados

    deexcessoemV12m.

    13

  • 1.1.2Propostadecenrioevolutivo

    Malfait et al. (1998) realizaramoestudodeumaamostrade45candidatas aHAB,

    selecionadasapartirdecritriosbaseadosnotipoespectralenosexcessosencontradosnas

    coresIRAS.Suaanliserevelaque33objetossorealmentetipoHAB,9estrelassodotipo

    Vegae3sopossveisbinrias.

    ElesreproduzemosexcessosnoIRdosobjetosdesuaamostraatravsdeummodelo

    simples,quesupeapresenadepoeiraopticamentefina,propostoporWatersetal.(1988).

    ParareproduziraSEDobservadaforamadotadosdoistiposdemodelo:umdelesconsidera

    duascomponentes(umafriaeoutraquente)eooutroconsideraapenasumacomponentefria.

    Malfaitetal.(1998)observamqueapresenadeumexcessodeemissonoIRqueapresenta

    umacaractersticadeduplopicoexclusivadeestrelasPMS,nosendoobservadanocaso

    daspsAGB(Bogaert1994).Almdisso,elesargumentamqueemsuaamostranoocorrea

    presenadeobjetosmaisevoludosdotipopsAGB,pornohaverentresuascandidatas

    estrelascomumndicedecor[UB]maiordoque1,75(baseadonosistemafotomtricode

    sete cores de Geneva Golay (1973)). Segundo os autores, este valor um limite que

    caracteriza umaproeminente descontinuidadede Balmernas SEDs, a qual tipicamente

    observadanaspsAGB.

    OsmodelosempregadosparaareproduodasSEDspropemumperfildedensidade

    que obedece a uma lei de potncia do tipo (r)~r . No caso dos modelos de duas

    componentes,oexpoentepossuiumvalormdioemtornode2paraaregiomaisinternae

    1,25paraamaisexterna,oquesignificaqueosperfisdedensidademaisinternossomais

    14

  • inclinados.Osmodelosdecomponentenicaapresentamumvalorintermedirioentreos

    valoresdeajustadosparaomodelodecomponentedupla.

    Os resultados deduzidos a partir desta modelagem levaram Malfait et al. (1998)

    proposiodeumcenrioevolutivo,quepodeserexpressoatravsdodiagramadecores[12

    60]versus[H12]apresentadonaFigura1.4.

    AscoressocalculadasapartirdamagnitudeKdocatlogo2MASS(TwoMicronAll

    SkySurvey)eosfluxosIRASmedidosem12e60 m.AscoresIRASusadasnestetrabalho

    soaquelasdefinidasnoIRASExplanatorySupplement.

    Figura1.4:DistribuiodaamostradeMalfaitetal.(1998)nodiagramadecoresnoIRprximoeIRmdio.Alinhatracejadarepresentaapropostadecenrioevolutivoapresentadanaqueletrabalho.Osnmerosreferemseaobjetosespecficosdaamostra.

    Aseqncia evolutiva proposta representada pela linha tracejada no diagrama da

    Figura1.4.Aolongodestalinha,quandopercorridadadireitaparaaesquerda,temosqueos

    objetos com maiores valores da cor [H12] so bem modelados por estruturas de duas

    15

  • componentes.Esteexcessosedesfazaolongodatrajetria, ocorrendoemumaescalade

    tempomenordoqueoesvanecimentodacontribuiomaisfria(excessoem [1260]).Os

    estgiosdestecenriosoesquematizadosnaFigura1.5.

    Figura1.5:CenrioevolutivopropostoporMalfaitetal.(1998)baseadonoperfildasSEDs

    16

  • Neste cenrio, o objeto jovem evolui de um estado embebido, a partir do qual se

    desenvolve uma estrutura de disco atravs de processos de acreso e conservao de

    momentoangular.Nodecorrerdaevoluodoobjeto,humaeventualrupturadestaestrutura

    dedisco,aqual osautoresespeculamserdevida formaoplanetria. Esperasequeo

    planeta formadoemumaposio intermediria dodiscoproporcionea retiradadogse

    poeiradasuavizinhanaimediata.Apartirdestafragmentao,omaterialcircunstelarpassa

    aserconstitudoporduascomponentes,umamaisprximaaoobjetocentral(eportantomais

    quente) e outra localizadana parte mais externa do sistema. Esta estrutura mltipla a

    responsvelpelaemissoemduplopicoencontradanoexcessoIRdealgumasHAB,comono

    exemplomostradonaFigura1.10.cparaaestrelaHD144432.Oaumentorpidoemtornode

    [H12]~4nodiagramadecoressugerequeacomponentemaisquentesedesenvolvemais

    rapidamentedoquearegiomaisexternaaodisco,dissipandoseportantoemumaescalade

    tempomenor.

    Aevoluomaisrpidasofridapelacomponentemaisinternadodiscopodeserdevidaa

    umasucessodeeventossimilaresqueleformadordarupturaoriginaldodisco.Omaterial

    exteriortambmseesvanececompassardotempo,squedeformamuitomaislenta.Seus

    remanescentesacabamdandoorigemaosmodestosexcessosnoIRdistanteencontradonas

    SEDsdeestrelasjovensdaMS,tambmconhecidascomoestrelasdotipoVega.

    1.1.3ConsideraesfinaissobreasHerbigAe/Be

    Os vrios cenrios apresentados pelos diversos autores em essncia se mostram

    17

  • extremamentesimilares.Aseparaoemgruposfeitaemgeralapartirdoformatoeda

    importnciadoexcessoIRapresentadopelasSEDsobservadas.Todosestodeacordoquanto

    apresenadeumdisco.Emboraageometriadacomponentemaisalargadasejaaindamotivo

    dedebate,anecessidadedeumaestruturaqueabranjagrandesporesdenguloslidopara

    explicaroformatodasSEDsobservadasevidenteparaamaioriadostrabalhosnaliteratura.

    A evoluo destes ambientes de gs e poeira parece ser tambm semelhante. A

    expectativageraldequeosobjetosembebidostenhamseusenvoltriosdissipadoscomo

    tempo,possivelmentedandoorigemaossistemasplanetrios.Outraevidnciaapresentada

    nestesentidoatendnciadecrescimentodosgrossugeridaatravsdoestudodosespectros

    ISO,quetornaconcebveloprocessodeagregaodomaterialcircunstelarparaaposterior

    formaoplanetria.

    1.2AsestrelasnafasepsAGB

    AspsAGBsoobjetosluminososdemassainicialbaixaouintermediria(entre0,8e

    8M)emumestgioevolutivoavanado.Elasconcluramsuaevoluonoramoassinttico

    dasgigantes(AssymptoticGiantBranchAGB)comumaperdademassaintensa(107104

    M/ano)eevoluememumatrajetriadetemperaturacrescenteeluminosidadepraticamente

    constante (Winckel 2003). Esta fase ocorre at o momento onde o objeto central

    suficientementequenteapontodeionizarseuenvoltriodesprendido(T~3104K).Apartir

    destasituao,temosumajovemnebulosaplanetria(PN).Estaevoluobemrepresentada

    nodiagramaHRexibidonaFigura1.6,quemostraatrajetriaevolutivadeumaestrelade2

    18

  • M.

    AspsAGBcobremumalargafaixadetemperaturasefetivas,compreendidaentreas

    estrelasAGBextremas(e.g.estrelasOH/IRnovariveis,Habingetal.1987)eobjetoscomo

    AFGL618,queestoprestes a ionizaromaterial circunstelar (Winckel 2003). Tambm

    comum na literatura o uso dos nomes de prnebulosa planetria ou protonebulosa

    planetria(PPN),quenaprticareferemseamesmaclassedeobjeto.AdenominaoPPN

    especialmente utilizada para objetos observados com uma resoluo espacial mais

    detalhada. No entanto, a denominao mais geral psAGB ser adotada em toda a

    discussodopresentetrabalho.

