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Aqui você vai encontrar importantes obras da riquíssima Literatura Brasileira. Agora ela está nos ônibus de Belo Horizonte e contamos com a sua ajuda para conservar este texto. 61 Confluência e identidade João Jarbas Damasceno Havia um monjolo e uma cuba de melado e a picumã sempre suspensa nos caibros da cozinha. Os melros navegavam numa tarde em uníssono em demanda dos arrozais ou dos bambuzeiros. Os insetos na várzea cantavam infinitos e as cigarras no arvoredo próximo. Tudo desafiava em conjunto. E havia uma incosistência de haver. Havia um mundo num estalo e muitas luzes que espocariam e queimariam retinas e ar insuflado aos pulmões. De quanta forma, quanta cor, que matéria, tempo há a essência do camaleão, senão a aliada natureza; e face sua. Nesta terra se poderia ser uma pedra, um caule de araucana, um banjo sonoro, uma cascata enluarada, um tacho de cobre, uma corda de sisal, um chapéu cigano, um cacho tenro no parreiral, sem de si em nada divergir Esse dia não amanheceu silencioso, nem houve-se, peixe, neste dia ou a dormir num degelo morno de cianoficias. Um leão devorava um cervo nessa hora, uma cobra atraía um sapo a tempo e passo, os cupins erguiam um cupineiro nesta terra de lavra e plantio ou colheita, continua... 31 | 3586.2511 www.letras.ufmg.br/atelaeotexto [email protected] Realização: Incentivo: Patrocínio:

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61Confluência e identidadeJoão Jarbas Damasceno

Havia um monjoloe uma cuba de meladoe a picumã sempresuspensa nos caibros da cozinha.Os melros navegavam numa tarde em uníssonoem demanda dos arrozaisou dos bambuzeiros.Os insetos na várzea cantavam infinitose as cigarras no arvoredo próximo.Tudo desafiava em conjunto.E havia uma incosistência de haver.Havia um mundo num estaloe muitas luzes que espocariame queimariam retinase ar insuflado aos pulmões.De quanta forma, quanta cor,que matéria, tempohá a essência do camaleão,senão a aliada natureza; e face sua.

Nesta terra se poderia ser uma pedra,um caule de araucana,um banjo sonoro,uma cascata enluarada,um tacho de cobre,uma corda de sisal,um chapéu cigano,um cacho tenro no parreiral, sem de si em nada divergir Esse dia não amanheceu silencioso,nem houve-se, peixe, neste diaou a dormir num degelo morno de cianoficias.

Um leão devorava um cervo nessa hora,uma cobra atraía um sapo a tempo e passo,os cupins erguiam um cupineiro nesta terrade lavra e plantio ou colheita,

continua...31 | 3586.2511www.letras.ufmg.br/[email protected]

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um caracol em inconsciente sossegotecia seu manto, quase casual,a aranha devorava diligente uma mosca caída na teia.E o vento torrencial soprava suave a copa das árvoresnaquele contexto de abril.

Havia combate `a espera,nos campos, nas ruas, nos mares,nos escritórios, nos teatros, nos fóruns, nas alcovas, nos tribunais.Nos lugares que não suspeitava que houvessem em si.E um farol devido inalcançável.

Haveria o fogo, o ar, a água, a terra,a pedra, o aço, o céupara incompreender e sentir.

Haveria as espadas e os beijos,as rosas e os laços.Uma tulipa negra túrgida,uma inerte bailarina de arruinado mimo.E uma renda tênue diáfana,em abandono no chão.

Haveria tantas falas,tantas faces diversas.Universo, mundo.E essa terracomo um lobo prateado de olhos em chamana escuridão.Ou como um dilúvio de verdes e raízes,um mar de poeira,um encanto de sonho e polvilho, grão e minério.

Haveria uma atmosfera vorazde neve, lava, coriscos, avalanchese relvas que medrariam silenciosas em entrelaçamentos.haveria toda têmpera urdida absconsade todos os elementos da natureza.Mas sobretudo esse caminho haveriade ser insuficiente para a vidae absoluto para a morte.Entrementes n’algum tempo,tudo se poderia;a chuva, o vento, a terra própria, a nevasca e o abrasar do sol.Foi um abril, que me viu nascer.

