Conformação Mecanica de Materiais

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  • 5/26/2018 Conformao Mecanica de Materiais

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    1. Introduo..................................................................................................................... 2

    2. Objetivos....................................................................................................................... 2

    3. Corte de chapas............................................................................................................. 3

    3.1 Matriz para Corte.................................................................................................... 43.2 Esforo necessrio para o Corte ............................................................................. 6

    3.3 Fora e Trabalho de Corte ...................................................................................... 6

    4. Dobramento e Encurvamento....................................................................................... 7

    4.1 Determinao da linha neutra ................................................................................. 8

    4.2 Esforo necessrio para o dobramento ................................................................. 10

    5. Encurvamento............................................................................................................. 12

    6. Estampagem profunda ................................................................................................ 12

    6.1. Matriz para estampagem profunda ...................................................................... 15

    6.2. Desenvolvimento de um elemento para estampagem profunda.......................... 16

    7. Anisotropia ................................................................................................................. 18

    7.1 Coeficiente de Anisotropia ................................................................................... 18

    7.2 Influncia da anisotropia na qualidade e preciso do embutimento..................... 21

    8. Bibliografia ................................................................................................................. 22

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    1. Introduo

    A Estampagem um processo de conformao mecnica realizado geralmente

    a frio, que compreende um conjunto de operaes, por intermdio das quais umachapa plana submetida a transformaes de modo a adquirir uma nova forma

    geomtrica, plana ou oca.

    A deformao plstica levada a efeito com o emprego de prensas de

    estampagem, com o auxilio de dispositivos especiais chamados de estampos ou

    matrizes.

    Basicamente, a estampagem compreende as seguintes operaes:

    - corte

    - dobramento e encurvamento

    - estampagem profunda

    Enquanto as duas primeiras so normalmente realizadas a frio, a estampagem

    profunda pode eventualmente ser realizada a quente, de acordo com as necessidades

    tcnicas.

    No caso mais simples, uma nica deformao pode ser suficiente; entretanto,

    dependendo da profundidade de deformao desejada, pode ser necessria a

    aplicao de duas ou mais operaes de estampagem.

    2. Objetivos

    O ensaio de embutimento tem como objetivo avaliar a estampabilidade de

    chapas e/ou tiras metlicas, relacionando caractersticas mecnicas e estruturais da

    pea com as mximas deformaes possveis de ser realizadas sem que ocorra

    ruptura [ASTM E643- 84]. Existem diversos tipos de ensaio para essa forma de

    avaliao, descritos em seguida:

    Ensaio Erichsen: consiste na deformao de uma tira metlica (blank, corpo de

    prova) presa em uma matriz com um puno na forma esfrica. Mede-se a mximapenetrao do puno para a qual no tenha ocorrido a ruptura da tira;

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    Ensaio Olsen: semelhante ao ensaio Erichsen, com algumas alteraes nas

    dimenses do equipamento;

    Ensaio Swift: consiste na deformao de um disco metlico (blank) preso em uma

    matriz com um puno na forma cilndrica. Nesse caso, o resultado obtido por

    meio da relao entre o dimetro mximo do disco e o dimetro do puno que

    provoca a ruptura da pea. Desse modo, esse mtodo de ensaio exige a utilizao

    de diversos corpos-de-prova, sendo muito utilizado para anlise de casos de

    estampagem profunda (deep.drawing).

    Ensaio Fukui: este tipo de ensaio consiste em conformar um disco metlico como

    um cone com vrtice esfrico. Exige a utilizao de diversos corpos-de-prova, e

    usado tambm para anlise de estampagem profunda.

    A figura 1 mostra os 3 ensaios acima relacionados

    Figura 1 - Representao dos ensaios de estampagem (embutimento)

    3. Corte de chapas

    O processo compreende obteno de formas geomtricas determinadas, a

    partir de chapas, submetidas a ao de uma ferramenta ou puno de corte, aplicada

    por intermdio de uma prensa que exerce presso sobre a chapa apoiada numa

    matriz.

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    Conformao Mecnica dos Materiais 4

    Figura 2 - Operao de Corte em chapa

    No instante em que o puno penetra na matriz, o esforo de compresso

    converte-se em esforo de cisalhamento e ocorre o desprendimento brusco de um

    pedao da chapa.