    Figura1.6:Trajetriaevolutivadeumaestrelade2M demetalicidadesolar(linhavermelha).Alinhaazulrepresentaaevoluodeumaestrelacomasmesmascaractersitcasquesofreumpulsotrmicofinalbastantetardio(evoluodotipo bornagain),deslocadade0,2nestaescaladetemperaturaede0,5nestaescaladeluminosidade.Osvaloresexpressosaoladodecadafaserepresentamologaritmodotempodesuaduraoaproximada(emanos).EstafiguraadaptadadoartigoderevisodeHerwig(2005).

    19

  • EstafasedetransioentreasfasesAGBePNfoipormuitotemponegligenciadano

    estudodaevoluodeumaestrelaisolada(Kwok1993).Adificuldadenaobservaodas

    psAGBeradevidaaopoucoconhecimentodocunoIRdistante.Estasituaofoisuperada

    com os resultados obtidos pelo satlite IRAS, lanado em 1983. Houve a deteco de

    milharesdeobjetosnoIRdistanteeistoculminounocomeodabuscaporestaclassede

    objeto.

    TendoemvistaqueotermopsAGBamplamenteutilizadonaliteratura,esteo

    momentoadequadoparadefinirmosespecificamenteestafaseevolutiva.Consideraremosps

    AGBaetapaondeaestrelaseencontranoprocessodetransioentreasfasesdeAGBeNP.

    Maisespecificamente,nointervalocompreendidoentreotrminodaintensaperdademassa

    noAGBeomomentoondeaestrelasuficientementequenteparaemitirftonsenergticoso

    suficiente para ionizar o envelope remanescente da fase de AGB (Kwok 1993). As

    propriedadesobservacionaisesperadasdestascondiesdevemser:(i)evidnciaclaradeum

    remanescentedoenvelopedafaseAGB,oqueimplicaaexistnciadeumexcessonoIRcom

    tempertaura decor entre 150e 300Ke a presenade emissomolecular (COouOH)

    exibindoumavelocidadedeexpansode5a30km/s,tpicadosventosdaAGB; (ii) deve

    haver indcio de que o envelope circunstelar esteja desprendido da fotosfera e no seja

    resultadodeumprocessodeperdademassaaindaemandamento;(iii)seaestrelacentralfor

    suficientementebrilhantepararevelarseutipoespectral,estedeveriasesituarentreastiposB

    e G, comclasse de luminosidade I; e (iv) ausncia de umavariabilidade fotomtrica de

    grandeamplitudedevidapulsaodeumenvelopemassivodehidrognio(Menv >103M)

    sobreoncleodegeneradodeCO.

    20

  • CercademilPNforamdetectadasnomapeamentodosatliteIRAS.Deacordocomos

    modelosdeevoluodeSchnberner(1983),aestrelapermanecenafasedepsAGBdurante

    o equivalente a aproximadamente 10% da vida de uma PN. Desta forma, esperase a

    identificao de ~100 psAGBs a partir do catlogo de fontes puntuais (Point Source

    CatalogPSC)geradopelamissoIRAS.Estaidentificaogeralmentefeitaoucombase

    nabuscadeestrelascomascoresIRAStpicas,ouprocurandosepelascontrapartidaspticas

    dasfontesIRASdebaixatemperaturadecor.Contudo,aanliseisoladadestescritrios

    responsvelpelaseleodeoutrasclassesdeobjetos(e.g.YSOs),sendoportantonecessriaa

    anlisedeindicativosadicionais.

    AfasedepsAGBpossuiumaduraobastantecurta,quepodevariarentre103e104

    anos.Porestemotivo,esperasequeaestrelanesteestgionos mantenhaalgumasdas

    propriedadesdesuaprogenitora(estrelanafaseAGB)comotambmseassemelhe sua

    descendente(PN)emmuitosaspectos.Destaforma,oconhecimentodascaractersticasdestes

    estgiosevolutivosimediatamenteprximosfasedepsAGBtornaseextremamentetil.

    Dada a importncia destas caractersticas no estudo comparativo realizado no presente

    trabalho,revisaremosagoraalgumasdaspropriedadesdestasfases.

    1.2.1Oramoassintticodasgigantes

    AfaseAGBrepresentaapenasumafraomenordoque1%dotempodevidadeuma

    estrela.Elaocorreapartirdomomentoemqueseiniciaaproduoenergticaemumadupla

    camada interna a estrela (Engels 2005). Nesta etapa ela se apresenta comoumagigante

    21

  • vermelhafriadebrilhovariveldevidoinstabilidadedesuaestrutura.Haqueimadeuma

    camada de hlio ao redor de um ncleo de carbono e oxignio (CO) com eltrons

    degeneradoseumacamadamaisexternaondeocorreaqueimadehidrognio.Oobjetoento

    passaporumafasedequeimaquiescente(aE(arly)AGB)queduraentre1e15106anos,e

    emseguidaelesofrepulsaodeorigemtrmica(TPAGB)duranteumperododecercade

    centenasdemilharesdeanos.Estespulsostrmicossodevidosagrandesperdasenergticas

    geradasporumtipode flashdehlio,quepodeduraralgumascentenasdeanos.Aestrela

    perde seu envoltrio devido a esta fase instvel pulsante, ondeondas de choqueque se

    formamnafotosferaestelarfornecemenergiasuficienteparaqueogsseeleveatregies

    frias o suficiente para ocorrer a formao de poeira. A presso de radiao tambm

    importante neste mecanismo e os ventos formados por estes processos tendem a ser

    esfericamentesimtricos.AfaseAGBencerrasequandopraticamentetodaacamadaexterna

    aoncleodeCOdissipadaatravsdoprocessodeperdademassa.

    Como resultado desta intensa perda de massa, as estrelas na fase AGB so

    freqentementeobscurecidasporseusenvoltriosdepoeira.Amedidaqueoobjetoestelar

    ascendenoramoassinttico,tantoastaxasdeperdademassacomoaprofundidadepticade

    seusenvelopescircunstelaresaumentam.Aabsorodaradiaoestelaremitidanabanda

    visveleposteriorreemissoenergticanoIRtornaaestrelamaisavermelhada,i.e.,comuma

    temperaturadecormenor. Oefeitodaspulsaes radiaisaliado variaodaopacidade

    fotosfricatornamobrilhodaestrelavarivel(Reid&Goldstone2002).Asvariveismais

    notriasnestasituaosoasestrelasdotipoMiraeasOH/IRobscurecidas,emboraestrelas

    de pulsao irregular ou semiirregular de baixa amplitude sejam mais freqentes. Os

    22

  • perodosdevariaovodecercade1anoparaasMiras,comamplitudemenordoque2,5

    magnitudesnovisvel, at cincoanosnocasodasestrelasOH/IR,quepodeatingir uma

    variaodealgumasmagnitudesnoIRprximo(Engelsetal.1983).

    As AGBricas emoxignio (C/O< 1) podemser identificadas pelas caractersticas

    espectraisem9,7e18m,produzidasporsilicatos.Abandaem9,7m(silicato)evoluide

    umperfildeemissonasEAGB(e.g.variveisMiras)atumacaractersticadeabsoronas

    AGBmaisevoludas(e.g.OH/IR),comosugereocomportamentodaamostraestudadapor

    Sylvesteretal.(1999)naFigura1.7.

    Figura1.7: Espectros ISOSWSeLWScombinadosdaamostradeSylvester et al. (1999)e deslocadosnaordenadadeacordocomsuaprofundidadepticaem10m.Esperasequeestasecorrelacionecomataxadeperdademassa,mostrandoportantoadependnciadoperfilexibidopelosilicatocomofunodesta.

    Aevoluoespectraldosilicatodeemissoparaabsororeproduzidapormodelosde

    transporteradiativoquelevamemconsideraoumataxacrescentedeperdademassaao

    23

  • longodafasedeAGB(Bedijn1987,Volk&Kwok1988).

    Estrelas ricas emcarbono neste estgio evolutivo socaracterizadas por umabaixa

    temperaturadecor(T~5001000K)epelapresenadabandadeemissoem11,3 m,

    devidaaoSiC(Chan&Kwok1990).Estrelasdestetipobastanteevoludaspodemapresentar

    umatemperaturadecordeat300K,exibindoumcontnuosemcaractersticasespectrais

    provavelmentedevidoaografite,quenoapresentabandasdeemissonoIRmdio(Volket

    al.1992).