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Como os cãesOlavo Bilac

— Não é possível, senhora! — dizia o comendador à esposa — não é possível! — Mas se eu lhe digo que é certo, seu Lucas! — insistia a D. Teresa — pois é mesmo a nossa filha quem m’o disse! O comendador Lucas, atônito, coçou a cabeça: — Oh! Senhora! Mas isso é grave! Então o rapaz já está casado com a menina há dois meses e ainda... — Ainda nada, seu Lucas, absolutamente nada! — Valha-me Deus! Enfim, eu bem sei que o rapaz, antes de casar, nunca tinha andado pelo mundo... sempre agarrado às saias da tia... sempre metido pelas igrejas. — Mas — que diabo! — como é que, em dois meses, ainda o instinto não lhe deu aquilo que a experiência já lhe devia ter dado?! Enfim, vou eu mesmo falar-lhe! Valha-me Deus! E, nessa mesma noite, o comendador, depois do jantar, chamou à fala o genro, um moço louro e bonito, dono de uns olhos cândidos... — Então, como é isso, rapaz? Tu não gostas de tua mulher? — Como não gosto? Mas gosto muito! — Tá tá tá... Vem cá! Que é que tu lhe tens feito, nestes dous meses? — Mas... tenho feito tudo! Converso com ela, beijo-a, trago-lhe frutas, levo-a ao teatro... tenho feito tudo... continua...

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— Não é isto, rapaz, não é somente isso! O casamento é mais que alguma cousa! Tu tens de fazer o que todos fazem, caramba! — Mas... não entendo... — O´ homem! Tu precisas... ser marido de tua mulher! — … não compreendo… — Valha-me Deus! Tu não vês como os cães fazem na rua? — Como os cães? ... como os cães?... sim... parece-me que sim... — Pois, então? Faze como os cães, pedaço de moleirão, faze como os cães! E não te digo mais nada! Faze como os cães...! — E, ao deitar-se, o comendador disse à esposa, com um risinho brejeiro: — Parece que o rapaz compreendeu, senhora! E agora é que a menina vai ver o bom e o bonito...

* Uma semana depois, a Rosinha, muito corada, está diante do pai, que a interroga. O comendador tem os olhos esbugalhados de espanto: — Que, rapariga? Pois então, o mesmo? — O mesmo... ah! É verdade! Houve uma coisa que até me espantou... ia-me esquecendo... houve uma cousa... esquisita... — Que foi? Que foi? — exclamou o comendador — que foi?... eu logo vi que devia haver alguma cousa! — Foi uma cousa esquisita... Ele me pediu que ficasse... assim... assim... como um bicho... e... — E depois? E depois? — E depois... depois... lambeu-me toda... e... — …e? — … e dormiu!

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Confissão 2Anelito de Oliveira

Alguns compromissos partindoA tarde - dizia o crítico de poesia.Fico pensando, ainda, na dor da tarde,Não na frase, mas no que se parte,No partido, no que fica ali, perdido.

Do livro A realidade (no prelo, Inmensa Editorial, 2009)

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EclipsadoDiovvani Mendonça

Depois da festa do eclipse ao abrir a janela da manhã seguinte um colibri pingou g o t a s de delírio-lunar em meus OlhOs. Desde então enluarei e tenho andado sem sentir a gravidade das coisas.

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AntíteseLu Toledo

Sou bela, sou fera SouIsolamento e seduçãoTempestade, calmaria SouEu sou repouso e erupção

Sou desejo e apatiaFantasia e afliçãoSou ternura, desapegoAberturaSou prisão

Sou loucura, sensatezSou mistério e soluçãoSou espera, impaciênciaSou amorEu sou paixão

sou vazio, plenitudesou o sim e sou o nãosou muitasseres num só serem confusão

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FlorestaDarlan

Vencido o robusto jatobá vai ao chãoSob o charco de suas folhas Aos pés do ipê pálido e floridoO jatobá inunda-se do que resta da floresta.

Arrastado tronco afora Devastado corpo corrompidoO sangue verde no jatobá germina A floresta gemeSangue cinzento contamina.

A empilhadeira fúnebre enraivecidaAquece a fornalha vivaArrancando fagulhas de vidaQue sucumbida morre e vira cinzas.

O jatobá adormece...

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Pendura SaiaMaria Antonieta Cohen

Um cadinhode amorlá no altodo morro, novo,como as roupasbrancas,lavadas,frias,escorrendoágua,penduradas,ao frescordas manhãs.Um cadinhode amor,molhado,esfregado,amassado,estendido, e guardado,

como as roupasjá secas, perfumadas- lavadasna água fria -no frescor das manhãs.Um cadinhode alento, marulhotépido e manso,que brotalá de dentro,ao soprodo vento,suave e frio;amor orvalhado,esperançado,que toca a minha face,no frescordas manhãs.

