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Clique para editar o estilo do subtítulo mestre Conquistas e desafios da Lingüística Cognitiva Margarida Salomão/UFJF “Tardes de Linguística” USP 06 de maio de 2011

Conquistas e desafios da Lingüística Cognitivalinguistica.fflch.usp.br/sites/linguistica.fflch.usp.br/files/USP... · Estudos da relação entre Não-Consciente, Inconsciente, Pré-Consciência

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Conquistas e desafios da Lingüística Cognitiva

Margarida Salomão/UFJF“Tardes de Linguística”USP06 de maio de 2011

Agenda problemática original

Categorização e linguagem. A questão da corporificação da cognição e da linguagem.

Uma teoria cognitiva da referenciação: a teoria dos espaços mentais e das mesclagens.

O papel dos processos figurativos na cognição lingüística: a teoria da metáfora conceptual.

Notas históricas

A venerável ancestralidade do tema “linguagem e pensamento”.

A “revolução cognitiva”da segunda metade do século XX: A invenção do computador: o que é conhecimento? O advento do paradigma anti-comportamentalista nos estudos

da mente (Chomsky 1959; 1965). A emergência das Ciências Cognitivas

Três grandes tendências subseqüentes:

Cognitivismo (décadas de 50 a 70): metáfora do computador

Conexionismo (década de 80): redes neurais

Interacionismo (enativista) (década de 90): foco na díade organismo/ambiente.

Convergência com o “sociocognitivismo”.

Caracterização do Cognitivismo

Metáfora do computador: input sensorial (não-simbólico) transcrito em representações simbólicas agregadas à memória do sistema e accessível a operações também simbólicas.

Filosoficamente, a posição correlata é funcionalista (Lewis, Putnam, Searle, Fodor, Dennett): a sede física da vida mental é irrelevante para sua determinação. Dualismo.

Cognitivismo e Lingüística

Tese de doutorado de Chomsky(1955): transcrição dos postulados-chave da lingüística estruturalista americana em álgebra de Post ( regras de reescrita e regras transformacionais).

Gênese da lingüística gerativaO tema da “infinitude discreta” (o problema de

Descartes)

Crítica de Chomsky a Skinner (1959): o associacionismo comportamentalista não permitia fechar o “espaço de busca” que explicasse a rápida aquisição da língua materna (o problema de Platão).

O zênite da lingüística gerativa

Tres grandes teses:

O mentalismo

A geratividade da linguagem tratada via tecnologia derivacional (regras sintagmáticas e transformacionais)

O inatismo (modularista)

Cognitivismo e Lingüística Chomskyana

Desfocamento da questão evolucionária e neurobiológica: a perfeição da “faculdade da linguagem” .

Confinamento dos estudos aos processos cognitivos como rotinas subpessoais inaccessíveis à consciência, instalando o”dualismo mente-mente” (Jackendoff 1992), uma ruptura entre

0 inconsciente cognitivo e a subjetividade ou consciência

A contribuição “chomskyana”ao debate sobre a evolução da cognição e da linguagem: HCF 2002

Tese central de Hauser, Chomsky e Fitch:

Distinção entre FLB e FLN.

A FLB inclui o sistema sensório-motor e o sistema conceptual-intencional, amplamente compartilhados com os sistemas de cognição e comunicação animal e, provavelmente, resultantes de adaptação evolucionária.

A FLN inclui apenas recursão e é o único componente especificamente humano da linguagem. Não é sistema que tenha emergido primariamente para a comunicação e é improvável que tenha se originado como adaptação evolucionária.

Contestação desta tese por Pinker e Jackendoff em debate travado ao longo do ano de 2005.

A emergência da Lingüística Cognitiva:antecedentes históricos

As “guerras lingüísticas”: o movimento da Semântica Gerativa no fim dos anos sessenta e início dos anos setenta.

Duas incompatibilidades com o gerativismo ortodoxo: As dimensões pragmáticas da significação O idiomatismo constitutivo do significante lingüístico ( Bolinger;

Chafe)

A marcha para o Oeste nos anos setenta: Berkeley e San Diego.

Tres grandes asserções da Lingüística Cognitiva

A cognição lingüística é contínua aos demais sistemas cognitivos numa perspectiva evolucionária, biológica e social.