    MuitasestrelasAGBricasemoxignioexibemumperfildeemissodeduplopicodo

    OHem1612MHzeem1665/1667MHz,oqueimplicaemumenvelopecircunstelarem

    expanso. Tcnicas rdiointerferomtricas so usadas para a resoluo de alguns destes

    envelopes, revelando por vezes uma geometria bipolar (Bowers 1990). No entanto, uma

    simetriaesfricamaisfreqentementeassociadageometriadoenvoltriodaAGB.

    OCO amolculamaisabundante(depoisdohidrognio)naatmosferadeestrelas

    tardias,sendocomumaobservaodesualinharotacionaltantonasAGBricasemcarbono

    comemoxignio(Knapetal. 1982). Perfis depicoduploindicamodesprendimentodo

    envoltriomoleculardafotosfera(Olofssonetal.1988).Tambmsoobservadasemissesdo

    tipomasercausadasporH2Oem22GHzeem43e86GHzatribudaaoSiO(Engels2005).

    Afase deAGBtemseu fimquandooprocessodeperda de massa remove todoo

    envelope ao redor do ncleo de CO. A transio entre a estrela OH/IR extremamente

    embebidaparaestanovaconfiguraodeenvelopedesprendidoocorreemumaescalade

    tempomuitorpida(decercade500anosparaomodelode3M deSteffenetal.1998),

    sendoacompanhadapelamudanadoformatodaSEDdeumadistribuiodecomponente

    24

  • fotosfricaembebidaparaumperfildepicoduplo,conformemostraaFigura1.8.Ataxade

    perdademassatambmsofreumaquedanotvelnesteperodo,muitoemboraavelocidade

    dosventosassociadosperdademassa(reveladapelaemissodoCO,porexemplo)aumente

    atchegaravaloresdaordemde103km/s.

    Figura1.8:Evoluodataxadeperdademassaedadistribuiodeenergia,respectivamente,paraumaestrelaAGBapsopulsotrmicofinal(Steffenetal.1998).SoexibidasasSEDsrelativasaosinstantesdetempoespecificadosnacurvaevolutivadaperdademassacomotempo.Aslinhastracejadasrepresentamosespectrosintrsecosdaestrelacentral,paracadaumadastemperaturasefetivasespecificadasnalegendadafigura.

    1.2.2Afasedenebulosaplanetriajovem

    DefineseumaPNjovemaquelaquepossuiumaaltadensidadenebularealtobrilho

    superficial,oqueimplicaemumaidadedinmicacurta,daordemde103anos.Umajovem

    PNtambmaindadevepreservaroenveloperemanescentedafasedeAGB,queemumafase

    25

  • posteriortersuasmolculasdestrudaspelaradiaoultravioleta(UV)esuacomponentede

    poeiradiludapeloprocessodeexpanso.

    Comoafase depsAGB extremamentecurta, aPNaindaguardaconsigomuitas

    caractersticasespectraisdasAGB.DadosIRASde90PNsforamanalizadosporPottaschet

    al.(1984)eIyengar(1986).Eleschegaramconclusodequeatemperaturadecordestes

    objetosdecrescecomoraioobservado.

    ASEDdeumajovemPNpodeserseparadaemduascomponentes:umadepoeiraentre

    10e100meoutragasosaquevai1a10m(Kwoketal.1986,Zhang&Kwok1991).A

    Figura1.9mostraumexemplotpicodestecomportamento.

    Figura1.9:SEDdeIC2448,umajovemPN.Alinhapontilhadarepresentaomodelodaemissocontnualigadolivreelivrelivre;a tracejadacorrespondeaemissolivrelivreextrapoladadasmedidasemrdio;acurvadescontnuadaesquerdarepresentaaemissofotosfricaeapontotracejadadadireitaconstituiaemissodoenvoltrioremanescentedafaseAGB.OsvriospontosrepresentamobservaesfeitasdosoloetomadaspelosatliteIRAS(Zhang&Kwok1991).

    Acomponentedepoeira provavelmenteresquciodoenvelopeformadonafase de

    26

  • AGB.AemissodaregioIRprximadoespectrotemorigemnaemissocontnualigado

    livreelivrelivredanebulosaeapartevisvelrepresentaaradiaofotosfricadoobjeto

    centralextremamentequente.

    Embora se tenha mostrado que o resfriamento da componente de poeira pode

    enfraquecer ascaractersticasespectrais noIRmdio, j queelessituamsenaregioda

    quedaexponencialdafunodePlanckparaumatemperaturadaordemde100K(Kwok

    1980),tantoabandaem9,7mdesilicatocomoem11,3mdeSiCforamdetectadaspelo

    espectrmetrodebaixaresoluo(LRS)dosatliteIRAS(Zhang&Kwok1990,Volk&

    Cohen1990).EstasdetecespermitemdeterminarmosseaestrelaAGBprogenitoraerarica

    emoxignioouemcarbono.

    Entretanto,existeumafamliadecaractersticasespectraisIRem3,3;6,2;7,7e11,3m,

    noobservadasemestrelasdetipoespectraltardio.Essascaractersticassonormalmente

    atribudasaosPAHs(Lger&Puget1984)esoparticularmenteproeminentesemjovensPN

    ricas emcarbonocomestrelas centrais de tipoespectral WolfRayet tardio (WC12) com

    grandeexcessonoIR.IstosedeveaofatodosPAHsserempreferencialmenteexcitadospor

    radiaoUV.

    HtambmapresenadamolculadeCOemalgumasPN,detectadapelaprimeiravez

    najovemNGC7027(Mufsonetal1975).Aintensidadedestalinhaparticularmenteforte

    emPNsassociadasaumagrandequantidadedepoeira, como ocasodasmais jovens.

    Sugerese que a poeira blinda a molcula de CO e conseqentemente impede sua

    fotodissociao.

    AemissodoradicalOHemPNsfoicomprovadaporDavisetal.(1979)najovemPN

    27

  • Vy22,aqualexibeacaractersticadesilicatoem9,7meportantoricaemoxignio.Em

    contraste ao duploperfil de emisso normalmente observado nas estrelas da fase AGB,

    apenasumacomponentedeslocadaparaoazulaparecenoespectrodasPNs.Acomponente

    vermelha provavelmente absorvida pelo gs ionizado da nebulosa. Diversas outras

    observaesanlogasforamefetuadas,noentantoonmerodedetecesdestetipodeobjeto

    OHPNaindapermanecebaixo.

    MapeamentosdealtaresoluodePNsmostramqueagrandemaioriaapresentauma

    morfologiabipolar,comdoismximosdeemissoemsuaestrutura(Aaquist&Kwok1990,

    1991). Modelos de deprojeo indicam que esta geometria resultado da formao de

    envoltriosincompletos,devidaaosmecanismosdeinteraoentreosventosmaisapresena

    deumventoassimtricodafaseAGB(Volk&Leahy1992).

    1.2.3ClassificaodaspsAGBdeacordocomadistribuiodeenergia

    UmaclassificaodeacordocomoformatodaSEDfoipropostaporvanderVeenetal.

    (1989), queestudaramobjetos datransiodesdea faseAGBat oestgiodenebulosas

    planetrias, mostrando como separamse os objetos de acordo com a massa da estrela

    progenitora,arelaoC/Oeaatualtaxadeperdademassa.CombasenoformatodaSEDde

    umaamostrade42fontesIRAS,candidatasapsAGB,elessugeriramumaseparaoem

    quatroclasses:(I)espectroachatadoentre4e25 meumaquedamaisinclinadaparaos

    comprimentos de ondamais curtos; (II) mximoem25 m eumaquedagradativa nos

    comprimentosdeondamaiscurtos;(III)mximoaoredorde25 m,umaquedainclinada

    28

  • noscomprimentosdeondamaiscurtoseumplateauentre1e4m;(IV)doispicos,umao

    redorde2meoutroem25m.AFigura1.10mostraumrepresentantedecadacategoria.