    Chamando s a espessura da chapa e d o dimetro do puno, verificou-se

    experimentalmente que, para chapas de ao e punes de ao temperado, a relao

    s/d apresenta valor Maximo de 1,2, o que significa que, em principio, a espessura da

    chapa a ser cortada deve ser igual ou menos que o dimetro do puno. O material

    obtido pelo corte de chapas pode, eventualmente, ser utilizado para uma operao

    posterior de estampagem profunda.

    3.1 Matriz para Corte

    As etapas de uma matriz de corte relativamente simples compreendem as

    seguintes etapas: repuxo, penetrao e fissurao.

    A figura 3 mostra os principais componentes desta matriz de corte.

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    Figura 3 - Representao de uma matriz para corte de chapas

    O puno deve apresentar seo conforme o contorno desejado da pea a

    extrair da chapa; do mesmo modo, a cavidade da matriz.

    de vital importncia o estabelecimento do valor para a folga entre o puno e

    a matriz. Essa folga depende da espessura da chapa a ser submetida ao corte e do

    tipo de material, que pode ser duro ou mole. O grfico 1 permite a determinao da

    referida folga.

    Grfico 1 - Grfico para determinao da folga entre o puno e a matriz

    A curva superior refere-se ao ao duro, a curva mdia ao ao doce e lato e a curva

    inferior ao alumnio e metais leves. Quanto menores a espessura da chapa e o

    dimetro do puno, menor a folga e vice-versa.

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    3.2 Esforo necessrio para o Corte

    A equao que permite determinar o esforo para o corte a seguinte:

    cepQ ..=

    onde

    Q = esforo de corte ou de cisalhamento, em kgf

    p = permetro da figura, mm

    e = espessura da chapa, mm

    c= resistncia ao cisalhamento do material, kgf/mm

    Como

    c= 3/4 a 4/5 t, aproximadamente, onde

    t= resistncia a trao do material; relativamente simples determinar-se o esforo

    de corte, conhecido o material.

    3.3 Fora e Trabalho de Corte

    As equaes que permitem determinar, respectivamente, a fora e o trabalho

    de corte esto representadas abaixo:

    hpCF RhpR .....max ==

    Sendo:

    h = espessura da chapa

    p = permetro de corte

    R = tenso cisalhante de ruptura

    R = tenso de ruptura no ensaio de trao (adotar o limite de resistncia)

    C = R/R, constante que depende do material: C 0,60 0,75 p/ alumnio

    C 0,65 0,70 p/ lato e cobre

    C 0,70 0,80 p/ aos

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    Conformao Mecnica dos Materiais 7

    hphFQW Rw ...8,0.3

    2.. max ==

    4. Dobramento e Encurvamento

    A figura 4 mostra as fases de operao simples de dobramento, nas quais se

    procura manter a espessura da chapa ou evitar qualquer outra alterao dimensional.

    Figura 4 - Representao esquemtica das vrias fases do dobramento de uma chapa

    Em operaes mais simples de dobramento, para obteno de elementos

    relativamente curtos, usam-se matrizes, montadas em prensas de estampagem.

    A figura 5 mostra, esquematicamente, os principais componentes de uma dessas

    matrizes.

    Figura 5 - Representao esquemtica de uma matriz simples de dobramento

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    Conformao Mecnica dos Materiais 8

    No dobramento, dois fatores so importantes: o raio de curvatura e a

    elasticidade do material. Devem-se sempre evitar cantos vivos,para o que devem ser

    fixados raios de curvatura que correspondem de 1 a 2 vezes a espessura da chapa

    para materiais duros.

    No caso de materiais mais duros, devido aos caractersticos de elasticidade

    dos metais, comum que , depois de realizado o esforo de dobramento, a chapa

    tenda a voltar sua forma primitiva, de modo que se recomenda construir as matrizes

    com ngulos de dobramento mais acentuados,alm de realizar-se a operao em

    vrias etapas,com uma nica ou com vrias matrizes.

    4.1 Determinao da linha neutra

    Toda vez que se deve obter um elemento dobrado, segundo um perfil

    determinado, necessrio conhecer-se, em primeiro lugar, o seu desenvolvimento

    linear ou dimenses exatas da chapa, a partir da qual vai ser produzido o elemento

    dobrado.