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BrisaFrederico Salvo

...mas apesar do ventohá também a brisa leveque vem inebriar os sentidos,ventilar incompletudes,oxigenar compassada os desejos.Vem se instalar no centro do peitoonde a energia se transforma em vida...E põe-se a circular pelo corponum rio vermelho,a umidificar cada célula remota,cada milímetro sedento.Queres, brisa, encontrar em mim a liberdade?Queres em mim fazer mais sentido?Ou vens até aqui apenas naturalmente,num encontro comum e inevitável?Mas independente do que seja, brisa:Sopra.Sopra porque respiro-te bem.

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Memórias de José (3º Ato)Rafael Lovisi

“Você me espera onde não quero ir: ama-me onde não estou.”R. Barthes

Entre portas abertas, sempre portas entre abertas. O encontro: um rasgo em nossa esfera faz-se assim. Com uma leveza de perfume da carne vasculhávamos às ocultas os recônditos do outro, numa massagem suave e profunda em nossos espelhos de sentir. Desde aquele momento, um vermelho intenso começou a habitar todas as dimensões do corpo, e o riso vinha como vontade de se engolir na realidade. Era como queda aquele vermelho, como breu. Ela disse alguma coisa como... completude? É provável que sim. Um leve vestido de flores acentuava-lhe a natureza de abismo. Pulamos. Saímos?

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A casa iluminada de solCláudio Bento

A casa iluminada de solAmanheceComo amanhecem os pássaros O sol ilumina o chão de terra batidaIlumina uma antiga peça de barroDo mestre Ulisses de Itinga Ilumina as paredes gastasAs frutas sobre a mesa da cozinhaAs roupas jogadas sobre a cama A casa iluminada de solDesamanhece em auroras Depois anoiteceConfeitando estrelas

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806Jonas Pinheiro Barbosa

5:30. Puta que pariu! Fim de semana já passou e agora é encarar essa segunda-feira braba... Tudo o que eu queria na vida era ter muito dinheiro, só para poder levantar tarde e não trabalhar na segunda-feira. Mário, vem tomar café! Não vai dar tempo, Mariza, embrulha minha marmita que já tô de saída... Hoje perco aquele maldito ônibus... 5:43 Bom dia motô!(...) Esse cara nunca responde! Deixa eu ver quanto ainda tenho de crédito... 5:45 segunda-feira 74,36. Ainda dá para muitos dias... Preciso repor as passagens que gastei no fim de semana, desta vez o Francisco não vai adiantar vale nenhum... Bom dia, Mário! Bom dia? Pegar esse busão a essas horas é bom dia, Zecão? Senta aqui. Não, não, obrigada, vou em pé mesmo, pode ficar sentado... Ela não foi lá ontem não... Rua Cruz de Malta. Aulas de Kung-Fu toda quarta feira às 19:00h. Dance, Dance, Dance, a dança te faz acreditar. Dance, dance, dance... Já dancei muito nesta vida viu?! Tá pensativo hoje, Mário? Verinha... Cadê o Jorge? Tá pra Araxá... Sacolão Preço Justo. Laranja 0,99... Tá barato! Atrasei ontem, Luzia... Cheguei na igreja já era oito e meia! Temos peixe. Eu acredito é na rapaziada que segue em frente e segura o rojão. Você viu quem foi eliminada ontem? É, mas eu não queria que ela saísse agora não... Ela falava demais... Então... Aposto que estão falando mal dos outros... Igreja Pentecostal Comunhão com Deus. Fé. É disso que eu preciso. Preciso ter mais fé...Vou passar na casa de mãe hoje. Paparapaparapaparapapara. Booooooooooooooooooooooom diaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa viiiiiiiiiiiiiiiiiiiiidaaaaaaaaaaaa!Cento e sete. PUC Minas. Hoje vai dar até para pegar o de 6:10. Graças a Deus! 5:56.

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MaisTânio Cesar

Se, nas curvas do coração, derrapam meus sonhosE se precipitam sem fimDas pistas do pensamento decolam anseios e pousam suaves...E pousam suaves dentro de mim.

Ter um dia após o outro, ter meus pés inquietosTer motivos pra ser pouco. Ter desejos e ações, sem vetos.Correr atrás, querer ser mais. Sem atropelar ninguémSem esquecer o amor, a amizade e o querer bem.