    Figura1.10:ObjetospertencentesscategoriasdePPNpropostasporvanderVeenetal.(1989):(a)ClasseI:IRAS19386+0155;(b)ClasseII:IRAS19067+0811,(c)ClasseIII:IRAS170475660.AdaptadodaFigura4devanderVeenetal.(1989).

    29

  • OsmaioresexcessosdeemissoIRencontradosnasestrelasobservadasnascandidatas

    HAB de nossa amostra so comparveis preferencialmente aos dos objetos Classe I, e

    eventualmentealgunsdaClasseII,noocorrendoobjetoscomSEDssemelhantessdemais

    categorias.DeacordocomdevanderVeenetal.,asfontescomespectrosdasclassesIeII

    apresentamosncleosestelaresmaismassivos(Mc~0.75M),provavelmenteoriginadosdas

    massivasprogenitoras(~4M).Astaxasdeperdademassasodaordemde105M/ano.A

    maioria dos objetos da Classe I noapresenta umaclara caracterstica espectral deuma

    estrelavisvel,pormIRAS19386+0155estassociadaaumaestrelademagnitudeV=11.2,

    cujoespectrocaicomacentuadainclinaoentre0,3e0,5m.PelasemelhanaentreaSED

    deste objeto e as estrelas de nossa amostra, optamospor adotar IRAS19386+0155como

    representante da categoria de psAGB, na anlise comparativa realizada no presente

    trabalho.AFigura1.11apresentaoresultadodoajustedaSEDdestaestrela,calculadapelo

    modelodediscoadotadoporGregorioHetem&Hetem(2002),oqualser discutidoem

    maiordetalhenoCaptulo5.

    Figura1.11:SEDdafonteIRAS19386+0155, umapsAGB, representanteda Classe I proposta porvanderVeenetal.(1989).As curvas tericas foramcalculadas adotandose omodelo proposto porGregorioHetem&Hetem(2002),visandoumestudocomparativo com asestrelasdenossaamostra.

    30

  • 1.2.4EstudodocenrioevolutivodaspsAGBnodiagramadecoresIRAS

    Ascores IRASsouma ferramenta bastante til para se analisar estgios finais da

    evoluoestelar, comoobservadopor van der Veen&Habing (1988 VH88daqui em

    diante).Seusdiagramassoadequadosparaoestudodascaractersticasdoenvoltriodestas

    estrelas,podendorevelarahistriadaperdademassadoobjeto,almdeserumindicativode

    sua composioqumica. Estas informaes so fundamentais na determinaodo status

    evolutivodoobjetodeinteresse.

    OestudodeVH88mostraqueasestrelasricasemoxignioquepossuemumenvoltrio

    formamumaseqncianodiagramadascores[12][25]x[25][60],definidaspor

    [12][25]=2,5log(F12m/F25m)

    [25][60]=2,5log(F25m/F60m)

    Osautoresverificamqueestaseqnciarepresentaumalinhaevolutivadeestrelasno

    ramoassinttico, quesosujeitasa taxascrescentesdeperdademassaao longodesua

    histria.AtrajetriaevolutivanodiagramadecoresIRASpropostaporVH88representada

    pela curvatracejadanaFigura1.12, a qual percorridadaesquerdaparaadireita pelos

    objetosestelares.EstaevoluopartedaestrelasvariveisMiras,quesofremumprocessode

    aumentonataxadaperdademassaevariabilidadeaolongodesuahistria,tornandoseuma

    estreladotipoOHIR.Estacorrelaoobservadaentreataxadeperdademassaeavariao

    no brilhoconfirmaa interpretaode queas ondasde choquedirigidas pelas pulsaes

    radiais da fase de AGBso as responsveis pelo processo de ejeo das camadas mais

    externasdaestrela.

    31

  • Asregiesdelineadassobreestediagramasofrutodeumestudoestatsticodeuma

    amostrade8864objetosselecionadosporVH88apartirdoPSCgeradopelamissoIRAS.

    Elasrepresentamolocustpicodedeterminadascategoriasdeobjetosdefinidasnotrabalho.

    Estasdefiniessobaseadastantonaposionodiagramadecoresdecadaobjeto,nos

    espectrosdebaixaresoluoentre8e24mdocatlogoLRS(LowResolutionSpectra)eo

    indicativodevariabilidadedadopeloPSC.Osestgiosfinaisrepresentadosnestediagrama

    correspondemfasedePN,asquaisseencontramconcentradasnaRegioVdaFigura1.12.

    Episdiosdedragagem(dredgeup)sosugeridoscomocausadoresdamudanadaqumica

    Figura1.12:DiagramadascoresIRAS[12][25]x[25][60].Acurvatracejadarepresentaaseqnciaevolutivadosestrelasricasemoxignio,queocorredaesquerdaparaadireitadodiagrama.Alinhacheiamostraascoresassociadasaumcorponegro,paravriastemperaturas.Asregiesenumeradasrepresentamolocus tpicodecategoriasespecficasdeobjetos,especificadasnotexto.

    dosenvoltrioscircunstelares.Estamudanatornaosenvoltriosricosemcarbono,causando

    amigraodosobjetosparaaregioVI.Alocalizaodeobjetosnestaregioindicativada

    32

  • coexistnciadematerialfrio(cor[25][60]elevada)edeumacomponentequente(baixos

    valoresde[12][25]).Estaestruturasugerequeoprocessodeperdademassaocorridoseja

    episdico,devidoaodaspulsaestrmicasdafaseAGB.Acomponentemaisfria

    provavelmenteejetadaemumapocaanteriorqueladaformaodoenvoltriomaisquente.

    1.3Identificaoatravsdascoresnoinfravermelho

    O digrama de cores no IR mostrase a ferramenta ideal para o estudo de objetos

    associadospresenadematerialcircunstelar.AfotometrianoIRprximopodeserutilizada

    paraverificarmosseaprincipal fontedeemisso deorigemfotosfrica, nebulosa(i.e.,

    gasosa) ou devido presena de umenvelopecircunstelar (GarcaLario et al. 1997). A

    determinaodaorigemdestaemissonospermiteaidentificaodanaturezaeoestgio

    evolutivo da fonte, j que cada objeto deve apresentar um fluxo caracterstico nos

    comprimentosdeondaIR.Entretanto,emmuitoscasosaidentificaodeumdadoobjetono

    possvelatravsdascoresnoIRexclusivamente.RegiescompactasdeHII,estrelasna

    PMS,ncleosativosdegalxias(AGNs)epsAGBspossuemcoresIRbastantesimilares.

    Nestecaso,fazsenecessriaaanliseconjuntadeoutrasfaixasespectraisouatmesmoo

    usodecritriosadicionais.Esteproblemafacilmenteresolvido,porexemplo,paraocaso

    dasestrelasOH/IR,asquaispodemsercaracterizadaspelapresenadaemissomaserdeOH

    em1612MHz,comperfildeduplopico.NocasodasestrelasTT,temosaconfirmaode

    sua natureza pela detecoda linha de absoro do LiI em6707. Porm infelizmente

    assinaturascomoestasnosotoevidentesnasoutrasclassesdeobjetos.Aemissomaser

    33

  • normalmentenomaisobservadanafasedepsAGBeasHABsoquentesdemaispara

    quesejapossvelasobrevivnciadealgumafraodesuaabundnciaprimordialdeltioem

    umaescaladetempoobservvel.

    Apesardisto,aindaassimpodemosextrairinformaesvaliosasacercadanaturezados

    objetos a partir da caracterstica de emissono IR. Para uma interpretaoadequadado

    comportamentodestafaixaespectral,interessanterevisarmosalgumasdasprincipaisfontes

    deemissonestaregio: (i) Emissotrmicadeumplasma,queconsistebasicamentedo

    coninuoderecombinaoedeemissolivrelivredeumgscompostoporhidrognioe

    hlioionizados;(ii)Emissotrmicadepoeira,originadatantopelapoeirafriapresentenos

    envelopes circunstelares com temperaturas caractersticas abaixo de 300 K (IR mdio e

    distante)comotambmpelapoeiraquente(T~1000KIRprximo)associadaouaum

    episdio de perda de massa recente, no caso das psAGB, ou presena de umdisco

    circunstelar, no caso de um YSO; (iii) Contnuo estelar, no caso de estrelas no to

    obscurecidaspelapoeiracircunstelare (iv)Linhasdeemisso,geradasprincipalmentepela

    recombinaodohidrognioehlio.Essaslinhaspodemserdominantesnaregioentre1e2

    mparaenvoltriosionizados.OtripletodeHeIem1,083 mpodeserbrilhanteosuficiente

    paraseraprincipalfontedeemissonabandaJ,mesmoestandonaextremidadedacurvade

    transmisso deste filtro. Tambmcontribuemnesta banda as linhas de recombinao de

    Paschendohidrognio,enquantoqueaslinhasdassriesdeBrackett,Pfundeemalguns

    casosaemissomoleculardohidrognioafetamofluxoobservadonasbandasHeK.