    Com este objetivo, procede-se inicialmente determinao da linha neutra do

    elemento dobrado, ou seja, a linha da seco transversal cuja fibra corresponde nofoi submetida a nenhum esforo, quer de trao ou de compresso e que, em

    conseqncia, no sofreu qualquer deformao.

    A determinao dessa linha neutra feita mediante um clculo extremamente

    simples, como a figura 6 mostra.

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    Conformao Mecnica dos Materiais 9

    Figura 6 - Determinao da linha neutra de uma chapa submetida a um dobramento preliminar

    Uma tira de chapa corresponde ao material que vai ser dobrado submetida a

    um dobramento preliminar. Seu comprimento c e a sua espessura e,dobrada a tira,

    mede-se os comprimentos a e b e o raio r.

    Admitindo-se que o valor y corresponda distancia da linha neutra, tem se:

    ).(2 yrbac +++=

    Em vista dos resultados prticos obtidos, conclui-se que a linha neutra esta

    geralmente situada na metade da seco quando a espessura da chapa no mximo

    de um milmetro. Em espessuras superiores, admite-se que a linha neutra se situe a

    1/3, aproximadamente, da curva interna. Se a chapa dobrada apresenta contracurvas,

    admite-se que, em cada caso, a linha neutra se localize curva interna.

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    Figura 7 - Elemento dobrado em U

    Localizada a posio da linha neutra, pode-se calcular facilmente o

    comprimento do elemento dobrado. A figura 7 representa uma chapa dobrada em U,

    cujo desenvolvimento, representado, por L, pode, portanto,ser facilmente obtido, visto

    que o desenho d todas as dimenses necessrias a um ensaio prvio de

    dobramento, com uma tira do material em questo,permitindo localizar a linha neutra.

    4.2 Esforo necessrio para o dobramento

    Suponha-se que uma chapa metlica colocada sobre uma matriz dedobramento e sujeita ao esforo de dobramento, conforme mostrado na figura 8.

    Admitindo-se que a chapa se comporte como um slido apoiado nas

    extremidades e carregado no centro. A determinao do esforo de dobramento

    relativamente simples.

    Sejam:

    P = fora necessria para o dobramento, kgf

    b = largura da chapa, mm

    I = distncia entre os apoios, mm

    e = espessura da chapa, mm

    Mf= momento fletor, kgf.mm

    t = limite de resistncia trao, kgf/mm2

    f = tenso de flexo necessria para obter a deformao permanente, kgf/mm2

    Admite-se f= 2 t

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    I = momento de inrcia da seco, em relao ao eixo neutro, mm4

    Z = distncia mxima das fibras ao eixo neutro, mm

    I/Z = mdulo de resistncia, mm3

    Figura 8 - Representao esquemtica do mtodo para determinao do esforo necessrio para

    dobramento

    O momento fletor das foras externas dado por:

    4

    .

    4

    .

    1

    2/1.2/1. 2 lP

    l

    lPPMf ===

    Ao Mf contrape-se o momento das reaes internas do material, expresso por

    Z

    If .

    Logo, igualando as duas frmulas, tem-seZ

    IlPf .

    4

    .=

    Para sees retangulares6

    . 2eb

    Z

    I=

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    Conformao Mecnica dos Materiais 12

    Com isso, a frmula final para o esforo dada por:

    l

    ebP

    f

    .3

    ...2 2=

    5. Encurvamento

    A operao de encurvamento segue, em linhas gerais, os mesmos princpios e

    conceitos explicados na operao de dobramento.

    Geralmente, curvatura total, como a figura 9 mostra, exige vrias etapas.

    Figura 9 - Representao das fases de curvatura de uma chapa realizada com uma nica matriz

    6. Estampagem profunda

    Na estampagem profunda, um disco metlico (blank) colocado sobre uma

    matriz e comprimido para o seu interior atravs de um puno, geralmente de forma

    cilndrica. O objetivo da anlise da estampagem profunda determinar as relaes

    geomtricas entre o mximo dimetro do disco e o mnimo dimetro do puno

    possvel para se conformar um copo cilndrico sem que ocorra ruptura ou falhassuperficiais.