Se o brilho de outros olhos ofuscam as vontadesE elas se esbarram “meio assim”; com a força da minha vozSe rendem, acatam, enxergam e seguem em frente......e seguem em frente, enfim.

Ser meu pai e minha mãe. Ser guardião do meu destinoSer o filho que nunca veio, ter o meu próprio caminho.Correr atrás, querer ser mais. Sem atropelar ninguémSem esquecer o amor, a amizade e o querer bem.

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ÁguaAdirson

A água brota nas grotas que salpicam o pastoGenerosamente esculpido.Aqui e ali uma pedra, grande ou pequena,Enfiada na terra, circundada pela vegetação que serve ao gado.O pasto, forrado pela grama, é também cortado pelo veioQue escorre e faz nascer, no brejo,Vegetais e arbustos que protegem a nascente.O fio de água desliza pasto abaixo,Abrindo caminho entre pedras e mato, Contornando ilhotas, criando miniaturas de arquipélagos.Encontrando-se com a água de outras minasQue também brotam no pasto,Aquele fiozinho ganha força E já se pode ouvi-lo descer numa cascata de pedras e mato.

continua...

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O barulho das águas é acalentador, A natureza é mesmo perfeita em tudo o que faz,E aqueles fios d’água continuam seu percurso e com outras águas,De outras nascentes, vão formando um estreito ribeirão,Que deságua pasto abaixo,E com sua força arrasta pequenos arbustos E cava no chão duro um sulco que lhe servirá por caminho.Alguém, provido de sabedoria,Desvia o curso da águaPara que ela lhe sirva de bebida e fonte de energia.O moinho, construído abaixo da casa,Aguarda os jatos de água Que farão mover a engenhosa máquinaQue tritura o milho, Transformando-o em subprodutos.É a vida brotando do nada,E encantando os olhosQue vêem da aridez do pasto nascer a água.Enquanto isso, a água continua a brotar,A cortar o pasto, a se encontrar com outras águas,A formar o ribeirão, a gerar energia, A mover o moinhoE a matar a sede do homem.

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Tudo passaÉderson Batista Balbino

Tudo permanecerá do mesmo jeitoamor perdido,talvez vira-lata,sem sonhos, sem dono,amor clandestino. Tudo permanecerá assim,quatro horas entre nós.você presente, ausente.E eu...sem querer imaginar o que vem depois. Tudo do mesmo jeito,tem sido assim,vai permanecer assim.A fadiga do dia-a-diaa incerteza da partilha. Eu aqui,você distante.Dois amantes, dois amoresamor recente, antigo, amor amigo. Duas vidas se cruzaramdois amores, dois sonhos, duas vidastudo com duas medidas.

Seis será número de sorte ?continua...

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E agora minha vida inserida em sua vida.Sua vida, minha vida.Você distantepresente num sorriso,num abraço.E eu sozinho, receosome calo, me castro.E o tempo?O tempo passae a distância inimiga dos amantesnos afasta.

Sua vida minha vidae tudo permanecerá assimrio de lágrimas.O consolo?O fio.Amigo presente, confidente. E o tempo passasem graça.Devagar ele insiste e passa.Passa o sol,Passa a lua.tudo passa,dia-a-dia do mesmo jeito

T u d oP a s s a...

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Era uma vez...Fernando Eliefe

Era uma vez um papai NoelQue vivia ao léu e que tirava o chapéuQuando a via passarEra uma vez uma dama da ruaQue ficava na sua, em noite de luaPela vida a sonharEra uma vez o papel de uma damaUm Noel sem programa, um saco na lamaE uma bolsa a rodar

Um grito de alerta ecoa no arSó ouve quem sabe amar

continua...

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Era uma vez uma escama da trutaUm filho da dama, um sonar sem escutaUm menino sem larEra uma vez um moleque crescidoUm futuro perdido, um pivete assumidoE uma bolsa a rasgarEra uma vez uma cidade sem melUm natal sem Noel, uma ceia de felUm alguém a chorar

Um grito de alerta ecoa no arSó ouve quem sabe amar

Era uma vez um prefeito birutaUma igreja matuta, um delega na lutaE muito papo pro arEra uma vez um sol de primeiraUma chuva ordeiraUm ar sem fronteiraE um mundo a rodarEra uma vez uma dama vedeteUm filho pivete, um Noel belisqueteE muita gente a dançar

Um grito de alerta ecoa no arSó ouve quem sabe amar

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