    AFigura1.13exibeasregiestpicasocupadaspelasdiversasclassesdeobjetosno

    digramadecoresHKxJH,extradodotrabalhodeGarcaLarioetal.(1997).

    34

  • Cercade2/3dasPNedaamostraestocontidasnanebulabox,definidaporWhitelock

    (1985), indicadaemdestaquenaRegioVmostradanaFigura1.13. AsPNe tambmse

    encontramemumaregiobemseparadadaquelaposiodeestrelasdeMSegigantes.A

    dispersodestaclassedeobjetocomrelaobandaJnodeveserdevidaaocorrnciade

    diferentestemperaturasdeplasma,jqueistoproduziriaapenaspequenosdeslocamentosdos

    objetosnodiagrama.Whitelock(1985)mostraqueestadispersoprovavelmentedevida

    presena do tripleto de HeI em1,083 m, especialmente intenso nas PNs da classe de

    excitaointermediria.GarcaLarioetal.(1997)atribuemalocalizaodealgumasPNsna

    RegioI,tpicadasestrelasdaMSegigantes,contaminaoporestrelasdecampooupor

    umapossvelcompanheirabinria.

    Figura1.13:DiagramadecoresnoIRprximodaamostradeGarcaLario et al. (1997),semcorreodeextino.AlinhacheianaregioIindicaaposiocorrespondenteMSeestrelasgigantes.Areaemdestaquecontida na regio V referente nebula box, definida por Whitelock (1985). O vetor representa odeslocamentoqueumaextinode10magnitudescausarianaposiodeumobjeto.

    35

  • Asestrelas de psMSestoespalhadas por quase todoo diagrama. Emparticular,

    aquelas que ocupam a Regio II apresentam emisso maser em OH e no possuem

    contrapartidanoptico.Estassocaractersticascompatveiscomestrelasvariveisdotipo

    OH/IR,queportantoprovavelmentepovoamestaregio.JnasregiesIIIeIV,asestrelas

    maisevoludassosujeitasaumaforteextinocicunstelaregeralmentenosovariveis.A

    emissomaserocorreapenasnaRegioIII.Suasdiferentesposiespodemsercausadaspela

    presenadepoeiraquente,queinfluenciaespecialmenteofluxodetectadopelabandaK.

    Estas caractersticas indicam que as estrelas que ocupam esta regio se encontram

    provavelmenteemumestgiorecentedafasedepsAGB,constituindoaclassedeestrelas

    OH/IRnovariveis.ARegioIcaracterizaumaemissodotipoestelar,compatvelcomas

    psAGBemestgiosmaisavanados,comaconseqentedissipaodeseusenvoltrios.

    Nelaocorreumapequenavariabilidadeirregulareaemissomasernoobservada.

    Entre os YSOs, encontramse desde os objetos mais severamente obscurecidos at

    aquelesondesodetectadasestrelasbrilhantesnoptico,compoucoounenhumexcessono

    IR.AsfontessujeitasaumaaltaextinosoprovavelmenteregiesdeHIIcompactase

    objetosdo tipoHerbigHaro, aindaembebidosnanuvemmolecularnas quaiseles foram

    originados.EstesobjetospovoamespecialmenteaRegioIII,muitoemboraalgunsocupema

    RegioIIprximalinhadetemperaturasdecordeBB,quevariaentre800e1500K.Jos

    objetosvisveisnoscomprimentosdeondapticosconstituemasHABseTTdaamostra.

    ElesocupampreferencialmenteaRegioIV,emboraaindaassimhcasosnasregiesIeII.

    OsdiscoscircunstelaressoosmaisprovveisresponsveispeloexcessoobservadonoIR

    destasfontes(Hillenbrandetal.1992).Asgalxiaspresentesnodiagramadecoressoem

    36

  • sua maioria classificadas como galxias Seyferts brilhantes. Elas em geral ocupam a

    intersecoentre as regies I e IV, confundindose comas outras classes de objetos. O

    excesso observado no IR originadonas regies ao redor do ncleo galctico, que so

    provavelmenteassociadosaumaforteatividadedeformaoestelar(Sanderset al. 1988,

    Caricoetal.1990).Assim,asgalxiasqueocupamaRegioIVpossuemprovavelmenteum

    ncleocomsurtodeformaoestelar,enquantoqueaquelasqueseencontramnaRegioI

    devemcorresponderaumaatividadenuclearmoderada.

    PodemosconcluirapartirdaanlisedascoresnoIRprximoqueaanlisedestafaixa

    doespectrono suficienteparaaidentificaodosobjetosnamaioriadoscasos.Desta

    forma, necessrio levar em considerao outros critrios de classificao, para serem

    combinadoscomainformaocontidanodiagramadascoresnoIRprximo.

    OdiagramadascoresIRASforneceinformaoadicionalemoutrafaixaespectral,no

    IRdistante.AFigura1.14exibeestediagrama,comasregiestpicasdevriasclassesde

    objetossugeridaspordiversosautores,sobrepostasamostradeGarcaLarioetal.(1997).

    ARegio(a)associadasvariveisMirasbrilhantes(Herman1988);(b)svariveis

    OH/IR(Svagnaman1989);(c)sestrelasTTeHAB(Harrisetal.1988);(d)aosAGNs(de

    Grijpetal.1987)e(e)sregiesdeHIIcompactas(Antonopoulos&Pottasch1987).Acurva

    exponencialpresentenodiagramarepresentaatrajetriaevolutivasofridaporumobjetocom

    taxacrescentedeperdademassa,calculadaporBedijn(1987).

    Podemos observar neste diagrama que apesar da sobreposio do locus tpico das

    diversasclassesdeobjeto,aindaassimhregiesondeaidentificaopossvel.Almdisso,

    aamostradeGarcaLarioetal.(1997)semostroucompatvelcomadistribuioesperada

    37

  • paraosalvosdenaturezaconhecidadesuaamostra,confirmandoavalidadedestecritriode

    classificao.

    Figura1.14:DiagramadascoresIRASdaamostradeGarcaLarioetal.(1997).Sobrepostasestoasregiestpicasdecadaclassedeobjeto,propostaspordiversosautores(descritasnotexto).AlinhacheiarepresentaacurvacalculadaporBedijn(1987)associadaaumaevoluocomtaxadeperdademassacrescente.

    38

  • Captulo2

    OPicodosDiasSurvey

    CombasenasmedidasdefluxosIRASem12,25e60 mdeestrelasTTauri(TT)

    associadasanuvensmolecularesdoComplexodeChamaeleon,GregorioHetem,Sanzovoe

    Lpine(1988)sugeriramqueasTTocupamumaregiobemdefinidanodiagramacorcor

    avaliado em tais bandas. Uma longa campanha observacional, realizada no OPD

    (MCT/LNA), emItajub, MGvisando a obtenode espectros de mdia resoluopara

    verificara presenadas linhasH (ememisso)e Li I (emabsoro), queconfirmama

    naturezajovemdascandidatas.FoiassimestabelecidooprojetodenominadoPicodosDias

    Survey (PDS), uma pesquisa que revelou vrios objetos PMS que no haviam sido

    prviamenteidentificados,ouseja,novasestrelasTTeestrelasHAB.