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    Conformao Mecnica dos Materiais 13

    Figura 10 - Representao esquemtica do processo de estampagem profunda

    Ao longo do processo de estampagem, o blank submetido a diferentes tipos

    de deformao, at atingir a forma final, conforme pode ser observado na figura 10. Na

    conformao, medida que o puno avana sobre o blank, o metal em contato com o

    puno, acomoda-se em torno do seu perfil, reduzindo a espessura da chapa. Essa

    regio, que ser o fundo do copo aps a conformao, estar sujeita a um estado

    biaxial (radial) de tenses de trao.

    O metal situado ao redor da base do puno deformado radialmente para o

    interior da matriz, reduzindo assim, seu dimetro original Db at o dimetro deconformao, que corresponde ao do puno Dp. Assim, o metal sofre esforos de

    compresso na direo circunferencial, e trao na direo radial. Nesta regio

    necessrio cuidado para que no haja enrugamento na borda da pea, o que feito

    por um sistema de presso no anel de fixao.

    Se ocorrer enrugamento, as rugas sero transmitidas da borda para o interior

    da matriz, o que pode formar e propagar trincas, rompendo a lateral do copo.

    medida que o material caminha em direo matriz, ele dobrado e depoisdesdobrado devido ao esforo trativo que ocorre na lateral do copo. Nesta regio

    ocorre deformao plana; alm disso, em geral, essa regio responsvel pela

    homogeneizao da espessura da parede pelo estiramento uniforme. Alm de todos

    os esforos representados na figura 10, deve se considerar ainda o efeito do atrito que

    ocorre entre o blank e o puno, ou e a matriz. Na regio de formao do copo no

    interior da matriz, empregam-se comumente folgas da ordem de 10 a 20% da

    espessura do blank, alm da utilizao de lubrificao especificada em norma. A fora

    total do puno para a deformao completa do copo corresponde somatria detodos os esforos envolvidos na deformao da pea, inclusive o atrito. O esforo para

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    Conformao Mecnica dos Materiais 14

    deformao ideal aumenta continuamente devido ao efeito do encruamento na

    conformao plstica. A fora global de atrito basicamente composta pelo atrito entre

    o blank e o anel fixador, na borda do copo, que parte de um pico de esforo (atrito

    esttico para o atrito dinmico) e diminui continuamente devido diminuio da rea

    de material sob o anel de fixao.

    Caso no exista folga entre puno/blank/matriz, o atrito deve se estabilizar em

    um valor mnimo diferente de zero. A uniformizao da espessura da parede ocorre ao

    final de processo, aps toda a rea do blank estar contida no interior da matriz. A

    figura 5 ilustra um esboo dos esforos envolvidos na estampagem e a fora global do

    puno.

    Segundo estudos tericos, a carga total do puno pode ser aproximada pela

    seguinte equao:

    BD

    DF

    D

    DtDF

    P

    oa

    P

    ooPP +

    +

    =

    2.exp...2ln)..1,1.(..

    Fp = carga total no puno (N);

    Dp = dimetro do puno (mm);

    t = espessura do blank (mm);

    o = Tenso de escoamento mdia do blank (MPa);

    D0 = dimetro inicial do blank (mm);

    = coeficiente de atrito;

    Fa = fora do anel fixador (prensa chapas) (N);

    B = esforo gasto para dobrar e endireitar o blank (N).

    A estampabilidade de um material corresponde razo entre o dimetro inicial

    do blank D0, e o dimetro do copo estampado, ou Dp. Deve-se observar que existe

    um dimetro mnimo de copo possvel de ser conformado em uma etapa nica, ou

    seja, sem nenhum processo de recozimento ou recuperao e sem que ocorra ruptura.

    Estudos tericos mostram que o dimetro mnimo possvel de ser conformado,

    dado aproximadamente por:

    )exp( oP DD

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    Conformao Mecnica dos Materiais 15

    onde corresponde eficincia do processo, considerando as perdas por atrito, sendo

    0 < < 1.