A gramática é uma rede de construções, de modo a reconhecer a continuidade constitutiva entre sintaxe e léxico.

Todo processo da significação procede pela projeção entre domínios cognitivos, desde os mais estabilizados ( frames) até os que emergem no processamento comunicativo (espaços mentais) e que são profundamente determinados pelo compartilhamento da mesma moldura atencional pelos participantes na interação.

A categorização cognitiva e lexical das cores: Rosch 1972,Berlin e Kay 1969; Kay, Regier e Cook 2005

Diferentemente do que imaginavam os estruturalistas, o léxico das cores não é cognitivamente arbitrário e sua referenciação exibe efeitos de prototipia.

A percepção das cores é função dos seguintes fatores: As propriedades reflexivas dos objetos. A iluminação da área. Três tipos de células na retina (cones), que respondem aos

comprimentos baixo, médio e alto das ondas luminosas. Os circuitos neurais conectados aos cones que respondem no

cérebro, de forma diferenciada, às ondas filtradas pelos cones.

As cores são o produto direto de nossa experiência do ambiente

A Tour of the Visual System

two regions of interest:retinaLGN

The Physics of Light

Light: Electromagnetic energy whose wavelength is between 400 nm and 700 nm. (1 nm = 10 meter)

-6

4 0 0 5 0 0 6 0 0 7 0 0

E L E C T R O M A G N E T I C S P E C T R U M

V I S I B L E S P E C T R U M

1 0 - 1 4 m e t e r s 1 0 6 m e t e r s

W a v e l e n g t h ( n m )

C o s m i cR a y s

G a m m aR a y s X - r a y s U V I n f r a -

R e dM i c r o -w a v e s T V R a d i oL i g h t

© Stephen E . Palmer, 2002

Physiology of Color Vision

© Stephen E . Palmer, 2002

Cones cone-shaped less sensitive operate in high light color vision

Rods rod-shaped highly sensitive operate at night gray-scale vision

Two types of light-sensitive receptors

c o n e

r o d

The Microscopic View

© Stephen E . Palmer, 2002

.

4 0 0 4 5 0 5 0 0 5 5 0 6 0 0 6 5 0

RE

LA

TIV

E A

BS

OR

BA

NC

E (

%)

W A V E L E N G T H ( n m . )

1 0 0

5 0

4 4 0

S

5 3 0 5 6 0 n m .

M L

Three kinds of cones: Absorption spectra

Implementation of Trichromatic theory

Physiology of Color Vision

Opponent Processes: R/G = L-M G/R = M-L B/Y = S-(M+L) Y/B = (M+L)-S

Theories of Color Vision

A Dual Process Wiring Diagram

© Stephen E . Palmer, 2002

S M L

R + G -

+ +- -

B + Y -+

+

- -

G +Y +

B k +

S - M - L

++

L - M - S + M + L - S - M - L M - L

W + B k -

S + M + L

++ -

-

M LM L

S M L

W -

B - R -

Trichromatic Stage

Opponent Process Stage

The WCS Color Chips

Basic color terms: Single word (not blue-green) Frequently used (not mauve) Refers primarily to colors (not lime) Applies to any object (not blonde) Dados verificados para uma amostra de 100

línguas

English has 11 basic color terms

Color Naming

© Stephen E . Palmer, 2002

Typical “developmental” sequence of BCTs

Light -warm

Dark-cool

(2 Terms)

White

Warm

Dark-cool

(3 Terms)

Black

Cool

White

Warm

(4 Terms)

Red

Yellow

White

Black

Cool

(5 Terms)

White

Red

Yellow

Black

Green

Blue

(6 Terms)

Color Naming

© Stephen E . Palmer, 2002

As categorias cromáticas foram estudadas segundo dois pontos de vista:

• Fronteiras categoriais• Melhores exemplos

(Berlin & Kay)Cores Focais

Color Naming

© Stephen E . Palmer, 2002

MEMORY : Focal colors are remembered better than nonfocal colors.

LEARNING: New color categories centered on focal colors are learned faster.

Categorization: Focal colors are categorized more quickly than nonfocal colors.