    OsprimeirosresultadosforampublicadosnaformadeumcatlogoporGregorioHetem

    etal.(1992)eTorresetal.(1995).Finalmente,C.A.Torres(1999)apresentouemsuatesede

    doutoradoocatlogocompletodoPDS,descrevendoemdetalhesoprojeto,oqualseraqui

    apresentadoapenasdeformaresumida.

    39

  • 2.1Objetivos

    Apartir do IRAS PSC foram selecionadas candidatas a novas estrelas do tipo TT

    (estrelasdebaixamassanafasePMS).Ocritriobsicodeseleoutilizadofoiabuscapelos

    objetoscontidosdentrodeumaregioespecficadodiagramadecoresIRAS,determinada

    pelos intervalos de fluxos 0.95

  • 2.2.Metodologia

    OsespectrosforamobtidoscomoespectrgrafoCoudeotelescpiode1,6mdoOPD.

    Foiutilizadaaredede600l/mm,queproporcionaumaresoluodecercade0,7naregio

    dovermelho(~6600),cobrindoaregiode6500a6740.

    Medidas fotomtricas foram obtidas nas bandas no sistema JohnsonCousins

    (UBV(RI)c)usandoofotmetrorpido(FOTRAP)descritoporJablonskietal.(1994).

    Para cadacontrapartida ptica das fontes IRASselecionadas de acordocomos critrios

    acima descritos, foram obtidos trs espectros em diferentes datas, buscando verificar a

    ocorrncia de variabilidade nas linhas espectrais. Notese que muitas das fontes IRAS

    apresentaramduasoumaiscontrapartidaspticas,oquepossibilitouadescobertadevrios

    sistemasmltiplos.

    2.3ResultadosobtidospeloPDS

    Oresultadodestabuscaemprincpiodirecionadaaobjetosjovensdebaixamassafoi

    bastanteheterogneoedesta formasurpreendente. Foigeradoumcatlogocontendo886

    objetos, dentre os quais esto: 200 estrelas jovens ainda no catalogadas anteriormente

    (GregorioHetemetal.1992;Torresetal.1995;Torres1999);108candidatasaestrelasdo

    tipoHerbigAe/Be(Vieiraetal.2003);20gigantesvermelhasricasemltio(GregorioHetem

    etal.1993,Castilhoetal.2003);eumquasar(Torresetal.1997).

    41

  • Estesresultadosevidenciamaheterogeneidadedostiposdeobjetosdetectadosapartir

    doscritriosdeseleoadotadospelamissodoPDS.ComovimosnoCaptulo1,issose

    devesemelhananoexcessoIRobservadotantoemobjetosjovenscomonosobjetosmais

    evoludos.Estefatopropiciouporexemploadescobertaserendpitadegigantesricasemltio.

    DelaRezaetal.(1997)argumentamquetodasasgigantesKnormaissetornamricasemltio

    porumcurtoperododetempo(deat105anos),devidoaummecanismodemisturaabrupto

    queenriqueceumacamadacircunstelar,aqualejetadadevidoaumeventodeperdade

    massaepisdico.Esteprocessosimilaraoocorridoparaaconversodecamadasricasem

    oxignioparacamadasricasemcarbono(delaRezaetal.1996).

    2.4Adetecodeestrelasjovensdemassaintermediria

    Porapresentaremumaestrutura circunstelar semelhante s TT, candidatas a estrelas

    HABtambmforamselecionadasdeacordocomocritriodascoresIRAS.Osintervalos

    adotadosparaasrazesdefluxosIRAS,deacordocomasugestodeWeintraub(1990),

    foram:1,3512,0e1.8521,5definidospor:

    1=3,14log(F25m/F12m)1

    2=3,14log(F60m/F25m)1

    Comomencionadoacima,essesintervalossoumpoucomaisabrangentesqueaqueles

    sugeridosporGregorioHetem,Sanzovo,&Lpine(1988)comolocus preferencialdasTT,

    permitindoqueobjetoscommaisvariadascaractersticascircunstelaresouformatodaSED,

    42

  • emespecialasHABs,tambmfossemrevelados.ComoserdiscutidonaSeo2.6,parteda

    amostradeestrelasjovensdemassaintermediriaobservadasnoPDSapresentaSEDscom

    inclinaesextremas(espectrocrescentenaregiodoIRdistante),maissemelhanteaobjetos

    evoludos,comoaspsAGB,doqueaestrelasPMS,tornandoessegrupoespecialmente

    interessanteparaopresentetrabalho.

    Vieiraetal.(2003)apresentaramaidentificaodas108HABsdetectadospeloPDS.

    Cercade30%dessaamostrajhaviasidoprviamenteidentificadacomoPMSnotrabalho

    realizadoporThetal.(1994),noqualforamestudados287objetos,entreHABeestrelas

    relacionadas.ATabela1docatlogodeThetal.apresentaumacentenadeestrelasdetipo

    AeouBequeatoinciodosanos90eramreconhecidascomoverdadeirasHABs,bemcomo

    potenciaiscandidatas.Outrosobjetos,classificadoscomoestrelascomlinhasdeemissoe

    excesso infravermelho, ou estrelas com emisso extrema, foram apresentados em listas

    separadasnoreferidocatlogo.

    Guimaresetal.(2006)estudaramaacresocircunstelardeumaamostrade15HABs

    doPDS,determinandoparmetrosestelares,metalicidadeevelocidadederotaoatravsde

    espectroscopiadealtaresoluoeclculodeespectrossintticos.Evidnciasdeacreso

    foram encontradas para quatro objetos de sua amostra, com base no deslocamento das

    componentesdelinhasdeabsoro.

    2.5Henize31475

    Rodriguesetal.(2003)realizaramumestudopolarimtricodePDS465(Henize31475),

    43

  • uma das canditatas a HAB que apresentava forte excesso farIR, como indicado pela

    inclinaodaSEDmuitomaisproeminentenasbandasIRASquenaregioespectraldo

    visvel.UmadasevidnciasdesetratardeobjetoevoludofoiapresentadaporRieiraetal.

    (1995)querealizaramespectroscopiaeimageamentopticosrevelandoaltaabundnciade

    nitrognio,umadascaractersticastpicasdePNdotipoI.

    Osresultadosobservacionaisobtidosapartirdapolarimetriapticaedafotometriano

    IRprximoobtidosporRodriguesetal.(2003)confirmaramanaturezaPPNdeHenize3

    1475.Combasenaaltapolarizaointrnseca,provavelmentedevidaaumdiscocircunstelar

    pticamenteespesso,enamodelizaodoenvoltrio,calculadapelomtododeMonteCarlo,

    foiverificadaumaleidepotnciacomndice3paraadistribuiodetamanhosdegros.

    Inspirados pelo fato de que outras HABs do PDS podemapresentar caractersticas

    semelhantesaHenize31475,tornandoaspotenciaiscandidatasaobjetosmaisevoludos,

    realizamosumestudodetalhadodeumaamostraselecionadadeacordocomoformatoda

    SED,conformeoscritriosdescritosnaSeo2.6aseguir.

    2.6Classificaosegundoadistribuioespectraldeenergia

    Sartori et al. (2003) propuseramumesquemadeclassificaodas HABa partir da

    anlisedaSEDdoobjeto. Ele baseadonovalor do ndiceespectral e na fraoda

    contribuiodoenvoltriocircunstelarsobreoespectrototalemitidopelacandidata. Este

    ndicedefinidoporTorres(1999)expressopor=0,75log(F12m/FV)1.

    44

  • Aestimativadafraodacontribuiocircunstelarfeitaatravsdeummodeloque

    propeumaestruturacompostaporobjetocentralenvolvidoporumdiscofinooticamente

    espessoeumenvelopeesfricodepoeira(GregorioHetem&Hetem2002).Reproduzsea

    SED observada considerandose diferentes leis de temperatura para as componentes

    individuaisdosistema.Apartirdestemodelo,podesecalcularaporcentagemdaemissodo

    envoltrioSccomrelaoemissototal.Destaforma,definiramseasseguintesclasses:

    Grupo1:>1,indicandoqueaemissonoIRmdiomaiorqueaemissonovisvel.A

    contribuiocircunstelarScmaiordoque70%.