    Figura 11 - Representao da espessura do blank e do copo formado

    6.1. Matriz para estampagem profunda

    A figura 12 mostra uma matriz simples para estampagem profunda.O disco a

    embutir, na posio inicial, foi introduzido sobre a pea de reteno ou fixao G.O

    puno A fixada no porta puno B e o conjunto fixado na parte mvel ou cabeote

    superior da prensa.Durante a ao de deformao, o puno A, ao

    Figura 12 - Desenho esquemtico de uma matriz simples para estampagem profunda

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    Conformao Mecnica dos Materiais 16

    penetrar na matriz C, molda o objeto.Durante a penetrao o mancal D comprimido,

    acompanhado a deformao da chapa e comprime, ao mesmo tempo, a mola E.O

    mancal D impede deformao irregular da chapa e o disco de reteno G garante um

    embutimento sem rugosidade.Ao terminar a operao, o puno A, retrocede e o

    mancal Dlivre, sob a ao da mola E,sobe e expulsa o objeto conformado.

    A matriz C, como se v, vai fixada na base F, que, por sua vez, presa na

    mesa da prensa.

    6.2. Desenvolvimento de um elemento para estampagem profunda

    Como no caso do dobramento de chapas, necessrio, a partir de um

    determinado desenho de pea a ser estampada, conhecer-se o disco de chapa

    original. Em outras palavras, preciso determinar as dimenses da chapa que ser o

    ponto da partida para o objeto estampado, utilizando a menor quantidade possvel de

    material.

    O mtodo a ser exposto, resultado de experincias sucessivas, relativamente

    simples, porm, presta-se somente para objetos ocos com forma geomtrica regularcom seco circular.

    Para objetos mais irregulares, recomenda-se um recurso prtico que consiste

    em corta-se aproximadamente a placa e realizar-se a estampagem; examina-se, a

    seguir, o contorno do objeto obtido para verificar-se se falta material ou se h material

    em excesso; corta-se uma nova chapa,com o desenvolvimento corrigido, e procede-se

    a nova estampagem profunda;e assim em seguida at a obteno do objeto sem

    excesso ou falta de material. O clculo proposto para objetos ocos de forma retngulaest exemplificado nas figuras 13 e 14.

    Figura 13 - Recipiente Cilndrico

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    Conformao Mecnica dos Materiais 17

    Figura 14 - Recipiente Cilndrico com flange

    O clculo para o primeiro caso o seguinte:

    hddD ..422 +=

    Admitindo-se h = 2.d, ter-se-: dhdD .3=+= , donde se pode extrair a regraaproximada seguinte:

    O dimetro do disco desenvolvido de um corpo oco cilndrico reto, cuja altura

    seja o dobro do dimetro, igual ao dimetro mdico mais a altura do cilindro

    resultante.

    Esse clculo presta-se principalmente para chapas finas,ainda que sofram uma

    ligeira diminuio de espessura,na operao de estampagem profunda.

    O clculo torna-se mais preciso se for tomado como base o volume do material,

    em lugar da superfcie.

    Se os cilindros apresentarem os cantos da base arredondados, o dimetro do

    disco desenvolvido :

    rhddD += ..42

    desde que o raio rde concordncia no ultrapasse de 1/4 a altura hdo cilindro.

    Todos os clculos so feitos considerando-se dimetros mdios. Para a figura

    14, o clculo aproximado o seguinte:

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    Conformao Mecnica dos Materiais 18

    S = superfcie da coroa superior e da base do cilindro =4

    . 22

    d

    S1 = rea da superfcie lateral do cilindro = .d1.h

    A correspondncia das reas leva a

    hddD

    ..4

    .4

    . 1

    22

    2

    += donde hddD ..4 122+=

    7. Anisotropia

    Durante os processos de conformao de chapas, gros cristalinos individuais

    so alongados na direo da maior deformao de trao. O alongamento

    conseqncia do processo de escorregamento do material durante a deformao. Nos

    materiais policristalinos os gros tendem a girar para alguma orientao limite devido a

    um confinamento mtuo entre gros. Este mecanismo faz com que os planos atmicos

    e direes cristalinas dos materiais com orientao aleatria (materiais isotrpicos)

    adquiram uma textura (orientao preferencial). Os materiais conformados se tornam

    anisotrpicos.

    A distribuio de orientaes tem, portanto um ou mais mximos. Se estes

    mximos so bem definidos so chamados de orientaes preferenciais, que iro

    ocasionar variaes das propriedades mecnicas com a direo, ou seja, anisotropia.

    Um modo de avaliar o grau de anisotropia das chapas quando deformadas

    plasticamente atravs do coeficiente de anisotropia.