(Rosch) Prototypes

Color Naming

© Stephen E . Palmer, 2002

0

1

D e g r e e o fM e m b e r s h i p

H u e

B l u e G r e e n Y e l l o w R e d

f o c a l b l u e

f o c a lg r e e n

f o c a ly e l l o w

f o c a l r e d

“Primary” color categories

Color Naming

© Stephen E . Palmer, 2002

“Primary” color categories

RedGreenBlueYellowBlackWhite

Color Naming

© Stephen E . Palmer, 2002

“Derived” color categories

.

H u e

0

1 Y e l l o w R e d

Y R

U

D e g r e e o fM e m b e r s h i p

H u e

H u e

O r a n g e

0

1

D e g r e e o fM e m b e r s h i p

Fuzzylogical“ANDf”

Color Naming

© Stephen E . Palmer, 2002

“Composite” color categories

Fuzzylogical“ORf”

H u e

0

1 Y e l l o w R e d

Y RU D e g r e e o fM e m b e r s h i p

H u e

Warm = Red Orf YellowCool = Blue Orf GreenLight-warm = White Orf WarmDark-cool = Black Orf Cool

Color Naming

FUZZY LOGICAL MODEL OF COLOR NAMING (Kay & McDaniel)

RedGreenBlue

YellowBlackWhite

OrangePurpleBrownPinkGray

[Light-blue]

[Warm][Cool]

[Light-warm][Dark-cool]

PRIMARY DERIVED COMPOSITE

Only 16 Basic Color Terms in Hundreds of Languages:

1 . 0

0

1 . 0

00

Yellow Orange = Yellow AND f Red Warm = Yellow OR f RED

Deg

ree

of M

embe

rshi

p

(Fuzzy AND f) (Fuzzy ORf)(Fuzzy sets)

© Stephen E . Palmer, 2002

Hipóteses sobre a corporificação da linguagem (Feldman 2006)

Qualquer modelo plausível do uso e da aprendizagem da linguagem requer dados neurobiológicos, psicológicos e psicolingüísticos que o confirmem.

“Conexões mentais são conexões neurais ativas”.(Feldman 2006,p.91)

“O cérebro não separa forma de conteúdo.” (Feldman 2006,p.85)

Fenômenos de priming (propagação progressiva: spreading propagation)Efeito StroopExperiência de Bargh 1996

Ainda Feldman 2006: a Teoria Neural da Linguagem

Cada palavra, construção ou esquema conceptual corresponde a um padrão estável de conexões neurais.

O pensamento é uma atividade neural estruturada.

A linguagem é inextricável da cognição e da experiência

Conseqüências para os estudos da linguagem e da cognição

O debate nas ciências cognitivas sobre a corporificação da cognição: “funcionalistas” vs. “os outros”.

A questão da cognição cromática neste contexto: “as cores não existem como tal no mundo”.

Este ponto vulnera toda a epistemologia correspondentista/ transcedentalista.

O estudo do léxico das cores e da neurofisiologia da percepção cromática inaugura uma nova etapa nos estudos cognitivos e lingüísticos da categorização

Características co “novo” cognitivismo(enativismo / sociocognitivismo)

A cognição é processo emergente das interações cérebro / corpo / ambiente: “corporificação da cognição e da gramática”.

A mente é abordada como um sistema dinâmico corporificado no mundo antes que uma rede neural “na cabeça”.

A cognição é a reorganização material do sistema cognitivo provocada por alterações em seu acoplamento com o ambiente.

A relação mente-mundo não é de “espelhamento” mas de interferência recíproca.

A experiência não é uma dimensão epifenomênica da vida mental mas uma dimensão fundante da mente e de sua fenomenologia.

Nova agenda problemática: desafios

Cooperação interdisciplinar verdadeira: Ciências Biológicas (Evolução, Etologia (Primatologia)...), Neurobiologia, Psicologia,Ciências Sociais (Antropologia, Sociologia ...), Lingüística, Ciência da Computação (Robótica, Inteligência Artificial: PNL), Filosofia. Departamentos de Ciências Cognitivas.

Estudo do processamento cognitivo do discurso: resolução referencial, estruturação do fluxo da atenção, processos intersubjetivos de cooperação na construção conceptual

Estudos da relação entre Não-Consciente, Inconsciente, Pré-Consciência e Consciência. Retomada do tema da Consciência.

Enlace destas estruturas com o mundo material, social e cultural.Neo-materialismo.

Retomada da abordagem evolucionária da cognição e da linguagem.