    Grupo2:10,indicativodequeaemissonoIRmdiomenosimportantequea

    observadanoptico.Afraodesuacontribuiocircunstelarestemumintervaloentre

    10%e70%.

    Grupo3:

  • Figura2.1:SEDsdosobjetosRCrA,HD144432ePictoris,tpicasdosGrupos1,2e3,respectivamente.EstaseparaoemgruposdefinidaporSartorietal.(2003).Ascurvastericasforamcalculadasapartirdeummodelodeduplacomponentecircunstelar,descritonoCaptulo5.

    46

  • 2.7Critriosdeseleodenossaamostra

    Foramselecionados27objetos entre ascandidatas a HABpertencentesaoGrupo1

    descritoanteriormente.AsSEDsdestesobjetosapresentainclinaescrescentesparamaiores

    comprimentos deonda, havendoummximodeemissono infravermelhodistante. Esta

    caractersticaindicaafortecontribuionaemissodevidaaoenvoltriocircunstelar.Alista

    dosobjetosselecionadosparaesteestudopodeservisualizadanaTabela2.1,ondepodemos

    encontrar as identificaes destes objetos dadas pelo PDS, IRASe a identificao mais

    comumnaliteratura,bemcomosuasposies,dadasemcoordenadasequatoriais(J2000).Os

    outrosdadosdisponveisparaasestrelasdaamostrapodemserencontradosnoCaptulo4.

    Tabela2.1:ObjetosdoPDSselecionadoscomocandidatosapsAGB.

    47

    PDS IRAS identificao R.A. DEC.18 05513-1024 ... 05 53 42,5 -10 24 0127 07173-1733 V* DW Cma 07 19 35,94 -17 39 18,737 10082-5647 GSC 08607-01509 10 10 00,33 -57 02 07,467 13491-6318 Hen 3-938 13 52 42,9 -63 32 48141 12496-7650 V* DK Cha 12 53 17,22 -77 07 10,6168 04278+2253 GSC 01829-00331 04 30 50,05 +23 00 06,2174 05044-0325 NSV 1832 05 06 55,5 -03 21 13193 05357-0650 GSC 04779-00040 05 38 09,23 -06 49 15,9198 05365-0718 V* V599 Ori 05 38 58,64 -07 16 45,7204 05471+2351 EM* MWC 778 05 50 13,5 +23 52 17207 06040+2958 GSC 01876-00892 06 07 16,1 +29 58 01216 06210+1432 CAP 0621+14 06 23 56,16 +14 30 27,6257 07394-1953 ... 07 41 41,2 -20 00 14290 09245-5228 GSC 08584-02884 09 26 11,8 -52 42 18353 12196-6300 ESO 95-7 12 22 23,28 -63 17 16,7371 13445-3624 ... 13 47 31,7 -36 39 52394 15310-6149 ... 15 35 17,0 -61 59 05406 16017-3936 GSC 07855-00815 16 05 03,93 -39 45 03,2431 16513-4316 ... 16 54 57,7 -43 21 39465 17423-1755 Hen 3-1475 17 45 14,16 -17 56 46,6477 17575-1647 ... 18 00 29,3 -16 47 23518 18250-0351 V* NZ Ser 18 27 39,6 -03 49 52520 18275+0040 GS 00446-00153 18 30 06,9 +00 42 34530 18391+0805 ... 18 41 34,8 +08 08 22543 18454+0250 ... 18 48 00,4 +02 54 13551 18528+0400 ... 18 55 21,5 +04 04 29581 19343+2926 BD +29 3662 19 36 18,41 +29 32 52,4

  • Captulo3

    Associaocomnuvensmoleculares

    Aassociaodeumdadoobjetocomregiesdeformaoestelarpodeserumindicativo

    deumanaturezajovem.Asnuvensmolecularessobemconhecidosberriosestelares,

    ondeacreditasequeumprocessodecolapsogravitacional,desencadeadoporumaeventual

    perturbaodosistema,sejaresponsvelpelosurgimentodenovasestrelas.Destaforma,o

    estudo desta possvel associao desempenha um papel importante na identificao da

    naturezadosobjetosdenossaamostra.

    Umaanliseinteressanteconsistenacomparaodadistribuioespacialdasestrelas

    sobinvestigaoeadistribuiodenuvensescurasdaGalxia.Paratanto,fezseumabusca

    noscatlogosdeLynds(1962)edeFeitzinger&Stwe(1984)dasnuvensmaioresemais

    prximassestrelasdaamostra.OcatlogodeLyndsumacompilaodasnuvensescuras,

    registradas nas placas fotogrficas no vermelho e no azul, obtidas do Atlas Celeste do

    ObservatrioPalomar,cobrindoumaregioentre0e240o emlongitudesgalcticas.J o

    trabalhodeFeitzinger&StwebaseiasenoestudodecamposcontidosnoAtlasCelesteESO

    (B) e SRCJ, abrangendo a regio complementar entre 240o e 360o. Ambos fornecema

    posiocentraldasnuvens,suasreasemgrausquadradoscalculadascomoauxliodeum

    49

  • planmetroeumaestimativadesuasopacidades,feitaatravsdeinspeovisual.

    ATabela3.1exibeosdadosobtidosapartirdapesquisanestescatlogos.Acoluna1

    lista a identificao do PDS de nossas candidatas; as colunas 2 e 3 representam as

    coordenadasgalcticasdestascandidatas; aquartacolunaexibea identificaodanuvem

    maisprximadorespectivoobjetodenossaamostra,ondealetraLindicaquandoesta

    entradafoiextradadocatlogodeLynds(1962);ascolunas5e6especificamaposio

    central destas nuvens; a stima coluna informa a rea da respectiva nuvem, em graus

    quadrados;aoitavacolunamostraadistnciaentreoobjetodenossaamostraeocentroda

    nuvemmaisprximaeacoluna9representaumaestimativadadistnciaentreoobjetoPDSe

    abordadanuvem.Adistnciaentreoobjetoeocentrodanuvemcalculadaatravsda

    expresso

    D=[(lobjlnuv)2+(bobjbnuv)2]1/2

    ondel representaalongitudegalcticae balatitude.Aestimativadadistnciadaestrela

    bordadanuvemdadapord=D(rea)1/2.Apartirdestadefiniopodemosinterpretarque

    valoresnegativosindicamqueoobjetoseencontradentrodanuvem.Oserrosassociadoss

    posiesemcoordenadasgalcticasdenossosobjetospossuemumlimitesuperiorde30.

    A distribuio galctica das estrelas da amostra e as posies centrais das nuvens

    listadasnaTabela3.1podemservisualizadasnaFigura3.1.Podemosperceberatravsdesua

    inspeoqueobjetoscomaltalatitudegalcticanoseencontramnecessariamentedistantes

    decomplexosdenuvensmoleculares,comoocasodePDS174,PDS193ePDS198.Alguns

    autoresargumentamqueumagrandedistnciaaoplanogalctico(|b|>10o)umindicativo

    deumanaturezamaisevoluda, caractersticadeumapopulaoestelarmaisvelha(e.g.,

    50

  • Parthasarathyetal.2000,Oudmaijer1996,Waelkensetal.1998).Estaafirmaodeveser

    cautelosa, tendo em vista que a distribuio das nuvens na Galxia no se restringe

    necessariamenteaumaregiomuitoprximaaoplano.

    Tabela3.1:PosiesgalcticasdosobjetosdenossaamostraedasnuvensmaisprximasextradasdoscatlogosdeLynds(1962)edeFeitzinger&Stwe(1984).Astrsltimascolunasreferemserespectivamentereadanuvem(dadaemgrausquadrados),distnciaobjetocentrodanuveme distnciaobjetobordadanuvem(dadasemgraus).