    7.1 Coeficiente de Anisotropia

    Por definio, o coeficiente de anisotropia ou coeficiente de Lankford (r) a

    razo entre a deformao verdadeira na largura (w) e na espessura (t) de um CP de

    trao, aps determinada deformao longitudinal pr-definida:

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    Conformao Mecnica dos Materiais 19

    Coeficiente de Anisotropia ou de Lankford Por erros na medio de t, e como V=0,

    usa-se

    t

    wr

    =

    =

    oo

    ff

    fo

    wlwl

    ww

    r

    .

    .ln

    ln

    Onde:

    el a deformao verdadeira ao longo do comprimento;

    w0e wfso as larguras inicial e final, respectivamente e

    l0 e lf so os comprimentos inicial e final, respectivamente

    Considerando a anisotropia no plano da chapa, geralmente so definidos dois

    parmetros:

    a) Coeficiente de anisotropia normal ( r)

    4

    2 90450 rxrrr ++

    =

    onde: r0o

    , r45o

    e r90o

    so os valores de r medidos a 0o

    , 45o

    e 90o

    com a direo delaminao.

    Este parmetro indica a habilidade de uma certa chapa metlica resistir ao

    afinamento, quando submetida a foras de trao e/ou compresso, no plano.

    b) Coeficiente de anisotropia planar (r)

    2

    2 90450 rxrrr +=

    O coeficiente de anisotropia planar indica a diferena de comportamento

    mecnico que o material pode apresentar no plano da chapa.

    Um material isotrpico tem r =1 e r = 0. Nos materiais para estampagem

    profunda um alto valor de r desejado (maior resistncia ao afinamento da chapa). A

    relao entre re a razo limite de estampagem mostrada na figura. Essa definida

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    Conformao Mecnica dos Materiais 20

    como a mxima razo possvel entre o dimetro do blank e do copo embutido, sem

    que ocorra falha.

    Os valores de rem aos efervescentes variam entre 0,8 e 1,2.

    Em aos acalmados ao alumnio, adequadamente produzidos, rpode variar entre 1,5

    e 1,8.

    Em alguns aos IF (Intersticial free) rpode ser to alto quanto 2,2.

    Na direo oposta, a textura cbica do cobre ou de aos inoxidveis austenticos pode

    originar rto baixo quanto 0,1.

    A tendncia formao de orelhas na estampagem funo da anisotropia

    planar. As "orelhas" se formam a 0 e 90com a dire o de laminao, quando o

    coeficiente de anisotropia planar (r) maior que zero e a 45oe 135com a direo de

    laminao, quando o coeficiente de anisotropia planar menor que zero.

    Figura 15 - Relao entre r e a razo limite de estampagem

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    Conformao Mecnica dos Materiais 21

    7.2 Influncia da anisotropia na qualidade e preciso do embutimento

    Os valores de coeficientes de anisotropia normal e planar so funes da

    textura cristalogrfica desenvolvida no material aps o recozimento da tira. A textura,

    por sua vez, funo de vrios parmetros do processo: composio qumica,

    temperaturas de acabamento e de bobinamento aps o laminador de tiras a quente,

    quantidade de reduo a frio, taxa de aquecimento, tempo e temperatura de

    encharque no recozimento.

    A textura cristalogrfica pode ser medida por tcnicas especiais de difrao de

    raios-X.

    A orientao cristalogrfica ideal para maximizar (r)nos metais CCC seria uma

    tira com textura [111] na sua direo normal, e com os planos {111} orientados

    aleatoriamente no plano da chapa.

    A anisotropia cristalogrfica tem menor influncia sobre operaes de

    estiramento. Inicialmente, esta propriedade foi considerada indesejvel em materiais

    destinados a operaes de estampagem, devido chance de formao de orelhas.

    Contudo, de grande importncia no que se refere estampagem profunda,

    uma vez que nesta operao no se deseja a diminuio significativa da espessura do

    material.

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    8. Bibliografia

    1 - Apostila TWI conformao Mecnica Prof. Sergio Souto Maior - UFF2 Tecnologia Mecnica Processos de Fabricao e Tratamento VicenteChiaverini Vol. II3 Centro de Informaes Metal Mecnica (CIMM) www.cimm.com.br4 Apostila: Tpicos em Fabricao Mecnica Prof. Joo Paulo P. Marciano -EPUSP