    A distncia do objeto borda da nuvem mais prxima representa uma medida

    quantitativa da possvel associaoda estrela coma nuvemescura. claro queexiste a

    possibilidadedaocorrnciadeumefeitodeprojeo,ondeaestrelaeanuvempossuem

    diferentesprofundidadesnocu.Noentanto,aquelesobjetosquenoseencontramsequer

    angularmentecontidosnasregiesocupadaspelanuvem,oumesmoprximosaela,muito

    51

    PDS nuvem rea D d18 215,83 -17,55 L1648 214,43 -17,46 1,85 1,4 0,7227 231,75 -2,03 2 236,61 -2,44 0,47 4,9 4,1937 282,27 -0,79 134 281,55 -0,81 1,02 0,7 0,2267 309,68 -1,48 256 309,61 -1,85 0,42 0,4 0,05

    141 303,01 -14,23 223 303,47 -14,74 0,24 0,7 0,44168 174,76 -17,2 L1536 174,96 -16,59 1,5 0,6 0,02174 203,48 -24,78 L1616 203,42 -25,05 0,02 0,3 0,21193 210,62 -19,51 L1641 210,64 -19,83 6,27 0,3 -0,94198 211,18 -19,51 L1641 210,64 -19,83 6,27 0,6 -0,63204 184,86 -1,77 L1560 183,72 4,58 2,3 6,4 5,69207 181,47 4,58 L1557 181,23 4,21 1,04 0,4 -0,07216 196,91 0,62 L1600 198,95 1,18 0,4 2,1 1,8257 236,32 1,4 2 236,61 -2,44 0,47 3,8 3,51290 274,63 -1,5 114 274,56 0,13 0,14 1,6 1,45353 299,61 -0,6 194 299,75 -1,35 0,32 0,8 0,48371 315,19 24,89 274 315,09 4,28 0,83 20,6 20,16394 320,93 -4,98 298 321,61 -4,3 0,43 1 0,63406 338,5 9,45 348 338,95 9,5 0,44 0,5 0,12431 342,33 0,16 372 344,05 -0,42 0,15 1,8 1,62465 9,34 5,84 475 6,44 2,12 0,22 4,7 4,48477 12,15 3,33 L320 12,26 3,69 1,42 0,4 -0,21518 26,81 3,54 L511 26,62 4,28 0,81 0,8 0,32520 31,07 5,17 L578 31 4,99 0,01 0,2 0,15530 39,06 5,91 L637 39,01 6,17 0,03 0,3 -0,09543 35,07 2,18 L621 35,23 2,56 45 0,4 -2,94551 36,91 1,15 L628 36,67 0,21 2 1 0,26581 64,07 4,31 L811 63,78 3,41 0,25 0,9 0,69

    lobj bobj lnuv lnuv

  • Figura3.1:Distribuiogalcticadasestrelasdaamostraedaposiocentraldasnuvensescurasmaisprximasaestasestrelas.

    52

  • provavelmentenoestoassociadosaestaestrutura.

    TodaestaanlisebaseiaseemreaseposiesestimadasdocatlogosdeLyndsede

    Feitzinger&Stwe,constituindoportantoapenasumaabordagempreliminar.Paraumestudo

    mais detalhado, devemos levar em considerao a geometria irregular apresentada pelas

    nuvens,aqualemgeralpossuiumaestruturafilamentar.Adeterminaodasdistnciass

    bordasdanuvensspodemnosrevelarordensdegrandeza,jqueoformatodetalhadoda

    nuvemnofoilevadoemconsideraonestaestimativapreliminar.

    Umaalternaltiva para levarmosemconta a posioespecfica decada objetoneste

    estudodeassociaocomSFRsautilizaodeummodelodeextinogalctica,comopor

    exemploopropostoporAmres&Lpine(2005).Noentanto,pelofatodenodispormosde

    medidasdedistnciaconfiveisparanossosobjetos,decidimosestudararealextensodas

    estruturasinterestelaresatravsdomapadaextinogalcticaproduzidoporDobashietal.

    (2005).Estesautoressoresponsveispelaconstruodeumatlaseumcatlogodenuvens

    escuras,apartirdabasededadosnopticodo DigitizedSkySurvey I (DSS).Atravsda

    anlisede1043placascontidasnoDSS,elesproduziramummapaemAv(extinovisual)

    quecobre toda a regiogalctica, no intervalodefinidopor |b| 40o. Estemapapossui

    versesemresoluesde6'e18',quepodemserencontradasnapginahttp://darkclouds.u

    gakugei.ac.jp/astronomer/astronomer.html em formato .fits. Entre outros resultados, este

    trabalhoregistrou2448nuvensescurase2841clumpsnelascontidos.

    Apartirdaversodemaisaltaresoluodestemapagalctico,obtivemosovalorda

    extinonaposiodecadaobjetodaamostra.Almdisso,tambmcalculamosodesvio

    padrodosvalorescontidosemumquadradode1o x1o,centradonaposiodaestrelada

    53

  • amostra, comauxlio da tarefa imstat do pacote IRAF (ImageReductionandAnalysis

    Facility disponibilizadopor NationalOpticalAstronomyObservatories (NOAO)).Desta

    forma,podemosterumaidiadecomosecomportaavariaodovalordaextinonas

    vizinhanasdecadaobjeto.Ovalordaextinonaposiogalcticadoobjetorepresenta

    umamedidaquantitativadasuaassociaocomasnuvensescuras,sendoportantobastante

    tilparanossaanlise.EstesvaloressoapresentadosnaTabela3.2.AFigura3.2.aexibea

    distribuiogalcticadenossosobjetosnestemapaemAv,sobreoqualestosobrepostosos

    contornosdemesmaextinoemAv=0,5mageAv=3mag.NaFigura3.2.bpodemos

    visualizarcomummaiorgraudedetalhamentoaregiocentraldaGalxia,ondepodemos

    observar uma certa concentrao de nossos objetos. No Captulo 4 faremos um estudo

    comparativo entre as extines obtidas do trabalho de Dobashi et al. (2005) e aquelas

    estimadasapartirdoexcessodecornopticoobservadoparacadaobjeto.

    OestudoemAvpermiteaanlisedainflunciadasnuvensescurasnaregiodoptico,

    ondeaextinocircunstelarpodedesempenharumpapeldominante.Afimdeestudarmos

    umacaractersticamais intrnsecaaoISM,tambmdesenvolvemosumestudoanlogoao

    anterior,squecombasenaregioespectraldoIRdistante.Paratanto,analizamosimagens

    obtidaspelosatliteIRASem100m.Elaspossuemumaextensoangularde12,5ox12,5o,

    comumaresoluoespacialde0,025graus/pixel.Estasimagensrevelamespecialmenteas

    propriedadesdaemissodevidaaocirrusinterestelar,sofrendopoucainflunciacausadapela

    emissodosenvoltrioscircuntelares.Pararelizarmosumestudoquantitativoapartirdestas

    imagens,calculamosacontagemmdiaeodesviopadroderegiesquadradasde1ox1o.

    Estasregiesforamescolhidasdeformaqueevitasseacontaminaocausadapelapresena

    54

  • 55

  • Figura3.2:MapadeextinoproduzidoporDobashietal.(2005).Em(a)exibidoomapacompletoeem(b)temosrepresentadaemdetalhearegiocentraldaGalxia,ondehumamaiorconcentraodenossosobjetos.Sosobrepostosaosmapascontornosem0,5mage3mag,bemcomoasposiesdosobjetosdaamostra.

    defontespuntuaiseaomesmotempoquenosedistaciassemmaisdoque1odoobjetode

    interesse. OsvaloresobtidospodemserencontradosnaTabela3.2. Nesta tabela tambm

    podese encontrar alguns resultados do trabalho de Vieira et al. (2003), no qual foram

    calculadas as distncias fotomtricas para as estrelas da amostra supondo que elas se

    encontremnaMS,oquerepresentaumaboaaproximaoparaocasodasHAB.Almdisso,

    elesproduziramumacompilaodaspossveisregiesdeformaoestelar(SFR)squaisos

    objetosprovavelmenteencontramseassociados,bemcomodesuasdistncias,disponveisna

    literatura.Asrefernciaspodemserencontradascomdetalheemseutrabalho.Asimagens

    IRAS em 100 m podem ser visualizadas no Apndice A. Sobre elas, foram traados

    56

  • isocontornosdefluxoem15e60MJy/sreasposiesdosobjetosdaamostra.

    Os objetos PDS465e PDS581nopossuemestimativa de distncia ou sugestode

    associaocomqualque